image/svg+xml
Geração de ambiências favoráveis à inclusão
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1445-1456, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15858
1445
GERAÇÃO DE AMBIÊNCIAS FAVORÁVEIS À INCLUSÃO
GENERACIÓN DE AMBIENTES FAVORABLES A LA INCLUSIÓN
GENERATION OF AMBIENCES FAVORABLE TO INCLUSION
Daisy Eckhard BONDAN
1
Flavia Obino Corrêa WERLE
2
RESUMO
: Este trabalho analisa o caminho traçado pela educação especial na busca de um
novo olhar e lugar para as pessoas em situação de discriminação pelo seu desempenho
funcional. Estabelece um diálogo intenso com o conceito de “geração de ambiências” de Rego
(2010), a partir da discussão das diferentes designações registradas nas políticas educacionais
através da história da educação especial, na realidade brasileira, relacionando-as com o contexto
da Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência, promulgada pelas Nações Unidas no
ano de 2006.
PALAVRAS-CHAVE
: Políticas públicas em educação. Educação inclusiva. Contexto da
educação.
RESUMEN
: Este documento analiza el camino esbozado por la educación especial en la
búsqueda de un nuevo aspecto y lugar para las personas en situaciones de discriminación
debido a su desempeño funcional. Establece un intenso diálogo con el concepto de "generación
de ambientes" de Rego (2010), desde el debate de las diferentes designaciones registradas en
las políticas educativas a través de la historia de la educación especial, en la realidad
brasileña, relacionándolas con el contexto de la Convención sobre los Derechos de las
Personas con Discapacidad, promulgada por las Naciones Unidas en 2006.
PALABRAS CLAVE
: Políticas públicas en educación. Educación inclusiva. Contexto de la
educación.
ABSTRACT
: This work analyzes the path outlined by special education in the search for a new
look and place for people in situations of discrimination due to their functional performance.
It establishes an intense dialogue with the concept of "generation of ambiences" of Rego (2010),
from the discussion of the different designations registered in educational policies through the
history of special education, in the Brazilian reality, relating them to the context of the
Convention on the Rights of Persons with Disabilities, promulgated by the United Nations in
2006.
KEYWORDS
: Public policies for education. Inclusive education. Context of education.
1
Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), São Leopoldo
–
RS
–
Brasil. Doutoranda no Programa de
Pós-Graduação em Educação. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9123-5953. E-mail: deckhard@bol.com.br
2
Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), São Leopoldo
–
RS
–
Brasil. Professora Emérita.
Pesquisadora e docente do Programa de Pós-Graduação em Educação. Doutora em Educação (PUCRS). ORCID:
https://orcid.org/0000-0001-5795-2537. E-mail: flaviaw2015@gmail.com
image/svg+xml
Daisy Eckhard BONDAN e Flavia Obino Corrêa WERLE
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1445-1456, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15858
1446
Introdução
Neste artigo refletimos sobre o caminho traçado pela educação especial na busca de um
novo olhar e lugar para as pessoas em situação de discriminação pelo seu desempenho
funcional, a partir da discussão das diferentes designações registradas nas políticas
educacionais através da história da educação especial. Estabelecemos um diálogo com o
conceito de “geração de ambiências” de Rego (2010). Utilizamos a metodologia do ensaio
teórico, pois buscamos compreender de que maneira os olhares e lugares demandados para as
pessoas em situação de discriminação pelo seu desempenho funcional estão implicadas com as
ambiências para a educação inclusiva. Rego (2010, p. 47) afirma “[...] que fazemos melhor
aquilo que já fazíamos quando damos a isso um nome, ou um título e uma orientação explícita
que ainda não havíamos dado”.
Consideramos a ambiência como definidora dos olhares e lugares que são designados
para a pessoa em situação de discriminação pelo desempenho funcional, pois o conceito de
ambiência não determina apenas o que está em volta do sujeito, uma vez que também determina
o centro e o valoriza em relação ao próprio ambiente que, de acordo com Rego (2010, p. 47),
“[...] é contextualizador e condicionador de suas existências.”.
As nomenclaturas referidas para as pessoas em situação de discriminação pelo seu
desempenho funcional, nas diferentes décadas, remetem à forma como a sociedade direcionava
o seu olhar para estes sujeitos. Os três contextos da geração de ambiência trabalhados ao longo
deste texto traduzem o quanto a sociedade está implicada na constituição do sujeito, porém
deixam explícito que apenas a troca da nomenclatura trazida nas políticas públicas não faz
diferença se o contexto da prática não for modificado. O contexto excludente só será modificado
para o contexto inclusivo pela sensibilização e modificação da cultura da sociedade para as
pessoas em situação de discriminação pelo desempenho funcional.
O olhar e lugar: geração de ambiência
O processo de inclusão pressupõe o reconhecimento das diferenças, não com o intuito
de aplacá-las, mas de buscar a compatibilidade entre as diversas ordens de experiências,
evidenciando aproximações e enriquecimentos recíprocos.
A inclusão é um imperativo moral. Debater os benefícios da educação
inclusiva é como debater os benefícios dos direitos humanos. A inclusão é um
pré-requisito para sociedades sustentáveis. É um pré-requisito para a educação
em e para democracias fundamentadas na integridade, na justiça e na
igualdade. Ela estabelece um marco sistemático para remover barreiras a partir
image/svg+xml
Geração de ambiências favoráveis à inclusão
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1445-1456, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15858
1447
do princípio de que “todo o estudante importa, e importa igualmente”.
Também combate as tendências do sistema educacional que permitem
exceções e exclusões, como quando as escolas são avaliadas em uma única
dimensão e alocação de recursos é relacionada estritamente ao seu
desempenho (UNESCO, 2020, p. 12).
No sentido de reorganizar o lugar para as pessoas em situação de discriminação por
baixo desempenho funcional necessitamos reconhecer a escola como um espaço social de
construção de conhecimentos para a vida, o qual
[...] implica na construção de novas relações com as questões vinculadas às
identidades e às diferenças na sala de aula e na compreensão de que as
diferenças são construídas social e culturalmente com base nas relações de
poder, ou seja, o processo de produção de hierarquização das diferenças pode
ser desafiado e desestabilizado (AKKARI; SANTIAGO, 2015, p. 31).
Os três contextos da geração de ambiência nos oferecem uma reflexão aprofundada e
uma ampliação conceitual acerca deste tema, sendo a relação
meio em torno
/
meio entre
o
primeiro contexto trazido para constituição do conceito da geração de ambiência.
Meio em torno
significa o conjunto articulado de relações materiais e
simbólicas que contextualizam a existência humana, condicionando o próprio
modo de ser de- indivíduos e coletivos.
Meio entre
significa os diversos tipos
de mediações que situam indivíduos e/ou coletivos perante uns e outros, como
as relações de trabalho, escolares ou familiares, entre outras formas de
relações cotidianas. O conjunto dos
meios entre
é também constituinte dos
meios em torno
, assim como cada um dos
meios entre
é condicionado pelo
contexto do
meio em torno
, material e simbólico. Geração de ambiências,
nesse caso, significa elencar as questões e os problemas do
meio em torno
como suporte ou veículo para os processos educacionais de algum
meio entre
(uma sala de aula, por exemplo) (REGO, 2010, p. 47, grifo nosso).
Os lugares e olhares para a pessoa em situação de discriminação se dão na constituição
do olhar do outro, ou seja, “os meios entre” contextualizam o olhar para cada sujeito perante a
sociedade, e o “meio em torno” estabelece o lugar para estes sujeitos. Dessa forma, os olhares
e os lugares estabelecidos para as pessoas em situação de discriminação pelo seu desempenho
funcional foram e ainda são constituídos pelo conjunto dos “meios entre” que está condicionado
pelo contexto do “meio em torno”. O segundo contexto que articula o conceito da geração de
ambiências trazido por Rego (2010) é o da hermenêutica instauradora. E o conceito das
hermenêuticas instauradoras “[...] seriam aquelas que têm uma ênfase, ou direção, inversa: elas
pegam esse determinado texto, isto é, um conjunto de símbolos, e vêem isso não como um
ponto fina
l, ponto de chegada, mas como um ponto de partida” (REGO, 2010, p. 48). Desta
forma, a hermenêutica está direcionada mais ao futuro e não fixada no passado.
image/svg+xml
Daisy Eckhard BONDAN e Flavia Obino Corrêa WERLE
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1445-1456, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15858
1448
A trajetória do olhar e do lugar das pessoas em situação de discriminação pelo seu
desempenho funcional, no contexto de hermenêutica instauradora, interpretativa, são
importantes, pois o lugar e o olhar endereçados para a pessoa em situação de discriminação
pelo seu desempenho funcional podem ser interpretados e reelaborados para ser modificados.
Esse contexto vê o passado para pensar o futuro, ou seja, o contexto histórico da educação
especial nos serve para refletir e projetar as modificações necessárias para que todos tenham
direito a uma inclusão plena na sociedade.
O contexto dialógico é o terceiro contexto trazido no conceito de geração de ambiência
e traz uma relação de opostos, ou seja, o olhar e o lugar implicados aqui são de constituição de
espaço, no contexto do espaço do eu e do outro, do normal e do anormal, no contexto das
pessoas em situação de discriminação pelo seu desempenho funcional.
[...] ultrapassar a situação em que um e outro desses pólos termina por concluir
que o outro existe, mas que, de tão alienígenas que são, um em relação ao
outro, cada um deve permanecer, em relação ao outro, incomunicavelmente lá
–
o outro definitivamente afastado por rígidos limites do recorte objetal e
sistema de leitura que eu estabeleço para constituir o meu inviolável nicho, e
para o qual, para legitimar esse nicho, eu obsessivamente continuo a reafirmar
o objeto de análise como sendo apenas ou isso ou aquilo [...] (REGO, 2010, p.
52).
De acordo com Vargas (2015), a discussão de ambiência que Nelson Rego (2010) faz
converge com a abordagem interpretativa simbólica, que con
sidera as ‘instituições
educacionais’ como artefatos culturais, como invenções/construções sociais, nas quais há
modos de interpretação comuns que legitimam e dão sentido às atividades cotidianas e modos
de compartilhamento, formas de interpretar e atuar. Assim, as instituições sociais são
entendidas como um conjunto de condutas interconectadas que fomentam processos sociais
significativos, inteligíveis para o contexto. São pressupostos da perspectiva interpretativa: o
mais significativo não é o que ocorre, mas o sentido atribuído aos acontecimentos. O significado
do que ocorre está relacionado às interpretações que as pessoas fazem; a maioria dos
acontecimentos na organização escolar são ambíguos, incertos, não lineares; conteúdos
simbólicos
–
vivenciais, gerados a partir de experiências compartilhadas, percepções pessoais,
ligados a contextos particulares. Assim, para o interacionismo simbólico: “as pessoas são
produtoras de suas próprias ações e significações. Elas vivem num ambiente material, mas os
objet
ivos desse mundo têm um ‘sentido’ particular para cada um, conforme os momentos”
(LAPASSADE, 2005. p. 19).
image/svg+xml
Geração de ambiências favoráveis à inclusão
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1445-1456, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15858
1449
O olhar e lugar: políticas públicas de educação
No Brasil, de acordo com o contexto histórico, muitas foram as denominações para as
pessoas em situação de discriminação pelo seu desempenho funcional, e inúmeras as tentativas
de modificação do olhar e do lugar para elas demandados.
A promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), Lei nº
4.024/61 (BRASIL, 1961), no art. 88, aborda de forma explícita a questão das pessoas em
situação de discriminação pelo seu desempenho funcional, referindo-
os como ‘excepcionais’ e
dando a possiblidade de um lugar, “[...] no que for possível, enquadrar
-se no sistema geral de
educação, a fim de integrá-
los na comunidade” (BRASIL, 1961).
Até os anos de 1970, encontramos o termo utilizado para descrever as pessoas em
situação de discriminação pelo seu desempenho funcional como ‘excepcionais’, fazendo
referência ao período em que estas eram consideradas exceção à regra, pessoas fora dos padrões
da ‘normalidade’, que necessitavam frequentar espaços de institucionalização específicos,
como a Santa Casa, Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), escolas especiais,
entre outras.
Ao pensarmos sobre o eu e o outro, no contexto dialógico, refletimos sobre as
semelhanças e as diferenças, a normalidade e a anormalidade que ele representa, uma vez que
os parâmetros trazem o que socialmente se remete a modelos pré-estabelecidos.
‘Normalidade’ é um nome ideologicamente forjado para designar maioria. [...]
As ideias de ‘norma’ e ‘normalidade’ presumem uma dessemelhança: a
divisão do agregado numa maioria e numa minoria, em ‘a maior parte’ e
‘alguns’. [...] não apenas certos tipos de
unidades compõe a maioria, mas elas
deveriam ser ‘como deveriam ser’, ‘corretas e adequadas’; inversamente, os
que carecem dos atributos em questão são ‘o que não deveriam ser’, ‘errados
e inadequados’ (BAUMAN, 2013, p. 70
-71).
A designação de textos legais e normativos foi necessária para a implementação de
modelos educacionais, a fim de determinar quem está ou não de acordo com as normas exigidas
pela sociedade, apontando possibilidades, lugares e olhares para as pessoas em situação de
discriminação. A partir dos anos de 1970, alguns movimentos foram criados para propor ações
com a finalidade de interferir e mudar o estigma das pessoas em situação de discriminação pelo
seu desempenho funcional, chamando para si a responsabilidade de garantir para as crianças
com necessidades educacionais especiais (BRASIL, 2010) um processo educativo adaptado
para as suas particularidades.
Nos anos de 1980 surge o conceito de integração educativa, oportunizando a estudantes
em situação de discriminação pelo seu desempenho funcional o ensino próximo da escola
image/svg+xml
Daisy Eckhard BONDAN e Flavia Obino Corrêa WERLE
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1445-1456, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15858
1450
regular, sempre que possível. Neste período, a nomenclatura trazida na legislação era de “[...]
alunos portadores de deficiências, condutas típicas e altas habilidades [...]” (REBELO;
KASSAR, 2018, p. 283). A Constituição da República em 1988 (BRASIL, 1988) buscou o
pleno desenvolvimento dos cidadãos, sem distinguir raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
formas de discriminação, e garantia o direito à escola para todos. No artigo 208, inciso III, a
Constituição faz referência ao atendimento educacional especializado aos portadores de
deficiência, quando declara que o dever do Estado é garantir a educação, que será efetivada
mediante “atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,
preferencialmen
te na rede regular de ensino” (BRASIL, 1988).
No início da década de 1990, uma nova nomenclatura é empregada para se referir às
pessoas em situação de discriminação pelo seu desempenho funcional, “[...] pessoa portadora
de necessidades especiais [...]” (RE
BELO; KASSAR, 2018, p. 283), em uma referência ao
período que estes sujeitos iniciaram a sua trajetória nas classes especiais, nas instituições
escolares regulares, porém com a distinção de portadores de uma deficiência ou uma
necessidade especial, dotados de algo que não era normal e necessitando de espaços e de
atendimentos especializados para compartilharem dos mesmos lugares destinados aos alunos
ditos normais.
As políticas públicas implementadas no Brasil até os anos de 1990 referem um ‘meio
em torno’
que desconsiderava a pessoa em situação de discriminação pelo seu desempenho
funcional como alguém com potencialidade. Os ‘meios entre’ que contextualizam o olhar do
outro perante a sociedade marcavam a impossibilidade destas pessoas em participar dos espaços
comuns, sendo a elas destinados espaços segregados:
O problema somos nós, nossos próprios limites conceituais [...] para projetar
um mundo diferente, um sistema escolar diferente e não homogêneo, no qual
todos possam progredir, junto com outros, de acordo com suas necessidades
particulares [...]. O problema é, em suma, a nossa força e disposição para
transformar a realidade que nos rodeia (ECHEITA SARRIONANDIA, 1994,
p. 67).
No início do século XXI houve uma tentativa de ampliar o olhar para as pessoas em
situação de discriminação pelo seu desempenho funcional, com a nova nomenclatura de “[...]
alunos com necessidades educacionais especiais [...]” (REBELO; KASSAR, 2018, p. 289). Tal
denominação retira deste sujeito o fato de ‘portar’ alguma deficiência
e amplia o olhar para
todos os sujeitos que em algum momento da sua trajetória escolar possam necessitar de recurso
ou auxílio especializado. Porém, mesmo com esta modificação e ampliação da nomenclatura,
o
status
,
o ‘meio entre’, ainda se mantinha, mesmo
que velado, na palavra ‘especial’
.
Modifica-
image/svg+xml
Geração de ambiências favoráveis à inclusão
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1445-1456, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15858
1451
se a nomenclatura, porém o ‘meio entre’ continua o mesmo, estando este enraizado em
conotações excludentes, de menos valia.
O que está em jogo é deixar de entender a educação especial de um grupo
determinado de alunos
–
aqueles que tem deficiências
–
para começar a pensar
na educação especial como as ações ou medidas que ajudem aos sistemas
escolares, aos professores, principalmente, a estar melhor capacitados para
enfrentar a diversidade de necessidades que qualquer um de seus alunos
possam apresentar (ECHEITA SARRIONANDIA, 1994, p. 66).
A Política Nacional de Educação Especial, na Perspectiva da Educação Inclusiva, a
partir de 2008 (BRASIL, 2008), de certa forma, tenta deslocar o ‘meio em torno’,
possibilitando
a pessoas em situação de discriminação pelo seu desempenho funcional frequentarem as escolas
regulares, com o auxílio das salas de Atendimento Educacional Especializado (AEE). Estes
espaços especializados têm a função de promover a educação inclusiva e iniciar uma
reestruturação da instituição escolar, mesmo que lentamente, para a eficiência do aprendizado
de todos os sujeitos de forma significativa, reorganizand
o o ‘meio entre’, a partir ‘do meio em
torno’.
A sala de Atendimento Educacional Especializado vem a ser um espaço da escola
comum, onde se disponibilizam materiais didáticos, pedagógicos e de tecnologia assistiva, e
profissionais com formação específica oferecem atendimento às pessoas em situação de
discriminação pelo seu desempenho funcional (auditiva, visual, motora, cognitiva, verbal etc),
transtornos globais de desenvolvimento ou de altas habilidades/superdotação. Essa sala pode
favorecer e construir uma pluralidade de ações, que vão desde o atendimento direto do aluno
ou a grupos de alunos, até uma ação em rede, em que profissionais de diferentes áreas atuam
na busca da melhoria do ensino-aprendizagem do aluno. No entanto, entendemos que o
atendimento realizado na sala do AEE ainda está vinculado ao modelo médico
3
, pois reforça a
diferença e produz a desigualdade quando o sujeito precisa estar vinculado a um espaço
especializado para ter acesso ao conhecimento. Acreditamos que desta forma permanece a
s
egregação, além de se referir ao ‘público
-
alvo da educação especial’ e/ou ‘aluno com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento, altas habilidades/superdotação’,
mantendo o caráter excludente.
Não é por acaso que em tempos de ocultar as desigualdades que se espalham
e aprofundam e terminam enfraquecidos os ideais de sua superação e se
privilegia a inclusão e as políticas escolares inclusivas. Por sua vez, não é por
3
Nos anos 1950 e 1960 prevalecia o modelo do déficit, ou seja, “[...] do entendimento de que a deficiência tem a
ver com a fisiologia da pessoa, com uma questão de natureza estritamente individual em que o contexto não gera
qualquer tipo de influência” (MO
LINA SAORÍN, 2017, p. 31). Esse modelo centrava o olhar no problema
fisiológico, tendo assim que ser tratado “[...] justamente o problema fisiológico e, para isso, a ciência médica é
disponibilizada junto com toda uma série de estratégias reabilitadoras” (
MOLINA SAORÍN, 2017, p. 31).
image/svg+xml
Daisy Eckhard BONDAN e Flavia Obino Corrêa WERLE
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1445-1456, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15858
1452
acaso que os mecanismos de regulação da inclusão se tornam centrais nas
políticas educativas. Predominam políticas não tanto de inclusão, mas de
regulação das tentativas de inclusão. Parâmetros mínimos de qualidade,
requeridos para a inclusão-excludente. As políticas de inclusão se distanciam
em radicalidade política das políticas de igualdade (ARROYO, 2011, p. 90).
Os impasses identificados no processo histórico para a efetivação da inclusão, tanto nas
instituições escolares quanto na sociedade, estão pautados no processo social, nos indivíduos.
A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (CDPD) (NACIONES UNIDAS,
2006) e seu Protocolo Facultativo, ratificados pelo Congresso Nacional, por meio do Decreto
Legislativo nº 186, de 9 de julho de 2008 (BRASIL, 2008), retira a educação inclusiva de um
modelo idealizado para um modelo real. A perspectiva da educação inclusiva, a partir do
modelo social e da tomada de consciência, referenciada no art. 8º, da CDPD (NACIONES
UNIDAS, 2006), rompe com o contexto excludente e segregador do modelo de déficit, mesmo
que encoberto por estratégias e instrumentos para ainda estabelecer a norma imposta. A CDPD
vem referenciar que é preciso perceber que não se pode mais fazer do mesmo e achar que está
bom. É preciso repensar a prática, o cotidiano, para além do texto legal, normativo. É preciso
agir na prática para construirmos um novo contexto a partir do modelo social da deficiência, a
partir do conceito da diversidade funcional, que conforme Molina Saorín (2017), refere-se às
questões relativas aos funcionamentos distintos que todos temos em nossas estruturas corporais,
ou seja, todos temos capacidades e dificuldades distintas. Assim, ao pensarmos em diversidade
funcional, reconhecemos que a situação de deficiência não está no nosso corpo, senão no
contexto e no nosso entorno. No contexto de hermenêutica instauradora, interpretativa, entender
os processos históricos é necessário, pois é a partir desses processos de reflexão que os lugares
e olhares demandados para as pessoas em situação de discriminação pelo seu desempenho
funcional podem ser reelaborados e modificados, promovendo o direito a uma inclusão plena
na sociedade. A CDPD reforça a necessidade de retirada de barreiras que impedem a
participação e a aprendizagem das pessoas em situação de discriminação pelo seu desempenho
funcional, e ainda expõe, no artigo 8, a tomada de consciência, que reitera o olhar para a
potencialidade do sujeito, retirando-o do lugar de menos valia e incapacidade e dando-lhe o
lugar de direito (NACIONES UNIDAS, [2006]).
Ao refletir sobre o espaço que eu e o outro ocupamos na sociedade, conforme o contexto
dialógico, é possível constituir um novo olhar e lugar. A Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015,
que institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com
Deficiência) (BRASIL, 2015), vem a ser uma das legislações que, de fato, faz repensar o lugar
e o olhar para as pessoas em situação de discriminação pelo seu desempenho funcional, na
image/svg+xml
Geração de ambiências favoráveis à inclusão
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1445-1456, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15858
1453
política pública brasileira, visto que está fundamentada na Convenção sobre os Direitos das
Pessoas com Deficiência (NACIONES UNIDAS, [2006]). A Lei Brasileira de Inclusão da
Pessoa com Deficiência (BRASIL, 2015), assim como a Política Nacional de Educação
Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008), mesmo estando
fundamentadas na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (NACIONES
UNIDAS, [2006]) ainda referem as pessoas em situação de discriminação pelo seu desempenho
funcional a partir do olhar do déficit, demarcando um público-alvo de ação, locais
especializados para o atendimento deste público, bem como pessoas para o acompanhamento
destes sujeitos. Ainda percebemos o outro como anormal. O contexto dialógico vem ao
encontro do conceito da diversidade funcional, onde não delimitamos espaços para o outro,
ultrapassamos a barreira do eu e do outro e ampliamos o olhar para todos, no mesmo espaço,
porém respeitando a diversidade funcional. Nas normativas legais acima citadas percebemos
pequenos avanços quanto ao deslocamento de olhar e lugar do eu e do outro, onde a modalidade
da ‘educação especial’, no contexto da educação inclusiva, ganhou um novo lugar, propondo
um alargamento e nova proposição para esta disciplina: “[...] se abandonou o enfoque em que
predominava o transtorno e nos centramos em um marco propriamente educativo,
concretamente o didático, que nos permite melhorar as condições de todos os sujeitos”
(TORRES GONZÁLEZ, 2020, p. 59). Neste sentido, a legislação buscou, de alguma maneira,
pensar em novas estratégias para a educação efetiva de todos, e desloca o profissional do AEE
para o espaço institucional, ou seja, transfere seu olhar do
déficit
para a potencialidade de todos
os sujeitos; porém, isso só será efetivado se o professor da sala regular e a instituição escolar
estiverem preparados para a mudança subjetiva de olhar, assim como a sociedade.
Considerações finais
A discussão da educação inclusiva necessita ser ampliada para diferentes públicos e
debatida criticamente, assim como as políticas educacionais implantadas devem ser analisadas
na perspectiva dialógica, considerando diferenças e oposições na perspectiva interpretativa, de
maneira a instaurar novas formas de praticar a gestão nas escolas e sistemas de ensino; na
perspectiva que valoriza o entorno e os meios que nos envolvem e aos alunos
–
meio entre e
meio em torno. Ao gerar novas ambiências que acolham a todos, não discriminem e considerem
as diferenças de todo e quaisquer indivíduos, estaremos contribuindo para a efetivação de uma
escola e de uma sociedade com uma cultura inclusiva.
A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (NACIONES UNIDAS,
image/svg+xml
Daisy Eckhard BONDAN e Flavia Obino Corrêa WERLE
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1445-1456, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15858
1454
[2006]) vem a ser um movimento gerador de ambiências para as pessoas em situação de
discriminação pelo seu desempenho funcional, pois traz a educação inclusiva como o único e
verdadeiro movimento para que todos tenham acesso, permanência e aprendizagem ao longo
da vida. Retomando Rego (2010), a geração de ambiências, no contexto da hermenêutica
instauradora, interpretativa, acena que precisamos interpretar a história da educação especial e
inclusiva para reelaborar e, assim, serem modificadas as práticas, pois ainda estamos vivendo
no patamar de uma educação onde temos um contexto integrador em uma perspectiva inclusiva,
onde a pessoa ainda precisa se adaptar ao meio para ter o direito de fazer parte do contexto.
Também precisamos, a partir do contexto dialógico, perceber que a constituição de espaço do
eu e do outro, do normal e do anormal, não precisa ser separado, e sim um contexto em que não
são necessárias divisões, ou seja, onde o espaço do outro seja respeitado juntamente com o
espaço de todos, a partir da diversidade funcional.
Para efetivar uma escola inclusiva, é preciso perceber que não é a pessoa em situação
de discriminação pelo seu desempenho funcional que tem que se adaptar para ter acesso ao
conhecimento, mas é o sistema e a instituição escolar que precisam se acomodar e aos seus
materiais e métodos para que as pessoas em situação de discriminação pelo seu desempenho
funcional tenham acesso ao conhecimento, junto aos demais estudantes. É preciso modificar o
meio em torno, para que se possibilite o deslocamento dos meios entre e assim se promova o
deslocamento do olhar do eu e do outro. O contexto da educação inclusiva, hoje, necessita de
um profissional para “[...] desenvolver competências profissionais baseadas em conhecimentos
científicos” (TARDIF, 2013, p. 561), um profissional que se envolva na gestão da educação
inclusiva, auxiliando com “[...] uma visão r
eflexiva do ato de ensinar: o ensino não é mais uma
atividade que se executa, mas uma prática na qual devemos pensar, que devemos problematizar,
objetivar, criticar, melhorar” (TARDIF, 2013, p. 561). A educação precisa deixar de ser
somente um dom ou um tr
abalho, para se tornar de uma profissão, onde o “[...] desempenho
competente e compromissado dos deveres e responsabilidades que constituem a especificidade
de ser professor” (LIBÂNEO, 2004, p. 75). É necessário que os profissionais envolvidos com
a educação tomem para si a responsabilidade da transformação do sistema de ensino inclusivo,
da gestão da educação inclusiva, possibilitando o acesso, a permanência e uma educação de
qualidade para todos. É necessário modificar o lugar e o olhar que se tem para os sujeitos, na
prática.
É preciso divulgar a CDPD, pois é imprescindível gerarmos novas ambiências para
criarmos e desenvolvermos uma educação e uma sociedade para todos.
image/svg+xml
Geração de ambiências favoráveis à inclusão
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1445-1456, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15858
1455
REFERÊNCIAS
ARROYO, M. G. Políticas educacionais, igualdade e diferenças.
Revista Brasileira de
Política e Administração da Educação
,
Brasília, DF, v. 27, n. 1, p. 83-94, jan./abr. 2011.
Disponível em: https://seer.ufrgs.br/rbpae/article/view/19969. Acesso em: 14 mar. 2021
AKKARI, A.; SANTIAGO, M. C. Diferenças na educação: do preconceito ao
reconhecimento.
Revista Teias
, Rio de Janeiro, v. 16, n. 40, p. 28-41, 2015. Disponível em:
https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revistateias/article/view/24548. Acesso em: 23
fev. 2021.
BAUMAN, Z.
Sobre educação e juventude
: conversas com Riccardo Mazzeo. Rio de
Janeiro: Zahar, 2013.
BRASIL. [Constituição (1988)].
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988
.
Brasília, DF: Presidência da República, 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 05 abr. 2020.
BRASIL.
Lei n. 4.024, de 20 de dezembro de 1961
. Fixa as Diretrizes e Bases da Educação
Nacional. Brasília, DF: Presidência da República, 1961. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4024.htm. Acesso em: 05 abr. 2020.
BRASIL.
Decreto legislativo n. 186, de 2008
. Aprova o texto da Convenção sobre os
Direitos das Pessoas com Deficiência e de seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova
Iorque, em 30 de março de 2007. Brasília, DF: Presidência da República, 2008. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/CONGRESSO/DLG/DLG-186-2008.htm. Acesso
em: 05 abr. 2020.
BRASIL.
Lei n. 13.146, de 6 de julho de 2015
. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa
com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência).
Brasília, DF: Presidência da
República, 2015. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-
2018/2015/Lei/L13146.htm. Acesso em: 24 abr. 2020.
ECHEITA SARRIONANDIA, G. A favor de una educación de calidad.
Cuadernos de
Pedagogía
, Barcelona, n. 228, p. 66-67, 1994. Disponível em:
https://dialnet.unirioja.es/servlet/revista?codigo=378. Acesso em: 15 fev. 2021.
LAPASSADE, G.
As microssociologias
. Brasília, DF: LiberLivro, 2005.
LIBÂNEO, J. C.
Organização e gestão da escola
: teoria e prática. Goiânia: Alternativa,
2004.
MOLINA SAORÍN, J.
La discapacidad empieza en tu mirada
: las situaciones de
discriminación por motivo de diversidad funcional: escenario jurídico, social y educativo.
Madrid: Delta Publicaciones, 2017.
NACIONES UNIDAS.
Convención internacional sobre los derechos de las personas con
discapacidad
.
New York: ONU, 2006. Disponível em:
www.un.org/esa/socdev/enable/documents/tccconvs.pdf. Acesso em: 19 abr. 2020.
image/svg+xml
Daisy Eckhard BONDAN e Flavia Obino Corrêa WERLE
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1445-1456, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15858
1456
REBELO, A. S.; KASSAR, M. C. M. Indicadores educacionais de matrículas de alunos com
deficiência no Brasil (1974-2014).
Estudos em Avaliação Educacional
, São Paulo, v. 29, n.
70, p. 276-307, jan./abr. 2018. Disponível em:
https://publicacoes.fcc.org.br/eae/article/view/3989. Acesso em: 12 out. 2021.
REGO, N. Geração de ambiências: três conceitos articuladores.
Educação
, Porto Alegre, v.
33, n. 1, p. 46-53, jan./abr. 2010. Disponível em:
https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/faced/article/view/6780. Acesso em: 04 set.
2021.
TARDIF, M. A profissionalização do ensino passados trinta anos: dois passos para a frente,
três para trás.
Educação e Sociedade
, Campinas, v. 34, n. 123, p. 551-571, 2013. Disponível
em: https://www.scielo.br/pdf/es/v34n123/13.pdf. Acesso em: 24 jan. 2020.
TORRES GONZÁLEZ, J. A. El concepto de educación especial: aclaraciones al entramado
terminológico.
In:
SÁNCHEZ PALOMINO, A.; TORRES GONZÁLEZ, J. A. (coord.).
Educación especial
: centros educativos y profesores ante la diversidad. Madrid: Pirámide,
2002. p. 49-62.
UNESCO.
Relatório de monitoramento global da educação
: resumo 2020: inclusão e
educação: todos, sem exceção. Paris: UNESCO, 2020. Disponível em:
https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000373721_por?posInSet=29&queryId=7a5c2b91-
2e44-4fad-8ee3-3f137583682e. Acesso em: 5 dez. 2020.
VARGAS, F. E. B.
A sociologia compreensiva de Max Weber (1864-1920)
. Pelotas:
IFISP/UFPel, 2015. Apresentação powerpoint.
Como referenciar este artigo
BONDAN, D. E.; WERLE, F. O. C. Geração de ambiências favoráveis à inclusão.
Revista
Ibero-Americana de Estudos em Educação
, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1445-1456, abr./jun.
2022. e-ISSN: 1982-5587. DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15858
Submetido em
: 15/11/2021
Revisões requeridas em
:
28/12/2021
Aprovado em
: 10/02/2022
Publicado em
: 01/04/2022
image/svg+xml
Generación de ambientes favorables a la inclusión
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1452-1464, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15858
1453
GENERACIÓN DE AMBIENTES FAVORABLES A LA INCLUSIÓN
GERAÇÃO DE AMBIÊNCIAS FAVORÁVEIS À INCLUSÃO
GENERATION OF AMBIENCES FAVORABLE TO INCLUSION
Daisy Eckhard BONDAN
1
Flavia Obino Corrêa WERLE
2
RESUMEN
: Este documento analiza el camino esbozado por la educación especial en la
búsqueda de un nuevo aspecto y lugar para las personas en situaciones de discriminación debido
a su desempeño funcional. Establece un intenso diálogo con el concepto de "generación de
ambientes" de Rego (2010), desde el debate de las diferentes designaciones registradas en las
políticas educativas a través de la historia de la educación especial, en la realidad brasileña,
relacionándolas con el contexto de la Convención sobre los Derechos de las Personas con
Discapacidad, promulgada por las Naciones Unidas en 2006.
PALABRAS CLAVE
: Políticas públicas en educación. Educación inclusiva. Contexto de la
educación.
RESUMO
: Este trabalho analisa o caminho traçado pela educação especial na busca de um
novo olhar e lugar para as pessoas em situação de discriminação pelo seu desempenho
funcional. Estabelece um diálogo intenso com o conceito de “geração de ambiências” de Rego
(2010), a partir da discussão das diferentes designações registradas nas políticas educacionais
através da história da educação especial, na realidade brasileira, relacionando-as com o
contexto da Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência, promulgada pelas Nações
Unidas no ano de 2006.
PALAVRAS-CHAVE
: Políticas públicas em educação. Educação inclusiva. Contexto da
educação.
ABSTRACT
: This work analyzes the path outlined by special education in the search for a new
look and place for people in situations of discrimination due to their functional performance.
It establishes an intense dialogue with the concept of "generation of ambiences" of Rego (2010),
from the discussion of the different designations registered in educational policies through the
history of special education, in the Brazilian reality, relating them to the context of the
Convention on the Rights of Persons with Disabilities, promulgated by the United Nations in
2006.
KEYWORDS
: Public policies for education. Inclusive education. Context of education.
1
Universidad del Valle del Río de los Sinos (UNISINOS), São Leopoldo
–
RS
–
Brasil. Estudiante de doctorado
en el Programa de Posgrado en Educación. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9123-5953. E-mail:
deckhard@bol.com.br
2
Universidad del Valle del Río de los Sinos (UNISINOS), São Leopoldo
–
RS
–
Brasil. Profesora Emérito.
Investigadora y profesora del Programa de Posgrado en Educación. Doctorado en Educación (PUCRS). ORCID:
https://orcid.org/0000-0001-5795-2537. E-mail: flaviaw2015@gmail.com
image/svg+xml
Daisy Eckhard BONDAN y Flavia Obino Corrêa WERLE
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1452-1464, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15858
1454
Introducción
En este artículo reflexionamos sobre el camino trazado por la educación especial en la
búsqueda de una nueva mirada y lugar para las personas en situación de discriminación por su
desempeño funcional, desde la discusión de las diferentes designaciones registradas en las
políticas educativas hasta la historia de la educación especial. Establecimos un diálogo con el
concepto de "generación de ambientes" de rego (2010). Utilizamos la metodología del ensayo
teórico, porque buscamos entender cómo las miradas y lugares demandados por las personas en
situación de discriminación por su desempeño funcional se involucran con los ambientes para
la educación inclusiva. Rego (2010, p. 47) afirma "[...] que hacemos mejor lo que ya hicimos
cuando le dimos un nombre, o un título explícito y una guía que aún no habíamos dado".
Consideramos el ambiente como definitorio de las miradas y lugares que se designan
para la persona en situación de discriminación por desempeño funcional, pues el concepto de
ambiente no determina solo lo que hay alrededor del sujeto, ya que también determina el centro
y lo valora en relación con el propio entorno, que, según Rego (2010, p. 47), "[...] es un
contextualizador y acondicionador de sus existencias".
Las nomenclaturas referidas a personas en situación de discriminación por su
desempeño funcional en las diferentes décadas se refieren a la forma en que la sociedad dirigió
su mirada hacia estos sujetos. Los tres contextos de la generación de ambiente trabajados a lo
largo de este texto reflejan cuánto se involucra la sociedad en la constitución del sujeto, pero
explicitan que solo el intercambio de la nomenclatura traída en las políticas públicas no hace
ninguna diferencia si no se modifica el contexto de la práctica. El contexto excluyente solo se
modificará en el contexto inclusivo mediante la sensibilización y modificación de la cultura de
la sociedad para las personas en situación de discriminación por desempeño funcional.
La mirada y el lugar: generación de ambiente
El proceso de inclusión presupone el reconocimiento de las diferencias, no para
apreciarlas, sino para buscar la compatibilidad entre los diversos órdenes de la experiencia,
evidenciando aproximaciones y enriquecimientos recíprocos.
La inclusión es un imperativo moral. Debatir los beneficios de la educación
inclusiva es como debatir los beneficios de los derechos humanos. La
inclusión es un requisito previo para las sociedades sostenibles. Es un requisito
previo para la educación en y para las democracias basadas en la integridad,
la justicia y la igualdad. Establece un marco sistemático para eliminar las
barreras del principio de que "cada estudiante importa e importa por igual".
image/svg+xml
Generación de ambientes favorables a la inclusión
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1452-1464, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15858
1455
También combate las tendencias en el sistema educativo que permiten
excepciones y exclusiones, como cuando las escuelas se evalúan en una sola
dimensión y la asignación de recursos está estrictamente relacionada con su
desempeño (UNESCO, 2020, p. 12).
Para reorganizar el lugar para las personas en situación de discriminación por bajo
rendimiento funcional necesitamos reconocer a la escuela como un espacio social para la
construcción del conocimiento para la vida, que
[...] implica la construcción de nuevas relaciones con cuestiones relacionadas
con identidades y diferencias en el aula y en el entendimiento de que las
diferencias se construyen social y culturalmente a partir de relaciones de
poder, es decir, el proceso de producción de jerarquía de diferencias puede ser
desafiado y desestabilizado (AKKARI; SANTIAGO, 2015, p. 31).
Los tres contextos de la generación del ambiente nos ofrecen una reflexión profunda y
una expansión conceptual sobre este tema, siendo la relación
intermedia
alrededor/
medio entre
el primer contexto llevado a la constitución del concepto de la generación del ambiente.
El entorno alrededor
significa el conjunto articulado de relaciones materiales
y simbólicas que contextualizan la existencia humana, condicionando la forma
misma de ser de- individuos y colectivos.
Entre medias se refieren
a los
diversos tipos de mediaciones que sitúan a individuos y/o colectivos entre sí,
como las relaciones laborales, escolares o familiares, entre otras formas de
relaciones cotidianas. El conjunto de
los medios entre
es también
constituyente
de los medios de comunicación alrededor
, así como cada uno
de los
medios
entre está condicionado por el contexto
del
medio circundante,
material y simbólico. Generación de ambientes, en este caso, significa
enumerar las cuestiones y problemáticas del
entorno
alrededor como
soporte o
vehículo para los procesos educativos de algún
medio
entre (un aula, por
ejemplo) (REGO, 2010, p. 47, nuestro grifo).
Los lugares y miradas a la persona en situación de discriminación se dan en la
constitución de la mirada del otro, es decir, "los medios entre" contextualizan la mirada de cada
sujeto ante la sociedad, y el "entorno alrededor" establece el lugar para estos sujetos. Así, las
miradas y lugares establecidos para las personas en situación de discriminación por su
desempeño funcional estaban y siguen estando constituidos por el conjunto de "medios entre"
que está condicionado por el contexto del "entorno alrededor". El segundo contexto que articula
el concepto de generación de ambientes traído por Rego (2010) es el de la hermenéutica de
establecimiento. Y el concepto de institutos hermenéuticos "[...] serían aquellos que tienen un
énfasis, o dirección, inversa: toman este texto en particular, es decir, un conjunto de símbolos,
y lo ven no como un punto final, punto de llegada, sino como un punto de partida" (REGO,
2010, p. 48). De esta manera, la hermenéutica está más dirigida al futuro y no fijada en el
pasado.
image/svg+xml
Daisy Eckhard BONDAN y Flavia Obino Corrêa WERLE
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1452-1464, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15858
1456
La trayectoria de la mirada y el lugar de las personas en situación de discriminación por
su desempeño funcional, en el contexto de la hermenéutica, introductoria, interpretativa, son
importantes, porque el lugar y la mirada dirigida a la persona en situación de discriminación
por su desempeño funcional pueden ser interpretados y reelaborados para ser modificados. Este
contexto ve el pasado para pensar el futuro, es decir, el contexto histórico de la educación
especial nos sirve para reflexionar y proyectar los cambios necesarios para que todos tengan
derecho a una plena inclusión en la sociedad.
El contexto dialógico es el tercer contexto traído en el concepto de generación de
ambiente y trae una relación de opuestos, es decir, la mirada y el lugar involucrados aquí son
de constitución espacial, en el contexto del espacio del yo y del otro, de lo normal y lo anormal,
en el contexto de personas en situaciones de discriminación por su desempeño funcional.
[...] superar la situación en la que uno y otro de estos polos termina
concluyendo que el otro existe, pero que, de tan ajenos son, uno en relación
con el otro, cada uno debe permanecer, en relación con el otro, incomunicado
allí
–
el otro definitivamente eliminado por estrictos límites del sistema de
corte y lectura de objetos que establezco para constituir mi nicho inviolable,
y para lo cual, para legitimar este nicho, sigo obsesivamente el objeto de
análisis como tal o cual [...] (REGO, 2010, p. 52).
Según Vargas (2015), la discusión del ambiente que Nelson Rego (2010) converge con
el enfoque interpretativo simbólico, que considera a las "instituciones educativas" como
artefactos culturales, como invenciones/construcciones sociales, en los que existen modos
comunes de interpretación que legitiman y dan sentido a las actividades cotidianas y formas de
compartir, formas de interpretar y actuar. Así, las instituciones sociales se entienden como un
conjunto de comportamientos interconectados que fomentan procesos sociales significativos,
inteligibles para el contexto. Estos son supuestos desde la perspectiva interpretativa: lo más
significativo no es lo que ocurre, sino el significado atribuido a los acontecimientos. El
significado de lo que ocurre está relacionado con las interpretaciones que hacen las personas;
la mayoría de los eventos en la organización escolar son ambiguos, inciertos, no lineales;
contenidos simbólicos
–
experienciales, generados a partir de experiencias compartidas,
percepciones personales, vinculados a contextos particulares. Así, para el interaccionismo
simbólico: "las personas son productoras de sus propias acciones y significados. Viven en un
entorno material, pero los objetivos de este mundo tienen un 'significado' particular para cada
uno, según los momentos" (LAPASSADE, 2005. p. 19).
image/svg+xml
Generación de ambientes favorables a la inclusión
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1452-1464, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15858
1457
La mirada y el lugar: políticas públicas de educación
En Brasil, de acuerdo con el contexto histórico, muchas eran las denominaciones para
personas en situación de discriminación por su desempeño funcional, y numerosos intentos de
modificar la apariencia y el lugar que se les exigía.
La promulgación de la Ley de Lineamientos y Bases de la Educación Nacional
(LDBEN), Ley N° 4.024/61 (BRASIL, 1961), en su art. 88, aborda explícitamente la cuestión
de las personas en situación de discriminación por su desempeño funcional, refiriéndolas como
'excepcionales' y dando la posibilidad de un lugar, "[...] de cualquier manera posible, para
encajar en el sistema educativo general con el fin de integrarlos en la comunidad" (BRASIL,
1961).
Hasta la década de 1970, encontramos el término utilizado para describir a las personas
en discriminación por su desempeño funcional como "excepcionales", refiriéndose al período
en el que estas se consideraban una excepción a la regla, personas fuera de los estándares de
"normalidad", que necesitaban asistir a espacios específicos de institucionalización, como Santa
Casa, Asociación de Padres y Amigos de Lo Excepcional (APAE), escuelas especiales, entre
otras.
Cuando pensamos en la i y la otra, en el contexto dialógico, reflexionamos sobre las
similitudes y diferencias, la normalidad y anormalidad que representa, ya que los parámetros
traen lo que socialmente se refiere a modelos preestablecidos.
"Normalidad" es un nombre ideológicamente forjado para designar a una
mayoría. [...] Las ideas de "norma" y "normalidad" asumen una disimilitud: la
división del agregado en una mayoría y una minoría, en "la mayoría" y
"algunos". [...] no sólo ciertos tipos de unidades constituyen la mayoría, sino
que deben ser "como deben ser", "correctas y apropiadas"; por el contrario,
aquellos que carecen de los atributos en cuestión son "lo que no debería ser",
"incorrecto e inadecuado" (BAUMAN, 2013, p. 70-71).
La designación de textos legales y normativos fue necesaria para la implementación de
modelos educativos, a fin de determinar quién está o no de acuerdo con las normas requeridas
por la sociedad, señalando posibilidades, lugares y búsquedas de personas en situación de
discriminación. Desde la década de 1970, se han creado algunos movimientos para proponer
acciones con el propósito de interferir y cambiar el estigma de las personas en situación de
discriminación por su desempeño funcional, exigiendo la responsabilidad de asegurar a los
niños con necesidades educativas especiales (BRASIL, 2010) un proceso educativo adaptado a
sus particularidades.
image/svg+xml
Daisy Eckhard BONDAN y Flavia Obino Corrêa WERLE
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1452-1464, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15858
1458
En la década de 1980, surgió el concepto de integración educativa, dando lugar a que
los estudiantes se encontraran en situaciones de discriminación debido a su desempeño
funcional, enseñando cerca de la escuela regular, siempre que fuera posible. En este período, la
nomenclatura introducida en la legislación fue "[...] estudiantes con discapacidades, conductas
típicas y altas habilidades [...]" (REBELO; KASSAR, 2018, p. 283). La Constitución de la
República de 1988 (BRASIL, 1988) buscó el pleno desarrollo de los ciudadanos, sin distinguir
raza, sexo, color, edad y cualquier otra forma de discriminación, y garantizó el derecho a la
escuela para todos. En el artículo 208, inciso III, la Constitución se refiere a la atención
educativa especializada para personas con discapacidad, cuando declara que el deber del Estado
es garantizar la educación, que se efectuará a través de "la atención educativa especializada para
personas con discapacidad, preferentemente en el sistema escolar regular" (BRASIL, 1988).
A principios de la década de 1990, se utilizó una nueva nomenclatura para referirse a
las personas en discriminación debido a su rendimiento funcional, "[...] persona con
necesidades especiales [...]" (REBELO; KASSAR, 2018, p. 283), en referencia al periodo en
que estas asignaturas iniciaron su trayectoria en las clases especiales, en instituciones escolares
regulares, pero con la distinción de personas con una discapacidad o una necesidad especial,
dotadas de algo que no era normal y que requerían espacios especializados y cuidados para
compartir los mismos lugares para los llamados estudiantes normales.
Las políticas públicas implementadas en Brasil hasta la década de 1990 se refieren a un
"medio alrededor" que desconsideraba a la persona en discriminación por su desempeño
funcional como alguien con potencialidad. Los 'medios intermedios' que contextualizan la
mirada del otro ante la sociedad marcaron la imposibilidad de estas personas de participar en
espacios comunes, destinándose a ellos espacios segregados:
El problema somos nosotros, nuestros propios límites conceptuales [...] para
diseñar un mundo diferente, un sistema escolar diferente y no homogéneo, en
el que cada uno pueda progresar, junto con los demás, según sus necesidades
particulares [...]. El problema es, en suma, nuestra fuerza y voluntad de
transformar la realidad que nos rodea (ECHEITA SARRIONANDIA, 1994,
p. 67).
A principios del siglo 21 hubo un intento de ampliar la mirada de las personas en
situación de discriminación por su desempeño funcional, con la nueva nomenclatura de "[...]
estudiantes con necesidades educativas especiales [...]" (REBELO; KASSAR, 2018, p. 289).
Esta denominación elimina de esta asignatura el hecho de 'llevar' alguna discapacidad y amplía
la visión a todas las asignaturas que en algún momento de su trayectoria escolar puedan
necesitar recursos o asistencia especializada. Sin embargo, incluso con esta modificación y
image/svg+xml
Generación de ambientes favorables a la inclusión
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1452-1464, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15858
1459
ampliación de la nomenclatura,
el estatus
, el "medio entre", todavía se mantuvo, incluso si
estaba velado, en la palabra "especial".
La nomenclatura se modifica, pero el 'medio entre' sigue
siendo el mismo, estando enraizado en connotaciones excluyentes, de menor valor.
Lo que está en juego es dejar de entender la educación especial de un grupo
particular de estudiantes -aquellos con discapacidad- para empezar a pensar
en la educación especial como acciones o medidas que ayuden a los sistemas
escolares, a los maestros, especialmente, a estar mejor capacitados para
enfrentar la diversidad de necesidades que cualquiera de sus estudiantes pueda
presentar (ECHEITA SARRIONANDIA, 1994, p. 66).
La Política Nacional de Educación Especial, desde la Perspectiva de la Educación
Inclusiva, de 2008 (BRASIL, 2008), en cierto modo, trata de mover el 'entorno', permitiendo
que las personas en situación de discriminación por su desempeño funcional asistan a escuelas
regulares, con la ayuda de salas de atención educativa especializada (AEE). Estos espacios
especializados tienen la función de promover la educación inclusiva e iniciar una
reestructuración de la institución escolar, aunque sea lentamente, para la eficiencia del
aprendizaje de todas las asignaturas de manera significativa, reorganizando el 'medio entre',
desde 'el entorno circundante'. La Sala de Atención Educativa Especializada se convierte en un
espacio escolar común, donde se dispone de materiales educativos, pedagógicos y de tecnología
asistencial, y profesionales con formación específica ofrecen atención a personas en situación
de discriminación por su rendimiento funcional (auditivo, visual, motor, cognitivo, verbal, etc.),
trastornos globales del desarrollo o altas habilidades/superdotación. Esta sala puede favorecer
y construir una pluralidad de acciones, que van desde la atención directa al alumnado o grupos
de alumnos, hasta una redacción, en la que profesionales de diferentes áreas trabajan en la
búsqueda de la mejora de la enseñanza-aprendizaje del alumno. Sin embargo, entendemos que
la atención que se realiza en la sala de la AEE sigue vinculada al modelo médico
3
, porque
refuerza la diferencia y produce desigualdad cuando el sujeto necesita estar vinculado a un
espacio especializado para tener acceso al conocimiento. Creemos que de esta manera se
mantiene la segregación, además de referirse al 'público objetivo de educación especial' y/o
'estudiante con discapacidades, trastornos globales del desarrollo, altas
habilidades/superdotación', manteniendo el carácter excluyente.
3
En las décadas de 1950 y 1960, prevaleció el modelo de déficit, es decir, "[...] de la comprensión de que la
discapacidad tiene que ver con la fisiología de la persona, con una cuestión estrictamente individual en la que el
contexto no genera ningún tipo de influencia" (MOLINA SAORÍN, 2017, p. 31). Este modelo centró su mirada
en el problema fisiológico, por lo que tuvo que ser tratado "[...] precisamente el problema fisiológico y, para ello,
se pone a disposición la ciencia médica junto con toda una serie de estrategias de rehabilitación" (MOLINA
SAORÍN, 2017, p. 31).
image/svg+xml
Daisy Eckhard BONDAN y Flavia Obino Corrêa WERLE
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1452-1464, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15858
1460
No es casualidad que en tiempos de ocultación las desigualdades que se
extienden y profundizan y terminan debilitando los ideales de su superación y
privilegia la inclusión y las políticas escolares inclusivas. A su vez, no es
casualidad que los mecanismos de regulación de la inclusión se conviertan en
centrales en las políticas educativas. Las políticas son predominantes, no tanto
de inclusión, sino de intentos de regulación de la inclusión. Parámetros
mínimos de calidad requeridos para la inclusión-exclusión. Las políticas de
inclusión se distancian en radicalidad política de las políticas de igualdad
(ARROYO, 2011, p. 90).
Los impasses identificados en el proceso histórico para la realización de la inclusión,
tanto en las instituciones escolares como en la sociedad, se basan en el proceso social, en los
individuos. La Convención sobre los Derechos de las Personas con Discapacidad (CDPD)
(NACIONES UNIDAS, 2006) y su Protocolo Facultativo, ratificado por el Congreso Nacional,
mediante decreto legislativo Nº 186 del 9 de julio de 2008 (BRASIL, 2008), aleja la educación
inclusiva de un modelo idealizado para un modelo real. La perspectiva de la educación
inclusiva, basada en el modelo social y la concienciación, referenciada en el art. 8 de la CDPD
(NACIONES UNIDAS, 2006), rompe con el contexto excluyente y segregador del modelo
deficitario, aunque esté cubierto por estrategias e instrumentos para seguir estableciendo la
norma impuesta. La CDPD refiere que es necesario darse cuenta de que uno ya no puede hacer
lo mismo y pensar que es bueno. Es necesario repensar la práctica, la vida cotidiana, más allá
del texto legal, normativo. Es necesario actuar en la práctica para construir un nuevo contexto
a partir del modelo social de la discapacidad, desde el concepto de diversidad funcional, que
según Molina Saorín (2017), se refiere a las cuestiones relacionadas con los distintos
funcionamientos que todos tenemos en nuestras estructuras corporales, es decir, todos tenemos
diferentes capacidades y dificultades. Así, cuando pensamos en la diversidad funcional,
reconocemos que la situación de discapacidad no está en nuestro cuerpo, sino en el contexto y
en nuestro entorno. En el contexto de establecer, hermenéutica interpretativa, comprender los
procesos históricos es necesario, porque es a partir de estos procesos de reflexión que los lugares
y miradas demandadas por las personas en situación de discriminación por su desempeño
funcional pueden ser reelaborados y modificados, promoviendo el derecho a la plena inclusión
en la sociedad. La CDPD refuerza la necesidad de eliminar las barreras que impiden la
participación y el aprendizaje de las personas en situación de discriminación por su desempeño
funcional, y también expone, en su artículo 8, la concienciación, que reitera la mirada al
potencial del sujeto, sacándolo del lugar de menor valor y discapacidad y dándole el lugar de
derecho (NACIONES UNIDAS, [2006]).
Al reflexionar sobre el espacio que yo y el otro ocupamos en la sociedad, de acuerdo
con el contexto dialógico, es posible constituir una nueva mirada y lugar. La Ley N° 13.146 del
image/svg+xml
Generación de ambientes favorables a la inclusión
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1452-1464, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15858
1461
6 de julio de 2015, que establece la Ley Brasileña para la Inclusión de las Personas con
Discapacidad (ESTATUTO de las Personas con Discapacidad) (BRASIL, 2015), es una de las
legislaciones que, de hecho, replantea el interés y mira a las personas en discriminación por su
desempeño funcional en las políticas públicas brasileñas, basado en la Convención sobre los
Derechos de las Personas con Discapacidad (NACIONES UNIDAS, [2006]). La Ley Brasileña
para la Inclusión de las Personas con Discapacidad (BRASIL, 2015), así como la Política
Nacional de Educación Especial en la Perspectiva de la Educación Inclusiva (BRASIL, 2008),
a pesar de que se basan en la Convención sobre los Derechos de las Personas con Discapacidad
(NACIONES UNIDAS, [2006]) todavía refieren a las personas discriminadas por su
desempeño funcional desde la perspectiva del déficit, delimitando un público objetivo de
acción, lugares especializados para la asistencia de este público, así como personas para el
acompañamiento de estos sujetos. Sin embargo, percibimos al otro como anormal. El contexto
dialógico se encuentra con el concepto de diversidad funcional, donde no delimitamos espacios
para el otro, vamos más allá de la barrera del yo y del otro y ampliamos la visión para todos, en
un mismo espacio, pero respetando la diversidad funcional. En la normativa legal antes
mencionada notamos pequeños avances en el desplazamiento de la mirada y el lugar del yo y
del otro, donde la modalidad de 'educación especial', en el contexto de la educación inclusiva,
ganó un nuevo lugar, proponiendo una ampliación y nueva propuesta para esta disciplina: "[...]
el enfoque en el que predominaba el trastorno y nos centramos en un marco propiamente
educativo, concretamente el didáctico, que nos permite mejorar las condiciones de todas las
asignaturas" (TORRES GONZÁLEZ, 2020, p. 59). En este sentido, la legislación buscó, de
alguna manera, pensar en nuevas estrategias para la educación efectiva de todos, y desplaza al
profesional de la AEE al espacio institucional, es decir, traslada su visión del
déficit
para el
potencial de todos los sujetos; sin embargo, esto solo se llevará a cabo si el maestro de la sala
regular y la institución escolar están preparados para el cambio subjetivo de apariencia, así
como para la sociedad.
Consideraciones finales
La discusión de la educación inclusiva debe ampliarse a diferentes públicos y debatirse
críticamente, así como las políticas educativas implementadas deben analizarse desde una
perspectiva dialógica, considerando diferencias y oposiciones en la perspectiva interpretativa,
con el fin de establecer nuevas formas de practicar la gestión en las escuelas y los sistemas
educativos; en la perspectiva que valora el entorno y los medios que nos involucran a nosotros
image/svg+xml
Daisy Eckhard BONDAN y Flavia Obino Corrêa WERLE
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1452-1464, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15858
1462
y a los estudiantes, la mitad entre y la mitad. Al generar nuevos ambientes que acojan a todos,
no discriminen y consideren las diferencias de todos y cada uno de los individuos, estaremos
contribuyendo a la realización de una escuela y una sociedad con una cultura inclusiva.
La Convención sobre los Derechos de las Personas con Discapacidad (NACIONES
UNIDAS, [2006]) es un movimiento que genera ambiente para las personas en situación de
discriminación por su desempeño funcional, ya que trae la educación inclusiva como el único
movimiento verdadero para que todos tengan acceso, permanencia y aprendizaje a lo largo de
toda la vida. Retomando Rego (2010), la generación de ambientes, en el contexto de la
hermenéutica, introduciendo, interpretativos, guiños que necesitamos interpretar la historia de
la educación especial e inclusiva para reelaborar y, así, ser prácticas modificadas, porque
seguimos viviendo en el nivel de una educación donde tenemos un contexto integrador en una
perspectiva inclusiva, donde la persona aún necesita adaptarse al entorno para tener derecho a
ser parte del contexto. También necesitamos, desde el contexto dialógico, darnos cuenta de que
la constitución del espacio de lo uno y lo otro, de lo normal y lo anormal, no necesita separarse,
sino más bien un contexto en el que no sean necesarias divisiones, es decir, donde se respete el
espacio del otro junto con el espacio de todos, desde la diversidad funcional.
Para realizar una escuela inclusiva, es necesario darse cuenta de que no es la persona en
situación de discriminación por su desempeño funcional la que tiene que adaptarse para tener
acceso al conocimiento, sino que es el sistema y la institución escolar los que necesitan
acomodarse a sí mismos y a sus materiales y métodos para que las personas en situación de
discriminación por su desempeño funcional tengan acceso al conocimiento, con los otros
estudiantes. Es necesario modificar el entorno alrededor, de modo que sea posible desplazar los
medios entre y así promover el desplazamiento de la mirada de la i y la otra. El contexto de la
educación inclusiva hoy en día requiere que un profesional "[...] desarrollar competencias
profesionales basadas en el conocimiento científico" (TARDIF, 2013, p. 561), un profesional
que se involucra en la gestión de la educación inclusiva, asistiendo con "[...] una visión reflexiva
del acto de enseñar: la enseñanza ya no es una actividad que se realiza, sino una práctica en la
que debemos pensar, que debemos problematizar, objetivar, criticar, mejorar" (TARDIF, 2013,
p. 561). La educación necesita dejar de ser solo un regalo o un trabajo, para convertirse en una
profesión, donde el "[...] desempeño y compromiso con los deberes y responsabilidades que
constituyen la especificidad de ser docente" (LIBÂNEO, 2004, p. 75). Es necesario que los
profesionales involucrados con la educación asuman la responsabilidad de la transformación
del sistema educativo inclusivo, la gestión de la educación inclusiva, posibilitando el acceso, la
image/svg+xml
Generación de ambientes favorables a la inclusión
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1452-1464, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15858
1463
permanencia y la educación de calidad para todos. Es necesario modificar el lugar y el aspecto
que uno tiene para los sujetos, en la práctica.
Es necesario difundir la CDPD, porque es fundamental generar nuevos ambientes para
crear y desarrollar una educación y una sociedad para todos.
REFERENCIAS
ARROYO, M. G. Políticas educacionais, igualdade e diferenças.
Revista Brasileira de
Política e Administração da Educação
,
Brasília, DF, v. 27, n. 1, p. 83-94, jan./abr. 2011.
Disponible en: https://seer.ufrgs.br/rbpae/article/view/19969. Acceso: 14 mar. 2021
AKKARI, A.; SANTIAGO, M. C. Diferenças na educação: do preconceito ao
reconhecimento.
Revista Teias
, Rio de Janeiro, v. 16, n. 40, p. 28-41, 2015. Disponible en:
https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revistateias/article/view/24548. Acceso: 23 feb.
Año 2021.
BAUMAN, Z.
Sobre educação e juventude
: conversas com Riccardo Mazzeo. Rio de
Janeiro: Zahar, 2013.
BRASIL. [Constituição (1988)].
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988
.
Brasília, DF: Presidência da República, 1988. Disponible en:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acceso: 05 abr. 2020.
BRASIL.
Lei n. 4.024, de 20 de dezembro de 1961
. Fixa as Diretrizes e Bases da Educação
Nacional. Brasília, DF: Presidência da República, 1961. Disponible en:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4024.htm. Acceso: 05 abr. 2020.
BRASIL.
Decreto legislativo n. 186, de 2008
. Aprova o texto da Convenção sobre os
Direitos das Pessoas com Deficiência e de seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova
Iorque, em 30 de março de 2007. Brasília, DF: Presidência da República, 2008. Disponible
en: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/CONGRESSO/DLG/DLG-186-2008.htm. Acceso:
05 abr. 2020.
BRASIL.
Lei n. 13.146, de 6 de julho de 2015
. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa
com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência).
Brasília, DF: Presidência da
República, 2015. Disponible en: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-
2018/2015/Lei/L13146.htm. Acceso: 24 abr. 2020.
ECHEITA SARRIONANDIA, G. A favor de una educación de calidad.
Cuadernos de
Pedagogía
, Barcelona, n. 228, p. 66-67, 1994. Disponible en:
https://dialnet.unirioja.es/servlet/revista?codigo=378. Acceso: 15 feb. Año 2021.
LAPASSADE, G.
As microssociologias
. Brasília, DF: LiberLivro, 2005.
LIBÂNEO, J. C.
Organização e gestão da escola
: teoria e prática. Goiânia: Alternativa,
2004.
image/svg+xml
Daisy Eckhard BONDAN y Flavia Obino Corrêa WERLE
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1452-1464, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15858
1464
MOLINA SAORÍN, J.
La discapacidad empieza en tu mirada
: las situaciones de
discriminación por motivo de diversidad funcional: escenario jurídico, social y educativo.
Madrid: Delta Publicaciones, 2017.
NACIONES UNIDAS.
Convención internacional sobre los derechos de las personas con
discapacidad
.
New York: ONU, 2006. Disponible en:
www.un.org/esa/socdev/enable/documents/tccconvs.pdf. Acceso: 19 abr. 2020.
REBELO, A. S.; KASSAR, M. C. M. Indicadores educacionais de matrículas de alunos com
deficiência no Brasil (1974-2014).
Estudos em Avaliação Educacional
, São Paulo, v. 29, n.
70, p. 276-307, jan./abr. 2018. Disponible en:
https://publicacoes.fcc.org.br/eae/article/view/3989. Acceso: 12 oct. Año 2021.
REGO, N. Geração de ambiências: três conceitos articuladores.
Educação
, Porto Alegre, v.
33, n. 1, p. 46-53, jan./abr. 2010. Disponible en:
https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/faced/article/view/6780. Acceso: 04 sep.
Año 2021.
TARDIF, M. A profissionalização do ensino passados trinta anos: dois passos para a frente,
três para trás.
Educação e Sociedade
, Campinas, v. 34, n. 123, p. 551-571, 2013. Disponible
en: https://www.scielo.br/pdf/es/v34n123/13.pdf. Acceso: 24 de ene. 2020.
TORRES GONZÁLEZ, J. A. El concepto de educación especial: aclaraciones al entramado
terminológico.
In:
SÁNCHEZ PALOMINO, A.; TORRES GONZÁLEZ, J. A. (coord.).
Educación especial
: centros educativos y profesores ante la diversidad. Madrid: Pirámide,
2002. p. 49-62.
UNESCO.
Relatório de monitoramento global da educação
: resumo 2020: inclusão e
educação: todos, sem exceção. Paris: UNESCO, 2020. Disponible en:
https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000373721_por?posInSet=29&queryId=7a5c2b91-
2e44-4fad-8ee3-3f137583682e. Acceso: 5 dic. 2020.
VARGAS, F. E. B.
A sociologia compreensiva de Max Weber (1864-1920)
. Pelotas:
IFISP/UFPel, 2015. Apresentação powerpoint.
Cómo hacer referencia a este artículo
BONDAN, D. E.; WERLE, F. O. C. Generación de ambientes favorables a la inclusión.
Revista
Ibero-Americana de Estudos em Educação
, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1452-1464, abr./jun.
2022. e-ISSN: 1982-5587. DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15858
Enviado en
: 15/11/2021
Revisiones requeridas en
:
28/12/2021
Aprobado en
: 10/02/2022
Publicado en
: 01/04/2022
image/svg+xml
Generation of ambiences favorable to inclusion
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1445-1456, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15858
1445
GENERATION OF AMBIENCES FAVORABLE TO INCLUSION
GERAÇÃO DE AMBIÊNCIAS FAVORÁVEIS À INCLUSÃO
GENERACIÓN DE AMBIENTES FAVORABLES A LA INCLUSIÓN
Daisy Eckhard BONDAN
1
Flavia Obino Corrêa WERLE
2
ABSTRACT
: This work analyzes the path outlined by special education in the search for a new
look and place for people in situations of discrimination due to their functional performance. It
establishes an intense dialogue with the concept of "generation of ambiences" of Rego (2010),
from the discussion of the different designations registered in educational policies through the
history of special education, in the Brazilian reality, relating them to the context of the
Convention on the Rights of Persons with Disabilities, promulgated by the United Nations in
2006.
KEYWORDS
: Public policies for education. Inclusive education. Context of education.
RESUMO
: Este trabalho analisa o caminho traçado pela educação especial na busca de um
novo olhar e lugar para as pessoas em situação de discriminação pelo seu desempenho
funcional. Estabelece um diálogo intenso com o conceito de “geração de ambiências” de Rego
(2010), a partir da discussão das diferentes designações registradas nas políticas educacionais
através da história da educação especial, na realidade brasileira, relacionando-as com o
contexto da Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência, promulgada pelas Nações
Unidas no ano de 2006.
PALAVRAS-CHAVE
: Políticas públicas em educação. Educação inclusiva. Contexto da
educação.
RESUMEN
: Este documento analiza el camino esbozado por la educación especial en la
búsqueda de un nuevo aspecto y lugar para las personas en situaciones de discriminación
debido a su desempeño funcional. Establece un intenso diálogo con el concepto de "generación
de ambientes" de Rego (2010), desde el debate de las diferentes designaciones registradas en
las políticas educativas a través de la historia de la educación especial, en la realidad
brasileña, relacionándolas con el contexto de la Convención sobre los Derechos de las
Personas con Discapacidad, promulgada por las Naciones Unidas en 2006.
PALABRAS CLAVE
: Políticas públicas en educación. Educación inclusiva. Contexto de la
educación.
1
University of Rio dos Sinos Valley (UNISINOS), São Leopoldo
–
RS
–
Brazil. Doctoral student at the Graduate
Program in Education. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9123-5953. E-mail: deckhard@bol.com.br
2
University of do Rio dos Sinos Valley (UNISINOS), São Leopoldo
–
RS
–
Brazil. Emeritus Professor. Researcher
and professor of the Graduate Program in Education. Doctor in Education (PUCRS). ORCID:
https://orcid.org/0000-0001-5795-2537. E-mail: flaviaw2015@gmail.com
image/svg+xml
Daisy Eckhard BONDAN and Flavia Obino Corrêa WERLE
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1445-1456, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15858
1446
Introduction
In this article we reflect on the path traced by special education in the search for a new
look and place for people in a situation of discrimination for their functional performance, from
the discussion of the different designations registered in educational policies throughout the
history of special education. We established a dialogue with Rego's (2010) concept of
“ambience generation”. We use the theoretical essay methodology, as we seek to understand
how the looks and places demanded by people in a situation of discrimination for their
functional performance are involved with the ambiences for inclusive education. Rego (2010,
p. 47) states “[...] that we do better what we already did when we give it a name, or a title and
an explicit orientation that we had not yet given”.
We consider the ambience as defining the looks and places that are assigned to the
person in a situation of discrimination for their functional performance, because the concept of
ambience does not only determine what is around the subject, since it also determines the center
and values it in in relation to the environment itself, which, according to Rego (2010, p. 47),
“[...] is a contextualizer and conditioner of their existence.”.
The nomenclatures referred to people in a situation of discrimination due to their
functional performance, in the different decades, refer to the way in which society directed its
gaze towards these subjects. The three contexts of ambience generation discussed throughout
this text reflect how much society is involved in the constitution of the subject, but make it clear
that only changing the nomenclature brought in public policies makes no difference if the
context of practice is not modified. The excluding context will only be changed to the inclusive
context by raising awareness and modifying the culture of society for people in situations of
discrimination for their functional performance.
The look and place: generation of ambience
The inclusion process presupposes the recognition of differences, not with the intention
of placating them, but of seeking compatibility between the various orders of experience,
evidencing reciprocal approximations and enrichments.
Inclusion is a moral imperative. Debating the benefits of inclusive education
is like debating the benefits of human rights. Inclusion is a prerequisite for
sustainable societies. It is a prerequisite for education in and for democracies
founded on integrity, justice, and equality. It establishes a systematic
framework for removing barriers from the principle that "every student
matters, and matters equally." It also combats trends in the education system
image/svg+xml
Generation of ambiences favorable to inclusion
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1445-1456, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15858
1447
that allow for exceptions and exclusions, such as when schools are evaluated
on a single dimension and resource allocation is tied strictly to their
performance (UNESCO, 2020, p. 12).
In order to reorganize the place for people in a situation of discrimination for low
functional performance we need to recognize the school as a social space of construction of
knowledge for life, which
[...] implies the construction of new relations with the issues linked to
identities and differences in the classroom and the understanding that
differences are socially and culturally constructed based on power relations,
that is, the process of production of hierarchization of differences can be
challenged and destabilized (AKKARI; SANTIAGO, 2015, p. 31).
The three contexts of the generation of ambience offer us an in-depth reflection and a
conceptual broadening about this theme, being the environment
around/among
the first context
brought to the constitution of the concept of the generation of ambience.
Environment around
means the articulated set of material and symbolic
relations that contextualize human existence, conditioning the very way of
being of individuals and collectives. Means between means the various types
of mediations that place individuals and/or collectives in relation to each other,
such as work, school, or family relationships, among other forms of daily
relations. The set of means in between is also a constituent of the means
around, just as each of the means in between is conditioned by the context of
the surrounding environment, both material and symbolic. Generating
ambiences, in this case, means listing the issues and problems of the
surrounding environment as a support or vehicle for the educational processes
of some environment in between (a classroom, for example) (REGO, 2010, p.
47, our emphasis).
The places and looks for the person in a situation of discrimination are given in the
constitution of the look of the other, that is, the "means between" contextualize the look for
each subject before society, and the "surrounding environment" establishes the place for these
subjects. In this way, the looks and the places established for people in situations of
discrimination due to their functional performance were and still are constituted by the set of
"means between" which is conditioned by the context of the "surrounding environment". The
second context that articulates the concept of the generation of ambiences brought by Rego
(2010) is that of the instauration hermeneutics. And the concept of instaurative hermeneutics
"[...] would be those that have an emphasis, or direction, in reverse: they take this certain text,
that is, a set of symbols, and see it not as a final point, point of arrival, but as a starting point"
(REGO, 2010, p. 48). In this way, hermeneutics is directed more towards the future and not
fixed on the past.
image/svg+xml
Daisy Eckhard BONDAN and Flavia Obino Corrêa WERLE
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1445-1456, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15858
1448
The trajectory of the look and the place of people in situation of discrimination for their
functional performance, in the context of instaurative, interpretative hermeneutics, are
important, because the place and the look addressed to the person in situation of discrimination
for their functional performance can be interpreted and reworked to be modified. This context
sees the past to think the future, that is, the historical context of special education serves us to
reflect and project the necessary modifications so that everyone has the right to a full inclusion
in society.
The dialogical context is the third context brought in the concept of ambience generation
and brings a relationship of opposites, that is, the look and the place implied here are of space
constitution, in the context of the space of the self and the other, the normal and the abnormal,
in the context of people in a situation of discrimination for their functional performance.
[...] overcome the situation in which one or the other of these poles ends up
concluding that the other exists, but that, so alien that they are, one in relation
to the other, each must remain, in relation to the other, incommunicably there
- the other definitively removed by rigid limits of the object clipping and
reading system that I establish to constitute my inviolable niche, and for
which, to legitimize this niche, I obsessively keep reaffirming the object of
analysis as being only this or that [. ...] (REGO, 2010, p. 52).
According to Vargas (2015), the discussion of ambience that Nelson Rego (2010) makes
converges with the symbolic interpretative approach, which considers the 'educational
institutions' as cultural artifacts, as social inventions/constructions, in which there are common
modes of interpretation that legitimize and give meaning to everyday activities and modes of
sharing, ways of interpreting and acting. Thus, social institutions are understood as a set of
interconnected behaviors that foster meaningful social processes, intelligible to the context.
These are assumptions of the interpretative perspective: what is most significant is not what
occurs, but the meaning attributed to events. The meaning of what occurs is related to the
interpretations that people make; most events in the school organization are ambiguous,
uncertain, non-linear; symbolic - experiential content, generated from shared experiences,
personal perceptions, linked to particular contexts. Thus, for symbolic interactionism: "people
are producers of their own actions and meanings. They live in a material environment, but the
goals of this world have a particular 'meaning' for each one, depending on the moment"
(LAPASSADE, 2005, p. 19).
image/svg+xml
Generation of ambiences favorable to inclusion
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1445-1456, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15858
1449
The look and place: public education policies
In Brazil, according to the historical context, many were the denominations for people
in situation of discrimination due to their functional performance, and countless were the
attempts to modify the look and the place demanded for them.
The promulgation of the Law of Directives and Bases for National Education (LDBEN),
Law No. 4.024/61 (BRAZIL, 1961), in art. 88, explicitly addresses the issue of people in
situations of discrimination for their functional performance, referring to them as "exceptional"
and giving the possibility of a place, "[...] as far as possible, fit into the general education
system, in order to integrate them into the community" (BRAZIL, 1961).
Until the 1970s, we find the term used to describe people in a situation of discrimination
for their functional performance as 'exceptional', referring to the period when these were
considered exceptions to the rule, people outside the standards of 'normality', who needed to
attend specific institutionalization spaces, such as Santa Casa, APAE (Association of Parents
and Friends of Exceptional Children), special schools, among others.
When thinking about the self and the other, in the dialogical context, we reflect on the
similarities and differences, the normality and abnormality that it represents, since the
parameters bring what socially refers to pre-established models.
'Normality' is an ideologically fabricated name for majority. [...] The ideas of
'norm' and 'normality' presume a dissimilarity: the division of the aggregate
into a majority and a minority, into 'most' and 'some'. [...] not only do certain
types of units make up the majority, but they should be 'as they should be',
'right and proper'; conversely, those lacking the attributes in question are 'what
they should not be', 'wrong and improper' (BAUMAN, 2013, p. 70-71).
The designation of legal and normative texts was necessary for the implementation of
educational models, in order to determine who is or is not in accordance with the standards
required by society, pointing possibilities, places, and looks for people in situation of
discrimination. From the 1970s on, some movements were created to propose actions with the
purpose of interfering and changing the stigma of people in situation of discrimination for their
functional performance, calling to themselves the responsibility to ensure for children with
special educational needs (BRAZIL, 2010) an educational process adapted to their
particularities.
In the 1980s, the concept of educational integration emerged, providing students in
situations of discrimination for their functional performance with the opportunity to be taught
near the regular school, whenever possible. In this period, the nomenclature brought in the
image/svg+xml
Daisy Eckhard BONDAN and Flavia Obino Corrêa WERLE
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1445-1456, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15858
1450
legislation was "[...] students with disabilities, typical conducts and high abilities [...]"
(REBELO; KASSAR, 2018, p. 283). The Constitution of the Republic in 1988 (BRAZIL, 1988)
sought the full development of citizens, without distinguishing race, sex, color, age, and any
other forms of discrimination, and guaranteed the right to school for all. In Article 208, item
III, the Constitution makes reference to specialized educational services for the handicapped,
when it states that it is the State's duty to guarantee education, which will be made effective
through "specialized educational services for the handicapped, preferably in the regular
education system" (BRAZIL, 1988).
In the early 1990s, a new nomenclature is employed to refer to people in a situation of
discrimination for their functional performance, "[...] person with special needs [...]"
(REBELO; KASSAR, 2018, p. 283), in a reference to the period that these subjects began their
trajectory in special classes, in regular school institutions, but with the distinction of having a
disability or a special need, endowed with something that was not normal and needing spaces
and specialized care to share the same places intended for the so-called normal students.
The public policies implemented in Brazil until the 1990s refer to a 'surrounding
environment' that disregarded the person in a situation of discrimination for his/her functional
performance as someone with potentiality. The 'surroundings in between' that contextualize the
look of the other before society marked the impossibility of these people to participate in
common spaces, being destined to them segregated spaces:
The problem is us, our own conceptual limits [...] to design a different world,
a different and non-homogeneous school system, in which everyone can
progress, along with others, according to their particular needs [...]. The
problem is, in short, our strength and willingness to transform the reality that
surrounds us (ECHEITA SARRIONANDIA, 1994, p. 67).
At the beginning of the 21st century, there was an attempt to broaden the view to people
in situation of discrimination for their functional performance, with the new nomenclature of
"[...] students with special educational needs [...]" (REBELO; KASSAR, 2018, p. 289). Such
denomination removes from this subject the fact of 'carrying' some disability and expands the
view to all subjects that at some point in their school career may need specialized resources or
assistance. However, even with this modification and expansion of the nomenclature, the status,
the 'in between', still remained, even if veiled, in the word 'special'. The nomenclature is
modified, but the 'in between' remains the same, rooted in excluding connotations, of less value.
What is at stake is to stop understanding special education for a particular
group of students - those with disabilities - to start thinking of special
education as the actions or measures that help school systems, teachers
image/svg+xml
Generation of ambiences favorable to inclusion
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1445-1456, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15858
1451
especially, to be better able to cope with the diversity of needs that any of their
students may present (ECHEITA SARRIONANDIA, 1994, p. 66).
The National Policy for Special Education, from 2008 (BRAZIL, 2008), in a way, tries
to move the 'environment around', enabling people in a situation of discrimination for their
functional performance to attend regular schools, with the help of Specialized Education
Service (SES) rooms. These specialized spaces have the function of promoting inclusive
education and starting a restructuring of the school institution, even if slowly, for the efficiency
of the learning of all subjects in a significant way, reorganizing the 'in-between', from 'the
surrounding environment'. The Specialized Educational Service room is a space in the regular
school, where didactic, pedagogical and assistive technology materials are made available, and
professionals with specific training provide services to people in situations of discrimination
due to their functional performance (auditory, visual, motor, cognitive, verbal, etc.), global
development disorders or high abilities/super-endowments. This room can favor and build a
plurality of actions, ranging from direct care of the student or groups of students, to a network
action, in which professionals from different areas work to improve the student's teaching-
learning. However, we understand that the service provided in the SES room is still linked to
the medical model, because it reinforces the difference and produces inequality when the
subject needs to be linked to a specialized space to have access to knowledge. We believe that
this way segregation remains, besides referring to the 'special education target audience' and/or
'student with disabilities, global developmental disorders, high abilities/super ability',
maintaining the exclusionary character.
It is not by chance that in times of concealing the inequalities that spread and
deepen and end up weakening the ideals of overcoming them and privileging
inclusion and inclusive school policies. In turn, it is not by chance that
inclusion regulation mechanisms become central in educational policies.
Policies are predominant, not so much of inclusion, but of regulation of
inclusion attempts. Minimum quality parameters, required for inclusion-
exclusion. The policies of inclusion distance themselves in political radicalism
from the policies of equality (ARROYO, 2011, p. 90).
The impasses identified in the historical process for the effectiveness of inclusion, both
in school institutions and in society, are based on the social process, on individuals. The
Convention on the Rights of People with Disabilities (CRPD) (UNITED NATIONS, 2006) and
its Optional Protocol, ratified by the National Congress through Legislative Decree No. 186,
July 9, 2008 (BRASIL, 2008), takes inclusive education from an idealized to a real model. The
perspective of inclusive education, from the social model and awareness, referenced in art. 8 of
the CRPD (UNITED NATIONS, 2006), breaks with the exclusionary and segregating context
image/svg+xml
Daisy Eckhard BONDAN and Flavia Obino Corrêa WERLE
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1445-1456, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15858
1452
of the deficit model, even if covered up by strategies and instruments to still establish the
imposed norm. The CDPD comes to reference that it is necessary to realize that we can no
longer do the same thing and think it is good. It is necessary to rethink the practice, the daily
routine, beyond the legal, normative text. It is necessary to act in practice to build a new context
from the social model of disability, from the concept of functional diversity, which according
to Molina Saorín (2017), refers to issues related to the different functions that we all have in
our body structures, i.e., we all have different abilities and difficulties. Thus, when thinking
about functional diversity, we recognize that the situation of disability is not in our body, but
in the context and our surroundings. In the context of an instauration, interpretative
hermeneutics, understanding the historical processes is necessary, for it is from these processes
of reflection that the places and looks demanded for people in a situation of discrimination for
their functional performance can be reworked and modified, promoting the right to a full
inclusion in society. The CRPD reinforces the need to remove barriers that prevent the
participation and learning of people in situation of discrimination for their functional
performance, and also exposes, in article 8, the awareness, which reiterates the look for the
potentiality of the subject, removing it from the place of less value and disability and giving it
the place of right (UNITED NATIONS, [2006]).
By reflecting on the space that I and the other occupy in society, according to the
dialogical context, it is possible to constitute a new look and place. Law No. 13,146, of July 6,
2015, which establishes the Brazilian Law of Inclusion of the Person with Disability (Estatuto
da Pessoa com Deficiência) (BRAZIL, 2015), is one of the legislations that, in fact, makes
rethink the place and the look to people in situations of discrimination for their functional
performance, in Brazilian public policy, since it is based on the Convention on the Rights of
Persons with Disabilities (UNITED NATIONS, [2006]). The Brazilian Law of Inclusion of the
Person with Disability (BRAZIL, 2015), as well as the National Policy of Special Education
from the Perspective of Inclusive Education (BRASIL, 2008), even being based on the
Convention on the Rights of Persons with Disabilities (UNITED NATIONS, [2006]) still refer
to people in a situation of discrimination for their functional performance from the perspective
of deficit, demarcating a target audience for action, specialized locations for the care of this
public, as well as people to monitor these subjects. We still perceive the other as abnormal. The
dialogical context meets the concept of functional diversity, where we don't limit spaces for the
other, we go beyond the barrier of the self and the other and expand our view to everyone, in
the same space, but respecting the functional diversity. In the above-mentioned legal regulations
we notice small advances regarding the shift of look and place of the self and the other, where
image/svg+xml
Generation of ambiences favorable to inclusion
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1445-1456, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15858
1453
the modality of 'special education', in the context of inclusive education, gained a new place,
proposing a broadening and new proposition for this discipline: "[...] the approach in which the
disorder predominated and we focus on a properly educational framework, specifically didactic,
which allows us to improve the conditions of all subjects" (TORRES GONZÁLEZ, 2020, p.
59). In this sense, the legislation sought, somehow, to think of new strategies for the effective
education of all, and shifts the professional of SES to the institutional space, i.e., transfers his
gaze from the deficit to the potentiality of all subjects; however, this will only be effective if
the regular classroom teacher and the school institution are prepared for the subjective change
of view, as well as society.
Final remarks
The discussion of inclusive education needs to be expanded to different audiences and
critically debated, and the implemented educational policies should be analyzed in a dialogical
perspective, considering differences and oppositions in an interpretative perspective, in order
to establish new ways to practice management in schools and education systems; in a
perspective that values the environment and the means that surround us and the students - half
among and half around. By generating new environments that welcome everyone, do not
discriminate, and consider the differences of each and every individual, we will be contributing
to the creation of a school and a society with an inclusive culture.
The Convention on the Rights of Persons with Disabilities (UNITED NATIONS,
[2006]) is a movement that generates environments for people in situations of discrimination
due to their functional performance, as it brings inclusive education as the only and true
movement for everyone to have access, permanence, and lifelong learning. Retaking Rego
(2010), the generation of ambiences, in the context of the instaurative, interpretive
hermeneutics, signals that we need to interpret the history of special and inclusive education to
rework and, thus, to modify the practices, because we are still living in the level of an education
where we have an integrating context in an inclusive perspective, where the person still needs
to adapt to the environment to have the right to be part of the context. We also need, from the
dialogical context, to realize that the constitution of the space of the self and the other, of the
normal and the abnormal, does not need to be separate, but rather a context in which divisions
are not necessary, that is, where the space of the other is respected along with everyone's space,
based on functional diversity.
image/svg+xml
Daisy Eckhard BONDAN and Flavia Obino Corrêa WERLE
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1445-1456, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15858
1454
To make an inclusive school effective, it is necessary to realize that it is not the person
in a situation of discrimination because of his/her functional performance who has to adapt in
order to have access to knowledge, but it is the school system and institution that have to adapt
themselves and their materials and methods so that people in a situation of discrimination
because of their functional performance have access to knowledge, together with the other
students. It is necessary to change the environment around, so that the displacement of the
means between is made possible and, thus, promotes the displacement of the look of the self
and the other. The context of inclusive education, today, needs a professional to "[...] develop
professional skills based on scientific knowledge" (TARDIF, 2013, p. 561), a professional who
is involved in the management of inclusive education, assisting with "[...] a reflective view of
the act of teaching: teaching is no longer an activity that is performed, but a practice in which
we must think, which we must problematize, objectify, criticize, improve" (TARDIF, 2013, p.
561). Education needs to stop being just a gift or a job, to become a profession, where the "[...]
competent and committed performance of the duties and responsibilities that constitute the
specificity of being a teacher" (LIBÂNEO, 2004, p. 75). It is necessary that professionals
involved with education take upon themselves the responsibility for the transformation of the
inclusive education system, for the management of inclusive education, enabling access,
permanence and quality education for all. It is necessary to change the place and the look one
has for the subjects, in practice.
It is necessary to spread the word about the CRPD, because it is essential that we
generate new environments to create and develop an education and a society for all.
REFERENCES
ARROYO, M. G. Políticas educacionais, igualdade e diferenças.
Revista Brasileira de
Política e Administração da Educação
,
Brasília, DF, v. 27, n. 1, p. 83-94, jan./abr. 2011.
Available at: https://seer.ufrgs.br/rbpae/article/view/19969. Accessed on: 14 Mar. 2021
AKKARI, A.; SANTIAGO, M. C. Diferenças na educação: do preconceito ao
reconhecimento.
Revista Teias
, Rio de Janeiro, v. 16, n. 40, p. 28-41, 2015. Available at:
https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revistateias/article/view/24548. Accessed on: 23
Feb. 2021.
BAUMAN, Z.
Sobre educação e juventude
: conversas com Riccardo Mazzeo. Rio de
Janeiro: Zahar, 2013.
BRAZIL. [Constituição (1988)].
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988
.
Brasília, DF: Presidência da República, 1988. Available at:
image/svg+xml
Generation of ambiences favorable to inclusion
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1445-1456, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15858
1455
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Accessed on: 05 Apr.
2020.
BRAZIL.
Lei n. 4.024, de 20 de dezembro de 1961
. Fixa as Diretrizes e Bases da Educação
Nacional. Brasília, DF: Presidência da República, 1961. Available at:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4024.htm. Accessed on: 05 Apr. 2020.
BRAZIL.
Decreto legislativo n. 186, de 2008
. Aprova o texto da Convenção sobre os
Direitos das Pessoas com Deficiência e de seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova
Iorque, em 30 de março de 2007. Brasília, DF: Presidência da República, 2008. Available at:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/CONGRESSO/DLG/DLG-186-2008.htm. Accessed on:
05 Apr. 2020.
BRAZIL.
Lei n. 13.146, de 6 de julho de 2015
. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa
com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência).
Brasília, DF: Presidência da
República, 2015. Available at: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-
2018/2015/Lei/L13146.htm. Accessed on: 24 Apr. 2020.
ECHEITA SARRIONANDIA, G. A favor de una educación de calidad.
Cuadernos de
Pedagogía
, Barcelona, n. 228, p. 66-67, 1994. Available at:
https://dialnet.unirioja.es/servlet/revista?codigo=378. Accessed on: 15 Feb. 2021.
LAPASSADE, G.
As microssociologias
. Brasília, DF: LiberLivro, 2005.
LIBÂNEO, J. C.
Organização e gestão da escola
: teoria e prática. Goiânia: Alternativa,
2004.
MOLINA SAORÍN, J.
La discapacidad empieza en tu mirada
: las situaciones de
discriminación por motivo de diversidad funcional: escenario jurídico, social y educativo.
Madrid: Delta Publicaciones, 2017.
REBELO, A. S.; KASSAR, M. C. M. Indicadores educacionais de matrículas de alunos com
deficiência no Brasil (1974-2014).
Estudos em Avaliação Educacional
, São Paulo, v. 29, n.
70, p. 276-307, jan./abr. 2018. Available at:
https://publicacoes.fcc.org.br/eae/article/view/3989. Accessed on: 12 Oct.. 2021.
REGO, N. Geração de ambiências: três conceitos articuladores.
Educação
, Porto Alegre, v.
33, n. 1, p. 46-53, jan./abr. 2010. Available at:
https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/faced/article/view/6780. Accessed on: 04
Sept. 2021.
TARDIF, M. A profissionalização do ensino passados trinta anos: dois passos para a frente,
três para trás.
Educação e Sociedade
, Campinas, v. 34, n. 123, p. 551-571, 2013. Available
at: https://www.scielo.br/pdf/es/v34n123/13.pdf. Accessed on: 24 Jan. 2020.
TORRES GONZÁLEZ, J. A. El concepto de educación especial: aclaraciones al entramado
terminológico.
In:
SÁNCHEZ PALOMINO, A.; TORRES GONZÁLEZ, J. A. (coord.).
Educación especial
: centros educativos y profesores ante la diversidad. Madrid: Pirámide,
2002. p. 49-62.
image/svg+xml
Daisy Eckhard BONDAN and Flavia Obino Corrêa WERLE
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1445-1456, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15858
1456
UNESCO.
Relatório de monitoramento global da educação
: resumo 2020: inclusão e
educação: todos, sem exceção. Paris: UNESCO, 2020. Available at:
https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000373721_por?posInSet=29&queryId=7a5c2b91-
2e44-4fad-8ee3-3f137583682e. Accessed on: 5 Dec. 2020.
UNITED NATIONS.
Convención internacional sobre los derechos de las personas con
discapacidad
.
New York: ONU, 2006. Available at:
www.un.org/esa/socdev/enable/documents/tccconvs.pdf. Accessed on: 19 Apr. 2020.
VARGAS, F. E. B.
A sociologia compreensiva de Max Weber (1864-1920)
. Pelotas:
IFISP/UFPel, 2015. Apresentação powerpoint.
How to reference this article
BONDAN, D. E.; WERLE, F. O. C. Generation of ambiences favorable to inclusion.
Revista
Ibero-Americana de Estudos em Educação
, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1445-1456, Apr./June.
2022. e-ISSN: 1982-5587. DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15858
Submitted
: 15/11/2021
Revisions required
:
28/12/2021
Approved
: 10/02/2022
Published
: 01/04/2022
Management of translations and versions: Editora Ibero-Americana de Educação
Translator: Thiago Faquim Bittencourt
Translation reviewer: Alexander Vinícius Leite da Silva