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Políticas de educação, tecnologia e inovação: Contribuições para uso emancipatório das tecnologias
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1457-1472, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15876
1457
POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO: CONTRIBUIÇÕES
PARA USO EMANCIPATÓRIO DAS TECNOLOGIAS
POLÍTICAS DE EDUCACIÓN, TECNOLOGÍAS E INNOVACIÓN: CONTRIBUCIONES
PARA EL USO EMANCIPATORIO DE LAS TECNOLOGÍAS
EDUCATION, TECHNOLOGY AND INNOVATION POLICIES: CONTRIBUTIONS TO
THE EMANCIPATORY USE OF TECHNOLOGIES
Raquel Aparecida SOUZA
1
Raquel de ALMEIDA MORAES
2
RESUMO
: O objetivo do texto é tecer uma discussão teórica à luz de referenciais sobre estudos
relacionados a políticas de educação, tecnologia e inovação, no sentido de apreender elementos
que demarquem possibilidades para o uso emancipatório das tecnologias na educação. O estudo
foi fundamentado na perspectiva filosófica do materialismo-dialético; quanto ao método,
pautando-se na pesquisa bibliográfica. Foi possível compreender, entre outras questões, que se
faz necessário políticas e ações educativas que caminhem na contramão dos ideais impostos
apenas pelo sistema capitalista, de modo a se obter a construção e consolidação de uma
educação mais crítica, emancipadora, a qual pode estar fundamentada na perspectiva da
utilização de tecnologias como forças produtivas de modo solidário.
PALAVRAS-CHAVE
: Políticas e educação. Tecnologia e inovação. Abordagem sociotécnica.
RESUMEN
: El propósito del texto es promover una discusión teórica crítica con miras a
plantear elementos para comprender los discursos de las políticas públicas de educación en
los ejes de la tecnología y la innovación con el fin de aprehender sus significados. Partiendo
de la perspectiva filosófica del materialismo-dialéctica en cuanto al método, utiliza el análisis
del discurso de Fiorin para aprehender los significados discursivos. Como resultado, estos
discursos expresan al menos tres significados: visión economista de la educación, la tecnología
y la innovación; aprender a aprender; exclusión vs. competencia. Como consideración final,
por otro lado, es urgente utilizar tecnologías en busca de la construcción y consolidación de
una educación más crítica y emancipadora basada en la perspectiva de la tecnociencia
solidaria.
PALABRAS CLAVE
:
Políticas y educación. Tecnología e innovación. Abordaje sociotécnica.
1
Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Uberlândia
–
MG
–
Brasil. Professora Adjunta. Doutora em
Educação pela Universidade de Brasília (UNB)
–
Linha de políticas da educação. ORCID: https://orcid.org/0000-
0001-5906-0671. E-mail: eraquelas@gmail.com
2
Universidade de Brasília (UnB), Brasília
–
DF
–
Brasil. Professora Titular. Departamento de Planejamento e
Administração (FE/UNB). Doutora em Educação (UNICAMP). ORCID: https://orcid.org/0000-0001-7842-395X.
E-mail: rachel@unb.br
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Raquel Aparecida SOUZA e Raquel de ALMEIDA MORAES
RIAEE
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ABSTRACT
:
The purpose of this essay is to promote a critical theoretical discussion with a
view to raising elements to understand the discourses of public education policies on the axes
of technology and innovation in order to apprehend their meanings. Based on the philosophical
perspective of materialism-dialectical as to the method, it uses the analysis of Fiorin's discourse
to apprehend the discursive meanings. As a result, these discourses express at least three
meanings: economist view of education, technology and innovation; learn to learn; exclusion
vs. competition. As a final consideration, on the other hand, it is urgent to use technologies in
search of the construction and consolidation of a more critical, emancipatory education based
on the perspective of solidary technoscience.
KEYWORDS
:
Policies and education. Technology and innovation. Solidary technoscience.
Questões Iniciais
O incentivo para a utilização e inserção de tecnologias na educação constitui agenda de
muitos governos no Brasil, no entanto, ainda não temos políticas públicas de Estado bem
consolidadas sobre esse assunto. Com a situação do isolamento social e a suspensão das aulas
presenciais, como medida de prevenção contra a disseminação da Pandemia da Covid-19,
muitas instituições de educação básica e superiores no Brasil decidiram ofertar aulas de modo
não presencial, utilizando tecnologias digitais, e encontraram muitos desafios.
Antes da Pandemia vários estudos e pesquisas já mostraram alguns resultados sobre
políticas e ações para a inserção de tecnologias na educação e em termos de políticas
educacionais, temos uma série de propostas governamentais que já foram implementadas, mas
que não foram continuadas, dentre as quais destacam-se aquelas que dão ênfase na inovação da
educação por meio da utilização de tecnologias.
Assim, torna-se importante colocar em pauta discussões relacionadas a essas temáticas
de modo a compreender, entre outras questões, como é possível inovar no sentido da
emancipação das práticas pedagógicas utilizando tecnologias digitais de modo criativo e crítico,
contrapondo uma visão hegemônica reprodutora e capitalista.
Segundo Saviani (2013), n
uma perspectiva democrática “a educação, para além de se
constituir em determinado tipo de direito, o direito social, configura-se como condição
necessária, ainda que não suficiente, para o exercício de todos os direitos, sejam eles civis,
políticos, socia
is, econômicos ou de qualquer outra natureza” (p. 745).
Para o autor, o exercício dos direitos de todos os tipos pressupõe o acesso aos códigos
escritos. “Eis porque esse mesmo tipo de sociedade erigiu a escola em forma principal e
dominante de educação e advogou a universalização da escola elementar como forma de
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converter todos os indivíduos em cidadãos, isto é, em sujeitos de direitos e deveres” (SAVIANI,
2013, p. 745).
Compreende-se que as questões relacionadas à inovação e à inserção de tecnologias
precisam estar conectadas ao papel social da educação, o qual passa pelas possibilidades de se
proporcionar acesso adequado e apropriação dos diversos saberes historicamente produzidos
pelos indivíduos; nesse sentido, os termos “tecnologia e inovação” não podem ser
compreendidos unicamente em uma perspectiva.
Várias ações e políticas governamentais de inserção de tecnologias na educação
brasileira apresentam, em seus discursos, as possibilidades de transformação das práticas
educacionais numa perspectiva quase que automática, concebendo as tecnologias ora como
técnicas deterministas ora como instrumentos neutros. No entanto, contrários a essas visões,
corrobora-se com Peixoto (2015), que aponta que as tecnologias podem ser integradas nas
atividades pedagógicas de forma crítica e por meio de escolhas democráticas dos sujeitos.
A pesquisa pauta-se na abordagem do materialismo-dialético quanto ao método e que,
de acordo com Marcondes (2004), destaca-se pela iniciativa crítica do pensamento moderno,
por meio das contribuições de Marx, iniciadas por Descartes e seguidas por Bacon, Kant e
Hegel.
Nessa perspectiva, a pesquisa pautou-se na análise teórica a partir de pesquisa
bibliográfica, buscando diálogo com referenciais críticos importantes para auxiliar na
compreensão da proposta de estudo.
A pesquisa bibliográfica é passo fundamental no processo investigativo pois, entre
outras possibilidades, permite apreender os sentidos do discurso pela análise comparativa, como
destaca Fiorin (2005) e Moraes (2014), a partir da elaboração de argumentos e hipóteses
críticas.
Buscou-se responder os questionamentos: quais as possibilidades para o uso
emancipatório das tecnologias na educação? É possível inovar no sentido da emancipação das
práticas pedagógicas utilizando tecnologias digitais de modo criativo e crítico, contrapondo
uma visão hegemônica reprodutora e capitalista? Assim, o objetivo geral foi tecer uma
discussão teórica à luz de referenciais críticos sobre políticas de educação, tecnologia e
inovação, no sentido de apreender elementos que demarquem possibilidades do uso
emancipatório das tecnologias na educação.
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Raquel Aparecida SOUZA e Raquel de ALMEIDA MORAES
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Tecnologia, inovação e o contexto capitalista
A
“técnica” com caráter de “saber
-
fazer” predominou até o advento da Revolução
Industrial, no século XVIII, sendo transmitida de geração a geração. Com o advento da nova
fase do capitalismo, Marx (2001) destaca que foi incorporado à técnica os princípios da ciência,
por sua vez, transformando-a em tecnologia. Já os instrumentos de trabalhos tradicionais
transformaram-se em maquinários, mudando e adequando-se ao modo capitalista de produção.
O avanço tecnológico e suas implicações sobre o modo de funcionamento do mercado
de trabalho conduz a sociedade, segundo Antunes (1995), a uma intensificação da exploração
do trabalhador, favorecendo a proliferação do trabalho terceirizado, parcial e precário, sem
direitos e sub-remunerados, fortalecendo o mercado dual de trabalho. E sobre o capitalismo
financeiro informacional da atualidade, Antunes (2018) argumenta que ao invés do fim do
trabalho, tem-se um novo proletariado da era digital, cujos trabalhos, ora intermitentes e mais
ou menos constantes, ganharam novo ímpeto com as Tecnologias da Informação e
Comunicação (TICs), ao conectar os trabalhadores a diversos aplicativos e dispositivos móveis
em tempo real, por longas horas do seu dia, sem descanso, gerando um novo tipo de escravidão
digital em pleno século XXI.
Para alguns teóricos críticos, o discurso que advoga uma crescente qualificação da força
de trabalho é um mito que faz parte e apoia a manutenção de um modelo de produção que
preserva, em sua totalidade, o fetichismo da mercadoria e a alienação. No contexto
contemporâneo da acelerada degradação e precarização do trabalho, Dal Rosso (2008) adverte
que “se o trabalho nasceu como uma atividade vital, imprescindível para a realização da vida
humana, o capitalismo sujeitou a atividade laborativa aos imperativos da segunda natureza,
como diz Marx, aos condicionantes do dinheiro, mercado e capital”. (DAL ROSSO, 2008, p.
1).
Por sua vez, “inovação” tem sido um termo que tem aparecido como sinônimo de
tecnologia ou como algo que é determinado pela tecnologia, ou seja, a adoção de tecnologia na
educação, por exemplo, pode ser entendida pela regra da utilização para se chegar à inovação.
Considerando os propósitos do modelo capitalista em vigência no Brasil e no mundo, é
compreensível entender, como aponta Dagnino (2014), que:
O conceito de inovação foi cunhado no contexto dos países de capitalismo
avançado para designar um conjunto de atividades que engloba desde a
Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) até as novas técnicas de comercialização
(passando pela introdução de novos métodos de gestão da força de trabalho)
que tem como objetivo melhorar a condição de uma empresa frente à
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concorrência intercapitalista e não para promover o “bem
-
estar social” (p.
133).
Dagnino (2019) argumenta que, no Brasil, as empresas inovadoras preferem importar a
tecnologia que o país necessita para oferecer aqui o que já era produzido nos países do norte.
“Dos 90 mil mestres e doutores que foram formados entre 2006 e 2008 (anos de bonança
econômica) para fazer pesquisa e desenvolvimento nas empresas, somente 68 foram por elas
contratados”. (DAGNINO, 2019, p. 28)
A seu ver, a maioria das pessoas que se enquadram na perspectiva de esquerda política
e que integram a comunidade de pesquisa no Brasil não foi capaz de perceber que a dinâmica
tecnocientífica global (ou das empresas globais) se encontra contaminada com os vírus da
deterioração programada, da obsolescência planejada, do consumismo exacerbado e da
degradação socioambiental. Assim, o autor sentencia quatro normas de conduta: “o
cientificismo, o produtivismo, o inovacionismo e o empreendedorismo
–
que a elite impõe para
que se possa acompanhar a dinâmica tecnocientífica liderada pelas multinacionais”
(DAGNINO, 2019, p. 29).
Nesse sentido, mesmo tendo esse marco teórico, Dagnino (2014) aponta a necessidade
de uma abordagem não capitalista ao conceito de tecnologia e inovação em busca de uma
“Tecnologia (ou Inovação) Social”. E para isso seria necessário um “giro conceitual: parece ser
necessária uma profunda revisão acerca de conceitos como ‘tecnologia’ e ‘inovação’. Uma
revisão que tenha como centro a compreensão das relações sociais que se encontram na raiz do
que atualmente se alude com esses conceitos” (DAGNINO, 2014, p. 136).
No campo educacional, Saviani (2005) destaca que a alienação está presente no trabalho
material, dado que o produto do trabalho se separa do trabalhador. Sobre o trabalho não
material, Saviani teoriza a existência de dois tipos, sendo que o primeiro consiste no fato de que
o produto se separa do produtor, e destaca como exemplo a produção de livros. O segundo tipo
ocorre quando o produto não se separa do trabalhador, e como exemplo tem-se o professor,
relacionando a educação ao trabalho educativo. Nesse caso, Saviani (2005) afirma que educação
não se resume ao ensino, “é
certo, entretanto, que ensino é educação” (p. 12).
Retomando as contribuições de Marx e Engels (1986), Saviani (2005) propõe uma
formação tecnológica do tipo politécnica, não alienante, que revele o caráter não humano das
tecnologias, salientando a necessidade de explicitar os princípios científicos e tecnológicos que
as originam. Para ele, as tecnologias são meios e não podem ser fetichizadas sob o risco de que
o trabalho do professor, não material, seja alienado, como ocorre em alguns cursos à distância
praticados na atualidade.
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Raquel Aparecida SOUZA e Raquel de ALMEIDA MORAES
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E o que pensa o criador da educação
online
? Para Feenberg (2010, p. 167), as
“tecnologias não são apenas meios que conduzem aos fins; elas dão forma também a mundos”.
E pergunta: “Que tipo de mundo é instituído pela internet?”. Ao fazer isso, critica o modelo por
ele denominado de Fábrica, que consiste em máquinas automatizadas de ensinar ou em cópias
pobres de salas de aula presenciais em contraposição ao “modelo da cidade”, que tem como
desafio utilizar as redes eletrônicas de modo a que sejam apropriadas por instituições
educacionais de forma dialógica.
Ainda, na perspectiva de Dagnino (2019), para emancipar a relação entre tecnologia e
inovação no contexto capitalista, o qual produziu a tecnociência a favor do capital, seria
oportuno a tecnociência solidária como:
[...] a decorrência cognitiva da ação de um coletivo de produtores sobre um
processo de trabalho que, em função de um contexto socioeconômico, (que
engendra a propriedade privada coletiva dos meios de produção) e de um
acordo social (que legitima o associativismo) os quais ensejam, no ambiente
produtivo, um controle (autogestionário) e uma cooperação (de tipo voluntário
e participativo) provoca uma modificação no produto gerado cujo resultado
material possa ser apropriado segundo a decisão do coletivo (empreendimento
solidário) (p. 62).
Essa perspectiva da tecnociência solidária que reconhece a origem da tecnologia no
contexto capitalista aponta possibilidades de que o produto possa ser modificado pela
cooperação e pela participação e, por sua vez, também possa ser apropriado a partir das decisões
emancipatórias desenvolvidas pelo coletivo da participação.
Políticas e programas de governos: inovação e tecnologias na educação
No que refere às políticas de inserção e utilização de tecnologias no Brasil, estudos
apontam que muitas delas perpassam interesses políticos e econômicos, e acompanham uma
orientação internacional e economicista para a educação. Algumas ações e políticas
educacionais de governos para a inserção de tecnologias acompanha o movimento de
implementação da educação a distância (EAD) no Brasil, sobretudo a partir do ano de 1978,
como os programas que utilizavam a televisão e material impresso, com destaque para o
Telecurso 2º grau (1978), Telecurso 1º grau (1981) e o Programa Educom (1980).
A partir da década de 1990 aparecem as práticas mais incisivas de investimentos às
políticas de fomento à inovação, como se destaca na Lei nº 10.973, de 2 de dezembro de 2004
–
Lei de Inovação (BRASIL, 2004), alterada pela Lei nº 13.243/2016 (BRASIL, 2016)
, “que
passou a permitir que espaços públicos possam ser incubadores de empresas, permitindo que
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recursos públicos e privados possam ser compartilhados, além da criação de fundos de
financiamento e concessão de incentivos fiscais” (ECHALAR; LIMA; OLIVERIA,
2020, p.
870).
Mais especificamente considerando o incentivo para utilização do computador e da
internet, Cruz e Lima (2019) destacam o período após 1996, com a criação da Secretaria de
Educação a Distância e a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, LDB n.9394/96,
a qual reconheceu a EAD como uma modalidade de ensino, e a partir desse contexto, várias
instituições educativas passaram a propor cursos a distância por meio da utilização de
tecnologias, fortalecendo as ações de expansão dessa modalidade e ampliando a inserção de
tecnologias, como a criação do Programa Nacional de Informática na Educação
(PROINFO/1997), a proposição dos Núcleos de Tecnologia Educacional (NTE) e o incentivo
à disponibilização de computadores nas escolas públicas.
Entre outras políticas e ações no período pós LDB/96 e aprovação do Plano Nacional
de Educação (PNE) de (2001-2011), a EAD se apresenta como uma estratégia de
democratização do acesso à educação; sobre isso, Cruz e Lima (2019) apontam que o governo
brasileiro da época promove várias tentativas para se intensificar e consolidar a educação a
distância no Brasil, e juntamente com ela os mecanismos e discursos de inovação e incentivo
para a utilização de tecnologias na educação, a partir de várias leis, resoluções, portarias e
decretos. Os autores destacam a proposição de diversos cursos de formação continuada e
formação inicial, especialização, extensão e aperfeiçoamento, dentre os quais: o Programa de
capacitação de lideranças escolares (Progestão/2003); Formação Continuada Gestar II (2004);
Prolicenciatura (2004); Mídias na Educação (2005); Proinfantil (2005); Proletramento (2005)
e o Programa Nacional Escola de Gestores (2005).
Outras ações que também marcam os discursos sobre o incentivo para a inovação e a
utilização de tecnologias no meio educacional são programas como a Universidade Aberta
(UAB/2006); Rede e-Tec Brasil (2007); ProInfo Integrado (2007); Plano Nacional de Formação
do Professor da Educação Básica (PARFOR/2009); Programa Banda Larga nas Escolas (2008);
Programa Um Computador por Aluno (Prouca/2009); Plano Nacional de Educação (PNE/2014-
2014); Programa de Inovação Educação Conectada (2017) e Política de Inovação Conectada
(2019).
Considerando o PNE de (2014-2024), Heinsfeld e Pischetola (2019) destacam que as
tecnologias são apontadas nesse plano como “ferramentas estratégicas para alcançar as metas
traçadas para o programa” (p. 14). Nessa perspectiva não se percebe uma preocupação para o
incentivo crítico e reflexivo das tecnologias, já que o PNE propõe “informatização e acesso a
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equipamentos digitais como condição suficiente para garantir melhorias no sistema
educacional” (p. 14).
Outra ação de governo é o Programa de Inovação Educação Conectada, que foi criado
em 2017 e transformado em Política por meio da Lei nº 14.180 em 2021. Tem como objetivo
“apoiar a universalização do acesso à internet de alta velocidade e fomentar o uso pedagógico
de tecnologias digitais na Educação Básica” (
EDUCAÇÃO CONECTADA, MEC, 2017
).
De acordo com dados publicizados pelo Site Educação Conectada, do Ministério de
Educação (MEC, 2017), essa Política possui quatro dimensões, alocadas entre a visão, a
formação, os recursos educacionais digitais e a infraestrutura, em busca de fomentar a
preparação das escolas e dos profissionais da educação para implementarem as tecnologias
digitais.
A respeito desse Programa, Echalar e Lima (2018) apontam que nele há uma
preocupação de se “mensurar as nuances acerca do que significa inovar pedagogicamente e o
uso pedagógico das tecn
ologias digitais” (p. 14). Para as autoras, esse entendimento significa
reduzir o processo educativo ao âmbito quantitativo:
[...] tendo como objeto a ser mensurado as dimensões externas e observáveis
das complexas relações sociais no contexto escolar. [...] Como já enfatizado,
é possível olhar para essa proposta de publicação sob duas óticas antagônicas:
como uma proposta de orientação e incentivo à análise crítica feita pelos
profissionais envolvidos no processo de ensino e aprendizagem ou como uma
possibilidade de restrição daquilo que se interpreta como uso aceitável e
desejável dessas tecnologias no contexto escolar. (ECHALAR; LIMA, 2018,
p. 14)
Essa breve revisão destaca algumas políticas e ações de governos no Brasil a partir de
olhares de pesquisadores que buscam compreender os reais interesses sobre o incentivo para a
inserção de tecnologias na educação, e mostra maneiras distintas de se ver o mundo por meio
de olhares específicos.
Emancipar pedagogicamente utilizando tecnologias de modo crítico
Para além dos discursos expressos nas ações e políticas de governos que promovem os
ideais para o incentivo à inserção de tecnologias na educação, entre as quais destaca-se as que
estão atreladas à busca pela inovação pedagógica, é necessário ter clareza sobre as posições
ideológicas dos enunciadores desses discursos. Ou seja, é preciso compreender as relações
históricas, sociais e políticas em que os legisladores das políticas estão inseridos, considerando
as visões de mundo e de educação que eles defendem, e é preciso levantar elementos que
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auxiliem para uma avaliação crítica e para uma tomada de decisões emancipatórias, como
aponta Fiorin (2007), pois uma formação social possui várias frações de classes, e a cada uma
delas corresponde uma formação ideológica e uma formação discursiva.
Considerando o período histórico e político no Brasil a partir dos governos de Fernando
Collor (1989) e Fernando Henrique Cardoso (1995) até os dias atuais, no governo de Jair
Bolsonaro (2021), percebe-se que a maneira com que os representantes dos governos percebem
o mundo e concebem suas ações está intrinsecamente ligada a um projeto macro de capitalismo
neoliberal, que se apoia em entidades e organismos internacionais. Esses, por sua vez,
apresentam discursos de que a educação tem um papel estratégico para o desenvolvimento do
país, no entanto, os interesses pautam-se na formação de indivíduos aptos aos ideais capitalistas
de produção.
Os discursos também apontam para as possibilidades de as escolas inovarem suas
práticas pedagógicas utilizando tecnologias digitais. Nesse sentido, é preciso avançar as
discussões em torno desses ideais, de modo a se obter elementos que possam contribuir para a
compreensão e superação dos discursos conformistas das tecnologias como respostas
unicamente aos anseios do capitalismo, que reforçam o fetichismo tecnológico ou que propõem
e promovem ações e programas para práticas com tecnologias de forma passiva.
Algumas ações e políticas de governos concentram expectativas em torno de pelo menos
duas visões extremistas que são dicotômicas, como aponta Peixoto (2012), que ora estão
voltadas para um
determinismo tecnológico
em que as tecnologias seriam entidades autônomas
e determinantes dos processos sociais, ora se voltam para uma
visão instrumental,
ou seja, as
tecnologias estão à serviço da vontade humana, mas ambas as visões ocultam a dimensão
humana do objeto.
No entanto, Peixoto (2012, 2015), Souza e Moares (2018), Echalar, Sousa e Filho
(2020), entre outros, apontam que é possível sair dessas visões extremistas e discursivas sobre
tecnologia e avançar para uma visão mais crítica, que a compreende como um artefato cultural
a partir de uma abordagem mais soli
dária ou sociotécnica, “para a compreensão crítica e
contextualizada das relações entre tecnologias e a sociedade” (PEIXOTO, 2012, p. 2).
A abordagem sociotécnica, adotada como referência para a pesquisa em
educação, implica em uma dinâmica na qual o foco se desloque dialeticamente
entre a técnica e os sujeitos sociais. Isto implica no desenvolvimento ou na
adaptação de procedimentos que permitam captar a instrumentalidade técnica,
além de “ver e escutar” os sujeitos sociais (PEIXOTO, 2012, p. 7)
.
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Essa visão faz crítica à inserção e ao uso de tecnologias na educação quando concebida
nas duas visões extremistas. Na lógica determinista, “a tecnologia determina os efeitos que ela
induz na sociedade” (PEIXOTO, 2012, p. 3), ou seja, a tecnologia teria a
capacidade de ditar
comportamentos e fazer mudanças culturais e sociais a partir de um progresso técnico e
científico e, nessa perspectiva, o simples fato da inserção de tecnologia na educação já
significaria mudanças, inovações, e logo a qualidade esperada.
Na visão em que a tecnologia é concebida apenas como um aparato instrumental, as
relações são determinadas pelos usos que delas se fazem, considerando os objetos como
neutros: “Nesse caso, os professores e os alunos são inteiramente responsáveis pelos u
sos que
fazem do computador e da internet. Os meios tecnológicos são instrumentos que podem ser
inteiramente moldados pelos seus usuários”. (PEIXOTO, 2012, p. 5)
Echalar, Sousa e Filho (2020) pontuam o pressuposto de que a racionalidade
instrumental não consegue explicar a apropriação de tecnologia objetivada no trabalho do
professor, pois “o uso de tecnologia pelos sujeitos, mesmo levando em conta os aspectos
imediatos do seu contexto social, não abrange a complexidade da tecnologia na mediação do
trabalho
docente” (p. 20).
Em 2004, Lima já pontuava que muitos indivíduos que passam a usar tecnologias nas
práticas pedagógicas ficam convencidos que, só pelo fato de usá-las, já se está inovando o
processo pedagógico, aspecto que também tem sido foco em muitos discursos de políticas de
governos. Contudo, ele lembra que o docente pode avançar esse pensamento e buscar a
construção de saberes solidários e críticos, utilizando tecnologias sim, mas visando à
consolidação da educação emancipadora e transformadora como um projeto de sociedade.
Mallamann e Shneider (2021) destacam que há discursos comuns que:
[...] são os dados referentes à falta de condições e infraestrutura. Nessa
perspectiva, consumidores desavisados assumem e favorecem as posições
ingênuas que maculam o potencial interativo, colaborativo e humanizador da
educação mediada pelas tecnologias. Oportuno ressaltar que a universalidade
do direito à educação, da democratização do conhecimento e da aprendizagem
ao longo da vida perpassam pelo acesso e a participação ativa, coprodutora da
vida mediada pelas tecnologias (p. 5).
Sintetizando, tem-se dois sentidos, duas orientações nas políticas de educação e
tecnologia. Segundo Saviani (2007), das décadas de 1969 a 2001, tem-se o predomínio da
pedagogia produtivista. De 1969 a 1980 tem-se o predomínio da pedagogia tecnicista
fundamentada na Teoria do Capital Humano. Logo, a tecnologia estava carregada com esses
sentidos ideológicos.
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Após um fecundo momento de democratização da sociedade brasileira ocorrido entre
1980 e 1990, tem-se o predomínio da pedagogia produtivista, em que o valor predominante é
dado pelo mercado e a tecnologia é percebida como sinônimo de inovação e flexibilidade. Logo,
voltada para a reprodução do capital, geração e ampliação da mais valia e, como destacou-se, a
exploração do trabalhador, sobretudo em tempos de Pandemia, com a crescente perda de
direitos.
Compreender e refletir sobre as práticas educativas a partir do contexto social e histórico
da classe em que o indivíduo está inserido torna-se questão central para se ter clara qual a
compreensão de mundo e de educação que se tem e que se quer alcançar. Por esse pressuposto
concebe-se a educação como uma prática democrática, pois corrobora-se com Paro (2002),
Duarte (2008) e Saviani (1989), de que é por meio da prática social que há a apropriação do
saber historicamente produzido pelos homens. Nesse sentido, “a educação é uma atividade
especificamente humana cuja origem coincide com a origem do próprio homem e, portanto,
deve ser pensa
da e desenvolvida na perspectiva da emancipação humana e intelectual”
(SOUZA; MORAES, 2018, p. 462).
É nessa compreensão de educação, em sua dimensão mais ampla, que também se
compreende que a inserção de tecnologias, tanto nas políticas quanto nas práticas pedagógicas,
deve ser entendida como elemento intrínseco do direito à educação. Ou seja, usar tecnologia
também deve partir de escolhas conscientes, considerando que ela faz parte da cultura humana
e pode contribuir com o processo de construção do sujeito humano e histórico.
Ao fazer esse movimento de reflexão, torna-se importante a perspectiva do diálogo, tal
como propõe Lima (2004) baseando-se no modelo de Paulo Freire, em que, como sujeitos
interlocutores, é preciso buscar a “significação dos significados”. Assim, é possível encontrar
sentido sobre o porquê ou o para quê pode-se usar tecnologias nas práticas pedagógicas e, ao
mesmo tempo, avançar para a construção de uma educação crítica que nega a mera transferência
de saber, a qual impõe a necessidade de utilização de tecnologias na educação, separando a
dimensão humana.
Nessa perspectiva, compreende-se que as tecnologias são carregadas de valores e,
portanto, elas nem só determinam e nem só são moldadas pelos usuários, mas se efetivam a
partir da intencionalidade do trabalho. No caso da educação, ao trabalho docente estão
articuladas à historicidade crítica, política e dialética do sistema capitalista, mas não podem
responder apenas aos seus interesses. Assim, as tecnologias podem ser integradas de modo a
emancipar as atividades pedagógicas, contribuindo para a construção de uma educação crítica,
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de forma desalienada e descodificada, por meio de escolhas democráticas dos sujeitos no
processo de ensino e aprendizagem (PEIXOTO, 2015).
Considerações finais
O estudo teve como objetivo geral tecer uma discussão teórica à luz de referenciais
críticos sobre estudos relacionados a políticas de educação, tecnologia e inovação, no sentido
de apreender elementos que demarquem possibilidades do uso emancipatório das tecnologias
na educação.
Estudos e pesquisas acadêmicas que buscam compreender os reais interesses das ações
e programas de governo para a inserção de tecnologias na educação apontam a relação com a
inovação pedagógica, e muitas vezes acompanhando diretrizes e interesses internacionais,
destacando que países em ascensão vêm apresentando maiores resultados na economia quando
investem na educação por meio da inclusão digital, da inovação tecnológica para as práticas
pedagógicas.
Essas visões seguem concepções alinhadas a um projeto de mundo e de capital que
busca, por meio da educação, oportunidades e espaços para atender demandas relacionadas à
produtividade do trabalho, às necessidades de formação de mão de obra para o mercado e ao
fortalecimento do crescimento econômico necessário ao modelo de capitalismo vigente.
Esses princípios denotam propostas em que se consideram que os investimentos e apoio
ao uso de tecnologias na educação serão capazes de resolver problemas sobre qualidade, acesso
e permanência nas escolas. Nessa perspectiva, a inserção de tecnologias pode ser usada como
meio de “legitimação das notórias formas de estratificação e de divisão social. Isso tem
justificado o controle exercido pelo Estado em diversos pro
gramas e políticas de educação”.
(PEIXOTO; ECHALAR, 2017).
Essas concepções aparecem em resultados de estudos que são anteriores ao contexto da
Pandemia da Covid-19. Considerando os vários desafios da educação na atual conjuntura
pandêmica, em que as instituições escolares passaram a utilizar tecnologias em suas práticas
pedagógicas, vários outros questionamentos se apresentam; entre eles destacam-se: será que
estamos dispostos a dialogar e avançar para compreender a “significação dos significados” de
usar tecnologias em busca da construção e consolidação de uma educação mais crítica e
emancipadora? Ou seremos convencidos a acreditar que somos parte de um novo proletariado
da era digital do capital e que iremos contribuir para uma geração que pode levar à uma
escravidão digital com o uso de tecnologias nas práticas pedagógicas?
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Políticas de educação, tecnologia e inovação: Contribuições para uso emancipatório das tecnologias
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A partir dos diálogos estabelecidos, fica evidenciado que se tem,
por um lado,
a
contradição da alienação, do trabalho intensificado, favorecendo a proliferação do emprego
terceirizado, parcial e precário, no qual é necessário o uso de tecnologia, pois ela ou determina
o meio ou pode ser moldada para tal, fortalecendo o mercado dual de trabalho.
Mas,
por outro lado,
tem-se a possibilidade da utilização de tecnologias como forças
produtivas de modo solidário, na qual pode-se expressar uma comunicação que se contrapõe à
divisão social do trabalho capitalista rumo à construção da educação histórico crítica e do
“paradigma da Cidade e não da Fábrica”, como destacou Feenberg (2010), por meio de escolhas
críticas e democráticas dos sujeitos. Entende-se que essa perspectiva demarca possibilidades
para o uso emancipatório das tecnologias na educação, pois, numa visão mais crítica,
compreende a tecnologia como um artefato cultural a partir de uma abordagem mais solidária
ou sociotécnica.
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Raquel Aparecida SOUZA e Raquel de ALMEIDA MORAES
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Como referenciar este artigo
SOUZA, R. A.; ALMEIDA MORAES, R. Políticas de educação, tecnologia e inovação:
Contribuições para uso emancipatório das tecnologias.
Revista Ibero-Americana de Estudos
em Educação
, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1457-1472, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587. DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15876
Submetido em:
18/11/2021
Revisões requeridas em:
27/12/2021
Aprovado em:
12/02/2022
Publicado em:
01/04/2022
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Políticas de educación, tecnología e innovación: Contribuciones para el uso emancipatorio de las tecnologías
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1465-1480, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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POLÍTICAS DE EDUCACIÓN, TECNOLOGÍAS E INNOVACIÓN:
CONTRIBUCIONES PARA EL USO EMANCIPATORIO DE LAS TECNOLOGÍAS
POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO: CONTRIBUIÇÕES PARA
USO EMANCIPATÓRIO DAS TECNOLOGIAS
EDUCATION, TECHNOLOGY AND INNOVATION POLICIES: CONTRIBUTIONS TO
THE EMANCIPATORY USE OF TECHNOLOGIES
Raquel Aparecida SOUZA
1
Raquel de ALMEIDA MORAES
2
RESUMEN
: El propósito del texto es promover una discusión teórica crítica con miras a
plantear elementos para comprender los discursos de las políticas públicas de educación en los
ejes de la tecnología y la innovación con el fin de aprehender sus significados. Partiendo de la
perspectiva filosófica del materialismo-dialéctica en cuanto al método, utiliza el análisis del
discurso de Fiorin para aprehender los significados discursivos. Como resultado, estos discursos
expresan al menos tres significados: visión economista de la educación, la tecnología y la
innovación; aprender a aprender; exclusión vs. competencia. Como consideración final, por
otro lado, es urgente utilizar tecnologías en busca de la construcción y consolidación de una
educación más crítica y emancipadora basada en la perspectiva de la tecnociencia solidaria.
PALABRAS CLAVE
: Políticas y educación. Tecnología e innovación. Abordaje sociotécnica.
RESUMO
: O objetivo do texto é tecer uma discussão teórica à luz de referenciais sobre estudos
relacionados a políticas de educação, tecnologia e inovação, no sentido de apreender
elementos que demarquem possibilidades para o uso emancipatório das tecnologias na
educação. O estudo foi fundamentado na perspectiva filosófica do materialismo-dialético;
quanto ao método, pautando-se na pesquisa bibliográfica. Foi possível compreender, entre
outras questões, que se faz necessário políticas e ações educativas que caminhem na contramão
dos ideais impostos apenas pelo sistema capitalista, de modo a se obter a construção e
consolidação de uma educação mais crítica, emancipadora, a qual pode estar fundamentada
na perspectiva da utilização de tecnologias como forças produtivas de modo solidário.
PALAVRAS-CHAVE
: Políticas e educação. Tecnologia e inovação. Abordagem sociotécnica.
1
Universidad Federal de Uberlândia (UFU), Uberlândia
–
MG
–
Brasil. Profesor adjunto. Doctora en Educación
por la Universidad de Brasilia (UNB) - Línea de Políticas Educativas. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5906-
0671. E-mail: eraquelas@gmail.com
2
Universidad de Brasilia (UnB), Brasília
–
DF
–
Brasil. Profesor titular. Departamento de Planificación y
Administración (FE/UNB). Doctorado en Educación (UNICAMP). ORCID: https://orcid.org/0000-0001-7842-
395X. E-mail: rachel@unb.br
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Raquel Aparecida SOUZA y Raquel de ALMEIDA MORAES
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1466
ABSTRACT
:
The purpose of this essay is to promote a critical theoretical discussion with a
view to raising elements to understand the discourses of public education policies on the axes
of technology and innovation in order to apprehend their meanings. Based on the philosophical
perspective of materialism dialectical as to the method, it uses the analysis of Fiorin's discourse
to apprehend the discursive meanings. As a result, these discourses express at least three
meanings: economist view of education, technology and innovation; learn to learn; exclusion
vs. competition. As a final consideration, on the other hand, it is urgent to use technologies in
search of the construction and consolidation of a more critical, emancipatory education based
on the perspective of solidary technoscience.
KEYWORDS
:
Policies and education. Technology and innovation. Solidary technoscience.
Preguntas iniciales
El incentivo para el uso e inserción de las tecnologías en la educación es la agenda de
muchos gobiernos en Brasil, sin embargo, aún no tenemos políticas públicas estatales bien
establecidas sobre este tema. Con la situación de aislamiento social y la suspensión de las clases
presenciales, como medida preventiva contra la propagación de la Pandemia de Covid-19,
muchas instituciones de educación básica y superior en Brasil decidieron ofrecer clases de
manera no presencial, utilizando tecnologías digitales, y enfrentaron muchos desafíos.
Ante la Pandemia varios estudios e investigaciones ya han mostrado algunos resultados
sobre políticas y acciones para la inserción de tecnologías en la educación y en materia de
políticas educativas, tenemos una serie de propuestas gubernamentales que ya se han
implementado, pero no se han continuado, entre las que destacan las que enfatizan la innovación
de la educación a través del uso de las tecnologías.
Por lo tanto, es importante poner en la agenda discusiones relacionadas con estos temas
para comprender, entre otros temas, cómo es posible innovar en el sentido de emancipación de
las prácticas pedagógicas utilizando las tecnologías digitales de manera creativa y crítica,
oponiéndose a una visión hegemónica reproductiva y capitalista.
Según Saviani (2013), desde una perspectiva democrática "la educación, además de ser
un cierto tipo de derecho, el derecho social es una condición necesaria, aunque no suficiente,
para el ejercicio de todos los derechos, ya sean civiles, políticos, sociales, económicos o de
cualquier otra naturaleza" (p. 745).
Para el autor, el ejercicio de derechos de todo tipo presupone el acceso a códigos
escritos. "Es por eso que este mismo tipo de sociedad erigió la escuela en la forma principal y
dominante de educación y abogó por la universalización de la escuela primaria como una forma
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de convertir a todos los individuos en ciudadanos, es decir, sujetos de derechos y deberes"
(SAVIANI, 2013, p. 745).
Se entiende que las cuestiones relacionadas con la innovación y la inserción de
tecnologías deben estar conectadas con el papel social de la educación, que implica las
posibilidades de proporcionar un acceso adecuado y la apropiación de los diversos
conocimientos producidos históricamente por los individuos; en este sentido, los términos
"tecnología e innovación" no pueden entenderse únicamente desde una perspectiva.
Varias acciones y políticas gubernamentales de inserción de tecnologías en la educación
brasileña presentan, en sus discursos, las posibilidades de transformación de las prácticas
educativas en una perspectiva casi automática, concibiendo las tecnologías ahora como técnicas
deterministas o como instrumentos neutrales. Sin embargo, contrariamente a estos puntos de
vista, es corroborado por Peixoto (2015), quien señala que las tecnologías pueden integrarse en
las actividades pedagógicas de manera crítica y a través de las elecciones democráticas de los
sujetos.
La investigación se basa en el enfoque materialismo-dialéctico en cuanto al método y
que, según Marcondes (2004), destaca por la iniciativa crítica del pensamiento moderno, a
través de las contribuciones de Marx, iniciadas por Descartes y seguidas por Bacon, Kant y
Hegel.
En esta perspectiva, la investigación se basó en el análisis teórico basado en la
investigación bibliográfica, buscando el diálogo con referencias críticas importantes para
ayudar a comprender la propuesta de estudio.
La investigación bibliográfica es un paso fundamental en el proceso investigativo
porque, entre otras posibilidades, nos permite aprehender los significados del discurso mediante
el análisis comparativo, como señalan Fiorin (2005) y Moraes (2014), a partir de la elaboración
de argumentos e hipótesis críticas.
Buscamos responder a las preguntas: ¿cuáles son las posibilidades para el uso
emancipador de las tecnologías en la educación? ¿Es posible innovar hacia la emancipación de
las prácticas pedagógicas utilizando las tecnologías digitales de manera creativa y crítica,
oponiéndose a una visión hegemónica reproductiva y capitalista? Así, el objetivo general fue
tejer una discusión teórica a la luz de referencias críticas sobre políticas educativas, tecnológicas
y de innovación, con el fin de aprehender elementos que decantan posibilidades del uso
emancipador de las tecnologías en la educación.
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Raquel Aparecida SOUZA y Raquel de ALMEIDA MORAES
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Tecnología, innovación y contexto capitalista
La "técnica" con un carácter de "know-how" predominó hasta el advenimiento de la
Revolución Industrial en el siglo 18, transmitiéndose de generación en generación. Con el
advenimiento de la nueva fase del capitalismo, Marx (2001) señala que los principios de la
ciencia se incorporaron a la técnica, transformándola a su vez en tecnología. Por otro lado, los
instrumentos de las obras tradicionales se convirtieron en maquinaria, cambiando y
apropiándose del modo de producción capitalista.
Los avances tecnológicos y sus implicaciones en la forma de trabajar del mercado
laboral llevan a la sociedad, según Antunes (1995), a una intensificación de la explotación de
los trabajadores, favoreciendo la proliferación del trabajo tercerizado, parcial y precario, sin
derechos y mal remunerado, fortaleciendo el mercado laboral dual. Y sobre el capitalismo
financiero informacional de hoy, Antunes (2018) sostiene que en lugar del fin del trabajo, hay
un nuevo proletariado de la era digital, cuyos trabajos, ahora intermitentes y más o menos
constantes, han ganado un nuevo impulso con las Tecnologías de la Información y la
Comunicación (TIC), al conectar a los trabajadores a diversas aplicaciones y dispositivos
móviles en tiempo real, por largas horas de su día, sin descanso, generando un nuevo tipo de
esclavitud digital en el siglo 21.
Para algunos teóricos críticos, el discurso que aboga por una cualificación creciente de
la mano de obra es un mito que forma parte y apoya el mantenimiento de un modelo productivo
que preserva, en su totalidad, el fetichismo de la mercancía y la alienación. En el contexto
contemporáneo de la degradación acelerada y la precariedad del trabajo, Dal Rosso (2008)
advierte que "si el trabajo nació como una actividad vital, indispensable para la realización de
la vida humana, el capitalismo sometió la actividad laboral a los imperativos de la segunda
naturaleza, como dice Marx, a las limitaciones del dinero, el mercado y el capital". (DAL
ROSSO, 2008, p. 1).
A su vez, "innovación" ha sido un término que ha aparecido como sinónimo de
tecnología o como algo que está determinado por la tecnología, es decir, la adopción de la
tecnología en la educación, por ejemplo, puede entenderse por la regla de uso para llegar a la
innovación. Considerando los propósitos del modelo capitalista vigente en Brasil y en el
mundo, es comprensible entender, como señala Dagnino (2014), que:
El concepto de innovación se acuñó en el contexto de los países del
capitalismo avanzado para designar un conjunto de actividades que van desde
la I + D hasta las nuevas técnicas de marketing (a través de la introducción de
nuevos métodos de gestión de la fuerza laboral) que tiene como objetivo
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mejorar la condición de una empresa frente a la competencia intercapitalista y
no promover el "bienestar social" (p. 133).
Dagnino (2019) sostiene que, en Brasil, las empresas innovadoras prefieren importar la
tecnología que el país necesita para ofrecer aquí lo que ya se produjo en los países del norte.
"De los 90.000 maestros y médicos que se formaron entre 2006 y 2008 (años de bonanza
económica) para hacer investigación y desarrollo en empresas, solo 68 fueron contratados por
ellos". (DAGNINO, 2019, p. 28)
En su opinión, la mayoría de las personas que caen bajo la perspectiva de la izquierda
política y que forman parte de la comunidad investigadora en Brasil no han podido darse cuenta
de que las dinámicas tecnocientíficas globales (o las empresas globales) están contaminadas
con los virus del deterioro programado, la obsolescencia programada, el consumismo
exacerbado y la degradación socioambiental. Así, el autor sentencia cuatro normas de conducta:
"cientificismo, productivismo, innovación y emprendimiento, que la élite impone para
mantenerse al día con las dinámicas tecnocientíficas lideradas por las multinacionales"
(DAGNINO, 2019, p. 29).
En este sentido, aun teniendo este marco teórico, Dagnino (2014) señala la necesidad
de un enfoque no capitalista del concepto de tecnología e innovación en busca de una
"Tecnología Social (o Innovación). Y para ello se requeriría un "giro conceptual: parece
necesaria una revisión exhaustiva de conceptos como 'tecnología' e 'innovación'. Una revisión
que tiene como centro la comprensión de las relaciones sociales que están en la raíz de lo que
actualmente se alude a estos conceptos" (DAGNINO, 2014, p. 136).
En el ámbito educativo, Saviani (2005) señala que la alienación está presente en el
trabajo material, ya que el producto del trabajo forma parte del trabajador. Sobre el trabajo no
material, Saviani teoriza la existencia de dos tipos, el primero consistente en el hecho de que el
producto forma parte del productor, y destaca como ejemplo la producción de libros. El segundo
tipo se produce cuando el producto no forma parte del trabajador, y como ejemplo lo es el
profesor, relacionando la educación con el trabajo educativo. En este caso, Saviani (2005)
afirma que la educación no se limita a la enseñanza, "es cierto, sin embargo, que la enseñanza
es educación" (p. 12).
Volviendo a las contribuciones de Marx y Engels (1986), Saviani (2005) propone una
formación tecnológica politécnica, no alienante, que revela el carácter no humano de las
tecnologías, enfatizando la necesidad de explicar los principios científicos y tecnológicos que
las originan. Para él, las tecnologías son medios y no pueden ser fetichizadas bajo el riesgo de
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Raquel Aparecida SOUZA y Raquel de ALMEIDA MORAES
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que el trabajo del profesor, no material, se enajene, como ocurre en algunos cursos a distancia
que se practican en la actualidad.
¿Y qué piensa el creador de la educación
online
? Para Feenberg (2010, p. 167), "las
tecnologías no son solo medios que conducen a los fines; también forman mundos". Y pregunta:
"¿Qué tipo de mundo es instituido por Internet?" Al hacerlo, critica el modelo que llamó la
Fábrica, que consiste en máquinas de enseñanza automatizadas o copias pobres de las aulas en
oposición al "modelo de ciudad", que tiene el desafío de utilizar redes electrónicas para que
sean apropiadas por las instituciones educativas de manera dialógica.
Ainda, na perspectiva de Dagnino (2019), para emancipar a relação entre tecnologia e
inovação no contexto capitalista, o qual produziu a tecnociência a favor do capital, seria
oportuno a tecnociência solidária como:
[...] el resultado cognitivo de la acción de un colectivo de productores sobre
un proceso de trabajo que, debido a un contexto socioeconómico, (que
engendra la propiedad privada colectiva de los medios de producción) y un
convenio social (que legitima el asociativismo) que incluyen, en el entorno
productivo, un control (autogestionado) y una cooperación (tipo voluntario y
participativo) provoca una modificación en el producto generado cuyo
resultado material puede ser apropiado según la decisión del colectivo.
(empresa solidaria) (pág. 62).
Esta perspectiva de la tecnociencia solidaria que reconoce el origen de la tecnología en
el contexto capitalista apunta a posibilidades de que el producto pueda ser modificado por la
cooperación y la participación y, a su vez, también pueda ser apropiado a partir de las decisiones
emancipadoras desarrolladas por el colectivo de participación.
Políticas y programas gubernamentales: innovación y tecnologías en educación
Con respecto a las políticas para la inserción y el uso de tecnologías en Brasil, los
estudios indican que muchas de ellas impregnan los intereses políticos y económicos, y siguen
una orientación internacional y económica para la educación. Algunas acciones y políticas
educativas de los gobiernos para la inserción de tecnologías siguen el movimiento de
implementación de la educación a distancia (EAD) en Brasil, especialmente a partir del año
1978, como los programas que utilizaron televisión y material impreso, con énfasis en
Telecurso 2º grau (1978), Telecurso 1º grau (1981) y Programa Educom (1980).
Desde la década de 1990, las prácticas de inversión más incisivas parecen contribuir a
las políticas de promoción de la innovación, como se destaca en la Ley N° 10.973 del 2 de
diciembre de 2004
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Ley de Innovación (BRASIL, 2004), modificada por la Ley N°
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13.243/2016 (BRASIL, 2016), "que comenzó a permitir que los espacios públicos fueran
incubadoras de empresas, permitir el reparto de recursos públicos y privados, además de la
creación de fondos de financiación y la concesión de incentivos fiscales" (ECHALAR; Lima,
LIMA; OLIVERIA, 2020, p. 870).
Más específicamente considerando el incentivo al uso de la computadora e internet,
Cruz y Lima (2019) destacan el período posterior a 1996, con la creación de la Secretaría de
Educación a Distancia y la aprobación de la Ley de Lineamientos y Bases de la Educación,
LDB n.9394/96, que reconoció la EAD como modalidad de enseñanza, y desde este contexto,
varias instituciones educativas comenzaron a proponer cursos a distancia a través del uso de
tecnologías, fortaleciendo las acciones para ampliar esta modalidad y ampliando la inserción
de tecnologías, como la creación del Programa Nacional de Informática en la Educación
(PROINFO/1997), la propuesta de los Centros Tecnológicos Educativos (NTE) y el incentivo
para poner a disposición computadoras en las escuelas públicas.
Entre otras políticas y acciones en el período post-LDB/96 y aprobación del Plan
Nacional de Educación (PNE) de (2001-2011), EAD se presenta como una estrategia para
democratizar el acceso a la educación; sobre esto, Cruz y Lima (2019) señalan que el gobierno
brasileño de la época promueve varios intentos de intensificar y consolidar la educación a
distancia en Brasil, y junto con ello los mecanismos y discursos de innovación e incentivo para
el uso de las tecnologías en la educación, a partir de diversas leyes, resoluciones, ordenanzas y
decretos. Los autores destacan la propuesta de varios cursos de educación continua y formación
inicial, especialización, extensión y perfeccionamiento, entre los que destacan: el Programa de
Formación para líderes escolares (Progestão/2003); Formación Continua Gestar II (2004);
Prolicenciatura (2004); Los medios de comunicación en la educación (2005); Proinfantil
(2005); Proliteracy (2005) y el Programa de la Escuela Nacional de Gerentes (2005).
Otras acciones que también marcan los discursos sobre el incentivo a la innovación y el
uso de las tecnologías en el entorno educativo son programas como la Universidad Abierta
(UAB/2006); Red E-Tec Brasil (2007); ProInfo integrado (2007); Plan Nacional de Formación
del Docente de Educación Básica (PARFOR/2009); Programa de Banda Ancha en las Escuelas
(2008); Programa Una Computadora por Estudiante (Prouca/2009); Plan Nacional de
Educación (PNE/2014-2014); Programa de Innovación en Educación Conectada (2017) y
Política de Innovación Conectada (2019).
Considerando el PNE de (2014-2024), Heinsfeld y Pischetola (2019) destacan que las
tecnologías se señalan en este plan como "herramientas estratégicas para alcanzar los objetivos
marcados para el programa" (p. 14). En esta perspectiva, no hay preocupación por el incentivo
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crítico y reflexivo de las tecnologías, ya que el PNE propone "la informatización y el acceso a
los equipos digitales como condición suficiente para asegurar mejoras en el sistema educativo"
(p. 14).
Otra acción del gobierno es el Programa de Innovación en Educación Conectada, que
fue creado en 2017 y transformado en Política a través de la Ley N° 14.180 en 2021. Su objetivo
es "apoyar la universalización del acceso a internet de alta velocidad y promover el uso
pedagógico de las tecnologías digitales en la Educación Básica" (
EDUCACIÓN CONECTADA,
MEC, 2017
).
Según datos publicados por el Sitio de Educación Conectada del Ministerio de
Educación (MEC, 2017), esta Política tiene cuatro dimensiones, ubicadas entre la visión, la
capacitación, los recursos educativos digitales y la infraestructura, con el fin de fomentar la
preparación de las escuelas y los profesionales de la educación para implementar las tecnologías
digitales.
Respecto a este Programa, Echalar y Lima (2018) señalan que existe una preocupación
por "medir los matices sobre lo que significa innovar pedagógicamente y el uso pedagógico de
las tecnologías digitales" (p. 14). Para los autores, esta comprensión significa reducir el proceso
educativo al ámbito cuantitativo:
[...] teniendo como objeto medir las dimensiones externas y observables de las
relaciones sociales complejas en el contexto escolar. [...] Como ya se ha
subrayado, es posible mirar esta propuesta de publicación desde dos
perspectivas antagónicas: como una propuesta de orientación y fomento del
análisis crítico realizado por profesionales involucrados en el proceso de
enseñanza y aprendizaje o como una posibilidad de restringir lo que se
interpreta como un uso aceptable y deseable de estas tecnologías en el
contexto escolar. (ECHALAR; LIMA, 2018, p. 14)
Esta breve revisión destaca algunas políticas y acciones de los gobiernos en Brasil desde
las perspectivas de los investigadores que buscan comprender los intereses reales sobre el
incentivo para la inserción de las tecnologías en la educación, y muestra diferentes formas de
ver el mundo a través de perspectivas específicas.
Emancipar pedagógicamente utilizando tecnologías críticas
Además de los discursos expresados en las acciones y políticas de gobiernos que
promueven ideales para fomentar la inserción de las tecnologías en la educación, entre los que
se encuentran los que están ligados a la búsqueda de la innovación pedagógica, es necesario
tener claras las posiciones ideológicas de los enunciadores de estos discursos. Es decir, es
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necesario comprender las relaciones históricas, sociales y políticas en las que se insertan los
legisladores de las políticas, considerando las visiones del mundo y la educación que defienden,
y es necesario plantear elementos que ayuden a una evaluación crítica y a la toma de decisiones
emancipadoras, como señala Fiorin (2007), porque una formación social tiene varias fracciones
de clases, y cada uno de ellos corresponde a una formación ideológica y una formación
discursiva.
Considerando el período histórico y político en Brasil desde los gobiernos de Fernando
Collor (1989) y Fernando Henrique Cardoso (1995) hasta nuestros días, bajo Jair Bolsonaro
(2021), se percibe que la forma en que los representantes del gobierno perciben el mundo y
conciben sus acciones está intrínsecamente vinculada a un macroproyecto de capitalismo
neoliberal, que depende de entidades y organismos internacionales. Estos, a su vez, presentan
discursos de que la educación tiene un papel estratégico para el desarrollo del país, sin embargo,
los intereses se basan en la formación de individuos aptos a los ideales capitalistas de
producción.
Los discursos también apuntan a las posibilidades de que las escuelas innoven sus
prácticas pedagógicas utilizando tecnologías digitales. En este sentido, es necesario avanzar en
las discusiones en torno a estos ideales, con el fin de obtener elementos que puedan contribuir
a la comprensión y superación de los discursos conformistas de las tecnologías como respuestas
solo a los anhelos del capitalismo, que refuerzan el fetichismo tecnológico o que proponen y
promueven acciones y programas para prácticas con tecnologías de forma pasiva.
Algunas acciones y políticas de los gobiernos concentran las expectativas en torno a al
menos dos visiones extremistas que son dicotómicas, como señala Peixoto (2012), que ahora
se centran en un
determinismo tecnológico
en el que las tecnologías serían entidades autónomas
y determinantes de los procesos sociales, a veces recurren a una
visión instrumental,
es decir,
las tecnologías están al servicio de la voluntad humana, pero ambas visiones ocultan la
dimensión humana del objeto.
Sin embargo, Peixoto (2012, 2015), Souza y Moares (2018), Echalar, Sousa y Filho
(2020), entre otros, señalan que es posible dejar estas visiones extremistas y discursivas sobre
la tecnología y avanzar hacia una visión más crítica, que la entienda como un artefacto cultural
desde un enfoque más solidario o sociotécnico, "hasta la comprensión crítica y contextualizada
de las relaciones entre las tecnologías y la sociedad" (PEIXOTO, 2012, p. 2).
El enfoque sociotécnico, adoptado como referencia para la investigación en
educación, implica una dinámica en la que el enfoque se desplaza
dialécticamente entre la técnica y los sujetos sociales. Esto implica el
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desarrollo o adaptación de procedimientos que permitan captar
instrumentalidad técnica, además de "ver y escuchar" a los sujetos sociales
(PEIXOTO, 2012, p. 7).
Esta visión critica la inserción y el uso de las tecnologías en la educación cuando se
concibe en ambos puntos de vista extremistas. En lógica determinista, "la tecnología determina
los efectos que induce en la sociedad" (PEIXOTO, 2012, p. 3), es decir, la tecnología tendría la
capacidad de dictar comportamientos y realizar cambios culturales y sociales desde el progreso
técnico y científico y, en esta perspectiva, el mero hecho de la inserción de la tecnología en la
educación ya significaría cambios, innovaciones, y pronto la calidad esperada.
En la visión de que la tecnología se concibe solo como un dispositivo instrumental, las
relaciones están determinadas por los usos que se hacen de ellos, considerando los objetos como
neutrales: "En este caso, los profesores y los estudiantes son totalmente responsables de los
usos que hacen de la computadora e Internet. Los medios tecnológicos son instrumentos que
pueden ser moldeados completamente por sus usuarios". (PEIXOTO, 2012, p. 5)
Echalar, Sousa y Filho (2020) señalan el supuesto de que la racionalidad instrumental
no puede explicar la apropiación de la tecnología objetivada en el trabajo del docente, porque
"el uso de la tecnología por parte de los sujetos, incluso teniendo en cuenta los aspectos
inmediatos de su contexto social, no cubre la complejidad de la tecnología en la mediación del
trabajo docente" (p. 20).
En 2004, Lima ya señala que muchas personas que comienzan a utilizar las tecnologías
en las prácticas pedagógicas están convencidas de que, con solo utilizarlas, ya se está innovando
el proceso pedagógico, aspecto que también ha sido foco en muchos discursos de políticas
gubernamentales. Sin embargo, recuerda que los docentes pueden avanzar en este pensamiento
y buscar la construcción de conocimiento solidario y crítico, utilizando sí tecnologías, pero
apuntando a la consolidación de la educación emancipadora y transformadora como proyecto
de sociedad.
Mallamann y Shneider (2021) destacan que existen discursos comunes que:
[...] son los datos relativos a la falta de condiciones e infraestructura. En esta
perspectiva, los consumidores desprevenidos asumen y favorecen las
posiciones ingenuas que manchan el potencial interactivo, colaborativo y
humanizador de la educación mediada por la tecnología. Cabe destacar que la
universalidad del derecho a la educación, la democratización del
conocimiento y el aprendizaje a lo largo de toda la vida impregnan el acceso
y la participación activa, coproductora de vida mediada por tecnologías (p. 5).
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Políticas de educación, tecnología e innovación: Contribuciones para el uso emancipatorio de las tecnologías
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En resumen, hay dos direcciones, dos orientaciones en las políticas de educación y
tecnología. Según Saviani (2007), desde las décadas de 1969 hasta 2001, hay un predominio de
la pedagogía productivista. De 1969 a 1980 hubo un predominio de la pedagogía tecnicista
basada en la Teoría del Capital Humano. Pronto, la tecnología se cargó de estos sentidos
ideológicos.
Después de un momento fructífero de democratización de la sociedad brasileña entre
1980 y 1990, hay un predominio de la pedagogía productivista, en la que el valor predominante
es dado por el mercado y la tecnología se percibe como sinónimo de innovación y flexibilidad.
Por ello, se centró en la reproducción del capital, la generación y expansión de valor añadido y,
como se ha destacado, la explotación del trabajador, especialmente en tiempos de pandemia,
con la creciente pérdida de derechos.
Comprender y reflexionar sobre las prácticas educativas desde el contexto social e
histórico de la clase en la que se inserta el individuo se convierte en un tema central para tener
claro qué comprensión del mundo y la educación se tiene y qué se quiere lograr. Esta
presuposición concibe la educación como una práctica democrática, porque se corrobora con
Paro (2002), Duarte (2008) y Saviani (1989), que es a través de la práctica social que existe la
apropiación del conocimiento históricamente producido por los hombres. En este sentido, "la
educación es una actividad específicamente humana cuyo origen coincide con el origen del
hombre mismo y, por tanto, debe ser pensada y desarrollada desde la perspectiva de la
emancipación humana e intelectual" (SOUZA; MORAES, 2018, p. 462).
Es en esta comprensión de la educación, en su dimensión más amplia, que también se
entiende que la inserción de las tecnologías, tanto en las políticas como en las prácticas
pedagógicas, debe entenderse como un elemento intrínseco del derecho a la educación. Es decir,
el uso de la tecnología también debe partir de elecciones conscientes, considerando que es parte
de la cultura humana y puede contribuir al proceso de construcción del sujeto humano e
histórico.
Al hacer este movimiento de reflexión, la perspectiva del diálogo cobra importancia,
como propone Lima (2004), basado en el modelo de Paulo Freire, en el que, como sujetos
interlocutores, es necesario buscar el "significado de los significados". Así, es posible encontrar
sentido sobre por qué o por qué las tecnologías pueden ser utilizadas en las prácticas
pedagógicas y, al mismo tiempo, avanzar hacia la construcción de una educación crítica que
niegue la mera transferencia de conocimiento, que impone la necesidad de utilizar las
tecnologías en la educación, separando la dimensión humana.
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Raquel Aparecida SOUZA y Raquel de ALMEIDA MORAES
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Desde esta perspectiva, se entiende que las tecnologías están cargadas de valores y, por
lo tanto, no solo determinan y no solo son moldeadas por los usuarios, sino que son efectivas
desde la intencionalidad del trabajo. En el caso de la educación, el trabajo docente se articula a
la historicidad crítica, política y dialéctica del sistema capitalista, pero no pueden responder
sólo a sus intereses. Así, las tecnologías pueden integrarse para emancipar las actividades
pedagógicas, contribuyendo a la construcción de una educación crítica, de manera desaliñada y
decodificada, a través de las elecciones democráticas de los sujetos en el proceso de enseñanza
y aprendizaje (PEIXOTO, 2015).
Consideraciones finales
El estudio tuvo como objetivo general tejer una discusión teórica a la luz de referencias
críticas sobre estudios relacionados con las políticas de educación, tecnología e innovación, con
el fin de aprehender elementos que decantan posibilidades del uso emancipador de las
tecnologías en la educación.
Estudios e investigaciones académicas que buscan comprender los intereses reales de
las acciones y programas gubernamentales para la inserción de tecnologías en la educación
apuntan a la relación con la innovación pedagógica, y muchas veces siguiendo lineamientos e
intereses internacionales, destacando que los países en ascenso han mostrado mayores
resultados en la economía cuando invierten en educación a través de la inclusión digital,
innovación tecnológica para prácticas pedagógicas.
Estas visiones siguen concepciones alineadas con un proyecto de mundo y capital que
busca, a través de la educación, oportunidades y espacios satisfacer demandas relacionadas con
la productividad laboral, las necesidades de capacitación laboral para el mercado y el
fortalecimiento del crecimiento económico necesario al modelo actual de capitalismo.
Estos principios denotan propuestas en las que se considera que las inversiones y el
apoyo al uso de las tecnologías en la educación son capaces de resolver problemas de calidad,
acceso y permanencia en las escuelas. En esta perspectiva, la inserción de tecnologías puede
ser utilizada como un medio para "legitimar las formas notorias de estratificación y división
social. Esto ha justificado el control ejercido por el Estado en diversos programas y políticas
educativas". (PEIXOTO; ECHALAR, 2017).
Estas concepciones aparecen en los resultados de estudios que son pre-contexto de la
Pandemia de Covid-19. Considerando los diversos desafíos de la educación en la actual
coyuntura pandémica, en la que las instituciones escolares comenzaron a utilizar las tecnologías
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en sus prácticas pedagógicas, surgen varias otras preguntas; entre ellos destacan: ¿estamos
dispuestos a dialogar y avanzar para entender el "significado de los significados" del uso de las
tecnologías en busca de la construcción y consolidación de una educación más crítica y
emancipadora? ¿O seremos convencidos de creer que somos parte de un nuevo proletariado de
la era digital del capital y que contribuiremos a una generación que puede conducir a la
esclavitud digital con el uso de las tecnologías en las prácticas pedagógicas?
A partir de los diálogos establecidos, se evidencia que, por un
lado,
existe una
contradicción de alienación, de trabajo intensificado, favoreciendo la proliferación del empleo
tercerizado, parcial y precario, en el que es necesario el uso de la tecnología, porque o bien
determina el medio o se puede configurar para ello, fortaleciendo el mercado laboral dual.
Pero,
por otro lado,
existe la posibilidad de utilizar las tecnologías como fuerzas
productivas de manera solidaria, en la que se pueda expresar una comunicación que se oponga
a la división social del trabajo capitalista hacia la construcción de la educación histórica crítica
y el "paradigma de la Ciudad y no de la Fábrica", como señaló Feenberg (2010), a través de
elecciones críticas y democráticas de los sujetos. Se entiende que esta perspectiva demarca
posibilidades para el uso emancipador de las tecnologías en la educación, porque, en una visión
más crítica, entiende la tecnología como un artefacto cultural desde un enfoque más solidario o
sociotécnico.
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Raquel Aparecida SOUZA y Raquel de ALMEIDA MORAES
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Cómo hacer referencia a este artículo
SOUZA, R. A.; ALMEIDA MORAES, R. Políticas de educación, tecnología e innovación:
Contribuciones para el uso emancipatorio de las tecnologías.
Revista Ibero-Americana de
Estudos em Educação
, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1465-1480, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-
5587. DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15876
Enviado en
: 18/11/2021
Revisiones requeridas en
: 27/12/2021
Aprobado en
: 12/02/2022
Publicado en
: 01/04/2022
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Education, technology and innovation policies: Contributions to the emancipatory use of technologies
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1457-1472, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15876
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EDUCATION, TECHNOLOGY AND INNOVATION POLICIES: CONTRIBUTIONS
TO THE EMANCIPATORY USE OF TECHNOLOGIES
POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO: CONTRIBUIÇÕES PARA
USO EMANCIPATÓRIO DAS TECNOLOGIAS
POLÍTICAS DE EDUCACIÓN, TECNOLOGÍAS E INNOVACIÓN: CONTRIBUCIONES
PARA EL USO EMANCIPATORIO DE LAS TECNOLOGÍAS
Raquel Aparecida SOUZA
1
Raquel de ALMEIDA MORAES
2
ABSTRACT
: The purpose of this essay is to promote a critical theoretical discussion with a
view to raising elements to understand the discourses of public education policies on the axes
of technology and innovation in order to apprehend their meanings. Based on the philosophical
perspective of materialism-dialectical as to the method, it uses the analysis of Fiorin's discourse
to apprehend the discursive meanings. As a result, these discourses express at least three
meanings: economist view of education, technology and innovation; learn to learn; exclusion
vs. competition. As a final consideration, on the other hand, it is urgent to use technologies in
search of the construction and consolidation of a more critical, emancipatory education based
on the perspective of solidary technoscience.
KEYWORDS
: Policies and education. Technology and innovation. Solidary technoscience.
RESUMO
: O objetivo do texto é tecer uma discussão teórica à luz de referenciais sobre estudos
relacionados a políticas de educação, tecnologia e inovação, no sentido de apreender
elementos que demarquem possibilidades para o uso emancipatório das tecnologias na
educação. O estudo foi fundamentado na perspectiva filosófica do materialismo-dialético;
quanto ao método, pautando-se na pesquisa bibliográfica. Foi possível compreender, entre
outras questões, que se faz necessário políticas e ações educativas que caminhem na contramão
dos ideais impostos apenas pelo sistema capitalista, de modo a se obter a construção e
consolidação de uma educação mais crítica, emancipadora, a qual pode estar fundamentada
na perspectiva da utilização de tecnologias como forças produtivas de modo solidário.
PALAVRAS-CHAVE
: Políticas e educação. Tecnologia e inovação. Abordagem sociotécnica.
1
Federal University of Uberlândia (UFU), Uberlândia
–
MG
–
Brazil. Adjunct Professor. Doctorate in Education
from the University of Brasília (UNB) - Education Policies Line. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5906-0671.
E-mail: eraquelas@gmail.com
2
University of Brasília (UnB), Brasília
–
DF
–
Brazil. Full Professor. Department of Planning and Administration
(FE/UNB). Doctorate in Education (UNICAMP). ORCID: https://orcid.org/0000-0001-7842-395X. E-mail:
rachel@unb.br
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Raquel Aparecida SOUZA and Raquel de ALMEIDA MORAES
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DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15876
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RESUMEN
: El propósito del texto es promover una discusión teórica crítica con miras a
plantear elementos para comprender los discursos de las políticas públicas de educación en
los ejes de la tecnología y la innovación con el fin de aprehender sus significados. Partiendo
de la perspectiva filosófica del materialismo-dialéctica en cuanto al método, utiliza el análisis
del discurso de Fiorin para aprehender los significados discursivos. Como resultado, estos
discursos expresan al menos tres significados: visión economista de la educación, la tecnología
y la innovación; aprender a aprender; exclusión vs. competencia. Como consideración final,
por otro lado, es urgente utilizar tecnologías en busca de la construcción y consolidación de
una educación más crítica y emancipadora basada en la perspectiva de la tecnociencia
solidaria.
PALABRAS CLAVE
:
Políticas y educación. Tecnología e innovación. Abordaje sociotécnica.
Initial Issues
The incentive for the use and insertion of technologies in education is on the agenda of
many governments in Brazil, however, we still do not have well consolidated public policies
on this subject. With the situation of social isolation and the suspension of face-to-face classes,
as a preventive measure against the spread of the Covid-19 Pandemic, many basic and higher
education institutions in Brazil have decided to offer classes in a non-face-to-face manner, using
digital technologies, and have encountered many challenges.
Before the Pandemic, several studies and researches have already shown some results
about policies and actions for the insertion of technologies in education, and in terms of
educational policies, we have a series of governmental proposals that have already been
implemented, but have not been continued, among which we highlight those that emphasize
innovation in education through the use of technologies.
Thus, it becomes important to put on the agenda discussions related to these themes in
order to understand, among other issues, how it is possible to innovate towards the emancipation
of pedagogical practices using digital technologies in a creative and critical way, opposing a
hegemonic reproductive and capitalist vision.
According to Saviani (2013), in a democratic perspective "education, besides
constituting a certain type of right, the social right, is configured as a necessary condition,
although not sufficient, for the exercise of all rights, whether civil, political, social, economic
or of any other nature" (p. 745).
For the author, the exercise of rights of all kinds presupposes access to written codes.
"This is why this same type of society erected the school as the main and dominant form of
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education and advocated the universalization of elementary school as a way to convert all
individuals into citizens, that is, into subjects of rights and duties" (SAVIANI, 2013, p. 745).
It is understood that issues related to innovation and the insertion of technologies need
to be connected to the social role of education, which involves the possibilities of providing
adequate access and appropriation of the various knowledge historically produced by
individuals; in this sense, the terms "technology and innovation" cannot be understood only in
one perspective.
Several governmental actions and policies for the insertion of technologies in Brazilian
education present, in their speeches, the possibilities of transformation of educational practices
in an almost automatic perspective, conceiving technologies either as deterministic techniques
or as neutral instruments. However, contrary to these visions, we corroborate Peixoto (2015),
who points out that technologies can be integrated into pedagogical activities critically and
through democratic choices of the subjects.
The research is based on the materialist-dialectical approach to the method, which,
according to Marcondes (2004), stands out for the critical initiative of modern thought, through
the contributions of Marx, initiated by Descartes and followed by Bacon, Kant, and Hegel.
In this perspective, the research was based on theoretical analysis from bibliographic
research, seeking dialogue with important critical references to assist in understanding the study
proposal.
The bibliographical research is a fundamental step in the investigative process because, among
other possibilities, it allows to apprehend the meanings of the discourse through comparative
analysis, as highlighted by Fiorin (2005) and Moraes (2014), from the development of
arguments and critical hypotheses.
We sought to answer the following questions: what are the possibilities for the
emancipatory use of technologies in education? Is it possible to innovate towards the
emancipation of pedagogical practices using digital technologies in a creative and critical way,
opposing a hegemonic reproductive and capitalist vision? Thus, the general objective was to
weave a theoretical discussion in the light of critical references about education, technology,
and innovation policies, in order to apprehend elements that demarcate possibilities of the
emancipatory use of technologies in education.
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Technology, innovation and the capitalist contexto
The "technique" with a "know-how" character predominated until the advent of the
Industrial Revolution, in the eighteenth century, being transmitted from generation to
generation. With the advent of the new phase of capitalism, Marx (2001) points out that the
principles of science were incorporated to technique, in turn transforming it into technology.
The traditional instruments of work were transformed into machines, changing and adapting
themselves to the capitalist mode of production.
The technological advance and its implications on the way the labor market works leads
society, according to Antunes (1995), to an intensification of worker exploitation, favoring the
proliferation of outsourced, partial and precarious work, without rights and underpaid,
strengthening the dual labor market. And about today's informational financial capitalism,
Antunes (2018) argues that instead of the end of work, there is a new proletariat of the digital
age, whose jobs, now intermittent and more or less constant, have gained new momentum with
Information and Communication Technologies (ICTs), by connecting workers to various
applications and mobile devices in real time, for long hours of their day, without rest, generating
a new type of digital slavery in the middle of the 21st century.
For some critical theorists, the discourse that advocates an increasing qualification of
the workforce is a myth that is part of and supports the maintenance of a production model that
preserves, in its entirety, the fetishism of the commodity and alienation. In the contemporary
context of the accelerated degradation and precariousness of work, Dal Rosso (2008) warns
that "if work was born as a vital activity, essential for the realization of human life, capitalism
has subjected labor activity to the imperatives of second nature, as Marx says, to the constraints
of money, market and capital." (DAL ROSSO, 2008, p. 1).
In turn, "innovation" has been a term that has appeared as a synonym for technology or
as something that is determined by technology, that is, the adoption of technology in education,
for example, can be understood by the rule of use to reach innovation. Considering the purposes
of the capitalist model in force in Brazil and in the world, it is understandable to understand, as
Dagnino (2014) points out, that:
The concept of innovation was coined in the context of advanced capitalism
countries to designate a set of activities that encompasses everything from
Research and Development (R&D) to new marketing techniques (through the
introduction of new methods of labor force management) that aims to improve
the condition of a company in the face of intercapitalist competition and not
to promote "social welfare" (p. 133).
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Dagnino (2019) argues that in Brazil, innovative companies prefer to import the
technology the country needs to offer here what was already produced in northern countries.
"Of the 90,000 masters and doctors who were trained between 2006 and 2008 (years of
economic bonanza) to do research and development in companies, only 68 were hired by them."
(DAGNINO, 2019, p. 28)
In his view, most people who fall under the political left perspective and who are part
of the research community in Brazil have not been able to realize that the global techno-
scientific dynamics (or those of global companies) are contaminated with the viruses of
programmed deterioration, planned obsolescence, exacerbated consumerism, and socio-
environmental degradation. Thus, the author sentences four norms of conduct-"scientism,
productivism, innovationism, and entrepreneurship-that the elite impose in order to keep up
with the techno-scientific dynamics led by multinationals" (DAGNINO, 2019, p. 29).
In this sense, even having this theoretical framework, Dagnino (2014) points out the
need for a non-capitalist approach to the concept of technology and innovation in search of a
"Social Technology (or Innovation)". This would require a "conceptual turn: a profound
revision of concepts such as 'technology' and 'innovation' seems necessary. A revision that has
as its center the understanding of the social relations that are at the root of what is currently
alluded to with these concepts" (DAGNINO, 2014, p. 136).
In the educational field, Saviani (2005) highlights that alienation is present in material
labor, since the product of labor is separated from the worker. Regarding non-material labor,
Saviani theorizes the existence of two types, the first consisting in the fact that the product is
separated from the producer, and highlights as an example the production of books. The second
type occurs when the product is not separated from the worker, and an example is the teacher,
relating education to educational work. In this case, Saviani (2005) states that education is not
limited to teaching, "it is certain, however, that teaching is education" (p. 12).
Returning to the contributions of Marx and Engels (1986), Saviani (2005) proposes a
non-alienating technological education of the polytechnic type that reveals the non-human
character of technologies, highlighting the need to explain the scientific and technological
principles that originate them. For him, technologies are means and cannot be fetishized under
the risk of alienating the teacher's work, which is not material, as occurs in some distance
learning courses currently practiced.
And what does the creator of online education think? For Feenberg (2010, p. 167),
"technologies are not just means that lead to ends; they also shape worlds." And he asks, "What
kind of world is instituted by the Internet?" In doing so, he criticizes the model he calls the
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Factory, which consists of automated teaching machines or poor copies of face-to-face
classrooms as opposed to the "city model", which has the challenge of using electronic networks
in such a way that they are appropriated by educational institutions in a dialogical way.
Also, from Dagnino's (2019) perspective, to emancipate the relationship between
technology and innovation in the capitalist context, which has produced technoscience in favor
of capital, it would be opportune for technoscience in solidarity as:
[...] the cognitive result of the action of a collective of producers on a work
process that, in function of a socioeconomic context (which engenders the
collective private property of the means of production) and of a social
agreement (which legitimates the associativism) that gives rise, in the
productive environment, to a control (self-management) and a cooperation (of
a voluntary and participative type) that causes a modification in the generated
product whose material result can be appropriated according to the decision
of the collective (solidarity enterprise) (p. 62).
This perspective of solidary technoscience that recognizes the origin of technology in
the capitalist context points out possibilities that the product can be modified by cooperation
and participation and, in turn, can also be appropriated from the emancipatory decisions
developed by the collective of participation.
Government policies and programs: innovation and technology in education
As regards the policies for the insertion and use of technologies in Brazil, studies
indicate that many of them go through political and economic interests, and follow an
international and economic orientation for education. Some actions and educational policies of
governments for the insertion of technologies accompany the movement for the implementation
of distance learning (DL) in Brazil, especially from 1978 on, such as the programs that used
television and printed material, especially the
Telecurso 2º grau
(1978),
Telecurso 1º grau
(1981), and the Educom Program (1980).
As of the 1990s, the most incisive practices of investments to innovation fostering
policies appear, as highlighted in Law No. 10.973, of December 2, 2004 - Innovation Law
(BRAZIL, 2004), amended by Law No. 13.243/2016 (BRAZIL, 2016), "which began to allow
public spaces to be business incubators, allowing public and private resources to be shared, in
addition to the creation of funding funds and the granting of tax incentives" (ECHALAR;
LIMA; OLIVERIA, 2020, p. 870).
More specifically considering the incentive for computer and internet use, Cruz and
Lima (2019) highlight the period after 1996, with the creation of the Distance Education
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Secretariat and the approval of the Law of Directives and Bases of Education, LDB n.9394 /96,
which recognized DL as a teaching modality, and from this context, several educational
institutions began to propose distance courses through the use of technologies, strengthening
the actions to expand this modality and expanding the insertion of technologies, such as the
creation of the National Program of Informatics in Education (PROINFO/1997), the proposition
of Educational Technology Centers (NTE) and the incentive to make computers available in
public schools.
Among other policies and actions in the period after LDB/96 and approval of the
National Education Plan (PNE) of (2001-2011), DL presents itself as a strategy for
democratization of access to education; about this, Cruz and Lima (2019) point out that the
Brazilian government of the time promotes several attempts to intensify and consolidate
distance education in Brazil, and along with it the mechanisms and discourses of innovation
and incentive for the use of technologies in education, from various laws, resolutions,
ordinances and decrees. The authors highlight the proposition of several continuing education
courses and initial training, specialization, extension, and improvement courses, among them:
the School Leadership Training Program (Progestão/2003);
Gestar II
Continuing Education
(2004);
Prolicenciatura
(2004);
Mídias na Educação
(2005);
Proinfantil
(2005);
Proletramento
(2005), and the National School of Managers Program (2005).
Other actions that also mark the discourses about the incentive for innovation and the
use of technologies in the educational environment are programs such as the Open University
(UAB/2006); e-Tec Brazil Network (2007); ProInfo Integrated (2007); National Plan for Basic
Education Teacher Training (PARFOR/2009); Broadband in Schools Program (2008); One
Computer per Student Program (Prouca/2009); National Education Plan (PNE/2014-2014);
Connected Education Innovation Program (2017) and Connected Innovation Policy (2019).
Considering the PNE of (2014-2024), Heinsfeld and Pischetola (2019) highlight that
technologies are pointed out in that plan as "strategic tools to achieve the goals outlined for the
program" (p. 14). In this perspective, one does not notice a concern for the critical and re
fl
exive
encouragement of technologies, since the PNE proposes "computerization and access to digital
equipment as a sufficient condition to ensure improvements in the educational system" (p. 14).
Another government action is the Connected Education Innovation Program, which was
created in 2017 and transformed into a Policy through Law No. 14,180 in 2021. It aims to
"support the universalization of access to high-speed internet and foster the pedagogical use of
digital technologies in Basic Education" (EDUCAÇÃO CONECTADA, MEC, 2017).
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1457-1472, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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According to data published by the Ministry of Education's Connected Education
website (MEC, 2017), this Policy has four dimensions, allocated among vision, training, digital
educational resources, and infrastructure, seeking to foster the preparation of schools and
education professionals to implement digital technologies.
Regarding this Program, Echalar and Lima (2018) point out that there is a concern to
"measure the nuances about what it means to innovate pedagogically and the pedagogical use
of digital technologies" (p. 14). For the authors, this understanding means reducing the
educational process to the quantitative scope:
[...] having as object to be measured the external and observable dimensions
of the complex social relations in the school context. [...] As already
emphasized, it is possible to look at this publication proposal under two
antagonistic optics: as a proposal for guidance and incentive to critical
analysis made by professionals involved in the teaching and learning process
or as a possibility of restriction of what is interpreted as acceptable and
desirable use of these technologies in the school context.(ECHALAR; LIMA,
2018, p. 14)
This brief review highlights some government policies and actions in Brazil from the
viewpoints of researchers who seek to understand the real interests regarding the incentive for
the insertion of technologies in education, and shows different ways of seeing the world through
specific views.
Pedagogical emancipation using technologies in a critical way
Beyond the speeches expressed in the actions and policies of governments that promote
the ideals to encourage the insertion of technologies in education, among which we highlight
those that are linked to the search for pedagogical innovation, it is necessary to be clear about
the ideological positions of the enunciators of these speeches. In other words, it is necessary to
understand the historical, social, and political relations in which the policy makers are inserted,
considering the world and educational visions that they defend, and it is necessary to raise
elements that help for a critical evaluation and for emancipatory decision-making, as Fiorin
(2007) points out, because a social formation has several class fractions, and to each one of
them corresponds an ideological formation and a discursive formation.
Considering the historical and political period in Brazil from the governments of
Fernando Collor (1989) and Fernando Henrique Cardoso (1995) to the present day, in the
government of Jair Bolsonaro (2021), one can see that the way the government representatives
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perceive the world and conceive their actions is intrinsically linked to a macro project of
neoliberal capitalism, which is supported by international entities and organizations. These, in
turn, present discourses that education has a strategic role for the development of the country;
however, the interests are based on the formation of individuals capable of conforming to the
capitalist ideals of production.
The discourses also point to the possibilities for schools to innovate their pedagogical
practices using digital technologies. In this sense, it is necessary to advance the discussions
around these ideals, in order to obtain elements that can contribute to the understanding and
overcoming of the conformist discourses of technologies as answers only to the desires of
capitalism, which reinforce the technological fetishism or that propose and promote actions and
programs for practices with technologies in a passive way.
Some government actions and policies concentrate expectations around at least two
extremist views that are dichotomous, as Peixoto (2012) points out, which are sometimes
directed towards a
technological determinism
in which technologies would be autonomous
entities and determinants of social processes, and sometimes they are directed towards an
instrumental view, that is, technologies are at the service of human will, but both views hide
the human dimension of the object.
However, Peixoto (2012, 2015), Souza and Moares (2018), Echalar, Sousa, and Filho
(2020), among others, point out that it is possible to move away from these extremist and
discursive views on technology and move towards a more critical view, which understands it
as a cultural artifact from a more supportive or sociotechnical approach, "for the critical and
contextualized understanding of the relationships between technologies and society"
(PEIXOTO, 2012, p. 2).
The sociotechnical approach, adopted as a reference for research in education,
implies a dynamic in which the focus shifts dialectically between technique
and social subjects. This implies the development or adaptation of procedures
that allow capturing the technical instrumentality, in addition to "seeing and
listening" to social subjects (PEIXOTO, 2012, p. 7).
This view criticizes the insertion and use of technologies in education when conceived
in the two extremist views. In the determinist logic, "technology determines the effects that it
induces in society" (PEIXOTO, 2012, p. 3), that is, technology would have the ability to dictate
behaviors and make cultural and social changes from a technical and scientific progress and, in
this perspective, the simple fact of the insertion of technology in education would already mean
changes, innovations, and therefore the expected quality.
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In the vision in which technology is conceived only as an instrumental device,
relationships are determined by the uses that are made of them, considering the objects as
neutral: "In this case, teachers and students are entirely responsible for the uses that they make
of the computer and the Internet. Technological media are instruments that can be entirely
shaped by their users." (PEIXOTO, 2012, p. 5)
Echalar, Sousa, and Filho (2020) point out the assumption that instrumental rationality
cannot explain the appropriation of technology objectified in the teacher's work, because "the
use of technology by subjects, even taking into account the immediate aspects of their social
context, does not cover the complexity of technology in the mediation of the teaching work" (p.
20).
In 2004, Lima pointed out that many individuals who start using technology in their
teaching practices are convinced that, just by using it, they are already innovating the teaching
process, an aspect that has also been the focus of many government policy speeches. However,
he reminds us that teachers can advance this thinking and seek the construction of solidary and
critical knowledge, using technologies, but aiming at the consolidation of an emancipating and
transforming education as a society project.
Mallamann and Shneider (2021) point out that there are common discourses that:
[...] are the data referring to the lack of conditions and infrastructure. In this
perspective, unsuspecting consumers assume and favor naïve positions that
tarnish the interactive, collaborative, and humanizing potential of education
mediated by technologies. It is worth emphasizing that the universality of the
right to education, the democratization of knowledge, and lifelong learning go
through access and active participation, co-producing life mediated by
technologies (p. 5).
In summary, there are two directions, two orientations in education and technology
policies. According to Saviani (2007), from 1969 to 2001, there was a predominance of
productivist pedagogy. From 1969 to 1980 there was a predominance of a technicist pedagogy
based on the Theory of Human Capital. Therefore, technology was loaded with these
ideological meanings.
After a fruitful moment of democratization of the Brazilian society that occurred
between 1980 and 1990, there was a predominance of productivist pedagogy, in which the
predominant value is given by the market and technology is perceived as synonymous with
innovation and flexibility. Therefore, it is aimed at the reproduction of the capital, generation
and expansion of surplus value and, as it was pointed out, the exploitation of the worker,
especially in times of Pandemic, with the increasing loss of rights.
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Understanding and reflecting about the educational practices from the social and
historical context of the class in which the individual is inserted becomes a central issue to be
clear about the understanding of the world and of education that one has and wants to achieve.
For this assumption, education is conceived as a democratic practice, since it is corroborated
by Paro (2002), Duarte (2008), and Saviani (1989) that it is through social practice that there is
the appropriation of knowledge historically produced by men. In this sense, "education is a
specifically human activity whose origin coincides with the origin of man himself and,
therefore, should be thought and developed from the perspective of human and intellectual
emancipation" (SOUZA; MORAES, 2018, p. 462).
It is in this understanding of education, in its broadest dimension, that it is also
understood that the insertion of technologies, both in policies and in pedagogical practices,
should be understood as an intrinsic element of the right to education. In other words, using
technology should also start from conscious choices, considering that it is part of human culture
and can contribute to the process of building the human and historical subject.
When making this movement of reflection, the dialogue perspective becomes important,
as proposed by Lima (2004) based on Paulo Freire's model, in which, as interlocutor subjects,
it is necessary to seek the "meaning of the meanings". Thus, it is possible to find meaning about
why or what for one can use technologies in pedagogical practices and, at the same time,
advance towards the construction of a critical education that denies the mere transference of
knowledge, which imposes the necessity of using technologies in education, separating the
human dimension.
From this perspective, it is understood that technologies are loaded with values and,
therefore, they neither determine nor are only shaped by the users, but become effective from
the intentionality of the work. In the case of education, the teaching work is articulated to the
critical, political, and dialectical historicity of the capitalist system, but it cannot respond only
to its interests. Thus, technologies can be integrated in order to emancipate the pedagogical
activities, contributing to the construction of a critical education, in a de-alienated and decoded
way, through democratic choices of the subjects in the process of teaching and learning
(PEIXOTO, 2015).
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Final remarks
The study had as a general objective to weave a theoretical discussion in the light of
critical references about studies related to education, technology and innovation policies, in
order to apprehend elements that demarcate possibilities of the emancipatory use of
technologies in education.
Studies and academic research that seek to understand the real interests of government
actions and programs for the insertion of technologies in education point to the relationship
with pedagogical innovation, and often follow international guidelines and interests,
highlighting that countries on the rise have shown better results in the economy when they
invest in education through digital inclusion, technological innovation for pedagogical
practices.
These visions follow conceptions aligned to a world and capital project that seeks,
through education, opportunities and spaces to meet demands related to labor productivity, to
the needs of workforce training for the market, and to the strengthening of the economic growth
required by the current capitalism model.
These principles denote proposals that consider that investments and support for the use
of technologies in education will be able to solve problems regarding quality, access, and
permanence in schools. In this perspective, the insertion of technologies can be used as a means
of "legitimizing the notorious forms of social stratification and division. This has justified the
control exercised by the State in several education programs and policies. (PEIXOTO;
ECHALAR, 2017).
These conceptions appear in results of studies that predate the context of the Covid-19
Pandemic. Considering the various challenges of education in the current pandemic
conjuncture, in which school institutions have started to use technologies in their pedagogical
practices, several other questions arise; among them stand out: are we willing to dialogue and
advance to understand the "signification of meanings" of using technologies in search of the
construction and consolidation of a more critical and emancipating education? Or will we be
convinced to believe that we are part of a new proletariat of the digital age of capital and that
we will contribute to a generation that can lead to a digital slavery with the use of technologies
in pedagogical practices?
From the established dialogues, it is evident that we have,
on one hand
, the contradiction
of alienation, of intensified work, favoring the proliferation of outsourced, partial and
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precarious jobs, in which the use of technology is necessary, because it either determines the
means or can be molded to do so, strengthening the dual labor market.
But,
on the other hand
, there is the possibility of using technologies as productive forces
in a solidary way, in which one can express a communication that opposes the social division
of capitalist labor towards the construction of a critical historical education and the "paradigm
of the City and not the Factory", as Feenberg (2010) pointed out, through critical and democratic
choices of the subjects. It is understood that this perspective demarcates possibilities for the
emancipatory use of technologies in education, since, in a more critical view, it understands
technology as a cultural artifact from a more supportive or sociotechnical approach.
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Submitted
: 18/11/2021
Revisions required
:
27/12/2021
Approved
: 12/02/2022
Published
: 01/04/2022
Management of translations and versions: Editora Ibero-Americana de Educação
Translator: Thiago Faquim Bittencourt
Translation reviewer: Alexander Vinícius Leite da Silva