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(Im) possibilidades da formação subjetiva: Reflexões educativas em tempos pandêmicos
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,
Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1375-1388, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.15895 1375
(IM) POSSIBILIDADES DA FORMAÇÃO SUBJETIVA: REFLEXÕES
EDUCATIVAS EM TEMPOS PANDÊMICOS
(IM) POSIBILIDADES DE FORMACIÓN SUBJETIVA: REFLEXIONES EDUCATIVAS
EN TIEMPOS DE PANDEMIA
(IM) POSSIBILITIES OF SUBJECTIVE FORMATION: EDUCATIONAL
WEIGHTINGS IN PANDEMIC TIMES
Alex Sander da SILVA
1
Guilherme Orestes CANARIM
2
Silvana Mazzuquello TEIXEIRA
3
RESUMO
: O presente artigo investiga a problemática da condição emergencial da educação
em tempos pandêmicos, sobretudo no que tange ao significado das (im)possibilidades da
formação subjetiva. Nesse ínterim, delineamos alguns elementos das implicações educativas do
cenário da pandemia do novo coronavírus. Delineia-se um diagnóstico das transformações
sociais e educacionais no contexto atual e discute-se de que maneira isso sinaliza algo sobre os
processos da formação subjetiva. A pesquisa se apresenta bibliográfica, com aspectos de revisão
integrativa. Assim, trazemos autores que já vínhamos estudando juntamente com novos
comentadores, que trazem elementos de contextualização para formar panorama do cenário
educativo atual. Desse modo, entendemos que o recrudescimento da situação educativa é sinal
do avanço de um quadro mais grave globalmente estabelecido. Uma condição social e
civilizatória, grandemente agravada, pelo modelo social, ético e econômico-político, que
permeia todas as dimensões no mundo contemporâneo e, consequentemente, tem fortes
impactos sobre as possibilidades de formação subjetiva.
PALAVRAS-CHAVE
: Educação. Formação subjetiva. Pandemia. Ensino.
RESUMEN
: El presente artículo investiga la problemática de la condición de emergencia de
la educación en tiempos de pandemia, especialmente en cuanto al significado de las
(im)posibilidades de formación subjetiva. Mientras tanto, esbozamos algunos elementos de las
implicaciones educativas del escenario pandémico del nuevo coronavirus. De esta manera, se
esboza un diagnóstico de las transformaciones sociales y educativas en el contexto actual y se
discute de qué manera esto señala algo sobre el proceso de formación subjetiva. La
investigación es bibliográfica, con aspectos de revisión integradora. Así, traemos al texto,
autores que ya venimos estudiando, para una interlocución con nuevos comentaristas, que
aportan elementos de contextualización para formar panorama del escenario educativo actual.
1
Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC), Criciúma – SC – Brasil. Professor pesquisador do Programa
de Pós-graduação em Educação (PPGGE). Doutorado em Educação (PUCRS). ORCID: https://orcid.org/0000-
0002-0945-9075. E-mail: alexsanders@unesc.net
2
Centro Universitário Leonardo da Vinci (UNIASSELVI), Criciúma – SC – Brasil. Graduando em filosofia-
licenciatura. Bolsista CNPq. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-9021-9799. E-mail: gocanarim@gmail.com
3
Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC), Criciúma – SC – Brasil. Mestranda do Programa de Pós-
Graduação em Educação (PPGGE). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-1243-4266. E-mail:
silvanamazzuquello6@gmail.com
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Alex Sander da SILVA; Guilherme Orestes CANARIM e Silvana Mazzuquello TEIXEIRA
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,
Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1375-1388, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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De este modo, entendemos que el recrudecimiento de la situación educativa es un signo del
avance de un cuadro más grave y agudo establecido globalmente. Una condición social y
civilizatoria, muy agravada, por el modelo social, ético y económico-político, que permea todas
las dimensiones en nuestro mundo contemporáneo (lo que, consecuentemente, tiene fuertes
impactos en las posibilidades de formación subjetiva).
PALABRAS CLAVE
: Educación. Formación subjetiva. Pandemia. Enseñanza.
ABSTRACT
:
The present article investigates the question of the emergent condition of
education in pandemic times, especially regarding the meaning of the (im)possibilities of
subjective formation. Meanwhile, we outline some elements of the educational implications of
the pandemic scenario of the new coronavirus. In this way, we outline a diagnosis of the social
and educational transformations in the current context and discuss how this indicates
something about the processes of subjective formation. The research is bibliographic, with
aspects of integrative review. Thus, we bring to the text authors that we have already been
studying, for an interlocution with new commentators, who bring elements of contextualization
to form a panorama of the current educational scenario. In this way, we understand that the
recrudescence of the educational situation is a sign of the advance of a more serious and severe
situation globally established. A social and civilizing condition, greatly aggravated, by the
social, ethical and economic-political model, which permeates all dimensions in our
contemporary world (which, consequently, has strong impacts on the possibilities of subjective
formation).
KEYWORDS
: Education. Subjective formation. Pandemic. Teaching.
Introdução
Como salienta Schmidt
et al
. (2020), a crise sanitária atual [...] é a maior emergência de
saúde pública que a comunidade internacional enfrenta em décadas (p. 62). Essa conjuntura
inclui o risco sanitário, os processos sociais e contingências anteriores, explicitados pelo avanço
dessa crise, bem como outros fatores engendrados nesse contexto. Fatores que ultrapassam, e
muito, o âmbito da saúde física dos indivíduos. Tudo isso escancara aspectos sociais que
evidenciam os contrastes e as estruturas de uma sociedade complexa e prenhe de paradoxos.
De modo geral, entendemos que a contingência da crise do novo coronavírus
restabeleceu rupturas, desdobramentos e atravessamentos. Acirrando e recrudescendo muitos
aspectos sociais e socioeconômicos que já vinham na esteira de uma lógica neoliberal, essa
crise retomou e atualizou processos, e deu novas posições e sentidos para problemas nem tão
recentes assim (ANGELI-SILVA
et al
., 2021).
No decorrer desta investigação exploramos e discutimos alguns impactos desse cenário
no e
nsino brasileiro, o qual, nesse cenário pandêmico, ficou ainda mais fragilizado. Focamos
especialmente em discutir limites, possibilidades e potencialidades da formação subjetiva,
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Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1375-1388, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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entendida aqui, como uma noção que problematiza a ideia de
bildung
ou formação cultural,
ampliando sua abrangência e repensando as interlocuções entre a subjetividade contemporânea
e os processos formativos atuais (SILVA, 2020; SILVA; AZEREDO; BITTENCOURT, 2016;
SILVA; BERNARDO, 2020; SILVA; MWEWA; CABRAL, 2017; SILVA; OLIVEIRA,
2021).
Deste modo, compreender as múltiplas implicações dos processos formativos e seus
recôncavos mais particulares pode nos levar a um entendimento profundo de aspectos vitais da
sociedade contemporânea. As posturas éticas, educacionais e econômicas podem nos apontar
quais os elementos que se farão necessários a uma atualização dos projetos formativos a serem
pensados na contemporaneidade em relação ao futuro.
Tendo isso em vista, nossos objetivos específicos são: delinear algumas das
transformações sociais e educacionais no contexto atual e discutir os modos pelos quais esse
diagnóstico pode indicar algumas pistas sobre processos que perpassam o campo
educativo/subjetivo e suas relações com a formação subjetiva.
Nossa investigação se configura como uma pesquisa essencialmente bibliográfica,
utilizamos particularmente a abordagem da revisão integrativa. É uma investigação de cunho
crítico-interpretativa e descritivo-exploratória. Isso significa, entre outras coisas, que
delineamos alguns aspectos das transformações no cenário social e educativo para,
simultaneamente, entrever possibilidades conceituais e teórico-metodológicas com relação à
formação possível nesse contexto.
Assim, apresentamos, em primeira subdivisão, algumas categorias fundamentais de um
entendimento de formação, bem como apresentamos características e papéis fundamentais da
educação. Na segunda seção, traçamos algumas articulações dessas categorias para pensar as
(im)possibilidades da educação como processo formativo, inter-relacionando discussões acerca
do desmonte escolar, esvaziamento dos sentidos do educar e desdobramentos de uma educação
crítica e estética.
A condição emergencial da educação: alguns componentes do educativo enquanto um
contexto emergente
Anamnese ou questões iniciais para um diagnóstico
A pandemia, de acordo com Babrosa e Cunha (2020), com sua contingência, realçou
pr
oblemas educativos sérios, e a educação ganhou, por vários motivos, uma amplitude para
expressão do que já se encontrava latente. Nessas circunstâncias, é imprescindível
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questionarmos esses desenvolvimentos, qual a racionalidade por trás dessas ações destrutivas
em relação à educação, e reconhecer uma persistente instrumentalização e objetificação dos
processos educativos, dos indivíduos e de suas relações com a educação.
Nesses processos, a educação, em especial na escola, é empurrada para um
encadeamento, em que ela se torna mais um dos produtos na prateleira para quem puder pagar.
Essa dinâmica mantém os ciclos de exclusão e exploração, e com eles, as desigualdades e
contrastes próprios do capitalismo tardio. Todo esse contexto de manutenção de ciclos
desiguais, quebrando o ensino público, vão ao encontro da educação para o capital
(MÉSZÁROS, 2005). Dessa forma, os excluídos e menos favorecidos continuam à margem e
o direito básico à educação é vendido como privilégio.
Isso agrava um problema que já enfrentávamos antes da pandemia: o fato é que se tornou
um hábito, até mesmo entre muitos professores e teóricos da educação, renunciar à
possibilidade de discuti-la e tentar entendê-la fora de um jargão capitalístico-neoliberal.
Conforme Silva e Bernardo (2020), existe, atualmente, uma certa inclinação, que
progressivamente subsume a reflexão teórica em troca de ações mais “concretas”. Nesse
âmbito, o que tem predominado é cada vez mais o domínio da massificação cultural, o
obscurantismo e o negacionismo, frutos, em maior ou menor grau, desse desvirtuamento da
educação.
Assim, podemos dizer que as relações de saberes e das práticas pedagógicas constituem
ainda um campo de disputa. Entretanto, como educadores progressistas temos de pensar que,
por meio da educação, os sujeitos têm suas experiências de mundo, criam sua cultura, e ao
educarem-se, participando do processo de elaboração do conhecimento, constroem a si mesmos
e o seu mundo (FREIRE, 2005).
O aspecto institucional
No Brasil, atualmente, o papel da educação vai bem além de sua função propriamente
pedagógica, especialmente no sistema de ensino formal. Conforme Lokcmann (2013):
[...] com a emergência do neoliberalismo brasileiro e a correlata constituição
da inclusão como imperativo de Estado, podemos assistir à proliferação das
Políticas de Assistência Social no Brasil, em articulação com um fenômeno
que pode ser denominado Educacionalização do social. Tais políticas, ao
utilizarem a educação escolarizada como lócus privilegiado de efetivação,
produzem uma redefinição das funções da escola pública em uma sociedade
da aprendizagem, alargando consideravelmente suas funções que enfatizam
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fortemente o governamento das condutas, de modo a produzir um
deslocamento no que se entende por conhecimentos escolares.
Esse processo de aumento da abrangência da função social da escola, como parte de
uma certa política neoliberal, já assinala uma importante mudança dos sentidos possíveis do
educar. Além disso, indica claramente a sobrecarga da escola enquanto instituição. As pessoas,
desde muito cedo, já vão para a escola com o pensamento no mercado de trabalho, em busca da
rentabilidade ideal. Muito mais agora, inclusive, com as aulas de empreendedorismo no novo
ensino médio. Desse modo, a principal preocupação do aluno, e da família do aluno, é o preparo
para o emprego, compactuando com a engrenagem incansável do capitalismo desenfreado, que
cria as más condições de trabalho e competitividade.
É importante salientar que o papel formativo da escola não abrange somente os
estudantes, mas todos os envolvidos no contexto educacional. Além de ser um espaço de
socialização e de formação, é também um âmbito que, enquanto comunidade escolar, tem suas
próprias dimensões. Todos são sujeitos do processo, e todos ajudam na construção do
conhecimento. Assim, nada se transfere, mas se constrói, formando e reformulando, então,
[...] é preciso que, pelo contrário, desde os começos do processo, vá ficando
cada vez mais claro que, embora diferentes entre si, quem forma se forma e
re-forma ao formar e quem é formado forma-se e forma ao ser formado. [...]
Não há docência sem discência, as duas se explicam e seus sujeitos, apesar
das diferenças, não se reduzem à condição de objeto um do outro (FREIRE,
2021, p. 25).
As formações e reformulações necessárias se apresentam de maneira mais explícita em
tempos difíceis, como nos tempos atuais pandêmicos, em que, por decorrência do novo
coronavírus, setores de diversas áreas tiveram de cessar e modificar, drástica e repentinamente,
suas atividades. Dentre eles, os departamentos educacionais, os quais tiveram que recorrer às
estratégias de emergência para manter condições mínimas de educação.
Escolas e Universidades estiveram fechadas e as aulas foram realocadas para o formato
online. Neste período de transição, muitas transformações em âmbito nacional e educacional
ocorreram, bem como o aumento das críticas em relação à docência e ao ensino formal e à
instituição do novo ensino médio. Sobre os processos de educação emergencial que foram sendo
mobilizados no início desse período de pandemia, Vieira e Ricci (2020, p. 2) escrevem o
seguinte:
Esta paralisação compulsória trouxe, inevitavelmente, ao centro do debate
educacional, o uso das tecnologias educacionais para realização de atividades
escolares não presenciais. É importante frisar, logo nesse primeiro momento,
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Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1375-1388, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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que a disponibilização de ferramentas online para a realização de atividades
não presenciais distancia-se do conceito de Educação a Distância (EAD).
Contudo, diante da situação emergencial, Governos Estaduais e Municipais,
prescindindo da estrutura necessária para a prática de EAD, depararam-se com
a necessidade de concentrar esforços na preparação dos professores para o
desenvolvimento de situações de aprendizagem remota, que, em geral, estão
sendo mediadas pelo uso das tecnologias. Diante disso, foi demandada, por
parte dos docentes, a capacidade de experimentar, inovar, sistematizar esse
conhecimento e avaliar o processo de aprendizagem de seus alunos, fazendo
o melhor uso possível dessas ferramentas, cujo uso, para muitos, era até então
desconhecido.
Então, com a chegada desta realidade, os professores tiveram de se reinventar, renovar
suas práticas e se re-formar ainda mais, para que o ensino-aprendizagem se mantivesse efetivo.
Por meio de experimentações, de novas perspectivas e aparatos pedagógicos, se desdobraram
para tentar manter a qualidade do ensino. Em contrapartida, muitos alunos não se dedicaram de
maneira efetiva ao estudo, pensando só em adquirir o diploma para logo poder entrar para o
mercado de trabalho. Tudo isso tem gerado, consequentemente, poucas ações buscando o
conhecimento, construção cultural e social, consentindo, mesmo que inconscientemente, para
o desmonte que vem sendo programado, e com a lógica do capital.
Paralela a esta realidade, tem-se a projeção do ensino para o mercado, criticado pela
perspectiva da educação para além do capital e a discussão de que o emburrecimento e o
desinteresse são programados por meio do currículo e das metodologias. A educação, ainda
hoje, vive seu paradoxo. De um lado, oferecendo dispositivos que possibilitam a resistência
crítica, e de outro, contribuindo com a manutenção do modelo de conformação cultural imposta
pela ideologia dominante.
Dessa maneira, a formação e a educação podem ser pensadas como continuidade
constitutiva. É o constante processo da aquisição e apreensão da cultura, por meio do qual
compreendemos a constituição da característica da humanidade nos seres humanos. Isto é, parte
fundante do próprio sentido da formação do sujeito vem em relação a sua determinada
ambientação sociocultural, tendo como importante porta de entrada a experiência.
O caráter (r)evolucionário
A educação tem função central nas lutas de resistência, pois tem o objetivo de contribuir
p
ara a construção e fortalecimento da cidadania, superação de violências e discriminação. Ela
pode contribuir para o reconhecimento e a defesa dos direitos fundamentais, que são pilares da
democracia. Além disso, por meio dela, pode ocorrer a dissolução dos mecanismos de
repressão, fortificando os meios de defesa contra a barbárie. Mais que um direito humano, ela
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Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1375-1388, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.15895 1381
é essencial na formação cultural, intelectual e social dos indivíduos. Com essa ferramenta
importante, dá-se respaldo para que os sujeitos se tornem críticos e emancipados, para
tornarem-se parte saudável do corpo social.
Educar é um instrumento essencial na construção de capacidades e formação social, para
que as pessoas tenham possibilidade e coragem para enfrentar os desafios e complexidades da
vida, da cultura, da economia e da sociedade (UNESCO, 2010). O ensino está associado aos
processos de comunicação e interação, que fortalecem a prática social e sociocultural. Além
disso, a educação tem poder de cura, integra os indivíduos inseridos em sua rede, empodera e
potencializa os sujeitos, contribuindo fortemente para a libertação dos oprimidos.
Tem como um dos seus feitos influenciar, por meio de intervenções diversas, em que
são imbricadas intencionalidades educativas, que implicam escolhas, valores, ética e
amorosidade. “A educação é um ato de amor e, por isso, um ato de coragem. Não pode temer o
debate. A análise da realidade. Não pode fugir à discussão criadora, sob pena de ser uma farsa.”
(FREIRE, 2019, p. 127). É fundamental nas relações sociais e conscientização da população
sobre seus direitos e deveres, bem como uma ação para esperançar e traçar perspectivas de
futuro, ainda que alguns pensem que sonhar e realizar sonhos é privilégio (FREIRE, 2019). A
educação se apresenta num compromisso com a liberdade e formação para o exercício da
cidadania.
A proteção do direito ao acesso à educação para todos está diretamente ligada à justiça
social e equidade, funcionando como suporte para a inclusão social e redução de pobreza e
desigualdades. Dessa forma, é necessário respeitar as condições culturais dos alunos. Elaborar
um diagnóstico histórico-econômico e pensar na prática educativa emancipatória, pois “a única
concretização efetiva da emancipação consiste em que aquelas pessoas interessadas nesta
direção orientem toda a sua energia para que a educação seja uma educação para a contestação
e para a resistência” (ADORNO, 2021, p. 200), bem como para o respeito e compreensão de
diversas culturas e formações.
(Im)possibilidades e (per)formações
A partir desse diagnóstico, podemos nos permitir ver aspectos mais basilares e
fun
damentais de processos e de transformações sociais e educativos que recrudesceram neste
período de pandemia. Além disso, temos a oportunidade de vislumbrar outros fatores que
sinalizam mudanças que influenciam nossas condições educativas nesse período, e deixarão
marcas indeléveis. Seria, no caso, o momento para divisar questões mais contingentes e
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Alex Sander da SILVA; Guilherme Orestes CANARIM e Silvana Mazzuquello TEIXEIRA
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,
Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1375-1388, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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passageiras daquelas mais consistentes e imanentes, que dizem respeito à gênese e à natureza
mais profunda da nossa sociedade (SOUSA SANTOS, 2020).
A noção de formação subjetiva
Para o humanismo do século XVIII e XIX, a formação dos indivíduos caracterizava-se
por “um fim em si mesmo”, com o objetivo de realizar a construção do ser humano ideal. Desse
modo, sua autonomia, sua dignidade e sua condição moral poderiam se desenvolver a partir do
“cultivo de si mesmo”. A característica central dessa noção de formação era a ênfase na
autonomia do sujeito, por meio da formação ampla.
Nesse ínterim, o conceito de
Bildung
foi introduzido no idealismo alemão, como sendo
a necessidade de pôr em atividade todas as forças do ser humano para desenvolvê-lo. Esse termo
polissêmico tem sido pensado em seus diversos aspectos e suas possíveis acepções como:
formação (em sentido amplo), formação cultural e formação subjetiva (SILVA, 2020; SILVA;
AZEREDO; BITTENCOURT, 2016; SILVA; BERNARDO, 2020; SILVA; MWEWA;
CABRAL, 2017; SILVA; OLIVEIRA, 2021).
Seguindo nessa lógica, esse conceito tem tomado diferentes direções, e encontra
relevância no modo como articula a relação imanente dos conceitos de cultura, sociedade e
educação. É sob esse pano de fundo que a formação subjetiva pode contribuir para um
entendimento dos processos educativos: realçando e distinguindo os processos de subjetivação
das relações de poder, seus fundamentos ético-políticos reproduzidos no âmbito educativo, e
também destacando pistas sobre o papel desses imperativos no horizonte da educação
contemporânea.
No ensaio Teoria da Semiformação (ADORNO, 1996), Adorno aponta que, no
capitalismo tardio e, sobretudo, a partir da totalização da dominação social, não apenas essa
formação subjetiva estaria comprometida, mas as diversas dimensões da vida. Para Adorno,
Os sintomas do colapso da formação cultural que se fazem observar por toda
parte, mesmo no estrato das pessoas cultas, não se esgotam com as
insuficiências do sistema e dos métodos da educação, sob a crítica de
sucessivas gerações. Reformas pedagógicas isoladas, embora indispensáveis,
não trazem contribuições substanciais. Podem até, em certas ocasiões, reforçar
a crise, porque abrandam as necessárias exigências a serem feitas aos que
devem ser educados e porque revelam uma inocente despreocupação frente ao
poder que a realidade extra-pedagógica exerce sobre eles (ADORNO, 1996,
p. 2).
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(Im) possibilidades da formação subjetiva: Reflexões educativas em tempos pandêmicos
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,
Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1375-1388, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.15895 1383
Desse modo, para esse autor, apesar de todo o avanço tecnológico, e do
desenvolvimento das reformas educacionais, ainda não estamos suficientemente preparados
para eliminar os sintomas semi-formativos. Tais sintomas não são aleatórios ou espontâneos,
mas são frutos de uma lógica altamente planejada, que insiste em permanecer. Uma lógica e
uma racionalidade instrumentalizadora.
Nesse sentido, a formação subjetiva tem um papel fundamental a cumprir, se dirigida
para uma “autorreflexão crítica” da própria educação, colocando em questão a possibilidade de
outras experiências educativas. É importante lembrar que educar para a formação subjetiva não
é apenas possibilitar o acesso à escola para todos, mas elaborar conjuntamente rumos,
itinerários e percursos formativos que atendam às demandas para tal formação.
Supondo que tanto os sujeitos como os objetos tem momentos objetais e subjetivos, essa
abordagem pode compor uma descrição das dinâmicas de retroalimentação sujeito-objeto e
também clarear os processos de formação subjetiva. Levando-se em conta essa capacidade de
ler as dinâmicas subjetivo-objetivos em seu movimento, ela nos ajuda a compreender mais e
mais profundamente as dinâmicas da formação subjetiva e social.
Não se trata aqui de idealizar a educação, mas de considerar o perigo contemporâneo de
uma
dessensibilização
dos sentidos e do papel central da educação na nossa sociedade. Trata-
se de destacar o papel da educação e a sua tarefa de pensar as experiências de ensino e
aprendizagem como os dispositivos de constituição de uma nova sociedade em potencial. Nesse
aspecto, os sentidos da educação e da formação subjetiva podem ser traçados por meio de
múltiplos planos e atravessamentos, envolvidos na constante elaboração e colaboração nos
processos educativos em devir.
Experiência educativa/subjetiva
A educação, assim, se configura como experiência de múltiplas dimensões formativas.
N
ão queremos apenas falar do ensinar e aprender, mas dar destaque para aspectos que compõem
as (im)possibilidades educativas, tanto institucionais quanto individuais e subjetivas. Trata-se
de considerar um olhar crítico, capaz de reconstruir e recompor novos sentidos de um
imaginário educativo e, portanto, ético-político. No nosso entendimento, esse novo cenário
reencena velhos enredos, tramas de interdições e silenciamentos, mas também reelabora
possibilidades e novas condições, que mobilizam relances, vislumbres e oportunidades. É
preciso antes de tudo desafogar o trânsito das ideias, desassorear os rios do pensamento,
desentupir os encanamentos (teoria) da nossa práxis.
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Alex Sander da SILVA; Guilherme Orestes CANARIM e Silvana Mazzuquello TEIXEIRA
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,
Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1375-1388, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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A Teoria é, em certo sentido metafórico, esse encanamento (
ŽIŽEK
, 2017). Ou seja, em
vez de ser alguma coisa estranha ou alheia à materialidade e à concretude da nossa vida, é ela
quem sustenta todas as dimensões do funcionamento da sociedade, coloca suas figurações de
mundo e ideologias e disponibiliza, randomicamente, a nutrição e a gestão de resíduos dessa
mesma sociedade. Poderíamos até, arriscando um pouco, traçar um paralelo entre a falta de
saneamento, a precariedade subjetiva e a marginalização.
A maioria de nós não presta atenção aos encanamentos, a não ser quando alguma coisa
dá errado. Quando o vaso entope, quando o ralo transborda ou quando falta água. A questão é
que, como fica cada vez mais evidente, inclusive pelos agravamentos trazidos pela pandemia,
o que precisamos fazer, e o que uma educação crítica, estética ou como queiramos chamar,
poderá fazer, é uma espécie de “gato” na rede.
Ao invés de procurar reformar a rede para termos um alcance maior ou para que haja
mais volume circulando, deveríamos pensar o modo como ela está desproporcionalmente
distribuída. Pensar em criar pontos, os mais “invisíveis” possíveis, e neles criar recessos,
bolsões e outras formas de recuo e fonte de alimentação. Esses repositórios, espaços de
salvaguarda de desenvolvimento intelectual, serão o efeito serrapilheira de realimentação do
ecossistema educativo, por meio deles poderemos nos aquilombar e retornar a algum lugar de
conservação, comunidade, imanência crítica e autocrítica.
Dessa forma, basicamente tudo o que vivenciamos e experimentamos são, em certo
sentido, experiências educativas (SANTOS, 2019). De modo que a aprendizagem também
significa estarmos inseridos em uma comunidade onde se compartilha o mesmo interesse, e
refletirmos sobre como somos e como nos constituímos. Este é um processo de troca de
palavras, reciprocidade e empatia pelo saber do próximo, e também é um momento de
aprendizagem.
Pensando por esse prisma, especialmente nesse contexto em que vivemos, o campo
educacional torna-se, simultaneamente, veículo e repositório da possibilidade de recuperarmos
a experiência educativa. Uma vivência mais sensibilizada, mais profunda, de cujas
consequências éticas e ético-políticas poderemos retirar as possibilidades de imaginar um
futuro. Por meio desses processos e dessa postura crítica quanto ao educar podemos vislumbrar
algum programa de transformação educativa, pedagógica e formativa.
Pensada a partir de uma racionalidade estética (ADORNO, 1982), essa experiência
co
mpreende um arco que vai desde a experiência estética, passando pelas implicações
epistemológicas e, portanto, pelas consequências éticas, e finalmente, as consequências ético-
políticas. Dessa maneira, uma educação estética parte dessas limitações à formação subjetiva,
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(Im) possibilidades da formação subjetiva: Reflexões educativas em tempos pandêmicos
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,
Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1375-1388, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.15895 1385
transformando-as em potencial expressivo e, sobretudo, transformativo. Isso acontece, pois essa
natureza estética fundamental se desenvolve colocando em movimento e entrelaçando
elementos de uma racionalidade que amadurece enquanto se aprofunda criticamente na sua
autoconsciência.
A consequência disso é uma percepção de si e uma compreensão das determinações
sociais e suas mediações, o que, por sua vez, indicaria os caminhos de uma prática individual e
social (ADORNO, 1982). Uma educação (antifascista, crítica, antirracista etc.) tem, por
categoria, que seguir o mesmo caminho.
Considerando que “A crítica não se acrescenta de fora à experiência estética, mas é-lhe
imanente” (ADORNO, 1982, p. 382). Uma educação estética, como uma abordagem que
considera necessariamente a formação subjetiva, pode se concentrar em elaborar contextos ou
campos de elastecimento, ampliação, distensionamento, alargamento etc, dos conteúdos e
possibilidades para experiências estéticas. Esses esforços vão, então, emergir às experiências
educativas, e delas o exercício de novas habilidades críticas.
Apesar de esses desenvolvimentos estarem aparentemente concentrados na dimensão da
formação subjetiva, a reflexão em relação à formação está envolvida na promoção da autonomia
num mundo e num contexto de crise ambiental, apartheid sanitário e superexploração
capitalista. Desse modo, entendemos que, na conjuntura e constelativamente, isso pode
significar pôr em movimento uma transformação do entendimento dos sentidos e do potencial
do educar nessa época de pandemia.
Considerações finais
Nosso objetivo, no contexto dessa pesquisa, foi o de tentar entender o cenário
educativo. Por meio de um diagnóstico dos processos de transformação que vieram com a
pandemia do novo coronavírus desenhamos alguns aspectos dessas transformações, fatores que
acabaram destacando processos sociais. Neste trabalho, tratamos da problemática da educação
contemporânea. Procuramos entender como um diagnóstico das condições da educação
contemporânea poderia indicar alguns processos e dinâmicas que permanecem no âmbito
educativo.
A questão central que destrinchamos diz respeito ao modo como esses elementos
ap
arecem, podem ser identificados, e também, como eles vão permanecer, sob a forma de
mudanças e transformações, especialmente com relação à formação subjetiva. De certa maneira,
elaboramos esse problema por meio do próprio diagnóstico e análise, que trouxemos e
desenvolvemos com a ajuda dos autores.
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Alex Sander da SILVA; Guilherme Orestes CANARIM e Silvana Mazzuquello TEIXEIRA
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,
Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1375-1388, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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1386
Agora, já podemos começar a ver retroativamente sintomas econômicos e, também,
éticos e políticos, dessas transformações. Entre outras situações, eles revelam o estado da
sociedade brasileira, não apenas com relação à educação, mas também com relação aos papéis
que a educação, especialmente a escola como instituição, tem que desempenhar em uma
sociedade completamente desigual, violenta, racista e estruturada sobre a desigualdade.
Assim, percebemos que esse processo diagnóstico pode sinalizar essas transformações,
os processos que transformaram a maneira da prática educativa, urgência e emergência; o modo
como os professores tiveram que passar por formações para entender as ferramentas virtuais e
digitais; o quanto os alunos também ficaram dependentes de outros tipos de dispositivos e
políticas públicas na ausência da figura institucional da escola; o modo como os laços
educativos, formativos e até afetivos, entre os estudantes e professores, tiveram impactos
bastante graves; esse desenho desses pontos das condições da educação deixou evidente como
isso impactou na formação subjetiva.
Por fim, entendemos que o problema não se esgota apenas nestes aspectos, mas
analisando e expondo-os, propomos um olhar sobre estas possíveis relações, no sentido apenas
de nos levar a alguma reflexão. Pensar a educação, em seu âmbito social, é entendê-la imersa
no contexto sociocultural da contemporaneidade, interagindo com a cultura, tanto seja no
sentido de se utilizar de determinados aspectos para a formação, quanto no de ser
imprescindivelmente influenciada pelos impactos socioeconômicos atuais.
Como salientamos anteriormente, essa é uma pesquisa qualitativa bibliográfica.
Articulamos aspectos metodológicos de dois instrumentos metodológicos de revisão, a revisão
integrativa e a narrativa. Dessa maneira, relacionamos alguns autores importantes e algumas
leituras centrais que deram a tônica da fundamentação teórica e que também nos ajudaram a
pensar categorias e conceitos. Foi por meio dessa elaboração que propusemos esse horizonte
crítico-interpretativo para as nossas análises.
Especialmente por conta dos instrumentos metodológicos que utilizamos, nós
agrupamos, conceitualmente, os aspectos essenciais dessa discussão para poder estabelecer o
panorama das análises que nós desenvolvemos. Dessa maneira, talvez uma revisão bibliográfica
sistemática pudesse ampliar o mapeamento desse diagnóstico, indicando elementos de um
diagnóstico talvez mais amplo, mais profundo, mais detalhado e pormenorizado das condições
da educação.
Isso poderia indicar outros aspectos, não somente conceituais e metodológicos, mas
t
ambém no sentido das transformações e modificações com relação à instituição propriamente
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(Im) possibilidades da formação subjetiva: Reflexões educativas em tempos pandêmicos
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,
Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1375-1388, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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da escola; salientando como as práticas educativas, formais e não formais, foram afetadas neste
período de pandemia e o que isso sinaliza.
AGRADECIMENTOS:
Este artigo constitui um desdobramento de uma pesquisa financiada
pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), com coautoria
de uma pesquisa financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq). Nosso agradecimento se faz presente às instituições pelo aparato
financeiro e ao Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação, Formação Cultura e Sociedade
(GEFOCS/UNESC).
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Como referenciar este artigo
SILVA, A. S.; CANARIM, G. O.; TEIXEIRA, S. M. (Im) possibilidades da formação subjetiva:
Reflexões educativas em tempos pandêmicos.
Revista Ibero-Americana de Estudos em
Educação
, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1375-1388, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587. DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.15895
Submetido
em
: 15/01/2022
Revisões requeridas
: 06/03/2022
Aprovado em
: 19/04/2022
Publicado em
: 30/06/2022
Processamento e edição: Editoria Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, padronização e tradução.
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(Im) posibilidades de formación subjetiva: Reflexiones educativas en tiempos de pandemia
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,
Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1378-1392, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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(IM) POSIBILIDADES DE FORMACIÓN SUBJETIVA: REFLEXIONES
EDUCATIVAS EN TIEMPOS DE PANDEMIA
(IM) POSSIBILIDADES DA FORMAÇÃO SUBJETIVA: REFLEXÕES EDUCATIVAS
EM TEMPOS PANDÊMICOS
(IM) POSSIBILITIES OF SUBJECTIVE FORMATION: EDUCATIONAL
WEIGHTINGS IN PANDEMIC TIMES
Alex Sander da SILVA
1
Guilherme Orestes CANARIM
2
Silvana Mazzuquello TEIXEIRA
3
RESUMEN
: El presente artículo investiga la problemática de la condición de emergencia de
la educación en tiempos de pandemia, especialmente en cuanto al significado de las
(im)posibilidades de formación subjetiva. Mientras tanto, esbozamos algunos elementos de las
implicaciones educativas del escenario pandémico del nuevo coronavirus. De esta manera, se
esboza un diagnóstico de las transformaciones sociales y educativas en el contexto actual y se
discute de qué manera esto señala algo sobre el proceso de formación subjetiva. La
investigación es bibliográfica, con aspectos de revisión integradora. Así, traemos al texto,
autores que ya venimos estudiando, para una interlocución con nuevos comentaristas, que
aportan elementos de contextualización para formar panorama del escenario educativo actual.
De este modo, entendemos que el recrudecimiento de la situación educativa es un signo del
avance de un cuadro más grave y agudo establecido globalmente. Una condición social y
civilizatoria, muy agravada, por el modelo social, ético y económico-político, que permea todas
las dimensiones en nuestro mundo contemporáneo (lo que, consecuentemente, tiene fuertes
impactos en las posibilidades de formación subjetiva).
PALABRAS CLAVE
: Educación. Formación subjetiva. Pandemia. Enseñanza.
RESUMO
: O presente artigo investiga a problemática da condição emergencial da educação
em tempos pandêmicos, sobretudo no que tange ao significado das (im)possibilidades da
formação subjetiva. Nesse ínterim, delineamos alguns elementos das implicações educativas
do cenário da pandemia do novo coronavírus. Delineia-se um diagnóstico das transformações
sociais e educacionais no contexto atual e discute-se de que maneira isso sinaliza algo sobre
os processos da formação subjetiva. A pesquisa se apresenta bibliográfica, com aspectos de
revisão integrativa. Assim, trazemos autores que já vínhamos estudando juntamente com novos
comentadores, que trazem elementos de contextualização para formar panorama do cenário
1
Universidad del Extremo Sur de Santa Catarina (UNESC), Criciúma – SC – Brasil. Profesor Investigador del
Programa de Posgrado en Educación (PPGGE). Doctorado en Educación (PUCRS). ORCID:
https://orcid.org/0000-0002-0945-9075. E-mail: alexsanders@unesc.net
2
Centro Universitario Leonardo Da Vinci (UNIASSELVI), Criciúma – SC – Brasil. Estudiante de Graduación en
Filosofía. Becario CNPq. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-9021-9799. E-mail: gocanarim@gmail.com
3
Universidad del Extremo Sur de Santa Catarina (UNESC), Criciúma – SC – Brasil. Estudiante de Maestría del
Programa de Posgrado en Educación (PPGGE). ORCID: http://orcid.org/0000-0002-1243-4266. E-mail:
silvanamazzuquello6@gmail.com
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Alex Sander da SILVA; Guilherme Orestes CANARIM y Silvana Mazzuquello TEIXEIRA
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,
Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1378-1392, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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educativo atual. Desse modo, entendemos que o recrudescimento da situação educativa é sinal
do avanço de um quadro mais grave globalmente estabelecido. Uma condição social e
civilizatória, grandemente agravada, pelo modelo social, ético e econômico-político, que
permeia todas as dimensões no mundo contemporâneo e, consequentemente, tem fortes
impactos sobre as possibilidades de formação subjetiva.
PALAVRAS-CHAVE
: Educação. Formação subjetiva. Pandemia. Ensino.
ABSTRACT
:
The present article investigates the question of the emergent condition of
education in pandemic times, especially regarding the meaning of the (im)possibilities of
subjective formation. Meanwhile, we outline some elements of the educational implications of
the pandemic scenario of the new coronavirus. In this way, we outline a diagnosis of the social
and educational transformations in the current context and discuss how this indicates
something about the processes of subjective formation. The research is bibliographic, with
aspects of integrative review. Thus, we bring to the text authors that we have already been
studying, for an interlocution with new commentators, who bring elements of contextualization
to form a panorama of the current educational scenario. In this way, we understand that the
recrudescence of the educational situation is a sign of the advance of a more serious and severe
situation globally established. A social and civilizing condition, greatly aggravated, by the
social, ethical and economic-political model, which permeates all dimensions in our
contemporary world (which, consequently, has strong impacts on the possibilities of subjective
formation).
KEYWORDS
: Education. Subjective formation. Pandemic. Teaching.
Introducción
Como señalan Schmidt
et al
. (2020), la actual crisis sanitaria [...] es la mayor emergencia
de salud pública a la que se enfrenta la comunidad internacional en décadas (p. 62). Esta
situación incluye riesgo sanitario, procesos sociales y contingencias previas, explicadas por la
evolución de esta crisis, así como otros factores engendrados en este contexto. Factores que van
mucho más allá del alcance de la salud física de los individuos. Todo esto abre aspectos sociales
que resaltan los contrastes y estructuras de una sociedad compleja y preñado de paradojas.
En general, entendemos que la contingencia de la crisis del nuevo coronavirus ha
devuelto rupturas, consecuencias y cruces. Intensificando y reafirmando muchos aspectos
sociales y socioeconómicos que ya estaban a raíz de una lógica neoliberal, esta crisis retomó y
actualizó procesos, y dio nuevas posiciones y significados a problemas no tan recientes
(ANGELI-SILVA
et al
., 2021).
Durante esta investigación exploramos y discutimos algunos impactos de este escenario
en la enseñanza brasileña, que, en este escenario de pandemia, se volvió aún más frágil. Nos
enfocamos especialmente en discutir límites, posibilidades y potencialidades de formación
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(Im) posibilidades de formación subjetiva: Reflexiones educativas en tiempos de pandemia
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,
Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1378-1392, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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subjetiva, entendidas aquí, como una noción que problematiza la idea de
bildung
o la formación
cultural, ampliando su alcance y repensando las interlocuciones entre la subjetividad
contemporánea y los procesos formativos actuales (SILVA, 2020; SILVA; AZEREDO;
BITTENCOURT, 2016; SILVA; BERNARDO, 2020; SILVA; MWEWA; CABRAL, 2017;
SILVA; OLIVEIRA, 2021).
Por lo tanto, comprender las múltiples implicaciones de los procesos formativos y sus
cuevas más particulares puede llevarnos a una comprensión profunda de los aspectos vitales de
la sociedad contemporánea. Las posturas éticas, educativas y económicas pueden apuntarnos a
los elementos que serán necesarios para actualizar los proyectos formativos a pensar en los
tiempos contemporáneos en relación con el futuro.
En vista de ello, nuestros objetivos específicos son: esbozar algunas de las
transformaciones sociales y educativas en el contexto actual y discutir las formas en que este
diagnóstico puede indicar algunas pistas sobre los procesos que impregnan el campo
educativo/subjetivo y sus relaciones con la formación subjetiva.
Nuestra investigación se configura como una investigación esencialmente bibliográfica,
utilizamos particularmente el enfoque de revisión integradora. Es una investigación crítico-
interpretativa y descriptiva-exploratoria. Esto significa, entre otras cosas, que esbozamos
algunos aspectos de las transformaciones en el escenario social y educativo para ver
simultáneamente posibilidades conceptuales y teórico-metodológicas en relación con la posible
formación en este contexto.
Así, presentamos, en la primera subdivisión, algunas categorías fundamentales de una
comprensión de la formación, así como presentamos características y roles fundamentales de la
educación. En la segunda sección, trazamos algunas articulaciones de estas categorías para
pensar las (im)posibilidades de la educación como proceso formativo, interrelacionando
discusiones sobre el desmantelamiento escolar, vaciando los significados de educar y
desplegando una educación crítica y estética.
La condición de emergencia de la educación: algunos componentes de la educación como
contexto emergente
Anamnesis o preguntas iniciales para un diagnóstico
La pandemia, según Babrosa y Cunha (2020), con su contingencia, puso de manifiesto
graves problemas educativos, y la educación ganó, por diversas razones, una amplitud para la
expresión de lo que ya estaba latente. En estas circunstancias, es esencial cuestionar estos
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,
Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1378-1392, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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desarrollos, cuál es la racionalidad detrás de estas acciones destructivas en relación con la
educación, y reconocer una persistente instrumentalización y objetivación de los procesos
educativos, los individuos y sus relaciones con la educación.
En estos procesos, la educación, especialmente en la escuela, se introduce en una
cadena, en la que se convierte en otro de los productos en la estantería para aquellos que pueden
permitírselo. Esta dinámica mantiene los ciclos de exclusión y explotación, y con ellos, las
desigualdades y contrastes propios del capitalismo tardío. Todo este contexto de mantener
ciclos desiguales, romper la educación pública, encontrar educación para el capital
(MÉSZÁROS, 2005). Así, los excluidos y los menos favorecidos permanecen al margen y el
derecho básico a la educación se vende como un privilegio.
Esto exacerba un problema que habíamos enfrentado antes de la pandemia: el hecho es
que se ha convertido en un hábito, incluso entre muchos maestros y teóricos de la educación,
renunciar a la posibilidad de discutirlo y tratar de entenderlo fuera de una jerga capitalista-
neoliberal. Según Silva y Bernardo (2020), actualmente existe una cierta inclinación, que
progresivamente subsume la reflexión teórica a cambio de acciones más "concretas". En este
contexto, lo que ha predominado es cada vez más el dominio de la masificación cultural, el
oscurantismo y el negacionismo, fruto, en mayor o menor medida, de esta apropiación indebida
de la educación.
Así, podemos decir que las relaciones de conocimiento y prácticas pedagógicas siguen
siendo un campo de disputa. Sin embargo, como educadores progresistas tenemos que pensar
que, a través de la educación, los sujetos tienen sus experiencias del mundo, crean su cultura, y
al educarse a sí mismos, participando en el proceso de elaboración del conocimiento, se
construyen a sí mismos y a su mundo (FREIRE, 2005).
El aspecto institucional
En Brasil, actualmente, el papel de la educación va mucho más allá de su función
pedagógica adecuada, especialmente en el sistema de educación formal. Según Lokcmann
(2013):
[...] con el surgimiento del neoliberalismo brasileño y la constitución
relacionada de la inclusión como un imperativo estatal, podemos presenciar la
proliferación de Políticas de Asistencia Social en Brasil, junto con un
fenómeno que puede llamarse Educacionalización. Tales políticas, al utilizar
la educación escolar como un lugar privilegiado de eficacia, producen una
redefinición de las funciones de la escuela pública en una sociedad del
aprendizaje, ampliando considerablemente sus funciones que enfatizan
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(Im) posibilidades de formación subjetiva: Reflexiones educativas en tiempos de pandemia
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,
Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1378-1392, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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fuertemente la gobernanza de las conductas, con el fin de producir un cambio
en lo que se entiende por conocimiento escolar.
Este proceso de aumento del alcance de la función social de la escuela, como parte de
una cierta política neoliberal, ya apunta a un cambio importante en los posibles significados de
educar. Además, indica claramente la sobrecarga de la escuela como institución. Las personas,
desde una edad temprana, ya van a la escuela con sus pensamientos sobre el mercado laboral,
en busca de una rentabilidad óptima. Mucho más ahora, incluso, con clases de emprendimiento
en el nuevo instituto. Por lo tanto, la principal preocupación del estudiante, y de la familia del
estudiante, es la preparación para el empleo, compactándose con el engranaje incansable del
capitalismo desenfrenado, que crea malas condiciones de trabajo y competitividad.
Es importante señalar que el papel formativo de la escuela no solo abarca a los
estudiantes, sino a todos los involucrados en el contexto educativo. Además de ser un espacio
de socialización y formación, también es un área que, como comunidad escolar, tiene
dimensiones propias. Todos son sujetos del proceso, y todos ayudan en la construcción del
conocimiento. Así, nada se transfiere, sino que se construye, formando y reformulando,
entonces,
[...] es necesario que, por el contrario, desde los inicios del proceso, se haga
cada vez más claro que, aunque diferentes entre sí, quién forma y reforma al
formar y quién se forma se forma y se forma cuando se forma. [...] No hay
enseñanza sin discurso, los dos se explican a sí mismos y sus sujetos, a pesar
de las diferencias, no se reducen a la condición de objeto del otro (FREIRE,
2021, p. 25).
Las formaciones y reformulaciones necesarias son más explícitas en tiempos difíciles,
como en los actuales tiempos de pandemia, en los que, debido al nuevo coronavirus, sectores
de diversas áreas tuvieron que cesar y modificar, drástica y repentinamente, sus actividades.
Entre ellos, los departamentos educativos, que tuvieron que recurrir a estrategias de emergencia
para mantener condiciones mínimas de educación.
Las escuelas y universidades se cerraron y las clases se reubicaron en el formato en
línea. En este período de transición, se produjeron muchas transformaciones a nivel nacional y
educativo, así como un aumento de las críticas en relación con la enseñanza y la educación
formal y la institución de la nueva escuela secundaria. Sobre los procesos de educación de
emergencia que se movilizaron al comienzo de este período de pandemia, Vieira y Ricci (2020,
p. 2) escriben lo siguiente:
Este paro obligatorio inevitablemente puso en el centro del debate educativo,
el uso de tecnologías educativas para realizar actividades escolares no
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Alex Sander da SILVA; Guilherme Orestes CANARIM y Silvana Mazzuquello TEIXEIRA
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,
Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1378-1392, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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presenciales. Es importante destacar, en este primer momento, que la
provisión de herramientas en línea para la realización de actividades no
presenciales está alejada del concepto de Educación a Distancia. (EAD). Sin
embargo, dada la situación de emergencia, los Gobiernos Estatales y
Municipales, prescinden de la estructura necesaria para la práctica de EAD, se
enfrentaron a la necesidad de centrar los esfuerzos en preparar a los docentes
para el desarrollo de situaciones de aprendizaje a distancia, que generalmente
están siendo mediadas por el uso de tecnologías. Por ello, los docentes
demandan la capacidad de experimentar, innovar, sistematizar estos
conocimientos y evaluar el proceso de aprendizaje de sus alumnos, haciendo
el mejor uso posible de estas herramientas, cuyo uso, para muchos, era antes
desconocido.
Luego, con la llegada de esta realidad, los docentes tuvieron que reinventarse, renovar
sus prácticas y volver a capacitarse aún más, para que la enseñanza-aprendizaje siguiera siendo
efectiva. A través de experimentos, nuevas perspectivas y desfiles pedagógicos, se desplegaron
para tratar de mantener la calidad de la enseñanza. Por otro lado, muchos estudiantes no se
dedicaron efectivamente al estudio, pensando solo en adquirir el diploma para que pronto
pudieran ingresar al mercado laboral. Todo ello ha generado, en consecuencia, pocas acciones
buscando el conocimiento, la construcción cultural y social, consintiendo, aunque sea
inconscientemente, el desmantelamiento que se ha programado, y con la lógica del capital.
Paralelamente a esta realidad, está la proyección de la enseñanza al mercado, criticada
por la perspectiva de la educación más allá del capital y la discusión de que el embrutecimiento
y el desinterés se programan a través del currículo y las metodologías. La educación, aún hoy,
vive su paradoja. Por un lado, ofrecer dispositivos que posibiliten la resistencia crítica, y por
otro, contribuir al mantenimiento del modelo de conformación cultural impuesto por la
ideología dominante.
Por lo tanto, la educación y la educación pueden considerarse como continuidad
constitutiva. Es el proceso constante de adquisición y aprehensión de la cultura, a través del
cual entendemos la constitución de la característica de la humanidad en los seres humanos. Es
decir, una parte fundacional del significado mismo de la formación del sujeto viene en relación
con su determinado entorno sociocultural, teniendo como importante puerta de entrada la
experiencia.
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(Im) posibilidades de formación subjetiva: Reflexiones educativas en tiempos de pandemia
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,
Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1378-1392, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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El carácter (r)evolutivo
La educación tiene una función central en las luchas de resistencia, ya que pretende
contribuir a la construcción y fortalecimiento de la ciudadanía, superando la violencia y la
discriminación. Puede contribuir al reconocimiento y la defensa de los derechos fundamentales,
que son pilares de la democracia. Además, a través de ella, se pueden disolver los mecanismos
de represión, fortaleciendo los medios de defensa contra la barbarie. Más que un derecho
humano, es esencial en la formación cultural, intelectual y social de los individuos. Con esta
importante herramienta, se apoya para que los sujetos se vuelvan críticos y emancipados, para
convertirse en una parte saludable del cuerpo social.
La educación es una herramienta esencial en el desarrollo de capacidades y la formación
social, para que las personas tengan la oportunidad y el coraje de enfrentar los desafíos y
complejidades de la vida, la cultura, la economía y la sociedad (UNESCO, 2010). La enseñanza
está asociada a procesos de comunicación e interacción, que fortalecen la práctica social y
sociocultural. Además, la educación tiene poder curativo, integra a los individuos insertos en
su red, empodera y potencia a los sujetos, contribuyendo fuertemente a la liberación de los
oprimidos.
Tiene como uno de sus logros influir, a través de diversas intervenciones, en las que se
imbrican las intenciones educativas, que implican elecciones, valores, ética y amor. "La
educación es un acto de amor y, por lo tanto, un acto de coraje. No se puede temer al debate. El
análisis de la realidad. No puedes escapar a la discusión creativa, no hay penalización de ser
una farsa". (FREIRE, 2019, p. 127). Es fundamental en las relaciones sociales y la conciencia
de la población sobre sus derechos y deberes, así como una acción para esperar y delinear
perspectivas de futuro, aunque algunos piensen que soñar y realizar sueños es un privilegio
(FREIRE, 2019). La educación es un compromiso con la libertad y la formación para el
ejercicio de la ciudadanía.
La protección del derecho de acceso a la educación para todos está directamente
vinculada a la justicia social y la equidad, funcionando como un apoyo para la inclusión social
y la reducción de la pobreza y las desigualdades. Por lo tanto, es necesario respetar las
condiciones culturales de los estudiantes. Desarrollar un diagnóstico histórico-económico y
pensar en la práctica educativa emancipadora, porque "la única realización efectiva de la
emancipación es que los interesados en esta dirección guíen toda su energía para que la
educación sea una educación para la contestación y la resistencia" (ADORNO, 2021, p. 200),
así como para el respeto y la comprensión de las diversas culturas y formaciones.
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Alex Sander da SILVA; Guilherme Orestes CANARIM y Silvana Mazzuquello TEIXEIRA
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(Im)posibilidades y (per)formaciones
A partir de este diagnóstico, podemos permitirnos ver aspectos más básicos y
fundamentales de los procesos y transformaciones sociales y educativas que se han
incrementado en este periodo de pandemia. Además, tenemos la oportunidad de vislumbrar
otros factores que señalan cambios que influyen en nuestras condiciones educativas en este
período, y dejarán marcas imborrables. En este caso, sería el momento de ver cuestiones más
contingentes y fugaces de aquellas que son más consistentes e inmanentes, que se refieren a la
génesis y la naturaleza más profunda de nuestra sociedad (SOUSA SANTOS, 2020).
La noción de formación subjetiva
Para el humanismo de los siglos XVIII y XIX, la formación de los individuos se
caracterizó por "un fin en sí mismo", con el objetivo de llevar a cabo la construcción del ser
humano ideal. Así, su autonomía, su dignidad y su condición moral podrían desarrollarse a
partir del "cultivo de sí mismo". La característica central de esta noción de formación fue el
énfasis en la autonomía del sujeto, a través de una formación amplia.
Mientras tanto, el concepto de
Bildung
se introdujo en el idealismo alemán, como la
necesidad de poner en actividad todas las fuerzas del ser humano para desarrollarlo. Este
término polisémico ha sido pensado en sus diversos aspectos y sus posibles significados como:
formación (en un sentido amplio), formación cultural y formación subjetiva (SILVA, 2020;
SILVA; AZEREDO; BITTENCOURT, 2016; SILVA; BERNARDO, 2020; SILVA;
MWEWA; CABRAL, 2017; SILVA; OLIVEIRA, 2021).
Siguiendo esta lógica, este concepto ha tomado diferentes direcciones, y encuentra
relevancia en la forma en que articula la relación inmanente de los conceptos de cultura,
sociedad y educación. Es en este contexto que la formación subjetiva puede contribuir a una
comprensión de los procesos educativos: destacando y distinguiendo los procesos de
subjetivación de las relaciones de poder, sus fundamentos ético-políticos reproducidos en el
ámbito educativo, y también destacando pistas sobre el papel de estos imperativos en el
horizonte de la educación contemporánea.
En la prueba de Teoría de la Semiformación (ADORNO, 1996), Adorno señala que, en
el capitalismo tardío y, sobre todo, a partir de la totalización de la dominación social, no sólo
se vería comprometida esta formación subjetiva, sino las diversas dimensiones de la vida. Para
Adorno,
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Los síntomas del colapso de la formación cultural que se observan en todas
partes, incluso en el estrato de las personas educadas, no se agotan por las
insuficiencias del sistema y los métodos de educación, bajo la crítica de las
generaciones sucesivas. Las reformas pedagógicas aisladas, aunque
indispensables, no aportan contribuciones sustanciales. Incluso pueden, en
ocasiones, reforzar la crisis, porque suavizan las demandas necesarias que se
deben hacer a quienes deben ser educados y porque revelan una inocente
despreocupación por el poder que la realidad extra pedagógica ejerce sobre
ellos (ADORNO, 1996, p. 2).
Así, para este autor, a pesar de todos los avances tecnológicos, y del desarrollo de las
reformas educativas, todavía no estamos lo suficientemente preparados para eliminar los
síntomas semiformativos. Tales síntomas no son aleatorios o espontáneos, sino que son el fruto
de una lógica altamente planificada, que insiste en permanecer. Una instrumentalidad y
racionalidad.
En este sentido, la formación subjetiva tiene un papel fundamental que cumplir, si se
dirige a una "autorreflexión crítica" de la propia educación, cuestionando la posibilidad de otras
experiencias educativas. Es importante recordar que educar para la educación subjetiva no es
sólo permitir el acceso a la escuela para todos, sino elaborar conjuntamente direcciones,
itinerarios y caminos formativos que satisfagan las demandas de dicha formación.
Asumiendo que tanto los sujetos como los objetos tienen momentos objeto y subjetivos,
este enfoque puede componer una descripción de la dinámica de la retroalimentación sujeto-
objeto y también aclarar los procesos de formación subjetiva. Teniendo en cuenta esta
capacidad de leer la dinámica subjetivo-objetiva en su movimiento, nos ayuda a comprender
cada vez más profundamente las dinámicas de formación subjetiva y social.
No se trata de idealizar la educación, sino de considerar el peligro contemporáneo de
una
desensibilización
de los sentidos y el papel central de la educación en nuestra sociedad. Se
trata de destacar el papel de la educación y su tarea de pensar las experiencias de enseñanza y
aprendizaje como los dispositivos para la constitución de una nueva sociedad potencial. En este
aspecto, los significados de la educación y la formación subjetiva se pueden rastrear a través de
múltiples planos y cruces, involucrados en la constante elaboración y colaboración en los
procesos educativos por venir.
Experiencia educativa/subjetiva
La educación, por tanto, se configura como una experiencia de múltiples dimensiones
formativas. No solo queremos hablar de enseñanza y aprendizaje, sino también destacar
aspectos que conforman las (im)posibilidades educativas, tanto institucionales como
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Alex Sander da SILVA; Guilherme Orestes CANARIM y Silvana Mazzuquello TEIXEIRA
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individuales y subjetivas. Se trata de plantear una mirada crítica, capaz de reconstruir y
recomponer nuevos significados de un imaginario educativo y, por tanto, ético-político. En
nuestra opinión, este nuevo escenario recrea viejas tramas, tramas de interdicciones y silencios,
pero también reelabora posibilidades y nuevas condiciones, que movilizan vislumbres,
vislumbres y oportunidades. Es necesario, en primer lugar, descargar el tránsito de ideas,
descargar los ríos de pensamiento, desatascar la fontanería (teoría) de nuestra praxis.
La teoría es, en un sentido metafórico, esta fontanería (ŽIŽEK, 2017). Es decir, en lugar
de ser algo extraño o ajeno a la materialidad y concreción de nuestra vida, es ella quien sostiene
todas las dimensiones del funcionamiento de la sociedad, pone sus figuraciones e ideologías
mundiales y pone a disposición aleatoriamente la nutrición y la gestión de residuos de esa
misma sociedad. Incluso podríamos, arriesgando un poco, trazar un paralelismo entre la falta
de saneamiento, la precariedad subjetiva y la marginación.
La mayoría de nosotros no prestamos atención a la plomería, a menos que cuando algo
salga mal. Cuando el jarrón se obstruye, cuando el desagüe se desborda o cuando falta agua. La
cuestión es que, a medida que se hace cada vez más evidente, incluyendo los agravamientos
que trae la pandemia, lo que tenemos que hacer, y lo que puede hacer una educación crítica,
estética o como queremos llamarla, es una especie de "gato" en la red.
En lugar de tratar de reformar la red para tener un alcance más amplio o para que circule
más volumen, deberíamos pensar en cómo se distribuye de manera desproporcionada. Piensa
en crear puntos, los más "invisibles" posibles, y en ellos crea huecos, bolsillos y otras formas
de retroceso y suministro de energía. Estos repositorios, áreas para salvaguardar el desarrollo
intelectual, serán el efecto de basura de la retroalimentación del ecosistema a través de ellos,
podremos quilombearnos y volver a algún lugar de conservación, comunidad, inmanencia
crítica y autocrítica.
Así, básicamente todo lo que experimentamos y experimentamos son, en cierto sentido,
experiencias educativas (SANTOS, 2019). Por lo tanto, aprender también significa insertarse
en una comunidad donde compartimos el mismo interés y reflexionar sobre cómo somos y cómo
nos convertimos. Este es un proceso de intercambio de palabras, reciprocidad y empatía por el
conocimiento de los demás, y también es un momento de aprendizaje.
Pensando desde esta perspectiva, especialmente en este contexto en el que vivimos, el
ámbito educativo se convierte, simultáneamente, en vehículo y depositario de la posibilidad de
recuperar la experiencia educativa. Una experiencia más sensibilizada, más profunda, cuyas
consecuencias éticas y ético-políticas pueden eliminar las posibilidades de imaginar un futuro.
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Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1378-1392, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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A través de estos procesos y esta actitud crítica respecto a la educación podemos vislumbrar
algún programa de transformación educativa, pedagógica y formativa.
Pensada desde una racionalidad estética (ADORNO, 1982), esta experiencia comprende
un arco que va desde la experiencia estética, pasando por las implicaciones epistemológicas y,
por tanto, por las consecuencias éticas, y finalmente, las consecuencias ético-políticas. Así, una
educación estética forma parte de estas limitaciones a la formación subjetiva, transformándolas
en potencial expresivo y, sobre todo, transformador. Esto sucede, porque esta naturaleza estética
fundamental se desarrolla moviendo y entrelazando elementos de una racionalidad que madura
a medida que se profundiza críticamente en su autoconciencia.
La consecuencia de esto es una percepción de uno mismo y una comprensión de las
determinaciones sociales y sus mediaciones, que, a su vez, indicarían los caminos de una
práctica individual y social (ADORNO, 1982). Una educación (antifascista, crítica, antirracista,
etc.) tiene, por categoría, que seguir el mismo camino.
Mientras que "la crítica no se añade desde el exterior a la experiencia estética, sino que
es inmanente a ella" (ADORNO, 1982, p. 382). Una educación estética, como enfoque que
necesariamente considera la formación subjetiva, puede centrarse en elaborar contextos o
campos de difusión, ampliación, distensión, ampliación, etc., de los contenidos y posibilidades
de las experiencias estéticas. Estos esfuerzos surgirán entonces a las experiencias educativas, y
de ellas el ejercicio de nuevas habilidades críticas.
Aunque estos desarrollos aparentemente se concentran en la dimensión de la formación
subjetiva, la reflexión en relación con la formación está involucrada en la promoción de la
autonomía en un mundo y en un contexto de crisis ambiental, apartheid sanitario y
sobreexplotación capitalista. Así, entendemos que, en la coyuntura y constelación, esto puede
significar poner en marcha una transformación de la comprensión de los sentidos y el potencial
de educar en este tiempo de pandemia.
Consideraciones finales
Nuestro objetivo, en el contexto de esta investigación, fue tratar de entender el
escenario educativo. A través de un diagnóstico de los procesos de transformación que vinieron
con la pandemia del nuevo coronavirus diseñamos algunos aspectos de estas transformaciones,
factores que terminaron destacando los procesos sociales. En este trabajo, abordamos el
problema de la educación contemporánea. Tratamos de entender cómo un diagnóstico de las
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Alex Sander da SILVA; Guilherme Orestes CANARIM y Silvana Mazzuquello TEIXEIRA
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,
Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1378-1392, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.15895 1389
condiciones de la educación contemporánea podría indicar algunos procesos y dinámicas que
permanecen en el ámbito educativo.
La pregunta central que no abordamos se refiere a cómo aparecen estos elementos,
cómo se pueden identificar y, también, cómo permanecerán, en forma de cambios y
transformaciones, especialmente en relación con la formación subjetiva. En cierto modo,
elaboramos este problema a través del diagnóstico y análisis en sí, que trajimos y desarrollamos
con la ayuda de los autores.
Ahora podemos comenzar a ver retroactivamente síntomas económicos y también
éticos y políticos de estas transformaciones. Entre otras situaciones, revelan el estado de la
sociedad brasileña, no sólo en relación con la educación, sino también en relación con los roles
que la educación, especialmente la escuela como institución, tiene que desempeñar en una
sociedad completamente desigual, violenta, racista y estructurada sobre la desigualdad.
Así, nos damos cuenta de que este proceso diagnóstico puede señalar estas
transformaciones, los procesos que transformaron el camino de la práctica educativa, la
urgencia y la emergencia; cómo los docentes tuvieron que pasar por una capacitación para
comprender las herramientas virtuales y digitales; cómo los estudiantes dependientes también
dependían de otro tipo de dispositivos y políticas públicas en ausencia de la figura institucional
de la escuela; la forma en que los vínculos educativos, formativos e incluso afectivos entre
estudiantes y docentes han tenido impactos muy graves; este dibujo de estos puntos de las
condiciones de la educación hizo evidente cómo esto impactaba en la formación subjetiva.
Finalmente, entendemos que el problema no solo se agota en estos aspectos, sino que
al analizarlos y exponerlos, proponemos una mirada a estas posibles relaciones, en el sentido
de solo llevarnos a alguna reflexión. Pensar la educación, en su ámbito social, es entenderla
inmersa en el contexto sociocultural de la contemporaneidad, interactuando con la cultura, tanto
en el sentido de utilizar ciertos aspectos para la formación, como en estar intachablemente
influenciada por los impactos socioeconómicos actuales.
Como señalamos anteriormente, se trata de una investigación bibliográfica cualitativa.
Articulamos aspectos metodológicos de dos instrumentos metodológicos de revisión, revisión
integradora y narrativa. Así, relacionamos algunos autores importantes y algunas lecturas
centrales que dieron la nota clave de la fundamentación teórica y que también nos ayudaron a
pensar categorías y conceptos. Fue a través de esta elaboración que propusimos este horizonte
crítico-interpretativo para nuestros análisis.
Especialmente por los instrumentos metodológicos que utilizamos, agrupamos
conceptualmente los aspectos esenciales de esta discusión para poder establecer el panorama
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Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1378-1392, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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