image/svg+xml
O Programa Conectar Igualdad analisado a partir do construtivismo crítico de Andrew Feenberg
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1263-1278, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15897
1263
O PROGRAMA CONECTAR IGUALDAD ANALISADO A PARTIR DO
CONSTRUCTIVISMO CRÍTICO DO ANDREW FEENBERG
EL PROGRAMA CONECTAR IGUALDAD DESDE EL CONSTRUCTIVISMO CRÍTICO
DE ANDREW FEENBERG
THE PROGRAM CONECT IGUALDAD ANALYZED FROM ANDREW FEENBERG'S
CRITICAL CONSTRUCTIVISM
Lucila DIDIER
1
Verónica Sofía FICOSECO
2
Edvaldo SOUZA COUTO
3
RESUMO
:
O objetivo do artigo foi analisar a estrutura e a lógica de funcionamento do
Programa Conectar Igualdad (PCI), desenvolvido na Argentina entre 2011 e 2018, a partir da
perspectiva do construtivismo crítico de Andrew Feenberg, para discutir aspectos desta política
pública com foco nos processos de democratização e transformação tecnológica. O método
usado foi o qualitativo, descritivo e analítico. O estudo concluiu que o PCI foi um programa de
grande importância em relação com outras políticas da área, podem se identificar na sua
implementação algumas dificuldades em relação a democratização tecnológica já que o
programa reproduz lógicas de importação de tecnologias, de distribuição de equipamentos e de
compra de licenças privativas. Ainda assim, remarca-se a intencionalidade do programa e das
políticas anexas de caminhar para a soberania tecnológica.
PALAVRAS-CHAVE
: Projeto Conectar Igualdad. Política pública. Tecnologia educacional.
Andrew Feenberg.
RESUMEN
:
El objetivo del artículo fue analizar la estructura y la lógica de funcionamiento
del Programa Conectar Igualdad (PCI), desarrollado en Argentina entre los años 2011 y 2018,
desde la perspectiva del constructivismo crítico de Andrew Feenberg, a los fines de analizar
aspectos salientes de este dicho programa a partir del foco en los procesos de democratización
y transformación tecnológica. El método usado fue el cualitativo, descriptivo y analítico. Se
concluye, que sí bien el PCI fue un programa de tamaña importancia en relación a otras
políticas del área, pueden identificarse en su implementación ciertas dificultades en relación a
la democratización tecnológica ya que reproduce lógicas de importación de tecnología, de
distribución de equipamientos y de compra de licencias privadas. Aún así, se remarca la
intención del programa y de políticas anexas de caminar hacia la soberanía tecnológica.
1
Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador
–
BA
–
Brasil. Doutoranda no Programa de Pós-Graduação
em Educação. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-2561-8662. E-mail: didierlucila@gmail.com
2
Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador
–
BA
–
Brasil. Brasil. Professora Visitante no Programa de
Pós-Graduação em Educação. Doutorado em Comunicação (UNLP)
–
Argentina. ORCID: https://orcid.org/0000-
0003-1397-1968. E-mail: vsficoseco@gmail.com
3
Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador
–
BA
–
Brasil. Professor Titular no Departamento de Educação
II. Doutorado em Educação (UNICAMP). Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq - Nível 2. ORCID:
https://orcid.org/0000-0002-2648-9399. E-mail: edvaldosouzacouto@gmail.com
image/svg+xml
Lucila DIDIER; Verónica Sofía FICOSECO e Edvaldo SOUZA COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1263-1278, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15897
1264
PALABRAS CLAVE
: Proyecto Conectar Igualdad. Política pública. Tecnología educativa.
Andrew Feenberg.
ABSTRACT
: The objective of the article is to analyze the structure and the logic of operation
of the Conectar Igualdad Program (PCI) developed in Argentina between 2011 and 2018 from
the perspective of Andrew Feenberg's critical constructivism, in order to analyze salient aspects
of said program with the focus on the processes of democratization and technological
transformation. The method used was qualitative, descriptive and analytical. It is concluded
that although the PCI was a program of such importance in relation to other policies in the
area, certain difficulties can be identified in its implementation in relation to technological
democratization since it reproduces logics of importing technology, distributing equipment and
purchase of private licences. Even so, the intention of the program and related policies to walk
towards technological sovereignty is highlighted.
KEYWORDS
: Conectar Igualdad Program. Public politics. Educative technology. Andrew
Feenberg.
Introdução
Desde os tempos antigos há uma estreita relação entre tecnologias e sociedades, assim,
as formas de abordar fenômenos técnicos e as discussões sobre como são concebidas tornam-
se parte do cenário cotidiano, em sociedades onde a tecnologia está cada vez mais presente e
onde parece cada vez mais complexo poder falar sobre esses fenômenos separadamente
(NASSRI; COUTO, 2021).
Parte dessa complexidade está localizada nos debates teóricos, especialmente entre essas
linhas de corte mais essencialista em oposição a linhas mais construtivistas, que postulam
diferentes formas de abordagem técnica. As teorias essencialistas (FEENBERG, 1999) são
aquelas para as quais a tecnologia não constitui um fim em si mesma, mas adquire o caráter de
uma experiência totalizadora do mundo da vida; ou seja, torna-se um ambiente e um modo de
vida. Para Feenberg (1999), as teorias essencialistas consideram a técnica como um novo tipo
de sistema cultural, que reestrutura todo o mundo social e o torna um objeto de dominação. Por
outro lado, teorias construtivistas reforçam a ideia de que a tecnologia e a sociedade co-
constroem umas às outras, em uma interação constante resultante de negociações constantes
que acabam gerando uma montagem sociotécnica ou um tecido perfeito. Neste quadro, Andrew
Feenberg (1991) apresenta sua teoria crítica, ou construtivismo crítico, como uma alternativa
atualizada para analisar a técnica: "através de uma crítica holística da tecnologia e de uma teoria
sobre suas potencialidades democráticas, Feenberg coloca a mudança tecnológica dentro de um
contexto cultural mais amplo" (CAVALLI, 2013, p. 65).
image/svg+xml
O Programa Conectar Igualdad analisado a partir do construtivismo crítico de Andrew Feenberg
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1263-1278, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15897
1265
Feenberg (2017), através de seu construtivismo crítico enfatiza a ideia de que a
tecnologia não é um destino ou um horizonte fechado e estável, mas um campo de batalha onde
os interesses das diferentes classes entram em jogo reproduzindo as hegemonias existentes.
Por meio de seus principais conceitos (código técnico, ambivalência técnica, teoria da
instrumentalização) propõe um exercício de análise e reflexividade sobre sistemas técnicos, a
fim de desempregar todas as relações entre tecnologia e poder dominante e demonstrar que a
tecnologia não é neutra, mas que pode adquirir diversos usos, relacionados ao conhecimento e
à capacidade de agir que diferentes grupos possuem.
Com base nos postulados de Feenberg (2017) o objetivo deste artigo é analisar o
Programa de Igualdade De Conexão (ICI), implementado na Argentina entre 2010-2018,
buscando entender até que ponto poderia ser considerado uma tentativa de democratização
tecnológica. O método de pesquisa foi qualitativo, analítico e descritivo. Ao longo do artigo,
analisa-se o contexto em que o programa foi implementado, em diálogo com os conceitos de
Feenberg (2017) e as características mais relevantes do IP são descritas para fazê-los dialogar
com a teoria; sempre tendo como ideia de democratização e soberania tecnológica.
Metodologia
Para explicar o objetivo proposto, utilizou-se o método qualitativo (VASILACHIS DE
GIALDINO, 2006) de natureza crítica e descritiva (MINAYO, 2012; VAN DIJK, 2016). A
análise do programa foi construída de forma dialógica entre as informações do mesmo,
extraídas de documentos oficiais, e as abordagens teóricas do construtivismo crítico de
Feenberg (2017).
A partir da abordagem metodológica proposta, a análise foi articulada em três
abordagens interrelacionadas. No primeiro, foi desenvolvida uma descrição cronológica dos
caminhos do PCI, que se baseia no levantamento de antecedentes de pesquisas anteriores. A
partir daí, alguns elementos salientes ou específicos do PCI foram levados a serem analisados
criticamente em contraste, e o diálogo, com as propostas conceituais de Feenberg (2017). Para
este último, a análise é dividida em duas partes: por um lado, aspectos relacionados ao uso de
tecnologias (computadores PCI) em situações específicas das escolas e no cotidiano de seus
usuárixs primárixs e, por outro lado, foca em aspectos macro, relacionados à concepção e
percepção do programa como estratégia de democratização e acesso, e as tensões em torno dele.
image/svg+xml
Lucila DIDIER; Verónica Sofía FICOSECO e Edvaldo SOUZA COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1263-1278, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15897
1266
Resultados e análises
Quando os países centrais são devastados pelos impactos da Segunda Guerra Mundial,
algumas organizações internacionais são criadas cuja missão era ajudar na reconstrução dessas
organizações, entre essas organizações, por exemplo, o Fundo Monetário Internacional
(FONSECA, 1999). Quando essa primeira tarefa foi cumprida, essas organizações
refuncionalizaram e direcionaram seus esforços para consolidar a informatização das
sociedades, especialmente dos países periféricos, uma vez que este foi considerado um passo
necessário para o estabelecimento do capitalismo em todo o mundo (FONSECA, 1999).
Em 1980, os países periféricos começaram a implementar programas e políticas
influenciadas pelas agendas dos países centrais e organizações internacionais, visando o
desenvolvimento das áreas científica e tecnológica a fim de modernizar as sociedades e, assim,
colaborar com a expansão capitalista (BONETI, 2017). Talvez, sem essas orientações dos
países centrais, muitas das sociedades periféricas não teriam sido capazes de dar o salto para a
informatização ou tecnologização, no entanto, não devemos perder de vista o fato de que seguir
esses programas do centro gerou o início da subordinação técnica. Essa subordinação baseia-se
no posicionamento dos países centrais como designers, construtores e ideólogos de tecnologias,
ao mesmo tempo em que relega os Estados periféricos à posição de consumo passivo.
A escola, por ser uma instituição universal, rapidamente se tornou o meio pelo qual as
principais políticas tecnológicas foram implementadas. Em seu início, a escola como instituição
recusou avanços técnicos, bloqueando a entrada de equipamentos e políticas. No entanto, não
foi por muito tempo: a cultura técnica foi filtrando pouco a pouco e entrando na escola não
apenas através do formal, mas principalmente através dxs alunxs e da comunidade educacional
em geral.
Através da execução de programas tecnológicos promovidos por organizações
internacionais em diferentes regiões em desenvolvimento, foi instalada uma lógica econômica
de divisão internacional do trabalho na qual alguns países (centrais) atuavam como gestores dos
programas e como provedores tecnológicos enquanto os países em desenvolvimento ou
periféricos eram estabelecidos como consumidores.
Dessa forma, as políticas de inclusão tecnológica foram orientadas para o consumo e
importação não apenas de dispositivos tecnológicos, mas também de programas e políticas, e a
Argentina não foi exceção.
Na Argentina, desde 1990, começaram a ser implementadas políticas de inclusão de
tecnologias nas escolas. Inicialmente, foram criadas salas de informática ou laboratórios,
image/svg+xml
O Programa Conectar Igualdad analisado a partir do construtivismo crítico de Andrew Feenberg
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1263-1278, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15897
1267
instalados em espaços fixos das escolas e destinados à alfabetização primária (MAGGIO,
2012). Ao mesmo tempo, foi promulgada a Lei Federal de Educação 24.195, que promoveu um
processo de descentralização e federalização da educação (GODOY, 2019).
No entanto, em 2003, Néstor Fernández de Kirchner assumiu a presidência e começou
a desenvolver alternativas nacionais tanto para os programas de tecnologização das sociedades
quanto para a fabricação de insumos e dispositivos, entendendo que o caminho deve ser
orientado para a soberania tecnológica. Dessa forma, a plataforma
Educ.ar
é criada, o satélite
ARSAT é lançado e a implementação de fibra óptica nacional para expandir redes de
conectividade; transformando o Estado em um agente de transformação social (GODOY,
2019).
Em 2006, e coerente com essas políticas, foi promulgada a Lei Nacional de Educação
(26206), que postula a alfabetização tecnológica como um direito vinculado à educação
inclusiva e de qualidade. Toda essa jornada parece se estabelecer em 2010, quando a
combinação de todos os esforços e iniciativas políticas cria o Programa Conectar Igualdad,
inspirado pela iniciativa
One Laptop Per Child
(OLPC) de Nicholas Negroponte.
É nesta década que os Estados latino-americanos começam a considerar a questão
técnica dentro de suas agendas políticas, questionando e questionando seu lugar de direito no
mercado mundial e pressionando estratégias para direcionar seus esforços para a soberania
tecnológica. A Argentina, que já havia iniciado essa "era" tecnológica com políticas anteriores,
reafirma-a através da criação dos planos "Argentina Conectada" ou "Televisão Digital Aberta".
Em 2009, foi promulgada a Lei dos Serviços de Comunicação Audiovisual, que busca
transformar a matriz de produção de conteúdo audiovisual que defende a diversificação de seu
conteúdo e que, em seguida, levará à criação do Plano Nacional de Telecomunicações
Conectada Argentina, promovendo a instalação de infraestrutura de acesso digital em nível
nacional (GODOY, 2019).
Vinculado a essas políticas, em 2010, foi criado o Programa Connect Igualdade, como
uma política inclusiva que busca garantir o acesso a equipamentos tecnológicos por meio da
lógica distributiva. O PCI distribui
notebooks
nas escolas secundárias, institutos de formação
de professores e escolas especiais, tanto para os alunos quanto para seus professores. Sob a
premissa da universalização tecnológica, articulou diferentes áreas de governo e se tornou uma
das políticas mais importantes da época.
image/svg+xml
Lucila DIDIER; Verónica Sofía FICOSECO e Edvaldo SOUZA COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1263-1278, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15897
1268
Figura 1
–
Computadores PCI
Fonte: El Cronista (2021)
O PCI busca reduzir a desigualdade existente no acesso e apropriação de tecnologias.
Além do impacto na população estudantil, também busca gerar uma pane no nível comunitário,
que ocorre quando os alunos levam os computadores para casa.
Se a teoria de Feenberg (1991) é tomada como seu eixo, há dois pontos de análise sobre
o PCI que são de interesse especial: sua operação articulada e seu próprio financiamento. No
que se refere à articulação, o PCI trabalha articulando diversas áreas do governo como:
Ministério da Educação, Planejamento Federal, ANSES e Investimento Público e Serviços, o
que implica uma grande logística de distribuição de responsabilidades e gestão e uma
articulação entre nação, províncias e jurisdições. Ao falar em financiamento, vale ressaltar que
é resolvido junto à ANSES com o orçamento do Estado nacional, que já marca uma intenção
de independência por não receber ajuda de organismos internacionais (DA PORTA, 2015).
Levando-se em conta os dois pontos anteriores, o PCI é um programa de especial
interesse a ser analisado a partir dos postulados de Feenberg (1991): uma tentativa marcante de
soberania e democratização tecnológica pode ser observada, buscando reduzir as lacunas
digitais existentes e buscando alcançar diversos setores sociais com essa política. Além disso,
os postulados do autor permitem uma leitura macro do programa que atende à análise contextual
global e propõe uma ideia de modernidade alternativa para poder pensar sobre os
desenvolvimentos técnicos das sociedades (FEENBERG, 2017).
O PCI foi a maior política de ciência e tecnologia realizada na Argentina, entregando
mais de seis milhões de computadores em seus oito anos de duração. Além da lógica distributiva
image/svg+xml
O Programa Conectar Igualdad analisado a partir do construtivismo crítico de Andrew Feenberg
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1263-1278, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15897
1269
do 1a1, o programa também contemplou a criação de recursos educacionais abertos e formação
contínua de professores, afetando diretamente a alfabetização digital.
Embora as críticas possam ser feitas mais de dez anos após seu lançamento, como a de
que não conseguiram atender à demanda, que os equipamentos técnicos não foram suficientes
para suprir as demandas de reparos dos dispositivos, que muitas das escolas não tinham o piso
tecnológico adequado para lançar o programa, entre outros, é uma política notável.
Além disso, o PCI avançou em outras áreas ligadas à ideia de democratização
tecnológica e soberania digital, como o uso de sistemas operacionais gratuitos, a criação de
repositórios nacionais e abertos e o edital para indústrias nacionais para licitações de
computadores.
Figura 2
–
Jovens com computadores PCI
Fonte: Rádio Formosa ([s.d.])
Feenberg (1991), introduz o conceito de código técnico para falar sobre como as
funções, técnicas e sociais, são condensadas e codificadas em um conjunto de regras (TULA
MOLINA; GIULIANO, 2015). Através desses códigos, as atividades a serem realizadas com
os objetos aparecem conforme permitido ou proibido, também vinculados à funcionalidade de
cada dispositivo. Este conceito é inspirado no conceito de concretização de Gilbert Simondon
(2007), diferenciando este código dos elementos técnicos ou elementos técnicos mais estáveis.
Através da incorporação do código técnico, que está intimamente relacionado com a
ideia de concretização
simondoniana
Feenberg (1999) ele se afasta da ideia de neutralidade.
Segundo Simondon (2007), os objetos técnicos são concretizados em sua tornando-se, através
image/svg+xml
Lucila DIDIER; Verónica Sofía FICOSECO e Edvaldo SOUZA COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1263-1278, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15897
1270
de um processo de individuação em que evoluem à medida que seu grau de tecnicismo aumenta.
No entanto, essa evolução ocorre dentro das margens de possibilidades alojadas na própria
essência dos objetos, a linhagem de artefatos a que pertence é mantida ao longo da evolução ou
individuação, resultando em um objeto que não está mais em luta consigo mesmo, no qual
nenhum elemento secundário dificulta seu funcionamento (SIMONDON, 2007). Feenberg
(1999), em seu conceito de código técnico, aborda essa ideia de concretização/individuação de
objetos na medida em que ambos reconhecem elementos estáveis dos artefatos, aqueles que
mantêm a essência ou a linhagem, que não são modificados no tornando-se.
Feenberg (2002), dá a noção de código técnico de diferentes conceitos, a princípio ele o
define como valores de sistema social específico e valores dominantes de classe social
instalados no desenho técnico mesmo antes de conceder função específica ao objeto. Esses
códigos invisivelmente sedimentam valores e interesses de classe nas regras de design e uso de
artefatos e permitem evidências de que a tecnologia não é em si um destino, mas um cenário de
luta). Mais tarde, em
Critical theory of technology,
o autor fala do código técnico como a
realização de um interesse na forma de uma solução tecnicamente coerente para um problema.
Quando a percepção dos sujeitos sobre seus próprios interesses em relação a problemas técnicos
reforça esses códigos, sua significância política muitas vezes passa despercebida (FEENBERG,
2005).
Esses interesses estão escondidos atrás do véu da necessidade técnica (FEENBERG,
2017). Assim, as posições dominantes são instaladas e fixas, que antes eram apenas valores e
que hoje, já estabelecidas, são transformadas em código técnico. Na sociedade atual, o código
técnico está ligado à hegemonia do capitalismo e reproduz suas próprias formas de poder
(FEENBERG, 2012). Em relação ao ICI, a presença do código técnico pode ser observada em
três pontos: uso do sistema operacional (DOS)
Windows
, transferência de tecnologia de centros
de energia e reprodução de classes
online
.
Enquanto os computadores PCI vieram com a opção de inicialização dupla, o lag de
tempo (um
windows
é inscrito por padrão, enquanto o DOS abertos deve ser selecionado)
implica uma seleção vantajosa para tecnologias proprietárias (TORRES, 2019). Além disso, xs
beneficiárixs não foram treinadxs na gestão de
open source
pou que, pela alfândega, que se
tornam códigos técnicos, é acessado
windows
em vez de experimentar com
linux
ou
huayra
(DOIS abertos). Continuar a usar essas licenças privadas não só significa um retrocesso nas
tentativas de soberania tecnológica, mas também exige um investimento econômico para o
pagamento delas.
image/svg+xml
O Programa Conectar Igualdad analisado a partir do construtivismo crítico de Andrew Feenberg
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1263-1278, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15897
1271
O problema do DOS pode ter uma origem anterior, se for lembrado nos primeiros
parágrafos foi dito que o PCI surgiu inspirado no programa OLPC de Negroponte, ou seja, um
programa criado e orientado pelos países centrais e oferecido aos países periféricos. Se isso for
levado em conta, pode-se ver que na semente do PCI há lógicas de dependência e subordinação
dos países periféricos aos centrais que são então mostrados em diferentes instâncias: os
programas não são adotados, mas as licenças são compradas ou os equipamentos produzidos
nos países dominantes são comprados. Essas decisões são tomadas sob as premissas de um
código técnico invisível e naturalizado, que elimina as possibilidades de reflexão crítica e
reproduz as lógicas do poder. Por meio dessa transferência de tecnologias dos centros de poder,
são importadas formas de entender o mundo, limitando o diálogo com a comunidade-alvo do
programa (TORRES, 2019).
Outro aspecto a partir do qual a presença de um código técnico pode ser analisada está
na reprodução das classes
offline
a partir da chegada dos computadores, o que mostra que sua
presença não é disruptiva no processo de ensino/aprendizagem. Isso está relacionado com o
synecdoche tecnológico
proposto por Benitez Largui e Zukerfeld (2015) para se referir à visão
que xs beneficiárixs do PCI têm, a partir do qual o programa é apenas para distribuir
computadores, ignorando as outras funções. Esse fator gera que as possibilidades de ruptura na
educação tradicional são limitadas e as possibilidades de apropriação tecnológica são restritas,
o que está em sintonia com a abordagem instrumental que as sociedades costumam ter e que é
incorporada nos códigos (QUINTANILLA, 1998). Essa abordagem instrumental acaba
ofuscando o resto das políticas públicas e não permite que novos valores se enraízem nos
códigos técnicos da sociedade.
Para esclarecer a forma como os valores sociais são intrincados nas decisões
tecnológicas, Feenberg (2010) introduz o conceito de viés tecnológico. O autor afirma que
existem dois tipos de preconceitos, por um lado, viés substancial, um conjunto de preconceitos
e crenças que influenciam decisões que devem ser baseadas em critérios objetivos; esse viés
"designa alguns membros da sociedade como inferiores por todos os tipos de razões enganosas"
(FEENBERG, 2010, p. 163) gerando iniquidades óbvias.
O viés formal, por outro lado, está escondido no próprio sistema e só pode ser revelado
através da análise de contexto. Pode acontecer que um dispositivo à primeira vista pareça
democrático ou inofensivo, mesmo assim discrimina um determinado setor (FEENBERG,
2010). Esse viés é usado para descrever arranjos sociais preconceituosos e prevalece sempre
que a escolha de determinados sistemas favorece um grupo em detrimento de outro. Esse viés
image/svg+xml
Lucila DIDIER; Verónica Sofía FICOSECO e Edvaldo SOUZA COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1263-1278, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15897
1272
formal é típico das sociedades modernas e "caracteriza as condições em que a igualdade formal
contradiz o conteúdo social" (FEENBERG, 2002, p. 81).
A coisa mais complexa sobre a análise desses vieses é que eles não representam a priori
uma injustiça, mas são baseados em princípios de equidade (FEENBERG, 2002). Em relação
ao PCI, pode-se dizer que, como muitas políticas voltadas para a inclusão digital, trata-se de
dar as crianças dos pobres nas escolas, a mesma coisa que as crianças dxs ricxs têm em suas
casas e até geram um impacto digital sobre as famílias de baixa renda através de programas
1X1. No entanto, essa implementação tem consequências discriminatórias, não porque os
computadores são inerentemente ruins, mas porque os artefatos são distribuídos em um
contexto de riqueza/pobreza.
As políticas de inclusão tecnológica muitas vezes acabam gerando práticas de primeira
expulsão não só porque desde o início separam a sociedade em grupos diferenciados ou focais
que serão beneficiários delas, mas porque, se não forem suficientemente articuladas com outras
políticas, podem ser políticas adequadas na prática teórica, mas ineficaz. Um exemplo disso
serão as situações derivadas dos contextos de insegurança em que muitos dos alunos que
receberam o computador vivem e que, após assaltos, pararam de mover os dispositivos entre as
casas e a escola quebrando com a lógica do 1a1. Outra situação semelhante ocorre quando os
computadores são entregues, mas o piso tecnológico mínimo ou conectividade à rede não é
garantido, por isso uma dupla ejeção é gerada.
Embora a lógica de distribuição dos equipamentos ajude a reduzir as lacunas de acesso,
elas não conseguem romper as lógicas de dominação, uma vez que estas estão enraizadas na
matriz do sistema: o uso de licenças privadas, a entrega de computadores sem garantia de
internet, o uso de possibilidades técnicas de artefatos e a falta de alfabetização contribuem para
perpetuar essas lógicas, escondido atrás da imagem de uma política inclusiva. Assim, as
possibilidades reais de apropriação digital são limitadas, uma vez que a inclusão se baseia na
aplicação do mesmo padrão para grupos desiguais (FEENBERG, 2002).
A partir das teorias de Feenberg (2010), pode-se dizer que o PCI tem um viés formal
constitutivo em relação aos componentes de computador (DOS privados, subutilização) e na
falta de conexão à internet; e tem um viés formal de implementação na forma como tenta
corrigir o problema da divisão digital em nível local e regional, por meio da inclusão e não da
democratização.
Feenberg (2002) introduz a noção de ambivalência tecnológica, diferenciada da
neutralidade pelo papel que dá aos valores sociais no design e não apenas no uso de sistemas
técnicos. Para o autor, a tecnologia não é um destino, mas um campo de batalha, um estágio de
image/svg+xml
O Programa Conectar Igualdad analisado a partir do construtivismo crítico de Andrew Feenberg
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1263-1278, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15897
1273
luta, "um parlamento de coisas em que as alternativas da civilização se encontram"
(FEENBERG, 2002, p. 15). A tecnologia expressa que a técnica é ambivalente do projeto
civilizacional para o qual é utilizada, a própria tecnologia tem potencial para atuar em diversos
projetos (TULA MOLINA; GIULIANO, 2015).
A ambivalência tecnológica ajuda a analisar a correlação entre o avanço tecnológico e
a distribuição do poder social, que não tem necessariamente uma única forma de se manifestar
(FEENBERG, 1999). Devemos falar sobre ambivalência tecnológica como lócus de mudança
social, desafiando a unidimensionalidade do pensamento tecnológico (FEENBERG, 2013).
Além disso, é preciso ter em mente que há também uma ambivalência nas mesmas pessoas: há
o desejo de usar tecnologias que coexistem com o desejo de autodeterminação (TULA
MOLINA; GIULIANO, 2015). É por isso que Feenberg (2013) apela à reflexão individual para
desafiar e reconfigurar o sistema cultural dominante. O principal lócus para o concurso de
ambivalência tecnológica são as instituições tecnologicamente mediadas nas quais é possível
criar um espaço de transformação social.
Computadores PCI incluíam inicialização dupla, dividido entre
Windows
(privado) y
GNU Linux
/Huayra (livre), que é um passo para a transformação social e tecnológica,
proporcionando espaço para um sistema operacional produzido localmente. No entanto, a opção
gratuita foi colocada por padrão, o que, somado à falta de treinamento nesse sentido, produziu
um subuso das opções gratuitas. Este ponto é importante se você pensar sobre o que é preciso
para adquirir licenças para usar
Windows
e a importância da criação de um SOL nacional.
Embora consideremos que não houve trabalho suficiente para gerar o uso da Huayra, o esforço
para fornecer aos computadores uma opção gratuita se destaca, uma vez que o sucessor do PCI,
o Plano De Aprendizagem Conectado, não incorporou essas possibilidades. Hoje, em 2022,
com o relançamento do Programa Connect Igualdade, este debate volta à moda quando o
governo anuncia mais uma vez o duplo começo, recuando mais uma vez e agradando as grandes
multinacionais tecnológicas.
Há uma diferença de poder entre aqueles que executam os sistemas tecnológicos e
aqueles que os utilizam: autonomia operacional (TULA MOLINA; GIULIANO, 2015). Baseia-
se em um grau maior de liberdade dos setores que têm mais poder para poder tomar decisões
que, apesar de influenciarem a todxs, não permitem a tomada de posição por outros setores.
Como resposta a esse modo de ação, os setores excluídos ou não poderosos realizam
determinadas ações de resistência conhecidas sob o nome da margem de manobra, vinculadas
à capacidade de agência e reflexividade individual, que buscam resistir ao controle exercido a
partir dos setores dominantes.
image/svg+xml
Lucila DIDIER; Verónica Sofía FICOSECO e Edvaldo SOUZA COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1263-1278, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15897
1274
Podemos falar de autonomia operacional em relação ao I PCI a partir de dois sentidos:
por um lado há uma articulação de quatro grandes áreas de governo para a implementação do
programa, mas não há consenso ou instância de debate que envolva outros setores da população
igualmente afetada, como, por exemplo, a comunidade educacional. Por outro lado, todas as
decisões relativas à especificidade técnica das equipes são tomadas dentro do governo com
decisões unilaterais, que, novamente, não apresentam etapas de diálogo ou construção coletiva.
Se o foco da análise for colocado no mestre da manobra, três situações ou indicadores
dela podem ser lidos na implementação do PCI: alternativas implementadas pelos alunos contra
o bloqueio de computadores fora do espaço escolar; apropriação de computadores para uso
recreativo, por exemplo, colocando placas de vídeo e removendo componentes ligados à função
educacional; e, um reaproveitamento ou refuncionalização do espaço escolar e do entorno que
se tornam relevantes quando são transformados em portos para acesso à internet ou para evitar
os bloqueios de dispositivos, como pátios e calçadas.
Feenberg (1999) através de sua teoria da instrumentalização permite uma análise
dialética da técnica (CAVALLI, 2013). Em um primeiro nível, denominado primária ou
funcionalização, a técnica será analisada isolada ou isolada de seu contexto e das experiências
de uso, a partir de uma redução e de descontextualização. A análise do ICI desse nível responde
apenas a parâmetros técnicos: tipo de equipamento, sistemas operacionais, componentes, piso
tecnológico etc. Desvinculada do contexto, a técnica aparece neste nível analisado em detalhes,
com ênfase especial em sua funcionalidade ou utilidade. Já em um segundo nível, denominado
secundário ou realizador, propõe-se gerar uma reinserção da técnica dentro do ambiente social
e natural em que é produzida, gerando um processo de recontextualização (FEENBERG, 1999).
Nesse nível de análise não é possível falar sobre o ICI sem pensar nas características
conjunturais do ambiente em que está localizado, e analisá-lo dentro de um sistema político
global, em articulação com outras políticas ou programas.
Nesta análise contextual é necessário, por exemplo, falar sobre o lugar dos debates de
software
livre na Argentina e na região, que embora exceda os objetivos deste artigo em
particular, aspectos de relevância não deixam de ser relevantes quando se pensa em políticas na
área técnica.
image/svg+xml
O Programa Conectar Igualdad analisado a partir do construtivismo crítico de Andrew Feenberg
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1263-1278, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15897
1275
Considerações Finais
O caminho proposto no qual o PCI e os postulados teóricos de Feenberg (1991) foram
colocados no diálogo produziram como principais resultados para que o PCI fosse considerado
como uma política macro, de grande importância no nível não apenas nacional, mas
regionalmente no que diz respeito ao desenvolvimento tecno-científico. Foi um programa
criado, financiado e gerenciado pelo governo, articulando para eles diversas áreas de trabalho.
Ao propor a articulação de diversas áreas, foi possível um envolvimento maciço de atores em
sua operação, gerando uma política de Estado de grande relevância.
A análise em relação às teorias de Feenberg (1991), permite uma avaliação do I PCI em
relação à democratização e à transformação tecnológica, que embora seja um dos eixos do
programa tem apresentado algumas dificuldades na sua implementação. Seja porque os
equipamentos foram adquiridos de empresas multinacionais estrangeiras, porque a lógica
distributiva foi perpetuada ou porque as licenças privadas continuaram a ser utilizadas, todos
esses elementos tornam complexo poder falar do ICI como uma proposta de soberania
tecnológica, embora, naturalmente, a superioridade sobre políticas semelhantes seja notável,
tanto local quanto regional.
Ao analisar o PCI e concluir que, embora não alcançasse padrões que pudessem explicar
uma transformação na matriz tecnológica, posicionou-se em uma linha que tende tanto à
soberania quanto à democratização. Ao contrário do PCI, o plano que se seguiu, durante a
presidência de Mauricio Macri (2015-2019), chamado Plano Aprender Conectados (PAC),
gerou uma interrupção nesse processo, uma vez que se baseou em uma lógica de aquisição de
equipamentos de empresas estrangeiras e sua consequente distribuição para escolas sem um
arcabouço contextual que poderia ajudar a gerar um uso consciente e eficaz deles. Essa
diferença entre os planos mostra que existem políticas de Estado que devem tentar ser mantidas
mesmo em tempos de mudança de gestão política, uma vez que sua interrupção gera
consequências importantes, como se reflete na pandemia Covid-19 que põe em causa a enorme
divisão digital existente nas sociedades.
Este artigo tentando gerar um diálogo entre teorias sobre tecnologias e uma política de
referência em nível nacional e regional. Embora possam ser detectados indícios de que a
implementação do I PCI não atendeu aos objetivos iniciais de soberania e democratização
tecnológica, é necessário ressaltar que sua existência causou uma ruptura positiva nos índices
de lacunas digitais e que abriu as portas para que novas políticas fossem testadas e
implementadas. Hoje, mais de doze anos depois, o Programa Connect Igualdade está novamente
image/svg+xml
Lucila DIDIER; Verónica Sofía FICOSECO e Edvaldo SOUZA COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1263-1278, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15897
1276
no centro da cena em que o governo nacional anuncia seu relançamento: novas críticas, novos
debates e, sobretudo, uma controvérsia sobre qual caminho tecnológico você segue à medida
que as sociedades são mais uma vez um tema quente. Dos setores ligados ao
software
livre ou
às escolas, pretende-se que o PCI não volte à perpetuação da distribuição internacional do
trabalho, destacando a necessidade de posicionar a Argentina como um país capaz de decidir,
produzir e consumir, consciente e criticamente, sua própria tecnologia.
Para análise futura, espera-se que seja capaz de fazer um contraste entre as duas eras do
Programa connect igualdade, que esclarecem um determinado tipo de política de Estado.
REFERENCIAS
BENÍTEZ LARGHI, S.; ZUKERFELD, M.
Flujos de conocimientos, tecnologías digitales y
actores sociales en las escuelas secundarias
. Un análisis socio-técnico de las capas del
Programa Conectar Igualdad
.
La Plata: Universidad Nacional de la Plata, 2015. Disponível
em: http://www.ciecti.org.ar/wp-content/uploads/2016/10/CIECTI-Proyecto-UM-UNLP.pdf.
Acesso em: nov. 2021.
BONETI, L. W.
Políticas Públicas por dentro
. 3. ed. Buenos Aires: CLACSO. 2017.
CAVALLI, A. La tradición en la integración entre naturaleza y sociedad en el marco de la
críticacultural de la tecnología de Andrew Feenberg.
In
: BARRIO, C.; BASSO, L.;
CRELIER, A. (comp.)
Acontecimiento y tradición
: Fundamentos de la cultura. Mar del
Plata: Universidad Nacional de Mar del Plata, 2013.
DA PORTA, E.
Las significaciones de las TIC en Educación
: políticas, proyectos,
prácticas.
Córdoba: Ferreyra Ed. 2015
FEENBERG, A.
Critical Theory of Technology
.
Oxford: Oxford Press. 1991.
FEENBERG, A.
Questioning technology
.
Londres: Routledge. 1999.
FEENBERG, A.
Transforming technology
.
A critical theory revisited. New York: Oxford
University Press, 2002.
FEENBERG, A. Teoría crítica de la tecnología.
Revista Iberoamericana de Ciencia,
Tecnología y Sociedad
, v. 2, n. 5, p. 109-123, 2005. Disponível em:
http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=92420507. Acesso em: nov. 2021.
FEENBERG, A.
Inside technology
. Between reason and experience.
Massachusetts: The
MIT Press, 2010.
FEENBERG, A. Del esencialismo al constructivismo: la filosofía de la tecnología en la
encrucijada.
Revista Hipertextos
, v. 1, n. 1, p. 15-57, 2013. Disponível em:
http://revistahipertextos.org/wp-content/uploads/2014/01/Hipertextos_no.1.15-58.pdf. Acesso
em: nov. 2021.
image/svg+xml
O Programa Conectar Igualdad analisado a partir do construtivismo crítico de Andrew Feenberg
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1263-1278, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15897
1277
FEENBERG, A.
Technosystem
: The social life of reason. Massachusetts: Harvard University
Press, 2017.
FONSECA, M. O Banco Mundial e a Educação a Distância.
In
: PRETTO, N. (org.).
Globalização e Educação
. Mercado de Trabalho, Tecnologias de Comunicação, Educação a
Distância e Sociedade Planetária. 2. ed. Ijuí, RS: Editora Unijuí. 1999. p. 59-77.
GODOY, M.
El programa Conectar Igualdad en Salta, Argentina
: especificidades locales
y trayecto de una política pública de inclusión digital.
2019. Disertación (Maestría en
Educación)
–
Facultad de Educación, Universidad Federal da Bahia, Salvador, 2019.
MAGGIO, M. Entre la inclusión digital y la recreación de la enseñanza: el modelo 1 a 1 en
Argentina.
Revista Científica de Tecnología Educativa
, v. 1, n. 1, p. 51-64, 2012.
Disponível em:
https://www.academia.edu/14102857/Entre_la_inclusi%C3%B3n_digital_y_la_recreaci%C3
%B3n_de_la_ense%C3%B1anza_el_modelo_1_a_1_en_Argentina. Acesso em: 10 nov. 2021.
MINAYO, M. C. S. Amostragem e saturação em pesquisa qualitativa: consensos e
controvérsias.
Revista Pesquisa Qualitativa
, v. 5, n. 7, p. 1
–
12, 2017. Disponível em:
https://editora.sepq.org.br/rpq/article/view/82. Acesso em: mar. 2021.
NASSRI, R.; COUTO, E. Letramento digital do professor no projeto UCA - Um computador
por aluno.
In
: SILVA, M. C. P. (org.).
Educação, sociedade e práxis pedagógica
. Salvador:
EDUFBA, 2021. p. 43-61.
QUINTANILLA, Miguel Ángel. Técnica y cultura.
Theorema: Revista Internacional de
Filosofía
, v. 17, n. 3, p. 46-69, 1998. Disponível em:
http://sammelpunkt.philo.at/id/eprint/2800/1/QUINTANILLA.pdf. Acesso em: nov. 2021.
SIMONDON, G.
El modo de existencia de los objetos técnicos
. 1. ed. Buenos Aires:
Prometeo, 2007
TORRES, M. Innovan las innovaciones? Un análisis del conectar igualdad y del aprender
conectados.
Revista Hipertextos
, v. 12, n. 7, p 120-138, 2019. DOI:
https://doi.org/10.24215/23143924e006. Disponível em:
https://revistas.unlp.edu.ar/hipertextos/article/view/9275. Acesso em: Abr. 2020.
TULA MOLINA, F.; GIULIANO, H. La teoría crítica de la tecnología : revisión de
conceptos.
Redes: Revista de Estudios Sociales de la Ciencia
, v. 21, n. 41, p. 179-214,
2015. Disponível em: http://ridaa.unq.edu.ar/handle/20.500.11807/344. Acesso em: nov.
2021.
VAN DIJK, T. Análisis crítico del discurso.
Revista Austral de Ciencias Sociales
, n. 30, p.
203-222, 2016. Disponível em: http://revistas.uach.cl/pdf/racs/n30/art10.pdf. Acesso em: mar.
2019.
VASILACHIS DE GIALDINO, I. (coord.)
Estrategias de investigación cualitativa
. 1. ed.
Barcelona: Ed. GEDISA, 2006.
image/svg+xml
Lucila DIDIER; Verónica Sofía FICOSECO e Edvaldo SOUZA COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1263-1278, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15897
1278
EL CRONISTA.
Computadoras gratis
: anticipan nuevas entregas de netbooks, ¿dónde
inscribirse?. Buenos Aires: El Cronista Comercial AS, 2021. Disponible en:
https://www.cronista.com/economia-politica/computadoras-gratis-anses-anticipan-nuevas-
entregas-de-netbooks-donde-inscribirse/. Acceso en: nov. 2021.
RADIO FORMOSA.
Adiós al Programa Conectar Igualdad
: 800 mil chicos se quedaron
sin netbooks. [s.d.]. Disponível em: https://radioformosa.com.ar/adios-al-programa-conectar-
igualdad-800-mil-chicos-se-quedaron-sin-netbooks/. Acesso em: nov. 2021.
Como referenciar este artigo
DIDIER, L.; FICOSECO, V. S.; SOUZA COUTO, E. O Programa Conectar Igualdad analisado
a partir do construtivismo crítico de Andrew Feenberg.
Revista Ibero-Americana de Estudos
em Educação
, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1263-1278, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587. DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15897
Submissão
:
24/11/2021
Revisões requeridas
: 19/02/2022
Aprovado em
: 28/02/2022
Publicado em
: 01/04/2022
image/svg+xml
El Programa Conectar Igualdad desde el constructivismo crítico de Andrew Feenberg
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1270-1285, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15897
1270
EL PROGRAMA CONECTAR IGUALDAD DESDE EL CONSTRUCTIVISMO
CRÍTICO DE ANDREW FEENBERG
O PROGRAMA CONECTAR IGUALDAD ANALIZADO A PARTIR DO
CONSTRUCTIVISMO CRÍTICO DO ANDREW FEENBERG
THE PROGRAM CONECT IGUALDAD ANALYZED FROM ANDREW FEENBERG'S
CRITICAL CONSTRUCTIVISM
Lucila DIDIER
1
Verónica Sofía FICOSECO
2
Edvaldo SOUZA COUTO
3
RESUMEN
:
El objetivo del artículo fue analizar la estructura y la lógica de funcionamiento
del Programa Conectar Igualdad (PCI), desarrollado en Argentina entre los años 2011 y 2018,
desde la perspectiva del constructivismo crítico de Andrew Feenberg, a los fines de analizar
aspectos salientes de este dicho programa a partir del foco en los procesos de democratización
y transformación tecnológica. El método usado fue el cualitativo, descriptivo y analítico. Se
concluye, que sí bien el PCI fue un programa de tamaña importancia en relación a otras políticas
del área, pueden identificarse en su implementación ciertas dificultades en relación a la
democratización tecnológica ya que reproduce lógicas de importación de tecnología, de
distribución de equipamientos y de compra de licencias privadas. Aún así, se remarca la
intención del programa y de políticas anexas de caminar hacia la soberanía tecnológica.
PALABRAS CLAVE
: Proyecto Conectar Igualdad. Política pública. Tecnología educativa.
Andrew Feenberg.
RESUMO
:
O objetivo do artigo foi analisar a estrutura e a lógica de funcionamento do
Programa Conectar Igualdad (PCI), desenvolvido na Argentina entre 2011 e 2018, a partir da
perspectiva do construtivismo crítico de Andrew Feenberg, para discutir aspectos desta
política pública com foco nos processos de democratização e transformação tecnológica. O
método usado foi o qualitativo, descritivo e analítico. O estudo concluiu que o PCI foi um
programa de grande importância em relação com outras políticas da área, podem se identificar
na sua implementação algumas dificuldades em relação a democratização tecnológica já que
o programa reproduz lógicas de importação de tecnologias, de distribuição de equipamentos
e de compra de licenças privativas. Ainda assim, remarca-se a intencionalidade do programa
e das políticas anexas de caminhar para a soberania tecnológica.
1
Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador
–
BA
–
Brasil. Doutoranda no Programa de Pós-Graduação
em Educação. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-2561-8662. E-mail: didierlucila@gmail.com
2
Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador
–
BA
–
Brasil. Brasil. Professora Visitante no Programa de
Pós-Graduação em Educação. Doutorado em Comunicação (UNLP)
–
Argentina. ORCID: https://orcid.org/0000-
0003-1397-1968. E-mail: vsficoseco@gmail.com
3
Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador
–
BA
–
Brasil. Professor Titular no Departamento de Educação
II. Doutorado em Educação (UNICAMP). Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq - Nível 2. ORCID:
https://orcid.org/0000-0002-2648-9399. E-mail: edvaldosouzacouto@gmail.com
image/svg+xml
Lucila DIDIER; Verónica Sofía FICOSECO y Edvaldo SOUZA COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1270-1285, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15897
1271
PALAVRAS-CHAVE
: Projeto Conectar Igualdad. Política pública. Tecnologia educacional.
Andrew Feenberg.
ABSTRACT
: The objective of the article is to analyze the structure and the logic of operation
of the Conectar Igualdad Program (PCI) developed in Argentina between 2011 and 2018 from
the perspective of Andrew Feenberg's critical constructivism, in order to analyze salient aspects
of said program with the focus on the processes of democratization and technological
transformation. The method used was qualitative, descriptive and analytical. It is concluded
that although the PCI was a program of such importance in relation to other policies in the
area, certain difficulties can be identified in its implementation in relation to technological
democratization since it reproduces logics of importing technology, distributing equipment and
purchase of private licences. Even so, the intention of the program and related policies to walk
towards technological sovereignty is highlighted.
KEYWORDS
: Conectar Igualdad Program. Public politics. Educative technology. Andrew
Feenberg.
Introducción
Desde tiempos antiguos hay una estrecha relación entre tecnologías y sociedades, así,
los modos de abordar los fenómenos técnicos y las discusiones en torno a cómo son concebidos
los mismos se vuelven parte de la escena cotidiana, en sociedades donde lo tecnológico está
cada vez más presente y dónde cada vez parece más complejo poder hablar de estos fenómenos
por separado (NASSRI; COUTO, 2021).
Parte de esta complejidad está situada en los debates teṕricos
, sobre todo entre aquellas
líneas de corte más esencialista en contraposición a líneas más constructivistas, que postulan
diversos modos de abordaje de lo técnico. Las teorías esencialistas (FEENBERG, 1999) son
aquellas para las cuales la tecnología no constituye un fin en sí misma, sino que adquiere
carácter de experiencia totalizante del mundo de vida; es decir, se convierte en un ambiente y
en un modo de vida. Para Feenberg (1999) las teorías esencialistas consideran a la técnica como
un nuevo tipo de sistema cultural, que reestructura al mundo social entero y lo vuelve un objeto
de dominio. Por otro lado, las teorías constructivistas refuerzan la idea de que tecnología y
sociedad se co-construyen mutuamente, en una interacción constante fruto de constantes
negociaciones que acaban generando un ensamble sociotécnico o un tejido sin costuras. En este
marco, Andrew Feenberg (1991) presenta su teoría crítica, o constructivismo crítico, como una
alternativa actualizada para analizar la técnica: “a través de u
na crítica holística a la tecnología
y una teoría sobre sus potencialidades democráticas, Feenberg coloca al cambio tecnológico
dentro de un contexto cultural más amplio” (CAVALLI, 2013, p. 65).
image/svg+xml
El Programa Conectar Igualdad desde el constructivismo crítico de Andrew Feenberg
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1270-1285, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15897
1272
Feenberg (2017), a través de su constructivismo crítico enfatiza en la idea de que la
tecnología no es un destino o un horizonte cerrado y estable sino un campo de batalla donde los
intereses de las diferentes clases entran en juego reproduciendo las hegemonías existentes.
A través de sus principales conceptos (código técnico, ambivalencia técnica, teoría de
la instrumentalización) propone un ejercicio de análisis y reflexividad sobre los sistemas
técnicos a los fines de desocultar todas las relaciones entre tecnología y poder dominante y
demostrar que la tecnología no es neutral pero que puede adquirir diversos usos, relacionados
al conocimiento y a la capacidad de actuar que tengan los diferentes grupos.
Partiendo de los postulados de Feenberg (2017) el objetivo de este artículo es analizar
el Programa Conectar Igualdad (PCI), implementado en Argentina entre 2010-2018, buscando
comprender en qué medida podría ser considerado un intento de democratización tecnológica.
El método de investigación fue cualitativo, analítico y descriptivo. A lo largo del artículo se
analiza el contexto en el cual fue implementado el programa, en diálogo con los conceptos de
Feenberg (2017) y se describen los rasgos más relevantes del PCI para hacerlos dialogar con la
teoría; siempre teniendo como la idea de democratización y soberanía tecnológica.
Metodología
Para dar cuenta del objetivo propuesto se utilizó el método cualitativo (VASILACHIS
DE GIALDINO, 2006) de índole crítica y descriptiva (MINAYO, 2012; VAN DIJK, 2016). El
análisis del programa se fue construyendo de modo dialógico entre las informaciones del
mismo, extraídas de documentos oficiales, y los abordajes teóricos del constructivismo crítico
de Feenberg (2017).
En base al abordaje metodológico propuesto, el análisis se articuló en tres abordajes
interrelacionadas. En la primera, se desarrolló una descripción de tipo cronológica de los
trayectos del PCI, que se apoya en el relevamiento de antecedentes de investigaciones
anteriores. A partir de allí, se retomaron algunos elementos salientes o puntuales del PCI para
ser analizados críticamente en contraste, y diálogo, con las propuestas conceptuales de Feenberg
(2017). Para esto último se desdobla el análisis en dos partes: por un lado, aspectos relacionadas
con el uso de las tecnologías (computadoras del PCI) en situaciones concretas de las escuelas y
el cotidiano de sus usuarixs primarixs y, por otro lado, se enfoca en aspectos macro,
relacionados con la concepción y percepción del programa como estrategia de democratización
y acceso, y las tensiones en torno a ello.
image/svg+xml
Lucila DIDIER; Verónica Sofía FICOSECO y Edvaldo SOUZA COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1270-1285, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15897
1273
Resultados y análisis
Cuando los países centrales quedan devastados por los impactos de la segunda guerra
mundial, se crean ciertos organismos internacionales que tenían como misión ayudar en la
recosntrucción de estos, entre estos organismos se encuentra, por ejemplo, el Fondo Monetario
Internacional (FONSECA, 1999). Cuando esa primera tarea estuvo saldada, estos organismos
se refuncionalizaron y dirigieron sus esfuerzos a cimentar la informatización de las sociedades,
sobre todo de los países periféricos, ya que se consideraba a este un paso necesario para la
instauración del capitalismo a nivel mundial (FONSECA, 1999).
Hacia 1980, los países periféricos comenzaron a implementar programas y políticas
influenciadas por las agendas de los países centrales y los organismos internacionales,
orientadas a desarrollar las áreas científica y tecnológica para poder modernizar las sociedades
y así colaborar con la expansión capitalista (BONETI, 2017). Quizás, sin estas orientaciones
desde los países centrales muchas de las sociedades periféricas no hubieran podido dar el salto
hacia la informatización o la tecnologización, sin embargo, no hay que perder de vista que
seguir estos programas provenientes del centro generaron el inicio de la subordinación técnica.
Esta subordinación se basa en posicionar a los países centrales como diseñadores, constructores
e ideólogos de tecnologías mientras que relegan a los estados periféricos a la posición de
consumo pasivo.
La escuela, por ser una institución universal, se transformó rápidamente en el medio por
el cual fueron implementandose las principales políticas tecnológicas. En sus inicios, la escuela
como institución se negó a los avances técnicos, bloqueando el ingreso de equipos y políticas.
Sin embargo no fue por mucho tiempo: la cultura técnica fue filtrándose de a poco e ingresando
a la escuela no sólo a través de lo formal sino principalmente por medio de lxs estudiantes y de
la comunidad educativa en general.
A través de la ejecución de los programas tecnológicos impulsados por los organismos
internacionales en diferentes regiones en desarrollo fue instalándose una lógica económica de
división internacional del trabajo en la cual algunos países (centrales) oficiaron como gestores
de los programas y como los proveedores tecnológicos mientras que los países en desarrollo o
periféricos se establecieron como consumidores.
De este modo las políticas de inclusión tecnológica estuvieron orientadas hacia el
consumo y la importación no sólo de dispositivos tecnológicos sino también de programas y
políticas, y Argentina no fue la excepción.
image/svg+xml
El Programa Conectar Igualdad desde el constructivismo crítico de Andrew Feenberg
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1270-1285, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15897
1274
En Argentina desde 1990 se habían comenzado a implementar políticas tendientes a
incluir tecnologías en las escuelas. En un inicio se crearon salas o laboratorios de informática,
instalados en espacios fijos de las escuelas y destinados a una alfabetización primaria
(MAGGIO, 2012). En la misma época, se sancionó la Ley Federal de Educación 24195, que
potenció un proceso de descentralización y federalización de la educación (GODOY, 2019).
Sin embargo, hacia 2003 asume la presidencia Néstor Fernández de Kirchner y
comienza a desarrollar alternativas nacionales tanto a los programas de tecnologización de las
sociedades como a la fabricación de insumos y dispositivos, entendiendo que el camino debía
estar orientado hacia la soberanía tecnológica. De este modo se crea la plataforma
Educ.ar
, se
produce el lanzamiento del satélite ARSAT y la implementación de fibra óptica nacional para
ampliar las redes de conectividad; transformándose el estado en un agente de transformación
social (GODOY, 2019).
En 2006, y coherente con estas políticas, se sanciona la Ley de Educación Nacional
(26206) que postula a la alfabetización tecnológica como un derecho ligado a la educación
inclusiva y de calidad. Todo este recorrido parece sedimentarse en 2010, cuando aunando todos
los esfuerzos e iniciativas políticas se crea el Programa Conectar Igualdad, inspirado en la
iniciativa
One Laptop Per Child
(OLPC) de Nicholas Negroponte.
Es en esta década que los estados latinoamericanos comienzan a considerar la cuestión
técnica dentro de sus agendas políticas, preguntándose y cuestionándose sobre el lugar que les
corresponde dentro del mercado mundial y prensando estrategias para orientar sus esfuerzos
hacia la soberanía tecnológica. Argentina, que ya había iniciado esta “era” tecnológica con las
políticas previas, la reafirma a través de la creación de los planes “Argentina conectada” o
“Televisión digital abierta”. Hacia 2009, se
sanciona la Ley de servicios de comunicación
audiovisual, que busca transformar la matriz productora de contenidos audiovisuales abogando
por la diversificación de su contenido y que decantará luego en la creación del Plan Nacional
de Telecomunicaciones Argentina Conectada, promoviendo la instalación de infraestructura de
acceso digital a nivel nacional (GODOY, 2019).
Vinculado a estas políticas se crea, en 2010, el Programa Conectar Igualdad, como una
política inclusiva que busca garantizar el acceso a los equipos tecnológicos por medio de la
lógica distributiva. El PCI distribuye
notebooks
en escuelas de educación secundaria, institutos
de formación docente y escuelas especiales, tanto para estudiantes como para sus docentes.
Bajo la premisa de la universalización tecnológica, articuló diferentes áreas del gobierno y se
transformó en una de las políticas más importantes de la época.
image/svg+xml
Lucila DIDIER; Verónica Sofía FICOSECO y Edvaldo SOUZA COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1270-1285, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15897
1275
Figura 1
–
Computadoras del PCI
Fuente: El Cronista (2021)
El PCI busca achicar la desigualdad existente en el acceso y apropiación de tecnologías.
Más allá del impacto en la población estudiantil, busca generar también un quiebre a nivel
comunitario, que se produce cuando les estudiantes llevan las computadoras a casa.
Sí se toma como eje la teoría de Feenberg (1991), hay dos puntos de análisis sobre el
PCI que resultan de especial interés: su funcionamiento articulado y el financiamiento propio.
En lo que respecta a la articulación, el PCI funciona articulando diversas áreas de gobierno tales
como: Ministerio de Educación, de Planificación Federal, ANSES e Inversión Pública y
Servicios, lo que supone una gran logística de distribución de responsabilidades y gestiones y
una articulación entre nación, provincias y jurisdicciones. Al hablar del financiamiento, es
destacable que se resuelve desde ANSES con presupuesto del estado nacional, lo que ya marca
una intención independentista al no recibir ayuda de organismo internacionales (DA PORTA,
2015).
Teniendo en cuenta los dos puntos anteriores es que el PCI resulta un programa de
especial interés para ser analizado desde los postulados de Feenberg (1991): puede observarse
un marcado intento de soberanía y democratización tecnológica, buscando reducir las brechas
digitales existentes y buscando alcanzar con esta política a diversos sectores sociales. Más allá
de eso, los postulados del autor, permiten realizar una lectura macro del programa atendiendo
al análisis contextual mundial y proponiendo una idea de modernidad alternativa para poder
pensar los desarrollos técnicos de las sociedades (FEENBERG, 2017).
El PCI fue la política de ciencia y tecnología de mayor envergadura llevada a cabo en
Argentina, entregando más de seis millones de computadoras en sus ocho años de duración.
image/svg+xml
El Programa Conectar Igualdad desde el constructivismo crítico de Andrew Feenberg
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1270-1285, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15897
1276
Además de la lógica distributiva del 1a1, el programa también contempló la creación de
recursos educativos abiertos y la formación docente continúa, incidiendo de manera directa
sobre la alfabetización digital.
Sí bien pueden realizarse críticas a más de diez años de su lanzamiento como que no
lograron cubrir la demanda, que los equipos técnicos no fueron suficientes para abastecer las
demandas de reparaciones de los dispositivos, que muchas de las escuelas no tenían el piso
tecnológico apto para poner en marcha el programa, entre otras, es una política por demás
destacable.
Además, el PCI avanzó sobre otras áreas vinculadas a la idea de democratización
tecnológica y de soberanía digital tales como el uso de sistemas operativos libres, la creación
de repositorios nacionales y abiertos y la convocatoria a industrias nacionales para las
licitaciones de las computadoras.
Figura 2
–
Jóvenes con las computadoras del PCI
Fuente: Radio Formosa ([s.d.])
Feenberg (1991), introduce el concepto de código técnico para hablar de cómo se
condensan y codifican funciones, técnicas y sociales, en un conjunto de reglas (TULA
MOLINA; GIULIANO, 2015). A través de estos códigos, aparecen actividades a realizar con
los objetos como permitidas o prohibidas, vinculadas también a la funcionalidad de cada
aparato. Se advierte en este concepto una inspiración en el concepto de concretización de
Gilbert Simondon (2007), al diferenciar este código de los elementos técnicos más estables o
elementos técnicos.
image/svg+xml
Lucila DIDIER; Verónica Sofía FICOSECO y Edvaldo SOUZA COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1270-1285, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15897
1277
A través de la incorporación del código técnico, que guarda estrecha relación con la idea
de concretización
simondoniana.
Feenberg (1999) se aleja de la idea de neutralidad. Según
Simondon (2007) los objetos técnicos se concretan en su devenir, a través de un proceso de
individuación en el que van evolucionando al aumentar su grado de tecnicidad. Sin embargo,
esa evolución se realiza dentro de márgenes de posibilidades alojadas en la esencia misma de
los objetos, el linaje de artefactos al cual pertenece se mantiene a lo largo de la evolución o
individuación, dando como resultado un objeto que ya no está en lucha consigo mismo, en el
cual ningún elemento secundario obstaculiza su funcionamiento (SIMONDON, 2007).
Feenberg (1999), en su concepto de código técnico se acerca a esta idea de
concretización/individuación de los objetos en la medida que ambos reconocen elementos
estables de los artefactos, los que guardan la esencia o el linaje, que no se modifican en el
devenir.
Feenberg (2002), da a la noción de código técnico diferentes conceptos, en un primer
momento lo define como valores de sistema social específico y valores de clase sociales
dominantes instalados en el diseño técnico aun antes de otorgarle función específica al objeto.
Estos códigos sedimentan invisiblemente los valores e intereses de clase en las reglas de diseño
y uso de los artefactos y permiten evidenciar que la tecnología no es en sí misma un destino,
sino un escenario de lucha). Más adelante, en
Critical theory of technology,
el autor habla de
código técnico como la realización de un interés bajo la forma de una solución técnicamente
coherente a un problema. Cuando la percepción que lxs sujetos tienen de sus propios intereses
en relación a los problemas técnicos refuerza esos códigos, su significado político suele pasar
desapercibido (FEENBERG, 2005).
Estos intereses se esconden tras el velo de la necesidad técnica (FEENBERG, 2017).
Así, se instalan y fijan las posiciones dominantes, que alguna vez fueron solamente valores y
que hoy, ya establecidas, se transforman en código técnico. En la sociedad actual, el código
técnico está vinculado con la hegemonía del capitalismo y reproduce las formas de poder
propias de este (FEENBERG, 2012). En relación al PCI, la presencia del código técnico puede
observarse en tres puntos: uso del sistema operativo (DOS)
Windows
, transferencia de
tecnología desde centros de poder y reproducción de las clases
online
.
Si bien las computadoras del PCI venían con la opción de doble arranque, el desfase
temporal (a
windows
se entra por defecto, mientras que el DOS abierto hay que seleccionarlo)
implica una selección ventajosa para las tecnologías privativas (TORRES, 2019). Además, no
se capacitó a lxs destinatarixs en el manejo de
open source
por lo cual, por costumbres, que se
vuelven códigos técnicos, se accede a
windows
en lugar de experimentar con
linux o huayra
image/svg+xml
El Programa Conectar Igualdad desde el constructivismo crítico de Andrew Feenberg
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1270-1285, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15897
1278
(DOS abiertos). Continuar usando estas licencias privadas no sólo significa un retroceso en los
intentos de soberanía tecnológica sino que a su vez demanda una inversión económica para el
pago de las mismas.
La problemática del DOS puede tener un origen anterior, sí se recuerda en los primeros
párrafos se dijo que el PCI surgió inspirado en el programa OLPC de Negroponte, es decir, un
programa creado y orientado por los países centrales y ofrecido a los países periféricos. Sí se
tiene en cuenta eso se puede advertir que en la semilla del PCI existen lógicas de dependencia
y de subordinación de los países periféricos para con los centrales que se muestran luego en
diferentes instancias: no se adoptan los programas pero se compran las licencias o se compran
equipos producidos en los países dominantes. Estas decisiones se toman bajo las premisas de
un código técnico invisibilizado y naturalizado, que elimina las posibilidades de reflexión
crítica y reproduce las lógicas de poder. A través de esa transferencia de tecnologías desde los
centros de poder, se importan formas de entender el mundo, al tiempo que se limita el diálogo
con la comunidad destinataria del programa (TORRES, 2019).
Otro aspecto desde el cual puede analizarse la presencia de un código técnico es en la
reproducción de las clases
offline
a partir de la llegada de las computadoras, lo cual evidencia
que su presencia no es disruptiva en el proceso de enseñanza/aprendizaje. Ello guarda relación
con la
sinécdoque tecnológica
que proponen Benitez Largui y Zukerfeld (2015) para referir a
la visión que tienen lxs destinatarios del PCI, desde la cual el programa es sólo para distribuir
computadoras, ignorando las otras funciones. Este factor genera que se limiten las posibilidades
de disrupción en la enseñanza tradicional y se restrinjan las posibilidades de apropiación
tecnológica, lo cual está en sintonía con el enfoque instrumental que las sociedades suelen tener
y que está incorporado en los códigos (QUINTANILLA, 1998). Dicho enfoque instrumental
acaba eclipsando el resto de la política pública y no permite que nuevos valores se arraiguen en
los códigos técnicos de la sociedad.
Para esclarecer la forma en que los valores sociales están intrincados en las decisiones
tecnológicas, Feenberg (2010) introduce el concepto de sesgo tecnológico. Dice el autor que
existen dos tipos de sesgos, por un lado, el sesgo sustancial, un conjunto de prejuicios y
creencias que influencian decisiones que debieran estar basadas en criterios objetivos; este
sesgo “designa a algunos miembros de la sociedad como inferiores por todo tipo de razones
engañosas” (FEENBERG, 2010, p. 163) generando inequidades evidentes.
Por otro lado, el sesgo formal, se encuentra escondido en el propio sistema y sólo puede
ser revelado mediante análisis de contexto. Puede ocurrir que, un dispositivo a simple vista
parezca democrático o inofensivo pero que sin embargo resulte discriminatorio para cierto
image/svg+xml
Lucila DIDIER; Verónica Sofía FICOSECO y Edvaldo SOUZA COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1270-1285, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15897
1279
sector (FEENBERG, 2010). Este sesgo se utiliza para describir arreglos sociales prejuiciosos y
prevalece siempre que la elección de ciertos sistemas favorece a un grupo en detrimento de
otro. Este sesgo formal es propio de las sociedades modernas y “caracteri
za las condiciones en
las que la igualdad formal contradice al contenido social” (FEENBERG, 2002, p. 81, traducción
propia).
Lo más complejo del análisis de estos sesgos es que no representan a priori una
injusticia, más bien están basados en principios de equidad (FEENBERG, 2002). En relación
al PCI, puede decirse que, como muchas políticas orientadas a la inclusión digital, se trata de
dar a les hijes de les pobres en las escuelas lo mismo que les hijes de les ricxs tienen en sus
casas e incluso generar un impacto digital en las familias de menor ingreso a través de los
programas 1X1. Sin embargo, esta implementación tiene consecuencias discriminatorias, no
porque las computadoras sean inherentemente malas, sino porque los artefactos se distribuyen
en un contexto de riqueza/pobreza.
Las políticas de inclusión tecnológica muchas veces acaban generando prácticas
primeramente expulsivas no sólo porque desde el inicio separan la sociedad en grupos
diferenciados o focales que van a ser destinatarios de las mismas sino porque, sí no están lo
suficientemente articuladas con otras políticas, pueden resultar políticas adecuadas en lo teórico
pero ineficaces en la práctica. Un ejemplo de ello serán las situaciones derivadas de los
contextos de inseguridad en los que viven muches de les estudiantes que recibieron la
computadora y que, luego de asaltos, dejaron de trasladar los dispositivos entre los hogares y la
escuela rompiendo con la lógica del 1a1. Otra situación similar se da cuando se entregan las
computadoras, pero no se garantiza el piso tecnológico mínimo o la conectividad a la red por
lo cual se genera una doble expulsión.
Sí bien la lógica de distribución de equipos ayuda a disminuir las brechas de acceso, no
logran una ruptura de las lógicas de dominación ya que estas están radicadas en la matriz del
sistema: el uso de licencias privadas, la entrega de computadoras sin garantía de internet, el
subuso de posibilidades técnicas de artefactos y la falta de alfabetización contribuyen a
perpetuar estas lógicas, escondidas tras la imagen de una política inclusiva. Se limitan así, las
posibilidades reales de apropiación digital ya que la inclusión se basa en aplicar el mismo
estándar para grupos desiguales (FEENBERG, 2002).
Desde las teorías de Feenberg (2010), puede decirse que el PCI tiene un sesgo formal
constitutivo en lo que refiere a los componentes de la computadora (DOS privados, subuso) y
en la falta de conexión a internet; y tiene un sesgo formal de implementación en la manera en
image/svg+xml
El Programa Conectar Igualdad desde el constructivismo crítico de Andrew Feenberg
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1270-1285, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15897
1280
la cual intenta subsanar la problemática de la brecha digital a nivel local y regional, a través de
la inclusión y no de la democratización.
Feenberg (2002) introduce la noción de ambivalencia tecnológica, diferenciada de la
neutralidad por el rol que otorga a los valores sociales en el diseño y no sólo en el uso de los
sistemas técnicos. Para el autor, la tecnología no es un destino sino un campo de batalla, un
escenario de lucha, “un parlamento de las cosas en el que las alternativas de la civilización se
encuentran” (
FEENBERG, 2002, p. 15). La tecnología expresa que la técnica es ambivalente
del proyecto civilizatorio para el que se le use, la tecnología en sí tiene el potencial para
desempeñarse en diversos proyectos (TULA MOLINA; GIULIANO, 2015).
La ambivalencia tecnológica ayuda a analizar la correlación entre el avance tecnológico
y la distribución del poder social, que no necesariamente tiene una forma única de manifestarse
(FEENBERG, 1999). Hay que hablar sobre la ambivalencia tecnológica como un locus de
cambio social, desafiando la unidimensionalidad del pensamiento tecnológico (FEENBERG,
2013). Además, es necesario tener en cuenta que también existe una ambivalencia en las misma
personas: hay un deseo de usar las tecnologías que coexiste con el deseo de autodeterminación
(TULA MOLINA; GIULIANO, 2015). Por ello Feenberg (2013) apela a la reflexión individual
para desafiar y reconfigurar el sistema cultural dominante. El locus principal para la contienda
de la ambivalencia tecnológica son las instituciones mediadas tecnológicamente en las cuales
es posible crear un espacio de transformación social.
Las computadoras del PCI incluían el doble arranque, dividido entre
Windows
(privado)
y
GNU Linux
/Huayra (libre), lo cual es un paso hacia la transformación social y tecnológica,
que brinda espacio para un sistema operativo producido localmente. Sin embargo, la opción
libre estaba colocada por defecto, lo cual, sumado a la falta de capacitación al respecto, produjo
un subuso de las opciones libres. Este punto es importante si se piensa en lo que conlleva
adquirir licencias de uso de
Windows
y la importancia que reviste la creación de un SOL
nacional. Pese a que consideramos que no hubo un trabajo suficiente para generar un uso de
Huayra, se destaca el esfuerzo por dotar a las computadoras de una opción libre, ya que el
sucesor del PCI, el Plan Aprender Conectados, no incorporó estas posibilidades. Hoy, en 2022,
con el relanzamiento del Programa Conectar Igualdad, vuelve a estar en boga este debate
cuando el gobierno anuncia una vez más el doble arranque, retrocediendo una vez más y
complaciendo a las grandes multinacionales tecnológicas.
Hay una diferencia de poder entre quienes dirigen los sistemas tecnológicos y quienes
lo utilizan: la autonomía operacional (TULA MOLINA; GIULIANO, 2015). Se basa en un
mayor grado de libertad de los sectores que detentan más poder para poder tomar decisiones
image/svg+xml
Lucila DIDIER; Verónica Sofía FICOSECO y Edvaldo SOUZA COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1270-1285, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15897
1281
que, aún influyendo sobre todxs, no permite la toma de posición por parte de otros sectores.
Como una respuesta a este modo de accionar, los sectores excluidos o no poderosos llevan a
cabo ciertas acciones de resistencia conocidas bajo el nombre de margen de maniobra,
vinculado a la capacidad de agencia y de reflexividad individual, que buscar poder resistir al
control ejercido desde los sectores dominantes.
Puede hablarse de autonomía operacional en relación al PCI desde dos sentidos: por un
lado existe una articulación de cuatro grandes áreas del gobierno para la implementación del
programa pero no se evidencia un consenso ni una instancia de debate que involucre otros
sectores de la población igualmente afectados, por ejemplo la comunidad educativa. Por otro
lado, todas las decisiones con respecto a la especificidad técnica de los equipos es tomada por
dentro del gobierno con decisiones unilaterales, que, nuevamente, no presentan etapas de
diálogo o construcción colectiva.
Sí se coloca el foco de análisis en el maergen de maniobra, pueden leerse en la
implementación del PCI tres situaciones o indicadores de ello: alternativas puestas en marcha
por les estudiantes frente al bloqueo de las computadoras fuera del espacio escolar; apropiación
de las computadoras para destinarlas al uso recreativo, por ejemplo colocando placas de video,
y quitando para ello componentes ligados a la función educativa; y, una reutilización o
refuncionalización del espacio escolar y los alrededores que cobran relevancia cuando se
transforman en puertos para el acceso a internet o para evitar los bloqueos de los dispositivos,
por ejemplo patios y veredas.
Feenberg (1999) a través de su teoría de la instrumentalización permite realizar un
análisis dialéctico de la técnica (CAVALLI, 2013). En un primer nivel, llamado primario o de
funcionalización, la técnica va a ser analizada desprendida o aislada de su contexto y de las
experiencias de uso, partiendo de una reducción y una descontextualización. El análisis del PCI
desde este nivel responde sólo a parámetros técnicos: tipo de equipos, sistemas operativos,
componentes, piso tecnológico, etc. Al verse desligada del contexto, la técnica aparece en este
nivel analizada en detalle, se hace especial énfasis en su funcionalidad o utilidad. Ya en un
segundo nivel, llamado secundario o de realización, se propone generar una reinserción de la
técnica dentro del entorno social y natural en el que es producida, generando un proceso de
recontextualización (FEENBERG, 1999). En este nivel de análisis no es posible hablar del PCI
sin pensar en las características coyunturales del entorno en el que se sitúa, y analizarlo dentro
de un sistema político global, en articulación con otras políticas o programas.
En ese análisis contextual es menester, por ejemplo, hablar de qué lugar ocupan los
debates de
software
libre en Argentina y en la región, que sí bien excede los objetivos de este
image/svg+xml
El Programa Conectar Igualdad desde el constructivismo crítico de Andrew Feenberg
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1270-1285, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15897
1282
artículo en particular no dejan de resultar aspectos de relevancia cuando se piensa en políticas
del área técnica.
Consideraciones finales
El recorrido propuesto en el cual se colocó en diálogo al PCI y a los postulados teóricos
de Feenberg (1991) arrojó como principales resultados que el PCI debe ser considerado como
una política macro, de gran importancia a nivel no sólo nacional sino regional en lo que respecta
al desarrollo tecnocientífico. Fue un programa creado, financiado y gestionado por el gobierno,
articulando para ellos diversas áreas de trabajo. Al proponer la articulación de diversas áreas,
se posibilitó una implicación masiva de actores en su funcionamiento, generando una política
de estado de gran relevancia.
El análisis en relación a las teorías de Feenberg (1991), permite realizar una evaluación
del PCI en relación a la democratización y transformación tecnológica, que sí bien es uno de
los ejes del programa ha presentado algunas dificultades en la puesta en marcha del mismo. Ya
sea porque se compró equipo a empresas multinacionales extranjeras, porque se perpetuó la
lógica distributiva o porque se continuó utilizando licencias privadas, todos esos elementos
vuelven complejo poder hablar del PCI como una propuesta de soberanía tecnológica, aunque
claro es destacable la superioridad respecto a políticas similares tanto locales como regionales.
Al analizar el PCI y poder concluir que, sí bien no alcanzó estándares que pudieran dar
cuenta de una transformación en la matriz tecnológica, sí se posicionó en una línea tendiente
tanto a la soberanía como a la democratización. A diferencia del PCI, el plan que le siguió,
durante la presidencia de Mauricio Macri (2015-2019) denominado Plan Aprender Conectados
(PAC) generó una interrupción en este proceso ya que se basó en una lógica de adquisición de
equipos provenientes de empresas extranjeras y su consiguiente distribución a las escuelas sin
una marco contextual que pudiera ayudar a generar un uso consciente y efectivo de los mismos.
Este diferencia entre los planes pone de manifiesto que hay políticas de estado que deberían
intentar mantenerse aún en épocas de cambio de gestión política ya que su interrupción genera
importantes consecuencias, tal como se vio reflejado en la pandemia del Covid-19 que colocó
en tela de juicio la masiva brecha digital existente en las sociedades.
Este artículo intentó generar un diálogo entre teorías sobre tecnologías y una política de
referencia a nivel nacional y regional. Aunque pueden detectarse indicios de que la puesta en
marcha del PCI no llegó a cumplir con los objetivos iniciales de soberanpia y democratización
tecnológica, es necesario destacar que su existencia provoc+ó una ruptura positiva en los índices
image/svg+xml
Lucila DIDIER; Verónica Sofía FICOSECO y Edvaldo SOUZA COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1270-1285, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15897
1283
de brechas digitales y que abrió la puerta a que nuevas políticas puedan ser ensayadas e
implementadas. Hoy, más de doce años después, el Programa Conectar Igualdad vuelve a
ponerse en el centro de la escena cuando el gobierno nacional anuncia su relanzamiento: nuevas
críticas, nuevos debates y sobre todo una controversia en relación a qué camino tecnológico
sigues como sociedades vuelve a ser tema candente. Desde los sectores vinculados al
software
libre o desde las escuelas se intenta que el PCI no vuelva a caer en la perpetuación de la
distribución internacional del trabajo, resaltando la necesidad de posicionar a Argentina como
un país capaz de decidir, producir y consumir, de manera consciente y crítica, su propia
tecnología.
Para futuros análisis se espera poder realizar un contraste entre las dos eras del Programa
Conectar Igualdad, que clarifican un tipo de política estatal particular.
REFERENCIAS
BENÍTEZ LARGHI, S.; ZUKERFELD, M.
Flujos de conocimientos, tecnologías digitales y
actores sociales en las escuelas secundarias
. Un análisis socio-técnico de las capas del
Programa Conectar Igualdad
.
La Plata: Universidad Nacional de la Plata, 2015. Disponible
en: http://www.ciecti.org.ar/wp- content/uploads/2016/10/CIECTI-Proyecto-UM-UNLP.pdf.
Acceso en: nov. 2021.
BONETI, L. W.
Políticas Públicas por dentro
. 3. ed. Buenos Aires: CLACSO. 2017.
CAVALLI, A. La tradición en la integración entre naturaleza y sociedad en el marco de la
críticacultural de la tecnología de Andrew Feenberg.
In
: BARRIO, C.; BASSO, L.;
CRELIER, A. (comp.)
Acontecimiento y tradición
: Fundamentos de la cultura. Mar del
Plata: Universidad Nacional de Mar del Plata, 2013.
DA PORTA, E.
Las significaciones de las TIC en Educación
: políticas, proyectos,
prácticas.
Córdoba: Ferreyra Ed. 2015
FEENBERG, A.
Critical Theory of Technology
.
Oxford: Oxford Press. 1991.
FEENBERG, A.
Questioning technology
.
Londres: Routledge. 1999.
FEENBERG, A.
Transforming technology
.
A critical theory revisited. New York: Oxford
University Press, 2002.
FEENBERG, A. Teoría crítica de la tecnología.
Revista Iberoamericana de Ciencia,
Tecnología y Sociedad
, v. 2, n. 5, p. 109-123, 2005. Disponible en:
http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=92420507. Acceso en: nov. 2021.
FEENBERG, A.
Inside technology
. Between reason and experience.
Massachusetts: The
MIT Press, 2010.
image/svg+xml
El Programa Conectar Igualdad desde el constructivismo crítico de Andrew Feenberg
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1270-1285, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15897
1284
FEENBERG, A. Del esencialismo al constructivismo: la filosofía de la tecnología en la
encrucijada.
Revista Hipertextos
, v. 1, n. 1, p. 15-57, 2013. Disponible en:
http://revistahipertextos.org/wp-content/uploads/2014/01/Hipertextos_no.1.15-58.pdf. Acceso
en: nov. 2021.
FEENBERG, A.
Technosystem
: The social life of reason. Massachusetts: Harvard University
Press, 2017.
FONSECA, M. O Banco Mundial e a Educação a Distância.
In
: PRETTO, N. (org.).
Globalização e Educação
. Mercado de Trabalho, Tecnologias de Comunicação, Educação a
Distância e Sociedade Planetária. 2. ed. Ijuí, RS: Editora Unijuí. 1999. p. 59-77.
GODOY, M.
El programa Conectar Igualdad en Salta, Argentina
: especificidades locales
y trayecto de una política pública de inclusión digital.
2019. Disertación (Maestría en
Educación)
–
Facultad de Educación, Universidad Federal da Bahia, Salvador, 2019.
MAGGIO, M. Entre la inclusión digital y la recreación de la enseñanza: el modelo 1 a 1 en
Argentina.
Revista Científica de Tecnología Educativa
, v. 1, n. 1, p. 51-64, 2012.
Disponible en:
https://www.academia.edu/14102857/Entre_la_inclusi%C3%B3n_digital_y_la_recreaci%C3
%B3n_de_la_ense%C3%B1anza_el_modelo_1_a_1_en_Argentina. Acceso en: 10 nov. 2021.
MINAYO, M. C. S. Amostragem e saturação em pesquisa qualitativa: consensos e
controvérsias.
Revista Pesquisa Qualitativa
, v. 5, n. 7, p. 1
–
12, 2017. Disponible en:
https://editora.sepq.org.br/rpq/article/view/82. Acceso en: mar. 2021.
NASSRI, R.; COUTO, E. Letramento digital do professor no projeto UCA - Um computador
por aluno.
In
: SILVA, M. C. P. (org.).
Educação, sociedade e práxis pedagógica
. Salvador:
EDUFBA, 2021. p. 43-61.
QUINTANILLA, Miguel Ángel. Técnica y cultura.
Theorema: Revista Internacional de
Filosofía
, v. 17, n. 3, p. 46-69, 1998. Disponible en:
http://sammelpunkt.philo.at/id/eprint/2800/1/QUINTANILLA.pdf. Acceso en: nov. 2021.
SIMONDON, G.
El modo de existencia de los objetos técnicos
. 1. ed. Buenos Aires:
Prometeo, 2007
TORRES, M. Innovan las innovaciones? Un análisis del conectar igualdad y del aprender
conectados.
Revista Hipertextos
, v. 12, n. 7, p 120-138, 2019. DOI:
https://doi.org/10.24215/23143924e006. Disponible en:
https://revistas.unlp.edu.ar/hipertextos/article/view/9275. Acceso en: abr. 2020.
TULA MOLINA, F.; GIULIANO, H. La teoría crítica de la tecnología: revisión de conceptos.
Redes: Revista de Estudios Sociales de la Ciencia
, v. 21, n. 41, p. 179-214, 2015.
Disponible en: http://ridaa.unq.edu.ar/handle/20.500.11807/344. Acceso en: nov. 2021.
VAN DIJK, T. Análisis crítico del discurso.
Revista Austral de Ciencias Sociales
, n. 30, p.
203-222, 2016. Disponible en: http://revistas.uach.cl/pdf/racs/n30/art10.pdf. Acceso en: mar.
2019.
image/svg+xml
Lucila DIDIER; Verónica Sofía FICOSECO y Edvaldo SOUZA COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1270-1285, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15897
1285
VASILACHIS DE GIALDINO, I. (coord.)
Estrategias de investigación cualitativa
. 1. ed.
Barcelona: Ed. GEDISA, 2006.
EL CRONISTA.
Computadoras gratis
: anticipan nuevas entregas de netbooks, ¿dónde
inscribirse?. Buenos Aires: El Cronista Comercial AS, 2021. Disponible en:
https://www.cronista.com/economia-politica/computadoras-gratis-anses-anticipan-nuevas-
entregas-de-netbooks-donde-inscribirse/. Acceso en: nov. 2021.
RADIO FORMOSA.
Adiós al Programa Conectar Igualdad
: 800 mil chicos se quedaron
sin netbooks. [s.d.]. Disponible en: https://radioformosa.com.ar/adios-al-programa-conectar-
igualdad-800-mil-chicos-se-quedaron-sin-netbooks/. Acceso en: nov. 2021.
Como referenciar este artigo
DIDIER, L.; FICOSECO, V. S.; SOUZA COUTO, E. El Programa Conectar Igualdad desde el
constructivismo crítico de Andrew Feenberg.
Revista Ibero-Americana de Estudos em
Educação
, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1270-1285, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587. DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15897
Submissão
:
24/11/2021
Revisões requeridas
: 19/02/2022
Aprovado em
: 28/02/2022
Publicado em
: 01/04/2022
image/svg+xml
The Program Conectar Igualdad analyzed from Andrew Feensberg´s critical constructivism
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1263-1278, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15897
1263
THE PROGRAM CONECTAR IGUALDAD ANALYZED FROM ANDREW
FEENBERG'S CRITICAL CONSTRUCTIVISM
O PROGRAMA CONECTAR IGUALDAD ANALIZADO A PARTIR DO
CONSTRUCTIVISMO CRÍTICO DO ANDREW FEENBERG
EL PROGRAMA CONECTAR IGUALDAD DESDE EL CONSTRUCTIVISMO CRÍTICO
DE ANDREW FEENBERG
Lucila DIDIER
1
Verónica Sofía FICOSECO
2
Edvaldo SOUZA COUTO
3
ABSTRACT
: The objective of the article is to analyze the structure and the logic of operation
of the Conectar Igualdad Program (PCI) developed in Argentina between 2011 and 2018 from
the perspective of Andrew Feenberg's critical constructivism, in order to analyze salient aspects
of said program with the focus on the processes of democratization and technological
transformation. The method used was qualitative, descriptive and analytical. It is concluded that
although the PCI was a program of such importance in relation to other policies in the area,
certain difficulties can be identified in its implementation in relation to technological
democratization since it reproduces logics of importing technology, distributing equipment and
purchase of private licences. Even so, the intention of the program and related policies to walk
towards technological sovereignty is highlighted.
KEYWORDS
: Conectar Igualdad Program. Public politics. Educative technology. Andrew
Feenberg.
RESUMO
:
O objetivo do artigo foi analisar a estrutura e a lógica de funcionamento do
Programa Conectar Igualdad (PCI), desenvolvido na Argentina entre 2011 e 2018, a partir da
perspectiva do construtivismo crítico de Andrew Feenberg, para discutir aspectos desta
política pública com foco nos processos de democratização e transformação tecnológica. O
método usado foi o qualitativo, descritivo e analítico. O estudo concluiu que o PCI foi um
programa de grande importância em relação com outras políticas da área, podem se identificar
na sua implementação algumas dificuldades em relação a democratização tecnológica já que
o programa reproduz lógicas de importação de tecnologias, de distribuição de equipamentos
e de compra de licenças privativas. Ainda assim, remarca-se a intencionalidade do programa
e das políticas anexas de caminhar para a soberania tecnológica.
1
Federal University of Bahia (UFBA), Salvador
–
BA
–
Brazil.
Doctoral student at the Graduate Program in
Education.ORCID: https://orcid.org/0000-0002-2561-8662. E-mail: didierlucila@gmail.com
2
Federal University of Bahia (UFBA), Salvador
–
BA
–
Brazil. Visiting Professor at the Graduate Program in
Education. PhD in Communication (UNLP)
–
Argentina. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-1397-1968. E-mail:
vsficoseco@gmail.com
3
Federal University of Bahia (UFBA), Salvador
–
BA
–
Brazil. Full Professor in the Department of Education II.
PhD in Education (UNICAMP). CNPq Research Productivity Scholarship Holder - Level 2. ORCID:
https://orcid.org/0000-0002-2648-9399. E-mail: edvaldosouzacouto@gmail.com
image/svg+xml
Lucila DIDIER; Verónica Sofía FICOSECO and Edvaldo SOUZA COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1263-1278, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15897
1264
PALAVRAS-CHAVE
: Projeto Conectar Igualdad. Política pública. Tecnologia educacional.
Andrew Feenberg.
RESUMEN
:
El objetivo del artículo fue analizar la estructura y la lógica de funcionamiento
del Programa Conectar Igualdad (PCI), desarrollado en Argentina entre los años 2011 y 2018,
desde la perspectiva del constructivismo crítico de Andrew Feenberg, a los fines de analizar
aspectos salientes de este dicho programa a partir del foco en los procesos de democratización
y transformación tecnológica. El método usado fue el cualitativo, descriptivo y analítico. Se
concluye, que sí bien el PCI fue un programa de tamaña importancia en relación a otras
políticas del área, pueden identificarse en su implementación ciertas dificultades en relación a
la democratización tecnológica ya que reproduce lógicas de importación de tecnología, de
distribución de equipamientos y de compra de licencias privadas. Aún así, se remarca la
intención del programa y de políticas anexas de caminar hacia la soberanía tecnológica.
PALABRAS CLAVE
: Proyecto Conectar Igualdad. Política pública. Tecnología educativa.
Andrew Feenberg.
Introduction
Since ancient times there has been a close relationship between technologies and
societies, thus, the ways of approaching technical phenomena and the discussions on how they
are conceived become part of the daily scene, in societies where technology is increasingly
present and where it seems more and more complex to talk about these phenomena separately
(NASSRI; COUTO, 2021).
Part of this complexity is located in the theoretical debates, especially between the more
essentialist lines as opposed to the more constructivist lines, which postulate different ways of
approaching the technical. Essentialist theories (FEENBERG, 1999) are those for which
technology is not an end in itself, but acquires the character of a totalizing experience of the
world of life; that is, it becomes an environment and a way of life. For Feenberg (1999),
essentialist theories consider technology as a new type of cultural system that restructures the
entire social world and makes it an object of domination. On the other hand, constructivist
theories reinforce the idea that technology and society are mutually co-constructed, in a constant
interaction resulting from constant negotiations that end up generating a socio-technical
assembly or a seamless fabric. In this framework, Andrew Feenberg (1991) presents his critical
theory, or critical constructivism, as an updated alternative for analyzing technique: "through a
holistic critique of technology and a theory about its democratic potentialities, Feenberg places
technological change within a broader cultural context" (CAVALLI, 2013, p. 65).
image/svg+xml
The Program Conectar Igualdad analyzed from Andrew Feensberg´s critical constructivism
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1263-1278, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15897
1265
Feenberg (2017), through his critical constructivism emphasizes the idea that
technology is not a destination or a closed and stable horizon but a battlefield where the interests
of different classes come into play reproducing existing hegemonies.
Through his main concepts (technical code, technical ambivalence, theory of
instrumentalization) he proposes an exercise of analysis and reflexivity on technical systems in
order to uncover all the relations between technology and dominant power and to demonstrate
that technology is not neutral but can acquire diverse uses, related to the knowledge and the
capacity to act of the different groups.
Starting from Feenberg's (2017) postulates, the objective of this article is to analyze the
Conectar Igualdad Program (PCI), implemented in Argentina between 2010-2018, seeking to
understand to what extent it could be considered an attempt at technological democratization.
The research method was qualitative, analytical and descriptive. Throughout the article, the
context in which the program was implemented is analyzed, in dialogue with the concepts of
Feenberg (2017) and the most relevant features of the PCI are described to make them dialogue
with the theory; always having as the idea of democratization and technological sovereignty.
Methodology
The qualitative method (VASILACHIS DE GIALDINO, 2006) of a critical and
descriptive nature (MINAYO, 2012; VAN DIJK, 2016) was used to account for the proposed
objective. The analysis of the program was built in a dialogic way between the information of
the program, extracted from official documents, and the theoretical approaches of critical
constructivism of Feenberg (2017).
Based on the proposed methodological approach, the analysis was articulated in three
interrelated approaches. In the first one, a chronological description of the PCI trajectories was
developed, which is supported by the background survey of previous research. From there,
some salient or specific elements of the ICH were taken up again to be critically analyzed in
contrast, and dialogue, with the conceptual proposals of Feenberg (2017). For the latter, the
analysis is divided into two parts: on the one hand, aspects related to the use of technologies
(PCI computers) in concrete situations in schools and the daily life of their primary users and,
on the other hand, it focuses on macro aspects, related to the conception and perception of the
program as a strategy of democratization and access, and the tensions around it.
image/svg+xml
Lucila DIDIER; Verónica Sofía FICOSECO and Edvaldo SOUZA COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1263-1278, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15897
1266
Results and analysis
When the central countries were devastated by the impacts of the Second World War,
certain international organizations were created with the mission of helping in the
reconstruction of these countries, including, for example, the International Monetary Fund
(FONSECA, 1999). When this first task was completed, these organizations were
refunctionalized and directed their efforts to cementing the informatization of societies,
especially in peripheral countries, since this was considered a necessary step for the
establishment of capitalism at world level (FONSECA, 1999).
By 1980, peripheral countries began to implement programs and policies influenced by
the agendas of the central countries and international organizations, aimed at developing
scientific and technological areas in order to modernize societies and thus collaborate with
capitalist expansion (BONETI, 2017). Perhaps, without these orientations from the central
countries many of the peripheral societies would not have been able to make the leap towards
informatization or technologization, however, we must not lose sight of the fact that following
these programs coming from the center generated the beginning of technical subordination.
This subordination is based on positioning the central countries as designers, constructors and
ideologists of technologies while relegating the peripheral states to the position of passive
consumers.
The school, as a universal institution, quickly became the medium through which the
main technological policies were implemented. In its beginnings, the school as an institution
refused technical advances, blocking the entry of equipment and policies. However, it was not
for long: the technical culture gradually filtered into the school not only through the formal but
mainly through the students and the educational community in general.
Through the implementation of technological programs promoted by international
organizations in different developing regions, an economic logic of international division of
labor was established in which some (central) countries acted as managers of the programs and
as technological suppliers, while developing or peripheral countries were established as
consumers.
Thus, technological inclusion policies were oriented towards consumption and
importation not only of technological devices but also of programs and policies, and Argentina
was no exception.
In Argentina, policies aimed at including technology in schools have been implemented
since 1990. Initially, computer rooms or laboratories were created, installed in fixed spaces in
image/svg+xml
The Program Conectar Igualdad analyzed from Andrew Feensberg´s critical constructivism
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1263-1278, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15897
1267
schools and aimed at primary literacy (MAGGIO, 2012). At the same time, the Federal
Education Law 24195 was sanctioned, which boosted a process of decentralization and
federalization of education (GODOY, 2019).
However, around 2003, Néstor Fernández de Kirchner assumed the presidency and
began to develop national alternatives to both the technologization programs of societies and
the manufacture of inputs and devices, understanding that the path should be oriented towards
technological sovereignty. Thus, the Educ.ar platform is created, the launching of the ARSAT
satellite and the implementation of national fiber optics to expand connectivity networks take
place; transforming the state into an agent of social transformation (GODOY, 2019).
In 2006, and consistent with these policies, the National Education Law (26206) was
passed, which postulates technological literacy as a right linked to inclusive and quality
education. All this process seems to settle in 2010, when the Conectar Igualdad Program,
inspired by Nicholas Negroponte's One Laptop Per Child (OLPC) initiative, was created,
combining all the efforts and political initiatives.
It is in this decade that Latin American countries began to consider the technical issue
within their political agendas, asking themselves and questioning their place in the global
market and developing strategies to guide their efforts towards technological sovereignty.
Argentina, which had already started this technological "era" with previous policies, reaffirms
it through the creation of the "Argentina conectada" or "Televisión digital abierta" plans.
Towards 2009, the Audiovisual Communication Services Law was passed, which seeks to
transform the production matrix of audiovisual content by advocating the diversification of its
content and which will later result in the creation of the National Telecommunications Plan
Argentina Conectada, promoting the installation of digital access infrastructure nationwide
(GODOY, 2019).
Linked to these policies, the Conectar Igualdad Program was created in 2010 as an
inclusive policy that seeks to guarantee access to technological equipment through a distributive
logic. The PCI distributes laptops in secondary schools, teacher training institutes and special
schools, both for students and their teachers. Under the premise of technological
universalization, it articulated different areas of the government and became one of the most
important policies of the time.
image/svg+xml
Lucila DIDIER; Verónica Sofía FICOSECO and Edvaldo SOUZA COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1263-1278, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15897
1268
Figure 1
–
Computers from PCI
Source: El Cronista (2021)
PCI seeks to reduce the existing inequality in access to and appropriation of
technologies. Beyond the impact on the student population, it also seeks to generate a
breakthrough at the community level, which occurs when students take computers home.
If Feenberg's (1991) theory is taken as the axis, there are two points of analysis about
the PCI that are of special interest: its articulated functioning and its own financing. Regarding
articulation, the PCI works by articulating different governmental areas such as: Ministry of
Education, Federal Planning, ANSES and Public Investment and Services, which implies a
great logistics of distribution of responsibilities and management and an articulation between
the nation, provinces and jurisdictions. When talking about financing, it is noteworthy that it is
solved from ANSES with the national state budget, which already marks an independent
intention by not receiving aid from international organizations (DA PORTA, 2015).
Taking into account the two previous points is that the PCI is a program of special
interest to be analyzed from the postulates of Feenberg (1991): a marked attempt of
technological sovereignty and democratization can be observed, seeking to reduce the existing
digital gaps and seeking to reach various social sectors with this policy. Beyond that, the
author's postulates, allow for a macro reading of the program attending to the global contextual
analysis and proposing an alternative idea of modernity to be able to think about the technical
developments of societies (FEENBERG, 2017).
The PCI was the largest science and technology policy carried out in Argentina,
delivering more than six million computers in its eight years of duration. In addition to the
image/svg+xml
The Program Conectar Igualdad analyzed from Andrew Feensberg´s critical constructivism
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1263-1278, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15897
1269
distributive logic of 1a1, the program also contemplated the creation of open educational
resources and continuous teacher training, directly impacting digital literacy.
Although some criticisms can be made more than ten years after its launching, such as
the fact that the demand was not met, that the technical equipment was not sufficient to meet
the demand for repairs of the devices, that many of the schools did not have the technological
floor to implement the program, among others, it is a remarkable policy.
In addition, the PCI made progress in other areas related to the idea of technological
democratization and digital sovereignty, such as the use of free operating systems, the creation
of national and open repositories and the call for bids from national industries for the purchase
of computers.
Figure 2
–
Youth with PCI computers
Source: Radio Formosa ([n.d.]).
Feenberg (1991), introduces the concept of technical code to talk about how functions,
technical and social, are condensed and codified in a set of rules (TULA MOLINA;
GIULIANO, 2015). Through these codes, activities to be performed with objects appear as
permitted or prohibited, also linked to the functionality of each device. One notices in this
concept an inspiration in Gilbert Simondon's (2007) concept of concretization, by
differentiating this code from the more stable technical elements or technical elements.
Through the incorporation of the technical code, which is closely related to the idea of
Simondonian concretization. Feenberg (1999) moves away from the idea of neutrality.
According to Simondon (2007) technical objects become concrete in their becoming, through
image/svg+xml
Lucila DIDIER; Verónica Sofía FICOSECO and Edvaldo SOUZA COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1263-1278, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15897
1270
a process of individuation in which they evolve as their degree of technicality increases.
However, this evolution takes place within margins of possibilities lodged in the very essence
of the objects, the lineage of artifacts to which it belongs is maintained throughout the evolution
or individuation, resulting in an object that is no longer in struggle with itself, in which no
secondary element hinders its functioning (SIMONDON, 2007). Feenberg (1999), in his
concept of technical code, approaches this idea of concretization/individuation of objects
insofar as both recognize stable elements of artifacts, those that keep the essence or lineage,
which are not modified in the becoming.
Feenberg (2002), gives the notion of technical code different concepts, at first he defines
it as specific social system values and dominant social class values installed in the technical
design even before granting specific function to the object. These codes invisibly sediment class
values and interests in the rules of design and use of artifacts and make it possible to show that
technology is not in itself a destiny, but an arena of struggle). Later, in Critical theory of
technology, the author speaks of technical code as the realization of an interest in the form of a
technically coherent solution to a problem. When the perception that subjects have of their own
interests in relation to technical problems reinforces these codes, their political significance
often goes unnoticed (FEENBERG, 2005).
These interests are hidden behind the veil of technical necessity (FEENBERG, 2017).
Thus, dominant positions are installed and fixed, which were once only values and today,
already established, are transformed into technical code. In today's society, the technical code
is linked to the hegemony of capitalism and reproduces the forms of power proper to it
(FEENBERG, 2012). In relation to the PCI, the presence of technical code can be observed in
three points: use of the Windows operating system (DOS), technology transfer from centers of
power and reproduction of online classes.
Although PCI computers came with the dual boot option, the time lag (windows is
entered by default, while open DOS must be selected) implies an advantageous selection for
proprietary technologies (TORRES, 2019). In addition, the recipients were not trained in the
management of open source so that, by customs, which become technical codes, windows is
accessed instead of experimenting with linux or huayra (open DOS). Continuing to use these
private licenses not only means a setback in the attempts of technological sovereignty but also
demands an economic investment to pay for them.
The DOS problem may have an earlier origin, if we recall in the first paragraphs that the
PCI was inspired by Negroponte's OLPC program, i.e., a program created and oriented by the
central countries and offered to peripheral countries. If this is taken into account, it can be seen
image/svg+xml
The Program Conectar Igualdad analyzed from Andrew Feensberg´s critical constructivism
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1263-1278, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15897
1271
that in the seed of the PCI there are logics of dependence and subordination of the peripheral
countries towards the central countries that are later shown in different instances: the programs
are not adopted but licenses are purchased or equipment produced in the dominant countries is
bought. These decisions are made under the premises of an invisible and naturalized technical
code, which eliminates the possibilities of critical reflection and reproduces the logics of power.
Through this transfer of technologies from the centers of power, ways of understanding the
world are imported, while limiting the dialogue with the target community of the program
(TORRES, 2019).
Another aspect from which the presence of a technical code can be analyzed is in the
reproduction of offline classes from the arrival of computers, which evidences that their
presence is not disruptive in the teaching/learning process. This is related to the technological
synecdoche proposed by Benitez Largui and Zukerfeld (2015) to refer to the vision that PCI
recipients have, from which the program is only to distribute computers, ignoring the other
functions. This factor generates that the possibilities of disruption in traditional teaching are
limited and the possibilities of technological appropriation are restricted, which is in tune with
the instrumental approach that societies usually have and that is embedded in the codes
(QUINTANILLA, 1998). Such an instrumental approach ends up overshadowing the rest of
public policy and does not allow new values to take root in the technical codes of society.
To shed light on the way in which social values are embedded in technological
decisions, Feenberg (2010) introduces the concept of technological bias. The author says that
there are two types of biases, on the one hand, the substantial bias, a set of prejudices and beliefs
that influence decisions that should be based on objective criteria; this bias "designates some
members of society as inferior for all sorts of specious reasons" (FEENBERG, 2010, p. 163)
generating obvious inequities.
On the other hand, formal bias is hidden in the system itself and can only be revealed
through context analysis. It may happen that, at first glance, a device may appear democratic or
harmless but nevertheless discriminate against a certain sector (FEENBERG, 2010). This bias
is used to describe prejudicial social arrangements and prevails whenever the choice of certain
systems favors one group to the detriment of another. This formal bias is typical of modern
societies and "characterizes conditions in which formal equality contradicts social content"
(FEENBERG, 2002, p. 81, own translation).
The most complex aspect of the analysis of these biases is that they do not represent a
priori an injustice, but rather are based on principles of equity (FEENBERG, 2002). In relation
to the PCI, it can be said that, like many policies aimed at digital inclusion, it is about giving
image/svg+xml
Lucila DIDIER; Verónica Sofía FICOSECO and Edvaldo SOUZA COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1263-1278, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15897
1272
the children of the poor in schools the same as the children of the rich have at home and even
generating a digital impact on lower-income families through 1X1 programs. However, this
implementation has discriminatory consequences, not because computers are inherently bad,
but because the devices are distributed in a context of wealth/poverty.
Technological inclusion policies often end up generating practices that are primarily
expulsive, not only because from the outset they separate society into differentiated or focal
groups that will be targeted by them, but also because, if they are not sufficiently articulated
with other policies, they can result in policies that are adequate in theory but ineffective in
practice. An example of this will be the situations derived from the contexts of insecurity in
which many of the students who received the computer live and who, after assaults, stopped
moving the devices between home and school, breaking with the logic of 1to1. Another similar
situation occurs when computers are delivered, but the minimum technological floor or network
connectivity is not guaranteed, thus generating a double expulsion.
Although the logic of equipment distribution helps to reduce access gaps, it does not
break the logic of domination, since these are rooted in the system's matrix: the use of private
licenses, the delivery of computers without Internet guarantee, the underuse of technical
possibilities of devices and the lack of literacy contribute to perpetuate these logics, hidden
behind the image of an inclusive policy. Thus, the real possibilities of digital appropriation are
limited, since inclusion is based on applying the same standard to unequal groups (FEENBERG,
2002).
From the theories of Feenberg (2010), it can be said that the PCI has a formal
constitutive bias in terms of computer components (private DOS, subuse) and the lack of
Internet connection; and it has a formal implementation bias in the way in which it attempts to
remedy the problem of the digital divide at local and regional level, through inclusion and not
democratization.
Feenberg (2002) introduces the notion of technological ambivalence, differentiated
from neutrality by the role he gives to social values in the design and not only in the use of
technical systems. For the author, technology is not a destination but a battlefield, an arena of
struggle, "a parliament of things in which the alternatives of civilization meet" (FEENBERG,
2002, p. 15). Technology expresses that technique is ambivalent of the civilizational project for
which it is used, technology itself has the potential to perform in diverse projects (TULA
MOLINA; GIULIANO, 2015).
Technological ambivalence helps to analyze the correlation between technological
progress and the distribution of social power, which does not necessarily have a unique way of
image/svg+xml
The Program Conectar Igualdad analyzed from Andrew Feensberg´s critical constructivism
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1263-1278, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15897
1273
manifesting itself (FEENBERG, 1999). It is necessary to talk about technological ambivalence
as a locus of social change, challenging the unidimensionality of technological thinking
(FEENBERG, 2013). Moreover, it is necessary to take into account that there is also an
ambivalence in the same people: there is a desire to use technologies that coexists with the
desire for self-determination (TULA MOLINA; GIULIANO, 2015). Thus Feenberg (2013)
appeals to individual reflection to challenge and reconfigure the dominant cultural system. The
main locus for the contest of technological ambivalence is the technologically mediated
institutions in which it is possible to create a space for social transformation.
PCI computers included dual boot, split between Windows (private) and GNU
Linux/Huayra (free), which is a step towards social and technological transformation, providing
space for a locally produced operating system. However, the free option was set by default,
which, added to the lack of training in this regard, led to an underuse of the free options. This
point is important when one considers what is involved in acquiring Windows licenses and the
importance of creating a national SOL. Although we consider that there was not enough work
to generate the use of Huayra, the effort to provide computers with a free option stands out,
since the successor of the PCI, the Plan Aprender Conectados, did not incorporate these
possibilities. Today, in 2022, with the re-launch of the Conectar Igualdad Program, this debate
is back in vogue when the government once again announces the double boot, backtracking
once again and pleasing the large technology multinationals.
There is a difference in power between those who manage technological systems and
those who use them: operational autonomy (TULA MOLINA; GIULIANO, 2015). It is based
on a greater degree of freedom of the sectors that hold more power to be able to make decisions
that, even influencing everyone, does not allow other sectors to take a position. As a response
to this mode of action, the excluded or non-powerful sectors carry out certain resistance actions
known as room for maneuver, linked to the capacity for agency and individual reflexivity,
which seek to resist the control exercised by the dominant sectors.
It is possible to speak of operational autonomy in relation to the PCI in two senses: on
the one hand, there is an articulation of four large areas of the government for the
implementation of the program, but there is no evidence of consensus or debate involving other
sectors of the population equally affected, for example, the educational community. On the
other hand, all decisions regarding the technical specificity of the teams are taken from within
the government with unilateral decisions, which, again, do not present stages of dialogue or
collective construction.
image/svg+xml
Lucila DIDIER; Verónica Sofía FICOSECO and Edvaldo SOUZA COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1263-1278, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15897
1274
If the focus of analysis is placed on the maneuvering margin, three situations or
indicators of this can be read in the implementation of the PCI: alternatives put in place by
students in the face of the blocking of computers outside the school space; appropriation of
computers for recreational use, for example by installing video cards, and removing
components linked to the educational function; and, a reuse or refunctionalization of the school
space and its surroundings that become relevant when they are transformed into ports for
Internet access or to avoid the blocking of devices, for example, playgrounds and sidewalks.
Feenberg (1999) through his theory of instrumentalization allows for a dialectical
analysis of technique (CAVALLI, 2013). At a first level, called primary or functionalization,
the technique will be analyzed detached or isolated from its context and experiences of use,
starting from a reduction and decontextualization. The analysis of the ICH from this level
responds only to technical parameters: type of equipment, operating systems, components,
technological floor, etc. As it is detached from the context, the technique appears at this level
analyzed in detail, with special emphasis on its functionality or usefulness. At a second level,
called secondary or realization level, it is proposed to generate a reinsertion of the technique
within the social and natural environment in which it is produced, generating a process of
recontextualization (FEENBERG, 1999). At this level of analysis it is not possible to speak of
the ICP without thinking of the conjunctural characteristics of the environment in which it is
situated, and to analyze it within a global political system, in articulation with other policies or
programs.
In this contextual analysis it is necessary, for example, to talk about the place of free
software debates in Argentina and in the region, which, although beyond the objectives of this
article in particular, are still relevant aspects when thinking about policies in the technical area.
Final remarks
The proposed approach, in which the PCI and the theoretical postulates of Feenberg
(1991) were placed in dialogue, yielded the main results that the PCI should be considered as a
macro policy, of great importance not only at the national level but also at the regional level in
terms of technoscientific development. It was a program created, financed and managed by the
government, articulating for them various areas of work. By proposing the articulation of
several areas, it made possible a massive involvement of actors in its operation, generating a
state policy of great relevance.
image/svg+xml
The Program Conectar Igualdad analyzed from Andrew Feensberg´s critical constructivism
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1263-1278, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15897
1275
The analysis in relation to Feenberg's theories (1991), allows an evaluation of the PCI
in relation to democratization and technological transformation, which, although it is one of the
program's axes, has presented some difficulties in its implementation. Whether because
equipment was purchased from foreign multinational companies, because the distributive logic
was perpetuated or because private licenses continued to be used, all these elements make it
difficult to speak of the PCI as a proposal for technological sovereignty, although it is clear that
it is superior to similar local and regional policies.
In analyzing the PCI and being able to conclude that, although it did not reach standards
that could account for a transformation in the technological matrix, it did position itself in a line
tending towards both sovereignty and democratization. Unlike the PCI, the plan that followed
it, during the presidency of Mauricio Macri (2015-2019) called Plan Aprender Conectados
(PAC) generated an interruption in this process since it was based on a logic of acquisition of
equipment from foreign companies and its subsequent distribution to schools without a
contextual framework that could help generate a conscious and effective use of them. This
difference between the plans shows that there are state policies that should try to be maintained
even in times of change of political management, since their interruption generates important
consequences, as was reflected in the Covid-19 pandemic that called into question the massive
digital divide existing in societies.
This article attempted to generate a dialogue between theories on technologies and a
reference policy at the national and regional level. Although indications can be detected that
the implementation of the PCI did not meet the initial objectives of technological sovereignty
and democratization, it should be noted that its existence caused a positive break in the digital
divide indices and opened the door for new policies to be tested and implemented. Today, more
than twelve years later, the Conectar Igualdad Program is back in the spotlight when the national
government announces its relaunch: new criticisms, new debates and, above all, a controversy
about which technological path to follow as societies is once again a hot topic. From sectors
linked to free software or from schools, there is an attempt to prevent the PCI from falling back
into the perpetuation of the international distribution of work, highlighting the need to position
Argentina as a country capable of deciding, producing and consuming, in a conscious and
critical way, its own technology.
For future analyses, it is expected to be able to contrast the two eras of the Conectar
Igualdad Program, which clarify a particular type of state policy.
image/svg+xml
Lucila DIDIER; Verónica Sofía FICOSECO and Edvaldo SOUZA COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1263-1278, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15897
1276
REFERENCES
BENÍTEZ LARGHI, S.; ZUKERFELD, M.
Flujos de conocimientos, tecnologías digitales y
actores sociales en las escuelas secundarias
. Un análisis socio-técnico de las capas del
Programa Conectar Igualdad
.
La Plata: Universidad Nacional de la Plata, 2015. Available at:
http://www.ciecti.org.ar/wp- content/uploads/2016/10/CIECTI-Proyecto-UM-UNLP.pdf.
Accessed in: Nov. 2021.
BONETI, L. W.
Políticas Públicas por dentro
. 3. ed. Buenos Aires: CLACSO. 2017.
CAVALLI, A. La tradición en la integración entre naturaleza y sociedad en el marco de la
críticacultural de la tecnología de Andrew Feenberg.
In
: BARRIO, C.; BASSO, L.;
CRELIER, A. (comp.)
Acontecimiento y tradición
: Fundamentos de la cultura. Mar del
Plata: Universidad Nacional de Mar del Plata, 2013.
DA PORTA, E.
Las significaciones de las TIC en Educación
: políticas, proyectos,
prácticas.
Córdoba: Ferreyra Ed. 2015
FEENBERG, A.
Critical Theory of Technology
.
Oxford: Oxford Press. 1991.
FEENBERG, A.
Questioning technology
.
Londres: Routledge. 1999.
FEENBERG, A.
Transforming technology
.
A critical theory revisited. New York: Oxford
University Press, 2002.
FEENBERG, A. Teoría crítica de la tecnología.
Revista Iberoamericana de Ciencia,
Tecnología y Sociedad
, v. 2, n. 5, p. 109-123, 2005. Available at:
http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=92420507. Accessed in: Nov. 2021.
FEENBERG, A.
Inside technology
. Between reason and experience.
Massachusetts: The
MIT Press, 2010.
FEENBERG, A. Del esencialismo al constructivismo: la filosofía de la tecnología en la
encrucijada.
Revista Hipertextos
, v. 1, n. 1, p. 15-57, 2013. Available at:
http://revistahipertextos.org/wp-content/uploads/2014/01/Hipertextos_no.1.15-58.pdf.
Accessed in: Nov. 2021.
FEENBERG, A.
Technosystem
: The social life of reason. Massachusetts: Harvard University
Press, 2017.
FONSECA, M. O Banco Mundial e a Educação a Distância.
In
: PRETTO, N. (org.).
Globalização e Educação
. Mercado de Trabalho, Tecnologias de Comunicação, Educação a
Distância e Sociedade Planetária. 2. ed. Ijuí, RS: Editora Unijuí. 1999. p. 59-77.
GODOY, M.
El programa Conectar Igualdad en Salta, Argentina
: especificidades locales
y trayecto de una política pública de inclusión digital.
2019. Disertación (Maestría en
Educación)
–
Facultad de Educación, Universidad Federal da Bahia, Salvador, 2019.
MAGGIO, M. Entre la inclusión digital y la recreación de la enseñanza: el modelo 1 a 1 en
Argentina.
Revista Científica de Tecnología Educativa
, v. 1, n. 1, p. 51-64, 2012. Available
image/svg+xml
The Program Conectar Igualdad analyzed from Andrew Feensberg´s critical constructivism
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1263-1278, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15897
1277
at:
https://www.academia.edu/14102857/Entre_la_inclusi%C3%B3n_digital_y_la_recreaci%C3
%B3n_de_la_ense%C3%B1anza_el_modelo_1_a_1_en_Argentina. Accessed on: 10 Nov.
2021.
MINAYO, M. C. S. Amostragem e saturação em pesquisa qualitativa: consensos e
controvérsias.
Revista Pesquisa Qualitativa
, v. 5, n. 7, p. 1
–
12, 2017. Available at:
https://editora.sepq.org.br/rpq/article/view/82. Accessed in: Mar. 2021.
NASSRI, R.; COUTO, E. Letramento digital do professor no projeto UCA - Um computador
por aluno.
In
: SILVA, M. C. P. (org.).
Educação, sociedade e práxis pedagógica
. Salvador:
EDUFBA, 2021. p. 43-61.
QUINTANILLA, Miguel Ángel. Técnica y cultura.
Theorema: Revista Internacional de
Filosofía
, v. 17, n. 3, p. 46-69, 1998. Available at:
http://sammelpunkt.philo.at/id/eprint/2800/1/QUINTANILLA.pdf. Accessed in: Nov. 2021.
SIMONDON, G.
El modo de existencia de los objetos técnicos
. 1. ed. Buenos Aires:
Prometeo, 2007
TORRES, M. Innovan las innovaciones? Un análisis del conectar igualdad y del aprender
conectados.
Revista Hipertextos
, v. 12, n. 7, p 120-138, 2019. DOI:
https://doi.org/10.24215/23143924e006. Availavle at:
https://revistas.unlp.edu.ar/hipertextos/article/view/9275. Accessed in: Apr. 2020.
TULA MOLINA, F.; GIULIANO, H. La teoría crítica de la tecnología : revisión de
conceptos.
Redes: Revista de Estudios Sociales de la Ciencia
, v. 21, n. 41, p. 179-214,
2015. Available at: http://ridaa.unq.edu.ar/handle/20.500.11807/344. Accessed in: Nov. 2021.
VAN DIJK, T. Análisis crítico del discurso.
Revista Austral de Ciencias Sociales
, n. 30, p.
203-222, 2016. Available at: http://revistas.uach.cl/pdf/racs/n30/art10.pdf. Accessed in: Mar.
2019.
VASILACHIS DE GIALDINO, I. (coord.)
Estrategias de investigación cualitativa
. 1. ed.
Barcelona: Ed. GEDISA, 2006.
EL CRONISTA.
Computadoras gratis
: anticipan nuevas entregas de netbooks, ¿dónde
inscribirse?. Buenos Aires: El Cronista Comercial AS, 2021. Available at:
https://www.cronista.com/economia-politica/computadoras-gratis-anses-anticipan-nuevas-
entregas-de-netbooks-donde-inscribirse/. Accessed in: Nov. 2021.
RADIO FORMOSA.
Adiós al Programa Conectar Igualdad
: 800 mil chicos se quedaron
sin netbooks. [s.d.]. Available at: https://radioformosa.com.ar/adios-al-programa-conectar-
igualdad-800-mil-chicos-se-quedaron-sin-netbooks/. Accesed in: Nov. 2021.
image/svg+xml
Lucila DIDIER; Verónica Sofía FICOSECO and Edvaldo SOUZA COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1263-1278, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15897
1278
How to reference this article
DIDIER, L.; FICOSECO, V. S.; SOUZA COUTO, E. The Program Conectar Igualdad analyzed
from Andrew Feensberg´s critical constructivism.
Revista Ibero-Americana de Estudos em
Educação
, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1263-1278, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587. DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15897
Submitted
:
24/11/2021
Revisions required
: 19/02/2022
Approved
: 28/02/2022
Published
: 01/04/2022
Management of translations and versions: Editora Ibero-Americana de Educação
Translator: Thiago Faquim Bittencourt
Translation reviewer: Alexander Vinícius Leite da Silva