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A educação e a narração da vida: Por que temos que rememorar as experiências da pandemia?
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1204-1220, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.15905
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A EDUCAÇÃO E A NARRAÇÃO DA VIDA: POR QUE TEMOS QUE REMEMORAR
AS EXPERIÊNCIAS DA PANDEMIA?
LA EDUCACIÓN Y LA NARRACIÓN DE LA VIDA: ¿POR QUÉ TENEMOS QUE
RECORDAR LAS EXPERIENCIAS DA LA PANDEMIA?
EDUCATION AND THE NARRATIVE OF LIFE: WHY DO WE HAVE TO REMEMBER
THE EXPERIENCES OF THE PANDEMIC?
Claudecir dos SANTOS
1
RESUMO
: Esse artigo é fruto de diferentes experiências no campo da educação, entre elas,
uma pesquisa
Stricto sensu
que fez aproximações de alguns conceitos benjaminianos para
com a educação. Fundamentado, portanto, na obra do filósofo alemão Walter Benjamin, o
artigo discute sobre a educação e a narração da vida, procurando mostrar que a rememoração
é um ato educativo que precisa ser aprimorado. O objetivo do artigo é perceber como, em
tempos de pandemia, a educação e a narração da vida se articulam e são rememoradas
nas
e
através das
experiências humanas.
PALAVRAS-CHAVE
: Educação. Experiência. Memória. Pandemia.
RESUMEN
: Este artículo es el resultado de diferentes experiencias en el campo de la
educación, entre ellas, una investigación Stricto sensu que hizo aproximaciones de algunos
conceptos benjaminianos a la educación. Basándose, por lo tanto, em el trabajo del filósofo
alemán Walter Benjamin, el artículo discute sobre la educación y la narración de la vida,
tratando de mostrar que la rememoración es un acto educativo que necessita ser mejorado.
El objetivo del artículo es compreender como, en tiempos de pandemia, la educación y la
narración de la vida se articulan y se recuerdan en y a tavés de las experiencias humanas.
PALABRAS CLAVE
: Educación. Experiencia. Memoria. Pandemia.
ABSTRACT
: This article is the result of different experiences in the field of education,
among them, a Stricto sensu research that made approximations of some benjaminian
concepts to education. Based, therefore, on the work of the German philosopher Walter
Benjamin, the article discusses education and the narration of life, looking to show that
rememoration is an educational act that needs to be improved. The goal of this article is to
understand how, in times of pandemic, the education and the narration of life articulate and
remembered in and through human experiences.
KEYWORDS
: Education. Experience. Memory. Pandemic.
1
Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Chapecó – SC – Brasil. Professor do Programa de Pós-
Graduação em Educação e do Curso de Graduação em Ciências Sociais. Pós-doutorado em Educação
Comparada, desenvolvido junto ao Grupo de Investigação (GIR) de Educação Comparada y Políticas
Educacionais (USAL). ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3304-757X. E-mail: claudecir.santos@uffs.edu.br
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Claudecir dos SANTOS
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Introdução
Ao tratar da temática em questão, o artigo toma como referência central a obra do
filósofo alemão Walter Benjamin
2
, ou,
pelo menos, alguns conceitos problematizados por ele.
Ou seja, a fundamentação das discussões que essa temática propõe encontra guarida, em
grande medida, nos escritos benjaminianos sobre memória, experiência, narração e
linguagem. A título de curiosidade, mas também de informação, importa dizer nesse início de
conversa que a pergunta presente na segunda parte do título é inspirada em uma observação
de outro autor da Teoria Crítica, Herbert Marcuse.
No seu livro
Eros e Civilização
, resgatando passagens da obra de Freud, Marcuse fala
das diversas implicâncias que marcam a trajetória e as relações humanas no mundo,
afirmando que:
as pessoas morreriam sem terror quando soubessem que aquilo que elas
amam está protegido da miséria e do esquecimento.
Adiante retomaremos essa afirmação, por
ora, importa dizer que quando nos damos conta de que “a covid-19, doença causada pelo
SARS-CoV-2, identificado há quase dois anos em Wuhan, no centro da China, fez já mais de
5,1 milhões de mortos. O número de infecções em todo planeta subiu, em 23 meses, a 252
milhões”
3
, aí então percebemos o impacto de afirmações como essa de Marcuse. Ou seja, a
covid-19
escancarou as fragilidades humanas e mostrou que milhares de seres humanos
partiram sem a certeza de que aquilo que amavam ficou protegido da miséria e do
esquecimento.
Em situações assim, a narração da vida tende a conjugar diferentes tempos para poder
justificar as experiências vividas, e é nesse contexto que a memória passa a ter importante
papel na estruturação das experiências. É exatamente nesse ponto que as ideias de Benjamin
sobre experiência e memória ganham força, pois o seu principal questionamento sobre isso
está na fragilidade dessa lembrança, ou seja, as experiências do presente estão, em grande
medida, relacionadas com a percepção que os indivíduos do presente têm do passado. Se essa
percepção for falha, equivocada ou ingênua, a experiência estará comprometida. Daí uma
2
Walter Benjamin (1892-1940), pensador judeu/alemão, foi um dos representantes da chamada Escola de
Frankfurt, um dos autores da Teoria Crítica. De acordo com um dos seus estudiosos, quando nos apropriamos da
obra desse autor, notamos que Benjamin foi, por um lado, um escritor “distante de todas as correntes.” (LÖWY,
1989, p. 85) e por outro, mesmo sendo “inclassificável, irredutível aos modelos estabelecidos, ele está ao mesmo
tempo no cruzamento de todas as estradas” (LÖWY, 1989, p. 85). Com essa postura, Benjamin desenvolveu uma
filosofia da história com alcances interpretativos que merecem ser revisitados em momentos de perigos. Estamos
em um desses momentos, daí a razão em trazer Benjamin ao debate.
3
Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2021-11/oms-acende-sinal-de-alerta-
mortalidade-por-covid-19-sobe-na-europa. Acesso em: 10 nov. 2021.
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primeira reflexão que já poderíamos fazer sobre as percepções que as gerações futuras terão
daquelas que vivenciaram a pandemia
covid-19.
Aqui já temos alguns elementos que ajudam a responder à pergunta: por que temos
que rememorar as experiências da pandemia? Mas tentaremos explicar ao longo do texto que
essa rememoração é um ato educativo que precisa ser aprimorado. O objetivo do artigo,
portanto, é perceber como, em tempos de pandemia, a educação e a narração da vida se
articulam e são rememoradas nas experiências humanas.
O artigo está organizado em três seções: 1) Os perigos do esquecimento nas relações
entre a linguagem e a memória; 2) A comunicação de uma experiência e a rememoração
enquanto um trabalho educativo; e, 3) A educação e a narração da vida. Respondendo à
pergunta: por que temos que rememorar as experiências da pandemia? Nessas três seções
pretendemos discorrer sobre o objetivo geral e responder às questões centrais expostas no
título e resumo desse artigo. Nas considerações finais, resgatando os conceitos de experiência
e memória, o artigo destaca a importância de um processo educacional que expresse a
dimensão política da memória, com todas as suas condições de possibilidades.
Os perigos do esquecimento nas relações entre a linguagem e a memória
Não somos tocados por um sopro do ar que foi respirado antes? Não
existem, nas vozes que escutamos, ecos de vozes que emudeceram? Se assim
é, existe um encontro secreto, marcado entre as gerações precedentes e a
nossa (BENJAMIN, 1994, p. 223).
Walter Benjamin não escreveu, especificamente, uma teoria da memória, mas fez, com
certeza, uma interessante reflexão sobre a atividade de rememoração, também lida como a
perda da memória e esquecimento. É nos textos:
A Imagem de Proust
e
Sobre Alguns Temas
em Baudelaire
, principalmente, que encontramos as reflexões mais fecundas de Benjamin
sobre a memória e a rememoração.
A perda de experiência, consequência em grande parte do desenvolvimento do modo
cap
italista de produção, leva o indivíduo moderno a uma perda da memória histórico-social.
Benjamin exemplifica essa perda no ensaio
A Imagem de Proust
, dizendo que Proust não
descreveu em sua obra uma vida como de fato foi e, sim, uma vida lembrada por quem viveu.
Porém, escreve Benjamin, “esse comentário é difuso, e demasiadamente grosseiro. Pois, o
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importante para o autor que rememora, não é o que ele viveu, mas o tecido de sua
rememoração, o trabalho de Penélope da reminiscência” (BENJAMIN, 1994, p. 37)
4
.
O mito de Penélope serve para ressaltar que a rememoração está ligada ao
desenvolvimento da história, mas ela também faz parte e ganha sentido no presente. O fazer e
o desfazer auxiliam a reminiscência em relação ao que já se foi, ou já se fez. No entanto,
Benjamin diz: “um acontecimento vivido é finito, ou pelo menos encerrado na esfera do
vivido, ao passo que o acontecimento lembrado é sem limites, porque é apenas uma chave
para tudo o que veio antes e depois” (BENJAMIN, 1994, p. 37). Essa segunda condição, a do
acontecimento lembrado, é fundamental para superarmos o esquecimento. Entretanto, para
que o ato de rememorar exista, é fundamental que o lembrar/esquecer seja constante.
Em um artigo sobre a metaforização da memória, ou a dialética da rememoração,
Martha Lourenço Vieira explica por que a concepção de memória para Benjamin é o oposto
do trabalho de Penélope.
Penélope tece de dia e desfaz o tecido à noite, ela tece e “destece”. No
trabalho de rememoração para Benjamin, tem-se o movimento inverso, ou
seja, o movimento de destecer. Dito de outro modo, a rememoração é o ato
de destecer as impressões esquecidas, tecidas no inconsciente, é sonhar, é
imaginar. [...] Rememorar em Benjamin é voltar a sentir, é reviver a
sensibilidade perdida, esquecida (VIEIRA; SILVA, 2007, p. 22).
A metáfora da tecedura é, sem dúvida, um importante parâmetro encontrado por
Benjamin para expor sua concepção de memória. Concepção essa que precisa ser analisada
com cuidado para não cair nas armadilhas de interpretações equivocadas. O perigo: as
armadilhas estão em uma possível confusão entre a concepção de memória que Benjamin
desenvolveu e a crítica que ele fez sobre a concepção desenvolvida por outros autores; é
preciso sempre ter clareza dessa diferença. No ensaio sobre
Alguns Temas em Baudelaire,
por
exemplo, Benjamin cita algumas ideias de Proust, ora para explicar o que Proust pensava
sobre a memória, ora para diferenciar e desenvolver a sua própria concepção.
Quanto à concepção que Benjamin desenvolve e defende, é possível notar que entre as
formas de explicar como acontece esse processo de rememoração, Benjamin dá ênfase às
relações existentes entre o trabalho de rememorar e a possibilidade da reprodução de
4
No mito, Penélope é esposa de Ulisses, que durante vinte anos se ausenta, empenhado na guerra de Tróia.
Forçada pelos pretendentes a escolher entre eles um novo marido, resistiu o quanto pôde, adiando
sucessivamente a indesejada eleição. Quando não lhe foi mais possível escapar a decisão, arquitetou uma
estratégia, que ficou famosa: prometeu que escolheria um deles para marido, tão logo acabasse de tecer a
mortalha de seu sogro Laerte, mas todas as noites desfazia o que fizera durante o dia. O logro durou três anos,
mas, denunciada por algumas de suas servas, começou a defender-se de outras formas (VIEIRA; SILVA, 2007,
p. 21).
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experiências através da imagem do consciente. A experiência, diz Benjamin, é a matéria da
tradição, tanto na vida privada quanto na coletiva. “Torna-se menos com dados isolados e
rigorosamente fixados na memória, do que com dados acumulados, e com freqüência
inconscientes que afluem à memória” (BENJAMIN, 1992, p. 103).
É sabido que a integração e desintegração do eu humano do mundo se dá na e com a
linguagem por meio das articulações entre passado e futuro que são possíveis através das
representações da memória. Guiando-se por uma representação discursiva, a memória
individual de um ser humano é ativada quando este necessita localizar-se no tempo e no
espaço. Porém, esta forma de representação não resulta apenas de um exercício individual, ela
é parte de um exercício complexo que inclui manifestações coletivas e, inclusive, não
linguísticas.
A produção dessas manifestações se dá entre os indivíduos nas relações diretas entre si
e por meio de instituições. Por conta disso, aproximar-se da verdade dos fatos é, mais do que
uma árdua tarefa, uma experiência que tem levado ao longo da história muitas pessoas a
caírem no feitiço das conveniências e parcialidades.
Dentro desse contexto, o pensado, o escrito e o falado podem servir a interesses que se
distanciam do bem comum, da possibilidade da emancipação humana, política e social. Não é
incomum encontrarmos reflexões acerca desse pensamento que apontam as classes
dominantes como as detentoras de um controle sobre a memória, com o intuito de garantir o
domínio e a exploração sobre as demais classes subalternas.
Quando a memória é ativada no intuito de dar início a um exercício, seja individual, a
partir das reflexões pessoais sobre sua história de vida, seja coletivo e social, a partir da
atuação das instituições e o desenvolvimento de aspectos culturais, jurídicos e políticos na
construção de uma sociedade, tem início o desencadear de um processo que, em si, pode até
não ser longo, mas as consequências (desse processo) poderão ultrapassar gerações. Dito de
outro modo, ao conjugar passado e presente, o exercício da memória conjuga um passado
social e um presente social, portanto, este exercício é entendido como uma construção social.
É no relacionamento dependente das representações da memória com as mascaradas
m
anifestações de poder que podemos perceber os aspectos políticos do uso da linguagem
através da memória. O controle sobre a memória é uma das tarefas muito bem arquitetadas
por aqueles que desejam manter-se em alguma forma de poder. Criar categorias, através da
linguagem, para a organização do pensamento, da fala e da escrita, é uma das formas de
prostituir a lógica, relativizar o conhecimento e guiar raciocínios em benefício de uma
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conclusão pré-determinada. Essa é uma das práticas que explica o que significa estar à mercê
de uma instrumentalização da linguagem. Walter Benjamin tinha essa preocupação. Para ele,
a linguagem totalmente instrumentalizada, reduzida em códigos e símbolos, ao invés de
contribuir para a libertação do ser humano, o empobrecia, pois ela deixa de ser tudo o que é
para manifestar-se somente através de códigos e símbolos criados por quem se considera
“dono” da linguagem.
São extremamente estreitas as relações de manifestação da memória com as
manifestações de poder. Estar no poder e ser o poder exige ter o domínio sobre o tempo dos
outros, os conhecimentos dos outros e, até mesmo, sobre as vontades dos outros. Todas essas
formas de domínio são importantes para manter o poder e manter-se nele. Esse poder
engrandece de forma astronômica quando há controle sobre a memória dos dominados.
A condição de controle sobre a memória dos outros é a melhor condição para a
manutenção do poder, embora essa, certamente, não seja uma tarefa simples de se
desempenhar. O que se passa na mente das pessoas, sejam elas dominadores ou dominados,
por mais aberta que seja a vida do indivíduo, continua sendo um mistério. É devido a essa
realidade que a linguagem passa a ser usada para criar condições e situações, onde a
construção, circulação e interiorização do conhecimento são condicionadas.
O resgate ou restabelecimento da dignidade da memória é consequência do resgate, ou
restabelecimento da dignidade da linguagem. O não esquecimento é resultado da capacidade
do voltar-se e do aproximar-se do momento histórico dos acontecimentos. Quanto mais isso
acontece, mais próximo da verdade dos fatos é possível estar. Para conseguir tal feito, não se
pode renunciar a uma memória ativa. Manter uma memória ativa é possível ao ter
conhecimento sobre os mecanismos e as motivações do desenvolvimento da linguagem.
Nesse sentido, é de fundamental importância saber que a linguagem é uma construção
histórica e, por esse motivo, influi na produção do saber e do não saber.
São os aspectos políticos circundantes à linguagem que determinam, ou sugerem o que
d
eve ser lembrado e o que deve ser esquecido. São neles e com eles que a memória se
manifesta, por isso, mais do que sugerir pela manutenção ou reativação da memória, será
preciso estar atento ao desenvolvimento da linguagem e das implicações políticas inseridas no
bojo desse desenvolvimento. Para Benjamin, “a verdadeira imagem do passado perpassa,
veloz. O passado se deixa fixar, como imagem que relampeja irreversivelmente, no momento
em que é conhecido” (BENJAMIN, 1994, p. 224).
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Reencontrar o passado no presente é, para Benjamin, uma das possibilidades mais
férteis para compreendê-lo, mas isso não significa que ele desejava voltar ao passado e lá
viver. Em seu entendimento, “articular historicamente o passado não significa conhecê-lo
como de fato ele foi. Significa apropriar-se de uma reminiscência, tal como ela relampeja no
momento de um perigo” (BENJAMIN, 1994, p. 224). Para ele, o passado tem uma relação
profunda com o presente, e deste, procura-se interrogar aquele em busca das experiências que
ajudam a esclarecer a realidade.
A memória, para Benjamin, é um dispositivo enriquecido por elementos libertadores
com capacidades rememorativas, mas essa condição não garante por si só um resgate ou
compreensão do passado por inteiro. Na verdade, Benjamin nem pretende isso, sua crença é
de que somente recuperam-se, do passado, manifestações em forma de relampejos,
fragmentos. Devido a isso, escreve Gagnebin, “é preciso deslocar, por assim dizer, o núcleo
do passado de um invólucro de imagens pré-fabricadas que nos impedem de percebê-lo em
sua verdade” (GAGNEBIN, 1993, p. 52).
Cumprir com as exigências teóricas e práticas que a memória é capaz de estabelecer
com quem dela faz uso, certamente, não é uma tarefa simples, principalmente porque exige
esforço e capacidade de compreensão acerca das potencialidades e perigos que a memória
constantemente corre. Daí a importância em compreender os efeitos da dimensão política da
memória e o desejo de controle de alguns sobre a memória dos outros. Viver em um lugar
onde algumas pessoas ou grupos mantêm sob seu controle os dispositivos para gerenciar as
memórias sociais é viver sob ameaças e chantagens de toda a ordem.
É nesse contexto que entendemos ser necessário, na narração da vida, rememorar as
experiências da pandemia, mas precisamos rememorar muito mais do que a pandemia em si,
ou seja, precisamos rememorar as causas e significados de uma pandemia; as condições de
enfrentamento (econômicas, sanitárias...) de cada país; as razões para o
negacionismo
científico no século XXI etc. É possível fazer isso de diferentes formas e em diferentes
espaços, mas seria um equívoco histórico se os espaços educativos abrissem mão dessa tarefa.
O perigo do esquecimento se revela mais preocupante quando ele é
“p
edagogicamente” pensado e colocado em prática. Nessas condições, de forma disfarçada e
mascarada, narrativas
fakes
poderão ser espalhadas e, gradualmente, atingir as memórias
coletivas. Assim, as experiências do amanhã poderão se repetir com os mesmos erros do hoje
e do ontem. Portanto, se desejamos que a geração presente e as futuras gerações enriqueçam
suas experiências, precisamos interpelá-las nas suas inteirezas. Precisamos rememorá-las,
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criando condições para não repetir o que provocou e provoca mortes. Nesse sentido, se os
espaços da educação formal, em especial as escolas e as universidades, enquanto espaços de
produção de conhecimentos fundamentados em bases científicas, não assumirem o
compromisso de protagonizarem a problematização e a interpretação da história e das
experiências da pandemia, outras pessoas e instituições o farão. Obviamente, muitas dessas
poderão desenvolver um trabalho sério, com significativas contribuições para o futuro da
humanidade, mas, ao mesmo tempo, serão tantas aquelas que o que mais farão será obscurecer
a história.
Portanto, que fique claro, a defesa desse artigo é para que os espaços educacionais não
abram mão da responsabilidade de tornar claro o que aconteceu
com
e
durante
a pandemia
(
Covid-19
). A educação formal tem responsabilidades com a narração da vida, por isso temos
que rememorar as experiências da pandemia, mas essa ação não pode ser um acontecimento
isolado, precisa fazer parte de um processo educativo. É sobre isso que discutimos na próxima
seção.
A comunicação de uma experiência e a rememoração enquanto um trabalho educativo
Articular historicamente o passado não significa ‘conhecê-lo como de fato
ele foi’. Significa apropriar-se de uma reminiscência, tal como ela relampeja
num momento de perigo (BENJAMIN, 1994, p. 224).
Construir e compreender a história são tarefas dos sujeitos que atuam nela. Mas esses
sujeitos, ao se tornarem protagonistas da história, precisam atentar para os contextos em que
se inserem enquanto constroem e interpretam a história, pois, de acordo com Benjamin, “a
história é objeto de uma construção cujo lugar não é o tempo homogêneo e vazio, mas o
tempo saturado de agoras” (BENJAMIN, 1994, p. 229). Isso equivale a dizer que a construção
da história que Benjamin propõe deverá pronunciar uma linguagem provedora de uma
confiança no restabelecimento dos
instantes agoras
do passado. Somente assim será possível
perceber os inúmeros
agoras
do presente que determinarão os rumos do futuro.
É nesse contexto que a experiência coletiva ganha relevância. Mas, considerando que
o
conceito já foi “apresentado” na introdução desse artigo, partimos agora de um exemplo
descrito por Benjamin para melhor entender essa relevância. Trata-se da parábola do velho
que no momento da morte revela aos seus filhos a existência de um tesouro contido em seus
vinhedos. Depois da notícia dada aos filhos, estes cavam, fazem buracos, mas não encontram
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nenhum tesouro. Com a chegada do outono, porém, as vinhas produzem mais do que as outras
da região.
5
Essa parábola que não é história, mas um recurso para ensinar história, relatada no
ensaio
Experiência e Pobreza,
é contada por Benjamin para esclarecer, inicialmente, o que é
uma experiência, pois foi somente após a boa colheita da uva, resultado da terra mexida, que
os filhos compreenderam o que o pai lhes havia transmitido. “Só então compreenderam que o
pai lhes havia transmitido uma certa experiência: a felicidade não está no ouro, mas no
trabalho” (BENJAMIN, 1994, p. 114).
Para uma melhor compreensão, entretanto, do conceito de experiência (
Erfahrung
) em
Benjamin, parece ser preciso lê-lo em paralelo ao ensaio
Experiência e Pobreza.
É a partir da
pobreza das experiências e da dificuldade, em alguns casos da impossibilidade, de contá-las
que conseguimos ter um entendimento mais amplo do conceito benjaminiano de experiência.
Jeanne Marie Gagnebin diz que a experiência, para Benjamin, primeiro, “se inscreve numa
temporalidade comum a várias gerações. Ela supõe, portanto, uma tradição compartilhada e
retomada na continuidade de uma palavra transmitida de pai a filho” (GAGNEBIN, 1994, p.
66).
Nessa transmissão, a narração se transforma em um dos principais dispositivos para o
compartilhamento de experiências. No livro,
História e Narração em Walter Benjamin,
a
filósofa Jeanne-Marie Gagnebin ocupa-se com algumas questões relacionadas à narração para
explicar como ela impacta na constituição do sujeito. Conforme a autora, “essa importância
sempre foi reconhecida como a da rememoração, da retomada salvadora pela palavra de um
passado que, sem isso, desapareceria no silêncio e no esquecimento” (GAGNEBIN, 1994, p.
3). Nesse sentido, o papel desempenhado pela narração torna-se fundamental para o
desenvolvimento de um sujeito conhecedor das coisas e de si mesmo.
Para melhor justificar a afirmação de que a narrativa serve como um meio contribuinte
para a busca de identidade, Gagnebin apresenta o exemplo da
Odisséia
, primeira grande
narrativa. A Odisséia, lembra a autora, é o “modelo fundador da busca da identidade”
5
Destacamos aqui a ideia central desta parábola, porém, o relato completo e as decorrentes observações sobre
ela podem ser encontrados no início do texto Experiência e Pobreza, escrito por Benjamin. Alguns estudiosos de
Benjamin, como a filósofa Jeanne Marie Gagnebin, interpretam esta parábola afirmando que ela nos explica
“como nos tornarmos
ricos”
(GAGNEBIN, 1994, p. 65). Isso fica elucidado, no caso dessa parábola, quando os
próprios filhos reconheceram que a riqueza não provém de nenhum tesouro, mas sim, da experiência que o pai
moribundo lhes transmitiu.
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(GAGNEBIN, 1994, p. 4). Ela descreve a volta de Ulisses, protagonista da história, ao seu
país de origem
6
.
Durante essa viagem, Ulisses enfrenta vários contratempos, luta com monstros e vence
graças a sua astúcia. E, assim, entre idas e voltas, perdendo-se pelos diversos caminhos, ele
prossegue em sua viagem. Entretanto, destaca Gagnebin, “devemos afirmar que a viagem de
Ulisses, se é explicitamente uma viagem de retorno, só se torna uma odisséia graças aos
obstáculos que impedem esse retorno” (GAGNEBIN, 1994, p. 4). Narrativa e memória fazem
parte dessa viagem de retorno de Ulisses e estão presentes na essência dos obstáculos que
Ulisses enfrenta. Segundo afirma Gagnebin, “os obstáculos não são simplesmente, os signos
do ódio divino, mas também provêm da negligência e do esquecimento ativos de Ulisses”
(GAGNEBIN, 1994, p. 4). Nesse caso, a falta de memória é porque o trabalho de
rememoração não aconteceu, e se não aconteceu, é porque não existiram narrativas que
proporcionassem ensinamentos.
A Odisséia, por caracterizar-se como uma viagem cheia de aventuras extraordinárias, é
o maior exemplo do uso, relações e emprego dos conceitos aqui estudados. Não é só a
narrativa que aparece na Odisséia. Memória, experiência e linguagem também compõem o
cenário desta viagem. Para Gagnebin, “tudo acontece na odisséia como se houvesse
implicitamente uma força da narração que faz esquecer e, explicitamente, uma força
rememoradora, as quais se conjugam para constituir a narração” (GAGNEBIN, 1994, p. 5).
Todo esse desenvolvimento, ora de esquecimento, ora de recuperação do esquecimento, faz
parte da vida do sujeito. Dito com as palavras da autora, é todo esse “movimento de vaivém
que a astúcia de Penélope configura, fazer diurno e desfazer noturno da tecelagem, dupla
trama rememoradora e esquecida que constitui o sujeito” (GAGNEBIN, 1994, p. 5).
O relato da Odisseia é um exemplo, entre tantos outros, de recorrência de Benjamin à
tradição para explicar o que ele percebia em seu tempo. Mas ele sabia da complexidade dessa
tarefa, por isso tinha muitas preocupações com a narração. De acordo com Gagnebin, se a
problemática da narração “preocupa Benjamin desde tanto tempo
7
e continuará a preocupá-lo
6
Gagnebin faz uma interessante observação quanto às contribuições de Adorno e Horkheimer, na Dialética do
Esclarecimento, sobre esse assunto: “Na sua notável interpretação, Horkheimer e Adorno transformam as etapas
dessa viagem em tantas etapas da constituição do sujeito racional, em luta contra as forças do mito que
representam, de maneira privilegiada, as forças desenvolvidas do esquecimento. A razão ocidental constituir-se-
ia assim no mesmo gesto de retomada pela memória e pela narração contra as tentações regressivas as quais
sucumbem os companheiros de Ulisses” (GAGNEBIN, 1994, p. 4).
7
O Narrador retoma vários esboços nos quais Benjamin trabalhava desde o fim dos anos de 1920 e que ele
recolhe sob a égide de Nikolas Lesskov, autor russo da segunda metade do século XIX, sobre a qual a revista
Orient et Occident
lhe encomendou um artigo (GAGNEBIN, 1994, p. 64).
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1204-1220, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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1214
até sua morte, é porque, essa problemática, concentra em si, de maneira exemplar, os
paradoxos da nossa modernidade e, mais especificamente, de todo o seu pensamento”
(GAGNEBIN, 1994, p. 65).
Um exemplo desses paradoxos que a modernidade apresenta é a perda da autoridade
na hora de contar uma experiência. Essa autoridade não é privilégio de quem possui um
conhecimento formal privilegiado. Essa autoridade, “mesmo o pobre diabo possui ao morrer,
para os vivos em seu redor. Na origem da narrativa está essa autoridade” (BENJAMIN, 1994,
p. 208-209). No texto O
Narrador
, principalmente quando fala da ligação existente entre
morte e narração, Benjamin discute essa perda de autoridade.
No início das observações de Benjamin sobre a relação entre morte e narrativa,
destaca-se o fato do enfraquecimento da ideia de eternidade estar influenciando, ou pelo
menos coincidindo, com uma aversão crescente ao trabalho prolongado. Essa conclusão não é
propriamente de Benjamin. Ele cita um autor chamado
Valéy
e, em seguida, afirma que “a
idéia de eternidade sempre teve na morte sua fonte mais rica. Se essa idéia está se atrofiando,
temos que concluir que o rosto da morte deve ter assumido outro aspecto” (BENJAMIN,
1994, p. 207).
Esse novo aspecto dado à morte precisa, obviamente, ser melhor analisado, mas, por
enquanto, podemos dizer que não se trata de questões religiosas, místicas ou supersticiosas,
que apenas falam da morte, fim do mundo ou coisas do gênero para assustar e atemorizar as
pessoas. Trata-se de uma mudança na forma com que a morte passa a ser encarada. Mais do
que isso, o que Benjamin pretende é resgatar a noção de que “é no momento da morte que o
saber e a sabedoria do homem e, sobretudo a sua existência vivida – é dessa substância que
são feitas as histórias – assumem pela primeira vez uma forma transmissível” (BENJAMIN,
1994, p. 207). É esta condição que deixou de existir na modernidade. Esse outro e novo
aspecto que a morte assumiu na sociedade burguesa, diz Benjamin, “fez com que a idéia da
morte fosse perdendo, na consciência objetiva, sua onipresença e sua força de evocação”
(BENJAMIN, 1994, p. 207). A consequência dessa postura é a perda da autoridade, visto que
que, de acordo com Benjamin, “a morte é a sanção de tudo o que o narrador pode contar. É da
morte que ele deriva sua autoridade. Em outras palavras: suas palavras remetem à história
natural” (BENJAMIN, 1994, p. 208).
A reflexão acerca da ideia de morte feita por Benjamin tem, portanto, uma dimensão
que
vai além das questões biológicas ou religiosas que a envolvem e, mais do que isso, o que
podemos notar é que o momento da morte revela outra dimensão que também é ética e
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Claudecir dos SANTOS
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política. É nesse momento que as experiências que resultam das relações humanas
apresentam-se com maior nitidez. Segundo Gagnebin, no parágrafo X de
O Narrador
,
Benjamin fala sobre a morte, destacando essa nova relação que com ela precisa ser
estabelecida.
Trata-se de nada menos que estabelecer uma nova relação com a morte,
portanto, com a negatividade e com a infinidade, o que, aliás, parece orientar
numerosas interrogações filosóficas de hoje. O fim da narração e o declínio
da experiência são inseparáveis, das transformações profundas que a morte,
como processo social, sofreu no decorrer do século XIX, transformações que
correspondem ao desaparecimento da antítese tempo-eternidade na
percepção cotidiana e, como indicam os ensaios sobre Baudelaire, à
substituição dessa antítese pela perseguição incessante do novo, a uma
redução drástica da experiência do tempo, portanto (GAGNEBIN, 1994, p.
73).
A ideia de que todo mundo morre um dia, com a banalidade da morte vista nos últimos
séculos, pode ser entendida como resultado desse desaparecimento da antítese tempo-
eternidade da percepção cotidiana. Com a banalização, o temor da morte, que poderia resultar
em aprendizado, não tem forças nem tempo para revelar esse aprendizado. Charles Feitosa
escreve que diante da morte certa, ainda que essa possibilidade seja incerta, “todos os
problemas têm importância relativa, todos os projetos têm urgência absoluta. O medo
profundo é, em certa medida, um saber da finitude. Essa sabedoria do medo tem o poder da
transformação de si e do mundo” (FEITOSA, 2004, p. 171).
Essa transformação poderá não acontecer, se a sabedoria do medo não for revelada. E
como poderá ser revelada sem a possibilidade de narrá-la? Gagnebin ajuda a pensar sobre isso
com a seguinte reflexão:
Ora, se morrer e narrar tem entre si laços essenciais, pois a autoridade da
narração tem sua origem mais autêntica na autoridade do agonizante que
abre e fecha atrás de nós a porta do verdadeiro desconhecido, então declínio
histórico da narração e recalque social do morrer andam juntos. Não se sabe
mais contar e, como o caçador Gracchus de Kafka, acontece também que
não se consegue mais morrer. Seguindo as orientações de Benjamin,
podemos então ariscar a hipótese de que a construção de um novo tipo de
narratividade passa, necessariamente, pelo estabelecimento de uma outra
relação, tão social como individual, com a morte e com o morrer
(GAGNEBIN, 1994, p. 74).
Nessa “outra relação”, o que precisa ser restabelecido é a capacidade de contar
(
narrar), que foi se perdendo lentamente até chegar a seu momento mais crítico na
modernidade. Encontramos alguns apontamentos que poderiam levar a essa outra relação com
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a morte em Herbert Marcuse (1898-1979), no seu livro Eros e Civilização
(1955). Charles
Feitosa, inteligentemente, se apropria das observações de Marcuse para fazer as suas
observações. De acordo com Feitosa, o que Marcuse afirma é que “em uma sociedade onde as
pessoas pudessem viver em condições não repressivas, gozando de liberdade de trabalhar e de
ter prazer, todos poderiam aceitar morrer em paz” (FEITOSA, 2004, p. 181). A tese de
Marcuse sobre esse tema, e que nos ajuda a pensar sobre a problemática da morte em sua
relação com a narração é: “as pessoas podem morrer sem terror, quando elas sabem que
aquilo que elas amam está protegido da miséria e do esquecimento” (MARCUSE apud
FEITOSA, 2004, p. 181).
8
Proteger do esquecimento é a função da memória que continuará
ativa, desde que continue sendo alimentada por narrativas resultantes de uma experiência
coletiva, reconhecida pela partilha de ideias.
Muitas
perguntas surgem diante do que foi problematizado nessa seção, mas quando
relacionamos essas reflexões com a pandemia e nos damos conta de que “a covid-19, doença
causada pelo SARS-CoV-2, já fez mais de 5,1 milhões de mortos e o número de infecções em
todo o planeta subiu, em 23 meses, a 252 milhões”
9
, sendo que muitas dessas milhares de
pessoas, em função das más condições sanitárias de muitos países, entre outras adversidades,
não tiveram sequer a oportunidade de tentar lutar contra o vírus, aí então nos perguntamos se
a conclusão de Marcuse está encontrando vias possíveis para ser vivenciada.
Eis a razão por que entendemos que a experiência coletiva e a rememoração enquanto
um trabalho educativo pode ser benéficas à humanidade, não apenas para superar um
momento difícil, mas, principalmente, para não voltar a cometer erros que provocam mortes.
Sabemos que esse não é um exercício fácil, pois, provavelmente, nunca conseguiremos saber
tudo o que está envolvido nos acontecimentos que provocaram a pandemia e nos
acontecimentos decorrentes dela, mas como diz Benjamin “Articular historicamente o passado
não significa ‘conhecê-lo como de fato ele foi’. Significa apropriar-se de uma reminiscência,
tal como ela relampeja num momento de perigo” (BENJAMIN, 1994, p. 224). Momentos de
perigo podem ser evitados e superados com educação, mas essa precisa refletir experiências
que sinalizem a evolução humana e não a miséria humana.
8
Nas observações de Marcuse há importantes contribuições que podem ser usadas para enriquecer as análises
sobre o conceito de narração, no entanto, para não misturarmos muitas ideias, de diferentes autores, não
aprofundaremos aqui neste trabalho as concepções de Marcuse.
9
Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2021-11/oms-acende-sinal-de-alerta-
mortalidade-por-covid-19-sobe-na-europa Acesso em novembro de 2021.
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Claudecir dos SANTOS
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A educação e a narração da vida. Respondendo à pergunta: por que temos que
rememorar as experiências da pandemia?
Em um artigo intitulado “
Pandemia e falácias do discurso do
homo economicus”,
o
filósofo espanhol/brasileiro Castor Ruiz (2020) destaca que a pandemia (
covid-19
) está
colocando em crise o atual
modelo civilizatório
ao demonstrar que “o outro não é um
apêndice do eu, como pensa o individualismo. São estéreis as atitudes individualistas como
solução egocêntrica para um problema global de grandes dimensões” (RUIZ, 2020). Ou seja,
o
outro
é a condição para a “
minha
” existência e sobrevivência.
Conforme afirma Castor Ruiz (2020), é esse “um tempo de reciclar os odres velhos
que negam o valor da vida e pensar responsabilidade coletiva de novas formas-de-vida”. Não
podemos desperdiçar tal oportunidade, mas precisamos unir forças na elaboração e efetivação
de processos educacionais que correspondam a esses anseios emancipadores.
A pandemia (
Covid-19
) “chacoalhou” a humanidade, mas o irromper da consciência
para esse “chacoalhar” precisa permanecer atento à máxima legada pela pandemia do
Coronavírus:
cuide-se de si para melhor cuidar dos outros.
Do contrário, conforme sinaliza o
filósofo, “se não formos capazes de modificar esse modelo
utilitarista tanatopolítico da vida
,
novas e grandes crises virão, desta vez de caráter ecológico, a que talvez nem consigamos dar
uma resposta tão eficiente” (RUIZ, 2020). Por tudo isso, não podemos permanecer reticentes
diante do que a pandemia provocou.
A
experiência Coronavírus
tem nos mostrado que as dimensões éticas e
antropológicas que alimentam os ideais da humanidade precisam ser reavivadas. E esta ação
não acontecerá sem que a solidariedade seja vivenciada. Mas como ser solidário/a
desconectado/a de uma experiência coletiva que consiga transmitir conhecimentos que geram
novos aprendizados?
Conhecimento
e
apr
endizagem
são pressupostos da
experiência coletiva
descrita por
Walter Benjamin. Portanto, o que for contrário a elas tem implicações no empobrecimento de
experiências. E o que exemplificaria melhor, nesse momento da história, aquilo que se
apresenta como contrário a esses pressupostos senão as chamadas
Fake News
? Ou seja, será
difícil encamparmos uma luta solidária em prol da vida se nos deixarmos vencer pelas
notícias falsas (
Fake News
), pelo
negacionismo científico
, pelo
terraplanismo
etc. E como
enfrentamos isso? A resposta deveria ser única, com educação. Sim, com educação, não há
dúvida sobre isso, mas essa educação precisa estar à altura dos desafios postos. Nesse sentido,
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precisamos pensar em um
processo educacional.
Tal processo precisa estar qualificado a
ponto de criar condições para melhorar a vida das pessoas e evitar mortes.
É por isso que temos que rememorar as experiências da pandemia. Mas essa
rememoração não pode ser à luz do desejo de
outrem
, ela precisa abrir espaço a uma memória
viva sobre o que aconteceu a partir de 2019 com o surgimento da pandemia. A nossa
compreensão é de que as gerações que vivenciaram a pandemia provocada pelo covid-19 têm
a responsabilidade de transmitir às novas gerações o significado dessa experiência. Nesse
caso, o desejo é de que os conhecimentos transmitidos consigam sensibilizar as novas
gerações a ponto de fazer com que os erros cometidos pela geração precedente não sejam
repetidos. Temos expectativas de que isso é possível, para tanto, é urgente um processo
educativo que vivencie experiências coletivas abertas ao desenvolvimento da ciência, à defesa
da democracia e à exaltação da vida.
Considerações finais
Esse artigo procurou chamar atenção para um fato: as consequências da pandemia.
Estas consequências poderão ser drásticas se não nos preocuparmos em identificar o contexto
das experiências desse tempo pandêmico. Se não atentarmos para os sentidos das experiências
vivenciadas nesse período, repetiremos e expressaremos o que Benjamin chama de
experiências empobrecidas. No empobrecimento das experiências prevalece a ausência da
palavra comum e a partilha de ideias não acontece, pois, na falta de experiência coletiva, “não
há o que contar”.
Em suas reflexões sobre a forma e as condições em que cada ser humano conduz a sua
pr
ópria vida, Walter Benjamin ressalta que essa condição, da infância à velhice, é marcada
por experiências. Ao tocar em alguns pontos específicos, como aqueles que analisam a
vivência de uma experiência, o autor destaca: “vivenciar sem espírito é confortável embora
funesto” (BENJAMIN, 1984, p. 25). Essa observação serve de apoio e ajuda a compreender
outra ressalva a respeito da experiência feita por Benjamin: “cada uma de nossas experiências
possui efetivamente um conteúdo, conteúdo que ela recebe do nosso próprio espírito”
(BENJAMIN, 1984, p. 25). Nesse sentido, por mais dolorosa que possa ser uma experiência,
de acordo com Benjamin, ela “dificilmente levara aquele que a persegue ao desespero”
(BENJAMIN, 1984, p. 25), mas para isso é preciso que essa experiência ambicione a
coletividade. Uma experiência “abertamente coletiva” poderá transformar-se numa busca para
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1204-1220, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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com a emancipação humana, isso porque, graças a ela, o passado, o presente e o futuro
poderão ser movimentados através da rememoração de tais experiências.
A experiência coletiva, portanto, é uma possibilidade de resistência e enfrentamento à
reprodução de experiências individualizadas (
Erlebnis),
que,
ao fim e ao cabo
, são a
expressão de um mundo fragmentado. A reprodução de vivências individualizadas induz
muitos seres humanos a considerar que as coisas são assim mesmo e que cada um deve pensar
somente em si. Por conta dessa mentalidade muitas pessoas não conseguem mais enxergar
outras e novas possibilidades, mas elas não só existem como são possíveis. Contudo, exigem
que o nosso entusiasmo para com a vida seja maior que as misérias humanas e os projetos de
morte.
Em síntese, o que o artigo procurou dizer é que precisamos rememorar a experiência
da pandemia com o propósito de transmitir uma experiência às novas gerações que tenha na
sua essência os pressupostos básicos para não permitir que erros sejam repetidos. Para tanto, é
preciso que permaneçamos atentos às formas pelas quais e nas quais são arquitetados os
encontros entre gerações. Não raras vezes, conforme os ventos das mudanças, as experiências
que marcaram a trajetória de uma geração adormecem, mas mantêm-se vivas à espera de
oportunidades para ganharem vida nos discursos e práticas de novas gerações. Daí a
importância de acionar a memória em busca de uma interpretação crítica da realidade. O êxito
dessa ação, porém, está atrelado a um processo educacional que expresse essa dimensão
política da memória com todas as suas condições de possibilidades, inclusive, as que
promovem a ocultação de experiências e acontecimentos.
O irromper de uma consciência
desperta
, como sugeria Benjamin, parece estar imbricado a um processo educacional que não
ignore essas advertências e possibilidades.
REFERÊNCIAS
BENJAMIN, W.
Reflexões:
A criança, o brinquedo, a educação. São Paulo: Sumus, 1984.
BENJAMIN, W.
Sobre arte, técnica, linguagem e política.
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Editores, 1992.
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ENJAMIN, W.
Magia e Técnica, Arte e Política:
Ensaios sobre literatura e história da
cultura. Tradução: Sérgio Paulo Rouanet. 7. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.
FEITOSA, C.
Explicando a Filosofia com Arte
. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004.
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A educação e a narração da vida: Por que temos que rememorar as experiências da pandemia?
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1204-1220, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.15905
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Os Cacos da História. 2. ed. São Paulo: Brasiliense.
1993.
GAGNEBIN, J. M.
História e Narração em Walter Benjamin
. Campinas: Fapesp, 1994.
LÖWY, M. “Distante de todas as correntes e no cruzamento dos caminhos: Walter
Benjamin”.
In
:
Redenção e utopia
: O judaísmo libertário na Europa central. São Paulo:
Companhia das Letras, 1989.
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ed. Rio de Janeiro: LTC, 1982.
RUIZ, C. M. M. B. Pandemia e falácias do discurso do homo economicus.
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Leopoldo, 2020. Disponível em: http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/598157-pandemia-e-
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VIEIRA, M. L.; SILVA, I. de O.(org.).
Memória, subjetividade e educação
. Belo
Horizonte: Argumentum, 2007.
Como referenciar este artigo
SANTOS, C. A educação e a narração da vida: Por que temos que rememorar as experiências
da pandemia?
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação
, Araraquara, v. 17, n.
esp. 2, p. 1204-1220, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587. DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.15905
Submetido
em
: 29/11/2021
Revisões requeridas
: 21/01/2022
Aprovado em
: 19/03/2022
Publicado em
: 30/06/2022
Processamento e edição: Editoria Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, padronização e tradução.
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La educación y la narración de la vida: ¿Por qué tenemos que recordar las experiencias da la pandemia?
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1206-1222, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.15905
1206
LA EDUCACIÓN Y LA NARRACIÓN DE LA VIDA: ¿POR QUÉ TENEMOS QUE
RECORDAR LAS EXPERIENCIAS DA LA PANDEMIA?
A EDUCAÇÃO E A NARRAÇÃO DA VIDA: POR QUE TEMOS QUE REMEMORAR AS
EXPERIÊNCIAS DA PANDEMIA?
EDUCATION AND THE NARRATIVE OF LIFE: WHY DO WE HAVE TO REMEMBER
THE EXPERIENCES OF THE PANDEMIC?
Claudecir dos SANTOS
1
RESUMEN
: Este artículo es el resultado de diferentes experiencias en el campo de la
educación, entre ellas, una investigación Stricto sensu que hizo aproximaciones de algunos
conceptos benjaminianos a la educación. Basándose, por lo tanto, em el trabajo del filósofo
alemán Walter Benjamin, el artículo discute sobre la educación y la narración de la vida,
tratando de mostrar que la rememoración es un acto educativo que necessita ser mejorado. El
objetivo del artículo es compreender como, en tiempos de pandemia, la educación y la
narración de la vida se articulan y se recuerdan en y a tavés de las experiencias humanas.
PALABRAS CLAVE
: Educación. Experiencia. Memoria. Pandemia.
RESUMO
: Esse artigo é fruto de diferentes experiências no campo da educação, entre elas,
uma pesquisa Stricto sensu que fez aproximações de alguns conceitos benjaminianos para
com a educação. Fundamentado, portanto, na obra do filósofo alemão Walter Benjamin, o
artigo discute sobre a educação e a narração da vida, procurando mostrar que a
rememoração é um ato educativo que precisa ser aprimorado. O objetivo do artigo é
perceber como, em tempos de pandemia, a educação e a narração da vida se articulam e são
rememoradas nas e através das experiências humanas.
PALAVRAS-CHAVE
: Educação. Experiência. Memória. Pandemia.
ABSTRACT
: This article is the result of different experiences in the field of education,
among them, a Stricto sensu research that made approximations of some benjaminian
concepts to education. Based, therefore, on the work of the German philosopher Walter
Benjamin, the article discusses education and the narration of life, looking to show that
rememoration is an educational act that needs to be improved. The goal of this article is to
understand how, in times of pandemic, the education and the narration of life articulate and
remembered in and through human experiences.
KEYWORDS
: Education. Experience. Memory. Pandemic.
1
Universidad Federal de la Frontera Sur (UFFS), Chapecó – SC – Brasil. Profesor del Programa de Postgrado en
Educación y del Curso de Licenciatura en Ciencias Sociales. Postdoctorado en Educación Comparada,
desarrollado con el Grupo de Investigación (GIR) Educación comparada y políticas educativas (USAL). ORCID:
https://orcid.org/0000-0003-3304-757X. E-mail: claudecir.santos@uffs.edu.br
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Claudecir dos SANTOS
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1206-1222, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.15905
1207
Introdução
Al tratar el tema en cuestión, el artículo toma como referencia central la obra del
filósofo alemán Walter Benjamin.
2
, o
al menos algunos conceptos problematizados por ella. Es
decir, la base de las discusiones que propone este tema está en gran parte en los escritos
benjaminianos sobre la memoria, la experiencia, la narración y el lenguaje. Por curiosidad,
pero también por información, es importante decir en este comienzo de conversación que la
pregunta presente en la segunda parte del título está inspirada en una observación de otro
autor de teoría crítica, Herbert Marcuse.
En su libro
Eros y Civilización
, rescatando pasajes de la obra de Freud, Marcuse habla
de las diversas implicaciones que marcan la trayectoria y las relaciones humanas en el mundo,
afirmando que:
la gente moriría sin terror cuando supiera que lo que ama está protegido de
la miseria y el olvido.
Volveremos a esta afirmación, por ahora, habría que decir que cuando
nos demos cuenta de que "el covid-19, una enfermedad causada por el SARS-CoV-2,
identificada hace casi dos años en Wuhan, en el centro de China, ya ha dejado más de 5,1
millones de muertos. El número de infecciones en todo el mundo aumentó a 252 millones en
23 meses
3
, entonces nos damos cuenta del impacto de declaraciones como la de Marcuse. En
otras palabras, el
covid-19
abrió las debilidades humanas y demostró que miles de seres
humanos se fueron sin la certeza de que lo que amaban estaba protegido de la miseria y el
olvido.
En situaciones como esta, la narrativa de la vida tiende a combinar diferentes tiempos
para justificar las experiencias vividas, y es en este contexto que la memoria se convierte en
un papel importante en la estructuración de las experiencias. Es precisamente en este punto
donde las ideas de Benjamin sobre la experiencia y la memoria cobran fuerza, porque su
principal cuestionamiento de esto está en la fragilidad de esta memoria, es decir, las
experiencias del presente están, en gran medida, relacionadas con la percepción que los
individuos del presente tienen del pasado. Si esta percepción es defectuosa, equivocada o
ingenua, la experiencia se ve comprometida. De ahí una primera reflexión que ya podríamos
2
Walter Benjamin (1892-1940), pensador judío/alemán, fue uno de los representantes de la llamada Escuela de
Frankfurt, uno de los autores de la Teoría Crítica. Según uno de sus estudiosos, cuando nos apropiamos de la
obra de este autor, notamos que Benjamín era, por un lado, un escritor "alejado de todas las corrientes". (LÖWY,
1989, p. 85) y por otro, aunque es "inclasificable, irreductible a los modelos establecidos, está al mismo tiempo
en la intersección de todas las carreteras" (LÖWY, 1989, p. 85). Con esta actitud, Benjamín desarrolló una
filosofía de la historia con alcances interpretativos que merecen ser revisitados en tiempos de peligro. Estamos
en uno de esos momentos, de ahí la razón para traer a Benjamin al debate.
3
Disponible en: https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2021-11/oms-acende-sinal-de-alerta-
mortalidade-por-covid-19-sobe-na-europa. Acceso en: 10 nov. 2021.
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La educación y la narración de la vida: ¿Por qué tenemos que recordar las experiencias da la pandemia?
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1206-1222, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.15905
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hacer sobre las percepciones que las futuras generaciones tendrán de quienes vivieron la
pandemia del
covid-19.
Aquí ya tenemos algunos elementos que ayudan a responder a la pregunta: ¿por qué
tenemos que recordar las experiencias de la pandemia? Pero trataremos de explicar a lo largo
del texto que esta rememoración es un acto educativo que necesita ser mejorado. El objetivo
del artículo, por lo tanto, es comprender cómo, en tiempos de pandemia, la educación y la
narración de la vida se articulan y recuerdan en las experiencias humanas.
El artículo está organizado en tres secciones: 1) Los peligros del olvido en las
relaciones entre el lenguaje y la memoria; 2) La comunicación de una experiencia y el
recuerdo como obra educativa; y, 3) La educación y la narración de la vida. Respondiendo a
la pregunta: ¿por qué tenemos que recordar las experiencias de la pandemia? En estas tres
secciones pretendemos discutir el objetivo general y responder a las preguntas centrales
expuestas en el título y resumen de este artículo. En las consideraciones finales, rescatando
los conceptos de experiencia y memoria, el artículo destaca la importancia de un proceso
educativo que exprese la dimensión política de la memoria, con todas sus condiciones de
posibilidades.
Los peligros del olvido en las relaciones entre el lenguaje y la memoria
¿No nos toca una bocanada de aire que se respiraba antes? ¿No hay, en las
voces que escuchamos, ecos de voces que han salido? Si es así, hay una
reunión secreta, marcada entre las generaciones precedentes y la nuestra
(BENJAMIN, 1994, p. 223).
Walter Benjamin no escribió específicamente una teoría de la memoria, pero
ciertamente hizo una interesante reflexión sobre la actividad de la rememoración, también
leída como pérdida de memoria y olvido. Está en los textos:
La imagen de Proust
y
sobre
algunos temas en Baudelaire
, especialmente que encontramos las reflexiones más fructíferas
de Benjamin sobre la memoria y la rememoración.
La pérdida de experiencia, consecuencia en gran medida del desarrollo del modo de
producción capitalista, lleva al individuo moderno a una pérdida de memoria histórico-social.
Benjamin ejemplifica esta
pérdida en el ensayo La imagen de Proust
, diciendo que Proust no
describió en su obra una vida como de hecho fue y, más bien, una vida recordada por aquellos
que vivieron. Pero, escribe Benjamin, "este comentario es difuso y demasiado crudo. Porque,
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lo importante para el autor que recuerda, no es lo que vivió, sino el tejido de su
rememoración, la obra de reminiscencia de Penélope" (BENJAMIN, 1994, p. 37)
4
.
El mito de Penélope sirve para enfatizar que la reememoração está vinculada al
desarrollo de la historia, pero también es parte y tiene sentido en el presente. Hacer y deshacer
ayuda a la reminiscencia en relación con lo que ya se ha ido, o ya se ha hecho. Sin embargo,
Benjamin dice: "Un evento vivido es finito, o al menos encerrado en la esfera de lo vivido,
mientras que el evento recordado no tiene límites, porque es solo una clave para todo lo que
vino antes y después" (BENJAMIN, 1994, p. 37). Esta segunda condición, la del
acontecimiento recordado, es fundamental para superar el olvido. Sin embargo, para que el
acto de recordar exista, es esencial que recordar/olvidar sea constante.
En un artículo sobre metaforización de la memoria, o la dialéctica de la rememoración,
Martha Lourenço Vieira explica por qué la concepción de la memoria para Benjamín es
opuesta a la obra de Penélope.
Penélope teje de día y deshace la tela por la noche, teje y "indigentes". En la
obra de rememoración para Benjamin, existe el movimiento inverso, es
decir, el movimiento de los intrépidos. Dicho de otra manera, rememoración
es el acto de indigencia de las impresiones olvidadas, entretejidas en el
inconsciente, es soñar, imaginar. [...] Recordar a Benjamín es sentir de
nuevo, es revivir la sensibilidad perdida y olvidada (VIEIRA; SILVA, 2007,
p. 22).
La metáfora del tejido es sin duda un parámetro importante encontrado por Benjamin
para exponer su concepción de la memoria. Esta concepción debe analizarse cuidadosamente
para no caer en las trampas de las malas interpretaciones. El peligro: los escollos están en una
posible confusión entre la concepción de la memoria que desarrolló Benjamín y la crítica que
hizo sobre la concepción desarrollada por otros autores; siempre hay que tener clara esa
diferencia. En el ensayo sobre
Algunos temas en Baudelaire,
por ejemplo, Benjamin cita
algunas ideas de Proust, a veces para explicar lo que Proust pensaba sobre la memoria, a
veces para diferenciar y desarrollar su propia concepción.
En cuanto a la concepción que Benjamin desarrolla y defiende, es posible notar que
entre las formas de explicar cómo ocurre este proceso de rememoración, Benjamin enfatiza
4
En el mito, Penélope es la esposa de Ulises, que durante veinte años está ausente, involucrado en la guerra de
Troya. Obligada por los pretendientes a elegir un nuevo marido entre ellos, resistió todo lo que pudo,
disuadiendo sucesivamente la elección no deseada. Cuando ya no pudo escapar de la decisión, decidió una
estrategia, que se hizo famosa: prometió que elegiría una de ellas para su marido, en cuanto hubiera terminado de
tejer el sudario de su suegro Laerte, pero cada noche desharía lo que había hecho durante el día. El engaño duró
tres años, pero, denunciado por algunos de sus sirvientes, comenzó a defenderse de otras maneras (VIEIRA;
SILVA, 2007, p. 21).
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las relaciones existentes entre el trabajo de recordar y la posibilidad de la reproducción de
experiencias a través de la imagen de lo consciente. La experiencia, dice Benjamin, es el tema
de la tradición, tanto en la vida privada como en la colectiva. "Se vuelve menos con datos
aislados y rigurosamente fijos en la memoria, que, con datos acumulados, y a menudo
inconscientes que fluyen en la memoria" (BENJAMIN, 1992, p. 103).
Se sabe que la integración y desintegración del yo humano del mundo tiene lugar en y
con el lenguaje a través de las articulaciones entre pasado y futuro que son posibles a través
de las representaciones de la memoria. Guiada por una representación discursiva, la memoria
individual de un ser humano se activa cuando necesita ubicarse en el tiempo y el espacio. Sin
embargo, esta forma de representación no es sólo el resultado de un ejercicio individual, es
parte de un ejercicio complejo que incluye manifestaciones colectivas e incluso no
lingüísticas.
La producción de estas manifestaciones tiene lugar entre individuos en relaciones
directas entre sí y a través de instituciones. Por ello, acercarse a la verdad de los hechos es,
más que una ardua tarea, una experiencia que ha llevado a lo largo de la historia a muchas
personas a caer en el hechizo de las conveniencias y parcialidades.
En este contexto, el pensamiento, lo escrito y lo hablado pueden servir a intereses que
se distancian del bien común, de la posibilidad de emancipación humana, política y social. No
es raro encontrar reflexiones sobre este pensamiento que señalen a las clases dominantes
como poseedoras de un control sobre la memoria, con el fin de garantizar el dominio y la
exploración sobre las otras clases subalternas.
Cuando la memoria se activa para iniciar un ejercicio, ya sea individual, a partir de
reflexiones personales sobre su historia de vida, o colectivas y sociales, de las acciones de las
instituciones y del desarrollo de aspectos culturales, jurídicos y políticos en la construcción de
una sociedad, se inicia el desencadenamiento de un proceso que, puede que no sea largo, pero
las consecuencias (de este proceso) pueden exceder las generaciones. De otra manera, al
combinar pasado y presente, el ejercicio de la memoria combina un pasado social y un
presente social, por lo tanto, este ejercicio se entiende como una construcción social.
Es en la relación dependiente de las representaciones de la memoria con las
manifestaciones enmascaradas del poder que podemos percibir los aspectos políticos del uso
del lenguaje a través de la memoria. El control sobre la memoria es una de las tareas muy bien
diseñadas por aquellos que desean permanecer en alguna forma de poder. Crear categorías, a
través del lenguaje, para la organización del pensamiento, el habla y la escritura, es una de las
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formas de prostituir la lógica, relativizar el conocimiento y guiar el razonamiento en beneficio
de una conclusión predeterminada. Esta es una de las prácticas que explica lo que significa
estar a merced de una instrumentalización del lenguaje. Walter Benjamin tenía esta
preocupación. Para él, el lenguaje plenamente instrumentalizado, reducido en códigos y
símbolos, en lugar de contribuir a la liberación del ser humano, lo empobreció, porque deja de
ser todo lo que es manifestarse solo a través de códigos y símbolos creados por aquellos que
se consideran "dueños" del lenguaje.
Las relaciones de manifestación de la memoria con las manifestaciones de poder son
extremadamente estrechas. Estar en el poder y ser poder requiere tener dominio sobre el
tiempo de los demás, el conocimiento de los demás e incluso sobre las voluntades de los
demás. Todas estas formas de dominio son importantes para mantener el poder y permanecer
en él. Este poder es astronómicamente grandioso cuando hay control sobre la memoria de los
dominados.
La condición de control sobre la memoria de los demás es la mejor condición para el
mantenimiento del poder, aunque ciertamente esta no es una tarea sencilla de realizar. Lo que
sucede en las mentes de las personas, ya sea que estén dominando o dominadas, por muy
abierta que sea la vida del individuo, sigue siendo un misterio. Es debido a esta realidad que el
lenguaje se utiliza para crear condiciones y situaciones, donde se condiciona la construcción,
circulación e interiorización del conocimiento.
El rescate o la restauración de la dignidad de la memoria es una consecuencia del
rescate, o la restauración de la dignidad del lenguaje. El no olvido es el resultado de la
capacidad de girar y acercarse al momento histórico de los acontecimientos. Cuanto más
sucede esto, más cerca es posible la verdad de los hechos. Para lograr esto, uno no puede
renunciar a una memoria activa. Mantener una memoria activa es posible conociendo los
mecanismos y motivaciones del desarrollo del lenguaje. En este sentido, es de fundamental
importancia saber que el lenguaje es una construcción histórica y, por ello, influye en la
producción de conocimiento y no saber.
Son los aspectos políticos que rodean al lenguaje los que determinan, o sugieren lo que
debe recordarse y lo que debe olvidarse. Es en ellos y con ellos que la memoria se manifiesta,
por lo tanto, más que sugerir por el mantenimiento o reactivación de la memoria, será
necesario estar atentos al desarrollo del lenguaje y a las implicaciones políticas insertas en el
abultamiento de este desarrollo. Para Benjamín, "la verdadera imagen del pasado impregna,
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rápido. El pasado es fijo, como una imagen que parpadea irreversiblemente, en el momento en
que se conoce" (BENJAMIN, 1994, p. 224).
Reencontrar el pasado en el presente es, para Benjamín, una de las posibilidades más
fértiles para entenderlo, pero eso no significa que quisiera volver al pasado y vivir allí. A su
entender, "articular históricamente el pasado no significa conocerlo como era. Significa
apropiarse de una reminiscencia, tal como parpadea en el momento de un peligro"
(BENJAMIN, 1994, p. 224). Para él, el pasado tiene una profunda relación con el presente, y
a partir de esto, buscamos cuestionarlo en busca de experiencias que ayuden a aclarar la
realidad.
La memoria, para Benjamin, es un dispositivo enriquecido por elementos liberadores
con capacidades de rememorativa, pero esta condición no garantiza en sí misma un rescate o
comprensión de todo el pasado. De hecho, Benjamín no pretende esto, su creencia es que solo
recuperó, del pasado, manifestaciones en forma de destellos, fragmentos. Debido a esto,
escribe Gagnebin, "es necesario desplazar, por así decirlo, el núcleo del pasado de una carcasa
de imágenes prefabricadas que nos impiden percibirlo en su verdad" (GAGNEBIN, 1993, p.
52).
Cumplir con los requisitos teóricos y prácticos que la memoria es capaz de establecer
con quién hace uso, ciertamente, no es una tarea sencilla, principalmente porque requiere
esfuerzo y capacidad para comprender sobre las potencialidades y peligros que la memoria
corre constantemente. De ahí la importancia de comprender los efectos de la dimensión
política de la memoria y el deseo de control de unos sobre la memoria de otros. Vivir en un
lugar donde algunas personas o grupos mantienen bajo su control los dispositivos para
gestionar las memorias sociales es vivir bajo amenazas y chantajes de todo orden.
Es en este contexto que creemos que es necesario, en la narrativa de la vida, recordar
las experiencias de la pandemia, pero necesitamos recordar mucho más que la pandemia en sí,
es decir, necesitamos recordar las causas y los significados de una pandemia; las condiciones
de afrontamiento (económicas, sanitarias...) de cada país; las razones del
negacionismo
científico en el siglo 21, etc. Es posible hacer esto de diferentes maneras y en diferentes
espacios, pero sería un error histórico si los espacios educativos renunciaran a esta tarea.
El peligro del olvido es más preocupante cuando se piensa y se pone en práctica
"pedagógicamente". En estas condiciones, de manera disfrazada y enmascarada, narrativas
fakes
se puede difundir y llegar gradualmente a la memoria colectiva. Así, las experiencias del
mañana se pueden repetir con los mismos errores que hoy y ayer. Por lo tanto, si queremos
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que la generación presente y las generaciones futuras enriquezcan sus experiencias,
necesitamos interpelarlos en su multiplicidad. Necesitamos recordarlos, creando condiciones
para no repetir lo que causó y causar muertes. En este sentido, si los espacios de educación
formal, especialmente escuelas y universidades, como espacios para la producción de
conocimiento basado en bases científicas, no asumen el compromiso de liderar la
problematización e interpretación de la historia y experiencias de la pandemia, otras personas
e instituciones lo harán. Obviamente, muchos de estos podrán desarrollar un trabajo serio, con
contribuciones significativas al futuro de la humanidad, pero al mismo tiempo habrá tantos
que lo que más hará oscurecerá la historia.
Por lo tanto, que quede claro, la defensa de este artículo es para que los espacios
educativos no renuncien a la responsabilidad de dejar claro qué
pasó
con
y
durante
la
pandemia (
Covid-19
). La educación formal tiene responsabilidades con la narración de la
vida, por lo que tenemos que recordar las experiencias de la pandemia, pero esta acción no
puede ser un hecho aislado, tiene que ser parte de un proceso educativo. Eso es lo que
discutimos en la siguiente sección.
La comunicación de una experiencia y la rememoración como obra educativa
Articular históricamente el pasado no significa "conocerlo como realmente
fue". Significa apropiarse de una reminiscencia, tal como parpadea en un
momento de peligro (BENJAMIN, 1994, p. 224).
Construir y comprender la historia son las tareas de los sujetos que trabajan en ella.
Pero estos sujetos, al convertirse en protagonistas de la historia, necesitan mirar los contextos
en los que forman parte mientras construyen e interpretan la historia, porque, según Benjamín,
"la historia es el objeto de una construcción cuyo lugar no es homogéneo y vacío de tiempo,
sino el tiempo saturado de tiempo ahoras” (BENJAMIN, 1994, p. 229). Esto equivale a decir
que la construcción de la historia que propone Benjamín debe pronunciar un lenguaje que sea
signo de confianza en la restauración
de los momentos del pasado
. Sólo así será posible
percibir los innumerables
ahoras del presente que determinarán el curso del futuro.
Es en este contexto que la experiencia colectiva cobra relevancia. Pero teniendo en
cuenta que el concepto ya ha sido "presentado" en la introducción de este artículo, ahora
partimos de un ejemplo descrito por Benjamin para comprender mejor esta relevancia. Es la p
árabedel anciano quien en el momento de la muerte revela a sus hijos la existencia de un
tesoro contenido en sus viñedos. Después de las noticias dadas a los niños, cavan, hacen
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agujeros, pero no encuentran ningún tesoro. Con la llegada del otoño, sin embargo, los
viñedos producen más que los demás en la región.
5
Esta parábola que no es historia, sino un recurso para enseñar historia, relatada en el
ensayo Experiencia y Pobreza,
es contada por Benjamín para aclarar, inicialmente, qué es una
experiencia, porque fue sólo después de la buena cosecha de la uva, resultado de la tierra
revuelta, que los hijos entendieron lo que el padre les había transmitido. "Sólo entonces
entendieron que su padre les había dado una cierta experiencia: la felicidad no está en el oro,
sino en el trabajo" (BENJAMIN, 1994, p. 114).
Para una mejor comprensión, sin embargo, del concepto de experiencia (
Erfahrung
) en
Benjamin, parece necesario leerlo en paralelo al ensayo
Experiencia y pobreza.
Es a partir de
la pobreza de experiencias y la dificultad, en algunos casos de imposibilidad, de reincluirlas
que podemos tener una comprensión más amplia del concepto benjaminiano de experiencia.
Jeanne Marie Gagnebin dice que la experiencia, para Benjamin, primero, "es parte de una
temporalidad común a varias generaciones. Supone, por tanto, una tradición compartida y
reanudada en la continuidad de una palabra transmitida de padres a hijos" (GAGNEBIN,
1994, p. 66).
En esta emisión, la narración se convierte en uno de los principales dispositivos para
compartir experiencias. En el
libro Historia y Narración en Walter Benjamin,
la filósofa
Jeanne-Marie Gagnebin aborda algunas cuestiones relacionadas con la narración para explicar
cómo impacta en la constitución del sujeto. Según el autor, "esta importancia siempre ha sido
reconocida como la de la reactivación, de la reanudación salvadora por la palabra de un
pasado que, sin ella, desaparecería en el silencio y el olvido" (GAGNEBIN, 1994, p. 3). En
este sentido, el papel que juega la narración se vuelve fundamental para el desarrollo de un
sujeto que conoce las cosas y de sí mismo.
Para justificar mejor la afirmación de que la narrativa sirve como un medio que
contribuye a la búsqueda de identidad, Gagnebin presenta el ejemplo de
Odisea
, la primera
gran narrativa. La Odisea, recuerda el autor, es el "modelo fundacional de la búsqueda de la
5
Destacamos aquí la idea central de esta parábola, sin embargo, el relato completo y las observaciones
resultantes al respecto se pueden encontrar al principio del texto Experiencia y pobreza, escrito por Benjamín.
Algunos estudiosos de Benjamin, como la filósofa Jeanne Marie Gagnebin, interpretan esta parábola afirmando
que nos explica "cómo hacernos
ricos"
(GAGNEBIN, 1994, p. 65). Esto se dilucida, en el caso de esta parábola,
cuando los propios hijos reconocieron que la riqueza no proviene de ningún tesoro, sino de la experiencia que el
padre moribundo les transmitió.
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identidad" (GAGNEBIN, 1994, p. 4). Ella describe el regreso de Ulises, el protagonista de la
historia, a su país de origen
6
.
Durante este viaje, Ulises se enfrenta a varios contratiempos, lucha contra monstruos y
gana gracias a su astucia. Y así, entre vueltas y vueltas, perdiéndose de diversas maneras,
continúa su viaje. Sin embargo, señala Gagnebin, "debemos afirmar que el viaje de Ulises, si
es explícitamente un viaje de regreso, solo se convierte en una odisea gracias a los obstáculos
que impiden este regreso" (GAGNEBIN, 1994, p. 4). La narrativa y la memoria forman parte
de este viaje de regreso de Ulises y están presentes en la esencia de los obstáculos a los que se
enfrenta Ulises. Según Gagnebin, "los obstáculos no son simplemente los signos del odio
divino, sino que también provienen de la negligencia activa y el olvido de Ulises"
(GAGNEBIN, 1994, p. 4). En este caso, la falta de memoria se debe a que el trabajo de
reememoração no sucedió, y si no sucedió, es porque no hubo narrativas que proporcionaran
enseñanzas.
La Odisea, por caracterizarse por ser un viaje lleno de aventuras extraordinarias, es el
mayor ejemplo del uso, las relaciones y el uso de los conceptos aquí estudiados. Não é só a
narrativa que aparece na Odisseia. Memória, experiência e linguagem também compõem o
cenário desta viagem. Para Gagnebin, "todo sucede en la Odisea como si hubiera
implícitamente una fuerza de narración que hace olvidar y, explícitamente, una fuerza
recordar, que se unen para constituir la narración". (GAGNEBIN, 1994, p. 5). Todo este
desarrollo, ahora de olvido, o recuperación del olvido, es parte de la vida del sujeto. Dicho
con las palabras del autor, es todo este "movimiento lanzadera que configura la astucia de
Penélope, la descomposición diurna y nocturna del tejido, el doble matrimonio y el olvido lo
que constituye el sujeto" (GAGNEBIN, 1994, p. 5).
El Relato de la Odisea es un ejemplo, entre muchos otros, de la recurrencia de la
tradición de Benjamín para explicar lo que percibió en su tiempo. Pero conocía la complejidad
de esta tarea, por lo que tenía muchas preocupaciones sobre la narración. Según Gagnebin, si
el problema de la narración "preocupa a Benjamin desde hace tanto tiempo
7
y seguirá
preocupándole hasta su muerte, es porque este problema concentra en sí mismo, de manera
6
Gagnebin hace una observación interesante sobre las contribuciones de Adorno y Horkheimer, en dialéctica de
la ilustración, sobre este tema: "En su notable interpretación, Horkheimer y Adorno transforman las etapas de
este viaje en tantas etapas de la constitución del sujeto racional, en lucha contra las fuerzas del mito que
representan, de manera privilegiada, las fuerzas desarrolladas del olvido. La razón occidental se constituiría así
en el mismo gesto de reanudación de memoria y de narración contra las tentaciones regresivas que sucumben a
los compañeros de Ulises" (GAGNEBIN, 1994, p. 4).
7
El Narrador retoma varios bocetos en los que Benjamin había trabajado desde finales de la década de 1920 y
que recopiló bajo la égida de Nikolas Lesskov, autor ruso de la segunda mitad del siglo XIX, en el que la revista
Orient et Occident
le encargó un artículo (GAGNEBIN, 1994, p. 64).
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ejemplar, las paradojas de nuestra modernidad y, más concretamente, de todo su
pensamiento" (GAGNEBIN, 1994, p. 65).
Un ejemplo de estas paradojas que presenta la modernidad es la pérdida de autoridad a
la hora de contar una experiencia. Esta autoridad no es el privilegio de aquellos que tienen un
conocimiento formal privilegiado. Esta autoridad, "incluso el pobre diablo posee cuando
muere, por los vivos que lo rodean. En el origen de la narrativa está esta autoridad"
(BENJAMIN, 1994, p. 208-209). En el texto
El narrador
, especialmente cuando habla de la
conexión entre la muerte y la narración, Benjamin discute esta pérdida de autoridad.
Al comienzo de las observaciones de Benjamin sobre la relación entre muerte y
narrativa, destacamos el hecho de que el debilitamiento de la idea de eternidad está
influyendo, o al menos coincidiendo, con una creciente aversión al trabajo prolongado. Esa no
es exactamente la conclusión de Benjamin. Cita a un autor llamado
Valéy
y luego afirma que
"la idea de la eternidad siempre ha tenido en la muerte su fuente más rica. Si esta idea es
atrofiada, debemos concluir que el rostro de la muerte debe haber tomado otro aspecto"
(BENJAMIN, 1994, p. 207).
Este nuevo aspecto de la muerte obviamente necesita ser mejor analizado, pero por
ahora, podemos decir que no son temas religiosos, místicos o supersticiosos los que solo
hablan de la muerte, el fin del mundo o cosas por el estilo para asustar y asustar a la gente.
Este es un cambio en la forma en que se enfrenta la muerte. Más que eso, lo que Benjamin
pretende es rescatar la noción de que " es en el momento de la muerte que el conocimiento y
la sabiduría del hombre y, sobre todo, su existencia vivida –esta es la sustancia en la que se
hacen las historias– asumen por primera vez una forma transmisible" (BENJAMIN, 1994, p.
207). Es esta condición la que dejó de existir en la modernidad. Este otro aspecto nuevo que la
muerte adquirió en la sociedad burguesa dice Benjamin, "hizo que la idea de la muerte se
perdiera, en la conciencia objetiva, su omnipresencia y su fuerza de evocación" (BENJAMIN,
1994, p. 207). La consecuencia de esta postura es la pérdida de autoridad, ya que, según
Benjamín, "la muerte es la sanción de todo lo que el narrador puede contar. Es de la muerte
que deriva su autoridad. En otras palabras: sus palabras se refieren a la historia natural"
(BENJAMIN, 1994, p. 208).
La reflexión sobre la idea de muerte hecha por Benjamín tiene, por tanto, una
dimensión que va más allá de las cuestiones biológicas o religiosas que la involucran y, más
que eso, lo que podemos notar es que el momento de la muerte revela otra dimensión que
también es ética y política. Es en este momento que las experiencias que resultan de las
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relaciones humanas se presentan con mayor claridad. Según Gagnebin, en el párrafo X de
El
Narrador
, Benjamin habla de la muerte, destacando esta nueva relación que debe establecerse
con ella.
No es menos que establecer una nueva relación con la muerte, por tanto, con
la negatividad y el infinito, que, además, parece guiar muchas cuestiones
filosóficas de hoy. El fin de la narración y el declive de la experiencia son
inseparables, desde las profundas transformaciones que la muerte, como
proceso social, sufrió durante el siglo XIX, transformaciones que
corresponden a la desaparición de la antítesis tiempo-eternidad en la
percepción cotidiana y, como indican los ensayos sobre Baudelaire, la
sustitución de esta antítesis por la incesante persecución de lo nuevo, hasta
una reducción drástica de la experiencia del tiempo, así que (GAGNEBIN,
1994, p. 73).
La idea de que todos mueren un día, con la banalidad de la muerte vista en los últimos
siglos, puede entenderse como resultado de esta desaparición de la antítesis tiempo-eternidad
de la percepción cotidiana. Con la trivialización, el miedo a la muerte, que podría resultar en
aprendizaje, no tiene la fuerza ni el tiempo para revelar este aprendizaje. Charles Feitosa
escribe que, ante una muerte segura, aunque esta posibilidad sea incierta, "todos los
problemas tienen una importancia relativa, todos los proyectos tienen absoluta urgencia. El
miedo profundo es, hasta cierto punto, un conocimiento de la finitud. Esta sabiduría del miedo
tiene el poder de la transformación de lo propio y del mundo" (FEITOSA, 2004, p. 171).
Esta transformación puede no suceder si no se revela la sabiduría del miedo. ¿Y cómo
se puede revelar sin la posibilidad de narrarlo? Gagnebin ayuda a pensarlo con la siguiente
reflexión:
Ahora bien, si morir y narrar tiene vínculos esenciales entre sí, pues la
autoridad de la narración tiene su origen más auténtico en la autoridad de la
agonía que abre y cierra detrás de nosotros la puerta de lo verdaderamente
desconocido, entonces el declive histórico de la narrativa y la resonancia
social de morir caminan juntos. Ya no se sabe contar y, como el cazador
Graco de Kafka, también sucede que uno ya no puede morir. Siguiendo las
instrucciones de Benjamin, podemos entonces plantear la hipótesis de que la
construcción de un nuevo tipo de narratividad implica necesariamente el
establecimiento de otra relación, tan social como individual, con la muerte y
la muerte (GAGNEBIN, 1994, p. 74).
En esta "otra relación", lo que hay que restaurar es la capacidad de contar (narrar), que
poco a poco se fue perdiendo hasta llegar a su momento más crítico en la modernidad.
Encontramos algunas notas que podrían conducir a esta otra relación con la muerte en Herbert
Marcuse (1898-1979), en su libro Eros y Civilización (1955). Charles Feitosa se apropia
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La educación y la narración de la vida: ¿Por qué tenemos que recordar las experiencias da la pandemia?
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1206-1222, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.15905
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hábilmente de los comentarios de Marcuse para hacer sus comentarios. Según Feitosa, lo que
Marcuse dice es que "en una sociedad donde las personas pudieran vivir en condiciones no
represivas, disfrutando de la libertad de trabajar y tener placer, todos podrían aceptar morir en
paz" (FEITOSA, 2004, p. 181). La tesis de Marcuse sobre este tema, que nos ayuda a pensar
sobre el problema de la muerte en su relación con la narración es: "las personas pueden morir
sin terror, cuando saben que lo que aman está protegido de la miseria y el olvido"
(MARCUSE apud FEITOSA, 2004, p. 181).
8
Proteger del olvido es la función de la memoria
que permanecerá activa, mientras siga siendo alimentada por narrativas resultantes de una
experiencia colectiva, reconocida por el intercambio de ideas.
Surgen muchas preguntas ante lo que se problematizó en este apartado, pero cuando
relacionamos estas reflexiones con la pandemia y nos damos cuenta de que "el covid-19, una
enfermedad causada por el SARS-CoV-2, ya ha causado más de 5,1 millones de muertes y el
número de contagios a nivel mundial ha aumentado, en 23 meses, hasta los 252 millones"
9
, y
muchas de estas miles de personas, debido a las malas condiciones sanitarias de muchos
países, entre otras adversidades, ni siquiera tuvieron la oportunidad de tratar de combatir el
virus, entonces nos preguntamos si la conclusión de Marcuse es encontrar posibles formas de
ser experimentadas.
Es por eso que entendemos que la experiencia colectiva y la rememoración como un
trabajo educativo puede ser beneficioso para la humanidad, no solo para superar un momento
difícil, sino principalmente para no cometer errores que vuelvan a causar la muerte. Sabemos
que este no es un ejercicio fácil, porque probablemente nunca podremos saber todo lo que está
involucrado en los eventos que causaron la pandemia y en los eventos derivados de ella, pero
como dice Benjamin "Históricamente articular el pasado no significa 'conocerlo como
realmente fue'. Significa apropiarse de una reminiscencia, tal como parpadea en un momento
de peligro" (BENJAMIN, 1994, p. 224). Los momentos de peligro se pueden evitar y superar
con educación, pero esto debe reflejar experiencias que señalen la evolución humana y no la
miseria humana.
8
En las observaciones de Marcuse hay importantes contribuciones que pueden ser utilizadas para enriquecer los
análisis sobre el concepto de narración, sin embargo, para no mezclar muchas ideas, de diferentes autores, no
profundizaremos en las concepciones de Marcuse aquí en este trabajo.
9
Disponible en: https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2021-11/oms-acende-sinal-de-alerta-
mortalidade-por-covid-19-sobe-na-europa Access en noviembre de 2021.
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Claudecir dos SANTOS
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La educación y la narración de la vida. Respondiendo a la pregunta: ¿por qué tenemos
que recordar las experiencias de la pandemia?
En un artículo titulado “
Pandemia y falacias del discurso del homo economicus”,
el
filósofo hispano-brasileño Castor Ruiz (2020) señala que la pandemia (
covid-19
) está
poniendo en crisis el actual modelo civilizador
demostrando que "el otro no es un apéndice de
la i, como piensa el individualismo. Las actitudes individualistas son estériles como solución
egocéntrica a un gran problema global" (RUIZ, 2020). Es decir, el
otro
es la condición para
"
mi
" existencia y supervivencia.
Como afirma Castor Ruiz (2020), este es "un momento para reciclar viejos odres que
niegan el valor de la vida y piensan la responsabilidad colectiva por las nuevas formas de
vida". No podemos desperdiciar tal oportunidad, pero necesitamos unir fuerzas en la
elaboración e implementación de procesos educativos que correspondan a estos anides
emancipadores.
La pandemia (
Covid-19
) "sacudió" a la humanidad, pero el estallido de conciencia por
este "temblor" debe permanecer atento al máximo legado por la pandemia del Coronavirus:
cuídate para cuidar mejor a los demás.
Do contrário, conforme sinaliza o filósofo, “se não
formos capazes de modificar esse modelo
utilitario tanatopolítico de la vida
, vendrán nuevas
y grandes crisis, esta vez ecológicamente, a las que es posible que ni siquiera seamos capaces
de responder de manera tan eficiente" (RUIZ, 2020). Por todo esto, no podemos permanecer
reticentes sobre lo que ha provocado la pandemia.
La
experiencia del Coronavirus
nos ha demostrado que las dimensiones éticas y
antropológicas que alimentan los ideales de la humanidad necesitan ser revividas. Y esta
acción no sucederá sin que se experimente la solidaridad. Pero ¿cómo desconectarse de una
experiencia colectiva que pueda transmitir conocimientos que generen nuevos aprendizajes?
Conocimiento
y aprendizaje
son supuestos de
la experiencia colectiva
descrita por
Walter Benjamin. Por lo tanto, lo que es contrario a ellos tiene implicaciones para el
empobrecimiento de las experiencias. Y qué ejemplificaría mejor, en este momento de la
historia, ¿lo que se presenta como contrario a estos supuestos sino las llamadas Fake News?
En otras palabras, será difícil armar una lucha por la vida si nos dejamos vencer por las
noticias falsas (
Fake News
), por el
negacionismo científico
, por el
tierraplanismo
etc. ¿Y
cómo afrontamos eso? La respuesta debe ser única, con educación. Sí, con la educación, no
hay duda al respecto, pero esta educación debe estar a la altura de los desafíos planteados. En
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este sentido, necesitamos pensar
en un proceso educativo.
Tal proceso debe ser calificado
hasta el punto de crear condiciones para mejorar la vida de las personas y prevenir muertes.
Por eso tenemos que recordar las experiencias de la pandemia. Pero esta
rememoración no puede ser a la luz
del deseo de alguien
, necesita dejar espacio para un
recuerdo vivo sobre lo que sucedió a partir de 2019 con la aparición de la pandemia.
Entendemos que las generaciones que han vivido la pandemia provocada por el covid-19
tienen la responsabilidad de transmitir a las nuevas generaciones el significado de esta
experiencia. En este caso, el deseo es que el conocimiento transmitido sea capaz de
sensibilizar a las nuevas generaciones hasta el punto de hacer que los errores cometidos por la
generación anterior no se repitan. Tenemos expectativas de que esto sea posible, para ello, es
urgente un proceso educativo que experimente experiencias colectivas abiertas al desarrollo
de la ciencia, la defensa de la democracia y la exaltación de la vida.
Consideraciones finales
Este artículo buscaba llamar la atención sobre un hecho: las consecuencias de la
pandemia. Estas consecuencias pueden ser drásticas si no nos molestamos en identificar el
contexto de las experiencias de este tiempo de pandemia. Si no miramos a los sentidos de las
experiencias experimentadas durante este período, repetiremos y expresaremos lo que
Benjamín llama experiencias empobrecidas. En el empobrecimiento de las experiencias,
prevalece la ausencia de la palabra común y el intercambio de ideas no ocurre, porque, en
ausencia de experiencia colectiva, "no hay nada que contar".
En sus reflexiones sobre la forma y las condiciones en que cada ser humano lleva su
propia vida, Walter Benjamin señala que esta condición, desde la infancia hasta la vejez, está
marcada por las experiencias. Al tocar algunos puntos concretos, como los que analizan la
experiencia de una experiencia, el autor destaca: "experimentar sin espíritu es cómodo,
aunque funesto" (BENJAMIN, 1984, p. 25). Esta observación sirve de apoyo y ayuda a
entender otra advertencia con respecto a la experiencia hecha por Benjamin: "cada una de
nuestras experiencias efectivamente tiene un contenido, contenido que recibe de nuestro
propio espíritu" (BENJAMIN, 1984, p. 25). En este sentido, por muy dolorosa que pueda ser
una experiencia, según Benjamín, ella "difícilmente lleva a la desesperación a quien la
persigue" (BENJAMIN, 1984, p. 25), pero para ello es necesario que esta experiencia codicia
la colectividad. Una experiencia "abiertamente colectiva" puede convertirse en una búsqueda
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Claudecir dos SANTOS
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de emancipación humana, porque, gracias a ella, el pasado, el presente y el futuro pueden
moverse a través de la recreación de tales experiencias.
La experiencia colectiva, por lo tanto, es una posibilidad de resistencia y de afrontamiento de la
reproducción de experiencias individualizadas.
(
Erlebnis),
que,
al fin y al
cabo, son la expresión de un
mundo fragmentado. La reproducción de experiencias individualizadas induce a muchos seres
humanos a considerar que las cosas son iguales y que cada uno debe pensar sólo en sí mismo.
Debido a esta mentalidad, muchas personas ya no pueden ver a los demás y las nuevas
posibilidades, sino que no solo existen como son posibles. Sin embargo, exigen que nuestro
entusiasmo por la vida sea mayor que la miseria humana y los proyectos de muerte.
En resumen, lo que el artículo buscaba decir es que necesitamos recordar la
experiencia de la pandemia con el propósito de transmitir una experiencia a las nuevas
generaciones que tenga en esencia los presupuestos básicos para no permitir que se repitan los
errores. Para ello, debemos permanecer atentos a las formas en que y en las que se diseñan los
encuentros entre generaciones. No pocas veces, a medida que cambian los vientos de cambio,
las experiencias que marcaron la trayectoria de una generación se duermen, pero permanecen
vivas a la espera de oportunidades para ganar vida en los discursos y prácticas de las nuevas
generaciones. De ahí la importancia de activar la memoria en busca de una interpretación
crítica de la realidad. El éxito de esta acción, sin embargo, está ligado a un proceso educativo
que expresa esta dimensión política de la memoria con todas sus condiciones de posibilidades,
incluidas las que promueven el ocultamiento de experiencias y acontecimientos.
El estallido
de una
conciencia despierta, como sugirió Benjamin, parece estar imbuido de un proceso
educativo que no ignora estas advertencias y posibilidades.
REFERENCIAS
BENJAMIN, W.
Reflexões:
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BENJAMIN, W.
Sobre arte, técnica, linguagem e política.
Lisboa: Relógio d’Água
Editores, 1992.
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Ensaios sobre literatura e história da
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. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004.
GAGNEBIN, J. M.
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Os Cacos da História. 2. ed. São Paulo: Brasiliense.
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História e Narração em Walter Benjamin
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LÖWY, M. “Distante de todas as correntes e no cruzamento dos caminhos: Walter
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: O judaísmo libertário na Europa central. São Paulo:
Companhia das Letras, 1989.
MARCUSE, H.
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Uma interpretação filosófica do pensamento de Freud. 8.
ed. Rio de Janeiro: LTC, 1982.
RUIZ, C. M. M. B. Pandemia e falácias do discurso do homo economicus.
IHU
, São
Leoppoldo, 2020. Disponible en: http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/598157-pandemia-e-
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VIEIRA, M. L.; SILVA, I. O.
Memória, Subjetividade e Educação
. Belo Horizonte:
Argvmentvm, 2007.
Cómo hacer referencia a este artículo
SANTOS, C. A Educação e a Narração da Vida: ¿Por que temos que rememorar as
experiências da pandemia?
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1206-1222, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587. DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.15905
Enviado en
: 29/11/2021
Revisiones requeridas
: 21/01/2022
Aprobado en
: 19/03/2022
Publicado en
: 30/06/2022
Procesamiento y edición: Editora Ibero-Americana de Educação.
Corrección, formateo, normalización y traducción.
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Education and the narrative of life: Why do we have to remember the experiences of the pandemic?
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1200-1215, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.15905
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EDUCATION AND THE NARRATIVE OF LIFE: WHY DO WE HAVE TO
REMEMBER THE EXPERIENCES OF THE PANDEMIC?
A EDUCAÇÃO E A NARRAÇÃO DA VIDA: POR QUE TEMOS QUE REMEMORAR AS
EXPERIÊNCIAS DA PANDEMIA?
LA EDUCACIÓN Y LA NARRACIÓN DE LA VIDA: ¿POR QUÉ TENEMOS QUE
RECORDAR LAS EXPERIENCIAS DA LA PANDEMIA?
Claudecir dos SANTOS
1
ABSTRACT
: This article is the result of different experiences in the field of education,
among them, a Stricto sensu research that made approximations of some benjaminian
concepts to education. Based, therefore, on the work of the German philosopher Walter
Benjamin, the article discusses education and the narration of life, looking to show that
rememoration is an educational act that needs to be improved. The goal of this article is to
understand how, in times of pandemic, the education and the narration of life articulate and
remembered in and through human experiences.
KEYWORDS
: Education. Experience. Memory. Pandemic.
RESUMO
: Esse artigo é fruto de diferentes experiências no campo da educação, entre elas,
uma pesquisa Stricto sensu que fez aproximações de alguns conceitos benjaminianos para
com a educação. Fundamentado, portanto, na obra do filósofo alemão Walter Benjamin, o
artigo discute sobre a educação e a narração da vida, procurando mostrar que a
rememoração é um ato educativo que precisa ser aprimorado. O objetivo do artigo é
perceber como, em tempos de pandemia, a educação e a narração da vida se articulam e são
rememoradas nas e através das experiências humanas.
PALAVRAS-CHAVE
: Educação. Experiência. Memória. Pandemia.
RESUMEN
: Este artículo es el resultado de diferentes experiencias en el campo de la
educación, entre ellas, una investigación Stricto sensu que hizo aproximaciones de algunos
conceptos benjaminianos a la educación. Basándose, por lo tanto, em el trabajo del filósofo
alemán Walter Benjamin, el artículo discute sobre la educación y la narración de la vida,
tratando de mostrar que la rememoración es un acto educativo que necessita ser mejorado.
El objetivo del artículo es compreender como, en tiempos de pandemia, la educación y la
narración de la vida se articulan y se recuerdan en y a tavés de las experiencias humanas.
PALABRAS CLAVE
: Educación. Experiencia. Memoria. Pandemia.
1
Federal University of Fronteira Sull (UFFS), Chapecó – SC – Brazil. Professor of Graduate Program in
Education and Undergraduate Course in Social Sciences. Post-doctorate in Comparative Education, developed
together with the Research Group (GIR) on Comparative Education and Educational Policies (USAL). ORCID:
https://orcid.org/0000-0003-3304-757X. E-mail: claudecir.santos@uffs.edu.br
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Introduction
When dealing with the theme in question, the article takes as a central reference the
work of the German philosopher Walter Benjamin
2
, or, at least, some concepts problematized
by him. That is, the basis of the discussions that this theme proposes finds support, to a great
extent, in Benjamin's writings on memory, experience, narration and language. As a curiosity, but
also for information purposes, it is important to say in this beginning that the question present in
the second part of the title is inspired by an observation of another Critical Theory author, Herbert
Marcuse
.
In his book Eros and Civilization, retrieving passages from Freud's work, Marcuse
speaks of the various implications that mark the trajectory and human relations in the world,
stating that:
people would die without terror when they know that what they love is protected
from misery and oblivion.
We will return to this statement later, for now, it is important to say
that when we realize that "covid-19, a disease caused by SARS-CoV-2, identified almost two
years ago in Wuhan, central China, has already killed more than 5.1 million people. The
number of infections worldwide has risen in 23 months to 252 million”
3
, Then we realize the
impact of statements like this one by Marcuse. That is, covid-19 exposed human frailties and
showed that thousands of human beings left without the certainty that what they loved was
protected from misery and oblivion.
In situations like this, the narration of life tends to conjugate different times to be able
to justify the experiences lived, and it is in this context that memory starts to play an
important role in the structuring of experiences. It is exactly at this point that Benjamin's ideas
about experience and memory gain strength, because his main questioning about this is in the
fragility of this remembrance, that is, the experiences of the present are, to a great extent,
related to the perception that individuals of the present have of the past. If this perception is
flawed, mistaken or naive, the experience will be compromised. Hence a first reflection that
we could already make about the perceptions that future generations will have of those who
experienced the covid-19 pandemic.
2
Walter Benjamin (1892-1940), a Jewish/German thinker, was one of the representatives of the so-called
Frankfurt School, one of the authors of Critical Theory. According to one of his scholars, when we appropriate
the work of this author, we notice that Benjamin was, on the one hand, a writer "distant from all currents."
(LÖWY, 1989, p.85) and on the other, even though he was "unclassifiable, irreducible to established models, he
is at the same time at the crossroads of all roads" (LÖWY, 1989, p.85). With this stance, Benjamin developed a
philosophy of history with interpretative reaches that deserve to be revisited in moments of peril. We are in one
of those moments, hence the reason to bring Benjamin into the debate.
3
Available at: https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2021-11/oms-acende-sinal-de-alerta-
mortalidade-por-covid-19-sobe-na-europa. Accessed on: 10 Nov. 2021.
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Education and the narrative of life: Why do we have to remember the experiences of the pandemic?
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1200-1215, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.15905
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Here we already have some elements that help answer the question: why do we have
to remember the experiences of the pandemic? But we will try to explain throughout the text
that this remembrance is an educational act that needs to be improved. The goal of the article,
therefore, is to understand how, in times of pandemic, education and the narration of life are
articulated and remembered in human experiences.
The article is organized in three sections: 1) The dangers of forgetting in the
relationship between language and memory; 2) Communicating an experience and
remembering as an educational work; and, 3) Education and the narration of life. Answering
the question: why do we have to remember the experiences of the pandemic? In these three
sections we intend to discuss the general objective and answer the central questions exposed
in the title and abstract of this article. In the final considerations, rescuing the concepts of
experience and memory, the article highlights the importance of an educational process that
expresses the political dimension of memory, with all its conditions of possibilities.
The dangers of forgetting in the relationship between language and memory
Are we not touched by a breath of the air that was breathed before? Are there
not, in the voices we hear, echoes of voices that have been muted? If so, is
there a secret, scheduled meeting between the preceding generations and
ours? (BENJAMIN, 1994, p. 223).
Walter Benjamin did not write, specifically, a theory of memory, but certainly made
an interesting reflection about the activity of rememory, also read as the loss of memory and
forgetfulness. It is in the texts
Image of Proust
and
On Some Motifs in Baudelaire
, especially,
that we find Benjamin's most fruitful reflections on memory and remembrance.
The loss of experience, a consequence in large part of the development of the capitalist
mode of production, leads the modern individual to a loss of historical-social memory.
Benjamin exemplifies this loss in the essay The Image of Proust, saying that Proust did not
describe in his work a life as it actually was but rather a life remembered by those who lived
it. However, Benjamin writes, "this comment is diffuse, and too crude. For what is important
for the author who remembers is not what he lived, but the fabric of his remembrance, the
Penelope's work of reminiscence” (BENJAMIN, 1994, p. 37)
4
.
4
In the myth, Penelope is the wife of Ulysses, who has been away for twenty years, engaged in the Trojan War.
Forced by the suitors to choose a new husband among them, she resisted as long as she could, successively
postponing the unwanted election. When it was no longer possible for her to escape the decision, she devised a
strategy that became famous: she promised she would choose one of them as her husband as soon as she finished
weaving the shroud of her father-in-law Laerte, but every night she undid what she had done during the day. The
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The myth of Penelope serves to emphasize that reminiscing is linked to the
development of history, but it is also part of and makes sense in the present. The doing and
the undoing assist reminiscence in relation to what has already been, or has already been
done. However, Benjamin says: "a lived event is finite, or at least closed in the sphere of the
lived, while the remembered event is boundless, because it is only a key to all that came
before and after" (BENJAMIN, 1994, p. 37). This second condition, that of the remembered
event, is fundamental for us to overcome forgetfulness. However, for the act of remembering
to exist, it is fundamental that remembering/forgetting is constant.
In an article about the metaphorization of memory, or the dialectics of remembering,
Martha Lourenço Vieira explains why Benjamin's conception of memory is the opposite of
Penelope's work.
Penelope weaves by day and undoes the fabric at night, she weaves and
"unweaves. In Benjamin's work of remembrance, there is the inverse
movement, that is, the movement of unweaving. In other words,
remembering is the act of unweaving the forgotten impressions, woven in
the unconscious, it is dreaming, it is imagining. [...] To remember in
Benjamin is to feel again, is to revive the lost, forgotten sensibility (VIEIRA;
VIEIRA, 2007, p. 22).
The metaphor of weaving is, without a doubt, an important parameter found by
Benjamin to expose his conception of memory. This conception needs to be carefully
analyzed in order not to fall in the traps of mistaken interpretations. The danger: the traps are
in a possible confusion between the conception of memory that Benjamin developed and the
criticism he made about the conception developed by other authors; it is always necessary to
be clear about this difference. In the essay
On Some Motifs in Baudelaire
, for example,
Benjamin quotes some of Proust's ideas, sometimes to explain what Proust thought about
memory, sometimes to differentiate and develop his own conception.
As for the conception that Benjamin develops and defends, it is possible to notice that
among the ways to explain how this process of remembering happens, Benjamin emphasizes
the existing relations between the work of remembering and the possibility of the
reproduction of experiences through the image of the conscious. Experience, Benjamin says,
is the stuff of tradition, both in private and collective life. "It becomes less with isolated and
rigorously fixed data in memory, than with accumulated, and often unconscious, data that
flock to memory" (BENJAMIN, 1992, p. 103).
deception lasted three years, but, denounced by some of her servants, she began to defend herself in other ways
(VIEIRA; SILVA, 2007, p. 21).
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Education and the narrative of life: Why do we have to remember the experiences of the pandemic?
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1200-1215, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
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It is known that the integration and disintegration of the human self from the world
takes place in and with language through the articulations between past and future that are
possible through the representations of memory. Guided by a discursive representation, the
individual memory of a human being is activated when he needs to locate himself in time and
space. However, this form of representation is not only the result of an individual exercise, it
is part of a complex exercise that includes collective and even non-linguistic manifestations.
The production of these manifestations takes place between individuals in direct
relations with each other and through institutions. Because of this, getting closer to the truth
of the facts is, more than an arduous task, an experience that has led many people throughout
history to fall under the spell of convenience and partiality.
Within this context, the thought, the written and the spoken can serve interests that
distance themselves from the common good, from the possibility of human, political and
social emancipation. It is not uncommon to find reflections on this thought that point to the
dominant classes as the holders of control over memory, with the intention of guaranteeing
domination and exploitation over the other subordinate classes.
When memory is activated in order to start an exercise, be it individual, from personal
reflections about one's life history, or collective and social, from the performance of
institutions and the development of cultural, legal, and political aspects in the construction of
a society, it starts the unleashing of a process that, in itself, may not be long, but the
consequences (of this process) may go beyond generations. In other words, by combining past
and present, the exercise of memory conjugates a social past and a social present, therefore,
this exercise is understood as a social construction.
It is in the dependent relationship of the representations of memory with the masked
manifestations of power that we can perceive the political aspects of the use of language
through memory. Control over memory is one of the tasks very well architected by those who
wish to hold on to some form of power. Creating categories, through language, for the
organization of thought, speech and writing, is one of the ways to prostitute logic, relativize
knowledge and guide reasoning in favor of a predetermined conclusion. This is one of the
practices that explains what it means to be at the mercy of an instrumentalization of language.
Walter Benjamin had this concern. For him, a totally instrumentalized language, reduced to
codes and symbols, instead of contributing to the liberation of the human being, impoverished
it, because it stops being all that it is to manifest itself only through codes and symbols
created by those who consider themselves "owners" of the language.
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The relationship between the manifestation of memory and the manifestations of
power are extremely close. To be in power and to be the power requires having dominion over
others' time, others' knowledge, and even others' wills. All these forms of domination are
important in order to maintain power and stay in power. This power increases astronomically
when there is control over the memory of the dominated.
The condition of control over the memory of others is the best condition for
maintaining power, although this is certainly not a simple task to perform. What goes on in
people's minds, be they dominators or dominated, however open the individual's life may be,
remains a mystery. It is because of this reality that language is used to create conditions and
situations, where the construction, circulation and internalization of knowledge are
conditioned.
The rescue or reestablishment of the dignity of memory is a consequence of the
rescue, or reestablishment of the dignity of language. Not forgetting is a result of the ability to
turn around and get closer to the historical moment of the events. The more this happens, the
closer to the truth of the facts it is possible to be. To achieve this, one cannot renounce an
active memory. Maintaining an active memory is possible by having knowledge about the
mechanisms and motivations of language development. In this sense, it is of fundamental
importance to know that language is a historical construction and, for this reason, influences
the production of knowledge and non-knowledge.
It is the political aspects surrounding language that determine, or suggest, what should
be remembered and what should be forgotten. It is in them and with them that memory
manifests itself, therefore, more than suggesting the maintenance or reactivation of memory, it
will be necessary to be attentive to the development of language and the political implications
inserted in the core of this development. For Benjamin, "the true image of the past pervades,
swiftly. The past allows itself to be fixed, as an image that flashes irreversibly, the moment it
is known" (BENJAMIN, 1994, p. 224).
Reencountering the past in the present is, for Benjamin, one of the most fertile
possibilities for understanding it, but this does not mean that he wished to return to the past
and live there. In his understanding, "to articulate the past historically does not mean to know
it as it really was. It means appropriating a reminiscence, just as it flashes at the moment of
danger" (BENJAMIN, 1994, p. 224). For him, the past has a deep relationship with the
present, and from the present one tries to interrogate the past in search of experiences that
help clarify reality.
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Education and the narrative of life: Why do we have to remember the experiences of the pandemic?
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1200-1215, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
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For Benjamin, memory is a device enriched by liberating elements with rememorative
capacities, but this condition does not guarantee by itself a rescue or understanding of the past
in its entirety. In fact, Benjamin does not even pretend that, his belief is that only
manifestations in the form of flashes, fragments, are recovered from the past. Because of this,
writes Gagnebin, "it is necessary to displace, so to speak, the core of the past from a wrapping
of prefabricated images that prevent us from perceiving it in its truth" (GAGNEBIN, 1993, p.
52).
Fulfilling the theoretical and practical demands that memory is capable of establishing
with those who make use of it is certainly not a simple task, mainly because it requires effort
and the ability to understand the potentialities and dangers that memory constantly runs.
Hence the importance of understanding the effects of the political dimension of memory and
the desire of some to control the memory of others. To live in a place where some people or
groups keep under their control the devices to manage social memories is to live under all
kinds of threats and blackmail.
It is in this context that we understand it is necessary, in the narration of life, to
remember the experiences of the pandemic, but we need to remember much more than the
pandemic itself, that is, we need to remember the causes and meanings of a pandemic; the
coping conditions (economic, sanitary...) in each country; the reasons for scientific denialism
in the 21st century, etc. This can be done in different ways and in different spaces, but it
would be a historical mistake if educational spaces gave up this task.
The danger of forgetfulness is most worrying when it is "pedagogically" thought out
and put into practice. Under these conditions, in a disguised and masked way, fake narratives
can be spread and gradually reach collective memories. Thus, the experiences of tomorrow
may repeat themselves with the same mistakes of today and yesterday. Therefore, if we want
the present generation and future generations to enrich their experiences, we need to question
them in their entirety. We need to remember them, creating conditions not to repeat what has
caused and still causes deaths. In this sense, if the spaces of formal education, especially
schools and universities, as spaces of production of knowledge based on scientific bases, do
not assume the commitment of leading the problematization and interpretation of the history
and experiences of the pandemic, other people and institutions will do it. Obviously, many of
them will be able to develop a serious work, with significant contributions to the future of
humanity, but, at the same time, there will be so many that what they will do is obscure the
history of the pandemic.
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Claudecir dos SANTOS
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Therefore, let it be clear, the defense of this article is for educational spaces not to give
up the responsibility to make clear what happened with and during the pandemic (Covid-19).
Formal education has responsibilities with the narration of life, so we have to remember the
experiences of the pandemic, but this action cannot be an isolated event, it has to be part of an
educational process. This is what we discuss in the next section.
The communication of an experience and the remembrance as an educational work
Historically articulating the past does not mean 'knowing it as it really was'.
It means appropriating a reminiscence, just as it flashes in a moment of
danger (BENJAMIN, 1994, p. 224).
Constructing and understanding history are tasks of the subjects that act in it. But these
subjects, when becoming protagonists of history, need to pay attention to the contexts in
which they are inserted while building and interpreting history, because, according to
Benjamin, "history is the object of a construction whose place is not homogeneous and empty
time, but time saturated with nows" (BENJAMIN, 1994, p. 229). This is to say that the
construction of history that Benjamin proposes should pronounce a language that provides
confidence in the reestablishment of the nows instants of the past. Only then will it be
possible to perceive the countless nows of the present that will determine the directions of the
future.
It is in this context that the collective experience gains relevance. But, considering that
the concept has already been "presented" in the introduction of this article, we will now use an
example described by Benjamin to better understand this relevance. It is the parable of the old
man who at the moment of death reveals to his sons the existence of a treasure contained in
his vineyards. After the news is given to his sons, they dig and make holes, but find no
treasure. With the arrival of autumn, however, the vines produce more than the others in the
region.
5
This parable that is not history, but a resource for teaching history, reported in the
essay
Experience and Poverty
, is told by Benjamin to clarify, initially, what an experience is,
because it was only after the good harvest of the grapes, the result of stirred soil, that the sons
understood what their father had passed on to them. "Only then did they understand that their
5
We highlight here the central idea of this parable, but the full account and the ensuing observations about it can
be found at the beginning of Benjamin's text Experience and Poverty. Some Benjamin scholars, such as
philosopher Jeanne Marie Gagnebin, interpret this parable by stating that it explains to us "how to become rich"
(GAGNEBIN, 1994, p. 65). This is elucidated, in the case of this parable, when the sons themselves recognized
that wealth does not come from any treasure, but from the experience that their dying father transmitted to them.
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father had transmitted to them a certain experience: happiness is not in gold, but in work"
(BENJAMIN, 1994, p. 114).
For a better understanding, however, of the concept of experience (Erfahrung) in
Benjamin, it seems necessary to read it in parallel with the essay Experience and Poverty. It is
from the poverty of experiences and the difficulty, in some cases the impossibility, of
recounting them that we get a broader understanding of the Benjaminian concept of
experience. Jeanne Marie Gagnebin says that experience, for Benjamin, firstly, "is inscribed
in a temporality common to several generations. It supposes, therefore, a tradition shared and
taken up again in the continuity of a word transmitted from father to son” (GAGNEBIN,
1994, p. 66).
In this transmission, narration becomes one of the main devices for sharing
experiences. In the book,
History and Narration in Walter Benjamin
, philosopher Jeanne-
Marie Gagnebin deals with some issues related to narration to explain how it impacts the
constitution of the subject. According to the author, "this importance has always been
recognized as that of remembrance, of the saving resumption by the word of a past that would
otherwise disappear in silence and oblivion" (GAGNEBIN, 1994, p. 3). In this sense, the role
played by narration becomes fundamental for the development of a subject who knows things
and himself.
To better justify the claim that narrative serves as a contributing medium to the search
for identity, Gagnebin presents the example of the Odyssey, the first great narrative. The
Odyssey, the author reminds us, is the "founding model of the search for identity"
(GAGNEBIN, 1994, p. 4). She describes the return of Ulysses, the protagonist of the story, to
his home country
6
.
During this journey, Ulysses faces various setbacks, fights monsters, and wins thanks
to his cunning. And so, between comings and goings, getting lost in the various paths, he
continues on his journey. However, as Gagnebin points out, "we must state that Ulysses'
journey, if it is explicitly a return trip, only becomes an odyssey thanks to the obstacles that
prevent this return" (GAGNEBIN, 1994, p. 4). Narrative and memory are part of this return
journey of Ulysses and are present in the essence of the obstacles that Ulysses faces.
6
Gagnebin makes an interesting observation regarding the contributions of Adorno and Horkheimer, in
Dialectics of Enlightenment, on this subject: "In their remarkable interpretation, Horkheimer and Adorno
transform the stages of this journey into as many stages of the constitution of the rational subject, in struggle
against the forces of myth that represent, in a privileged way, the developed forces of forgetfulness. Western
reason would thus constitute itself in the same gesture of recovery through memory and narration against the
regressive temptations to which Ulysses' companions succumb” (GAGNEBIN, 1994, p. 4).
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According to Gagnebin, "the obstacles are not simply, the signs of divine hatred, but also
come from Ulysses' active neglect and forgetfulness" (GAGNEBIN, 1994, p. 4). In this case,
the lack of memory is because the work of remembrance did not happen, and if it did not
happen, it is because there were no narratives that would provide teachings.
The Odyssey, because it is characterized as a journey full of extraordinary adventures,
is the greatest example of the use, relationships, and employment of the concepts studied here.
It is not only narrative that appears in The Odyssey. Memory, experience, and language also
make up the scenario of this journey. For Gagnebin, "everything happens in the Odyssey as if
there were implicitly a force of narration that makes one forget and, explicitly, a force of
remembrance, which combine to constitute narration" (GAGNEBIN, 1994, p. 5). All this
development, sometimes of forgetting, sometimes of recovering from forgetting, is part of the
subject's life. In the words of the author, it is all this "back and forth movement that
Penelope's cunning configures, the daytime making and nighttime unmaking of the weaving,
the double weft of remembering and forgetting that constitutes the subject" (GAGNEBIN,
1994, p. 5).
The account of the Odyssey is one example, among many others, of Benjamin's
recurrence to tradition to explain what he perceived in his time. But he knew the complexity
of this task, so he had many concerns with narration. According to Gagnebin, if the
problematic of narration "has preoccupied Benjamin for so long and will continue to do so
until his death, it is because this problematic concentrates in itself, in an exemplary way, the
paradoxes of our modernity and, more specifically, of his entire thought" (GAGNEBIN, 1994,
p. 65).
An example of these paradoxes that modernity presents is the loss of authority when
telling an experience. This authority is not the privilege of those who possess privileged
formal knowledge. This authority, "even the poor devil possesses when he dies, for the living
around him. At the origin of narrative is this authority" (BENJAMIN, 1994, p. 208-209). In
The Storyteller
, especially when he talks about the connection between death and narration,
Benjamin discusses this loss of authority.
At the beginning of Benjamin's observations on the relationship between death and
narrative, it highlights the fact that the weakening of the idea of eternity is influencing, or at
least coinciding with, a growing aversion to prolonged work. This conclusion is not exactly
Benjamin's. He quotes an author named Valéye, then states that "the idea of eternity has
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always had in death its richest source. If this idea is atrophying, we must conclude that the
face of death must have assumed another aspect” (BENJAMIN, 1994, p. 207).
This new aspect given to death needs, of course, to be better analyzed, but for now we
can say that it is not about religious, mystical or superstitious issues, which only talk about
death, the end of the world or things like that to scare and frighten people. It is about a change
in the way death comes to be seen. More than that, what Benjamin intends is to rescue the
notion that "it is at the moment of death that man's knowledge and wisdom, and above all his
lived existence - it is of this substance that stories are made - first assume a transmissible
form" (BENJAMIN, 1994, p. 207). It is this condition that no longer exists in modernity. This
other and new aspect that death assumed in bourgeois society, says Benjamin, "caused the
idea of death to lose, in objective consciousness, its omnipresence and its force of evocation"
(BENJAMIN, 1994, p. 207). The consequence of this posture is the loss of authority, since,
according to Benjamin, "death is the sanction of all that the narrator can tell. It is from death
that he derives his authority. In other words: his words refer back to natural history"
(BENJAMIN, 1994, p. 208).
Benjamin's reflection on the idea of death has, therefore, a dimension that goes beyond
the biological or religious issues surrounding it, and more than that, what we can notice is that
the moment of death reveals another dimension that is also ethical and political. It is at this
moment that the experiences that result from human relationships present themselves with
greater clarity. According to Gagnebin, in paragraph X of The Narrator, Benjamin talks about
death, highlighting this new relationship that needs to be established with it.
It is about nothing less than establishing a new relationship with death,
therefore, with negativity and with infinity, which, by the way, seems to
guide numerous philosophical questions today. The end of narration and the
decline of experience are inseparable from the profound transformations that
death, as a social process, underwent during the 19th century,
transformations that correspond to the disappearance of the antithesis time-
eternity in everyday perception and, as the essays on Baudelaire indicate, to
the replacement of this antithesis by the incessant pursuit of the new, to a
drastic reduction of the experience of time, therefore (GAGNEBIN, 1994, p.
73).
The idea that everyone dies someday, with the banality of death seen in the last
centuries, can be understood as a result of this disappearance of the antithesis time-eternity
from everyday perception. With banalization, the fear of death, which could result in learning,
has neither the strength nor the time to reveal this learning. Charles Feitosa writes that in the
face of certain death, even if this possibility is uncertain, "all problems have relative
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importance, all projects have absolute urgency. Deep fear is, to some extent, a knowledge of
finitude. This wisdom of fear has the power to transform oneself and the world" (FEITOSA,
2004, p. 171).
This transformation may not happen if the wisdom of fear is not revealed. And how
can it be revealed without the possibility of narrating it? Gagnebin helps us think about this
with the following reflection:
Now, if dying and narration have essential links between them, because the
authority of narration has its most authentic origin in the authority of the
dying person who opens and closes behind us the door to the true unknown,
then the historical decline of narration and the social repression of dying go
together. One can no longer tell and, like Kafka's hunter Gracchus, it also
happens that one can no longer die. Following Benjamin's guidelines, we can
then venture the hypothesis that the construction of a new kind of narrativity
necessarily involves the establishment of another relationship, as social as
well as individual, with death and dying (GAGNEBIN, 1994, p. 74).
In this "other relatedness", what needs to be reestablished is the ability to tell (narrate),
which was slowly lost until it reached its most critical moment in modernity. We find some
notes that could lead to this other relationship with death in Herbert Marcuse (1898-1979), in
his book Eros and Civilization (1955). Charles Feitosa, intelligently, appropriates Marcuse's
observations to make his points. According to Feitosa, what Marcuse states is that "in a
society where people could live in non-repressive conditions, enjoying freedom to work and
to have pleasure, everyone could accept to die in peace" (FEITOSA, 2004, p. 181). Marcuse's
thesis on this theme, which helps us think about the problematic of death in its relation to
narration, is: "people can die without terror when they know that what they love is protected
from misery and oblivion” (MARCUSE, apud FEITOSA, 2004, p. 181).
7
Protecting from
oblivion is the function of memory that will remain active as long as it continues to be fed by
narratives resulting from a collective experience, recognized by the sharing of ideas.
Many questions arise from what has been problematized in this section, but when we
relate these reflections to the pandemic and realize that "covid-19, the disease caused by
SARS-CoV-2, has already killed more than 5.1 million people and the number of infections
worldwide has risen, in 23 months, to 252 million”
8
, being that many of these thousands of
people, due to poor sanitary conditions in many countries, among other adversities, did not
7
In Marcuse's observations there are important contributions that can be used to enrich the analyses about the
concept of narration, however, in order not to mix many ideas, from different authors, we will not deepen here
the conceptions of Marcuse.
8
Available at: https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2021-11/oms-acende-sinal-de-alerta-
mortalidade-por-covid-19-sobe-na-europa. Access on: 10 Nov. 2021.
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1200-1215, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
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even have the opportunity to try to fight against the virus, then we wonder if Marcuse's
conclusion is finding possible ways to be lived.
This is why we understand that the collective experience and the remembrance as an
educational work can be beneficial to humanity, not only to overcome a difficult moment, but
mainly to avoid making mistakes that cause deaths. We know that this is not an easy exercise,
because we will probably never know everything that is involved in the events that caused the
pandemic and the events that resulted from it, but as Benjamin says "To articulate the past
historically does not mean 'to know it as it really was'. It means appropriating a reminiscence,
just as it flashes up in a moment of danger" (BENJAMIN, 1994, p.224). Moments of danger
can be avoided and overcome with education, but education needs to reflect experiences that
signal human evolution and not human misery.
Education and the narration of life. Answering the question: why do we have to
remember the experiences of the pandemic?
In an article entitled “
Pandemia e falácias do discurso dohomo economicus”,
the
Spanish/Brazilian philosopher Castor Ruiz (2020) points out that the pandemic (covid-19) is
putting in crisis the current model of civilization by demonstrating that "the other is not an
appendix of the self, as individualism thinks. Individualistic attitudes are sterile as a self-
centered solution to a global problem of great dimensions" (RUIZ, 2020). That is, the other is
the condition for "my" existence and survival.
As Castor Ruiz (2020) states, this is "a time to recycle the old wineskins that deny the
value of life and think collective responsibility for new ways of living. We cannot waste such
an opportunity, but we need to join forces in the elaboration and implementation of
educational processes that correspond to these emancipating yearnings.
The pandemic (Covid-19) has “shaken” humanity, but the emergence of consciousness
for this “shake” needs to remain attentive to the maxim bequeathed by the Coronavirus
pandemic: take care of yourself to better take care of others. Otherwise, as the philosopher
points out, “if we are not able to modify this thanatopolitical utilitarian model of life, new and
great crises will come, this time of an ecological nature, to which we may not even be able to
give such an efficient response” (RUIZ, 2020). For all these reasons, we cannot remain
reticent in the face of what the pandemic has caused.
The
Coronavirus experience
has shown us that the ethical and anthropological
dimensions that feed the ideals of humanity need to be revived. And this action will not
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happen without solidarity being experienced. But how to be solidary disconnected from a
collective experience that manages to transmit knowledge that generates new learning?
Knowledge and learning
are presuppositions of the collective experience described by
Walter Benjamin. Therefore, what is contrary to them has implications for the
impoverishment of experiences. And what would better exemplify, at this moment in history,
what is presented as contrary to these assumptions if not the so-called Fake News? In other
words, it will be difficult for us to take up a solidary struggle for life if we allow ourselves to
be won by fake news (Fake News),
scientific denialism
, flat earth, etc. And how do we face
it? The answer should be unique, with education. Yes, with education, there is no doubt about
it, but this education needs to be up to the challenges posed. In this sense, we need to think
about an educational process. Such a process needs to be qualified to the point of creating
conditions to improve people's lives and avoid deaths
.
That's why we have to remember the experiences of the pandemic. But this
remembrance cannot be in the light of someone else's desire, it needs to make room for a
living memory of what happened from 2019 onwards with the emergence of the pandemic.
Our understanding is that the generations that experienced the pandemic caused by covid-19
have a responsibility to transmit to new generations the meaning of this experience. In this
case, the wish is that the knowledge transmitted will be able to sensitize the new generations
to the point of preventing the mistakes made by the previous generation from being repeated.
We have expectations that this is possible, therefore, there is an urgent need for an educational
process that experiences collective experiences open to the development of science, the
defense of democracy and the exaltation of life.
Final remarks
This article sought to draw attention to one fact: the consequences of the pandemic.
These consequences could be drastic if we do not care to identify the context of the
experiences of this pandemic time. If we do not pay attention to the meanings of the
experiences lived in this period, we will repeat and express what Benjamin calls impoverished
experiences. In the impoverishment of experiences, the absence of the common word prevails
and the sharing of ideas does not happen, because, in the absence of collective experience,
"there is nothing to tell.
In his reflections on the form and conditions in which each human being leads his or
her own life, Walter Benjamin points out that this condition, from childhood to old age, is
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marked by experiences. Touching on some specific points, such as those that analyze the
living of an experience, the author highlights: "to live without spirit is comfortable though
funereal" (BENJAMIN, 1984, p. 25). This observation serves as support and helps to
understand another remark about experience made by Benjamin: "each of our experiences
actually has a content, a content that it receives from our own spirit" (BENJAMIN, 1984, p.
25). In this sense, no matter how painful an experience can be, according to Benjamin, it
"hardly leads the one who pursues it to despair" (BENJAMIN, 1984, p. 25), but for that it is
necessary that this experience aspires to collectivity. An "openly collective" experience can
become a quest for human emancipation, because, thanks to it, the past, the present and the
future can be moved through the remembrance of such experiences.
The collective experience, therefore, is a possibility of resistance and confrontation
against the reproduction of individualized experiences (
Erlebnis
), which, after all, are the
expression of a fragmented world. The reproduction of individualized experiences induces
many human beings to consider that this is the way things are, and that each person should
think only of himself. Because of this mentality, many people can no longer see other and
new possibilities, but they not only exist, they are possible. However, they require that our
enthusiasm for life be greater than human miseries and death plans.
In summary, what the article has tried to say is that we need to remember the
experience of the pandemic in order to transmit an experience to the new generations that has
in its essence the basic assumptions to not allow mistakes to be repeated. To do so, it is
necessary that we remain attentive to the ways in which meetings between generations are set
up. Not infrequently, as the winds of change blow, the experiences that marked the trajectory
of a generation fall asleep, but remain alive, waiting for opportunities to come to life in the
discourses and practices of new generations. Hence the importance of triggering the memory
in search of a critical interpretation of reality. The success of this action, however, is linked to
an educational process that expresses the political dimension of memory with all its possible
conditions, including those that promote the concealment of experiences and events. The
emergence of an awakened consciousness
, as Benjamin suggested, seems to be imbricated to
an educational process that does not ignore these warnings and possibilities.
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REFERENCES
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Sobre arte, técnica, linguagem e política.
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Ensaios sobre literatura e história da
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Explicando a Filosofia com Arte
. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004.
GAGNEBIN, J. M.
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Os Cacos da História. 2. ed. São Paulo: Brasiliense.
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How to reference this article
SANTOS, C. Education and the narrative of life: Why do we have to remember the
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação
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Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1200-1215, June 2022. e-ISSN: 1982-5587. DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.15905
Submitted
: 29/11/2021
Revisions required
: 21/01/2022
Approved
: 19/03/2022
Published
: 30/06/2022
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
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