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Práticas pedagógicas na educação especial, formação docente e pesquisa-ação: O que dizem as pesquisas
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1714-1735, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.15971
1714
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA EDUCAÇÃO ESPECIAL, FORMAÇÃO DOCENTE
E PESQUISA-AÇÃO: O QUE DIZEM AS PESQUISAS
1
PRÁCTICAS PEDAGÓGICAS EN EDUCACIÓN ESPECIAL, FORMACIÓN DEL
PROFESORADO E INVESTIGACIÓN-ACCIÓN: QUÉ DICEN LAS
INVESTIGACIONES
PEDAGOGICAL PRACTICES IN SPECIAL EDUCATION, TEACHER TRAINING AND
ACTION RESEARCH: WHAT THE STUDIES SAY
Rafaela Flávia de FREITAS
2
Marco Antonio Melo FRANCO
3
RESUMO
: O estudo teve por objetivo identificar e analisar o que tem sido produzido
academicamente sobre as práticas pedagógicas no campo da educação especial no período de
2008 a 2020. Trata-se de uma revisão sistemática de literatura que articula as temáticas que
envolvem as práticas pedagógicas inclusivas na educação especial, formação docente e
pesquisa-ação. A busca foi feita a partir da combinação entre os descritores: Inclusão, Educação
Especial, Educação Inclusiva com os descritores Pesquisa-ação, Pesquisa Participante e
Pesquisa Colaborativa. Foram encontrados 193 artigos, dos quais 44 artigos se aproximavam
do tema. Como resultado foi observado que o maior número de publicações sobre o tema
ocorreu após a promulgação, em 2015, da lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência.
Além disso, foi possível identificar que a pesquisa-ação aparece como importante instrumento
teórico-metodológico para o desenvolvimento de práticas pedagógicas mais efetivas e para a
formação continuada de professores da Educação Especial.
PALAVRAS-CHAVE
: Pesquisa-ação. Educação especial. Práticas pedagógicas.
RESUMEN
: El estudio tuvo como objetivo identificar y analizar lo que se ha producido en el
campo académico sobre las prácticas pedagógicas en educación especial de 2008 a 2020. Se
realizó una revisión sistemática de la literatura que articula las temáticas que involucran las
prácticas pedagógicas inclusivas en educación especial, formación docente, investigación-
acción. La búsqueda se realizó combinando los descriptores: Inclusión, Educación Especial,
Educación Inclusiva con los descriptores Investigación-acción, Investigación Participativa e
Investigación Colaborativa. Se encontraron un total de 193 artículos, de los cuales 44 artículos
abordaron el tema. En conclusión, se observó que la mayoría de las publicaciones sobre el
tema ocurrieron después de la promulgación, en 2015, de la Ley Brasileña de Inclusión de
Personas con Discapacidad. Además, fue posible identificar que la investigación-acción
1
A pesquisa foi financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais
–
FAPEMIG.
2
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Mariana
–
MG
–
Brasil. Mestre em Educação e membro do Núcleo
de Estudo e Pesquisas sobre Práticas na Alfabetização e na Inclusão em Educação (NEPPAI). ORCID:
https://orcid.org/0000-0003-3776-6360. E-mail: rafafreitas2264@gmail.com
3
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Mariana
–
MG
–
Brasil. Professor Associado do Departamento de
Educação e do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE-UFOP). Doutorado em Ciências da Saúde
(UFMG). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0159-4109. E-mail: mamf.franco@gmail.com
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Marco Antonio Melo FRANCO e Rafaela Flávia de FREITAS
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1714-1735, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.15971
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aparece como un importante instrumento teórico-metodológico para el desarrollo de prácticas
pedagógicas más efectivas y para la formación permanente de profesores de Educación
Especial.
PALABRAS CLAVE
: Investigación-acción. Educación especial. Prácticas pedagógicas.
ABSTRACT
: The study aimed to identify and analyze what has been produced in the academic
field about pedagogical practices in special education from 2008 to 2020. A systematic
literature review was carried out that articulates the themes that involve inclusive pedagogical
practices in special education, teacher training, action research. The search was carried out
by combining the descriptors: Inclusion, Special Education, Inclusive Education with the
descriptors Action Research, Collaborative Research. 193 articles were found, of which 44
articles approached the topic. it was observed that most publications on the subject occurred
after the enactment, in 2015, of the Brazilian law for the Inclusion of Persons with Disabilities.
Furthermore, it was possible to identify that action research appears as an important
theoretical-methodological instrument for the development of more effective pedagogical
practices and for the continuing education of Special Education teachers.
KEYWORDS
: Action research. Special education. Pedagogical practices.
Introdução
Atualmente, percebemos um aumento na quantidade de alunos público-alvo da
educação especial (PAEE) matriculados na rede regular de ensino, em consequência do
movimento de inclusão e de políticas estabelecidas pelo governo (FRANCO; RODRIGUES,
2016). Concomitante a isso, a literatura e a produção de pesquisas que abordam o tema da
inclusão escolar
–
lembrando que a Educação Especial (EE) é apenas uma parte daquilo que se
compreende por Educação Inclusiva
–
em muito tem avançado. Observa-se a necessidade de
toda a comunidade escolar, como família e professores, em lidar com a diversidade que
encontramos nas escolas. Embora haja essa necessidade e todo um movimento que clama por
uma sociedade que valorize a diversidade dos sujeitos, ainda se nota vários problemas, como a
falta de recursos nas escolas, processos e programas governamentais de formação de
professores pouco efetivos e que não os qualificam para a atuação no campo da inclusão das
pessoas com deficiência, políticas de formação que não atendem às diversidades, professores
que se sentem despreparados para atuar, entre outros (MATOS; MENDES, 2014; MENDES,
2006).
Ao se pensar educação para todos, precisamos pensar em uma escola transformadora e
democrática, privilegiando as trocas sociais/culturais coletivas, e levando em consideração que
cada aluno aprende de forma única, a partir da sua história de vida e nas relações sociais que
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Práticas pedagógicas na educação especial, formação docente e pesquisa-ação: O que dizem as pesquisas
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1714-1735, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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empreende com o outro. Dessa maneira, se faz urgente pensar uma educação que atenda às
necessidades dos seus alunos, e fuja da ótica da tolerância no sentido da compaixão, e que não
considere as dificuldades de aprendizagem dos educandos como fixas, mas sim como
singularidades que constituem este sujeito (MANTOAN, 2003).
A proposta desenvolvida nesse estudo está centrada nas práticas pedagógicas realizadas
pelos professores no campo da educação especial, sobretudo, na perspectiva da inclusão escolar.
Além disso, busca-se identificar como a formação docente, a pesquisa-ação e as práticas
pedagógicas inclusivas, na educação especial, se articulam. Ao escolher como metodologia a
revisão sistemática de literatura, pretendeu-se identificar e analisar o que vem sendo produzido
academicamente sobre as práticas pedagógicas no campo da educação especial no período de
2008 a 2020. A pesquisa foi realizada nos bancos de dados do
Scientific Electronic Library
Online
(SciELO), grupo de trabalho (GT) 8
–
Formação de professores e GT 15
–
Educação
especial da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPED) e da
Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior (CAPES).
Ressaltamos que o presente estudo é parte da pesquisa desenvolvida por pesquisadores
da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), intitulada “Ações extensionistas e pesquisa
-
ação em contextos de inclusão: impactos na formação docente inicial e continuada na região
dos Inconfidentes”, financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais
(FAPEMIG). Além disso, o presente estudo está vinculado ao Núcleo de Estudos e de Pesquisas
Sobre Práticas na Alfabetização e na Inclusão em Educação (NEPPAI/CNPQ).
Práticas pedagógicas em contexto de inclusão
A prática pedagógica é entendida aqui como uma prática que se apresenta no sentido da
práxis perpassando por culturas, subjetividades e sujeitos, na qual o professor é continuamente
reflexivo em relação às suas ações (FRANCO, 2016). Entende-se ainda que elas são
constituídas a partir de intencionalidades que devem ser contempladas nas ações que irão
conferir essas intencionalidades a todos os envolvidos no processo educativo, levando os alunos
à educação libertadora (FRANCO, 2016). Como afirmam Lustosa e Melo (2018, p. 101), a
prática pedagógica pode ser:
[...] compreendida como um conjunto de interações, procedimentos, variáveis
que intervêm e se inter-relacionam nas situações de ensino: tipo de atividades,
metodologias, aspectos materiais da situação, estilo do professor, relações
sociais, conteúdos culturais.
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Marco Antonio Melo FRANCO e Rafaela Flávia de FREITAS
RIAEE
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A prática pedagógica não se distancia de um ato político, não é considerada neutra,
justamente porque há intencionalidades, conforme já sublinhado por Franco (2016). Destoando
dessa perspectiva, percebemos que as escolas se estruturam acerca de regimentos, do currículo
escolar e de toda a burocracia que nela está enraizada; nota-se que a estrutura do sistema
educacional regular não é condizente com a proposta da educação inclusiva (MANTOAN,
2003). Portanto, para que a inclusão escolar aconteça, torna-se necessário que o professor
desenvolva a capacidade de refletir sobre sua prática, bem como sua atitude diante do desafio
de lidar com a diferença do outro, voltando seu olhar para a diversidade existente, buscando
maior entendimento sobre os contextos sociais, políticos, pedagógicos, dentre outros,
realizando a interação da prática com a teoria (FRANCO, 2015). Além disso, é preciso que seja
possível a realização de um trabalho com um currículo que muitas vezes não é flexível para
este professor. Tão logo, não há aberturas para este desenvolver um outro trabalho, diferente
daquele que ele vem realizando há anos no chão da escola.
Para tal, é necessário que o professor esteja em constante formação para se colocar
enquanto professor da educação inclusiva. É preciso que o professor compreenda e valorize as
diferenças existentes em sala; tenha clareza de como se dá o desenvolvimento cognitivo de seus
alunos; busque formas que contemplem a diversidade a partir de práticas, técnicas e métodos
que proporcionem o entendimento das intencionalidades para “todos e para cada um”, levando
em consideração as especificidades dos sujeitos; tenha conhecimento das temáticas que
envolvem o processo de inclusão; compreenda a função da educação especial na educação
inclusiva. Além disso, deve ser conhecedor dos empecilhos acerca da inclusão do sujeito tanto
no campo educacional quanto no social (LUSTOSA; MELO, 2018).
Há a necessidade de que o professor rompa com as práticas meramente tecnicistas e
mecânicas, pautadas na transmissão de conhecimento, e se desenvolva como profissional
reflexivo, analisando todo o processo educativo em busca da educação emancipatória
(FRANCO, 2016). Uma das possibilidades para que o professor repense sua prática e,
particularmente, objeto desse estudo, está intimamente ligada à metodologia de pesquisa-ação,
podendo ser exemplificada como:
[...] o apoio direto dentro da sala de aula, em que professores dos serviços de
apoio em educação especial e coordenadores partilhem com os professores das
salas comuns momentos de ensinar, observando, intervindo, demonstrando e
oferecendo apoio no planejamento e acompanhamento regular das atividades
e nos encontros específicos para orientação e estudo (MATOS; MENDES,
2014, p. 48).
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Práticas pedagógicas na educação especial, formação docente e pesquisa-ação: O que dizem as pesquisas
RIAEE
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1714-1735, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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Apesar disso, professores que atuam no ensino regular se dizem incapazes para atuar
com alunos da educação especial, sobretudo, os que possuem alguma deficiência, direcionando
o atendimento do PAEE para professores especializados que atuam restritivamente no
atendimento a esses alunos (MANTOAN, 2003). Vale ressaltar que a prática docente vai se
construindo aos poucos, e para que ela se construa com o olhar voltado para a diversidade é
necessário que o professor reflita e se atente para a necessidade de mudança atitudinal, a fim de
contemplar todos os envolvidos no ato educativo. Além disso, percebemos a necessidade de
pesquisar e entender as práticas juntamente com
“os professores práticos, e não sobre eles”
(FRANCO, 2012, p. 215), construindo conhecimento e criando sentido coletivamente sobre o
processo de ensino e aprendizagem.
Pesquisa-ação: Ferramenta para o favorecimento de práticas pedagógicas inclusivas
A metodologia de pesquisa-ação pode ser definida de diversas formas, uma delas é
expressa por Thiollent (1986). Para o autor:
[...] a pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social com base empírica que é
concebida e realizada em estreita associação com urna ação ou com a
resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os
participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de
modo cooperativo ou participativo (THIOLLENT, 1986, p. 14).
Algumas fases são necessárias para a consolidação da metodologia de pesquisa-ação,
como: a) a fase exploratória que consiste em entender o campo a ser investigado, problemas e
possíveis soluções; b) definição do tema da pesquisa, com finalidade de indicar possíveis
soluções práticas e área do conhecimento a ser tratada; c) colocação dos problemas e os
objetivos a serem alcançados; d) a teorização acerca do tema; e) levantamento de hipóteses; f)
seminários, com intuito de reunir os sujeitos que compõem o campo de investigação em
encontros formativos; g) definição do campo de observação; h) coleta de dados; i)
aprendizagem ligada ao processo de investigação; j) saber formal e saber informal, fazendo o
intercâmbio entre os conhecimentos do pesquisador e dos interessados; k) plano de ação; l)
divulgação externa dos resultados. Entretanto, a pesquisa-ação pode ou não se apresentar nessa
sequência (THIOLLENT, 1986).
Por se tratar de uma metodologia prática, a pesquisa-ação apresenta aplicabilidades em
diversas áreas de atuação e do conhecimento, como no campo educacional, no serviço social,
dentre outros. Uma vez que os pesquisadores da área educacional fazem uso da metodologia de
pesquisa-
ação, “estariam em condição de produzir informações e conhecimentos de uso efetivo,
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Marco Antonio Melo FRANCO e Rafaela Flávia de FREITAS
RIAEE
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1714-1735, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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inclusive ao nível
pedagógico” (THIOLLENT, 1986, p. 75). Essa perspectiva pode contribuir
para elucidação de determinados problemas escolares, colaborando para definição de objetivos,
levantamento de hipóteses, e a busca pela melhor estratégia pedagógica, de forma coletiva, com
o intuito de solucionar as problemáticas que vão emergindo no contexto escolar.
A pesquisa-ação educacional tem se apresentado como uma metodologia que contribui
para o processo de ensino e aprendizagem, uma vez que os professores e pesquisadores façam
uso de suas pesquisas para realizar uma reflexão coletiva sobre suas ações e investigar as
possíveis mudanças necessárias. De acordo com Tripp (2005), a metodologia de pesquisa-ação
está relacionada aos vários tipos de investigação-ação que se referem à melhoria da prática a
partir da reflexão e ação a respeito da prática, ou seja, é a busca pelo aperfeiçoamento da prática
por meio do agir acerca da prática e o ato de investigar sobre ela. Para Pletsch e Glat (2011, p.
3):
A pesquisa-ação é um método de investigação científica, concebido e
realizado em estreita associação com uma ação voltada para a resolução de
um problema coletivo. Tem como característica principal a participação ativa
dos indivíduos pertencentes ao campo onde o projeto está sendo desenvolvido.
Pressupõe uma ampla interação entre sujeito e pesquisador, diferenciando-se,
assim, de métodos convencionais que (que mesmo tendo um enfoque
qualitativo) resulta em uma postura do investigador distanciada em relação à
realidade pesquisada. Não cumprindo, assim, com sua responsabilidade social
diante da comunidade que lhe serviu como espaço de estudo.
Nesse sentido, a pesquisa-ação pode se apresentar como uma possível alternativa
metodológica, com a finalidade de construir sentido entre os conhecimentos teóricos e ações
cotidianas. Para isso, é necessário que haja uma correlação entre pesquisa e prática docente a
fim de transformar as práticas educativas presentes no meio educacional.
Procedimentos metodológicos
A revisão sistemática da literatura se caracteriza a partir de sínteses e análises de
publicações pertinentes acerca de determinado assunto, a fim de compreender o que vem sendo
discutido sobre a temática. Além disso, conforme Mancini e Sampaio (2006, p. 1),
[...] estudos de revisão sistemática da literatura e de metanálise adotam uma
metodologia padronizada, com procedimentos de busca, seleção e análise bem
delineados e claramente definidos, permitindo ao leitor apreciar a qualidade
das pesquisas e a validade das conclusões feitas pelos autores. Revisões
sistemáticas geralmente utilizam escalas ou formulários que definem critérios
que norteiam a apreciação crítica da qualidade da evidência científica
disponibilizada pelos artigos selecionados.
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Práticas pedagógicas na educação especial, formação docente e pesquisa-ação: O que dizem as pesquisas
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1714-1735, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.15971
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Esse estudo se caracteriza como uma revisão sistemática da literatura amparada em uma
abordagem qualitativa de pesquisa, pois tem como objetivo, como afirmam Lüdke e André
(1986, p. 1), “promover o confronto entre os dados, as evidências, as informações coletadas
sobre d
eterminado assunto e o conhecimento teórico acumulado a respeito dele”. Além disso,
a revisão da literatura ajuda o pesquisador a fundamentar os objetivos e relevância de sua
pesquisa, pois identifica possíveis “lacunas existentes nas pesquisas anteriores”
(SANTOS,
2012, p. 94), emergindo as possibilidades e necessidades de novos estudos.
Tendo em vista a relevância dessa metodologia, as autoras Souza e Mendes (2017)
realizaram o estudo intitulado “Revisão Sistemática das Pesquisas Colaborativas em Educação
Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar no Brasil”, que dialoga com o objetivo do presente
estudo. Apesar de ambos apresentarem questões acerca do que vem sendo produzido em relação
às práticas pedagógicas para o público-alvo da educação especial, formação docente e pesquisa-
ação, este estudo revela dados para além do trabalho supracitado, contribuindo para análise
mais ampla, uma vez que a busca se deu em diferentes bases de dados.
Levantamento dos dados
O levantamento bibliográfico foi realizado nas bases de dados do
SciELO,
GT 8
–
Formação de professores e GT 15
–
Educação especial da ANPEd e da CAPES, entre os anos
de 2008 e 2020. A proposta de levantamento de dados a partir de 2008 se deu em função da
promulgação da política de educação especial nesse ano. Utilizou-se a data como ponto de
partida, entendendo que novas propostas pedagógicas, com conotações de inclusão, poderiam
emergir a partir de então. A busca foi realizada com os descritores em pares que estão
circunscritos no campo da Educação Especial e que envolvem a metodologia de pesquisa-ação,
sendo eles: Inclusão e Pesquisa-ação; Inclusão e Pesquisa Participante; Inclusão e Pesquisa
Colaborativa; Educação Especial e Pesquisa-ação; Educação Especial e Pesquisa Participante;
Educação Especial e Pesquisa Colaborativa; Educação Inclusiva e Pesquisa-ação; Educação
Inclusiva e Pesquisa Participante; Educação Inclusiva e Pesquisa Colaborativa.
A primeira base de dados a ser investigada foi a ANPED, da seguinte forma: acesso à
base de dados / tóp
ico reuniões científicas / opção “nacionais” / seleção de reuniões ocorridas
entre os anos de 2008 e 2020 / na opção ”Grupos de Trabalhos”, acesso ao GT8 –
Formação de
professores e GT 15
–
Educação Especial / acesso a artigo por artigo e busca pelos pares de
descritores. É importante ressaltar que a 33ª reunião da ANPED, ocorrida no ano de 2010, não
está disponível para consulta no
site
. A segunda base foi a SciELO, realizada da seguinte
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Marco Antonio Melo FRANCO e Rafaela Flávia de FREITAS
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1714-1735, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.15971
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maneira: acesso à base de dados / selecionar a opção Brasil / posteriormente, opção Português
/ na opção artigos selecionar a opção pesquisa de artigos / na opção de busca indicar os pares
de descritores / acesso a artigo por artigo e busca pelos pares de descritores. A terceira busca
foi realizada nos periódicos da CAPES e ocorreu do seguinte modo: acesso à base de dados /
selecionar a base “periódicos” / acesso à Comunidade Acadêmica Federada (CAFe) / selecionar
busca avançada / busca dos pares de descritores / refinamento de busca por artigo, educação e
anos de 2008 a 2020.
Foram resgatados 193 artigos representados, na Tabela 1, de forma quantitativa.
Tabela 1
–
Relação de trabalhos encontrados por descritores
Descritores
ANPED
CAPES
SciELO
Inclusão and Pesquisa-ação
3
58
7
Inclusão and Pesquisa participante
0
12
0
Inclusão and Pesquisa colaborativa
1
13
6
Educação Especial and Pesquisa-ação
3
34
9
Educação Especial and Pesquisa participante
0
6
0
Educação Especial and Pesquisa colaborativa
1
15
0
Educação Inclusiva and Pesquisa-ação
2
14
0
Educação Inclusiva and Pesquisa participante
0
3
0
Educação Inclusiva and Pesquisa colaborativa
1
5
0
TOTAL
11
160
22
TOTAL GERAL
193
Fonte: Elaborada pelos autores
Para sistematização dos dados, realizamos a análise dos artigos encontrados, procurando
identificar sua proximidade com o objeto de pesquisa. O protocolo de análise buscou
contemplar os artigos: que contenham os pares de descritores no corpo do texto; que estejam
relacionados com as práticas pedagógicas inclusivas e/ou com a promoção da formação docente
inicial ou continuada; que tenham como foco o PAEE; que envolvam a metodologia de
pesquisa-ação.
Dos 193 artigos encontrados, 86 se repetiam nas bases de dados, o que levou à análise
de 107 artigos, dos quais 60 foram excluídos por não se enquadrarem nos critérios de inclusão
e 3 por não terem os artigos disponíveis para análise. Os 44 artigos que estavam de acordo com
o protocolo de seleção foram lidos e sistematizados de forma analítica.
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Práticas pedagógicas na educação especial, formação docente e pesquisa-ação: O que dizem as pesquisas
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1714-1735, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.15971
1722
Resultados e discussões
Os artigos encontrados no levantamento bibliográfico, conforme representado na Tabela
1, indicam uma concentração em maior número de publicações na base de dados da CAPES,
além de apresentar resultados nas buscas com todos os nove pares de descritores. Na base de
dados da ANPED são apresentados resultados na busca quando utilizados seis pares de
descritores e, na SciELO, três pares de descritores. Além disso, percebe-se que o número de
artigos encontrados é maior quando se busca pelo termo específico de pesquisa-ação nas três
bases de dados.
Após realizarmos a caracterização dos artigos eles foram classificados de acordo com
os anos de publicação. Dos 44 trabalhos, não foram encontradas nenhuma publicação dos anos
de 2008 a 2010; dois foram publicados em 2011; dois em 2012; um em 2013; um em 2014; três
em 2015; doze em 2016; três em 2017; dez em 2018; oito em 2019; e dois em 2020. Nota-se
um aumento de publicações no ano de 2016, após a promulgação em 2015 da Lei Brasileira de
Inclusão da Pessoa com Deficiência, nº. 13.146/2015 (BRASIL, 2015), evidenciando a
importância das políticas públicas para fomentação dos debates no campo teórico.
Quanto à denominação das metodologias apresentadas nos trabalhos, dezenove são
qualificadas como pesquisa-ação; seis como pesquisa colaborativa; seis como pesquisa-ação
colaborativa; seis como pesquisa-ação colaborativa-crítica; duas como pesquisa-ação crítico-
colaborativa; uma como revisão sistemática da literatura; uma como análise de conteúdo com
análise comparada; uma como estudo bibliográfico com pesquisa participante; uma como
estudo de caso etnográfico com pesquisa participante e uma que faz uso do materialismo
histórico-dialético, pesquisa-ação, estudo de caso e análise de conteúdo.
Durante a leitura detalhada dos artigos encontrados, realizou-se a sistematização por
temas de acordo com os objetivos propostos pelo estudo, chegando ao total de 16 temas, como
explicitado no Quadro 1, acompanhado dos títulos. Identificou-se uma quantidade maior de
artigos com os temas “Educação inclusiva e formação docente” e “Formação docente e práticas
pedagógicas”, evidenciando uma aproximação da metodologia de pesquisa
-ação com a
formação docente na promoção da educação inclusiva.
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Marco Antonio Melo FRANCO e Rafaela Flávia de FREITAS
RIAEE
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1714-1735, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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Quadro 1
–
Caracterização e classificação dos trabalhos analisados
Temas
Título
1
Educação inclusiva e
formação docente
- Educação Inclusiva e Cidadania: aproximações e contradições (Freitas, Neli
Klix).
- Formação e criatividade: elementos implicados na construção de uma escola
inclusiva (Vieira, Francileide Batista de Almeida; Martins, Lúcia de Araújo
Ramos).
-
Collaborative action research at the training center for inclusive education
and accessibility
- Pesquisa de ação colaborativa no treinamento: Centro de
Educação Inclusiva e Acessibilidade (Silva, Gilberto Ferreira da; Nornberg,
Marta; Scheffer, Natacha).
- Formação dos professores para as modalidades educação especial e
educação indígena: espaços intersticiais (Silva, João Henrique Da; Bruno,
Marilda Moraes Garcia).
- Formação de professores por meio de pesquisa colaborativa com vistas à
inclusão de alunos com deficiência intelectual (Toledo, Elizabete Humai de;
Vitaliano, Célia Regina).
- O fazer pedagógico em contexto de inclusão: estratégias, ações e resultado
(Franco, Marco Antonio Melo; Rodrigues, Paloma Roberta Euzebio).
- Desenvolvimento do trabalho colaborativo entre uma professora de
Educação Especial e professores da classe comum (Martinelli, Josemaris
Aparecida; Vitalino, Célia Regina).
- Formação de professores de Educação infantil para a inclusão de alunos com
necessidades educacionais especiais: uma pesquisa colaborativa (Vitalino,
Célia Regina).
2
Formação docente
Implementação da
política de
Atendimento
Educacional
Especializado (AEE)
- Sala de recursos no processo de inclusão do aluno com deficiência
intelectual na percepção dos professores (Lopes, Esther; Marquezine, Maria
Cristina).
- Laboratório de Comunicações e Aprendizagens (Mascaro, Cristina Angélica
de Aquino Carvalho; Pinheiro, Vanecessa Cabral da Silva).
- Um olhar sobre a educação escolarizada de surdos à luz da competência em
informação (Da Silva, Maria).
3
Ações colaborativas
- O funcionamento do Programa de Atendimento a Alunos com Altas
Habilidades/Superdotação (PAAAH/SD-RJ) (Delou, Cristina Maria
Carvalho).
- Narrativas de professores e pedagogos sobre a deficiência: implicações no
acesso ao currículo escolar (Vieira, Alexandro Braga; Ramos, Ines de Oliveira
Ramos).
4
Tecnologia da
Informação e
Comunicação:
Tecnologia Assistiva e
práticas pedagógicas
- Dosvox: rompendo barreiras da comunicação (Canejo, Elizabeth).
- A avaliação da aprendizagem e o uso dos recursos de tecnologia assistiva em
alunos com deficiências (Rosana Carla Do Nascimento Givigi; Juliana
Nascimento de Alcântara; Raquel Souza Silva; Solano Sávio Figueiredo
Dourado).
- O trabalho colaborativo na escola: o uso da tecnologia assistiva (Givigi,
Rosana Carla Do Nascimento; Silva, Raquel Souza; Alcântara, Juliana
Nascimento de; Souza, Thais Alves de; Ralin, Vera Lucia Oliveira).
- Audiovisual produzido por jovens surdos: um roteiro de inclusão e
acessibilidade (Gutierrez, Ericler Oliveira).
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Práticas pedagógicas na educação especial, formação docente e pesquisa-ação: O que dizem as pesquisas
RIAEE
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1714-1735, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.15971
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5
Formação docente e
práticas pedagógicas
- Deficiência múltipla: formação de professores e processos de ensino-
aprendizagem (Pletsch, Márcia Denise).
- A formação de conceitos em alunos com deficiência intelectual: o caso de
Ian (Braun, Patricia; Nunes, Leila Regina D'Oliveira de Paula).
- Currículo escolar e deficiência: contribuições a partir da pesquisa-ação
colaborativo-crítica (Magalhães, Rita de Cássia Barbosa Paiva; Soares,
Marcia Torres Neri).
- Pesquisa-ação e a formação do professor em serviço (Franco, Marco
Antonio Melo).
- Diálogos entre Boaventura de Souza Santos, Educação Especial e Currículo
(Vieira, Alexandro Braga Vieira; Ramos, Ines de Oliveira).
- A escuta visual: a educação de Surdos e a utilização de recursos visual
imagético na prática pedagógica (Correia, Patrícia da Hora; Neves, Bárbara
Coelho).
- Consultoria colaborativa como estratégia de formação continuada para
professores que atuam com estudantes com deficiência intelectual (Lago,
Danúsia Cardoso; Tartuci, Dulcéria).
- As contribuições de Meirieu para a formação continuada de professores e a
adoção de práticas pedagógicas inclusivas (Vieira, Alexandro Braga; Jesus,
Denise Meyrelles de; Lima, Jovenildo da Cruz; Mariano, Clayde Aparecida
Belo da Silva).
6
Educação inclusiva e
práticas pedagógicas
- Procedimentos favoráveis ao desenvolvimento de uma criança com
Síndrome de Down numa classe comum (Campo, Kátia Patrício Benevides;
Glat, Rosana).
- Escola inclusiva: o desvelar de um espaço multifacetado (Tonini, Andréa
Tonini; Costas, Fabiane Adela Tonetto).
- Práticas e articulações pedagógicas na educação infantil: contribuições ao
processo de desenvolvimento de uma criança com autismo (Marchiori,
Alexandre Freitas; França, Carla de Almeida Aguiar).
- O trabalho com gênero textual história em quadrinhos com alunos que
possuem deficiência (Shimazaki, Elsa Midori; Auada Viviane Gislaine
Caetano; Menegassi, Renilson José; Mori, Nerli Nonato Ribeiro).
7
Educação inclusiva e
ações colaborativas
- O trabalho em colaboração para apoio da inclusão escolar: da teoria à prática
docente (Vilaronga, Carla Ariela Rio; Mendes, Eniceia Gonçalves; Zerbato,
Ana Paula).
- A bidocência como uma proposta inclusiva (Pinheiro, Vanessa Cabral Da
Silva; Mascaro, Cristina Angélica De Aquino Carvalho).
- As contribuições da pesquisa-ação para a elaboração de políticas de
formação continuada na perspectiva da inclusão escolar (Almeida, Mariangela
Lima de; Bneto, Maria José Carvalho; Silva, Nazareth Vidal da).
- A mudança do gestor em pesquisador no processo de pesquisa-ação
colaborativo-crítica: a Educação Especial em uma rede de ensino (Bento,
Maria José Carvalho; Silva, Nazareth Vidal da).
8
Educação
profissionalizante
- Deficiência intelectual e educação profissional (Mascaro, Cristina Angélica
De Aquino Carvalho).
9
Revisão sistemática da
literatura
- Revisão sistemática das pesquisas colaborativas em educação especial na
perspectiva da inclusão escolar no Brasil (Souza, Christianne Thatiana Ramos
de; Mendes, Eniceia Gonçalves).
10
Educação Especial em
escolas especializadas
- Educação Especial de Jovens e Adultos: um olhar para o Atendimento
Educacional em escolas especializadas (Oliveira, Ivanilde Apoluceno de;
Santos Tânia Regina Lobato dos).
- Plano Educacional Individualizado: uma estratégia de inclusão e
aprendizagem nas aulas de Educação Física (Fontana, Evelline Cristhine;
Cruz, Gilmar de Carvalho; Paula, Luana Aparecida de).
11
Inovação pedagógica e
diversidade: estratégias
de ensino e
aprendizagem
acessíveis
- Fundamentos de neurociência presentes na inclusão escolar: vivências
docentes (Silva, Luciane Grecilo da; Mello, Elena Maria Billig).
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12
Percepção docente
frente aos desafios de
escolarização do PAEE
- O transtorno do espectro autista em tempos de inclusão escolar: o foco nos
profissionais de educação (Barbosa, Marily Oliveira).
13
Língua Brasileira de
Sinais (LIBRAS)
- O Ensino de Libras, em uma escola no município de Areia-PB, por meio de
extensão universitária (Dexenberger, Ana Cristina Silva; Silva, Bruno Ferreira
da).
- A proposta Bilíngue na educação de surdos: práticas pedagógicas no
processo de alfabetização no município de Colorado do Oeste/Rondônia
(Moret, Márcia Cristina Florêncio Fernandes; Mendonça, João Guilherme
Rodrigues).
14
Arte e Educação
- Arte e Educação Especial: narrativas e criações artísticas (Beltrami, Flávia
Gurniski; Mori, Nerli Nonato Ribeiro).
15
Avaliação da
Aprendizagem
- Construção mediada e colaborativa de instrumentos de avaliação da
aprendizagem na escola inclusiva (Mello, Alessandra de Fatima Giacomet;
Hostins, Regina Célia Linhares).
16
Política Educacional
- A produção de conhecimentos sobre Atendimento Educacional
Especializado: um estudo comparado nacional (Almeida, Mariangela Lima;
Milanesi, Josiane Beltrame; Mendes, Enicéia).
Fonte: Elaborado pelos autores
Foram identificados nos estudos os seguintes participantes da pesquisa: professores do
sistema regular de ensino; familiares dos educandos; pesquisadores; supervisor pedagógico;
coordenador pedagógico; alunos com e sem deficiência; alunos com deficiência intelectual;
diretora escolar; vice-diretora; supervisora escolar; professor da sala de recurso multifuncional
(SMR); professor do atendimento educacional especializado (AEE); alunos com Altas
Habilidades e Superdotação; alunos com deficiências severas; Grupo de Estudos em Linguagem
e Comunicação; aluno com deficiência Múltipla; mestrandos; bolsistas de iniciação científica;
aluno com Paralisia Cerebral; intérprete de libras; alunos com Síndrome de Down; alunos
cegos; pesquisadora cega; alunos com transtornos do espectro autista
–
TEA; todos os
funcionários da escola; professor da Educação Especial; profissionais do Centro de Educação
Inclusiva e Acessibilidade (CEIA); alunos com deficiência intelectual e técnicos da Educação
de Jovens e Adultos (EJA); gestores da Educação Especial; Secretários Municipais de
Educação; Superintendentes Regionais; estagiárias em Pedagogia; assistente social; professores
e estudantes universitários; Professor de Educação Física; profissionais de apoio escolar da
educação especial e alunos surdos. Dessa forma, notamos que existe uma heterogeneidade de
participantes nas pesquisas, o que reflete características inerentes à pesquisa-ação, que
pressupõe o envolvimento e a participação dos sujeitos do campo investigado.
No que se refere aos instrumentos e às técnicas utilizados/as para coleta de dados foram
apresentadas: reuniões, entrevistas semiestruturadas, entrevistas, par educativo, estudo piloto,
grupos de estudos, planos de intervenção, observação participante, observação, avaliação de
grupo, redação, gravação, filmagens, relato aberto, avaliação psicológica, estudo de caso,
orientações para aceleração de estudo, provas, planejamentos, análise documental, avaliação
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Práticas pedagógicas na educação especial, formação docente e pesquisa-ação: O que dizem as pesquisas
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fonoaudiológica, encontros de formação, triangulação dos dados, cursos tecnológicos, roteiro
de escrita, aplicação de questionários, levantamento bibliográfico, levantamento de dados
quantitativos,
diário de itinerância em formato digital, sessões reflexivas, curso de audiovisual,
roteiro escrito e roteiro desenhado (
storyboard
), espaços-tempos de formação, Provinha Brasil,
plano de ação, criação artística, narrativas orais, ciclos de estudos, participação direta da
pesquisadora em sala de aula, relatório, ciclos de estudos sobre conteúdos teóricos e
metodológicos, planejamento das aulas de modo colaborativo, roda de conversa, Escala Leuven
de Envolvimento, análise comparativa, jogo, dramatização, ficha, reflexão crítica, ações
colaborativas, grupo focal, diário de campo,
Modular Object-Oriented Dynamic Learning
Environment
(ambiente modular de aprendizagem dinâmica orientada a objetos), dança, plano
educacional individualizado, história em quadrinhos, grupos reflexivos, gravador de voz,
registros de pautas, relatórios e transcrições.
Os artigos aqui estudados apresentaram como objetivo: realizar análise, descrever,
intervir, investigar, compreender, entender, apresentar e mostrar, promover, discutir,
problematizar, promover formação continuada, elaborar e aplicar, relatar, refletir e analisar ou
construir ações propositivas acerca de determinado tema. Esses objetivos foram traçados com
o intuito de:
- Construir estratégias de ação junto aos educadores, alunos e familiares, possibilitando
a implementação gradual, porém, bem-sucedida, do projeto de educação inclusiva;
- Analisar as percepções dos professores e investigar programas de formação destes
profissionais acerca da educação inclusiva e a importância da SMR e AEE, no processo de
inclusão do aluno com deficiência intelectual no ensino regular;
- Investigar como a metodologia de pesquisa-ação pode contribuir no processo de
formação continuada de professores, para práticas criativas, melhoria das práticas pedagógicas,
visando à efetivação da educação inclusiva, além de abordar estratégias para a melhoria do
trabalho educacional inclusivo;
- Analisar e realizar intervenções em sala de aula e no ambiente de recreação no âmbito
escolar, a fim de propiciar melhores práticas pedagógicas com a utilização de recursos de
tecnologia assistiva com alunos com deficiência, viabilizando o currículo inclusivo e o acesso
de novos critérios e instrumentos de avaliação;
- Analisar o currículo escolar acerca da educação inclusiva da pessoa com deficiência;
- Apresentar a utilização da ferramenta de tecnologia informação e comunicação (TIC)
como o DOSVOX, a fim de promover a melhoria educacional dos alunos cegos, além de
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Marco Antonio Melo FRANCO e Rafaela Flávia de FREITAS
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proporcionar aos professores e alunos o acesso a um instrumento de TIC antes desconhecido,
com o intuito de garantir a comunicação entre ambos e o processo de ensino e aprendizado dos
alunos;
- Descrever a melhoria da AEE tendo em vista a Política de Inclusão Escolar brasileira,
para a Implementação de Laboratório de Comunicação e Aprendizagem Formação;
- Analisar as vantagens do coensino na promoção da inclusão escolar dos alunos
público-alvo da Educação Especial (PAEE);
- Analisar a bidocência entre professor da Educação Especial e do Ensino Fundamental
na promoção da inclusão escolar dos alunos com deficiência intelectual;
- Descrever e analisar as produções acerca da pesquisa-ação colaborativa desenvolvidas
na área da Educação Especial na perspectiva da inclusão escolar na Biblioteca Digital Brasileira
de Teses e Dissertações (BDBTD);
- Investigar a Neurociência como suporte nas estratégias de ensino e aprendizagem
acessíveis tendo em vista a inovação pedagógica e a diversidade em turmas regulares;
- Analisar como a educação e a comunicação se relacionam acerca do processo
educacional de surdos;
- Compreender a concepção do ensino de LIBRAS por alunos ouvintes, avaliando o grau
de conhecimento e identificando a importância do ensino de LIBRAS no processo de
escolarização e analisar e verificar a percepção docente sobre o ensino da LIBRAS no cotidiano
dos estudantes;
- Entender a aproximação da Educação Especial com as produções de Boaventura de
Souza Santos tendo em vista a inclusão educacional do PAEE;
- Analisar os avanços e retrocessos a partir da intervenção do professor do AEE e
intérprete de LIBRAS junto ao processo de alfabetização de surdo na perspectiva bilíngue;
- Investigar o desenvolvimento de narrativas e criações artísticas a partir da arte
partindo de intervenção educacional com alunos PAEE;
- Discutir as lacunas existentes na prática docente relacionadas à avaliação do processo
de escolarização do PAEE;
- Analisar o lugar que as representações visuais ocupam nas práxis pedagógicas de
professores centradas na educação bilíngue de alunos surdos;
- Problematizar a visão docente acerca dos alunos PAEE na escola regular;
- Analisar a formação continuada de docentes que atuam com alunos com deficiência
intelectual utilizando a Consultoria Colaborativa como estratégia pedagógica;
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Práticas pedagógicas na educação especial, formação docente e pesquisa-ação: O que dizem as pesquisas
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- Compreender diferentes práticas pedagógicas colaborativas na perspectiva inclusiva
desenvolvida com o intuito de potencializar as possibilidades de desenvolvimento do aluno com
autismo;
- Promover formação continuada embasada em práticas pedagógicas inclusivas voltadas
para o PAEE;
- Elaborar a partir da metodologia de pesquisa-ação um projeto político de formação
continuada de profissionais voltado para a inclusão escolar;
- Elaborar e aplicar o Plano Educacional Individualizado como estratégia de inclusão e
aprendizagem;
- Desenvolver estratégias para apropriação de conceitos científicos presentes nas
histórias em quadrinhos por parte das pessoas com deficiência intelectual;
- Analisar as contribuições da pesquisa-ação crítico-colaborativa na formulação, por
parte de gestores de uma rede de ensino, de um documento normativo acerca da Educação
Especial.
Percebe-se que é recorrente nas pesquisas a perspectiva de investigar estratégias
pedagógicas, que podem possibilitar a inclusão dos alunos com deficiência em diálogo com a
formação docente. Além disso, tais estudos buscam analisar os currículos educacionais a fim
de observar se estão sendo implementadas as políticas de educação especial na perspectiva da
educação inclusiva e quais são as ações do corpo educacional para alcançar tal objetivo.
As considerações finais dos trabalhos analisados apresentaram questões sobre os
seguintes temas: a) formação docente; b) processo de ensino e aprendizagem; c) educação
inclusiva; d) dificuldades enfrentadas para inclusão escolar do PAEE; e) considerações sobre a
metodologia utilizada; f) avaliação da aprendizagem.
Em relação à formação docente, os trabalhos evidenciam: a) que a formação inicial e
continuada do professores é ponto fundamental para a educação especial na perspectiva da
educação inclusiva; b) o professor deve ter formação inicial que resulte em professores críticos,
reflexivos, aptos a trabalhar com as diferenças presentes na sala de aula; c) a formação de
professores para AEE colabora para o processo de aprendizagem dos alunos, entretanto, para
um processo de aprendizagem ainda mais efetivo seria necessária uma rede de apoio como
terapia ocupacional, fisioterapia etc.; d) a bidocência ou coensino como alternativa de apoio à
inclusão escolar, favorecendo novos conhecimentos e formação continuada; e) novas políticas
de formação continuada para a diversidade devem ser propostas e repensadas; f) a necessidade
que os professores tenham um aprofundamento teórico acerca do que se deseja investigar e que
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Marco Antonio Melo FRANCO e Rafaela Flávia de FREITAS
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a formação continuada seja constante; g) durante a formação continuada é possível construir
movimentos de interações/inter-relações entre os professores para melhoria da escolarização do
PAEE; h) a formação em serviço do professor especialista visando o trabalho colaborativo com
o professor do ensino comum contribui para a inclusão educacional de todos os alunos com ou
sem deficiência; i) A formação com base na Consultoria Colaborativa contribui para o processo
de inclusão do PAEE; j) Importante investir na educabilidade e na concepção da escola como
lugar de todos, rompendo com a crença de que os alunos PAEE são ineducáveis.
No que diz respeito ao processo de ensino e de aprendizagem são apresentadas as
seguintes considerações: a) o professor do ensino especial não deve se distinguir do professor
do ensino comum; b) a utilização das TIC na promoção da acessibilidade do aluno,
proporcionando melhor processo de ensino, aprendizagem e avaliação dos alunos com
deficiência, além de aumentar repertório tecnológico de todos os participantes; c) a utilização
de tecnologias assistivas favorece o acesso de alunos com deficiência ao currículo; d) o
coensino como alternativa de apoio à inclusão; e) diálogo entre escolas especializadas no
atendimento educacional para PAEE e escolas do ensino regular proporcionam grandes
resultados e trocas de experiências; f) a compreensão do professor sobre o diagnóstico da
criança e a criação de estratégias de ensino baseadas nessa compreensão favorecem o processo
de ensino e aprendizagem; g) a transformação do contexto socioeducacional, a partir da reflexão
sobre as práticas e discussão no coletivo sobre possíveis intervenções, se constituindo na base
da pesquisa colaborativa, contribuem para o processo de ensino e aprendizagem dos alunos; h)
os professores devem fornecer subsídios metodológicos e pedagógicos para que os alunos
tenham melhores condições para a construção do conhecimento; i) a SRM deve ser um apoio e
não considerada uma sala de reforço ou repetição de conteúdo; j) o ensino de Arte contribui
com o processo de humanização dos educandos; k) importante relacionar o ensino com a
realidade social, histórica e cultural do aprendiz, possibilitando durante o processo de ensino e
aprendizagem interpretar a realidade e transformar as experiências teóricas e práticas; l) a
utilização da imagem visual aliada ao bilinguismo potencializa o processo de aprendizagem do
surdo; m) necessidade de se pensar em recursos facilitadores para a aprendizagem do surdo; n)
é dever da escola criar mecanismos internos que possibilitem o desempenho dos docentes; o)
reconhecer o potencial do desenvolvimento do aluno se faz necessário para a promoção da
inclusão escolar; p) a elaboração coletiva do Plano de Desenvolvimento Individualizado
corrobora para o processo de aprendizagem e inclusão; q) o suporte teórico e prático para a
realização de mediações pedagógicas favorecem a aprendizagem e inclusão dos alunos PAEE.
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Práticas pedagógicas na educação especial, formação docente e pesquisa-ação: O que dizem as pesquisas
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As conclusões dos textos analisados apresentam algumas reflexões acerca da educação
inclusiva da seguinte forma: a) as práticas inclusivas são práticas inovadoras; b) a comunidade
escolar deve conviver com as diferenças para se alcançar a educação inclusiva; c) a interação
social como bem maior a ser cultivado nas escolas para se alcançar a inclusão escolar; d) lidar
com as diferenças e inclusão no contexto escolar não se finda apenas em ajustes curriculares ou
organizacionais, mas também em uma prática na práxis a fim de tornar os alunos seres críticos
e protagonistas da própria aprendizagem; e) necessidade de se repensar o currículo escolar que
proporcione práticas inclusivas; f) o processo de inclusão deve sair do campo teórico
acadêmico, as pesquisas devem ocorrer no cotidiano da sala de aula, juntamente com os
pesquisadores e interessados no processo; g) além das políticas educacionais na perspectiva
inclusiva, há a necessidade de ações que acompanhem e deem a formação necessária aos
profissionais da educação em suas práticas com o PAEE.
Algumas dificuldades enfrentadas para inclusão escolar do PAEE são apontadas nas
conclusões, sendo elas: a) os educadores colocam como dificuldade a construção de uma
pedagogia da diferença; b) o trabalho solitário do professor em sala de aula se torna difícil, pois
em determinados momentos alguns alunos demandam o atendimento individualizado; c) existe
uma dificuldade dos pesquisadores em adentrarem o ambiente escolar para atuar e intervir; d)
ensino tradicional e pouco conhecimento acerca da metodologia e teoria utilizada do processo
educativo; e) falta de planejamentos com estratégias e recursos flexibilizados e adaptados
visando o acesso ao currículo; f) poucos projetos extensionistas focalizados na LIBRAS
voltados para a superação da exclusão da pessoa surda; g) ótica docente pautada pelos princípios
da normalidade contribui para exclusão e insucesso no processo de ensino e aprendizagem do
PAEE.
Sobre a avaliação das metodologias apresentadas nos artigos, são levantadas algumas
considerações, como: a) a pesquisa colaborativa é uma importante metodologia para formação
de professores a partir do diálogo com os pesquisadores e interessados em busca de um bem
comum, favorecendo o processo de educação inclusiva; b) a metodologia de pesquisa-ação
como meio de favorecer a inclusão dos alunos com ou sem deficiência, além de favorecer a
formação continuada do professor tendo em vista práticas educativas inclusivas, na qual as
ações a serem tomadas vão se constituindo durante o processo e coletivamente; c) pesquisa
colaborativa como meio de efetivação das políticas de educação inclusiva e do ensino especial;
d) os estudos que apresentam a metodologia de pesquisa colaborativa em inclusão escolar
buscam a melhoria do atendimento ao PAEE; e) a pesquisa-ação possibilita a construção de
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Marco Antonio Melo FRANCO e Rafaela Flávia de FREITAS
RIAEE
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políticas educacionais de forma colaborativa em parceria com os diversos gestores públicos de
educação especial.
A avaliação da aprendizagem aparece em uma conclusão com as seguintes reflexões: a)
há carência de pesquisas sobre a construção mediada e colaborativa de instrumentos de
avaliação da aprendizagem do PAEE; b) o instrumento de avaliação sistemática da
aprendizagem, denominado Plano Colaborativo de Atendimento voltado para o PAEE,
contribui para o processo de inclusão escolar; c) o trabalho colaborativo entre professor
especialista e professor do ensino comum se mostra eficaz para melhoria da avaliação da
aprendizagem do PAEE.
Observamos que há uma discussão frente às possíveis atitudes que devem ser tomadas
para a efetivação da educação inclusiva e dos desafios a serem enfrentados. Conforme Mantoan
(2003, p. 14), se o que buscamos é uma educa
ção inclusiva “é urgente que seus planos se
redefinam para uma educação voltada para a cidadania global, plena, livre de preconceitos e
que reconhece e valoriza as diferenças”. Para isso, é necessário que as instituições passem por
reformas de ensino e que tenham um investimento para educação voltada para a inclusão
consciente.
Além disso, é importante que a prática docente dialogue com a reflexão e com a
pesquisa, ou seja, é preciso considerar a “capacidade da pesquisa de promover o diálogo, a
reflexão entre professores, de abrir espaços interativos à convivência crítica, para além da rotina
e dos espaços burocraticamente organizados” (FRANCO, 2012, p. 179). Nesse sentido, a
pesquisa-ação na educação se apresenta como uma estratégia para que professores e
pesquisadores possam utilizar suas pesquisas para melhoria da sua prática, refletindo na
aprendizagem de seus alunos. Entretanto, conforme Franco (2019, p. 359), alguns
pesquisadores deixam de seguir princípios epistemológicos da pesquisa-ação e acabam
dist
orcendo o sentido dessa metodologia, “passando a ser apenas uma ação pedagógica
pesquisada”
.
Numa escola com horários rígidos, disciplinas estanques e pouca
possibilidade de circulação de alunos fora da sala de aula, é impossível fazer
pesquisa-ação, mesmo que apenas pedagógica. No entanto os ensinamentos
da pesquisa-ação poderão favorecer uma aula pedagogicamente mais
estruturada, mais adequada, mais dialógica e mais participativa (FRANCO,
2019, p. 368).
Nessa perspectiva, as teorias e métodos carecem de estudos aprofundados para não se
ter um entendimento ingênuo destes. Há necessidade de aprofundamento dos conceitos
epistemológicos que perpassem a Pedagogia por parte de quem discute o conhecimento escolar.
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Práticas pedagógicas na educação especial, formação docente e pesquisa-ação: O que dizem as pesquisas
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Ou seja, a Pedagogia compreendida como matriz articuladora entre os diferentes aportes
disciplinares que se debruçam sobre a educação (PIMENTA; FRANCO; FUSARI, 2016, p. 2).
Percebemos que a educação de matriz tradicional, presente no chão da escola, traz certas
questões, como por exemplo, a fragmentação e compartimentalização do conhecimento nas
matrizes curriculares das instituições de ensino, falta de vínculo entre teoria e prática pautada
nas práxis educativas, que acabam por reproduzir práticas mecanicistas e tecnicistas, esvaziadas
de reflexão. Além desses pontos, observamos a necessidade da formação continuada dos
professores em busca da transformação da prática de ensino. Dessa forma, o uso da metodologia
de pesquisa-ação no campo educacional vem se apresentando como eficaz para o rompimento
da ideia positivista, com o intuito de promover conhecimento coletivo, envolvendo professores,
alunos, especialistas e demais atores externos, estudando a realidade vivida nos espaços
escolares. À vista disso, o conhecimento produzido é contextualizado, realizando a reflexão-
ação-reflexão acerca da teoria e da prática respectivamente, podendo a metodologia de
pesquisa-ação contribuir em vários aspectos, como na formação docente inicial e continuada
(FRANCO, 2005).
Considerações finais
Observamos os inúmeros desafios enfrentados por todos que participam da comunidade
escolar em proporcionar uma educação inclusiva, uma vez que encontram muitas dificuldades
para lidar com as diferenças dos alunos. É notório também que apesar dos avanços ocorridos
nas políticas que asseguram o acesso e a permanência do público-alvo do ensino especial, muito
ainda há de ser feito para que se alcance o paradigma educacional da inclusão, efetivamente.
Há a necessidade de ampliação do debate sobre inclusão no campo das políticas públicas, das
práticas educacionais e aspectos externos que possibilitem a promoção da inclusão.
Apesar de ainda serem poucas as publicações acerca da temática aqui apresentada,
observamos que houve aumento nas pesquisas realizadas após ser instituída, em 2015, a Lei
Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (BRASIL, 2015), o que pode ser um
indicativo da necessidade de discussão no campo das políticas públicas, com o intuito de
fomentar a discussão prática e teórica sobre a temática.
Além disso, observamos que os artigos aqui analisados apresentam de forma geral a
metodologia de pesquisa-ação como meio de proporcionar reflexão e discussão entre
professores e pesquisadores, diálogo entre os professores especialistas e professores da sala
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Marco Antonio Melo FRANCO e Rafaela Flávia de FREITAS
RIAEE
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1714-1735, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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comum, envolvimento de toda a comunidade escolar, tendo em vista a transformação
educacional proposta pela educação inclusiva.
REFERÊNCIAS
BRASIL.
Lei n. 13.146, de 6 de julho de 2015
. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa
com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Brasília, DF: Presidência da
República, 2015. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2015/lei/l13146.htm. Acesso em: 12 out. 2021.
FRANCO, M. A. M. Formação docente, ensino e aprendizagem em contexto de inclusão.
In
:
Práticas pedagógicas em contexto de inclusão
: Situações de sala de aula. Jundiaí, SP: Paco,
2015.
FRANCO, M. A. M.; RODRIGUES, P. R. E. O fazer pedagógico em contexto de inclusão:
estratégias, ações e resultados.
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 11, n. 3, p. 1184-1197, jul./set. 2016. Disponível em:
https://periodicos.fclar.unesp.br/iberoamericana/article/view/7481. Acesso em: 06 jun. 2021.
FRANCO, M. A. S. Pedagogia da pesquisa-ação.
Educação e pesquisa
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