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Diversidade biológica e cultural na formação de professores de biologia: Alguma
relação?
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–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
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-
2685
,
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. 2022
.
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-
ISSN: 1982
-
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DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16079
2666
DIVERSIDADE BIOLÓGICA E CULTURAL NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES
DE BIOLOGIA:
ALGUMA RELAÇÃO
?
DIVERSIDAD BIOLÓGICA Y CULTURAL EN LA FORMACIÓN DE PROFESORES
DE BIOLOGÍA:
¿
ALGUNA RELACIÓN
?
BIOLOGICAL AND CULTURAL DIVERSITY IN BIOLOGY TEACHER FORMATION:
ANY RELATION?
Isabela Mayara dos SANTOS
1
Alice Alexandre PAGAN
2
RESUMO
:
Neste
trabalho
,
o
bjetivamos
d
iscutir
,
qualitativamente,
possíveis associações entre
diversidade biológica e diversidade cultural
na formação de professores de biologia. Essas
reflexões podem
amplia
r
o entendimento
das relações entre sociedade e natureza
, bem com
o
a
construção
de
currículos para a licenciatura em biologia.
A
bordamos
,
algumas perspectivas
ecológicas de biodiversidade
e
diversidade cultural
;
nest
a
,
demarcamos as percepções das
singularidades individuais e coletivas como possível descritor de perfil
sociocultural
contemporâneo.
Buscando
aproximar
as diversidades
, apresentamos as abordagens biocultural
e biocêntrica, e a possibilidade de inserção de elementos integradores, desintegradores,
biocêntricos e antropocêntricos para análise das percepções de
licenciandos.
Co
ncluímos que o
reconhecimento das relações entre particularidades/coletividades e as temáticas relacionadas à
variabilidade dos seres vivos auxilia no processo de emancipação social do professor/professora
em formação
.
A
demais,
consideramos
que
um
a
abordagem
biocêntrica,
baseada na equidade,
possibilita o
reconhecimento das alteridades interespecíficas dos seres vivos,
proporcionando
a
(re)conexão,
a
(re)integração e a convivência diplomática.
PALAVRAS
-
CHAVE
:
Alteridades interespecíficas.
Biocentrismo
.
Singularidade
s.
RESUMEN
:
En este trabajo, pretendemos discutir, cualitativamente, posibles asociaciones
entre diversidad biológica y diversidad cultural en la formación de profesores de biología.
Estas reflexio
nes pueden ampliar la comprensión de la relación entre sociedad y naturaleza,
así como la construcción de currículos para la carrera de biología. Abordamos algunas
perspectivas ecológicas de la biodiversidad y la diversidad cultural; en éste, delimitamos l
as
percepciones de las singularidades individuales y colectivas como posible descriptor de un
perfil sociocultural contemporáneo. Buscando aproximar las diversidades, presentamos los
enfoques biocultural y biocéntrico, y la posibilidad de insertar elemento
s integradores,
desintegradores, biocéntricos y antropocéntricos para analizar las percepciones de los
estudiantes de grado. Concluimos que el reconocimiento de las relaciones entre
particularidades/colectividades y los temas relacionados con la variabilid
ad de los seres vivos
1
Universidade Federal de Sergipe (UFS), São Cristóvão
–
SE
–
Brasil. Mestra
do
em Ensino de Ciências e
Matemática
.
ORCID:
https://orcid.org/0000
-
0002
-
4609
-
890X
.
E
-
mail
: isamay2@hotmail.com
2
Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT),
Cuiabá
–
MT
–
Brasil
. Professora associada do Departamento
de Biologia e Zoologia do Instituto de Biociências (IB).
Doutorado em Educação (USP).
ORCID:
https://orcid.org/0000
-
0002
-
9757
-
4304. E
-
mail: alice.pagan@
ufmt.br
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ayuda en el proceso de emancipación social del profesor en formación. Además, consideramos
que un enfoque biocéntrico, basado en la equidad, posibilita el reconocimiento de las
alteridades interespecíficas de los seres vivos, propicia
ndo la (re)conexión, la (re)integración
y la convivencia diplomática.
PALA
BRAS
CLAVE
:
Alteridades interespecíficas. Biocentrismo.
Singularidades.
ABSTRACT
:
In this work, we aim to discuss, qualitatively, possible associations between
biological diversity and cultural diversity in the
formation
of biology teachers. These reflections
can broaden the understanding of the relationship between society and nature,
as well as the
construction of curricula for the degree in biology. We approach some ecological perspectives
of biodiversity and cultural diversity; in this one, we demarcate the perceptions of individual
and collective singularities as a possible descript
or of a contemporary sociocultural profile.
Seeking to approximate diversities, we present the biocultural and biocentric approaches, and
the possibility of inserting integrating, disintegrating, biocentric and anthropocentric elements
to analyze the perce
ptions of undergraduates. We conclude that the recognition of the
relationships between particularities/collectivities and the themes related to the variability of
living beings helps in the process of social emancipation of the teacher in training.
Furthe
rmore, we consider that a biocentric approach, based on equity, enables the recognition
of the interspecific alterities of living beings, providing (re)connection, (re)integration and
diplomatic coexistenc
e.
KEYWORDS
:
Interspecific alterities. Biocentrism
. Singularities.
Introdução
Considerando como, nos últimos anos, a crise ambiental tem se agravado e prejudicado
a riqueza e a abundância de espécies do planeta, é crucial que repensemos nossas relações com
o ambiente, visto que nossa espécie e as dema
is estão interconectadas com a natureza, em uma
associação interdependente. Sobre isso, Pagan (2020) relata que a busca pelo entendimento dos
elementos naturais, partindo de uma perspectiva de controle dos demais seres vivos, tem nos
desconectado e nos sep
arado de outras espécies, o que pode dificultar a adoção d
a
justiça
ambiental e
das
práticas ecologicamente diplomáticas.
Discorrer sobre diversidade biológica abre precedentes para diferentes abordagens, que
vão desde a perspectiva ecológica, própria dos estudos científicos relacionados
a
olhares que
separam sujeito e objeto, até às inclusões sociais, políticas, culturais, é
ticas e econômicas, na
discussão dessa matéria. A relação entre essas perspectivas é muito debatida no Brasil, que é
um país rico tanto em diversidade biológica quanto em diversidade cultural. Apesar disso, as
questões ambientais inerentes da biodiversidad
e são, em geral, pautadas em elementos
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antropocêntricos, centrados na espécie humana e em suas “necessidades”, o que tem dificultado
ações efetivas de recuperação, preservação e conservação ambiental.
Desse modo, discutir possíveis associações entre divers
idade biológica e diversidade
cultural amplia o escopo de abrangência das relações entre sociedade e natureza, possibilitando
novas abordagens da temática socioambiental, bem como questiona discriminações e
hierarquizações
,
podendo diminuir processos exclu
dentes e silenciadores. Essas reflexões
podem ainda permitir uma conformação mais comunitária entre todos os seres vivos, baseada
no reconhecimento do valor intrínseco dos indivíduos e da necessidade de equilíbrio no
convívio do coletivo de habitantes dest
e planeta.
Neste trabalho, tentamos associar a temática da diversidade biológica com
a
cultural, a
partir da hipótese de que a percepção e o respeito às singularidades de todos os seres vivos são
relacionáveis, ou seja, a aceitação da diversidade em nossa própria espécie relaciona
-
se com a
aceitação e compreensão da diversidade nas demais.
Podemos nos reconhecer como diversidade
humana a partir do respeito à variabilidade de seres vivos. Nesse sentido, questionamos se
atitudes menos sexistas, homofóbicas e meritocráticas podem direcionar posicionamentos
menos especistas, configurando maior h
armonia entre todas as espécies.
Na formação de professores de biologia
,
buscamos propor maior atenção ao ativismo
pela diversidade, com vistas à inclusão. Sobre isso, aparentemente nos deparamos com uma
lacuna entre dois campos de debates que parecem inte
ragir muito pouco: o ativismo ambiental
e o ativismo social. Não é incomum encontrarmos, de um lado, discursos sobre preservação e
conservação do meio ambiente desconexos das necessidades sociais, bem como do outro,
aqueles que defendem a equidade social s
em qualquer menção às necessidades coletivas das
demais espécies que habitam o planeta.
Contudo, atualmente, tanto a diversidade biológica quanto a cultural apresentam
-
se
como conceitos centrais na formação de professores de biologia. Uma das mais importan
tes
questões que atacamos nesse processo é
:
como nossa espécie pode existir de maneira próspera,
garantindo necessidades sociais diversas, a partir das relações que estabelece com o planeta?
Diante de tais questões, temos debatido que a diversidade, seja e
la ecológica ou social, é
positiva para a
a
mpliação de nosso tempo de existência na terra. Dessa forma, buscar o
entendimento de possíveis intersecções entre esses conceitos pode ampliar nossa compreensão
sobre a construção dos currículos de formação da li
cenciatura em biologia.
A partir da análise de processos educativos e de formação de professores de biologia,
Pagan
et al.
(2021) discutiram como a biologia, cujas discussões constroem significações sobre
os seres vivos, podem refletir em nossas concepçõe
s sobre o que somos como humanidade,
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individualmente e coletivamente. Como desdobramento dessa preocupação, questionamo
-
nos:
e
xistem perfis socioculturais que apontem indicadores sobre quais docentes e discentes
apresentam
m
aior ou menor sensibilidade à bi
odiversidade? Partindo dessa questão, buscamos
neste trabalho relacionar os aspectos da diversidade biológica e da diversidade cultural, no
âmbito da formação de professores de biologia.
Para isso, primeiramente abordamos algumas perspectivas ecológicas re
lativas ao
conceito de biodiversidade. Em um segundo momento
,
discutimos sobre
a
diversidade cultural,
tópico no qual demarcamos as percepções das singularidades individuais e coletivas como
possível descritor de perfil sociocultural contemporâneo. E, por
fim, como maneira de
aproximar as discussões entre diversidade biológica e diversidade cultural, apresentamos as
abordagens biocultural e biocêntrica, e discutimos a seguir a possibilidade de inserção de
elementos integradores, desintegradores, biocêntrico
s e antropocêntricos para análise das
percepções de licenciandos em biologia, caminhando para o ponto que defendemos como
fundamental neste artigo, as alteridades interespecíficas como elemento chave para o
aprofundamento de relações equitativas entre as d
iversidades.
Diversidade biológica
As relações de nossa espécie com as demais que habitam ou habitaram o planeta são tão
antigas quanto a formação da própria humanidade (FRANCO, 2013). A fascinação com a
variedade de formas e comportamentos de animais e
plantas, a necessidade de alimentação e
sua utilização nos trabalhos diários fizeram com que os indivíduos procurassem classificar e
quantificar, mesmo que forma rudimentar, seus companheiros terrestres.
Apesar das referências
de diversos estudos sobre a
crucialidade de proteger e recuperar a variabilidade dos seres vivos
(BARBIERI, 2010; LÉVÊQUE, 1999; WILSON, 2012), as agressões ao meio ambiente têm
aumentado assustadoramente nas últimas décadas. Elas ameaçam diretamente o equilíbrio
biológico, que
,
por
sua vez
,
influencia na qualidade de vida de todos os seres.
Verifica
-
se
ainda
que os conceitos e características dos estudos referentes à diversidade
biológica foram pensados e desenvolvidos incialmente no ambiente científico; portanto, torna
-
se
nítido que os primeiros estudos se referiram, especificamente, a propostas biológicas,
ecológicas, genéticas e evolucionistas, alinhados, em sua maioria
,
para o entendimento e
aplicação desse conhecimento para preservação, conservação e/ou uso sustentável.
Com isso, a
definição mais popular de diversidade biológica do meio científico é apresentada no artigo 2 da
Convecção da Diversidade Biológica
-
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[...] a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo,
dentre outros, os ecossis
temas terrestres, marinhos e outros ecossistemas
aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte; compreendendo
ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas
(
BRASIL
,
2000
, p.
9).
Em Lévêque (1999, p. 16
-
18), estes três n
íveis básicos, produtos da evolução biológica
e interligados entre si, estão configurados da seguinte forma: diversidade de espécies
–
corresponde
à
quantificação de indivíduos em determinada área geográfica; diversidade
genética
–
embasada em estudos da b
iologia molecular, coloca a diversidade gênica entre
mesmas espécies; e diversidade ecológica
–
apresenta as complexas relações particulares
existentes entre os organismos e os meios físicos que vivem. Portanto, a biodiversidade pode
ser estudada a partir
de diversos parâmetros, dos mais restritos como espécies e gêneros, até os
mais amplos, reinos e filos. Contudo, Wilson (2012, p. 29) afirma que “o conceito de espécie
biológica, é crucial para o estudo da diversidade biológica”, pois a partir dele se cons
egue uma
abordagem mais definida e minuciosa dessa variabilidade.
Dessa maneira, o agrupamento em níveis hierárquicos da biodiversidade, resultado de
longos períodos de evolução biológica, configura a diversidade de seres de modo dinâmico, que
se modificou
ao longo do tempo e continua se modificando atualmente. As respostas às
mudanças ambientais e mutações permitiram a adaptação dos organismos a distintos ambientes
do planeta e proporcionam certa estabilidade numérica e de variabilidade (LÉVEQUE, 1999;
WIL
SON, 2012).
As atividades humanas, são, sem dúvida, as principais responsáveis pelo
desaparecimento da diversidade de formas de vida do planeta. Para mais, o próprio ser humano
coloca em perigo seu próprio bem
-
estar, posto que a biodiversidade é responsáv
el pela
disponibilidade de água e alimento necessários à sua subsistência. Além disso, os desequilíbrios
biológicos podem provocar eventos indesejáveis
,
como a proliferação de pragas e doenças, bem
como o aumento das emissões de gás carbônico, um dos princ
ipais responsáveis pelas mudanças
climáticas (BONONI, 2010; IBERDROLA, 2021). A atual pandemia do novo coronavírus é o
exemplo mais recente de que devemos frear
a
degradação de áreas naturais, para evitar a
emergência de novas zoonoses.
Equilibrar a prote
ção da diversidade biológica e o uso dos bens naturais não é uma tarefa
fácil. Diversos mecanismos devem ser acionados para obtenção de sucesso, dentre os quais está
a ação do governo em regulamentar a exploração da caça, pesca, uso de terra e poluição
amb
iental por meio de leis e com a criação de áreas protegidas, como unidades de conservação
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(PRIMACK; RODRIGUES, 2001).
Conforme salientam Primack e Rodrigues (2001), a
biologia da conservação assume o importante papel de buscar soluções para a atual crise d
a
diversidade biológica. Para isso, os autores propõem: o aumento do registro científico de
espécies, buscando conhecer os processos oriundos da diversidade genética; e entender as
relações tróficas existentes dentro das comunidades, intensificando o regis
tro de espécies
chaves, que afetam a organização dos demais seres da localidade.
Desse modo, ao longo do tempo, foram formuladas diversas propostas de preservação e
conservação da diversidade biológica, dentre as quais a preservação se mostra mais eficient
e;
nessa perspectiva, foram estabelecidas as áreas de proteção, que objetivam, cada uma em suas
especificidades, salvaguardar os processos biológicos das espécies. Dentre os métodos
reparadores estão as práticas de reflorestamento, reintrodução de espécies
, monitoramento de
animais em risco de extinção, criação de unidades de conservação, dentre outros (PRIMACK;
RODRIGUES, 2001).
Diversidade
cultural
Ao procurar na literatura uma definição para diversidade cultural nos deparamos com
uma
diversidade de informações baseadas em aspectos antropológicos, sociológicos e
filosóficos. Uma controvérsia comum é se o aspecto da cultura é próprio das pessoas ou está
contida nelas; para a primeira hipótese, considera
-
se que é atributo interno dos suje
itos,
enquanto para segunda, corresponde a elementos externos que são aderidos pelos indivíduos e
grupos sociais (OLIVEIRA, 2008). Nesse aspecto, podemos refletir se quem somos e as
escolhas que fazemos partem de dentro de nós ou são moldadas pela sociedad
e (família, escola,
grupos religiosos etc.).
Assim como Cardoso (2014) e Oliveira (2008), apoiamo
-
nos na premissa de que ambas
as afirmações estão corretas, e que as individualidades e coletividades culturais são construídas
e reconstruídas de modo dinâmic
o, com trocas entre a essência humana (enfatizad
a
nos estudos
antropológicos) e as influências sociais externas (debatidas amplamente pela sociologia).
Como forma de entender a diversidade cultural, Cardoso (2014) propõe uma análise que
se baseia, usualmen
te, em aspectos substanciais da cultura, especificamente nos símbolos que
a compõe. Estes são elementos dotados de sentido e, geralmente, são bastante representativos
dos grupos. De maneira simples, podemos citar, como exemplo, torcedores/torcedoras de tim
es
de futebol que se agrupam em torno de uma mesma canção, escudo e cores. Outro exemplo,
bastante complexo, seriam os recorrentes casos de discriminação de pessoas negras que, por
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seus traços característicos, são abordad
a
s de forma violenta e tratad
a
s pre
viamente como
culpad
a
s.
Entendemos, portanto, a constante mudança dos contextos socioculturais pelo caráter
mutável das pluralidades, que estão sempre aderindo novos símbolos e regras ou excluindo
-
os,
sobretudo, devido
à
influência das transformações históricas e sociais, ou por
ressignificações
individuais e coletivas. A depender do contexto, cada cultura pode revestir
-
se de sobrevivência
e de resistência, caso estejam, mesmo que momentaneamente, ameaçadas (FERREYRA, 2011).
Percebemos essa situação quando falamos sobre as chamada
s minorias que estão
presentes no território brasileiro. Apesar do termo minoria estar associado ao significado de
numericamente menor, quando tratamos de grupos socioculturais minoritários nem sempre essa
relação se estabelece.
M
ulheres são consideradas m
inorias quando se discute a menor
remuneração
,
se comparad
a
com
os rendimentos dos
homens, apesar de estatisticamente serem
maior população no Brasil. As minorias são alvos frequentes de intolerância, discriminação,
racismo e preconceitos, sobretudo no Bra
sil, que apresenta índices nada louváveis de morte da
comunidade negra, feminicídio e transfeminicídio, por exemplo (CARMO, 2016).
Para abranger tais perspectivas, há um consenso literário em definir uma minoria social
como grupos que em determinadas situ
ações específicas podem ser privados de exercer funções
sociais comuns equitativas, perdendo assim suas identidades, num processo gerador de
invisibilidades, estereótipos e vulnerabilidades (CARMO, 2016). Estes desafios podem
proporcionar um processo refle
xivo de sua existência no mundo e podem moldar aspectos
sociais e acadêmicos, que se refletem em suas ações diárias, processos de aprendizagem e práxis
profissional (PAGAN, 2018).
A democratização envolvida na promoção e
n
a proteção da diversidade sociocul
tural
tornou
-
se, ao longo dos anos, ainda mais necessária, sobretudo pelos crescentes processos
homogeneizadores, decorrentes da globalização (CARDOSO, 2014). Ao buscar uniformizar
valores, modelos e práticas, há, inevitavelmente, silenciamentos e exclusõe
s. Estes são
perceptíveis
,
por exemplo, na hierarquização dos saberes tradicionais e científicos, nas
exigências sociais discrepantes entre homens e mulheres, nos constantes aumentos de ataques
homofóbicos, nas oportunidades e acessibilidades da comunidade
negra, na estereotipização
das comunidades do campo, dentre outros.
Apesar do processo de globalização favorecer a comunicação ente culturas de todo
mundo, a busca pela padronização mundial tem colocado em risco a diversidade cultural,
sobretudo de paíse
s em desenvolvimento e subdesenvolvidos, devido, entre outros fatores,
à
unificação dos mercados,
à
fusão das indústrias audiovisuais e à imposição de poder de algumas
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nações. A depender do nível intelectual e tecnológico, alguns países podem não resistir
à
introdução de valores culturais externos, ocasionando
,
muitas vezes
,
a secundarização das
pluralidades locais (CARDOSO; MUZETTI, 2007).
A partir dessas discussões, percebemos que o termo diversidade cultural pode desvelar
especificidades associadas a de
terminados grupos que compõem nossa espécie. Dentre essas
características
,
podemos elencar, dentre outras, a diversidade étnico
-
racial, sexual, de gênero,
religiosa e demográfica, de maneira a caracterizar e dar visibilidade a grupos minoritários
geralment
e invisibilizados ou discriminados a partir de uma concepção padronizadora de
mundo patriarcal, heterossexual, cisgênero e europeu
,
que tem dominado historicamente a
produção de discursos e significados no contexto coletivo.
Apesar das características bast
ante evidentes da diversidade cultural, ela não é percebida
somente de maneira visual, pode ser manifestada de forma interna e individual. Além disso,
Gomes (2012, p. 2) relata que “[...] falar de diversidade cultural não diz respeito somente ao
reconhecim
ento, mas significa pensar a relação entre o eu e o outro”
.
Convém refletir como
estão configuradas essas relações: se justas, equitativas e comunitárias, ou de opressão,
exclusão e silenciamento.
Desse modo, percebemos que a diversidade cultural pode ser
identificada na formação
de singularidades e de alteridades, ou seja, no reconhecimento das minhas individualidades e
das demais
ao meu redor
. É a par
tir
desta variabilidade que Gomes (2012) ressalta a necessidade
de um olhar mais crítico e político para
multiculturalidade, pois assim
,
as diferenças serão
respeitadas em suas especificidades e terão garantia
equitativa
dos direitos sociais.
Portanto, entende
-
se que a formação da identidade e da diversidade cultural se configura
num processo dinâmico de asso
ciação entre o eu e o outro, que é diferente de mim,
possibilitando assim discutir relações mais diplomáticas, não só com nossa própria espécie, mas
também com as demais espécies do planeta, abrindo precedentes para uma coexistência mais
equilibrada (FURTA
DO, 2016; PAGAN, 202
0
).
Pressupõe
-
se ainda que características de gênero e identidade, moradia em zona urbana
ou rural, necessidades especiais, etnia e crenças religiosas, configurações familiares, renda e
formação educacional, podem refletir singularidade
s, a depender do contexto em que são
identificadas e discutidas. E estas, por sua vez, podem revelar características configurativas da
diversidade sociocultural.
Considerando a complexidade de perceber individualidades, optamos por seguir um
sistema de ide
ntificação semelhante ao utilizado por Santana (2017), que descreveu algumas
singularidades de licenciandos em biologia a partir de características sociodemográficas. Em
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nosso caso, essas características serão a de grupos minoritários brasileiros, que além
de
apresentarem marcadamente subjetividades características, estão em constante conflito interno
e social de afirmação identitária.
Essas especificidades sociais, culturais e subjetivas seriam traços biográficos que nos
tornam únicos no mundo, e esses mod
os refletem nos diversos ambientes que vivemos,
inclusive no acadêmico
,
que orienta, por exemplo, as formas com que nos relacionamos com
os colegas, professores e nossos processos de aprendizagem (SANTANA
;
PARANHOS
;
PAGAN, 2017).
Santana (2017), a partir d
a associação de singularidades e inovação inclusiva de
licenciandos em Ciências Biológicas, chegou à conclusão de que as nossas subjetividades, ao
mesmo tempo em que nos diferenciam dos demais cidadãos, podem proporcionar uma
compreensão mais ampla do mund
o ao nosso redor, potencializando nossas relações
intrapessoais e interpessoais, o que pode ser efetivo em relações culturais e associações mais
solidárias com a natureza e os seres vivos.
Buscamos, então, não apenas pensar sobre características que descre
vam licenciandos e
professores de biologia, mas também compreender as relações de sensibilidade que tais
estudantes desenvolvem frente a outros grupos minoritários, na tentativa de interpretarmos se
determinados perfis de singularidade e receptividade soci
ocultural se relacionam a maior
reconhecimento das alteridades interespecíficas, e caminham para ideias mais biocêntricas na
percepção das demais espécies.
Diversidade biológica e cultural na formação de professores de ciências e biologia:
algumas aproxi
mações
O aspecto da diversidade diz respeito à diferença, que não se atém somente àquelas que
são visíveis externamente, mas também àquelas mais internas, que podem ser observadas de
maneira sistemática, e as que estão sendo construídas no decorrer da his
tória das relações
sociais (GOMES, 2012). Sob essa ótica, podemos
,
por exemplo, perceber de maneira visível a
diversidade cultural de povos tradicionais, ou buscar entender processos de racismo e
discriminação de determinados sujeitos a partir da análise d
e suas falas, bem como refletir
sobre
como processos históricos t
ê
m proposto o silenciamento e
a
marginalização de diversos grupos.
Particularidades individuais e coletivas não são respeitadas igualmente, visto que,
socialmente, há um padrão heteronormativo patriarcal de branquitude que tende a controlar ou
excluir tudo que for diferente dele. Nessa lógica, homens héteros brancos podem
ser
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considerados mais “humanos” do que mulheres, homossexuais, povos tradicionais e negros, e
isso refletiu nas formas de dominação, exclusão e escravização presentes na formação
brasileira. Paralelamente, a animalidade traz essa mesma distinção, trazendo
uma graduação
vertical de seres humanos e não humanos, no qual os primeiros estão falsamente localizados
em um patamar tido como superior (INGOLD, 1995; PAGAN, 2020).
Ao discutir natureza e cultura como princípio de classificação social, Pérez, Moscovici
e Chulvi (2002) apresentam a ideia de que alguns grupos sociais são mais integráveis ao mapa
da humanidade do que outros, ou seja, a animalidade estaria derivada do natural, selvagem e
instintivo, enquanto a cultura à civilidade, ao raciocínio. Esse panora
ma tem influenciado nos
processos de discriminação, que se apresentam predominantemente de forma latente, pouco
manifesta, e, por esse motivo, argumentam que a compreensão das representações sociais
(individualidades sociais e coletivas) seriam mais apropr
iadas para entender esses processos de
exclusão (PÉREZ; MOSCOVICI; CHULVI, 2002).
Assim, concordamos com Marin (2020, p. 7), que deve haver a superação da oposição
das diferenças, que estimula processos exclusivos de identidades e culturas, sendo necessár
ia a
proposição de “[...] uma lógica da interação com os outros seres que não recaia em uma visão
naturalista ingênua [...]”
,
e que possibilite a coexistência de todas as formas de vida.
Essa
coexistência tem sido amplamente debatida nas discussões multicu
lturalistas e
interculturalistas. O multiculturalismo defende a pluralidade, a heterogeneidade, como forma
de opor
-
se à uniformização imposta por grupos dominantes. Suas principais caraterísticas estão
ligadas ao direito
à
s diferenças, tolerância, democrac
ia e justiça social. Readaptando esses itens,
a interculturalidade propõe para além do respeito e reconhecimento das pluralidades, a
convivência e interação cultural, através do diálogo (LOPES, 2012).
Como expressão particular da diversidade
biológica, a diversidade cultural possibilita
maior escopo de explicação para aquela. A preservação e conservação dos elementos naturais
podem ser mais eficazes se houver “[...] fortalecimento comunitário
[...], capacitação de todos
–
inclusive mulheres e
crianças
[...] e cuidado do meio ambiente que sustenta sobrevivências
locais” (LIBÂNEO, 1994, p. 4). Além disso, Libâneo (
1994
) realça propostas de intervenção
que buscam investigar as percepções etnoecológicas,
cujas investigações
são capazes de
perceber
amplamente
a diversidade de processos ecológicos, em
contraposição
a um modelo
único de abordagem ambiental.
Apesar da sociedade brasileira apresentar grande pluralismo, e essa multiplicidade estar
prevista em documentos normativos, há carência de ações ef
etivas que tendem a distanciar
teoria e prática. A exemplo disso
,
colocamos as constantes lutas das comunidades indígenas
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brasileiras pela demarcação de terras, em oposição a projetos governamentais que afetam os
territórios tradicionais, decorrentes de at
ividades de mineração, muitas vezes ilegais, e a
expansão agropecuária. Considerando ainda a intrínseca relação entre a democracia e a
pluralidade, entremeada no direito de exercer a diferença, entendemos que a diversidade
cultural possa dar subsídio para
a
discussão de relações ecossociais, inclusive, com
a
s demais
espécies de seres vivos, reconhecendo
-
lhes alteridades.
A educação é, sem dúvida, uma das principais ferramentas de enfrentamento das
problemáticas socioculturais
;
isso inclui
as
de ordem ambie
ntal, na qual está a crise da
diversidade biológica. Além de definir a relevância d
e
classificar e
de
quantificar
os seres vivos,
as discussões relacionadas à biodiversidade precisam tratar de aspectos sociais, culturais,
econômicos, políticos e éticos, au
mentando assim o escopo para
a
solução da crise associada.
Na literatura indicada nas disciplinas de formação do ensino superior, que abarcam a
temática da variabilidade de seres vivos, é notável que a maioria apresenta essas concepções
focadas em uma ver
tente científica/biológica, na qual as análises específica, genética e
ecológica são apresentadas. Em contrapartida, estudos sobre a percepção de licenciandos t
e
m
mostrado a ampla variedade de significados identificados no que se refere
à
biodiversidade,
r
emetendo as suas experiências pessoais e comunitárias com a natureza (
FAUSTINO;
ROBERTO; SILVA, 2017;
KAWASAKI; OLIVEIRA, 2003; SANTOS; SANTOS; PAGAN,
2021) estas podem oferecer ricos subsídios
formativos, mesmo quando não atendem as
exigências da perspectiva científica ocidental hegemônica.
Nesse sentido, a proposição de uma educação para
a
biodiversidade pressupõe aplicar
os conceitos científicos, com associação de particularidades, individuai
s e coletivas, presentes
da diversidade cultural, com vistas
à
preservação e conservação do equilíbrio natural,
proporcionado pela variabilidade de seres. Pode ser justificada ainda pela aproximação da
diversidade biológica com os serviços e usos relaciona
dos às atividades humanas, numa
perspectiva socioambiental (KAWASAKI; OLIVEIRA, 2003).
A escola, e consequentemente os demais ambientes formativos, foram estabelecidos
inicialmente para a igualdade: reproduzir conhecimentos científicos padronizados, exigi
ndo
que os alunos utilizassem quase que exclusivamente habilidades cognitivas (TACCA;
GONZÁLEZ
-
REY, 2008). Porém, essas didáticas homogêneas encontram na heterogênea
subjetividade cultural dos estudantes uma barreira que, mesmo atualmente, está difícil de
ser
transposta. Nesse caso, licenciandos sentem
-
se desafiados a incorporar os itens subjetivos na
aprendizagem de seus alunos, mas precisam de uma formação que lhes dê suporte para tal.
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Nota
-
se que esses sujeitos entram na universidade com experiências, in
dividuais e/ou
coletivas, de natureza, próprias de seu processo formativo pessoal, que são, geralmente,
secundarizadas por uma normatização histórica de enaltecimento do saber científico perante os
demais. Em contrapartida, na parte pedagógica da formação,
o futuro professor é orientado a
levar em consideração os conceitos prévios que seus alunos possam ter. Essa didática
contraditória dificulta o desenvolvimento de uma prática pedagógica consistente
,
que atenda os
objetivos de um ensino de ciências para
a
cidadania.
Considerando a subjetividade do docente em formação é impossível desvincular suas
percepções de sua inserção sociocultural. É nesse sentido que as concepções de diversidade
biológica são construídas, levando em consideração o que se aprende e o
que se vive. Desse
modo, uma perspectiva mais abrangente que envolva também os atributos individuais, sociais
e culturais da vida humana no ambiente educativo pode auxiliar na melhoria da relação entre
ser humano e natureza, bem como identificar meios que
dimensionam a conservação e
preservação dos elementos naturais, além de práticas ecologicamente sustentáveis.
Abordagens biocultural e biocêntrica sobre biodiversidades
Como maneira de aproximar as discussões entre diversidade biológica e cultura,
apre
sentamos as abordagens biocultural e biocêntrica, e discutimos a seguir a possibilidade de
inserção de elementos integradores, desintegradores, biocêntricos e antropocêntricos, para
análise das percepções de licenciandos em biologia, caminhando para o pont
o que defendemos
como fundamental neste artigo, as alteridades interespecíficas como elemento chave para o
aprofundamento de relações equitativas entre as diversidades.
Percebe
-
se que a proximidade que indivíduos e comunidades têm da natureza moldam
suas p
ercepções, práticas e pensamentos ambientais.
Dessa maneira, a diversidade biológica
pode envolver
não só a quantificação dos organismos vivos, em termos biológicos, mas também
aspectos: econômicos, pela retirada de elementos essenciais para sobrevivência
humana;
ecológicos, por seu papel na regulação do equilíbrio físico
-
químico da biosfera; éticos, que
ensejam o dever humano de não degradação das outras formas de vida do planeta (LÉVEQUE,
1999, p. 14
-
16); políticos, pela responsabilidade das nações em imp
lementar modos de gestão
sustentável da biodiversidade (BRASIL, 1998)
;
socioculturais, pelo entendimento das relações
únicas que indivíduos e comunidades apresentam com a natureza (DIEGUES; ARRUDA, 2001;
TOLEDO; BARRERA
-
BASSOLS, 2015), dentre outros.
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A par
tir disso
,
constatamos a possibilidade de tratá
-
la sob diversas vertentes, as quais
parecem partir dos mesmos princípios básicos, mas podem divergir quanto aos meios e fins a
que se destinam. A partir da análise de Santos, Santos e Pagan (2021), duas outra
s abordagens
que têm emergido são: a biocultural, na qual há o reconhecimento das diversas formas de
conexão dos grupos sociais com o ambiente, ressaltando as experiências mais sustentáveis de
utilização dos elementos naturais; e a biocêntrica, cujas bases
destacam a essencialidade de
repensar o posicionamento de nossa espécie para com as demais, partindo dos preceitos éticos
de direitos equitativos à vida e à sobrevivência.
De modo geral, as perspectivas biocultural e biocêntrica de biodiversidade, classif
icadas
por Santos, Santos e Pagan (2021), frisam que não há possibilidade de tratar as relações de
convivência, conservação e proteção de outras espécies e do planeta como um todo, sem incluir
o ser humano, ser social, dotado de subjetividades e interrelaç
ões, que carrega consigo seus
elementos singulares, culturais, políticos, econômicos, dentre outros. Além disso, partem de
perspectivas sociológicas e antropológicas, ao refletirem como os meios de desenvolvimento
sociocultural da espécie humana moldam as
formas de tratar o meio ambiente e os seres vivos.
A antropologia biocultural foca nas relações que os indivíduos possuem com seus
ambientes; nesse contexto, a cultura molda as formas adaptativas, políticas e comportamentais
das pessoas (LENDE, 2013). A pa
rtir dessa perspectiva, a bioculturalidade, quando associada
à diversidade biológica, pode ser proposta na linha de que comunidades rurais e tradicionais,
geralmente, apresentam relações mais harmônicas e respeitosas para com os seres vivos,
ensejando em p
ráticas mais sustentáveis, por exemplo.
Nessa abordagem estão presentes dois elementos opostos: integradores e
desintegradores. Estes podem dar indícios se as representações sobre a natureza e os seres vivos
incorporam as práticas humanas. Respondendo pos
itivamente a essa incorporação, dizemos que
há ideias integradoras. Posicionando
-
se negativamente, encontramos concepções que trazem a
separação entre espécie humana e natureza, entre ambiente urbano e do campo, dentre outras
dicotomias. Em seu trabalho
,
D
iegues (2008) busca ultrapassar essa proposta de natureza
intocada e selvagem, defendida por estudiosos preservacionistas, ao defender que a espécie
humana e seus contextos socioculturais estão integrados à biodiversidade
.
A riqueza da sociobiodiversidade
brasileira ilustra essas
variadas
interrelações. As
comunidades tradicionais locais, por exemplo, devido aos
seus
preceitos éticos
,
expressos em
suas crenças e práticas, são capazes de coexistir com os demais seres vivos, em concentrações
humanas relativam
ente altas, com taxas mínimas de impacto, podendo, inclusive, proporcionar
restaurações bioculturais (PRIMACK; RODRIGUES, 2001).
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Estas restaurações reforçam a íntima relação entre diversidade biológica e diversidade
cultural, nas quais práticas de agricul
tura, por exemplo, baseadas na etnoecologia, favorecem a
“[...] a preservação da cultura e etnociência, dos agroecossistemas naturais e dos recursos
genéticos dos cultivos locais
”
(PRIMACK; RODRIGUES, 2001, p. 284). Porém, Toledo e
Barrera
-
Bassols (2015) a
pontam que essas percepções locais foram taxadas de ultrapassadas e
sem fundamentos pela racionalidade tecnocientífica e econômica de desenvolvimento; o rural
e suas concepções foram, desse modo, tornando
-
se irrelevantes para a visão de progresso
urbano em
larga escala.
Apesar das notáveis contribuições da perspectiva biocultural, propomos a
essencialidade de uma abordagem biocêntrica, por considerar a equidade como valor
fundamental da relação entre os seres vivos e destes com a natureza. Essa ética equita
tiva trata
do reconhecimento das singularidades de todas as espécies e pressupõe o reconhecimento de
suas alteridades interespecíficas.
A abordagem biocêntrica é aqui designada com base na perspectiva de uma ética
equitativa. Para isso, baseamo
-
nos primei
ramente nas proposições de Ingold (1995)
,
que
apresenta a espécie humana como apenas mais uma dentre as incontáveis existentes no planeta.
Num pensamento de ordem antropológica, defende a superação da dicotomia histórica entre
“humanos e animais” para esta
belecer novos sentidos relacionais entre todas as espécies do
planeta, respeitando as diversidades existentes (INGOLD, 1995).
O pensamento biocêntrico propõe ainda uma natureza com “
[
...
]
valor em si, na tentativa
de resgatar o imperativo ético essencial”
(LEVAI, 2011, p. 12)
, ou seja, a percepção do valor
intrínseco dos seres vivos incentiva a mudança de pensamentos e hábitos de indiferença humana
sobre eles e advoga o direito de vivência e sobrevivência de todos, pregando a equidade como
forma de alcançar
a justiça ambiental.
A partir das discussões sobre o conhecimento da natureza e o autoconhecimento da
humanidade e as relações de alteridade com os demais seres vivos, Pagan (2018, p. 75), sob
uma perspectiva biocêntrica, que defendemos aqui, afirma que
“[...] ensinar sobre natureza
partindo do autoconhecimento e do etnoconhecimento, pode ser muito mais profundo e efetivo
para o aprendizado discente”. Dessa maneira, a formação de professores e professoras de
biologia e o ensino de ciências podem dar a dev
ida atenção ao sujeito que aprende e ensina ao
mesmo tempo, reforçando também a necessidade de incluir aspectos não cognitivos de
aprendizagem, como o elemento afetivo (PAGAN, 2018).
Para isso, é essencial que se busque admitir as alteridades interespecífi
cas como
elemento sustentador do biocentrismo. Estas reforçam que a espécie humana é apenas uma
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dentre tantas outras que habitam o planeta. Apesar disso, é notável o quanto definimos, a partir
das diferenças naturais,
a
queles que tem maior ou menor direito
à vida; foi assim, ao longo da
história, que excluímos do “patamar mais alto” das espécies a comunidade negra, indígenas,
mulheres, “animais de consumo”, dentre tantos outros grupos.
Cientes das perspectivas singulares de todos os seres vivos é crucial q
ue docentes em
formação tenham a sensibilidade de percebê
-
las e entendê
-
las
,
para que suas práticas
proporcionem a inclusão dessas particularidades, bem como de suas percepções de mundo. Por
isso, apontamos a importância de uma educação para a biodiversidade mais humanizada, no
sentido de reconhecimento das experiências sociocultu
rais que estes apresentam com os seres
vivos, e como essas práticas se relacionam a pensamentos e ações perante o ambiente de modo
geral, reconhecendo a equidade como valor fundamental na construção e respeito
a
alteridades
que envolvam as espécies que hab
itam este planeta, além de tentar dirimir processos
discriminatórios, autoritários e intolerantes.
Considerações finais
Desse modo, consideramos que as características individuais e sociais podem moldar as
formas de se relacionar com os demais
seres vivos
,
desde que estejam em conformidade tanto
a consideração de alteridades sociais entre os membros da nossa espécie, como aquelas
interespecíficas
,
que consideram uma ética biocêntrica na relação com o mundo vivo.
Nesse
contexto, características q
ue
,
por vezes
,
parecem aos estudantes como traços que lhes confere
m
um status de anormal, na verdade lhes garante
m
habilidades especiais que lhes favorece
m
ver
o mundo de óticas específicas e inovadoras. Essa necessidade mais humanizadora da formação
de pr
ofessores se mostra relevante em temáticas como a diversidade biológica, sobretudo
quando aliada à questão ambiental, pela necessidade da sensibilização e engajamento dos
indivíduos em práticas sustentáveis efetivas e resistência de saberes e práticas loca
is.
Propomos ainda que o reconhecimento das relações entre particularidades/coletividades
e as temáticas relacionadas à variabilidade dos seres vivos auxilia no processo de emancipação
social do professor/professora em formação, posto que
,
ao entrar no amb
iente acadêmico,
ele/ela se vê em um local que inspira o desenvolvimento de habilidades cognitivas para os
pensamentos e práticas científicas.
Quanto
à
s abordagens biocultural e biocêntrica, estas apresentam possibilidades
eficientes de aproximação entre
diversidade biológica e diversidade cultural, através da análise
das conformações individuais, sócio
-
históricas e da natureza. Entretanto, a perspectiva
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biocêntrica inova ao propor a equidade
,
que, a partir do reconhecimento das alteridades
interespecífica
s dos seres vivos, abre caminho para a construção de um ensino que reconheça
os direitos das demais espécies do planeta e proporcione a (re)conexão,
a
(re)integração e a
convivência diplomática.
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Diversidade biológica e cultural na formação de professores
de biologia: Alguma relação?
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, out./dez. 2022. e
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Aprovado em
:
20/
10/2022
Publicad
o em
:
30/
12
/2022
Processamento e editoração: Editora Ibero
-
Americana de Educação.
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Diversidad biológica y cultural en la formación de profesores de
biología: ¿Alguna relación?
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DIVERSIDAD BIOLÓGICA Y CULTURAL EN LA FORMACIÓN DE PROFESORES
DE BIOLOGÍA: ¿ALGUNA RELACIÓN?
DIVERSIDADE BIOLÓGICA E CULTURAL NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE
BIOLOGIA:
ALGUMA RELAÇÃO
?
BIOLOGICAL AND CULTURAL DIVERSITY IN BIOLOGY TEACHER FORMATION:
ANY RELATION?
Isabela Mayara dos SANTOS
1
Alice Alexandre PAGAN
2
RESUMEN
: En este trabajo, pretendemos discutir, cualitativamente, posibles asociaciones
entre diversidad biológica y diversidad cultural en la formación de profesores de biología. Estas
reflexiones pueden ampliar la comprensión de la relación entre sociedad y nat
uraleza, así como
la construcción de currículos para la carrera de biología. Abordamos algunas perspectivas
ecológicas de la biodiversidad y la diversidad cultural; en éste, delimitamos las percepciones
de las singularidades individuales y colectivas como
posible descriptor de un perfil
sociocultural contemporáneo. Buscando aproximar las diversidades, presentamos los enfoques
biocultural y biocéntrico, y la posibilidad de insertar elementos integradores, desintegradores,
biocéntricos y antropocéntricos para
analizar las percepciones de los estudiantes de grado.
Concluimos que el reconocimiento de las relaciones entre particularidades/colectividades y los
temas relacionados con la variabilidad de los seres vivos ayuda en el proceso de emancipación
social del
profesor en formación. Además, consideramos que un enfoque biocéntrico, basado
en la equidad, posibilita el reconocimiento de las alteridades interespecíficas de los seres vivos,
propiciando la (re)conexión, la (re)integración y la convivencia diplomática.
PALABRAS CLAVE
: Alteridades interespecíficas. Biocentrismo. Singularidades.
RESUMO
:
Neste trabalho
,
o
bjetivamos
d
iscutir
,
qualitativamente,
possíveis associações entre
diversidade biológica e diversidade cultural
na formação de professores de biologia.
Essas
reflexões podem
amplia
r
o entendimento
das relações entre sociedade e natureza
, bem como
a
construção
de
currículos para a licenciatura em biologia.
A
bordamos
,
algumas perspectivas
ecológicas de biodiversidade
e
diversidade cultural
;
nest
a
,
demarcamos as percepções das
singularidades individuais e coletivas como possível descritor de perfil sociocultural
contemporâneo.
Buscando
aproximar
as diversidades
, apresen
tamos as abordagens
biocultural e biocêntrica, e a possibilidade de inserção de elementos integradores,
desintegradores, biocêntricos e antropocêntricos para análise das percepções de licenciandos.
Co
ncluímos que o reconhecimento das relações entre particu
laridades/coletividades e as
temáticas relacionadas à variabilidade dos seres vivos auxilia no processo de emancipação
1
Universidad Federal de Sergipe
(UFS), São Cristóvão
–
SE
–
Brasil.
Maestría
en Enseñanza de la Ciencia y
Matemáticas
.
ORCID:
https://orcid.org/0000
-
0002
-
4609
-
890X
.
E
-
mail
: isamay2@hotmail.com
2
Universidad Federal de Mato Grosso
(UFMT),
Cuiabá
–
MT
–
Brasil
.
Profesor
a
Asociad
a del
Departamento de
Biología y Zoolo
gía, Instituto de Biociencias
(IB).
Doctorado en Educación
(USP).
ORCID:
https://orcid.org/0000
-
0002
-
9757
-
4304. E
-
mail: alice.pagan@ufmt.br
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social do professor/professora em formação
.
A
demais,
consideramos que
um
a
abordagem
biocêntrica,
baseada na equidade,
possibilita o
recon
hecimento das alteridades
interespecíficas dos seres vivos,
proporcionando
a (re)conexão,
a
(re)integração e a
convivência diplomática.
PALAVRAS
-
CHAVE
:
Alteridades interespecíficas.
Biocentrismo
.
Singularidade
s.
ABSTRACT
:
In this work, we aim to discuss, qualitatively, possible associations between
biological diversity and cultural diversity in the
formation
of biology teachers. These reflections
can broaden the understanding of the relationship between society and nature,
as well as the
construction of curricula for the degree in biology. We approach some ecological perspectives
of biodiversity and cultural diversity; in this one, we demarcate the perceptions of individual
and collective singularities as a possible descript
or of a contemporary sociocultural profile.
Seeking to approximate diversities, we present the biocultural and biocentric approaches, and
the possibility of inserting integrating, disintegrating, biocentric and anthropocentric elements
to analyze the perce
ptions of undergraduates. We conclude that the recognition of the
relationships between particularities/collectivities and the themes related to the variability of
living beings helps in the process of social emancipation of the teacher in training.
Furthe
rmore, we consider that a biocentric approach, based on equity, enables the recognition
of the interspecific alterities of living beings, providing (re)connection, (re)integration and
diplomatic coexistenc
e.
KEYWORDS
:
Interspecific alterities.
Biocentrism. Singularities.
Introducción
Teniendo en cuenta cómo, en los últimos años, la crisis ambiental ha empeorado y
perjudicado la riqueza y abundancia de especies en el planeta, es crucial que repensemos
nuestras relaciones con el medio
ambiente, ya que nuestra especie y la otra están
interconectadas con la naturaleza, en una asociación interdependiente.
Sobre esto, Pagan (2020)
informa que la búsqueda de comprender los elementos naturales, a partir de una perspectiva de
control de otros
seres vivos, nos ha desconectado y separado de otras especies, lo que puede
dificultar la adopción de la justicia ambiental y las prácticas ecológicamente diplomáticas.
Discutir la diversidad biológica abre precedentes para diferentes enfoques, que van
des
de la perspectiva ecológica, específica de los estudios científicos relacionados con las
perspectivas que separan sujeto y objeto, hasta las inclusiones sociales, políticas, culturales,
éticas y económicas, en la discusión de este asunto. La relación entre
estas perspectivas es muy
debatida en Brasil, que es un país rico tanto en diversidad biológica como en diversidad cultural.
Sin embargo, los problemas ambientales inherentes a la biodiversidad se basan, en general, en
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elementos antropocéntricos, centrado
s en la especie humana y sus "necesidades", lo que ha
obstaculizado acciones efectivas de recuperación, preservación y conservación ambiental.
Por lo tanto, discutir posibles asociaciones entre diversidad biológica y diversidad
cultural amplía el alcance d
e la cobertura de las relaciones entre la sociedad y la naturaleza,
permitiendo nuevos enfoques del tema socioambiental, así como cuestionando la
discriminación y las jerarquías, que pueden reducir los procesos excluyentes y silenciadores.
Estas reflexione
s también pueden permitir una conformación más comunitaria entre todos los
seres vivos, basada en el reconocimiento del valor intrínseco de los individuos y la necesidad
de equilibrio en la convivencia del colectivo de habitantes de este planeta.
En este t
rabajo, tratamos de asociar el tema de la diversidad biológica con la diversidad
cultural, partiendo de la hipótesis de que la percepción y el respeto por las singularidades de
todos los seres vivos están relacionados, es decir, la aceptación de la diversi
dad en nuestra
propia especie está relacionada con la aceptación y comprensión de la diversidad en la otra.
Podemos reconocernos como diversidad humana basada en el respeto a la variabilidad de los
seres vivos. En este sentido, nos cuestionamos si las acti
tudes menos sexistas, homofóbicas y
meritocráticas pueden dirigir posiciones menos específicas, configurando una mayor armonía
entre todas las especies.
En la formación de profesores de biología, buscamos proponer una mayor atención al
activismo por la div
ersidad, con miras a la inclusión. Sobre esto, aparentemente nos
encontramos con una brecha entre dos campos de debate que parecen interactuar muy poco: el
activismo ambiental y el activismo social.
No es raro encontrar, por un lado, discursos sobre la
pre
servación y conservación del medio ambiente desarticulados de las necesidades sociales, así
como por otro, aquellos que defienden la equidad social sin ninguna mención de las necesidades
colectivas de las otras especies que habitan el planeta.
Sin embargo,
actualmente, tanto la diversidad biológica como la cultural son conceptos
centrales en la formación de los profesores de biología. Una de las preguntas más importantes
que atacamos en este proceso es: ¿cómo puede nuestra especie existir de manera próspera
,
asegurando diversas necesidades sociales, a partir de las relaciones que establece con el planeta?
Frente a estas cuestiones, hemos debatido que la diversidad, ya sea ecológica o social, es
positiva para la expansión de nuestro tiempo de existencia en la
tierra. Por lo tanto, buscar la
comprensión de posibles intersecciones entre estos conceptos puede ampliar nuestra
comprensión de la construcción de los currículos de educación de biología de pregrado.
A partir del análisis de los procesos educativos y l
a formación de profesores de biología,
Pagan
et al.
(2021) discutió cómo la biología, cuyas discusiones construyen significados sobre
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los seres vivos, puede reflexionar sobre nuestras concepciones de quiénes somos como
humanidad, individual y colectivamen
te.
Como consecuencia de esta preocupación, nos
preguntamos: ¿existen perfiles socioculturales que apunten indicadores sobre qué profesores y
alumnos tienen mayor o menor sensibilidad a la biodiversidad? Con base en este tema,
buscamos en este trabajo rela
cionar los aspectos de la diversidad biológica y la diversidad
cultural, en el contexto de la formación de profesores de biología.
Con este fin, primero abordamos algunas perspectivas ecológicas relacionadas con el
concepto de biodiversidad. En un segundo momento, discutimos la diversidad cultural, un tema
en el que demarcamos las percepciones de las singularidades individuales y cole
ctivas como un
posible descriptor de un perfil sociocultural contemporáneo. Finalmente, como una forma de
aproximar las discusiones entre diversidad biológica y diversidad cultural, presentamos los
enfoques bioculturales y biocéntricos, y discutimos a cont
inuación la posibilidad de insertar
elementos integradores, desintegrativos, biocéntricos y antropocéntricos para el análisis de las
percepciones de los estudiantes de biología, pasando al punto que defendemos como
fundamentales en este artículo, las alter
idades interespecíficas como elemento clave para la
profundización de las relaciones. entre diversidades.
Diversidad biológica
Las relaciones de nuestra especie con las demás que habitan o habitan el planeta son tan
antiguas como la formación de la pro
pia humanidad (FRANCO, 2013).
La fascinación por la
variedad de formas y comportamientos de animales y plantas, la necesidad de alimento y su uso
en el trabajo diario hizo que los individuos buscaran clasificar y cuantificar, incluso de forma
rudimentaria,
a sus compañeros terrestres. A pesar de las referencias de varios estudios sobre
la importancia de proteger y recuperar la variabilidad de los seres vivos (BARBIERI, 2010;
LÉVÊQUE, 1999; WILSON, 2012), los ataques ambientales han aumentado de manera
alarm
ante en las últimas décadas. Amenazan directamente el equilibrio biológico, que a su vez
influye en la calidad de vida de todos los seres.
También se verifica que los conceptos y características de los estudios relacionados con
la diversidad biológica fueron inicialmente pensados y desarrollados en el entorno científico;
Por lo tanto, está claro que los primeros estudios se referían específic
amente a propuestas
biológicas, ecológicas, genéticas y evolutivas, en su mayoría alineadas para la comprensión y
aplicación de este conocimiento para la preservación, conservación y/o uso sostenible. Con
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Diversidad biológica y cultural en la formación de profesores de
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esto, la definición más popular de diversidad bioló
gica del entorno científico se presenta en el
Artículo 2 de la Convección de la Diversidad Biológica
-
CDB:
[...] la variabilidad de los organismos vivos de todos los orígenes, que
comprenden, entre otros, los ecosistemas terrestres, marinos y otros
ecos
istemas acuáticos y los complejos ecológicos de los que forman parte;
también comprender la diversidad dentro de las especies, entre las especies y
los ecosistemas
(
BRASIL
,
2000
, p.
9
,
nuestra traducción
).
En Lévêque (1999, p. 16
-
18
, nuestra
traducción
), estos tres niveles básicos, productos
de la evolución biológica e interconectados, se configuran de la siguiente manera: diversidad
de especies
–
corresponde a la cuantificación de individuos en un área geográfica determinada;
diversidad genét
ica: basada en estudios de biología molecular, coloca la diversidad genética
entre las mismas especies; y diversidad ecológica: presenta las complejas relaciones
particulares existentes entre los organismos y los medios físicos en los que viven. Por lo tan
to,
la biodiversidad se puede estudiar a partir de diversos parámetros, desde las especies y géneros
más restringidos, hasta los más amplios, reinos y filos. Sin embargo, Wilson (2012, p. 29
,
nuestra traducción
) afirma que "el concepto de especie biológica
es crucial para el estudio de
la diversidad biológica", porque a partir de él se logra un enfoque más definido y detallado de
esta variabilidad.
Así, la agrupación a niveles jerárquicos de la biodiversidad, resultado de largos periodos
de evolución biológ
ica, configura la diversidad de seres de forma dinámica, que ha cambiado
con el tiempo y sigue cambiando en la actualidad. Las respuestas a los cambios y mutaciones
ambientales permitieron la adaptación de los organismos a diferentes ambientes del planeta
y
proporcionan cierta estabilidad numérica y variabilidad (
LÉVEQUE, 1999; WILSON, 2012).
Las actividades humanas son, sin duda, las principales responsables de la desaparición
de la diversidad de formas de vida en el planeta. Además, el propio ser humano
pone en peligro
su propio bienestar, ya que la biodiversidad es responsable de la disponibilidad de agua y
alimentos necesarios para su subsistencia. Además, los desequilibrios biológicos pueden causar
eventos indeseables, como la proliferación de plagas y
enfermedades, así como un aumento de
las emisiones de dióxido de carbono, uno de los principales responsables del cambio climático
(
BONONI, 2010; IBERDROLA, 2021).
La actual pandemia del nuevo coronavirus es el último
ejemplo de que debemos frenar la degr
adación de los espacios naturales para evitar la aparición
de nuevas zoonosis.
Equilibrar la protección de la diversidad biológica y el uso de bienes naturales no es una
tarea fácil. Se deben activar varios mecanismos para lograr el éxito, entre los que s
e encuentra
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la acción del gobierno en la regulación de la explotación de la caza, la pesca, el uso de la tierra
y la contaminación ambiental a través de leyes y con la creación de áreas protegidas, como
unidades de conservación (P
RIMACK; RODRIGUES, 2001).
Como señalan Primack y
Rodrigues (2001), la biología de la conservación asume el importante papel de buscar
soluciones a la crisis actual de la diversidad biológica. Para ello, los autores proponen: el
aumento del registro científico de las especies, busca
ndo conocer los procesos derivados de la
diversidad genética; y comprender las relaciones tróficas existentes dentro de las comunidades,
intensificando el registro de especies clave, que afectan la organización de otros seres de la
localidad.
Así, a lo lar
go del tiempo, se han formulado varias propuestas para la preservación y
conservación de la diversidad biológica, entre las cuales la preservación es más eficiente; En
esta perspectiva, se establecieron las áreas de protección, que tienen como objetivo, ca
da una
en sus especificidades, salvaguardar los procesos biológicos de la especie. Entre los métodos
reparatorios se encuentran las prácticas de reforestación, reintroducción de especies, monitoreo
de animales en riesgo de extinción, creación de unidades d
e conservación, entre otros
(
PRIMACK; RODRIGUES, 2001).
Diversidad cultural
Al buscar en la literatura una definición de diversidad cultural se nos compara con una
diversidad de información basada en aspectos antropológicos, sociológicos y
filosóficos. Una
controversia común es si el aspecto de la cultura es propio o está contenido en las personas;
Para la primera hipótesis, se considera que es un atributo interno de los sujetos, mientras que,
para la segunda, corresponde a elementos externo
s a los que se adhieren individuos y grupos
sociales (
OLIVEIRA, 2008).
En este sentido, podemos reflexionar si quiénes somos y las
elecciones que hacemos provienen de nuestro interior o están moldeadas por la sociedad
(familia, escuela, grupos religiosos,
etc.).
Al igual que Cardoso (2014) y Oliveira (2008), nos basamos en la premisa de que ambas
afirmaciones son correctas, y que las individualidades y las colectividades culturales se
construyen y reconstruyen dinámicamente, con intercambios entre la esenci
a humana
(enfatizada en los estudios antropológicos) y las influencias sociales externas (ampliamente
debatidas por la sociología).
Como forma de entender la diversidad cultural, Cardoso (2014) propone un análisis que
suele basarse en aspectos sustanciales
de la cultura, concretamente en los símbolos que la
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componen. Estos son elementos dotados de significado y generalmente son bastante
representativos de los grupos.
De forma sencilla, podemos mencionar, a modo de ejemplo, a
aficionados/as de equipos de fút
bol que se agrupan en torno a una misma canción, escudo y
colores. Otro ejemplo, bastante complejo, serían los casos recurrentes de discriminación contra
personas negras que, por sus rasgos característicos, son tratadas violentamente y previamente
tratadas
como culpables.
.
Entendemos, por tanto, el cambio constante de contextos socioculturales por el carácter
cambiante de las pluralidades, que siempre se adhieren a nuevos símbolos y reglas o los
excluyen, principalmente, debido a la influencia de transform
aciones históricas y sociales, o
por resignificaciones individuales y colectivas. Dependiendo del contexto, cada cultivo puede
ser de supervivencia y resistencia si, aunque sea momentáneamente, están amenazados
(FERREYRA, 2011).
Percibimos esta situación c
uando hablamos de las llamadas minorías que están presentes
en el territorio brasileño. Aunque el término minoría se asocia con el significado de
numéricamente inferior, cuando se trata de grupos socioculturales minoritarios, esta relación no
siempre se es
tablece. Las mujeres son consideradas minorías cuando se habla de salarios más
bajos, en comparación con los ingresos de los hombres, aunque estadísticamente son la
población más grande de Brasil. Las minorías son blanco frecuente de intolerancia,
discrimi
nación, racismo y prejuicios, especialmente en Brasil, que tiene tasas poco encomiables
de muerte de la comunidad negra, feminicidio y transfeminicidio, por ejemplo (
CARMO,
2016).
Para cubrir tales perspectivas, existe un consenso literario en la
definición de una
minoría social como grupos que en ciertas situaciones específicas pueden verse privados de
realizar funciones sociales comunes equitativas, perdiendo así sus identidades, en un proceso
que genera invisibilidades, estereotipos y vulnerabil
idades (
CARMO, 2016).
Estos desafíos
pueden proporcionar un proceso reflexivo de su existencia en el mundo y pueden dar forma a
aspectos sociales y académicos, que se reflejan en sus acciones diarias, procesos de aprendizaje
y praxis profesional (
PAGAN, 20
18).
La democratización que implica la promoción y protección de la diversidad
sociocultural se ha vuelto aún más necesaria, a lo largo de los años, especialmente debido a los
crecientes procesos de homogeneización resultantes de la globalización (
CARDOSO,
2014).
Cuando se busca estandarizar valores, modelos y prácticas, inevitablemente hay
silenciamientos y exclusiones. Estos se notan, por ejemplo, en la jerarquía del conocimiento
tradicional y científico, en las demandas sociales discrepantes entre hombre
s y mujeres, en el
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aumento constante de ataques homofóbicos, en las oportunidades y accesibilidad de la
comunidad negra, en los estereotipos de las comunidades rurales, entre otros.
Aunque el proceso de globalización favorece la comunicación entre cultura
s de todo el
mundo, la búsqueda de la normalización global ha puesto en peligro la diversidad cultural,
especialmente en los países en desarrollo y subdesarrollados, debido, entre otros factores, a la
unificación de mercados, la fusión de las industrias au
diovisuales y la imposición del poder de
algunas naciones.
Dependiendo del nivel intelectual y tecnológico, algunos países pueden no
resistir la introducción de valores culturales externos, lo que a menudo provoca la secundización
de las pluralidades local
es (C
ARDOSO; MUZETTI, 2007).
A partir de estas discusiones, nos damos cuenta de que el término diversidad cultural
puede ver las especificidades asociadas con ciertos grupos que conforman nuestra especie.
Entre estas características, podemos enumerar, ent
re otras, la diversidad étnico
-
racial, sexual,
de género, religiosa y demográfica, con el fin de caracterizar y dar visibilidad a grupos
minoritarios generalmente invisibles o discriminados desde una concepción estandarizada del
mundo patriarcal, heterosex
ual, cisgénero y europeo, que históricamente ha dominado la
producción de discursos y significados en el contexto colectivo.
A pesar de las características muy evidentes de la diversidad cultural, no se percibe solo
de manera visual, sino que puede manifes
tarse interna e individualmente.
Además, Gomes
(2012, p. 2
, nuestra traducción
) informa que "[...] Hablar de diversidad cultural no es solo
reconocimiento, sino que significa pensar en la relación entre el yo y el otro". Es apropiado
reflexionar cómo se configuran estas relaciones: si son justas, equitativas y comunitarias,
u
opresi
ón, exclusión y silenciamiento.
Así, nos damos cuenta de que la diversidad cultural puede identificarse en la formación
de singularidades y otredades, es decir, en el reconocimiento de mis individualidades y las otras
que me rodean. Es a partir de esta va
riabilidad que Gomes (2012) enfatiza la necesidad de una
mirada más crítica y política sobre el multiculturalismo, porque así, las diferencias serán
respetadas en sus especificidades y tendrán una garantía equitativa de los derechos sociales.
Por lo tanto,
se entiende que la formación de la identidad y la diversidad cultural se
configura en un proceso dinámico de asociación entre el yo y el otro, que es diferente a mí, lo
que permite discutir relaciones más diplomáticas, no solo con nuestra propia especie,
sino
también con las otras especies del planeta, sentando precedentes para una convivencia más
equilibrada (F
URTADO, 2016; PAGAN, 202
0
).
También se asume que las características de género e identidad, la vivienda en áreas
urbanas o rurales, las necesidades
especiales, las creencias étnicas y religiosas, las
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configuraciones familiares, los ingresos y la educación educativa, pueden reflejar
singularidades, dependiendo del contexto en el que se identifican y discuten. Y estos, a su vez,
pueden revelar caracter
ísticas configuradoras de la diversidad sociocultural.
Considerando la complejidad de percibir individualidades, optamos por seguir un
sistema de identificación similar al utilizado por Santana (2017), quien describió algunas
singularidades de los estudian
tes de biología a partir de características sociodemográficas. En
nuestro caso, estas características serán las de los grupos minoritarios brasileños, que, además
de presentar subjetividades marcadamente características, están en constante conflicto intern
o
y social de afirmación de identidad.
Estas especificidades sociales, culturales y subjetivas serían rasgos biográficos que nos
hacen únicos en el mundo, y estos modos se reflejan en los diversos entornos en los que vivimos,
incluido el académico, que guí
a, por ejemplo, las formas en que nos relacionamos con colegas,
profesores y nuestros procesos de aprendizaje (
SANTANA
;
PARANHOS
;
PAGAN, 2017).
Santana (2017), de la asociación de singularidades e innovación inclusiva de los
estudiantes de Ciencias Biológi
cas, llegó a la conclusión de que nuestras subjetividades, al
tiempo que nos diferencian de otros ciudadanos, pueden proporcionar una comprensión más
amplia del mundo que nos rodea, mejorando nuestras relaciones intrapersonales e
interpersonales, que puede
n ser efectivas en relaciones culturales y asociaciones más solidarias
con la naturaleza y los seres vivos.
Buscamos, entonces, no solo pensar en las características que describen a los estudiantes
de pregrado y profesores de biología, sino también compren
der las relaciones de sensibilidad
que estos estudiantes desarrollan en relación con otros grupos minoritarios, en un intento de
interpretar si ciertos perfiles de singularidad y receptividad sociocultural se relacionan con un
mayor reconocimiento de alter
idades interespecíficas, y avanzar hacia ideas más biocéntricas
en la percepción de otras especies.
Diversidad biológica y cultural en la formación de profesores de ciencias y biología:
algunos enfoques
El aspecto de la diversidad se refiere a la difere
ncia, que no sólo son similares a las que
son visibles externamente, sino también a las que son más internas, que se pueden observar
sistemáticamente, y las que se están construyendo a lo largo de la historia de las relaciones
sociales (G
OMES, 2012).
Desde
esta perspectiva, podemos, por ejemplo, percibir de manera
visible la diversidad cultural de los pueblos tradicionales, o buscar comprender los procesos de
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racismo y discriminación de ciertos sujetos a partir del análisis de sus declaraciones, así como
re
flexionar sobre cómo los procesos históricos han propuesto el silenciamiento y la marginación
de diversos grupos.
Las particularidades individuales y colectivas no son igualmente respetadas, ya que,
socialmente, existe un patrón patriarcal heteronormativo
de blancura que tiende a controlar o
excluir todo lo diferente de ella. En esta lógica, los hombres blancos heterosexuales pueden ser
considerados más "humanos" que las mujeres, los homosexuales, los pueblos tradicionales y
negros, y esto se refleja en la
s formas de dominación, exclusión y esclavitud presentes en la
formación brasileña. Al mismo tiempo, la animalidad trae esta misma distinción, trayendo una
graduación vertical de seres humanos y no humanos, en la que los primeros se ubican
falsamente en un
nivel considerado superior (I
NGOLD, 1995; PAGAN, 2020).
Al hablar de naturaleza y cultura como principio de clasificación social, Pérez,
Moscovici y Chulvi (2002) presentan la idea de que algunos grupos sociales son más integrables
al mapa de la humanidad
que otros, es decir, la animalidad se derivaría de lo natural, salvaje e
instintivo, mientras que la cultura a la civilidad, el razonamiento. Este panorama ha influido en
los procesos de discriminación, que son predominantemente latentes, poco manifiestos
, y, por
esta razón, argumentan que la comprensión de las representaciones sociales (individualidades
sociales y colectivas) sería más apropiada para comprender estos procesos de exclusión
(P
ÉREZ; MOSCOVICI; CHULVI, 2002).
Por lo tanto, estamos de acuerdo con Marin (2020, p. 7
, nuestra traducción
), que debe
haber superación de la oposición de las diferencias, que estimula procesos exclusivos de
identidades y culturas, y es necesario proponer "[...] una lógica de interacción
con otros seres
que no caiga en una visión naturalista ingenua [...]", y que permita la coexistencia de todas las
formas de vida.
Esta convivencia ha sido ampliamente debatida en discusiones
multiculturalistas e interculturalistas.
El multiculturalismo def
iende la pluralidad, la
heterogeneidad, como una forma de oponerse contra la uniformidad impuesta por los grupos
dominantes.
Suas principais caraterísticas estão ligadas ao direito
à
s diferenças, tolerância,
democracia e justiça social.
Readaptando estos í
tems, la interculturalidad propone más allá del
respeto y reconocimiento de las pluralidades, la convivencia y la interacción cultural, a través
del diálogo (
LOPES, 2012).
Como expresión particular de la diversidad biológica, la diversidad cultural permite un
mayor alcance de explicación de la misma. La preservación y conservación de los elementos
naturales puede ser más efectiva si hay "[...] fortalecimiento comunitario [..
.], empoderamiento
de todos, incluidas las mujeres y los niños [...] y cuidado del medio ambiente que sustenta las
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supervivencias locales" (
LIBÂNEO, 1994, p. 4
, nuestra traducción
).
Además, Libâneo (1994)
destaca propuestas de intervención que buscan inves
tigar percepciones etnoecológicas, cuyas
investigaciones son capaces de percibir ampliamente la diversidad de los procesos ecológicos,
en oposición a un modelo único de enfoque ambiental.
Aunque la sociedad brasileña tiene un gran pluralismo, y esta multip
licidad está prevista
en documentos normativos, hay una falta de acciones efectivas que tiendan a distanciar la teoría
y la práctica. Como ejemplo, colocamos las constantes luchas de las comunidades indígenas
brasileñas por la demarcación de tierras, en op
osición a los proyectos gubernamentales que
afectan los territorios tradicionales, como resultado de las actividades mineras, a menudo
ilegales, y la expansión agrícola. Considerando también la relación intrínseca entre democracia
y pluralidad, intercaland
o en el derecho a ejercer la diferencia, creemos que la diversidad
cultural puede apoyar la discusión de las relaciones ecosociales, incluso con otras especies de
seres vivos, reconociendo su alteridad.
La educación es, sin duda, una de las principales he
rramientas para hacer frente a los
problemas socioculturales; Esto incluye cuestiones ambientales, en las que se encuentra la crisis
de la diversidad biológica. Además de definir la pertinencia de clasificar y cuantificar a los
seres vivos, las discusiones
relacionadas con la biodiversidad deben abordar aspectos sociales,
culturales, económicos, políticos y éticos, aumentando así el alcance para la solución de la crisis
asociada.
En la literatura indicada en las disciplinas de educación superior, que cubre
n el tema de
la variabilidad de los seres vivos, es notable que la mayoría de ellas presentan estas
concepciones centradas en un aspecto científico/biológico, en el que se presentan análisis
específicos, genéticos y ecológicos. Por otro lado, los estudios
sobre la percepción de los
estudiantes universitarios han mostrado la gran variedad de significados identificados con
respecto a la biodiversidad, refiriéndose a sus experiencias personales y comunitarias con la
naturaleza (
FAUSTINO; ROBERTO; SILVA, 2017;
KAWASAKI; OLIVEIRA, 2003;
SANTOS; SANTOS; PAGAN, 2021)
estos pueden ofrecer ricos subsidios formativos, incluso
cuando no cumplen con los requisitos de la perspectiva científica occidental hegemónica.
En este sentido, la propuesta de una educación para la
biodiversidad presupone la
aplicación de conceptos científicos, con asociación de particularidades individuales y
colectivas, presentes de la diversidad cultural, con miras a preservar y preservar el equilibrio
natural, proporcionado por la variabilidad d
e los seres.
También puede justificarse por la
aproximación de la diversidad biológica con servicios y usos relacionados con las actividades
humanas, desde una perspectiva socioambiental (K
AWASAKI; OLIVEIRA, 2003).
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La escuela, y en consecuencia los otros
entornos formativos, se establecieron
inicialmente para la igualdad: para reproducir el conocimiento científico estandarizado,
requiriendo que los estudiantes usen casi exclusivamente habilidades cognitivas (
TACCA;
GONZÁLEZ
-
REY, 2008).
Sin embargo, estas d
idácticas homogéneas encuentran en la
heterogénea subjetividad cultural de los estudiantes una barrera que, aún hoy, es difícil de
transponer. En este caso, los graduados se sienten desafiados a incorporar elementos subjetivos
en el aprendizaje de sus estu
diantes, pero necesitan capacitación que los apoye.
Se observa que estos sujetos ingresan a la universidad con experiencias, individuales
y/o colectivas, de una naturaleza, típica de su proceso formativo personal, que generalmente
son secundadas por una es
tandarización histórica de elogio del conocimiento científico antes
que el otro. Por otro lado, en la parte pedagógica de la formación, el futuro profesor está
orientado a tener en cuenta los conceptos previos que puedan tener sus alumnos.
Esta didáctica
contradictoria dificulta el desarrollo de una práctica pedagógica consistente que cumpla con los
objetivos de una enseñanza de ciencias para la ciudadanía.
Considerando la subjetividad del profesor en formación, es imposible desvincular sus
percepciones de su inserción sociocultural.
Es en este sentido que se construyen las
concepciones de la diversidad biológica, teniendo en cuenta lo que se aprende y lo que se vive.
Por lo tanto, una perspectiva más amplia que también involucre los atribut
os individuales,
sociales y culturales de la vida humana en el entorno educativo puede ayudar a mejorar la
relación entre el ser humano y la naturaleza, así como identificar medios que dimensionen la
conservación y preservación de los elementos naturales,
así como las prácticas ecológicamente
sostenibles.
Enfoques bioculturales y biocéntricos de la biodiversidad
Como una forma de aproximar las discusiones entre diversidad biológica y cultura,
presentamos los enfoques bioculturales y biocéntricos, y discu
timos a continuación la
posibilidad de insertar elementos integradores, desintegrantes, biocéntricos y antropocéntricos,
para analizar las percepciones de los estudiantes de pregrado en biología,
Pasando al punto que
defendemos como fundamentales en este a
rtículo, las alteridades interespecíficas como
elemento clave para la profundización de las relaciones equitativas entre diversidades.
Se percibe que la proximidad que los individuos y las comunidades tienen a la naturaleza
moldean sus percepciones, prácti
cas y pensamientos ambientales. Así, la diversidad biológica
puede implicar no sólo la cuantificación de organismos vivos, en términos biológicos, sino
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también aspectos: económicos, mediante la eliminación de elementos esenciales para la
supervivencia huma
na; papel en la regulación del equilibrio físico
-
químico de la biosfera;
Deber humano de no degradación de otras formas de vida en el planeta (
LÉVEQUE, 1999, p.
14
-
16);
la responsabilidad de las naciones de implementar modos de gestión sostenible de la
bio
diversidad (BRASIL, 1998); comprender las relaciones únicas que los individuos y las
comunidades presentan con la naturaleza (DIEGUES; ARRUDA, 2001; TOLEDO;
BARRERA
-
BASSOLS, 2015), entre otros.
De esto, vemos la posibilidad de tratarlo desde varios aspecto
s, que parecen basarse en
los mismos principios básicos, pero pueden diferir en cuanto a los medios y propósitos para los
que están destinados.
Del análisis de Santos, Santos y Pagan (2021), han surgido otros dos
enfoques son: el biocultural, en el que se
reconocen las diversas formas de conexión de los
grupos sociales con el medio ambiente, destacando las experiencias más sostenibles de uso de
elementos naturales; y la biocéntrica, cuyas bases resaltan la esencialidad de repensar el
posicionamiento de nues
tra especie hacia la otra, a partir de los preceptos éticos de los derechos
equitativos a la vida y la supervivencia.
En general, las perspectivas bioculturales y biocéntricas de la biodiversidad, clasificadas
por Santos, Santos y Pagan (2021), enfatizan q
ue no hay posibilidad de tratar las relaciones de
convivencia, conservación y protección de otras especies y del planeta en su conjunto, sin
incluir al ser humano, ser social, dotado de subjetividades e interrelaciones, que lleva consigo
sus elementos únic
os, culturales, políticos, económicos, entre otros. Además, parten de
perspectivas sociológicas y antropológicas, reflejando cómo los medios de desarrollo
sociocultural de la especie humana configuran las formas de tratar el medio ambiente y los seres
vivo
s.
La antropología biocultural se centra en las relaciones que los individuos tienen con sus
entornos; en este contexto, la cultura moldea las formas adaptativas, políticas y de
comportamiento de las personas (L
ENDE, 2013).
Desde esta perspectiva, la biocu
lturalidad,
cuando se asocia con la diversidad biológica, se puede proponer en la línea de que las
comunidades rurales y tradicionales generalmente tienen relaciones más armoniosas y
respetuosas con los seres vivos, lo que resulta en prácticas más sostenib
les, por ejemplo.
En este enfoque, dos elementos opuestos están presentes: integradores y
desintegradores. Estos pueden dar pistas sobre si las representaciones sobre la naturaleza y los
seres vivos encarnan las prácticas humanas.
Respondiendo positivamente a esta incorporación,
decimos que hay ideas integradoras. Posicionándonos negativamente, encontramos
concepciones que traen la separación entre la especie humana y la naturaleza, entre el entorno
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urbano y el campo, entre otras di
cotomías. En su obra, Diegues (2008) busca superar esta
propuesta de naturaleza virgen y salvaje, defendida por estudiosos conservacionistas,
defendiendo que la especie humana y sus contextos socioculturales están integrados con la
biodiversidad.
La riquez
a de la sociobiodiversidad brasileña ilustra estas variadas interrelaciones. Las
comunidades locales tradicionales, por ejemplo, debido a sus preceptos éticos, expresados en
sus creencias y prácticas, pueden coexistir con otros seres vivos, en concentracio
nes humanas
relativamente altas, con tasas de impacto mínimas, e incluso pueden proporcionar
restauraciones bioculturales (
PRIMACK; RODRIGUES, 2001).
Estas restauraciones refuerzan la estrecha relación entre diversidad biológica y
diversidad cultural, en
la que las prácticas agrícolas, por ejemplo, basadas en la etnoecología,
favorecen "[...] la preservación de la cultura y la etnociencia, los agroecosistemas naturales y
los recursos genéticos de los cultivos locales" (
PRIMACK; RODRIGUES, 2001, p. 284
, nue
stra
traducción
).
Sin embargo, Toledo y Barrera
-
Bassols (2015) señalan que estas percepciones
locales fueron gravadas de manera obsoleta e infundada por la racionalidad tecnocientífica y
económica del desarrollo; Lo rural y sus concepciones se estaban volv
iendo irrelevantes para
la visión del progreso urbano a gran escala.
A pesar de las notables contribuciones de la perspectiva biocultural, proponemos la
esencialidad de un enfoque biocéntrico, considerando la equidad como un valor fundamental
de la relació
n entre los seres vivos y estos con la naturaleza. Esta ética equitativa se ocupa del
reconocimiento de las singularidades de todas las especies y presupone el reconocimiento de
sus alteridades interespecíficas.
El enfoque biocéntrico se hereda sobre la b
ase de la perspectiva de una ética equitativa.
Para ello, primero nos basamos en las proposiciones de Ingold (1995), que presenta a la especie
humana como una de las innumerables existentes en el planeta. En un pensamiento
antropológico, aboga por superar
la dicotomía histórica entre "humanos y animales" para
establecer nuevos sentidos relacionales entre todas las especies del planeta, respetando las
diversidades existentes (
INGOLD, 1995).
El pensamiento biocéntrico también propone una naturaleza con "[...]
valor en sí mismo,
en un intento de rescatar el imperativo ético esencial" (LEVAI, 2011, p. 12
, nuestra traducción
),
es decir, la percepción del valor intrínseco de los seres vivos fomenta el cambio de
pensamientos y hábitos de indiferencia humana sobre e
llos y aboga por el derecho a la
experiencia y la supervivencia de todos, predicando la equidad como una forma de lograr la
justicia ambiental.
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A partir de las discusiones sobre el conocimiento de la naturaleza y el autoconocimiento
de la humanidad y las
relaciones de alteridad con otros seres vivos, Pagan (2018, p. 75
, nuestra
traducción
), desde una perspectiva biocéntrica, que defendemos aquí, afirma que "[...] Enseñar
sobre la naturaleza desde el autoconocimiento y el etnoconocimiento puede ser mucho má
s
profundo y efectivo para el aprendizaje de los estudiantes".
Así, la formación de los profesores
de biología y la enseñanza de las ciencias pueden prestar la debida atención al sujeto que
aprende y enseña al mismo tiempo, reforzando también la necesidad
de incluir aspectos no
cognitivos del aprendizaje, como el elemento afectivo (PAGAN, 2018).
Para ello, es esencial buscar admitir alteridades interespecíficas como elemento de
apoyo del biocentrismo. Estos refuerzan que la especie humana es solo una de las
muchas otras
que habitan el planeta. Sin embargo, es notable cuánto definimos, a partir de las diferencias
naturales, a aquellos que tienen mayor o menor derecho a la vida; Fue así, a lo largo de la
historia, que excluimos del "nivel más alto" de la espec
ie a la comunidad negra, los indígenas,
las mujeres, los "animales de consumo", entre muchos otros grupos.
Conscientes de las perspectivas únicas de todos los seres vivos, es crucial que los
maestros en formación tengan la sensibilidad para percibirlas y
comprenderlas, para que sus
prácticas proporcionen la inclusión de estas particularidades, así como sus percepciones del
mundo.
Por lo tanto, señalamos la importancia de una educación para una biodiversidad más
humanizada, en el sentido de reconocer las ex
periencias socioculturales que presentan con los
seres vivos, y cómo estas prácticas se relacionan con pensamientos y acciones ante el medio
ambiente en general, reconociendo la equidad como un valor fundamental en la construcción y
respeto a la alteridad
que involucran a las especies que habitan este planeta, además de tratar
de resolver procesos discriminatorios, autoritarios e intolerantes.
Consideraciones finales
Así, consideramos que las características individuales y sociales pueden moldear las
formas de relacionarse con otros seres vivos, siempre que tanto la consideración de las
alteraciones sociales entre los miembros de nuestra especie como aquellos que consi
deran una
ética biocéntrica en la relación con el mundo vivo estén en conformidad. En este contexto,
características que a veces les parecen a los estudiantes rasgos que les dan un estado anormal,
de hecho les garantizan habilidades especiales que les favo
recen para ver el mundo desde
ópticas específicas e innovadoras. Esta necesidad más humanizadora de formación docente es
relevante en temas como la diversidad biológica, especialmente cuando se relaciona con el tema
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Isabela Mayara dos SANTOS
y
Alice Alexandre PAGAN
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Revista Ibero
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Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
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DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16079
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ambiental, debido a la necesidad de sens
ibilizar e involucrar a las personas en prácticas
sostenibles efectivas y resistencia a los conocimientos y prácticas locales.
También proponemos que el reconocimiento de las relaciones entre
particularidades/colectividades y los temas relacionados con la
variabilidad de los seres vivos
ayuda en el proceso de emancipación social del maestro/maestro en formación, ya que, al
ingresar al ambiente académico, se ve a sí mismo en un lugar que inspira el desarrollo de
habilidades cognitivas para pensamientos y prá
cticas científicas.
En cuanto a los enfoques bioculturales y biocéntricos, estos presentan posibilidades
eficientes de aproximación entre diversidad biológica y diversidad cultural, a través del análisis
de conformaciones individuales, sociohistóricas y d
e la naturaleza. Sin embargo, la perspectiva
biocéntrica innova al proponer la equidad, que, a partir del reconocimiento de las alteridades
interespecíficas de los seres vivos, allana el camino para la construcción de una enseñanza que
reconozca los derech
os de otras especies en el planeta y proporcione (re)conexión,
(re)integración y convivencia diplomática.
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https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16079
Presentado en
:
06/01/2022
Revisiones requeridas en
:
14/07/2022
Aprobado en
:
20/
10/2022
Publicado en
:
30/
12
/2022
Procesamiento y edición: Editora Iberoamericana de Educación
-
EIAE.
Corrección, formateo, normalización y traducción.
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Biological and cultural diversity
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n biology teacher formation: Any relation?
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Revista Ibero
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Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
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-
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Dec
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ISSN: 1982
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DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16079
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BIOLOGICAL AND CULTURAL DIVERSITY IN BIOLOGY TEACHER
FORMATION: ANY RELATION?
DIVERSIDADE BIOLÓGICA E CULTURAL NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE
BIOLOGIA:
ALGUMA RELAÇÃO
?
DIVERSIDAD BIOLÓGICA Y CULTURAL EN LA FORMACIÓN DE PROFESORES
DE BIOLOGÍA:
¿
ALGUNA RELACIÓN
?
Isabela Mayara dos SANTOS
1
Alice Alexandre PAGAN
2
ABSTRACT
: In this work, we aim to discuss, qualitatively, possible associations between
biological diversity and cultural diversity in the formation of biology teachers. These reflections
can broaden the understanding of the relationship between society and nature, as well as the
construction of curricula for the degree in biology. We approac
h some ecological perspectives
of biodiversity and cultural diversity; in this one, we demarcate the perceptions of individual
and collective singularities as a possible descriptor of a contemporary sociocultural profile.
Seeking to approximate diversities
, we present the biocultural and biocentric approaches, and
the possibility of inserting integrating, disintegrating, biocentric and anthropocentric elements
to analyze the perceptions of undergraduates. We conclude that the recognition of the
relationship
s between particularities/collectivities and the themes related to the variability of
living beings helps in the process of social emancipation of the teacher in training. Furthermore,
we consider that a biocentric approach, based on equity, enables the re
cognition of the
interspecific alterities of living beings, providing (re)connection, (re)integration and diplomatic
coexistence.
KEYWORDS
: Interspecific alterities. Biocentrism. Singularities.
RESUMO
:
Neste trabalho
,
o
bjetivamos
d
iscutir
,
qualitativamente,
possíveis associações entre
diversidade biológica e diversidade cultural
na formação de professores de biologia. Essas
reflexões podem
amplia
r
o entendimento
das relações entre sociedade e natureza
, bem como
a
construção
de
currículos par
a a licenciatura em biologia.
A
bordamos
,
algumas perspectivas
ecológicas de biodiversidade
e
diversidade cultural
;
nest
a
,
demarcamos as percepções das
singularidades individuais e coletivas como possível descritor de perfil sociocultural
contemporâneo.
Bus
cando
aproximar
as diversidades
, apresentamos as abordagens
biocultural e biocêntrica, e a possibilidade de inserção de elementos integradores,
desintegradores, biocêntricos e antropocêntricos para análise das percepções de licenciandos.
Co
ncluímos que o r
econhecimento das relações entre particularidades/coletividades e as
temáticas relacionadas à variabilidade dos seres vivos auxilia no processo de emancipação
1
Federal University of Sergipe
(UFS), São Cristóvão
–
SE
–
Bra
z
il
.
Master in Science and Mathematics Teaching
.
ORCID:
https://orcid.org/0000
-
0002
-
4609
-
890X
.
E
-
mail
:
isamay2@hotmail.com
2
Federal University of
Mato Grosso (UFMT),
Cuiabá
–
MT
–
Bra
z
il
.
Associate Professor, Department of Biology
and Zoology, Institute of Biosciences (IB). PhD in Education
(USP).
ORCID: https://orcid.org/0000
-
0002
-
9757
-
4304. E
-
mail: alice
.pagan@ufmt.br
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Isabela Mayara dos SANTOS
and
Alice Alexandre PAGAN
RIAEE
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Revista Ibero
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Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2664
-
2683
,
Oct
./
Dec
. 2022
.
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ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16079
2665
social do professor/professora em formação
.
A
demais,
consideramos que
um
a
abordagem
biocêntrica,
baseada na equidade,
possibilita o
reconhecimento das alteridades
interespecíficas dos seres vivos,
proporcionando
a (re)conexão,
a
(re)integração e a
convivência diplomática.
PALAVRAS
-
CHAVE
:
Alteridades interespecíficas.
Biocentrismo
.
Singularidade
s.
RESUMEN
:
En este trabajo, pretendemos discutir, cualitativamente, posibles asociaciones
entre diversidad biológica y diversidad cultural en la formación de profesores de biología.
Estas reflexiones pueden ampliar la comprensión de la rela
ción entre sociedad y naturaleza,
así como la construcción de currículos para la carrera de biología. Abordamos algunas
perspectivas ecológicas de la biodiversidad y la diversidad cultural; en éste, delimitamos las
percepciones de las singularidades indivi
duales y colectivas como posible descriptor de un
perfil sociocultural contemporáneo. Buscando aproximar las diversidades, presentamos los
enfoques biocultural y biocéntrico, y la posibilidad de insertar elementos integradores,
desintegradores, biocéntrico
s y antropocéntricos para analizar las percepciones de los
estudiantes de grado. Concluimos que el reconocimiento de las relaciones entre
particularidades/colectividades y los temas relacionados con la variabilidad de los seres vivos
ayuda en el proceso de
emancipación social del profesor en formación. Además, consideramos
que un enfoque biocéntrico, basado en la equidad, posibilita el reconocimiento de las
alteridades interespecíficas de los seres vivos, propiciando la (re)conexión, la (re)integración
y la
convivencia diplomática.
PALA
BRAS
CLAVE
:
Alteridades interespecíficas. Biocentrismo.
Singularidades.
Introd
uction
Considering how, in recent years, the environmental crisis has worsened and damaged
the wealth and abundance of species on the
planet, it is crucial that we rethink our relationship
with the environment, since our species and the others are interconnected with nature, in an
interdependent association. About this, Pagan (2020) reports that the search for understanding
natural eleme
nts from a perspective of control of other living beings has disconnected and
separated us from other species, which may hinder the adoption of environmental justice and
ecologically diplomatic practices.
Discussing biological diversity opens up precedents for different approaches, ranging
from the ecological perspective, typical of scientific studies related to looks that separate subject
and object, to the social, political, cultural, ethical, and economi
c inclusions in the discussion
of this matter. The relationship between these perspectives is much debated in Brazil, which is
a country rich in both biological and cultural diversity. Despite this, the environmental issues
inherent to biodiversity are, in
general, based on anthropocentric elements, centered on the
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Biological and cultural diversity
i
n biology teacher formation: Any relation?
RIAEE
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human species and its "needs", which has hindered effective actions for environmental
recovery, preservation, and conservation.
Thus, discussing possible associations between biological and cultu
ral diversity
broadens the scope of the relations between society and nature, enabling new approaches to the
socio
-
environmental theme, as well as questioning discriminations and hierarchizations, and
possibly reducing exclusionary and silencing processes.
These reflections may also allow a
more communitarian conformation among all living beings, based on the recognition of the
intrinsic value of individuals and the need for balance in the coexistence of the collective
inhabitants of this planet
.
In this wo
rk, we try to associate the theme of biological diversity with cultural diversity,
based on the hypothesis that the perception and respect for the singularities of all living beings
are related, that is, the acceptance of diversity in our own species is re
lated to the acceptance
and understanding of diversity in others. We can recognize ourselves as human diversity from
the respect for the variability of living beings. In this sense, we question whether less sexist,
homophobic, and meritocratic attitudes ca
n lead to less speciesist positions, configuring greater
harmony among all species.
In the training of biology teachers, we seek to propose greater attention to activism for
diversity, with a view to inclusion. About this, we apparently face a gap between
two fields of
debate that seem to interact very little: environmental activism and social activism. It is not
uncommon to find, on one side, discourses on environmental preservation and conservation
disconnected from social needs, and on the other, those w
ho defend social equity without any
mention of the collective needs of other species inhabiting the planet.
However, today, both biological and cultural diversity are central concepts in the
training of biology teachers. One of the most important questions
that we attack in this process
is: how can our species exist in a prosperous way, guaranteeing diverse social needs, based on
the relationships it establishes with the planet? Facing such questions, we have debated that
diversity, be it ecological or soci
al, is positive for the extension of our time of existence on
earth. Thus, seeking to understand the possible intersections between these concepts can
broaden our understanding of the construction of curricula for the biology undergraduate
course
.
Based on the analysis of educational processes and training of biology teachers, Pagan
et al
. (2021) discussed how biology, whose discussions build meanings about living beings, can
reflect on our conceptions of who we are as humanity, individually and col
lectively. As an
unfolding of this concern, we ask ourselves: are there sociocultural profiles that point to
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indicators about which teachers and students have greater or lesser sensitivity to biodiversity?
Based on this question, this paper aims to relate
aspects of biological diversity and cultural
diversity in the context of biology teacher education.
To this end, we first discuss some ecological perspectives on the concept of biodiversity.
In a second moment, we discuss cultural diversity, a topic in whi
ch we demarcate the
perceptions of individual and collective singularities as a possible descriptor of the
contemporary sociocultural profile. And, finally, as a way to approach the discussions between
biological diversity and cultural diversity, we presen
t the biocultural and biocentric approaches,
and discuss the possibility of inserting integrative, disintegrative, biocentric, and
anthropocentric elements to analyze the perceptions of biology undergraduates, moving
towards the point that we defend as fun
damental in this article, the interspecific alterities as a
key element for the deepening of equitable relations among diversities.
.
Biological Diversity
The relations of our species with the others that inhabit or have inhabited the planet are
as old a
s the formation of humanity itself (FRANCO, 2013). The fascination with the variety
of forms and behaviors of animals and plants, the need for food and their use in daily work have
led individuals to seek to classify and quantify, even if in a rudimentary
way, their terrestrial
companions. Despite the references of several studies on the cruciality of protecting and
recovering the variability of living beings (BARBIERI, 2010; LÉVÊQUE, 1999; WILSON,
2012), the aggressions to the environment have increased al
armingly in recent decades. They
directly threaten the biological balance, which, in turn, influences the quality of life of all
beings.
It is also evident that the concepts and characteristics of the studies related to biological
diversity were initially
thought and developed in the scientific environment; therefore, it is clear
that the first studies referred specifically to biological, ecological, genetic, and evolutionary
proposals, aligned, for the most part, to the understanding and application of th
is knowledge
for preservation, conservation, and/or sustainable use. Thus, the most popular definition of
biological diversity in the scientific environment is presented in Article 2 of the Convention on
Biological Diversity
-
CBD
:
[...]
the variability
among living organisms from all sources including, inter
alia, terrestrial, marine and other aquatic ecosystems and the ecological
complexes of which they are part; this includes diversity within species,
between species and of ecosystems
(
BRA
Z
IL
,
2000
,
p.
9
, our translation
).
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In Lévêque (1999, p. 16
-
18), these three basic levels, products of biological evolution
and interconnected among themselves, are configured as follows: species diversity
-
corresponds to the quantification of individuals in a given
geographical area; genetic diversity
-
based on studies of molecular biology, places the gene diversity among the same species; and
ecological diversity
-
presents the complex particular relationships existing between organisms
and the physical environmen
ts in which they live. Therefore, biodiversity can be studied from
various parameters, from the narrowest such as species and genera, to the broadest, kingdoms
and phyla. However, Wilson (2012, p. 29) states that "the concept of biological species is cruci
al
for the study of biological diversity", because from it we can get a more defined and detailed
approach to this variability.
In this way, the grouping in hierarchical levels of biodiversity, the result of long periods
of biological evolution, configures
the diversity of beings in a dynamic way, which has changed
over time and continues to change today. Responses to environmental changes and mutations
have allowed organisms to adapt to different environments on the planet, and provide a certain
numerical
stability and variability
(LÉVEQUE, 1999; WILSON, 2012).
Human activities are, without a doubt, the main ones responsible for the disappearance
of the diversity of life forms on the planet. Moreover, human beings themselves endanger their
own well
-
being,
since biodiversity is responsible for the availability of water and food
necessary for their subsistence. Moreover, biological imbalances can cause undesirable events,
such as the proliferation of pests and diseases, as well as increased emissions of carbo
n dioxide,
one of the main causes of climate change (BONONI, 2010; IBERDROLA, 2021). The current
pandemic of the new coronavirus is the most recent example that we must curb the degradation
of natural areas to prevent the emergence of new zoonoses.
Balanc
ing the protection of biological diversity and the use of natural assets is not an
easy task. Several mechanisms must be used to achieve success, among which is the
government's action in regulating the exploitation of hunting, fishing, land use and
enviro
nmental pollution through laws and the creation of protected areas, such as conservation
units (PRIMACK; RODRIGUES, 2001). As Primack and Rodrigues (2001) point out,
conservation biology assumes the important role of seeking solutions to the current crisis
of
biological diversity. To this end, the authors propose: increasing the scientific record of species,
seeking to understand the processes arising from genetic diversity; and understanding the
trophic relationships within communities, intensifying the re
cording of key species, which
affect the organization of other beings in the locality.
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Thus, over time, several proposals for the preservation and conservation of biological
diversity have been formulated, among which preservation proves to be more efficie
nt; from
this perspective, protection areas have been established, each with its own specificities, to
safeguard the biological processes of the species. Among the restorative methods are
reforestation practices, species reintroduction, monitoring of anima
ls at risk of extinction, and
the creation of conservation units, among others
(PRIMACK; RODRIGUES, 2001).
Cultural Diversity
When searching the literature for a definition of cultural diversity we come across a
diversity of information based on
anthropological, sociological, and philosophical aspects. A
common controversy is whether the aspect of culture is proper of people or is contained in them;
for the first hypothesis, it is considered that it is internal attribute of the subjects, while for
the
second, it corresponds to external elements that are adhered by individuals and social groups
(OLIVEIRA, 2008). In this aspect, we can reflect on whether who we are and the choices we
make come from within us or are shaped by society (family, school,
religious groups, etc.).
Like Cardoso (2014) and Oliveira (2008), we rely on the premise that both statements
are correct, and that cultural individualities and collectivities are dynamically constructed and
reconstructed, with exchanges between the human
essence (emphasized in anthropological
studies) and external social influences (widely discussed by sociology).
As a way to understand cultural diversity, Cardoso (2014) proposes an analysis that is
usually based on substantial aspects of culture, specifically on the symbols that compose it.
These are elements endowed with meaning and, generally, are quite represent
ative of the
groups. In a simple way, we can cite, as an example, soccer team supporters who group around
the same song, shield, and colors. Another example, quite complex, would be the recurrent
cases of discrimination against black people who, because of
their characteristic traits, are
approached in a violent way and previously treated as guilty.
We understand, therefore, the constant change in sociocultural contexts by the changing
character of pluralities, which are always adhering to new symbols and
rules or excluding them,
mainly due to the influence of historical and social transformations, or by individual and
collective re
-
significations. Depending on the context, each culture may take on survival and
resistance, if they are, even momentarily, thr
eatened
(FERREYRA, 2011).
We notice this situation when we talk about the so
-
called minorities that are present in
the Brazilian territory. Although the term minority is associated with the meaning of
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numerically smaller, when we deal with minority socio
-
c
ultural groups this relationship is not
always established. Women are considered minorities when the lower remuneration compared
to men's income is discussed, despite the fact that statistically they are the largest population in
Brazil. Minorities are fre
quent targets of intolerance, discrimination, racism, and prejudice,
especially in Brazil, which has unacceptable rates of death of the black community, feminicide,
and transfeminicide, for example (CARMO, 2016).
To encompass such perspectives, there is a
literary consensus in defining a social
minority as groups that in certain specific situations may be deprived of exercising common
equitable social roles, thus losing their identities, in a process that generates invisibilities,
stereotypes, and vulnerab
ilities (CARMO, 2016). These challenges can provide a reflective
process of their existence in the world and can shape social and academic aspects, which are
reflected in their daily actions, learning processes, and professional praxis (PAGAN, 2018).
The d
emocratization involved in the promotion and protection of sociocultural diversity
has become, over the years, even more necessary, especially due to the increasing
homogenizing processes, arising from globalization (CARDOSO, 2014). In seeking to
standardi
ze values, models and practices, there is inevitably silencing and exclusion. These are
perceptible, for example, in the hierarchization of traditional and scientific knowledge, in the
discrepant social demands between men and women, in the constant increa
se of homophobic
attacks, in the opportunities and accessibility of the black community, in the stereotyping of
rural communities, among others.
Although the globalization process favors communication between cultures around the
world, the search for worl
dwide standardization has put cultural diversity at risk, especially in
developing and underdeveloped countries, due, among other factors, to the unification of
markets, the merger of audiovisual industries, and the imposition of power by some nations.
Dep
ending on their intellectual and technological level, some countries may not be able to resist
the introduction of external cultural values, often causing local pluralities to become secondary.
(CARDOSO; MUZETTI, 2007).
From these discussions, we realize
that the term cultural diversity can unveil
specificities associated with certain groups that make up our species. Among these
characteristics, we can list, among others, ethno
-
racial, sexual, gender, religious, and
demographic diversity, in order to chara
cterize and give visibility to minority groups usually
invisible or discriminated against from a standardizing conception of the patriarchal,
heterosexual, cisgender, and European world, which has historically dominated the production
of discourses and mea
nings in the collective context.
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Despite the quite evident characteristics of cultural diversity, it is not only perceived in
a visual way, it can be manifested internally and individually. Moreover, Gomes (2012, p. 2
,
our translation
) reports that "[...]
to talk about cultural diversity is not only about recognition,
but means to think about the relationship between the self and the other. It is important to reflect
on how these relations are configured: if they are fair, equitable, and communitarian, or o
f
oppression, exclusion, and silencing.
In this way, we realize that cultural diversity can be identified in the formation of
singularities and othernesses, that is, in the recognition of my individuality and that of others
around me. It is from this vari
ability that Gomes (2012) emphasizes the need for a more critical
and political look at multiculturalism, for then, differences will be respected in their specificities
and have equitable guarantees of social rights.
Therefore, it is understood that the fo
rmation of identity and cultural diversity is
configured in a dynamic process of association between the self and the other, which is different
from me, thus making it possible to discuss more diplomatic relations, not only with our own
species, but also w
ith other species on the planet, opening precedents for a more balanced
coexistence
(FURTADO, 2016; PAGAN, 202
0
).
It is also assumed that gender and identity characteristics, living in urban or rural areas,
special needs, ethnicity and religious beliefs, f
amily configurations, income and educational
background, may reflect singularities, depending on the context in which they are identified
and discussed. And these, in turn, may reveal characteristics that configure sociocultural
diversity.
Considering the
complexity of perceiving individualities, we chose to follow an
identification system similar to the one used by Santana (2017), who described some
singularities of biology undergraduates from sociodemographic characteristics. In our case,
these characteri
stics will be those of Brazilian minority groups, which besides presenting
markedly characteristic subjectivities, are in constant internal and social conflict of identity
affirmation.
These social, cultural and subjective specificities would be biographic
al traits that make
us unique in the world, and these ways reflect in the various environments we live, including
the academic, which guides, for example, the ways in which we relate to colleagues, teachers
and our learning processes (SANTANA; PARANHOS; PA
GAN, 2017).
Santana (2017), from the association of singularities and inclusive innovation of
undergraduates in Biological Sciences, came to the conclusion that our subjectivities, while
differentiating us from other citizens, can provide a broader underst
anding of the world around
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us, enhancing our intrapersonal and interpersonal relationships, which can be effective in
cultural relations and more solidary associations with nature and living beings.
We seek, then, not only to think about characteristics th
at describe undergraduate
biology students and teachers, but also to understand the relations of sensitivity that such
students develop in relation to other minority groups, in an attempt to interpret whether certain
profiles of uniqueness and sociocultura
l receptivity relate to greater recognition of interspecific
otherness, and move towards more biocentric ideas in the perception of other species
.
Biological and cultural diversity in science and biology teacher education: some
approaches
The aspect of
diversity concerns the difference, which is not limited to those that are
externally visible, but also to those that are more internal, which can be observed in a systematic
way, and those that are being built throughout the history of social relations (GO
MES, 2012).
From this point of view, we can, for example, perceive in a visible way the cultural diversity of
traditional peoples, or seek to understand processes of racism and discrimination of certain
subjects from the analysis of their speeches, as well
as reflect on how historical processes have
proposed the silencing and marginalization of various groups.
Individual and collective particularities are not equally respected, since, socially, there
is a patriarchal heteronormative standard of whiteness t
hat tends to control or exclude
everything that is different from it. In this logic, straight white men can be considered more
"human" than women, homosexuals, traditional peoples, and blacks, and this has reflected in
the forms of domination, exclusion, a
nd enslavement present in the Brazilian formation. In
parallel, animality brings this same distinction, bringing a vertical graduation of human beings
and non
-
human beings, in which the former are falsely located in a level considered superior
(INGOLD, 199
5; PAGAN, 2020).
When discussing nature and culture as a principle of social classification, Pérez,
Moscovici and Chulvi (2002) present the idea that some social groups are more integrable to
the map of humanity than others, that is, animality would be der
ived from the natural, wild and
instinctive, while culture to civility, to reasoning. This panorama has influenced the
discrimination processes, which are predominantly presented in a latent form, not very
manifest, and, for this reason, they argue that th
e understanding of social representations (social
and collective individualities) would be more appropriate to understand these exclusion
processes
(PÉREZ; MOSCOVICI; CHULVI, 2002).
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Thus, we agree with Marin (2020, p. 7
, our translation
), that there must be the
overcoming of the opposition of differences, which stimulates exclusive processes of identities
and cultures, being necessary the proposition of "[...] a logic of interaction with other beings
that does not fall into a naive natur
alistic view [...]", and that enables the coexistence of all
forms of life. This coexistence has been widely debated in multiculturalist and interculturalist
discussions. Multiculturalism defends plurality, heterogeneity, as a way to oppose the
uniformity
imposed by dominant groups. Its main features are linked to the right to differences,
tolerance, democracy, and social justice. Readapting these items, interculturality proposes, in
addition to respect and recognition of pluralities, coexistence and cultur
al interaction through
dialogue (LOPES, 2012).
As a particular expression of biological diversity, cultural diversity enables a greater
scope of explanation for the former. The preservation and conservation of natural elements can
be more effective if the
re is "[...] community empowerment [...], empowerment of all
-
including women and children [...] and care for the environment that sustains local livelihoods"
(LIBÂNEO, 1994, p. 4
, our translation
). In addition, Lib
â
neo (1994) highlights proposals for
int
ervention that seek to investigate ethnoecological perceptions, whose investigations are
capable of broadly perceiving the diversity of ecological processes, as opposed to a single
model of environmental approach.
Although Brazilian society presents great
pluralism, and this multiplicity is foreseen in
normative documents, there is a lack of effective actions that tend to distance theory from
practice. An example of this is the constant struggles of Brazilian indigenous communities for
the demarcation of la
nds, in opposition to government projects that affect traditional territories,
resulting from mining activities, often illegal, and the expansion of agriculture and cattle
raising. Considering also the intrinsic relationship between democracy and plurality
,
intertwined with the right to exercise difference, we understand that cultural diversity can
provide subsidies for the discussion of eco
-
social relations, including with other species of
living beings, recognizing their otherness
.
Education is, without
a doubt, one of the main tools to face sociocultural problems; this
includes environmental ones, in which the biological diversity crisis is included. Besides
defining the relevance of classifying and quantifying living things, discussions related to
biodi
versity need to address social, cultural, economic, political, and ethical aspects, thus
increasing the scope for solving the associated crisis.
In the literature indicated in higher education training courses that cover the theme of
variability of living
things, it is notable that most present these conceptions focused on a
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scientific/biological strand, in which specific, genetic, and ecological analyses are presented. In
contrast, studies on the perception of undergraduates have shown the wide variety of
meanings
identified with regard to biodiversity, referring to their personal and community experiences
with nature (FAUSTINO; ROBERTO; SILVA, 2017; KAWASAKI; OLIVEIRA, 2003;
SANTOS; SANTOS; PAGAN, 2021) these can offer rich formative subsidies, even when
they
do not meet the requirements of the hegemonic Western scientific perspective.
In this sense, the proposition of an education for biodiversity presupposes the
application of scientific concepts, with the association of individual and collective
partic
ularities, present in cultural diversity, with a view to the preservation and conservation of
the natural balance, provided by the variability of beings. It can also be justified by the
approximation of biological diversity with the services and uses relat
ed to human activities,
from a socio
-
environmental perspective
(KAWASAKI; OLIVEIRA, 2003).
The school, and consequently the other formative environments, were initially
established for equality: reproduce standardized scientific knowledge, requiring stude
nts to use
almost exclusively cognitive skills (TACCA; GONZÁLEZ
-
REY, 2008). However, these
homogeneous didactics find in the heterogeneous cultural subjectivity of students a barrier that,
even today, is difficult to overcome. In this case, undergraduate s
tudents feel challenged to
incorporate subjective items in their students' learning, but need a training that gives them
support for such.
It can be noticed that these subjects enter the university with individual and/or collective
experiences of their own
personal formative process, which are generally relegated to the
background due to a historical standardization that exalts scientific knowledge over all others.
On the other hand, in the pedagogical part of the training, the future teacher is oriented to
take
into consideration the previous concepts that his students may have. This contradictory
didactics hinders the development of a consistent pedagogical practice, which meets the
objectives of a science teaching for citizenship.
Considering the subject
ivity of the teacher in training, it is impossible to separate his
perceptions from his sociocultural insertion. It is in this sense that the conceptions of biological
diversity are constructed, taking into account what is learned and what is lived. Thus,
a more
comprehensive perspective that also involves the individual, social, and cultural attributes of
human life in the educational environment can help improve the relationship between human
beings and nature, as well as identify means that dimension the
conservation and preservation
of natural elements, and ecologically sustainable practices
.
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Biocultural and biocentric approaches to biodiversity
As a way to approach the discussions between biological diversity and culture, we
present the
biocultural and biocentric approaches, and then discuss the possibility of inserting
integrative, disintegrative, biocentric, and anthropocentric elements to analyze the perceptions
of biology undergraduates, moving towards the point that we defend as fund
amental in this
article, the interspecific alterities as a key element for the deepening of equitable relationships
among diversities.
The proximity that individuals and communities have to nature shapes their
environmental perceptions, practices, and thou
ghts. Thus, biological diversity may involve not
only the quantification of living organisms, in biological terms, but also economic aspects, due
to the removal of elements that are essential for human survival; ecological, due to its role in
regulating th
e physical and chemical balance of the biosphere; ethical, which entails the human
duty not to degrade the other forms of life on the planet (LÉVEQUE, 1999, p. 14
-
16); political,
due to the responsibility of the people for the environment. 14
-
16); politica
l, for the
responsibility of nations to implement sustainable management modes of biodiversity
(BRASIL, 1998); sociocultural, by understanding the unique relationships that individuals and
communities have with nature (DIEGUES; ARRUDA, 2001; TOLEDO; BARRER
A
-
BASSOLS, 2015), among others.
From this, we see the possibility of treating it under different aspects, which seem to
start from the same basic principles, but may diverge in terms of the means and ends to which
they are intended. Based on the analysis o
f Santos, Santos, and Pagan (2021), two other
approaches that have emerged are: the biocultural, in which there is recognition of the various
forms of connection of social groups with the environment, emphasizing the most sustainable
experiences of use of
natural elements; and the biocentric, whose bases highlight the essentiality
of rethinking the position of our species towards others, based on ethical precepts of equitable
rights to life and survival.
In general, the biocultural and biocentric perspectiv
es of biodiversity, as classified by
Santos, Santos, and Pagan (2021), emphasize that there is no possibility of dealing with
coexistence relations, conservation, and protection of other species and the planet as a whole
without including the human being,
a social being, endowed with subjectivity and
interrelationships, who carries with him his unique cultural, political, and economic elements,
among others. Moreover, they are based on sociological and anthropological perspectives,
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Biological and cultural diversity
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reflecting how the means
of sociocultural development of the human species shape the ways of
treating the environment and living beings
.
Biocultural anthropology focuses on the relationships that individuals have with their
environments; in this context, culture shapes the adaptiv
e, political and behavioral forms of
people (LENDE, 2013). From this perspective, bioculturalism, when associated with biological
diversity, can be proposed along the lines that rural and traditional communities generally have
more harmonious and respectfu
l relationships with living beings, leading to more sustainable
practices, for example.
In this approach
,
two opposing elements are present: integrators and disintegrators.
These can indicate whether the representations of nature and living beings incorpo
rate human
practices. Responding positively to this incorporation, we say that there are integrative ideas.
Positioning themselves negatively, we find conceptions that bring the separation between
human kind and nature, between urban and rural environments
, among other dichotomies. In
his work, Diegues (2008) seeks to overcome this proposal of untouched and wild nature,
defended by preservationist scholars, by arguing that the human species and its sociocultural
contexts are integrated to biodiversity.
The
richness of Brazilian socio
-
biodiversity illustrates these varied interrelations. Local
traditional communities, for example, due to their ethical precepts, expressed in their beliefs
and practices, are able to coexist with other living beings, in relative
ly high human
concentrations, with minimal impact rates, and can even provide biocultural restorations
(PRIMACK; RODRIGUES, 2001).
These restorations reinforce the close relationship between biological and cultural
diversity, in which farming practices, f
or example, based on ethnoecology, favor "[...] the
preservation of culture and ethnoscience, of natural agroecosystems, and of the genetic
resources of local crops" (PRIMACK; RODRIGUES, 2001, p. 284
, our translation
). However,
Toledo and Barrera
-
Bassols (
2015) point out that these local perceptions have been labeled
outdated and unfounded by the techno
-
scientific and economic rationality of development; the
rural and its conceptions have thus become irrelevant to the vision of large
-
scale urban progress.
D
espite the notable contributions of the biocultural perspective, we propose the
essentiality of a biocentric approach, considering equity as a fundamental value of the
relationship among living beings and between living beings and nature. This equitable et
hic is
about recognizing the uniqueness of all species and presupposes the recognition of their
interspecific otherness
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The biocentric approach is designated here based on the perspective of equitable ethics.
For this, we first base ourselves on the prop
ositions of Ingold (1995), who presents the human
species as just one more among the countless existing on the planet. In an anthropological
thought, he defends the overcoming of the historical dichotomy between "humans and animals"
to establish new relati
onal meanings among all species on the planet, respecting the existing
diversities (INGOLD, 1995).
Biocentric thinking also proposes a nature with "[...] value in itself, in an attempt to
rescue the essential ethical imperative" (LEVAI, 2011, p. 12
, our tr
anslation
), that is, the
perception of the intrinsic value of living beings encourages the change of thoughts and habits
of human indifference about them and advocates the right to live and survive for all, preaching
equity as a way to achieve environmenta
l justice.
From the discussions about nature knowledge and humanity's self
-
knowledge and
alterity relationships with other living beings, Pagan (2018, p. 75), from a biocentric
perspective, which we advocate here, states that "[...] teaching about nature
starting from self
-
knowledge and ethno
-
knowledge, can be much deeper and more effective for student learning."
In this way, biology teacher education and science teaching can give due attention to the subject
that learns and teaches at the same time, also
reinforcing the need to include non
-
cognitive
aspects of learning, such as the affective element (PAGAN, 2018).
To this end, it is essential that we seek to admit the interspecific alterities as a sustaining
element of biocentrism. These reinforce that the
human species is just one among many others
that inhabit the planet. Despite this, it is remarkable how much we define, based on natural
differences, those who have greater or lesser right to life; this is how, throughout history, we
have excluded from th
e "highest level" of species the black community, indigenous people,
women, "consumer animals", among many other groups
.
Aware of the unique perspectives of all living beings, it is crucial that teachers in training
have the sensitivity to
perceive and understand them, so that their practices provide the
inclusion of these particularities, as well as their perceptions of the world. Therefore, we point
out the importance of a more humanized education for biodiversity, in the sense of recogniz
ing
the sociocultural experiences that they have with living beings, and how these practices relate
to thoughts and actions towards the environment in general, recognizing equity as a
fundamental value in the construction and respect for otherness involvin
g the species that
inhabit this planet, in addition to trying to solve discriminatory, authoritarian, and intolerant
processes
.
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Final remarks
In this way, we consider that individual and social characteristics can shape the ways of
relating to other liv
ing beings, as long as they conform to both the consideration of social
otherness among the members of our species, as well as interspecific ones, which consider a
biocentric ethic in the relationship with the living world. In this context, characteristics
that
sometimes appear to students as traits that give them an abnormal status, in fact grant them
special abilities that allow them to see the world from specific and innovative points of view.
This need for a more humanizing teacher education is relevant
in themes such as biological
diversity, especially when combined with the environmental issue, due to the need for
awareness and engagement of individuals in effective sustainable practices and the resistance
of local knowledge and practices.
We also
propose that the recognition of the relations between
particularities/collectivities and the themes related to the variability of living beings helps in
the process of social emancipation of the teacher in training, since, when entering the academic
enviro
nment, he/she sees him/herself in a place that inspires the development of cognitive skills
for scientific thoughts and practices
.
As for the biocultural and biocentric approaches, they present efficient possibilities of
approximation between biological a
nd cultural diversity, through the analysis of individual,
socio
-
historical and natural conformations. However, the biocentric perspective innovates by
proposing equity, which, based on the recognition of the interspecific alterities of living beings,
open
s the way for the construction of an education that recognizes the rights of other species
on the planet and provides for (re)connection, (re)integration, and diplomatic coexistence
.
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Revisions required
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14/07/2022
Approved
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20/
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Published
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12
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Processing and publication by the Editora Ibero
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