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A satisfação acadêmica no contexto do ensino superior brasileiro
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1558-1576, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.16088
1558
A
SATISFAÇÃO
ACADÊMICA
NO
CONTEXTO
DO ENSINO SUPERIOR
BRASILEIRO
LA SATISFACCIÓN ACADÉMICA EN EL CONTEXTO DE LA EDUCACIÓN
SUPERIOR BRASILEÑA
ACADEMIC SATISFACTION IN THE CONTEXT OF BRAZILIAN HIGHER
EDUCATION
Andreia OSTI
1
Leandro da Silva ALMEIDA
2
RESUMO
: O artigo trata sobre a temática da satisfação acadêmica no Ensino Superior
brasileiro. O tema tem sido amplamente estudado em âmbito internacional em decorrência da
ampliação do ensino superior e do aumento da diversidade de estudantes na universidade.
Buscou-se explorar, na produção nacional, quais são os trabalhos publicados que tratam sobre
a temática da satisfação acadêmica na área educacional e discutir quais resultados vêm sendo
encontrados. Metodologicamente, a pesquisa qualitativa bibliográfica foi direcionada para o
acervo do
Scientific Electronic Library OnLine
(Scielo), das bibliotecas universitárias da
Faculdade de Educação da UNICAMP, USP, UNESP e da Biblioteca Digital Brasileira de
Teses e Dissertações, selecionados trabalhos publicados nos últimos dez anos. Os dados
indicam que no Brasil existem muitos estudos que investigam os aspectos que influenciam o
sucesso acadêmico e a permanência ou abandono de universitários, entretanto, a temática
específica da satisfação acadêmica ainda é pouco investigada.
PALAVRAS-CHAVE
: Ensino superior. Satisfação acadêmica. Sucesso acadêmico. Revisão
literatura.
RESUMEN
: El artículo trata el tema de la satisfacción académica en la educación superior
brasileña. El tema ha sido ampliamente estudiado a nivel internacional, dada su importancia
como resultado de la expansión de la educación superior y el aumento en el número y
diversidad de estudiantes que acceden a la universidad, con la satisfacción académica
jugando un papel decisivo en la permanencia y éxito académico de los estudiantes.
Específicamente, se buscó explorar en la producción académica nacional qué trabajos se
publican que abordan el tema de la satisfacción académica en el área educativa y discutir
qué resultados se han encontrado, con el fin de tener una visión general del tema a nivel
nacional. Metodológicamente, la investigación bibliográfica se dirigió al acervo de la
Biblioteca Científica Electrónica OnLine (Scielo) y las bibliotecas universitarias de la
Facultad de Educación de la UNICAMP, USP, UNESP y la Biblioteca Digital Brasileña de
1
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Rio Claro – SP – Brasil. Professora do Departamento de Educação.
Doutorado em Educação (UNICAMP). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7605-2347. E-mail:
andreia.osti@unesp.br
2
Universidade do Minho (UMinho), Braga – Portugal. Professor Catedrático do Instituto de Educação.
Doutorado em Psicologia (U.PORTO). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0651-7014. E-mail:
leandro@ie.uminho.pt
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Andreia OSTI e Leandro da Silva ALMEIDA
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1558-1576, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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Tesis y Disertaciones publicadas en los últimos diez años. Los datos indican que en Brasil
existen muchos estudios que investigan los aspectos que influyen en el éxito académico y la
permanencia o deserción de los estudiantes universitarios, sin embargo el tema específico de
la satisfacción académica aún está poco investigado.
PALABRAS CLAVE
:
Educación superior. Satisfacción académica. Éxito académico.
Revisión de literatura.
ABSTRACT
: The article deals with the theme of academic satisfaction in Brazilian Higher
Education. The topic has been widely studied internationally, given its importance as a result
of the expansion of higher education and the increase in the number and diversity of students
who access the university, with academic satisfaction playing a decisive role in the
permanence and academic success of students. Specifically, we sought to explore in the
national academic production which works are published that deal with the theme of
academic satisfaction in the educational area and discuss what results have been found, in
order to have an overview of the theme at the national level. Methodologically, the
bibliographic research was directed to the collection of the Scientific Electronic Library
OnLine (Scielo) and the university libraries of the Faculty of Education at UNICAMP, USP,
UNESP and the Brazilian Digital Library of Theses and Dissertations published in the last
ten years. The data indicate that in Brazil there are many studies that investigate the aspects
that influence academic success and the permanence or dropout of university students,
however the specific theme of academic satisfaction is still poorly investigated
KEYWORDS
:
Higher education. Academic satisfaction. Academic succes. Literature review.
Introdução
A pesquisa sobre o constructo “Satisfação Acadêmica” no cenário internacional tem
merecido algum destaque em razão do aumento do número e diversidade de estudantes no
ensino superior (ES) e da necessidade de as instituições tentarem compreender as condições
que favorecem a permanência e a conclusão dos cursos por parte dos seus estudantes. A
satisfação dos estudantes é entendida como fator determinante para a sua permanência e
sucesso acadêmico.
Também no Brasil está t
emática tem despertado o interesse de vários pesquisadores,
sugerindo que uma crescente demanda de estudantes universitários pertencentes a diferentes
realidades sociais, culturais e econômicas, justifica maior pesquisa sobre os fatores do seu
envolvimento e satisfação acadêmica. Importa lembrar que nas últimas décadas houve uma
grande expansão do Ensino Superior no Brasil. Diversas políticas de acesso ao ES foram
elaboradas, tal como o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), destinado ao financiamento
de cursos em universidades particulares, e o Programa Universidade para Todos (ProUni),
apoiando o ingresso nas universidades Federais e Estaduais do país. Este conjunto de políticas
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A satisfação acadêmica no contexto do ensino superior brasileiro
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garantiram, então, o acesso de um maior número de estudantes em todas as regiões,
diminuindo o impacto dos fatores socioeconômicos como determinantes do acesso de
estudantes ao ES público ou privado.
A garantia de acesso à universidade e a destinação de vagas com fins específicos foi
determinada na Lei nº 12.711/2012 (BRASIL, 2012), que regulamenta sobre a reserva de
matrículas nas universidades federais e institutos federais de educação, ciência e tecnologia a
alunos oriundos integralmente do ensino médio público, em cursos regulares, ou da educação
de jovens e adultos. Há também as vagas reservadas às cotas que são subdivididas em razão
da renda familiar do estudante provindo de escola pública. Em ambos os casos, também é
levado em conta o percentual mínimo correspondente ao da soma de pretos, pardos e
indígenas. Em consequência, houve maior acessibilidade e heterogeneidade de grupos étnicos
e de estratos sociais dentro das universidades. Estes estudantes têm competências,
expectativas e projetos de vida diferenciados, muitas vezes, moldados pelas suas origens
socioculturais, e nem sempre tais perfis são os mais adequados para responderem às
exigências e desafios que normalmente o ES coloca aos seus estudantes (ALMEIDA, 2019;
ALMEIDA
et al.,
2007; CAMPIRA; ALMEIDA; ARAUJO, 2021; MERCURI;
POLYDORO, 2004). Assim sendo, estes perfis culturais, comportamentais e sociais
diferenciados passaram a exigir das instituições de ensino superior (IES) maior atenção a estes
novos públicos nas suas caraterísticas e necessidades, procurando ao mesmo tempo
implementar serviços e programas de apoio.
Este cenário despertou nos pesquisadores do país interesse pela análise das condições
de vida acadêmica dos estudantes, dos fatores que implicam em sua adaptação e permanência
ou abandono, em particular as variáveis intervenientes na sua aprendizagem e desempenho
acadêmico. Nas diversas áreas da vida acadêmica, sabemos que o envolvimento do estudante
está fortemente dependente dos seus níveis de satisfação ou insatisfação acadêmica. Em
consequência, em função desses níveis de (in)satisfação esperam-se também níveis
diferenciados de participação e aproveitamento, por parte do estudante, nas atividades
curriculares e extracurriculares enquanto oportunidades de formação e desenvolvimento
psicossocial (AMBIEL; HERNÁNDEZ; MARTINS, 2016; CASANOVA; BERNARDO;
ALMEIDA, 2021; CHICO
et al.,
2020).
A satisfação acadêmica pode ser definida como uma variável da vida de um estudante
q
ue envolve sua percepção, engajamento e realização pessoal e profissional com o meio
acadêmico (ALMEIDA, 2019). Neste sentido, a satisfação acadêmica é um constructo
multidimensional, incluindo dimensões cognitivas, emocionais e comportamentais, afetando a
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Andreia OSTI e Leandro da Silva ALMEIDA
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forma positiva ou negativa como os estudantes vão vivenciando as suas experiências
acadêmicas (SOARES; ALMEIDA, 2011). Tais experiências incluem as aprendizagens e
rendimento acadêmico, o relacionamento com colegas e professores, o projeto de carreira
relacionado ao curso ou, ainda, as várias atividades diárias e sua gestão. A investigação
disponível confirma uma forte interdependência entre satisfação acadêmica e a qualidade das
vivências acadêmicas que ocorrem ao longo da graduação dos estudantes (AMBIEL;
HERNÁNDEZ; MARTINS, 2016; BARDAGI; BOFF, 2010; CHICO
et al.,
2020).
Para Osti, Freitas Pontes Júnior e Almeida (2021), a satisfação acadêmica assume
papel relevante no envolvimento do estudante com o seu curso e com a sua instituição. A
diversidade de condições e vivências dos estudantes diferencia a satisfação acadêmica por
áreas: Recursos Econômicos, Carreira e Emprego Futuro, Qualidade do Ensino e
Relacionamento com os Professores, Relacionamento Interpessoal com Colegas,
Aprendizagem e Rendimento Acadêmico, e Qualidade dos Equipamentos e Serviços da
Instituição de Ensino (OSTI
et al.,
2020). Esta diversidade de dimensões permite-nos melhor
descrever perfis de estudantes tomando os seus níveis de satisfação com circunstâncias
pessoais e contextuais de sua vida acadêmica. A título de exemplo, a satisfação pode variar
em função da área científica do curso, encontrando-se níveis mais elevados de satisfação entre
estudantes de ciências humanas e níveis mais baixos junto de estudantes da área de exatas
(SILVA; OLIVEIRA JÚNIOR, 2016), cabendo papel importante à identificação do estudante
com o curso escolhido e o sucesso nas suas aprendizagens (ALMEIDA, 2019; SILVA, 2015).
Dado o exposto, considera-se fundamental o desenvolvimento do tema, sobretudo ao
considerar os reflexos da pandemia de Covid-19 para grande parte dos estudantes e
instituições, que precisaram se adequar às novas demandas e exigências, seja de isolamento e
distanciamento ou sanitárias. A partir da situação vivida, mais estudos tomaram a
(in)satisfação e seu impacto na permanência ou abandono do ES (ARAÚJO, 2017;
CASANOVA; BERNARDO; ALMEIDA, 2021; FERRÃO; ALMEIDA, 2021; HIRSCH,
2015; OSTI; FREITAS PONTES JÚNIOR; ALMEIDA, 2021; SANTOS; ZANON; ILHA,
2019). O presente artigo realizou uma revisão da literatura sobre a temática da satisfação
acadêmica dos estudantes considerando artigos, dissertações e teses publicadas nos últimos
dez anos no Brasil, buscando verificar o panorama geral de publicações brasileiras sobre o
tema.
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A satisfação acadêmica no contexto do ensino superior brasileiro
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1558-1576, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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Metodologia
A revisão de literatura foi realizada a partir do banco de dados do
Scientific Electronic
Library OnLine
(SciELO), do acervo das bibliotecas universitárias da Faculdade de Educação
da Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, Faculdade de Educação da
Universidade de São Paulo – USP e Faculdade de Educação Universidade Estadual Paulista –
UNESP, e da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações. Foram selecionados
artigos, teses e dissertações publicadas nos últimos dez anos (2010-2020), porém, foram
incorporados artigos também publicados em 2021, uma vez que apenas dois foram
encontrados até o momento da finalização deste texto.
Para todos os bancos de dados foram utilizadas as palavras-chave: “satisfação
acadêmica” e “ensino superior”. Foram encontrados de início 189 trabalhos, justificando a
definição de alguns critérios para seleção daqueles que iriam efetivamente compor a amostra.
Os critérios foram os seguintes: a) tratar da temática de satisfação acadêmica no ensino
superior brasileiro, b) ser direcionado ao ensino superior em nível de graduação, e c) abordar
a temática da satisfação na perspectiva dos estudantes universitários ainda em curso. No final,
após a seleção e exclusão das duplicatas, permaneceram 21 trabalhos, entre artigos,
dissertações e teses.
Breve apresentação dos estudos analisados
Em recente artigo, Osti, De Freitas Pontes Júnior e Almeida (2021) abordam as
consequências da pandemia de Covid-19 para a satisfação dos estudantes. Participaram 1.452
estudantes brasileiros, frequentando cursos das três grandes áreas definidas pela Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES: Ciências Exatas e Tecnológicas,
Ciências da Vida e Ciências Humanas. O questionário incluía questões fechadas e abertas,
sendo aplicado de modo
on-line
, tendo como objetivo identificar como o cenário de pandemia
comprometeu o engajamento dos estudantes nas atividades de aprendizagem. Os resultados
indicaram que os estudantes tiveram sua capacidade de engajamento em atividades de
aprendizagem reduzidas, o que afetou todas as atividades universitárias de forma geral, bem
como em relação ao tempo dedicado ao estudo. A saúde mental e física também ficou
comprometida.
Em relação à satisfação de estudantes universitários com o ensino superior, Soares
et
al.
(
2021) procuraram, junto a um grupo de 78 estudantes universitários com idades de 19 a
50 anos de diferentes Instituições de Ensino Superior – IES públicas e privadas do estado do
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Andreia OSTI e Leandro da Silva ALMEIDA
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1558-1576, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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Rio de Janeiro, identificar as características que compõem a satisfação desses estudantes com
o curso superior. O papel do professor assumiu destaque como elemento de satisfação dos
alunos. Os pesquisadores identificaram a importância do professor não só como facilitador do
conhecimento e das habilidades profissionais dos estudantes, mas também como aquele que
auxilia o aluno a fazer a transição do conteúdo teórico para o prático. No que tange à
satisfação com o curso, detectou-se que a grade curricular bem articulada impacta
positivamente na percepção que os alunos têm da IES, e isso reflete a importância que a
universidade atribui ao curso e ao aluno. Em sentido oposto, a insatisfação com o curso ocorre
quando a IES proporciona atividades extracurriculares de baixa qualidade, estrutura precária
no campus e pouca oferta de estágios. A insatisfação também se relacionou principalmente ao
não vivenciar aspectos práticos da profissão ou com a pouca qualidade da informação
fornecida.
Na pesquisa real
izada em uma universidade pública do estado de São Paulo, Osti
et al.
(2020), avaliaram diversas dimensões da satisfação (institucionais, profissionais,
interpessoais, recursos econômicos, ensino, aprendizagem e rendimento) junto a 136
universitários matriculados no 1° ano dos cursos de Pedagogia, Geografia, Biologia,
Matemática e Computação, por meio de sessões em grupos focais. Os resultados apontam que
em relação à Dimensão Institucional, os maiores níveis de insatisfação se encontram nos
estudantes do curso noturno, em razão da insegurança pelo período e por não participarem de
grande parte de atividades culturais e acadêmicas que normalmente ocorrem durante o dia na
universidade. Contrariamente, também são os estudantes do curso noturno que apresentam os
maiores índices de satisfação na Dimensão Profissional, uma vez que a maioria já se encontra
empregada e inserida no mercado de trabalho, tendo uma certa estabilidade financeira. Na
Dimensão Interpessoal, os maiores níveis de satisfação são encontrados em alunos do período
integral, por terem maiores possibilidades na construção de vínculos relacionais com colegas.
Na dimensão Recursos Econômicos, não houve diferenças significativas entre os grupos de
estudantes, mesmo assim, os estudantes do período noturno se sentem mais satisfeitos,
traduzindo que vários deles possuem renda através do seu próprio trabalho, não dependendo
dos pais em termos financeiros. A Dimensão Aprendizagem e Rendimento é apontada como
fator de satisfação entre estudantes das áreas das Humanas e Biológicas, e a maior
insatisfação se manifestou em estudantes da área das Exatas, os quais afirmam dificuldade na
obtenção das médias mínimas exigidas pela universidade. Na Dimensão Ensino, constata-se
níveis elevados de satisfação, traduzindo a percepção de qualidade do ensino ofertado pela
universidade.
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A satisfação acadêmica no contexto do ensino superior brasileiro
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Outros dois estudos foram realizados pelos mesmos pesquisadores (CHICO
et al.,
2020; OSTI
et al.,
2020), descrevendo o processo de construção de uma escala de satisfação
acadêmica nomeada de Questionário de Satisfação Acadêmica. No primeiro estudo
participaram 267 estudantes universitários do Brasil e Portugal, registrando-se bom
funcionamento dos itens da escala nos dois países. No segundo trabalho, relacionou-se a
satisfação acadêmica com as vivências acadêmicas dos estudantes no ES, encontrando-se
correlações significativas entre níveis mais elevados de satisfação e percepções positivas das
vivências acadêmicas, como seria expectável.
Num outro trabalho, tomando estudantes de três grandes áreas científicas de cursos,
Suehiro e Andrade (2018) analisaram a possível diferenciação da satisfação acadêmica dos
universitários em razão do sexo, idade, área do conhecimento e do fato de trabalharem e
estudarem ou só estudarem. A investigação tomou 232 estudantes do primeiro ano e os
resultados indicam que o menor nível de satisfação na dimensão ‘satisfação com o curso’
engloba a necessidade de que o relacionamento com os professores e colegas do curso seja
positivo; a disponibilidade dos professores em atender os alunos, o conhecimento sobre a
disciplina, as estratégias de aula e avaliação dos professores; o conteúdo do curso para a
formação; o desempenho obtido e o compromisso da instituição com a qualidade da
formação. Não se encontraram diferenças em função do gênero dos estudantes, verificando-se
que aqueles que melhor conciliam trabalho e estudo se apresentam mais satisfeitos em todas
as dimensões da satisfação e, de forma mais significativa, em relação à ‘satisfação com o
curso’.
A pesquisa de Fad
el
et al.
(2018) analisou a satisfação com a experiência acadêmica
em estudantes do ensino superior de Ciências Biológicas e da área da Saúde de uma
universidade pública do estado do Paraná no Brasil. O estudo considerou 223 graduandos dos
cursos de Ciências Biológicas, Farmácia, Educação Física, Enfermagem, Medicina e
Odontologia. Os dados foram coletados coletivamente em sala de aula a partir da aplicação da
“Escala de Satisfação com a Experiência Acadêmica” (ESEA) elaborada por Scheleich,
Polydoro e Santos (2006). Médias mais elevadas foram observadas na “satisfação com o
curso”, enquanto as dimensões “satisfação com a instituição” e “oportunidade de
desenvolvimento” obtiveram médias menores, porém próximas entre si. A maioria dos
estudantes está satisfeita com grande parcela das variáveis que constituem a vida acadêmica,
sobretudo estudantes de Medicina. Entretanto, infere-se que a percepção dos graduandos
difere muito entre si e uma parcela considerável deles não se encontra satisfeita com a vida
acadêmica. Enfatizam ser necessário que as instituições planejem e aprimorem estratégias
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Andreia OSTI e Leandro da Silva ALMEIDA
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1558-1576, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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institucionais voltadas aos alunos, visando à promoção da satisfação acadêmica entre eles, em
especial aos graduandos dos cursos de Ciências Biológicas e da área da Saúde.
Referente aos diferentes níveis e etapas em que os estudantes se encontram, Oliveira e
Dias (2014) tomaram numa pesquisa três grupos (ingressantes, alunos de meio de curso e
alunos concluintes) e o foco das suas preocupações, e correspondente satisfação. Os
resultados indicam que alunos ingressantes direcionam sua atenção aos princípios de
entendimento do curso, sendo o momento mais crítico devido ao período possuir o maior
índice de evasão. Observa-se também que alunos em meio de curso têm a pretensão de se
manter no mesmo e que os estudantes concluintes têm como preocupação sua iniciação no
mercado de trabalho. Também indicam que as maiores dificuldades para a satisfação
acadêmica estão diretamente ligadas à ausência completa e/ou parcial de autonomia,
característica que garante o controle emocional frente a situações problemáticas enfrentadas
pelos jovens no decorrer da graduação.
Os desafios enfrentados pelos jovens a partir de seu ingresso no ES é influenciado,
segundo Soares Benevides
et al.
(2014), por uma confluência de variáveis pessoais e
contextuais no seu processo de transição e adaptação ao ES. Com o objetivo de investigar
como as expectativas afetam a qualidade das vivências adaptativas dos estudantes, foram
aplicados dois questionários reportados às expectativas e vivências acadêmicas em 182
estudantes brasileiros. Os resultados indicaram que as expectativas iniciais dos ingressantes se
correlacionavam com a qualidade das suas vivências acadêmicas. Em particular, as
expectativas de maior envolvimento nas relações com os colegas, no projeto vocacional de
carreira e nas atividades curriculares do seu curso estavam associadas a níveis superiores de
adaptação acadêmica dos estudantes.
Santos, Zanon e Ilha (2019) tomaram uma amostra de 372 estudantes de uma
i
nstituição de ensino superior do estado de São Paulo, distribuídos pelos cursos de Psicologia,
Arquitetura e Urbanismo, Administração, Engenharia Civil, Engenharia Química, Engenharia
de Produção, Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação. Tendo em vista relacionar a
autoeficácia e satisfação com a experiência acadêmica, utilizaram a Escala com Experiência
Acadêmica (SCHLEICH; POLYDORO; SANTOS, 2006) e a Escala de Autoeficácia na
Formação Superior (POLYODRO; GUERREIRO-CASANOVA, 2010). Os resultados
apontam que a autoeficácia é preditora da satisfação com a experiência acadêmica em
universitários, sugerindo a relevância das instituições promoverem oportunidades de seu
desenvolvimento por parte dos estudantes.
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A satisfação acadêmica no contexto do ensino superior brasileiro
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Em um estudo que buscou conhecer fatores que podem impactar na insatisfação dos
alunos do curso de Engenharia, Thomaz, Rocha, Machado Neto (2011), alertam que esses
fatores são divididos em: fatores psicológicos ou pessoais, como escolha equivocada do curso
ou questões psicológicas pessoais; fatores associados a dificuldade no primeiro ano da
graduação, como por exemplo, falta de base no ensino fundamental e ensino médio; fatores
relacionados ao currículo do curso, como nível evelado de exigência, grande quantidade de
disciplinas, extensa carga horária de aulas, pouco tempo para estudo, grande quantidade de
provas e trabalhos a serem entregues, entre outros. Também fatores pedagógicos e estruturais,
como por exemplo, falta de didática na formação dos docentes e dificuldades de recursos e
infraestrutura adequada para o andamento das aulas, ou ainda fatores socioeconômicos, tais
como alunos que aliam o trabalho à graduação ou dificuldade do enquadramento laboral após
sua inserção no mercado de trabalho aparecem associados aos níveis de satisfação dos
estudantes da Engenharia.
Visando avaliar o grau de satisfação com a experiência acadêmica, Czapievski e
Sumiya (2014) usaram a “Escala de Satisfação com a Experiência Acadêmica”. Esta escala
avalia três dimensões: satisfação com o curso, oportunidade de desenvolvimento e satisfação
com a instituição. A amostra foi composta por 137 graduandos, repartidos do 1º ao 4º ano,
sendo o questionário aplicado em sala de aula, durante o período de aula normal. Os dados
sugerem que os estudantes do 3º ano são os mais satisfeitos na dimensão “satisfação com o
curso”, depois os do segundo, primeiro e quarto ano, enquanto na dimensão “satisfação com
as oportunidades de desenvolvimento” se notou uma evolução gradual dos escores a partir do
primeiro ano. Na dimensão “satisfação com a instituição”, os estudantes do primeiro e
segundo ano apresentam-se mais satisfeitos que os colegas do terceiro e quarto ano. Por
último, aponta-se que a relação aluno-professor, bem como a relação com a instituição, são
importantes para a compreensão da qualidade da experiência acadêmica.
A respeito da satisfação com a relação professor e aluno no contexto universitário,
O
liveira
et al.
(2014) explanam a necessidade de estudar os fatores associados a tal relação e
suas consequências nas taxas de adaptação e satisfação acadêmica do alunado do ensino
superior. Para isso, os autores entrevistaram 29 estudantes de uma universidade pública do
Rio Grande do Sul dos cursos de Psicologia e Economia, sendo alunos ingressantes e
concluintes. Os resultados apontam cinco aspectos da interação professor-aluno que podem
tanto facilitar quanto dificultar a adaptação acadêmica dos estudantes; são eles: diferenças
entre os professores do Ensino Médio e os do Ensino Superior; formação e didática dos
professores; receptividade e incentivo; relação acadêmica/pessoal; e importância atribuída ao
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Andreia OSTI e Leandro da Silva ALMEIDA
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professor na formação. Os resultados apontaram a importância de os docentes atuarem com
habilidades tanto nos aspectos teórico-didáticos quanto nos aspectos de relação interpessoal,
concluindo-se que a proximidade afetiva entre professor e estudantes, ou conversas sobre
assuntos não relacionados ao curso ou à profissão, podem favorecer a satisfação com a
experiência universitária.
No trabalho de Santos
et al.
(2013) se avaliou a integração e a satisfação acadêmica de
universitários. Participaram 203 estudantes dos cursos de Psicologia e Odontologia de uma
universidade particular, sendo aplicados o Questionário de Vivência Acadêmica (QVA-r) e a
Escala de Satisfação Acadêmica (ESEA). Os resultados relativos à satisfação indicaram
satisfação moderada com o curso, com a instituição e com as experiências de formação. Ao se
comparar os resultados em função do curso, os alunos da Psicologia mostraram
significativamente maior satisfação com o curso do que os alunos da Odontologia. Todavia,
na dimensão satisfação com a instituição, foram os alunos da Odontologia que apresentaram
pontuações médias significativamente mais altas face aos colegas da Psicologia.
Comparando os índices de insatisfação discente em diferentes períodos do curso
(diurno e noturno) e nas modalidades de ensinos presencial e à distância em estudantes do
curso de Administração em uma Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Souza e
Reinert (2010) afirmam que os estudantes do curso presencial diurno e noturno apresentam
maior satisfação com a estrutura curricular. Quanto à insatisfação, ela expressou-se sobretudo
pela falta de empatia de professores e pela falta de didática na lecionação. A maior
insatisfação dos estudantes na modalidade à distância decorre das dificuldades de ensino dos
professores e de dificuldades pessoais dos alunos com a gestão do estudo individualizado e
grau de aprendizagem das matérias ministradas.
Com o objetivo de estabelecer como a satisfação dos discentes na modalidade EaD
i
nfluencia o desempenho acadêmico, Machado (2014) trabalhou com estudantes de Ciências
Contábeis e Administração, centrando-se na análise e associação com o desempenho
acadêmico. Os resultados indicaram, tal como previsto na literatura, a influência da satisfação
no desempenho acadêmico. Apesar dos discentes de Ciências Contábeis possuírem Nota
Geral do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes – ENADE superior aos de
Administração, no que diz respeito à satisfação na esfera da interatividade observa-se o
inverso entre os cursos, sendo Administração o curso com maior satisfação e Ciências
Contábeis com menor satisfação, sendo este o fator mais relevante na predição dos resultados
de aprendizagem.
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A satisfação acadêmica no contexto do ensino superior brasileiro
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1558-1576, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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Ao investigar a correlação entre a Escala de Adaptabilidade de Carreira (CAAS) e o
Questionário de Vivências Acadêmicas, versão reduzida (QVA-r), em 89 alunos de
Engenharia Elétrica e de Psicologia de uma universidade privada do interior do estado de São
Paulo, Ambiel, Hernández e Martins (2016) verificaram que a satisfação acadêmica com a
graduação escolhida pode ser um indicativo de adaptação à vida acadêmica e à carreira
profissional. Os autores recomendam que as instituições de ensino superior realizem
intervenções com o objetivo de promover a adaptabilidade de carreira dos seus alunos, pois
esse processo pode influenciar de forma positiva na trajetória de carreira.
Fonseca (2018) realizou um estudo comparativo dos níveis de expectativas e de
satisfação discente do Instituto Federal do Ceará (IFCE) em função da política de
interiorização nos campi dos municípios de Aracati, Canindé e Sobral. Foi utilizado um
questionário adaptado do modelo de Schleich, Polydoro e Santos (2006) com o intuito de
avaliar o grau de expectativa e satisfação com a expansão e interiorização do ensino superior.
A pesquisa contou com uma amostra de 318 alunos, em que a contribuição parcial de cada
unidade fosse proporcional com a sua população. A autora concluiu que a estratégia de
interiorização é eficaz no cumprimento do Plano Nacional de Educação – PNE e promove a
inclusão de populações que antes eram marginalizadas e que tinham o ingresso no ensino
superior como uma utopia. Os seus resultados nas escalas de expectativas e de satisfação são
moderados a elevados.
Interessadas em conhecer a satisfação dos graduandos estrangeiros que estão em
mobilidade
incoming
na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Luce,
Fagundes e Mediel (2016), buscaram entender como as ações promovidas por esta
universidade influenciavam na qualidade de mobilidade e em sua dimensão intercultural. Foi
feita aplicação de um questionário
online
a 137 alunos de mobilidade
incoming
de graduação.
A pesquisa evidenciou aspectos positivos relacionados à comunidade acadêmica a partir dos
relatos dos intercambistas, que evidenciaram o interesse no idioma, a integração entre os
alunos e a satisfação dos graduandos em mobilidade em conhecer a cultura local.
Para Oliveira, Santos e Dias (2016), um fator mantenedor dos níveis positivos de
satisfação entre os estudantes, durante os anos de graduação, é o contato mantido com seus
parentes, colegas e amigos da universidade. Desta forma, sugerem programas que promovam
o desenvolvimento de habilidades sociais pelos alunos e a criação de vínculos relacionais a
favor da sua adaptação acadêmica.
Segundo Soares
et al.
(
2018), estar na universidade obriga o estudante a se posicionar
em diversas esferas de sua vida social e acadêmica. Desta forma, o universo acadêmico pode
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Andreia OSTI e Leandro da Silva ALMEIDA
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1558-1576, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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gerar distintos níveis de (in)satisfação do estudante em seu percurso universitário. Os autores
estimam que cerca de 30% dos alunos que frequentam o ES estão matriculados em cursos de
segunda opção, o que probabilisticamente ocasiona uma possibilidade de insatisfação ou
interferência quanto à evasão do estudante na escolha do curso.
Rocha (2010) analisou a satisfação dos discentes de baixa renda em cursos de
graduação tecnológica em três instituições de ensino superior privadas (Universidade Estadual
Vale do Acaraú – UVA, Faculdade Ateneu e Instituto de Ensino Superior do Ceará, esta
última pertence à Universidade Paulista – UNIP). Participaram 216 alunos e os dados foram
coletados por meio de um questionário estruturado, que incluía duas dimensões da satisfação
acadêmica: satisfação geral com o curso e satisfação com a qualidade do curso. Os discentes
têm satisfação em relação ao curso, destacando também uma relação entre alunos e
professores orientada pelo diálogo e atitudes éticas. Segundo Rocha (2010), outro aspecto
influenciador na escolha da faculdade é o reconhecimento institucional e a qualidade de
ensino, evidenciando que esta característica contribui na formação profissional dos discentes.
Por último, os estudantes estão satisfeitos com a escolha do curso, especialmente pela
percepção de que os cursos apresentam qualidade em suas práticas educacionais.
Resultados
Dos 189 trabalhos localizados, tomaram-se 21 trabalhos neste estudo. O levantamento
bibliográfico realizado em todos os bancos de dados evidenciou que há muitas pesquisas no
ensino superior relacionadas à adaptação, integração ou experiência acadêmica, construção de
escalas, rendimento ou desempenho acadêmico, evasão universitária e perfil de ingressantes
ou egressos. Depreende-se pelo exposto que o tema da “satisfação acadêmica” vem sendo
pesquisado ao nível do ES no Brasil.
A temática da satisfação aparece como coadjuvante para explicar processos de
a
daptação, aprendizagem, desenvolvimento e sucesso acadêmico, o que reforça, para os
pesquisadores da área educacional, que a temática pode merecer maior investimento no
Brasil, uma vez que possibilita explicar situações acadêmicas que corroboram para a
permanência ou abandono de estudantes do ES e suas variáveis relacionadas. Entretanto, há
de se destacar que há muitas pesquisas sobre satisfação conduzidas pelas áreas de
administração, economia, contabilidade, marketing, saúde (enfermagem e odontologia), com
foco nas condições de trabalho, no mercado de trabalho, ou em um único fator específico,
como por exemplo, o desempenho acadêmico durante o curso, o que acaba de certa forma
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A satisfação acadêmica no contexto do ensino superior brasileiro
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1558-1576, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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configurando uma explicação para termos tantos trabalhos encontrados e tão poucos que
tratam sobre a satisfação acadêmica de forma mais ampla, buscando verificar os vários fatores
relacionados a mesma.
Especificando os estudos analisados a propósito da (in)satisfação acadêmica, verifica-
se que os autores desses estudos são de quatro diferentes regiões do Brasil (Sul, Sudeste,
Centro-Oeste e Nordeste) e a maior parte atua em universidade pública. Constatou-se o
envolvimento de 17 universidades brasileiras, sendo oito estaduais, cinco federais e quatro
particulares, o que mostra a presença do interesse pelo tema em âmbito nacional. Separando
as universidades por estados, e em razão do número de instituições envolvidas, temos 04 em
São Paulo (UNICAMP, USP, UNESP e Universidade São Francisco), 03 no Rio Grande do
Sul (Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
Universidade Passo Fundo), 03 no Paraná (Universidade Estadual de Ponta Grossa,
Universidade Estadual do Centro-Oeste e Universidade Estadual do Oeste do Paraná), 02 no
Ceará (Universidade Estadual do Ceará e Universidade Federal do Ceará), 02 no Rio de
Janeiro (Universidade do Estado do Rio de Janeiro e Universidade Salgado de Oliveira), 01
no Mato Grosso do Sul (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), 01 em Santa Catarina
(Universidade Federal de Santa Catarina) e 01 na Bahia (Universidade Federal do Recôncavo
da Bahia). Este levantamento possibilitou constatar, ainda, parcerias das universidades
brasileiras com universidades portuguesas (Universidade do Algarve, Universidade do Porto e
Universidade do Minho) e com a Universidade de Barcelona.
Considerando todos os trabalhos, observa-s
e que os mesmos (CZAPIEVSKI;
SUMIYA, 2014; OLIVEIRA; DIAS, 2014; OSTI; FREITAS; ALMEIDA, 2021; OSTI
et al.,
2020; SANTOS; ZANON; ILHA, 2019; SUEHIRO; ANDRADE, 2018) estão vinculados a
faculdades ou departamentos de Psicologia, Educação, Odontologia, Economia,
Administração ou Contabilidade e Direito. Assim, constata-se que a psicologia e a educação
configuram as duas áreas com maior inserção na temática. O número de trabalhos entre 2010
e 2021 manteve-se equilibrado por ano, não se tendo registado um aumento nos últimos anos.
Considerando que o Relatório Retratos da Educação no contexto da pandemia do novo
coronavírus (INSTITUTO PENÍNSULA, 2020) afirma que 31% dos universitários brasileiros
consideraram um desafio a manutenção das rotinas de estudo e não estavam evoluindo no
processo de aulas remotas, enquanto outros 21% foram considerados em risco de não
retornarem à universidade, é possível que em decorrência da pandemia possa ocorrer um
aumento de pesquisas sobre a satisfação dos estudantes no ES.
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Andreia OSTI e Leandro da Silva ALMEIDA
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Os trabalhos nacionais sobre a temática da satisfação aqui descritos versam sobre
diferentes dimensões, evidenciando como a satisfação acadêmica influencia aspectos que vão
desde o desempenho acadêmico até a saúde mental dos estudantes, implicando em sua
permanência ou abandono do curso. No entanto, os estudos recolhidos mostram que a
temática é trabalhada no Brasil com amostras limitadas a certos cursos ou áreas científicas, ou
seja, pouco diversificadas. Por um lado, isso pode favorecer o desenvolvimento de medidas
específicas para a população analisada, mas de outro lado, não é possível compreender como
a satisfação acadêmica age nas mais diversas áreas e dimensões do ES.
Todas as pesquisas mencionadas mostram como a satisfação acadêmica dos estudantes
é
afetada por alguma variável, seja ela socioeconômica, institucional, pessoal ou relacional.
Dada a importância da temática, Silva e Oliveira Júnior (2016) apontam que as Universidades
deveriam entender o perfil de seus alunos e relacioná-lo com o desempenho no decorrer do
curso, pois estes estudos podem proporcionar ao professor parâmetros e conhecimentos
específicos sobre a relação perfil do aluno-curso, e deste modo agir de forma mais objetiva.
Considerações finais
Este artigo realizou uma revisão da literatura sobre temática da satisfação acadêmica
em nível nacional, considerando artigos, dissertações e teses publicadas nos últimos dez anos,
buscando ter um panorama sobre as pesquisas brasileiras nesse tema. Os resultados indicam
que a produção nacional sobre a temática envolve universidades, sobretudo públicas, reunindo
autores de diferentes estados brasileiros. Entende-se que a temática consta em muitos
trabalhos, seja como constructo teórico, seja como um conceito que auxilia na investigação de
outros fatores, como o desempenho acadêmico, a adaptação e a integração.
Neste sentido, alguns pesquisadores (OSTI
et al.,
2020; SOARES
et al
. 2021;
SUEHIRO; ANDRADE, 2018) indicam a importância de investigar as vivências de satisfação
ou insatisfação de estudantes no âmbito universitário, pois em um sistema massificado de
ingressos importa conhecer e atender às expectativas dos estudantes. O não atendimento de
tais expectativas gera frustração e insatisfação nos estudantes (OLIVEIRA; DIAS, 2017;
OSTI
et al.,
2020, 2021; SOARES
et al.
, 2018), favorecendo progressivamente a evasão da
universidade, manifestada através do desinteresse e desilusão associados tanto a questões
pessoais como institucionais.
A partir de todo o exposto, infere-
se que, quando o estudante possui amparo
institucional, bem como apoio de amigos e familiares, além de maior liberdade em sua
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1558-1576, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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vivência na universidade, poderá experienciar uma maior satisfação acadêmica. Neste cenário,
novamente se destaca a importância de estudar os indicadores de satisfação e insatisfação
discente, a fim de que com isso um maior número de estudantes possa ser contemplado por
políticas de inserção e serviços de atendimento nas universidades para promover o seu
desenvolvimento e bem-estar acadêmico e social.
Em síntese, este estudo, reunindo publicações em torno da (in)satisfação acadêmica
dos estudantes do ES, possibilita afirmar que a investigação sobre a satisfação acadêmica
auxilia a compreender as fragilidades e deficiências nas IES e apresenta descobertas
importantes a respeito do sucesso e permanência do estudante universitário. No entanto,
importa reconhecer algumas limitações, principalmente em razão do recorte temporal e
palavras-chave definidas. Considera-se, por isso, a possibilidade de futuros estudos e a
continuidade da pesquisa em parceria com outros grupos de pesquisa e universidades. Por
outro lado, considerando que a pandemia exigiu uma reorganização das universidades e de
todos os seus envolvidos, acredita-se que novas incursões na temática aqui apresentada
possibilitarão novas/outras pesquisas sobre os fatores intervenientes na satisfação acadêmica e
como esta impacta na experiência a distância ou
online
dos estudantes.
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A satisfação acadêmica no contexto do ensino superior brasileiro
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1558-1576, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.16088
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Como referenciar este artigo
OSTI, A.; ALMEIDA, L. S. A satisfação acadêmica no contexto do ensino superior brasileiro.
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação
, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1558-1576,
jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587. DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.16088
Submetido em
: 11/01/2022
Revisões requeridas em
: 23/03/2022
Aprovado em
: 08/05/2022
Publicado em
: 01/07/2022
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação
.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
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La satisfacción académica en el contexto de la educación superior brasileña
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–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1561-1579, Jul./Sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.16088
1561
LA
SATISFACCIÓN
ACADÉMICA
EN
EL
CONTEXTO
DE
LA
EDUCACIÓN
SUPERIOR
BRASILEÑA
A
SATISFAÇÃO
ACADÊMICA
NO
CONTEXTO
DO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO
ACADEMIC SATISFACTION IN THE CONTEXT OF BRAZILIAN HIGHER
EDUCATION
Andreia OSTI
1
Leandro da Silva ALMEIDA
2
RESUMEN
: El artículo trata el tema de la satisfacción académica en la educación superior
brasileña. El tema ha sido ampliamente estudiado a nivel internacional, dada su importancia
como resultado de la expansión de la educación superior y el aumento en el número y
diversidad de estudiantes que acceden a la universidad, con la satisfacción académica jugando
un papel decisivo en la permanencia y éxito académico de los estudiantes. Específicamente, se
buscó explorar en la producción académica nacional qué trabajos se publican que abordan el
tema de la satisfacción académica en el área educativa y discutir qué resultados se han
encontrado, con el fin de tener una visión general del tema a nivel nacional.
Metodológicamente, la investigación bibliográfica se dirigió al acervo de la
Scientific
Electronic Library OnLine
(Scielo) y las bibliotecas universitarias de la Facultad de
Educación de la UNICAMP, USP, UNESP y la Biblioteca Digital Brasileña de Tesis y
Disertaciones publicadas en los últimos diez años. Los datos indican que en Brasil existen
muchos estudios que investigan los aspectos que influyen en el éxito académico y la
permanencia o deserción de los estudiantes universitarios, sin embargo el tema específico de
la satisfacción académica aún está poco investigado.
PALABRAS CLAVE
:
Educación superior. Satisfacción académica. Éxito académico.
Revisión de literatura.
RESUMO
: O artigo trata sobre a temática da satisfação acadêmica no Ensino Superior
brasileiro. O tema tem sido amplamente estudado em âmbito internacional em decorrência
da ampliação do ensino superior e do aumento da diversidade de estudantes na universidade.
Buscou-se explorar, na produção nacional, quais são os trabalhos publicados que tratam
sobre a temática da satisfação acadêmica na área educacional e discutir quais resultados
vêm sendo encontrados. Metodologicamente, a pesquisa qualitativa bibliográfica foi
direcionada para o acervo do Scientific Electronic Library OnLine (Scielo), das bibliotecas
universitárias da Faculdade de Educação da UNICAMP, USP, UNESP e da Biblioteca
Digital Brasileira de Teses e Dissertações, selecionados trabalhos publicados nos últimos dez
anos. Os dados indicam que no Brasil existem muitos estudos que investigam os aspectos que
1
Universidad Estatal Paulista (UNESP), Rio Claro
–
SP
–
Brasil. Profesora del Departamento de Educación.
Doctorado en Educación (UNICAMP). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7605-2347. E-mail:
andreia.osti@unesp.br
2
Universidad de Minho (UMinho), Braga
–
Portugal. Profesor del Instituto de Educación. Doctor en Psicología
(U.PORTO). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0651-7014. E-mail: leandro@ie.uminho.pt
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Andreia OSTI y Leandro da Silva ALMEIDA
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1561-1579, jul./sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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influenciam o sucesso acadêmico e a permanência ou abandono de universitários, entretanto,
a temática específica da satisfação acadêmica ainda é pouco investigada.
PALAVRAS-CHAVE
: Ensino superior. Satisfação acadêmica. Sucesso acadêmico. Revisão
literatura.
ABSTRACT
: The article deals with the theme of academic satisfaction in Brazilian Higher
Education. The topic has been widely studied internationally, given its importance as a result
of the expansion of higher education and the increase in the number and diversity of students
who access the university, with academic satisfaction playing a decisive role in the
permanence and academic success of students. Specifically, we sought to explore in the
national academic production which works are published that deal with the theme of
academic satisfaction in the educational area and discuss what results have been found, in
order to have an overview of the theme at the national level. Methodologically, the
bibliographic research was directed to the collection of the Scientific Electronic Library
OnLine (Scielo) and the university libraries of the Faculty of Education at UNICAMP, USP,
UNESP and the Brazilian Digital Library of Theses and Dissertations published in the last
ten years. The data indicate that in Brazil there are many studies that investigate the aspects
that influence academic success and the permanence or dropout of university students,
however the specific theme of academic satisfaction is still poorly investigated.
KEYWORDS
:
Higher education. Academic satisfaction. Academic succes. Literature review.
Introducción
La investigación sobre el constructo "Satisfacción Académica" en el escenario
internacional ha merecido cierto protagonismo debido al aumento en el número y diversidad
de estudiantes en educación superior (ES) y la necesidad de que las instituciones traten de
comprender las condiciones que favorecen la permanencia y finalización de cursos por parte
de sus estudiantes. La satisfacción del estudiante se entiende como un factor determinante
para su permanencia y éxito académico.
También en Brasil es temática ha despertado el interés de varios investigadores,
sugiriendo que una creciente demanda de estudiantes universitarios pertenecientes a diferentes
realidades sociales, culturales y económicas justifica una mayor investigación sobre los
factores de su participación y satisfacción académica. Es importante recordar que en las
últimas décadas ha habido una gran expansión de la Educación Superior en Brasil. Se
elaboraron varias políticas de acceso a la ES, como el Fondo de Financiamiento Estudiantil
(Fies), destinado al financiamiento de cursos en universidades privadas, y el Programa
Universidad para Todos (ProUni), apoyando el ingreso a las universidades federales y
estatales del país. Este conjunto de políticas, entonces, aseguró el acceso de un mayor número
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La satisfacción académica en el contexto de la educación superior brasileña
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1561-1579, Jul./Sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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de estudiantes en todas las regiones, reduciendo el impacto de los factores socioeconómicos
como determinantes del acceso de los estudiantes a la ES pública o privada.
La garantía de acceso a la universidad y la asignación de plazas para fines específicos
fue determinada en la Ley N° 12.711/2012 (BRASIL, 2012), que regula la reserva de
matrícula en universidades e institutos federales de educación, ciencia y tecnología a
estudiantes derivados íntegramente de la escuela secundaria pública, en cursos regulares, o de
la educación de jóvenes y adultos. También hay vacantes reservadas para cuotas que se
subdividen debido a los ingresos familiares del estudiante de una escuela pública. En ambos
casos, también se tiene en cuenta el porcentaje mínimo correspondiente a la suma de negros,
marrones e indígenas. En consecuencia, hubo una mayor accesibilidad y heterogeneidad de
los grupos étnicos y los estratos sociales dentro de las universidades. Estos estudiantes tienen
diferentes habilidades, expectativas y proyectos de vida, muchas veces moldeados por sus
orígenes socioculturales, y estos perfiles no siempre son los más adecuados para responder a
las demandas y desafíos que normalmente plantea a sus estudiantes (ALMEIDA, 2019;
ALMEIDA
et al.,
2007; CAMPIRA; ALMEIDA; ARAUJO, 2021; MERCURI;
POLYDORO, 2004). Por lo tanto, estos perfiles culturales, conductuales y sociales
diferenciados comenzaron a requerir que las instituciones de educación superior (IES)
prestaran mayor atención a estas nuevas audiencias en sus características y necesidades,
mientras buscaban implementar servicios y programas de apoyo.
Este escenario despertó en los investigadores del país interés por el análisis de las
condiciones de vida académicas de los estudiantes, los factores que implican su adaptación y
permanencia o abandono, en particular las variables involucradas en su aprendizaje y
rendimiento académico. En las diversas áreas de la vida académica, sabemos que la
participación de los estudiantes depende en gran medida de sus niveles de satisfacción o
insatisfacción académica. En consecuencia, debido a estos niveles de (in)satisfacción, también
se esperan niveles diferenciados de participación y uso por parte del estudiante en actividades
curriculares y extracurriculares como oportunidades de formación y desarrollo psicosocial
(AMBIEL; HERNÁNDEZ; MARTINS, 2016; CASANOVA; BERNARDO; ALMEIDA,
2021; CHICO
et al.,
2020).
La satisfacción académica se puede definir como una variable de la vida de un
estudiante que involucra su percepción, compromiso y logro personal y profesional con el
entorno académico (ALMEIDA, 2019). En este sentido, la satisfacción académica es un
constructo multidimensional, que incluye dimensiones cognitivas, emocionales y
conductuales, que afecta la forma positiva o negativa en que los estudiantes experimentan sus
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Andreia OSTI y Leandro da Silva ALMEIDA
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1561-1579, jul./sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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experiencias académicas (SOARES; ALMEIDA, 2011). Tales experiencias incluyen el
aprendizaje y el rendimiento académico, la relación con colegas y profesores, el proyecto de
carrera relacionado con el curso o, incluso, las diversas actividades diarias y su gestión. La
investigación disponible confirma una fuerte interdependencia entre la satisfacción académica
y la calidad de las experiencias académicas que ocurren durante la graduación de los
estudiantes (AMBIEL; HERNÁNDEZ; MARTINS, 2016; BARDAGI; BOFF, 2010; CHICO
et al.,
2020).
Para Osti, Freitas y Almeida (2021), la satisfacción académica juega un papel
importante en la implicación del alumno con su institución. La diversidad de condiciones y
experiencias de los estudiantes diferencia la satisfacción académica por áreas: Recursos
Económicos, Empleo Profesional y Futuro, Calidad de la Enseñanza y Relación con los
Docentes, Relación Interpersonal con colegas, Aprendizaje y Rendimiento Académico, y
Calidad de los Equipos y Servicios de la Institución Educativa (OSTI
et al.,
2020). Esta
diversidad de dimensiones nos permite describir mejor los perfiles de los estudiantes tomando
sus niveles de satisfacción con las circunstancias personales y contextuales de su vida
académica. Por ejemplo, la satisfacción puede variar dependiendo del área científica del
curso, con mayores niveles de satisfacción entre los estudiantes de humanidades y niveles más
bajos entre los estudiantes en el área exacta (SILVA; OLIVEIRA JÚNIOR, 2016), con un
papel importante para identificar al alumno con el curso elegido y el éxito en su aprendizaje
(ALMEIDA, 2019; SILVA, 2015).