image/svg+xmlA satisfação acadêmica no contexto do ensino superior brasileiroRIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1558-1576, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.16088 1558 ASATISFAÇÃOACADÊMICANOCONTEXTODO ENSINO SUPERIOR BRASILEIROLA SATISFACCIÓN ACADÉMICA EN EL CONTEXTO DE LA EDUCACIÓN SUPERIOR BRASILEÑAACADEMIC SATISFACTION IN THE CONTEXT OF BRAZILIAN HIGHER EDUCATIONAndreia OSTI1Leandro da Silva ALMEIDA2RESUMO: O artigo trata sobre a temática da satisfação acadêmica no Ensino Superior brasileiro. O tema tem sido amplamente estudado em âmbito internacional em decorrência da ampliação do ensino superior e do aumento da diversidade de estudantes na universidade. Buscou-se explorar, na produção nacional, quais são os trabalhos publicados que tratam sobre a temática da satisfação acadêmica na área educacional e discutir quais resultados vêm sendo encontrados. Metodologicamente, a pesquisa qualitativa bibliográfica foi direcionada para o acervo do Scientific Electronic Library OnLine(Scielo), das bibliotecas universitárias da Faculdade de Educação da UNICAMP, USP, UNESP e da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações, selecionados trabalhos publicados nos últimos dez anos. Os dados indicam que no Brasil existem muitos estudos que investigam os aspectos que influenciam o sucesso acadêmico e a permanência ou abandono de universitários, entretanto, a temática específica da satisfação acadêmica ainda é pouco investigada. PALAVRAS-CHAVE: Ensino superior. Satisfação acadêmica. Sucesso acadêmico. Revisão literatura. RESUMEN: El artículo trata el tema de la satisfacción académica en la educación superior brasileña. El tema ha sido ampliamente estudiado a nivel internacional, dada su importancia como resultado de la expansión de la educación superior y el aumento en el número y diversidad de estudiantes que acceden a la universidad, con la satisfacción académica jugando un papel decisivo en la permanencia y éxito académico de los estudiantes. Específicamente, se buscó explorar en la producción académica nacional qué trabajos se publican que abordan el tema de la satisfacción académica en el área educativa y discutir qué resultados se han encontrado, con el fin de tener una visión general del tema a nivel nacional. Metodológicamente, la investigación bibliográfica se dirigió al acervo de la Biblioteca Científica Electrónica OnLine (Scielo) y las bibliotecas universitarias de la Facultad de Educación de la UNICAMP, USP, UNESP y la Biblioteca Digital Brasileña de 1Universidade Estadual Paulista (UNESP), Rio Claro – SP – Brasil. Professora do Departamento de Educação. Doutorado em Educação (UNICAMP). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7605-2347. E-mail: andreia.osti@unesp.br 2Universidade do Minho (UMinho), Braga – Portugal. Professor Catedrático do Instituto de Educação. Doutorado em Psicologia (U.PORTO). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0651-7014. E-mail: leandro@ie.uminho.pt
image/svg+xmlAndreia OSTI e Leandro da Silva ALMEIDA RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1558-1576, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.16088 1559 Tesis y Disertaciones publicadas en los últimos diez años. Los datos indican que en Brasil existen muchos estudios que investigan los aspectos que influyen en el éxito académico y la permanencia o deserción de los estudiantes universitarios, sin embargo el tema específico de la satisfacción académica aún está poco investigado. PALABRAS CLAVE:Educación superior. Satisfacción académica. Éxito académico. Revisión de literatura. ABSTRACT: The article deals with the theme of academic satisfaction in Brazilian Higher Education. The topic has been widely studied internationally, given its importance as a result of the expansion of higher education and the increase in the number and diversity of students who access the university, with academic satisfaction playing a decisive role in the permanence and academic success of students. Specifically, we sought to explore in the national academic production which works are published that deal with the theme of academic satisfaction in the educational area and discuss what results have been found, in order to have an overview of the theme at the national level. Methodologically, the bibliographic research was directed to the collection of the Scientific Electronic Library OnLine (Scielo) and the university libraries of the Faculty of Education at UNICAMP, USP, UNESP and the Brazilian Digital Library of Theses and Dissertations published in the last ten years. The data indicate that in Brazil there are many studies that investigate the aspects that influence academic success and the permanence or dropout of university students, however the specific theme of academic satisfaction is still poorly investigated KEYWORDS:Higher education. Academic satisfaction. Academic succes. Literature review. Introdução A pesquisa sobre o constructo “Satisfação Acadêmica” no cenário internacional tem merecido algum destaque em razão do aumento do número e diversidade de estudantes no ensino superior (ES) e da necessidade de as instituições tentarem compreender as condições que favorecem a permanência e a conclusão dos cursos por parte dos seus estudantes. A satisfação dos estudantes é entendida como fator determinante para a sua permanência e sucesso acadêmico. Também no Brasil está temática tem despertado o interesse de vários pesquisadores, sugerindo que uma crescente demanda de estudantes universitários pertencentes a diferentes realidades sociais, culturais e econômicas, justifica maior pesquisa sobre os fatores do seu envolvimento e satisfação acadêmica. Importa lembrar que nas últimas décadas houve uma grande expansão do Ensino Superior no Brasil. Diversas políticas de acesso ao ES foram elaboradas, tal como o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), destinado ao financiamento de cursos em universidades particulares, e o Programa Universidade para Todos (ProUni), apoiando o ingresso nas universidades Federais e Estaduais do país. Este conjunto de políticas
image/svg+xmlA satisfação acadêmica no contexto do ensino superior brasileiroRIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1558-1576, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.16088 1560 garantiram, então, o acesso de um maior número de estudantes em todas as regiões, diminuindo o impacto dos fatores socioeconômicos como determinantes do acesso de estudantes ao ES público ou privado. A garantia de acesso à universidade e a destinação de vagas com fins específicos foi determinada na Lei nº 12.711/2012 (BRASIL, 2012), que regulamenta sobre a reserva de matrículas nas universidades federais e institutos federais de educação, ciência e tecnologia a alunos oriundos integralmente do ensino médio público, em cursos regulares, ou da educação de jovens e adultos. Há também as vagas reservadas às cotas que são subdivididas em razão da renda familiar do estudante provindo de escola pública. Em ambos os casos, também é levado em conta o percentual mínimo correspondente ao da soma de pretos, pardos e indígenas. Em consequência, houve maior acessibilidade e heterogeneidade de grupos étnicos e de estratos sociais dentro das universidades. Estes estudantes têm competências, expectativas e projetos de vida diferenciados, muitas vezes, moldados pelas suas origens socioculturais, e nem sempre tais perfis são os mais adequados para responderem às exigências e desafios que normalmente o ES coloca aos seus estudantes (ALMEIDA, 2019; ALMEIDAet al.,2007; CAMPIRA; ALMEIDA; ARAUJO, 2021; MERCURI; POLYDORO, 2004). Assim sendo, estes perfis culturais, comportamentais e sociais diferenciados passaram a exigir das instituições de ensino superior (IES) maior atenção a estes novos públicos nas suas caraterísticas e necessidades, procurando ao mesmo tempo implementar serviços e programas de apoio. Este cenário despertou nos pesquisadores do país interesse pela análise das condições de vida acadêmica dos estudantes, dos fatores que implicam em sua adaptação e permanência ou abandono, em particular as variáveis intervenientes na sua aprendizagem e desempenho acadêmico. Nas diversas áreas da vida acadêmica, sabemos que o envolvimento do estudante está fortemente dependente dos seus níveis de satisfação ou insatisfação acadêmica. Em consequência, em função desses níveis de (in)satisfação esperam-se também níveis diferenciados de participação e aproveitamento, por parte do estudante, nas atividades curriculares e extracurriculares enquanto oportunidades de formação e desenvolvimento psicossocial (AMBIEL; HERNÁNDEZ; MARTINS, 2016; CASANOVA; BERNARDO; ALMEIDA, 2021; CHICO et al.,2020). A satisfação acadêmica pode ser definida como uma variável da vida de um estudante que envolve sua percepção, engajamento e realização pessoal e profissional com o meio acadêmico (ALMEIDA, 2019). Neste sentido, a satisfação acadêmica é um constructo multidimensional, incluindo dimensões cognitivas, emocionais e comportamentais, afetando a
image/svg+xmlAndreia OSTI e Leandro da Silva ALMEIDA RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1558-1576, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.16088 1561 forma positiva ou negativa como os estudantes vão vivenciando as suas experiências acadêmicas (SOARES; ALMEIDA, 2011). Tais experiências incluem as aprendizagens e rendimento acadêmico, o relacionamento com colegas e professores, o projeto de carreira relacionado ao curso ou, ainda, as várias atividades diárias e sua gestão. A investigação disponível confirma uma forte interdependência entre satisfação acadêmica e a qualidade das vivências acadêmicas que ocorrem ao longo da graduação dos estudantes (AMBIEL; HERNÁNDEZ; MARTINS, 2016; BARDAGI; BOFF, 2010; CHICOet al.,2020). Para Osti, Freitas Pontes Júnior e Almeida (2021), a satisfação acadêmica assume papel relevante no envolvimento do estudante com o seu curso e com a sua instituição. A diversidade de condições e vivências dos estudantes diferencia a satisfação acadêmica por áreas: Recursos Econômicos, Carreira e Emprego Futuro, Qualidade do Ensino e Relacionamento com os Professores, Relacionamento Interpessoal com Colegas, Aprendizagem e Rendimento Acadêmico, e Qualidade dos Equipamentos e Serviços da Instituição de Ensino (OSTIet al.,2020). Esta diversidade de dimensões permite-nos melhor descrever perfis de estudantes tomando os seus níveis de satisfação com circunstâncias pessoais e contextuais de sua vida acadêmica. A título de exemplo, a satisfação pode variar em função da área científica do curso, encontrando-se níveis mais elevados de satisfação entre estudantes de ciências humanas e níveis mais baixos junto de estudantes da área de exatas (SILVA; OLIVEIRA JÚNIOR, 2016), cabendo papel importante à identificação do estudante com o curso escolhido e o sucesso nas suas aprendizagens (ALMEIDA, 2019; SILVA, 2015). Dado o exposto, considera-se fundamental o desenvolvimento do tema, sobretudo ao considerar os reflexos da pandemia de Covid-19 para grande parte dos estudantes e instituições, que precisaram se adequar às novas demandas e exigências, seja de isolamento e distanciamento ou sanitárias. A partir da situação vivida, mais estudos tomaram a (in)satisfação e seu impacto na permanência ou abandono do ES (ARAÚJO, 2017; CASANOVA; BERNARDO; ALMEIDA, 2021; FERRÃO; ALMEIDA, 2021; HIRSCH, 2015; OSTI; FREITAS PONTES JÚNIOR; ALMEIDA, 2021; SANTOS; ZANON; ILHA, 2019). O presente artigo realizou uma revisão da literatura sobre a temática da satisfação acadêmica dos estudantes considerando artigos, dissertações e teses publicadas nos últimos dez anos no Brasil, buscando verificar o panorama geral de publicações brasileiras sobre o tema.
image/svg+xmlA satisfação acadêmica no contexto do ensino superior brasileiroRIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1558-1576, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.16088 1562 Metodologia A revisão de literatura foi realizada a partir do banco de dados do Scientific Electronic Library OnLine(SciELO), do acervo das bibliotecas universitárias da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo – USP e Faculdade de Educação Universidade Estadual Paulista – UNESP, e da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações. Foram selecionados artigos, teses e dissertações publicadas nos últimos dez anos (2010-2020), porém, foram incorporados artigos também publicados em 2021, uma vez que apenas dois foram encontrados até o momento da finalização deste texto. Para todos os bancos de dados foram utilizadas as palavras-chave: “satisfação acadêmica” e “ensino superior”. Foram encontrados de início 189 trabalhos, justificando a definição de alguns critérios para seleção daqueles que iriam efetivamente compor a amostra. Os critérios foram os seguintes: a) tratar da temática de satisfação acadêmica no ensino superior brasileiro, b) ser direcionado ao ensino superior em nível de graduação, e c) abordar a temática da satisfação na perspectiva dos estudantes universitários ainda em curso. No final, após a seleção e exclusão das duplicatas, permaneceram 21 trabalhos, entre artigos, dissertações e teses. Breve apresentação dos estudos analisados Em recente artigo, Osti, De Freitas Pontes Júnior e Almeida (2021) abordam as consequências da pandemia de Covid-19 para a satisfação dos estudantes. Participaram 1.452 estudantes brasileiros, frequentando cursos das três grandes áreas definidas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES: Ciências Exatas e Tecnológicas, Ciências da Vida e Ciências Humanas. O questionário incluía questões fechadas e abertas, sendo aplicado de modo on-line, tendo como objetivo identificar como o cenário de pandemia comprometeu o engajamento dos estudantes nas atividades de aprendizagem. Os resultados indicaram que os estudantes tiveram sua capacidade de engajamento em atividades de aprendizagem reduzidas, o que afetou todas as atividades universitárias de forma geral, bem como em relação ao tempo dedicado ao estudo. A saúde mental e física também ficou comprometida. Em relação à satisfação de estudantes universitários com o ensino superior, Soares et al.(2021) procuraram, junto a um grupo de 78 estudantes universitários com idades de 19 a 50 anos de diferentes Instituições de Ensino Superior – IES públicas e privadas do estado do
image/svg+xmlAndreia OSTI e Leandro da Silva ALMEIDA RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1558-1576, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.16088 1563 Rio de Janeiro, identificar as características que compõem a satisfação desses estudantes com o curso superior. O papel do professor assumiu destaque como elemento de satisfação dos alunos. Os pesquisadores identificaram a importância do professor não só como facilitador do conhecimento e das habilidades profissionais dos estudantes, mas também como aquele que auxilia o aluno a fazer a transição do conteúdo teórico para o prático. No que tange à satisfação com o curso, detectou-se que a grade curricular bem articulada impacta positivamente na percepção que os alunos têm da IES, e isso reflete a importância que a universidade atribui ao curso e ao aluno. Em sentido oposto, a insatisfação com o curso ocorre quando a IES proporciona atividades extracurriculares de baixa qualidade, estrutura precária no campus e pouca oferta de estágios. A insatisfação também se relacionou principalmente ao não vivenciar aspectos práticos da profissão ou com a pouca qualidade da informação fornecida. Na pesquisa realizada em uma universidade pública do estado de São Paulo, Osti et al.(2020), avaliaram diversas dimensões da satisfação (institucionais, profissionais, interpessoais, recursos econômicos, ensino, aprendizagem e rendimento) junto a 136 universitários matriculados no 1° ano dos cursos de Pedagogia, Geografia, Biologia, Matemática e Computação, por meio de sessões em grupos focais. Os resultados apontam que em relação à Dimensão Institucional, os maiores níveis de insatisfação se encontram nos estudantes do curso noturno, em razão da insegurança pelo período e por não participarem de grande parte de atividades culturais e acadêmicas que normalmente ocorrem durante o dia na universidade. Contrariamente, também são os estudantes do curso noturno que apresentam os maiores índices de satisfação na Dimensão Profissional, uma vez que a maioria já se encontra empregada e inserida no mercado de trabalho, tendo uma certa estabilidade financeira. Na Dimensão Interpessoal, os maiores níveis de satisfação são encontrados em alunos do período integral, por terem maiores possibilidades na construção de vínculos relacionais com colegas. Na dimensão Recursos Econômicos, não houve diferenças significativas entre os grupos de estudantes, mesmo assim, os estudantes do período noturno se sentem mais satisfeitos, traduzindo que vários deles possuem renda através do seu próprio trabalho, não dependendo dos pais em termos financeiros. A Dimensão Aprendizagem e Rendimento é apontada como fator de satisfação entre estudantes das áreas das Humanas e Biológicas, e a maior insatisfação se manifestou em estudantes da área das Exatas, os quais afirmam dificuldade na obtenção das médias mínimas exigidas pela universidade. Na Dimensão Ensino, constata-se níveis elevados de satisfação, traduzindo a percepção de qualidade do ensino ofertado pela universidade.
image/svg+xmlA satisfação acadêmica no contexto do ensino superior brasileiroRIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1558-1576, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.16088 1564 Outros dois estudos foram realizados pelos mesmos pesquisadores (CHICOet al.,2020; OSTIet al.,2020), descrevendo o processo de construção de uma escala de satisfação acadêmica nomeada de Questionário de Satisfação Acadêmica. No primeiro estudo participaram 267 estudantes universitários do Brasil e Portugal, registrando-se bom funcionamento dos itens da escala nos dois países. No segundo trabalho, relacionou-se a satisfação acadêmica com as vivências acadêmicas dos estudantes no ES, encontrando-se correlações significativas entre níveis mais elevados de satisfação e percepções positivas das vivências acadêmicas, como seria expectável. Num outro trabalho, tomando estudantes de três grandes áreas científicas de cursos, Suehiro e Andrade (2018) analisaram a possível diferenciação da satisfação acadêmica dos universitários em razão do sexo, idade, área do conhecimento e do fato de trabalharem e estudarem ou só estudarem. A investigação tomou 232 estudantes do primeiro ano e os resultados indicam que o menor nível de satisfação na dimensão ‘satisfação com o curso’ engloba a necessidade de que o relacionamento com os professores e colegas do curso seja positivo; a disponibilidade dos professores em atender os alunos, o conhecimento sobre a disciplina, as estratégias de aula e avaliação dos professores; o conteúdo do curso para a formação; o desempenho obtido e o compromisso da instituição com a qualidade da formação. Não se encontraram diferenças em função do gênero dos estudantes, verificando-se que aqueles que melhor conciliam trabalho e estudo se apresentam mais satisfeitos em todas as dimensões da satisfação e, de forma mais significativa, em relação à ‘satisfação com o curso’. A pesquisa de Fadel et al.(2018) analisou a satisfação com a experiência acadêmica em estudantes do ensino superior de Ciências Biológicas e da área da Saúde de uma universidade pública do estado do Paraná no Brasil. O estudo considerou 223 graduandos dos cursos de Ciências Biológicas, Farmácia, Educação Física, Enfermagem, Medicina e Odontologia. Os dados foram coletados coletivamente em sala de aula a partir da aplicação da “Escala de Satisfação com a Experiência Acadêmica” (ESEA) elaborada por Scheleich, Polydoro e Santos (2006). Médias mais elevadas foram observadas na “satisfação com o curso”, enquanto as dimensões “satisfação com a instituição” e “oportunidade de desenvolvimento” obtiveram médias menores, porém próximas entre si. A maioria dos estudantes está satisfeita com grande parcela das variáveis que constituem a vida acadêmica, sobretudo estudantes de Medicina. Entretanto, infere-se que a percepção dos graduandos difere muito entre si e uma parcela considerável deles não se encontra satisfeita com a vida acadêmica. Enfatizam ser necessário que as instituições planejem e aprimorem estratégias
image/svg+xmlAndreia OSTI e Leandro da Silva ALMEIDA RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1558-1576, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.16088 1565 institucionais voltadas aos alunos, visando à promoção da satisfação acadêmica entre eles, em especial aos graduandos dos cursos de Ciências Biológicas e da área da Saúde. Referente aos diferentes níveis e etapas em que os estudantes se encontram, Oliveira e Dias (2014) tomaram numa pesquisa três grupos (ingressantes, alunos de meio de curso e alunos concluintes) e o foco das suas preocupações, e correspondente satisfação. Os resultados indicam que alunos ingressantes direcionam sua atenção aos princípios de entendimento do curso, sendo o momento mais crítico devido ao período possuir o maior índice de evasão. Observa-se também que alunos em meio de curso têm a pretensão de se manter no mesmo e que os estudantes concluintes têm como preocupação sua iniciação no mercado de trabalho. Também indicam que as maiores dificuldades para a satisfação acadêmica estão diretamente ligadas à ausência completa e/ou parcial de autonomia, característica que garante o controle emocional frente a situações problemáticas enfrentadas pelos jovens no decorrer da graduação. Os desafios enfrentados pelos jovens a partir de seu ingresso no ES é influenciado, segundo Soares Benevides et al.(2014), por uma confluência de variáveis pessoais e contextuais no seu processo de transição e adaptação ao ES. Com o objetivo de investigar como as expectativas afetam a qualidade das vivências adaptativas dos estudantes, foram aplicados dois questionários reportados às expectativas e vivências acadêmicas em 182 estudantes brasileiros. Os resultados indicaram que as expectativas iniciais dos ingressantes se correlacionavam com a qualidade das suas vivências acadêmicas. Em particular, as expectativas de maior envolvimento nas relações com os colegas, no projeto vocacional de carreira e nas atividades curriculares do seu curso estavam associadas a níveis superiores de adaptação acadêmica dos estudantes. Santos, Zanon e Ilha (2019) tomaram uma amostra de 372 estudantes de uma instituição de ensino superior do estado de São Paulo, distribuídos pelos cursos de Psicologia, Arquitetura e Urbanismo, Administração, Engenharia Civil, Engenharia Química, Engenharia de Produção, Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação. Tendo em vista relacionar a autoeficácia e satisfação com a experiência acadêmica, utilizaram a Escala com Experiência Acadêmica (SCHLEICH; POLYDORO; SANTOS, 2006) e a Escala de Autoeficácia na Formação Superior (POLYODRO; GUERREIRO-CASANOVA, 2010). Os resultados apontam que a autoeficácia é preditora da satisfação com a experiência acadêmica em universitários, sugerindo a relevância das instituições promoverem oportunidades de seu desenvolvimento por parte dos estudantes.
image/svg+xmlA satisfação acadêmica no contexto do ensino superior brasileiroRIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1558-1576, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.16088 1566 Em um estudo que buscou conhecer fatores que podem impactar na insatisfação dos alunos do curso de Engenharia, Thomaz, Rocha, Machado Neto (2011), alertam que esses fatores são divididos em: fatores psicológicos ou pessoais, como escolha equivocada do curso ou questões psicológicas pessoais; fatores associados a dificuldade no primeiro ano da graduação, como por exemplo, falta de base no ensino fundamental e ensino médio; fatores relacionados ao currículo do curso, como nível evelado de exigência, grande quantidade de disciplinas, extensa carga horária de aulas, pouco tempo para estudo, grande quantidade de provas e trabalhos a serem entregues, entre outros. Também fatores pedagógicos e estruturais, como por exemplo, falta de didática na formação dos docentes e dificuldades de recursos e infraestrutura adequada para o andamento das aulas, ou ainda fatores socioeconômicos, tais como alunos que aliam o trabalho à graduação ou dificuldade do enquadramento laboral após sua inserção no mercado de trabalho aparecem associados aos níveis de satisfação dos estudantes da Engenharia. Visando avaliar o grau de satisfação com a experiência acadêmica, Czapievski e Sumiya (2014) usaram a “Escala de Satisfação com a Experiência Acadêmica”. Esta escala avalia três dimensões: satisfação com o curso, oportunidade de desenvolvimento e satisfação com a instituição. A amostra foi composta por 137 graduandos, repartidos do 1º ao 4º ano, sendo o questionário aplicado em sala de aula, durante o período de aula normal. Os dados sugerem que os estudantes do 3º ano são os mais satisfeitos na dimensão “satisfação com o curso”, depois os do segundo, primeiro e quarto ano, enquanto na dimensão “satisfação com as oportunidades de desenvolvimento” se notou uma evolução gradual dos escores a partir do primeiro ano. Na dimensão “satisfação com a instituição”, os estudantes do primeiro e segundo ano apresentam-se mais satisfeitos que os colegas do terceiro e quarto ano. Por último, aponta-se que a relação aluno-professor, bem como a relação com a instituição, são importantes para a compreensão da qualidade da experiência acadêmica. A respeito da satisfação com a relação professor e aluno no contexto universitário, Oliveira et al.(2014) explanam a necessidade de estudar os fatores associados a tal relação e suas consequências nas taxas de adaptação e satisfação acadêmica do alunado do ensino superior. Para isso, os autores entrevistaram 29 estudantes de uma universidade pública do Rio Grande do Sul dos cursos de Psicologia e Economia, sendo alunos ingressantes e concluintes. Os resultados apontam cinco aspectos da interação professor-aluno que podem tanto facilitar quanto dificultar a adaptação acadêmica dos estudantes; são eles: diferenças entre os professores do Ensino Médio e os do Ensino Superior; formação e didática dos professores; receptividade e incentivo; relação acadêmica/pessoal; e importância atribuída ao
image/svg+xmlAndreia OSTI e Leandro da Silva ALMEIDA RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1558-1576, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.16088 1567 professor na formação. Os resultados apontaram a importância de os docentes atuarem com habilidades tanto nos aspectos teórico-didáticos quanto nos aspectos de relação interpessoal, concluindo-se que a proximidade afetiva entre professor e estudantes, ou conversas sobre assuntos não relacionados ao curso ou à profissão, podem favorecer a satisfação com a experiência universitária. No trabalho de Santos et al.(2013) se avaliou a integração e a satisfação acadêmica de universitários. Participaram 203 estudantes dos cursos de Psicologia e Odontologia de uma universidade particular, sendo aplicados o Questionário de Vivência Acadêmica (QVA-r) e a Escala de Satisfação Acadêmica (ESEA). Os resultados relativos à satisfação indicaram satisfação moderada com o curso, com a instituição e com as experiências de formação. Ao se comparar os resultados em função do curso, os alunos da Psicologia mostraram significativamente maior satisfação com o curso do que os alunos da Odontologia. Todavia, na dimensão satisfação com a instituição, foram os alunos da Odontologia que apresentaram pontuações médias significativamente mais altas face aos colegas da Psicologia. Comparando os índices de insatisfação discente em diferentes períodos do curso (diurno e noturno) e nas modalidades de ensinos presencial e à distância em estudantes do curso de Administração em uma Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Souza e Reinert (2010) afirmam que os estudantes do curso presencial diurno e noturno apresentam maior satisfação com a estrutura curricular. Quanto à insatisfação, ela expressou-se sobretudo pela falta de empatia de professores e pela falta de didática na lecionação. A maior insatisfação dos estudantes na modalidade à distância decorre das dificuldades de ensino dos professores e de dificuldades pessoais dos alunos com a gestão do estudo individualizado e grau de aprendizagem das matérias ministradas. Com o objetivo de estabelecer como a satisfação dos discentes na modalidade EaD influencia o desempenho acadêmico, Machado (2014) trabalhou com estudantes de Ciências Contábeis e Administração, centrando-se na análise e associação com o desempenho acadêmico. Os resultados indicaram, tal como previsto na literatura, a influência da satisfação no desempenho acadêmico. Apesar dos discentes de Ciências Contábeis possuírem Nota Geral do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes – ENADE superior aos de Administração, no que diz respeito à satisfação na esfera da interatividade observa-se o inverso entre os cursos, sendo Administração o curso com maior satisfação e Ciências Contábeis com menor satisfação, sendo este o fator mais relevante na predição dos resultados de aprendizagem.
image/svg+xmlA satisfação acadêmica no contexto do ensino superior brasileiroRIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1558-1576, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.16088 1568 Ao investigar a correlação entre a Escala de Adaptabilidade de Carreira (CAAS) e o Questionário de Vivências Acadêmicas, versão reduzida (QVA-r), em 89 alunos de Engenharia Elétrica e de Psicologia de uma universidade privada do interior do estado de São Paulo, Ambiel, Hernández e Martins (2016) verificaram que a satisfação acadêmica com a graduação escolhida pode ser um indicativo de adaptação à vida acadêmica e à carreira profissional. Os autores recomendam que as instituições de ensino superior realizem intervenções com o objetivo de promover a adaptabilidade de carreira dos seus alunos, pois esse processo pode influenciar de forma positiva na trajetória de carreira. Fonseca (2018) realizou um estudo comparativo dos níveis de expectativas e de satisfação discente do Instituto Federal do Ceará (IFCE) em função da política de interiorização nos campi dos municípios de Aracati, Canindé e Sobral. Foi utilizado um questionário adaptado do modelo de Schleich, Polydoro e Santos (2006) com o intuito de avaliar o grau de expectativa e satisfação com a expansão e interiorização do ensino superior. A pesquisa contou com uma amostra de 318 alunos, em que a contribuição parcial de cada unidade fosse proporcional com a sua população. A autora concluiu que a estratégia de interiorização é eficaz no cumprimento do Plano Nacional de Educação – PNE e promove a inclusão de populações que antes eram marginalizadas e que tinham o ingresso no ensino superior como uma utopia. Os seus resultados nas escalas de expectativas e de satisfação são moderados a elevados. Interessadas em conhecer a satisfação dos graduandos estrangeiros que estão em mobilidade incomingna Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Luce, Fagundes e Mediel (2016), buscaram entender como as ações promovidas por esta universidade influenciavam na qualidade de mobilidade e em sua dimensão intercultural. Foi feita aplicação de um questionárioonline a 137 alunos de mobilidade incomingde graduação. A pesquisa evidenciou aspectos positivos relacionados à comunidade acadêmica a partir dos relatos dos intercambistas, que evidenciaram o interesse no idioma, a integração entre os alunos e a satisfação dos graduandos em mobilidade em conhecer a cultura local. Para Oliveira, Santos e Dias (2016), um fator mantenedor dos níveis positivos de satisfação entre os estudantes, durante os anos de graduação, é o contato mantido com seus parentes, colegas e amigos da universidade. Desta forma, sugerem programas que promovam o desenvolvimento de habilidades sociais pelos alunos e a criação de vínculos relacionais a favor da sua adaptação acadêmica. Segundo Soares et al.(2018), estar na universidade obriga o estudante a se posicionar em diversas esferas de sua vida social e acadêmica. Desta forma, o universo acadêmico pode
image/svg+xmlAndreia OSTI e Leandro da Silva ALMEIDA RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1558-1576, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.16088 1569 gerar distintos níveis de (in)satisfação do estudante em seu percurso universitário. Os autores estimam que cerca de 30% dos alunos que frequentam o ES estão matriculados em cursos de segunda opção, o que probabilisticamente ocasiona uma possibilidade de insatisfação ou interferência quanto à evasão do estudante na escolha do curso. Rocha (2010) analisou a satisfação dos discentes de baixa renda em cursos de graduação tecnológica em três instituições de ensino superior privadas (Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA, Faculdade Ateneu e Instituto de Ensino Superior do Ceará, esta última pertence à Universidade Paulista – UNIP). Participaram 216 alunos e os dados foram coletados por meio de um questionário estruturado, que incluía duas dimensões da satisfação acadêmica: satisfação geral com o curso e satisfação com a qualidade do curso. Os discentes têm satisfação em relação ao curso, destacando também uma relação entre alunos e professores orientada pelo diálogo e atitudes éticas. Segundo Rocha (2010), outro aspecto influenciador na escolha da faculdade é o reconhecimento institucional e a qualidade de ensino, evidenciando que esta característica contribui na formação profissional dos discentes. Por último, os estudantes estão satisfeitos com a escolha do curso, especialmente pela percepção de que os cursos apresentam qualidade em suas práticas educacionais. Resultados Dos 189 trabalhos localizados, tomaram-se 21 trabalhos neste estudo. O levantamento bibliográfico realizado em todos os bancos de dados evidenciou que há muitas pesquisas no ensino superior relacionadas à adaptação, integração ou experiência acadêmica, construção de escalas, rendimento ou desempenho acadêmico, evasão universitária e perfil de ingressantes ou egressos. Depreende-se pelo exposto que o tema da “satisfação acadêmica” vem sendo pesquisado ao nível do ES no Brasil. A temática da satisfação aparece como coadjuvante para explicar processos de adaptação, aprendizagem, desenvolvimento e sucesso acadêmico, o que reforça, para os pesquisadores da área educacional, que a temática pode merecer maior investimento no Brasil, uma vez que possibilita explicar situações acadêmicas que corroboram para a permanência ou abandono de estudantes do ES e suas variáveis relacionadas. Entretanto, há de se destacar que há muitas pesquisas sobre satisfação conduzidas pelas áreas de administração, economia, contabilidade, marketing, saúde (enfermagem e odontologia), com foco nas condições de trabalho, no mercado de trabalho, ou em um único fator específico, como por exemplo, o desempenho acadêmico durante o curso, o que acaba de certa forma
image/svg+xmlA satisfação acadêmica no contexto do ensino superior brasileiroRIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1558-1576, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.16088 1570 configurando uma explicação para termos tantos trabalhos encontrados e tão poucos que tratam sobre a satisfação acadêmica de forma mais ampla, buscando verificar os vários fatores relacionados a mesma. Especificando os estudos analisados a propósito da (in)satisfação acadêmica, verifica-se que os autores desses estudos são de quatro diferentes regiões do Brasil (Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste) e a maior parte atua em universidade pública. Constatou-se o envolvimento de 17 universidades brasileiras, sendo oito estaduais, cinco federais e quatro particulares, o que mostra a presença do interesse pelo tema em âmbito nacional. Separando as universidades por estados, e em razão do número de instituições envolvidas, temos 04 em São Paulo (UNICAMP, USP, UNESP e Universidade São Francisco), 03 no Rio Grande do Sul (Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Universidade Passo Fundo), 03 no Paraná (Universidade Estadual de Ponta Grossa, Universidade Estadual do Centro-Oeste e Universidade Estadual do Oeste do Paraná), 02 no Ceará (Universidade Estadual do Ceará e Universidade Federal do Ceará), 02 no Rio de Janeiro (Universidade do Estado do Rio de Janeiro e Universidade Salgado de Oliveira), 01 no Mato Grosso do Sul (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), 01 em Santa Catarina (Universidade Federal de Santa Catarina) e 01 na Bahia (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia). Este levantamento possibilitou constatar, ainda, parcerias das universidades brasileiras com universidades portuguesas (Universidade do Algarve, Universidade do Porto e Universidade do Minho) e com a Universidade de Barcelona. Considerando todos os trabalhos, observa-se que os mesmos (CZAPIEVSKI; SUMIYA, 2014; OLIVEIRA; DIAS, 2014; OSTI; FREITAS; ALMEIDA, 2021; OSTIet al.,2020; SANTOS; ZANON; ILHA, 2019; SUEHIRO; ANDRADE, 2018) estão vinculados a faculdades ou departamentos de Psicologia, Educação, Odontologia, Economia, Administração ou Contabilidade e Direito. Assim, constata-se que a psicologia e a educação configuram as duas áreas com maior inserção na temática. O número de trabalhos entre 2010 e 2021 manteve-se equilibrado por ano, não se tendo registado um aumento nos últimos anos. Considerando que o Relatório Retratos da Educação no contexto da pandemia do novo coronavírus (INSTITUTO PENÍNSULA, 2020) afirma que 31% dos universitários brasileiros consideraram um desafio a manutenção das rotinas de estudo e não estavam evoluindo no processo de aulas remotas, enquanto outros 21% foram considerados em risco de não retornarem à universidade, é possível que em decorrência da pandemia possa ocorrer um aumento de pesquisas sobre a satisfação dos estudantes no ES.
image/svg+xmlAndreia OSTI e Leandro da Silva ALMEIDA RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1558-1576, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.16088 1571 Os trabalhos nacionais sobre a temática da satisfação aqui descritos versam sobre diferentes dimensões, evidenciando como a satisfação acadêmica influencia aspectos que vão desde o desempenho acadêmico até a saúde mental dos estudantes, implicando em sua permanência ou abandono do curso. No entanto, os estudos recolhidos mostram que a temática é trabalhada no Brasil com amostras limitadas a certos cursos ou áreas científicas, ou seja, pouco diversificadas. Por um lado, isso pode favorecer o desenvolvimento de medidas específicas para a população analisada, mas de outro lado, não é possível compreender como a satisfação acadêmica age nas mais diversas áreas e dimensões do ES. Todas as pesquisas mencionadas mostram como a satisfação acadêmica dos estudantes éafetada por alguma variável, seja ela socioeconômica, institucional, pessoal ou relacional. Dada a importância da temática, Silva e Oliveira Júnior (2016) apontam que as Universidades deveriam entender o perfil de seus alunos e relacioná-lo com o desempenho no decorrer do curso, pois estes estudos podem proporcionar ao professor parâmetros e conhecimentos específicos sobre a relação perfil do aluno-curso, e deste modo agir de forma mais objetiva. Considerações finais Este artigo realizou uma revisão da literatura sobre temática da satisfação acadêmica em nível nacional, considerando artigos, dissertações e teses publicadas nos últimos dez anos, buscando ter um panorama sobre as pesquisas brasileiras nesse tema. Os resultados indicam que a produção nacional sobre a temática envolve universidades, sobretudo públicas, reunindo autores de diferentes estados brasileiros. Entende-se que a temática consta em muitos trabalhos, seja como constructo teórico, seja como um conceito que auxilia na investigação de outros fatores, como o desempenho acadêmico, a adaptação e a integração. Neste sentido, alguns pesquisadores (OSTIet al.,2020; SOARES et al. 2021; SUEHIRO; ANDRADE, 2018) indicam a importância de investigar as vivências de satisfação ou insatisfação de estudantes no âmbito universitário, pois em um sistema massificado de ingressos importa conhecer e atender às expectativas dos estudantes. O não atendimento de tais expectativas gera frustração e insatisfação nos estudantes (OLIVEIRA; DIAS, 2017; OSTIet al.,2020, 2021; SOARES et al., 2018), favorecendo progressivamente a evasão da universidade, manifestada através do desinteresse e desilusão associados tanto a questões pessoais como institucionais. A partir de todo o exposto, infere-se que, quando o estudante possui amparo institucional, bem como apoio de amigos e familiares, além de maior liberdade em sua
image/svg+xmlA satisfação acadêmica no contexto do ensino superior brasileiroRIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1558-1576, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.16088 1572 vivência na universidade, poderá experienciar uma maior satisfação acadêmica. Neste cenário, novamente se destaca a importância de estudar os indicadores de satisfação e insatisfação discente, a fim de que com isso um maior número de estudantes possa ser contemplado por políticas de inserção e serviços de atendimento nas universidades para promover o seu desenvolvimento e bem-estar acadêmico e social. Em síntese, este estudo, reunindo publicações em torno da (in)satisfação acadêmica dos estudantes do ES, possibilita afirmar que a investigação sobre a satisfação acadêmica auxilia a compreender as fragilidades e deficiências nas IES e apresenta descobertas importantes a respeito do sucesso e permanência do estudante universitário. No entanto, importa reconhecer algumas limitações, principalmente em razão do recorte temporal e palavras-chave definidas. Considera-se, por isso, a possibilidade de futuros estudos e a continuidade da pesquisa em parceria com outros grupos de pesquisa e universidades. Por outro lado, considerando que a pandemia exigiu uma reorganização das universidades e de todos os seus envolvidos, acredita-se que novas incursões na temática aqui apresentada possibilitarão novas/outras pesquisas sobre os fatores intervenientes na satisfação acadêmica e como esta impacta na experiência a distância ou onlinedos estudantes. REFERÊNCIAS ALMEIDA, L. S. Estudantes do Ensino Superior: Desafios e oportunidades. Ensino Superior: Combinando Exigências e Apoios, 17-33. In: ALMEIDA, L. S. (ed.). Satisfação acadêmica no ensino superior: Desafios e oportunidades. 1. ed. Braga: ADIPSIEDUC, 2019. ALMEIDA, L. S.; FERRÃO, M. E. Persistence and academic expectations in higher-education students. Psicothema,v. 33, n. 4, p. 587-594, 2021. Disponível em: https://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/77409. Acesso em: 21 out. 2021. ALMEIDA, L. S.et al.Rendimento acadêmico no Ensino Superior: Estudo com alunos do 1° ano. Revista Galego-Portuguesa de Psicoloxía e Educación,v.14, n. 1, p. 209-220, 2007. Disponível em: http://hdl.handle.net/1822/12071. Acesso em: 15 out. 2021. AMBIEL, R.; HERNÁNDEZ, D.; MARTINS, G. Relações entre Adaptabilidade de Carreira e Vivências Acadêmicas no Ensino Superior. Psicología Desde el Caribe,v. 2, n. 33, p. 158-168, maio/ago. 2016. Disponível em: https://docplayer.com.br/57783529-Relacoes-entre-adaptabilidade-de-carreira-e-vivencias-academicas-no-ensino-superior.html. Acesso em: 24 set. 2021. ARAÚJO, M. A. Sucesso no ensino superior: Uma revisão e conceptualização. Revista de Estudios e Investigación en Psicología Y Educación, v. 4, n. 2, p. 132-141, 2017. Disponível em: http://repositorio.uportu.pt:8080/handle/11328/2554. Acesso em: 02 abr. 2021.
image/svg+xmlAndreia OSTI e Leandro da Silva ALMEIDA RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1558-1576, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.16088 1573 BARDAGI, M. P.; BOFF, R. M. Autoconceito, auto-eficácia profissional e comportamento exploratório em universitários concluintes. Avaliação, v. 15, n. 1, p. 41-56, 2010. Disponível em: https://www.scielo.br/j/aval/a/g6fwcjFPpspXMfmtmJqHyzj/?lang=pt. Acesso em: 10 abr. 2021. BRASIL. Lei n. 12.711, de 29 de agosto de 2012. Dispõe sobre o ingresso nas universidades federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 012. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011- 2014/2012/Lei/L12711. Acesso em: 13 maio 2020. CAMPIRA, F. P.; ALMEIDA, L. S. D.; ARAUJO, A. M. Satisfação acadêmica: Um estudo qualitativo com estudantes universitários de Moçambique. Educ. Form., Fortaleza, v. 6, n. 3, e4913, set./dez. 2021 Disponível em: https://revistas.uece.br/index.php/redufor/index. Acesso em: 18 fev. 2022. CASANOVA, R. J.; BERNARDO, A. B.; ALMEIDA, L. S. Dificuldades na adaptação académica e intenção de abandono de estudantes do primeiro ano do Ensino Superior. Revista de Estudios e Investigación en Psicología y Educación, v. 8, n. 2, p. 211-228, 2021. Disponível em: https://ruc.udc.es/dspace/handle/2183/29117. Acesso em: 06 jan. 2022. CHICO, B. M. et al.Investigação de fatores relacionados à satisfação acadêmica no ensino superior brasileiro. Revista de Instrumentos, Modelos e Políticas em Avaliação Educacional, v. 1, p. 1-15, 2020. Disponível em: https://revistas.uece.br/index.php/impa/article/view/3793. Acesso em: 13 abr. 2021. CZAPIEVSKI, F. N.; SUMIYA, A. Assessment of the degree of satisfaction of physical therapy students with the academic experience. Fisioter. mov., Curitiba, v. 27, n. 1, p. 119-125, 2014. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-51502014000100119&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 27 fev. 2021. FADEL, C. B. et al.Satisfaction with the academic experience among graduate students of a brazilian public university.RGO, Rev. Gaúch. Odontol., Campinas, v. 66, n. 1, p. 50-59, jan. 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rgo/a/KXSZKXJVWv4dJjdMbCFRg7Q/?format=html&lang=en. Acesso em: 04 ago. 2021. FONSECA, H. H. M. Fatores extrínsecos e intrínsecos que motivam a permanência dos alunos do curso em tecnologia em hotelaria do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará com base na teoria da autodeterminação. 2018. Dissertação (Mestrado em Políticas Públicas e Gestão da Educação Superior) – Universidade Federal do Ceará, Programa de Pós-graduação em Políticas Públicas e Gestão da Educação Superior, Fortaleza, CE, 2018. Disponível em: https://repositorio.ufc.br/handle/riufc/31111. Acesso em: 05 maio 2021. HIRSCH, C. D. Fatores preditores e associados à satisfação dos estudantes de enfermagem.Acta paul. enferm., São Paulo, v. 28, n. 6, p. 566-572, dez. 2015. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ape/a/8FXCFR457TkTSxGmzgQvPHw/abstract/?lang=pt. Acesso em: 16 set. 2021.
image/svg+xmlA satisfação acadêmica no contexto do ensino superior brasileiroRIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1558-1576, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.16088 1574 INSTITUTO PENÍNSULA. Retratos da educação no contexto da pandemia do coronavírus. São Paulo, 2020. Disponível em: https://www.institutopeninsula.org.br/wp-content/uploads/2020/10/Retratos-da-Educacao-na-Pandemiav2.pdf. Acesso em: 14 abr. 2021. LUCE, M. B.; FAGUNDES, C. V.; MEDIEL, O. G. Internacionalização da educação superior: A dimensão intercultural e o suporte institucional na avaliação da mobilidade acadêmica. Avaliação, Campinas, v. 21, n. 2, p. 317-340, jul. 2016. Disponível em: https://www.scielo.br/j/aval/a/FhyPkHjxyz78zYHZFLvJg6t/abstract/?lang=pt. Acesso em: 03 jan. 2022. MACHADO, E. A. Desempenho acadêmico dos estudantes na modalidade EAD: Um estudo comparativo entre concluintes dos cursos de Ciências Contábeis e Administração. 2014. Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo, 2014. MERCURI, E., POLYDORO, S. A. J. (org.). Estudante universitário: características e experiências de formação. Taubaté: Cabral Editora e Livraria Universitária, 2004. OLIVEIRA, C. T.; DIAS, A. C. G. Dificuldades na Trajetória Universitária e Rede de Apoio de Calouros e Formandos. Psico, v. 45, n. 2, p. 187-197, 2014. Disponível em: https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistapsico/article/view/13347. Acesso em: 12 fev. 2021. OLIVEIRA, C. T.; SANTOS, A. S.; DIAS, A. C. G. Expectativas de universitários sobre a universidade: sugestões para facilitar a adaptação acadêmica. Revista Brasileira de Orientação Profissional, v. 17, n. 1, p. 43-53, 2016. Disponível em: https://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/163641. Acesso em: 12 fev. 2021. OLIVEIRA, C. T.et al.Percepções de estudantes universitários sobre a relação professor-aluno. Psicologia Escolar e Educacional, v. 18, n. 2, p. 239-246, 2014. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pee/a/s3W5PBQmYJhLGqjpdY7j6jp/abstract/?lang=pt. Acesso em: 16 ago. 2021. OSTI, A.et al.Satisfação académica: Pesquisa com estudantes brasileiros de uma universidade pública. Revista E-Psi, v. 9, n. 1, p. 94-106, 2020. Disponível em: https://artigos.revistaepsi.com/2020/Ano9-Volume1-Artigo6.pdf. Acesso em: 17 out. 2021. OSTI, A.; FREITAS, P. J. J. A.; ALMEIDA, L. S. O Comprometimento acadêmico no contexto da pandemia da covid-19 em estudantes brasileiros do ensino superior. Revista Prâksis, v. 3, p. 275-292, jul. 2021. Disponível em: https://repositorium.uminho.pt/handle/1822/74311. Acesso em: 22 nov. 2021. POLYDORO, S.; GUERREIRO-CASANOVA, D. C. Escala de auto-eficácia na formação superior: Construção e estudo de validação. Avaliação Psicológica, v. 9, n. 2, p. 267-278, 2010. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/3350/335027283011.pdf. Acesso em: 06 jul. 2021. ROCHA, P. D. M. Atributos de satisfação em cursos superiores de Tecnologia em Gestão Empresarial com foco no mercado de baixa renda. 2010. Dissertação (Mestrado em Administração e Controladoria) – Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Economia,
image/svg+xmlAndreia OSTI e Leandro da Silva ALMEIDA RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1558-1576, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.16088 1575 Fortaleza, 2010. Disponível em: https://repositorio.ufc.br/handle/riufc/40339. Acesso em: 06 abr. 2021. SANTOS, A. A. A. et al.S. Integração ao ensino superior e satisfação acadêmica em universitários. Psicol. cienc. prof., Brasília, v. 33, n. 4, p. 780-793, 2013. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pcp/a/qF9KKY4hWRSy4fg3VKrt5jG/abstract/?lang=pt. Acesso em: 10 ago. 2021. SANTOS, A. A. A.; ZANON, C.; ILHA, V. D. Autoeficácia na formação superior: Seu papel preditivo na satisfação com a experiência acadêmica.Estud. psicol., Campinas, v. 36, e160077, 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/estpsi/a/qKQm7ZF4w6dngB7KppGQ3ZJ/abstract/?lang=pt. Acesso em: 08 jul. 2021. SCHLEICH, A. R.; POLYDORO, S. A. J.; SANTOS, A. A. A. Escala de satisfação com a experiência acadêmica de estudantes do Ensino Superior. Aval. Psicológica, Itatiba, v. 5, n. 1, p. 11-20, 2006. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=5115240. Acesso em: 02 ago. 2021. SILVA, H. G. Fatores determinantes do desempenho acadêmico no Ensino Superior: Uma abordagem por meio do Estado da Arte. In:CONGRESSO INTERNACIONAL TRABALHO DOCENTE E PROCESSOS EDUCATIVOS, 3., 2015, Uberaba. Anais [...]. Uberaba: Universidade de Uberaba, 2015. SILVA, H. G.; OLIVEIRA JÚNIOR, A. P. Fatores determinantes do desempenho acadêmico no ensino superior: Estado da arte. Revista Plurais – Virtual, Anápolis, v. 6, n. 2, p. 409-427, dez. 2016. Disponível em: https://www.revista.ueg.br/index.php/revistapluraisvirtual/article/view/5966. Acesso em: 15 ago. 2021. SOARES, A. B. et al.A Satisfação de Estudantes Universitários com o Curso de Ensino Superior. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 41, e220715, 2021. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pcp/a/C7Mc5LcL96y5ff3MK8FsX3J/abstract/?lang=pt. Acesso em: 09 jan. 2022. SOARES, A. B. et al. Expectativas acadêmicas de estudantes nos primeiros anos do Ensino Superior. Arquivos Brasileiros de Psicologia, v. 70, n. 1, p. 206-223, 2018. Disponível em: http://repositorio.uportu.pt/xmlui/handle/11328/2553. Acesso em: 19 fev. 2021 SOARES, A. B. et al.O impacto das expectativas na adaptação acadêmica dos estudantes no Ensino Superior. Psico-USF, v. 19, n. 1, p. 49-60, 2014. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pusf/a/n5TL8KyLXXvzvZSjpHPQTmd/?lang=pt. Acesso em: 13 abr. 2021. SOARES, A. P.; ALMEIDA, L. S. Questionário de satisfação académica. In: MACHADO, C.; GONÇALVES, M.; ALMEIDA, L.; SIMÕES, M. R. (eds.).Instrumentos e contextos de avaliação psicológica. Coimbra: Almedina, 2011. SOUZA, S. A.; REINERT, J. N. Avaliação de um curso de Ensino Superior através da Satisfação/Insatisfação Discente. Avaliação Campinas; Sorocaba, SP, v.15, n.1, p.158-176,
image/svg+xmlA satisfação acadêmica no contexto do ensino superior brasileiroRIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1558-1576, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.16088 1576 2010. Disponível em: https://www.scielo.br/j/aval/a/GjjTfJx9kSVy8t5pRbWFbGC/abstract/?lang=pt. Acesso em: 12 abr. 2021. SUEHIRO, A. C. B.; ANDRADE, K. S. Satisfação com a experiência acadêmica: Um estudo com universitários do primeiro ano. Psicol. Pesqui., Juiz de Fora, v. 12, n. 2, p. 1-10, maio/ago. 2018. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/psicologiaempesquisa/article/view/23430. Acesso em: 26 fev. 2021. THOMAZ, P. E.; ROCHA, L. B.; MACHADO NETO, V. Estresse em estudantes de engenharia. Momento,Rio Grande, v. 20, n. 1, p. 73-86, 2011. Disponível em: https://periodicos.furg.br/index.php/momento/article/view/1947. Acesso em: 23 jun. 2021. Como referenciar este artigoOSTI, A.; ALMEIDA, L. S. A satisfação acadêmica no contexto do ensino superior brasileiro. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1558-1576, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587. DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.16088 Submetido em: 11/01/2022 Revisões requeridas em: 23/03/2022 Aprovado em: 08/05/2022 Publicado em: 01/07/2022 Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação. Revisão, formatação, normalização e tradução.
image/svg+xmlLa satisfacción académica en el contexto de la educación superior brasileña RIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1561-1579, Jul./Sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.160881561 LASATISFACCIÓNACADÉMICAENELCONTEXTODELAEDUCACIÓNSUPERIORBRASILEÑA ASATISFAÇÃOACADÊMICANOCONTEXTODO ENSINO SUPERIOR BRASILEIROACADEMIC SATISFACTION IN THE CONTEXT OF BRAZILIAN HIGHER EDUCATIONAndreia OSTI1Leandro da Silva ALMEIDA2RESUMEN: El artículo trata el tema de la satisfacción académica en la educación superior brasileña. El tema ha sido ampliamente estudiado a nivel internacional, dada su importancia como resultado de la expansión de la educación superior y el aumento en el número y diversidad de estudiantes que acceden a la universidad, con la satisfacción académica jugando un papel decisivo en la permanencia y éxito académico de los estudiantes. Específicamente, se buscó explorar en la producción académica nacional qué trabajos se publican que abordan el tema de la satisfacción académica en el área educativa y discutir qué resultados se han encontrado, con el fin de tener una visión general del tema a nivel nacional. Metodológicamente, la investigación bibliográfica se dirigió al acervo de la Scientific Electronic Library OnLine(Scielo) y las bibliotecas universitarias de la Facultad de Educación de la UNICAMP, USP, UNESP y la Biblioteca Digital Brasileña de Tesis y Disertaciones publicadas en los últimos diez años. Los datos indican que en Brasil existen muchos estudios que investigan los aspectos que influyen en el éxito académico y la permanencia o deserción de los estudiantes universitarios, sin embargo el tema específico de la satisfacción académica aún está poco investigado. PALABRAS CLAVE:Educación superior. Satisfacción académica. Éxito académico. Revisión de literatura. RESUMO: O artigo trata sobre a temática da satisfação acadêmica no Ensino Superior brasileiro. O tema tem sido amplamente estudado em âmbito internacional em decorrência da ampliação do ensino superior e do aumento da diversidade de estudantes na universidade. Buscou-se explorar, na produção nacional, quais são os trabalhos publicados que tratam sobre a temática da satisfação acadêmica na área educacional e discutir quais resultados vêm sendo encontrados. Metodologicamente, a pesquisa qualitativa bibliográfica foi direcionada para o acervo do Scientific Electronic Library OnLine (Scielo), das bibliotecas universitárias da Faculdade de Educação da UNICAMP, USP, UNESP e da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações, selecionados trabalhos publicados nos últimos dez anos. Os dados indicam que no Brasil existem muitos estudos que investigam os aspectos que 1Universidad Estatal Paulista (UNESP), Rio Claro SP Brasil. Profesora del Departamento de Educación. Doctorado en Educación (UNICAMP). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7605-2347. E-mail: andreia.osti@unesp.br 2Universidad de Minho (UMinho), Braga Portugal. Profesor del Instituto de Educación. Doctor en Psicología (U.PORTO). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0651-7014. E-mail: leandro@ie.uminho.pt
image/svg+xmlAndreia OSTI y Leandro da Silva ALMEIDA RIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1561-1579, jul./sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.160881562 influenciam o sucesso acadêmico e a permanência ou abandono de universitários, entretanto, a temática específica da satisfação acadêmica ainda é pouco investigada. PALAVRAS-CHAVE: Ensino superior. Satisfação acadêmica. Sucesso acadêmico. Revisão literatura. ABSTRACT: The article deals with the theme of academic satisfaction in Brazilian Higher Education. The topic has been widely studied internationally, given its importance as a result of the expansion of higher education and the increase in the number and diversity of students who access the university, with academic satisfaction playing a decisive role in the permanence and academic success of students. Specifically, we sought to explore in the national academic production which works are published that deal with the theme of academic satisfaction in the educational area and discuss what results have been found, in order to have an overview of the theme at the national level. Methodologically, the bibliographic research was directed to the collection of the Scientific Electronic Library OnLine (Scielo) and the university libraries of the Faculty of Education at UNICAMP, USP, UNESP and the Brazilian Digital Library of Theses and Dissertations published in the last ten years. The data indicate that in Brazil there are many studies that investigate the aspects that influence academic success and the permanence or dropout of university students, however the specific theme of academic satisfaction is still poorly investigated. KEYWORDS:Higher education. Academic satisfaction. Academic succes. Literature review. Introducción La investigación sobre el constructo "Satisfacción Académica" en el escenario internacional ha merecido cierto protagonismo debido al aumento en el número y diversidad de estudiantes en educación superior (ES) y la necesidad de que las instituciones traten de comprender las condiciones que favorecen la permanencia y finalización de cursos por parte de sus estudiantes. La satisfacción del estudiante se entiende como un factor determinante para su permanencia y éxito académico. También en Brasil es temática ha despertado el interés de varios investigadores, sugiriendo que una creciente demanda de estudiantes universitarios pertenecientes a diferentes realidades sociales, culturales y económicas justifica una mayor investigación sobre los factores de su participación y satisfacción académica. Es importante recordar que en las últimas décadas ha habido una gran expansión de la Educación Superior en Brasil. Se elaboraron varias políticas de acceso a la ES, como el Fondo de Financiamiento Estudiantil (Fies), destinado al financiamiento de cursos en universidades privadas, y el Programa Universidad para Todos (ProUni), apoyando el ingreso a las universidades federales y estatales del país. Este conjunto de políticas, entonces, aseguró el acceso de un mayor número
image/svg+xmlLa satisfacción académica en el contexto de la educación superior brasileña RIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1561-1579, Jul./Sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.160881563 de estudiantes en todas las regiones, reduciendo el impacto de los factores socioeconómicos como determinantes del acceso de los estudiantes a la ES pública o privada. La garantía de acceso a la universidad y la asignación de plazas para fines específicos fue determinada en la Ley N° 12.711/2012 (BRASIL, 2012), que regula la reserva de matrícula en universidades e institutos federales de educación, ciencia y tecnología a estudiantes derivados íntegramente de la escuela secundaria pública, en cursos regulares, o de la educación de jóvenes y adultos. También hay vacantes reservadas para cuotas que se subdividen debido a los ingresos familiares del estudiante de una escuela pública. En ambos casos, también se tiene en cuenta el porcentaje mínimo correspondiente a la suma de negros, marrones e indígenas. En consecuencia, hubo una mayor accesibilidad y heterogeneidad de los grupos étnicos y los estratos sociales dentro de las universidades. Estos estudiantes tienen diferentes habilidades, expectativas y proyectos de vida, muchas veces moldeados por sus orígenes socioculturales, y estos perfiles no siempre son los más adecuados para responder a las demandas y desafíos que normalmente plantea a sus estudiantes (ALMEIDA, 2019; ALMEIDA et al.,2007; CAMPIRA; ALMEIDA; ARAUJO, 2021; MERCURI; POLYDORO, 2004). Por lo tanto, estos perfiles culturales, conductuales y sociales diferenciados comenzaron a requerir que las instituciones de educación superior (IES) prestaran mayor atención a estas nuevas audiencias en sus características y necesidades, mientras buscaban implementar servicios y programas de apoyo. Este escenario despertó en los investigadores del país interés por el análisis de las condiciones de vida académicas de los estudiantes, los factores que implican su adaptación y permanencia o abandono, en particular las variables involucradas en su aprendizaje y rendimiento académico. En las diversas áreas de la vida académica, sabemos que la participación de los estudiantes depende en gran medida de sus niveles de satisfacción o insatisfacción académica. En consecuencia, debido a estos niveles de (in)satisfacción, también se esperan niveles diferenciados de participación y uso por parte del estudiante en actividades curriculares y extracurriculares como oportunidades de formación y desarrollo psicosocial (AMBIEL; HERNÁNDEZ; MARTINS, 2016; CASANOVA; BERNARDO; ALMEIDA, 2021; CHICOet al.,2020). La satisfacción académica se puede definir como una variable de la vida de un estudiante que involucra su percepción, compromiso y logro personal y profesional con el entorno académico (ALMEIDA, 2019). En este sentido, la satisfacción académica es un constructo multidimensional, que incluye dimensiones cognitivas, emocionales y conductuales, que afecta la forma positiva o negativa en que los estudiantes experimentan sus
image/svg+xmlAndreia OSTI y Leandro da Silva ALMEIDA RIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1561-1579, jul./sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.160881564 experiencias académicas (SOARES; ALMEIDA, 2011). Tales experiencias incluyen el aprendizaje y el rendimiento académico, la relación con colegas y profesores, el proyecto de carrera relacionado con el curso o, incluso, las diversas actividades diarias y su gestión. La investigación disponible confirma una fuerte interdependencia entre la satisfacción académica y la calidad de las experiencias académicas que ocurren durante la graduación de los estudiantes (AMBIEL; HERNÁNDEZ; MARTINS, 2016; BARDAGI; BOFF, 2010; CHICOet al.,2020). Para Osti, Freitas y Almeida (2021), la satisfacción académica juega un papel importante en la implicación del alumno con su institución. La diversidad de condiciones y experiencias de los estudiantes diferencia la satisfacción académica por áreas: Recursos Económicos, Empleo Profesional y Futuro, Calidad de la Enseñanza y Relación con los Docentes, Relación Interpersonal con colegas, Aprendizaje y Rendimiento Académico, y Calidad de los Equipos y Servicios de la Institución Educativa (OSTI et al.,2020). Esta diversidad de dimensiones nos permite describir mejor los perfiles de los estudiantes tomando sus niveles de satisfacción con las circunstancias personales y contextuales de su vida académica. Por ejemplo, la satisfacción puede variar dependiendo del área científica del curso, con mayores niveles de satisfacción entre los estudiantes de humanidades y niveles más bajos entre los estudiantes en el área exacta (SILVA; OLIVEIRA JÚNIOR, 2016), con un papel importante para identificar al alumno con el curso elegido y el éxito en su aprendizaje (ALMEIDA, 2019; SILVA, 2015).