image/svg+xml
Nietzsche educador e a afirmação da singularidade
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2776
-
2793
,
out./dez
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2776
NIETZSCHE EDUCADOR E A AFIRMAÇÃO DA SINGULARIDADE
NIETZSCHE EDUCADOR Y LA AFIRMACIÓN DE LA SINGULARIDAD
NIETZSCHE AS AN EDUCATOR AND THE AFFIRMATION OF SINGULARITY
Lúcia Schneider
HARDT
1
RESUMO
:
O artigo tem por objetivo explicitar o impacto de Schopenhauer sobre Nietzsche
como um estilo de mestre
,
incorporando a singularidade como aquilo que a educação promove.
Para contemplar esta tarefa e atualizar a reflexão para o nosso tempo, faz
-
se necessário enfrentar
a tensão entre as demandas das instituições educacionais e a potência de um mestre na práti
ca
do seu ofício
,
a fim de buscar em cada estudante aquilo que
ele
tem de genuíno e original
.
Trata
-
se de um ensaio de abordagem qualitativa
que reflete a trajetória
formativa do próprio
Nietzsche
,
capaz de promover sua condição extemporânea e enfrentar a
cultura de sua época.
Educar, formar
-
se, é uma tarefa que exige paciência, persistência, rigor, disciplina. Para isso,
um mestre é necessário, de preferência, como nos indica Nietzsche, portador de uma serenidade
admirável, cheio de um fogo forte e devorad
or para ser capaz de promover a singularidade do
seu aluno.
PALAVRAS
-
CHAVE
:
Nietzsche.
E
ducação.
S
ingularidade.
RESUMEN
:
El artículo tiene como objetivo explicar el impacto de Schopenhauer en Nietzsche
como estilo de maestro/profesor, incorporando la si
ngularidad como lo que la educación
promove. Para contemplar esta tarea y actualizar la reflexión en nuestro tiempo, es necesario
enfrentar la tensión entre las exigencias de las instituciones educativas y el poder de un
maestro/profesor en el ejercicio de
su oficio, a fin de buscar en cada alumno lo que él tiene de
genuino y original.
Este es un ensayo con un enfoque cualitativo que refleja la trayectoria
formativa del propio Nietzsche, capaz de promover su condición extemporánea y enfrentar a
la cultura d
e su tiempo.
P
ara ello se necesita un maestro, preferentemente, como indica
Nietzsche, portador de una serenidad admirable, lleno de un fuego fuerte y devorador para
poder potenciar la singularidad de su alumno.
PALA
BRAS
CLAVE
:
Nietzsche.
E
ducación.
S
ingularidad.
1
Universidade
Federal
de Santa Catarina (UFSC)
, Florianópolis
–
SC
–
Brasil. Professora
Titular
.
Doutorado em
Educação
(
UFR
G
S
)
. ORCID:
https://orcid.org/0000
-
0002
-
4939
-
015
6
.
E
-
mail: luciashardt@gmail.com
image/svg+xml
Lúcia Schneider HARDT
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2776
-
2793
,
out./dez
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2777
ABSTRACT
:
The article aims to explain Schopenhauer's impact on Nietzsche as a style of
master/teacher, incorporating the singularity as the crucial thing that education should
promote. To contemplate this task and update the refle
ction for our time and context, it is
necessary to fight the tension between the demands of educational institutions and the power
of a
master
/teacher in the practice of his acting, in order to seek in each student what he has of
genuine and original.
This
is an essay with a qualitative approach that reflects the formative
trajectory of Nietzsche himself, capable of promoting his extemporaneous condition and facing
the culture of his time.
For this, a master is needed, preferably, as Nietzsche indicates, th
e
bearer of admirable serenity, full of a strong and devouring fire to be able to promote the
singularity of his student.
KEYWORDS
:
Nietzsche.
E
ducation. Singularity.
Introdução
Em que medida as instituições educacionais conseguem favorecer a singulari
dade em
seus processos formativos? Considerando os debates e formulações de diretrizes para as
instituições, para a definição de currículos
,
existe uma forte tendência em apelar para um
mesmo padrão de formação para todos como condição para a democracia. E
xistiria nesse
horizonte espaço para a diferenciação, para a singularidade? Para o genuíno? Afinal
,
aquilo que
se constitui como genuíno em cada um não é fruto do acaso
. A
singularidade não acontece
magicamente
;
como então não ser impedida quando a meta é
o desenvolvimento de um suposto
padrão que deveria ser alcançado por todos nas instituições
educacionais
?
Como fazer da
singularidade um objetivo pedagógico nas instituições?
Para compreender essa eventual falta pedagógica, precisamos retomar a perspectiva
da
modernidade e suas promessas. As narrativas de emancipação destacam um sujeito racional,
consciente, voltado para uma dimensão do progresso e da valorização de um individualismo
como recurso para a consolidação da liberdade.
U
ma narrativa com
tempero
metafísico e
idealista.
Para c
o
ns
truir uma maneira
diferente de
pensar a formação humana
,
será necessário
empreender
uma crítica radical
dos pressupostos metafísicos
e
,
para tanto
,
recorremos ao
filósofo Nietzsche
,
que já indicava
os indícios desta narrativa em seu tempo
,
e nessa direção
encaminha sua crítica para pensar a formação humana para além do registro da lógica moderna.
Sua crítica
enfrenta seu próprio tempo (e por extensão o nosso tempo)
e seu tema prioritário é
a questão
da cultura.
A cultura
expressa
e
analisada nos
textos de
Nietzsche
,
considerando a
atmosfera
espiritual da Alemanha do século XVIII
,
parece ter muito a nos dizer hoje ainda. Na
constelação
das luzes
,
a ideia de formação e cultura acabam constituindo
-
se a p
artir de uma subordinação
às exigências políticas do cidadão para a vida em sociedade. Cultura é assim um acúmulo
de
image/svg+xml
Nietzsche educador e a afirmação da singularidade
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2776
-
2793
,
out./dez
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2778
conhecimento, o estabelecimento de uma performance de um indivíduo sintonizado com seu
tempo, a serviço dele para gerar progresso
, inserção
no mercado de trabalho e
inovação. A
incorporação dessa
perspectiva
,
para Nietzsche
,
ativa ao máximo
o conceito de gregariedade,
necessário para a sobrevivência
humana,
mas restrito a considerar os humanos para além dos
rebanhos.
Para
este
filósofo, o
de
sejo de massificação da educação já não tem
mais
um
interesse
próprio
pela
cultura, mas o gosto de formar
“homens
correntes”
,
ú
teis
à
sua época
e
integrados
ao mercado e
à
produção
,
aptos a atender as demandas do Estado. Toda cultura que afirmasse
outra dimensão
tende a ser
descartada e o desejo é aproximar o indivíduo
d
o rebanho,
impedindo qualquer
singularidade que
o levasse para outra direção que não seja a dimensão
gregária. Insti
nto forte nos humanos, pois ele necessita da comunidade para sobreviver, mas
para Nietzsche não pode impedir aquilo que pode ser mais genuíno em cada um. Tornar
-
se
escravo do bem
-
estar
,
dos objetivos do
E
stado
,
empobrece qualquer formação humana e
enfraque
ce a cultura. Nietzsche
avalia
que o indivíduo
vem sendo educado para pertencer a uma
totalidade
e que ali
est
ariam
todas as metas a serem alcançadas. Qualquer desvio designa um
perigo
, portanto
,
todo acúmulo de conhecimento está dirigido para a preservaçã
o da sociedade.
Indivíduos que anunciam outras possibilidades são desprezados.
A sedução
pela busca deste
bem
-
estar
vive entre nós
, nem Nietzsche despreza esta necessidade
.
C
ontudo
,
é preciso cautela,
pois toda segurança vem
acompanhad
a
pela presença de um
espírito dominador e da exigência
de uma obediência.
Neste cenário podemos compreender as
conferências
proferidas por Nietzsche
,
que
compõem a obra intitulada
Sobre o futuro dos nossos estabelecimentos de ensino
, entre janeiro
e março do ano de 1872,
onde o filósofo
faz críticas à educação e cultura de sua época, tendo
como foco os estabelecimentos de ensino
e suas reformas educacionais
. Nietzsche reflete sobre
a educação de seu tempo e levanta uma série de quest
ionamentos ao denunciar aquilo que ele
define como a decadência dos processos formativos. Segundo o filósofo
,
seria necessário
restabelecer os critérios de exigência, autoridade e obediência fundamentais para
o
conhecimento. Para ele:
Duas correntes aparentemente opostas, ambas nefastas nos seus efeitos e
finalmente unidas nos seus resultados, dominam hoje os nossos
estabelecimentos de ensino, originariamente fundados em bases totalmente
diferentes: por u
m
lado, a tendência de
estender
tanto quanto poss
í
vel a
cultura,
por outro lado, a tendência de
reduz
i
-
la e enfraquecê
-
la.
De acordo
com a primeira tendência, a cultura deve ser levada a c
í
rculos cada vez mais
amplos; de acordo com a segunda, se exige da cultura que ela abandone suas
image/svg+xml
Lúcia Schneider HARDT
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2776
-
2793
,
out./dez
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2779
mai
s elevadas pretensões de soberania e se submeta como uma serva a uma
outra forma de vida, especialmente aquela do Estado (
NIETZSCHE,
2003, p.
44
,
grifos do autor
)
.
Tais tendências
–
a da extensão e a da redução
–
são o sinal de um descuido com a
formação
e
,
mais do que isso
,
um desconhecimento dos próprios desígnios da natureza. A
cultura como força e expressão do original é oriunda do trabalho de poucos e seria um equívoco
imaginar que ela seja fruto da massificação
.
Nestes termos
,
o jovem Nietzsche defende uma
cultura pauta
da por um estilo próprio, capaz de sustentar o original de um povo, e
,
por isso
mesmo
,
ter cautela com os propósitos da política.
Os homens raros enfrentam perigos
e
, por vezes
,
são excluídos, perdem prazeres básicos
da vida, pois estão em busca de coisas
mais elevadas que os perturbam
;
tal como Schopenhauer,
pois ele sabia que para buscar coisas mais elevadas não seria possível ajustar
-
se
à
s condições
de seu tempo, render
-
se aos modismos
,
e para ele sempre esteve presente uma indagação:
“
No
mais profundo
do teu coração, dizes sim a esta existência? Ela te é suficiente?
”
(
NIETZSCHE,
2003, p.
163).
A imagem de um povo, de uma cultura
,
não encontra um ponto fixo, ela é capturada de
diferentes formas. O exemplo maior foi a diversidade de possibilidades no proc
esso de
apropriar
-
se de uma Grécia a partir de alternativas muito peculiares e diversas. Nietzsche
apreciava o lado sombrio, mais vinculado
às
pulsões originárias. Formação
,
nessa direção
,
adquire sentido reunindo arte, cultura, natureza, passado
e
futuro
para contemplar o presente
como um desafio a ser enfrentado a partir de um legado recebido, de preferência nas instituições
de ensino. Educar implica refletir o plano do individual, mas também cultural e histórico. O
risco de evadir
-
se do presente é grande
;
por isso
,
a tarefa prioritária da formação é respeitar e
cultivar a autoridade do pensamento por meio da cultura.
Em outros termos
,
Nietzsche criticava o princípio da profissionalização estendido às
instituições, o que não nos dá o direito de sentenciá
-
lo como elitista, mas compreender
efetivamente o que ele denuncia: as coisas devem ter nome e finalidade conforme suas
especificidades: escolas técnicas, necessárias
à
sociedade, não são escola
s
de cultura e de
formação. Aquilo que o mercado quer é diferen
te do que a cultura deseja cultivar. Neste
momento
,
Nietzsche defende instituições que
,
inspiradas pela Grécia, almej
em
alcançar a
totalidade da formação do homem
,
resistindo
às
armadilhas de uma especialização. Mais tarde
,
Nietzsche vai abandonar algumas posturas desta época, contudo
,
jamais vai abrir
mão
de sua
crítica
à
especialização e redução da cultura aos interesses do Estado.
image/svg+xml
Nietzsche educador e a afirmação da singularidade
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2776
-
2793
,
out./dez
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2780
Nietzsche admite que muitas promessas e discursos universalizantes são um engodo,
uma vez q
ue prometem o que nem sempre conseguem cumprir. O desafio da proposta de
Nietzsche em educação
,
afirmando que a opção por uma formação mais elevada
,
que em síntese
promete mais dificuldades que alegrias, exige dedicação plena, e nenhuma garantia de
reconhe
cimento. Isso seria motivo para “vulgarizar as exigências”? De forma alguma
,
afinal
,
afirma Weber
(2011, p. 143)
:
“
respeitar e reconhecer a limitação linguística dos analfabetos
não nos obriga a aceitar o analfabetismo como destino da humanidade”. Da mesma
forma, segue
Weber
(2011
)
,
apontando que
a dificuldade sempre presente no uso da língua não pode nos
tornar condescendentes com o seu uso. Nesse horizonte está a defesa da educação em Nietzsche
:
a necessidade de encontrar mestres para estas tarefas, o que
nunca significou desprezar outras
alternativas.
A defesa da singularidade
O que seria então uma formação não subordinada aos ditames do Estado?
Nietzsche vai
defender a necessidade da solidão, um afastamento de tudo que convoca o humano a ser
presença
em uma conjuntura já definida. Já nesse ponto a tão prometida liberdade moderna
par
ece
não ser contemplada, pois os pequenos sinais de discordância em relação
à
sociedade e
aos tantos rebanhos nela configurados são considerados imorais. Podemos concluir qu
e o
instinto gregário contou com os processos institucionais e formativos para conservar
-
se no
tempo
e
para dirigir os indivíduos
a seus
propósitos.
Nesse contexto faz sentido a expressão de Nietzsche
–
“tornar
-
se o que se é
”,
o que
implica desprender
-
se do instinto de rebanho para assumir sua forma. Não existe um manual de
condutas para seguir essa trajetória, implica ativar em si mesmo todos os recurso
s
e não apenas
a racionalidade. Não
se trata de
buscar um “
eu verdadeiro
”
,
mas
ousar
fazer experiências
com
o corpo compreendido como a grande razão
,
implicado por instintos e pulsões.
S
er artista de si
mesmo, criando e inventando sua própria vida. Um humano capaz de não apenas obedecer,
ser
hábil para
selecionar o legado que rec
ebeu pelos estabelecimentos de ensino
e ter coragem
para
combater
seu próprio temp
o. Hierarquizar, calibrar aquilo que ainda pode ser preservado das
normas do convívio sem perder a força para afirmar sua singularidade que
,
por vezes
,
o leva a
viver solitar
iamente.
Vale ressaltar que este indivíduo não é indiferente a sua comunidade,
afasta
-
se para ativar forças e deseja voltar para compartilhar experiências e outros modos de
viver.
O homem singular consegue também ter outro convívio com a história
,
e o próp
rio
filósofo tratou disso em suas obras. Destaca a
i
deia do esquecimento como necessário para a
image/svg+xml
Lúcia Schneider HARDT
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2776
-
2793
,
out./dez
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2781
criação. Esvaziar a memória considerando os excessos da afirmação de verdades que não
se
justifica. Uma formação que apenas exige a memorização, repetição do pa
ssado
,
sem deles
tomar o direito
à
invenção
,
designa uma precariedade que pode ser superada
pela educação.
Da falta de s
i
para a singularidade
Nietzsche na sua própria vida nos ensinou possibilidades de acesso a nossa
singularidade. Ele próprio
deixou
-
se
conduzir pela atmosfera do romantismo, seduzido pela
música de Wagner e tudo que a ele dizia respeito. Tornou
-
se um seguidor, adepto de um
movimento que o consumiu por muito tempo.
Em sua produção no período intermediário,
especialmente em
Humano
,
d
emasiado humano
, Nietzsche consegue
à
distância analisar sua
própria fidelidade a
esse
tempo e perceber que isso é também uma das causas talvez de sua
enfermidade. Afinal, sugere nosso filósofo:
Em que medida a devoção obscurece
–
Em séculos posteriore
s, o grande
homem é
p
resenteado com todas as grandes características e virtudes do seu
século
–
assim, tudo de melhor é constantemente
obscurecido
pela devoção,
que o vê como uma imagem sagrada, em que são penduradas e expostas
oferendas de todo tipo;
–
at
é ser enfim totalmente coberto e envolto por elas,
tornando
-
se mais um objeto de fé que de observação
(
NIETZSCHE, 2008,
p.
95
, grifo do autor
).
Por vezes
,
Nietzsche fala de si, mas fala de todos nós, sempre ainda devotos às demandas
de nosso tempo, fiéis a algumas promessas ou adeptos de certas narrativas que nos seduzem e
nos encantam para
nos conduzir ainda a
um modo estético
-
metafísico de olhar para a ex
istência.
Na devoção às narrativas
,
o que pode estar em falta é o “si mesmo”
;
pedagógico também é
afastar
-
se
,
passar pelas privações
de narcóticos educacionais, olhar par
a
si mesmo, aventurar
-
se em criar experiências, tentar afastar
-
se das teias que deseja
m nos capturar.
A abordagem “
da falta de si
” está muito bem apresentada
no texto
de
Adami (
2016),
quando avalia a própria caminhada de Nietzsche
,
que
precisou voltar a si mesmo, decidir sobre
o afastamento em relação
à
filologia
.
Seu desejo era
mesmo ser filósofo, afastar
-
se do
romantismo, afastar
-
se inclusive do seu mestre Schopenhauer para não perder a força do si
mesmo e construir seu próprio destino
. Nesses termos
,
Nietzsche fala do necessário, inclusive
de sua doença, que exigiu uma alteração do olhar construindo uma nova crítica
,
agora dirigida
a sua própria
trajetória
. E esse processo é infinito desde que tenhamos coragem
para também
enfrentar nós mesmos e nossas atitudes devotas tão frequentes na atualidade.
Em que medida
nossa configuração e formação pedagógica tem incentivado esta crítica de nós mesmos?
image/svg+xml
Nietzsche educador e a afirmação da singularidade
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2776
-
2793
,
out./dez
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2782
Nietzsche de
screve a vida como imperfeita, em constante devir, inaugurando sempre
novos movimentos, outros horizontes. Os humanos vivem no interior dessa tensão, desafiados
a criar novas respostas
,
adequadas a novas circunstâncias. A tarefa humana
,
assim
,
implica
enco
ntrar novas medidas e valores capazes de dar prosseguimento
à
grande aventura que é
viver. Nesse ponto
,
a história e aquilo que se revela pela prática do esquecer e do lembrar podem
ser uma boa orientação que o passado pode oferecer para o presente. Esquec
er implica afastar
-
se de questões já conhecidas e resolvidas para entregar
-
se a nov
os
horizontes sedentos de outras
respostas. Devemos evitar o risco de sempre repetir a mesma resposta, importa reconhecer os
novos problemas e necessidades, experi
mentá
-
los
,
para efetivamente dar
à
vida a dignidade que
merece. Contudo
,
importa também lembrar e analisar situações passadas para refletir sobre
aquilo que
,
já experimentado
,
pode eventualmente nos ensinar na busca de novas respostas. De
certa forma, diante de nov
os horizontes não estamos em plena obscuridade, temos como
recorrer a uma tradição, da qual devemos cuidar para enfrentar experiências novas oferecidas
pelo devir.
Como bem sugere Rangel (2009
, p. 212
-
213
)
:
As experiências já realizadas pelos homens ganha
m sentido a partir do
enfrentamento sincero do presente, de uma entrega às novas configurações
históricas, o que Nietzsche chama de atitude a
-
histórica. Vive
-
se primeiro e,
depois, se necessário for, se busca, no diálogo com o passado, medidas ca
-
pazes de
orientação. O estudo do passado para a vida, aí reside a vantagem da
ciência histórica. Enquanto vivemos bem sem o passado, devemos continuar
longe dele, afirma Niet
z
sche, mas se encontramos dificuldades em lidar com
os novos problemas que nos são oferecid
os, incessantemente, pela vida, o
apoio das experiências já realizadas é bem
-
vindo.
Quando então precisamos da história? Em que medida as instituições são responsáveis
pela formação pedagógica nesta direção do entendimento da vida e da capacidade de lembr
ar e
esquecer
?
Como o legado da cultura pode abrigar esta finalidade e sustentar também a fu
nção
do mestre nas instituições?
Sobre as práticas institucionais
–
das necessidades coletivas para o direito à singularidade
O Nietzsche jovem destaca a importância das instituições quando assumem o
compromisso com a cultura, com a gestação e
a
criação do genuíno nos indivíduos. Deixar
-
se
capturar pelo hábito, atender d
emandas mais imediatas, seguir modismo
s
e tendências
,
revela
o início de um processo de decadência. A reverência
à
cultura nas instituições deveria ser
protegida, os indivíduos raros deveriam ser preservados, o que não significa a defesa de
image/svg+xml
Lúcia Schneider HARDT
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2776
-
2793
,
out./dez
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2783
qualquer elitis
mo no campo da educação
.
Trata
-
se sim da defesa de uma elevação espiritual
oriunda da cultura.
O
que está em questão é uma espécie de “culto” à cultura
,
que protegida e
consolidada na memória coletiva
,
necessita da educação para ser conhecida e divulgada
p
ara a
sociedade
.
Existe
,
nas instituições
,
um sentido histórico que sabe da necessidade da preservação da
tradição, inclusive para ruminar as questões do presente. Não se pode recorrer ao passado para
soterrar o presente
;
e nem desejar consolidar sentidos
que não foram no passado plenamente
vividos. Escapar do presente idealizando o passado é
,
em última instância
,
empobrecer a vida.
A II
Extemporânea
2
–
sobre a utilidade e os inconvenientes da História para a vida
–
foi
,
antes de tudo
,
um ataque contra o historicismo, a condenação das visões cientificistas da
história. O critério mais justo para abordar a história é a própria vida. A história pode ser muito
relevante para a vida, mas pode ser também um discurso vazio. Assim
,
as institui
ções devem
preservar a memória cultural do passado para garantir
,
pela educação e
pelos
processos
formativos
,
que algo pode ser buscado no passado para construir o futuro. O próprio Nietzsche
fez esta experimentação a partir dos gregos
,
ao destacar os prin
cípios apolíneos e dionisíacos.
Abusar deste olhar para o passado faz esquecer o presente e desprezar o futuro. Buscar o
passado nunca implica repeti
-
lo, mas apropriar
-
se dele para pensar o presente. Quem pode criar
as condições para esta tarefa?
Descuida
r
-
se da cultura produz um adoecimento que impede que o legado cultural seja
cultivado. Precisamos captar e decifrar valores de um povo
e
de uma cultura para compreender
as forças ativas dos indivíduos em relação
à
sociedade. Nietzsche
,
assim
,
cria categori
as para
compreender as várias perspectivas da história e ressalta o valor da memória e do esquecimento
,
como já apontamos. Conhecer o passado já implica uma ciência, é uma metodologia de reflexão
que deve ser mais destacada do que a compulsão em produzir q
uadros narrativos e descritivos
pautados por causas e consequências. Nietzsche identifica três atitudes básicas em relação
à
história, posturas que podem servir
à
vida
,
enfrentando os desafios que sempre
surgem, mas
podem também servir a uma tendência a sa
cralizar o passado
,
imaginando assim encontrar
proteção. Estamos neste ponto nos referindo
à
história monumental, tradicional ou antiqu
á
ria e
à
história crítica.
A primeira versão de história nos desafiou a buscar no passado modelos para a ação,
conhecer o
que é exemplar para orientar
-
se em direção ao futuro. Nietzsche buscou estudar
2
Neste ponto estamos
nos
orientando
pela
o
bra
Escritos sobre História
de Nietzsche
, apresentad
a
e traduzid
a
por
Noéli Correia de Melo Sobrinho (200
5
)
.
image/svg+xml
Nietzsche educador e a afirmação da singularidade
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2776
-
2793
,
out./dez
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2784
grandes indivíduos para entender como responderam a grandes desafios de seu tempo, sem criar
com isso nenhum ídolo,
pois
não está em questão produzir uma história de heróis, ma
s aprender
como
,
em épocas diferentes
,
o humano deu seu testemunho de originalidade no enfrentamento
de questões vitais. Encontrar indivíduos singulares, não para imitá
-
los, mas para encorajar cada
indivíduo a enfrentar sua história singular
no tempo em qu
e vive
. Está em questão lembrar da
força,
da
coragem como possibilidade humana. Isso se aprende também nas instituições, por
meio dos processos formativos
,
sem deixar
-
se seduzir por uma história que apenas deseja
revelar grandes indivíduos e seus feitos. A
história existe para ensinar aos homens do presente
que as turbulência
s
da vida já foram enfrentadas em outros períodos
,
e que ainda podemos fazer
isso com outras performances próprias de nosso tempo.
A história tradicional busca uma eterna origem de sua
comunidade, como se ela
estivesse travestida de luz e se revelasse como relíquia. Enfeitiçados pela sedução
,
não
conseguem capturar os fenômenos históricos em toda sua profundidade. Aprisionados em
excesso no passado e obcecados pela origem, seus represent
antes pretendem elaborar
explicações
:
eles
não t
ê
m interesse nos “grandes homens”, mas descreve
m
práticas, convicções,
ideologias no interior d
a
s quais a vida
s
e movimenta. É preciso cultivar ideias, símbolos e
práticas culturais. Por outro lado, esta
perspectiva da história descuida
-
se da reflexão sobre as
próprias crenças, da necessidade de preparar
-
se para o novo, tende a estacionar em uma
determinada tradição. Ela pode perder força nas travessias do devir, e assim deverá abrir espaço
para outros sen
tidos e valores.
Por fim
,
a história crítica, que avalia as duas anteriores e indica alguns riscos. O passado
pode ser uma armadilha, pode acabar soterrando o presente. A perspectiva crítica da história
nega o passado sempre que ele ocupa em demasia o esp
aço na reflexão dos humanos. O passado
não pode inibir a força no presente, fazer definhar a coragem e a originalidade no enfrentamento
do que é novo e de outro modo já vivenciado. A dimensão crítica deve ser instigante, presente,
forte
,
para impedir que o
s humanos fiquem subordinados a
os
heróis ou
às
tradições bem
delineadas
,
desistindo daquilo que está colocado a sua frente como desafio.
Não temos como propósito nos debruçar sobre a II Extemporânea considerando toda sua
profundidade, ela aqui está sendo r
essaltada para afirmar uma das funções da educação nas
instituições sob o ponto de vista de Nietzsche. E
,
para além disso
,
ajudar a refletir sobre a
indagação necessária nesse texto: o que pode o mestre nas instituições?
No texto Schopenhauer como educador
(
NIETZSCHE,
2003)
, o destaque fica por conta
da definição de quem é o mestre, quais suas principais características e como deveria ser, uma
image/svg+xml
Lúcia Schneider HARDT
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2776
-
2793
,
out./dez
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2785
vez que
,
operando pedagogicamente
,
levaria o indivíduo a assumir sua autoformação. Afinal
,
qual é esse embate entre
os objetivos de uma instituição e o papel do mestre na formação dos
indivíduos em busca do que é genuíno, original em cada um
?
Este texto pretende contemplar a
reflexão sobre este problema e esta tensão: o que pode um professor no interior de uma
institui
ção
,
considerando as demandas
institucionais
? O que eventualmente a instituição impede
ou inibe na tarefa do mestre na direção de buscar o genuíno nos alunos
?
Para compreender isso
,
poderíamos reunir duas
insinuações de Nietzsche
(2003)
, na
obra
Sobre o f
uturo dos nossos estabelecimentos de ensino
, quando o filósofo
,
em tempos de
docência
,
afirma que não quer dedicar
-
se
às
questões administrativas nas instituições, deseja
sim percorrer as profundezas da experiência e enfrentar os verdadeiros problemas da c
ultura,
coisa que horários e quadros jamais vão garantir
;
deseja
,
mesmo com as instituições
,
gozar de
um horizonte mais livre, e nesta defesa sabia que jamais poderia contar com os amantes da
administração de horários e quadros de aulas. Pelo
contraditório
,
Nietzsche
(2003, p. 46)
afirma
no mesmo texto que em tempos de “homens sérios, a serviço de uma cultura inteiramente
renovada e purificada” em algum momento a parte administrativa será muito importante, mas
por outros motivos
que as demandas
atuais
, por exemplo
,
para formar leitores calmos, “capazes
de escolher e buscar as boas horas do dia e seus momentos fecundos e poderosos para meditar
[…] não para escrever um resumo ou ainda um livro, mas para meditar!”
(
NIETZSCHE, 2003,
p.
46
-
47). Leito
res apressados corrompem a obra.
Um educador deve indagar a seu discípulo
,
e aqui reafirmamos a provocação de
Schopenhauer
(
NIETZSCHE,
2003, p. 145)
: “No mais profundo do teu coração, dizes sim a
esta existência? Ela te é suficiente?”
.
Segundo Nietzsche
(
2003
)
,
os homens raros, capazes de
responder com firmeza a esta questão
,
demonstram algum tipo de desprezo àqueles que
desperdiçam sua possibilidade de formação.
Afinal: “homem que não quer pertencer à massa
só precisa deixar de ser indulgente para consigo
mesmo; que ele siga a sua consciência que lhe
grita:
“
S
ê
tu mesmo! Tu não és isto que agora fazes, pensas e desejas
”
(
NIETZSCHE
,
2003
,
p.
139).
Assim
,
as narrativas indigestas que
,
por vezes
,
avaliamos no texto de Nietzsche
,
precisam ser contempladas pelos argumentos que ele mesmo nos oferece na defesa da função
das instituições e de um mestre que efetivamente deseja educar. O desprezo por um leitor
apressado,
pel
a obsessão
em
resumir obras antes de compreendê
-
las, revela fortemente o desejo
de enfrentar a submissão a um tempo já mergulhado no empobrecimento da própria reflexão.
A felicidade e a boa formação não vir
ão
enquanto o indivíduo estiver subordinado “nas cadeias
image/svg+xml
Nietzsche educador e a afirmação da singularidade
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2776
-
2793
,
out./dez
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2786
da opi
nião corrente e do medo” (
NIETZSCHE
,
2003, p.
139). Por isso, afirma Nietzsche
(
2003
,
p. 139)
,
que
não existe na natureza criatura mais sinistra do que aquela “que foi despojada do
seu próprio gênio e que se extravia agora a torto e direito em todas as dir
eções”.
Impedir esse deixar
-
se levar a qualquer direção é tarefa do bom mestre.
Ou como já
anunciamos antes, um mestre deve evitar “
a falta de si
” em cada estudante. A pedagogia de um
mestre sensível deseja encontrar estudantes capazes de fazer experiência
s, aptos a destinar a si
mesmo um olhar crítico para reorientar
-
se infinitamente em direção a múltiplas possibilidades.
Neste ponto
,
somos convocados como mestres também a pensar nossa prática, quando
seguimos em demasia as demandas desenhadas pelas instit
uições. Nós, mestres, igualmente não
podemos estar ajustados plenamente ao nosso tempo, afinal como não se deixar capturar pelas
inúmeras direções que as instituições
,
por vezes
,
querem nos levar? Assim
,
uma boa expressão
de um mestre fica indicado no text
o de Nietzsche
–
S
c
hopenhauer como educador
:
Mas, ainda que o futuro não nos deixasse qualquer esperança, a singularidade
da nossa existência neste momento preciso e o que nos encorajaria mais
fortemente a viver segundo a nossa própria lei e conforme a no
ssa própria
medida: quero falar sobre este fato inexplicável de vivermos justamente hoje,
quando dispomos da extensão infinita do tempo para nascer, quando não
possuímos senão o curto lapso de tempo de um hoje e quando é
preciso
mostrar nele, por que razõe
s e para que fins, aparecemos exatamente agora.
Temos de assumir diante de nós mesmos a responsabilidade por nossa
existência, por conseguinte, queremos agir como os verdadeiros timoneiros
desta vida e não permitir que nossa existência pareça uma contingên
cia
privada de pensamento. Esta existência quer que a abordemos com ousadia e
também com temeridade, até porque, no melhor ou no pior dos casos, sempre
a perderemos. Por que se agarrar a este pedaço de terra, a esta profissão, por
que dar ouvidos aos propó
sitos do vizinho? É igualmente provinciano jurar
obediência a concepções que, em centenas de outros lugares, já não obrigam
mais. O Ocidente e o Oriente são linhas imaginárias que alguém traça com um
giz diante dos nossos olhos, para enganar a nossa pusila
nimidade
(
NIETZSCHE
,
2003,
p.
140
-
1
41)
.
A provocação de Nietzsche é muito desafiadora
–
afinal
,
por que razões e para que fins
aparecemos exatamente agora
?
P
or
que este é o nosso tempo de vida? Temos de assumir diante
de nós mesmos a
responsabilidade por nossa existência, deixar fecundar nossa singularidade.
Por
que de repente nosso tempo é o tempo de uma pandemia, por
que justamente agora estou
sendo convocado a pensar a educação outra vez, criar novas medidas para o ensino, para a
le
itura, para
s
eminários e eventos
?
Na esteira de Nietzsche
,
seria de nossa parte
uma
covardia
aguardar
,
outra vez
,
a normalidade dos processos pedagógicos para então agir. Sem dúvida
s,
não desejamos estacionar no lugar
em
que estamos, mas certamente o impac
to da “doença”
produziu algo de genuíno em todos nós
,
na condição de mestre e também de discípulos.
image/svg+xml
Lúcia Schneider HARDT
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2776
-
2793
,
out./dez
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2787
“Teus educadores não podem ser outra coisa senão libertadores
”
,
afirma Nietzsche
(
2003
, p. 142)
. A formação “não busca membros artificiais, narizes de cer
a”
(
NIETZSCHE,
2003
,
p.
142
)
, e em nossos tempos também não nos quer ver seduzidos pelos recursos
tecnológicos que tanto necessitamos agora. Certamente
,
a tecnologia oferece novidades, está
viabilizando a comunicação, as práticas docentes, eventos de grande repercussão teórica
,
reunindo pessoas de todos os continentes. Contudo
,
é preciso cuidar com as armadilhas. Em
nosso tempo
,
estamos de certa forma imp
actados, assistindo instituições encantadas com a
possibilidade de
,
por meio de uma tela
,
contemplar 100, 200 ou mais estudantes
,
afirmando que
isso seria a nova sala de aula, reduzindo o número de educadores, convertendo a pedagogia em
uma ferramenta que
apenas administra imagens, quadros, horários, cores e itinerários pré
-
formatados. Precisamos ficar atentos
,
pois ainda que tomados pelo nosso tempo e necessitando
de outros recursos para educar
,
não podemos esquecer que educação é libertação quando for
tam
bém capaz de “extirpar todas as ervas daninhas, os dejetos, os vermes, que querem atacar
as tenras sementes das plantas” (
NIETZSCHE,
2003, p.
142).
Em tempos pandêmicos
,
precisamos
,
em alguma medida
,
cultivar nossa singularidade,
arrancar de nós o genuíno
,
assim como cultivar isso nos estudantes para
evitar
que as ervas
daninhas, os vermes, os dejetos, às vezes travestidos de cores, imagens
e
recursos tecnológicos
acabem por instalar outra vez as duas tendências nefastas apontadas por Nietzsche:
massificaçã
o e redução da cultura com prejuízo absoluto da formação.
Quando nos deparamos com as nuvens sombrias, diz Nietzsche, o melhor é lembrar de
nossos mestres e educadores. Neste contexto
,
nosso filósofo lembra de Schopenhauer, o único
mestre de quem ele se or
gulha. Afirma Nietzsche
(2003, p. 146)
:
Jamais tivemos tanta necessidade de educadores morais e jamais foi tão pouco
provável encontrá
-
los; nas épocas em que os médicos são mais necessários,
na ocasião das grandes epidemias, é então que eles estão também
mais
expostos ao perigo. Pois: onde estão os médicos da humanidade moderna que
fossem, eles próprios, suficientemente firmes e sólidos nos pés, para que
pudessem além disso aguentar um outro e o guiar pela mão? Um certo
assombro, uma certa apatia
,
pesam so
bre as melhores personalidades da nossa
época, um sempiterno fastígio com esta luta entre a dissimulação e a
honestidade que se trava no seu seio, uma inquietude que turva a confiança
que têm em si mesmas
-
o que as torna totalmente incapazes de ser ao mes
mo
tempo, para os outros, os guias e os censores.
Encontrar educadores em tempos sombrios
:
condição necessária no enfrentamento do
medo e dos perigos. E
,
além disso
,
encontrar educadores morais, pois não são as práticas
educacionais
,
formais ou não, açõe
s de fortalecimento e propagação de valores? E quais valores
image/svg+xml
Nietzsche educador e a afirmação da singularidade
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2776
-
2793
,
out./dez
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2788
são necessários em tempos sombrios? Dirá Nietzsche (na obra
Humano Demasiado Humano I
)
que a educação deve ser conduzida pelo rigor da ciência e deve também abandonar sua
submissão
à
religião. Ne
ste ponto encontramos, dizem alguns, um Nietzsche “iluminista”
,
pois
,
conforme analisa Weber (2011
,
p.
66)
,
“apesar do anti
-
iluminismo de Nietzsche, da sua crítica
à ideia iluminista de progresso e melhora da humanidade
”
, a proposta de junção da ciência e da
crítica à religião foi um dos projetos centrais do iluminismo reformista após a Revolução
Francesa e
,
em
alguma medida, nosso filósofo integra essa crítica quando discute educação.
Existe em Nietzsche o componente corrosivo em sua crítica
à
moral, mas faz
-
se necessário
realçar também as proposições construtivas da moral nietzschiana que o acompanharam por
to
da
a
vida, uma vez que
o autor
priorizava o debate em torno dos valores. A perspectiva moral
também é um caminho para libertar o indivíduo da tradição quando ela se mostra como uma
tirania coletiva. Neste ponto
,
outra vez
,
a história tem seu lugar.
Regra
s existem para nossa sobrevivência, mas devem sempre ser analisadas sob esta
perspectiva, pois não existem valores em si e para sempre. Quando a estupidez de uma regra se
revela
,
é preciso coragem e autonomia para alterá
-
la. Submeter
-
se a uma moralidade es
túpida
é abrir mão de nossa singularidade e impedir que algo de genuíno possa nascer em nós. Segundo
Weber
(2011, p. 71
, grifo d
o autor
)
, a obra:
Humano, demasiado humano
é, ao juízo do próprio Nietzsche “[...] o
monumento de uma crise. Ele se proclama um
livro para espíritos livres: quase
cada frase, ali, expressa uma vitória”. [....] O significado da figura do
Espírito
Livre
tem forte relação, numa primeira acepção, com a crise de Nietzsche, mas
também com a sua vitória sobre a incerteza
–
que esta obra
erige em
monumento. Portanto, possui relação com os movimentos de autossuperação
do próprio filósofo. Há, também, um segundo sentido, este mais geral, em que
o Espírito Livre figura como tipologia característica dos movimentos de
liberação da moralidade do
s costumes, uma etapa necessária, mas não
suficiente, para a liberação da humanidade do império da vingança. Essas duas
dimensões, embora distintas, são indissociáveis
.
O espírito livre parece ser o fruto maduro da crítica já iniciada na juventude do filó
sofo
e que é a expressão de sua própria originalidade. Pelo exercício do espírito livre, aprendeu a
enfrentar e criticar a moralidade dos costumes
e
,
também
,
criticar a si mesmo
. O genuíno é
pensar de modo diverso do que se esperaria
considerando seu tempo, sua inserção social. Como
diz Nietzsche
,
é preciso enfrentar o
espírito cativo, preso a uma fé
:
o espírito livre busca razões
para compreender o mundo. Paradoxalmente
,
a ideia do espírito livre em Nietzsche é também
oriunda da ruptu
ra com seu mestre, Schopenhauer, pois apesar de reconhecer nele um educador
moral, percebeu ser necessário voltar a si mesmo, precisou da solidão, do afastamento do mestre
image/svg+xml
Lúcia Schneider HARDT
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2776
-
2793
,
out./dez
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2789
para produzir em si anos de experimentação para aproximar
-
se da vida outra vez
,
cons
iderando
sua mais genuína forma de pensar. De fato,
como ele diz em
Assim falou Zaratustra
,
“
Retribui
-
se mal um mestre, quando se permanece sempre e somente discípulo” (Assim falou Zaratustra)
(
NIETZSCHE
, 2010, p.
105
)
.
P
ara pensar nosso tempo
,
é preciso
ter cuidado e cautela com todos aqueles que por hora
se apresentam como esclarecidos e capazes de toda a crítica a um tempo pandêmico. Existem
ainda muitos enigmas a serem enfrentados por uma crítica capaz de preservar a
l
ucidez de quem
não quer
ser regido pelo império da vingança.
Parece que isso Nietzsche
(2003, p. 148)
ainda aprendeu com seu velho mestre: “o estilo
de Schopenhauer me lembra um pouco Goethe
[...], pois sabe dizer sobre o que é profundo
simplesmente, o que é comovente sem retóric
a e o que é científico sem pedantismo”
.
Neste
caminho seguirá o próprio Nietzsche sua reflexão sobre a ciência, sempre valorizada, mas
sempre sujeita a erros, a sucessivas revisões, uma vez que ela não poderia abrigar a verdade,
aspiração indevida dos huma
nos
,
assim como o gosto compulsivo para julgamento e correção
do outro. Sugere nosso filósofo uma tarefa difícil: defender a ciência sem pedantismo.
Precisamos resistir a escritores medíocres que revelam uma alegria sem fôlego e sem
curiosidade
,
tal como
,
para Nietzsche
,
era
o pensador David Strauss.
Assim
,
Nietzsche
(2003, p. 150)
revela por fim o impacto de seu mestre sobre ele:
Ele é honesto porque fala e escreve por si mesmo e para si mesmo; sereno
porque venceu pelo pensamento o que há de mais difícil, e constante porque
assim deve ser. Sua força cresce reta e ligeira como uma chama no ar
tranquilo, certa de si, sem tremer, sem
inquietude. Em cada uma destas
qualidades, ele encontra seu caminho sem que inclusive notemos que ele o
tenha procurado; pelo contrário, como movido por uma lei da gravidade, ele
aí se lança, firme e ágil, inexorável. E aquele que algum dia sentiu o que é
, na
nossa época de humanidade híbrida, encontrar um ser inteiro, coerente, móvel
nos seus próprios eixos, isento de hesitação e de entraves, este compreenderá
minha felicidade e minha surpresa quando descobri Schopenhauer: pressentia
que tinha encontrado
nele este educador e este filósofo que eu tinha por tanto
tempo procurado. Porém, isto se dava certamente apenas através de livro, e
havia nisso uma grande deficiência. Eu me esforçava cada vez mais para ver
através do livro e para representar o homem vivo
, de quem eu tinha lido o
grande testamento e que prometia não escolher para seus herdeiros senão
aqueles que quisessem e pudessem ser mais do que simples leitores: quer
dizer, seus filhos e seus discípulos
.
O que mais Nietzsche apreciou em Schopenhauer foi sua crítica e insubmissão
à
s
tendências filosóficas de seu tempo. Conheceu no mestre o direito
à
singularidade,
à
necessidade do autoconhecimento. Foi capaz
,
por meio desta aprendizagem
,
de pensar a
oposiçã
o entre o individual e o coletivo, tão propagadas pela modernidade. Afinal
,
o singular
image/svg+xml
Nietzsche educador e a afirmação da singularidade
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2776
-
2793
,
out./dez
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2790
é
,
como diz Weber (2009
, p. 253
)
,
“
muito mais que o individual”. Afinal
,
como explicar que a
singularidade é a exceção e a regra é o rebanho? É inevitável que estejamos
inseridos em uma
sociedade
,
marcando nossa presença individual
.
C
ontudo
,
ela não pode reduzir
-
se a ancorar
-
se
no coletivo simplesmente, não pode abdicar de si, e afinal
,
por que é tão difícil ao homem
manter
-
se na presença de si sem evadir
-
se de si mesmo?
A vida em sociedade exige uma uniformização dos comportamentos e dos valores, uma
busca por proteção e segurança
,
e acabamos
,
muitas vezes
,
capturados por essa lógica. Weber
(2009, p. 259)
nos ajuda a pensar nesta direção e escreve:
Tememos o vizinho, co
mo sugerido por Nietzsche no início do texto sobre
Schopenhauer. Indispor
-
se com o próximo, com a comunidade, poderia
implicar na ruína social. Assim, tanto a força da coerção social sobre o
indivíduo quanto a sua covardia, associados à sua preguiça, são f
ortes
condicionantes, criadores de inautenticidade, também chamada por Nietzsche
de falta de estilo
.
O indivíduo sem estilo não alcançou sua singularidade, não tem a virtude da força para
enfrentar seu tempo e
as
regras estúpidas. O autoconhecimento preco
nizado por Nietzsche
(2003, p. 260)
será “a tarefa da águia, não da toupeira”,
e
cria uma nova
relação do homem com
o mundo, outra territorialidade com a suspeita. Implica debruçar
-
se sobre o interior e o exterior
que constituiu o ser humano, fazer experimentos formativos consigo mesmo e com os outros.
A libertação é um dos requisitos para alcançar
a singularidade.
Considerações finais
Enquanto educadores em nosso tempo, enfrentando tempos sombrios por motivos os
mais diversos
,
e desejando enfrentar a tensão entre o que as instituições desejam dos humanos
e o que um mestre pode fazer por estudant
es, talvez
cheguemos
ao ponto neste artigo
em que
seja possível afirmar que a grande tarefa da educação implica descobrir e cultivar o ponto forte
de cada um para
a
prender a calibrar e hierarquizar suas forças
e
impedir que uma delas aniquile
a outra. Surg
iria
,
assim, um ser forte, duro, autêntico e honesto com seu tempo e com os outros.
Surge alguém que a
precia as disputas, sem desejar aniquilar ninguém,
que
deseja argumentar
para testar seu pensamento, colocar em um tribunal os valores que nos regem para
fazer pensar
outra vez a vida e suas inúmeras possibilidades. Implica aperfeiçoar a moralidade em benefício
da vida, liberar o homem da submissão ao coletivo, da vulgaridade dos modismos, da repetição
sem reflexão de itinerários formativos já desgastados e
empobrecedores. Por fim
,
não faltam
image/svg+xml
Lúcia Schneider HARDT
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2776
-
2793
,
out./dez
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2791
tarefas para quem deseja ser mestre e afirmar o direito
à
singularidade dos seres humanos em
um horizonte múltiplo e aberto.
A educação
,
por fim
,
é um processo de autoeducação estimulado pelo mestre que deseja
contempla
r em cada estudante o cultivo do espírito livre, aquele capaz de fazer pensar
assumindo todos os riscos. Qual o propósito? O interesse pela vida, o que implica conhecer
nosso tempo, e por vezes
,
pensar contra ele. O Estado, como nos diz Schopenhauer
,
não é
o fim
supremo da humanidade
,
e insistir que o dever dos humanos seria servir ao Estado é uma
estupidez. Será preciso
–
pela educação
–
enfrentar o empobrecimento da formação, a “barbárie
cultivada”
,
o que não nos dá o direito de desejar aniquilar o outro
quando
este
nos frustra e
decepciona, mas enfrentar
,
por meio das instituições de ensino
,
o que de fato é tarefa da
educação. Para isso
,
importa prioritariamente o indivíduo, cada aluno, afinal as coisas humanas
são atraentes
e
podem despertar nele a busca pelo conhecimento. O fazer pedagógico deve
capturar as virtudes de cada aluno, insistir para que elas se desenvolvam, educar inclusive para
a solidão, uma vez que
esse
é
um
caminho viável para desviar
-
se de obrigações quando e
ssas
estão apenas comprometidas com o mundo do mercado e da
burocracia estata
l
. (
OLIVEIRA
,
2013, p. 145).
Enfim
,
educar, formar
-
se
,
é uma tarefa que exige paciência, persistência, rigor,
disciplina. Para isso
,
um mestre é necessário, de preferência
,
como
nos indica Nietzsche
,
que
seja portador de uma serenidade admirável, cheio de um fogo forte e devorador para ser capaz
de nos lançar para fora de nós mesmos e outra vez pensar. As instituições
educacionais com
financiamento público
devem constantemente tra
balhar nessa direção, garantir que o rigor e a
beleza do conhecimento instaurem uma luta contra a barbárie para “que nosso olhar sagaz para
as coisas próximas possam indicar o quanto ainda nossa miopia impede um olhar mais apurado
para o longínquo e o gera
l” (N
IETZSCHE
, 2003
, p.
193
)
,
o que certamente nos conduziria a
possibilidades formativas mais originais e criativas. Oxalá um dia o próprio Estado poderá
surpreender
-
se com aquilo que surge e nasce nos estabelecimentos de ensino, nos quais os
indivíduos d
e fato se insubordinem a serem apenas úteis e devotos, mas
,
pelo contrário
,
sejam
capazes de consolidar olhares sagazes para seu tempo, contra seu tempo, enfrentando sua
própria miopia
e
,
assim
,
poder
em
efetivamente abrir
-
se ao devir
,
com a leveza de quem
mant
é
m
-
se curioso e comprometido com a vida e com a história.
AGRADECIMENTOS
:
Agradeço ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq) pelo apoio na realização da pesquisa em Nietzsche no campo da educação.
image/svg+xml
Nietzsche educador e a afirmação da singularidade
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2776
-
2793
,
out./dez
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2792
REFERÊNCIAS
ADAMI, J. D.
VIS CREATIVA
:
A singularidade da vivência criadora no pensamento
nietzschiano
.
Dissertação de Mestrado. 2016. Dissertação (Mestrado em Filosofia)
–
Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Toledo, PR, 2016. Disponível em:
https://tede.unioest
e.br/handle/tede/3052. Acesso em: 14 abr. 2021.
NIETZSCHE, F
.
Escritos sobre educação
.
Sobre o futuro dos nossos estabelecimentos de
ensino
–
III Consideração intempestiva
–
Schopenhauer como educador. Tradução: Noéli
Correia de Melo Sobrinho. 2. ed. Rio
de Janeiro: PUC
-
Rio; São Paulo: Loyola, 2003.
NIETZSCHE, F.
Escritos sobre a História
. Apresentação, tradução e notas: Noéli Correia de
Melo Sobrinho
.
Rio de janeiro: ED. PUC; São Paulo: Loyola, 2005.
NIETZSCHE, F
.
Humano, demasiado humano
: Um livro para
espíritos livres. Tradução:
Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. v. 2.
NIETZSCHE, F.
Assim falou Zaratustra, um livro para todos e para ninguém
. Tradução
:
Mario da Silva. 18
.
ed.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.
OLIVEIRA, J. Educação como autolibertação na Filosofia de Nietzsche.
Cadernos de
Pesquisa:
Pensamento Educacional
, Curitiba, v. 8, n. 19, p. 132
-
146, maio/ago. 2013.
RANGEL, M. M. Sobre a utilidade e desvant
agem da ciência histórica, segundo Nietzsche e
Gumbrecht.
Revista
Dimensões
, Goiabeiras
,
Vitória, v. 24,
p. 208
-
241,
jun. 2009. Disponível
em: https://periodicos.ufes.br/dimensoes/article/view/2531. Acesso em: 23 abr. 2021.
WEBER, J. F. Singularidade e fo
rmação (Bildung) em Schopenhauer como educador de
Nietzsche.
Educação e Pesquisa
, São Paulo, v.
35, n. 2, p. 251
-
264, maio/ago. 2009.
Disponível em:
https://www.scielo.br/j/ep/a/RBBjHsBzwhGtcwrRVD4Q35m/?format=html&lang=pt. Acesso
em: 08 jun. 2021.
WEBER,
J. F.
Crítica à moral e educação: Sobre o espírito livre de Nietzsche.
Educação
,
Porto Alegre, v. 34, n. 1, p. 65
-
74, jan./abr. 2011. Disponível em:
https://www.redalyc.org/pdf/848/84818591009.pdf. Acesso em: 21 jul. 2021.
image/svg+xml
Lúcia Schneider HARDT
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2776
-
2793
,
out./dez
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2793
Como referenciar este
artigo
HARDT, L. S
.
Nietzsche educador e a afirmação da singularidade
.
Revista Ibero
-
Americana
de Estudos em Educação
, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2776
-
2793
, out./dez. 2022. e
-
ISSN: 1982
-
5587. DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
Submetido em
:
16/01/2022
Revisões requeridas em
:
24/05/2022
Aprovado em
:
07/09/2022
Publicado em
:
30/
12
/2022
Processamento e editoração: Editora Ibero
-
Americana
de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
image/svg+xml
Nietzsche educador y la afirmación de la singularidad
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2776
-
2793
,
o
ct./
d
ic
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2776
NIETZSCHE EDUCADOR Y LA AFIRMACIÓN DE LA SINGULARIDAD
NIETZSCHE EDUCADOR E A AFIRMAÇÃO DA SINGULARIDADE
NIETZSCHE AS AN EDUCATOR AND THE AFFIRMATION OF SINGULARITY
Lúcia Schneider
HARDT
1
RESUMEN
: El artículo tiene como objetivo explicar el impacto de Schopenhauer en Nietzsche
como estilo de maestro/profesor, incorporando la singularidad como lo que la educación
promove. Para contemplar esta tarea y actualizar la reflexión en nuestro tiempo, es ne
cesario
enfrentar la tensión entre las exigencias de las instituciones educativas y el poder de un
maestro/profesor en el ejercicio de su oficio, a fin de buscar en cada alumno lo que él tiene de
genuino y original. Este es un ensayo con un enfoque cualita
tivo que refleja la trayectoria
formativa del propio Nietzsche, capaz de promover su condición extemporánea y enfrentar a la
cultura de su tiempo. Para ello se necesita un maestro, preferentemente, como indica Nietzsche,
portador de una serenidad admirable
, lleno de un fuego fuerte y devorador para poder potenciar
la singularidad de su alumno.
PALABRAS CLAVE
: Nietzsche. Educación. Singularidad.
RESUMO
:
O artigo tem por objetivo explicitar o impacto de Schopenhauer sobre Nietzsche
como um estilo de mestre
,
incorporando a singularidade como aquilo que a educação promove.
Para contemplar esta tarefa e atualizar a reflexão para o nosso tempo, faz
-
se necessário
enfrentar a tensão entre as demandas das instituições educacionais e a potência de um mestre
na prát
ica do seu ofício
,
a fim de buscar em cada estudante aquilo que
ele
tem de genuíno e
original
.
Trata
-
se de um ensaio de abordagem qualitativa
que reflete a trajetória
formativa do
próprio Nietzsche
,
capaz de promover sua condição extemporânea e enfrentar a
cultura de sua
época.
Educar, formar
-
se, é uma tarefa que exige paciência, persistência, rigor, disciplina.
Para isso, um mestre é necessário, de preferência, como nos indica Nietzsche, portador de uma
serenidade admirável, cheio de um fogo forte e devora
dor para ser capaz de promover a
singularidade do seu aluno.
PALAVRAS
-
CHAVE
:
Nietzsche.
E
ducação.
S
ingularidade.
1
Universidad Federal de Santa Catarina
(UFSC)
, Florianópolis
–
SC
–
Brasil.
Profesor Titular. Doctorado en
Educación
(
UFR
G
S
)
. ORCID: https://orcid.org/0000
-
0002
-
4939
-
015
6
.
E
-
mail: luciashardt@gmail.com
image/svg+xml
Lúcia Schneider HARDT
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2776
-
2793
,
o
ct./
d
ic.
2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2777
ABSTRACT
:
The article aims to explain Schopenhauer's impact on Nietzsche as a style of
master/teacher, incorporating the singularity as the crucial thing that education should
promote. To contemplate this task and update the reflection for our time and context, it i
s
necessary to fight the tension between the demands of educational institutions and the power
of a
master
/teacher in the practice of his acting, in order to seek in each student what he has of
genuine and original.
This is an essay with a qualitative appr
oach that reflects the formative
trajectory of Nietzsche himself, capable of promoting his extemporaneous condition and facing
the culture of his time.
For this, a master is needed, preferably, as Nietzsche indicates, the
bearer of admirable serenity, full
of a strong and devouring fire to be able to promote the
singularity of his student.
KEYWORDS
:
Nietzsche.
E
ducation. Singularity.
Introducción
¿En qué medida las instituciones educativas pueden favorecer la singularidad en sus
procesos
formativos? Teniendo en cuenta los debates y la formulación de directrices para las
instituciones, para la definición de los planes de estudio, hay una fuerte tendencia a apelar al
mismo nivel de formación para todos como condición para la democracia. ¿Hab
ría espacio en
este horizonte para la diferenciación, para la singularidad? ¿Para lo genuino? Después de todo,
lo que se constituye como genuino en cada uno no es fruto del azar. La singularidad no sucede
mágicamente; ¿Cómo entonces no ser evitado cuando e
l objetivo es el desarrollo de un supuesto
estándar que debe ser alcanzado por todos en las instituciones educativas? ¿Cómo hacer de la
singularidad un objetivo pedagógico en las instituciones?
Para entender esta eventual carencia pedagógica, necesitamos r
etomar la perspectiva de
la modernidad y sus promesas. Las narrativas de emancipación destacan un sujeto racional,
consciente, centrado en una dimensión de progreso y la valorización del individualismo como
recurso para la consolidación de la libertad. Una
narrativa con especias metafísicas e idealistas.
Para construir una forma diferente de pensar sobre la formación humana, será necesario
emprender una crítica radical de los supuestos metafísicos y, para ello, nos dirigimos al filósofo
Nietzsche, quien ya
indicó las pistas de esta narrativa en su tiempo, y en esta dirección dirige
su crítica a pensar en la formación humana más allá del registro de la lógica moderna. Su crítica
se enfrenta a su propio tiempo (y por extensión a nuestro tiempo) y su tema prior
itario es el
tema de la cultura.
La cultura expresada y analizada en los textos de Nietzsche, considerando la atmósfera
espiritual de la Alemania del siglo 18, parece tener mucho que decirnos hoy. En la constelación
de luces, la idea de formación y cultura
terminan constituyéndose a partir de una subordinación
a las demandas políticas del ciudadano para la vida en sociedad. La cultura es así una
image/svg+xml
Nietzsche educador y la afirmación de la singularidad
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2776
-
2793
,
o
ct./
d
ic
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2778
acumulación de conocimiento, el establecimiento de una actuación de un individuo en sintonía
con su tiempo, al se
rvicio de él para generar progreso, inserción en el mercado laboral e
innovación. La incorporación de esta perspectiva, para Nietzsche, activa tanto como sea posible
el concepto de griego, necesario para la supervivencia humana, pero restringido a consider
ar a
los humanos más allá de los rebaños.
Para este filósofo, el deseo de masificación de la educación ya no tiene un interés propio
en la cultura, sino el gusto de formar "hombres actuales", útiles a su tiempo e integrados al
mercado y la producción, cap
aces de satisfacer las demandas del Estado. Toda cultura que
afirma otra dimensión tiende a ser descartada y el deseo es acercar al individuo al rebaño,
evitando cualquier singularidad que lo lleve a otra dirección que no sea la dimensión gregaria.
Fuerte
instinto en los humanos, porque necesita de la comunidad para sobrevivir, pero para
Nietzsche no puede impedir lo que puede ser más genuino en cada uno. Al convertirse en
esclavo del bienestar, los objetivos del Estado empobrecen cualquier formación humana
y
debilitan la cultura. Nietzsche evalúa que el individuo ha sido educado para pertenecer a una
totalidad y que habría todas las metas a alcanzar.
Cualquier desviación designa un peligro, por
lo que cada acumulación de conocimiento está dirigida a la pres
ervación de la sociedad. Las
personas que anuncian otras posibilidades son despreciadas. La seducción para la búsqueda de
este bienestar vive entre nosotros, ni Nietzsche desprecia esta necesidad. Sin embargo, se
necesita precaución, porque toda seguridad
va acompañada de la presencia de un espíritu
dominante y la exigencia de obediencia.
En este escenario podemos entender las conferencias impartidas por Nietzsche, que
conforman la obra
titulada Sobre el futuro de nuestros establecimientos educativos
,
entre enero
y marzo de 1872, donde el filósofo critica la educación y la cultura de su tiempo, centrándose
en los establecimientos educativos y sus reformas educativas.
Nietzsche reflexiona sobre la
educación de su tiempo y plantea una serie de preguntas d
enunciando lo que define como la
decadencia de los procesos formativos. Según el filósofo, sería necesario restablecer los
criterios de exigencia fundamental, autoridad y obediencia al conocimiento. Para él:
Dos corrientes aparentemente opuestas, ambas d
añinas en sus efectos y
finalmente unidas en sus resultados, dominan hoy nuestros establecimientos
educativos, originalmente fundados sobre bases totalmente diferentes: por un
lado, la tendencia a
extender la cultura
tanto como
sea posible, por otro lado,
la
tendencia a reducirla y debilitarla.
Según la primera tendencia, la cultura
debe ser llevada a círculos cada vez más amplios; según la segunda, se
requiere que la cultura abandone sus más altas pretensiones de soberanía y se
someta como servicio a otra
forma de vida, especialmente la del Estado.
(
NIETZSCHE,
2003, p.
44
, los grifos del autor
,
nuestra traducción
).
image/svg+xml
Lúcia Schneider HARDT
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2776
-
2793
,
o
ct./
d
ic.
2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2779
Tales tendencias, la de extensión y reducción, son el signo de un descuido con la
formación y, más que eso, una ignorancia de los propios diseños de la naturaleza. La cultura
como fuerza y expresión del original proviene del trabajo de unos pocos y sería u
n error
imaginar que es fruto de la masificación. En estos términos, el joven Nietzsche defiende una
cultura basada en su propio estilo, capaz de sostener el original de un pueblo y, por lo tanto, ser
cauteloso con los propósitos de la política.
Los hombr
es raros enfrentan peligros y a veces son excluidos, pierden los placeres
básicos de la vida, porque están en busca de cosas más elevadas que los perturban; como
Schopenhauer, porque sabía que para buscar cosas más elevadas no sería posible ajustarse a las
condiciones de su tiempo, rendirse a las modas, y para él siempre había una pregunta: "En lo
más profundo de tu corazón, ¿dices sí a esta existencia?
¿Es suficiente para ti?" (NIETZSCHE,
2003, p. 163
, nuestra traducción
).
La imagen de un pueblo, de una cu
ltura, no encuentra un punto fijo, se captura de
diferentes maneras. El mayor ejemplo fue la diversidad de posibilidades en el proceso de
apropiación de una Grecia de alternativas muy peculiares y diversas. Nietzsche apreció el lado
oscuro, más ligado a la
unidad original. La formación, en esta dirección, adquiere sentido
reuniendo arte, cultura, naturaleza, pasado y futuro para contemplar el presente como un desafío
a afrontar desde un legado recibido, preferentemente en las instituciones educativas. Educa
r
implica reflejar el plan del individuo, pero también cultural e histórico. El riesgo de escapar del
presente es grande; Por lo tanto, la tarea prioritaria de la formación es respetar y cultivar la
autoridad del pensamiento a través de la cultura.
En otr
as palabras, Nietzsche criticó el principio de profesionalización extendido a las
instituciones, que no nos da el derecho de sentenciarlo como elitista, sino entender
efectivamente lo que denuncia: las cosas deben tener un nombre y un propósito de acuerdo
con
sus especificidades: las escuelas técnicas, necesarias para la sociedad, no son escuelas de cultura
y formación. Lo que el mercado quiere es diferente de lo que el cultivo quiere cultivar. Por el
momento, Nietzsche aboga por instituciones que, inspirad
as por Grecia, quieren alcanzar la
plena formación del hombre, resistiendo las trampas de la especialización. Más tarde, Nietzsche
abandonará algunas posturas de esta época, sin embargo, nunca renunciará a su crítica de
especialización y reducción cultural
a los intereses del Estado.
Nietzsche admite que muchas promesas y discursos universalizadores son un señuelo,
ya que prometen lo que no siempre pueden cumplir. El desafío de la propuesta de Nietzsche en
educación, afirmando que la opción por la formació
n superior, que en resumen promete más
image/svg+xml
Nietzsche educador y la afirmación de la singularidad
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2776
-
2793
,
o
ct./
d
ic
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2780
dificultades que alegrías, requiere dedicación plena y ninguna garantía de reconocimiento.
¿Sería esa una razón para "vulgarizar las demandas"?
De ninguna manera, después de todo,
Weber dice (2011, p. 143
, nuestra tra
ducción
): "respetar y reconocer la limitación lingüística
de los analfabetos no nos obliga a aceptar el analfabetismo como el destino de la humanidad".
Del mismo modo, Weber (2011) sigue, señalando que la dificultad siempre presente en el uso
del lenguaje
no puede hacernos condescendientes con su uso. En este horizonte está la defensa
de la educación en Nietzsche: la necesidad de encontrar maestros para estas tareas, que nunca
quisieron despreciar otras alternativas.
La defensa de la
singularidad
¿Cuál sería entonces una formación no subordinada a los dictados del Estado? Nietzsche
defenderá la necesidad de soledad, una desviación de todo lo que llama al humano a estar
presente en una coyuntura ya definida. En este punto, la tan prome
tida libertad moderna no
parece contemplarse, porque los pequeños signos de desacuerdo con la sociedad y los muchos
rebaños configurados en ella se consideran inmorales. Podemos concluir que el instinto gregario
se basó en procesos institucionales y format
ivos para conservar el tiempo y dirigir a los
individuos a sus propósitos.
En este contexto, tiene sentido la expresión de Nietzsche: "
convertirse en lo que uno
es
", lo que implica desprenderse del instinto de rebaño para tomar su forma. No existe un
manua
l de conductas para seguir esta trayectoria, implica activar en sí mismo todos los recursos
y no solo la racionalidad. No se trata de buscar un "verdadero yo", sino de atreverse a
experimentar con el cuerpo entendido como la gran razón, implícita por insti
ntos y saltos.
Ser
un artista de ti mismo, creando e inventando tu propia vida.
Un ser humano capaz no solo de
obedecer, de poder seleccionar el legado que recibió por parte de los establecimientos
educativos y tener el coraje de luchar contra su propio ti
empo. Jerarquiza, calibra lo que aún se
puede preservar de las normas de convivencia sin perder la fuerza para afirmar su singularidad
que a veces te lleva a vivir con sencillez. Vale la pena mencionar que este individuo no es
indiferente a su comunidad, s
e aleja para activar fuerzas y desea volver a compartir experiencias
y otras formas de vida. El hombre singular también puede tener otra convivencia con la historia,
y el filósofo mismo lo trató en sus obras. Destaca la idea del olvido como necesario para
la
creación. Vaciar la memoria considerando los excesos de la afirmación de verdades que no está
justificada. Una formación que sólo requiere memorización, repetición del pasado, sin que
image/svg+xml
Lúcia Schneider HARDT
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2776
-
2793
,
o
ct./
d
ic.
2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2781
tomen el derecho a la invención, designa una precariedad que puede se
r superada por la
educación.
De la falta de unidad a la singularidad
Nietzsche en su propia vida nos enseñó posibilidades de acceso a nuestra singularidad.
Él mismo se dejó llevar por la atmósfera del romanticismo, seducido por la música de Wagner
y todo lo que le concernía. Se convirtió en un seguidor, adepto a un movimien
to que lo
consumió durante mucho tiempo. En su producción en el período intermedio, especialmente
en
Humano, demasiado humano,
Nietzsche logra a distancia analizar su propia fidelidad a este
tiempo y darse cuenta de que esta es también una de las causas qu
izás de su enfermedad.
Después de todo, nuestro filósofo sugiere:
En los siglos posteriores, al gran hombre se le presentan todas las grandes
características y virtudes de su siglo, por lo tanto, todo lo
mejor está
constantemente oscurecido por la
devoció
n, que lo ve como una imagen
sagrada, en la que se cuelgan y exhiben ofrendas de todo tipo;
–
hasta que
finalmente esté completamente cubierto y envuelto por ellos, convirtiéndose
más en un objeto de fe que de observación (NIETZSCHE, 2008, p. 95, grifo
del
autor
, nuestra traducción
)
.
A veces Nietzsche habla de sí mismo, pero habla de todos nosotros, siempre devotos a
las exigencias de nuestro tiempo, fieles a algunas promesas o adherentes de ciertas narrativas
que nos seducen y deleitan para llevarnos aún
a una forma estético
-
metafísica de ver la
existencia. En la devoción a las narrativas, lo que puede faltar es "tú mismo"; Pedagógico es
también alejarse, atravesar las privaciones de los narcóticos educativos, mirarse a sí mismo,
aventurarse a crear experi
encias, tratar de alejarse de las instilaciones que desean capturarnos.
El enfoque de la "
falta de yo" está muy bien presentado
en el texto de Adami
(2016),
cuando evalúa el propio viaje de Nietzsche, que tuvo que volver a sí mismo, para decidir sobre
la eliminación en relación con la filología. Su deseo era ser filósofo, alejarse del romanticismo,
alejarse incluso de su maestro Schopenhauer para no p
erder la fuerza de sí mismo y construir
su propio destino. En estos términos, Nietzsche habla de
lo necesario, incluida su enfermedad,
que requería un cambio de mirada mediante la construcción de una nueva crítica, ahora dirigida
a su propia trayectoria. Y
este proceso es infinito mientras tengamos el coraje de enfrentarnos
también a nosotros mismos y a nuestras actitudes devotas tan frecuentes hoy. ¿Hasta qué punto
nuestra configuración y formación pedagógica ha fomentado esta crítica de nosotros mismos?
image/svg+xml
Nietzsche educador y la afirmación de la singularidad
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2776
-
2793
,
o
ct./
d
ic
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2782
Nietzsche describe la vida como imperfecta, en constante devenir, siempre inaugurando
nuevos movimientos, otros horizontes. Los seres humanos viven dentro de esta tensión,
desafiados a crear nuevas respuestas, apropiadas a las nuevas circunstancias. La tar
ea humana
implica, pues, encontrar nuevas medidas y valores capaces de continuar la gran aventura de
vivir. En este punto, la historia y lo que revela la práctica de olvidar y recordar puede ser una
buena orientación que el pasado puede ofrecer para el pre
sente. Olvidar implica alejarse de
cuestiones conocidas y resueltas para ceder a nuevos horizontes sedientos de otras respuestas.
Debemos evitar el riesgo de repetir siempre la misma respuesta, es importante reconocer los
nuevos problemas y necesidades, ex
perimentarlos, dar efectivamente a la vida la dignidad que
merece. Sin embargo, también es importante recordar y analizar situaciones pasadas para
reflexionar sobre lo que, ya experimentado, puede eventualmente enseñarnos en la búsqueda de
nuevas respuesta
s. En cierto modo, ante nuevos horizontes no estamos en plena oscuridad,
tenemos que recurrir a una tradición, que debemos cuidar para afrontar las nuevas experiencias
que nos ofrece el futuro.
Como sugiere Rangel (2009, p. 212
-
213
, nuestra traducción
):
L
as experiencias ya realizadas por los hombres adquieren sentido a partir de
la confrontación sincera del presente, de una rendición a las nuevas
configuraciones históricas, lo que Nietzsche llama la actitud a
-
histórica. Uno
primero y luego, si es necesario
, se busca, en diálogo con el pasado, medidas
capaces de orientación. El estudio del pasado para la vida, ahí radica la ventaja
de la ciencia histórica. Mientras vivimos bien sin el pasado, debemos
mantenernos alejados de él, dice Nietzsche, pero si nos re
sulta difícil lidiar
con los nuevos problemas que nos ofrecen, incesantemente, la vida, el apoyo
de las experiencias ya realizadas es bienvenido.
¿Cuándo necesitamos la historia? ¿Hasta qué punto son las instituciones responsables
de la formación pedagógi
ca en esta dirección de comprensión de la vida y la capacidad de
recordar y olvidar? ¿Cómo puede el legado de la cultura sostener este propósito y también
sostener el papel del maestro en las instituciones?
image/svg+xml
Lúcia Schneider HARDT
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2776
-
2793
,
o
ct./
d
ic.
2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2783
Sobre las prácticas institucionales: necesidad
es colectivas del derecho a la singularidad
El joven Nietzsche destaca la importancia de las instituciones cuando están
comprometidas con la cultura, el embarazo y la creación de lo genuino en los individuos.
Dejarse atrapar por el hábito,
satisfacer demandas más inmediatas, seguir modas y tendencias,
revela el comienzo de un proceso de decadencia. La reverencia por la cultura en las instituciones
debe ser protegida, las personas raras deben ser preservadas, lo que no significa defender ning
ún
elitismo en el campo de la educación. Es más bien la defensa de una elevación espiritual
derivada de la cultura. Lo que está en juego es una especie de "culto" a la cultura, que protegido
y consolidado en la memoria colectiva, necesita que la educación
sea conocida y difundida a la
sociedad.
Hay, en las instituciones, un sentido histórico que conoce la necesidad de preservar la
tradición, incluso de rumiar los problemas del presente. No se puede recurrir al pasado para
enterrar el presente; ni desean con
solidar significados que no se han vivido plenamente en el
pasado. Escapar del presente idealizando el pasado es, en última instancia, empobrecer la vida.
El II
Extempor
á
nea
2
–
Sobre la utilidad y los inconvenientes de la historia para la vida,
fue, en pr
imer lugar, un ataque al historicismo, la condena de los puntos de vista científicos de
la historia. El criterio más justo para acercarse a la historia es la vida misma. La historia puede
ser muy relevante para la vida, pero también puede ser un discurso v
acío. Por lo tanto, las
instituciones deben preservar la memoria cultural del pasado para asegurar, a través de la
educación y los procesos formativos, que se pueda buscar algo en el pasado para construir el
futuro. El propio Nietzsche hizo este experiment
o de los griegos destacando los principios
apolineanos y dionisíacos. Abusar de esta mirada al pasado te hace olvidar el presente y
despreciar el futuro. Buscar el pasado nunca implica repetirlo, sino apropiarse de él para pensar
en el presente. ¿Quién pue
de crear las condiciones para esta tarea?
Descuidar la cultura produce una enfermedad que impide cultivar el legado cultural.
Necesitamos capturar y descifrar los valores de un pueblo y una cultura para comprender las
fuerzas activas de los individuos en relación con la sociedad. Nietzsche crea así categorías para
comprender las diversas perspectivas de la historia y enfatiza el
valor de la memoria y el olvido,
como ya hemos señalado. Conocer el pasado ya implica una ciencia, es una metodología de
reflexión que debe destacarse más que la compulsión de producir imágenes narrativas y
descriptivas basadas en causas y consecuencias. N
ietzsche identifica tres actitudes básicas hacia
2
En este punto nos guiamos por la
obra Escritos sobre la Historia de Nietzsche
, presentada y traducida por Noéli
Correia de Melo
Sobrinho (2005).
image/svg+xml
Nietzsche educador y la afirmación de la singularidad
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2776
-
2793
,
o
ct./
d
ic
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2784
la historia, posturas que pueden servir a la vida, frente a los desafíos que siempre se presentan,
pero también pueden servir a una tendencia a sacralizar el pasado, imaginando así encontrar
protección. Nos
referimos en este punto a la historia monumental, tradicional o anticuaria y a
la historia crítica.
La primera versión de la historia nos desafió a buscar en el pasado modelos de acción,
a saber qué es ejemplar para orientarnos hacia el futuro. Nietzsche b
uscó estudiar a grandes
individuos para comprender cómo respondieron a los grandes desafíos de su tiempo, sin crear
con ello ningún ídolo, porque no se trata de producir una historia de héroes, sino de aprender
cómo, en diferentes épocas, el humano dio su
testimonio de originalidad al enfrentar cuestiones
vitales. Encontrar individuos únicos, no para imitarlos, sino para animar a cada individuo a
enfrentar su historia única en el tiempo en que viven. Es una cuestión de recordar la fuerza, el
coraje como una
posibilidad humana. Esto también se aprende en las instituciones, a través de
procesos formativos, sin dejarse seducir por una historia que solo desea revelar grandes
individuos y sus hechos. La historia existe para enseñar a los hombres del presente que
las
turbulencias de la vida ya se han enfrentado en otros períodos, y que todavía podemos hacer
esto con otras actuaciones de nuestro tiempo.
La historia tradicional busca un origen eterno de su comunidad, como si estuviera
vestida de luz y se revelara com
o una reliquia. Hechizados por la seducción, no pueden capturar
fenómenos históricos en toda su profundidad. Encarcelados en exceso del pasado y
obsesionados con el origen, sus representantes pretenden elaborar explicaciones: no tienen
interés en los "gran
des hombres", sino que describen prácticas, convicciones, ideologías dentro
de las cuales se mueve la vida.
Es necesario cultivar ideas, símbolos y prácticas culturales.
Por
otro lado, esta perspectiva de la historia descuida la reflexión sobre las
propias creencias, la
necesidad de prepararse para lo nuevo tiende a estacionarse en una cierta tradición. Puede
perder fuerza en los cruces del devenir, por lo que debe dar cabida a otros sentidos y valores.
Finalmente, la historia crítica, que evalúa las
dos anteriores e indica algunos riesgos. El
pasado puede ser una trampa, puede terminar enterrando el presente. La perspectiva crítica de
la historia niega el pasado cada vez que supera el espacio en el reflejo de los humanos. El pasado
no puede inhibir l
a fuerza en el presente, languidecer coraje y originalidad para hacer frente a
lo que es nuevo y de otra manera ya experimentado. La dimensión crítica debe ser estimulante,
presente, fuerte, para evitar que los humanos se subordinen a héroes o tradiciones
bien
diseñados, renunciando a lo que se les coloca frente a ellos como un desafío.
image/svg+xml
Lúcia Schneider HARDT
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2776
-
2793
,
o
ct./
d
ic.
2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2785
No tenemos el propósito de mirar a Extemporánea II considerando toda su profundidad,
se enfatiza aquí para afirmar una de las funciones de la educación en las instituciones
desde el
punto de vista de Nietzsche. Y, además, ayudar a reflexionar sobre la indagación necesaria en
este texto: ¿qué puede hacer el máster en las instituciones?
En el texto Schopenhauer
como educador (NIETZSCHE, 2003), el punto culminante se
debe a la d
efinición de quién es el maestro, cuáles son sus principales características y cómo
debe ser, ya que, operando pedagógicamente, llevaría al individuo a asumir su autoformación.
Después de todo, ¿qué es este choque entre los objetivos de una institución y e
l papel del
maestro en la formación de individuos en busca de lo que es genuino, original en cada uno?
Este texto pretende contemplar la reflexión sobre este problema y esta tensión: ¿qué puede
hacer un profesor dentro de una institución, teniendo en cuent
a las demandas institucionales?
¿Qué es lo que eventualmente impide o inhibe la institución en la tarea del maestro en la
búsqueda de lo genuino en los estudiantes?
Para entender esto, podríamos reunir dos insinuaciones de Nietzsche (2003), en la
obra
Sob
re el futuro de nuestros establecimientos educativos
,
cuando el filósofo, en tiempos de
enseñanza, afirma que no quiere dedicarse a cuestiones administrativas en las instituciones, sino
que quiere atravesar las profundidades de la experiencia y enfrentar l
os problemas reales de la
cultura, algo que los horarios y las mesas nunca garantizarán; él desea,
Incluso con las
instituciones, gozaba de un horizonte más libre, y en esta defensa sabía que nunca podría contar
con amantes de la administración de horarios
y mesas de clases. Por contradictorio, Nietzsche
(2003, p. 46
, nuestra traducción
) afirma en el mismo texto que en tiempos de "hombres serios,
al servicio de una cultura totalmente renovada y purificada" en algún momento la parte
administrativa será muy i
mportante, pero por otras razones que la corriente exige, por ejemplo,
formar lectores tranquilos, "capaces de elegir y buscar las buenas horas del día y sus momentos
fructíferos y poderosos para meditar [...] ¡No para escribir un resumen o incluso un libr
o, sino
para meditar!"
(NIETZSCHE, 2003, p. 46
-
47
, nuestra traducción
). Los lectores apresurados
corrompen el trabajo.
Un educador debe interrogar a su discípulo, y aquí reafirmamos la provocación de
Schopenhauer (NIETZSCHE, 2003, p. 145
, nuestra traducci
ón
): "En lo más profundo de tu
corazón, ¿dices sí a esta existencia? ¿Es suficiente para ti?" Según Nietzsche (2003), los
hombres raros, capaces de responder a esta pregunta con firmeza, muestran algún tipo de
desprecio por aquellos que desperdician su pos
ibilidad de formación.
Después de todo: "un
hombre que no quiere pertenecer a la misa sólo necesita dejar de ser indulgente consigo mismo;
image/svg+xml
Nietzsche educador y la afirmación de la singularidad
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2776
-
2793
,
o
ct./
d
ic
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2786
que sigue su conciencia que le grita: "¡Sé tú mismo! No eres esto que ahora haces, piensas y
deseas" (NIETZSCHE, 2003
, p. 139
, nuestra traducción
).
Por lo tanto, las narrativas indigestas que a veces evaluamos en el texto de Nietzsche
necesitan ser contempladas por los argumentos que él mismo nos ofrece en defensa de la
función de las instituciones y de un maestro que ef
ectivamente desea educar. El desprecio por
un lector apresurado, por la obsesión por resumir las obras antes de comprenderlas, revela con
fuerza el deseo de enfrentar la sumisión a un tiempo ya inmerso en el empobrecimiento de la
propia reflexión. La felic
idad y la buena formación no vendrán mientras el individuo esté
subordinado a "las cadenas de la opinión y el miedo actuales" (NIETZSCHE, 2003, p. 139
,
nuestra traducción
). Por lo tanto, Nietzsche (2003, p. 139
, nuestra traducción
) afirma que no
hay criatu
ra más siniestra en la naturaleza que aquella "que fue despojada de su propio genio y
que ahora está de izquierda a derecha en todas las direcciones".
Evitar que este conduzca a cualquier dirección es tarea del buen maestro. O como hemos
anunciado antes, u
n maestro debe evitar "
la falta de sí mismo
" en cada alumno. La pedagogía
de un maestro sensible desea encontrar estudiantes capaces de hacer experimentos, capaces de
darse una mirada crítica para reorientarse infinitamente hacia múltiples posibilidades. E
n este
punto, estamos llamados como maestros también a pensar nuestra práctica, cuando seguimos
demasiado las demandas dibujadas por las instituciones. Nosotros, los amos, tampoco podemos
ajustarnos completamente a nuestro tiempo, después de todo, como si
no fuéramos capturados
por las innumerables direcciones que las instituciones a veces quieren llevarnos. Así, una buena
expresión de un maestro se indica en el texto de Nietzsche
–
Schopenhauer como educador
:
Pero incluso si el futuro no nos dejara
ninguna esperanza, la singularidad de
nuestra existencia en este preciso momento y lo que nos alentaría más
fuertemente a vivir de acuerdo con nuestra propia ley y de acuerdo con nuestra
propia medida: Quiero hablar de este hecho inexplicable de vivir just
o hoy,
cuando tenemos la extensión infinita del tiempo para nacer,
Cuando no
tenemos más que el corto lapso de tiempo de un hoy y cuando necesitamos
mostrarlo, por qué y con qué propósitos, aparecemos exactamente ahora.
Debemos asumir la responsabilidad de
nuestra existencia ante nosotros
mismos, por lo que queremos actuar como los verdaderos timoneles de esta
vida y no permitir que nuestra existencia parezca una contingencia privada de
pensamiento. Esta existencia quiere que nos acerquemos a ella con valen
tía y
también con valentía, sobre todo porque, en el mejor o en el peor de los casos,
siempre la perderemos. ¿Por qué aferrarse a este pedazo de tierra, a esta
profesión, por qué escuchar los propósitos del prójimo? También es provincial
jurar obediencia a
concepciones que, en cientos de otros lugares, ya no
obligan. Occidente y Oriente son líneas imaginarias que alguien dibuja con
tiza ante nuestros ojos, para engañar nuestra pusilanimidad (NIETZSCHE,
2003, p. 140
-
141
, nuestra traducción
).
image/svg+xml
Lúcia Schneider HARDT
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2776
-
2793
,
o
ct./
d
ic.
2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2787
La provocación
de Nietzsche es muy desafiante: después de todo, ¿por qué y con qué
propósitos aparecemos exactamente ahora? ¿Por qué es esta nuestra vida? Debemos asumir la
responsabilidad de nuestra existencia ante nosotros mismos, dejar que nuestra singularidad sea
fr
uctífera. ¿Por qué de repente nuestro tiempo es el momento de una pandemia, por qué ahora
estoy siendo llamado a pensar en la educación de nuevo, crear nuevas medidas para la
enseñanza, para la lectura, para seminarios y eventos? En la estela de Nietzsche,
sería de nuestra
parte esperar, nuevamente, a que actuara la normalidad de los procesos pedagógicos. Sin duda,
no queremos aparcar donde estamos, pero ciertamente el impacto de la "enfermedad" ha
producido algo genuino en todos nosotros, como maestro y ta
mbién de discípulos.
"Sus educadores no pueden ser más que libertadores", dice Nietzsche (2003, p. 142
,
nuestra traducción
). La formación "no busca miembros artificiales, narices de cera"
(NIETZSCHE, 2003, p. 142
, nuestra traducción
), y en nuestros tiempos tampoco quiere vernos
seducidos por los recursos tecnológicos que necesitamos ahora. Ciertamente, la tecnología
ofrece novedades, está posibilitando la comunicación, las prácticas docentes, eventos de gran
repercusión teórica, reun
iendo a personas de todos los continentes. Sin embargo, debemos
cuidar las trampas. En nuestro tiempo, estamos algo impactados, viendo instituciones
encantadas con la posibilidad de, a través de una pantalla, contemplar a 100, 200 o más
estudiantes, afirma
ndo que esta sería la nueva aula, reduciendo el número de educadores,
convirtiendo la pedagogía en una herramienta que solo maneja imágenes, tablas, horarios,
colores e itinerarios preformateados.
Tenemos que estar atentos, porque aunque tomemos por
nuestr
o tiempo y necesitemos otros recursos para educar, no debemos olvidar que la educación
es liberación cuando también es capaz de "extirpara todas las malas hierbas, desechos, alimañas,
que quieran atacar las tiernas semillas de las plantas"
(
NIETZSCHE,
2003
, p.
142
, nuestra
traducción
).
En tiempos de pandemia, necesitamos, hasta cierto punto, cultivar nuestra singularidad,
arrancarnos lo genuino, así como cultivar esto en los estudiantes para evitar que las malas
hierbas, los versos, el desperdicio, a veces
intercambiando colores, imágenes y recursos
tecnológicos finalmente instalen nuevamente las dos tendencias dañinas señaladas por
Nietzsche: masificación y reducción de la cultura con pérdida absoluta de formación.
Cuando se nos ocurren las nubes oscuras, d
ice Nietzsche, es mejor recordar a nuestros
maestros y educadores. En este contexto, nuestro filósofo recuerda a Schopenhauer, el único
maestro del que está orgulloso. Nietzsche (2003, p. 146
, nuestra traducción
):
image/svg+xml
Nietzsche educador y la afirmación de la singularidad
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2776
-
2793
,
o
ct./
d
ic
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2788
Nunca hemos tenido tanta necesidad de educadores morales, y nunca ha sido
tan improbable encontrarlos; En los momentos en que los médicos son más
necesarios, en el momento de grandes epidemias, es entonces cuando también
están más expuestos al peligro. Por
que: ¿dónde están los doctores de la
humanidad moderna que eran lo suficientemente firmes y sólidos en sus pies,
para que también pudieran soportar a otro y guiarlos de la mano? Un cierto
asombro, una cierta apatía, pesan sobre las mejores personalidades d
e nuestro
tiempo, un fastigio sempiterno con esta lucha entre el ocultamiento y la
honestidad que está atrapada en su
seno
, una inquietud que nubla la confianza
que tienen en sí mismos, que los hace totalmente incapaces de ser al mismo
tiempo, para los
dem
ás, guías
y censores.
Encontrar educadores en tiempos oscuros: una condición necesaria para hacer frente al
miedo y los peligros. Y, además, ¿encontrar educadores morales, porque las prácticas
educativas no son, formales o no, acciones para fortalecer y
difundir valores?
¿Y qué valores
se necesitan en tiempos oscuros?
Nietzsche dirá (en Human Too Human I) que la educación
debe ser impulsada por el rigor de la ciencia y también debe abandonar su sumisión a la religión.
En este punto encontramos, algunos di
cen, un "Ilustrado" de Nietzsche, porque, como analiza
Weber (2011, p. 66
, nuestra traducción
), "a pesar de la anti
-
Ilustración de Nietzsche, su crítica
a la idea de la Ilustración de progreso y mejora de la humanidad", la propuesta de unir la ciencia
y la
crítica de la religión fue uno de los proyectos centrales de la Ilustración reformista después
de la Revolución Francesa y,
Hasta cierto punto, nuestro filósofo integra esta crítica cuando
habla de educación. Nietzsche tiene el componente corrosivo en su
crítica de la moral, pero
también es necesario destacar las proposiciones constructivas de la moral nietzscheana que lo
acompañaron a lo largo de su vida, ya que el autor priorizó el debate en torno a los valores. La
perspectiva moral es también una forma
de liberar al individuo de la tradición cuando se
muestra como una tiranía colectiva. En este punto, de nuevo, la historia tiene su lugar.
Las reglas existen para nuestra supervivencia, pero siempre deben analizarse desde esta
perspectiva, ya que no hay
valores en ellas y para siempre. Cuando se revela la estupidez de
una regla, se necesita coraje y autonomía para cambiarla. Someterse a una moralidad estúpida
es renunciar a nuestra singularidad y evitar que algo genuino nazca en nosotros. Según Weber
(201
1, p. 71, el grifo del autor
, nuestra traducción
), la obra:
Humano, demasiado
humano, es, a juicio del propio Nietzsche "[...] El
monumento de una crisis. Se proclama a sí mismo un libro para espíritus
libres: casi todas las frases allí expresan una victo
ria". [....] El significado de
la figura
del Espíritu Libre
tiene una fuerte relación, en un primer sentido, con
la crisis de Nietzsche, pero también con su victoria sobre la incertidumbre,
que esta obra erige en monumento. Por lo tanto, está relacionado c
on los
propios movimientos de autosuperación del filósofo. También hay un segundo
sentido, este más general, en el que el Espíritu Libre figura como tipología
image/svg+xml
Lúcia Schneider HARDT
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2776
-
2793
,
o
ct./
d
ic.
2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2789
característica de los movimientos de liberación de la moralidad de las
costumbres, un paso necesa
rio, pero no suficiente para la liberación de la
humanidad del imperio de la venganza.
Estas dos dimensiones, aunque
distintas, son inseparables.
El espíritu libre parece ser el fruto maduro de la crítica ya iniciada en la juventud del
filósofo y que es la expresión de su propia originalidad. Al ejercer el espíritu libre, aprendió a
confrontar y criticar la moralidad de las costumbres y también a cr
iticarse a sí mismo. Lo
genuino es pensar diferente de lo que uno esperaría considerando su tiempo, su inserción social.
Como dice Nietzsche, hay que enfrentarse al espíritu cautivo, atado a una fe: el espíritu libre
busca razones para entender el mundo. P
aradójicamente, la idea del espíritu libre en Nietzsche
también proviene de la ruptura con su maestro, Schopenhauer, pues a pesar de reconocer en él
a un educador moral, percibió que era necesario volver a sí mismo, necesitaba soledad, del
distanciamiento
del maestro para producir años de experimentación para acercarse nuevamente
a la vida, considerando su forma más genuina de pensar. De hecho, como dice en Zaratustra,
"
Un maestro es correspondido erróneamente cuando uno siempre permanece y solo un
discípul
o" (Así habló Zaratustra) (NIETZSCHE, 2010, p. 105
, nuestra traducción
)
.
Para pensar en nuestro tiempo, es necesario ser cuidadoso y cauteloso con todos aquellos
que se presentan durante la hora como iluminados y capaces de toda crítica en un momento de
pa
ndemia. Todavía quedan muchos acertijos a los que enfrentarse un crítico capaz de preservar
la lucidez de aquellos que no quieren ser gobernados por el imperio de la venganza.
Parece que Nietzsche (2003, p. 148
, nuestra traducción
) todavía aprendió de su v
iejo
maestro: "El estilo de Schopenhauer me recuerda un poco a Goethe [...], porque sabe decir sobre
lo que es profundo simplemente, lo que se mueve sin retórica y lo que es científico sin
pedantería". En este camino el propio Nietzsche seguirá su reflexió
n sobre la ciencia, siempre
valorada, pero siempre sujeta a errores, a revisiones sucesivas, ya que no podía albergar la
verdad, la aspiración indebida de los humanos, así como el gusto compulsivo por el juicio y la
corrección del otro.
Sugere nosso filóso
fo uma tarefa difícil: defender a ciência sem
pedantismo.
Necesitamos resistir a los escritores mediocres que revelan una alegría sin aliento
y sin curiosidad, como, para Nietzsche, lo fue el pensador David Strauss.
Así, Nietzsche (2003, p. 150
, nuestra tr
aducción
) finalmente revela el impacto de su
maestro en él:
Es honesto porque habla y escribe para sí mismo y para sí mismo; Tan de
tiempo porque ha superado con el pensamiento lo que es más difícil, y
constante porque debe ser así. Su fuerza crece recta y ligera como una llama
image/svg+xml
Nietzsche educador y la afirmación de la singularidad
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2776
-
2793
,
o
ct./
d
ic
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2790
en el aire tranquilo, segura de sí mi
sma, sin temblor, sin inquietud. En cada
una de estas cualidades, encuentra su camino sin siquiera notar que lo ha
buscado; Por el contrario, movido por una ley de la gravedad, se arroja allí,
firme y ágil, inexorable. Y el que una vez sintió lo que es, en
nuestro tiempo
de humanidad híbrida, encontrar un ser completo, coherente, móvil en sus
propios ejes, libre de vacilaciones y puntos retrospectivos, comprenderá mi
felicidad y mi sorpresa cuando descubrí a Schopenhauer: sentí que había
encontrado en él a
este educador y a este filósofo que había buscado durante
tanto tiempo. Sin embargo, esto fue ciertamente solo a través de un libro, y
había una gran deficiencia en él. Luché cada vez más para ver a través del
libro y representar al hombre vivo, de quien h
abía leído el gran testamento y
que prometió no elegir a sus herederos, sino a aquellos que querían y podían
ser más que meros lectores: es decir, sus hijos y sus discípulos.
Lo que Nietzsche más apreció en Schopenhauer fue su crítica y sumisión a las ten
dencias
filosóficas de su tiempo. Conocía en el maestro el derecho a la singularidad, a la necesidad de
autoconocimiento. A través de este aprendizaje, fue capaz de pensar en la oposición entre lo
individual y lo colectivo, tan propagada por la modernidad.
Después de todo, el singular es,
como dice Weber (2009, p. 253
, nuestra traducción
), "mucho más que el individuo". Después
de todo, ¿cómo explicar que la singularidad es la excepción y la regla es el rebaño? Es inevitable
que estemos insertados en una soc
iedad, marcando nuestra presencia individual. Sin embargo,
no puede reducirse a anclarse en lo colectivo simplemente, no puede renunciar a sí mismo, y
después de todo, ¿por qué es tan difícil para el hombre permanecer en presencia de sí mismo
sin escapar d
e sí mismo?
La vida en sociedad requiere una uniformidad de comportamientos y valores, una
búsqueda de protección y seguridad, y a menudo terminamos capturados por esta lógica. Weber
(2009, p. 259
, nuestra traducción
) nos ayuda a pensar en esta dirección y
escribe:
Tememos al prójimo, como sugiere Nietzsche al principio del texto sobre
Schopenhauer. No estar dispuesto a estar con otros, con la comunidad, podría
llevar a la ruina social. Así, tanto la fuerza del esfuerzo social sobre el
individuo como su c
obardía, asociada a su pereza, son fuertes
condicionamientos, creadores de falta de autenticidad, también llamada
Nietzsche de falta de estilo.
El individuo sin estilo no ha alcanzado su singularidad, no tiene la virtud de la fuerza
para enfrentar su tiem
po y sus reglas estúpidas. El autoconocimiento de Nietzsche (2003, p.
260) será "la tarea del águila, no del topo", y crea una nueva relación entre el hombre y el
mundo, otra territorialidad con sospecha. Implica mirar sobre el interior y el exterior que
c
onstituía al ser humano, para hacer experimentos formativos consigo mismo y con los demás.
La liberación es uno de los requisitos para lograr la singularidad.
image/svg+xml
Lúcia Schneider HARDT
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2776
-
2793
,
o
ct./
d
ic.
2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2791
Consideraciones finales
Como educadores en nuestro tiempo, enfrentando tiempos oscuros por las
más diversas
razones, y deseando enfrentar la tensión entre lo que las instituciones quieren de los humanos
y lo que un maestro puede hacer por los estudiantes, podemos llegar al punto en este artículo
donde es posible afirmar que la gran tarea de la educ
ación implica descubrir y cultivar la fuerza
de cada uno para aprender a calibrar y jerarquizar sus fortalezas y prevenir una de ellas.
aniquilar al otro. Así, un ser fuerte, duro, auténtico y honesto surgiría con su tiempo y con los
demás. Surge alguien q
ue aprecia las disputas, sin querer aniquilar a nadie, que desea
argumentar para poner a prueba su pensamiento, poner en un tribunal los valores que nos rigen
para hacernos pensar de nuevo la vida y sus innumerables posibilidades. Implica perfeccionar
la m
oral en beneficio de la vida, liberando al hombre de la sumisión a lo colectivo, de la
vulgaridad de las modas, de la repetición sin reflejo de itinerarios formativos ya desgastados y
empobrecidos. Finalmente, no faltan tareas para aquellos que desean ser
maestros y afirmar el
derecho a la singularidad de los seres humanos en un horizonte múltiple y abierto.
A
La educación, finalmente, es un proceso de autoeducación estimulado por el maestro
que desea contemplar en cada estudiante el cultivo del espíritu libre, el capaz de hacer pensar
tomando todos los riesgos. ¿Cuál es el punto? El interés por la vida, que imp
lica conocer nuestro
tiempo, y a veces pensar en contra de él. El Estado, como nos dice Schopenhauer, no es el fin
supremo de la humanidad, e insistir en que el deber de los humanos sería servir al Estado es
estúpido. Será necesario
–
a través de la educac
ión
–
afrontar el empobrecimiento de la
formación, la "barbarie cultivada", que no nos da derecho a querer aniquilar al otro cuando nos
frustra y nos decepciona, sino a afrontar, a través de las instituciones educativas, lo que es de
hecho la tarea de la e
ducación. Para esto, es primordialmente importante que el individuo, cada
estudiante, después de todo las cosas humanas sean atractivas y puedan despertar en él la
búsqueda del conocimiento. La práctica pedagógica debe captar las virtudes de cada alumno,
i
nsistir en que se desarrollen, educar incluso para la soledad, ya que esta es una forma viable de
desviarse de las obligaciones cuando solo están comprometidos con el mundo del mercado y la
burocracia estatal
(OLIVEIRA, 2013, p. 145).
Finalmente, educar,
graduarse es una tarea que requiere paciencia, persistencia, rigor,
disciplina. Para esto, un maestro es necesario, preferiblemente, como nos indica Nietzsche, ser
portador de una serenidad admirable, lleno de un fuego fuerte y devorador para poder
expulsa
rnos de nosotros mismos y volver a pensar. Las instituciones educativas financiadas con
fondos públicos deben trabajar constantemente en esta dirección, garantizar que el rigor y la
image/svg+xml
Nietzsche educador y la afirmación de la singularidad
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2776
-
2793
,
o
ct./
d
ic
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2792
belleza del conocimiento inicien una lucha contra la barbarie para que nue
stra mirada astuta a
las cosas cercanas pueda indicar cuánto impide nuestra miopía una mirada más aguda a lo lejano
y lo general" (NIETZSCHE, 2003, p. 193
, nuestra traducción
), lo que sin duda nos llevaría a
posibilidades formativas más originales y creati
vas. Espero que algún día el propio Estado se
sorprenda por lo que surge y nace en los establecimientos educativos, en los que los individuos,
de hecho, no se dan cuenta de ser solo útiles y devotos, pero, por el contrario, pueden consolidar
miradas astuta
s para su tiempo, contra su tiempo, frente a su propia miopía y, por lo tanto,
pueden abrirse efectivamente al futuro.
con la ligereza de aquellos que siguen siendo curiosos
y comprometidos con la vida y la historia.
GRACIAS:
Agradezco al Consejo
Nacional de Desarrollo Científico y Tecnológico (CNPq)
por su apoyo en la realización de investigaciones en Nietzsche en el campo de la educación.
REFERENCIAS
ADAMI, J. D.
VIS CREATIVA:
A singularidade da vivência criadora no pensamento
nietzschiano
.
Dissertação de Mestrado. 2016. Dissertação (Mestrado em Filosofia)
–
Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Toledo, PR, 2016.
Disponible en:
https://tede.unioeste.br/handle/tede/3052. Acceso: 14 de abril de 2021.
NIETZSCHE, F
.
Escritos so
bre educação
.
Sobre o futuro dos nossos estabelecimentos de
ensino
–
III Consideração intempestiva
–
Schopenhauer como educador. Tradução: Noéli
Correia de Melo Sobrinho. 2. ed. Rio de Janeiro: PUC
-
Rio; São Paulo: Loyola, 2003.
NIETZSCHE, F.
Escritos sobr
e a História
. Apresentação, tradução e notas: Noéli Correia de
Melo Sobrinho
.
Rio de janeiro: ED. PUC; São Paulo: Loyola, 2005.
NIETZSCHE, F
.
Humano, demasiado humano
: Um livro para espíritos livres. Tradução:
Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia da
s Letras, 2008. v. 2.
NIETZSCHE, F.
Assim falou Zaratustra, um livro para todos e para ninguém
. Tradução
:
Mario da Silva. 18
.
ed.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.
OLIVEIRA, J. Educação como autolibertação na Filosofia de Nietzsche.
Cadernos de
Pesquisa:
Pensamento Educacional
, Curitiba, v. 8, n. 19, p. 132
-
146, maio/ago. 2013.
RANGEL, M. M. Sobre a utilidade e desvantagem da ciência histórica, segundo Nietzsche e
G
umbrecht.
Revista
Dimensões
, Goiabeiras
,
Vitória, v. 24,
p. 208
-
241,
jun. 2009.
Disponible
en: https://periodicos.ufes.br/dimensoes/article/view/2531. Acceso: 23 de abril de 2021.
WEBER, J. F. Singularidade e formação (Bildung) em Schopenhauer como educad
or de
Nietzsche.
Educação e Pesquisa
, São Paulo, v.
35, n. 2, p. 251
-
264, maio/ago. 2009.
image/svg+xml
Lúcia Schneider HARDT
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2776
-
2793
,
o
ct./
d
ic.
2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2793
Disponible en:
https://www.scielo.br/j/ep/a/RBBjHsBzwhGtcwrRVD4Q35m/?format=html&lang=pt.
Acceso: 08 jun. 2021.
WEBER, J. F.
Crítica à moral e educação: Sobre o espírito livre de Nietzsche.
Educação
,
Porto Alegre, v. 34, n. 1, p. 65
-
74, jan./abr. 2011.
Disponible en:
https://www.redalyc.org/pdf/848/84818591009.pdf. Acceso: 21 jul. 2021
.
Cómo hacer referencia a este artículo
HARDT, L. S
.
Nietzsche educador y la afirmación de la singularidad
.
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação
, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2776
-
2793
,
oct
./
dic
. 2022. e
-
ISSN: 1982
-
5587.
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
Presentado en
:
16/01/2022
Revisiones requeridas en
:
24/05/2022
Aprobado en
:
07/09/2022
Publicado en
:
30/
12
/2022
Procesamiento y edición
: Editora Iberoamericana de Educación
-
EIAE.
Corrección, formateo, normalización y traducción.
image/svg+xml
Nietzsche as an educator and the
affirmation of singularity
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2775
-
2792
,
Oct
./
Dec
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2775
NIETZSCHE AS AN EDUCATOR AND THE AFFIRMATION OF SINGULARITY
NIETZSCHE EDUCADOR E A AFIRMAÇÃO DA SINGULARIDADE
NIETZSCHE EDUCADOR Y LA AFIRMACIÓN DE LA SINGULARIDAD
Lúcia Schneider
HARDT
1
ABSTRACT
:
The article aims to explain Schopenhauer's impact on Nietzsche as a style of
master/teacher, incorporating the singularity as the crucial thing that education should promote.
To contemplate this task and update the reflection for our time and context, it i
s necessary to
fight the tension between the demands of educational institutions and the power of a
master/teacher in the practice of his acting, in order to seek in each student what he has of
genuine and original. This is an essay with a qualitative appr
oach that reflects the formative
trajectory of Nietzsche himself, capable of promoting his extemporaneous condition and facing
the culture of his time. For this, a master is needed, preferably, as Nietzsche indicates, the bearer
of admirable serenity, full
of a strong and devouring fire to be able to promote the singularity
of his student.
KEYWORDS
: Nietzsche. Education. Singularity.
RESUMO
:
O artigo tem por objetivo explicitar o impacto de Schopenhauer sobre Nietzsche
como um estilo de mestre
,
incorpora
ndo a singularidade como aquilo que a educação promove.
Para contemplar esta tarefa e atualizar a reflexão para o nosso tempo, faz
-
se necessário
enfrentar a tensão entre as demandas das instituições educacionais e a potência de um mestre
na prática do seu
ofício
,
a fim de buscar em cada estudante aquilo que
ele
tem de genuíno e
original
.
Trata
-
se de um ensaio de abordagem qualitativa
que reflete a trajetória
formativa do
próprio Nietzsche
,
capaz de promover sua condição extemporânea e enfrentar a cultura de sua
época.
Educar, formar
-
se, é uma tarefa que exige paciência, persistência, rigor, disciplina.
Para isso, um mestre é necessário, de preferência, como nos indica Nietzsche, portador de
uma
serenidade admirável, cheio de um fogo forte e devorador para ser capaz de promover a
singularidade do seu aluno.
PALAVRAS
-
CHAVE
:
Nietzsche.
E
ducação.
S
ingularidade.
1
Federal University of Santa Catarina
(UFSC)
, Florianópolis
–
SC
–
Bra
z
il.
Full Professor.
PhD in Education
(
UFR
G
S
)
. ORCID: https://orcid.org/0000
-
0002
-
4939
-
015
6
.
E
-
mail: luciashardt@gmail.com
image/svg+xml
Lúcia Schneider HARDT
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2775
-
2792
,
Oct
./
Dec
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2776
RESUMEN
:
El artículo tiene como objetivo explicar el impacto de Schopenhauer en N
ietzsche
como estilo de maestro/profesor, incorporando la singularidad como lo que la educación
promove. Para contemplar esta tarea y actualizar la reflexión en nuestro tiempo, es necesario
enfrentar la tensión entre las exigencias de las instituciones edu
cativas y el poder de un
maestro/profesor en el ejercicio de su oficio, a fin de buscar en cada alumno lo que él tiene de
genuino y original.
Este es un ensayo con un enfoque cualitativo que refleja la trayectoria
formativa del propio Nietzsche, capaz de p
romover su condición extemporánea y enfrentar a
la cultura de su tiempo.
P
ara ello se necesita un maestro, preferentemente, como indica
Nietzsche, portador de una serenidad admirable, lleno de un fuego fuerte y devorador para
poder potenciar la
singularidad de su alumno.
PALA
BRAS
CLAVE
:
Nietzsche.
E
ducación.
S
ingularidad.
Introdu
ction
To what extent do educational institutions manage to favor singularity in their formative
processes? Considering the debates and formulation of guidelines for
institutions, for the
definition of curricula, there is a strong tendency to call for the same standard of education for
all as a condition for democracy. Is there room in this horizon for differentiation, for
uniqueness? For the genuine? After all, what i
s constituted as genuine in each person is not the
result of chance. Uniqueness doesn't happen magically; how then can it not be prevented when
the goal is the development of a supposed standard that should be reached by everyone in
educational institution
s? How to make uniqueness a pedagogical goal in institutions?
To understand this possible pedagogical lack, we need to return to the perspective of
modernity and its promises. Emancipation narratives emphasize a rational, conscious, progress
-
oriented subject and the valorization of individualism as a resource for the
consolidation of
freedom. A narrative with metaphysical and idealistic spice. To build a different way of thinking
about human formation, it will be necessary to undertake a radical critique of the metaphysical
assumptions and, to do so, we resort to the
philosopher Nietzsche, who already indicated the
signs of this narrative in his time, and in this
direction,
he directs his critique to think about
human formation beyond the register of modern logic. His critique faces his own time (and by
extension our t
ime) and his main theme is the question of culture
.
The culture expressed and analyzed in Nietzsche's texts, considering the spiritual
atmosphere of Germany in the 18th century, seems to have much to tell us today. In the
constellation of the Enlightenment
, the idea of formation and culture ends up being constituted
from a subordination to the political demands of the citizen for life in society. Culture is thus
an accumulation of knowledge, the establishment of a performance of an individual in tune with
image/svg+xml
Nietzsche as an educator and the
affirmation of singularity
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2775
-
2792
,
Oct
./
Dec
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2777
h
is time, at his service to generate progress, insertion in the job market, and innovation. The
incorporation of this perspective, for Nietzsche, activates to the maximum the concept of
gregariousness, necessary for human survival, but restricted to conside
r humans beyond flocks.
For this philosopher, the desire for the massification of education no longer has its own
interest in culture, but the taste for forming "ordinary men", useful to their times and integrated
into the market and production, able to m
eet the demands of the State. Any culture that would
affirm another dimension tends to be discarded, and the desire is to bring the individual closer
to the herd, preventing any singularity that would take him in another direction than the
gregarious dimen
sion. Strong instinct in humans, for he needs the community to survive, but
for Nietzsche it cannot prevent what can be more genuine in each one. Becoming a slave to
welfare, to the goals of the state, impoverishes any human formation and weakens culture.
Nietzsche believes that the individual is being educated to belong to a totality and that all goals
to be reached are there. Any deviation designates a
danger;
therefore, all accumulation of
knowledge is directed toward the preservation of society. Individ
uals who announce other
possibilities are despised. The seduction for the pursuit of this well
-
being lives among us, nor
does Nietzsche despise this need. However, caution is needed, for all security is accompanied
by the presence of a domineering spirit a
nd the demand for obedience
.
In this scenario, we can understand the lectures given by Nietzsche, which make up the
work entitled
On the future of our educational
institutes
, between January and March 1872,
where the philosopher criticizes the education a
nd culture of his time, focusing on educational
establishments and their educational reforms. Nietzsche reflects on the education of his time
and raises a series of questions by denouncing what he defines as the decadence of the
educational processes. Acco
rding to the philosopher, it would be necessary to reestablish the
criteria of demand, authority, and obedience that are fundamental to knowledge. For him
:
Two apparently opposing currents, both harmful in their effects and ultimately
united in their res
ults, dominate our educational establishments today,
originally founded on totally different bases: on the one hand, the tendency to
extend culture as far as possible
, on the other, the tendency to
reduce
and
weaken it
. According to the first tendency, cul
ture must be taken into ever
wider circles; according to the second, culture is required to abandon its
highest claims to sovereignty and submit itself as a servant to another form of
life, especially that of the State (NIETZSCHE, 2003, p. 44, emphasis add
ed
,
our translation
)
.
Such tendencies
-
that of extension and that of reduction
-
are the sign of a carelessness
with formation and, more than that, an ignorance of nature's own designs. Culture as a force
image/svg+xml
Lúcia Schneider HARDT
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2775
-
2792
,
Oct
./
Dec
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2778
and expression of the original comes from the work of the few, and it wo
uld be a mistake to
imagine that it is the fruit of massification. In these terms, the young Nietzsche defends a culture
guided by its own style, capable of sustaining the originality of a people, and, for this very
reason, to be cautious with the purposes
of politics.
Rare men face dangers and are sometimes excluded, they lose basic pleasures of life,
because they are in search of higher things that disturb them; just like Schopenhauer, for he
knew that to seek higher things it would not be possible to ad
just to the conditions of his time,
to surrender to fads, and for him there was always a question: "In the depths of your heart, do
you say yes to this existence? Is it enough for you?" (NIETZSCHE, 2003, p. 163
, our
translation
).
The image of a people, of
a culture, does not find a fixed point, it is captured in different
ways. The greatest example was the diversity of possibilities in the process of appropriating a
Greece from very peculiar and diverse alternatives. Nietzsche appreciated the dark side, mor
e
linked to the original impulses. Formation, in this sense, acquires meaning by bringing together
art, culture, nature, past and future to contemplate the present as a challenge to be faced from a
legacy received, preferably in educational institutions. E
ducating implies reflecting the plane
of the individual, but also cultural and historical. The risk of evading the present is great;
therefore, the priority task of education is to respect and cultivate the authority of thought
through culture
.
In other t
erms, Nietzsche criticized the principle of professionalization extended to
institutions, which does not give us the right to sentence him as elitist, but to effectively
understand what he denounces: things must have a name and a purpose according to their
specificities: technical schools, necessary to society, are not schools of culture and training.
What the market wants is different from what culture wants to cultivate. At this point, Nietzsche
defends institutions that, inspired by Greece, aim to reach
the totality of man's formation,
resisting the traps of specialization. Later on, Nietzsche will abandon some positions of this
period, however, he will never give up his criticism of specialization and reduction of culture
to the interests of the State.
Nietzsche admits that many promises and universalizing discourses are a lure, since they
promise what they cannot always deliver. The challenge of Nietzsche's proposal in education,
stating that the option for a higher education, which in synthesis promise
s more difficulties than
joys, requires full dedication, and no guarantee of recognition. Would this be a reason to
"vulgarize the demands"? Not at all, after all, Weber (2011, p. 143
, our translation
) states:
image/svg+xml
Nietzsche as an educator and the
affirmation of singularity
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2775
-
2792
,
Oct
./
Dec
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2779
"respecting and recognizing the linguistic lim
itation of the illiterate does not oblige us to accept
illiteracy as the fate of humanity." In the same way, Weber (2011) follows, pointing out that
the ever
-
present difficulty in the use of language cannot make us condescending to its use. In
this horizon
is the defense of education in Nietzsche: the need to find masters for these tasks,
which never meant to despise other alternatives
.
The defense of singularity
What would then be a formation not subordinated to the dictates of the State? Nietzsche
will defend the need for solitude, a distancing from everything that summons the human being
to be a presence in an already defined conjuncture. Already at this point,
the
much
-
promised
modern freedom does not seem to be contemplated, because the small signs of disagreement in
relation to society and the many flocks configured in it are considered immoral. We can
conclude that the gregarious instinct relied on institutio
nal and formative processes to preserve
itself over time and to direct individuals to its purposes.
In this context, Nietzsche's expression
-
"to become what one is"
-
makes sense, which
implies detaching oneself from the herd instinct in order to assume i
ts form. There is no manual
of conduct to follow this trajectory, it implies activating in oneself all the resources and not
only rationality. It is not about seeking a "true self," but daring to experiment with the body,
understood as the great reason, im
plied by instincts and impulses. To be an artist of oneself,
creating and inventing one's own life. A human capable of not only obeying, being able to select
the legacy he has received from the educational establishments, and having the courage to fight
hi
s own time. To hierarchize, to calibrate that which can still be preserved from the norms of
conviviality without losing the strength to affirm his singularity that, at times, leads him to live
solitarily. It is worth pointing out that this individual is n
ot indifferent to his community, he
goes away to activate his strength, and wishes to return to share experiences and other ways of
living. The singular man is also able to have a different relationship with history, and the
philosopher himself has dealt w
ith this in his works. He highlights the idea of forgetfulness as
necessary for creation. Emptying the memory considering the excesses of the affirmation of
truths that is not justified. An education that only demands memorization, repetition of the past,
without taking from them the right to invention, designates a precariousness that can be
overcome by education
.
image/svg+xml
Lúcia Schneider HARDT
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2775
-
2792
,
Oct
./
Dec
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2780
From lack of self to singularity
Nietzsche in his own life taught us possibilities of accessing our uniqueness. He himself
let himself be led by the atmosphere of romanticism, seduced by Wagner's music and everything
related to it. He became a follower, an adept of a movement that consume
d him for a long time.
In his production in the interim period, especially in
Human, All Too Human
, Nietzsche is able
to analyze from a distance his own fidelity to this time and realize that this is also one of the
causes perhaps of his illness.
After all, suggests our philosopher
:
To what extent does devotion obscure
-
In later centuries the great man is
presented with all the great characteristics and virtues of his century
-
thus all
the best is constantly
obscured
by devotion, which sees him
as a sacred image,
on which offerings of all kinds are hung and displayed;
-
until at last he is
completely covered and enveloped by them, becoming more an object of faith
than of observation (NIETZSCHE, 2008, p. 95, emphasis added
, our
translation
).
Some
times Nietzsche speaks of himself, but he speaks of all of us, always still devoted
to the demands of our time, faithful to some promises or adepts of certain narratives that seduce
and enchant us to lead us still to an aesthetic
-
metaphysical way of lookin
g at existence. In the
devotion to narratives, what may be missing is the "self"; pedagogical too is to step away, to go
through the privations of educational narcotics, to look at oneself, to venture into creating
experiences, to try to get away from the
webs that wish to capture us.
The "lack of self" approach is very well presented in Adami's text (2016), when he
evaluates Nietzsche's own journey, who needed to return to himself, to decide on the distance
in relation to philology. His desire was really t
o be a philosopher, to move away from
romanticism, even away from his master Schopenhauer so as not to lose the power of the self
and build his own destiny. In these terms, Nietzsche speaks of the necessary, including his
illness, which demanded a change i
n his outlook, building a new criticism, now directed to his
own trajectory. And this process is infinite as long as we have the courage to also face ourselves
and our devout attitudes, so frequent nowadays. To what extent has our pedagogical
configuration
and formation encouraged this critique of ourselves?
Nietzsche describes life as imperfect, in constant becoming, always inaugurating new
movements, other horizons. Humans live within this tension, challenged to create new
responses, appropriate to new ci
rcumstances. The human task, then, implies finding new
measures and values capable of continuing the great adventure that is living. At this point,
history and what is revealed through the practice of forgetting and remembering can be a good
image/svg+xml
Nietzsche as an educator and the
affirmation of singularity
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2775
-
2792
,
Oct
./
Dec
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2781
orientation th
at the past can offer for the present. Forgetting implies moving away from
questions that are already known and solved in order to surrender to new horizons that are
thirsty for other answers. We must avoid the risk of always repeating the same answer, it
is
important to recognize new problems and needs, to experience them, to effectively give life the
dignity it deserves. However, it is also important to remember and analyze past situations to
reflect on what, already experienced, can eventually teach us i
n the search for new answers. In
a way, when facing new
horizons,
we are not in complete darkness, we have recourse to a
tradition, of which we must take care to face new experiences offered by the becoming
.
As Rangel suggests
(2009
, p. 212
-
213
, our
translation
)
:
The experiences already made by men gain meaning from the sincere
confrontation of the present, from a surrender to the new historical
configurations, what Nietzsche calls an ahistorical attitude. One lives first and
then, if necessary, one
seeks, in the dialogue with the past, capable measures
of orientation. The study of the past for life, therein lies the advantage of
historical science. As long as we live well without the past, we should stay
away from it, says Nietzsche, but if we find i
t difficult to deal with the new
problems that are offered to us, incessantly, by life, the support of the
experiences already made is welcome
.
When then do we need history? To what extent are institutions responsible for
pedagogical training in this dire
ction of understanding life and the ability to remember and
forget? How can the legacy of culture support this purpose and also sustain the function of the
teacher in institutions
?
On institutional practices
-
from collective needs to the right to unique
ness
The young Nietzsche emphasizes the importance of institutions when they assume the
commitment to culture, to the gestation and creation of the genuine in individuals. To let oneself
be captured by habit, to meet more immediate demands, to follow fads
and trends, reveals the
beginning of a process of decadence. The reverence for culture in institutions should be
protected, the rare individuals should be preserved, which does not mean the defense of any
elitism in the field of education. It is the defen
se of a spiritual elevation that comes from culture.
What is in question is a kind of "cult" of culture, which, protected and consolidated in the
collective memory, needs education to be known and disseminated to society.
There is, in the institutions, a h
istorical sense that knows the necessity of preserving
tradition, even to ruminate on the issues of the present. One cannot resort to the past to bury the
image/svg+xml
Lúcia Schneider HARDT
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2775
-
2792
,
Oct
./
Dec
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2782
present; nor can one wish to consolidate meanings that were not fully lived in the past. To
escape th
e present by idealizing the past is, ultimately, to impoverish life
.
The II Extemporaneous
2
–
about the usefulness and drawbacks of history for life
-
was,
first of all
, an attack against historicism, a condemnation of the scientistic views of history. The
fairest criterion for approaching history is life itself. History can be very relevant to life, but it
can also be an empty discourse. Thus, institutions must preserve
the cultural memory of the
past to ensure, through education and formative processes, that something can be sought in the
past to build the future. Nietzsche himself made this experimentation starting from the Greeks,
by highlighting the Apollonian and Di
onysian principles. Abusing this look to the past makes
one forget the present and despise the future. Searching for the past never implies repeating it,
but appropriating it in order to think about the present. Who can create the conditions for this
task?
Neglecting culture produces a sickness that prevents the cultural legacy from being
cultivated.
We need to capture and decipher values of a people and a culture in order to
understand the active forces of individuals in relation to society. Nietzsche, thu
s, creates
categories to understand the various perspectives of history and highlights the value of memory
and forgetfulness, as we have already pointed out. Knowing the past already implies a science,
it is a methodology of reflection that should be empha
sized more than the compulsion to
produce narrative and descriptive pictures based on causes and consequences. Nietzsche
identifies three basic attitudes toward history, attitudes that can serve life, facing the challenges
that always arise, but can also s
erve a tendency to sacralize the past, imagining that it will find
protection. We are at this point referring to monumental, traditional, or antiquarian history and
critical history.
The first version of history challenged us to look to the past for models for action, to
know what is exemplary in order to orient ourselves toward the future. Nietzsche sought to
study great individuals to understand how they responded to the great challe
nges of their time,
without creating any idols, because the point is not to produce a history of heroes, but to learn
how, at different times, humans gave their testimony of originality in facing vital issues. To
meet unique individuals, not to imitate the
m, but to encourage each individual to face his unique
story in the time in which he lives. The point is to remember strength, courage as a human
possibility. This can also be learned in institutions, through formative processes, without being
2
At this point we are oriented by the work
Escritos sobre História
de Nietzsche
,
presented and translated by Noéli
Correia de Melo
Sobrinho
(200
5
)
.
image/svg+xml
Nietzsche as an educator and the
affirmation of singularity
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2775
-
2792
,
Oct
./
Dec
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2783
seduced by a
history that only wants to reveal great individuals and their achievements. History
exists to teach men and women of the present that the turbulences of life have already been
faced in other periods, and that we can still do this with other performances p
roper to our time
.
Traditional history seeks an eternal origin of its community, as if it were clothed in light
and revealed itself as a relic. Bewitched by seduction, they cannot capture historical phenomena
in all their depth. Overly imprisoned in the pa
st and obsessed by the origin, their representatives
want to elaborate explanations: they are not interested in "great men," but describe practices,
convictions, ideologies within which life moves. It is necessary to cultivate ideas, symbols, and
cultural
practices. On the other hand, this perspective of history neglects to reflect on its own
beliefs, the need to prepare for the new, and tends to become stationary in a particular tradition.
It can lose strength in the traverses of the becoming, and thus it
should make room for other
meanings and values.
Finally, critical history, which evaluates the two previous ones and indicates some risks.
The past can be a trap, it can end up burying the present. The critical perspective of history
denies the past whene
ver it takes up too much space in human reflection. The past cannot inhibit
the strength of the present, make courage and originality wither away when facing what is new
and otherwise already experienced. The critical dimension must be instigating, present
, and
strong, to prevent humans from becoming subordinated to heroes or to well
-
defined traditions,
giving up on what is placed before them as a challenge.
We do not intend to dwell on the II Extemporaneous considering all its depth, it is being
highlighte
d here in order to affirm one of the functions of education in institutions from
Nietzsche's point of view. And, furthermore, to help reflect on the necessary question in this
text: what can the teacher in the institutions
?
In the text
Schopenhauer as an e
ducator
(NIETZSCHE, 2003), the highlight goes to the
definition of who the master is, what his main characteristics are, and how he should be, since,
operating pedagogically, he would lead the individual to assume his self
-
formation. After all,
what is this clash
between the goals of an institution and the role of the master in the formation
of individuals in search of what is genuine, original in each one? This text intends to
contemplate the reflection about this problem and this tension: what can a teacher do i
nside an
institution, considering the institutional demands? What does the institution eventually prevent
or inhibit in the teacher's task of searching for what is genuine in the students?
To understand this, we could bring together two insinuations of Nie
tzsche (2003), in the
work
On the future of our educational institutions
, when the philosopher, in times of teaching,
image/svg+xml
Lúcia Schneider HARDT
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2775
-
2792
,
Oct
./
Dec
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2784
states that he does not want to devote himself to administrative issues in the institutions, but
wants to go through the depths of experie
nce and face the real problems of culture, something
that schedules and tables will never guarantee; he wants, even with the institutions, to enjoy a
freer horizon, and in this defense he knew that he could never count on the lovers of the
administration o
f schedules and class boards. By contradiction, Nietzsche (2003, p. 46) states
in the same text that in times of "serious men, at the service of an entirely renewed and purified
culture" at some point the administrative part will be very important, but for
other reasons than
the current demands, for example, to form calm readers, "able to choose and seek the good
hours of the day and their fruitful and powerful moments to meditate [...] not to write a summary
or even a book, but to meditate!" (NIETZSCHE, 20
03, p. 46
-
47
, our translation
). Hasty readers
corrupt the work
.
An educator must inquire of his disciple, and here we restate Schopenhauer's
provocation (NIETZSCHE, 2003, p. 145
, our translation
): "In the depths of your heart, do you
say yes to this exist
ence?
Is it enough for you?". According to Nietzsche (2003), rare men,
capable of answering this question firmly, show some kind of contempt to those who waste
their possibility of formation. After all: "a man who does not want to belong to the masses need
s
only to stop being indulgent toward himself; let him follow his conscience which cries out to
him, "Be yourself! You are not what you now do, think, and desire" (NIETZSCHE, 2003, p.
139
, our translation
).
Thus, the indigestible narratives that we sometim
es evaluate in Nietzsche's text need to
be contemplated by the arguments he himself offers us in defense of the function of institutions
and of a master who effectively wishes to educate. The contempt for a hasty reader, the
obsession with summarizing work
s before understanding them, strongly reveals the desire to
face the submission to a time already steeped in the impoverishment of reflection itself.
Happiness and good education will not come as long as the individual is subordinated "in the
chains of cur
rent opinion and fear" (NIETZSCHE, 2003, p. 139
, our translation
). This is why
Nietzsche (2003, p. 139
, our translation
) states that there is no creature in nature more sinister
than the one "that has been stripped of its own genius and is now wandering wi
lly
-
nilly in all
directions."
It is the task of the good master to prevent this letting itself go in any direction. Or as
we announced before, a teacher must avoid "the lack of self" in every student. The pedagogy
of a sensitive teacher wants to find stude
nts capable of experimenting, capable of assigning to
themselves a critical look in order to infinitely reorient themselves toward multiple possibilities.
image/svg+xml
Nietzsche as an educator and the
affirmation of singularity
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2775
-
2792
,
Oct
./
Dec
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2785
At this point, we are also called upon as teachers to think about our practice when we follow
too muc
h the demands designed by the institutions. We, as teachers, cannot be fully adjusted to
our time either; after all, how can we not let ourselves be captured by the countless directions
that the institutions sometimes want to take us? Thus, a good expressi
on of a master is indicated
in Nietzsche's text
-
Schopenhauer as an educator
:
But even if the future left us no hope, the uniqueness of our existence at this
precise moment and what would encourage us most strongly to live according
to our own law and ac
cording to our own measure: I want to talk about this
inexplicable fact that we live precisely today, when we have the infinite
expanse of time to be born, when we have but the short span of time of a today
and when we must show in it, for what reasons and
to what ends, we appear
exactly now. We have to take responsibility for our existence before ourselves,
therefore we want to act as the true helmsmen of this life and not allow our
existence to seem like a private contingency of thought. This existence wa
nts
us to approach it with boldness and also with temerity, not least because, at
best or at worst, we will always lose it. Why cling to this piece of land, to this
profession, why listen to the neighbor's purposes? It is equally provincial to
swear obedie
nce to conceptions that, in hundreds of other places, no longer
compel. West and East are imaginary lines that someone draws with a chalk
before our eyes, to fool our pusillanimity
(
NIETZSCHE
,
2003,
p.
140
-
1
41
,
our translation
)
.
Nietzsche's provocation is very challenging
-
after all, for what reasons and for what
purposes do we appear exactly now?
Why is this our time of life? We have to take responsibility
before ourselves for our existence, to let our uniqueness fecundate. Why
is our time suddenly
the time of a pandemic, why exactly now am I being called upon to think about education again,
to create new measures for teaching, for reading, for seminars and events? In the wake of
Nietzsche, it would be cowardly of us to wait agai
n for the normality of the pedagogical
processes before we act. No doubt we do not want to stop where we are, but certainly the impact
of the "disease" has produced something genuine in all of us, as teachers and also as disciples.
"Your educators cannot
be anything other than liberators," says Nietzsche (2003, p. 142
,
our translation
). Education "does not seek artificial limbs, wax noses" (NIETZSCHE, 2003, p.
142
, our translation
), and in our times it also does not want to see us seduced by the
technologi
cal resources that we need so much now. Certainly, technology offers novelties, it is
making communication, teaching practices, and events of great theoretical repercussion
possible, bringing together people from all continents. However, we must beware of
the pitfalls.
In our time, we are in a way impacted, watching institutions enchanted with the possibility of,
through a screen, contemplating 100, 200 or more students, claiming that this would be the new
classroom, reducing the number of educators, turnin
g pedagogy into a tool that only manages
image/svg+xml
Lúcia Schneider HARDT
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2775
-
2792
,
Oct
./
Dec
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2786
images, pictures, schedules, colors and pre
-
formatted itineraries. We need to be alert, because
even though we are taken by our time and need other resources to educate, we cannot forget
that education is liberation
when it is also capable of "weeding out all the weeds, the droppings,
the worms, that want to attack the tender seeds of the plants"
(
NIETZSCHE,
2003, p.
142
, our
translation
).
In pandemic times, we need, to some extent, to cultivate our
uniqueness, to extract the
genuine from us, as well as to cultivate it in the students to avoid that the weeds, the worms,
the waste, sometimes disguised as colors, images, and technological resources, end up installing
again the two nefarious tendencies p
ointed out by Nietzsche: massification and reduction of
culture with absolute prejudice to education.
When we are faced with dark clouds, says Nietzsche, it is best to remember our masters
and educators. In this context, our philosopher remembers Schopenha
uer, the only master he is
proud of. Nietzsche says
(2003, p. 146
, our translation
)
:
Never have we had so much need of moral educators, and never have we been
so unlikely to find them; at the times when doctors are most needed, at the
time of great epidem
ics, it is then that they are also most exposed to danger.
For: where are the doctors of modern mankind who were themselves
sufficiently firm and solid on their feet, that they could moreover hold up
another and guide him by the hand? A certain astonishmen
t, a certain apathy,
weighs upon the best personalities of our age, an everlasting fascination with
this struggle between dissimulation and honesty that is going on within them,
a restlessness that clouds their confidence in themselves
-
which makes them
u
tterly incapable of being at the same time, for others, the guides and the
censors
.
Finding educators in dark times: a necessary condition when facing fear and dangers.
And, moreover, to find moral educators, for aren't educational practices, formal or o
therwise,
actions that strengthen and propagate values? And what values are necessary in dark times?
Nietzsche will say (
in
Human All Too Human I
) that education must be guided by the rigor of
science and must also abandon its submission to religion. Here
we find, some say, an
"Enlightenment" Nietzsche, because, as Weber (2011, p. 66
, our translation
) analyzes, "despite
Nietzsche's anti
-
Enlightenment, his criticism of the Enlightenment idea of progress and
improvement of humanity," the proposal of joining s
cience and criticism of religion was one of
the central projects of the reformist Enlightenment after the French Revolution and, to some
extent, our philosopher integrates this criticism when discussing education. There is in
Nietzsche the corrosive compon
ent in his critique of morality, but it is also necessary to
highlight the constructive propositions of Nietzsche's morality that accompanied him
image/svg+xml
Nietzsche as an educator and the
affirmation of singularity
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2775
-
2792
,
Oct
./
Dec
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2787
throughout his life, since the author prioritized the debate around values. The moral perspective
is also a wa
y to free the individual from tradition when it shows itself as a collective tyranny.
Here again, history has its place.
Rules exist for our survival, but they must always be analyzed from this perspective,
because there are no values in themselves and f
orever. When the stupidity of a rule is revealed,
it takes courage and autonomy to change it. To submit to a stupid morality is to give up our
uniqueness and prevent something genuine from being born in us. According to Weber (2011,
p. 71, emphasis added
,
our translation
), the work
:
Human, All Too Human
is, in Nietzsche's own judgment "[...] the monument
of a crisis. It proclaims itself a book for free spirits: almost every sentence,
there, expresses a victory." [....] The meaning of the figure of
Free Spirit
has
a strong relation, in a first sense, to Nietzsche's crisis, but also to his victory
over uncertainty
-
which this work erects into a monument. Therefore, it is
related to the philosopher's own movements of self
-
overcoming. There is also
a second, more
general sense, in which the Free Spirit appears as a
characteristic typology of the movements for the liberation of the morality of
customs, a necessary but not sufficient stage for the liberation of humanity
from the empire of revenge. These two dimensio
ns, although distinct, are
inseparable
.
The free spirit seems to be the mature fruit of the criticism already started in the
philosopher's youth and which is the expression of his own originality. Through the exercise of
the free spirit, he learned to con
front and criticize the morality of customs, and also to criticize
himself. The genuine is to think differently from what one would expect considering his time,
his social insertion. As Nietzsche says, the captive spirit, bound to a faith, must be confront
ed:
the free spirit seeks reasons to understand the world. Paradoxically, the idea of the free spirit in
Nietzsche also comes from the rupture with his master, Schopenhauer, because despite
recognizing in him a moral educator, he realized it was necessary
to return to himself, he needed
solitude, the distance from the master to produce in himself years of experimentation to
approach life again, considering his most genuine way of thinking. In fact, as he says in
Thus
Spoke Zarathustra
, "One pays back a mast
er badly, when one remains always and only a
disciple" (Thus Spoke Zarathustra) (NIETZSCHE, 2010, p. 105
, our translation
)
.
To think about our time, it is necessary to be careful and cautious with all those who
present themselves as enlightened and capable
of all the criticism of a pandemic time. There
are still many enigmas to be faced by a criticism capable of preserving the lucidity of those who
do not want to be ruled by the empire of revenge
.
image/svg+xml
Lúcia Schneider HARDT
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2775
-
2792
,
Oct
./
Dec
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2788
It seems that this Nietzsche (2003, p. 148
, our translation
)
still learned from his old
master: "Schopenhauer's style reminds me a little of Goethe [...], for he knows how to say about
what is profound simply, what is moving without rhetoric and what is scientific without
pedantry". On this path, Nietzsche himself
will follow his reflection on science, always valued,
but always subject to errors, to successive revisions, since it cannot harbor the truth, undue
aspiration of humans, as well as the compulsive taste for judgment and correction of the other.
Our philoso
pher suggests a difficult task: to defend science without pedantry. We need to resist
mediocre writers who reveal a breathless joy without curiosity, as, for Nietzsche, was the
thinker David Strauss.
Thus, Nietzsche (2003, p. 150
, our translation
) finally
reveals his master's impact on
him
:
He is honest because he speaks and writes by himself and for himself; serene
because he has conquered by thought what is most difficult, and constant
because it must be so. His strength grows straight and light as a flame in the
tranquil air, sure of itsel
f, without trembling, without restlessness. In each of
these qualities, it finds its way without us even noticing that it has sought it;
on the contrary, as moved by a law of gravity, it launches itself there, firm and
agile, inexorable. And he who has eve
r felt what it is like, in our age of hybrid
humanity, to find a whole being, coherent, mobile on its own axis, free from
hesitation and obstacles, will understand my happiness and surprise when I
discovered Schopenhauer: I sensed that I had found in him t
his educator and
this philosopher that I had so long sought. But this was certainly only through
books, and there was a great deficiency in that. I was trying harder and harder
to see through the book and to represent the living man, of whom I had read
the
great testament and who promised to choose for his heirs only those who
were willing and able to be more than mere readers: that is, his sons and his
disciples
.
What Nietzsche appreciated most in Schopenhauer was his criticism and
insubordination to the
philosophical tendencies of his time. He learned in the master the right
to uniqueness, the need for self
-
knowledge. He was able, through this learning, to think about
the opposition between the individual and the collective, so propagated by modernity. Af
ter all,
the singular is, as Weber (2009, p. 253
, our translation
) says, "much more than the individual.
After all, how to explain that the singularity is the exception and the rule is the herd? It is
inevitable that we are inserted in a society, marking o
ur individual presence. However, it cannot
simply be reduced to anchoring itself in the collective, it cannot give up on itself, and after all,
why is it so difficult for man to remain in the presence of himself without evading himself?
image/svg+xml
Nietzsche as an educator and the
affirmation of singularity
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2775
-
2792
,
Oct
./
Dec
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2789
Life in society req
uires a standardization of behavior and values, a search for protection
and security, and we often end up captured by this logic. Weber (2009, p. 259
, our translation
)
helps us think in this direction and writes
:
We fear our neighbor, as suggested by Nie
tzsche at the beginning of his text
about Schopenhauer. To be indifferent to one's neighbor, to the community,
could imply social ruin. Thus, both the force of social coercion on the
individual and his cowardice, associated with his laziness, are strong
co
nditioning factors, creators of inauthenticity, also called by Nietzsche lack
of style
.
The individual without style has not achieved his uniqueness, does not have the virtue
of strength to face his time and the stupid rules. The self
-
knowledge advocated
by Nietzsche
(2003, p. 260) will be "the task of the eagle, not the mole," and creates a new relationship of
man with the world, another territoriality with suspicion. It implies to dwell on the inside and
outside that constituted the human being, to make
formative experiments with oneself and with
others.
Liberation is one of the requirements to reach singularity
.
Final remarks
As educators in our time, facing dark times for the most diverse reasons, and wanting to
face the tension between what
institutions want from humans and what a teacher can do for
students, perhaps we have reached the point in this article where it is possible to state that the
great task of education involves discovering and cultivating each person's strong point in order
to learn to calibrate and prioritize their strengths and prevent one from annihilating the other.
Thus, a strong, tough, authentic and honest being would emerge with his time and with others.
Someone arises who enjoys disputes, without wanting to annihilat
e anyone, who wants to argue
to test his or her thinking, to put the values that govern us before a tribunal in order to make us
think again about life and its countless possibilities. It implies perfecting morality for the benefit
of life, freeing man fro
m submission to the collective, from the vulgarity of fads, from the
unthinking repetition of worn
-
out and impoverishing formative itineraries. Finally, there is no
lack of tasks for those who want to be masters and affirm the right to the uniqueness of hu
man
beings in a multiple and open horizon.
Education, finally, is a process of self
-
education stimulated by the teacher who wishes
to contemplate in each student the cultivation of the free spirit, the one capable of making people
think by taking all the r
isks. What is the purpose? The interest in life, which implies knowing
image/svg+xml
Lúcia Schneider HARDT
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2775
-
2792
,
Oct
./
Dec
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2790
our time, and sometimes thinking against it. The State, as Schopenhauer tells us, is not the
supreme end of humanity, and to insist that the duty of humans is to serve the State is stup
idity.
It will be necessary
-
through education
-
to confront the impoverishment of education, the
"cultivated barbarism," which does not give us the right to wish to annihilate the other when he
or she frustrates and disappoints us, but to confront, throu
gh educational institutions, what is in
fact the task of education. For this, the individual, each student, is of prime importance; after
all, human things are attractive and can awaken in him the search for knowledge. Pedagogy
must capture the virtues of
each student, insist on their development, and even educate for
solitude, since this is a viable way to deviate from obligations when these are only committed
to the world of the market and state bureaucracy
(
OLIVEIRA
, 2013, p. 145).
In short, to educate,
to be formed, is a task that demands patience, persistence, rigor,
discipline. For this, a teacher is needed, preferably, as Nietzsche tells us, one who is the bearer
of an admirable serenity, full of a strong and devouring fire to be able to throw us out
of
ourselves and think again. Publicly funded educational institutions should constantly work in
this direction, to ensure that the rigor and beauty of knowledge establish a struggle against
barbarism so that "our sagacious gaze at things close at hand ma
y indicate how much our
shortsightedness still prevents a keener gaze at the distant and the general" (NIETZSCHE, 2003,
p. 193
, our translation
), which would certainly lead us to more original and creative formative
possibilities. Hopefully, one day the St
ate itself will be able to be surprised by what emerges
and is born in educational establishments, in which individuals will in fact insubordinate
themselves to be only useful and devout, but, on the contrary, will be able to consolidate
sagacious looks at
their time, against their time, facing their own myopia and, thus, being able
to effectively open themselves to the becoming, with the lightness of those who remain curious
and committed to life and history
.
ACKNOWLEDGMENTS:
I would like to thank the Na
tional Council for Scientific and
Technological Development (CNPq) for its support in carrying out research on Nietzsche in the
field of education.
image/svg+xml
Nietzsche as an educator and the
affirmation of singularity
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2775
-
2792
,
Oct
./
Dec
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2791
REFER
ENCES
ADAMI, J. D.
VIS CREATIVA:
A singularidade da vivência criadora no pensamento
nietzschiano
.
Dissertação de Mestrado. 2016. Dissertação (Mestrado em Filosofia)
–
Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Toledo, PR, 2016.
Available at
:
https://tede.unioeste.br/handle/tede/3052.
Access on
: 14
Apr
. 2021.
NIETZSCHE, F
.
Escritos
sobre educação
.
Sobre o futuro dos nossos estabelecimentos de
ensino
–
III Consideração intempestiva
–
Schopenhauer como educador. Tradução: Noéli
Correia de Melo Sobrinho. 2. ed. Rio de Janeiro: PUC
-
Rio; São Paulo: Loyola, 2003.
NIETZSCHE, F.
Escritos so
bre a História
. Apresentação, tradução e notas: Noéli Correia de
Melo Sobrinho
.
Rio de janeiro: ED. PUC; São Paulo: Loyola, 2005.
NIETZSCHE, F
.
Humano, demasiado humano
: Um livro para espíritos livres. Tradução:
Paulo César de Souza. São Paulo:
Companhia das Letras, 2008. v. 2.
NIETZSCHE, F.
Assim falou Zaratustra, um livro para todos e para ninguém
. Tradução
:
Mario da Silva. 18
.
ed.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.
OLIVEIRA, J. Educação como autolibertação na Filosofia de Nietzsch
e.
Cadernos de
Pesquisa:
Pensamento Educacional
, Curitiba, v. 8, n. 19, p. 132
-
146, maio/ago. 2013.
RANGEL, M. M. Sobre a utilidade e desvantagem da ciência histórica, segundo Nietzsche e
Gumbrecht.
Revista
Dimensões
, Goiabeiras
,
Vitória, v. 24,
p. 208
-
241,
jun. 2009.
Available
at
: https://periodicos.ufes.br/dimensoes/article/view/2531.
Access on
: 23
Apr
. 2021.
WEBER, J. F. Singularidade e formação (Bildung) em Schopenhauer como educador de
Nietzsche.
Educação e Pesquisa
, São Pau
lo, v.
35, n. 2, p. 251
-
264, maio/ago. 2009.
Available at
:
https://www.scielo.br/j/ep/a/RBBjHsBzwhGtcwrRVD4Q35m/?format=html&lang=pt.
Access
on
: 08
June
2021.
WEBER, J. F.
Crítica à moral e educação: Sobre o espírito livre de Nietzsche.
Educação
,
Porto Alegre, v. 34, n. 1, p. 65
-
74, jan./abr. 2011.
Available at
:
https://www.redalyc.org/pdf/848/84818591009.pdf.
Access on
: 21
July
2021.
image/svg+xml
Lúcia Schneider HARDT
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara,
v. 17, n.
4
, p.
2775
-
2792
,
Oct
./
Dec
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
2792
How to reference this a
rticle
HARDT, L. S
.
Nietzsche as an educator and the affirmation of singularity
.
Revis
ta Ibero
-
Americana de Estudos em Educação
, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2775
-
2792
,
Oct
./
Dec
. 2022.
e
-
ISSN: 1982
-
5587.
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.16121
Submitted
:
16/01/2022
Revisions required
:
24/05/2022
Approved
:
07/09/2022
Published
:
30/
12
/2022
Processing and publication by the Editora Ibero
-
Americana de Educação.
Correction, formatting, standardization and translation.