O PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO E EMANCIPAÇÃO FRENTE AO BULLYING EL PROCESO DE HUMANIZACIÓN Y EMANCIPACIÓN ANTE EL BULLYING THE HUMANIZATION AND EMANCIPATION PROCESS FACING BULLYING


Gabrielly Manesco da Silva FELIPPE1 Katya Luciane de OLIVEIRA2 Andrea Carvalho BELUCE3


RESUMO: O capítulo tem por objetivo apresentar algumas reflexões sobre o bullying e o sistema capitalista. O problema de pesquisa versa sobre a relação do consumismo e do comportamento competitivo aqui discutido como manifestação do bullying, uma vez que tal prática tange aspectos das relações de poder, reproduzindo relações desiguais e desestruturantes do ponto de vista psíquico. Nesse cenário, é possível refletir que a disputa que o sistema social e econômico vigente impõe estimula papéis determinados de vencedores e perdedores, implica em violência e submissão à autoridade – características do bullying. Pensando na escola como espaço social mais suscetível ao bullying, cabe aos profissionais, por meio de sua ação docente, auxiliar os alunos no processo de humanização e emancipação frente ao bullying escolar, contemplando leitura a fim de que os alunos possam se perceber como agentes ativos dentro das relações histórico-sociais.


PALAVRAS-CHAVE: Bullying. Capital. Relação de poder.


RESUMEN: El capítulo tiene como objetivo presentar algunas reflexiones sobre la intimidación y el sistema capitalista. El problema de la investigación trata de la relación del consumismo y la conducta competitiva discutida aquí como una manifestación del bullying, ya que esta práctica se refiere a aspectos de las relaciones de poder, reproduciendo relaciones desiguales y desestructurantes desde un punto de vista psíquico. En este escenario, es posible reflexionar que la disputa de que el sistema social y económico actual fomenta determinados roles de ganadores y perdedores, implica violencia y sometimiento a la autoridad, características del bullying. Pensando en la escuela como un espacio social más susceptible al acoso escolar, corresponde a los profesionales, a través de su acción docente, ayudar a los estudiantes en el proceso de humanización y emancipación frente al acoso escolar, contemplando la lectura para que los estudiantes se perciban como activos. agentes dentro de las relaciones histórico-sociales.


PALABRAS CLAVE: Bullying. Capital. Relación de poder.


1 Universidade Estadual de Londrina (UEL), Londrina – PR – Brasil. Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Educação. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3413-1944. E-mail: gabymfelippe@gmail.com

2 Universidade Estadual de Londrina (UEL), Londrina – PR – Brasil. Laboratório de Avaliação e Pesquisa Psicológica/LAPPSIC. Departamento de Psicologia e Psicanálise. Centro de Ciências Biológicas. Doutorado em Educação (UNICAMP). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-2030-500X. E-mail: katyauel@gmail.com

3 Universidade Estadual de Londrina (UEL), Londrina – PR – Brasil. Atualmente é Diretora Educacional da Escola de Governo de Londrina e pesquisadora da UEL. Doutora em Educação (UEL). ORCID: https://orcid.org/0000- 0002-7581-7045. E-mail: andreabeluce@gmail.com




ABSTRACT: The chapter aims to present some reflections on bullying and the capitalist system. The research problem deals with the relationship of consumerism and competitive behavior discussed here as a manifestation of bullying, since this practice concerns aspects of power relations, reproducing unequal and destructuring relations from a psychic point of view. In this scenario, it is possible to reflect that the dispute that the current social and economic system encourages determined roles of winners and losers, implies violence and submission to authority - characteristics of bullying. Thinking of the school as a social space more susceptible to bullying, it is up to professionals, through their teaching action, to assist students in the process of humanization and emancipation against school bullying, contemplating critical reading so that students can perceive themselves as active agents within historical-social relations.


KEYWORDS: Bullying. Capital. Power relation.


Introdução


O presente artigo é resultado da disciplina de Educação, formação humana e práxis: implicações do marxismo, da Teoria Histórico Cultural e da Pedagogia Histórico-Crítica para a Educação Escolar, 2EDU611, do Programa de Pós Graduação da Universidade Estadual de Londrina, cujo objetivo é enfatizar as transformações significativas da sociedade moderna consequente da globalização (GIDDENS, 2006) e, por isso, torna-se necessário repensar e contextualizar o conceito de bullying, para problematizá-lo a partir do cenário histórico atual.

Numa análise onto-histórica, onto se refere à essência do ser, e histórica ao processo pelo qual os homens modificam a natureza e se modificam, por meio do trabalho. No pensamento marxiano, o trabalho humano cria o mundo materialmente sensível, as relações e as instituições sociais e as concepções, ideias e emoções correspondentes, além de elucidar que o trabalho apresenta um duplo caráter, que atende necessidades ontologicamente fundamentais da existência humana e sua forma particular de atividade, e o trabalho abstrato se expressa como gasto de força de trabalho, mas seu valor de uso para o capital consiste na produção de mais- valia (CHASIN, 2009). Nessa premissa importa destacar o trabalho docente como foco de uma ação humanizadora.

Decorrente da divisão social do trabalho, a violência centra-se nas características fundamentais da estrutura de classes da sociedade capitalista. Raduenz e Stival (2010) apresentam dois mecanismos destinados à consolidação da sociedade capitalista: a reprodução da cultura e a reprodução das estruturas de classes. O primeiro se manifesta no mundo das “representações simbólicas ou ideologia”, e o outro atua na própria realidade social. A violência vem sendo presente no segundo mecanismo. O fenômeno vem crescendo como reflexo dos




novos paradigmas, de competitividade, de valorização exagerada do capital, o que gera frustrações, ansiedades e estresse, acirrando a violência.


Bullying como consequência do capitalismo


Junto às transformações resultantes da globalização na sociedade moderna, o homem pós-moderno vive na modernidade líquida, cuja população é dividida em classes, repartição entre cidade e campo e, por isso, ela é uma abstração quando se desvalorizam as classes que a compõe, que se tornam vazias à medida que se ignora a troca, a divisão de trabalho, os preços justos atribuídos aos trabalhos, dentre outros, gerando a violência centrada nessa estrutura de classes da sociedade capitalista. O trabalho, por exemplo, visto com indiferença, corresponde a uma forma da sociedade trocar com facilidade de um trabalho a outro, cujo gênero do mesmo é indiferente. O trabalho do professor se distingue nessa relação à medida que o seu trabalho, muitas vezes visto com indiferença pela sociedade, é um motor propulsor do desenvolvimento escolar e também socioafetivo do aluno. Nesse sentido, o professor e sua ação docente tem centralidade na humanização do aluno.

Todavia, importa dizer que o homem como trabalhador tem suas propriedades humanas na medida em que direciona todos seus esforços em torno do capital (Marx, 2004). Nessa direção, a habilidade profissional do professor é a base do processo de produção, logo, sua força de trabalho atende em certa medida ao caráter técnico específico do modo de produção capitalista. A finalidade é evidenciar o quanto o modo capitalista (de)forma o indivíduo e, no caso da presente discussão, o professor, uma vez que induz a formação para a apreensão da obra humana para e pelo capital, tornando, portanto, essa ação docente colonizadora. Ainda para Marx (2004), os sentidos físicos e espirituais foram substituídos pelo sentido do “ter”, referindo-se ao homem como mercadoria humana – a mercadoria o produz como um ser desumanizado.

Acaba se tornando uma tarefa um tanto quanto difícil ao professor atentar-se às características abstratas do ser humano em meio a tanto consumismo, massificação do ter, de um “concreto”, ainda que fútil, e também na relação dominadora que impõe o papel docente. Posto isto, entende-se que por meio de uma ação docente humanizadora pode-se chegar a uma construção formativa que privilegie práticas menos competitivas e voltadas ao padrão do capital ter e mais pautadas em padrões que se voltem para um bem-estar coletivo.

Neste texto e de forma específica admite-se que uma consequência do capitalismo no contexto das relações escolares pode ser manifestada como bullying escolar, tendo relação




direta com as manifestações de poder. Rigby (2007) conceitua bullying como um desequilíbrio de poder, ou seja, ocorre a repetida opressão psicológica ou física de uma pessoa/grupo com menos poder, por uma pessoa/grupo com mais poder. O autor explicita este desequilíbrio com a agressão de uma pessoa a outra menor e fraca, ou quando um grupo de pessoas combina para aterrorizar um único indivíduo, entretanto, adverte que também pode ocorrer de forma menos óbvia, como no âmbito psicológico.

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ, 2010) classifica essa violência escolar em cinco tipos: verbal; física e material; psicológica e moral; sexual; virtual ou cyberbullying. A Tabela 1 apresenta a organização teórica do modelo proposto.


Tabela 1 – Violência escolar


Tipo de violência

Comportamentos expressos


Verbal


Física e material


Insultar, ofender, falar mal, colocar apelidos pejorativos.


Bater, empurrar, beliscar, roubar, furtar ou destruir pertences da vítima.

Psicológica e moral Sexual

Virtual ou Cyberbullying

Humilhar, constranger, excluir, discriminar, ameaçar, intimidar, difamar.


Abusar, violentar, assediar, insinuar sexualmente a vítima.


Bullying realizado por meio de ferramentas tecnológicas: celulares, filmadoras, internet etc.


Fonte: Conselho Nacional de Justiça (CNJ, 2010)


No bullying podem estar envolvidos a vítima, o agressor, a vítima/agressor e a testemunha: as vítimas normalmente não reagem às agressões, são mais propensas a desencadearem sofrimentos psíquicos como inseguranças, baixa autoestima, ansiedade, depressão, introversão e/ou inibição, além deterioração da identidade; os agressores agem impiedosamente e têm pouca empatia (MEZZELA, 2008); a vítima-agressora ao mesmo tempo em que é vítima também é agressora, normalmente descontando as agressões sofridas em outros colegas como forma de vingança e/ou compensação; as testemunhas testemunham agressões contra as vítimas sem tomar quaisquer atitudes em relação a isso em razão do temor de se tornarem as próximas vítimas.

Segundo Guareschi (2008), atentar-se ao contexto, isto é, à cultura em que os jovens estão imersos é importante pois pode influenciar no modo com que lidam com problemas e



pessoas. A nova cultura, já mencionada, exerce poder no processo de gerar problemas e criar soluções. As opções que vem à mente de uma pessoa em situações de desafio são influenciadas pela mesma. Muitos alunos envolvidos no bullying receberam influência cultural que eliminava opções que não envolvessem violência na resolução de problemas do dia a dia.

Por isso, uma das principais características do bullying, conforme menciona Lopes Neto (2005), é a relação de poder.

Os limites do bullying têm sido transcendidos, passando para o mundo virtual (DIAMANDUROS; DOWNS; JENKINS, 2008; POPOVIC-CITIC; DJURIC; CVETKOVIC,

2011), a partir do cyberbullying. Em seu conceito, é um comportamento agressivo executado via tecnologias com característica de exclusão social, ameaças, insultos ou envergonhar outra pessoa. Na internet ocorre ainda mais o desequilíbrio de poder, já que as informações divulgadas não podem ser facilmente controladas e há a possibilidade de anonimato do agressor, independendo da sua posição social ou popularidade na escola (SMITH; THOMPSON; DAVIDSON, 2014).

O agressor usa mensagens instantâneas, e-mail, SMS, salas de chat, blogs, websites, jogos online, dentre outros para praticar a agressão, que pode ocorrer por vários motivos: por não ver a reação da vítima, logo, não ter empatia; achar seu próprio comportamento divertido ou de puro entretenimento; vingança (VANDEBOSCH; VAN CLEEMPUT, 2009). O agressor tem maior probabilidade de já se ter envolvido noutros incidentes de cyberbullying como vítima ou espetador (VANDEBOSCH; VAN CLEEMPUT, 2009); existe pouco consenso em relação a idade e gênero, entretanto, alguns autores defendem que são os rapazes a assumirem maioritariamente este papel e que a prevalência é maior nos mais novos (12-15 anos). Quanto à vítima, se encaixa neste perfil por não se enquadrar em determinados padrões, e o anonimato do agressor aumenta o nível de medo, visto que o autor pode ser qualquer pessoa (inclusive amigos chegados) ou haver vários agressores envolvidos (CRUZ, 2011; MARK; RATLIFFE, 2011).

A violência vem crescendo como um reflexo dos novos paradigmas da sociedade contemporânea de relações superficiais, de competitividade, de valorização exagerada do capital, gerando frustrações, ansiedades e estresse que muitas vezes são fatores que acirram a violência (BARUS-MICHEL, 2011). O conceito de violência pode ser considerado como relação pessoal, política, social e cultural, além de variar no tempo e no espaço, segundo os padrões culturais de cada grupo ou época. Para a filosofia, o conceito só existe para o homem, ou seja, é exclusivo do mundo humano. Somente ele interpreta, compreende e estabelece uma relação com o outro e, nessa relação, ele pode ou não se tornar violento (KIRSCHER, 1992). O



homem é dotado da linguagem e da razão, entretanto, implicitamente, os seres humanos, por natureza, não dispõem da razão e da linguagem razoável.


Papel da educação no processo de humanização e emancipação do indivíduo


Com uma prática humanizadora e ao se apropriar das objetivações humanas presentes no conhecimento científico, os alunos poderão se emancipar frente a tais problemáticas, inclusive saberão lidar de forma mais assertiva e menos agressiva ou letal do ponto de visto psíquico e físico como é o caso do bullying. Seria uma oportunidade para entrar em contato com temáticas como práticas individualistas, preconceituosas, classistas e sexistas, mobilizando respeito mútuo e coletivo (OLIVEIRA, 2005).

Dessa maneira, poder-se-ia, por meio da prática docente, ocorrer a transformação do indivíduo e das relações que ele estabelece com o outro, com a concepção de mundo e com a sua própria individualidade e atividade (GRAMSCI, 1995). Sob esse aspecto, haveria um foco no desenvolvimento universal e livre da individualidade que o autor questiona se é preferível pensar sem consciência crítica, ou seja, participar de uma concepção de mundo imposta mecanicamente pelos grupos sociais automaticamente envolvidos, ou se é preferível elaborar sua própria concepção de mundo com consciência crítica e consciente.

Nessa linha, o trabalho educativo poderia produzir direta e intencionalmente em cada indivíduo a humanidade, que é também produto histórico e coletivo (SAVIANI, 2003). Com isso, se voltaria para uma prática não colonizadora e romperia um modelo pautado em relações de poder que incentivam práticas violentas/bulling. Portanto, com a humanização do aluno, haveria a transformação do mesmo em indivíduo humanizado, a partir da riqueza material e espiritual necessária ao desenvolvimento da individualidade. Visto que o indivíduo nessa concepção não se limita à riqueza espiritual, a base da formação da individualidade é a apropriação da riqueza material. A mesma exige conhecimentos para apropriação da riqueza humana tanto em suas formas materiais quanto imateriais – resultado da objetivação. O ser humano se objetiva em objetos, entretanto, a objetivação não é apenas um processo de exteriorização, mas sim de acúmulo de experiência, condensação da experiência humana.

Nesse cenário tão complexo, pode-se supor que o capitalismo levou a alienação ao extremo, pois da mesma maneira que produziu e desenvolveu atividades que se tornaram indispensáveis ao desenvolvimento humano, criou profundas formas de alienação e violência. Marx e Engels apontam que a mundialização das relações de produção capitalista é um processo de humanização, uma vez que derruba barreiras locais e coloca o indivíduo em relação mundial,




todavia, ao mesmo tempo, oferece espaço à alienação – fenômeno produzido pela luta de classes, gerando contradições que movem a história e a produção da vida humana. No contexto escolar a luta de classes também se representa na relação do dominador ou agressor (quem prática a violência) e a vítima ou dominado (aquele que sofre as consequências da ação violenta). Trata-se de um ambiente, conforme anteriormente mencionado, profícuo para a competividade como ação destrutiva.

Marx (1932/1968) observa que o trabalho como ação que transforma o meio, modificando-o e modificando-se, produz cultura e humanização da natureza/naturalização do gênero humano. O trabalho é a ação consciente do homem sobre a natureza, transformando-o em função de suas necessidades, ou seja, é um processo entre o ser humano e a natureza em que o ser humano metaboliza a natureza. É nesse processo em que começa a produzir cultura, diferenciando-se dos outros animais, e que ocorre o processo de humanização (Harvey, 2010). E nessa seara está a preciosidade da ação doente, nessa prática humanizadora que não serve a um capital, mas sim à relação identitária e humanizada desse sujeito com seu contexto e realidade, e que o faz caminhar também em uma ação que não reproduza os ciclos de violência como aqueles vistos em práticas de bullying, no qual a vítima em muitos casos pratica revanche e acaba em circunstâncias futuras também se tornar um retaliador ou um agressor.

A cultura, portanto, como par do processo de hominização, é uma criação com duas faces – da cultura e do ser humano – num mesmo processo (WULF, 2013). O aparecimento do ser humano atual e a nova cultura permite a apropriação das transformações e desenvolvimento da espécie, que como produto do trabalho, diferencia-se dos outros animais, ou seja, o ser humano apropria-se das funções essenciais dos instrumentos que utiliza e desenvolve por meio da apropriação da cultura, formando novas capacidades e funções intelectuais.

Visto que o ser humano desenvolve uma evolução da produção de bens materiais, uma cultura espiritual, seu conhecimento sobre o mundo e sobre ele mesmo, de forma simultânea, conforme indica Heller (2004), um ser humano é ente genérico: social, histórico e coletivo. Cabe ao papel educativo dos Parâmetros Curriculares Nacionais, organizado nas políticas de gestão do sistema escolar, seja ele público ou privado, possibilitar o desenvolvimento do ser social que se apropria os rudimentos da cultura material e espiritual, que ocorre devido à relação com os outros alunos, reduzindo a frequência da violência escolar. No processo, o ser humano faz a aprendizagem de uma atividade apropriada através de um processo educativo, portanto, a apropriação da cultura equivale a um processo coletivo. Entretanto, é necessário enfatizar que não há apropriação cultural quando um grupo excluído ou marginalizado é forçado a assimilar




traços da cultura daqueles que o dominam para sobreviver, como ocorreu durante todo o processo de colonização, em especial na escravidão (NASCIMENTO, 2018).


Considerações finais


Visto que a violência escolar é uma consequência do sistema capitalista, cuja principal característica é a relação de poder, ou seja, o poder que um sujeito tem sobre o outro, o bullying vem ocorrendo pelo fato do agressor possuir algumas características, tais como idade e tamanho superior, estrutura física ou emocional mais equilibrada, comprar roupas e tênis e ter dinheiro, onde há relações entre a prática excessiva do consumo e a prática de bullying.

Cabe aos profissionais auxiliar os alunos no processo de humanização e emancipação frente ao bullying escolar, contemplando leitura crítica a fim de que os alunos possam se perceber como agentes ativos dentro das relações histórico-sociais, uma vez que sem a emancipação os alunos acabam tendo a ilusão de que [de alguma forma] exercem seu autocontrole, e que conseguem controlar a violência e a natureza, tanto dentro quanto fora de si (ANTUNES; ZUIN, 2008).

Também importa mencionar a relevância de ações em termos de políticas públicas que se voltem para práticas estruturantes e organizem o sistema, com isso poder-se-ia permitir que a ação docente fosse de fato humanizadora e o processo de hominização tornasse o aluno de fato provido de toda apropriação humana e, portanto, ressignificasse o que é ser ‘humano’.

Posto isto, o papel que a educação escolar deve desempenhar no processo de humanização dos alunos é o de adotar, pela mediação do conhecimento científico, uma intervenção que culmine no desvelamento das diferentes problemáticas vivenciadas cotidianamente. Ao se apropriar das objetivações humanas presentes no conhecimento científico, os alunos poderão se emancipar frente a tais problemáticas e mobilizar respeito mútuo e coletivo.


AGRADECIMENTOS: à querida Prof.ª Marta Silene Ferreira Bastos, por conduzir a disciplina 2EDU611 partilhando seus conhecimentos, bem como oportunizar o presente artigo, orientando e incentivando a produção do mesmo; à querida Prof.ª Sandra Regina Mantovani, pela participação especial nas orientações pontuais e contribuições portentosas à elaboração deste artigo; à querida Prof.ª Dr.ª Katya Luciane de Oliveira, gratidão especial à minha orientadora e coautora, pela pessoa e profissional excelente que é, obrigada por toda orientação,




apoio, confiança e esforço para que eu pudesse superar cada obstáculo; à Andrea Beluce, coautora com a qual tive o prazer de conhecer e dividir conhecimento, descobertas e conquistas.


REFERÊNCIAS


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PIPPI, I. C. L. Bullying: relações de poder na escola. Universidade federal de Santa Maria - Licenciatura em Ciências Sociais.


ROBERTO CECCARELLI, P.; JÚNIOR PATRÍCIO, C. Bullying e pós-modernidade: uma relação intrínseca (?). POLÊM!CA, v. 12, n. 3, p. 415 - 431, out. 2013. ISSN 1676-0727. Disponível em: https://www.e- publicacoes.uerj.br/index.php/polemica/article/view/8009/5845. Acesso em: 09 jul. 2021





SILVA, D. L.; SANTOS, B. B.; SILVA, G. B. Sociedade de consumo e bullying: retrato do capitalismo. Barreiras, BA, 2019.


Como referenciar este artigo


FELIPPE, G. M. S.; OLIVEIRA, K. L.; BELUCE, A. C. O processo de humanização e emancipação frente ao bullying. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 1, p. 0860-0869, mar. 2022. e-ISSN: 1982-5587. DOI:

https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.1.16325


Submissão: 24/11/2021

Revisões requeridas: 19/02/2022 Aprovado em: 28/02/2022 Publicado em: 01/03/2022





EL PROCESO DE HUMANIZACIÓN Y EMANCIPACIÓN ANTE EL BULLYING


O PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO E EMANCIPAÇÃO FRENTE AO BULLYING


THE HUMANIZATION AND EMANCIPATION PROCESS FACING BULLYING


Gabrielly Manesco da Silva FELIPPE1 Katya Luciane de OLIVEIRA2 Andrea Carvalho BELUCE3


RESUMEN: El capítulo tiene como objetivo presentar algunas reflexiones sobre la intimidación y el sistema capitalista. El problema de la investigación trata de la relación del consumismo y la conducta competitiva discutida aquí como una manifestación del bullying, ya que esta práctica se refiere a aspectos de las relaciones de poder, reproduciendo relaciones desiguales y desestructurantes desde un punto de vista psíquico. En este escenario, es posible reflexionar que la disputa de que el sistema social y económico actual fomenta determinados roles de ganadores y perdedores implica violencia y sometimiento a la autoridad, características del bullying. Pensando en la escuela como un espacio social más susceptible al acoso escolar, corresponde a los profesionales, a través de su acción docente, ayudar a los estudiantes en el proceso de humanización y emancipación frente al acoso escolar, contemplando la lectura para que los estudiantes se perciban como activos. agentes dentro de las relaciones histórico-sociales.


PALABRAS CLAVE: Bullying. Capital. Relación de poder.


RESUMO: O capítulo tem por objetivo apresentar algumas reflexões sobre o bullying e o sistema capitalista. O problema de pesquisa versa sobre a relação do consumismo e do comportamento competitivo aqui discutido como manifestação do bullying, uma vez que tal prática tange aspectos das relações de poder, reproduzindo relações desiguais e desestruturantes do ponto de vista psíquico. Nesse cenário, é possível refletir que a disputa que o sistema social e econômico vigente impõe estimula papéis determinados de vencedores e perdedores, implica em violência e submissão à autoridade – características do bullying. Pensando na escola como espaço social mais suscetível ao bullying, cabe aos profissionais, por meio de sua ação docente, auxiliar os alunos no processo de humanização e emancipação frente ao bullying escolar, contemplando leitura a fim de que os alunos possam se perceber como agentes ativos dentro das relações histórico-sociais.


PALAVRAS-CHAVE: Bullying. Capital. Relação de poder.


1 Universidad Estatal de Londrina (UEL), Londrina - PR - Brasil. Estudiante de maestría en el Programa de Posgrado en Educación. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3413-1944. Correo electrónico: gabymfelippe@gmail.com

2 Universidad Estatal de Londrina (UEL), Londrina - PR - Brasil. Estudiante de maestría en el Programa de Posgrado en Educación. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3413-1944. Correo electrónico: gabymfelippe@gmail.com

3 Universidad Estatal de Londrina (UEL), Londrina - PR - Brasil. Estudiante de maestría en el Programa de Posgrado en Educación. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3413-1944. Correo electrónico: gabymfelippe@gmail.com



ABSTRACT: The chapter aims to present some reflections on bullying and the capitalist system. The research problem deals with the relationship of consumerism and competitive behavior discussed here as a manifestation of bullying, since this practice concerns aspects of power relations, reproducing unequal and destructuring relations from a psychic point of view. In this scenario, it is possible to reflect that the dispute that the current social and economic system encourages determined roles of winners and losers, implies violence and submission to authority - characteristics of bullying. Thinking of the school as a social space more susceptible to bullying, it is up to professionals, through their teaching action, to assist students in the process of humanization and emancipation against school bullying, contemplating critical reading so that students can perceive themselves as active agents within historical-social relations.


KEYWORDS: Bullying. Capital. Power relation.


Introducción


Este artículo es el resultado de la disciplina de Educación, formación humana y praxis: implicaciones del marxismo, Teoría Histórica Cultural y Pedagogía Histórico-Crítica para la Educación Escolar, 2EDU611, del Programa de Posgrado de la Universidad Estatal de Londrina, cuyo objetivo es enfatizar las transformaciones significativas de la sociedad moderna resultantes de la globalización (GIS, 2006) y, por lo tanto, es necesario repensar y contextualizar el concepto de bullying, problematizarlo desde el escenario histórico actual.

En un análisis onto-histórico, onto se refiere a la esencia del ser, e histórico al proceso por el cual los hombres modifican la naturaleza y cambian, a través del trabajo. En el pensamiento marxista, el trabajo humano crea el mundo materialmente sensible, las relaciones sociales y las instituciones y las concepciones, ideas y emociones correspondientes, además de dilucidar que el trabajo presenta un carácter dual, que satisface las necesidades ontológicamente fundamentales de la existencia humana y su forma particular de actividad, y el trabajo abstracto se expresa como gasto de la fuerza de trabajo, pero su valor de uso para el capital consiste en la producción de ganancias de capital (CHASIN, 2009). En esta premisa es importante destacar la labor docente como foco de una acción humanizadora.

Debido a la división social del trabajo, la violencia se centra en las características fundamentales de la estructura de clases de la sociedad capitalista. Raduenz y Stival (2010) presentan dos mecanismos dirigidos a la consolidación de la sociedad capitalista: la reproducción de la cultura y la reproducción de las estructuras de clase. El primero se manifiesta en el mundo de las "representaciones simbólicas o ideología", y el otro actúa en la propia realidad social. La violencia ha estado presente en el segundo mecanismo. El fenómeno ha ido




creciendo como reflejo de los nuevos paradigmas, de la competitividad, de la sobrevaloración del capital, lo que genera frustraciones, ansiedades y estrés, intensificando la violencia.


El bullying como consecuencia del capitalismo


Junto con las transformaciones resultantes de la globalización en la sociedad moderna, el hombre posmoderno vive en la modernidad líquida, cuya población se divide en clases, distribución entre ciudad y campo y, por lo tanto, es una abstracción cuando se devalúan las clases que lo componen, que se vacían al ignorarse el intercambio, la división del trabajo, los precios justos atribuidos al trabajo, entre otros, generando violencia centrada en esta estructura de clases de la sociedad capitalista. El trabajo, por ejemplo, visto con indiferencia, corresponde a una forma de sociedad que intercambia fácilmente de un trabajo a otro, cuyo género es indiferente. El trabajo del maestro se distingue en esta relación ya que su trabajo, a menudo visto con indiferencia por la sociedad, es una fuerza impulsora para la escuela del estudiante y también para el desarrollo socioafectivo. En este sentido, el profesor y su acción docente tienen centralidad en la humanización del alumno.

Sin embargo, es importante decir que el hombre como trabajador tiene sus propiedades humanas en la medida en que dirige todos sus esfuerzos en torno al capital (Marx, 2004). En esta dirección, la habilidad profesional del maestro es la base del proceso de producción, por lo que su fuerza de trabajo cumple en cierta medida con el carácter técnico específico del modo de producción capitalista. El propósito es mostrar cuánto el modo capitalista (in)forma al individuo y, en el caso de la presente discusión, al maestro, ya que induce la formación para la aprehensión del trabajo humano hacia y por el capital, haciendo así colonizadora esta acción docente. Todavía para Marx (2004), los sentidos físico y espiritual fueron reemplazados por el significado de "tener", refiriéndose al hombre como una mercancía humana: la mercancía lo produce como un ser deshumanizado.

Termina convirtiéndose en una tarea algo difícil para el maestro pagar cerca de las características abstractas del ser humano en medio de tanto consumismo, masificación del tener, de un "concreto", aunque inútil, y también en la relación dominante que impone el rol docente. Dicho esto, se entiende que a través de una acción docente humanizadora se puede llegar a una construcción formativa que privilegie prácticas menos competitivas y enfocadas en el estándar de capital a tener y más en base a patrones que se conviertan en un bienestar colectivo.

En este texto y específicamente se admite que una consecuencia del capitalismo en el contexto de las relaciones escolares puede manifestarse como acoso escolar , teniendo una




relación directa con las manifestaciones del poder. Rigby (2007) conceptualiza el bullying como un desequilibrio de poder, es decir, hay una opresión psicológica o física repetida de una persona/grupo con menos poder, por parte de una persona/grupo con más poder. El autor explica este desequilibrio con la agresión de una persona a otra menor y débil, o cuando un grupo de personas se combina para aterrorizar a un solo individuo, sin embargo, advierte que también puede ocurrir de una manera menos obvia, como en la esfera psicológica.

El Consejo Nacional de Justicia (CNJ, 2010) clasifica esta violencia escolar en cinco tipos: verbal; físico y material; psicológico y moral; violencia sexual; ciberacoso. La Tabla 1 presenta la organización teórica del modelo propuesto.


Tabla 1 - Violencia escolar


Tipo de violencia Comportamientos expresados


Verbal


Física y material

Insultar, ofender, hablar mal, poner apodos peyorativos.


Golpear, empujar, pellizcar, robar, robar o destruir las pertenencias de la víctima.


Psicológico y moral Sexual

Virtual o Cyberbullying

Humillar, avergonzar, excluir, discriminar, amenazar, intimidar, difamar.


Abusar, violar, acosar, insinuar sexualmente a la víctima.


Bullying realizado a través de herramientas tecnológicas: teléfonos móviles, videocámaras, internet etc.


Fuente: Consejo Nacional de Justicia (CNJ, 2010)


En el bullying pueden estar involucrados la víctima, el agresor, la víctima/agresor y el testigo: las víctimas no suelen reaccionar ante la agresión, son más propensas a desencadenar sufrimiento psíquico como inseguridad, baja autoestima, ansiedad, depresión, introversión y/o inhibición, además del deterioro de la identidad; los agresores actúan sin piedad y tienen poca empatía (MEZZELA, 2008); la víctima agresora mientras es víctima también es agresora, por lo general, contando las agresiones sufridas por otros colegas como una forma de venganza y / o compensación; los testigos presencian agresiones contra las víctimas sin tomar ninguna medida al respecto debido al temor de convertirse en las próximas víctimas.

Según Guareschi (2008), tomando nota en el contexto, es decir, la cultura en la que están inmersos los jóvenes es importante porque puede influir en la forma en que tratan los problemas y las personas. La nueva cultura, ya mencionada, ejerce poder en el proceso de generar



problemas y crear soluciones. Las opciones que vienen a la mente de una persona en situaciones desafiantes están influenciadas por ella. Muchos estudiantes involucrados en el acoso recibieron influencia cultural que eliminó opciones que no implicaban violencia en la resolución de problemas cotidianos.

Por ello, una de las principales características del bullying, como menciona Lopes Neto (2005), es la relación de poder.

Los límites del bullying han sido trascendidos, pasando al mundo virtual (DIAMANDUROS; BAJADAS; JENKINS, 2008; POPOVIC-CITIC; DJURIC;

CVETKOVIC, 2011), del cyberbullying. En su concepto, es un comportamiento agresivo ejecutado a través de tecnologías con características de exclusión social, amenazas, insultos o vergüenza a otra persona. En Internet, el desequilibrio de poder se produce aún más, ya que la información divulgada no puede ser fácilmente controlada y existe la posibilidad de anonimato del agresor, independientemente de su posición social o popularidad en la escuela (SMITH; THOMPSON; DAVIDSON, 2014).

El agresor utiliza mensajes instantáneos, correo electrónico, SMS, salas de chat, blogs, sitios web, juegos en línea, entre otros para practicar agresiones, que pueden ocurrir por varias razones: al no ver la reacción de la víctima, por lo que no tiene empatía; encontrar su propio comportamiento divertido o puro entretenimiento; venganza (VANDEBOSCH; VAN CLEEMPUT, 2009). Es más probable que el agresor ya haya estado involucrado en otros incidentes de cyberbullying como víctima o espectador (VANDEBOSCH; VAN CLEEMPUT, 2009); hay poco consenso en cuanto a edad y género, sin embargo, algunos autores argumentan que los niños asumen este rol en su mayoría y que la prevalencia es mayor en los más jóvenes (12-15 años). En cuanto a la víctima, se ajusta a este perfil porque no se ajusta a ciertos estándares, y el anonimato del agresor aumenta el nivel de miedo, ya que el autor puede ser cualquier persona (incluidos amigos cercanos) o hay varios agresores involucrados (CRUZ, 2011; MARCOS; RATLIFFE, 2011).

La violencia ha ido creciendo como reflejo de los nuevos paradigmas de la sociedad contemporánea de relaciones superficiales, competitividad, sobrevaloración del capital, generando frustraciones, ansiedades y estrés que muchas veces son factores que intensifican la violencia (BARUS-MICHEL, 2011). El concepto de violencia puede considerarse como una relación personal, política, social y cultural, además de variar en tiempo y espacio, según los estándares culturales de cada grupo o época. Para la filosofía, el concepto existe sólo para el hombre, es decir, es único en el mundo humano. Sólo él interpreta, entiende y establece una relación con el otro y, en esta relación, puede o no volverse violento (KIRSCHER, 1992). El



hombre está dotado de lenguaje y razón, pero implícitamente, los seres humanos, por naturaleza, no tienen razón y lenguaje razonable.


Papel de la educación en el proceso de humanización y emancipación del individuo


Con una práctica humanizadora y apropiándose de las objetivaciones humanas presentes en el conocimiento científico, los estudiantes pueden emanciparse ante tales problemas, incluso sabiendo cómo lidiar de una manera más asertiva y menos agresiva o letal desde el punto de vista psíquico y físico como es el caso del bullying. Sería una oportunidad para entrar en contacto con temas como las prácticas individualistas, prejuiciosas, clasistas y sexistas, movilizando el respeto mutuo y colectivo (OLIVEIRA, 2005).

Así, podría ser posible, a través de la práctica docente, transformar al individuo y las relaciones que establece con el otro, con la concepción del mundo y con su propia individualidad y actividad (GRAMSCI, 1995). En este sentido, habría un enfoque en el desarrollo universal y libre de la individualidad que el autor cuestiona si es preferible pensar sin conciencia crítica, es decir, participar en una concepción del mundo impuesta mecánicamente por los grupos sociales automáticamente involucrados, o si es preferible elaborar su propia concepción del mundo con conciencia crítica y consciente.

En esta línea, el trabajo educativo podría producir directa e intencionalmente humanidad en cada individuo, que es también un producto histórico y colectivo (SAVIANI, 2003). Con esto, uno recurriría a una práctica no colonizadora y rompería un modelo basado en relaciones de poder que fomentan prácticas violentas / bulling. Por lo tanto, con la humanización del alumno, se produciría la transformación del mismo en un individuo humanizado, a partir de la riqueza material y espiritual necesaria para el desarrollo de la individualidad. Dado que el individuo en esta concepción no se limita a la riqueza espiritual, la base de la formación de la individualidad es la apropiación de la riqueza material. Requiere conocimiento para apropiarse de la riqueza humana tanto en formas materiales como inmateriales, el resultado de la objetivación. El ser humano se objetiva en los objetos, sin embargo, la objetivación no es solo un proceso de exteriorización, sino de acumulación de experiencia, condensación de la experiencia humana.

En este complejo escenario, se puede suponer que el capitalismo ha llevado la alienación al extremo, porque de la misma manera que produjo y desarrolló actividades que se volvieron indispensables para el desarrollo humano, creó formas profundas de alienación y violencia. Marx y Engels señalan que la globalización de las relaciones de producción capitalistas es un




proceso de humanización, ya que superpone barreras locales y coloca al individuo en una relación global, pero al mismo tiempo ofrece espacio para la alienación, un fenómeno producido por la lucha de clases, generando contradicciones que mueven la historia y la producción de la vida humana. En el contexto escolar, la lucha de clases también está representada en la relación del dominador o agresor (que practica la violencia) y la víctima o dominada (la que sufre las consecuencias de la acción violenta). Es un entorno, como se ha mencionado anteriormente, fructífero para la competitividad como acción destructiva.

Marx (1932/1968) observa que el trabajo es una acción que transforma el medio ambiente, modificándolo y cambiándolo, produce cultura y humanización de la naturaleza/naturalización de la raza humana. El trabajo es la acción consciente del hombre sobre la naturaleza, transformándola según sus necesidades, es decir, es un proceso entre el ser humano y la naturaleza en el que el ser humano metaboliza la naturaleza. Es en este proceso que comienza a producir cultura, diferenciándose de otros animales, y que se produce el proceso de humanización (Harvey, 2010). Y en este ámbito está la preciosidad de la acción enfermiza, en esta práctica humanizadora que no sirve a un capital, sino a la identidad y relación humanizada de este sujeto con su contexto y realidad, y que le hace caminar también en una acción que no reproduce los ciclos de violencia como los vistos en las prácticas de bullying, en las que la víctima en muchos casos practica la revancha y termina en circunstancias futuras convirtiéndose también en una represalia o un agresor.

La cultura, por lo tanto, como un par del proceso de hominización es una creación con dos caras – cultura y ser humano – en el mismo proceso (WULF, 2013). La aparición del ser humano actual y de la nueva cultura permite la apropiación de las transformaciones y el desarrollo de la especie que, como producto del trabajo, se diferencia de otros animales, es decir, el ser humano se apropia de las funciones esenciales de los instrumentos que utiliza y desarrolla a través de la apropiación de la cultura, formando nuevas capacidades y funciones intelectuales.

Dado que el ser humano desarrolla una evolución de la producción de bienes materiales, una cultura espiritual, su conocimiento sobre el mundo y sobre sí mismo simultáneamente, como indica Heller (2004), un ser humano es genérico: social, histórico y colectivo. Corresponde al rol educativo de los Parámetros Curriculares Nacionales, organizados en las políticas de gestión del sistema escolar, ya sea público o privado, posibilitar el desarrollo del ser social que se apropia de los rudimentos de la cultura material y espiritual, que se produce debido a la relación con otros estudiantes, reduciendo la frecuencia de la violencia escolar. En el proceso, el ser humano aprende una actividad apropiada a través de un proceso educativo,



por lo tanto, la apropiación de la cultura es equivalente a un proceso colectivo. Sin embargo, es necesario enfatizar que no existe apropiación cultural cuando un grupo excluido o marginado se ve obligado a asimilar rastros de cultura de quienes la dominan para sobrevivir, como ocurrió a lo largo del proceso de colonización, especialmente en la esclavitud (NASCIMENTO, 2018).


Consideraciones finales


Dado que la violencia escolar es una consecuencia del sistema capitalista, cuya característica principal es la relación de poder, es decir, el poder que un sujeto tiene sobre el otro, el bullying se ha venido produciendo porque el agresor tiene algunas características, como la edad y mayor talla, una estructura física o emocional más equilibrada, comprar ropa y zapatillas y tener dinero, donde existen relaciones entre el consumo excesivo y el bullying.

Corresponde a los profesionales asistir a los estudiantes en el proceso de humanización y emancipación frente al bullying estudiantes, contemplando la lectura crítica para que los estudiantes puedan percibirse a sí mismos como agentes activos dentro de las relaciones histórico-sociales, ya que sin emancipación los estudiantes terminan teniendo la ilusión de que [de alguna manera] ejercen su autocontrol, y que pueden controlar la violencia y la naturaleza, tanto dentro como fuera de sí mismos (ANTUNES; ZUIN, 2008).

También es importante mencionar la relevancia de las acciones en términos de políticas públicas que se volquen en estructurar prácticas y organizar el sistema, con esto podría ser posible permitir que la acción docente sea de hecho humanizadora y el proceso de hominización haga que el estudiante de hecho esté provisto de toda apropiación humana y, por lo tanto, resignifique lo que es ser 'humano'.

Dicho esto, el papel que debe jugar la educación escolar en el proceso de humanización de los estudiantes es adoptar, a través de la mediación del conocimiento científico, una intervención que culmine en el desprecintado de los diferentes problemas que se viven diariamente. Al apropiarse de los objetivos humanos presentes en el conocimiento científico, los estudiantes pueden emanciparse frente a tales problemas y movilizar el respeto mutuo y colectivo.


GRACIAS: a la querida Prof. Marta Silene Ferreira Bastos, por conducir la disciplina 2EDU611 compartiendo sus conocimientos, así como oportunista este artículo, guiando y fomentando la producción del mismo; a la querida Prof. Sandra Regina Mantovani, por la especial participación en las directrices puntuaciones y portentosas contribuciones a la



elaboración de este artículo; a la querida Prof.ª Dra. Katy Luciane de Oliveira, especial agradecimiento a mi asesor y coautor, por la excelente persona y profesional que es, gracias por toda la orientación, apoyo, confianza y esfuerzo para que pudiera superar cada obstáculo; a Andrea Beluce, coautora con la que tuve el placer de conocer y compartir conocimientos, descubrimientos y logros.


REFERENCIAS


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Cómo hacer referencia a este artículo


FELIPPE, G. M. S.; OLIVEIRA, K. L.; BELUCE, A. C. El proceso de humanización y emancipación ante el bullying. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 1, p. 0860-0869, marzo 2022. e-ISSN: 1982-5587. DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.1.16325


Sumisión en: 24/11/2021

Revisiones requeridas en: 19/02/2022

Aprobado en: 28/02/2022

Publicado en: 01/03/2022





THE HUMANIZATION AND EMANCIPATION PROCESS FACING BULLYING O PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO E EMANCIPAÇÃO FRENTE AO BULLYING EL PROCESO DE HUMANIZACIÓN Y EMANCIPACIÓN ANTE EL BULLYING


Gabrielly Manesco da Silva FELIPPE1 Katya Luciane de OLIVEIRA2 Andrea Carvalho BELUCE3


ABSTRACT: The chapter aims to present some reflections on bullying and the capitalist system. The research problem deals with the relationship of consumerism and competitive behavior discussed here as a manifestation of bullying, since this practice concerns aspects of power relations, reproducing unequal and destructuring relations from a psychic point of view. In this scenario, it is possible to reflect that the dispute that the current social and economic system encourages determined roles of winners and losers, implies violence and submission to authority - characteristics of bullying. Thinking of the school as a social space more susceptible to bullying, it is up to professionals, through their teaching action, to assist students in the process of humanization and emancipation against school bullying, contemplating critical reading so that students can perceive themselves as active agents within historical-social relations.


KEYWORDS: Bullying. Capital. Power relation.


RESUMO: O capítulo tem por objetivo apresentar algumas reflexões sobre o bullying e o sistema capitalista. O problema de pesquisa versa sobre a relação do consumismo e do comportamento competitivo aqui discutido como manifestação do bullying, uma vez que tal prática tange aspectos das relações de poder, reproduzindo relações desiguais e desestruturantes do ponto de vista psíquico. Nesse cenário, é possível refletir que a disputa que o sistema social e econômico vigente impõe estimula papéis determinados de vencedores e perdedores, implica em violência e submissão à autoridade – características do bullying. Pensando na escola como espaço social mais suscetível ao bullying, cabe aos profissionais, por meio de sua ação docente, auxiliar os alunos no processo de humanização e emancipação frente ao bullying escolar, contemplando leitura a fim de que os alunos possam se perceber como agentes ativos dentro das relações histórico-sociais.


PALAVRAS-CHAVE: Bullying. Capital. Relação de poder.


1 University of Londrina (UEL), Londrina – PR – Brazil. Master's student in the Graduate Program in Education. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3413-1944. E-mail: gabymfelippe@gmail.com

2 University of Londrina (UEL), Londrina – PR – Brazil. Laboratory for Psychological Assessment and Research/LAPPSIC. Department of Psychology and Psychoanalysis. Center for Biological Sciences. PhD in Education (UNICAMP). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-2030-500X. E-mail: katyauel@gmail.com

3 University of Londrina (UEL), Londrina – PR – Brazil. Current Educational Director of the School of Government of Londrina and researcher at UEL. PhD in Education (UEL). ORCID: https://orcid.org/0000-0002- 7581-7045. E-mail: andreabeluce@gmail.com




RESUMEN: El capítulo tiene como objetivo presentar algunas reflexiones sobre la intimidación y el sistema capitalista. El problema de la investigación trata de la relación del consumismo y la conducta competitiva discutida aquí como una manifestación del bullying, ya que esta práctica se refiere a aspectos de las relaciones de poder, reproduciendo relaciones desiguales y desestructurantes desde un punto de vista psíquico. En este escenario, es posible reflexionar que la disputa de que el sistema social y económico actual fomenta determinados roles de ganadores y perdedores, implica violencia y sometimiento a la autoridad, características del bullying. Pensando en la escuela como un espacio social más susceptible al acoso escolar, corresponde a los profesionales, a través de su acción docente, ayudar a los estudiantes en el proceso de humanización y emancipación frente al acoso escolar, contemplando la lectura para que los estudiantes se perciban como activos. agentes dentro de las relaciones histórico-sociales.


PALABRAS CLAVE: Bullying. Capital. Relación de poder.


Introduction


This article is the result of the course Education, Human Formation and Praxis: Implications of Marxism, Cultural Historical Theory and Critical Historical Pedagogy for School Education, 2EDU611, of the Graduate Program of the State University of Londrina, which aims to emphasize the significant changes in modern society resulting from globalization (GIDDENS, 2006) and, therefore, it becomes necessary to rethink and contextualize the concept of bullying, to problematize it from the current historical scenario.

In an onto-historical analysis, onto refers to the essence of being, and historical to the process by which men modify nature and modify themselves, through work. In Marxian thought, human labor creates the materially sensitive world, the relationships and social institutions and the corresponding conceptions, ideas and emotions, besides elucidating that work has a dual character, which meets ontologically fundamental needs of human existence and its particular form of activity, and abstract labor is expressed as expenditure of labor power, but its use value for the capital consists in the production of surplus value (CHASIN, 2009). In this premise, it is important to highlight the teaching work as the focus of a humanizing action. Resulting from the social division of labor, violence is centered on the fundamental characteristics of the class structure of capitalist society. Raduenz and Stival (2010) present two mechanisms aimed at the consolidation of capitalist society: the reproduction of culture and the reproduction of class structures. The first manifests itself in the world of "symbolic representations or ideology," and the other acts in social reality itself. Violence has been present in the second mechanism. The phenomenon has been growing as a reflection of the new





paradigms, of competitiveness, of the exaggerated valorization of capital, which generates frustrations, anxieties, and stress, intensifying violence.


Bullying as a consequence of capitalismo


Along with the transformations resulting from globalization in modern society, the post- modern man lives in the liquid modernity, whose population is divided into classes, division between city and countryside, and therefore, it is an abstraction when the classes that compose it are devalued, which become empty as the exchange, the division of labor, the fair prices assigned to the works, among others, are ignored, generating the violence centered in this class structure of the capitalist society. Labor, for example, seen with indifference, corresponds to a way of society easily exchanging from one job to another, whose gender is indifferent. The teacher's work stands out in this relationship to the extent that his or her work, often viewed with indifference by society, is a driving force behind the student's school and social-affective development. In this sense, the teacher and his/her teaching action is central to the humanization of the student.

However, it is important to say that man as a worker has his human properties to the extent that he directs all his efforts around capital (Marx, 2004). In this sense, the professional ability of the teacher is the basis of the production process, therefore, his labor force meets to some extent the specific technical character of the capitalist production mode. The purpose is to show how much the capitalist mode (de)forms the individual and, in the case of the present discussion, the teacher, once it induces the formation for the apprehension of the human work for and by the capital, therefore, turning this teaching action into a colonizing one. Also for Marx (2004), the physical and spiritual senses were replaced by the sense of "having", referring to man as a human commodity - the commodity produces him as a dehumanized being.

It ends up becoming a somewhat difficult task for the teacher to pay attention to the abstract characteristics of the human being in the midst of so much consumerism, massification of having, of a "concrete", even if futile, and also in the dominating relationship that imposes the teaching role. Having said this, it is understood that through a humanizing teaching action it is possible to reach a formative construction that favors practices that are less competitive and oriented to the capital standard of having, and more based on standards that aim at a collective well-being.

In this text and in a specific way, it is admitted that a consequence of capitalism in the context of school relations can be manifested as school bullying, having a direct relationship




with the manifestations of power. Rigby (2007) conceptualizes bullying as an imbalance of power, that is, the repeated psychological or physical oppression of a person/group with less power by a person/group with more power. The author makes this imbalance explicit with the aggression of one person towards another who is smaller and weaker, or when a group of people combine to terrorize a single individual, however, he warns that it can also occur in less obvious ways, such as in the psychological realm.

The National Council of Justice (CNJ, 2010) classifies this school violence into five types: verbal; physical and material; psychological and moral; sexual; virtual or cyberbullying. Table 1 presents the theoretical organization of the proposed model.


Table – School violence


Type of violence Expressed behaviour


Verbal


Physical and material

Insulting, offending, slandering derogatory nicknames


Punching, pushing, pinching, stealing or destroying the victim’s

belongings


Psychological and moral Sexual

Virtual or Cyberbullying

Humiliating, embarrassing, excluding, discriminating, threatening, intimidating, defaming.


Abusing, harrassing, raping, sexually insinuating the victim.


Bullying carried out through technological tools: cell phones, camcorders, internet, etc.


Source: National Council of Justice (CNJ, 2010)


In bullying, the victim, the aggressor, the victim/aggressor, and the witness may be involved: victims usually do not react to aggression, are more likely to trigger psychological suffering such as insecurities, low self-esteem, anxiety, depression, introversion and/or inhibition, and identity deterioration; bullies act ruthlessly and have little empathy (MEZZZELA, 2008); the aggressor-victim at the same time that she is a victim is also the aggressor, usually taking the aggression suffered on other colleagues as a form of revenge and/or compensation; the witnesses witness aggressions against the victims without taking any action in relation to it because of the fear of becoming the next victims.

According to Guareschi (2008), paying attention to the context, that is, the culture in which young people are immersed is important because it can influence the way they deal with problems and people. The new culture, already mentioned, exerts power in the process of



generating problems and creating solutions. The options that come to a person's mind in challenging situations are influenced by it. Many students involved in bullying received cultural influence that eliminated options that did not involve violence in solving everyday problems.

Therefore, one of the main characteristics of bullying, as mentioned by Lopes Neto (2005), is the power relationship.

The boundaries of bullying have been transcended, moving into the virtual world (DIAMANDUROS; DOWNS; JENKINS, 2008; POPOVIC-CITIC; DJURIC; CVETKOVIC,

2011), from cyberbullying. In its concept, it is an aggressive behavior performed via technologies with the characteristic of social exclusion, threats, insults, or shaming another person. On the Internet occurs even more the imbalance of power, since the information disclosed cannot be easily controlled and there is the possibility of anonymity of the aggressor, regardless of their social position or popularity at school (SMITH; THOMPSON; DAVIDSON, 2014).

The aggressor uses instant messaging, email, SMS, chat rooms, blogs, websites, online games, among others to practice aggression, which can occur for several reasons: for not seeing the victim's reaction, therefore, not having empathy; finding his own behavior amusing or pure entertainment; revenge (VANDEBOSCH; VAN CLEEMPUT, 2009). The aggressor is more likely to have already been involved in other incidents of cyberbullying as a victim or spectator (VANDEBOSCH; VAN CLEEMPUT, 2009); there is little consensus regarding age and gender, however, some authors argue that it is boys who mostly assume this role and that the prevalence is higher in the younger ones (12-15 years old). As for the victim, she fits this profile because she does not fit certain standards, and the anonymity of the aggressor increases the level of fear, since the perpetrator can be anyone (including close friends) or there may be several aggressors involved (CRUZ, 2011; MARK; RATLIFFE, 2011).

Violence has been growing as a reflection of the new paradigms of contemporary society of superficial relationships, competitiveness, exaggerated valorization of capital, generating frustrations, anxieties and stress, which are often factors that exacerbate violence (BARUS-MICHEL, 2011). The concept of violence can be considered as a personal, political, social and cultural relationship, besides varying in time and space, according to the cultural patterns of each group or time. For philosophy, the concept exists only for man, that is, it is exclusive to the human world. Only he interprets, understands and establishes a relationship with the other and, in this relationship, he may or may not become violent (KIRSCHER, 1992). Man is endowed with language and reason, however, implicitly, human beings, by nature, do not have reason and reasonable language.



Role of education in the process of humanization and emancipation of the individual


With a humanizing practice and by appropriating the human objectivations present in scientific knowledge, the students will be able to emancipate themselves in face of such problems, including knowing how to deal with them in a more assertive and less aggressive or lethal way from the psychic and physical point of view, as is the case of bullying. It would be an opportunity to get in touch with themes such as individualistic, prejudiced, classist, and sexist practices, mobilizing mutual and collective respect (OLIVEIRA, 2005).

In this way, it would be possible, through the teaching practice, the transformation of the individual and the relations he establishes with the other, with the conception of the world, and with his own individuality and activity (GRAMSCI, 1995). Under this aspect, there would be a focus on the universal and free development of individuality that the author questions whether it is preferable to think without critical consciousness, that is, to participate in a world conception mechanically imposed by the social groups automatically involved, or whether it is preferable to elaborate one's own world conception with critical and conscious consciousness. In this line, the educational work could directly and intentionally produce in each individual the humanity that is also a historical and collective product (SAVIANI, 2003). With this, it would turn to a non-colonizing practice and break a model based on power relations that encourage violent/bulling practices. Therefore, with the humanization of the student, there would be the transformation of the student into a humanized individual, from the material and spiritual wealth necessary for the development of individuality. Since the individual in this conception is not limited to spiritual wealth, the basis for the formation of individuality is the appropriation of material wealth. It requires knowledge for the appropriation of human wealth in both its material and immaterial forms - the result of objectification. Human beings objectify themselves in objects, however, objectification is not only a process of exteriorization, but also

of accumulation of experience, condensation of human experience.

In this complex scenario, one can suppose that capitalism has taken alienation to the extreme, because in the same way it has produced and developed activities that have become indispensable to human development, it has created deep forms of alienation and violence. Marx and Engels point out that the globalization of capitalist production relations is a humanizing process, since it breaks down local barriers and places the individual in a worldwide relationship; however, at the same time, it offers room to alienation - a phenomenon produced by class struggle, generating contradictions that move history and the production of human life. In the school context the class struggle is also represented in the relationship between the




dominator or aggressor (the one who practices violence) and the victim or dominated (the one who suffers the consequences of the violent action). This is an environment, as previously mentioned, favorable to competitiveness as a destructive action.

Marx (1932/1968) observes that labor as an action that transforms the environment, modifying it and changing itself, produces culture and humanization of nature/naturalization of the human race. Work is the conscious action of man over nature, transforming it according to his needs, that is, it is a process between human beings and nature in which human beings metabolize nature. It is in this process that he begins to produce culture, differentiating himself from other animals, and that the process of humanization occurs (Harvey, 2010). And in this area is the preciousness of the sick action, in this humanizing practice that does not serve a capital, but the identity and humanized relationship of this subject with his context and reality, and that makes him walk also in an action that does not reproduce the cycles of violence such as those seen in bullying practices, in which the victim in many cases practices revenge and ends up in future circumstances also becoming a retaliator or a bully.

Culture, therefore, as a pair of the process of hominization, is a creation with two faces

- of culture and of the human being - in the same process (WULF, 2013). The emergence of the current human being and the new culture allows the appropriation of the transformations and development of the species, which as a product of labor, differentiates itself from other animals, that is, the human being appropriates the essential functions of the instruments it uses and develops through the appropriation of culture, forming new intellectual capacities and functions.

Since the human being develops an evolution of the production of material goods, a spiritual culture, his knowledge about the world and about himself, simultaneously, as indicated by Heller (2004), a human being is generic entity: social, historical and collective. It is up to the educational role of the National Curricular Parameters, organized in the management policies of the school system, whether public or private, to enable the development of the social being that appropriates the rudiments of material and spiritual culture, which occurs due to the relationship with other students, reducing the frequency of school violence. In the process, the human being does the learning of an appropriate activity through an educational process, therefore, the appropriation of culture is equivalent to a collective process. However, it is necessary to emphasize that there is no cultural appropriation when an excluded or marginalized group is forced to assimilate traces of the culture of those who dominate it in order to survive, as occurred throughout the colonization process, especially in slavery (NASCIMENTO, 2018).




Final considerations


Since school violence is a consequence of the capitalist system, whose main feature is the relationship of power, i.e., the power that one subject has over another, bullying has been occurring because the bully has some characteristics, such as age and larger size, more balanced physical or emotional structure, buy clothes and sneakers and have money, where there are relationships between the excessive practice of consumption and the practice of bullying.

It is up to professionals to help students in the process of humanization and emancipation in the face of school bullying, contemplating critical reading so that students can perceive themselves as active agents within historical-social relations, since without emancipation students end up having the illusion that [somehow] they exercise their self-control, and that they can control violence and nature, both inside and outside of themselves (ANTUNES; ZUIN, 2008).

It is also important to mention the relevance of actions in terms of public policies that turn to structuring practices and organize the system, with this one could allow the teaching action to be in fact humanizing and the hominization process to make the student actually provided with all human appropriation and, therefore, re-signify what is to be 'human'.

Having said this, the role that school education must play in the process of humanization of the students is to adopt, through the mediation of scientific knowledge, an intervention that culminates in the unveiling of the different problems experienced daily. By appropriating the human objectivations present in scientific knowledge, students will be able to emancipate themselves from such issues and mobilize mutual and collective respect.


ACKNOWLEDGEMENTS: to the dearest Professor Marta Silene Ferreira Bastos, for leading the course 2EDU611 sharing her knowledge, as well as providing an opportunity for this article, guiding and encouraging its production; to dear Prof. Sandra Regina Mantovani, for her special participation in the punctual orientations and portentous contributions to the preparation of this article; to dear Prof. Dr. Katya Luciane Oliveira, for my excellent person and professional she is, thank you for all the guidance, support, trust and effort so I could overcome each obstacle. Dr. Katya Luciane de Oliveira, special thanks to my supervisor and co-author, for the excellent person and professional she is, thank you for all the guidance, support, trust and effort so that I could overcome every obstacle; to Andrea Beluce, co-author with whom I had the pleasure of meeting and sharing knowledge, discoveries and achievements.





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How to reference this article


FELIPPE, G. M. S.; OLIVEIRA, K. L.; BELUCE, A. C. The humanization and emancipation process facing bullying. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 1, p. 0860-0868, Mar. 2022. e-ISSN: 1982-5587. DOI:

https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.1.16325


Submitted: 24/11/2021 Revisions required: 19/02/2022 Approved: 28/02/2022 Published: 01/03/2022


Management of translations and versions: Editora Ibero-Americana de Educação Translator: Thiago Faquim Bittencourt

Translation reviewer: Alexander Vinícius Leite da Silva