image/svg+xmlA internacionalização em casa na pós-graduação na América Latina e Caribe na modalidade a distânciaRIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p. 2476-2493, out./dez. 2022e-ISSN: 1982-5587DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.165492476A INTERNACIONALIZAÇÃO EM CASA NA PÓS-GRADUAÇÃO NA AMÉRICA LATINA E CARIBE NA MODALIDADE A DISTÂNCIALA INTERNACIONALIZACIÓN EN CASA EN EL CONTEXTO DE POSGRADOS EN LA AMÉRICA LATINA Y EL CARIBEA TRAVÉS DE LA EDUCACIÓN A DISTANCIAINTERNATIONALIZATION AT HOME IN DISTANCE POST-GRADUATE EDUCATION IN LATIN AMERICA AND THE CARIBBEANVilmar Alves PEREIRA1RESUMO: Este estudotem por objetivoapresentarreflexões a partir da experiência de estudantes em nível de doutorado sobre a modalidade daInternacionalização em Casa no contexto da Pós-graduação,através da Educação a Distância.Pesquisa de horizonte qualitativo com abordagem da Hermenêutica Filosófica,num primeiro momento,apresenta demarcações conceituais sobre a necessidade da internacionalização, suas formas e desafios no contexto da região da América Latina e Caribe. Num segundo, apresenta resultados de uma experiência com estudantes que vivenciam esta modalidade no Chile, Colômbia e Brasil. Os resultados expressam as motivações, avaliações, aprendizagens e desafios em cursar um doutorado nessa modalidade. A internacionalização em casa na Pós-graduação propicia a emergência de uma nova relação entre uma instituição internacional diretamentecom o estudante.Para os estudantes,a satisfação está na realização de um curso que em outros moldes não seria possível sem perder os vínculospessoais eprofissionais. O maior desafio passa pela disciplinae gestão de espaços e tempos de estudo. PALAVRAS-CHAVE: Internacionalização. Casa. Pós-graduação. América Latina. EAD.RESUMEN:Este estudio tiene como objetivo presentar reflexiones a partir de la experiencia de los estudiantes a nivel de doctorado sobre la modalidad de Internacionalización en el Hogar(en casa)en el contexto de los Estudios de Posgrado, a través de la Educación a Distancia. Una investigación de horizonte cualitativo con un enfoque hermenéutico filosófico, en un primer momento, presenta demarcaciones conceptuales sobre la necesidad de internacionalización, sus formas y desafíos en el contexto de la región de América Latina y el Caribe. En un segundo, presenta resultados de una experiencia con estudiantes que experimentan esta modalidad en Chile, Colombia y Brasil. Los resultados expresan las motivaciones, evaluaciones, aprendizajes y desafíos para cursar un doctorado en esta modalidad. La internacionalización en casaen la escuelade posgrado proporciona el surgimiento de una nueva relación entre una institución internacional directamente con el estudiante. Para los estudiantes, la satisfacción está en la realización de un curso que de otra manera no sería posible sin perder los lazos personales y profesionales. El mayor desafío es la disciplina y la gestión de los espacios y los tiempos de estudio. PALABRAS CLAVE: Internacionalización. Casa.Posgrados. América Latina. EAD.1Universidade Internacional Iberonamericana (UNINI) México e Porto Rico,Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), Cascavel PR Brasil. Pós Doutorando Sênior (PDS)em Educação (UFRGS). Bolsista de Produtividade do CNPq Nível 2 em Educação.ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2548-5086. E-mail: vilmar.alves@unini.edu.mx
image/svg+xmlVilmar Alves PEREIRA RIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p. 2476-2493, out./dez. 2022e-ISSN: 1982-5587DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.165492477ABSTRACT:This research presents experiences and reflections about the home internationalization modality in the context of postgraduate studies through distance learning. This research has a qualitative focus in which the philosophical hermeneutics is used, in a first moment, it presents the conceptual boundaries about the needs of internationalization, and its forms and challenges in Latin America and the Caribbean. In a second moment, it presents the results of students experiences that had the opportunity to livethis modality in Chile, Colombia, and Brazil. The results that are presented, show the motivations, evaluations, lessons, and challenges at the moment of taking a PhD course in this modality. Home internationalization in postgraduate studies is created bythe emergency of a new relationship between the international institution directly with the students. For students, the satisfaction is in completing the PhD that in other scenarios and modalities could not be possible without loosing the personal and professional bonds. The biggest challenge is in self-discipline and the management of time and space to study. KEYWORDS: Internationalization. Home. Postgraduate. Latin America. DE.IntroduçãoA internacionalização tem assumido um papel prioritário no Ensino Superior em diferentes países do mundo. Essa exigência tem ocupado papel de destaque tanto nas políticas institucionais, nos editais de fomento, quanto na produção acadêmica. Além disso, os rankingsacadêmicos internacionais definem a internacionalização como um dos pontos a ser avaliado e considerado nas instituições,fazendo com que haja maior concorrência e competição entre as universidades,dando a percepção de que o conhecimento évisto como valor comercial ou moeda de troca (LAUS, 2012).No que diz respeito àPós-graduação,sua necessidade está demarcada como reivindicação cotidiana. No entanto, essa exigência deve ser problematizada àluz de algumas questões fundamentais,como: Em que consiste de fato a internacionalização? Qual o conteúdo ideológico que está intrínseco nesse discurso? Qual o espaço que a internacionalização está ocupando nas instituições? Que especificidades a internacionalização deve considerar quando feita na América Latina e Caribe? Qual o sentido que assume no contexto latino-americano em experiências de “internacionalização em casa” na Pós-graduação pela modalidade a distância?A importância de experiências de internacionalização na Pós-graduação possibilita amplo desenvolvimento na trajetória formativa. Isso vai desde aspectos conceituais relativos ao curso,planejamentos, desenvolvimento de atitudes e valores e de reconhecimento da dimensão socioafetiva (BONILLA ESQUIVEL; MONTES SILVA, 2020). O objetivo desse estudo consiste em realizar dois movimentos: um primeiro compreensivo,onde buscaremos adentrar nesse debate; um segundo, apresentar um relato de
image/svg+xmlA internacionalização em casa na pós-graduação na América Latina e Caribe na modalidade a distânciaRIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p. 2476-2493, out./dez. 2022e-ISSN: 1982-5587DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.165492478experiência de 11estudantes de uma Universidade Internacional, com sede na Espanha e com unidadesem toda América Latina,com destaque para oMéxico e Porto Rico, com vivências de internacionalização na Pós-graduação na modalidade a distânciaem casa. São estudantes do Brasil, Chile, Colômbia em nível de doutorado. O estudo busca as motivações, compreensão, sentidos, aprendizagens e desafios da referida internacionalização.Importante pesquisa de Streck e Abba (2018) analisa a internacionalização na América Latina tomando por referência a base em dados produzidos por uma rede de gestores e pesquisadores do Ensino Superior na região. Trata-se de uma contribuição quepermite o alargamento compreensivo sobre o sentido da internacionalização que fazemos ou que pretendemos fazer. Os autores problematizam a internacionalização tanto a partir de lógica mercadológica,das políticas neoliberais,quanto das perspectivas da lógica hegemônica, globalizadora,que, por muitas vezes,mitiga as potencialidades culturais,desenvolvendo uma internacionalização colonizadora,gerando inclusive maior dependência e reforçando a herança colonial. O convite feito pelos autores, nesse movimento problematizador,é o de justamente percebermos as tensões entre um modo de fazer internacionalização na América Latina e Caribe que não seja aquele da sedução ao “novo canto da sereia”, mas que possa reforçar perspectivas interculturais na direção da vivência intercultural. Nesse sentido, os autores consideram esse um grande desafio,acreditando que pensar internacionalização na região pressupõe considerar as especificidades desse lugar. A ampla análise feita no estudo de Streck e Abba (2018) demonstra também que a racionalidade hegemônica de uma internacionalização norte-sul tem reforçado relações de poder que se traduzem tanto nas expectativas de quem a dissemina quanto na busca do caminho do norte pelos intercambistas. Alerta-nos,ao mesmo tempo, que,por muitas vezes, pela forma dareferida lógica,com fortes raízes dos Estados Unidos da América,acaba direcionando os currículos onde o idioma inglêstem substituído inclusive demais referências idiomáticas em nome da internacionalização. Como alternativa,os autores sugerem uma forma de fazer a internacionalização numa perspectiva decolonial. No entanto, alertam para o fato de que na AméricaLatina e Caribe esse campo de investigação é ainda muito recente e necessita ser melhor aprofundado conceitualmente e teoricamente,considerando as características próprias do contexto (STRECK;ABBA, 2018).Outro estudo, avaliando a produção científica sobre o tema no período de uma década, constata que a internacionalização é uma temática emergente com um crescimento acentuado nos últimos tempos e necessita de mais estudos que possam ampliar o campo:
image/svg+xmlVilmar Alves PEREIRA RIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p. 2476-2493, out./dez. 2022e-ISSN: 1982-5587DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.165492479Por outro lado, o desenvolvimento de forma mais acentuada de trabalhos com base em evidências empíricas, tanto qualitativas quanto quantitativas, pode sustentar de forma mais convincente o avanço da área e a geração de novas proposições teóricas (DAL-SOTO; ALVES; SOUZA, 2016, p. 245).É a partir desse contexto que buscamos a ampliação de sentidos sobre uma perspectiva eivada de intencionalidades, objetivos, projetos e modos de lidar com o conhecimento. Portanto,esse estudo persegue a hipótese de que os processos de internacionalização traduzem cosmovisões políticas, econômicas, sociais, culturais e epistemológicas sobre como se produz, se valora, reconhece e se consideramconhecimentos que devem ser necessários na formação e nas trajetórias formativas. Para além das tensões,é fundamental que saibamos qual internacionalização acreditamos e qual é aquela que possa contribuir mais para nossos modos devida. Trata-se de grande desafio orientado por pedagogias de horizontes críticos,que possam, para além da realização de um processo formal, fomentar perspectivas de pertencimento, abertura extra fronteiriças,valorização culturale reforço de identidade e protagonismo. Demarcações conceituaisDe acordo com o Comité Économique et Social Européen(2014),pessoas que realizam experiência de internacionalização possuem mais vantagem nos processos de empregabilidade. Santos e Almeida Filho (2012) consideram que a internacionalização é a quarta missão da universidade, sendo o ensino, a pesquisa e a extensão as outras três. Para eles,a internacionalização funciona como modelo propulsor que contribui para o alcancedos grandes objetivos fins da universidade,no que denominam de conjuntos integradores, na formação e na pesquisa de inovação, na diplomacia cultural e na consolidação de espaços integradores do conhecimento. Longe de pensar que seja a integração uma ação marginal,ela é vista como missão primordial de uma instituição. É meio e ao mesmo tempo um indicador de qualidade no ensino (KNIGHT, 1999). Vejamos o seu amplo alcance e sentidos:O processo de integração de uma dimensão internacional, intercultural ou global nas finalidades, nos papéis ou na organização do ensino pós-secundário, promovendo a melhoria da qualidade do ensino e da pesquisa para todos os estudantes e professores, trazendo uma contribuição significativa à sociedade (WITet al.,apud MAUÉS;BASTOS, 2017, p.335).No entanto,esses processos envolvem amplas compreensões a partir das dimensões políticas, econômicas, sociais, culturais,epistemológicas,entre outras. Essa compreensão é importante a fim de que não vejamos a internacionalização a partir de olhares hegemônicos
image/svg+xmlA internacionalização em casa na pós-graduação na América Latina e Caribe na modalidade a distânciaRIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p. 2476-2493, out./dez. 2022e-ISSN: 1982-5587DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.165492480orientados pela lógica das políticas neoliberais,que são especialistas em nos apresentar sempre “um novo canto da sereia”. Nesse sentido, importante estudode Cunha (2017)desmistifica esse horizonte ao problematizar as tensões quando se pensa a internacionalização,considerando uma espécie de antinomia criada pelo discurso de qualidade na educação superior e democratização. O estudorevisita a gênese desse discurso na lógica da economia neoliberal, suas agências de financiamento da educação e seu projeto de educação para a sociedade. Demonstra o quanto as perspectivas globalistas,por vezes,negam aspectos da identidade regional a partir de uma racionalidade estratégica voltada para fins cujo horizonte é o aumento do poder e do lucro. A tensão aumenta quando se busca uma perspectiva afirmativa e inclusiva que contrasta com esse discurso meritocrático. A perspectiva de avanço nos processos de internacionalização está associada àdimensão intercultural e epistemológica (CUNHA,2017). A partir desse referencial,em consonância com os autores,concordamos que:A internacionalização não pode ser vista como o privilégio de uma elite acadêmica, política, econômica cultural que tem acesso aos recursos necessários para a mobilidade e a experiência em outros contextos. Há outras formas de internacionalização que podem fazer parte da formação cultural deum povo. Sobretudo, com o surgimento das novas tecnologias, que auxiliam na comunicação, na aprendizagem e no intercâmbio de experiências, em tempo real, com pessoas que se encontram em outras geografias (STRECK;ABBA, 2018, p. 12).Do ponto de vista sobre como se efetiva, tendo por referência estudos de (WIT et al., 2015; MOROSINI, 2011),são apresentados aspectos de internacionalização que se traduzem em modos como ela ocorre ou pode ocorrer: Ao se analisar a internacionalização da educação superior, sobretudo em contexto de globalização, deve-se observar três aspectos importantes: a) a forma como a internacionalização ocorre, se em um processo de troca, chamada de horizontal, ou de submissão eaté mesmo de exploração, denominada de vertical; b) a internacionalização desenvolvida internamente ou em casa; c) a internacionalização desenvolvida no exterior (MAUÉS;BASTOS, 2017,p. 336).Em relação ao primeiro aspecto é importante estarmos atentos se a referida forma promove uma relação de ampla consciência sobre o processo, instituições e parceiros efetivos. Do contrário, a forma vertical mitiga ação de internacionalização a uma relação de favor ou dependência onde apenas um dos polos atribui o sentido da ação. Quanto ao segundo aspecto, os autores destacam a relevância de relações de internacionalização que crescem muito no atual contexto globalizado,no que se refere tanto àsua presença nos currículosquantona chegada de estudantesede professores de outras instituições no país onde o estudante se encontra.
image/svg+xmlVilmar Alves PEREIRA RIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p. 2476-2493, out./dez. 2022e-ISSN: 1982-5587DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.165492481Vejamos como é compreendido: “Também nos últimos anos surgiu um novo conceito denominado “internacionalização em casa”, que propõe viver a experiência internacional sem sair de nosso lar, de nossa universidade e inclusive de nosso país” (STRECK;ABBA, 2018, p.13, grifos do autor). Já a terceira modalidade é que envolve movimentos efetivos de saída do estudante a um outro país para a realização de seus estudos. Nessa perspectiva,há uma efetiva mobilidade de pessoas, projetos e programas (MAUÉS;BASTOS, 2017). No que diz respeito àAmérica Latina,um recente estudo realizou uma revisão sistemática de literatura analisando artigos científicos de quatro bases (REDIB, Web of Science, SciELOe Scopus) que indexam artigos no intervalo de 2015-2020. O estudo recupera aspectos históricos da internacionalização na região,reforçando a desigualdade do desenvolvimento dessa perspectiva em relação aos países do norte,como fica demonstrado que: [...] os países latino-americanos receberam somente 1,9% do total de estudantes internacionais, atrás da África com 2,5%, Estados Árabes, 6,1%; Europa Central e Oriental, 9%; Ásia-Pacífico, 21% e América do Norte e Europa Ocidental com 58%; também apresenta a porcentagem mais baixa entre as regiões quando o assunto é a implementação de estratégias de internacionalização (ARANA;PEREIRA;PERES, 2021, p.05). O estudo chama atenção para maior conscientização na região sobre a importância da internacionalização. Ficou reforçado que o modelo de internacionalização está ainda na perspectiva de acordos de cooperação com projetos pontuais de parcerias entre universidades. Os autores reforçam o quanto o processo da lógica econômica vem pressionandoessas ações,que têm ficado mais restritas a políticas de governos, pois não há um projeto comum na América Latina e Caribe. Disso resulta a grande dificuldade em conjugarmos no singular a internacionalização na região. O estudo demonstra que alguns países,como é o caso da Bolívia, Uruguai, Venezuela e países da América Central,não apareceram na pesquisa. Nesse sentido, o debate ainda é emergente,e não havendo um projeto comum,as iniciativas que ocorrem muitas vezes são motivadas por países externos àregião(ARANA;PEREIRA;PERES, 2021).No que concerne ao contexto da Internacionalização na Pós-graduação no Brasil,uma pesquisade Ramos (2018)reconhece em sua conclusão o quanto os processos de internacionalização já integram as atividades de ensino e pesquisas científicas dos principais programas no país nesses últimos trinta anos,promovendo profundas mudanças na cultura da Pós-graduação no Brasil. A partir de um amplo levantamento de dados empíricosfeito por Ramos (2018),ficou demonstrado que,no caso brasileiro,a modalidade internacional (para o exterior) é a mais reconhecida e praticada na efetivação de inúmeras parcerias. Também aponta para a necessidade de ampliação dessas ações a fim de que se possa ter maior impacto quando
image/svg+xmlA internacionalização em casa na pós-graduação na América Latina e Caribe na modalidade a distânciaRIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p. 2476-2493, out./dez. 2022e-ISSN: 1982-5587DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.165492482do retorno. Constataa diminuição do envio de pesquisadores em nível de doutorado sanduíche e pós-doutorado no exterior. Reivindica anecessidade de políticas que passam a atrair acadêmicos estrangeiros ao país. Uma das estratégias para melhoria é o investimento em docentes formados no exterior,que possam atuar no país e mobilizar redes e parcerias acadêmicas. Finalmente,o estudo conclui que háausência de uma estratégia nacional que dificulta sobremaneira processos efetivos e sustentáveis na internacionalização da pós-graduação brasileira(RAMOS, 2018).Ainda sobre os modelos de internacionalização,como já afirmamos,chama-nos atenção a nova modalidade definida por Knight (2020) comoIPPM,Mobilidade Internacional de Programas e Provedores (MIPP). Esta modalidade envolve um provedor estrangeiro, uma instituição de Ensino Superior que oferece cursos, programa de formação acadêmica,a estudantes de um país anfitrião. A modalidade de ensino é a distância e o compromisso não se dá pelo viés Instituição-Instituição, mas pela instituição proponente diretamente com o estudante contratante. Os conteúdos programáticos são ofertados pela instituição, com professores e linhas de investigação,cabendo ao estudante grande capacidade de se organizar de forma autodidata, com aulas, supervisões,orientaçõeseavaliações na modalidade a distância. Para a autora, essa Modalidade de Ensino, crescente no mundo e na região, traz algumas dificuldades de avaliação no que concerne ao fato dos países não terem controle do número de estudantes que cursam os referidos programas. Os provedores são instituições internacionais com renome internacional (KNIGHT, 2020). Estamos falando de uma das modalidades que maiscrescemno contexto atual.Vejamos os dados reveladores dessa perspectiva do MIPP no Reino Unido: A divisão por região é reveladora. No geral, a Ásia recebeu 48,7% dos estudantes, seguida pela África (22,5%), União Europeia (10,9%), Oriente Médio (9,6%), América do Norte (4,6%), Europa não pertencente à UE (2,8%), Australásia (0,6%) e América do Sul (0,4%). Isso indica que as instituições e estudantes latino-americanos ainda não estão engajados significativamente no IPPM. Pesquisas são necessárias para entender o porquê, dada a longa história de colaboração latino-americana com universidades europeias e norte-americanas (KNIGHT, 2020, p.179).É justamente esse o objetivo desse estudo,que busca compreender a modalidade da Internacionalização em Casa através da escuta de estudantesde Pós-graduação que cursam essa modalidade no contexto latino-americano.
image/svg+xml