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A arte como potência pedagógica através da música: Por que o Flamengo também se canta
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 2045-2063, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.16684
2045
A ARTE COMO POTÊNCIA PEDAGÓGICA ATRAVÉS DA MÚSICA: PORQUE O
FLAMENGO TAMBÉM SE CANTA
EL ARTE COMO POTENCIA PEDAGÓGICA A TRAVÉS DE LA MÚSICA: POR QUÉ
LO FLAMENGO TAMBIÉN PUEDES CANTAR
ART AS A PEDAGOGICAL POWER THROUGH MUSIC: FLAMENCO CAN ALSO BE
SUNG
Fabio ZOBOLI
1
Matheus Souza dos SANTOS
2
Elder Silva CORREIA
3
RESUMO
: Este texto propõe uma aproximação entre esporte (Futebol/Flamengo) e arte
(Música). Tal aproximação é feita com a intenção de deslocar o futebol do estatuto dos gestos
técnicos e regras para o campo da arte através da música. O objetivo do escrito é apresentar a
música enquanto artefato cultural de arte como potência educativa. Para tal, catalogamos e
organizamos as músicas que tratam do Flamengo a partir de eixos temáticos a fim de didatizar
as mesmas para tratar de temáticas relativas ao “extracampo do futebol” no contexto das aulas
de Educação Física escolar. Tratou-se de uma pesquisa de cunho qualitativo abordada sob o
viés de um estudo exploratório. Conclui-se que a potência pedagógica da música em sua relação
com o futebol está no modo como a partir de seus
afectos
e perceptos, permite uma exploração
das condições da prática do futebol, abrindo novas possibilidades de experimentá-lo e novas
maneiras de pensá-lo para além de seus usos e destinações sociais.
PALAVRAS-CHAVE
: Arte. Música. Flamengo. Ensino-aprendizagem. Educação física
escolar.
RESUMEN
:Este texto propone una aproximación entre el deporte (Fútbol/Flamengo) y el arte
(Música).
Este acercamiento se hace con la intención de trasladar el fútbol del estatus de
gestos técnicos y reglas al campo del arte a través de la música.
El propósito del escrito es
presentar la música como un artefacto cultural del arte como potencia educativa.
Para ello
catalogamos y organizamos las canciones que tratan del Flamengo a partir de ejes temáticos
con el fin de didactizarlas para tratar temas relacionados con el “fuera del campo de fútbol”
en el contexto de las clases de Educación Física escolar.
Fue una investigación cualitativa
abordada bajo el sesgo de un estudio exploratorio.
Se concluye que la potencia pedagógica de
la música en su relación con el fútbol está en la forma en que, desde sus afectos y percepciones,
1
Universidade Federal de Sergipe (UFS), São Cristóvão
–
SE
–
Brasil. Professor do Programa de Pós-graduação
em Educação (PPGED). Doutorado em Educação (UFBA). ORCID:
https://orcid.org/0000-0001-5520-5773. E-
mail: zobolito@gmail.com
2
Universidade Federal de Sergipe (UFS), São Cristóvão
–
SE
–
Brasil. Graduando em Educação Física (UFS).
Bolsista COPES (UFS). ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4927-8612. E-mail: matheussds43@gmail.com
3
Faculdade do Nordeste da Bahia (FANEB), Coronel João Sá
–
BA
–
Brasil. Professor do Departamento de
Educação Física (DEF/FANEB). Doutorado em Educação (UFS). ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8403-
2226. E-mail: eldercorreia21@gmail.com
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Fabio ZOBOLI; Matheus Souza dos SANTOS e Elder Silva CORREIA
RIAEE
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 2045-2063, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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permite explorar las condiciones de la práctica del fútbol, abriendo nuevas posibilidades para
vivirlo y nuevas formas de pensarlo. más allá de sus usos y destinos sociales.
PALABRAS CLAVE
:
Arte. Música. Flamengo. Enseñanza-aprendizaje. Educación física
escolar.
ABSTRACT
: This text proposes an approximation between sport (Soccer/Flamengo) and art
(Music). This approach is made with the intention of moving soccer from the status of technical
gestures and rules to the field of art through music. The purpose of the writing is to present
music as a cultural artifact of art as an educational power. To this end, we catalogued and
organized the songs that deal with Flamengo based on thematic axes in order to educate them
to address topics related to the “outfield of soccer” in th
e context of school Physical Education
classes. This was a qualitative research addressed under the bias of an exploratory study. It is
concluded that the pedagogical power of music in its relationship with soccer lies in the way in
which, based on its affections and perceptions, it allows an exploration of the conditions of
soccer practice, opening new possibilities to experience it and new ways of thinking about it
beyond its uses and social destinations.
KEYWORDS
:
Art. Music. Flamengo. Teaching-learning. School physical education.
Introdução
Você pode racionalizar a paixão, e fazer teses sobre a bola,
e observações sociológicas sobre a massa ou poesia sobre o passe,
mas é sempre fingimento. É só camuflagem.
Dentro do mais teórico e distante analista e do mais engravatado
cartola aproveitador existe um guri pulando na arquibancada
(VERÍSSIMO, 2010, p. 25).
Na tentativa de estabelecer um diálogo entre futebol e arte, este escrito se orienta a partir
de pressupostos tecidos por Deleuze e Guattari (2010) na obra “O que é filosofia?”. Neste livro
os autores tentam responder à questão que lhe dá o título. Para ambos,
“[...] a filosofia é a arte
de formar, de inventar,
de fabricar conceitos [...]” (DELEUZE; GUATTARI, 2010, p. 8). Para
a construção desses conceitos os autores distinguem três grandes formas do pensamento: a arte,
a filosofia e a ciência. Na filosofia, se pensa através de conceitos ao traçar um plano de
imanência; na arte, através de sensações sobre um plano de composição; na ciência, através de
funções, traçando um plano de referência. Importante mencionar que para Deleuze e Guattari
estas três formas de pensamento não possuem nenhuma relação hierárquica, elas são
simplesmente diferentes atividades, porém, cada uma delas é igualmente criadora.
Distintamente da filosofia, a ciência não opera por conceitos, mas por funções ou
proposições, em que os
functivos
são os elementos das funções (DELEUZE; GUATTARI,
2010). Já a arte lida com
perceptos
e
afectos
, pois a única definição da arte é a composição. O
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que se conserva na arte é justamente o bloco de sensações, ou o composto de
perceptos
e
afectos
(DELEUZE; GUATTARI, 2010). No entanto, aqui há de se fazer uma distinção entre
percepções e afecções, por um lado, e
perceptos
e
afectos
, por outro.
Os
perceptos
não mais são percepções, são independentes do estado daqueles
que os experimentam; os
afectos
não são mais sentimentos ou afecções,
transbordam a força daqueles que são atravessados por eles (DELEUZE;
GUATTARI, 2010, p. 193-194).
“Grandes artistas e escritores são também grandes pensadores, mas pensam em termos
de
perceptos
e
afectos
. Pintores pensam com linhas e cores, músicos pensam com sons,
cineastas com imagens e escritores com palavras” (DAMASCENO, 2017, p. 139). “A arte é,
com efeito, do domínio por excelência da criação, mas a arte cria blocos de sensações e não
conceitos filosóficos” (DAMASCENO, 2017,
p. 139).
O verdadeiro objeto da arte é criar seres de sensação, agregados sensíveis; o
objeto da filosofia é a criação conceitual. Criar um conceito é tão difícil quanto
realizar uma composição visual, sonora ou verbal. Do mesmo modo, nada é tão
grandioso quanto dar à luz uma imagem cinematográfica, uma pintura ou
mesmo assinar um conceito (DAMASCENO, 2017, p. 139).
Este texto propõe uma aproximação entre o futebol e a arte da música. A música constrói
conceitos-sonoros, os quais constituem categorias estéticas que operam nos
perceptos e afectos
dos ouvintes, impulsionando uma experiência reflexiva ambivalente e aberta. Deste modo,
apresentamos a música como manifestação sociocultural produzidas pelo canto, pela dança,
pela ginástica, pelo jogo, dentre outros rituais (SILVA; ZOBOLI, 2014). Compreendemos a
música enquanto conjuntura social que agrega outras práticas culturais, como aquelas relativas
ao corpo e que apresentam a música condicionada a outros recursos materiais que transcendem
as possibilidades de interação com a música apenas por meio da escuta. Sendo assim, neste
artigo a música será dissertada muito a partir de sua influência mobilizadora de pertencimento,
pois a relação “esporte e música” será trazida ao estudo a partir do futebol,
mais especificamente
ao Clube de Regatas do Flamengo. Segundo Csepregi e Marzano (2012), as canções, os hinos,
as marchas criam um sentimento de pertencimento e de unidade. Enquanto o tátil e o visível
nos unem ao nosso ser individual, o audível nos envolve e nos liga a uma comunidade de
consonância.
O escopo deste escrito está ligado a músicas que dizem respeito ao Flamengo, no
entanto, não abordaremos músicas de torcidas, mas sim músicas ligadas ao contexto de
intérpretes e cantores nacionais brasileiros que em algum momento fizeram músicas a este clube
tão querido no Brasil
–
“O mais querido”. Como menciona Ruy Castro (2001), “um dia quando
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se mergulhar de verdade nos fatores que, historicamente ajudaram a consolidar a integração
nacional, o Flamengo terá de ser incluído”. O Flamengo é uma agremiação esportiva com sede
no Rio de Janeiro, fundada em 17 de novembro de 1895. Inicialmente foi fundada como um
clube de regatas, somente em 1912 o clube inicia suas atividades com a modalidade de futebol
(RODRIGUES FILHO, 2014).
O Rio de Janeiro é seu berço, mas sua casa é o Brasil. Sua camisa vermelha e
preta viaja de canoa pelos igarapés, galopa pelas coxilhas; caminha pelos
sertões; colore todas as praias; está nos barracos das favelas e nas coberturas
triplex. Suas cores vestem famosos e anônimos, bandidos e vítimas, corruptos
e honestos, pobres e grã-finos, idosos e crianças; os muito feios e os muito
bonitos. (CASTRO, 2001, p. 18-19).
Deleuze e Guattari (2010) se utilizam de uma bela imagem do escritor inglês David
Lawrence e descrevem o modo de agir da arte e sua potência: os humanos, por debaixo de um
guarda-sol, escrevem suas convenções e opiniões, de modo que caímos em um ciclo vicioso.
Tal ciclo, explica Lapoujade (2015), são agenciamentos que nos fazem falar, ver e agir, de
maneira que só vemos daquilo que se fala, e só falamos do que se vê, agindo a partir de uma
espécie de redundância, ou dos clichês preexistentes, como denunciaram Deleuze e Guattari
(2010). Desta forma, os autores franceses defendem, a partir de D. H. Lawrence, que os artistas
abrem fendas no guarda-sol que recobre as opiniões, rasgando-o de forma que seja possível
passar um pouco de caos, restituindo “[...] a incomunicável novidade que não mais se podia ver
[...]” (DELEUZE; GUATTARI, 2010, p. 240), desafiando, assim, qualquer opinião e clichê.
Tal movimento é o que pretendemos demonstrar ao vincular futebol e arte/música.
O diálogo entre esporte (Futebol/Flamengo) e arte (Música) que tentamos promover
neste escrito é pensado a fim de criar experiências didáticas nos espaços educacionais, ou seja,
é criado no plano da experiência em lugares que se faz educação. O lugar de fala desse estudo
é o campo da Educação
4
, mais especificamente a Educação Física que tem na cultura corporal
das práticas esportivas um de seus campos de atuação. Deste modo, situando-nos no espaço
educacional da Educação Física, o futebol (via Flamengo) e a arte (via música) são linhas que
atravessam a experiência, que atravessam o espaço do vivido. Estes atravessamentos são por
nós percebidos e tratados com a intenção de deslocar o futebol hegemônico para o campo da
arte através da música, uma maneira de “rasgar o guarda
-
sol” sob o qual as opiniões e clichês
sobre o futebol são escritos. Experimentar outras formas de perceber o futebol, outros
afectos
,
não apenas aqueles vinculados ao estatuto dos movimentos técnicos e regras, buscando pensar
4
O estudo de Natero e Giraldello (2020) apresenta um compilado de estudos de teses e dissertações que tem a
música como tema no âmbito da Educação.
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nos
perceptos e afectos
que estas músicas provocam ao se difundir no meio social, e mais
especificamente no campo da educação, nas práticas pedagógicas que têm lugar na experiência
que acontece nas aulas de Educação Física.
Este deslocamento nos remete analisar também o futebol como uma obra de arte, nos
perceptos e afectos
que podem ser construídos e experimentados, no campo das práticas
pedagógicas que acontecem na experiência educacional. A experiência e o vivido se articulam
nas músicas, que com suas letras e sonoridade conservam em si
perceptos e afectos.
Deste modo, se pretendeu um duplo movimento que pode ser sintetizado por meio de
duas proposições que giram em torno da pesquisa da qual este texto é fruto: Primeiro fez-se
necessário catalogar e organizar (a partir de eixos temáticos) as músicas nacionais que trazem
e tratam do Flamengo. O segundo movimento, feito após a seleção das músicas, foi indicar
algumas possibilidades de pensarmos em práticas pedagógicas que permitam construir
diferentes afetos, diante de um futebol retratado nas músicas a fim de transpor a rigidez interna
de como esta prática corporal é trabalhada nas escolas.
No âmbito da Educação Física a nossa pesquisa se justifica na medida em que a música
se encaixa no âmbito das “linguagens”. A utilização das músicas nas aulas de Educação Física
para se pensar diversos temas a partir do futebol encontra ressonância nas Orientações
Curriculares para o Ensino Médio (BRASIL, 2006), pois a Educação Física está contida na área
intitulada “Linguagens, Códigos e suas Tecnologias”. De igual modo, na BNCC –
Base
Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2018), o mais atual documento curricular da educação
brasileira, a EF encontra-
se na área de “Linguagens” (juntamente com Língua Portuguesa, Arte
e Língua Inglesa).
Além disso há um elemento legal que nos dá suporte, a Lei nº. 11.769/2008 de 18 de
agosto de 2008 (assinada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva), que altera a Lei nº.
9.394/96 e estabelece a partir de então que “A música deverá ser conteúdo obrigatório, mas não
exclusivo, do componente curr
icular de que trata o § 2o deste artigo”, ou seja, o ensino da arte
(BRASIL, 2008, § 6). O documento também menciona que o responsável pelo uso da música,
enquanto conteúdo pedagógico nas escolas, não precisa necessariamente ser um profissional
licenciado em Música.
No âmbito da arte enquanto potência educativa nos amparamos nas prerrogativas de
Deleuze e Guattari (2010), que veem nas artes a possibilidade de pôr em jogo percepções,
afetos, sensibilidades. Se reconhecermos que um dos objetivos da arte é colocar algo no lugar
em que não se havia pensado, é criar sensações, sentidos e sensibilidades que potencializam a
desnaturalização do mundo dado, então a arte funciona como uma maneira de ressignificar o
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que é naturalizado. Pensar questões relativas ao futebol/Flamengo via arte/música é pensar no
poder de deslocar práticas e temáticas removendo-os de sua própria inércia, retirando-os da
materialidade da presença do mundo, tornando-o visível, em vez de reproduzir o visível.
Portanto, a utilização das músicas como ferramenta educativa pode
ser concebida
como
uma experiência histórica, portanto política: uma experiência materializada nas formas de
transmissão de significados culturais.
Sobre a justificativa de se estudar músicas que tratam do Flamengo, ela se dá
pela
capacidade do time em ser grande em termos de torcida e popularidade
5
. Logo, existem muitos
artefatos culturais de arte ligados a ele: filmes, músicas, esculturas, crônicas, poesia, pinturas,
dentre outros. O Maracanã foi e é o maior estádio de futebol do mundo: dos 10 maiores públicos
de sua história, 7 são de jogos do Flamengo e 3 da seleção brasileira (CASTRO, 2001).
Outro dado importante ligado tanto ao Flamengo quanto à música é que em 1942 o
Flamengo inaugurou a primeira torcida organizada do futebol brasileiro. Seu fundador foi Jaime
Carvalho Chagas. A torcida criada por ele era composta por uma banda musical formada por
25 músicos; além da bandinha, a torcida vinha ao estádio com bandeiras e faixas. A banda era
tão desafinada que Ari Barroso
–
um flamenguista cronista esportivo carioca da época
–
a
batizou de Charanga. Jaime, ao invés de se ofender, adotou o nome. Surge assim em 1942 a
“Torcida organizada Charanga”.
Assim, o objetivo deste escrito é apresentar a música enquanto artefato cultural de arte
como potência educativa. Para lograr o anunciado objetivo, organizamos o texto a partir de mais
outras três sessões para além dessa introdução que recorta o objeto e apresenta alguns conceitos
chaves de nosso estudo. Na segunda parte expomos a metodologia do trabalho, apresentando
os instrumentos de coleta de dados e os critérios para a seleção das músicas. Na sequência
dissertamos os dados e apresentamos três planos de aula (roteiro) pautados em três das músicas
de nosso campo empírico a fim de didatizar conteúdos que tangenciem o contexto das aulas de
Educação Física escolar. Na quarta e última parte tecemos nossas considerações finais.
Partitura metodológica... Ou sobre o ritmo da composição dos dados
Nosso artigo foi pautado a partir de uma pesquisa de cunho qualitativo. A abordagem
qualitativa não pretende apropriar-se simplesmente dos dados quantitativos, mas
principalmente buscar analisar elementos apresentados no contexto social, os quais envolvem
conceitos, valores e comportamentos. É isso o que se pretende fazer com o levantamento
5
Além, é claro, dos três autores serem torcedores do Flamengo.
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quantitativo das músicas, buscar atribuir a elas um sentido. De acordo com
Neves (1996, p. 1),
a pesquisa qualitativa “tem por objetivo traduzir e expressar o sentid
o dos fenômenos do mundo
social” e decodificar os componentes de um sistema complexo de significados.
No que tange ao tipo, trata-se de uma pesquisa exploratória. Segundo Gil (2017), as
pesquisas exploratórias mais comuns são aquelas que pretendem fazer algum tipo de
levantamento, porém, lembra o autor, em algum momento, a maioria das pesquisas científicas
passam por uma etapa exploratória, visto que o pesquisador busca familiarizar-se com o
fenômeno que pretende estudar.
Pretendeu-se com a pesquisa explorar letras de músicas nacionais
que tinham relação
com o Flamengo. Esta busca foi feita em quatro plataformas digitais de armazenamento de
conteúdos musicais da internet: o site “Discografia Brasileira”; o
Spotify
; o site “IMMuB”
(Instituto Memó
ria Musical Brasileira) e o site “letras.mus.br”. A busca nestas plataformas foi
através dos termos chaves “Flamengo” e “Mengo”. Estes foram nossos principais aportes de
informações sobre as músicas.
Para seleção de nosso campo empírico estabelecemos os seguintes critérios de corte:
músicas instrumentais (sem letra); músicas de torcida; o hino do clube; músicas compostas por
letras que fazem apologia à violência ou que faz uso de termos preconceituosos; paródias
(música feita a partir da recriação de alguma composição musical alterando geralmente a letra);
e, logicamente, músicas que se repetem na busca dentro do escopo das quatro plataformas
digitais.
Trocando passes.... Ou sobre os modos de compor com os dados
A busca nas quatro plataformas digitais de armazenamento de conteúdos musicais da
internet acarretou um número muito grande de músicas, principalmente por conta da recorrência
de algumas delas. No entanto, após o “processo de peneira”, pautado por nossos c
ritérios de
corte, chegamos a um quantitativo de 60 músicas sobre o Flamengo.
Um primeiro dado que merece destaque é o de que 25 das 60 músicas são do gênero
musical do “samba” –
isso significa um percentual de 41,6% do total da amostra. Para Xavier
(2009), nenhum estilo musical se aproxima tanto do futebol como o samba. Para o citado autor
não há como negar que o jeito brasileiro de jogar tem ligação direta com o jeito que se faz
samba:
O movimento dos pés, a ginga, a malícia e principalmente o prazer, a alegria
de quem entra em campo para suar a camisa ou sobe ao palco para dar o tom e
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se reinventar a cada dia [...]. Tanto no samba quanto no futebol o que não falta
é riqueza histórica, na qual passeiam ídolos intocáveis, gênios loucos, talentos
precoces, crises existenciais, clássicos, apropriações indébitas e mortes
anunciadas. Não há nenhuma possibilidade de divórcio entre o gênero musical
e o esporte vital. São orgulhos nacionais e fenômenos vivos da cultura popular
que preservam seus mistérios e originalidades (XAVIER, 2009, p. 33).
Além disso, o Flamengo protagonizou conjunções com o sambódromo carioca, a
Marquês da Sapucaí várias vezes foi a extensão do Maracanã. Em 1988 a “União da Ilha”
, em
homenagem ao ilustre rubro-negro Ary Barroso, cantou o mengão na letra de seu samba. Em
função de seu centenário em 1995, o Flamengo foi homenageado pela Escola de Samba
“Estácio de Sá” com o samba enredo “Uma vez Flamengo”. No ano de 2014 a “Imperatriz
Leopoldinense” homenageou Zico e
, por extensão, cantou Flamengo. Em 2022 o Flamengo
voltou com tod
a a força para o sambódromo. A “Acadêmicos de Santa Cruz” saudou o
Flamengo em homenagem a um dos seus maiores torcedores: Milton Gonçalves. Já a “Estácio
de Sá” novamente homenageou o Fla com o samba enredo
:
“Cobra coral, papagaio
-vintém.
Vestir rubro-n
egro não tem pra ninguém”.
Após a coleta e triagem das músicas elas foram colocadas em uma tabela onde foram
informados: o título, a letra da música, o ano de lançamento, o compositor e o intérprete. A
partir desse levantamento e organização catalográfica, as músicas foram alocadas em três
grandes eixos temáticos: 1) “Clube de Regatas do Flamengo”; 2) “Ser torcida... torcedor(a)” e
3) “Ídolos do clube”.
O primeiro eixo temático ligado ao “
Clube de Regatas do Flamengo
” trata de músicas
que falam da grandeza do Flamengo, de sua tradição junto ao futebol brasileiro e internacional,
e do fanatismo e magia de sua torcida fazendo uma mescla onde ídolos, títulos e torcida são
aclamados. Além disso, algumas dessas letras fazem menções históricas ao clube, na maioria
delas cantando o Flamengo também na sua relação originária com o remo. Diferente das demais
músicas, as elencadas nesse eixo não suspendem um único tema para ser cantado. Esse eixo
temático foi o que mais contabilizou músicas, um total de 28
–
quase a metade do total.
O segundo eixo temático de nossa pesquisa diz respeito ao que o Flamengo tem de
maior: a sua
torcida. Assim esta categoria ficou denominada
“Ser torcida... torcedor(a)”
e
abarca músicas onde os compositores tratam da magia e dos sortilégios da maior torcida de
futebol do Brasil, torcida essa que rendeu ao clube a denominação de “o mais querido”. Mas a
torcida só existe com o personagem torcedor, e torcer é verbo, exige ação. Desse modo, esse
eixo temático mescla essa magia de ser torcida e torcedor(a). São músicas que narram o amor,
a parceria e a dor de ser torcedor(a) do Flamengo. Nessa categoria foram registradas 20 músicas.
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O terceiro e último eixo temático intitulado
“Ídolos do clube”
apresenta músicas que
retratam os ídolos do clube fazendo alusão a sua importância na história do Flamengo. Essa
importância tem relação principalmente com a conquista de títulos, mas também com o brio e
a garra com que estes personagens sempre se identificaram com a camisa rubro negra. São
músicas que literalmente tratam da relação do duplo (
eidolon
) entre clube e jogador. Em muitas
das músicas o ídolo é elevado à condição de entidade divina. Nesse eixo temático foi
contabilizado um total de 12 músicas.
Após a organização das músicas por eixos temáticos, foi selecionada uma amostragem
equitativa de música de cada um dos temas a fim de elaborar planos de trabalho com o objetivo
de levar estas músicas para o contexto das aulas de Educação Física, para tratar de temas sociais
multidisciplinares que abordem o futebol/Flamengo nas aulas. Deste modo, apresentamos a
didatização de três músicas:
“Ser Flamengo” (Alexandre Pires), “Flamengo maravilhoso”
(André Filho e Luiz Ayrão) e “Saudades do galinho” (Moraes Moreira). As músicas fazem parte
do
eixo temático “Ser torcida... torcedor(a)”, “Clube de Regatas do Flamengo” e “Ídolos do
clube”
,
respectivamente. As temáticas que abordamos a partir das músicas foram: “O
Flamengo, o urubu e o racismo”, “Futebol e religião” e “Ídolos”.
Tabela 1
–
Fichas de didatização de três músicas
FICHA DE DITATIZAÇÃO MÚSICA 01
Música: Ser Flamengo
Ano: 2002
Estilo musical: Pagode
Compositor: Alexandre Pires
Intérprete: Alexandre Pires
Mídia: Vídeo, https://www.youtube.com/watch?v=rv9DQJoT8TM
LETRA
É isso aí, rapaziada
Clube de Regatas Flamengo
Tô chegando bem!
Ah! Como eu te amo
Eu me orgulho de ser Flamengo
E no mundo inteiro fazer parte dessa massa
Ser Flamengo
É o amor no coração
Torcer com emoção
Por um time de raça
Cheia de glórias
A sua história
Seja na terra ou no mar
É tão bonito
Tantas vitórias
Na trajetória de uma paixão
Que nos leva ao infinito
É urubu, é, é, de arrasar
Quem vai querer levar olé pode chegar
É urubu, é de arrasar
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DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.16684
2054
Quem vai querer levar olé pode chegar
O meu maior prazer, juro, foi de nascer e ser Flamengo até morrer
O meu maior prazer, juro, foi de nascer e ser Flamengo até morrer
Vamos embora
Oh, oh, oh, oh, oh
Manto sagrado que veste o meu coração
Oh, oh, oh, oh, oh
A minha vida é eu vibrar com o meu mengão, uh, uh, uh
Alô, nação rubro-negra
Aquele abraço
Ó, meu mengão
Eu gosto de você
Eu quero cantar ao mundo inteiro
A alegria de ser rubro-negro
Domingo, eu vou aí Maracanã
Vou torcer pro time que sou fã
Vou levar foguetes e bandeiras
Não vai ser de brincadeira
Ele vai ser campeão
Tum
Essa nação é minha alegria
E não tem jeito
Alô, diretoria
Exigimos respeito
Demorou
Alô, Estação Primeira
Alô, Gaba, aquele abraço, nego velho
TEMA CENTRAL DA AULA: O FLAMENGO, O URUBU E O RACISMO
Pressuposto da aula:
A intenção que temos com esta aula é relacionar o urubu (mascote do Flamengo) com a “identidade” do negro
pobre, ao mesmo tempo em que trazemos um acontecimento envolvendo a ave, num jogo contra o rival, time
do Botafogo. O argumento que defendemos é o de que o urubu, enquanto mascote, é expressão da variação
contínua da experiência de ser rubro-negro.
Na década de 1960, os membros da torcida do Flamengo começaram a ser pejorativamente denominados de
“urubus”. Tal nomeação impositiva se deu pois grande parte da torcida do Mengão era composta por uma
população de negros pobres. A pobreza sempre esteve veiculada, em nosso imaginário, àqueles/as à margem do
acesso aos bens materiais, remetendo-nos à figura de pedintes, que vivem do lixo, das sobras, e não têm
perspectivas. Pela cor da ave e por ela se alimentar do resto ou da carniça dos animais mortos, o
“urubu” se
tornou ícone e símbolo desta grande torcida via associação com o negro pobre. Assim, a identidade com a ave
demarca um signo capaz de gerar uma identificação da comunidade consigo mesma, não somente com o urubu.
No entanto, é importante mencionar que não foi só esta assimilação pura, simples e direta do urubu como
referencial identitário da torcida que prevaleceu. Houve um acontecimento que deu traços novos a tal
significação. Ao final da década de 1960 (mais precisamente em maio de 1969), um torcedor do Flamengo
levou um urubu para o Maracanã, o qual sobrevoou o estádio e caiu ali no gramado, preso a uma flâmula do
clube, bem antes do início do jogo. Esse dramático e significativo acontecimento acabaria passando para a
história do clube (e de sua torcida) como um ato sintomático de uma sorte sem precedentes: nesse dia, o
Flamengo vencera o rival Botafogo por 2 x 1 e quebrara o jejum de nove jogos sem ganhar da equipe de General
Severiano. Dito ocorrido em torno do urubu é central para compreendermos a formação da identidade de uma
torcida a partir de uma espécie de “mito fundador”.
A mascote, então, passa à noção de pertencimento, estando no cruzamento e na mescla dessas duas relações: o
signo do urubu e o acontecimento (como fato) propriamente dito. Dessa forma, vemos expostos, por um lado,
a cópia, o coletivo, o senso comum, o naturalizado, dados pela figura do “urubu”; por outro, vemos expostas a
diferença na repetição, a alteridade, a novidade, a singularidade, marcadas pela capacidade do urubu ser capaz
de produzir acontecimentos múltiplos. A capacidade humana de enredar sortilégios por meio de acontecimentos
ligados aos urubus consiste no ato de diferença, que permite à torcida não se alienar totalmente diante da figura
do urubu, ao mesmo tempo em que abre um horizonte de possibilidades para uma identidade ser construída
coletiva e individualmente. Tudo isso que escrevemos até aqui serve para elucidar duas coisas: 1) o urubu é
signo, sim, do negro pobre que historicamente tem sua relação com a torcida do clube; 2) no entanto, o urubu
também é símbolo de toda uma torcida multicor
–
afinal, “o Flamengo é de todos”!
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A arte como potência pedagógica através da música: Por que o Flamengo também se canta
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O encontro entre o signo do urubu e o acontecimento proporcionado por ele não acabou por produzir uma
essência de urubu “
ad eternum
”, nem uma representação fiel da nação rubro
-negra. Se inicialmente foi possível
ligar a imagem do urubu com a torcida do Flamengo a partir de signos que já estavam sedimentados, o “ato
fundador” narrado abriu uma fenda por onde toda a nação rubro
-negra foi arrastada, uma fenda de perpétua
produção de sentidos múltiplos e singulares acerca do urubu e da própria torcida. Essa fenda é um verdadeiro
vetor de atualização do urubu e da torcida, operando uma variação contínua de sentidos que emergem a cada
ressonância do urubu com sua gigantesca e múltipla torcida.
Se o urubu não diz a coisa em si, ou seja, uma verdadeira essência da torcida, é porque ele diz sobre seus
acontecimentos
–
no sentido deleuzo-guattariano
6
do termo, uma redistribuição dos sentidos da realidade, uma
espécie de inflexão na experiência. Ele nem mesmo é uma coisa, pois é também um “acontecimento”, haja vista
que é experienciado de diversas maneiras ao mesmo tempo, no instante em que cada torcedor se encontra com
ele. Em tal sentido, o “acontecimento urubu” é
impessoal
e
singular
ao mesmo tempo. Explicamos melhor:
impessoal
na medida em que é uma espécie de vetor de diferenciação de sentidos.
Singular
quando é apreendido
do ponto de vista daquele/a
–
torcedor/a
–
que o encontra.
O Urubu é impessoal
–
enquanto expressa uma produção infinita de sentidos. O Urubu é singular
–
quando diz
respeito àquele urubu marcado no corpo do/a torcedor/a através de uma tatuagem, pintado em sua bandeira, ou
estampado na camisa que faz alusão ao clube. O urubu que o torcedor encontra na rua e logo o identifica como
signo do Flamengo, ou o que faz lembrar de si mesmo ao se encontrar com estigmas que atravessam seu corpo.
É o urubu que nos faz experimentar o afeto do intolerável, permitindo jamais naturalizar a pobreza, a
desigualdade, o preconceito, a homofobia, o racismo, que cotidianamente estão na vida de diversas pessoas,
para muito além daqueles que compõem a nação rubro-negra. Mas é também esse mesmo urubu que não nos
reduz aos estigmas e que é expressão da vida de todo o torcedor que faz parte da grande massa rubro-negra. É
o urubu de todos/as aqueles/as que têm o Galinho de Quintino como ídolo maior; que têm no vermelho e no
preto as cores do sagrado; daqueles que dominicalmente, como uma espécie de liturgia com hora e lugar para
acontecer, comemoram o balançar das redes nos estádios onde o Flamengo joga. Em suma: é o urubu que
expressa todo espectro de variação contínua das experiências que nos tornam, cotidianamente, flamenguistas.
Questões norteadoras:
- A música faz alusão ao urubu (mascote do Flamengo). Vocês sabiam que o urubu surgiu como símbolo do
flamenguista por um estigma racista?
- Vocês conseguem perceber que o animal historicamente foi utilizado para estigmatizar as pessoas frente aos
mais diversos preconceitos. Que outros animais são utilizados para fazer menção ao racismo? E aos demais
estigmas?
(Por exemplo, o fascismo tinha a estratégia de negar o rosto dos seus pretensos inimigos: judeus, negros,
homossexuais, deficientes. Er
am denominados como “bacilos”, “bactérias”, “parasitas”, “baratas”, “vírus”,
“micróbios”. Nesse sentido, a biopolítica nazista não foi propriamente uma biopolítica, mas, em sentido
absolutamente literal foi uma zoopolítica
–
expressamente voltada para os animais humanos. Por isso o termo
justo para este massacre
–
em vez de “holocausto” sacramental –
é extermínio: exatamente o que se usa para
insetos, ratos ou pulgas. Afastar os piolhos não é uma questão ideológica, é uma questão de limpeza.
(ESPOSITO, 2017)
- Agora que vocês sabem da história do urubu enquanto mascote do clube, percebemos que o racismo
(infelizmente) não é recente no futebol. Vocês conhecem casos de racismo ligados ao campo esportivo? Se sim,
quais?
- Existem clubes de futebol e instituições que fazem campanhas contra o racismo. Você conhece alguma
campanha ou algum clube/instituição para expor como exemplo aqui em sala?
(Um dos objetivos desta aula é apresentar aos alunos que o futebol não é apenas um momento de lazer ou
entretenimento e sim uma grande arma de combate a diversos preconceitos, porém que muitos usam para
6
A noção de acontecimento que aqui trabalhamos faz parte do pensamento do filósofo francês Gilles Deleuze. Em
seu livro
Lógica do sentido
, Deleuze se dedica fortemente a aproximar o conceito de
acontecimento
com a gênese
do sentido. Já em sua parceria com o psicanalista, também francês, Félix Guattari, principalmente nos livros
O que
é a filosofia?
e
Mil Platôs
, os autores radicalizam a dupla estrutura do acontecimento, demonstrando a potência
paradoxal de tal conceito: a mútua inclusão entre o que há de impessoal no acontecimento e o que há de singular,
ou
hecceidade
, como insistem os autores.
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Fabio ZOBOLI; Matheus Souza dos SANTOS e Elder Silva CORREIA
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disseminar ódio, e é nesse ponto que pretendemos mudar a perspectiva e criar nos alunos uma consciência que
afaste cada vez mais os preconceitos do esporte. Assim podemos propor uma atividade a partir dessa aula, que
seria pesquisar sobre campanhas políticas feitas por times e suas respectivas torcidas no combate ao racismo.
Afinal, existem grandes instituições que fizeram do combate ao racismo seu principal objetivo no esporte;
essa pesquisa permitirá ao aluno abrir o leque de conhecimento sobre seu time e entender que o futebol vai além
das quatro linhas).
-
Nesta aula também podemos apresentar o livro “O
negro no Futebol Brasileiro”, do jornalista
Mario Rodrigues
Filho (2003). Mário Filho é o nome do estádio que popularmente conhecemos como Maracanã.
- Você conhece alguma música que trate sobre a questão do racismo? No campo da música, você conhece algum
grupo que levante a bandeira das questões raciais?
- O futebol, como fenômeno de uma sociedade maior, reflete os mais variados estigmas ligados a um sem-fim
de questões para além do racismo. Você conhece algum outro episódio esportivo que retrate questões de
homofobia, misoginia, ou qualquer outra manifestação de violência direcionadas a grupos identitários?
OBS: No Brasil, a Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, estabelece que as diretrizes e bases da educação
nacional incluam em seu currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade das temáticas que interpelam a
“História e cultura afro
-
brasileira”. Esta lei sugere tratar sobre conteúdos históricos difundidos na educação
brasileira no que tangem à representação de verdade sobre os negros. Dessa forma, a lei se propõe
descolonizadora, na medida em que contribui para borrar as fronteiras da identidade negra fixada no passado
escravocrata, fruto de uma história colonial que se atualiza no cotidiano.
Neste sentido vale mencionar que trabalhar com essa temática a partir da música está em consonância com essa
lei na medida em que a mesma suspende questões importantes para desnaturalizarmos o racismo e sua estrutura.
Questões e temas paralelos:
-
Você conhece o compositor e intérprete dessa música, Alexandre Pires? Vamos buscar outras músicas desse
compositor e conhecer melhor sua história.
-
A música faz menção a “Seja na terra ou no mar” para fazer alusão ao Flamengo
, cuja fundação data 1895
como clube de regatas, ou seja, um clube veiculado à modalidade de remo. Somente em 1912 o Flamengo entra
em campo como time de futebol. Você sabia disso?
-
Por ter sua história veiculada ao remo a primeira mascote que o flamengo teve foi o “Marinheiro Popeye
7
”
por sua persistência de lutar até o final e também pela sua relação com o mar
–
afinal, o Flamengo inicia sua
história como Clube de Regatas.
- Vocês conhecem outros clubes do Rio de Janeiro que têm sua história ligada à modalidade de remo? E seu
time do coração, além do futebol, investe em alguma outra modalidade esportiva? Vamos pesquisar sobre isso?
- Você sabe qual a mascote de seu clube do coração? É um animal também, a exemplo do urubu? Ou é algum
outro ícone? O que ela significa?
Fonte: Elaborado pelos autores
Tabela 2
–
Fichas de didatização de três músicas
FICHA DE DITATIZAÇÃO MÚSICA 02
Música: Flamengo maravilhoso Ano:1996
Estilo musical: Samba
Compositor: André Filho e Luiz Ayrão
Intérprete: Júnior
Mídia: Vídeo, https://www.youtube.com/watch?v=MschM5mCBX4n
LETRA
Vamos fazer desse samba oração
E do clamor dessa massa procissão
Vamos buscar no sonho, na filosofia
Na ciência e na magia
Explicação pra essa religião
Flamengo
Não há palavras com que eu possa definir
7
Popeye é um personagem das estórias em quadrinhos criado pelo cartunista norte-americano Elzie Crisler Seg
em 1929. Ele passa a ser mascote do Flamengo na década de 1940, idealizada pelo chargista argentino Lorenzo
Mollas, quando o Popeye já figurava como animação.
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A arte como potência pedagógica através da música: Por que o Flamengo também se canta
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2057
O que é Flamengo
Não há palavras com que eu possa exprimir
O que é ser Flamengo
A gente só pode sentir
Flamengo da dona de casa
Do povo sofrido, do trabalhador
Flamengo do jovem esperto
Da moça bonita e do meu amor
Flamengo do sul e do norte
De todos os cantos, de toda a nação
Flamengo do asfalto e do morro
De Deus e do povo e do meu coração
Flamengo maravilhoso
Cheio de encantos mil
Flamengo maravilhoso
Campeão do meu Brasil
TEMA CENTRAL DA AULA: FUTEBOL E RELIGIÃO
Pressupostos da aula:
A religião necessita do ser humano e de um ser divino (ou vários) para que possa existir.
O termo religião vem de “Re
-
ligar”, ou seja, nos rituais religiosos acredita
-se que o humano se conecta com a/s
divindade/s via rito. O futebol pode ser visto sob a mesma lógica na medida em que a partida de futebol é o
momento ritualístico que junta a torcida com os seres maiores de um time: os jogadores.
Dois temas que estão ligados em diversas manifestações corporais e ritualísticas por aqueles que fazem parte
deles, com isso buscaremos introduzir nesta aula o debate sobre tais ligações, afinal futebol e religião dialogam
sim!
No seu livro “Homo Ludens”, Jhoan Huizinga
(2019) realiza uma comparação entre o espaço do jogo e o espaço
onde se realizam manifestações religiosas. Para este autor ambos os espaços são sagrados, com regras e limites
a serem seguidos.
Por sua vez, Jostein Gaarder, Victor Hellern e Henri Notaker (2000),
na obra intitulada “O livro das religiões”
,
buscam uma definição para a religião a partir da sua multiplicidade existencial. Eles partem de uma pergunta
central: “O que é religião?”
, p
ara então tensionarem as suas mais variadas manifestações: “É o batismo numa
igreja cristã. É a adoração num templo budista. São os judeus com o rolo da Torá diante do Muro das
Lamentações em Jerusalém. São os peregrinos reunindo-
se diante da Caaba em Meca.”
Questões norteadoras:
- O que futebol e religião têm de semelhanças?
- Qual seu time? Qual sua religião?
- Você traz suas crenças religiosas para o contexto do seu time, por exemplo, quando ele joga? Se sim, explique.
- Como você vive e manifesta sua religião, sua religiosidade? Como você vive o seu time do coração, sua relação
com o torcer?
- Qual paralelo podemos estabelecer entre estádio de futebol e templo religioso?
- Qual paralelo podemos estabelecer entre deus/es e jogadores/ídolos do futebol?
- Estabeleça uma relação do rito do jogo (concentração, escalação, entrada no estádio, primeiro tempo,
intervalo....) com o rito de uma celebração de sua religião (preparação para ir à igreja, entrada na igreja, canto
inicial...)
- A música que trouxemos para o debate cita orações e procissões, como isso pode ser abordado no futebol?
Podemos realizar o paralelo dos hinos dos times e canções de torcidas como orações realizadas no momento
sagrado (o jogo), a procissão associada à ida aos estádios com aqueles que compartilham do mesmo amor pelo
time que você. Assim como a devoção dos clubes a algumas entendidas religiosas, como o flamengo a São
Judas Tadeu, apresentando mais um traço de ligação entre os dois mundos.
- Você conhece questões de intolerância religiosa? De rivalidade entre igrejas e religiões?
- Você conhece manifestações de intolerância entre torcidas e times? De rivalidades entre clubes e torcidas?
- Você tem ou usa algum símbolo ou adereço que faz alusão a seu time (camisa, toalha, pingente...)? Você tem
ou usa algum símbolo ou adereço que faz alusão a sua crença religiosa (pingente, colar, estátua...)? Se sim,
quais?
- Qual é a importância desses símbolos para sua relação e identificação com o divino e com o seu time?
-
Como você vive, sente e manifesta sua relação com seu “time” e com seu/s “deus/ses”?
- Muitos sociólogos e
filósofos costumam afirmar que futebol e religião são o “ópio do povo”. Você sabe o que
significa isso? Comente.
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Questões e temas paralelos:
- Vocês conhecem alguma música do seu time do coração para além do hino?
- Aqui, no contexto local do seu estado, você conhece músicas sobre os times locais?
- Vocês conhecem os compositores da música, André Filho e Luiz Ayrão? Vamos pesquisa e ver se eles têm
outras músicas.
- Você sabia que Júnior, o intérprete da música, foi jogador do Flamengo? Vocês o conhecem? Em que período
jogou? Que títulos conquistou? Jogou em qual posição? Sobre o jogador Júnior sugerimos a crônica “
Laroyê
Júnior, o Exu da Gávea: guardião dos caminhos...
guia para os gols”
que disserta sobre o jogador Júnior
a partir de uma divindade do panteão Iorubá. A crônica está disponível em:
https://ludopedio.org.br/arquibancada/laroye-junior-o-exu-da-gavea-guardiao-dos-caminhos-guia-para-os-
gols/
Fonte: Elaborado pelos autores
Tabela 3
–
Fichas de didatização de três músicas
FICHA DE DITATIZAÇÃO MÚSICA 03
Música: Saudades do galinho Ano:1983
Estilo musical: Samba
Compositor: Moraes de Moreira
Intérprete: Moraes de Moreira
Mídia: Vídeo, https://www.youtube.com/watch?v=2kS0vdVQdQc
LETRA
E agora como é que eu fico
nas tardes de domingo
Sem Zico no Maracanã
Agora como é que eu me vingo
de toda derrota da vida
Se a cada gol do Flamengo
Eu me sentia um vencedor (bis)
Como é que ficamos os meninos, essa nova geração?
Arquibaldo, geraldinos,
como é que fica o povão?
Será que tem outro em Quintino?
Será que tem outro menino?
Vai renascer a paixão ou não?
Falou mais alto o destino
e o galinho vai cantar
láiá laiá
vai cantar noutro terreiro
no coração brasileiro
uma esperança
quem sabe o fim dessa história
não seja o V da vitória
o V da volta, volta
volta galinho
que aqui tem mais
carinho e dengo
vai e volta em paz que o Flamengo
já sabe como esperar
você voltar (bis)
TEMA CENTRAL DA AULA: ÍDOLOS
Pressuposto da aula:
A palavra ídolo tem seu fundamento etimológico no termo grego
eídolon
, que nos remete à concepção de
“duplo”. Ter um ídolo é se duplicar a partir dele, se “com
-fundir
”, ter algo dele duplicado em mim ou comigo:
ter uma camisa do jogador, um pôster, imitar seu corte de cabelo, ter sua estátua em miniatura, dar o mesmo
nome a um filho, dentre outras manifestações ou coisas. Ter um ídolo significa estabelecer uma relação icônica
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com alguém, pois o ícone é um signo que é determinado por seu objeto por compartilhar características dele.
Compartilhar das características do objeto (em nosso caso, o ídolo) significa ter com ele semelhança, ou seja,
qualquer coisa que possa substituir algo com o que se pareça.
Mas, para que um jogador passe a assumir a condição de ídolo ele precisa gerar o desejo de ser imitado, de ser
uma cópia, um modelo a ser reproduzido. Para possuir tal poder é preciso que sua figura humana de jogador
seja c
onsagrada. Isto é, nos rituais “religiosos” do futebol –
jogos/partidas
–
o jogador necessita se tornar uma
espécie de “deus”. Com ou sem a bola nos pés cabe a ele, nos jogos, possuir privilégios e a exclusividade de
certos poderes. “A vitória consagra o v
encedor no sentido pleno do termo. Ela o cinge de auréola com um
prestígio sagrado” (VERNANT, 1990, p.
326). O personagem humano se revela semelhante aos deuses por sua
vitória nos jogos ou por alguma outra consagração. Depois de consagrado os traços ou mesmo um ícone do
ídolo passa(m) também a ser(em) figuras interpostas entre o rosto de um deus e o olhar humano
–
espelho e
reflexo... imagem e semelhança.
A condição humana (ou de semideus) de um ídolo não consente a ele o
status
de imortalidade, pois somente
aos deuses é concebido tal agraciamento. No entanto, as materialidades e imaterialidades feitas e disseminadas
em sua homenagem o manterão vivo para sempre. Para Marc Augé (2005), o monumento, como a etimologia
da palavra o indica, quer-se expressão tangível da permanência ou, pelo menos, da duração. Desta forma, o
monumento inscreve e materializa a presença do que se foi no tempo e o faz sobreviver. É a instauração da
permanência.
Nesta linha argumentativa, retomamos o conceito de ídolo (
eídolon
) que significa o fenômeno mitológico do
duplo
–
da existência dupla, por assim dizer. Os deuses gregos, na tentativa de imortalizar seus filhos
semideuses, criaram a estratégia de produzir seus duplos na dimensão terrena. Deste modo, quando seus filhos
morriam, criavam o
eídolon
deles na tentativa paradoxal de inscrever a ausência na presença (VERNANT,
1990). O eídolon se manifesta em dois planos ao mesmo tempo contrastados: o plano material (
eikón
) e o plano
imaterial (
psyché
); o primeiro reproduz o segundo mediante operações de mímeses.
A primeira manifestação do
eídolon
material foi o
Kolossós
que era anicônica em pedra bruta ou madeira
–
estátua grosseira sem forma humana. Contudo, o
Kolossós
passa por uma mudança na confluência dos séculos
V e VI, influenciado pela teoria da mímesis (imitação) elaborada e sistematizada por Platão. O invisível
sobrenatural torna-se visível através da imagem imitativa (
eikón
). “O morto não é mais evocado pela pedra
bruta, sem inscrição, mas pela beleza visível de
uma forma corporal que a pedra fixa para sempre” (VERNANT,
1990, p. 328). Surge o
eikón.
A pretensão de fazer com que o corpo inalcançável dos seus filhos mortos não desapareça no além-mundo (do
qual fazem parte) fez com que surgisse a necessidade dos deuses de fixá-lo na matéria, de dar-lhes uma forma
visível, de dar-lhes um corpo: o
eídolon
então se fez matéria enquanto ícone (
eikón
). As estátuas, por exemplo,
são monumentos que fixam o ídolo na matéria, materializam seus “monumentais lances” que outrora
, eternizou
em campo.
A
psyché
–
plano imaterial do
eídolon
–
tem associação com as manifestações do duplo através do óneiros
(sonhos), phásma (fantasmas/aparições),
póthos
(personificação do desejo amoroso). A
psyché
“é semelhante
ao ser real a ponto de se confundir com ele; mas conserva a chancela da irrealidade; envolve a ausência na sua
presença” (VERNANT, 1991, p.
33).
Questões norteadoras:
- Qual seu ídolo no futebol?
- Qual você considera o maior ídolo da história do seu time de coração?
- O que significa a palavra ídolo?
- Você tem algum objeto que faça alusão a seu ídolo? Se sim, qual? Quais?
-
O que é um ídolo para você? O que um jogador precisa ter para sair da condição de um “jogador comum” para
o status de “ídolo”?
- Há ídolos que transcendem a filiação com algum time. Por exemplo, jogares como Maradona, Cristiano
Ronaldo e Lionel Messi (para citar só alguns dos mais icônicos) conseguiram ter ídolos que os seguiam para
além do seu time. Vocês conhecem outros ídolos que tem esse status? Vocês têm um ídolo com essas mesmas
características?
- A partir da discussão em sala de aula propomos a possibilidade de uma tarefa. O/A aluno/a pode pesquisar
seus país e avós a fim de descobrir quais foram seus ídolos na juventude. Averiguar se eles chegaram a vivenciar
alguma tendência causada pelos ídolos da época? (Seja um corte de cabelo, uma roupa, algo que marcou a
geração deles e a eles mesmos).
Questões e temas paralelos:
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- Vocês conhecem Moraes Moreira, o grande ícone da música brasileira que é compositor desta música? Vamos
buscar outras músicas desse compositor e conhecer melhor sua história.
- A música faz menção a Quintino, bairro carioca onde Zico nasceu. Quem já foi ao Rio de Janeiro? Vocês
conhecem algum outro bairro da capital carioca?
-
Zico tinha o apelido de “Galo” ou “Galinho”. É muito comum no esporte ter atletas que tem seus apelidos
vinculados a animais. Você conhece algum atleta com apelido de animal? E algum jogador que tenha seu nome
relacionado a algum animal?
Sobre este tema su
gerimos a leitura da crônica “
Jogadores animais do Mengão: galo, biguá, onça, bode,
pavão...
”
,
que apresenta muitos atletas e jogadores que têm seus nomes relacionados a animais. A crônica está
disponível em: https://ludopedio.org.br/arquibancada/jogadores-animais-do-mengao-galo-bigua-onca-bode-
pavao
- Em um trecho da música de Moares Moreira é feita alusão a ARQUIBALDOS e GERALDINOS. Vocês
sabem o que significa isso?
(OBS: Os estádios em épocas passadas tinham uma maior capacidade de comportar torcedores pois havia uma
parte do mesmo
denominada “geral”. Era a parte baixa do estádio próxima ao campo. Havia a vantagem de ficar
na geral pois era muito próximo ao campo de jogo, no entanto, havia a desvantagem de se estar ali, pois era
uma parte plana, sem degraus. Ou seja, era mais difícil a visualização do jogo. Por este motivo, a geral sempre
teve seu ingresso muito reduzido em termos de preço,
e deste modo ficou estigmatizada ao “lugar do pobre”,
vulgo, “os geraldinos”.
Por sua vez,
“os arquibaldos” eram os torcedores que tinham mel
hor condição financeira de comprar ingressos
para ver o jogo da arquibancada. Mesmo sabendo que há uma variação de preços ligados ao lugar que se ocupa
na arquibancada, esses ingressos tinham um preço superior. Por este motivo faz alusão a uma classe mais
elitizada (classes média e alta) que frequentava os estádios. Importante dizer que há variações nesse sentido,
afinal, pode alguma pessoa mais abastada preferir assistir ao jogo da geral, assim como pode uma pessoa de
classe mais baixa utilizar suas economias para ver o jogo da arquibancada.
Acreditamos que debater a história e a evolução dos grandes palcos do futebol apresentariam não só as
mudanças dos esportes, mas a mudança dos meios sociais da população, uma possível crítica social aos altos
valores cobrados nos ingressos e aos planos que dão vantagens para aqueles que possuem maior poder
aquisitivo. Além disso, traria à tona toda a discussão da transformação dos estádios em “arenas” e os processos
de privatização destes espaços.
Fonte: Elaborado pelos autores
Finalizando de “peito de pé” ... ou algumas considerações sobre o potencial pedagógico
música-futebol-educação/Educação Física
Em seu instigante texto “Como criar para si um Corpo
-Sem-
Órgãos”, ao tratarem acerca
das condições de possibilidade e avaliação de experimentações éticas, Deleuze e Guattari
(2012) nos indicam: não busquem interpretar, experimentem. Quando propomos aqui um
diálogo entre arte/música e futebol/Flamengo para a partir disso tecer possibilidades de
experimentações com o futebol no âmbito da prática pedagógica da Educação Física, não se
tratou de modo algum de buscar significados do futebol a partir da música. Por mais que seja
tentador elucidar sentidos e significados do futebol nas letras das músicas que estiveram no
escopo desse trabalho, acreditamos que a potência pedagógica da música no trato com o futebol
não reside neste aspecto.
De modo geral, podemos ser orientados por experimentações pedagógicas guiadas a
partir das finalidades e funções/destinações sociais dadas ao futebol, e nesta lógica estamos
afundados nos contextos de usos sociais; ou por experimentações que operam uma espécie de
suspensão
–
mesmo que momentânea
–
de tais destinações e usos. Acreditamos que a
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 2045-2063, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.16684
2061
didatização das músicas sobre Flamengo/futebol na prática pedagógica da Educação Física
proporciona o segundo modo de experimentação.
A potência pedagógica da música em sua relação com o futebol está em sua veia
experimental, isto é, no modo como a música, a partir de seus
afectos
e
perceptos
, permite uma
exploração das condições da prática do futebol, abrindo novas possibilidades para
experimentações do futebol e maneiras de pensá-lo. Quando propomos didatizações das
músicas como possibilidades para serem trabalhadas no âmbito da Educação Física escolar, não
significou que pretendíamos mostrar que uma aula deveria ser conduzida pelo que já está dado
em determinada música, mas pelo que está a caminho de surgir, de explodir, mediante o
encontro com os corpos dos alunos(as) e seus
afectos
, levando para as aulas condições de
aberturas (como as fendas no guarda-sol dos clichês) e exploração de tais aberturas. Assim, não
excluindo os contextos dos usos e destinações sociais do futebol, mas imergindo naquilo que
os transborda, a música faz emergir novas maneiras de ver, falar e experimentar futebol. Novas
composições e ritmos futebolísticos nos tempos e espaços da Educação Física escolar.
AGRADECIMENTOS
: Este artigo conta com financiamento da Universidade Federal de
Campina Grande (UFCG), estabelecido através de um Doutorado Interinstitucional com a UFS
(DINTER). O texto é fruto de uma pesquisa de Iniciação de Pesquisa financiada pela COPES
com uma bolsa de iniciação para o acadêmico Matheus Souza dos Santos
–
Edital nº. 03/2021
COPES/POSGRAP/UFS.
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Como referenciar este artigo
ZOBOLI, F.; SANTOS, M. S.; CORREIA, E. S. A arte como potência pedagógica através da
música: Porque o Flamengo também se canta.
Revista Ibero-Americana de Estudos em
Educação
, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 2045-2063, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587. DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.16684
Submetido em
: 14/03/2022
Revisões requeridas em
: 25/05/2022
Aprovado em
: 20/06/2022
Publicado em
: 01/07/2022
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
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El arte como potencia pedagógica a través de la música: Por qué lo Flamengo también puedes cantar
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 2053-2072, jul./sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.16684
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EL ARTE COMO POTENCIA PEDAGÓGICA A TRAVÉS DE LA MÚSICA: POR
QUÉ LO FLAMENGO TAMBIÉN PUEDES CANTAR
A ARTE COMO POTÊNCIA PEDAGÓGICA ATRAVÉS DA MÚSICA: PORQUE O
FLAMENGO TAMBÉM SE CANTA
ART AS A PEDAGOGICAL POWER THROUGH MUSIC: FLAMENCO CAN ALSO BE
SUNG
Fabio ZOBOLI
1
Matheus Souza dos SANTOS
2
Elder Silva CORREIA
3
RESUMO
: Este texto propõe uma aproximação entre esporte (Futebol/Flamengo) e arte
(Música). Tal aproximação é feita com a intenção de deslocar o futebol do estatuto dos gestos
técnicos e regras para o campo da arte através da música. O objetivo do escrito é apresentar a
música enquanto artefato cultural de arte como potência educativa. Para tal, catalogamos e
organizamos as músicas que tratam do Flamengo a partir de eixos temáticos a fim de didatizar
as mesmas para tratar de temáticas relativas ao “extracampo do futebol” no contexto das aulas
de Educação Física escolar. Tratou-se de uma pesquisa de cunho qualitativo abordada sob o
viés de um estudo exploratório. Conclui-se que a potência pedagógica da música em sua relação
com o futebol está no modo como a partir de seus
afectos
e perceptos, permite uma exploração
das condições da prática do futebol, abrindo novas possibilidades de experimentá-lo e novas
maneiras de pensá-lo para além de seus usos e destinações sociais.
PALAVRAS-CHAVE
: Arte. Música. Flamengo. Ensino-aprendizagem. Educação física
escolar.
RESUMEN
:Este texto propone una aproximación entre el deporte (Fútbol/Flamengo) y el arte
(Música).
Este acercamiento se hace con la intención de trasladar el fútbol del estatus de
gestos técnicos y reglas al campo del arte a través de la música.
El propósito del escrito es
presentar la música como un artefacto cultural del arte como potencia educativa.
Para ello
catalogamos y organizamos las canciones que tratan del Flamengo a partir de ejes temáticos
con el fin de didactizarlas
para tratar temas relacionados con el “fuera del campo de fútbol”
en el contexto de las clases de Educación Física escolar.
Fue una investigación cualitativa
abordada bajo el sesgo de un estudio exploratorio.
Se concluye que la potencia pedagógica de
la música en su relación con el fútbol está en la forma en que, desde sus afectos y percepciones,
1
Universidad Federal de Sergipe (UFS), São Cristóvão
–
SE
–
Brasil. Profesor del Programa de Posgrado en
Educación (PPGED). Doctorado en Educación (UFBA). ORCID:
https://orcid.org/0000-0001-5520-5773. E-mail:
zobolito@gmail.com
2
Universidad Federal de Sergipe (UFS), São Cristóvão
–
SE
–
Brasil. Estudiante de graduación en Educación
Física (UFS). Becario COPES (UFS). ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4927-8612. E-mail:
matheussds43@gmail.com
3
Facultad del Nordeste de Bahía (FANEB), Coronel João Sá
–
BA
–
Brasil. Profesor del Departamento de
Educación Física (DEF/FANEB). Doctorado en Educación (UFS). ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8403-
2226. E-mail: eldercorreia21@gmail.com
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Fabio ZOBOLI; Matheus Souza dos SANTOS
y
Elder Silva CORREIA
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 2053-2072, jul./sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.16684
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permite explorar las condiciones de la práctica del fútbol, abriendo nuevas posibilidades para
vivirlo y nuevas formas de pensarlo. más allá de sus usos y destinos sociales.
PALABRAS CLAVE
:
Arte. Música. Flamengo. Enseñanza-aprendizaje. Educación física
escolar.
ABSTRACT
: This text proposes an approximation between sport (Soccer/Flamengo) and art
(Music). This approach is made with the intention of moving soccer from the status of technical
gestures and rules to the field of art through music. The purpose of the writing is to present
music as a cultural artifact of art as an educational power. To this end, we catalogued and
organized the songs that deal with Flamengo based on thematic axes in order to educate them
to address topics related to th
e “outfield of soccer” in the context of school Physical Education
classes. This was a qualitative research addressed under the bias of an exploratory study. It is
concluded that the pedagogical power of music in its relationship with soccer lies in the way in
which, based on its affections and perceptions, it allows an exploration of the conditions of
soccer practice, opening new possibilities to experience it and new ways of thinking about it
beyond its uses and social destinations.
KEYWORDS
:
Art. Music. Flamengo. Teaching-learning. School physical education.
Introdução
Puedes racionalizar la pasión y hacer tesis en la pelota,
y observaciones sociológicas sobre la misa o poesía sobre el paso,
pero siempre es pretensión. Es solo camuflaje.
Dentro del analista más teórico y distante y el más adecuado
peaje del especulador hay un niño saltando en las gradas
(VERÍSSIMO, 2010, p. 25).
En un intento de establecer un diálogo entre el fútbol y el arte, esta escritura se guía por
supuestos tejidos por Deleuze y Guattari (2010) en la obra "¿Qué es la filosofía?". En este libro
los autores tratan de responder a la pregunta que le da el título. Para ambos,
“[...]
la filosofía es
el arte de formar, de inventar, de fabricar conceptos [...]" (DELEUZE; GUATTARI, 2010, p.
8). Para la construcción de estos conceptos los autores distinguen tres grandes formas de
pensamiento: el arte, la filosofía y la ciencia. En filosofía, uno piensa a través de conceptos
cuando detiene un plan de inmanencia; en el arte, a través de sensaciones sobre un plan de
composición; en la ciencia, a través de funciones, elaborando un plan de referencia. Es
importante mencionar que para Deleuze y Guattari estas tres formas de pensamiento no tienen
relación jerárquica, son simplemente actividades diferentes, pero cada una de ellas es
igualmente creativa.
Distintamente de la filosofía, la ciencia no opera por conceptos, sino por
funciones
o
proposiciones, en las que las
funciones
son los elementos de las funciones (DELEUZE;
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El arte como potencia pedagógica a través de la música: Por qué lo Flamengo también puedes cantar
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 2053-2072, jul./sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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GUATTARI, 2010). El arte, por otro
lado,
se ocupa de las
percepciones
y
los afectos
, porque
la única definición de arte es la composición. Lo que se conserva en el arte es precisamente el
bloque de sensaciones, o el
compuesto de percepciones
y afectos
(DELEUZE; GUATTARI,
2010). Sin embargo, aquí hay que hacer una distinción entre percepciones y afectos, por un
lado,
y percepciones
y
afectos
, por el otro.
Las
percepciones
ya no son percepciones, son independientes del estado de
quienes las experimentan; los
afectos
ya no son sentimientos o afectos, la
fuerza de quienes son atravesados por ellas se desborda (DELEUZE;
GUATTARI, 2010, p. 193-194).
"Los grandes artistas y escritores también son grandes pensadores, pero piensan
en
términos de
percepciones
y
afectos
. Los pintores piensan con líneas y colores, los músicos
piensan con sonidos, los cineastas con imágenes y los escritores con palabras" (DAMASCENO,
2017, p. 139). "El arte es, de hecho, el dominio por excelencia de la creación, pero el arte crea
bloques de sensaciones y no de conceptos filosóficos" (DAMASCENO, 2017, p. 139).
El verdadero objeto del arte es crear seres sensoriales, agregados sensibles; el
objeto de la filosofía es la creación conceptual. Crear un concepto es tan difícil
como realizar una composición visual, sonora o verbal. Asimismo, nada es tan
grande como dar a luz a una imagen cinematográfica, una pintura o incluso
firmar un concepto (DAMASCENO, 2017, p. 139).
Este texto propone una aproximación entre el fútbol y el arte de la música. La música
construye conceptos sonoros que constituyen categorías ,
estéticas que operan en las
percepciones y afectos
de los oyentes, impulsando una experiencia reflexiva ambivalente y
abierta. Así, presentamos la música como una manifestación sociocultural producida por el
canto, la danza, la gimnasia, el juego, entre otros rituales (SILVA; ZOBOLI, 2014).
Entendemos la música como una coyuntura social que agrega otras prácticas culturales, como
las relacionadas con el cuerpo y que presentan la música condicionada a otros recursos
materiales que trascienden las posibilidades de interacción con la música solo a través de la
escucha. Así, en este artículo la música será mucha tesis desde su influencia movilizadora de
pertenencia, pues la relación "deporte y música" se traerá al estudio desde el fútbol, más
concretamente al Club de Regatas Flamengo. Según Csepregi y Marzano (2012), las canciones,
los himnos, las marchas crean un sentimiento de pertenencia y unidad. Mientras que lo táctil y
lo visible nos unen a nuestro ser individual, lo audible nos involucra y nos conecta con una
comunidad de consonancia.
El alcance de este escrito está vinculado a canciones que conciernen a Flamengo, sin
embargo, no abordaremos canciones de porristas, sino más bien canciones vinculadas al
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Elder Silva CORREIA
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contexto de artistas y cantantes nacionales brasileños que en algún momento hicieron canciones
para este querido club en Brasil
–
“
El más querido
”.
Como menciona Ruy Castro (2001), "un
día en que uno realmente se sumerja en los factores que históricamente han ayudado a
consolidar la integración nacional, Flamengo tendrá que ser incluido". Flamengo es una
asociación deportiva con sede en Río de Janeiro, fundada el 17 de noviembre de 1895.
Inicialmente fue fundado como un club de regatas, solo en 1912 el club comenzó sus actividades
con la modalidad de fútbol (RODRIGUES FILHO, 2014).
Río de Janeiro es su lugar de nacimiento, pero su hogar es Brasil. Su camisa
roja y negra viaja en canoa por los igarapés, galopando por los cojines; camina
por la parte trasera; colorea todas las playas; está en las chozas de los barrios
marginales y áticos tríplex. Sus colores visten famosos y anónimos, bandidos y
víctimas, corruptos y honestos, pobres y grandes, ancianos y niños; lo muy feo
y lo muy bonito (CASTRO, 2001, p. 18-19).
Deleuze y Guattari (2010) utilizan una hermosa imagen del escritor inglés David
Lawrence y describen la forma en que actúa el arte y su poder: los humanos, bajo una sombrilla,
escribir sus convenciones y opiniones, para que caigamos en un círculo vicioso. Este ciclo,
explica Lapoujade (2015), son agencias que nos hacen hablar, ver y actuar, de manera que solo
vemos lo que se habla, y solo hablamos de lo que se ve, actuando desde una especie de
redundancia, o desde los clichés preexistentes, como denuncian Deleuze y Guattari (2010). De
esta manera, los autores franceses argumentan, desde D. H. Lawrence, que los artistas abren
grietas en la sombrilla que cubre las opiniones, rompiéndola para que sea posible pasar un poco
de caos, eliminando "[...] la novedad incomunicada que ya no se veía [...]" (DELEUZE;
GUATTARI, 2010, p. 240), desafiando así cualquier opinión y cliché. Tal movimiento es lo
que pretendemos demostrar al vincular el fútbol y el arte / música.
El diálogo entre deporte (Fútbol/Flamengo) y arte (Música) que tratamos de promover
en este escrito está diseñado con el fin de crear experiencias didácticas en espacios educativos,
es decir, se crea en el plano de la experiencia en lugares que se hacen educación. El lugar de
intervención de este estudio es el campo de la Educación
4
, más concretamente, la educación
física que tiene en la cultura corporal del deporte practica uno de sus campos de actividad. Así,
situándonos en el espacio educativo de la Educación Física, el fútbol (vía Flamengo) y el arte
(vía música) son líneas que atraviesan la experiencia, que atraviesan el espacio de lo vivido.
Estos cruces son percibidos por nosotros y tratados con la intención de trasladar el fútbol
hegemónico al campo del arte a través de la música, una forma de "rasgar la sombrilla" bajo la
4
El estudio de Natero y Giraldello (2020) presenta una recopilación de estudios de tesis y disertaciones que tiene
la música como tema en el campo de la Educación.
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El arte como potencia pedagógica a través de la música: Por qué lo Flamengo también puedes cantar
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que se escriben opiniones y clichés sobre el fútbol. Experimentar otras formas de percibir el
fútbol,
otros afectos
,
no solo los vinculados al estado de los movimientos y reglas técnicas,
buscando
pensar en las percepciones y afectos
que estas canciones provocan al difundirse en el
entorno social, y más específicamente en el campo de la educación, en las prácticas pedagógicas
que tienen lugar en la experiencia que sucede en las clases de educación física.
Este desplazamiento también nos recuerda a analizar el fútbol como obra de arte,
en las
percepciones y afectosc
que se pueden construir y experimentar, en el campo de las prácticas
pedagógicas que suceden en la experiencia educativa. La experiencia y lo vivido se articulan
en las canciones que con sus letras y sonido guardan ,en sí mismas
percepciones y afectos.
De esta manera, si se pretendía un doble movimiento que se puede sintetizar mediante
dos proposiciones que giran en torno a la investigación de la cual este texto es fruto: Primero
fue necesario catalogar y organizar (a partir de ejes temáticos) las canciones nacionales que
traen y tratan sobre Flamengo. El segundo movimiento, realizado tras la selección de las
canciones, fue para indicar algunas posibilidades de pensar en prácticas pedagógicas que nos
permitan construir diferentes afectos, frente a un balón de fútbol retratado en las canciones con
el fin de transponer la rigidez interna de cómo se trabaja esta práctica corporal en las escuelas.
En el campo de la Educación Física, nuestra investigación se justifica en la medida en
que la música encaja en el ámbito de los "lenguajes". El uso de la música en las clases de
Educación Física para pensar sobre diversos temas del fútbol está restringido en las Directrices
Curriculares para la Escuela Secundaria (BRASIL, 2006), porque la Educación Física está
contenida en el área titulada "Lenguajes, Códigos y sus Tecnologías". Del mismo modo, en
BNCC
–
Base Nacional Curricular Común (BRASIL, 2018), el documento curricular más
actual de la educación brasileña, el EF está en el área de "Idiomas" (junto con Lengua
Portuguesa, Arte y Lengua Inglesa).
Además, hay un elemento legal que nos sustenta, la Ley nº. 11.769/2008 de 18 de Agosto
de 2008 (firmado por el entonces presidente Luiz Inácio Lula da Silva), que modifica la Ley.
Nº 9.394/96 y establece a partir de entonces que "la música debe ser un contenido obligatorio,
pero no exclusivo., del componente curricular de este artículo", es decir, la enseñanza del arte
(BRASIL, 2008, § 6).El documento también menciona que la persona responsable del uso de
la música, como contenido pedagógico en las escuelas, no necesariamente tiene que ser un
profesional licenciado en Música.
En el campo del arte como poder educativo, nos basamos en las prerrogativas de
Deleuze y Guattari (2010) que ven en las artes la posibilidad de poner en juego percepciones,
afectos, sensibilidades. Si reconocemos que uno de los objetivos del arte es poner algo en el
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lugar que no se había pensado, es crear sensaciones, sentidos y sensibilidades que potencien la
desnaturalización del mundo dado, entonces el arte funciona como una forma de resignificar lo
naturalizado. Pensar en temas relacionados con el fútbol/Flamengo a través del arte/música es
pensar en el poder de desplazar prácticas y temas sacándolos de su propia inercia, sacándolos
de la materialidad de la presencia del mundo, haciéndolo visible, en lugar de reproducir lo
visible. Por lo tanto, el uso de la música como herramienta educativa puede concebirse como
una experiencia histórica, por lo tanto, política: una experiencia materializada en las formas de
transmisión de significados culturales.
Sobre la justificación de estudiar canciones que traten sobre Flamengo por la, tiene lugar
capacidad del equipo para ser grande en términos de fans y popularidad
5
. Por lo tanto, hay
muchos artefactos culturales de arte vinculados a ella: películas, música, esculturas, crónicas,
poesía, pinturas, entre otros. Maracaná fue y es el estadio de fútbol más grande del mundo: de
las 10 audiencias más grandes de su historia, 7 son partidos de Flamengo y 3 son de la selección
brasileña (CASTRO, 2001).
Otro dato importante vinculado tanto al Flamengo como a la música es que en 1942
Flamengo inauguró los primeros aficionados organizados del fútbol brasileño. Su fundador fue
Jaime Carvalho Chagas. La multitud creada por él estaba compuesta por una banda musical
formada por 25 músicos; más allá de la pequeña banda, la multitud llegó al estadio con banderas
y pancartas. La banda estaba tan desafinada que Ari Barroso, un cronista deportivo flamenco
de Río de Janeiro en ese momento, la llamó Charanga. Jaime, en lugar de ofenderse, adoptó el
nombre. Así aparece en 1942 la "Torcida organizada Charanga".
Por lo tanto, el propósito de este escrito es presentar la música como un artefacto cultural
del arte como un poder educativo. Para lograr el objetivo anunciado, organizamos el texto de
otras tres sesiones además de esta introducción que corta el objeto y presenta algunos conceptos
clave de nuestro estudio. En la segunda parte exponemos la metodología del trabajo, presentar
los instrumentos de recolección de datos y los criterios para la selección de canciones. A
continuación, damos los datos y presentamos tres planes de lecciones (hoja de ruta) basado en
tres de las canciones de nuestro campo empírico con el fin de didatizar contenidos que
conciernen al contexto de las clases escolares de Educación Física.
En la cuarta y última parte
tejemos muy bien nuestras consideraciones finales.
5
Además, por supuesto, de los tres autores son fans de Flamengo.
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2059
Puntuación metodológica... O sobre el ritmo de composición de los datos
Nuestro artículo se basó en una investigación cualitativa. El enfoque cualitativo no
pretende simplemente apropiarse de datos cuantitativos, sino que busca principalmente analizar
elementos presentados en el contexto social, que involucran conceptos, valores y
comportamientos. Esto es lo que se pretende hacer con el levantamiento cuantitativo de las
canciones, para tratar de atribuirles un significado. Según Neves (1996, p. 1), la investigación
cualitativa "tiene como objetivo traducir y expresar el significado de los fenómenos del mundo
social" y decodificar los componentes de un complejo sistema de significados.
En cuanto al tipo, esta es una investigación exploratoria. Según Gil (2017), las
investigaciones exploratorias más comunes son aquellas que pretenden hacer algún tipo de
encuesta, sin embargo, el autor recuerda, en algún momento, la mayoría de las investigaciones
científicas pasan por una etapa exploratoria, ya que el investigador busca familiarizarse con el
fenómeno que pretende estudiar.
Se pretendía con la investigación explorar letras de música nacionasEsque tuvieran una
relación con Flamengo. Esta búsqueda se realizó en cuatro plataformas digitales para almacenar
contenido musical en Internet: el sitio "Discography Brasileira";
Spotify
; el sitio web "IMMuB"
(Instituto Memória Musical Brasileira) y el sitio "letras.mus.br". La búsqueda en estas
plataformas fue a través de los términos clave "Flamengo" y "Mengo". Estos fueron nuestros
principales aportes de información sobre las canciones.
Para la selección de nuestro campo empírico establecimos los siguientes criterios de
corte: canciones instrumentales (sin letra); canciones de porristas; el himno del club; canciones
compuestas de letras que hacen apología a la violencia o que hacen uso de términos
prejuiciosos; parodias (música hecha a partir de la recreación de alguna composición musical
que generalmente altera la letra); y, por supuesto, canciones que se repiten en la búsqueda
dentro del ámbito de las cuatro plataformas digitales.
Intercambio de pases.... O sobre cómo combinar con los datos
La búsqueda en las cuatro plataformas digitales de almacenamiento de contenidos
musicales en Internet ha dado lugar a un gran número de canciones, debido principalmente a la
recurrencia de algunas de ellas. Sin embargo, después del "proceso de tamiz", guiados por
nuestros criterios de corte, alcanzamos un cuantitativo de 60 canciones sobre Flamengo.
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Una primera nota digna de mención es la De que 25 de las 60 canciones son del género
musical de "samba", lo que significa un porcentaje del 41,6% de la muestra total. Para Xavier
(2009), ningún estilo musical se acerca tanto al fútbol como la samba. Para el autor antes
mencionado no se puede negar que la forma brasileña de tocar tiene una conexión directa con
la forma en que se hace samba:
El movimiento de los pies, la ginga, la malicia y sobre todo el placer, la alegría
de quienes entran al campo a sudar su camisa o subir al escenario para marcar
la pauta y reinventarse cada día [...]. Tanto en la samba como en el fútbol, lo
que no falta es la riqueza histórica, en la que caminan ídolos intocables, genios
locos, talentos tempranos, crisis existenciales, clásicos, apropiaciones
indebidas y muertes anunciadas. No hay posibilidad de divorcio entre el género
musical y el deporte vital. Son orgullos nacionales y fenómenos vivos de la
cultura popular que conservan sus misterios y originalidades (XAVIER, 2009,
p. 33).
Además, Flamengo protagonizó en conjunto con el Sambódromo de Río, el Marqués de
Sapucaí varias veces fue la extensión del maracaná. En 1988 la "Unión de la Isla", en honor al
ilustre rojo-negro Ary Barroso, cantó el mengão en la letra de su samba. Debido a su centenario
en 1995, Flamengo fue honrado por la Escuela de Samba "Estácio de Sá" con la trama de samba
"Once Flamengo". En 2014, "Imperatriz Leopoldinense" rindió homenaje a Zico y, por
extensión, cantó flamenco. En 2022 Flamengo regresó con toda su fuerza al sambódromo. Los
"Académicos de Santa Cruz" dieron la bienvenida al Flamengo en honor a uno de sus mayores
admiradores: Milton Gonçalves. "Estácio de Sá" volvió a homenajear a Fla con la trama de
samba: "Serpiente de coral, loro vintén. Vestir de rojo-negro no tiene a nadie".
Después de la recolección y clasificación de las canciones, se colocaron en una mesa
donde se les informó: el título, la letra de la canción, el año de lanzamiento, el compositor y el
intérprete. A partir de esta encuesta y organización catalográfica, las canciones se dividieron en
tres grandes ejes temáticos: 1) "Clube de Regatas do Flamengo"; 2) "Ser retorcido... partidario"
y 3) "Ídolos del club".
El primer eje temático vinculado al "
Clube de Regatas do Flamengo
" trata de
canciones que hablan de la grandeza del Flamengo, su tradición con el fútbol brasileño e
internacional, y el fanatismo y la magia de sus fanáticos haciendo una mezcla donde ídolos,
títulos y fanáticos son aclamados. Además, algunas de estas letras hacen menciones históricas
del club, la mayoría de ellas cantando Flamengo también en su relación original con el remo.
A diferencia de las otras canciones, las que figuran en este eje no suspenden un solo tema para
ser cantado. Este eje temático fue el que más contó canciones, un total de 28, casi la mitad del
total.
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El segundo eje temático de nuestra investigación se refiere a lo que Flamengo tiene más:
sus fans. Por lo tanto, esta categoría se llamó
"Ser retorcido ... fan(a)"
y abraza canciones
donde los compositores tratan con la magia y los sortilegios de los mayores fanáticos del fútbol
en Brasil, fanáticos que le valieron al club el nombre de "el más querido". Pero los fans solo
existen con el personaje fan, y animar es verbo, requiere acción. Por lo tanto, este eje temático
fusiona esta magia de ser retorcido y partidario. Son canciones que narran el amor, la asociación
y el dolor de ser fan de Flamengo. En esta categoría se grabaron 20 canciones.
El tercer y último eje temático
titulado "Ídolos del club"
presenta canciones que
retratan a los ídolos del club aluden a su importancia en la historia del Flamengo. Esta
importancia está relacionada principalmente con la conquista de títulos, pero también con el
estilo y la garra con la que estos personajes siempre se han identificado con la camisa negra
roja. Son canciones que tratan literalmente de la relación del doble (
eidolon
) entre club y
jugador. En muchas de las canciones el ídolo es elevado a la condición de entidad divina.
En
este eje temático se contabilizan un total de 12 canciones.
Tras la organización de las canciones por ejes temáticos, se seleccionó una muestra
equitativa de música de cada uno de los temas con el fin de elaborar planes de trabajo para
llevar estas canciones al contexto de las clases de educación física con el objetivo, para tratar
temas sociales multidisciplinarios
que aborden el fútbol/Flamengo en las clases. Así,
presentamos la didatización de tres canciones: "Ser Flamengo" (Alexandre Pires), "Flamengo
maravilhoso" (André Filho y Luiz Ayrão) y "Saudade do galinho" (Moraes Moreira). Las
canciones forman parte del eje temático "Ser retorcido... fan", "Clube de Regatas do Flamengo"
e "Ídolos do clube", respectivamente. Los temas que abordamos desde las canciones fueron:
"Flamengo, el buitre y el racismo", "Fútbol y religión" e "Ídolos".
Tabla 1
- Hojas de didatización de tres canciones
HOJA DE DICTADO MUSICAL 01
Canción: Ser Flamengo
Ano: 2002
Estilo musical: Pagode
Compositor: Alexandre Pires
Intérprete: Alexandre Pires
Medios: Video, https://www.youtube.com/watch?v=rv9DQJoT8TM
LETRA
Eso es todo, muchachos.
Club de Regatas Flamengo
¡Estoy llegando bien!
¡Oh! Cómo te amo
Estoy orgulloso de ser flamenco
Y en todo el mundo ser parte de esa masa
Sé flamenco
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2062
Es amor en el corazón
Retorcerse con emoción
Para un equipo de carreras
Lleno de glorias
Tu historia
Ya sea en tierra o en el mar
Es tan hermoso
Tantas victorias
En la trayectoria de una pasión
Eso nos lleva al infinito
Es buitre, sí, es para rockear
Quien querrá tomar olé puede llegar
Es buitre, es devastador
Quien querrá tomar olé puede llegar
Mi mayor placer, lo juro, fue nacer y ser flamenco hasta que muriera.
Mi mayor placer, lo juro, fue nacer y ser flamenco hasta que muriera.
Salgamos de aquí.
Oh, oh, oh, oh, oh, oh
Túnica sagrada que lleva mi corazón
Oh, oh, oh, oh, oh, oh
Mi vida es que vibro con mi mengão, uh, uh, uh, uh
Hola, nación rojo-negra
Ese abrazo
Oh, mi mengão
Me gustas
Quiero cantar al mundo entero
La alegría de ser rojo-negro
Domingo, vengo a Maracaná
Voy a apoyar al equipo del que soy aficionado
Voy a tomar cohetes y banderas
No va a ser una broma.
Va a ser campeón
Tum
Esta nación es mi alegría
Y no hay manera
Hola, tablero
Exigimos respeto
Tomó
Hola, Primera Estación
Hola, Gaba, ese abrazo, viejo
TEMA CENTRAL DE LA LECCIÓN: FLAMENGO, O URUBU E O RACISMO
Asunción de clase:
La intención que tenemos con esta clase es relacionar al buitre (mascota flamengo) con la "identidad" del pobre
negro, a la vez que traemos un evento que involucra al pájaro, en un juego contra el equipo rival de botafogo.
El argumento que defendemos es que el buitre, como mascota, es una expresión de la continua variación de la
experiencia de ser rojo-negro. ,
En la década de 1960, los fanáticos del flamengo comenzaron a ser llamados peyorativamente "buitres". Esta
imposición se hizo porque gran parte de la multitud mengão estaba compuesta por una población negra pobre.
La pobreza siempre se ha transmitido, en nuestro imaginario, a quienes están al margen del acceso a los bienes
materiales, remitiéndonos a la figura de los mendigos, que viven de la basura, de las sobras y no tienen
perspectivas. Por el color del ave y por alimentar al resto o al carbón de los animales muertos, el "buitre" se
convirtió en un icono y símbolo de este gran retorcido vía asociación con el pobre negro. Así, la identidad con
el ave demarca un signo capaz de generar una identificación de la comunidad consigo misma, no solo con el
buitre.,
Sin embargo, es importante mencionar que no fue solo esta asimilación pura, simple y directa del buitre como
referencia identitaria de los aficionados lo que prevaleció. Hubo un evento que dio nuevos rasgos a tal
significado. A finales de la década de 1960 (más precisamente en mayo de 1969), un aficionado del Flamengo
llevó un buitre al maracaná, que sobrevoló el estadio y cayó allí sobre el césped, unido a un banderín del club,
mucho antes del inicio del partido. Este dramático y significativo evento eventualmente pasaría a la historia del
club (y sus fanáticos) como un acto sintomático de suerte sin precedentes: ese día, Flamengo había vencido a
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su rival Botafogo 2-1 y rompió el ayuno de nueve juegos sin ganar al equipo del general Severiano. Dicho
ocurrió alrededor del buitre es central para entender la formación de la identidad de un retorcido a partir de una
especie de "mito fundacional".
La mascota, entonces, pasa una noción de pertenencia estando en la intersección y en la mezcla de estas dos
relaciones: el signo del buitre y el evento (como hecho) en sí. Así, vemos expuesta, por un lado, la copia, lo
colectivo, el sentido común, lo naturalizado, dado por la figura del "buitre"; por otro lado, vemos expuesta la
diferencia en repetición, alteridad, novedad, singularidad, marcada por la capacidad del buitre para poder
producir múltiples eventos. La capacidad humana de engendrar sortilegios a través de eventos vinculados a los
buitres consiste en el acto de diferencia, que permite a los aficionados no alienarse completamente frente a la
figura del buitre, al tiempo que abre un horizonte de posibilidades para que se construya una identidad colectiva
e individualmente. Todo esto que hemos escrito hasta ahora sirve para dilucidar dos cosas: 1) el buitre es una
muestra, eso sí, del pobre negro que históricamente tiene su relación con los aficionados del club; 2) sin
embargo, el buitre también es un símbolo de toda una multitud multicolor
–
después de todo, "Flamengo es de
todos"!
El encuentro entre el signo buitre y el evento proporcionado por él no terminó de producir una esencia de
buitre
"ad eternum
", ni una representación fiel de la nación rojinegra. Si inicialmente era posible vincular la imagen
del buitre con los abanicos del fFamengo a partir de signos que ya estaban sedimentados, el "acta fundacional"
narrada abrió una grieta por la que se arrastraba toda la nación rojinegra, una grieta de producción perpetua de
múltiples y singulares sentidos sobre el buitre y la propia multitud. Esta grieta es un verdadero vector de
actualización del buitre y el retorcido, operando una continua variación de significados que emergen con cada
resonancia del buitre con su gigantesca y múltiple torcida.
Si el buitre no dice la cosa en sí, es decir, una verdadera esencia de la multitud, es porque dice sobre sus eventos,
en el sentido deleuzo-guattariano
6
del término, una redistribución de los significados de la realidad, una especie
de inflexión en la experiencia. Ni siquiera es una cosa, porque también es un "evento", ya que se experimenta
de varias maneras al mismo tiempo, en el instante en que cada fan lo conoce. En este sentido, el "evento buitre"
es impersonal
y
singular
al
mismo tiempo. Lo explicamos mejor:
impersonal
en el sentido de que es una especie
de vector de diferenciación de sentidos.
Singular
cuando es aprehendido desde el punto de vista de ese fan, que
lo encuentra.
El buitre es impersonal, mientras expresa una producción infinita de sentidos. El Buitre es único, cuando se
trata de ese buitre marcado en el cuerpo del aficionado a través de un tatuaje, pintado en su bandera o estampado
en la camiseta que alude al club. El buitre que el aficionado encuentra en la calle y luego lo identifica como un
signo de Flamengo, o lo que le recuerda a sí mismo cuando se encuentra con estigmas que atraviesan su cuerpo.
Es el buitre el que nos hace experimentar el afecto de lo intolerable, permitiendo nunca naturalizar la pobreza,
la desigualdad, los prejuicios, la homofobia, el racismo, que son cotidianos en la vida de varias personas, mucho
más allá de las que conforman la nación rojinegra. Pero también es este mismo buitre el que no nos reduce a
estigmas y que es expresión de la vida de todos los aficionados que forman parte de la gran masa rojinegra. Es
el buitre de todos aquellos que tienen al Galinho de Quintino como el mayor ídolo; que tienen en rojo y negro
los colores de lo sagrado; de los que el domingo, como una especie de liturgia con tiempo y lugar por suceder,
celebran el balanceo de las redes en los estadios donde juega flamengo. En una luz: es el buitre el que expresa
todo el espectro de variación continua de las experiencias que nos hacen, a diario, flamenguistas.
Preguntas direccionales:
- La canción alude al buitre (mascota de Flamengo). ¿Sabías que el buitre surgió como símbolo de los flamencos
por un estigma racista?
- Se puede ver que el animal se ha utilizado históricamente para estigmatizar a las personas frente a diversos
prejuicios. ¿Qué otros animales se utilizan para mencionar el racismo? ¿Qué pasa con los otros estigmas?
6
La noción del evento que trabajamos aquí es parte del pensamiento del filósofo francés Gilles Deleuze. En su
libro
Lógica del significado
, Deleuze se dedica fuertemente a abordar el concepto a
de
evento con la génesis del
significado. Ya en su colaboración con el psicoanalista, también francés, Félix Guattari, principalmente en los
libros ¿Qué es la filosofía?
y
Mil mesetas
, los autores radicalizan la doble estructura del evento, demostrando el
poder paradójico de este concepto: la inclusión mutua entre lo impersonal en el evento y lo que es singular,
o
hecceidad
, como insisten los autores.
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(Por ejemplo, el fascismo tenía la estrategia de negar los rostros de sus posibles enemigos: judíos, negros,
homosexuales, personas discapacitadas. Se les llamaba "bacilos", "bacterias", "parásitos", "cucarachas",
"virus", "microbios". En este sentido, la biopolítica nazi no era exactamente una biopolítica, pero en un
sentido absolutamente literal era una zoopolítica, expresamente dirigida a los animales humanos. Así que el
término justo para esta masacre, en lugar de "holocausto" sacramental, es exterminio: exactamente lo que se
usa para insectos, ratas o pulgas. Alejarse de los piojos no es una cuestión ideológica, es una cuestión de
limpieza. (ESPOSITO, 2017) - Ahora que conoces la historia del buitre como mascota del club, nos damos
cuenta de que el racismo (por desgracia) no es reciente en el fútbol. ¿Conoces casos de racismo vinculados al
ámbito deportivo? Si es así, ¿cuáles?
- Hay clubes e instituciones de fútbol que hacen campaña contra el racismo. ¿Conoces alguna campaña o algún
club/institución para poner como ejemplo aquí en clase?
(Uno de los objetivos de esta clase es presentar a los alumnos que el fútbol no es solo un momento de ocio o
entretenimiento, sino una gran arma para combatir diversos prejuicios, pero que muchos utilizan para difundir
el odio, y es en este punto que pretendemos cambiar de perspectiva y crear en los alumnos una conciencia que
cada vez más se aleja de los prejuicios del deporte. Así podemos proponer una actividad de esta clase que sería
investigar sobre las campañas políticas realizadas por los equipos y sus respectivos simpatizantes en la lucha
contra el racismo. Después de todo, hay grandes instituciones que han hecho de la lucha contra el racismo su
principal objetivo en el deporte, esta investigación permitirá al estudiante abrir el abanico de conocimientos
sobre su equipo y comprender que el fútbol va más allá de las cuatro líneas).
- En esta clase también podemos presentar el libro "O negro no Futebol Brasileiro", del periodista Mario
Rodrigues Filho (2003). Mário Filho es el nombre del estadio que popularmente conocemos como Maracaná.
- ¿Conoces alguna música que trate el tema del racismo? En el campo de la música, ¿conoces algún grupo que
levante la bandera de las cuestiones raciales?
- El fútbol, como fenómeno de una sociedad más grande, refleja los más variados estigmas vinculados a una
variedad de cuestiones más allá del racismo. ¿Conoces algún otro episodio deportivo que represente temas de
homofobia, misoginia o cualquier otra manifestación de violencia dirigida a grupos identitarios?
NOTA: En Brasil, la Ley Nº 10.639, de 9 de enero de 2003, establece que los lineamientos y bases de la
educación nacional incluyen en su currículo oficial de la red educativa los temas obligatorios que tienen en
cuenta la "historia y cultura afrobrasileña". Esta ley sugiere tratar los contenidos históricos difundidos en la
educación brasileña con respecto a la representación de la verdad sobre los negros. Así, la ley propone
descolonizar, ya que contribuye a difuminar las fronteras de la identidad negra fijadas en el pasado esclavista,
fruto de una historia colonial que se actualiza en la vida cotidiana.
En este sentido vale la pena mencionar que trabajar con este tema desde la música está en línea con esta ley en
la medida en que suspende temas importantes para desnaturalizar el racismo y su estructura.
Preguntas y temas paralelos:
-
¿Conoces al compositor e intérprete de esta canción, Alexandre Pires? Vamos a conseguir otras canciones de
este compositor y conocer mejor su historia.
- La canción menciona "Ya sea en tierra o en el mar" para aludir al Flamengo cuya fundación data de 1895
como club de regatas, es decir, un club retransmitido, a la modalidad de remo. Solo en 1912 Flamengo entra al
campo como equipo de fútbol. ¿Sabías que?
-
Por ter sua história veiculada ao remo a primeira mascote que o flamengo teve foi o “Marinheiro Popeye
7
”
por sua persistência de lutar até o final e também pela sua relação com o mar
–
afinal, o Flamengo inicia sua
história como Clube de Regatas.
- Vocês conhecem outros clubes do Rio de Janeiro que têm sua história ligada à modalidade de remo? E seu
time do coração, além do futebol, investe em alguma outra modalidade esportiva? Vamos pesquisar sobre isso?
- Você sabe qual a mascote de seu clube do coração? É um animal também, a exemplo do urubu? Ou é algum
outro ícone? O que ela significa?
Fuente: Elaboración
propia
7
Popeye es un personaje de cómic creado por la dibujante estadounidense Elzie Crisler Mon, en 1929. Se convierte
en la mascota del Flamengo en la década de 1940 concebida por el chargista argentino Lorenzo Mollas cuando
Popeye ya era una animación.
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Tabla 2
- Tarjetas didácticas de tres canciones
FICHA DE DITATIZAÇÃO MÚSICA 02
Canción: Flamengo maravilhoso Ano:1996
Estilo musical: Samba
Compositor: André Filho y Luiz Ayrão
Intérprete: Junior
Medios: Video
, https://www.youtube.com/watch?v=MschM5mCBX4n
LETRA
Hagamos esta oración de samba
Y el grito de esta procesión multitudinaria
Miremos en el sueño, en la filosofía
En la ciencia y la magia
Explicación de esta religión
Flamengo
No hay palabras que pueda definir
Qué es
Flamengo
No hay palabras que pueda expresar
Cómo es ser
Flamengo
Solo podemos sentir
Flamengo
del ama de casa
Del pueblo sufriente, del trabajador
Flamengo
del joven inteligente
De la chica hermosa y mi amor
Flamengo
sur y norte
De cada rincón, de cada nación
Flamengo
de asfalto y colina
De Dios y del pueblo y de mi corazón
Flamengo
maravilloso
Lleno de mil encantos
Flamengo
maravilloso
Campeón de mi Brasil
TEMA CENTRAL DE LA LECCIÓN: FÚTBOL Y RELIGIÓN
Suposiciones de la lección:
La religión necesita que el ser humano y un ser divino (o varios) existan.
El término religión proviene de "Reconectar", es decir, en los rituales religiosos se cree que el ser
humano se conecta con la/s divinidad/es a través del rito. El fútbol se puede ver bajo la misma lógica
en la medida en que el partido de fútbol es el momento ritual que une a la multitud con los seres más
grandes de un equipo: los jugadores.
Dos temas que están vinculados en diversas manifestaciones corporales y rituales por quienes forman
parte de ellos, con esto intentaremos introducir en esta clase el debate sobre tales conexiones, después
de todo el diálogo de fútbol y religión ¡sí!
En su libro "Homo Ludens", Jhoan Huizinga (2019) hace una comparación entre el espacio del juego
y el espacio donde tienen lugar las manifestaciones religiosas. Para este autor ambos espacios son
sagrados, con reglas y límites a seguir.
A su vez, Jostein Gaarder, Victor Hellern y Henri Notaker (2000), en la obra titulada "El libro de las
religiones"
,
buscar una definición de religión a partir de su multiplicidad existencial. Parten de una
pregunta central:
“
¿Qué es la religión?"
, para
luego subrayan sus más variadas manifestaciones: "Es
el bautismo en una iglesia cristiana. Es adoración en un templo budista. Son los judíos con el rollo de
la Torá ante el Muro de los Lamentos en Jerusalén. Son los peregrinos reunidos ante la Kaaba en La
Meca".
Preguntas direccionales:
- ¿Qué tienen el fútbol y la religión sobre las similitudes?
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¿Cuál es tu equipo? ¿Cuál es tu religión?
- ¿Llevas tus creencias religiosas al contexto de tu equipo, por ejemplo, cuando juega? Si es así,
explique.
- ¿Cómo vives y manifiestas tu religión, tu religiosidad? ¿Cómo vives tu equipo del corazón, tu
relación con el animar a un equipo?
- ¿Qué paralelismo podemos establecer entre estadio de fútbol y templo religioso?
- ¿Qué paralelismo podemos establecer entre Dios/Es y los futbolistas/ídolos?
- Establecer una relación del rito de juego (concentración, escalada, entrada en el estadio, primera
vez,
intervalo…
) con el rito de una celebración de su religión (preparación para ir a la iglesia, entrada
en la iglesia, esquina inicial...)
- La música que trajimos al debate cita oraciones y procesiones, ¿cómo se puede abordar esto en el
fútbol? Podemos trazar el paralelismo de los himnos del equipo y las canciones de las porristas como
las oraciones realizadas en el momento sagrado (el juego), la procesión asociada con ir a los estadios
con aquellos que comparten el mismo amor por el equipo que tú. Así como la devoción de los clubes
a algunos religiosos entendidos, como el flamenco a San Judas Tadeo, presentando otro rastro de
conexión entre los dos mundos.
- ¿Conoces la intolerancia religiosa? ¿De rivalidad entre iglesias y religiones?
- ¿Conoces manifestaciones de intolerancia entre aficionados y equipos? ¿De rivalidades entre clubes
y aficionados?
- ¿Tienes o utilizas algún símbolo o accesorio que aluda a tu equipo (camiseta, toalla, colgante...)?
¿Tienes o utilizas algún símbolo o accesorio que aluda a tu creencia religiosa (colgante, collar,
estatua...)? Si es así, ¿cuáles?
- ¿Cuál es la importancia de estos símbolos para tu relación e identificación con lo divino y tu equipo?
- ¿Cómo vives, sientes y manifiestas tu relación con tu "equipo" y con tu "dios/ses"?
Muchos sociólogos y filósofos a menudo afirman que el fútbol y la religión son el "opio del pueblo".
¿Sabes lo que eso significa? Comentario.
Preguntas y temas paralelos:
- ¿Conoces alguna música de tu equipo de corazón además del himno?
- Aquí, en el contexto local de tu estado, ¿conoces canciones sobre los equipos locales?
- Conoces a los compositores de música
,
¿André Filho y Luiz Ayrão? Investiguemos y veamos si
tienen otras canciones.
-
¿Sabías que Júnior, el intérprete de la canción era un jugador de flamengo? ¿Lo conoces? ¿En qué
época jugaste? ¿Qué títulos ganaste? ¿En qué posición jugaste? Sobre el jugador junior sugerimos la
crónica ",
Laroyê Júnior, el Exu da Gávea: guardián de los caminos guía hacia las metas" que
...
habla sobre el jugador junior de una deidad del panteón yoruba. La cr[onica está disponible en
:
https://ludopedio.org.br/arquibancada/laroye-junior-o-exu-da-gavea-guardiao-dos-caminhos-guia-para-os-
gols/
Fuente: Elaboración
propia
Tabla 3
- Tarjetas didácticas de tres canciones
ENCHUFE DE DICTADO DE MÚSICA 03
Canción: Saudade do galinho Ano:1983
Estilo musical: Samba
Compositor: Moraes de Moreira
Intérprete: Moraes de Moreira
Medios: Video
, https://www.youtube.com/watch?v=2kS0vdVQdQc
LETRA
Y ahora cómo llego
los domingos por la tarde
Sin Zico en Maracaná
Ahora, ¿cómo me vengo?
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El arte como potencia pedagógica a través de la música: Por qué lo Flamengo también puedes cantar
RIAEE
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 2053-2072, jul./sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.16684
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de toda derrota de la vida
Si cada gol de Flamengo
Me sentí como un ganador (bis)
¿Cómo conseguimos a los chicos, a esta nueva generación?
Archibale, geraldinos,
¿
Cómo se queda la gente?
¿Hay otro en Quintino?
¿Tienes otro chico?
¿Vas a renacer o no?
Habló más fuerte el destino
y el pequeño pollo cantará
laiá laiá
cantará en otro patio
en el corazón brasileño
una esperanza
quién sabe el final de esta historia
no seas la victoria V
girar V, girar
galinho de vuelta
que aquí tiene más
afecto y dengo
de ida y vuelta en paz que Flamengo
ya sabes esperar
vuelves (bis)
TEMA CENTRAL DE LA LECCIÓN: ÍDOLOS
Asunción de clase:
La palabra ídolo tiene su fundamento etimológico en el término griego
eídolon que
, nos remite a la
concepción de "doble". Tener un ídolo es duplicarse de él, si "se fusiona", tener algo de él duplicado
en mí o conmigo: tener la camiseta de un jugador, un cartel, imitar tu corte de pelo, tener tu estatua
en miniatura, darle el mismo nombre a un niño, entre otras manifestaciones o cosas. Tener un ídolo
significa establecer una relación icónica con alguien, porque el icono es un signo que está determinado
por su objeto al compartir características del mismo. Compartir las características del objeto (en
nuestro caso, el ídolo) significa tener similitud con él, es decir, cualquier cosa que pueda sustituir algo
por lo que parece.
Pero para que un jugador asuma la condición de ídolo necesita generar el deseo de ser imitado, de ser
una copia, un modelo a reproducir. Para poseer tal poder es necesario que tu figura humana de jugador
sea consagrada. Es decir, en los rituales "religiosos" del fútbol
–
juegos/partidos
–
el jugador necesita
convertirse en una especie de "dios". Con o sin el balón en los pies le corresponde, en los partidos,
poseer privilegios y la exclusividad de ciertos poderes. "La victoria consagra al ganador en el pleno
sentido del término. Lo siembra con un prestigio sagrado" (VERNANT, 1990, p. 326). El personaje
humano se revela como los dioses por su victoria en los juegos o por alguna otra consagración.
Después de consagrarse las huellas o incluso un icono del ídolo se convierte también (en) figuras
interpuestas entre el rostro de un dios y la mirada humana
–
espejo y reflejo ... imagen y similitud.
La condición humana (o semidiós) de un ídolo no le permite
el
estatus de inmortalidad, porque solo
los dioses se concibe tal gracia. Sin embargo, las materialidades e inmaterialidades hechas y
difundidas en su honor lo mantendrán vivo para siempre. Para Marc Augé (2005), el monumento,
como lo indica la etimología de la palabra, es expresión tangible de permanencia o, al menos,
duración. De esta manera, el monumento inscribe y materializa la presencia de lo que se ha ido en el
tiempo y lo hace sobrevivir. Es el establecimiento de la permanencia.
En esta línea argumentativa, volvemos al concepto de
ídolo (eídolon
) que significa el fenómeno
mitológico del doble
–
de la doble existencia, por así decirlo. Los dioses griegos, en un intento de
inmortalizar a sus hijos semidioses, crearon la estrategia de producir sus dobles en la tercera
dimensión. Así, cuando sus hijos murieron, crearon
su ídolo en
el paradójico intento de inscribir la
ausencia en la presencia (VERNANT, 1990). El eídolon se manifiesta en dos planos a la vez
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Fabio ZOBOLI; Matheus Souza dos SANTOS
y
Elder Silva CORREIA
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contrastados: el plano material (
eikón
) y el plano inmaterial (
psyché
); el primero reproduce el segundo
por medio de operaciones minion.
La primera manifestación
del ídolo material fue
el
Kolossós
que era anicónico en piedra rugosa o
madera, estatua gruesa sin forma humana. Sin embargo,
kolossós sufre
un cambio en la confluencia
de los siglos 5 y 6 influenciado por la teoría de la mímesis (imitación) elaborada y sistematizada por
Platón. Lo sobrenatural invisible se hace visible a través de la imagen imitativa (,
eikón
). "Los muertos
ya no son evocados por la piedra cruda, sin inscripción, sino por la belleza visible de una forma
corporal que la piedra fija para siempre" (VERNANT, 1990, p. 328). Aparece
el eikón.
La pretensión de hacer que el cuerpo inalcanzable de sus hijos muertos no desapareciera en el mundo
más allá (del que forman parte) provocó la necesidad de que los dioses lo fijaran en la materia, de
darles una forma visible, de darles un cuerpo:
el eídolon
se convirtió entonces en materia como un
icono (
eikón
). Las estatuas, por ejemplo, son monumentos que fijan el ídolo en la materia,
materializan sus "lanzamientos monumentales" que una vez eternizados en el campo.
El
psyché
–
plano intangible
del eídolon
–
se asocia con las manifestaciones del doble a través de la
carga (sueños), phásma (fantasmas/apariciones),
póthos
(encarnación del deseo amoroso). El
psyché
"es similar a ser real hasta el punto de confundirse con él; pero conserva el sello de irrealidad; ausencia
en su presencia" (VERNANT, 1991, p. 33).
Cuestiones de política:
- ¿Cuál es tu ídolo futbolístico?
- ¿Cuál consideras el mayor ídolo de la historia de tu equipo en el fondo?
- ¿Qué significa la palabra ídolo?
- ¿Tienes algún objeto que aluda a tu ídolo? Si es así, ¿cuál? ¿Qué?
- ¿Qué es un ídolo para ti? ¿Qué necesita tener un jugador para salir de la condición de un "jugador
ordinario" al estado de "ídolo"?
- Hay ídolos que trascienden la afiliación con algún equipo. Por ejemplo, jugando como Maradona,
Cristiano Ronaldo y Lionel Messi (por nombrar solo algunos de los más icónicos) lograron tener
ídolos que los siguieron más allá de su equipo. ¿Conoces a otros ídolos que tienen este estatus?
¿Tienes un ídolo con estas mismas características?
- Desde la discusión en el aula proponemos la posibilidad de una tarea. El estudiante puede investigar
su país y abuelos para averiguar cuáles eran sus ídolos en su juventud. ¿Averigüe si alguna vez
experimentaron alguna tendencia causada por los ídolos de la época? (Ya sea un corte de pelo, un
atuendo, algo que marcó a su generación y a ellos mismos).
Preguntas y temas paralelos:
- ¿Conoces a Moraes Moreira, el gran ícono de la música brasileña que es el compositor de esta
canción? Vamos a conseguir otras canciones de este compositor y conocer mejor su historia.
- La canción menciona a Quintino, el barrio de Río de Janeiro donde nació Zico. ¿Quién ha estado
alguna vez en Río de Janeiro? ¿Conoces algún otro barrio de la capital de Río?
- Zico tenía el apodo de "Gallo" o "Pollo". Es muy común en el deporte tener atletas que tienen sus
apodos vinculados a los animales. ¿Conoces a algún atleta con un apodo de animal? ¿Qué pasa con
cualquier jugador que tenga tu nombre relacionado con un animal?
Sobre este tema sugerimos leer la crónica "
Jogadores animales de Mengão: gallo, corstill, jaguar,
cabra, pavo real"...
, que presenta a muchos atletas y jugadores que tienen sus nombres relacionados
con los animales. La crónica está disponible en: êhttps://ludopedio.org.br/arquibancada/jogadores-
animais-do-mengao-galo-bigua-onca-bode-pavao
- En un extracto de la música de Moares Moreira se hace alusión a ARQUIBALDOS y
GERALDINOS. ¿Sabes lo que eso significa?
(NOTA: Los estadios en tiempos pasados tenían una mayor capacidad para contemplar a los
aficionados porque había una parte de ella llamada "general". Era la parte baja del estadio cerca del
campo. Existía la ventaja de quedarse en general porque estaba muy cerca del campo de juego, sin
embargo, existía la desventaja de estar ahí, ya que era una parte plana, sin escalones. Es decir, era
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El arte como potencia pedagógica a través de la música: Por qué lo Flamengo también puedes cantar
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más difícil visualizar el juego. Por esta razón, el general siempre ha tenido su entrada muy reducida
en términos de precio y por lo tanto fue estigmatizado al "lugar de los pobres", alias, "los geraldinos".
,
Para su vez, “los archibales" eran los aficionados que tenían mejor condición económica para comprar
entradas para ver el partido desde las gradas. Aun sabiendo que existe una variación de precio ligada
al lugar que ocupa las gradas, estas entradas tenían un precio más elevado. Por esta razón alude a una
clase más elitista (clases medias y altas) que frecuentaba los estadios. Es importante decir que hay
variaciones en este sentido, después de todo, puede que alguna persona más adinerada prefiera ver el
juego desde el general, al igual que una persona de clase baja puede usar sus ahorros para ver el juego
desde las gradas.
Creemos que debatir sobre la historia y evolución de los grandes escenarios del fútbol presentaría no
solo los cambios en el deporte, sino el cambio en las redes sociales de la población, una posible crítica
social a las altas cantidades que se cobran en las entradas y los planes que dan ventajas a quienes
tienen mayor poder adquisitivo. Además, traería a colación toda la discusión sobre la transformación
de los estadios en "arenas" y los procesos de privatización de estos espacios.
Fuente: Elaboración propia
Acabado de "pecho de pie"... o algunas consideraciones sobre el potencial pedagógico
música-fútbol-educación/Educación Física
En su texto instigador "Cómo crear para sí mismos un Cuerpo sin Órganos", al tratar las
condiciones de posibilidad y evaluación de los experimentos éticos, Deleuze y Guattari (2012)
nos indican: no busquen interpretar, experimentar. Cuando proponemos aquí un diálogo entre
arte/música y fútbol/Flamengo para tejer posibilidades de experimentación con el fútbol en el
contexto de la práctica pedagógica de la Educación Física, no fue de ninguna manera de buscar
significados del fútbol a partir de la música. Tan tentador como es dilucidar los significados y
significados del fútbol en las letras de las canciones que
estuvieron en el ámbito de este trabajo,
creemos que el poder pedagógico de la música para tratar con el fútbol no reside en este aspecto.
En general, podemos guiarnos por experimentaciones pedagógicas basadas en los
propósitos y funciones/asignaciones sociales dadas al fútbol, y en esta lógica estamos hundidos
en los contextos de usos sociales; o por experimentos que operan una especie de suspensión,
aunque sea momentánea
–
de tales destinos y usos. Creemos que la didatización de las canciones
sobre Flamengo/fútbol en la práctica pedagógica de la Educación Física proporciona el segundo
modo de experimentación.
El poder pedagógico de la música en su relación con el fútbol está en su vena
experimental, es decir, en la forma en que
la música, desde
sus afectos y percepciones
, permite
una exploración de las condiciones de la práctica del fútbol, abriendo nuevas posibilidades para
las experimentaciones futbolísticas y las formas de pensar sobre ella. Cuando proponemos
didácticas de las canciones como posibilidades a trabajar en el ámbito de la Educación Física
escolar, no significaba que pretendíamos mostrar que una clase debía ser conducida por lo que
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Fabio ZOBOLI; Matheus Souza dos SANTOS
y
Elder Silva CORREIA
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ya está dado en una determinada canción, sino por lo que está en camino de emerger, de
explotar, a través del encuentro con los
cuerpos de los estudiantes y sus afectos
, tomando a las
clases condiciones de apertura (como las grietas en la sombrilla de los clichés) y explorando
tales aperturas. Así, no excluyendo los contextos de los usos sociales y destinos del fútbol, sino
sumergiéndose en lo que los desborda, la música trae consigo nuevas formas de ver, hablar y
experimentar el fútbol. Nuevas composiciones y ritmos futbolísticos en los tiempos y espacios
de la Educación Física escolar.
GRACIAS
: Este artículo cuenta con financiamiento de la Universidad Federal de Campina
Grande (UFCG), establecida a través de un Doctorado Interinstitucional con UFS (DINTER).
El texto de los resultados de una investigación de iniciación a la investigación financiada por
COPES con una beca de iniciación para el académico Matheus Souza dos Santos - Aviso no.
03/2021 COPES/POSGRAP/UFS.
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El arte como potencia pedagógica a través de la música: Por qué lo Flamengo también puedes cantar
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Fabio ZOBOLI; Matheus Souza dos SANTOS
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Elder Silva CORREIA
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Cómo hacer referencia a este artículo
ZOBOLI, F.; SANTOS, M. S.; CORREIA, E. S. El arte como potencia pedagógica a través de
la música: Por qué lo Flamengo también puedes cantar.
Revista Ibero-Americana de Estudos
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https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.16684
Enviado en
:
14/03/2022
Revisiones requeridas en
: 25/05/2022
Aprobado en
: 20/06/2022
Publicado en
: 01/07/2022
Procesamiento y edición: Editora Ibero-Americana de Educação.
Corrección, formateo, normalización y traducción.
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Art as a pedagogical power through music: Flamenco can also be sung
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 2043-2061, July/Sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.16684
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ART AS A PEDAGOGICAL POWER THROUGH MUSIC: FLAMENCO CAN ALSO
BE SUNG
A ARTE COMO POTÊNCIA PEDAGÓGICA ATRAVÉS DA MÚSICA: PORQUE O
FLAMENGO TAMBÉM SE CANTA
EL ARTE COMO POTENCIA PEDAGÓGICA A TRAVÉS DE LA MÚSICA: POR QUÉ
LO FLAMENGO TAMBIÉN PUEDES CANTAR
Fabio ZOBOLI
1
Matheus Souza dos SANTOS
2
Elder Silva CORREIA
3
ABSTRACT
: This text proposes an approximation between sport (Soccer/Flamengo) and art
(Music). This approach is made with the intention of moving soccer from the status of
technical gestures and rules to the field of art through music. The purpose of the writing is to
present music as a cultural artifact of art as an educational power. To this end, we catalogued
and organized the songs that deal with Flamengo based on thematic axes in order to educate
them to address topics related to the “outfield of soccer” in th
e context of school Physical
Education classes. This was a qualitative research addressed under the bias of an exploratory
study. It is concluded that the pedagogical power of music in its relationship with soccer lies
in the way in which, based on its affections and perceptions, it allows an exploration of the
conditions of soccer practice, opening new possibilities to experience it and new ways of
thinking about it beyond its uses and social destinations.
KEYWORDS
:
Art. Music. Flamengo. Teaching-learning. School physical education.
RESUMO
: Este texto propõe uma aproximação entre esporte (Futebol/Flamengo) e arte
(Música). Tal aproximação é feita com a intenção de deslocar o futebol do estatuto dos gestos
técnicos e regras para o campo da arte através da música. O objetivo do escrito é apresentar
a música enquanto artefato cultural de arte como potência educativa. Para tal, catalogamos
e organizamos as músicas que tratam do Flamengo a partir de eixos temáticos a fim de
didatizar as mesmas para
tratar de temáticas relativas ao “extracampo do futebol” no
contexto das aulas de Educação Física escolar. Tratou-se de uma pesquisa de cunho
qualitativo abordada sob o viés de um estudo exploratório. Conclui-se que a potência
pedagógica da música em sua relação com o futebol está no modo como a partir de seus
afectos e perceptos, permite uma exploração das condições da prática do futebol, abrindo
1
Federal University of Sergipe (UFS), São Cristóvão
–
SE
–
Brazil. Professor of the Post-graduation Program in
Education (PPGED). Doctorate in Education (UFBA). ORCID:https://orcid.org/0000-0001-5520-5773. E-mail:
zobolito@gmail.com
2
Federal University of Sergipe (UFS), São Cristóvão
–
SE
–
Brazil. Graduating in Physical Education (UFS).
COPES broker (UFS). ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4927-8612.E-mail: matheussds43@gmail.com
3
Northeastern Bahia College (FANEB), Coronel João Sá
–
BA
–
Brazil. Professor of the Department of Physical
Education (DEF/FANEB). Doctorate in Education (UFS). ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8403-2226. E-
mail: eldercorreia21@gmail.com
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Fabio ZOBOLI; Matheus Souza dos SANTOS and Elder Silva CORREIA
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 2043-2061, July/Sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.16684
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novas possibilidades de experimentá-lo e novas maneiras de pensá-lo para além de seus usos
e destinações sociais.
PALAVRAS-CHAVE
: Arte. Música. Flamengo. Ensino-aprendizagem. Educação física
escolar.
RESUMEN
:Este texto propone una aproximación entre el deporte (Fútbol/Flamengo) y el
arte (Música).
Este acercamiento se hace con la intención de trasladar el fútbol del estatus
de gestos técnicos y reglas al campo del arte a través de la música.
El propósito del escrito
es presentar la música como un artefacto cultural del arte como potencia educativa.
Para ello
catalogamos y organizamos las canciones que tratan del Flamengo a partir de ejes temáticos
con el fin de didactizarlas para tratar temas relacionados con el “fuera del campo de fútbol”
en el contexto de las clases de Educación Física escolar.
Fue una investigación cualitativa
abordada bajo el sesgo de un estudio exploratorio.
Se concluye que la potencia pedagógica
de la música en su relación con el fútbol está en la forma en que, desde sus afectos y
percepciones, permite explorar las condiciones de la práctica del fútbol, abriendo nuevas
posibilidades para vivirlo y nuevas formas de pensarlo. más allá de sus usos y destinos
sociales.
PALABRAS CLAVE
:
Arte. Música. Flamengo. Enseñanza-aprendizaje. Educación física
escolar.
Introduction
You can rationalize passion, and make theses about the ball,
and sociological observations about the mass or poetry about the pass,
but it is always pretense. It's just camouflage.
Inside the most theoretical and distant analyst and the most suit-wearing
there is a little boy jumping on the bleachers
(VERÍSSIMO, 2010, p. 25)
.
In an attempt to establish a dialogue between soccer and art, this writing is oriented
from assumptions woven by Deleuze and Guattari (2010) in the work "What is philosophy?".
In this book the authors try to answer the question that gives it its title. For both, "[...]
philosophy is the art of forming, inventing, fabricating concepts [...]" (DELEUZE;
GUATTARI, 2010, p. 8). For the construction of these concepts, the authors distinguish three
major forms of thought: art, philosophy and science. In philosophy, one thinks through
concepts by tracing a plane of immanence; in art, through sensations on a plane of
composition; in science, through functions, tracing a plane of reference. It is important to
mention that for Deleuze and Guattari these three forms of thinking have no hierarchical
relationship, they are simply different activities, but each of them is equally creative.
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Art as a pedagogical power through music: Flamenco can also be sung
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 2043-2061, July/Sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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Unlike philosophy, science does not operate by concepts, but by functions or
propositions, in which functives are the elements of functions (DELEUZE; GUATTARI,
2010). Art, on the other hand, deals with percepts and affections, since the only definition of
art is composition. What is preserved in art is precisely the block of sensations, or the
compound of percepts and affects (DELEUZE; GUATTARI, 2010). However, here a
distinction must be made between perceptions and affections, on the one hand, and percepts
and affections, on the other.
The percepts are no longer perceptions, they are independent of the state of
those who experience them; the affections are no longer feelings or
affections, they overflow the strength of those who are traversed by them
(DELEUZE; GUATTARI, 2010, p. 193-194).
“
Great artists and writers are also great thinkers, but they think in terms of percepts
and affects. Painters think with lines and colors, musicians think with sounds, filmmakers
with images, and writers with words" (DAMASCENO, 2017, p. 139). "Art is indeed from the
domain par excellence of creation, but art creates blocks of sensations, not philosophical
concepts
” (DAM
ASCENO, 2017, p. 139).
The true object of art is to create beings of sensation, sensitive aggregates; the
object of philosophy is conceptual creation. Creating a concept is as difficult
as realizing a visual, sound or verbal composition. Likewise, nothing is as
grand as giving birth to a cinematographic image, a painting, or even signing a
concept (DAMASCENO, 2017, p. 139).
This text proposes an approximation between soccer and the art of music. Music
constructs sound-concepts, which constitute aesthetic categories that operate on listeners'
perceptions and affections, propelling an ambivalent and open reflexive experience. In this
way, we present music as a sociocultural manifestation produced by singing, dancing,
gymnastics, and playing, among other rituals (SILVA; ZOBOLI, 2014). We understand music
as a social conjuncture that aggregates other cultural practices, such as those related to the
body and that present music conditioned to other material resources that transcend the
possibilities of interaction with music only through listening. Thus, in this article, music will
be dissected very much from its mobilizing influence on belonging, since the relationship
"sports and music" will be brought into the study from soccer, more specifically from Clube
de Regatas do Flamengo. According to Csepregie Marzano (2012), songs, anthems, marches
create a feeling of belonging and unity. While the tactile and the visible bind us to our
individual being, the audible involves us and binds us to a community of consonance.
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Fabio ZOBOLI; Matheus Souza dos SANTOS and Elder Silva CORREIA
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 2043-2061, July/Sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.16684
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The scope of this writing is linked to songs about Flamengo, however, we will not
address songs from fans, but songs linked to the context of Brazilian national interpreters and
singers who at some point made songs about this beloved club in Brazil - "O mais querido"
(The most beloved). As Ruy Castro (2001) mentions, "one day when we really delve into the
factors that historically helped consolidate national integration, Flamengo will have to be
included. Flamengo is a sports association based in Rio de Janeiro, founded on November 17,
1895. Initially founded as a regatta club, only in 1912 did the club start its activities with
soccer (RODRIGUES FILHO, 2014).
Rio de Janeiro is its birthplace, but its home is Brazil. Its red and black shirt
travels by canoe through the streams, gallops through the flatlands; it walks
through the backlands; it colors all the beaches; it is in the shacks of the
favelas and in the triplex penthouses. Its colors dress the famous and the
anonymous, the bandits and the victims, the corrupt and the honest, the poor
and the rich, the old and the children, the very ugly and the very beautiful
(CASTRO, 2001, p. 18-19).
Deleuze and Guattari (2010) use a beautiful image of the English writer David
Lawrence and describe the mode of action of art and its potency: humans, under a parasol,
write their conventions and opinions, so that we fall into a vicious cycle. Such a cycle,
Lapoujade (2015) explains, are agenciements that make us speak, see, and act, so that we only
see of what is spoken, and only speak of what is seen, acting from a kind of redundancy, or
the preexisting clichés, as Deleuze and Guattari (2010) denounced. In this way, the French
authors argue, based on D. H. Lawrence, that artists open cracks in the umbrella that covers
opinions, tearing it so that it is possible to pass some chaos, restoring "[...] the
incommunicable novelty that could no longer be seen [...]" (DELEUZE; GUATTARI, 2010,
p. 240), thus challenging any opinion and cliché. Such movement is what we intend to
demonstrate by linking soccer and art/music.
The dialogue between sports (Soccer/Flamengo) and art (Music) that we try to
promote in this writing is thought in order to create didactic experiences in educational
spaces, that is, it is created at the level of experience in places that make education. The place
of speech of this study is the field of Education
4
, more specifically Physical Education, which
has in the body culture of sportive practices one of its fields of action. Thus, placing ourselves
in the educational space of Physical Education, soccer (via Flamengo) and art (via music) are
lines that cross the experience, that cross the space of what is lived. These crossings are
4
The study by Natero and Giraldello (2020) presents a compilation of studies of theses and dissertations that
have music as a theme in Education.
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Art as a pedagogical power through music: Flamenco can also be sung
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 2043-2061, July/Sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.16684
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perceived by us and treated with the intention of dislocating hegemonic soccer to the field of
art through music, a way of "tearing the umbrella" under which opinions and clichés about
soccer are written. To try other ways of perceiving soccer, other affections, not only those
linked to the status of technical movements and rules, trying to think about the perceptions
and affections that these songs provoke when disseminated in the social environment, and
more specifically in the field of education, in the pedagogical practices that take place in the
experience that happens in the classes of Physical Education.
This displacement also leads us to analyze soccer as a work of art, in the perceptions
and affections that can be built and experienced, in the field of pedagogical practices that take
place in the educational experience. The experience and the lived are articulated in the songs,
which, with their lyrics and sound, preserve in themselves perceptions and affections.
In this way, a double movement was intended that can be synthesized by means of two
propositions that revolve around the research from which this text is a result: First it was
necessary to catalog and organize (from thematic axes) the national songs that bring and deal
with Flamengo. The second movement, done after the selection of the songs, was to indicate
some possibilities of thinking in pedagogical practices that allow the construction of different
affections, in the face of a soccer portrayed in the songs, in order to transpose the internal
rigidity of how this corporal practice is worked in schools.
In the scope of Physical Education, our research is justified insofar as music fits in the
scope of "languages". The use of music in Physical Education classes to think about several
themes based on soccer finds resonance in the Curricular Guidelines for Secondary Education
(BRAZIL, 2006), since Physical Education is contained in the area entitled "Languages,
Codes and their Technologies". Similarly, in the BNCC - Common National Curricular Base
(BRAZIL, 2018), the most current curriculum document of Brazilian education, PE is in the
area of "Languages" (along with Portuguese Language, Art, and English Language).
In addition there is a legal element that gives us support, Law no. 11.769/2008 of
August 18, 2008 (signed by then president Luiz Inácio Lula da Silva), which amends Law no.
9.394/96 and establishes from then on that "Music shall be mandatory content, but not
exclusive, of the curricular component dealt with in § 2o of this article," that is, the teaching
of art (BRAZIL, 2008, § 6). The document also mentions that the person responsible for the
use of music as pedagogical content in schools does not necessarily need to be a professional
with a degree in music.
In the scope of art as an educational power, we rely on the prerogatives of Deleuze and
Guattari (2010), who see in the arts the possibility of putting into play perceptions, affections,
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Fabio ZOBOLI; Matheus Souza dos SANTOS and Elder Silva CORREIA
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sensibilities. If we recognize that one of the goals of art is to put something in a place that had
not been thought of, is to create sensations, senses, and sensibilities that enhance the
denaturalization of the given world, then art works as a way to re-signify what is naturalized.
To think about soccer/Flamengo issues via art/music is to think about the power of dislocating
practices and themes by removing them from their own inertia, removing them from the
materiality of the world's presence, making it visible, instead of reproducing the visible.
Therefore, the use of songs as an educational tool can be conceived as a historical experience,
therefore political: an experience materialized in the forms of transmission of cultural
meanings.
About the justification of studying songs about Flamengo, it is due to the team's
capacity to be great in terms of fans and popularity. Therefore, there are many art cultural
artifacts connected to it: films, music, sculptures, chronicles, poetry, paintings, among others.
The Maracanã was and is the largest soccer stadium in the world: of the 10 largest audiences
in its history, 7 were for Flamengo games and 3 for the Brazilian national team (CASTRO,
2001).
Another important fact linked both to Flamengo and music is that in 1942 Flamengo
inaugurated the first organized fan club in Brazilian soccer. Its founder was Jaime Carvalho
Chagas. The group created by him was composed of a musical band formed by 25 musicians;
besides the band, the fans came to the stadium with flags and banners. The band was so out of
tune that Ari Barroso - a Flamenguista sports chronicler from Rio de Janeiro at the time -
baptized it as Charanga. Jaime, instead of being offended, adopted the name. Thus, in 1942,
the "Torcida organizada Charanga" was born.
Thus, the objective of this paper is to present music as a cultural artifact as an
educational power. To achieve the announced goal, we have organized the text based on three
other sections besides this introduction that cuts the object and presents some key concepts of
our study. In the second part we expose the methodology of the work, presenting the
instruments for data collection and the criteria for the selection of songs. In the sequence we
dissect the data and present three lesson plans (script) based on three of the songs of our
empirical field in order to teach contents that touch the context of the school Physical
Education classes. In the fourth and last part, we make our final remarks.
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Art as a pedagogical power through music: Flamenco can also be sung
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Methodological score... Or on the rhythm of data composition
Our article was based on a qualitative research. The qualitative approach does not
intend to simply appropriate quantitative data, but mainly to analyze elements presented in the
social context, which involve concepts, values and behaviors. This is what is intended to be
done with the quantitative survey of songs, to try to give them a meaning. According to Neves
(1996, p.1), qualitative research "aims to translate and express the meaning of the phenomena
of the social world" and decode the components of a complex system of meanings.
Regarding the type, this is an exploratory research. According to Gil (2017), the most
common exploratory research are those that intend to make some kind of survey, however, the
author reminds us, at some point, most scientific research goes through an exploratory stage,
since the researcher seeks to become familiar with the phenomenon he intends to study.
The research intended to explore lyrics of national songs that were related to
Flamengo. This search was made in four digital platforms for storing musical content on the
internet: the site "Discografia Brasileira"; Spotify; the site "IMMuB" (Brazilian Musical
Memory Institute) and the site "letras.mus.br". The search on these platforms was done
through the key words "Flamengo" and "Mengo". These were our main sources of
information about the songs.
For the selection of our empirical field we established the following cut criteria:
instrumental songs (without lyrics); fan songs; the club anthem; songs composed by lyrics
that make apology for violence or use prejudiced terms; parodies (music made from the
recreation of some musical composition usually changing the lyrics); and, of course, songs
that are repeated in the search within the scope of the four digital platforms.
Passing the ball.... Or on the ways to compose with data
The search on the four digital platforms that store musical content on the internet
resulted in a very large number of songs, mainly because of the recurrence of some of them.
However, after the "sifting process", guided by our cutting criteria, we reached a quantitative
of 60 songs about Flamengo.
A first data that deserves to be highlighted is that 25 of the 60 songs are from the
musical genre of "samba" - this means a percentage of 41.6% of the total sample. For Xavier
(2009), no other musical style is closer to soccer than samba. For the mentioned author there
is no denying that the Brazilian way of playing soccer is directly linked to the way samba is
played:
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The movement of the feet, the ginga, the malícia, and especially the pleasure,
the joy of those who enter the field to sweat their shirts off or go on stage to
set the tone and reinvent themselves every day [...]. Both in samba and in
soccer there is no lack of historical richness, in which untouchable idols,
crazy geniuses, precocious talents, existential crises, classics,
misappropriations, and announced deaths walk by. There is no possibility of
divorce between the musical genre and the vital sport. They are national
prides and living phenomena of popular culture that preserve their mysteries
and originalities (XAVIER, 2009, p. 33).
In addition, Flamengo played a major role in conjunctions with the Rio de Janeiro
sambodrome, and the Marquês da Sapucaí was an extension of the Maracanã Stadium several
times. In 1988, the "União da Ilha" (Union of the Island), in honor of the illustrious red-black
Ary Barroso, sang the
mengão
in the lyrics of its samba. On the occasion of its centennial in
1995, Flamengo was honored by the Estácio de Sá Samba School with the theme samba
"Once upon a time Flamengo". In the year 2014 the "Imperatriz Leopoldinense" paid tribute
to Zico and, by extension, sang Flamengo. In 2022, Flamengo returned with full force to the
Sambadrome. Acadêmicos de Santa Cruz" saluted Flamengo in honor of one of its greatest
supporters: Milton Gonçalves. Estácio de Sá" again paid tribute to Fla with the theme samba:
"Cobra coral, parrot-vintém. There's no one to wear red-black".
After collecting and sorting the songs they were put into a table where the title, the
lyrics, the year of release, the composer and the interpreter were informed. From this survey
and catalographic organization, the songs were allocated into three major thematic axes: 1)
"Clube de Regatas do Flamengo"; 2) "Ser torcida... torcedor(a)" and 3) "Ídolos do clube".
The first thematic axis linked to "Clube de Regatas do Flamengo" deals with songs
that talk about the greatness of Flamengo, its tradition in Brazilian and international soccer,
and the fanaticism and magic of its fans, mixing idols, titles and fans. Besides, some of these
lyrics make historical mentions to the club, most of them singing Flamengo also in its original
relationship with rowing. Different from the other songs, the ones listed in this axis do not
suspend a single theme to be sung. This thematic axis was the one that counted the most
songs, a total of 28 - almost half of the total.
The second thematic axis of our research concerns what Flamengo has as the greatest:
its fans. So this category was named "Being a fan... fan" and includes songs where the
composers deal with the magic and the magic of the biggest soccer fans in Brazil, fans that
gave the club the name of "the dearest". But the crowd only exists with the character
"torcedor", and to cheer is a verb, it requires action. In this way, this thematic axis mixes the
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Art as a pedagogical power through music: Flamenco can also be sung
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magic of being a fan and a supporter. These are songs that narrate the love, the partnership
and the pain of being a Flamengo fan. In this category 20 songs were registered.
The third and last thematic axis entitled "Club idols" presents songs that portray the
idols of the club alluding to their importance in the history of Flamengo. This importance is
related mainly to the conquest of titles, but also to the pride and strength with which these
characters have always identified themselves with the Rubro Negro jersey. These are songs
that literally deal with the relationship of the double (eidolon) between club and player. In
many of the songs the idol is elevated to the condition of a divine entity. In this thematic axis
a total of 12 songs were counted.
After the organization of the songs by thematic axis, an equitable sampling of songs of
each one of the themes was selected in order to elaborate work plans with the purpose of
taking these songs to the context of Physical Education classes, to deal with multidisciplinary
social themes that approach soccer/Flamengo in the classes. Thus, we present the didactics of
three songs: "Ser Flamengo" (Alexandre Pires), "Flamengo maravilhoso" (André Filho and
Luiz Ayrão) and "Saudades do galinho" (Moraes Moreira). The songs are part of the thematic
axis "Ser torcida... torcedor(a)", "Clube de Regatas do Flamengo" and "Ídolos do clube",
respectively. The themes that we approached from the songs were: "O Flamengo, o urubu e o
racismo", "Futebol e religião" and "Ídolos
”.
Table 1
–
Didactic sheets for three songs
DIDACTIC SHEET SONG 01
Song: Ser Flamengo
Year: 2002
Musical genre: Pagode
Sonwriter: Alexandre Pires
Singer: Alexandre Pires
Media: Vídeo, https://www.youtube.com/watch?v=rv9DQJoT8TM
LYRICS
É isso aí, rapaziada
Clube de Regatas Flamengo
Tô chegando bem!
Ah! Como eu te amo
Eu me orgulho de ser Flamengo
E no mundo inteiro fazer parte dessa massa
Ser Flamengo
É o amor no coração
Torcer com emoção
Por um time de raça
Cheia de glórias
A sua história
Seja na terra ou no mar
É tão bonito
Tantas vitórias
Na trajetória de uma paixão
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Que nos leva ao infinito
É urubu, é, é, de arrasar
Quem vai querer levar olé pode chegar
É urubu, é de arrasar
Quem vai querer levar olé pode chegar
O meu maior prazer, juro, foi de nascer e ser Flamengo até morrer
O meu maior prazer, juro, foi de nascer e ser Flamengo até morrer
Vamos embora
Oh, oh, oh, oh, oh
Manto sagrado que veste o meu coração
Oh, oh, oh, oh, oh
A minha vida é eu vibrar com o meu mengão, uh, uh, uh
Alô, nação rubro-negra
Aquele abraço
Ó, meu mengão
Eu gosto de você
Eu quero cantar ao mundo inteiro
A alegria de ser rubro-negro
Domingo, eu vou aí Maracanã
Vou torcer pro time que sou fã
Vou levar foguetes e bandeiras
Não vai ser de brincadeira
Ele vai ser campeão
Tum
Essa nação é minha alegria
E não tem jeito
Alô, diretoria
Exigimos respeito
Demorou
Alô, Estação Primeira
Alô, Gaba, aquele abraço, nego velho
LESSON CENTRAL THEME: FLAMENGO, URUBU (VULTURE) AND RACISM
Class Assumption:
The intention we have with this class is to relate the urubu/vulture (Flamengo's mascot) to the "identity" of the
poor black man, at the same time that we bring an event involving the bird, in a game against the rival, Botafogo
team. Our argument is that the urubu, as a mascot, is an expression of the continuous variation of the experience
of being rubro-negro.
In the 1960s, the members of Flamengo's fans started to be pejoratively called "urubus". Such an imposing name
came about because a large part of Mengão's fans was composed of a population of poor blacks. Poverty has
always been conveyed, in our imagination, to those who are on the margins of access to material goods, referring
us to the figure of beggars, who live off the garbage, the leftovers, and have no prospects. Because of the color of
the bird and because it feeds on the leftovers or carrion of dead animals, the "urubu" has become an icon and
symbol of this great fan base via association with the poor black man. Thus, the identity with the bird demarcates
a sign capable of generating an identification of the community with itself, not only with the vulture.
However, it is important to mention that it was not only this pure, simple and direct assimilation of the urubu as
an identity reference of the fans that prevailed. There was an event that gave new features to this meaning. At the
end of the 1960s (more precisely in May 1969), a Flamengo fan took a urubu to Maracanã, flew over the stadium
and fell on the grass field, attached to a Flamengo banner, right before the game started. This dramatic and
significant event would go down in the club's (and its fans') history as a symptomatic act of unprecedented luck:
that day, Flamengo beat rival Botafogo 2-1 and broke a nine-game losing streak to the team from General
Severiano. What happened around the urubu is central to understanding the formation of the identity of a fan
base based on a kind of "founding myth".
The mascot, then, passes to the notion of belonging, being in the crossing and mixture of these two relations: the
urubu sign and the event (as fact) itself. This way, we see exposed, on one hand, the copy, the collective, the
common sense, the naturalized, given by the figure of the "vulture"; on the other hand, we see exposed the
difference in the repetition, the otherness, the novelty, the singularity, marked by the capacity of the vulture to
produce multiple events. The human capacity of entangling sorceries through events linked to the vultures
consists in the act of difference, which allows the fans not to be totally alienated by the figure of the vulture, and
at the same time opens a horizon of possibilities for an identity to be built collectively and individually. All that
we have written so far serves to elucidate two things: 1) the urubu is indeed a sign of the poor black man who
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Art as a pedagogical power through music: Flamenco can also be sung
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historically has his relationship with the club's fans; 2) however, the urubu is also a symbol of all multicolored
fans - after all, "Flamengo belongs to all"!
The meeting between the urubu sign and the event provided by it did not end up producing an essence of urubu
"ad eternum", nor a faithful representation of the red-black nation. If initially it was possible to link the image of
the urubu with Flamengo fans based on signs that were already sedimented, the narrated "founding act" opened a
crack through which the whole rubro-negra nation was dragged, a crack of perpetual production of multiple and
singular meanings about the urubu and the fans themselves. This fissure is a true vector of actualization of Urubu
and its fans, operating a continuous variation of meanings that emerge at each resonance of Urubu with its
gigantic and multiple fans.
If the urubu does not say the thing itself, that is, a true essence of the fan, it is because it says about its events - in
the Deleuzo-Guattarian sense
5
of the term, a redistribution of the senses of reality, a kind of inflection in the
experience. It is not even a thing, because it is also an "event", since it is experienced in several ways at the same
time, the instant each fan encounters it. In this sense, the "urubu event" is impersonal and singular at the same
time. Let us explain it better: impersonal in the sense that it is a kind of vector of differentiation of senses.
Singular when it is apprehended from the point of view of the one - the fan - who encounters it.
The Urubu is impersonal - while it expresses an infinite production of meanings. The Urubu is singular - when it
refers to that urubu marked on the fan's body through a tattoo, painted on his/her flag, or printed on the shirt that
alludes to the club. The vulture that the fan meets on the street and immediately identifies as a sign of Flamengo,
or the one that reminds him/her of him/herself when encountering stigmas that go through his/her body. It is the
vulture that makes us experience the affection of the intolerable, allowing us to never naturalize poverty,
inequality, prejudice, homophobia, and racism, which are daily in the lives of many people, far beyond those
who make up the red-black nation. But it is also this same "urubu" that does not reduce us to stigmas and that is
the expression of the life of every fan who is part of the great "rubro-negra" (red-black) mass. It is the "urubu" of
all those who have the Galinho de Quintino as their greatest idol; who have in the red and black colors the colors
of the sacred; of those who on Sundays, as a kind of liturgy with a time and place to happen, celebrate the
rocking of the net in the stadiums where Flamengo plays. In short: it is the "urubu" that expresses the whole
spectrum of continuous variation of the experiences that make us, daily,
Flamenguistas
(Flamengo supporters)..
Guiding questions:
- The song alludes to the "urubu" (Flamengo's mascot). Did you know that the vulture appeared as a symbol of
Flamengo because of a racist stigma?
- You can see that the animal has historically been used to stigmatize people against the most diverse prejudices.
What other animals are used to mention racism? What about other stigmas?
(For example, fascism had the strategy of denying the face of its alleged enemies: Jews, blacks, homosexuals,
disabled people. They were called "bacilli," "bacteria," "parasites," "cockroaches," "viruses," "microbes. In this
sense, Nazi biopolitics was not exactly biopolitics, but in an absolutely literal sense it was zoopolitics - expressly
aimed at human animals. That is why the proper term for this massacre - instead of the sacramental "holocaust" -
is extermination: exactly what one uses for insects, rats, or fleas. Driving the lice away is not an ideological
issue, it is a matter of cleanliness.(ESPOSITO, 2017)
- Now that you know about the history of the urubu as a club mascot, we realize that racism is (unfortunately)
not recent in soccer. Do you know of any cases of racism connected to the sports field? If yes, which ones?
- There are soccer clubs and institutions that campaign against racism. Do you know of any campaign or any
club/institution to present as an example here in class?
(One of the objectives of this class is to present to the students that soccer is not only a moment of leisure or
entertainment, but also a great weapon to fight against several prejudices, but that many use it to disseminate
hate, and it is in this point that we intend to change the perspective and create in the students a consciousness
that will take prejudice away from sports. Thus, we can propose an activity based on this lesson, which would be
5
The notion of event that we work with here is part of the thought of the French philosopher Gilles Deleuze. In
his book Logic of Meaning, Deleuze strongly dedicates himself to approximate the concept of happening with
the genesis of meaning. In his partnership with the psychoanalyst, also French, Félix Guattari, mainly in the
books What is Philosophy? and One Thousand Platots, the authors radicalize the double structure of the event,
demonstrating the paradoxical potency of such concept: the mutual inclusion between what is impersonal in the
event and what is singular, or hecceity, as the authors insist.
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to research political campaigns made by teams and their respective fans to combat racism. After all, there are
great institutions that have made the fight against racism their main objective in sports; this research will allow
the student to open the range of knowledge about his team and understand that soccer goes beyond the four
lines).
- In this class we can also introduce the book
“O
negro no Futebol Brasileiro”,
by journalist Mario Rodrigues
Filho (2003). Mário Filho is the name of the stadium that we popularly know as Maracanã.
- Do you know any music that deals with the issue of racism? In the field of music, do you know any group that
raises the flag of racial issues?
- Soccer, as a phenomenon of a larger society, reflects the most varied stigmas linked to a myriad of issues
beyond racism. Do you know of any other sports episode that portrays issues of homophobia, misogyny, or any
other manifestation of violence directed at identity groups?
NOTE: In Brazil, the Law nº 10.639, of January 9th 2003, establishes that the directives and bases of national
education include in its official curriculum the compulsory inclusion of themes related to "Afro-Brazilian
History and Culture". This law suggests dealing with historical contents disseminated in Brazilian education
regarding the representation of truth about blacks. In this way, the law proposes to decolonize, in the sense that it
contributes to blur the frontiers of black identity fixed in the slavocratic past, fruit of a colonial history that is
actualized in daily life.
In this sense, it is worth mentioning that working with this theme through music is in line with this law to the
extent that it suspends important issues to denaturalize racism and its structure.
Parallel themes and issues:
-
Do you know the composer and interpreter of this song, Alexandre Pires? Let's look for other songs by this
composer and learn more about his history.
- The song mentions "Be it on land or on sea" to allude to Flamengo, whose foundation dates back to 1895 as a
regatta club, that is, a club dedicated to the sport of rowing. Only in 1912 did Flamengo enter the field as a
soccer team. Did you know that?
- Because its history is linked to rowing, the first mascot that Flamengo had was "Sailor Popeye" for his
persistence in fighting until the end and also for his relationship with the sea - after all, Flamengo starts its
history as a regatta club.
- Do you know other clubs in Rio de Janeiro that have their history linked to rowing? And does your team of
your heart, besides soccer, invest in any other sport? Let's research about it?
- Do you know what the mascot of your favorite club is? Is it also an animal, like the vulture? Or is it some other
icon? What does it mean?
Source: Prepared by the authors
Table 2
–
Didactic sheets for three songs
DIDACTIC SHEET SONG 02
Song: Flamengo maravilhoso
Year:1996
Musical genre: Samba
Songwriter: André Filho e Luiz Ayrão
Singer: Júnior
Media: Vídeo, https://www.youtube.com/watch?v=MschM5mCBX4n
LYRICS
Vamos fazer desse samba oração
E do clamor dessa massa procissão
Vamos buscar no sonho, na filosofia
Na ciência e na magia
Explicação pra essa religião
Flamengo
Não há palavras com que eu possa definir
O que é Flamengo
Não há palavras com que eu possa exprimir
O que é ser Flamengo
A gente só pode sentir
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Art as a pedagogical power through music: Flamenco can also be sung
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 2043-2061, July/Sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.16684
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Flamengo da dona de casa
Do povo sofrido, do trabalhador
Flamengo do jovem esperto
Da moça bonita e do meu amor
Flamengo do sul e do norte
De todos os cantos, de toda a nação
Flamengo do asfalto e do morro
De Deus e do povo e do meu coração
Flamengo maravilhoso
Cheio de encantos mil
Flamengo maravilhoso
Campeão do meu Brasil
LESSON THEME: SOCCER AND RELIGION
Class Assumptions:
Religion needs a human being and a divine being (or several) in order to exist. The term
religion comes from "Re-link", that is, in religious rituals the human is believed to connect with the deity/s via
rite. Soccer can be seen under the same logic insofar as the soccer match is the ritualistic moment that brings
together the fans with the greatest beings of a team: the players.
Two themes that are linked in several bodily and ritualistic manifestations by those who are part of them, so we
will try to introduce in this class the debate about such connections, after all soccer and religion do talk!
In his book "Homo Ludens", JhoanHuizinga (2019) makes a comparison between the space of the game and the
space where religious manifestations take place. For this author both spaces are sacred, with rules and limits to
be followed.
In turn, Jostein Gaarder, Victor Hellern, and Henri Notaker (2000), in the work entitled "The Book of
Religions", seek a definition for religion from its existential multiplicity. They start from a central question:
"What is religion? It is worship in a Buddhist temple. It is the Jews with the scroll of the Torah in front of the
Wailing Wall in Jerusalem. It's the pilgrims gathering before the Kaaba in Mecca."
Guiding questions:
- What do soccer and religion have in common?
- Which team do you play for? What is your religion?
- Do you bring your religious beliefs into the context of your team, for example when it plays? If yes, please
explain.
- How do you live and manifest your religion, your religiosity? How do you live your heart team, your
relationship with cheering?
- What parallel can we establish between a soccer stadium and a religious temple?
- What parallel can we establish between God/s and soccer players/idols?
- Establish a relationship of the rite of the game (concentration, line-up, entrance to the stadium, first half,
halftime ....) with the rite of a celebration of your religion (preparation to go to church, entrance to the church,
initial singing...)
- The music we brought to the debate cites prayers and processions, how can this be addressed in soccer? We can
parallel the team anthems and fan songs as prayers performed at the sacred moment (the game), the procession
associated with going to the stadiums with those who share the same love for the team as you do. As well as the
devotion of the clubs to some religious understandings, such as the Flemish to Saint Jude Thaddeus, presenting
yet another trace of connection between the two worlds.
- Are you familiar with issues of religious intolerance? Of rivalry between churches and religions?
- Do you know of manifestations of intolerance between fans and teams? Of rivalries between clubs and fans?
- Do you have or wear any symbol or adornment that alludes to your team (shirt, towel, pendant...)? Do you have
or wear any symbol or ornament that alludes to your religious beliefs (pendant, necklace, statue...)? If yes, which
ones?
- What is the importance of these symbols for your relationship and identification with the divine and your team?
- How do you live, feel and manifest your relationship with your "team" and with your "god/s"?
- Many sociologists and philosophers say that soccer and religion are the "opium of the people". Do you know
what this means? Comment.
Parallel themes and issues:
- Do you know any songs about your heart team other than the anthem?
- Here, in the local context of your state, do you know any songs about local teams?
- Do you know the composers of the song, André Filho and Luiz Ayrão? Let's research and see if they have other
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songs.
- Did you know that Júnior, the singer of the song, was a former Flamengo soccer player? Do you know him? In
what period did he play? What titles did he win? About the player Júnior we suggest the following chronicle
“
Laroyê Júnior, o Exu da Gávea: guardião dos caminhos...
guia para os gols”
which tells about the player
Júnior from a deity of the Yoruba pantheon. The chronicle is available
at:https://ludopedio.org.br/arquibancada/laroye-junior-o-exu-da-gavea-guardiao-dos-caminhos-guia-para-os-
gols/
Source: Prepared by the authors
Table 3
–
Didactic sheets for three songs
DIDACTIC SHEET SONG 03
Song Saudades do galinho Ano:1983
Musical genre: Samba
Songwriter: Moraes Moreira
Singer: Moraes Moreira
Media: Vídeo, https://www.youtube.com/watch?v=2kS0vdVQdQc
LYRICS
E agora como é que eu fico
nas tardes de domingo
Sem Zico no Maracanã
Agora como é que eu me vingo
de toda derrota da vida
Se a cada gol do Flamengo
Eu me sentia um vencedor (bis)
Como é que ficamos os meninos, essa nova geração?
Arquibaldo, geraldinos,
como é que fica o povão?
Será que tem outro em Quintino?
Será que tem outro menino?
Vai renascer a paixão ou não?
Falou mais alto o destino
e o galinho vai cantar
láiá laiá
vai cantar noutro terreiro
no coração brasileiro
uma esperança
quem sabe o fim dessa história
não seja o V da vitória
o V da volta, volta
volta galinho
que aqui tem mais
carinho e dengo
vai e volta em paz que o Flamengo
já sabe como esperar
você voltar (bis)
LESSON THEME: IDOLS
Class Assumption:
The word idol has its etymological foundation in the Greek term
eídolon
, which reminds us
of the concept of "double". To have an idol is to duplicate oneself from him, to confuse oneself", to have
something of him duplicated in me or with me: to have a shirt of the player, a poster, to imitate his haircut, to
have his statue in miniature, to give the same name to a child, among other manifestations or things. Having an
idol means to establish an iconic relationship with someone, because an icon is a sign that is determined by its
object because it shares characteristics with it. To share the characteristics of the object (in our case, the idol)
means to have similarity with it, that is, anything that can replace something with which it resembles.
But for a player to become an idol he needs to generate the desire to be imitated, to be a copy, a model to be
reproduced. To possess such power it is necessary that the human figure of the player be consecrated. That is, in
the "religious" rituals of soccer - games/matches - the player needs to become a kind of "god". With or without
the ball at his feet, it is up to him, in the games, to possess privileges and the exclusivity of certain powers.
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Art as a pedagogical power through music: Flamenco can also be sung
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"Victory consecrates the winner in the full sense of the term. It haloes him with a sacred prestige" (VERNANT,
1990, p.326). The human character reveals himself similar to the gods by his victory in games or by some other
consecration. Once consecrated, the idol's features or even an icon also become interposed figures between a
god's face and the human gaze - mirror and reflection... image and likeness.
The human (or demigod) condition of an idol does not grant it the status of immortality, because only gods are
entitled to this status. However, the materialities and immaterialities made and disseminated in his honor will
keep him alive forever. For Marc Augé (2005), the monument, as the etymology of the word indicates, wants to
be a tangible expression of permanence or, at least, of duration. In this way, the monument inscribes and
materializes the presence of what was in time and makes it survive. It is the establishment of permanence.
In this line of argument, we take up again the concept of idol (idolon), which means the mythological
phenomenon of the double - of double existence, so to speak. The Greek gods, in an attempt to immortalize their
demigod sons, created the strategy of producing their doubles in the earthly dimension. Thus, when their children
died, they created their idolon in the paradoxical attempt to inscribe absence in presence (VERNANT, 1990).
The idolon manifests itself on two contrasted planes at the same time: the material plane (eikon) and the
immaterial plane (psyché); the former reproduces the latter through operations of mimesis.
The first manifestation of the material eikon was the Kolossós which was aniconic in rough stone or wood - a
crude statue without human form. However, the Kolossós undergoes a change at the confluence of the 5th and
6th centuries, influenced by the theory of mimesis (imitation) elaborated and systematized by Plato. The
supernatural invisible becomes visible through the imitative image (eikón). "The dead is no longer evoked by the
rough stone, without inscription, but by the visible beauty of a corporal form that the stone fixes forever"
(VERNANT, 1990, p. 328). The eikón emerges.
The claim to make sure that the unreachable body of their dead children does not disappear into the afterworld
(of which they are a part) caused the gods' need to fix it in matter, to give them a visible form, to give them a
body: the eidolon then became matter as an icon (eikón). The statues, for example, are monuments that fix the
idol in matter, materialize his "monumental moves" that he once eternalized on the field.
The psyché - the immaterial plane of the idolon - is associated with the manifestations of the double through
oneiros (dreams), phásma (ghosts/appearances), and pothos (personification of the amorous desire). The psyché
"is similar to the real being to the point of being confused with it; but it retains the seal of unreality; it envelops
absence in its presence." (VERNANT, 1991, p.33).
Guiding questions:
- Who is your idol in soccer?
- Who do you consider the greatest idol in the history of your heart team?
- What does the word idol mean?
- Do you have any object that alludes to your idol? If yes, which one? Which ones?
- What does an idol mean to you? What does a player needs to have to go from the condition of an "ordinary
player" to the status of an "idol"?
- There are idols that transcend team affiliation. For example, players such as Maradona, Cristiano Ronaldo and
Lionel Messi (to name just a few of the most iconic ones) managed to have idols that followed them beyond their
team. Do you know other idols that have this status? Do you have an idol with these same characteristics?
- Based on the classroom discussion, we propose the possibility of an assignment. The student can research
his/her parents and grandparents in order to find out who their idols were when they were young. Find out if they
have experienced any trends caused by the idols of the time (be it a haircut, an outfit, something that marked
their generation and themselves)..
Parallel themes and issues:
- Do you know Moraes Moreira, the great Brazilian music icon who is the composer of this song? Let's look for
other songs by this composer and get to know his story better.
- The song mentions Quintino, a neighborhood in Rio de Janeiro where Zico was born. Who has already been to
Rio de Janeiro? Do you know any other neighborhood in Rio de Janeiro?
- Zico was nicknamed "Galo" or "Galinho". It is very common in sports to have athletes that have their
nicknames linked to animals. Do you know any athlete with an animal nickname? And any player whose name is
related to an animal?
On this subject we suggest reading the chronicle
“
Jogadores animais do Mengão: galo, biguá, onça, bode,
pavão...
”
which features many athletes and players who have their names related to animals. The
chronicle is available at
: https://ludopedio.org.br/arquibancada/jogadores-animais-do-mengao-galo-bigua-
onca-bode-pavao
- In a passage of Moares Moreira's song allusion is made to ARQUIBALDOS and GERALDINOS. Do you
know what this means?
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(NOTE: The stadiums in the past had a greater capacity to hold fans because there was a part of it called "
geral
".
It was the lower part of the stadium near the field. There was the advantage of being in the general area because
it was very close to the field of play, however, there was the disadvantage of being there because it was a flat
part, without steps. In other words, it was more difficult to see the game. For this reason, the geral seats always
had a very low ticket price, and thus became stigmatized as the "poor people's place", aka "the geraldinos".
In turn, "the archibaldos" were the fans who had better financial conditions to buy tickets to watch the game
from the stands. Even knowing that there is a variation in prices linked to the place one occupies in the
bleachers, these tickets had a higher price. For this reason it alludes to a more elite class (middle and upper
classes) that frequented the stadiums. It is important to say that there are variations in this sense, after all, some
wealthier people may prefer to watch the game from the geral seats, just as a lower class person may use their
savings to watch the game from the stands.
We believe that discussing the history and evolution of the great soccer arenas would present not only the
changes in sports, but also the changes in the social means of the population, a possible social criticism of the
high ticket prices and the plans that give advantages to those who have more purchasing power. In addition, it
would bring up the whole discussion of the transformation of stadiums into "arenas" and the processes of
privatization of these spaces.
Source: Prepared by the authors
Ending instep ... or some considerations about the pedagogical potential music-soccer-
education/Physical Education
In their instigating text "How to create for oneself a Body-without-Organisms", when
dealing with the conditions of possibility and evaluation of ethical experimentations, Deleuze
and Guattari (2012) indicate us: do not try to interpret, try. When we propose here a dialogue
between art/music and soccer/Flamengo to weave possibilities of experimentations with
soccer in the scope of pedagogical practice of Physical Education, it was not at all about
seeking meanings of soccer from music. As much as it is tempting to elucidate senses and
meanings of soccer in the lyrics of the songs that were in the scope of this work, we believe
that the pedagogical power of music in dealing with soccer does not lie in this aspect.
In general, we can be guided by pedagogical experiments based on the social purposes
and functions/destinations given to soccer, and in this logic we are sunk in the contexts of
social uses; or by experiments that operate a kind of suspension - even if momentary - of such
destinies and uses. We believe that the didacts sheets of songs about Flamengo / soccer in the
pedagogical practice of Physical Education provides the second mode of experimentation.
The pedagogical power of music in its relation with soccer is in its experimental vein,
that is, in the way music, from its affections and perceptions, allows an exploration of the
conditions of soccer practice, opening new possibilities for experimentations of soccer and
ways of thinking it. When we propose music didacticizations as possibilities to be worked on
in the scope of school Physical Education, it did not mean that we intended to show that a
class should be conducted by what is already given in a certain song, but by what is on the
way to emerge, to explode, through the encounter with the students' bodies and their
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affections, bringing to the classes conditions of openings (like the cracks in the umbrella of
clichés) and exploration of such openings. Thus, not excluding the contexts of soccer social
uses and destinations, but immersing in what overflows them, music brings out new ways of
seeing, talking and experiencing soccer. New compositions and soccer rhythms in the times
and spaces of school Physical Education.
ACKNOWLEDGEMENTS
:
This article is funded by the Universidade Federal de Campina
Grande (UFCG), established through an Interinstitutional Doctorate with UFS (DINTER).The
text is the result of a research initiation funded by COPES with an initiation scholarship for
the academic Matheus Souza dos Santos - Edital nº. 03/2021 COPES/POSGRAP/UFS.
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Submitted
: 14/03/2022
Revisions required
: 25/05/2022
Approved
: 20/06/2022
Published
: 01/07/2022
Processing and publishing by the Editora Ibero-Americana de Educação.
Correction, formatting, standardization and translation.