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Relações intergovernamentais na implementação do Programa Brasil Profissionalizado: O caso da Bahia
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RELAÇÕES INTERGOVERNAMENTAIS NA IMPLEMENTAÇÃO DO
PROGRAMA BRASIL PROFISSIONALIZADO: O CASO DA BAHIA
RELACIONES INTERGUBERNAMENTALES EN LA IMPLEMENTACÍON DEL
PROGRAMA BRASIL PROFESIONALIZADO: EL CASO DE BAHÍA
INTERGOVERNMENTAL RELATIONS ON THE IMPLEMENTATION OF THE
'BRASIL PROFISSIONALIZADO' PROGRAM: BAHIA'S CASE
Michele PAZOLINI
1
Gilda Cardoso de ARAUJO
2
RESUMO:
Objetiva
analisar a implementação do Programa Brasil Profissionalizado e
problematizar o papel das relações intergovernamentais para sua concretização a partir do
estudo de caso no Estado da Bahia (2007
-
2020). Por meio de análise documental, buscou
-
se
compreender de que modo a cooperação entre os entes federados, influenci
ou
na
implementação do referido programa. Para tanto, utilizou
-
se as contribuições teóricas de
Leonardo Secchi sobre o ciclo de políticas, Gabriela Lotta sobre a implementação de políticas,
Sônia Draibe sobre os subprocessos de implementação e Marta Arretche ac
erca da influência
das relações intergovernamentais na implementação de programas. Os resultados evidenciam
os entraves entre formuladores e implementadores do programa, e a importância da função de
assistência técnica da União. Considera
-
se que o processo
de implementação do PBP no Estado
da Bahia teve obstáculos tanto no nível federal quanto no nível estadual, com traços marcantes
de ausência de mecanismos de cooperação entre os entes federados
.
PALAVRAS
-
CHAVE:
Federalismo. Implementação de políticas públicas. Relações
i
ntergovernamentais. Programa Brasil Profissionalizado.
RESUMEN:
El artículo tiene como objetivo analizar la implementación del Programa Brasil
Profesionalizado y problematizar el papel de las r
elaciones intergubernamentales para su
implementación a partir del estudio de caso en el estado de Bahía (2007
-
2020). Con base en el
análisis de documentos, buscamos comprender cómo la cooperación entre las entidades
federativas, observada en la documentac
ión de los instrumentos de acuerdo, influyó en la
implementación de ese programa. Para ello, se utilizaron los aportes teóricos de Leonardo
Secchi sobre el ciclo de políticas, Gabriela Lotta sobre la implementación de políticas, Sônia
Draibe sobre los subp
rocesos de implementación y Marta Arretche sobre la influencia de las
relaciones intergubernamentales en la implementación de programas. Los resultados muestran
1
Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)
, Vitória
–
ES
–
Brasil.
Doutoranda em Educação.
Bolsista
CAPES. ORCID: https://orcid.org/0000
-
0002
-
7657
-
5420. E
-
mail: michelepazolini@hotmail.com
2
Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Vitória
–
ES
–
Brasil
. Professora Associada.
Doutorado em
Educação (USP). Estágio de pós
-
doutorado na Generalitat da Catalunya (Barcelona
-
Espanha).
ORCID:
https://orcid.org/0000
-
0002
-
3562
-
9779. E
-
mail: gilda.araujo@ufes.br
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Michele PAZOLINI e
Gilda Cardoso de ARAUJO
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los obstáculos entre los formuladores y los ejecutores del programa, que prácticamente
hicieron
inviable la propuesta inicial del gobierno de Bahia y la importancia de la función de
asistencia técnica de la Unión. Se considera que el proceso de implementación del PBP en el
Estado de Bahía tuvo obstáculos tanto a nivel federal como estatal, con marca
dos rasgos de
ausencia de mecanismos de cooperación entre las entidades federativas en la resolución de los
asuntos pendientes identificados durante la ejecución.
PALABRAS CLAVE
: Federalismo. Implementación de políticas públicas.
Relaciones
Intergubername
ntales. Programa Brasil Profesionalizado.
ABSTRACT:
This paper has per object analyze the implementation of the Brasil
Profissionalizado
(Professionalized Brazil, in loose translation) program and problematize the
role of intergovernmental relations formed for its concretion, from a case study on the state of
Bahia (2007
-
2020).
Starting from a documental analysis, it is sought to comprehen
d how the
cooperation between the federate entities, observed in the pact instruments documentation,
influenced on the implementation of the said program. For such, the theoretical contributions
from Leonardo Secchi, about the cycle of politics; Gabriela L
otta, about the implementation of
politics; Sônia Draibe, about the subprocesses of implementation, and Marta Arretche, about
the influence of intergovernmental relations on program implementations, were used. The
results show the obstacles between formula
tors and implementers of the program, which
practically made the initial proposal of the government of Bahia and the importance of the
technical assistance function of the Union unfeasible. It is considered that the PBP
implementation process in the State
of Bahia had obstacles both at the federal and state levels,
with marked traits of absence of cooperation mechanisms between the federated entities in the
resolution of pending issues identified during the execution.
KEYWORDS:
Federalism. Public policies
implementation.
Intergovernamental relations.
Programa Brasil Profissionalizado.
Introdução
A Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988) definiu que a República Federativa do
Brasil é formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal (DF),
conforme rege o Art. 1º e, optou pelo modelo de federalismo cooperativo. Esse
modelo implica
o compartilhamento de responsabilidades entre os entes federados em que esses possuem
autonomia e, ao mesmo tempo, devem atuar de modo cooperativo por meio das relações
intergovernamentais, visando assegurar o exercício dos direitos descrito
s nesta Carta.
As determinações constitucionais (BRASIL, 1988) estimularam a criação de diversas
políticas e programas sociais com o intuito de garantir os direitos universais dos cidadãos. Essas
políticas e programas foram moldados por meio da coordenaçã
o federativa do Governo Federal,
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utilizando diversos mecanismos para a implementação das diretrizes formuladas. Para Segatto
(
2012
), alguns desses mecanismos de coordenação são a redistribuição de recursos, a
regulamentação nacional e o estabelecimento de
padrões nacionais, que objetivam assegurar a
equidade em todo o território nacional por meio das políticas públicas e dos programas.
Políticas públicas e programas, embora interdependentes, são diferentes. São
interdependentes, na medida em que ambos expre
ssam as diretrizes a serem adotadas. As
políticas podem ser entendidas como uma proposta institucionalizada de solução de um
problema central e são implementadas por meio de programas (LASSANCE, 2021). Os
programas são os modos pelos quais as diretrizes de
vem ser operacionalizadas, ou seja, são
estratégias para solucionar o problema, daí a sua estreita relação com a análise de
implementação das políticas (BERNARDES; GUARESCHI, 2007
;
LASSANCE, 2021).
As políticas públicas e os programas no Brasil são
criados nos moldes do federalismo
cooperativo, o que implica na distribuição de responsabilidades e no diálogo constante entre os
entes. Não obstante, os conflitos, dilemas e desafios são inerentes ao federalismo, pois estão
articulados às relações intergo
vernamentais estruturadas em cada federação (ANDERSON,
2009).
Dessa forma, a análise das políticas públicas e dos programas deve considerar a
dinâmica federativa. Nesse artigo, partimos da perspectiva de que a implementação não é um
processo determinado p
elo desenho de uma política, mas depende das relações
intergovernamentais instituídas pelos burocratas envolvidos nesse processo, que estimulam o
compromisso dos entes federados na concretização das políticas públicas e dos programas.
Nesses termos, a pro
posta desse artigo, é "analisar a implementação do Programa Brasil
Profissionalizado (PBP) e problematizar o papel das relações intergovernamentais para sua
concretização, a partir do estudo de caso no Estado da Bahia no período entre 2007 e 2020".
O PBP
é um programa federal criado pelo Ministério da Educação (MEC), por meio do
Decreto nº 6.302/2007 (BRASIL, 2007
a
), com o objetivo de estimular a oferta estadual de
ensino médio integrado à educação profissional. Esse programa teve uma significativa adesão
dos estados brasileiros, pois das 27 unidades da federação, somente Amazonas e Rondônia não
foram contempladas com as ações dessa política
3
. Entre os anos de 2007 e 2017 o PBP somou
um valor total pactuado de R$2,1 bilhões, contemplando cerca de 736 insti
tuições de ensino
com reforma, ampliação e construção em todo o território nacional.
3
Os dados apresentados no artigo sobre o PBP n
o Brasil e na Bahia correspondem à sistematização (realizada
pelas autoras) de informações concedidas pelo MEC, solicitadas no
site
eletrônico da Plataforma Integrada de
Ouvidoria e Acesso à Informação, por meio da Manifestação nº 23480.013744/2020
-
96.
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No entanto, a sua implementação apresentou problemas em diferentes localidades. O
Tribunal de Contas da União (2015) identificou obras atrasadas, paralisadas ou cancelada
s,
projetos inadequados, material sem utilização e ausência de prestação de contas dos estados
com recursos recebidos do governo federal para o PBP.
Essa situação também foi constatada
em estudos de caso nos estados do Espírito Santo (PAZOLINI, 2018), em A
lagoas (SILVA,
2014) e no Rio Grande do Norte (SILVA, 2016).
Esse artigo analisa o caso da Bahia, com ênfase nas variáveis das relações
intergovernamentais entre o Governo Federal e o governo estadual. Os dados apresentados
foram organizados e sistematiza
dos a partir de documentos concedidos pelo MEC, solicitados
no
site
eletrônico da Plataforma Integrada de Ouvidoria e Acesso à Informação (e
-
SIC), por
meio da Manifestação nº 23480.013744/2020
-
96 (BRASIL, 2020), em que foram
disponibilizados, entre outros, o Processo nº 23400.004954/2009 (BRASIL, 2009
b
)
digitalizado, que trata do processo de implementação do PBP no Estado da Bahia para reforma
e ampliação de unidades escolares da rede estadual.
Por meio de análise documental d
e uma fonte primária, ou seja, de um material que
ainda não recebeu tratamento analítico e com o intuito de interpretar, sintetizar as informações
e fazer inferências (SÁ
-
SILVA; ALMEIDA; GUINDANI, 2009), analisou
-
se o referido
processo enfatizando as variá
veis das relações intergovernamentais entre o Governo Federal e
o governo estadual da Bahia na implementação do PBP.
Para tanto, utilizou
-
se as contribuições teóricas de Secchi (2010) sobre o ciclo de
políticas, Lotta (2019) sobre a implementação de polít
icas, Draibe (2001) sobre os subprocessos
de implementação e Arretche (2001) sobre a influência das relações intergovernamentais na
implementação de programas.
O texto está dividido em quatro partes, além desta introdução e das considerações finais.
A prim
eira seção discute o ciclo de políticas, destacando a fase da implementação de políticas
públicas; a segunda, a implementação de programas federais; a terceira, a relação entre o PBP
e as relações intergovernamentais quanto aos aspectos relativos aos propó
sitos do Governo
Federal e adesão dos estados e; a quarta seção, analisa a implementação do PBP no Estado da
Bahia, destacando as dificuldades dos formuladores e implementadores no plano federal e no
plano estadual, bem como a importância da assistência té
cnica da União.
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Implementação de políticas públicas
As políticas públicas são elaboradas para suprir determinados problemas que tenham
relevância para a coletividade. São formuladas pelo poder estatal e contam com a ação de
burocratas e dos instrumen
tos da ação estatal para a sua implementação (LOTTA, 2019).
A bibliografia indica diversas possibilidades de análise de políticas, como o modelo de
múltiplos fluxos de John Kingdon (199
7
), o modelo de
policy analysis
de Klaus (2000) e o
modelo de coalizão de defesa de Paul Sabatier (1988). Apesar dos vários modelos
, podemos
considerar comuns a todos as fases de formulação, implementação e avaliação de uma política.
Os estudos sobre a implementação de políticas têm como ponto de partida a ideia de que
as políticas podem ser analisadas como um ciclo composto de difer
entes fases (LOTTA, 2019).
Assim, esses estudos recorrem à classificação instituída pelo ciclo de políticas e permitem
analisar suas dimensões de modo isolado e/ou articulado. Nessa pesquisa, abordamos o ciclo
de políticas proposto por Secchi (2010).
De a
cordo com a sistematização realizada pelo autor, o ciclo de políticas pode ser
sintetizado em sete fases principais: a) identificação do problema, b) formação de agenda, c)
formulação de alternativas, d) tomada de decisão, e) implementação, f) avaliação e,
g) extinção.
Figura 1
–
Ciclo de Políticas
Fonte: Secchi (2010, p. 33). Imagem adaptada pelas autoras
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O ciclo de políticas públicas refere
-
se à vida de uma política, que é composta por fases
sequenciais e interdependentes, mas nem sempre refletem a real dinâmica de uma política, pois
as fases podem misturar
-
se e alterar a sequência da figura 1 (SECCHI, 201
0). Apesar disso, o
ciclo de políticas permite que a complexidade de uma política seja simplificada, contribuindo
para sua análise.
A implementação da política pública é a fase posterior à tomada de decisão e anterior
aos esforços de avaliação. É nessa fa
se que são operacionalizados os marcos
concretos da
política pública (SECCHI, 2010). De modo geral, os estudos sobre a implementação de políticas
buscam definir variáveis que expliquem o sucesso ou fracasso de sua execução (LIMA;
D’ANCENZI, 2013).
Os estu
dos sobre a implementação de políticas públicas avançaram a partir da década
de 1970 nos Estados Unidos e na Europa, apontando a necessidade de sistematização e de
aprofundamento dessa fase do ciclo de políticas. Tais estudos passaram a evidenciar que, por
diversos motivos, “a atuação das burocracias públicas não é neutra” e que a implementação
envolve “[...] escolhas e decisões tomadas por agentes não eleitos, quais sejam, as burocracias
públicas” (FARIA, 2012, p. 08
-
09).
Entre os trabalhos publicados, a o
bra de Pressman; Wildavsky (1973), é considerada um
dos marcos para o avanço no campo de estudos sobre a implementação, tendo em vista que a
definem como um processo interativo entre os objetivos propostos e as ações para atingi
-
los.
Os autores destacaram
o caráter problemático do processo de implementação de políticas
públicas, buscando elucidar o porquê e como acontecem as falhas de implementação, que,
muitas vezes, resultam em seu fracasso.
Ao longo das décadas, os avanços nos estudos sobre a implementa
ção de políticas
públicas indicaram diversos modelos de análise (
Top
-
Down; Bottom
-
Up
, modelos alternativos
e modelos múltiplos)
(LOTTA, 2019)
. Essa pesquisa situa
-
se nos marcos dos modelos múltiplos
que incluem diferentes enfoques de análise como: governan
ça, instrumentos de ação pública,
relação entre atores estatais e não estatais, novos arranjos institucionais, sistemas de
coordenação, capacidades estatais e processos multinível (LOTTA, 2019).
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Implementação de programas federais
A
implementação é o momento que os planos formulados se tornarão realidade e
depende fortemente da ação de burocratas e dos instrumentos de ação estatal (LOTTA, 2019).
Essa fase busca compreender as diferenças entre aquilo que foi formulado, o que foi execut
ado
e o papel desempenhado por diferentes agentes nesse processo de transformação das políticas
públicas.
No entanto, são muitos os exemplos de programas que não são implementados ou são
implementados de forma parcial e de políticas que acabam desvirtuadas
(SECCHI, 2010). O
estudo sobre essa fase das políticas públicas se faz necessário por buscar visualizar os
obstáculos e falhas que costumam acontecer no processo de implementação, considerando os
diferentes atores e níveis governamentais, tornando esse pr
ocesso ainda mais complexo.
Arretche (2001, p. 47) salienta que a criação de um programa expressa o “resultado de uma
combinação complexa de decisões de diversos agentes”. A existência de um programa advém
de uma série de articulações que não ocorrem de mo
do isolado, mas é resultado de acordos
entre diferentes formuladores.
A autora alerta que a formulação de um programa envolve diferentes interesses que
interferem também em sua execução, podendo comprometer o alcance de seus objetivos.
Quanto à implementaç
ão, esta pode ser compreendida como “um jogo em que a autoridade
central procura induzir agentes (implementadores) a colocarem em prática objetivos e
estratégias” (ARRETCHE, 2001, p.
47). Assim, para obter a adesão e “obediência” aos
objetivos do programa,
o poder central pode desenvolver uma gama de estratégias de incentivos
aos governos subnacionais.
Ao tratar dos subprocessos da implementação, Draibe (2001), indica que toda política
ou programa apoia
-
se em uma estrutura organizacional e estão submetidos
a um sistema
gerencial e decisório.
Desse modo, deve
-
se considerar a estrutura hierárquica, o grau de centralização ou
descentralização, a autonomia ou dependência entre as partes, as características de gestão do
tempo e a capacidade de implementar decisõ
es. Draibe (2001) destaca que é importante
compreender a natureza e os atributos das autoridades que conduzem o processo para uma
melhor compreensão do processo de implementação.
Tendo em vista esses apontamentos e considerando que o federalismo cooperativ
o
pressupõe um compartilhamento de responsabilidades e uma ordem política democrática, com
efetiva participação das unidades federativas, passamos a analisar o PBP.
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Relações Intergovernamentais no Programa Brasil Profissionalizado
O Programa Brasil Prof
issionalizado (PBP) foi criado no rol de programas federais,
lançados a partir de 2007, e foi instituído pelo Decreto nº 6.302/2007 (BRASIL, 2007
a
).
Conforme esse decreto, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios interessados em
apresentarem proposta
s para aderirem ao programa, precisam formalizar a assinatura do Plano
de Metas Compromisso Todos pela Educação (PMTPE)
4
e montar o seu plano de trabalho de
acordo com o Plano de Ações Articuladas (PAR).
O PBP foi elaborado pelo MEC e, segundo o
Decreto nº 6.302/2007 (BRASIL, 2007
a
),
tem como objetivo estimular a oferta de ensino médio integrado à educação profissional nas
redes estaduais visando à articulação entre formação geral e educação profissional considerando
os arranjos produtivos e as vo
cações locais e regionais, segundo assegura o Art. 1º. Para tanto,
o programa prevê a construção, reforma, ampliação e modernização de escolas técnicas
estaduais, laboratórios, formação e qualificação dos profissionais atuantes e o fornecimento de
recursos
pedagógicos.
Criado e coordenado pela União, o PBP destina recursos financeiros (99%) e assistência
técnica aos Estados, mas depende da atuação direta dos governos subnacionais para o seu
funcionamento, já que devem arcar com uma contrapartida de recurso
s (1%), bem como gerir,
fiscalizar e garantir a execução dos objetos pactuados. De acordo com o portal eletrônico do
MEC
5
, os Estados interessados em aderir ao PBP devem elaborar planos de ação, conforme o
PAR, levando em consideração as
orientações do projeto formulado pela coordenação do Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Para a implementação do programa, o
MEC, por meio da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC), posiciona
-
se
como instituição gestora
, enquanto o FNDE, uma autarquia do MEC, assume o papel de
concedente, representando a União. Os estados, como convenentes, são representados pelas
Secretarias Estaduais de Educação Tecnológica.
Desse modo, a implementação desse programa está condicionada
à plena articulação
dos entes e ao cumprimento das incumbências delegadas a cada um por meio da celebração de
Convênios e Termos de Compromisso entre os estados, DF e municípios e o FNDE, como
representante do governo central.
O PBP teve expressiva adesão
nacional. Entre os anos de 2007 e 2017 foram firmadas
135 pactuações em todo o país, das quais 107 foram por meio de Convênio e 28 por Termo de
4
Decreto
6.094/2007 (BRASIL, 2007
b)
.
5
Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/brasil
-
profissionalizado. Acesso em: 15 mar. 2022.
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Compromisso, contemplando cerca de 736 instituições de ensino com pactuações que
abarcavam reforma, ampliação e
construção de escolas
6
.
Essas celebrações somaram um valor total pactuado de R$2,1 bilhões, o que demonstra
o considerável investimento de recursos para a implementação desse programa com o intuito
de ampliar a oferta do ensino médio integrado no Brasil
.
Analisando o investimento por região, a Região Nordeste se destacou, já que, do
montante de R$2,1 bilhões pactuados, R$1 bilhão foi nessa região, o que correspondeu a 51,1%,
ou seja, mais da metade do total de recursos pactuados em todo o país. Além dis
so, essa região
apresentou uma supremacia também em relação à quantidade de celebrações, tanto por
Convênio como por Termo de Compromisso, que correspondeu a 43,7% do total nacional.
A partir desses indicadores, esse artigo buscou analisar a implementação
do PBP no
Estado da Bahia, considerando que é o maior estado da região, com uma área de 1.558.000 km²,
representando 18% do território brasileiro. Além disso, a Bahia possui 15 milhões de habitantes,
o que a situa como 4º maior Estado em termos de populaçã
o, atrás de São Paulo, Minas Gerais
e Rio de Janeiro, sendo que a densidade demográfica é extremamente desigual, tendo Salvador
e Feira de Santana como os municípios mais populosos dentre os 417 existentes (G1
BA, 2021).
Ademais, consideramos relevante a s
ituação educacional do Estado, particularmente do
ensino médio, conforme estudo do Fórum Estadual de Educação da Bahia, divulgado em 2020,
com dados dos anos anteriores ao da suspensão das aulas em decorrência da Pandemia da
Covid
-
19. Segundo esse estudo,
grande parte da população de 15 a 17 anos não estava na escola
e a proporção de atendimento vinha diminuindo (FÓRUM ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DA
BAHIA, 2020
7
).
Em relação ao ensino médio integrado à educação profissional, o referido documento
afirma que se tra
ta de uma política do Estado da Bahia, mas que a tendência de implementação
ainda é muito insuficiente, sendo que o ensino médio se concentra na formação propedêutica,
demonstrando o impacto que o PBP poderia ter na expansão dessa etapa de ensino de forma
integrada.
6
Informações sistematizadas pelas autoras a partir dos dados disponibilizados pelo MEC por meio da Manifestação
nº 23480.013744/2020
-
96 (BRASIL, 2020).
7
Disponível em:
http://www.feeba.uneb.br. Acesso em: 03 de abr. 2022.
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A implementação do Programa Brasil Profissionalizado no Estado da Bahia (2007
-
2020)
No período analisado (2007 a 2020), o Estado da Bahia celebrou, por meio do PBP,
quatro convênios: dois no ano de 2008 (nº 750011 e nº 750028), dois em 2009 (nº 657621 e nº
658378) e um termo de compromisso (nº 201403302) em 2014, totalizando cinco pactuaç
ões
no Estado, com investimento total de R$ 57,6 milhões.
Tabela 2
–
Pactuações no Estado da Bahia por meio do PBP
Estado
Número
Ano
Tipo
Objeto
BA
750011
2008
Convênio
Infraestrutura
BA
750028
2008
Convênio
Genérico
BA
657621
2009
Convênio
Infraestrutura
BA
658378
2009
Convênio
Genérico
BA
201403302
2014
Termo de
Compromisso
Genérico
Fonte: Elabora
do
pelas autoras
a partir dos dados disponibilizados pelo MEC (Manifestação nº
23480.013744/2020
-
96) (BRASIL, 2020)
Os objetos de pactuação são definidos como genéricos (materiais didáticos, formação
de profissionais, mobiliário e equipamentos) e objetos de
infraestrutura (construção, ampliação
e reformas de unidades de ensino).
Quanto aos objetos genéricos, foi informado pelo MEC que não há um detalhamento de
dados consolidados que poderiam ser disponibilizados.
Sobre os objetos de infraestrutura, foi
dispon
ibilizado um detalhamento com a descrição dos recursos totais por Estado e a situação
das obras, conforme o relatório da última vistoria realizada, permitindo identificar as obras
concluídas, as obras canceladas, as obras inacabadas, as obras paralisadas e
as obras em
execução.
Esse estudo terá como objeto de análise o Processo nº 23400.004954/2009 (BRASIL,
2009
b
), que detalha os trâmites da implementação do PBP no Estado da Bahia e,
especificamente, o Convênio nº 657621 que corresponde às obras de infraest
rutura, com seus
desdobramentos até o ano de 2020. Esse recorte se deu a partir da documentação disponibilizada
pelo MEC, pois, apesar de solicitarmos o acesso a todas as pactuações, apenas esse processo
(da Bahia) foi concedido por meio eletrônico.
Confo
rme descrito no referido processo, durante o ano de 2009, a Secretaria de
Educação da Bahia submeteu à Coordenadoria Geral de Projetos Especiais do FNDE, 28
propostas arquitetônicas para a implantação de laboratórios, reforma e ampliação, sendo 14
proposta
s por meio do Ofício nº 213/09; 2 propostas por meio do Ofício nº 215/09 e 12
propostas por meio do Ofício nº431/2009.
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