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O Padlet na educação online das licenciaturas
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1838-1855, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.16767
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O PADLET NA EDUCAÇÃO ONLINE DAS LICENCIATURAS
EL PADLET EN LA EDUCACIÓN UNIVERSITARIA EN LÍNEA
THE PADLET IN ONLINE EDUCATION OF DEGREES
Rosinângela Cavalcanti da Silva BENEDITO
1
Simone LUCENA
2
RESUMO
:
A pandemia da COVID-19 vivenciada desde o início de 2020, forçou a vivermos
um distanciamento físico e a suspender as aulas presenciais. Essa situação agravou problemas
vivenciados pelas escolas e universidades. Mostrando a fragilidade das instituições não apenas
em estrutura que acompanhe avanços do século XXI, mas também na formação de professores.
Neste artigo objetivamos discutir as práticas pedagógicas adotadas no período pandêmico e
apresentar práticas desenvolvidas no Curso de Licenciatura em Matemática e no Pibid
Matemática da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), em Cajazeiras, Paraíba.
Apresentamos a utilização do aplicativo Padlet como metodologia de ensino em diferentes
contextos, incentivando interação e autoria dos alunos. Podemos observar que muitas práticas
implementadas para continuidade das aulas trazem uma confusão de conceitos e reprodução das
práticas do ensino presencial, tradicionais e conteudistas. Interfaces como o Padlet podem
impulsionar a criatividade, a autoria e coautoria e a interação, princípios da Educação online.
PALAVRAS-CHAVE
:
Educação online. Formação de professores. Matemática. Padlet.
RESUMEN
:
La pandemia del COVID-19, vivida desde principios de 2020, nos obligó a vivir
la distancia física y suspender las clases presenciales. Esta situación agravó los problemas que
experimentaban las escuelas y universidades. Mostrando la fragilidad de las instituciones no
solo en una estructura que sigue los avances del siglo XXI, sino también en la formación
docente. En este artículo pretendemos discutir las prácticas pedagógicas adoptadas en el
período de la pandemia y las prácticas actuales desarrolladas en la Licenciatura en
Matemáticas y en el Pibid de Matemáticas de la Universidad Federal de Campina Grande
(UFCG), en Cajazeiras, Paraíba. Presentamos el uso de la aplicación Padlet como metodología
de enseñanza en diferentes contextos, fomentando la interacción y la autoría de los estudiantes.
Podemos observar que muchas prácticas implementadas para la continuidad de las clases traen
confusión de conceptos y reproducción de prácticas de enseñanza tradicionales y de contenidos.
Interfaces como Padlet pueden impulsar la creatividad, la autoría y la coautoría y la
interacción, principios de la educación en línea.
PALABRAS-CLAVE
: Educación en línea. Formación de professores. Matemáticas. Padlet.
1
Universidade Federal de Sergipe (UFS), São Cristóvão – SE – Brasil. Doutoranda em Educação. ORCID:
https://orcid.org/0000-0003-3027-745X. E-mail: professorarosinangela@gmail.com
2
Universidade Federal de Sergipe (UFS), São Cristóvão – SE – Brasil. Departamento de Educação. Doutorado em
Educação (UFBA). ORCID: https://orcid.org/0000-0003-1636-7707. E-mail: sissilucena@gmail.com
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Rosinângela Cavalcanti da Silva BENEDITO e Simone LUCENA
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1838-1855, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.16767
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ABSTRACT
:
The COVID-19 pandemic, experienced since the beginning of 2020, forced us to
live a physical distance and suspend face-to-face classes. This situation aggravated problems
experienced by schools and universities. Showing the fragility of institutions not only in a
structure that follows the advances of the 21st century, but also in teacher training. In this
article we aim to discuss the pedagogical practices adopted in the pandemic period and present
practices developed in the Mathematics Degree Course and in the Mathematics Pibid of the
Federal University of Campina Grande (UFCG), in Cajazeiras, Paraíba. We present the use of
the Padlet application as a teaching methodology in different contexts, encouraging student
interaction and authorship. We can observe that many practices implemented for the continuity
of classes bring a confusion of concepts and reproduction of traditional and content teaching
practices. Interfaces like Padlet can boost creativity, authorship and co-authorship and
interaction, principles of online education.
KEYWORDS
: Online education. Teacher training. Math. Padlet.
Introdução
A pandemia da COVID-19, que se instalou mundialmente desde o ano de 2020, trouxe
consequências terríveis para a sociedade com muitas perdas de vidas, atingindo marcas hoje de
502 milhões de infectados e 6,19 milhões de mortos em todo o mundo. No dia 11 de março de
2020, a COVID-19 foi caracterizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma
pandemia. Para conter a disseminação da COVID-19, foram recomendadas medidas de
isolamento e tratamento dos casos identificados, testes massivos e distanciamento físico entre
as pessoas, uso de máscaras de proteção e higienização das mãos com maior frequência. Além
dessas medidas, todos os locais que possibilitaram aglomeração foram fechados, tais como
teatros, igrejas, shopping center, estádios, escolas e universidades.
Na tentativa de dar continuidade às aulas no Brasil, o Ministério da Educação publicou
a Portaria Nº 343, de 17 de março de 2020 (BRASIL, 2020a) autorizando a substituição das
atividades acadêmicas presenciais, em andamento, por aulas e atividades não presenciais que
utilizam meios e tecnologias de informação e comunicação até que a situação sanitária fosse
controlada.
Neste sentido, o Pare
cer do Conselho Nacional de Educação (CNE)/Conselho Pleno
(CP) Nº 5/2020, aprovado em 28 de abril de 2020 (BRASIL, 2020b) trouxe indicações para
reorganização do Calendário Escolar e orientações para o desenvolvimento das aulas não
presenciais em relação a cada nível de ensino, dando sugestões de atividades a serem
desenvolvidas, organização do calendário e carga horária.
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O Padlet na educação online das licenciaturas
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Na UFCG, as aulas ficaram suspensas desde março de 2020 tendo que regulamentar o
ensino remoto por meio de Resolução antes inexistente. Dessa forma, foi implantado, por meio
da Resolução nº 06/2020 da Câmara Superior de Ensino da Universidade Federal de Campina
Grande, o Regime Acadêmico Extraordinário (RAE), referente às disciplinas do período 2020.1
que foi suspenso. Essa Resolução prevê que os alunos poderiam optar pela adesão ao ensino
remoto ou deixar o período suspenso, sem perdas no andamento do seu Curso, mas dando a
oportunidade de continuidade do curso para aqueles que pudessem e quisessem estudar de
maneira remota. Assim, iniciamos na UFCG, em setembro de 2020, um período do chamado
ensino remoto.
Este capítulo tem como objetivo apresentar o relato de uma experiência docente durante
a pandemia da COVID-19, com alunos da turma da disciplina Prática de Ensino de Matemática
no Ensino Médio do curso de Licenciatura em Matemática da UFCG no período de setembro
de 2020 a dezembro de 2020 e com alunos do Subprojeto Matemática do Programa Institucional
de Iniciação à Docência (PIBID) no período de setembro de 2020 a abril de 2022. Para tanto
dividimos o texto em quatro partes em que apresentamos inicialmente reflexões sobre Educação
online, trazendo as definições de Educação a distância, Ensino Remoto, diferenciando da
Educação online, em seguida abordamos sobre o aplicativo Padlet, suas características e
funcionalidades, para logo depois, apresentamos o Padlet como metodologia para formação de
professores em práticas desenvolvidas com turmas do Curso de Licenciatura em Matemática da
UFCG, Campus de Cajazeiras, Paraíba. Por fim, apresentamos as conclusões da importância de
buscar metodologias para a formação de professores baseadas na perspectiva da Educação
online, desenvolvendo interatividade, colaboração e autoria dos alunos.
Ensino online, uma realidade para os professores
Diante da situação imposta pela pandemia da COVID-
19, a Educação precisou se
adequar para conseguir dar continuidade às aulas, inserindo tecnologias da informação e
comunicação como meio para se comunicar com os alunos. Segundo Nóvoa (2020, p. 8) "as
melhores respostas, em todo o mundo, foram dadas por professores que, em colaboração uns
com os outros e com as famílias, conseguiram pôr de pé estratégias pedagógicas significativas
para este tempo tão difícil". Entretanto como as atividades pedagógicas não podiam ser
presenciais, naquele momento, fez com que surgisse diferentes denominações para as novas
práticas advindas com a pandemia criando muitas vezes conflitos conceituais entre o que se
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Rosinângela Cavalcanti da Silva BENEDITO e Simone LUCENA
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passou a chamar ensino remoto e as já reconhecidas modalidades de educação a distância (EaD)
e educação online.
No Brasil, a EaD é regida pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB nº 9394/96)
por meio do artigo 80, estabelecendo que “o Poder Público incentivará o desenvolvimento e a
veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e
de educação continuada” (BRASIL, 1996). De acordo com o Decreto nº 9057 de 25/05/2017 do
Poder Executivo Federal (D.O.U. 26/05/2017) que regulamenta este artigo, considera-se a EaD
como sendo uma “modalidade educacional que busca superar limitações de espaço e tempo com
a aplicação pedagógica de meios e tecnologias da informação e da comunicação e que, sem
excluir atividades presenciais, organiza-se segundo metodologia, gestão e avaliação peculiares”
(BRASIL, 2017).
A educação a distância tem sido objeto de muitos estudos e pesquisas no mundo e no
Brasil, e por esta razão há inúmeras metodologia, práticas pedagógicas, plataformas e interfaces
digitais desenvolvidas exclusivamente para esta modalidade educacional.
A EaD é caracterizada pela separação física e autoaprendizagem, onde a instrução é o
centro do processo, de forma que os cursistas desenvolvem atividades com base em instruções
recebidas em materiais do curso e se comunicam usando diferentes plataformas, modelo de
educação em massa e de ensino tradicional (SANTOS, 2019).
Diferente da EaD a Educação online surge com as práticas da cibercultura desenvolvidas
no século XXI e se distingue das demais modalidades, por utilizar os dispositivos tecnológicos
para propor atividades pedagógicas utilizando as potencialidades e a plasticidade do digital em
rede, por meio da hipertextualidade, para desenvolver a interatividade em atividades síncronas
e assíncronas que proporcionem a produção colaborativa, a pesquisa, a discussão e a autoria
numa construção coletiva do conhecimento.
Estamos na era da conexão em rede, marcada pela internet, pelas redes sociais, pelos
aplicativos de celular, para comunicação com pessoas do mundo todo, para compras,
localização, busca de informações de forma rápida e interligada, práticas contemporâneas
ligadas às tecnologias da cibercultura, trata-se de transformações nas práticas sociais, na
vivência do espaço urbano e na forma de produzir e consumir informação, que configura a
cultura da mobilidade contemporânea (LEMOS, 2004).
A cibercultura aponta para uma civilização da telepresença generalizada. Para
além de uma física da comunicação, a interconexão constitui a humanidade em
um contínuo sem fronteiras, cava um meio informacional oceânico, mergulha
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O Padlet na educação online das licenciaturas
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1838-1855, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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os seres e as coisas no mesmo banho de comunicação interativa. A
interconexão tece um universal por contato (LÉVY, 1999, p. 127).
É a partir da compreensão da contemporaneidade da cibercultura, que se torna necessária
uma atualização no ensino para trazer para as práticas de ensino o que está presente da vida dos
alunos, retirando o pensamento ainda presente de educação bancária, de ensino
descontextualizado, onde o professor apenas expõe conteúdos e os alunos passivamente
assistem aulas. De acordo com Silva (2010, p. 38):
Se a escola e a universidade ainda não exploram devidamente a internet na
formação das novas gerações, estão na contramão da história, alheias ao
espírito do tempo e, criminosamente, produzindo exclusão social e exclusão
cibercultural. Quando o professor convida o aprendiz a um site, ele não apenas
lança mão da nova mídia para potencializar a aprendizagem de um conteúdo
curricular, mas contribui pedagogicamente para a inclusão desse aprendiz no
espírito do nosso tempo sociotécnico.
É importante reconhecer a importância do ensino aprendizagem em rede, para
desenvolvimento da autoria, da autonomia dos alunos, desenvolvimento crítico e
desenvolvimento de capacidade de solução de problemas, de tomada de decisões e utilização da
tecnologia para pesquisa e busca de informações de forma crítica e consciente. Segundo Levy
(1999), a educação online nos é apresentada como um novo modelo de pedagogia baseado na
aprendizagem com características próprias e de forma coletiva em rede. Nesse contexto, o
professor precisa adequar a sua prática, não apenas fornecer conteúdos de forma direta, mas
buscar desenvolver a inteligência coletiva de seus alunos
A educação online é marcada pelo uso da tecnologia, não de forma tecnicista, de
reprodução, perpetuando práticas tradicionais, mas a educação online é defendida como uma
“aprendizagem em rede, colaborativa, usadas numa perspectiva pós-massiva, para promover a
interatividade, com inspiração em práticas da cibercultura” (PIMENTEL, CARVALHO, 2020).
O papel do professor é alterado, o tornando um mediador buscando a interatividade e partilha,
traz a cibercultura como inspiração e potencializadora das práticas pedagógicas, é concebida
para promover a mobilização da aprendizagem crítica e colaborativa. “Em nossa concepção de
educação online, o papel do docente é fundamental no processo formativo dos estudantes, sendo
necessária uma mediação ativa para a promoção da aprendizagem colaborativa, que pressupõe
a interatividade”. (SANTOS; CARVALHO; PIMENTEL, 2016, p. 24).
Para promover a aprendizagem colaborativa, o docente tem o papel de coordenar as
pr
áticas dos estudantes na construção do conhecimento em grupo, de articular conversas com e
entre os estudantes, cruzar ideias, mobilizar e partilhar reflexões e debates densos. O professor
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Rosinângela Cavalcanti da Silva BENEDITO e Simone LUCENA
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1838-1855, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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deve incentivar a participação dos alunos, buscando uma maior interatividade entre alunos e
entre aluno e professor, articular o diálogo entre os cursistas, trazer outras fontes de informação,
permitir que os alunos se expressem, abrir conversas para outras discussões e oportunizar que
os cursistas criem discussões entre si (SANTOS; CARVALHO; PIMENTEL, 2016).
As tecnologias digitais em rede têm potência para promover a interação, se forem
direcionadas para esse fim e não apenas para difusão de conteúdos num modelo de comunicação
em massa. Vivemos na época da cibercultura que nos demanda estar em rede, trabalhar em
grupo, nesse contexto, precisamos compreender que aprendizagem colaborativa deve acontecer
em rede, direcionando as potencialidades da tecnologia da informação e comunicação para
promoção dessa interatividade.
As páginas da Web não apenas são assinadas, como as páginas de papel, mas
freqüentemente desembocam em uma comunicação direta, por correio digital,
fórum eletrônico ou outras formas de comunicação por mundos virtuais como
os MUDs ou os MOOs. Assim, contrariamente ao que nos leva a crer a vulgata
midiática sobre a pretensa "frieza" do ciberespaço, as redes digitais interativas
são fatores potentes de personalização ou de encarnação do conhecimento
(LÉVY, 1999, p. 162).
Das formas de isolamento e fragmentação da vida moderna, em particular a forma de
isolamento forçada que estamos vivendo, a introdução de tecnologias móveis estão nos levando
a um re-exame do que significa proximidade, distância e mobilidade. (Lemos, 2004) A
tecnologia através da internet se torna, dessa forma, um dispositivo para vencer o
distanciamento social e nos conectar em rede. A internet por sua vez é composta por diferentes
interfaces. “A interface é um termo que, na informática e na cibercultura, ganha o sentido de
dispositivo, espaço online para encontro de duas ou mais faces em atitude comunicacional,
dialógica ou polifônica” (SILVA, 2010, p. 46). O docente pode então lançar mão dessas
interfaces em suas aulas online para estar próximo aos alunos, para comunicação, para criação,
discussão, trocas, críticas e autocríticas, elaboração, colaboração, experimentação, simulação e
descoberta (SILVA, 2010). Podendo assim superar um ensino tradicionalmente marcado pela
transmissão de conteúdos, pelo trabalho individual do professor como expositor de conteúdos e
o aluno como receptor passivo, permitindo que o professor planeje situações de aprendizagem
significativas que tornam o aluno sujeito da sua própria aprendizagem.
Muitos professores não utilizavam esses recursos em sua prática, não conheciam, não
acreditavam e esta é uma lição importante da crise, o reconhecimento de outras possibilidades
de ensino reconhecendo o poder das TIC e suas interfaces.
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O Padlet na educação online das licenciaturas
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1838-1855, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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Hoje, está muito claro que nada pode substituir a colaboração entre
professores, cuja função não é aplicar tecnologias prontas ou didáticas
apostiladas, mas assumir plenamente o seu papel de construtores do
conhecimento e da pedagogia. As capacidades de iniciativa, de
experimentação e de inovação manifestadas durante a pandemia devem ser
alargadas e aprofundadas no futuro, como parte de uma nova afirmação
profissional dos professores (NÓVOA, 2020, p. 9).
O papel dos professores foi alterado, o tirando do papel de protagonista do processo de
ensino-aprendizagem e trazendo o aluno para o centro do processo e o tornando sujeito da sua
própria aprendizagem, nessa pedagogia o professor cria situações, sugere leitura de textos,
propõe atividades, mas o aluno é quem desenvolve com ele, tem seu poder de autoria,
autonomia, de busca, de pesquisa muito mais acentuado.
Podemos colocar em prática novos arranjos espaço temporais para educar
sujeitos geograficamente dispersos ou para ampliar a prática pedagógica
presencial, entrando a educação online como diferencial. Agora temos em
potência mídias interativas e aprendizagem colaborativa para além da
autoaprendizagem e da mídia de massa. Já podemos aprender com o outro
mediado por tecnologias que permitem de fato que esses “outros” se encontrem
(SANTOS, 2019, p. 75).
A tecnologia traz para as escolas e universidades inovação e avanço se for bem utilizada,
as atividades devem desafiar os alunos para que possam criar, participar, refletir, discutir, opinar
e ser ouvido, interagindo com os professores e outros alunos no processo ensino-aprendizagem.
De acordo com Santos (2020), neste ano de pandemia, os currículos das escolas e
universidades estão todos desenhados de forma remota utilizando a tecnologia e ambientes
virtuais de aprendizagem utilizando arquivos em nuvem, compartilhando conteúdo para
estudarem, com modernos dispositivos, site, aplicativos e softwares que permitem editar,
compartilhar, fazer fórum, chat, fazer webconferências com dia e hora marcados, porém esse é
o único momento em que professores e alunos se encontram virtualmente, para algum contato,
fora desse horário agendado eles não se encontram através desses dispositivos ou outros meios
virtuais.
Dessa forma, ensino remoto é denominado pelas práticas pedagógicas mediadas por
pl
ataformas digitais, com os conteúdos, tarefas, notificações em aplicativos de forma síncrona
e assíncrona (ALVES, 2020). É caracterizado por uma rotina de encontros e estudos garantindo
o funcionamento das escolas e universidades, sendo esse a parte boa desse modelo, porém ele
vem repetindo práticas de ensino bancárias, ensino massivo, não utilizando todas as potências
das tecnologias da informação e comunicação para melhorar o ensino. Essa prática tem causado
muito enfado, desinteresse e chateação nos alunos, muitas vezes não participam das aulas,
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1838-1855, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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apenas ficam presentes nas webconferências, mas não destinam sua atenção para o que está
sendo apresentado pelo professor. E ainda desenvolve nos alunos e nos próprios professores
uma visão negativa sobre o ensino online, comprometendo os avanços possíveis e necessários
trazidos pela cibercultura.
De acordo com Alves (2020) essas duas modalidades trazem a tecnologia apenas como
recurso didático, porém essa perspectiva não contribuiu para aprendizagem de forma
colaborativa. É preciso ir além disso, utilizando a tecnologia com reflexão, questionamento, de
forma colaborativa, compartilhando conteúdos, tornando os estudantes protagonistas do
processo de ensino aprendizagem
Padlet
De acordo com o próprio site do aplicativo, o Padlet é um software utilizado para criar
e compartilhar conteúdo com outras pessoas. Através de quadros virtuais, que lembram a
construção dos antigos blogs. Porém, esses quadros podem conter conteúdos hipertextuais,
inserindo também vídeos, áudios, textos, links, arquivos, muito mais recursos que as antigas
plataformas de blog.
O aplicativo foi criado por Nitesh Goel e Pranav Piyush em 2012 (MONTEIRO, 2020),
mas surgiu inicialmente com o nome de Wallwisher. De acordo com entrevista concedida a
Russel (2003) os indianos criadores do Padlet afirmam que ele surgiu a partir de um projeto
universitário em 2008, na Universidade de Cingapura e ganhou força e rapidamente milhões de
usuários já estavam utilizando a página, não apenas para visitar, mas também para criar.
Segundo eles, o objetivo é que as pessoas possam criar de forma fácil na Web, se comunicar,
compartilhar informações, e se uma pessoa criativa tiver acesso é capaz de criar muito mais.
O Padlet se caracteriza por ser de fácil manuseio, intuitivo, inclusivo, colaborativo,
permitindo que as pessoas deem contribuições na página de outras pessoas, façam comentários,
classifiquem como gostei e curti através de emoji ou editem. Os quadros podem ser construídos
em formato de lista, grade, coluna, mapa, tela ou linha do tempo.
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O Padlet na educação online das licenciaturas
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1838-1855, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.16767
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Figura 1 –
Formatos do Padlet
Fonte: Página do Padlet
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Este aplicativo permite aos usuários organizar de forma online seus conteúdos em
murais, permite a personalização deles, o compartilhamento em rede com outros usuários se
assim preferir ou a privacidade de um diário pessoal, podendo haver feedback de outros
usuários, gerando interação e discussão.
Ao abrir a página inicial do Padlet encontramos a imagem da Figura 2.
Figura 2 –
Página inicial do Padlet
Fonte: Página do Padlet
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3
Disponível em: https://padlet.com/create?back=1. Acesso em: 12 ago. 2021.
4
Disponível em https://pt-br.padlet.com/. Acesso em: 12 ago. 2021.