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O programa saúde na escola: Concepções e percepções das ações caracterizadas pelo princípio da intersetorialidade nas políticas públicas
municipais educacionais em Altamira - Pará
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–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1488-1509, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.16795
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O PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA: CONCEPÇÕES E PERCEPÇÕES DAS
AÇÕES CARACTERIZADAS PELO PRINCÍPIO DA INTERSETORIALIDADE NAS
POLÍTICAS PÚBLICAS MUNICIPAIS EDUCACIONAIS EM ALTAMIRA - PARÁ
EL PROGRAMA DE SALUD EN LA ESCUELA: CONCEPCIONES Y PERCEPCIONES
DE ACCIONES CARACTERIZADAS POR EL PRINCIPIO DE
INTERSECTORIALIDAD EN LAS POLÍTICAS EDUCATIVAS MUNICIPALES EN
ALTAMIRA - PARÁ
THE HEALTH AT SCHOOL PROGRAM: CONCEPTIONS AND PERCEPTIONS OF
ACTIONS CHARACTERIZED BY THE INTERSECTORIALITY PRINCIPLE IN
MUNICIPAL EDUCATIONAL PUBLIC POLICIES IN ALTAMIRA - PARÁ
Marconde Ávila BANDEIRA
1
Ney Cristina Monteiro de OLIVEIRA
2
RESUMO:
Este estudo objetivou analisar as concepções e percepções dos atores sociais
partícipes das ações implementadas no Programa Saúde na Escola, caracterizado pelo princípio
da intersetorialidade, nos Sistemas Municipais de Ensino e de Saúde em Altamira
–
Pará, no
período entre 2008-2019. Optou-se pela abordagem qualitativa na modalidade de pesquisa de
campo. Os resultados apontaram que as concepções e percepções dos atores sociais partícipes
desta pesquisa não discorrem na totalidade das diretrizes e ações estratégicas do programa, as
quais são caracterizadas pelo princípio da intersetorialidade. Considera-se que explicitou
contradições conflitantes ao planificado e preconizado pelas políticas públicas universais e
locais.
PALAVRAS-CHAVE:
Programa Saúde na Escola. Princípio da Intersetorialidade. Educação
Básica. Sistemas Municipais de Ensino e de Saúde. Políticas Públicas em Altamira - Pará.
RESUMEN
: Este estudio tuvo como objetivo analizar las concepciones y percepciones de los
actores sociales que participan en las acciones implementadas en el Programa de Salud
Escolar, caracterizado por el principio de intersectorialidad, en los Sistemas Municipales de
Educación y Salud en Altamira - Pará, en el período comprendido entre 2008 y 2019. El
enfoque cualitativo fue elegido en la modalidad de investigación de campo. Los resultados
mostraron que las concepciones y percepciones de los actores sociales involucrados en esta
investigación no funcionan en la totalidad de los lineamientos y acciones estratégicas del
programa, que se caracterizan por el principio de intersectorialidad. Se considera que ha
1
Universidade Federal do Pará (UFPA), Altamira
–
PA
–
Brasil. Professor Magistério. Mestre em Educação Básica
pelo Programa de Pós-graduação em Currículo e Gestão da Escola Básica, Núcleo de Estudos Transdisciplinares
em Educação Básica. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8414-0761. E-mail: bandeira.neto77@gmail.com
2
Universidade Federal do Pará (UFPA), Belém
–
PA
–
Brasil. Professora Titular Programa de Pós-graduação em
Currículo e Gestão da Escola Básica, Núcleo de Estudos Transdisciplinares em Educação Básica, Campus
Universitário de Belém. Doutorado em Educação. Pós-doutorado em Ciência Humanas. ORCID:
https://orcid.org/0000-0002-8091-5213. E-mail: neycmo@ufpa.br
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Marconde Ávila BANDEIRA e Ney Cristina Monteiro de OLIVEIRA
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hecho explícitas contradicciones que entran en conflicto con lo previsto y propugnado por las
políticas públicas universales y locales.
PALABRAS CLAVE
: Programa de Salud Escolar. Principio de Intersectorialidad. Educación
básica. Sistemas Municipales de Educación y Salud. Políticas Públicas en Altamira - Pará.
ABSTRACT
: This study aimed to analyze the conceptions and perceptions of social actors
participating in the actions implemented in the School Health Program, characterized by the
principle of intersectoriality, in the Municipal Education and Health Systems in Altamira -
Pará, in the period between 2008-2019. We opted for a qualitative approach in the field
research modality. The results pointed out that the conceptions and perceptions of the social
actors participating in this research do not fully address the guidelines and strategic actions of
the program, which are characterized by the intersectoriality principle. It is considered to have
made explicit contradictions conflicting with what is planned and advocated by universal and
local public policies.
KEYWORDS
: School Health Program. Intersectoriality Principle. Basic Education. Municipal
Education and Health Systems. Public Policies in Altamira - Pará.
Introdução
O Programa Saúde na Escola, caracterizado pelo princípio da intersetorialidade, foi
instituído pelo Decreto Presidencial nº 6.286, de 5 de dezembro 2007, pelos Ministérios da
Educação e da Saúde, com diretrizes e ações para o público-alvo, composto pelas crianças, os
adolescentes, os jovens e os adultos da Educação Básica brasileira, como também pela
comunidade escolar (gestores escolares, docentes, corpo de apoio complementar, mamães,
papais e responsáveis pelos discentes). Deste modo, os dois setores unem forças para a
promoção, prevenção e atenção à saúde para enfrentamento das vulnerabilidades que interferem
na educação integral dos estudantes da Educação Básica no país (BRASIL, 2007).
Para Junqueira, Inojosa e Komatsu (1997) e Góis (2013), a perspectiva da diretriz
caracterizada pelo princípio da intersetorialidade versa-se pelos diálogos dos saberes coletivos
como premissa para a construção de ações articuladas a serem instituídas nas políticas públicas
como direitos sociais. Portanto, “As crianças em c
ondições adequadas de saúde, alimentação e
proteção estão frequentemente ansiosas para aprender e experimentar coisas novas” (CURY;
REIS; ZANARDI, 2018, p. 106). Tal afirmação corrobora com o objetivo do Programa Saúde
na Escola, que é tornar-se um importante elo entre equipes multiprofissionais das Unidades
Escolares e de Saúde da Família, para promoverem conhecimentos e ações para o
desenvolvimento humano integral (físico, psicológico, social e cultural) das crianças e dos
adolescentes na Educação Básica brasileira.
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Para os Ministérios da Educação e da Saúde, as ações e diretrizes do Programa na Saúde
na Escola visam à integração articulada permanente com a interface da Educação e da Saúde
para a promoção da qualidade de vida da população brasileira em idade escolar (BRASIL,
2007). Notou-se que o norte proposto é a qualidade de vida cidadã focada no pleno
desenvolvimento humano integral dos discentes, dos docentes e das equipes de apoio
administrativo e operacional na Educação Básica, com a garantia de políticas públicas como
direito social, como expresso nos documentos oficiais da legislação brasileira.
Diante destes aspectos, questiona-se: Quais as concepções e percepções dos atores
sociais partícipes das ações implementadas pelo princípio caracterizado pela intersetorialidade
no Programa Saúde na Escola e suas contribuições para as políticas públicas educacionais
básicas no Sistema Municipal de Ensino de Altamira, Pará, no período entre 2008 e 2019?
Diante desta problematização, ancorou-se epistemologicamente e teoricamente sobre o
princípio caracterizado pela intersetorialidade (BARBIERI; NOMA, 2017; FERREIRA, 2009;
INOJOSA, 1998; JUNQUEIRA, 1997, 2000; MONNERAT; SOUZA, 2014; NASCIMENTO,
2010, SANTOS; DIAS, 2012; SILVA, 2019; TUMERELO, 2018), a partir de uma abordagem
qualitativa, com o objetivo de analisar as percepções e concepções dos atores sociais partícipes
da implementação deste Programa e as ações caracterizadas pelo princípio da intersetorialidade
nos Sistemas Municipais de Ensino e de Saúde no período entre 2008-2019.
Para tanto, organizou-se este artigo, com esta introdução que discorre sobre o objeto, a
problemática, o objetivo, a justificativa, referencial teórico; seguida da seção da trajetória
metodológica e das seções que tratam: das concepções dos atores sociais partícipes sobre o
Programa Saúde na Escola, com a relevância social, os fatores contribuintes tanto positivamente
como negativamente, as ações previstas e o envolvimento dos participantes com o Programa
Saúde na Escola e; das percepções dos atores sociais partícipes diante das ações que foram
executadas e efetivadas, suas características e seus fatores, e de que modo aconteceram as
articulações integrativas caracterizadas pelo princípio da intersetorialidade. Por fim, seguem as
considerações finais seguidas das referências.
Trajetória Metodológica
Esta pesquisa está baseada em uma abordagem por “ciclos da pesquisa qualitativa”,
organizada em três etapas: 1) fase exploratória; 2) trabalho de campo e 3) análise do material
baseado nas experiências e nos documentos, a qual “se realiza fundamentalmente
por um labor
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intelectual baseado em conceitos, proposições, hipóteses, métodos, e técnicas, que se constrói
um ritmo próprio e particular.” (DELANDES; GOMES; MINAYO, 2009, p. 25).
Os critérios para seleção dos atores sociais partícipes, os quais responderam aos
questionários, balizou-se na Portaria interministerial nº 675, de 4 de junho de 2008 (BRASIL,
2008), emitida pelos Gabinetes dos Ministérios da Saúde e da Educação, a qual instituiu a
Comissão Intersetorial de Educação e Saúde na Escola, e na Portaria conjunta nº 01/2008
(ALTAMIRA, 2008), emitida pelos Gabinetes Municipais de Saúde e de Educação, que
instituiu o Grupo de Trabalho Intersetorial Municipal do referido programa de Altamira, Pará.
Assim como os gestores de Unidades Escolares e coordenadoras das Unidades de Saúde da
Família, que são “pessoas
-
fontes” (CHIZZOTTI, 1991, p. 17), participantes das dinâmicas
locais, corresponsáveis pelas intermediações do planejamento, da execução, do monitoramento,
da avaliação e do replanejamento das diretrizes e ações do programa.
Na ocasião, pela dificuldade de realização das entrevistas em função da necessidade de
isolamento social ocasionado pela pandemia do coronavírus (COVID-19) desde março de 2020,
adotou-se a aplicação do questionário escrito como uma possibilidade, pois ele permitiria o
respeito às medidas de distanciamento social e por exigir menos interpelações interpessoais;
garantiu-se, assim, o acesso aos dados necessários para a compreensão sobre as diretrizes e
ações do Programa Saúde na Escola e sua dinâmica de implementação.
A coleta de dados, inscrita no Comitê de Ética sob o número 43592821.1.000.0018,
foi
realizada no período de 01 de outubro a 10 de novembro de 2020. Teve-se como locais para a
coleta de dados: a Secretaria Municipal de Saúde, por intermédio da Divisão Técnica de Saúde,
que é responsável pela Coordenação da Atenção Básica em Saúde, bem como as coordenações
que são responsáveis por três Unidades de Saúde da Família; a Secretaria Municipal de
Educação, por meio da coordenação pedagógica, que é responsável pelos programas no setor
educacional, bem como as gestões de três Unidades Escolares, as quais são vinculadas
territorialmente às referidas Unidades de Saúde da Família. O Quadro 1 apresenta os partícipes
desta pesquisa, sua formação e tempo de serviço nas áreas de atuação (Saúde e Educação).
Quadro 1
–
Partícipes da pesquisa
NOMES FICTÍCIOS
FORMAÇÃO
TEMPO/EXPERIENCIA
Coordenação de Saúde.
Enfermeiro com Pós-Graduação em
Saúde Pública.
Do quadro efetivo há dez anos,
não atua diretamente no
Programa.
Enfermeira 1.
Enfermeira com Pós-Graduação em
Gestão da Atenção Primária.
Do quadro efetivo há onze anos,
com quatro anos de atuação no
Programa.
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Enfermeira 2.
Enfermeira com Pós-Graduação em
Urgência e Emergência.
Contrato temporário, três anos de
atuação e no Programa.
Enfermeira 3.
Sem retorno à pesquisa.
Sem retorno à pesquisa.
Coordenação Educacional.
Pedagoga com Pós-Graduação em
Educação Especial e Educação
Inclusiva.
Do quadro efetivo há vinte e oito
anos, com cinco anos de atuação
no Programa.
Gestor Escolar 1.
Pedagoga com Pós-Graduação em
Gestão Escolar.
Contrato temporário, três anos de
atuação e no Programa.
Gestor Escolar 2.
Licenciada em Língua Portuguesa
–
Letras com Pós-Graduação em Gestão
Escolar.
Contrato temporário, quatro anos
de atuação e no Programa.
Gestor Escolar 3.
Licenciado pleno em Ciências
Biológicas com Pós-Graduação em
Gestão Escolar.
Contrato temporário, dois anos de
atuação e no Programa.
Fonte:
Elaborado pelos autores
Os dados apresentados no Quadro 1 sobre a formação e tempo de serviço dos
participantes revelam consistência na formação inicial e continuada, contudo, apesar deste
arcabouço formativo, percebeu-se que a maioria tem pouco tempo de atuação no programa e
que, dos setes, apenas três são do quadro permanente (Coordenação de Saúde, Coordenação
Educacional e Enfermeira 1).
Foram entregues aos atores sociais partícipes desta pesquisa oito questionários escritos,
mais os Termos de Consentimento Livre e Esclarecido, assim distribuídos: quatro profissionais
da Secretaria Municipal de Saúde, com um para a Coordenação de Atenção Básica em Saúde e
um para as Coordenações de todas as Unidades de Saúde da Família selecionadas para estudo.
No setor Educacional, coletaram-se por meio de quatro questionários, um para a Coordenação
Pedagógica e um para cada um dos Gestores de três Unidades Escolares de Altamira. Ressalta-
se ainda que duas Unidades de Saúde da Família e Unidades Escolares se localizam em
Reassentamentos Urbanos Comunitários, que estão situados em bairros periféricos, e uma
Unidade de Saúde da Família e uma Unidade Escolar se situam no centro da cidade de Altamira.
Quanto ao retorno dos oitos questionários escritos enviados aos atores sociais partícipes,
houve a devolutiva de sete questionários preenchidos, contudo, uma coordenadora da Unidade
Saúde da Família da periferia não retornou: mesmo com constantes insistências, não se obteve
sucesso. Entretanto, os questionários recebidos são suficientes, perfizeram-se essenciais para
seguir com as análises e tratamento dos dados sem prejuízos à qualidade da nossa pesquisa.
O questionário escrito estruturou-se com doze questões, das quais sete fechadas com
quatro opções (na última, com a possibilidade de acrescentarem-se outras respostas dos
partícipes) e cinco abertas. As questões foram organizadas em quatro eixos temáticos
correlacionáveis: I - Perfil dos atores sociais partícipes; II
–
Concepções dos atores sociais
partícipes sobre o Programa Saúde na Escola; III
–
Percepções dos atores sociais partícipes
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sobre o princípio caracterizado pela Intersetorialidade no Programa e; IV
–
Ações do Programa
Saúde na Escola em Altamira - Pará.
Para assegurar-se a validade e a fidedignidade dos dados coletados pela aplicação dos
questionários escritos adotaram-se os critérios metodológicos para construção da tipificação:
realizou-se a transcrição e a elaboração teórica e posteriormente a interpretação, em que se
utilizou a Análise de Conteúdo (BARDIN, 2011[1977]) para análises dos dados.
Concepções dos atores sociais partícipes sobre o Programa Saúde na Escola
Nesta seção de apresentação e análises dos dados, identificaram-se as concepções dos
atores sociais partícipes sobre o Programa Saúde na Escola, como também sua relevância social,
assim como os fatores positivos e negativos nas ações planificadas para a execução do
programa. Estas, que visam à contribuição para o fortalecimento integrativo das ações dos
setores da Saúde e da Educação para o enfrentamento das vulnerabilidades sociais individuais
e coletivas, que ampliaram as ações promotoras de saúde para crianças, adolescentes, jovens e
adultos no Sistema Municipal de Ensino de Altamira, com apoio para seu pleno
desenvolvimento para o exercício da cidadania (BRASIL, 2018).
Na prática executiva do Programa Saúde na Escola, os setores da Saúde e da Educação
levam em consideração a organização pedagógica dos meios tecidos pelo compartilhamento
dos saberes, que têm sustentações constituídas historicamente, individualizadas e
coletivamente. Ainda se considera os mais variados papéis sociais da comunidade escolar
(discentes, corpo docente, corpo de apoio suplementares educacionais, a família e outros
responsáveis pelos discentes) para a instituição dos processos de ensino e aprendizagens
significativos para uma política com justiça socialmente referendada e eticamente inclusiva.
Portanto, focalizou-se na promoção da saúde em detrimento das vulnerabilidades sociais,
referenciada na educação integral para o pleno desenvolvimento humano em sua integralidade
física, psicológica, social e cultural (BRASIL, 2007, 2011, 2017).
Contudo, ao questionar as concepções dos atores sociais partícipes sobre a compreensão
das ações do Programa Saúde
na Escola, cinco sujeitos responderam ser a: “
Promoção da Saúde
do escolar
” (Coordenação de Saúde, Coordenação Educacional, Enfermeira 2, Gestores
Escolares 1 e 3). Contudo, para dois participantes, são “
ações articuladas entre setores
”
(Enfermeira 1, Gestor Escolar 2), que tem mais proximidade com o princípio característico da
intersetorialidade. A Coordenação de Saúde compreende ser a “
Conexão dos saberes e
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experiências
”, que se aproxima do princípio interdisciplinar, que não faz parte deste estudo, e
ain
da acrescentou o Gestor Escolar 3 ser a “
Congruência a temas transversais
”.
As Coordenações de Saúde e Educacional, como ainda a Enfermeira 2 e os Gestores
Escolares 1 e 3, demostraram certa concepção sobre o Programa, pois “[...] constitui estratégia
para a integração e a articulação permanente entre as políticas e ações de educação e de saúde,
com a participação da comunidade escolar, envolvendo as equipes de saúde da família e da
educação básica” (BRASIL, 2007, p. 1) para a Promoção da Saúde do Escolar.
Quanto aos demais partícipes, estes apontaram conflitos e equívocos sobre a concepção
acerca das ações do programa, hipoteticamente pela falta de aprofundamento, capacitação e
formação para assumir o Programa. Isto pois, conforme o perfil dos atores sociais apresentado
anteriormente, estes atuam recentemente no setor e não acompanharam o processo de
implantação do Programa, sem falar na rotatividade profissional caracterizada pela não
realização de concursos públicos, tendo em vista que há mais de oito anos tais áreas têm se
deparado com contratos por tempo determinado.
Ao indagar os atores sociais partícipes referente à relevância social do programa, a
Coordenação de Saúde e a Enfermeira 1 afirmaram que visa “
Oportunizar a formação para o
desenvolvimento integral das crianças, jovens e adultos
”. Entretanto, para a Coordenação
Educacional é “
A busca dos faltosos para a vacinação, haja vista não irem até as unidades de
saúde
”. Ou seja, trata
-se de uma afirmação reducionista sobre a amplitude do Programa, em
vista que a imunização é uma ação parte do arcabouço de pactuações. A Coordenação de Saúde,
a Enfermeira 2, os Gestores Escolares 1, 2 e 3 convergiram que é a “
Promoção articulada da
saúde com a educação
”, sendo este conceito aquele que se aproxima das car
acterísticas da
intersetorialidade.
Ressalta-se que o Programa Saúde na Escola possui três componentes, os quais são: I -
Avaliação clínica e psicossocial; II - Promoção e prevenção à saúde e III - Educação
permanente. Estes possuem linhas de ações pactuadas a serem executadas, e a atualização do
calendário vacinal é uma linha de ação a realizar-se na verificação da carteira de vacinação dos
escolares como ação parte do componente I, não menos importante, mas parte das políticas do
Programa (ALTAMIRA, 2008, 2011, 2019; BRASIL, 2007). Assim, tais políticas trazem
contribuições para a constituição sistematizada de atenção social, focalizada na promoção da
cidadania e nos direitos humanos (BRASIL, 2007).
Ao questionar sobre os fatores positivos para o funcionamento do Programa Saúde na
Escola, a Coordenação de Saúde e os Gestores Escolares 1 e 3 demostraram certa compreensão
nos processos políticos envolvidos no programa, que são as “
Ações compartilhadas no
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planejamento, na execução e na avaliação dos saberes e experiências
”. Sem falar que a
Coordenação de Saúde acrescentou acertadamente que são “
Interrelações multiprofissionais
dos saberes e das experiências
”, que se perfaz também a compreensão do Gestor Escolar 2.
Para as Enfermeiras 1 e 2, são “
Ações articuladas no planejamento e na execução
”, que
se aproximam mais dos princípios característicos da intersetorialidade. Para a Coordenação
Educacional, são “
As parcerias envolvendo diretamente a direção escolar e a coordenação
pedagógica com a equipe de saúde
”, que considerou essencial o apoio da gestão dos Estados e
Municípios nos setores da Saúde e da Educação, por ser uma política intermediada por um
princípio característico da intersetorialidade (BRASIL, 2007, 2018).
Referente aos fatores negativos, quatro atores sociais partícipes (Coordenação
Educacional, Coordenação de Saúde, Enfermeira 1 e Gestor Escolar 2) referiram que é a “
Falta
de agenda compartilhada entre setores
”. No entanto, a Coordenação de Saúde ainda
acrescentou ser a “
falta de planejamento dos profissionais da educação no desenvolvimento
das ações
”, como também o “
Envolvimento de mais profissionais da educação
”. Afirmou a
Enfermeira 2 ser o “
Distanciamento no planejamento dos setores
”, e para o Gestor Escolar 3 é
a “
dificuldade em compartilhar os calendários e aos dias letivos
”.
É possível observar a instalação do contraditório entre os aspectos positivos e os
negativos, pois para três atores sociais partícipes (Coordenação de Saúde e Gestores Escolares
1 e 3), os aspectos
positivos são as “
Ações compartilhadas no planejamento, na execução e na
avaliação dos saberes e experiências
”. Contudo, para quatro atores sociais partícipes
(Coordenação de Saúde, Coordenação Educacional, Enfermeira 1 e Gestor Escolar 2), os
aspectos neg
ativos se referem à “
Falta de agenda compartilhada entre setores
”. Observa
-se
que até mesmo a Coordenação de Saúde criou certa contradição nas suas respostas, tendo em
vista que afirmou que o compartilhamento das ações é positivo, mas, por outro lado, também
apontou que existe a falta de compartilhamento nas agendas setoriais.
Sobretudo, a falta de articulação no planejamento não seria citada pelos partícipes desta
pesquisa caso esta não influenciasse na execução das ações do programa. Entretanto, revelou-
se desarticulação ao considerar que, segundo a Coordenação Educacional, a Coordenação de
Saúde, a Enfermeira 1 e o Gestor Escolar 2 não foi notada “
a agenda compartilhada entre
setores
”, acrescido pela Coordenação de Saúde, o distanciamento no “
planejamento dos
profissionais da educação
”, como ainda a “
participação incipiente dos profissionais da
educação
” e também o “
Distanciamento no planejamento dos setores
” (Enfermeira 2) com a
“
dificuldade em compartilhar os calendários e aos dias letivos
” (Gestor Esco
lar 3).
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Outras questões intrigantes se referem às respostas da Coordenação de Saúde e do
Gestor Escolar 2, que acrescentou como aspectos positivos as “
Interrelações multiprofissionais
dos saberes e das experiências
”. No entanto, a Coordenação de Saúde afi
rmou também como
aspecto negativo a “
falta de planejamento dos profissionais da educação no desenvolvimento
das ações
” e ainda o “
Envolvimento de mais profissionais da educação
”. São perceptíveis as
contradições, uma vez que as interrelações ficaram subentendidas como somente entre os
profissionais da Saúde. A seguir, faltou planejamento integrado e articulado por parte dos
profissionais da Educação. Para as Enfermeiras 1 e 2, os aspectos positivos são “
Ações
articuladas no planejamento e na execução
”. Cont
anto, os aspectos negativos para a Enfermeira
2 pautaram-
se no “
Distanciamento no planejamento dos setores
”; como se firmaram ações
articuladas, se existiu distanciamento, são contradições complexas e questionáveis.
Este processo de falta de planejamento integrado interfere e prejudica as ações do
Programa Saúde na Escola, haja vista o descompasso entre sua diretriz com o princípio
caracterizado pela intersetorialidade, em que consiste na “parte que se constitui; ligam
-se
organicamente; dependem e condiciona-se reciprocamente; condições de existência e de seu
meio; unitário ou total; [...] atitudes recíprocas e antagônicas” (PEREIRA, 2014, p. 23
-39).
Para a Coordenação Educacional, os aspectos positivos são “
As parcerias envolvendo
diretamente a direção escolar e a coordenação pedagógica com a equipe de saúde
”. Todavia,
para o Gestor Escolar 3, os aspectos negativos se balizam na “
dificuldade em compartilhar os
calendários e aos dias letivos
”. Neste intuito, inviabilizou
-se as parcerias ditas pela
Coordenação Educacional.
Neste sentido, é evidente a complexidade para a realização de atenção para o
desenvolvimento humano integral se não houve o planejamento, a execução, o monitoramento,
a avaliação e o replanejamento articulados e integralizados, como visto nas concepções dos
atores partícipes, as quais se configuram pelas incompatibilidades de agendas. Contudo, as
ações do Programa Saúde na Escola necessitam de inserção no instrumento principal de
planejamento educacional, que é o Projeto Político Pedagógico da Escola, para a
compatibilização das agendas e ações de acordo com a comunidade escolar local, não na
contramão e na contraversão (BRASIL, 2018).
Sobretudo, “Um instrumento do setor Educação que evoca a participação, merece
destaque e deve estar claro para os gestores de programas: o Projeto Político-Pedagógico da
Escola” (SILVA, 2019, p. 39). Assim como os “Dois aspectos que não podem ser deixados de
lado na organização de programas de saúde na escola e que se tornam estratégicos para seu
desenvolvimento são a ESF e o Projeto Político-
Pedagógico” (SILVA, 2019, p. 39).
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DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.16795
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As ações planificadas pelo Programa Saúde na Escola devem considerar a atenção,
promoção, prevenção e assistências, que acontecerão de maneira articulada com o Sistema de
Educação nas políticas públicas básicas, que considera como balizares os princípios e diretrizes
do Sistema Único de Saúde (BRASIL, 2007). Neste sentido, se percebeu nas vozes dos atores
sociais participantes desta pesquisa, congruências com o programa, pois a Coordenação de
Saúde, Coordenação Educacional, Enfermeira 1 e Gestor Escolar 3, afirmaram ser a
“
Articulação nas equipes multiprofissionais
”; ainda acrescentou a Coordenação de Saúde ser o
“
Compartilhamento de saberes
”: congratulou com esta afirmativa o Gestor Escolar
1. A
Coordenação de Saúde elencou também as “
Agendas articuladas para planejamento, execução
e avaliação entre setores
”, e compartilharam da resposta a Enfermeira 2 e o Gestor Escolar 2.
Desse modo, evidenciou-se certa aproximação referente às concepções dos atores
sociais partícipes sobre o Programa Saúde na Escola. Contudo, também foi notório o
distanciamento de alguns deles no que se refere à relevância social do programa, assim como
se percebeu as incongruências entre os fatores positivos e negativos, tendo em vista a
persistência das contradições significativas entre as respostas e sobre as ações previstas e a
participação dos profissionais na execução do referido programa. A partir destes dados,
percebeu-se que estes sujeitos se aproximam superficialmente do que normatiza e preconiza o
programa. Para tanto, no reforço para a prevenção de agravos nas Políticas Públicas de Saúde,
assim como o fortalecimento dos Sistemas Municipais de Ensino e de Saúde em Altamira
–
Pará, se fazem necessárias articulações contundentes entre as ações estratégicas do Sistema
Único de Saúde local com às do referido Sistema Municipal de Ensino de Altamira.
Para formalizar na prática a ampliação de ações do programa em relação aos discentes
e seus familiares, e considerar o contexto social, que se constitui das condicionantes para a
formação integral com o enfrentamento das vulnerabilidades, e para que não comprometa o
pleno desenvolvimento escolar, são fundantes a comunicação e informação entre as equipes
multiprofissionais das Unidades Escolares e das Unidades de Saúde da Família, para
interpelações e fortalecimento participativo da comunidade escolar visando a promoção de
políticas públicas em âmbitos municipais e locais (BRASIL, 2007).
Percepções dos partícipes sobre os princípios característicos da intersetorialidade
Nesta seção de análise de dados verificam-se as ações caracterizadas pelo princípio da
intersetorialidade, desencadeadas pelas Secretarias Municipais de Educação e de Saúde para a
execução das estratégias do programa. A intersetorialidade calca-se em atuações partilhadas e
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de corresponsabilidades, com articulações intersetoriais entre as políticas públicas educacionais
básicas e de saúde, através de Grupos de Trabalho Intersetoriais (BRASIL, 2012).
A gestão intersetorial municipal é de responsabilidade do Grupo de Trabalho
Intersetorial Municipal (BRASIL, 2015), a qual envolve o planejamento, o monitoramento, e a
avaliação integrada entre as equipes multiprofissionais das Unidades Escolares e de Saúde da
Família, que articulam as ações do Programa Saúde da Escola com o Projeto Político
Pedagógico escolar; assim, abrem-se as escolas para projetos de saúde que contemplem os
discentes, os docentes e a comunidade, os quais são essenciais para que a comunidade escolar
analise, em conjunto com o conselho pedagógico, as estratégicas pedagógicas a serem
realizadas pelas equipes multiprofissionais da Saúde e Educação (BRASIL, 2011).
Este programa foi instituído com arcabouço estratégico para integralidade articulada das
ações de políticas públicas dos sistemas de Educação e de Saúde com diretivas nos princípios
característicos da intersetorialidade (BRASIL, 2007). Contudo, “permitindo a progressiva
ampliação da troca de saberes entre diferentes profissões e a articulação intersetorial das ações
executadas pelos sistemas de Saúde e de Educação, com vistas à atenção integral à saúde de
crianças e adolescentes” (BRASIL, 2015, p. 9).
Neste intuito, quando questionados sobre suas convicções das ações executadas no
referido programa, se caracterizadas pela intersetorialidade, do universo dos sete atores sociais
partícipes, seis (Coordenação Educacional, Coordenação de Saúde, Enfermeiras 1 e 2 e
Gestores Escolares 1 e 2), referiram-
se ser as “
Ações compartilhadas no planejamento,
execução e Avaliação dos saberes e experiências
”. Contanto, a Coordenação de Saúde
acrescenta ser a “
Articulação no planejamento multiprofissional
”, ainda conjuntamente com o
Gestor Escolar 2 e a Enfermeira 1, que consideram que são as “
Ações articuladas dos saberes
e experiências
”.
Notadamente se percebe que as concepções dos partícipes se congratulam com o
compartilhamento articulado dos saberes e das experiências, com uma visão que evidencia o
rompimento “com o pensamento disciplinar, parcelado,
hierárquico, fragmentado,
dicotomizado e dogmatizado que marcou por muito tempo a concepção cartesiana de mundo”
(THIESEN, 2008, p. 552).
A intersetorialidade para a Coordenação de Saúde, para a Coordenação Educacional e
para os Gestores Escolares 1 e 2, caracteriza-
se como “
Ações articuladas entre os setores
”. No
entanto, a Coordenação de Saúde ainda acrescentou a “
Articulação no planejamento das
ações
”; também suplementou, juntamente com as Enfermeiras 1 e 2, como o
“
Compartilhamento de saberes e experiências entre as pastas da educação e da saúde
”. A
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Coordenação de Saúde, associadamente com os Gestores Escolares 1 e 3, completou que se
trata do “
Estreitamento relacional entre setores
”.
Nas afirmativas destes atores sociais percebeu-se certa confusão entre as concepções,
tendo em vista que em dado momento estas se confundem com as concepções interdisciplinares.
Considera-se natural que ocorra essa confusão, uma vez que os princípios não são e não se dão
dissociados, porque quase sempre são dependentes, pois a intersetorialidade tem em suas
características a interface dos conhecimentos e das práticas no planejamento integrado, na
execução e nas análises das ações, tendo em vista os objetivos propostos na implementação de
momentos necessários, buscando um resultado colaborativo para o desenvolvimento integral
da sociedade (JUNQUEIRA, 1997).
Também para explorar a fundo os princípios característicos da intersetorialidade, que é
central neste estudo, analisou-se o Programa Saúde na Escola e sua diretriz, caracterizada pelo
princípio da intersetorialidade, no Sistemas Municipais de Ensino e de Saúde de Altamira
–
Pará, no período entre 2008-2019. Para isto, ainda foram acrescentadas quatro perguntas abertas
para aprofundamento das análises acerca das concepções dos atores sociais participantes deste
estudo.
Neste intuito, questionados sobre a efetivação do apoio técnico no planejamento, na
execução e na avaliação das ações do programa, a Coordenação de Saúde respondeu que foi
“
Através da implantação da comissão intersetorial de educação e saúde
”, assim como “
Com a
formação legal do grupo intersetorial municipal. Com apoio dos gestores educação e saúde
”.
Para a Enfermeira 1, “
De forma setorial
”, e para a Enfermeira 2, “
é avaliado através do sistema
E-SUS
”. No entanto, a Coordenação Educacional infere que “
Nosso apoio ocorre na
sensibilização das equipes das escolas para que seja viabilizado o acesso participativo das
equipes de saúde, tendo em vista, que as ações acontecerem nas escolas, principalmente por
intermédio do Projeto Político Pedagógico
”.
Duas afirmativas valiosas são explicitadas pelos atores sociais partícipes desta pesquisa,
das quais: uma se relaciona com o Grupo de Trabalho Intersetorial Municipal, que se
fundamenta “composto por gestores d
as Secretarias de Saúde e de Educação, representantes das
equipes de Atenção Básica e representante dos educadores que atuarão no Programa Saúde na
Escola, representantes das escolas, dos jovens e das pessoas da comunidade local” (BRASIL,
2015, p. 17), tendo como responsabilidade pleitear assinatura do Termo de Compromisso entre
as duas partes (Saúde e Educação). A outra questão se refere à articulação inclusiva “dos temas
relacionado às ações do PSE nos projetos políticos-
pedagógicos das escolas” (BRASIL,
2015,
p. 17), haja vista que “Nas escolas, o trabalho de
promoção da saúde
com os
educandos
, e
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com professores e funcionários, precisa ter como ponto de partida “o que eles sabem” e “o que
eles podem fazer”” (BRASIL, 2015, p. 9, grifos do
autor).
No entan
to, o Gestor Escolar 1 disse que “
Recebemos um cronograma das atividades
através de ofício, e que houve a articulação com a equipe docente no planejamento
”. Para o
Gestor Escolar 2, “
Se efetiva junto com as secretarias de saúde e de educação, dentro de um
planejamento anual de atendimento
” e, ao mesmo momento, se contradiz: “
Nunca houve um
planejamento do Programa Saúde na Escola junto com o planejamento da instituição
”; para o
Gestor Escolar 3,
As ações foram coordenadas pela Secretaria Municipais de Saúde e de
Educação, com a criação de um cronograma de atividades mensais, e após
esse cronograma o responsável do Posto de Saúde mais próximo da Escola,
faz uma visita para que a Gestão, Coordenação realizem a formação de um
calendário mensal de atividades.
Nas respostas dos Gestores Escolares 1, 2 e 3 evidencia-se a contradição com as
afirmações da Coordenação de Saúde e da Coordenação Educacional. Percebeu-se nestas falas
que a implementação do Programa Saúde na Escola ocorreu e ocorre de maneira unilateral, de
cima para baixo, tendo em vista que as ações do programa deveriam se caracterizar em
articulação e por intermédio do Projeto Político Pedagógico no âmbito das Unidades Escolares,
com sinergia dos setores Saúde e Educação, e tendo como ponto de partida o contexto
comunitário escolar local.
Ao se perguntar em relação à execução do Programa Saúde na Escola, se ocorre no
formato caracterizado pelo princípio da intersetorialidade, a Coordenação de Saúde respondeu
que: “
Sim.
Houve desenvolvimento de ações por profissionais de diversas áreas
” ainda
complementou que: “[...]
durante as capacitações dos conteúdos planejados com Grupo de
Trabalho Intersetorial Municipal
”. Para a Enfermeira 1, realizou
-
se “
De forma articulada
”,
para a Enfermeira 2
: “
Foram articulados temas relacionados à educação em saúde
”.
Entretanto, a Coordenação Educacional infere que “
A meu ver, tanto o planejamento, como a
aplicação das ações do programa, tendo em vista que as escolas trabalham em parcerias com
as unidades de saúde
”. Já para o Gestor Escolar 1 foi “
através de conversas dos professores
com alunos, debate, tirando dúvidas, produção escrita e outros
”. Para o Gestor Escolar 2 a
resposta foi “
Não. O que se nota é um atendimento mais técnico/básico
”. Por fim, o Gest
or
Escolar 3 respondeu:
Sim, uma das principais preocupações do processo de ensino aprendizagem
na escola é a Interdisciplinaridade, outro ponto importante é cumprir a
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inserção de temas transversais como a educação ambiental (Dengue), e a
importância a temas relevantes a questão psicológica, comportamental e
inclusão.
Dos sete atores sociais partícipes apenas o Gestor Escolar 1 afirmou ser negativa a
relação intersetorial, por considerar que é “
um atendimento mais técnico/básico
”. Entretanto,
os
demais participantes demostraram certa “visão articuladora que rompe com o pensamento
disciplinar, parcelado, hierárquico, fragmentado, dicotomizado e dogmatizado que marcou por
muito tempo a concepção cartesiana de mundo” (THIESEN, 2008, p. 552).
Para o questionamento da efetivação intersetorial entre Saúde e Educação no Município,
para a Coordenação de Saúde, foi “
Sim. Porém, variou muito de acordo com a gestão de cada
exercício
” e ainda “
Através da portaria com a formação do grupo de trabalho municipal entre
as secretarias e aprovação do conselho municipal de saúde
”. Já para a Enfermeira 1:
“Sim.
Compartilhada com a atribuição de cada setor
” e para a Enfermeira 2, foi “
A parceria entre a
Unidade Saúde Família e a escola foi fundamental nas ações de promoção em saúde
”. A
Coordenação Educacional afirmou que “
Sim. Com compartilhamento das agendas escolares
em parceria com a saúde, viabilizando ações dentro do contexto escolar, tendo em vista, ser o
local onde ocorrem as ações educacionais
”. Contudo, para o Gestor Escolar 1 foi: “
Sim, através
de um planejamento entre os setores, informando as Unidades Escolares para o recebimento
do programa
”. Para o Gestor Escolar 2,foi “
Não
” e para o Gestor Escolar 3: “
Sim, a programa
estreitou a relação e melhorou muito a comunicação, assim como facilitou aos alunos o acesso
mais rápido as políticas da saúde
”.
A partir dos relatos dos partícipes, percebeu-se que para a Coordenação de Saúde,
Coordenação Educacional, Enfermeiras 1 e 2, Gestores Escolares 1 e 2, existiu a efetivação
intersetorial. Somente o Gestor Escolar 2 respondeu negativamente, contanto, não explicitou o
porquê de sua resposta. A Coordenação de Saúde, na justificativa de sua afirmação, revela uma
questão intrigante: “
variou muito de acordo com a gestão de cada exercício
”. Refletiu
-se a
questão de que nem sempre as ações das políticas públicas se perfazem como política estatal, e
sim como políticas de governos, onde se fragmentam, deste modo, a continuidade das ações:
em certos períodos se paralisam as atividades intersetoriais com as modificações propostas pela
gestão.
Configurou-se que em governos mais progressistas o programa aconteceu em sua
formatação mais democrática, como os Programas dos Governos de Luiz Inácio Lula da Silva
(2003-2006; 2007-2010) e Dilma Rousseff (2010-2013; 2014-2016). Entretanto, em governos
com perfis neoconservadores e ultraliberais (Governo atual de Jair Messias Bolsonaro, 2018-
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2021), as ações estratégicas do programa vêm determinadas descendentemente, sem considerar
a diretriz característica da intersetorialidade; algumas foram paralisadas ou excluídas.
Neste sentido, concorda-se com a necessária transformação na lógica de poder dos
órgãos do governo e dos interesses que se encontram em constantes disputas na arena das
políticas societárias. Assim, influencia-se com modificações paradigmáticas que estão
impregnadas tanto nos instrumentos burocratizantes estatais, como ainda nas estruturas do seu
funcionamento (JUNQUEIRA, 2000).
Ao questionarmos estes sujeitos quanto à articulação integrada das ações entre as
Unidades Escolares e Unidades de Saúde da Família, a Coordenação de Saúde respondeu:
“
No
primeiro momento foi um pouco truncada devido à baixa adesão dos educadores, depois com
tempo, essa articulação se fortaleceu
”, ainda respondeu que foram “
Realizad[as] oficinas de
sensibilização para apresentação do projeto inicial e sendo atualizado com sugestões no
decorrer da oficina. Foram entregues quites de incentivo a adesão a proposta contendo:
camisa, bolsa, caneta, bloco tudo personalizado
”. Para a Enfermeira 1: “
Oportuna em oferecer
suporte a estas ações
” e, para a Enfermeira 2: “
Através de reuniões entre Unidade Saúde da
Família e escolar
”. Para a Coordenação Educacional foram “
As parcerias envolvendo
diretamente a direção escolar e a coordenação pedagógica com a equipe de saúde
”. Para o
Gestor Escolar 1 foi “
Através de palestras, formação coletiva entre funcionários. Recebemos
atendimentos aos alunos com tendência a depressão
”. Para o Gestor Escolar 2 foi “
De forma
técnica
” e par
a o Gestor Escolar 3:
A Unidade de Saúde da Família e o Centro de Referência de Assistência
Social Vovó Dolores foram as principais articuladoras dentro da escola, as
atividades eram realizadas e caso fosse encontrado alguma situação era
encaminhada a Enfermeira responsável e providenciava o mais breve
possível, desde uma palestra necessário a um atendimento a um aluno. Por
fim tivemos um bom entendimento do Programa e conseguimos trabalhar
muito bem as ações.
Os partícipes expressaram que a articulação integrada entre as Unidades Escolares e as
Unidades de Saúde da Família corrobora com o que preconiza o programa, com a junção de
ações dos Sistemas Municipais de Ensino e de Saúde de Altamira. Contribuiu amplamente com
a cobertura e impacta as políticas sociais dos discentes e seus familiares, potencializa a
operacionalização local e suas especificidades (BRASIL, 2015). Os princípios característicos
da intersetorialidade compreendem que sua implementação seja conjunta, e mobiliza um novo
modelo estratégico nas políticas públicas como direitos sociais. Para tanto, são inúmeros os
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desafios para a articulação integralizada intersetorial nos Sistemas Municipais de Ensino e de
Saúde de Altamira, ao considerar-se a complexidade referente à perspectiva de
complementariedade na promoção das políticas públicas para a população do país, com
demandas constantes a serem resolvidas e suplementadas por meio de uma estratégica conjunta
dessas políticas públicas, caracterizadas pelas intersetorialidade, que visam o atendimento
universal, equitativo e de qualidade.
Neste ínterim, concorda-se com Barroso, Vieira e Varela (2006, p. 184), que sugerem
que no Projeto Político Pedagógico se propõe a formação profissional da saúde, corroborando
com a proteção e a promoção em saúde de modo integrado, para possibilitar a necessária
interconexão entre setores como a ciência, as políticas públicas de educação, assistência social,
segurança, direitos humanos, dentre outras que forem necessárias a sua convocação para
contribuição à justiça social.
Para isso, a reflexão para atuação efetiva entre os atores sociais partícipes e seus saberes
será mecanismo auxiliar para sua futura atuação profissional no setor da Saúde, pois se
caracteriza profissionalmente como tecelagem das redes intersetoriais da Saúde, com parcerias
intercambiais interinstitucionais governamentais e não governamentais, com foco em uma
qualidade de vida saudável, economicamente lapidando valores para a promoção da
transformação social justa, solidária e humanizada.
Considerações finais
Neste estudo, o objeto de investigação foi o Programa Saúde na Escola e sua diretriz
caracterizada pelo princípio da intersetorialidade, que faz parte do arcabouço constitucional
federativo brasileiro (BRASIL, 1988), o qual foi instituído pelos Ministérios da Educação e da
Saúde pelo Decreto Presidencial n. 6.286 (BRASIL, 2007). Tiveram como público-alvo
crianças, adolescentes, jovens e adultos da Educação Pública Básica brasileira, e também
comunidades escolares (corpo de gestores escolares, corpo docente, corpo discente, corpo de
apoio complementar e responsáveis pelos discentes). Programa este que visou a promoção, a
prevenção e a atenção à saúde para o enfrentamento das vulnerabilidades que interferem na
educação integral para o desenvolvimento humano nas Políticas Públicas Municipais (BRASIL,
2007).
O princípio da intersetorialidade revela ações que não são simples, todavia, não são
impossíveis de serem realizadas, haja vista os comprometimentos corresponsáveis
institucionais e não institucionais, pois convoca a participação da sociedade a perseguir os
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objetivos reais necessários para a consolidação das Políticas Públicas numa perspectiva de
direitos sociais, em virtude da importância dada para o público local, com articulação e
integração de modo a considerar as peculiaridades e especificidades da totalidade da realidade
local nas corresponsabilidades para a gestão do Grupo de Trabalho Intersetorial na
territorialidade em que as ações realmente se encontram presentes.
Assim, percebeu-se que na fase de implantação do Programa, os aportes legais
normativos de corresponsabilidades e obrigatoriedades de cada ente federativo se estabelecem
conforme regime colaborativo, os quais discorrem o compromisso que cada ente deve assumir,
na perspectiva do financiamento, da capacitação e da formação permanente. Neste sentido, os
documentos oficiais, os quais planificam o caminho a ser percorrido desde o projeto para a
implantação, a execução, o monitoramento, a avaliação e repactuação das ações estratégicas,
em específico o relatório anual, não foram localizados em nenhum dos setores, o que se
considera uma falta grave.
Entretanto, as vozes dos atores sociais partícipes desta pesquisa sinalizaram que as ações
foram executadas, contudo, foi perceptível que inexistem registros das atividades coletivas e
individuais levadas a cabo, o que pode comprometer a qualidade da continuidade das ações
estratégicas do programa. Sobretudo, foi visto que as Unidades de Saúde da Família e as
Unidades Escolares não passam de meros executores de agendas prontas; com isso, os acúmulos
e os esclarecimentos efetivados nas fases desta pesquisa, concluiu-se que o Programa Saúde na
Escola foi e é importante para a consolidação dos princípios das diretrizes e ações das Políticas
Públicas dos Sistemas Municipais de Ensino e de Saúde, ao considerar que é necessário um elo
entre as Unidades de Saúde da Família e as Unidades Escolares em sua territorialidade local,
desde que considerem o Projeto Político Pedagógico da Unidade Escolar como norteador das
ações a serem executadas.
Outra questão a ressaltar é que a potencialização das ações de promoção da saúde em
consonância com o Projeto Político Pedagógico das Unidades Escolares considera o calendário
escolar como ‘norte’ para a potencialização das políticas públicas educacionais e de Saúde, em
virtude de que na comunidade escolar se encontra um universo dos sujeitos sociais de cada
realidade local. No caso de Altamira
–
PA, não foi percebido isso, pois não houve essa
articulação integrada; apesar de constatação nos instrumentos com o caminho a ser percorrido
pelo Programa, não conseguiu exequibilidade em consonância com a realidade local, pois
desconsiderou os saberes dos sujeitos na sua totalidade, perfez-se em ações fragmentadas,
pontuais, sem discutir com cada setor sua realidade e necessidade específica.
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Marconde Ávila BANDEIRA e Ney Cristina Monteiro de OLIVEIRA
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Contudo, pelos enunciados dos atores sociais partícipes desta pesquisa foi possível
inferir que possuem certo conhecimento sobre as diretrizes e ações do programa, o qual versa
sobre a promoção da saúde do escolar para o desenvolvimento humano integral. Entretanto, se
percebeu também que os referidos não estão seguros em relação ao que o Programa realmente
propõe, haja vista certa confusão sobre os conceitos, diretrizes, ações e responsabilidades de
cada setor corresponsável, e ainda se percebeu a necessidade de investimentos em capacitações
e formações permanentes, em vista de que este é um componente proposto pelo Programa para
sua consolidação.
Assim, a experiência desta pesquisa sobre o Programa Saúde Escola em Altamira - PA
denúncia que o processo de implantação foi verticalizado, desconcentradas as
responsabilidades, quase sempre sem considerar a totalidade da realidade local, pois deve-se
considerar a vida dos atores sociais e sua participação como parte do processo para
horizontalizar a implementação da realidade local e suas necessidades ativas.
Outro ponto a se destacar é a rotatividade de profissionais nos setores da Saúde e da
Educação por falta de efetivação, por falta de concursos públicos e excesso de contratos por
tempo determinado. Com isso, as capacitações e formações, como preconizadas nos
documentos legais e observadas nas falas dos sujeitos participantes, infelizmente, não se
consolidaram em Altamira - PA pelo entrave da alta rotatividade dos profissionais e a falta de
vínculo com cada comunidade local.
Portanto, considera-se como propostas para as políticas públicas educacionais
caracterizadas pela intersetorialidade que exigem uma série de providências, que não se
circunscrevem apenas à execução do Programa Saúde na Escola em si, mas que são necessárias
para seu sucesso, tais como: atualização do Plano de Cargos, Carreiras e Salários para
estruturação de uma política pública de Estado e não apenas de governos; realização de
concurso público municipal; além de instituir e fazer funcionar o Grupo de Trabalho Territorial
Adstrito, composto pelas Unidades de Saúde da Família, Unidades Escolares e sociedade civil
local, com autonomia para planejamento, execução, monitoramento, avaliação e
replanejamento compartilhado das ações estratégicas do Programa.
Por fim, destaca-se que as Políticas Públicas para a Promoção em Saúde do escolar são
fundamentais para o sucesso educacional, ao considerar que a emancipação do educando
referente aos cuidados com sua saúde, da sua família e da comunidade local, poderá contribuir
para combater a evasão e promover o sucesso escolar.
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O programa saúde na escola: Concepções e percepções das ações caracterizadas pelo princípio da intersetorialidade nas políticas públicas
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REFERÊNCIAS
ALTAMIRA.
Portaria Conjunta n. 01/2008.
Altamira, PA: Gabinete da Secretaria
Municipal de Saúde e Secretaria Municipal de Educação, 2008.
ALTAMIRA.
Termo de Compromisso Municipal.
Altamira, PA: Secretaria Municipal de
Saúde e Secretaria Municipal de Educação, 2011.
ALTAMIRA.
Lei n. 3.085, de 29 de junho de 2012.
Organiza e Estrutura o Sistema
Municipal de Ensino de Altamira-SME e Reestrutura e Conselho Municipal de Educação.
Altamira: Câmara Municipal, 2012.
Disponível em: https://altamira.pa.leg.br/wp-
content/uploads/2021/07/Lei-3.085-29-de-junho-de-2012-Organiza-e-Estrutura-o-Sistema-
Municipal-de-Ensino-de-Altamira-SME-e-Reestrutura-e-Conselho-Municipal-de-
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ALTAMIRA.
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BANDEIRA, M. Á.; FEITOSA, S. M.; SOUZA, P. B. M. de. Educação, Saúde e Social:
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