image/svg+xmlEducação histórica, pandemia e ensino de história: Validação do conhecimento histórico em tempos de internet/revisionismo RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1037-1048, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16981 1037 EDUCAÇÃO HISTÓRICA, PANDEMIA E ENSINO DE HISTÓRIA: VALIDAÇÃO DO CONHECIMENTO HISTÓRICO EM TEMPOS DE INTERNET/REVISIONISMO EDUCACIÓN HISTÓRICA, PANDÉMICAS Y ENSEÑANZA DE HISTORIA: VALIDACIÓN DEL CONOCIMIENTO HISTÓRICO EN INTERNET/TIEMPOS DE REVISIONISMO HISTORICAL EDUCATION, PANDEMICS AND HISTORY TEACHING: VALIDATION OF HISTORICAL KNOWLEDGE IN INTERNET/REVISIONISM TIMES Rita de Cássia GONÇALVES1Adriane de Quadros SOBANSKI2RESUMO: No contexto da pandemia de Covid-19, os desafios para o ensino de História encontraram, na tecnologia, novo respaldo, mas também contradições. Com nova perspectiva do ensino da disciplina, ancorada no campo teórico da Educação Histórica, o trabalho a partir da epistemologia da História passou a exigir dos professores historiadores uma prática em que a relação com as fontes históricas é fundamental. Desse modo, a ideia de fonte histórica foi ainda mais ampliada, já que a web contém uma infinidade de materiais que podem ser concebidos como documentos históricos. Além disso, a utilização da internet como meio de interação entre os diferentes sujeitos no processo de escolarização pressupôs uma relação em que a tecnologia precisou ser ressignificada devido à possibilidade de apoio, mas também pela sua influência como disseminadora de informações superficiais e céticas com relação ao conhecimento científico. PALAVRAS-CHAVE: Educação histórica. Ensino. História. Pandemia. Sensibilidade. RESUMEN: En el contexto de la pandemia Covid-19, los desafíos para la enseñanza de la historia encontraron, en la tecnología, nuevos apoyos, pero también contradicciones. Con una nueva perspectiva de la enseñanza de la disciplina, anclada en el campo teórico de la Educación Histórica, el trabajo basado en la epistemología de la Historia pasó a demandar de los profesores historiadores una práctica en la que la relación con las fuentes históricas es fundamental. De esta forma, se amplió aún más la idea de fuente histórica, ya que la web contiene una infinidad de materiales que pueden concebirse como documentos históricos. Además, el uso de internet como medio de interacción entre diferentes sujetos en el proceso de escolarización presuponía una relación en la que la tecnología necesitaba ser redefinida por la posibilidad de apoyo, pero también aporta su influencia como difusora de superficialidad y escepticismo relativa al conocimiento científico. PALABRAS CLAVE: Educación histórica. Enseñanza. Historia. Pandemia. Sensibilidad. 1Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), Curitiba – PR – Brasil. Professora Adjunta. Doutorado em Educação (UFPR). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0588-6803. E-mail: professoraritadecassia@gmail.com 2Secretaria de Estado da Educação do Paraná (SEEDPR), Curitiba – PR – Brasil. Professora. Doutorado em Educação (UFPR). ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6017-1264. E-mail: drisobanski@gmail.com
image/svg+xmlRita de Cássia GONÇALVES e Adriane de Quadros SOBANSKI RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1037-1048, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16981 1038 ABSTRACT: In the context of the Covid-19 pandemic, the challenges for the teaching of history found, in technology, new support, but also contradictions. With a new perspective on the teaching of the discipline, anchored in the theoretical field of Historical Education, the work based on the epistemology of History started to demand from historian teachers a practice in which the relationship with historical sources is fundamental. In this way, the idea of a historical source was further expanded, as the web contains an infinite number of materials that can be conceived as historical documents. In addition, the use of the internet as a means of interaction between different subjects in the schooling process presupposed a relationship in which technology needed to be redefined due to the possibility of support, but also ask for its influence as a disseminator of superficial and skeptical ideas regarding the scientific knowledge. KEYWORDS: Historical education. Teaching. History. Pandemic. Sensitivity. IntroduçãoAs discussões sobre o ensino de História têm ganhado grande relevância nas últimas décadas, sobretudo no período pós ditadura civil-militar com a abertura política brasileira. Naquele contexto, em que a História voltava à cena como disciplina autônoma, era preciso repensar seu papel, assim como o dos professores de História. Por esse motivo vários eventos passaram a ser organizados por historiadores e professores da área, como o Encontro Nacional de Pesquisadores do Ensino de História (ENPEH), que vem sendo realizado desde 1993. As discussões sobre o ensino de História e o papel dos professores promoveram debates e publicações, renovando o olhar sobre o ensino e a aprendizagem dessa disciplina. Entre as novas propostas curriculares vale ressaltar que: O grande marco dessas reformulações concentrou-se na perspectiva de recolocar professores e alunos como sujeitos da história e da produção do conhecimento, enfrentando a forma tradicional de ensino trabalhada na maioria das escolas brasileiras, a qual era centrada na figura do professor como transmissor e na do aluno como receptor passivo do conhecimento histórico. Travou-se um embate contra o ensino factual do conhecimento histórico, anacrônico, positivista e temporalmente estanque (SCHMIDT; CAINELLI, 2004, p. 12).Pode-se afirmar que na disciplina de História emergiram perspectivas relevantes para o debate, na medida em que propunham a superação de visões dicotômicas acerca da formação e ação dos professores na educação básica. Germinari e Gonçalves (2017, p. 63) destacam que
image/svg+xmlEducação histórica, pandemia e ensino de história: Validação do conhecimento histórico em tempos de internet/revisionismo RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1037-1048, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16981 1039 [...] nas últimas décadas, uma linha de investigação denominada Educação Histórica, conhecida também como investigação em cognição histórica situada, desenvolvida com certa intensidade em países como Inglaterra, Estados Unidos, Canadá, Portugal e Brasil. A Educação Histórica, como linha de pesquisa, parte do pressuposto da necessidade de compreender as ideias históricas dos alunos, como objetivo de orientar as intervenções didáticas no processo de ensino, sendo que a referência para análise das ideias históricas dos alunos é a própria epistemologia da história.A influência deste novo campo teórico denominado de Educação Histórica ou cognição histórica situada teve como base as necessidades curriculares e de aprendizagem locais. A Educação Histórica foi adotada em Portugal e, a partir daquele país, os contatos com professores historiadores brasileiros promoveram debates e proposições de trabalhos com alunos e professores no Brasil muito promissores e que diminuem a distância entre a academia e o chão da escola. Laboratórios de Ensino e Pesquisa foram criados nas universidades, como o Laboratório de Pesquisa em Educação Histórica (LAPEDUH), ligado ao Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal do Paraná (PPGE/UFPR), que tem desenvolvido, desde 2003, pesquisas com futuros professores de História e com os que atuam na Educação Básica. Além disso, muitos professores da Educação Básica têm entrado nos Programas de Pós-Graduação da Universidade Federal do Paraná e desenvolvido importantes pesquisas no Campo da Educação Histórica, tanto no Mestrado quanto no Doutorado, investigando as relações com o conhecimento e a aprendizagem histórica de professores e estudantes. Estes estudos têm como ponto de partida os pressupostos da epistemologia da História para o desenvolvimento da aprendizagem. “Para aprender História é necessário que se utilizem os métodos de pesquisa dessa ciência para se alcançar o desenvolvimento do pensamento histórico” (SANTOS, 2013, p. 35). Educação histórica: pesquisa e produção de conhecimento Com uma concepção baseada na existência de uma didática própria da História, a ideia de aprendizagem histórica está assentada na epistemologia da disciplina, o que faz com que a Educação Histórica enfatize a utilização das fontes históricas e de metodologia específica da ciência histórica durante as aulas. Isso, portanto, significa pensar nos professores como historiadores, pesquisadores e produtores de conhecimento.
image/svg+xmlRita de Cássia GONÇALVES e Adriane de Quadros SOBANSKI RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1037-1048, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16981 1040 No campo da Educação Histórica acredita-se que os professores devem ter consciência da História enquanto uma ciência. Para esse campo teórico é fundamental enfatizar que não existe apenas uma explicação ou narrativa sobre o passado. Para compreendê-lo é necessário reconhecer que existe multiperspectividade, o que exige que a História seja investigada e interpretada a partir de métodos próprios que auxiliam na análise e interpretação das evidências do passado (SOBANSKI, 2021, p. 117-118). Com uma concepção de ensino de História voltada para a aprendizagem e protagonismo de professores e estudantes como produtores de conhecimento, o campo teórico da Educação Histórica tem promovido importantes experiências. Ao valorizar a ciência de referência e a epistemologia específica da História, sobretudo com a utilização da metodologia historiográfica, a Educação Histórica tem promovido a valorização dos professores de História e se voltado para um ensino que prioriza a formação do pensamento histórico em detrimento da memorização de conteúdos. A formação dos professores de História vem desde o processo de redemocratização em um processo de discussão e debate sobre o papel imprescindível e ativo deste sujeito no processo de ensino na Educação Básica. Desse modo, o conceito do professor de História também como historiador e, portanto, como pesquisador e produtor de conhecimento, tem sido defendido. A Educação Histórica tem, como fundamento, a defesa dessa concepção de professor historiador. Ao professor pesquisador, segundo Schmidt (2015, p. 518): Requeria-se à formação do historiador professor, um sólido conteúdo científico, um consistente preparo de pesquisador, teórico e prático, envolvendo o compromisso político de transformá-lo significativamente na relação com a práxis, não com a prática em si mesma, mas com o mundo real, concreto e histórico de si mesmo e dos seus alunos. A relação com os conteúdos curriculares, na perspectiva da Educação Histórica, requer dos professores pesquisadores a observação dos conhecimentos prévios dos estudantes e uma utilização constante das fontes históricas, estejam elas presentes nos próprios manuais didáticos ou pesquisadas e selecionadas nos mais diferentes arquivos, como a web. A cientificidade da História De acordo com o historiador alemão Bodo Von Borries (1943), esses conteúdos curriculares adotados a partir dos anos 2000 podem estar relacionados ao que ele conceitua como Burdening History, e Maria Auxiliadora Schmidt (2015, p. 19) denomina História Difícil. De acordo com Von Borries (2016), há certos conteúdos de História que envolvem
image/svg+xmlEducação histórica, pandemia e ensino de história: Validação do conhecimento histórico em tempos de internet/revisionismo RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1037-1048, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16981 1041 sentimentos que são muitos delicados a um grupo de pessoas e, por isso, passam a enfatizar experiências consideradas muito pesadas quando se retoma o estudo de um determinado passado; por esse motivo, esses conteúdos são mais difíceis de serem abordados do que temas que apresentam considerações positivas. Além dos conteúdos de História considerados difíceis de serem trabalhados devido ao seu grau de complexidade, que pode acentuar um trauma ou alguma questão mais sensível, cabe destacar que, no Brasil, alguns episódios do passado também podem ser considerados difíceis devido ao seu caráter político. A História difícil é um conceito muito importante para entender os processos de ensino na pandemia, pois nos dias atuais o mundo virtual “invadiu” a vida de professores e alunos a partir de diferentes formatos: aulas online, híbridas, EAD, palestras e encontros via Youtube, aulas transmitidas pela TV, trazendo muitos questionamentos no processo de desenvolvimento desta disciplina. Sobanski e Gonçalves afirmam que a “aprendizagem histórica significativa passa pelo entendimento das formas como o passado está sendo reconstruído e contado por alunos e professores e como esta reconstrução está sendo estruturada” (SOBANSKI; GONÇALVES, 2021, p. 88). Desde antes da pandemia, o papel da ciência na escola vem sido atacado e desvalorizado por ideias e grupos que entendem a escola não pelo viés da ciência, mas da moralidade e religiosidade. Criado em 2004 pelo procurador do estado de São Paulo Miguel Nagib, o movimento “Escola sem Partido” afirma que procura garantir uma “educação apartidária, sem doutrinação e livre de ideologias”. Tanto o movimento como a sua proposta tem colocado em discussão nos últimos anos a autonomia das escolas e, principalmente, dos professores, no momento de selecionar e abordar determinados conteúdos escolarizados. Dessa forma, a demonstração da cientificidade da História se tornou ainda mais necessária, uma vez que o conhecimento histórico presente nas escolas passou a ser cada vez mais questionado. E como os desafios nunca acabam, foi justamente nesse contexto que as escolas brasileiras receberam a notícia, em março de 2020, de que deveriam suspender as aulas presenciais devido a uma pandemia.
image/svg+xmlRita de Cássia GONÇALVES e Adriane de Quadros SOBANSKI RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1037-1048, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16981 1042 Novos desafios: os usos e desusos da tecnologia Em 11 de março de 2020, a COVID-19 foi considerada pela Organização Mundial da Saúde, a OMS, uma pandemia. No Brasil, em 20 de março de 2020 foi publicado o Decreto Legislativo n. 06, que reconhecia a ocorrência do estado de calamidade pública no país (BRASIL, 2020). Diante dessas características e em consonância com os desafios impostos pela pandemia de Covid -19 que assolou o planeta, as dificuldades sentidas pelos professores de modo geral podem ter servido como novo campo de possibilidade, em particular, para professores de História. Como mencionado, o ensino de História tem enfrentado novos desafios para o seu desenvolvimento, tanto metodológicos como de questionamento de seu caráter científico. Depois de quase um ano e nove meses de pandemia e 615.744 óbitos em decorrência do SARS-Cov3, é necessário refletir e discutir como o Ensino de História foi realizado em contexto de pandemia. Nesse período, novos desafios, como o de manter professores e estudantes em contato entre si e com o conhecimento, demandaram de todos os sujeitos envolvidos no processo educacional uma relação mais estreita com a tecnologia. E justamente nesse contexto os professores de História passaram a lidar ainda mais com as informações e fontes digitais disponíveis na web. Apesar da necessidade por parte de vários professores no sentido de aprender a lidar com essa tecnologia e desenvolver novas metodologias de ensino, essa perspectiva no ensino de História promoveu, também, outro confronto num momento histórico recheado de dúvidas, revisionismo e até mesmo negacionismo. A realidade pedagógica tem se tornado desafiadora pelo fato de que a negação da ciência tem sido elencada com “questão de opinião”, e a rapidez de propagação de informações no mundo virtual dificulta a comprovação de muitas informações disponíveis online, muitas delas que contradizem a ciência e causam interferências junto aos discursos negacionistas e revisionistas presentes na vida online. Os jovens deste mundo tecnológico que permaneceram mais de um ano distantes das escolas e das salas de aula ampliaram sua relação com as redes sociais e os canais de Youtube. Numa rápida investigação com jovens do Ensino Médio de uma escola pública da cidade de Curitiba foi possível constatar que muitos deles acompanham canais de Youtube destinados à História. No entanto, poucos deles são, de fato, organizados e apresentados por 3Dado de 06/12/2020, disponibilizado pelo Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde.
image/svg+xmlEducação histórica, pandemia e ensino de história: Validação do conhecimento histórico em tempos de internet/revisionismo RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1037-1048, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16981 1043 historiadores. Em que medida, portanto, o conhecimento histórico, cientificamente comprovado, tem estado ao alcance desses jovens? É pertinente, portanto, pensar em como muitas ideias de senso comum se propagam e influenciam o pensamento sobre o conhecimento histórico, gerando desconfianças e conflitos em relação ao conhecimento escolarizado e a narrativa dos professores. É possível afirmar que, A população brasileira é bombardeada por discursos e posicionamentos políticos alicerçados em informações que negam as evidências científicas e se ancoram em narrativas revisionistas e negacionistas (DOMICIANO et al., 2021, p. 45). O discurso de revisionismo e negacionismo que está presente em muitas falas de figuras públicas e até de pseudoacadêmicos mostra que as ideias e conceitos difundidos não estão amparados em ciência e sim em distorções. Segundo Le Goff (1990, p. 220), essa postura é baseada “[...] não na crítica do documento, mas sim na apropriação e na distorção dos fatos pregressos”. A disseminação de discursos e informações falaciosas já ultrapassou, e muito, a razoabilidade ao defender estes “dados”, Além do questionamento de postulados básicos da ciência, como no caso do terraplanismo, presencia-se a negação de amplos consensos, tais como o aquecimento global, as consequências danosas do desmatamento e a eficácia das vacinas. Entre os efeitos desse movimento, que não ocorre ao acaso, mas que é cuidadosamente orquestrado, é possível identificar a polarização política e o mascaramento das desigualdades sociais alimentadas por um saudosismo que teima em evocar um passado no qual, supostamente, reinava a ordem, a moralidade e a governança livre de corrupção. Um passado que parecia ter sido superado, mas não foi, uma vez que seus defensores voltaram a clamar por intervenção militar, pela revisão da história e pela negação das atrocidades cometidas contra a democracia e a vida entre 1964 e 1985 (DOMICIANO et al., 2021, p. 46-47). Como observam Gandra e Jesus (2020, p. 5), “[...] os negacionistas utilizam estratégias diversas, dentre elas, apropriação de documentos e de memórias particulares, que são interpretados de forma deturpada para dar credibilidade às suas teses”. Isso, em conjunto com a disseminação de informações muitas vezes não comprovadas, mas espalhadas à exaustão, via aplicativos telefônicos, trouxe para os professores de História embates no seu dia a dia, devido a críticas aos conteúdos curriculares de história que ele trabalhou durante a pandemia. Além disso, a realidade mostrou que muitos alunos possuem muita dificuldade tanto de acesso, quanto de acompanhamento da vida escolar online. Neste sentido,
image/svg+xmlRita de Cássia GONÇALVES e Adriane de Quadros SOBANSKI RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1037-1048, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16981 1044 [...] a escola é um território no qual as desigualdades sociais são reveladas. A pandemia acelerou o uso das tecnologias na educação, mas também muitos estudantes ficaram à margem do processo por não terem acesso aos recursos tecnológicos, à Internet de qualidade ou mesmo à informação suficiente para utilizarem os dispositivos na realização das atividades escolares (DOMICIANO et al., 2021, p. 48). Se a proposta da Educação Histórica enquanto campo teórico se baseia na utilização das fontes históricas, a internet, ferramenta de comunicação que se tornou fundamental durante a pandemia, se apresentou como importante local também de concentração, busca e pesquisa de abundante material para o trabalho com o ensino de História. Nesse sentido, cabe lembrar que houve uma ampliação do conceito de fonte histórica, possível, em grande parte, ao desenvolvimento tecnológico. No livro “Era dos Extremos: o breve século XX”, Hobsbawm (1995) menciona como ocorreu uma produção tecnológica nunca vista em outras épocas e como, nas últimas décadas, a chegada dos computadores domésticos e o acesso à internet possibilitaram uma nova concepção de fontes históricas, agora entendidas como fontes digitais. Alocadas na web, essas fontes históricas compreendem o chamado ciberespaço e fazem parte da cibercultura, estando diretamente relacionadas com a ideia de História do Presente. De acordo com Caramez (2014, p. 19), [...] a web pode ser considerada como espaço em que se podem encontrar fontes históricas, de todas as partes do mundo e de diferentes tempos históricos [e] permitiu que pessoas de todas as partes do mundo passassem de espectadores a narradores, experimentando através das novas linguagens de hipertextos e hipermídias, narrar historicamente fontes primárias e secundárias. Durante a pandemia, os professores de História usaram muitas fontes históricas online, como visitas virtuais a museus, entrevistas, reportagens e palestras para ensinar, e foi via internet, na maioria das vezes, que o encontro escolar se deu durante mais de um ano. Caramez afirma também que (2014, p. 51): Entende-se, assim, que a internet constitui-se enquanto um ciberespaço capaz de hospedar infinitos arquivos oficiais e não-oficiais, repletos de documentos históricos, permitindo-se que se trabalhe a História de forma mais investigativa em sala de aula. Isso porque se pode visitar o passado com mais facilidade e rapidez a fim de buscar respostas às carências de orientação temporal e da vida prática dos alunos, relacionando o passado e o presente de forma significativa.
image/svg+xmlEducação histórica, pandemia e ensino de história: Validação do conhecimento histórico em tempos de internet/revisionismo RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1037-1048, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16981 1045 Esta busca de respostas às carências de orientação temporal dos alunos é um processo muito importante durante a pandemia, e o papel do professor enquanto pesquisador é de suma importância para o ensino e para a construção da consciência histórica dos alunos. E, desse modo, a consciência histórica pode ser considerada como “a realidade a partir da qual se pode entender o que a História é, como ciência, e porque ela é necessária” (RÜSEN, 2001, p. 56-57). Considerações finais A discussão acadêmica sobre os efeitos da pandemia já está ocorrendo, e muitos estudos estão sendo desenvolvidos observando como a pandemia alterou o processo de ensino e aprendizagem. E com o ensino de História não foi diferente. Os professores de história, como todos os profissionais da educação, tiveram que se atualizar e entrar de modo profundo na vida virtual, para aprender a mexer com a tecnologia, com programas, posturas e também adquiriram muitos insumos e materiais para desenvolver o trabalho em home-office. O ensino no ano de 2020 foi realizado totalmente online, o que fez com que as escolas construíssem diversos modos de contato e de aula. No estado do Paraná, por exemplo, em 2020 foram organizadas variadas tentativas de organizar e manter os processos de ensino: desde a entrega de material didático impresso nas escolas para estudantes sem acesso à internet, aulas online, aulas via programas gravados e transmitidos pela internet e pela televisão. É importante constatar que, apesar dessas tentativas, se manteve a ideia de transportar a escola e todas as relações que fazem parte da cultura escolar para o mundo virtual. Diante da transmissão das aulas gravadas muitos estudantes afirmaram sentir a falta dos professores e das explicações mais individualizadas. Sobre as aulas online, a impessoalidade e a falta de “controle” sobre os estudantes presentes deixaram os professores desestimulados e com muita dificuldade de conhecer estudantes, seu processo de aprendizagem e dificuldades. Conclui-se, portanto, que o conhecimento escolarizado e a forma como a escola está instituída exige a presença física de todos os sujeitos envolvidos no processo de aprendizagem e, embora a tecnologia seja reconhecida como ferramenta de extrema importância, ela não consegue suprir as demandas e necessidades do mundo em escolarização. Nesse caso, portanto, percebe-se que a inovação foi seguida de muita dificuldade. De modo geral os professores são unânimes em afirmar que nada substitui o espaço escolar e as relações que lá acontecem.
image/svg+xmlRita de Cássia GONÇALVES e Adriane de Quadros SOBANSKI RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1037-1048, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16981 1046 De acordo com as dificuldades apresentadas nos últimos anos com relação à legitimidade do conhecimento dos professores, esse período de interação virtual também provocou outra importante mudança na relação entre professores e estudantes: a participação indireta de familiares nas aulas. Como os estudantes assistiam as aulas online de suas casas, muitos familiares estavam próximos, ouvindo e comentando. Em alguns casos, professores chegaram a relatar a “entrada” de pais durante as aulas, comentando ou até mesmo questionando os conteúdos abordados. Nesse caso, os professores precisavam, ainda mais, legitimar seus planos de aula e o conhecimento científico com o qual estavam lidando. Em 2021, com a chegada e ampliação do processo de vacinação, a realidade que se impôs aos professores foi o retorno gradual à sala de aula, mesmo com o medo do desenvolvimento da doença e a vacinação tardia de crianças a partir de 12 anos, que começou somente em setembro de 2021. As crianças menores de 11 anos ainda não têm data para o início da vacinação. Durante o período pandêmico, os professores foram confrontados também com informações incorretas, imprecisas e que apresentavam opiniões pessoais sem ser embasadas na ciência. Muitos dos estudantes foram apresentados a esses dados, e mesmo com a participação e trabalho árduo do professor de História, construíram uma visão do passado que não se ancora na ciência. Resta saber quais os resultados desta exposição e muitas vezes falta de análise para a construção do pensamento histórico dos alunos. A história se refere às condições de um futuro possível, que não se deduz somente a partir da soma dos eventos isolados. Mas nos eventos que ela investiga delineiam-se estruturas que estabelecem ao mesmo tempo as condições e os limites da ação futura. Desse modo, a história demarca os limites para um futuro possível e distinto, sem que com isso possa renunciar às condições estruturais associadas a uma possível repetição dos eventos (KOSELLECK, 2006, p. 145). Percebe-se, portanto, a necessidade de novas pesquisas para entender como a ausência física e o contato pessoal diário na escola alterou o processo de aprendizagem na escola. Também é importante refletir sobre as consequências que o afastamento imposto pela pandemia causou a alunos e professores, e quais os resultados da hiperexposição dos estudantes a conteúdos que não são verificados e que durante todos estes meses trouxeram até embates entre pais e professores durante as aulas online.
image/svg+xmlEducação histórica, pandemia e ensino de história: Validação do conhecimento histórico em tempos de internet/revisionismo RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1037-1048, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16981 1047 REFERÊNCIAS CARAMEZ, C. S. A aprendizagem histórica de professores pelas tecnologias da informação e comunicação: Perspectivas da Educação Histórica. 2014. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal do Paraná. 2014. Disponível em: https://lapeduh.files.wordpress.com/2014/10/2014_claudia-senra-caramez.pdf. Acesso em: 25 out. 2021. Disponível em: DOMICIANO, D. et al. O ensino de história diante dos discursos negacionistas e revisionistas no contexto da pandemia: Desafios e possibilidades. Revista Catarinense de História, n. 37, p. 45-60, jul./dez. 2021. Disponível em: https://periodicos.uffs.edu.br/index.php/FRCH/article/view/12371/7983. Acesso em: 08 nov. 2021. GANDRA, E. A.; JESUS, C. G. N. O negacionismo renovado e o ofício do historiador. Estudos Ibero-Americanos, Porto Alegre, v. 46, n. 3, p. 1-17, set./dez. 2020. Disponível em: https://revistaseletronicas.pucrs.br/index.php/iberoamericana/article/view/38411. Acesso em: 10 dez. 2021 GERMINARI, G. D.; GONÇALVES, R. C. As políticas educacionais e formação do professor de História no Brasil: Desafios contemporâneos. Interacções, Lisboa, v. 12, n. 40, p. 55-69, 2017. Disponível em: https://revistas.rcaap.pt/interaccoes/article/view/10686. Acesso em: 10 dez. 2021. HOBSBAWM, E. Era dos Extremos: O breve século XX. São Paulo: Cia das Letras, 1995. KOSELLECK, R. Futuro Passado: Contribuição à semântica dos tempos históricos. Rio de Janeiro: Contraponto, 2006. LE GOFF, J. História e Memória. Campinas: Editora Unicamp, 1990. RÜSEN, J. Razão histórica: Teoria da História, fundamentos da ciência histórica. Brasília, DF: UNB, 2001. SANTOS, R. C. G. P. A significância do passado para professores de história. 2013. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2013. Disponível em: http://www.ppge.ufpr.br/teses/d2013_rita%20de%20cassia%20gon%c3%a7alves%20pacheco%20dos%20santos.pdf. Acesso em: 10 dez. 2021. SCHMIDT, M. A.; CAINELLI, M. Ensinar história. São Paulo: Scipione, 2004. SCHMIDT, M. A. Formação do professor de história no Brasil: Embates e dilaceramentos em tempos de desassossego. Educação, Santa Maria, v. 40, n. 3, p. 517-528, set./dez. 2015. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/reveducacao/article/view/18206/pdf. Acesso em: 06 dez. 2021. SOBANSKI, A. Q. Educação Histórica: Pesquisa e produção de conhecimento na docência. Curitiba, PR: WAS, 2021.
image/svg+xmlRita de Cássia GONÇALVES e Adriane de Quadros SOBANSKI RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1037-1048, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16981 1048 SOBANSKI; A. Q.; GONÇALVES, R. C. O Passado e a História Difícil para o Ensino e Aprendizagem da História. In: PEREIRA, D. P.; BORTOLOTI, K. F. Chave de Compreensão da História: Cultura & Identidades. Ponta Grossa: Atena, 2021. Como referenciar este artigo GONÇALVES, R. C.; SOBANSKI, A. Q. Educação histórica, pandemia e ensino de história: Validação do conhecimento histórico em tempos de internet/revisionismo. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1037-1048, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587. DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16981 Submetido em: 22/12/2021 Revisões requeridas em: 16/02/2022 Aprovado em: 09/04/2022 Publicado em: 30/06/2022 Processamento e edição: Editoria Ibero-Americana de Educação. Revisão, formatação, padronização e tradução.
image/svg+xmlEducación histórica, pandémicas y enseñanza de historia: Validación del conocimiento histórico en internet/tiempos de revisionismo RIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1037-1048, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.169811037 EDUCACIÓN HISTÓRICA, PANDÉMICAS Y ENSEÑANZA DE HISTORIA: VALIDACIÓN DEL CONOCIMIENTO HISTÓRICO EN INTERNET/TIEMPOS DE REVISIONISMO EDUCAÇÃO HISTÓRICA, PANDEMIA E ENSINO DE HISTÓRIA: VALIDAÇÃO DO CONHECIMENTO HISTÓRICO EM TEMPOS DE INTERNET/REVISIONISMO HISTORICAL EDUCATION, PANDEMICS AND HISTORY TEACHING: VALIDATION OF HISTORICAL KNOWLEDGE IN INTERNET/REVISIONISM TIMES Rita de Cássia GONÇALVES1Adriane de Quadros SOBANSKI2RESUMEN: En el contexto de la pandemia Covid-19, los desafíos para la enseñanza de lahistoria encontraron, en la tecnología, nuevos apoyos, pero también contradicciones. Con una nueva perspectiva de la enseñanza de la disciplina, anclada en el campo teórico de la Educación Histórica, el trabajo basado en la epistemología de la Historia pasó a demandar de los profesores historiadores una práctica en la que la relación con las fuentes históricas es fundamental. De esta forma, se amplió aún más la idea de fuente histórica, ya que la web contiene una infinidad de materiales que pueden concebirse como documentos históricos. Además, el uso de internet como medio de interacción entre diferentes sujetos en el proceso de escolarización presuponía una relación en la que la tecnología necesitaba ser redefinida por la posibilidad de apoyo, pero también aporta su influencia como difusora de superficialidad y escepticismo relativa al conocimiento científico. PALABRAS CLAVE: Educación histórica. Enseñanza. Historia. Pandemia. Sensibilidad. RESUMO: No contexto da pandemia de Covid-19, os desafios para o ensino de História encontraram, na tecnologia, novo respaldo, mas também contradições. Com nova perspectiva do ensino da disciplina, ancorada no campo teórico da Educação Histórica, o trabalho a partir da epistemologia da História passou a exigir dos professores historiadores uma prática em que a relação com as fontes históricas é fundamental. Desse modo, a ideia de fonte histórica foi ainda mais ampliada, já que a web contém uma infinidade de materiais que podem ser concebidos como documentos históricos. Além disso, a utilização da internet como meio de interação entre os diferentes sujeitos no processo de escolarização pressupôs uma relação em que a tecnologia precisou ser ressignificada devido à possibilidade de apoio, mas também pela sua influência como disseminadora de informações superficiais e céticas com relação ao conhecimento científico. PALAVRAS-CHAVE: Educação histórica. Ensino. História. Pandemia. Sensibilidade. 1Universidad Tuiuti de Paraná (UTP), Curitiba PR Brasil. Profesora Adjunta. Doctorado en Educación (UFPR). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0588-6803. E-mail: professoraritadecassia@gmail.com 2Secretaria de Estado de Educación de Paraná (SEEDPR), Curitiba PR Brasil. Profesora. Doctorado en Educación (UFPR). ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6017-1264. E-mail: drisobanski@gmail.com
image/svg+xmlRita de Cássia GONÇALVES y Adriane de Quadros SOBANSKIRIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1037-1048, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.169811038 ABSTRACT: In the context of the Covid-19 pandemic, the challenges for the teaching of history found, in technology, new support, but also contradictions. With a new perspective on the teaching of the discipline, anchored in the theoretical field of Historical Education, the work based on the epistemology of History started to demand from historian teachers a practice in which the relationship with historical sources is fundamental. In this way, the idea of a historical source was further expanded, as the web contains an infinite number of materials that can be conceived as historical documents. In addition, the use of the internet as a means of interaction between different subjects in the schooling process presupposed a relationship in which technology needed to be redefined due to the possibility of support, but also ask for its influence as a disseminator of superficial and skeptical ideas regarding the scientific knowledge. KEYWORDS: Historical education. Teaching. History. Pandemic. Sensitivity. IntroducciónLas discusiones sobre la enseñanza de la historia han cobrado gran relevancia en las últimas décadas, especialmente en el período posterior a la dictadura cívico-militar con la apertura política brasileña. En ese contexto, en el que la historia volvió a la escena como disciplina autónoma, fue necesario repensar su papel, así como el de los profesores de historia. Por esta razón comenzaron a organizarse varios eventos por parte de historiadores y docentes de la zona, como el Encuentro Nacional de Investigadores de la Enseñanza de la Historia (ENPEH), que se realiza desde 1993. Las discusiones sobre la enseñanza de la historia y el papel de los maestros promovieron debates y publicaciones, renovando la visión sobre la enseñanza y el aprendizaje de esta disciplina. Entre las nuevas propuestas curriculares cabe destacar que: El gran hito de estas reformulaciones se concentró en la perspectiva de reemplazar a los maestros y estudiantes como sujetos de la historia y la producción de conocimiento, frente a la forma tradicional de enseñanza trabajada en la mayoría de las escuelas brasileñas, que se centró en la figura del maestro como transmisor y la del estudiante como receptor pasivo del conocimiento histórico. Se libró un choque contra la enseñanza fáctica del conocimiento histórico, anacrónico, positivista y temporalmente estanco (SCHMIDT; CAINELLI, 2004, p. 12).Se puede afirmar que en la disciplina de la Historia surgieron perspectivas relevantes para el debate, en la medida en que propusieron la superación de visiones dicotómicas sobre la formación y acción de los docentes en la educación básica. Germinari y Gonçalves (2017, p. 63) destacan que
image/svg+xmlEducación histórica, pandémicas y enseñanza de historia: Validación del conocimiento histórico en internet/tiempos de revisionismo RIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1037-1048, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.169811039 [...] en las últimas décadas, una línea de investigación llamada Educación Histórica, también conocida como investigación en cognición histórica localizada, se desarrolló con cierta intensidad en países como Inglaterra, Estados Unidos, Canadá, Portugal y Brasil. La Educación Histórica, como línea de investigación, asume la necesidad de comprender las ideas históricas de los estudiantes, como objetivo para orientar las intervenciones didácticas en el proceso de enseñanza, y la referencia para el análisis de las ideas históricas de los estudiantes es la epistemología de la propia historia.La influencia de este nuevo campo teórico llamado Educación Histórica o cognición histórica se basó en el currículo local y las necesidades de aprendizaje. La Educación Histórica fue adoptada en Portugal y, desde ese país, los contactos con profesores historiadores brasileños promovieron debates y propuestas de trabajo con estudiantes y maestros muy prometedores en Brasil que reducen la distancia entre la academia y el piso de la escuela. Se crearon Laboratorios de Docencia e Investigación en universidades, como el Laboratorio de Investigación en Educación Histórica (LAPEDUH), vinculado al Programa de Posgrado de la Universidad Federal de Paraná (PPGE/UFPR), que viene desarrollando, desde 2003, investigaciones con futuros profesores de historia y los que trabajan en Educación Básica. Además, muchos docentes de Educación Básica han ingresado a los Programas de Posgrado de la Universidad Federal de Paraná y han desarrollado importantes investigaciones en el Campo de la Educación Histórica, tanto en la Maestría como en el doctorado, investigando las relaciones con el conocimiento y el aprendizaje histórico de docentes y estudiantes. Estos estudios tienen como punto de partida los supuestos de la epistemología de la historia para el desarrollo del aprendizaje. "Para aprender historia, es necesario utilizar los métodos de investigación de esta ciencia para lograr el desarrollo del pensamiento histórico" (SANTOS, 2013, p. 35). Educación histórica: investigación y producción de conocimiento Con una concepción basada en la existencia de una didáctica propia de la historia, la idea de aprendizaje histórico se basa en la epistemología de la disciplina, lo que hace que la Educación Histórica haga hincapié en el uso de fuentes históricas y metodología específica de la ciencia histórica durante las clases. Esto, por lo tanto, significa pensar en los maestros como historiadores, investigadores y productores de conocimiento.
image/svg+xmlRita de Cássia GONÇALVES y Adriane de Quadros SOBANSKIRIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1037-1048, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.169811040 En el campo de la Educación Histórica se cree que los maestros deben ser conscientes de la historia como una ciencia. Para este campo teórico es fundamental recalcar que no solo existe una explicación o narrativa sobre el pasado. Para entenderlo es necesario reconocer que existe la multiperspectividad, que requiere que la historia sea investigada e interpretada desde sus propios métodos que ayuden en el análisis e interpretación de la evidencia del pasado (SOBANSKI, 2021, p. 117-118). Con una concepción de la enseñanza de la historia centrada en el aprendizaje y el protagonismo de profesores y estudiantes como productores de conocimiento, el campo teórico de la Educación Histórica ha promovido importantes experiencias. Al valorar la ciencia de referencia y la epistemología específica de la historia, especialmente con el uso de la metodología historiográfica, la Educación Histórica ha promovido la valorización de los profesores de historia y se centra en una enseñanza que prioriza la formación del pensamiento histórico en detrimento de la memorización de contenidos. La formación de profesores de historia proviene del proceso de redemocratización en un proceso de discusión y debate sobre el papel indispensable y activo de esta asignatura en el proceso de enseñanza en la Educación Básica. Así, se ha defendido el concepto del profesor de historia también como historiador y, por tanto, como investigador y productor de conocimiento. La Educación Histórica se basa en la defensa de esta concepción de un profesor historiador. Al profesor investigador, según Schmidt (2015, p. 518): Se requería la formación del profesor historiador, un contenido científico sólido, una preparación coherente del investigador, teórico y práctico, que implicara el compromiso político de transformarlo significativamente en la relación con la praxis, no con la práctica en sí, sino con el mundo real, concreto e histórico de si mismo y sus estudiantes. La relación con los contenidos curriculares, desde la perspectiva de la Educación Histórica, requiere que los investigadores observen los conocimientos previos de los estudiantes y un uso constante de las fuentes históricas, ya estén presentes en los propios libros de texto o investigados y seleccionados en los más diferentes archivos, como la web. La cientificidad de la historia Según el historiador alemán Bodo Von Borries (1943), estos contenidos curriculares adoptados a partir de la década de 2000 pueden estar relacionados con lo que él conceptualiza como Burdening History, y María Auxiliadora Schmidt (2015, p. 19) llama a la Historia Difícil. Según Von Borries (2016), existen ciertos contenidos de la Historia que involucran
image/svg+xmlEducación histórica, pandémicas y enseñanza de historia: Validación del conocimiento histórico en internet/tiempos de revisionismo RIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1037-1048, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.169811041 sentimientos que son muy delicados para un grupo de personas y, por lo tanto, comienzan a enfatizar experiencias consideradas muy pesadas al retomar el estudio de un pasado en particular; por esta razón, estos contenidos son más difíciles de abordar que los temas que presentan consideraciones positivas. Además de los contenidos de la Historia considerados difíciles de trabajar debido a su grado de complejidad, que puede acentuar un trauma o algún tema más sensible, vale la pena señalar que, en Brasil, algunos episodios del pasado también pueden considerarse difíciles debido a su carácter político. La difícil historia es un concepto muy importante para entender los procesos de enseñanza en la pandemia, pues en la actualidad el mundo virtual "invadió" la vida de docentes y estudiantes de diferentes formatos: clases online, híbridos, EAD, conferencias y encuentros vía Youtube, clases transmitidas por TV, trayendo muchas preguntas en el proceso de desarrollo de esta disciplina. Sobanski y Gonçalves afirman que "el aprendizaje histórico significativo implica comprender las formas en que el pasado está siendo reconstruido y contado por estudiantes y maestros y cómo se está estructurando esta reconstrucción" (SOBANSKI; GONÇALVES, 2021, p. 88) Desde antes de la pandemia, el papel de la ciencia en la escuela ha sido atacado y devaluado por ideas y grupos que entienden la escuela no por el sesgo de la ciencia, sino por la moral y la religiosidad. Creado en 2004 por el fiscal del Estado de São Paulo Miguel Nagib, el movimiento "Escuela sin Partido" afirma que busca garantizar una "educación apartidista, sin adoctrinamiento y libre de ideologías". Tanto el movimiento como su propuesta han discutido en los últimos años la autonomía de los centros educativos y, especialmente, de los docentes, a la hora de seleccionar y abordar determinados contenidos escolarizados. Así, la demostración de la cientificidad de la historia se hizo aún más necesaria, ya que el conocimiento histórico presente en las escuelas comenzó a ser cada vez más cuestionado. Y como los desafíos nunca terminan, fue precisamente en este contexto que las escuelas brasileñas recibieron la noticia en marzo de 2020 de que deberían suspender las clases presenciales debido a una pandemia.
image/svg+xmlRita de Cássia GONÇALVES y Adriane de Quadros SOBANSKIRIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1037-1048, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.169811042 Nuevos retos: los usos y el desuso de la tecnología El 11 de marzo de 2020, el COVID-19 fue considerado una pandemia por la Organización Mundial de la Salud por la Organización Mundial de la Salud. En Brasil, el 20 de marzo de 2020, se publicó el Decreto Legislativo No. 06, que reconoció la ocurrencia del estado de calamidad pública en el país (BRASIL, 2020). Dadas estas características y en línea con los desafíos planteados por la pandemia de Covid-19 que azotó el planeta, las dificultades experimentadas por los docentes en general pueden haber servido como un nuevo campo de posibilidades, en particular para los profesores de historia. Como se ha mencionado, la enseñanza de la Historia ha enfrentado nuevos retos para su desarrollo, tanto metodológicos como cuestionamientos de su carácter científico. Tras casi un año y nueve meses de pandemia y 615.744 muertes por SARS-Cov3, es necesario reflexionar y discutir cómo se llevó a cabo la enseñanza de la historia en el contexto de una pandemia. En este periodo, nuevos retos, como mantener en contacto a profesores y alumnos entre sí y con el conocimiento, exigían de todas las asignaturas implicadas en el proceso educativo una relación más estrecha con la tecnología. Y precisamente en este contexto, los profesores de historia comenzaron a tratar aún más con la información y las fuentes digitales disponibles en la web. A pesar de la necesidad por parte de varios docentes de aprender a lidiar con esta tecnología y desarrollar nuevas metodologías de enseñanza, esta perspectiva en la enseñanza de la Historia también promovió otra confrontación en un momento histórico lleno de dudas, revisionismo e incluso negacionismo. La realidad pedagógica se ha vuelto desafiante por el hecho de que la negación de la ciencia ha sido señalada con "cuestión de opinión", y la velocidad de difusión de la información en el mundo virtual hace que sea difícil probar la cantidad de información disponible en línea, muchas de las cuales contradicen la ciencia y causan interferencia con los discursos negantes y revisionistas presentes en la vida en línea. Los jóvenes de este mundo tecnológico que llevan más de un año alejados de colegios y aulas han ampliado su relación con las redes sociales y los canales de Youtube. En una rápida investigación con jóvenes de secundaria de una escuela pública de la ciudad de Curitiba, se pudo observar que muchos de ellos siguen los canales de Youtube para la historia. Sin embargo, pocos de ellos son, de hecho, organizados y presentados por historiadores. 3Datos del 06/12/2020, puestos a disposición por el Boletín Epidemiológico del Ministerio de Salud.
image/svg+xmlEducación histórica, pandémicas y enseñanza de historia: Validación del conocimiento histórico en internet/tiempos de revisionismo RIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1037-1048, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.169811043 ¿Hasta qué punto, por lo tanto, ha estado disponible para estos jóvenes un conocimiento histórico científicamente probado? Es pertinente, por tanto, pensar en cuántas ideas de sentido común se propagan e influyen en el pensamiento sobre el conocimiento histórico, generando desconfianza y conflictos en relación con el conocimiento escolarizado y la narrativa de los docentes. Se puede afirmar que, La población brasileña es bombardeada por discursos y posiciones políticas basadas en información que niega la evidencia científica y está anclada en narrativas revisionistas y negacionistas (DOMICIANO et al., 2021, p. 45). El discurso del revisionismo y el negacionismo que está presente en muchos discursos de figuras públicas e incluso pseudo académicos muestra que las ideas y conceptos difundidos no se basan en la ciencia sino en distorsiones. Según Le Goff (1990, p. 220), esta postura se basa en "[...] no en la crítica del documento, sino en la apropiación y distorsión de los hechos anteriores". La difusión de discursos e información falaz ya ha superado, y mucho, la razonabilidad en la defensa de estos "datos", Además del cuestionamiento de postulados básicos de la ciencia, como en el caso del terraplanmismo, está la negación de amplios consensos, como el calentamiento global, las consecuencias nocivas de la deforestación y la efectividad de las vacunas. Entre los efectos de este movimiento, que no ocurre al azar, pero que está cuidadosamente orquestado, es posible identificar la polarización política y el enmascaramiento de las desigualdades sociales alimentadas por una nostalgia que nos permite evocar un pasado en el que, supuestamente, el orden, la moral y el gobierno libre de corrupción. Un pasado que parecía superado, pero no lo fue, ya que sus defensores volvieron a llamar a la intervención militar, a la revisión de la historia y a la negación de las atrocidades cometidas contra la democracia y la vida entre 1964 y 1985 (DOMICIANO et al., 2021, p. 46-47). Como observan Gandra y Jesús (2020, p. 5), "[...] los negacionistas utilizan diversas estrategias, entre ellas, la apropiación de documentos y memorias privadas, que son malinterpretadas para dar credibilidad a sus tesis". Esto, en conjunto con la difusión de información muchas veces no probada pero difundida hasta el agotamiento, a través de aplicaciones telefónicas, trajo a los profesores de historia enfrentamientos en su día a día debido a las críticas a los contenidos curriculares de historia que trabajó durante la pandemia. Además, la realidad mostró que muchos estudiantes tienen muchas dificultades tanto para acceder como para monitorear la vida escolar en línea. En este sentido,
image/svg+xmlRita de Cássia GONÇALVES y Adriane de Quadros SOBANSKIRIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1037-1048, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.169811044 [...] la escuela es un territorio en el que se revelan las desigualdades sociales. La pandemia ha acelerado el uso de las tecnologías en la educación, pero muchos estudiantes también se han quedado al margen porque no tienen acceso a recursos tecnológicos, Internet de calidad o incluso información suficiente para utilizar los dispositivos para realizar actividades escolares (DOMICIANO et al., 2021, p. 48). Si la propuesta de la Educación Histórica como campo teórico se basa en el uso de fuentes históricas, Internet, una herramienta de comunicación que se convirtió en fundamental durante la pandemia, también se ha presentado como un importante lugar de concentración, búsqueda e investigación de abundante material para el trabajo con la enseñanza de la Historia. En este sentido, vale la pena recordar que hubo una expansión del concepto de fuente histórica, posible, en gran parte, para el desarrollo tecnológico. En el libro Era de los extremos: el breve siglo XX”, Hobsbawm(1995) menciona cómo la producción tecnológica se ha producido nunca vista en otros tiempos y cómo, en las últimas décadas, la llegada de los ordenadores domésticos y el acceso a internet han posibilitado una nueva concepción de las fuentes históricas, ahora entendidas como fuentes digitales. Ubicadas en la web, estas fuentes históricas comprenden el llamado ciberespacio y forman parte de la cibercultura, estando directamente relacionadas con la idea de Historia del Presente. Según Caramez (2014, p. 19), [...] a web pode ser considerada como espaço em que se podem encontrar fontes históricas, de todas as partes do mundo e de diferentes tempos históricos [e] permitiu que pessoas de todas as partes do mundo passassem de espectadores a narradores, experimentando através das novas linguagens de hipertextos e hipermídias, narrar historicamente fontes primárias e secundárias. Durante la pandemia, los profesores de historia utilizaron muchas fuentes históricas en línea, como visitas virtuales a museos, entrevistas, informes y conferencias para enseñar, y fue a través de Internet, la mayoría de las veces, que la reunión escolar tuvo lugar durante más de un año. Caramez también afirma que (2014, p. 51): Se entiende, por tanto, que internet se constituye como un ciberespacio capaz de albergar un sinfín de archivos oficiales y no oficiales, repletos de documentos históricos, permitiendo el trabajo de la historia de una manera más investigativa en el aula. Esto se debe a que uno puede visitar el pasado más fácil y rápidamente para buscar respuestas a las necesidades de orientación temporal y vida práctica de los estudiantes, relacionando el pasado y el presente de manera significativa.
image/svg+xmlEducación histórica, pandémicas y enseñanza de historia: Validación del conocimiento histórico en internet/tiempos de revisionismo RIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1037-1048, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.169811045 Esta búsqueda de respuestas a las necesidades de orientación temporal de los estudiantes es un proceso muy importante durante la pandemia, y el papel del profesor como investigador es de suma importancia para enseñar y construir la conciencia histórica de los estudiantes. Y así, la conciencia histórica puede ser considerada como "la realidad desde la cual se puede entender lo que es la historia, como ciencia, y por qué es necesaria" (RÜSEN, 2001, p. 56-57). Consideraciones finales La discusión académica sobre los efectos de la pandemia ya está teniendo lugar, y se están desarrollando muchos estudios que analizan cómo la pandemia ha alterado el proceso de enseñanza y aprendizaje. Y con la enseñanza de la historia no fue diferente. Los profesores de historia, como todos los profesionales de la educación, tuvieron que actualizarse y entrar en la vida virtual de una manera profunda, para aprender a jugar con la tecnología, con programas, posturas y también adquirieron muchos materiales y materiales para desarrollar el trabajo en el home-office. La enseñanza en 2020 se llevó a cabo completamente en línea, lo que provocó que las escuelas construyeran varios modos de contacto y clase. En el estado de Paraná, por ejemplo, en 2020, se organizaron varios intentos de organizar y mantener los procesos de enseñanza: desde la entrega de material didáctico impreso en las escuelas a los estudiantes sin acceso a internet, clases en línea, clases a través de programas grabados y transmitidos por Internet y televisión. Es importante destacar que, a pesar de estos intentos, se mantuvo la idea de transportar la escuela y todas las relaciones que forman parte de la cultura escolar al mundo virtual. Dada la transmisión de las clases grabadas, muchos estudiantes dijeron sentir la falta de maestros y las explicaciones más individualizadas. Sobre las clases online, la impersonalidad y la falta de "control" sobre los alumnos presentes dejaron a los profesores desanimados y con gran dificultad para conocer a los alumnos, su proceso de aprendizaje y dificultades. Se concluye, por lo tanto, que el conocimiento escolarizado y la forma en que se instituye la escuela requiere la presencia física de todos los sujetos involucrados en el proceso de aprendizaje y, aunque la tecnología es reconocida como una herramienta de extrema importancia no puede satisfacer las demandas y necesidades del mundo en la escolarización. En este caso, por lo tanto, se percibe que la innovación fue seguida por una gran dificultad. En general, los maestros son unánimes en afirmar que nada reemplaza el espacio escolar y las relaciones que tienen lugar allí.
image/svg+xmlRita de Cássia GONÇALVES y Adriane de Quadros SOBANSKIRIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1037-1048, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.169811046 De acuerdo con las dificultades presentadas en los últimos años con respecto a la legitimidad del conocimiento de los maestros, este período de interacción virtual también provocó otro cambio importante en la relación entre maestros y estudiantes: la participación indirecta de los miembros de la familia en las clases. A medida que los estudiantes asistían a clases en línea desde sus hogares, muchos miembros de la familia estaban cerca, escuchando y comentando. En algunos casos, los profesores incluso denunciaron la "entrada" de los padres durante las clases, comentando o incluso cuestionando los contenidos abordados. En este caso, los profesores necesitaban, aún más, legitimar sus planes de lecciones y el conocimiento científico con el que estaban tratando. En 2021, con la llegada y ampliación del proceso de vacunación, la realidad que se impuso a los docentes fue el paulatino regreso a las aulas, aún con el temor al desarrollo de la enfermedad y la vacunación tardía de los niños a partir de los 12 años, que comenzó recién en septiembre de 2021. Los niños menores de 11 años aún no tienen una fecha para el inicio de la vacunación. Durante el período de pandemia, los maestros también se enfrentaron a información incorrecta e inexacta que presentaba opiniones personales sin estar basadas en la ciencia. Muchos de los estudiantes fueron introducidos a estos datos, e incluso con la participación y el arduo trabajo del profesor de historia, construyeron una visión del pasado que no está anclada en la ciencia. Queda por ver cuáles son los resultados de esta exposición y muchas veces falta de análisis para la construcción del pensamiento histórico de los estudiantes. La historia se refiere a las condiciones de un futuro posible, que no se deduce solo de la suma de eventos aislados. Pero en los eventos que investiga, las estructuras que establecen las condiciones y los límites de la acción futura se describen al mismo tiempo. Así, la historia demarca los límites para un futuro posible y distinto, sin poder así renunciar a las condiciones estructurales asociadas a una posible repetición de acontecimientos (KOSELLECK, 2006, p. 145). Por lo tanto, se percibe la necesidad de más investigación para comprender cómo la ausencia física y el contacto personal diario en la escuela alteraron el proceso de aprendizaje en la escuela. También es importante reflexionar sobre las consecuencias que ha provocado la retirada impuesta por la pandemia a alumnos y profesores, y cuáles son los resultados de la sobreexposición de los alumnos a contenidos que no están verificados y que durante todos estos meses incluso han traído enfrentamientos entre padres y profesores durante las clases online.
image/svg+xmlEducación histórica, pandémicas y enseñanza de historia: Validación del conocimiento histórico en internet/tiempos de revisionismo RIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1037-1048, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.169811047 REFERENCIAS CARAMEZ, C. S. A aprendizagem histórica de professores pelas tecnologias da informação e comunicação: Perspectivas da Educação Histórica. 2014. Dissertação (Mestrado em Educação) Universidade Federal do Paraná. 2014. Disponible en: https://lapeduh.files.wordpress.com/2014/10/2014_claudia-senra-caramez.pdf. Acceso: 25 oct. 2021. DOMICIANO, D. et al. O ensino de história diante dos discursos negacionistas e revisionistas no contexto da pandemia: Desafios e possibilidades. Revista Catarinense de História, n. 37, p. 45-60, jul./dez. 2021. Disponible en: https://periodicos.uffs.edu.br/index.php/FRCH/article/view/12371/7983. Acceso: 08 nov. 2021. GANDRA, E. A.; JESUS, C. G. N. O negacionismo renovado e o ofício do historiador. Estudos Ibero-Americanos, Porto Alegre, v. 46, n. 3, p. 1-17, set./dez 2020. Disponible en: https://revistaseletronicas.pucrs.br/index.php/iberoamericana/article/view/38411. Acceso: 10 dic. 2021 GERMINARI, G. D.; GONÇALVES, R. C. As políticas educacionais e formação do professor de História no Brasil: Desafios contemporâneos. Interacções, Lisboa, v. 12, n. 40, p. 55-69, 2017. Disponible en: https://revistas.rcaap.pt/interaccoes/article/view/10686. Acceso: 10 dic. 2021. HOBSBAWM, E. Era dos Extremos: O breve século XX. São Paulo: Cia das Letras, 1995. KOSELLECK, R. Futuro Passado: Contribuição à semântica dos tempos históricos. Rio de Janeiro: Contraponto, 2006. LE GOFF, J. História e Memória. Campinas: Editora Unicamp, 1990. RÜSEN, J. Razão histórica: Teoria da História, fundamentos da ciência histórica. Brasília, DF: UNB, 2001. SANTOS, R. C. G. P. A significância do passado para professores de história. 2013. Tese (Doutorado em Educação) Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2013. Disponible en: http://www.ppge.ufpr.br/teses/d2013_rita%20de%20cassia%20gon%c3%a7alves%20pacheco%20dos%20santos.pdf. Acceso: 10 dic. 2021. SCHMIDT, M. A.; CAINELLI, M. Ensinar história. São Paulo: Scipione, 2004. SCHMIDT, M. A. Formação do professor de história no Brasil: Embates e dilaceramentos em tempos de desassossego. Educação, Santa Maria, v. 40, n. 3, p. 517-528, set./dez. 2015. Disponible en: https://periodicos.ufsm.br/reveducacao/article/view/18206/pdf. Acceso: 06 dic. 2021. SOBANSKI, A. Q. Educação Histórica: Pesquisa e produção de conhecimento na docência. Curitiba, PR: WAS, 2021.
image/svg+xmlRita de Cássia GONÇALVES y Adriane de Quadros SOBANSKIRIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1037-1048, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.169811048 SOBANSKI; A. Q.; GONÇALVES, R. C. O Passado e a História Difícil para o Ensino e Aprendizagem da História. In: PEREIRA, D. P.; BORTOLOTI, K. F. Chave de Compreensão da História: Cultura & Identidades. Ponta Grossa: Atena, 2021. Cómo hacer referencia a este artículo GONÇALVES, R. C.; SOBANSKI, A. Q. Educación histórica, pandémicas y enseñanza de historia: Validación del conocimiento histórico en internet/tiempos de revisionismo. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1037-1048, jun. 2022. e-ISSN:1982-5587. DOI:https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16981 Enviado en: 22/12/2021 Revisiones requeridas en: 16/02/2022 Aprobado en: 09/04/2022 Publicado en: 30/06/2022 Procesamiento y edición: Editora Ibero-Americana de Educação. Corrección, formateo, normalización y traducción.
image/svg+xmlHistorical education, pandemics and history teaching: Validation of historical knowledge in internet/revisionism times RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1035-1045, June 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16981 1035 HISTORICAL EDUCATION, PANDEMICS AND HISTORY TEACHING: VALIDATION OF HISTORICAL KNOWLEDGE IN INTERNET/REVISIONISM TIMES EDUCAÇÃO HISTÓRICA, PANDEMIA E ENSINO DE HISTÓRIA: VALIDAÇÃO DO CONHECIMENTO HISTÓRICO EM TEMPOS DE INTERNET/REVISIONISMO EDUCACIÓN HISTÓRICA, PANDÉMICAS Y ENSEÑANZA DE HISTORIA: VALIDACIÓN DEL CONOCIMIENTO HISTÓRICO EN INTERNET/TIEMPOS DE REVISIONISMO Rita de Cássia GONÇALVES1Adriane de Quadros SOBANSKI2ABSTRACT: In the context of the Covid-19 pandemic, the challenges for the teaching of history found, in technology, new support, but also contradictions. With a new perspective on the teaching of the discipline, anchored in the theoretical field of Historical Education, the work based on the epistemology of History started to demand from historian teachers a practice in which the relationship with historical sources is fundamental. In this way, the idea of a historical source was further expanded, as the web contains an infinite number of materials that can be conceived as historical documents. In addition, the use of the internet as a means of interaction between different subjects in the schooling process presupposed a relationship in which technology needed to be redefined due to the possibility of support, but also ask for its influence as a disseminator of superficial and skeptical ideas regarding the scientific knowledge. KEYWORDS: Historical education. Teaching. History. Pandemic. Sensitivity. RESUMO: No contexto da pandemia de Covid-19, os desafios para o ensino de História encontraram, na tecnologia, novo respaldo, mas também contradições. Com nova perspectiva do ensino da disciplina, ancorada no campo teórico da Educação Histórica, o trabalho a partir da epistemologia da História passou a exigir dos professores historiadores uma prática em que a relação com as fontes históricas é fundamental. Desse modo, a ideia de fonte histórica foi ainda mais ampliada, já que a web contém uma infinidade de materiais que podem ser concebidos como documentos históricos. Além disso, a utilização da internet como meio de interação entre os diferentes sujeitos no processo de escolarização pressupôs uma relação em que a tecnologia precisou ser ressignificada devido à possibilidade de apoio, mas também pela sua influência como disseminadora de informações superficiais e céticas com relação ao conhecimento científico. PALAVRAS-CHAVE: Educação histórica. Ensino. História. Pandemia. Sensibilidade.1Tuiuti University of Paraná (UTP), Curitiba – PR – Brazil. Adjunct Professor. Doctorate in Education (UFPR). ORCID:https://orcid.org/0000-0002-0588-6803.E-mail: professoraritadecassia@gmail.com 2Paraná State Secretary of Education (SEEDPR), Curitiba – PR – Brazil. Professor. Doctorate in Education (UFPR). ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6017-1264. E-mail: drisobanski@gmail.com
image/svg+xmlRita de Cássia GONÇALVES and Adriane de Quadros SOBANSKI RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1035-1045, June 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16981 1036 RESUMEN: En el contexto de la pandemia Covid-19, los desafíos para la enseñanza de la historia encontraron, en la tecnología, nuevos apoyos, pero también contradicciones. Con una nueva perspectiva de la enseñanza de la disciplina, anclada en el campo teórico de la Educación Histórica, el trabajo basado en la epistemología de la Historia pasó a demandar de los profesores historiadores una práctica en la que la relación con las fuentes históricas es fundamental. De esta forma, se amplió aún más la idea de fuente histórica, ya que la web contiene una infinidad de materiales que pueden concebirse como documentos históricos. Además, el uso de internet como medio de interacción entre diferentes sujetos en el proceso de escolarización presuponía una relación en la que la tecnología necesitaba ser redefinida por la posibilidad de apoyo, pero también aporta su influencia como difusora de superficialidad y escepticismo relativa al conocimiento científico. PALABRAS CLAVE: Educación histórica. Enseñanza. Historia. Pandemia. Sensibilidad. IntroductionThe discussions about History teaching have gained great relevance in the last decades, especially in the period after the civil-military dictatorship with the Brazilian political opening. In that context, when history returned to the scene as an autonomous discipline, it was necessary to rethink its role, as well as that of the history teachers. For this reason, several events started to be organized by historians and teachers of the area, such as the National Meeting of History Teaching Researchers (ENPEH, in the Portuguese acronym), which has been held since 1993. The discussions on the teaching of history and the role of the teachers have promoted debates and publications, renewing the view on the teaching and learning of this discipline. Among the new curriculum proposals, it is worth mentioning that: The great mark of these reformulations was concentrated in the perspective of repositioning teachers and students as subjects of history and of the production of knowledge, facing the traditional form of teaching worked in most Brazilian schools, which was centered in the figure of the teacher as a transmitter and in the figure of the student as a passive receiver of historical knowledge. A clash was waged against the factual teaching of historical knowledge, anachronistic, positivist, and temporally static (SCHMIDT; CAINELLI, 2004, p. 12).It can be stated that relevant perspectives for the debate emerged in the discipline of history, insofar as they proposed overcoming dichotomous views about the training and action of teachers in basic education. Germinari and Gonçalves (2017, p. 63) point out that [...] in recent decades, a line of research called History Education, also known as research into situated historical cognition, developed with a certain
image/svg+xmlHistorical education, pandemics and history teaching: Validation of historical knowledge in internet/revisionism times RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1035-1045, June 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16981 1037 intensity in countries such as England, the United States, Canada, Portugal and Brazil. History Education, as a line of research, is based on the assumption of the need to understand the students' historical ideas, with the aim of guiding didactic interventions in the teaching process, the reference for the analysis of the students' historical ideas being the epistemology of history itself.The influence of this new theoretical field called History Education or situated historical cognition was based on local curricular and learning needs. History Education was adopted in Portugal and, from that country, contacts with Brazilian historian teachers have promoted debates and propositions of work with students and teachers in Brazil which are very promising and which diminish the distance between the academy and the school ground. Teaching and Research Laboratories have been created in universities, such as the Laboratory of Research in History Education (LAPEDUH), linked to the Post-Graduation Program of the Federal University of Paraná (PPGE/UFPR), which has been developing, since 2003, research with future History teachers and with those who work in Basic Education. In addition, many teachers of Basic Education have entered the Postgraduate Programs of the Federal University of Paraná and developed important research in the field of History Education, both in the Master's and Doctoral programs, investigating the relations with historical knowledge and learning of teachers and students. These studies have as their starting point the assumptions of the epistemology of History for the development of learning. "In order to learn History, it is necessary to use the research methods of that science to achieve the development of historical thinking"(SANTOS, 2013, p. 35). History education: research and knowledge production With a conception based on the existence of a didactics proper to history, the idea of historical learning is based on the epistemology of the discipline, which makes History Education emphasize the use of historical sources and methodology specific to historical science during the lessons. This, therefore, means thinking of teachers as historians, researchers and producers of knowledge.In the field of History Education it is believed that teachers should be aware of History as a science. For this theoretical field it is fundamental to emphasize that there is not only one explanation or narrative about the past. To understand it, it is necessary to recognize that there is multiperspectivity, which requires that history be investigated and
image/svg+xmlRita de Cássia GONÇALVES and Adriane de Quadros SOBANSKI RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1035-1045, June 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16981 1038 interpreted using its own methods that help in the analysis and interpretation of the evidence of the past (SOBANSKI, 2021, p. 117-118). With a conception of the teaching of history aimed at the learning and protagonism of teachers and students as producers of knowledge, the theoretical field of History Education has promoted important experiences. By valuing the science of reference and the specific epistemology of History, above all with the use of historic - graphical methodology, History Education has promoted the valorization of History teachers and turned to a teaching that prioritizes the formation of historical thought in detriment of the memorization of contents. Since the process of re-democratization, the training of History teachers has been a process of discussion and debate on the indispensable and active role of this subject in the process of teaching in Basic Education. Thus, the concept of the History teacher also as a historian and, therefore, as a researcher and producer of knowledge, has been defended. History Education is based on the defense of this conception of the history teacher. The researcher teacher, according to Schmidt (2015, p. 518): The training of the historian-teacher required a solid scientific content, a consistent preparation as a researcher, theoretical and practical, involving a political commitment to transform him significantly in relation to the praxis, not with the practice itself, but with the real, concrete and historical world of himself and his students. The relationship with the curricular contents, from the perspective of History Education, requires from teacher researchers the observation of students' previous knowledge and a constant use of historical sources, whether they are present in the textbooks themselves or researched and selected in the most different archives, such as the web. The scientificity of history According to the German historian Bodo Von Borries (1943), these curricular contents adopted as of the 2000s may be related to what he conceptualizes as Burdening History, and Maria Auxiliadora Schmidt (2015, p. 19) calls Difficult History. According to Von Borries (2016), there are certain contents of History that involve feelings that are very delicate to a group of people and, therefore, come to emphasize experiences that are considered very heavy when resuming the study of a certain past; for this reason, these contents are more difficult to be addressed than topics that present positive considerations.
image/svg+xmlHistorical education, pandemics and history teaching: Validation of historical knowledge in internet/revisionism times RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1035-1045, June 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16981 1039 Besides the contents of History considered difficult to be worked on due to their degree of complexity, which may accentuate a trauma or some more sensitive issue, it is worth mentioning that, in Brazil, some episodes from the past may also be considered difficult due to their political character. Difficult history is a very important concept to understand the teaching processes in pandemic, because nowadays the virtual world has "invaded" the lives of teachers and students through different formats: online classes, hybrid classes, distance learning, lectures and meetings via Youtube, classes broadcasted on TV, bringing many questions to the development process of this subject. Sobanski and Gonçalves state that "meaningful historical learning involves understanding the ways in which the past is being reconstructed and told by students and teachers, and how this reconstruction is being structured"(SOBANSKI; GONÇALVES, 2021, p. 88). Since before the pandemic, the role of science in school has been attacked and devalued by ideas and groups that understand school not from the bias of science, but from morality and religiosity. Created in 2004 by São Paulo state prosecutor Miguel Nagib, the "School without Party" movement claims that it seeks to guarantee a "non-partisan education, without indoctrination and free of ideologies". Both the movement and its proposal have put under discussion in recent years the autonomy of schools and, especially, of teachers when it comes to selecting and discussing certain school contents. Thus, the demonstration of the scientificity of history has become even more necessary, since the historical knowledge present in schools has become increasingly questioned. And since challenges never end, it was precisely in this context that Brazilian schools received the news, in March 2020, that they would have to suspend classroom lessons due to a pandemic. New challenges: the uses and misuses of technology On March 11, 2020, COVID-19 was considered a pandemic by the World Health Organization, WHO. In Brazil, on March 20, 2020, the Legislative Decree n. 06 was published, which recognized the occurrence of the state of public calamity in the country (BRAZIL, 2020). Given these characteristics and in line with the challenges imposed by the Covid -19 pandemic that ravaged the planet, the difficulties felt by teachers in general may have served as a new field of possibility, in particular, for history teachers.
image/svg+xmlRita de Cássia GONÇALVES and Adriane de Quadros SOBANSKI RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1035-1045, June 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16981 1040 As mentioned, history teaching has faced new challenges for its development, both methodological and in questioning its scientific character. After almost one year and nine months of pandemic and 615,744 deaths as a result of SARS-Cov, it is necessary to reflect and discuss how History Teaching was carried out in the pandemic context. In this period, new challenges, such as keeping teachers and students in contact with each other and with knowledge, demanded from all subjects involved in the educational process a closer relationship with technology. And it is precisely in this context that history teachers started to deal even more with the information and digital sources available on the web. Despite the need on the part of many teachers to learn to deal with this technology and develop new teaching methodologies, this perspective in history teaching also promoted another confrontation in a historical moment full of doubts, revisionism, and even denialism. The pedagogical reality has become challenging due to the fact that the denial of science has been listed as a "matter of opinion", and the speed of information propagation in the virtual world makes it difficult to verify much information available online, many of which contradict science and cause interference with the denialist and revisionist discourses present in online life. Young people in this technological world who have stayed more than a year away from schools and classrooms have expanded their relationship with social networks and YouTube channels. In a quick investigation with high school students from a public school in the city of Curitiba it was possible to see that many of them follow Youtube channels dedicated to History. However, few of them are, in fact, organized and presented by historians. To what extent, therefore, has scientifically proven historical knowledge been within the reach of these young people? It is pertinent, therefore, to think about how many common sense ideas propagate and influence thinking about historical knowledge, generating distrust and conflict in relation to school knowledge and teachers' narratives. It is possible to state that, The Brazilian population is bombarded by discourses and political positions based on information that denies the scientific evidence and is anchored in revisionist and negationist narratives (DOMICIANO et al., 2021, p. 45). The revisionism and negationism discourse that is present in many speeches of public figures and even pseudo-academics shows that the ideas and concepts spread are not supported by science but by distortions. According to Le Goff (1990, p. 220), this posture is based "[...] not on the criticism of the document, but on the appropriation and distortion of
image/svg+xmlHistorical education, pandemics and history teaching: Validation of historical knowledge in internet/revisionism times RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1035-1045, June 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16981 1041 previous facts. The dissemination of fallacious speeches and information has gone far beyond reasonableness in defending these "data", Besides the questioning of basic scientific postulates, as in the case of flat Earth theories, we witness the denial of broad consensus, such as global warming, the harmful consequences of deforestation, and the effectiveness of vaccines. Among the effects of this movement, which does not occur by chance, but is carefully orchestrated, it is possible to identify political polarization and the masking of social inequalities fed by a nostalgia that insists on evoking a past in which order, morality, and corruption-free governance supposedly reigned. A past that seemed to have been overcome, but was not, since its defenders once again clamored for military intervention, for the revision of history, and for the denial of the atrocities committed against democracy and life between 1964 and 1985 (DOMICIANO et al., 2021, p. 46-47). As Gandra and Jesus (2020, p. 5) observe, "[...] the denialists use several strategies, among them, appropriation of documents and private memories, which are interpreted in a distorted way to give credibility to their theses". This, together with the dissemination of often unproven information, but spread to exhaustion, via phone apps, brought to history teachers clashes in their daily lives, due to criticism of the history curriculum content he worked during the pandemic. Moreover, the reality showed that many students have great difficulty in both accessing and keeping up with their school life online. In this sense, [...] school is a territory in which social inequalities are revealed. The pandemic has accelerated the use of technologies in education, but also many students have been left at the margins of the process for not having access to technological resources, quality Internet or even enough information to use the devices in school activities (DOMICIANO et al., 2021, p. 48). If the proposal of History Education as a theoretical field is based on the use of historical sources, the internet, a communication tool which became fundamental during the pandemic, presented itself as an important place of concentration, search and research of abundant material for the work with the teaching of History. In this sense, it is worth remembering that there has been an expansion of the concept of historical source, made possible, in large part, by technological development. In the book "Age of Extremes: the brief twentieth century", Hobsbawm (1995) mentions how a technological production never seen in other times occurred and how, in the last decades, the arrival of home computers and access to the internet have enabled a new conception of historical sources, now understood as digital sources. Allocated in the web, these historical
image/svg+xmlRita de Cássia GONÇALVES and Adriane de Quadros SOBANSKI RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1035-1045, June 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16981 1042 sources comprise the so-called cyberspace and are part of cyberculture, being directly related to the idea of History of the Present. According to Caramez (2014, p. 19), [...] the web can be considered as a space in which historical sources can be found, from all parts of the world and from different historical times [and] has allowed people from all parts of the world to move from spectators to narrators, experimenting through the new languages of hypertexts and hypermedia, to historically narrate primary and secondary sources. During the pandemic, history teachers used many online historical sources, such as virtual museum visits, interviews, news reports, and lectures to teach, and it was via the Internet most of the time that the school encounter took place for more than a year. Caramez also states that (2014, p. 51): Thus, it is understood that the internet is a cyberspace capable of hosting infinite official and unofficial archives, full of historical documents, allowing History to be worked in a more investigative way in the classroom. This is because one can visit the past more easily and quickly in order to seek answers to the students' lack of temporal orientation and practical life, relating the past and the present in a meaningful way. This search for answers to the students' lack of temporal orientation is a very important process during the pandemic, and the teacher's role as researcher is of utmost importance for teaching and for the construction of the students' historical consciousness. And in this way, historical consciousness can be considered as "the reality from which one can understand what history is, as a science, and why it is necessary" (RÜSEN, 2001, p. 56-57). Final remarks The academic discussion about the effects of the pandemic is already taking place, and many studies are being developed observing how the pandemic altered the teaching and learning process. And with history teaching it was no different. History teachers, like all education professionals, had to update and enter deeply into virtual life, to learn how to deal with technology, with programs, postures, and also acquired many supplies and materials to develop the work in home-office. Teaching in the year 2020 was conducted entirely online, which caused schools to build different modes of contact and classrooms. In the state of Paraná, for example, in 2020 various attempts were made to organize and maintain the teaching processes: from the delivery of printed teaching materials to
image/svg+xmlHistorical education, pandemics and history teaching: Validation of historical knowledge in internet/revisionism times RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1035-1045, June 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16981 1043 schools for students without Internet access, online classes, classes via recorded and broadcast programs on the Internet and television. It is important to note that, despite these attempts, the idea of transporting the school and all the relationships that are part of the school culture into the virtual world has been maintained. When it came to the transmission of recorded classes, many students said they missed the teachers and the more individualized explanations. About the online classes, the impersonality and the lack of "control" over the students present left the teachers discouraged and with a lot of difficulty to get to know the students, their learning process and difficulties. It is concluded, therefore, that the schooling knowledge and the way the school is instituted requires the physical presence of all subjects involved in the learning process and, although technology is recognized as a tool of extreme importance, it cannot meet the demands and needs of the world in schooling. In this case, therefore, it can be seen that innovation was followed by a lot of difficulty. In general, teachers are unanimous in stating that nothing replaces the school space and the relationships that take place there. In line with the difficulties presented in recent years regarding the legitimacy of the teachers' knowledge, this period of virtual interaction also brought about another important change in the relationship between teachers and students: the indirect participation of family members in the classes. As students watched the classes online from their homes, many family members were nearby, listening and commenting. In some cases, teachers have even reported parents "dropping in" during classes, commenting on or even questioning the content. In this case, teachers needed even more to legitimize their lesson plans and the scientific knowledge they were dealing with. In 2021, with the arrival and expansion of the vaccination process, the reality that was imposed on teachers was the gradual return to the classroom, even with the fear of the development of the disease and the delayed vaccination of children from 12 years old,which began only in September 2021. Children under the age of 11 have no date yet for the start of vaccination. During the pandemic period, teachers were also confronted with information that was incorrect, inaccurate, and presented personal opinions without being based on science. Many of the students were presented with this data, and even with the participation and hard work of the history teacher, they constructed a view of the past that was not anchored in science. It remains to be seen what the results of this exposure and often lack of analysis are for the construction of students' historical thinking.
image/svg+xmlRita de Cássia GONÇALVES and Adriane de Quadros SOBANSKI RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1035-1045, June 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16981 1044 History refers to the conditions of a possible future, which cannot be deduced solely from the sum of isolated events. But in the events it investigates, structures are delineated that establish both the conditions and the limits of future action. In this way, history demarcates the limits of a possible and distinct future, without thereby being able to renounce the structural conditions associated with a possible repetition of events (KOSELLECK, 2006, p. 145). One realizes, therefore, the need for further research to understand how the physical absence and daily personal contact at school has altered the learning process at school. It is also important to reflect on the consequences that the removal imposed by the pandemic has caused for students and teachers, and what the results of the hyper-exposure of students to content that is not checked and that during all these months has even brought clashes between parents and teachers during online classes. REFERENCES CARAMEZ, C. S. A aprendizagem histórica de professores pelas tecnologias da informação e comunicação: Perspectivas da Educação Histórica. 2014. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal do Paraná. 2014. Available at: https://lapeduh.files.wordpress.com/2014/10/2014_claudia-senra-caramez.pdf. Access on: 25 Oct. 2021. DOMICIANO, D. et al. O ensino de história diante dos discursos negacionistas e revisionistas no contexto da pandemia: Desafios e possibilidades. Revista Catarinense de História, n. 37, p. 45-60, jul./dez. 2021. Available at: https://periodicos.uffs.edu.br/index.php/FRCH/article/view/12371/7983. Access on: 08 Nov. 2021. GANDRA, E. A.; JESUS, C. G. N. O negacionismo renovado e o ofício do historiador. Estudos Ibero-Americanos, Porto Alegre, v. 46, n. 3, p. 1-17, set./dez. 2020. Available at: https://revistaseletronicas.pucrs.br/index.php/iberoamericana/article/view/38411. Access on: 10 Dec. 2021 GERMINARI, G. D.; GONÇALVES, R. C. As políticas educacionais e formação do professor de História no Brasil: Desafios contemporâneos. Interacções, Lisboa, v. 12, n. 40, p. 55-69, 2017. Available at: https://revistas.rcaap.pt/interaccoes/article/view/10686. Access on: 10 Dec. 2021. HOBSBAWM, E. Era dos Extremos: O breve século XX. São Paulo: Cia das Letras, 1995. KOSELLECK, R. Futuro Passado: Contribuição à semântica dos tempos históricos. Rio de Janeiro: Contraponto, 2006. LE GOFF, J. História e Memória. Campinas: Editora Unicamp, 1990.
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