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O trabalho das professoras em tempos de pandemia Covid-19: Problemáticas e construções da docência e do cuidar na esfera doméstica em
Portugal
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1071-1093, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16982
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O TRABALHO DAS PROFESSORAS EM TEMPOS DE PANDEMIA COVID-19:
PROBLEMÁTICAS E CONSTRUÇÕES DA DOCÊNCIA E DO CUIDAR NA
ESFERA DOMÉSTICA EM PORTUGAL
EL TRABAJO DE LAS PROFESORAS EN TIEMPOS DE PANDEMIA COVID-19:
PROBLEMAS Y CONSTRUCCIONES DE LA ENSEÑANZA Y EL CUIDADO EN EL
ÁMBITO DOMÉSTICO EN PORTUGAL
THE WORK OF TEACHERS IN TIMES OF THE COVID-19 PANDEMIC: PROBLEMS
AND CONSTRUCTIONS OF TEACHING AND CARING IN THE DOMESTIC SPHERE
IN PORTUGAL
Virgínia BAPTISTA
1
Paulo Marques ALVES
2
RESUMO
: Ao longo da História foram vividas várias pandemias. Contudo, a atual doença
covid-19 apanhou desprevenidas as sociedades e as pessoas individualmente, levando ao
isolamento social e à experimentação de novas situações laborais, como no ensino a distância.
Sendo a docência uma profissão feminizada, em Portugal, neste artigo procuramos discutir as
consequências para as docentes da dupla jornada em casa, acumulando o trabalho laboral e o
cuidar da família, o que se insere numa lógica geral do neoliberalismo. No entanto, verificámos
que apesar de algumas mudanças na legislação e no quotidiano sobre a igualdade de género,
coube essencialmente às mulheres o cuidar dos filhos e das filhas mais pequenas ou dos
progenitores mais velhos e velhas. Logo, na prática diária, há um percurso ainda a fazer na
profissão docente que conduza efetivamente à igualdade de género e de inclusão para a
cidadania de todas as pessoas.
PALAVRAS-CHAVE
:
Pandemia. Docência. Professoras. Ensino a distância. Cuidar.
Igualdade de género.
RESUMEN
: Varias infancias se han vivido a lo largo de la historia. Sin embargo, la actual
enfermedad covid-19 ha pillado a las sociedades y a las personas despreocupadas, lo que ha
llevado al aislamiento social y a la experimentación con nuevas situaciones laborales, como el
aprendizaje a distancia. Dado que la enseñanza es una profesión feminizada en Portugal, en
este artículo tratamos de discutir las consecuencias para las profesoras del doble viaje en el
hogar, la acumulación de trabajo y el cuidado de la familia, que forma parte de una lógica
general del neoliberalismo. Sin embargo, hemos encontrado que a pesar de algunos cambios
en la legislación y en la vida cotidiana sobre la igualdad de género, depende esencialmente de
1
Universidade nova de Lisboa (UNL), Lisboa – Portugal. Investigadora Integrada (IHC-FCSH). Doutorado em
História Moderna e Contemporânea (FCSH). ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0490-6881. E-mail:
virbaptista@gmail.com
2
Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE), Lisboa – Portugal. Professor Auxiliar. Investigador Integrado
(DINAMIA’CET_ISCTE). Doutorado em Sociologia (ISCTE). ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4210-2235.
E-mail: paulo.alves@iscte.pt
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Virgínia BAPTISTA e Paulo Marques ALVES
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1071-1093, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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las mujeres cuidar a sus hijos e hijas más pequeños o a los progenitores mayores. Por lo tanto,
en la práctica diaria, todavía hay un camino por hacer en la profesión docente que conduzca
efectivamente a la igualdad de género y la inclusión para la ciudadanía de todas las personas.
PALABRAS CLAVE
: Pandemia. Docencia. Profesoras. Enseñanza a distancia. Cuidado.
Igualdad de género.
ABSTRACT
:
Throughout history several pandemics have been experienced. However, the
current covid-19 disease has caught societies and individuals off guard, leading to social
isolation and the experimentation of new work situations, such as distance learning. Since
teaching is a feminized profession, in Portugal, in this article we tried to discuss the
consequences for female teachers of the double journey at home, accumulating work and family
care, which is part of a general logic of neoliberalism. However, we found that despite some
changes in legislation and in daily life regarding gender equality, it has essentially fallen to
women to take care of their children and younger daughters or older parents. Therefore, in
daily practice, there is still a way to go in the teaching profession to effectively lead to gender
equality and inclusion for the citizenship of all people.
KEYWORDS
:
Pandemic. Teaching. Female teachers. Distance education. Caring. Gender
equality.
Introdução
O neoliberalismo hegemónico, a par das teorias da sociedade da informação e do
conhecimento e das teorias da racionalização flexível constituem as três forças motrizes que
têm vindo a moldar o trabalho no atual regime de acumulação capitalista que Harvey (1989)
designou por “acumulação flexível”, o qual constitui a resposta do sistema à sua crise estrutural
e no qual a natureza destrutiva do capital (MÉSZÁROS, 1996) se aprofundou. Esta
destrutividade, que constitui a norma do “sistema de metabolismo antissocial do capital”
(ANTUNES, 2020, p. 12), manifesta-se em várias dimensões, da ambiental à económica,
passando pela social, nesta última atingindo particularmente o trabalho e o emprego, que se
degradam, desvalorizam e desumanizam.
Paralelamente, partindo da premissa de que “menos Estado é melhor Estado”, facto para
o qual “não existe alternativa”, como em tempos afirmou Margaret Thatcher, iniciou-se um
processo assente em vários pilares. No domínio económico, o Estado retraiu-se, o que é
observável quer pelo abandono da atividade produtiva, através dos processos de privatização
ou da diminuição do investimento público, quer do autoenfraquecimento da sua capacidade de
regulação. No domínio social ocorreu a mercantilização das suas funções sociais, a diminuição
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Portugal
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do número de trabalhadores na administração pública e uma profunda transformação das
relações sociais de trabalho no sector público.
No fundo, como destaca Wacquant (2003), na esteira de Bourdieu, os estados acabam
substituindo a sua “mão esquerda”, relativa aos sistemas públicos de educação, saúde,
segurança social e habitação, que se havia expandido durante a fase do capitalismo monopolista,
como mais um mecanismo de apaziguamento da classe-que-vive-do-trabalho (ANTUNES,
2009), pela sua “mão direita”, isto é, pelos seus aparelhos repressivos. O Estado económico é
removido; o Estado social é desmantelado e o Estado penal é fortalecido (WACQUANT, 2003,
p. 76). Origina-se um
Estado darwinista
que fetichiza a competição e atua de forma unilateral,
usando o seu “punho de ferro”.
Nos anos mais recentes, com o ultraneoliberalíssimo, e no quadro das políticas de
austeridade, este programa de “espoliação do Estado”, como foi designado por Petrella (1996)
ou de “destruição metódica dos coletivos”, nas palavras de Bourdieu (1998), aprofundou-se
induzindo uma ainda mais extensa transformação das relações sociais de trabalho. A educação
foi dos sectores mais atingidos.
Para completar a tempestade perfeita que se tem vindo a abater sobre o mundo do
trabalho, em dezembro de 2019 um novo coronavírus (SARS-CoV-2) foi detetado na China e
rapidamente se disseminou por esse país e pelo mundo, levando a OMS (Organização Mundial
de Saúde) a declarar em 11 de março de 2020 que a covid-19 dele resultante havia atingido o
nível de pandemia. Entra-se assim num contexto que Antunes (2020) designa de “capitalismo
pandémico”, onde se intensificam as tendências anteriores de destrutividade de um sistema que
é por natureza autofágico.
Ao longo da história conhecemos os relatos escritos e orais das pandemias que devastaram
famílias e sociedades, causando graves prejuízos às economias e crises sociais, desde o oriente
asiático à Europa (espaços eurocêntricos nas épocas). Basta pensar na Peste Negra, na Idade
Média, com origem na Ásia e que atingiu toda a Europa, e voltaria pontualmente nos séculos
seguintes, à pneumónica, logo a seguir à Primeira Guerra Mundial, pestes que mataram sempre
milhares de pessoas independentemente das classes sociais em que se inseriam (SNOWDEN,
2020).
Este artigo tem por objetivo central identificar e problematizar as consequências do
impacto da pandemia covid-19 na vida das professoras e nos seus agregados familiares em
Portugal, desde fevereiro de 2020. Como veremos, a docência é uma profissão maioritariamente
feminina. Assim, pretendemos, numa perspetiva feminista, avaliar as consequências da
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pandemia na vida laboral das mulheres docentes e por extensão na relação com as suas famílias,
verificando sobre a igualdade de género nestes agregados familiares.
Atualmente, na educação são vários os objetivos pedidos à escola pública e obrigatória
até aos 18 anos
‒
a alfabetização, as competências programáticas universais, o acesso em
igualdade à aprendizagem, a educação para a cidadania e a inclusão de todas as crianças e
jovens, independentemente de possuírem contingências físicas ou mentais (Ministério da
Educação, “Aprendizagens do aluno à saída do Secundário”, 2018-2019). Esta situação de
inclusão também está prevista no ensino Universitário, com a inclusão de jovens com alguns
graus de incapacidades.
Como por todo o mundo, a pandemia Covid 19 difundiu-se em Portugal, a partir do
início de 2020, com os governos a decretarem o confinamento das populações, a fim de limitar
a propagação da doença. Ficaram no ativo as pessoas que se consideravam ter profissões
essenciais, ligadas à saúde, policiamento, alimentação, transportes e comunicações. Em
consequência, as escolas e as universidades encerraram durante largos períodos, em parte ou no
todo do ano de 2020 e de fevereiro a maio de 2021. Assim, grande parte do ensino-
aprendizagem passou a ser realizado à distância, com a utilização de plataformas digitais. Estas
situações interferiram no âmbito da pedagogia e da socialização das crianças e dos jovens e dos
próprios docentes.
O artigo está estruturado em cinco pontos que consideramos vitais para esta reflexão
sobre o trabalho das docentes no ensino à distância. No primeiro ponto temos por objetivo uma
reflexão geral sobre a situação da problemática da docência em Portugal, em todos os graus de
ensino. O segundo ponto centra-se na feminização da profissão docente, situação que foi
progredindo ao longo do século XX, a partir das creches e do ensino primário e secundário,
sendo agora uma profissão maioritariamente feminina. No terceiro ponto abordaremos as
trajetórias que foram sendo delineadas pelas professoras no ensino à distância ou acumulando
as aulas presenciais com o teletrabalho. Procurámos questionar se as novas abordagens
pedagógicas, testadas diariamente, puderam ter em conta as identidades dos alunos e das alunas
e a igualdade de género, num tempo de novas experimentações na educação. Num quarto ponto
pretendemos identificar e debater esta articulação da dupla jornada, em casa, das funções
laborais das professoras acumuladas com a de cuidadoras da família, na esfera doméstica. Por
último, no quinto ponto procuraremos averiguar se a pandemia trouxe um novo poder às
professoras como agentes da educação na opinião da população, ou se, pelo contrário, elas
ficaram fragilizadas pelo desempenho da profissão.
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Portugal
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Baseámo-nos em bibliografia recente existente sobre o contexto pandémico e utilizámos
a entrevista semiestruturada e a análise documental como técnicas de observação. As vinte e
cinco entrevistas foram realizadas a professoras de todos os graus de ensino, do pré-primário
ao universitário, no mês de julho de 2020, por telefone ou presencialmente.
Este estudo, concebido segundo uma perspetiva feminista, tem a limitação de ser,
contudo, eurocêntrico e branco, uma vez que as professoras com quem contactámos se inserem
nesta identidade. A identificação desta característica, que não será alvo de estudo neste artigo,
permitirá interrogar sobre os motivos da “branquitude” na docência ou da discriminação pela
racialização socioeconómica que ainda não possibilita que outras identidades, como as
populações negras e de etnia cigana, acedam a profissões que passam pela saída das
universidades.
Concluímos que, nos dias de hoje, esta acumulação de tarefas laborais e do cuidar no
espaço familiar se insere no neoliberalismo que despoja o tempo de trabalho do seu valor real.
Evoca, também, o trabalho em casa nas sociedades proto-industriais, no qual o trabalho
realizado em família não era contabilizado por um horário regulamentado, como nas indústrias
e nas oficinas, a partir da época industrial. Nesta era de pandemia, as mulheres foram
penalizadas no contexto do capitalismo vigente, pelo aumento da carga do horário laboral,
algumas tiveram penalizações salariais, e mantiveram-se (como sempre) cuidadoras da família,
relativamente aos seus colegas de profissão, o que demonstra a desigualdade de género na
maioria dos agregados das docentes. Também o trabalho na área da igualdade de género e da
inclusão que era realizado nas escolas ficou bastante condicionado pelas ferramentas eletrónicas
e a participação das pessoas especializadas e a desempenharem atividades nestas áreas (OMGs
ou departamentos governamentais).
A profissão docente em Portugal
Nas últimas décadas, as mudanças na administração pública portuguesa foram
profundas (DUCATTI; ALVES; SOUZA, 2020; ALVES, 2016). Primeiro, com a imposição
das conceções do
New Public Management
visando a convergência das relações sociais de
trabalho deste setor com o tipo de relações vigentes no sector privado, de modo a garantir o
cumprimento das metas do Pacto de Estabilidade e Crescimento definido pela União Europeia.
Posteriormente, em virtude da crise financeira internacional e da subsequente intervenção da
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Virgínia BAPTISTA e Paulo Marques ALVES
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troika
3
. Estas mudanças afetaram profundamente o sector da educação, que é essencialmente
público, com consequências ao nível do decréscimo do número de docentes, em particular no
ensino não superior (níveis 0 a 4 da ISCED), dos salários e das carreiras.
Desde o ano letivo de 2005/2006, o sistema educativo português do ensino pré-escolar
ao ensino secundário perdeu mais de 38 mil professores/as (dos quais mais de 33 mil durante o
período de intervenção da
troika
), ainda que se tenha registrado uma muito ligeira recuperação
a partir do ano letivo de 2015/2016. No ensino superior (níveis 5 a 8 da ISCED), a tendência é
semelhante, se bem que bastante mais atenuada (Gráfico 1)
4
5
.
Gráfico 1
– Evolução do número de docentes do ensino não superior e do ensino superior em
Portugal entre os anos letivos de 2001/2002 e 2020/2021
Fonte: DGEEC – Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência
3
Na sequência da crise financeira internacional iniciada em 2008, a crise de liquidez e a dificuldade de acesso aos
mercados financeiros internacionais em virtude da descida do
rating
da República Portuguesa, levaram o governo
do Partido Socialista liderado por José Sócrates a assinar um “Memorando de Entendimento”, para vigorar no
período entre 2011 e 2014, com a
troika
constituída pelo FMI – Fundo Monetário Internacional, pelo BCE – Banco
Central Europeu e pela Comissão Europeia. Foram então impostas a Portugal políticas austeritárias extremamente
duras.
4
Este decréscimo deve-se a vários fatores, onde se inclui a quebra demográfica que é real, mas deve-se
sobremaneira às medidas de política tomadas, onde avultam o crónico baixo financiamento do sistema; a
reorganização da rede escolar, com o fecho de inúmeras escolas e a concentração dos/as alunos/as em
agrupamentos escolares; as alterações curriculares, com o aumento da carga letiva de algumas disciplinas e a
diminuição noutras ou até sua supressão dos planos de estudos; a redução dos horários zero; o aumento da
dimensão das turmas; o aumento do horário dos/as docentes do 1º Ciclo do Ensino Básico; e a aposentação de
milhares de professores/as confrontados/as com uma desvalorização da carreira docente que adiante abordaremos,
muitos dos quais se aposentam antes da idade da aposentação apesar de sofrerem cortes nas pensões que virão a
auferir: de 14,5% devido ao fator de sustentabilidade e de 0,5% por cada mês de antecipação.
5
Os valores presentes no gráfico estão arrendados. Nas escolas profissionais, cujos dados não se encontram
representados no gráfico, observa-se igualmente a mesma tendência, ainda que mais atenuada.
181
179
180
185
181
174
176
178
180
175
163
150
141
141
143
146
147
147
147
36
36
36
37
37
36
35
35
36
38
37
35
34
32
33
33
34
35
36
36
10
30
50
70
90
110
130
150
170
190
210
Número de docentes
Milhares
Anos letivos
Ens n Sup
Ens Sup
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Portugal
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Traçar o perfil dos professores e das professoras em Portugal implica necessariamente
fazer referência a dois aspetos que são centrais: a feminização do emprego e o envelhecimento
do corpo docente.
No que concerne ao primeiro aspeto, o Quadro 1 evidencia-nos uma taxa de feminização
do emprego docente bastante elevada, ainda que vá decrescendo à medida que se sobe nos níveis
de ensino. As mulheres só não são maioritárias no ensino superior apesar da taxa de feminização
ter subido quase 5 pontos percentuais ao longo das duas últimas décadas (de 40,8% no ano
letivo de 2001/2002 para 45,8 em 2019/2020 e 2020/2021). Se o ensino superior é ainda um
reduto masculino, em contrapartida, a educação pré-escolar é um reduto feminino, com as
mulheres a representarem sempre mais de 97,0% do total de docentes, atingindo mesmo valores
superiores a 99,0% em alguns dos anos letivos.
Quadro 1
– Evolução da taxa de feminização do corpo docente (%) em Portugal, por nível de
ensino, entre os anos letivos de 2001/2002 e 2020/2021
Anos letivos
Ensino não
Superior
Ensino
Superior
Ensino Pré-
escolar
1º Ciclo do
Ensino Básico
2º Ciclo do
Ensino Básico
3º Ciclo do Ensino
Básico e Ensino
Secundário
2001/2002
n.d.
n.d.
n.d.
n.d.
40,8
2002/2003
n.d.
n.d.
n.d.
n.d.
41,2
2003/2004
n.d.
n.d.
n.d.
n.d.
41,9
2004/2005
n.d.
n.d.
n.d.
n.d.
42,0
2005/2006
98,1
89,5
77,6
79,1
43,0
2006/2007
97,2
89,8
78,1
80,3
43,2
2007/2008
n.d.
n.d.
n.d.
n.d.
43,2
2008/2009
97,4
86,9
75,5
77,5
43,4
2009/2010
97,3
86,6
75,2
77,2
43,5
2010/2011
98,7
86,3
75,1
76,1
43,7
2011/2012
98,6
86,4
75,4
76,5
43,8
2012/2013
98,9
86,1
76,9
77,7
44,0
2013/2014
99,1
86,1
77,8
78,4
44,0
2014/2015
99,1
86,2
78,3
79,1
44,4
2015/2016
99,1
86,6
79,0
79,8
44,5
2016/2017
99,1
86,9
79,6
80,3
44,3
2017/2018
99,0
86,7
79,8
80,5
44,8
2018/2019
99,1
86,9
79,7
80,4
45,1
2019/2020
99,1
87,0
80,0
80,7
45,8
2020/2021
n.d.
n.d.
n.d.
n.d.
45,8
Fonte: DGEEC – Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência
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Virgínia BAPTISTA e Paulo Marques ALVES
RIAEE
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Relativamente ao envelhecimento, que se tem vindo a agravar ao longo do período em
análise, os últimos dados disponíveis evidenciam que, no ano letivo de 2019/2020, apenas 1,6%
dos/as docentes do ensino não superior tinham menos de 30 anos (no ensino privado a situação
é um pouco mais favorável, pois no ano letivo anterior, a sua proporção atingia 6,9%, contra
somente 0,5% no público), enquanto 50,9% tinham 50 ou mais anos, sendo que 14,7% tinham
uma idade igual ou superior a 60 anos. No ano letivo de 2013/2014, apenas 36,1% dos/as
docentes destes níveis de ensino tinham mais de 50 anos e 3,5% mais de 60.
No ensino superior a tendência é igualmente para o aprofundamento do envelhecimento,
ainda que com uma menor gravidade quando comparamos com os outros níveis de ensino. De
facto, no ano letivo de 2020/2021, 4,3% dos/as docentes tinham menos de 30 anos, quando a
sua proporção no ano letivo de 2001/2002 ascendia a 12,8%. Em contrapartida, a proporção de
docentes com 50 anos ou mais anos subiu 23,9 pontos percentuais (passando de 22,9% para
46,8%), e a de docentes com 60 ou mais anos cresceu 10,6 pontos percentuais, ao passar de
6,3% para 16,9% no período considerado.
Face a esta situação de ausência de rejuvenescimento do corpo docente e às projeções
sobre o número de aposentações que irão ocorrer nos anos mais próximos, o Conselho Nacional
de Educação
6
tem vindo a elaborar recomendações
7
no sentido de que se tomem medidas para
dotar as escolas com mais docentes. Paralelamente, tem realizado estudos, como o de 2019,
feito à solicitação do parlamento, onde se concluiu que até 2030, 57,8% dos professores e
professoras, o que corresponde a 51 983 docentes, se irão aposentar, sendo que 17 830 se
aposentariam até 2024, outros 24 343 até 2029 e os restantes 9 810 entre 2029 e 2030
(RODRIGUES
et al.
, 2019).
A consequência já se faz sentir, em particular em alguns grupos disciplinares, com
milhares de alunos a ficarem todos os anos sem aulas durante largos períodos.
Mais recentemente, um outro estudo (NUNES
et al.
, 2021), elaborado à solicitação da
DGEEC, com o objetivo de fazer o diagnóstico sobre a necessidade de docentes até 2030,
estimou que até esse ano seria necessário que 34,5 mil professores/as entrassem no sistema.
Sucede que a profissão docente deixou de ser atrativa.
6
O CNE – Conselho Nacional de Educação é um órgão independente com carácter consultivo que foi criado pelo
Decreto-Lei n.º 125/82, de 22 de abril. É composto por 61 membros que representam o governo, as escolas,
sindicatos, associações patronais, associações de pais, outro tipo de associações com intervenção no campo da
educação, etc. Quem lhe preside é eleito/a pelo parlamento. Compete-lhe fazer estudos e emitir pareceres e
recomendações sobre a política educativa quer por sua iniciativa quer por solicitação dos órgãos legislativo e
executivo.
7
É o caso da Recomendação n.º 1/2016 e da Recomendação n.º 3/2019.
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No seu relatório anual, intitulado Estado da Educação relativo a 2019, o CNE sublinha
que se tem verificado uma diminuição da procura dos cursos de formação de docentes, que são
lecionados nas Escolas Superiores de Educação, e que mesmo tendo diminuído o número de
vagas, muitas ficam por preencher. O relatório nota ainda que as notas de ingresso nestes cursos
são das mais baixas entre toda a oferta de cursos no ensino superior, o que não deixa de colocar
interrogações sobre as competências dos futuros docentes.
A que se deve esta perda de atratividade de uma profissão que até há poucos decénios
era socialmente muito valorizada?
Certamente que a explicação reside na continua desvalorização que a profissão tem
vindo a sofrer nas últimas décadas e que faz com que quem está no sistema educativo anseie
por se aposentar e quem não está opte por outras profissões.
Esta desvalorização da profissão, que é transversal a todos os níveis de ensino, é anterior
à intervenção da
troika
, com ela se aprofundou, e não foi revertida após a saída desta,
manifestando-se pela precariedade do vínculo laboral dos que tentam entrar no sistema; pelo
congelamento salarial, quando não mesmo por cortes nos salários, como sucedeu durante o
período da
troika
; pelo congelamento de carreiras no ensino básico e secundário e pelos
obstáculos à progressão (perto de 5 mil docentes estão retidos no acesso aos 5º e 7º escalões,
por inexistência de vagas, pelo que dificilmente algum dia chegarão ao 10º escalão, o topo da
carreira); pelo crescimento do trabalho burocrático e a intensificação do trabalho docente
devido ao aumento da dimensão das turmas e/ou do número de turmas a lecionar; por uma
avaliação de desempenho dos professores que não está orientada para uma melhoria efetiva da
qualidade do ensino, mas que tem antes por objetivo evitar a progressão na carreira (dois terços
dos e das docentes em avaliação não poderão obter a classificação de Muito Bom ou Excelente,
mesmo que seja essa a sua classificação, devido ao sistema de quotas implementado); pela falta
de reconhecimento social e, em particular, dos poderes públicos.
Durante o período da
troika
, para além dos cortes salariais, o governo de direita em
funções à época, que pretendia “ir além da
troika
”, como afirmou então o primeiro-ministro
Pedro Passos Coelho, decidiu congelar o tempo de serviço dos e das docentes do ensino não
superior em 9 anos, 4 meses e 2 dias. É como se não tivessem trabalhado durante todo este
tempo, o que tem consequências ao nível das suas carreiras.
Com a mudança do ciclo político em 2015, consubstanciado pela substituição do
governo de direita por outro do Partido Socialista, com o apoio parlamentar de dois partidos à
esquerda do PS, os/as docentes e as suas organizações representativas tiveram esperança de que
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1071-1093, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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este processo de desvalorização da profissão fosse revertido. Apesar da reposição dos cortes
salariais, o governo do PS recusou recuperar totalmente o tempo de serviço congelado, impondo
em outubro de 2018, de forma unilateral, a recuperação de apenas 2 anos, 9 meses e 18 dias,
pelo que ainda estão por recuperar 6 anos, 6 meses e 23 dias de tempo de serviço efetivamente
prestado e não contado. A este facto o movimento sindical docente, que é bastante
fragmentado
8
, reagiu criando uma plataforma que juntou a grande maioria dos sindicatos
9
. Um
vasto repertório de formas de ação coletiva (TILLY, 2006) foi utilizado: greves, manifestações,
vigílias, processos judiciais, etc. Atualmente, o conflito mantém-se em aberto.
A pandemia, sendo um problema de saúde pública, rapidamente se espalhou ao tecido
económico, provocando uma crise no mercado de trabalho, a qual, no entanto, se distribui de
uma forma desigual,
como evidenciam vários estudos (CALEIRAS; CARMO, 2020; CALDAS
et al.
, 2020; MAMEDE
et al.,
2020
.
; SILVA
et al.
, 2020a; 2020b). Ela
veio reforçar os já
existentes elevados níveis de desemprego e de subutilização da força de trabalho, bem como
degradar ainda mais as condições em que o trabalho é prestado, e está longe de ser debelada.
Segundo um recente relatório da OIT, o défice de empregos ainda atingirá os 75 milhões em
2021 e os 23 milhões em 2022 (OIT, 2021). Paralelamente, a pandemia também tem vindo a
constituir-se como um laboratório de experimentação de novas formas de trabalho. Daí a
explosão do trabalho uberizado, do teletrabalho e do ensino a distância. Em consequência, às
velhas desigualdades sociais, outras novas se vêm juntar.
Em Portugal, todos os indicadores apontam para um impacto significativo da pandemia
em vários domínios. De acordo com um documento do Instituto Nacional de Estatística (INE,
2021), no que se refere ao mercado de trabalho, a população empregada reduziu-se em 2,1% e
as horas trabalhadas tiveram uma redução importante de 14,9%. O impacto só não foi mais
profundo devido aos mecanismos emergenciais implementados, de que se destaca o
lay-off
simplificado, a par de outras medidas que visaram proteger o emprego. A sua destruição foi
desigual, atingindo sobremaneira os empregos precários e com remunerações mais baixas. No
segundo trimestre de 2020, 22,6% da população empregada esteve “sempre ou quase sempre”
em teletrabalho, o valor mais elevado registado desde o início da crise pandémica. Isso significa
que cerca de um milhão de trabalhadores estiveram neste regime, sendo que a possibilidade de
8
A paisagem sindical docente em Portugal é composta por 5 federações e 28 sindicatos, devendo-se esta
fragmentação à existência de diversas linhas políticas e de diferentes estatutos.
9
A plataforma juntou 22 dos 28 sindicatos. Só três associações sindicais não a integraram, o mesmo se passando
com três sindicatos com jurisdição no ensino superior, uma vez que a carreira é distinta.
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Portugal
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acesso a esta forma de trabalho é também ela desigual. Vários estratos da população perderam
rendimentos e os níveis de pobreza aumentaram.
No campo da educação, a pandemia “obrigou a uma transição abrupta do ensino
presencial para o ensino a distância” (SANTOS
et al.
, 2021). Este tem lugar num quadro de
vários défices estruturais, dadas as insuficiências em termos de competências digitais de muitos
docentes, em particular os mais envelhecidos; da obsolescência de muitos equipamentos; das
dificuldades de acesso a computadores e à Internet de grande parte da população, dadas as
condições socioeconómicas.
A migração para o digital veio agravar as condições de trabalho de muitos docentes, ao
colocar-lhes obstáculos novos, tendo tido um impacto mais negativo naqueles que já
anteriormente apresentavam sintomas de cansaço extremo. Diversos estudos têm evidenciado
elevados índices de
burnout
entre os docentes portugueses (GOUVEIA, 2010; VARELA;
ROLO
;
AREOSA, 2018). Esta é, de facto, uma categoria profissional muito vulnerável a esta
síndrome, visto que vários fatores que para ela contribuem estão presentes na atividade docente:
estresse elevado; níveis elevados de responsabilidade em vários planos; trabalho intensificado;
desvalorização da profissão. Acresce a elevada feminização do emprego, o que sujeita muitas
mulheres a uma dupla jornada de trabalho.
A feminização na profissão docente: A idade tardia na maternidade e o envelhecimento
Em 2020, em Portugal, pelos indicadores do Instituto Nacional de Estatística, as
mulheres eram globalmente metade da população trabalhadora, 49,9%, o que significa que as
mulheres se encontram, em percentagem, em igualdade com os homens no mercado de trabalho.
No entanto, as estatísticas demonstram, também, que os trabalhos mais precários e
desqualificados estão a cargo das mulheres, e que elas ainda não atingem o topo das carreiras
de administração e de empresas, e em situação de igualdade na carreira ganham salários
inferiores aos dos seus colegas masculinos (CITE, 2018).
Em Portugal, o fascismo, denominado de Estado Novo, decorreu entre 1933 e abril de
1974, sendo até essa época as mulheres eram menorizadas e dependentes dos homens pelo
Código Civil, que vigorou entre 1867 e 1966, e pela Constituição de 1933, que defendia a
igualdade das mulheres com os homens, salvo em questões biológicas e familiares, na realidade
por serem mulheres e potencialmente mães (BAPTISTA, 2016).
A percentagem das mulheres trabalhadoras conheceu sempre um aumento desde 1960,
sendo nesse ano as mulheres cerca de 36,6% da população ativa, e em 1974, 41,7% da mesma.
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Esta aumento de 1960 a 1974, entre o início da Guerra Colonial em África (Angola, Guiné-
Bissau e Moçambique) e o ano em que é derrubada a ditadura fascista e implantada a
democracia em Portugal, explica-se pela emigração e exílio, principalmente masculina, para a
Europa, devido à pobreza de um país, essencialmente rural, à fuga à Guerra Colonial, que
mobilizou cerca de 900 000 mil homens, principalmente os mais jovens, arrancados às suas
aldeias e cidades natais, e ao fascismo (ROSAS
et al.
, 2020).
Se as mulheres sempre estiveram no mercado de trabalho e em progressão, esta situação
é bem visível na docência, pois as percentagens das docentes não param de aumentar, desde o
início do século XX, principalmente no ensino básico. Curiosamente, às raparigas das classes
populares e médias, a quem as famílias possibilitavam uma profissão, eram encaminhadas para
a docência, a enfermagem ou a assistência social, todas profissões relacionadas com o cuidar,
consideradas as mais propícias para as mulheres. Na prática, era a manutenção da ideologia
predominante nas classes operárias – as mulheres teriam mais apetências, agilidade e paciência
para o ritmo uniforme da maquinaria industrial, da máquina de costura e posteriormente da
máquina de escrever (GUINOTE, 2001).
Como já referido no ponto anterior, segundo os dados de 2019 da Direção-Geral da
Estatística Educação e Ciência, as profissionais de educação rondam 77,9% dos docentes pré-
universitários, sendo o setor do ensino pré-escolar o que apresenta as maiores taxas de
feminização, 99,1% de educadoras infantis. Só no ensino superior a taxa das professoras é
inferior, de 45,10%. Esta situação confirma o afunilamento nas carreiras das mulheres e os tetos
de vidro para as mulheres trabalhadoras, visível nos cargos de gestão e carreiras universitárias
e de investigação (dados do Instituto Europeu para a Igualdade de Género). Em contrapartida,
verificou-se que para o ano de 2019, mais raparigas estavam a frequentar o ensino superior,
perfazendo 54,14% do total dos alunos e alunas com matrículas nas universidades. Esta situação
comprova a dificuldade de acesso ou a desistência de muitas raparigas numa carreira académica.
Ainda a nível demográfico, verifica-se que em 2019 a idade média das mulheres ao
primeiro filho era de 30,5 anos (INE, 2021). O aumento da idade da maternidade explica-se por
diversos fatores: prolongamento dos estudos das raparigas após as licenciaturas, muitas a
realizarem mestrados ou doutoramentos, a entrada mais tardia no mercado de trabalho, a
explosão da precariedade dos empregos, o que leva a adiar a constituição das famílias e a sua
composição limitada. Por sua vez, o pagamento elevado das creches privadas, uma vez que as
creches públicas são reduzidas e a maioria está ligada à Segurança Social, que seleciona e
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Portugal
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prioriza as famílias com menores rendimentos, conduz a opções laborais que leva ainda as
jovens mulheres a dedicarem-se mais à família, em detrimento das carreiras profissionais.
Por outro lado, na docência verifica-se, como demonstrado, uma taxa de envelhecimento
da profissão, em que os dados do Perfil do Docente 2015/2016 publicado pela Direção-Geral
de Estatística da Educação e Ciência indicam que só 0,4% dos professores e professoras têm
menos de 30 anos e a maioria tem uma idade acima dos 50 anos.
Em Portugal, a idade da reforma, sem penalização, é, no ano de 2021, de 66,6 anos
(PORTUGAL, 2019). Esta idade da reforma tem aumentado em consonância com o fator de
sustentabilidade do país, que articula a esperança média de vida com o equilíbrio da segurança
social. Daí que apesar do envelhecimento das próprias docentes, muitas tiveram de cuidar dos
progenitores.
Segundo os dados da Direção-Geral da Saúde (atualizados diariamente), a covid-19
infetou mais as mulheres na faixa etária dos 30-45 anos que se mantiveram no mercado de
trabalho, em profissões ligadas à saúde, aos cuidados em Lares, apesar de a mortalidade das
mulheres ter sido inferior à dos homens (SÁ, 2020). Alguns estudos internacionais avançaram
a hipótese de haver uma maior proteção/imunidade das mulheres, em idade de fecundidade,
devido às hormonas femininas (RABIN, 2020). A mortalmente atingiu em larga escala as
pessoas com mais de 80 anos, daí pelo menos nos países europeus e da América se ter montado
um sistema de vacinação em que as pessoas desta faixa etária tiveram prioridade, e em África
a situação de vacinação ainda está muito distante do que seria desejável!
Em Portugal, faz-se sentir um envelhecimento da população ou idaísmo, principalmente
das mulheres, que atingem atualmente a esperança média de vida de 83,5 anos. O idaísmo para
as mulheres será outra questão interessante a problematizar porque as discrimina a partir de
certa altura da vida; elas tornando-se mais enrugadas e eles mais “charmosos”, apesar de idades
idênticas (WAY; SALES, 2021). Numa testemunho oral vivido por uma mulher de 67 que se
encontrava a fazer uma curta caminhada com o seu companheiro da mesma idade, durante um
período de confinamento obrigatório, ouviu gritarem-lhe: “Ó velha, vai para casa”! Até em
período de pandemia a casa é mais feminina!
Se as professoras mais novas sentiram o grande encargo de tomarem conta dos filhos
mais pequenos que estavam em casa, as professoras mais velhas redobraram nos cuidados a
progenitores mais velhos e velhas, quer com autonomia em suas casas, quer vivendo em
instituições, denominadas Lares, em que ficavam, em regra, dependentes ou com limitações
dos cuidados e das visitas das filhas.
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Virgínia BAPTISTA e Paulo Marques ALVES
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1071-1093, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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O ensino a distância: problematização sobre a pedagogia da igualdade de género no ensino
Em Portugal, como suporte pedagógico, a maioria dos docentes do ensino básico e secundário,
depois das licenciaturas, de 3 ou 4 anos, teve dois anos de formação pedagógica para a docência
ou um mestrado em educação. A maioria contactou com as pedagogias ativas, nomeadamente
de Jean Piaget, Paulo Freire, Maria Montessori, entre outros e outras (NÓVOA, 2014).
O ensino a distância na educação alterou este quadro de pedagogia ativa, mais pessoal,
de socialização e interatividade, devido ao uso das plataformas e às comunicações efetuadas
por emails. Questionámo-nos se as plataformas digitais terão chegado a todos os alunos e alunas
de igual forma, independentemente da classe social a que pertencem, permitido a inclusão e a
igualdade de género, uma das componentes da área Cidadania e Desenvolvimento, obrigatório
até ao final do ensino secundário (alunos e alunas com 18 anos).
Em Portugal, desde 1965, e oficialmente extinto em 1984, existiu um ensino por
televisão, a chamada “Telescola” ou “Ensino Básico Mediatizado”, diariamente na televisão
pública, dirigido a alunos e alunas que viviam em lugares mais recônditos, em zonas rurais e
suburbanas, que ia até ao 6º ano do atual Ensino Básico (crianças com cerca de 12 anos). Foi
na altura considerado um ensino tecnológico bem-sucedido, havendo o acompanhamento dos
alunos e das alunas em postos escolares por monitores e monitoras.
A nível internacional existem relatos dispersos sobre a existência de professores e
professoras que lecionaram aulas por correspondência desde o século XIX, da BBC ter
transmitido aulas radiofónicas durante a Segunda Guerra Mundial, e de Universidades por todo
o mundo terem iniciado o ensino a distância, propiciando a alunos e alunas, por vontade própria,
ou por condicionantes específicas, a realização de cursos universitários. Na realidade, da parte
de uma docente universitária entrevistada, estes cursos lecionados com a utilização de
plataformas exigem uma rigorosa seleção e preparação dos materiais científicos e de contactos
permanentes com alunos e alunas, de precisas orientações e correções dos trabalhos realizados
(porque o tempo a distância com cada aluno tem de ser mais reduzido), assim como uma
maturidade por parte de alunos e alunas devido à disciplina do trabalho autónomo de
investigação que têm de realizar. Em Portugal, é de destacar o caso da Universidade Aberta de
Lisboa, fundada em 1988, a única universidade pública com ensino superior a distância. De
realçar que foi a esta Universidade que se deve a primeira licenciatura e o mestrado na área dos
Estudos sobre as Mulheres, mas em contexto presencial. Foi notório por parte das direções das
Escolas e Universidades e dos encarregados de educação, mães e pais a denuncia que o ensino
a distância não funcionava pelos fatores primordiais: nem todas as alunos e alunos tinham o
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Portugal
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acesso a computadores, nem todas as zonas do país estavam cobertas pelas redes das operadoras
de telecomunicações ou estavam com sinais abertos às populações, e havia o risco do abandono
escolar precoce (obrigatório até aos 18 anos, em Portugal).
Também conhecemos pelos textos da ONU (Organização das Nações Unidas), da
UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) e da OCDE
(Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) a preocupação e as
recomendações para que em situações de guerras, calamidades e pandemias as crianças e jovens
se devem manter em interação para as aprendizagens não regredirem, existir uma saudável
socialização entre pares sob o olhar atento dos adultos com competências de deteção de casos
de maus-tratos, agressões e mesmo violações nos meios familiares ou de vizinhança.
Os confinamentos obrigatórios levaram cada agregado familiar a manter-se junto,
contribuindo para o isolamento de crianças e jovens impedidos de sociabilizarem entre pares e
de terem uma atividade física natural, ao ar livre. Para os alunos e alunas não existiu a equidade
no ensino, nem a igualdade de oportunidades, tal como defendida na Constituição Portuguesa
e na Lei de Bases do Ensino, porque o ensino a distância teve muitas limitações que fragilizaram
a educação.
Vivendo-se em família 24 horas por dia, com reduzidos contactos com o exterior, era
previsível situações de maior tensão e de violência. Os pedidos de ajuda à Rede Nacional de
Apoios a Vítimas de Violência Doméstica aumentaram entre 30 de março e 7 de junho, durante
grande parte de um período de confinamento obrigatório. A Rede recebeu cerca de 16 000
chamadas, 698 foram pedidos de ajuda e um total de 564 mulheres vítimas de violência
doméstica foram retiradas das casas de família (JORNAL EXPRESSO, 2020). Terá também
impedido as dinâmicas e atividades nas vertentes da igualdade de género ou sobre a
discriminação racista.
É neste contexto que começam a proliferar partidos de extrema-direita ou de cariz
fascista e a chegada de deputados dos mesmos a Parlamentos, como no caso de Portugal. Entre
os fatores da ascensão da extrema-direita contam-se a cultura de intolerância às medidas
aprovadas pelo governo relativamente ao confinamento, o desemprego, que gerou em setores
como a restauração e cultura (espetáculos), trabalhadores “com um regime do subsídio de
intermitência” (LAZZARATO, 2020, p. 17), mas também com arquivos, Museus e livrarias
encerradas e dos negacionistas do coronavírus, que chegaram a manifestar-se publicamente
contra o uso obrigatório das máscaras. Segundo Francisco Louçã, “há a promessa intrínseca da
liberalização total, o uso das pessoas como a última mercadoria” (LOUÇÃ, 2021, p. 171). Este
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avanço da extrema-direita ou do fascismo, ainda inimaginável há poucos anos, levou ao
sexismo, à contestação do feminismo, ao ataque à homossexualidade, vista, em último caso
como doença, tal como defendido no tempo do Estado Novo (FREIRE, 2020), assim como a
um retrocesso relativamente a teorias científicas há muito comprovadas (como a defesa da terra
ser plana!). Neste período pandémico, emergem os resquícios do colonialismo de quinhentos
anos, que se evidencia pelo racismo na sociedade (LANÇA, 2021) e na maior violência e prisão
das pessoas negras, tal como chamou a atenção Angela Davis (1983) no seu livro Women, Race
& Class.
A dupla jornada em casa: o trabalho e o cuidar
Historicamente o cuidar sempre foi maioritariamente feminino. Desde as enfermeiras,
que só a partir de 1963 puderam casar, pela missão como a profissão era percecionada (SILVA,
2011) às criadas de servir (BRASÃO, 2012). Muitas serviçais acabavam por morrer solteiras
nas casas para onde foram servir, quase crianças, em regra originárias das zonas rurais.
Atualmente foram substituídas pelas empregadas domésticas, de empresas e de hotelaria,
muitas emigrantes de origem africana, brasileira e já em menor número oriundas dos países de
leste, muitas em situação de desemprego com a pandemia. A estas profissões consideradas
femininas foram-se ligando às médicas, principalmente nas áreas da ginecologia, especialistas
nas doenças de mulheres, e as professoras, durante o Estado Novo, vistas como inseridas numa
profissão em consonância com as mulheres. Apesar disto, no início do Estado Novo, nos anos
30 e 40, as professoras quando casavam tinham de comprovar que os ordenados dos maridos
eram superiores aos seus, devido aos magros salários que auferiam.
Como constatado anteriormente, os dados demográficos da população e o
envelhecimento na profissão docente demonstram os desafios que se colocam às professoras
alvo deste estudo. Há, por um lado, um prolongamento das horas de trabalho com o teletrabalho,
mais exigente, e simultaneamente a necessidade de prestar cuidados à família, filhos, filhas e
progenitores, muitos e muitas a viverem sós, frequentemente longe das filhas, cada vez mais
envelhecidos, sendo o grupo mais fragilizado pelo Covid-19.
Em junho de 2010, por telefone ou pessoalmente, entrevistámos um universo de 25
educadoras de infância, professoras do ensino básico secundário e do ensino superior, com
idades entre os 25 e 64 anos: quatro educadoras infantis, dezessete professoras do ensino básico
e secundário e quatro professoras do ensino superior. Oito professoras, cerca de 1/3, vivem sem
companheiro, ou companheira no seu agregado, mas têm fundamentalmente a seu cargo filhos
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e filhas menores ou com mais de 18 anos. Uma delas referiu ter de cuidar de um filho portador
de deficiência, todo o dia, por o pai ser profissional de saúde. Oito professoras vivem em
relações afetivas estáveis, com filhos e filhas, uma das quais grávida na altura: teve dispensa
médica durante todo o período pandémico. Verificámos a existência de cinco professoras que
vivem em relações afetivas sem filhos e quatro professoras que vivem sós, sem filhos ou filhas.
Cerca de 60% admitiu que teve de cuidar dos pais e das mães, por já terem mais de 75 anos,
sendo que cerca de 20% tinha os pais ou mães em instituições, denominados Lares.
Constatámos que as professoras referiram as sensações de cansaço, exaustão, stress, pela
articulação entre a vida profissional e pessoal, no espaço doméstico. Às aulas lecionadas pelas
plataformas, o tempo da sua preparação, a colocação dos materiais em plataformas, a correção
dos trabalhos, acrescentou-se o envio e recebimento permanente de emails. Também tiveram a
perceção de que os alunos e as alunas colocavam com frequência dúvidas, por via eletrónica,
mais para estarem em contacto com os professores e as professoras. As maiores dificuldades
surgiram com as professoras com filhos e filhas menores, a que tinham de prestar mais
assistência, e às que tinham que apoiar os pais e mães mais velhos e velhas com alimentos e
medicamentos. Da parte das professoras que vivem sós existiu, em regra, sentimentos de
solidão, angústia e ansiedade.
A não separação do local de trabalho do espaço familiar parece-nos remeter para as
sociedades anteriores à industrialização, do trabalho em casa realizado pela família. Contudo,
perante os dois confinamentos vividos de fevereiro a maio em 2020 e 2021, foram as mães que
acusaram as dificuldades da articulação do trabalho à distância e de cuidar dos filhos, tarefas
que concluímos ainda estarem mais a cargo das mulheres. A sociedade capitalista neoliberal
fez-se sentir pelo aumento do horário laboral e isolamento das professoras a nível de
reivindicações laborais e mais distantes dos seus sindicatos, apesar de, por exemplo, a
FENPROF (Federação Nacional de Professores constituída por sete Sindicatos no continente,
arquipélagos dos Açores e Madeira e estrangeiro) se ter mantido em contacto com todos os
professores e professoras associadas.
O ensino a distância: O poder das professoras ou a sua fragilização enquanto
trabalhadoras
O ensino a distância foi lecionado em todos os graus de ensino. As crianças mais
pequenas, que frequentaram o ensino básico, estiveram em frente aos computadores,
inicialmente com a ajuda dos pais e das mães. Progressivamente foram dominando as novas
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tecnologias e o acesso às novas plataformas. Os alunos e alunas do ensino secundário e superior
globalmente já dominavam estas tecnologias.
Há duas perspetivas, dois ângulos, na perceção sobre o ensino a distância. Para os e as
estudantes a interação informática procurava a aparência de se estar em sala de aula. Em muitos
casos foi a escola que disponibilizou os computadores, noutros casos houve a partilha de
computadores na família, assim como os locais de trabalho e de estudo defiriram do quarto
próprio para a sala ou cozinha, locais partilhados com outras pessoas da família.
Por seu lado, em regra, as professoras trabalharam no seu escritório, mas sabendo-se
escrutinadas, por vezes, pelas pessoas da família dos alunos e das alunas. Houve alguns casos
reportados em que as famílias interferiram nas aulas online, chamando a atenção às docentes
pelas metodologias utilizadas, opondo-se à chamada de atenção de alunos e alunas, e mesmo a
sátira nas redes sociais sobre situações ocorridas no ensino a distância.
A docência, que é por inerência uma profissão pedagógica e científica dinâmica e
formadora, virada para a aprendizagem, debates, apresentação de trabalhos e discussão dos
mesmos viu-se, de repente, com muitas limitações nas metodologias e materiais a aplicar. Os
debates aconteceram, mas exigiram uma grande preparação e moderação por parte das
professoras para os alunos permanecerem nas sessões e também se pronunciarem sobre os
temas.
Acresceu todo o trabalho invisível (que parece continuar o trabalho doméstico oculto
das mulheres: a preparação das aulas, a colocação dos materiais nas plataformas, o envio e a
receção de emails, a correção de trabalhos, até a realização de testes online), com os alunos e
alunas colocadas em salas, podendo ou não ter privacidade e apoios diversos, de pessoas ou
tecnológicos.
Esta exposição pública do trabalho das professoras e a invisibilidade de grande parte
deste trabalho não parece ter contribuído para o empoderamento da docência, no geral, e em
alguns casos contribuiu para a fragilização das trabalhadoras, principalmente as que têm a seu
cargo as crianças mais pequenas. Foi comum junto da população os pais e mães, também em
teletrabalho, referirem que não conseguiam trabalhar porque tinham que apoiar os filhos e as
filhas em casa, pressupondo-se uma tentativa de desconsiderarem a necessidade da
permanência das crianças em casa, por pensarem que estas não eram afetadas nem transmissoras
do coronavírus, pelo que defenderam a abertura das creches e escolas básicas.
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O trabalho das professoras em tempos de pandemia Covid-19: Problemáticas e construções da docência e do cuidar na esfera doméstica em
Portugal
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1071-1093, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16982
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Reflexões finais
Este artigo debruçou-se sobre o trabalho das professoras em tempos da pandemia
COVID-19, em Portugal, e suas problemáticas pela conjugação da organização do trabalho e
do cuidar da família, na esfera doméstica.
Neste estudo não é possível uma interseccionalidade de género e identidades, uma vez
que todas as professoras entrevistadas são brancas e assumiram que eram heterossexuais.
É de realçar a grande desigualdade na globalidade do trabalho das mulheres no contexto
da covid-19 relativamente ao dos homens. As mulheres ficaram mais assoberbadas,
acumulando o trabalho assalariado e os cuidados à família, situação que expressaram as
professoras entrevistadas. No geral da população, mais mulheres perderam rendimentos, porque
em muitas empresas foram elas que ficaram em casa com os filhos e filhas mais pequenas,
durante o teletrabalho obrigatório, recebendo apenas 60% dos salários. Efetivamente, foram as
professoras com filhos mais pequenos, seguidas pelas que tinham pais e mães mais velhos e
velhas, que foram mais afetadas pelas situações de ansiedade e stress.
Manteve-se a desigualdade de género no ensino a distância, com grandes dificuldades
para as mulheres de conciliação da vida profissional, familiar e pessoal. A jornada de trabalho
prolongou-se por se passar mais tempo nas plataformas e pelo contacto permanente no envio e
receção de emails, o que evidencia a sociedade neoliberal vigente que menospreza o horário
laboral estipulado, que já não obedece aos contratos de trabalho coletivos. As pessoas tornaram-
se extensões das máquinas em permanente laboração, num sistema agressor de mecanização e
com contratações diversas.
Houve ainda a referência a hostilidades, dúvidas da credibilidade profissional e
intimidações de pais e encarregados de educação que assistiram a aulas e se intrometeram, o
que causou instabilidades emocionais em algumas docentes. À ansiedade acrescentou-se a
incógnita pela situação vivida, dificuldade em adormecer e um cansaço que levou ao uso de
medicamentos e ansiolíticos, numa altura em que o SNS (Serviço Nacional de Saúde) dava
primazia aos doentes por COVID.
Concluímos neste trabalho que apesar de na docência predominar o género feminino, e
destas trabalhadoras se terem mantidos em teletrabalho, a manutenção do trabalho da educação
não empoderou as mulheres face à população, porque julgadas como mais privilegiadas por se
manterem em teletrabalho e não terem perdido rendimento. Observámos que elas ficaram mais
fragilizadas pela exposição permanente às famílias, que se consideravam competentes para
discorrer sobre as metodologias e pedagogias adotadas. No enquadramento da sociedade
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Virgínia BAPTISTA e Paulo Marques ALVES
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1071-1093, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16982
1090
capitalista, neoliberal e sexista, foram também as professoras que mantiveram maioritariamente
as funções do cuidar e com limitações no usufruto do seu tempo pessoal, mantendo-se a
desigualdade de género nos seus agregados familiares.
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Como referenciar este artigo
BAPTISTA, V.; ALVES, P. M. O trabalho das professoras em tempos de pandemia Covid-19:
Problemáticas e construções da docência e do cuidar na esfera doméstica em Portugal.
Revista
Ibero-Americana de Estudos em Educação
, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1071-1093, jun.
2022. e-ISSN: 1982-5587. DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16982
Submetido
em
: 13/01/2022
Revisões requeridas
: 21/03/2022
Aprovado em
: 08/05/2022
Publicado em
: 30/06/2022
Processamento e edição: Editoria Ibero-Americana de Educação.
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El trabajo de las profesoras en tiempos de pandemia Covid-19: Problemas y construcciones de la enseñanza y el cuidado en el ámbito
doméstico en Portugal
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–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1071-1093, junio 2022. e-ISSN: 1982-5587
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EL TRABAJO DE LAS PROFESORAS EN TIEMPOS DE PANDEMIA COVID-19:
PROBLEMAS Y CONSTRUCCIONES DE LA ENSEÑANZA Y EL CUIDADO EN EL
ÁMBITO DOMÉSTICO EN PORTUGAL
O TRABALHO DAS PROFESSORAS EM TEMPOS DE PANDEMIA COVID-19:
PROBLEMÁTICAS E CONSTRUÇÕES DA DOCÊNCIA E DO CUIDAR NA ESFERA
DOMÉSTICA EM PORTUGAL
THE WORK OF TEACHERS IN TIMES OF THE COVID-19 PANDEMIC: PROBLEMS
AND CONSTRUCTIONS OF TEACHING AND CARING IN THE DOMESTIC SPHERE
IN PORTUGAL
Virgínia BAPTISTA
1
Paulo Marques ALVES
2
RESUMEN
: Varias infancias se han vivido a lo largo de la historia. Sin embargo, la actual
enfermedad covid-19 ha pillado a las sociedades y a las personas despreocupadas, lo que ha
llevado al aislamiento social y a la experimentación con nuevas situaciones laborales, como el
aprendizaje a distancia. Dado que la enseñanza es una profesión feminizada en Portugal, en este
artículo tratamos de discutir las consecuencias para las profesoras del doble viaje en el hogar,
la acumulación de trabajo y el cuidado de la familia, que forma parte de una lógica general del
neoliberalismo. Sin embargo, hemos encontrado que a pesar de algunos cambios en la
legislación y en la vida cotidiana sobre la igualdad de género, depende esencialmente de las
mujeres cuidar a sus hijos e hijas más pequeños o a los progenitores mayores. Por lo tanto, en
la práctica diaria, todavía hay un camino por hacer en la profesión docente que conduzca
efectivamente a la igualdad de género y la inclusión para la ciudadanía de todas las personas.
PALABRAS CLAVE
: Pandemia. Docencia. Profesoras. Enseñanza a distancia. Cuidado.
Igualdad de género.
RESUMO
: Ao longo da História foram vividas várias pandemias. Contudo, a atual doença
covid-19 apanhou desprevenidas as sociedades e as pessoas individualmente, levando ao
isolamento social e à experimentação de novas situações laborais, como no ensino a distância.
Sendo a docência uma profissão feminizada, em Portugal, neste artigo procuramos discutir as
consequências para as docentes da dupla jornada em casa, acumulando o trabalho laboral e
o cuidar da família, o que se insere numa lógica geral do neoliberalismo. No entanto,
verificámos que apesar de algumas mudanças na legislação e no quotidiano sobre a igualdade
de género, coube essencialmente às mulheres o cuidar dos filhos e das filhas mais pequenas ou
1
Universidad Nueva de Lisboa (UNL), Lisboa – Portugal. Investigadora Integrada (IHC-FCSH). Doctorado en
Historia Moderna y Contemporánea (FCSH). ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0490-6881. E-mail:
virbaptista@gmail.com
2
Instituto Universitario de Lisboa (ISCTE), Lisboa
–
Portugal. Profesor Asistente. Investigador Integrado
(DINAMIA’CET_ISCTE
). Doctorado en Sociología (ISCTE). ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4210-2235.
E-mail: paulo.alves@iscte.pt
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Virgínia BAPTISTA y Paulo Marques ALVES
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1071-1093, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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dos progenitores mais velhos e velhas. Logo, na prática diária, há um percurso ainda a fazer
na profissão docente que conduza efetivamente à igualdade de género e de inclusão para a
cidadania de todas as pessoas.
PALAVRAS-CHAVE
:
Pandemia. Docência. Professoras. Ensino a distância. Cuidar.
Igualdade de género.
ABSTRACT
:
Throughout history several pandemics have been experienced. However, the
current covid-19 disease has caught societies and individuals off guard, leading to social
isolation and the experimentation of new work situations, such as distance learning. Since
teaching is a feminized profession, in Portugal, in this article we tried to discuss the
consequences for female teachers of the double journey at home, accumulating work and family
care, which is part of a general logic of neoliberalism. However, we found that despite some
changes in legislation and in daily life regarding gender equality, it has essentially fallen to
women to take care of their children and younger daughters or older parents. Therefore, in
daily practice, there is still a way to go in the teaching profession to effectively lead to gender
equality and inclusion for the citizenship of all people.
KEYWORDS
:
Pandemic. Teaching. Female teachers. Distance education. Caring. Gender
equality.
Introducción
El neoliberalismo hegemónico, junto con las teorías de la sociedad de la información y
el conocimiento y las teorías de la racionalización flexible son las tres fuerzas motrices que han
ido configurando el trabajo en el actual régimen de acumulación capitalista que Harvey (1989)
llamó "acumulación flexible", que constituye la respuesta del sistema a su crisis estructural y
en el que se profundizó la naturaleza destructiva del capital (MÉSZÁROS, 1996). Esta
destructividad, que es la norma del "sistema de metabolismo antisocial del capital"
(ANTUNES, 2020, p. 12), se manifiesta en diversas dimensiones, desde la ambiental a la
económica, pasando por la social, llegando en este último particularmente al trabajo y al
empleo, que degradan, devalúan y deshumanizan.
Al mismo tiempo, partiendo de la premisa de que "menos Estado es un mejor Estado",
hecho para el que "no hay alternativa", como dijo una vez Margaret Thatcher, se inició un
proceso basado en varios pilares. En el campo económico, el Estado se ha retirado, lo que es
observable ya sea por el abandono de la actividad productiva, a través de procesos de
privatización o la reducción de la inversión pública, o el auto debilitamiento de su capacidad
reguladora. En el ámbito social, se produjo la mercantilización de sus funciones sociales, la
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El trabajo de las profesoras en tiempos de pandemia Covid-19: Problemas y construcciones de la enseñanza y el cuidado en el ámbito
doméstico en Portugal
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1071-1093, junio 2022. e-ISSN: 1982-5587
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disminución del número de trabajadores en la administración pública y una profunda
transformación de las relaciones sociales en el trabajo en el sector público.
Básicamente, como señala Wacquant (2003), a raíz de Bourdieu, los estados terminan
reemplazando su "mano izquierda", relativa a los sistemas públicos de educación, salud,
seguridad social y vivienda, que se habían expandido durante la fase del capitalismo
monopolista, como otro mecanismo de apaciguamiento de la clase-que vive de trabajo
(ANTUNES, 2009), por su "mano derecha", es decir, por su aparato represivo. Se elimina el
estado económico; se desmantela el Estado social y se fortalece el Estado penal (WACQUANT,
2003, p. 76). Origina un
Estado darwinista
que fetichiza a la competencia y actúa
unilateralmente, utilizando su "puño de hierro".
En los últimos años, con el ultraneoliberalíssimo, y en el marco de las políticas de
austeridad, este programa de "expolio estatal", como lo llama Petrella (1996) o "destrucción
metódica de colectivos", en palabras de Bourdieu (1998), se profundizó induciendo una
transformación aún más extensa de las relaciones sociales de trabajo. La educación fue uno de
los sectores más afectados.
Para completar la tormenta perfecta que se viene produciendo sobre el mundo del
trabajo, en diciembre de 2019 se descubrió un nuevo coronavirus (SARS-CoV-2) en China y
se propagó rápidamente por todo ese país y el mundo, llevando a la OMS (Organización
Mundial de la Salud) a declarar el 11 de marzo de 2020 que el covid-19 resultante había
alcanzado el nivel de pandemia. Así, se entra en un contexto que Antunes (2020) denomina
"capitalismo pandémico", donde se intensifican las tendencias previas de destructividad de un
sistema que es por naturaleza autofágico.
A lo largo de la historia hemos conocido los relatos escritos y orales de las pandemias
que devastaron familias y sociedades, causando graves daños a las economías y crisis sociales,
desde Asia Oriental hasta Europa (espacios eurocéntricos en los tiempos). Basta pensar en la
Peste Negra, en la Edad Media, que se originó en Asia y que afectó a toda Europa, y volvería
puntualmente en los siglos siguientes a plagas neumónicas, justo después de la Primera Guerra
Mundial, que siempre mataron a miles de personas independientemente de las clases sociales
en las que estuvieran incluidas (SNOWDEN, 2020).
Este artículo tiene como objetivo identificar y problematizar las consecuencias del
impacto de la pandemia de covid-19 en la vida de los docentes y sus hogares en Portugal desde
febrero de 2020. Como veremos, la enseñanza es una profesión mayoritariamente femenina.
Así, pretendemos, desde una perspectiva feminista, evaluar las consecuencias de la pandemia
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Virgínia BAPTISTA y Paulo Marques ALVES
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en la vida laboral de las docentes y por extensión en la relación con sus familias, verificando la
igualdad de género en estos hogares.
Actualmente, en la educación existen varios objetivos solicitados a la escuela pública y
obligatorias hasta los 18 años de alfabetización, habilidades programáticas universales,
igualdad de acceso al aprendizaje, educación ciudadana y la inclusión de todos los niños y
jóvenes, independientemente de si tienen contingencias físicas o mentales (Ministerio de
Educación, "Aprendizaje de estudiantes a la salida de la secundaria”, 2018
-2019). Esta situación
de inclusión también está prevista en la educación universitaria, con la inclusión de jóvenes con
algunos grados de discapacidad.
Como en todo el mundo, la pandemia de Covid 19 se extendió en Portugal, a partir de
principios de 2020, con los gobiernos declarando el confinamiento de las poblaciones para
limitar la propagación de la enfermedad. Las personas que se consideraban a sí mismas con
profesiones esenciales, relacionadas con la salud, la policía, la alimentación, el transporte y las
comunicaciones, se mantuvieron activas. Como resultado, las escuelas y universidades cerraron
durante largos períodos, en parte o a lo largo de 2020 y de febrero a mayo de 2021. Así, gran
parte de la enseñanza-aprendizaje comenzó a realizarse a distancia, con el uso de plataformas
digitales. Estas situaciones interfirieron en el contexto de la pedagogía y la socialización de los
niños y jóvenes y de los propios maestros.
El artículo se estructura en cinco puntos que consideramos vitales para esta reflexión
sobre el trabajo de los docentes en la educación a distancia. En el primer punto pretendemos
una reflexión general sobre la situación del problema de la enseñanza en Portugal, en todos los
niveles educativos. El segundo punto se centra en la feminización de la profesión docente, una
situación que ha ido progresando a lo largo del siglo 20, desde las guarderías y la educación
primaria y secundaria, y ahora es una profesión mayoritariamente femenina. En el tercer punto
abordaremos las trayectorias que fueron delineando los docentes en la enseñanza a distancia o
acumulando las clases presenciales con el teletrabajo. Intentamos cuestionar si los nuevos
enfoques pedagógicos, probados diariamente, podrían tener en cuenta las identidades de los
estudiantes y la igualdad de género, en un momento de nueva experimentación en la educación.
En un cuarto punto pretendemos identificar y debatir esta articulación del doble recorrido, en
el hogar, de las funciones laborales acumuladas de los docentes con la de los cuidadores
familiares, en el ámbito doméstico. Finalmente, en el quinto punto, trataremos de determinar si
la pandemia trajo nuevos poderes a los docentes como agentes de la educación en opinión de la
población, o si, por el contrario, se vieron debilitados por el desempeño de la profesión.
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El trabajo de las profesoras en tiempos de pandemia Covid-19: Problemas y construcciones de la enseñanza y el cuidado en el ámbito
doméstico en Portugal
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1071-1093, junio 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16982
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Nos basamos en una bibliografía reciente sobre el contexto patológico y utilizamos la
entrevista semiestructurada y el análisis documental como técnicas de observación. Las
veinticinco entrevistas se realizaron con docentes de todos los niveles educativos, desde
preescolar hasta universidad, en julio de 2020, por teléfono o presencialmente.
Este estudio, concebido desde una perspectiva feminista, tiene la limitación de ser, sin
embargo, eurocéntrico y blanco, ya que los docentes con los que contactamos forman parte de
esta identidad. La identificación de esta característica, que no será objeto de estudio en este
artículo, permitirá cuestionar sobre las razones de la "blancura" en la enseñanza o la
discriminación por racialización socioeconómica que aún no permite que otras identidades,
como las poblaciones negras y gitanas, accedan a profesiones que pasan por la salida de las
universidades.
Concluimos que, hoy en día, esta acumulación de tareas laborales y cuidados en el
espacio familiar es parte del neoliberalismo que priva al tiempo de trabajo de su valor real.
También evoca el trabajo en el hogar en sociedades proto industriales, en las que el trabajo
familiar no se contabilizaba en un horario regulado, como en industrias y talleres, de la era
industrial. En esta era de pandemia, las mujeres fueron penalizadas en el contexto del
capitalismo actual, al aumentar la carga de las horas de trabajo, algunas tenían sanciones
salariales y seguían siendo (como siempre) cuidadoras familiares, en comparación con sus
colegas de la profesión, lo que demuestra la desigualdad de género en la mayoría de los hogares
de los maestros. También el trabajo en materia de igualdad e inclusión de género que se llevó
a cabo en las escuelas estuvo muy condicionado por las herramientas electrónicas y la
participación de personas especializadas y para realizar actividades en estas áreas (OMGs o
departamentos gubernamentales).
La profesión docente en Portugal
En las últimas décadas, los cambios en la administración pública portuguesa han sido
profundos (DUCATTI; ALVES; SOUZA, 2020; ALVES, 2016). En primer lugar, con la
imposición de
los diseños de La Nueva Gestión Pública
dirigidos a la convergencia de las
relaciones sociales de este sector con el tipo de relaciones vigentes en el sector privado, con el
fin de asegurar la consecución de los objetivos del Pacto de Estabilidad y Crecimiento definido
por la Unión Europea. Posteriormente, debido a la crisis financiera internacional y la posterior
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Virgínia BAPTISTA y Paulo Marques ALVES
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intervención de la
troika
3
. Estos cambios han afectado profundamente al sector educativo, que
es esencialmente público, con consecuencias para la disminución del número de docentes, en
particular en la educación no superior (Niveles 0 a 4 del ISCED), de lossalarios y carreras.
Desde el año escolar 2005/2006, el sistema educativo portugués desde preescolar hasta
la educación secundaria ha perdido más de 38.000 profesores (de los cuales más de 33.000
durante
el período de intervención de la troika
), aunque ha habido una recuperación muy leve
del año escolar 2015/2016. En la enseñanza superior (niveles CINE 5 a 8), la tendencia es
similar, aunque mucho más atenuada (gráfico 1)
4
5
.
Gráfico 1
–
Evolución del número de profesores de educación no superior y de educación
superior en Portugal entre los años escolares 2001/2002 y 2020/2021
Fuente: DGEEC - Dirección General de Estadísticas de Educación y Ciencia
3
Tras la crisis financiera internacional que comenzó en 2008, la crisis de liquidez y la dificultad de acceso a los
mercados financieros
internacionales debido a la bajada de la calificación de la república portuguesa
llevaron al
gobierno del Partido Socialista liderado por José Sócrates a firmar un "Memorando de Entendimiento", que estaría
en vigor entre 2011 y 2014, con
la troika
compuesto por el FMI - Fondo Monetario Internacional, BCE - Banco
Central Europeo y la Comisión Europea. Entonces se impusieron políticas de austeridad extremadamente duras en
Portugal.
4
Esta disminución se debe a varios factores, entre los que se incluyen el desglose demográfico que es real, pero
se debe a las medidas de política adoptadas, que aumentan la baja financiación crónica del sistema; la
reorganización de la red escolar, con el cierre de numerosas escuelas y la concentración de alumnos en grupos
escolares; cambios curriculares, con el aumento de la carga escolar de algunas disciplinas y la disminución de otras
o incluso su supresión de planes de estudio; la reducción de cero horas; aumentar el tamaño de las clases; el
incremento en el horario de docentes en el 1er Ciclo de Educación Básica; y la jubilación de miles de docentes
ante una devaluación de la carrera docente que abordaremos, muchos de los cuales se jubilan antes de la edad de
jubilación a pesar de sufrir recortes en las pensiones que se recibirán:
de 14,5%
debido a la sostenibilidad y
0,5%
por cada mes de anticipación
.
5
Los valores del gráfico se alquilan. En las escuelas profesionales, cuyos datos no están representados en el gráfico,
también hay la misma tendencia
,
aunque más atenuado
.
181
179
180
185
181
174
176
178
180
175
163
150
141
141
143
146
147
147
147
36
36
36
37
37
36
35
35
36
38
37
35
34
32
33
33
34
35
36
36
10
30
50
70
90
110
130
150
170
190
210
NÚMERO DE DOCENTES
MILLARES
AÑOS LECTIVOS
Ens n Sup
Ens Sup
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doméstico en Portugal
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Trazar el perfil de los docentes en Portugal implica necesariamente referirse a dos
aspectos centrales: la feminización del empleo y el envejecimiento del profesorado.
Con respecto al primer aspecto, la Tabla 1 nos muestra una tasa muy alta de
feminización del empleo docente, aunque está disminuyendo a medida que aumenta en los
niveles de educación. Las mujeres no son la mayoría solo en la educación superior a pesar de
que la tasa de feminización ha aumentado casi 5 puntos porcentuales en las últimas dos décadas
(del 40,8% en el año escolar 2001/2002 a 45,8 en 2019/2020 y 2020/2021). Si la educación
superior sigue siendo un bastión masculino, por otro lado, la educación preescolar es un bastión
femenino, con mujeres que siempre representan más del 97.0% de todos los maestros,
alcanzando incluso valores superiores al 99.0% en algunos de los años escolares.
Cuadro 1
–
Evolución de la tasa de feminización del profesorado (%) en Portugal, por nivel
de educación, entre los cursos escolares 2001/2002 y 2020/2021
Años escolares
Educación no superior
Enseñanza
superior
Educación
Preescolar
1er Ciclo de
Educación
Básica
2º Ciclo de
Educación
Básica
3º Ciclo de
Educación Primaria
y Secundaria
2001/2002
n.d.
n.d.
n.d.
n.d.
40,8
2002/2003
n.d.
n.d.
n.d.
n.d.
41,2
2003/2004
n.d.
n.d.
n.d.
n.d.
41,9
2004/2005
n.d.
n.d.
n.d.
n.d.
42,0
2005/2006
98,1
89,5
77,6
79,1
43,0
2006/2007
97,2
89,8
78,1
80,3
43,2
2007/2008
n.d.
n.d.
n.d.
n.d.
43,2
2008/2009
97,4
86,9
75,5
77,5
43,4
2009/2010
97,3
86,6
75,2
77,2
43,5
2010/2011
98,7
86,3
75,1
76,1
43,7
2011/2012
98,6
86,4
75,4
76,5
43,8
2012/2013
98,9
86,1
76,9
77,7
44,0
2013/2014
99,1
86,1
77,8
78,4
44,0
2014/2015
99,1
86,2
78,3
79,1
44,4
2015/2016
99,1
86,6
79,0
79,8
44,5
2016/2017
99,1
86,9
79,6
80,3
44,3
2017/2018
99,0
86,7
79,8
80,5
44,8
2018/2019
99,1
86,9
79,7
80,4
45,1
2019/2020
99,1
87,0
80,0
80,7
45,8
2020/2021
n.d.
n.d.
n.d.
n.d.
45,8
Fuente: DGEEC - Dirección General de Estadísticas de Educación y Ciencia
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1071-1093, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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En cuanto al envejecimiento, que ha ido empeorando a lo largo del periodo analizado,
los últimos datos disponibles muestran que, en el curso escolar 2019/2020, solo el 1,6% del
profesorado de educación no superior tenía menos de 30 años (en la educación privada la
situación es ligeramente más favorable, pues en el curso anterior, su proporción alcanzó el
6,9%, contra solo el 0,5% en el público), mientras que el 50,9% tenían 50 años o más, y el
14,7% tenían 60 años o más. En el curso escolar 2013/2014, solo el 36,1% de los docentes de
estos niveles educativos tenía más de 50 años y el 3,5% tenía más de 60 años.
En la educación superior la tendencia también es profundizar el envejecimiento, aunque
con una menor severidad en comparación con otros niveles de educación. De hecho, en el curso
escolar 2020/2021, el 4,3% del profesorado tenía menos de 30 años, cuando su proporción en
el curso 2001/2002 ascendía al 12,8%. Por otro lado, la proporción de docentes de 50 años o
más aumentó en 23,9 puntos porcentuales (de 22,9% a 46,8%), y la de docentes de 60 años o
más aumentó en 10,6 puntos porcentuales, de 6,3% a 16,9% en el período considerado.
Ante esta situación de falta de rejuvenecimiento del profesorado y las proyecciones
sobre el número de jubilaciones que se producirán en los próximos años, el Consejo Nacional
de Educación
6
ha venido elaborando recomendaciones
7
en el sentido de que se toman medidas
para proporcionar a las escuelas más maestros. Al mismo tiempo, se han realizado estudios,
como el de 2019, realizados a petición del parlamento, donde se concluyó que para 2030, el
57,8% de los docentes y docentes, lo que corresponde a 51.983 docentes, se jubilarán, con
17.830 jubilados en 2024, otros 24.343 en 2029 y los 9.810 restantes entre 2029 y 2030
(RODRIGUES
et al.
,
2019).
La consecuencia ya se siente, particularmente en algunos grupos disciplinarios, con
miles de estudiantes que salen de clases cada año durante largos períodos.
Más recientemente, otro estudio (NUNES
et al.
,
2021), elaborado a petición de la
DGEEC, con el objetivo de realizar el diagnóstico sobre la necesidad de docentes para el año
2030, estimando que para este año sería necesario que 34.500 docentes ingresen al sistema.
Resulta que la profesión docente ya no es atractiva.
6
El CNE
–
Consejo Nacional de Educación es un órgano independiente con carácter consultivo que fue creado
por el Decreto-Ley Nº 125/82, de 22 de abril. Está compuesto por 61 miembros que representan al gobierno,
escuelas, sindicatos, asociaciones de empleadores, asociaciones de padres, otros tipos de asociaciones con
intervención en el campo de la educación, etc. Quien lo preside es elegido por el parlamento. Es responsable de
realizar estudios y emitir dictámenes y recomendaciones sobre política educativa, ya sea por iniciativa propia o a
petición de los órganos legislativos y ejecutivos.
7
Este es el caso de la Recomendación
n.º 1/2016
y la Recomendación
n.º 3/2019.
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En su informe anual, titulado Estado de la Educación 2019, el CNE subraya que ha
habido una disminución en la demanda de cursos de formación docente, que se imparten en las
Escuelas Superiores de Educación, y que a pesar de que el número de vacantes ha disminuido,
muchas siguen sin cubrirse. El informe también señala que los puntajes de ingreso en estos
cursos se encuentran entre los más bajos entre toda la oferta de cursos en educación superior,
lo que no deja de hacer preguntas sobre las competencias de los futuros maestros.
¿De qué sirve esta pérdida de atractivo de una profesión que hasta hace unos años era
socialmente muy valorada?
Ciertamente la explicación radica en la continua devaluación que viene sufriendo la
profesión en las últimas décadas y que hace que los que están en el sistema educativo añoren a
jubilarse y los que no están optando por otras profesiones.
Esta devaluación de la profesión, que es transversal a todos los niveles educativos,
preestetismo de la
troika
, con ella se profundizó, y no se revirtió tras su partida, manifestándose
por la precariedad del vínculo laboral de quienes intentan ingresar al sistema; congelación
salarial, cuando ni siquiera por recortes salariales, como fue el caso durante el período de la
troika
; por la congelación de las carreras en la educación primaria y secundaria y los obstáculos
para la progresión (cerca de 5.000 maestros se mantienen en el acceso a los niveles 5º y 7º,
debido a la ausencia de vacantes, por lo que es difícil llegar al nivel 10º, la parte superior de la
carrera); por el crecimiento del trabajo burocrático y la intensificación del trabajo docente
debido al aumento del tamaño de las clases y/o del número de clases a impartir; mediante una
evaluación del desempeño de los docentes que no están orientados a una mejora efectiva de la
calidad de la educación, pero que tiene como objetivo evitar la progresión profesional (dos
tercios de los docentes y docentes evaluados no podrán obtener la calificación de Muy Bueno
o Excelente, aunque esta sea su clasificación, debido al sistema de cuotas implementado); falta
de reconocimiento social y, en particular, de los poderes públicos.
Durante el período de
troika
, Además de los recortes salariales, el gobierno de derecha
en funciones en ese momento, que pretendía "ir más allá de la
troika
”,
como luego declaró el
Primer Ministro Pedro Passos Coelho, decidió congelar el tiempo de servicio de los maestros y
maestros de educación no superior en 9 años, 4 meses y 2 días. Es como si no hubieran trabajado
todo este tiempo, lo que tiene consecuencias para sus carreras.
Con el cambio del ciclo político en 2015, encarnado por la sustitución del gobierno de
derechas por otro del Partido Socialista, con el apoyo parlamentario de dos partidos a la
izquierda del PS, los docentes y sus organizaciones representativas esperaban que se revirtiera
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Virgínia BAPTISTA y Paulo Marques ALVES
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1080
este proceso de devaluación de la profesión. A pesar de la sustitución de los recortes salariales,
el gobierno del PS se negó a recuperar por completo el tiempo de servicio congelado,
imponiendo en octubre de 2018, unilateralmente, la recuperación de solo 2 años, 9 meses y 18
días, por lo que aún quedan por recuperar 6 años, 6 meses y 23 días de tiempo de servicio
efectivamente prestado y no contabilizado. Con este fin, el movimiento sindical docente, que
está bastante fragmentado
8
, reaccionó creando una plataforma que reunía a la gran mayoría de
los sindicatos
9
. Se utilizó un vasto repertorio de formas de acción colectiva (TILLY, 2006):
huelgas, manifestaciones, vigilias, pleitos, etc. Actualmente, el conflicto sigue abierto.
La pandemia, al ser un problema de salud pública, se extendió rápidamente al tejido
económico, provocando una crisis en el mercado laboral, que, sin embargo, se distribuye de
manera desigual, como lo demuestran varios estudios (CALEIRAS; CARMO, 2020; CALDAS
et al.
, 2020; MAMEDE
et al.,
2020; SILVA
et al.
, 2020a; 2020b). Ha fortalecido los altos
niveles existentes de desempleo y subutilización de la fuerza de trabajo, así como degradado
aún más las condiciones en las que se proporciona el trabajo, y está lejos de degradarse. Según
un informe reciente de la OIT, el déficit de empleo seguirá alcanzando los 75 millones en 2021
y los 23 millones en 2022 (OIT, 2021). Al mismo tiempo, la pandemia también se ha convertido
en un laboratorio para experimentar con nuevas formas de trabajo. De ahí la explosión del
trabajo uberizado, el teletrabajo y la educación a distancia. Como resultado, a las viejas
desigualdades sociales, otras nuevas se unen.
En Portugal, todos los indicadores apuntan a un impacto significativo de la pandemia
en varias áreas. Según un documento del Instituto Nacional de Estadística (INE, 2021), en lo
que respecta al mercado laboral, la población ocupada disminuyó un 2,1% y las horas trabajadas
tuvieron una reducción significativa del 14,9%. El impacto no solo fue más profundo debido a
los mecanismos de emergencia implementados, lo que pone de relieve el
lay-off
junto con otras
medidas destinadas a proteger el empleo. Su destrucción fue desigual, golpeando empleos
precarios con salarios más bajos. En el segundo trimestre de 2020, el 22,6% de la población
ocupada estuvo "siempre o casi siempre" en teletrabajo, la cifra más alta registrada desde el
inicio de la crisis. Esto significa que alrededor de un millón de trabajadores han estado en este
esquema, y la posibilidad de acceso a esta forma de trabajo también es desigual. Varios estratos
de la población han perdido ingresos y los niveles de pobreza han aumentado.
8
El panorama sindical docente en Portugal está compuesto por 5 federaciones y 28 sindicatos, debido a esta
fragmentación a la existencia de varias líneas políticas y diferentes estatutos.
9
La plataforma reunió a 22 de los 28 sindicatos
.
Sólo tres asociaciones sindicales no lo integraron
,
lo mismo ocurre
con tres sindicatos con jurisdicción en educación superior
,
ya que la carrera es distinta
.
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1071-1093, junio 2022. e-ISSN: 1982-5587
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En el ámbito de la educación, la pandemia "obligó a una transición abrupta de la
enseñanza presencial a la educación a distancia" (SANTOS
et al.
,
2021). Esto tiene lugar en un
contexto de diversos déficits estructurales, dadas las deficiencias en términos de las habilidades
digitales de muchos docentes, en particular los mayores; obsolescencia de muchos equipos;
dificultades para acceder a las computadoras e Internet para una gran parte de la población,
dadas las condiciones socioeconómicas.
La migración a lo digital ha agravado las condiciones laborales de muchos docentes al
poner nuevos obstáculos, habiendo tenido un impacto más negativo en aquellos que
previamente habían tenido síntomas de cansancio extremo. Varios estudios han demostrado
altas
tasas de agotamiento
entre los profesores de portugués (GOUVEIA, 2010; VARELA;
ROLLO
;
AREOSA, 2018). Esta es, de hecho, una categoría profesional muy vulnerable a este
síndrome, ya que varios factores que contribuyen a ello están presentes en la actividad docente:
alto estrés; altos niveles de rendición de cuentas en diversos planes; intensificación del trabajo;
devaluación de la profesión. Además, la alta feminización del empleo, que somete a muchas
mujeres a una doble jornada laboral.
Feminización en la profesión docente: edad tardía en maternidad y envejecimiento
En 2020, en Portugal, según los indicadores del Instituto Nacional de Estadística, las
mujeres eran en general la mitad de la población activa, el 49,9%, lo que significa que las
mujeres están, como porcentaje, en igualdad de condiciones con los hombres en el mercado
laboral. Sin embargo, las estadísticas también muestran que los trabajos más precarios e
inhabilitados están a cargo de las mujeres, y que aún no alcanzan la cima de las carreras
gerenciales y empresariales, y en igualdad de carrera ganan salarios más bajos que sus colegas
masculinos (CITE, 2018).
En Portugal, el fascismo, llamado El Nuevo Estado, tuvo lugar entre 1933 y abril de
1974, y hasta ese momento las mujeres estaban minorizadas y dependientes de los hombres por
el Código Civil, que estuvo en vigor entre 1867 y 1966, y por la Constitución de 1933, que
abogaba por la igualdad de las mujeres con los hombres, excepto en cuestiones biológicas y
familiares, de hecho, porque son mujeres y potencialmente madres (BAPTISTA, 2016).
La proporción de mujeres trabajadoras siempre ha aumentado desde 1960, con mujeres
en este año alrededor del 36,6% de la población activa, y en 1974, el 41,7% de la misma. Este
aumento de 1960 a 1974, entre el inicio de la Guerra Colonial en África (Angola, Guinea-Bissau
y Mozambique) y el año en que se derrocó la dictadura fascista y se desplegó la democracia en
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Portugal, se explica por la emigración y el exilio, principalmente masculino, a Europa, debido
a la pobreza de un país, principalmente rural, a la huida de la Guerra Colonial, que movilizó a
unos 900.000.000 de hombres, especialmente los más jóvenes, arrancados de sus pueblos y
ciudades, y al fascismo (ROSAS
et al.
, 2020).
Si las mujeres siempre han estado en el mercado laboral y en progreso, esta situación es
muy visible en la enseñanza, porque los porcentajes de maestros no han seguido aumentando
desde principios del siglo 20, especialmente en la educación básica. Curiosamente, las niñas de
las clases populares y medias, a quienes las familias hacían posible una profesión, eran referidas
a la enseñanza, la enfermería o la asistencia social, todas profesiones relacionadas con el
cuidado, consideradas las más favorables para las mujeres. En la práctica, fue el mantenimiento
de la ideología predominante en las clases trabajadoras: las mujeres tendrían más apetito,
agilidad y paciencia por el ritmo uniforme de la maquinaria industrial, la máquina de coser y
más tarde la máquina de escribir (GUINOTE, 2001).
Como ya se ha mencionado en el punto anterior, según los datos de 2019 de la Dirección
General de Estadística de Educación y Ciencia, los profesionales de la educación se sitúan en
torno al 77,9% del profesorado preuniversitario, siendo el sector de la educación infantil el que
presenta las mayores tasas de feminización, el 99,1% de los educadores infantiles. Solo en la
educación superior, la tasa de maestros es menor, 45.10%. Esto confirma el cuello de botella
en las carreras de las mujeres y los techos de cristal para las mujeres trabajadoras, visibles en
las carreras de gestión y universitarias y de investigación (datos del Instituto Europeo de la
Igualdad de Género). Por otro lado, se encontró que para el año 2019, más niñas asistían a la
educación superior, representando el 54,14% de todos los alumnos y alumnas con matrícula
universitaria. Esto demuestra la dificultad de acceso o la retirada de muchas niñas en una carrera
académica.
También a nivel demográfico, se verifica que en 2019 la edad media de las mujeres
hasta el primer hijo fue de 30,5 años (INE, 2021). El aumento de la edad de maternidad se
explica por varios factores: la prolongación de los estudios de las niñas después de graduarse,
muchas de ellas con títulos de maestría o doctorado, la posterior entrada en el mercado laboral,
la explosión del empleo precario, lo que lleva a posponer la constitución de las familias y su
composición limitada. A su vez, el alto pago de las guarderías privadas, ya que las guarderías
públicas se reducen y la mayoría están vinculadas a la Seguridad Social, que selecciona y
prioriza a las familias con menores ingresos, lleva a opciones laborales que llevan a las mujeres
jóvenes a dedicarse más a la familia, en detrimento de las carreras profesionales.
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El trabajo de las profesoras en tiempos de pandemia Covid-19: Problemas y construcciones de la enseñanza y el cuidado en el ámbito
doméstico en Portugal
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1071-1093, junio 2022. e-ISSN: 1982-5587
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Por otro lado, en la docencia existe, como se ha demostrado, una tasa de envejecimiento
de la profesión, en la que los datos del Perfil del Profesorado 2015/2016 publicado por la
Dirección General de Estadística de la Educación y la Ciencia indican que solo el 0,4% del
profesorado tiene menos de 30 años y la mayoría tiene más de 50 años.
En Portugal, la edad de jubilación, sin penalización, es de 66,6 años en 2021
(PORTUGAL, 2019). Esta edad de jubilación ha aumentado en línea con el factor de
sostenibilidad del país, que articula la esperanza de vida promedio con el equilibrio de la
seguridad social. Por lo tanto, a pesar del envejecimiento de los propios maestros, muchos
tuvieron que cuidar de sus padres.
Según datos de la Dirección General de Salud (actualizados diariamente), el covid-19
afectó a mujeres de 30 a 45 años que permanecieron en el mercado laboral, en profesiones
relacionadas con la salud, cuidados en Hogares de Ancianos, aunque la mortalidad de las
mujeres fue menor que la de los hombres (SÁ, 2020). Algunos estudios internacionales han
avanzado la hipótesis de una mayor protección/inmunidad de las mujeres, en edad de fertilidad,
debido a las hormonas femeninas (RABIN, 2020). Ha golpeado mortalmente a personas
mayores de 80 años a gran escala, por lo que al menos en los países europeos y en América se
ha establecido un sistema de vacunación en el que las personas de este grupo de edad han tenido
prioridad, ¡y en África la situación de vacunación todavía está muy lejos de lo que sería
deseable!
En Portugal, se siente un envejecimiento de la población o idaísmo, especialmente de
las mujeres, que actualmente alcanzan la esperanza de vida promedio de 83,5 años. El idaísmo
para las mujeres será otro tema interesante que cuestionar porque las discrimina desde cierto
punto de la vida; se vuelven más arrugados y más "encantadores", a pesar de las mismas edades
(WAY; VENTAS, 2021). En un testimonio oral vivido por una mujer de 67 años que estaba
dando un corto paseo con su pareja de la misma edad, durante un período de confinamiento
obligatorio, lo escuchó gritar: "¡Oh anciana, vete a casa"! ¡Incluso en un período de pandemia
la casa es más femenina!
Si los maestros más jóvenes sentían la gran carga de cuidar a los niños más pequeños
que estaban en casa, los maestros mayores redoblaban en el cuidado de padres mayores y
mayores, ya sea con autonomía en sus hogares, o viviendo en instituciones, llamadas Lares, en
las que eran, por regla general, dependientes o con limitaciones de cuidado y visitas de sus
hijas.
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Virgínia BAPTISTA y Paulo Marques ALVES
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Educación a distancia: problematización sobre la pedagogía de la igualdad de género en
la educación
En Portugal, como apoyo pedagógico, la mayoría de los profesores de educación primaria y
secundaria, después de graduarse, a partir de los 3 o 4 años, tenían dos años de formación
pedagógica para la enseñanza o una maestría en educación. La mayoría contactó a las
pedagogías activas, a saber, Jean Piaget, Paulo Freire, Maria Montessori, entre otros y otros
(NÓVOA, 2014).
La educación a distancia en la educación cambió este marco de pedagogía activa, más
personal, socialización e interactividad, debido al uso de plataformas y comunicaciones
realizadas por correos electrónicos. Nos preguntamos si las plataformas digitales han llegado a
todos los estudiantes de la misma manera, independientemente de la clase social a la que
pertenezcan, permitiendo la inclusión y la igualdad de género, uno de los componentes de la
ciudadanía y el desarrollo, obligatoria hasta el final de la educación secundaria (alumnos y
alumnas de 18 años).
En Portugal, desde 1965, y extinguida oficialmente en 1984, existía una enseñanza por
televisión, la llamada "Telescola" o "Educación Básica Mediada", diaria en la televisión
pública, dirigida a alumnos y alumnas que vivían en lugares más remotos, en zonas rurales y
suburbanas, que llegaba hasta el 6º grado de la actual Educación Básica (niños de unos 12 años).
En ese momento se consideró una educación tecnológica exitosa, con el monitoreo de alumnos
y alumnas en puestos escolares por monitores y monitores.
A nivel internacional hay relatos dispersos de la existencia de maestros y maestros que
han enseñado clases por correspondencia desde el siglo 19, la BBC ha transmitido lecciones de
radio durante la Segunda Guerra Mundial, y las universidades de todo el mundo han comenzado
el aprendizaje a distancia, proporcionando a los estudiantes su propia voluntad o por
limitaciones específicas, la realización de cursos universitarios. De hecho, por parte de un
profesor universitario entrevistado, estos cursos impartidos con el uso de plataformas requieren
una rigurosa selección y preparación de materiales científicos y contactos permanentes con
estudiantes y estudiantes, orientación precisa y correcciones del trabajo realizado (porque el
tiempo a distancia con cada estudiante tiene que reducirse), así como una madurez por parte de
estudiantes y estudiantes debido a la disciplina de trabajos de investigación autónomos que
tienen para lograrlo. En Portugal, vale la pena mencionar el caso de la Universidad Abierta de
Lisboa, fundada en 1988, la única universidad pública con educación superior a distancia. Cabe
destacar que fue esta Universidad la que debe el primer grado y la maestría en el área de
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El trabajo de las profesoras en tiempos de pandemia Covid-19: Problemas y construcciones de la enseñanza y el cuidado en el ámbito
doméstico en Portugal
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Estudios sobre la Mujer, pero en un contexto presencial. Fue notorio por parte de las direcciones
de escuelas y universidades y tutores, madres y padres denunciarlo que la educación a distancia
no funcionaba por los principales factores: no todos los estudiantes y estudiantes tenían acceso
a computadoras, no todas las zonas del país estaban cubiertas por las redes de operadores de
telecomunicaciones o tenían letreros abiertos a las poblaciones, y existía el riesgo de abandono
escolar prematuro (obligatorio hasta los 18 años en Portugal).
También conocemos por los textos de la ONU (Organización de las Naciones Unidas),
la UNESCO (Organización de las Naciones Unidas para la Educación, la Ciencia y la Cultura)
y la OCDE (Organización para la Cooperación y el Desarrollo Económicos) la preocupación y
las recomendaciones para que en situaciones de guerras, calamidades y pandemias, los niños y
jóvenes se mantengan en interacción para aprender a no retroceder, existe una sana
socialización entre pares bajo la atenta mirada de adultos con habilidades para denunciar casos
de abuso, agresión e incluso violaciones en el entorno familiar o vecinal.
Los confinamientos obligatorios llevaron a cada hogar a permanecer juntos,
contribuyendo al aislamiento de niños y jóvenes impedidos de socializar entre compañeros y
tener una actividad física natural al aire libre. Para los estudiantes, no hay equidad en la
enseñanza ni igualdad de oportunidades, como se propugna en la Constitución portuguesa y la
Ley Básica de Enseñanza, porque la enseñanza a distancia tiene muchas limitaciones que
debilitan la educación.
Viviendo en familia las 24 horas del día, con contactos reducidos con el mundo exterior,
las situaciones de mayor tensión y violencia eran predecibles. Las solicitudes de ayuda de la
Red Nacional de Apoyo a las Víctimas de Violencia Doméstica aumentaron entre el 30 de
marzo y el 7 de junio, durante gran parte de un período de confinamiento obligatorio. La Red
recibió cerca de 16.000 llamadas, se pidió ayuda a 698 y un total de 564 mujeres víctimas de
violencia doméstica fueron retiradas de los hogares familiares (JORNAL EXPRESSO, 2020).
También habrá impedido las dinámicas y actividades en las esferas de la igualdad de género o
de la discriminación racista.
Es en este contexto que los partidos de extrema derecha o fascistas están empezando a
proliferar y a la llegada de parlamentarios, como en el caso de Portugal. Entre los factores del
auge de la extrema derecha destacan la cultura de la intolerancia a las medidas aprobadas por
el gobierno en relación al confinamiento, el desempleo, que ha generado en sectores como la
restauración y la cultura (espectáculos), trabajadores "con régimen de subsidios a reventar"
(LAZZARATO, 2020, p. 17), pero también con archivos, museos y librerías cerradas y los
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Virgínia BAPTISTA y Paulo Marques ALVES
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negacionistas del coronavirus, que llegaron a pronunciarse públicamente en contra del uso
obligatorio de mascarillas. Según Francisco Louçã, "existe la promesa intrínseca de la
liberalización total, el uso de las personas como última mercancía" (LOUÇÃ, 2021, p. 171).
Este avance de la extrema derecha o del fascismo, aún inimaginable hace unos años, condujo
al sexismo, a la contestación del feminismo, al ataque a la homosexualidad, visto, en este último
caso como una enfermedad, como se defendió en tiempos del Estado Novo (FREIRE, 2020),
así como a un retroceso en relación con teorías científicas largamente probadas (¡como la
defensa de que la tierra es plana!). En este período de pandemia emergen los restos del
colonialismo quinientos, que se evidencia en el racismo en la sociedad (LANÇA, 2021) y en la
mayor violencia y encarcelamiento de los negros, como señaló Angela Davis (1983) en su libro
Women, Race & Class.
El doble viaje en casa: trabajo y cuidados
Históricamente, el cuidado siempre ha sido en su mayoría femenino. Desde las
enfermeras, que sólo pudieron casarse a partir de 1963, para la misión como profesión se
percibió (SILVA, 2011) a los servidores de servicio (BRASÃO, 2012). Muchos sirvientes
terminaron muriendo solteros en las casas donde iban a servir, casi niños, generalmente
originarios de zonas rurales. Actualmente, muchos emigrantes de origen africano, brasileño y
ya menos de países del este han sido reemplazados por empleados domésticos, empresariales y
de hostelería, muchos de ellos en paro por la pandemia. Estas profesiones consideradas
femeninas se asociaron con médicos, especialmente en las áreas de ginecología, especialistas
en enfermedades de la mujer y maestros, durante el Estado Novo, vistos como insertos en una
profesión en línea con las mujeres. A pesar de esto, a principios del Estado Novo, en las décadas
de 1930 y 1940, los maestros cuando se casaron tuvieron que demostrar que los salarios de sus
maridos eran más altos que los suyos, debido a los escasos salarios que recibían.
Como se señaló anteriormente, los datos demográficos de la población y el
envejecimiento en la profesión docente demuestran los desafíos que enfrentan los maestros a
los que se dirige este estudio. Por un lado, existe una ampliación de jornada laboral con el
teletrabajo, más exigente, y a la vez la necesidad de prestar cuidados a la familia, hijos, hijas y
padres, muchos y muchos a vivir solos, muchas y muchas de ellas alejadas de hijas, cada vez
más envejecidas, siendo el colectivo más debilitado por el Covid-19.
En junio de 2010, por teléfono o en persona, entrevistamos a un universo de 25 maestros
de jardín de infantes, maestros de educación secundaria y superior, de 25 a 64 años: cuatro
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El trabajo de las profesoras en tiempos de pandemia Covid-19: Problemas y construcciones de la enseñanza y el cuidado en el ámbito
doméstico en Portugal
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educadores infantiles, diecisiete maestros de escuelas primarias y secundarias, y cuatro
maestros de educación superior. Ocho maestros, alrededor de 1/3, viven sin pareja o pareja en
su hogar, pero están principalmente a cargo de sus hijos e hijas menores de 18 años. Uno de
ellos informó que tuvo que cuidar a un niño discapacitado todo el día porque el padre es un
profesional de la salud. Ocho maestras viven en relaciones afectivas estables, con hijos e hijas,
una de las cuales estaba embarazada en ese momento: tuvo alta médica durante todo el período
pasado. Comprobamos la existencia de cinco maestros que viven en relaciones afectivas sin
hijos y cuatro maestros que viven solos, sin hijos o hijas. Alrededor del 60% admitió que tuvo
que cuidar a sus padres y madres porque tenían más de 75 años, y alrededor del 20% tenía
padres o madres en instituciones, llamadas Lares. Encontramos que los profesores mencionaron
las sensaciones de cansancio, agotamiento, estrés, la articulación entre la vida profesional y
personal, en el espacio doméstico. A las clases impartidas por las plataformas, se sumó el
tiempo de su preparación, la colocación de materiales en plataformas, la corrección del trabajo,
el envío y recepción permanente de correos electrónicos. También tenían la percepción de que
los estudiantes a menudo planteaban preguntas electrónicamente para estar en contacto con
maestros y maestros. Las mayores dificultades surgieron con los maestros con hijos e hijas más
jóvenes, que tenían que proporcionar más asistencia, y aquellos que tenían que apoyar a los
padres y madres mayores y mayores con alimentos y medicinas. Por parte de los maestros que
viven solos había, por regla general, sentimientos de soledad, angustia y ansiedad.
La no separación del lugar de trabajo del espacio familiar parece referirnos a las
sociedades anteriores a la industrialización, del trabajo en el hogar realizado por la familia. Sin
embargo, en vista de los dos confinamientos vividos de febrero a mayo de 2020 y 2021, fueron
las madres las que acusaron las dificultades de articular el trabajo a distancia y el cuidado de
los niños, tareas que concluimos que aún dependían más de las mujeres. La sociedad capitalista
neoliberal se sintió por el aumento de las horas de trabajo y el aislamiento de los docentes a
nivel de reivindicaciones laborales y más alejados de sus sindicatos, aunque, por ejemplo,
FENPROF (Federación Nacional de Docentes constituida por siete Sindicatos en el continente,
archipiélagos de las Azores y Madeira y en el extranjero) se ha mantenido en contacto con todos
los docentes y profesores asociados.
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Educación a distancia: el poder de las profesoras o su debilitamiento como trabajadores
La enseñanza a distancia se impartió en todos los grados de enseñanza. Los niños más
pequeños, que asistían a la escuela primaria, se pararon frente a las computadoras, inicialmente
con la ayuda de sus padres y madres. Poco a poco dominaron las nuevas tecnologías y el acceso
a nuevas plataformas. Los estudiantes de educación secundaria y superior y los estudiantes de
todo el mundo ya dominaban estas tecnologías.
Hay dos perspectivas, dos ángulos, en la percepción de la educación a distancia. Para
los estudiantes, la interacción con la computadora buscaba la apariencia de estar en el aula. En
muchos casos fue la escuela la que puso a disposición los ordenadores, en otros casos se
compartieron los ordenadores en la familia, así como los lugares de trabajo y el estudio desde
la propia habitación hasta la sala de estar o la cocina, lugares compartidos con otras personas
de la familia.
Por su parte, por regla general, los maestros trabajaban en su oficina, pero a veces eran
examinados por las personas en las familias de los alumnos y alumnas. Se han reportado algunos
casos en los que las familias interfirieron en las clases en línea, llamando la atención a los
maestros por las metodologías utilizadas, oponiéndose al llamado de atención de alumnos y
alumnas, e incluso sátira en redes sociales sobre situaciones que ocurrieron en la educación a
distancia.
La docencia, que es por inherencia una profesión pedagógica y científica dinámica y
formativa, centrada en el aprendizaje, los debates, la presentación de trabajos y la discusión de
estos, de repente se encontró con muchas limitaciones en las metodologías y materiales a
aplicar. Las discusiones tuvieron lugar, pero requirieron una gran preparación y moderación
por parte de los profesores para que los estudiantes permanecieran en las sesiones y también
para comentar los temas.
Sumado todo el trabajo invisible (que parece continuar el trabajo doméstico oculto de
las mujeres: la preparación de clases, la colocación de materiales en las plataformas, el envío y
recepción de correos electrónicos, la corrección de trabajos, incluso la realización de pruebas
en línea), con alumnos y alumnas colocados en salas, pueden o no tener privacidad y apoyos
diversos, personas o tecnología.
Esta exposición pública del trabajo de los maestros y la invisibilidad de gran parte de
este trabajo no parece haber contribuido al empoderamiento de la enseñanza, en general, y en
algunos casos contribuyó al debilitamiento de los trabajadores, especialmente aquellos que
están a cargo de los niños más pequeños. Era común entre la población que padres y madres,
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doméstico en Portugal
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también en teletrabajo, mencionaran que no podían trabajar porque tenían que mantener a sus
hijos e hijas en casa, asumiendo un intento de desconocer la necesidad de que los niños se
quedaran en casa, porque pensaban que no estaban afectados ni transmitían el coronavirus, por
lo que abogaron por la apertura de guarderías y escuelas básicas.
Reflexiones finales
Este artículo se centró en el trabajo de los docentes en tiempos de la pandemia de
COVID-19 en Portugal y sus problemas combinando la organización del trabajo y el cuidado
familiar en el ámbito doméstico.
En este estudio, no es posible cruzar género e identidades, ya que todos los maestros
entrevistados son blancos y asumieron que eran heterosexuales.
Es importante destacar la gran desigualdad en el trabajo general de las mujeres en el
contexto del covid-19 en comparación con el de los hombres. Las mujeres se vieron más
desbordadas, acumulando trabajo remunerado y cuidado familiar, situación que expresaron las
docentes entrevistadas. En general, más mujeres perdieron ingresos, porque en muchas
empresas se quedaron en casa con sus hijos e hijas menores durante el teletrabajo obligatorio,
recibiendo solo el 60% de los salarios. De hecho, fueron los maestros con niños más pequeños,
seguidos de aquellos con padres y madres mayores y mayores, los más afectados por las
situaciones de ansiedad y estrés.
Se mantuvo la desigualdad de género en la enseñanza a distancia, con grandes
dificultades para las mujeres para conciliar el trabajo, la familia y la vida personal. La jornada
laboral se prolongó por pasar más tiempo en las plataformas y por el contacto permanente en el
envío y recepción de correos electrónicos, lo que evidencia la sociedad neoliberal imperante
que desconoce las horas de trabajo estipuladas, que ya no obedecen a los contratos colectivos
de trabajo. Las personas se han convertido en extensiones de máquinas en permanente trabajo,
un sistema agresor de mecanización y con diversos contratos.
También se hizo referencia a las hostilidades, las dudas de credibilidad profesional y la
intimidación de los padres y tutores que asistían a clases y se entrometían, lo que provocaba
inestabilidad emocional en algunos maestros. La ansiedad se sumó a lo desconocido por la
situación vivida, la dificultad para conciliar el sueño y un cansancio que llevó al uso de
medicamentos y ansiolíticos, en un momento en que el SNS (Servicio Nacional de Salud) daba
primacía a los pacientes por COVID.
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Virgínia BAPTISTA y Paulo Marques ALVES
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Concluimos en este trabajo que, si bien el género femenino predomina en la enseñanza,
y estas trabajadoras se mantuvieron en el teletrabajo, el mantenimiento del trabajo de educación
no empoderó a las mujeres frente a la población, porque se juzgaban más privilegiadas por
mantenerse en el teletrabajo y no haber perdido ingresos. Observamos que se debilitaron más
por la exposición permanente a las familias, que se consideraban competentes para discutir las
metodologías y pedagogías adoptadas. En el marco de la sociedad capitalista, neoliberal y
sexista, también fueron los docentes quienes mantuvieron las funciones de cuidado y con
limitaciones en el disfrute de su tiempo personal, manteniendo la desigualdad de género en sus
familias.
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El trabajo de las profesoras en tiempos de pandemia Covid-19: Problemas y construcciones de la enseñanza y el cuidado en el ámbito
doméstico en Portugal
RIAEE
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1071-1093, junio 2022. e-ISSN: 1982-5587
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Cómo hacer referencia a este artículo
BAPTISTA, V.; ALVES, P. M. El trabajo de las profesoras en tiempos de pandemia Covid-19:
Problemas y construcciones de la enseñanza y el cuidado en el ámbito doméstico en Portugal.
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação
, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1071-
1093, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587. DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16982
Presentado en
: 13/01/2022
Revisiones requeridas en
: 21/03/2022
Aprobado en
: 08/05/2022
Publicado en
: 30/06/2022
Procesamiento y edición: Editora Ibero-Americana de Educação.
Corrección, formateo, normalización y traducción.
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The work of teachers in times of the Covid-19 pandemic: Problems and constructions of teaching and caring in the domestic sphere in
Portugal
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1069-1090, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16982
1069
THE WORK OF TEACHERS IN TIMES OF THE COVID-19 PANDEMIC:
PROBLEMS AND CONSTRUCTIONS OF TEACHING AND CARING IN THE
DOMESTIC SPHERE IN PORTUGAL
O TRABALHO DAS PROFESSORAS EM TEMPOS DE PANDEMIA COVID-19:
PROBLEMÁTICAS E CONSTRUÇÕES DA DOCÊNCIA E DO CUIDAR NA ESFERA
DOMÉSTICA EM PORTUGAL
EL TRABAJO DE LAS PROFESORAS EN TIEMPOS DE PANDEMIA COVID-19:
PROBLEMAS Y CONSTRUCCIONES DE LA ENSEÑANZA Y EL CUIDADO EN EL
ÁMBITO DOMÉSTICO EN PORTUGAL
Virgínia BAPTISTA
1
Paulo Marques ALVES
2
ABSTRACT
:
Throughout history several pandemics have been experienced. However, the
current covid-19 disease has caught societies and individuals off guard, leading to social
isolation and the experimentation of new work situations, such as distance learning. Since
teaching is a feminized profession, in Portugal, in this article we tried to discuss the
consequences for female teachers of the double journey at home, accumulating work and
family care, which is part of a general logic of neoliberalism. However, we found that despite
some changes in legislation and in daily life regarding gender equality, it has essentially fallen
to women to take care of their children and younger daughters or older parents. Therefore, in
daily practice, there is still a way to go in the teaching profession to effectively lead to gender
equality and inclusion for the citizenship of all people.
KEYWORDS
:
Pandemic. Teaching. Female teachers. Distance education. Caring. Gender
equality.
RESUMO
: Ao longo da História foram vividas várias pandemias. Contudo, a atual doença
covid-19 apanhou desprevenidas as sociedades e as pessoas individualmente, levando ao
isolamento social e à experimentação de novas situações laborais, como no ensino a
distância. Sendo a docência uma profissão feminizada, em Portugal, neste artigo procuramos
discutir as consequências para as docentes da dupla jornada em casa, acumulando o
trabalho laboral e o cuidar da família, o que se insere numa lógica geral do neoliberalismo.
No entanto, verificámos que apesar de algumas mudanças na legislação e no quotidiano
sobre a igualdade de género, coube essencialmente às mulheres o cuidar dos filhos e das
filhas mais pequenas ou dos progenitores mais velhos e velhas. Logo, na prática diária, há
1
New Lisbon University (UNL), Lisbon – Portugal. Integrated Researcher (IHC-FCSH). Doctorate in Modern
and Contemporary History (FCSH)). ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0490-6881. E-mail:
virbaptista@gmail.com
2
University Institute of Lisbon (ISCTE), Lisbon – Portugal. Assistant professor. Integrated Researcher
(DINAMIA'CET_ISCTE). Doctorate in Sociology (ISCTE). ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4210-2235. E-
mail: paulo.alves@iscte.pt
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Virgínia BAPTISTA and Paulo Marques ALVES
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1069-1090, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16982
1070
um percurso ainda a fazer na profissão docente que conduza efetivamente à igualdade de
género e de inclusão para a cidadania de todas as pessoas.
PALAVRAS-CHAVE
:
Pandemia. Docência. Professoras. Ensino a distância. Cuidar.
Igualdade de género.
RESUMEN
: Varias infancias se han vivido a lo largo de la historia. Sin embargo, la actual
enfermedad covid-19 ha pillado a las sociedades y a las personas despreocupadas, lo que ha
llevado al aislamiento social y a la experimentación con nuevas situaciones laborales, como
el aprendizaje a distancia. Dado que la enseñanza es una profesión feminizada en Portugal,
en este artículo tratamos de discutir las consecuencias para las profesoras del doble viaje en
el hogar, la acumulación de trabajo y el cuidado de la familia, que forma parte de una lógica
general del neoliberalismo. Sin embargo, hemos encontrado que a pesar de algunos cambios
en la legislación y en la vida cotidiana sobre la igualdad de género, depende esencialmente
de las mujeres cuidar a sus hijos e hijas más pequeños o a los progenitores mayores. Por lo
tanto, en la práctica diaria, todavía hay un camino por hacer en la profesión docente que
conduzca efectivamente a la igualdad de género y la inclusión para la ciudadanía de todas
las personas.
PALABRAS CLAVE
: Pandemia. Docencia. Profesoras. Enseñanza a distancia. Cuidado.
Igualdad de género.
Introdução
Hegemonic neoliberalism, along with theories of the information and knowledge
society and theories of flexible rationalization, constitute the three driving forces that have
been shaping work in the current regime of capitalist accumulation that Harvey (1989) called
“flexible accumulation”, which constitutes the system's response to its structural crisis and in
which the destructive nature of capital (Mészáros 1996) deepened. This destructiveness,
which constitutes the norm of the “antisocial metabolism system of capital” (ANTUNES,
2020, p.12), manifests itself in several dimensions, from the environmental to the economic,
passing through the social, in the latter particularly affecting work and the employment, which
are degraded, devalued and dehumanized.
At the same time, based on the premise that “less state is better state”, a fact for which
“there is no alternative”, as Margaret Thatcher once said, a process based on several pillars
was initiated. In the economic domain, the State withdrew, which is observable either through
the abandonment of productive activity, through privatization processes or the reduction of
public investment, or through the self-weakening of its regulatory capacity. In the social
domain, there was the
commodification
of its social functions (turning it into a commodity),
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The work of teachers in times of the Covid-19 pandemic: Problems and constructions of teaching and caring in the domestic sphere in
Portugal
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1069-1090, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
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1071
the decrease in the number of workers in the public administration and a profound
transformation of social work relations in the public sector.
Basically, as Wacquant (2003) highlights, in the wake of Bourdieu, states end up
replacing their “left hand”, relative to public education, health, social security and housing
systems, which had expanded during the phase of monopoly capitalism, as yet another
appeasement mechanism for the class-that-lives-from-work (ANTUNES, 2009), by its “right
hand”, that is, by its repressive apparatus. The economic state is removed; the welfare state is
dismantled and the penal state is strengthened (WACQUANT, 2003, p. 76). A Darwinian
state is born that fetishizes competition and acts unilaterally, using its “iron fist”.
In more recent years, with the ultra-neoliberal, and within the framework of austerity
policies, this program of “spoliation of the State”, as it was called by Petrella (1996) or of
“methodical destruction of collectives”, in the words of Bourdieu (1998), deepened, inducing
an even more extensive transformation of social labor relations. Education was one of the
hardest hit sectors.
To complete the perfect storm that has been hitting the world of work, in December
2019 a new coronavirus (SARS-CoV-2) was detected in China and quickly spread through
that country and the world, leading the WHO (World Health Organization) to declare on
March 11, 2020 that the resulting covid-19 had reached the level of a pandemic. Thus, we
enter a context that Antunes (2020) calls “pandemic capitalism”, where the previous
tendencies of destructiveness of a system that is by nature autophagic are intensified.
Throughout history, we know the written and oral reports of pandemics that devastated
families and societies, causing serious damage to economies and social crises, from East Asia
to Europe (Eurocentric spaces at the time). Just think of the Black Death, in the Middle Ages,
originating in Asia and which reached all of Europe, and would return punctually in the
following centuries, to pneumonic, right after the First World War, plagues that always killed
thousands of people regardless of social class. in which they were inserted (SNOWDEN,
2020).
The main objective of this article is to identify and discuss the consequences of the
impact of the covid-19 pandemic on the lives of teachers and their households in Portugal,
since February 2020. As we will see, teaching is a predominantly female profession. from a
feminist perspective, to assess the consequences of the pandemic on the working life of
women teachers and, by extension, on their relationship with their families, verifying gender
equality in these households.
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Virgínia BAPTISTA and Paulo Marques ALVES
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1069-1090, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16982
1072
Currently, in education, there are several objectives requested from public and
compulsory schools up to the age of 18 ‒ literacy, universal programmatic skills, equal access
to learning, education for citizenship and the inclusion of all children and young people,
regardless of their contingencies. physical or mental (Ministry of Education, “Learnings of
students leaving secondary school”, 2018-2019). This situation of inclusion is also foreseen in
University education, with the inclusion of young people with some degrees of disabilities.
As throughout the world, the Covid 19 pandemic spread in Portugal, from the
beginning of 2020, with governments decreeing the confinement of populations, in order to
limit the spread of the disease. People who considered themselves to have essential
professions related to health, policing, food, transport and communications remained active.
As a result, schools and universities closed for long periods, in part or in all of 2020 and from
February to May 2021. Thus, much of the teaching and learning began to be carried out at a
distance, using digital platforms. These situations interfered in the scope of pedagogy and
socialization of children and young people and of the teachers themselves.
The article is structured in five points that we consider vital for this reflection on the
work of teachers in distance learning. In the first point, we aim at a general reflection on the
situation of the teaching problem in Portugal, at all levels of education. The second point
focuses on the feminization of the teaching profession, a situation that has progressed
throughout the 20th century, starting from daycare centers and primary and secondary
education, and is now a predominantly female profession. In the third point, we will approach
the trajectories that have been outlined by the teachers in distance learning or accumulating
face-to-face classes with telework. gender, in a time of new experimentation in education. In a
fourth point, we intend to identify and discuss this articulation of the double shift, at home, of
the work functions of the teachers accumulated with that of family caregivers, in the domestic
sphere. Finally, in the fifth point, we will try to find out if the pandemic brought new power to
teachers as agents of education in the opinion of the population, or if, on the contrary, they
were weakened by the performance of the profession.
We relied on recent existing literature on the pandemic context and used semi-
structured interviews and document analysis as observation techniques. The twenty-five
interviews were conducted with teachers of all levels of education, from pre-primary to
university, in July 2020, by phone or in person.
This study, conceived from a feminist perspective, has the limitation of being,
however, Eurocentric and white, since the teachers we contacted fall within this identity. The
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The work of teachers in times of the Covid-19 pandemic: Problems and constructions of teaching and caring in the domestic sphere in
Portugal
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1069-1090, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
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identification of this characteristic, which will not be studied in this article, will allow us to
question the reasons for “whiteness” in teaching or discrimination due to socioeconomic
racialization, which still does not allow other identities, such as black and gypsy populations,
to access the professions that pass through the exit of universities.
We conclude that, nowadays, this accumulation of work tasks and care in the family
space is part of neoliberalism that deprives working time of its real value. It also evokes work
at home in proto-industrial societies, in which work carried out as a family was not accounted
for by a regulated schedule, as in industries and workshops, from the industrial period
onwards. In this era of pandemic, women were penalized in the context of current capitalism,
due to the increase in the workload of working hours, some had salary penalties, and they
remained (as always) family caregivers, in relation to their professional colleagues, which
demonstrates gender inequality in most female teachers' households. Also, the work in the
area of gender equality and inclusion that was carried out in schools was greatly conditioned
by electronic tools and the participation of people specialized and carrying out activities in
these areas (OMGs or government departments).
The teaching profession in Portugal
In recent decades, changes in Portuguese public administration have been profound
(DUCATTI; ALVES; SOUZA, 2020; ALVES, 2016;). First, with the imposition of the New
Public Management concepts aimed at the convergence of the social work relations of this
sector with the type of relations in force in the private sector, in order to guarantee the
fulfillment of the goals of the Stability and Growth Pact defined by the European Union.
Subsequently, due to the international financial crisis and the subsequent intervention of the
troika
3
. These changes profoundly affected the education sector, which is essentially public,
with consequences in terms of a decrease in the number of teachers, particularly in non-higher
education (International Standard Classification of Education
ISCED levels 0 to 4), in salaries
and in careers.
Since the 2005/2006 school year, the Portuguese education system from pre-school to
secondary education has lost more than 38,000 teachers (of which more than 33,000 during
3
Following the international financial crisis that began in 2008, the liquidity crisis and the difficulty of accessing
international financial markets due to the downgrade of the Portuguese Republic's rating, led the Socialist Party
government led by José Sócrates to sign a “Memorandum of Understanding”, to be in force between 2011 and
2014, with the troika constituted by the IMF – International Monetary Fund, the ECB – European Central Bank
and the European Commission. Extremely harsh austeritarian policies were then imposed on Portugal.
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Virgínia BAPTISTA and Paulo Marques ALVES
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1069-1090, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16982
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the troika's intervention period), despite a very slight recovery from the 2015/2016 school
year. In higher education (ISCED levels 5 to 8), the trend is similar, although much more
attenuated (Graph 1)
45
.
Graph 1
– Evolution of the number of non-higher education and higher education teachers in
Portugal between the academic years 2001/2002 and 2020/2021
Source: DGEEC – Directorate-General for Education and Science Statistics
Tracing the profile of teachers in Portugal necessarily implies making reference to two
aspects that are central: the feminization of employment and the aging of the teaching staff.
Concerning the first aspect, Table 1 shows us a very high rate of feminization of
teaching employment, although it decreases as education levels rise. Women are not the
majority in higher education despite the feminization rate having risen almost 5 percentage
points over the last two decades (from 40.8% in the 2001/2002 academic year to 45.8 in
2019/2020 and 2020/ 2021). If higher education is still a male stronghold, on the other hand,
pre-school education is a female stronghold, with women always representing more than
97.0% of the total number of teachers, even reaching values above 99.0% in some of the
school years.
4
This decrease is due to several factors, including the real demographic drop, but it is mainly due to the policy
measures taken, where the chronic low financing of the system is looming; the reorganization of the school
network, with the closure of numerous schools and the concentration of students in school groups; curricular
changes, with an increase in the teaching load of some subjects and a decrease in others or even their suppression
from the study plans; the reduction of zero hours; the increase in the size of classes; the increase in the timetable
of the teachers of the 1st Cycle of Basic Education; and the retirement of thousands of teachers faced with a
devaluation of the teaching career that we will discuss below, many of whom retire before retirement age despite
suffering cuts in the pensions they will earn: of 14.5% due to the sustainability factor and 0.5% for each month
of anticipation.
5
The values in the chart are leased. In professional schools, whose data are not represented in the graph, the same
trend is also observed, although more attenuated.
181
179
180
185
181
174
176
178
180
175
163
150
141
141
143
146
147
147
147
36
36
36
37
37
36
35
35
36
38
37
35
34
32
33
33
34
35
36
36
10
30
50
70
90
110
130
150
170
190
210
Number of teachers
Thousands
School years
Ens n Sup
Ens Sup
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The work of teachers in times of the Covid-19 pandemic: Problems and constructions of teaching and caring in the domestic sphere in
Portugal
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1069-1090, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16982
1075
Chart 1
– Evolution of the feminization rate of the teaching staff (%) in Portugal, by level of
education, between the academic years 2001/2002 and 2020/2021
School years
Elementary Education
Higher
Education
Preschool
education
1st Cycle of
Basic Education
2 nd Cycle of
Basic Education
3rd Cycle of Basic
Education and
Secondary Education
2001/2002
n.d.
n.d.
n.d.
n.d.
40,8
2002/2003
n.d.
n.d.
n.d.
n.d.
41,2
2003/2004
n.d.
n.d.
n.d.
n.d.
41,9
2004/2005
n.d.
n.d.
n.d.
n.d.
42,0
2005/2006
98,1
89,5
77,6
79,1
43,0
2006/2007
97,2
89,8
78,1
80,3
43,2
2007/2008
n.d.
n.d.
n.d.
n.d.
43,2
2008/2009
97,4
86,9
75,5
77,5
43,4
2009/2010
97,3
86,6
75,2
77,2
43,5
2010/2011
98,7
86,3
75,1
76,1
43,7
2011/2012
98,6
86,4
75,4
76,5
43,8
2012/2013
98,9
86,1
76,9
77,7
44,0
2013/2014
99,1
86,1
77,8
78,4
44,0
2014/2015
99,1
86,2
78,3
79,1
44,4
2015/2016
99,1
86,6
79,0
79,8
44,5
2016/2017
99,1
86,9
79,6
80,3
44,3
2017/2018
99,0
86,7
79,8
80,5
44,8
2018/2019
99,1
86,9
79,7
80,4
45,1
2019/2020
99,1
87,0
80,0
80,7
45,8
2020/2021
n.d.
n.d.
n.d.
n.d.
45,8
Source: DGEEC – Directorate-General for Education and Science Statistics
Regarding aging, which has been worsening over the period under analysis, the latest
available data show that, in the 2019/2020 school year, only 1.6% of non-higher education
teachers were under 30 years old. (in private education, the situation is a little more favorable,
since in the previous school year, its proportion reached 6.9%, against only 0.5% in public
education), while 50.9% were 50 years old or older, with 14.7% were 60 years of age or older.
In the 2013/2014 school year, only 36.1% of the teachers at these levels of education were
over 50 years old and 3.5% over 60.
In higher education, the trend is also towards a deepening of aging, although with less
seriousness when compared to other levels of education. In fact, in the 2020/2021 school year,
4.3% of the teachers were under 30 years old, compared to 12.8% in the 2001/2002 school
year. On the other hand, the proportion of professors aged 50 years or older rose by 23.9
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Virgínia BAPTISTA and Paulo Marques ALVES
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1069-1090, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
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percentage points (from 22.9% to 46.8%), and that of professors aged 60 or over increased by
10.6 percentage points, while from 6.3% to 16.9% in the period considered.
In view of this situation of lack of rejuvenation of the teaching staff and the
projections on the number of retirements that will occur in the coming years, the National
Council of Education
6
has been making recommendations to take measures to provide schools
with more teachers. At the same time, studies have been carried out, such as the one in 2019,
made at the request of parliament, where it was concluded that by 2030, 57.8% of teachers,
which corresponds to 51,983 teachers, will retire, with 17,830 retiring. would retire by 2024,
another 24,343 by 2029 and the remaining 9,810 between 2029 and 2030 (RODRIGUES
et
al
., 2019).
The consequence is already being felt, particularly in some disciplinary groups, with
thousands of students being without classes for long periods every year.
More recently, another study (NUNES
et al
., 2021), prepared at the request of the
DGEEC, with the objective of diagnosing the need for teachers by 2030, estimated that by
that year it would be necessary for 34,500 teachers/ them into the system. It so happens that
the teaching profession is no longer attractive.
In its annual report, entitled State of Education for 2019, the CNE emphasizes that
there has been a decrease in demand for teacher training courses, which are taught at Higher
Education Schools, and that even though the number of vacancies has decreased, many
remain unfilled. The report also notes that the entry grades for these courses are among the
lowest among the entire offer of courses in higher education, which does not fail to raise
questions about the skills of future teachers.
What is the reason for this loss of attractiveness of a profession that until a few
decades ago was socially highly valued?
Certainly the explanation lies in the continuous devaluation that the profession has
been suffering in recent decades and that makes those who are in the educational system look
forward to retiring and those who are not opt for other professions.
This devaluation of the profession, which is transversal to all levels of education,
predates the intervention of the
troika
, deepened with it, and was not reversed after its
6
O CNE – National Council of Education
in the Portuguese acronym, is an independent body with a consultative
nature that was created by Decree-Law n.º 125/82, of 22 April. It is made up of 61 members representing the
government, schools, unions, employers' associations, parents' associations, other types of associations with
intervention in the field of education, etc. Whoever presides over it is elected by parliament. It is responsible for
carrying out studies and issuing opinions and recommendations on educational policy, either on its own initiative
or at the request of Organs legislative and executive bodies.
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The work of teachers in times of the Covid-19 pandemic: Problems and constructions of teaching and caring in the domestic sphere in
Portugal
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1069-1090, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16982
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departure, manifesting itself in the precariousness of the employment relationship of those
trying to enter the system. ; by the wage freeze, if not by cuts in wages, as happened during
the troika period; by the freezing of careers in basic and secondary education and by obstacles
to progression (close to 5 thousand teachers are held back in accessing the 5th and 7th levels,
due to the lack of vacancies, so they will hardly ever reach the 10th level, the top of their
careers) ; by the growth of bureaucratic work and the intensification of teaching work due to
the increase in the size of classes and/or the number of classes to teach; by an evaluation of
the teachers' performance that is not oriented towards an effective improvement of the quality
of teaching, but rather aims to prevent career progression (two thirds of the teachers being
evaluated will not be able to obtain the classification of Very Good or Excellent , even if that
is its classification, due to the implemented quota system); due to the lack of social
recognition and, in particular, of the public authorities.
During the troika period, in addition to salary cuts, the right-wing government in
office at the time, which intended to “go beyond the troika”, as Prime Minister Pedro Passos
Coelho then stated, decided to freeze the time of service of non-higher education teachers in 9
years, 4 months and 2 days. It's as if they haven't worked all this time, which has
consequences for their careers.
With the change in the political cycle in 2015, substantiated by the replacement of the
right-wing government by another of the Socialist Party, with the parliamentary support of
two parties to the left of the PS, teachers and their representative organizations had hope that
this process of devaluation of the profession was reversed. Despite the replacement of salary
cuts, the PS government refused to fully recover the frozen service time, imposing in October
2018, unilaterally, the recovery of only 2 years, 9 months and 18 days, so there are still 6 to
recover. years, 6 months and 23 days of service time actually provided and not counted. To
this fact, the teaching union movement, which is quite fragmented
7
, reacted by creating a
platform that brought together the vast majority of unions
8
. A vast repertoire of forms of
collective action (TILLY, 2006) was used: strikes, demonstrations, vigils, lawsuits, etc.
Currently, the conflict remains open.
The pandemic, being a public health problem, quickly spread to the economic fabric,
causing a crisis in the labor market, which, however, is unevenly distributed, as shown by
7
The teaching union scenario in Portugal is composed of 5 federations and 28 unions, and this fragmentation is
due to the existence of different political lines and different statutes.
8
The platform brought together 22 of the 28 unions. Only three unions did not integrate it, the same happened
with three unions with jurisdiction in higher education, since their careers are different.
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Virgínia BAPTISTA and Paulo Marques ALVES
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1069-1090, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16982
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several studies (CALEIRAS; CARMO, 2020; CALDAS
et al
., 2020; MAMEDE
et al
., 2020;
SILVA
et al
., 2020a; 2020b). It has reinforced the already existing high levels of
unemployment and underutilization of the workforce, as well as further degrading the
conditions in which work is performed, and it is far from over. According to a recent ILO
report, the employment deficit will still reach 75 million in 2021 and 23 million in 2022 (ILO,
2021). At the same time, the pandemic has also become a laboratory for experimenting with
new ways of working. Hence the explosion of Uber - like work, telework and distance
learning. As a result, old social inequalities are joined by new ones.
In Portugal, all indicators point to a significant impact of the pandemic in several
areas. According to a document from the National Statistics Institute (INE, 2021), with regard
to the labor market, the employed population fell by 2.1% and hours worked had a significant
reduction of 14.9%. The impact was not more profound due to the emergency mechanisms
implemented, of which the simplified lay-off stands out, along with other measures aimed at
protecting employment. Its destruction was uneven, particularly affecting precarious and low-
paid jobs. In the second quarter of 2020, 22.6% of the employed population was “always or
almost always” in telework, the highest value recorded since the beginning of the pandemic
crisis. This means that around one million workers were in this regime, and the possibility of
access to this form of work is also unequal. Various strata of the population lost income and
poverty levels increased.
In the field of education, the pandemic “forced an abrupt transition from face-to-face
teaching to distance learning” (SANTOS
et al
., 2021). This takes place within a framework of
several structural deficits, given the insufficiencies in terms of the digital skills of many
teachers, particularly the older ones; the obsolescence of many equipment; difficulties in
accessing computers and the Internet for a large part of the population, given the
socioeconomic conditions.
The migration to digital has worsened the working conditions of many teachers, placing
new obstacles for them, having had a more negative impact on those who previously showed
symptoms of extreme tiredness. Several studies have shown high levels of burnout among
Portuguese teachers (GOUVEIA, 2010; VARELA; ROLO; AREOSA, 2018). This is, in fact,
a professional category that is very vulnerable to this syndrome, since several factors that
contribute to it are present in the teaching activity: high stress; heightened levels of
responsibility across multiple planes; intensified work; devaluation of the profession. In
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The work of teachers in times of the Covid-19 pandemic: Problems and constructions of teaching and caring in the domestic sphere in
Portugal
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1069-1090, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16982
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addition, the high feminization of employment, which subjects many women to a double
working day.
Feminization in the teaching profession: Late age in motherhood and aging
In 2020, in Portugal, according to the indicators of the National Institute of Statistics,
women were globally half of the working population, 49.9%, which means that women are, in
percentage, on an equal footing with men in the labor market. However, statistics also show
that the most precarious and unskilled jobs are carried out by women, and that they still do not
reach the top of management and business careers, and in a situation of equality in their
careers, they earn lower wages than those of their male counterparts (CITE, 2018).
In Portugal, fascism, called Estado Novo, took place between 1933 and April 1974,
and until that time women were despised and dependent on men by the Civil Code, which was
in force between 1867 and 1966, and by the Constitution of 1933, which defended the
equality of women with men, except in biological and family matters, actually because they
are women and potentially mothers (BAPTISTA, 2016).
The percentage of working women has always increased since 1960, with women
accounting for around 36.6% of the active population in that year, and in 1974, 41.7% of the
same. This increase from 1960 to 1974, between the beginning of the Colonial War in Africa
(Angola, Guinea-Bissau and Mozambique) and the year in which the fascist dictatorship was
overthrown and democracy was implanted in Portugal, is explained by the emigration and
exile, mainly male, to Europe, due to the poverty of a country, essentially rural, the escape
from the Colonial War, which mobilized about 900 000 thousand men, mainly the younger
ones, uprooted from their villages and hometowns, and to fascism (ROSAS
et al
., 2020).
If women have always been in the job market and in progression, this situation is
clearly visible in teaching, as the percentages of female teachers have continued to increase
since the beginning of the 20th century, especially in basic education. Interestingly, the girls
from the popular and middle classes, to whom the families allowed a profession, were
referred to teaching, nursing or social assistance, all professions related to care, considered the
most favorable for women. In practice, it was the maintenance of the prevailing ideology in
the working classes – women would have more appetite, agility and patience for the uniform
rhythm of industrial machinery, the sewing machine and later the typewriter (GUINOTE,
2001).
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Virgínia BAPTISTA and Paulo Marques ALVES
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1069-1090, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
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As mentioned in the previous point, according to 2019 data from the Directorate-
General for Statistics, Education and Science, education professionals account for around
77.9% of pre-university teachers, with the pre-school education sector having the highest
feminization rates, 99.1% of early childhood educators. Only in higher education is the rate of
female teachers lower, at 45.10%. This situation confirms the bottleneck in women's careers
and the glass ceilings for women workers, visible in management positions and university and
research careers (data from the European Institute for Gender Equality). On the other hand, it
was found that for the year 2019, more girls were attending higher education, making up
54.14% of the total number of students enrolled in universities. This situation proves the
difficulty of accessing or giving up on an academic career for many girls.
Still on a demographic level, in 2019 the average age of women at first child was 30.5
years (INE, 2021). The increase in the age of maternity is explained by several factors:
extension of studies for girls after graduation, many of them undertaking masters or
doctorates, later entry into the labor market, the explosion of precarious employment, which
leads to postponing the constitution of families and their limited composition. In turn, the high
payment of private daycare centers, since public daycare centers are limited and most are
linked to Social Security, which selects and prioritizes families with lower incomes, leads to
work options that still lead young women to dedicate family, to the detriment of professional
careers.
On the other hand, in teaching there is, as demonstrated, an aging rate of the
profession, in which data from the 2015/2016 Teacher Profile published by the Directorate-
General for Statistics for Education and Science indicate that only 0.4% of male and female
teachers are under 30 years old and most are over 50 years old.
In Portugal, the retirement age, without penalty, is, in 2021, 66.6 years (PORTUGAL,
2019). This retirement age has increased in line with the country's sustainability factor, which
articulates average life expectancy with the balance of social security. Hence, despite the
aging of the teachers themselves, many had to take care of their parents.
According to data from the Directorate-General for Health (updated daily), covid-19
infected more women in the 30-45 age group who remained in the labor market, in
professions related to health, care in Homes, despite mortality of women was lower than that
of men (SÁ, 2020). Some international studies have advanced the hypothesis that there is
greater protection/immunity for women of childbearing age, due to female hormones
(RABIN, 2020). people over 80 years of age, hence, at least in European and American
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The work of teachers in times of the Covid-19 pandemic: Problems and constructions of teaching and caring in the domestic sphere in
Portugal
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1069-1090, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
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countries, a vaccination system has been set up in which people in this age group have
priority, and in Africa the vaccination situation is still very far from what would be desirable!
In Portugal, there is an aging population or ageism, especially among women, who
currently have an average life expectancy of 83.5 years. Ageism for women will be another
interesting issue to discuss because it discriminates against them at a certain point in their
lives; them becoming more wrinkled and they more “charming”, despite identical ages
(WAY; SALES, 2021). In an oral testimony given by a 67-year-old woman who was taking a
short walk with her companion of the same age, during a period of mandatory confinement,
she heard her shout: “O old woman, go home”! Even in a pandemic period, the house is more
feminine!
If the younger teachers felt the great burden of taking care of the youngest children
who were at home, the older teachers redoubled their care for older and older parents, either
with autonomy in their homes or living in institutions, called Homes, in which they were, as a
rule, dependent or limited by the care and visits of their daughters
Distance learning: problematization of gender equality pedagogy in education
In Portugal, as a pedagogical support, the majority of teachers in basic and secondary
education, after graduation, of 3 or 4 years, had two years of pedagogical training for teaching
or a master's degree in education. Most had contact with active pedagogies, namely Jean
Piaget, Paulo Freire, Maria Montessori, among others (NÓVOA, 2014).
Distance learning in education has changed this framework of active pedagogy, more
personal, of socialization and interactivity, due to the use of platforms and communications
made by emails. We asked ourselves if the digital platforms have reached all students in the
same way, regardless of the social class to which they belong, allowing inclusion and gender
equality, one of the components of the Citizenship and Development area, mandatory until the
end of the secondary education (students aged 18).
In Portugal, since 1965, and officially extinct in 1984, there has been television
education, the so-called "Telescola" or "Mediated Basic Education", daily on public
television, aimed at students who lived in more remote places, in rural and suburban areas,
which went up to the 6th year of the current Basic Education (children aged around 12 years
old). At the time, it was considered a successful technological education, with the monitoring
of students in school posts by monitors.
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Virgínia BAPTISTA and Paulo Marques ALVES
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1069-1090, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16982
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At an international level, there are scattered reports about the existence of professors
who have taught classes by correspondence since the 19th century, the BBC broadcasting
radio classes during World War II, and universities around the world having started distance
learning, providing to male and female students, of their own volition, or due to specific
conditions, to undertake university courses. In fact, on the part of a university professor
interviewed, these courses taught using platforms require a rigorous selection and preparation
of scientific materials and permanent contacts with students, precise guidelines and
corrections of the work carried out (because the time to distance with each student has to be
reduced), as well as a maturity on the part of students due to the discipline of the autonomous
research work they have to carry out. In Portugal, the case of Open University of Lisbon,
founded in 1988, is the only public university offering higher education at a distance. It
should be noted that it was to this University that the first degree and master's degree in the
area of Women's Studies is due, but in a face-to-face context. It was notorious on the part of
the directors of Schools and Universities and guardians, mothers and fathers to denounce that
distance learning did not work due to the main factors: not all students and students had
access to computers, not all areas of the country were covered by the networks of
telecommunications operators or had signals open to the population, and there was a risk of
early school leaving (mandatory up to the age of 18 in Portugal).
We are also acquainted with the texts of the UN (United Nations), UNESCO (United
Nations Educational, Scientific and Cultural Organization) and the OECD (Organization for
Economic Cooperation and Development) the concern and recommendations so that in
situations of wars, calamities and pandemics, children and young people must interact so that
learning does not regress, there is a healthy socialization among peers under the watchful eye
of adults with the skills to detect cases of abuse, aggression and even violations in the family
or neighborhood.
Mandatory confinements led each household to stay together, contributing to the
isolation of children and young people prevented from socializing among peers and from
having natural physical activity, outdoors. For students, there was no equity in teaching, nor
equality of opportunities, as defended in the Portuguese Constitution and in the Basic Law for
Teaching, because distance learning had many limitations that weakened education..
Living with a family 24 hours a day, with little contact with the outside world,
situations of greater tension and violence were foreseeable. Requests for help to the National
Support Network for Victims of Domestic Violence increased between March 30 and June 7,
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The work of teachers in times of the Covid-19 pandemic: Problems and constructions of teaching and caring in the domestic sphere in
Portugal
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1069-1090, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
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during much of a period of mandatory confinement. The Network received around 16,000
calls, 698 were requests for help and a total of 564 women victims of domestic violence were
removed from their family homes (JORNAL EXPRESSO, 2020). It will also have prevented
dynamics and activities in the areas of gender equality or on racist discrimination.
It is in this context that extreme right or fascist parties begin to proliferate and the
arrival of their deputies to parliaments, as in the case of Portugal. by the government in
relation to confinement, unemployment, which generated in sectors such as catering and
culture (shows), workers “with an intermittent subsidy regime” (LAZZARATO, 2020, p. 17),
but also with archives, museums and closed bookstores and of the coronavirus denialists, who
came to speak out publicly against the mandatory use of masks. According to Francisco
Louçã, “there is the intrinsic promise of total liberalization, the use of people as the last
commodity” (LOUÇÃ, 2021, p. 171). This advance of the extreme right or fascism, still
unimaginable a few years ago, led to sexism, to the contestation of feminism, to the attack on
homosexuality, seen, in the last case as a disease, as defended at the time of the Estado Novo
(FREIRE, 2020), as well as a throwback to long-proven scientific theories (such as the
defense of the earth being flat!). In this pandemic period, the remnants of five hundred years
of colonialism emerge, which is evidenced by racism in society (LANÇA, 2021) and in the
greater violence and imprisonment of black people, as Angela Davis (1983) called attention in
her book Women, Race & Class.
The double shift at home: work and caring
Historically, caring has always been mostly female. From the nurses, who were only
able to marry after 1963, for the mission as the profession was perceived (SILVA, 2011) to
the servants to serve (BRASÃO, 2012). Many servants ended up dying unmarried in the
houses where they went to serve, almost children, as a rule originally from rural areas.
Currently, they have been replaced by domestic, business and hotel maids, many emigrants of
African, Brazilian origin and in smaller numbers from eastern countries, many of whom are
unemployed due to the pandemic. These professions considered feminine were linked to
doctors, mainly in the areas of gynecology, specialists in women's diseases, and teachers,
during the Estado Novo, seen as inserted in a profession in line with women. Despite this, at
the beginning of the Estado Novo, in the 30s and 40s, when teachers married they had to
prove that their husbands’ salaries were higher than theirs, due to the meager salaries they
earned.
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Virgínia BAPTISTA and Paulo Marques ALVES
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1069-1090, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
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As noted earlier, the demographics of the population and the aging of the teaching
profession demonstrate the challenges faced by the teachers who are the target of this study.
There is, on the one hand, an extension of working hours with telework, which is more
demanding, and at the same time the need to take care of the family, sons, daughters and
parents, many and many living alone, often far from their daughters, increasingly aged, being
the group most weakened by Covid-19.
In June 2010, by telephone or in person, we interviewed a universe of 25 kindergarten
teachers, teachers of primary and secondary education and higher education, aged between 25
and 64: four kindergarten teachers, seventeen teachers of basic and secondary education and
four higher education teachers. Eight teachers, about 1/3, live without a partner, or a partner in
their household, but are primarily responsible for children who are younger or older than 18
years of age. One of them mentioned having to take care of a disabled child all day, because
the father is a health professional. Eight teachers live in stable affective relationships, with
sons and daughters, one of whom was pregnant at the time: she had medical leave during the
entire pandemic period. We verified the existence of five teachers who live in affective
relationships without children and four teachers who live alone, without sons or daughters.
About 60% admitted that they had to take care of their fathers and mothers, as they were over
75 years old, and about 20% had their fathers or mothers in institutions, called Homes. We
found that the teachers mentioned feelings of tiredness, exhaustion, stress, due to the
articulation between professional and personal life, in the domestic space. To the classes
taught by the platforms, the time of their preparation, the placement of materials on platforms,
the correction of the works, the permanent sending and receiving of emails was added. They
also had the perception that students often asked questions, electronically, more to be in
contact with teachers. The greatest difficulties arose with teachers with younger sons and
daughters, who had to provide more assistance, and those who had to support older and older
fathers and mothers with food and medication. On the part of the teachers who live alone,
there were, as a rule, feelings of loneliness, anguish and anxiety.
The non-separation of the work place from the family space seems to us to refer to the
societies before industrialization, from the work at home carried out by the family. However,
faced with the two confinements experienced from February to May in 2020 and 2021, it was
the mothers who accused the difficulties of articulating remote work and caring for children,
tasks that we concluded were still more in the hands of women. Neoliberal capitalist society
was felt by the increase in working hours and the isolation of teachers in terms of labor claims
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The work of teachers in times of the Covid-19 pandemic: Problems and constructions of teaching and caring in the domestic sphere in
Portugal
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1069-1090, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
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and more distant from their unions, despite, for example, the FENPROF (National Federation
of Teachers made up of seven Unions on the continent, archipelagos from the Azores and
Madeira and abroad) to have kept in touch with all the professors and associate professors.
Distance learning: The power of female teachers or their weakening as workers
Distance learning was taught at all levels of education. The youngest children, who
attended elementary school, were in front of computers, initially with the help of their fathers
and mothers. Gradually, new technologies and access to new platforms began to dominate.
Secondary and higher education students globally already mastered these technologies.
There are two perspectives, two angles, in the perception of distance learning. For the
students, computer interaction sought the appearance of being in the classroom. In many cases
it was the school that provided the computers, in other cases there was a sharing of computers
in the family, as well as the work and study places deferred from their own room to the living
room or kitchen, places shared with other people in the family.
For their part, as a rule, the teachers worked in their office, but knowing that they were
scrutinized, at times, by members of the students' families. There were some reported cases in
which families interfered in online classes, drawing attention to teachers for the
methodologies used, opposing the attention of students, and even the satire on social networks
about situations that occurred in distance learning.
Teaching, which is inherently a dynamic and formative pedagogical and scientific
profession, focused on learning, debates, presentation of works and discussion of the same,
suddenly found itself with many limitations in the methodologies and materials to be applied.
The debates took place, but required a great deal of preparation and moderation on the part of
the teachers for the students to remain in the sessions and also to comment on the themes.
Added to all the invisible work (which seems to continue the hidden domestic work of
women: preparing classes, placing materials on platforms, sending and receiving emails,
correcting assignments, even conducting online tests), with students placed in classrooms,
which may or may not have privacy and diverse support, from people or technology.
This public exposure of the teachers' work and the invisibility of much of this work
does not seem to have contributed to the empowerment of teaching, in general, and in some
cases contributed to the weakening of workers, especially those who are in charge of younger
children. . It was common among the population for fathers and mothers, also in telework, to
refer that they were unable to work because they had to support their sons and daughters at
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Virgínia BAPTISTA and Paulo Marques ALVES
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1069-1090, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
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home, presupposing an attempt to disregard the need for children to stay at home, as they
thought that these were neither affected nor carriers of the coronavirus, so they defended the
opening of daycare centers and basic schools.
Final remarks
This article focused on the work of teachers in times of the COVID-19 pandemic, in
Portugal, and their problems due to the combination of work organization and family care, in
the domestic sphere.
In this study, an intersectionality of gender and identities is not possible; since all the
teachers interviewed are white and assumed that they were heterosexual.
It is worth noting the great inequality in the overall work of women in the context of
covid-19 in relation to that of men. Women were more overwhelmed, accumulating paid work
and caring for the family, a situation expressed by the interviewed teachers. In the general
population, more women lost income, because in many companies they were the ones who
stayed at home with their youngest sons and daughters, during mandatory teleworking,
receiving only 60% of wages. Effectively, it was the teachers with younger children, followed
by those with older and older fathers and mothers, who were most affected by situations of
anxiety and stress.
Gender inequality remained in distance education, with great difficulties for women in
reconciling professional, family and personal life. The working day was extended by spending
more time on the platforms and by the permanent contact in sending and receiving emails,
which highlights the prevailing neoliberal society that despises the stipulated working hours,
which no longer obeys collective employment contracts. People have become extensions of
machines in permanent work, in an aggressive mechanization system and with different
hiring.
There was also reference to hostilities, doubts about professional credibility and
intimidation of parents and guardians who attended classes and intruded, which caused
emotional instability in some teachers. Anxiety was added to the uncertainty due to the
situation experienced, difficulty falling asleep and fatigue that led to the use of medicines and
anxiolytics, at a time when the SNS (National Health Service) gave priority to patients with
COVID.
We conclude in this work that although the female gender predominates in teaching,
and these workers have remained in telework, maintaining the work of education has not
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DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16982
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empowered women vis-à-vis the population, because they are judged to be more privileged
for remaining in telework and not having lost Yield. We observed that they were made more
fragile by the permanent exposure to families, who considered themselves competent to
discuss the methodologies and pedagogies adopted. Within the framework of capitalist,
neoliberal and sexist society, it was also the teachers who mostly maintained the functions of
caring and with limitations in the enjoyment of their personal time, maintaining gender
inequality in their households.
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Submitted
: 13/01/2022
Revisions required
: 21/03/2022
Approved
: 08/05/2022
Published
: 30/06/2022
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
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