image/svg+xml
Gestão algorítmica da docência e educação em tempos de incerteza
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1094-1109, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16983
1094
GESTÃO ALGORÍTMICA DA DOCÊNCIA E EDUCAÇÃO EM TEMPOS DE
INCERTEZA
GESTIÓN ALGORÍMICA DE LA ENSEÑANZA Y LA EDUCACIÓN EN TIEMPOS DE
INCERTIDUMBRE
ALGORITHMIC TEACHING MANAGEMENT AND EDUCATION IN TIMES OF
UNCERTAINTY
André CECHINEL
1
Rafael Rodrigo MUELLER
2
RESUMO
: Este artigo propõe-se a discutir as memórias educativas em tempos pandêmicos a
partir da análise de um fenômeno recente, a saber, o crescente controle algorítmico da
docência e da educação. Em poucas palavras, a pandemia da Covid-19 serviu e tem servido ao
propósito de produzir o alinhamento entre, por um lado, o chamado capitalismo atencional e
sua produção e acúmulo permanente de estímulos e dados, e, por outro, o espaço institucional
das práticas educativas, até então pensado em termos de relativa autonomia e
autocentramento. Para defender o argumento, dividimos o artigo em dois momentos:
primeiro, assinalamos o surgimento de uma desconfortável figura para o campo da educação,
o duplo ou
Doppelgänger
educacional; a seguir, discutimos o laço, cada vez mais sólido, entre
gestão algorítmica e educação. O que se busca demonstrar, em suma, é que a educação
constitui um campo fértil para o acúmulo de dados e a produção de estímulos segundo as
demandas do capitalismo hoje, e que a pandemia da Covid-19 serviu para acelerar um
processo de aclimatação e controle do campo já antes em curso.
PALAVRAS-CHAVE
: Educação. Covid-19. Doppelgänger. Algoritmos. Atenção
.
RESUMEN
: Este artículo propone discutir las memorias educativas en tiempos de pandemia
a partir del análisis de un fenómeno reciente, a saber, el creciente control algorítmico de la
enseñanza y la educación. En pocas palabras, la pandemia de Covid-19 sirvió y ha servido
para producir el alineamiento entre, por un lado, el llamado capitalismo atencional y su
producción y acumulación permanente de estímulos y datos, y, por otro, el espacio
institucional de las prácticas educativas, hasta entonces pensado en términos de relativa
autonomía. Para defender el argumento, dividimos el artículo en dos momentos: en primer
lugar, señalamos la aparición de una figura incómoda para el campo de la educación, el
doble educativo o Doppelgänger; a continuación, discutimos el vínculo cada vez más sólido
entre la gestión algorítmica y la educación. Lo que se pretende demostrar, en resumen, es que
la educación constituye un campo fértil para la acumulación de datos y la producción de
1
Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC), Criciúma – SC – Brasil. Professor do Programa de Pós-
Graduação em Educação. Doutorado em Programa de Pós-graduação em Literatura (UFSC). ORCID:
https://orcid.org/0000-0002-6620-3447. E-mail: andrecechinel@unesc.net
2
Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC), Criciúma – SC – Brasil. Professor do Programa de Pós-
Graduação em Educação. Doutorado em Educação (UFSC). ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6637-2948. E-
mail: rrmueller@unesc.net
image/svg+xml
André CECHINEL e Rafael Rodrigo MUELLER
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1094-1109, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16983
1095
estímulos de acuerdo con las demandas del capitalismo actual, y que la pandemia de la
Covid-19 sirvió para acelerar un proceso de aclimatación y control de campo ya en marcha.
PALABRAS CLAVE
: Educación. Covid-19. Doppelgänger. Algoritmos. Atención.
ABSTRACT
: This article intends to discuss educational memories in pandemic times based
on the analysis of a recent phenomenon, namely, the growing algorithmic control of teaching
and education. In a few words, the Covid-19 pandemic served and has served the purpose of
producing an alignment between, on the one hand, the so-called attentional capitalism and its
production and permanent accumulation of stimuli and data, and, on the other hand, the
institutional space of educational practices, until recently thought of in terms of relative
autonomy and self-centeredness. In order to defend this thesis, the article is divides into two
moments: first, it points out the emergence of an uncomfortable figure for the field of
education, the educational double or Doppelgänger; after that, it discusses the increasingly
solid link between algorithmic management and education. What is intended to demonstrate,
in short, is that education constitutes a fertile field for the accumulation of data and the
production of stimuli according to the demands of capitalism today, and that the Covid-19
pandemic has served to accelerate a process of acclimatization and field control already in
course.
KEYWORDS
: Education. Covid-19. Doppelgänger. Algorithms. Attention.
Introdução
O arrefecimento momentâneo da pandemia de Covid-19 no B
rasil abre espaço e
convida, especialmente o campo da Educação, a refletir tanto sobre as reconfigurações das
práticas educativas resultantes das experiências acumuladas durante os anos 2020-2021
quanto, em particular, sobre as memórias docentes, os deslocamentos identitários e os
trânsitos afetivos que passaram a reordenar e transformar radicalmente o que até então
concebíamos como o horizonte final de nossas atividades pedagógicas. Seja recolhido em casa
para ministrar aulas remotas num espaço muitas vezes improvisado, não raro atravessado por
interrupções constantes de estímulos exteriores que agora compõem também esse novo espaço
escolar, seja por meio da produção de materiais – vídeos, áudios, apostilas, recursos visuais
etc. – para encontros síncronos ou assíncronos, presenciais ou remotos, o certo é que nenhum
professor saiu ileso dos novos contornos educacionais em salas de aula medidas em
polegadas. Aguardando cautelosamente o “novo normal” – desde sempre anunciado, porém
até hoje preterido devido aos improvisos resultantes das frequentes retomadas e suspensões de
uma presencialidade que, ao que parece, já não será mais a mesma –, permanecemos
suspensos, como nos versos de Eliot (2004, p. 181), “entre a ideia / E a realidade / Entre o
image/svg+xml
Gestão algorítmica da docência e educação em tempos de incerteza
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1094-1109, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16983
1096
movimento / E a ação [...] / Entre a concepção / E a criação / Entre a emoção / E a reação”. É
tempo de, como se diz, “fecharmos para balanço”.
E não se trata precisamente de uma tarefa simples, essa de realizar um balanço do que
se passou. A princípio, poderíamos supor que, depois de quase dois anos de escolas
funcionando de modo intermitente, de aulas precariamente ministradas por meio de
dispositivos eletrônicos, de pouco ou nenhum contato com as demais pessoas – com um
“outro” fadado a ser associado ao contágio de uma doença ou mesmo à companhia virtual da
morte –, professores e alunos estariam, a essa altura, passado o instante mais grave da
pandemia, ansiosos pela restituição de uma presencialidade forte, de um conceito caro de
educação abandonado a contragosto, de uma atuação física do corpo sem a qual o próprio
conceito de formação perde o seu sentido mais veemente. Poderíamos imaginar tudo isso, mas
esse não corresponde com precisão ao cenário que de fato representa o que está ocorrendo
neste momento. Não estamos falando aqui apenas da morosidade que toma conta do Ensino
Superior e que, ao contrário do que ocorre na Educação Básica, adia indefinidamente o
retorno à presencialidade sob um argumento de saúde pública que já não parece se sustentar
em nenhum outro espaço social; nem nos reportamos somente à chamada “síndrome da
gaiola” (cf. ZANFER, 2021), expressão utilizada para designar a crescente sensação entre os
jovens – muito acentuada pela pandemia de Covid-19 – de que os processos de socialização
produzem sofrimento e reservam imprevistos de todo ausentes de uma vida passada entre
quatro paredes, no quarto de casa, porém conectada ao exterior pelas telas de computadores e
celulares. Esses sintomas de “ensimesmamento” e de gestão privada da vida, que revelam um
crescente abandono do sentido de formação como mergulho num mundo de alteridades e
atritos produtivos, são profundamente reveladores e merecem a devida atenção, porém não
constituem o centro do que aqui nos preocupa.
Ora, o que alguns estudos na verdade revelam – e es
se dado anuncia uma faceta
imprevista das memórias da pandemia que poderíamos esperar – é que, para muitos docentes,
apesar dos imensos desafios por ela introduzidos, a pandemia de Covid-19 foi também um
momento de “alívio” para todo um quadro geral de depressão, esgotamento físico, desilusão
profissional e instabilidade psicológica vinculado à profissão. Segundo uma pesquisa sobre
saúde mental e bem-estar dos professores, coordenada pelo pesquisador Flavio Comim,
docente na Universidade Ramon Llull (Barcelona) e de Cambridge (Reino Unido), “o período
abrandou os altos índices de depressão e síndrome de
burnout
identificados entre os
professores brasileiros”. Em outras palavras, “é como se o trabalho nas escolas brasileiras
image/svg+xml
André CECHINEL e Rafael Rodrigo MUELLER
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1094-1109, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16983
1097
fosse mais danoso para a saúde mental desses profissionais do que a instabilidade provocada
por uma pandemia” (SALDAÑA, 2021). Se os dados da pesquisa estão corretos – e eles
servem, no mínimo, como elemento para reflexão –, os professores estavam simplesmente
esgotados antes da Covid-19, que acabou por lhes servir de desvio momentâneo de uma rotina
massacrante, em que pese, como dito, todo o sofrimento oriundo das dificuldades de
adaptação à nova realidade docente e o cenário mais amplo da própria pandemia, que jamais
pôde descolar-se dos improvisos didáticos e de uma “sala de aula” sem sala de aula. No fim
das contas, talvez o estudo aponte para uma tendência que apenas se agravou com a
pandemia, mas que certamente se antecipa a ela: o encanto exercido por uma virtualização da
educação que promete esclarecimento formativo sem o desconforto de ter de lidar com muitos
dos infortúnios da profissão e da sala de aula.
Essa indecisão entre a forma presencial e a virtualização dos processos formativos –
c
ravada agora na subjetividade dos próprios professores – parece atualizar, para o campo da
educação, uma lógica de complementaridade entre o virtual e o real que já se expande para
todos os campos da vida humana. Em poucas palavras, um dos legados da pandemia de
Covid-19 para a área foi, então, a concretização final de um novo regime já antes em curso
que diz respeito à acomodação do professorado à produção inevitável de uma subjetividade
ajustada ao gosto do tempo e ao ser social-virtual exigido de todas as demais profissões. Em
vez de ocupar uma sala de aula capaz de arrancar os alunos do espaço da virtualidade de
jogos, computadores e celulares, e que, insistindo nas quatro paredes como um espaço
autônomo, restitui momentaneamente a possibilidade de uma energia atencional coletiva
autocentrada, os professores passam a atuar como agentes cindidos entre um espaço escolar
lido como anacrônico e os estímulos constantes que devem ser produzidos nas plataformas
virtuais que acumulam dados e informações sobre todos e qualquer um. O presente artigo
propõe-se, em linhas gerais, a argumentar que a pandemia nos coloca na antessala de algo que
poderíamos chamar de uma “gestão algorítmica da docência”, reconfigurando a figura do
professor como uma espécie de
Doppelgänger
contemporâneo, um sujeito dividido entre, por
um lado, um discurso de vida em comum, de comunidade, e, por outro, a vida instituída
algoritmicamente por telas, acúmulos de dados e virtualização dos contatos sociais. Para
defender essa posição, dividimos o texto em dois momentos principais: primeiro, realizamos
uma exposição da gênese moderna do
Doppelgänger
como exemplo de cisão moderna do
“eu”; a seguir, debatemos especificamente o laço entre educação e gestão algorítmica da vida
e, também, da educação. O que se espera indicar, por fim, é que a cisão real/virtual do
image/svg+xml
Gestão algorítmica da docência e educação em tempos de incerteza
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1094-1109, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16983
1098
professor, acentuada pela pandemia da Covid-19, corresponde à atualização algorítmica de
um destino histórico ao qual o professorado e a área da educação deveriam resistir, a saber, o
controle ordenador da noção de formação cultural.
A Formação Cultural do Duplo
A evidência dessa descoberta foi como passou a me imitar com perfeição no
modo de falar e de agir, e na forma admirável como desempenhava seu
papel. [...] não se arriscava, é claro, em meus timbres mais altos, mas o tom
era idêntico: seu peculiar sussurro tornou-se um impecável eco do meu
(POE, 2018, p. 39).
Em sua obra De
Caligari a Hitler
– uma história psicológica do Cinema Alemão
(1974), Siegfried Kracauer desenvolve uma análise do cinema expressionista alemão como
forma de compreender as tendências psicológicas
3
dominantes da Alemanha no período de
1918 a 1933. O livro não se ocupa do cinema em si, mas de uma análise social e psicológica
da Alemanha pré-Hitler, tomando o cinema mais como meio investigativo do que
propriamente como objeto de sua pesquisa. Para Kracauer (1998), na análise cinematográfica,
a partir da especificidade de uma determinada época e contexto, poderia nos ajudar a
compreender não só o fenômeno em si, mas também o “espírito de época”. Os filmes
figuravam como expressões de um inconsciente coletivo da nação (“multidões anônimas”),
externalizando o interiorizado (inconsciente) e expressando, nem sempre de forma clara, os
desejos e ansiedades das massas e do seu átomo constitutivo, o sujeito. Segundo o autor, o
filme
O estudante de Praga
, de 1913, introduziu no cinema um tema que se tornaria uma
obsessão da cinematografia alemã da época: “[...] uma profunda e terrível preocupação com
os fundamentos do eu” (KRACAUER, 1988, p. 44). Nesses termos, o conflito interno do eu
se exteriorizaria por meio da constituição de um
Doppelgänger
: eu e o outro, o sujeito e a
multidão etc., e esse duplo marcaria a representação do conflito interno da classe média
alemã.
Filmes como
O Golem
(1915) e
Homunculus
(1916) retratam personagens cujos traços
de personalidade teriam origem em uma anormalidade, ou, mais propriamente, Kracauer
afirma que o “eu” desses personagens externalizaria o inconsciente coletivo alemão baseado
em suas características próprias como ressentimento, frustração, inferioridade, desprezo e
3
Outras obras tentaram
post facto
analisar o período de domínio do Terceiro Reich sob esse mesmo viés
psicológico:
Sonhos no Terceiro Reich
, de Charlotte Beradt (1966), e
A mente de Adolf Hitler
, de Walter Langer
(1972).
image/svg+xml
André CECHINEL e Rafael Rodrigo MUELLER
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1094-1109, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16983
1099
ódio. Nesse caso, o “eu coletivo” se expressa pela figura do
Doppelgänger
a partir de uma
moral cindida, na qual os personagens “anormais” agrupariam em si as características
indesejadas da classe média alemã, tornando o duplo germânico (o “outro”) responsável pelas
mazelas e crises vivenciadas no período, bem como pelo aumento gradativo do nível de
instabilidade social no país.
A figura fantasmagórica e sobrenatural do duplo presente nos filmes do
Expressionismo alemão pré-Hitler representava as aflições que o eu coletivo não se permitia
exteriorizar; desse modo, tal como na tela do cinema, as representações simbólicas do outro
exerciam uma espécie de dominação social organizada a partir de um circuito de afetos como
o ressentimento, a vingança e o ódio. Assim, pela figura do
Doppelgänger
, os extratos médios
da sociedade alemã da época poderiam expurgar seus demônios, normalizando seu sofrimento
psíquico e moral ao estabilizar artificialmente a instabilidade social que se vislumbrava no
horizonte histórico. A função do
Doppelgänger
nos filmes, conforme a análise de Kracauer
(1988), era representar no plano cinematográfico a forma-sujeito atormentada na e pela vida
cotidiana, sugerindo que essa entidade fantasmática cindida (um “sujeito-virtual”) estabelecia
uma vinculação orgânica com o ser-coletivo real de certos extratos da sociedade alemã, a
ponto de a representação se tornar o referente para o sujeito em si.
Numa p
rimeira leitura, a constatação do autor estaria circunscrita aos elementos
espaço-temporais e às dimensões políticas e culturais da Alemanha durante a ascensão do
nazismo; no entanto, é possível identificar no argumento presente na obra que tais
características psicológicas, supostamente restritas ao país analisado, seriam desdobramentos
de algo presente na constituição da própria forma social moderna e que encontraram um
terreno fértil para germinarem no contexto posto. Nesse caso, estamos nos referindo a um
processo de cisão que institui determinada forma de organização e ordenamento centrado na
dominação e hierarquização social, e que demanda um necessário assujeitamento por parte do
indivíduo de modo a se acomodar nessa estrutura. Tal processo estaria assentado centralmente
numa razão instrumental que depende, para se efetivar, de uma racionalidade matemática e
estatística, em que a presente ordenação institui o futuro em bases exatas e, por isso, sólidas
em sua objetividade. Ou seja, se as características de tal cisão identificadas nas obras do
Expressionismo representavam simbolicamente um fenômeno que já se manifestava
objetivamente na vida cotidiana alemã e para além dela, seria possível prever que essa
estrutura social não só se desenvolveria no decorrer do século XX, mas que adentraria o
século XXI sob o mesmo manto da razão calculadora que a municiou de elementos para a
image/svg+xml
Gestão algorítmica da docência e educação em tempos de incerteza
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1094-1109, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16983
1100
gestão da sociedade moderna, nesse caso, uma nova forma de organização e ordenamento
social vinculado a uma base científico-tecnológica em conformidade com as demandas dos
nossos tempos.
O
Doppelgänger
do século XXI, figura cindida socialmente, teria guarida na mesma
forma social, porém agora plenamente desenvolvida por uma fusão entre tecnologias de
informação e comunicação (TICs) e a ciência computacional, fatalmente constatada pela
onipresença dos algoritmos em nossa vida cotidiana. Se a indeterminação seria a
representação do horror moderno, e a forma de eliminá-la consistiria na busca incessante por
um ordenamento e hierarquização social, pode-se concluir então, em conformidade com
Silveira (2019, p. 18), que “[u]ma sociedade operada por algoritmos parece ser um destino
pretendido pelos modernos”. A crença na objetividade e neutralidade do conhecimento, assim
como a sua necessidade de organização e classificação – típicas promessas científicas da
modernidade – são de fato o núcleo duro de tipificação dos algoritmos. De certo modo, é na
ambivalência entre os sintomas de uma modernidade do século XXI e a algoritmização das
relações sociais que identificamos um processo de gestão algorítmica da docência, na qual a
educação estaria submetida a uma mesma estrutura de regulação dos algoritmos, reproduzindo
junto ao coletivo docente, desse modo, um
Doppelgänger
formativo: um sujeito que diante da
impossibilidade de não ter a sua imagem circulando nas diversas redes sociais estabelece um
“duplo eu” a partir dos dados que disponibiliza no universo midiático, mais propriamente,
uma identidade algorítmica. Aqui defendemos a tese, como dito, de que a naturalização da
gestão algorítmica no âmbito da educação compromete a docência tanto a partir de uma
dimensão coletiva como também em seus aspectos individuais.
Algoritmo e Educação
Oh, dizei-me, quem foi o primeiro a declarar, a proclamar que o homem
comete ignomínias unicamente por desconhecer os seus reais interesses, e
que bastaria instruí-lo, abrir-lhe os olhos para os seus verdadeiros e normais
interesses, para que ele imediatamente [...] se tonasse bondoso e nobre? Oh,
criancinha de peito! Oh, inocente e pura criatura! (DOSTOIÉVSKI, 2000, p.
32-33).
Para os professores, assim como para os demais trabalhadores, o tempo de isolamento
d
urante a pandemia não foi sinônimo de tempo livre, como muitos insistem em afirmar,
associando o
home office
a algo positivo em si. O que de fato se constatou objetivamente foi
uma profusão de atividades escolares ocorrendo na modalidade remota, gerando
image/svg+xml
André CECHINEL e Rafael Rodrigo MUELLER
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1094-1109, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16983
1101
invariavelmente um quantum considerável de teletrabalho por parte dos professores.
Apartados do espaço físico da escola e acolhidos pelas diversas telas, o controverso conforto
do ambiente privado, aliado a uma espécie de nova “liberdade” individual, contrasta com a
vigilância velada operada pelas
Big Techs
, que não só organizam o conteúdo (dados), mas
também a forma como esses são apropriados (
big data
). A oferta “gratuita” de ferramentas e
serviços educacionais por partes dessas empresas tecnológicas, assim como a maciça
disponibilidade de dados pessoais na
web
por parte dos professores e alunos, como parte do
processo de adequação ao estado pandêmico, ou ao possível “novo normal”, fez com que a
gestão algorítmica (em nível coletivo) e as identidades algorítmicas (em nível individual)
reorganizassem o cotidiano institucional da educação a ponto de naturalizarem tanto o
isolamento como uma nova presencialidade às custas de uma opacidade formativa que nubla
as fronteiras do real e do virtual no que se refere ao trabalho docente. Nesse contexto, o
Doppelgänger
formativo se constitui nesses espaços sombreados entre o presencial e o virtual
submetidos a um modelo de organização social que privilegia o algoritmo, a representação da
objetividade quantificada, em detrimento do ser em si.
Mesmo que hoje já convivamos com variadas representações virtuais de atividades
docente, como, por exemplo, os
edutubers
4
, o teletrabalho dos professores durante a
pandemia, por meio das aulas remotas, borrou as fronteiras que antes permaneciam
discretamente visíveis. O uso ampliado das telas por parte dos professores estabelece novas
formas de controle do trabalho docente por meio de dispositivos como, por exemplo, os
amplamente difundidos “diários de classe online”, onde os professores disponibilizam
informações referentes, entre outros, ao desempenho dos estudantes e ao controle de presença.
O ponto central dessas ferramentas é que o acesso ao seu banco de dados gera uma infinidade
de informações sobre o próprio trabalho docente, criando possibilidades que vão desde o
ranqueamento do desempenho até casos concretos de demissão. Essa situação, inclusive, do
ponto de vista histórico, não seria necessariamente uma novidade: em seu livro
Algoritmos de
destruição em Massa
(2020), Cathy O’Neil utiliza amplamente, como exemplo de uma forma
de gestão algorítmica que vem se aperfeiçoando desde a década de 1980, casos relacionados à
educação nos Estados Unidos, que incluem tanto o ranqueamento descontextualizado de
instituições de ensino superior, quanto demissões de professores bem avaliados a partir da
4
Com mais de 3 milhões de seguidores em seu canal no Youtube, Débora Aladim, também conhecida como a
“musa do ENEM”, é a edutuber de maior destaque no cenário nacional, tendo vendido cerca de 200 mil cursos
online e cerca de 20 mil exemplares do seu livro Redação Infalível. Sobre a prova de 2021, uma reportagem
recente indica que “9 entre 10 estudantes estavam mais ansiosos em descobrir a opinião da musa do Enem,
Débora Aladim, sobre a prova do que especular sobre tema da redação” (DIAS, 2021).
image/svg+xml
Gestão algorítmica da docência e educação em tempos de incerteza
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1094-1109, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16983
1102
implementação, em certos estados americanos, de sistemas algorítmicos baseados em critérios
não condizentes com a realidade docente.
O desafio identificado nos casos citados por O’Neil no âmbito da educação se referia à
dificuldade de se estabelecer a avaliação (seja de professores ou até mesmo de instituições de
ensino superior) efetivamente calcada em critérios objetivos; portanto caberia aos sistemas
algorítmicos desempenharem a tarefa de retirar todo e qualquer resquício de subjetividade que
poderia prejudicar o processo avaliativo tão necessário para o bom desempenho dos sujeitos e
instituições. O que se constata diante dessa dinâmica específica é a mútua retirada do humano
do processo avaliativo, bem como a onipresença do sujeito algorítmico no espaço da
educação, delegando-se a este as decisões relevantes que interferem diretamente no modo
como o trabalho docente deve ser organizado e gerido. E esse parece ser o elemento central
que vem permeando o contexto educacional particularmente em sua versão virtual
online
: a
possibilidade inconteste, por parte dos algoritmos, de ditar sutilmente o ritmo e o tom da
docência, fazendo com que a identidade algorítmica prevaleça por meio do
Doppelgänger
formativo ao qual o professor se encontra submetido.
A concretude do trabalho docente perde força e visibilidade junto ao rizoma
m
ultidimensional que a sua representação virtual estabelece, tanto a partir da gestão
algorítmica – o sujeito sem corpo –, quanto de seus avatares, os
edutubers
, que conquistam a
atenção de centenas de milhares de estudantes com seus aparatos reluzentes e de pouca
reflexão. O paradoxo da presencialidade não-presencial deixou suas marcas no cotidiano
escolar não só pela inconstância da aprendizagem, mas também pela instabilidade
praxiológica na qual o sujeito da docência se encontra em termos de sua dupla atuação
dimensional: por um lado, o distanciamento do espaço escolar propiciou também o
afastamento de uma série de situações indesejadas (que vão desde violência física até
síndrome de
burnout
, por exemplo); por outro, a ubiquidade 24/7 das aulas
online
geraram
uma pré-disposição algorítmica por parte dos professores no que se refere ao controle da sua
vida profissional pelas
Big Techs
. Contraditoriamente, as linhas de fuga possíveis no trabalho
docente da sala de aula presencial desapareceram durante o preenchimento dos diários
online
e no fluxo ininterrupto característico das aulas virtuais por meio dos contatos permanentes
entre alunos e professores via
WhatsApp
, potencializando substancialmente a gestão
algorítmica docente. É no e pelo controle dos dados disponibilizados pelos professores nas
diversas plataformas
online
(desde diários até teleconferências) que atualmente torna-se
possível avaliar o desempenho individual e coletivo docente em níveis que até então não
image/svg+xml
André CECHINEL e Rafael Rodrigo MUELLER
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1094-1109, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16983
1103
seriam considerados sem o isolamento providenciado pela pandemia de Covid-19.
Vivenciamos no espaço da educação o que Naomi Klein identifica como a doutrina do
choque:
[...] o desastre original – golpe, ataque terrorista, liquidez de mercado,
guerra, tsunami, furacão – põe toda a população em estado de choque
coletivo. [...] Como o preso aterrorizado que entrega o nome de seus
companheiros e renuncia a própria fé, as sociedades em estado de choque
frequentemente desistem de coisas que em outras situações teriam defendido
com toda a força (KLEIN, 2008, p. 26-27).
Mesmo que a vigilância algorítmica já fosse sentida anteriormente à pandemia, o
estado de choque via isolamento providenciou a livre passagem para que novos espaços
pudessem evidenciar a onipresença da gestão via
big data
, como é o caso da escola. A defesa
de uma atuação presencial inconteste por parte dos professores já não se apresenta com a
mesma força se comparada aos primeiros dias da pandemia, até porque o ser social virtual
docente, em certa medida, acabou se tornando o referente ideal do
Doppelgänger
formativo.
O espaço da escola não é visto como o não-lugar da gestão algorítmica, um contraponto
situacional não habitado pelos
likes
e
selfies
que se multiplicam na noosfera virtual; de fato, o
que sobram nos documentos oficiais para a Educação Básica – como a Base Nacional Comum
Curricular (BNCC) –, são as diversas formas de estímulos
online
que devem então ser
incorporados incondicionalmente no processo formativo enquanto possibilidades de alinhar o
currículo escolar às demandas da sociedade, tanto é que uma das dez competências gerais que
orientam a BNCC é a chamada “cultural digital”. Nesses termos, as demandas postas pela
estrutura normativa da Educação Básica já estimulavam aquilo que a pandemia tratou de
potencializar: a naturalização, em nossos tempos, de uma sociedade gerenciada pelas
Big
Techs
a partir de
big data
.
No documentário
Coded Bias
, de
2020, vimos o caso de um professor do ensino
fundamental da cidade de Houston, Texas, com um histórico exemplar sendo demitido após
uma análise tendenciosa feita por um algoritmo de avaliação de desempenho. No livro de
Cathy O’Neil, a reitora do sistema de escolas de Ensino Médio de Washington, DC,
implementou um sistema de avaliação docente que “pretendia medir a eficácia do professor
[...] ao ensinar matemática e habilidades linguísticas” (O'NEIL, 2020, p. 10). O que se
diagnosticou após a implementação do referido sistema de modelagem de valor agregado foi,
na verdade, que mesmo professores positivamente avaliados pelo grupo de pais e alunos das
escolas, a partir dos critérios estabelecidos pelo sistema de algoritmos, foram considerados
image/svg+xml
Gestão algorítmica da docência e educação em tempos de incerteza
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1094-1109, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16983
1104
didaticamente inaptos em seu ofício. O diagnóstico acerca de uma gestão algorítmica da
docência já não seria uma tendência por vir, mas uma presença fantasmática que não se
apresenta em sua totalidade. Tudo isso se dá seja pelo
Doppelgänger
formativo do eu docente,
que concorre consigo mesmo pela atenção dos alunos/espectadores, seja pelo
quantum
de
dados disponibilizados e geridos nas plataformas educacionais
online
, ou então pela
positivação inconteste de uma sociedade conectada que considera a tarefa mais urgente da
escola do nosso tempo aquela de providenciar a imersão profunda dos alunos no mundo da
hiperconectividade. Os rastros deixados pela presença algorítmica sensível/suprassensível ora
se mostram na e pela condição individual, ora perfazem os contornos da sociedade ampliada,
de modo que a mensagem transmitida é a de que quanto mais se busca a objetividade e a
organização social via algoritmização, menos circula o ser e mais circula a coisa – ou, pelo
menos, o que gozaria de um maior grau de autonomia seria a representação de si, a identidade
algorítmica do sujeito.
Se na obra de Kracauer o
Doppelgänger
– enquanto representação simbólica de um
extrato da sociedade alemã da época –, tinha por função exteriorizar a partir da figura do
“outro” o sofrimento psíquico na tentativa de reordenar o caos social, a educação, baseada na
tecno-ciência do século XXI, constituiu o seu
Doppelgänger
formativo, mais propriamente
um sujeito algorítmico docente, como uma representação de si virtualizada e alternativa ao
sofrimento psíquico produzido no espaço presencial. A cisão do sujeito docente providenciada
pela gestão algorítmica institui simultaneamente uma dupla identidade ao professor, fazendo-
o circular por dois espaços concomitantes para exercer o seu ofício. Por conta do
redimensionamento desses mesmos espaços formativos a partir do isolamento pandêmico, o
virtual se sobrepôs – numa escala hierárquica social – ao presencial. Nesse sentido, é como se
o sujeito algorítmico docente, ou o
quantum
de dados que esse mesmo docente disponibiliza
sobre si nas diversas redes sociais e plataformas
online
, estabelecesse não só um ideal de si,
mas também um
ideal docente de si
, facultando ao sujeito que frequenta o espaço da sala de
aula presencial um lugar menor na escala da representação social. Nesses termos, a figura do
“estranho”, “anormal”, “maligno”, atribuída ao
Doppelgänger
na Literatura ou nas peças
cinematográficas, não estaria mais atrelada ao “sujeito-virtual”, mas sim ao sujeito real,
àquele que agora, por sua incapacidade midiática e algorítmica, encara o seu duplo eu com
rancor e ressentimento, reinstituindo um circuito de sofrimento psíquico que se produz numa
dimensão e reproduz em outra. E se os dados (
big data
) mascaram o sofrimento individual por
meio da sua circulação ininterrupta, a gestão algorítmica docente possibilita o que
image/svg+xml
André CECHINEL e Rafael Rodrigo MUELLER
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1094-1109, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16983
1105
supostamente o mundo real jamais conseguiu: o controle
full time
sobre o desempenho
docente baseado em critérios objetivos e quantificáveis.
A identificação do que seriam os possíveis indícios do que aqui nomeamos como a
gestão algorítmica docente parece ser uma das tarefas do nosso tempo no que se refere à
experiência formativa, e talvez por isso seja necessário propor a seguinte questão: se a
educação e o seu lócus preferencial, a escola, não se colocam como meio e espaço político de
contraponto ao processo de gestão algorítmica, onde estaria localizado socialmente o “freio de
emergência” para tal condição?
Considerações finais
[...] Logo, todas as coisas pareciam apontar para isso: que lentamente perdia
o controle de meu eu original e melhor, e lentamente me incorporava ao
segundo e pior (STEVENSON, 2019, p. 314).
Pensar a reconfiguração cindida da subjetividade dos agentes educacionais hoje
significa pensar, ao mesmo tempo, a posição desconfortável que a própria formação
institucional é forçada a ocupar contra o pano de fundo do neoliberalismo algorítmico e seus
desdobramentos durante a pandemia da Covid-19. À educação, mais que nunca, parece caber
a tarefa de ajustar-se definitivamente entre duas posições ou lugares que, a bem da verdade,
são irreconciliáveis, e que delimitam o seu conceito e as fronteiras de sua atividade. De um
lado, educar é meramente adaptar, ajustar para a sobrevida individual num mundo instituído a
priori, numa realidade cujas regras são sintomas apenas de uma impotência geral e
incontornável. De outro lado, a educação poderia ser pensada como esfera autônoma que,
diante das crescentes pressões de atualização de sua natureza – seja pelas chamadas novas
tecnologias, pelo mundo empresarial que se espraia para todas as esferas da vida, pela
necessidade de afrouxar o “eu” a ponto de produzir um sujeito maleável e em conformidade
com o fluxo instável do campo do trabalho, entre outras –, sustenta que a força da sua
realidade está justamente nesse desajuste entre o que dela se solicita e o que ela opta por
elaborar como necessidade comum. Em outras palavras, a educação corresponderia à
inatualidade de um conceito, ou melhor, à materialização crítica, inclusive institucional, da
má consciência da época, ou seja, do resíduo formativo que já não encontra abrigo em outros
espaços sociais. Esse conceito de educação seria consciente de que quando caem os muros
institucionais da escola e da universidade, quando desmoronam as quatro paredes da sala de
aula como esfera autônoma, o que resta não é o surgimento de uma formação “alternativa”,
image/svg+xml
Gestão algorítmica da docência e educação em tempos de incerteza
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1094-1109, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16983
1106
“desierarquizada”, mas sim a apropriação do seu conteúdo pela lógica da mercadoria que é, na
verdade, a sua enfática negação. E quando o interior do conceito de educação por fim se
partir, cabe pensar se não devemos também alterar esse nome.
Apesar da relação bastante produtiva entre a circulação de mercadorias e o que ocorre
nas escolas e universidades – o livro
Sem Logo
, de Naomi Klein (2002), constitui um retrato
potente do convívio pacífico entre forças aparentemente contraditórias, como educação,
marketing e consumo –, a verdade é que noções como “introspeção”, “atenção”, “formação”
etc., que até ontem instituíam o horizonte mínimo das práticas educativas, tornaram-se formas
antipáticas ao regime de tempo do capitalismo 24/7 e suas mecânicas de produção e
circulação de estímulos e produtos. Longe de qualquer lição crítica acerca da relevância de
uma presencialidade que nos foi subitamente roubada, da indissociabilidade entre corpo,
alteridade e educação, a herança mais concreta deixada pela Covid-19, até o momento, tem
sido aquela de perfurar o que entendemos sobre o conceito de Educação de modo a atualizá-lo
em relação às exigências do capitalismo atencional emergente e da gestão ampliada da
atenção. O campo da educação é cada vez mais atravessado, também ele, por todo um
contexto “de excesso de conteúdos visuais, informacionais e interativos”, e “o que está em
disputa é a atenção (e o tempo) para acessar e consumir todo este oceano de ofertas”
(BENTES, 2021, p. 47). A sala de aula é vazada, transpassada, e com ela se parte a própria
subjetividade dos docentes e demais agentes escolares, que agora precisam “estimular” os
alunos, “capturar” o seu olhar, “gerenciar” os seus comportamentos e “averiguar” a
interatividade dos recursos de que dispõem. Esses mesmos docentes, vale lembrar, estão
submetidos a um semelhante esquema de controle do rendimento e do esforço atencional, suas
ações sendo averiguadas, entre outros, por dispositivos de controle do número de acessos,
tempo de utilização e rotina de interações que se dão em diários digitais, plataformas
interativas, salas de estudos virtuais etc. Essa nova nomenclatura educacional, que passa a ser
o campo conceitual corrente do que ainda hoje chamamos de escola ou universidade,
corresponde a nada mais, nada menos do que aquilo que poderíamos classificar como uma
“virada algorítmica” da docência, ou seja, um ajustamento e atualização da sala de aula a uma
formação hiperpessoal, “otimizada” segundo uma temporalidade estritamente individual e
direcionada para a produção de um
Homo Economicus
que vive e trabalha em função das
plataformas digitais, da produção e circulação de estímulos e da captura da atenção do outro.
Tudo isso pode parecer, neste momento, um exercício de futurologia, uma antecipação
pr
ecoce de um futuro imprevisível, fechado ao nosso olhar. Mas não devemos aqui nos
image/svg+xml
André CECHINEL e Rafael Rodrigo MUELLER
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1094-1109, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16983
1107
enganar: as sementes desse processo estão espalhadas por todos os lados, em campos
muitíssimo férteis, como, por exemplo, a Base Nacional Comum Curricular brasileira,
aprovada sob a forma de lei em 2017. “Itinerários formativos”, “projetos de vida”,
“competências socioemocionais”, “trilhas formativas” – todos estes conceitos que expressam
uma formação centrada no indivíduo e em sintonia com a nova razão do mundo, como não
deixam de testemunhar muitas das competências gerais previstas para a Educação Básica no
mesmo documento do MEC: “cultura digital”, “trabalho e projeto de vida”,
“autoconhecimento e autocuidado”, “empatia e cooperação”, “responsabilidade e autonomia”.
Jamais poderíamos antecipar na medida exata o quanto essa abundância do prefixo “auto” na
BNCC ganharia contornos dramáticos e muito reais durante a pandemia da Covid-19, instante
em que a formação passou a corresponder, quase que exclusivamente, ao sujeito que se
posiciona em frente às telas e, abandonado à própria sorte – como a de ter ou não uma tela de
qualidade para si –, administra uma torrente de estímulos não raro desconcertados.
Na literatura, o encontro ou convívio com o duplo fantasmático, com o
Doppelgänger
,
costuma ser prenúncio de morte iminente, ou de que a morte até mesmo já aconteceu,
silenciosamente, sem ser notada. É isso que ocorre em livros como
O médico e o monstro
, de
Robert Louis Stevenson,
O retrato de Dorian Gray
, de Oscar Wilde, nos contos fantásticos de
Henry James, entre tantos outros. Mas essa regra tem suas exceções. No conto
The secret
sharer
, de Joseph Conrad, por exemplo, é por meio do contato com o seu duplo, com o seu
“cúmplice” ou “parceiro secreto”, que o jovem capitão de um navio – um jovem capitão
recusado e confrontado por todos os demais tripulantes – retoma o autocontrole e decide a
segurança final de sua jornada. O encontro com o outro que logo sou, neste caso, menos que
anúncio da dissolução de si, significa retomada da autonomia exigida de quem conduz a
viagem. Agora que o
Doppelgänger
da educação nos olha como uma fera à espreita, resta-nos
imaginar se algum novo saber, se alguma síntese produtiva, poderá advir de um tal confronto,
de modo que o conceito de formação possa se reconstruir em meio à sua crescente recusa.
AGRADECIMENTOS
: Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado
de Santa Catarina (FAPESC).
image/svg+xml
Gestão algorítmica da docência e educação em tempos de incerteza
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1094-1109, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16983
1108
REFERÊNCIAS
BENTES, A. A indústria da influência e a gestão algorítmica da atenção.
In:
FERREIRA, M.;
BOCK, A. M. B.; GONÇALVES, M. G. M.
Estamos sob ataque
! Tecnologia de
comunicação na disputa de subjetividades. São Paulo: Instituto Silvia Lane, 2021.
CODED Bias. Direção: Shalini Kantayya. Netflix, jan. 2020. (85 min). Disponível em:
https://www.netflix.com/watch/81328723. Acesso em: 18 dez. 2020.
DIAS, P. Nove entre 10 estudantes estavam mais ansiosos em descobrir opinião da musa do
Enem, Débora Aladim, sobre a prova do que especular sobre tema da redação.
Yahoo!notícias
, nov. 2021 Disponível em: https://br.noticias.yahoo.com/nove-entre-10-
estudantes-estavam-182349658.html. Acesso em: 30 nov. 2021.
DOSTOIÉVSKI, F.
Memórias do Subsolo
. Tradução: Boris Schnaiderman. São Paulo:
Editora 34, 2000.
ELIOT, T. S.
Obra Completa
: Poesia. São Paulo: Arx, 2004.
KLEIN, N.
A doutrina do choque
: A ascensão do capitalismo de desastre. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 2008.
KLEIN, N.
Sem Logo
. A tirania das marcas em mundo vendido. Rio de Janeiro: Record,
2002.
KRACAUER, S.
De Calighari à Hitler
: Uma história psicológica do Cinema Alemão. Rio de
Janeiro: Zahar, 1988.
O'NEIL, C.
Algoritmos de destruição de massa
: Como o big data aumenta a desigualdade e
destrói a democracia. Santo André: Editora Rua do Sabão, 2020.
POE, E. A.
Medo clássico
. Rio de Janeiro: Darkside Books, 2018.
SALDAÑA, P. Pandemia desafia professores e traz alívio a quadro geral de depressão e
burnout.
In
:
Folha de São Paulo,
jan. 2021. Disponível em:
https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2021/01/pandemia-desafia-professores-e-traz-alivio-
a-quadro-geral-de-depressao-e-burnout.shtml?origin=folha. Acesso em: 08 dez. 2021.
SILVEIRA, S. A.
Democracia e os códigos invisíveis:
Como os algoritmos estão modulando
comportamentos e escolhas políticas. São Paulo: Edições SESC, 2019.
STEVENSON, R. L.
O médico e o monstro e outros experimentos
. Rio de Janeiro:
Darkside Books, 2019.
ZANFER, G. Síndrome da Gaiola caracteriza jovens que não querem contato com o mundo
exterior.
Jornal da USP
, 2021. Disponível em: https://jornal.usp.br/atualidades/sindrome-da-
gaiola-caracteriza-jovens-que-nao-querem-contato-com-o-mundo-exterior/. Acesso em: 08
dez. 2021.
image/svg+xml
André CECHINEL e Rafael Rodrigo MUELLER
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1094-1109, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16983
1109
Como referenciar este artigo
CECHINEL, A.; MUELLER, R. R. Gestão algorítmica da docência e educação em tempos de
incerteza.
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação
, Araraquara, v. 17, n. esp. 2,
p. 1094-1109, 2022. e-ISSN: 1982-5587. DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16983
Submetido
em
: 22/12/2021
Revisões requeridas
: 16/02/2022
Aprovado em
: 10/04/2022
Publicado em
: 30/06/2022
Processamento e edição: Editoria Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, padronização e tradução.
image/svg+xml
Gestión algorímica de la enseñanza y la educación en tiempos de incertidumbre
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1094-1108, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16983
1094
GESTIÓN ALGORÍMICA DE LA ENSEÑANZA Y LA EDUCACIÓN EN TIEMPOS
DE INCERTIDUMBRE
GESTÃO ALGORÍTMICA DA DOCÊNCIA E EDUCAÇÃO EM TEMPOS DE
INCERTEZA
ALGORITHMIC TEACHING MANAGEMENT AND EDUCATION IN TIMES OF
UNCERTAINTY
André CECHINEL
1
Rafael Rodrigo MUELLER
2
RESUMEN
: Este artículo propone discutir las memorias educativas en tiempos de pandemia
a partir del análisis de un fenómeno reciente, a saber, el creciente control algorítmico de la
enseñanza y la educación. En pocas palabras, la pandemia de Covid-19 sirvió y ha servido
para producir el alineamiento entre, por un lado, el llamado capitalismo atencional y su
producción y acumulación permanente de estímulos y datos, y, por otro, el espacio
institucional de las prácticas educativas, hasta entonces pensado en términos de relativa
autonomía. Para defender el argumento, dividimos el artículo en dos momentos: en primer
lugar, señalamos la aparición de una figura incómoda para el campo de la educación, el doble
educativo o
Doppelgänger
; a continuación, discutimos el vínculo cada vez más sólido entre la
gestión algorítmica y la educación. Lo que se pretende demostrar, en resumen, es que la
educación constituye un campo fértil para la acumulación de datos y la producción de
estímulos de acuerdo con las demandas del capitalismo actual, y que la pandemia de la Covid-
19 sirvió para acelerar un proceso de aclimatación y control de campo ya en marcha.
PALABRAS CLAVE
: Educación. Covid-19. Doppelgänger. Algoritmos. Atención.
RESUMO
: Este artigo propõe-se a discutir as memórias educativas em tempos pandêmicos a
partir da análise de um fenômeno recente, a saber, o crescente controle algorítmico da
docência e da educação. Em poucas palavras, a pandemia da Covid-19 serviu e tem servido
ao propósito de produzir o alinhamento entre, por um lado, o chamado capitalismo
atencional e sua produção e acúmulo permanente de estímulos e dados, e, por outro, o
espaço institucional das práticas educativas, até então pensado em termos de relativa
autonomia e autocentramento. Para defender o argumento, dividimos o artigo em dois
momentos: primeiro, assinalamos o surgimento de uma desconfortável figura para o campo
da educação, o duplo ou Doppelgänger educacional; a seguir, discutimos o laço, cada vez
mais sólido, entre gestão algorítmica e educação. O que se busca demonstrar, em suma, é
que a educação constitui um campo fértil para o acúmulo de dados e a produção de estímulos
1
Universidad del Extremo Sur de Santa Catarina (UNESC), Criciúma
–
SC
–
Brasil. Profesor del Programa de
Posgrado en Educación. Doctorado en Programa de Posgrado en Literatura (UFSC). ORCID:
https://orcid.org/0000-0002-6620-3447. E-mail: andrecechinel@unesc.net
2
Universidad del Extremo Sur de Santa Catarina (UNESC), Criciúma
–
SC
–
Brasil. Profesor del Programa de
Posgrado en Educación. Doctorado en Educación (UFSC). ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6637-2948. E-
mail: rrmueller@unesc.net
image/svg+xml
André CECHINEL y Rafael Rodrigo MUELLER
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1094-1108, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16983
1095
segundo as demandas do capitalismo hoje, e que a pandemia da Covid-19 serviu para
acelerar um processo de aclimatação e controle do campo já antes em curso.
PALAVRAS-CHAVE
: Educação. Covid-19. Doppelgänger. Algoritmos. Atenção.
ABSTRACT
: This article intends to discuss educational memories in pandemic times based
on the analysis of a recent phenomenon, namely, the growing algorithmic control of teaching
and education. In a few words, the Covid-19 pandemic served and has served the purpose of
producing an alignment between, on the one hand, the so-called attentional capitalism and its
production and permanent accumulation of stimuli and data, and, on the other hand, the
institutional space of educational practices, until recently thought of in terms of relative
autonomy and self-centeredness. In order to defend this thesis, the article is divides into two
moments: first, it points out the emergence of an uncomfortable figure for the field of
education, the educational double or Doppelgänger; after that, it discusses the increasingly
solid link between algorithmic management and education. What is intended to demonstrate,
in short, is that education constitutes a fertile field for the accumulation of data and the
production of stimuli according to the demands of capitalism today, and that the Covid-19
pandemic has served to accelerate a process of acclimatization and field control already in
course.
KEYWORDS
: Education. Covid-19. Doppelgänger. Algorithms. Attention.
Introducción
El enfriamiento momentáneo de la pandemia de Covid-19 en Brasil abre espacio e
invita, especialmente al campo de la Educación, a reflexionar tanto sobre las
reconfiguraciones de las prácticas educativas resultantes de las experiencias acumuladas
durante los años 2020-2021 como, en particular, sobre las memorias didácticas, los
desplazamientos identitarios y los tránsitos afectivos que comenzaron a reordenar y
transformar radicalmente lo que hasta entonces concebíamos como el horizonte final de
nuestras actividades pedagógicas. Ya sea recogido en casa para impartir clases a distancia en
un espacio muchas veces improvisado, a menudo atravesado por constantes interrupciones de
estímulos externos que ahora también conforman este nuevo espacio escolar, ya sea a través
de la producción de materiales -vídeos, audios, folletos, recursos visuales, etc.- para
encuentros sincrónicos o asíncronos, presenciales o remotos, es cierto que ningún docente ha
salido indemne de los nuevos contornos educativos en aulas medidos en centímetros.
Esperando con cautela la "nueva normalidad" -siempre anunciada, pero hasta hoy en desuso
por las improvisaciones resultantes de las frecuentes reanudaciones y suspensiones de un cara
a cara que, al parecer, ya no será el mismo- seguimos suspendidos, como en los versos de
image/svg+xml
Gestión algorímica de la enseñanza y la educación en tiempos de incertidumbre
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1094-1108, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16983
1096
Eliot (2004, p. 181), "entre la idea / E realidad / Entre el movimiento / Y la acción [...] / Entre
la concepción / Y la creación / Entre la emoción / Y la reacción". Es hora, como dicen, "cerca
del equilibrio".
Y no es precisamente una tarea sencilla, la de hacer balance de lo sucedido. En un
primer momento, podríamos suponer que, después de casi dos años de escuelas funcionando
de forma intermitente, a partir de clases precariamente impartidas a través de dispositivos
electrónicos, de poco o ningún contacto con otras personas -con un "otro" condenado a
asociarse al contagio de una enfermedad o incluso a la virtual compañía de la muerte-,
profesores y alumnos estarían, en este punto, después del momento más grave de la
pandemia, ansiosos por la restitución de un fuerte cara a cara, un costoso concepto de
educación abandonado al disgusto, de un rendimiento físico del cuerpo sin el cual el concepto
mismo de formación pierde su significado más vehemente. Podríamos imaginar todo esto,
pero esto no se corresponde con precisión con el escenario que realmente representa lo que
está sucediendo en este momento. No solo estamos hablando de la lentitud que se apodera de
la Educación Superior y que, al contrario de lo que ocurre en la Educación Básica, denota
indefinidamente el retorno al presencial bajo un argumento de salud pública que ya no parece
sostenerse en ningún otro espacio social; tampoco informamos sólo al llamado "síndrome de
la jaula" (cf. ZANFER, 2021), expresión utilizada para designar la creciente sensación entre
los jóvenes -muy acentuada por la pandemia del Covid-19- de que los procesos de
socialización producen sufrimiento y reservan imprevistos de todos los ausentes de una vida
pasada entre cuatro paredes, en el dormitorio de la casa, pero conectados al exterior por
pantallas informáticas y celulares. Estos síntomas de "ensimismamiento" y gestión privada de
la vida, que revelan un creciente abandono del sentido de formación como inmersión en un
mundo de alteridades y fricciones productivas, son profundamente reveladores y merecen la
debida atención, pero no son el centro de lo que aquí nos preocupa.
Ahora bien, lo que realmente revelan algunos estudios -y estos datos anuncian una
faceta imprevista de los recuerdos de la pandemia que podríamos esperar- es que, para
muchos docentes, a pesar de los inmensos desafíos introducidos por ella, la pandemia de
Covid-19 también fue un momento de "alivio" para todo un cuadro general de depresión,
agotamiento físico, desilusión profesional e inestabilidad psicológica vinculada a la profesión.
Según una investigación sobre salud mental y bienestar de los docentes, coordinada por el
investigador Flavio Comim, profesor de la Universidad Ramon Llull (Barcelona) y
Cambridge (Reino Unido), "el período frenó las altas tasas de
depresión y síndrome de
image/svg+xml
André CECHINEL y Rafael Rodrigo MUELLER
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1094-1108, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16983
1097
burnout
identificadas entre los profesores brasileños". En otras palabras, "es como si el
trabajo en las escuelas brasileñas fuera más perjudicial para la salud mental de estos
profesionales que la inestabilidad causada por una pandemia" (SALDAÑA, 2021). Si los
datos de la investigación son correctos -y sirven, como mínimo, como elemento de reflexión-,
los docentes simplemente estaban agotados ante el Covid-19, que acabó sirviéndoles como
desviación momentánea de una rutina de masas, a pesar, como se ha dicho, de todo el
sufrimiento derivado de las dificultades de adaptación a la nueva realidad docente y al
escenario más amplio de la propia pandemia, que nunca podrían bajarse de la enseñanza de
improvisaciones y de un "aula" sin aula. Al final, quizás el estudio apunte a una tendencia que
no ha hecho más que empeorar con la pandemia, pero que sin duda lo anticipa: el encanto que
ejerce una virtualización de la educación que promete una iluminación formativa sin el
malestar de tener que lidiar con muchas de las desgracias de la profesión y el aula.
Esta indecisión entre la forma presencial y la virtualización de los procesos formativos -
ahora incrustados en la subjetividad de los propios docentes- parece actualizar, para el campo
de la educación, una lógica de complementariedad entre lo virtual y lo real que ya se está
expandiendo a todos los campos de la vida humana. En pocas palabras, uno de los legados de
la pandemia de Covid-19 para el área fue entonces la implementación final de un nuevo
régimen ya en curso que concierne a la acomodación del docente a la inevitable producción de
una subjetividad ajustada al gusto del tiempo y al ser social-virtual requerido de todas las
demás profesiones. En lugar de ocupar un aula capaz de arrancar a los alumnos del espacio de
virtualidad de los juegos, los ordenadores y los teléfonos móviles, y que, insistiendo en las
cuatro paredes como espacio autónomo, restablezca momentáneamente la posibilidad de una
energía atencional colectiva egocéntrica, los profesores comienzan a actuar como agentes
divididos entre un espacio escolar leído como anacrónico y los estímulos constantes que
deben producirse en plataformas virtuales que acumulan datos e información sobre todo y
nadie. Este artículo propone, en términos generales, argumentar que la pandemia nos pone en
la sala de algo que podríamos llamar una "gestión algorítmica de la enseñanza",
reconfigurando la figura del profesor como una especie
de Doppelgänger contemporáneo
, un
tema dividido entre, por un lado, un discurso de vida común, de comunidad, y, por otro, la
vida instituida algorítmicamente por pantallas, acumulaciones de datos y virtualización de
contactos sociales. Para defender esta posición, dividimos el texto en dos momentos
principales: primero, realizamos una exposición de la génesis moderna del
Doppelgänger
como ejemplo de división moderna del "yo"; luego debatimos específicamente el vínculo
image/svg+xml
Gestión algorímica de la enseñanza y la educación en tiempos de incertidumbre
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1094-1108, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16983
1098
entre la educación y la gestión algorítmica de la vida y también de la educación. Finalmente,
lo que se espera indicar es que la división real/virtual del docente, acentuada por la pandemia
del Covid-19, corresponde a la actualización algorítmica de un destino histórico al que el
docente y el área de educación deben resistir, es decir, el control ordenado de la noción de
formación cultural.
La formación cultural del doble
La evidencia de este descubrimiento fue cómo comenzó a imitarme
perfectamente en la forma de hablar y actuar, y en la admirable forma en que
desempeñó su papel. [...] No me aventuré, por supuesto, en mis más altos
timbres, pero el tono era idéntico: su peculiar susurro se convirtió en un
impecable eco mío (POE, 2018, p. 39).
En su obra De Caligari a Hitler
–
una historia psicológica del cine alemán
(1974),
Siegfried Kracauer desarrolla un análisis del cine expresionista alemán como una forma de
entender las tendencias psicológicas
3
Alemania de 1918 a 1933. El libro no trata del cine en
sí, sino de un análisis social y psicológico de la Alemania pre-Hitleriana, tomando el cine más
como un medio de investigación que como el objeto de su investigación. Para Kracauer
(1998), en el análisis cinematográfico, a partir de la especificidad de un tiempo y contexto
dados, podría ayudarnos a comprender no solo el fenómeno en sí, sino también el "espíritu del
tiempo". Las películas figuraban como expresiones de un inconsciente colectivo de la nación
("multitudes anónimas"), exteriorizando lo internalizado (inconsciente) y expresando, no
siempre con claridad, los deseos y ansiedades de las masas y su átomo constitutivo, el sujeto.
Según el autor, la película
El estudiante de Praga
, de 1913, introdujo en el cine un tema que
se convertiría en una obsesión de la cinematografía alemana de la época: "[...] una profunda y
terrible preocupación por los fundamentos de la i" (KRACAUER, 1988, p. 44). En estos
términos, el conflicto interno de la i se exteriorizaría a través de la constitución de un
Doppelgänger
: yo y el otro, el sujeto y la multitud, etc., y este doble marcaría la
representación del conflicto interno de la clase media alemana.
Películas
como El Golem
(1915)
y Homúnculo
(1916) representan personajes cuyos
rasgos de personalidad se originan en una anormalidad, o, más propiamente, Kracauer afirma
que la "i" de estos personajes exteriorizaría el inconsciente colectivo alemán en función de sus
3
Otras obras intentaron
a posteriori
analizar el período de dominación del Tercer Reich bajo ese mismo sesgo
psicológico:
Sueños en el Tercer Reich
de Charlotte Beradt (1966), y
La mente de Adolf Hitler, de
Walter Langer
(1972).
image/svg+xml
André CECHINEL y Rafael Rodrigo MUELLER
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1094-1108, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16983
1099
propias características como el resentimiento, la frustración, la inferioridad, el desprecio y el
odio. En este caso, el "yo colectivo" se expresa por la
figura del Doppelgänger
desde una
moral dividida, en la que los personajes "anormales" agruparían en sí mismos las
características no deseadas de la clase media alemana, haciendo al doble germánico (el "otro")
responsable de los males y crisis experimentados en el período, así como del aumento gradual
del nivel de inestabilidad social en el país.
La figura fantasmal y sobrenatural del doble presente en las películas del
expresionismo alemán pre-Hitler representaba las aflicciones que el colectivo no se dejaba
exteriorizar; así, como en la pantalla de cine, las representaciones simbólicas del otro ejercían
una especie de dominación social organizada a partir de un circuito de afectos como el
resentimiento, la venganza y el odio. Así, por la
figura del Doppelgänger
, los extractos
medios de la sociedad alemana de la época podían purgar sus demonios, normalizando su
sufrimiento psíquico y moral estabilizando artificialmente la inestabilidad social que se
vislumbraba en el horizonte histórico.
El papel de Doppelgänger
en las películas, según el
análisis de Kracauer (1988), era representar en el plano cinematográfico la forma-sujeto
atormentado en y por la vida cotidiana, sugiriendo que esta entidad fantasiosa dividida (un
"sujeto virtual") estableció un vínculo orgánico con el ser colectivo real de ciertos extractos
de la sociedad alemana, hasta el punto de que la representación se convierte en la referencia
para el sujeto mismo.
En primera lectura, el hallazgo del autor se limitaría a los elementos
espaciotemporales y las dimensiones políticas y culturales de Alemania durante el ascenso del
nazismo; sin embargo, es posible identificar en el argumento presente en el trabajo que tales
características psicológicas, supuestamente restringidas al país analizado, serían
consecuencias de algo presente en la constitución de la propia forma social moderna y que
encontraron terreno fértil para germinar en el contexto puesto. En este caso, nos referimos a
un proceso de división que establece una cierta forma de organización y ordenamiento
centrada en la dominación social y la jerarquía, y que exige una sujeción necesaria por parte
del individuo para acomodarse en esta estructura. Este proceso se basaría centralmente en una
razón instrumental que depende, para ser eficaz, de una racionalidad matemática y estadística,
en la que el ordenamiento presente instituye el futuro sobre bases exactas y, por tanto, sólidas
en su objetividad. Es decir, si las características de tal división identificadas en las obras del
expresionismo representaran simbólicamente un fenómeno que ya se manifestaba
objetivamente en la vida cotidiana alemana y más allá, sería posible predecir que esta
image/svg+xml
Gestión algorímica de la enseñanza y la educación en tiempos de incertidumbre
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1094-1108, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16983
1100
estructura social no solo se desarrollaría durante el siglo XX, sino que entraría en el siglo 21
bajo el mismo manto de razón calculadora que le ha proporcionado elementos para la gestión
de la sociedad moderna, en este caso, una nueva forma de organización y orden social
vinculada a una base científico-tecnológica acorde con las exigencias de nuestros tiempos.
El
Doppelgänger
del siglo 21, una figura socialmente dividida, habría sido protegido
en la misma forma social, pero ahora completamente desarrollado por una fusión entre las
tecnologías de la información y la comunicación (TICs) y la ciencia computacional,
fatalmente verificada por la omnipresencia de los algoritmos en nuestra vida cotidiana. Si la
indeterminación fuera la representación del horror moderno, y la forma de eliminarlo sería la
búsqueda incesante de un ordenamiento social y una jerarquización, se puede concluir
entonces, según Silveira (2019, p. 18), que "la sociedad operada por algoritmos parece ser un
destino pretendido por lo moderno". La creencia en la objetividad y neutralidad del
conocimiento, así como su necesidad de organización y clasificación, promesas científicas
típicas de la modernidad, son, de hecho, el núcleo duro de la tipificación de los algoritmos. En
cierto modo, es en la ambivalencia entre los síntomas de una modernidad del siglo 21 y la
algorítmica de las relaciones sociales que identificamos un proceso de gestión algorítmica de
la enseñanza, en el que la educación estaría sometida a la misma estructura de regulación de
los algoritmos, reproduciéndose con el colectivo docente, por lo tanto, un
Doppelgänger
formativo: un sujeto que, ante la imposibilidad de no tener su imagen circulando en las
distintas redes sociales, establece una "doble i" a partir de los datos que aporta en el universo
mediático, más concretamente, una identidad algorítmica. Aquí defendemos la tesis, como se
ha dicho, de que la naturalización de la gestión algorítmica en el ámbito de la educación
compromete la enseñanza tanto desde una dimensión colectiva como también en sus aspectos
individuales.
Algoritmo y Educación
Oh, dime, ¿quién fue el primero en declarar, en proclamar que el hombre
comete ignominias únicamente por no conocer sus intereses reales, y que
bastaría con instruirlo, abrir los ojos a sus intereses verdaderos y normales,
para que pueda ser inmediatamente ... amable y noble? ¡Oh, pequeño niño de
pecho! ¡Oh, criatura inocente y pura! (DOSTOIÉVSKI, 2000, p. 32-33).
Para los docentes, así como para otros trabajadores, el tiempo de aislamiento durante
la pandemia no era sinónimo de tiempo libre, como muchos insisten en afirmar,
asociando el
home office
con algo positivo en sí mismo. Lo que en realidad se verificó objetivamente fue
image/svg+xml
André CECHINEL y Rafael Rodrigo MUELLER
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1094-1108, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16983
1101
una profusión de actividades escolares que se desarrollan en la modalidad remota, generando
invariablemente una considerable cantidad de teletrabajo por parte de los docentes. Aparte del
espacio físico de la escuela y acogido por las diversas pantallas, la controvertida comodidad
del entorno privado, combinada con una especie de nueva "libertad" individual, contrasta con
la vigilancia velada operada por las
Big Techs
, que no solo organizan el contenido (datos),
sino también la forma en que estos son apropiados
(big data
). La oferta "gratuita" de
herramientas y servicios educativos por parte de partes de estas empresas tecnológicas, así
como la disponibilidad masiva de datos personales en la
web
por parte de docentes y
estudiantes, como parte del proceso de adaptación al estado pandémico, o la posible "nueva
normalidad", provocaron que la gestión algorítmica (a nivel colectivo) y las identidades
algorítmicas (a nivel individual) reorganizaran la vida cotidiana institucional de la educación
hasta el punto de naturalizar tanto el aislamiento del aislamiento (a nivel colectivo) como las
identidades algorítmicas (a nivel individual) para reorganizar la vida cotidiana institucional de
la educación hasta el punto de naturalizar tanto el aislamiento del aislamiento (tanto
aislamiento) como el aislamiento tanto del aislamiento del como un nuevo cara a cara a costa
de una opacidad formativa que nubla los límites de lo real y lo virtual en lo que respecta al
trabajo docente. En este contexto,
el Doppelgänger formativo
se constituye en estos espacios
sombreados entre lo presencial y lo virtual sometido a un modelo de organización social que
privilegia el algoritmo, la representación de la objetividad cuantificada, en detrimento del
propio ser.
Apesar de que hoy ya condonamos con diversas representaciones virtuales de
actividades docentes, como
edutubers
4
, el teletrabajo de los docentes durante la pandemia, a
través de clases a distancia, desdibujó los límites que antes permanecían discretamente
visibles. El uso ampliado de pantallas por parte de los docentes establece nuevas formas de
controlar el trabajo docente a través de dispositivos como los ampliamente difundidos "diarios
de clase en línea", donde los profesores proporcionan información sobre, entre otros, el
rendimiento de los estudiantes y el control de presencia. El punto central de estas
herramientas es que el acceso a su base de datos genera multitud de información sobre la
propia labor docente, creando posibilidades que van desde el ranking de rendimiento hasta
casos concretos de despido. Esta situación, incluso desde un punto de vista histórico, no sería
4
Con más de 3 millones de seguidores en su canal de Youtube, Débora Aladim, también conocida como la
"musa de ENEM", es la edutuber más destacada del panorama nacional, habiendo vendido cerca de 200.000
cursos online y cerca de 20.000 ejemplares de su libro Escritura infalible. Sobre la prueba de 2021, un informe
reciente indica que "9 de cada 10 estudiantes estaban más ansiosos por descubrir la opinión de la musa de Enem,
Deborah Aladim, sobre la prueba que por especular sobre el tema de la escritura" (DIAS, 2021).
image/svg+xml
Gestión algorímica de la enseñanza y la educación en tiempos de incertidumbre
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1094-1108, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16983
1102
necesariamente una novedad: en su libro
Algoritmos de Destrucción Masiva
(2020), Cathy
O'Neil utiliza, como ejemplo, como ejemplo de una forma de gestión algorítmica que ha ido
mejorando desde la década de 1980, casos relacionados con la educación en Estados Unidos,
que incluyen tanto el ranking descontextualizado de instituciones de educación superior,
como los despidos de docentes bien evaluados por la implementación, en ciertos estados
americanos, de sistemas algorítmicos basados en criterios no consistentes con la realidad
docente.
El reto identificado en los casos citados por O'Neil en el ámbito de la educación se
refería a la dificultad de establecer la evaluación (ya sea de docentes o incluso de instituciones
de educación superior) basada efectivamente en criterios objetivos; por lo tanto,
correspondería a los sistemas algorítmicos realizar la tarea de eliminar cualquier remanente de
subjetividad que pudiera perjudicar el proceso de evaluación tan necesario para el buen
desempeño de sujetos e instituciones. Lo que se observa en vista de esta dinámica específica
es el retiro mutuo del ser humano del proceso de evaluación, así como la omnipresencia del
sujeto algorítmico en el espacio educativo, delegando en él las decisiones relevantes que
interfieren directamente en la forma en que se debe organizar y gestionar el trabajo docente. Y
ese parece ser el elemento central que ha permeado el contexto educativo particularmente en
su versión virtual.
online
: la posibilidad incontestable, por parte de los algoritmos, de dictar
sutilmente el ritmo y el tono de la enseñanza, haciendo que la identidad algorítmica
prevalezca a través del
Doppelgänger
formativo
al que está sometido el profesor.
El trabajo concreto de la labor docente pierde fuerza y visibilidad con el rizoma
multidimensional que establece su representación virtual, tanto desde la gestión algorítmica -
el sujeto sin cuerpo- como desde sus avatares, los
edutubers
, que llaman la atención de cientos
de miles de alumnos con su escalofrío y poca reflexión. La paradoja del no presencialismo
dejó sus huellas en la rutina escolar no solo por la inconstancia del aprendizaje, sino también
por la inestabilidad praxeológica en la que se encuentra el sujeto de enseñanza en cuanto a su
desempeño bidimensional: por un lado, el distanciamiento del espacio escolar también llevó a
la eliminación de una serie de situaciones no deseadas (que van desde la violencia física hasta
el
síndrome de burnout
, por ejemplo); por otro lado, la ubicuidad de las
clases online generó
una predisposición algorítmica por parte de los docentes respecto al control de su vida
profesional por parte de las
Big Techs
. Contradictoriamente, las posibles líneas de escape en
la labor docente del aula desaparecieron durante el llenado de los diarios
online
y en el flujo
ininterrumpido característico de las clases virtuales a través de contactos permanentes entre
image/svg+xml
André CECHINEL y Rafael Rodrigo MUELLER
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1094-1108, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16983
1103
estudiantes y profesores a través de
WhatsApp
, mejorando sustancialmente la gestión
algorítmica del profesorado. Está en y por el control de los datos puestos a disposición por
los profesores en las diversas plataformas
online
(de diarios a teleconferencias) que
actualmente es posible evaluar el desempeño docente individual y colectivo a niveles que
hasta entonces no se considerarían sin el aislamiento que brinda la pandemia del Covid-19.
Experimentamos en el espacio de la educación lo que Naomi Klein identifica como la
doctrina del shock:
[...] el desastre original
–
golpe de Estado, ataque terrorista, liquidez del
mercado, guerra, tsunami, huracán
–
pone a toda la población en un estado de
shock colectivo. [...] Al igual que el prisionero aterrorizado que renuncia a
los nombres de sus compañeros y renuncia a su propia fe, las sociedades en
estado de shock a menudo renuncian a cosas que en otras situaciones habrían
defendido con todas sus fuerzas (KLEIN, 2008, p. 26-27).
Aunque la vigilancia algorítmica ya se sentía antes de la pandemia, el estado de shock
vía aislamiento proporcionaba paso libre para que nuevos espacios pudieran evidenciar la
omnipresencia de
la gestión
a través del
Big Data
, como es el caso de la escuela. La defensa
de una actuación presencial incontestable por parte de los docentes ya no se presenta con la
misma fuerza respecto a los primeros días de la pandemia, pues el ser social virtual docente,
en cierta medida, acabó convirtiéndose en el referente ideal
del Formativo Doppelgänger
. El
espacio escolar no es visto como el no-lugar de la gestión algorítmica, un contrapunto
situacional no habitado
por likes
y
selfies
que se multiplican en la noosfera virtual; de hecho,
lo que queda en los documentos oficiales para la Educación Básica
–
como la Base Curricular
Nacional Común (BNCC)
–
son las diversas formas de estímulos
online
que luego deben
incorporarse incondicionalmente al proceso formativo como posibilidades de alinear el
currículo escolar con las demandas de la sociedad, tanto que una de las diez competencias
generales que guían el BNCC es la llamada "cultural digital". En estos términos, las
exigencias que planteaba la estructura normativa de la Educación Básica ya estimulaban lo
que la pandemia intentaba potenciar: la naturalización, en nuestros tiempos, de una sociedad
gestionada por las
BigTechs
a partir del
Big Data
.
En el documental de 2020
Coded Bias
, vimos el caso de un maestro de escuela
primaria de Houston, Texas, con una historia ejemplar que fue despedido después de un
análisis sesgado por un algoritmo de evaluación del desempeño. En el libro de Cathy O'Neil,
el decano del sistema de escuelas secundarias de Washington, D.C., implementó un sistema
de evaluación de maestros que "tenía como objetivo medir la efectividad del maestro [...]
image/svg+xml
Gestión algorímica de la enseñanza y la educación en tiempos de incertidumbre
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1094-1108, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16983
1104
enseñanza de matemáticas y habilidades lingüísticas" (O'NEIL, 2020, p. 10). Lo que se
diagnosticó tras la implementación del mencionado sistema de modelización de valor
agregado fue, de hecho, que incluso los docentes evaluados positivamente por el grupo de
padres y alumnos de los centros escolares, en base a los criterios establecidos por el sistema
algorítmico, fueron considerados didácticamente no aptos en su despacho. El diagnóstico
sobre una gestión algorítmica de la enseñanza ya no sería una tendencia a venir, sino una
presencia fantasmal que no se presenta en su totalidad. Todo esto se hace bien por
el
Doppelgänger formativo
de la enseñanza es, que compite consigo mismo por la atención de
los alumnos/espectadores, o bien por el
quantum
datos disponibles y gestionados en
plataformas educativas
online
, o por la indiscutible positivización de una sociedad conectada
que considera la tarea más urgente de la escuela de nuestro tiempo la de proporcionar la
inmersión profunda de los estudiantes en el mundo de la hiperconectividad. Las huellas
dejadas por la presencia algorítmica sensible/supersensible se muestran en y por la condición
individual, ahora conforman los contornos de la sociedad ampliada, de modo que el mensaje
transmitido es que cuanta más objetividad y organización social se busca a través de la
algorítmica, menos circula el ser y más circula la cosa
–
o, al menos, lo que gozaría de un
mayor grado de autonomía sería la representación de unos, la identidad algorítmica del sujeto.
Si en la obra de Kracauer el
Doppelgänger
–
como representación simbólica de un
extracto de la sociedad alemana de la época
–
tenía la función de exteriorizar desde la figura
del "otro" sufrimiento psíquico en un intento de reordenar el caos social, la educación, basada
en la tecnociencia del siglo 21, constituyó su
Doppelgänger
más concretamente la asignatura
algorítmica de un profesor, como representación de una persona virtualizada y alternativa al
sufrimiento psíquico producido en el espacio presencial. La división de la asignatura docente
que proporciona la gestión algorítmica establece simultáneamente una doble identidad al
docente, haciendo que circule por dos espacios concomitantes para ejercer su cargo. Debido al
redimensionamiento de estos mismos espacios formativos a partir del aislamiento pandémico,
lo virtual se superpuso -en una escala social jerárquica- con lo presencial. En este sentido, es
como si la asignatura algorítmica del profesor, o el quantum datos que ese mismo profesor
pone a disposición sobre sí mismo en las distintas redes sociales y plataformas
online
,
establecer no sólo un ideal de sí mismo, sino también un
ideal de enseñanza de sí mismo
,
proporcionar al sujeto que asiste al espacio del aula un lugar más pequeño en la escala de
representación social. En estos términos, la figura del "extraño", "anormal", "maligno",
atribuida
al Doppelgänger en la
literatura o en piezas cinematográficas, ya no estaría ligada al
image/svg+xml
André CECHINEL y Rafael Rodrigo MUELLER
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1094-1108, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16983
1105
"sujeto virtual", sino al sujeto real, al que ahora, por su incapacidad mediática y algorítmica,
se enfrenta a su doble yo con resentimiento y resentimiento, reinstituyendo un circuito de
sufrimiento psíquico que se produce en una dimensión y se reproduce en otra. Y si
los datos
(big data
) enmascaran el sufrimiento individual a través de su circulación ininterrumpida, la
gestión algorítmica de la enseñanza permite lo que supuestamente el mundo real nunca ha
logrado: un control a
tiempo completo
sobre el desempeño docente basado en criterios
objetivos y cuantificables.
La identificación de lo que serían los posibles indicios de lo que aquí llamamos la
gestión algorítmica de la enseñanza parece ser una de las tareas de nuestro tiempo con
respecto a la experiencia formativa, y quizás por ello sea necesario plantear la siguiente
pregunta: si la educación y su lugar preferido, la escuela, no se sitúan como medio y espacio
político de contrapunto al proceso de gestión algorítmica, ¿Dónde estaría ubicado socialmente
el "freno de emergencia" para tal condición?
Consideraciones finales
[...] Pronto, todas las cosas parecieron apuntar a esto: que lentamente perdí el
control de mi idea original y mejor, y lentamente me incorporé a la segunda
y peor (STEVENSON, 2019, p. 314).
Pensar en la reconfiguración dividida de la subjetividad de los agentes educativos hoy
significa pensar, al mismo tiempo, la incómoda posición que la propia formación institucional
se ve obligada a ocupar en el contexto del neoliberalismo algorítmico y su desarrollo durante
la pandemia del Covid-19. La educación, más que nunca, parece encajar en la tarea de ajustar
definitivamente entre dos posiciones o lugares que, en aras de la verdad, son irreconciliables,
y que delimitan su concepto y los límites de su actividad. Por un lado, educar es simplemente
adaptarse, ajustarse para la supervivencia individual en un mundo instituido a priori, en una
realidad cuyas reglas son síntomas sólo de una impotencia general e inevitable. Por otro lado,
la educación podría ser pensada como una esfera autónoma que, ante las crecientes presiones
de actualización de su naturaleza, ya sea por las llamadas nuevas tecnologías, por el mundo de
los negocios que se facilita a todas las esferas de la vida, por la necesidad de aflojar la "i"
hasta el punto de producir un sujeto maleable y de acuerdo con el flujo inestable del campo de
trabajo, entre otros, sostiene que la fuerza de su realidad radica precisamente en este
desajuste entre lo que se le pide y lo que ella elige elaborar como necesidad común. En otras
palabras, la educación correspondería a la no actualidad de un concepto, o más bien a la
image/svg+xml
Gestión algorímica de la enseñanza y la educación en tiempos de incertidumbre
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1094-1108, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16983
1106
materialización crítica, incluso institucional, de la escasa conciencia de la época, es decir, del
residuo formativo que ya no encuentra cobijo en otros espacios sociales. Este concepto de
educación sería consciente de que cuando caen los muros institucionales de la escuela y la
universidad, cuando las cuatro paredes del aula se derrumban como una esfera autónoma, lo
que queda no es el surgimiento de una formación "alternativa", "desierarquizada", sino más
bien la apropiación de su contenido por la lógica de la mercancía que es, de hecho, su rotunda
negación. Y cuando el interior del concepto de educación finalmente se vaya, vale la pena
preguntarse si no deberíamos cambiar también ese nombre.
A pesar de la relación muy productiva entre el movimiento de mercancías y lo que
sucede en las escuelas y universidades
–
el libro de Naomi Klein
Sin logotipo
(2002), es un
poderoso retrato de la convivencia pacífica entre fuerzas aparentemente contradictorias, como
la educación, el marketing y el consumo
–
las nociones como "introspección "atención",
"formación", etc., que hasta ayer establecían el horizonte mínimo de las prácticas educativas,
se convirtieron en formas antipáticas al régimen temporal del capitalismo 24/7 y su mecánica
de producción y circulación de estímulos y productos. Lejos de cualquier lección crítica sobre
la relevancia de un cara a cara que nos ha sido robado repentinamente, la indisociabilidad
entre cuerpo, alteridad y educación, el legado más concreto que ha dejado el Covid-19, hasta
la fecha, ha sido el de perforar lo que entendemos sobre el concepto de Educación para
actualizarlo en relación con las demandas del capitalismo emergente y la gestión ampliada de
la atención. El campo de la educación está cada vez más atravesado, él también, a través de
todo un contexto "de exceso de contenido visual, informativo e interactivo", y "lo que está en
disputa es la atención (y el tiempo) para acceder y consumir todo este océano de ofertas"
(BENTES, 2021, p. 47). El aula se filtra, se transciende, y con ella parte la subjetividad de los
docentes y otros agentes escolares, que ahora necesitan "estimular" a los alumnos, "captar" su
mirada, "gestionar" sus comportamientos e "investigar" la interactividad de los recursos de los
que disponen. Estos mismos docentes, vale la pena recordar, son sometidos a un esquema
similar para controlar los ingresos y el esfuerzo asistencial, siendo investigadas sus acciones,
entre otros, mediante dispositivos para controlar el número de accesos, tiempo de uso e
interacciones rutinarias que se producen en diarios digitales, plataformas interactivas, salas de
estudio virtuales, etc. Esta nueva nomenclatura educativa, que se convierte en el campo
conceptual actual de lo que todavía llamamos escuela o universidad, corresponde nada más,
nada menos que a lo que podríamos clasificar como un "giro algorítmico" de la enseñanza, es
decir, un ajuste y actualización del aula a una formación hiperpersonal, "optimizada" según
image/svg+xml
André CECHINEL y Rafael Rodrigo MUELLER
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1094-1108, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16983
1107
una temporalidad estrictamente individual y dirigida a la producción de un
Homo Economicus
que vive y trabaja de acuerdo a las plataformas digitales, la producción y circulación de
estímulos y la captación de la atención de los demás.
Todo esto puede parecer, en este momento, un ejercicio de futurología, una
anticipación temprana de un futuro impredecible, cerrado a nuestros ojos. Pero no debemos
engañarnos aquí: las semillas de este proceso están dispersas por todas partes, en campos muy
fértiles, como la Base Curricular Nacional Común de Brasil, aprobada en forma de ley en
2017. "Itinerarios formativos", "proyectos de vida", "habilidades socioemocionales",
"senderos formativos": todos estos conceptos que expresan una formación centrada en el
individuo y en armonía con la nueva razón del mundo, como se atestiguan muchas de las
competencias generales previstas para la Educación Básica en el mismo documento del MEC:
"c
ultura digital", "proyecto de trabajo y vida", "autoconocimiento y autocuidado”, “empatía y
cooperación", "responsabilidad y autonomía". Nunca pudimos anticipar en la medida exacta
cuánto ganaría esta abundancia del prefijo "auto" en el BNCC contornos dramáticos y muy
reales durante la pandemia de Covid-19, instante en que la formación comenzó a
corresponder, casi exclusivamente, al sujeto que se para frente a las pantallas y, abandonado a
su propia suerte
–
como tener o no una pantalla de calidad para sí mismo
–
, administra un
torrente de estímulos a menudo desconcertados.
En la literatura, el encuentro o convivencia con el
doble fantasista, con el
Doppelgänger
, suele ser un presagio de muerte inminente, o que la muerte incluso ha
sucedido, en silencio, sin ser notado. Esto es lo que sucede en libros como
El médico y el
monstruo
, por Robert Louis Stevenson,
El retrato de Dorian Gray
, de Oscar Wilde, en los
fantásticos cuentos de Henry James, entre muchos otros. Pero esta regla tiene sus
excepciones. En el cuento de Joseph Conrad,
The secret sharer
, por ejemplo, es a través del
contacto con su doble, con su "cómplice" o "compañero secreto", que el joven capitán de un
barco -un joven capitán rechazado y confrontado por todos los demás miembros de la
tripulación- recupera el autocontrol y decide la seguridad final de su viaje. El encuentro con el
otro que pronto soy, en este caso, menos que el anuncio de la disolución de sí mismo,
significa la reanudación de la autonomía requerida de quienes realizan el viaje. Ahora que el
Doppelgänger
de la educación nos mira como una bestia al acecho, solo podemos
preguntarnos si algún conocimiento nuevo, si es que hay una síntesis productiva, puede
provenir de tal confrontación, de modo que el concepto de formación pueda reconstruirse en
medio de su creciente rechazo.
image/svg+xml
Gestión algorímica de la enseñanza y la educación en tiempos de incertidumbre
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1094-1108, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16983
1108
GRACIAS
: Fundación de Apoyo a la Investigación Científica y Tecnológica del Estado de
Santa Catarina (FAPESC).
REFERENCIAS
BENTES, A. A indústria da influência e a gestão algorítmica da atenção.
In:
FERREIRA, M.;
BOCK, A. M. B.; GONÇALVES, M. G. M.
Estamos sob ataque
! Tecnologia de
comunicação na disputa de subjetividades. São Paulo: Instituto Silvia Lane, 2021.
CODED Bias. Direção: Shalini Kantayya. Netflix, jan. 2020. (85 min). Disponible en:
https://www.netflix.com/watch/81328723. Acceso: 18 dic. 2020.
DIAS, P. Nove entre 10 estudantes estavam mais ansiosos em descobrir opinião da musa do
Enem, Débora Aladim, sobre a prova do que especular sobre tema da redação.
Yahoo!notícias
, nov. 2021 Disponible en: https://br.noticias.yahoo.com/nove-entre-10-
estudantes-estavam-182349658.html. Acceso: 30 nov. 2021.
DOSTOIÉVSKI, F.
Memórias do Subsolo
. Tradução: Boris Schnaiderman. São Paulo:
Editora 34, 2000.
ELIOT, T. S.
Obra Completa
: Poesia. S
a
o Paulo: Arx, 2004.
KLEIN, N.
A doutrina do choque
: A ascensão do capitalismo de desastre. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 2008.
KLEIN, N.
Sem Logo
. A tirania das marcas em mundo vendido. Rio de Janeiro: Record,
2002.
KRACAUER, S.
De Calighari à Hitler
: Uma história psicológica do Cinema Alemão. Rio de
Janeiro: Zahar, 1988.
O'NEIL, C.
Algoritmos de destruição de massa
: Como o big data aumenta a desigualdade e
destrói a democracia. Santo André: Editora Rua do Sabão, 2020.
POE, E. A.
Medo clássico
. Rio de Janeiro: Darkside Books, 2018.
SALDAÑA, P. Pandemia desafia professores e traz alívio a quadro geral de depressão e
burnout.
In
:
Folha de São Paulo,
jan. 2021. Disponible en:
https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2021/01/pandemia-desafia-professores-e-traz-alivio-
a-quadro-geral-de-depressao-e-burnout.shtml?origin=folha. Acceso: 08 dic. 2021.
SILVEIRA, S. A.
Democracia e os códigos invisíveis:
Como os algoritmos estão modulando
comportamentos e escolhas políticas. São Paulo: Edições SESC, 2019.
STEVENSON, R. L.
O médico e o monstro e outros experimentos
. Rio de Janeiro:
Darkside Books, 2019.
image/svg+xml
André CECHINEL y Rafael Rodrigo MUELLER
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1094-1108, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16983
1109
ZANFER, G. Síndrome da Gaiola caracteriza jovens que não querem contato com o mundo
exterior.
Jornal da USP
, 2021. Disponible en: https://jornal.usp.br/atualidades/sindrome-da-
gaiola-caracteriza-jovens-que-nao-querem-contato-com-o-mundo-exterior/. Acceso: 08 dic.
2021.
Cómo hacer referencia a este artículo
CECHINEL, A.; MUELLER, R. R. Gestión algorímica de la enseñanza y la educación en
tiempos de incertidumbre.
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação
, Araraquara,
v. 17, n. esp. 2, p. 1094-1109, 2022. e-ISSN: 1982-5587. DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16983
Presentado en
: 22/12/2021
Revisiones requeridas
: 16/02/2022
Aprobado en
: 10/04/2022
Publicado en
: 30/06/2022
Procesamiento y edición: Editora Ibero-Americana de Educação.
Corrección, formateo, normalización y traducción.
image/svg+xml
Algorithmic teaching management and education in times of uncertainty
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1091-1105, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16983
1091
ALGORITHMIC TEACHING MANAGEMENT AND EDUCATION IN TIMES OF
UNCERTAINTY
GESTÃO ALGORÍTMICA DA DOCÊNCIA E EDUCAÇÃO EM TEMPOS DE
INCERTEZA
GESTIÓN ALGORÍMICA DE LA ENSEÑANZA Y LA EDUCACIÓN EN TIEMPOS DE
INCERTIDUMBRE
AndréCECHINEL
1
Rafael Rodrigo MUELLER
2
RESUMO
: Este artigo propõe-se a discutir as memórias educativas em tempos pandêmicos a
partir da análise de um fenômeno recente, a saber, o crescente controle algorítmico da
docência e da educação. Em poucas palavras, a pandemia da Covid-19 serviu e tem servido ao
propósito de produzir o alinhamento entre, por um lado, o chamado capitalismo atencional e
sua produção e acúmulo permanente de estímulos e dados, e, por outro, o espaço institucional
das práticas educativas, até então pensado em termos de relativa autonomia e
autocentramento. Para defender o argumento, dividimos o artigo em dois momentos:
primeiro, assinalamos o surgimento de uma desconfortável figura para o campo da educação,
o duplo ou
Doppelgänger
educacional; a seguir, discutimos o laço, cada vez mais sólido, entre
gestão algorítmica e educação. O que se busca demonstrar, em suma, é que a educação
constitui um campo fértil para o acúmulo de dados e a produção de estímulos segundo as
demandas do capitalismo hoje, e que a pandemia da Covid-19 serviu para acelerar um
processo de aclimatação e controle do campo já antes em curso.
PALAVRAS-CHAVE
: Educação. Covid-19. Doppelgänger. Algoritmos. Atenção
.
RESUMEN
: Este artículo propone discutir las memorias educativas en tiempos de pandemia
a partir del análisis de un fenómeno reciente, a saber, el creciente control algorítmico de la
enseñanza y la educación. En pocas palabras, la pandemia de Covid-19 sirvió y ha servido
para producir el alineamiento entre, por un lado, el llamado capitalismo atencional y su
producción y acumulación permanente de estímulos y datos, y, por otro, el espacio
institucional de las prácticas educativas, hasta entonces pensado en términos de relativa
autonomía. Para defender el argumento, dividimos el artículo en dos momentos: en primer
lugar, señalamos la aparición de una figura incómoda para el campo de la educación, el
doble educativo o Doppelgänger; a continuación, discutimos el vínculo cada vez más sólido
entre la gestión algorítmica y la educación. Lo que se pretende demostrar, en resumen, es que
la educación constituye un campo fértil para la acumulación de datos y la producción de
1
University of the Extreme South of Santa Catarina (UNESC), Criciúma – SC – Brazil. Professor of the Graduate
Program in Education. Doctorate in the Graduate Program in Literature (UFSC). ORCID: https://orcid.org/0000-
0002-6620-3447. E-mail: andrecechinel@unesc.net
2
University of the Extreme South of Santa Catarina (UNESC), Criciúma – SC – Brazil. Professor of the Graduate
Program in Education. Doctorate in Education (UFSC). ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6637-2948. E-mail:
rrmueller@unesc.net
image/svg+xml
André CECHINEL and Rafael Rodrigo MUELLER
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1091-1105, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16983
1092
estímulos de acuerdo con las demandas del capitalismo actual, y que la pandemia de la
Covid-19 sirvió para acelerar un proceso de aclimatación y control de campo ya en marcha.
PALABRAS CLAVE
: Educación. Covid-19. Doppelgänger. Algoritmos. Atención.
ABSTRACT
: This article intends to discuss educational memories in pandemic times based
on the analysis of a recent phenomenon, namely, the growing algorithmic control of teaching
and education. In a few words, the Covid-19 pandemic served and has served the purpose of
producing an alignment between, on the one hand, the so-called attentional capitalism and its
production and permanent accumulation of stimuli and data, and, on the other hand, the
institutional space of educational practices, until recently thought of in terms of relative
autonomy and self-centeredness. In order to defend this thesis, the article is divides into two
moments: first, it points out the emergence of an uncomfortable figure for the field of
education, the educational double or Doppelgänger; after that, it discusses the increasingly
solid link between algorithmic management and education. What is intended to demonstrate,
in short, is that education constitutes a fertile field for the accumulation of data and the
production of stimuli according to the demands of capitalism today, and that the Covid-19
pandemic has served to accelerate a process of acclimatization and field control already in
course.
KEYWORDS
: Education. Covid-19. Doppelgänger. Algorithms. Attention.
Introduction
The momentary cooling down of the Covid-19 pandemic in Brazil opens space and
invites, especially the field of Education, to reflect both on the reconfigurations of educational
practices resulting from the experiences accumulated during the years 2020-2021 and, in
particular, on the teaching memories, the identity displacements, and the affective transits that
have radically reorganized and transformed what we had previously conceived as the final
horizon of our pedagogical activities. Whether it is being gathered at home to give remote
classes in an often improvised space, often crossed by constant interruptions of external
stimuli that now also make up this new school space, or through the production of materials -
videos, audios, handouts, visual resources, etc. - for synchronous or asynchronous, face-to-
face or remote meetings, what is certain is that no teacher has emerged unscathed from the
new educational contours in classrooms measured in inches. Cautiously waiting for the "new
normal" - which has always been announced, but until today has been rejected due to the
improvisations resulting from the frequent resumes and suspensions of a presence that, it
seems, will no longer be the same - we remain suspended, as in the verses of Eliot (2004, p.
181), "between idea / And reality / Between movement / And action [...] / Between
image/svg+xml
Algorithmic teaching management and education in times of uncertainty
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1091-1105, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16983
1093
conception / And creation / Between emotion / And reaction". It is time to, as they say, "close
for balance".
And it is not exactly a simple task to take stock of what has happened. At first, we could
assume that, after almost two years of schools functioning intermittently, of classes
precariously taught through electronic devices, of little or no contact with other people - with
an "other" that was fated to be associated to the contagion of a disease or even to the virtual
company of death -, teachers and students would be, at this point, past the most serious
moment of the pandemic, anxious for the restitution of a strong presence, of an expensive
concept of education grudgingly abandoned, of a physical performance of the body without
which the very concept of education loses its strongest meaning. We could imagine all of this,
but it does not accurately correspond to the scenario that actually represents what is
happening right now. We are not only talking here about the slow pace that takes over Higher
Education and that, unlike what happens in Basic Education, indefinitely postpones the return
to presence under a public health argument that no longer seems to hold in any other social
space; nor are we only referring to the so-called "cage syndrome" (cf. ZANFER, 2021), an
expression used to designate the growing feeling among young people - greatly accentuated
by the Covid-19 pandemic - that socialization processes produce suffering and reserve
unforeseen things that are completely absent from a life spent between four walls, in the
bedroom of the home, but connected to the outside by computer screens and cell phones.
These symptoms of "self-absorption" and private management of life, which reveal a growing
abandonment of the sense of formation as a plunge into a world of alterities and productive
friction, are deeply revealing and deserve due attention, but do not constitute the core of our
concern here.
Now, what some studies actually reveal - and this fact announces an unforeseen facet of
the memories of the pandemic that we might expect - is that for many teachers, despite the
immense challenges introduced by it, the Covid-19 pandemic was also a moment of "relief"
for a whole general picture of depression, physical exhaustion, professional disillusionment,
and psychological instability linked to the profession. According to a research on the mental
health and well-being of teachers, coordinated by researcher Flavio Comim, professor at the
Ramon Llull University (Barcelona) and Cambridge University (United Kingdom), "the
period slowed down the high rates of depression and burnout syndrome identified among
Brazilian teachers. In other words, "it is as if the work in Brazilian schools was more
damaging to the mental health of these professionals than the instability caused by a
image/svg+xml
André CECHINEL and Rafael Rodrigo MUELLER
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1091-1105, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16983
1094
pandemic" (SALDAÑA, 2021). If the data from the survey are correct - and they serve, at
least, as an element for reflection - the teachers were simply exhausted before Covid-19,
which ended up serving them as a momentary detour from a massacring routine, despite, as
said, all the suffering arising from the difficulties of adaptation to the new teaching reality and
the broader scenario of the pandemic itself, which could never detach itself from the
improvised teaching and a "classroom" without a classroom. In the end, perhaps the study
points to a trend that only worsened with the pandemic, but certainly anticipates it: the charm
exerted by a virtualization of education that promises formative enlightenment without the
discomfort of having to deal with many of the misfortunes of the profession and the
classroom.
This indecision between the face-to-face form and the virtualization of formative
processes - now embedded in the subjectivity of teachers themselves - seems to update, for
the field of education, a logic of complementarity between the virtual and the real that is
already expanding to all fields of human life. In short, one of the legacies of the Covid-19
pandemic for the field was, then, the final concretization of a new regime already underway
that concerns the accommodation of teachers to the inevitable production of a subjectivity
adjusted to the taste of time and to the social-virtual being required of all other professions.
Instead of occupying a classroom capable of pulling students out of the virtual space of
games, computers and cell phones, and which, by insisting on the four walls as an
autonomous space, momentarily restores the possibility of a collective self-centered
attentional energy, teachers start acting as agents torn between a school space read as
anachronistic and the constant stimuli that must be produced in the virtual platforms that
accumulate data and information about everyone and everyone. This article proposes, in
general terms, to argue that the pandemic places us in the antechamber of something that we
could call an "algorithmic management of teaching", reconfiguring the figure of the teacher as
a kind of contemporary Doppelgänger, a subject divided between, on the one hand, a
discourse of life in common, of community, and, on the other, the life algorithmically
instituted by screens, accumulation of data and virtualization of social contacts. To defend this
position, we divide the text into two main moments: first, we present the modern genesis of
the Doppelgänger as an example of the modern split of the self; then, we specifically discuss
the link between education and the algorithmic management of life and, also, of education.
What we hope to indicate, finally, is that the real/virtual schism of the teacher, accentuated by
the Covid-19 pandemic, corresponds to the algorithmic actualization of a historical destiny
image/svg+xml
Algorithmic teaching management and education in times of uncertainty
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1091-1105, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16983
1095
that teachers and education should resist, namely, the ordering control of the notion of cultural
formation.
The Cultural Formation of the Double
The evidence of this discovery was how perfectly he imitated me in the way
he spoke and acted, and in the admirable way he played his part. [...] he did
not, of course, venture into my higher tones, but the tone was identical: his
peculiar whisper became an impeccable echo of mine (POE, 2018, p. 39).
In his work From Caligari to Hitler - A Psychological History of German Cinema
(1974), Siegfried Kracauer develops an analysis of German expressionist cinema as a way to
understand the dominant psychological tendencies in Germany during the period from 1918 to
1933. The book is not concerned with cinema per se, but with a social and psychological
analysis of pre-Hitler Germany, taking cinema more as an investigative medium than as the
object of his research. For Kracauer (1998), cinematographic analysis, based on the specificity
of a given time and context, could help us understand not only the phenomenon itself, but also
the "spirit of the times". The films appeared as expressions of a collective unconscious of the
nation ("anonymous crowds"), externalizing the internalized (unconscious) and expressing,
not always clearly, the desires and anxieties of the masses and their constitutive atom, the
subject. According to the author, the 1913 film The Student from Prague introduced in cinema
a theme that would become an obsession in German cinematography of the time: "[...] a deep
and terrible concern with the fundamentals of the self" (KRACAUER, 1988, p. 44). In these
terms, the internal conflict of the self would be exteriorized through the constitution of a
Doppelgänger: self and other, subject and crowd, etc., and this double would mark the
representation of the internal conflict of the German middle class.
Films such as The Golem (1915) and Homunculus (1916) portray characters whose
personality traits have originated in an abnormality, or, more properly, Kracauer states that
the "I" of these characters would externalize the German collective unconscious based on its
own characteristics such as resentment, frustration, inferiority, contempt and hatred. In this
case, the "collective self" is expressed through the figure of the Doppelgängera from a split
moral, in which the "abnormal" characters would group in themselves the undesirable
characteristics of the German middle class, making the Germanic double (the "other")
responsible for the ills and crises experienced in the period, as well as for the gradual increase
in the level of social instability in the country.
image/svg+xml
André CECHINEL and Rafael Rodrigo MUELLER
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1091-1105, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16983
1096
The phantasmagoric and supernatural figure of the double present in pre-Hitler
German Expressionist films represented the afflictions that the collective self was not allowed
to externalize; in this way, just like on the movie screen, the symbolic representations of the
other exercised a kind of social domination organized from a circuit of affections such as
resentment, revenge and hatred. Thus, through the figure of the Doppelgänger, the middle
strata of German society at the time could purge their demons, normalizing their psychic and
moral suffering by artificially stabilizing the social instability that was visible on the historical
horizon. The function of the Doppelgänger in the films, according to Kracauer's (1988)
analysis, was to represent on the cinematographic plane the subject-form tormented in and by
everyday life, suggesting that this split phantasmatic entity (a "virtual-subject") established an
organic link with the real collective-being of certain strata of German society, to the point that
the representation became the referent for the subject itself.
At first reading, the author's observation would be limited to the space-time elements
and the political and cultural dimensions of Germany during the rise of Nazism; however, it is
possible to identify in the argument present in the work that such psychological
characteristics, supposedly restricted to the country analyzed, would be developments of
something present in the constitution of the modern social form itself and that found a fertile
ground to germinate in the given context. In this case, we are referring to a process of schism
that institutes a certain form of organization and ordering centered on social domination and
hierarchization, and that demands a necessary subjection on the part of the individual in order
to accommodate to this structure. Such process would be centrally based on an instrumental
reason that depends, in order to be effective, on a mathematical and statistical rationality, in
which the present order establishes the future on exact bases and, therefore, solid in its
objectivity. That is, if the characteristics of such a split identified in the works of
Expressionism symbolically represented a phenomenon that was already objectively
manifested in German daily life and beyond, it would be possible to predict that this social
structure would not only develop during the 20th century, but that it would enter the 21st
century under the same mantle of the calculating reason that provided it with elements for the
management of modern society, in this case, a new form of organization and social order
linked to a scientific-technological basis in accordance with the demands of our times.
The Doppelgänger of the 21st century, a socially split figure, would have a home in
the same social form, but now fully developed by a fusion between information and
communication technologies (ICTs) and computational science, fatally demonstrated by the
image/svg+xml
Algorithmic teaching management and education in times of uncertainty
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1091-1105, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16983
1097
omnipresence of algorithms in our daily lives. If indeterminacy would be the representation of
modern horror, and the way to eliminate it would consist in the incessant search for social
order and hierarchization, one can then conclude, in accordance with Silveira (2019, p. 18),
that "[a]n algorithmically operated society seems to be a fate intended by moderns." The
belief in the objectivity and neutrality of knowledge, as well as its need for organization and
classification-typical scientific promises of modernity-are in fact the hard core typification of
algorithms. In a way, it is in the ambivalence between the symptoms of a modernity of the
21st century and the algorithmization of social relations that we identify a process of
algorithmic management of teaching, in which education would be submitted to the same
regulatory structure of algorithms, thus reproducing with the teaching collective a
Doppelgängerformative: a subject who, faced with the impossibility of not having his image
circulating in the various social networks, establishes a "double self" from the data he makes
available in the media universe, more properly, an algorithmic identity. Here we defend the
thesis, as said, that the naturalization of algorithmic management in the field of education
compromises teaching from a collective dimension as well as in its individual aspects.
Algorithm and Education
Oh, tell me, who was the first to declare, to proclaim that man commits
ignominies only because he does not know his real interests, and that it
would be enough to instruct him, to open his eyes to his real and normal
interests, so that he would immediately [...] become kind and noble? Oh,
little child! Oh, innocent and pure creature! (DOSTOIÉVSKI, 2000, p. 32-
33).
For teachers, as well as for other workers, the isolation time during the pandemic was
not synonymous of free time, as many insist in stating, associating the home office to
something positive in itself. What was in fact objectively verified was a profusion of school
activities taking place remotely, invariably generating a considerable amount of telework by
the teachers. Separated from the physical space of the school and welcomed by several
screens, the controversial comfort of the private environment, combined with a kind of new
individual "freedom", contrasts with the veiled surveillance operated by Big Techs, which not
only organize the content (data), but also the way these are appropriated (big data). The "free"
offer of educational tools and services by these technology companies, as well as the massive
availability of personal data on the web by teachers and students, as part of the process of
adjustment to the pandemic state, or the possible "new normal", has caused algorithmic
image/svg+xml
André CECHINEL and Rafael Rodrigo MUELLER
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1091-1105, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16983
1098
management (at the collective level) and algorithmic identities (at the individual level) to
reorganize the institutional daily life of education to the point of naturalizing both isolation
and a new presence at the expense of a formative opacity that blurs the boundaries of the real
and the virtual in terms of the teaching work. In this context, the formative Doppelgänger is
constituted in these shadowed spaces between the presential and the virtual, submitted to a
model of social organization that privileges the algorithm, the representation of quantified
objectivity, to the detriment of the being in itself.
Even though today we already live with various virtual representations of teaching
activities, such as, for example, the edutubers
3
, the teleworking of teachers during the
pandemic, through remote classes, blurred the boundaries that previously remained discreetly
visible. The expanded use of screens by teachers establishes new forms of control over
teaching work through devices such as, for example, the widespread "online class diaries",
where teachers provide information regarding, among other things, student performance and
attendance control. The central point of these tools is that access to their database generates an
infinite amount of information about the teaching work itself, creating possibilities that range
from performance ranking to concrete cases of dismissal. This situation, even from a
historical point of view, would not necessarily be new: in her book Algorithms of Mass
Destruction (2020), Cathy O'Neil uses extensively, as an example of a form of algorithmic
management that has been improving since the 1980s, cases related to education in the United
States, which include both the decontextualized ranking of higher education institutions, as
well as the dismissal of highly evaluated teachers from the implementation, in certain
American states, of algorithmic systems based on criteria that are not consistent with the
reality of teaching..
The challenge identified in the cases cited by O'Neil in the field of education referred
to the difficulty of establishing the evaluation (whether of teachers or even higher education
institutions) effectively based on objective criteria; therefore, it would be up to the
algorithmic systems to perform the task of removing any remnant of subjectivity that could
harm the evaluation process so necessary for the good performance of subjects and
institutions. What we see in face of this specific dynamic is the mutual removal of the human
from the evaluation process, as well as the omnipresence of the algorithmic subject in the
3
With more than 3 million followers on her YouTube channel, Débora Aladim, also known as the "ENEM
muse," is the most prominent edutuber on the national scene, having sold nearly 200,000 online courses and
about 20,000 copies of her book Redação Infalível. About the 2021 exam, a recent report indicates that "9 out of
10 students were more anxious to find out what the muse of Enem, Débora Aladim, had to say about the exam
than to speculate about the theme of the composition” (DIAS, 2021).
image/svg+xml
Algorithmic teaching management and education in times of uncertainty
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1091-1105, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16983
1099
educational space, delegating to it the relevant decisions that directly interfere in the way the
teaching work should be organized and managed. And this seems to be the central element
that has been permeating the educational context, particularly in its online virtual version: the
uncontested possibility, on the part of algorithms, to subtly dictate the pace and tone of
teaching, making the algorithmic identity prevail through the Doppelgängerformative to
which the teacher is subjected.
The concreteness of the teaching work loses strength and visibility next to the
multidimensional rhizome that its virtual representation establishes, both from algorithmic
management - the subject without a body -, and from its avatars, the edutubers, who conquer
the attention of hundreds of thousands of students with their shiny gadgets and little
reflection. The paradox of non-presential presence has left its marks on daily school life not
only because of the inconstancy of learning, but also because of the praxeological instability
in which the teaching subject finds himself in terms of his double dimensional performance:
on the one hand, the distancing from the school space has also propitiated the removal of a
series of unwanted situations (ranging from physical violence to burnout syndrome, for
example); on the other hand, the 24/7 ubiquity of online classes has generated an algorithmic
predisposition on the part of teachers with regard to the control of their professional lives by
Big Techs. Contradictorily, the possible escape lines in the teaching work of the classroom
disappeared during the filling of online diaries and in the uninterrupted flow characteristic of
virtual classes through the permanent contacts between students and teachers via WhatsApp,
substantially enhancing the algorithmic teaching management. It is in and through the control
of the data made available by teachers on the various online platforms (from diaries to
teleconferences) that it is currently possible to evaluate individual and collective teaching
performance at levels that would not have been considered without the isolation provided by
the Covid-19 pandemic. We experience in the space of education what Naomi Klein identifies
as the shock doctrine:
[...] the original disaster - coup, terrorist attack, market liquidity, war,
tsunami, hurricane - puts the entire population in a state of collective shock.
[...] Like the terrified prisoner who gives up the names of his comrades and
renounces his own faith, societies in a state of shock often give up things
they would otherwise have defended with all their might (KLEIN, 2008, p.
26-27).
Even if the algorithmic surveillance was already felt before the pandemic, the shock
state via isolation provided the free passage so that new spaces could show the omnipresence
image/svg+xml
André CECHINEL and Rafael Rodrigo MUELLER
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1091-1105, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16983
1100
of management via big data, as is the case of the school. The defense of an uncontested face-
to-face performance by teachers no longer presents itself with the same force if compared to
the first days of the pandemic, even because the virtual social being of teachers, to a certain
extent, has become the ideal referent of the formative Doppelgänger. The school space is not
seen as the non-place of algorithmic management, a situational counterpoint not inhabited by
the likes and selfies that multiply in the virtual noosphere; In fact, what is left in official
documents for Basic Education - such as the Common National Curricular Base (BNCC in the
Portuguese acronym) -, are the various forms of online stimuli that should then be
unconditionally incorporated into the training process as possibilities to align the school
curriculum to the demands of society, so much so that one of the ten general competencies
that guide the BNCC is called "digital culture". In these terms, the demands posed by the
normative structure of Basic Education have already stimulated what the pandemic has tried
to enhance: the naturalization, in our times, of a society managed by Big Techs based on big
data.
In the 2020 documentary Coded Bias, we saw the case of an elementary school teacher
in the city of Houston, Texas, with an exemplary record being fired after a biased analysis by
a performance evaluation algorithm. In Cathy O'Neil's book, the dean of the Washington, DC
high school system implemented a teacher evaluation system that was "intended to measure
teacher effectiveness [...] in teaching math and language skills" (O'NEIL, 2020, p. 10). What
was diagnosed after the implementation of the aforementioned value-added modeling system
was, in fact, that even teachers positively evaluated by the schools' parent and student group
from the criteria established by the algorithmic system were found to be didactically inept in
their craft. The diagnosis of an algorithmic management of teaching is no longer a tendency to
come, but a phantasmatic presence that does not present itself in its totality, whether by the
formative doppelgänger of the teaching self, which competes with itself for the attention of
the students/spectators, or by the quantum of data made available and managed in online
educational platforms, or by the uncontested positivization of a connected society that
considers the most urgent task of the school of our time to be that of providing the deep
immersion of the students in the world of hyperconnectivity. The traces left by the
sensitive/supersensitive algorithmic presence are sometimes shown in and by the individual
condition, sometimes they make up the contours of the expanded society, so that the message
transmitted is that the more one seeks objectivity and social organization via algorithmization,
less circulates the being and more circulates the thing - or, at least, what would enjoy a greater
image/svg+xml
Algorithmic teaching management and education in times of uncertainty
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1091-1105, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16983
1101
degree of autonomy would be the representation of the self, the algorithmic identity of the
subject.
If in Kracauer's work the Doppelgänger - as a symbolic representation of an extract of
German society at the time - had the function of externalizing psychic suffering through the
figure of the "other" in an attempt to reorder the social chaos, education, based on 21st
century techno-science, has constituted its formative Doppelgänger, more precisely a teaching
algorithmic subject, as a virtualized representation of the self and an alternative to the psychic
suffering produced in the face-to-face space. The splitting of the teaching subject provided by
algorithmic management simultaneously institutes a double identity for the teacher, making
him/her circulate through two concomitant spaces to exercise his/her office. In this sense, it is
as if the algorithmic teaching subject, or the amount of data that this same teacher makes
available about himself in the various social networks and online platforms, established not
only an ideal of himself, but also a teaching ideal of himself, giving the subject who attends
the face-to-face classroom a smaller place in the scale of social representation. In these terms,
the figure of the "strange", "abnormal", "evil", attributed to the Doppelgänger in Literature or
in movie plays, would no longer be linked to the "virtual-subject", but to the real subject, the
one who now, due to his or her media and algorithmic incapacity, faces his or her double self
with resentment and resentment, reinstituting a circuit of psychic suffering that is produced in
one dimension and reproduced in another. And if data (big data) mask individual suffering
through their uninterrupted circulation, algorithmic teacher management enables what the real
world supposedly never achieved: full time control over teacher performance based on
objective and quantifiable criteria.
The identification of what would be the possible indications of what we name here as
the algorithmic management of teachers seems to be one of the tasks of our time regarding the
formative experience, and maybe that is why it is necessary to propose the following question:
if education and its preferred locus, the school, are not placed as a means and political space
to counteract the algorithmic management process, where would the "emergency brake" for
such a condition be socially located?
Final remarks
[...] Then everything seemed to point to this: that I was slowly losing control
of my original, better self, and slowly merging into the second, worse self..
(STEVENSON, 2019, p. 314).
image/svg+xml
André CECHINEL and Rafael Rodrigo MUELLER
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1091-1105, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16983
1102
Thinking about the split reconfiguration of the subjectivity of educational agents today
means thinking, at the same time, about the uncomfortable position that institutional
formation itself is forced to occupy against the backdrop of algorithmic neoliberalism and its
unfoldings during the Covid-19 pandemic. Education, more than ever, seems to have the task
of definitively adjusting itself between two positions or places that, to tell the truth, are
irreconcilable, and that delimit its concept and the frontiers of its activity. On one side, to
educate is merely to adapt, to adjust for individual survival in a world instituted
a priori
, in a
reality whose rules are only symptoms of a general and unavoidable impotence. On the other
hand, education could be thought of as an autonomous sphere that, faced with the increasing
pressures to update its nature - be it due to the so-called new technologies, by the business
world that spreads to all spheres of life, by the need to loosen the "I" to the point of producing
a malleable subject in conformity with the unstable flow of the work field, among others -,
maintains that the strength of its reality lies precisely in this mismatch between what is
requested of it and what it chooses to elaborate as a common need. In other words, education
would correspond to the outdatedness of a concept, or rather, to the critical materialization,
including institutional, of the bad conscience of the time, that is, of the formative residue that
no longer finds shelter in other social spaces. This concept of education would be conscious
that when the institutional walls of the school and the university fall down, when the four
walls of the classroom crumble as an autonomous sphere, what remains is not the emergence
of an "alternative", "de-hierarchized" education, but the appropriation of its content by the
logic of the merchandise that is, in fact, its emphatic negation. And when the interior of the
concept of education finally breaks down, one wonders if we should not also change this
name.
Despite the quite productive relationship between the circulation of goods and what
happens in schools and universities - the book “No Logo”, by Naomi Klein (2002), constitutes
a powerful portrait of the peaceful coexistence between apparently contradictory forces, such
as education, marketing and consumption - the truth is that notions like "introspection,"
"attention," "training," etc., that until yesterday established the minimum horizon of
educational practices, have become antipathetic forms to the time regime of 24/7 capitalism
and its mechanics of production and circulation of stimuli and products. Far from any critical
lesson about the relevance of a presence that was suddenly stolen from us, of the
inseparability between body, otherness, and education, the most concrete legacy left by
Covid-19, so far, has been that of perforating what we understand about the concept of
image/svg+xml
Algorithmic teaching management and education in times of uncertainty
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1091-1105, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16983
1103
Education in order to update it in relation to the demands of the emerging attentional
capitalism and the expanded management of attention. The field of education is also
increasingly crossed by a whole context "of excess visual, informational, and interactive
content", and "what is in dispute is the attention (and the time) to access and consume all this
ocean of offers" (BENTES, 2021, p. 47). The classroom is leaked, transpassed, and with it the
subjectivity of teachers and other school agents, who now need to "stimulate" the students,
"capture" their look, "manage" their behavior, and "check" the interactivity of the resources at
their disposal. These same teachers, it is worth remembering, are submitted to a similar
control scheme of performance and attentional effort, their actions being checked, among
others, by devices that control the number of accesses, time of use, and routine of interactions
that take place in digital diaries, interactive platforms, virtual study rooms, etc. This new
educational nomenclature, which becomes the current conceptual field of what we still call
school or university, corresponds to nothing more and nothing less than what we could
classify as an "algorithmic turn" in teaching, that is, an adjustment and updating of the
classroom to a hyperpersonal training, "optimized" according to a strictly individual
temporality and directed to the production of a
Homo Economicus
that lives and works in
function of digital platforms, the production and circulation of stimuli and the capture of the
other's attention.
All this may seem, at this point, an exercise in futurology, an early anticipation of an
unpredictable future, closed to our gaze. But we should not deceive ourselves here: the seeds
of this process are scattered everywhere, in extremely fertile fields, such as, for example, the
Brazilian Common National Curricular Base, approved in the form of law in 2017.
"Formative itineraries", "life projects", "socioemotional competencies", "formative trails" - all
these concepts that express a formation centered on the individual and in tune with the new
reason of the world, as many of the general competencies foreseen for Basic Education in the
same MEC document do not fail to testify: "digital culture", "work and life project", "self-
knowledge and self-care", "empathy and cooperation", "responsibility and autonomy". We
could never anticipate exactly how much this abundance of the prefix "self" in the BNCC
would gain dramatic and very real contours during the pandemic of Covid-19, an instant in
which the training has come to correspond, almost exclusively, to the subject that stands in
front of the screens and, abandoned to their own fate - such as whether or not to have a quality
screen for himself -, manages a torrent of stimuli not infrequently disconcerted.
image/svg+xml
André CECHINEL and Rafael Rodrigo MUELLER
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1091-1105, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16983
1104
In literature, the encounter or conviviality with the phantasmagoric double, with the
Doppelgänger, is usually a harbinger of imminent death, or that death has even already
happened, silently, without being noticed. This is what occurs in books such as Robert Louis
Stevenson's Strange Case of Dr Jekyll and Mr Hyde, Oscar Wilde's The Picture of Dorian
Gray, Henry James' fantastic tales, and many others. But this rule has its exceptions. In the
short story The secret sharer, by Joseph Conrad, for example, it is through contact with his
double, with his "accomplice" or "secret partner", that the young captain of a ship - a young
captain rejected and confronted by all the other crew members - regains self-control and
decides the final safety of his journey. The encounter with the other who I soon am, in this
case, less than an announcement of the dissolution of the self, means a resumption of the
autonomy required of the one who leads the voyage. Now that the Doppelgänger of education
stares at us like a beast on the prowl, we can only wonder if any new knowledge, if any
productive synthesis, can come from such a confrontation, so that the concept of formation
can be reconstructed in the midst of its growing refusal.
ACKNOWLEDGEMENTS
: Foundation for the Support of Scientific and Technological
Research of the State of Santa Catarina (FAPESC).
REFERENCES
BENTES, A. A indústria da influência e a gestão algorítmica da atenção.
In:
FERREIRA, M.;
BOCK, A. M. B.; GONÇALVES, M. G. M.
Estamos sob ataque
! Tecnologia de
comunicação na disputa de subjetividades. São Paulo: Instituto Silvia Lane, 2021.
CODED Bias. Direção: ShaliniKantayya. Netflix,jan. 2020. (85 min). Available at:
https://www.netflix.com/watch/81328723. Access on: 18 Dec. 2020.
DIAS, P. Nove entre 10 estudantes estavam mais ansiosos em descobrir opinião da musa do
Enem, Débora Aladim, sobre a prova do que especular sobre tema da redação.
Yahoo!notícias
, nov. 2021 Available at: https://br.noticias.yahoo.com/nove-entre-10-
estudantes-estavam-182349658.html. Access on: 30 Nov. 2021.
DOSTOIÉVSKI, F.
Memórias do Subsolo
. Tradução: Boris Schnaiderman. São Paulo:
Editora 34, 2000.
ELIOT, T. S.
Obra Completa
: Poesia. São Paulo: Arx, 2004.
KLEIN, N.
A doutrina do choque
: A ascensão do capitalismo de desastre. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 2008.
image/svg+xml
Algorithmic teaching management and education in times of uncertainty
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1091-1105, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16983
1105
KLEIN, N.
Sem Logo
. A tirania das marcas em mundo vendido. Rio de Janeiro: Record,
2002.
KRACAUER, S.
De Calighari à Hitler
: Uma história psicológica do Cinema Alemão. Rio de
Janeiro: Zahar, 1988.
O'NEIL, C.
Algoritmos de destruição de massa
: Como o big data aumenta a desigualdade e
destrói a democracia. Santo André: Editora Rua do Sabão, 2020.
POE, E. A.
Medo clássico
. Rio de Janeiro: Darkside Books, 2018.
SALDAÑA, P. Pandemia desafia professores e traz alívio a quadro geral de depressão e
burnout.
In
:
Folha de São Paulo,
jan. 2021. Available at:
https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2021/01/pandemia-desafia-professores-e-traz-alivio-
a-quadro-geral-de-depressao-e-burnout.shtml?origin=folha. Access on: 08 Dec. 2021.
SILVEIRA, S. A.
Democracia e os códigos invisíveis:
Como os algoritmos estão modulando
comportamentos e escolhas políticas. São Paulo: Edições SESC, 2019.
STEVENSON, R. L.
O médico e o monstro e outros experimentos
. Rio de Janeiro:
Darkside Books, 2019.
ZANFER, G. Síndrome da Gaiola caracteriza jovens que não querem contato com o mundo
exterior.
Jornal da USP
, 2021. Available at: https://jornal.usp.br/atualidades/sindrome-da-
gaiola-caracteriza-jovens-que-nao-querem-contato-com-o-mundo-exterior/. Access on: 08
Dec. 2021.
How to reference this article
CECHINEL, A.; MUELLER, R. R.
Algorithmic teaching management and education in times
of uncertainty.
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação
, Araraquara, v. 17, n.
esp. 2, p. 1091-1105, 2022. e-ISSN: 1982-5587. DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16983
Submitted
: 22/12/2021
Revisions required
: 16/02/2022
Approved
: 10/04/2022
Published
: 30/06/2022
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
Proofreading, formatting, normalization and translation.