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Ensino superior e o empoderamento feminino: Percursos possíveis em tempos de pandemia
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,
Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1149, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16985
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ENSINO SUPERIOR E O EMPODERAMENTO FEMININO: PERCURSOS
POSSÍVEIS EM TEMPOS DE PANDEMIA
EDUCACIÓN SUPERIOR Y EMPODERAMIENTO FEMENINO: CURSOS POSIBLES
EN TIEMPOS DE PANDEMIAS
HIGHER EDUCATION AND FEMALE EMPOWERMENT: POSSIBLE COURSES IN
TIMES OF PANDEMICS
Jaqueline Aparecida Martins ZARBATO
1
Lucinéia Scremin MARTINS
2
RESUMO
:
Esse artigo tem como objetivo refletir sobre as mulheres no Ensino Superior,
apontando a contribuição do feminismo nas rupturas e continuidades da inclusão de gênero.
Para tal, se analisam as possibilidades de inclusão e manutenção das ações em torno das
mulheres em duas instituições do centro oeste do Brasil em tempos de pandemia de SARS-
COV-19. Assim, se propõe uma análise sobre os diálogos possíveis nos aportes teóricos
acerca das ondas feministas no Brasil e no Ensino Superior, as abordagens sobre igualdade de
gênero, e os exemplos da busca pela manutenção e empoderamento das mulheres no Ensino
Superior no período pandêmico. Metodologicamente apresentam-se as abordagens do
movimento feminista, os diálogos sobre Ensino Superior brasileiro e mulheres, os percalços
diante da pandemia e as ações desenvolvidas na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
e Universidade Federal de Goiás, no centro oeste.
PALAVRAS-CHAVE
: Empoderamento feminino. Ensino superior. UFMS. UFG.
RESUMEN
:
Este artículo tiene como objetivo reflexionar sobre las mujeres en la Educación
Superior, señalando el aporte del feminismo en las rupturas y continuidades de la inclusión
de género. Para ello, analizamos las posibilidades de inclusión y mantenimiento de acciones
en torno a las mujeres en dos instituciones del centro oeste de Brasil en tiempos de la
pandemia SARS-COVID 19. Ondas feministas en Brasil y en Educación Superior, enfoques de
igualdad de género y ejemplos de la búsqueda del mantenimiento y empoderamiento de la
mujer en la educación superior en el período pandémico. Metodológicamente, presenta los
enfoques del movimiento feminista, los diálogos sobre la educación superior brasileña y las
mujeres, los percances frente a la pandemia y las acciones desarrolladas en la Universidad
Federal de Mato Grosso do Sul y la Universidad Federal de Goiás, en el centro oeste.
PALABRAS CLAVE
:
Empoderamiento de las mujeres. Educación superior. UFMS. UFG.
1
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Campo Grande – MS – Brasil. Professora titular do
Departamento de História. Pós-doutorado em História. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3183-4740. E-mail:
Jaqueline.zarbato@ufms.br
2
Universidade Federal de Goiás (UFG), Goiânia – GO – Brasil. Professora Associada II na Faculdade de
Ciências Sociais. Doutorado em Educação (UFG). Pós-Doutorado (ISCTE-IUL). ORCID: https://orcid.org/0000-
0001-9420-7464. E-mail: luascremin@ufg.br
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Jaqueline Aparecida Martins ZARBATO e Lucinéia Scremin MARTINS
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,
Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1149, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16985
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ABSTRACT
:
This article aims to reflect on women in Higher Education, pointing out the
contribution of feminism in the ruptures and continuities of gender inclusion. To this end, we
analyze the possibilities of inclusion and maintenance of actions around women in two
institutions in the central west of Brazil in times of the SARS-COVID 19 pandemic. feminist
waves in Brazil and in Higher Education, approaches to gender equality, and examples of the
search for the maintenance and empowerment of women in Higher Education in the pandemic
period. Methodologically, it presents the approaches of the feminist movement, the dialogues
about Brazilian Higher Education and women, the mishaps in the face of the pandemic and
the actions developed at the Federal University of Mato Grosso do Sul and the Federal
University of Goiás, in the center west.
KEYWORDS
:
Women's empowerment. Higher education. UFMS. UFG.
Introdução
Esse artigo tem como objetivo analisar as ações sobre as mulheres no Ensino Superior
no Brasil, com enfoque nas contribuições dos olhares dos feminismos (a 1ª onda até a 3ª onda)
e nas estratégias possíveis diante da pandemia do SARS-COV 19, tendo como exemplo duas
instituições do centro oeste do Brasil e as ações em torno da igualdade de gênero.
A intenção em problematizar o lugar de fala das mulheres no ensino superior, o quanto
podemos refletir sobre a educação superior como um espaço de possibilidades de diálogos, de
valorização das pessoas e das diferentes formas de ser e existir se constitui, na conjuntura dos
tempos de crise, como fulcral sobre o ser-fazer das mulheres.
Compreendendo que é a partir da concepção de igualdade, de empoderamento, de
ética, de projetos de superação das desigualdades de gênero, de projetos que tenham como
fundamento a valorização do tempo social das mulheres.
A inclusão do gênero na educação está diretamente relacionada à necessidade de
reconhecimento e à contestação social da desigualdade de direitos entre homens e mulheres. E
nas ciências humanas tem implicações devido às ações dos movimentos feministas que
trouxeram a superação das desigualdades.
Ser homem ou mulher é resultado de um aprendizado que se inicia na família e
continua em todas as instituições da sociedade. Vamos nos estabelecendo a partir das
expectativas do que é socialmente acertado para um homem e para uma mulher, e assim as
ideologias de gênero vão se formando.
Assim, gê
nero pode ser entendido como uma organização social construída sobre a
percepção das diferenças sexuais imbricadas nas relações desiguais de poder, de tal sorte que,
quando se discute essa questão, pretende-se debater e transformar a construção social e
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cultural das relações, no sentido de pluralizá-las e democratizá-las, eliminando diferenças
baseadas em dicotomias e hierarquias estereotipadas (SCOTT, 1995).
Sobre a manutenção das atividades realizadas pelas mulheres em tempos de pandemia,
há diferentes abordagens sobre a situação vivenciada, o que não é diferente nos espaços das
universidades. Sobre isso, Machado (2020) nos alerta que as mulheres foram mais afetadas
pela pandemia de SARS-COV 19. Isso segundo a autora se dá pois,
[...] é notório que o fechamento das escolas compromete o aprendizado das
crianças e prejudica a retomada das atividades econômicas para
trabalhadores com filhos. É um retrocesso voltar a impor às mulheres a
escolha binária entre carreiras e famílias (MACHADO, 2020, p. 18).
Entre a preocupação com a carreira e as famílias, inúmeras mulheres perpassam por
dificuldades em suas experiências e trajetórias ao longo da História do Brasil. São as lutas das
mulheres, engendradas e construídas no e pelo movimento feminista que, de certa maneira,
ampliaram as condições de trabalho e de direitos, culminando também em modificações no
Ensino Superior.
Cabe destacar que foram vários obstáculos rompidos ao longo do tempo histórico para
que as mulheres pudessem acessar a educação formal e pública, pois como afirma Rosemberg
(2020, p. 334):
[...] da segregação sexual das escolas, que impediam a educação mista, ao
ideário de que meninas e moças deveriam ter uma educação mais restrita do
que a de meninos e rapazes por serem consideradas frágeis, com inteligência
mais limitada e voltadas para sua “missão” como mães.
Há alguns avanços quando analisamos a questão da ampliação dos direitos e de
igualdade feminina na sociedade que podem ser incorporados na Universidade, como o que
foi postulado na Conferência Mundial sobre a Mulher realizada ano de 1975, ampliando os
espaços de inclusão e a eliminação das formas de discriminação contra a mulher, rediscutida
na convenção da Organização das Nações Unidas em 1979.
Na convenção visava-se promover as ações em que homens e mulheres tivessem os
mesmos acessos e direitos. Na luta contra a discriminação da mulher, tem-se no artigo 2º da
convenção da ONU princípios que atestam o comprometimento de diferentes instituições:
Os Estados Partes condenam a discriminação contra as mulheres sob todas as
suas formas, e concordam em seguir, por todos os meios apropriados e sem
tardança, uma política destinada a eliminar a discriminação contra as
mulheres, e para tanto, se comprometem a: [...] c) estabelecer a proteção
jurisdicional dos direitos das mulheres em uma base de igualdade com os
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dos homens e garantir, por intermédio dos tribunais nacionais competentes e
de outras instituições públicas, a proteção efetiva das mulheres contra todo
ato de discriminação; d) abster-se de incorrer em qualquer ato ou prática de
discriminação contra as mulheres e atuar de maneira que as autoridades e
instituições públicas ajam em conformidade com esta obrigação; e) adotar as
medidas adequadas para eliminar a discriminação contra as mulheres
praticada por qualquer pessoa, organização ou empresa;
f) tomar todas as
medidas apropriadas, inclusive de caráter legislativo, para modificar ou
revogar leis, regulamentos, costumes e práticas que constituam
discriminação contra as mulheres; g) derrogar todas as disposições penais
nacionais que constituam discriminação contra as mulheres (ONU, 1979, p.
03).
Percebe-se que houve um comprometimento dos Estados, das organizações, em
eliminar a discriminação das mulheres em diferentes espaços, sejam sociais, de trabalho ou
educativos. Mas, é necessário também pontuar que nem sempre a legislação dá conta das
ações das pessoas, tanto pelo prisma da formação profissional quanto pessoal.
O que nos encaminha para a reflexão de que ainda temos uma sociedade pautada pelo
modelo eurocentrista e masculino, sendo a Universidade também um espaço que reflete
muitas dessas concepções. Isso porque mesmo com o número crescente de mulheres na
Universidade, ainda não se percebe efetivamente mudanças éticas em relação às ações
sexistas.
A U
niversidade, seja pública ou particular, pode ser compreendida como uma
instituição fundamental da sociedade, pois está diretamente vinculada a várias dimensões do
desenvolvimento de um país, tanto como estratégia na formação de mulheres e homens
através da profissionalização, quanto no papel de possibilitar à sociedade uma reflexão crítica
relevante sobre si mesma. No caso específico, nesse artigo que estamos analisando,
pontuamos a abordagem pelo ensino superior público.
Feminismos em contextos das Universidades Públicas.
O contexto social e cultural que permitiu a ascensão das mulheres à escolaridade se fez
com a contribuição de diferentes grupos. Entre eles destacam-se o movimento feminista, o
qual traçaremos a análise sobre as ondas feministas e as possibilidades que trouxeram para o
empoderamento feminino. Sobre o processo de escolarização da população brasileira, Eva
Blay (2003, p. 91) esclarece que,
[...] ao movimento feminista se aglutinou uma série de grupos que atuaram
cotidianamente a favor dos direitos a melhores condições de vida, pela
anistia, pela igualdade de direitos entre homens e mulheres. A formação de
entidades voltadas a abrigar mulheres vítimas de violência doméstica não
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tardou a se formar. Por todo o Brasil, grupos de ativistas, voluntárias,
procuravam enfrentar todos os tipos de violência: estupros, maus tratos,
incestos, perseguição a prostitutas, e infindáveis violações dos direitos
humanos de mulheres e meninas.
O movimento feminista, enquanto movimento social, caracteriza-se como moderno,
pois surge no contexto das ideias iluministas. Encaminha os debates “para o espaço da
discussão política aquelas questões até então vistas e tratadas como específicas do privado,
quebrando a dicotomia público-privado, base de todo o pensamento liberal sobre as
especificidades da política e do poder político” (COSTA, 2005, p. 2).
Por isso é importante incorporar os diálogos das ondas feministas e a perceptiva de
escolarização das mulheres no Ensino Superior, uma vez que demanda a ampliação dos
direitos e a manutenção de ações de mulheres.
Pode-se dizer que são implicações nas ciências, pois as análises pressupõem as
inclusões de mudanças nas Universidades Públicas. Ou seja, ainda que sejam incorporadas as
visões de mundo dos feminismos, o contexto de cada Universidade apresenta singularidades.
Segundo Pinto (2010. p. 15), no Brasil, a “primeira onda” do feminismo também se
manifestou mais publicamente por meio da luta pelo voto. As
sufragetes
brasileiras foram
lideradas por Bertha Lutz, bióloga, cientista de importância, que estudou no exterior e voltou
para o Brasil na década de 1910, iniciando a luta pelo voto. Ela foi uma das fundadoras da
Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, organização que fez campanha pública pelo
voto, tendo inclusive levado, em 1927, um abaixo-assinado ao Senado, pedindo a aprovação
do Projeto de Lei que dava o direito de voto às mulheres. Este direito foi conquistado em
1932, quando foi promulgado o Novo Código Eleitoral brasileiro.
Pedro (2012, p. 245) afirma que no Brasil esse feminismo de “Segunda Onda” adotou
uma metodologia revolucionária de divulgação de suas ideias, os chamados Grupos de
Consciência ou Grupos de Reflexão, constituídos apenas por mulheres. Estes encontros eram
feitos nas casas particulares das integrantes, assim como em bares, cafés, escritórios e
bibliotecas, com o intuito de se discutirem os problemas enfrentados pelas mulheres e se
contrapor ao machismo. Um dos objetivos dos Grupos de Consciência/Reflexão das mulheres
era aumentar a solidariedade entre elas e melhorar sua autoestima.
Pode-s
e dizer que temos vários movimentos feministas (desde a 1ª onda até a 3ª onda),
mas, os primórdios do movimento feminista nascem a partir de manifestações no século XIX
quando, desafiando o poder patriarcal masculino, as mulheres reivindicam o direito ao voto, à
educação e à emancipação feminina.
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Jaqueline Aparecida Martins ZARBATO e Lucinéia Scremin MARTINS
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Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1149, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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Esse é um período em que as mulheres eram condicionadas pelos homens a
permanecerem no processo de hierarquização social sobre a dominação masculina. Logo, “os
estudos feministas estiveram centralmente preocupados com as relações de poder” (LOURO,
1997, p. 37). Ainda no campo da educação, Pitanguy (2011. p. 38) destaca que no Brasil:
[...] a questão da educação, contemplada nestes planos e objeto de outros
programas e instâncias de políticas nacionais, constituiu, no início do século
XX, uma importante bandeira de luta das mulheres, destacando-se a atuação
de Nísia Floresta. Hoje, os indicadores de acesso apontam uma crescente
presença das mulheres no sistema formal de educação, inclusive superior à
dos homens.
Para Louro (1997, p. 15), “o sufragismo passou a ser reconhecido, posteriormente
como a “primeira onda” do feminismo”. Os objetivos mais imediatos (eventualmente
acrescidos de reivindicações vinculadas à organização da família, oportunidade de estudos ou
acesso a determinadas profissões) estavam, sem dúvidas, ligadas ao interesse das mulheres
brancas de classe média, e ao alcance dessas metas (embora circunscrito a alguns países),
seguindo de certa acomodação no movimento.
Já o movimento feminista da “Segunda Onda”, a partir dos anos 1960, no Brasil,
adotou uma metodologia revolucionária de divulgação de suas ideias: os chamados Grupos de
Consciência ou Grupos de Reflexão, constituídos apenas por mulheres, buscando criar uma
rede de solidariedade entre elas.
Estes encontros eram realizados nas casas particulares das integrantes, assim como,
em bares, cafés, escritórios e bibliotecas, com o intuito de discutir os problemas enfrentados
pelas mulheres e se contrapor ao machismo. Em que, “um dos objetivos dos Grupos de
Consciência/Reflexão das mulheres era aumentar a solidariedade entre elas e melhorar sua
autoestima” (PEDRO, 2012, p. 245).
Esse período dos anos 1960 da história brasileira foi o palco de intensas mobilizações
e reinvindicações de diversos grupos sociais: trabalhadoras, artistas, professoras, estudantes.
No golpe civil-militar (1964-1985) implanta-se, então, uma ditadura que teve seus “anos de
chumbo” no ano de 1968, “por meio do Ato Institucional n. 5 (AI-5), que transformava o
Presidente da República em um ditador” (PINTO, 2010).
Na década de 1970 h
á o ressurgimento e a consolidação dos movimentos de mulheres
e/ou feministas (TELLES, 2018; PEDRO, 2012; ROSEMBERG, 2020). É ainda durante o
regime militar que ocorrem as primeiras e grandes manifestações feministas. Esse momento é
considerado como o “momento mais exuberante” do feminismo, porque foi “aquele capaz de
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alterar radicalmente os costumes e transformar as reinvindicações mais ousadas em direitos
conquistados” (DUARTE, 2019, p. 41).
Em 1975, a Organização das Nações Unidas (ONU), na I Conferência Internacional da
Mulher, no México, declara os próximos dez anos como a década da mulher, sendo aprovada
uma moção em prol da Anistia no Brasil. Assim, foi encaminhada por Terezinha Zerbini, uma
das principais lideranças do movimento pela Anistia, o qual contribuiu decisivamente pela
aprovação da Lei da Anistia em 1979 (PINTO, 2010).
Por outro lado, antes de 1975, algumas mulheres pertencentes às universidades e
mulheres intelectuais no exílio já estavam estudando e se apropriando das contribuições do
movimento feminista no mundo. Nesse momento, segundo Rosemberg (2020, p. 340-41):
O surgimento dos estudos sobre a mulher no Brasil carrega marcas da
vitalidade e turbulência do período, quando a expansão da Pós-graduação
nas universidades foi estimulada pelo governo federal, de acordo com uma
determinada proposta de modernização do país. Nessa época
intelectualmente rica e contraditória, segmentos da elite intelectual, dentro e
fora do mundo acadêmico, sofreram o impacto da repressão, geraram formas
de resistência ao governo militar, conheceram o exílio, foram anistiados e,
no retorno ao país, se envolveram em diferentes projetos de
redemocratização.
Ainda em 1975, foi determinado o ano internacional da mulher como um marco em
que a respeitabilidade da ONU se somou à atuação de mulheres professoras universitárias e
grupos feministas, criando novas expressões do feminismo brasileiro contemporâneo em que
se passou a incluir, entre outras pautas, a questão da “educação não sexista” (ROSEMBERG,
2020, p. 342; TELES, 2018, p. 95)
Nesse percurso histórico, pode-se notar que no contexto da democracia brasileira, as
lutas pelo empoderamento feminino tiveram reforço importante com a articulação de
feministas universitárias e pesquisadoras, o que contribuiu para que fossem ampliados os
espaços de reivindicação e educação para as mulheres.
Isso porque percebemos que não houve a manutenção de políticas de gênero que
f
oram inseridas no ensino superior brasileiro, são avanços e retrocessos. Tivemos alguns
avanços com os Planos Nacionais de Políticas para as Mulheres (PNPM, 2004, 2008, 2011,
2016), os quais inseriram no sistema educacional plataformas de lutas que visavam uma
sociedade mais igualitária e mais equitativa. Com o Programa Mulher e Ciência, em 2011,
tivemos ampliação dos debates sobre pesquisas e estudos que envolviam as relações de
gênero, raça e identidade. Pode-se dizer que em longo prazo tivemos mais retrocessos que
conquistas.
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Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1149, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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Segundo dados do Censo da Educação Superior de 2016, do Instituto Nacional de
Ensino e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), as mulheres representam 57,2% dos
discentes matriculados em cursos de graduação. O Censo de 2017 mostrou que, do número
total de matrículas em Universidades, 104.633, o número de homens é de 49.935, enquanto
54.698 são de pessoas do sexo feminino.
Constatamos que os avanços na busca pela igualdade de gênero no ensino superior
tiverem influência dos movimentos feministas, que problematizam a dominação masculina, o
eurocentrismo e o modelo patriarcal.
Tanto que há em várias instituições de ensino superior no Brasil coletivos feministas
que se configuram como espaços de luta pela manutenção de direitos, pela igualdade e
equidade de gênero. Evidenciando assim uma mudança estrutural na percepção das mulheres
jovens sobre os lugares de fala e de resistência. Sobre isso, Agrello e Garg (2009, p. 1305)
fundamentam a necessidade e importância da mudança de postura feminina com os debates
feministas, em várias áreas de conhecimento. Pois, “[...] o processo é lento e deve ser iniciado
com a escolarização”.
A i
nclusão do gênero em nossas atividades está diretamente relacionada à necessidade
de reconhecimento e à contestação social da desigualdade de direitos entre homens e
mulheres. A disseminação do conceito de gênero em nível global e nas mais diversas ciências
sociais surgiu pela sua associação aos movimentos feministas que trouxeram a superação das
desigualdades. Ou seja, ensinar e aprender sem comportamento ético nos levará a reproduzir
uma sociedade que não respeita a diferença. E a educação que se pretende para as mulheres é
de inclusão, de valorização, com respeito e ética, que avance com as mudanças que ocorrem
em todas as esferas de nossa vida. Ou, como afirmou Paulo Freire (1996, p. 77):
O mundo não é. O mundo está sendo. Como subjetividade curiosa,
inteligente, interferindo na objetividade com que dialeticamente me
relaciono, meu papel no mundo não é só o de quem constata o que ocorre,
mas também o de quem intervém como sujeito de ocorrências. Não sou
apenas objeto da História, mas seu sujeito, igualmente. No mundo da
História, da cultura, da política, constato não para me adaptar, mas para
mudar.
Nesse sentido, as Universidades têm também a responsabilidade de ensinar eticamente
ou de agir com ética, não tendo a prevalência da visão masculina. Ter esse comportamento
ético com mulheres, de diferentes idades, ocupações, tradições, religiões, vinculações sociais
e culturais podem contribuir para que a Universidade realmente exerça a prática de produzir
conhecimento, em que as estruturas e ações derivem para uma sociedade transformadora.
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Assim, pensamos e defendemos que as universidades sejam
‘locus’
de diálogos, de
visões mais humanistas, inclusivas, feministas com enfoque no amplo debate sobre a
superação das desigualdades, representando esse ‘divisor de águas’ para repensar as
orientações de que homens e mulheres têm direitos iguais, com formação equitativa, em que
se tenha uma ética universitária que abrigue a pessoa jurídica e moral que é; que se
responsabilize moralmente, por todas as ações exercidas.
As
Universidades Públicas e as contribuições femininas e feministas: os desafios diante
dos tempos epidêmicos
A análise sobre o processo de contribuição dos feminismos nas ações das
Universidades públicas pode ser discutida desde a inserção das teorias feministas em
diferentes áreas de conhecimento até a inclusão de coletivos feministas nas Universidades
Públicas. Entretanto, nossa intenção é refletir sobre as proposições que foram inseridas nas
duas Universidades em análise. Pensando que a partir do contributo das perspectivas teóricas
e metodológicas feministas pode-se ter também constructos para outros percursos no futuro.
Percebe-se que as epidemias assolam a sociedade com impacto em todas as áreas e,
que nas Universidades isso não é diferente. Somos impelidos a modificar nossa postura diante
das questões de saúde pública. Em 2009, por exemplo, quando da epidemia de H1N1, o
Conselho Nacional de Educação (CNE) emitiu o Parecer n. 19/2009, em que encaminhava às
instituições de ensino o cumprimento do calendário escolar em situações de saúde pública
com interferência em suas rotinas (BRASIL, 2009). Assim como ocorreu em 2009, com as
diretrizes educacionais nos tempos de epidemia, por conta da pandemia de SARS-COV 19 as
instituições de ensino precisaram se readequar. Com isso, foi instituído o Comitê Operativo
de Emergência do Ministério da Educação (COE-MEC)
(
BRASIL, 2020).
Nesse sentido, foram publicadas portarias como a 345/2020 e n. 395/2020, e uma
Medida Provisória (n. 934/2020), as quais autorizam a substituição de aulas presenciais por
aulas em meios digitais – que utilizem meios e tecnologias de informação e comunicação
(exceto estágios, práticas de laboratório e, para os cursos de Medicina, os internatos).
As mudanças nas formas das aulas no Ensino Superior tiveram diferentes implicações
p
ara as mulheres. E mesmo com as transformações advindas com as ações feministas, tivemos
retrocessos nesse período de pandemia.
Por isso nos detivemos em analisar o contexto de duas Universidades Públicas no
centro oeste do Brasil, por duas razões: espaço de atuação das autoras e suas pesquisas, e pela
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descentralização das atuações nas instituições que estão, em regiões com uma ampla
diversidade social, cultural, de gênero.
Nesse sentido, analisamos os projetos e proposições das duas Universidades públicas,
no sentido de apontar possibilidades de avanços e retrocessos em termos da inclusão das
mulheres e manutenção de ações para o empoderamento feminino.
A Universidade Federal de Mato Grosso do Sul é uma instituição de Ensino Superior
Pública Federal Brasileira, tem
campi
instalados em nove cidades do interior: Aquidauana,
Chapadão do Sul, Corumbá, Coxim, Naviraí, Nova Andradina, Paranaíba, Ponta Porã e Três
Lagoas. O
campus
principal e a sede administrativa da UFMS compõem a Cidade
Universitária, localizada em Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul.
Segundos os dados da Universidade, entre os 3.541 servidores da UFMS, as mulheres
respondem por 47% do total. Entre os/as profissionais docentes que atuam nas áreas de
ensino, pesquisa, extensão e inovação, a proporção é de 48% de um total de 1.385 professores
e professoras. Chama a atenção o fato de que 97% das docentes da UFMS possuem titulação
em nível de Mestrado e Doutorado, sendo que mais de 68% são doutoras e grande parte com
atuação também na pós-graduação. Entre os alunos e as alunas da Universidade, as mulheres
ocupam a maior proporção de matrículas nos cursos de graduação. Entre os 16.448 alunos e
alunas matriculados/as na instituição no atual semestre letivo, 50,6% são mulheres (UFMS,
2017).
Percebe-se pelos dados da Universidade que as mulheres são maioria na comunidade
universitária, o que nos encaminha para a análise sobre os projetos, programas e ações que se
voltam a esse público.
No campo da ética e equidade social, há na Universidade Federal de Mato Grosso do
Sul/Brasil um comitê de ética que se reúne e contribui para dirimir os problemas e processos
da Universidade, embasado no código de ética, com a Resolução nº 31, de 18 de junho de
2015 (UFMS, 2015).
Salientamos que mesmo não tendo um enfoque direcionado unicamente às mulheres,
pode ser incorporado nas demandas feministas e femininas, no Art. 2º, com o seguinte
objetivo:
I – evidenciar condutas éticas esperadas dos servidores da UFMS; II –
auxiliar o servidor na execução de ações e tomada de decisões, quando
diante de questões éticas que possam se apresentar; III – resguardar o
servidor de exposições desnecessárias ou acusações infundadas de modo a
consolidar o ambiente de segurança da Instituição; IV – fortalecer o caráter
ético coletivo do corpo funcional da UFMS; V – contribuir para um
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,
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ambiente de trabalho harmonioso, cooperativo e participativo; VI -
contribuir para intensificar o respeito e a legitimação da sociedade quanto à
atuação da UFMS, à retidão, honra e dignidade dos seus servidores e a
tradição dos seus serviços; e VII – favorecer o controle social, asseguradas
as garantias do regime democrático (UFMS, 2015, p. 03).
Dessa forma, defendemos que o ensino superior tenha como um dos princípios básicos
a superação das discriminações contra as mulheres, com fortalecimento de comportamento
ético e responsável sobre como se pode orientar as ações na Universidade.
As exigências dos estudantes que chegam a todos os momentos na Universidade
devem ser levadas em conta, as condições das mulheres no exercício da produção de
conhecimento e que tenham diálogos com os profissionais que trabalham na Universidade,
para que apreendam que o saber-fazer feminino é diferente do saber-fazer do homem, mas não
inferior. Ou seja,
[...] la educación superior debe propender a la investigación y a la
generación de conocimientos propios y renovados de profesores y
estudiantes que permitan comprender el porqué de las cosas, para aceptar lo
que nos parezca correcto e incidir en el cambio de aquello que
analíticamente se considere que debe ser superado (
ORDÓÑEZ
, 2008).
Em 2020, diante da pandemia SARS-COV 19
3
, a Universidade Federal de Mato
Grosso do Sul lançou um plano de biossegurança, com o objetivo de: “primeiramente, a
preservação das vidas, visando conciliar as atividades presenciais (acadêmicas e
administrativas) da UFMS e a prevenção à disseminação do novo coronavírus” (UFMS, 2020,
p. 04). Não há uma definição específica do trabalho das mulheres na Universidade, nem ao
público feminino estudantil. Destacamos dois itens do plano de biossegurança que podem ser
utilizados para a manutenção dos direitos das mulheres:
A UFMS deverá manter na “Campanha Eu Respeito” uma ação específica e
permanente para divulgar informações acerca da Covid-19 e das medidas de
prevenção. O servidor terá direito ao teletrabalho quando tiver filhos em
idade escolar ou inferior e que necessitem da assistência de um dos pais,
enquanto vigorar norma local que suspenda as atividades escolares ou em
creche, por motivos de força maior, relacionados à Covid-19 (UFMS, 2020,
p. 06).
Percebe-se que ainda há ações a serem incorporadas no processo de equidade de
gênero, um dos pilares da luta feminista. Inclusive no que se refere ao uso da linguagem e,
também, no processo de entendimento das mulheres como mães, chefes do lar, professoras,
3
A SARS-COV 19 é uma doença infectocontagiosa que ataca principalmente os pulmões e se apresentou mais
letal, detectada na China em 2020.
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pesquisadoras, em que as condições ainda não são equitativas na Universidade em relação aos
homens.
Isso posto, é importante analisar que o número de mulheres na UFMS é expressivo em
relação ao número de homens. Segundo o relatório da instituição:
Entre os 3.541 servidores da UFMS, as mulheres respondem por 47% do
total. Entre os/as profissionais docentes que atuam nas áreas de ensino,
pesquisa, extensão e inovação, a proporção é de 48% de um total de 1.385
professores e professoras. Chama a atenção o fato de que 97% das docentes
da UFMS possuem titulação em nível de Mestrado e Doutorado, sendo que
mais de 68% são doutoras e grande parte com atuação também na pós-
graduação (UFMS, 2017).
Nesse sentido pontuamos duas ações que foram incluídas no processo de pandemia
que podem representar avanços no que se refere às mulheres. Uma é o programa ‘Ser Mulher
na UFMS’, coordenado pela Pró Reitoria de Assuntos Estudantis (PROAES), em 2020, que
visa construir um espaço equitativo em relação ao saber-fazer feminino na Universidade. E o
outro é o curso ofertado pela Pró Reitoria de Gestão de Pessoas com o título: Inclusão e
Diversidade Cultural na Educação Superior, que aborda as discussões de gênero na
Universidade.
Nessa perspectiva de análise, em que a Universidade deve pautar suas ações a partir
das demandas sociais, culturais, econômicas e políticas que advém da sociedade, entende-se
que o percurso de inclusão e equidade em torno das experiências das mulheres,
principalmente em tempo de crise como na pandemia de SARS-COV 19, mostrou o quanto
ainda necessitamos de avanços. Seja em tempos pandêmicos ou não, as desigualdades sempre
estão presentes. Ou como afirma Helen Lewis (2020): “O coronavírus é uma tragédia para o
feminismo! [...] em todo o mundo, a independência das mulheres será uma vítima silenciosa
da pandemia” (LEWIS, 2020).
Já a Universidade Federal de Góias (UFG) é uma Instituição de Ensino Superior
Pública Brasileira localizada no estado de Goiás, principalmente na cidade de Goiânia, com
atuação nos municípios de Aparecida de Goiânia, Goiás, Firminópolis e uma unidade futura
na Cidade Ocidental.
Segundo dados da Universidade, embora as mulheres sejam a maioria dos docentes,
sendo 51% do total dos 2.887 professores ativos, elas ocupam somente um terço dos cargos
de gestão dos órgãos administrativos, unidades acadêmicas e acadêmicas especiais, na
proporção de 19 mulheres para 38 homens diretores (PORTO, 2019, p. 8).
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Esse dado de 51% de docentes mulheres nos leva à análise sobre as ações que são
voltadas a esse público, pois muitas docentes atuam na graduação e Pós-Graduação. Artes
(2018, p. 15), ao analisar o índice de Pós-Graduação no Brasil (IPG), nos apresenta que “as
mulheres apresentam uma maior participação em especial na região Centro Oeste. Tal
resultado demanda um estudo em separado para a compreensão da mudança observada entre
2000 (paridade) para 2010 (de cada 100 homens tem-se 171 mulheres)”.
Ainda no campo da eq
uidade social, na busca de um acesso mais igualitário da
população brasileira ao Ensino Superior, há também na Universidade Federal de Goiás/Brasil
um Programa criado em 2008, aprovado e embasado na Resolução Consuni nº 29/2008 (UFG,
2008).
Tal Programa é denominado UFGInclui e foi implantado em 2009, estando vinculado
à Pró-Reitoria de Graduação (Prograd). O seu funcionamento foi alterado ou complementado
com as resoluções 20/2010 para inclusão da reserva de vagas do Curso de Letras – Libras para
candidatos surdos e com as resoluções de 18/2011 e 31/2012 (UFG, 2012), “[...] indicando
período importante de efetivação de políticas de inclusão na UFG e, mesmo, no país”
(HERBETTA, 2018, p. 321).
Mesmo que não seja um programa direcionado unicamente às mulheres, ele abrange
também demandas feministas e femininas, pois, em relação à equidade no acesso às
Instituições de Ensino Superior (IES) brasileiras, públicas e privadas, constata-se que as
mulheres têm tido maior benefício em políticas que visam financiar ensino superior em cursos
privados e, proporcionalmente, menor avanço nas políticas de acesso às IES públicas. Há,
portanto, uma maior concentração de mulheres na rede privada (BARRETO, 2014, p. 14-15),
o que nos impele a repensar as políticas de inclusão e também de permanência das mulheres
nas universidades públicas.
O programa UFGInclui fundamenta sua finalidade e objetivos a partir do contexto
sociopolítico e econômico onde está inserida a Universidade Federal de Goiás, no Centro
Oeste brasileiro.
A UFG tem um histórico anterior com experiências pioneiras de inclusão; mesmo que
de maneira isolada, tais experiências já indicavam um cenário profícuo às políticas de
inclusão, como por exemplo, a graduação em Direito para Beneficiários da Reforma Agrária,
em 2006, na cidade de Goiás, e a graduação em Licenciatura em Educação do Campo em
2007, assim como também o Núcleo Takinahak
ỹ
de Formação Superior Indígena (NTFSI):
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O NTFSI existe há dez anos e conta com cerca de 250 professores e
professoras indígenas dos estados de Goiás, Mato Grosso, Tocantins e
Maranhão. A maioria deles atua como docente na escola de suas
comunidades. [...] O número de ingressantes [...] variou ao longo da década,
se estabilizando entre 2013 e 2015 com a oferta de 60 vagas anuais. Tais
vagas são oferecidas em concurso vestibular específico anual, o qual é
realizado no final de cada ano em alguns polos distintos, como Imperatriz
(MA), Palmas (TO) e São Félix (MT), de acordo com a demanda indígena.
O vestibular é organizado pelo Centro de Seleção, mas é distinto do
oferecido pela UFG para os outros cursos. Ele normalmente possui uma
redação com tema ligado à questão indígena brasileira, uma entrevista e a
análise de títulos, valorizando a experiência docente do candidato
(HERBETTA, 2018, p. 317-318).
Além dessas experiências, a UFG vem modificando o processo de inclusão dessas
populações, historicamente excluídas do ensino superior de qualidade, também em programas
de pós-graduação, como por exemplo, o caso do Programa de Pós-Graduação em Sociologia
(PPGS/UFG) e o Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS), ambos da
Faculdade de Ciências Sociais (FCS), ofertando vagas com seleções que valorizam as
experiências e vivencias específicas dos candidatos dessas populações.
Mas, mesmo diante do avanço de tais ações, programas, resoluções, sabemos que é
necessário superar os entraves ao processo de inclusão e de permanência na universidade
pública brasileira, principalmente no atual contexto da pandemia. Se pensarmos na inclusão e
permanência das mulheres os obstáculos são ainda maiores, pois a elas é imputado o papel de
cuidadoras da casa, das crianças, dos idosos, sobrecarregando-as de trabalho e diminuindo-
lhes o tempo livre, um aspecto importante à dedicação para preparação e a formação na
universidade.
A situação das mulheres se agravou durante a pandemia com o trabalho remoto de
muitas escolas e universidades públicas, intensificando o trabalho doméstico e outras
demandas familiares. Em relação ao trabalho das docentes, segundo dados do
Parent in
Science,
são perceptíveis às dificuldades da produção acadêmica (em especial, submissão de
artigos) das docentes negras (com ou sem filhos) e brancas com filhos (principalmente com
idade até 12 anos) que tiveram sua produtividade acadêmica afetada (PARENT IN SCIENCE,
2020, p. 12).
Percebemos que há um terreno fértil na UFMS e UFG para a construção de políticas
de inclusão, acolhimento e permanência às mulheres, que devem ser buscadas e aprofundadas,
mas que requerem ainda muitas lutas.
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Considerações finais
A proposta desse artigo foi realizar uma análise sobre as contribuições do movimento
feminista e empoderamento de mulheres no ensino superior, em tempos de crise, como na
pandemia de SARS-COV 19. Para tanto, realizamos uma abordagem prescrutando diferentes
concepções sobre os feminismos, desde a 1ª onda até a 3ª onda, para compreender os avanços
e retrocessos sobre o empoderamento feminino, e suas implicações práticas em duas
Universidades Públicas da região centro oeste do Brasil, uma vez que as mulheres nas
Universidades, principalmente as docentes, tiveram suas vidas profissionais e pessoais
atravessadas por diferenças nas ações cotidianas.
E se não há projetos instituídos em torno da igualdade de gênero, percebe-se que
estamos sobrecarregando, silenciando ou até mesmo ‘burocratizando’ os direitos que foram
apregoados pelos feminismos ao longo do tempo histórico e social.
A intenção em dialogar sobre o processo de implantação de ações em duas instituições
de ensino superior, no caso a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e Universidade
Federal de Goiás, se deu como princípio-base para evidenciar as práticas de efetivação das
lutas e empoderamento das mulheres no ensino superior.
Considerando que muitas mulheres, sejam docentes, técnicas ou discentes, possuem
jornadas de trabalho e exigências acadêmicas que se acentuaram com a pandemia, com a
execução do Ensino Remoto (ER), muitas estenderam a carga de trabalho do público para o
privado, não havendo mais fronteiras. Logo, percebe-se que a trajetória de conquistas
impetradas pelas lutas do movimento feminista contribuiu para alicerçar a inclusão de
mulheres no ensino superior, mas, de alguma forma, tem-se um longo e árduo processo de
entendimento das diferenças de gênero, o que se configura como um desafio para as
Universidades: pensar e projetar políticas de valorização e equidade feminina e feminista.
AGRADECIMENTOS
: PPGEDU/UFMS, CNPq.
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Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1149, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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Como referenciar este artigo
ZARBATO, J. A. M.; MARTINS, L. S. Ensino superior e o empoderamento feminino:
Percursos possíveis em tempos de pandemia.
Revista Ibero-Americana de Estudos em
Educação,
Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1149, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587. DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16985
Submetido
em
: 12/11/2021
Revisões requeridas
: 16/01/2022
Aprovado em
: 23/03/2022
Publicado em
: 30/06/2022
Processamento e edição: Editoria Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, padronização e tradução.
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Educación superior y empoderamiento femenino: Cursos posibles en tiempos de pandemias
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–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,
Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1150, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16985
1132
EDUCACIÓN SUPERIOR Y EMPODERAMIENTO FEMENINO: CURSOS
POSIBLES EN TIEMPOS DE PANDEMIAS
ENSINO SUPERIOR E O EMPODERAMENTO FEMININO: PERCURSOS POSSÍVEIS
EM TEMPOS DE PANDEMIA
HIGHER EDUCATION AND FEMALE EMPOWERMENT: POSSIBLE COURSES IN
TIMES OF PANDEMICS
Jaqueline Aparecida Martins ZARBATO
1
Lucinéia Scremin MARTINS
2
RESUMEN
: Este artículo tiene como objetivo reflexionar sobre las mujeres en la Educación
Superior, señalando el aporte del feminismo en las rupturas y continuidades de la inclusión de
género. Para ello, analizamos las posibilidades de inclusión y mantenimiento de acciones en
torno a las mujeres en dos instituciones del centro oeste de Brasil en tiempos de la pandemia
SARS-COVID 19. Ondas feministas en Brasil y en Educación Superior, enfoques de igualdad
de género y ejemplos de la búsqueda del mantenimiento y empoderamiento de la mujer en la
educación superior en el período pandémico. Metodológicamente, presenta los enfoques del
movimiento feminista, los diálogos sobre la educación superior brasileña y las mujeres, los
percances frente a la pandemia y las acciones desarrolladas en la Universidad Federal de Mato
Grosso do Sul y la Universidad Federal de Goiás, en el centro oeste.
PALABRAS CLAVE
: Empoderamiento de las mujeres. Educación superior. UFMS. UFG.
RESUMO
: Esse artigo tem como objetivo refletir sobre as mulheres no Ensino Superior,
apontando a contribuição do feminismo nas rupturas e continuidades da inclusão de gênero.
Para tal, se analisam as possibilidades de inclusão e manutenção das ações em torno das
mulheres em duas instituições do centro oeste do Brasil em tempos de pandemia de SARS-
COV-19. Assim, se propõe uma análise sobre os diálogos possíveis nos aportes teóricos
acerca das ondas feministas no Brasil e no Ensino Superior, as abordagens sobre igualdade
de gênero, e os exemplos da busca pela manutenção e empoderamento das mulheres no
Ensino Superior no período pandêmico. Metodologicamente apresentam-se as abordagens do
movimento feminista, os diálogos sobre Ensino Superior brasileiro e mulheres, os percalços
diante da pandemia e as ações desenvolvidas na Universidade Federal de Mato Grosso do
Sul e Universidade Federal de Goiás, no centro oeste.
PALAVRAS-CHAVE
: Empoderamento feminino. Ensino superior. UFMS. UFG.
1
Universidad Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Campo Grande
–
MS
–
Brasil. Profesor titular del
Departamento de Historia. Postdoctorado en Historia. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3183-4740. E-mail:
Jaqueline.zarbato@ufms.br
2
Universidad Federal de Goiás (UFG), Goiânia
–
GO
–
Brasil. Profesora. Profesor Asociado II en la Facultad de
Ciencias Sociales. Doctorado en Educación (UFG). Post- Postdoctorado (ISCTE-IUL). ORCID:
https://orcid.org/0000-0001-9420-7464. E-mail: luascremin@ufg.br
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Jaqueline Aparecida Martins ZARBATO y Lucinéia Scremin MARTINS
RIAEE
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,
Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1150, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16985
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ABSTRACT
:
This article aims to reflect on women in Higher Education, pointing out the
contribution of feminism in the ruptures and continuities of gender inclusion. To this end, we
analyze the possibilities of inclusion and maintenance of actions around women in two
institutions in the central west of Brazil in times of the SARS-COVID 19 pandemic. feminist
waves in Brazil and in Higher Education, approaches to gender equality, and examples of the
search for the maintenance and empowerment of women in Higher Education in the pandemic
period. Methodologically, it presents the approaches of the feminist movement, the dialogues
about Brazilian Higher Education and women, the mishaps in the face of the pandemic and
the actions developed at the Federal University of Mato Grosso do Sul and the Federal
University of Goiás, in the center west.
KEYWORDS
:
Women's empowerment. Higher education. UFMS. UFG.
Introducción
Este artículo tiene como objetivo analizar las acciones sobre las mujeres en la
educación superior en Brasil, centrándose en las contribuciones de las visiones de los
feminismos (la 1ª ola hasta la 3ª ola) y en las posibles estrategias frente a la pandemia de
SARS-COV 19, con como ejemplo dos instituciones en el medio oeste de Brasil y acciones en
torno a la igualdad de género.
La intención de problematizar el lugar de palabra de las mujeres en la educación
superior, cuánto podemos reflexionar sobre la educación superior como espacio de
posibilidades de diálogo, de valoración de las personas y de las diferentes formas de ser y
existir constituye, en el contexto de tiempos de crisis, como central para el ser-hacer de las
mujeres.
Entendiendo que es desde la concepción de igualdad, empoderamiento, ética,
proyectos para superar las desigualdades de género, proyectos que se basan en valorar el
tiempo social de las mujeres.
La inclusión del género en la educación está directamente relacionada con la necesidad
de reconocimiento y contestación social de la desigualdad de derechos entre hombres y
mujeres. Y en las ciencias humanas tiene implicaciones debido a las acciones de los
movimientos feministas que han provocado la superación de las desigualdades.
Ser hombre o mujer es el resultado de un aprendizaje que comienza en la familia y
continúa en todas las instituciones de la sociedad. Nos estamos estableciendo a partir de las
expectativas de lo que es socialmente correcto para un hombre y para una mujer, y así se están
formando ideologías de género.
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Educación superior y empoderamiento femenino: Cursos posibles en tiempos de pandemias
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Así, el género puede entenderse como una organización social construida sobre la
percepción de las diferencias sexuales imbricadas en relaciones desiguales de poder, por lo
que, al discutir este tema, se pretende debatir y transformar la construcción social y cultural de
las relaciones, en el sentido de pluralizarlas y democratizarlas, eliminando diferencias basadas
en dicotomías y jerarquías estereotipadas (SCOTT, 1995).
Sobre el mantenimiento de las actividades que realizan las mujeres en tiempos de
pandemia, existen diferentes enfoques sobre la situación vivida, que no es diferente en los
espacios de las universidades. Sobre esto, Machado (2020) nos advierte que las mujeres
fueron las más afectadas por la pandemia de SARS-COV 19. Esto según el autor se debe a
que,
[...] es notorio que el cierre de las escuelas compromete el aprendizaje de los
niños y perjudica la reanudación de las actividades económicas para los
trabajadores con hijos. Es un revés volver a imponer a las mujeres la
elección binaria entre carreras y familias (MACHADO, 2020, p. 18)
Entre la preocupación por la carrera y las familias, innumerables mujeres atraviesan
dificultades en sus experiencias y trayectorias a lo largo de la historia de Brasil. Son las luchas
de las mujeres, engendradas e incorporadas en y por el movimiento feminista las que, en
cierto modo, han aumentado las condiciones de trabajo y derechos, culminando también en
cambios en la educación superior.
Vale la pena señalar que hubo varios obstáculos rotos a lo largo del tiempo histórico
para que las mujeres pudieran acceder a la educación formal y pública, porque como afirma
Rosemberg (2020, p. 334):
[...] desde la segregación sexual de las escuelas, que impedía la educación
mixta, hasta la noción de que las niñas y las niñas deberían tener una
educación más restringida que los niños y los niños porque se les considera
frágiles, con una inteligencia más limitada y centradas en su "misión" como
madres.
Existen algunos avances cuando analizamos el tema de la ampliación de los derechos
de las mujeres y la igualdad en la sociedad que pueden incorporarse a la Universidad, como el
que se postuló en la Convención Mundial sobre la Mujer celebrada en 1975, ampliando los
espacios de inclusión y eliminación de formas de discriminación contra las mujeres,
rediscutidas en la Convención de las Naciones Unidas en 1979.
La convención tiene por objeto promover acciones en las que hombres y mujeres
tengan el mismo acceso y derechos. En la lucha contra la discriminación contra la mujer, el
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artículo 2 de la Convención de las Naciones Unidas contiene principios que atestiguan el
compromiso de las diferentes instituciones:
Los Estados Partes condenan la discriminación contra la mujer en todas sus
formas y convienen en seguir, por todos los medios apropiados y sin demora,
una política encaminada a eliminar la discriminación contra la mujer y, para
ello, comprometerse a: [...] c) establecer la protección judicial de los
derechos de la mujer sobre una base de igualdad con los del hombre y
garantizar, a través de los tribunales nacionales competentes y otras
instituciones públicas, la protección efectiva de la mujer contra todos los
actos de discriminación; d) abstenerse de incurrir en cualquier acto o práctica
de discriminación contra la mujer y actuar de tal manera que las autoridades
e instituciones públicas actúen de conformidad con esta obligación; e)
adoptar las medidas adecuadas para eliminar la discriminación contra la
mujer por parte de cualquier persona, organización o empresa; f) adoptar
todas las medidas apropiadas, incluidas medidas legislativas, para modificar
o revocar leyes, reglamentos, costumbres y prácticas que constituyan
discriminación contra la mujer; g) derogar todas las disposiciones penales
nacionales que constituyan discriminación contra la mujer (ONU, 1979, p,
03).
Se percibe que hubo un compromiso de los estados, organizaciones, para eliminar la
discriminación contra las mujeres en diferentes espacios, ya sean sociales, laborales o
educativos. Pero también es necesario señalar que la legislación no siempre tiene en cuenta las
acciones de las personas, tanto a través del prisma de la formación profesional como de la
formación personal.
Esto nos lleva a la reflexión de que todavía tenemos una sociedad basada en el modelo
euro centrista y masculino, y la Universidad es también un espacio que refleja muchas de
estas concepciones. Esto se debe a que incluso con el creciente número de mujeres en la
Universidad, los cambios éticos en relación con las acciones sexistas aún no se perciben de
manera efectiva.
La Universidad, ya sea pública o privada, puede entenderse como una institución
fundamental de la sociedad, ya que está directamente vinculada a diversas dimensiones del
desarrollo de un país, tanto como estrategia en la formación de mujeres y hombres a través de
la profesionalización, como en el papel de permitir que la sociedad tenga una reflexión crítica
relevante sobre sí misma. En el caso concreto, en este artículo que estamos analizando,
señalamos el enfoque de la educación superior pública.
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Educación superior y empoderamiento femenino: Cursos posibles en tiempos de pandemias
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Feminismos en contextos de Universidades Públicas.
El contexto social y cultural que permitió a las mujeres acceder a la escolarización se
realizó con la contribución de diferentes colectivos. Entre ellos destaca el movimiento
feminista, que esbozará el análisis de las olas feministas y las posibilidades que aportaron al
empoderamiento femenino. Sobre el proceso de escolarización de la población brasileña, Eva
Blay (2003, p. 91) explica que,
[...] el movimiento feminista ha reunido a una serie de grupos que han
actuado diariamente a favor de los derechos a mejores condiciones de vida,
por la amnistía, por la igualdad de derechos entre hombres y mujeres. Pronto
se formó la formación de entidades destinadas a alojar a mujeres víctimas de
violencia doméstica. En todo Brasil, grupos de activistas, voluntarios,
buscaron enfrentar todo tipo de violencia: violaciones, malos tratos, incesto,
persecución de prostitutas y violaciones interminables de los derechos
humanos de mujeres y niñas.
El movimiento feminista, como movimiento social, se caracteriza por ser moderno,
porque emerge en el contexto de las ideas de la Ilustración. Dirige los debates "al espacio de
discusión política aquellos temas antes vistos y tratados como específicos de lo privado,
rompiendo la dicotomía público-privado, base de todo pensamiento liberal sobre las
especificidades de la política y el poder político" (COSTA, 2005, p. 2).
Por ello, es importante incorporar los diálogos de las olas feministas y la percepción
de la escolarización de las mujeres en la educación superior, ya que exige la ampliación de los
derechos y el mantenimiento de las acciones de las mujeres.
Se puede decir que son implicaciones en las ciencias, porque los análisis presuponen la
inclusión de cambios en las universidades públicas. Es decir, aunque se incorporen las
cosmovisiones de los feminismos, el contexto de cada Universidad presenta singularidades.
Según Pinto (2010. p, 15), en Brasil, la "primera ola" del feminismo también se
manifestó más públicamente a través de la lucha por el voto.
Las
sufragistas brasileñas
fueron lideradas por Bertha Lutz, bióloga, científica de importancia, que estudió en el
extranjero y regresó a Brasil en la década de 1910, iniciando la lucha por el voto. Fue una de
las fundadoras de la Federación Brasileña para el Progreso de las Mujeres, una organización
que hizo campaña públicamente por el voto, e incluso llevó, en 1927, una petición al Senado,
pidiendo la aprobación del proyecto de ley que daba a las mujeres el derecho al voto. Este
derecho fue ganado en 1932, cuando se promulgó el Nuevo Código Electoral Brasileño.
Pedro (2012, p. 245) afirma que en Brasil este feminismo de "Segunda Onda" adoptó
una metodología revolucionaria para difundir sus ideas, los llamados Grupos de Conciencia o
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Grupos de Reflexión, formados solo por mujeres. Estas reuniones se llevaron a cabo en los
hogares particulares de los miembros, así como en bares, cafés, oficinas y bibliotecas, con el
fin de discutir los problemas que enfrentan las mujeres y contrarrestar el machismo. Uno de
los objetivos de los Grupos de Sensibilización/Reflexión de las mujeres era aumentar la
solidaridad entre ellas y mejorar su autoestima.
Se puede decir que tenemos varios movimientos feministas (desde la 1ª ola hasta la 3ª
ola), pero los inicios del movimiento feminista nacen de manifestaciones en el siglo XIX
cuando, desafiando el poder patriarcal masculino, las mujeres reclaman el derecho al voto, la
educación y la emancipación femenina.
Este es un período en el que las mujeres fueron condicionadas por los hombres para
permanecer en el proceso de jerarquización social sobre la dominación masculina. Por lo
tanto, "los estudios feministas se ocuparon centralmente de las relaciones de poder" (LOURO,
1997, p. 37). Todavía en el campo de la educación, Pitanguy (2011. p, 38) señala que en
Brasil:
[...] el tema de la educación, contemplado en estos planes y objeto de otros
programas e instancias de políticas nacionales, constituyó, a principios del
siglo XX, una importante bandera de lucha para las mujeres, destacando el
desempeño de Nísia Floresta. Hoy en día, los indicadores de acceso indican
una presencia creciente de mujeres en el sistema de educación formal,
incluso más altas que los hombres.
Para Louro (1997, p. 15), "el sufragismo llegó a ser reconocida, más tarde como la
"primera ola" del feminismo". Los objetivos más inmediatos (eventualmente sumados a
reclamos vinculados a la organización de la familia, oportunidad de estudios o acceso a ciertas
profesiones) estuvieron indudablemente vinculados al interés de las mujeres blancas de clase
media, y al logro de estos objetivos (aunque limitados a algunos países), después de alguna
acomodación en el movimiento.
El movimiento feminista de la "Segunda Ola", de la década de 1960, en Brasil, adoptó
una metodología revolucionaria para difundir sus ideas: los llamados Grupos de Conciencia o
Grupos de Reflexión, formados solo por mujeres, buscando crear una red de solidaridad entre
ellas.
Estas reuniones se llevaron a cabo en los hogares particulares de los miembros, así
como en bares, cafés, oficinas y bibliotecas, con el fin de discutir los problemas que enfrentan
las mujeres y contrarrestar el machismo. En el que, "uno de los objetivos de los Grupos de
Sensibilización/Reflexión de las mujeres era aumentar la solidaridad entre ellas y mejorar su
autoestima" (PEDRO, 2012, p. 245).
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Este período de la década de 1960 de la historia brasileña fue escenario de intensas
movilizaciones y reclamos de diversos grupos sociales: trabajadores, artistas, maestros,
estudiantes. En el golpe cívico-militar (1964-1985) se estableció entonces una dictadura que
tuvo sus "años de liderazgo" en 1968, "a través de la Ley Institucional Nº 5 (AI-5), que
transformó al presidente de la República en un dictador" (PINTO, 2010).
En la década de 1970 se produjo el resurgimiento y consolidación de los movimientos
de mujeres y/o feministas (TELLES, 2018; PEDRO, 2012; ROSEMBERG, 2020). Es también
durante el régimen militar que tienen lugar las primeras y grandes manifestaciones feministas.
Este momento es considerado como el "momento más exuberante" del feminismo, porque fue
"el capaz de alterar radicalmente las costumbres y transformar las reivindicaciones más
atrevidas en derechos conquistados" (DUARTE, 2019, p. 41).
En 1975, la Organización de las Naciones Unidas (ONU) en la 1ª Conferencia
Internacional sobre la Mujer en México declaró los próximos diez años como la década de las
mujeres, y se aprobó una moción de amnistía en Brasil. Así, fue remitido por Terezinha
Zerbini, una de las principales líderes del movimiento por Amnistía, que contribuyó
decisivamente a la aprobación de la Ley de Amnistía en 1979 (PINTO, 2010).
Por otro lado, antes de 1975, algunas mujeres pertenecientes a universidades e
intelectuales en el exilio ya estaban estudiando y apropiándose de las aportaciones del
movimiento feminista en el mundo. En ese momento, según Rosemberg (2020, p. 340-41):
El surgimiento de estudios sobre la mujer en Brasil marca la vitalidad y la
turbulencia del período, cuando la expansión de los estudios de posgrado en
las universidades fue estimulada por el gobierno federal, de acuerdo con una
cierta propuesta para modernizar el país. En esta época intelectualmente rica
y contradictoria, segmentos de la élite intelectual, dentro y fuera del mundo
académico, sufrieron el impacto de la represión, generaron formas de
resistencia al gobierno militar, se encontraron con el exilio, fueron
amnistiados y, a su regreso al país, se involucraron en diferentes proyectos
de redemocratización.
También en 1975, el año internacional de la mujer se determinó como un hito en el
que la respetabilidad de la ONU se sumó al desempeño de las profesoras universitarias y
grupos feministas, creando nuevas expresiones del feminismo brasileño contemporáneo en las
que se incluyó el tema de la "educación no sexista", entre otras agendas (ROSEMBERG,
2020, p. 342; TELES, 2018, p. 95).
En este recorrido histórico, se puede observar que en el contexto de la democracia
brasileña, las luchas por el empoderamiento femenino tuvieron un refuerzo importante con la
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articulación de feministas e investigadoras universitarias, lo que contribuyó a la expansión de
los espacios de reclamo y educación para las mujeres.
Esto se debe a que nos dimos cuenta de que no había mantenimiento de las políticas de
género que se insertaron en la educación superior brasileña, son avances y retrocesos.
Tuvimos algunos avances con los Planes de Políticas Nacionales para las Mujeres (PNPM,
2004, 2008, 2011, 2016), que insertaron en el sistema educativo plataformas de luchas
dirigidas a una sociedad más igualitaria y equitativa. Con el Programa Mujeres y Ciencia, en
2011, ampliamos los debates sobre pesqueras y estudios relacionados con las relaciones de
género, raza e identidad. Se puede decir que a la larga tuvimos más reveses que logros.
Según datos del Censo de Educación Superior 2016, del Instituto Nacional de
Educación e Investigación Educativa Anísio Teixeira (INEP), las mujeres representan el
57.2% de los estudiantes matriculados en cursos de pregrado. El Censo de 2017 mostró que,
del total de matrículas universitarias, 104.633, el número de hombres es de 49.935, mientras
que 54.698 son mujeres.
Encontramos que los avances en la búsqueda de la igualdad de género en la educación
superior tienen la influencia de los movimientos feministas, que problematizan la dominación
masculina, el eurocentrismo y el modelo patriarcal.
Tanto es así que hay colectivos feministas en varias instituciones de educación
superior de Brasil que se configuran como espacios de lucha por el mantenimiento de los
derechos, por la igualdad y la equidad de género. Evidenciando así un cambio estructural en la
percepción de las mujeres jóvenes sobre los lugares de habla y resistencia. Sobre esto, Agrello
y Garg (2009, p. 1305) basan la necesidad e importancia de cambiar las actitudes de las
mujeres con debates feministas en diversas áreas del conocimiento. Sí, "[...] el proceso es
lento y debe iniciarse con la escolarización".
La inclusión del género en nuestras actividades está directamente relacionada con la
necesidad de reconocimiento y contestación social de la desigualdad de derechos entre
hombres y mujeres. La difusión del concepto de género a nivel global y en las más diversas
ciencias sociales surgió de su asociación con movimientos feministas que trajeron consigo la
superación de las desigualdades. Es decir, enseñar y aprender sin comportamiento ético nos
llevará a reproducir una sociedad que no respeta la diferencia. Y la educación que se pretende
para las mujeres es la inclusión, el aprecio, el respeto y la ética, que avanza con los cambios
que se producen en todos los ámbitos de nuestra vida. O, como paulo Freire (1996, p. 77)
declaró:
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El mundo no lo es. Como subjetividad curiosa, inteligente, que interfiere en
la objetividad con la que me relaciono dialécticamente, mi papel en el
mundo no es solo el de quienes notan lo que ocurre, sino también el de
quienes intervienen como sujeto de ocurrencias. No soy solo el objeto de la
historia, sino también tu sujeto. En el mundo de la historia, la cultura, la
política, no veo adaptarme, sino cambiar.
En este sentido, las universidades también tienen la responsabilidad de enseñar
éticamente o de actuar éticamente, no teniendo la prevalencia de la visión masculina. Tener
este comportamiento ético con las mujeres, de diferentes edades, ocupaciones, tradiciones,
religiones, vínculos sociales y culturales puede contribuir a que la Universidad realmente
practique la práctica de producir conocimiento, en la que derivan estructuras y acciones para
una sociedad transformadora.
Así, pensamos y abogamos por que las universidades sean
‘locus’
diálogos, visiones
más humanistas, inclusivas, feministas centradas en el amplio debate sobre la superación de
las desigualdades, representando este 'parteaguas' para repensar las orientaciones de que
hombres y mujeres tienen iguales derechos, con igual educación, en el que existe una ética
universitaria que alberga a la persona jurídica y moral que es; que es moralmente responsable
de todas las acciones realizadas.
Universidades públicas y contribuciones de mujeres y feministas: los desafíos que
enfrentan los tiempos epidémicos
El análisis del proceso de contribución de los feminismos en las acciones de las
universidades públicas puede ser discutido desde la inserción de teorías feministas en
diferentes áreas del conocimiento hasta la inclusión de colectivos feministas en las
universidades públicas. Sin embargo, nuestra intención es reflexionar sobre las proposiciones
que se insertaron en las dos Universidades bajo análisis. Pensando que desde el aporte de las
perspectivas teóricas y metodológicas las feministas también pueden tener constructos para
otros caminos en el futuro.
Se percibe que las epidemias asolan a la sociedad con impacto en todos los ámbitos y
que en las universidades esto no es diferente. Estamos impulsados a cambiar nuestra actitud
hacia los problemas de salud pública. En 2009, por ejemplo, durante la epidemia de H1N1, el
Consejo Nacional de Educación (CNE) emitió la Opinión No. 19/2009, en la que remitió a las
instituciones educativas a cumplir con el calendario escolar en situaciones de salud pública
con interferencia en sus rutinas (BRASIL, 2009). Al igual que en 2009, con las pautas
educativas en tiempos de epidemia, debido a la pandemia de SARS-COV 19, las instituciones
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Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1150, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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educativas tuvieron que adaptarse. Con esto, se estableció el Comité Operativo de Emergencia
del Ministerio de Educación (COE-MEC)
(
BRASIL, 2020).
En este sentido, se publicaron ordenanzas como la 345/2020 y la n. 395/2020, y una
Medida Provisional (n. 934/2020), que autoriza la sustitución de las clases presenciales por
clases en medios digitales -que utilizan medios y tecnologías de la información y la
comunicación (excepto prácticas, prácticas de laboratorio y, para cursos de medicina,
internados-).
Los cambios en las formas de las clases de educación superior tuvieron diferentes
implicaciones para las mujeres. E incluso con las transformaciones que vienen con las
acciones feministas, tuvimos retrocesos en este período de pandemia.
Es por eso que nos detuvimos en analizar el contexto de dos Universidades Públicas en
la parte centro-oeste de Brasil, por dos razones: el espacio de acción del autor y su
investigación, y por la descentralización de las actuaciones en las instituciones que están, en
regiones con una amplia diversidad social, cultural, de género.
Nesse sentido, analisamos os projetos e proposições das duas Universidades públicas,
no sentido de apontar possibilidades de avanços e retrocessos em termos da inclusão das
mulheres e manutenção de ações para o empoderamento feminino.
La Universidad Federal de Mato Grosso do Sul es una institución brasileña de
educación superior federal,
campi
instalados en nueve ciudades del interior: Aquidauana,
Chapadão do Sul, Corumbá, Coxim, Naviraí, Nova Andradina, Paranaíba, Ponta Porã y Três
Lagoas. El
campus
principal y la sede administrativa de la UFMS conforman la Ciudad
Universitaria, ubicada en Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul.
Según los datos de la Universidad, entre los 3.541 servidores UFMS, las mujeres
representan el 47% del total. Entre los profesionales de la docencia que trabajan en las áreas
de docencia, investigación, extensión e innovación, la proporción es del 48% de un total de
1.385 profesores y docentes. Se nota que el 97% de los profesores de la UFMS tienen un
título en los niveles de maestría y doctorado, y más del 68% son médicos y la mayoría de
ellos también trabajan en la escuela de posgrado. Entre los estudiantes y estudiantes de la
Universidad, las mujeres ocupan la mayor proporción de matrículas en cursos de pregrado.
Entre los 16.448 estudiantes y estudiantes matriculados en la institución en el actual semestre
académico, el 50,6% son mujeres (UFMS, 2017).
Se desprende de los datos de la Universidad que las mujeres son mayoría en la
comunidad universitaria, lo que nos lleva al análisis de los proyectos, programas y acciones
que recurren a este público.
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En el campo de la ética y la equidad social, existe en la Universidad Federal de Mato
Grosso do Sul/Brasil un comité de ética que se reúne y contribuye a resolver los problemas y
procesos de la Universidad, basado en el código de ética, con la Resolución No. 31 del 18 de
junio de 2015 (UFMS, 2015).
Destacamos que, aunque no tenga un enfoque dirigido únicamente a las mujeres,
puede incorporarse a las demandas feministas y femeninas en art. 2, con el siguiente objetivo:
I - para evidenciar la conducta ética que se espera de los empleados de
UFMS; II - asistir al servidor en la ejecución de acciones y toma de
decisiones, ante cuestiones éticas que puedan surgir; III
–
proteger el
servidor de exposiciones innecesarias o acusaciones infundadas con el fin de
consolidar el entorno de seguridad de la institución; IV - fortalecer el
carácter ético colectivo del personal de la UFMS; V - contribuir a un
ambiente de trabajo armonioso, cooperativo y participativo; VI - Contribuir a
intensificar el respeto y la legitimidad de la sociedad con respecto al
desempeño de la UFMS, la rectitud, el honor y la dignidad de sus servidores
y la tradición de sus servicios; y VII
–
favorecer el control social,
asegurando las garantías del régimen democrático (UFMS, 2015, p. 03).
Así, abogamos por que la educación superior tenga como uno de los principios básicos
la superación de la discriminación contra las mujeres, con el fortalecimiento de un
comportamiento ético y responsable sobre cómo se pueden orientar las acciones en la
Universidad.
Hay que tener en cuenta las demandas de los estudiantes que llegan en todo momento
a la Universidad, las condiciones de las mujeres en el ejercicio de la producción de
conocimiento y que tienen diálogos con los profesionales que trabajan en la Universidad, para
que aprendan que el saber hacer femenino es diferente al saber hacer de los hombres, pero no
inferior. Es decir
[...] la educación superior debe propender a la investigación y a la
generación de conocimientos propios y renovados de profesores y
estudiantes que permitan comprender el porqué de las cosas, para aceptar lo
que nos parezca correcto e foco en el cambio de aquello que analíticamente
se considera que debe ser superado (
ORDÓÑEZ
, 2008).
En 2020, ante la pandemia de SARS-COV 19
3
, a Universidade Federal de Mato
Grosso do Sul lançou um plano de biossegurança, com o
objetivo de: “primeiramente, a
preservação das vidas, visando conciliar as atividades presenciais (acadêmicas e
administrativas) da UFMS e a prevenção à disseminação do novo coronavírus” (UFMS, 2020,
3
El SARS-COV 19 es una enfermedad infecciosa que ataca principalmente los pulmones y ha sido más letal,
detectada en China en 2020.
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RIAEE
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,
Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1150, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16985
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p. 04). No existe una definición específica del trabajo de las mujeres en la Universidad, ni del
público estudiantil femenino. Destacamos dos elementos del plan de bioseguridad que se
pueden utilizar para mantener los derechos de las mujeres:
UFMS debe mantenerse en la
“
Campaña Yo Respeto
”
una acción específica
y permanente para difundir información sobre el Covid-19 y las medidas de
prevención. El empleado tendrá derecho al teletrabajo cuando tenga hijos de
edad escolar o inferior y que requieran la asistencia de un progenitor,
mientras exista una norma local que suspenda las actividades escolares o en
guardería, por razones de fuerza-mayoría, relacionadas con el Covid-19
(UFMS, 2020, p. 06).
Se percibe que aún quedan acciones por incorporar en el proceso de equidad de
género, uno de los pilares de la lucha feminista. Incluso en lo que respecta al uso del lenguaje
y también en el proceso de entender a las mujeres como madres, jefas de hogar, maestras,
investigadoras, en las que las condiciones aún no son equitativas en la Universidad en relación
con los hombres.
Esto es importante para analizar que el número de mujeres en UFMS es significativo
en relación con el número de hombres. Según el informe de la institución:
Entre los 3.541 servidores de UFMS, las mujeres representan el 47% del
total. Entre los profesionales de la docencia que trabajan en las áreas de
docencia, investigación, extensión e innovación, la proporción es del 48% de
un total de 1.385 profesores y docentes. Cabe destacar que el 97% de los
profesores de la UFMS tienen un título en los niveles de maestría y
doctorado, y más del 68% son médicos y la mayoría de ellos también
trabajan en estudios de posgrado (UFMS, 2017).
En este sentido, puntuamos dos acciones que se incluyeron en el proceso de pandemia
que pueden representar avances en las mujeres. Uno de ellos es el programa 'Ser Mujer en la
UFMS', coordinado por la Pro-Rectoría de Asuntos Estudiantiles (PROAES), en 2020, que
tiene como objetivo construir un espacio justo en relación con el saber hacer femenino en la
Universidad. Y el otro es el curso ofrecido por el Pro-Rectora de Gestión de Personas con el
título: Inclusión y Diversidad Cultural en la Educación Superior, que aborda las discusiones
de género en la Universidad.
Desde esta perspectiva de análisis, en la que la Universidad debe orientar sus acciones
en base a las demandas sociales, culturales, económicas y políticas que provienen de la
sociedad, se entiende que el camino de inclusión y equidad en torno a las experiencias de las
mujeres, especialmente en tiempos de crisis como en la pandemia del SARS-COV 19, mostró
cuánto progreso aún necesitamos. Ya sea en tiempos de pandemia o no, las desigualdades
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Educación superior y empoderamiento femenino: Cursos posibles en tiempos de pandemias
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Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1150, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16985
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siempre están presentes. O como dice Helen Lewis (2020): "¡El coronavirus es una tragedia
para el feminismo! [...] en todo el mundo, la independencia de las mujeres será una víctima
silenciosa de la pandemia" (LEWIS, 2020).
La Universidad Federal de Góias (UFG) es una institución pública brasileña de
educación superior ubicada en el estado de Goiás, principalmente en la ciudad de Goiânia,
con operaciones en los municipios de Aparecida de Goiânia, Goiás, Firminópolis y una futura
unidad en la Ciudad Occidental.
Según datos de la Universidad, aunque las mujeres son la mayoría de los docentes, el
51% del total de los 2.887 profesores activos, ocupan solo un tercio de los puestos directivos
de órganos administrativos, unidades académicas y académicas especiales, en la proporción
de 19 mujeres frente a 38 directores varones (PORTO, 2017, p. 8).
Este dato del 51% de las profesoras nos lleva al análisis de las acciones que se dirigen
a este público, pues muchas profesoras trabajan en estudios de grado y posgrado. Artes (2018,
p. 15), al analizar el Índice de Graduados en Brasil (IPG), presenta que "las mujeres tienen
una mayor participación especialmente en la región del Medio Oeste. Este resultado requiere
un estudio separado para comprender el cambio observado entre 2000 (paridad) para 2010 (de
cada 100 hombres hay 171 mujeres)".
Todavía en el campo de la equidad social, en la búsqueda de un acceso más igualitario
de la población brasileña a la Educación Superior, también existe en la Universidad Federal
de Goiás/Brasil un Programa creado en 2008, aprobado y basado en la Resolución Consuni
N° 29/2008 (UFG, 2008).
Tal Programa se llama UFGInclui y se implementó en 2009, estando vinculado a la
Pro-Rectoría de Graduación (Prograd). Su funcionamiento fue modificado o complementado
con las resoluciones 20/2010 para la inclusión de la reserva de vacantes del Curso de Letras -
Libras para candidatos sordos y con las resoluciones de 18/2011 y 31/2012 (UFG, 2012), "[...]
indicando un importante período de implementación de políticas de inclusión en UFG e
incluso en el país" (HERBETTA, 2018, p. 321).
Si bien no es un programa dirigido únicamente a las mujeres, también cubre las
demandas feministas y femeninas, porque, en relación con la equidad en el acceso a las
Instituciones de Educación Superior (IES) brasileñas, se observa que las mujeres han tenido
un mayor beneficio en las políticas destinadas a financiar la educación superior en cursos
privados y, proporcionalmente, un menor progreso en las políticas de acceso a las IES
públicas. Existe, por tanto, una mayor concentración de mujeres en la red privada
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RIAEE
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(BARRETO, 2014, p. 14-15), lo que nos impulsa a repensar las políticas de inclusión y
también de permanencia de las mujeres en las universidades públicas.
El programa UFGInclui basa su propósito y objetivos en el contexto sociopolítico y
económico donde se inserta la Universidad Federal de Goiás, en el Medio Oeste brasileño.
UFG tiene una historia previa con experiencias pioneras de inclusión; incluso de
manera aislada, tales experiencias ya indicaron un escenario fructífero para las políticas de
inclusión, como la graduación en Derecho para Beneficiarios de la Reforma Agraria en 2006,
en la ciudad de Goiás, y la graduación en Licenciatura en Educación de Campo en 2007, así
como el Centro Takinahak
ỹ
de Educación Superior Indígena (NTFSI):
NTFSI existe desde hace diez años y cuenta con unos 250 maestros
indígenas y maestros de los estados de Goiás, Mato Grosso, Tocantins y
Maranhão. La mayoría de ellos actúan como maestros en la escuela de sus
comunidades. [...] El número de estudiantes de primer año [...] varió a lo
largo de la década, estabilizándose entre 2013 y 2015 con la oferta de 60
vacantes anuales. Tales vacantes se ofrecen en una competencia vestibular
anual específica, que se lleva a cabo al final de cada año en algunos polos
distintos, como Imperatriz (MA), Palmas (TO) y São Félix (MT), de acuerdo
con la demanda indígena. El examen de ingreso es organizado por el Centro
de Selección, pero es diferente al ofrecido por UFG para los otros cursos.
Por lo general, tiene un ensayo con un tema relacionado con la cuestión
indígena brasileña, una entrevista y el análisis de títulos, valorando la
experiencia docente del candidato (HERBETTA, 2018, p. 317-31
8).
Además de estas experiencias, la UFG ha venido modificando el proceso de inclusión
de estas poblaciones, históricamente excluidas de la educación superior de calidad, también
en programas de posgrado, como el caso del Programa de Posgrado en Sociología
(PPGS/UFG) y el Programa de Posgrado en Antropología Social (PPGAS), ambos de la
Facultad de Ciencias Sociales (FCS), ofreciendo vacantes con selecciones que valoran las
experiencias y experiencias específicas de los candidatos de estas poblaciones.
Pero incluso frente al progreso de tales acciones, programas, resoluciones, sabemos
que es necesario superar los obstáculos al proceso de inclusión y permanencia en la
universidad pública brasileña, especialmente en el contexto actual de la pandemia. Si
pensamos en la inclusión y permanencia de las mujeres, los obstáculos son aún mayores,
porque se imputan al papel de cuidadoras de la casa, niños, ancianos, sobrecargarlos de
trabajo y reducir su tiempo libre, un aspecto importante para la dedicación a la preparación y
formación en la universidad.
La situación de las mujeres empeoró durante la pandemia con el trabajo remoto de
muchas escuelas y universidades públicas, intensificando el trabajo doméstico y otras
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Educación superior y empoderamiento femenino: Cursos posibles en tiempos de pandemias
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demandas familiares. En relación con el trabajo de los docentes, según datos de la
Parent in
Science,
son perceptibles a las dificultades de producción académica (especialmente la
presentación de artículos) de maestros negros (con o sin hijos) y blancos con niños
(principalmente de hasta 12 años) que vieron afectada su productividad académica (PARENT
IN SCIENCE, 2020, p. 12).
Nos dimos cuenta de que hay un terreno fértil en UFMS y UFG para la construcción
de políticas de inclusión, acogida y permanencia para las mujeres, que deben ser buscadas y
profundizadas, pero que aún requieren muchas luchas.
Consideraciones finales
El propósito de este artículo fue realizar un análisis sobre las contribuciones del
movimiento feminista y el empoderamiento de las mujeres en la educación superior, en
tiempos de crisis, como en la pandemia de SARS-COV 19. Para ello, realizamos un
acercamiento presionando diferentes concepciones sobre los feminismos, desde la 1ª ola hasta
la 3ª ola, para comprender los avances y retrocesos en el empoderamiento femenino, y sus
implicaciones prácticas en dos Universidades Públicas de la región medio oeste de Brasil, ya
que las mujeres en las universidades, especialmente las docentes, vieron sus vidas
profesionales y personales atravesadas por diferencias en las acciones cotidianas.
Y si no hay proyectos establecidos en torno a la igualdad de género, se percibe que
estamos sobrecargando, silenciando o incluso 'burocratizando' los derechos que han sido
proclamados por los feminismos a lo largo del tiempo histórico y social.
La intención de dialogar sobre el proceso de implementación de acciones en dos
instituciones de educación superior, en este caso la Universidad Federal de Mato Grosso do
Sul y la Universidad Federal de Goiás, se dio como un principio básico para resaltar las
prácticas de efectividad de las luchas y el empoderamiento de las mujeres en la educación
superior.
Considerando que muchas mujeres, ya sean docentes, docentes o estudiantes, tienen
jornadas laborales y requerimientos académicos que se han acentuado con la pandemia, con la
ejecución de la Educación Remota (ER), muchas han extendido la carga de trabajo de lo
público a lo privado, sin más fronteras. Por lo tanto, se percibe que la trayectoria de logros
que trajeron las luchas del movimiento feminista contribuyó a apoyar la inclusión de las
mujeres en la educación superior, pero de alguna manera hay un largo y arduo proceso de
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Jaqueline Aparecida Martins ZARBATO y Lucinéia Scremin MARTINS
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Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1150, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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comprensión de las diferencias de género, lo cual es un desafío para las universidades: pensar
y proyectar políticas de valorización y equidad de las mujeres y feministas.
GRACIAS
: PPGEDU/UFMS, CNPq.
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Educación superior y empoderamiento femenino: Cursos posibles en tiempos de pandemias
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DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16985
1150
Cómo hacer referencia a este artículo
ZARBATO, J. A. M.; MARTINS, L. S. Educación superior y empoderamiento femenino:
Cursos posibles en tiempos de pandemias.
Revista Ibero-Americana de Estudos em
Educação,
Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1150, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587. DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16985
Presentado en
: 12/11/2021
Revisiones requeridas
: 16/01/2022
Aprobado en
: 23/03/2022
Publicado en
: 30/06/2022
Procesamiento y edición: Editora Ibero-Americana de Educação
.
Corrección, formateo, normalización y traducción.
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Higher education and female empowerment: Possible courses in times of pandemics
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1128-1145, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16985
1128
HIGHER EDUCATION AND FEMALE EMPOWERMENT: POSSIBLE COURSES
IN TIMES OF PANDEMICS
ENSINO SUPERIOR E O EMPODERAMENTO FEMININO: PERCURSOS POSSÍVEIS
EM TEMPOS DE PANDEMIA
EDUCACIÓN SUPERIOR Y EMPODERAMIENTO FEMENINO: CURSOS POSIBLES
EN TIEMPOS DE PANDEMIAS
Jaqueline Aparecida Martins ZARBATO
1
Lucinéia Scremin MARTINS
2
ABSTRACT
: This article aims to reflect on women in Higher Education, pointing out the
contribution of feminism in the ruptures and continuities of gender inclusion. To this end, we
analyze the possibilities of inclusion and maintenance of actions around women in two
institutions in the central west of Brazil in times of the SARS-COVID 19 pandemic. feminist
waves in Brazil and in Higher Education, approaches to gender equality, and examples of the
search for the maintenance and empowerment of women in Higher Education in the pandemic
period. Methodologically, it presents the approaches of the feminist movement, the dialogues
about Brazilian Higher Education and women, the mishaps in the face of the pandemic and
the actions developed at the Federal University of Mato Grosso do Sul and the Federal
University of Goiás, in the center west.
KEYWORDS
: Women's empowerment. Higher education. UFMS. UFG.
RESUMO
: Esse artigo tem como objetivo refletir sobre as mulheres no Ensino Superior,
apontando a contribuição do feminismo nas rupturas e continuidades da inclusão de gênero.
Para tal, se analisam as possibilidades de inclusão e manutenção das ações em torno das
mulheres em duas instituições do centro oeste do Brasil em tempos de pandemia de SARS-
COV-19. Assim, se propõe uma análise sobre os diálogos possíveis nos aportes teóricos
acerca das ondas feministas no Brasil e no Ensino Superior, as abordagens sobre igualdade
de gênero, e os exemplos da busca pela manutenção e empoderamento das mulheres no
Ensino Superior no período pandêmico. Metodologicamente apresentam-se as abordagens do
movimento feminista, os diálogos sobre Ensino Superior brasileiro e mulheres, os percalços
diante da pandemia e as ações desenvolvidas na Universidade Federal de Mato Grosso do
Sul e Universidade Federal de Goiás, no centro oeste.
PALAVRAS-CHAVE
: Empoderamento feminino. Ensino superior. UFMS. UFG.
1
Federal University of Mato Grosso do Sul (UFMS), Campo Grande – MS– Brazil. Full professor at the
Department of History. Post-doctorate in History. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3183-4740. E-mail:
Jaqueline.zarbato@ufms.br
2
Federal University of Goiás (UFG), Goiânia – GO– Brazil. Associate Professor II at the School of Social
Sciences. Doctorate in Education (UFG). Post-Doctorate (ISCTE-IUL).
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-
9420-7464. E-mail: luascremin@ufg.br
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Jaqueline Aparecida Martins ZARBATO and Lucinéia Scremin MARTINS
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1128-1145, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16985
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RESUMEN
:
Este artículo tiene como objetivo reflexionar sobre las mujeres en la Educación
Superior, señalando el aporte del feminismo en las rupturas y continuidades de la inclusión
de género. Para ello, analizamos las posibilidades de inclusión y mantenimiento de acciones
en torno a las mujeres en dos instituciones del centro oeste de Brasil en tiempos de la
pandemia SARS-COVID 19. Ondas feministas en Brasil y en Educación Superior, enfoques de
igualdad de género y ejemplos de la búsqueda del mantenimiento y empoderamiento de la
mujer en la educación superior en el período pandémico. Metodológicamente, presenta los
enfoques del movimiento feminista, los diálogos sobre la educación superior brasileña y las
mujeres, los percances frente a la pandemia y las acciones desarrolladas en la Universidad
Federal de Mato Grosso do Sul y la Universidad Federal de Goiás, en el centro oeste.
PALABRAS CLAVE
:
Empoderamiento de las mujeres. Educación superior. UFMS. UFG.
Introduction
This article aims to analyze the actions on women in Higher Education in Brazil,
focusing on the contributions of the looks of feminisms (from the 1st wave to the 3rd wave)
and on possible strategies in the face of the SARS-COV 19 pandemic, taking as an example
two institutions in the center west of Brazil and actions around gender equality.
The intention to question the place of women's speech in higher education, how much
we can reflect on higher education as a space of possibilities for dialogue, valuing people and
the different ways of being and existing is constituted, in the conjuncture of times of crisis, as
central to women's being-doing.
Understanding that it is from the conception of equality, empowerment, ethics,
projects to overcome gender inequalities, projects that are based on the appreciation of
women's social time.
The inclusion of gender in education is directly related to the need for recognition and
social contestation of the inequality of rights between men and women. And in the human
sciences it has implications due to the actions of feminist movements that brought about the
overcoming of inequalities.
Being a man or a woman is the result of learning that begins in the family and
continues in all institutions of society. We establish ourselves based on the expectations of
what is socially right for a man and a woman, and thus gender ideologies are formed.
Thus, gender can be understood as a social organization built on the perception of
sexual differences imbricated in unequal power relations, in such a way that, when this issue
is discussed, it is intended to debate and transform the social and cultural construction of
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relationships, in the sense of pluralizing and democratizing them, eliminating differences
based on stereotyped dichotomies and hierarchies (SCOTT, 1995).
Regarding the maintenance of activities carried out by women in times of a pandemic,
there are different approaches to the situation experienced, which is no different in university
spaces. In this regard, Machado (2020) warns us that women were most affected by the
SARS-COV 19 pandemic. This, according to the author, is because,
[...] it is clear that the closing of schools compromises children's learning and
jeopardizes the resumption of economic activities for workers with children.
It is a step backwards to impose a binary choice between careers and
families on women again (MACHADO, 2020, p. 18).
Between the concern with the career and the families, countless women go through
difficulties in their experiences and trajectories throughout the History of Brazil. of work and
rights, also culminating in changes in Higher Education.
It is worth noting that there were several obstacles broken over historical time for
women to be able to access formal and public education, because as stated by Rosemberg
(2020, p. 334):
[...] from the sexual segregation of schools, which prevented mixed
education, to the idea that girls and girls should have a more restricted
education than that of boys and boys because they are considered fragile,
with more limited intelligence and focused on their “mission” as mothers.
There are some advances when we analyze the issue of expanding women's rights and
equality in society that can be incorporated into the University, such as what was postulated at
the World Conference on Women held in 1975, expanding the spaces for inclusion and the
elimination of forms of discrimination against women, re-discussed in the United Nations
Convention in 1979.
The convention aimed to promote actions in which men and women had the same
access and rights. In the fight against discrimination against women, Article 2 of the UN
Convention contains principles that attest to the commitment of different institutions:
States Parties condemn discrimination against women in all its forms, and
agree to pursue, by all appropriate means and without delay, a policy aimed
at eliminating discrimination against women, and to this end, undertake to:[.
..] c) establish the judicial protection of women's rights on an equal basis
with those of men and guarantee, through the competent national courts and
other public institutions, the effective protection of women against any act of
discrimination; d) refrain from incurring in any act or practice of
discrimination against women and act in such a way that public authorities
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Jaqueline Aparecida Martins ZARBATO and Lucinéia Scremin MARTINS
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and institutions act in accordance with this obligation; e) adopt adequate
measures to eliminate discrimination against women practiced by any
person, organization or company; f) take all appropriate measures, including
legislation, to modify or repeal laws, regulations, customs and practices that
constitute discrimination against women; g) derogate from all national
criminal provisions that constitute discrimination against women (UN, 1979,
p. 03).
It can be seen that there was a commitment by States, organizations, to eliminate
discrimination against women in different spaces, whether social, work or educational.
However, it is also necessary to point out that the legislation does not always account for
people's actions, both from the perspective of professional and personal training.
Which leads us to the reflection that we still have a society guided by the Eurocentric
and masculine model, and the University is also a space that reflects many of these
conceptions. This is because even with the increasing number of women at the University,
ethical changes in relation to sexist actions are still not effectively perceived.
The University, whether public or private, can be understood as a fundamental
institution of society, as it is directly linked to various dimensions of a country's development,
both as a strategy in the training of women and men through professionalization, and in the
role of enabling the society a relevant critical reflection on itself. In the specific case, in this
article that we are analyzing, we punctuate the approach by public higher education.
Feminisms in contexts of Public Universities
The social and cultural context that allowed the rise of women to schooling was made
with the contribution of different groups. Among them, the feminist movement stands out,
which we will trace the analysis of feminist waves and the possibilities they brought to female
empowerment. About the schooling process of the Brazilian population, Eva Blay (2003, p.
91) clarifies that,
[...] the feminist movement was joined by a series of groups that acted daily
in favor of the rights to better living conditions, for amnesty, for equal rights
between men and women. The formation of entities dedicated to sheltering
women victims of domestic violence did not take long to form. All over
Brazil, groups of activists, volunteers, sought to confront all types of
violence: rapes, mistreatment, incest, persecution of prostitutes, and endless
violations of the human rights of women and girls.
The feminist movement, as a social movement, is characterized as modern, as it arises
in the context of Enlightenment ideas. It directs the debates “to the space of political
discussion those issues hitherto seen and treated as specific to the private sector, breaking the
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public-private dichotomy, the basis of all liberal thinking about the specifics of politics and
political power” (COSTA, 2005, p. 2).
That is why it is important to incorporate the dialogues of feminist waves and the
perception of women's schooling in Higher Education, since it demands the expansion of
rights and the maintenance of women's actions.
It can be said that they are implications for the sciences, as the analyzes presuppose
the inclusion of changes in Public Universities. In other words, even if the worldviews of
feminisms are incorporated, the context of each University presents singularities.
According to Pinto (2010. p. 15), in Brazil, the “first wave” of feminism also
manifested itself more publicly through the struggle for the vote. The Brazilian suffragettes
were led by Bertha Lutz, a biologist and scientist of importance, who studied abroad and
returned to Brazil in the 1910s, starting the struggle for the vote. She was one of the founders
of the Brazilian Federation for Feminine Progress, an organization that campaigned publicly
for the vote, having even taken, in 1927, a petition to the Senate, asking for the approval of
the Bill that gave women the right to vote. This right was conquered in 1932, when the New
Brazilian Electoral Code was promulgated.
Pedro (2012, p. 245) states that in Brazil this “Second Wave” feminism adopted a
revolutionary methodology for disseminating its ideas, the so-called Consciousness Groups or
Reflection Groups, made up only of women. These meetings were held in the members'
private homes, as well as in bars, cafes, offices and libraries, with the aim of discussing the
problems faced by women and opposing machismo. One of the goals of the Women's
Consciousness/Reflection Groups was to increase solidarity among women and improve their
self-esteem.
It can be said that we have several feminist movements (from the 1st wave to the 3rd
wave), but the beginnings of the feminist movement are born from demonstrations in the 19th
century when, in defiance of male patriarchal power, women claim the right to vote. ,
education and female emancipation.
This is a period in which women were conditioned by men to remain in the process of
social hierarchization over male domination. Therefore, “feminist studies were centrally
concerned with power relations” (LOURO, 1997, p. 37). Still in the field of education,
Pitanguy (2011. p. 38) highlights that in Brazil:
[...] the issue of education, contemplated in these plans and object of other
programs and instances of national policies, constituted, at the beginning of
the 20th century, an important flag of women's struggle, highlighting the
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performance of Nísia Floresta. Today, access indicators point to a growing
presence of women in the formal education system, even higher than that of
men.
For Louro (1997, p. 15), “suffrage came to be recognized, later as the “first wave” of
feminism”. The most immediate objectives (eventually added to claims linked to the
organization of the family, opportunity for studies or access to certain professions) were
undoubtedly linked to the interests of white middle-class women, and the achievement of
these goals (although limited to some countries), following a certain accommodation in the
movement.
The “Second Wave” feminist movement, from the 1960s onwards, in Brazil, adopted a
revolutionary methodology for disseminating its ideas: the so-called Consciousness Groups or
Reflection Groups, made up only of women, seeking to create a network of solidarity between
them.
These meetings were held in the members' private homes, as well as in bars, cafes,
offices and libraries, with the aim of discussing the problems faced by women and opposing
machismo. In which, “one of the goals of the Women's Consciousness/Reflection Groups was
to increase solidarity among them and improve their self-esteem” (PEDRO, 2012, p. 245).
This period of the 1960s in Brazilian history was the scene of intense mobilizations
and demands from various social groups: workers, artists, teachers, students. In the civil-
military coup (1964-1985) a dictatorship was implanted, which had its “years of lead” in
1968, “through Institutional Act n. 5 (AI-5), which transformed the President of the Republic
into a dictator” (PINTO, 2010).
In the 1970s, there was the resurgence and consolidation of women's and/or feminist
movements (TELLES, 2018; PEDRO, 2012; ROSEMBERG, 2020). It was still during the
military regime that the first and great feminist manifestations took place. This moment is
considered the “most exuberant moment” of feminism, because it was “the one capable of
radically altering customs and transforming the most daring claims into conquered rights”
(DUARTE, 2019, p. 41).
In 1975, the United Nations (UN), at the I International Conference on Women, in
Mexico, declared the next ten years as the women's decade, and a motion in favor of Amnesty
in Brazil was approved. Thus, it was referred by Terezinha Zerbini, one of the main leaders of
the Amnesty movement, who contributed decisively to the approval of the Amnesty Law in
1979 (PINTO, 2010).
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On the other hand, before 1975, some women belonging to universities and intellectual
women in exile were already studying and appropriating the contributions of the feminist
movement in the world. At this point, according to Rosenberg (2020, p. 340-41):
The emergence of women's studies in Brazil bears marks of the vitality and
turmoil of the period, when the expansion of graduate studies in universities
was stimulated by the federal government, in accordance with a specific
proposal for the modernization of the country. In this intellectually rich and
contradictory period, segments of the intellectual elite, inside and outside the
academic world, suffered the impact of repression, generated forms of
resistance to the military government, experienced exile, received amnesty
and, upon returning to the country, became involved in different
redemocratization projects.
Also in 1975, the International Year of Women was determined as a milestone in
which the respectability of the UN was added to the performance of women university
professors and feminist groups, creating new expressions of contemporary Brazilian feminism
in which, among other agendas, the issue of “non-sexist education” (ROSEMBERG, 2020, p.
342; TELES, 2018, p. 95)
In this historical trajectory, it can be noted that in the context of Brazilian democracy,
the struggles for female empowerment had an important reinforcement with the articulation of
university feminists and researchers, which contributed to the expansion of spaces of demand
and education for women.
This is because we realized that there was no maintenance of gender policies that were
inserted in Brazilian higher education, there are advances and setbacks. We made some
progress with the National Plans for Policies for Women (PNPM, 2004, 2008, 2011, 2016),
which introduced platforms for struggles in the educational system aimed at a more
egalitarian and more equitable society. With the Woman and Science Program, in 2011, we
had an expansion of debates on research and studies that involved gender, race and identity
relations. It can be said that in the long term we had more setbacks than achievements.
According to data from the 2016 Census of Higher Education, from the National
Institute of Educational Teaching and Research Anísio Teixeira (INEP), women represent
57.2% of students enrolled in undergraduate courses. The 2017 Census showed that, of the
total number of enrollments in Universities, 104,633, the number of men is 49,935, while
54,698 are women.
We found that advances in the search for gender equality in higher education were
influenced by feminist movements, which problematize male domination, Eurocentrism and
the patriarchal model.
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So much so that in several higher education institutions in Brazil there are feminist
collectives that are configured as spaces of struggle for the maintenance of rights, equality and
gender equity. Thus evidencing a structural change in the perception of young women about
the places of speech and resistance. In this regard, Agrello and Garg (2009, p. 1305-5) support
the need and importance of changing women's posture with feminist debates in several areas
of knowledge. Because, “[...] the process is slow and must start with schooling”.
The inclusion of gender in our activities is directly related to the need for recognition
and social contestation of the inequality of rights between men and women. The
dissemination of the concept of gender at a global level and in the most diverse social
sciences arose from its association with feminist movements that brought about the
overcoming of inequalities. In other words, teaching and learning without ethical behavior
will lead us to reproduce a society that does not respect difference. And the education that is
intended for women is one of inclusion, of appreciation, with respect and ethics, that advances
with the changes that occur in all spheres of our life. Or, as Paulo Freire stated (1996, p. 77):
The world is not. The world is being. As a curious, intelligent subjectivity,
interfering with the objectivity with which I dialectically relate, my role in
the world is not only that of someone who observes what happens, but also
that of someone who intervenes as a subject of occurrences. I am not only
the object of History, but its subject as well. In the world of history, culture,
politics, I see it not to adapt, but to change.
In this sense, Universities also have the responsibility to teach ethically or to act
ethically, not having the prevalence of the male view. Having this ethical behavior with
women of different ages, occupations, traditions, religions, social and cultural ties can
contribute to the University actually exercising the practice of producing knowledge, in which
the structures and actions derive for a transforming society.
Thus, we think and defend that universities are the 'locus' of dialogue, of more
humanist, inclusive, feminist visions focusing on the broad debate on overcoming
inequalities, representing this 'watershed' to rethink the guidelines that men and women they
have equal rights, with equitable training, in which there is a university ethics that shelters the
legal and moral person that it is; to be morally responsible for all actions performed.
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Higher education and female empowerment: Possible courses in times of pandemics
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Public Universities and female and feminist contributions: the challenges facing
epidemic times
The analysis of the process of contribution of feminisms in the actions of public
universities can be discussed from the insertion of feminist theories in different areas of
knowledge to the inclusion of feminist collectives in Public Universities. However, our
intention is to reflect on the propositions that were inserted in the two Universities under
analysis. Thinking that from the contribution of feminist theoretical and methodological
perspectives one can also have constructs for other paths in the future.
It is noticed that epidemics devastate society with an impact on all areas and that in
Universities this is no different. We are impelled to change our stance on public health issues.
In 2009, for example, during the H1N1 epidemic, the National Education Council (CNE, in
the Portuguese acronym) issued Opinion no. 19/2009, which referred to educational
institutions compliance with the school calendar in public health situations that interfered with
their routines (BRAZIL, 2009). As in 2009, with educational guidelines in times of epidemic,
because of the SARS-COV19 pandemic, educational institutions had to readjust. As a result,
the Emergency Operating Committee of the Ministry of Education (COE-MEC) was created
(BRAZIL, 2020).
In this sense, ordinances such as 345/2020 and n. 395/2020, and a Provisional Measure
(n. 934/2020), which authorize the replacement of face-to-face classes with classes in digital
media - which use information and communication means and technologies (except
internships, laboratory practices and, for Medicine courses, internships).
Changes in the forms of classes in Higher Education had different implications for
women. And even with the transformations arising from feminist actions, we had setbacks in
this pandemic period.
For this reason, we analyzed the context of two Public Universities in the center west
of Brazil, for two reasons: space for the authors to act and their research, and for the
decentralization of actions in institutions that are, in regions with a wide social, cultural and
cultural diversity.
In this regard, we analyzed the projects and proposals of the two public universities, in
order to point out possibilities for advances and setbacks in terms of the inclusion of women
and maintenance of actions for female empowerment.
The Federal University of Mato Grosso do Sul is a Brazilian Federal Public Higher
Education institution, with campuses located in nine cities in the interior: Aquidauana,
Chapadão do Sul, Corumbá, Coxim, Naviraí, Nova Andradina, Paranaíba, Ponta Porã and
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Jaqueline Aparecida Martins ZARBATO and Lucinéia Scremin MARTINS
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1128-1145, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16985
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Três Lagoas. The main campus and the administrative headquarters of UFMS make up the
University City, located in Campo Grande, capital of Mato Grosso do Sul.
According to data from the University, among the 3,541 employees at UFMS, women
account for 47% of the total. Among teaching professionals who work in the areas of
teaching, research, extension and innovation, the proportion is 48% of a total of 1,385
professors. It is noteworthy that 97% of UFMS professors have degrees at the Master's and
Doctoral level, with more than 68% holding PhDs and a large part also working in graduate
studies. Among the students of the University, women occupy the largest proportion of
enrollments in undergraduate courses. Among the 16,448 students enrolled at the institution in
the current academic semester, 50.6% are women (UFMS, 2017).
It can be seen from the data from the University that women are the majority in the
university community, which leads us to analyze the projects, programs and actions that are
aimed at this audience.
In the field of ethics and social equity, there is an ethics committee at the Federal
University of Mato Grosso do Sul/Brazil that meets and contributes to resolving the
University's problems and processes, based on the code of ethics, with Resolution No. June
18, 2015 (UFMS, 2015).
We emphasize that even though it does not focus solely on women, it can be
incorporated into feminist and feminine demands, in Art. 2, with the following objective:
I – evidence ethical conduct expected from UFMS servers; II – assist the
server in the execution of actions and decision-making, when faced with
ethical issues that may arise; III – protect the server from unnecessary
exposure or unfounded accusations in order to consolidate the Institution's
security environment; IV – strengthen the collective ethical character of the
UFMS staff; V – contribute to a harmonious, cooperative and participatory
work environment; VI - contribute to intensifying the respect and legitimacy
of society regarding the performance of UFMS, the rectitude, honor and
dignity of its servants and the tradition of its services; and VII – to favor
social control, ensuring the guarantees of the democratic regime (UFMS,
2015, p. 03).
In this way, we defend that higher education has as one of the basic principles the
overcoming of discrimination against women, with the strengthening of ethical and
responsible behavior on how actions at the University can be guided.
The demands of students who arrive at the University at all times must be taken into
account, the conditions of women in the exercise of knowledge production and that they have
dialogues with professionals who work at the University, so that they understand that female
know-how is different from human know-how, but not inferior. I.e.,
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Higher education and female empowerment: Possible courses in times of pandemics
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1128-1145, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
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[...] higher education should tend to research and the generation of own and
renewed knowledge of teachers and students that allow us to understand the
reason for things, to accept what seems correct to us and influence the
change of what analytically is considered to be overcome (
ORDÓÑEZ
,
2008).
In 2020, in the face of the SARS-COV 19 pandemic
3
, the Federal University of Mato
Grosso do Sul launched a biosafety plan, with the objective of: “first, the preservation of
lives, aiming to reconcile the face-to-face activities (academic and administrative) of UFMS
and the prevention of the spread of the new coronavirus” (UFMS, 2020, p. 04). There is no
specific definition of the work of women at the University, nor to the female student public.
We highlight two items of the biosecurity plan that can be used to maintain women's rights:
UFMS should maintain in the “Campanha Eu Respeito” a specific and
permanent action to disseminate information about Covid-19 and prevention
measures. The server will be entitled to telework when they have children of
school age or below and who need the assistance of one of the parents, while
the local rule is in force that suspends school activities or day care, for
reasons of force majeure, related to Covid-19 (UFMS, 2020, p. 06).
It is noticed that there are still actions to be incorporated in the process of gender
equity, one of the pillars of the feminist struggle. Even with regard to the use of language and
also in the process of understanding women as mothers, heads of the home, teachers,
researchers, in which conditions are still not equitable at the University in relation to men.
That said, it is important to analyze that the number of women at UFMS is significant
in relation to the number of men. According to the institution's report:
Among the 3,541 servers at UFMS, women account for 47% of the total.
Among teaching professionals who work in the areas of teaching, research,
extension and innovation, the proportion is 48% of a total of 1,385
professors. It is noteworthy that 97% of UFMS professors have degrees at
the Master's and Doctoral level, with more than 68% holding PhDs and a
large part also working in postgraduate studies (UFMS, 2017).
In this sense, we point out two actions that were included in the pandemic process that
may represent advances with regard to women. One is the ‘Ser Mulher na UFMS’ program,
coordinated by the Pro-Rectory of Student Affairs (PROAES), in 2020, which aims to build
an equitable space in relation to female know-how at the University. And the other is the
3
SARS-COV19 is an infectious disease that mainly attacks the lungs and was more lethal, detected in China in
2020.
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course offered by the Dean of Personnel Management with the title: Inclusion and Cultural
Diversity in Higher Education, which addresses gender discussions at the University.
From this perspective of analysis, in which the University must guide its actions from
the social, cultural, economic and political demands that come from society, it is understood
that the path of inclusion and equity around the experiences of women, especially in times of
crisis as in the SARS-COV 19 pandemic, showed how much progress we still need. Whether
in pandemic times or not, inequalities are always present. Or as Helen Lewis (2020) states:
“The coronavirus is a tragedy for feminism! [...] all over the world, women's independence
will be a silent victim of the pandemic" (LEWIS, 2020).
The Federal University of Góias (UFG) is a Brazilian Public Higher Education
Institution located in the state of Goiás, mainly in the city of Goiânia, with operations in the
municipalities of Aparecida de Goiânia, Goiânia, Firminópolis and a future unit in Cidade
Ocidental.
According to data from the University, although women are the majority of professors,
with 51% of the total of the 2,887 active professors, they occupy only one third of the
management positions of administrative bodies, academic and special academic units, in the
proportion of 19 women to 38 male directors (PORTO, 2019, p. 8).
This data of 51% of female professors leads us to analyze the actions that are aimed at
this public, as many professors work in undergraduate and graduate courses. Artes (2018, p.
15), when analyzing the Postgraduate Index in Brazil (IPG), shows us that “women have a
greater participation, especially in the Midwest region. This result requires a separate study to
understand the change observed between 2000 (parity) and 2010 (171 women out of every
100 men).
Still in the field of social equity, in the search for more equal access for the Brazilian
population to Higher Education, there is also a Program at the Federal University of
Goiás/Brazil, created in 2008, approved and based on Consuni Resolution nº 29/2008 (UFG,
2008).
This program is called “UFG Includes” and was implemented in 2009, being linked to
the Dean of Graduation (Prograd). Its functioning was changed or complemented with
resolutions 20/2010 to include the reservation of places for the Language Course – Libras for
deaf candidates and with resolutions of 18/2011 and 31/2012 (UFG, 2012), “[...] indicating an
important period for the implementation of inclusion policies at UFG and even in the country”
(HERBETTA, 2018, p. 321).
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Higher education and female empowerment: Possible courses in times of pandemics
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1128-1145, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
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Even though it is not a program aimed only at women, it also covers feminist and
female demands, since, in relation to equity in access to Brazilian public and private Higher
Education Institutions (HEIs), it appears that women have had greater benefit in policies that
aim to finance higher education in private courses and, proportionally, less progress in
policies for access to public HEIs. There is, therefore, a greater concentration of women in the
private network (BARRETO, 2014, p. 14-15), which impels us to rethink the policies of
inclusion and also of women's permanence in public universities.
The UFG Includes program bases its purpose and objectives from the socio-political
and economic context where the Federal University of Goiás is located, in the Brazilian
Midwest.
UFG has a previous history with pioneering experiences of inclusion; even if in
isolation, such experiences already indicated a fruitful scenario for inclusion policies, such as,
for example, the graduation in Law for Beneficiaries of Agrarian Reform, in 2006, in the city
of Goiás, and the graduation in Licentiate in Rural Education in 2007, as well as the
Takinahak
ỹ
Nucleus of Higher Indigenous Training (NTFSI):
NTFSI has been in existence for ten years and has about 250 indigenous
teachers from the states of Goiás, Mato Grosso, Tocantins and Maranhão.
Most of them work as teachers in the schools of their communities. [...] The
number of new entrants [...] varied over the decade, stabilizing between 2013
and 2015 with the offer of 60 vacancies per year. Such vacancies are offered
in a specific annual entrance exam, which is held at the end of each year in
some different centers, such as Imperatriz (MA), Palmas (TO) and São Félix
(MT), according to indigenous demand. The entrance exam is organized by
the Selection Center, but it is different from the one offered by UFG for
other courses. It usually has an essay with a theme related to the Brazilian
indigenous issue, an interview and the analysis of titles, valuing the
candidate's teaching experience (HERBETTA, 2018, p. 317-318).
In addition to these experiences, UFG has been modifying the process of including
these populations, historically excluded from quality higher education, also in graduate
programs, such as the Postgraduate Program in Sociology (PPGS/UFG) and the Graduate
Program in Social Anthropology (PPGAS), both from the Faculty of Social Sciences (FCS),
offering vacancies with selections that value the specific experiences and experiences of
candidates from these populations.
But, even in the face of the advancement of such actions, programs, resolutions, we
know that it is necessary to overcome the obstacles to the process of inclusion and
permanence in the Brazilian public university, especially in the current context of the
pandemic. If we think about the inclusion and permanence of women, the obstacles are even
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Jaqueline Aparecida Martins ZARBATO and Lucinéia Scremin MARTINS
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greater, as they are assigned the role of caregivers of the house, children, the elderly,
overloading them with work and reducing their free time, an important aspect of dedication to
university preparation and training.
The situation of women has worsened during the pandemic with the remote work of
many public schools and universities, intensifying domestic work and other family demands.
Regarding the work of teachers, according to data from Parent in Science, the difficulties of
academic production (in particular, submission of articles) of black teachers (with or without
children) and white teachers with children (mainly aged up to 12 years) are perceptible. who
had their academic productivity affected (PARENT IN SCIENCE, 2020, p. 12).
We realize that there is fertile ground in UFMS and UFG for the construction of
inclusion, reception and permanence policies for women, which must be sought and
deepened, but which still require many struggles.
Final remarks
The purpose of this article was to carry out an analysis of the contributions of the
feminist movement and the empowerment of women in higher education, in times of crisis,
such as the SARS-COV 19 pandemic. the 1st wave to the 3rd wave, to understand the
advances and setbacks on female empowerment, and its practical implications in two Public
Universities in the central west region of Brazil, since women in Universities, especially
teachers, had their professional lives and personal experiences crossed by differences in
everyday actions.
And if there are no instituted projects around gender equality, it is clear that we are
overloading, silencing or even 'bureaucratizing' the rights that have been proclaimed by
feminisms over historical and social time.
The intention to talk about the process of implementing actions in two higher
education institutions, in this case the Federal University of Mato Grosso do Sul and Federal
University of Goiás, was given as a basic principle to highlight the practices of effective
struggles and empowerment of women in higher education.
Considering that many women, whether teachers, technicians or students, have
working hours and academic requirements that have been accentuated with the pandemic,
with the implementation of Remote Teaching (RT), many have extended the workload from
the public to the private, with no more borders. Therefore, it is clear that the trajectory of
conquests made by the struggles of the feminist movement contributed to support the
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Higher education and female empowerment: Possible courses in times of pandemics
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inclusion of women in higher education, but, somehow, there is a long and arduous process of
understanding gender differences , which is configured as a challenge for Universities: to
think and design policies of valorization and female and feminist equity.
ACKNOWLEDGMENTS:
PPGEDU/UFMS, CNPq.
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Jaqueline Aparecida Martins ZARBATO and Lucinéia Scremin MARTINS
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ZARBATO, J. A. M.; MARTINS, L. S. Higher education and female empowerment: Possible
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,
Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1128-1145, June 2022. e-ISSN: 1982-5587. DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16985
Submitted
: 12/11/2021
Revisions required
: 16/01/2022
Approved
: 23/03/2022
Published
: 30/06/2022
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
Proofreading, formatting, normalization and translation