image/svg+xmlEnsino superior e o empoderamento feminino: Percursos possíveis em tempos de pandemia RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1149, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16985 1132 ENSINO SUPERIOR E O EMPODERAMENTO FEMININO: PERCURSOS POSSÍVEIS EM TEMPOS DE PANDEMIA EDUCACIÓN SUPERIOR Y EMPODERAMIENTO FEMENINO: CURSOS POSIBLES EN TIEMPOS DE PANDEMIASHIGHER EDUCATION AND FEMALE EMPOWERMENT: POSSIBLE COURSES IN TIMES OF PANDEMICSJaqueline Aparecida Martins ZARBATO1Lucinéia Scremin MARTINS2RESUMO:Esse artigo tem como objetivo refletir sobre as mulheres no Ensino Superior, apontando a contribuição do feminismo nas rupturas e continuidades da inclusão de gênero. Para tal, se analisam as possibilidades de inclusão e manutenção das ações em torno das mulheres em duas instituições do centro oeste do Brasil em tempos de pandemia de SARS-COV-19. Assim, se propõe uma análise sobre os diálogos possíveis nos aportes teóricos acerca das ondas feministas no Brasil e no Ensino Superior, as abordagens sobre igualdade de gênero, e os exemplos da busca pela manutenção e empoderamento das mulheres no Ensino Superior no período pandêmico. Metodologicamente apresentam-se as abordagens do movimento feminista, os diálogos sobre Ensino Superior brasileiro e mulheres, os percalços diante da pandemia e as ações desenvolvidas na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e Universidade Federal de Goiás, no centro oeste. PALAVRAS-CHAVE: Empoderamento feminino. Ensino superior. UFMS. UFG. RESUMEN:Este artículo tiene como objetivo reflexionar sobre las mujeres en la Educación Superior, señalando el aporte del feminismo en las rupturas y continuidades de la inclusión de género. Para ello, analizamos las posibilidades de inclusión y mantenimiento de acciones en torno a las mujeres en dos instituciones del centro oeste de Brasil en tiempos de la pandemia SARS-COVID 19. Ondas feministas en Brasil y en Educación Superior, enfoques de igualdad de género y ejemplos de la búsqueda del mantenimiento y empoderamiento de la mujer en la educación superior en el período pandémico. Metodológicamente, presenta los enfoques del movimiento feminista, los diálogos sobre la educación superior brasileña y las mujeres, los percances frente a la pandemia y las acciones desarrolladas en la Universidad Federal de Mato Grosso do Sul y la Universidad Federal de Goiás, en el centro oeste. PALABRAS CLAVE:Empoderamiento de las mujeres. Educación superior. UFMS. UFG. 1Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Campo Grande – MS – Brasil. Professora titular do Departamento de História. Pós-doutorado em História. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3183-4740. E-mail: Jaqueline.zarbato@ufms.br2Universidade Federal de Goiás (UFG), Goiânia – GO – Brasil. Professora Associada II na Faculdade de Ciências Sociais. Doutorado em Educação (UFG). Pós-Doutorado (ISCTE-IUL). ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9420-7464. E-mail: luascremin@ufg.br
image/svg+xmlJaqueline Aparecida Martins ZARBATO e Lucinéia Scremin MARTINS RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1149, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16985 1133 ABSTRACT:This article aims to reflect on women in Higher Education, pointing out the contribution of feminism in the ruptures and continuities of gender inclusion. To this end, we analyze the possibilities of inclusion and maintenance of actions around women in two institutions in the central west of Brazil in times of the SARS-COVID 19 pandemic. feminist waves in Brazil and in Higher Education, approaches to gender equality, and examples of the search for the maintenance and empowerment of women in Higher Education in the pandemic period. Methodologically, it presents the approaches of the feminist movement, the dialogues about Brazilian Higher Education and women, the mishaps in the face of the pandemic and the actions developed at the Federal University of Mato Grosso do Sul and the Federal University of Goiás, in the center west. KEYWORDS:Women's empowerment. Higher education. UFMS. UFG. Introdução Esse artigo tem como objetivo analisar as ações sobre as mulheres no Ensino Superior no Brasil, com enfoque nas contribuições dos olhares dos feminismos (a 1ª onda até a 3ª onda) e nas estratégias possíveis diante da pandemia do SARS-COV 19, tendo como exemplo duas instituições do centro oeste do Brasil e as ações em torno da igualdade de gênero. A intenção em problematizar o lugar de fala das mulheres no ensino superior, o quanto podemos refletir sobre a educação superior como um espaço de possibilidades de diálogos, de valorização das pessoas e das diferentes formas de ser e existir se constitui, na conjuntura dos tempos de crise, como fulcral sobre o ser-fazer das mulheres. Compreendendo que é a partir da concepção de igualdade, de empoderamento, de ética, de projetos de superação das desigualdades de gênero, de projetos que tenham como fundamento a valorização do tempo social das mulheres. A inclusão do gênero na educação está diretamente relacionada à necessidade de reconhecimento e à contestação social da desigualdade de direitos entre homens e mulheres. E nas ciências humanas tem implicações devido às ações dos movimentos feministas que trouxeram a superação das desigualdades. Ser homem ou mulher é resultado de um aprendizado que se inicia na família e continua em todas as instituições da sociedade. Vamos nos estabelecendo a partir das expectativas do que é socialmente acertado para um homem e para uma mulher, e assim as ideologias de gênero vão se formando. Assim, gênero pode ser entendido como uma organização social construída sobre a percepção das diferenças sexuais imbricadas nas relações desiguais de poder, de tal sorte que, quando se discute essa questão, pretende-se debater e transformar a construção social e
image/svg+xmlEnsino superior e o empoderamento feminino: Percursos possíveis em tempos de pandemia RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1149, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16985 1134 cultural das relações, no sentido de pluralizá-las e democratizá-las, eliminando diferenças baseadas em dicotomias e hierarquias estereotipadas (SCOTT, 1995). Sobre a manutenção das atividades realizadas pelas mulheres em tempos de pandemia, há diferentes abordagens sobre a situação vivenciada, o que não é diferente nos espaços das universidades. Sobre isso, Machado (2020) nos alerta que as mulheres foram mais afetadas pela pandemia de SARS-COV 19. Isso segundo a autora se dá pois, [...] é notório que o fechamento das escolas compromete o aprendizado das crianças e prejudica a retomada das atividades econômicas para trabalhadores com filhos. É um retrocesso voltar a impor às mulheres a escolha binária entre carreiras e famílias (MACHADO, 2020, p. 18). Entre a preocupação com a carreira e as famílias, inúmeras mulheres perpassam por dificuldades em suas experiências e trajetórias ao longo da História do Brasil. São as lutas das mulheres, engendradas e construídas no e pelo movimento feminista que, de certa maneira, ampliaram as condições de trabalho e de direitos, culminando também em modificações no Ensino Superior. Cabe destacar que foram vários obstáculos rompidos ao longo do tempo histórico para que as mulheres pudessem acessar a educação formal e pública, pois como afirma Rosemberg (2020, p. 334): [...] da segregação sexual das escolas, que impediam a educação mista, ao ideário de que meninas e moças deveriam ter uma educação mais restrita do que a de meninos e rapazes por serem consideradas frágeis, com inteligência mais limitada e voltadas para sua “missão” como mães. Há alguns avanços quando analisamos a questão da ampliação dos direitos e de igualdade feminina na sociedade que podem ser incorporados na Universidade, como o que foi postulado na Conferência Mundial sobre a Mulher realizada ano de 1975, ampliando os espaços de inclusão e a eliminação das formas de discriminação contra a mulher, rediscutida na convenção da Organização das Nações Unidas em 1979. Na convenção visava-se promover as ações em que homens e mulheres tivessem os mesmos acessos e direitos. Na luta contra a discriminação da mulher, tem-se no artigo 2º da convenção da ONU princípios que atestam o comprometimento de diferentes instituições: Os Estados Partes condenam a discriminação contra as mulheres sob todas as suas formas, e concordam em seguir, por todos os meios apropriados e sem tardança, uma política destinada a eliminar a discriminação contra as mulheres, e para tanto, se comprometem a: [...] c) estabelecer a proteção jurisdicional dos direitos das mulheres em uma base de igualdade com os
image/svg+xmlJaqueline Aparecida Martins ZARBATO e Lucinéia Scremin MARTINS RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1149, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16985 1135 dos homens e garantir, por intermédio dos tribunais nacionais competentes e de outras instituições públicas, a proteção efetiva das mulheres contra todo ato de discriminação; d) abster-se de incorrer em qualquer ato ou prática de discriminação contra as mulheres e atuar de maneira que as autoridades e instituições públicas ajam em conformidade com esta obrigação; e) adotar as medidas adequadas para eliminar a discriminação contra as mulheres praticada por qualquer pessoa, organização ou empresa;f) tomar todas as medidas apropriadas, inclusive de caráter legislativo, para modificar ou revogar leis, regulamentos, costumes e práticas que constituam discriminação contra as mulheres; g) derrogar todas as disposições penais nacionais que constituam discriminação contra as mulheres (ONU, 1979, p. 03). Percebe-se que houve um comprometimento dos Estados, das organizações, em eliminar a discriminação das mulheres em diferentes espaços, sejam sociais, de trabalho ou educativos. Mas, é necessário também pontuar que nem sempre a legislação dá conta das ações das pessoas, tanto pelo prisma da formação profissional quanto pessoal. O que nos encaminha para a reflexão de que ainda temos uma sociedade pautada pelo modelo eurocentrista e masculino, sendo a Universidade também um espaço que reflete muitas dessas concepções. Isso porque mesmo com o número crescente de mulheres na Universidade, ainda não se percebe efetivamente mudanças éticas em relação às ações sexistas. A Universidade, seja pública ou particular, pode ser compreendida como uma instituição fundamental da sociedade, pois está diretamente vinculada a várias dimensões do desenvolvimento de um país, tanto como estratégia na formação de mulheres e homens através da profissionalização, quanto no papel de possibilitar à sociedade uma reflexão crítica relevante sobre si mesma. No caso específico, nesse artigo que estamos analisando, pontuamos a abordagem pelo ensino superior público. Feminismos em contextos das Universidades Públicas. O contexto social e cultural que permitiu a ascensão das mulheres à escolaridade se fez com a contribuição de diferentes grupos. Entre eles destacam-se o movimento feminista, o qual traçaremos a análise sobre as ondas feministas e as possibilidades que trouxeram para o empoderamento feminino. Sobre o processo de escolarização da população brasileira, Eva Blay (2003, p. 91) esclarece que, [...] ao movimento feminista se aglutinou uma série de grupos que atuaram cotidianamente a favor dos direitos a melhores condições de vida, pela anistia, pela igualdade de direitos entre homens e mulheres. A formação de entidades voltadas a abrigar mulheres vítimas de violência doméstica não
image/svg+xmlEnsino superior e o empoderamento feminino: Percursos possíveis em tempos de pandemia RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1149, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16985 1136 tardou a se formar. Por todo o Brasil, grupos de ativistas, voluntárias, procuravam enfrentar todos os tipos de violência: estupros, maus tratos, incestos, perseguição a prostitutas, e infindáveis violações dos direitos humanos de mulheres e meninas. O movimento feminista, enquanto movimento social, caracteriza-se como moderno, pois surge no contexto das ideias iluministas. Encaminha os debates “para o espaço da discussão política aquelas questões até então vistas e tratadas como específicas do privado, quebrando a dicotomia público-privado, base de todo o pensamento liberal sobre as especificidades da política e do poder político” (COSTA, 2005, p. 2). Por isso é importante incorporar os diálogos das ondas feministas e a perceptiva de escolarização das mulheres no Ensino Superior, uma vez que demanda a ampliação dos direitos e a manutenção de ações de mulheres. Pode-se dizer que são implicações nas ciências, pois as análises pressupõem as inclusões de mudanças nas Universidades Públicas. Ou seja, ainda que sejam incorporadas as visões de mundo dos feminismos, o contexto de cada Universidade apresenta singularidades. Segundo Pinto (2010. p. 15), no Brasil, a “primeira onda” do feminismo também se manifestou mais publicamente por meio da luta pelo voto. As sufragetesbrasileiras foram lideradas por Bertha Lutz, bióloga, cientista de importância, que estudou no exterior e voltou para o Brasil na década de 1910, iniciando a luta pelo voto. Ela foi uma das fundadoras da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, organização que fez campanha pública pelo voto, tendo inclusive levado, em 1927, um abaixo-assinado ao Senado, pedindo a aprovação do Projeto de Lei que dava o direito de voto às mulheres. Este direito foi conquistado em 1932, quando foi promulgado o Novo Código Eleitoral brasileiro. Pedro (2012, p. 245) afirma que no Brasil esse feminismo de “Segunda Onda” adotou uma metodologia revolucionária de divulgação de suas ideias, os chamados Grupos de Consciência ou Grupos de Reflexão, constituídos apenas por mulheres. Estes encontros eram feitos nas casas particulares das integrantes, assim como em bares, cafés, escritórios e bibliotecas, com o intuito de se discutirem os problemas enfrentados pelas mulheres e se contrapor ao machismo. Um dos objetivos dos Grupos de Consciência/Reflexão das mulheres era aumentar a solidariedade entre elas e melhorar sua autoestima. Pode-se dizer que temos vários movimentos feministas (desde a 1ª onda até a 3ª onda), mas, os primórdios do movimento feminista nascem a partir de manifestações no século XIX quando, desafiando o poder patriarcal masculino, as mulheres reivindicam o direito ao voto, à educação e à emancipação feminina.
image/svg+xmlJaqueline Aparecida Martins ZARBATO e Lucinéia Scremin MARTINS RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1149, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16985 1137 Esse é um período em que as mulheres eram condicionadas pelos homens a permanecerem no processo de hierarquização social sobre a dominação masculina. Logo, “os estudos feministas estiveram centralmente preocupados com as relações de poder” (LOURO, 1997, p. 37). Ainda no campo da educação, Pitanguy (2011. p. 38) destaca que no Brasil: [...] a questão da educação, contemplada nestes planos e objeto de outros programas e instâncias de políticas nacionais, constituiu, no início do século XX, uma importante bandeira de luta das mulheres, destacando-se a atuação de Nísia Floresta. Hoje, os indicadores de acesso apontam uma crescente presença das mulheres no sistema formal de educação, inclusive superior à dos homens. Para Louro (1997, p. 15), “o sufragismo passou a ser reconhecido, posteriormente como a “primeira onda” do feminismo”. Os objetivos mais imediatos (eventualmente acrescidos de reivindicações vinculadas à organização da família, oportunidade de estudos ou acesso a determinadas profissões) estavam, sem dúvidas, ligadas ao interesse das mulheres brancas de classe média, e ao alcance dessas metas (embora circunscrito a alguns países), seguindo de certa acomodação no movimento. Já o movimento feminista da “Segunda Onda”, a partir dos anos 1960, no Brasil, adotou uma metodologia revolucionária de divulgação de suas ideias: os chamados Grupos de Consciência ou Grupos de Reflexão, constituídos apenas por mulheres, buscando criar uma rede de solidariedade entre elas. Estes encontros eram realizados nas casas particulares das integrantes, assim como, em bares, cafés, escritórios e bibliotecas, com o intuito de discutir os problemas enfrentados pelas mulheres e se contrapor ao machismo. Em que, “um dos objetivos dos Grupos de Consciência/Reflexão das mulheres era aumentar a solidariedade entre elas e melhorar sua autoestima” (PEDRO, 2012, p. 245). Esse período dos anos 1960 da história brasileira foi o palco de intensas mobilizações e reinvindicações de diversos grupos sociais: trabalhadoras, artistas, professoras, estudantes. No golpe civil-militar (1964-1985) implanta-se, então, uma ditadura que teve seus “anos de chumbo” no ano de 1968, “por meio do Ato Institucional n. 5 (AI-5), que transformava o Presidente da República em um ditador” (PINTO, 2010). Na década de 1970 há o ressurgimento e a consolidação dos movimentos de mulheres e/ou feministas (TELLES, 2018; PEDRO, 2012; ROSEMBERG, 2020). É ainda durante o regime militar que ocorrem as primeiras e grandes manifestações feministas. Esse momento é considerado como o “momento mais exuberante” do feminismo, porque foi “aquele capaz de
image/svg+xmlEnsino superior e o empoderamento feminino: Percursos possíveis em tempos de pandemia RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1149, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16985 1138 alterar radicalmente os costumes e transformar as reinvindicações mais ousadas em direitos conquistados” (DUARTE, 2019, p. 41). Em 1975, a Organização das Nações Unidas (ONU), na I Conferência Internacional da Mulher, no México, declara os próximos dez anos como a década da mulher, sendo aprovada uma moção em prol da Anistia no Brasil. Assim, foi encaminhada por Terezinha Zerbini, uma das principais lideranças do movimento pela Anistia, o qual contribuiu decisivamente pela aprovação da Lei da Anistia em 1979 (PINTO, 2010). Por outro lado, antes de 1975, algumas mulheres pertencentes às universidades e mulheres intelectuais no exílio já estavam estudando e se apropriando das contribuições do movimento feminista no mundo. Nesse momento, segundo Rosemberg (2020, p. 340-41): O surgimento dos estudos sobre a mulher no Brasil carrega marcas da vitalidade e turbulência do período, quando a expansão da Pós-graduação nas universidades foi estimulada pelo governo federal, de acordo com uma determinada proposta de modernização do país. Nessa época intelectualmente rica e contraditória, segmentos da elite intelectual, dentro e fora do mundo acadêmico, sofreram o impacto da repressão, geraram formas de resistência ao governo militar, conheceram o exílio, foram anistiados e, no retorno ao país, se envolveram em diferentes projetos de redemocratização. Ainda em 1975, foi determinado o ano internacional da mulher como um marco em que a respeitabilidade da ONU se somou à atuação de mulheres professoras universitárias e grupos feministas, criando novas expressões do feminismo brasileiro contemporâneo em que se passou a incluir, entre outras pautas, a questão da “educação não sexista” (ROSEMBERG, 2020, p. 342; TELES, 2018, p. 95) Nesse percurso histórico, pode-se notar que no contexto da democracia brasileira, as lutas pelo empoderamento feminino tiveram reforço importante com a articulação de feministas universitárias e pesquisadoras, o que contribuiu para que fossem ampliados os espaços de reivindicação e educação para as mulheres. Isso porque percebemos que não houve a manutenção de políticas de gênero que foram inseridas no ensino superior brasileiro, são avanços e retrocessos. Tivemos alguns avanços com os Planos Nacionais de Políticas para as Mulheres (PNPM, 2004, 2008, 2011, 2016), os quais inseriram no sistema educacional plataformas de lutas que visavam uma sociedade mais igualitária e mais equitativa. Com o Programa Mulher e Ciência, em 2011, tivemos ampliação dos debates sobre pesquisas e estudos que envolviam as relações de gênero, raça e identidade. Pode-se dizer que em longo prazo tivemos mais retrocessos que conquistas.
image/svg+xmlJaqueline Aparecida Martins ZARBATO e Lucinéia Scremin MARTINS RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1149, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16985 1139 Segundo dados do Censo da Educação Superior de 2016, do Instituto Nacional de Ensino e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), as mulheres representam 57,2% dos discentes matriculados em cursos de graduação. O Censo de 2017 mostrou que, do número total de matrículas em Universidades, 104.633, o número de homens é de 49.935, enquanto 54.698 são de pessoas do sexo feminino. Constatamos que os avanços na busca pela igualdade de gênero no ensino superior tiverem influência dos movimentos feministas, que problematizam a dominação masculina, o eurocentrismo e o modelo patriarcal. Tanto que há em várias instituições de ensino superior no Brasil coletivos feministas que se configuram como espaços de luta pela manutenção de direitos, pela igualdade e equidade de gênero. Evidenciando assim uma mudança estrutural na percepção das mulheres jovens sobre os lugares de fala e de resistência. Sobre isso, Agrello e Garg (2009, p. 1305) fundamentam a necessidade e importância da mudança de postura feminina com os debates feministas, em várias áreas de conhecimento. Pois, “[...] o processo é lento e deve ser iniciado com a escolarização”. A inclusão do gênero em nossas atividades está diretamente relacionada à necessidade de reconhecimento e à contestação social da desigualdade de direitos entre homens e mulheres. A disseminação do conceito de gênero em nível global e nas mais diversas ciências sociais surgiu pela sua associação aos movimentos feministas que trouxeram a superação das desigualdades. Ou seja, ensinar e aprender sem comportamento ético nos levará a reproduzir uma sociedade que não respeita a diferença. E a educação que se pretende para as mulheres é de inclusão, de valorização, com respeito e ética, que avance com as mudanças que ocorrem em todas as esferas de nossa vida. Ou, como afirmou Paulo Freire (1996, p. 77): O mundo não é. O mundo está sendo. Como subjetividade curiosa, inteligente, interferindo na objetividade com que dialeticamente me relaciono, meu papel no mundo não é só o de quem constata o que ocorre, mas também o de quem intervém como sujeito de ocorrências. Não sou apenas objeto da História, mas seu sujeito, igualmente. No mundo da História, da cultura, da política, constato não para me adaptar, mas para mudar. Nesse sentido, as Universidades têm também a responsabilidade de ensinar eticamente ou de agir com ética, não tendo a prevalência da visão masculina. Ter esse comportamento ético com mulheres, de diferentes idades, ocupações, tradições, religiões, vinculações sociais e culturais podem contribuir para que a Universidade realmente exerça a prática de produzir conhecimento, em que as estruturas e ações derivem para uma sociedade transformadora.
image/svg+xmlEnsino superior e o empoderamento feminino: Percursos possíveis em tempos de pandemia RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1149, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16985 1140 Assim, pensamos e defendemos que as universidades sejam ‘locus’de diálogos, de visões mais humanistas, inclusivas, feministas com enfoque no amplo debate sobre a superação das desigualdades, representando esse ‘divisor de águas’ para repensar as orientações de que homens e mulheres têm direitos iguais, com formação equitativa, em que se tenha uma ética universitária que abrigue a pessoa jurídica e moral que é; que se responsabilize moralmente, por todas as ações exercidas. AsUniversidades Públicas e as contribuições femininas e feministas: os desafios diante dos tempos epidêmicos A análise sobre o processo de contribuição dos feminismos nas ações das Universidades públicas pode ser discutida desde a inserção das teorias feministas em diferentes áreas de conhecimento até a inclusão de coletivos feministas nas Universidades Públicas. Entretanto, nossa intenção é refletir sobre as proposições que foram inseridas nas duas Universidades em análise. Pensando que a partir do contributo das perspectivas teóricas e metodológicas feministas pode-se ter também constructos para outros percursos no futuro. Percebe-se que as epidemias assolam a sociedade com impacto em todas as áreas e, que nas Universidades isso não é diferente. Somos impelidos a modificar nossa postura diante das questões de saúde pública. Em 2009, por exemplo, quando da epidemia de H1N1, o Conselho Nacional de Educação (CNE) emitiu o Parecer n. 19/2009, em que encaminhava às instituições de ensino o cumprimento do calendário escolar em situações de saúde pública com interferência em suas rotinas (BRASIL, 2009). Assim como ocorreu em 2009, com as diretrizes educacionais nos tempos de epidemia, por conta da pandemia de SARS-COV 19 as instituições de ensino precisaram se readequar. Com isso, foi instituído o Comitê Operativo de Emergência do Ministério da Educação (COE-MEC) (BRASIL, 2020). Nesse sentido, foram publicadas portarias como a 345/2020 e n. 395/2020, e uma Medida Provisória (n. 934/2020), as quais autorizam a substituição de aulas presenciais por aulas em meios digitais – que utilizem meios e tecnologias de informação e comunicação (exceto estágios, práticas de laboratório e, para os cursos de Medicina, os internatos). As mudanças nas formas das aulas no Ensino Superior tiveram diferentes implicações para as mulheres. E mesmo com as transformações advindas com as ações feministas, tivemos retrocessos nesse período de pandemia. Por isso nos detivemos em analisar o contexto de duas Universidades Públicas no centro oeste do Brasil, por duas razões: espaço de atuação das autoras e suas pesquisas, e pela
image/svg+xmlJaqueline Aparecida Martins ZARBATO e Lucinéia Scremin MARTINS RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1149, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16985 1141 descentralização das atuações nas instituições que estão, em regiões com uma ampla diversidade social, cultural, de gênero. Nesse sentido, analisamos os projetos e proposições das duas Universidades públicas, no sentido de apontar possibilidades de avanços e retrocessos em termos da inclusão das mulheres e manutenção de ações para o empoderamento feminino. A Universidade Federal de Mato Grosso do Sul é uma instituição de Ensino Superior Pública Federal Brasileira, tem campi instalados em nove cidades do interior: Aquidauana, Chapadão do Sul, Corumbá, Coxim, Naviraí, Nova Andradina, Paranaíba, Ponta Porã e Três Lagoas. O campusprincipal e a sede administrativa da UFMS compõem a Cidade Universitária, localizada em Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul. Segundos os dados da Universidade, entre os 3.541 servidores da UFMS, as mulheres respondem por 47% do total. Entre os/as profissionais docentes que atuam nas áreas de ensino, pesquisa, extensão e inovação, a proporção é de 48% de um total de 1.385 professores e professoras. Chama a atenção o fato de que 97% das docentes da UFMS possuem titulação em nível de Mestrado e Doutorado, sendo que mais de 68% são doutoras e grande parte com atuação também na pós-graduação. Entre os alunos e as alunas da Universidade, as mulheres ocupam a maior proporção de matrículas nos cursos de graduação. Entre os 16.448 alunos e alunas matriculados/as na instituição no atual semestre letivo, 50,6% são mulheres (UFMS, 2017). Percebe-se pelos dados da Universidade que as mulheres são maioria na comunidade universitária, o que nos encaminha para a análise sobre os projetos, programas e ações que se voltam a esse público. No campo da ética e equidade social, há na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/Brasil um comitê de ética que se reúne e contribui para dirimir os problemas e processos da Universidade, embasado no código de ética, com a Resolução nº 31, de 18 de junho de 2015 (UFMS, 2015). Salientamos que mesmo não tendo um enfoque direcionado unicamente às mulheres, pode ser incorporado nas demandas feministas e femininas, no Art. 2º, com o seguinte objetivo: I – evidenciar condutas éticas esperadas dos servidores da UFMS; II – auxiliar o servidor na execução de ações e tomada de decisões, quando diante de questões éticas que possam se apresentar; III – resguardar o servidor de exposições desnecessárias ou acusações infundadas de modo a consolidar o ambiente de segurança da Instituição; IV – fortalecer o caráter ético coletivo do corpo funcional da UFMS; V – contribuir para um
image/svg+xmlEnsino superior e o empoderamento feminino: Percursos possíveis em tempos de pandemia RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1149, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16985 1142 ambiente de trabalho harmonioso, cooperativo e participativo; VI - contribuir para intensificar o respeito e a legitimação da sociedade quanto à atuação da UFMS, à retidão, honra e dignidade dos seus servidores e a tradição dos seus serviços; e VII – favorecer o controle social, asseguradas as garantias do regime democrático (UFMS, 2015, p. 03). Dessa forma, defendemos que o ensino superior tenha como um dos princípios básicos a superação das discriminações contra as mulheres, com fortalecimento de comportamento ético e responsável sobre como se pode orientar as ações na Universidade. As exigências dos estudantes que chegam a todos os momentos na Universidade devem ser levadas em conta, as condições das mulheres no exercício da produção de conhecimento e que tenham diálogos com os profissionais que trabalham na Universidade, para que apreendam que o saber-fazer feminino é diferente do saber-fazer do homem, mas não inferior. Ou seja, [...] la educación superior debe propender a la investigación y a la generación de conocimientos propios y renovados de profesores y estudiantes que permitan comprender el porqué de las cosas, para aceptar lo que nos parezca correcto e incidir en el cambio de aquello que analíticamente se considere que debe ser superado (ORDÓÑEZ, 2008). Em 2020, diante da pandemia SARS-COV 193, a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul lançou um plano de biossegurança, com o objetivo de: “primeiramente, a preservação das vidas, visando conciliar as atividades presenciais (acadêmicas e administrativas) da UFMS e a prevenção à disseminação do novo coronavírus” (UFMS, 2020, p. 04). Não há uma definição específica do trabalho das mulheres na Universidade, nem ao público feminino estudantil. Destacamos dois itens do plano de biossegurança que podem ser utilizados para a manutenção dos direitos das mulheres: A UFMS deverá manter na “Campanha Eu Respeito” uma ação específica e permanente para divulgar informações acerca da Covid-19 e das medidas de prevenção. O servidor terá direito ao teletrabalho quando tiver filhos em idade escolar ou inferior e que necessitem da assistência de um dos pais, enquanto vigorar norma local que suspenda as atividades escolares ou em creche, por motivos de força maior, relacionados à Covid-19 (UFMS, 2020, p. 06). Percebe-se que ainda há ações a serem incorporadas no processo de equidade de gênero, um dos pilares da luta feminista. Inclusive no que se refere ao uso da linguagem e, também, no processo de entendimento das mulheres como mães, chefes do lar, professoras, 3A SARS-COV 19 é uma doença infectocontagiosa que ataca principalmente os pulmões e se apresentou mais letal, detectada na China em 2020.
image/svg+xmlJaqueline Aparecida Martins ZARBATO e Lucinéia Scremin MARTINS RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1149, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16985 1143 pesquisadoras, em que as condições ainda não são equitativas na Universidade em relação aos homens. Isso posto, é importante analisar que o número de mulheres na UFMS é expressivo em relação ao número de homens. Segundo o relatório da instituição: Entre os 3.541 servidores da UFMS, as mulheres respondem por 47% do total. Entre os/as profissionais docentes que atuam nas áreas de ensino, pesquisa, extensão e inovação, a proporção é de 48% de um total de 1.385 professores e professoras. Chama a atenção o fato de que 97% das docentes da UFMS possuem titulação em nível de Mestrado e Doutorado, sendo que mais de 68% são doutoras e grande parte com atuação também na pós-graduação (UFMS, 2017). Nesse sentido pontuamos duas ações que foram incluídas no processo de pandemia que podem representar avanços no que se refere às mulheres. Uma é o programa ‘Ser Mulher na UFMS’, coordenado pela Pró Reitoria de Assuntos Estudantis (PROAES), em 2020, que visa construir um espaço equitativo em relação ao saber-fazer feminino na Universidade. E o outro é o curso ofertado pela Pró Reitoria de Gestão de Pessoas com o título: Inclusão e Diversidade Cultural na Educação Superior, que aborda as discussões de gênero na Universidade. Nessa perspectiva de análise, em que a Universidade deve pautar suas ações a partir das demandas sociais, culturais, econômicas e políticas que advém da sociedade, entende-se que o percurso de inclusão e equidade em torno das experiências das mulheres, principalmente em tempo de crise como na pandemia de SARS-COV 19, mostrou o quanto ainda necessitamos de avanços. Seja em tempos pandêmicos ou não, as desigualdades sempre estão presentes. Ou como afirma Helen Lewis (2020): “O coronavírus é uma tragédia para o feminismo! [...] em todo o mundo, a independência das mulheres será uma vítima silenciosa da pandemia” (LEWIS, 2020). Já a Universidade Federal de Góias (UFG) é uma Instituição de Ensino Superior Pública Brasileira localizada no estado de Goiás, principalmente na cidade de Goiânia, com atuação nos municípios de Aparecida de Goiânia, Goiás, Firminópolis e uma unidade futura na Cidade Ocidental. Segundo dados da Universidade, embora as mulheres sejam a maioria dos docentes, sendo 51% do total dos 2.887 professores ativos, elas ocupam somente um terço dos cargos de gestão dos órgãos administrativos, unidades acadêmicas e acadêmicas especiais, na proporção de 19 mulheres para 38 homens diretores (PORTO, 2019, p. 8).
image/svg+xmlEnsino superior e o empoderamento feminino: Percursos possíveis em tempos de pandemia RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1149, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16985 1144 Esse dado de 51% de docentes mulheres nos leva à análise sobre as ações que são voltadas a esse público, pois muitas docentes atuam na graduação e Pós-Graduação. Artes (2018, p. 15), ao analisar o índice de Pós-Graduação no Brasil (IPG), nos apresenta que “as mulheres apresentam uma maior participação em especial na região Centro Oeste. Tal resultado demanda um estudo em separado para a compreensão da mudança observada entre 2000 (paridade) para 2010 (de cada 100 homens tem-se 171 mulheres)”. Ainda no campo da equidade social, na busca de um acesso mais igualitário da população brasileira ao Ensino Superior, há também na Universidade Federal de Goiás/Brasil um Programa criado em 2008, aprovado e embasado na Resolução Consuni nº 29/2008 (UFG, 2008). Tal Programa é denominado UFGInclui e foi implantado em 2009, estando vinculado à Pró-Reitoria de Graduação (Prograd). O seu funcionamento foi alterado ou complementado com as resoluções 20/2010 para inclusão da reserva de vagas do Curso de Letras – Libras para candidatos surdos e com as resoluções de 18/2011 e 31/2012 (UFG, 2012), “[...] indicando período importante de efetivação de políticas de inclusão na UFG e, mesmo, no país” (HERBETTA, 2018, p. 321). Mesmo que não seja um programa direcionado unicamente às mulheres, ele abrange também demandas feministas e femininas, pois, em relação à equidade no acesso às Instituições de Ensino Superior (IES) brasileiras, públicas e privadas, constata-se que as mulheres têm tido maior benefício em políticas que visam financiar ensino superior em cursos privados e, proporcionalmente, menor avanço nas políticas de acesso às IES públicas. Há, portanto, uma maior concentração de mulheres na rede privada (BARRETO, 2014, p. 14-15), o que nos impele a repensar as políticas de inclusão e também de permanência das mulheres nas universidades públicas. O programa UFGInclui fundamenta sua finalidade e objetivos a partir do contexto sociopolítico e econômico onde está inserida a Universidade Federal de Goiás, no Centro Oeste brasileiro. A UFG tem um histórico anterior com experiências pioneiras de inclusão; mesmo que de maneira isolada, tais experiências já indicavam um cenário profícuo às políticas de inclusão, como por exemplo, a graduação em Direito para Beneficiários da Reforma Agrária, em 2006, na cidade de Goiás, e a graduação em Licenciatura em Educação do Campo em 2007, assim como também o Núcleo Takinahakde Formação Superior Indígena (NTFSI):
image/svg+xmlJaqueline Aparecida Martins ZARBATO e Lucinéia Scremin MARTINS RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1149, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16985 1145 O NTFSI existe há dez anos e conta com cerca de 250 professores e professoras indígenas dos estados de Goiás, Mato Grosso, Tocantins e Maranhão. A maioria deles atua como docente na escola de suas comunidades. [...] O número de ingressantes [...] variou ao longo da década, se estabilizando entre 2013 e 2015 com a oferta de 60 vagas anuais. Tais vagas são oferecidas em concurso vestibular específico anual, o qual é realizado no final de cada ano em alguns polos distintos, como Imperatriz (MA), Palmas (TO) e São Félix (MT), de acordo com a demanda indígena. O vestibular é organizado pelo Centro de Seleção, mas é distinto do oferecido pela UFG para os outros cursos. Ele normalmente possui uma redação com tema ligado à questão indígena brasileira, uma entrevista e a análise de títulos, valorizando a experiência docente do candidato (HERBETTA, 2018, p. 317-318). Além dessas experiências, a UFG vem modificando o processo de inclusão dessas populações, historicamente excluídas do ensino superior de qualidade, também em programas de pós-graduação, como por exemplo, o caso do Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGS/UFG) e o Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS), ambos da Faculdade de Ciências Sociais (FCS), ofertando vagas com seleções que valorizam as experiências e vivencias específicas dos candidatos dessas populações. Mas, mesmo diante do avanço de tais ações, programas, resoluções, sabemos que é necessário superar os entraves ao processo de inclusão e de permanência na universidade pública brasileira, principalmente no atual contexto da pandemia. Se pensarmos na inclusão e permanência das mulheres os obstáculos são ainda maiores, pois a elas é imputado o papel de cuidadoras da casa, das crianças, dos idosos, sobrecarregando-as de trabalho e diminuindo-lhes o tempo livre, um aspecto importante à dedicação para preparação e a formação na universidade. A situação das mulheres se agravou durante a pandemia com o trabalho remoto de muitas escolas e universidades públicas, intensificando o trabalho doméstico e outras demandas familiares. Em relação ao trabalho das docentes, segundo dados do Parent in Science,são perceptíveis às dificuldades da produção acadêmica (em especial, submissão de artigos) das docentes negras (com ou sem filhos) e brancas com filhos (principalmente com idade até 12 anos) que tiveram sua produtividade acadêmica afetada (PARENT IN SCIENCE, 2020, p. 12). Percebemos que há um terreno fértil na UFMS e UFG para a construção de políticas de inclusão, acolhimento e permanência às mulheres, que devem ser buscadas e aprofundadas, mas que requerem ainda muitas lutas.
image/svg+xmlEnsino superior e o empoderamento feminino: Percursos possíveis em tempos de pandemia RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1149, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16985 1146 Considerações finais A proposta desse artigo foi realizar uma análise sobre as contribuições do movimento feminista e empoderamento de mulheres no ensino superior, em tempos de crise, como na pandemia de SARS-COV 19. Para tanto, realizamos uma abordagem prescrutando diferentes concepções sobre os feminismos, desde a 1ª onda até a 3ª onda, para compreender os avanços e retrocessos sobre o empoderamento feminino, e suas implicações práticas em duas Universidades Públicas da região centro oeste do Brasil, uma vez que as mulheres nas Universidades, principalmente as docentes, tiveram suas vidas profissionais e pessoais atravessadas por diferenças nas ações cotidianas. E se não há projetos instituídos em torno da igualdade de gênero, percebe-se que estamos sobrecarregando, silenciando ou até mesmo ‘burocratizando’ os direitos que foram apregoados pelos feminismos ao longo do tempo histórico e social. A intenção em dialogar sobre o processo de implantação de ações em duas instituições de ensino superior, no caso a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e Universidade Federal de Goiás, se deu como princípio-base para evidenciar as práticas de efetivação das lutas e empoderamento das mulheres no ensino superior. Considerando que muitas mulheres, sejam docentes, técnicas ou discentes, possuem jornadas de trabalho e exigências acadêmicas que se acentuaram com a pandemia, com a execução do Ensino Remoto (ER), muitas estenderam a carga de trabalho do público para o privado, não havendo mais fronteiras. Logo, percebe-se que a trajetória de conquistas impetradas pelas lutas do movimento feminista contribuiu para alicerçar a inclusão de mulheres no ensino superior, mas, de alguma forma, tem-se um longo e árduo processo de entendimento das diferenças de gênero, o que se configura como um desafio para as Universidades: pensar e projetar políticas de valorização e equidade feminina e feminista. AGRADECIMENTOS: PPGEDU/UFMS, CNPq.
image/svg+xmlJaqueline Aparecida Martins ZARBATO e Lucinéia Scremin MARTINS RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1149, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16985 1147 REFERÊNCIAS AGRELLO, D. A.; GARG, R. Mulheres na física: Poder e preconceito nos países em desenvolvimento. Revista Brasileira de Ensino de Física, São Paulo, v. 31, n. 1, 1305, 2009. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbef/a/xv9Y7DvT9mnyZrx6JL38ZnS/abstract/?lang=pt. Acesso em: 03 out. 2021. ARTES, A. Dimensionando as desigualdades por sexo e cor/raça na pós-graduação brasileira. Educação em Revista, Belo Horizonte, v. 34, e192454, 2018. DOI: https://doi.org/10.1590/0102-4698192454 BARRETO, A. A mulher no ensino superior: Distribuição e representatividade. Cadernos do GEA,Rio de Janeiro, n 6, p. 1-46, jul./dez. 2014. Disponível em: https://flacso.org.br/files/2016/04/caderno_gea_n6_digitalfinal.pdf. Acesso em: 07 ago. 2021. BLAY, E. A. Violência contra a mulher e políticas públicas. Estudos Avançados, v. 17, n. 49, p. 87-98, 2003. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ea/a/ryqNRHj843kKKHjLkgrms9k/?format=html. Acesso em: 15 jul. 2021. BRASIL. Parecer CNE/CEB n. 19/2009. Brasília, DF: CEB, 2009. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/pceb019_09.pdf. Acesso em: 14 nov. 2021. BRASIL. Ministério da Educação. Portaria n. 329, de 11 de março de 2020. Institui o Comitê Operativo de Emergência do Ministério da Educação - COE/MEC, no âmbito do Ministério da Educação. Brasília, DF: MEC, 2020. Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-329-de-11-de-marco-de-2020-247539570. Acesso em: 02 jun. 2021. COSTA, A. A. A. O movimento feminista no Brasil: Dinâmicas de uma intervenção política. Revista Gênero, v. 5, n. 2, p. 1-20, 2005. Disponível em: https://periodicos.uff.br/revistagenero/article/view/31137/18227. Acesso em: 02 jun. 2021. DUARTE, C. L. Feminismo: uma história a ser contada. In: HOLLANDA, H. B. (org.). Pensamento feminista brasileiro:Formação e contexto. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. 25. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996. HERBETTA, A. F. Políticas de inclusão e relações com a diferença: Considerações sobre potencialidades, transformações e limites nas práticas de acesso e permanência da UFG. Horiz. Antropol, v. 24, n. 50, jan./abr. 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ha/a/qTpNY8bpMDPWpSLgdt4cjwM/abstract/?lang=pt. Acesso em: 15 set. 2020. LEWIS, H. The Coronavirus is a disaster for feminism. The Altantic, 2020. Disponível em: https://www.theatlantic.com/international/archive/2020/03/feminism-womens-rights-coronavirus-covid19/608302/. Acesso em: 03 abr. 2021.
image/svg+xmlEnsino superior e o empoderamento feminino: Percursos possíveis em tempos de pandemia RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1149, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16985 1148 LOURO, G. L. Mulheres na sala de aula. In: PRIORE, M. (org.). História das mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 1997. MACHADO, C. Crise de gênero ou do mercado de trabalho. Folha de São Paulo, São Paulo, 4 ago. 2020, Mercado Coronavírus, p. 18. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/cecilia-machado/2020/08/uma-crise-de-generos-ou-do-mercado-de-trabalho.shtml. Acesso em: 14 abr. 2021. ONU. Organização das Nações Unidas. Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra a Mulher- CEDAW. Assembléia Geral das Nações Unidas, 18 dez. 1979. Disponível em: https://www.onumulheres.org.br/wp-content/uploads/2013/03/convencao_cedaw1.pdf. Acesso em: 12 jun. 2021. ORDÓÑEZ, J. M. Ética y Sociedad. Cuenca: Universidad del Azuay, 2008. Disponível em: https://etica.uazuay.edu.ec/sites/etica.uazuay.edu.ec/files/public/%C3%89tica%20y%20Sociedad%20%28libro%29.pdf. Acesso em: 12 jun. 2021. PARENT IN SCIENCE. Produtividade acadêmica durante a pandemia: Efeitos de gênero, raça e parentalidade. Porto Alegre: Parent in Science, 2020. Disponível em: https://bit.ly/2ApPHl0. Acesso em: 30 nov. 2021. PEDRO, J. M. O feminismo de “segunda onda”: Corpo prazer e Trabalho. In: PINSKY, C. B.; PEDRO, J M. (org.). Nova História das mulheres no Brasil. 1. ed. São Paulo: Contexto, 2020. PINTO, C. R. J. Feminismo, história e poder. Revista de Sociologia e Política,v. 18, n. 36, p. 15-23, jun. 2010. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/rsp/article/view/31624/20159. Acesso em: 30 jun. 2021. PITANGUY, J. Advocacy e Direitos Humanos. In: BARSTED, L. L.; PITANGUY, J. (coord.). O Progresso das Mulheres no Brasil: 2003-2010. Brasília, DF: CEPIA; ONU Mulheres, 2011. Disponível em: https://onumulheres.org.br/wp-content/themes/vibecom_onu/pdfs/progresso.pdf. Acesso em: 12 jun. 2021. PORTO, L. Mulheres ainda são minoria em cargos de direção na UFG. Jornal do Professor, Goiânia, ano 7, n. 54, fev./mar. 2019. Disponível em: https://www.adufg.org.br/files/fevereiro-marco-2019-563800.pdf. Acesso em: 12 jun. 2021. ROSEMBERG, F. Educação. Mulheres educadas e a educação de mulheres. In: PINSKY, C. B.; PEDRO, J. M. (org.). Nova História das mulheres no Brasil. 1. ed. São Paulo: Contexto, 2020. SCOTT, J. Gênero: Uma categoria útil de análise histórica. Educação e Realidade. v. 20, n. 2, p. 71-99, jul./dez. 1995. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/educacaoerealidade/article/view/71721. Acesso em: 22 maio 2021. TELLES, M. A. A. Breve história do feminismo no Brasil e outros ensaios. São Paulo: Alameda Casa Editorial, 2018.
image/svg+xmlJaqueline Aparecida Martins ZARBATO e Lucinéia Scremin MARTINS RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1149, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16985 1149 UFG. Universidade Federal de Goiás. Resolução Consuni n. 29/2008. Cria o Programa “UFGInclui” na Universidade Federal de Goiás e dá outras providências. Goiânia, GO: Conselho Universitário da Universidade Federal de Goiás, 2008. Disponível em: https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/90/o/Resolucao_CONSUNI_2008_0029.pdf. Acesso em: 17 out. 2021. UFG. Universidade Federal de Goiás. Resolução Consuni n. 31/2012. Altera a Resolução CONSUNI Nº 29/2008, modificada pelas Resoluções 20/2010 e 18/2011, que dispõem sobre o Programa UFGInclui na UFG. Goiânia, GO: Vice-Reitor, no exercício da Reitoria da Universidade Federal De Goiás, 2012. Disponível em: https://sistemas.ufg.br/consultas_publicas/resolucoes/arquivos/Resolucao_CONSUNI_2012_0031.pdf. Acesso em: 14 out. 2021. UFMS. Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Resolução n. 31, de 18 de junho de 2015. Campo Grande, MS: Presidência do Conselho Universitário, 2015. Disponível em: https://etica.ufms.br/files/2013/08/RESOLUCAO-COUN-COC_RTR-n-31-de-18-06-2015.-1.pdf. Acesso em: 17 nov. 2021. UFMS. Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Mulheres respondem por metade da força de trabalho em ensino e produção científica na UFMS. Campo Grande, MS: UFMS, 2017. Disponível em: https://www.ufms.br/mulheres-respondem-por-metade-da-forca-de-trabalho-em-ensino-e-producao-cientifica-na-ufms/. Acesso em: 17 nov. 2021. UFMS. Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Resolução n. 37, de 29 de abril de 2020. Aprova o Plano de Biossegurança da Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, em decorrência da Pandemia da Covid-19. Campo Grande, MS: Presidência do Conselho Universitário, 2020. Disponível em: https://esan.ufms.br/files/2020/05/Plano-de-Biosseguran%C3%A7a-da-UFMS.pdf. Acesso em: 17 nov. 2021. Como referenciar este artigo ZARBATO, J. A. M.; MARTINS, L. S. Ensino superior e o empoderamento feminino: Percursos possíveis em tempos de pandemia. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1149, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587. DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16985 Submetidoem: 12/11/2021 Revisões requeridas: 16/01/2022 Aprovado em: 23/03/2022 Publicado em: 30/06/2022 Processamento e edição: Editoria Ibero-Americana de Educação. Revisão, formatação, padronização e tradução.
image/svg+xmlEducación superior y empoderamiento femenino: Cursos posibles en tiempos de pandemias RIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação,Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1150, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.169851132 EDUCACIÓN SUPERIOR Y EMPODERAMIENTO FEMENINO: CURSOS POSIBLES EN TIEMPOS DE PANDEMIAS ENSINO SUPERIOR E O EMPODERAMENTO FEMININO: PERCURSOS POSSÍVEIS EM TEMPOS DE PANDEMIA HIGHER EDUCATION AND FEMALE EMPOWERMENT: POSSIBLE COURSES IN TIMES OF PANDEMICSJaqueline Aparecida Martins ZARBATO1Lucinéia Scremin MARTINS2RESUMEN: Este artículo tiene como objetivo reflexionar sobre las mujeres en la Educación Superior, señalando el aporte del feminismo en las rupturas y continuidades de la inclusión de género. Para ello, analizamos las posibilidades de inclusión y mantenimiento de acciones en torno a las mujeres en dos instituciones del centro oeste de Brasil en tiempos de la pandemia SARS-COVID 19. Ondas feministas en Brasil y en Educación Superior, enfoques de igualdad de género y ejemplos de la búsqueda del mantenimiento y empoderamiento de la mujer en la educación superior en el período pandémico. Metodológicamente, presenta los enfoques del movimiento feminista, los diálogos sobre la educación superior brasileña y las mujeres, los percances frente a la pandemia y las acciones desarrolladas en la Universidad Federal de Mato Grosso do Sul y la Universidad Federal de Goiás, en el centro oeste. PALABRAS CLAVE: Empoderamiento de las mujeres. Educación superior. UFMS. UFG. RESUMO: Esse artigo tem como objetivo refletir sobre as mulheres no Ensino Superior, apontando a contribuição do feminismo nas rupturas e continuidades da inclusão de gênero. Para tal, se analisam as possibilidades de inclusão e manutenção das ações em torno das mulheres em duas instituições do centro oeste do Brasil em tempos de pandemia de SARS-COV-19. Assim, se propõe uma análise sobre os diálogos possíveis nos aportes teóricos acerca das ondas feministas no Brasil e no Ensino Superior, as abordagens sobre igualdade de gênero, e os exemplos da busca pela manutenção e empoderamento das mulheres no Ensino Superior no período pandêmico. Metodologicamente apresentam-se as abordagens do movimento feminista, os diálogos sobre Ensino Superior brasileiro e mulheres, os percalços diante da pandemia e as ações desenvolvidas na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e Universidade Federal de Goiás, no centro oeste. PALAVRAS-CHAVE: Empoderamento feminino. Ensino superior. UFMS. UFG. 1Universidad Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Campo Grande MS Brasil. Profesor titular del Departamento de Historia. Postdoctorado en Historia. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3183-4740. E-mail: Jaqueline.zarbato@ufms.br2Universidad Federal de Goiás (UFG), Goiânia GO Brasil. Profesora. Profesor Asociado II en la Facultad de Ciencias Sociales. Doctorado en Educación (UFG). Post- Postdoctorado (ISCTE-IUL). ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9420-7464. E-mail: luascremin@ufg.br
image/svg+xmlJaqueline Aparecida Martins ZARBATO y Lucinéia Scremin MARTINS RIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação,Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1150, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.169851133 ABSTRACT:This article aims to reflect on women in Higher Education, pointing out the contribution of feminism in the ruptures and continuities of gender inclusion. To this end, we analyze the possibilities of inclusion and maintenance of actions around women in two institutions in the central west of Brazil in times of the SARS-COVID 19 pandemic. feminist waves in Brazil and in Higher Education, approaches to gender equality, and examples of the search for the maintenance and empowerment of women in Higher Education in the pandemic period. Methodologically, it presents the approaches of the feminist movement, the dialogues about Brazilian Higher Education and women, the mishaps in the face of the pandemic and the actions developed at the Federal University of Mato Grosso do Sul and the Federal University of Goiás, in the center west. KEYWORDS:Women's empowerment. Higher education. UFMS. UFG. Introducción Este artículo tiene como objetivo analizar las acciones sobre las mujeres en la educación superior en Brasil, centrándose en las contribuciones de las visiones de los feminismos (la 1ª ola hasta la 3ª ola) y en las posibles estrategias frente a la pandemia de SARS-COV 19, con como ejemplo dos instituciones en el medio oeste de Brasil y acciones en torno a la igualdad de género. La intención de problematizar el lugar de palabra de las mujeres en la educación superior, cuánto podemos reflexionar sobre la educación superior como espacio de posibilidades de diálogo, de valoración de las personas y de las diferentes formas de ser y existir constituye, en el contexto de tiempos de crisis, como central para el ser-hacer de las mujeres. Entendiendo que es desde la concepción de igualdad, empoderamiento, ética, proyectos para superar las desigualdades de género, proyectos que se basan en valorar el tiempo social de las mujeres. La inclusión del género en la educación está directamente relacionada con la necesidad de reconocimiento y contestación social de la desigualdad de derechos entre hombres y mujeres. Y en las ciencias humanas tiene implicaciones debido a las acciones de los movimientos feministas que han provocado la superación de las desigualdades. Ser hombre o mujer es el resultado de un aprendizaje que comienza en la familia y continúa en todas las instituciones de la sociedad. Nos estamos estableciendo a partir de las expectativas de lo que es socialmente correcto para un hombre y para una mujer, y así se están formando ideologías de género.
image/svg+xmlEducación superior y empoderamiento femenino: Cursos posibles en tiempos de pandemias RIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação,Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1150, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.169851134 Así, el género puede entenderse como una organización social construida sobre la percepción de las diferencias sexuales imbricadas en relaciones desiguales de poder, por lo que, al discutir este tema, se pretende debatir y transformar la construcción social y cultural de las relaciones, en el sentido de pluralizarlas y democratizarlas, eliminando diferencias basadas en dicotomías y jerarquías estereotipadas (SCOTT, 1995). Sobre el mantenimiento de las actividades que realizan las mujeres en tiempos de pandemia, existen diferentes enfoques sobre la situación vivida, que no es diferente en los espacios de las universidades. Sobre esto, Machado (2020) nos advierte que las mujeres fueron las más afectadas por la pandemia de SARS-COV 19. Esto según el autor se debe a que, [...] es notorio que el cierre de las escuelas compromete el aprendizaje de los niños y perjudica la reanudación de las actividades económicas para los trabajadores con hijos. Es un revés volver a imponer a las mujeres la elección binaria entre carreras y familias (MACHADO, 2020, p. 18) Entre la preocupación por la carrera y las familias, innumerables mujeres atraviesan dificultades en sus experiencias y trayectorias a lo largo de la historia de Brasil. Son las luchas de las mujeres, engendradas e incorporadas en y por el movimiento feminista las que, en cierto modo, han aumentado las condiciones de trabajo y derechos, culminando también en cambios en la educación superior. Vale la pena señalar que hubo varios obstáculos rotos a lo largo del tiempo histórico para que las mujeres pudieran acceder a la educación formal y pública, porque como afirma Rosemberg (2020, p. 334): [...] desde la segregación sexual de las escuelas, que impedía la educación mixta, hasta la noción de que las niñas y las niñas deberían tener una educación más restringida que los niños y los niños porque se les considera frágiles, con una inteligencia más limitada y centradas en su "misión" como madres. Existen algunos avances cuando analizamos el tema de la ampliación de los derechos de las mujeres y la igualdad en la sociedad que pueden incorporarse a la Universidad, como el que se postuló en la Convención Mundial sobre la Mujer celebrada en 1975, ampliando los espacios de inclusión y eliminación de formas de discriminación contra las mujeres, rediscutidas en la Convención de las Naciones Unidas en 1979. La convención tiene por objeto promover acciones en las que hombres y mujeres tengan el mismo acceso y derechos. En la lucha contra la discriminación contra la mujer, el
image/svg+xmlJaqueline Aparecida Martins ZARBATO y Lucinéia Scremin MARTINS RIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação,Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1150, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.169851135 artículo 2 de la Convención de las Naciones Unidas contiene principios que atestiguan el compromiso de las diferentes instituciones: Los Estados Partes condenan la discriminación contra la mujer en todas sus formas y convienen en seguir, por todos los medios apropiados y sin demora, una política encaminada a eliminar la discriminación contra la mujer y, para ello, comprometerse a: [...] c) establecer la protección judicial de los derechos de la mujer sobre una base de igualdad con los del hombre y garantizar, a través de los tribunales nacionales competentes y otras instituciones públicas, la protección efectiva de la mujer contra todos los actos de discriminación; d) abstenerse de incurrir en cualquier acto o práctica de discriminación contra la mujer y actuar de tal manera que las autoridades e instituciones públicas actúen de conformidad con esta obligación; e) adoptar las medidas adecuadas para eliminar la discriminación contra la mujer por parte de cualquier persona, organización o empresa; f) adoptar todas las medidas apropiadas, incluidas medidas legislativas, para modificar o revocar leyes, reglamentos, costumbres y prácticas que constituyan discriminación contra la mujer; g) derogar todas las disposiciones penales nacionales que constituyan discriminación contra la mujer (ONU, 1979, p, 03). Se percibe que hubo un compromiso de los estados, organizaciones, para eliminar la discriminación contra las mujeres en diferentes espacios, ya sean sociales, laborales o educativos. Pero también es necesario señalar que la legislación no siempre tiene en cuenta las acciones de las personas, tanto a través del prisma de la formación profesional como de la formación personal. Esto nos lleva a la reflexión de que todavía tenemos una sociedad basada en el modelo euro centrista y masculino, y la Universidad es también un espacio que refleja muchas de estas concepciones. Esto se debe a que incluso con el creciente número de mujeres en la Universidad, los cambios éticos en relación con las acciones sexistas aún no se perciben de manera efectiva. La Universidad, ya sea pública o privada, puede entenderse como una institución fundamental de la sociedad, ya que está directamente vinculada a diversas dimensiones del desarrollo de un país, tanto como estrategia en la formación de mujeres y hombres a través de la profesionalización, como en el papel de permitir que la sociedad tenga una reflexión crítica relevante sobre sí misma. En el caso concreto, en este artículo que estamos analizando, señalamos el enfoque de la educación superior pública.
image/svg+xmlEducación superior y empoderamiento femenino: Cursos posibles en tiempos de pandemias RIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação,Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1150, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.169851136 Feminismos en contextos de Universidades Públicas. El contexto social y cultural que permitió a las mujeres acceder a la escolarización se realizó con la contribución de diferentes colectivos. Entre ellos destaca el movimiento feminista, que esbozará el análisis de las olas feministas y las posibilidades que aportaron al empoderamiento femenino. Sobre el proceso de escolarización de la población brasileña, Eva Blay (2003, p. 91) explica que, [...] el movimiento feminista ha reunido a una serie de grupos que han actuado diariamente a favor de los derechos a mejores condiciones de vida, por la amnistía, por la igualdad de derechos entre hombres y mujeres. Pronto se formó la formación de entidades destinadas a alojar a mujeres víctimas de violencia doméstica. En todo Brasil, grupos de activistas, voluntarios, buscaron enfrentar todo tipo de violencia: violaciones, malos tratos, incesto, persecución de prostitutas y violaciones interminables de los derechos humanos de mujeres y niñas. El movimiento feminista, como movimiento social, se caracteriza por ser moderno, porque emerge en el contexto de las ideas de la Ilustración. Dirige los debates "al espacio de discusión política aquellos temas antes vistos y tratados como específicos de lo privado, rompiendo la dicotomía público-privado, base de todo pensamiento liberal sobre las especificidades de la política y el poder político" (COSTA, 2005, p. 2). Por ello, es importante incorporar los diálogos de las olas feministas y la percepción de la escolarización de las mujeres en la educación superior, ya que exige la ampliación de los derechos y el mantenimiento de las acciones de las mujeres. Se puede decir que son implicaciones en las ciencias, porque los análisis presuponen la inclusión de cambios en las universidades públicas. Es decir, aunque se incorporen las cosmovisiones de los feminismos, el contexto de cada Universidad presenta singularidades. Según Pinto (2010. p, 15), en Brasil, la "primera ola" del feminismo también se manifestó más públicamente a través de la lucha por el voto. Lassufragistas brasileñas fueron lideradas por Bertha Lutz, bióloga, científica de importancia, que estudió en el extranjero y regresó a Brasil en la década de 1910, iniciando la lucha por el voto. Fue una de las fundadoras de la Federación Brasileña para el Progreso de las Mujeres, una organización que hizo campaña públicamente por el voto, e incluso llevó, en 1927, una petición al Senado, pidiendo la aprobación del proyecto de ley que daba a las mujeres el derecho al voto. Este derecho fue ganado en 1932, cuando se promulgó el Nuevo Código Electoral Brasileño. Pedro (2012, p. 245) afirma que en Brasil este feminismo de "Segunda Onda" adoptó una metodología revolucionaria para difundir sus ideas, los llamados Grupos de Conciencia o
image/svg+xmlJaqueline Aparecida Martins ZARBATO y Lucinéia Scremin MARTINS RIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação,Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1150, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.169851137 Grupos de Reflexión, formados solo por mujeres. Estas reuniones se llevaron a cabo en los hogares particulares de los miembros, así como en bares, cafés, oficinas y bibliotecas, con el fin de discutir los problemas que enfrentan las mujeres y contrarrestar el machismo. Uno de los objetivos de los Grupos de Sensibilización/Reflexión de las mujeres era aumentar la solidaridad entre ellas y mejorar su autoestima. Se puede decir que tenemos varios movimientos feministas (desde la 1ª ola hasta la 3ª ola), pero los inicios del movimiento feminista nacen de manifestaciones en el siglo XIX cuando, desafiando el poder patriarcal masculino, las mujeres reclaman el derecho al voto, la educación y la emancipación femenina. Este es un período en el que las mujeres fueron condicionadas por los hombres para permanecer en el proceso de jerarquización social sobre la dominación masculina. Por lo tanto, "los estudios feministas se ocuparon centralmente de las relaciones de poder" (LOURO, 1997, p. 37). Todavía en el campo de la educación, Pitanguy (2011. p, 38) señala que en Brasil: [...] el tema de la educación, contemplado en estos planes y objeto de otros programas e instancias de políticas nacionales, constituyó, a principios del siglo XX, una importante bandera de lucha para las mujeres, destacando el desempeño de Nísia Floresta. Hoy en día, los indicadores de acceso indican una presencia creciente de mujeres en el sistema de educación formal, incluso más altas que los hombres. Para Louro (1997, p. 15), "el sufragismo llegó a ser reconocida, más tarde como la "primera ola" del feminismo". Los objetivos más inmediatos (eventualmente sumados a reclamos vinculados a la organización de la familia, oportunidad de estudios o acceso a ciertas profesiones) estuvieron indudablemente vinculados al interés de las mujeres blancas de clase media, y al logro de estos objetivos (aunque limitados a algunos países), después de alguna acomodación en el movimiento. El movimiento feminista de la "Segunda Ola", de la década de 1960, en Brasil, adoptó una metodología revolucionaria para difundir sus ideas: los llamados Grupos de Conciencia o Grupos de Reflexión, formados solo por mujeres, buscando crear una red de solidaridad entre ellas. Estas reuniones se llevaron a cabo en los hogares particulares de los miembros, así como en bares, cafés, oficinas y bibliotecas, con el fin de discutir los problemas que enfrentan las mujeres y contrarrestar el machismo. En el que, "uno de los objetivos de los Grupos de Sensibilización/Reflexión de las mujeres era aumentar la solidaridad entre ellas y mejorar su autoestima" (PEDRO, 2012, p. 245).
image/svg+xmlEducación superior y empoderamiento femenino: Cursos posibles en tiempos de pandemias RIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação,Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1150, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.169851138 Este período de la década de 1960 de la historia brasileña fue escenario de intensas movilizaciones y reclamos de diversos grupos sociales: trabajadores, artistas, maestros, estudiantes. En el golpe cívico-militar (1964-1985) se estableció entonces una dictadura que tuvo sus "años de liderazgo" en 1968, "a través de la Ley Institucional Nº 5 (AI-5), que transformó al presidente de la República en un dictador" (PINTO, 2010). En la década de 1970 se produjo el resurgimiento y consolidación de los movimientos de mujeres y/o feministas (TELLES, 2018; PEDRO, 2012; ROSEMBERG, 2020). Es también durante el régimen militar que tienen lugar las primeras y grandes manifestaciones feministas. Este momento es considerado como el "momento más exuberante" del feminismo, porque fue "el capaz de alterar radicalmente las costumbres y transformar las reivindicaciones más atrevidas en derechos conquistados" (DUARTE, 2019, p. 41). En 1975, la Organización de las Naciones Unidas (ONU) en la 1ª Conferencia Internacional sobre la Mujer en México declaró los próximos diez años como la década de las mujeres, y se aprobó una moción de amnistía en Brasil. Así, fue remitido por Terezinha Zerbini, una de las principales líderes del movimiento por Amnistía, que contribuyó decisivamente a la aprobación de la Ley de Amnistía en 1979 (PINTO, 2010). Por otro lado, antes de 1975, algunas mujeres pertenecientes a universidades e intelectuales en el exilio ya estaban estudiando y apropiándose de las aportaciones del movimiento feminista en el mundo. En ese momento, según Rosemberg (2020, p. 340-41): El surgimiento de estudios sobre la mujer en Brasil marca la vitalidad y la turbulencia del período, cuando la expansión de los estudios de posgrado en las universidades fue estimulada por el gobierno federal, de acuerdo con una cierta propuesta para modernizar el país. En esta época intelectualmente rica y contradictoria, segmentos de la élite intelectual, dentro y fuera del mundo académico, sufrieron el impacto de la represión, generaron formas de resistencia al gobierno militar, se encontraron con el exilio, fueron amnistiados y, a su regreso al país, se involucraron en diferentes proyectos de redemocratización. También en 1975, el año internacional de la mujer se determinó como un hito en el que la respetabilidad de la ONU se sumó al desempeño de las profesoras universitarias y grupos feministas, creando nuevas expresiones del feminismo brasileño contemporáneo en las que se incluyó el tema de la "educación no sexista", entre otras agendas (ROSEMBERG, 2020, p. 342; TELES, 2018, p. 95). En este recorrido histórico, se puede observar que en el contexto de la democracia brasileña, las luchas por el empoderamiento femenino tuvieron un refuerzo importante con la
image/svg+xmlJaqueline Aparecida Martins ZARBATO y Lucinéia Scremin MARTINS RIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação,Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1150, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.169851139 articulación de feministas e investigadoras universitarias, lo que contribuyó a la expansión de los espacios de reclamo y educación para las mujeres. Esto se debe a que nos dimos cuenta de que no había mantenimiento de las políticas de género que se insertaron en la educación superior brasileña, son avances y retrocesos. Tuvimos algunos avances con los Planes de Políticas Nacionales para las Mujeres (PNPM, 2004, 2008, 2011, 2016), que insertaron en el sistema educativo plataformas de luchas dirigidas a una sociedad más igualitaria y equitativa. Con el Programa Mujeres y Ciencia, en 2011, ampliamos los debates sobre pesqueras y estudios relacionados con las relaciones de género, raza e identidad. Se puede decir que a la larga tuvimos más reveses que logros. Según datos del Censo de Educación Superior 2016, del Instituto Nacional de Educación e Investigación Educativa Anísio Teixeira (INEP), las mujeres representan el 57.2% de los estudiantes matriculados en cursos de pregrado. El Censo de 2017 mostró que, del total de matrículas universitarias, 104.633, el número de hombres es de 49.935, mientras que 54.698 son mujeres. Encontramos que los avances en la búsqueda de la igualdad de género en la educación superior tienen la influencia de los movimientos feministas, que problematizan la dominación masculina, el eurocentrismo y el modelo patriarcal. Tanto es así que hay colectivos feministas en varias instituciones de educación superior de Brasil que se configuran como espacios de lucha por el mantenimiento de los derechos, por la igualdad y la equidad de género. Evidenciando así un cambio estructural en la percepción de las mujeres jóvenes sobre los lugares de habla y resistencia. Sobre esto, Agrello y Garg (2009, p. 1305) basan la necesidad e importancia de cambiar las actitudes de las mujeres con debates feministas en diversas áreas del conocimiento. Sí, "[...] el proceso es lento y debe iniciarse con la escolarización". La inclusión del género en nuestras actividades está directamente relacionada con la necesidad de reconocimiento y contestación social de la desigualdad de derechos entre hombres y mujeres. La difusión del concepto de género a nivel global y en las más diversas ciencias sociales surgió de su asociación con movimientos feministas que trajeron consigo la superación de las desigualdades. Es decir, enseñar y aprender sin comportamiento ético nos llevará a reproducir una sociedad que no respeta la diferencia. Y la educación que se pretende para las mujeres es la inclusión, el aprecio, el respeto y la ética, que avanza con los cambios que se producen en todos los ámbitos de nuestra vida. O, como paulo Freire (1996, p. 77) declaró:
image/svg+xmlEducación superior y empoderamiento femenino: Cursos posibles en tiempos de pandemias RIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação,Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1150, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.169851140 El mundo no lo es. Como subjetividad curiosa, inteligente, que interfiere en la objetividad con la que me relaciono dialécticamente, mi papel en el mundo no es solo el de quienes notan lo que ocurre, sino también el de quienes intervienen como sujeto de ocurrencias. No soy solo el objeto de la historia, sino también tu sujeto. En el mundo de la historia, la cultura, la política, no veo adaptarme, sino cambiar. En este sentido, las universidades también tienen la responsabilidad de enseñar éticamente o de actuar éticamente, no teniendo la prevalencia de la visión masculina. Tener este comportamiento ético con las mujeres, de diferentes edades, ocupaciones, tradiciones, religiones, vínculos sociales y culturales puede contribuir a que la Universidad realmente practique la práctica de producir conocimiento, en la que derivan estructuras y acciones para una sociedad transformadora. Así, pensamos y abogamos por que las universidades sean ‘locus’diálogos, visiones más humanistas, inclusivas, feministas centradas en el amplio debate sobre la superación de las desigualdades, representando este 'parteaguas' para repensar las orientaciones de que hombres y mujeres tienen iguales derechos, con igual educación, en el que existe una ética universitaria que alberga a la persona jurídica y moral que es; que es moralmente responsable de todas las acciones realizadas. Universidades públicas y contribuciones de mujeres y feministas: los desafíos que enfrentan los tiempos epidémicos El análisis del proceso de contribución de los feminismos en las acciones de las universidades públicas puede ser discutido desde la inserción de teorías feministas en diferentes áreas del conocimiento hasta la inclusión de colectivos feministas en las universidades públicas. Sin embargo, nuestra intención es reflexionar sobre las proposiciones que se insertaron en las dos Universidades bajo análisis. Pensando que desde el aporte de las perspectivas teóricas y metodológicas las feministas también pueden tener constructos para otros caminos en el futuro. Se percibe que las epidemias asolan a la sociedad con impacto en todos los ámbitos y que en las universidades esto no es diferente. Estamos impulsados a cambiar nuestra actitud hacia los problemas de salud pública. En 2009, por ejemplo, durante la epidemia de H1N1, el Consejo Nacional de Educación (CNE) emitió la Opinión No. 19/2009, en la que remitió a las instituciones educativas a cumplir con el calendario escolar en situaciones de salud pública con interferencia en sus rutinas (BRASIL, 2009). Al igual que en 2009, con las pautas educativas en tiempos de epidemia, debido a la pandemia de SARS-COV 19, las instituciones
image/svg+xmlJaqueline Aparecida Martins ZARBATO y Lucinéia Scremin MARTINS RIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação,Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1150, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.169851141 educativas tuvieron que adaptarse. Con esto, se estableció el Comité Operativo de Emergencia del Ministerio de Educación (COE-MEC) (BRASIL, 2020). En este sentido, se publicaron ordenanzas como la 345/2020 y la n. 395/2020, y una Medida Provisional (n. 934/2020), que autoriza la sustitución de las clases presenciales por clases en medios digitales -que utilizan medios y tecnologías de la información y la comunicación (excepto prácticas, prácticas de laboratorio y, para cursos de medicina, internados-). Los cambios en las formas de las clases de educación superior tuvieron diferentes implicaciones para las mujeres. E incluso con las transformaciones que vienen con las acciones feministas, tuvimos retrocesos en este período de pandemia. Es por eso que nos detuvimos en analizar el contexto de dos Universidades Públicas en la parte centro-oeste de Brasil, por dos razones: el espacio de acción del autor y su investigación, y por la descentralización de las actuaciones en las instituciones que están, en regiones con una amplia diversidad social, cultural, de género. Nesse sentido, analisamos os projetos e proposições das duas Universidades públicas, no sentido de apontar possibilidades de avanços e retrocessos em termos da inclusão das mulheres e manutenção de ações para o empoderamento feminino. La Universidad Federal de Mato Grosso do Sul es una institución brasileña de educación superior federal, campi instalados en nueve ciudades del interior: Aquidauana, Chapadão do Sul, Corumbá, Coxim, Naviraí, Nova Andradina, Paranaíba, Ponta Porã y Três Lagoas. El campusprincipal y la sede administrativa de la UFMS conforman la Ciudad Universitaria, ubicada en Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul. Según los datos de la Universidad, entre los 3.541 servidores UFMS, las mujeres representan el 47% del total. Entre los profesionales de la docencia que trabajan en las áreas de docencia, investigación, extensión e innovación, la proporción es del 48% de un total de 1.385 profesores y docentes. Se nota que el 97% de los profesores de la UFMS tienen un título en los niveles de maestría y doctorado, y más del 68% son médicos y la mayoría de ellos también trabajan en la escuela de posgrado. Entre los estudiantes y estudiantes de la Universidad, las mujeres ocupan la mayor proporción de matrículas en cursos de pregrado. Entre los 16.448 estudiantes y estudiantes matriculados en la institución en el actual semestre académico, el 50,6% son mujeres (UFMS, 2017). Se desprende de los datos de la Universidad que las mujeres son mayoría en la comunidad universitaria, lo que nos lleva al análisis de los proyectos, programas y acciones que recurren a este público.
image/svg+xmlEducación superior y empoderamiento femenino: Cursos posibles en tiempos de pandemias RIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação,Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1150, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.169851142 En el campo de la ética y la equidad social, existe en la Universidad Federal de Mato Grosso do Sul/Brasil un comité de ética que se reúne y contribuye a resolver los problemas y procesos de la Universidad, basado en el código de ética, con la Resolución No. 31 del 18 de junio de 2015 (UFMS, 2015). Destacamos que, aunque no tenga un enfoque dirigido únicamente a las mujeres, puede incorporarse a las demandas feministas y femeninas en art. 2, con el siguiente objetivo: I - para evidenciar la conducta ética que se espera de los empleados de UFMS; II - asistir al servidor en la ejecución de acciones y toma de decisiones, ante cuestiones éticas que puedan surgir; III proteger el servidor de exposiciones innecesarias o acusaciones infundadas con el fin de consolidar el entorno de seguridad de la institución; IV - fortalecer el carácter ético colectivo del personal de la UFMS; V - contribuir a un ambiente de trabajo armonioso, cooperativo y participativo; VI - Contribuir a intensificar el respeto y la legitimidad de la sociedad con respecto al desempeño de la UFMS, la rectitud, el honor y la dignidad de sus servidores y la tradición de sus servicios; y VII favorecer el control social, asegurando las garantías del régimen democrático (UFMS, 2015, p. 03). Así, abogamos por que la educación superior tenga como uno de los principios básicos la superación de la discriminación contra las mujeres, con el fortalecimiento de un comportamiento ético y responsable sobre cómo se pueden orientar las acciones en la Universidad. Hay que tener en cuenta las demandas de los estudiantes que llegan en todo momento a la Universidad, las condiciones de las mujeres en el ejercicio de la producción de conocimiento y que tienen diálogos con los profesionales que trabajan en la Universidad, para que aprendan que el saber hacer femenino es diferente al saber hacer de los hombres, pero no inferior. Es decir [...] la educación superior debe propender a la investigación y a la generación de conocimientos propios y renovados de profesores y estudiantes que permitan comprender el porqué de las cosas, para aceptar lo que nos parezca correcto e foco en el cambio de aquello que analíticamente se considera que debe ser superado (ORDÓÑEZ, 2008). En 2020, ante la pandemia de SARS-COV 193, a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul lançou um plano de biossegurança, com o objetivo de: “primeiramente, a preservação das vidas, visando conciliar as atividades presenciais (acadêmicas e administrativas) da UFMS e a prevenção à disseminação do novo coronavírus” (UFMS, 2020, 3El SARS-COV 19 es una enfermedad infecciosa que ataca principalmente los pulmones y ha sido más letal, detectada en China en 2020.
image/svg+xmlJaqueline Aparecida Martins ZARBATO y Lucinéia Scremin MARTINS RIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação,Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1150, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.169851143 p. 04). No existe una definición específica del trabajo de las mujeres en la Universidad, ni del público estudiantil femenino. Destacamos dos elementos del plan de bioseguridad que se pueden utilizar para mantener los derechos de las mujeres: UFMS debe mantenerse en la Campaña Yo Respetouna acción específica y permanente para difundir información sobre el Covid-19 y las medidas de prevención. El empleado tendrá derecho al teletrabajo cuando tenga hijos de edad escolar o inferior y que requieran la asistencia de un progenitor, mientras exista una norma local que suspenda las actividades escolares o en guardería, por razones de fuerza-mayoría, relacionadas con el Covid-19 (UFMS, 2020, p. 06). Se percibe que aún quedan acciones por incorporar en el proceso de equidad de género, uno de los pilares de la lucha feminista. Incluso en lo que respecta al uso del lenguaje y también en el proceso de entender a las mujeres como madres, jefas de hogar, maestras, investigadoras, en las que las condiciones aún no son equitativas en la Universidad en relación con los hombres. Esto es importante para analizar que el número de mujeres en UFMS es significativo en relación con el número de hombres. Según el informe de la institución: Entre los 3.541 servidores de UFMS, las mujeres representan el 47% del total. Entre los profesionales de la docencia que trabajan en las áreas de docencia, investigación, extensión e innovación, la proporción es del 48% de un total de 1.385 profesores y docentes. Cabe destacar que el 97% de los profesores de la UFMS tienen un título en los niveles de maestría y doctorado, y más del 68% son médicos y la mayoría de ellos también trabajan en estudios de posgrado (UFMS, 2017). En este sentido, puntuamos dos acciones que se incluyeron en el proceso de pandemia que pueden representar avances en las mujeres. Uno de ellos es el programa 'Ser Mujer en la UFMS', coordinado por la Pro-Rectoría de Asuntos Estudiantiles (PROAES), en 2020, que tiene como objetivo construir un espacio justo en relación con el saber hacer femenino en la Universidad. Y el otro es el curso ofrecido por el Pro-Rectora de Gestión de Personas con el título: Inclusión y Diversidad Cultural en la Educación Superior, que aborda las discusiones de género en la Universidad. Desde esta perspectiva de análisis, en la que la Universidad debe orientar sus acciones en base a las demandas sociales, culturales, económicas y políticas que provienen de la sociedad, se entiende que el camino de inclusión y equidad en torno a las experiencias de las mujeres, especialmente en tiempos de crisis como en la pandemia del SARS-COV 19, mostró cuánto progreso aún necesitamos. Ya sea en tiempos de pandemia o no, las desigualdades
image/svg+xmlEducación superior y empoderamiento femenino: Cursos posibles en tiempos de pandemias RIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação,Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1150, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.169851144 siempre están presentes. O como dice Helen Lewis (2020): "¡El coronavirus es una tragedia para el feminismo! [...] en todo el mundo, la independencia de las mujeres será una víctima silenciosa de la pandemia" (LEWIS, 2020). La Universidad Federal de Góias (UFG) es una institución pública brasileña de educación superior ubicada en el estado de Goiás, principalmente en la ciudad de Goiânia, con operaciones en los municipios de Aparecida de Goiânia, Goiás, Firminópolis y una futura unidad en la Ciudad Occidental. Según datos de la Universidad, aunque las mujeres son la mayoría de los docentes, el 51% del total de los 2.887 profesores activos, ocupan solo un tercio de los puestos directivos de órganos administrativos, unidades académicas y académicas especiales, en la proporción de 19 mujeres frente a 38 directores varones (PORTO, 2017, p. 8). Este dato del 51% de las profesoras nos lleva al análisis de las acciones que se dirigen a este público, pues muchas profesoras trabajan en estudios de grado y posgrado. Artes (2018, p. 15), al analizar el Índice de Graduados en Brasil (IPG), presenta que "las mujeres tienen una mayor participación especialmente en la región del Medio Oeste. Este resultado requiere un estudio separado para comprender el cambio observado entre 2000 (paridad) para 2010 (de cada 100 hombres hay 171 mujeres)". Todavía en el campo de la equidad social, en la búsqueda de un acceso más igualitario de la población brasileña a la Educación Superior, también existe en la Universidad Federal de Goiás/Brasil un Programa creado en 2008, aprobado y basado en la Resolución Consuni N° 29/2008 (UFG, 2008). Tal Programa se llama UFGInclui y se implementó en 2009, estando vinculado a la Pro-Rectoría de Graduación (Prograd). Su funcionamiento fue modificado o complementado con las resoluciones 20/2010 para la inclusión de la reserva de vacantes del Curso de Letras - Libras para candidatos sordos y con las resoluciones de 18/2011 y 31/2012 (UFG, 2012), "[...] indicando un importante período de implementación de políticas de inclusión en UFG e incluso en el país" (HERBETTA, 2018, p. 321). Si bien no es un programa dirigido únicamente a las mujeres, también cubre las demandas feministas y femeninas, porque, en relación con la equidad en el acceso a las Instituciones de Educación Superior (IES) brasileñas, se observa que las mujeres han tenido un mayor beneficio en las políticas destinadas a financiar la educación superior en cursos privados y, proporcionalmente, un menor progreso en las políticas de acceso a las IES públicas. Existe, por tanto, una mayor concentración de mujeres en la red privada
image/svg+xmlJaqueline Aparecida Martins ZARBATO y Lucinéia Scremin MARTINS RIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação,Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1150, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.169851145 (BARRETO, 2014, p. 14-15), lo que nos impulsa a repensar las políticas de inclusión y también de permanencia de las mujeres en las universidades públicas. El programa UFGInclui basa su propósito y objetivos en el contexto sociopolítico y económico donde se inserta la Universidad Federal de Goiás, en el Medio Oeste brasileño. UFG tiene una historia previa con experiencias pioneras de inclusión; incluso de manera aislada, tales experiencias ya indicaron un escenario fructífero para las políticas de inclusión, como la graduación en Derecho para Beneficiarios de la Reforma Agraria en 2006, en la ciudad de Goiás, y la graduación en Licenciatura en Educación de Campo en 2007, así como el Centro Takinahakde Educación Superior Indígena (NTFSI): NTFSI existe desde hace diez años y cuenta con unos 250 maestros indígenas y maestros de los estados de Goiás, Mato Grosso, Tocantins y Maranhão. La mayoría de ellos actúan como maestros en la escuela de sus comunidades. [...] El número de estudiantes de primer año [...] varió a lo largo de la década, estabilizándose entre 2013 y 2015 con la oferta de 60 vacantes anuales. Tales vacantes se ofrecen en una competencia vestibular anual específica, que se lleva a cabo al final de cada año en algunos polos distintos, como Imperatriz (MA), Palmas (TO) y São Félix (MT), de acuerdo con la demanda indígena. El examen de ingreso es organizado por el Centro de Selección, pero es diferente al ofrecido por UFG para los otros cursos. Por lo general, tiene un ensayo con un tema relacionado con la cuestión indígena brasileña, una entrevista y el análisis de títulos, valorando la experiencia docente del candidato (HERBETTA, 2018, p. 317-318). Además de estas experiencias, la UFG ha venido modificando el proceso de inclusión de estas poblaciones, históricamente excluidas de la educación superior de calidad, también en programas de posgrado, como el caso del Programa de Posgrado en Sociología (PPGS/UFG) y el Programa de Posgrado en Antropología Social (PPGAS), ambos de la Facultad de Ciencias Sociales (FCS), ofreciendo vacantes con selecciones que valoran las experiencias y experiencias específicas de los candidatos de estas poblaciones. Pero incluso frente al progreso de tales acciones, programas, resoluciones, sabemos que es necesario superar los obstáculos al proceso de inclusión y permanencia en la universidad pública brasileña, especialmente en el contexto actual de la pandemia. Si pensamos en la inclusión y permanencia de las mujeres, los obstáculos son aún mayores, porque se imputan al papel de cuidadoras de la casa, niños, ancianos, sobrecargarlos de trabajo y reducir su tiempo libre, un aspecto importante para la dedicación a la preparación y formación en la universidad. La situación de las mujeres empeoró durante la pandemia con el trabajo remoto de muchas escuelas y universidades públicas, intensificando el trabajo doméstico y otras
image/svg+xmlEducación superior y empoderamiento femenino: Cursos posibles en tiempos de pandemias RIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação,Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1150, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.169851146 demandas familiares. En relación con el trabajo de los docentes, según datos de la Parent in Science,son perceptibles a las dificultades de producción académica (especialmente la presentación de artículos) de maestros negros (con o sin hijos) y blancos con niños (principalmente de hasta 12 años) que vieron afectada su productividad académica (PARENT IN SCIENCE, 2020, p. 12). Nos dimos cuenta de que hay un terreno fértil en UFMS y UFG para la construcción de políticas de inclusión, acogida y permanencia para las mujeres, que deben ser buscadas y profundizadas, pero que aún requieren muchas luchas. Consideraciones finales El propósito de este artículo fue realizar un análisis sobre las contribuciones del movimiento feminista y el empoderamiento de las mujeres en la educación superior, en tiempos de crisis, como en la pandemia de SARS-COV 19. Para ello, realizamos un acercamiento presionando diferentes concepciones sobre los feminismos, desde la 1ª ola hasta la 3ª ola, para comprender los avances y retrocesos en el empoderamiento femenino, y sus implicaciones prácticas en dos Universidades Públicas de la región medio oeste de Brasil, ya que las mujeres en las universidades, especialmente las docentes, vieron sus vidas profesionales y personales atravesadas por diferencias en las acciones cotidianas. Y si no hay proyectos establecidos en torno a la igualdad de género, se percibe que estamos sobrecargando, silenciando o incluso 'burocratizando' los derechos que han sido proclamados por los feminismos a lo largo del tiempo histórico y social. La intención de dialogar sobre el proceso de implementación de acciones en dos instituciones de educación superior, en este caso la Universidad Federal de Mato Grosso do Sul y la Universidad Federal de Goiás, se dio como un principio básico para resaltar las prácticas de efectividad de las luchas y el empoderamiento de las mujeres en la educación superior. Considerando que muchas mujeres, ya sean docentes, docentes o estudiantes, tienen jornadas laborales y requerimientos académicos que se han acentuado con la pandemia, con la ejecución de la Educación Remota (ER), muchas han extendido la carga de trabajo de lo público a lo privado, sin más fronteras. Por lo tanto, se percibe que la trayectoria de logros que trajeron las luchas del movimiento feminista contribuyó a apoyar la inclusión de las mujeres en la educación superior, pero de alguna manera hay un largo y arduo proceso de
image/svg+xmlJaqueline Aparecida Martins ZARBATO y Lucinéia Scremin MARTINS RIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação,Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1150, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.169851147 comprensión de las diferencias de género, lo cual es un desafío para las universidades: pensar y proyectar políticas de valorización y equidad de las mujeres y feministas. GRACIAS: PPGEDU/UFMS, CNPq. REFERENCIAS AGRELLO, D. A.; GARG, R. Mulheres na física: Poder e preconceito nos países em desenvolvimento. Revista Brasileira de Ensino de Física, São Paulo, v. 31, n. 1, 1305, 2009. Disponible en: https://www.scielo.br/j/rbef/a/xv9Y7DvT9mnyZrx6JL38ZnS/abstract/?lang=pt. Acceso: 03 oct. 2021. ARTES, A. Dimensionando as desigualdades por sexo e cor/raça na pós-graduação brasileira. Educação em Revista, Belo Horizonte, v. 34, e192454, 2018. DOI: https://doi.org/10.1590/0102-4698192454 BARRETO, A. A mulher no ensino superior: Distribuição e representatividade. Cadernos do GEA,Rio de Janeiro, n 6, p. 1-46, jul./dez. 2014. Disponible en: https://flacso.org.br/files/2016/04/caderno_gea_n6_digitalfinal.pdf. Acceso: 07 ago. 2021. BLAY, E. A. Violência contra a mulher e políticas públicas. Estudos Avançados, v. 17, n. 49, p. 87-98, 2003. Disponible en: https://www.scielo.br/j/ea/a/ryqNRHj843kKKHjLkgrms9k/?format=html. Acceso: 15 jul. 2021. BRASIL. Parecer CNE/CEB n. 19/2009. Brasília, DF: CEB, 2009. Disponible en: http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/pceb019_09.pdf. Acceso: 14 nov. 2021. BRASIL. Ministério da Educação. Portaria n. 329, de 11 de março de 2020. Institui o Comitê Operativo de Emergência do Ministério da Educação - COE/MEC, no âmbito do Ministério da Educação. Brasília, DF: MEC, 2020. Disponible en: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-329-de-11-de-marco-de-2020-247539570. Acceso: 02 jun. 2021. COSTA, A. A. A. O movimento feminista no Brasil: Dinâmicas de uma intervenção política. Revista Gênero, v. 5, n. 2, p. 1-20, 2005. Disponible en: https://periodicos.uff.br/revistagenero/article/view/31137/18227. Acceso: 02 jun. 2021. DUARTE, C. L. Feminismo: uma história a ser contada. In: HOLLANDA, H. B. (org.). Pensamento feminista brasileiro:Formação e contexto. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. 25. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
image/svg+xmlEducación superior y empoderamiento femenino: Cursos posibles en tiempos de pandemias RIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação,Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1150, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.169851148 HERBETTA, A. F. Políticas de inclusão e relações com a diferença: Considerações sobre potencialidades, transformações e limites nas práticas de acesso e permanência da UFG. Horiz. Antropol, v. 24, n. 50, jan. /abr. 2018. Disponible en: https://www.scielo.br/j/ha/a/qTpNY8bpMDPWpSLgdt4cjwM/abstract/?lang=pt. Acceso: 15 sept. 2020. LEWIS, H. The Coronavirus is a disaster for feminism. The Altantic, 2020. Disponible en: https://www.theatlantic.com/international/archive/2020/03/feminism-womens-rights-coronavirus-covid19/608302/. Acceso: 03 abr. 2021. LOURO, G. L. Mulheres na sala de aula. In: PRIORE, M. (org.). História das mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 1997. MACHADO, C. Crise de gênero ou do mercado de trabalho. Folha de São Paulo, São Paulo, 4 ago. 2020, Mercado Coronavírus, p. 18. Disponible en: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/cecilia-machado/2020/08/uma-crise-de-generos-ou-do-mercado-de-trabalho.shtml. Acceso: 14 abr. 2021. ONU. Organização das Nações Unidas. Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra a Mulher- CEDAW. Assembléia Geral das Nações Unidas, 18 dez. 1979. Disponible en: https://www.onumulheres.org.br/wp-content/uploads/2013/03/convencao_cedaw1.pdf. Acceso: 12 jun. 2021. ORDÓÑEZ, J. M. Ética y Sociedad. Cuenca: Universidad del Azuay, 2008. Disponible en: https://etica.uazuay.edu.ec/sites/etica.uazuay.edu.ec/files/public/%C3%89tica%20y%20Sociedad%20%28libro%29.pdf. Acceso: 12 jun. 2021. PARENT IN SCIENCE. Produtividade acadêmica durante a pandemia: Efeitos de gênero, raça e parentalidade. Porto Alegre: Parent in Science, 2020. Disponible en: https://bit.ly/2ApPHl0. Acceso: 30 nov. 2021. PEDRO, J. M. O feminismo de “segunda onda”: Corpo prazer e Trabalho. In: PINSKY, C. B.; PEDRO, J M. (org.). Nova História das mulheres no Brasil. 1. ed. São Paulo: Contexto, 2020. PINTO, C. R. J. Feminismo, história e poder. Revista de Sociologia e Política,v. 18, n. 36, p. 15-23, jun. 2010. Disponible en: https://revistas.ufpr.br/rsp/article/view/31624/20159. Acceso: 30 jun. 2021. PITANGUY, J. Advocacy e Direitos Humanos. In: BARSTED, L. L.; PITANGUY, J. (coord.). O Progresso das Mulheres no Brasil: 2003-2010. Brasília, DF: CEPIA; ONU Mulheres, 2011. Disponible en: https://onumulheres.org.br/wp-content/themes/vibecom_onu/pdfs/progresso.pdf. Acceso: 12 jun. 2021. PORTO, L. Mulheres ainda são minoria em cargos de direção na UFG. Jornal do Professor, Goiânia, ano 7, n. 54, fev./mar. 2019. Disponible en: https://www.adufg.org.br/files/fevereiro-marco-2019-563800.pdf. Acceso: 12 jun. 2021.
image/svg+xmlJaqueline Aparecida Martins ZARBATO y Lucinéia Scremin MARTINS RIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação,Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1150, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.169851149 ROSEMBERG, F. Educação. Mulheres educadas e a educação de mulheres. In: PINSKY, C. B.; PEDRO, J. M. (org.). Nova História das mulheres no Brasil. 1. ed. São Paulo: Contexto, 2020. SCOTT, J. Gênero: Uma categoria útil de análise histórica. Educação e Realidade. v. 20, n. 2, p. 71-99, jul./dez. 1995. Disponible en: https://seer.ufrgs.br/index.php/educacaoerealidade/article/view/71721. Acceso: 22 mayo 2021. TELLES, M. A. A. Breve história do feminismo no Brasil e outros ensaios. São Paulo: Alameda Casa Editorial, 2018. UFG. Universidade Federal de Goiás. Resolução Consuni n. 29/2008. Cria o Programa “UFGInclui” na Universidade Federal de Goiás e dá outras providências. Goiânia, GO: Conselho Universitário da Universidade Federal de Goiás, 2008. Disponible en: https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/90/o/Resolucao_CONSUNI_2008_0029.pdf. Acceso: 17 oct. 2021. UFG. Universidade Federal de Goiás. Resolução Consuni n. 31/2012. Altera a Resolução CONSUNI Nº 29/2008, modificada pelas Resoluções 20/2010 e 18/2011, que dispõem sobre o Programa UFGInclui na UFG. Goiânia, GO: Vice-Reitor, no exercício da Reitoria da Universidade Federal de Goiás, 2012. Disponible en: https://sistemas.ufg.br/consultas_publicas/resolucoes/arquivos/Resolucao_CONSUNI_2012_0031.pdf. Acceso: 14 oct. 2021. UFMS. Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Resolução n. 31, de 18 de junho de 2015. Campo Grande, MS: Presidência do Conselho Universitário, 2015. Disponible en: https://etica.ufms.br/files/2013/08/RESOLUCAO-COUN-COC_RTR-n-31-de-18-06-2015.-1.pdf. Acceso: 17 nov. 2021. UFMS. Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Resolução n. 37, de 29 de abril de 2020. Aprova o Plano de Biossegurança da Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, em decorrência da Pandemia da Covid-19. Campo Grande, MS: Presidência do Conselho Universitário, 2020. Disponible en: https://esan.ufms.br/files/2020/05/Plano-de-Biosseguran%C3%A7a-da-UFMS.pdf. Acceso: 17 nov. 2021.
image/svg+xmlEducación superior y empoderamiento femenino: Cursos posibles en tiempos de pandemias RIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação,Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1150, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.169851150 Cómo hacer referencia a este artículo ZARBATO, J. A. M.; MARTINS, L. S. Educación superior y empoderamiento femenino: Cursos posibles en tiempos de pandemias. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1132-1150, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587. DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16985 Presentado en: 12/11/2021 Revisiones requeridas: 16/01/2022 Aprobado en: 23/03/2022 Publicado en: 30/06/2022 Procesamiento y edición: Editora Ibero-Americana de Educação.Corrección, formateo, normalización y traducción.
image/svg+xmlHigher education and female empowerment: Possible courses in times of pandemics RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1128-1145, June 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16985 1128 HIGHER EDUCATION AND FEMALE EMPOWERMENT: POSSIBLE COURSES IN TIMES OF PANDEMICS ENSINO SUPERIOR E O EMPODERAMENTO FEMININO: PERCURSOS POSSÍVEIS EM TEMPOS DE PANDEMIA EDUCACIÓN SUPERIOR Y EMPODERAMIENTO FEMENINO: CURSOS POSIBLES EN TIEMPOS DE PANDEMIASJaqueline Aparecida Martins ZARBATO1Lucinéia Scremin MARTINS2ABSTRACT: This article aims to reflect on women in Higher Education, pointing out the contribution of feminism in the ruptures and continuities of gender inclusion. To this end, we analyze the possibilities of inclusion and maintenance of actions around women in two institutions in the central west of Brazil in times of the SARS-COVID 19 pandemic. feminist waves in Brazil and in Higher Education, approaches to gender equality, and examples of the search for the maintenance and empowerment of women in Higher Education in the pandemic period. Methodologically, it presents the approaches of the feminist movement, the dialogues about Brazilian Higher Education and women, the mishaps in the face of the pandemic and the actions developed at the Federal University of Mato Grosso do Sul and the Federal University of Goiás, in the center west. KEYWORDS: Women's empowerment. Higher education. UFMS. UFG. RESUMO: Esse artigo tem como objetivo refletir sobre as mulheres no Ensino Superior, apontando a contribuição do feminismo nas rupturas e continuidades da inclusão de gênero. Para tal, se analisam as possibilidades de inclusão e manutenção das ações em torno das mulheres em duas instituições do centro oeste do Brasil em tempos de pandemia de SARS-COV-19. Assim, se propõe uma análise sobre os diálogos possíveis nos aportes teóricos acerca das ondas feministas no Brasil e no Ensino Superior, as abordagens sobre igualdade de gênero, e os exemplos da busca pela manutenção e empoderamento das mulheres no Ensino Superior no período pandêmico. Metodologicamente apresentam-se as abordagens do movimento feminista, os diálogos sobre Ensino Superior brasileiro e mulheres, os percalços diante da pandemia e as ações desenvolvidas na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e Universidade Federal de Goiás, no centro oeste. PALAVRAS-CHAVE: Empoderamento feminino. Ensino superior. UFMS. UFG. 1Federal University of Mato Grosso do Sul (UFMS), Campo Grande – MS– Brazil. Full professor at the Department of History. Post-doctorate in History. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3183-4740. E-mail: Jaqueline.zarbato@ufms.br2Federal University of Goiás (UFG), Goiânia – GO– Brazil. Associate Professor II at the School of Social Sciences. Doctorate in Education (UFG). Post-Doctorate (ISCTE-IUL).ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9420-7464. E-mail: luascremin@ufg.br
image/svg+xmlJaqueline Aparecida Martins ZARBATO and Lucinéia Scremin MARTINS RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1128-1145, June 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16985 1129 RESUMEN:Este artículo tiene como objetivo reflexionar sobre las mujeres en la Educación Superior, señalando el aporte del feminismo en las rupturas y continuidades de la inclusión de género. Para ello, analizamos las posibilidades de inclusión y mantenimiento de acciones en torno a las mujeres en dos instituciones del centro oeste de Brasil en tiempos de la pandemia SARS-COVID 19. Ondas feministas en Brasil y en Educación Superior, enfoques de igualdad de género y ejemplos de la búsqueda del mantenimiento y empoderamiento de la mujer en la educación superior en el período pandémico. Metodológicamente, presenta los enfoques del movimiento feminista, los diálogos sobre la educación superior brasileña y las mujeres, los percances frente a la pandemia y las acciones desarrolladas en la Universidad Federal de Mato Grosso do Sul y la Universidad Federal de Goiás, en el centro oeste. PALABRAS CLAVE:Empoderamiento de las mujeres. Educación superior. UFMS. UFG. Introduction This article aims to analyze the actions on women in Higher Education in Brazil, focusing on the contributions of the looks of feminisms (from the 1st wave to the 3rd wave) and on possible strategies in the face of the SARS-COV 19 pandemic, taking as an example two institutions in the center west of Brazil and actions around gender equality. The intention to question the place of women's speech in higher education, how much we can reflect on higher education as a space of possibilities for dialogue, valuing people and the different ways of being and existing is constituted, in the conjuncture of times of crisis, as central to women's being-doing. Understanding that it is from the conception of equality, empowerment, ethics, projects to overcome gender inequalities, projects that are based on the appreciation of women's social time. The inclusion of gender in education is directly related to the need for recognition and social contestation of the inequality of rights between men and women. And in the human sciences it has implications due to the actions of feminist movements that brought about the overcoming of inequalities. Being a man or a woman is the result of learning that begins in the family and continues in all institutions of society. We establish ourselves based on the expectations of what is socially right for a man and a woman, and thus gender ideologies are formed. Thus, gender can be understood as a social organization built on the perception of sexual differences imbricated in unequal power relations, in such a way that, when this issue is discussed, it is intended to debate and transform the social and cultural construction of
image/svg+xmlHigher education and female empowerment: Possible courses in times of pandemics RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1128-1145, June 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16985 1130 relationships, in the sense of pluralizing and democratizing them, eliminating differences based on stereotyped dichotomies and hierarchies (SCOTT, 1995). Regarding the maintenance of activities carried out by women in times of a pandemic, there are different approaches to the situation experienced, which is no different in university spaces. In this regard, Machado (2020) warns us that women were most affected by the SARS-COV 19 pandemic. This, according to the author, is because, [...] it is clear that the closing of schools compromises children's learning and jeopardizes the resumption of economic activities for workers with children. It is a step backwards to impose a binary choice between careers and families on women again (MACHADO, 2020, p. 18). Between the concern with the career and the families, countless women go through difficulties in their experiences and trajectories throughout the History of Brazil. of work and rights, also culminating in changes in Higher Education. It is worth noting that there were several obstacles broken over historical time for women to be able to access formal and public education, because as stated by Rosemberg (2020, p. 334): [...] from the sexual segregation of schools, which prevented mixed education, to the idea that girls and girls should have a more restricted education than that of boys and boys because they are considered fragile, with more limited intelligence and focused on their “mission” as mothers. There are some advances when we analyze the issue of expanding women's rights and equality in society that can be incorporated into the University, such as what was postulated at the World Conference on Women held in 1975, expanding the spaces for inclusion and the elimination of forms of discrimination against women, re-discussed in the United Nations Convention in 1979. The convention aimed to promote actions in which men and women had the same access and rights. In the fight against discrimination against women, Article 2 of the UN Convention contains principles that attest to the commitment of different institutions: States Parties condemn discrimination against women in all its forms, and agree to pursue, by all appropriate means and without delay, a policy aimed at eliminating discrimination against women, and to this end, undertake to:[. ..] c) establish the judicial protection of women's rights on an equal basis with those of men and guarantee, through the competent national courts and other public institutions, the effective protection of women against any act of discrimination; d) refrain from incurring in any act or practice of discrimination against women and act in such a way that public authorities
image/svg+xmlJaqueline Aparecida Martins ZARBATO and Lucinéia Scremin MARTINS RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1128-1145, June 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16985 1131 and institutions act in accordance with this obligation; e) adopt adequate measures to eliminate discrimination against women practiced by any person, organization or company; f) take all appropriate measures, including legislation, to modify or repeal laws, regulations, customs and practices that constitute discrimination against women; g) derogate from all national criminal provisions that constitute discrimination against women (UN, 1979, p. 03). It can be seen that there was a commitment by States, organizations, to eliminate discrimination against women in different spaces, whether social, work or educational. However, it is also necessary to point out that the legislation does not always account for people's actions, both from the perspective of professional and personal training. Which leads us to the reflection that we still have a society guided by the Eurocentric and masculine model, and the University is also a space that reflects many of these conceptions. This is because even with the increasing number of women at the University, ethical changes in relation to sexist actions are still not effectively perceived. The University, whether public or private, can be understood as a fundamental institution of society, as it is directly linked to various dimensions of a country's development, both as a strategy in the training of women and men through professionalization, and in the role of enabling the society a relevant critical reflection on itself. In the specific case, in this article that we are analyzing, we punctuate the approach by public higher education. Feminisms in contexts of Public Universities The social and cultural context that allowed the rise of women to schooling was made with the contribution of different groups. Among them, the feminist movement stands out, which we will trace the analysis of feminist waves and the possibilities they brought to female empowerment. About the schooling process of the Brazilian population, Eva Blay (2003, p. 91) clarifies that, [...] the feminist movement was joined by a series of groups that acted daily in favor of the rights to better living conditions, for amnesty, for equal rights between men and women. The formation of entities dedicated to sheltering women victims of domestic violence did not take long to form. All over Brazil, groups of activists, volunteers, sought to confront all types of violence: rapes, mistreatment, incest, persecution of prostitutes, and endless violations of the human rights of women and girls. The feminist movement, as a social movement, is characterized as modern, as it arises in the context of Enlightenment ideas. It directs the debates “to the space of political discussion those issues hitherto seen and treated as specific to the private sector, breaking the
image/svg+xmlHigher education and female empowerment: Possible courses in times of pandemics RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1128-1145, June 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16985 1132 public-private dichotomy, the basis of all liberal thinking about the specifics of politics and political power” (COSTA, 2005, p. 2). That is why it is important to incorporate the dialogues of feminist waves and the perception of women's schooling in Higher Education, since it demands the expansion of rights and the maintenance of women's actions. It can be said that they are implications for the sciences, as the analyzes presuppose the inclusion of changes in Public Universities. In other words, even if the worldviews of feminisms are incorporated, the context of each University presents singularities. According to Pinto (2010. p. 15), in Brazil, the “first wave” of feminism also manifested itself more publicly through the struggle for the vote. The Brazilian suffragettes were led by Bertha Lutz, a biologist and scientist of importance, who studied abroad and returned to Brazil in the 1910s, starting the struggle for the vote. She was one of the founders of the Brazilian Federation for Feminine Progress, an organization that campaigned publicly for the vote, having even taken, in 1927, a petition to the Senate, asking for the approval of the Bill that gave women the right to vote. This right was conquered in 1932, when the New Brazilian Electoral Code was promulgated. Pedro (2012, p. 245) states that in Brazil this “Second Wave” feminism adopted a revolutionary methodology for disseminating its ideas, the so-called Consciousness Groups or Reflection Groups, made up only of women. These meetings were held in the members' private homes, as well as in bars, cafes, offices and libraries, with the aim of discussing the problems faced by women and opposing machismo. One of the goals of the Women's Consciousness/Reflection Groups was to increase solidarity among women and improve their self-esteem. It can be said that we have several feminist movements (from the 1st wave to the 3rd wave), but the beginnings of the feminist movement are born from demonstrations in the 19th century when, in defiance of male patriarchal power, women claim the right to vote. , education and female emancipation. This is a period in which women were conditioned by men to remain in the process of social hierarchization over male domination. Therefore, “feminist studies were centrally concerned with power relations” (LOURO, 1997, p. 37). Still in the field of education, Pitanguy (2011. p. 38) highlights that in Brazil: [...] the issue of education, contemplated in these plans and object of other programs and instances of national policies, constituted, at the beginning of the 20th century, an important flag of women's struggle, highlighting the
image/svg+xmlJaqueline Aparecida Martins ZARBATO and Lucinéia Scremin MARTINS RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1128-1145, June 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16985 1133 performance of Nísia Floresta. Today, access indicators point to a growing presence of women in the formal education system, even higher than that of men. For Louro (1997, p. 15), “suffrage came to be recognized, later as the “first wave” of feminism”. The most immediate objectives (eventually added to claims linked to the organization of the family, opportunity for studies or access to certain professions) were undoubtedly linked to the interests of white middle-class women, and the achievement of these goals (although limited to some countries), following a certain accommodation in the movement. The “Second Wave” feminist movement, from the 1960s onwards, in Brazil, adopted a revolutionary methodology for disseminating its ideas: the so-called Consciousness Groups or Reflection Groups, made up only of women, seeking to create a network of solidarity between them. These meetings were held in the members' private homes, as well as in bars, cafes, offices and libraries, with the aim of discussing the problems faced by women and opposing machismo. In which, “one of the goals of the Women's Consciousness/Reflection Groups was to increase solidarity among them and improve their self-esteem” (PEDRO, 2012, p. 245). This period of the 1960s in Brazilian history was the scene of intense mobilizations and demands from various social groups: workers, artists, teachers, students. In the civil-military coup (1964-1985) a dictatorship was implanted, which had its “years of lead” in 1968, “through Institutional Act n. 5 (AI-5), which transformed the President of the Republic into a dictator” (PINTO, 2010). In the 1970s, there was the resurgence and consolidation of women's and/or feminist movements (TELLES, 2018; PEDRO, 2012; ROSEMBERG, 2020). It was still during the military regime that the first and great feminist manifestations took place. This moment is considered the “most exuberant moment” of feminism, because it was “the one capable of radically altering customs and transforming the most daring claims into conquered rights” (DUARTE, 2019, p. 41). In 1975, the United Nations (UN), at the I International Conference on Women, in Mexico, declared the next ten years as the women's decade, and a motion in favor of Amnesty in Brazil was approved. Thus, it was referred by Terezinha Zerbini, one of the main leaders of the Amnesty movement, who contributed decisively to the approval of the Amnesty Law in 1979 (PINTO, 2010).
image/svg+xmlHigher education and female empowerment: Possible courses in times of pandemics RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1128-1145, June 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16985 1134 On the other hand, before 1975, some women belonging to universities and intellectual women in exile were already studying and appropriating the contributions of the feminist movement in the world. At this point, according to Rosenberg (2020, p. 340-41): The emergence of women's studies in Brazil bears marks of the vitality and turmoil of the period, when the expansion of graduate studies in universities was stimulated by the federal government, in accordance with a specific proposal for the modernization of the country. In this intellectually rich and contradictory period, segments of the intellectual elite, inside and outside the academic world, suffered the impact of repression, generated forms of resistance to the military government, experienced exile, received amnesty and, upon returning to the country, became involved in different redemocratization projects. Also in 1975, the International Year of Women was determined as a milestone in which the respectability of the UN was added to the performance of women university professors and feminist groups, creating new expressions of contemporary Brazilian feminism in which, among other agendas, the issue of “non-sexist education” (ROSEMBERG, 2020, p. 342; TELES, 2018, p. 95) In this historical trajectory, it can be noted that in the context of Brazilian democracy, the struggles for female empowerment had an important reinforcement with the articulation of university feminists and researchers, which contributed to the expansion of spaces of demand and education for women. This is because we realized that there was no maintenance of gender policies that were inserted in Brazilian higher education, there are advances and setbacks. We made some progress with the National Plans for Policies for Women (PNPM, 2004, 2008, 2011, 2016), which introduced platforms for struggles in the educational system aimed at a more egalitarian and more equitable society. With the Woman and Science Program, in 2011, we had an expansion of debates on research and studies that involved gender, race and identity relations. It can be said that in the long term we had more setbacks than achievements. According to data from the 2016 Census of Higher Education, from the National Institute of Educational Teaching and Research Anísio Teixeira (INEP), women represent 57.2% of students enrolled in undergraduate courses. The 2017 Census showed that, of the total number of enrollments in Universities, 104,633, the number of men is 49,935, while 54,698 are women. We found that advances in the search for gender equality in higher education were influenced by feminist movements, which problematize male domination, Eurocentrism and the patriarchal model.
image/svg+xmlJaqueline Aparecida Martins ZARBATO and Lucinéia Scremin MARTINS RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1128-1145, June 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16985 1135 So much so that in several higher education institutions in Brazil there are feminist collectives that are configured as spaces of struggle for the maintenance of rights, equality and gender equity. Thus evidencing a structural change in the perception of young women about the places of speech and resistance. In this regard, Agrello and Garg (2009, p. 1305-5) support the need and importance of changing women's posture with feminist debates in several areas of knowledge. Because, “[...] the process is slow and must start with schooling”. The inclusion of gender in our activities is directly related to the need for recognition and social contestation of the inequality of rights between men and women. The dissemination of the concept of gender at a global level and in the most diverse social sciences arose from its association with feminist movements that brought about the overcoming of inequalities. In other words, teaching and learning without ethical behavior will lead us to reproduce a society that does not respect difference. And the education that is intended for women is one of inclusion, of appreciation, with respect and ethics, that advances with the changes that occur in all spheres of our life. Or, as Paulo Freire stated (1996, p. 77): The world is not. The world is being. As a curious, intelligent subjectivity, interfering with the objectivity with which I dialectically relate, my role in the world is not only that of someone who observes what happens, but also that of someone who intervenes as a subject of occurrences. I am not only the object of History, but its subject as well. In the world of history, culture, politics, I see it not to adapt, but to change. In this sense, Universities also have the responsibility to teach ethically or to act ethically, not having the prevalence of the male view. Having this ethical behavior with women of different ages, occupations, traditions, religions, social and cultural ties can contribute to the University actually exercising the practice of producing knowledge, in which the structures and actions derive for a transforming society. Thus, we think and defend that universities are the 'locus' of dialogue, of more humanist, inclusive, feminist visions focusing on the broad debate on overcoming inequalities, representing this 'watershed' to rethink the guidelines that men and women they have equal rights, with equitable training, in which there is a university ethics that shelters the legal and moral person that it is; to be morally responsible for all actions performed.
image/svg+xmlHigher education and female empowerment: Possible courses in times of pandemics RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1128-1145, June 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16985 1136 Public Universities and female and feminist contributions: the challenges facing epidemic times The analysis of the process of contribution of feminisms in the actions of public universities can be discussed from the insertion of feminist theories in different areas of knowledge to the inclusion of feminist collectives in Public Universities. However, our intention is to reflect on the propositions that were inserted in the two Universities under analysis. Thinking that from the contribution of feminist theoretical and methodological perspectives one can also have constructs for other paths in the future. It is noticed that epidemics devastate society with an impact on all areas and that in Universities this is no different. We are impelled to change our stance on public health issues. In 2009, for example, during the H1N1 epidemic, the National Education Council (CNE, in the Portuguese acronym) issued Opinion no. 19/2009, which referred to educational institutions compliance with the school calendar in public health situations that interfered with their routines (BRAZIL, 2009). As in 2009, with educational guidelines in times of epidemic, because of the SARS-COV19 pandemic, educational institutions had to readjust. As a result, the Emergency Operating Committee of the Ministry of Education (COE-MEC) was created (BRAZIL, 2020). In this sense, ordinances such as 345/2020 and n. 395/2020, and a Provisional Measure (n. 934/2020), which authorize the replacement of face-to-face classes with classes in digital media - which use information and communication means and technologies (except internships, laboratory practices and, for Medicine courses, internships). Changes in the forms of classes in Higher Education had different implications for women. And even with the transformations arising from feminist actions, we had setbacks in this pandemic period. For this reason, we analyzed the context of two Public Universities in the center west of Brazil, for two reasons: space for the authors to act and their research, and for the decentralization of actions in institutions that are, in regions with a wide social, cultural and cultural diversity. In this regard, we analyzed the projects and proposals of the two public universities, in order to point out possibilities for advances and setbacks in terms of the inclusion of women and maintenance of actions for female empowerment. The Federal University of Mato Grosso do Sul is a Brazilian Federal Public Higher Education institution, with campuses located in nine cities in the interior: Aquidauana, Chapadão do Sul, Corumbá, Coxim, Naviraí, Nova Andradina, Paranaíba, Ponta Porã and
image/svg+xmlJaqueline Aparecida Martins ZARBATO and Lucinéia Scremin MARTINS RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1128-1145, June 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16985 1137 Três Lagoas. The main campus and the administrative headquarters of UFMS make up the University City, located in Campo Grande, capital of Mato Grosso do Sul. According to data from the University, among the 3,541 employees at UFMS, women account for 47% of the total. Among teaching professionals who work in the areas of teaching, research, extension and innovation, the proportion is 48% of a total of 1,385 professors. It is noteworthy that 97% of UFMS professors have degrees at the Master's and Doctoral level, with more than 68% holding PhDs and a large part also working in graduate studies. Among the students of the University, women occupy the largest proportion of enrollments in undergraduate courses. Among the 16,448 students enrolled at the institution in the current academic semester, 50.6% are women (UFMS, 2017). It can be seen from the data from the University that women are the majority in the university community, which leads us to analyze the projects, programs and actions that are aimed at this audience. In the field of ethics and social equity, there is an ethics committee at the Federal University of Mato Grosso do Sul/Brazil that meets and contributes to resolving the University's problems and processes, based on the code of ethics, with Resolution No. June 18, 2015 (UFMS, 2015). We emphasize that even though it does not focus solely on women, it can be incorporated into feminist and feminine demands, in Art. 2, with the following objective: I – evidence ethical conduct expected from UFMS servers; II – assist the server in the execution of actions and decision-making, when faced with ethical issues that may arise; III – protect the server from unnecessary exposure or unfounded accusations in order to consolidate the Institution's security environment; IV – strengthen the collective ethical character of the UFMS staff; V – contribute to a harmonious, cooperative and participatory work environment; VI - contribute to intensifying the respect and legitimacy of society regarding the performance of UFMS, the rectitude, honor and dignity of its servants and the tradition of its services; and VII – to favor social control, ensuring the guarantees of the democratic regime (UFMS, 2015, p. 03). In this way, we defend that higher education has as one of the basic principles the overcoming of discrimination against women, with the strengthening of ethical and responsible behavior on how actions at the University can be guided. The demands of students who arrive at the University at all times must be taken into account, the conditions of women in the exercise of knowledge production and that they have dialogues with professionals who work at the University, so that they understand that female know-how is different from human know-how, but not inferior. I.e.,
image/svg+xmlHigher education and female empowerment: Possible courses in times of pandemics RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1128-1145, June 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16985 1138 [...] higher education should tend to research and the generation of own and renewed knowledge of teachers and students that allow us to understand the reason for things, to accept what seems correct to us and influence the change of what analytically is considered to be overcome (ORDÓÑEZ, 2008). In 2020, in the face of the SARS-COV 19 pandemic3, the Federal University of Mato Grosso do Sul launched a biosafety plan, with the objective of: “first, the preservation of lives, aiming to reconcile the face-to-face activities (academic and administrative) of UFMS and the prevention of the spread of the new coronavirus” (UFMS, 2020, p. 04). There is no specific definition of the work of women at the University, nor to the female student public. We highlight two items of the biosecurity plan that can be used to maintain women's rights: UFMS should maintain in the “Campanha Eu Respeito” a specific and permanent action to disseminate information about Covid-19 and prevention measures. The server will be entitled to telework when they have children of school age or below and who need the assistance of one of the parents, while the local rule is in force that suspends school activities or day care, for reasons of force majeure, related to Covid-19 (UFMS, 2020, p. 06). It is noticed that there are still actions to be incorporated in the process of gender equity, one of the pillars of the feminist struggle. Even with regard to the use of language and also in the process of understanding women as mothers, heads of the home, teachers, researchers, in which conditions are still not equitable at the University in relation to men. That said, it is important to analyze that the number of women at UFMS is significant in relation to the number of men. According to the institution's report: Among the 3,541 servers at UFMS, women account for 47% of the total. Among teaching professionals who work in the areas of teaching, research, extension and innovation, the proportion is 48% of a total of 1,385 professors. It is noteworthy that 97% of UFMS professors have degrees at the Master's and Doctoral level, with more than 68% holding PhDs and a large part also working in postgraduate studies (UFMS, 2017). In this sense, we point out two actions that were included in the pandemic process that may represent advances with regard to women. One is the ‘Ser Mulher na UFMS’ program, coordinated by the Pro-Rectory of Student Affairs (PROAES), in 2020, which aims to build an equitable space in relation to female know-how at the University. And the other is the 3SARS-COV19 is an infectious disease that mainly attacks the lungs and was more lethal, detected in China in 2020.
image/svg+xmlJaqueline Aparecida Martins ZARBATO and Lucinéia Scremin MARTINS RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1128-1145, June 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16985 1139 course offered by the Dean of Personnel Management with the title: Inclusion and Cultural Diversity in Higher Education, which addresses gender discussions at the University. From this perspective of analysis, in which the University must guide its actions from the social, cultural, economic and political demands that come from society, it is understood that the path of inclusion and equity around the experiences of women, especially in times of crisis as in the SARS-COV 19 pandemic, showed how much progress we still need. Whether in pandemic times or not, inequalities are always present. Or as Helen Lewis (2020) states: “The coronavirus is a tragedy for feminism! [...] all over the world, women's independence will be a silent victim of the pandemic" (LEWIS, 2020). The Federal University of Góias (UFG) is a Brazilian Public Higher Education Institution located in the state of Goiás, mainly in the city of Goiânia, with operations in the municipalities of Aparecida de Goiânia, Goiânia, Firminópolis and a future unit in Cidade Ocidental. According to data from the University, although women are the majority of professors, with 51% of the total of the 2,887 active professors, they occupy only one third of the management positions of administrative bodies, academic and special academic units, in the proportion of 19 women to 38 male directors (PORTO, 2019, p. 8). This data of 51% of female professors leads us to analyze the actions that are aimed at this public, as many professors work in undergraduate and graduate courses. Artes (2018, p. 15), when analyzing the Postgraduate Index in Brazil (IPG), shows us that “women have a greater participation, especially in the Midwest region. This result requires a separate study to understand the change observed between 2000 (parity) and 2010 (171 women out of every 100 men). Still in the field of social equity, in the search for more equal access for the Brazilian population to Higher Education, there is also a Program at the Federal University of Goiás/Brazil, created in 2008, approved and based on Consuni Resolution nº 29/2008 (UFG, 2008). This program is called “UFG Includes” and was implemented in 2009, being linked to the Dean of Graduation (Prograd). Its functioning was changed or complemented with resolutions 20/2010 to include the reservation of places for the Language Course – Libras for deaf candidates and with resolutions of 18/2011 and 31/2012 (UFG, 2012), “[...] indicating an important period for the implementation of inclusion policies at UFG and even in the country” (HERBETTA, 2018, p. 321).
image/svg+xmlHigher education and female empowerment: Possible courses in times of pandemics RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1128-1145, June 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16985 1140 Even though it is not a program aimed only at women, it also covers feminist and female demands, since, in relation to equity in access to Brazilian public and private Higher Education Institutions (HEIs), it appears that women have had greater benefit in policies that aim to finance higher education in private courses and, proportionally, less progress in policies for access to public HEIs. There is, therefore, a greater concentration of women in the private network (BARRETO, 2014, p. 14-15), which impels us to rethink the policies of inclusion and also of women's permanence in public universities. The UFG Includes program bases its purpose and objectives from the socio-political and economic context where the Federal University of Goiás is located, in the Brazilian Midwest. UFG has a previous history with pioneering experiences of inclusion; even if in isolation, such experiences already indicated a fruitful scenario for inclusion policies, such as, for example, the graduation in Law for Beneficiaries of Agrarian Reform, in 2006, in the city of Goiás, and the graduation in Licentiate in Rural Education in 2007, as well as the TakinahakNucleus of Higher Indigenous Training (NTFSI): NTFSI has been in existence for ten years and has about 250 indigenous teachers from the states of Goiás, Mato Grosso, Tocantins and Maranhão. Most of them work as teachers in the schools of their communities. [...] The number of new entrants [...] varied over the decade, stabilizing between 2013 and 2015 with the offer of 60 vacancies per year. Such vacancies are offered in a specific annual entrance exam, which is held at the end of each year in some different centers, such as Imperatriz (MA), Palmas (TO) and São Félix (MT), according to indigenous demand. The entrance exam is organized by the Selection Center, but it is different from the one offered by UFG for other courses. It usually has an essay with a theme related to the Brazilian indigenous issue, an interview and the analysis of titles, valuing the candidate's teaching experience (HERBETTA, 2018, p. 317-318). In addition to these experiences, UFG has been modifying the process of including these populations, historically excluded from quality higher education, also in graduate programs, such as the Postgraduate Program in Sociology (PPGS/UFG) and the Graduate Program in Social Anthropology (PPGAS), both from the Faculty of Social Sciences (FCS), offering vacancies with selections that value the specific experiences and experiences of candidates from these populations. But, even in the face of the advancement of such actions, programs, resolutions, we know that it is necessary to overcome the obstacles to the process of inclusion and permanence in the Brazilian public university, especially in the current context of the pandemic. If we think about the inclusion and permanence of women, the obstacles are even
image/svg+xmlJaqueline Aparecida Martins ZARBATO and Lucinéia Scremin MARTINS RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1128-1145, June 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16985 1141 greater, as they are assigned the role of caregivers of the house, children, the elderly, overloading them with work and reducing their free time, an important aspect of dedication to university preparation and training. The situation of women has worsened during the pandemic with the remote work of many public schools and universities, intensifying domestic work and other family demands. Regarding the work of teachers, according to data from Parent in Science, the difficulties of academic production (in particular, submission of articles) of black teachers (with or without children) and white teachers with children (mainly aged up to 12 years) are perceptible. who had their academic productivity affected (PARENT IN SCIENCE, 2020, p. 12). We realize that there is fertile ground in UFMS and UFG for the construction of inclusion, reception and permanence policies for women, which must be sought and deepened, but which still require many struggles. Final remarks The purpose of this article was to carry out an analysis of the contributions of the feminist movement and the empowerment of women in higher education, in times of crisis, such as the SARS-COV 19 pandemic. the 1st wave to the 3rd wave, to understand the advances and setbacks on female empowerment, and its practical implications in two Public Universities in the central west region of Brazil, since women in Universities, especially teachers, had their professional lives and personal experiences crossed by differences in everyday actions. And if there are no instituted projects around gender equality, it is clear that we are overloading, silencing or even 'bureaucratizing' the rights that have been proclaimed by feminisms over historical and social time. The intention to talk about the process of implementing actions in two higher education institutions, in this case the Federal University of Mato Grosso do Sul and Federal University of Goiás, was given as a basic principle to highlight the practices of effective struggles and empowerment of women in higher education. Considering that many women, whether teachers, technicians or students, have working hours and academic requirements that have been accentuated with the pandemic, with the implementation of Remote Teaching (RT), many have extended the workload from the public to the private, with no more borders. Therefore, it is clear that the trajectory of conquests made by the struggles of the feminist movement contributed to support the
image/svg+xmlHigher education and female empowerment: Possible courses in times of pandemics RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1128-1145, June 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16985 1142 inclusion of women in higher education, but, somehow, there is a long and arduous process of understanding gender differences , which is configured as a challenge for Universities: to think and design policies of valorization and female and feminist equity. ACKNOWLEDGMENTS: PPGEDU/UFMS, CNPq. REFERENCES AGRELLO, D. A.; GARG, R. Mulheres na física: Poder e preconceito nos países em desenvolvimento. Revista Brasileira de Ensino de Física, São Paulo, v. 31, n. 1, 1305, 2009. Available at: https://www.scielo.br/j/rbef/a/xv9Y7DvT9mnyZrx6JL38ZnS/abstract/?lang=pt. Access on: 03 Oct. 2021. ARTES, A. Dimensionando as desigualdades por sexo e cor/raça na pós-graduação brasileira. Educação em Revista, Belo Horizonte, v. 34, e192454, 2018. DOI: https://doi.org/10.1590/0102-4698192454 BARRETO, A. A mulher no ensino superior: Distribuição e representatividade. Cadernos do GEA,Rio de Janeiro, n 6, p. 1-46, jul./dez. 2014. Disponível em: https://flacso.org.br/files/2016/04/caderno_gea_n6_digitalfinal.pdf. Acesso em: 07 ago. 2021. BLAY, E. A. Violência contra a mulher e políticas públicas. Estudos Avançados, v. 17, n. 49, p. 87-98, 2003. Available at: https://www.scielo.br/j/ea/a/ryqNRHj843kKKHjLkgrms9k/?format=html. Access on: 15 July. 2021. BRAZIL. Parecer CNE/CEB n. 19/2009. Brasília, DF: CEB, 2009. Available at: http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/pceb019_09.pdf. Access on: 14 Nov. 2021. BRAZIL. Ministério da Educação. Portaria n. 329, de 11 de março de 2020. Institui o Comitê Operativo de Emergência do Ministério da Educação - COE/MEC, no âmbito do Ministério da Educação. Brasília, DF: MEC, 2020. Available at: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-329-de-11-de-marco-de-2020-247539570. Access on: 02 June 2021. COSTA, A. A. A. O movimento feminista no Brasil: Dinâmicas de uma intervenção política. Revista Gênero, v. 5, n. 2, p. 1-20, 2005. Available at: https://periodicos.uff.br/revistagenero/article/view/31137/18227. Access on: 02 June. 2021. DUARTE, C. L. Feminismo: uma história a ser contada. In: HOLLANDA, H. B. (org.). Pensamento feminista brasileiro:Formação e contexto. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. 25. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
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image/svg+xmlJaqueline Aparecida Martins ZARBATO and Lucinéia Scremin MARTINS RIAEE– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1128-1145, June 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16985 1145 How to reference this article ZARBATO, J. A. M.; MARTINS, L. S. Higher education and female empowerment: Possible courses in times of pandemics. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1128-1145, June 2022. e-ISSN: 1982-5587. DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16985 Submitted: 12/11/2021 Revisions required: 16/01/2022 Approved: 23/03/2022 Published: 30/06/2022 Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação. Proofreading, formatting, normalization and translation