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Diversidades, imprensa e história(s): Discursos de um tempo que ainda permanecem (Jornal das Moças – 1950-1960)
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1169-1188, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16988
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DIVERSIDADES, IMPRENSA E HISTÓRIA(S): DISCURSOS DE UM TEMPO QUE
AINDA PERMANECEM (JORNAL DAS MOÇAS – 1950-1960)
DIVERSIDADES, PRENSA Y HISTORIA(S): DISCURSOS DE UNA ÉPOCA QUÉ AÚN
PERDURA (JORNAL DAS MOÇAS - 1950-1960)
DIVERSITIES, PRESS AND HISTORY(IES): SPEECHES FROM A TIME THAT STILL
REMAIN (JORNAL DAS MOÇAS – 1950-1960)
Adriana Aparecida PINTO
1
Ana Clara Camargo de SOUZA
2
RESUMO
: As perspectivas de escrita deste artigo vão ao encontro da proposta geradora no
sentido de discutir temas relacionados a diversidades, memórias e produção de sentidos
múltiplos, estabelecendo uma escala temática com foco nas relações do tema, a partir da
documentação de natureza impressa e periódica. Assim, o artigo tem como objetivo
evidenciar elementos da pesquisa com a revista Jornal das Moças, nas edições que circularam
entre os anos de 1950 e 1960, perfazendo um total de 557 edições. Foram examinadas 3
seções da publicação,
Jornal da Mulher
,
Evangelho para as Mães
e
Carnet das Jovens
,
buscando perceber as formas de representação e tratamento atribuídas às mulheres no período.
Os textos da publicação, embora com tom notadamente conservador, acompanham as
mudanças sociais que favoreceram a condição feminina no período, no entanto, mantêm,
como princípio, reforçar o papel da mulher com base nos pressupostos do colonialismo e
patriarcado, relacionados sobretudo ao lugar da mulher na família e como administradora do
lar.
PALAVRAS-CHAVE
: Imprensa periódica. História das mulheres. Condição feminina.
RESUMEN
: Las perspectivas de redacción de este artículo están en línea con la propuesta
generadora en el sentido de discutir temas relacionados con las diversidades, memorias y
producción de significados múltiples, estableciendo una escala temática con enfoque en las
relaciones del sujeto, a partir de la documentación impresa y periódica. Por lo tanto, este
trabajo pretende destacar elementos de la investigación con la revista Jornal das Moças, en
las ediciones que circularon entre los años 1950 y 1960, totalizando 557 ejemplares. Se
examinaron tres apartados de la publicación, Jornal da Mulher, Evangelho para mães y
Carnet das Jovens, con intención de comprender las formas de representación y trato
atribuidas a las mujeres en estos periodos. Los textos de la publicación, aunque con un tono
marcadamente conservador, siguen los cambios sociales qué favorecieron la condición
femenina en la época, mujer en la familia y como administradora del hogar.
PALABRAS CLAVE
: Historia de la mujer. Condición femenina.
1
Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), Dourados – MS – Brasil. Professora Associada.
Doutorado em Educação Escolar (FCLAr/UNESP). Estágio de Pós-Doutorado em História (UNESP/Assis).
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6496-3744. E-mail: adrianaaparecida@ufgd.edu.br
2
Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), Dourados – MS – Brasil. Mestranda em História. ORCID:
https://orcid.org/0000-0002-3321-3008. E-mail: anaclaracdesouza@gmail.com
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Adriana Aparecida PINTO e Ana Clara Camargo de SOUZA
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1169-1188, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16988
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ABSTRACT
: The perspectives of writing this paper are in line with the initial proposal in the
sense of discussing themes related to diversities, memories, and production of multiple
meanings, establishing a thematic scale based on the printed and periodic documentation,
with a focus related to the subject. Thus, the paper aims to highlight elements of the research
with the Jornal das Moças magazine, in the editions that circulated between 1950 and 1960,
totaling 557 editions. Three sections of the publication were examined Jornal da Mulher,
Evangelho para as Mães, and Carnet das Jovens, seeking to understand the representation
and treatment forms attributed to women in the period. Although with a remarkably
conservative tone, texts in the publication follow the social changes that favored the female
condition in the period. However, it maintains as a principle the reinforcement of women role
based on the assumptions of colonialism and patriarchy, mainly related to the women's place
in the family and as administrator of their homes.
KEYWORDS
: Periodic press. History of women. Female condition.
A imprensa e os modos de ser e fazer no cotidiano
No Brasil dos novecentos, notadamente em vários momentos da primeira metade,
identifica-se o aumento de dispositivos de imprensa com discurso pretensamente destinado ao
público feminino, contudo, estudos evidenciam que parte significativa da autoria dos textos
traz uma escrita masculina, contando, em raras publicações, com textos de autoria feminina,
ou composição de mulheres no conjunto de colaboradores permanentes.
Algumas hipóteses explicativas para este fenômeno passam por diversas instâncias,
sobretudo, se retomada a perspectiva de constituição histórica do Brasil, em que modelos de
colonialidade europeia formataram costumes, valores, práticas sociais e culturais, marcando
significativamente as formas de ser e fazer da nação brasileira, em sua vasta dimensão
territorial. Memórias, subjetividades, representações são conceitos-chave que vem auxiliando
sobremaneira ao entendimento dessas abordagens, possibilitando desvelar sujeitos silenciados
e contextos opacionados por versões produzidas de modo unilateral (TEDESCHI, 2012).
Na intenção de compreender historicamente este fenômeno, parte-se do pressuposto
que a imprensa contribuiu para a difusão de valores e práticas, nos momentos que circularam,
ora evidenciando a condição de subjugo das mulheres, ora dando visibilidade a iniciativas,
protagonismos, forjando também modelos de conduta e formas de comportamento aceitos
socialmente (PINTO; SAMPAIO; SOUSA, 2020).
Para evidenciar tais e
mbates, o presente artigo apresenta parte do estudo que vem
sendo realizado com a revista
Jornal das Moças
, a qual desde seu início, em 1914, associa-se,
em nossa análise, à manutenção de certo ordenamento social, elegendo como princípios
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Diversidades, imprensa e história(s): Discursos de um tempo que ainda permanecem (Jornal das Moças – 1950-1960)
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fundantes a religião e a moralidade feminina, perpetuando, supostamente, a influência do
patriarcado como forma de organização da sociedade.
Ao explanar sobre a metodologia de pesquisa, é imperativo destacar os diversos
processos de reestruturação, dado o cenário em que o mundo contemporâneo se insere, desde
o início de 2020, acometido pela pandemia ocasionada pelo vírus SARS-COV-19, que mudou
significativamente modos de viver, ser, conviver, relacionar-se e respirar na atualidade.
As pesquisas históricas em arquivos, acervos, espaços de guarda documental foram
significativamente afetadas: o mundo digital se mostrou potente, ao mesmo tempo que
fragilizou as relações humanas, que passaram a ser mediadas por telas, nas suas mais diversas
dimensões de tamanho, qualidade e acessos mediados por redes de computadores (Internet) e
os mais variados suportes de comunicação virtual (redes sociais, plataformas, aplicativos).
Cumpre destacar que a pesquisa com impressos se encontra em um momento de
revisionismos, dados por questionamentos das condições de preservação, digitalização e
manutenção dos documentos originais, e com a revista
Jornal das Moças
não foi diferente. A
condução da pesquisa de modo presencial passou a ser mediada por bases de dados, acervos
providos nas Hemerotecas, bibliotecas virtuais/digitais, e muitas horas de aprendizado na
mediação de recursos que possibilitassem manejar arquivos digitais de modo que se
tornassem acessíveis à pesquisa histórica, a partir da qual seguem as reflexões mediadas pelos
documentos examinados.
Decorrem destes aspectos algumas limitações para o exame da revista: citam-se a
compreensão de sua organização, tamanho e características físicas (materialidade), assim
como o exame das imagens (fotografias), pois muitas estão com a visualização comprometida,
manchadas, ou reproduzidas apenas nas escalas de preto e cinza, quando já se sabe que a
revista circulou em formato colorido (a partir da década de quarenta) durante alguns anos. Na
tentativa de obter os exemplares em cores, foi feito contato com o acervo da Biblioteca
Pública do Paraná e do Arquivo Público do Estado de São Paulo, no entanto, em ambas as
instituições os acervos das revistas não estão digitalizados e, em decorrência da pandemia,
não foi possível a visita
in loco
.
Desta feita, o corpus documental que sustenta o presente artigo foi coligido no acesso
a
os bancos de dados do setor Hemeroteca da Biblioteca Nacional, cujas edições selecionadas
atendem aos marcos temporais estabelecidos para a pesquisa – período entre os anos de 1950
e 1960. A referida década é marcada por grandes transformações, em decorrência
principalmente do pós-guerra, a abertura do mercado e a possibilidade de novos acessos à
cultura, inovação, educação, com mudanças políticas e sociais. A partir da reestruturação do
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modelo econômico houve um grande movimento de migração dos interiores para as capitais,
no qual as pessoas buscavam uma oportunidade de emprego; esse deslocamento e a
necessidade de mão de obra ativa, dentre outros fatores, promoveu abertura para as mulheres
ocuparem postos de trabalho.
É preciso destacar que mulheres sempre desenvolveram atividades laborais, ainda que
não tivessem remuneração formal, no entanto, as condições de trabalho eram diferentes dos
homens, mas em vista das mudanças ocorridas houve necessidade imediata de contratação;
mulheres que antes não estavam inseridas naqueles espaços veem como oportunidade essa
demanda. Os anos cinquenta do século XX, conhecidos como os anos dourados (PINSKY,
2014), traduziram-se em um período de mudanças e transformações na vida da mulher, que
antes era subordinada ao espaço privado. A revista, ainda que marcadamente conservadora,
apresenta significativos exemplos destas transformações.
Subsidiam o corpus documental deste estudo 557 exemplares, conforme demonstra o
quadro 1:
Quadro 1
– Mapeamento dos exemplares da publicação em circulação entre os anos de 1950-
1960
Ano da Publicação
Quantidade de Exemplares
1950
37
1951
51
1952
52
1953
53
1954
52
1955
52
1956
45
1957
52
1958
58
1959
53
1960
52
Total
557
Fonte: Jornal das Moças: Revista Quinzenal Ilustrada (1950-1960)
Em relação à materialidade da publicação, no acervo consultado
f
altam poucas edições dos anos em que a revista esteve em circulação; a qualidade do material
compromete o exame mais atento das fotografias; há edições sem capa, por ausência de
digitalização, visto que em contato com a Hemeroteca Nacional, via e-mail, soube-se que
muitas capas foram perdidas ao longo do tempo, por questões relativas à conservação.
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Em tempo, cabe o esclarecimento relativo à nomenclatura da revista
Jornal das
Moças,
que apresenta a duplicidade de descritores tipográficos em seu título – revista e jornal.
Para tanto, os estudos de Ana Luiza Martins (2008) acomodam a explicação para a utilização
desta tipografia, que gerou equívocos e dificuldades em os diferenciar. Sabe-se que a
nomenclatura jornal era utilizada a fim de gerar rendimentos: as características de ambos são
muito próximas, a revista se destaca por geralmente ter capas, não ter folhas soltas e estar
organizada em edições mais espaçadas: semanal, quinzenal, mensal ou anual. Como assinala
Martins (2008, p. 73):
Outras publicações, não obstante a manutenção do formato jornal, sempre
foram tradicionalmente referenciadas como revistas, fosse pelo caráter
informativo variado de seu conteúdo, incluindo a ilustração, ou, de acordo
com a definição de seus proprietários, no propósito de valorizar a
publicação, qualificando-a em relação ao jornal.
A revista
Jornal das Moças
consiste em um caderno ilustrado com ciclo de vida
iniciado em maio de 1914, permanecendo em circulação até dezembro de 1961, produzida e
editada na cidade do Rio de Janeiro, na editora Empreza
Jornal das Moças
– Menezes, Filho
& C. Ltda. Estudos anteriores sugerem que a publicação circulou por outras localidades do
país. Os estudos identificados até o momento utilizam a publicação para compreender os anos
entre as décadas de 1920 a 1940, o que em boa medida contribui para a relevância desta
pesquisa, posto que já há um certo padrão de discurso construído, o qual pode ser considerado
modelar para determinadas práticas sociais em relação às mulheres (ALBUQUERQUE, 2016;
ALMEIDA, 2008; ALVES; CAETANO; FREITAS, 2016; SILVA; SOARES, 2013).
Figura 1 –
Capa Jornal das Moças – ano de 1914 (ilustrativa)
Fonte: Jornal das Moças (1914)
A revista circulou, portanto, por quarenta e sete anos, atravessando, de modo perene e
contínuo, importantes momentos na história do Brasil e consequentemente, na História das
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Mulheres, influenciando comportamentos e mentalidades (ALBUQUERQUE, 2016).
Jornal
das Moças
foi uma combatente eficaz contra a dissolução do lar. Com periodicidade
quinzenal, chegava às bancas para comercialização às quartas-feiras, com slogan “revista feita
exclusivamente para a mulher no lar” (JORNAL DAS MOÇAS, 1951, p. 10), dirigida por
Álvaro Menezes e Agostinho Menezes, fundadores da publicação, atuando também como
diretores e redatores. O exame da publicação fornece elementos para afirmar que havia outras
formas de distribuição; em seu interior continha receitas, dicas de beleza, sugestões para a
organização da vida doméstica cotidiana, moda, comportamentos e inúmeros anúncios de
maquiagens, roupas, lojas, medicamentos, produtos de higiene pessoal, dentre outros temas,
supostamente de interesse feminino.
Figura 2 –
Capa Jornal das Moças – ano de 1950 (ilustrativa)
Fonte: Jornal das Moças (1950)
Por meio dos textos veiculados, observa-s
e posicionamento em relação ao papel da
mulher na sociedade, muito próximo a um pretenso conservadorismo, formativo, na
perspectiva dos editores: “
Jornal das Moças
criou no Brasil um tipo padrão de revista para a
mulher no lar”, “
Jornal das Moças
é a revista cem por cento familiar”, “
Jornal das Moças
é a
revista para a mulher no lar e na sociedade” (JORNAL DAS MOÇAS, 1953, p. 74). A
condição de escrita dos textos, em boa medida, revela expectativas quanto ao esperado das
mulheres, no entanto, de modo bastante sutil, é possível identificar, em outros textos da
mesma publicação, alguns desconfortos que vão se intensificando em relação à condição
feminina na sociedade brasileira, com o passar dos anos de publicação: é notório que os textos
evidenciam certa satisfação em se receber o título ou ocupar a posição de rainha de lar, no
entanto, algumas demandas feministas vão ganhando pouco a pouco espaço de discussão nas
páginas da publicação, como evidenciar-se-á mais adiante.
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1169-1188, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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Ao se trabalhar com impressos é necessário compreender a quem se destinava, ou seja,
quem seria o público leitor privilegiado, colaboradores, redatores, bem como as
disseminações ali presentes, contextos históricos, políticos e econômicos que podem vir a
influenciar diretamente os escritos, em síntese, é preciso prestar atenção nos aspectos
materiais da sua fonte (CHARTIER, 1990, 2002). Os textos escritos, ou suas ausências,
tornam efetiva a compreensão sobre os modos pelos quais silenciamentos e resistências
estavam presentes: O que os editores/redatores/colaboradores pensavam para as mulheres?
Como qualificavam as formas de tratamento social? Quais representações a revista legitima
sobre a mulher, padrões de beleza, de comportamento, de sociabilidades? Por meio da
imprensa de natureza periódica, ou seja, uma documentação serial, é possível identificar
aspectos constitutivos do ser mulher, a opressão vivenciada no cotidiano, sua subversão,
entender sua força, formas de confinamento das mulheres no ambiente privado, submetidas a
responsabilidades e afazeres domésticos, não possíveis de capturar em outra tipologia
documental. Na revista podemos acompanhar a disseminação do mito da feminilidade,
maternidade e o casamento como um ideal a ser alcançado para aquelas que almejavam uma
vida feliz e plena.
Entre as subjetividades e o ser mulher: Visões de mundo e representações femininas
A educação feminina passou por vários momentos ao longo das histórias registradas e
não registradas. De acordo com Rosemberg (2020):
[...] à educação formal e pública das mulheres foram sendo rompidas no
transcorrer desse acidentado percurso: a segregação sexual das escolas,
interditando a educação mista; o ideário de que a educação de meninas e
moças deveria ser mais restrita que a de meninos e rapazes em decorrência
de sua saúde frágil, sua inteligência limitada e voltada para sua “missão” de
mãe; o impedimento à continuidade dos estudos secundário e superior para
as jovens brasileiras.
Em meados dos anos 1950 a autora indica que cerca de 66,7% das mulheres habitantes
no país estavam entre os números de analfabetos, enquanto os homens perfaziam o total
aproximado de 31,3%. Nos anos de 1960, os dados já começam a favorecem as mulheres, que
chegam à 57,3% de alfabetizadas e os homens 53,2% (ROSEMBERG, 2020, p. 334). Ao
passo que a educação formal representava inúmeros benefícios na vida das mulheres,
incluindo sua emancipação, o discurso que perpassa as páginas da revista permanece sendo
que “mulheres educadas são melhores mães”. Rosemberg (2020, p. 338):
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[...] Defendeu-se a educação diferenciada, porque mulheres eram tidas como
menos inteligentes e mais frágeis que os homens. Inclui-se Economia
Doméstica em seu currículo, porque “a mulher é rainha do lar”. Criticou-se a
escola mista, por ser “promíscua”. Estimulou-se a formação de professoras
porque elas, “verdadeiras mães”, têm “vocação para o sacerdócio” que é o
magistério. Combateu-se a educação diferenciada, com o argumento de que
servia para relegar a mãe de obra das mulheres ao “exército de reserva”,
fazendo com que ocupassem postos com menor remuneração que os
ocupados pelos homens no mercado de trabalho. Defendeu-se a ampliação
da educação de meninas e moças, porque “mulheres educadas adiam a
primeira gravidez, espaçam os partos, cuidam melhor dos filhos, impedem a
reprodução do círculo vicioso da pobreza”, e porque “seus filhos são mais
educados [...]”.
As instituições escolares e educacionais foram também responsáveis por efetivar o
controle da educação das mulheres, em especial escolas cristãs e colégios femininos, no qual
o ensino era diferente do que era oferecido aos meninos, recebendo o básico de conhecimento
matemático: para as mulheres era suficiente saber ler, escrever, contar histórias e uma forma
geral da história do país e mundo e, principalmente, saber manter uma boa conversa. Sendo a
educação algo que transcende as instituições formais, o tempo e o espaço, os textos da Revista
asseveram que as mulheres precisam: “Ser um pouco instruída. Conhecer bem, pelo menos, os
rudimentos da aritmética e de leitura. A mulher é o primeiro funcionário do Estado Familiar,
pois tem a seu cargo a importante função da despesa, de cuja anarquia rebentam tantas
revoluções” (JORNAL DAS MOÇAS, 1914, p. 13 apud ALBUQUERQUE, 2015).
Com a abertura do mercado de trabalho e a emancipação feminina tornou-se frequente
mulheres atuando nos campos administrativos, da saúde, educação e no comércio (PINSKY,
2014). Com a qualificação profissional ficou cada vez mais comum a presença feminina nos
espaços públicos e na ocupação de cargos importantes, no entanto, a diferença salarial ainda
era uma realidade. No final da década de 1950 a revista sinaliza para este debate, sem, no
entanto, promover qualquer tipo de enfrentamento:
SALARIO IGUAL PARA A MULHER EMPREGADA
A organização internacional do Trabalho acaba de publicar uma informação
sobre os esforços realizados pelos governos, pelos empregadores e pelos
empregados de 22 países e 9 territórios não metropolitanos, no sentido de
serem as mulheres beneficiadas do princípio “salário igual para trabalho
igual”.
Os autores dêste movimento demonstraram que, se esta discriminação não
desapareceu, pelo menos alguns progressos têm sido realizados, graças a
diversas medidas governamentais apoiadas pelos empregadores, sindicatos e
organizações femininas.
Na Nova Zelandia, por exemplo, observa-se u
ma diminuição constante do
desequilíbrio existente entre o salário pago às mulheres e aos homens. No
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Japão, as mulheres empregadas nos serviços de circulação da polícia de
Tóquio ganham o mesmo ordenado que os homens e fazem jus a um sistema
idêntico de aumento de salário. No México, por sua vez, os salários são
calculados sem consideração alguma de sexos (JORNAL DAS MOÇAS, ed.
2278, 1959, p. 21)
Jornal das Moças
quando apresentava matérias acerca da emancipação feminina trazia
exemplos de mudanças ocorridas na vida das mulheres, no entanto, apresentava exemplos
vindos dos Estados Unidos ou da Europa: seria uma intenção velada de apresentar
possibilidades, ou mostrar que o país estaria muito distante de conquistar este patamar de
igualdade? A ideia de que as mulheres estariam independentes criava certo temor, por uma
“suposta” perda da feminilidade, um dos mitos impulsionados pelo conservadorismo de
matriz religiosa, dados pela valorização da castidade para a mulher, a moral sexual, a
monogamia, com formas de tolerância diferenciada para homens e mulheres; a legislação
reconhece o trabalho masculino como a principal fonte de recursos da unidade doméstica.
Prevalece a noção do homem provedor, ao qual se deve obediência e servidão. As mulheres
casadas, com filhos, que cuidassem do lar, mantivessem a feminilidade, ganhavam, segundo a
revista, o título de “rainha do lar”: a configuração de feminilidade estava atrelada diretamente
ao que se entendia como funções femininas, ou seja, costumes nas quais acreditava-se que
seriam virtudes da mulher.
O feminismo internacional ganhou destaque e trouxe novos alcances à vida das
mulheres, assim como a reafirmação do estado laico (NICHNIG, 2013).
Para blindar o pensamento feminino destas influências, a Revista, de modo geral,
reafirmava estereótipos de mãe, esposa, alinhados pelos cuidados com o corpo e a saúde
física, fomentados pela sociedade patriarcal. Tais estereótipos constituem-se, na leitura
apoiada em Chartier (2002), em representações forjadas a partir das formas do pensar e agir.
A imprensa reproduz representações de modo tão elucidativo que além de fazer as leitoras se
sentirem contempladas em seus textos, suscita o despertar em outras que, aos poucos, vão
acolher as representações externas como pertencentes à condição feminina: a esse tipo de
mecanismo Chartier (1990, 2002) qualifica como máquina de fabricar respeito e submissão.
A revista busca se aproximar de seu público por meio das formas de tratamento nas
quais
dirige-se às mulheres, qualificando-as como sujeitos socialmente aceitos, em diversos
momentos, ao longo dos anos de sua circulação. A exemplo tem-se o uso de expressões como
“patrícias” e “mulher brasileira”, em 1914; leitoras, damas, esposas, jovem, senhoras, donas
de casa, senhorita, moças de família e moças levianas, em 1950. Flertes, namoro, noivado e
casamento são temas recorrentes na revista, e dentre eles havia uma presença muito forte de
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Adriana Aparecida PINTO e Ana Clara Camargo de SOUZA
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como deveria ser cada um desses processos, os limites que eram aceitos e recomendados para
que a mulher nunca desvincule a sua imagem de pureza e de honra ao lar. Há uma relação de
fidelidade que deve ser respeitada na relação conjugal, mesmo que não seja recíproca. Carla
Pinsky (2014) comenta que a abnegação faz parte do amor feminino, a representação da
mulher enquanto um ser amável, romântico e sonhador era defendida em
Jornal das Moças.
Afinal, as mulheres vivem para o amor, desde que esse amor esteja dentro dos limites
tradicionais da moralidade feminina, “com relação ao amor, a mulher é considerada superior
ao homem, porque tem maior capacidade de amar, e o texto entende amor como sacrifício,
doação “transmissão da vida” e fidelidade” (PINSKY, 2014, p. 77).
Figura 3 –
Espôsa Perfeita
Fonte: Jornal das Moças (1950, p. 8)
A noção de “esposa perfeita” é descrita com maestria no excerto apresentado na
Figura 3. O texto sugere modos de comportamento das esposas, visando à condição de
perfeição. A forma de organização do texto sugere a semelhança com mandamentos
religiosos, a serem seguidos à risca: A esposa deve aceitar o marido como ele é; a mulher
deve sempre estar à disposição de seu marido e não preterir dos cuidados com a beleza. De
acordo com Pinsky (2014), segundo a mentalidade da década a mulher precisa amar e se fazer
amar, pois esse é o seu destino e realização plena, nem que para isso sejam necessários
sacrifícios, diferentemente dos homens: essa diferença é explicada a partir da “natureza”
distinta dos sexos.
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Entres frestas, portais e expectativas: A contexto e o acolhimento à diversidade
Acompanhando a abordagem anterior, ao longo da década de 1950 entende-se que
Jornal das Moças
objetivava ser um veículo de divulgação de valores morais, religiosos,
culturais, entendidos como necessários e formativos à vida da mulher brasileira, leitora ou não
da publicação. Identificado com as noções basilares do modelo de sociedade assentada no
patriarcado, produto de um desenvolvimento histórico, parte significativa dos textos
examinados guardam proximidade com a predominância masculina nas decisões sobre os
modos de ser e viver socialmente, incidindo sobremaneira na conduta das mulheres, assim
como suas escolhas. Trata-se, pois, de um movimento que concebe, na perspectiva defendida
por Heleieth Saffioti (2001, p. 55):
[...] a diferença sexual é convertida em diferença política, passando a se
exprimir ou em liberdade ou em sujeição, dentro das relações entre homens e
mulheres há dois polos de poder, mas essa relação é desigual, sendo
percebida essa diferença entre nos espaços públicos e privados. Sendo o
patriarcado uma forma de expressão do poder político, esta abordagem vai
ao encontro da máxima legada pelo feminismo radical: “o pessoal é
político”.
Estudos apontam que as estruturas sociais, alinhadas ao pensamento assentado no
patriarcado, configuram formas de submissão, violências físicas e simbólicas e opressão
feminina, corroborando seu silenciamento, por muitas vezes entender que se trata de códigos
historicamente aceitos pela sociedade em que se inserem, como se observam em relação às
temáticas matrimônio, heteronormativos, orientação sexual, dentre outros. Por não serem
temáticas tão evidentes na cena pública da década de 1950, a revista pouco abordava temas
que pudessem suscitar algum tipo de contrassenso: o foco centrava-se nas futuras e já nas
consolidadas donas de casa, na felicidade ocasionada pelo matrimônio, na importância da
manutenção da unidade familiar, sob qualquer hipótese, e na celebração da maternidade. A
organização interna da publicação reflete as escolhas temáticas, quando observadas as seções,
por isso seu discurso era acerca da realização plena que o matrimônio a traria e no
cumprimento do seu dever enquanto mãe. Identificam-se as abordagens autorreferenciadas
nos próprios títulos das colunas e seções, conforme segue:
Jornal da Mulher
,
“Carnet” das
Jovens
e
Evangelho das Mães
,
Trocas e Traços, Radioatividades, Pausa para Meditação,
Sugestões para o Lar, Pausa para Meditação, Os Grandes Inventores, Galeria dos artigos de
rádio
,
Fora da Tela
.
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RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1169-1188, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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1180
Quadro 2 –
Mapeamento das colunas de maior incidência da publicação (1950-1960)
Colunas
Incidência
s
Edições em que foram localizadas
Jornal da
Mulher
557
1950 (37); 1951 (51);
1952(52);1953(53);1954(52);1955(52);1956(45);1957(52);1958(58);1959(53);1960(5
2)
Evangelh
o das
Mães
88
1950 (12); 1951 (11)
1952(0);1953(0);1954(4);1955(11);1956(0);1957(5);1958(1);1959(15);1960(29)
“Carnet”
das
Jovens
79
1950(21);1951(31);1952(13);1953(10);1954(4);1955(0);1956(0);1957(0);
1958(0);1959(0);1960(0)
Fonte: Jornal das Moças: Revista Quinzenal Ilustrada (1950-1960)
Contudo, no exame mais detalhado de textos avulsos, sem autoria, nem sempre
publicados em espaços de destaque, é possível identificar frestas e aberturas no discurso
promulgado pela publicação, que acompanha as mudanças sociais que vem se processando
nos anos 1950, acolhe o temário referente à colocação da mulher no mercado de trabalho,
buscando tangenciar as consequências deste fato histórico, como a independência financeira e
emancipação moral, intelectual e familiar. A emancipação da mulher era tratada de forma
muito sutil na revista, quando a presença feminina nos espaços públicos se torna uma
realidade, a revista então adota o discurso que aquela era a nova realidade de suas leitoras, no
entanto, reforçam os princípios basilares para a edificação da moral e da família, ou seja, elas
não podiam deixar de lado sua feminilidade ou sua família para pôr à frente seus desejos
pessoais. O excerto que segue materializa alguns dos pressupostos da publicação:
EMANCIPAÇÃO DA MULHER
A mulher vem procurando a emancipação por todos os meios ao seu alcance,
sendo alguns atentatórios à sua feminilidade.
Ela não quis resignar-se a um papel passivo
e optou por lançar-se em
busca de aventuras nas ocupações antes só destinadas ao sexo forte,
procurando, assim, penetrar no campo da luta para suprir as necessidades
materiais da vida.
Não a moveu apenas o espiritual e, na maioria dos casos tomou essa decisão
por motivos naturais, pela satisfação de bastar-se a si mesma, crendo que,
assim teria o mesmo valor dos homens e também proceder como eles,
fazendo o que bem entendesse.
Tomando tal atitude, as mulheres anelavam adquirir o que sua imaginação
achasse mais adequado, sem precisarem recorrer os homens e,
para isso,
invadiram as fábricas, os escritórios, o comércio, os bancos, etc
.
Conseguiram, assim, os seus propósito
s, e foram até mais longe, solicitando
uma independência emanada de seu trabalho e de novos costumes adquiridos
com a posição que o dinheiro lhes granjeou, não ganho com esmola ou
atenção, mas como prêmio de seus esforços, de seu trabalho, de sua
inteligência. E’ evidente que as mulheres, ao igualar-se com os homens, se
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Diversidades, imprensa e história(s): Discursos de um tempo que ainda permanecem (Jornal das Moças – 1950-1960)
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1181
elevaram com o respeito à sua condição social,
porém perderam bastante
em sua feminilidade.
O campo das evoluções sofreu demasiadas mudanças em período de tempo
relativamente curto. Se circunstancias especiais fizerem com que as
mulheres ocupassem postos deixados pelos homens durante a guerra, ou por
trabalharem somente em industrias atinentes a ela, depois de tudo
normalizado,
elas não se decidiram a voltar para as ocupações
anteriores, abandonando os serviços do lar para desfrutarem uma
liberdade econômica
. Decidiram-se a lutar pela vida num plano de
igualdade. Logo houve milhares de mulheres que foram admitidas em quase
todos os setores de trabalho, aumentando a crise de ocupações, do luxo, das
diversões e da vaidade. Devemos olhar com simpatia a mulher que se
incorporou a todas atividades. Não devemos menosprezar sua tenacidade e
seu desejo veemente de prosperar, de assegurar seu futuro, independente do
matrimonio, que era considerado como carreira exclusiva do sexo feminino.
[...]
Se não houvesse acontecido essa transformação,
o que seria das
solteironas, obrigadas a serem uma carga pesada para sua família,
sofrendo humilhações.
Graças a emancipação, o futuro não as atemoriza e são donas de seu destino
porque sabem que, lutando poderão ser independentes. Porém, essa
emancipação obrigou o homem a trata-las como igual concorrente na luta
pela vida, e isso faz com que elas percam a feminilidade (JORNAL DAS
MOÇAS, 1954, p. 62).
A participação feminina nos espaços públicos marca a inserção de temas e problemas
que podem ser lidos e discutidos por mulheres na imprensa local; o incentivo ao estudo
passou a fazer parte do cotidiano e inclusive a modificar o pensamento para as próximas
gerações, pois viam através dele uma das melhores oportunidades de desenvolvimento
pessoal. Pautas consideradas tabus como corpo livre, possibilidade de divórcio, foram pouco a
pouco, ocupando frestas nas páginas da publicação, demonstrando a atenção às questões do
seu tempo, ainda que em discordância com os princípios fundantes da equipe editorial. Em
termos contemporâneos, é possível perceber a perenidade dos temas que a revista temia em
divulgar ou enfrentar, muitos dos quais já são parte efetiva do comportamento social da
população, mas outros tantos ainda permanecem tratados com reservas e preconceitos,
denotando que muito há, ainda, por se conquistar no campo da equidade social. Exemplo
adequado traduz-se no excerto que segue, referindo-se à entrada da mulher no mercado de
trabalho, à conquista do voto feminino, e outras pautas legitimadas pelo movimento feminista
na década de 1960.
A MULHER DE HOJE PODE SUPERAR O HOMEM
Indiscutivelmente, a mulher de todas as latitudes deste planeta, vem
c
onquistando, diariamente, o seu “lugar ao sol”. Os grandes cataclismos
sociais provocados pelas duas guerras mundiais, fizeram com que o “belo
sexo” passasse, quase que sem transição contender ao homem, todas as
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atividades humanas nos campos da indústria, do comércio, da lavoura, das
ciências, das artes, da literatura, da magistratura e quejando.
Já vai longe a época das sufragistas que, em Londres, arriscando a própria
liberdade e entrando, às vezes, em sérios conflitos com a severa Scotland
Yard, pugnavam “horrorizando” a burguesia de então, pelos direitos de
igualdade entre os dois sexos.
Hoje a mulher tende a se situar em plano superior ao homem. Pelo menos no
que toca aos empregos, sejam eles públicos ou privados, a mulher mantém o
certo da liderança. Mesmo porque, segundo argumentou um grande
industrial francês, “é bem mais agradável ditar a um palminho de cara bonito
uma carta, do que a um rosto com a barba por fazer” [...] (JORNAL DAS
MOÇAS, 1958, p. 42).
O tom machista e conservador perpassa a escrita do texto, outrossim, não há como
negar que os lugares profissionais e sociais passaram também a ser ocupados por mulheres, e
a revista não se furta em sinalizar tal contexto, mas com ressalvas: a mulher poderia trabalhar
fora de casa, não deveria, porém, descuidar-se da aparência no foro doméstico, para não
provocar suposta traição de seu marido (justificada pela sua ausência no ambiente doméstico e
na falta do cumprimento dos seus deveres de esposa), sendo necessário, conforme apontam os
textos, sempre que possível estar bem arrumada, perfumada, não abandonando os cuidados
com a aparência e feminilidade.
Esses arremedos nas abordagens sugerem uma posição desconfortável, no entanto,
necessária para a revista, que não poderia negar as conquistas objetivadas no período, sob
risco de perder a “simpatia” das leitoras, e com isso, recursos financeiros para sua
manutenção. As estratégias, na abordagem certeauniana, explicam a posição manifesta da
revista, de manter conteúdos que atendiam aos pressupostos editoriais da publicação, mas
inserindo temas que estavam em discussão no contexto (CAMPOS, 2010). A entrada no
mercado de trabalho não diminuiu a jornada de atuação doméstica das mulheres, ao contrário,
tornou-as duplas ou triplas e intensamente cansativas. Em uma edição, essa pauta ganha uma
nota masculina, registrando, por meio de um texto transcrito, a opinião dos homens sobre a
ideia de as ajudarem ou não nas tarefas domésticas, sendo objeto de assunto de humoristas:
A AJUDA DOS MARIDOS NAS TAREFAS DA CASA
A colaboração do marido, nos serviços domésticos,
tem servido de assunto
a muitos humoristas
e, por outro lado, como
tema de animadas
polêmicas
, por parte das mais variadas organizações femininas de várias
partes do mundo, especialmente dos Estados Unidos.
Ainda recentemente, estatísticas oficiais revelaram, por exemplo, que 53%
dos
maridos norte-americanos sentem-se felizes em ajudar as esposas a lavar
e enxugar os pratos; 33% declararam-se abertamente contrários a esse
sistema de escravização, enquanto que 14% afirmaram que levam e enxugam
a louça, vestem o avental e bancam a “dona de casa” apenasmente para
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poderem “viver em paz”... Estes 14% representam o sexo-forte amenizado
por complexos ou terror do “páu de macarrão”! (JORNAL DAS MOÇAS,
1959, p. 24-25).
Na edição 2335, de 1960, a revista apresenta textos que destacam a importância da
educação da mulher, dada por instituições formais, notadamente as escolas, não obstante, todo
o conhecimento adquirido deveria ser utilizado para o bem comum e progresso da nação, em
prol de todos à sua volta, filhos, maridos e família, beneficiando a sociedade como um todo.
Seria, pois, inadmissível, na perspectiva defendida pela publicação, altos índices de mulheres
sem acesso à educação e meninas ainda analfabetas.
As abordagens da publicação, como já mencionado anteriormente, acompanham as
pautas do seu tempo, sinalizam a percepção do grupo editorial sobre temas candentes, pautas
urgentes, e denota certa sensibilidade para abordar problemas que perpassam a emancipação
feminina e a figura da mulher moderna, que passa a ter independência financeira e formação
intelectual, no entanto, o exercício das funções domésticas era algo que deveria ser anterior a
sua vontade profissional, “mesmo exercendo uma rotina cansativa no seu trabalho as
mulheres não devem deixar de lado suas funções domesticas e em países como Estados
Unidos e China esta vem sendo uma realidade” (JORNAL DAS MOÇAS, 1960a, p. 28). No
receio de assumir frontalmente tal posição, a revista vale-se das experiências estrangeiras para
legitimar certos comportamentos, como demonstra o excerto que segue:
ANTES DE MAIS NADA ELAS SÃO MULHERES!
A mulher moderna começou a ter parte ativa na vida pública e a luta pelo
voto lhe ensinou a organizar-se para obter a abolição de algumas
inabilitações restantes. Porém, sua evolução política não tem prejudicado, de
forma alguma, os assuntos de especial incumbência da mulher: o cuidado do
lar, a maternidade, o bem-estar da família, a educação dos filhos. É que elas
são, antes de mais nada, mulheres, situação que nenhuma carreira ou
profissão consegue sobrepujar (JORNAL DAS MOÇAS, 1960b, p. 21).
Seria permitido à mulher ter títulos, profissão, ocupar cargos públicos, sem preterir
atenção e cuidado como o lar, priorizando os afazeres domésticos. Marcas do patriarcado, que
se materializam nas páginas da publicação, que reconhece a posição alcançada pelas
mulheres, as quais não deveriam comparar-se aos homens e sim colaborar com eles, não
perdendo sua essência feminina, como assinala o excerto: “mesmo quando ela dá provas de
superioridade numa atividade que os homens antes acreditavam que somente êles seriam
capazes de executá-la, é porque, até mesmo aí, a mulher não deixa de agir como mulher, de
pensar como mulher, de sentir como mulher” (JORNAL DAS MOÇAS, 1960c, p. 29).
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Jornal das Moças
acolheu as demandas do contexto dos anos finais da década de
1950, como os textos da publicação evidenciam: reconhecem a mulher que ocupava o espaço
público, estudava, buscava ampliar as lides do campo doméstico em direção à
profissionalização e estratificando os espaços autorizados pela sociedade para sua atuação.
Não obstante, ao ingressarem nesses espaços, não recebiam reconhecimento e valorização
semelhantes aos dos homens ao executarem suas funções, estando sujeitas a provocações
depreciativas.
A emancipação era uma conquista, mas também uma ameaça aos costumes
conservadores, por isso conferiram paradoxos e contradições à vida feminina, em um cenário
marcado pelo conservadorismo de herança colonial.
À guisa de reflexões finais: discursos do passado que compõem práticas do presente
Estudos acerca dos aspectos da diversidade na perspectiva teórico-metodológica da
história das mulheres que abordam os impactos culturais e sociais da década de cinquenta,
mediados por documentação relativa à imprensa periódica, viabilizaram a compreensão de
nuances e abordagens veladas por documentos de outra natureza, que apontam pautas e
agendas em circulação, na constituição das mulheres como sujeitos da história, ainda que com
protagonismo negado ou silenciado. Ao examinar os discursos do
Jornal das Moças
é
inegável identificar algumas permanências do passado no mundo contemporâneo. Não se
pretende, com esta assertiva, afirmar que não houve mudanças ou rupturas com a dinâmica
histórico-social estabelecida nos anos 50, em associação aos tempos atuais. Outrossim,
passados 70 anos dos discursos publicados, percebe-se, notadamente, que muitas diferenças
não foram equacionadas, muitos temas ainda permanecem como nebulosos e as conquistas
femininas ainda são desnaturalizadas por parte de determinados grupos sociais.
O exame dos exemplares e seções selecionados
ao longo da década de 1950 indicou a
marca de discursos ancorados na divulgação de lugares sociais pré-estabelecidos para
mulheres e homens, dos quais a publicação era tributária, ou seja, seguiam em seus textos
conteúdos que auxiliassem a circulação de modos de ser e conviver que refletiam os valores
postos na sociedade, herdados do colonialismo e patriarcado, conforme apontam os estudos de
Helieth Saffioti (2011) e outros. A medida em que as demandas reivindicatórias vão ganhando
espaço e publicidade, bem como a movimentação política orquestrada pelos movimentos
sociais, liderados por mulheres, a publicação, sutilmente, amálgama aos seus textos pautas
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1169-1188, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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que passam a integrar o cenário nacional, para não caminhar completamente na contramão das
transformações do mundo moderno.
Com o desenvolvimento econômico e industrial registrado no Brasil dos anos 50 a
tecnologia se torna aliada à economia, e as demandas materiais ampliam significativamente
seu alcance, refletindo-se em vários aspectos da vida humana; o ingresso massivo das
mulheres no mercado de trabalho acompanha as mudanças e aproveita as oportunidades
criadas por este cenário econômico, pretensamente favorável. A presença de mulheres nos
espaços públicos se torna uma realidade, inclusive o estímulo ao estudo em níveis superiores
ao elementar.
As representações sobre a mulher moderna pautam-se na conformação de um sujeito
preparado para se dedicar exclusivamente ao lar. Os conteúdos da publicação reforçam,
constantemente, o bem-estar da família, dicas de culinária, bordados, moda e comportamento,
delimitando que seu lugar era dentro do âmbito privado, mas alcançam patamares distintos ao
final da década. A partir dos anos de 1955, nota-se uma mudança em seu discurso quando as
mulheres passam a adentrar o espaço público, o mercado de trabalho e buscar formação
profissional.
Na medida do passar dos anos constata-se que a presença da mulher no espaço público
é caminho sem volta! Notam-se, por fim, posicionamentos dissonantes na revista em seu
discurso sobre o lugar da mulher, ora defendendo suas conquistas, ora marcando o retrocesso
nas práticas morais e de manutenção da família. Atenta às mudanças da realidade de seu
público leitor, a revista continuou com seus assuntos principais relacionados ao que se
entendiam como temas pertinentes ao universo feminino, tais como moda, culinária e
comportamento. Permanece, pois, o tom inicial da publicação: antes da mulher ser uma boa
profissional, deveria ser boa mãe e dona de casa. A representação sobre a mulher se modifica,
mas o perfil editorial da revista nos anos finais da década de cinquenta, ainda que acompanhe
as mudanças sociais, mantém-se fiel ao pressuposto assentado no conservadorismo, que
qualifica lugares e direitos distintos aos homens e mulheres. Reforçam-se, pois, a importância
de compreender estes aspectos pela via da História, buscando elementos para sua superação.
AGRADECIMENTOS
: A pesquisa de mestrado conta com o apoio da agência de fomento CAPES,
por meio do Programa de Bolsas destinadas ao Programa de Pós-Graduação em História –
Universidade Federal da Grande Dourados/UFGD.
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Adriana Aparecida PINTO e Ana Clara Camargo de SOUZA
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1169-1188, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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Diversidades, imprensa e história(s): Discursos de um tempo que ainda permanecem (Jornal das Moças – 1950-1960)
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1169-1188, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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Revista em Revista:
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Adriana Aparecida PINTO e Ana Clara Camargo de SOUZA
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1169-1188, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16988
1188
https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/Arte/article/view/3013. Acesso em: 10 ago.
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Uma introdução teórico metodológica.
Dourados, MS: Ed. UFGD, 2012.
Como referenciar este artigo
PINTO, A. A.; SOUZA, A. C. C. Diversidades, imprensa e história(s): Discursos de um
tempo que ainda permanecem (Jornal das Moças – 1950-1960).
Revista Ibero-Americana de
Estudos em Educação
, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1169-1188, jun. 2022. e-ISSN: 1982-
5587. DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16988.
Submetido
em
: 26/01/2022
Revisões requeridas
: 10/03/2022
Aprovado em
: 16/04/2022
Publicado em
: 30/06/2022
Processamento e edição: Editoria Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, padronização e tradução.
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Diversidades, prensa y historia(s): Discursos de una época qué aún perdura (Jornal das Moças - 1950-1960)
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1171-1190, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16988
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DIVERSIDADES, PRENSA Y HISTORIA(S): DISCURSOS DE UNA ÉPOCA QUÉ
AÚN PERDURA (JORNAL DAS MOÇAS - 1950-1960)
DIVERSIDADES, IMPRENSA E HISTÓRIA(S): DISCURSOS DE UM TEMPO QUE
AINDA PERMANECEM (JORNAL DAS MOÇAS
–
1950-1960)
DIVERSITIES, PRESS AND HISTORY(IES): SPEECHES FROM A TIME THAT STILL
REMAIN (JORNAL DAS MOÇAS
–
1950-1960)
Adriana Aparecida PINTO
1
Ana Clara Camargo de SOUZA
2
RESUMEN
: Las perspectivas de redacción de este artículo están en línea con la propuesta
generadora en el sentido de discutir temas relacionados con las diversidades, memorias y
producción de significados múltiples, estableciendo una escala temática con enfoque en las
relaciones del sujeto, a partir de la documentación impresa y periódica. Por lo tanto, este
trabajo pretende destacar elementos de la investigación con la revista Jornal das Moças, en las
ediciones que circularon entre los años 1950 y 1960, totalizando 557 ejemplares. Se
examinaron tres apartados de la publicación, Jornal da Mulher, Evangelho para mães y Carnet
das Jovens, con intención de comprender las formas de representación y trato atribuidas a las
mujeres en estos periodos. Los textos de la publicación, aunque con un tono marcadamente
conservador, siguen los cambios sociales qué favorecieron la condición femenina en la época,
mujer en la familia y como administradora del hogar.
PALABRAS CLAVE
: Historia de la mujer. Condición femenina.
RESUMO
: As perspectivas de escrita deste artigo vão ao encontro da proposta geradora no
sentido de discutir temas relacionados a diversidades, memórias e produção de sentidos
múltiplos, estabelecendo uma escala temática com foco nas relações do tema, a partir da
documentação de natureza impressa e periódica. Assim, o artigo tem como objetivo
evidenciar elementos da pesquisa com a revista Jornal das Moças, nas edições que
circularam entre os anos de 1950 e 1960, perfazendo um total de 557 edições. Foram
examinadas 3 seções da publicação, Jornal da Mulher, Evangelho para as Mães e Carnet das
Jovens, buscando perceber as formas de representação e tratamento atribuídas às mulheres
no período. Os textos da publicação, embora com tom notadamente conservador,
acompanham as mudanças sociais que favoreceram a condição feminina no período, no
entanto, mantêm, como princípio, reforçar o papel da mulher com base nos pressupostos do
colonialismo e patriarcado, relacionados sobretudo ao lugar da mulher na família e como
administradora do lar.
PALAVRAS-CHAVE
: Imprensa periódica. História das mulheres. Condição feminina.
1
Universidad Federal de Grande Dourados (UFGD), Dourados
–
MS
–
Brasil. Profesora Asociada. Doctorado en
Educación Escolar (FCLAr/UNESP). Pasantía Postdoctoral en Historia (UNESP/Assis). ORCID:
https://orcid.org/0000-0001-6496-3744. E-mail: adrianaaparecida@ufgd.edu.br
2
Universidad Federal de Grande Dourados (UFGD), Dourados
–
MS
–
Brasil. Estudiante de Maestría en
Historia. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3321-3008. E-mail: anaclaracdesouza@gmail.com
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Adriana Aparecida PINTO y Ana Clara Camargo de SOUZA
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1171-1190, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16988
1172
ABSTRACT
: The perspectives of writing this paper are in line with the initial proposal in the
sense of discussing themes related to diversities, memories, and production of multiple
meanings, establishing a thematic scale based on the printed and periodic documentation,
with a focus related to the subject. Thus, the paper aims to highlight elements of the research
with the Jornal das Moças magazine, in the editions that circulated between 1950 and 1960,
totaling 557 editions. Three sections of the publication were examined Jornal da Mulher,
Evangelho para as Mães, and Carnet das Jovens, seeking to understand the representation
and treatment forms attributed to women in the period. Although with a remarkably
conservative tone, texts in the publication follow the social changes that favored the female
condition in the period. However, it maintains as a principle the reinforcement of women role
based on the assumptions of colonialism and patriarchy, mainly related to the women's place
in the family and as administrator of their homes.
KEYWORDS
: Periodic press. History of women. Female condition.
La prensa y las formas de ser y hacer en la vida cotidiana
En Brasil de los novecientos, asintiendo en varios momentos de la primera mitad, se
identifica el aumento de los dispositivos de prensa con discurso supuestamente destinado al
público femenino, sin embargo, los estudios muestran que una parte significativa de la autoría
de los textos trae una escritura masculina, contando, en publicaciones raras, con textos de
autoría femenina, o composición de mujeres en el conjunto de colaboradores permanentes.
Algunas hipótesis explicativas de este fenómeno pasan por varias instancias,
especialmente si se retoma la perspectiva de la constitución histórica de Brasil, en la que los
modelos de colonialidad europea formatearon costumbres, valores, prácticas sociales y
culturales, marcando significativamente las formas de ser y hacer de la nación brasileña, en su
vasta dimensión territorial. Memorias, subjetividades, representaciones son conceptos clave
que han ayudado mucho a comprender estos enfoques, permitiendo el desprecintado de
sujetos silenciados y contextos opacos por versiones producidas unilateralmente (TEDESCHI,
2012).
Para comprender históricamente este fenómeno, se supone que la prensa contribuyó a
la difusión de valores y prácticas, en los momentos que circularon, o evidenciando la
condición de sometimiento de las mujeres, o dando visibilidad a iniciativas, protagonismos,
forjando también modelos de conducta y formas de comportamiento socialmente aceptadas
(PINTO; SAMPAIO; SOUSA, 2020).
Para poner de manifiesto este tipo de choques, este artículo presenta parte del estudio
que se ha llevado a cabo con la revista
Jornal das Moças
, que, en 1914, se asocia en nuestro
análisis con el mantenimiento de un cierto orden social, eligiendo principios fundacionales la
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Diversidades, prensa y historia(s): Discursos de una época qué aún perdura (Jornal das Moças - 1950-1960)
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1171-1190, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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religión y la moral de las mujeres, supuestamente perpetuando la influencia del patriarcado
como forma de organización de la sociedad.
Al explicar sobre la metodología de investigación, es imperativo destacar los diversos
procesos de reestructuración, dado el escenario en el que el mundo contemporáneo ha sido
parte, desde principios de 2020, afectado por la pandemia causada por el virus SARS-COV-
19, que ha cambiado significativamente las formas de vivir, ser, vivir, relacionarse y respirar
en la actualidad.
La investigación histórica en archivos, colecciones, espacios de guardia documental se
vio significativamente afectada: el mundo digital demostró ser poderoso, al tiempo que
debilitó las relaciones humanas, que comenzaron a estar mediadas por pantallas, en sus más
diversas dimensiones de tamaño, calidad y acceso mediadas por redes informáticas (Internet)
y los más variados soportes de comunicación virtual (redes sociales, plataformas,
aplicaciones). Cabe destacar que la investigación con formas impresas se encuentra en un
momento de revisionismo, dado por cuestionar las condiciones de preservación, digitalización
y mantenimiento de los documentos originales, y con la revista
Jornal das Moças
no fue
diferente. La realización de la investigación en persona comenzó a estar mediada por bases de
datos, colecciones proporcionadas en los Hemerotecas, bibliotecas virtuales/digitales, y
muchas horas de aprendizaje en la mediación de recursos que permitieran gestionar archivos
digitales para que fueran accesibles a la investigación histórica, de la que siguen las
reflexiones mediadas por los documentos examinados.
Algunas limitaciones se deben al examen de la revista: mencionamos la comprensión
de su organización, tamaño y características físicas (materialidad), así como el examen de
imágenes (fotografías), porque muchas han comprometido la visualización, teñida o
reproducida solo en las escalas negra y gris, cuando ya se sabe que la revista circuló en
formato de color (desde los años cuarenta) durante algunos años. En un intento por obtener las
copias en color, se contactó con la colección de la Biblioteca Pública de Paraná y el Archivo
Público del Estado de São Paulo, sin embargo, en ambas instituciones las colecciones de las
revistas no están digitalizadas y, debido a la pandemia, no fue posible visitarlas
in loco
.
En esta ocasión, el corpus documental que sustenta este artículo fue recogido en el
acceso a las bases de datos del sector Hemeroteca de la Biblioteca Nacional, cuyas ediciones
seleccionadas cumplen con los hitos temporales establecidos para la investigación
–
período
comprendido entre los años 1950 y 1960. Esta década está marcada por grandes
transformaciones, principalmente debido a la posguerra, la apertura del mercado y la
posibilidad de nuevos accesos a la cultura, la innovación, la educación, con cambios políticos
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Adriana Aparecida PINTO y Ana Clara Camargo de SOUZA
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1171-1190, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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y sociales. A partir de la reestructuración del modelo económico hubo un gran movimiento de
migración del interior a las capitales, en el que la gente buscaba una oportunidad laboral; este
desplazamiento y la necesidad de mano de obra activa, entre otros factores, promovieron la
apertura para que las mujeres ocuparan puestos de trabajo.
Cabe destacar que las mujeres siempre desarrollan actividades laborales, aunque no
tengan una remuneración formal, sin embargo, las condiciones de trabajo son diferentes a las
de los hombres, pero en vista de los cambios que se producen existe una necesidad inmediata
de contratación; las mujeres que no estaban previamente insertadas en esos espacios ven esta
demanda como una oportunidad. Los años cincuenta del siglo XX, conocidos como los años
dorados (PINSKY, 2014), dieron lugar a un período de cambio y transformación en la vida de
las mujeres, que antes estaban subordinadas al espacio privado. La revista, aunque
marcadamente conservadora, presenta ejemplos significativos de estas transformaciones.
El corpus documental de este estudio es de 557 ejemplares, como se muestra en el
Cuadro 1:
Cuadro 1
–
Cartografía de ejemplares de publicación en circulación entre los años 1950-1960
Año de publicación
Cuantidad de Ejemplares
1950
37
1951
51
1952
52
1953
53
1954
52
1955
52
1956
45
1957
52
1958
58
1959
53
1960
52
Total
557
Fuente: Jornal das Moças: Revista Quincenal Ilustrada (1950-1960)
En relación a la materialidad de la publicación, en la colección consultada hay algunas
ediciones de los años en que la revista estuvo en circulación; la calidad del material
compromete el examen más detallado de las fotografías; hay ediciones sin destapadas, debido
a la ausencia de digitalización, ya que, en contacto con la Biblioteca Nacional, vía correo
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Diversidades, prensa y historia(s): Discursos de una época qué aún perdura (Jornal das Moças - 1950-1960)
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1171-1190, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16988
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electrónico, se conoció que muchas portadas se fueron perdiendo con el tiempo, debido a
cuestiones de conservación.
Con el tiempo, vale la pena aclarar la nomenclatura de la revista
Jornal das Moças,
que presenta la duplicidad de descriptores tipográficos en su título: revista y periódico. Para
ello, los estudios de Ana Luiza Martins (2008) acomodan la explicación del uso de esta
tipografía, lo que generó malentendidos y dificultades para diferenciarlas. Se sabe que la
nomenclatura periodística se utilizaba con el fin de generar ingresos: las características de
ambos son muy cercanas, la revista destaca por tener generalmente portadas, no tener hojas
sueltas y estar organizada en ediciones más espaciadas: semanal, quincenal, mensual o anual.
Como señala Martins (2008, p. 73):
Otras publicaciones, a pesar del mantenimiento del formato periodístico,
siempre han sido tradicionalmente denominadas revistas, ya sea por el
variado carácter informativo de su contenido, incluida la ilustración, o, según
la definición de sus propietarios, con el fin de valorar la publicación,
calificándola en relación con el periódico.
La revista Jornal das Moças consiste en
un cuaderno ilustrado con ciclo de vida
iniciado en mayo de 1914, que permanece en circulación hasta diciembre de 1961, producido
y editado en la ciudad de Río de Janeiro, en Empreza
Jornal das Moças
–
Menezes, Filho &
C. Ltda. Estudios previos sugieren que la publicación circuló en otros lugares del país. Los
estudios identificados hasta el momento utilizan la publicación para comprender los años
comprendidos entre las décadas de 1920 y 1940, lo que contribuye en gran medida a la
relevancia de esta investigación, ya que ya existe un cierto patrón de discurso construido, que
puede considerarse modelado para ciertas prácticas sociales en relación con las mujeres
(ALBUQUERQUE, 2016; ALMEIDA, 2008; ALVES, IALVES, CAETANO; FREITAS,
2016; SILVA; SOARES, 2013).
Figura 1 -
Portada Diario de mujeres jóvenes - año 1914 (ilustrativo)
Fuente: Jornal das Moças (1914)
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Adriana Aparecida PINTO y Ana Clara Camargo de SOUZA
RIAEE
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1171-1190, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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La revista circuló, por lo tanto, durante cuarenta y siete años, recorriendo, de manera
perenne y continua, momentos importantes en la historia de Brasil y, en consecuencia, en la
Historia de las Mujeres, influyendo en comportamientos y mentalidades (ALBUQUERQUE,
2016).
Jornal das Moças
fue un combatiente eficaz contra la disolución del hogar.
Quincenalmente, llegaba a los quioscos para su comercialización los miércoles, con el lema
"revista hecha exclusivamente para mujeres en el hogar" (JORNAL DAS MOÇAS, 1951, p.
10), dirigida por Álvaro Menezes y Agostinho Menezes, fundadores de la publicación,
actuando también como directores y escritores. El examen de la publicación proporciona
elementos para afirmar que había otras formas de distribución; en su interior contenía recetas,
consejos de belleza, sugerencias para la organización de la vida doméstica cotidiana, moda,
comportamientos y numerosos anuncios de maquillaje, ropa, tiendas, medicinas, artículos de
tocador, entre otros temas, supuestamente de interés femenino.
Figura 2 -
Portada Jornal das Moças - año 1950 (ilustrativa)
Fuente: Jornal das Moças (1950)
A través de los textos publicados, se observa posicionamiento en relación al papel de
la mujer en la sociedad, muy cercano a un conservadurismo tan parecido, formativo, desde la
perspectiva de las editoras:
“
Jornal das Moças
creó en Brasil un tipo estándar de revista para
mujeres en el hogar",
“
Jornal das Moças
es la revista cien por cien familiar", "
Jornal das
Moças
es la revista para mujeres en el hogar y en la sociedad" (JORNAL DAS MOÇAS,
1953, p. 74). La condición de escritura de los textos, en gran medida, revela expectativas
sobre lo esperado de las mujeres, sin embargo, de una manera muy sutil, es posible
identificar, en otros textos de la misma publicación, algunas incomodidades que se
intensifican en relación con la condición femenina en la sociedad brasileña, con el paso de los
años de publicación: es notorio que los textos muestran cierta satisfacción al recibir el título u
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Diversidades, prensa y historia(s): Discursos de una época qué aún perdura (Jornal das Moças - 1950-1960)
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1171-1190, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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ocupar el cargo de reina del hogar, sin embargo, algunas demandas feministas poco a poco
van ganando espacio de discusión en las páginas de la publicación, como se evidenciará más
adelante.
A la hora de trabajar con material impreso es necesario entender a quién se pretendía,
es decir, quiénes serían el público lector privilegiado, colaboradores, redactores, así como las
difusiones allí presentes, históricos, contextos políticos y económicos que pueden influir
directamente en los escritos, en resumen, es necesario prestar atención a los aspectos
materiales de su fuente (CHARTIER, 1990, 2002). Los textos escritos, o sus ausencias, hacen
efectiva la comprensión de las formas en que los silencios y las resistencias estaban presentes:
¿Qué pensaban los editores/escritores/colaboradores para las mujeres? ¿Cómo calificaron las
formas de tratamiento social? ¿Qué representaciones legitima la revista sobre las mujeres, los
estándares de belleza, el comportamiento, la sociabilidad? A través de la prensa de carácter
periódico, es decir, una documentación seriada, es posible identificar aspectos constitutivos
del ser mujer, la opresión vivida en la vida cotidiana, su subversión, la comprensión de su
fuerza, las formas de confinamiento de la mujer en el entorno privado, sometidas a
responsabilidades y tareas domésticas, no posibles de plasmar en otra tipología documental.
En la revista podemos seguir la difusión del mito de la feminidad, la maternidad y el
matrimonio como un ideal a alcanzar para quienes querían una vida feliz y plena.
Entre las subjetividades y el ser mujer: cosmovisiones y representaciones femeninas
La educación de las mujeres ha pasado por varios momentos a lo largo de las historias
grabadas y no grabadas. Según Rosemberg (2020):
[...] a la educación formal y pública de las mujeres se estaban rompiendo
durante esta ruta accidentada: la segregación sexual de las escuelas, la
prohibición de la educación mixta; la decisión de que la educación de las
niñas y las niñas debería ser más restringida que la de los niños y niñas
debido a su frágil salud, su limitada inteligencia y centrada en su "misión"
como madre; el impedimento a la continuidad de los estudios secundarios y
superiores para las jóvenes brasileñas.
A mediados de la década de 1950, el autor indicó que alrededor del 66,7% de las
mujeres que vivían en el país se encontraban entre el número de analfabetas, mientras que los
hombres totalizaban aproximadamente el 31,3%. En la década de 1960, los datos comenzaron
a favorecer a las mujeres, que alcanzan el 57,3% de los alfabetizados y a los hombres el
53,2% (ROSEMBERG, 2020, p. 334). Si bien la educación formal representó numerosos
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Adriana Aparecida PINTO y Ana Clara Camargo de SOUZA
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1171-1190, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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beneficios en la vida de las mujeres, incluida su emancipación, el discurso que impregna las
páginas de la revista sigue siendo que "las mujeres educadas son mejores madres".
Rosemberg (2020, p. 338):
[...] Se defendió la educación diferenciada porque las mujeres eran
consideradas menos inteligentes y más frágiles que los hombres. Economía
Doméstica está incluida en su currículum, porque "la mujer es la reina del
hogar". La escuela mixta fue criticada por ser "promiscua". Se fomentó la
formación de maestros porque ellas, "verdaderas madres", tienen una
"vocación al sacerdocio" que es el magisterio. Se combatió la educación
diferenciada, con el argumento de que servía para relegar a la madre del
trabajo de las mujeres al "ejército de reserva", haciéndolas ocupar puestos
con remuneraciones inferiores a las ocupadas por los hombres en el mercado
laboral. Se defendió la ampliación de la educación de las niñas y niñas
porque "las mujeres educadas deponen el primer embarazo, los partos
espaciales, cuidan mejor a sus hijos, impiden la reproducción del círculo
vicioso de la pobreza", y porque "sus hijos están más educados" [...].
La escuela y las instituciones educativas también son responsables del control efectivo
de la educación de las mujeres, especialmente las escuelas cristianas y los colegios de
mujeres, en los que la enseñanza es diferente de la que se ofrece a los niños, recibiendo los
conceptos básicos de los conocimientos matemáticos: para las mujeres es suficiente saber
leer, escribir, contar historias y una forma general de la historia del país y del mundo y,
principalmente saber mantener una buena conversación. Dado que la educación trasciende las
instituciones formales, el tiempo y el espacio, los textos de la revista afirman que las mujeres
necesitan: "Ser un poco educadas. Conoce bien, al menos, los rudimentos tanto del aire como
de la lectura. La mujer es la primera empleada del Estado Familiar, porque está a cargo de la
importante función del gasto, cuya anarquía estalló tantas revoluciones" (JORNAL DAS
MOÇAS, 1914, p. 13 apud ALBUQUERQUE, 2015).
Con la apertura del mercado laboral y la emancipación de las mujeres, las mujeres se
han vuelto frecuentes, trabajando en los campos administrativo, de salud, educación y
comercio (PINSKY, 2014). Con la cualificación profesional, la presencia femenina en los
espacios públicos y en la ocupación de puestos importantes se hizo cada vez más común, sin
embargo, la brecha salarial seguía siendo una realidad. A finales de la década de 1950, la
revista señala este debate, sin promover, sin embargo, ningún tipo de confrontación:
IGUALDAD SALARIAL PARA LA MUJER EMPLEADA
La Organización Internacional del Trabajo acaba de publicar información
sobre los esfuerzos realizados por gobiernos, empleadores y empleados de
22 países y 9 territorios no metropolitanos para beneficiarse del principio de
"igual remuneración por igual trabajo".
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Diversidades, prensa y historia(s): Discursos de una época qué aún perdura (Jornal das Moças - 1950-1960)
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1171-1190, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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Los autores han demostrado que, si esta discriminación no ha desaparecido,
al menos se han logrado algunos avances, gracias a diversas medidas
gubernamentales apoyadas por empleadores, sindicatos y organizaciones de
mujeres.
En Nueva Zelandia, por ejemplo, hay una disminución constante del
desequilibrio entre el salario pagado a las mujeres y los hombres. En Japón,
las mujeres empleadas en los servicios de circulación de la policía de Tokio
ganan el mismo salario que los hombres y cumplen con un sistema idéntico
de aumento salarial. En México, a su vez, los salarios se calculan sin
ninguna consideración de género (JORNAL DAS MOÇAS, 1959, p. 21).
Jornal das Moças
cuando presentó artículos sobre la emancipación de la mujer, trajo
ejemplos de cambios en la vida de las mujeres, sin embargo, presentó ejemplos de los Estados
Unidos o Europa: ¿sería una intención velada presentar posibilidades, o mostrar que el país
estaría lejos de alcanzar este nivel de igualdad? La idea de que las mujeres serían
independientes creó un cierto temor, por una "supuesta" pérdida de la feminidad, uno de los
mitos impulsados por el conservadurismo de matriz religiosa, dado por la apreciación de la
castidad para las mujeres, la moral sexual, la monogamia, con formas de tolerancia
diferenciada para hombres y mujeres; la legislación reconoce el trabajo masculino como la
principal fuente de recursos para la unidad doméstica. Prevalece la noción del hombre
proveedor, a quien se debe obediencia y servidumbre. Las mujeres casadas con hijos que
cuidaban el hogar mantenían la feminidad, se ganaban, según la revista, el título de "reina del
hogar": la configuración de la feminidad estaba directamente ligada a lo que se entendía como
funciones femeninas, es decir, costumbres en las que se creía que serían virtudes de la mujer.
El feminismo internacional ha ganado prominencia y ha traído nuevos alcances a la
vida de las mujeres, así como la reafirmación del estado laico (NICHNIG, 2013).
Para blindar el pensamiento femenino de estas influencias, el Diario, en general,
reafirmó los estereotipos de madre, esposa, alineados por el cuidado corporal y la salud física,
fomentados por la sociedad patriarcal. Tales estereotipos constituyen, en la lectura apoyada
por Chartier (2002), representaciones forjadas a partir de las formas de pensar y actuar. La
prensa reproduce representaciones de tal manera elucidativa que además de hacer sentir a los
lectores contemplados en sus textos, plantea el despertar en otros que, poco a poco, acogerán
las representaciones externas como pertenecientes a la condición femenina: este tipo de
mecanismo Chartier (1990, 2002) califica como una máquina para fabricar respeto y
sumisión.
La revista busca acercarse a su audiencia a través de las formas de tratamiento en las
que se dirige a las mujeres, calificándolas como sujetos socialmente aceptados, en diversos
momentos, a lo largo de los años de su circulación. Un ejemplo es el uso de expresiones como
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1171-1190, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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"patricias" y "mujer brasileña", en 1914; lectoras, damas, esposas, jóvenes, damas, amas de
casa, señoritas, niñas de familia y niñas frívolas, en 1950. Los coqueteos, las citas, el
compromiso y el matrimonio son temas recurrentes en la revista, y entre ellos hubo una
presencia muy fuerte de cómo debía ser cada uno de estos procesos, los límites que se
aceptaban y recomendaban para que la mujer nunca desvinculara su imagen de pureza y honor
al hogar. Hay una relación de fidelidad que debe ser respetada en la relación conyugal, aunque
no sea recíproca. Carla Pinsky (2014) comenta que el desinterés forma parte del amor
femenino, la representación de la mujer mientras se defendía un ser amable, romántico y
soñador en
Jornal das Moças.
Después de todo, las mujeres viven para el amor, siempre y
cuando este amor esté dentro de los límites tradicionales de la moral femenina, "con respecto
al amor, las mujeres son consideradas superiores a los hombres, porque tienen mayor
capacidad de amar, y el texto entiende el amor como sacrificio, donación". transmisión de la
vida" y fidelidad". (PINSKY, 2014, p. 77).
Figura 3 -
Esposa perfecta
Fuente: Jornal das Moças (1950, p. 8)
La noción de "esposa perfecta" se describe magistralmente en el extracto presentado
en la Figura 3. El texto sugiere modos de comportamiento de las esposas, apuntando a la
condición de perfección. La forma de organizar el texto sugiere la similitud con los
mandamientos religiosos, que deben seguirse al pie de la letra: La esposa debe aceptar al
marido tal como es; la mujer siempre debe estar a disposición de su marido y no despreciar el
cuidado de la belleza. Según Pinsky (2014), de acuerdo con la mentalidad de la década, las
mujeres necesitan amar y hacerse amadas, porque este es su destino y plena realización,
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Diversidades, prensa y historia(s): Discursos de una época qué aún perdura (Jornal das Moças - 1950-1960)
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incluso si se necesitan sacrificios, a diferencia de los hombres: esta diferencia se explica a
partir de la distinta "naturaleza" de los sexos.
Entre brechas, portales y expectativas: el contexto y la aceptación de la diversidad
Siguiendo el enfoque anterior, a lo largo de la década de 1950 se entiende que
Jornal
das Moças
pretendía ser un vehículo para la difusión de valores morales, religiosos,
culturales, entendidos como necesarios y formativos para la vida de la mujer brasileña, lectora
o no de la publicación. Identificados con las ideas básicas del modelo de sociedad basado en
el patriarcado, producto de un desarrollo histórico, una parte significativa de los textos
examinados se acercan al predominio masculino en las decisiones sobre las formas de ser y
vivir socialmente, centrándose en la conducta de las mujeres, así como en sus elecciones. Es,
por tanto, un movimiento que concibe, desde la perspectiva defendida por Heleieth Saffioti
(2001, p. 55):
[...] la diferencia sexual se convierte en una diferencia política, expresándose
ya sea en libertad o en sujeción, dentro de las relaciones entre hombres y
mujeres hay dos polos de poder, pero esta relación es desigual, siendo
percibida esta diferencia entre los espacios públicos y privados. Dado que el
patriarcado es una forma de expresión del poder político, este enfoque
cumple con la máxima legada por el feminismo radical: "lo personal es
político".
Los estudios indican que las estructuras sociales, alineadas con el pensamiento basado
en el patriarcado, configuran formas de sumisión, violencia física y simbólica y opresión
femenina, corroborando su silenciamiento, pues muchas veces entienden que se trata de
códigos históricamente aceptados por la sociedad en la que se incluyen, como se observa en
relación a los temas de matrimonio, heteronormativo, orientación sexual, entre otros. Debido
a que no eran temas tan evidentes en la escena pública de la década de 1950, la revista hizo
poco para abordar temas que pudieran plantear algún tipo de tontería: el enfoque se centró en
el futuro y ya las amas de casa consolidadas, en la felicidad causada por el matrimonio, en la
importancia de mantener la unidad familiar, bajo cualquier hipótesis, y en la celebración de la
maternidad. La organización interna de la publicación refleja las opciones temáticas, cuando
se observan las secciones, por lo que su discurso fue sobre la plena comprensión de que el
matrimonio la traería y en el cumplimiento de su deber como madre. Los enfoques
autorreferenciales se identifican en los títulos de las columnas y secciones mismas, de la
siguiente manera:
Jornal da Mulher
,
"Carnet
" de Jóvenes y
Evangelio de Madres
,
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1171-1190, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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Intercambios y Rasgos, Radioactividades, Pausa para la Meditación, Sugerencias para el
Hogar, Pausa para la Meditación, Los Grandes Inventores, Galería de artículos de radio
,
Fuera de la Pantalla
.
Cuadro 2 -
Mapeo de las columnas con mayor incidencia de publicación (1950-1960)
Columna
s
Incidencia
s
Ediciones donde se ubicaron
Jornal da
Mulher
557
1950 (37); 1951 (51);
1952(52);1953(53);1954(52);1955(52);1956(45);1957(52);1958(58);1959(53);1960(5
2)
Evangeli
o de las
Madres
88
1950 (12); 1951 (11)
1952(0);1953(0);1954(4);1955(11);1956(0);1957(5);1958(1);1959(15);1960(29)
"Carnet"
de las
Mujeres
Jóvenes
79
1950(21);1951(31);1952(13);1953(10);1954(4);1955(0);1956(0);1957(0);
1958(0);1959(0);1960(0)
Fuente: Jornal das Moças: Revista Quincenal Ilustrada (1950-1960)
Sin embargo, en el examen más detallado de textos sueltos, sin autoría, no siempre
publicados en espacios destacados, es posible identificar lagunas y aperturas en el discurso
promulgado por la publicación, que acompaña a los cambios sociales que se han venido
produciendo en la década de 1950, acoge con beneplácito el tema relativo a la colocación de
la mujer en el mercado laboral, buscando tangenciar las consecuencias de este hecho
histórico, independencia financiera y emancipación moral, intelectual y familiar. La
emancipación de la mujer fue tratada de una manera muy sutil en la revista, cuando la
presencia femenina en los espacios públicos se convierte en una realidad, la revista adopta
entonces el discurso de que esa era la nueva realidad de sus lectores, sin embargo, refuerzan
los principios básicos para la construcción de la moral y la familia, es decir, no podían dejar
de lado su feminidad o su familia para plantear sus deseos personales. El siguiente extracto
materializa algunos de los supuestos de la publicación:
EMANCIPACIÓN DE LA MUJER
La mujer ha estado buscando la emancipación por todos los medios a su
alcance,
algunos de los cuales están atentos a su feminidad.
No quiso resignarse a un papel pasivo
y optó por lanzarse en busca de
aventuras en las ocupaciones antes solo destinadas al sexo fuerte, buscando
así penetrar en el campo de lucha para satisfacer las necesidades materiales
de la vida.
No movía solo lo espiritual y, en la mayoría de los casos, tomaba esta
decisión por razones naturales, por la satisfacción de ser ella misma,
creyendo que, así, tendría el mismo valor que los hombres y también
procedería como ellos lo hicieron, haciendo lo que ella quería.
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Diversidades, prensa y historia(s): Discursos de una época qué aún perdura (Jornal das Moças - 1950-1960)
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Tomando tal actitud, las mujeres querían adquirir lo que su imaginación
sentía más apropiada, sin tener que recurrir a los hombres y,
para ello,
invadían fábricas, oficinas, comercios, bancos, etc
.
Lograron así sus propósitos, y fueron aún más lejos, solicitando una
independencia emanada de su trabajo y nuevas costumbres adquiridas desde
la posición que el dinero les ganaba, no ganado con limosnas o atención,
sino como premio de sus esfuerzos, de su trabajo, de su inteligencia. Es
evidente que las mujeres, al equipararse con los hombres, se levantaron con
respecto a su condición social,
pero perdieron mucho en su feminidad.
El campo de la evolución ha sufrido demasiados cambios en un período de
tiempo relativamente corto. Si circunstancias especiales provocaban que las
mujeres ocuparan puestos dejados por los hombres durante la guerra, o
trabajando sólo en industrias relacionadas con ella, después de todo se
normalizaban, no decidían volver a las ocupaciones anteriores,
abandonando los servicios del hogar para disfrutar de una libertad
económica
. Decidieron luchar por la vida en igualdad de condiciones.
Pronto fueron miles las mujeres que fueron admitidas en casi todos los
sectores laborales, aumentando la crisis de ocupaciones, lujo, diversión y
vanidad. Debemos mirar con simpatía a la mujer que se ha unido a todas las
actividades. No debemos subestimar su tenacidad y su vehemente deseo de
prosperar, de asegurar su futuro, independientemente del matrimonio, que se
consideraba una carrera femenina exclusiva.
[...]
Si esta transformación no hubiera ocurrido,
cuáles serían las solteronas,
obligadas a ser una pesada carga para su familia,
sufriendo
humillaciones.
Gracias a la emancipación, el futuro no les teme y ellos son los dueños de su
destino porque saben que luchando pueden ser independientes. Sin embargo,
esta emancipación obligó al hombre a tratarlos como competidores iguales
en la lucha por la vida, y esto hace que pierdan la feminidad (JORNAL DAS
MOÇAS, 1954, p. 62).
La participación femenina en los espacios públicos marca la inserción de temas y
problemas que pueden ser leídos y discutidos por las mujeres en la prensa local; el incentivo
para estudiar se convirtió en parte de la vida cotidiana e incluso para cambiar el pensamiento
para las próximas generaciones, porque vieron a través de él una de las mejores oportunidades
para el desarrollo personal. Agendas consideradas tabúes como cuerpo libre, posibilidad de
divorcio, fueron ocupando paulatinamente, huecos en las páginas de la publicación,
demostrando atención a los temas de su tiempo, aunque en desacuerdo con los principios
fundacionales del equipo editorial. En términos contemporáneos, es posible percibir la
perennidad de los temas que la revista temía difundir o enfrentar, muchos de los cuales ya son
parte efectiva del comportamiento social de la población, pero muchos otros aún permanecen
tratados con reservas y prejuicios, denotando que aún queda mucho por conquistar en el
campo de la equidad social. Un ejemplo apropiado se refleja en el siguiente extracto, referido
a la entrada de las mujeres en el mercado laboral, la conquista del voto femenino y otras
agendas legitimadas por el movimiento feminista en la década de 1960.
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LA MUJER DE HOY PUEDE VENCER AL HOMBRE
Sin duda, la mujer de todas las latitudes de este planeta ha ido conquistando,
a diario, su "lugar en el sol". Los grandes cataclismos sociales provocados
por las dos guerras mundiales hicieron que el "sexo hermoso" pasara, casi
sin transición contendiente al hombre, todas las actividades humanas en los
campos de la industria, el comercio, la agricultura, las ciencias, las artes, la
literatura, el poder judicial y el quejando.
Atrás quedó el tiempo de las sufragistas que, en Londres, arriesgando su
propia libertad y a veces entrando en serios conflictos con la severa Scotland
Yard, lucharon "horrorizando" a la burguesía de entonces, por los derechos
de igualdad entre los dos sexos.
Hoy en día las mujeres tienden a estar en un plano más alto que los hombres.
Al menos cuando se trata de empleos, ya sean públicos o privados, las
mujeres mantienen el liderazgo adecuado. Incluso porque, como argumenta
un gran industrial francés, "es mucho más agradable dictar a una hermosa
palma de una cara una carta, que a una cara con la barba deshecha" [...]
(JORNAL DAS MOÇAS, 1958, p. 42).
El tono sexista y conservador impregna la redacción del texto, además, no se puede
negar que los lugares profesionales y sociales también han sido ocupados por mujeres, y la
revista no roba de señalar tal contexto, pero con advertencias: la mujer podría trabajar fuera
del hogar, pero no debe descuidar la aparición en el foro doméstico, no provocar una supuesta
traición a su marido (justificada por su ausencia en el ámbito doméstico y en ausencia del
cumplimiento de sus deberes como esposa), siendo necesario, como se señala en los textos,
siempre que sea posible estar bien arreglado, perfumado, no abandonando el cuidado con la
apariencia y la feminidad.
Estos desafíos en los planteamientos sugieren una posición incómoda, sin embargo,
necesaria para la revista, que no podía negar los logros objetivos en el período, en riesgo de
perder la "simpatía" de los lectores, y con ello, los recursos financieros para su
mantenimiento. Las estrategias, en el enfoque certeauniano, explicar la posición manifiesta de
la revista de mantener contenidos que cumplieran con los supuestos editoriales de la
publicación, pero insertando temas que estaban en discusión en el contexto (CAMPOS, 2010).
La entrada en el mercado laboral no disminuyó el trabajo doméstico de las mujeres, al
contrario, las hizo duplicar o triplicar e intensamente agotadoras. En una edición, esta agenda
gana una nota masculina, registrando, a través de un texto transcrito, la opinión de los
hombres sobre la idea de ayudarlos o no en las tareas domésticas, siendo objeto de
humoristas:
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Diversidades, prensa y historia(s): Discursos de una época qué aún perdura (Jornal das Moças - 1950-1960)
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LA AYUDA DE LOS MARIDOS EN LAS TAREAS DE LA CASA
La colaboración de su marido en los servicios
domésticos ha servido como
tema para muchos comediantes
y, por otro lado,
como
tema de animadas
controversias
por parte de las más variadas organizaciones de mujeres de
diversas partes del mundo, especialmente de los Estados Unidos.
Recientemente, las estadísticas oficiales han revelado, por ejemplo, que el
53% de los esposos estadounidenses están felices de ayudar a las esposas a
lavar y secar los platos; El 33% se declaró abiertamente opuesto a este
sistema de esclavitud, mientras que el 14% dijo que toma y seca los platos,
usa el delantal y financia al "ama de casa" solo para que pueda "vivir en
paz"... ¡Estos 14% representan el sexo fuerte suavizado por complejos o
terror de la "pala de fideos"! (JORNAL DAS MOÇAS, 1959, p. 24-25).
En el número 2335, 1960, la revista presenta textos que resaltan la importancia de la
educación de las mujeres, dada por las instituciones formales, sin embargo, todos los
conocimientos adquiridos deben ser utilizados para el bien común y el progreso de la nación,
en beneficio de todos los que las rodean, los hijos, los esposos y la familia, beneficiando a la
sociedad en su conjunto. Por lo tanto, sería inaceptable, desde la perspectiva defendida por la
publicación, las altas tasas de mujeres sin acceso a la educación y las niñas aún analfabetas.
Los enfoques de la publicación, como se mencionó anteriormente, siguen las agendas
de su tiempo, señalan la percepción del grupo editorial sobre temas brillantes, agendas
urgentes, y denotan una cierta sensibilidad para abordar problemas que impregnan la
emancipación femenina y la figura de la mujer moderna, que ahora tiene independencia
financiera y formación intelectual, sin embargo, el ejercicio de funciones domésticas era algo
que debía ser previo a su voluntad profesional, "incluso realizando una rutina tediosa en su
trabajo las mujeres no deben dejar de lado sus funciones domésticas y en países como Estados
Unidos y China esto ha sido una realidad" (JORNAL DAS MOÇAS, 1960a, p. 28). Por temor
a tomar esta posición de frente, la revista asume experiencias extranjeras para legitimar
ciertos comportamientos, como lo demuestra el extracto que sigue:
EN PRIMER LUGAR, ¡SON MUJERES!
La mujer moderna comenzó a tener una parte activa en la vida pública y la
lucha por el voto le enseñó a organizarse para obtener la abolición de
algunas incapacidades restantes. Sin embargo, su evolución política no ha
perjudicado, en modo alguno, a los sujetos de especial responsabilidad de la
mujer: el cuidado del hogar, la maternidad, el bienestar de la familia, la
educación de los hijos. Es que son, ante todo, mujeres, una situación que
ninguna carrera o profesión puede superar (JORNAL DAS MOÇAS, 1960b,
p. 21).
A las mujeres se les permitiría tener títulos, profesión, ocupar cargos públicos, sin
despreciar la atención y el cuidado como el hogar, priorizando las tareas domésticas. Marcas
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de patriarcado, que se materializan en las páginas de la publicación, que reconoce la posición
alcanzada por las mujeres, que no deben compararse con los hombres sino colaborar con
ellos, sin perder su esencia femenina, como señala el extracto: "incluso cuando da evidencia
de superioridad en una actividad que los hombres creían anteriormente que solo ellos serían
capaces de realizarla, es porque, incluso entonces, las mujeres no dejan de actuar como una
mujer, pensando como una mujer, de sentirse como una mujer" (JORNAL DAS MOÇAS,
1960c, p. 29).
Jornal das Moças
aceptó las demandas del contexto de finales de la década de 1950,
como muestran los textos de publicación: reconocen a la mujer que ocupó el espacio público,
estudió, buscó ampliar las áreas del ámbito doméstico hacia la profesionalización y estratificar
los espacios autorizados por la sociedad para su desempeño. Sin embargo, al ingresar a estos
espacios, no recibieron un reconocimiento y aprecio similares a los de los hombres al
desempeñar sus funciones, siendo objeto de provocaciones despectivas.
La emancipación era un logro, pero también una amenaza para las costumbres
conservadoras, por lo que conferían paradojas y contradicciones a la vida femenina, en un
escenario marcado por el conservadurismo de herencia colonial.
A la vista de reflexiones finales: discursos del pasado que conforman prácticas del
presente
Los estudios sobre los aspectos de la diversidad en la perspectiva teórico-
metodológica de la historia de la mujer que abordan los impactos culturales y sociales de la
década de 1950, mediados por la documentación relacionada con la prensa periódica, han
permitido la comprensión de matices y enfoques velados por documentos de otra naturaleza,
que apuntan a agendas y agendas en circulación, en la constitución de las mujeres como
sujetos de la historia, aunque con protagonismo negado o silenciado. Al examinar los
discursos de la
Jornal das Moças
es innegable identificar alguna permanencia derivada del
pasado en el mundo contemporáneo. No se pretende, con esta afirmación, afirmar que no
hubo cambios o rupturas con la dinámica histórico-social establecida en la década de 1950, en
asociación con los tiempos actuales. Además, después de 70 años de los discursos publicados,
se nota, ya no, que muchas diferencias no se han equiparado, muchos temas aún permanecen
nublados y los logros femeninos aún están desnaturalizados por ciertos grupos sociales.
El examen de los ejemplares y secciones seleccionados a lo largo de la década de 1950
indicó la marca de discursos anclados en la difusión de lugares sociales preestablecidos para
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mujeres y hombres, de los cuales la publicación era fiscal, es decir, se siguieron en sus textos
contenidos que ayudaron a la circulación de formas de ser y vivir que reflejaban los valores
puestos en la sociedad, heredado del colonialismo y el patriarcado, como señalan los estudios
de Helieth Saffioti (2011) y otros. En la medida en que las reivindicaciones reivindicativas
van ganando espacio y publicidad, así como el movimiento político orquestado por
movimientos sociales, liderados por mujeres, la publicación, sutilmente, amalgama a sus
duelas textos que pasan a formar parte de la escena nacional, para no caminar completamente
en el camino de las transformaciones del mundo moderno.
Con el desarrollo económico e industrial registrado en Brasil en la década de 1950, la
tecnología se alía a la economía, y las demandas materiales amplían significativamente su
alcance, reflejándose en diversos aspectos de la vida humana; la entrada masiva de mujeres en
el mercado laboral acompaña los cambios y aprovecha las oportunidades creadas por este
escenario económico supuestamente favorable. La presencia de las mujeres en los espacios
públicos se convierte en una realidad, incluyendo el estímulo para estudiar en niveles
superiores a los elementales.
Las representaciones sobre la mujer moderna se basan en la conformación de un sujeto
preparado para dedicarse exclusivamente al hogar. Los contenidos de la publicación refuerzan
constantemente el bienestar de la familia, los consejos de cocina, el bordado, la moda y el
comportamiento, delimitando que su lugar estaba dentro de la esfera privada, pero alcanzan
diferentes niveles al final de la década. Desde los años 1955, se ha producido un cambio en su
discurso cuando las mujeres comienzan a ingresar al espacio público, al mercado laboral y
buscan formación profesional.
¡A medida que pasan los años, se observa que la presencia de las mujeres en el espacio
público es un camino sin retorno! Finalmente, hay posiciones disonantes en la revista en su
discurso sobre el lugar de la mujer, a veces defendiendo sus logros, a veces marcando el
retroceso en las prácticas morales y el mantenimiento familiar. Atenta a los cambios en la
realidad de sus lectores, la revista continuó con sus principales temas relacionados con lo
entendido como temas pertinentes al universo femenino, como la moda, la cocina y el
comportamiento. Por lo tanto, el tono inicial de la publicación se mantiene: antes de que la
mujer fuera una buena profesional, debería ser una buena madre y una ama de casa. La
representación de las mujeres cambia, pero el perfil editorial de la revista en los últimos años
de los años cincuenta, aunque sigue los cambios sociales, se mantiene fiel al supuesto basado
en el conservadurismo, que califica lugares y derechos distintos a hombres y mujeres. Por
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ello, se refuerza la importancia de entender estos aspectos a través de la historia, buscando
elementos para su superación.
GRACIAS
: La investigación de la maestría cuenta con el apoyo de la agencia de desarrollo CAPES, a
través del Programa de Becas para el Programa de Posgrado en Historia - Universidad Federal de
Grande Dourados/UFGD.
REFERENCIAS
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Jornal Das Moças: Revista Quinzenal Illustrada
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Rio de Janeiro, n. 2274, jan. 1959. Disponible en:
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A mulher de hoje pode superar o homem.
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ALBUQUERQUE, D. C. S. H.
A revista que pode deixar em sua casa porque não há
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ANTES de tudo elas são esposas e mães.
Jornal Das Moças: Revista Quinzenal Illustrada
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http://memoria.bn.br/pdf/111031/per111031_1960_02346.pdf. Acceso: 10 agosto 2020.
ANTES de mais nada elas são mulheres!
Jornal Das Moças: Revista Quinzenal Illustrada
,
Rio de Janeiro, n. 2338, abr. 1960b. Disponible en:
http://memoria.bn.br/pdf/111031/per111031_1960_02338.pdf. Acceso: 10 agosto 2020.
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Diversidades, prensa y historia(s): Discursos de una época qué aún perdura (Jornal das Moças - 1950-1960)
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1171-1190, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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Adriana Aparecida PINTO y Ana Clara Camargo de SOUZA
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qué aún perdura (Jornal das Moças - 1950-1960).
Revista Ibero-Americana de Estudos em
Educação
, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1171-1190, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587. DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16988.
Enviado en
: 26/01/2022
Revisiones requeridas
: 10/03/2022
Aprovado em
: 16/04/2022
Publicado em
: 30/06/2022
Procesamiento y edición: Editora Ibero-Americana de Educação.
Corrección, formateo, normalización y traducción.
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Diversities, press and history(ies): Speeches from a time that still remain (Jornal das Moças – 1950-1960)
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1165-1184, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16988
1165
DIVERSITIES, PRESS AND HISTORY(IES): SPEECHES FROM A TIME THAT
STILL REMAIN (JORNAL DAS MOÇAS – 1950-1960)
DIVERSIDADES, IMPRENSA E HISTÓRIA(S): DISCURSOS DE UM TEMPO QUE
AINDA PERMANECEM (JORNAL DAS MOÇAS – 1950-1960)
DIVERSIDADES, PRENSA Y HISTORIA(S): DISCURSOS DE UNA ÉPOCA QUÉ AÚN
PERDURA (JORNAL DAS MOÇAS - 1950-1960)
Adriana Aparecida PINTO
1
Ana Clara Camargo de SOUZA
2
ABSTRACT
: The perspectives of writing this paper are in line with the initial proposal in the
sense of discussing themes related to diversities, memories, and production of multiple
meanings, establishing a thematic scale based on the printed and periodic documentation, with
a focus related to the subject. Thus, the paper aims to highlight elements of the research with
the Jornal das Moças magazine, in the editions that circulated between 1950 and 1960,
totaling 557 editions. Three sections of the publication were examined Jornal da Mulher,
Evangelho para as Mães, and Carnet das Jovens, seeking to understand the representation and
treatment forms attributed to women in the period. Although with a remarkably conservative
tone, texts in the publication follow the social changes that favored the female condition in the
period. However, it maintains as a principle the reinforcement of women role based on the
assumptions of colonialism and patriarchy, mainly related to the women's place in the family
and as administrator of their homes.
KEYWORDS
:Periodic press. History of women. Female condition.
RESUMO
: As perspectivas de escrita deste artigo vão ao encontro da proposta geradora no
sentido de discutir temas relacionados a diversidades, memórias e produção de sentidos
múltiplos, estabelecendo uma escala temática com foco nas relações do tema, a partir da
documentação de natureza impressa e periódica. Assim, o artigo tem como objetivo
evidenciar elementos da pesquisa com a revista Jornal das Moças, nas edições que
circularam entre os anos de 1950 e 1960, perfazendo um total de 557 edições. Foram
examinadas 3 seções da publicação, Jornal da Mulher, Evangelho para as Mães e Carnet das
Jovens, buscando perceber as formas de representação e tratamento atribuídas às mulheres
no período. Os textos da publicação, embora com tom notadamente conservador,
acompanham as mudanças sociais que favoreceram a condição feminina no período, no
entanto, mantêm, como princípio, reforçar o papel da mulher com base nos pressupostos do
colonialismo e patriarcado, relacionados sobretudo ao lugar da mulher na família e como
administradora do lar.
1
Federal University of Grande Dourados (UFGD), Dourados – MS – Brazil. Associate Professor. Doctorate in
School Education (FCLAr/UNESP). Post-Doctoral Internship in History (UNESP/Assis). ORCID:
https://orcid.org/0000-0001-6496-3744. E-mail: adrianaaparecida@ufgd.edu.br
2
Federal University of Grande Dourados
(UFGD), Dourados – MS – Brazil. Master's student in History.
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3321-3008. E-mail:anaclaracdesouza@gmail.com
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Adriana Aparecida PINTO and Ana Clara Camargo de SOUZA
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1165-1184, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
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PALAVRAS-CHAVE
: Imprensa periódica. História das mulheres. Condição feminina.
RESUMEN
:Las perspectivas de redacción de este artículo estánen línea
conlapropuestageneradoraenel sentido de discutir temas relacionados conlas diversidades,
memorias y producción de significados múltiples, estableciendo una escala temática con
enfoque enlas relaciones delsujeto, a partir de ladocumentaciónimpresa y periódica. Por lo
tanto, este trabajo pretende destacar elementos de lainvestigaciónconla revista Jornal das
Moças, enlasediciones que circularon entre losaños 1950 y 1960, totalizando 557 ejemplares.
Se examinarontres apartados de lapublicación, Jornal da Mulher, Evangelho para mães y
Carnet das Jovens, conintención de comprenderlas formas de representación y trato
atribuidas a lasmujeresenestosperiodos. Los textos de lapublicación, aunqueconun tono
marcadamente conservador,
siguenloscambiossocialesquéfavorecieronlacondiciónfemeninaenla época, mujerenlafamilia y
como administradora delhogar.
PALABRAS CLAVE
:Historia de lamujer. Condiciónfemenina.
The press and the ways of being and doing in everyday life
In Brazil of the nineteen nineties, notably at various times in the first half, we can
identify the increase of press devices with a discourse supposedly aimed at the female
audience, however, studies show that a significant part of the authorship of the texts brings a
male writing, counting, in rare publications, with female authorship texts, or composition of
women in the set of permanent collaborators.
Some explanatory hypotheses for this phenomenon go through several instances,
especially if we take the perspective of the historical constitution of Brazil, in which models
of European coloniality have formatted customs, values, social and cultural practices,
significantly marking the ways of being and doing of the Brazilian nation, in its vast territorial
dimension. Memories, subjectivities, representations are key concepts that have been greatly
assisting the understanding of these approaches, enabling the unveiling of silenced subjects
and contexts opposing versions produced in a unilateral way (TEDESCHI, 2012).
In order to understand this phenomenon historically, it is assumed that the press has
contributed to the dissemination of values and practices, at times that circulated, sometimes
highlighting the condition of subjugation of women, sometimes giving visibility to initiatives,
protagonism, also forging models of conduct and forms of socially accepted behavior
(PINTO; SAMPAIO; SOUSA, 2020).
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Diversities, press and history(ies): Speeches from a time that still remain (Jornal das Moças – 1950-1960)
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1165-1184, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
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In order to highlight such clashes, this article presents part of the study that has been
conducted with the
Jornal das Moças
magazine, which since its inception, in 1914, is
associated, in our analysis, with the maintenance of a certain social order, electing religion
and female morality as founding principles, perpetuating, supposedly, the influence of
patriarchy as a form of organization of society.
When explaining the research methodology, it is imperative to highlight the several
restructuring processes, given the scenario in which the contemporary world is inserted, since
the beginning of 2020, affected by the pandemic caused by the SARS-COV-19 virus, which
significantly changed ways of living, being, living together, relating, and breathing nowadays.
Historical research in archives, collections, and documentary storage spaces have been
significantly affected: the digital world has shown itself to be powerful, at the same time that
it has weakened human relations, which have become mediated by screens, in their various
dimensions of size, quality, and access mediated by computer networks (Internet) and the
most varied virtual communication supports (social networks, platforms, and applications). It
should be noted that research with printed materials is in a moment of revisionism, given by
questioning the conditions of preservation, digitization and maintenance of original
documents, and with the
Jornal das Moças
magazine it was no different. The conduct of the
research in a presential way became mediated by databases, collections provided in the
Hemerotecas, virtual/digital libraries, and many hours of learning in the mediation of
resources that would make it possible to handle digital files in a way that they would become
accessible to historical research, from which follow the reflections mediated by the
documents examined.
These aspects result in some limitations for the examination of the magazine: the
understanding of its organization, size and physical characteristics (materiality), as well as the
examination of the images (photographs), because many are with compromised visualization,
stained, or reproduced only in black and gray scales, when it is already known that the
magazine circulated in color format (from the forties) for some years. In an attempt to obtain
the color copies, contact was made with the collection of the Paraná Public Library and the
Public Archive of the State of São Paulo, however, in both institutions the magazine
collections are not digitalized and, due to the pandemic, it was not possible to visit them
in
loco.
Thus, the documental corpus that supports this article was collected by accessing the
databases of the National Library's Hemeroteca sector, whose selected issues meet the time
frames established for the research - the period between 1950 and 1960. This decade was
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Adriana Aparecida PINTO and Ana Clara Camargo de SOUZA
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1165-1184, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
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marked by major transformations, mainly as a result of the post-war period, the opening of the
market and the possibility of new access to culture, innovation, education, and political and
social changes. From the restructuring of the economic model there was a large migration
movement from the interior to the capital cities, in which people sought an opportunity for
employment; this displacement and the need for active labor, among other factors, promoted
the opening for women to occupy jobs.
It should be noted that women have always developed labor activities, even if they had
no formal remuneration, however, working conditions were different from men, but in view
of the changes that occurred there was an immediate need for hiring; women who were not
previously inserted in those spaces see this demand as an opportunity. The fifties of the 20th
century, known as the golden years (PINSKY, 2014), were a period of changes and
transformations in women's lives, which were previously subordinated to the private space.
The magazine, although markedly conservative, presents significant examples of these
transformations.
The documental corpus of this study is composed of 557 copies, as shown in Table 1:
Table 1
– Mapping the copies of the publication in circulation between the years 1950-1960
Year
Number of issues
1950
37
1951
51
1952
52
1953
53
1954
52
1955
52
1956
45
1957
52
1958
58
1959
53
1960
52
Total
557
Source: Jornal das Moças: Illustrated Fortnightly Magazine (1950-1960)
Regarding the materiality of the publication, the consulted collection lacks few issues
from the years when the magazine was in circulation; the quality of the material compromises
the closer examination of the photographs; there are issues without cover, for lack of
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Diversities, press and history(ies): Speeches from a time that still remain (Jornal das Moças – 1950-1960)
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digitization, since in contact with the Hemeroteca Nacional, via e-mail, it was learned that
many covers were lost over time, for issues related to conservation.
In time, we must clarify the nomenclature of the magazine Jornal das Moças, which
presents a duplicity of typographic descriptors in its title - magazine and newspaper. To this
end, the studies of Ana Luiza Martins (2008) accommodate the explanation for the use of this
typography, which generated misunderstandings and difficulties in differentiating them. It is
known that the nomenclature newspaper was used in order to generate income: the
characteristics of both are very close, the magazine stands out for generally having covers, not
having loose sheets and being organized in more spaced editions: weekly, biweekly, monthly
or annually. As Martins (2008, p. 73) points out:
Other publications, despite the maintenance of the newspaper format, have
always been traditionally referred to as magazines, either by the varied
informative character of their content, including illustration, or, according to
the definition of their owners, in order to value the publication, qualifying it
in relation to the newspaper.
The magazine
Jornal das Moças
consists of an illustrated section with a life cycle that
began in May 1914, remaining in circulation until December 1961, produced and edited in the
city of Rio de Janeiro, at the publishing house Empreza Jornal das Moças - Menezes, Filho &
C. Ltda. The studies identified so far use the publication to understand the years between the
1920s and 1940s, which largely contributes to the relevance of this research, since there is
already a certain pattern of discourse built, which can be considered model for certain social
practices in relation to women (ALBUQUERQUE, 2016; ALMEIDA, 2008; ALVES;
CAETANO; FREITAS, 2016; SILVA; SOARES, 2013).
Figure 1 –
Cover of Jornal das Moças- year 1914 (illustrative))
Source: Jornal das Moças (1914)
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The magazine circulated, therefore, for forty-seven years, crossing, in a perennial and
continuous way, important moments in the history of Brazil and consequently, in the history
of women, influencing behaviors and mentalities (ALBUQUERQUE, 2016).
Jornal das
Moças
was an effective fighter against the dissolution of the home. With biweekly
periodicity, it reached the newsstands for sale on Wednesdays, with slogan "magazine made
exclusively for the woman at home" (JORNAL DAS MOÇAS, issue 1863, 1951, p. 10),
directed by Álvaro Menezes and Agostinho Menezes, founders of the publication, also acting
as directors and editors. The examination of the publication provides elements to affirm that
there were other forms of distribution; inside it contained recipes, beauty tips, suggestions for
the organization of daily domestic life, fashion, behaviors, and numerous advertisements for
make-up, clothes, stores, medicines, personal hygiene products, among other topics,
supposedly of female interest.
Figure 2 –
Cover of Jornal das Moças – year 1950 (illustrative)
Source: Jornal das Moças (1950).
Through the texts, it is possible to observe a positioning in relation to the role of
women in society, very close to a supposed conservatism, formative, from the perspective of
editors: "
Jornal das Moças
created in Brazil a standard type of magazine for women at
home", "
Jornal das Moças
is the magazine one hundred percent family", "
Jornal das Moças
is the magazine for women at home and in society" (JORNAL DAS MOÇAS, 1953). The
writing condition of the texts, to a great extent, reveals expectations as to what is expected
from women, however, in a very subtle way, it is possible to identify, in other texts of the
same publication, some discomforts that will intensify in relation to the feminine condition in
Brazilian society, as the years of publication go by: it is clear that the texts show some
satisfaction in receiving the title or occupying the position of queen of the home, however,
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Diversities, press and history(ies): Speeches from a time that still remain (Jornal das Moças – 1950-1960)
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some feminist demands are little by little gaining space for discussion in the pages of the
publication, as it will be shown later.
When working with printed matter it is necessary to understand to whom it was
addressed, that is, who would be the privileged reading public, collaborators, editors, as well
as the disseminations therein, historical, political, and economic contexts that may directly
influence the writings, in synthesis, it is necessary to pay attention to the material aspects of
its source (CHARTIER, 1990, 2002). The written texts, or their absence, make effective the
understanding about the ways in which silencing and resistance were present: What did the
editors/writers/collaborators think for women? How did they qualify the forms of social
treatment? What representations does the magazine legitimize about women, standards of
beauty, behavior, sociabilities? Through the periodical press, that is, a serial documentation, it
is possible to identify constitutive aspects of being a woman, the oppression experienced in
daily life, its subversion, understand its strength, forms of confinement of women in the
private environment, subjected to responsibilities and domestic chores, not possible to capture
in another documental typology. In the magazine we can follow the dissemination of the myth
of femininity, maternity and marriage as an ideal to be reached by those who longed for a
happy and full life.
Between subjectivities and being a woman: Worldviews and female representations
Women's education has gone through various moments throughout recorded and
unrecorded histories. According to Rosemberg (2020):
[...] the formal and public education of women have been disrupted along
this bumpy course: the sexual segregation of schools, prohibiting mixed
education; the idea that the education of girls and young women should be
more restricted than that of boys and young men due to their fragile health,
limited intelligence and focus on their "mission" as mothers; the impediment
to the continuity of secondary and higher education for young Brazilian
women.
In the mid-1950s, the author indicates that about 66.7% of the country's female
inhabitants were among the illiterate, while men made up the approximate total of 31.3%. In
the 1960s, the data already began to favor women, who reached 57.3% literate and men
53.2% (ROSEMBERG, 2020, p. 334). While formal education represented numerous benefits
in the lives of women, including their emancipation, the discourse that permeates the pages of
the magazine remains that "educated women are better mothers". Rosemberg (2020, p. 338):
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[...] Differentiated education was advocated, because women were
considered less intelligent and more fragile than men. Home Economics was
included in the curriculum, because "the woman is queen of the home". The
mixed school was criticized for being "promiscuous". The formation of
female teachers was stimulated because they, "true mothers", have "a
vocation for the priesthood" that is teaching. Differentiated education was
opposed, with the argument that it served to relegate women's labor to the
"reserve army", making them occupy positions with lower pay than those
occupied by men in the labor market. The expansion of education for girls
and young women was advocated, because "educated women postpone the
first pregnancy, space out childbirths, take better care of their children,
prevent the reproduction of the vicious circle of poverty," and because "their
children are better educated [...]".
The school and educational institutions were also responsible for controlling women's
education, especially Christian schools and women's colleges, in which the teaching was
different from what was offered to boys, receiving the basics of mathematical knowledge: for
women it was enough to know how to read, write, tell stories and a general form of the
country and world history and, mainly, to know how to have a good conversation. Education
being something that transcends formal institutions, time and space, the texts of the magazine
assert that women need: "To be a little educated. To know well, at least the rudiments of
arithmetic and reading. The woman is the first functionary of the Family State, for she is in
charge of the important function of expenditure, out of whose anarchy so many revolutions
burst." (JORNAL DAS MOÇAS, 1914, p. 13 apud ALBUQUERQUE, 2015).
With the opening of the labor market and the female emancipation it became frequent
women acting in administrative fields, health, education and commerce (PINSKY, 2014).
With the professional qualification it became increasingly common the female presence in
public spaces and in the occupation of important positions, however, the wage gap was still a
reality. In the late 1950s the magazine signals for this debate, without, however, promoting
any kind of confrontation:
EQUAL PAY FOR WOMEN IN EMPLOYMENT
The International Labor Organization has just published information on the
efforts made by the governments, employers and employees of 22 countries
and 9 non-metropolitan territories to have women benefit from the principle
of "equal pay for equal work".
The authors of this movement have shown that if this discrimination has not
disappeared, at least some progress has been made, thanks to various
government measures supported by employers, unions and women's
organizations.
In New Zealand, for example, there is a steady decrease in the existing
imbalance between the wages paid to women and men. In Japan, women
employed in the traffic service of the Tokyo police earn the same salary as
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Diversities, press and history(ies): Speeches from a time that still remain (Jornal das Moças – 1950-1960)
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1165-1184, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16988
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men and are entitled to an identical system of salary increases. In Mexico, on
the other hand, salaries are calculated without any consideration of gender.
(JORNAL DAS MOÇAS, 1959, p. 21).
Jornal das Moças
when presented articles about female emancipation, it brought
examples of changes in women's lives, however, it presented examples from the United States
or Europe: was it a veiled intention to present possibilities, or to show that the country would
be very far from conquering this level of equality? The idea that women would be
independent created a certain fear, due to a "supposed" loss of femininity, one of the myths
driven by the conservatism of religious matrix, given by the valorization of chastity for
women, sexual morality, monogamy, with differentiated forms of tolerance for men and
women; legislation recognizes male labor as the main source of resources for the domestic
unit. According to the magazine, married women with children who took care of the home
and maintained their femininity earned the title of "queen of the home": the configuration of
femininity was directly linked to what was understood as feminine functions, i.e., customs
that were believed to be women's virtues.
The international feminism gained prominence and brought new scope to women's
lives, as well as the reaffirmation of the secular state (NICHNIG, 2013).
To shield the female thought from these influences, the magazine, in general,
reaffirmed stereotypes of mother, wife, aligned by the care with the body and physical health,
fostered by the patriarchal society. Such stereotypes are, according to Chartier (2002),
representations forged from ways of thinking and acting. The press reproduces representations
in such an elucidative way that, besides making the female readers feel contemplated in its
texts, it awakens others who, little by little, will accept the external representations as
belonging to the feminine condition: this type of mechanism Chartier (1990, 2002) qualifies
as a machine to manufacture respect and submission.
The magazine seeks to approach its audience through the forms of treatment in which
it addresses women, qualifying them as socially accepted subjects, at various times,
throughout the years of its circulation. An example is the use of expressions such as
"patrician" and "Brazilian woman", in 1914; readers, ladies, wives, young women, ladies,
housewives, missus, family girls and frivolous girls, in 1950. Flirtation, courtship,
engagement, and marriage are recurrent themes in the magazine, and among them there was a
very strong presence of how each of these processes should be, the limits that were accepted
and recommended so that the woman would never shed her image of purity and honor to the
home. There is a relationship of fidelity that should be respected in the marital relationship,
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Adriana Aparecida PINTO and Ana Clara Camargo de SOUZA
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even if it is not reciprocal. Carla Pinsky (2014) comments that self-denial is part of feminine
love, the representation of women as a lovable, romantic and dreamy being was advocated in
Jornal das Moças. After all, women live for love, as long as that love is within the traditional
boundaries of female morality, "with regard to love, the woman is considered superior to the
man because she has a greater capacity to love, and the text understands love as sacrifice,
donation "transmission of life" and fidelity” (PINSKY, 2014, p. 77).
Figure 3 –
Perfect wife
3
Source: Jornal das Moças (1950)
The notion of the "perfect wife" is masterfully described in the excerpt presented in
Figure 3. The text suggests ways of wives' behavior, aiming at the condition of perfection.
The way the text is organized suggests the similarity with religious commandments, to be
followed to the letter: the wife should accept her husband as he is; the woman should always
be available to her husband and not neglect beauty care.According to Pinsky (2014),
according to the mentality of the decade, the woman needs to love and make herself loved,
because this is her destiny and full realization, even if this requires sacrifices, unlike men: this
difference is explained from the different "nature" of the sexes.
Between gaps, portals and expectations: Context and welcoming diversity.
Following the previous approach, throughout the 1950s it is understood that Jornal das
Moças aimed to be a vehicle for the dissemination of moral, religious, and cultural values,
understood as necessary and formative to the life of Brazilian women, readers or not.
3
Translator's note: The page headline reads: Decalogue of the perfect wife
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Diversities, press and history(ies): Speeches from a time that still remain (Jornal das Moças – 1950-1960)
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Identified with the basic notions of the model of society based on patriarchy, the product of a
historical development, a significant part of the texts examined are close to the male
predominance in the decisions about the ways of being and living socially, influencing the
conduct of women and their choices. It is, therefore, a movement that conceives, in the
perspective defended by Heleieth Saffioti (2001, p. 55):
[...] the sexual difference is converted into a political difference, expressing
itself either in freedom or in subjection, within the relations between men
and women there are two poles of power, but this relation is unequal, and
this difference is perceived between public and private spaces. Since
patriarchy is a form of expression of political power, this approach meets the
maxim bequeathed by radical feminism: "the personal is political.
Studies point out that the social structures, aligned to the thought based on patriarchy,
configure forms of submission, physical and symbolic violence and feminine oppression,
corroborating their silencing, for many times understanding that these are codes historically
accepted by the society in which they are inserted, as observed in relation to the themes of
marriage, heteronormative, sexual orientation, among others. For not being such evident
themes in the public scene of the 1950s, the magazine did not approach themes that could
raise some kind of contradiction: the focus was centered on the future and already
consolidated housewives, on the happiness brought about by marriage, on the importance of
maintaining the family unit, under any hypothesis, and on the celebration of motherhood. The
internal organization of the publication reflects the thematic choices, when observed the
sections, so its speech was about the full realization that marriage would bring her and the
fulfillment of her duty as a mother. We can identify the self-referential approaches in the very
titles of the columns and sections, as follows:
Jornal da Mulher
,
“Carnet” das Jovens
and
Evangelho das Mães
,
Trocas e Traços, Radioatividades, Pausa para Meditação, Sugestões
para o Lar, Pausa para Meditação, Os Grandes Inventores, Galeria dos artigos de rádio
,
Fora da Tela
.
Chart 2 –
Mapping of the columns with the highest incidence of publication (1950-1960)
Columns
Incidence
s
Issues in which they were founf
Jornal da
Mulher
557
1950 (37); 1951 (51);
1952(52);1953(53);1954(52);1955(52);1956(45);1957(52);1958(58);1959(53);1960(5
2)
Evangelh
o das
Mães
88
1950 (12); 1951 (11)
1952(0);1953(0);1954(4);1955(11);1956(0);1957(5);1958(1);1959(15);1960(29)
“Carnet”
das
79
1950(21);1951(31);1952(13);1953(10);1954(4);1955(0);1956(0);1957(0);
1958(0);1959(0);1960(0)
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Adriana Aparecida PINTO and Ana Clara Camargo de SOUZA
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1165-1184, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
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Jovens
Source: Jornal das Moças: Illustrated Fortnightly Magazine (1950-1960)
However, in a more detailed examination of loose texts, without authorship, not
always published in prominent spaces, it is possible to identify gaps and openings in the
discourse promulgated by the publication, which accompanies the social changes that have
been taking place in the 1950s, welcomes the theme related to the placement of women in the
labor market, seeking to tangent the consequences of this historical fact, such as financial
independence and moral, intellectual and family emancipation. The emancipation of women
was treated in a very subtle way in the magazine, when the feminine presence in public spaces
becomes a reality, the magazine then adopts the discourse that this was the new reality of its
readers, however, reinforcing the basic principles for the moral and family building, i.e., they
could not leave aside their femininity or their family to put ahead their personal desires. The
following excerpt materializes some of the assumptions of the publication:
WOMEN'S EMANCIPATION
Women have been seeking emancipation by all means at their disposal, some
of which are offensive to their femininity.
She has not wanted to resign herself to a passive role, and has chosen to
launch herself in search of adventures in occupations previously only
destined for the strong sex, thus seeking to penetrate the field of the struggle
to meet the material needs of life.
It was not only the spiritual that moved her, and in most cases she made this
decision for natural reasons, for the satisfaction of being enough for herself,
believing that in this way she would have the same value as men and also
proceed as they do, doing whatever she wanted.
Taking such an attitude, women longed to acquire whatever their
imagination thought best, without having to resort to men, and for this they
invaded factories, offices, commerce, banks, etc.
Thus they achieved their purposes, and went even further, requesting an
independence emanating from their work and from new customs acquired
with the position that money earned them, not earned with alms or attention,
but as a reward for their efforts, their work, their intelligence.It is evident
that women, in becoming equal to men, have elevated themselves with
respect to their social condition, but they have lost a lot in their femininity.
The field of evolution has undergone too many changes in a relatively short
period of time. If special circumstances caused women to occupy positions
left by men during the war, or to work only in industries connected with it,
after everything had normalized, they did not decide to return to their former
occupations, abandoning the services of the home to enjoy an economic
freedom. They decided to fight for life on an equal plane. Soon there were
thousands of women who were admitted into almost every sector of work,
adding to the crisis of occupations, of luxury, of amusements, and of vanity.
We should look with sympathy upon the woman who has incorporated
herself into all activities. We should not underestimate her tenacity and her
vehement desire to prosper, to secure her future, independent of marriage,
which was considered an exclusive career for the female sex.
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Diversities, press and history(ies): Speeches from a time that still remain (Jornal das Moças – 1950-1960)
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[...]
If this transformation had not taken place, what would become of the
spinsters, obliged to be a heavy burden for their families, suffering
humiliation.
Thanks to emancipation, the future does not frighten them and they are
masters of their destiny because they know that, by fighting, they will be
able to be independent. However, this emancipation has forced men to treat
them as equal competitors in the fight for life, and this makes them lose their
femininity (JORNAL DAS MOÇAS,1954, p. 62).
The female participation in public spaces marks the insertion of themes and problems
that could be read and discussed by women in the local press; the incentive to study became
part of everyday life and even changed the thinking for the next generations, because they saw
through it one of the best opportunities for personal development. Issues considered taboo,
such as a free body and the possibility of divorce, were gradually occupying the pages of the
publication, demonstrating the attention to the issues of its time, even if in disagreement with
the founding principles of the editorial team.In contemporary terms, it is possible to see the
perennial themes that the magazine feared to disclose or face, many of which are already an
effective part of the social behavior of the population, but many others still remain treated
with reservations and prejudice, showing that there is still much to be conquered in the field
of social equity. A good example is the following excerpt, referring to the entry of women
into the labor market, the achievement of the female vote, and other agendas legitimized by
the feminist movement in the 1960s.
TODAY'S WOMAN CAN OVERCOME MAN
Undoubtedly, women from all latitudes of this planet have been conquering,
on a daily basis, their "place in the sun. The great social cataclysms caused
by the two world wars have meant that the "fair sex" has, almost without
transition, been able to compete with men in all human activities in the fields
of industry, trade, farming, science, the arts, literature, the judiciary, and so
on.
The time of the suffragists in London, who, risking their own freedom and
sometimes entering into serious conflicts with the severe Scotland Yard,
"horrified" the bourgeoisie of the time, fought for the rights of equality
between the two sexes, is long gone.
Today, women tend to be placed on a higher plane than men. At least when
it comes to jobs, be they public or private, women keep the right of
leadership. Even because, as a great French industrialist once argued, "it is
much nicer to dictate a letter to a pretty face than to a face with an unshaven
beard [...] (JORNAL DAS MOÇAS, 1958, p. 42).
The sexist and conservative tone permeates the writing of the text, however, there is
no denying that the professional and social places were also occupied by women, and the
magazine does not hesitate to signal such context, but with reservations: the woman could
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Adriana Aparecida PINTO and Ana Clara Camargo de SOUZA
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work outside the home, she should not, however, neglect her appearance in the domestic
forum, in order not to cause supposed betrayal of her husband (justified by her absence in the
domestic environment and the lack of fulfillment of her duties as a wife), being necessary, as
pointed out in the texts, whenever possible to be well groomed, perfumed, not abandoning the
care with the appearance and femininity.
These rough edges in the approaches suggest an uncomfortable position, however,
necessary for the magazine, which could not deny the achievements aimed at in the period, at
the risk of losing the "sympathy" of the readers, and with it, financial resources for its
maintenance. The strategies, in the Certeaunian approach, explain the manifest position of the
magazine, of maintaining contents that met the editorial assumptions of the publication, but
inserting themes that were under discussion in the context (CAMPOS, 2010). The entry into
the labor market did not reduce the journey of domestic action of women, on the contrary, it
made them double or triple and intensely tiring. In one edition, this agenda gets a male note,
registering, through a transcribed text, the opinion of men about the idea of helping them or
not in domestic chores, being the subject of humorists:
THE HELP OF HUSBANDS IN HOUSE CHORES
The collaboration of husbands in household chores has been the subject of
many humorists and, on the other hand, the topic of lively polemics by the
most varied women's organizations in various parts of the world, especially
in the United States.
Just recently, official statistics revealed, for example, that 53% of American
husbands are happy to help their wives wash and dry the dishes; 33%
declared themselves openly opposed to this system of enslavement, while
14% stated that they wash and dry the dishes, put on the apron and become a
"housewife" just so they can "live in peace"? These 14% represent the strong
sex tempered by complexes or terror of the "noodle shovel”! (JORNAL DAS
MOÇAS, 1959, p. 24-25).
In issue 2335, from 1960, the magazine presents texts that highlight the importance of
women's education, given by formal institutions, notably schools, however, all the knowledge
acquired should be used for the common good and progress of the nation, for the benefit of
everyone around them, children, husbands and family, benefiting society as a whole. It would
therefore be unacceptable, from the perspective defended by the publication, to have high
rates of women without access to education and girls who are still illiterate.
The approaches of the publication, as previously mentioned, follow the agendas of its
time, signalize the perception of the editorial group on burning issues, urgent agendas, and
denote a certain sensitivity to address problems that permeate the female emancipation and
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Diversities, press and history(ies): Speeches from a time that still remain (Jornal das Moças – 1950-1960)
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the figure of the modern woman, who starts to have financial independence and intellectual
training, However, the exercise of domestic duties was something that should be prior to her
professional will, "even exercising a tiring routine in their work, women should not leave
aside their domestic duties and in countries like the United States and China this has been a
reality" (JORNAL DAS MOÇAS, 1960c, p. 28). Fearing to assume such a position, the
magazine uses foreign experiences to legitimize certain behaviors, as shown in the following
excerpt:
FIRST OF ALL THEY ARE WOMEN!
The modern woman has begun to take an active part in public life and the
struggle for the vote has taught her to organize herself to obtain the abolition
of some remaining disabilities. However, their political evolution has in no
way detracted from the matters of special concern to women: the care of the
home, motherhood, the welfare of the family, the education of children. For
they are women first and foremost, a situation that no career or profession
can surpass (JORNAL DAS MOÇAS
,
1960b, p. 21).
Women would be allowed to have titles, professions, occupy public positions, without
neglecting attention and care for the home, prioritizing domestic chores. Marks of patriarchy,
which materialize in the pages of the publication, which recognizes the position achieved by
women, who should not compare themselves to men but collaborate with them, not losing
their feminine essence, as the excerpt points out: "even when she gives proof of superiority in
an activity that men previously believed that only they would be able to perform it, it is
because, even there, the woman does not stop acting like a woman, thinking like a woman,
feeling like a woman. (JORNAL DAS MOÇAS, 1960c, p. 29).
Jornal das Moças
welcomed the demands of the context of the final years of the
1950s, as the texts of the publication show: they recognized the woman who occupied the
public space, studied, sought to expand the domestic tasks towards professionalization and
stratifying the spaces authorized by society for her performance. Nevertheless, when they
entered these spaces, they did not receive recognition and appreciation similar to men when
performing their functions, being subjected to depreciative provocations.
Emancipation was a conquest, but also a threat to conservative customs, therefore
conferring paradoxes and contradictions to women's life, in a scenario marked by the
conservatism of colonial heritage.
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Adriana Aparecida PINTO and Ana Clara Camargo de SOUZA
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1165-1184, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
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By way of concluding remarks: discourses of the past that compose practices of the
present
Studies about the aspects of diversity in the theoretical and methodological perspective
of women's history that address the cultural and social impacts of the fifties, mediated by
documentation on the periodical press, made it possible to understand nuances and
approaches veiled by documents of another nature, which indicate agendas and agendas in
circulation, in the constitution of women as subjects of history, even if with a denied or
silenced protagonism. When examining the discourses of Jornal das Moças, it is undeniable to
identify some permanences of the past in the contemporary world. It is not intended, with this
assertion, to affirm that there were no changes or ruptures with the historical-social dynamic
established in the 1950s, in association with the present times. On the other hand, after 70
years of published speeches, we notice, notably, that many differences have not been equated,
many issues still remain as nebulous and women's achievements are still denaturalized by
certain social groups.
The examination of the selected issues and sections throughout the 1950s indicated the
mark of discourses anchored in the dissemination of pre-established social places for women
and men, of which the publication was tributary, i.e., they followed in their texts contents that
helped the circulation of ways of being and living that reflected the values set in society,
inherited from colonialism and patriarchy, as pointed out by the studies of Helieth Saffioti
(2011) and others. As the demands for vindication gained space and publicity, as well as the
political movement orchestrated by social movements led by women, the publication, subtly,
added to its texts the agendas that began to integrate the national scene, so as not to walk
completely against the transformations of the modern world.
With the economic and industrial development registered in Brazil in the 1950s,
technology became an ally to the economy, and material demands significantly expanded
their reach, reflected in several aspects of human life; the massive entry of women into the
labor market follows the changes and takes advantage of the opportunities created by this
economic scenario, supposedly favorable. The presence of women in public spaces becomes a
reality, including the encouragement to study at levels higher than elementary school.
The representations of the modern woman are based on the conformation of a subject
prepared to dedicate herself exclusively to the home. The contents of the publication
constantly reinforce the family's well-being, tips on cooking, embroidery, fashion, and
behavior, delimiting that her place was within the private sphere, but reaching different levels
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Diversities, press and history(ies): Speeches from a time that still remain (Jornal das Moças – 1950-1960)
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by the end of the decade. From 1955 on, there was a change in its discourse when women
began to enter the public space, the job market, and to seek professional training.
As the years go by, it becomes clear that the presence of women in the public space is
a path with no return! One can notice, finally, dissonant positions in the magazine in its
discourse about the place of women, sometimes defending their achievements, other times
marking the retreat in moral practices and family maintenance. Attentive to the changes in the
reality of its readership, the magazine continued with its main subjects related to what were
understood as pertinent themes to the feminine universe, such as fashion, cooking, and
behavior, thus remaining the initial tone of the publication: before a woman could be a good
professional, she should be a good mother and housewife. The representation of women
changes, but the editorial profile of the magazine in the late fifties, even though it follows the
social changes, remains faithful to the assumption based on conservatism, which assigns
different places and rights to men and women. Therefore, the importance of understanding
these aspects through History, searching for elements to overcome them, is reinforced.
ACKNOWLEDGMENTS:
The master's research has the support of the CAPES funding agency,
through the Scholarship Program for the Postgraduate Program in History - Federal University of
Grande Dourados/UFGD.
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ANTES de mais nada elas são mulheres!
Jornal Das Moças: Revista Quinzenal Illustrada
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http://memoria.bn.br/pdf/111031/per111031_1960_02338.pdf. Access on: 10 Aug. 2020.
ANTES de tudo elas são esposas e mães.
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Rio de Janeiro, n. 2346, jun. 1960a. Disponível em:
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AOS seus leitores.
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: 26/01/2022
Revisions required
: 10/03/2022
Approved
: 16/04/2022
Published
: 30/06/2022
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
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