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Diversidade cultural em região fronteiriça: Sociologia da infância e educação escolar
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,
Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1356-1374, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16989
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DIVERSIDADE CULTURAL EM REGIÃO FRONTEIRIÇA: SOCIOLOGIA DA
INFÂNCIA E EDUCAÇÃO ESCOLAR
DIVERSIDAD CULTURAL EN LA REGIÓN FRONTERIZA: SOCIOLOGÍA INFANTIL
Y EDUCACIÓN ESCOLAR
CULTURAL DIVERSITY IN TE BORDER REGION: CHILDHOOD SOCIOLOGY AND
SCHOOL EDUCATION
Fernanda Cristina Martins MARTTI
1
Maria Luzia da Silva SANTANA
2
Natália Cristina de OLIVEIRA
3
RESUMO
: Este artigo tem como objetivo discorrer acerca dos entrelaçamentos entre
sociologia da infância e educação escolar – com enfoque em regiões fronteiriças. Nosso
interesse persiste à compreensão da construção cultural da infância, bem como sobre o lugar
da educação escolar com intersecção à diversidade cultural. Com base no referencial
bibliográfico e na literatura utilizada percebeu-se que a infância é uma construção social que
varia entre os diferentes grupos de uma sociedade. Sendo assim, várias formas de se vivenciar
a infância coexistem, que – por sua vez – nem sempre são consideradas nas instituições
escolares. Acaba-se valorizando determinadas culturas – especificamente dominantes – em
detrimento de outras, exercendo diversos formatos de violência simbólica. A concepção de
criança universal, adotada pela escola, acaba por marginalizar as infâncias que fogem da
convenção predominante. Com isso, a sociologia da infância deve redirecionar o olhar sobre
os sujeitos a fim de contribuir com uma escola para além de reproduções sociais.
PALAVRAS-CHAVE
: Sociologia da infância. Diversidade cultural. Educação escolar.
Região fronteiriça.
RESUMEN
: Este artículo tiene como objetivo discutir los vínculos entre la sociología
infantil y la educación escolar, centrándose en las regiones fronterizas. Nuestro interés
persiste en comprender la construcción cultural de la infancia, así como el lugar de la
educación escolar en intersección con la diversidad cultural. A partir de la referencia
bibliográfica y la literatura utilizada, se advirtió que la infancia es una construcción social
que varía entre los diferentes grupos de una sociedad. Así, conviven varias formas de vivir la
infancia que, a su vez, no siempre son consideradas en las instituciones escolares. Termina
1
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Ponta Porã – MS – Brasil. Graduada em Pedagogia.
Pós-Graduanda em Alfabetização e Letramento e Psicopedagogia Institucional (FAEL). ORCID:
https://orcid.org/0000-0003-0709-5121. E-mail: marttins671@gmail.com
2
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Amargosa – BA – Brasil. Docente do Departamento de
Educação do Campo. Doutorado em Psicologia (UCB/DF). ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5151-3680. E-
mail: santanapsi@gmail.com.
3
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Ponta Porã – MS – Brasil. Docente e Coordenadora do
curso de Pedagogia. Doutorado em Educação (UEPG). ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4150-278X. E-mail:
natdeoliveir@gmail.com
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Fernanda Cristina Martins MARTTI; Maria Luzia da Silva SANTANA e Natália Cristina de OLIVEIRA
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valorando determinadas culturas - específicamente dominantes - sobre otras, ejerciendo
diferentes formatos de violencia simbólica. El concepto de niño universal, adoptado por la
escuela, acaba marginando infancias que escapan a la convención imperante. Así, la
sociología de la infancia debe reorientar la mirada a los sujetos para contribuir a una
escuela que vaya más allá de las reproducciones sociales.
PALABRAS CLAVE
: Sociología de la infância. Diversidade cultural. Enseñanza. Región
fronteriza.
ABSTRACT
: This article aims to discuss the links between childhood sociology and school
education – focusing on border regions. Our interest persists in understanding the cultural
construction of childhood, as well as the place of school education intersecting with cultural
diversity. Based on the bibliographical reference, and the literature used, it was noticed that
childhood is a social construction that varies between different groups in a society. Thus,
several ways of experiencing childhood coexist, which – in turn – are not always considered
in school institutions. It ends up valuing certain cultures - specifically dominant - over others,
exerting different formats of symbolic violence. The concept of universal child, adopted by the
school, ends up marginalizing childhoods that escape the prevailing convention. Thus, the
sociology of childhood must redirect the look at the subjects in order to contribute to a school
that goes beyond social reproductions.
KEYWORDS
: Childhood sociology. Cultural diversity. Schooling. Border region.
Introdução
Com efeito, para que sejam favorecidos os mais favorecidos e
desfavorecidos os mais desfavorecidos, é necessário e suficiente que a escola
ignore, no âmbito do ensino que transmite, dos métodos e técnicas de
transmissão e dos critérios de avaliação, as desigualdades culturais [...]
(BOURDIEU, 2007).
A infância, tal qual conhecemos em nosso cotidiano, é uma invenção da modernidade
e está relacionada à uma concepção burguesa de como se olhar para a criança,
costumeiramente vista de modo universal – que precisa ser cuidada, escolarizada e preparada
para o futuro. No entanto, essa ideia elitizada de infância não corresponde à realidade de
muitas crianças que vivem em condições indignas de vida, além de não terem seus direitos
básicos respeitados.
Com base na compreensão realizada, e buscando compreender a complexidade desse
período de vida, surge a Sociologia da Infância. O campo começa a ganhar notoriedade no
cenário internacional a partir dos anos 1980, propondo uma nova forma de se olhar para a
criança e para a infância. Estas, embora já tenham sido objetos de estudos de outras
disciplinas sociológicas – como a sociologia da educação – costumavam ser compreendidas
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de forma simplista: um ser frágil, sujeito pequeno, como aluno, um vir a ser, um ser passivo e
alvo de um processo de socialização. Dessa maneira, a infância constituiu-se como uma fase
transitória para a vida adulta.
A infância passa a ser vista, após esse período, como uma construção social que está
intimamente relacionada com os ideais e valores prevalecentes de cada época. As crianças
passam a ser entendidas como atores sociais, partícipes da sociedade e construtoras de cultura,
que “[...] participam das trocas, das interações, dos processos de ajustamento permanente que
configuram e contribuem para transformar a sociedade. Elas estão inseridas na vida cotidiana,
cuja análise não se reduz à das instituições” (SILVA; RAITZ; FERREIRA, 2009, p. 77).
Corroborando com este entendimento em torno do conceito de criança e infância,
neste artigo objetivamos discorrer sobre como a infância, ou melhor, as diferentes formas de
se vivenciar a infância, são tratadas no sistema escolar. Pensando nisso, utiliza-se como aporte
teórico a concepção do sociólogo Pierre Bourdieu (1930-2002)
4
acerca da educação.
Utilizamos de pesquisa bibliográfica, com abordagem qualitativa, uma vez que esse caminho
metodológico nos permite conhecer a produção acadêmica sobre os pontos de discussão, além
de ser a base para o desenvolvimento de muitos processos de pesquisa (PIZZANI
et al
.,
2012).
Os resultados desta pesquisa bibliográfica foram assim organizados: no primeiro
momento, apresentamos a concepção (construção e consolidação) de infância ao longo da
história; na sequência, qual o lugar da educação institucional, enquanto constituinte do campo
sociológico, como contraponto à reprodução enquanto espaço de respeito às diferenças e de
oportunidade para o “ser criança”; elencamos, na terceira parte, breves considerações acerca
da diversidade cultural em regiões fronteiriças – bem como sua intersecção com o espaço
escolar. E, por fim, algumas considerações finais.
4
Pierre Bourdieu, foi um notório sociólogo francês, considerado um dos mais significativos pensadores do
campo das Ciências Humanas do século XX. Desenvolveu, ao longo de sua trajetória acadêmica, uma sociologia
que trouxe reflexão crítica sobre as estruturas sociais, permitindo refletir a respeito da educação enquanto
reprodutora de desigualdades sociais. Para o intelectual, a condição humana está atrelada a diversos fatores, tais
como: capital social, econômico e cultural, que influenciam diretamente a sua forma de agir no mundo,
contribuindo para a reprodução das contradições existentes na sociedade.
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A construção social da infância
Ao resgatar o processo histórico de como a criança era vista ao longo dos anos, através
de documentos iconográficos, Ariès (1986) afirma que, na Idade Média, a infância era
desconhecida. Não se tinha nesta época um sentimento de infância, isto é, não se pensava nela
como uma fase com características próprias, diferente dos adultos. A infância, assim, era
entendida apenas como uma fase transitória que, depois de passada por ela, seria esquecida.
Analisando as obras de arte desse período, Ariès (1986) notou que a única
diferenciação que se fazia entre crianças e adultos estava relacionada à estatura. Até o século
XII, na arte medieval, a criança era representada com os mesmos traços e características
físicas de um adulto, porém, fisicamente menor. Somente no século XIII que se passa a ter um
sentimento de infância próximo ao da concepção moderna, quando começaram a surgir as
representações de anjos com uma aparência mais jovem que a dos adultos. Essa falta de
espaço para a criança na sociedade da época pode estar relacionada com as condições
demográficas. Assim que se passava da fase de maior risco de mortalidade, por volta dos 7
anos de idade, a existência da criança já era confundida com a do adulto.
Kuhlmann e Fernandes (2012) salientam que, embora a criança entrasse no mundo dos
adultos por volta dos 7 anos, isso não significava que era uma mudança imediata, nem que ela
exerceria as mesmas atividades e responsabilidades do adulto. A introdução das crianças nas
atividades produtivas da época implicava em processos de iniciação, de aprendizagem, em
que as crianças se tornariam aptas para exercer tais funções até adquirirem sua autonomia. Os
autores ainda ressaltam que esse “mundo dos adultos”, na verdade, representava um universo
com pessoas de diferentes idades, desse modo, a criança já estava inserida nele desde seu
nascimento.
Somente no século XVII que a infância é – finalmente – “descoberta”. Na arte, isso é
demonstrado através do surgimento de representações, nos quadros de família, de crianças
que já haviam morrido. Nesse aspecto, nota-se a maior importância dada às crianças pela
família, característica da cristianização dos costumes. Além disso, aumentaram os registros de
retratos de crianças: buscava-se conservar, por meio da pintura, a fugacidade da infância.
Retratar as crianças em pinturas, por elas mesmas, sem a companhia de adultos, era novidade
(ARIÉS, 1986).
Pode-se considerar que o primeiro sentimento de infância surgido estava relacionado à
“paparicação”. Agora, a criança, pela sua ingenuidade e graça, passava a ser vista como uma
fonte de distração para o adulto. Um segundo sentimento desse período de vida surgiu ainda
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no século XVII, com os moralistas e educadores da época, que se mostravam preocupados
com a disciplina e com a racionalidade de costumes. De acordo com Ariès (1986), esse
sentimento tinha consciência da inocência e fraqueza das crianças e estava voltado a fortalecer
essa fraqueza, preservando a inocência. Assim sendo, o interesse pela criança passou a ser
caracterizado com a preocupação moral e interesse psicológico.
Outra característica desse segundo sentimento de infância é que diferente do primeiro:
aqui já se pensava em uma infância longa. Isso graças ao sucesso das instituições escolares,
orientadas e disciplinadas pelos moralistas e educadores da época. Ariès (1986) aponta que
instrução educativa do início do século XVIII já se aproximava das concepções que se
consolidariam no século XIX, com duração mínima de quatro a cinco anos. Na escola, as
crianças eram submetidas a uma rigorosa disciplina, e a infância se estendia até a maior parte
da duração do ciclo escolar.
No século XIX, muda-se a visão de infância, que passa a ter um olhar médico, visto
que temas como pobreza, mortalidade e trabalho infantil passam a ganhar atenção. A criança
se torna alvo de estudos da área da Medicina e Psicologia, no sentido de se prescrever uma
infância, descrever cada etapa de vida da criança, normatizando e padronizando as mesmas,
sempre tendo como foco o adulto. Nesse sentido, a idade ganha notável importância, pois será
ela quem definirá os desviantes da norma, as crianças que não se desenvolveram, que não
aprenderam, que começaram a falar muito tarde etc. (ABRAMOWICZ; OLIVEIRA, 2010).
No campo da sociologia, a criança foi compreendida – por muito tempo – como um
ser futuro, um vir a ser. A Sociologia da Infância surge como uma nova forma de se olhar
para a criança, rompendo com a ideia de criança como um objeto passivo da socialização
promovida por instituições como a família, a escola, a igreja, dentre outros. É decorrente,
principalmente, do estudo pioneiro realizado pelo historiador Phillippe Ariès, nos anos 60,
que demonstrava que a infância não era uma ocorrência natural e universal, mas sim uma
construção histórica e social. Esse campo de investigação, que vem se consolidando na
discussão científica internacional desde o início dos anos 80, é resultado de um movimento da
sociologia por novos interesses pelos processos de socialização, que levou a considerar a
criança como um ator social, vendo a infância como uma construção social (SIROTA, 2001).
No Brasil, é o estudo de Florestan Fernandes, em 1947, que introduz o interesse pelas
crianças na discussão dos sociólogos – embora seja somente em 1980 que a sociologia
disputará com outras áreas esse saber – buscando compreender o que é ser criança, passar pela
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infância. De acordo com Abramowicz e Oliveira (2010), a sociologia da infância brasileira se
inicia em 1990, a partir das convergências entre sociólogos e pedagogos.
Sarmento (2008) destaca a consagração de um mercado global de produtos para a
infância; o fato de as crianças mobilizarem um número cada vez maior de adultos que
trabalham com elas (como os professores, por exemplo) e, por fim, a redução significativa da
quantidade de crianças na sociedade (se comparado com outros grupos etários). Para esse
mesmo autor, essa redução quantitativa acaba tornando mais sensível a presença das crianças
nas relações de afeto e na constituição do rendimento das famílias.
Vale lembrar que a Sociologia da Infância, enquanto campo científico
5
, é marcado por
diferenças internas em relação a ênfase, método, problemáticas selecionadas ou focos
privilegiados, que se segmentam em diferentes paradigmas e correntes, como as teorias
tradicionais da socialização e as teorias da reprodução interpretativa propostas por Corsaro
(1997, apud SARMENTO, 2008), ou as correntes de estudos estruturais, interpretativos e de
intervenção descritas por Sarmento (2008). Porém, não cabe no espaço desse trabalho
explicitar cada uma dessas correntes, mas sim apresentar as contribuições desse campo de
investigação para uma nova forma de se ver e compreender a criança, como ator social.
Sirota (2001), ao fazer uma análise sobre a emergência do termo “sociologia da
infância”, reúne alguns pontos em comum na literatura inglesa e francesa no que se refere ao
objeto dessa sociologia, que serão comentados a seguir. A sociologia possui um duplo objeto
de pesquisa: a criança como ator social e a infância como construção social do tipo geracional
(SARMENTO, 2008). Nessa perspectiva, a infância passa a ser entendida como uma
instituição, sendo a criança o seu sujeito, ou seja, a infância persiste como uma forma
estrutural, assim como uma classe social: não importa quantas crianças entram ou saem dela,
ela sempre irá continuar existindo. O que importa para a sociologia, então, é analisar como
essa categoria se modifica, quantitativa e qualitativamente (QVORTRUP, 2011).
Para Sarmento (2008), a infância, enquanto parte integrante da cultura e sociedade, é
uma categoria atravessada por desigualdades e contradições. Ao longo do tempo, existiram
várias imagens sociais associadas à infância, bem como diversos papéis sociais a elas
atribuídos. Pode-se citar como exemplo a época da Revolução Industrial, em que era muito
5
Para Bourdieu, o conceito de campo representa um espaço caracterizados por conflitos e dominação. Cada
campo possui características próprias, e são marcados por lutas, “que são travadas entre os novatos, pela busca
do direito a entrada no campo, e os dominantes, que tentarão defender seu monopólio e impedir a concorrência.
Os dominantes objetivam consagrar as estratégias de conservação do campo, mantendo, no caso do campo
científico, a doxa da produção do conhecimento, e a perpetuação da ordem vigente” (PRADO; VOLTARELLI,
2018).
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comum e encarado com normalidade pela sociedade ver crianças trabalhando nas indústrias,
ou então em minas – dada a sua baixa estatura, que facilitava o desempenho de funções que os
adultos não conseguiriam realizar.
Na contemporaneidade, essas desigualdades e contradições são marcadas,
principalmente, pela pertença a distintas classes sociais, gênero, etnia, religião, universo
linguístico e contexto social de vida (rural ou urbano). São essas características que fazem
crianças da mesma faixa etária vivenciar diferentes infâncias. De acordo com Sarmento
(2008, p. 23), “[...] a condição da infância é simultaneamente homogênea, enquanto categoria
geracional, por relação com as outras categorias geracionais, e heterogênea, por ser cruzada
pelas outras categorias geracionais”.
Esta complexidade que é a especificidade da investigação sociológica. Assim, um dos
papéis da sociologia da infância é pensar nos processos de socialização a partir da perspectiva
da própria criança. Outro ponto bastante difundido pela Sociologia da Infância é que a
criança, ao mesmo tempo em que é produto, é ator dos processos sociais. Ela é determinante
em sua própria vida, bem como na vida dos que a rodeia e da comunidade em que vive.
Assim, urge a necessidade de se discutir não apenas o que ela produz nas instituições as quais
frequenta, mas também o que ela cria na intersecção dessas instâncias de socialização
(SIROTA, 2001). Neste sentido, partimos para a discussão da infância em âmbito educativo
institucional.
Sociologia da infância e educação escolar
Uma das grandes contribuições da epistemologia bourdieusiana, para a educação, foi
desmistificar o caráter neutro que a escola apresenta. Para o sociólogo francês Pierre
Bourdieu, essa instituição reproduz e legitima as desigualdades sociais por meio do arbitrário
cultural, em que uma determinada cultura é vista como legítima em detrimento das outras.
Dessa forma, a tão falada democratização da educação, pautada na ideologia de promover
igualdade de oportunidades, pensando na escola como ferramenta de mobilidade social, não
existe (VALLE, 2013).
Para explicar as diferentes trajetórias escolares de crianças de distintas classes sociais,
Bourdieu utiliza um de seus principais conceitos, o de capital cultural. De acordo com ele, a
origem social de cada criança influenciará diretamente seu desempenho escolar, assim, as
desigualdades de desempenho entre as crianças estão relacionadas à também desigual
distribuição de capital entre as classes (PIOTTO, 2009).
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Os filhos que herdam de suas famílias capital cultural, isto é, “gostos em matéria de
arte, culinária, decoração, vestuário, esportes e etc; o domínio maior ou menor da língua culta;
as informações sobre o mundo escolar” (NOGUEIRA; NOGUEIRA, 2002, p. 21), são
beneficiados quando chegam a escola, pois a educação oferecida por esta acaba sendo uma
continuação da educação familiar, à qual a criança já está familiarizada. Já as crianças que
nascem em contextos sociais menos favorecidos, quando chegam à escola, sofrem um grande
choque cultural. Para o sucesso escolar, o capital cultural é mais importante que, inclusive, o
capital econômico, embora, na maioria das vezes, esses dois capitais andem juntos.
A escola, frente ao aluno, pressupõe, para ensiná-lo, pré-requisitos existentes apenas a
uma minoria, a posse do capital cultural, que “[...] propiciaria um melhor desempenho nos
processos formais e informais de avaliação. Bourdieu observa que a avaliação escolar vai
muito além de uma simples verificação de aprendizagem, incluindo um verdadeiro
julgamento cultural e até mesmo moral dos alunos” (NOGUEIRA; NOGUEIRA, 2002, p. 21).
Nesse contexto, compreendemos que a escola não ensina tudo o que exige. Essa
instituição, ao tratar como igual o diferente, acaba servindo de instrumento para a legitimação
e reprodução das desigualdades sociais. Pois, nessa perspectiva, os professores ensinam e
avaliam os alunos da mesma forma, como se todos já dispusessem de uma bagagem anterior,
das ferramentas necessárias para a decodificação da mensagem transmitida. A escola acaba
privilegiando quem já é privilegiado (por uma bagagem familiar), justificando o êxito desses
alunos como “dons individuais” e aptidões naturais (NOGUEIRA; NOGUEIRA, 2002). Já
aos considerados diferentes, que não possuem a mesma cultura, seu fracasso escolar é
justificado por preguiça, falta de interesse, vontade e falta de inteligência, o que acaba
afetando a imagem que o aluno cria de si mesmo.
Esse processo é reconhecido como violência simbólica – outro dos principais
conceitos do legado teórico de Bourdieu. Para o sociólogo, esta é caracterizada como uma
violência que ocorre com a cumplicidade da vítima e do opressor: a prática dessa violência
acontece de forma não intencional, sem a percepção de praticá-la ou sofrê-la. A condição é
exercida por grupos dominantes ou instituições, que reproduzem o que é considerado como
legítimo dentro de um campo. É na interiorização de uma cultura arbitrária dominante pela
sociedade que a violência simbólica é reproduzida. Os dominados não se vêem como tal, pois
não se percebem como vítimas desse processo de dominação, encarando situações de opressão
como algo natural e inevitável (OLIVEIRA; SANTANA; OLIVEIRA, 2014).
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A violência simbólica é praticada na escola por meio de duas dimensões arbitrárias:
são elas o conteúdo da mensagem que é transmitida e o poder atribuído ao professor, que o
utiliza com autoritarismo. Ao mesmo tempo, é só através da educação que essa violência
simbólica poderá ser desmascarada e percebida pelos oprimidos, assim, será oportunizado o
protagonismo de se tornar um ator social que possa romper com essa reprodução e
legitimação (OLIVEIRA; SANTANA; OLIVEIRA, 2014). A escola acaba por fazer uma
seleção dos alunos que por ela passam, seleção essa que é “[...] desigualmente severa, e que as
vantagens ou desvantagens sociais são convertidas progressivamente em vantagens e
desvantagens escolares pelo jogo das orientações precoces, que, diretamente ligadas à origem
social, substituem e redobram a influência desta última” (BOURDIEU, 2007, p. 52). Com
essa legitimação da transmissão de herança cultural, a escola permite que a elite justifique a
posição que ocupa na sociedade como algo que foi conquistado meritocraticamente. Os
poucos alunos que conseguem obter um resultado satisfatório, de sucesso, acabam
legitimando ainda mais a seleção feita pela escola, dando crédito ao mito da escola
“libertadora”, justa e neutra (BOURDIEU, 2007).
Sarmento (2011) afirma que as concepções dominantes de infância, o que se entende
por infância, ao longo dos anos, são determinadas pelas práticas sociais de crianças e adultos
pertencentes a grupos sociais dominantes. Assim, formas de “ser criança” que se distanciam
dessa convenção acabam sendo excluídas do estatuto social que é reconhecido como infância.
Como exemplo, o autor cita a situação das crianças que moram na rua, que além de serem
excluídas da oportunidade de acesso à direitos sociais básicos, como o de moradia, saúde e
alimentação, também são excluídas do valor simbólico próprio do reconhecimento de ser
criança.
Com o passar dos anos, constituiu-se legitimação de uma representação social
dominante de infância, também conhecida como “ofício da criança”, que são os
comportamentos que se espera que sejam desempenhados por ela. No entanto, de acordo com
Sarmento (2011), o ofício da criança é constantemente reconfigurado conforme as mudanças
sociais que ocorrem no estatuto da infância. A urbanização da vida cotidiana, acesso às
tecnologias de informação e comunicação, o sedentarismo, o agravamento das condições de
pobreza, aumento da violência, do sentimento de insegurança e do risco de exploração de
crianças em condições de vulnerabilidade, a desigual distribuição de oportunidades na
sociedade, são mudanças que interferem direta e desigualmente na forma de ser criança de
cada grupo social, cultural e étnico de pertença.
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Nogueira (2017), ao analisar o documentário “A invenção da infância”, dirigido por
Liliana Sulzbach, elucida o quão diferente pode ser a infância para crianças de diferentes
classes sociais. A ideia de infância criada na modernidade, como o período de ouro em que a
única função da criança seria gozar de sua inocência, foi criada pela elite, devido ao papel
social atribuído à infância por essa classe. O documentário mostra a realidade de crianças de
diferentes regiões do Brasil e de diferentes classes sociais. As crianças pobres, residentes em
cidades do interior, acabam tendo a infância desrespeitada pelas necessidades que a vida lhes
impõe. Muitos precisam trabalhar (em trabalhos considerados de alto risco até mesmo para
adultos) para conseguirem ajudar a família a sobreviver – assim como acontecia na Idade
Média.
As crianças que são expostas, desde cedo, a um ambiente com obrigações e estímulo
ao estudo, marcado por atividades extracurriculares, muito possivelmente, terão mais sucesso
na escola do que as crianças que não têm as mesmas oportunidades. É o primeiro tipo de
criança que a escola está preparada para receber, a que já dispõe de uma bagagem anterior,
que tem acesso à cultura considerada como legítima pela escola e está acostumada com a
disciplina nos estudos. Já as outras, acabam não tendo espaço nesse local. Sua realidade é
totalmente diferente da apresentada pela escola. Nessa instituição, a criança é vista mais como
aluno do que como criança, é entendida como um ser passivo, objeto de uma ação intencional
de transmissão de conhecimentos e valores estipulados legítimos, em vista de ser preparada
para a vida social, de se tornar um cidadão.
Ao fantasiar um tipo específico de aluno, desconsideram os tantos outros. Estes,
marginalizados, têm grandes dificuldades em se adaptar a uma instituição tão distante de sua
realidade, que exige mais do que consegue ensinar. A escola acaba vendo a criança-aluno a
partir de seu desempenho, sem considerar que este depende de fatores além do cognitivo.
Desse modo, a escolarização acaba tornando-se uma grande competição, em que os
competidores são crianças-alunos, que chegam com diferentes trajetórias de vidas – ignoradas
pelo sistema escolar –, e o prêmio é a passagem por esse sistema com sucesso. Os ganhadores
dessa competição que atingem o sucesso escolar, são aqueles que já vêm com uma bagagem –
como capital cultural – que os facilitam passar por esse seletivo processo, marcado por
avaliações e cobranças.
Para os que não dispõem desse arcabouço, fica a ideia de que, caso se esforce muito e
tenha mérito, obterá os mesmos resultados que os privilegiados. O processo de socialização da
escola acaba sendo centrado na meritocracia, competitividade e autonomia, que reforça mais
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ainda a violência simbólica cometida pela escola: “a criança-aluno é chamada a desenvolver-
se como indivíduo competente, capaz de definir o seu itinerário e trajeto escolar e social, mas
é continuamente colocada sob o controlo avaliativo” (SARMENTO, 2011, p. 593).
De acordo com Rando e Nogueira (2020), o eixo principal do currículo escolar deve
ser a criança, visto que ela é seu destinatário final. Assim, ela também deve fazer parte da
construção desse currículo. Para o planejamento da prática escolar, a primeira pergunta que se
deve fazer é qual a concepção de criança que tem orientado essas práticas e como isso
determina as práticas educativas da infância.
É perceptível nas escolas brasileiras que os currículos são engessados, reproduzem a
lógica dominante, sem a participação das crianças e da comunidade escolar. Entendemos que
é a concepção, documentada, de infância e de criança que influenciará a prática pedagógica
do professor e da escola. Apenas enxergando o aluno como sujeito ativo, partícipe
fundamental do processo de construção de seu conhecimento, será possível propor
oportunidades de aprendizagem que visem o desenvolvimento pleno dessa criança (RANDO;
NOGUEIRA, 2020).
Daí a necessidade de a escola ter um novo olhar para a infância e a criança, rompendo
com a visão adultocêntrica e reprodutora. A educação da criança pequena deve ser voltada
para seu próprio universo, o da fantasia, imaginação e sensibilidade. Considerando que a
aprendizagem da criança ocorre de forma prazerosa, as atividades lúdicas devem sempre se
fazer presentes nas práticas pedagógicas. É por meio do brincar que a criança se comunica
com o mundo: nesse contexto, a brincadeira e o brinquedo funcionam como forma de
expressão própria da criança, por isso devem ser valorizadas. É importante que a educação
escolar reinvente o ofício de aluno, sem o separar do ofício da criança (RANDO;
NOGUEIRA, 2020).
Kramer (2000) destaca que é preciso pensar em uma educação voltada para a
valorização das diferenças, do reconhecimento do outro, rompendo, assim, com a ideia de
criança universal. A autora aponta a necessidade de se “educar contra a barbárie”, pensando
em uma educação crítica, que problematiza os preconceitos e discriminações decorrentes das
diferenças étnicas, econômicas e culturais. É fundamental conhecer, verdadeiramente, as
crianças: o que elas fazem, gostam, não gostam, falam, brincam, inventam. Assim,
aprendendo com as crianças, é possível reconhecer o valor da dimensão lúdica, da arte e da
imaginação.
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Com o aumento da discussão sobre a necessidade de uma educação crítica que
compreenda as diferentes infâncias, documentos oficiais – como a Base Nacional Comum
Curricular (2017) – traz em si algumas contradições. Desde o período de sua elaboração até a
publicação de sua versão final, o documento foi alvo de grandes polêmicas entre professores e
pesquisadores da área da educação. Alguns autores a defendem e outros a criticam – os
questionamentos giram em torno de: até que ponto o documento passa de uma referência à
uma prescrição curricular, em que medida pode contribuir para a homogeneização de
conteúdos e incentivar a perda da autonomia da escola e dos professores.
Ao falar das experiências e objetivos de aprendizagem para a educação infantil, a
BNCC não contempla a diversidade de infâncias existentes. O documento apresenta uma
visão instrumental, que organiza o que a criança deve aprender e controla o trabalho do
professor. Há muita ausência de incentivos à discussão acerca dos princípios que valorizam a
criança e seus direitos sociais (vida digna, saúde, boa alimentação, moradia etc.), restringindo
os direitos de aprendizagem apenas à educação escolar, sem considerar que a educação não se
limita à vivência na instituição escola, mas é uma prática social multifacetada e ampla. Assim
sendo, afirmam que a BNCC assume uma perspectiva neoliberal, de padronização e
alinhamento de práticas, que acaba se estendendo à formação inicial e continuada dos
professores (BARBOSA; SILVEIRA; SOARES, 2019). À título de compreensão,
entrelaçamos nossa discussão a contextualização desta problemática em região fronteiriça.
Infância, Inclusão e Educação Escolar em Região Fronteiriça
As escolas brasileiras localizadas na região de fronteira são marcadas pela diversidade
cultural e linguística, sobretudo, as que estão situadas em cidades geminadas como Ponta
Porã/Brasil, que faz fronteira com Pedro Juan Caballero/Paraguai e são separadas somente por
uma “zona neutra”, que é uma faixa que delimita os Estados (BRASIL, 2014), sem nenhuma
barreira física. Essa característica possibilita que as crianças paraguaias frequentem escolas
brasileiras, assim interagindo desde cedo com a cultura brasileira e sua cultura de origem.
Essa dinâmica influencia a infância, pois a criança paraguaia vai adquirindo características
singulares por conviver com as duas culturas.
As vivências das crianças paraguaias, em escolas brasileiras de fronteira seca, são
marcadas por conflitos e tensões que envolvem a questão dos idiomas Guarani e Espanhol,
que tem assumido uma característica negativa e inferior, sobretudo a língua guarani, que é
vista na localidade como o idioma falado por pobres e índios (BERGER, 2015). Frente a tal
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realidade não é demasiado ressaltar a importância dos princípios da inclusão escolar, que
precisam ganhar espaços nas escolas da região de fronteira brasileira, pois elas devem
adaptar-se para acomodar todas as crianças, considerado suas condições físicas, intelectuais,
sociais, econômicas, emocionais, linguísticas, étnicas, culturais etc. (DECLARAÇÃO DE
SALAMANCA, 1996).
O paradigma da educação inclusiva tem como um dos marcos a Conferência Mundial
de Educação Especial, realizada em Salamanca, na Espanha, no ano de 1994 – que reafirmou
as escolas regulares, com pedagogia centrada na criança, como um dos meios mais eficazes
para a constituição de comunidades abertas, acolhedoras, democráticas e de combate às
atitudes discriminatórias. Por esse ângulo, a educação inclusiva tem como princípios
fundamentais a “equidade, diversidade física, intelectual, étnica, cultural ou religiosa, direitos
e deveres, e romper com as barreiras impostas pela utopia de alcançar a homogeneidade, a
normalização” (SANCHES, 2011, p. 136). A inclusão se constitui como uma questão de
direitos e desafios da educação, tendo em vista que a escola deve acomodar, e também
proporcionar, oportunidades para realização de aprendizagens significativas por parte de todos
os estudantes e crianças (SILVA, 2011).
Na pesquisa sobre a educação na fronteira, Dalinghaus (2013) problematizou sobre o
mito da interferência do espanhol ou/e guarani no desempenho escolar, se esses idiomas
fossem utilizados em sala de aula. Em decorrência disso eles foram proibidos, assim as
crianças paraguaias não tinham a liberdade de se expressarem por meio de sua própria língua
materna e, algumas vezes, a utilizam como elemento de protesto para demonstrarem sua
insatisfação. A escola oposta à inclusão e à acessibilidade é fruto de fatores historicamente e
culturalmente criados pelos homens, assim, a diversidade linguística presente em escolas
brasileiras da região de fronteira pode assumir um outro lugar nesses espaços. Essa
heterogeneidade linguística e diversidade cultural existentes podem deixar de ser vistas e tidas
como problema para o processo de ensino-aprendizagem e se constituírem como “[...] um
grande desafio à criatividade e ao profissionalismo dos profissionais da educação, gerando e
gerindo mudanças de mentalidades, de políticas e de práticas educativas” (SANCHES;
TEODORO, 2006, p. 72).
A problemática sinalizada por Dalinghaus (2013) e Berger (2015) reitera a
necessidade de um projeto pedagógico pautado nos princípios da educação inclusiva, que
pressupõe o acolhimento de todas as crianças e estudantes, flexibilização e adaptação do seu
currículo, reestruturação de suas práticas em termos organizacionais e funcionais. A prática
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educativa para inclusão escolar na região de fronteira implica considerar as ações
empreendidas pelo ambiente, que engloba atitudes, convicções, ações políticas e legais,
visando a superação das barreiras e obstáculos sociais, ambientais e culturais das crianças
paraguaias que estão em escolas brasileiras, independentemente de sua origem ou local de
moradia.
A inclusão é um processo inacabado nas sociedades e na educação – sua materialidade
é marcada pelas contradições, não sendo diferente nas escolas de fronteiras. A pesquisa de
Pinto e Santana (2020) sinaliza, entre os avanços existentes, o interesse pelas professoras em
busca de novos conhecimentos para atender a estudantes público-alvo da Educação Especial,
oriundos do Paraguai, reconhecendo e respeitando essa diversidade cultural e linguística.
Além disso, demonstra a produção de recursos pedagógicos para atender as singularidades dos
estudantes paraguaios que têm como língua materna o guarani e/ou espanhol.
Em síntese, percebe-se conquistas e contradições quanto à inclusão de crianças nas
escolas de fronteira, considerando que a efetivação da inclusão escolar demanda políticas
públicas comprometidas com investimentos no âmbito da formação profissional, gestão,
formas organizativas do trabalho pedagógico, estruturação e funcionamento da educação
brasileira. Mesmo existindo documentos, políticas e leis que asseguram a inclusão escolar em
curso, é importante continuar com sua problematização e o debate visando a sua
materialização.
Com isso, enfatizamos nossa preocupação – especificamente – com a infância em
período pandêmico. Como fica a educação infantil após este período complexo e de tantas
perdas? Que direitos têm sido negado a essas crianças? Em pesquisa realizada em período
recente, profissionais da educação básica – educação infantil – informaram que 36,7% de seus
alunos não tinham acesso ao ensino remoto; 34,6% das crianças não demonstravam
autonomia para acompanhar o andamento das atividades
on-line
; e 36% dos pais não
conseguiram desenvolver as tarefas escolares com seus filhos, nem mesmo via mediação, com
intervenções docentes. Entende-se que o processo de aplicabilidade do ensino remoto:
[...] disponibilizados aos estudantes diferenciam entre as etapas/subetapas da
Educação Básica. Os professores(as) da Educação Infantil foram os que mais
realizaram a gravação de videoaulas, tendo sido produzidas por mais da
metade dos participantes. 43,5% dos professores(as) do Ensino Médio
realizavam aulas remotas ao vivo (GESTRADO; OLIVEIRA, 2020, p. 15).
Os profissionais da educação infantil tiveram suas jornadas ampliadas no formato
home office
, entraram em rotinas exaustivas; então, questionamos: e as crianças? Em que
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medida, neste período, tiveram preservados seus direitos individuais? De acordo com
Dourado e Siqueira (2020), os cenários desiguais, tanto de trabalho docente quanto discente,
constituíram abismos gigantescos que precisam – urgentemente – serem diluídos em soluções
pontuais, com investimentos à diversidade e preservação do direito à infância, identidades
culturais e liberdades sociais.
Considerações finais
Neste artigo apresentamos os entrelaçamentos da sociologia da infância com a
educação escolar. Com base na literatura utilizada, percebeu-se que esse campo sociológico
surge na tentativa de redirecionar o olhar para a criança e para a infância, rompendo com
visões adultocêntricas que, até os dias atuais, prevalecem na maioria das práticas pedagógicas.
Com os estudos sociais da infância é possível perceber a existência de várias infâncias,
visto que essa é uma construção social que varia de acordo com os grupos sociais em uma
sociedade. Essas infâncias adentram o espaço escolar, por isso se faz necessário uma reflexão
quanto ao caráter reprodutor da escola. Visando a socialização, inculca nas crianças a cultura
dominante na tentativa de padronizá-las. Nesse processo, as que partilham da mesma cultura
imposta pela escola são beneficiadas, e as que não, são marginalizadas e silenciadas.
Conforme aponta Bourdieu (2007), a escola não está preparada para lidar com as diferenças
decorrentes de classes sociais, etnia, origem e sexo. Daí a importância de se pensar em uma
educação para além da reprodução.
O “ser criança” deve ser valorizado e compreendido, em todas as especificidades.
Dessa forma, é necessário ver a criança não como um receptáculo passivo, mas como ator
social, crítico, sujeito histórico e participante de seu processo de aprendizagem. Todas as
crianças devem encontrar na escola espaço para “ser criança”, vivenciar o que há de mais
característico dessa fase da vida, como a imaginação, fantasia e criação.
Com isso, percebe-se a importância de a educação promover um diálogo entre as
diferentes culturas, uma troca de saberes, conhecimentos e costumes. A escola, nesse sentido,
deve ser entendida como um espaço de negociação cultural, de enfrentamento dos conflitos
provocados pela desigual distribuição do poder entre os diferentes grupos sociais e,
principalmente, de reconhecimento do “outro” (CANDAU, 2008).
É preciso entender a diferença como inerente a todo ser humano, como uma
enriquecedora contribuição no processo de ensino – e não mais como um problema a ser
corrigido. Urge então romper com a ideia de uma cultura legítima dominante, da qual todos os
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,
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que se afastam são vistos como ameaças. As crianças são diferentes entre si, existem várias
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Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1356-1374, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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Como referenciar este artigo
MARTTI, F. C. M.; SANTANA, M. L. S.; OLIVEIRA, N. C. Diversidade cultural em região
fronteiriça: Sociologia da infância e educação escolar.
Revista Ibero-Americana de Estudos
em Educação
, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1356-1374, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587.
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16989
Submetido
em
: 13/01/2022
Revisões requeridas
: 05/03/2022
Aprovado em
: 10/05/2022
Publicado em
: 30/06/2022
Processamento e edição: Editoria Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, padronização e tradução.
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Diversidad cultural en la región fronteriza: Sociología infantil y educación escolar
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,
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DIVERSIDAD CULTURAL EN LA REGIÓN FRONTERIZA: SOCIOLOGÍA
INFANTIL Y EDUCACIÓN ESCOLAR
DIVERSIDADE CULTURAL EM REGIÃO FRONTEIRIÇA: SOCIOLOGIA DA
INFÂNCIA E EDUCAÇÃO ESCOLAR
CULTURAL DIVERSITY IN TE BORDER REGION: CHILDHOOD SOCIOLOGY AND
SCHOOL EDUCATION
Fernanda Cristina Martins MARTTI
1
Maria Luzia da Silva SANTANA
2
Natália Cristina de OLIVEIRA
3
RESUMEN
: Este artículo tiene como objetivo discutir los vínculos entre la sociología infantil
y la educación escolar, centrándose en las regiones fronterizas. Nuestro interés persiste en
comprender la construcción cultural de la infancia, así como el lugar de la educación escolar
en intersección con la diversidad cultural. A partir de la referencia bibliográfica y la literatura
utilizada, se advirtió que la infancia es una construcción social que varía entre los diferentes
grupos de una sociedad. Así, conviven varias formas de vivir la infancia que, a su vez, no
siempre son consideradas en las instituciones escolares. Termina valorando determinadas
culturas - específicamente dominantes - sobre otras, ejerciendo diferentes formatos de
violencia simbólica. El concepto de niño universal, adoptado por la escuela, acaba
marginando infancias que escapan a la convención imperante. Así, la sociología de la infancia
debe reorientar la mirada a los sujetos para contribuir a una escuela que vaya más allá de las
reproducciones sociales.
PALABRAS CLAVE
: Sociología de la infância. Diversidade cultural. Enseñanza. Región
fronteriza.
RESUMO
: Este artigo tem como objetivo discorrer acerca dos entrelaçamentos entre
sociologia da infância e educação escolar – com enfoque em regiões fronteiriças. Nosso
interesse persiste à compreensão da construção cultural da infância, bem como sobre o lugar
da educação escolar com intersecção à diversidade cultural. Com base no referencial
bibliográfico e na literatura utilizada percebeu-se que a infância é uma construção social que
varia entre os diferentes grupos de uma sociedade. Sendo assim, várias formas de se
vivenciar a infância coexistem, que – por sua vez – nem sempre são consideradas nas
1
Universidad Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Ponta Porã – MS – Brasil. Graduación en Pedagogía.
Estudiante de Postgrado en Alfabetización y Psicopedagogía Institucional (FAEL). ORCID:
https://orcid.org/0000-0003-0709-5121. E-mail: marttins671@gmail.com
2
Universidad Federal de Recôncavo da Bahia (UFRB), Amargosa – BA – Brasil. Profesora del Departamento de
Educación de Campo. Doctorado en Psicología (UCB/DF). ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5151-3680. E-
mail: santanapsi@gmail.com.
3
Universidad Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Ponta Porã – MS – Brasil. Profesora y Coordinadora del
curso de Pedagogía. Doctorado en Educación (UEPG). ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4150-278X. E-mail:
natdeoliveir@gmail.com
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instituições escolares. Acaba-se valorizando determinadas culturas – especificamente
dominantes – em detrimento de outras, exercendo diversos formatos de violência simbólica. A
concepção de criança universal, adotada pela escola, acaba por marginalizar as infâncias
que fogem da convenção predominante. Com isso, a sociologia da infância deve redirecionar
o olhar sobre os sujeitos a fim de contribuir com uma escola para além de reproduções
sociais.
PALAVRAS-CHAVE
: Sociologia da infância. Diversidade cultural. Educação escolar.
Região fronteiriça.
ABSTRACT
: This article aims to discuss the links between childhood sociology and school
education – focusing on border regions. Our interest persists in understanding the cultural
construction of childhood, as well as the place of school education intersecting with cultural
diversity. Based on the bibliographical reference, and the literature used, it was noticed that
childhood is a social construction that varies between different groups in a society. Thus,
several ways of experiencing childhood coexist, which – in turn – are not always considered
in school institutions. It ends up valuing certain cultures - specifically dominant - over others,
exerting different formats of symbolic violence. The concept of universal child, adopted by the
school, ends up marginalizing childhoods that escape the prevailing convention. Thus, the
sociology of childhood must redirect the look at the subjects in order to contribute to a school
that goes beyond social reproductions.
KEYWORDS
: Childhood sociology. Cultural diversity. Schooling. Border region.
Introducción
Al final, en el caso de los más desfavorecidos y desfavorecidos, es necesario
y suficiente que la escuela ignore, en el contexto de la enseñanza que
transmite, los métodos y técnicas de transmisión y los criterios de
evaluación, las desigualdades culturales [...] (BOURDIEU, 2007).
La infancia, como la conocemos en nuestra vida cotidiana, es un invento de la
modernidad y está relacionada con una concepción burguesa de cómo mirar al niño,
generalmente visto universalmente, que necesita ser cuidado, educado y preparado para el
futuro. Sin embargo, esta idea elitista de la infancia no se corresponde con la realidad de
muchos niños que viven en condiciones de vida indignas, además de no tener sus derechos
básicos respetados.
A partir de la comprensión realizada, y buscando comprender la complejidad de este
período de la vida, surge la Sociología de la Infancia. El campo comienza a ganar notoriedad
en la escena internacional a partir de la década de 1980, proponiendo una nueva forma de ver
a los niños y los niños. Estos, aunque ya han sido objeto de estudios de otras disciplinas
sociológicas -como la sociología de la educación- solían entenderse de manera simplista: un
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ser frágil, un sujeto pequeño, como estudiante, un giro al ser, un ser pasivo y el objetivo de un
proceso de socialización. Por lo tanto, la infancia fue una fase de transición para la edad
adulta.
La infancia llega a ser vista, después de este período, como una construcción social
que está estrechamente relacionada con los ideales y valores imperantes de cada época. Los
niños llegan a ser entendidos como actores sociales, partícipes de la sociedad y constructores
de cultura, que "[...] intercambio, interacciones, procesos de ajuste permanente que configuran
y contribuyen a transformar la sociedad. Se insertan en la vida cotidiana, cuyo análisis no se
reduce al de las instituciones" (SILVA; RAITZ; FERREIRA, 2009, p. 77).
Corroborando esta comprensión en torno al concepto de niño e infancia, este artículo
tiene como objetivo discutir cómo se trata la infancia, o, mejor dicho, las diferentes formas de
experimentar la infancia, en el sistema escolar. Pensando en ello, la concepción del sociólogo
Pierre Bourdieu (1930-2002)
4
sobre la educación se utiliza como una contribución teórica.
Utilizamos la investigación bibliográfica, con un enfoque cualitativo, ya que este camino
metodológico nos permite conocer la producción académica sobre los puntos de discusión,
además de ser la base para el desarrollo de muchos procesos de investigación (PIZZANI
et
al
., 2012).
Los resultados de esta investigación bibliográfica se organizaron así: en un primer
momento, presentamos la concepción (construcción y consolidación) de la infancia a lo largo
de la historia; entonces, cuál es el lugar de la educación institucional, como constituyente del
campo sociológico, como contrapunto a la reproducción como espacio de respeto a las
diferencias y oportunidad para el "ser niño"; en la tercera parte, enumeramos breves
consideraciones sobre la diversidad cultural en las regiones fronterizas, así como su
intersección con el espacio escolar. Y, por último, algunas consideraciones finales.
4
Pierre Bourdieu, fue un notorio sociologist francés, considered uno de los pensadores más significativos en el
campo de las ciencias humanas del siglo XX. Para el intelectual, la condición humana está ligada a varios
factorses, tales como: el capital social, económico y cultural, que influyen directamente en su forma de actuar en
el mundo, contribuyendo a la reproducción de las contradicciones existentes en la sociedad.
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La construcción social de la infancia
Al rescatar el proceso histórico de cómo se veía al niño a lo largo de los años, a través
de documentos iconográficos, Ariès (1986) afirma que, en la Edad Media, la infancia era
desconocida. No había sensación de infancia en ese momento, es decir, no se pensaba como
una fase con características propias, diferentes a las de los adultos. La infancia, por tanto, se
entendía sólo como una fase de transición que, tras pasar por ella, quedaría olvidada.
Analizando las obras de arte de este período, Ariès (1986) notó que la única
diferenciación que se hacía entre niños y adultos estaba relacionada con la altura. Hasta el
siglo 12, en el arte medieval, el niño era representado con los mismos rasgos y características
físicas de un adulto, pero físicamente menor. Fue solo en el siglo 13 que uno comenzó a tener
un sentimiento de infancia cercano al de la concepción moderna, cuando las representaciones
de ángeles con una apariencia más joven que la de los adultos comenzaron a surgir. Esta falta
de espacio para el niño en la sociedad de la época puede estar relacionada con las condiciones
demográficas. Tan pronto como pasó la fase de mayor riesgo de mortalidad, alrededor de los 7
años, la existencia del niño ya se confundía con la del adulto.
Kuhlmann y Fernandes (2012) señalan que, aunque la niña ingresó al mundo adulto
alrededor de los 7 años, esto no significaba que fuera un cambio inmediato, ni que ejerciera
las mismas actividades y responsabilidades que el adulto. La introducción de los niños en las
actividades productivas de la época implicaba procesos de iniciación, aprendizaje, en los que
los niños serían capaces de realizar tales funciones hasta que adquirieran su autonomía. Los
autores también señalan que este "mundo adulto", de hecho, representaba un universo con
personas de diferentes edades, por lo que el niño ya estaba insertado en él desde su
nacimiento.
Fue sólo en el siglo 17 que la infancia es – finalmente – "descubrimiento". En el arte,
esto se demuestra a través de la aparición de representaciones, en imágenes familiares, de
niños que ya habían muerto. En este sentido, se observa la mayor importancia que la familia
da a los niños, característica de la cristianización de las costumbres. Además, los registros de
retratos de niños aumentaron: se buscó preservar, a través de la pintura, la fugacidad de la
infancia. Retratar a los niños en pinturas, por sí mismos, sin la compañía de adultos, era nuevo
(ARIÉS, 1986).
Se puede considerar que el primer sentimiento de la infancia que surgió estaba
relacionado con la "sobreprotección demasiada". Ahora, el niño, por su ingenuidad y gracia,
era visto como una fuente de distracción para el adulto. Un segundo sentimiento de este
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período de la vida surgió en el siglo XVII, con los moralistas y educadores de la época, que se
preocupaban por la disciplina y la racionalidad de las costumbres. Según Ariès (1986), este
sentimiento era consciente de la inocencia y la debilidad de los niños y volvía a fortalecer esta
debilidad, preservando la inocencia. Así, el interés por el niño comenzó a caracterizarse por la
preocupación moral y el interés psicológico.
Otra característica de este segundo sentimiento de infancia es que diferente al primero:
aquí ya se pensaba en una larga infancia. Esto es gracias al éxito de las instituciones escolares,
orientadas y disciplinadas por los moralistas y educadores de la época. Ariès (1986) señala
que la instrucción educativa desde principios del siglo XVIII ya se acercaba a las
concepciones que se consolidarían en el siglo XIX, con una duración mínima de cuatro a
cinco años. En la escuela, los niños eran sometidos a una estricta disciplina, y la infancia
duraba hasta la mayor parte del ciclo escolar.
En el siglo 19, se cambió la visión de la infancia, que comenzó a tener una mirada
médica, ya que temas como la pobreza, la mortalidad y el trabajo infantil comenzaron a llamar
la atención. El niño se convierte en el objetivo de los estudios en el área de Medicina y
Psicología, en el sentido de prescribir una infancia, describiendo cada etapa de la vida del
niño, normatizándolas y estandarizándolas, siempre centrándose en el adulto. Nesse sentido, a
idade ganha notável importância, pois será ela quem definirá os desviantes da norma, as
crianças que não se desenvolveram, que não aprenderam, que começaram a falar muito tarde
etc. (ABRAMOWICZ; OLIVEIRA, 2010).
En el campo de la sociología, el niño fue entendido – durante mucho tiempo – como
un ser futuro, un ser que viene a ser. La Sociología de la Infancia surge como una nueva
forma de mirar al niño, rompiendo con la idea del niño como objeto pasivo de socialización
promovido por instituciones como la familia, la escuela, la iglesia, entre otras. Se debe
principalmente al estudio pionero realizado por el historiador Phillippe Ariès en la década de
1960, que demostró que la infancia no era un acontecimiento natural y universal, sino una
construcción histórica y social. Este campo de investigación, que se ha ido consolidando en la
discusión científica internacional desde principios de la década de 1980, es el resultado de un
movimiento de la sociología por nuevos intereses en los procesos de socialización, que llevó a
la consideración del niño como un actor social, viendo la infancia como una construcción
social (SIROTA, 2001).
En Brasil, es el estudio de Florestan Fernandes, en 1947, el que introduce el interés por
los niños en la discusión de los sociólogos –aunque es sólo en 1980 que la sociología
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disputará con otras áreas este conocimiento– buscando entender lo que es ser un niño, pasar
por la infancia. Según Abramowicz y Oliveira (2010), la sociología de la infancia brasileña
comienza en 1990, a partir de las convergencias entre sociólogos y pedagogos.
Sarmento (2008) destaca la consagración de un mercado global de productos
infantiles; el hecho de que los niños movilicen a un número cada vez mayor de adultos que
trabajan con ellos (como los maestros, por ejemplo) y, por último, una reducción significativa
en el número de niños en la sociedad (en comparación con otros grupos de edad). Para este
mismo autor, esta reducción cuantitativa acaba haciendo más sensible la presencia de los hijos
en las relaciones de afecto y en la constitución de los ingresos de las familias.
Vale la pena recordar que la Sociología de la Infancia, como campo científico
5
, está
marcada por diferencias internas en relación con el énfasis, el método, los problemas
seleccionados o los focos privilegiados, que se segmentan en diferentes paradigmas y
corrientes, como las teorías tradicionales de la socialización y las teorías de reproducción
interpretativa propuestas por Corsaro (1997 apud SARMENTO, 2008), o las corrientes de
estudios estructurales, interpretativos y de intervención descritas por Sarmento (2008). Sin
embargo, no corresponde al espacio de este trabajo explicar cada una de estas corrientes, sino
presentar las aportaciones de este campo de investigación a una nueva forma de ver y
entender al niño, como actor social.
Sirota (2001), al hacer un análisis sobre el surgimiento del término "sociología de la
infancia", reúne algunos puntos en común en la literatura inglesa y francesa con respecto al
objeto de esta sociología, que se comentarán a continuación. La sociología tiene un doble
objeto de investigación: el niño como actor social y la infancia como construcción social
generacional (SARMENTO, 2008). En esta perspectiva, la infancia se entiende como una
institución, y el niño es su sujeto, es decir, la infancia persiste como una forma estructural, así
como una clase social: no importa cuántos niños entren o salgan de ella, siempre seguirá
existiendo. Lo que importa para la sociología, entonces, es analizar cómo cambia esta
categoría, cuantitativa y cualitativamente (QVORTRUP, 2011).
Para Sarmento (2008), la infancia, como parte integral de la cultura y la sociedad, es
una categoría atravesada por desigualdades y contradicciones. Con el tiempo, hubo varias
5
Para Bourdieu, el concepto de campo representa un espacio caracterizado por conflictos y dominación. Cada
campo tiene sus propias características, y están marcadas por peleas, "que se libran entre los nuevos jugadores,
por la búsqueda del derecho a entrar en el campo, y los dominantes, que tratarán de defender su monopolio y
evitar la competencia. El objetivo dominante aturde las estrategias de conservación del campo, manteniendo, en
el caso del campo científico, la doxa de la producción de conocimiento, y la perpetuación del orden actual"
(PRADO; VOLTARELLI, 2018).
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imágenes sociales asociadas con la infancia, así como varios roles sociales atribuidos a ellos.
Se puede citar como ejemplo la época de la Revolución Industrial, en la que era muy común y
visto normalmente por la sociedad ver a los niños trabajando en industrias, o bien en minas,
dada su baja estatura, lo que facilitaba el desempeño de funciones que los adultos no podían
realizar.
En los tiempos contemporáneos, estas desigualdades y contradicciones están marcadas
principalmente por la pertenencia a diferentes clases sociales, género, etnia, religión, universo
lingüístico y contexto social de la vida (rural o urbana). Son estas características las que hacen
que los niños del mismo grupo de edad experimenten diferentes infancias. Según Sarmento
(2008, p. 23), "[...] la condición de la infancia es simultáneamente homogénea, como
categoría generacional, en relación con las otras categorías generacionales, y heterogénea,
porque está atravesada por las otras categorías generacionales".
Esta complejidad es la especificidad de la investigación sociológica. Así, uno de los
roles de la sociología infantil es pensar los procesos de socialización desde la perspectiva del
propio niño. Otro punto ampliamente difundido por la Sociología de la Infancia es que el
niño, a la vez que es un producto, es un actor de los procesos sociales. Ella es decisiva en su
propia vida, así como en la vida de quienes la rodean y en la comunidad en la que vive. Por lo
tanto, existe una necesidad urgente de discutir no solo lo que produce en las instituciones a las
que asiste, sino también lo que crea en la intersección de estas instancias de socialización
(SIROTA, 2001). En este sentido, comenzamos a hablar de la infancia en el ámbito educativo
institucional.
Sociología de la infancia y la educación escolar
Una de las grandes aportaciones de la epistemología bourdieusiana a la educación fue
desmitificar el carácter neutro que presenta la escuela. Para el sociólogo francés Pierre
Bourdieu, esta institución reproduce y legitima las desigualdades sociales a través de la
arbitrariedad cultural, en la que una cultura particular es vista como legítima en detrimento de
otras. Así, la tan comentada democratización de la educación, basada en la ideología de
promover la igualdad de oportunidades, pensando en la escuela como una herramienta de
movilidad social no existe (VALLE, 2013).
Para explicar las diferentes trayectorias escolares de los niños de diferentes clases
sociales, Bourdieu utiliza uno de sus conceptos principales, el del capital cultural. Según él, el
origen social de cada niño influirá directamente en su rendimiento escolar, por lo tanto, las
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desigualdades de rendimiento entre los niños están relacionadas con la distribución desigual
del capital entre clases (PIOTTO, 2009).
Niños que heredan capital cultural de sus familias, es decir, "gustos en arte, cocina,
decoración, vestimenta, deportes y etc.; el mayor o menor dominio de la lengua culta;
información sobre el mundo escolar" (NOGUEIRA; NOGUEIRA, 2002, p. 21), se ven
beneficiados cuando llegan a la escuela, porque la educación que ofrece termina siendo una
continuación de la educación familiar, a la que el niño ya está familiarizado. Por otro lado, los
niños que nacen en contextos sociales menos favorecidos, cuando llegan a la escuela, sufren
un gran choque cultural. Para el éxito escolar, el capital cultural es más importante que
incluso el capital económico, aunque la mayoría de las veces estas dos capitales van juntas.
La escuela, delante del alumno, presupone, para enseñarlo, los requisitos previos
existentes sólo a una minoría, la posesión de capital cultural, que "[...] proporcionaría un
mejor desempeño en los procesos de evaluación formal y formal. Bourdieu señala que la
evaluación escolar va mucho más allá de una simple verificación del aprendizaje, incluyendo
un verdadero juicio cultural e incluso moral de los estudiantes" (NOGUEIRA; NOGUEIRA,
2002, p. 21).
En este contexto, entendemos que la escuela no enseña todo lo que requiere. Esta
institución, al tratar como iguales a los diferentes, termina sirviendo como instrumento para la
legitimación y reproducción de las desigualdades sociales. Porque, en esta perspectiva, los
profesores enseñan y evalúan a los alumnos de la misma manera, como si todos ya tuvieran un
bagaje previo, las herramientas necesarias para la decodificación del mensaje transmitido. La
escuela termina favoreciendo a aquellos que ya son privilegiados (por un origen familiar),
justificando el éxito de estos estudiantes como "dones individuales" y habilidades naturales
(NOGUEIRA; NOGUEIRA, 2002). Los considerados diferentes, que no tienen la misma
cultura, su fracaso escolar se justifica por la pereza, la falta de interés, la voluntad y la falta de
inteligencia, lo que termina afectando la imagen que el alumno crea de sí mismo.
Este proceso es reconocido como violencia simbólica, otro de los principales
conceptos del legado teórico de Bourdieu. Para el sociólogo, esto se caracteriza como una
violencia que ocurre con la complicidad de la víctima y el opresor: la práctica de esta
violencia ocurre sin querer, sin la percepción de practicarla o sufrirla. La condición es ejercida
por grupos o instituciones dominantes, que reproducen lo que se considera legítimo dentro de
un campo. Es en la interiorización de una cultura dominante arbitraria por parte de la sociedad
donde se reproduce la violencia simbólica. Los dominados no se ven a sí mismos como tales,
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porque no se perciben a sí mismos como víctimas de este proceso de dominación, enfrentando
situaciones de opresión como algo natural e inevitable (OLIVEIRA; SANTANA,
SANTANA, OLIVEIRA, 2014).
La violencia simbólica se practica en la escuela a través de dos dimensiones
arbitrarias: son el contenido del mensaje que se transmite y el poder atribuido al maestro, que
lo utiliza con autoritarismo. Al mismo tiempo, es solo a través de la educación que esta
violencia simbólica puede ser desenmascarada y percibida por los oprimidos, por lo tanto, el
protagonismo de convertirse en un actor social que pueda romper con esta reproducción y
legitimación será oportunista (OLIVEIRA; SANTANA, SANTANA, OLIVEIRA, 2014). La
escuela termina haciendo una selección de los alumnos que pasan por ella, una selección que
es "[...] extremadamente severas, y que las ventajas o desventajas sociales se convierten
progresivamente en ventajas y desventajas escolares por el juego de la orientación temprana,
que, directamente vinculada al origen social, reemplazan y redoblan la influencia de este
último" (BOURDIEU, 2007, p. 52). Con esta legitimación de la transmisión del patrimonio
cultural, la escuela permite a la élite justificar la posición que ocupa en la sociedad como algo
que ha sido conquistado meritocráticamente. Los pocos alumnos que pueden obtener un
resultado satisfactorio, de éxito, acaban legitimando aún más la selección realizada por la
escuela, dando crédito al mito de la escuela "liberadora", justa y neutral (BOURDIEU, 2007).
Sarmento (2011) afirma que las concepciones dominantes de la infancia, que se
entiende por infancia, a lo largo de los años, están determinadas por las prácticas sociales de
niños y adultos pertenecientes a grupos sociales dominantes. Así, las formas de "ser niño" que
se distancian de esta convención terminan siendo excluidas del estatuto social que se reconoce
como infancia. A modo de ejemplo, el autor cita la situación de los niños que viven en la
calle, quienes, además de ser excluidos de la oportunidad de acceder a derechos sociales
básicos, como la vivienda, la salud y la alimentación, también están excluidos del valor
simbólico del reconocimiento de ser un niño.
Con el paso de los años, se constituyó la legitimación de una representación social
dominante de la infancia, también conocida como "oficina del niño", que son las conductas
que se espera que sea realizada por ella. Sin embargo, según Sarmento (2011), el oficio del
niño se reconfigura constantemente de acuerdo con los cambios sociales que ocurren en el
estado de la infancia. La urbanización de la vida cotidiana, el acceso a las tecnologías de la
información y la comunicación, el sedentarismo, el empeoramiento de las condiciones de
pobreza, el aumento de la violencia, la sensación de inseguridad y el riesgo de explotación de
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los niños en condiciones vulnerables, la distribución desigual de oportunidades en la sociedad,
son cambios que interfieren directa y desigualmente en la forma de ser un niño de cada grupo
social, pertenencia cultural y étnica.
Nogueira (2017), al analizar el documental "La invención de la infancia", dirigido por
Liliana Sulzbach, aclara lo diferente que puede ser la infancia para niños de diferentes clases
sociales. La idea de infancia creada en la modernidad, como el período dorado en el que la
única función del niño sería disfrutar de su inocencia, fue creada por la élite, debido al papel
social atribuido a la infancia por esta clase. El documental muestra la realidad de niños de
diferentes regiones de Brasil y de diferentes clases sociales. Los niños pobres que viven en los
centros urbanos terminan teniendo a sus hijos irrespetados por las necesidades que la vida les
impone. Muchos necesitan trabajar (en trabajos considerados de alto riesgo incluso para
adultos) para poder ayudar a la familia a sobrevivir, tal como lo hicieron en la Edad Media.
Los niños que están expuestos, desde temprana edad, a un entorno con obligaciones y
estímulos de estudio, marcado por actividades extraescolares, muy posiblemente, tendrán más
éxito en la escuela que los niños que no tienen las mismas oportunidades. Es el primer tipo de
niño que la escuela está dispuesta a recibir, el que ya tiene un bagaje previo, que tiene acceso
a la cultura considerada como legítima por la escuela y está acostumbrado a la disciplina en
los estudios. Los demás, en cambio, acaban sin espacio en este lugar. Su realidad es
totalmente diferente a la presentada por la escuela. En esta institución, el niño es visto más
como un estudiante que como un niño, se entiende como un ser pasivo, objeto de una acción
intencional de transmisión de conocimientos legítimos y valores estipulados, con el fin de
estar preparado para la vida social, para convertirse en ciudadano.
Al fantasear con un tipo específico de estudiante, ignoran a muchos otros. Estos,
marginados, tienen grandes dificultades para adaptarse a una institución tan alejada de su
realidad, que requiere más de lo que pueden enseñar. La escuela termina viendo al niño-
alumno desde su rendimiento, sin considerar que esto depende de factores más allá de lo
cognitivo. Así, la escolarización acaba convirtiéndose en una gran competición, en la que los
competidores son niños-alumnos, que llegan con diferentes trayectorias de vida -ignoradas
por el sistema escolar- y el premio es el paso exitoso por este sistema. Los ganadores de este
concurso que logran el éxito escolar son aquellos que ya vienen con un bagaje -como capital
cultural- que les facilita pasar por este proceso selectivo, marcado por evaluaciones y cobros.
Para aquellos que no tienen este marco, existe la idea de que, si se esfuerzan y tienen
mérito, obtendrán los mismos resultados que los privilegiados. El proceso de socialización de
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la escuela termina centrándose en la meritocracia, la competitividad y la autonomía, lo que
refuerza aún más la violencia simbólica cometida por la escuela: "el niño-alumno está
llamado a desarrollarse como un individuo competente, capaz de definir su itinerario y
trayectoria escolar y social, pero se coloca continuamente bajo control evaluativo"
(SARMENTO, 2011, p. 593).
Según Rando y Nogueira (2020), el eje principal del currículo escolar debe ser el niño,
ya que es su destinatario final. Por lo tanto, también debe ser parte de la construcción de este
plan de estudios. Para la planificación de la práctica escolar, la primera pregunta a hacer es
qué concepción del niño ha guiado estas prácticas y cómo esto determina las prácticas
educativas de la infancia.
Es notable en las escuelas brasileñas que los planes de estudio están enlucidos,
reproducen la lógica dominante, sin la participación de los niños y la comunidad escolar.
Entendemos que es la concepción, documentada, de la infancia y el niño lo que influirá en la
práctica pedagógica del maestro y de la escuela. Sólo viendo al alumno como un sujeto activo,
participante fundamental en el proceso de construcción de sus conocimientos, será posible
proponer oportunidades de aprendizaje orientadas al pleno desarrollo de este niño (RANDO;
NOGUEIRA, 2020).
De ahí la necesidad de que la escuela tenga una nueva mirada a la infancia y al niño,
rompiendo con la visión adultacéntrica y reproductiva. La educación del niño pequeño debe
centrarse en su propio universo, el de la fantasía, la imaginación y la sensibilidad. Teniendo
en cuenta que el aprendizaje del niño se lleva a cabo de una manera placentera, las actividades
lúdicas siempre deben estar presentes en las prácticas pedagógicas. Es a través del juego que
el niño se comunica con el mundo: en este contexto, el juego y el juguete funcionan como una
forma de expresión propia del niño, por lo que deben ser valorados. Es importante que la
educación escolar reinvente el oficio del alumno, sin separarlo del despacho del niño
(RANDO; NOGUEIRA, 2020).
Kramer (2000) destaca que es necesario pensar en una educación centrada en valorar
las diferencias, en reconocer al otro, rompiendo así con la idea de un niño universal. El autor
señala la necesidad de "educar contra la barbarie", pensando en una educación crítica, que
problematice los prejuicios y la discriminación derivados de las diferencias étnicas,
económicas y culturales. Es esencial conocer verdaderamente a los niños: lo que hacen, les
gusta, no les gusta, hablan, juegan, inventan. Así, aprendiendo de los niños, es posible
reconocer el valor de la dimensión lúdica, el arte y la imaginación.
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Con el aumento de la discusión sobre la necesidad de una educación crítica que
comprenda las diferentes infancias, los documentos oficiales, como la Base Curricular
Nacional Común (2017), traen algunas contradicciones. Desde el período de su elaboración
hasta la publicación de su versión final, el documento fue objeto de grandes controversias
entre docentes e investigadores en el área de la educación. Algunos autores lo defienden y
otros lo critican – las preguntas giran en torno a: hasta qué punto el documento pasa de una
referencia a una prescripción curricular, en qué medida puede contribuir a la
homogeneización de los contenidos y fomentar la pérdida de la autonomía de la escuela y los
profesores.
Al hablar de las experiencias y objetivos de aprendizaje para la educación de la
primera infancia, la BNCC no contempla la diversidad de las infancias existentes. El
documento presenta una visión instrumental, que organiza lo que el niño debe aprender y
controla el trabajo del maestro. Existe una gran falta de incentivos para discutir los principios
que valoran al niño y sus derechos sociales (vida digna, salud, buena alimentación, vivienda,
etc.), restringiendo los derechos de aprendizaje solo a la educación escolar, sin considerar que
la educación no se limita a vivir en la institución escolar, sino que es una práctica social
multifacética y amplia. Por lo tanto, afirman que el BNCC asume una perspectiva neoliberal
de estandarización y alineación de prácticas, que termina extendiéndose a la formación inicial
y continua de los docentes (BARBOSA; SILVEIRA; SOARES, 2019). Como resultado de la
comprensión, intercalamos nuestra discusión sobre la contextualización de este problema en
una región fronteriza.
Infancia, Inclusión y Educación Escolar en la Región Fronteriza
Las escuelas brasileñas ubicadas en la región fronteriza están marcadas por la
diversidad cultural y lingüística, especialmente aquellas que se encuentran en ciudades
gemelas como Ponta Porã/Brasil, que limita con Pedro Juan Caballero/Paraguay y está
separada solo por una "zona neutral", que es una franja que delimita los Estados (BRASIL,
2014), sin ninguna barrera física. Esta característica permite que los niños paraguayos asistan
a escuelas brasileñas, interactuando así temprano con la cultura brasileña y su cultura de
origen. Esta dinámica influye en la infancia, porque el niño paraguayo adquiere características
únicas al convivir con las dos culturas.
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Las experiencias de los niños paraguayos en escuelas brasileñas con fronteras secas
están marcadas por conflictos y tensiones que involucran el tema de las lenguas guaraní y
española, que ha asumido una característica negativa e inferior, especialmente la lengua
guaraní, que es vista en la localidad como la lengua hablada por pobres e indios (BERGER,
2015). Frente a esta realidad, no es demasiado enfatizar la importancia de los principios de
inclusión escolar, que necesitan ganar espacio en las escuelas de la región fronteriza brasileña,
porque deben adaptarse para acomodar a todos los niños, considerando sus condiciones
físicas, intelectuales, sociales, económicas, emocionales, lingüísticas, étnicas, culturales, etc.
(DECLARACIÓN DE SALAMANCA, 1996).
El paradigma de la educación inclusiva es uno de los hitos de la Conferencia Mundial
sobre Educación Especial, celebrada en Salamanca, España, en 1994, que reafirmó las
escuelas regulares, con pedagogía centrada en el niño, como uno de los medios más efectivos
para la constitución de comunidades abiertas, acogedoras y democráticas y la lucha contra las
actitudes discriminatorias. Desde este ángulo, la educación inclusiva tiene como principios
fundamentales "la equidad, la diversidad física, intelectual, étnica, cultural o religiosa, los
derechos y deberes, y la ruptura con las barreras impuestas por la utopía de lograr la
homogeneidad, la normalización" (SANCHES, 2011, p. 136). La inclusión es una cuestión de
derechos y desafíos de la educación, considerando que la escuela debe acomodar, y también
proporcionar, oportunidades para un aprendizaje significativo por parte de todos los
estudiantes y niños (SILVA, 2011).
En la investigación sobre la educación en la frontera, Dalinghaus (2013) problematizó
sobre el mito de la interferencia del español y/o guaraní en el rendimiento escolar, si estas
lenguas se utilizaran en el aula. Como resultado, fueron prohibidos, por lo que los niños
paraguayos no tenían la libertad de expresarse a través de su propia lengua materna y, a veces,
la usaban como un elemento de protesta para demostrar su insatisfacción. La escuela opuesta
a la inclusión y la accesibilidad es el resultado de factores creados histórica y culturalmente
por los hombres, por lo que la diversidad lingüística presente en las escuelas brasileñas en la
región fronteriza puede asumir otro lugar en estos espacios. Esta heterogeneidad lingüística y
diversidad cultural existente ya no puede ser vista y considerada como un problema para el
proceso de enseñanza-aprendizaje y se constituyen como "[...] un gran desafío a la creatividad
y profesionalismo de los profesionales de la educación, generando y gestionando cambios en
mentalidades, políticas y prácticas educativas" (SANCHES; TEODORO, 2006, p. 72).
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El problema señalado por Dalinghaus (2013) y Berger (2015) reitera la necesidad de
un proyecto pedagógico basado en los principios de la educación inclusiva, que presupone la
recepción de todos los niños y estudiantes, la flexibilidad y adaptación de su currículo, la
reestructuración de sus prácticas en términos organizativos y funcionales. La práctica
educativa para la inclusión escolar en la región fronteriza implica considerar las acciones
emprendidas por el medio ambiente, que abarca actitudes, convicciones, acciones políticas y
legales, con el objetivo de superar las barreras y obstáculos sociales, ambientales y culturales
de los niños paraguayos que se encuentran en las escuelas brasileñas, independientemente de
su origen o lugar de residencia.
La inclusión es un proceso inconcluso en las sociedades y la educación: su
materialidad está marcada por contradicciones, no por ser diferente en las escuelas fronterizas.
La investigación de Pinto y Santana (2020) señala, entre los avances existentes, el interés de
los docentes en busca de nuevos conocimientos para atender a los estudiantes públicos de
Educación Especial, de Paraguay, reconociendo y respetando esta diversidad cultural y
lingüística. Además, demuestra la producción de recursos pedagógicos para conocer las
singularidades de los estudiantes paraguayos que tienen como lengua materna el guaraní y/o
el español.
En resumen, se perciben logros y contradicciones con respecto a la inclusión de los
niños en las escuelas fronterizas, considerando que la efectividad de la inclusión escolar exige
políticas públicas comprometidas con las inversiones en el ámbito de la formación
profesional, la gestión, las formas organizativas de trabajo pedagógico, la estructuración y el
funcionamiento de la educación brasileña. A pesar de que existen documentos, políticas y
leyes que aseguran la inclusión escolar permanente, es importante continuar con su
problematización y debate orientado a su materialización.
Con esto, enfatizamos nuestra preocupación, específicamente, con la infancia en el
período de pandemia. ¿Qué pasa con la educación de la primera infancia después de este
período complejo y tantas pérdidas? ¿Qué derechos se les han negado a estos niños? En un
estudio reciente, los profesionales de la educación básica –educación infantil– informaron que
el 36,7% de sus estudiantes no tenían acceso a la educación a distancia; El 34,6% de los niños
no demostró autonomía para monitorear el progreso de las actividades
on-line
; y el 36% de
los padres no pudieron desarrollar tareas escolares con sus hijos, ni siquiera a través de la
mediación, con intervenciones docentes. Se entiende que el proceso de aplicabilidad de la
educación a distancia:
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[...] los estudiantes diferencian entre las etapas/ subpasos de la Educación
Básica. Los profesores de Educación Infantil fueron los que más realizaron
la grabación de las video clases, habiendo sido producida por más de la
mitad de los participantes. El 43.5% de los maestros de secundaria
impartieron clases remotas en vivo (GESTRADO; OLIVEIRA, 2020, p. 15).
Los profesionales de la educación infantil han ampliado sus viajes en el formato
home
office
, han entrado en rutinas exhaustivas; así que nos preguntamos: ¿qué pasa con los niños?
¿En qué medida, en este período, se han preservado sus derechos individuales? Según
Dourado y Siqueira (2020), los escenarios desiguales tanto de la enseñanza como del trabajo
estudiantil constituyeron abismos gigantescos que necesitan -urgentemente- diluirse en
soluciones específicas, con inversiones en la diversidad y preservación del derecho a la
infancia, las identidades culturales y las libertades sociales.
Consideraciones finales
En este artículo presentamos los entrelazamientos de la sociología infantil con la
educación escolar. A partir de la literatura utilizada, se observó que este campo sociológico
surge en un intento de redirigir la mirada hacia el niño y hacia la infancia, rompiendo con las
visiones adultascéntricas que, hasta el día de hoy, prevalecen en la mayoría de las prácticas
pedagógicas.
Con los estudios sociales de la infancia es posible percibir la existencia de varias
infancias, ya que se trata de una construcción social que varía según los grupos sociales de
una sociedad. Estas infancias entran en el espacio escolar, por lo que es necesario reflexionar
sobre el carácter reproductivo de la escuela. Con el objetivo de socializar, inculca en los niños
la cultura dominante en un intento de estandarizarlos. En este proceso, los que comparten la
misma cultura impuesta por la escuela se benefician, y los que no lo hacen son marginados y
silenciados. Como señala Bourdieu (2007), la escuela no está preparada para hacer frente a las
diferencias derivadas de las clases sociales, el origen étnico, el origen y el sexo. De ahí la
importancia de pensar en una educación más allá de la reproducción.
El "ser un niño" debe ser valorado y entendido, en todas las especificidades. Por lo
tanto, es necesario ver al niño no como un receptáculo pasivo, sino como un actor social,
crítico, sujeto histórico y participante de su proceso de aprendizaje. Todos los niños deben
encontrar en el espacio escolar "ser un niño", experimentar lo que es más característico de
esta fase de la vida, como la imaginación, la fantasía y la creación.
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Así, se percibe la importancia de la educación promoviendo un diálogo entre
diferentes culturas, un intercambio de conocimientos, conocimientos y costumbres. La
escuela, en este sentido, debe entenderse como un espacio de negociación cultural, de
afrontamiento de conflictos provocados por la desigual distribución del poder entre los
diferentes grupos sociales y, principalmente, de reconocimiento del "otro" (CANDAU, 2008).
Es necesario entender la diferencia como inherente a todo ser humano, como una
contribución enriquecedora en el proceso de enseñanza, y ya no como un problema a corregir.
Es entonces urgente romper con la idea de una cultura dominante legítima, de la que todos los
que se alejan son vistos como amenazas. Los niños son diferentes entre sí, hay varias formas
de ser un niño, y esto debe ser explorado por la escuela.
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Cómo hacer referencia a este artículo
MARTTI, F. C. M.; SANTANA, M. L. S.; OLIVEIRA, N. C. Diversidad cultural en la región
fronteriza: Sociología infantil y educación escolar.
Revista Ibero-Americana de Estudos em
Educação
, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1359-1377, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587. DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16989
Presentado en
: 13/01/2022
Revisiones requeridas
: 05/03/2022
Aprobado en
: 10/05/2022
Publicado en
: 30/06/2022
Procesamiento y edición: Editora Iberoamericana de Educación - EIAE.
Corrección, formateo, normalización y traducción.
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Cultural diversity in the border region: Childhood sociology and school education
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1349-1366, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16989
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CULTURAL DIVERSITY IN THE BORDER REGION: CHILDHOOD SOCIOLOGY
AND SCHOOL EDUCATION
DIVERSIDADE CULTURAL EM REGIÃO FRONTEIRIÇA: SOCIOLOGIA DA
INFÂNCIA E EDUCAÇÃO ESCOLAR
DIVERSIDAD CULTURAL EN LA REGIÓN FRONTERIZA: SOCIOLOGÍA INFANTIL
Y EDUCACIÓN ESCOLAR
Fernanda Cristina Martins MARTTI
1
Maria Luzia da Silva SANTANA
2
Natália Cristina de OLIVEIRA
3
ABSTRACT
: This article aims to discuss the links between childhood sociology and school
education – focusing on border regions. Our interest persists in understanding the cultural
construction of childhood, as well as the place of school education intersecting with cultural
diversity. Based on the bibliographical reference, and the literature used, it was noticed that
childhood is a social construction that varies between different groups in a society. Thus,
several ways of experiencing childhood coexist, which – in turn – are not always considered
in school institutions. It ends up valuing certain cultures - specifically dominant - over others,
exerting different formats of symbolic violence. The concept of universal child, adopted by
the school, ends up marginalizing childhoods that escape the prevailing convention. Thus, the
sociology of childhood must redirect the look at the subjects in order to contribute to a school
that goes beyond social reproductions.
KEYWORDS
: Childhood sociology. Cultural diversity. Schooling. Border region.
RESUMO
: Este artigo tem como objetivo discorrer acerca dos entrelaçamentos entre
sociologia da infância e educação escolar – com enfoque em regiões fronteiriças. Nosso
interesse persiste à compreensão da construção cultural da infância, bem como sobre o lugar
da educação escolar com intersecção à diversidade cultural. Com base no referencial
bibliográfico e na literatura utilizada percebeu-se que a infância é uma construção social que
varia entre os diferentes grupos de uma sociedade. Sendo assim, várias formas de se
vivenciar a infância coexistem, que – por sua vez – nem sempre são consideradas nas
instituições escolares. Acaba-se valorizando determinadas culturas – especificamente
dominantes – em detrimento de outras, exercendo diversos formatos de violência simbólica. A
1
Federal University of Mato Grosso do Sul (UFMS), Ponta Porã – MS – Brazil. Graduated in Pedagogy. Post-
Graduate Student in Literacy and Literacy and Institutional Psychopedagogy (FAEL). ORCID:
https://orcid.org/0000-0003-0709-5121. E-mail: marttins671@gmail.com
2
Federal University of Recôncavo da Bahia (UFRB), Amargosa – BA – Brazil. Professor at the Rural Education
Department. PhD in Psychology (UCB/DF). ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5151-3680. E-mail:
santanapsi@gmail.com.
3
Federal University of Mato Grosso do Sul (UFMS), Ponta Porã – MS – Brazil. Professor and Coordinator of
the Pedagogy course. Doctorate in Education (UEPG). ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4150-278X. E-mail:
natdeoliveir@gmail.com
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concepção de criança universal, adotada pela escola, acaba por marginalizar as infâncias
que fogem da convenção predominante. Com isso, a sociologia da infância deve redirecionar
o olhar sobre os sujeitos a fim de contribuir com uma escola para além de reproduções
sociais.
PALAVRAS-CHAVE
: Sociologia da infância. Diversidade cultural. Educação escolar.
Região fronteiriça.
RESUMEN
: Este artículo tiene como objetivo discutir los vínculos entre la sociología
infantil y la educación escolar, centrándose en las regiones fronterizas. Nuestro interés
persiste en comprender la construcción cultural de la infancia, así como el lugar de la
educación escolar en intersección con la diversidad cultural. A partir de la referencia
bibliográfica y la literatura utilizada, se advirtió que la infancia es una construcción social
que varía entre los diferentes grupos de una sociedad. Así, conviven varias formas de vivir la
infancia que, a su vez, no siempre son consideradas en las instituciones escolares. Termina
valorando determinadas culturas - específicamente dominantes - sobre otras, ejerciendo
diferentes formatos de violencia simbólica. El concepto de niño universal, adoptado por la
escuela, acaba marginando infancias que escapan a la convención imperante. Así, la
sociología de la infancia debe reorientar la mirada a los sujetos para contribuir a una
escuela que vaya más allá de las reproducciones sociales.
PALABRAS CLAVE
: Sociología de la infância. Diversidade cultural. Enseñanza. Región
fronteriza.
Introduction
Indeed, in order to favor the advantaged and disadvantage the disadvantaged,
it is necessary and sufficient that the school, in the teaching it imparts, in the
methods and techniques of transmission, and in the criteria of evaluation,
ignore cultural inequalities [...] (BOURDIEU, 2007).
Childhood, as we know it in our daily lives, is an invention of modernity and is related
to a bourgeois conception of how to look at the child, usually seen in a universal way - who
needs to be cared for, educated, and prepared for the future. However, this elitist idea of
childhood does not correspond to the reality of many children who live in undignified living
conditions, besides not having their basic rights respected.
Based on this understanding, and seeking to understand the complexity of this period
of life, the Sociology of Childhood emerged. The field began to gain notoriety on the
international scene in the 1980s, proposing a new way of looking at children and childhood.
These, although they had already been the object of studies of other sociological disciplines -
such as the sociology of education - used to be understood in a simplistic way: a fragile being,
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a small subject, as a student, a to-be, a passive being and target of a socialization process. In
this way, childhood was constituted as a transitional phase to adulthood.
Childhood is seen, after this period, as a social construction that is closely related to
the prevailing ideals and values of each time. Children are now understood as social actors,
participants in society and builders of culture, who "[...] participate in the exchanges,
interactions, and processes of permanent adjustment that shape and contribute to transform
society. They are inserted in everyday life, whose analysis is not reduced to that of
institutions" (SILVA; RAITZ; FERREIRA, 2009, p. 77).
Corroborating this understanding around the concept of child and childhood, this
article aims to discuss how childhood, or rather, the different ways of experiencing childhood,
are treated in the school system. With this in mind, we use as our theoretical contribution the
conception of the sociologist Pierre Bourdieu (1930-2002) about education. We used
bibliographical research, with a qualitative approach, since this methodological path allows us
to know the academic production on the discussion points, besides being the basis for the
development of many research processes (PIZZANI
et al
., 2012).
The results of this bibliographical research were organized as follows: in the first part,
we present the conception (construction and consolidation) of childhood throughout history;
then, what is the place of institutional education, as a constituent of the sociological field, as a
counterpoint to reproduction as a space of respect for differences and opportunity to "be a
child"; we list, in the third part, brief considerations about cultural diversity in border regions
- as well as its intersection with the school space. And, finally, some final remarks.
The social construction of childhood
Recalling the historical process of how the child was seen over the years, through
iconographic documents, Ariès (1986) states that in the Middle Ages, childhood was
unknown. There was no feeling of childhood at that time, that is, it was not thought of as a
phase with its own characteristics, different from adults. Childhood, thus, was understood
only as a transitory phase that, once passed through, would be forgotten.
Analyzing the works of art of this period, Ariès (1986) noted that the only
differentiation made between children and adults was related to stature. Until the 12th
century, in medieval art, the child was represented with the same features and physical
characteristics of an adult, but physically smaller. It was only in the 13th century that a feeling
of childhood came closer to the modern conception, when the representations of angels with a
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younger appearance than that of adults began to appear.This lack of space for children in the
society of the time may be related to demographic conditions. As soon as one passed the stage
of greatest risk of mortality, around 7 years of age, the child's existence was already confused
with that of the adult.
Kuhlmann and Fernandes (2012) point out that, although the child entered the adult
world at around age 7, this did not mean that it was an immediate change, nor that he or she
would exercise the same activities and responsibilities as the adult. The introduction of
children in the productive activities of the time implied initiation processes, of learning, in
which children would become capable of exercising such functions until they acquired their
autonomy. The authors also point out that this "adult world", in fact, represented a universe
with people of different ages, so that the child was already inserted in it from birth.
It was only in the 17th century that childhood is -finally- "discovered". In art, this is
demonstrated by the appearance of representations, in family pictures, of children who had
already died. In this aspect, one can notice the greater importance given to children by the
family, a characteristic of the Christianization of customs. In addition, the records of
children's portraits increased: the aim was to preserve, through painting, the fugacity of
childhood. Portraying children in paintings, by themselves, without the company of adults,
was new (ARIÉS, 1986).
One can consider that the first feeling of childhood that arose was related to
"pampering. Now, the child, because of his naivety and grace, was seen as a source of
distraction for the adult. A second sense of this period of life emerged still in the 17th century,
with the moralists and educators of the time, who were concerned with discipline and
rationality of manners. According to Ariès (1986), this feeling was aware of the innocence
and weakness of children and was aimed at strengthening this weakness, preserving
innocence. Therefore, the interest in the child came to be characterized with moral concern
and psychological interest.
Another characteristic of this second feeling of childhood is that different from the
first: here it was already thought of as a long childhood. This is thanks to the success of
school institutions, guided and disciplined by moralists and educators of the time. Ariès
(1986) points out that educational instruction in the early eighteenth century was already
approaching the conceptions that would be consolidated in the nineteenth century, with a
minimum duration of four to five years. In school, children were subjected to a strict
discipline, and childhood was extended to most of the duration of the school cycle.
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In the 19th century, the view of childhood changed, with a medical view, since issues
such as poverty, mortality and child labor began to gain attention. The child becomes the
target of studies in Medicine and Psychology, in order to prescribe a childhood, to describe
each stage of the child's life, standardizing and standardizing them, always focusing on the
adult. In this sense, age gains remarkable importance, because it will be this age that will
define the deviants from the norm, the children who did not develop, who did not learn, who
started speaking too late, etc. (ABRAMOWICZ; OLIVEIRA, 2010).
In the field of sociology, the child was understood - for a long time - as a future being,
a to-be. The Sociology of Childhood emerges as a new way to look at the child, breaking with
the idea of the child as a passive object of socialization promoted by institutions such as
family, school, church, among others. It stems mainly from the pioneering study conducted by
historian Phillippe Ariès in the 1960s, who demonstrated that childhood is not a natural and
universal occurrence, but rather a historical and social construction. This field of research,
which has been consolidating itself in the international scientific discussion since the early
1980s, is the result of a movement in sociology for new interests in the processes of
socialization, which led to consider the child as a social actor, seeing childhood as a social
construction (SIROTA, 2001).
In Brazil, it was the study of Florestan Fernandes, in 1947, that introduced the interest
for children in the discussion of sociologists - although it was only in 1980 that sociology
would dispute this knowledge with other areas - seeking to understand what it is to be a child,
to go through childhood. According to Abramowicz and Oliveira (2010), the sociology of
Brazilian childhood began in 1990, from the convergence between sociologists and
pedagogues.
Sarmento (2008) highlights the consecration of a global market of products for
childhood; the fact that children mobilize an increasing number of adults who work with them
(such as teachers, for example) and, finally, the significant reduction in the number of
children in society (if compared to other age groups). For this same author, this quantitative
reduction ends up making the presence of children more sensitive in affection relations and in
the constitution of family income.
It is worth remembering that Sociology of Childhood, as a scientific field
4
, is marked
by internal differences regarding emphasis, method, selected issues or privileged focus, which
4
For Bourdieu, the concept of field represents a space characterized by conflicts and domination. Each field has
its own characteristics, and are marked by struggles, "which are fought between the newcomers, in search of the
right to enter the field, and the dominants, who will try to defend their monopoly and prevent competition. The
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are segmented into different paradigms and currents, such as the traditional theories of
socialization and interpretive reproduction theories proposed by Corsaro (1997, apud
SARMENTO, 2008), or the currents of structural, interpretive and intervention studies
described by Sarmento (2008). However, it is not up to the space of this work to explain each
one of these currents, but to present the contributions of this field of investigation for a new
way of seeing and understanding the child as a social actor.
Sirota (2001), when doing an analysis on the emergence of the term "sociology of
childhood", gathers some common points in the English and French literature regarding the
object of this sociology, which will be commented on below. Sociology has a double research
object: the child as a social actor and childhood as a generational social construction
(SARMENTO, 2008). From this perspective, childhood comes to be understood as an
institution, with the child as its subject, that is, childhood persists as a structural form, just like
a social class: no matter how many children enter or leave it, it will always continue to exist.
What matters for sociology, then, is to analyze how this category changes, quantitatively and
qualitatively (QVORTRUP, 2011).
For Sarmento (2008), childhood, as an integral part of culture and society, is a
category crossed by inequalities and contradictions. Throughout time, there have been several
social images associated with childhood, as well as several social roles attributed to them.
One can cite as an example the times of the Industrial Revolution, when it was very common
and viewed as normal by society to see children working in industries, or even in mines -
given their short stature, which facilitated the performance of functions that adults could not
perform.
In contemporary times, these inequalities and contradictions are marked, mainly, by
belonging to different social classes, gender, ethnicity, religion, linguistic universe, and social
context of life (rural or urban). According to Sarmento (2008, p. 23), "[...] the condition of
childhood is simultaneously homogeneous, as a generational category, by relation to the other
generational categories, and heterogeneous, by being crossed by the other generational
categories”.
This complexity that is the specificity of sociological research. Thus, one of the roles
of the sociology of childhood is to think about socialization processes from the perspective of
the child itself. Another point widespread in Sociology of Childhood is that the child, at the
dominants aim to consecrate the strategies of conservation of the field, maintaining, in the case of the scientific
field, the doxa of knowledge production, and the perpetuation of the existing order” (PRADO; VOLTARELLI,
2018).
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same time that he/she is a product, is an actor in social processes. He is a determinant in his
own life, as well as in the lives of those around him and the community in which he lives.
Thus, there is an urgent need to discuss not only what they produce in the institutions they
attend, but also what they create in the intersection of these instances of socialization
(SIROTA, 2001). In this sense, we leave for the discussion of childhood in the institutional
educational context.
Sociology of childhood and school education
One of the great contributions of the Bourdieusian epistemology to education was to
demystify the neutral character that school presents. For the French sociologist Pierre
Bourdieu, this institution reproduces and legitimizes social inequalities through cultural
arbitrariness, in which a particular culture is seen as legitimate to the detriment of others.
Thus, the much-talked about democratization of education, based on the ideology of
promoting equal opportunities, thinking of school as a tool for social mobility, does not exist
(VALLE, 2013).
To explain the different school trajectories of children from different social classes,
Bourdieu uses one of his main concepts, that of cultural capital. According to him, the social
origin of each child will directly influence their school performance, thus, performance
inequalities among children are related to the also unequal distribution of capital among
classes (PIOTTO, 2009).
Children who inherit from their families cultural capital, that is, "tastes in art, cooking,
decoration, clothing, sports, etc.; the greater or lesser mastery of the official language; the
information about the school world" (NOGUEIRA; NOGUEIRA, 2002, p. 21), are benefited
when they arrive at school, because the education offered by the school ends up being a
continuation of family education, to which the child is already familiar. On the other hand,
children who are born in less favored social contexts, when they arrive at school, suffer a
major cultural shock. For school success, cultural capital is more important than even
economic capital, although, most of the time, these two capitals go together.
The school, in front of the student, assumes, in order to teach him, prerequisites that
exist only to a minority, the possession of cultural capital, which "[...] would provide a better
performance in formal and informal processes of assessment. Bourdieu observes that school
evaluation goes far beyond a simple verification of learning, including a true cultural and even
moral judgment of the students" (NOGUEIRA; NOGUEIRA, 2002, p. 21).
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In this context, we understand that school does not teach everything it demands. This
institution, by treating the different as equal, ends up serving as an instrument for the
legitimation and reproduction of social inequalities. Because, from this perspective, teachers
teach and evaluate students in the same way, as if everyone already had a previous baggage,
the necessary tools to decode the transmitted message. The school ends up privileging those
who are already privileged (by a family background), justifying the success of these students
as "individual gifts" and natural aptitudes (NOGUEIRA; NOGUEIRA, 2002). As for those
considered different, who do not have the same culture, their school failure is justified by
laziness, lack of interest, unwillingness and lack of intelligence, which ends up affecting the
image that the students create of themselves.
This process is recognized as symbolic violence - another of the main concepts of
Bourdieu's theoretical legacy. For the sociologist, this is characterized as a violence that
occurs with the complicity of the victim and the oppressor: the practice of this violence
happens unintentionally, without the perception of practicing or suffering it. It is exercised by
dominant groups or institutions, which reproduce what is considered legitimate within a field.
It is in society's internalization of an arbitrary dominant culture that symbolic violence is
reproduced. The dominated do not see themselves as such, because they do not perceive
themselves as victims of this domination process, facing situations of oppression as
something natural and inevitable (OLIVEIRA; SANTANA; OLIVEIRA, 2014).
Symbolic violence is practiced in school through two arbitrary dimensions: the content
of the message that is transmitted and the power attributed to the teacher, who uses it with
authoritarianism. At the same time, it is only through education that this symbolic violence
can be unmasked and perceived by the oppressed, thus, the protagonism of becoming a social
actor that can break with this reproduction and legitimation will be given an opportunity
(OLIVEIRA; SANTANA; OLIVEIRA, 2014). The school ends up making a selection of the
students that go through it, a selection that is "[...] unequally severe, and that the social
advantages or disadvantages are progressively converted into school advantages and
disadvantages by the game of early orientations, which, directly linked to social origin,
replace and redouble the influence of the latter" (BOURDIEU, 2007, p. 52).With this
legitimization of the transmission of cultural heritage, the school allows the elite to justify the
position it occupies in society as something that was meritocratically conquered. The few
students who can obtain a satisfactory result, of success, end up legitimizing even more the
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selection made by the school, giving credit to the myth of the "liberating", fair and neutral
school (BOURDIEU, 2007).
Sarmento (2011) states that the dominant conceptions of childhood, what is
understood as childhood, over the years, are determined by the social practices of children and
adults belonging to dominant social groups. Thus, forms of "being a child" that depart from
this convention end up being excluded from the social status that is recognized as childhood.
As an example, the author cites the situation of children living on the streets, which besides
being excluded from the opportunity to access basic social rights, such as housing, health, and
food, are also excluded from the symbolic value of the recognition of being a child.
Over the years, a dominant social representation of childhood has been legitimized,
also known as "children's craft", which are the behaviors that are expected to be performed by
them. However, according to Sarmento (2011), the craft of the child is constantly
reconfigured as social changes occur in the status of childhood. The urbanization of daily life,
access to information and communication technologies, sedentary lifestyle, worsening poverty
conditions, increase in violence, feeling of insecurity and risk of exploitation of children in
vulnerable conditions, unequal distribution of opportunities in society, are changes that
directly and unequally interfere in the way of being a child of each social, cultural and ethnic
group of belonging.
Nogueira (2017), when analyzing the documentary "The invention of childhood",
directed by Liliana Sulzbach, elucidates how different childhood can be for children from
different social classes. The idea of childhood created in modernity, as the golden period in
which the child's only function would be to enjoy his innocence, was created by the elite, due
to the social role assigned to childhood by this class. The documentary shows the reality of
children from different regions of Brazil and from different social classes. Poor children,
living in the countryside cities, end up having their childhood disrespected by the needs that
life imposes on them. Many of them have to work (in jobs considered high risk even for
adults) in order to help their families survive - just like in the Middle Ages.
Children who are exposed, from an early age, to an environment with obligations and
stimulus to study, marked by extracurricular activities, will most likely be more successful in
school than children who do not have the same opportunities. It is the first type of child that
the school is prepared to receive, the one that already has a previous background, that has
access to the culture considered as legitimate by the school and is used to discipline in studies.
The others, on the other hand, end up having no space in this place. Their reality is totally
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different from the one presented by the school. In this institution, the child is seen more as a
student than as a child, is understood as a passive being, object of an intentional action of
transmission of knowledge and values stipulated as legitimate, in order to be prepared for
social life, to become a citizen.
By fantasizing a specific type of student, they disregard the many others. These
marginalized students have great difficulties in adapting to an institution so distant from their
reality, which demands more than it is able to teach. The school ends up seeing the child-
student based on his/her performance, without considering that this depends on factors
beyond the cognitive. Thus, schooling ends up becoming a great competition, in which the
competitors are child-students who come with different life trajectories - ignored by the
school system - and the prize is the successful passage through this system. The winners of
this competition who achieve school success are those who already come with a baggage -
such as cultural capital - that makes it easier for them to go through this selective process,
marked by evaluations and demands.
For those who do not have this framework, the idea remains that if they make a lot of
effort and have merit, they will obtain the same results as the privileged ones. The school
socialization process ends up being centered on meritocracy, competitiveness and autonomy,
which further reinforces the symbolic violence committed by the school: "the child-student is
called to develop as a competent individual, able to define his or her school and social path,
but is continuously placed under evaluative control" (SARMENTO, 2011, p. 593).
According to Rando and Nogueira (2020), the main axis of the school curriculum
should be the child, since she is its final recipient. Thus, the child should also be part of the
construction of this curriculum. For the planning of school practice, the first question to be
asked is what conception of child has guided these practices and how this determines the
educational practices of childhood.
It is noticeable in Brazilian schools that the curricula are plastered, reproduce the
dominant logic, without the participation of children and the school community. We
understand that it is the documented conception of childhood and child that will influence the
pedagogical practice of the teacher and the school. Only by seeing the student as an active
subject, a fundamental participant in the process of building their knowledge, will it be
possible to propose learning opportunities aimed at the full development of this child
(RANDO; NOGUEIRA, 2020).
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Hence the need for the school to take a new look at childhood and the child, breaking
away from the adult-centric and reproductive view. The education of the young child should
be focused on their own universe, that of fantasy, imagination and sensibility. Considering
that the child's learning occurs in a pleasurable way, playful activities must always be present
in pedagogical practices. It is through playing that the child communicates with the world: in
this context, playing and toys work as a form of expression proper to the child, and for this
reason they should be valued. It is important that school education reinvents the student's
craft, without separating it from the child's craft (RANDO; NOGUEIRA, 2020).
Kramer (2000) points out that it is necessary to think about an education focused on
valuing differences, recognizing the other, thus breaking with the idea of the universal child.
The author points out the need to "educate against barbarism", thinking of a critical education,
which problematizes the prejudices and discriminations arising from ethnic, economic, and
cultural differences. It is essential to truly know the children: what they do, like, dislike, talk,
play, and invent. Thus, by learning from children, it is possible to recognize the value of the
playful dimension, of art, and of imagination.
With the increasing discussion about the need for a critical education that understands
the different childhoods, official documents-such as the Common National Curricular Base
(2017)-brings in some contradictions. From the time of its elaboration to the publication of its
final version, the document has been the target of great controversy among teachers and
education researchers. Some authors defend it and others criticize it - the questions revolve
around: to what extent the document goes from a reference to a curriculum prescription, to
what extent it can contribute to the homogenization of content and encourage the loss of
autonomy of the school and teachers.
When talking about learning experiences and goals for early childhood education, the
BNCC does not consider the diversity of existing childhoods. The document presents an
instrumental vision, which organizes what the child should learn and controls the teacher's
work. There is a lack of incentives to discuss the principles that value children and their social
rights (a dignified life, health, good food, housing, etc.), restricting learning rights only to
school education, without considering that education is not limited to the experience in the
school institution, but is a multifaceted and broad social practice. Therefore, they state that the
BNCC (Common National Curriculum Base) assumes a neoliberal perspective, of
standardization and alignment of practices, which ends up extending to the initial and
continued training of teachers (BARBOSA; SILVEIRA; SOARES, 2019). By way of
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understanding, we intertwine our discussion the contextualization of this problematic in
border region.
Childhood, Inclusion and School Education in Border Region
Brazilian schools located in the border region are marked by cultural and linguistic
diversity, especially those located in twinned cities such as Ponta Porã/Brazil, which borders
Pedro Juan Caballero/Paraguay and are separated only by a "neutral zone", which is a strip
that delimits the states (BRAZIL, 2014), without any physical barrier. This characteristic
enables Paraguayan children to attend Brazilian schools, thus interacting early on with
Brazilian culture and their culture of origin. This dynamic influences childhood, as the
Paraguayan child acquires unique characteristics by living with both cultures.
The experiences of Paraguayan children in Brazilian dry border schools are marked by
conflicts and tensions involving the issue of Guarani and Spanish languages, which have
assumed a negative and inferior characteristic, especially the Guarani language, which is seen
locally as the language spoken by poor and Indians (BERGER, 2015). Given this reality, it is
not too much to emphasize the importance of the principles of school inclusion, which need to
gain space in schools in the Brazilian border region, because they must adapt to accommodate
all children, considering their physical, intellectual, social, economic, emotional, linguistic,
ethnic, cultural, etc. conditions (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, 1996).
The paradigm of inclusive education has as one of its milestones the World
Conference on Special Education, held in Salamanca, Spain, in 1994 - which reaffirmed
regular schools, with child-centered pedagogy, as one of the most effective means for the
constitution of open, welcoming, democratic communities and to combat discriminatory
attitudes. From this angle, inclusive education has as its fundamental principles "equity,
physical, intellectual, ethnic, cultural or religious diversity, rights and duties, and breaking the
barriers imposed by the utopia of achieving homogeneity, normalization" (SANCHES, 2011,
p.136). Inclusion is an issue of rights and challenges in education, considering that the school
must accommodate and provide opportunities for meaningful learning for all students and
children (SILVA, 2011).
In research on border education, Dalinghaus (2013) problematized the myth of
Spanish or/and Guarani interfering with school performance if these languages were used in
the classroom. As a result they were banned, so Paraguayan children were not free to express
themselves through their own mother tongue and sometimes use it as an element of protest to
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demonstrate their dissatisfaction. The school opposed to inclusion and accessibility is the
result of factors historically and culturally created by men, thus, the linguistic diversity
present in Brazilian schools in the border region can take another place in these spaces. This
linguistic heterogeneity and cultural diversity may cease to be seen as a problem in the
teaching-learning process and become "[...] a great challenge to the creativity and
professionalism of education professionals, generating and managing changes in mentalities,
policies, and educational practices" (SANCHES; TEODORO, 2006, p. 72).
The problem signaled by Dalinghaus (2013) and Berger (2015) reiterates the need for
a pedagogical project based on the principles of inclusive education, which presupposes the
reception of all children and students, flexibility and adaptation of its curriculum,
restructuring of its practices in organizational and functional terms. The educational practice
for school inclusion in the border region implies considering the actions undertaken by the
environment, which encompasses attitudes, convictions, political and legal actions, aiming to
overcome the social, environmental and cultural barriers and obstacles of Paraguayan children
who are in Brazilian schools, regardless of their origin or place of residence.
Inclusion is an unfinished process in societies and in education-its materiality is
marked by contradictions, and it is no different in border schools. The research of Pinto and
Santana (2020) indicates, among the existing advances, the interest of teachers in seeking new
knowledge to meet the needs of students targeted for Special Education, coming from
Paraguay, recognizing and respecting this cultural and linguistic diversity. In addition, it
demonstrates the production of pedagogical resources to meet the singularities of Paraguayan
students whose mother tongue is Guarani and/or Spanish.
In summary, there are achievements and contradictions regarding the inclusion of
children in border schools, considering that the effectiveness of school inclusion demands
public policies committed to investments in professional training, management,
organizational forms of pedagogical work, structuring and operation of Brazilian education.
Even though there are documents, policies, and laws that ensure school inclusion in course, it
is important to continue its problematization and the debate aiming its materialization.
With this, we emphasize our concern - specifically - with childhood in a pandemic
period. What about early childhood education after this complex period of so many losses? In
a recent survey, professionals of basic education - early childhood education - reported that
36.7% of their students did not have access to remote learning; 34.6% of children did not
show autonomy to monitor the progress of online activities; and 36% of parents were not able
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to develop school tasks with their children, not even through mediation, with teacher
interventions. It is understood that the applicability process of remote teaching:
[...] made available to students differ among the stages/substages of Basic
Education. The teachers in Early Childhood Education were the ones who
recorded the most video lessons, having been produced by more than half of
the participants. 43.5% of the teachers in High School held remote live
classes (GESTRADO; OLIVEIRA, 2020, p. 15).
Professionals in early childhood education have had their working hours extended in
the home office format, and have entered into exhausting routines; so, we ask: what about the
children? To what extent, in this period, were their individual rights preserved? According to
Dourado and Siqueira (2020), the unequal scenarios, both in terms of teachers' and students'
work, have created gigantic chasms that urgently need to be diluted in specific solutions, with
investments in diversity and preservation of the right to childhood, cultural identities, and
social liberties.
Final remarks
In this article we present the intertwining of childhood sociology with school
education. Based on the literature used, it was noticed that this sociological field arises in an
attempt to redirect the look at the child and childhood, breaking with adult-centered views
that, until the present day, prevail in most pedagogical practices.
With the social studies of childhood it is possible to perceive the existence of several
childhoods, since this is a social construction that varies according to the social groups in a
society. These childhoods enter the school space, so it is necessary to reflect on the
reproductive character of the school. Aiming at socialization, it inculcates the dominant
culture in children in an attempt to standardize them. In this process, those who share the
same culture imposed by the school are benefited, and those who do not are marginalized and
silenced. As Bourdieu (2007) points out, the school is not prepared to deal with differences
arising from social classes, ethnicity, origin and sex. Hence the importance of thinking about
education beyond reproduction.
“Being a child” must be valued and understood, in all its specificities. Thus, it is
necessary to see the child not as a passive receptacle, but as a social actor, critic, historical
subject and participant in their learning process. All children must find a space at school to
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“be a child”, to experience what is most characteristic of this stage of life, such as
imagination, fantasy and creation.
With this, we can see the importance of education promoting a dialogue between
different cultures, an exchange of knowledge, knowledge and customs. The school, in this
sense, should be understood as a space for cultural negotiation, for facing conflicts caused by
the unequal distribution of power between different social groups and, mainly, for recognizing
the “other” (CANDAU, 2008).
It is necessary to understand difference as inherent to every human being, as an
enriching contribution to the teaching process – and no longer as a problem to be corrected. It
is therefore urgent to break with the idea of a legitimate dominant culture, from which all who
move away are seen as threats. Children are different from each other, there are several ways
to be a child, and this should be explored by the school.
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: 13/01/2022
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: 05/03/2022
Approved
: 10/05/2022
Published
: 30/06/2022
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
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