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A consideração da imprevisibilidade e da liberdade na construção de uma escola inclusiva
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,
Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1189-1203, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16990
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A CONSIDERAÇÃO DA IMPREVISIBILIDADE E DA LIBERDADE NA
CONSTRUÇÃO DE UMA ESCOLA INCLUSIVA
LA CONSIDERACIÓN DE LA IMPREVISIBILIDAD Y DE LA LIBERTAD EN LA
CONSTRUCCIÓN DE UNA ESCUELA INCLUSIVA
RECKONING WITH UNPREDICTABILITY AND FREEDOM IN THE
CONSTRUCTION OF AN INCLUSIVE SCHOOL
José Eduardo de Oliveira Evangelista LANUTI
1
RESUMO
: As bases conceituais e legais da inclusão escolar nem sempre são
problematizadas de modo a provocar uma ruptura com concepções e práticas pedagógicas
voltadas à integração. Ao analisar o meu próprio trabalho de professor e pesquisador,
encontrei na imprevisibilidade e na liberdade os pilares sobre os quais, a meu ver, a educação
também pode ser edificada para acolher a todos, indistintamente. Neste ensaio, meu propósito
é compartilhar, por meio da narratividade, o que penso sobre a inclusão no atual cenário
brasileiro. Espero que as minhas experiências contribuam para que os professores repensem o
que é um verdadeiro compromisso pedagógico com a inclusão e que, com isso, não
admitamos toda e qualquer tentativa de retrocesso diante daquilo que o Brasil já conquistou
nesse sentido.
PALAVRAS-CHAVE
: Inclusão escolar. Ensino. Diferença. Política nacional de educação
especial.
RESUMEN
:
Las bases conceptuales y legales de la inclusión escolar ni siempre se
problematizan de manera que provoque una ruptura con las concepciones y prácticas
pedagógicas relacionadas a la integración. Al analizar mi propio trabajo como docente e
investigador, encontré en la imprevisibilidad y en la libertad los pilares sobre los que, en mi
opinión, la educación también puede ser construida para recibir a todos, sin distinción. En
este ensayo, mi propósito es ofrecer, a través de la narratividad, lo que pienso sobre la
inclusión en el escenario brasileño actual. Espero que mis experiencias ayuden a los docentes
a repensar lo que es un verdadero compromiso pedagógico con la inclusión y que, con eso,
no admitamos todos y cada uno de los intentos de regreso delante de aquello que el Brasil ya
conquistó en ese sentido.
PALABRAS CLAVE
: Inclusión escolar. Enseñanza. Diferencia. Política nacional de
educación especial.
1
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Três Lagoas – MS – Brasil. Professor Adjunto e
Presidente da Comissão Multidisciplinar Permanente de Acessibilidade. Coordenador do Núcleo de Estudos e
Pesquisas em Inclusão (NEPI/UFMS). Doutorado em Educação (UNICAMP). ORCID: https://orcid.org/0000-
0001-6055-1494. E-mail: eduardo.lanuti@ufms.br
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José Eduardo de Oliveira Evangelista LANUTI
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ABSTRACT
: The legal and conceptual bases of school inclusion are not always discussed in
a way to instigate a rupture with concepts and pedagogical practices towards integration. By
analyzing my own work as a professor and researcher, I found in unpredictability and
freedom the pillars on which, in my perception, education can be built to welcome all,
indistinctly. In this essay, my aim is to share, through narration, my thoughts on inclusion in
the current Brazilian scenario. I hope that my experience expressed here invites the teachers
to rethink what real teaching commitment with the inclusion is and, with that, we ought to
prevent any setback attempts to what Brazil has already achieved in this sense.
KEYWORDS
: School inclusion. Teaching. Difference. National secial education policy.
Introdução
Há um bom tempo venho estudando como a inclusão escolar é discutida e
implementada por pesquisadores, professores e demais envolvidos na área. O que tem me
afetado, enquanto professor e pesquisador, está relacionado ao modo como se revisitam e
atualizam as bases conceituais e os fundamentos legais da inclusão e como esses movimentos
têm causado impacto no cotidiano escolar, sobretudo no ensino.
Meus estudos e pesquisas têm me levado a confirmar aquilo que sempre suspeitei,
desde a época em que era aluno da Educação Básica: a escola, ao atender às exigências
seletivas dos sistemas de ensino, acaba desconsiderando o aluno como ele é, pois se baseia em
padrões preconcebidos. Tais idealizações distanciam as metas pedagógicas da realidade
escolar e transformam escolas em lugares hostis àqueles que refutam o modelo idealizado de
estudante, seja pelo modo que se comportam, se desenvolvem academicamente, interpretam
os fatos ou expressam suas ideias.
A desconsideração da singularidade de cada estudante, isto é, de sua diferença, aliada
ao descompromisso de gestões escolares e sistemas educacionais com a inclusão, tem
resultado em frequentes tentativas de desmonte da educação inclusiva. Tendo em vista esse
preocupante cenário, por meio da narratividade, compartilharei algumas considerações a
respeito do atual cenário político-educacional brasileiro.
A narratividade é o caminho pelo qual construo um entendimento sobre determinado
assunto. A escrita, por sua vez, me possibilita organizar essa construção subjetiva. Escrever,
para mim, é um “trabalho minoritário de pensar a vida” (LOPES, 2016, p. 4).
Resgatarei, a seguir, alguns resultados da minha pesquisa de Doutorado
2
, desenvolvida
entre os anos de 2016 e 2019. Trago esse estudo como forma de contestação às ideias
2
Pesquisa intitulada
O ensino de matemática – sentidos de uma experiência
(LANUTI, 2019), desenvolvida no
Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), orientada pela
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defendidas pelo Ministério da Educação (MEC), por meio do Decreto 10.502, de 30 de
setembro de 2020 (BRASIL, 2020a), que preconiza a volta de classes e escolas especiais para
alguns alunos e buscou instituir a Política Nacional de Educação Especial (PNEE) de 2020 –
um retrocesso educacional.
Espero que minhas experiências aqui narradas e atualizadas contribuam para que
professores, gestores e familiares não admitam e nem se intimidem diante de qualquer
tentativa de retrocesso nos inúmeros avanços que o Brasil já conquistou em relação à inclusão
escolar.
Notas sobre a perspectiva inclusiva da educação escolar brasileira
Mais de uma década se passou desde a publicação da Política Nacional de Educação
Especial na Perspectivada Educação Inclusiva – PNEEPEI (BRASIL, 2008). É possível
afirmar que a inclusão ainda constitui um projeto desafiador a ser encarado pela maioria das
escolas brasileiras. Isso pode ser explicado por diversos motivos, tais como: interpretações
equivocadas de leis voltadas à Educação que, muitas vezes, trazem afirmações dúbias,
possibilitando leituras equivocadas; políticas educacionais baseadas em ideais
integracionistas; leis e decretos que desrespeitam a Constituição Federal de 1988; formação
docente baseada na interpretação médica
1
da deficiência e na compreensão de que o ato de
ensinar é nada mais que uma transmissão de conteúdo e formações docentes que concebem o
ato de aprender como a mera aquisição e reprodução do que foi transmitido, conforme Lanuti
e Mantoan (2018) criticam.
A ideia, ainda muito veiculada na área educacional, de que a avaliação da qualidade do
ensino passe pela uniformização da aprendizagem, vem gerando tentativas de segregação
daqueles alunos que, por qualquer motivo, não apresentam habilidades e competências
valorizadas pela escola.
A expressão máxima dessa ideia foi traduzida pelo MEC com a publicação do Decreto
10.502, que pretendeu “atualizar” a Política de 2008. Tal polêmica “atualização”, na verdade,
consiste em um projeto de desmonte da PNEEPEI e, em consequência, da perspectiva
inclusiva da educação brasileira. Atualmente suspenso pelo Superior Tribunal Federal (STF),
o referido Decreto prevê a segregação daqueles alunos que, supostamente, “não se
professora Doutora Maria Teresa Eglér Mantoan e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da
UNICAMP, CAAE: 54026216.6.0000.5404.
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beneficiam, em seu desenvolvimento, quando incluídos em escolas regulares inclusivas”
(BRASIL, 2020a, art. 2, VI).
Além disso, a proposta contida na PNEE de 2020 (BRASIL, 2020b) desconsiderou a
própria organização do sistema educacional brasileiro. A Lei 9.394, que estabeleceu as
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL, 1996), determinou em seu Artigo 4º que
o dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a “garantia de
educação básica obrigatória e gratuita dos quatro aos dezessete anos de idade, organizada da
seguinte forma: pré-escola, ensino fundamental e ensino médio” (BRASIL, 1996). Ocorre que
as escolas especiais, defendidas pela PNEE, não são organizadas a partir de etapas e não se
estendem até o nível superior.
A Educação Especial, enquanto modalidade complementar à escolarização, segundo a
LDB, não constitui um subsistema, tampouco um sistema de ensino paralelo ao comum e,
portanto, as escolas especiais não podem substituir as instituições regulares. Conforme
sabemos, a segregação é uma violação do direito que cada estudante tem de se desenvolver
plenamente e ter acesso aos níveis mais elevados de ensino
segundo a sua capacidade
,
conforme a Constituição Federal (BRASIL, 1988, grifo nosso).
Todos os desafios que a inclusão nos apresenta devem nos impulsionar para mudar as
bases conceituais da escola e não para retirar dela aqueles que, injustamente, são
desestimados. O não enfrentamento das (bem-vindas) instigações e imperfeições que a
diferença humana traz tem feito com que uma velha e superada dúvida seja resgatada e trazida
novamente para o debate educacional: quem pode e quem não pode estar na escola comum?
Ao associar os alunos considerados com deficiência à incapacidade de aprender, a
PNEE (BRASIL, 2020b) resgatou ideias ultrapassadas, próprias da PNEE de 1994. Um
exemplo dessas ideias foi a definição de quem poderia estar na escola comum: “aqueles que
possuem condições de acompanhar e desenvolver as atividades curriculares no mesmo ritmo
que os alunos ditos normais” (BRASIL, 1994, p. 19).
A escola inclusiva, aquela que acolhe a todos incondicionalmente, ainda te
m sido
definida por muitos como algo inalcançável. Isso se dá, em grande parte, pelo fato de o ensino
ser organizado e desenvolvido com base em ideais que não correspondem à realidade. Além
disso, a formação docente em serviço quase sempre se reduz a um treinamento para a mera
aplicabilidade de currículos prescritivos, centrados no bom desempenho nos exames
padronizados de larga escala. Com base nesses ideais e metas, diversas ações são
desenvolvidas nas escolas, como a definição de competências a serem alcançadas por todos os
alunos e a espera de resultados homogêneos nas avaliações, que supostamente refletiriam os
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conhecimentos adquiridos. Por meio dessa racionalidade distintiva, arbitrariamente se define e
compara o desenvolvimento dos alunos. Em decorrência dessas comparações, alguns são
excluídos.
De fato, a inclusão escolar nos coloca, o tempo todo, muitos questionamentos! A
impossibilidade de respondê-los imediatamente é uma abertura para um mundo que ainda não
desabrochou, como um espaço reservado ao sonho ainda não realizado, mas que pode ser.
Uma utopia que nos seduz, como definiu Schérer (2009).
Notas sobre a imprevisibilidade na escola
Embora seja desenvolvida em uma instituição normatizada, com perfil organizacional
predominantemente burocrático, a educação escolar se dá, de fato, no encontro de pessoas,
únicas por natureza, e que possuem modos imprevisíveis de lidar com o que lhes afetam.
Assim sendo, por mais que o ato educativo deva ser planejado, é impossível prever
completamente como se dará o encontro de todos/as que participam de uma aula.
A Pedagogia, enquanto ciência, está fundamentada na criação e no desenvolvimento
de mecanismos que subsidiam o professor na tentativa de controle da aprendizagem. Há,
nessa perspectiva, a ideia de que a aprendizagem é previsível e está totalmente condicionada
ao ensino. É por isso que os sistemas de ensino ainda definem currículos escolares com base
em habilidades e competências que desconsideram a singularidade humana e interpretam o
seu alcance, por parte dos estudantes, como a prova da qualidade do trabalho docente.
Durante a pesquisa de Doutorado que desenvolvi, ao investigar uma formação docente
em serviço (da qual também atuei como formador), busquei compreender inicialmente quais
eram os entraves que impediam os 35 professores participantes de entender o que é a inclusão
escolar e, em decorrência, quais eram as demandas das escolas.
Nos dois anos de formação em que acompanhei o planejamento e desenvolvimento das
aulas, observei atentamente as atividades de ensino desenvolvidas e pude problematizá-las
com o grupo docente. Constatei que a exclusão nas escolas em que aqueles professores
atuavam tinha uma questão de fundo: a ideia de que seria possível definir quais alunos
aprenderiam e quais não aprenderiam, bem como a necessidade de um ensino
diferenciado/adaptado para eles.
Para entender melhor as concepções daqueles professores sobre a inclusão, busquei
co
mpreender como eles relacionavam o ensinar e o aprender. Passei a analisar algumas
pesquisas desenvolvidas no Brasil e em outros países e constatei que o entendimento da
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aprendizagem como algo passível de controle vinha justificando, há um bom tempo, as
tentativas de classificação do modo como alguns alunos aprendiam e, portanto, justificando a
exclusão de muitos deles.
Podemos encontrar diversos estudos que abordam tentativas de padronização dos
processos de aprendizagem dos alunos. Talvez sejam esses os referenciais que vêm sendo
adotados nas formações docentes (às quais me referi anteriormente) e que têm influenciado
fortemente as concepções dos professores.
Dunn, Dunn e Price (1982), por exemplo, dedicaram-se à definição de modos
característicos e dominantes pelos quais um indivíduo “absorve” informações. Trabalhos mais
recentes sobre esse assunto, como os desenvolvidos por Fleming (2001), Leitão (2006) e
Almeida (2010), trazem o termo “estilos de aprendizagem” para categorizar os diversos
modos de aprender em visuais, auditivos e cinestésicos.
Pela perspectiva inclusiva, condicionar o bom ensino à possibilidade de verificação e
definição de um estilo ao qual a aprendizagem pertence inferioriza o sujeito que aprende em
relação àquele que ensina. Tal condicionamento fere o princípio de igualdade intelectual,
defendido por Rancière (2007). Toda pessoa é capaz de aprender e isso não significa que
todos aprendam do mesmo modo (RANCIÈRE, 2007).
Se os professores compreendessem que todas as pessoas aprendem, inclusive além do
que lhes é ensinado, não sentiriam a necessidade de definir e comparar a aprendizagem, mas
sim, de avaliar se o ensino oferecido provocou igualdade ou desigualdade. Sobre isso,
Rancière (2007, p. 11) afirmou que:
Não se trata de uma questão de método, no sentido de formas particulares de
aprendizagem, trata-se de uma questão propriamente filosófica: saber se o
ato mesmo de receber a palavra do mestre — a palavra do outro — é um
testemunho de igualdade ou de desigualdade. É uma questão política: saber
se o sistema de ensino tem por pressuposto uma desigualdade a ser
“reduzida” ou uma igualdade a ser verificada.
Se ignorarmos o princípio de igualdade intelectual, continuaremos a comparar o
desenvolvimento dos alunos com base em um perfil preconcebido que, hipoteticamente,
detém o verdadeiro conhecimento que, portanto, precisaria ser reproduzido; cairemos na
armadilha de comparar “ritmos” de aprendizagem e, ainda, propor um ensino diferenciado a
cada grupo de estudantes que, supostamente, apresentaria o mesmo estilo de aprender – uma
prática que vai na contramão de uma educação inclusiva.
Voltando à f
ormação que conduzi com os professores em minha pesquisa de
Doutorado, estudamos a filosofia deleuziana para analisar o modo como eles organizavam
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suas aulas. Identificamos que a ideia equivocada de que seria possível prever como os
estudantes aprendiam e, a partir daí, diferenciar o ensino para cada grupo com rendimento
semelhante era o que impedia que a inclusão acontecesse. Verificamos que em razão desse
entendimento, os professores modificavam as atividades para alguns alunos: reduziam os
enunciados, acrescentavam ou retiravam figuras, facilitavam os problemas matemáticos e
simplificavam as atividades e seus objetivos – o que, segundo Mantoan (2013), constitui uma
adaptação que exclui alguns alunos.
Ao compreender o ser humano como capaz de se modificar a cada situação que vive
ou enfrenta, Deleuze (2006) fragilizou a certeza de que a aprendizagem pode ser definida,
mensurada, comparada, prevista. Se uma pessoa não é capaz de controlar o que lhe afeta,
como pensar, por exemplo, que uma diferenciação curricular lhe garantirá a aprendizagem?
Como prever quais adequações seriam necessárias nos conteúdos para que um aluno aprenda
se é ele próprio quem realiza uma acomodação do que lhe é oferecido em uma aula, conforme
defendeu Lanuti (2019)?
A imprevisibilidade, quando foi tomada como verdade na sala de aula, libertou aqueles
professores da falsa convicção de que seria possível determinar o que, como, em que tempo e
de que forma um aluno aprenderia. As aulas ganharam, então, uma nova dinâmica: atividades
de livre escolha, entrevistas, seminários, aulas passeio e pesquisas foram propostas a fim de
que cada estudante pudesse decidir quais meios o ajudariam a avançar, segundo a sua
capacidade. Em decorrência, os alunos e os professores não viam mais sentido em oferecer e
realizar as atividades adaptadas.
Penso que partir da ideia de que aprender é uma predisposição do aluno e que nem
mesmo ele tem controle absoluto de tal processo é um modo de garantir que todos os tipos de
conhecimentos, diversos talentos, aptidões e formas de expressão sejam valorizadas na sala de
aula.
Como Deleuze (2006, p. 159), também acredito que “nunca se sabe de antemão como
alguém vai aprender” e, nesse sentido, saber que alguém gosta de ver imagens, ouvir sons, ler,
escrever, narrar suas experiências e até mesmo de silenciar, não possibilita a definição de um
estilo único.
Novamente é Deleuze (2003, p. 4) que
m nos diz que “aprender diz respeito
essencialmente aos signos. Tudo que nos ensina alguma coisa emite signos, todo ato de
aprender é uma interpretação de signos”. A nossa aprendizagem, portanto, depende dos signos
que nos afetam em um dado momento.
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Com base nesse autor, entendo que a aprendizagem acontece quando há um encontro
pessoal com um signo – um acionador do pensamento. O que representa um signo para um
aluno pode não representar para outro, já que é precisamente a contingência do encontro que
ocasiona a experiência. Assim sendo, não existe uma previsibilidade na emissão e na
interpretação dos signos e, portanto, não há como saber, antecipadamente, o que afeta alguém.
A única certeza, nessa perspectiva, é a de que em contato com outros temos mais chances de
ser afetados por algo e, em consequência, de aprender.
Em contraposição a tudo isso, a PNEE de 2020 (BRASIL, 2020b) defende a volta das
escolas e classes especiais para alguns estudantes. Parte justamente da ideia ultrapassada de
que a aprendizagem de alguns alunos pode ser controlada “de fora”. Para os idealizadores
desse retrocesso, determinados alunos deveriam ser atendidos em espaços educativos
segregados, especializados, nos quais supostamente existiriam recursos suficientes para que
isso ocorresse.
Como saber de antemão do que um aluno precisa para aprender sem considerar a
imprevisibilidade das relações que permeiam tal processo? Por que não reformular o modo de
organizar o trabalho pedagógico da escola comum para que ela tenha condição de acolher a
todos os alunos, com recursos, materiais, espaços e serviços necessários? Quais práticas uma
escola especial poderia oferecer e que não seriam oferecidas na escola comum? Quais
conteúdos trabalhados à parte, em uma escola especial, seriam capazes de promover o
desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos?
A assimetria, o desequilíbrio, a estranheza e a discrepância são próprias das nossas
relações e evocam a imprevisibilidade que, para mim, é o que há de mais importante na
Educação. Mesmo que uma escola se proponha a criar meios para controlar comportamentos,
supervisionar o desenvolvimento cognitivo dos seus alunos, deduzir o que as turmas
aprenderão, tornando o ato educativo o mais previsível possível, cada pessoa carrega consigo
o imponderável.
Os pr
ocessos de ensino e de aprendizagem não podem ser totalmente premeditados, o
que oportuniza ao professor a revisão constante de seu trabalho e o questionamento sobre seu
papel. A imprevisibilidade não anula a necessidade de planejamento de uma aula, mas nos
ajuda a questionar os currículos definidos previamente, que desconsideram os interesses dos
professores e dos alunos; as avaliações uniformizadoras, que buscam nivelar os
conhecimentos; os agrupamentos dos estudantes por níveis de conhecimento, dentre outras
práticas generalizadoras.
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Pela imprevisibilidade, somos convocados a ensinar considerando a diferenciação que
cada pessoa faz de si mesma. É por isso que, segundo Schöpke (2012), uma pessoa não pode
ser comparada a outra. É preciso conhecer o que os estudantes já sabem sobre um dado
assunto; que há diversos modos pelos quais os alunos podem se expressar e que determinadas
características consideradas como deficiência não determinam as capacidades de alguém.
Quando os professores observam atentamente as perguntas que os alunos fazem em
uma aula, suas constatações, curiosidades e interesses, concebem a aprendizagem como um
processo livre e criativo. Entendem que não há como definir de antemão o que afeta o outro,
que não há um recurso que garantirá que ele aprenda. Nessa direção, a definição de quem se
beneficia ou não da escola comum perde completamente o seu sentido.
Diante de tudo isso, a definição dos “alunos que não se beneficiam da escola comum”,
segundo a PNEE (BRASIL, 2020b), já mencionada anteriormente, está relacionada a uma
perversa distorção conceitual sobre o aprender. Tal definição contempla a lógica escolar
excludente.
Notas sobre a liberdade na escola
Durante a formação docente que conduzi, conheci outro coordenador pedagógico da
escola. Trabalhávamos juntos. Eu orientava o grupo de professores dos anos iniciais do
Ensino Fundamental e ele acompanhava os professores dos anos finais.
Conversávamos muito nos corredores da escola para planejar nossas formações e,
ainda que eu não concordasse com boa parte do que ele dizia, suas ideias contraditórias me
seduziam pelo exercício de reflexão ao qual elas me obrigavam. Ele orientava os professores a
planejarem suas aulas com base na ideia de protagonismo dos alunos. No entanto, sua maneira
de pôr em prática esse pensamento revelava um trabalho pedagógico que não estava baseado
na emancipação intelectual, uma vez que a sua intenção era formar professores capazes de
determinar e avaliar a inteligência de um aluno. Roubando as palavras de Rancière (2007), o
propósito de meu colega de trabalho era formar um “professor embrutecedor”, que entende a
aprendizagem como o retorno imediato do ensino oferecido e que elege um único tipo de
saber como o correto.
Eu também gostava (e gosto) muito de pensar no protagonismo do aluno, porque isso
i
mplica a necessidade de garantir que exista liberdade na escola. Para mim, a liberdade é o
que considero mais importante na Educação e, segundo o meu entendimento, isso não
acontece na maioria das escolas. Vou explicar o porquê.
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A Educação que acontece nas escolas é, quase sempre, subordinada à problemática
ideia de que há um tipo de conhecimento hierarquicamente superior, que deve ser adquirido
por todos. Ainda que o discurso pedagógico esteja voltado à valorização dos diferentes
percursos que um aluno trilha para aprender, o que geralmente se espera é que todos eles
alcancem o mesmo ponto de chegada, previamente determinado pelo professor, pelo
currículo, e que comprovem isso! Os alunos, então, são submetidos à chancela alheia, de
quem supostamente estaria capacitado a julgar se o conhecimento exposto pelo aluno é
suficiente e, portanto, aceitável.
Nem sempre refletimos que, quando achamos possível verificar a aprendizagem,
subvertemos a experiência educacional a um experimento, conforme Larrosa (2011, 2015)
denunciou ao criticar o excesso de pragmatismo na escola. Infelizmente, a escola ainda está
presa à ideia de experiência como algo que está longe das percepções imediatas dos alunos.
Com isso, espera-se que os estudantes apresentem o que pensam por meio de uma linguagem
considerada adequada e, necessariamente, coerente com uma habilidade determinada pelo
currículo.
Voltando à pesquisa de Doutorado que desenvolvi, lembro-me que uma professora do
5º ano propôs uma aula passeio na qual os alunos observariam os números das casas nas ruas.
Seu objetivo foi problematizar as observações da turma. Ao compartilhar os resultados de sua
experiência em um dos momentos de formação coletiva, relatou que cada um de seus alunos
trouxe conteúdos diversos a partir do passeio: números crescentes e decrescentes, números
pares e ímpares, valor posicional dos algarismos, diferentes funções dos números (quantificar,
codificar), dentre outros.
A comunicação entre os alunos, a valorização das diferentes percepções e a articulação
entre as produções escritas e orais da turma, realizada pela professora, garantiu que todos
aproveitassem a aula. A experiência que cada estudante construiu com a atividade proposta
não foi reduzida a um experimento de verificação da aprendizagem, não serviu para
classificá-los em quem “sabia mais” ou “sabia menos”. Outrossim, ajudou a professora a
entender que ela não é a única que disponibiliza, aos alunos, oportunidades de aprendizagem,
e que todos, sem exceções, aprendem, desde que não existam barreiras que imponham a um
estudante uma situação de deficiência
3
.
3
Pelo Modelo Social, a deficiência não está em um atributo físico da pessoa, em uma condição intelectual, mas
na interação desse sujeito com uma barreira do meio que o impede de se desenvolver segundo a sua capacidade.
Para Mantoan (2017, p. 41), “o uso constante e espontâneo de expressões como “pessoa deficiente”, “portadora
de deficiência”, dentre tantos outros de uso frequente, vem da herança que nos legou o Modelo Médico e todas
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A consideração da liberdade como um direito, conforme assegura a Constituição
Federal Brasileira (BRASIL, 1988), provoca uma reviravolta em toda forma de planejar,
desenvolver e avaliar o ensino, pois ela nos convoca a valorizar a singularidade humana e a
abandonar modelos previamente estabelecidos, a partir dos quais decorrem classificações dos
alunos. Tal exercício nos intima a uma nova filosofia pedagógica, estruturada em valores que
visam assegurar que nenhum estudante fique de fora da escola.
A Educação, por essa perspectiva filosófica, parte da impossibilidade de estruturar de
forma linear a produção humana do conhecimento e da ideia de que nem sempre conseguimos
expressar o que aprendemos da maneira como a escola deseja. A legitimação da experiência
individual de aprendizagem do aluno é o que torna o ato educativo inclusivo, justamente por
considerar a liberdade intelectual.
O direito à Educação é intransferível e inalienável e, portanto, é do aluno,
indiscutivelmente. Segundo a nossa Constituição, saúde, dignidade, vida e a própria liberdade
são direitos dos quais não se pode renunciar (BRASIL, 1988). Para atendermos aos preceitos
constitucionais e assegurar que nenhum direito seja violado, não temos outra saída a não ser a
reinvenção da escola, para que essa seja capaz de acolher todos os estudantes. Os
investimentos públicos deveriam se voltar a uma boa formação docente nesse sentido.
Se a interpretação da prática educativa centrada na comprovação da aprendizagem do
aluno é a brecha que os sistemas de ensino têm encontrado para classificar e excluir alguns
deles, temos de superar esse paradigma, conforme Biesta (2006) defendeu. A liberdade na
Educação está relacionada ao que Rancière (2007) definiu como emancipação, isto é, à não
subordinação de uma inteligência à outra, no caso, a do aluno em relação a de seu professor.
Enquanto os processos de ensino e de aprendizagem forem relacionados à transmissão
e aquisição, respectivamente, não haverá o ultrapassamento da visão puramente racional e,
portanto, restritiva da Educação, que impede a experiência da liberdade.
Fato é que a PNEE de 2020 (BRASIL, 2020b) também se refere à liberdade, mas o
sentido atribuído a ela no referido documento não tem a ver com a emancipação do estudante,
com a capacidade que todos têm de aprender e de gerir a própria a vida. A liberdade, segundo
essa Política, diz respeito à possibilidade de escolha da família sobre em qual escola (comum
ou especial) sua filha ou filho estudará. Como defender essa possibilidade se essa escolha
retira do aluno seu direito indisponível à Educação?
as suas formas de retratar algumas pessoas, de identificá-las a um modelo pronto, fixo, compreensível e aceito
pela maioria”. Defendo, portanto, a utilização da expressão “pessoa em situação de deficiência”.
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José Eduardo de Oliveira Evangelista LANUTI
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,
Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1189-1203, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16990
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Considerações finais
Vivemos uma crise política, educacional, identitária. O que nós, professores, alunos e
familiares temos feito quando nossos desejos são anulados e temos nossa criatividade tolhida?
Quando somos subservientes às ordens de um sistema educacional arquitetado para mostrar
injustamente que nem todos os estudantes são bem-vindos às escolas?
Nesse cenário incerto, em que as rotas já traçadas demonstram sinais de esgotamento,
como afirma Mantoan (2013), precisamos reinventar outros caminhos a partir do
compromisso com a inclusão, pois somente ela nos faz desistir de cultivar modelos de aluno.
Diante disso, cabe a nós educadores contestar toda e qualquer tentativa de comparação, de
hierarquização de saberes. Encarar a impossibilidade de controlar a aprendizagem do outro,
aceitar de uma vez por todas que a avaliação não revela a capacidade de um aluno, deixar-se
contaminar pela incerteza imanente às relações humanas é estabelecer o verdadeiro
compromisso com a inclusão.
Mudar concepções e práticas não significa anular o velho, mas revê-lo e reconstruí-lo.
Deixar-se contaminar pela imprevisibilidade e ter a liberdade como base da ação pedagógica
pode fazer com que a inclusão não seja mais entendida como uma opção, mas como o único
caminho para a construção de uma sociedade justa e democrática.
As mudanças educacionais que a inclusão escolar impõe são urgentes e não podem
mais estar relacionadas à ideia de um processo que pode ser desenvolvido lentamente, com
apenas alguns estudantes. O acolhimento incondicional dos estudantes na escola comum foi o
grande avanço trazido pela Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da
Educação Inclusiva – PNEEPEI (BRASIL, 2008), e disso não podemos abrir mão. A exclusão
não pode ser justificada como uma etapa que prepara o indivíduo para, posteriormente, ser
incluído. Caso continuemos a aceitar isso, naturalizaremos o fato de que determinados alunos
devem ser excluídos, legitimando os ideais integracionistas.
Não costumo finalizar um texto com uma citação, mas as palavras de Boaventura d
e
Sousa Santos expressam muito bem o que penso sobre o atual cenário político-educacional
brasileiro. A atual crise da Educação, das concepções sobre ciência, escola, ensino e
aprendizagem nos convida a um novo entendimento da matéria: histórias locais no lugar da
eternidade, “em vez de determinismo, a imprevisibilidade; em vez do mecanicismo, a
interpenetração, a espontaneidade e a auto-organização; em vez da ordem, a desordem; em
vez da necessidade, a criatividade” (SANTOS, 2010, p. 48).
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A consideração da imprevisibilidade e da liberdade na construção de uma escola inclusiva
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,
Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1189-1203, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16990
1201
Para alinharmos nossas concepções e práticas à inclusão, temos de olhar para a escola
sem o uso de uma lente que atrapalhe a observação dos seus detalhes, que disfarce a urgência
de mudança e que justifique toda e qualquer tentativa de retrocesso educacional. É preciso,
então, olhar para a realidade como se usássemos uma lupa que amplia e revela tudo o que na
escola deve ser problematizado para que ela se torne um espaço de todos.
Se olharmos atentamente ao que acontece em uma sala de aula, teremos argumentos de
sobra para refutar toda e qualquer tentativa de retrocesso educacional, como todas essas que
expus, ao tratar da PNEE de 2020. Quem perde com a exclusão são todos, impedidos de
conviver e aprender com os desafios que a diferença do outro traz e com a maneira que ela
convoca cada pessoa a uma reinvenção incessante de si mesmo.
AGRADECIMENTOS
: À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
(FAPESP), pelo financiamento da pesquisa de Doutorado à qual me referi neste texto, sob
Processo n. 2016/00978-9; À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
- Brasil (CAPES), pelo apoio na realização do presente trabalho - Código de Financiamento
001; À Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS/MEC) - Brasil, pelo apoio na
realização do presente trabalho.
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José Eduardo de Oliveira Evangelista LANUTI
RIAEE
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A consideração da imprevisibilidade e da liberdade na construção de uma escola inclusiva
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Como referenciar este artigo
LANUTI, J. E. O. E. A consideração da imprevisibilidade e da liberdade na construção de
uma escola inclusiva.
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação
, Araraquara, v.
17, n. esp. 2, p. 1189-1203, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587. DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16990
Submetido
em
: 27/12/2021
Revisões requeridas
: 03/02/2022
Aprovado em
: 29/04/2022
Publicado em
: 30/06/2022
Processamento e edição: Editoria Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, padronização e tradução.
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La consideración de la imprevisibilidad y de la libertad en la construcción de una escuela inclusiva
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–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,
Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1191-1205, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16990
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LA CONSIDERACIÓN DE LA IMPREVISIBILIDAD Y DE LA LIBERTAD EN LA
CONSTRUCCIÓN DE UNA ESCUELA INCLUSIVA
A CONSIDERAÇÃO DA IMPREVISIBILIDADE E DA LIBERDADE NA
CONSTRUÇÃO DE UMA ESCOLA INCLUSIVA
RECKONING WITH UNPREDICTABILITY AND FREEDOM IN THE
CONSTRUCTION OF AN INCLUSIVE SCHOOL
José Eduardo de Oliveira Evangelista LANUTI
1
RESUMEN
:
Las bases conceptuales y legales de la inclusión escolar ni siempre se
problematizan de manera que provoque una ruptura con las concepciones y prácticas
pedagógicas relacionadas a la integración. Al analizar mi propio trabajo como docente e
investigador, encontré en la imprevisibilidad y en la libertad los pilares sobre los que, en mi
opinión, la educación también puede ser construida para recibir a todos, sin distinción. En este
ensayo, mi propósito es ofrecer, a través de la narratividad, lo que pienso sobre la inclusión en
el escenario brasileño actual. Espero que mis experiencias ayuden a los docentes a repensar lo
que es un verdadero compromiso pedagógico con la inclusión y que, con eso, no admitamos
todos y cada uno de los intentos de regreso delante de aquello que el Brasil ya conquistó en
ese sentido.
PALABRAS CLAVE
: Inclusión escolar. Enseñanza. Diferencia. Política nacional de
educación especial.
RESUMO
: As bases conceituais e legais da inclusão escolar nem sempre são
problematizadas de modo a provocar uma ruptura com concepções e práticas pedagógicas
voltadas à integração. Ao analisar o meu próprio trabalho de professor e pesquisador,
encontrei na imprevisibilidade e na liberdade os pilares sobre os quais, a meu ver, a
educação também pode ser edificada para acolher a todos, indistintamente. Neste ensaio,
meu propósito é compartilhar, por meio da narratividade, o que penso sobre a inclusão no
atual cenário brasileiro. Espero que as minhas experiências contribuam para que os
professores repensem o que é um verdadeiro compromisso pedagógico com a inclusão e que,
com isso, não admitamos toda e qualquer tentativa de retrocesso diante daquilo que o Brasil
já conquistou nesse sentido.
PALAVRAS-CHAVE
: Inclusão escolar. Ensino. Diferença. Política nacional de educação
especial.
1
Universidad Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Três Lagoas
–
MS
–
Brasil. Profesor Adjunto y
Presidente del Comité Permanente Multidisciplinario de Accesibilidad. Coordinador del Centro de Estudios e
Investigaciones sobre Inclusión (NEPI/UFMS). Doctorado en Educación (UNICAMP). ORCID:
https://orcid.org/0000-0001-6055-1494. E-mail: eduardo.lanuti@ufms.br
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José Eduardo de Oliveira Evangelista LANUTI
RIAEE
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,
Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1191-1205, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16990
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ABSTRACT
: The legal and conceptual bases of school inclusion are not always discussed in
a way to instigate a rupture with concepts and pedagogical practices towards integration. By
analyzing my own work as a professor and researcher, I found in unpredictability and
freedom the pillars on which, in my perception, education can be built to welcome all,
indistinctly. In this essay, my aim is to share, through narration, my thoughts on inclusion in
the current Brazilian scenario. I hope that my experience expressed here invites the teachers
to rethink what real teaching commitment with the inclusion is and, with that, we ought to
prevent any setback attempts to what Brazil has already achieved in this sense.
KEYWORDS
: School inclusion. Teaching. Difference. National secial education policy.
Introducción
Durante mucho tiempo he estado estudiando cómo la inclusión escolar es discutida e
implementada por investigadores, profesores y otras personas involucradas en el área. Lo que
me ha afectado, como docente e investigadora, está relacionado con la forma en que se
revisan y actualizan las bases conceptuales y los fundamentos jurídicos de la inclusión y cómo
estos movimientos han tenido un impacto en la vida escolar cotidiana, especialmente en la
enseñanza.
Mis estudios e investigaciones me han llevado a confirmar lo que siempre he
sospechado, desde que era estudiante de Educación Básica: la escuela, al satisfacer las
demandas selectivas de los sistemas educativos, termina despreciando al estudiante tal como
es, porque se basa en estándares preconcebidos. Tales idealizaciones distancian los objetivos
pedagógicos de la realidad escolar y transforman las escuelas en lugares hostiles a quienes
refutan el modelo idealizado de estudiante, ya sea por la forma en que se comportan, se
desarrollan académicamente, interpretan los hechos o expresan sus ideas.
El desprecio de la singularidad de cada estudiante, es decir, de su diferencia,
combinado con la desvinculación de las administraciones escolares y los sistemas educativos
con la inclusión, ha dado lugar a frecuentes intentos de desmontar la educación inclusiva. En
vista de este preocupante escenario, a través de narratividad, compartiré algunas
consideraciones sobre el actual escenario político-educativo brasileño.
La narratividad es la forma en que construyo una comprensión sobre un tema
determinado. La escritura, a su vez, me permite organizar esta construcción subjetiva.
Escribir, para mí, es un "trabajo minoritario de pensar la vida" (LOPES, 2016, p. 4).
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La consideración de la imprevisibilidad y de la libertad en la construcción de una escuela inclusiva
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Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1191-1205, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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1193
Recuperaré algunos de los resultados de mi investigación de doctorado a
continuación
2
, desarrollado entre 2016 y 2019. Traigo este estudio como una forma de
impugnar las ideas defendidas por el Ministerio de Educación (MEC), a través del Decreto
10.502, del 30 de septiembre de 2020 (BRASIL, 2020a), que aboga por el retorno de clases y
escuelas especiales para algunos estudiantes y buscó instituir la Política Nacional de
Educación Especial (PNEE) de 2020, un retroceso educativo.
Espero que mis experiencias narradas y actualizadas aquí contribuyan a que los
maestros, gerentes y familiares no admitan ni se dejen intimidar por ningún intento de
retroceder en los numerosos avances que Brasil ya ha logrado en relación con la inclusión
escolar.
Notas sobre la perspectiva inclusiva de la educación escolar brasileña
Ha pasado más de una década desde la publicación de la Política Nacional de
Educación Especial en la Perspectiva de la Educación Inclusiva - PNEEPEI (BRASIL, 2008).
Es posible afirmar que la inclusión sigue siendo un proyecto desafiante para ser visto por la
mayoría de las escuelas brasileñas. Esto puede explicarse por varias razones, tales como:
malas interpretaciones de las leyes dirigidas a la Educación que a menudo traen declaraciones
dudosas, permitiendo lecturas erróneas; políticas educativas basadas en ideales
integracionistas; leyes y decretos que violan la Constitución Federal de 1988; formación
docente basada en la interpretación médica
1
de la deficiencia y en el entendimiento de que el
acto de enseñar no es más que una transmisión de contenidos y formaciones docentes que
conciben el acto de aprender cómo la mera adquisición y reproducción de lo transmitido,
como critican Lanuti y Mantoan (2018).
La idea, aún muy transmitida en el área educativa, de que la evaluación de la calidad
de la enseñanza a través de la uniformidad del aprendizaje ha generado intentos de segregar a
aquellos estudiantes que, por la razón que sea, no tienen habilidades y competencias valoradas
por la escuela.
La máxima expresión de esta idea fue traducida por el MEC con la publicación del
Decreto 10.502, que pretendía "actualizar" la Política de 2008. Esta controversia
"actualización", de hecho, consiste en un proyecto para desmontar el PNEEPEI y, en
2
Investigación titulada
La enseñanza de las matemáticas
–
significados de
una experiencia (LANUTI, 2019),
desarrollada en el Programa de Posgrado en Educación de la Universidad Estadual de Campinas (UNICAMP),
guiada por la profesora María Teresa Eglér Mantoan y aprobada por el Comité de Ética en Investigación (CEP)
de la UNICAMP, CAAE: 54026216.6.0000.5404.
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José Eduardo de Oliveira Evangelista LANUTI
RIAEE
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,
Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1191-1205, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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consecuencia, desde la perspectiva inclusiva de la educación brasileña. Actualmente
suspendido por el Tribunal Superior Federal (STF), este Decreto prevé la segregación de
aquellos estudiantes que supuestamente "no se benefician, en su desarrollo, cuando se
incluyen en escuelas regulares inclusivas" (BRASIL, 2020a, art. 2, VI).
Además, la propuesta contenida en la PNEE 2020 (BRASIL, 2020b) ignoró la
organización del propio sistema educativo brasileño. La Ley 9.394, que estableció los
Lineamientos y Bases Nacionales de Educación (BRASIL, 1996), determinó en su artículo 4
que el deber del Estado con la educación en las escuelas públicas se cumplirá a través de la
"garantía de la educación básica obligatoria y gratuita de los cuatro a diecisiete años de edad,
organizada de la siguiente manera: preescolar, primaria y preparatoria" (BRASIL, 1996).
Sucede que las escuelas especiales, defendidas por la PNEE, no están organizadas por etapas
y no se extienden al nivel superior.
La educación especial, como modalidad complementaria a la escolarización, según la
LDB, no constituye un subsistema, ni un secundario al sistema educativo común y, por lo
tanto, las escuelas especiales no pueden reemplazar a las instituciones regulares. Como
sabemos, la segregación es una violación del derecho que tiene cada estudiante a desarrollarse
plenamente y tener acceso a los más altos niveles de educación de
acuerdo con su
capacidad,
de acuerdo con la Constitución Federal (BRASIL, 1988, nuestro grifo).
Todos los desafíos que nos presenta la inclusión deben impulsarnos a cambiar las
bases conceptuales de la escuela y no a eliminar de ella a quienes, injustamente, son
subestimados. El fracaso en enfrentar las (bienvenidas) instigaciones e imperfecciones que
trae la diferencia humana ha hecho que una vieja y superada duda sea rescatada y devuelta al
debate educativo: ¿quién puede y quién no puede estar en la escuela ordinaria?
Al asociar a los estudiantes considerados con discapacidad con la incapacidad de
aprender, la PNEE (BRASIL, 2020b) rescató ideas obsoletas, específicas de la PNEE de 1994.
Un ejemplo de estas ideas fue la definición de quién podría estar en la escuela común:
"aquellos que son capaces de monitorear y desarrollar actividades curriculares al mismo ritmo
que los llamados estudiantes normales" (BRASIL, 1994, p. 19).
La escuela inclusiva, la que acoge a todos incondicionalmente, todavía ha sido
definida por muchos como algo inalcanzable. Esto se debe en gran parte al hecho de que la
enseñanza se organiza y desarrolla en base a ideales que no corresponden a la realidad.
Además, la formación continua del profesorado casi siempre se reduce a la formación para la
mera aplicabilidad de planes de estudio prescriptivos, centrados en el buen rendimiento en los
exámenes estandarizados a gran escala. A partir de estos ideales y metas, se desarrollan varias
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La consideración de la imprevisibilidad y de la libertad en la construcción de una escuela inclusiva
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Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1191-1205, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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1195
acciones en las escuelas, como la definición de competencias a alcanzar por todos los
estudiantes y la espera de resultados homogéneos en las evaluaciones, que supuestamente
reflejarían los conocimientos adquiridos. A través de esta racionalidad distintiva, se define
arbitrariamente y se correlaciona con el desarrollo de los estudiantes. Como resultado de estas
comparaciones, algunos quedan excluidos.
De hecho, la inclusión escolar nos plantea, todo el tiempo, ¡muchas preguntas! La
imposibilidad de responderlas de inmediato es una apertura a un mundo que aún no ha
florecido, como un espacio reservado para el sueño aún no realizado, pero que puede ser. Una
utopía que nos seduce, como la definió Schérer (2009).
Notas sobre la imprevisibilidad en la escuela
Aunque se desarrolla en una institución estandarizada, con un perfil organizativo
predominantemente burocrático, la educación escolar está, de hecho, en el encuentro de
personas, únicas por naturaleza, y que tienen formas impredecibles de lidiar con lo que les
afecta. Por lo tanto, por mucho que se deba planificar el acto educativo, es imposible predecir
completamente cómo se reunirán todos los que participan en una clase.
La pedagogía, como ciencia, se basa en la creación y desarrollo de mecanismos que
apoyen al docente en un intento de controlar el aprendizaje. Existe, en esta perspectiva, la idea
de que el aprendizaje es predecible y está totalmente condicionado a la enseñanza. Es por ello
que los sistemas educativos siguen definiendo currículos escolares basados en habilidades y
competencias que desconocen la singularidad humana e interpretan su alcance por parte de los
estudiantes como prueba de la calidad del trabajo docente.
Durante la investigación doctoral que desarrollé, al investigar una enseñanza en la
educación en servicio (de la que también trabajé como formador), inicialmente traté de
entender cuáles eran los obstáculos que impedían a los 35 profesores participantes
comprender qué es la inclusión escolar y, como resultado, cuáles eran las demandas de las
escuelas.
En los dos años de formación en los que seguí la planificación y desarrollo de las
clases, observé atentamente las actividades docentes desarrolladas y pude problematizarlas
con el grupo docente. Encontré que la exclusión en las escuelas en las que trabajaban estos
profesores tenía un problema fundamental: la idea de que sería posible definir qué estudiantes
aprenderían y cuáles no, así como la necesidad de una enseñanza diferenciada / adaptada para
ellos.
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Para comprender mejor las concepciones de estos maestros sobre la inclusión, busqué
entender cómo relacionaban la enseñanza y el aprendizaje. Comencé a analizar algunas
investigaciones desarrolladas en Brasil y otros países y encontré que la comprensión del
aprendizaje como algo controlable había estado justificando, durante mucho tiempo, los
intentos de clasificar la forma en que algunos estudiantes aprendieron y, por lo tanto,
justificando la exclusión de muchos de ellos.
Podemos encontrar varios estudios que abordan los intentos de estandarizar los
procesos de aprendizaje de los estudiantes. Quizás estas sean las referencias que se han
adoptado en los cursos de enseñanza (a los que mencioné anteriormente) y que han influido
fuertemente en las concepciones de los docentes.
Dunn, Dunn y Price (1982), por ejemplo, se dedicaron a definir formas características
y dominantes en las que un individuo "absorbe" información. Trabajos más recientes sobre
este tema, como los desarrollados por Fleming (2001), Leitão (2006) y Almeida (2010), traen
el término "estilos de aprendizaje" para categorizar las diversas formas de aprendizaje en
visual, auditivo y kinestésico.
Desde la perspectiva inclusiva, condicionar la buena enseñanza a la posibilidad de
verificación y definición de un estilo al que pertenece el aprendizaje inferioriza al sujeto que
aprende en relación con el que enseña. Tal condicionamiento daña el principio de igualdad
intelectual, defendido por Rancière (2007). Todo el mundo es capaz de aprender y eso no
significa que todos aprendan de la misma manera (RANCIÈRE, 2007).
Si los maestros entendieran que todas las personas aprenden, incluso más allá de lo
que se les enseña, no sentirían la necesidad de definir y comparar el aprendizaje, sino más
bien de evaluar si la enseñanza ofrecida causó igualdad o desigualdad. Sobre esto, Rancière
(2007, p. 11) declaró que:
No es una cuestión de método, en el sentido de formas particulares de
aprendizaje, es una cuestión de sí misma filosófica: si el acto mismo de
recibir la palabra del maestro
—
la palabra del otro
—
es un testimonio de
igualdad o desigualdad. Es una cuestión política: si el sistema educativo se
basa en la desigualdad para ser "reducida" o una igualdad para ser verificada.
Si ignoramos el principio de igualdad intelectual, continuaremos comparando el
desarrollo de los estudiantes a partir de un perfil preconcebido que hipotéticamente contiene
el verdadero conocimiento que, por lo tanto, necesitaría ser reproducido; caeremos en la
trampa de comparar "ritmos" de aprendizaje y también propondremos una enseñanza
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diferenciada a cada grupo de estudiantes que supuestamente presentarían el mismo estilo de
aprendizaje, una práctica que va en contra de una educación inclusiva.
Volviendo a la formación que realicé con los profesores en mi investigación doctoral,
estudiamos la filosofía deleuziana para analizar cómo organizaban sus clases. Identificamos
que la idea errónea de que sería posible predecir cómo aprendieron los estudiantes y, a partir
de ahí, diferenciar la enseñanza para cada grupo con ingresos similares fue lo que impidió que
la inclusión ocurriera. Comprobamos que debido a esta comprensión, los maestros
modificaron las actividades para algunos estudiantes: redujeron las declaraciones, agregaron o
eliminaron cifras, facilitaron problemas matemáticos y simplificaron las actividades y sus
objetivos, lo que, según Mantoan (2013), constituye una adaptación que excluye a algunos
estudiantes.
Al entender al ser humano como capaz de cambiar a cada situación que vive o
enfrenta, Deleuze (2006) debilitó la certeza de que el aprendizaje puede ser definido, medido,
comparado, predicho. Si una persona no es capaz de controlar lo que le afecta, ¿cómo pensar,
por ejemplo, qué diferenciación curricular le garantizará el aprendizaje? ¿Cómo podemos
predecir qué ajustes serían necesarios en el contenido para que un estudiante aprenda si él o
ella es quien hace una adaptación de lo que se le ofrece en una clase, como argumentó Lanuti
(2019)?
La imprevisibilidad, cuando se tomó como verdad en el aula, liberó a esos maestros de
la falsa convicción de que sería posible determinar qué, cómo, en qué momento y cómo
aprendería un estudiante. Las clases adquirieron entonces una nueva dinámica: se propusieron
actividades de libre elección, entrevistas, seminarios, clases a pie e investigación para que
cada estudiante pudiera decidir qué medios le ayudarían a avanzar, de acuerdo con su
capacidad. Como resultado, los estudiantes y los maestros ya no veían sentido en ofrecer y
realizar actividades a medida.
Creo que partir de la idea de que el aprendizaje es una predisposición del alumno y
que ni siquiera él tiene el control absoluto de tal proceso es una forma de garantizar que todo
tipo de conocimientos, talentos diversos, habilidades y formas de expresión sean valorados en
el aula.
Como Deleuze (2006, p. 159), también creo que "nunca se sabe de antemano cómo
aprenderá alguien" y, en este sentido, saber que a alguien le gusta ver imágenes, escuchar
sonidos, leer, escribir, narrar sus experiencias e incluso silenciar, no permite la definición de
un estilo único.
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De nuevo es Deleuze (2003, p. 4) quien nos dice que "el aprendizaje se refiere
esencialmente a los signos. Todo lo que nos enseña algo emite signos, cada acto de
aprendizaje es una interpretación de signos". Nuestro aprendizaje, por tanto, depende de los
signos que nos afectan en un momento dado.
Basándome en este autor, entiendo que el aprendizaje ocurre cuando hay un encuentro
personal con un signo, un desencadenante del pensamiento. Lo que representa un signo para
un estudiante puede no representar para otro, ya que es precisamente la contingencia de la
reunión lo que provoca la experiencia. Por lo tanto, no hay previsibilidad en la emisión e
interpretación de signos y, por lo tanto, no hay forma de saber, de antemano, qué afecta a
alguien. La única certeza, desde esta perspectiva, es que en contacto con los demás tenemos
más probabilidades de ser afectados por algo y, en consecuencia, de aprender.
En oposición a todo esto, la PNEE 2020 (BRASIL, 2020b) aboga por el regreso de las
escuelas y clases especiales para algunos estudiantes. Es precisamente parte de la idea
obsoleta de que el aprendizaje de algunos estudiantes se puede controlar "desde el exterior".
Para los creadores de este retroceso, ciertos estudiantes deberían ser asistidos en espacios
educativos segregados y especializados, en los que supuestamente había recursos suficientes
para que esto ocurriera.
¿Cómo saber de antemano lo que un estudiante necesita aprender sin considerar la
imprevisibilidad de las relaciones que impregnan tal proceso? ¿Por qué no reformular la
forma de organizar el trabajo pedagógico de la escuela común para que pueda acoger a todos
los estudiantes, con los recursos, materiales, espacios y servicios necesarios? ¿Qué prácticas
podría ofrecer una escuela especial que no se ofrecerían en la escuela común? ¿Qué contenido
trabajado en una escuela especial podría promover el desarrollo y el aprendizaje de los
estudiantes?
La asimetría, el desequilibrio, la extrañeza y la discrepancia son propios de nuestras
relaciones y evocan la imprevisibilidad que, para mí, es lo más importante en Educación.
Incluso si una escuela propone crear medios para controlar los comportamientos, supervisar el
desarrollo cognitivo de sus estudiantes, deducir lo que las clases aprenderán, haciendo que el
acto educativo sea lo más predecible posible, cada persona lleva consigo lo imponderable.
Los procesos de enseñanza y aprendizaje no pueden ser totalmente premeditados, lo
que oportunista al profesor la revisión constante de su trabajo y el cuestionamiento sobre su
papel. La imprevisibilidad no anula la necesidad de planificar una clase, sino que nos ayuda a
cuestionar los currículos previamente definidos, que ignoran los intereses de profesores y
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estudiantes; evaluaciones uniformes, que buscan nivelar el conocimiento; agrupaciones de
estudiantes por niveles de conocimiento, entre otras prácticas generalizadas.
Para la imprevisibilidad, estamos llamados a enseñar considerando la diferenciación
que cada persona hace de sí misma. Es por eso que, según Schöpke (2012), una persona no
puede ser comparada con otra. Es necesario saber lo que los estudiantes ya saben sobre un
tema determinado; que hay varias formas en que los estudiantes pueden expresarse y que
ciertas características consideradas como discapacidades no determinan las habilidades de
alguien.
Cuando los maestros observan cuidadosamente las preguntas que los estudiantes hacen
en una clase, sus hallazgos, curiosidades e intereses, conciben el aprendizaje como un proceso
libre y creativo. Entienden que no hay forma de definir de antemano lo que afecta al otro, que
no hay ningún recurso que asegure que aprenda. En este sentido, la definición de quién se
beneficia o no de la escuela común pierde completamente su significado.
En vista de todo esto, la definición de "estudiantes que no se benefician de la escuela
común", según la PNEE (BRASIL, 2020b), ya mencionada anteriormente, está relacionada
con una distorsión conceptual perversa sobre el aprendizaje. Esta definición contempla la
lógica de la escuela excluyente.
Notas sobre la libertad en la escuela
Durante la formación docente que realicé, conocí a otro coordinador pedagógico de la
escuela. Trabajamos juntos. Fui mentor del grupo de maestros desde los primeros años de la
escuela primaria y él acompañó a los maestros de los últimos años.
Hablamos mucho en los pasillos del colegio para planificar nuestras formaciones y,
aunque no coincidía mucho con lo que decía, sus ideas contradictorias me seducían por el
ejercicio de reflexión al que me obligaban. Guio a los maestros a planificar sus clases
basándose en la idea de protagonismo de los estudiantes. Sin embargo, su forma de poner en
práctica este pensamiento reveló un trabajo pedagógico que no se basaba en la emancipación
intelectual, ya que su intención era formar maestros capaces de determinar y evaluar la
inteligencia de un estudiante. Robando las palabras de Rancière (2007), el propósito de mi
compañero de trabajo era formar un "maestro contundente", que entiende el aprendizaje como
el retorno inmediato de la enseñanza ofrecida y que elige un solo tipo de conocimiento como
el correcto.
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También me gustó (y me gustó) mucho pensar en el protagonismo del estudiante,
porque implica la necesidad de garantizar que haya libertad en la escuela. Para mí, la libertad
es lo que considero más importante en Educación y, en mi opinión, esto no sucede en la
mayoría de las escuelas. Explicaré por qué.
La educación que ocurre en las escuelas casi siempre está subordinada a la idea
problemática de que hay un tipo de conocimiento jerárquicamente superior, que debe ser
adquirido por todos. Aunque el discurso pedagógico se centra en valorar los diferentes
caminos que un alumno toma para aprender, lo que se suele esperar es que todos lleguen al
mismo punto de llegada, previamente determinado por el profesor, por el currículo, ¡y para
demostrarlo! Los estudiantes son sometidos al sello de otro, de quien supuestamente podían
juzgar si los conocimientos expuestos por el estudiante son suficientes y, por lo tanto,
aceptables.
No siempre reflexionamos que, cuando pensamos que es posible verificar el
aprendizaje, subvertimos la experiencia educativa a un experimento, como denunció Larrosa
(2011, 2015) criticando el exceso de pragmatismo en la escuela. Desafortunadamente, la
escuela todavía está atrapada con la idea de la experiencia como algo que está lejos de las
percepciones inmediatas de los estudiantes. Con esto, se espera que los estudiantes presenten
lo que piensan a través de un lenguaje considerado apropiado y necesariamente consistente
con una habilidad determinada por el plan de estudios.
Volviendo a la investigación doctoral que desarrollé, recuerdo que un maestro de 5º
grado propuso una clase de caminata en la que los estudiantes observarían el número de casas
en las calles. Su objetivo era problematizar las observaciones de la clase. Al compartir los
resultados de su experiencia en uno de los momentos de formación colectiva, informó que
cada uno de sus alumnos trajo diferentes contenidos del recorrido: números crecientes y
decrecientes, números pares e impares, valor posicional de los números, diferentes funciones
de los números (cuantificar, codificar), entre otros.
La comunicación entre los alumnos, la valorización de las diferentes percepciones y la
articulación entre las producciones escritas y orales de la clase, realizadas por el profesor,
aseguraron que todos aprovecharan la clase. La experiencia que cada alumno construyó con la
actividad propuesta no se redujo a un experimento de verificación de aprendizaje, no sirvió
para clasificarlos como los que "sabían más" o "sabían menos". Además, ayudó a la profesora
a entender que no es la única que brinda oportunidades de aprendizaje a los estudiantes, y que
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todos, sin excepciones, aprenden, siempre y cuando no existan barreras que impongan a un
estudiante una situación de discapacidad.
3
La consideración de la libertad como un derecho, garantizada por la Constitución
Federal brasileña (BRASIL, 1988), provoca un cambio en todas las formas de planificación,
desarrollo y evaluación de la enseñanza, porque nos llama a valorar la singularidad humana y
a abandonar los modelos previamente establecidos, en los que se basan las clasificaciones de
los estudiantes. Este ejercicio nos insinúa a una nueva filosofía pedagógica, estructurada en
valores que tienen como objetivo garantizar que ningún estudiante se quede fuera de la
escuela.
La educación, desde esta perspectiva filosófica, es parte de la imposibilidad de
estructurar linealmente la producción humana de conocimiento y la idea de que no siempre
podemos expresar lo que aprendemos de la forma que la escuela desea. La legitimación de la
experiencia de aprendizaje individual del alumno es lo que hace que el acto educativo sea
inclusivo, precisamente porque considera la libertad intelectual.
El derecho a la Educación es intransferible e inalienable y, por tanto, es del alumno,
indiscutiblemente. Según nuestra Constitución, la salud, la dignidad, la vida y la libertad
misma son derechos a los que no se puede renunciar (BRASIL, 1988). Para cumplir con los
preceptos constitucionales y garantizar que no se viole ningún derecho, no tenemos otra salida
que la reinvención de la escuela, para que pueda acoger a todos los estudiantes. Las
inversiones públicas deben recurrir a una buena formación docente en esta dirección.
Si la interpretación de la práctica educativa centrada en la prueba del aprendizaje de
los estudiantes es la brecha que los sistemas educativos han encontrado para clasificar y
excluir a algunos de ellos, debemos superar este paradigma, como argumentó Biesta (2006).
La libertad en la educación se relaciona con lo que Rancière (2007) definió como
emancipación, es decir, la no subordinación de una inteligencia a la otra, en este caso, la del
alumno en relación con la de su profesor.
Mientras los procesos de enseñanza y aprendizaje estén relacionados con la
transmisión y la adquisición, respectivamente, no habrá superación de la visión puramente
racional y, por lo tanto, restrictiva de la Educación, que impide la experiencia de la libertad.
3
Por el Modelo Social, la discapacidad no está en un atributo físico de la persona, en una condición intelectual,
sino en la interacción de este sujeto con una barrera del entorno que le impide desarrollarse de acuerdo a su
capacidad. Para Mantoan (2017, p. 41), "el uso constante y espontáneo de expresiones como "persona
discapacitada", "discapacitado", entre muchas otras de uso frecuente, proviene de la herencia que nos legó el
Modelo Médico y todas sus formas de retratar a algunas personas, de identificarlas a un modelo listo, fijo,
comprensible y aceptado por la mayoría". Por lo tanto, abogo por el uso del término "persona discapacitada".
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El hecho es que la PNEE de 2020 (BRASIL, 2020b) también se refiere a la libertad,
pero el significado que se le atribuye en este documento no tiene nada que ver con la
emancipación del estudiante, con la capacidad de cada uno para aprender y manejar su propia
vida. La libertad, de acuerdo con esta Política, se refiere a la posibilidad de elegir la familia
sobre la cual estudiará su hija o hijo (común o especial). ¿Cómo defender esta posibilidad si
esta elección le quita al estudiante su derecho a no estar disponible para la Educación?
Consideraciones finales
Estamos viviendo una crisis política, educativa, de identidad. ¿Qué hemos hecho los
maestros, los estudiantes y los miembros de la familia cuando nuestros deseos se ven
anulados y nuestra creatividad ha sido anulada? ¿Cuándo estamos subordinados a las órdenes
de un sistema educativo diseñado para mostrar injustamente que no todos los estudiantes son
bienvenidos a las escuelas?
En este escenario incierto, en el que las rutas ya trazadas muestran signos de
agotamiento, como afirma Mantoan (2013), necesitamos reinventar otros caminos basados en
el compromiso con la inclusión, porque solo eso nos hace renunciar a cultivar modelos
estudiantiles. Por lo tanto, depende de nosotros los educadores impugnar cualquier intento de
comparación, jerarquización del conocimiento. Enfrentar la imposibilidad de controlar el
aprendizaje del otro, aceptar de una vez por todas que la evaluación no revela la capacidad de
un estudiante, dejarse contaminar por la incertidumbre inmanente a las relaciones humanas es
establecer un verdadero compromiso con la inclusión.
Cambiar concepciones y prácticas no significa anular lo viejo, sino volver a verlo y
reconstruirlo. Dejar que uno se desprenda por la imprevisibilidad y tener la libertad como base
de la acción pedagógica puede hacer que la inclusión ya no se entienda como una opción, sino
como la única forma de construir una sociedad justa y democrática.
Los cambios educativos que impone la inclusión escolar son urgentes y ya no pueden
relacionarse con la idea de un proceso que se pueda desarrollar lentamente, con solo unos
pocos estudiantes. La acogida incondicional de los estudiantes en la escuela común fue el gran
avance que trajo la Política Nacional de Educación Especial desde la perspectiva de la
Educación Inclusiva - PNEEPEI (BRASIL, 2008), y no podemos renunciar a ello. La
exclusión no puede justificarse como un paso que prepara al individuo para ser incluido
posteriormente. Si seguimos aceptando esto, naturalizaremos el hecho de que ciertos
estudiantes deben ser excluidos, legitimando los ideales integracionistas.
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No suelo terminar un texto con una cita, pero las palabras de Boaventura de Sousa
Santos expresan muy bien lo que pienso sobre el actual escenario político-educativo brasileño.
La crisis actual de la Educación, de las concepciones sobre la ciencia, la escuela, la enseñanza
y el aprendizaje nos invita a una nueva comprensión de la materia: historias locales en lugar
de eternidad, "en lugar de determinismo, imprevisibilidad; en lugar de mecanismo,
interpenetración, espontaneidad y autoorganización; en lugar de orden, desorden; en lugar de
necesidad, creatividad" (SANTOS, 2010, p. 48).
Para alinear nuestras concepciones y prácticas con la inclusión, debemos mirar a la
escuela sin el uso de una lente que dificulte la observación de sus detalles, que disimule la
urgencia del cambio y que justifique cualquier intento de regresión educativa. Es necesario,
entonces, mirar la realidad como si usáramos una lupa que agranda y revela todo lo que en la
escuela debe ser problematizado para que se convierta en un espacio para todos.
Si miramos de cerca lo que sucede en un aula, tendremos muchos argumentos para
refutar cualquier intento de retroceso educativo, como todos estos que expuse, cuando se trata
de la PNEE 2020. Quien pierde con la exclusión son todos, impedidos de vivir y aprender de
los desafíos que la diferencia del otro trae y con la forma en que convoca a cada persona a una
reinvención incesante de sí mismo.
GRACIAS
: A la Fundación de Apoyo a la Investigación del Estado de São Paulo (FAPESP),
para la financiación de la investigación Doctoral a la que me he referido en este texto, en el
marco del Proceso Nº 2016/00978-9; A la Coordinación para el Perfeccionamiento del
Personal de Educación Superior - Brasil (CAPES), por apoyar la realización de este trabajo -
Código de Financiamiento 001; A la Universidad Federal de Mato Grosso do Sul
(UFMS/MEC) - Brasil, por su apoyo en do presente trabajo.
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Infantis
: Charles Fourier e a infância para além das crianças. Belo Horizonte:
Editora Autêntica, 2009.
Cómo hacer referencia a este artículo
LANUTI, J. E. O. E. La consideración de la imprevisibilidad y de la libertad en la
construcción de una escuela inclusiva.
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1191-1205, jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587. DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16990
Enviado en
: 27/12/2021
Revisiones requeridas
: 03/02/2022
Aprobado en
: 29/04/2022
Publicado en
: 30/06/2022
Procesamiento y edición: Editora Ibero-Americana de Educação.
Corrección, formateo, normalización y traducción.
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Reckoning with unpredictability and freedom in the construction of an inclusive school
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1185-1199, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16990
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RECKONING WITH UNPREDICTABILITY AND FREEDOM IN THE
CONSTRUCTION OF AN INCLUSIVE SCHOOL
A CONSIDERAÇÃO DA IMPREVISIBILIDADE E DA LIBERDADE NA
CONSTRUÇÃO DE UMA ESCOLA INCLUSIVA
LA CONSIDERACIÓN DE LA IMPREVISIBILIDAD Y DE LA LIBERTAD EN LA
CONSTRUCCIÓN DE UNA ESCUELA INCLUSIVA
José Eduardo de Oliveira Evangelista LANUTI
1
ABSTRACT
: The legal and conceptual bases of school inclusion are not always discussed in
a way to instigate a rupture with concepts and pedagogical practices towards integration. By
analyzing my own work as a professor and researcher, I found in unpredictability and freedom
the pillars on which, in my perception, education can be built to welcome all, indistinctly. In
this essay, my aim is to share, through narration, my thoughts on inclusion in the current
Brazilian scenario. I hope that my experience expressed here invites the teachers to rethink
what real teaching commitment with the inclusion is and, with that, we ought to prevent any
setback attempts to what Brazil has already achieved in this sense.
KEYWORDS
: School inclusion. Teaching. Difference. National secial education policy.
RESUMO
: As bases conceituais e legais da inclusão escolar nem sempre são
problematizadas de modo a provocar uma ruptura com concepções e práticas pedagógicas
voltadas à integração. Ao analisar o meu próprio trabalho de professor e pesquisador,
encontrei na imprevisibilidade e na liberdade os pilares sobre os quais, a meu ver, a
educação também pode ser edificada para acolher a todos, indistintamente. Neste ensaio,
meu propósito é compartilhar, por meio da narratividade, o que penso sobre a inclusão no
atual cenário brasileiro. Espero que as minhas experiências contribuam para que os
professores repensem o que é um verdadeiro compromisso pedagógico com a inclusão e que,
com isso, não admitamos toda e qualquer tentativa de retrocesso diante daquilo que o Brasil
já conquistou nesse sentido.
PALAVRAS-CHAVE
: Inclusão escolar. Ensino. Diferença. Política nacional de educação
especial.
1
Federal University of Mato Grosso do Sul (UFMS), Três Lagoas – MS – Brazil. Adjunct Professor and
Chairman of the Permanent Multidisciplinary Commission for Accessibility. Coordinator of the Center for
Studies and Research in Inclusion (NEPI/UFMS). PhD in Education (UNICAMP). ORCID:
https://orcid.org/0000-0001-6055-1494. E-mail: eduardo.lanuti@ufms.br
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José Eduardo de Oliveira Evangelista LANUTI
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1185-1199, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
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RESUMEN
:
Las bases conceptuales y legales de la inclusión escolar ni siempre se
problematizan de manera que provoque una ruptura con las concepciones y prácticas
pedagógicas relacionadas a la integración. Al analizar mi propio trabajo como docente e
investigador, encontré en la imprevisibilidad y en la libertad los pilares sobre los que, en mi
opinión, la educación también puede ser construida para recibir a todos, sin distinción. En
este ensayo, mi propósito es ofrecer, a través de la narratividad, lo que pienso sobre la
inclusión en el escenario brasileño actual. Espero que mis experiencias ayuden a los docentes
a repensar lo que es un verdadero compromiso pedagógico con la inclusión y que, con eso,
no admitamos todos y cada uno de los intentos de regreso delante de aquello que el Brasil ya
conquistó en ese sentido.
PALABRAS CLAVE
: Inclusión escolar. Enseñanza. Diferencia. Política nacional de
educación especial.
Introduction
For some time now I have been studying how school inclusion is discussed and
implemented by researchers, teachers, and others involved in the field. What has affected me,
as a teacher and researcher, is related to how the conceptual bases and legal foundations of
inclusion are revisited and updated, and how these movements have had an impact on daily
school life, especially on teaching.
My studies and research have led me to confirm what I have always suspected, since I
was a student in elementary school: the school, in meeting the selective demands of the
educational systems, ends up disregarding the student as he is, because it is based on
preconceived standards. Such idealizations distance the pedagogical goals from the school
reality and turn schools into hostile places to those who refute the idealized student model, be
it by the way they behave, develop academically, interpret facts or express their ideas.
The disregard for the uniqueness of each student, that is, for his or her difference,
together with the lack of commitment of school managements and educational systems to
inclusion, has resulted in frequent attempts to dismantle inclusive education. In view of this
worrying scenario, through narrative, I will share some considerations about the current
Brazilian political-educational scenario.
Narrativity is the way in which I construct an understanding about a certain subject.
Writing, in turn, enables me to organize this subjective construction. Writing, for me, is a
"minority work of thinking about life" (LOPES, 2016, p. 4).
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Reckoning with unpredictability and freedom in the construction of an inclusive school
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1185-1199, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
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Here are some results from my doctoral research
2
, developed between the years 2016
and 2019. I bring this study as a form of contestation to the ideas advocated by the Ministry of
Education (MEC), through Decree 10,502, of September 30, 2020 (BRASIL, 2020a), which
advocates the return of special classes and schools for some students and sought to institute
the National Policy for Special Education (PNEE, in the Portuguese acronym) of 2020 -an
educational setback.
I hope that my experiences narrated and updated here will contribute so that teachers,
managers and family members will not admit and will not be intimidated by any attempt to
retrocede the countless advances that Brazil has already achieved in relation to school
inclusion.
Notes on the inclusive perspective of Brazilian school education
More than a decade has passed since the publication of the National Policy on Special
Education from the Perspective of Inclusive Education - PNEEPEI (BRAZIL, 2008). It is
possible to state that inclusion is still a challenging project to be faced by most Brazilian
schools. This can be explained by several reasons, such as misinterpretations of laws focused
on Education that often bring dubious statements, enabling misinterpretations; educational
policies based on integrationist ideals; laws and decrees that disrespect the Federal
Constitution of 1988; teacher training based on the medical interpretation of disability and the
understanding that the act of teaching is nothing more than a transmission of content and
teacher training that conceives the act of learning as the mere acquisition and reproduction of
what was transmitted, as Lanuti and Mantoan (2018) criticize.
The idea, still widely disseminated in the educational field, that the evaluation of the
quality of education involves the standardization of learning, has generated attempts to
segregate those students who, for whatever reason, do not have the skills and competencies
valued by the school.
The maximum expression of this idea was translated by the MEC (Ministry of
Education and Culture) with the publication of Decree 10.502, which intended to "update" the
2008 Policy. Such controversial "update", in fact, consists of a project of dismantling the
PNEEPEI and, consequently, the inclusive perspective of Brazilian education. Currently
2
Research entitled The teaching of mathematics - meanings of an experience (LANUTI, 2019), developed in the
Graduate Program in Education at the State University of Campinas (UNICAMP), oriented by Professor Doctor
Maria Teresa Eglér Mantoan and approved by the Research Ethics Committee (CEP)of UNICAMP, CAAE:
54026216.6.0000.5404.
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José Eduardo de Oliveira Evangelista LANUTI
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1185-1199, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
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suspended by the Federal Superior Court (STF), this Decree provides for the segregation of
those students who, supposedly, "do not benefit in their development, when included in
inclusive regular schools" (BRAZIL, 2020a, art. 2, VI).
Moreover, the proposal contained in the PNEE of 2020 (BRAZIL, 2020b) disregarded
the very organization of the Brazilian educational system. Law 9.394, which established the
Guidelines and Bases of National Education (BRAZIL, 1996), determined in Article 4 that the
State's duty to provide public school education will be made effective through the "guarantee
of free compulsory basic education from four to seventeen years of age, organized as follows:
pre-school, elementary school and high school" (BRAZIL, 1996). It happens that special
schools, as advocated by the PNEE, are not organized in stages and do not extend to the
higher level.
Special Education, as a complementary modality to schooling, according to the LDB,
does not constitute a subsystem, nor a parallel education system to the common one and,
therefore, special schools cannot replace regular institutions. As we know, segregation is a
violation of the right that each student has to fully develop and have access to higher levels of
education
according to his or her capacity
, according to the Federal Constitution (BRAZIL,
1988, our emphasis).
All the challenges that inclusion presents us with should drive us to change the
conceptual basis of the school, not to remove from it those who are unfairly disfavored. The
failure to face the (welcome) instigations and imperfections that human difference brings has
caused an old and outdated doubt to be rescued and brought back to the educational debate:
who can and who cannot be in ordinary school?
By associating students considered with disabilities to the inability to learn, the PNEE
(BRAZIL, 2020b) rescued outdated ideas, typical of the PNEE of 1994. An example of these
ideas was the definition of who could be in the common school: "those who have conditions
to follow and develop the curricular activities at the same pace as the so-called normal
students" (BRAZIL, 1994, p. 19).
The inclusive school, the one that welcomes everyone unconditionally, has still been
defined by many as something unreachable. This is due, in large part, to the fact that
education is organized and developed based on ideals that do not correspond to reality. In
addition, in-service teacher education is almost always reduced to training for the mere
applicability of prescriptive curricula, focused on good performance in large-scale
standardized tests. Based on these ideals and goals, several actions are developed in schools,
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Reckoning with unpredictability and freedom in the construction of an inclusive school
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such as the definition of competencies to be achieved by all students and the expectation of
homogeneous results in assessments, which are supposed to reflect the knowledge acquired.
Through this distinctive rationality, the development of students is arbitrarily defined and
compared. As a result of these comparisons, some are excluded.
In fact, school inclusion poses us, all the time, many questions! The impossibility of
answering them immediately is an opening to a world that has not yet blossomed, like a space
reserved for the dream that is not yet realized, but can be. A utopia that seduces us, as Schérer
defined (2009).
Notes on unpredictability at school
Although it is developed in a standardized institution, with a predominantly
bureaucratic organizational profile, school education actually takes place in the encounter of
people, unique by nature, and who have unpredictable ways of dealing with what affects
them. Therefore, even though the educational act should be planned, it is impossible to
completely predict how the meeting of everyone who participates in a class will take place.
Pedagogy, as a science, is based on the creation and development of mechanisms that
help the teacher to control learning. From this perspective, there is the idea that learning is
predictable and totally conditioned to teaching. This is why education systems still define
school curricula based on skills and competencies that disregard human uniqueness and
interpret the students' achievement as proof of the quality of the teaching work.
During my doctoral research, while investigating an in-service teacher training
program (in which I also acted as a trainer), I initially tried to understand the barriers that
prevented the 35 participating teachers from understanding what school inclusion is and,
consequently, what the demands of the schools were.
In the two years of training in which I followed the planning and development of
classes, I carefully observed the teaching activities developed and was able to discuss them
with the teaching group. I found that the exclusion in the schools where those teachers worked
had a fundamental issue: the idea that it would be possible to define which students would
learn and which would not, as well as the need for differentiated/adapted teaching for them.
In order to better understand those teachers' conceptions about inclusion, I sought to
understand how they related teaching and learning. a long time, attempts to classify the way
some students learned and, therefore, justifying the exclusion of many of them.
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José Eduardo de Oliveira Evangelista LANUTI
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We can find several studies that approach attempts to standardize students' learning
processes. Perhaps these are the references that have been adopted in teacher training (to
which I referred earlier) and that have strongly influenced teachers' conceptions.
Dunn, Dunn and Price (1982), for example, were dedicated to defining characteristic
and dominant ways in which an individual “absorbs” information. More recent works on this
subject, such as those developed by Fleming (2001), Leitão (2006) and Almeida (2010), bring
the term “learning styles” to categorize the different ways of learning into visual, auditory and
kinesthetic.
From the inclusive perspective, conditioning good teaching to the possibility of
verifying and defining a style to which learning belongs diminishes the subject who learns in
relation to the one who teaches. Such conditioning violates the principle of intellectual
equality, defended by Rancière (2007). Every person is capable of learning and that does not
mean that everyone learns in the same way (RANCIÈRE, 2007).
If teachers understood that all people learn, even beyond what they are taught, they
would not feel the need to define and compare learning, but rather to assess whether the
teaching offered led to equality or inequality. In this regard, Rancière (2007, p. 11) stated that:
It is not a question of method, in the sense of particular forms of learning, it
is a question of a properly philosophical question: to know whether the very
act of receiving the word of the master — the word of the other — is a
testimony of equality or of inequality. It is a political question: whether the
education system presupposes an inequality to be “reduced” or an equality to
be verified.
If we ignore the principle of intellectual equality, we will continue to compare the
development of students based on a preconceived profile that, hypothetically, holds the true
knowledge that, therefore, would need to be reproduced; we will fall into the trap of
comparing learning "paces" and, furthermore, propose differentiated teaching to each group of
students who, supposedly, would present the same learning style - a practice that goes against
an inclusive education.
Going back to the training I conducted with the teachers in my PhD research, we
studied Deleuzian philosophy to analyze the way they organized their classes. We identified
that the mistaken idea that it would be possible to predict how students learn and, from there,
differentiate teaching for each group with similar performance was what prevented inclusion
from happening. We found that because of this understanding, teachers modified the activities
for some students: they reduced the statements, added or removed figures, made mathematical
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problems easier, and simplified the activities and their objectives - which, according to
Mantoan (2013), constitutes an adaptation that excludes some students.
By understanding the human being as capable of changing with each situation he lives
or faces, Deleuze (2006) weakened the certainty that learning can be defined, measured,
compared, predicted. If a person is not able to control what affects him, how can one think,
for example, that a differentiated curriculum will guarantee learning? How can one predict
what adjustments would be needed in the content for a student to learn if it is he himself who
performs an accommodation of what is offered to him in a class, as Lanuti (2019) argued?
Unpredictability, when it was taken as truth in the classroom, freed those teachers
from the false belief that it would be possible to determine what, how, in what time, and in
what way a student would learn. The classes gained, then, a new dynamic: free choice
activities, interviews, seminars, field trips and research were proposed so that each student
could decide which means would help him/her advance, according to his/her ability. As a
result, the students and the teachers no longer saw any sense in offering and carrying out the
adapted activities.
I think that starting from the idea that learning is a predisposition of the student and
that not even he has absolute control of such a process is a way to ensure that all kinds of
knowledge, diverse talents, aptitudes, and forms of expression are valued in the classroom.
Like Deleuze (2006, p. 159), I also believe that "one never knows in advance how
someone will learn" and, in this sense, knowing that someone likes to see images, hear
sounds, read, write, narrate his or her experiences, and even silence, does not make it possible
to define a unique style.
Once again it is Deleuze (2003, p. 4) who tells us that "learning is essentially about
signs. Everything that teaches us something emits signs, every act of learning is an
interpretation of signs. Our learning, therefore, depends on the signs that affect us at a given
moment.
Based on this author, I understand that learning happens when there is a personal
encounter with a sign - a thought trigger. What a sign represents for one student may not
represent for another, since it is precisely the contingency of the encounter that brings about
the experience. Thus, there is no predictability in the emission and interpretation of signs and,
therefore, there is no way to know, in advance, what affects someone. The only certainty, in
this perspective, is that in contact with others we have more chances of being affected by
something and, consequently, of learning.
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José Eduardo de Oliveira Evangelista LANUTI
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In opposition to all this, the 2020 PNEE (BRAZIL, 2020b) defends the return of
special schools and classes for some students. It starts precisely from the outdated idea that
the learning of some students can be controlled "from the outside. For the creators of this
regression, certain students should be served in segregated, specialized educational spaces, in
which supposedly there would be sufficient resources for this to occur.
How can we know in advance what a student needs to learn without considering the
unpredictability of the relationships that permeate such a process? Why not reformulate the
way the pedagogical work of the regular school is organized so that it is able to receive all the
students, with the necessary resources, materials, spaces, and services? What practices could a
special school offer that would not be offered in a regular school? What content worked
separately in a special school would be able to promote the development and learning of
students?
Asymmetry, imbalance, strangeness, and discrepancy are characteristic of our
relationships and evoke the unpredictability that, for me, is the most important thing in
Education. Even if a school sets out to create means to control behavior, supervise the
cognitive development of its students, deduce what classes will learn, making the educational
act as predictable as possible, each person carries with them the imponderable.
The teaching and learning processes cannot be totally premeditated, which gives the
teacher the opportunity to constantly review his work and question his role. Unpredictability
does not annul the need for lesson planning, but helps us to question the previously defined
curricula, which disregard the interests of teachers and students; the standardizing
assessments, which seek to level knowledge; the grouping of students by levels of knowledge,
among other generalizing practices.
Due to the unpredictability, we are called upon to teach considering the differentiation
that each person makes of himself. That is why, according to Schöpke (2012), one person
cannot be compared to another. It is necessary to know what students already know about a
given subject; that there are several ways in which students can express themselves and that
certain characteristics considered as disabilities do not determine someone's abilities.
When teachers carefully observe the questions students ask in a class, their findings,
curiosities, and interests, they conceive learning as a free and creative process. They
understand that there is no way to define beforehand what affects the other, that there is no
one resource that will guarantee that he or she will learn. In this sense, the definition of who
benefits or not from the common school completely loses its meaning.
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In view of all this, the definition of "students who do not benefit from the common
school", according to the PNEE (BRAZIL, 2020b), already mentioned above, is related to a
perverse conceptual distortion about learning. Such definition contemplates the exclusionary
school logic.
Notes on freedom at school
During the teacher training I conducted, I met another pedagogical coordinator at the
school. We worked together. I guided the group of teachers from the early years of elementary
school and he accompanied the teachers from the final years.
We talked a lot in the school hallways to plan our trainings and, even though I did not
agree with most of what he said, his contradictory ideas seduced me by the exercise of
reflection that they forced me to. He guided the teachers to plan their classes based on the idea
of student protagonism. However, his way of putting this thought into practice revealed a
pedagogical work that was not based on intellectual emancipation, since his intention was to
train teachers capable of determining and evaluating a student's intelligence. Stealing the
words of Rancière (2007), my co-worker's purpose was to form a "coarsening teacher," who
understands learning as the immediate return of the teaching offered and who elects a single
type of knowledge as the correct one. I also liked (and still like) to think about the
protagonism of the student, because this implies the need to ensure that there is freedom at
school. For me, freedom is what I consider most important in Education and, according to my
understanding, this does not happen in most schools. I will explain why.
The education that takes place in schools is almost always subordinated to the
problematic idea that there is a hierarchically superior type of knowledge that should be
acquired by everyone. Although the pedagogical discourse is aimed at valuing the different
paths that a student takes in order to learn, what is generally expected is that they all reach the
same point of arrival, previously determined by the teacher, by the curriculum, and that they
prove it! The students, then, are subjected to the approval of others, who are supposed to be
able to judge whether the knowledge exposed by the student is sufficient and, therefore,
acceptable.
We do not always reflect that, when we think it is possible to verify learning, we
subvert the educational experience into an experiment, as Larrosa (2011,2015) denounced
when he criticized the excess of pragmatism in school. Unfortunately, the school is still stuck
on the idea of experience as something that is far from the immediate perceptions of students.
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With this, students are expected to present what they think through a language considered
adequate and, necessarily, consistent with a skill determined by the curriculum.
Going back to the doctoral research I did, I remember that a 5th grade teacher
proposed a walking class in which the students would observe the numbers of the houses on
the streets. Her goal was to problematize the observations of the class. When sharing the
results of her experience in one of the collective formation moments, she reported that each
one of her students brought different contents from the walk: increasing and decreasing
numbers, even and odd numbers, the positional value of numbers, different functions of
numbers (quantifying, codifying), among others.
The communication among students, the appreciation of different perceptions, and the
articulation between the written and oral productions of the class, performed by the teacher,
ensured that everyone enjoyed the class. The experience that each student built with the
proposed activity was not reduced to a learning verification experiment, it did not serve to
classify them in who "knew more" or who "knew less". It also helped the teacher to
understand that she is not the only one who provides students with learning opportunities, and
that everyone, without exceptions, learns, as long as there are no barriers that impose a
handicap on a student.
3
.
The consideration of freedom as a right, as ensured by the Brazilian Federal
Constitution (BRAZIL, 1988), causes a turnaround in all forms of planning, developing and
evaluating education, because it calls us to value human uniqueness and to abandon
previously established models, from which classifications of students are derived.Such
exercise intimate us to a new pedagogical philosophy, structured in values that aim to ensure
that no student is left out of school.
Education, from this philosophical perspective, starts from the impossibility of
structuring the human production of knowledge in a linear way, and from the idea that we are
not always able to express what we learn in the way the school wants. The legitimation of the
student's individual learning experience is what makes the educational act inclusive, precisely
because it considers intellectual freedom.
The right to education is non-transferable and inalienable, and, therefore, it belongs to
the student, indisputably. According to our Constitution, health, dignity, life, and freedom
3
For the Social Model, disability is not a physical attribute of the person, an intellectual condition, but the
interaction of this subject with a barrier of the environment that prevents him from developing according to his
capacity. For Mantoan (2017, p. 41), "the constant and spontaneous use of expressions such as "disabled person",
"bearer of disability", among many others of frequent use, comes from the heritage bequeathed to us by the
Medical Model and all its ways of portraying some people, of identifying them to a ready, fixed, understandable,
and accepted model by most". I advocate, therefore, the use of the expression "person with disability”.
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Reckoning with unpredictability and freedom in the construction of an inclusive school
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itself are rights that cannot be renounced (BRAZIL, 1988). To meet the constitutional
precepts and ensure that no rights are violated, we have no choice but to reinvent the school,
so that it is able to welcome all students. Public investments should focus on a good teacher
training in this sense.
If the interpretation of the educational practice centered on the proof of the student's
learning is the gap that education systems have found to classify and exclude some of them,
we have to overcome this paradigm, as Biesta (2006) defended. Freedom in Education is
related to what Rancière (2007) defined as emancipation, that is, the non-subordination of one
intelligence to another, in this case, that of the student in relation to his teacher.
As long as the teaching and learning processes are related to transmission and
acquisition, respectively, there will be no overcoming of the purely rational and, therefore,
restrictive vision of Education, which prevents the experience of freedom.
The fact is that the PNEE of 2020 (BRAZIL, 2020b) also refers to freedom, but the
meaning attributed to it in that document is not related to the emancipation of the student,
with the ability that everyone has to learn and manage their own lives. Freedom, according to
this Policy, concerns the family's ability to choose in which school (common or special) their
daughter or son will study. How to defend this possibility if this choice removes from the
student his or her unavailable right to education?
Final remarks
We live in a political, educational, identity crisis. What have we, teachers, students,
and families done when our desires are annulled and our creativity is stifled? when we are
subservient to the orders of an educational system designed to unfairly show that not all
students are welcome in schools?
In this uncertain scenario, in which the routes already traced show signs of exhaustion,
as Mantoan (2013) states, we need to reinvent other paths from the commitment to inclusion,
because only it makes us give up cultivating models of students. To face the impossibility of
controlling the other's learning, to accept once and for all that evaluation does not reveal a
student's ability, to let ourselves be contaminated by the uncertainty inherent to human
relations, is to establish the true commitment to inclusion.
To change conceptions and practices does not mean to annul the old, but to review and
rebuild it. Allowing oneself to be contaminated by unpredictability and having freedom as the
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José Eduardo de Oliveira Evangelista LANUTI
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1185-1199, June 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17iesp.2.16990
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basis of pedagogical action can make inclusion no longer be understood as an option, but as
the only way to build a fair and democratic society.
The educational changes that school inclusion imposes are urgent and can no longer be
related to the idea of a process that can be developed slowly, with only a few students. The
unconditional acceptance of students in regular schools was the great advance brought by the
National Policy of Special Education in the perspective of Inclusive Education - PNEEPEI
(BRAZIL, 2008), and we cannot give that up. Exclusion cannot be justified as a stage that
prepares the individual for later inclusion. If we continue to accept this, we will naturalize the
fact that certain students should be excluded, legitimizing the integrationist ideals.
I don't usually end a text with a quote, but the words of Boaventura de Sousa Santos
express very well what I think about the current Brazilian political-educational scenario. The
current crisis in Education, in the conceptions about science, school, teaching and learning
invites us to a new understanding of the matter: local histories instead of eternity, "instead of
determinism, unpredictability; instead of mechanicism, interpenetration, spontaneity and self-
organization; instead of order, disorder; instead of necessity, creativity" (SANTOS, 2010, p.
48).
To align our concepts and practices to inclusion, we have to look at the school without
using a lens that hinders the observation of its details, that disguises the urgency of change
and justifies any attempt at educational regression. It is necessary, then, to look at reality as if
we were using a magnifying glass that enlarges and reveals everything in the school that
should be problematized so that it becomes a space for everyone.
If we take a close look at what happens in a classroom, we will have plenty of
arguments to refute any and all attempts at educational regression, such as all those I have
exposed, when dealing with the PNEE of 2020. Those who lose with exclusion are everyone,
prevented from living together and learning from the challenges that the difference of the
other brings and the way it calls each person to an incessant reinvention of themselves.
ACKNOWLEDGEMENTS:
To the Research Support Foundation of the State of São Paulo
(FAPESP), for funding the PhD research to which I refer in this text, under the Process n.
2016/00978-9;To the Higher Education Personnel Improvement Coordination - Brazil
(CAPES), for the support in the accomplishment of the present work - Financing Code
001;To theFederal University of Mato Grosso do Sul (UFMS/MEC) - Brazil, for the support
in the accomplishment of the present work.
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Reckoning with unpredictability and freedom in the construction of an inclusive school
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inclusive school.
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, Araraquara, v. 17, n.
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Submitted
: 27/12/2021
Revisions required
: 03/02/2022
Approved
: 29/04/2022
Published
30/06/2022
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
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