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O discurso pós-crítico de gênero e diversidade: Uma proposta dos direitos humanos
RIAEE
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1888-1903, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.17086
1888
O DISCURSO PÓS-CRÍTICO DE GÊNERO E DIVERSIDADE: UMA PROPOSTA
DOS DIREITOS HUMANOS
EL DISCURSO POSTCRÍTICO DE GÉNERO Y DIVERSIDAD: UNA PROPUESTA DE
DERECHOS HUMANOS
THE POST-CRITICAL DISCOURSE ON GENDER AND DIVERSITY: A HUMAN
RIGHTS PROPOSAL
Éden Santos de CASTRO
1
Íris Vanessa de Sousa SILVA
2
José Paulo Gomes BRAZÃO
3
RESUMO
: O presente artigo pretende desenvolver um debate sobre o discurso pós-crítico de
gênero e diversidade, ao considerar a proposta sobre os mesmos na perspectiva dos direitos
humanos, partindo do objetivo de compreender o discurso pós-crítico de gênero e diversidade
no âmbito dos Direitos Humanos. Também busca entender a relação entre a Declaração
Universal dos Direitos Humanos com a discussão sobre gênero e diversidade, analisando o que
são direitos humanos e qual a proposta estabelecida pela Declaração ao tratar das relações de
gênero instituídas e vivenciadas por várias sociedades, bem como averiguar a distorção entre o
discurso e a prática na temática apresentada. Esta é uma pesquisa bibliográfica realizada através
de leituras, resumos, fichamentos. Conclui-se que as questões de gênero e diversidade foram
silenciadas ao longo da história dos direitos humanos.
PALAVRAS-CHAVE
: Direitos humanos. Diversidade. Gênero.
RESUMEN
: Este artículo pretende desarrollar un debate sobre el discurso postcrítico de
género y diversidad, considerando la propuesta sobre ellos desde la perspectiva de los
derechos humanos, partiendo del objetivo de comprender el discurso postcrítico de género y
diversidad en el campo de los derechos humanos. También busca comprender la relación entre
la Declaración Universal de los Derechos Humanos y la discusión sobre género y diversidad,
analizando qué son los derechos humanos y cuál es la propuesta que establece la Declaración
al tratar las relaciones de género instituidas y experimentadas por diversas sociedades, así
como verificar la distorsión entre discurso y práctica en el tema presentado. Esta es una
investigación bibliográfica realizada a través de lecturas, resúmenes, registros. Se concluye
1
Secretaria de Educação do Estado da Bahia (SEC), Quixabeira
–
BA
–
Brasil. Coordenador Pedagógico, Colégio
Estadual Professora Terezinha Gonçalves Novais. Membro Fundador e vice-diretor da Academia Quixabeirense
de Pedagogia (AQPED). Doutorando em Educação (UFS). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3601-4899. E-
mail: edendecastro@live.com
2
Secretaria de Educação do Estado da Bahia (SEC), Quixabeira
–
BA
–
Brasil. Vice-diretora, Colégio Estadual
Professora Terezinha Gonçalves Novais. Membro fundadora da Academia Quixabeirense de Pedagogia (AQPED).
Mestrado em Estado, Gobierno y Políticas Públicas (FLACSO). ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9865-1925.
E-mail: iris.vanessa1989@outlook.com
3
Universidade da Madeira (UMa), Funchal
–
Portugal. Pesquisador do Centro de Investigação em Educação. Pós-
doutorado em Educação (UFS). ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3575-4366. E-mail: jbrazão@staff.uma.pt
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Éden Santos de CASTRO; Íris Vanessa de Sousa SILVA e José Paulo Gomes BRAZÃO
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DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.17086
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que las cuestiones de género y diversidad han sido silenciadas a lo largo de la historia de los
derechos humanos.
PALABRAS CLAVE:
Derechos humanos. Diversidad. Género.
ABSTRACT
: This article aims to develop a debate on the post-critical discourse of gender and
diversity, by considering the proposal about them from the perspective of human rights, starting
from the objective of understanding the post-critical discourse of gender and diversity within
the framework of human rights. It also seeks to understand the relationship between the
Universal Declaration of Human Rights and the discussion on gender and diversity, analyzing
what are human rights and what is the proposal established by the Declaration when dealing
with gender relations instituted and experienced by various societies, as well as to investigate
the distortion between discourse and practice in the theme presented. This is a bibliographical
research carried out through readings, abstracts, and annotations. We conclude that gender
and diversity issues have been silenced throughout the history of human rights.
KEYWORDS
: Human rights. Diversity. Gender.
Introdução
Ao analisar como as questões pós-críticas de gênero e diversidade são tratadas pela
sociedade, é necessário que façamos uma inquirição de como os Direitos Humanos tratam a
temática supracitada. Para tanto, é importante considerar o que está presente na Declaração
Universal dos Direitos Humanos (UNIC, 2009) e que diz respeito ao tema indicado no presente
trabalho. Pensar as relações de gênero e a diversidade das relações humanas deve passar pela
compreensão de qual seria a proposta dos Direitos Humanos ao tratar o tema. A Declaração
Universal dos Direitos Humanos foi adotada e proclamada em 1948, logo após a Segunda
Guerra Mundial, no intuito de que todas as pessoas, independente de raça, sexo, condição
política ou econômica, crença ou etnia, tivessem seus direitos humanos garantidos e
preservados. Para que isto ocorresse, foi criada a Organização das Nações Unidas
–
ONU,
instituição responsável por auxiliar os Países-Membros na busca da paz e da harmonia
universal.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos em um dos parágrafos do seu preâmbulo
relata que a carta considera importante a fé nos direitos fundamentais dos homens, acredita ser
necessário valorizar a dignidade e o valor da pessoa humana, bem como a “[...] igualdade de
direitos dos homens e das mulheres, e que decidiram promover o progresso social e melhores
condições de vida em uma liberdade mais ampla.” (UNIC, 2009, p. 03). Por conseguinte, é
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função primordial da ONU estabelecer que todas as Nações e Estados façam cumprir o que está
disposto na Declaração e que todas as pessoas sejam tratadas de igual forma.
Portanto, o presente trabalho se baseia na necessidade de entendimento entre a
Declaração Universal dos Direitos Humanos com a discussão pós-crítica sobre gênero e
diversidade, buscando compreender o que são direitos humanos e qual a proposta estabelecida
pela Declaração ao tratar das relações de gênero instituídas e vivenciadas por várias sociedades;
neste sentido, o presente artigo se debruçará sobre o entendimento dos direitos humanos a partir
das relações de gênero, bem como averiguará a distorção entre o discurso e a prática na temática
apresentada.
Esta revisão bibliográfica insere-se na investigação qualitativa de um fenômeno
“contemporâneo no contexto da vida real” (Y
IN, 2010, p. 22), que acontece em toda a
sociedade. Yin afirma a necessidade de pesquisas de revisão bibliográfica ao falar que “o
caminho começa com uma revisão minuciosa da literatura” (YIN, 2010, p. 23), pois ela serve
não para “determinar as respostas sobre o que é conhecido sobre um tópico”, mas para
“desenvolver questões mais perspicazes e reveladoras sobre o mesmo tópico” (YIN, 2010, p.
35). Woods também diz que “a consulta de literatura integra o processo de desenvolvimento da
teoria, a qual estimula ideias e dá forma à teoria emergente, criando simultaneamente
oportunidades de crítica e de estímulo ao estudo” (WOODS, 1999, p. 87).
Esta revisão iniciou-se com a seleção das literaturas próprias para a construção da base
metodológica da pesquisa, leituras dos autores de referência estritamente necessários à
construção desta teoria e à compreensão sobre aquilo que era necessário refletir, criar e
descrever através da produção de fichamentos e resumos. Esta parte de estrita importância
durante o percorrer
da pesquisa foi realizada com base na ideia de Macedo quando diz que “para
o pesquisador qualitativo, não há quadro teórico inquestionável” (MACEDO, 2009, p. 92), ou
seja, as leituras não podem ser compreendidas pelo pesquisador como verdades a serem
seguidas, mas sim como inspiração para que outras verdades surjam.
Afinal, o que são os direitos humanos?
Após a Segunda Guerra Mundial, nos anos de 1945, foram estabelecidas as Nações
Unidas: os horrores do segundo grande conflito bélico mundial deram origem à instituição, que
tem dentre seus principais objetivos promover e encorajar povos e nações ao respeito mútuo e
dos direitos humanos, conforme o que foi estipulado na Carta das Nações Unidas, assinada na
cidade de São Francisco, Califórnia, nos Estados Unidos da América, em outubro de 1945.
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Éden Santos de CASTRO; Íris Vanessa de Sousa SILVA e José Paulo Gomes BRAZÃO
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De acordo com a própria ONU, “Direitos Humanos são inerentes a todos os seres
humanos, independente de raça, sexo, nacionalidade, etnia, idioma, religião ou qualquer outra
condição” (ONU, 2019). Os direitos humanos contemplam ainda uma série de direitos e
liberdades, tais como: à vida, liberdade de opinião e expressão, direito ao trabalho, à educação,
entre outros. Todos e todas merecem estes direitos, sem nenhum tipo de sanção ou
discriminação. Assim, a ONU determina que:
Os direitos humanos são comumente compreendidos como aqueles direitos
inerentes ao ser humano. O conceito de Direitos Humanos reconhece que cada
ser humano pode desfrutar de seus direitos humanos sem distinção de raça,
cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outro tipo, origem social ou
nacional ou condição de nascimento ou riqueza. Os direitos humanos são
garantidos legalmente pela lei de direitos humanos, protegendo indivíduos e
grupos contra ações que interferem nas liberdades fundamentais e na
dignidade humana (ONU, 2019).
O direito internacional, a partir dos Tratados Internacionais, considerando a legislação
dos direitos humanos, determina que os Estados ajam de determinada maneira, proibindo-os ou
não de algumas ações, mas essa mesma legislação não determina o que são os direitos humanos.
Desse modo, entende-se que os direitos humanos são direitos inerentes a cada indivíduo pelo
simples fato do mesmo ser um humano. Os tratados internacionais e outras modalidades que
tratam de direitos civis costumam ser utilizados para garantir a proteção formal dos direitos de
pessoas ou grupos contra ações ou abandono de governos, que possam interferir direta ou
indiretamente em seus direitos enquanto seres humanos. Para melhor compreensão, o sítio
eletrônico das Organizações das Nações Unidas estabelece algumas características importantes
para a definição dos direitos humanos:
Os direitos humanos são fundados sobre o respeito pela dignidade e o valor
de cada pessoa;
Os direitos humanos são universais, o que quer dizer que são aplicados de
forma igual e sem discriminação a todas as pessoas;
Os direitos humanos são inalienáveis, e ninguém pode ser privado de seus
direitos humanos; eles podem ser limitados em situações específicas. Por
exemplo, o direito à liberdade pode ser restringido se uma pessoa é
considerada culpada de um crime diante de um tribunal e com o devido
processo legal;
Os direitos humanos são indivisíveis, inter-relacionados e interdependentes,
já que é insuficiente respeitar alguns direitos humanos e outros não. Na
prática, a violação de um direito vai afetar o respeito por muitos outros;
Todos os direitos humanos devem, portanto, ser vistos como de igual
importância, sendo igualmente essencial respeitar a dignidade e o valor de
cada pessoa (ONU, 2019).
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O discurso pós-crítico de gênero e diversidade: Uma proposta dos direitos humanos
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Portanto, os direitos humanos dizem respeito a tudo aquilo que se refere à dignidade
humana: ao violar qualquer fundamento moral ou legal no tocante à vida humana, de certo que
algum direito humano estará sendo violado, pois eles são indivisíveis, inter-relacionados e
interdependentes.
Direitos humanos e direitos sociais: como as mulheres foram representadas?
A partir do processo de independência das 13 Colônias britânicas da América, hoje
Estados Unidos, houve a discussão acalorada sobre a questão dos direitos, especialmente no
que se refere aos direitos sociais. Na segunda metade do século XVIII, desviando a lógica da
maioria das colônias europeias pelo mundo, as 13 Colônias adentram um processo de separação
da sua metrópole, a Inglaterra. Com uma guerra travada entre colônia e metrópole, em 1776
surge então o que conhecemos hoje por Estados Unidos da América. Apesar do caráter
revolucionário, visto que se considera historiograficamente como uma revolução contra a
submissão política e econômica à metrópole, surge então o pioneirismo da Revolução
Americana ao tratar sobre os direitos humanos. Pelas palavras de Singer (2012, p. 201):
A Revolução Americana foi pioneira na formação dos direitos humanos. Pela
primeira vez, um povo fundamenta sua aspiração à independência nos
princípios da cidadania, ou seja, coloca como finalidade primordial do Estado
a preservação das liberdades dos integrantes do povo. Elevados à condição de
sujeitos políticos.
Apesar do pioneirismo da Declaração de Independência dos Estados Unidos no que diz
respeito aos direitos humanos, na prática estavam excluídos os índios, que continuavam sendo
dizimados, os negros, que permaneciam sob o regime de escravidão, especialmente ao sul do
país, e as mulheres, que jaziam sob a ausência de direitos políticos e civis. Mesmo sendo
evidente o protagonismo das mulheres em diversos tipos de atividades (domésticas, nas
fazendas, como parteiras etc.), civil e politicamente eram esquecidas e excluídas do processo
que considerasse os direitos políticos e não eram incluídas em qualquer noção de igualdade
civil.
Apesar do que foi dito acima, dos três grupos totalmente excluídos na prática dos
direitos humanos, pioneira nos Estados Unidos, as mulheres é que vão se tornar pioneiras nas
lutas abolicionistas em meados do século XIX. Segundo Hole e Levine (1973, p. 4-5, apud
SINGER, 2012, p. 202):
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DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.17086
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Foi no movimento abolicionista dos 1830, no entanto, que o movimento pelos
direitos das mulheres teve suas origens políticas. Quando as mulheres
começaram a trabalhar seriamente pela abolição da escravidão, elas
rapidamente aprenderam que não poderiam atuar como politicamente iguais
com seus amigos abolicionistas masculinos. [...] Os ataques incessantes e
brutais (algumas vezes físicos) às mulheres convenceram as [irmãs] Grimkés
que as questões da liberdade para escravos e da liberdade para as mulheres
estavam inextricavelmente ligadas.
Portanto, para as mulheres abolicionistas dos EUA, não havia como lutar pela liberdade
dos negros sem, ao mesmo tempo, lutar pela própria liberdade. Na sequência da Revolução
Americana, ocorreu em solo europeu a Revolução Francesa, desencadeada por questões sociais
e políticas que moveram boa parte da população francesa da época. Uma forte crise econômica
desencadeou em 1789 uma volumosa revolução na França. Apesar de cronologicamente estar
datada em 1789, a revolução começa bem antes, nos idos dos anos 1774, quando da coroação
de Luís XVI, que coincide com uma vasta crise econômica enfrentada especialmente pelas
populações social e economicamente vulneráveis do país, principalmente no interior e nos
campos.
A Revolução Francesa, que foi precedida por uma revolução social e posteriormente de
cunho político, se tornou extremamente importante no que se refere aos direitos sociais e
humanos. Em agosto de 1789 foi aprovada a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão,
reconhecida pela então Assembleia Nacional, que em alguns aspectos se assemelhava à
Declaração de Independência dos EUA. Ela
traz em seu Artigo 1º a seguinte afirmação: “Art.1º.
Os homens nascem e são livres e iguais em direitos. As distinções sociais só podem
fundamentar-
se na utilidade comum” (USP, 2020). Mas, afinal, de fato, a partir da presente
afirmativa da Declaração, todos os franceses possuíam os mesmos direitos? Constata-se que
não. A Constituição francesa de 1791 seguiu a mesma lógica das declarações anteriormente
citadas, não sendo generosa quanto à atribuição dos direitos civis e políticos dos franceses.
Nas palavras de Singer (2012, p. 214-215):
Ela distinguia entre cidadãos ativos, com todos os direitos, e passivos, com
direitos legais e humanos, mas não políticos. Eram destituídos do direito de
votar e ser votado as mulheres, os menores de 25 anos, os que não possuíam
domicílio legal num cantão, em que não pagavam algum imposto [...] porque
alegadamente seriam incapazes de votar livremente.
Isto posto, cabe uma consideração sobre a ausência dos direitos das mulheres, bem como
a exclusão ou invisibilidade dos menos favorecidos no que se refere aos direitos civis e
políticos. Esta observação se faz necessária, pois, tanto a Declaração de Independência dos
EUA quanto as novas legislações francesas foram consideradas pioneiras no que diz respeito
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aos direitos humanos, porém, se vê que houve uma seletividade na abrangência desses direitos,
os mesmos estavam à disposição dos homens, brancos e da elite, mesmo sendo a Revolução
Francesa um movimento de cunho social e político, não houve uma abertura direta sobre a
discussão da inclusão das mulheres e dos mais pobres em sua legislação.
Cabe sinalizar também os iluministas do século XVIII. Movimento extremamente
importante para determinar o enfraquecimento do Antigo Regime na Europa, foi fundamental
para que os indivíduos passassem a valorizar cada vez mais o conhecimento científico:
houve
um longo debate entre os favoráveis à continuidade aos governos monarquistas e aqueles que
não concordavam mais com uma administração que não tivesse a participação da população nas
decisões políticas, mesmo que timidamente; assim, por considerar o conhecimento como item
fundamental para o desenvolvimento da cidadania, o século XIX ficou historicamente
conhecido como o “Século das Luzes”. Apesar de o movimento Iluminista debater em
profundidade a presença dos cidadãos na esfera política e pública, “A maior parte dos homens
das Luzes ressaltou o ideal tradicional de mulher silenciosa, modesta, casta, subserviente e
condenou as mulheres independentes e poderosas” (PINSKY
; PEDRO, 2012, p. 267). Assim,
mesmo considerando a liberdade de pensamento e de ação dos indivíduos, as mulheres não
estavam incluídas nesta perspectiva cidadã.
Guardadas as proporções, pode-se citar o caso brasileiro, mesmo após a Proclamação
da Independência em 1822 e a Proclamação da República em 1889, em ambos os períodos, não
foram incluídos totalmente nas legislações ora vigentes as mulheres, os negros e os
empobrecidos: a lógica do voto censitário, que fora a base para as constituições napoleônicas e
tantas outras que vieram ao longo da história, também fez parte das legislações brasileiras, que
excluíam, durante a Primeira República (1889-1930), por exemplo, praticamente 80% da
população brasileira dos processos políticos, incluindo as mulheres, negros (escravizados, ex-
escravizados, libertos etc.) e pessoas economicamente desfavorecidas. No caso brasileiro, o
cenário exposto acima começa a sofrer mudanças com a chegada de Getúlio Vargas ao poder a
partir de 1930, quanto o mesmo institui o primeiro Código Eleitoral em 1932, ofertando às
mulheres totais direitos políticos, de votarem e serem votadas.
Gênero e diversidade na perspectiva dos direitos humanos
Como visto até aqui, mesmo diante de tantas inovações no campo jurídico, não se
observou, na prática, uma demonstração de preocupação à proteção das minorias, que não foram
integradas no que se pretendia e pretende debater sobre os direitos humanos, resguardando
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Éden Santos de CASTRO; Íris Vanessa de Sousa SILVA e José Paulo Gomes BRAZÃO
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inteira e totalmente os direitos sociais e civis das minorias sociais
–
mulheres, índios, LGBTs,
negros etc. Ao analisar os aspectos gerais dos documentos e leis expostas acima, nota-se um
caráter universal no que se refere aos direitos sociais. Sobre a questão dos travestis, transexuais
e transgêneros, Hogemann (2014, p. 218) aponta que:
A Constituição brasileira institui a proteção da dignidade do ser humano
enquanto tal e o respeito às diferenças individuais e de grupos sociais em
observância à ordem social. Nesse domínio de tutela de direitos de homem e
do cidadão a devida adequação da designação nominativa de travestis,
transexuais e transgêneros aponta ao nosso país integração e coerência com
nossa Constituição Federal, em necessária observância aos preceitos dos
Direitos Humanos e do Direito Internacional.
Mesmo diante da observância das leis ao que diz o Direito Internacional sobre a temática
trabalhada no artigo em questão, a autora observa que não há uma legislação especifica que
respeite integralmente os direitos sociais dos denominados trans, em especial se tratando de
cirurgias de mudança de sexo e a questão do uso de nomes sociais, havendo necessidade de
encaminhamentos em via judicial, ficando essas pessoas expostas e à mercê de cada julgador
“[...] com a possibilidade de o resultado ser penetrado por valores, costum
es, moralismos e
preconceitos vinculados à condição de indivíduo que existe por trás de cada toga”
(HOGEMANN, 2014, p. 218).
De acordo com o Artigo 5º da Constituição Federal brasileira:
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos
termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta
Constituição; [...]
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação; [...] (BRASIL, 1988)
Citando apenas dois parágrafos (I e X) da CF/88 (BRASIL,1988), percebe-se que, diante
da Lei, todos e todas deveriam ser tratados de uma mesma maneira no que cabe aos direitos
civis e sociais, visto que a mesma legislação assegura os direitos dos cidadãos e cidadãs
brasileiras, porém, o que se percebe no cotidiano é uma lacuna entre a teoria e a prática.
Portanto, mesmo as Leis estando de acordo e dialogando com o que o Direito Internacional
precede sobre o assunto, na prática, os Direitos Humanos vão sendo relevados dia a dia.
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Direitos das minorias em conquista
As minorias sociais são várias, como já explicitadas anteriormente há uma contradição
ou confusão no conceito de minoria. Em muitos casos, há uma distorção quanto à palavra que,
segundo o dicionário Aurélio, vai trazer algumas definições importantes que esclarecem o
entendimento geral: “mi.no.ria: 1 inferioridade numérica. 2. A parte menos numerosa duma
corporação deliberativa, etc.” (FERREIRA, 2008, p. 556). Assim, a grande maioria dos
indivíduos acaba se concentrando nesta parte do significado da palavra minoria, porém, a
significância da mesma vai além: “[...] 3.
Antrop. Sociol.
Subgrupo que, dentro de uma
sociedade, se considera e/ou é considerado diferente do grupo dominante, e que não participa,
em igualdade
de condições, da vida social” (FERREIRA, 2008, p. 556). Portanto, esses grupos
(mulheres, negros, indígenas, LGBTs etc.), embora representem quantitativamente um número
expressivo de sujeitos, não são tratados enquanto cidadãos e cidadãs que são, o que interfere
diretamente em seu cotidiano.
Gênero e diversidade no currículo escolar: uma perspectiva pós-crítica
A história da educação é marcada por pressupostos e conceitos que orientam e
fundamentam o seu caminho. O contexto histórico de uma sociedade e a concepção de homem
que ela possui estabelecem, desde seu princípio, as bases pelas quais se justificam a prática de
sua educação através de teorias e metodologias destinadas ao desenvolvimento humano. Essas
ações de caráter epistemológico e didático definem determinados períodos através dos quais é
possível perceber a relação estabelecida entre a educação e a sua concepção de homem e de
sociedade.
No entanto, à medida que a história transcorre em seu curso, mudanças vão acontecendo
tanto no interior dos indivíduos quanto no contexto social no qual estão inseridos. Disso resulta
a mudança do sentido que se atribui à educação, provocando novos pensamentos e novas ações.
Sendo então a educação carregada de intencionalidades, essas teorias pedagógicas vão se
reconfigurando e adquirindo novas formas, o que nos remete a pensar sobre a reconfiguração
do próprio currículo, pois “todas as teorias pedagógicas são também teorias sobre currículo”
(SILVA, 2009). No entanto, o que caracteriza uma nova tendência não é sempre a extinção de
uma anterior, mas a evolução desta, que pode dar-se pela quebra ou transformação da primeira.
Essa adaptação transformadora das intencionalidades pedagógicas se caracteriza pela
mudança social, pela crítica acerca do modelo anterior de educação, bem como da visão sobre
a sociedade modificada e sobre o homem desta sociedade. Daí então o caminho educativo ser
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trilhado, a partir das primeiras décadas do século XX,
sobre “estudos sobre currículo” (Silva,
2009), com a publicação de
The curriculum
, de Bobbitt, livro considerado como um “marco no
estabelecimento do currículo como um campo especializado de estudos” (SILVA, 2009), d
e
onde vieram as teorias tradicionais, preocupadas com a “natureza da aprendizagem”,
perpassan
do pelas teorias críticas, focadas na “natureza humana” e estando hoje direcionadas
pelas teorias pós-críticas,
que evidenciam a consideração da educação sobre a “natureza do
conhecimento, cultura e sociedade”, essencialmente ligadas à “...nossa identida
de...nossa
subjetividade” (SILVA, 2009).
O homem e a sociedade característicos da contemporaneidade, partes fundamentais do
novo processo de transformação humana, social, política e econômica, mobilizam inquietações
sobre novas formas e novos modelos de se pensar e se fazer educação. Essa ruptura do
paradigma educativo nos permite observar “um movimento intelectual que proclama que
estamos vivendo numa nova época histórica, a Pós-Modernidade, radicalmente diferente da
anterior, a Modernidade” (SILVA, 2009
). Sendo então a escola, ainda, um referencial do
sentido conceitual de educação, encontra-se, há muito, defasada do contexto atual, pois que,
sendo ela um símbolo da modernidade, nós, enquanto sociedade, já ultrapassamos essa época.
Como diz Silva:
Nossas noções de educação, pedagogia e currículo estão solidamente fincadas
na Modernidade e nas ideias modernas. A educação tal como a conhecemos
hoje é a instituição moderna por excelência. Seu objetivo consiste em
transmitir o conhecimento científico, em formar um ser humano supostamente
racional e autônomo [...]. Nesse sentido, o questionamento pós-modernista
constitui um ataque à própria ideia de educação (2009, p. 111-112)
O fenômeno educativo não pode ser compreendido como uma realidade acabada.
Mizukami nos vem afirmar que o fenômeno educativo é, antes de tudo, “um fenômeno humano,
histórico e multidimensional” que não “se dá a conhecer de forma única e precisa em seus
múl
tiplos aspectos” (
MIZUKAMI, 1986), embora que, por muito tempo, para cada período,
tenha focado seu olhar em apenas uma das múltiplas dimensões. Num modelo clássico de
educação, o foco na matéria e no método valorizaram a dimensão técnica do processo. Por outra
via conceitual, a definição de objetivos, conteúdos, métodos e avaliação, numa forma linear e
sistêmica, idealizava uma educação estrategista findada em comportamentos especificados e
observáveis; nesse modelo, avalia-se o aluno somente. No entanto, há que se considerar a
existência de um modelo que não se finda na avaliação do aluno, mas que, de forma cíclica,
avalia também o processo e o método.
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O discurso pós-crítico de gênero e diversidade: Uma proposta dos direitos humanos
RIAEE
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1888-1903, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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1898
Este último modelo considera o sistema educativo como resultado de um sistema
didático que concebe avaliação, conteúdos, objetivos e métodos, mas que possui relação com o
sistema psicológico do ser, preocupando-se com desenvolvimento, aprendizagem, memória e
motivação. Essa perspectiva crítica advém da compreensão de que o sistema educativo não é
isolado de outros tantos sistemas que o circundam, como o científico, tecnológico, religioso,
cultural, ideológico, econômico e político. Daí resulta as ideias pós-críticas sobre o currículo,
que compreendem a escola como território de embates “que pressionam, ai
nda, para que entrem
no território do conhecimento legítimo as experiências e os saberes dessas ações coletivas, para
que sejam conhecidos sujeitos coletivos de memórias, história e culturas” (ARROYO, 2011).
O conhecimento está, pois, convertido em “um território de disputas” (ARROYO, 2011).
O embate atual resultante da necessária mudança paradigmática e da gritante realidade
ainda existente com moldes de ensino fincados em conceitos equivocados sobre a relação
simbiótica que deve haver entre escola e sociedade faz surgir uma questão delicada, profunda
e que exige uma resposta em caráter emergencial: o que deve fundamentar a ação docente num
período em que o território sociocultural emerge dentro da escola? Outra questão que aprofunda
essa reflexão é a seguinte: até quando estará a sociedade modificando-se conceitualmente e os
ideais esperados pela educação estarão buscando acompanhar esse ritmo acelerado da mudança
enquanto
a prática docente, a sua realidade, continua de olhos vendados? “Estamos em um
processo promissor de repensarmos como profissionais. Nosso trabalho é mais complexo. O ser
professor tornou-
se mais tenso” (ARROYO, 2011).
Ao tratar das questões pós-críticas do currículo, o que deve chamar a atenção docente é
que Silva (2009), em seu livro
Documentos de Identidade
, nos traça um panorama das
complexas questões decorrentes da atualidade que devem ser contempladas no currículo:
multiculturalismo, relações de gênero, etnia e raça, teoria
queer
. Ele considera que a
fundamentação da ação docente diante de uma realidade pós-crítica deve ponderar que o que
realmente “conta como conhecimento oficial” não é o currículo hegemônico, uma vez que sob
o fenômeno do multiculturalismo, “a igualdade não se obtém simplesmente através da
igualdade de acesso” a es
se currículo, mas sim na modificação dele para que sejam
contempladas ações que valorizem a identidade dos “grupos culturais dominados” (SILVA,
2009).
Outra questão crucial no papel docente frente ao combate às desigualdades está pautada
nas relações de gê
nero e na pedagogia feminista. Ao quebrar com a ideia de um “currículo
educacional” que “refletia e reproduzia os estereótipos da sociedade mais ampla” (SILVA,
2009), tanto disciplinas consideradas naturalmente masculinas ou naturalmente femininas, bem
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Éden Santos de CASTRO; Íris Vanessa de Sousa SILVA e José Paulo Gomes BRAZÃO
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DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.17086
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como profissões e funções sociais direcionadas especificamente ao homem ou à mulher, fazem
emergir a necessidade de reconceituação da função docente para que vá além da dinâmica de
classe, sendo capaz de refletir “de forma equilibrada, tanto a experiência mas
culina quanto a
feminina” (SILVA, 2009), garantindo às mulheres não só o “acesso às instituições e formas de
conhecimento do patriarcado” (SILVA, 2009), mas também de garantir
-lhes oportunidade de
transformação desses espaços, uma vez que o acesso simplesmente as introduziria num lugar
construído sob conceitos masculinizados.
Outro aspecto bastante presente nas discussões contemporâneas acerca das
transformações ocorridas na sociedade diz respeito não só ao pensamento acerca de gênero e
na quebra da cultura masculinizada estabelecida histórica e culturalmente, que não perpassam
pura e simplesmente os fatores biológicos que nos definem como homens e mulheres, mas em
toda uma construção conceitual que estabelece e segrega os gêneros como se, por serem
b
iologicamente distintos, socialmente eles deveriam “funcionar”, também, de forma distinta. O
fator discursivo em questão envolve a sexualidade que, “embora fortemente presente na escola,
raramente faz parte do currículo” (SILVA, 2009), está também fincado
sobre o livre caminho
entre as fronteiras sexuais ao conceber a homossexualidade não como um “desvio da
sexualidade dominante, hegemônica, ‘normal’”, mas para “questionar, problematizar, contestar
todas as formas bem-comportadas de conhecimento e de identi
dade” (SILVA, 2009).
A palavra
queer
significa “estranho”, “esquisito”, “singular”, “excêntrico”, “suspeito”,
mas que, no movimento homossexual, enquanto teoria, é recuperada e, apesar da aparência
pejorativa que a mesma possa transparecer ao tratar de homossexualidade como algo
“estranho”, “esquisito”, é vista como “forma positiva de autoidentificação” (SILVA, 2009)
,
porque não trata especificamente sobre as conotações sexuais, mas tem por objetivo “complicar
a questão da identidade sexual e, indiretamente, também a questão da identidade cultural e
social. Através da “estranheza”, quer
-
se perturbar a tranquilidade da ‘normalidade’”
(SILVA,
2009).
Da mesma forma que a teoria
queer
, a pedagogia
queer
pretende, de maneira mais geral,
e aqui também é focado o trabalho docente de forma mais específica, compreender as questões
de identidade sexual e da sexualidade numa “questão mais ampla do conhecimento” (SILVA,
2009), forçando
[...] os limites das epistemes dominantes: um currículo que não se limita a
questionar o conhecimento como socialmente construído, mas que se aventura
a explorar aquilo que ainda não foi construído. A teoria queer
–
esta coisa
“estranha” –
é a diferença que pode fazer diferença no currículo (SILVA,
2009, p. 109)
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O discurso pós-crítico de gênero e diversidade: Uma proposta dos direitos humanos
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Da perspectiva pós-moderna e pós-estruturalista, o currículo a ser construído deve
romper com o modelo da Modernidade ao considerar o conhecimento não através de matérias
estanques, segmentadas, objetivistas e realistas, mas sim pela subjetividade, pela relação entre
conhecimento científico e conhecimento do cotidiano, por uma epistemologia que não segregue
os grupos sociais de forma rígida entre “‘alta’ cultura e ‘baixa’ cultura” (SILVA, 2009), que
lute para além da emancipação e libertação do sujeito individual e coletivo, que tire da situação
confortável todos os conceitos radicalizados e todas as concepções dominantes de
conhecimento, pois “o pós
-modernismo assinala o fim da pedagogia crítica e o começo da
pedagogia pós-
crítica” (SILVA, 2009).
Sob a perspectiva pós-estruturalista, o discurso feito por uma teoria não o define como
algo que simplesmente a descreve, mas que a produz, pois ao descrever linguisticamente e
simbolicamente, o teórico na verdade torna-se autor de um objeto que é novo, resultado de sua
produção descritiva e reflexiva. Não cabe mais a visão de que a teoria simplesmente seria
responsável por representar uma realidade existente fora dela, findando seu dever na mera
descrição de um objeto pré-existente e exterior. A ideia de teoria, sob a concepção de discurso
numa visão pós-estruturalista, concebe que os efeitos de realidade ocorrem a partir daquilo que
o teórico define como realidade, pois os efeitos de realidade, na verdade, acabam por produzir
uma nova realidade.
Dessa forma, sob a concepção docente, a função deste profissional frente às questões
pós-críticas do currículo não é o de mero representador de uma realidade ou de conhecimentos
pré-estabelecidos ou ditados por fonte exterior, mas o de produtor de um currículo novo e
autoral, com base em sua própria experiência docente em relação direta com a vivência dos
demais atores e autores do processo educativo, valorizando a dimensão humana dos seres que
é também social, cultural, ideológica, política, econômica e identitária, pois é no discorrer sobre
esse currículo que “acabamos por nos tornar o que somos”, pois
[...] nas discussões cotidianas, quando pensamos em currículo, pensamos
apenas em conhecimento, esquecendo-nos de que o conhecimento que
constitui o currículo está, inextricavelmente, centralmente, vitalmente,
envolvido naquilo que somos, naquilo que nos tornamos: na nossa identidade,
na nossa subjetividade (SILVA, 2009, p. 15)
A visão de um currículo
Queer
conduz os docentes e estudantes ao questionamento e ao
estranhamento do
status quo
. Essa ação resulta num olhar “desconstruído” sobre as questões de
género.
Queerizar
a Escola é proporcionar ao ambiente escolar uma visão crítica do seu
currículo (DIAS; BRAZÃO, 2021). Acresce ainda que o desenvolvimento de um currículo
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Queer
pode minimizar desigualdades nas relações de gênero e do corpo na escola. Do ponto de
vista das políticas das diferenças e dos processos identitários, surgem assim novas
possibilidades para a promoção de culturas inclusivas para as práticas pedagógicas, na forma
de cidadania crítica (DIAS; BRAZÃO, 2021).
Em suma, a essência do que deve constar no currículo é a própria essência humana, com
todas as suas minuciosidades, disputas, conflitos, realizações, conquistas e prazeres. A ação
docente deve ser uma oportunidade à voz dos indivíduos. A educação, sob essa perspectiva,
ganha nova cor, nova vida, porque o conteúdo da vida somos nós, as disciplinas da vida são
nossas vivências e experiências, as pinturas da vida são os retratos de nossa própria história
construída com luta, com suor, com significado. “O conteúdo da pintura não pode ser separado
da sensação de sua superfície” (DUMAS
4
apud SILVA, 2009), nem tampouco o conteúdo da
vida pode estar separado de seus viventes.
Considerações finais
Diante do exposto, vale ressaltar que as conquistas dos direitos civis e sociais das
minorias, muitas vezes, necessitam ser debatidos de forma a garanti-los com maior ênfase. Qual
a razão de salientar esta questão: a sociedade atual vive em um contexto político e social que,
apesar de haver uma série de leis que garantem os direitos sociais, políticos e civis dos
indivíduos, em muitos momentos, se veem obrigados a lutar pela garantia dos direitos que já
estão firmados legalmente. Assim, existe uma luta constante na manutenção da garantia e,
também, uma ação para que a efetividade desses direitos seja realizada.
Através do exposto, pode-se considerar que as questões de gênero e diversidade foram
silenciadas ao longo da história dos direitos humanos. Mesmo os conjuntos de leis considerados
pioneiros no que se refere aos direitos sociais, civis e políticos, para as mulheres em sua
diversidade, foi relegado o espaço da invisibilidade e do silêncio; cabe sinalizar aqui, nas
palavras das autoras Pinsky e Pedro,
que: “Em determinados momentos de ampliação de
direitos e progressos democráticos, as mulheres não foram favorecidas do mesmo modo que os
ho
mens” (PINSKY; PEDRO, 2012, p. 265). Refletindo a partir da negação aos direitos civis e
políticos que consideraram as questões de gênero, cabe um questionamento: quando, de fato,
as questões de gênero e diversidade foram incorporadas como pauta para os direitos humanos?
4
Marlene Dumas é a autora das pinturas que ilustram a capa do livro de Tomaz Tadeu da Silva aqui referenciado.
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O discurso pós-crítico de gênero e diversidade: Uma proposta dos direitos humanos
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1888-1903, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.17086
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sjrj/arquivo/508-2259-1-pb.pdf. Acesso em: 13 jan. 2021.
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Éden Santos de CASTRO; Íris Vanessa de Sousa SILVA e José Paulo Gomes BRAZÃO
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1888-1903, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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Como referenciar este artigo
CASTRO, E. S.; SILVA, I. V. S.; BRAZÃO, J. P. G. O discurso pós-crítico de gênero e
diversidade: Uma proposta dos direitos humanos.
Revista Ibero-Americana de Estudos em
Educação
, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1888-1903, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587. DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.17086
Submetido em
:
11/02/2022
Revisões requeridas em
: 28/04/2022
Aprovado em
: 19/06/2022
Publicado em
: 01/07/2022
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
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El discurso postcrítico de género y diversidad: Una propuesta de derechos humanos
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1896-1911, jul/sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.17086
1896
EL DISCURSO POSTCRÍTICO DE GÉNERO Y DIVERSIDAD: UNA PROPUESTA
DE DERECHOS HUMANOS
O DISCURSO PÓS-CRÍTICO DE GÊNERO E DIVERSIDADE: UMA PROPOSTA DOS
DIREITOS HUMANOS
THE POST-CRITICAL DISCOURSE ON GENDER AND DIVERSITY: A HUMAN
RIGHTS PROPOSAL
Éden Santos de CASTRO
1
Íris Vanessa de Sousa SILVA
2
José Paulo Gomes BRAZÃO
3
RESUMEN
: Este artículo pretende desarrollar un debate sobre el discurso postcrítico de género
y diversidad, considerando la propuesta sobre ellos desde la perspectiva de los derechos
humanos, partiendo del objetivo de comprender el discurso postcrítico de género y diversidad
en el campo de los derechos humanos. También busca comprender la relación entre la
Declaración Universal de los Derechos Humanos y la discusión sobre género y diversidad,
analizando qué son los derechos humanos y cuál es la propuesta que establece la Declaración
al tratar las relaciones de género instituidas y experimentadas por diversas sociedades, así como
verificar la distorsión entre discurso y práctica en el tema presentado. Esta es una investigación
bibliográfica realizada a través de lecturas, resúmenes, registros. Se concluye que las cuestiones
de género y diversidad han sido silenciadas a lo largo de la historia de los derechos humanos.
PALABRAS CLAVE
:
Derechos humanos. Diversidad. Género.
RESUMO
: O presente artigo pretende desenvolver um debate sobre o discurso pós-crítico de
gênero e diversidade, ao considerar a proposta sobre os mesmos na perspectiva dos direitos
humanos, partindo do objetivo de compreender o discurso pós-crítico de gênero e diversidade
no âmbito dos Direitos Humanos. Também busca entender a relação entre a Declaração
Universal dos Direitos Humanos com a discussão sobre gênero e diversidade, analisando o
que são direitos humanos e qual a proposta estabelecida pela Declaração ao tratar das
relações de gênero instituídas e vivenciadas por várias sociedades, bem como averiguar a
distorção entre o discurso e a prática na temática apresentada. Esta é uma pesquisa
1
Secretario de Educación del Estado de Bahía (SEC), Quixabeira
–
BA
–
Brasil. Coordinadora Pedagógica,
Colegio Estatal Profesora Terezinha Gonçalves Novais. Miembro Fundador y subdirector de la Academia
Quixabeirense de Pedagogía (AQPED). Estudiante de doctorado en Educación (UFS). ORCID:
https://orcid.org/0000-0002-3601-4899. E-mail: edendecastro@live.com
2
Secretaria de Educación del Estado de Bahía (SEC), Quixabeira
–
BA
–
Brasil. Subdirector, Colegio Estatal
Profesora Terezinha Gonçalves Novais. Miembro y fundadora de la Academia Quixabeirense de Pedagogía
(AQPED). Maestría en Estado, Gobierno y Políticas Públicas (FLACSO). ORCID: https://orcid.org/0000-0001-
9865-1925. E-mail: iris.vanessa1989@outlook.com
3
Universidad de Madeira (UMa), Funchal
–
Portugal. Investigador del Centro de Investigación en Educación.
Postdoctorado en Educación (UFS). ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3575-4366. E-mail:
jbrazão@staff.uma.pt
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Éden Santos de CASTRO; Íris Vanessa de Sousa SILVA
y
José Paulo Gomes BRAZÃO
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DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.17086
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bibliográfica realizada através de leituras, resumos, fichamentos. Conclui-se que as questões
de gênero e diversidade foram silenciadas ao longo da história dos direitos humanos.
PALAVRAS-CHAVE
: Direitos humanos. Diversidade. Gênero.
ABSTRACT
: This article aims to develop a debate on the post-critical discourse of gender and
diversity, by considering the proposal about them from the perspective of human rights, starting
from the objective of understanding the post-critical discourse of gender and diversity within
the framework of human rights. It also seeks to understand the relationship between the
Universal Declaration of Human Rights and the discussion on gender and diversity, analyzing
what are human rights and what is the proposal established by the Declaration when dealing
with gender relations instituted and experienced by various societies, as well as to investigate
the distortion between discourse and practice in the theme presented. This is a bibliographical
research carried out through readings, abstracts, and annotations. We conclude that gender
and diversity issues have been silenced throughout the history of human rights.
KEYWORDS
: Human rights. Diversity. Gender.
Introdução
Al analizar cómo la sociedad aborda las cuestiones postcríticas de género y diversidad,
debemos preguntarnos cómo tratan los derechos humanos
l
a el tema antes mencionado. Para
ello, es importante considerar lo que está presente en la Declaración Universal de Derechos
Humanos (UNIC, 2009) y lo que concierne al tema indicado en este documento. Pensar en las
relaciones de género y la diversidad de las relaciones humanas debe pasar por la comprensión
de lo que sería la propuesta de derechos humanos cuando se trate el tema. La Declaración
Universal de Derechos Humanos fue adoptada y proclamada en 1948, poco después de la
Segunda Guerra Mundial, nque todas las personas, independientemente de su raza, sexo,
condición política o económica, creencia o etnia, derechos humanos garantizados y
preservados. Para que esto ocurriera, fue creada las Organizaciones de las Naciones Unidas
–
ONU, institución encargada de ayudar a los Estados Miembros en la búsqueda de la paz y la
armonía universal.
La Declaración Universal de los Derechos Humanos en uno de los párrafos de su
preámbulo afirma que la carta considera importante la fe en los derechos fundamentales de los
hombres, cree que es necesario valorar la dignidad y el valor de la persona humana, así como
el "[...] la igualdad de derechos de hombres y mujeres, y que han decidido promover el progreso
social y mejores condiciones de vida en una libertad más amplia". (UNIC, 2009, p. 03). Por lo
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tanto, la función principal de la ONU es garantizar que todas las naciones y estados hagan
cumplir lo establecido en la Declaración y que todas las personas sean tratadas por igual.
Por lo tanto, este trabajo se basa en la necesidad de entendimiento entre la Declaración
Universal de los Derechos Humanos y la discusión postcrítica sobre género y diversidad,
buscando comprender qué son los derechos humanos y cuál es la propuesta establecida por la
Declaración al tratar las relaciones de género instituidas y experimentadas por diversas
sociedades;
en este sentido, este artículo se centrará en la comprensión de los derechos
humanos desde las relaciones de género, como se comprobará la distorsión entre el discurso y
la práctica en el tema presentado.
Esta revisión bibliográfica forma parte de la investigación cualitativa de un fenómeno
"contemporáneo en el contexto de la vida real" (YIN, 2010, p. 22), que tiene lugar en toda la
sociedad. Yin afirma la necesidad de una investigación de revisión bibliográfica cuando dice
que "el camino comienza con una revisión exhaustiva de la literatura" (YIN, 2010, p. 23),
porque sirve no para "determinar las respuestas sobre lo que se sabe sobre un tema", sino para
"desarrollar preguntas más perspicaces y reveladoras sobre el mismo tema" (YIN, 2010, p. 35).
Woods también dice que "la consulta bibliográfica integra el proceso de desarrollo de la teoría,
que estimula las ideas y forma la teoría emergente, al tiempo que crea oportunidades para la
crítica y la estimulación del estudio" (WOODS, 1999, p. 87).
Esta revisión comenzó con la selección de las sumas bibliográficas adecuadas para la
construcción de la base metodológica de la investigación, lecturas de los autores de referencia
estrictamente necesarias para la construcción de esta teoría y la comprensión de lo necesario
para reflexionar, crear y describir a través de la producción de registros y resúmenes. Esta parte
de estricta importancia durante el período de investigación se llevó a cabo a partir de la idea de
Macedo cuando dice que "para el investigador cualitativo, no existe un marco teórico
incuestionable" (MACEDO, 2009, p. 92), es decir, las lecturas no pueden ser entendidas por el
investigador como verdades a seguir, sino como inspiración para que surjan otras verdades.
Después de todo, ¿qué son los derechos humanos?
Después de la Segunda Guerra Mundial, en los años 1945, fueron establecidos por las
Naciones Unidas: los horrores del segundo gran conflicto de la segunda guerra mundial dieron
origen a la institución que tiene entre, sus principales objetivos promover y alentar a los pueblos
y naciones al respeto mutuo y a los derechos humanos, según lo estipulado en la Carta de las
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Naciones Unidas, firmada en la ciudad de San Francisco, California, en los Estados Unidos de
América, en octubre de 1945.
Según la propia ONU, "los derechos humanos son inherentes a todos los seres humanos,
independientemente de su raza, sexo, nacionalidad, etnia, idioma, religión o cualquier otra
condición" (ONU, 2019). Los derechos humanos también incluyen una serie de derechos y
libertades, tales como: la vida, la libertad de opinión y expresión, el derecho al trabajo, la
educación, entre otros. Todos y cada uno merece estos derechos, sin ningún tipo de sanción o
discriminación.
Así, la ONU determina que:
Los derechos humanos se entienden comúnmente como aquellos derechos
inherentes al ser humano. El concepto de Derechos Humanos reconoce que
todo ser humano puede disfrutar de sus derechos humanos sin distinción de
raza, color, sexo, idioma, religión, opinión política o de otra índole, origen
social o nacional o condición de nacimiento o riqueza. Los derechos humanos
están legalmente garantizados por el derecho de los derechos humanos,
protegiendo a individuos y grupos de acciones que interfieren con las
libertades fundamentales y la dignidad humana (ONU, 2019).
El derecho internacional, basado en tratados internacionales, considerando el derecho
de los derechos humanos, requiere que los Estados actúen de cierta manera, prohibiéndoles o
no algunas acciones, pero esta misma legislación no determina qué son los derechos humanos.
Así, se entiende que los derechos humanos son derechos inherentes a cada individuo por el
simple hecho de que es un humano. Los tratados internacionales y otras modalidades que se
ocupan de los derechos civiles se utilizan a menudo para garantizar la protección formal de los
derechos de las personas o los grupos contra las acciones o el abandono de los gobiernos, que
pueden interferir directa o indirectamente con sus derechos como seres humanos. Para una
mejor comprensión, el sitio web de las Organizaciones de las Naciones Unidas establece
algunas características importantes para la definición de los derechos humanos:
Los derechos humanos se basan en el respeto de la dignidad y el valor de cada
persona;
Los derechos humanos son universales, lo que significa que se aplican por
igual y sin discriminación a todas las personas;
Los derechos humanos son inalienables y nadie puede ser privado de sus
derechos humanos; pueden estar limitados en situaciones específicas. Por
ejemplo, el derecho a la libertad puede restringirse si una persona es declarada
culpable de un delito ante un tribunal y con las debidas garantías procesales;
Los derechos humanos son indivisibles, interrelacionados e interdependientes,
ya que son insuficientes para respetar algunos derechos humanos y otros no.
En la práctica, la violación de un derecho afectará al respeto de muchos otros;
Por lo tanto, todos los derechos humanos deben considerarse de igual
importancia, y también es esencial respetar la dignidad y el valor de cada
persona (ONU, 2019).
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El discurso postcrítico de género y diversidad: Una propuesta de derechos humanos
RIAEE
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1896-1911, jul/sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.17086
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Por lo tanto, los derechos humanos se refieren a todo lo que concierne a la dignidad
humana: al violar cualquier fundamento moral o legal con respecto a la vida humana, estoy
seguro de que se está violando algún derecho humano, ya que son indivisibles, interrelacionados
e interdependientes.
Derechos humanos y derechos sociales: ¿cómo están representadas las mujeres?
Desde el proceso de independencia de las 13 colonias británicas de América, ahora los
Estados Unidos, hubo una acalorada discusión sobre el tema de los derechos, especialmente
con respecto a los derechos sociales. En la segunda mitad del siglo 18, desviando la lógica de
la mayoría de las colonias europeas en todo el mundo, las 13 colonias entran en un proceso de
separación de su metrópoli, Inglaterra. Con una guerra librada entre colonia y metrópoli, en
1776 llega lo que hoy conocemos por Estados Unidos de América. A pesar del carácter
revolucionario, ya que es considerada historiográficamente como una revolución contra la
sumisión política y económica a la metrópoli, entonces surge el pionero de la Revolución
Americana cuando se trata de los derechos humanos. Por palabras del cantante (2012, p. 201):
La Revolución Americana fue pionera en la formación de los derechos
humanos. Por primera vez, un pueblo basa su aspiración a la independencia
en los principios de la ciudadanía, es decir, coloca como propósito primordial
del Estado la preservación de las libertades de los miembros del pueblo.
Elevado a la categoría de sujetos políticos.
A pesar de ser pioneros en la Declaración de Independencia de los Estados Unidos en
materia de derechos humanos, en la práctica se excluyó a los indios, que continuaron siendo
diezmados, a los negros que permanecieron bajo el régimen de esclavitud, especialmente en el
sur del país, , y a las mujeres, que yacían bajo la ausencia de derechos políticos y civiles. A
pesar de que el papel de la mujer en diversos tipos de actividades (domésticas, agrícolas, como
parteras, etc.), civil y políticamente fueron olvidados y excluidos del proceso que consideraba
los derechos políticos y no se incluyeron en ninguna noción de igualdad civil.
A pesar de lo dicho anteriormente, de los tres grupos totalmente excluidos en la práctica
de los derechos humanos iniciados en estados Unidos, las mujeres se convertirán en pioneras
en las s, luchas abolicionistas a mediados del siglo XIX.
Sin embargo, fue en el movimiento abolicionista de la década de 1830 donde
el movimiento por los derechos de las mujeres tuvo sus orígenes políticos.
Cuando las mujeres comenzaron a trabajar seriamente por la abolición de la
esclavitud, rápidamente aprendieron que no podían actuar como políticamente
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Éden Santos de CASTRO; Íris Vanessa de Sousa SILVA
y
José Paulo Gomes BRAZÃO
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iguales a sus amigos abolicionistas masculinos. [...] Los incesantes y brutales
ataques (a veces físicos) contra las mujeres convencieron a las [hermanas]
Grimkés de que las cuestiones de la libertad para los esclavos y la libertad para
las mujeres estaban inextricablemente vinculadas.
Por lo tanto, para las mujeres abolicionistas estadounidenses, no había forma de luchar
por la libertad de los negros sin, al mismo tiempo, luchar por su propia libertad. Después de la
Revolución Americana, la Revolución Francesa tuvo lugar en suelo europeo, desencadenada
por cuestiones sociales y políticas que conmovieron a gran parte de la población francesa en
ese momento. Una grave crisis económica desencadenó una revolución masiva en Francia en
1789. Aunque cronológicamente fechada en 1789, la revolución comenzó mucho antes, en los
años 1774, en el momento de la coronación de Luis XVI, que coincide con una gran crisis
económica que enfrentan especialmente las poblaciones social y económicamente vulnerables
del país, principalmente en el interior y en los campos.
La Revolución Francesa, que fue precedida por una revolución social y más tarde de
naturaleza política, se volvió extremadamente importante con respecto a los derechos sociales
y humanos. En agosto de 1789 se adoptó la Declaración de los Derechos Humanos y
Ciudadanos, reconocida por la entonces Asamblea Nacional, que en algunos aspectos se
asemejaba a la Declaración de Independencia de los Estados Unidos. Contiene en el artículo 1
la siguiente declaración: "Art.1. Los hombres nacen y son libres e iguales en derechos. Las
distinciones sociales solo pueden basarse en la utilidad común" (USP, 2020). Pero, después de
todo, de hecho, a partir de la presente declaración de la Declaración, ¿tenían todos los franceses
los mismos derechos? Resulta que no. La Constitución francesa de 1791 siguió la misma lógica
que las declaraciones antes mencionadas, no siendo generosa en cuanto a la atribución de los
derechos civiles y políticos de los franceses.
En palabras de Singer (2012, p. 214-215):
Distinguió entre ciudadanos activos, con todos los derechos, y
responsabilidades, con derechos legales y humanos, pero no políticos. Las
mujeres, menores de 25 años, las que no tenían domicilio legal en un cantón,
donde no pagaban ningún impuesto, eran privadas del derecho a votar y ser
votadas [...] porque supuestamente no podrían votar libremente.
Dicho esto, debe tenerse en cuenta la ausencia de derechos de la mujer, así como la
exclusión o invisibilidad de los desfavorecidos con respecto a los derechos civiles y políticos.
Esta observación es necesaria, porque tanto la Declaración de Independencia de los Estados
Unidos como la nueva legislación francesa fueron consideradas pioneras con respecto a los
derechos humanos, pero se ve que hubo una selectividad en el alcance de estos derechos,
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estaban disponibles para hombres, blancos y élite, a pesar de que la Revolución Francesa fue
un movimiento de naturaleza social y política, no hubo apertura directa en el debate sobre la
inclusión de las mujeres y los más pobres en su legislación.
También vale la pena señalar la Ilustración del siglo 18. Movimiento extremadamente
importante para determinar el debilitamiento del Antiguo Régimen en Europa, fue fundamental
para que los individuos valoraran cada vez más el conocimiento científico:
hubo un largo
debate entre los partidarios de la continuidad a los gobiernos monárquicos y los que ya no
estaban de acuerdo con una administración que no tenía la participación de la población en las
decisiones políticas, aunque tímidamente, considerando el conocimiento como un elemento
fundamental para el desarrollo de la ciudadanía, el siglo XIX fue conocido históricamente como
el "Siglo de las Luces";
Aunque el movimiento ilustrado discute en profundidad la presencia de
los ciudadanos en la esfera política y pública, "La mayoría de los hombres de las Luces
enfatizaron el ideal tradicional de mujeres silenciosas, modestas, castas y serviles y condenaron
a las mujeres independientes y poderosas" (PINSKY; PEDRO, 2012, p. 267). Por lo tanto,
incluso considerando la libertad de pensamiento y acción de los individuos, las mujeres no
fueron incluidas en esta perspectiva ciudadana.
De acuerdo con las proporciones, se puede mencionar el caso brasileño, incluso después
de la Proclamación de independencia en 1822 y la Proclamación de la República en 1889, en
ambos períodos, las mujeres, los negros y las mujeres empobrecidas no fueron incluidas
plenamente en la legislación: la lógica del voto censal, que había sido la base de las
constituciones napoleónicas y muchas otras que han venido a lo largo de la historia, también
fue parte de la legislación brasileña, que excluyó, durante la Primera República (1889-1930),
por ejemplo, prácticamente el 80% de la población brasileña de procesos políticos, incluidas
las mujeres, los negros (esclavizados, exesclavizados liberados, etc.) y las personas
económicamente desfavorecidas. En el caso brasileño, el escenario anterior comienza a cambiar
con la llegada de Getúlio Vargas al poder a partir de 1930, cuando
instituyó el primer Código
Electoral en 1932, ofreciendo a las mujeres derechos políticos totales para votar y ser votadas.
Género y diversidad desde la perspectiva de los derechos humanos
Como se ha visto hasta ahora, incluso frente a tantas innovaciones en el campo legal, no
ha habido ninguna demostración de preocupación por la protección de las minorías, que no se
han integrado en lo que
se pretendía y
pretende debatir sobre los derechos humanos, protegiendo
los derechos sociales y civiles de las minorías sociales total y totalmente: mujeres, indios,
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LGBT, negros, etc. Analizando los aspectos generales de los documentos y leyes expuestos
anteriormente, existe un carácter universal con respecto a los derechos sociales. Sobre el tema
de travestis, transexuales y transexuales, Hogemann (2014, p. 218) señala que:
La Constitución brasileña establece la protección de la dignidad del ser
humano como tal y el respeto de las diferencias individuales y de los grupos
sociales en observancia del orden social. En esta área de protección de los
derechos humanos y ciudadanos, la adecuada adecuación de la designación
nominativa de travestis, transexuales y transexuales apunta a la integración y
coherencia de nuestro país con nuestra Constitución Federal, en necesaria
observancia de los preceptos de los Derechos Humanos y el Derecho
Internacional.
Aun en vista de la observancia de las leyes a lo que dice el derecho internacional sobre
el tema trabajado en el artículo en cuestión, el autor señala que no existe una legislación
específica que respete plenamente los derechos sociales de las llamadas trans, especialmente en
el caso de las cirugías de cambio de sexo y la cuestión del uso de nombres sociales, hay una
necesidad de remisiones en la corte, y estas personas están expuestas y a merced de cada juez
"[...] con la posibilidad de que el resultado sea penetrado por valores, costumbres, moralismos
y prejuicios vinculados a la condición de individuo que existe detrás de cada toga"
(HOGEMANN, 2014, p. 218).
De conformidad con el artículo 5 de la Constitución Federal de Brasil:
Todos son iguales ante la ley, sin distinción de ninguna naturaleza,
garantizando a los brasileños y extranjeros residentes en el país la
inviolabilidad del derecho a la vida, la libertad, la igualdad, la seguridad y la
propiedad, en los siguientes términos:
I - hombres y mujeres son iguales en derechos y obligaciones en virtud de esta
Constitución; [...]
X - La intimidad, la vida privada, el honor y la imagen de las personas son
inviolables, garantizado el derecho a indemnización por los daños materiales
o morales resultantes de su violación; [...] (BRASIL, 1988)
Citando sólo dos párrafos (I y X) del DOCUMENTO CF/88 (BRASIL, 1988), se percibe
que, ante la Ley, todos y cada uno deben ser tratados de la misma manera que corresponde a
los derechos civiles y sociales, ya que la misma legislación garantiza los derechos de los
ciudadanos brasileños, pero lo que se percibe en la vida cotidiana es una brecha entre la teoría
y la práctica. Por lo tanto, incluso si las Leyes están de acuerdo y dialogando con lo que el
derecho internacional precede sobre el tema, en la práctica, los derechos humanos se están
retomando día a día.
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Derechos de las minorías en la conquista
Las minorías sociales son varias, como ya se explicó anteriormente;
hay una
contradicción o confusión en el concepto de minoría. En muchos casos, hay una distorsión en
cuanto a la palabra que, según el diccionario Aurelius, traerá algunas definiciones importantes
que aclaran la comprensión general: "mi.no.ria: 1 inferioridad numérica. 2. La parte menos
numerosa de una corporación deliberativa, etc." (FERREIRA, 2008, p. 556). Así, la gran
mayoría de los individuos acaban centrándose en esta parte del significado de la palabra
minoría, pero el significado de la misma va más allá: "[...] 3º
Anthrop. Sociol.
Un subgrupo que,
dentro de una sociedad, se considera a sí mismo y/o se considera diferente del grupo dominante,
y que no participa, en igualdad de condiciones, en la vida social" (FERREIRA, 2008, p. 556).
Por lo tanto, estos grupos (mujeres, negros, indígenas, LGBT, etc.), aunque cuantitativamente
representan un número expresivo de sujetos, no son tratados como ciudadanos y ciudadanos
que son, lo que interfiere directamente en su vida cotidiana.
Género y diversidad en el currículo escolar: una perspectiva postcrítica
La historia de la educación está marcada por supuestos y conceptos que guían y
fundamentan su camino. El contexto histórico de una sociedad y la concepción del hombre que
ha establecido, desde sus inicios, las bases por las cuales se justifica la práctica de su educación
a través de teorías y metodologías orientadas al desarrollo humano. Estas acciones
epistemológicas y didácticas definen ciertos períodos a través de los cuales es posible percibir
la relación establecida entre la educación y su concepción del hombre y la sociedad.
Sin embargo, a medida que avanza la historia, los cambios ocurren tanto dentro de los
individuos como en el contexto social en el que se insertan. Esto se traduce en el cambio de
significado que se atribuye a la educación, provocando nuevos pensamientos y nuevas acciones.
Siendo entonces una educación cargada de intencionalidades, estas teorías pedagógicas se van
reconfigurando y adquiriendo nuevas formas, lo que nos lleva a pensar en la reconfiguración
del currículo en sí, porque "todas las teorías pedagógicas son también teorías sobre el currículo"
(SILVA, 2009). Sin embargo, lo que caracteriza a una nueva tendencia no siempre es la
extinción de una anterior, sino la evolución de esta, que puede ser causada por la ruptura o
transformación de la primera.
Esta adaptación transformadora de las intenciones pedagógicas se caracteriza por el
cambio social, la crítica sobre el modelo anterior de educación, así como la visión de la sociedad
modificada y del hombre de esta sociedad. De ahí el camino educativo a recorrer, desde las
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primeras décadas del siglo XX, sobre "estudios sobre currículo" (Silva, 2009) con la
publicación ,
de Bobbitt's The curriculum
, un libro considerado como un "hito en el
establecimiento del currículo como un campo especializado de estudios" (SILVA, 2009), de
donde provienen las teorías tradicionales, preocupadas por la "naturaleza del aprendizaje",
pasando por teorías críticas, centradas en la "naturaleza humana" y siendo hoy dirigidas por
teorías postcríticas, que muestran la consideración de la educación sobre la "naturaleza del
conocimiento, la cultura y la sociedad", esencialmente vinculada a "... nuestra identidad...
subjetividad" (SILVA, 2009).
El hombre y la sociedad característicos de la contemporaneidad, partes fundamentales
del nuevo proceso de transformación humana, social, política y económica, movilizar
preocupaciones sobre nuevas formas y nuevos modelos de pensamiento y educación. Esta
ruptura del paradigma educativo nos permite observar "un movimiento intelectual que proclama
que vivimos en una nueva época histórica, la posmodernidad, radicalmente diferente a la
anterior, la Modernidad" (SILVA, 2009). Siendo entonces la escuela, todavía referente del
sentido conceptual de la educación, está largamente latente, coja en el contexto actual, porque,
siendo un símbolo de modernidad, nosotros, como sociedad, ya hemos superado este tiempo.
Como dice Silva:
Nuestras ideas de educación, pedagogía y currículo están sólidamente
establecidas en la modernidad y las ideas modernas. La educación tal como la
conocemos hoy en día es la institución moderna por excelencia. Su objetivo
es transmitir el conocimiento científico, formar un ser humano supuestamente
racional y autónomo
[…]
En este sentido, el cuestionamiento posmodernista
es un ataque a la idea misma de educación (2009, p. 111-112)
El fenómeno educativo no puede entenderse como una realidad acabada. Mizukami nos
dice que el fenómeno educativo es, ante todo, "un fenómeno humano, histórico y
multidimensional" que no "se da a conocer de manera única y precisa en sus múltiples aspectos"
(MIZUKAMI, 1986), aunque, durante mucho tiempo, para cada período, ha centrado su mirada
en una sola de las múltiples dimensiones. En un modelo clásico de educación, el enfoque en la
materia y el método valoraba la dimensión técnica del proceso. En el otro camino conceptual,
la definición de objetivos, contenidos, métodos y evaluación, en forma lineal y sistémica,
idealizó una educación estratega terminada en comportamientos específicos y observables; en
este modelo, el estudiante es evaluado solamente. No obstante, es necesario considerar la
existencia de un modelo que no termina en la evaluación del estudiante, pero que, cíclicamente,
también evalúa el proceso y el método.
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Este último modelo considera el sistema educativo como resultado de un sistema
didáctico que concibe la evaluación, contenidos, objetivos y métodos, pero que tiene una
relación con el sistema psicológico del ser, preocupado por el desarrollo, el aprendizaje, la
memoria y la motivación. Esta perspectiva crítica parte del entendimiento de que el sistema
educativo no está aislado de tantos otros sistemas que lo rodean, como el científico, tecnológico,
religioso, cultural, ideológico, económico y político. Esto da como resultado ideas postcríticas
sobre el currículo, que entienden la escuela como un territorio de enfrentamientos "que también
presionan para que las experiencias y el conocimiento de estas acciones colectivas entren en el
territorio del conocimiento legítimo, para que se conozcan sujetos colectivos de memorias,
historia y culturas" (ARROYO, 2011). El conocimiento se convierte así en "un territorio de
disputas" (ARROYO, 2011).
El choque actual resultante del necesario cambio paradigmático y la realidad flagrante
que aún existe con plantillas docentes basadas en conceptos erróneos sobre la relación
simbiótica que debe existir entre la escuela y la sociedad provoca una pregunta delicada y
profunda que requiere una respuesta de emergencia: ¿qué debe subyacer a la acción docente en
un momento en que el territorio sociocultural emerge dentro de la escuela? Otra pregunta que
profundiza esta reflexión es la siguiente: ¿hasta cuándo la sociedad estará cambiando
conceptualmente y los ideales esperados por la educación buscarán mantenerse al día con este
acelerado ritmo de cambio mientras la práctica docente, su realidad, todavía tiene los ojos
vendados? "Estamos en un proceso prometedor de repensar como profesionales. Nuestro
trabajo es más complejo. Ser maestro se ha vuelto más tenso" (ARROYO, 2011).
Al tratar los temas postcríticos del currículo, lo que debe llamar la atención docente es
que Silva (2009), en su
libro Documentos de Identidade
, nos da una visión general de los
complejos temas derivados de la situación actual que deben contemplarse en el currículo:
multiculturalismo, género, etnicidad y relaciones raciales, teoría
queer
. Considera que el
fundamento de la acción docente frente a una realidad postcrítica debe considerar que lo que
realmente "cuenta como conocimiento oficial" no es el currículo hegemónico, ya que, bajo el
fenómeno de la multiculturalidad, "la igualdad no se obtiene simplemente a través del acceso
igualitario" a este currículo, sino más bien en la modificación del mismo para que se contemplen
acciones que valoren la identidad de "grupos culturales dominados" (SILVA, 2009).
Otro tema crucial en el papel docente en la lucha contra las desigualdades se basa en las
relaciones de género y la pedagogía feminista. Al romper con la idea de un "currículo
educativo" que "reflejara y reprodujera los estereotipos de la sociedad en general" (SILVA,
2009), tanto las disciplinas consideradas naturalmente masculinas o naturalmente femeninas,
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como las profesiones y funciones sociales específicamente dirigidas a hombres o mujeres, dan
lugar a la necesidad de reconceptualizar la función docente para que vaya más allá de la
dinámica de clase, ser capaces de reflejar "de manera equilibrada, tanto la experiencia
masculina como la femenina" (SILVA, 2009), garantizando a las mujeres no solo "el acceso a
las instituciones y formas de conocimiento del patriarcado" (SILVA, 2009), sino también de
garantizarles la oportunidad de transformar estos espacios, ya que el acceso simplemente las
introduciría en un lugar construido bajo conceptos masculinizados.
Otro aspecto muy presente en las discusiones contemporáneas sobre las
transformaciones que se han producido en la sociedad se refiere no solo al pensamiento de
género y a la ruptura de la cultura masculinizada establecida histórica y culturalmente, que no
impregna simplemente los factores biológicos que nos definen como hombres y mujeres, sino
en toda una construcción conceptual que establece y segrega géneros como si, debido a que
son biológicamente distintos, socialmente deberían "funcionar", también, de manera diferente.
El factor discursivo en cuestión involucra la sexualidad, que, "aunque fuertemente presente en
la escuela, rara vez forma parte del currículo" (SILVA, 2009), también está atrapada en el
camino libre entre los límites sexuales al concebir la homosexualidad no como una "desviación
de la sexualidad dominante, hegemónica y 'normal'", sino para "cuestionar, problematizar,
desafiar todas las formas de conocimiento e identidad bien comportadas" (SILVA, 2009).
La
palabra queer
significa "extraño", "raro", "singular", "excéntrico", "sospechoso",
pero eso, en el movimiento homosexual, como teoría, se recupera y, a pesar de la apariencia
peyorativa que puede mostrar al tratar la homosexualidad como algo "extraño", "extraño", es
visto como "una forma positiva de autoidentificación" (SILVA, 2009), porque no trata
específicamente de connotaciones sexuales, sino que pretende "complicar la cuestión de la
identidad sexual e, indirectamente, también la cuestión de la identidad cultural y social. A través
de la "extrañeza", se quiere perturbar la tranquilidad de la "normalidad" (SILVA, 2009).
”
De la misma manera
que la teoría queer
, la pedagogía queer apunta, de manera más
general, y aquí también se centra en enseñar el trabajo de una manera más específica,
entendiendo los temas de identidad sexual y sexualidad en un "tema más amplio de
conocimiento" (SILVA, 2009), forzando
[... los límites de las epistemes dominantes: un currículo que no se limita a
cuestionar el conocimiento como socialmente construido, sino que se aventura
a explorar lo que aún no se ha construido. La teoría queer, esta cosa "extraña",
es la diferencia que puede marcar la diferencia en el currículo (SILVA, 2009,
p. 109).
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Desde una perspectiva posmoderna y postestructuralista, el currículo a construir debe
romper con el modelo de modernidad considerando el conocimiento no a través de asuntos
estancos, segmentados, objetivistas y realistas, sino más bien por subjetividad, por la relación
entre el conocimiento científico y el conocimiento de la vida cotidiana, por una epistemología
que no segrega rígidamente a los grupos sociales entre la "alta" cultura y la "baja" cultura"
(SILVA, 2009), que lucha más allá de la emancipación y liberación del sujeto individual y
colectivo, que toma de la cómoda situación todos los conceptos radicalizados y todas las
concepciones dominantes del conocimiento, porque "el posmodernismo marca el fin de la
pedagogía crítica y el comienzo de la pedagogía postcrítica" (SILVA, 2009).
Desde una perspectiva postestructuralista, el discurso hecho por una teoría no la define
como algo que simplemente la describe, sino que la produce, porque al describir lingüística y
simbólicamente, el teórico se convierte en realidad en el autor de un objeto que es nuevo, el
resultado de su producción descriptiva y reflexiva. Ya no está en la opinión de que la teoría
sería simplemente responsable de representar una realidad existente fuera de ella, terminando
su deber en la mera descripción de un objeto preexistente y externo. La idea de teoría, bajo la
concepción del discurso en una visión postestructuralista, concibe que los efectos de la realidad
se producen a partir de lo que la teoría define como realidad, porque los efectos de la realidad,
de hecho, terminan produciendo una nueva realidad.
Así, bajo la concepción docente, el papel de este profesional frente a cuestiones
postcríticas del currículo no es el de mero representante de una realidad o conocimiento
preestablecido o dictado por una fuente externa, sino el de productor de un currículo nuevo y
autoral, basado en su propia experiencia docente en relación directa con la experiencia de otros
actores y autores del proceso educativo, valorando la dimensión humana de los seres que
también es social, cultural, ideológica, política, económica e identitaria, porque es en la
discusión sobre este currículo que "terminamos convirtiéndonos en lo que somos", porque
[...] en las discusiones cotidianas, cuando pensamos en currículo, pensamos
sólo en conocimiento, olvidando que el conocimiento que constituye el
currículo está, inextricablemente, centralmente, vitalmente, involucrado en lo
que somos, en lo que nos convertimos: en nuestra identidad, en nuestra
subjetividad (SILVA, 2009, p. 15)
La visión de un
currículo Queer
lleva a maestros y estudiantes a cuestionar y extrañar
el
status quo
. Esta acción da como resultado una mirada "deconstruida" de las cuestiones de
género. Queerizar la Escuela es proporcionar al entorno escolar una visión crítica de su
currículo (DIAS; BRAZÃO, 2021). Además, el desarrollo de un currículo
queer
puede
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minimizar las desigualdades en las relaciones de género y cuerpo en la escuela. Desde el punto
de vista de las políticas de diferencias y procesos identitarios, nuevas posibilidades para la
promoción de culturas inclusivas para prácticas pedagógicas, en forma de ciudadanía crítica
(DIAS; BRAZÃO, 2021).
En suma, la esencia de lo que debe incluirse en el currículo es la esencia humana misma,
con toda su minuciosidad, disputas, conflictos, logros, logros y placeres. La enseñanza debe ser
una oportunidad para las voces de las personas. La educación, desde esta perspectiva, gana
nuevo color, nueva vida, porque el contenido de la vida somos nosotros, las disciplinas de la
vida son nuestras experiencias y experiencias, las pinturas de la vida son los retratos de nuestra
propia historia construidos con lucha, con sudor, con significado. "El contenido de la pintura
no se puede separar de la sensación de su superficie" (DUMAS
4
apud SILVA, 2009), ni el
contenido de la vida puede separarse de su vida.
Consideraciones finales
En vista de lo anterior, vale la pena mencionar que los logros de los derechos civiles y
sociales de las minorías, a menudo, deben debatirse para garantizarlos con mayor énfasis. ¿Cuál
es la razón para destacar este tema: la sociedad actual vive en un contexto político y social que,
aunque hay una serie de los derechos sociales, políticos y civiles de los individuos, en muchas
ocasiones, ¿se ven obligados a luchar por la garantía de los derechos que ya están legalmente
firmados? Así, hay una lucha constante en el mantenimiento de la garantía y también una acción
para que se lleve a cabo la efectividad de estos derechos.
A través de lo anterior, se puede considerar que las cuestiones de género y diversidad
han sido silenciadas a lo largo de la historia de los derechos humanos. Incluso los conjuntos de
leyes considerados pioneros en materia de derechos sociales, civiles y políticos, para las
mujeres en su diversidad, quedaron relegados al espacio de la invisibilidad y el silencio; vale la
pena señalarlo aquí, en palabras de los autores Pinsky y Peter, que: "En ciertos momentos de
expansión de los derechos democráticos y el progreso, las mujeres no fueron favorecidas de la
misma manera que los hombres" (PINSKY; PEDRO, 2012, p. 265). Reflexionando sobre la
negación de los derechos civiles y políticos que consideraban las cuestiones de género, hay una
pregunta: ¿cuándo, de hecho, las cuestiones de género y diversidad se incorporaron como una
agenda para los derechos humanos?
4
Marlene Dumas es la autora de las pinturas que ilustran la portada del libro de Tomaz Tadeu da Silva al que se
hace referencia aquí.
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El discurso postcrítico de género y diversidad: Una propuesta de derechos humanos
RIAEE
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1896-1911, jul/sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.17086
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Éden Santos de CASTRO; Íris Vanessa de Sousa SILVA
y
José Paulo Gomes BRAZÃO
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1896-1911, jul/sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.17086
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Cómo hacer referencia a este artículo
CASTRO, E. S.; SILVA, I. V. S.; BRAZÃO, J. P. G. El discurso postcrítico de género y
diversidad: Una propuesta de derechos humanos.
Revista Ibero-Americana de Estudos em
Educação
, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1896-1911, jul./sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587. DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.17086
Enviado en
:
11/02/2022
Revisiones requeridas en
: 28/04/2022
Aprobado en
: 19/06/2022
Publicado en
: 01/07/2022
Procesamiento y edición: Editora Ibero-Americana de Educação.
Corrección, formateo, normalización y traducción.
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The post-critical discourse on gender and diversity: A human rights proposal
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1887-1902, July/Sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.17086
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THE POST-CRITICAL DISCOURSE ON GENDER AND DIVERSITY: A HUMAN
RIGHTS PROPOSAL
O DISCURSO PÓS-CRÍTICO DE GÊNERO E DIVERSIDADE: UMA PROPOSTA DOS
DIREITOS HUMANOS
EL DISCURSO POSTCRÍTICO DE GÉNERO Y DIVERSIDAD: UNA PROPUESTA DE
DERECHOS HUMANOS
Éden Santos de CASTRO
1
Íris Vanessa de Sousa SILVA
2
José Paulo Gomes BRAZÃO
3
ABSTRACT
: This article aims to develop a debate on the post-critical discourse of gender
and diversity, by considering the proposal about them from the perspective of human rights,
starting from the objective of understanding the post-critical discourse of gender and diversity
within the framework of human rights. It also seeks to understand the relationship between
the Universal Declaration of Human Rights and the discussion on gender and diversity,
analyzing what are human rights and what is the proposal established by the Declaration when
dealing with gender relations instituted and experienced by various societies, as well as to
investigate the distortion between discourse and practice in the theme presented. This is a
bibliographical research carried out through readings, abstracts, and annotations. We conclude
that gender and diversity issues have been silenced throughout the history of human rights.
KEYWORDS
: Human rights. Diversity. Gender.
RESUMO
: O presente artigo pretende desenvolver um debate sobre o discurso pós-crítico de
gênero e diversidade, ao considerar a proposta sobre os mesmos na perspectiva dos direitos
humanos, partindo do objetivo de compreender o discurso pós-crítico de gênero e
diversidade no âmbito dos Direitos Humanos. Também busca entender a relação entre a
Declaração Universal dos Direitos Humanos com a discussão sobre gênero e diversidade,
analisando o que são direitos humanos e qual a proposta estabelecida pela Declaração ao
tratar das relações de gênero instituídas e vivenciadas por várias sociedades, bem como
averiguar a distorção entre o discurso e a prática na temática apresentada. Esta é uma
pesquisa bibliográfica realizada através de leituras, resumos, fichamentos. Conclui-se que as
1
Department of Education of the State of Bahia (SEC), Quixabeira
–
BA
–
Brazil. Pedagogical Coordinator,
State College Professor Terezinha Gonçalves Novais. Founding member and deputy director of the
Quixabeirense Academy of Pedagogy (AQPED). PhD student in Education (UFS). ORCID:
https://orcid.org/0000-0002-3601-4899. E-mail: edendecastro@live.com
2
Department of Education of the State of Bahia (SEC), Quixabeira
–
BA
–
Brazil. Vice-director, State College
Professor Terezinha Gonçalves Novais. Founding member of the Quixabeirense Academy of Pedagogy
(AQPED). Master's in State, Government and Public Policy (FLACSO). ORCID: https://orcid.org/0000-0001-
9865-1925. E-mail: iris.vanessa1989@outlook.com
3
University of Madeira (UMa), Funchal
–
Portugal. Researcher at the Center for Research in Education. Post-
Doctorate in Education (UFS). ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3575-4366. E-mail: jbrazão@staff.uma.pt
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Éden Santos de CASTRO; Íris Vanessa de Sousa SILVA and José Paulo Gomes BRAZÃO
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1887-1902, July/Sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.17086
1888
questões de gênero e diversidade foram silenciadas ao longo da história dos direitos
humanos.
PALAVRAS-CHAVE
: Direitos humanos. Diversidade. Gênero.
RESUMEN
: Este artículo pretende desarrollar un debate sobre el discurso postcrítico de
género y diversidad, considerando la propuesta sobre ellos desde la perspectiva de los
derechos humanos, partiendo del objetivo de comprender el discurso postcrítico de género y
diversidad en el campo de los derechos humanos. También busca comprender la relación
entre la Declaración Universal de los Derechos Humanos y la discusión sobre género y
diversidad, analizando qué son los derechos humanos y cuál es la propuesta que establece la
Declaración al tratar las relaciones de género instituidas y experimentadas por diversas
sociedades, así como verificar la distorsión entre discurso y práctica en el tema presentado.
Esta es una investigación bibliográfica realizada a través de lecturas, resúmenes, registros.
Se concluye que las cuestiones de género y diversidad han sido silenciadas a lo largo de la
historia de los derechos humanos.
PALABRAS CLAVE
:
Derechos humanos. Diversidad. Género.
Introduction
When analyzing how the post-critical issues of gender and diversity are treated by
society, it is necessary that we make an inquiry into how Human Rights treat the
aforementioned theme. Therefore, it is important to consider what is present in the Universal
Declaration of Human Rights (UNIC, 2009) and what concerns the theme indicated in this
work. Thinking about gender relations and the diversity of human relations must go through
the understanding of what would be the proposal of Human Rights when dealing with the
subject. The Universal Declaration of Human Rights was adopted and proclaimed in 1948,
just after the Second World War, in order that all people, regardless of race, sex, political or
economic condition, belief or ethnicity, would have their human rights guaranteed and
preserved. . For this to happen, the United Nations - UN was created, an institution
responsible for helping the member countries in the search for peace and universal harmony.
The Universal Declaration of Human Rights, in one of the paragraphs of its preamble,
reports that the letter considers faith in fundamental human rights important, believes it is
necessary to value the dignity and value of the human person, as well as “[...] rights of men
and women, and who have decided to promote social progress and better living conditions in
wider freedom.” (UNIC, 2009, p. 03). Therefore, it is the primary function of the UN to
establish that all Nations and States enforce what is set out in the Declaration and that all
people are treated equally.
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The post-critical discourse on gender and diversity: A human rights proposal
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1887-1902, July/Sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.17086
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Therefore, the present work is based on the need for understanding between the
Universal Declaration of Human Rights with the post-critical discussion on gender and
diversity, seeking to understand what human rights are and what the proposal established by
the Declaration when dealing with established gender relations and experienced by various
societies; in this sense, this article will focus on the understanding of human rights based on
gender relations, as well as investigate the distortion between discourse and practice in the
presented theme.
This bibliographic review is part of the qualitative investigation of a “contemporary
phenomenon in the context of real life” (YIN, 2010, p. 22), which occurs throughout society.
Yin affirms the need for lit
erature review research when saying that “the path begins with a
thorough literature review” (YIN, 2010, p. 23), as it does not serve to “determine the answers
about what is known about a topic”, but to “develop more insightful and revealing questions
on t
he same topic” (YIN, 2010, p. 35). Woods also says that “literature consultation is part of
the theory development process, which stimulates ideas and shapes emerging theory,
simultaneously creating opportunities for criticism and stimulating study” (WOODS
, 1999, p.
87).
This review began with the selection of literature for the construction of the
methodological basis of the research, readings of the reference authors strictly necessary for
the construction of this theory and the understanding of what was necessary to reflect, create
and describe through the production of records and summaries. This part of strict importance
during the course of the research was carried out based on Macedo's idea when he says that
“for the qualitative researcher, there is no unquestionable theoretical framework” (MACEDO,
2009, p. 92), that is, readings cannot be understood by the researcher as truths to be followed,
but as inspiration for other truths to emerge.
After all, what are human rights?
After the Second World War, in 1945, the United Nations was established: the horrors
of the second great world war gave rise to the institution, which has among its main
objectives to promote and encourage peoples and nations to mutual respect and human rights,
as stipulated in the Charter of the United Nations, signed in the city of San Francisco,
California, in the United States of America, in October 1945.
According to the UN itself, “Human rights are inherent to all human beings, regardless
of race, sex, nationality, ethnicity,
language, religion or any other condition” (UN, 2019).
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Éden Santos de CASTRO; Íris Vanessa de Sousa SILVA and José Paulo Gomes BRAZÃO
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1887-1902, July/Sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.17086
1890
Human rights also include a series of rights and freedoms, such as: to life, freedom of opinion
and expression, right to work, education, among others. Everyone deserves these rights,
without any type of sanction or discrimination. Thus, the UN determines that:
Human rights are commonly understood as those rights inherent to human
beings. The concept of human rights recognizes that every human being can
enjoy his or her human rights without distinction as to race, color, sex,
language, religion, political or other opinion, social or national origin, or
condition of birth or wealth. Human rights are legally guaranteed by human
rights law, protecting individuals and groups against actions that interfere
with fundamental freedoms and human dignity (ONU, 2019).
International law, based on International Treaties, considering human rights
legislation, determines that States act in a certain way, prohibiting or not certain actions, but
this same legislation does not determine what human rights are. Thus, it is understood that
human rights are rights inherent to each individual for the simple fact that he is a human
being. International treaties and other modalities dealing with civil rights are often used to
guarantee the formal protection of the rights of individuals or groups against actions or
abandonment by governments, which may directly or indirectly interfere with their rights as
human beings. For a better understanding, the website of the United Nations Organizations
establishes some important characteristics for the definition of human rights:
Human rights are founded on respect for the dignity and worth of each
person;
Human rights are universal, which means that they are applied equally and
without discrimination to all people;
Human rights are inalienable, and no one can be deprived of their human
rights; they may be limited in specific situations. For example, the right to
liberty may be restricted if a person is found guilty of a crime before a court
of law and with due process of law;
Human rights are indivisible, interrelated and interdependent, as it is
insufficient to respect some human rights and not others. In practice, the
violation of one right will affect respect for many others;
All human rights must therefore be seen as of equal importance, and it is
equally essential to respect the dignity and worth of each person (ONU,
2019).
Therefore, human rights refer to everything that refers to human dignity: when
violating any moral or legal foundation regarding human life, some human right will certainly
be violated, as they are indivisible, interrelated and interdependent..
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The post-critical discourse on gender and diversity: A human rights proposal
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1887-1902, July/Sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.17086
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Human rights and social rights: how were women represented?
From the process of independence of the 13 British Colonies of America, today the
United States, there was a heated discussion on the issue of rights, especially with regard to
social rights. In the second half of the 18th century, deviating from the logic of most
European colonies around the world, the 13 Colonies entered a process of separation from
their homeland, England. With a war fought between colony and metropolis, in 1776, what
we know today as the United States of America arises. Despite its revolutionary character,
since it is historiographically considered as a revolution against political and economic
submission to the metropolis, the pioneering spirit of the American Revolution arises when
dealing with human rights. In Singer's words (2012, p. 201):
The American Revolution was a pioneer in the formation of human rights.
For the first time, a people based its aspiration to independence on the
principles of citizenship, that is, it made the preservation of the liberties of
the people's members the primary purpose of the State. Elevated to the
condition of political subjects.
In spite of the pioneering spirit of the United States Declaration of Independence with
regard to human rights, in practice the Indians, who continued to be decimated, the blacks,
who remained under slavery, especially in the south, and the women, who lay under the
absence of political and civil rights, were excluded. Even though the protagonism of women
in various types of activities (domestic, on the farms, as midwives, etc.) was evident, civilly
and politically they were forgotten and excluded from the process that considered political
rights and were not included in any notion of civil equality.
Despite the above, of the three groups totally excluded in the practice of human rights,
pioneered in the United States, it is women who will become pioneers in the abolitionist
struggles in the mid-nineteenth century. According to Hole and Levine (1973, p. 4-5 apud
SINGER, 2012, p. 202):
It was in the abolitionist movement of the 1830s, however, that the women's
rights movement had its political origins. When women began to work
seriously for the abolition of slavery, they quickly learned that they could not
act as political equals with their male abolitionist friends. [...] The incessant
and brutal (sometimes physical) attacks on women convinced the Grimkés
that the issues of freedom for slaves and freedom for women were
inextricably linked.
Therefore, for the abolitionist women in the USA, there was no way to fight for the
freedom of black people without, at the same time, fighting for their own freedom. Following
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Éden Santos de CASTRO; Íris Vanessa de Sousa SILVA and José Paulo Gomes BRAZÃO
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1887-1902, July/Sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.17086
1892
the American Revolution, the French Revolution occurred on European soil, triggered by
social and political issues that moved a large part of the French population at the time. A
strong economic crisis triggered a massive revolution in France in 1789. Although
chronologically dated in 1789, the revolution began much earlier, in 1774, with the coronation
of Louis XVI, which coincided with a vast economic crisis faced especially by the socially
and economically vulnerable populations of the country, especially in the countryside.
The French Revolution, which was preceded by a social revolution and later a political
one, became extremely important in terms of social and human rights. In August 1789 the
Declaration of the Rights of Man and Citizen was approved, recognized by the then National
Assembly, which in some aspects resembled the U.S. Declaration of Independence. Article 1
of the Declaration states: "Art. 1. Men are born free and equal in rights. Social distinctions
can only be based on common utility" (USP, 2020). But, after all, in fact, from this
affirmative of the Declaration, did all the French have the same rights? We can see that they
did not. The French Constitution of 1791 followed the same logic of the declarations
previously mentioned, and was not generous as to the attribution of civil and political rights of
the French.
In Singer's words (2012, p. 214-215):
It distinguished between active citizens, with full rights, and passive citizens,
with legal and human, but not political, rights. Women, those under 25, those
who had no legal domicile in a canton, those who paid no taxes [...] because
they were allegedly incapable of voting freely, were deprived of the right to
vote and be voted for.
That said, it is worth considering the absence of women's rights, as well as the
exclusion or invisibility of the less fortunate with regard to civil and political rights. This
observation is necessary because both the U.S. Declaration of Independence and the new
French legislations were considered pioneers in terms of human rights; however, it can be
seen that there was a selectivity in the coverage of these rights, which were available to men,
whites, and the elite, even though the French Revolution was a social and political movement,
there was no direct opening on the discussion of the inclusion of women and the poor in its
legislation.
It is also worth mentioning the Enlightenment of the 18th century. An extremely
important movement to determine the weakening of the Old Regime in Europe, it was
fundamental for individuals to increasingly value scientific knowledge: there was a long
debate between those in favor of continuing the monarchist governments and those who no
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The post-critical discourse on gender and diversity: A human rights proposal
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1887-1902, July/Sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.17086
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longer agreed with an administration that did not have the participation of the population in
political decisions, even if timidly; thus, by considering knowledge as a fundamental item for
the development of citizenship, the 19th century became historically known as the "Century
of Enlightenment". Although the Enlightenment movement discussed in depth the presence of
citizens in the political and public sphere, "Most Enlightenment men stressed the traditional
ideal of the silent, modest, chaste, subservient woman and condemned independent and
powerful women" (PINSKY; PEDRO, 2012, p. 267). Thus, even considering the freedom of
thought and action of individuals, women were not included in this citizen perspective.
Considering the proportions, we can cite the Brazilian case, even after the
Proclamation of Independence in 1822 and the Proclamation of the Republic in 1889, in both
periods, women, blacks and the impoverished were not fully included in the legislations
currently in force: the logic of the census vote, which had been the basis for Napoleonic
constitutions and so many others that came throughout history, was also part of Brazilian
legislations, which excluded, during the First Republic (1889-1930), for example, practically
80% of the Brazilian population from political processes, including women, blacks (enslaved,
ex-slaved, freedmen etc. ) and economically disadvantaged people. In the Brazilian case, the
scenario exposed above starts to suffer changes with the arrival of Getúlio Vargas to power
from 1930, when he institutes the first Electoral Code in 1932, offering women full political
rights, to vote and to be voted.
Gender and diversity from a human rights perspective
As seen so far, even in the face of so many innovations in the legal field, in practice
there has been no demonstration of concern for the protection of minorities, who have not
been integrated into what was intended and intends to be discussed about human rights, fully
and completely safeguarding the social and civil rights of social minorities - women, Indians,
LGBTs, blacks, etc. When analyzing the general aspects of the documents and laws exposed
above, one notices a universal character regarding social rights. On the issue of transvestites,
transsexuals, and transgenders, Hogemann (2014, p. 218) points out that:
The Brazilian Constitution establishes the protection of human dignity as
such and the respect for individual and social group differences in
observance of the social order. In this field of protecting the rights of men
and citizens, the adequate naming of transvestites, transsexuals and
transgender persons points our country to integration and coherence with our
Federal Constitution, in necessary observance of the precepts of Human
Rights and International Law.
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Éden Santos de CASTRO; Íris Vanessa de Sousa SILVA and José Paulo Gomes BRAZÃO
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1887-1902, July/Sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.17086
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Even in the face of the observance of the laws to what international law says about the
theme worked in the article in question, the author notes that there is no specific legislation
that fully respects the social rights of the so-called trans people, especially when it comes to
gender reassignment surgeries and the issue of using social names, with the need for judicial
referrals, leaving these people exposed and at the mercy of each judge "[. ...] with the
possibility of the result being penetrated by values, customs, moralisms, and prejudices linked
to the individual condition that exists behind each toga" (HOGEMANN, 2014, p. 218).
According to Article 5 of the Brazilian Federal Constitution:
All are equal before the law, without distinction of any nature, guaranteeing
Brazilians and foreigners residing in the country the inviolability of the right
to life, liberty, equality, safety, and property, under the following terms:
I - men and women are equal in rights and obligations, under the terms of
this Constitution; [...]
X - the intimacy, private life, honor and image of people are inviolable,
being assured the right to compensation for the material or moral damage
resulting from its violation; [...] (BRAZIL, 1988)
Citing only two paragraphs (I and X) of the Federal Constitution of 1988 (BRAZIL,
1988), one realizes that, according to the Law, everyone should be treated the same way with
regard to civil and social rights, since the same legislation ensures the rights of Brazilian
citizens; however, what we see in everyday life is a gap between theory and practice.
Therefore, even though the laws are in accordance and in dialogue with international law on
the subject, in practice, human rights are being disregarded day by day.
Minority rights in conquest
There are several social minorities, as explained before; there is a contradiction or
confusion in the concept of minority. In many cases, there is a distortion regarding the word
that, according to the Aurélio dictionary, will bring some important definitions that clarify the
general understanding: "mi.no.ria: 1. numerical inferiority. 2. the least numerous part of a
deliberative corporation, etc." (FERREIRA, 2008, p. 556). Thus, the vast majority of
individuals end up focusing on this part of the meaning of the word minority, however, its
significance goes beyond: "[...] 3. Anthrop. Sociol. Subgroup that, within a society, considers
itself and/or is considered different from the dominant group, and that does not participate,
under equal conditions, in social life" (FERREIRA, 2008, p. 556). Therefore, these groups
(women, blacks, indigenous people, LGBTs, etc.), although quantitatively representing a
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significant number of subjects, are not treated as citizens, which directly interferes in their
daily lives.
Gender and diversity in the school curriculum: a post-critical perspective
The history of education is marked by assumptions and concepts that guide and
ground its path. The historical context of a society and its conception of mankind establish,
since its beginning, the bases by which the practice of education is justified through theories
and methodologies aimed at human development. These epistemological and didactic actions
define certain periods through which it is possible to perceive the relationship established
between education and its conception of man and society.
However, as history runs its course, changes are taking place both within individuals
and in the social context in which they are inserted. This results in changes in the meaning
that is attributed to education, causing new thoughts and new actions. Since education is
loaded with intentionalities, these pedagogical theories are reconfigured and acquire new
forms, which leads us to think about the reconfiguration of the curriculum itself, since "all
pedagogical theories are also theories about curriculum" (SILVA, 2009). However, what
characterizes a new trend is not always the extinction of a previous one, but the evolution of
this one, which can occur by breaking or transforming the first one.
This transforming adaptation of pedagogical intentions is characterized by social
change, by criticism of the previous model of education, as well as of the vision of the
changed society and of the man in this society. Hence then the educational path to be walked,
from the first decades of the twentieth century, on "curriculum studies" (Silva, 2009), with the
publication of The curriculum, by Bobbitt, a book considered a "milestone in the
establishment of curriculum as a specialized field of studies" (SILVA, 2009), from which
came the traditional theories, concerned with the "nature of learning", passing through critical
theories, focused on "human nature" and being today directed by post-critical theories, which
highlight the consideration of education on the "nature of knowledge, culture and society",
essentially linked to ". . our identity...our subjectivity" (SILVA, 2009).
The man and society characteristic of contemporaneity, fundamental parts of the new
process of human, social, political and economic transformation, mobilize inquietudes about
new ways and new models of thinking and doing education. This rupture in the educational
paradigm allows us to observe "an intellectual movement that proclaims that we are living in
a new historical era, the Post-Modernity, radically different from the previous one,
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Modernity" (SILVA, 2009). Since the school is still a referential of the conceptual meaning of
education, it has long been out of step with the current context, since, being a symbol of
modernity, we, as a society, have already passed this era. As Silva
(2009, p. 111-112)
says:
Our notions of education, pedagogy, and curriculum are solidly grounded in
Modernity and modern ideas. Education as we know it today is the modern
institution par excellence. Its goal is to transmit scientific knowledge, to
form a supposedly rational and autonomous human being [...]. In this sense,
the postmodernist questioning constitutes an attack on the very idea of
education.
The educational phenomenon cannot be understood as a finished reality. Mizukami
comes to affirm that the educational phenomenon is, above all, "a human, historical and
multidimensional phenomenon" that does not "make itself known in a single and precise way
in its multiple aspects" (MIZUKAMI, 1986), although for a long time, for each period, it has
focused its gaze on only one of its multiple dimensions. In a classical model of education, the
focus on subject matter and method valued the technical dimension of the process. In another
conceptual way, the definition of objectives, content, methods, and evaluation, in a linear and
systemic way, idealized a strategic education ending in specified and observable behaviors; in
this model, only the student is evaluated. However, it is necessary to consider the existence of
a model that does not end in the student's evaluation, but that, in a cyclical way, also evaluates
the process and the method.
This last model considers the educational system as the result of a didactic system that
conceives evaluation, contents, objectives and methods, but which has a relationship with the
psychological system of the being, concerned with development, learning, memory and
motivation. This critical perspective comes from the understanding that the educational
system is not isolated from many other systems that surround it, such as the scientific,
technological, religious, cultural, ideological, economic, and political systems. Hence the
post-critical ideas about the curriculum, which understand the school as a territory of clashes
"that press, still, to enter the territory of legitimate knowledge the experiences and knowledge
of these collective actions, so that collective subjects of memories, history and cultures are
known" (ARROYO, 2011). Knowledge is, therefore, converted into "a territory of disputes"
(ARROYO, 2011).
The current clash resulting from the necessary paradigmatic change and the glaring
reality that still exists with teaching molds based on mistaken concepts about the symbiotic
relationship that should exist between school and society raises a delicate, deep question that
requires an emergency response: what should be the basis of teaching action in a period when
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the sociocultural territory emerges within the school? Another question that deepens this
reflection is the following: how long will society be changing conceptually and the ideals
expected by education will be trying to keep up with this accelerated pace of change while the
teaching practice, its reality, continues blindfolded? "We are in a promising process of
rethinking ourselves as professionals. Our work is more complex. Being a teacher has become
more tense" (ARROYO, 2011).
When dealing with post-critical issues of curriculum, what should draw teachers'
attention is that Silva (2009), in his book Identity Documents, outlines a panorama of the
complex issues arising from the present time that should be contemplated in the curriculum:
multiculturalism, gender relations, ethnicity and race, queer theory. He considers that the
foundation of teaching action in a post-critical reality should consider that what really "counts
as official knowledge" is not the hegemonic curriculum, since under the phenomenon of
multiculturalism, "equality is not obtained simply through equal access" to this curriculum,
but in its modification in order to contemplate actions that value the identity of "dominated
cultural groups
” (SILVA, 2009).
Another crucial issue in the teaching role in the fight against inequalities is based on
gender relations and feminist pedagogy. By breaking with the idea of an "educational
curriculum" that "reflected and reproduced the stereotypes of the wider society" (SILVA,
2009), both disciplines considered naturally male or naturally female, as well as professions
and social functions directed specifically to men or women, bring out the need for
reconceptualization of the teaching role so that it goes beyond the class dynamics, This would
ensure women not only the "access to patriarchal institutions and forms of knowledge"
(SILVA, 2009), but also guarantee them the opportunity to transform these spaces, since
access would simply introduce them to a place built under masculine concepts.
Another very present aspect in contemporary discussions about the transformations
that have occurred in society concerns not only the thinking about gender and the breaking of
the historically and culturally established masculinized culture, which does not purely and
simply go through the biological factors that define us as men and women, but in a whole
conceptual construction that establishes and segregates the genders as if, because they are
biologically distinct, socially they should "work", also, in a distinct way. The discursive factor
in question involves sexuality that, "although strongly present in school, is rarely part of the
curriculum" (SILVA, 2009), is also finessed on the free-for-all between sexual boundaries by
conceiving homosexuality not as a "deviation from the dominant, hegemonic, 'normal'
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sexuality," but to "question, problematize, contest all well-behaved forms of knowledge and
identity" (SILVA, 2009).
The word queer means "strange", "weird", "singular", "eccentric", "suspicious", but
that, in the homosexual movement, as a theory, is recovered and, despite the pejorative
appearance that it may transpire when dealing with homosexuality as something "strange
"weird", is seen as "positive form of self-identification" (SILVA, 2009), because it does not
deal specifically about the sexual connotations, but aims to "complicate the issue of sexual
identity and, indirectly, also the issue of cultural and social identity. Through 'strangeness',
one wants to disturb the tranquility of 'normality'" (SILVA, 2009).
In the same way as queer theory, queer pedagogy intends, in a more general way, and
here the teaching work is also focused more specifically, to understand the issues of sexual
identity and sexuality in a "broader question of knowledge" (SILVA, 2009), forcing
[...] the limits of dominant epistemes: a curriculum that does not simply
question knowledge as socially constructed, but ventures to explore that
which has not yet been constructed. Queer theory - this "queer" thing - is the
difference that can make a difference in the curriculum (SILVA, 2009, p.
109).
From the postmodern and poststructuralist perspective, the curriculum to be built
should break with the model of Modernity by considering knowledge not through watertight,
segmented, objectivist and realist subjects, but through subjectivity, through the relationship
between scientific knowledge and everyday knowledge, through an epistemology that does
not segregate social groups rigidly between "'high' culture and 'low' culture" (SILVA, 2009),
that strives beyond the emancipation and liberation of the individual and collective subject,
that takes away from the comfortable situation all radicalized concepts and all dominant
conceptions of knowledge, because "postmodernism marks the end of critical pedagogy and
the beginning of post-critical pedagogy" (SILVA, 2009).
Under the post-structuralist perspective, the discourse made by a theory does not
define it as something that simply describes it, but produces it, because by describing it
linguistically and symbolically, the theorist actually becomes the author of an object that is
new, the result of his descriptive and reflective production. The view that theory would
simply be responsible for representing a reality that exists outside it, ending its duty in the
mere description of a pre-existing and external object, is no longer applicable. The idea of
theory, under the discourse conception in a post-structuralist view, conceives that the effects
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of reality occur from what the theorist defines as reality, since the effects of reality, in fact,
end up producing a new reality.
In this way, under the teaching conception, the function of this professional facing the
post-critical issues of the curriculum is not the mere representative of a reality or of pre-
established knowledge or dictated by an external source, but the producer of a new and
authorial curriculum, based on their own teaching experience in direct relation to the
experience of other actors and authors of the educational process, valuing the human
dimension of beings who are also social, cultural, ideological, political, economic, and
identity, because it is in discussing this curriculum that "we end up becoming what we are",
because
[...] in everyday discussions, when we think of curriculum, we think only of
knowledge, forgetting that the knowledge that constitutes the curriculum is
inextricably, centrally, vitally, involved in who we are, who we become: in
our identity, in our subjectivity (SILVA, 2009, p. 15).
The vision of a Queer curriculum leads faculty and students to questioning and
estrangement from the status quo. This action results in a "deconstructed" look at gender
issues.
Queerizing
the School is to provide the school environment with a critical view of its
curriculum (DIAS; BRAZÃO, 2021). It also adds that the development of a Queer curriculum
can minimize inequalities in gender and body relations at school. From the point of view of
the politics of differences and identity processes, new possibilities for the promotion of
inclusive cultures for pedagogical practices arise, in the form of critical citizenship (DIAS;
BRAZÃO, 2021).
In short, the essence of what should be included in the curriculum is the human
essence itself, with all its minutiae, disputes, conflicts, achievements, conquests, and
pleasures. The teaching action should be an opportunity for the voice of individuals.
Education, under this perspective, gains new color, new life, because the content of life is us,
the subjects of life are our lives and experiences, the paintings of life are the portraits of our
own history built with struggle, with sweat, with meaning. "The content of the painting cannot
be separated from the sensation of its surface" (DUMAS
4
apud SILVA, 2009), nor can the
content of life be separated from its living.
4
Marlene Dumas is the author of the paintings that illustrate the cover of the book by Tomaz Tadeu da Silva
referenced here.
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Final remarks
In light of the above, it is worth pointing out that the achievements of the civil and
social rights of minorities often need to be debated in order to guarantee them with greater
emphasis. The reason for pointing this out: current society lives in a political and social
context that, despite there being a series of laws that guarantee the social, political, and civil
rights of individuals, in many moments they are forced to fight for the guarantee of rights that
are already legally established. Thus, there is a constant struggle to maintain the guarantee
and, also, an action to make these rights effective.
Through the above, one can consider that gender and diversity issues have been
silenced throughout the history of human rights. Even the sets of laws considered pioneers
regarding social, civil, and political rights, for women in their diversity, was relegated the
space of invisibility and silence; it is worth pointing out here, in the words of authors Pinsky
and Pedro, that: "In certain moments of rights expansion and democratic progress, women
have not been favored in the same way as men" (PINSKY; PEDRO, 2012, p. 265). Reflecting
on the denial of civil and political rights that considered gender issues, a question arises:
when, in fact, were gender and diversity issues incorporated as an agenda for human rights?
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Como referenciar este artigo
CASTRO, E. S.; SILVA, I. V. S.; BRAZÃO, J. P. G. The post-critical discourse on gender
and diversity: A human rights proposal.
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Submitted
:
11/02/2022
Revisions required
: 28/04/2022
Approved
: 19/06/2022
Published
: 01/07/2022
Processing and publishing by the Editora Ibero-Americana de Educação.
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