RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023026, 2023. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17264 1
AS ESTRATÉGIAS DO BRASIL E DE PORTUGAL PARA LIDAR COM A
PANDEMIA NO CONTEXTO EDUCACIONAL
LAS ESTRATEGIAS DE BRASIL Y PORTUGAL PARA HACER FRENTE A LA
PANDEMIA EN EL CONTEXTO EDUCATIVO
BRAZIL AND PORTUGAL'S STRATEGIES TO DEAL WITH THE PANDEMIC IN THE
EDUCATIONAL CONTEXT
Celina Maria Linhares PAIVA1
e-mail: celinalinharespaiva@gmail.com
Gisafran Nazareno Mota JUCÁ2
e-mail: gisafranjuca@gmail.com
Como referenciar este artigo:
PAIVA, C. M. L.; JUCÁ, G. N. M. As estratégias do Brasil e de
Portugal para lidar com a pandemia no contexto educacional.
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara,
v. 18, n. 00, e023026, 2023. e-ISSN: 1982-5587. DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17264
| Submetido em: 10/10/2022
| Revisões requeridas em: 24/01/2023
| Aprovado em: 03/02/2022
| Publicado em: 04/05/2023
Editor:
Prof. Dr. José Luís Bizelli
Editor Adjunto Executivo:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza CE Brasil. Doutoranda em Educação Brasileira.
2
Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza CE Brasil. Professor do Programa de s-Graduação em
Educação Brasileira. Pós-doutorado em História Urbana pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
As estratégias do Brasil e de Portugal para lidar com a pandemia no contexto educacional
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023026, 2023. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17264 2
RESUMO: O presente artigo se propõe a analisar como Brasil e Portugal, países que guardam
relações históricas, se posicionaram no enfrentamento da pandemia do coronavírus no contexto
educacional. Comparando as estratégias adotadas pelos dois países, se busca responder ao
seguinte questionamento: as estratégias adotadas pelos gestores da educação brasileira foram
eficientes para enfrentar o momento de crise? Era possível ter seguido outro caminho? Para
efetuar tal análise, adotou-se um levantamento bibliográfico, com o detalhamento das ações
implementadas pelos dois países para enfrentar o maior desafio educacional do século XXI. Os
resultados da análise demonstram que o Brasil, de maneira equivocada, apostou apenas no
Ensino Remoto Emergencial, sendo que não havia infraestrutura adequada para fazê-lo, o que
prejudicou milhões de estudantes no país. Portugal mesclou formatos e conseguiu melhores
resultados, o que acarretou consequências bem visíveis, como um menor tempo de fechamento
dos estabelecimentos de ensino.
PALAVRAS-CHAVE: Pandemia. Educação comparada. Educação a distância. Políticas
educacionais.
RESUMEN: Este artículo tiene como objetivo analizar cómo Brasil y Portugal, países que
tienen relaciones históricas, se han posicionado para hacer frente a la pandemia de
coronavirus en el contexto educativo. Comparando las estrategias adoptadas por los dos
países, buscamos responder a la siguiente pregunta: ¿fueron eficientes las estrategias
adoptadas por los gestores educativos brasileños para enfrentar el momento de crisis? ¿Era
posible haber ido por otro camino? Para llevar a cabo este análisis, se adoptó una encuesta
bibliográfica que detalla las acciones implementadas por los dos países para enfrentar el
mayor desafío educativo del siglo XXI. Los resultados del análisis muestran que Brasil, de
manera equivocada, apostó solo por la Enseñanza Remota de Emergencia, y no había una
infraestructura adecuada para hacerlo, lo que perjudia millones de estudiantes en el país.
Portugal fusionó formatos y logró mejores resultados, lo que llevó a consecuencias muy
visibles, como un menor tiempo de cierre de los establecimientos educativos.
PALABRAS CLAVE: Pandemia. Educación comparada. Educación a distancia. Políticas
educativas.
ABSTRACT: This paper aims to analyze how Brazil and Portugal, countries with historical
relations, positioned themselves to face the pandemic of the coronavirus in the educational
context. Comparing the strategies adopted by the two countries, we seek to answer the following
question: were the strategies adopted by the Brazilian educational managers efficient to face
the moment of crisis? Could another path have been taken? To carry out this analysis, a
bibliographical survey was adopted, detailing the actions implemented by the two countries to
face the greatest educational challenge of the 21st century. The results of the analysis show
that Brazil, in a mistaken way, bet only on Emergency Remote Learning, since there was no
adequate infrastructure to do so, which harmed millions of students in the country. Portugal
mixed formats and got better results, which led to very visible consequences, such as a shorter
time of closure of the schools.
KEYWORDS: Pandemic. Comparative education. Distance education. Educational policies.
Celina Maria Linhares PAIVA e Gisafran Nazareno Mota JU
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023026, 2023. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17264 3
Introdução
No último dia do ano, na virada de 2019 para 2020, a Organização Mundial de Saúde
(OMS) foi notificada pelo governo chinês sobre a ocorrência de dezenas de casos de uma
espécie de pneumonia de origem desconhecida na cidade de Wuhan. No início de janeiro, os
cientistas conseguiram identificar que se tratava de um novo tipo de coronavírus que, até então,
era um vírus conhecido no meio médico por provocar resfriados comuns. Em menos de um
mês, o vírus se alastrou de tal maneira que levou a Organização Mundial de Saúde a declarar,
pela sexta vez na história
3
, que o surto se tratava de uma Emergência de Saúde Pública de
Importância Internacional, o mais elevado nível de alerta da OMS. Em 11 de março, veio a
notícia de que o surto deixava de estar localizado e restrito a uma região ou grupo de países e
que, por conta disso, passava a ser considerado como uma pandemia.
4
Com esse anúncio, as autoridades de saúde reconheciam que o vírus SARS-Cov-2
circulava com grande velocidade pelo mundo e que era urgente a adoção de medidas restritivas
de proteção e prevenção para conter esse avanço vertiginoso, entre elas estava o distanciamento.
“Historicamente, quando o Estado se diante da responsabilidade de lutar contra o
alastramento de uma doença, ele se reveste do seu poder de autoridade que pode determinar
quando as liberdades individuais devem ser suspensas” (LIMA, 2021, p. 132).
O que se deu a partir daí ainda está bastante vivo em nossa memória recente: paralisação
de todas as atividades não-essenciais em grande parte do mundo, cidades desertas,
distanciamento físico entre as pessoas, novos protocolos de biossegurança, recomendações
exaustivas sobre o uso de máscaras, apelos constantes para a correta lavagem das mãos.
Nesse contexto, milhares de escolas e universidades ao redor do mundo precisaram
suspender suas atividades, num cenário repleto de incertezas e desafios. Segundo
monitoramento empreendido pela Unesco
5
, mais de 1,5 bilhão de alunos foram afetados com a
crise do coronavírus, crianças e jovens residentes em países com realidades políticas,
econômicas, sociais e educacionais completamente diversas, mas que encontram na escola um
espaço privilegiado de interações. Esse afastamento, obviamente, trouxe consequências
extremamente prejudiciais para o processo de desenvolvimento e aprendizagem que ainda estão
3
As outras emergências foram: pandemia de H1N1, em 2009; em 2014 por surto de ebola na África Ocidental e
disseminação de poliovírus; em 2016, pelo surto de Zika vírus e 2018 surto de ebola na República Democrática
do Congo.
4
Histórico da Pandemia de COVID 19. Organização Pan-americana de Saúde, 2020. Disponível em:
https://www.paho.org/pt/covid19/historico-da-pandemia-covid-19. Acesso em 22 set 2022.
5
Educação: do fechamento das escolas à recuperação. Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência
e a Cultura. Disponível em: https://www.unesco.org/pt/covid-19/education-response. Acesso em 20 set 2022.
As estratégias do Brasil e de Portugal para lidar com a pandemia no contexto educacional
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023026, 2023. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17264 4
sendo estudadas, que é na escola que se estabelecem trocas e relações sociais que
fundamentam e consolidam os processos de aquisição do conhecimento, conforme discorre
Vygotsky (1994).
Outro levantamento feito pela Unicef
6
e divulgado em dezembro de 2021 expõe que os
prejuízos ocasionados pelo fechamento das escolas podem comprometer uma geração inteira e
representam uma perda econômica da ordem de US$ 17 trilhões, o que corresponde a 14% do
PIB mundial. Prejuízos no presente e no futuro, que, em se falando de educação, a
repercussão do que ocorreu com a crise do coronavírus deve se prolongar por muitos anos.
É importante destacar que por mais que estejamos falando de uma doença que se
disseminou por todo o mundo, isso não significa que todos os países foram impactados da
mesma forma pela COVID-19. Por exemplo, Itália, Estados Unidos e Brasil foram, em
momentos distintos, epicentros da doença, com uma curva de contágio muito superior ao
registrado em outras nações. E o número de casos, internações e mortes é, sem dúvida, um fator
que impacta diretamente nas estratégias adotadas pelos países para enfrentar a crise, revelando
também acertos e omissões dos governos.
Dito isso, neste artigo vamos buscar entender como dois países que viveram cenários
bem distintos durante a pandemia da COVID-19 Brasil e Portugal elaboraram suas
estratégias no campo educacional para enfrentar a realidade imposta pelo vírus. A escolha de
Portugal se deve pelas relações históricas, culturais e sociais entre as duas nações, pelo modo
diferente como os dois países lidaram com a gravidade da pandemia, bem como pela relação
acadêmica e de pesquisa existente entre o Programa de Pós-Graduação em Educação Brasileira,
da Universidade Federal do Ceará, mais precisamente a Linha de História e Educação
Comparada (LHEC), em que nós estamos inseridos, com o país europeu.
A intenção é que, ao comparar as duas realidades tão distintas, consigamos vislumbrar
com mais clareza os aspectos positivos e negativos das políticas dos dois países e, assim,
responder à seguinte questão: as estratégias educacionais adotadas pelo governo brasileiro
foram adequadas à realidade do país? Para tanto, faremos um levantamento bibliográfico que
ampare a análise do tema, assim como nos apoiaremos nas ideias que sustentam a relevância de
uma abordagem de história comparada. Haupt (1998) defende que, ao comparar exemplos
6
Perdas de Aprendizagem com a Covid 19 podem custar a esta geração de estudantes quase US$ 17 trilhões em
ganhos durante a vida, 2021. Fundo das Nações Unidas para a Infância. Disponível em:
https://www.unicef.org/brazil/comunicados-de-imprensa/perdas-de-aprendizagem-com-covid-19-podem-custar-
a-esta-geracao-de-estudantes-ganhos-durante-a-vida. Acesso em 28 set 2022.
Celina Maria Linhares PAIVA e Gisafran Nazareno Mota JU
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023026, 2023. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17264 5
estrangeiros a partir de uma problemática comum, é possível ampliar o horizonte das análises
e encontrar analogias e novas interpretações.
Brasil e a gestão da educação na pandemia
Segundos dados da Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico
(OCDE)
7
, o Brasil foi o quarto país do mundo que passou mais tempo com as escolas fechadas:
foram 178 dias de fechamento dos estabelecimentos de ensino. Em Portugal, o calendário do
emergencial foi bem mais enxuto.
Esses números muito nos revelam sobre as estratégias adotadas pelos dois países para
enfrentar as adversidades e os desafios impostos pela pandemia. No Brasil, o Ministério da
Educação publicou, no dia 17 de março de 2020, a portaria 343, que orientava a suspensão, por
30 dias prorrogáveis, das aulas presenciais na Educação Básica e no Ensino Superior, nas
esferas pública e privada, e, no entanto, autorizava a substituição das aulas presenciais por
Aulas Remotas Emergenciais (BRASIL, 2020).
Neste ponto, é importante fazer uma diferenciação conceitual importante: uma
grande diferença entre Ensino Remoto Emergencial e Educação a Distância, por mais que, para
o senso comum, esses conceitos possam parecer semelhantes. Considera-se ensino a distância
toda modalidade de transmissão de conhecimento em que professor e aluno - ou outros agentes
envolvidos nesse processo - não ocupam o mesmo espaço, ao mesmo tempo. A EAD, nesse
sentido, vem suprir uma demanda de formação para uma parcela da população que o tinha
como frequentar a escola tradicional, mas que desejava obter conhecimento.
8
É um processo,
segundo Nova e Alves (2003), que utilizava ferramentas de comunicação e com poucas
possibilidades de interação na sua origem. Cenário que muda com o advento das tecnologias da
informação, que permitem a ampliação da EAD no território brasileiro.
Nesse sentido, compreendemos a Educação à Distância como uma das
modalidades de ensino-aprendizagem, possibilitada pela mediação dos
suportes tecnológicos digitais e de rede, seja esta inserida em sistemas de
ensino presenciais, mistos ou completamente realizada através da distância
física. Isso obviamente amplia a complexidade e as variáveis envolvidas na
7
Sant´Anna, Emílio. Brasil foi o 4º país do mundo com mais tempo de escolas fechadas, diz OCDE. Terra, 2022.
Disponível em: https://www.terra.com.br/economia/dinheiro-em-acao/brasil-foi-o-4-pais-com-mais-tempo-de-
escolas-fechadas-na-pandemia-diz-ocde,ee5057bc0ff3a4bce1c40fc39468102bsovfxpml.html. Acesso em 30 jan.
2023.
8
No Brasil, o crescimento da modalidade de Educação a Distância coincide com a exigência feita pela Lei de
Diretrizes e Bases, de 1996, que passa a exigir mais qualificação do corpo docente que vai atuar na Educação
Básica e Ensino Superior.
As estratégias do Brasil e de Portugal para lidar com a pandemia no contexto educacional
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023026, 2023. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17264 6
discussão e, por sua vez, obriga-nos a fragmentar as reflexões em questões
mais específicas (NOVA; ALVES, 2003, p. 07).
o Ensino Remoto Emergencial (ERE), como o próprio nome sugere, é uma estratégia
pontual, temporária, para prover acesso ao conteúdo que deveria ser dado presencialmente ou
de forma híbrida. Preserva-se, assim, o distanciamento social, que professor e aluno estão
conectados, mas não no mesmo ambiente e a aula acontece com o suporte de recursos digitais,
havendo a possibilidade de interação. “No ERE, professor e aluno estão online, conectados via
dispositivos computacionais, durante a mesma carga horária que teria a aula presencial, ou seja,
tem-se uma transposição do ensino presencial físico para os contextos digitais.” (DE
OLIVEIRA; CORRÊA; MORÉS, 2020, p. 7).
Esta modalidade de ensino, que se tornou imperativa por conta da pandemia, exigiu uma
intensa e pida adaptação de todos os agentes envolvidos no cenário educacional: governos,
que tiveram de pensar em estratégias de inclusão digital; dirigentes de escolas e professores,
que precisaram adaptar suas aulas e tipos avaliação para o formato digital, dos alunos e as
famílias.
Assim, abruptamente, o sistema educacional brasileiro, que conta com 47, 3 milhões de
estudantes só na Educação Básica e abarca uma complexa realidade, com problemas históricos
e estruturais, se viu diante de um cenário absolutamente novo e completamente desestruturante:
ter que dar conta de prover aulas remotas emergenciais como o único meio de garantir o direito
constitucional dos estudantes à educação.
O ambiente escolar, em um triste momento, antecipa o tempo da internet e da
computação trazendo uma oportunidade pedagógica que talvez fosse
empregue futuramente. A grande questão é que infelizmente as medidas
tecnológicas fogem de muitas realidades brasileiras dos estudantes. Os
recursos financeiros que encontramos nas redes privadas de ensino é uma
realidade distante de muitas das escolas públicas. Para a excelência na
transmissão do conhecimento em diferentes classes sociais seria necessário
que o mundo não existisse barreiras sociais e econômicas, todos usufruiriam
de uma ótima infraestrutura e aparatos tecnológicos o que é uma realidade
lamentavelmente ilusória (ROCHA; QUINTÃO, 2020, p. 6).
Entre março e junho de 2020, em meio a uma crise sem precedentes para a educação, o
MEC foi comandado por três nomes diferentes. Essa dança de cadeiras era a ponta do
iceberg. A Rede Brasileira Mulheres Cientistas
9
redigiu uma Nota Técnica (NT) 5 - A
9
Criada em abril de 2021, no auge da onda da pandemia e do negacionismo em parte dos representantes políticos
brasileiros, essa iniciativa tinha o objetivo de fomentar o debate e dar suporte à criação de políticas públicas -
especialmente nas áreas da educação, saúde; violência; assistência social, trabalho, moradia e mobilidade -
voltadas para mulheres.
Celina Maria Linhares PAIVA e Gisafran Nazareno Mota JU
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023026, 2023. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17264 7
educação na pandemia e a omissão do Governo Federal - em que os autores listam exemplos de
como o governo descumpriu o seu papel constitucional de garantir o direito constitucional à
educação no território nacional e qual foi o impacto dessa omissão. A NT rememora, por
exemplo, o veto do governo federal ao projeto de lei que garantiria banda larga às escolas
públicas brasileiras. O documento cita ainda outras questões relacionadas à condução das
políticas educacionais na pandemia e faz uma série de questionamentos:
1. Por que o Governo Federal foi omisso nas questões relativas à educação,
recusando-se a assumir a coordenação da resposta à crise por meio do MEC e
do Ministério da Saúde? 2. O MEC agiu de acordo com sua função
constitucional redistributiva e supletiva para a garantia da equalização de
oportunidades? Se não agiu, por que isso se deu? 3. Por que o MEC se recusou
a assumir diretrizes para a educação durante a pandemia e a identificar as
dificuldades com o ensino remoto das escolas em Estados e municípios? 4.
Por que houve redução do orçamento para a educação, em vez de adicional de
recursos financeiros alocados para escolas públicas durante a pandemia? 5.
Quais ações foram empreendidas com vistas a garantir às crianças das
comunidades mais vulneráveis o direito à infância e aos cuidados necessários,
tal como previsto no Estatuto da Criança e Adolescente (Lei 8069/1989)?
(REDE BRASILEIRA DE MULHERES CIENTISTAS, 2021).
A Constituição Federal do Brasil (1988), redigida mais de 30 anos, assevera a
responsabilidade do Estado com um processo transformador e fundamental com o
desenvolvimento humano: a educação. A nossa Carta Magna estabelece, no seu artigo 205, que
a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com
a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (BRASIL,1988). o artigo 206
determina que o ensino deve ser ministrado com igualdade de condições que garantam o acesso
e a permanência do estudante na escola” (BRASIL, 1988).
Essa equidade, porém, nunca foi uma realidade em nosso país. E, na pandemia da
COVID-19, esse abismo se tornou ainda mais profundo por conta de omissões do governo
federal, que se furtou de realizar uma coordenação nacional das ações de enfrentamento à
pandemia no campo da educação, com políticas claras de conectividade, distribuição de
equipamentos, capacitação e verbas. “Os municípios, surpreendidos por uma medida que exige
imediato investimento em equipamentos e formações para que os professores [...] pudessem se
adequar, tiveram problemas (ANJOS; FREITAS, 2021, p. 88). Neste vácuo, estados e
municípios tiveram que tomar a gestão e foram adotando as medidas que mais se adequasse às
suas realidades e necessidades.
As estratégias do Brasil e de Portugal para lidar com a pandemia no contexto educacional
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023026, 2023. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17264 8
Portugal e o #Fiqueemcasa
Em Portugal, os dois primeiros casos de COVID-19 foram notificados em 02 de março.
Dez dias depois, o governo português decidiu suspender, a partir do dia 16, todas as atividades
letivas, não letivas e formativas que contassem com presença de estudantes em
estabelecimentos de ensino públicos. Esse prazo, inicialmente, se estenderia até o dia 09 de
abril. No país, a maior parte do ensino é público (apenas os infantários e o ensino superior são
pagos) e o fechamento das escolas se deu próximo ao fim do ano letivo, que as aulas começam
em setembro e terminam em junho, deixando cerca de 2 milhões de crianças e adolescentes em
casa antes do período previsto, incluindo 712 mil crianças do ensino pré-escolar e básico, 1,1
milhão de jovens do ensino secundário e 347 mil do ensino superior. Nos dois meses seguintes,
crianças e adolescentes dos ciclos básico e do ensino secundário tiveram acesso a aulas online,
organizadas ao critério de cada escola e professor (MARQUES, 2021).
Para complementar essas atividades e garantir que os 50 mil alunos portugueses sem
acesso à internet não ficassem excluídos das aulas online, o governo português estabeleceu uma
parceria com a Empresa Pública de Rádio e TV - a RTP, que levou conteúdo complementar
diretamente para as casas portuguesas, nos moldes da Telescola, iniciativa implementada no
país entre 1965 e 1987. Tratava-se do programa #EstudoemCasa.
Inicialmente, e no que respeita desde os jovens do ensino fundamental ao
secundário, o ensino era disponibilizado por dois canais públicos de televisão
que apresentavam aulas simuladas, pré-gravadas, abrangentes porque
realizadas em blocos disciplinares destinados simultaneamente a dois níveis
de escolaridade e de que decorreu o desinteresse por parte dos estudantes
porque, estando numa classe determinada ou “já tinham dado aquela matéria”
ou “esta matéria não é do meu nível” sem qualquer tipo de interação professor-
aluno (CABRITO, 2021, p. 131).
A partir do dia 20 de abril, as aulas passaram a ser ministradas entre às 09h da manhã e
às 18h e o aluno poderia acompanhar como uma forma de complementar a formação que estava
tendo na escola convencional. As aulas do #EstudoemCasa eram veiculadas na TV aberta e no
cabo, além de também ser transmitida pelo site da emissora portuguesa.
Houve também, no país, um convite à mobilização de toda a sociedade, frente ao enorme
desafio delineado, que contou com a participação de bibliotecas, associação de pais e de outras
organizações sociais, para garantir o acesso dos alunos aos conteúdos escolares (MARQUES,
2021). O governo português tornou-se um grande articulador desses esforços - o presidente
Marcelo Rebelo de Sousa, no mandato desde 2016, que também é professor de Direito, chegou
a dar uma aula na TV - conclamando até mesmo as organizações privadas para atuar e dar
Celina Maria Linhares PAIVA e Gisafran Nazareno Mota JU
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023026, 2023. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17264 9
suporte para as instituições de ensino. “Cabe ao Ministério da Educação, e não às autarquias,
garantir as soluções e os meios tecnológicos adequados que garantam o direito universal à
educação” (LIMA JUNIOR, 2020, p. 21).
Além disso, o Estado português executou um programa chamado Escola Digital
10
, que
destinou 400 milhões de euros para a compra de computadores para a comunidade escolar e
programas de conectividade. Para dar suporte aos pais que precisavam trabalhar, as creches
tiveram um estatuto próprio de funcionamento e foi mantido o programa de fornecimento de
refeições para as crianças.
O encerramento das escolas fez emergir uma série de outros fatores que
colocam a escola em lugar de especial atenção, possibilitando um reforço do
papel de suas atividades para a estrutura social, manutenção do sistema e a
diminuição das desigualdades, não pela universalidade do acesso ao
conhecimento, mas por outras questões mais imediatas, como a alimentação e
o suporte no qual se apoia o desenvolvimento das estruturas de trabalho
(LIMA JUNIOR, 2020, p. 73).
Essa breve explanação mostra como a postura dos dois países, que guardam relações
históricas, sociais e educacionais, foi bem diferente no enfrentamento das consequências da
pandemia para a educação. “Se em Portugal a escola pública é bem valorizada pela população
e as regras governamentais serviram a todos os estabelecimentos de ensino, no Brasil a
diferença entre o ensino público e privado se exacerbou.” (MARQUES, 2021, p. 120).
Escola com distância
Dados da Unesco revelam que metade dos alunos afetados pela pandemia não têm
acesso a um computador em casa, obtendo uma representatividade de 826 milhões de estudantes
que ficaram impedidos de ter acesso à escola, no contexto pandêmico, em que boa parte das
aulas se deu num contexto de aulas remotas e em ambientes virtuais, que exigiam acesso a
computadores, tablets e celulares conectados à internet. Por mais contraditório que seja,
enquanto uma parte dos estudantes podia ter acesso às aulas no conforto de suas casas, com
poucos cliques, para outra parcela do alunado a escola ficou mais longe, distante e inacessível.
No Brasil, um levantamento trazido pelo jornal da Universidade de São Paulo atesta
como esse dado global reflete bem a realidade brasileira no contexto apresentado.
10
Primeira fase do programa Escola Digital prevê a distribuição de 100 mil computadores. TSF, 20 ago. 2020.
Disponível em: https://www.tsf.pt/portugal/sociedade/primeira-fase-do-programa-escola-digital-preve-
distribuicao-de-100-mil-computadores-12537814.html Acesso em: 19 set 2020.
As estratégias do Brasil e de Portugal para lidar com a pandemia no contexto educacional
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023026, 2023. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17264 10
No Brasil pré-pandemia, 16,5 milhões de crianças e adolescentes de 9 a 17
anos viviam em domicílios com condições limitadas para a educação remota,
sem conexão com internet ou com velocidades de download abaixo de 4
Mbps. Nas áreas rurais, a inadequação da infraestrutura atingia 85% dos
jovens dessa faixa etária (4,1 milhões) (INEXISTÊNCIA..., 2020)
Em Portugal, por mais que as desigualdades não sejam tão grotescas, elas também
existem. Dados apresentados por Cabrito (2021) mostram que 17,2% da população portuguesa
vive numa faixa de risco para a pobreza e que cerca de 5,5% dos habitantes não têm acesso à
internet. Outro problema relatado foi a falta de familiaridade dos docentes com a tecnologia,
bem como de parte do alunado, o envelhecimento dos professores e a comunicação falha entre
família e escola.
Apesar de todos os esforços promovidos pelos docentes, as desigualdades no
acesso ao ensino de cada criança ou jovem sobressaíram, condicionando o
percurso escolar a longo prazo de todos aqueles que não dispunham de
recursos tecnológicos que lhes permitissem aceder a esta nova metodologia de
ensino ensino a distância e que foram, assim, de certa forma penalizados
nas suas aprendizagens. Cientes destes condicionalismos, o Ministério da
Educação deu indicações para que no início do ano letivo de 2020/2021,
houvesse lugar a um período de recuperação e/ou consolidação das
aprendizagens relativas ao ano transato (RODRIGUES; ANDRÉ;
MIRANDA; MUCHARREIRA, 2021, p. 249).
Os dados acima apresentados convergem para o pensamento de Santos (2020). O autor
defende que a pandemia vem agravar um estado de crise permanente provocada pelo
capitalismo e suas exclusões. Em momentos históricos como os atravessados a partir de 2020,
com a COVID-19, os governos e as organizações se mobilizam para resolver as consequências
da crise, sem atacar as suas causas. E, assim, o ciclo de exclusão se perpetua, deixando os grupos
vulneráveis - como mulheres, trabalhadores informais e refugiados - ainda mais excluídos.
Bourdieu e Passeron (1992), ao analisarem o sistema de ensino francês na década de
1960, retratam a escola como um ambiente mediador do processo de ensino-aprendizagem, mas
uma instituição carregada de desigualdades, excludente e parcial. Eles trabalham com o
conceito de capital cultural elementos que os alunos trazem do meio externo para a sala de
aula que acabam funcionando como uma violência simbólica e uma ferramenta de exclusão.
No caso da pandemia, tanto alunos como professores foram alvo dessa violência por não terem
as credenciais e tecnologias necessárias para adentrar neste ambiente digital.
Na mesma direção, Lima Júnior (2020) aponta que as diferenças de capital cultural dos
indivíduos tornam-se um agente de seleção no ambiente escolar, separando os herdeiros, quem
possui condição de se adequar ao modelo educativo, daqueles que ficam para trás.
Celina Maria Linhares PAIVA e Gisafran Nazareno Mota JU
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023026, 2023. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17264 11
As estruturas presentes no cotidiano escolar foram hiperbolizadas durante a
pandemia, tornando mais evidentes uma série de desigualdades que convivem
regularmente no cotidiano escolar [...]. As diferenças entre capital cultural se
esgarçam e tornam-se um fardo mais pesado quando não se assumem como
um impedimento para a continuidade do processo educativo reconfigurado
(LIMA JUNIOR, 2020, p. 29).
O que a análise efetuada deixa transparecer é que a pandemia foi um período em que
medidas urgentes tiveram que ser adotadas pelos governos, mas apesar do discurso de enxergar
na crise uma oportunidade de mudança, propalada por alguns entes, o que se viu no contexto
educacional foi a adoção de um modelo a distância que, guardadas as devidas proporções entre
Brasil e Portugal, são excludentes na sua gênese.
O sentido fixado à educação em vista ao momento excepcional esvai qualquer
forma de excepcionalidade e se mostra como habitual manutenção e reforço
das estruturas pré-existentes, pré-pandêmicas e que buscam se perpetuar,
mesmo tendo evidenciadas suas contradições, seus limites e o seu viés
excludente (LIMA JUNIOR, 2020, p. 28).
E as consequências dessas escolhas feitas por instituições e governos começam a
aparecer: uma rápida pesquisa em sites de busca lista inúmeros estudos que apontam
consequências devastadoras da pandemia para a educação, como atraso no desenvolvimento,
ansiedade entre os membros da comunidade acadêmica e evasão escolar. A Unesco fala em
uma catástrofe geracional, tamanho o prejuízo para a infância, especialmente na América
Latina, no Caribe, na Ásia Central e Meridional. Mais de 100 milhões de crianças não serão
capazes de ler ou escrever corretamente e 584 milhões de crianças não têm as habilidades
básicas de leitura. Os estudantes precisam, então, de apoio intensivo para recuperar a educação
perdida. As escolas também devem ir além dos locais de aprendizagem para reconstruir a saúde
mental e física das crianças, o desenvolvimento social e a nutrição.
Considerações finais
O mundo todo foi afetado pela pandemia da COVID-19. Dois anos após o início do
período pandêmico, em muitos locais as máscaras já ficaram para trás, os recipientes de álcool
em gel estão vazios, o distanciamento social e tudo o que passamos vai ficando na memória,
como uma lembrança ruim e dolorida, especialmente para os grupos mais afetados pela
pandemia, aqueles que perderam um amor ou parte da sua dignidade para o vírus. O autor
Boaventura de Sousa (2020) alerta que toda quarentena é discriminatória e impacta mais
diretamente grupos historicamente mais desprotegidos, como os idosos, as mulheres, os
As estratégias do Brasil e de Portugal para lidar com a pandemia no contexto educacional
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023026, 2023. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17264 12
refugiados e as crianças E o que seria um período de exceção, torna-se, cada vez mais, uma
situação de permanência.
Para barrar o colapso do sistema hospitalar ao redor do mundo, foi necessário paralisar
outros sistemas, considerados não essenciais, e o sistema educacional foi um deles. Escolas e
universidades foram fechadas ao redor do mundo e cada governo buscou adotar uma estratégia
que mais se adequasse a sua realidade e as necessidades da sua comunidade estudantil.
No caso da análise empreendida, podemos constatar que, apesar de terem adotado a
educação a distância como forma de garantir aos estudantes o direito de acesso aos estudos, a
forma como os dirigentes brasileiros e portugueses fizeram isso foi distinta. No Brasil, o
Ministério da Educação foi bastante omisso em tomar para si a responsabilidade de coordenar
os esforços nacionalmente e propor alternativas mais viáveis para a nossa realidade,que no
período pré-pandêmico era evidente o acesso limitado da população mais pobre à internet. Esse
descaso obrigou estados e municípios a irem adotando medidas de forma desconexa, sem uma
centralização que traria um norte indispensável naquele momento de caos absoluto. Não havia
uma política clara de conectividade, distribuição de equipamentos, capacitação e verbas.
Tampouco, um olhar sobre as estruturas existentes, que poderiam ter sido melhor
aproveitadas. As universidades e outras instituições não foram chamadas para colaborar.
Em Portugal também houve uma proposta maciça da educação a distância como
alternativa para superar a crise provocada pela pandemia. Contudo, o governo, por sua vez,
propôs outros modelos, como o uso da emissora estatal para a emissão de conteúdos didáticos,
orientou as províncias, geriu os recursos e coordenou os esforços de mobilização. Desde o início
da pandemia, demonstrou estar aberto a buscar as melhores estratégias e ouvir a sociedade para
enfrentar tão grande desafio.
Por mais que caiamos no risco de enquadrarmos no que Saviani (2012, p. 33) classifica
como educação compensatória, colocando sob a responsabilidade da educação uma série de
problemas que não são fundamentalmente educacionais, a realidade - a priori - excludente da
educação a distância deveria ter sido considerada pelos gestores públicos antes de ser adotada
como estratégia praticamente única para enfrentar os desafios da pandemia.
A falta de uma coordenação nacional, de uma política emergencial voltada para o campo
da educação aqui no Brasil, obrigou estados e municípios a irem traçando estratégias locais, de
acordo com suas realidades e orçamentos, mas sem suporte do Estado brasileiro, num
descumprimento claro das obrigações contidas na Constituição do nosso país que determina ser
dever do Estado equalizar as oportunidades educacionais entre as unidades da federação.
Celina Maria Linhares PAIVA e Gisafran Nazareno Mota JU
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023026, 2023. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17264 13
O Ministério da Educação e seus técnicos não propuseram um outro desenho de política
nacional, como aconteceu com Portugal. Talvez, a estratégia adotada no país europeu, de usar
também a televisão para disseminar os conteúdos, tivesse sido uma saída interessante em nosso
país, que uma rede de infraestrutura de transmissão muito mais estabelecida e infiltrada
nos rincões brasileiros do que a internet. Como pontua Wenczenovicz (2020), os obstáculos
eram enormes, com falta de acesso a computadores e internet, carência de estrutura física
domiciliar que fosse propícia para o estudo e o despreparo das famílias mais pobres para dar
suporte aos estudantes.
REFERÊNCIAS
ANJOS, K. S. FREITAS, L. G. As implicações da pandemia do coronavírus na gestão
educacional de Altamira. In: ALMEIDA, F. A. (org.). Políticas Públicas, Educação e
Diversidade: Uma compreensão científica do real. Guarujá, SP: Editora Científica Digital,
2021.
BOURDIEU, P.; PASSERON, J-C. A reprodução: Elementos para uma teoria do sistema de
ensino, 3. ed. Rio de Janeiro: F. Alves, 1992.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,
DF: Senado Federal, 1988.
BRASIL. Portaria MEC n. 343, de 17 de março de 2020. Dispõe sobre a substituição das
aulas presenciais por aulas em meios digitais enquanto durar a situação de pandemia do Novo
Coronavírus - COVID-19. Brasília, DF: Ministro de Estado da Educação, 2020. Disponível
em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/portaria/prt/portaria%20n%C2%BA%20343-20-
mec.htm. Acesso em: 12 ago. 2022.
CABRITO, B. Covid-19, Educação (Básica) e equidade em Portugal. RTPS - Revista
Trabalho, Política e Sociedade, v. 6, n. 10, p. 125-138, jun. 2021.
DE OLIVEIRA, R. M.; CORRÊA, Y.; MORÉS, A. Ensino remoto emergencial em tempos de
covid-19: Formação docente e tecnologias digitais. Revista Internacional de Formação de
professores, v. 5, p. e020028, 2020. Disponível em:
https://periodicoscientificos.itp.ifsp.edu.br/index.php/rifp/article/download/179/110. Acesso
em: 12 ago. 2022.
HAUPT, H-G. O lento surgimento de uma História Comparada. In: BOUTIER, J.;
DOMINIQUE, J. (org.). Passados recompostos: Campos e canteiros da História. Rio de
Janeiro: Editora UFRJ/Editora FGV, 1998.
INEXISTÊNCIA de políticas educacionais deixa milhares de crianças sem aula no Brasil.
Jornal da USP, São Paulo, 01 set. 2020. Disponível em:
As estratégias do Brasil e de Portugal para lidar com a pandemia no contexto educacional
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023026, 2023. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17264 14
https://jornal.usp.br/ciencias/inexistencia-de-politicas-educacionais-deixa-milhares-de-
estudantes-sem-aula-no-brasil/.
LIMA, É. C. A AIDS vira notícia: Os discursos sobre a “doença nova” nos periódicos
cearenses na década de 1980. 1. ed. Fortaleza: Editora da UECE, 2021.
LIMA JUNIOR, P. V. M. Educação em tempos de peste: Uma análise sobre a representação
da educação nos média na primeira vaga da pandemia. 2020. Dissertação (Mestrado em
Ciências da Educação) Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, Universidade
do Porto, Porto, 2020. Disponível em: https://repositorio-aberto.up.pt/handle/10216/131118.
Acesso em: 06 fev. 2021.
MARQUES, E. Entre Brasil e Portugal: pensando educação em tempos de pandemia. Revista
Espaço Acadêmico, v. 21, p. 113-124, jun. 2021. Disponível em:
https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/59392. Acesso em: 10
ago. 2022.
NOVA, C.; ALVES, L. Educação à Distância: Limites e possibilidades. In: NOVA, C.;
ALVES, L. Educação à distância: Uma nova concepção de aprendizado e interatividade. São
Paulo: Futura, 2003.
REDE BRASILEIRA DE MULHERES CIENTISTAS. A educação na pandemia e a
omissão do governo federal. Disponível em: https://mulherescientistas.org/wp-
content/uploads/2021/05/NT5-EducacaonapandemiaVF.pdf. Acesso em: 07 out. 2022.
ROCHA, B. B.; QUINTÃO, G. F. A educação em tempos de pandemia: Transformações no
ensino devido ao novo coronavírus. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE
EDUCAÇÃO E TECNOLOGIAS; ENCONTRO DE PESQUISADORES EM
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA, 2020, São Carlos. Anais [...]. São Carlos, SP: UFSCAR,
2020. Disponível em: https://cietenped.ufscar.br/submissao/index.php/2020/article/view/1122.
Acesso em: 05 out. 2022.
RODRIGUES, J.; ANDRÉ, M.; MIRANDA, R.; MUCHARREIRA, P. Os desafios da
pandemia COVID-19 para a docência no ensino básico em Portugal. Humanidades &
Inovação, v. 8, n. 61, p. 241-253, 2021. Disponível em:
https://repositorio.ul.pt/handle/10451/52619. Acesso em: 06 fev. 2019.
SANTOS, B. S. A cruel pedagogia do vírus. São Paulo: Editora Boitempo, 2020.
SAVIANI, D. Escola e Democracia. 42. ed. Campinas, SP: Autores Associados Editora,
2012.
VYGOTSKI, L. S. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1994.
WENCZENOVICZ, T. J. Ensino a distância, dificuldades presenciais: Perspectivas em
tempos de COVID-19. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v.
15, n. 4, p. 1750-1768, 2020. Disponível em:
https://periodicos.fclar.unesp.br/iberoamericana/article/view/13761. Acesso em: 12 set. 2022.
Celina Maria Linhares PAIVA e Gisafran Nazareno Mota JU
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023026, 2023. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17264 15
CRediT Author Statement
Reconhecimentos: Os autores reconhecem que este artigo se trata de um estudo original e
não publicado anteriormente.
Financiamento: A pesquisa não contou com nenhum tipo de financiamento.
Conflitos de interesse: Os autores reconhecem que não interesse comercial ou
associativo que represente um conflito de interesse com o manuscrito apresentado.
Aprovação ética: o submetido à Comitê de Ética.
Disponibilidade de dados e material: Os dados apresentados no artigo fazem parte da fase
inicial da pesquisa da doutoranda Celina Maria Linhares Paiva, no programa de Pós-
Graduação em Educação Brasileira da Universidade Federal do Ceará, na Linha História e
Educação Comparada.
Contribuições dos autores: O artigo foi elaborado pela doutoranda com contribuições,
revisão e consulta do seu orientador, o professor doutor Gisafran Jucá.
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023026, 2023. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17264 1
LAS ESTRATEGIAS DE BRASIL Y PORTUGAL PARA HACER FRENTE A LA
PANDEMIA EN EL CONTEXTO EDUCATIVO
AS ESTRATÉGIAS DO BRASIL E DE PORTUGAL PARA LIDAR COM A PANDEMIA
NO CONTEXTO EDUCACIONAL
BRAZIL AND PORTUGAL'S STRATEGIES TO DEAL WITH THE PANDEMIC IN THE
EDUCATIONAL CONTEXT
Celina Maria Linhares PAIVA1
e-mail: celinalinharespaiva@gmail.com
Gisafran Nazareno Mota JUCÁ2
e-mail: gisafranjuca@gmail.com
Cómo hacer referencia a este artículo:
PAIVA, C. M. L.; JUCÁ, G. N. M. Las estrategias de Brasil y
Portugal para hacer frente a la pandemia en el contexto educativo.
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara,
v. 18, n. 00, e023026, 2023. e-ISSN: 1982-5587. DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17264
| Presentado en: 10/10/2022
| Revisiones requeridas en: 24/01/2023
| Aprobado en: 03/02/2022
| Publicado en: 04/05/2023
Editor:
Prof. Dr. José Luís Bizelli
Editor Ejecutivo Adjunto:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
Universidad Federal de Ceará (UFC), Fortaleza CE Brasil. Estudiante de doctorado en Educación Brasileña.
2
Universidad Federal de Ceará (UFC), Fortaleza CE Brasil. Profesor del Programa de Posgrado en Educación
Brasileña. Postdoctorado en Historia Urbana por la Universidad Federal de Rio Grande do Sul.
Las estrategias de Brasil y Portugal para hacer frente a la pandemia en el contexto educativo
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023026, 2023. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17264 2
RESUMEN: Este artículo tiene como objetivo analizar cómo Brasil y Portugal, países que
tienen relaciones históricas, se han posicionado para hacer frente a la pandemia de coronavirus
en el contexto educativo. Comparando las estrategias adoptadas por los dos países, buscamos
responder a la siguiente pregunta: ¿fueron eficientes las estrategias adoptadas por los gestores
educativos brasileños para enfrentar el momento de crisis? ¿Era posible haber ido por otro
camino? Para llevar a cabo este análisis, se adoptó una encuesta bibliográfica que detalla las
acciones implementadas por los dos países para enfrentar el mayor desafío educativo del siglo
XXI. Los resultados del análisis muestran que Brasil, de manera equivocada, apostó solo por la
Enseñanza Remota de Emergencia, y no había una infraestructura adecuada para hacerlo, lo
que perjudicó a millones de estudiantes en el país. Portugal fusionó formatos y logró mejores
resultados, lo que llevó a consecuencias muy visibles, como un menor tiempo de cierre de los
establecimientos educativos.
PALABRAS CLAVE: Pandemia. Educación comparada. Educación a distancia. Políticas
educativas.
RESUMO: O presente artigo se propõe a analisar como Brasil e Portugal, países que guardam
relações históricas, se posicionaram no enfrentamento da pandemia do coronavírus no
contexto educacional. Comparando as estratégias adotadas pelos dois países, se busca
responder ao seguinte questionamento: as estratégias adotadas pelos gestores da educação
brasileira foram eficientes para enfrentar o momento de crise? Era possível ter seguido outro
caminho? Para efetuar tal análise, adotou-se um levantamento bibliográfico, com o
detalhamento das ações implementadas pelos dois países para enfrentar o maior desafio
educacional do século XXI. Os resultados da análise demonstram que o Brasil, de maneira
equivocada, apostou apenas no Ensino Remoto Emergencial, sendo que não havia
infraestrutura adequada para fazê-lo, o que prejudicou milhões de estudantes no país. Portugal
mesclou formatos e conseguiu melhores resultados, o que acarretou consequências bem
visíveis, como um menor tempo de fechamento dos estabelecimentos de ensino.
PALAVRAS-CHAVE: Pandemia. Educação comparada. Educação a distância. Políticas
educacionais.
ABSTRACT: This paper aims to analyze how Brazil and Portugal, countries with historical
relations, positioned themselves to face the pandemic of the coronavirus in the educational
context. Comparing the strategies adopted by the two countries, we seek to answer the following
question: were the strategies adopted by the Brazilian educational managers efficient to face
the moment of crisis? Could another path have been taken? To carry out this analysis, a
bibliographical survey was adopted, detailing the actions implemented by the two countries to
face the greatest educational challenge of the 21st century. The results of the analysis show
that Brazil, in a mistaken way, bet only on Emergency Remote Learning, since there was no
adequate infrastructure to do so, which harmed millions of students in the country. Portugal
mixed formats and got better results, which led to very visible consequences, such as a shorter
time of closure of the schools.
KEYWORDS: Pandemic. Comparative education. Distance education. Educational policies.
Celina Maria Linhares PAIVA y Gisafran Nazareno Mota JU
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023026, 2023. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17264 3
Introducción
El último día del año, a finales de 2019 a 2020, el gobierno chino notificó a la
Organización Mundial de la Salud (OMS) sobre la aparición de docenas de casos de una especie
de neumonía de origen desconocido en la ciudad de Wuhan. A principios de enero, los
científicos pudieron identificar que se trataba de un nuevo tipo de coronavirus que, hasta
entonces, era un virus conocido en el mundo médico por causar resfriados comunes. En menos
de un mes, el virus se ha propagado de tal manera que llevó a la Organización Mundial de la
Salud a declarar por sexta vez en la historia.
3
, que el brote fue una Emergencia de Salud Pública
de Importancia Internacional, el nivel de alerta más alto de la OMS. El 11 de marzo, llegó la
noticia de que el brote ya no estaba localizado y restringido a una región o grupo de países y
que, debido a esto, ahora se consideraba una pandemia.
4
Con este anuncio, las autoridades sanitarias reconocieron que el virus SARS-Cov-2
circulaba a gran velocidad por todo el mundo y que era urgente adoptar medidas restrictivas de
protección y prevención para contener este vertiginoso avance, entre ellas el distanciamiento.
"Históricamente, cuando el Estado se enfrenta a la responsabilidad de luchar contra la
propagación de una enfermedad, se inviste de su poder de autoridad que puede determinar
cuándo deben suspenderse las libertades individuales" (LIMA, 2021, p. 132, nuestra
traducción).
Lo que sucedió desde entonces sigue muy vivo en nuestra memoria reciente: cierre de
todas las actividades no esenciales en gran parte del mundo, ciudades desiertas, distanciamiento
físico entre las personas, nuevos protocolos de bioseguridad, recomendaciones exhaustivas
sobre el uso de máscaras, llamados constantes para lavarse las manos adecuadamente.
En este contexto, miles de escuelas y universidades de todo el mundo han tenido que
suspender sus actividades, en un escenario lleno de incertidumbres y desafíos. Segundo
seguimiento realizado por Unesco
5
, más de 1.500 millones de estudiantes se han visto afectados
por la crisis del coronavirus, niños y jóvenes que viven en países con realidades políticas,
económicas, sociales y educativas completamente diferentes, pero que encuentran en la escuela
3
Las otras emergencias fueron: pandemia de H1N1 en 2009; en 2014 debido al brote de ébola en África occidental
y la propagación del poliovirus; en 2016, por el brote del virus Zika y el brote de ébola de 2018 en la República
Democrática del Congo.
4
Historia de la pandemia de COVID-19. Organización Panamericana de la Salud, 2020. Disponible en:
https://www.paho.org/pt/covid19/historico-da-pandemia-covid-19. Consultado el 22 de septiembre de 2022.
5
Educación: desde el cierre de escuelas hasta la recuperación. Organización de las Naciones Unidas para la
Educación, la Ciencia y la Cultura. Disponible en: https://www.unesco.org/pt/covid-19/education-response.
Acceso el: 20 sept. 2022.
Las estrategias de Brasil y Portugal para hacer frente a la pandemia en el contexto educativo
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023026, 2023. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17264 4
un espacio privilegiado para las interacciones. Esta lejanía, obviamente, trajo consecuencias
extremadamente dañinas para el proceso de desarrollo y aprendizaje que aún se están
estudiando, ya que es en la escuela donde se establecen los intercambios y las relaciones
sociales que fundamentan y consolidan los procesos de adquisición de conocimiento, como los
discursos de Vygotsky (1994).
Otra encuesta realizada por Unicef
6
y publicado en diciembre de 2021 expone que las
pérdidas causadas por el cierre de escuelas pueden comprometer a toda una generación y
representar una pérdida económica del orden de US$ 17 billones, lo que corresponde al 14%
del PIB mundial. Pérdidas en el presente y en el futuro, ya que, hablando de educación, se
espera que la repercusión de lo sucedido con la crisis del coronavirus dure muchos años.
Es importante tener en cuenta que, por mucho que estemos hablando de una enfermedad
que se ha extendido por todo el mundo, eso no significa que todos los países se hayan visto
afectados de la misma manera por COVID-19. Por ejemplo, Italia, Estados Unidos y Brasil
fueron, en diferentes momentos, epicentros de la enfermedad, con una curva de contagio muy
superior a la registrada en otras naciones. Y el número de casos, hospitalizaciones y muertes es
sin duda un factor que impacta directamente en las estrategias adoptadas por los países para
enfrentar la crisis, revelando también éxitos y omisiones de los gobiernos.
Dicho esto, en este artículo buscaremos entender cómo dos países que vivieron
escenarios muy diferentes durante la pandemia de COVID-19 Brasil y Portugal
desarrollaron sus estrategias en el ámbito educativo para enfrentar la realidad impuesta por el
virus. La elección de Portugal se debe a las relaciones históricas, culturales y sociales entre las
dos naciones, la forma diferente en que los dos países han lidiado con la gravedad de la
pandemia, así como la relación académica y de investigación entre el Programa de Posgrado en
Educación Brasileña, de la Universidad Federal de Ceará, más precisamente la Línea de
Historia y Educación Comparada (LHEC), en el que estamos insertos, con el país europeo.
La intención es que, al comparar las dos realidades tan distintas, podamos vislumbrar
más claramente los aspectos positivos y negativos de las políticas de los dos países y, así,
responder a la siguiente pregunta: ¿fueron las estrategias educativas adoptadas por el gobierno
brasileño adecuadas a la realidad del país? Para ello, realizaremos un relevamiento bibliográfico
que apoye el análisis del tema, así como nos apoyaremos en las ideas que apoyen la relevancia
6
Las pérdidas de aprendizaje de Covid-19 podrían costarle a esta generación de estudiantes casi $ 17 billones en
ganancias de por vida en 2021. Fondo de las Naciones Unidas para la Infancia. Disponible en:
https://www.unicef.org/brazil/comunicados-de-imprensa/perdas-de-aprendizagem-com-covid-19-podem-custar-
a-esta-geracao-de-estudantes-ganhos-durante-a-vida. Acceso el: 28 sept. 2022.
Celina Maria Linhares PAIVA y Gisafran Nazareno Mota JU
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023026, 2023. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17264 5
de un enfoque de historia comparada. Haupt (1998) argumenta que, al comparar ejemplos
extranjeros de un problema común, es posible ampliar el horizonte de los análisis y encontrar
analogías y nuevas interpretaciones.
Brasil y la gestión de la educación en la pandemia
Según datos de la Organización de Cooperación y Desarrollo Económicos (OCDE)
7
,
Brasil fue el cuarto país del mundo que pasó más tiempo con las escuelas cerradas: hubo 178
días de cierre de establecimientos educativos. En Portugal, el calendario de emergencia fue
mucho más ajustado.
Estas cifras revelan mucho sobre las estrategias adoptadas por los dos países para
enfrentar las adversidades y desafíos impuestos por la pandemia. En Brasil, el Ministerio de
Educación publicó, el 17 de marzo de 2020, la Ordenanza 343, que ordenó la suspensión, por
30 días prorrogables, de las clases presenciales en Educación Básica y Educación Superior, en
los ámbitos público y privado, y, sin embargo, autorizó la sustitución de las clases presenciales
por Clases Remotas de Emergencia (BRASIL, 2020).
En este punto, es importante hacer una diferenciación conceptual importante: hay una
gran diferencia entre la Enseñanza Remota de Emergencia y la Educación a Distancia, aunque,
por sentido común, estos conceptos pueden parecer similares. Se considera a distancia cualquier
modalidad de transmisión de conocimiento en la que profesor y alumno -u otros agentes
implicados en este proceso- no ocupen el mismo espacio al mismo tiempo. La educación a
distancia, en este sentido, viene a satisfacer una demanda de formación para una parte de la
población que no tenía forma de asistir a la escuela tradicional, pero que quería obtener
conocimientos.
8
Es un proceso, según Nova y Alves (2003), que utilizó herramientas de
comunicación y con pocas posibilidades de interacción en su origen. Escenario que cambia con
el advenimiento de las tecnologías de la información, que permiten la expansión de la educación
a distancia en el territorio brasileño.
En este sentido, entendemos la Educación a Distancia como una de las
modalidades de enseñanza-aprendizaje, posibilitada por la mediación de
7
Sant'Anna, Emilio. Brasil fue el país del mundo con el mayor número de escuelas cerradas, dice la OCDE.
Tierra, 2022. Disponible en: https://www.terra.com.br/economia/dinheiro-em-acao/brasil-foi-o-4-pais-com-mais-
tempo-de-escolas-fechadas-na-pandemia-diz-ocde,ee5057bc0ff3a4bce1c40fc39468102bsovfxpml.html. Acceso
el: 30 enero 2023.
8
En Brasil, el crecimiento de la modalidad de Educación a Distancia coincide con el requisito hecho por la Ley
de Directrices y Bases, de 1996, que ahora exige más calificación del personal docente que trabajará en Educación
Básica y Educación Superior.
Las estrategias de Brasil y Portugal para hacer frente a la pandemia en el contexto educativo
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023026, 2023. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17264 6
soportes tecnológicos digitales y de red, ya sea insertados en sistemas de
enseñanza presenciales, mixtos o completamente realizados a través de la
distancia física. Esto obviamente aumenta la complejidad y las variables
involucradas en la discusión y, a su vez, nos obliga a fragmentar las
reflexiones en temas más específicos (NOVA; ALVES, 2003, p. 07, nuestra
traducción).
La Enseñanza Remota de Emergencia (ERE), como su nombre indica, es una estrategia
puntual y temporal para proporcionar acceso a contenidos que deben darse de forma presencial
o híbrida. Así, se preserva el distanciamiento social, ya que profesor y alumno están conectados,
pero no en el mismo entorno y la clase se realiza con el apoyo de recursos digitales, con
posibilidad de interacción. "En ERE, profesor y alumno están en línea, conectados a través de
dispositivos computacionales, durante la misma carga de trabajo que tendría la clase presencial,
es decir, hay una transposición de la enseñanza presencial física a contextos digitales". (DE
OLIVEIRA; CORRÊA; MORÉS, 2020, p. 7, nuestra traducción).
Este tipo de educación, que se hizo imperativa debido a la pandemia, requirió una
adaptación intensa y rápida de todos los agentes involucrados en el escenario educativo: los
gobiernos, que tuvieron que pensar en estrategias de inclusión digital; directores y profesores,
que tuvieron que adaptar sus clases y tipos de evaluación al formato digital, alumnos y familias.
Así, abruptamente, el sistema educativo brasileño, que tiene 47,3 millones de
estudiantes sólo en Educación Básica y abarca una realidad compleja, con problemas históricos
y estructurales, se enfrentó a un escenario absolutamente nuevo y completamente disruptivo:
tener que rendir cuentas para proporcionar clases remotas de emergencia como el único medio
de garantizar el derecho constitucional de los estudiantes a la educación.
El ambiente escolar, en un momento triste, anticipa que el tiempo de Internet
y la informática traerá una oportunidad pedagógica que quizás se emplearía
en el futuro. El gran problema es que desafortunadamente las medidas
tecnológicas escapan de muchas realidades brasileñas de los estudiantes. Los
recursos financieros que encontramos en las redes educativas privadas es una
realidad alejada de muchas escuelas públicas. Para la excelencia en la
transmisión del conocimiento en diferentes clases sociales sería necesario que
en el mundo no existieran barreras sociales y económicas, todos gozaran de
una gran infraestructura y aparato tecnológico que es una realidad
lamentablemente ilusoria (ROCHA; QUINTÃO, 2020, p. 6, nuestra
traducción).
Entre marzo y junio de 2020, en medio de una crisis sin precedentes para la educación,
el MEC estuvo liderado por tres nombres diferentes. Este baile de sillas era solo la punta del
iceberg. La Red Brasileña de Mujeres Científicas redactó una Nota Técnica (NT) No. 5 - La
educación en la pandemia y la omisión del Gobierno Federal - en la que las autoras enumeran
Celina Maria Linhares PAIVA y Gisafran Nazareno Mota JU
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023026, 2023. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17264 7
ejemplos de cómo el gobierno no ha cumplido con su papel constitucional de garantizar el
derecho constitucional a la educación en el territorio nacional y cuál fue el impacto de esta
omisión. NT recuerda, por ejemplo, el veto del gobierno federal al proyecto de ley que
garantizaría banda ancha a las escuelas públicas brasileñas. El documento también cita otras
cuestiones relacionadas con la conducción de las políticas educativas en la pandemia y hace
una serie de preguntas:
1. ¿Por qué el Gobierno Federal guardó silencio en temas relacionados con la
educación, negándose a asumir la coordinación de la respuesta a la crisis a
través del MEC y la Secretaría de Salud? 2. ¿Actuó el MEC de acuerdo con
su función constitucional redistributiva y suplementaria para garantizar la
igualdad de oportunidades? Si no actuó, ¿por qué lo hizo? 3. ¿Por qué el MEC
se negó a asumir directrices para la educación durante la pandemia e
identificar las dificultades con la enseñanza a distancia de las escuelas en los
estados y municipios? 4. ¿Por qué ha habido una reducción en el presupuesto
de educación en lugar de recursos financieros adicionales asignados a las
escuelas públicas durante la pandemia? 5. ¿Qué medidas se han adoptado para
garantizar a los niños de las comunidades más vulnerables el derecho a la
infancia y a los cuidados necesarios, según lo previsto en el Estatuto del Niño
y del Adolescente (Ley 8069/1989)? (REDE BRASILEIRA DE
MULHERES CIENTISTAS, 2021, nuestra traducción).
La Constitución Federal de Brasil (1988), redactada hace más de 30 años, afirma la
responsabilidad del Estado con un proceso transformador y fundamental con el desarrollo
humano: la educación. Nuestra Carta Magna establece, en su artículo 205, que "la educación,
el derecho de todos y el deber del Estado y de la familia, serán promovidos y alentados con la
colaboración de la sociedad, con miras al pleno desarrollo de la persona, su preparación para el
ejercicio de la ciudadanía y su calificación para el trabajo" (BRASIL, 1988, nuestra traducción).
El artículo 206 determina que "la educación debe ser impartida con igualdad de condiciones
que garanticen el acceso y permanencia del estudiante en la escuela" (BRASIL, 1988, nuestra
traducción).
Pero esa equidad nunca ha sido una realidad en nuestro país. Y en la pandemia de
COVID-19, este abismo se ha vuelto aún más profundo debido a las omisiones del gobierno
federal, que ha evitado realizar una coordinación nacional de acciones para enfrentar la
pandemia en el campo de la educación, con políticas claras de conectividad, distribución de
equipos, capacitación y fondos. "Los municipios, sorprendidos por una medida que requiere
inversión inmediata en equipamiento y capacitación para que los docentes [...] podían encajar,
tenían problemas (ÁNGELES; FREITAS, 2021, p. 88, nuestra traducción). En este vacío, los
Las estrategias de Brasil y Portugal para hacer frente a la pandemia en el contexto educativo
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023026, 2023. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17264 8
estados y municipios tenían que asumir la gestión y estaban adoptando las medidas que mejor
se adaptaban a sus realidades y necesidades.
Portugal y el #Quédateencasa
En Portugal, los dos primeros casos de COVID-19 se notificaron el 2 de marzo. Diez
días después, el gobierno portugués decidió suspender, a partir del día 16, todas las actividades
docentes, no docentes y formativas que tuvieran la presencia de estudiantes en establecimientos
educativos públicos. Ese plazo se extendería inicialmente hasta el 9 de abril. En el país, la mayor
parte de la educación es pública (solo se pagan jardines infantiles y educación superior) y el
cierre de las escuelas tuvo lugar cerca del final del año escolar, ya que las clases comienzan en
septiembre y terminan en junio, dejando a unos 2 millones de niños y adolescentes en casa antes
del período programado, incluidos 712.000 niños en educación preescolar y primaria, 1,1
millones de jóvenes en educación secundaria y 347.000 en educación superior. En los dos meses
siguientes, los niños, niñas y adolescentes de los ciclos de educación básica y secundaria
tuvieron acceso a clases en línea, organizadas a discreción de cada escuela y docente
(MARQUES, 2021).
Para complementar estas actividades y garantizar que los 50.000 estudiantes
portugueses sin acceso a Internet no fueran excluidos de las clases en línea, el gobierno
portugués estableció una asociación con la Compañía Pública de Radio y Televisión - RTP, que
llevó contenido complementario directamente a los hogares portugueses, en la línea de
Telescola, una iniciativa implementada en el país entre 1965 y 1987. Era el #Estudiaencasa.
Inicialmente, y en lo que respecta a los jóvenes de educación primaria a
secundaria, la educación se impartía a través de dos canales de televisión
pública que presentaban clases simuladas, pregrabadas y comprensivas porque
se realizaban en bloques disciplinarios destinados simultáneamente a dos
niveles de educación y de los cuales surgió la falta de interés de los estudiantes
porque, al estar en una determinada clase, o bien "ya habían dado esa
asignatura" o "esta asignatura no es de mi nivel" sin ningún tipo Interacción
profesor-alumno (CABRITO, 2021, p. 131, nuestra traducción).
A partir del 20 de abril comenzaron a impartirse clases entre las 9 am y las 6 pm y el
alumno pudo seguir como una forma de complementar la formación que estaba teniendo en la
escuela convencional. Las clases de la #EEstudiaencasa se transmitieron en televisión abierta y
cable, y también se transmitieron en el sitio web de la emisora portuguesa.
Celina Maria Linhares PAIVA y Gisafran Nazareno Mota JU
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023026, 2023. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17264 9
También existió, en el país, una invitación a movilizar a toda la sociedad, frente al
enorme desafío planteado, que contó con la participación de bibliotecas, asociaciones de padres
y otras organizaciones sociales, para garantizar el acceso de los estudiantes a los contenidos
escolares (MARQUES, 2021). El gobierno portugués se ha convertido en un importante
articulador de estos esfuerzos: el presidente Marcelo Rebelo de Sousa, en el cargo desde 2016,
que también es profesor de derecho, incluso dio una clase de televisión, incluso pidió a las
organizaciones privadas que actúen y apoyen a las instituciones educativas. "Corresponde al
Ministerio de Educación, y no a los municipios, garantizar las soluciones adecuadas y los
medios tecnológicos que garanticen el derecho universal a la educación" (LIMA JUNIOR,
2020, p. 21, nuestra traducción).
Además, el Estado portugués dirigió un programa llamado Escuela Digital
9
, que ha
destinado 400 millones de euros a la compra de ordenadores para la comunidad escolar y
programas de conectividad. Para apoyar a los padres que necesitaban trabajar, las guarderías
tenían su propio estado operativo y se mantuvo el programa de proporcionar comidas a los
niños.
El cierre de las escuelas puso de manifiesto una serie de otros factores que
colocaron a la escuela en un lugar de especial atención, permitiendo reforzar
el papel de sus actividades para la estructura social, el mantenimiento del
sistema y la reducción de las desigualdades, no sólo por la universalidad del
acceso al conocimiento, sino por otras cuestiones más inmediatas, como la
alimentación y el apoyo sobre el que se apoya el desarrollo de las estructuras
de trabajo (LIMA JUNIOR, 2020, p. 73, nuestra traducción).
Esta breve explicación muestra cómo la actitud de los dos países, que tienen relaciones
históricas, sociales y educativas, fue muy diferente al enfrentar las consecuencias de la
pandemia para la educación. "Si en Portugal la escuela pública es bien valorada por la población
y las reglas del gobierno han servido a todos los establecimientos educativos, en Brasil la
diferencia entre la educación pública y privada se ha exacerbado". (MARQUES, 2021, p. 120,
nuestra traducción).
9
La primera fase del programa Escuela Digital prevé la distribución de 100.000 ordenadores. TSF, 20 de agosto.
2020. Disponible en: https://www.tsf.pt/portugal/sociedade/primeira-fase-do-programa-escola-digital-preve-
distribuicao-de-100-mil-computadores-12537814.html Acceso: 19 sep. 2020.
Las estrategias de Brasil y Portugal para hacer frente a la pandemia en el contexto educativo
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023026, 2023. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17264 10
Escuela con distancia
Los datos de la UNESCO revelan que la mitad de los estudiantes afectados por la
pandemia no tienen acceso a una computadora en casa, obteniendo una representación de 826
millones de estudiantes a los que se les impidió tener acceso a la escuela, en el contexto de
pandemia, en el que la mayoría de las clases tuvieron lugar en el contexto de clases remotas y
en entornos virtuales, que requerían acceso a computadoras, tabletas y teléfonos móviles
conectados a Internet. Por contradictorio que sea, mientras que una parte de los estudiantes
podía tener acceso a clases en la comodidad de sus hogares, con unos pocos clics, para otra
parte del estudiante la escuela estaba más lejos, distante e inaccesible.
En Brasil, una encuesta realizada por el periódico de la Universidad de São Paulo
atestigua cómo estos datos globales reflejan bien la realidad brasileña en el contexto
presentado.
En Brasil antes de la pandemia, 16,5 millones de niños y adolescentes de 9 a
17 años vivían en hogares con condiciones limitadas para la educación remota,
sin conexión a Internet o con velocidades de descarga inferiores a 4 Mbps. En
las zonas rurales, la insuficiencia de infraestructura afectó al 85% de los
jóvenes de este grupo de edad (4,1 millones) (INEXISTÊNCIA..., 2020,
nuestra traducción).
En Portugal, aunque las desigualdades no son tan grotescas, también existen. Los datos
presentados por Cabrito (2021) muestran que el 17,2% de la población portuguesa vive en un
rango en riesgo de pobreza y que alrededor del 5,5% de los habitantes no tienen acceso a
internet. Otro problema reportado fue la falta de familiaridad de los maestros con la tecnología,
así como parte del estudiante, el envejecimiento de los maestros y la mala comunicación entre
la familia y la escuela.
A pesar de todos los esfuerzos promovidos por los docentes, las desigualdades
en el acceso a la educación para cada niño o joven se destacaron,
condicionando el camino escolar a largo plazo de todos aquellos que no
contaban con los recursos tecnológicos para permitirles acceder a esta nueva
metodología de enseñanza la educación a distancia y que por lo tanto
fueron algo penalizados en su aprendizaje. Consciente de estas limitaciones,
el Ministerio de Educación indicó que al comienzo del año escolar 2020/2021,
habría un período de recuperación y/o consolidación del aprendizaje para el
año pasado (RODRIGUES; ANDRÉ; MIRANDA; MUCHARREIRA, 2021,
p. 249, nuestra traducción).
Los datos presentados anteriormente convergen al pensamiento de Santos (2020). El
autor argumenta que la pandemia agrava un estado de crisis permanente causado por el
capitalismo y sus exclusiones. En momentos históricos como los vividos desde 2020, con el
Celina Maria Linhares PAIVA y Gisafran Nazareno Mota JU
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023026, 2023. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17264 11
COVID 19, los gobiernos y las organizaciones se están movilizando para resolver las
consecuencias de la crisis, sin atacar sus causas. Y así, el ciclo de exclusión se perpetúa, dejando
a los grupos vulnerables, como las mujeres, los trabajadores informales y los refugiados, n
más excluidos.
Bourdieu y Passeron (1992), al analizar el sistema educativo francés en la década de
1960, retratan la escuela como un ambiente mediador del proceso de enseñanza-aprendizaje,
pero una institución cargada de desigualdades, excluyente y parcial. Trabajan con el concepto
de capital cultural elementos que los estudiantes traen del entorno externo al aula que
terminan funcionando como una violencia simbólica y una herramienta de exclusión.
En el caso de la pandemia, tanto los estudiantes como los docentes fueron blanco de esta
violencia porque no tenían las credenciales y las tecnologías necesarias para ingresar a este
entorno digital.
En la misma dirección, Lima Júnior (2020) señala que las diferencias en el capital
cultural de los individuos se convierten en un agente de selección en el ambiente escolar,
separando a los herederos, que tienen la condición de adaptarse al modelo educativo, de los que
se quedan atrás.
Las estructuras presentes en la vida escolar cotidiana se hiperbolizaron durante
la pandemia, haciendo más evidente una serie de desigualdades que conviven
regularmente en la vida escolar cotidiana [...]. Las diferencias entre el capital
cultural se deshilachan y se convierten en una carga más pesada cuando no se
asumen como un impedimento para la continuidad del proceso educativo
reconfigurado (LIMA JUNIOR, 2020, p. 29, nuestra traducción).
Lo que revela el análisis realizado es que la pandemia fue un período en el que los
gobiernos tuvieron que adoptar medidas urgentes, pero a pesar del discurso de ver en la crisis
una oportunidad de cambio, proclamada por algunas entidades, lo que se vio en el contexto
educativo fue la adopción de un modelo a distancia que, mantuvieron las proporciones debidas
entre Brasil y Portugal, son excluyentes en su génesis.
El significado fijado a la educación frente al momento excepcional drena
cualquier forma de excepcionalidad y se muestra como un mantenimiento y
refuerzo habitual de estructuras preexistentes, prepandémicas, que buscan
perpetuarse, aunque se hayan evidenciado sus contradicciones, sus límites y
su sesgo excluyente (LIMA JUNIOR, 2020, p. 28, nuestra traducción).
Y las consecuencias de estas elecciones hechas por instituciones y gobiernos ya están
empezando a aparecer: una búsqueda rápida en motores de búsqueda enumera numerosos
estudios que apuntan a consecuencias devastadoras de la pandemia para la educación, como el
Las estrategias de Brasil y Portugal para hacer frente a la pandemia en el contexto educativo
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023026, 2023. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17264 12
retraso en el desarrollo, la ansiedad entre los miembros de la comunidad académica y el
absentismo escolar. La UNESCO habla de una catástrofe generacional, tal es el daño a los niños,
especialmente en América Latina, el Caribe, Asia Central y del Sur. Más de 100 millones de
niños no podrán leer o escribir correctamente y 584 millones de niños no tienen las habilidades
básicas de lectura. Los estudiantes necesitan apoyo intensivo para recuperar la educación
perdida. Las escuelas también deben ir más allá de los sitios de aprendizaje para reconstruir la
salud mental y física, el desarrollo social y la nutrición de los niños.
Consideraciones finales
El mundo entero se ha visto afectado por la pandemia de COVID-19. Dos años después
del inicio del período de pandemia, en muchos lugares las mascarillas han quedado atrás, los
dispensadores de alcohol en gel están vacíos, el distanciamiento social y todo lo que hemos
pasado queda en la memoria, como un mal y doloroso recuerdo, especialmente para los grupos
más afectados por la pandemia, aquellos que han perdido el amor por el virus o parte de su
dignidad. El autor Boaventura de Sousa (2020) advierte de que toda cuarentena es
discriminatoria e impacta más directamente históricamente a colectivos más desprotegidos,
como ancianos, mujeres, refugiados y niños Y lo que sería un periodo de excepción, se
convierte, cada vez más, en una situación de permanencia.
Para detener el colapso del sistema hospitalario en todo el mundo, era necesario paralizar
otros sistemas, considerados no esenciales, y el sistema educativo era uno de ellos. Las escuelas
y universidades se cerraron en todo el mundo y cada gobierno busadoptar la estrategia que
mejor se adaptara a su realidad y a las necesidades de su comunidad estudiantil.
En el caso del análisis realizado, podemos ver que, aunque adoptaron la educación a
distancia como una forma de garantizar a los estudiantes el derecho de acceso a los estudios, la
forma en que lo hicieron los líderes brasileño y portugués fue diferente. En Brasil, el Ministerio
de Educación guardó silencio al asumir la responsabilidad de coordinar esfuerzos a nivel
nacional y proponer alternativas más viables a nuestra realidad, ya que en el período
prepandémico el acceso limitado a internet era evidente para la población más pobre. Esta
negligencia obligó a los estados y municipios a adoptar medidas de manera desarticulada, sin
una centralización que trajera un norte indispensable en ese momento de caos absoluto. No
había una política clara de conectividad, distribución de equipos, capacitación y fondos. No se
Celina Maria Linhares PAIVA y Gisafran Nazareno Mota JU
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023026, 2023. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17264 13
examinaron las estructuras existentes, que podrían haberse utilizado mejor. Las universidades
y otras instituciones no fueron llamadas a colaborar.
En Portugal también hubo una propuesta masiva de educación a distancia como
alternativa para superar la crisis causada por la pandemia. Pero el gobierno, a su vez, propuso
otros modelos, como el uso de la emisora estatal para la emisión de contenidos didácticos,
orientó a las provincias, administró los recursos y coordinó los esfuerzos de movilización.
Desde el inicio de la pandemia, se ha mostrado abierto a buscar las mejores estrategias y
escuchar a la sociedad para afrontar tan grande reto.
Por mucho que caigamos en el riesgo de enmarcar en lo que Saviani (2012, p. 33)
clasifica como educación compensatoria, colocando bajo la responsabilidad de la educación
una serie de problemas que no son fundamentalmente educativos, la realidad -a priori-
excluyendo la educación a distancia debería haber sido considerada por los gestores públicos
antes de ser adoptada como una estrategia prácticamente única para enfrentar los desafíos de la
pandemia.
La falta de una coordinación nacional, de una política de emergencia centrada en el
campo de la educación aquí en Brasil, obligó a los estados y municipios a elaborar estrategias
locales, de acuerdo con sus realidades y presupuestos, pero sin el apoyo del Estado brasileño,
en una clara violación de las obligaciones contenidas en la Constitución de nuestro país que
determina que es deber del Estado igualar las oportunidades educativas entre las unidades de la
federación.
El Ministerio de Educación y sus técnicos no propusieron otro diseño de política
nacional, como sucedió con Portugal. Tal vez, la estrategia adoptada en el país europeo, de
utilizar también la televisión para difundir contenidos, hubiera sido una salida interesante en
nuestro país, ya que existe una red de infraestructura de transmisión mucho más establecida e
infiltrada en los rincones brasileños que Internet. Como señala Wenczenovicz (2020), los
obstáculos fueron enormes, con falta de acceso a computadoras e internet, falta de estructura
física en el hogar que fuera propicia para el estudio y la falta de preparación de las familias más
pobres para apoyar a los estudiantes.
Las estrategias de Brasil y Portugal para hacer frente a la pandemia en el contexto educativo
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023026, 2023. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17264 14
REFERENCIAS
ANJOS, K. S. FREITAS, L. G. As implicações da pandemia do coronavírus na gestão
educacional de Altamira. In: ALMEIDA, F. A. (org.). Políticas Públicas, Educação e
Diversidade: Uma compreensão científica do real. Guarujá, SP: Editora Científica Digital,
2021.
BOURDIEU, P.; PASSERON, J-C. A reprodução: Elementos para uma teoria do sistema de
ensino, 3. ed. Rio de Janeiro: F. Alves, 1992.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,
DF: Senado Federal, 1988.
BRASIL. Portaria MEC n. 343, de 17 de março de 2020. Dispõe sobre a substituição das
aulas presenciais por aulas em meios digitais enquanto durar a situação de pandemia do Novo
Coronavírus - COVID-19. Brasília, DF: Ministro de Estado da Educação, 2020. Disponible
en: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/portaria/prt/portaria%20n%C2%BA%20343-20-
mec.htm. Acceso en: 12 ago. 2022.
CABRITO, B. Covid-19, Educação (Básica) e equidade em Portugal. RTPS - Revista
Trabalho, Política e Sociedade, v. 6, n. 10, p. 125-138, jun. 2021.
DE OLIVEIRA, R. M.; CORRÊA, Y.; MORÉS, A. Ensino remoto emergencial em tempos de
covid-19: Formação docente e tecnologias digitais. Revista Internacional de Formação de
professores, v. 5, p. e020028, 2020. Disponible en:
https://periodicoscientificos.itp.ifsp.edu.br/index.php/rifp/article/download/179/110. Acceso
en: 12 ago. 2022.
HAUPT, H-G. O lento surgimento de uma História Comparada. In: BOUTIER, J.;
DOMINIQUE, J. (org.). Passados recompostos: Campos e canteiros da História. Rio de
Janeiro: Editora UFRJ/Editora FGV, 1998.
INEXISTÊNCIA de políticas educacionais deixa milhares de crianças sem aula no Brasil.
Jornal da USP, São Paulo, 01 set. 2020. Disponible en:
https://jornal.usp.br/ciencias/inexistencia-de-politicas-educacionais-deixa-milhares-de-
estudantes-sem-aula-no-brasil/.
LIMA, É. C. A AIDS vira notícia: Os discursos sobre a “doença nova” nos periódicos
cearenses na década de 1980. 1. ed. Fortaleza: Editora da UECE, 2021.
LIMA JUNIOR, P. V. M. Educação em tempos de peste: Uma análise sobre a representação
da educação nos média na primeira vaga da pandemia. 2020. Dissertação (Mestrado em
Ciências da Educação) Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, Universidade
do Porto, Porto, 2020. Disponible en: https://repositorio-aberto.up.pt/handle/10216/131118.
Acceso en: 06 Feb. 2021.
MARQUES, E. Entre Brasil e Portugal: pensando educação em tempos de pandemia. Revista
Espaço Acadêmico, v. 21, p. 113-124, jun. 2021. Disponible en:
Celina Maria Linhares PAIVA y Gisafran Nazareno Mota JU
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023026, 2023. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17264 15
https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/59392. Acceso en: 10
ago. 2022.
NOVA, C.; ALVES, L. Educação à Distância: Limites e possibilidades. In: NOVA, C.;
ALVES, L. Educação à distância: Uma nova concepção de aprendizado e interatividade. São
Paulo: Futura, 2003.
REDE BRASILEIRA DE MULHERES CIENTISTAS. A educação na pandemia e a
omissão do governo federal. Disponible en: https://mulherescientistas.org/wp-
content/uploads/2021/05/NT5-EducacaonapandemiaVF.pdf. Acceso en: 07 oct. 2022.
ROCHA, B. B.; QUINTÃO, G. F. A educação em tempos de pandemia: Transformações no
ensino devido ao novo coronavírus. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE
EDUCAÇÃO E TECNOLOGIAS; ENCONTRO DE PESQUISADORES EM
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA, 2020, São Carlos. Anais [...]. São Carlos, SP: UFSCAR,
2020. Disponible en: https://cietenped.ufscar.br/submissao/index.php/2020/article/view/1122.
Acceso en: 05 oct. 2022.
RODRIGUES, J.; ANDRÉ, M.; MIRANDA, R.; MUCHARREIRA, P. Os desafios da
pandemia COVID-19 para a docência no ensino básico em Portugal. Humanidades &
Inovação, v. 8, n. 61, p. 241-253, 2021. Disponible en:
https://repositorio.ul.pt/handle/10451/52619. Acceso en: 06 Feb. 2019.
SANTOS, B. S. A cruel pedagogia do vírus. São Paulo: Editora Boitempo, 2020.
SAVIANI, D. Escola e Democracia. 42. ed. Campinas, SP: Autores Associados Editora,
2012.
VYGOTSKI, L. S. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1994.
WENCZENOVICZ, T. J. Ensino a distância, dificuldades presenciais: Perspectivas em
tempos de COVID-19. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v.
15, n. 4, p. 1750-1768, 2020. Disponible en:
https://periodicos.fclar.unesp.br/iberoamericana/article/view/13761. Acceso en: 12 set. 2022.
Las estrategias de Brasil y Portugal para hacer frente a la pandemia en el contexto educativo
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023026, 2023. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17264 16
CRediT Author Statement
Reconocimientos: Los autores reconocen que este artículo es un estudio original y no
publicado anteriormente.
Financiación: La investigación no tuvo ningún tipo de financiación.
Conflictos de interés: Los autores reconocen que no existe ningún interés comercial o
asociativo que represente un conflicto de intereses con el manuscrito presentado.
Aprobación ética: No se presenta al Comité de Ética.
Disponibilidad de datos y material: Los datos presentados en el artículo forman parte de
la fase inicial de la investigación de la doctoranda Celina Maria Linhares Paiva, en el
Programa de Posgrado en Educación Brasileña de la Universidad Federal de Ceará, en la
Línea de Historia y Educación Comparada.
Contribuciones de los autores: El artículo fue elaborado por la doctoranda con aportes,
revisión y consulta de su asesor, el profesor Gisafran Jucá.
Procesamiento y edición: Editora Iberoamericana de Educación - EIAE.
Corrección, formateo, normalización y traducción.
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023026, 2023. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17264 1
BRAZIL AND PORTUGAL'S STRATEGIES TO DEAL WITH THE PANDEMIC IN
THE EDUCATIONAL CONTEXT
AS ESTRATÉGIAS DO BRASIL E DE PORTUGAL PARA LIDAR COM A PANDEMIA
NO CONTEXTO EDUCACIONAL
LAS ESTRATEGIAS DE BRASIL Y PORTUGAL PARA HACER FRENTE A LA
PANDEMIA EN EL CONTEXTO EDUCATIVO
Celina Maria Linhares PAIVA1
e-mail: celinalinharespaiva@gmail.com
Gisafran Nazareno Mota JUCÁ2
e-mail: gisafranjuca@gmail.com
How to reference this paper:
PAIVA, C. M. L.; JUCÁ, G. N. M. Brazil and Portugal's strategies
to deal with the pandemic in the educational context. Revista Ibero-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00,
e023026, 2023. e-ISSN: 1982-5587. DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17264
| Submitted: 10/10/2022
| Revisions required: 24/01/2023
| Approved: 03/02/2022
| Published: 04/05/2023
Editor:
Prof. Dr. José Luís Bizelli
Deputy Executive Editor:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
Federal University of Ceará (UFC), Fortaleza CE Brazil. Doctorate student in Brazilian Education.
2
Federal University of Ceará (UFC), Fortaleza CE Brazil. Professor at the Graduate Program in Brazilian
Education. Post-doctorate in Urban History from the Federal University of Rio Grande do Sul.
Brazil and Portugal's strategies to deal with the pandemic in the educational context
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023026, 2023. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17264 2
ABSTRACT: This paper aims to analyze how Brazil and Portugal, countries with historical
relations, positioned themselves to face the pandemic of the coronavirus in the educational
context. Comparing the strategies adopted by the two countries, we seek to answer the following
question: were the strategies adopted by the Brazilian educational managers efficient to face
the moment of crisis? Could another path have been taken? To carry out this analysis, a
bibliographical survey was adopted, detailing the actions implemented by the two countries to
face the greatest educational challenge of the 21st century. The results of the analysis show that
Brazil, in a mistaken way, bet only on Emergency Remote Learning, since there was no
adequate infrastructure to do so, which harmed millions of students in the country. Portugal
mixed formats and got better results, which led to very visible consequences, such as a shorter
time of closure of the schools.
KEYWORDS: Pandemic. Comparative education. Distance education. Educational policies.
RESUMO: O presente artigo se propõe a analisar como Brasil e Portugal, países que guardam
relações históricas, se posicionaram no enfrentamento da pandemia do coronavírus no
contexto educacional. Comparando as estratégias adotadas pelos dois países, se busca
responder ao seguinte questionamento: as estratégias adotadas pelos gestores da educação
brasileira foram eficientes para enfrentar o momento de crise? Era possível ter seguido outro
caminho? Para efetuar tal análise, adotou-se um levantamento bibliográfico, com o
detalhamento das ações implementadas pelos dois países para enfrentar o maior desafio
educacional do século XXI. Os resultados da análise demonstram que o Brasil, de maneira
equivocada, apostou apenas no Ensino Remoto Emergencial, sendo que não havia
infraestrutura adequada para fazê-lo, o que prejudicou milhões de estudantes no país. Portugal
mesclou formatos e conseguiu melhores resultados, o que acarretou consequências bem
visíveis, como um menor tempo de fechamento dos estabelecimentos de ensino.
PALAVRAS-CHAVE: Pandemia. Educação comparada. Educação a distância. Políticas
educacionais.
RESUMEN: Este artículo tiene como objetivo analizar cómo Brasil y Portugal, países que
tienen relaciones históricas, se han posicionado para hacer frente a la pandemia de
coronavirus en el contexto educativo. Comparando las estrategias adoptadas por los dos
países, buscamos responder a la siguiente pregunta: ¿fueron eficientes las estrategias
adoptadas por los gestores educativos brasileños para enfrentar el momento de crisis? ¿Era
posible haber ido por otro camino? Para llevar a cabo este análisis, se adoptó una encuesta
bibliográfica que detalla las acciones implementadas por los dos países para enfrentar el
mayor desafío educativo del siglo XXI. Los resultados del análisis muestran que Brasil, de
manera equivocada, apostó solo por la Enseñanza Remota de Emergencia, y no había una
infraestructura adecuada para hacerlo, lo que perjudia millones de estudiantes en el país.
Portugal fusionó formatos y logró mejores resultados, lo que llevó a consecuencias muy
visibles, como un menor tiempo de cierre de los establecimientos educativos.
PALABRAS CLAVE: Pandemia. Educación comparada. Educación a distancia. Políticas
educativas.
Celina Maria Linhares PAIVA and Gisafran Nazareno Mota JUCÁ
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023026, 2023. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17264 3
Introduction
On the last day of the year, at the turn of 2019 to 2020, the World Health Organization
(WHO) was notified by the Chinese government of the occurrence of dozens of cases of a kind
of pneumonia of unknown origin in the city of Wuhan. In early January, scientists were able to
identify that it was a new type of coronavirus that, until then, was a virus known in medical
circles for causing common colds. In less than a month, the virus spread so widely that it led
the World Health Organization to declare, for the sixth time in history
3
, that the outbreak was
a Public Health Emergency of International Concern, the highest WHO alert level. On March
11, the news came that the outbreak was no longer localized and restricted to one region or
group of countries, and that, because of this, it was now considered a pandemic.
4
With this announcement, health authorities recognized that the SARS-Cov-2 virus was
circulating with great speed around the world and that restrictive protective and preventive
measures were urgently needed to stem this dizzying advance, among them was distancing.
"Historically, when the state is faced with the responsibility of fighting the spread of a disease,
it vests itself with its power of authority that can determine when individual freedoms should
be suspended" (LIMA, 2021, p. 132, our translation).
What happened from then on is still very much alive in our recent memory: paralysis of
all non-essential activities in much of the world, deserted cities, physical distancing between
people, new biosecurity protocols, exhaustive recommendations on the use of masks, constant
appeals for correct hand washing.
In this context, thousands of schools and universities around the world have had to
suspend their activities, in a scenario full of uncertainties and challenges. According to the
monitoring undertaken by UNESCO
5
, more than 1.5 billion students were affected by the
coronavirus crisis, children and young people living in countries with completely different
political, economic, social, and educational realities, but who find in school a privileged space
for interaction. This distance obviously brought extremely harmful consequences for the
development and learning process that are still being studied, since it is at school that social
3
The other emergencies were: H1N1 pandemic in 2009; in 2014 by Ebola outbreak in West Africa and spread of
poliovirus; in 2016 by zika virus outbreak and 2018 Ebola outbreak in Democratic Republic of Congo.
4
History of Pandemic COVID 19. Pan American Health Organization, 2020. Available at:
https://www.paho.org/pt/covid19/historico-da-pandemia-covid-19. Accessed 22 Sept. 2022.
5
Education: from school closures to recovery. United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization.
Available at: https://www.unesco.org/pt/covid-19/education-response. Accessed 20 Sept. 2022.
Brazil and Portugal's strategies to deal with the pandemic in the educational context
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023026, 2023. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17264 4
exchanges and relationships are established that underpin and consolidate the processes of
knowledge acquisition, according to Vygotsky (1994).
Another survey conducted by UNICEF and released in December 2021 shows that the
losses caused by school closures can jeopardize an entire generation and represent an economic
loss of around US$ 17 trillion, which corresponds to 14% of the world GDP. Losses in the
present and in the future, since, when it comes to education, the repercussions of what happened
with the coronavirus crisis will last for many years.
It is important to point out that even though we are talking about a disease that has
spread all over the world, this does not mean that all countries were impacted in the same way
by COVID 19. For example, Italy, the United States, and Brazil were, at different times,
epicenters of the disease, with a contagion curve much higher than the one registered in other
nations. And the number of cases, hospitalizations, and deaths is, without a doubt, a factor that
directly impacts the strategies adopted by countries to face the crisis, also revealing the
successes and omissions of governments.
That said, in this article we will seek to understand how two countries that lived very
different scenarios during the pandemic of COVID 19 Brazil and Portugal elaborated their
strategies in the educational field to face the reality imposed by the virus. The choice of Portugal
is due to the historical, cultural, and social relations between the two nations, to the different
ways in which the two countries dealt with the severity of the pandemic, as well as to the
academic and research relationship between the Graduate Program in Brazilian Education at
the Federal University of Ceará, more precisely the History and Comparative Education Line
(LHEC in the Portuguese acronym), in which we are inserted, and the European country.
The intention is that by comparing these two very different realities, we will be able to
see more clearly the positive and negative aspects of the policies of the two countries and thus
answer the following question: were the educational strategies adopted by the Brazilian
government adequate to the country's reality? In order to do so, we will make a bibliographical
survey to support the analysis of the theme, as well as rely on the ideas that support the relevance
of a comparative history approach. Haupt (1998) argues that by comparing foreign examples
based on a common problem, it is possible to broaden the horizon of analysis and find analogies
and new interpretations.
Celina Maria Linhares PAIVA and Gisafran Nazareno Mota JUCÁ
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023026, 2023. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17264 5
Brazil and the management of education in the pandemic
According to data from the Organization for Economic Cooperation and Development
(OECD)
6
, Brazil was the fourth country in the world that spent more time with closed schools:
178 days of school closings. In Portugal, the emergency calendar was much shorter.
These numbers reveal a lot about the strategies adopted by the two countries to face the
adversities and the challenges imposed by the pandemic. In Brazil, the Ministry of Education
published, on March 17, 2020, the ordinance 343, which guided the suspension, for 30 days
extendable, of in-person classes in Basic Education and Higher Education, in public and private
spheres, and, however, authorized the replacement of in-person classes by Emergency Remote
Classes (BRAZIL, 2020).
At this point, it is important to make an important conceptual differentiation: there is a
big difference between Emergency Remote Learning and Distance Education, even though, to
common sense, these concepts may seem similar. Distance Education (or Distance Learning) is
considered to be every mode of knowledge transmission in which teacher and student - or other
agents involved in this process - do not occupy the same space, at the same time. Distance
education, in this sense, comes to supply a demand for training for a portion of the population
that was unable to attend traditional school, but who wished to obtain knowledge.
7
It is a
process, according to Nova and Alves (2003), that used communication tools and with few
possibilities of interaction in its origin. This scenario changes with the advent of information
technology, which allows the expansion of DE in the Brazilian territory.
In this sense, we understand Distance Education as one of the teaching-
learning modalities, made possible by the mediation of digital and network
technological supports, whether inserted in face-to-face or mixed education
systems, or completely carried out through physical distance. This obviously
amplifies the complexity and the variables involved in the discussion and, in
turn, forces us to fragment the reflections into more specific issues (NOVA;
ALVES, 2003, p. 07, our translation).
Emergency Remote Learning (ERL), as the name suggests, is a temporary strategy to
provide access to content that should be given face-to-face or in hybrid form. The social
6
Sant´Anna, Emílio. Brazil was the 4th country in the world with the longest number of closed schools, says
OECD. Terra, 2022. Available at: https://www.terra.com.br/economia/dinheiro-em-acao/brasil-foi-o-4-pais-com-
mais-tempo-de-escolas-fechadas-na-pandemia-diz-ocde,ee5057bc0ff3a4bce1c40fc39468102bsovfxpml.html.
Accessed on: Jan 30 2023.
7
In Brazil, the growth of Distance Education coincides with the demand made by the Law of Directives and Bases,
of 1996, which requires more qualification for the teaching staff that will work in Basic Education and Higher
Education.
Brazil and Portugal's strategies to deal with the pandemic in the educational context
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023026, 2023. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17264 6
distance is preserved, since teacher and student are connected, but not in the same environment,
and the class happens with the support of digital resources, with the possibility of interaction.
"In ERL, teacher and student are online, connected via computing devices, during the same
time period as the face-to-face class, i.e., there is a transposition of physical face-to-face
teaching to digital contexts.” (DE OLIVEIRA; CORRÊA; MORÉS, 2020, p. 7, our translation).
This teaching modality, which became imperative because of the pandemic, demanded
an intense and rapid adaptation from all agents involved in the educational scenario:
governments, who had to think of digital inclusion strategies; school leaders and teachers, who
needed to adapt their classes and evaluation types to the digital format, students and families.
Thus, abruptly, the Brazilian educational system, which has 47.3 million students in
Basic Education alone and encompasses a complex reality, with historical and structural
problems, found itself facing an absolutely new and completely destructive scenario: having to
provide emergency remote classes as the only way to guarantee the students' constitutional right
to education.
The school environment, in a sad moment, anticipates the time of the internet
and computing, bringing a pedagogical opportunity that might be used in the
future. The big question is that, unfortunately, the technological measures are
far from many students' Brazilian realities. The financial resources that we
find in the private educational networks are a distant reality from many of the
public schools. For excellence in the transmission of knowledge in different
social classes it would be necessary that the world has no social and economic
barriers, everyone would enjoy a great infrastructure and technological
apparatus, which is an unfortunately illusory reality. (ROCHA; QUINTÃO,
2020, p. 6, our translation).
Between March and June 2020, in the midst of an unprecedented crisis for education,
the MEC was commanded by three different names. This chair-swapping was just the tip of the
iceberg. The Brazilian Network of Scientist Women
8
wrote a Technical Note (NT) No. 5 -
Education in the pandemic and the omission of the Federal Government - in which the authors
list examples of how the government failed in its constitutional role of ensuring the
constitutional right to education in the national territory and what was the impact of this
omission. The NT recalls, for example, the federal government's veto of the bill that would
guarantee broadband to Brazilian public schools. The document also cites other issues related
to the conduct of educational policies in the pandemic and makes a series of questions:
8
Created in April 2021, at the height of the 2nd wave of the pandemic and the denialism on the part of Brazilian
political representatives, this initiative had the objective of fomenting the debate and giving support to the creation
of public policies - especially in the areas of education, health; violence; social assistance, work, housing and
mobility - aimed at women.
Celina Maria Linhares PAIVA and Gisafran Nazareno Mota JUCÁ
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023026, 2023. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17264 7
1. Why was the Federal Government silent on issues related to education,
refusing to assume the coordination of the response to the crisis through the
MEC and the Ministry of Health? 2. Did the MEC act in accordance with its
constitutional redistributive and supplementary function to ensure
equalization of opportunities? If not, why not? 3. Why did the MEC refuse to
assume guidelines for education during the pandemic and identify the
difficulties with remote teaching in schools in states and municipalities? 4.
why was there a reduction in the budget for education, rather than additional
financial resources allocated to public schools during the pandemic? 5. what
actions were taken to guarantee children from the most vulnerable
communities the right to childhood and the necessary care, as provided for in
the Statute of the Child and Adolescent (Law 8069/1989)? (BRAZILIAN
NETWORK OF SCIENTIST WOMEN, 2021, our translation).
The Federal Constitution of Brazil (1988), written more than 30 years ago, asserts the
State's responsibility with a transforming and fundamental process with human development:
education. Our Magna Carta establishes, in its article 205, that "education, a right of all and
duty of the State and of the family, will be promoted and fostered with the collaboration of
society, aiming at the full development of the person, his preparation for the exercise of
citizenship, and his qualification for work" (BRAZIL, 1988, our translation). Article 206
determines that "education must be provided under equal conditions that ensure the student's
access to and permanence in school" (BRAZIL, 1988, our translation).
But this equity has never been a reality in our country. And, in the pandemic of COVID
19, this abyss has become even deeper because of omissions by the federal government, which
has refrained from carrying out a national coordination of actions to face the pandemic in the
field of education, with clear connectivity policies, distribution of equipment, training, and
funds. "The municipalities, surprised by a measure that requires immediate investment in
equipment and training so that teachers [...] could adapt, had problems (ANJOS; FREITAS,
2021, p. 88, our translation). In this vacuum, states and municipalities had to take the
management and were adopting the measures that best fit their realities and needs.
Portugal and #Fiqueemcasa (Stay Home)
In Portugal, the first two cases of COVID 19 were reported on March 2. Ten days later,
the Portuguese government decided to suspend, as of the 16th, all teaching, non-teaching, and
training activities attended by students in public educational establishments. This period,
initially, was to last until April 9. In the country, most of the education is public (only
kindergartens and higher education are paid) and the closing of schools took place near the end
Brazil and Portugal's strategies to deal with the pandemic in the educational context
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023026, 2023. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17264 8
of the school year, since classes start in September and end in June, leaving about 2 million
children and teenagers at home before the scheduled period, including 712,000 pre-school and
elementary school children, 1.1 million high school kids, and 347,000 in higher education. In
the following two months, children and teenagers in primary and secondary school had access
to online classes, organized at the discretion of each school and teacher (MARQUES, 2021).
To complement these activities and ensure that the 50,000 Portuguese students without
internet access would not be excluded from online classes, the Portuguese government
established a partnership with the public radio and TV company RTP, which brought
complementary content directly to Portuguese homes, along the lines of Telescola, an initiative
implemented in the country between 1965 and 1987. It was the program #EstudoemCasa (Study
at Home).
Initially, and with respect to young people from elementary school to high
school, education was provided by two public television channels that
presented simulated classes, pre-recorded, comprehensive because held in
subject blocks intended simultaneously for two levels of schooling and that
led to the lack of interest on the part of students because, being in a particular
class or "they had already taught that subject" or "this subject is not at my
level" without any kind of teacher-student interaction (CABRITO, 2021, p.
131, our translation).
As of April 20, the classes started to be held between 9 a.m. and 6 p.m. and the student
could follow them as a way to complement the training they were having at the conventional
school. The classes of #EstudoemCasa were broadcasted on open TV and cable, and were also
transmitted through the website of the Portuguese broadcaster.
There was also, in the country, an invitation to the mobilization of the whole society,
facing the huge challenge outlined, which counted with the participation of libraries, parents'
association and other social organizations, to guarantee the access of students to school contents
(MARQUES, 2021). The Portuguese government became a major articulator of these efforts -
President Marcelo Rebelo de Sousa, in office since 2016, who is also a law professor, even gave
a lecture on TV - calling on even private organizations to act and provide support for
educational institutions. "It is up to the Ministry of Education, not municipalities, to guarantee
the appropriate technological solutions and means that guarantee the universal right to
education" (LIMA JUNIOR, 2020, p. 21, our translation).
Celina Maria Linhares PAIVA and Gisafran Nazareno Mota JUCÁ
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023026, 2023. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17264 9
In addition, the Portuguese state has run a program called Digital School
9
, which
allocated 400 million Euros to purchase computers for the school community and connectivity
programs. To support parents who needed to work, day care centers were given their own
operating statute and the program to provide meals for children was maintained.
The closing of schools has brought out a series of other factors that place the
school in a place of special attention, making possible a reinforcement of the
role of its activities for the social structure, maintenance of the system, and
the reduction of inequalities, not only for the universality of access to
knowledge, but for other more immediate issues, such as food and the support
on which the development of work structures rests (LIMA JUNIOR, 2020, p.
73, our translation).
This brief explanation shows how the posture of the two countries, which have
historical, social, and educational relationships, was quite different in facing the consequences
of the pandemic for education. "If in Portugal the public school is well valued by the population
and government rules served all educational establishments, in Brazil the difference between
public and private education was exacerbated.” (MARQUES, 2021, p. 120, our translation).
School with distance
Data from UNESCO reveal that half of the students affected by the pandemic do not
have access to a computer at home, obtaining a representation of 826 million students who were
prevented from having access to school, in the pandemic context, in which a large part of the
classes took place in a context of remote classes and virtual environments, which required
access to computers, tablets and cell phones connected to the Internet. As contradictory as it
may be, while a part of the students could access the classes in the comfort of their homes, with
a few clicks, for another part of the students, school became further away, distant and
inaccessible.
In Brazil, a survey brought by the journal of the University of São Paulo attests how this
global data reflects well the Brazilian reality in the context presented.
In pre-pandemic Brazil, 16.5 million children and adolescents aged 9 to 17
lived in households with limited conditions for remote education, with no
internet connection or with download speeds below 4 Mbps. In rural areas, the
inadequate infrastructure reached 85% of young people in this age group (4.1
million) (INEXISTÊNCIA…, 2020, our translation).
9
Primeira fase do programa Escola Digital prevê a distribuição de 100 mil computadores. TSF, 20 ago. 2020.
Available at: https://www.tsf.pt/portugal/sociedade/primeira-fase-do-programa-escola-digital-preve-distribuicao-
de-100-mil-computadores-12537814.html Accessed: 19 Sept 2020.
Brazil and Portugal's strategies to deal with the pandemic in the educational context
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023026, 2023. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17264 10
In Portugal, as much as the inequalities are not so grotesque, they also exist. Data
presented by Cabrito (2021) show that 17.2% of the Portuguese population lives in a risk range
for poverty and that about 5.5% of the inhabitants do not have access to the internet. Another
problem reported was the teachers' lack of familiarity with technology, as well as part of the
student body, the aging of teachers, and the lack of communication between family and school.
Despite all the efforts promoted by teachers, inequalities in access to education
for each child or young person stood out, affecting the long-term school path
of all those who did not have the technological resources that would allow
them to access this new teaching methodology - distance learning - and who
were thus somewhat penalized in their learning. Aware of these constraints,
the Ministry of Education indicated that at the beginning of the 2020/2021
school year, there would be a period of recovery and/or consolidation of
learning for the previous year (RODRIGUES; ANDRÉ; MIRANDA;
MUCHARREIRA, 2021, p. 249, our translation).
The data presented above converge with the thought of Santos (2020). The author argues
that the pandemic aggravates a state of permanent crisis caused by capitalism and its exclusions.
In historical moments such as those experienced from 2020, with COVID 19, governments and
organizations mobilize to solve the consequences of the crisis, without attacking its causes. And
so, the cycle of exclusion is perpetuated, leaving vulnerable groups - such as women, informal
workers, and refugees - even more excluded.
Bourdieu and Passeron (1992), in analyzing the French education system in the 1960s,
portray the school as an environment that mediates the teaching-learning process, but an
institution laden with inequalities, exclusionary, and partial. They work with the concept of
cultural capital elements that students bring from the outside environment into the classroom
which end up working as a symbolic violence and a tool for exclusion. In the case of
Pandemic, both students and teachers were targets of this violence for not having the necessary
credentials and technologies to enter this digital environment.
In the same direction, Lima Júnior (2020) points out that the differences in individuals'
cultural capital become a selection agent in the school environment, separating the heirs, those
who have the condition to fit the educational model, from those who are left behind.
The structures present in everyday school life were hyperbolized during the
pandemic, making more evident a series of inequalities that regularly coexist
in everyday school life [...]. The differences between cultural capital are
frayed and become a heavier burden when they are not assumed as an
impediment to the continuity of the reconfigured educational process (LIMA
JUNIOR, 2020, p. 29, our translation).
Celina Maria Linhares PAIVA and Gisafran Nazareno Mota JUCÁ
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023026, 2023. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17264 11
What the analysis shows is that the pandemic was a period in which urgent measures
had to be adopted by governments, but despite the discourse of seeing the crisis as an
opportunity for change, propounded by some entities, what was seen in the educational context
was the adoption of a distance model that, keeping in mind the proportions between Brazil and
Portugal, are exclusive in their genesis.
The meaning attached to education in view of the exceptional moment erases
any form of exceptionality and shows itself as the usual maintenance and
reinforcement of pre-existent, pre-pandemic structures that seek to perpetuate
themselves, even though their contradictions, their limits, and their
exclusionary bias are evident (LIMA JUNIOR, 2020, p. 28, our translation).
And the consequences of these choices made by institutions and governments are
already beginning to show: a quick search on search engines lists numerous studies that point
to devastating consequences of the pandemic for education, such as delayed development,
anxiety among members of the academic community, and school dropout. UNESCO speaks of
a generational catastrophe, such is the damage to childhood, especially in Latin America, the
Caribbean, and Central and South Asia. More than 100 million children will not be able to read
or write correctly, and 584 million children lack basic reading skills. Students need intensive
support to regain their lost education. Schools must also go beyond places of learning to rebuild
children's mental and physical health, social development, and nutrition.
Final remarks
The whole world has been affected by the pandemic of COVID 19. Two years after the
beginning of the pandemic period, in many places the masks have already been left behind, the
alcohol gel dispensers are empty, the social distancing and all that we have been through will
remain in memory, as a bad and painful memory, especially for the groups most affected by the
pandemic, those who lost a love one to the virus or part of their dignity. The author Boaventura
de Sousa (2020) warns that every quarantine is discriminatory and impacts more directly
historically unprotected groups, such as the elderly, women, refugees, and children.
To stop the collapse of the hospital system around the world, it was necessary to paralyze
other systems, considered non-essential, and the educational system was one of them. Schools
and universities were closed around the world and each government sought to adopt a strategy
that best suited its reality and the needs of its student community.
Brazil and Portugal's strategies to deal with the pandemic in the educational context
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023026, 2023. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17264 12
In the case of the analysis undertaken, we can see that, despite having adopted distance
education as a way to guarantee students the right of access to studies, the way Brazilian and
Portuguese leaders did this was different. In Brazil, the Ministry of Education was very
negligent in taking upon itself the responsibility of coordinating efforts nationally and
proposing more viable alternatives for our reality, since in the pre-pandemic period it was
evident that the poorer population had limited access to the Internet. This neglect forced states
and municipalities to adopt measures in a disjointed way, without a centralization that would
bring an indispensable north in that moment of absolute chaos. There was no clear policy for
connectivity, equipment distribution, training, and funds. There was no focus on the existing
structures, which could have been better used. Universities and other institutions were not called
to collaborate.
In Portugal there was also a massive proposal of distance education as an alternative to
overcome the crisis caused by the pandemic. But the government, in turn, proposed other
models, such as the use of the state broadcaster to broadcast educational content, guided the
provinces, managed the resources, and coordinated the mobilization efforts. Since the
beginning of the pandemic, it has demonstrated to be open to search for the best strategies and
to listen to society in order to face such a big challenge.
Even if we fall into the risk of framing what Saviani (2012, p. 33, our translation)
classifies as compensatory education, placing under the responsibility of education a series of
problems that are not fundamentally educational, the reality - a priori - exclusionary of distance
education should have been considered by public managers before being adopted as a
practically unique strategy to meet the challenges of the pandemic.
The lack of a national coordination, of an emergency policy aimed at the field of
education here in Brazil, forced states and municipalities to draw up local strategies, according
to their realities and budgets, but without support from the Brazilian State, in a clear breach of
the obligations contained in the Constitution of our country, which determines that it is the duty
of the State to equalize educational opportunities among the units of the federation.
The Ministry of Education and its technicians did not propose another national policy
design, as happened in Portugal. Perhaps, the strategy adopted in the European country of also
using television to disseminate the contents would have been an interesting solution in our
country, since there is a network of transmission infrastructure much more established and
infiltrated in the Brazilian corners than the Internet. As Wenczenovicz (2020) points out, the
obstacles were enormous, with lack of access to computers and internet, lack of physical
Celina Maria Linhares PAIVA and Gisafran Nazareno Mota JUCÁ
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023026, 2023. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17264 13
structure at home that was conducive to study, and the unpreparedness of poorer families to
support students.
REFERENCES
ANJOS, K. S. FREITAS, L. G. As implicações da pandemia do coronavírus na gestão
educacional de Altamira. In: ALMEIDA, F. A. (org.). Políticas Públicas, Educação e
Diversidade: Uma compreensão científica do real. Guarujá, SP: Editora Científica Digital,
2021.
BOURDIEU, P.; PASSERON, J-C. A reprodução: Elementos para uma teoria do sistema de
ensino, 3. ed. Rio de Janeiro: F. Alves, 1992.
BRAZIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,
DF: Senado Federal, 1988.
BRASIL. Portaria MEC n. 343, de 17 de março de 2020. Dispõe sobre a substituição das
aulas presenciais por aulas em meios digitais enquanto durar a situação de pandemia do Novo
Coronavírus - COVID-19. Brasília, DF: Ministro de Estado da Educação, 2020. Available at:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/portaria/prt/portaria%20n%C2%BA%20343-20-
mec.htm. Access: 12 Aug. 2022.
CABRITO, B. Covid-19, Educação (Básica) e equidade em Portugal. RTPS - Revista
Trabalho, Política e Sociedade, v. 6, n. 10, p. 125-138, jun. 2021.
DE OLIVEIRA, R. M.; CORRÊA, Y.; MORÉS, A. Ensino remoto emergencial em tempos de
covid-19: Formação docente e tecnologias digitais. Revista Internacional de Formação de
professores, v. 5, p. e020028, 2020. Available at:
https://periodicoscientificos.itp.ifsp.edu.br/index.php/rifp/article/download/179/110. Access:
12 Aug. 2022.
HAUPT, H-G. O lento surgimento de uma História Comparada. In: BOUTIER, J.;
DOMINIQUE, J. (org.). Passados recompostos: Campos e canteiros da História. Rio de
Janeiro: Editora UFRJ/Editora FGV, 1998.
INEXISTÊNCIA de políticas educacionais deixa milhares de crianças sem aula no Brasil.
Jornal da USP, São Paulo, 01 set. 2020. Available at:
https://jornal.usp.br/ciencias/inexistencia-de-politicas-educacionais-deixa-milhares-de-
estudantes-sem-aula-no-brasil/. Access: 12 Aug. 2022.
LIMA, É. C. A AIDS vira notícia: Os discursos sobre a “doença nova” nos periódicos
cearenses na década de 1980. 1. ed. Fortaleza: Editora da UECE, 2021.
LIMA JUNIOR, P. V. M. Educação em tempos de peste: Uma análise sobre a representação
da educação nos média na primeira vaga da pandemia. 2020. Dissertação (Mestrado em
Ciências da Educação) Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, Universidade
Brazil and Portugal's strategies to deal with the pandemic in the educational context
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023026, 2023. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17264 14
do Porto, Porto, 2020. Available at: https://repositorio-aberto.up.pt/handle/10216/131118.
Access: 06 Feb. 2021.
MARQUES, E. Entre Brasil e Portugal: pensando educação em tempos de pandemia. Revista
Espaço Acadêmico, v. 21, p. 113-124, jun. 2021. Available at:
https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/59392. Access: 10
Aug. 2022.
NOVA, C.; ALVES, L. Educação à Distância: Limites e possibilidades. In: NOVA, C.;
ALVES, L. Educação à distância: Uma nova concepção de aprendizado e interatividade. São
Paulo: Futura, 2003.
REDE BRASILEIRA DE MULHERES CIENTISTAS. A educação na pandemia e a
omissão do governo federal. Available at: https://mulherescientistas.org/wp-
content/uploads/2021/05/NT5-EducacaonapandemiaVF.pdf. Access 07 Oct. 2022.
ROCHA, B. B.; QUINTÃO, G. F. A educação em tempos de pandemia: Transformações no
ensino devido ao novo coronavírus. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE
EDUCAÇÃO E TECNOLOGIAS; ENCONTRO DE PESQUISADORES EM
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA, 2020, São Carlos. Anais [...]. São Carlos, SP: UFSCAR,
2020. Available at: https://cietenped.ufscar.br/submissao/index.php/2020/article/view/1122.
Access 05 Oct. 2022.
RODRIGUES, J.; ANDRÉ, M.; MIRANDA, R.; MUCHARREIRA, P. Os desafios da
pandemia COVID-19 para a docência no ensino básico em Portugal. Humanidades &
Inovação, v. 8, n. 61, p. 241-253, 2021. Available at:
https://repositorio.ul.pt/handle/10451/52619. Access: 06 Feb. 2019.
SANTOS, B. S. A cruel pedagogia do vírus. São Paulo: Editora Boitempo, 2020.
SAVIANI, D. Escola e Democracia. 42. ed. Campinas, SP: Autores Associados Editora,
2012.
VYGOTSKI, L. S. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1994.
WENCZENOVICZ, T. J. Ensino a distância, dificuldades presenciais: Perspectivas em
tempos de COVID-19. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v.
15, n. 4, p. 1750-1768, 2020. Available at:
https://periodicos.fclar.unesp.br/iberoamericana/article/view/13761. Access: 12 Sept. 2022.
Celina Maria Linhares PAIVA and Gisafran Nazareno Mota JUCÁ
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023026, 2023. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17264 15
CRediT Author Statement
Acknowledgements: The authors acknowledge that this article is an original and previously
unpublished study.
Funding: The research was not funded in any way.
Conflicts of interest: The authors acknowledge that there is no commercial or associative
interest that represents a conflict of interest with the submitted manuscript.
Ethical approval: Not submitted to the Ethics Committee.
Data and material availability: The data presented in this article are part of the initial phase
of the research of Celina Maria Linhares Paiva, who is pursuing her doctorate in Brazilian
Education at the Federal University of Ceará, in the History and Comparative Education
Program.
Authors’s contributions: The article was written by the doctoral student with contributions,
review and consultation from her tutor, Professor Doctor Gisafran Jucá.
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
Proofreading, formatting, normalization and translation.