image/svg+xml
Educação, corporeidade e a pessoa com deficiência visual: Um diálogo necess
ário
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2987
-
3008
, out./dez. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
2987
EDUCAÇÃO, CORPOREIDADE E A PESSOA COM DEFICIÊNCIA VISUAL: UM
DIÁLOGO NECESSÁRIO
EDUCACIÓN, CORPOREIDAD Y PERSONA CON DISCAPACIDAD VISUAL: UN
DIÁLOGO NECESARIO
EDUCATION, CORPOREALITY AND THE VISUALLY IMPAIRED PERSON: A
NECESSARY
DIALOGUE
Andressa Karoline Santana TEIXEIRA
1
Hergos Ritor Fróes de COUTO
2
RESUMO
: O corpo traz em si diferentes linguagens e significados, por meio dele se
estabelecem relações nas quais estão envolvidas outras pessoas,
outros seres, as coisas que se
encontram no entorno, o mundo
. Diante disso, o estudo tem como objetivo compreender a
s
concepções de corpo de alunos com deficiência visual de escolas públicas de Santarém
-
PA, à
luz da abordagem da corporeidade. Optou
-
se pela pesquisa descritiva de cunho qualitativo. A
estrutura teórico/metodológica baseia
-
se nos pressupostos do fenômeno d
a corporeidade.
Utilizou
-
se questionário de caracterização do participante e entrevista semiestruturada. Os
dados foram analisados a partir da Elaboração e Análise de Unidades de Signif
icado. Os
resultados
possibilitaram compreender que as pessoas c
om
deficiência visual
possuem
concepções de corpo que apresentam diferentes sentidos e significados, transitando entre
conceitos biologistas e mecânicos, mas também que se aproximam da abordagem da
corporeidade, que considera o corpo como a existência e exper
iência do ser no mundo.
PALAVRAS
-
CHAVE
: Educação. Corpo. Corporeidade. Deficiência visual.
RESUMEN
:
El cuerpo trae consigo distintos lenguajes y significados, a través de los cuales
se establecen relaciones en las que se involucran otras
personas, otros seres, cosas que están
en el entorno, el mundo. Por lo tanto, el estudio tiene como objetivo comprender las
concepciones corporales de estudiantes con discapacidad visual de escuelas públicas de
Santarém
-
PA, a la luz del enfoque de la corpo
reidad. Optamos por una investigación
cualitativa descriptiva. La estructura teórico
-
metodológica se fundamenta en los presupuestos
del fenómeno de la corporeidad. Se utilizó un cuestionario para caracterizar al participante y
una entrevista semiestructura
da. Los datos fueron analizados utilizando la Elaboración y
Análisis de Unidades de Significado. Los resultados de la investigación permitieron
comprender que las personas con discapacidad visual tienen concepciones del cuerpo que
tienen diferentes sentido
s y significados, moviéndose entre conceptos biológicos y mecánicos,
pero también acercándose al enfoque de la corporeidad, que considera el cuerpo como
existencia y experiencia de estar en el mundo.
PALABRAS CLAVE
:
Educación. Cuerpo.
Corporeidad. Discapacidad visual.
1
Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Santa
rém
–
PA
–
Brasil.
Mestrado em Educação
. ORCID:
https://orcid.org/0000
-
0002
-
7487
-
5745
.
E
-
mail: andressakaroline909@gmail.com
2
Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Santarém
–
PA
–
Brasil. Docente.
Doutorado em Educação
(UNINOVE).
ORCID: https://orcid.org/0000
-
0003
-
2058
-
4341
.
E
-
mail: hergos@hotmail.com
image/svg+xml
Andressa Karoline Santana TEIXEIRA
e
Hergos Ritor Fróes de COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2987
-
3008
, out./dez. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
2988
ABSTRACT
:
The body brings with it different languages and meanings, through which
relationships are established in which other people, other beings, things that are in the
surroundings, the world are involved.
Therefore,
the study aims to understand the body
conceptions of students with visual impairment from public schools in Santarém
-
PA, in the light
of the corporeality approach. We opted for a descriptive qualitative research. The
theoretical/methodological structure is
based on the assumptions of the phenomenon of
corporeality. A questionnaire to characterize the participant and a semi
-
structured interview
were used.
Data were analyzed using the Elaboration and Analysis of Units of Meaning. The
research results made
it possible to understand that people with visual impairments have
conceptions of the body that have different senses and meanings, moving between biological
and mechanical concepts, but also approaching the approach of corporeality, which considers
the bo
dy as existence and experience of being in the world.
KEYWORDS
: Education. Body. Corporeality. Visual impairment.
Introdução
O fenômeno da corporeidade tem provocado reflexões sobre a compreensão do corpo,
dessa forma, a corporeidade
contribui no avanço para o entendimento do ser humano em sua
totalidade, nas relações que estabelece consigo, com o outro e com o mundo. Cabe destacar que
“a corporeidade é considerada como um campo de experiência e reflexão, a partir do qual se
desdobra p
ossibilidades epistemológicas, éticas, estéticas, sociais e históricas” (NÓBREGA,
2010, p. 35).
Vista por este prisma, pensar com a perspectiva da corporeidade é considerar um corpo
sujeito, ativo, que se opõe à visão de dualidade entre corpo e alma, vendo
-
os como
indissociáveis. Por isso, “compreender o corpo no cenário contemporâneo é uma tarefa que
envolve paradoxo” (NÓBREGA, 2010, p. 36).
Durante muito tempo perpetuou
-
se a concepção de que o corpo era algo que se possuía
como se fosse um objeto ou apena
s morada do espírito, algo pecaminoso
,
que tende ao declínio,
por vezes tendo um caráter maquínico ou produto de consumo
:
tal compreensão se acentuou
com a chegada da visão mercadológica capitalista
(GALLO, 2006).
Deste modo, historicamente o corpo foi des
prezado, violentado, marginalizado, como
sinônimo de impureza e imperfeição, visto como ameaça aos poderes estabelecidos na
sociedade. Privilegiando o corpo em seus múltiplos saberes é que a corporeidade busca levar a
uma reflexão crítica sobre as concepçõ
es de corpo impregnadas na sociedade
, a
presentando
-
se
como alternativa para superar as visões cartesiana, empirista e mercadológica sobre o corpo.
Para compreender a corporeidade não há fórmulas sagradas, mas a busca de um discurso
que não se detenha apena
s a uma simples conceituação
,
sendo necessário um posicionamento
image/svg+xml
Educação, corporeidade e a pessoa com deficiência visual: Um diálogo necess
ário
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2987
-
3008
, out./dez. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
2989
a respeito de uma concepção de corpo mais ampla, além da visão reducionista na leitura das
realidades humanas, concebendo a essência como existencial, pois é uma característica
individual de
todos os corpos
,
não podendo ser representada nem codificada (MOREIRA,
1995). Assim, “é a realidade do corpo que nos permite, sonhar, desejar, pensar, narrar, conhecer,
escolher” (NÓBREGA, 2010, p. 11).
Partindo dessa ideia, a experiência vivida é que nos
faz compreender o mundo em que
nos movemos, como expressa Merleau
-
Ponty
:
“o mundo não é aquilo que eu penso, mas aquilo
que eu vivo, eu estou aberto ao mundo, comunico
-
me indubitavelmente com ele, mas não o
possuo, ele é inesgotável” (MERLEAU
-
PONTY, 2018,
p. 14). Nesse sentido, faz
-
se necessário
abordar o conceito de corpo ativo como compreensão de uma corporeidade vivida que tem a
premissa de aprender a ver a vida lançando olhares sobre os objetos com intuito de habitá
-
los e
compreendê
-
los em seus distinto
s aspectos (MOREIRA
et al.
, 2006).
Moreira
et al.
(2006) introduz
em
diálogos importantes ao promover as relações de um
corpo ativo com a educação
,
enfatizando que é necessária uma prática educativa que considere
a aprendizagem do indivíduo originada não somente de sua capacidade inteligível, mas de seu
corpo inteiro em suas diversas interações e complexidade. A partir dessa premissa
,
“valorizar a
co
rporeidade é olhar para aquele que aprende, reconhecendo seus múltiplos potenciais,
estimulando
-
o por meio de situações
-
problema associadas às vivências cotidianas, favorecendo
novas aprendizagens” (NISTA
-
PICCOLO
et al.
, 2019, p. 388). Esse olhar atencioso
sobre o
corpo e suas diversas formas de expressão pode ressignificar as formas de ensinar, instigando
uma aprendizagem mais significativa e condizente com cada realidade vivenciada.
Salienta
-
se que cada corpo detém em si uma estesia que é particular de ac
ordo com as
suas vivências. A corporeidade entendida em sua totalidade existencial detém uma
“ambiguidade do ser humano como intencionalidade, como consciência e corpo, desvelando
sua unidade a partir do sensível, do corpóreo, da experiência vivida do ser
no mundo”
(MOREIRA
et al.
, 2006, p. 141).
Nesse sentido, para Moreira e Simões (2016, p. 136)
,
“na corporeidade, entrelaçam
-
se
de forma significativa a existência e a expressão do pensamento, sendo a primeira revelada pelo
corpo e a segunda pela palavra”.
Por isso, a corporeidade preocupa
-
se com os saberes que
emergem do corpo vivido, superando as concepções dualistas, sendo como o denomina Nóbrega
(2010)
,
essência e existência faces do mesmo fenômeno. A corporeidade busca ser e ter um
discurso envolvente q
ue intenta ir além da compreensão do ser humano em sua estrutura
biológica, pois preocupa
-
se em proporcionar novos modos de organização de saberes, como de
convivência ética e social (NÓBREGA, 2010).
image/svg+xml
Andressa Karoline Santana TEIXEIRA
e
Hergos Ritor Fróes de COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2987
-
3008
, out./dez. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
2990
A corporeidade atenta
-
se para a realidade vivenciada de
cada sujeito com as percepções
que det
é
m do mundo e dos compartilhamentos estabelecidos, pois mediante as experiências do
cotidiano cada ser humano se constitui uno, dotado de sensibilidade e inteligibilidade. O corpo
deixa de ser concebido apenas como di
mensão biológica, passando a ter uma dimensão
existencial. O corpo
é
linguagem e possui diversas formas de manifestar
-
se, dessa maneira,
“[...] olhar a corporeidade do sujeito
é
buscar a expressão,
é
buscar o desejo, pois o olhar
conhece sentido e sente
conhecendo” (MOREIRA, 1995, p. 19). Assim, é preciso exercitar a
arte de pensar criticamente o corpo, levando os alunos a serem sujeitos conscientes e sensíveis,
contribuindo na formação de corpos cada vezes mais humanos.
Diante disso, o estudo tem como o
bjetivo compreender as concepções de corpo de
alunos com deficiência visual de escolas públicas de Santarém
-
PA, à luz da abordagem da
corporeidade. Optou
-
se pela pesquisa descritiva de cunho qualitativo. A estrutura
teórico/metodológica baseia
-
se nos press
upostos do fenômeno da corporeidade, utilizando
questionário de caracterização do participante e entrevista semiestruturada.
Ser corpo com deficiência visual: aproximações com a corporeidade
A visão é considerada um dos mais importantes recursos de comunicação e um dos
principais acessos para estabelecer relacionamentos, com o outro e o mundo. Nesse sentido,
busca
-
se discutir sobre as capacidades e limitações das pessoas com deficiência visual
e sua
relação com a corporeidade.
Para que se possa compreender a pessoa com deficiência visual é indispensável que os
profissionais tenham sensibilidade para buscar entendê
-
la em sua totalidade, desvinculando
-
se
de qualquer preconceito ou conceitos estr
uturados e predeterminados que influenciam as
atitudes junto a ela
. E
ntão, mais relevante que focar nas diferenças entre a pessoa com
deficiência visual e a pessoa vidente é focar nas semelhanças, e a partir disso
,
voltar
-
se para as
características de cada
um (AMIRALIAN, 1997).
É fundamental que sejam consideradas as necessidades, por exemplo, quem convive
com os cegos deve entender que a impossibilidade de eles não fazerem leitura das expressões
fisionômica e os gestos das pessoas faz com que necessitem se
rem informados sobre
sentimentos e emoções do outro para que ocorra uma troca significativa (MOTA, 2003).
A partir desses pressupostos
,
considera
-
se que uma criança ao nascer com deficiência
visual ou que a adquire nos primeiros anos de vida
,
tem sua forma de contato com mundo e o
seu entorno distinto daqueles que dispõe
m
da visão. É “[...] por meio de seus movimentos e
image/svg+xml
Educação, corporeidade e a pessoa com deficiência visual: Um diálogo necess
ário
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2987
-
3008
, out./dez. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
2991
interações com o q
ue cerca que a criança deficiente visual vai desenvolvendo sua habilidade de
perceber, entrar em contato, organizar e compreender o mundo onde está” (MASINI, 2013, p.
19), isso torna
-
se perceptível em situações do cotidiano, como a orientação e mobilidade
das
pessoas com essa deficiência. Deve
-
se considerar que a
pessoa com deficiência visual
(
PcDV
)
também vivencia o mundo que tem por sentido predominante dos seres humanos a visão e suas
representações. No entanto, cabe ponderar que apesar de ser o sentido prevalecente, este não é
o único, nem desempenha um papel mais importante que os demais. Dessa
forma, este sujeito
dispõe de todos os outros sentidos, envolvendo todos os seus domínios: o social, o afetivo e o
cognitivo, evoluindo de acordo com as oportunidades que lhe são oferecidas e estão ao seu
alcance.
As percepções de cada sujeito são construí
das no dia
a
dia, a partir das ações e
exploração do que o rodeia, assim, por meio dessas interações é que o ser humano percebe,
diferencia e compreende o mundo (MASINI, 2013).
Nessa perspectiva, este estudo busca
considerar a experiência corporal que é pr
ópria de cada sujeito.
É pertinente destacar que não se pode generalizar as características positivas ou
negativas de uma pessoa com deficiência visual, pois cada uma possui sua individualidade
,
embora tenham em comum a deficiência
.
Sob esta perspectiva,
sabe
-
se que os modos de ser são
próprios de cada sujeito. Não se pode limitá
-
los e rotulá
-
los impedindo
-
os de construírem as
percepções da realidade que vivenciam. É necessário possibilitar distintas oportunidades,
valorização, solidariedade e
,
principalmente
,
respeito. Piedade e cuidado excessivo em nada
ajuda esses seres que possuem limitações, mas que também são dotados de capacidades
(MOTA, 2003).
Por isso, para falar do corpo com deficiência visual
,
tomemos como base
os escritos de
Merleau
-
Ponty (2018), pois tal filósofo enfatiza que o ser humano tem no corpo sua fonte de
sentidos em que ocorre a experiência com o outro, consigo e com o mundo. Para o autor não há
como estabelecer qualquer relação sem o corpo, ele é o criador de significados
e cada sujeito
tem uma individualidade
,
seja por questões de personalidade ou natureza biológica, pois é por
meio de sua condição corpórea que o ser humano age no mundo.
Falar da ausência, recuperação ou perda de qualquer sentido envolve um processo
compl
exo
,
exigindo olhares cautelosos, pois trata
-
se de discutir como uma pessoa percebe e
constrói seu próprio mundo. É imprescindível que se ofereçam condições de desenvolvimento
e educação para além dos aspectos racionalistas e instrumentais, considerando as
vivências de
cada corpo em diferentes momentos e situações. É necessário compreendê
-
lo em sua totalidade
existencial: como se expressa, se comunica, como pensa e como sente (MASINI, 2013).
image/svg+xml
Andressa Karoline Santana TEIXEIRA
e
Hergos Ritor Fróes de COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2987
-
3008
, out./dez. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
2992
O autor afirma ainda que
para
Merleau
-
Pont
y (2018),
ao considerar
o sujeito e suas
experiências perceptivas
,
deve
-
se avaliar que se trata de uma relação dinâmica do corpo e do
mundo, e não somente de associações dos órgãos dos sentidos, pois o conhecimento se
manifesta do saber latente que ocorre no corpo próprio (MASINI
, 2013). Concebe
-
se o sujeito
como corpo no mundo que se manifesta de diversas maneiras.
Nesta direção, a
s pessoas com
deficiência visual precisam de mais contato físico, fala, cuidados adicionais e diferentes
maneiras de mediação para que possa conhecer,
reconhecer e atribuir significados às coisas,
valorizando
-
se o comportamento exploratório, estimulação dos sentidos remanescentes e
participação ativa na sociedade (SÁ, 2011).
Sobre os equívocos referente
s
ao corpo com deficiência visual, Mota (2003) menciona
que não ver com os olhos não significa não ouvir. Um erro recorrente é tratar as PcDV como
se fossem surdas ou mesmo que não p
ude
ss
e
m se comunicar com clareza. Outra visão errônea
é o fato de muitos ac
reditarem que elas dispõem de
“
sexto sentido
”
, mas o que ocorre é que
estas desenvolvem seus recursos latentes de forma mais apurada.
Nesse sentido, ao realizar uma pesquisa sobre
as dificuldades enfrentadas pelas pessoas
com deficiência
,
R
odrigues
, B
ernar
dino
e
M
oreira
(2022,
p.
13)
,
concluíram
,
a partir do relato
dos participantes
,
que:
[...] é muito sofrido perceber em outros a expressão do preconceito, da
discriminação e da falta de atitudes e ações diante de situações complexas.
Registram que
percebem os estigmas e os estereótipos, a partir da própria
família, por falta de conhecimento, mas que se estende à escola ou
Universidade, na superproteção ou negligência as suas necessidades
específicas. Sentem que todas as demais acessibilidades se rel
acionam à
atitudinal, para colocar fim às barreiras.
Dessa forma, a pessoa com deficiência visual deve ser compreendida a partir do que
representa a ausência da visão, bem como as possibilidades que podem ter por intermédio de
vivências não visuais
,
de fo
rma a estabelecer suas relações consigo mesm
a
e com tudo que está
ao seu entorno
.
T
ais premissas tornam
-
se primordiais para um bom desenvolvimento de se
u
processo de
ensino e aprendizagem, sendo essenciais para possibilitar o enfrentamento de
dificuldades.
Por ser atribuído aos olhos uma grande parcela das experiências
,
questiona
-
se como a
pessoa com deficiência visual se situa, estabelece e percebe suas relações em um mundo
projetado
em grande parte para o vidente
.
Entende
-
se que o corpo exist
e na medida em que sua
relação com o mundo é percebida. Dessa forma, tanto o vidente
como
a pessoa com deficiência
visual habitam a si mesmo e ao mundo, não apenas ocupando o espaço de maneira inerte e
image/svg+xml
Educação, corporeidade e a pessoa com deficiência visual: Um diálogo necess
ário
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2987
-
3008
, out./dez. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
2993
passiva, mas de forma ativa e consciente. Logo, a rela
ção do ser com o mundo se estabelece
através de suas experiências e reflexões
,
através de sua realidade corpórea
:
o corpo é presença
existencial do ser
,
sendo por meio da corporeidade que ele vive sua existencialidade (PORTO,
2002).
Dessa maneira, não cabe
fazer distinção entre o mundo dos videntes e dos cegos, fazer
isso é não admitir que o mundo é o mesmo que se apresenta para qualquer sujeito que o partilha.
O que existe é uma diferenciação da forma de perceber e atribuir significados entre mim e o
outro
(PORTO, 2002).
Nas palavras da autora, aos cegos é comum esperar que eles concebam o mundo como
os videntes, mas ao fazer isso
,
nega
-
se que ambos possam viver a mesma situação. O que ocorre
é que estes percebem de forma distinta por serem diferentes na su
a essência e condições naturais
de seus corpos, entretanto, isso também pode ser percebido de cego para cego ou de vidente
para vidente, pois todo ser é único e estabelece sua relação com o mundo nessa perspectiva.
Pesquisas recentes como
a
de M
artins
e C
hacon
(2022), destacam que apesar dos
avanços no que tange aos direitos das pessoas com deficiência, a
inclusão
nem sempre acontece,
especialmente no ambiente escolar, isso devido a diversos fatores
,
como
a
ausência de
flexibilização curricular,
falta de preparo profissional e recursos pedagógicas condizentes com
o nível de desenvolvimento desses di
scentes. Sendo assim, torna
-
se urgente garantir condições
para que todos os corpos participem das diversas atividades educacionais.
Para que isso
aconteça, é pr
eciso
considerar o corpo com suas especificidades,
conhecendo profundamente sua essência, atentando
-
se
à
s formas que este corpo com
deficiência visual apreende o mundo e se manifesta. Assim,
A tarefa primeira para quem se propõe
realizar qualquer ação educativa com
o deficiente visual é procurar saber sobre ele, sua experiência de vida e sobre
sua percepção, pois é só a partir do seu próprio significado
–
do que sente e
compreende
-
é que ele poderá organizar as informações sobre
o mundo que o
cerca e agir nas situações (MASINI, 2013, p. 20).
Logo, seja para aqueles que convivem cotidianamente com pessoas com deficiência
visual como aqueles que se desafiam a estudá
-
los ou que desenvolvem alguma ação educativa,
é imprescindível sab
er a respeito delas em seus diversos aspectos
,
atentando
-
se ao seu
desenvolvimento, percepção e modos de ser. Pois, é a partir do que a pessoa sente e compreende
que ela age no mundo e nas diversas situações da vida (MASINI, 2013).
A partir disso, demonstr
a
-
se a complexidade de interações e manifestações que o ser
humano vivencia em sua existência a partir das especificidades de seus corpos. Ter a ausência
de um dos sentidos de distância é uma limitação e deve ser considerada dessa forma, e não
image/svg+xml
Andressa Karoline Santana TEIXEIRA
e
Hergos Ritor Fróes de COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2987
-
3008
, out./dez. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
2994
como impedim
ento para sua autonomia, aprendizagem e seu desenvolvimento integral.
A
corporeidade vai além do que se é percebido por meio da visão, ela acontece no corpo por
inteiro
,
não se excluindo pela falta ou dificuldade do uso de um dos sentidos. Embora a pessoa
com deficiência visual tenha limites biológicos, ele é um ser humano capaz de manter contato
e inter
-
relações com seu entorno, experimentando e apreendendo o mundo à sua maneira.
Assim, “ser corpo deficiente não significa ser corpo ausente; ser corpo defic
iente é ser corpo
como qualquer outro ser” (PORTO, 2005, p. 38).
É preciso ter o entendimento que o corpo é linguagem, é fonte de conhecimentos, nele
sente
-
se alegria e tristeza, certeza e dúvida, derrota e vitória, medo e coragem, paixão e
desilusão, amor
e ódio, frio e calor, presença e ausência, prazer e desprazer, entre tantas outras
experiências e vivências. Portanto, independente das especificidades e singularidades de cada
ser é necessário perceber
-
se como ser corpóreo que tem em si ambiguidade e com
plexidade que
lhe são próprias. À vista disso,
É
importante que o professor consiga perceber seu aluno com os olhos de
pesquisador, de quem observa, analisa e reflete sobre sua aprendizagem. E
dessa forma, possa compreender as facilidades e dificuldades que o aluno
apresenta para aprender, estimulando
seus potenciais de inteligência. Entender
essa pluralidade dos diferentes potenciais que os alunos apresentam é
estimular suas inteligências (NISTA
-
PICCOLO
et al.
, 2019, p. 381).
Para que aconteça inclusão é imprescindível a formação sólida dos docentes,
possibilitando
que o
aluno
tenha seu processo de ensino e aprendizagem efetivado de maneira
ampla dentro do espaço escolar, independentemente de suas especificidades, garant
indo não só
o acesso, mas
a qualidade
do ensino, de forma que exerça o
direito de participação social plena
(
LOZANO; PRADO; JUNGO, 2022)
.
Deste modo, o
ambiente escolar deve tornar
-
se cada vez
mais um espaço que proporcione inclusão e maior participação dos distintos corpos de forma a
contribuir para o desenvolvimento pleno do indivíduo
,
oferecendo vivências vari
adas, e estas
devem se estender a todos, s
em distinção
.
As concepções de corpo de alunos com deficiência visual
O lócus da pesquisa está localizado na Região Oeste do estado do Pará. A cidade de
Santarém constitui um dos 144 municípios do estado, sendo um dos mais populosos,
destacando
-
se por sua beleza e exuberância tanto por questões naturais como culturais.
O estudo teve como meta ser desenvolvido em escolas públicas estaduais do município
de Santarém
–
Pará, que em seu quadro de alunos tivessem estudantes com deficiência visual
image/svg+xml
Educação, corporeidade e a pessoa com deficiência visual: Um diálogo necess
ário
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2987
-
3008
, out./dez. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
2995
cursando o ensino médio. No total
,
07 Unidades de ensino participaram da pesquisa
, sendo 06
escolas, e a 5ª Unidade Regional de Educação, que em sua estrutura oferece o ensino médio na
modalidade modular para pessoas com deficiência visual.
Desenvolveu
-
se
a pesqui
sa com 09 estudantes
, s
endo
07 com baixa visão
e 02
cegos,
01 deles ten
do adquirido
a deficiência visual
aos 05 anos de idade e o outro
a possuindo
desde
o nascimento.
Os
discentes
estão na faixa etária de 17 a 47 anos
, a
maioria na média entre 17 e
19 anos. Dos 09 participantes, 02 estão com 17 anos, 03 na faixa etária de
18 anos, 02 com 19
anos, 01 com 24 anos, e 01 com 47 anos.
F
oram
apresentados
aos estudantes
os objetivos do estudo, metodologia, riscos e
benefícios,
bem como o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
;
nos casos em
que eram menores de idade, foi necessário apresentar o Termo de Assentimento Livre e
Esclarecido (TALE)
,
que foi assinado pelos participantes, ficando o TCLE para ser assinado
por s
eu responsável.
Posteriormente
, responde
ram
a um questionário de caracterização do participan
te e
entrevista semiestruturada
.
Os dados foram analisados a partir da “Elaboração e Análise de
Unidades de Significado”, desenvolvida por Moreira
,
Simões
e
Porto (2005). A mesma foi
constituída a partir da combinação de duas técnicas e análises de dados: a adaptação da Técnica
de Análise de Asserção Avaliativa (Evaluative Assertion Analysis
–
EAA)
,
proposta por
Osgood, Saporta e Nunnally, mencionada por Bard
in (1977), e pela Análise do Fenômeno
Situado, estruturada por Giorgi (1978) e Martins e Bicudo (1989). Nesta técnica de análise
deve
-
se percorrer os seguintes momentos: relato ingênuo, identificação de atitudes e
interpretação.
Vale ressaltar que este est
udo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisas com Seres Humanos (CEP)
–
Comitê de Ética e Pesquisa da UFOPA. Processo com
o número de protocolo: 50822732.8.0000.0171 e parecer de número: 5.032.050
.
Sendo assim, como questão geradora tem
-
se
: o que é corpo para você? Foi possível
extrair 13 Unidades de significados para essa pergunta, como demonstrado no
Q
uadro 1.
image/svg+xml
Andressa Karoline Santana TEIXEIRA
e
Hergos Ritor Fróes de COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2987
-
3008
, out./dez. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
2996
Quadro 1
–
Unidade de Significados
Questão geradora: o que é corpo para você?
Unidades de
significados
Alunos
Nº de
respostas
%
P0
1
P0
2
P0
3
P0
4
P0
5
P0
6
P0
7
P0
8
P0
9
01
-
É algo
divino
X
01
11,11
%
02
-
É minha
existência
X
X
02
22,22
%
03
-
Meu corpo
é sensível
X
X
02
22,22
%
04
-
Meu
corpo, é base
X
01
11,11
%
05
-
É tudo
X
01
11,11
%
06
-
O meu
corpo é
normal
X
X
X
X
04
44
,44%
07
-
É ter
cuidado, ter
bem
-
estar, se
amar
X
01
11,11
%
08
-
É
movimentaçã
o
, é locomoção
X
02
11,11
%
09
-
Corpo é
uma parte de
mim
X
01
11,11
%
10
-
Cada
pessoa tem um
corpo que é
diferente
X
01
11,11
%
11
-
É coisa
X
X
02
22,22
%
12
-
Conjunto
de vários
membros
X
01
11,11
%
13
-
É vida
X
01
11,11
%
Fonte: Elabora
d
o p
elos autores
,
com base nos dados obtidos na pesquisa de campo
(2021/2022)
Na Unidade de Significados (Quadro 1), destaca
-
se que o corpo “
É algo divino
”
;
o
participante P01 que relatou tal resposta, mencionou que a própria deficiência era algo
abençoado: “
O meu corpo é algo divino que Deus me deu. Meu corpo é o que Jesus me deu
com um dom, que é a doença, e eu enfrento várias barreiras com essa doença, tan
to na escola
como no trabalho
” (P01).
Ao ler tal afirmação é possível refletir sobre as concepções de corpo com deficiência
ligado
à
s questões divinas, entendido como um dom vindo de Deus. Percebe
-
se que tal visão
,
image/svg+xml
Educação, corporeidade e a pessoa com deficiência visual: Um diálogo necess
ário
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2987
-
3008
, out./dez. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
2997
ligada ao mundo sobrenatural,
era
muito presente na Idade
M
édia
,
na qual a deficiência era
julgada sagrada ou mesmo como castigo, um ato da ira divina por alguma ação considerada
pecaminosa do sujeito ou de seus pais,
e
ainda
se perpetua
nos dias atuais tanto como algo
positivo
quanto
nega
tivo.
Diante dessa realidade vivida no passado, o corpo deficiente sofreu:
Durante todo o período medieval, com a cultura voltada para os temas
religiosos, sob a inflexão do cristianismo dominante, essa concepção
prevaleceu. O corpo era tomado como lugar
de pecado e, portanto, quanto
menos ativo melhor. Algumas posturas teológicas diferenciavam
-
se um
pouco, mas apenas buscavam aproximar o corpo da realidade espiritual
(GALLO, 2006, p. 19
-
20).
A partir da reflexão do autor a respeito dos enfrentamentos viv
enciados pelo corpo
naquela época, percebe
-
se que os mesmos dilemas ocorrem atualmente, pois nota
-
se que o
discurso do entrevistado é confuso, sendo ao mesmo tempo um corpo agraciado como um dom
divino, mas na sequência descreve que este dom advém da doenç
a, a qual motiva o surgimento
de barreiras na escola e no trabalho.
Na segunda Unidad
e de Significados, dois
participantes afirmaram perceber o corpo
como
“É minha existência”
, essa compreensão se aproxima do discurso da corporeidade
,
em
que o corpo é visto como a manifestação da presença do ser humano no mundo, na perspectiva
de corpo sujeito.
Como afirma Merleau
-
Ponty (2018, p. 230)
,
“o corpo é a existência imobilizada ou
generalizada, e a existência uma encarnação perpétua”. Corrob
orando com tal enunciado,
Nóbrega (2010) destaca que o corpo é a condição de vida, da existência do ser e do próprio
conhecimento. Nas palavras dos alunos: “
[...] O meu corpo é minha existência [...]”
(P01)
;
p
ara
(P02),
“
nossa, para ess
a eu não tava
pronta.
...
bom, se não tivesse corpo eu não exis
tiria eu,
então...
”.
Diante das respostas, nota
-
se que o corpo para estes dois discentes não é concebido
como separado por partes, mero arcabouço ou morada, mas como sendo um todo corporal, que
é o próprio a
luno em suas manifestações no mundo. O que é enfatizado por Merleau
-
Ponty
(2018)
, que
aponta que a experiência do ser manifesta
-
se em um corpo próprio existencializado
nos modos de ser no mundo, em conta
to com o outro e
com
suas vivências
. Assim, destaca
-
s
e
um pensamento sobre o corpo como manifestação do que é vivido, em um ser se perceber
enquanto existência admitindo relações, percebendo a vida e o mundo.
A fala dos alunos aproxima
-
se do discurso da corporeidade, pois ela busca perceber
aqueles que se m
ostram. Nessa direção, a corporeidade exerce um olhar sobre os objetos em
image/svg+xml
Andressa Karoline Santana TEIXEIRA
e
Hergos Ritor Fróes de COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2987
-
3008
, out./dez. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
2998
uma perspectiva existencialista, pois “a existência é primeiramente corporal e que o corpo é a
medida de nossa experiência no mundo e, portanto, referência primeira do conhecimento”
(NÓBREGA, 2010, p. 15). Nessa mesma visão, Le Breton (2012) afirma que antes de qualquer
coisa, a existência se dá através do corpo. Portanto, é nessa perspectiva que a abordagem da
corporeidade, ancorada na fenomenologia
,
busca a descrição da experiência do ser humano em
um mundo sensível
,
discutindo a percepção do corpo como condição existencial.
No entanto, é interessante destacar que mesmo o P02 descrevendo corpo como
“existência”, também menciona ver como “uma coisa” q
ue ele faz uso constantemente. Nesse
sentido, percebe
-
se que também está presente em sua fala o discurso de corpo como algo que
se possui, como se fosse um objeto, aproximando
-
se da visão utilitária e mecanicista do corpo.
Dessa forma, nota
-
se que um mesmo
sujeito pode apresentar concepções que se aproximam ou
se distanciam da ideia do corpo na concepção da corporeidade.
Nesse mesmo cenário, ao se referir sobre as concepções de corpo, Merleau
-
Ponty (2018,
p. 269), aponta que “[...] portanto, o corpo não é
um objeto. Pela mesma razão, a consciência
que tenho dele não é um pensamento, quer dizer, não posso decompô
-
lo e recompô
-
lo para
formar dele uma ideia clara. Sua unidade é sempre implícita e confusa”. O corpo vai muito além
de uma simples compreensão, ele
é um mistério, difícil de ser descrito.
Percebe
-
se que tais apontamentos feitos pelo participante 02 possui uma certa
aproximação com o discurso apresentado pela corporeidade, pois como menciona Pereira
(2020)
,
a abordagem discute a experiência do ser em
se perceber, e por meio dessa percepção
,
redimensionar a forma de se
conhecer, assim, a maneira como o sujeito se encontra na
atualidade é uma condição provisória e inacabada, podendo sofrer mudanças a qualquer
momento. É possuir flexibilidade, se adaptand
o
à
s condições da vida.
Além do mais, como
menciona P02, pensar sobre o significado de corpo não é algo tão simples, raras vezes se é
instigado a refletir sobre ele. Na fala do referido entrevistado, também é possível perceber um
certo incômodo, certo estr
anhamento à princípio sobre a indagação, provavelmente por ser uma
temática pouco discutida.
Outro fato que merece destaque é que apesar de ambos os
participantes serem pessoas com deficiência visual, um com baixa visão e o outro com cegueira,
nota
-
se que
não foi possível fazer diferenciação da concepção de corpo pelo tipo de deficiência
visual, mas pelas experiências de mundo e pelas relações estabelecidas consigo mesmo e com
os outros, pois de fato entende
-
se que é isso que dá sentido as coisas e
a
os fenô
menos.
Entende
-
se que o ser humano está em constante desenvolvimento, então,
supõe
-
se
que
o discurso sobre determinado fenômeno também pode estar sendo moldado e construído ao
longo da vida. Levando em consideração que se trata de discente com deficiência
visual de
image/svg+xml
Educação, corporeidade e a pessoa com deficiência visual: Um diálogo necess
ário
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2987
-
3008
, out./dez. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
2999
ensino médio, imagina
-
se que o participante se encontra em processo de formação, inclusive de
reflexões a respeito de suas concepções sobre o próprio corpo.
Nessa mesma perspectiva
,
apresenta
-
se a
U
nidade
“Meu corpo é sensível”
,
que esteve
presente nas falas tanto do P01: “
Eu
diria que o meu corpo é sensível...
”, como
de P05, e
refletem o que pensam sobre o corpo:
“
Corpo
...
nunca parei para pensar
...
agora pegou...
olha
eu nunca...
tipo...
ahhhh.... [...]
Ele significa o sentir
...
”
(P05).
Percebe
-
se que as falas abordam
um corpo que é tido como sensível, inteligível, complexo, e ao mesmo tempo possuindo
inúmeros significados e singularidades, sendo até difícil de ser definido.
Como mencionado pelos partici
pantes
,
esse corpo sensível é um corpo que sente, que
experimenta inúmeras situações do dia a dia, que tem suas dificuldades, mas também
potencialidades. Um corpo que se mostra e se deixa conhecer. Um corpo que está aprendendo
cotidianamente, em uma intera
ção dinâmica com os objetos, o outro e o mundo, e que neste
paradoxo de ser corpo demonstra a beleza de ser humano.
É o que Nóbrega (2010) menciona
como corpo
-
próprio, corpo
-
vivido e sensível exemplar. E por ser corpo é que o sujeito se
comunica, se expres
sa, demonstra suas emoções, a partir da vivência de sua corporeidade. É
um corpo que está indubitavelmente entrelaçado ao meio em que está inserido e
,
também
,
que
estabelece trocas e compartilhamentos.
Além do mais, como afirmado por P01
,
o corpo também possui suas limitações e
necessidades que precisam ser consideradas, principalmente no ambiente escolar, “as pessoas
com deficiência visual possuem necessidades especificas em relação à interação e comunicação
com o meio. Precisam de proced
imentos diferenciados no processo ensino
-
aprendizagem,
materiais e recursos específicos para sua educação e inclusão” (MASINI, 2013, p. 94). Cabe
aos ambientes escolares proporcionarem vivências que possibilitem que cada corpo se
desenvolva de forma ativa.
C
ontribuindo com essa discussão
,
Correa, Moro e Valentini (2021)
,
destacam que
a
Tecnologia Assistiva (TA)
,
quando
acrescentada e devidamente
utilizada
no processo de ensino
aprendizagem
,
possibilita
romper barreiras sensoriais, motoras e cogni
tivas,
sendo auxiliadora
na inclusão de estudantes com deficiência.
Para tanto, a
escola deve proporcionar
um conjunto
de
instrumentos metodológicos que contribuam para o desenvolvimento pleno dos estudantes.
Na quarta Unidade de Significados
,
“
Meu corpo,
é base
”, pode
-
se contemplar a visão
de um corpo como sendo a essência do sujeito, a base que dá vida ao ser humano, logo, sem o
ser corpóreo não haveria o sujeito que se relaciona e expressa opiniões. Assim, ao ser indagado
sobre o que é corpo, P02 expõe q
ue: “
[...] é uma pergunta que eu nunca tinha parado para
pensar n
isso, mas o meu corpo, é base...
se não existisse meu corpo, não existiria eu [...]
”.
image/svg+xml
Andressa Karoline Santana TEIXEIRA
e
Hergos Ritor Fróes de COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2987
-
3008
, out./dez. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
3000
A partir do exposto, realiza
-
se uma aproximação com o que foi apresentado por
Merleau
-
Ponty (2018), em que o corpo é a unidade base, a essência primeira do sujeito no
mundo, e meio pelo qual é possível se manifestar, pois o ser não está diante de seu corpo
, mas
em seu corpo, sendo corpo. E a partir dessa comunicação consigo mesmo também é possível se
comunicar e compreender o mundo. Nesse sentido, retrata
-
se mais uma vez a importância de
discussões que debatam sobre o corpo, no sentido de fazer um retorno
à
s coisas mesmas, a
aquilo que é anterior ao conhecimento (MERLEAU
-
PONTY, 2018).
A Unidade de Significado meu corpo
“É vida”,
foi extraída do relato do P08, no qual
afirma: “
Bom, eu acho que significa um
a vida né, uma vida presente
”.
Percebe
-
se uma
aproxima
ção com o que foi abordado nas unidades anteriores, pois também apresentam uma
noção de corpo com significado mais amplo e filosófico, levando a refletir sobre o ser humano
que é complexo e uno, pois “o corpo é condição de vida, de existência, de conhecime
nto”
(NÓBREGA, 2010, p. 19).
O corpo não pode ser tratado como um artefato alojado no homem
que se apresenta como um obstáculo a ser carregado em sua existência, mas
,
ao contrário, deve
ser considerado como a condição humana no mundo no qual lhe desenha o
caminho e torna
hospitaleira sua acolhida (LE BRETON, 2016).
Na Unidade de Significado:
“É tudo”
, pode
-
se observar que P03 aproxima
-
se do que
foi mencionado pelos participantes citados anteriormente, que veem o corpo como sinônimo de
sua própria existência
, a totalidade do ser
. N
o entanto, dizer, “É tudo”, pode ser convergente
em relação
à
corporeidade, mas também divergente, pois tal afirmação engloba as diversas
concepções existentes sobre o corpo
.
L
ogo, não há como descrever com exatidão o que o
participante entende ser seu corpo.
Entende
-
se que o corpo carece ser mais tematizado e discutido, principalmente nas
unidades de ensino, e consequentemente, aponta
-
se a necessidade de estudos mais
aprofunda
dos instigando os alunos a refletirem sobre ser corpo e o valorizarem como produtor
de saberes. Pois assim será possível vivenciar uma educação que privilegie as experiências
humanas
e
que desafie professores e alunos a debruçarem um olhar sensível, crític
o e reflexivo
sobre si mesmo
s
, o outro e todo o seu entorno (COUTO; RIBEIRO; TEIXEIRA, 2021).
A Unidade de Significado que aborda que corpo “
É ter cuidado, ter bem
-
estar, se
amar”
tem um enfoque de corpo mais voltado para questões de saúde e estética. Segundo P04:
“
Então, o corpo assim, é ter cuidado, ter bem
-
estar com próprio corpo e consigo mesmo. Em
relação ao meu corpo, eu acho que é ter ele e saber cuidar dele. Eu acho que é s
aber se amar
independente do que seja, independente do seu corpo nunca desista de quem você é
” (P04).
image/svg+xml
Educação, corporeidade e a pessoa com deficiência visual: Um diálogo necess
ário
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2987
-
3008
, out./dez. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
3001
Nota
-
se que o discente relata que o corpo é algo que se possui, e no qual deve
-
se ter
hábitos que garantam que seja saudável, tendo uma relação de bem
-
est
ar consigo mesmo, se
amando independente das peculiaridades que o corpo tenha. Nesta fala, pode
-
se perceber que
mesmo o participante tendo deficiência visual, ele não se sente diminuído, com sentimento de
invalidez ou inferioridade.
A partir dessa reflexão
,
considera
-
se que a fala do entrevistado tem muito a ensinar, pois
como mencionado por ele, é necessário amar, aceitar, respeitar, ter autoconfiança em si mesmo,
para que a partir disso, possa ter a aceitação e respeito do próximo. Como afirma Santin (200
3,
p. 114)
,
“[...] é preciso aprender a escutar
-
se, ouvir a fala da corporeidade, atender aos sinais
do sentir”.
Embora, em alguns momentos, pareça que P04 veja o corpo como um objeto, percebe
m
-
se traços que vão ao encontro do que é o discurso da corporeidade, pois o entrevistado não se
prende
à
s questões biologistas, mas vai além, abordando questões ligadas ao relacionar
-
se
consigo mesmo e com o outro. Abordando a ideia de que a forma que o suj
eito enxerga seu
próprio corpo
,
influencia até mesmo a visão que o outro terá.
Assim, tal concepção de corpo reafirma o pensamento de Merleau
-
Ponty (2018),
considerando que o corpo não é objeto
,
sendo que a concepção que temos deste corpo não pode
ser comp
reendida como um pensamento. Para o autor, isso reflete não ser possível decompor
ou recompor o pensamento que se tem de corpo, pois, sua unidade estará a todo momento se
apresentando de forma implícita e confusa. Essa é a beleza da concepção de corpo, úni
co e
inseparável.
A
Unidade de Significado “
Corpo é uma parte de mim”
demonstra uma concepção de
que o ser humano vai além do corpo matéria, sendo o corpo uma parte da extensão do que é o
sujeito. Nas palavras do P06: “
Corpo é uma parte de mim, e sou... é,
satisfeita com ele
” (P06).
Baseado no discurso do entrevistado e nos escritos de Santos (2019)
,
compreende
-
se que o
corpo
,
ao ser entendido dessa maneira, não é visto como corpo objeto, mas como corpo sujeito,
abrangendo a perspectiva do sujeito em sua totalidade
,
transcendendo a esfera objetiva e
alcançando a complexidade e subjetividade do ser.
A oitava Unidade de Signific
ado
,
“É movimentação, é locomoção”
,
discute uma
concepção de corpo como expressão do ser humano, o meio pelo qual se movimenta e interage
no mundo. Para P07: “
Para mim o corpo do ser humano é movimentação é locomoção
”.
Partindo dessa reflexão, enfatiza
-
se
que a existência humana ocorre por intermédio da
intencionalidade dos movimentos, são eles que possibilitam a interação humana. Assim, a
corporeidade busca atribuir sentidos a esses movimentos e as relações corporais que são
image/svg+xml
Andressa Karoline Santana TEIXEIRA
e
Hergos Ritor Fróes de COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2987
-
3008
, out./dez. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
3002
estabelecidas a partir delas.
É um ser ativo, que está em constante movimento (MERLEAU
-
PONTY, 2018).
Assim, considera
-
se que “o corpo é vivo e significante e ao mover
-
se, o sujeito
humano cria e recria a história e a cultura” (NÓBREGA, 2019, p. 86). Logo, é por meio do
movimento do corpo que o ser humano se expressa e a partir de sua corporeidade se faz presente
no mundo.
Por outro lado, imagina
-
se que a resposta do participante também está relacionada
à
s visões de corpo como instrumento físico e biológico, pois também s
e percebe um caráter
utilitarista nessa unidade.
Compondo a Unidade de Significados
“O meu corpo é normal”
, nota
-
se um sentido
de afirmação dos participantes em tentar esclarecer que estes não se consideram “anormais” por
terem uma deficiência. Os relatos
indicam uma necessidade de autoafirmação, pois embora a
pergunta não esteja diretamente relacionada a essa resposta, os participantes buscaram
evidenciar tal afirmativa: “
Primeiro, acho que o corpo não é diferente por causa da deficiência
”
(P03); já P06 d
eclara:
“
Não considero que ele é diferente por ser deficiente visual
”.
E outro
participante declarou: “
Sinceramente eu não sei definir o corpo humano. Mas eu imagino que
é uma pessoa. O meu corpo é normal, natural na minha visão
” (P08)
.
Supõe
-
se
que tais respostas estão relacionadas
à
s experiências vivenciadas pelos alunos,
ligadas ao fato de terem que lidar por diversas vezes com o preconceito sobre seu corpo devido
a
terem uma certa limitação biológica. Contribuindo com este enunciado, ao tratar
do corpo
com algum tipo de deficiência Le Breton (2012) afirma que quanto mais visível é uma
deficiência, mais discriminação o sujeito sofrerá, pois a relação dessas pessoas é quase sempre
de ambivalência, ou seja, ao mesmo tempo que a sociedade afirma qu
e estes são seres normais
e que a deficiência não deve influenciar o valor social, eles ainda sofrem muito preconceito e
reprovação, prejudicando suas relações.
Neste sentido, há um entendimento de que a
diversidade dos corpos não deve ser motivo
de exclu
são, mas de interação, de possibilidade, quando o corpo sofre algum tipo de
constrangimento, pode sentir
-
se deslocado ou se tornar fechado para novas relações, e
consequentemente
,
para
novas experiências e
para novos
aprendizados. É preciso desvincular
-
se
de dogmas, estereótipos e padrões pré
-
estabelecidos que impeçam um fluir total das
expressões da corporeidade.
A
U
nidade “
Cada pessoa tem um corpo que é diferente”
aproxima
-
se da unidade
anterior. Expressando a concepção do P08, que compreende que cada ser
é uno, complexo,
conforme se nota em seu discurso
:
“
O meu corpo tem suas limitações, é um pouco difícil, mas
se compara com de outras pessoas. Pode
-
se dizer que cada pessoa tem um corpo que é
diferente
” (P08).
image/svg+xml
Educação, corporeidade e a pessoa com deficiência visual: Um diálogo necess
ário
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2987
-
3008
, out./dez. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
3003
No relato constata
-
se que o participante é ciente
de
que mesmo com todas as limitações
e dificuldades que enfrenta ele não possui um corpo “anormal”, mas um corpo diferente, assim
como todos os outros, pois cada um se constitui de forma distinta. Concorda
-
se com as palavras
do P08, pois entende
-
se que o corpo pode manifestar
-
se de diferentes formas e sob múltiplas
linguagens, tanto social, cultural e histórica.
Tal afirmação do discente vai ao encontro do que
enfatiza a corporeidade, pois como afirma Nóbreg
a (2010, p. 21)
,
“a corporeidade convive com
os diversos corpos existencializados”. Nesse sentido, cada corpo possui suas características,
qualidades, limitações e potencialidades que devem ser consideradas em todos os ambientes,
principalmente no escolar,
local privilegiado de construção de saberes.
A partir da
U
nidade apresentada
“É coisa”
, nota
-
se um significado de corpo que é
divergente d
a corporeidade. Nos discursos de
P02,
“
meu cor
po para mim é uma coisa que
eu
uso muito sabe, tipo o tempo todo
”,
enquanto P05 diz
:
“
o corpo para mim, eu acho que é coisa
de se locomover, tipo assim, para andar, para fazer coisas, pensar e aprender coisas que não
sei
”.
Nota
-
se
que
no discurso do P02, “coisa” está ligado mais ao discurso de algo mecânico e
utilitário.
Enquanto
,
para P05
,
o discurso já se aproxima do sentido de corpo como ligado ao
movimento, algo intencional.
Essa visão de corpo está presente no ambiente escolar
.
A
tualmente, profissionais da educação tratam os corpos dos alunos como objeto a ser
manipul
ado ou melhorado, muitas vezes
,
refletindo na concepção que os discentes terão de seu
próprio corpo. Esse cenário é preocupante, pois em pleno século XXI
,
com os inúmeros avanços
na área educacional, são poucos os movimentos dentro deste ambiente que instigam o aluno a
refletir sobre seu corpo como seres autônomos, e a sentir
-
se corporeidade (COUTO; RIBEIRO;
TEIXEIRA, 2021).
Contrário ao corpo como coisa, a
corporeidade perspectiva o corpo que “é presença e
existência na relação com o mundo, respeitando o espaço, o tempo e seu modo singular de
viver” (PORTO, 2005, p. 105). Assim, vislumbrar esse corpo por esse entendimento é
distanciar
-
se de uma compreensão
de corpo coisificado e
aproximar
-
se de
corpo que reflete o
ser humano na sua totalidade, ao mesmo tempo biológic
o, social, cultural
, político e econômico.
Outro relato apontou o corpo como
“Conjunto de vários membros”
,
uma
U
nidade de
significados em que se
nota uma visão de corpo orgânico, que mais se aproxima das concepções
biologistas e maquínica
s
do corpo, como algo fragmentado, separados em partes, estando ligado
mais
à
s questões orgânicas.
Baseado nos escritos de Nóbrega (2010), entende
-
se que não se
d
eve considerar o corpo como um inventário de partes ou como casa para o espírito, mas como
o próprio ser humano, com suas experiências, sensibilidade e reflexibilidade, em sua relação
com o mundo e o outrem.
image/svg+xml
Andressa Karoline Santana TEIXEIRA
e
Hergos Ritor Fróes de COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2987
-
3008
, out./dez. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
3004
Considerações finais: reflexões daqueles que “v
eem” sobre a concepção de corpo dos que
não “veem” com os olhos
Como delineado no decorrer deste estudo, a corporeidade vai muito além do que um
conceito propriamente dito, trata
-
se de um ato de envolvimento íntimo consigo mesmo, com o
outro e com o
mundo, é um entrelaçamento com a vida. Um modo de ser e estar, um caminhar
em direção ao melhor que se pode ser enquanto pessoa, na busca constante por fazer do mundo
um lugar melhor. Entender a abordagem da corporeidade é algo complexo, porém possível de
ser compreendida e disseminada nos ambientes educacionais formais e não formais. Percebe
-
se que as escolas estão saturadas de práticas que insistem em dominar
e silenciar
as
manifestações corporais,
sendo imprescindível um discurso
que rompa com essas perc
epções.
Neste sentido, a
o buscar a visão de corpo das pessoas com deficiência visual
,
almejava
-
se dar vez e voz aos corpos que continuamente são silenciados pela sociedade, além de ser um
anseio entender melhor os diferentes corpos presentes no ambiente es
colar.
Considera
-
se que
estes corpos não são excepcionais por terem uma deficiência, mas por serem seres únicos,
complexos, cheios de subjetividade e que possuem experiências diferenciadas. Evidentemente
que não possuir um dos sentidos remanentes lhe traze
m vivências que um vidente não terá, mas
como afirmado pelos alunos entrevistados
,
isso não os torna corpos diferentes dos demais,
exclusivamente por essa característica.
De acordo com os dados apresentados, os alunos com
deficiência visual, em sua maioria
,
descrevem o corpo como sendo o próprio ser, em suas
expressões e existência. Logo, estes discursos convergiram com os pressupostos apresentados
pela abordagem da corporeidade
,
em que o corpo é a manifestação do sujeito, sendo a única
maneira de ser e estar no mundo.
Faz
-
se necessário
, a partir do que enunciam os participantes
,
valorizar a relação e o
cuidado consigo mesmo, com o outro e com o entorno
. É
preciso conviver com qualidade com
todos aqueles que se encontram na vida, possibilitando um mundo melhor e mais prazeroso
para se estar e viver.
Cada discurso está carregado de
sentidos e mais sentidos, estando presente
um pouco de cada ser, de sua trajetória, alegrias, ang
ú
stias e aprendizados
que são constitutivas
das singularidades destes discentes
.
E
sses sujeitos trazem experiências e marcas negativas
imprimidas em seus corp
os que são frutos do preconceito e discriminação, e isso não pode ser
negligenciado por
nossas instituições de ensino. Ao contrário,
precisa
-
se cumprir o que
é
previsto nas Leis
, oportunizando com qualidade
distintas
experiências
positivas
.
O corpo da pessoa com deficiência visual que não possui os padrões ditados pela
sociedade não pode ser tratado com preconceito e exclusão, mas sim como um corpo que possui
seus desafios, mas que é rico de sensibilidade e inteligibilidade.
image/svg+xml
Educação, corporeidade e a pessoa com deficiência visual: Um diálogo necess
ário
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2987
-
3008
, out./dez. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
3005
Reafirma
-
se que
os direitos que estes possue
m
são
garantidos por Lei
, como os
instituídos pelas
políticas e leis de inclusão (BRASIL, 2008
,
2015), a Constituição brasileira
(BRASIL, 1988), a Lei de Diretrizes da Educação, LDB nº
.
9.394/1996 (BRASIL, 1996),
visto
que estes
devem ser frequentemente reconhecidos e respeitados para que possam exercer de
forma plena sua cidadania.
Aprofundar
-
se na concepção de corpo desses sujeitos é compreender que
,
mesmo não
dispondo do sentido da visão
,
eles possuem todos os outro
s sentidos
que lhes possibilitam ir
além das coisas vistas
,
permitindo se relacionarem consigo mesmo, com os outros e seu entorno
a partir de sua corporeidade vivida.
Assim, baseado nos teóricos e nos relatos dos sujeitos
participantes da pesquisa
,
compreende
-
se que a corporeidade se apresenta como mecanismo de
superação das visões mecanicistas e reducionistas de corpo, criticando e ressignificando essas
concepções que estão impregnadas na sociedade
,
que
,
por vezes, aprisionam e silenciam o ser.
De
sta maneira, a
abordagem da corporeidade
aqui apresentada neste artigo,
busca
instigar o ser humano em seu desenvolvimento pleno, concebendo o corpo em sua
subjetividade, plenitude e autonomia. Pois, ao se perceber como ser corpóreo, o sujeito passa a
ser
o gestor de sua própria história, vivendo com harmonia com todas as suas facetas. Logo,
quando “tomamos em nossas mãos o nosso destino, tornamo
-
nos responsáveis, pela reflexão,
por nossa história [...]” (MERLEAU
-
PONTY, 2018, p. 19).
Considerando tais fator
es, é preciso pensar a educação criticamente, transformando
-
a
em um verdadeiro espaço de aprendizagem que privilegie os diversos saberes e experiências
corporais, de maneira que ultrapasse os limites da escola com intuito de formar cidadãos e
cidadãs para
a vida, tornando
-
os sujeitos críticos e atuantes em sua realidade. Os seres humanos
necessitam de olhares atenciosos sobre suas
singularidades
constitutivas
, de forma que sejam
respeitados em suas diferenças, tendo a oportunidade de se desenvolverem plenam
ente
nas/
pelas interações
sociais
, na sua relação com o outro
.
AGRADECIMENTOS
:
À
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
–
CAPES
image/svg+xml
Andressa Karoline Santana TEIXEIRA
e
Hergos Ritor Fróes de COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2987
-
3008
, out./dez. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
3006
REFERÊNCIAS
AMIRALIAN, M. L. T. M.
Compreendendo o cego:
Uma visão psicanalítica da cegueira por
meio de desenhos
-
estórias.
São Paulo:
Casa
do psicólogo, 1997.
BARDIN, L.
Análise de conteúdo
. Lisboa
: Edições 70,
1977.
BRASIL.
Política nacional de educação especial na perspectiva da educação inclusiva
.
Brasília,
DF:
MEC,
2008. http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf.
Acesso em: 17 fev. 2022.
BRASIL.
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988
. Brasília, DF:
Assembleia Nacional, 1988. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/cc
ivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 17 fev.
2022.
BRASIL.
Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996
. Estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional. Brasília, DF: Presidência da República, 1996. Disponível em:
https://www.planalto.gov.b
r/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 10 jan. 2022.
CORREA, Y.; MORO, T. B.; VALENTINI, C. B. Tecnologia assistiva na educação inclusiva.
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação
, Araraquara, v. 16, n. esp. 4, p. 2963
-
2970, dez. 2021. e
-
ISSN: 1982
-
5587. Disponível em:
https://periodicos.fclar.unesp.br/iberoamericana/article/view/16060
. Acesso em:
10 set. 2022.
COUTO, H. R. F
.
; RIBEIRO, F
.
; TEIXEIRA, A. K. S
.
Corpo, corporeidade e
educação:
Reflexões no âmbito acadêmico da Amazônia
In:
COLARES, M. L. I. S.; CALIXTO, H. R.
S. (org.).
Curso de Pedagogia:
Leituras formativas. Santarém, PA: Rosivan Diagramação &
Artes Gráficas, 2021.
GALLO, S. Corpo ativo e a filosofia.
In
: MOREIRA, W
. W. (org).
Século XXI:
A era do
corpo ativo. Campinas
, SP
: Papirus, 2006
.
GIORGI, A.
A psicologia como ciência humana
:
Uma
abordagem de base fenomenológica.
Belo Horizonte: Interlivros, 1978.
LE BRETON, D.
A sociologia do corpo
. 6. ed. Rio de
Janeiro: Vozes, 2012.
LE BRETON, D.
Antropologia dos sentidos
. Rio de Janeiro: Vozes, 2016.
LOZANO, D.; PRADO, I. T.; JUNGO, B. G. A inclusão sob a ótica do censo da educação
básica: Uma análise dialética com as leis.
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em
Educação,
Araraquara, v. 17, n. esp. 1, p. 0825
-
0843, mar. 2022. e
-
ISSN: 1982
-
5587.
Disponív
el em:
https://periodicos.fclar.unesp.br/iberoamericana/article/view/15855
. Acesso
em: 10 out. 2022.
MARTINS, B. A.; CHACON, M. C. M. Estar presente é estar incluído? Análise de situações
em que a inclusão escolar não acontece.
Revista
Ibero
-
Americana de Estudos em
Educação,
Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1339
-
1355, jun. 2022. Disponível em:
https://periodicos.fclar.unesp.br/iberoamericana/article/view/17001
. Acesso em:
10 set
.
2022.
image/svg+xml
Educação, corporeidade e a pessoa com deficiência visual: Um diálogo necess
ário
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2987
-
3008
, out./dez. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
3007
MARTINS, J.
;
BICUDO, M. A. V.
A pesquisa qualitativ
a em psicologia
:
Fundamentos
e
recursos básicos. São Paulo: PUC
-
SP, 1989.
MASINI, E. F. S.
O perceber de quem está na escola sem dispor da visão
. São Paulo:
Cortez, 2013.
MERLEAU
-
PONTY, M.
Fenomenologia da Percepção
. 5. ed. Tradução
:
Carlos Alberto
Ribei
ro de Moura. São Paulo: Martins Fontes, 2018.
MOREIRA, W. W. Corpo presente num olhar panorâmico.
In:
MOREIRA, W. W. (org.).
Corpo presente, corpo pressente
.
Campinas
, SP
: Papirus
,
1995.
MOREIRA, W. W.
et al.
Corporeidade aprendente: A
complexidade do aprender viver
.
In:
MOREIRA, W. W. (org.)
.
Século XXI:
A era do corpo ativo
.
Campinas
, SP
: Papirus, 2006.
MOREIRA, W. W.; SIMÕES, R. Educação física, esporte e corporeidade: Associação
indispensável.
In:
MOREIRA, W. W
.
; PICCOLO, V. L. N. (
org
.
).
Educação física e esporte
no século XXI
.
Campinas, SP: Papirus, 2016.
MOREIRA, W. W.; SIMÕES, R.; PORTO, E. Análise de conteúdo: Técnica de elaboração e
análise de unidades de significado.
R. bras. Ci e Mov
.
,
v. 13, n. 4, p.
107
-
114, 2005.
Disponív
el em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil
-
524584. Acesso em: 28 ago.
2021.
MOTA, M. G. B.
A comunicação e a relação interpessoal com o aluno deficiente visual.
Brasília
, DF
: Secretaria de Educação Especial
;
MEC, 2003.
NISTA
-
PICCOLO, V. L.
et al.
As inteligências expressas na corporeidade vivida no cotidiano
escolar.
Revista educação e cultura contemporânea
, Rio de Janeiro, v. 16, n. 44, p. 369
-
393, 2019. Disponível em:
http://revistaadmmade.estacio.br/index.php/reeduc/a
rticle/viewArticle/3459. Acesso em: 07
jun. 2022.
NÓBREGA, T. P. A atitude fenomenológica: o corpo sujeito.
In:
NÓBREGA, T. P.;
CARMINHA, I. O. (org.).
Merleau
-
Ponty e a Educação Física
. São Paulo: Liber Ars, 2019.
NÓBREGA, T. P.
Uma
fenomenologia do corpo
.
São Paulo: Livraria da Física, 2010.
PEREIRA, A. H. M.
É Gol, que felicidade?
Educação, futebol profissional e Corporeidade
na Amazônia.
2020. Dissertação (Mestrado em Educação)
–
Universidade Federal do Oeste
do Pará, Santarém, 20
20. Disponível em:
https://repositorio.ufopa.edu.br/jspui/handle/123456789/494. Acesso em: 15 out. 2021.
PORTO, E. T. R.
A corporeidade do cego:
Novos olhares.
2002. Tese (Doutorado em
Educação Física)
–
Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2002.
PORTO, E. T. R.
A corporeidade do cego:
Novos olhares. São
Paulo: UNIMEP, 2005.
RODRIGUES, M.; BERNARDINO, J. L. F.; MOREIRA, M. V. Barreiras atitudinais: A
exclusão que limita a acessibilidade de pessoas com deficiência.
Revista Ibero
-
Americana
image/svg+xml
Andressa Karoline Santana TEIXEIRA
e
Hergos Ritor Fróes de COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2987
-
3008
, out./dez. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
3008
de Estud
os em Educação
, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1311
-
1326, abr./jun. 2022. Disponível
em:
https://periodicos.fclar.unesp.br/iberoamericana/article/view/15058
. Acesso em:
10 set.
2022.
SÁ, E. D. Atendimento educacional especializado para alunos cegos e com bai
xa visão.
In:
MANTOAN, M. T. E. (org
.).
O desafio das diferenças nas escolas
.
Petrópolis
, RJ
: Vozes,
2011.
SANTIN, S.
Educação física:
Uma
abordagem fenomenológica da corporeidade. 2. ed. Ijuí:
Ed
. Unijuí, 2003.
SANTOS, L. A. M..
Diálogos entre o pensamento de Merleau
-
Ponty e o campo educacional:
reflexões sobre a corporeidade nas aulas de Educação Física escolar.
In:
Merleau
-
ponty e a
Educação Física
. Orgs: Terezinha Petrúcia de Nóbrega e Iraquitan de Oliveira Caminha.
–
São Paulo
: Liber Arts, 2019. 208p.
Como referenciar este artigo
TEIXEIRA, A. K. S.; COUTO
, H. R. F.
Educação, corporeidade e a pessoa com deficiência
visual: Um diálogo necessário
.
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2987
-
3008
, out./dez. 2022. e
-
ISSN: 1982
-
5587. DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
Submetido em
: 11/
12
/202
1
Revisões requeridas em
: 24/
03
/2022
Aprovado em
: 19/1
0
/2022
Publicado em
: 30/
12
/2022
Processamento e editoração: Editora Ibero
-
Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
image/svg+xml
Educación, corporeidad y persona con discapacidad visual: Un diálogo necesario
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2990
-
3012
,
oct./dic.
2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
2990
ED
UCACIÓN, CORPOREIDAD Y PERSONA CON DISCAPACIDAD VISUAL: UN
DIÁLOGO NECESARIO
EDUCAÇÃO, CORPOREIDADE E A PESSOA COM DEFICIÊNCIA VISUAL: UM
DIÁLOGO NECESSÁRIO
EDUCATION, CORPOREALITY AND THE VISUALLY IMPAIRED PERSON: A
NECESSARY
DIALOGUE
Andressa Karoline Santana TEIXEIRA
1
Hergos Ritor Fróes de COUTO
2
RESUMEN
: El cuerpo trae consigo distintos lenguajes y significados, a través de los cuales se
establecen relaciones en las que se involucran otras personas, otros seres,
cosas que están en el
entorno, el mundo. Por lo tanto, el estudio tiene como objetivo comprender las concepciones
corporales de estudiantes con discapacidad visual de escuelas públicas de Santarém
-
PA, a la
luz del enfoque de la corporeidad. Optamos por una
investigación cualitativa descriptiva. La
estructura teórico
-
metodológica se fundamenta en los presupuestos del fenómeno de la
corporeidad. Se utilizó un cuestionario para caracterizar al participante y una entrevista
semiestructurada. Los datos fueron an
alizados utilizando la Elaboración y Análisis de Unidades
de Significado. Los resultados de la investigación permitieron comprender que las personas con
discapacidad visual tienen concepciones del cuerpo que tienen diferentes sentidos y
significados, movié
ndose entre conceptos biológicos y mecánicos, pero también acercándose
al enfoque de la corporeidad, que considera el cuerpo como existencia y experiencia de estar en
el mundo.
PALABRAS CLAVE
:
Educación. Cuerpo. Corporeidad. Discapacidad visual.
RESUMO
: O corpo traz em si diferentes linguagens e significados, por meio dele se
estabelecem relações nas quais estão envolvidas outras pessoas,
outros seres, as coisas que se
encontram no entorno, o mundo
. Diante disso, o estudo tem como objetivo compree
nder as
concepções de corpo de alunos com deficiência visual de escolas públicas de Santarém
-
PA, à
luz da abordagem da corporeidade. Optou
-
se pela pesquisa descritiva de cunho qualitativo. A
estrutura teórico/metodológica baseia
-
se nos pressupostos do fenô
meno da corporeidade.
Utilizou
-
se questionário de caracterização do participante e entrevista semiestruturada. Os
dados foram analisados a partir da Elaboração e Análise de Unidades de Signif
icado. Os
resultados
possibilitaram compreender que as pessoas c
o
m deficiência visual
possuem
concepções de corpo que apresentam diferentes sentidos e significados, transitando entre
conceitos biologistas e mecânicos, mas também que se aproximam da abordagem da
corporeidade, que considera o corpo como a existência e exp
eriência do ser no mundo.
PALAVRAS
-
CHAVE
: Educação. Corpo. Corporeidade.
Deficiência visual.
1
Universidad Federal del Oeste de Pará
(UFOPA), Santa
rém
–
PA
–
Brasil.
Maestría en Educación
.
ORCID:
https://orcid.org/0000
-
0002
-
7487
-
5745
.
E
-
mail: andressakaroline909@gmail.com
2
Universidad Federal del Oeste de Pará
(UFOPA), Santarém
–
PA
–
Brasil.
Docente. Doctorado en Educación
(UNINOVE).
ORCID: https:/
/orcid.org/0000
-
0003
-
2058
-
4341
.
E
-
mail: hergos@hotmail.com
image/svg+xml
Andressa Karoline Santana TEIXEIRA
y
Hergos Ritor
Fróes de COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2990
-
3012
,
o
ct./
d
ic
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
2991
ABSTRACT
:
The body brings with it different languages and meanings, through which
relationships are established in which other people, other beings, things that are in the
surroundings, the world are involved.
Therefore, the study aims to understand the body
conceptions of students with visual impairment from public schools in Santarém
-
PA, in the light
of the corporeality approach. We opted for a descriptive qualitative research. The
theoretical/methodological s
tructure is based on the assumptions of the phenomenon of
corporeality. A questionnaire to characterize the participant and a semi
-
structured interview
were used.
Data were analyzed using the Elaboration and Analysis of Units of Meaning. The
research resul
ts made it possible to understand that people with visual impairments have
conceptions of the body that have different senses and meanings, moving between biological
and mechanical concepts, but also approaching the approach of corporeality, which consider
s
the body as existence and experience of being in the world.
KEYWORDS
: Education. Body. Corporeality. Visual impairment.
Introducción
El fenómeno de la corporeidad ha provocado reflexiones sobre la comprensión del
cuerpo, así, la
corporeidad contribuye al avance a la comprensión del ser humano en su
totalidad, en las relaciones que establece consigo mismo, con el otro y con el mundo. Vale la
pena mencionar que "la corporeidad es considerada como un campo de experiencia y reflexión,
a partir del cual se despliegan posibilidades epistemológicas, éticas, estéticas, sociales e
históricas" (
NÓBREGA, 2010, p. 35
,
nuestra traducción
).
Visto desde esta perspectiva, pensar desde la perspectiva de la corporeidad es considerar
un cuerpo sujeto
, activo, que se opone a la visión de dualidad entre cuerpo y alma, viéndolos
como inseparables. Por lo tanto, "comprender el cuerpo en el escenario contemporáneo es una
tarea que implica paradoja" (
NÓBREGA, 2010, p. 36
,
nuestra traducción
).
Durante mucho
tiempo, la concepción de que el cuerpo era algo que se poseía como si
fuera un objeto o simplemente una morada del espíritu, algo pecaminoso, que tiende a declinar,
a veces teniendo un carácter maquínico o producto de consumo: esta comprensión se acentuó
c
on la llegada de la visión capitalista de mercado (
GALLO, 2006).
Así, históricamente el cuerpo ha sido despreciado, violado, marginado, como sinónimo
de impureza e imperfección, visto como una amenaza a los poderes establecidos en la sociedad.
Privilegiar
el cuerpo en sus múltiples conocimientos es que la corporeidad busca conducir a una
reflexión crítica sobre las concepciones del cuerpo impregnadas en la sociedad, presentándose
como una alternativa para superar visiones cartesianas, empíricas y de marketi
ng sobre el
cuerpo.
image/svg+xml
Educación, corporeidad y persona con discapacidad visual: Un diálogo necesario
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2990
-
3012
,
oct./dic.
2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
2992
Para entender la corporeidad no existen fórmulas sagradas, sino la búsqueda de un
discurso que no detenga solo una simple conceptualización
,
siendo necesario un
posicionamiento sobre una concepción corporal más amplia, además de la
visión reduccionista
en la lectura de las realidades humanas, concibiendo la esencia como existencial, porque es una
característica individual de todos los cuerpos,
no se puede representar ni codificar (
MOREIRA,
1995).
Así, "es la realidad del cuerpo la qu
e nos permite soñar, desear, pensar, narrar, conocer,
elegir" (
NÓBREGA, 2010, p. 11
,
nuestra traducción
).
A partir de esta idea, la experiencia vivida es la que nos hace comprender el mundo en
el que nos movemos, como expresa Merleau
-
Ponty
:
"el mundo no es
lo que pienso, sino lo que
vivo, estoy abierto al mundo, me comunico indudablemente con él, pero no lo poseo, es
inagotable" (
MERLEAU
-
PONTY, 2018, p. 14
,
nuestra traducción
).
En este sentido, es
necesario abordar el concepto de cuerpo activo como una comp
rensión de una corporeidad
vivida que tiene la premisa de aprender a ver la vida lanzando miradas sobre los objetos para
habitarlos y comprenderlos en sus diferentes aspectos (
MOREIRA
et al.
, 2006).
Moreira
et al.
(2006) introducen diálogos
importantes promoviendo las relaciones de un
cuerpo activo con la educación
,
enfatizando que es necesaria una práctica educativa que
considere el aprendizaje del individuo originado no solo de su capacidad inteligible, sino de
todo su cuerpo en sus diversa
s interacciones y complejidad. A partir de esta premisa, "valorar
la corporeidad es mirar a quien aprende, reconociendo sus múltiples potencialidades,
estimulándola a través de situaciones problemáticas asociadas a experiencias cotidianas,
favoreciendo nue
vos aprendizajes" (NISTA
-
PICCOLO
et al.
,
2019, p. 388). Esta mirada atenta
al cuerpo y sus diversas formas de expresión puede resignificar las formas de enseñar,
instigando un aprendizaje más significativo y coherente con cada realidad experimentada.
Se en
fatiza que cada cuerpo tiene en sí mismo una estesia que es particular según sus
experiencias. La corporeidad entendida en su totalidad existencial sostiene una "ambigüedad
del ser humano como intencionalidad, como conciencia y cuerpo, revelando su unidad
de lo
sensible, lo corporal, la experiencia vivida de estar en el mundo" (
MOREIRA
et al.
, 2006, p.
141
,
nuestra traducción
).
En este sentido, para Moreira y Simões (2016, p. 136
,
nuestra traducción
), "en la
corporeidad, la existencia y la expresión del pensamiento están significativamente entrelazadas,
la primera siendo revelada por el cuerpo y la segunda por la palabra". Por lo tanto, la
corporeidad se ocupa del conocimiento que emerge del cuerpo v
ivido, superando las
concepciones dualistas, siendo como llama a
N
óbrega (2010), la esencia y la existencia frente
a un mismo fenómeno. La corporeidad busca ser y tener un discurso atractivo que pretende ir
image/svg+xml
Andressa Karoline Santana TEIXEIRA
y
Hergos Ritor
Fróes de COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2990
-
3012
,
o
ct./
d
ic
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
2993
más allá de la comprensión del ser humano en su e
structura biológica, porque se preocupa por
proporcionar nuevas formas de organizar el conocimiento, como la convivencia ética y social
(
NÓBREGA, 2010).
La corporeidad está atenta a la realidad vivida por cada sujeto con las percepciones que
tiene
del mun
do y las acciones establecidas, porque a través de las experiencias de la vida
cotidiana cada ser humano es uno, dotado de sensibilidad e inteligibilidad.
El cuerpo ya no se
concibe sólo como una dimensión biológica, y tiene una dimensión existencial.
El c
uerpo es
lenguaje y tiene varias formas de manifestarse, de esta manera,
“[...]
mirar la corporeidad del
sujeto es buscar expresión, es buscar deseo, porque la mirada conoce el significado y siente
saber" (MOREIRA, 1995, p. 19
,
nuestra traducción
). Por lo
tanto, es necesario ejercer el arte
de pensar críticamente el cuerpo, llevando a los estudiantes a ser sujetos conscientes y sensibles,
contribuyendo a la formación de cuerpos cada vez más humanos.
Por lo tanto, el estudio tiene como objetivo comprender la
s concepciones corporales de
los estudiantes con discapacidad visual de las escuelas públicas de Santarém
-
PA, a la luz del
enfoque de corporeidad. Se optó por la investigación descriptiva de carácter cualitativo. La
estructura teórico
-
metodológica se basa
en los supuestos del fenómeno de la corporeidad,
utilizando un cuestionario de caracterización de los participantes y una entrevista
semiestructurada.
Ser un cuerpo con discapacidad visual: enfoques de la corporeidad
La visión es considerada uno de los recursos de comunicación más importantes y uno
de los principales accesos para establecer relaciones, con el otro y el mundo. En este sentido,
buscamos discutir las habilidades y limitaciones de las personas con discapac
idad visual y su
relación con la corporeidad.
Para comprender a la persona con discapacidad visual, es esencial que los profesionales
tengan la sensibilidad para tratar de comprenderla en su totalidad, partiendo de cualquier
prejuicio o concepto estructur
ado y predeterminado que influya en las actitudes hacia ella.
Entonces, más relevante que centrarse en las diferencias entre la persona con discapacidad
visual y la persona vidente es centrarse en las similitudes, y a partir de eso, recurrir a las
caracter
ísticas de cada uno (AMIRALIAN, 1997).
Es esencial que se consideren las necesidades, por ejemplo, aquellos que viven con
ciegos deben entender que la imposibilidad de que no lean las expresiones fisonómicas y los
image/svg+xml
Educación, corporeidad y persona con discapacidad visual: Un diálogo necesario
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2990
-
3012
,
oct./dic.
2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
2994
gestos de las personas hace que necesiten
estar informados sobre los sentimientos y emociones
del otro para tener un intercambio significativo (MOTA, 2003).
A partir de estos supuestos, se considera que un niño al nacer con discapacidad visual o
que la adquiere en los primeros años de vida tiene
su forma de contacto con el mundo y su
entorno distinta de
aquellos que
tienen visión.
É "[...] a través de sus movimientos e
interacciones con lo que rodea al niño con discapacidad visual desarrolla su capacidad de
percibir, contactar, organizar y compren
der el mundo donde se encuentra" (MASINI, 2013, p.
19
,
nuestra traducción
), esto se hace evidente en situaciones cotidianas, como la orientación y
movilidad de las personas con esta discapacidad.
Se debe considerar que la persona con
discapacidad visual (PcDV) también experimenta el mundo que tiene como sentido
predominante de los seres humanos la visión y sus representaciones. Sin embargo, hay que
considerar que, aunque es el significado predominante, este no es el único, ni juega un
papel
más importante que el resto. Por lo tanto, este sujeto tiene todos los demás significados,
involucrando todos sus dominios: el social, el afectivo y el cognitivo, evolucionando de acuerdo
con las oportunidades que se le ofrecen y están a su alcance.
Las percepciones de cada sujeto se construyen en la vida cotidiana, a partir de las
acciones y exploración de lo que le rodea, por lo que a través de estas interacciones es que el
ser humano percibe, diferencia y entiende el mundo (MASINI, 2013). Desde est
a perspectiva,
este estudio busca considerar la experiencia corporal que es propia de cada sujeto.
Es pertinente destacar que no se pueden generalizar las características positivas o
negativas de una persona con discapacidad visual, porque cada una tiene s
u propia
individualidad, aunque tengan en común la discapacidad. Desde esta perspectiva, se sabe que
las formas de ser son propias de cada sujeto. No se puede limitar y etiquetarlos impidiéndoles
construir las percepciones de la realidad que experimentan.
Es necesario habilitar diferentes
oportunidades, valorización, solidaridad y, principalmente, respeto. La piedad y el cuidado
excesivo de ninguna manera ayudan a estos seres que tienen limitaciones, pero que también
están dotados de habilidades (MOTA, 2003
).
Por lo tanto, para hablar del cuerpo con discapacidad visual, basemos los escritos de
Merleau
-
Ponty (2018), porque este filósofo enfatiza que el ser humano tiene en el cuerpo su
fuente de significados en la que ocurre la experiencia con el otro, consigo
mismo y con el
mundo. Para el autor no hay forma de establecer ninguna relación sin el cuerpo, él es el creador
de significados y cada sujeto tiene una individualidad
,
ya sea por razones de personalidad o
naturaleza biológica, porque es a través de su con
dición corporal que el ser humano actúa en el
mundo.
image/svg+xml
Andressa Karoline Santana TEIXEIRA
y
Hergos Ritor
Fróes de COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2990
-
3012
,
o
ct./
d
ic
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
2995
Hablar de la ausencia, recuperación o pérdida de cualquier significado implica un
proceso
complejo,
que requiere miradas cautelosas, porque se trata de discutir cómo una persona
percibe y
construye su propio mundo. Es esencial ofrecer condiciones de desarrollo y educación
más allá de los aspectos racionalistas e instrumentales, considerando las experiencias de cada
cuerpo en diferentes momentos y situaciones. Es necesario entenderlo en su t
otalidad
existencial: cómo se expresa, se comunica, cómo piensa y cómo se siente (MASINI, 2013).
El autor también afirma
que
para Merleau
-
Ponty (2018), al considerar al sujeto y sus
experiencias perceptivas
, se
debe evaluar que se trata de una relación dinámica del cuerpo y el
mundo, y no solo asociaciones de los órganos de los sentidos, porque el conocimiento se
manifiesta en el conocimiento latente que ocurre en el cuerpo mismo (MASINI, 2013). El sujeto
es conc
ebido como un cuerpo en el mundo que se manifiesta de varias maneras. En este sentido,
las personas con discapacidad visual necesitan más contacto físico, habla, cuidados adicionales
y diferentes formas de mediación para que puedan conocer, reconocer y atr
ibuir significados a
las cosas, valorando el comportamiento exploratorio, la estimulación de los significados
restantes y la participación activa en la sociedad (SÁ, 2011).
En cuanto a los conceptos erróneos sobre el cuerpo con discapacidad visual, Mota
(2
003) menciona que no ver con los ojos no significa no escuchar. Un error recurrente es tratar
a los PcDV como si fueran sordos o incluso que no pudieran comunicarse claramente. Otra
visión errónea es el hecho de que muchos creen que tienen un "sexto
sentid
o",
pero lo que
sucede es que desarrollan sus recursos latentes con mayor precisión.
En este sentido, al realizar una investigación sobre las dificultades que enfrentan las
personas con discapacidad, Rodrigues, Bernardino y Moreira (2022, p. 13
,
nuestra tr
aducción
),
concluyeron
,
con base en los informes de los participantes, que:
[...] Es muy doloroso percibir en los demás la expresión de prejuicios,
discriminación y falta de actitudes y acciones frente a situaciones complejas.
Registran que perciben los estigmas y estereotipos, desde la propia familia,
por falta de conocimiento, p
ero que se extiende a la escuela o universidad, en
la sobreprotección o descuido de sus necesidades específicas. Sienten que
todas las demás accesibilidades están relacionadas con el aitudinal, para poner
fin a las barreras.
Por lo tanto, la persona con d
iscapacidad visual debe ser entendida desde lo que
representa la ausencia de visión, así como las posibilidades que puede tener a través de
experiencias no visuales,
con
el fin de establecer sus relaciones consigo misma y con todo lo
que está a su alrededo
r. Estas premisas se convierten en primordiales para un buen desarrollo
image/svg+xml
Educación, corporeidad y persona con discapacidad visual: Un diálogo necesario
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2990
-
3012
,
oct./dic.
2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
2996
de su proceso de enseñanza y aprendizaje, siendo esenciales para permitir el afrontamiento de
las dificultades.
Debido a que una gran parte de las experiencias se atribuyen a los ojos,
uno se pregunta
cómo la persona con discapacidad visual se sitúa, establece y percibe sus relaciones en un
mundo diseñado en gran medida para el vidente.
Se entiende que el cuerpo existe en la medida
en que se percibe su relación con el mundo. Así, tanto
el vidente como la persona con
discapacidad visual habitan en sí mismos y en el mundo, no sólo ocupando el
espacio de manera
innecesaria y pasiva, sino activa y conscientemente. Por lo tanto, la relación del ser con el
mundo se establece a través de sus ex
periencias y reflexiones
, a través de su
realidad corporal: el
cuerpo es la presencia existencial del ser
,
siendo a través de la corporeidad que vive su
existencialidad (PORTO, 2002). Por lo tanto, no es apropiado distinguir entre el mundo de los
videntes
y el de los ciegos, hacer esto no es admitir que el mundo es el mismo que se presenta
a cualquier sujeto que lo comparta. Lo que existe es una diferenciación de la forma de percibir
y asignar significados entre el yo y el otro (PORTO, 2002).
En palabras de
l autor, los ciegos son comunes al esperar que conciban el mundo como
videntes, pero al hacerlo, se niega que ambos puedan vivir la misma situación. Lo que ocurre
es que perciben diferente porque son diferentes en su esencia y condiciones naturales de sus
cuerpos, sin embargo, esto también se puede percibir de ciego a ciego o de vidente a vidente,
porque cada ser es único y establece su relación con el mundo en esta perspectiva.
Estudios recientes como el de Martins y Chacon (2022) destacan que, a pesar de los
avances en los derechos de las personas con discapacidad, la inclusión no siempre sucede,
especialmente en el ámbito escolar, debido a varios
factores,
como la ausencia de f
lexibilidad
curricular, falta de preparación profesional y recursos pedagógicos consistentes con el nivel de
desarrollo de estos estudiantes. Por lo tanto, es urgente garantizar las condiciones para que todos
los organismos participen en las diversas activ
idades educativas.
Para que esto suceda, es necesario considerar el cuerpo con sus especificidades,
conociendo profundamente su esencia, teniendo en cuenta las formas en que este cuerpo con
discapacidad visual se apodera del mundo y se manifiesta. Así,
La primera tarea para aquellos que se proponen realizar cualquier acción
educativa con los discapacitados visuales es tratar de conocer sobre ellos, su
experiencia de vida y sobre su percepción, porque es sólo desde su propio
significado
–
de lo que siente
n y entienden
–
es que serán capaces de organizar
la información sobre el mundo que les rodea y actuar en situaciones (MASINI,
2013, p. 20
, nuestra traducción
).
image/svg+xml
Andressa Karoline Santana TEIXEIRA
y
Hergos Ritor
Fróes de COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2990
-
3012
,
o
ct./
d
ic
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
2997
Por ello, ya sea para quienes conviven diariamente con personas con discapacidad visual
para q
ue se desafíen a sí mismos a estudiarlas o que desarrollen alguna acción educativa, es
fundamental conocerlas en sus diversos aspectos
,
teniendo en cuenta su desarrollo, percepción
y formas de ser. Porque, es a partir de lo que la persona siente y comprend
e que actúa en el
mundo y en las diversas situaciones de la vida (
MASINI, 2013).
A partir de esto, demuestra la complejidad de las interacciones y manifestaciones que
el ser humano experimenta en su existencia a partir de las especificidades de sus
cuerpos. Tener
la ausencia de uno de los sentidos lejos es una limitación y debe considerarse de esta manera, y
no como un impedimento para su autonomía, aprendizaje y su desarrollo integral. La
corporeidad va más allá de lo que se percibe a través de la v
isión, sucede en todo el cuerpo,
no
excluida por la falta o dificultad de usar uno de los sentidos. Aunque la persona con
discapacidad visual tiene límites biológicos, es un ser humano capaz de mantener el contacto y
las interrelaciones con su entorno, exp
erimentando y apoderándose del mundo a su manera. Por
lo tanto, "ser cuerpo deficiente no significa estar ausente del cuerpo; ser un cuerpo deficiente
es ser un cuerpo como cualquier otro ser" (PORTO, 2005, p. 38
, nuestra traducción
).
Es necesario
tener la comprensión de que el cuerpo es lenguaje, es una fuente de
conocimiento, en él se siente alegría y tristeza, certeza y duda, derrota y victoria, miedo y coraje,
pasión y desilusión, amor y odio, frío y calor, presencia y ausencia, placer y disgust
o, entre
muchas otras experiencias y experiencias. Por lo tanto, independientemente de las
especificidades y singularidades de cada ser, es necesario percibirse a sí mismo como un ser
corpóreo que tiene dentro de sí la ambigüedad y la complejidad que le so
n propias. En vista de
ello,
Es importante que el profesor sea capaz de percibir a su alumno con los ojos
de un investigador, desde quien observa, analiza y reflexiona sobre su
aprendizaje. Y de esta manera, se pueden entender las facilidades y
dificultad
es que presenta el alumno para aprender, estimulando sus
potenciales de inteligencia. Comprender esta pluralidad de los diferentes
potenciales que presentan los estudiantes es estimular sus inteligencias
(
NISTA
-
PICCOLO
et al.
, 2019, p. 381
, nuestra traducc
ión
).
Para la inclusión, es esencial proporcionar una sólida formación docente, que permita al
estudiante tener su proceso de enseñanza y aprendizaje llevado a cabo ampliamente dentro del
espacio escolar, independientemente de sus especificidades, asegurando no
solo el acceso, sino
la calidad de la enseñanza, de modo que ejerza el derecho a la plena participación social
(LOZANO; PRADO; JUNGO, 2022). Por lo tanto, el ambiente escolar debe convertirse cada
vez más en un espacio que proporcione inclusión y mayor par
ticipación de los diferentes
image/svg+xml
Educación, corporeidad y persona con discapacidad visual: Un diálogo necesario
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2990
-
3012
,
oct./dic.
2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
2998
cuerpos para contribuir al desarrollo pleno del individuo, ofreciendo experiencias variadas, y
estas deben extenderse a todos, sin distinción.
Las concepciones corporales de los estudiantes con discapacidad visual
El lugar de la investigación se encuentra en la Región Occidental del estado de Pará. La
ciudad de Santarém es uno de los 144 municipios del estado, siendo uno de los más poblados,
destacando por su belleza y exuberancia tanto para cuestiones naturales com
o culturales.
El estudio tuvo como objetivo ser desarrollado en escuelas públicas estatales del
municipio de Santarém
-
Pará, que en su staff de estudiantes tenía estudiantes con discapacidad
visual que asistían a la escuela secundaria. En total
,
particip
aron 07 unidades docentes de la
investigación, 06 escuelas y la 5ª Unidad Regional de Educación, que en su estructura ofrece
bachillerato en la modalidad modular para personas con discapacidad visual.
La investigación se desarrolló con 09 estudiantes, siendo 07 con baja visión y 02 ciegos,
01 de ellos habiendo adquirido discapacidad visual a los 05 años de edad y el otro teniéndola
desde su nacimiento.
Los estudiantes tienen entre 17 y 47 años, la mayor
ía de ellos en promedio
entre 17 y 19 años. De los 09 participantes, 02 tienen 17 años, 03 en el
grupo de edad de 18
años, 02 con 19 años, 01 con 24 años y 01 con 47 años.
A los estudiantes se les presentaron los objetivos del estudio,
metodología, riesgos y
beneficios, así como el Término de Consentimiento Libre y Esclarecido (
TCLE); en los
casos en
que fueran menores de edad, era necesario presentar el Término de Consentimiento Libre e
Iluminado (TALE),
el
cual
fue firmado por
los part
icipantes, quedando el TCLE a ser firmado por
su tutor.
Posteriormente, respondieron un cuestionario de caracterización del participante y
entrevista semiestructurada. Los datos fueron analizados a partir de la "Elaboración y Análisis
de Unidades de Signif
icado", desarrollada por Moreira, Simões y Porto (2005). Se constituyó a
partir de la combinación de dos técnicas y análisis de datos: la adaptación de la Técnica de
Análisis de Aserción de Evaluación
(Evaluative Assertion Analysis
–
EAA)
,
propuesto por
Osgood, Saporta y Nunnally, mencionado por Bardin
(1977),
y el Análisis del Fenómeno
Situado
,
estructurado por Giorgi
(1978)
y Martins y Bicudo (1989). En esta técnica de análisis,
se deben cubrir los siguientes momentos: informes ingenuos, i
dentificación de actitudes e
interpretación.
image/svg+xml
Andressa Karoline Santana TEIXEIRA
y
Hergos Ritor
Fróes de COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2990
-
3012
,
o
ct./
d
ic
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
2999
Cabe destacar que este estudio fue presentado y aprobado por el Comité de Ética en
Investigación con Seres Humanos (CEP)
-
Comité de Ética e Investigación de UFOPA.
Proceso
con número de protocolo: 50822732.8.00
00.0171 y número de opinión: 5.032.050.
Por lo tanto, como pregunta generadora uno tiene: ¿qué es el cuerpo para ti? Fue posible
extraer 13 unidades de significado para esta pregunta, como se muestra en el Gráfico 1.
Gráfico 1
–
Unidad de Significados
Generando pregunta: ¿qué es el cuerpo para ti?
Unidades de
significados
Estudiantes
Número
de
respuestas
%
P01
P02
P03
P04
P05
P06
P07
P08
P09
01
-
Es algo
divino
X
01
11,11%
02
-
Es mi
existencia
X
X
02
22,22%
03
-
Mi
cuerpo es
sensible
X
X
02
22,22
%
04
-
Mi
cuerpo, es
base
X
01
11,11%
05
-
Eso es
todo
X
01
11,11%
06
-
Mi
cuerpo es
normal
X
X
X
X
04
44
,44%
07
-
Es tener
cuidado,
estar bien,
quererte a ti
mismo
X
01
11,11%
08
-
Es
movimiento,
es
locomoción
X
02
11,11
%
09
-
El cuerpo
es parte de
mí
X
01
11,11%
10
-
Cada
persona tiene
un cuerpo
que es
diferente
X
01
11,11%
11
-
Es algo
X
X
02
22,22%
12
-
Conjunto
de varios
miembros
X
01
11,11%
image/svg+xml
Educación, corporeidad y persona con discapacidad visual: Un diálogo necesario
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2990
-
3012
,
oct./dic.
2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
3000
13
-
Es la
vida
X
01
11,11%
Fuente: Elaborado por los autores, a partir de los datos obtenidos en la investigación de campo
(2021/2022)
En la Unidad de Significados (Gráfico 01), se
destaca que el cuerpo "
es algo divino
";
El participante P01, quien reportó tal respuesta, mencionó que la discapacidad en sí misma era
algo bendecido: "
Mi cuerpo es algo divino que Dios me ha dado. Mi cuerpo es lo que Jesús me
dio con un don, que es la enf
ermedad, y enfrento varias barreras con esta enfermedad, tanto
en la escuela como en el trabajo
" (P01).
Leyendo esta afirmación es posible reflexionar sobre las concepciones del cuerpo con
discapacidad vinculadas a cuestiones divinas, entendidas como un
don que viene de Dios. Se
percibe que tal visión, vinculada al mundo sobrenatural
, estaba muy
presente
en la Edad Media, en la
que la discapacidad se juzgaba sagrada o incluso como castigo, un acto de ira divina por alguna
acción considerada pecaminosa del
sujeto o de sus padres,
y
todavía se perpetúa hoy como
positiva y negativa.
Frente a esta realidad vivida en el pasado, el cuerpo deficiente sufrió:
A lo largo del período medieval, con la cultura centrada en temas religiosos,
bajo la inflexión del crist
ianismo dominante, prevaleció esta concepción. El
cuerpo fue tomado como un lugar de pecado y, por lo tanto, cuanto menos
activo, mejor. Algunas posturas teológicas diferían un poco, pero solo
buscaban acercar el cuerpo a la realidad espiritual
(GALLO, 200
6, p. 19
-
20
,
nuestra traducción
).
A partir de la reflexión del autor sobre las experiencias de afrontamiento vividas por el
cuerpo en ese momento, se percibe que los mismos dilemas ocurren hoy, porque se observa que
el discurso del
entrevistado es confuso, siendo al mismo tiempo un cuerpo premiado como un
don divino, pero luego describe que este don proviene de la enfermedad, lo que motiva la
aparición de barreras en la escuela y en el trabajo.
En la segunda Unidad de Significados, d
os participantes afirmaron que perciben el
cuerpo como
"Es mi existencia",
esta
comprensión se acerca al discurso de la corporeidad
,
en
el que el
cuerpo
es
visto como la manifestación de la presencia del ser humano en el mundo,
desde la perspectiva del cue
rpo sujeto.
Como
afirma Merleau
-
Ponty (2018, p. 230
, nuestra traducción
),
"el cuerpo es una
existencia inmovilizada o generalizada, y la existen
cia es una encarnación perpetua".
Corroborando esta afirmación, Nóbrega (2010) destaca que el cuerpo es la
condición de vida,
la existencia del ser y el conocimiento mismo. En palabras de los estudiantes: "
[...] Mi cuerpo
image/svg+xml
Andressa Karoline Santana TEIXEIRA
y
Hergos Ritor
Fróes de COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2990
-
3012
,
o
ct./
d
ic
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
3001
es mi existencia [...]"
(P01);
para (P02),
"wow, para esto no estaba listo.... Bueno, si no hubiera
un cuerpo, no tendría un cuerpo, así que
...
"."
Frente a las respuestas, se observa que el cuerpo para estos dos estudiantes no se concibe
como separado por partes, mero marco o morada, sino como un todo corporal, que es el
estudiante mismo en sus manifestaciones en el mundo. Esto es enfatizado
por Merleau
-
Ponty
(2018), quien
señala que la experiencia de ser se manifiesta en un cuerpo existencializado
propio en las formas de estar en el mundo, en contacto con el otro y con sus experiencias. Así,
un pensamiento sobre el cuerpo se destaca como una
manifestación de lo que se vive, en un ser
para percibirse a sí mismo como una existencia que admite relaciones, percibiendo la vida y el
mundo.
El discurso de los estudiantes se acerca al discurso de la corporeidad, porque busca
percibir a aquellos que s
e muestran. En este sentido, la corporeidad ejerce una mirada a los
objetos en una perspectiva existencialista, porque "la existencia es principalmente corporal y
que el cuerpo es la medida de nuestra experiencia en el mundo y, por lo tanto, la primera
ref
erencia del conocimiento" (
NÓBREGA, 2010, p. 15
,
nuestra traducción
).
En este mismo
punto de vista, Le Breton (2012) afirma que antes que nada, la existencia tiene lugar a través
del cuerpo. Por lo tanto, es en esta perspectiva que el enfoque de la
corporeidad, anclado en la
fenomenología, busca la descripción de la experiencia del ser humano en un mundo sensible,
discutiendo la percepción del cuerpo como una condición existencial.
Sin embargo, es interesante notar que incluso el P02 que describe el
cuerpo como
"existencia", también menciona ver como "una cosa" que hace uso constantemente. En este
sentido, se percibe que el discurso del cuerpo también está presente en su discurso como algo
que se posee, como si fuera un objeto, acercándose a la visión
utilitaria y mecanicista del cuerpo.
Así, se observa que el mismo sujeto puede presentar concepciones que se acercan o se alejan
de la idea del cuerpo en la concepción de corporeidad.
En este mismo escenario, al referirse a las concepciones
corporales, Merleau
-
Ponty
(2018, p. 269
,
nuestra traducción
), señala que "[...] Por lo tanto, el cuerpo no es un objeto. Por
la misma razón, la conciencia que tengo de él no es un pensamiento, quiero decir, no puedo
descomponerlo y recomponerlo para formar
una idea clara de él. Tu unidad es siempre implícita
y confusa". El cuerpo va mucho más allá de una simple comprensión, es un misterio, difícil de
describir.
Se percibe que tales notas realizadas por el participante 02 tienen una cierta
aproximación con e
l discurso presentado por la corporeidad, porque como menciona Pereira
(2020), el enfoque discute la experiencia de ser en percibirse a sí mismo, y a través de esta
image/svg+xml
Educación, corporeidad y persona con discapacidad visual: Un diálogo necesario
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2990
-
3012
,
oct./dic.
2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
3002
percepción, redimensionar la forma de conocer, así, la forma en que el sujeto es actualment
e
una condición temporal e inconclusa,
cambiar en cualquier momento.
Es tener flexibilidad,
adaptándose a las condiciones de vida.
Además, como menciona P02, pensar en el significado
del cuerpo no es algo tan simple, rara vez si se instiga a reflexionar so
bre él. En la declaración
del entrevistado, también es posible percibir una cierta incomodidad, una cierta extrañeza al
principio sobre la investigación, probablemente porque es un tema poco discutido. Otro hecho
que merece destacarse es que aunque ambos p
articipantes son personas con discapacidad visual,
una con baja visión y la otra con ceguera, se observa que no fue posible diferenciar la
concepción del cuerpo por el tipo de discapacidad visual, sino por las experiencias del mundo
y las relaciones establ
ecidas consigo mismo y con los
demás, porque
de hecho se entiende que
esto es lo que da sentido a las cosas y a los fenómenos.
Se entiende que el ser humano está en constante desarrollo, por lo que se supone que el
discurso sobre un fenómeno dado también p
uede estar siendo moldeado y construido a lo largo
de la vida. Teniendo en cuenta que se trata de un estudiante con discapacidad visual de
secundaria, se imagina que el participante está en proceso de formación, incluyendo reflexiones
sobre sus concepcione
s sobre el propio cuerpo.
En esta misma perspectiva,
se presenta la Unidad "Mi
cuerpo es sensible", que
estuvo
presente en los discursos de ambos P01: "
Yo diría que mi cuerpo es sensible...
", a partir
de P05,
y reflejan lo que piensan sobre el cuerpo: "
Cuerpo... Nunca me detuve a pensar... ahora tomó...
Mira, nunca... amable... ahhhh.... [...] Significa sentir ...
" (P05).
Se percibe que las
declaraciones se acercan a un cuerpo que se considera sensibl
e, inteligible, complejo y, al
mismo tiempo, posee numerosos significados y singularidades, siendo incluso difícil de definir.
Como mencionaron los participantes
,
este cuerpo sensible es un cuerpo que siente, que
experimenta innumerables situaciones del dí
a a día, que tiene sus dificultades, pero también
potencialidades. Un cuerpo que se muestra y se da a conocer. Un cuerpo que está aprendiendo
diariamente, en una interacción dinámica con los objetos, el otro y el mundo, y que en esta
paradoja de ser un cue
rpo demuestra la belleza de ser humano. Esto es lo que Nóbrega (2010)
menciona como cuerpo propio, vivido en el cuerpo y sensible ejemplar. Y porque es un cuerpo
que el sujeto comunica, se expresa, demuestra sus emociones, desde la experiencia de su
corpor
eidad. Es un organismo que sin duda está entrelazado en el entorno en el que se inserta y
también que establece intercambios y acciones.
Además, como afirma P01, el cuerpo también tiene sus limitaciones y necesidades que
deben considerarse, especialmente e
n el entorno escolar, "las personas con discapacidad visual
tienen necesidades específicas en relación con la interacción y la comunicación con el entorno.
image/svg+xml
Andressa Karoline Santana TEIXEIRA
y
Hergos Ritor
Fróes de COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2990
-
3012
,
o
ct./
d
ic
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
3003
Necesitan procedimientos diferenciados en el proceso de enseñanza
-
aprendizaje, materiales y
recursos
específicos para su educación e inclusión" (MASINI, 2013, p. 94
,
nuestra traducción
).
Depende de los entornos escolares proporcionar experiencias que permitan a cada cuerpo
desarrollarse activamente.
Contribuyendo a esta discusión,
Correa, Moro y Valentini (2021), destacan que la
Tecnología de Asistencia (TA),
cuando se agrega y se utiliza adecuadamente en el proceso de
enseñanza del aprendizaje
,
permite romper las barreras sensoriales, motoras y cogni
tivas,
ayudando en la inclusión de estudiantes con discapacidad. Para ello, la escuela debe
proporcionar un conjunto de instrumentos metodológicos que contribuyan al pleno desarrollo
de los estudiantes.
En la cuarta Unidad de Significados,
"Mi
cuerpo,
es u
na base",
se puede contemplar la
visión de un cuerpo como la esencia del sujeto, la base que da vida al ser humano, por lo que
sin el ser corpóreo estaría el sujeto que se relaciona y expresa opiniones. Así, cuando se le
pregunta qué es el cuerpo, P02 expl
ica que: "
[...] es una pregunta en la que nunca me he parado
a pensar, pero mi cuerpo, es base... si mi cuerpo no existiera, no habría yo [...]
"."
A partir de lo anterior, se hace una aproximación con lo presentado por Merleau
-
Ponty
(2018), en el que el
cuerpo es la unidad básica, la primera esencia del sujeto en el mundo, y el
medio por el cual es posible manifestarse, porque el ser no está antes de su cuerpo, sino en su
cuerpo, siendo cuerpo. Y a partir de esta comunicación contigo mismo también es posi
ble
comunicarte y entender el mundo. En este sentido, retrata una vez más la importancia de las
discusiones que debaten sobre el cuerpo, para hacer un retorno a las mismas cosas, a lo que está
antes del conocimiento (MERLEAU
-
PONTY, 2018).
La Unidad de Sign
ificado de mi cuerpo "
Es vida",
fue extraída del relato de P08, en el
que dice: "
Bueno, creo que significa un derecho a la vida, una vida presente
".
Se percibe una
aproximación con lo abordado en las unidades anteriores, porque también presentan una noció
n
de cuerpo con significado más amplio y filosófico, llevando a reflexionar sobre el ser humano
que es complejo y uno, porque "el cuerpo es una condición de vida, existencia, conocimiento"
(NÓBREGA, 2010, p. 19).
El cuerpo no puede ser tratado como un arte
facto alojado en el
hombre que se presenta como un obstáculo que debe ser llevado en su existencia, sino que, por
el contrario, debe ser considerado como la condición humana en el mundo en el que traza su
camino y hace que su acogida sea hospitalaria (
LE
BRETON, 2016).
En la Unidad de Significado:
"Es todo",
se puede observar que P03 se acerca a lo
mencionado por los participantes mencionados anteriormente, quienes ven el cuerpo como
sinónimo de su propia existencia, la totalidad del ser. Sin embargo, decir "Es todo", puede ser
image/svg+xml
Educación, corporeidad y persona con discapacidad visual: Un diálogo necesario
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2990
-
3012
,
oct./dic.
2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
3004
convergente en relación con la c
orporeidad, pero también divergente, porque esta afirmación
abarca las diversas concepciones existentes sobre el cuerpo. Por lo tanto, no hay manera de
describir con precisión lo que el participante entiende que es su cuerpo.
Se entiende que el cuerpo nec
esita ser más temático y discutido, especialmente en las
unidades didácticas, y, en consecuencia, se señala la necesidad de estudios adicionales,
instigando a los estudiantes a reflexionar sobre ser un cuerpo y valorarlo como productor de
conocimiento. De
esta manera será posible experimentar una educación que privilegia las
experiencias humanas y que desafía a profesores y estudiantes a mirar una mirada sensible,
crítica y reflexiva sobre sí mismos, el otro y su entorno (
COUTO; RIBEIRO; TEIXEIRA,
2021).
La
Unidad de Significado que aborda ese cuerpo "
Es tener cuidado, estar bien, amarse
unos a otros"
tiene un enfoque corporal más centrado en la salud y las cuestiones estéticas.
Según P04:
"
Así que el cuerpo así es tener cuidado, tener bienestar con el propi
o cuerpo y con
uno mismo. En cuanto a mi cuerpo, creo que lo tiene y sabe cómo cuidarlo. Creo que es saber
que, si amas independientemente de lo que eres, independientemente de tu cuerpo, nunca
renuncies a lo que eres
" (P04).
Se observa que el estudiante r
eporta que el cuerpo es algo que uno tiene, y en el cual
uno debe tener hábitos que aseguren que esté sano, teniendo una relación de bienestar consigo
mismo, amándose a sí mismo independientemente de las peculiaridades que tenga el cuerpo.
En esta declarac
ión, se puede ver que incluso si el participante tiene discapacidad visual, no se
siente disminuido, con un sentimiento de discapacidad o inferioridad.
A partir de esta reflexión, se considera que el discurso del entrevistado tiene mucho que
enseñar, porqu
e como él mencionó, es necesario amar, aceptar, respetar, tener confianza en sí
mismo, para que a partir de esto, pueda tener la aceptación y el respeto de los demás. Como
afirma Santin (2003, p. 114
,
nuestra traducción
),
"[...] Es necesario aprender a escuchar, a
escuchar el discurso de la corporeidad, a responder a los signos del sentimiento".
Aunque, en algunos momentos, parece que P04 ve el cuerpo como un objeto, percibimos
rasgos que cumplen con lo que es el discurso
de la corporeidad, porque el entrevistado no está
apegado a preguntas biólogas, sino que va más allá, abordando cuestiones relacionadas con
relacionarse consigo mismo y con el otro. Acercarse a la idea de que la forma en que el sujeto
ve su propio cuerpo i
nfluye incluso en la visión que tendrá el otro.
Así, esta concepción del cuerpo reafirma el pensamiento de Merleau
-
Ponty (2018),
considerando que el cuerpo no es un objeto, y la concepción que tenemos de este cuerpo no
puede entenderse como un pensamiento.
Para el autor, esto refleja no ser posible
image/svg+xml
Andressa Karoline Santana TEIXEIRA
y
Hergos Ritor
Fróes de COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2990
-
3012
,
o
ct./
d
ic
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
3005
descompenetrar o rehacer el pensamiento que uno tiene del cuerpo, porque su unidad se
presentará en todo momento implícita y confusamente. Esta es la belleza del diseño corporal,
único e inseparable.
La Unidad de
Significado "El
cuerpo es una parte de mí" demuestra una concepción de que el ser
humano va más allá de la materia corporal, siendo el cuerpo
una
parte de la extensión de lo que es el
sujeto. En palabras de P06: "
El cuerpo es una parte de mí, y yo soy...
satisfecho con él
" (P06).
A partir del discurso del entrevistado y de los escritos de Santos (2019), se entiende que
el
cuerpo, cuando se entiende de esta manera, no es visto como un cuerpo objeto, sino como un
cuerpo sujeto, abarcando la perspectiva del s
ujeto en su totalidad, trascendiendo la esfera
objetiva y alcanzando la complejidad y subjetividad del ser.
La octava Unidad de Significado
,
"Es movimiento, es locomoción", discute
una
concepción del cuerpo como una expresión del ser humano, el medio por
el cual se mueve e
interactúa en el mundo. Para P07: "Para
mí el cuerpo humano es movimiento es locomoción
".
A partir de esta reflexión, se enfatiza que la existencia humana ocurre a través de la
intencionalidad de los movimientos, que son los que
permiten la interacción humana. Así, la
corporeidad busca atribuir significados a estos movimientos y a las relaciones corporales que
se establecen a partir de ellos. Es un ser activo, que está en constante movimiento (MERLEAU
-
PONTY, 2018).
Así, se conside
ra que "el cuerpo está vivo y significativo y al moverse, el sujeto
humano crea y recrea historia y cultura" (NÓBREGA, 2019, p. 86). Por lo tanto, es a través del
movimiento del cuerpo que el ser humano se expresa y desde su corporeidad está presente en
el
mundo. Por otro lado, se imagina que la respuesta del participante también está relacionada
con las visiones del cuerpo como instrumento físico y biológico, porque también se percibe un
carácter utilitario en esta unidad.
Componiendo la Unidad de Signifi
cado "
Mi cuerpo es normal",
se
nota un sentido de
afirmación de los participantes al tratar de aclarar que no se consideran "anormales" porque
tienen una discapacidad. Los relatos indican la necesidad de autoafirmación, porque, aunque la
pregunta no está d
irectamente relacionada con esta respuesta, los participantes buscaron resaltar
esta afirmación:
"
Primero, creo que el cuerpo no es diferente debido a la deficiencia
" (P03);
p06 declara:
"No considero
que sea diferente porque tiene discapacidad visual
".
Y
otro
participante declaró: "Honestamente,
no sé cómo definir el cuerpo humano. Pero me imagino
que es una persona. Mi cuerpo es normal, natural en mi visión
" (P08).
Se supone que tales respuestas están relacionadas con las experiencias vividas por los
estudiantes, vinculadas al hecho de que tienen que lidiar varias veces con prejuicios sobre su
cuerpo debido a tener una cierta limitación biológica.
Contribuyendo a est
a afirmación, al tratar
image/svg+xml
Educación, corporeidad y persona con discapacidad visual: Un diálogo necesario
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2990
-
3012
,
oct./dic.
2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
3006
con el cuerpo con algún tipo de discapacidad Le Breton (2012) afirma que cuanto más visible
sea una discapacidad, más discriminación sufrirá el sujeto, porque la relación de estas personas
es casi siempre de ambivalencia, es decir,
al mismo tiempo que la sociedad afirma que estos
son seres normales y que la discapacidad no debe influir en el valor social,
Todavía sufren
muchos prejuicios y desaprobación, dañando sus relaciones.
En este sentido, se entiende que la diversidad de cuerpos no debe ser motivo de
exclusión, sino de interacción, de posibilidad, cuando el cuerpo sufre algún tipo de vergüenza,
puede
sentirse desplazado o cerrarse a nuevas relaciones, y en consecuencia, a nuevas
experiencias y a nuevos aprendizajes. Es necesario desprenderse de dogmas, estereotipos y
patrones preestablecidos que impiden un flujo completo de expresiones de corporeidad.
La Unidad "
Cada persona tiene un cuerpo que es diferente"
se acerca a la unidad
anterior. Expresando la concepción de P08, que entiende que cada ser es uno, complejo, como
señaló en su discurso:
"
Mi
cuerpo tiene sus limitaciones, es un poco difícil, pero
se compara
con otras personas". Se puede decir que cada persona tiene un cuerpo que es diferente
" (P08).
En el informe, se observa que el participante es consciente
de
que incluso con todas las
limitaciones y dificultades que enfrenta no tiene un cuerpo "anormal", sino un cuerpo diferente,
así como todos los demás, porque cada uno está constituido de manera diferente. Está de
acuerdo con las palabras de P08, porque se en
tiende que el cuerpo puede manifestarse en
diferentes formas y en múltiples idiomas, tanto sociales, culturales e históricos. Esta afirmación
del estudiante cumple con lo que enfatiza la corporeidad, porque como afirma Nóbrega (2010,
p. 21), "la corporeida
d cohabita con los diversos cuerpos existencializados". En este sentido,
cada cuerpo tiene sus características, cualidades, limitaciones y potencialidades que deben ser
consideradas en todos los ambientes, especialmente en la escuela, un lugar privilegiado
para la
construcción del conocimiento.
De la Unidad presentada
"Es una cosa",
se nota un significado del cuerpo que es
divergente de la corporeidad. En los discursos de P02
, "mi cuerpo para mí
es algo que uso mucho
,
como todo el
tiempo", mientras que P05
dice:
"
el cuerpo para mí, creo que es una cosa de
moverse, como, caminar, hacer cosas, pensar y aprender cosas que no sé
".
Se observa que en
el discurso de P02, "cosa" está más conectado con el discurso de algo mecánico y utilitario.
Mientras que, para P05
, el discurso ya se está acercando al sentido del cuerpo como conectado
al movimiento, algo intencional.
Esta visión corporal está presente en el entorno escolar.
Actualmente, los profesionales de la educación tratan los cuerpos de los estudiantes como
obj
etos para ser manipulados o mejorados, a menudo reflexionando sobre la concepción que
los estudiantes tendrán de su propio cuerpo. Este escenario es preocupante, porque en el siglo
image/svg+xml
Andressa Karoline Santana TEIXEIRA
y
Hergos Ritor
Fróes de COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2990
-
3012
,
o
ct./
d
ic
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
3007
21, con los
numerosos avances en el área educativa, hay pocos movimientos d
entro de este
ambiente que alienten al estudiante a reflexionar sobre su cuerpo como seres autónomos, y a
sentir corporeidad (
COUTO; RIBEIRO; TEIXEIRA, 2021).
Contrariamente al cuerpo como cosa, la corporeidad perspectiva el cuerpo que "es
presencia y exis
tencia en la relación con el mundo, respetando el espacio, el tiempo y su singular
forma de vivir" (PORTO, 2005, p. 105). Por lo tanto, imaginar este cuerpo por esta comprensión
es distanciarse unos a otros de una comprensión de un cuerpo cosificado y acer
carse a un cuerpo
que refleja al ser humano en su totalidad, al mismo tiempo biológico, social, cultural, político
y económico.
Otro informe señaló el cuerpo como
"Conjunto de varios miembros",
una unidad de
significados en la que se nota una visión corporal orgánica, que está más cerca de las
concepciones bióticas y maquenicas del cuerpo, como algo fragmentado, separado en partes,
más conectado con cuestiones orgánicas. A partir de los escritos
de Nóbrega (2010), se entiende
que uno no debe considerar el cuerpo como un inventario de partes o como un hogar para el
espíritu, sino como el ser humano mismo, con sus experiencias, sensibilidad y reflexibilidad,
en su relación con el mundo y el otro.
Consideraciones finales: reflexiones de los que "ven" la concepción corporal de los que no
"ven" con los ojos
Como se describe en el curso de este estudio, la corporeidad va mucho más allá de un
concepto en sí, es un acto de participación íntima con
uno mismo, con el otro y con el mundo,
es un entrelazamiento con la vida. Una forma de ser y ser, un caminar hacia lo mejor que uno
puede ser como persona, en la búsqueda constante de hacer del mundo un lugar mejor.
Comprender el enfoque de la corporeidad
es algo complejo, pero posible de entender y difundir
en entornos educativos formales y no formales. Se percibe que las escuelas están saturadas de
prácticas que insisten en dominar y silenciar las manifestaciones corporales, siendo esencial un
discurso qu
e rompa con estas percepciones.
En este sentido, al buscar la visión corporal de las personas con discapacidad visual,
hemos querido dar giro y voz a cuerpos que son continuamente silenciados por la sociedad,
además de ser un deseo de comprender mejor los
diferentes cuerpos presentes en el entorno
escolar. Se considera que estos cuerpos no son excepcionales porque tengan una discapacidad,
sino porque son seres únicos, complejos, llenos de subjetividad y que tienen experiencias
diferentes. Por supuesto, no t
ener uno de los significados fijos te trae experiencias que un
image/svg+xml
Educación, corporeidad y persona con discapacidad visual: Un diálogo necesario
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2990
-
3012
,
oct./dic.
2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
3008
vidente no tendrá, pero como afirman los estudiantes entrevistados, esto no los hace cuerpos
diferentes del otro, exclusivamente por esta característica. De acuerdo con los datos
presentados, l
os estudiantes con discapacidad visual, en su mayoría, describen el cuerpo como
el ser, en sus expresiones y existencia. Por lo tanto, estos discursos convergieron con los
supuestos presentados por el enfoque de
la corporeidad, en
el que el cuerpo es la
manifestación del
sujeto, siendo la única manera de ser y estar en el mundo.
Es necesario, a partir de lo que afirman los participantes, valorar la relación y cuidarse
a sí mismos, con el otro y con el entorno. Es necesario vivir con calidad con todos los
que están
en la vida, permitiendo un mundo mejor y más placentero para ser y vivir. Cada discurso está
lleno de significados y más sentidos, estando presente un poco de cada ser, de su trayectoria,
alegrías, ansiedades y aprendizajes que son constitutivos
de las singularidades de estos
estudiantes. Estos sujetos traen experiencias y marcas negativas impresas en sus cuerpos que
son fruto de prejuicios y discriminación, y esto no puede ser descuidado por nuestras
instituciones educativas. Por el contrario, es
necesario cumplir con lo previsto en las Leyes,
oportunistas con calidad diferentes experiencias positivas.
El cuerpo de la persona con discapacidad visual que no tiene las normas dictadas por la
sociedad no puede ser tratado con prejuicios y exclusión, s
ino como un cuerpo que posee sus
desafíos, pero que es rico en sensibilidad e inteligibilidad.
Se reafirma que los derechos que tienen están garantizados por la ley, como los
establecidos por las leyes de políticas e inclusión (BRASIL, 2008, 2015), la Con
stitución
brasileña (BRASIL, 1988), la Ley de Directrices de Educación, LDB No.
9.394/1996 (BRASIL,
1996), ya que deben ser frecuentemente reconocidos y respetados para que puedan ejercer
plenamente su ciudadanía.
Profundizar en la concepción del cuerpo de
estos sujetos es comprender que, incluso sin
el significado de la visión, tienen todos los demás significados que les permiten ir más allá de
las cosas vistas, permitiéndoles relacionarse consigo mismos, con los demás y su entorno desde
su corporeidad viv
ida. Así, a partir de los teóricos y los relatos de los sujetos participantes en
la investigación, se entiende que la corporeidad se presenta como un mecanismo de superación
de visiones mecanicistas y reduccionistas del cuerpo, criticando y resignificando
estas
concepciones que se impregnan en la sociedad , que a veces aprisionan y silencian al ser.
Así, el enfoque de corporeidad presentado aquí en este artículo busca instigar al ser
humano en su pleno desarrollo, concibiendo el cuerpo en su subjetividad,
plenitud y autonomía.
Porque, cuando uno percibe cómo ser corpóreo, el sujeto se convierte en el administrador de su
propia historia, viviendo en armonía con todas sus facetas. Por lo tanto, cuando "tomamos
image/svg+xml
Andressa Karoline Santana TEIXEIRA
y
Hergos Ritor
Fróes de COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2990
-
3012
,
o
ct./
d
ic
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
3009
nuestro destino en nuestras manos, nos hacemos re
sponsables, de la reflexión, de nuestra
historia [...]" (
MERLEAU
-
PONTY, 2018, p. 19
,
nuestra traducción
).
Considerando estos factores, es necesario pensar críticamente la educación,
transformándola en un verdadero espacio de aprendizaje que
privilegie los diversos
conocimientos y experiencias corporales, de una manera que vaya más allá de los límites de la
escuela para formar a los ciudadanos para la vida, convirtiéndolos en sujetos críticos y activos
en su realidad. Los seres humanos necesit
an puntos de vista reflexivos sobre sus singularidades
constitutivas, para que sean respetados en sus diferencias, teniendo la oportunidad de
desarrollarse plenamente en/por las interacciones sociales, en su relación con los demás.
GRACIAS
: A la
Coordinación para el Perfeccionamiento del Personal de Educación Superior
-
CAPES
REFERENCIAS
AMIRALIAN, M. L. T. M.
Compreendendo o cego:
Uma visão psicanalítica da cegueira por
meio de desenhos
-
estórias.
São Paulo:
Casa
do psicólogo, 1997.
BARDIN, L.
Análise de conteúdo
. Lisboa
: Edições 70,
1977.
BRASIL.
Política nacional de educação especial na perspectiva da educação inclusiva
.
Brasília, DF:
MEC,
2008. http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf.
Acceso: 17
feb
. 2022.
BRASIL.
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988
. Brasília, DF:
Assembleia Nacional, 1988
.
Disponible en:
https://www.planalto.g
ov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acceso: 17
feb
. 2022.
BRASIL.
Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996
. Estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional. Brasília, DF: Presidência da República, 1996.
Disponible en:
https://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acceso: 10 ene
ro
2022.
CORREA, Y.; MORO, T. B.; VALENTINI, C. B. Tecnologia assistiva na educação inclusiva.
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação
, Araraquara, v. 16, n. esp. 4, p. 2963
-
2970, dez. 2021. e
-
ISSN: 1982
-
5587.
Disponible en:
https://periodicos.fclar.unesp.br/iberoamericana/article/view/16060.
Acceso:
10 sep
t
. 2022.
COUTO, H. R. F
.
; RIBEIRO, F
.
; TEIXEIRA, A. K. S
.
Corpo, corporeidade e educação:
Reflexões no âmbito acadêmico da Amazônia
In:
COLARES, M. L. I. S.; CALIXTO, H. R.
S. (org.).
Curso de Pedagogia:
Leituras formativas. Santarém, PA: Rosivan Diagramação &
Artes Gráficas, 2021.
GALLO, S. Corpo ativo e a fil
osofia.
In
: MOREIRA, W. W. (org).
Século XXI:
A era do
corpo ativo. Campinas
, SP
: Papirus, 2006
.
image/svg+xml
Educación, corporeidad y persona con discapacidad visual: Un diálogo necesario
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2990
-
3012
,
oct./dic.
2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
3010
GIORGI, A.
A psicologia como ciência humana
:
Uma
abordagem de base fenomenológica.
Belo Horizonte: Interlivros, 1978.
LE BRETON, D.
A sociologia do corpo
.
6. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2012.
LE BRETON, D.
Antropologia dos sentidos
. Rio de Janeiro: Vozes, 2016.
LOZANO, D.; PRADO, I. T.; JUNGO, B. G. A inclusão sob a ótica do censo da educação
básica: Uma análise dialética com as leis.
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em
Educação,
Araraquara, v. 17, n. esp. 1, p. 0825
-
0843, mar. 2022. e
-
ISSN: 1982
-
5587.
Disponib
le en: https://periodicos.fclar.unesp.br/iberoamericana/article/view/15855
. Acceso:
10
oct
. 2022.
MARTINS, B. A.; CHACON, M. C. M. Estar presente é estar incluído? Análise de situações
em que a inclusão escolar não acontece.
Revista Ibero
-
Americana de Est
udos em
Educação,
Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1339
-
1355, jun. 2022.
Disponible en:
https://periodicos.fclar.unesp.br/iberoamericana/article/view/17001. Acceso:
10 sep
t
. 2022.
MARTINS, J.
;
BICUDO, M. A. V.
A pesquisa qualitativa em
psicologia
:
Fundamentos
e
recursos básicos. São Paulo: PUC
-
SP, 1989.
MASINI, E. F. S.
O perceber de quem está na escola sem dispor da visão
. São Paulo:
Cortez, 2013.
MERLEAU
-
PONTY, M.
Fenomenologia da Percepção
. 5. ed. Tradução
:
Carlos Alberto
Ribeiro de
Moura. São Paulo: Martins Fontes, 2018.
MOREIRA, W. W. Corpo presente num olhar panorâmico.
In:
MOREIRA, W. W. (org.).
Corpo presente, corpo pressente
.
Campinas
, SP
: Papirus
,
1995.
MOREIRA, W. W.
et al.
Corporeidade aprendente: A
complexidade do aprender viver
.
In:
MOREIRA, W. W. (org.)
.
Século XXI:
A era do corpo ativo
.
Campinas
, SP
: Papirus, 2006.
MOREIRA, W. W.; SIMÕES, R. Educação física, esporte e corporeidade: Associação
indispensável.
In:
MOREIRA, W. W
.
; PICCOLO, V. L. N. (
org
.
).
Educação física e esporte
no século XXI
.
Campinas, SP: Papirus, 2016.
MOREIRA, W. W.; SIMÕES, R.; PORTO, E. Análise de conteúdo: Técnica de elaboração e
análise de unidades de significado.
R. bras. Ci e Mov
.
,
v. 13, n. 4, p.
107
-
114, 2005.
Disponib
le en: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil
-
524584. Acceso: 28 agosto
2021.
MOTA, M. G. B.
A comunicação e a relação interpessoal com o aluno deficiente visual.
Brasília
, DF
: Secretaria de Educação Especial
;
MEC, 2003.
NISTA
-
PICCOLO, V. L.
et al.
As inteligências expressas na corporeidade vivida no cotidiano
escolar.
Revista educação e cultura contemporânea
, Rio de Janeiro, v. 16, n. 44, p. 369
-
393, 2019.
Disponible en:
image/svg+xml
Andressa Karoline Santana TEIXEIRA
y
Hergos Ritor
Fróes de COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2990
-
3012
,
o
ct./
d
ic
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
3011
http://revistaadmmade.estacio.br/index.php/reeduc/a
rticle/viewArticle/3459. Acceso: 07 jun.
2022.
NÓBREGA, T. P. A atitude fenomenológica: o corpo sujeito.
In:
NÓBREGA, T. P.;
CARMINHA, I. O. (org.).
Merleau
-
Ponty e a Educação Física
. São Paulo: Liber Ars, 2019.
NÓBREGA, T. P.
Uma fenomenologia do corpo
.
São Paulo: Livraria da Física, 2010.
PEREIRA, A. H. M.
É Gol, que felicidade?
Educação, futebol profissional e Corporeidade
na Amazônia.
2020. Dissertação (Mestrado em Educação)
–
Universidade Federal do Oeste
do Pará, Santarém, 2020.
Disponible en:
htt
ps://repositorio.ufopa.edu.br/jspui/handle/123456789/494. Acceso: 15 oct. 2021.
PORTO, E. T. R.
A corporeidade do cego:
Novos olhares.
2002. Tese (Doutorado em
Educação Física)
–
Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2002.
PORTO, E. T. R.
A corpor
eidade do cego:
Novos olhares. São
Paulo: UNIMEP, 2005.
RODRIGUES, M.; BERNARDINO, J. L. F.; MOREIRA, M. V. Barreiras atitudinais: A
exclusão que limita a acessibilidade de pessoas com deficiência.
Revista Ibero
-
Americana
de Estudos em Educação
, Araraquar
a, v. 17, n. 2, p. 1311
-
1326, abr./jun. 2022.
Disponible
en: https://periodicos.fclar.unesp.br/iberoamericana/article/view/15058. Acceso:
10 sep
t
.
2022.
SÁ, E. D. Atendimento educacional especializado para alunos cegos e com baixa visão.
In:
MANTOAN, M. T. E. (org
.).
O desafio das diferenças nas escolas
.
Petrópolis
, RJ
: Vozes,
2011.
SANTIN, S.
Educação física:
Uma
abordagem fenomenológica da corporeidade.
2. ed. Ijuí:
Ed
. Unijuí, 2003.
SANTOS, L. A. M. Diálogos entre o pensamento de Merleau
-
Ponty e o campo educacional:
reflexões sobre a corporeidade nas aulas de Educação Física escolar.
In:
Merleau
-
ponty e a
Educação Física
. Orgs: Terezinha
Petrúcia de Nóbrega e Iraquitan de Oliveira Caminha.
–
São Paulo: Liber Arts, 2019. 208
p.
image/svg+xml
Educación, corporeidad y persona con discapacidad visual: Un diálogo necesario
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2990
-
3012
,
oct./dic.
2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
3012
Cómo hacer referencia a este artículo
TEIXEIRA, A. K. S.; COUTO
, H. R. F.
Educación, corporeidad y persona con discapacidad
visual: Un diálogo necesario
.
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2990
-
3012
,
oct
.
/
dic
.
2022. e
-
ISSN: 1982
-
5587. DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
Presentado en
:
11/
12
/202
1
Revisiones requeridas en
:
24/
03
/2022
Aprobado en
:
19/1
0
/2022
Publicado en
:
30/
12
/2022
Procesamiento y edición
: Editora Iberoamericana de Educación
-
EIAE.
Corrección, formateo, normalización y traducción.
image/svg+xml
Education, corporeality
and the visually impaired person:
A
necessary dialogue
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2981
-
3002
,
Oct
./
Dec
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
2981
EDUCATION, CORPOREALITY AND THE VISUALLY IMPAIRED PERSON: A
NECESSARY DIALOGUE
EDUCAÇÃO, CORPOREIDADE E A PESSOA COM DEFICIÊNCIA VISUAL: UM
DIÁLOGO NECESSÁRIO
EDUCACIÓN, CORPOREIDAD Y PERSONA CON DISCAPACIDAD VISUAL: UN
DIÁLOGO
NECESARIO
Andressa Karoline Santana TEIXEIRA
1
Hergos Ritor Fróes de COUTO
2
ABSTRACT
: The body brings with it different languages and meanings, through which
relationships are established in which other people, other beings, things that are in the
surroundings, the world are involved.
Therefore, the study aims to understand the body
conce
ptions of students with visual impairment from public schools in Santarém
-
PA, in the
light of the corporeality approach. We opted for
descriptive qualitative research
. The
theoretical/methodological structure is based on the assumptions of the phenomenon o
f
corporeality. A questionnaire to characterize the participant and a semi
-
structured interview
were used.
Data were analyzed using the Elaboration and Analysis of Units of Meaning. The
research results made it possible to understand that people with visua
l impairments have
conceptions of the body that have different senses and meanings, moving between biological
and mechanical concepts, but also approaching the approach of corporeality, which considers
the body as existence and experience of being in the w
orld.
KEYWORDS
: Education. Body. Corporeality. Visual impairment.
RESUMO
: O corpo traz em si diferentes linguagens e significados, por meio dele se
estabelecem relações nas quais estão envolvidas outras pessoas,
outros seres, as coisas que se
encontram no entorno, o mundo
. Diante disso, o estudo tem como objetivo compreender a
s
concepções de corpo de alunos com deficiência visual de escolas públicas de Santarém
-
PA, à
luz da abordagem da corporeidade. Optou
-
se pela pesquisa descritiva de cunho qualitativo. A
estrutura teórico/metodológica baseia
-
se nos pressupostos do fenômeno d
a corporeidade.
Utilizou
-
se questionário de caracterização do participante e entrevista semiestruturada. Os
dados foram analisados a partir da Elaboração e Análise de Unidades de Signif
icado. Os
resultados
possibilitaram compreender que as pessoas c
om defi
ciência visual
possuem
concepções de corpo que apresentam diferentes sentidos e significados, transitando entre
conceitos biologistas e mecânicos, mas também que se aproximam da abordagem da
corporeidade, que considera o corpo como a existência e experiênc
ia do ser no mundo.
PALAVRAS
-
CHAVE
: Educação. Corpo. Corporeidade.
Deficiência visual.
1
Federal University of Western Pará
(UFOPA), Santa
rém
–
PA
–
Bra
z
il.
Master's in Education
. ORCID:
https://orcid.org/0000
-
0002
-
7487
-
5745
.
E
-
mail: andressakaroline909@gmail.com
2
Federal University of Western Pará
(UFOPA), Santarém
–
PA
–
Bra
z
il.
Professor. Doctorate in Education
(UNINOVE).
ORCID: https://orcid.org/0000
-
0003
-
2058
-
4341
.
E
-
mail: hergos@hotmail.com
image/svg+xml
Andressa Karoline Santana TEIXEIRA
and
Hergos Ritor Fróes de COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2981
-
3002
,
Oct
./
Dec
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
2982
RESUMEN
:
El cuerpo trae consigo distintos lenguajes y significados, a través de los cuales
se establecen relaciones en las que se involucran otras personas, otros
seres, cosas que están
en el entorno, el mundo. Por lo tanto, el estudio tiene como objetivo comprender las
concepciones corporales de estudiantes con discapacidad visual de escuelas públicas de
Santarém
-
PA, a la luz del enfoque de la corporeidad. Optamos
por una investigación
cualitativa descriptiva. La estructura teórico
-
metodológica se fundamenta en los presupuestos
del fenómeno de la corporeidad. Se utilizó un cuestionario para caracterizar al participante y
una entrevista semiestructurada. Los datos fu
eron analizados utilizando la Elaboración y
Análisis de Unidades de Significado. Los resultados de la investigación permitieron
comprender que las personas con discapacidad visual tienen concepciones del cuerpo que
tienen diferentes sentidos y significados
, moviéndose entre conceptos biológicos y mecánicos,
pero también acercándose al enfoque de la corporeidad, que considera el cuerpo como
existencia y experiencia de estar en el mundo.
PALABRAS CLAVE
:
Educación. Cuerpo. Corporeidad.
Discapacidad visual.
Introdu
ction
The phenomenon of corporeity has caused reflections on the understanding of the body,
thus, corporeity contributes to the advancement of the understanding of the human being in its
entirety, in the relationships it establishes with itself,
with others and with the world. It should
be noted that "the corporeality is considered as a field of experience and reflection, from which
epistemological, ethical, aesthetic, social and historical possibilities unfold" (NÓBREGA,
2010, p. 35
, our translat
ion
).
Seen through this prism, thinking with the perspective of corporeality is to consider a
subject body, active, which opposes the view of duality between body and soul, seeing them as
inseparable. Therefore, "understanding the body in the
contemporary scenario is a task that
involves paradox" (NÓBREGA, 2010, p. 36
, our translation
).
For a long time it was perpetuated the conception that the body was something that was
possessed as if it were an object or just a dwelling place of the
spirit, something sinful, which
tends to decline, sometimes having a machinic character or a consumer product: such
understanding was accentuated with the arrival of the capitalist market vision (GALLO, 2006).
Thus, historically the body was despised, viol
ated, marginalized, as a synonym of
impurity and imperfection, seen as a threat to the powers established in society. By emphasizing
the body in its multiple knowledges, the corporeality seeks to lead to a critical reflection on the
conceptions of body imp
regnated in society, presenting itself as an alternative to overcome the
Cartesian, empiricist, and market visions of the body.
image/svg+xml
Education, corporeality
and the visually impaired person:
A
necessary dialogue
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2981
-
3002
,
Oct
./
Dec
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
2983
To understand the corporeality, there are no sacred formulas, but the search for a speech
that does not stop only at a simple co
nceptualization, being necessary a positioning regarding a
wider conception of body, beyond the reductionist view in the reading of human realities,
conceiving the essence as existential, for it is an individual characteristic of all bodies, and
cannot be
represented or codified (MOREIRA, 1995). Thus, "it is the reality of the body that
allows us, to dream, to desire, to think, to narrate, to know, to choose"
(NÓBREGA, 2010, p.
11
, our translation
).
Based on this idea, the lived experience is what makes us
understand the world in which
we move, as expressed by Merleau
-
Ponty: "the world is not what I think, but what I live, I am
open to the world, I undoubtedly communicate with it, but I do not possess it, it is inexhaustible"
(MERLEAU
-
PONTY, 2018, p. 14
, our
translation
). In this sense, it is necessary to approach
the concept of active body as an understanding of a lived corporeality that has the premise of
learning to see life by looking at objects in order to inhabit them and understand them in their
differ
ent aspects (MOREIRA
et al
., 2006).
Moreira
et al
. (2006) introduce important dialogues when promoting the relations of an
active body with education, emphasizing that it is necessary an educational practice that
considers the individual's learning origin
ated not only from his intelligible capacity, but from
his whole body in its various interactions and complexity. From this premise, "to value
corporeality is to look at the one who learns, recognizing his multiple potentials, stimulating
him through probl
em situations associated with everyday experiences, favoring new learning"
(NISTA
-
PICCOLO
et al
., 2019, p. 388
, our translation
). This attentive look at the body and its
various forms of expression can re
-
signify the ways of teaching, instigating a more me
aningful
and consistent learning with each reality experienced
.
It is noteworthy that each body holds in itself a stethosis that is particular according to
its experiences. The corporeality understood in its existential totality holds an "ambiguity of the
human being as intentionality, as consciousness and body, unveiling its unity from the sensitive,
the corporeal, the lived experience of being in the world" (MOREIRA
et al
., 2006, p. 141
, our
translation
).
In this sense, for Moreira and Simões
(2016, p. 136
, our translation
), "in corporeality,
existence and the expression of thought are significantly intertwined, the first being revealed
by the body and the second by the word". Therefore, corporeality is concerned with the
knowledge that emerge
s from the lived body, overcoming dualistic conceptions, being, as
Nóbrega (2010) calls it, essence and existence faces of the same phenomenon. Corporeality
seeks to be and have an involving discourse that tries to go beyond the understanding of the
image/svg+xml
Andressa Karoline Santana TEIXEIRA
and
Hergos Ritor Fróes de COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2981
-
3002
,
Oct
./
Dec
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
2984
human
being in its biological structure, as it is concerned with providing new ways of
organizing knowledge, as well as ethical and social coexistence.
(NÓBREGA, 2010).
The corporeality is attentive to the lived reality of each subject with the perceptions they
have of the world and of the shares established, because through the experiences of everyday
life each human being is one, endowed with sensitivity and intelligibility. The body is no longer
conceived only as a biological dimension, but also as an existen
tial one. The body is language
and has several ways of manifesting itself, thus, "[...] looking at the subject's corporeality is to
look for the expression, is to look for the desire, because the look knows meaning and feels by
knowing" (MOREIRA, 1995, p.
19
, our translation
). Thus, it is necessary to exercise the art of
thinking critically about the body, leading students to be conscious and sensitive subjects,
contributing to the formation of bodies that are increasingly more human.
In view of this, the s
tudy aims to understand the conceptions of body of students with
visual impairment from public schools in Santarém
-
PA, in the light of the corporeality
approach. We opted for
qualitative descriptive research
. The theoretical/methodological
structure is bas
ed on the assumptions of the corporeality phenomenon, using a questionnaire
for characterization of the participant and semi
-
structured interviews
.
Being a body with visual impairment: approaches to corporeality
Vision is considered one of the most important communication resources and one of the
main accesses to establish relationships, with the other and the world. In this sense, we seek to
discuss the capabilities and limitations of people with visual impairmen
t and their relationship
with corporeality.
In order to be able to understand the person with visual impairment, it is indispensable
that the professionals have the sensibility to try to understand them in their entirety, disengaging
themselves from any p
rejudice or structured and predetermined concepts which influence the
attitudes towards them. Therefore, more relevant than focusing on the differences between the
visually impaired person and the seeing person is to focus on the similarities, and from tha
t, to
focus on the characteristics of each one of them (AMIRALIAN, 1997).
It is essential to consider the needs, for instance, those who live with the blind must
understand that their inability to read the facial expressions and gestures of people makes th
em
need to be informed about the feelings and emotions of the other person so that a meaningful
exchange can occur
(MOTA, 2003).
image/svg+xml
Education, corporeality
and the visually impaired person:
A
necessary dialogue
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2981
-
3002
,
Oct
./
Dec
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
2985
From these assumptions, it is considered that a child born with visual impairment or
who acquires it in the first years of lif
e, has its form of contact with the world and its
surroundings different from those who have sight. It is "[...] by means of their movements and
interactions with their surroundings that the visually impaired child develops their ability to
perceive, get i
n touch, organize and understand the world where they are" (MASINI, 2013, p.
19
, our translation
), this becomes noticeable in daily life situations, such as the orientation and
mobility of people with this disability. It must be considered that the person
with visual
impairment (PcDV) also experiences the world which has vision and its representations as the
predominant sense of human beings. However, it is worth considering that, despite being the
predominant sense, it is not the only one, nor does it play
a more important role than the others.
In this way, this subject has all the other senses, involving all of its domains: the social, the
affective, and the cognitive, evolving according to the opportunities that are offered and are
within its reach.
The p
erceptions of each subject are built on a daily basis, from the actions and
exploration of what surrounds him/her, thus, through these interactions is that the human being
perceives, differentiates and understands the world (MASINI, 2013). From this perspe
ctive,
this study seeks to consider the body experience that is unique to each subject.
It is pertinent to highlight that one cannot generalize the positive or negative
characteristics of a person with visual impairment, because each one has its individua
lity,
although they have disability in common. Under this perspective, it is known that the ways of
being are unique to each subject. One cannot limit and label them, preventing them from
building the perceptions of the reality they experience. It is neces
sary to provide different
opportunities, appreciation, solidarity, and, mainly, respect. Pity and excessive care do nothing
to help these beings who have limitations, but who are also endowed with abilities
(MOTA,
2003).
Therefore, to talk about the body w
ith visual impairment, we take as a basis the writings
of Merleau
-
Ponty (2018), because this philosopher emphasizes that the human being has in the
body its source of meanings in which the experience with the other, with oneself, and with the
world occurs.
For the author, there is no way to establish any relationship without the body, it
is the creator of meanings and each subject has an individuality, whether due to personality
issues or biological nature, because it is through its bodily condition that th
e human being acts
in the world.
Talking about the absence, recovery, or loss of any meaning involves a complex process,
demanding cautious looks, because it is about discussing how a person perceives and builds his
image/svg+xml
Andressa Karoline Santana TEIXEIRA
and
Hergos Ritor Fróes de COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2981
-
3002
,
Oct
./
Dec
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
2986
or her own world. It is essential to of
fer development and education conditions beyond the
rationalist and instrumental aspects, considering the experiences of each body in different
moments and situations. It is necessary to understand it in its existential totality: how it
expresses itself, c
ommunicates, thinks and feels (MASINI, 2013).
The author also states that for Merleau
-
Ponty (2018), when considering the subject and
his perceptual experiences, one must evaluate that it is a dynamic relationship of the body and
the world, and not only ass
ociations of the sense organs, because knowledge is manifested from
the latent knowledge that occurs in the body itself (MASINI, 2013). The subject is conceived
as a body in the world that manifests itself in several ways. In this direction, people with vi
sual
impairment need more physical contact, speech, additional care and different ways of mediation
so that they can know, recognize and assign meanings to things, valuing the exploratory
behavior, stimulation of the remaining senses and active participati
on in society
(SÁ, 2011).
About the misconceptions concerning the visually impaired body, Mota
(2003)
mentions that not seeing with the eyes does not mean not hearing. A recurring mistake is to
treat PcDV as if they were deaf or even that they cannot communicate clearly. Another
erroneous view is the fact that many believe that they have a "sixth s
ense", but what happens is
that they develop their latent resources in a more refined way.
In this sense, when conducting
research
on the difficulties faced by people with
disabilities, Rodrigues, Bernardino and Moreira (2022, p. 13
, our translation
), concluded, from
the participants' reports, that
:
[...]
It is very painful to see in others the expression of prejudice,
discriminatio
n, and the lack of attitudes and actions when facing complex
situations. They register that they perceive stigmas and stereotypes, starting
from their own family, due to lack of knowledge, but that extends to the school
or University, in the overprotection
or neglect of their specific needs. They
feel that all the other accessibilities are related to the attitudinal one, to put an
end to the barriers
.
Therefore, the person with visual impairment must be understood from what the absence
of sight
represents, as well as the possibilities they may have through non
-
visual experiences,
in order to establish their relations with themselves and with everything around them. Such
premises become primordial for a good development of their teaching and learn
ing process,
being essential to enable them to face difficulties.
For being attributed to the eyes a great portion of the experiences, it is questionable how
the visually impaired person places, establishes and perceives his/her relations in a world
largel
y designed for the seeing person. It is understood that the body exists to the extent that its
image/svg+xml
Education, corporeality
and the visually impaired person:
A
necessary dialogue
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2981
-
3002
,
Oct
./
Dec
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
2987
relationship with the world is perceived. In this way, both the seeing person and the visually
impaired person inhabit themselves and the world, not only occupyi
ng the space in an inert and
passive manner, but in an active and conscious manner. Therefore, the relationship between a
being and the world is established through his experiences and reflections, through his bodily
reality: the body is the being's existe
ntial presence, and it is through the body that he lives his
existentiality (PORTO, 2002). In this way, there is no point in making a distinction between the
world of the seeing and the blind; to do so is to not admit that the world is the same as it is fo
r
any subject that shares it. What exists is a differentiation of the way of perceiving and attributing
meanings between me and the other
(PORTO, 2002).
In the words of the author, it is common to expect blind people to perceive the world in
the same way a
s seeing people, but in doing so, it is denied that both can live the same situation.
What happens is that they perceive differently because they are different in essence and in the
natural conditions of their bodies, however, this can also be perceived fr
om blind person to
blind person or from seeing person to seeing person, because every being is unique and
establishes its relationship with the world in this perspective.
Recent research, such as that of Martins and Chacon (2022), highlights that despite t
he
advances regarding the rights of people with disabilities, inclusion does not always happen,
especially in the school environment, due to several factors, such as the lack of curricular
flexibility, lack of professional preparation and pedagogical resou
rces consistent with the level
of development of these students. Therefore, it becomes urgent to ensure conditions for all
bodies to participate in the various educational activities.
For that to happen, it is necessary to consider the body with its specif
icities, deeply
knowing its essence, paying attention to the ways this body with visual impairment apprehends
the world and manifests itself. Thus
,
The first task for those who propose to carry out any educational action with
the visually impaired is to t
ry to know about him, his life experience and his
perception, because it is only from his own meaning
-
from what he feels and
understands
-
that he will be able to organize the information about the world
around him and act in situations
(MASINI, 2013, p.
20
, our translation
).
Consequently, whether for those who live with people with visual impairment on a daily
basis or for those who challenge themselves to study them or who develop some educational
action, it is essential to know about them in their several aspects, paying att
ention to their
development, perception and ways of being. For, it is from what the person feels and
understands that he/she acts in the world and in the several life situations
(MASINI, 2013).
image/svg+xml
Andressa Karoline Santana TEIXEIRA
and
Hergos Ritor Fróes de COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2981
-
3002
,
Oct
./
Dec
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
2988
From this, the complexity of interactions and manifestations t
hat human beings
experience in their existence from the specificities of their bodies is demonstrated. Having the
absence of one of the distance senses is a limitation and must be considered in this way, and
not as an impediment to their autonomy, learning
, and integral development. The corporeality
goes beyond what is perceived through the vision, it happens in the body as a whole, not being
excluded by the lack or difficulty in using one of the senses. Although the visually impaired
person has biological
limits, he/she is a human being capable of keeping contact and
interrelations with his/her surroundings, experiencing and learning the world in his/her own
way. Thus, "being a disabled body does not mean being an absent body; being a disabled body
is being
a body like any other being" (PORTO, 2005, p. 38
, our translation
).
It is necessary to understand that the body is language, it is a source of knowledge, in it
one feels joy and sadness, certainty and doubt, defeat and victory, fear and courage, passion
a
nd disappointment, love and hate, cold and heat, presence and absence, pleasure and
displeasure, among so many other experiences and happenings. Therefore, regardless of the
specificities and singularities of each being, it is necessary to perceive oneself
as a corporeal
being that has in itself ambiguity and complexity. In view of this
,
It is important that the teacher is able to see his student through the eyes of a
researcher, one who observes, analyzes and reflects on his learning. And, in
this way, ca
n understand the facilities and difficulties that the student presents
to learn, stimulating his intelligence potentials. To understand this plurality of
different potentials that students present is to stimulate their intelligences
(NISTA
-
PICCOLO
et al.
,
2019, p. 381
, our translation
).
For inclusion to happen, it is essential the solid training of teachers, enabling the student
to have his teaching and learning process carried out in a broad way within the school space,
regardless of their
specificities, ensuring not only access, but the quality of education, so that
he exercises the right to full social participation (LOZANO; PRADO; JUNGO, 2022). Thus,
the school environment should increasingly become a space that provides inclusion and gre
ater
participation of different bodies in order to contribute to the full development of the individual,
offering varied experiences, and these should extend to all, without distinction
.
The conceptions of body of visually impaired students
The research locus is located in the western region of the state of Pará. The city of
Santarém is one of the 144 municipalities of the state, one of the most populous, standing out
for its beauty and exuberance both for natural and cultural issues.
image/svg+xml
Education, corporeality
and the visually impaired person:
A
necessary dialogue
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2981
-
3002
,
Oct
./
Dec
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
2989
The st
udy aimed to be developed in state public schools in the city of Santarém
-
Pará,
which had students with visual impairment attending high school. In total, 07 teaching units
participated in the research, being 06 schools and the 5th Regional Education Uni
t, which in its
structure offers high school in the modular modality for people with visual impairment.
The research was developed with 09 students, being 07 with low vision and 02 blind,
01 of them having acquired the visual impairment at the age of 05
and the other having had it
since birth. The students are between 17 and 47 years old, most of them between 17 and 19
years old. Of the 09 participants, 02 are 17 years old, 03 are 18, 02 are 19, 01 is 24, and 01 is
47
.
Students were presented with the st
udy objectives, methodology, risks and benefits, as
well as the Informed Consent Form (ICF); in cases where they were minors, it was necessary
to present the Informed Consent Form (ICF), which was signed by the participants, leaving the
ICF to be signed by
their guardian.
Subsequently, they answered a participant characterization questionnaire and a semi
-
structured interview. The data were analyzed using the "Elaboration and Analysis of Meaning
Units", developed by Moreira, Simões
and Porto (2005). This was made from the combination
of two techniques and data analysis: the adaptation of the Evaluative Assertion Analysis (EAA)
technique proposed by Osgood, Saporta and Nunnally, mentioned by Bardin (1977), and the
Situated Phenomenon
Analysis, structured by Giorgi (1978) and Martins and Bicudo (1989). In
this analysis technique, one must go through the following moments: naive report, identification
of attitudes and interpretation
.
It is worth mentioning that this study was submitted
and approved by the Ethics
Committee on Research with Human Beings
-
Research Ethics Committee of UFOPA. Process
with protocol number: 50822732.8.0000.0171 and opinion number
: 5.032.050
.
Thus, as a generating question we have: what is body for you? It was
possible to extract
13 meaning units for this question, as shown in Chart 1
.
image/svg+xml
Andressa Karoline Santana TEIXEIRA
and
Hergos Ritor Fróes de COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2981
-
3002
,
Oct
./
Dec
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
2990
Chart
1
–
Meaning Unit
Generating question: What is body for you?
Meaning
Units
Students
No. of
responses
%
P01
P02
P03
P04
P05
P06
P07
P08
P09
01
-
It is
something
divine
X
01
11,11%
02
-
It is my
existence
X
X
02
22,22%
03
-
My body
is sensitive
X
X
02
22,22
%
04
-
My body,
it's base
X
01
11,11%
05
-
It's
everything
X
01
11,11%
06
-
My body
is normal
X
X
X
X
04
44
,44%
07
-
It is to be
careful, to
have well
-
being, to love
yourself
X
01
11,11%
08
-
It is
movement, it
is locomotion
X
02
11,11
%
09
-
Body is a
part of me
X
01
11,11%
10
-
Each
person has a
body that is
different
X
01
11,11%
11
-
It's thing
X
X
02
22,22%
12
-
Set of
several
members
X
01
11,11%
13
-
It's life
X
01
11,11%
Source: Prepared by the authors, based on data obtained in the field research (2021/2022)
In the Meaning Unit (Chart
01), it is highlighted that the body "
is something divine
";
participant P01 who reported such a response mentioned that the disability itself was something
blessed: "
My body is something divine that God gave me. My body is what Jesus gave me with
a gift, w
hich is the disease, and I face several barriers with this disease, both at school and at
work
"
(P01).
When reading such statement, it is possible to reflect on the conceptions of the body
with disability linked to divine issues, understood as a gift from
God. It can be seen that this
image/svg+xml
Education, corporeality
and the visually impaired person:
A
necessary dialogue
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2981
-
3002
,
Oct
./
Dec
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
2991
view, linked to the supernatural world, was very present in the Middle Ages, in which disability
was considered sacred or even as a punishment, an act of divine wrath for some action
considered sinful by the subject or his par
ents, and is still perpetuated today both as something
positive and negative.
In face of this reality experienced in the past, the handicapped body suffered
:
During the entire medieval period, with the culture focused on religious
themes, under the inflection of the dominant Christianity, this conception
prevailed. The body was taken as a place of sin and, therefore, the less active
the better. Some theological
postures differed a little, but only sought to bring
the body closer to spiritual reality
(GALLO, 2006, p. 19
-
20
, our translation
).
From the author's reflection about the confrontations experienced by the body at that
time, we realize that the same dilem
mas occur today, because we notice that the speech of the
interviewee is confusing, being at the same time a body graced as a divine gift, but then
describes that this gift comes from the disease, which motivates the emergence of barriers at
school and at
work.
In the second Meaning Unit, two participants affirmed perceiving the body as "
It is my
existence
", this understanding is close to the discourse of corporeality, in which the body is
seen as the manifestation of the presence of the human being in the
world, in the perspective of
subject body.
As Merleau
-
Ponty (2018, p. 230
, our translation
) states, "the body is immobilized or
generalized existence, and existence a perpetual embodiment." Corroborating with such a
statement, Nóbrega (2010) highlights that the body is the condition of life, of the existence of
being and of knowledge itself. In
the words of the students
: “
[...]
My body is my existence [...]
"
(P01); for (P02)
, "gee, I wasn't ready for that one.... well, if I didn't have a body I wouldn't exist,
so...".
Given the answers, it is noted that the body for these two students is not con
ceived as
separated by parts, mere framework or dwelling, but as being a body whole, which is the student
himself in his manifestations in the world. What is emphasized by Merleau
-
Ponty (2018), who
points out that the experience of being manifests itself i
n a body itself existentialized in the
ways of being in the world, in contact with the other and with their experiences. Thus, a thought
about the body as a manifestation of what is experienced stands out, in a being perceiving itself
as existence admittin
g relationships, perceiving life and the world.
The students' speech comes close to the corporeality discourse, as it seeks to perceive
those who show themselves. In this direction, corporeality exercises a look on objects in an
image/svg+xml
Andressa Karoline Santana TEIXEIRA
and
Hergos Ritor Fróes de COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2981
-
3002
,
Oct
./
Dec
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
2992
existentialist perspective
, because "existence is primarily corporal and that the body is the
measure of our experience in the world and, therefore, the first reference of knowledge"
(NÓBREGA, 2010, p. 15
, our translation
). In this same view, Le Breton (2012) states that
before any
thing else, existence takes place through the body. Therefore, it is in this perspective
that the approach to corporeality, anchored in phenomenology, seeks to describe the experience
of the human being in a sensitive world, discussing the perception of th
e body as an existential
condition
.
However, it is interesting to note that even though P02 describes body as "existence",
he also mentions seeing it as "a thing" that he uses constantly. In this sense, it is noticeable that
the discourse of body as someth
ing that is possessed is also present in his speech, as if it were
an object, approaching the utilitarian and mechanistic view of the body. Thus, we notice that
the same subject can present conceptions that are close to or far from the idea of the body in
the
conception of corporeality.
In this same scenario, when referring to the conceptions of body, Merleau
-
Ponty (2018,
p. 269
, our translation
), points out that "[...] therefore, the body is not an object. For the same
reason, the
consciousness I have of it is not a thought, that is, I cannot decompose and
recompose it to form a clear idea of it. Its unity is always implicit and confused. The body goes
far beyond a simple understanding, it is a mystery, difficult to describe
”
.
It ca
n be seen that such notes made by participant 02 has a certain approximation with
the speech presented by corporeality, because as Pereira (2020) mentions, the approach
discusses the experience of the being to realize himself, and through this perception,
to resize
the way of knowing himself, thus, the way the subject is today is a provisional and unfinished
condition, and may change at any time. It is having flexibility, adapting to the conditions of
life. Moreover, as P02 mentions, thinking about the mean
ing of body is not something so
simple, and rarely is one encouraged to reflect about it. In the interviewee's speech, it is also
possible to notice a certain discomfort, a certain strangeness at first about the question, probably
because it is a little di
scussed theme. Another fact worth mentioning is that, despite both
participants being people with visual impairment, one with low vision and the other with
blindness, it is noted that it was not possible to differentiate the conception of body by the type
of visual impairment, but by the world experiences and the relationships established with
oneself and with others, because in fact it is understood that this is what gives meaning to things
and phenomena
.
It is understood that human beings are in constant
development, so it is assumed that the
speech about a particular phenomenon may also be being shaped and built throughout life.
image/svg+xml
Education, corporeality
and the visually impaired person:
A
necessary dialogue
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2981
-
3002
,
Oct
./
Dec
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
2993
Taking into account that the student is a high school student with visual impairment, it is
imagined that the participant is in
the process of formation, including reflections about his
conceptions about his own body
.
In this same perspective, the Unit "
My body is sensitive
" is presented, which was
present in the speeches of both P01: "
I would say that my body is sensitive
...",
and P05, and
they reflect what they think about the body: "
Body... I never stopped to think... now it caught
on... look I never... like... ahhhhhh.... [...] It means the feeling ...
" (P05). It is noticeable that the
speeches address a body that is consider
ed sensitive, intelligible, complex, and at the same time
possessing countless meanings and singularities, being even difficult to be defined
.
As mentioned by the participants, this sensitive body is a body that feels, that
experiences countless situations
in everyday life, that has its difficulties, but also its potential.
A body that shows itself and lets itself be known. A body that is learning every day, in a dynamic
interaction with objects, the other, and the world, and that in this paradox of being a
body
demonstrates the beauty of being human. It is what Nóbrega (2010) mentions as body
-
self,
body
-
living and sensitive exemplary. And being a body is that the subject communicates,
expresses himself, shows his emotions, from the experience of his corpore
ality. It is a body that
is undoubtedly intertwined with the environment in which it is inserted and, also, that
establishes exchanges and sharing.
Moreover, as stated by P01, the body also has its limitations and needs which must be
considered, especially
in the school environment, "people with visual impairment have specific
needs regarding interaction and communication with the environment. They need different
procedures in the teaching
-
learning process, materials and specific resources for their educati
on
and inclusion" (MASINI, 2013, p. 94
, our translation
). It is up to school environments to
provide experiences that allow each body to develop in an active way.
Contributing to this discussion, Correa, Moro and Valentini (2021) point out that
Assistive T
echnology (AT), when added and properly used in the teaching
-
learning process,
enables breaking sensory, motor and cognitive barriers, being a helper in the inclusion of
students with disabilities. To that end, the school must provide a set of methodologic
al tools
which contribute to the full development of students
.
In the fourth Meaning Unit, "
My body is the base
", one can contemplate the view of a
body as being the essence of the subject, the base that gives life to the human being, therefore,
without th
e corporeal being, there would be no subject that relates and expresses opinions. Thus,
when asked about what is body, P02 exposes that:
"[...] it is a question that I had never stopped
to think about it, but my body, it is base... if my body did not exist
, I would not exist [...]
”.
image/svg+xml
Andressa Karoline Santana TEIXEIRA
and
Hergos Ritor Fróes de COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2981
-
3002
,
Oct
./
Dec
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
2994
From the above, an approximation is made with what was presented by Merleau
-
Ponty
(2018), in which the body is the basic unit, the first essence of the subject in the world, and the
means by which it is possible to
manifest itself, because the being is not in front of its body, but
in its body, being body. And from this communication with oneself it is also possible to
communicate and understand the world. In this sense, it portrays once again the importance of
discu
ssions about the body, in the sense of returning to the things themselves, to what is prior
to knowledge
(MERLEAU
-
PONTY, 2018).
The Meaning Unit my body "
is life
", was extracted from the report of P08, which states:
"
Well, I think it means a life,
right, a present life
”
. It is noticed an approximation with what was
addressed in the previous units, because they also present a notion of body with broader and
more philosophical meaning, leading to reflect on the human being that is complex and one,
bec
ause "the body is the condition of life, existence, knowledge" (NÓBREGA, 2010, p. 19
, our
translation
). The body cannot be treated as an artifact housed in man that presents itself as an
obstacle to be carried in his existence, but, on the contrary, it sho
uld be considered as the human
condition in the world in which it draws his path and makes his welcome hospitable (LE
BRETON, 2016).
In the Meaning Unit: "
It is everything
," it can be observed that P03 comes close to what
was mentioned by the participants
cited earlier, who see the body as synonymous with their
own existence, the totality of being. However, saying, "
It is everything
" may be convergent in
relation to corporeality, but also divergent, because such a statement encompasses the various
existing
conceptions about the body. Therefore, there is no way to describe exactly what the
participant understands his body to be.
It is understood that the body needs to be more
mentioned
and discussed, especially in
the teaching units, and consequently, it is pointed out the need for more in
-
depth studies
instigating the students to reflect about being body and to value it as a producer of knowledge.
Thus, it will be possible to live an e
ducation that privileges human experiences and challenges
teachers and students to have a sensitive, critical, and reflective look on themselves, on others,
and on their surroundings.
(COUTO; RIBEIRO; TEIXEIRA, 2021).
The Meaning Unit that addresses that b
ody "
is to take care, have well
-
being, love
yourself
" has a focus of body more focused on issues of health and aesthetics. According to
P04: "
So, the body is to be careful, to have well
-
being with your own body and with yourself.
In relation to my body, I
think that it is having it and knowing how to take care of it. I think that
it is to know how to love yourself regardless of what you are, regardless of your body, never
give up on who you are
.
”
(P04).
image/svg+xml
Education, corporeality
and the visually impaired person:
A
necessary dialogue
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2981
-
3002
,
Oct
./
Dec
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
2995
It is noted that the student reports that the body
is something that one owns, and in which
one should have habits that ensure that it is healthy, having a relationship of well
-
being with
himself, loving himself regardless of the peculiarities that the body has. In this speech, one can
notice that even tho
ugh the participant has visual impairment, he does not feel diminished, with
a feeling of invalidity or inferiority.
From this reflection, it is considered that the interviewee's speech has much to teach,
because as mentioned by him, it is necessary to lov
e, accept, respect, have self
-
confidence in
oneself, so that from that, one can have the acceptance and respect of others. As Santin (2003,
p. 114
, our translation
) states, "[...] one must learn to listen to oneself, listen to the speech of
the body, atten
d to the signs of feeling.
Although, in some moments, it seems that P04 sees the body as an object, it is possible
to notice traces that meet the corporeality speech, because the interviewee does not stick to
biologistic issues, but goes beyond, addressing
issues related to the relationship with himself
and with the other. Addressing the idea that the way the subject sees his own body influences
even the view that others will have.
Thus, such conception of body reaffirms the thought of Merleau
-
Ponty (2018),
considering that the body is not an object, and that the conception we have of this body cannot
be understood as a thought. For the author, this reflects that it is not possible to decompose or
recompose the thought that we have of body, because its unity
will be at all times presenting
itself in an implicit and confusing way. This is the beauty of the conception of body, unique
and inseparable
.
The Meaning Unit "
Body is a part of me
" demonstrates a conception that the human
being goes beyond the material
body, being the body a part of the extension of what the subject
is. In the words of P06: "
Body is a part of me, and I am...it's, satisfied with it
" (P06). Based on
the interviewee's speech and the writings of Santos (2019), it is understood that the body,
when
understood in this way, is not seen as object body, but as subject body, encompassing the
perspective of the subject in its entirety, transcending the objective sphere and reaching the
complexity and subjectivity of being.
The eighth Meaning
Unit, "
It is movement, locomotion
", discusses a conception of
body as an expression of the human being, the means by which he moves and interacts in the
world. For P07: "
For me, the human being's body is movement, locomotion
”.
Based on this reflection, it
is emphasized that human existence occurs through the
intentionality of movements, which enable human interaction. Thus, corporeality seeks to give
meaning to these movements and the bodily relationships that are established from them. It is
image/svg+xml
Andressa Karoline Santana TEIXEIRA
and
Hergos Ritor Fróes de COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2981
-
3002
,
Oct
./
Dec
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
2996
an active bei
ng, which is in constant movement (MERLEAU
-
PONTY, 2018). Thus, it is
considered that "the body is alive and significant and by moving, the human subject creates and
recreates history and culture" (NÓBREGA, 2019, p. 86
, our translation
). Therefore, it is th
rough
the movement of the body that the human being expresses himself and, through his corporeality,
makes himself present in the world. On the other hand, it is imagined that the participant's
answer is also related to the views of body as a physical and
biological instrument, because it
is also perceived a utilitarian character in this unit
.
Composing the Meaning Unit "
My body is normal
", one can notice a sense of
affirmation from the participants in trying to clarify that they do not consider themselves
"abnormal" for having a disability. The reports indicate a need for self
-
affirmation, because
although the question is not directly related to this answer, the participants tried to evidence this
statement:
"First, I don't think the body is
different because of the
disability
" (P03); while P06
states: "
I don't think it is different because I am visually impaired". And another participant
stated: "I honestly don't know how to define the human body. But I imagine that it is a person.
My body is
normal, natural in my vision
" (P08).
It is assumed that such answers are related to the lived experiences of the students, linked
to the fact of having to deal several times with prejudice about their body due to having a certain
biological limitation. C
ontributing to this statement, when dealing with the body with some
kind of disability Le Breton (2012) states that the more visible a disability is, the more
discrimination the subject will suffer, because the relationship of these people is almost always
of ambivalence, i.e., at the same time that society states that these are normal beings and that
disability should not influence the social value, they still suffer much prejudice and disapproval,
damaging their relationships with their peers.
In this reg
ard, there is an understanding that the diversity of bodies should not be a
reason for exclusion, but for interaction, for possibility, when the body suffers some kind of
constraint, it may feel displaced or become closed to new relationships, and conseque
ntly, to
new experiences and new learning. It is necessary to free oneself from dogmas, stereotypes,
and pre
-
established standards that prevent the total flow of the expressions of corporeality
.
The unit "
Each person has a body that is different
" is close
to the previous unit.
Expressing the conception of P08, who understands that each being is one, complex, as noted
in his speech: "
My body has its limitations, it is a little difficult, but compare it with other
people. You could say that each person has a
body that is different
” (P08).
In the report it can be seen that the
participant is aware that even with all the limitations
and difficulties he faces, he does not have an "abnormal" body, but a different body, just like
image/svg+xml
Education, corporeality
and the visually impaired person:
A
necessary dialogue
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2981
-
3002
,
Oct
./
Dec
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
2997
all the others, because each one is constituted differently. We agree with the words of P08,
because it
is understood that the body can manifest itself in different ways and under multiple
languages, socially, culturally, and historically. This statement of the student is in line with
what emphasizes the corporeality, because as Nóbrega (2010, p. 21
, our tr
anslation
) states, "the
corporeality coexists with the various existi
ng
bodies". In this sense, each body has its own
characteristics, qualities, limitations, and potentialities that must be considered in all
environments, especially at school, a privilege
d place for knowledge construction.
From the Unit presented "
It'
s a
thing
", one can notice a meaning of body that is
divergent from corporeality. In the speeches of P02, "
my body for me is something I use a lot,
you know, like all the time
", while P05
says: "
the body for me, I think it is something to move
around, like this, to walk, to do things, to think and learn things I don't know
". One can notice
that in the speech of P02, "thing" is linked more to the speech of something mechanical and
utilitaria
n. While, for P05, the discourse already approaches the sense of body as connected to
movement, something intentional. This vision of body is present in the school environment.
Currently, education professionals treat students' bodies as objects to be mani
pulated or
improved, often reflecting on the conception that students will have of their own bodies. This
scenario is worrisome, because in the twenty
-
first century, with the many advances in
education, there are few movements within this environment that
encourage students to reflect
on their bodies as autonomous beings, and to feel corporeal
(COUTO; RIBEIRO; TEIXEIRA,
2021).
Contrary to the body as a thing, the corporeality perspective is the body that "is presence
and existence in the relationship with t
he world, respecting the space, time and its unique way
of living" (PORTO, 2005, p. 105
, our translation
). Thus, to glimpse this body through this
understanding is to move away from an understanding of objectified body and approach a body
that reflects the
human being in its totality, at the same time biological, social, cultural, political,
and economic
.
Another report pointed out the body as "
Set of several members
", a unit of meaning in
which one can notice a vision of organic body, which is closer to th
e biologistic and machinic
conceptions of the body, as something fragmented, separated into parts, being linked more to
organic issues. Based on the writings of Nóbrega (2010), it is understood that one should not
consider the body as an inventory of parts
or as a house for the spirit, but as the human being
itself, with its experiences, sensitivity and reflexivity, in its relationship with the world and the
other
.
image/svg+xml
Andressa Karoline Santana TEIXEIRA
and
Hergos Ritor Fróes de COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2981
-
3002
,
Oct
./
Dec
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
2998
Final remarks: reflections of those who "see" on the conception of body of those who do
not
"see" with their eyes
As outlined throughout this study, corporeality goes far beyond a concept, it is an act of
intimate involvement with oneself, with others, and with the world. It is a way of being and
being, a walk towards the best one can be as a
person, in the constant search for making the
world a better place. Understanding the corporeality approach is something complex, but it is
possible to be understood and disseminated in formal and non
-
formal educational
environments. We realize that school
s are saturated with practices that insist on dominating and
silencing the corporal manifestations, and a discourse that breaks with these perceptions is
essential.
In this sense, when searching for the vision of the body of people with visual
impairment,
the aim was to give voice to the bodies that are continuously silenced by society,
besides being a longing to better understand the different bodies present in the school
environment. It is considered that these bodies are not exceptional because they have
a
disability, but because they are unique, complex beings, full of subjectivity and have
differentiated experiences. Evidently, not having one of the remaining senses brings
experiences that a sighted person will not have, but as stated by the interviewed
students, this
does not make them different bodies from the others, exclusively because of this characteristic.
According to the data presented, most students with visual impairment describe the body as
being itself, in its expressions and existence. Ther
efore, these speeches converged with the
assumptions presented by the corporeality approach, in which the body is the manifestation of
the subject, being the only way to be and be in the world
.
It is necessary, based on what the participants say, to value
the relationship and the care
for oneself, for others, and for the environment. It is necessary to coexist with quality with all
those who are in life, making possible a better and more pleasant world to be in and to live in.
Each speech is loaded with mea
nings and more meanings, with a little bit of each being, of their
trajectory, joys, anguish, and learning that are constitutive of the singularities of these students.
These subjects have negative experiences and marks imprinted on their bodies that are t
he fruit
of prejudice and discrimination, and this cannot be neglected by our educational institutions.
On the contrary, it is necessary to fulfill what is foreseen in the Laws, providing opportunities
for different positive experiences with quality.
The b
ody of the visually impaired person that does not have the standards dictated by
society cannot be treated with prejudice and exclusion, but as a body which has its challenges,
but which is rich in sensitivity and intelligibility.
image/svg+xml
Education, corporeality
and the visually impaired person:
A
necessary dialogue
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2981
-
3002
,
Oct
./
Dec
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
2999
It is reaffirmed that th
eir rights are guaranteed by Law, such as those instituted by the
inclusion policies and laws (BRA
Z
IL, 2008, 2015), the Brazilian Constitution (BRA
Z
IL, 1988),
the Education Directives Law, LDB nº. 9.394/1996 (BRA
ZI
L, 1996), as they must be frequently
recog
nized and respected so that they can fully exercise their citizenship
.
To go deeper into the conception of body of these subjects is to understand that, even
without the sense of sight, they have all the other senses that enable them to go beyond the
thing
s seen, allowing them to relate with themselves, with others and their surroundings from
their lived corporeality. Thus, based on the theoreticians and on the reports of the subjects
participating in the research, it is understood that the corporeality pre
sents itself as a mechanism
to overcome the mechanistic and reductionist views of the body, criticizing and re
-
signifying
these conceptions that are impregnated in society, which sometimes imprison and silence the
being.
In this way, the approach to
corporeality presented in this article seeks to instigate the
human being in its full development, conceiving the body in its subjectivity, plenitude, and
autonomy. By perceiving himself as a corporeal being, the subject becomes the manager of his
own hist
ory, living in harmony with all its facets. Therefore, when "we take our destiny into
our own hands, we become responsible, through reflection, for our history
[...]”
(MERLEAU
-
PONTY, 2018, p. 19
, our translation
).
Considering these factors, it is necessary
to think about education critically,
transforming it into a true learning space that favors the various knowledge and body
experiences, in a way that goes beyond the limits of the school in order to train citizens for life,
making them critical and active
subjects in their reality. Human beings need a careful look at
their constitutive singularities, so that they are respected in their differences, having the
opportunity to develop fully in/through social interactions, in their relationship with others
.
ACKNOWLEDGMENTS:
To the Coordination for the Improvement of Higher Education
Personnel
–
CAPES
.
image/svg+xml
Andressa Karoline Santana TEIXEIRA
and
Hergos Ritor Fróes de COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2981
-
3002
,
Oct
./
Dec
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
3000
REFER
ENCES
AMIRALIAN, M. L. T. M.
Compreendendo o cego:
Uma visão psicanalítica da cegueira por
meio de desenhos
-
estórias.
São Paulo:
Casa
do psicólogo, 1997.
BARDIN, L.
Análise de conteúdo
. Lisboa
: Edições 70,
1977.
BRA
Z
IL.
Política nacional de educação especial na perspectiva da educação inclusiva
.
Brasília, DF:
MEC,
2008.
Available at:
http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf.
Access on
: 17
Feb
. 2022.
BRA
Z
IL.
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988
.
Brasília, DF:
Assembleia Nacional, 1988.
Available at
:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.
Access on
: 17
Feb
.
2022.
BRA
Z
IL.
Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996
. Estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional. Brasília, DF: Presidência da República, 1996.
Available at
:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm.
Access on
: 10
Jan
. 2022.
CORREA, Y.; MORO, T. B.; VALENTINI, C. B. Tecnologia assist
iva na educação inclusiva.
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação
, Araraquara, v. 16, n. esp. 4, p. 2963
-
2970, dez. 2021. e
-
ISSN: 1982
-
5587.
Available at
:
https://periodicos.fclar.unesp.br/iberoamericana/article/view/16060
.
Access on
:
10
Sept
.
2022.
COUTO, H. R. F
.
; RIBEIRO, F
.
; TEIXEIRA, A. K. S
.
Corpo, corporeidade e educação:
Reflexões no âmbito acadêmico da Amazônia
In:
COLARES, M. L. I. S.; CALIXTO, H. R.
S. (org.).
Curso de Pedagogia:
Leituras formativas. Santarém, PA: Rosivan Diagramação
&
Artes Gráficas, 2021.
GALLO, S. Corpo ativo e a filosofia.
In
: MOREIRA, W. W. (org).
Século XXI:
A era do
corpo ativo. Campinas
, SP
: Papirus, 2006
.
GIORGI, A.
A psicologia como ciência humana
:
Uma
abordagem de base fenomenológica.
Belo Horizonte: Interlivros, 1978.
LE BRETON, D.
A sociologia do corpo
. 6. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2012.
LE BRETON, D.
Antropologia dos sentidos
. Rio de Janeiro: Vozes, 2016.
LOZANO, D.; PRADO, I. T.; JUNGO, B. G. A inclusão sob a ótica do censo da e
ducação
básica: Uma análise dialética com as leis.
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em
Educação,
Araraquara, v. 17, n. esp. 1, p. 0825
-
0843, mar. 2022. e
-
ISSN: 1982
-
5587.
Available at
:
https://periodicos.fclar.unesp.br/iberoamericana/article/view/15855
.
Access on
:
10
Oct
. 2022.
MARTINS, B. A.; CHACON, M. C. M. Estar presente é estar incluído? Análise de situações
em que a inclusão escolar não acontece.
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em
Educação,
Araraquara, v. 17, n. esp. 2, p. 1339
-
1355, jun. 2022.
Available at
:
https://periodicos.fclar.unesp.br/iberoamericana/article/view/17001
.
Access on
:
10
Sept
.
2022.
image/svg+xml
Education, corporeality
and the visually impaired person:
A
necessary dialogue
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2981
-
3002
,
Oct
./
Dec
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
3001
MARTINS, J.
;
BICUDO, M. A. V.
A pesquisa qualitativa em psicologia
:
Fundamentos
e
recursos básicos. São Paulo: PUC
-
SP, 1989.
MASINI, E. F. S.
O perceber de quem está na escola sem dispor da visão
. São Paulo:
Cortez, 2013.
MERLEAU
-
PONTY, M.
Fenomenologia da Percepção
. 5. ed. Tradução
:
Carlos Alberto
Ribeiro de Moura. São Paulo: Martins Fontes, 2018.
MOREIRA, W. W. Corpo presente num olhar panorâmico.
In:
MOREIRA, W. W. (org.).
Corpo presente, corpo pressente
.
Campinas
, SP
: Papirus
,
1995.
MOREIRA, W. W.
et al.
Corporeidade
aprendente: A complexidade do aprender viver
.
In:
MOREIRA, W. W. (org.)
.
Século XXI:
A era do corpo ativo
.
Campinas
, SP
: Papirus, 2006.
MOREIRA, W. W.; SIMÕES, R. Educação física, esporte e corporeidade: Associação
indispensável.
In:
MOREIRA, W. W
.
; PICCO
LO, V. L. N. (org
.
).
Educação física e esporte
no século XXI
.
Campinas, SP: Papirus, 2016.
MOREIRA, W. W.; SIMÕES, R.; PORTO, E. Análise de conteúdo: Técnica de elaboração e
análise de unidades de significado.
R. bras. Ci e Mov
.
,
v. 13, n. 4, p.
107
-
114, 2005.
Available at
: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil
-
524584.
Access on
: 28
Aug
.
2021.
MOTA, M. G. B.
A comunicação e a relação interpessoal com o aluno deficiente visual.
Brasília
, DF
: Secretaria de Educação Es
pecial
;
MEC, 2003.
NISTA
-
PICCOLO, V. L.
et al.
As inteligências expressas na corporeidade vivida no cotidiano
escolar.
Revista educação e cultura contemporânea
, Rio de Janeiro, v. 16, n. 44, p. 369
-
393, 2019.
Available at
:
http://revistaadmmade.estacio.br
/index.php/reeduc/article/viewArticle/3459.
Access on
: 07
June
2022.
NÓBREGA, T. P. A atitude fenomenológica: o corpo sujeito.
In:
NÓBREGA, T. P.;
CARMINHA, I. O. (org.).
Merleau
-
Ponty e a Educação Física
. São Paulo: Liber Ars, 2019.
NÓBREGA, T. P.
Uma fenomenologia do corpo
.
São Paulo: Livraria da Física, 2010.
PEREIRA, A. H. M.
É Gol, que felicidade?
Educação, futebol profissional e Corporeidade
na Amazônia.
2020. Dissertação (Mestrado em Educação)
–
Universidade Federal do Oeste
do
Pará, Santarém, 2020.
Available at
:
https://repositorio.ufopa.edu.br/jspui/handle/123456789/494.
Access on
: 15
Oct
. 2021.
PORTO, E. T. R.
A corporeidade do cego:
Novos olhares.
2002. Tese (Doutorado em
Educação Física)
–
Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2002.
PORTO, E. T. R.
A corporeidade do cego:
Novos olhares. São
Paulo: UNIMEP, 2005.
RODRIGUES, M.; BERNARDINO, J. L. F.; MOREIRA, M. V. Barreiras atitudinais: A
e
xclusão que limita a acessibilidade de pessoas com deficiência.
Revista Ibero
-
Americana
image/svg+xml
Andressa Karoline Santana TEIXEIRA
and
Hergos Ritor Fróes de COUTO
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2981
-
3002
,
Oct
./
Dec
. 2022
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
3002
de Estudos em Educação
, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1311
-
1326, abr./jun. 2022.
Available at
:
https://periodicos.fclar.unesp.br/iberoamericana/article/view/15058
.
Access
on
:
10
Sept
. 2022.
SÁ, E. D. Atendimento educacional especializado para alunos cegos e com baixa visão.
In:
MANTOAN, M. T. E. (org
.).
O desafio das diferenças nas escolas
.
Petrópolis
, RJ
: Vozes,
2011.
SANTIN, S.
Educação física:
Uma
abordagem fenomenológica da corporeidade. 2. ed. Ijuí:
Ed
. Unijuí, 2003.
SANTOS, L. A. M..
Diálogos entre o pensamento de Merleau
-
Ponty e o campo educacional:
reflexões sobre a corporeidade nas aulas de Educação Física escolar.
In:
Merleau
-
ponty e a
Educação Física
. Orgs: Terezinha Petrúcia de Nóbrega e Iraquitan de Oliveira Caminha.
–
São Paulo
: Liber Arts, 2019.
208p.
How to reference this a
rticle
TEIXEIRA, A. K. S.; COUTO
, H. R. F.
Education, corporeality and the visually impaired
person: A necessary dialogue
.
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 17, n. 4, p.
2981
-
3002
,
Oct
./
Dec
. 2022. e
-
ISSN: 1982
-
5587.
DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i4.17371
Submitted
: 11/
12
/202
1
Revisions required
: 24/
03
/2022
Approved
: 19/1
0
/2022
Published
: 30/
12
/2022
Processing and publication by the Editora Ibero
-
Americana de Educação.
Correction, formatting, standardization and translation.