A proposta de um Programa de Pós-Graduação em Educação e as avaliações da CAPES: Um estudo de caso a partir da Universidade
Estadual do Oeste do Paraná
RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023134, 2023. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17773 6
sarrafo, na prova de salto, está sempre subindo. Como o mesmo vale na
produção científica, é natural que as exigências constantemente cresçam – e
que um curso que estaria bem situado na sua nota, seja ela 3 ou 7, se não tiver
o cuidado de se atualizar, de aumentar sua qualidade, de produzir mais, corre
o risco de perder o conceito em um ou dois triênios. Além disso, como a
avaliação é forçosamente comparativa, o momento da Trienal causa um certo
nervosismo, pelo qual as áreas – e no interior delas os programas – se
comparam e se defrontam. Portanto, o elemento competitivo existe e faz parte
do sistema, que procura gerar uma classificação hierárquica que tem vários
efeitos positivos: 1) estimula o melhor desempenho, mediante uma avaliação
externa; 2) atribui maior autonomia na gestão e obtenção de recursos aos
programas que estão se saindo melhor no seu desempenho; 3) orienta os
candidatos a procurar os melhores cursos (RIBEIRO, 2012, p. 88).
Daí a necessidade de, em função do campo científico (BOURDIEU, 2004) ser também
um espaço de disputa, problematizar as fichas de avaliações em perspectiva comparada
(CATANI; AZEVEDO, 2013), torna-se uma tarefa imperiosa. Nesse ínterim, é importante uma
ressalva: não se trata, aqui, de publicizar problemas internos de um Programa de Pós-
Graduação (PPG), mas, antes, estimular que Programas que estejam em situação similar ao
Programa aqui analisado possam olhar para as fichas de avaliação de Programas que estejam
em estratos superiores e, caso queiram, tomarem, respeitado suas devidas especificidades, como
bússola para suas práticas cotidianas. Do contrário, a própria movimentação das disputas
internas desse campo científico (BOURDIEU, 2004) se encarregará de colocar às margens
quem não estiver atento sobre como aqueles que detém capital científico (Programas notas 6 e
7) e as regras do jogo, estão se movimentando e para qual direção eles estão indo. Além do
mais, não faria sentido a eventual crítica a estarmos dando publicidade aos problemas internos
de um PPG em função de que,
Há vários anos as fichas de avaliação – que resumem a apreciação da CAPES
sobre um programa e concluem atribuindo-lhe um conceito (ou nota) – estão
disponíveis na Internet, cada uma na entrada do respectivo curso.
Introduzimos algumas inovações. A primeira é a forte recomendação para que
sejam muito claras e didáticas. Um curso, sobretudo quando pode melhorar (e
sempre pode), tem tudo a ganhar se receber conselhos e comentários claros.
Os cursos confiarão mais nos resultados da avaliação se virem que as fichas
foram bastante objetivas e diretas. E os alunos, que são os principais
beneficiários da avaliação, poderão escolher melhor o curso em que desejam
matricular-se – ou cobrar, do curso em que estão, as melhoras necessárias. A
segunda mudança importante foi a inclusão, na página de cada curso novo, da
respectiva ficha de recomendação. A “ficha de avaliação” é preenchida na
Avaliação Trienal e examina um curso em funcionamento. Já a “ficha de
recomendação” expressa a aprovação, ou não, de uma proposta de curso novo
(RIBEIRO, 2012, p. 09, grifos do autor).