RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 19, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v19i00.17879 1
EPISTEMOLOGIA CONTEMPORÂNEA E POVOS INDÍGENAS NO ENSINO
SUPERIOR: O DESAFIO DA INTERCULTURALIDADE NA UNIVERSIDADE
EPISTEMOLOGÍA CONTEMPORÁNEA Y PUEBLOS INDÍGENAS EN LA
EDUCACIÓN SUPERIOR: EL DESAFÍO DE LA INTERCULTURALIDAD EN LA
UNIVERSIDAD
CONTEMPORARY EPISTEMOLOGY AND INDIGENOUS PEOPLE IN HIGHER
EDUCATION: THE CHALLENGE OF INTERCULTURALITY AT THE UNIVERSITY
Ana Paula de Pádua CÂNCIO 1
e-mail: apaduacancio@gmail.com
Raimundo Nonato de Pádua CÂNCIO 2
e-mail: nonato.cancio@uft.edu.br
Como referenciar este artigo:
CÂNCIO, A. P. de P.; CÂNCIO, R. N. de P. Epistemologia
contemporânea e povos indígenas no Ensino Superior: O desafio da
interculturalidade na universidade. Revista Ibero-Americana de
Estudos em Educação, Araraquara, v. 19, n. 00, e024003, 2024. e-
ISSN: 1982-5587. DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v19i00.17879
| Submetido em: 20/03/2023
| Revisões requeridas em: 20/07/2023
| Aprovado em: 05/09/2023
| Publicado em: 02/01/2024
Editor:
Prof. Dr. José Luís Bizelli
Editor Adjunto Executivo:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
Universidade do Estado do Pará (UEPA), Belém PA Brasil. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em
Educação (PPGE) da Universidade do Estado do Pará.
2
Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT), Tocantinópolis TO Brasil. Professor Adjunto do
Curso de Pedagogia, do Programa de Pós-graduação em Linguística e Literatura (PPGLLIT/UFNT), e do
Programa de Pós-graduação em Formação Docente em Pticas Educativas da Universidade Federal do
Maranhão (UFMA).
Epistemologia contemporânea e povos indígenas no Ensino Superior: O desafio da interculturalidade na universidade
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 19, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v19i00.17879 2
RESUMO: O objetivo deste texto é refletir sobre o ingresso de estudantes indígenas no
Ensino Superior, tendo em vista o desafio dos diálogos interculturais e interepistêmicos.
Trata-se de uma Pesquisa Bibliográfica, cuja abordagem é qualitativa, que buscou identificar
as principais contribuições acerca dos desafios da interculturalidade no Ensino Superior no
Brasil, com destaque para a inter-relação povos indígenas, interculturalidade e Universidade.
Para tanto, dialogamos com autores que contribuem para esse debate, a partir da
epistemologia contemporânea, na perspectiva da decolonialidade e da interculturalidade,
como abordagens críticas de reflexão. Os dados evidenciam as necessidades e a importância
das ações afirmativas no Ensino Superior, mas também a necessidade de questionar, para
além da ausência dos povos indígenas nas Universidades, as práticas pedagicas reguladas
pela racionalidade científica dominante, que o conhecimento sempre foi utilizado como
instrumento de classificação hierárquica e de refoo de padrões de poder e saber.
PALAVRAS-CHAVE: Ensino Superior. Povos indígenas. Epistemologia. Interculturalidade.
RESUMEN: El objetivo de este texto es reflexionar sobre el ingreso de estudiantes indígenas
a la Educación Superior, ante el desafío de los diálogos interculturales e interepistémicos. Se
trata de una Investigación Bibliográfica, cuyo enfoque es cualitativo, que buscó identificar
las principales contribuciones sobre los desafíos de la interculturalidad en la Educación
Superior en Brasil, con énfasis en la interrelación entre los pueblos indígenas, la
interculturalidad y la Universidad. Para ello, dialogamos con autores que aportan a este
debate, desde la epistemología contemporánea, desde la perspectiva de la decolonialidad y la
interculturalidad, como enfoques críticos de reflexión. Los datos muestran las necesidades e
importancia de las acciones afirmativas en la Educación Superior, pero también la necesidad
de cuestionar, además de la ausencia de indígenas en las universidades, prácticas
pedagógicas reguladas por la racionalidad científica dominante, pues el conocimiento
siempre ha sido utilizado como instrumento de clasificación jerárquica y refuerzo de patrones
de poder y saber.
PALABRAS CLAVE: Educación Superior. Pueblos indígenas. Epistemología.
Interculturalidad.
ABSTRACT: The purpose of this text is to reflect on the entry of indigenous students into
Higher Education, in view of the challenge of intercultural and interepistemic dialogues. This
is a Bibliographic Research, whose approach is qualitative, which sought to identify the main
contributions regarding the challenges of interculturality in Higher Education in Brazil, with
emphasis on the interrelationship between indigenous peoples, interculturality and the
University. To do so, we dialogue with authors who contribute to this debate, from
contemporary epistemology, from the perspective of decoloniality and interculturality, as
critical approaches to reflection. The data show the needs and importance of affirmative
action in Higher Education, but also the need to question, in addition to the absence of
indigenous peoples in universities, the pedagogical practices regulated by the dominant
scientific rationality, since knowledge has always been used as an instrument of hierarchical
classification and reinforcement of patterns of power and knowledge.
KEYWORDS: University education. Indigenous students. Epistemology. Interculturality.
Ana Paula de Pádua CÂNCIO e Raimundo Nonato de Pádua CÂNCIO
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 19, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 1982-5587
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Introdução
O Estado brasileiro sempre utilizou uma variedade de estratégias para integrar os
povos indígenas à sociedade nacional, que foram vistos, na maioria das vezes, como
obstáculo ao desenvolvimento, sob o argumento do “desenvolvimento ecomico”, do
“progresso” e, mais recentemente, da “democracia” e dos “direitos humanos”. Desde o
período colonial ocorre uma forte tentativa de “nacionalizar” a população indígena, que
historicamente vivencia situações de opressão, injustiças, violências e exclusão, decorrentes
do impiedoso processo de exploração capitalista. As estimativas apontam que no atual
território brasileiro habitavam cerca 5 milhões de pessoas, quando da chegada de Pedro
Álvares Cabral, em 1500 (Luciano, 2006, p. 17).
Luciano (2006), intelectual indígena do povo Baniwa, observa que o processo violento
de colonização, que provocou a morte, expulsão e expropriação dos territórios, fez com que os
povos indígenas na atualidade
3
passassem a depender da tutela assistencial do Estado para
sobreviver. Nos últimos anos, essa necessidade de assistência do Estado brasileiro aumentou
devido ao crescente número de assassinatos de indígenas. Em 2021, segundo dados do
Conselho Indigenista Missionário (CIMI), gerados pelo Sistema de Informações sobre
Mortalidade (SIM) e pelas secretarias estaduais de saúde, ocorreram 38 assassinatos de
indígenas no Amazonas, 35 no Mato Grosso do Sul e 32 em Roraima (CIMI, 2021). Os dados
da SESAI classificam 124 mortes como mortes sem assistência” (Rangel; Liebgott, 2021, p.
21).
Somado a essas violências, há a situação de falta de acesso da população indígena a
serviços básicos, contribuindo para a acentuada desigualdade social. No contexto da
Amazônia brasileira, por exemplo, por uma série de raes, essa situação tem influenciado
diretamente as decisões
4
de sair precocemente da escola e, consequentemente, de não ter
acesso às Universidades. E isso pode ser problematizado quando trazemos para a discussão o
direto à Educação, que ainda é muito recente no Brasil, pois o acesso à escola pelas parcelas
mais pobres só começou a se concretizar nas últimas décadas do século XX. Assim, as
desigualdades sociais m se traduzindo em desigualdade de acesso, ingresso e permanência
3
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2012) mostrou que em 2010 o Brasil registrava 305
povos indígenas, falantes de 274 idiomas. No entanto, um balanço mais recente do Censo 2022 mostra que em
pouco mais de uma década a populão que se considera indígena cresceu pelo menos 66% no Brasil. Dados
disponíveis em: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2023. Acesso em: 10 jun. 2023.
4
Dentre as questões relacionadas, destacamos o difícil acesso às escolas em áreas rurais, pois na Amazônia
brasileira há muitas comunidades localizadas em regiões distantes das escolas; há urgência em entrar no mercado
de trabalho para ajudar a família; muitas escolas não funcionam no período noturno, devido à falta de energia
elétrica.
Epistemologia contemporânea e povos indígenas no Ensino Superior: O desafio da interculturalidade na universidade
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nas instituições de Ensino Superior. Nessa perspectiva, o objetivo deste texto é refletir sobre o
ingresso de estudantes indígenas no Ensino Superior, tendo em vista o desafio dos diálogos
interculturais e interepistêmicos.
Trata-se de uma pesquisa Bibliográfica, cuja abordagem é qualitativa, que buscou
identificar, coletar e analisar as principais contribuições acerca dos desafios da
interculturalidade no Ensino Superior no Brasil, com destaque para a inter-relação com os
povos indígenas. Para Gil (2002, p. 44), esse tipo de pesquisa “é desenvolvida com base em
material elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”. Parte-se do
levantamento e da revisão de obras publicadas sobre os fundamentos teóricos e
metodológicos que irão direcionar este estudo, de modo a reunir e analisar as fontes que o
base a este trabalho científico. No que se refere à abordagem qualitativa, Minayo (2007, p. 24)
observa que se “[...] trabalha com o universo dos significados, dos motivos, das aspirações,
das crenças, dos valores e das atitudes”, a partir dos quais busca compreender e interpretar a
realidade.
A busca dos trabalhos publicadas partiu da combinação das seguintes palavras-
chave: Ensino Superior, Indígenas e Interculturalidade, utilizadas no Catálogo de Teses e
Dissertações da Coordenação de Aperfeoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
Dentre os critérios adotados para a seleção das teses e dissertações, optamos por aquelas
publicadas no período de 2014 a 2023, últimos dez anos; e os trabalhos que de fato
evidenciassem os problemas do acesso, ingresso e permanência de indígenas nas instituições
de Ensino Superior, e discutissem ainda o desafio da interculturalidade nesse processo. Como
critério, também priorizamos a leitura dos resumos, das introduções e conclusões para seleção
dos trabalhos a serem lidos na íntegra, com o objetivo de aprofundar as informações.
Além disso, alguns filtros foram aplicados na busca: a grande área do conhecimento
foi as Ciências Humanas; a área do conhecimento foi a Educação; tanto a área de
concentração quanto de avaliação foi também a Educação; e centramos as buscas nos
programas de pós-graduação em Educação. Foram compilados 23 trabalhos que se
aproximaram do debate, sendo 13 dissertações e 10 teses. No entanto, dialogamos neste texto
com aqueles que mais contribuíram para a discussão da temática abordada neste estudo:
Calderoni (2015), Borniotto (2017), Brito (2016), Doebber (2017), Pereira (2018), e Santos
(2018).
O texto está organizado em duas seções, além da introdão e das considerações
finais. Na primeira seção abordamos a questão das desigualdades sociais e o desafio da
Ana Paula de Pádua CÂNCIO e Raimundo Nonato de Pádua CÂNCIO
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Educação Superior aos povos indígenas no Brasil. Na segunda, destacamos questões relativas
aos desafios das Universidades, quando do ingresso dos povos indígenas, com enfoque nos
desafios dos diálogos interculturais e interepistêmicos.
Desigualdades sociais e o desafio da Educação Superior aos povos indígenas no Brasil
O aumento nomero de indígenas em Universidades públicas e privadas no Brasil
foi significativo a partir da cada de 2000, quando as instituições de Ensino Superior passam
a lidar com a complexidade desse femeno, que exigiu e exige, sobretudo, que se repense as
velhas estruturas acadêmicas em um novo cenário, constituído agora na diferença e marcado
pela experiência multicultural e pluriétnica em seu interior. Todavia, essa nova configuração
exige relações e formas outras de interação, assim como novos modos de produção e de
abordagem dos conhecimentos.
Ainda que vivenciemos este novo cerio, que se apresenta em construção, cabe
observar que há muitos desafios para que ele realmente seja consolidado, posto que no Brasil
o processo de inferiorização da população de indígena tende a ser naturalizado e invisibilizado
desde o século XVI com o colonialismo. Tais práticas se apresentam como reflexo de uma
continuidade histórica que tende a projetar no presente as violências sofridas no passado.
Com relação aos povos indígenas, o impacto do projeto colonial se reflete
principalmente nas históricas violências praticadas contra eles, que se traduzem mais
efetivamente em escravidão, cristianização e contaminação por doenças introduzidas pelos
colonizadores, além de um etnocídio sem precedentes, que provocou neste país uma das
maiores catástrofes demográficas da história da humanidade (Chambouleyron et al., 2011).
Os indígenas foram o primeiro grupo escravizado no Brasil, quando o país ainda era
colônia de Portugal. Dentre outros fatores, está a questão populacional e econômica, pois
havia grande quantidade de indígenas e a escravização destes era mais barata, posto que um
africano em situação de escravidão era duas ou três vezes mais caro que um indígena. Aqueles
que possuíam maior conhecimento do território conseguiam fugir e dificilmente eram
recapturados. Os colonizadores criavam então missões
5
nos interiores, iniciavam o processo
de catequização dos grupos e exploravam
6
a o de obra dessa população na lavoura. Com
5
É importante destacar que no período colonial, no Brasil, a ão da igreja no processo colonizador acontece de
diferentes formas, ou seja, não foi homogêneo, dependendo do momento histórico das relações entre Estado e
igreja (Silva; Amorim, 2017).
6
Desde as primeiras décadas do século XVII, quando da descoberta do outro na região de Minas Gerias, os
bandeirantes eram responsáveis pelo abastecimento de partes importantes do país com índios escravizados. Os
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esses objetivos, populações indígenas inteiras eram então atraídas para os aldeamentos
religiosos (Schwarcz; Gomes, 2018).
Na Amania brasileira passaram a se formar, como destacam Schwarcz e Gomes
(2018, p. 278) “‘mocambos de índios’ e mesmo aqueles com indígenas e africanos juntos,
todos fugitivos da escravizão
7
. Há, portanto, uma dívida história do Estado brasileiro com
os povos de origem africana e com povos originários deste território. Somado a isso, os
“atuais índices de desigualdade, discriminação e exclusão tornam nítida a contínua e teimosa
invisibilidade dessas gerações” (Schwarcz; Gomes, 2018, p. 16).
Entre o final do século XIX e o início do culo XX, e em conformidade com os
debates filosófico-científicos da época, que se orientavam por ideários racialistas, o projeto de
modernização do Brasil não teve o interesse de integrar a população de origem africana e
indígena, pois associava a mestiçagem ao atraso, pensamento que impulsionou os ideais de
branqueamento da população brasileira, sustentados por teorias eugenistas, muito presentes na
tentativa de construção da identidade nacional. O reflexo disso foi que a ausência de políticas
blicas de integração da população negra, recém-liberta, e as ssimas condições de
sobrevivência geraram consequências dramáticas que se reproduziram no tempo.
Com relação à população indígena, o Estado brasileiro utilizou uma variedade de
estratégias para integrá-las à sociedade, mas não como uma prática de alteridade, que essa
população sempre foi vista como obstáculo ao desenvolvimento. Sob o argumento do
“desenvolvimento econômico” e do “progresso, os povos indígenas precisavam agora ser
emancipados para que o Estado brasileiro se eximisse do dever de protegê-los e de proteger os
seus territórios ancestrais. Com essas claras intenções, houve tentativas de “nacionalizar” a
população indígena para que a nação fosse homogênea, única e indivisível, apagando, assim,
as diferenças. E assim os povos indígenas passaram a ser escritos à margem de nossa história,
tonando-se vítimas de um impiedoso processo de invisibilidade e de exploração capitalista.
Por tudo isso, dizemos que o Brasil é considerado o maior território escravista do
hemisfério ocidental (Gomes, 2019), dado que este país foi o último a extinguir o tráfico
negreiro
8
, com a Lei Eusébio de Queirós, em 1850; e também o último a abolir” a
escravidão, o que ocorreu com a Lei Áurea, em 1888. O resultado foi o desenvolvimento de
bandeirantes paulistas adentravam as montanhas florestadas, os sertões e as caatingas mineiros em busca de
presas indígenas destinadas à escravização (Schwarcz; Gomes, 2018).
7
Cabe observar que a escravização negra e indígena possui especificidades históricas, não devendo ser
compreendidas como um único processo.
8
Gomes (2019) relata que o Brasil recebeu, sozinho, quase 5 milhões de africanos cativos, 40% do total
embarcados para a América.
Ana Paula de Pádua CÂNCIO e Raimundo Nonato de Pádua CÂNCIO
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uma sociedade desigual e extremamente racista
9
(Almeida, 2021), embora a maior parte da
população brasileira o seja branca, o que pode ser justificado pelos mecanismos informais
de discriminação que filtram o acesso da população de origem africana e indígena aos bens, às
oportunidades, à qualificação e à participação nas esferas de decisão.
No que se refere à oferta de educação escolar aos povos indígenas, desde o século XVI
até a metade do século XX, essa educação se dava por meio de programas e sempre esteve
pautada na catequização e integração forçada à sociedade não indígena (Ferreira, 2001). Tais
orientações seguiam os princípios constantes nas legislações, pois era dever da União
assimilar e incorporar os indígenas à comunidade nacional. Desta forma, a educação tornou-se
um instrumento de repressão, imposição de valores e de negação das diferenças. No entanto,
importantes mudanças foram alcançadas quando, em meados da década de 70, o movimento
indígena começou a se fortalecer e deu início ao processo de rompimento da dominação que
lhe foi imposta por rios séculos. Eles passaram então a se organizar para enfrentar a
maneira de atuar do Estado brasileiro (Ferreira, 2001).
No que diz respeito ao desenvolvimento das políticas de educação superior aos povos
indígenas no Brasil, cabe observar que, conforme Paladino (2013), ao final de 1990, o
governo brasileiro o considerava a educação superior aos povos indígenas uma prioridade.
Foi a percepção de que o Ensino Superior também poderia se tornar um instrumento de luta
política, para a garantia de direitos, e a urgência de profissionais indígenas com formação nos
conhecimentos científicos, no intuito de articu-los aos seus conhecimentos ancestrais, que
fez com que os povos indígenas reivindicassem o ingresso nas Universidades (Barroso-
Hoffman, 2005).
Lázaro e Montechiare (2016, p. 7), sobre a questão do acesso dos povos indígenas ao
Ensino Superior, destacam que
O acesso pelos povos indígenas ao ensino superior é um tema de justiça
histórica. Esses povos poderiam recusar os modelos de aprendizagem com
que trabalha a cultura envolvente das sociedades ingenas. No entanto,
cientes de que se trata de luta, a maioria dos povos indígenas reconhece que
é preciso dominar minimamente a estragia de saber dos “brancos” para
estabelecer relações mais próximas ao ideal de respeito pelo qual se pautam.
Contudo, ações mais efetivas, que propiciassem o ingresso de estudantes indígenas ao
Ensino Superior começaram a ser instituídas na década de 1990, o que se deu por meio de
9
Almeida (2021, p. 50) destaca que “Comportamentos individuais, processos institucionais são derivados de
uma sociedade cujo racismo é regra, e não exceção”.
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convênios entre a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI) e algumas instituições
privadas e comunitárias. Mas teve maior impacto por meio de ões que se davam em dois
segmentos, cursos específicos, como o Programa Diversidade na Universidade (Diversidade)
e o Programa de Licenciaturas Interculturais Indígenas (Prolind), criados pelo Ministério da
Educação (MEC); e por meio da oferta de vagas especiais ou suplementares em cursos
regulares (Bergamaschi; Brito; Doebber, 2018). Com relação à iniciativa da FUNAI, houve a
celebração de convênios com determinadas instituições públicas e privadas para que o
ingresso de estudantes indígenas ao Ensino Superior se efetivasse. Sobre essa questão, Lima
(2014, p. 16) destaca que:
Em boa parte dos casos conhecidos, trata-se de indivíduos que lograram
obter respaldo nanceiro da Fundação Nacional do Índio (Funai) para
estudar em instituições privadas [...] Para além de toda a crítica que se possa
fazer a essa primeira “política de bolsas” da Funai implementada de modo
pouco transparente, como soluções ad hoc, individualizadas e
desacompanhadas de propósitos globais claros e valores bem definidos , é
preciso notar que ela seguiu vigente, embora substantivamente transformada.
Nessa direção, o programa Diversidade foi planejado em 2002, após a conferência de
Durban, quando se discutiu a questão da igualdade étnico-racial, tendo a participação dos
movimentos negro e indígena. Encerrado esse programa em 2007, o objetivo era a prodão
de subsídios com base em experiências para a construção de políticas blicas do governo de
modo a “atender às demandas de acesso, permanência e sucesso da educação básica e superior
das populações indígenas, afro-descendentes e segmentos da sociedade nacional (Barnes,
2010, p. 69), que se encontravam em condições desfavoráveis quanto ao acesso ao Ensino
Superior. o Prolind, de origem híbrida, foi derivado do programa Diversidade e envolve
articulações e discussões políticas no âmbito da Secretaria de Ensino Superior (SESu), com
participação da Secretaria de Educação a Distância, Alfabetização e Diversidade (Secad)
(Barnes, 2010, p. 63).
Destacamos que o Prolind ajudou a suprir, ainda que parcialmente, a necessidade de
formação diferenciada de professores indígenas, cujo processo de criação envolveu a ação de
diversos atores durante o início da década de 2000. Desde 2004, esse programa é considerado
importante porta de entrada para as instituições de Ensino Superior privadas. Ele, porém, o
constitui uma política de apoio permanente, pois a liberação de fluxos financeiros está
condicionada à criação de editais que selecionam os projetos das universidades públicas
interessadas.
Ana Paula de Pádua CÂNCIO e Raimundo Nonato de Pádua CÂNCIO
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Segundo Barnes (2010), de acordo com alguns dados do Prolind, mais de 2,7 mil
estudantes indígenas foram diretamente beneficiados e, em termos indiretos, estimou ter
atendido a uma população de mais de 100 mil indígenas. Entretanto, destaca o autor, esses
programas são muito mais caracterizados como projetos, uma vez que possuem um período
finito de execução e seus recursos financeiros têm tempo limitado de execução. Observa ainda
que grande expectativa para que esses projetos se transformem em políticas blicas e
tenham orçamentos de longo prazo.
Com relação à oferta de vagas especiais ou suplementares em cursos regulares, antes
da Lei de Cotas, Lei Federal N.° 12.711/2012, cerca de 50 instituições de Ensino Superior
desenvolviam políticas de ingresso de estudantes indígenas por meio de licenciaturas
interculturais, ou por meio de vagas reservadas ou suplementares. Eram políticas que
garantiram, pelo menos em parte, o ingresso efetivo de estudantes indígenas nas
Universidades brasileiras até a promulgação desta Lei (Bergamaschi; Brito; Doebber, 2018).
Quanto ao formato dessa política, ela possibilita vagas específicas para estudantes
indígenas em duas modalidades: um percentual reservado nas vagas existentes; ou
criação de vagas suplementares. As formas de ingresso o as que aproveitam o processo
seletivo existente: como o concurso vestibular universal; ou se cria um processo seletivo
específico, com prova diferenciada.
Trata-se de ações afirmativas
10
que funcionam como
[...] ação reparatória/compensatória e/ou preventiva, que busca corrigir uma
situação de discriminão e desigualdade infringida a certos grupos no
passado, presente ou futuro, através da valorização social, econômica,
política e/ou cultura desses grupos, durante um período limitado. A ênfase
em um ou mais desses aspectos dependerá do grupo visado e do contexto
histórico-social (Moehlecke, 2002, p. 203).
No Brasil, as políticas de ações afirmativas para os povos indígenas no Ensino
Superior foram inicialmente implementadas por meio da promulgação de Leis estaduais e por
iniciativa das próprias Universidades. Já no ano de 2012, essas medidas ganharam sustentação
pela Lei de Cotas, Lei N.º 12.711/2012, quando se passou a reservar 50% das vagas de
instituições federais de Ensino Superior para estudantes provenientes do ensino médio
blico. Assim, parte das vagas passam a ser destinadas a candidatos autodeclarados pretos,
10
De modo a ignorar tais políticas, um segmento da sociedade que na adoção de ações afirmativas uma
política inconstitucional, uma vez que ela pode ser compreendida como uma garantia de privilégio.
Epistemologia contemporânea e povos indígenas no Ensino Superior: O desafio da interculturalidade na universidade
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pardos e indígenas, de acordo com a proporção dessa população nos estados
11
onde as
instituições estão localizadas (Brasil, 2012).
Não se pode negar que tais direitos foram conquistados com muitos enfrentamentos,
uma vez que as lutas políticas do movimento negro e dos povos indígenas foram essenciais
para a construção de ações
12
de resistência em favor da democracia e de inclusão social da
população de origem africana e indígena no Brasil. São dispositivos legais que marcam e
ajudam a consolidar a luta dessa população; mas autores como Amaral (2010) e Beltrão
(2007), entre outros, alertam que as ações afirmativas voltadas para o ingresso em instituições
de Ensino Superior no Brasil por si o garantem a formação profissional dos estudantes
indígenas e sua inclusão. Nessa direção, Beltrão (2007) argumenta que essas instituições
devem desenvolver políticas e práticas voltadas às demandas dos estudantes indígenas, pois a
entrada ao Ensino Superior ainda não é garantia de formação e atuação profissional na área.
Conforme Ferreira (2013), as experiências com ações afirmativas no Brasil ainda o
recentes, sendo difícil prever as consequências deste tipo de prática, como as cotas para o
ingresso nas instituições de Ensino Superior. Mesmo em meio à tantas discussões e
polêmicas, o IBGE (Brasil, 2016) mostrou a importância desses instrumentos jurídicos, dado
o aumento da participação de estudantes autodeclarados pretos e pardos e de estudantes de
baixa renda no Ensino Superior. De 2005 a 2015, por exemplo, houve um aumento de 7,3%
no mero de estudantes pretos e pardos no Ensino Superior. Em 2005 eles somavam 5,5% e,
em 2015, passaram a somar 12,8%.
Com isso, podemos dizer que a participação de estudantes que ingressaram por cotas
(renda; preto, pardo e indígena; e pessoa com deficiência) vem crescendo
13
desde a
implementação das políticas afirmativas, em 2005. Dez anos depois, esse índice chegou a
42,5% e, de 2016 a 2018, segue entre 48% e 49%. Mesmo assim, eles ainda continuavam a
representar menos da metade dos jovens brancos na mesma faixa etária. Com relação aos
estudantes indígenas, segundo o Censo
14
da Educação Superior de 2016, eles formam o grupo
11
Nos dados do IBGE (Brasil, 2012), indígenas autodeclarados compõem 0,4% da população brasileira,
somando cerca de 519 mil indivíduos. Segundo o censo, populações indígenas podem ser encontradas por todo o
território brasileiro, embora mais da metade esteja concentrada na Região amazônica do Norte e Centro-Oeste.
12
A partir de 2008, as Universidades federais começaram a implementar o Plano Nacional de Assistência
Estudantil (Pnaes) por meio de repasse de recursos da União para as Universidades. Este plano, embora não faça
referências diretas à assistência de estudantes indígenas, tem sido importante estratégia para manter esses
estudantes nas instituições. (Bergamschi; Brito; Doebber, 2018).
13
Conferir em https://www.andifes.org.br/?p=79626. Acesso em: 10 jul. 2023.
14
Conferir em https://g1.globo.com/educacao/noticia/estudantes-indigenas.ghtml. Acesso em: 10 jul. 2023.
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com menor percentual de atendimento nas três principais políticas públicas de acesso ao
Ensino Superior.
Os dados mostram que 63% dos indígenas que estavam matriculados em 2016 não
conseguiram vaga na rede blica, não foram selecionados para contratos do Fundo de
Financiamento Estudantil (Fies) e nem para obter bolsas do Programa Universidade para
Todos (Prouni) para custear faculdade privada. Dos mais de 49 mil indígenas no Ensino
Superior, 12.348 estão na rede blica (25%) e 36.678 estão nas universidades privadas
(75%). Até 2019, o percentual de indígenas nas Universidades vinha crescendo.
No entanto, os dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (INEP) mostram que houve uma interrupção nesse crescimento, pois em 2018
havia 57.706 indígenas matriculados, e em 2020 essa matrícula caiu para 47.267. Esse
decréscimo pode ser maior, pois tudo indica que a evasão tenha aumentado no contexto da
pandemia e essa nova realidade tenha também afetado a população ingena no acesso às
aulas on-line.
Uma questão importante e que merece atenção é que o texto da Lei de Cotas prevê
que, após dez anos, o Legislativo Federal deverá se reunir para debater a conveniência ou não
desta Lei de inclusão no Ensino Superior. Com base nessa prerrogativa, há uma rie de
iniciativas de defesa e tentativas de revogação dessa Lei, o que se dá por meio de Projetos de
Lei que desejam a sua interrupção ou a prorrogação por mais dez anos, ou mais. Podemos
dizer, com isso, que a defesa desta política precisa ser firme e contínua, pois há forças maiores
que continuam a reforçar a exclusão e ameaçar a garantia de direitos.
Ademais, neste cenário, as Universidades públicas, que vivenciam uma ofensiva
neoliberal, m tentado resistir às forças da mercantilização das políticas sociais. Quando
essas instituições o cedem à essa lógica, elas passam a enfrentar uma série de dificuldades
para a garantia do efetivo acesso e permanência da população negra e indígena em seus
espaços de socialização.
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Por dentro da Universidade: estudantes indígenas no Ensino Superior e o desafio dos
diálogos interculturais e interepistêmicos
Nos últimos anos, as Universidades públicas brasileiras vivenciam uma redução
drástica nos orçamentos destinados à ciência e à tecnologia. Segundo o relatório
15
da
Organização das Nações Unidas para Educão, Ciência e Cultura (UNESCO), houve uma
dramática redão de investimentos de 84% de 2012 a 2021, além da onda de negacionismo
da ciência e da disseminação da desinformação. Trata-se de ões políticas que no conjunto
evidenciam o abandono do compromisso do Estado com a educação em todos os níveis.
São notórios tamm os movimentos que caminham na direção da privatização
16
das
Universidades federais, do rompimento absoluto com a autonomia dessas instituições, e da
negação do Ensino Superior às camadas mais pobres da população brasileira. Quando
orientadas pela gica neoliberal, muitas instituições de Ensino Superior assumiram um
caráter de legitimação de hierarquias, construindo fronteiras, inclusive epistêmicas, que não
permitem o diálogo com as populações marginalizadas, cujas experiências e conhecimentos
também foram negados, excluídos e subjugados.
Tais práticas se apresentam naturalizadas e ajudaram a fortalecer neste país a força
hegemônica do pensamento neoliberal. Nessa direção, vai ocorrer um trabalho centrado na
hegemonia de uma epistemologia (Santos, 2005), seguindo um modelo que possui
correspondência específica com o princípio do mercado, e que não dialoga com as populações
oprimidas, tendo em vista os problemas sociais vivenciados.
Acerca dessa questão, Frigotto (1995) destaca que a realidade do ensino no Brasil,
tanto na educão básica quanto no Ensino Superior, ainda se apresenta com uma organização
bastante fragmentada e desarticulada da realidade social. Os currículos são compartimentados
e estanques e pouco dialogam com os conhecimentos desenvolvidos nas demais disciplinas.
Nessa gica, é produzida uma formação humana e profissional acrítica, insuficiente para
transformação da realidade em que se esinserido. Para o autor, a organização curricular
fragmentada e desarticulada vai refletir no rompimento histórico das atividades humanas
estabelecido pelo modelo industrial às populações, voltada para as novas relações de trabalho.
15
CHNEEGANS, S.; LEWIS, J.; STRAZA, T. (org.). Relatório de Ciências da UNESCO: A corrida contra o
tempo por um desenvolvimento mais inteligente Resumo executivo. Paris: UNESCO Publishing, 2021.
Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000377250_por. Acesso em: 10 jul. 2023.
16
Como exemplo, citamos a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) N. 206/2019, que voltou a ser debatida
na Câmara dos Deputados. O projeto propõe a cobrança de mensalidades a alunos em universidades públicas,
alterando o texto do Artigo 206 da Constituição Federal, que garante a gratuidade do ensino blico em
estabelecimentos oficiais.
Ana Paula de Pádua CÂNCIO e Raimundo Nonato de Pádua CÂNCIO
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Nessa direção, Oliveira (2016) destaca que a ciência moderna é eurocêntrica, e isso
acabou por respaldar o processo de colonização e escravização dos povos o europeus,
que o vistos como inferiores, rudes e bárbaras (Oliveira, 2016, p. 88). Podemos dizer,
então, que a realidade social e científica da modernidade é marcada por injustiças socais,
tornando o sujeito cada vez mais desumanizado. No entanto, há que se repensar, pela
exigência deste novo cenário, o ser humano com uma formação mais ampla e crítica, o que
vai exigir, além das modificações nas formas de exploração do trabalho, a superação de sua
própria exploração. Mas, para isso, é também preciso problematizar os construtos teóricos que
o sustentação à lógica do padrão de poder e de produção do conhecimento dominantes.
Na obra “Um discurso sobre as ciências”, Santos explica que o modelo de ciência
dominante é o de racionalidade científica, que nega as outras formas de produção do
conhecimento que não seguem os princípios epistemológicos e metodológicos instituídos
(Santos, 2005). Nesta forma de pensar, há pouco espaço para as mudanças no mundo, pois o
que prevalece é uma certa previsibilidade nos acontecimentos da vida. Com isso, somos eno
desafiados por um modelo de racionalidade científica que nos impõe o desafio de ver o
mundo a partir dele mesmo, ou seja, a partir de seus próprios construtos teóricos.
É importante observar que há diferentes perspectivas por meio das quais podemos
pensar a epistemologia enquanto estudo ou teoria do conhecimento. Todavia, nossa
abordagem segue a perspectiva que considera epistemologia “toda a noção ou ideia, refletida
ou não, sobre as condições do que conta como conhecimento válido” (Santos; Menezes, 2010,
p. 15). Como forma de orientar essa discussão numa perspectiva contra hegemônica, Oliveira
(2016) traz algumas ideias presentes na pós-modernidade que predominam no culo XX.
Trata-se do que ela designa de racionalidade científica emergente”, que rompe com os
paradigmas positivistas e cartesianos. Nessa lógica, a autora destaca o conceito de “ecologia
dos saberes” (Santos, 2010) como forma de “superar polarização entre os saberes e a
fragmentação do currículo escolar, valorizando a construção cotidiana do conhecimento
(Oliveira, 2016, p. 121).
Um bom exemplo da presença de uma episteme eurocentrada é evidenciada por
Câncio (2023) no estudo que analisa as práticas dissidentes e as tensões sociais de estudantes
indígenas de uma Universidade pública localizada na Amazônia brasileira. O autor observa
que
[...] os dados das perguntas relativas às pticas dissidentes e condições
sociais na Universidade que desfavoreçam a afirmação de conhecimentos e a
identidade indígena, evidenciam a necessidade de afirmação da identidade e
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da cultura indígena diante das forças de desestabilização provocadas pelo
currículo (Câncio, 2023, p. 8).
Para o autor, ainda que a instituição tenha possibilitado o ingresso na Universidade
blica, A tensão produzida pelo embargo aos conhecimentos indígenas é recorrente nas
falas dos estudantes indígenas. E tais práticas são vistas por eles como mecanismos de
fortalecimento de invisibilidade, acentuados pela desvinculação dos estudantes da sua
localização epistêmica, ética e racial” (Câncio, 2023, p. 14).
Na perspectiva da necessidade de diálogo entre os conhecimentos, a interculturalidade
assinala a (re)construção de um pensamento crítico-outro, um pensamento crítico que se
afaste das ideias baseadas no legado eurocêntrico, “dando assim uma volta à geopolítica
dominante do conhecimento que tem tido seu centro norte global” (Walsh, 2005, p. 25). O
termo educação inter/multicultural é utilizado para indicar um conjunto de propostas
educacionais que visam a promover a relação e o respeito entre grupos socioculturais,
mediante processos democráticos e dialógicos (Fleuri, 2003).
De maneira mais pontual, Catherine Walsh (2001, p. 10-11) explica que a
interculturalidade é:
Um processo dinâmico e permanente de relação, comunicação e
aprendizagem entre duas culturas em condições de respeito, legitimidade
mútua, simetria e igualdade.
Um intercâmbio que se constrói entre pessoas, conhecimentos, saberes e
práticas culturalmente diferentes, buscando desenvolver um novo sentido
entre elas na sua diferença.
Um espaço de negociação e de tradão onde as desigualdades sociais,
econômicas e políticas, e as relações e os conflitos de poder da sociedade
não são mantidos ocultos e sim reconhecidos e confrontados.
Uma tarefa social e política que interpela ao conjunto da sociedade, que
parte de práticas e ações sociais concretas e conscientes e tenta criar modos
de responsabilidade e solidariedade.
Uma meta a alcançar.
No que se refere ao Ensino Superior e povos indígenas no Brasil, a interculturalidade
ainda é uma meta a alcançar, pois essa perspectiva é desafiada pela condição de
subalternidade vivenciada pelos indígenas tanto fora, nos demais espaços sociais, quanto
dentro deste “novo” espaço, que é o ambiente acadêmico. A condão de silêncio das próprias
instituições sobre os seus currículos eurocentrados é uma forma de negação de que estes são
constituídos a partir de relações de poder e de ideologias que ajudam a naturalizar a
invisibilidade do outro, inclusive das questões que violam o seu próprio direito.
Ana Paula de Pádua CÂNCIO e Raimundo Nonato de Pádua CÂNCIO
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Ballestrin (2013) observa que a diferença colonial epistêmica também é cúmplice do
universalismo, do sexismo e do racismo. E isso exige de s, que estamos em um lugar de
invisibilidade na produção do conhecimento, que questionemos e pensemos alternativas para
a decolonização do conhecimento produzido no campo da Educação, principalmente nos
estudos com os povos indígenas. Nessa direção, alguns estudos que investigaram estudantes
indígenas no Ensino Superior contribuem para evidenciarmos os problemas mais recorrentes,
em meio às relações de poder, enfrentados por esses estudantes no ambiente acamico.
A busca realizada no portal da CAPES de trabalhos produzidos no período de 2014 a
2023, cujos dados são discutidos neste texto, evidenciou que no Brasil uma significativa
produção de trabalhos que abordam os estudantes indígenas no Ensino Superior. Quando
relacionamos, porém, aos descritores Ensino Superior, Indígenas e Interculturalidade, com
aspas, foram encontrados 5.771 trabalhos entre dissertações e teses. Desses, selecionamos 23
trabalhos que mais se aproximavam do objeto em questão: sendo 13 dissertações e 10 teses. A
maioria dos trabalhos foi produzido na Região Sul (11), seguidos da Região Norte (05),
Região Sudeste (03), Centro-Oeste (03), e Distrito Federal (01). Dialogamos neste texto com
os trabalhos que mais contribuíram para o debate acerca da questão abordada.
Calderoni (2015), no estudo cujo título é Professores indígenas e educação superior:
traduções e negociações na escola indígena Ñandejara da aldeia Te’ýikue, Caarapó/MS”, tese
de doutorado produzida na Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), teve o objetivo de
investigar os processos de tradução e/ou negociação entre os saberes tradicionais e os saberes
ocidentais produzidos pelos professores Guarani e Kaiowá, formados em Nível Superior,
considerando a escola indígena em uma perspectiva diferenciada e intercultural. A autora
aponta que, em alguns momentos, as práticas pedagógicas são reguladas por normatizações do
sistema escolar; mas, em outros, o fazer Guarani e Kaiotraça parâmetros epistemológicos
“outros”, pautado pela pedagogia própria Ñembo’e Katu, fazendo com que a tradução e
negociação entre os saberes aconteça.
Borniotto (2017), no estudo denominado “Políticas de inclusão e formação superior de
estudantes indígenas no paraná: experiências da Universidade Estadual de Maringá”, tese de
doutorado produzida na Universidade Estadual de Maringá (UEM), buscou compreender
como ocorre o acesso, os estudos e a permanência de estudantes indígenas das etnias
Kaingang, Guarani e Xetá na UEM. A autora verificou as lutas para ser um universitário e
permanecer sendo indígena, fortalecendo a sua identidade, analisou a questão da exclusão e
do preconceito no meio acadêmico, instituição ocidental que possui pouca experiência com a
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presença das culturas e línguas indígenas. Os dados mostram que na Universidade ainda o
sustentadas imagens estereotipadas dos estudantes indígenas, e apontam que é preciso colocar
em prática estratégias de ensino que promovam a inclusão dos indígenas no Ensino Superior,
de modo a contribuir para a diminuição das desigualdades sociais e econômicas vivenciadas
no país.
Por sua vez, Brito (2016), no trabalho intitulado Indígena-mulher-mãe-universitária o
estar-sendo estudante na UFRGS, dissertação de mestrado produzida na Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), teve o objetivo de compreender as preseas das
mulheres indígenas, pertencentes aos povos Kaingang e Guarani, que a partir de 2008 foram
aprovadas em processo seletivo específico e diferenciado na UFRS. A autora verificou que a
presença dessas mulheres no Ensino Superior vem crescendo, e isso pode ser comprovado na
matrícula, que aumentou mais 50%. Observa que as mulheres indígenas, diferente das não
indígenas, são as que mais procuram a Universidade, e ignorar os indícios de que a política de
ações afirmativas para indígenas na UFRGS seja um sucesso é não reconhecer as lutas desses
povos.
Doebber (2017), no trabalho denominado “Indígenas estudantes nas graduões da
UFRGS: movimentos de re-existência”, tese de doutorado produzida na Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (UFRS), procurou compreender o estar indígena universitário e como a
instituição vem se mobilizando diante de tal presença. A autora destaca que os indígenas
universitários se deparam com as lógicas de ser e estar nesse espaço por meio de uma relação
de aproximação e afastamento, o que ocorre na fronteira entre dois universos opostos e
complementares: universo acadêmico e a vida tradicional. Nessa relação, eles se apropriam do
universo acadêmico, dos conhecimentos ocidentais, mas também apresentam resistências, o
que se por meio da linguagem, das diferentes temporalidades e da gica comunal,
movimentos que contribuem para possíveis rupturas na episteme hegemônica.
Pereira (2018), no trabalho denominado Os indígenas e o Ensino Superior na
Amazônia: realidade e perspectivas da política de ação afirmativa da Universidade Federal do
Oeste do Pará (20102015)”, dissertação de mestrado produzida na Universidade Federal do
Oeste do Pará (UFOPA), analisou o Processo Seletivo Especial (PSE) como uma política de
ação afirmativa de acesso de indígenas à UFOPA, no período de 2010 a 2015, e seu impacto
para uma educação superior de qualidade para esses povos. A autora aponta as reivindicações
dos discentes indígenas a uma proposta pedagógica e curricular diferenciada a eles na
instituição. Ainda que o enfoque maior do trabalho não seja esse, fica evidente a necessidade
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do diálogo intercultural e interepistêmico, que se expressa na necessidade de metodologias
que dialoguem com as realidades desses povos e que atendam às suas especificidades.
Destaca ainda que, apesar das dificuldades, o PSE da UFOPA tem oportunizado o ingresso
significativo desses estudantes ao Ensino Superior, mostrando a importância dessa
Universidade na inclusão de indígenas e populações tradicionais no baixo amazonas.
Santos (2018), no trabalho denominado “Da aldeia à universidade - os estudantes
indígenas no diálogo de saberes tradicional e científico na UFT”, tese de doutorado produzida
na Universidade de Brasília (UNB), procurou compreender a natureza dos diálogos entre os
saberes acadêmicos, produzidos na Universidade, e os saberes tradicionais dos estudantes
indígenas. Entre as importantes questões discutidas, como as cotas para indígenas, que não
são suficientes na instituição, havendo necessidade de políticas de permanência, a autora
verificou que não há articulação entre os saberes tradicionais indígenas e os da universidade.
O resultado disso é que os estudantes indígenas o conseguem se integrar às atuais regras
acamicas, o que também decorre do despreparo dos professores, de preconceitos, estigmas e
exclusão social vivenciados na instituição.
De modo geral, podemos dizer que nos estudos evidenciados a questão dos currículos
eurocentrados e a condição de silêncio das próprias instituições na inter-relação com os
estudantes indígenas na Universidade aparecem como questões tangenciais. No entanto, é
possível verificar que os trabalhos caminham na direção de um paradigma epistemológico
contrário às matrizes disciplinares hegemônicas que insistem no apagamento das práticas de
produção do conhecimento que não estão associadas a esse modelo, e que se distanciam da
realidade dos discursos e das lutas sociais reais dos atores sociais. Ainda que a
interculturalidade apareça como uma categoria pouco explorada nessa relação, com maior
ênfase na interculturalidade funcional, ela tem se apresentado como uma proposta pedagógica
o hierárquica que busca desenvolver relações de cooperação, respeito e aceitação da
diferea entre diferentes culturas e sujeitos.
Para Fleuri (2003), a interculturalidade parte do reconhecimento da existência de
sujeitos com diferentes culturas e que estejam dispostos a dialogar. Mas, para que haja o
diálogo, é necessário que os atores sociais estejam em condições de diálogo, que as
experiências historicamente negadas possam emergir, ganhando materialidade e visibilidade.
Assim, no Ensino Superior, a interculturalidade deveria, de fato, promover o diálogo entre os
diferentes grupos sociais e culturais na perspectiva de enfrentar os conflitos provocados pela
assimetria de poder entre eles nas instituições. Essa perspectiva, portanto, sugere que os
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diferentes se encontrem em um mesmo mundo e convivam em relações de negociação,
conflitos e empréstimos recíprocos (Canclini, 2006).
Ainda no que se refere às relações entre os conhecimentos ocidentais e os
conhecimentos tradicionais indígenas, Bergamaschi (2014, p. 12) observa que os movimentos
indígenas e o meio acadêmico têm usado cada vez mais o termo intelectual indígena. Mas,
para ela, essa denominação é exterior aos povos indígenas e expressa também uma
compreensão ocidental de conhecimento, “inclusive hierarquizando quem produz. Assim,
Na argumentação que apresento aqui, essa compreensão faz diferença, pois,
ao pensarmos acerca dos intelectuais indígenas, podemos ter presente: a
compreensão de intelectuais da oralidade, constituídos de acordo com seus
sistemas de conhecimento; intelectuais urdidos não apenas nos processos de
interculturalidade, mas também nos processos de intercientificidade, ao se
formarem na escola, na academia, ao realizarem pesquisas como mestres,
doutores ou pesquisadores acadêmicos, fazendo dialogar diferentes ciências
(Bergamaschi, 2014, p. 16).
Nesse sentido, as ões afirmativas são muito importantes, pois elas também
possibilitam que esta realidade seja problematizada em muitos aspectos, o que antes era quase
impossível, dada a ausência destes grupos no Ensino Superior. Logo, podemos dizer que
questionar a ausência na Universidade é tão importante quanto questionar a assimilação
intelectual, as práticas pedagógicas reguladas pela racionalidade científica dominante, já que o
conhecimento sempre foi utilizado como um importante instrumento de classificação
hierárquica e de refoo de padrões de poder e saber hegemônicos.
Considerações finais
Ao refletirmos sobre o ingresso de estudantes indígenas no Ensino Superior, tendo em
vista o desafio dos diálogos interculturais e interepistêmicos, podemos dizer que o lugar que
os estudantes indígenas ainda ocupam nas Universidades brasileiras é quase o da absoluta
ausência e negação, muito embora tenhamos importantes avanços nas lutas pela garantia
desse direito, inclusive com a criação de programas específicos dentro de algumas
Universidades. É evidente que essa discussão do ingresso exige que nos preocupemos com a
permanência e a conclusão com sucesso, questões que carecem de maiores discussões e
debates, posto que as instituições de Ensino Superior tendem a se orientar por padrões
coloniais de poder, manifestados nos processos de subjetivação antidialógicos impostos.
Ana Paula de Pádua CÂNCIO e Raimundo Nonato de Pádua CÂNCIO
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Os trabalhos pesquisados sobre essa temática evidenciam os processos de negociação
entre os conhecimentos tradicionais indígenas e os ocidentais no Ensino Superior e acenam
para a perspectiva de uma educação diferenciada e intercultural. No entanto, fica claro que as
práticas pedagógicas ainda são reguladas pelas matrizes disciplinares hegemônicas, o que tem
colocado os estudantes indígenas em situações de conflito, pois ajuda a reforçar a exclusão no
espaço acadêmico e o preconceito. A comunidade universitária ainda mantém imagens
estereotipadas dos estudantes indígenas, e isso requer que sejam colocadas em práticas
estratégias de ensino que abordem essa questão, necessárias para a inclusão dos povos
indígenas no Ensino Superior com o devido respeito.
A presea dos povos indígenas nas Universidades exige, portanto, uma proposta
pedagógica que busque desenvolver relações de cooperação, respeito e aceitação da diferença
entre diferentes culturas e sujeitos. E isso exige que também lutemos para a superação do
lugar de invisibilidade na prodão do conhecimento, questionando as relações hierárquicas
entre eles, o que esimposto e naturalizado, e pensemos alternativas para a decolonização do
conhecimento produzido no campo da Educação, principalmente nos estudos com os povos
indígenas.
Possíveis caminhos para auxiliar a sociedade na superação das desigualdades, em
especial a desigualdade racial, podem ser apresentados dentro das próprias Universidades.
Mas, para isso, precisamos, de fato, repensar a disseminação e afirmação de valores,
conhecimentos e ideologias eurocentrados e neoliberais, que, em muitos aspectos, podem
contribuir para a desqualificação de outros sujeitos epistêmicos. Os currículos precisam ser
discutidos na perspectiva da inclusão, da resistência contra hegemônica, sobretudo contra o
discurso político-científico que tende a distorcer a ancestralidade, confundir a história, os
processos identitários próprios, e impede a socialização e a divulgação de modos diversos de
pensar o mundo.
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Ana Paula de Pádua CÂNCIO e Raimundo Nonato de Pádua CÂNCIO
RIAEE Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 19, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 1982-5587
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CRediT Author Statement
Reconhecimentos: Não aplicável.
Financiamento: Bolsa de pesquisa concedida pelo Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a partir da interlocução do Programa
de Pós-graduação em Educação (PPGE) com a Pró-Reitoria de Pesquisa e s-graduação
(PROPESP), da Universidade do Estado do Pará (UEPA).
Conflitos de interesse: Não há conflitos de interesse por parte dos autores.
Aprovão ética: Tratando-se de pesquisa bibliográfica, seguiram-se os procedimentos de
referenciação dos materiais consultados.
Disponibilidade de dados e material: o aplicável.
Contribuições dos autores: Os autores atuaram de forma conjunta tanto no planejamento
quanto na elaboração, revisão e edição do texto. As distintas formações (Pedagogia e
Letras) convergiram no debate engendrado sobre os estudantes indígenas no Ensino
Superior e o desafio dos diálogos interculturais e interepistêmicos.
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
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EPISTEMOLOGÍA CONTEMPORÁNEA Y PUEBLOS INDÍGENAS EN LA
EDUCACIÓN SUPERIOR: EL DESAFÍO DE LA INTERCULTURALIDAD EN LA
UNIVERSIDAD
EPISTEMOLOGIA CONTEMPORÂNEA E POVOS INDÍGENAS NO ENSINO
SUPERIOR: O DESAFIO DA INTERCULTURALIDADE NA UNIVERSIDADE
CONTEMPORARY EPISTEMOLOGY AND INDIGENOUS PEOPLE IN HIGHER
EDUCATION: THE CHALLENGE OF INTERCULTURALITY AT THE UNIVERSITY
Ana Paula de Pádua CÂNCIO 1
e-mail: apaduacancio@gmail.com
Raimundo Nonato de Pádua CÂNCIO 2
e-mail: nonato.cancio@uft.edu.br
Cómo hacer referencia a este artículo:
CÂNCIO, A. P. de P.; CÂNCIO, R. N. de P. Epistemología
contemporánea y pueblos indígenas en la Educación Superior: El
desafío de la interculturalidad en la universidad. Revista Ibero-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 19, n. 00,
e024003, 2024. e-ISSN: 1982-5587. DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v19i00.17879
| Enviado en: 20/03/2023
| Revisiones requeridas el: 20/07/2023
| Aprobado el: 05/09/2023
| Publicado el: 02/01/2024
Editor:
Prof. Dr. José Luís Bizelli
Editor Adjunto Ejecutivo:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
Universidad Estadual de Pará (UEPA), Belém PA Brasil. Estudiante de maestría en el Programa de
Posgrado en Educación (PPGE) de la Universidad Estadual de Pará.
2
Universidad Federal do Norte do Tocantins (UFNT), Tocantinópolis TO Brasil. Profesor Adjunto del Curso
de Pedagogía, del Programa de Posgrado en Lingüística y Literatura (PPGLLIT/UFNT) y del Programa de
Posgrado en Formación de Profesores en Prácticas Educativas de la Universidad Federal de Maranhão (UFMA).
Epistemología contemporánea y pueblos indígenas en la Educación Superior: El desafío de la interculturalidad en la universidad
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DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v19i00.17879 2
RESUMEN: El objetivo de este texto es reflexionar sobre el ingreso de estudiantes indígenas
a la Educación Superior, ante el desafío de los diálogos interculturales e interepistémicos. Se
trata de una Investigación Bibliográfica, cuyo enfoque es cualitativo, que buscó identificar las
principales contribuciones sobre los desafíos de la interculturalidad en la Educación Superior
en Brasil, con énfasis en la interrelación entre los pueblos indígenas, la interculturalidad y la
Universidad. Para ello, dialogamos con autores que aportan a este debate, desde la
epistemología contemporánea, desde la perspectiva de la decolonialidad y la interculturalidad,
como enfoques críticos de reflexión. Los datos muestran las necesidades e importancia de las
acciones afirmativas en la Educación Superior, pero también la necesidad de cuestionar,
además de la ausencia de indígenas en las universidades, prácticas pedagógicas reguladas por
la racionalidad científica dominante, pues el conocimiento siempre ha sido utilizado como
instrumento de clasificación jerárquica y refuerzo de patrones de poder y saber.
PALABRAS CLAVE: Educación Superior. Pueblos indígenas. Epistemología.
Interculturalidad.
RESUMO: O objetivo deste texto é refletir sobre o ingresso de estudantes indígenas no
Ensino Superior, tendo em vista o desafio dos diálogos interculturais e interepistêmicos.
Trata-se de uma Pesquisa Bibliográfica, cuja abordagem é qualitativa, que buscou identificar
as principais contribuições acerca dos desafios da interculturalidade no Ensino Superior no
Brasil, com destaque para a inter-relação povos indígenas, interculturalidade e
Universidade. Para tanto, dialogamos com autores que contribuem para esse debate, a partir
da epistemologia contemporânea, na perspectiva da decolonialidade e da interculturalidade,
como abordagens críticas de reflexão. Os dados evidenciam as necessidades e a importância
das ações afirmativas no Ensino Superior, mas também a necessidade de questionar, para
além da ausência dos povos indígenas nas Universidades, as práticas pedagicas reguladas
pela racionalidade científica dominante, que o conhecimento sempre foi utilizado como
instrumento de classificação hierárquica e de reforço de padrões de poder e saber.
PALAVRAS-CHAVE: Ensino Superior. Povos indígenas. Epistemologia. Interculturalidade.
ABSTRACT: The purpose of this text is to reflect on the entry of indigenous students into
Higher Education, in view of the challenge of intercultural and interepistemic dialogues. This
is a Bibliographic Research, whose approach is qualitative, which sought to identify the main
contributions regarding the challenges of interculturality in Higher Education in Brazil, with
emphasis on the interrelationship between indigenous peoples, interculturality and the
University. To do so, we dialogue with authors who contribute to this debate, from
contemporary epistemology, from the perspective of decoloniality and interculturality, as
critical approaches to reflection. The data show the needs and importance of affirmative
action in Higher Education, but also the need to question, in addition to the absence of
indigenous peoples in universities, the pedagogical practices regulated by the dominant
scientific rationality, since knowledge has always been used as an instrument of hierarchical
classification and reinforcement of patterns of power and knowledge.
KEYWORDS: University education. Indigenous students. Epistemology. Interculturality.
Ana Paula de Pádua Câncio y Raimundo Nonato de Pádua Câncio
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Introducción
El Estado brasileño siempre ha utilizado una variedad de estrategias para integrar a los
pueblos indígenas en la sociedad nacional, ya que siempre han sido vistos como un obstáculo
para el desarrollo, bajo el argumento del "desarrollo ecomico", el "progreso" y, s
recientemente, la "democracia" y los "derechos humanos". Desde el período colonial, ha
habido un fuerte intento de "nacionalización" de la población indígena, que históricamente ha
vivido situaciones de opresión, injusticia, violencia y exclusión, producto del despiadado
proceso de explotación capitalista. Las estimaciones indican que cerca de 5 millones de
personas vivían en el actual territorio brasileño cuando Pedro Álvares Cabral llegó en 1500
(Luciano, 2006, p. 17).
Luciano (2006), intelectual indígena del pueblo Baniwa, observa que el violento
proceso de colonización, que llevó a la muerte, expulsión y expropiación de los territorios, ha
llevado a los pueblos indígenas de la actualidad
3
pasasen a depender de la protección de la
asistencia del Estado para sobrevivir. En los últimos años, esta necesidad de asistencia del
Estado brasileño ha aumentado debido al creciente número de asesinatos de indígenas. En
2021, según datos del Consejo Indigenista Misionero (CIMI), generados por el Sistema de
Información de Mortalidad (SIM) y las secretarías estaduales de salud, hubo 38 asesinatos de
indígenas en Amazonas, 35 en Mato Grosso do Sul y 32 en Roraima (CIMI, 2021). Los datos
de la SESAI clasifican 124 muertes como "muertes no asistidas" (Rangel; Liebgott, 2021, p.
21).
A esta violencia se suma la situación de falta de acceso de la población indígena a los
servicios sicos, lo que contribuye a la acentuacn de la desigualdad social. En el contexto
de la Amazonía brasileña, por ejemplo, por diversas razones, esta situación ha influido
directamente en las decisiones
4
de abandonar prematuramente la escuela y, en consecuencia,
de no tener acceso a las universidades. Y esto puede ser problematizado cuando traemos a la
discusión el derecho a la educación, que aún es muy reciente en Brasil, ya que el acceso a la
escuela por parte de los segmentos más pobres solo comen a materializarse en las últimas
cadas del siglo XX. Así, las desigualdades sociales se han traducido en desigualdad de
3
El Instituto Brasileño de Geografía y Estadística (IBGE, 2012) mostró que en 2010 Brasil registró 305 pueblos
indígenas, hablantes de 274 lenguas. Sin embargo, un balance más reciente del Censo de 2022 muestra que en
poco más de una década la población que se considera indígena ha crecido al menos un 66% en Brasil. Datos
disponibles en: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2023. Acceso en: 10 jun. 2023.
4
Entre los temas relacionados, destacamos el difícil acceso a las escuelas en las zonas rurales, ya que en la
Amazonía brasileña hay muchas comunidades ubicadas en regiones alejadas de las escuelas; hay urgencia de
ingresar al mercado laboral para ayudar a la familia; Muchas escuelas no funcionan por la noche debido a la falta
de electricidad.
Epistemología contemporánea y pueblos indígenas en la Educación Superior: El desafío de la interculturalidad en la universidad
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acceso, ingreso y permanencia en las instituciones de educación superior. Desde esta
perspectiva, el objetivo de este texto es reflexionar sobre el ingreso de estudiantes indígenas a
la Educación Superior, ante el desafío de los diálogos interculturales e interepistémicos.
Se trata de una investigación bibliográfica, cuyo abordaje es cualitativo, que buscó
identificar, recoger y analizar las principales contribuciones sobre los desafíos de la
interculturalidad en la Educación Superior en Brasil, con énfasis en la interrelación con los
pueblos indígenas. Para Gil (2002, p. 44, nuestra traducción), este tipo de investigación "se
desarrolla a partir de material que ya ha sido elaborado, compuesto principalmente por libros
y artículos científicos". Se parte del relevamiento y revisión de trabajos ya publicados sobre
los fundamentos teóricos y metodológicos que guiarán este estudio, con el fin de recoger y
analizar las fuentes que sustentan este trabajo científico. Con respecto al enfoque cualitativo,
Minayo (2007, p. 24, nuestra traducción) observa que si "[...] trabaja con el universo de
significados, motivos, aspiraciones, creencias, valores y actitudes", a partir del cual busca
comprender e interpretar la realidad.
La squeda de los trabajos ya publicados se basó en la combinación de las siguientes
palabras clave: Educación Superior, Indígena e Interculturalidad, utilizadas en el Catálogo de
Tesis y Disertaciones de la Coordinación de Perfeccionamiento del Personal de Nivel
Superior (CAPES). Entre los criterios adoptados para la selección de tesis y disertaciones, se
optó por las publicadas en el periodo de 2014 a 2023, los últimos diez años; y los trabajos que
de hecho pusieron de relieve los problemas de acceso, ingreso y permanencia de los pueblos
indígenas en las instituciones de educación superior, y también discutieron el desafío de la
interculturalidad en este proceso. Como criterio, también se priorizó la lectura de resúmenes,
introducciones y conclusiones para seleccionar los trabajos a leer en su totalidad, con el fin de
profundizar en la información.
Además, se aplicaron algunos filtros en la búsqueda: el área de conocimiento principal
fue Ciencias Humanas; el área de conocimiento fue Educación; tanto el área de concentración
como la evaluación también fue Educación; y enfocamos las squedas en programas de
posgrado en Educación. Se compilaron un total de 23 trabajos, incluyendo 13 disertaciones y
10 tesis. Sin embargo, en este texto, dialogamos con quienes más contribuyeron a la discusión
del tema abordado en este estudio: Calderoni (2015), Borniotto (2017), Brito (2016), Doebber
(2017), Pereira (2018), y Santos (2018).
El texto es organizado en dos apartados, además de la introducción y
consideraciones finales. En la primera sección, abordamos el tema de las desigualdades
Ana Paula de Pádua Câncio y Raimundo Nonato de Pádua Câncio
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sociales y el desafío de la Educación Superior para los pueblos indígenas en Brasil. En el
segundo, destacamos temas relacionados con los desafíos de las Universidades, cuando los
pueblos indígenas se incorporan, centrándonos en los desafíos de los diálogos interculturales e
interepistémicos.
Las desigualdades sociales y el desafío de la Educación Superior para los pueblos
indígenas en Brasil
El aumento del número de indígenas en las universidades públicas y privadas en Brasil
solo ha sido significativo desde la década de 2000, cuando las instituciones de educación
superior comenzaron a lidiar con la complejidad de este fenómeno, que requirió y sigue
exigiendo sobre todo que las viejas estructuras académicas sean repensadas en un nuevo
escenario, ahora constituido en la diferencia y marcado por la experiencia multicultural y
multiétnica dentro de ellas. Sin embargo, esta nueva configuración requiere relaciones y otras
formas de interacción, así como nuevas formas de producir y abordar el conocimiento.
Aunque ya estamos viviendo este nuevo escenario, que está en construcción, hay que
señalar que hay muchos desafíos para que se consolide realmente, ya que en Brasil el proceso
de inferiorización de la población indígena tiende a naturalizarse e invisibilizarse desde el
siglo XVI con el colonialismo. Tales prácticas se presentan como reflejo de una continuidad
histórica que tiende a proyectar hacia el presente la violencia sufrida en el pasado.
Con respecto a los pueblos indígenas, el impacto del proyecto colonial se refleja
principalmente en la violencia histórica practicada contra ellos, que se traduce de manera s
efectiva en la esclavitud, la cristianización y la contaminación por enfermedades introducidas
por los colonizadores, así como en un etnocidio sin precedentes, que provocó en este país una
de las mayores catástrofes demográficas de la historia de la humanidad (Chambouleyron et
al., 2011).
Los indígenas fueron el primer grupo esclavizado en Brasil, cuando el país todavía era
una colonia de Portugal. Entre otros factores, está el tema poblacional y económico, ya que
había una gran cantidad de indígenas y su esclavización era s barata, porque un africano en
situación de esclavitud era dos o tres veces más caro que un indígena. Aquellos que tenían
más conocimiento del territorio pudieron escapar y era poco probable que fueran
Epistemología contemporánea y pueblos indígenas en la Educación Superior: El desafío de la interculturalidad en la universidad
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recapturados. Los colonizadores crearon entonces misiones
5
en el interior, iniciaron el proceso
de catequización de los grupos y explotaron
6
la mano de obra de esta población en los
campos. Con estos objetivos, poblaciones indígenas enteras fueron atraídas a los
asentamientos religiosos (Schwarcz; Gomes, 2018).
En la Amazonía brasileña, como señalan Schwarcz y Gomes (2018, p. 278, nuestra
traducción), comenzaron a formarse “'mocambos de indios' e incluso aquellos con indígenas y
africanos juntos", todos ellos prófugos de la esclavitud
7
. Existe, por lo tanto, una deuda
histórica del Estado brasileño con los pueblos de origen africano y con los pueblos originarios
de este territorio. Sumado a esto, las "tasas actuales de desigualdad, discriminación y
exclusión dejan en evidencia la continua y obstinada invisibilidad de estas generaciones"
(Schwarcz; Gomes, 2018, p. 16, nuestra traducción).
Entre finales del siglo XIX y principios del siglo XX, y de acuerdo con los debates
filosófico-científicos de la época, guiados por ideas racialitas, el proyecto de modernización
de Brasil no estaba interesado en integrar a la población de origen africano e indígena, porque
asociaba el mestizaje con el atraso, pensamiento que impulsaba los ideales de blanqueamiento
de la población brasileña. apoyados en las teorías eugenistas, que están muy presentes en el
intento de construcción de la identidad nacional. El reflejo de esto fue que la ausencia de
políticas públicas para la integración de la población negra recién liberada y las pésimas
condiciones de sobrevivencia generaron consecuencias dramáticas que se reprodujeron en el
tiempo.
Con respecto a la población indígena, el Estado brasileño siempre ha utilizado una
variedad de estrategias para integrarla en la sociedad, pero no como una práctica de alteridad,
ya que esta población siempre ha sido vista como un obstáculo para el desarrollo. Bajo el
argumento del "desarrollo económico" y el "progreso", los pueblos ingenas necesitaban
ahora ser emancipados para que el Estado brasileño se eximiera del deber de protegerlos a
ellos y a sus territorios ancestrales. Con estas claras intenciones, siempre se ha intentado
"nacionalizar" a la población indígena para que la nación fuera homogénea, única e
5
Es importante destacar que, en el período colonial, en Brasil, la acción de la iglesia en el proceso colonizador se
da de diferentes maneras, es decir, no fue homogénea, dependiendo del momento histórico de las relaciones entre
Estado e iglesia (Silva; Amorim, 2017).
6
Desde las primeras cadas del siglo XVII, cuando el otro fue descubierto en la región de Minas Gerais, los
bandeirantes se encargaron de abastecer a importantes partes del país con indios esclavizados. Los bandeirantes
de São Paulo se adentraron en las montañas boscosas, en el interior y en las caatingas de Minas Gerais en busca
de presas indígenas destinadas a la esclavitud (Schwarcz; Gomes, 2018).
7
Cabe señalar que la esclavitud de negros e indígenas tiene especificidades históricas y no debe entenderse como
un proceso único.
Ana Paula de Pádua Câncio y Raimundo Nonato de Pádua Câncio
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indivisible, borrando alas diferencias. Y alos pueblos indígenas comenzaron a escribirse
en los márgenes de nuestra historia, convirtiéndonos en víctimas de un proceso despiadado de
invisibilidad y explotación capitalista.
Por todo ello, decimos que Brasil es considerado el mayor territorio esclavista del
hemisferio occidental (Gomes, 2019), dado que este país fue el último en extinguir la trata de
esclavos
8
, con la Ley Eusébio de Queirós, en 1850; y también el último en "abolir" la
esclavitud, lo que ocurrió con la Ley Áurea, en 1888. El resultado fue el desarrollo de una
sociedad desigual y extremadamente racista
9
(Almeida, 2021), aunque la mayoría de la
población brasileña no es blanca, lo que puede justificarse por los mecanismos informales de
discriminación que filtran el acceso de la población de origen africano e indígena a bienes,
oportunidades, calificación y participación en las esferas de toma de decisiones.
Con respecto a la provisión de educación escolar a los pueblos indígenas, desde el
siglo XVI hasta mediados del siglo XX, esta educación se llevó a cabo a través de programas
y siempre se basó en la catequesis y la integración forzada a la sociedad no indígena (Ferreira,
2001). Dichas directrices siguen los principios contenidos en la legislación, ya que es deber de
la Unión asimilar e incorporar a los pueblos indígenas a la comunidad nacional. De esta
manera, la educación se ha convertido en un instrumento de represión, de imposición de
valores y de negación de las diferencias. Sin embargo, se lograron cambios importantes
cuando, a mediados de la década de 1970, el movimiento indígena comenzó a fortalecerse e
inició el proceso de ruptura de la dominación que se le había impuesto durante varios siglos.
A partir de entonces, comenzaron a organizarse para enfrentar la forma de actuar del Estado
brasileño (Ferreira, 2001).
Con respecto al desarrollo de políticas de educación superior para los pueblos
indígenas en Brasil, cabe señalar que, según Paladino (2013), a finales de 1990, el gobierno
brasileño no consideraba prioritaria la educación superior para los pueblos indígenas. Fue la
percepción de que la Educación Superior también podía convertirse en un instrumento de
lucha política, por la garantía de derechos, y la urgencia de profesionales indígenas con
formación en conocimientos científicos, para articularlos con sus conocimientos ancestrales,
lo que hizo que los pueblos indígenas reclamaran el ingreso a las Universidades (Barroso-
Hoffman, 2005).
8
Gomes (2019) informa que solo Brasil recibió casi 5 millones de africanos cautivos, el 40% del total enviado a
América.
9
Almeida (2021, p. 50) señala que "Los comportamientos individuales, los procesos institucionales se derivan de
una sociedad cuyo racismo es la regla, no la excepción".
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Lázaro y Montechiare (2016, p. 7, nuestra traducción), sobre el tema del acceso de los
pueblos indígenas a la Educación Superior, destacan que
El acceso de los pueblos indígenas a la educación superior es una cuestión de
justicia histórica. Estos pueblos podrían rechazar los modelos de aprendizaje
con los que trabaja la cultura circundante de las sociedades indígenas. Sin
embargo, conscientes de que se trata de una lucha, la mayoría de los pueblos
indígenas reconocen que es necesario dominar nimamente la estrategia de
conocimiento de los "blancos" para establecer relaciones más cercanas al
ideal de respeto por el que se guían.
Sin embargo, en la cada de 1990 comenzaron a instituirse acciones más efectivas
que permitieran a los estudiantes indígenas ingresar a la educación superior, lo que se lle a
cabo a través de acuerdos entre la Fundación Nacional de los Pueblos Indígenas (FUNAI) y
algunas instituciones privadas y comunitarias. Pero tuvo un mayor impacto a través de
acciones que se desarrollaron en dos segmentos, cursos específicos, como el Programa de
Diversidad en la Universidad (Diversidad) y el Programa de Licenciatura Intercultural
Indígena (Prolind), creado por el Ministerio de Educacn (MEC); y a través de la oferta de
vacantes especiales o suplementarias en cursos regulares (Bergamaschi; Brito; Doebber,
2018). En cuanto a la iniciativa de la FUNAI, se firmaron convenios con algunas instituciones
blicas y privadas para que se realizara el ingreso de estudiantes indígenas a la educación
superior. Sobre este tema, Lima (2014, p. 16, nuestra traducción) señala que:
En la mayoa de los casos conocidos, se trata de personas que lograron
obtener apoyo económico de la Fundación Nacional del Indio (Funai) para
estudiar en instituciones privadas [...] Más allá de todas las críticas que se le
puedan hacer a esta primera "política de becas" de la Funai implementada
de forma poco transparente, como soluciones ad hoc, individualizadas y no
acompañadas de propósitos globales claros y valores bien definidos cabe
destacar que se mantuvo vigente, aunque sustancialmente transformada.
En esta dirección, el programa de Diversidad fue planificado en 2002, después de la
conferencia de Durban, cuando se discutió el tema de la igualdad étnico-racial, con la
participación de los movimientos negros e indígenas. Al finalizar este programa en 2007, el
objetivo era producir subsidios a partir de experiencias para la construcción de políticas
blicas gubernamentales con el fin de "atender las demandas de acceso, permanencia y éxito
de la educación básica y superior de las poblaciones indígenas, afrodescendientes y segmentos
de la sociedad nacional" (Barnes, 2010, p. 69, nuestra traducción), quienes se encontraban en
condiciones desfavorables de acceso a la Educación Superior. Por otro lado, Prolind, de
Ana Paula de Pádua Câncio y Raimundo Nonato de Pádua Câncio
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origen híbrido, se derivó del programa Diversidad e involucra articulaciones y discusiones
políticas en el ámbito de la Secretaría de Educación Superior (SESu), con la participación de
la Secretaría de Educación a Distancia, Alfabetización y Diversidad (Secad) (Barnes, 2010, p.
63).
Destacamos que Prolind contribuyó a satisfacer, aunque sea parcialmente, la necesidad
de formación diferenciada de los docentes indígenas, cuyo proceso de creación implicó la
acción de varios actores durante los primeros años de la década de 2000. Desde 2004, este
programa ha sido considerado una importante puerta de entrada a las instituciones privadas de
educación superior. Sin embargo, no constituye una política de apoyo permanente, ya que la
liberación de flujos financieros escondicionada a la creación de convocatorias blicas que
seleccionen los proyectos de las universidades públicas interesadas.
Según Barnes (2010), según algunos datos de Prolind, más de 2.700 estudiantes
indígenas ya se han beneficiado de manera directa y, en términos indirectos, se estima que han
atendido a una población de más de 100.000 indígenas. Sin embargo, señala el autor, estos
programas se caracterizan mucho más como proyectos, ya que tienen un periodo finito de
ejecución y sus recursos financieros tienen un tiempo limitado de ejecucn. También señala
que hay una gran expectativa de que estos proyectos se conviertan en políticas blicas y
tengan presupuestos de largo plazo.
En cuanto a la oferta de vacantes especiales o complementarias en los cursos
regulares, antes de la Ley de Cuotas, Ley Federal Nº 12.711/2012, alrededor de 50
instituciones de educación superior desarrollaron políticas para la admisión de estudiantes
indígenas a tras de carreras interculturales, o a través de vacantes reservadas o
suplementarias. Se trataba de políticas que garantizaban, al menos en parte, la admisión
efectiva de estudiantes indígenas en las universidades brasileñas hasta la promulgación de esta
Ley (Bergamaschi; Brito; Doebber, 2018).
En cuanto al formato de esta política, permite vacantes específicas para estudiantes
indígenas en dos modalidades: hay un porcentaje reservado en las vacantes existentes; o se
crea una vacante adicional. Las formas de admisión son aquellas que aprovechan el proceso
de selección ya existente: como el examen universal de ingreso; o se crea un proceso de
selección específico, con una prueba diferenciada.
Estas son acciones afirmativas
10
que funcionan como un
10
Para ignorar tales políticas, hay un segmento de la sociedad que ve la adopción de la acción afirmativa como
una política inconstitucional, ya que puede entenderse como una garantía de privilegio.
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[...] Acción reparadora/compensatoria y/o preventiva, que busca corregir una
situación de discriminación y desigualdad infligida a ciertos grupos en el
pasado, presente o futuro, a través de la valorización social, económica,
política y/o cultural de estos grupos, por un período limitado. El énfasis en
uno o más de estos aspectos dependerá del grupo objetivo y del contexto
histórico-social (Moehlecke, 2002, p. 203, nuestra traducción).
En el Brasil, las políticas de acción afirmativa para los pueblos indígenas en la
educación superior se aplicaron inicialmente mediante la promulgación de leyes estatales y
por iniciativa de las propias universidades. En 2012, estas medidas fueron respaldadas por la
Ley de Cuotas, Ley N 12.711/2012, cuando el 50% de las vacantes en las instituciones
federales de educación superior estaban reservadas para estudiantes de escuelas secundarias
blicas. Así, parte de las vacantes ahora se asignan a candidatos autodeclarados negros,
morenos e indígenas, de acuerdo con la proporción de esta población en los estados
11
donde
se ubican las instituciones (Brasil, 2012).
No se puede negar que estos derechos fueron conquistados con muchos
enfrentamientos, ya que las luchas políticas del movimiento negro y de los pueblos indígenas
fueron esenciales para la construcción de acciones de resistencia a
12
favor de la democracia y
la inclusión social de la población de origen africano e indígena en Brasil. Son dispositivos
legales que marcan y ayudan a consolidar la lucha de esta población; pero autores como
Amaral (2010) y Beltrão (2007), entre otros, advierten que las acciones afirmativas dirigidas a
la admisión a las instituciones de educación superior en Brasil por sí solas no garantizan la
formación profesional de los estudiantes indígenas y su inclusión. En este sentido, Beltrão
(2007) argumenta que estas instituciones deben desarrollar políticas y prácticas dirigidas a las
demandas de los estudiantes indígenas, ya que el ingreso a la educación superior aún no es
una garantía de formación y desempeño profesional en el área.
De acuerdo con Ferreira (2013), las experiencias con la acción afirmativa en Brasil son
n recientes, y es difícil predecir las consecuencias de este tipo de prácticas, como las cuotas
de admisión a las instituciones de educación superior. Incluso en medio de tantas discusiones
y controversias, el IBGE (Brasil, 2016) mostró la importancia de estos instrumentos legales,
11
Según datos del IBGE (Brasil, 2012), los autodeclarados indígenas constituyen el 0,4% de la población
brasileña, totalizando alrededor de 519 mil individuos. Según el censo, las poblaciones indígenas se pueden
encontrar en todo el territorio brasileño, aunque más de la mitad se concentran en la región amazónica del norte
y centro-oeste.
12
A partir de 2008, las universidades federales comenzaron a implementar el Plan Nacional de Asistencia al
Estudiante (PNAE) a través de la transferencia de fondos del Gobierno Federal a las Universidades. Este plan,
aunque no hace referencia directa a la asistencia de estudiantes indígenas, ha sido una estrategia importante para
mantener a estos estudiantes en las instituciones. (Bergamschi; Brito; Doebber, 2018).
Ana Paula de Pádua Câncio y Raimundo Nonato de Pádua Câncio
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dado el aumento de la participación de estudiantes autodeclarados negros, latinos y de bajos
ingresos en la Educación Superior. De 2005 a 2015, por ejemplo, hubo un aumento del 7,3%
en el número de estudiantes negros y latinos en la educación superior. En 2005 sumaron el
5,5% y, en 2015, sumaron el 12,8%.
Con esto, podemos decir que la participación de los estudiantes que ingresaron por
cupos (ingresos; negros, morenos e indígenas; y personas con discapacidad) ha ido
creciendo
13
desde la implementación de las políticas de acción afirmativa en 2005. Diez os
después, esta tasa alcan el 42,5% y, de 2016 a 2018, se mantiene entre el 48% y el 49%.
Aun así, seguían constituyendo menos de la mitad de los venes blancos en el mismo grupo
de edad. En cuanto a los estudiantes indígenas, según el Censo
14
de Educación Superior 2016,
conforman el grupo con menor porcentaje de asistencia en las tres principales políticas públicas de
acceso a la Educación Superior.
Los datos muestran que el 63% de los indígenas que se matricularon en 2016 no
obtuvieron un lugar en el sistema de escuelas públicas, no fueron seleccionados para contratos
del Fondo de Financiamiento Estudiantil (Fies) ni para obtener becas del Programa
Universidad para Todos (Prouni) para pagar la universidad privada. De los más de 49.000
indígenas que cursan estudios superiores, 12.348 están en el sistema escolar público (25%) y
36.678 en universidades privadas (75%). Hasta 2019, el porcentaje de indígenas en las
universidades venía creciendo.
Sin embargo, datos del Instituto Nacional de Estudios e Investigaciones Educativas
Anísio Teixeira (INEP) muestran que hubo una interrupción en este crecimiento, ya que en
2018 había 57.706 indígenas matriculados, y en 2020 esta matrícula ba a 47.267. Esta
disminución puede ser mayor, pues todo indica que la deserción escolar ha aumentado en el
contexto de la pandemia y esta nueva realidad también ha afectado a la población indígena en
el acceso a las clases en línea.
Un tema importante que merece atención es que el texto de la Ley de Cuotas establece
que, después de diez años, la Legislatura Federal debe reunirse para discutir la conveniencia o
no de esta Ley de inclusión en la Educación Superior. A partir de esta prerrogativa, existen
una serie de iniciativas de defensa e intentos de derogación de esta Ley, que se lleva a cabo a
través de Proyectos de Ley que desean interrumpirla o prorrogarla por otros diez os, o más.
13
Compruébalo en https://www.andifes.org.br/?p=79626. Acceso en: 10 jul. 2023.
14
Compruébalo en https://g1.globo.com/educacao/noticia/estudantes-indigenas.ghtml. Acceso en: 10 jul. 2023.
Epistemología contemporánea y pueblos indígenas en la Educación Superior: El desafío de la interculturalidad en la universidad
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Podemos decir, con esto, que la defensa de esta política debe ser firme y continua, porque hay
fuerzas mayores que siguen reforzando la exclusn y amenazando la garana de derechos.
Además, en este escenario, las universidades públicas, que viven una ofensiva
neoliberal, han tratado de resistir a las fuerzas de mercantilización de las políticas sociales.
Cuando estas instituciones no ceden a esta lógica, se enfrentan a una serie de dificultades para
asegurar el acceso efectivo y la permanencia de la población negra e indígena en sus espacios
de socialización.
Dentro de la Universidad: Estudiantes indígenas en la Educación Superior y el desafío
de los diálogos interculturales e interepistémicos
En los últimos años, las universidades públicas brasileñas han experimentado una
drástica reduccn de los presupuestos destinados a ciencia y tecnología. Según el informe
15
de la Organización de las Naciones Unidas para la Educación, la Ciencia y la Cultura
(UNESCO), hubo una drástica reducción de las inversiones del 84% entre 2012 y 2021,
además de la ola de negacionismo científico y la difusión de desinformación. Se trata de
acciones políticas que, en su conjunto, muestran el abandono del compromiso del Estado con
la educación en todos los niveles.
También son notorios los movimientos que avanzan hacia la privatización
16
de las
universidades federales, la ruptura absoluta con la autonomía de estas instituciones y la
negación de la educación superior a las capas s pobres de la población brasileña. Guiadas
por la lógica neoliberal, muchas instituciones de educación superior han asumido un carácter
de legitimación de jerarquías, construyendo fronteras, incluidas las epistémicas, que no
permiten el diálogo con poblaciones marginadas, cuyas experiencias y saberes también han
sido negados, excluidos y subyugados.
Tales prácticas están naturalizadas y han contribuido a fortalecer la fuerza hegemónica
del pensamiento neoliberal en este país. En esta dirección, habun trabajo centrado en la
hegemonía de una epistemología (Santos, 2005), siguiendo un modelo que tiene una
correspondencia específica con el principio del mercado, y que no dialoga con las poblaciones
oprimidas, ante los problemas sociales vividos.
15
CHNEEGANS, S.; LEWIS, J.; STRAZA, T. (org.). Informe de la UNESCO sobre la Ciencia: La carrera
contra el tiempo para un desarrollo más inteligente Resumen ejecutivo. París: Editorial UNESCO, 2021.
Disponible en: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000377250_por. Acceso en: 10 jul. 2023.
16
Como ejemplo, citamos la Propuesta de Reforma a la Constitución (PEC) 206/2019, que fue nuevamente
debatida en la Cámara de Diputados. El proyecto de ley propone el cobro de derechos de matrícula a los
estudiantes de las universidades públicas, modificando el texto del artículo 206 de la Constitución Federal, que
garantiza la gratuidad de la educación pública en los establecimientos oficiales.
Ana Paula de Pádua Câncio y Raimundo Nonato de Pádua Câncio
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Con respecto a esta cuestión, Frigotto (1995) señala que la realidad de la educación en
Brasil, tanto en la educación sica como en la superior, todavía se presenta con una
organización muy fragmentada y desconectada de la realidad social. Los currículos son
compartimentados y estancos y tienen poco diálogo con los conocimientos desarrollados en
las otras disciplinas. En esta lógica se produce una formación humana y profesional acrítica,
insuficiente para transformar la realidad en la que se inserta. Para la autora, la fragmentada e
inconexa organización curricular reflexionará sobre la ruptura histórica de las actividades
humanas establecida por el modelo industrial hacia las poblaciones, centradas en las nuevas
relaciones laborales.
En este sentido, Oliveira (2016) señala que la ciencia moderna es eurocéntrica, y esto
"terminó apoyando el proceso de colonización y esclavización de los pueblos no europeos, ya
que son vistos como inferiores, groseros y rbaros" (Oliveira, 2016, p. 88). Podemos decir,
entonces, que la realidad social y científica de la modernidad está marcada por las injusticias
sociales, lo que hace que el sujeto se deshumanice cada vez más. Sin embargo, es necesario
repensar, debido a las exigencias de este nuevo escenario, al ser humano con una formación
más amplia y crítica, que requerirá, además de cambios en las formas de explotación laboral,
la superación de su propia explotación. Sin embargo, para ello, también es necesario
problematizar los constructos teóricos que sustentan la gica del patrón dominante de
producción de poder y conocimiento.
En la obra "Un discurso sobre las ciencias", Santos explica que el modelo dominante
de ciencia es el de la racionalidad científica, que niega otras formas de producción de
conocimiento que no siguen los principios epistemológicos y metodológicos establecidos
(Santos, 2005). En esta forma de pensar hay poco espacio para el cambio en el mundo, porque
lo que prevalece es una cierta previsibilidad en los acontecimientos de la vida. Con esto, nos
vemos desafiados por un modelo de racionalidad científica que nos impone el desafío de ver
el mundo desde sí mismo, es decir, desde sus propias construcciones teóricas.
Es importante señalar que existen diferentes perspectivas a través de las cuales
podemos pensar la epistemología como un estudio o teoría del conocimiento. Sin embargo,
nuestro enfoque sigue la perspectiva que considera epistemología "cualquier noción o idea,
reflejada o no, sobre las condiciones de lo que cuenta como conocimiento válido" (Santos;
Menezes, 2010, p. 15, nuestra traducción). Como una forma de orientar esta discusión desde
una perspectiva contrahegemónica, Oliveira (2016) trae algunas ideas presentes en la
posmodernidad que predominan en el siglo XX. En esta gica, el autor destaca el concepto de
Epistemología contemporánea y pueblos indígenas en la Educación Superior: El desafío de la interculturalidad en la universidad
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"ecología del conocimiento" (Santos, 2010) como una forma de "superar la polarización entre
el conocimiento y la fragmentación del currículo escolar, valorando la construcción cotidiana
del conocimiento" (Oliveira, 2016, p. 121, nuestra traducción).
Un buen ejemplo de la presencia de una episteme eurocéntrica lo evidencia ncio
(2023) en el estudio que analiza las prácticas disidentes y las tensiones sociales de los
estudiantes indígenas de una universidad pública ubicada en la Amazonía brasileña. El autor
señala que
[...] los datos de las preguntas relacionadas con las prácticas disidentes y las
condiciones sociales en la Universidad que desfavorecen la afirmación del
conocimiento y la identidad indígena evidencian la necesidad de afirmar la
identidad y la cultura indígena frente a las fuerzas desestabilizadoras
provocadas por el currículo (Câncio, 2023, p. 8, nuestra traducción).
Para la autora, a pesar de que la institución hizo posible su ingreso a la universidad
blica, "la tensión producida por el embargo a los saberes indígenas es recurrente en los
discursos de los estudiantes indígenas". Y tales prácticas "son vistas por ellos como
mecanismos de fortalecimiento de la invisibilidad, acentuada por el desapego de los
estudiantes de su ubicación epistémica, ética y racial" (Câncio, 2023, p. 14, nuestra
traducción).
Desde la perspectiva de la necesidad de diálogo entre saberes, la interculturalidad
marca la (re)construcción de un pensamiento crítico-otro, un pensamiento crítico que se aleja
de las ideas basadas en el legado eurocéntrico, "dando así la vuelta a la geopolítica dominante
del conocimiento que ha tenido su norte global en el centro" (Walsh, 2005, p. 25, nuestra
traducción). El término educación inter/multicultural se utiliza para indicar un conjunto de
propuestas educativas que tienen como objetivo promover la relación y el respeto entre los
grupos socioculturales, a través de procesos democráticos y dialógicos (Fleuri, 2003).
Más específicamente, Catherine Walsh (2001, p. 10-11, nuestra traducción) explica
que la interculturalidad es:
Un proceso dinámico y permanente de relación, comunicación y
aprendizaje entre dos culturas en condiciones de respeto, legitimidad mutua,
simetría e igualdad.
Un intercambio que se construye entre personas, conocimientos, saberes y
prácticas culturalmente diferentes, buscando desarrollar un nuevo
significado entre ellos en su diferencia.
Un espacio de negociación y traducción donde las desigualdades sociales,
económicas y políticas, y las relaciones y conflictos de poder en la sociedad
no se mantienen ocultas, sino que se reconocen y se confrontan.
Ana Paula de Pádua Câncio y Raimundo Nonato de Pádua Câncio
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Es una tarea social y política que interpela a la sociedad en su conjunto, a
partir de prácticas y acciones sociales concretas y conscientes y tratando de
crear formas de responsabilidad y solidaridad.
Un objetivo a alcanzar.
Con respecto a la Educación Superior y los pueblos indígenas en Brasil, la
interculturalidad sigue siendo una meta que alcanzar, ya que esta perspectiva es desafiada por
la condición de subordinación que experimentan los pueblos indígenas tanto fuera de los
espacios sociales como dentro de este "nuevo" espacio, que es el ambiente académico. La
condición de silencio de las propias instituciones sobre sus currículos eurocéntricos es una
forma de negación de que se constituyen a partir de relaciones de poder e ideologías que
ayudan a naturalizar la invisibilidad del otro, incluyendo cuestiones que vulneran sus propios
derechos.
Ballestrin (2013) señala que la diferencia colonial epistémica también es mplice del
universalismo, el sexismo y el racismo. Y esto nos obliga a nosotros, que estamos en un lugar
de invisibilidad en la producción de conocimiento, a cuestionar y pensar alternativas para la
descolonización del conocimiento producido en el campo de la Educación, especialmente en
los estudios con los pueblos indígenas. En este sentido, algunos estudios que investigaron a
estudiantes indígenas en la educación superior contribuyen a resaltar los problemas más
recurrentes, en medio de las relaciones de poder, que enfrentan estos estudiantes en el ámbito
acamico.
La búsqueda realizada en el portal CAPES de trabajos producidos en el período de
2014 a 2023, cuyos datos son discutidos en este texto, mostró que existe una producción
significativa en Brasil de trabajos que se dirigen a estudiantes indígenas en la Educación
Superior. Sin embargo, al relacionar los descriptores Educación Superior, Indígena e
Interculturalidad, entre comillas, se encontraron 5.771 trabajos, entre disertaciones y tesis. De
estos, se seleccionaron 23 trabajos que se acercaban s al objeto en cuestión: 13
disertaciones y 10 tesis. La mayoría de los estudios fueron producidos en la Región Sur (11),
seguida por la Región Norte (05), la Región Sudeste (03), el Centro-Oeste (03) y el Distrito
Federal (01). En este texto, discutimos los trabajos que más han contribuido al debate sobre el
tema abordado.
Calderoni (2015), en el estudio titulado "Docentes indígenas y educacn superior:
traducciones y negociaciones en la escuela indígena Ñandejara de la aldea Te'ýiku,
Caara/MS", tesis doctoral realizada en la Universidad Católica Dom Bosco (UCDB), tuvo
como objetivo investigar los procesos de traducción y/o negociación entre los saberes
Epistemología contemporánea y pueblos indígenas en la Educación Superior: El desafío de la interculturalidad en la universidad
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tradicionales y occidentales producidos por docentes guaraníes y kaiowá, Licenciada en
Educación Superior, considerando la escuela indígena en una perspectiva diferenciada e
intercultural. La autora señala que en algunos momentos las prácticas pedagógicas están
reguladas por las normas del sistema escolar; pero, en otros, la práctica guaraní y kaiowá traza
"otros" parámetros epistemológicos, guiados por la pedagogía Ñembo'e Katu, haciendo que la
traducción y la negociación entre los saberes sucedan.
Borniotto (2017), en el estudio denominado "Políticas de inclusión y educación
superior de estudiantes indígenas en Paraná: experiencias de la Universidad Estadual de
Maringá", tesis doctoral producida en la Universidad Estadual de Maringá (UEM), bus
comprender cómo se da el acceso, los estudios y la permanencia de los estudiantes indígenas
de las etnias Kaingang, Guaray Xeen la UEM. La autora constató las luchas por ser
estudiante universitaria y seguir siendo indígena, fortaleciendo su identidad, analizó el tema
de la exclusión y el prejuicio en el ámbito académico, una institución occidental que tiene
poca experiencia con la presencia de culturas y lenguas indígenas. Los datos muestran que en
la Universidad aún se mantienen imágenes estereotipadas de los estudiantes indígenas, y
señalan que es necesario poner en pctica estrategias de enseñanza que promuevan la
inclusión de los indígenas en la Educación Superior, con el fin de contribuir a la reducción de
las desigualdades sociales y económicas que se viven en el país.
Por otro lado, Brito (2016), en el trabajo titulado "Mujer-indígena-madre-universitaria
estudiante universitaria siendo-siendo estudiante de la UFRGS", tesis de maestría producida
en la Universidad Federal de Rio Grande do Sul (UFRGS), tuvo como objetivo comprender la
presencia de mujeres indígenas, pertenecientes a los pueblos Kaingang y Guaraní, que a partir
de 2008 fueron aprobadas en un proceso de selección específico y diferenciado en la UFRS.
La autora encontró que la presencia de estas mujeres en la educación superior ha ido
creciendo, y esto se puede comprobar en la matrícula, que aumentó en más del 50%. Ella
observa que las mujeres indígenas, a diferencia de las no indígenas, son las que más buscan
ingresar a la Universidad, y desconocer la evidencia de que la política de acción afirmativa
para los indígenas en la UFRGS es un éxito es no reconocer las luchas de esos pueblos.
Doebber (2017), en el trabajo titulado "Estudiantes indígenas en los programas de
graduación de la UFRGS: movimientos de re-existencia", tesis doctoral producida en la
Universidad Federal de Rio Grande do Sul (UFRS), buscó comprender al ser indígena
universitario y mo la institución se ha movilizado frente a tal presencia. La autora señala
que los universitarios indígenas se enfrentan a las lógicas de ser y estar en este espacio a
Ana Paula de Pádua Câncio y Raimundo Nonato de Pádua Câncio
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través de una relación de aproximación y distanciamiento, que se da en la frontera entre dos
universos opuestos y complementarios: el universo académico y la vida tradicional. En esta
relación, se apropian del universo académico, del saber occidental, pero también presentan
resistencias, que se dan a través del lenguaje, las diferentes temporalidades y la lógica
comunitaria, movimientos que contribuyen a posibles rupturas en la episteme hegemónica.
Pereira (2018), en el trabajo titulado "Pueblos indígenas y educación superior en la
Amazonía: realidad y perspectivas de la política de acción afirmativa de la Universidad
Federal del Oeste de Pará (2010-2015)", tesis de maestría producida en la Universidad Federal
del Oeste de Pa (UFOPA), analizó el Proceso Especial de Selección (PSE) como política de
acción afirmativa para el acceso de los pueblos indígenas a la UFOPA, en el período 2010-
2015, y su impacto en la calidad de la educación superior de estos pueblos. La autora señala
las demandas de los estudiantes indígenas por una propuesta pedagógica y curricular
diferenciada para ellos en la institución. Aunque este no es el foco principal del trabajo, se
evidencia la necesidad de un diálogo intercultural e interepistémico, que se expresa en la
necesidad de metodologías que dialoguen con las realidades de estos pueblos y que respondan
a sus especificidades. También destaca que, a pesar de las dificultades, el PSE de la UFOPA
ha brindado oportunidades para el ingreso significativo de estos estudiantes a la Educación
Superior, mostrando la importancia de esta Universidad en la inclusión de las poblaciones
indígenas y tradicionales de la baja Amazonía.
Santos (2018), en el trabajo titulado "De la aldea a la universidad - estudiantes
indígenas en el diálogo de saberes tradicionales y científicos en la UFT", tesis doctoral
producida en la Universidad de Brasilia (UNB), buscó comprender la naturaleza de los
diálogos entre el conocimiento académico, producido en la Universidad, y el conocimiento
tradicional de los estudiantes indígenas. Entre los temas importantes discutidos, como las
cuotas para los pueblos indígenas, que no son suficientes en la institución, y la necesidad de
políticas de permanencia, el autor encontró que no existe una articulación entre el
conocimiento tradicional indígena y el de la universidad. El resultado de esto es que los
estudiantes indígenas no logran integrarse a las normas académicas vigentes, lo que también
se deriva de la falta de preparación de los docentes, los prejuicios, el estigma y la exclusión
social que se vive en la institución.
En general, podemos decir que en los estudios evidenciados aparecen como cuestiones
tangenciales la cuestión de los currículos eurocéntricos y la condición de silencio de las
propias instituciones en la interrelación con los estudiantes indígenas en la Universidad. Sin
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embargo, es posible constatar que los trabajos ya se están moviendo hacia un paradigma
epistemológico contrario a las matrices disciplinares hegemónicas que insisten en el borrado
de las prácticas de producción de conocimiento que no están asociadas a este modelo, y que se
alejan de la realidad de los discursos y luchas sociales reales de los actores sociales. Si bien la
interculturalidad aparece como una categoría poco explorada en esta relación, con mayor
énfasis en la interculturalidad funcional, se ha presentado como una propuesta pedagógica no
jerárquica que busca desarrollar relaciones de cooperación, respeto y aceptación de la
diferencia entre diferentes culturas y sujetos.
Para Fleuri (2003), la interculturalidad se basa en el reconocimiento de la existencia
de sujetos con culturas diferentes y que están dispuestos a dialogar. Sin embargo, para que
haya diálogo, es necesario que los actores sociales estén en posición de diálogo, para que las
experiencias que históricamente han sido negadas puedan emerger, ganando materialidad y
visibilidad. Así, en la Educación Superior, la interculturalidad debe , de hecho, promover el
diálogo entre diferentes grupos sociales y culturales para enfrentar los conflictos causados por
la asimetría de poder entre ellos en las instituciones. Esta perspectiva, por lo tanto, sugiere
que los diferentes se encuentran en un mismo mundo y conviven en relaciones de
negociación, conflictos y préstamos recíprocos (Canclini, 2006).
Con respecto a las relaciones entre el conocimiento occidental y el conocimiento
indígena tradicional, Bergamaschi (2014, p. 12) observa que los movimientos indígenas y la
academia han utilizado cada vez s el término intelectual indígena. Pero, para ella, esta
denominación es externa a los pueblos indígenas y también expresa una comprensión
occidental del conocimiento, "incluyendo la jerarquización de quién produce. Así
En el argumento que aquí presento, esta comprensión marca la diferencia,
porque, cuando pensamos en los intelectuales indígenas, podemos tener en
cuenta: la comprensión de los intelectuales de la oralidad, constituida de
acuerdo con sus sistemas de conocimiento; Los intelectuales se tejen no solo
en los procesos de interculturalidad, sino también en los procesos de
intercientidad, cuando se gradúan de la escuela, de la academia, cuando
realizan investigaciones como maestrías, doctores o investigadores
académicos, haciendo dialogar diferentes ciencias (Bergamaschi, 2014, p.
16, nuestra traducción).
En este sentido, las acciones afirmativas son muy importantes, ya que también
posibilitan que esta realidad se problematice en muchos aspectos, lo que antes era casi
imposible, dada la ausencia de estos grupos en la Educación Superior. Así, podemos decir que
cuestionar la ausencia en la Universidad es tan importante como cuestionar la asimilación
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intelectual, las prácticas pedagógicas reguladas por la racionalidad científica dominante, ya
que el conocimiento siempre ha sido utilizado como un importante instrumento de
clasificación jerárquica y de refuerzo de patrones hegemónicos de poder y conocimiento.
Consideraciones finales
Cuando reflexionamos sobre el ingreso de estudiantes indígenas a la Educación
Superior, frente al desafío de los diálogos interculturales e interepistémicos, podemos decir
que el lugar que n ocupan los estudiantes indígenas en las universidades brasileñas es casi
el de la ausencia y la negacn absolutas, a pesar de que ya hemos logrado importantes
avances en las luchas por garantizar este derecho, incluyendo la creación de programas
específicos dentro de algunas universidades. Es evidente que esta discusión sobre el ingreso
requiere que nos preocupemos por la permanencia y la culminación exitosa, cuestiones que
requieren mayor discusión y debate, considerando que las instituciones de educacn superior
tienden a guiarse por patrones coloniales de poder, manifestados en los procesos
antidialógicos de subjetivación impuestos.
Los trabajos investigados sobre este tema muestran los procesos de negociación entre
los saberes tradicionales indígenas y occidentales en la Educación Superior y apuntan a la
perspectiva de una educación diferenciada e intercultural. Sin embargo, es evidente que las
prácticas pedagógicas siguen estando reguladas por matrices disciplinarias hegemónicas, lo
que ha colocado a los estudiantes indígenas en situaciones de conflicto, ya que contribuye a
reforzar la exclusión en el espacio académico y los prejuicios. La comunidad universitaria aún
mantiene imágenes estereotipadas de los estudiantes indígenas, lo que requiere que se pongan
en práctica estrategias docentes que aborden esta temática, necesarias para la inclusión de los
pueblos indígenas en la Educación Superior con el debido respeto.
La presencia de los pueblos indígenas en las Universidades requiere, por tanto, de una
propuesta pedagógica que busque desarrollar relaciones de cooperación, respeto y aceptación
de la diferencia entre las diferentes culturas y sujetos. Y esto requiere que luchemos también
por superar el lugar de invisibilidad en la producción de conocimiento, cuestionando las
relaciones jerárquicas entre ellos, lo que se impone y naturaliza, y pensemos alternativas para
la descolonización del conocimiento producido en el campo de la Educación, especialmente
en los estudios con los pueblos indígenas.
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Las posibles formas de ayudar a la sociedad a superar las desigualdades,
especialmente las raciales, pueden presentarse dentro de las propias universidades. Pero para
que esto suceda, necesitamos, de hecho, repensar la difusión y afirmación de valores,
conocimientos e ideologías eurocéntricas y neoliberales, que en muchos sentidos pueden
contribuir a la descalificación de otros sujetos epistémicos. Los currículos necesitan ser
discutidos desde la perspectiva de la inclusión, de la resistencia contra la hegemonía,
especialmente contra el discurso político-científico que tiende a desvirtuar la ancestralidad,
confundir la historia, los propios procesos identitarios, e impedir la socialización y la difusión
de diferentes formas de pensar el mundo.
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CRediT Author Statement
Reconocimientos: No aplicable.
Financiación: Beca de investigación otorgada por el Consejo Nacional de Desarrollo
Científico y Tecnológico (CNPq), a partir del diálogo entre el Programa de Posgrado en
Educación (PPGE) y el Decano de Investigación y Posgrado (PROPESP), de la
Universidad Estadual de Pará (UEPA)).
Conflictos de intereses: No existen conflictos de intereses por parte de los autores.
Aprobación ética: En el caso de la investigación bibliográfica, se siguieron los
procedimientos de referenciación de los materiales consultados.
Disponibilidad de datos y material: No aplicable.
Aportaciones de los autores: Los autores trabajaron juntos tanto en la planificación como
en la elaboración, revisión y edición del texto. Las diferentes formaciones (Pedagogía y
Letras) confluyeron en el debate generado sobre los estudiantes indígenas en la Educación
Superior y el desafío de los diálogos interculturales e interepistémicos.
Procesamiento y edición: Editora Iberoamericana de Educación - EIAE.
Corrección, formateo, normalización y traducción.
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CONTEMPORARY EPISTEMOLOGY AND INDIGENOUS PEOPLE IN HIGHER
EDUCATION: THE CHALLENGE OF INTERCULTURALITY AT THE
UNIVERSITY
EPISTEMOLOGIA CONTEMPORÂNEA E POVOS INDÍGENAS NO ENSINO
SUPERIOR: O DESAFIO DA INTERCULTURALIDADE NA UNIVERSIDADE
EPISTEMOLOGÍA CONTEMPORÁNEA Y PUEBLOS INDÍGENAS EN LA
EDUCACIÓN SUPERIOR: EL DESAFÍO DE LA INTERCULTURALIDAD EN LA
UNIVERSIDAD
Ana Paula de Pádua CÂNCIO 1
e-mail: apaduacancio@gmail.com
Raimundo Nonato de Pádua CÂNCIO 2
e-mail: nonato.cancio@uft.edu.br
How to reference this article:
CÂNCIO, A. P. de P.; CÂNCIO, R. N. de P. Contemporary
epistemology and indigenous people in Higher Education: The
challenge of interculturality at the university. Revista Ibero-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 19, n. 00,
e024003, 2024. e-ISSN: 1982-5587. DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v19i00.17879
| Submitted: 20/03/2023
| Revisions required: 20/07/2023
| Approved: 05/09/2023
| Published: 02/01/2024
Editor:
Prof. Dr. José Luís Bizelli
Deputy Executive Editor:
Prof. Dr. JoAnderson Santos Cruz
1
University of the State of Pará (UEPA), Belém PA Brazil. Master's student of the Postgraduate Program in
Education (PPGE) at the State University of Pará.
2
Federal University of Northern Tocantins (UFNT), Tocantinópolis TO Brazil. Adjunct Professor of the
Pedagogy Course, of the Postgraduate Program in Linguistics and Literature (PPGLLIT/UFNT), and of the
Postgraduate Program in Teacher Training in Educational Practices at the Federal University of Maranhão
(UFMA).
Contemporary epistemology and indigenous people in Higher Education: The challenge of interculturality at the university
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ABSTRACT: The purpose of this text is to reflect on the entry of indigenous students into
Higher Education, in view of the challenge of intercultural and interepistemic dialogues. This
is a Bibliographic Research, whose approach is qualitative, which sought to identify the main
contributions regarding the challenges of interculturality in Higher Education in Brazil, with
emphasis on the interrelationship between indigenous peoples, interculturality and the
University. To do so, we dialogue with authors who contribute to this debate, from
contemporary epistemology, from the perspective of decoloniality and interculturality, as
critical approaches to reflection. The data show the needs and importance of affirmative
action in Higher Education, but also the need to question, in addition to the absence of
indigenous peoples in universities, the pedagogical practices regulated by the dominant
scientific rationality, since knowledge has always been used as an instrument of hierarchical
classification and reinforcement of patterns of power and knowledge.
KEYWORDS: University education. Indigenous students. Epistemology. Interculturality.
RESUMO: O objetivo deste texto é refletir sobre o ingresso de estudantes indígenas no
Ensino Superior, tendo em vista o desafio dos diálogos interculturais e interepistêmicos.
Trata-se de uma Pesquisa Bibliográfica, cuja abordagem é qualitativa, que buscou identificar
as principais contribuições acerca dos desafios da interculturalidade no Ensino Superior no
Brasil, com destaque para a inter-relação povos indígenas, interculturalidade e
Universidade. Para tanto, dialogamos com autores que contribuem para esse debate, a partir
da epistemologia contemporânea, na perspectiva da decolonialidade e da interculturalidade,
como abordagens críticas de reflexão. Os dados evidenciam as necessidades e a importância
das ações afirmativas no Ensino Superior, mas também a necessidade de questionar, para
além da ausência dos povos indígenas nas Universidades, as práticas pedagicas reguladas
pela racionalidade científica dominante, que o conhecimento sempre foi utilizado como
instrumento de classificação hierárquica e de reforço de padrões de poder e saber.
PALAVRAS-CHAVE: Ensino Superior. Povos indígenas. Epistemologia. Interculturalidade.
RESUMEN: El objetivo de este texto es reflexionar sobre el ingreso de estudiantes indígenas
a la Educación Superior, ante el desafío de los diálogos interculturales e interepistémicos. Se
trata de una Investigación Bibliográfica, cuyo enfoque es cualitativo, que buscó identificar
las principales contribuciones sobre los desafíos de la interculturalidad en la Educación
Superior en Brasil, con énfasis en la interrelación entre los pueblos indígenas, la
interculturalidad y la Universidad. Para ello, dialogamos con autores que aportan a este
debate, desde la epistemología contemporánea, desde la perspectiva de la decolonialidad y la
interculturalidad, como enfoques críticos de reflexión. Los datos muestran las necesidades e
importancia de las acciones afirmativas en la Educación Superior, pero también la necesidad
de cuestionar, además de la ausencia de indígenas en las universidades, prácticas
pedagógicas reguladas por la racionalidad científica dominante, pues el conocimiento
siempre ha sido utilizado como instrumento de clasificación jerárquica y refuerzo de patrones
de poder y saber.
PALABRAS CLAVE: Educación Superior. Pueblos indígenas. Epistemología.
Interculturalidad.
Ana Paula de Pádua Câncio and Raimundo Nonato de Pádua Câncio
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Introduction
The Brazilian State has always used a variety of strategies to integrate indigenous
peoples into national society, as they were seen, most of the time, as an obstacle to
development, under the argument of “economic development”, “progress” and, more recently,
“democracy” and “human rights”. Since the colonial period, there has been a strong attempt to
“nationalize” the indigenous population, which has historically experienced situations of
oppression, injustice, violence and exclusion, resulting from the merciless process of capitalist
exploitation. Estimates indicate that there were around 5 million people living in the current
Brazilian territory when Pedro Álvares Cabral arrived in 1500 (Luciano, 2006, p. 17).
Luciano (2006), an indigenous intellectual from the Baniwa people, observes that the
violent process of colonization, which caused death, expulsion and expropriation of
territories, meant that indigenous peoples today
3
began to depend on the State's welfare
protection to survive. In recent years, this need for assistance from the Brazilian State has
increased due to the growing number of murders of indigenous people. In 2021, according to
data from the Indigenous Missionary Council (CIMI), generated by the Mortality Information
System (SIM) and state health departments, there were 38 murders of indigenous people in
Amazonas, 35 in Mato Grosso do Sul and 32 in Roraima (CIMI, 2021). SESAI data classifies
124 deaths as “unassisted deaths” (Rangel; Liebgott, 2021, p. 21).
Added to this violence is the lack of access by the indigenous population to basic
services, contributing to marked social inequality. In the context of the Brazilian Amazon, for
example, for a series of reasons, this situation has directly influenced decisions
4
to leave
school early and, consequently, not to have access to universities. And this can be
problematized when we bring into the discussion the right to Education, which is still very
recent in Brazil, as access to school for the poorest groups only began to materialize in the last
decades of the 20th century. Thus, social inequalities have been translating into inequality of
access, entry and permanence in Higher Education institutions. From this perspective, the
objective of this text is to reflect on the entry of indigenous students into Higher Education,
taking into account the challenge of intercultural and interepistemic dialogues.
3
The Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE, 2012) showed that in 2010 Brazil registered 305
indigenous peoples, speaking 274 languages. However, a more recent assessment of the 2022 Census shows that
in just over a decade the population that considers itself indigenous has grown by at least 66% in Brazil. Data
available at: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2023. Accessed on: 10 June. 2023.
4
Among the related issues, we highlight the difficult access to schools in rural areas, as in the Brazilian Amazon
there are many communities located in regions far from schools; there is an urgency to enter the job market to
help the family; Many schools do not operate at night due to the lack of electricity.
Contemporary epistemology and indigenous people in Higher Education: The challenge of interculturality at the university
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DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v19i00.17879 4
This is bibliographical research, whose approach is qualitative, which sought to
identify, collect and analyze the main contributions regarding the challenges of
interculturality in Higher Education in Brazil, with emphasis on the interrelationship with
indigenous peoples. For Gil (2002, p. 44, our translation), this type of research is developed
based on already prepared material, consisting mainly of books and scientific articles”. The
starting point is the survey and review of works already published on the theoretical and
methodological foundations that will guide this study, in order to gather and analyze the
sources that provide the basis for this scientific work. With regard to the qualitative approach,
Minayo (2007, p. 24, our translation) observes that “[...] we work with the universe of
meanings, motives, aspirations, beliefs, values and attitudes”, based on which seeks to
understand and interpret reality.
The search for works already published started from the combination of the following
keywords: Higher Education, Indigenous People and Interculturality, used in the Catalog of
Theses and Dissertations of the Coordination for the Improvement of Higher Education
Personnel (CAPES). Among the criteria adopted for the selection of theses and dissertations,
we chose those published between 2014 and 2023, the last ten years; and works that actually
highlighted the problems of access, entry and permanence of indigenous people in Higher
Education institutions, and also discussed the challenge of interculturality in this process. As a
criterion, we also prioritize reading the abstracts, introductions and conclusions to select the
works to be read in full, with the aim of deepening the information.
Furthermore, some filters were applied in the search: the major area of knowledge was
Human Sciences; the area of knowledge was Education; Both the area of concentration and
evaluation was also Education; and we focused our searches on postgraduate programs in
Education. 23 works were compiled that approached the debate, 13 dissertations and 10
theses. However, in this text we dialogue with those who contributed most to the discussion
of the topic addressed in this study: Calderoni (2015), Borniotto (2017), Brito (2016),
Doebber (2017), Pereira (2018), and Santos (2018).
The text is organized into two sections, in addition to the introduction and final
considerations. In the first section we address the issue of social inequalities and the challenge
of Higher Education for indigenous peoples in Brazil. In the second, we highlight issues
related to the challenges facing Universities when indigenous peoples enter, focusing on the
challenges of intercultural and interepistemic dialogues.
Ana Paula de Pádua Câncio and Raimundo Nonato de Pádua Câncio
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Social inequalities and the challenge of Higher Education for indigenous peoples in
Brazil
The increase in the number of indigenous people in public and private Universities in
Brazil was only significant from the 2000s onwards, when Higher Education institutions
began to deal with the complexity of this phenomenon, which required and demands, above
all, a rethinking of the old academic structures in a new scenario, now constituted in
difference and marked by the multicultural and pluriethnic experience within it. However, this
new configuration requires relationships and other forms of interaction, as well as new ways
of producing and approaching knowledge.
Even though we are already experiencing this new scenario, which is under
construction, it is worth noting that there are many challenges for it to truly be consolidated,
given that in Brazil the process of inferiorization of the indigenous population tends to be
naturalized and made invisible since the 16th century with colonialism. Such practices present
themselves as a reflection of a historical continuity that tends to project the violence suffered
in the past into the present.
With regard to indigenous peoples, the impact of the colonial project is mainly
reflected in the historical violence practiced against them, which translates more effectively
into slavery, Christianization and contamination by diseases introduced by the colonizers, in
addition to an unprecedented ethnocide, which caused an of the greatest demographic
catastrophes in the history of humanity (Chambouleyron et al., 2011).
Indigenous people were the first group enslaved in Brazil, when the country was still a
colony of Portugal. Among other factors, there is the population and economic issue, as there
were a large number of indigenous people and their enslavement was cheaper, since an
African in a situation of slavery was two or three times more expensive than an indigenous
person. Those who had greater knowledge of the territory managed to escape and were
unlikely to be recaptured. The colonizers then created missions
5
in the interior, began the
process of catechizing the groups and exploited
6
the labor of this population in farming. With
5
It is important to highlight that in the colonial period, in Brazil, the church's action in the colonization process
took place in different ways, that is, it was not homogeneous, depending on the historical moment of relations
between State and church (Silva; Amorim, 2017).
6
Since the first decades of the 17th century, when the discovery of the other in the region of Minas Gerais, the
bandeirantes were responsible for supplying important parts of the country with enslaved Indians. São Paulo's
bandeirantes entered the forested mountains, backlands and caatingas of Minas Gerais in search of indigenous
prey destined for enslavement (Schwarcz; Gomes, 2018).
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these objectives, entire indigenous populations were then attracted to religious villages
(Schwarcz; Gomes, 2018).
Schwarcz and Gomes (2018, p. 278, our translation) highlight, “‘Indian mocambos
and even those with indigenous people and Africans together” began to form, all fugitives
from slavery
7
. There is, therefore, a historical debt of the Brazilian State with peoples of
African origin and with peoples originating from this territory. Added to this, the current
rates of inequality, discrimination and exclusion make clear the continuous and stubborn
invisibility of these generations” (Schwarcz; Gomes, 2018, p. 16, our translation).
Between the end of the 19th century and the beginning of the 20th century, and in
accordance with the philosophical-scientific debates of the time, which were guided by
racialist ideas, Brazil's modernization project was not interested in integrating the population
of African and indigenous, as it associated miscegenation with backwardness, a thought that
boosted the ideals of whitening the Brazilian population, supported by eugenic theories, very
present in the attempt to build national identity. The consequence of this was that the absence
of public policies for the integration of the recently freed black population and the terrible
survival conditions generated dramatic consequences that were reproduced over time.
With regard to the indigenous population, the Brazilian State used a variety of
strategies to integrate them into society, but not as a practice of alterity, as this population has
always been seen as an obstacle to development. Under the argument of “economic
development” and progress”, indigenous peoples now needed to be emancipated so that the
Brazilian State could exempt itself from the duty to protect them and their ancestral territories.
With these clear intentions, there were attempts to “nationalize” the indigenous population so
that the nation would be homogeneous, unique and indivisible, thus erasing differences. And
so indigenous peoples began to be written on the margins of our history, becoming victims of
a merciless process of invisibility and capitalist exploitation.
For all this, we say that Brazil is considered the largest slave territory in the Western
Hemisphere (Gomes, 2019), given that this country was the last to extinguish the slave trade
8
,
with the Eusébio de Queirós Law, in 1850; and also, the last to “abolish” slavery, which
occurred with the Áurea Law, in 1888. The result was the development of an unequal and
7
It is worth noting that black and indigenous slavery has historical specificities and should not be understood as a
single process.
8
Gomes (2019) reports that Brazil alone received almost 5 million captive Africans, 40% of the total shipped to
America.
Ana Paula de Pádua Câncio and Raimundo Nonato de Pádua Câncio
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extremely racist society
9
(Almeida, 2021), although the majority of the Brazilian population is
not white, which can be justified by the informal mechanisms of discrimination that filter the
access of the population of African and indigenous origin to goods, opportunities,
qualifications and participation in decision-making spheres.
With regard to the provision of school education to indigenous peoples, from the 16th
century until the middle of the 20th century, this education took place through programs and
was always based on catechization and forced integration into non-indigenous society
(Ferreira, 2001). Such guidelines followed the principles contained in legislation, as it was the
Union's duty to assimilate and incorporate indigenous people into the national community. In
this way, education became an instrument of repression, imposition of values and denial of
differences. However, important changes were achieved when, in the mid- 1970s, the
indigenous movement began to strengthen and began the process of breaking the domination
that had been imposed on it for several centuries. They then began to organize themselves to
confront the Brazilian State's way of acting (Ferreira, 2001).
With regard to the development of higher education policies for indigenous peoples in
Brazil, it is worth noting that, according to Paladino (2013), at the end of 1990, the Brazilian
government did not consider higher education for indigenous peoples a priority. It was the
perception that Higher Education could also become an instrument of political struggle, to
guarantee rights, and the urgency of indigenous professionals with training in scientific
knowledge, in order to articulate it with their ancestral knowledge, that made for indigenous
peoples to demand admission to Universities (Barroso-Hoffman, 2005).
Lázaro and Montechiare (2016, p. 7, our translation), on the issue of indigenous
peoples' access to Higher Education, highlight that
Access by indigenous peoples to higher education is a matter of historical
justice. These people could reject the learning models used by the
surrounding culture of indigenous societies. However, aware that this is a
struggle, most indigenous peoples recognize that it is necessary to minimally
master the knowledge strategy of the “whites” to establish relationships
closer to the ideal of respect by which they are guided.
However, more effective actions that facilitated the entry of indigenous students into
Higher Education began to be instituted in the 1990s, which took place through agreements
between the National Foundation of Indigenous Peoples (FUNAI) and some private and
9
Almeida (2021, p. 50) highlights that “Individual behaviors and institutional processes are derived from a
society whose racism is the rule, not the exception”.
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community institutions. But it had a greater impact through actions that took place in two
segments, specific courses, such as the Diversity at the University Program (Diversity) and
the Indigenous Intercultural Degree Program (Prolind), created by the Ministry of Education
(MEC); and through the offer of special or supplementary places in regular courses
(Bergamaschi; Brito; Doebber, 2018). In relation to the FUNAI initiative, agreements were
signed with certain public and private institutions so that the entry of indigenous students into
Higher Education could take place. Regarding this issue, Lima (2014, p. 16, our translation)
highlights that:
In most of the known cases, these are individuals who managed to obtain
financial support from the National Indian Foundation (Funai) to study in
private institutions [...] In addition to all the criticism that can be made of
this first “policy of grants” from Funai implemented in a non-transparent
way, as ad hoc, individualized solutions unaccompanied by clear global
purposes and well -defined values , it is important to note that it remained
in force, although substantively transformed.
In this sense, the Diversity program was planned in 2002, after the Durban conference,
when the issue of ethnic-racial equality was discussed, with the participation of the black and
indigenous movements. After this program ended in 2007, the objective was to produce
subsidies based on experiences for the construction of government public policies in order to
“meet the demands of access, permanence and success in basic and higher education of
indigenous and Afro-descendant populations and segments of national society” (Barnes, 2010,
p. 69, our translation), which found themselves in unfavorable conditions regarding access to
Higher Education. Prolind, of hybrid origin, was derived from the Diversity program and
involves political articulations and discussions within the scope of the Secretariat of Higher
Education (SESu), with the participation of the Secretariat of Distance Education, Literacy
and Diversity (Secad) (Barnes, 2010, p. 63).
We highlight that Prolind helped to meet, albeit partially, the need for differentiated
training for indigenous teachers, whose creation process involved the action of several actors
during the early 2000s. Since 2004, this program has been considered an important gateway
for private Higher Education institutions. It, however, does not constitute a permanent support
policy, as the release of financial flows is conditioned on the creation of notices that select
projects from interested public universities.
According to Barnes (2010), according to some data from Prolind, more than 2.7
thousand indigenous students have already benefited directly and, in indirect terms, estimated
Ana Paula de Pádua Câncio and Raimundo Nonato de Pádua Câncio
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to have served a population of more than 100 thousand indigenous people. However, the
author highlights, these programs are much more characterized as projects, since they have a
finite execution period and their financial resources have a limited execution time. He also
notes that there is great expectation for these projects to become public policies and have
long-term budgets.
Regarding the offer of special or supplementary places in regular courses, before the
Quota Law, Federal Law No. 12,711/2012, around 50 Higher Education institutions
developed admission policies for indigenous students through intercultural degrees, or
through reserved or supplementary places. These were policies that guaranteed, at least in
part, the effective entry of indigenous students into Brazilian Universities until the
promulgation of this Law (Bergamaschi; Brito; Doebber, 2018).
As for the format of this policy, it allows specific vacancies for indigenous students in
two ways: there is a percentage reserved in existing vacancies; or additional vacancies are
created. The forms of entry are those that take advantage of the already existing selection
process: such as the universal entrance exam; or a specific selection process is created, with
differentiated tests.
These are affirmative actions
10
that function as
[...] reparatory/compensatory and/or preventive action, which seeks to
correct a situation of discrimination and inequality inflicted on certain
groups in the past, present or future, through the social, economic, political
and/or cultural valorization of these groups, during a limited period. The
emphasis on one or more of these aspects will depend on the targeted group
and the historical-social context (Moehlecke, 2002, p. 203, our translation).
In Brazil, affirmative action policies for indigenous peoples in Higher Education were
initially implemented through the promulgation of state laws and on the initiative of the
Universities themselves. In 2012, these measures were supported by the Quota Law, Law No.
12,711/2012, when 50% of places at federal higher education institutions were reserved for
students from public secondary education. Thus, part of the vacancies are now allocated to
self-declared black, brown and indigenous candidates, according to the proportion of this
population in the states
11
where the institutions are located (Brazil, 2012).
10
In order to ignore such policies, there is a segment of society that sees the adoption of affirmative actions as an
unconstitutional policy, since it can be understood as a guarantee of privilege.
11
In IBGE data (Brazil, 2012), self-declared indigenous people make up 0.4% of the Brazilian population,
totaling around 519 thousand individuals. According to the census, indigenous populations can be found
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It cannot be denied that these rights were won through many confrontations, since the
political struggles of the black movement and indigenous peoples were essential for the
construction of
12
resistance actions in favor of democracy and social inclusion of the
population of African and indigenous origin. in Brazil. These are legal provisions that mark
and help consolidate the struggle of this population; but authors like Amaral (2010) and
Beltrão (2007), among others, warn that affirmative actions aimed at admission to Higher
Education institutions in Brazil alone do not guarantee the professional training of indigenous
students and their inclusion. In this sense, Beltrão (2007) argues that these institutions must
develop policies and practices aimed at the demands of indigenous students, as entry into
Higher Education is still not a guarantee of training and professional performance in the area.
According to Ferreira (2013), experiences with affirmative action in Brazil are still
recent, and it is difficult to predict the consequences of this type of practice, such as quotas for
entry into Higher Education institutions. Even in the midst of so many discussions and
controversies, the IBGE (Brazil, 2016) showed the importance of these legal instruments,
given the increased participation of self-declared black and brown students and low-income
students in Higher Education. From 2005 to 2015, for example, there was a 7.3% increase in
the number of black and mixed-race students in Higher Education. In 2005 they totaled 5.5%
and, in 2015, they reached 12.8%.
With this, we can say that the participation of students who entered through quotas
(income; black, brown and indigenous; and people with disabilities) has been growing
13
since
the implementation of affirmative policies in 2005. Ten years later, this index reached 42, 5%
and, from 2016 to 2018, remains between 48% and 49%. Even so, they still continued to
represent less than half of young white people in the same age group. Regarding indigenous
students, according to the 2016 Higher Education Census,
14
they form the group with the
lowest percentage of attendance in the three main public policies for access to Higher
Education.
The data shows that 63% of indigenous people who were enrolled in 2016 did not get
a place in the public network, were not selected for contracts from the Student Financing
throughout the Brazilian territory, although more than half are concentrated in the North and Central-West
Amazon region.
12
From 2008 onwards, federal Universities began to implement the National Student Assistance Plan (Pnaes)
through the transfer of resources from the Union to the Universities. This plan, although it does not make direct
references to assistance for indigenous students, has been an important strategy for keeping these students in
institutions. (Bergamschi; Brito; Doebber, 2018).
13
Check out https://www.andifes.org.br/?p=79626. Accessed on: 10 July 2023.
14
Check out https://g1.globo.com/educacao/noticia/estudantes-indigenas.ghtml. Accessed on: 10 July 2023.
Ana Paula de Pádua Câncio and Raimundo Nonato de Pádua Câncio
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Fund (Fies) or to obtain scholarships from the University for All Program (Prouni) to pay for
private college. Of the more than 49 thousand indigenous people in Higher Education, 12,348
are in the public network (25%) and 36,678 are in private universities (75%). Until 2019, the
percentage of indigenous people in Universities had been growing.
However, data from the National Institute of Educational Studies and Research Anísio
Teixeira (INEP) show that there was an interruption in this growth, as in 2018 there were
57,706 indigenous people enrolled, and in 2020 this enrollment fell to 47,267. This decrease
could be greater, as everything indicates that dropout rates have increased in the context of the
pandemic and this new reality has also affected the indigenous population in accessing online
classes.
An important issue that deserves attention is that the text of the Quota Law provides
that, after ten years, the Federal Legislature must meet to debate the convenience or otherwise
of this Law for inclusion in Higher Education. Based on this prerogative, there are a series of
defense initiatives and attempts to repeal this Law, which is done through Bills that wish to
interrupt it or extend it for another ten years, or more. We can say, therefore, that the defense
of this policy needs to be firm and continuous, as there are greater forces that continue to
reinforce exclusion and threaten the guarantee of rights.
Furthermore, in this scenario, public universities, which are experiencing a neoliberal
offensive, have tried to resist the forces of commodification of social policies. When these
institutions do not give in to this logic, they begin to face a series of difficulties in
guaranteeing the effective access and permanence of the black and indigenous population in
their socialization spaces.
Inside the University: indigenous students in Higher Education and the challenge of
intercultural and interepistemic dialogues
In recent years, Brazilian public universities have experienced a drastic reduction in
budgets allocated to science and technology. According to the report
15
by the United Nations
Educational, Scientific and Cultural Organization (UNESCO), there was a dramatic reduction
in investments of 84% from 2012 to 2021, in addition to the wave of science denialism and
15
CHNEEGANS, S.; LEWIS, J.; STRAZA, T. (org.). UNESCO Science Report : The race against time for
smarter development Executive summary. Paris: UNESCO Publishing , 2021. Available at:
https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000377250_eng. Accessed on: 10 July 2023.
Contemporary epistemology and indigenous people in Higher Education: The challenge of interculturality at the university
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the spread of misinformation. These are political actions that as a whole demonstrate the
abandonment of the State's commitment to education at all levels.
Also notorious are the movements that move towards the privatization of
16
federal
universities, the absolute rupture with the autonomy of these institutions, and the denial of
higher education to the poorest layers of the Brazilian population. When guided by the
neoliberal logic, many higher education institutions have assumed a character of legitimation
of hierarchies, constructing borders, including epistemic ones, that do not allow dialogue with
marginalized populations, whose experiences and knowledge have also been denied, excluded
and subjugated.
Such practices are naturalized and have helped to strengthen the hegemonic force of
neoliberal thought in this country. In this direction, work will be centered on the hegemony of
an epistemology (Santos, 2005), following a model that has a specific correspondence with
the market principle, and that does not dialogue with oppressed populations, taking into
account the social problems experienced.
Regarding this issue, Frigotto (1995) highlights that the reality of teaching in Brazil,
both in basic education and in Higher Education, still presents a very fragmented and
disjointed organization from social reality. The curricula are compartmentalized and sealed
and have little dialogue with the knowledge developed in other subjects. In this logic, an
uncritical human and professional training is produced, insufficient to transform the reality in
which one is inserted. For the author, the fragmented and disjointed curricular organization
will reflect the historical disruption of human activities established by the industrial model for
populations, focused on new work relationships.
In this sense, Oliveira (2016) highlights that modern science is Eurocentric, and this
“ended up supporting the process of colonization and enslavement of non-European peoples,
as they are seen as inferior, rude and barbaric” (Oliveira, 2016, p. 88, our translation). We can
say, then, that the social and scientific reality of modernity is marked by social injustices,
making the subject increasingly dehumanized. However, due to the demands of this new
scenario, it is necessary to rethink human beings with broader and more critical training,
which will require, in addition to changes in the forms of labor exploitation, overcoming their
16
As an example, we cite the Proposed Amendment to the Constitution (PEC) No. 206/2019, which was once
again debated in the Chamber of Deputies. The bill proposes the collection of tuition fees to students in public
universities, changing the text of Article 206 of the Federal Constitution, which guarantees free public education
in official establishments.
Ana Paula de Pádua Câncio and Raimundo Nonato de Pádua Câncio
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own exploitation. But, to do so, it is also necessary to problematize the theoretical constructs
that support the logic of the dominant pattern of power and knowledge production.
In the work “A discourse on the sciences”, Santos explains that the dominant model of
science is that of scientific rationality, which denies other forms of knowledge production that
do not follow established epistemological and methodological principles (Santos, 2005). In
this way of thinking, there is little room for changes in the world, as what prevails is a certain
predictability in life's events. With this, we are then challenged by a model of scientific
rationality that imposes on us the challenge of seeing the world from its own perspective, that
is, from its own theoretical constructs.
It is important to note that there are different perspectives through which we can think
about epistemology as a study or theory of knowledge. However, our approach follows the
perspective that considers epistemology “any notion or idea, reflected or not, about the
conditions of what counts as valid knowledge” (Santos; Menezes, 2010, p. 15, our
translation). As a way of guiding this discussion from a counter-hegemonic perspective,
Oliveira (2016) brings some ideas present in postmodernity that predominate in the 20th
century. This is what she calls “emerging scientific rationality”, which breaks with positivist
and Cartesian paradigms. In this logic, the author highlights the concept of “ecology of
knowledge” (Santos, 2010) as a way of “overcoming polarization between knowledge and the
fragmentation of the school curriculum, valuing the daily construction of knowledge”
(Oliveira, 2016, p. 121).
A good example of the presence of a Eurocentric episteme is evidenced by Câncio
(2023) in the study that analyzes the dissident practices and social tensions of indigenous
students at a public university located in the Brazilian Amazon. The author notes that
[...] the data from the questions regarding dissident practices and social
conditions at the University that hinder the affirmation of knowledge and
indigenous identity, highlight the need to affirm indigenous identity and
culture in the face of the destabilizing forces caused by the curriculum
(Câncio, 2023, p. 8, our translation).
For the author, even though the institution made it possible to enter the public
University, The tension produced by the embargo on indigenous knowledge is recurrent in
the speeches of indigenous students”. And such practices “are seen by them as mechanisms
for strengthening invisibility, accentuated by the detachment of students from their epistemic,
ethical and racial location” (Câncio, 2023, p. 14, our translation).
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From the perspective of the need for dialogue between knowledge, interculturality
marks the (re)construction of critical-other thinking, critical thinking that moves away from
ideas based on the Eurocentric legacy, “thus giving a return to the dominant geopolitics of
knowledge that has had its global north center” (Walsh, 2005, p. 25, our translation). The term
inter /multicultural education is used to indicate a set of educational proposals that aim to
promote relationships and respect between sociocultural groups, through democratic and
dialogical processes (Fleuri, 2003).
More specifically, Catherine Walsh (2001, p. 10-11, our translation) explains that
interculturality is:
A dynamic and permanent process of relationship, communication and
learning between two cultures under conditions of respect, mutual
legitimacy, symmetry and equality.
An exchange that is built between culturally different people, knowledge
and practices, seeking to develop a new meaning between them in their
difference.
A space for negotiation and translation where social, economic and
political inequalities, and power relations and conflicts in society are not
kept hidden but rather recognized and confronted.
A social and political task that challenges society as a whole, which starts
from concrete and conscious social practices and actions and tries to create
modes of responsibility and solidarity.
A goal to achieve.
With regard to Higher Education and indigenous peoples in Brazil, interculturality is
still a goal to be achieved, as this perspective is challenged by the condition of subalternity
experienced by indigenous people both outside, in other social spaces, and within this new”
space, which is the academic environment. The condition of silence by the institutions
themselves about their Euro-centric curricula is a form of denial that these are constituted
based on power relations and ideologies that help to naturalize the invisibility of others,
including issues that violate their own rights.
Ballestrin (2013) notes that epistemic colonial difference is also complicit with
universalism, sexism, and racism. And this requires us, who are in a place of invisibility in the
production of knowledge, to question and think about alternatives for the decolonization of
knowledge produced in the field of Education, especially in studies with indigenous peoples.
In this sense, some studies that investigated indigenous students in Higher Education
contribute to highlighting the most recurrent problems, amid power relations, faced by these
students in the academic environment.
Ana Paula de Pádua Câncio and Raimundo Nonato de Pádua Câncio
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The search carried out on the CAPES portal for works produced in the period from
2014 to 2023, whose data are discussed in this text, showed that there is a significant
production of works in Brazil that address indigenous students in Higher Education. When we
relate, however, to the descriptors Higher Education, Indigenous People and Interculturality,
with quotation marks, 5,771 works were found, including dissertations and theses. Of these,
we selected 23 works that were closest to the object in question: 13 dissertations and 10
theses. Most of the works were produced in the South Region (11), followed by the North
Region (05), Southeast Region (03), Central-West Region (03), and Federal District (01). In
this text, we discuss the works that most contributed to the debate on the issue addressed.
Calderoni (2015), in the study whose title is Indigenous teachers and higher
education: translations and negotiations at the Ñandejara indigenous school in the Te'ýikue
village, Caara/MS”, doctoral thesis produced at the Dom Bosco Catholic University
(UCDB), aimed to investigate the processes of translation and/ or negotiation between
traditional knowledge and Western knowledge produced by Guarani and Kaiowá teachers,
trained at Higher Education, considering the indigenous school from a differentiated and
intercultural perspective. The author points out that, at times, pedagogical practices are
regulated by school system regulations; but, in others, the Guarani and Kaiowá practice traces
“other” epistemological parameters, guided by Ñembo' and his own Katu pedagogy, making
translation and negotiation between knowledge happen.
Borniotto (2017), in the study called Inclusion policies and higher education for
indigenous students in Para: experiences at the State University of Maringá”, This doctoral
thesis produced at the State University of Maringá (UEM), sought to understand how
indigenous students from the Kaingang, Guarani and Xetá ethnic groups access, study and
stay at UEM. The author verified the struggles to be a university student and remain
indigenous, strengthening their identity, and analyzed the issue of exclusion and prejudice in
academia, a Western institution that has little experience with the presence of indigenous
cultures and languages. The data show that stereotypical images of indigenous students are
still maintained at the University, and indicate that it is necessary to put into practice teaching
strategies that promote the inclusion of indigenous people in Higher Education, in order to
contribute to the reduction of social and economic inequalities experienced in higher
education.
In turn, Brito (2016), in the work entitled Indigenous-woman-mother-university or
being a student at UFRGS”, master’s dissertation produced at the Federal University of Rio
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Grande do Sul (UFRGS), it aimed to understand the presence of indigenous women,
belonging to the Kaingang and Guarani peoples, who from 2008 were approved in a specific
and differentiated selection process at UFRS. The author found that the presence of these
women in Higher Education has been growing, and this can be seen in enrollment, which
increased by another 50%. It is noted that indigenous women, unlike non-indigenous women,
are the ones who most seek out the University, and to ignore the signs that the affirmative
action policy for indigenous people at UFRGS is a success is to fail to recognize the struggles
of these people.
Doebber (2017), in the work called “Indigenous students in UFRGS graduations:
movements of re-existence”, a doctoral thesis produced at the Federal University of Rio
Grande do Sul (UFRS), sought to understand the indigenous being at university and how the
institution comes mobilizing in the face of such a presence. The author highlights that
indigenous university students are faced with the logic of being in this space through a
relationship of proximity and distance, which occurs on the border between two opposite and
complementary universes: the academic universe and traditional life. In this relationship, they
appropriate the academic universe and Western knowledge, but they also present resistance,
which occurs through language, different temporalities and communal logic, movements that
contribute to possible ruptures in the hegemonic episteme.
Pereira (2018), in the work called “Indigenous people and Higher Education in the
Amazon: reality and perspectives of the affirmative action policy of the Federal University of
Western Pará (2010–2015)”, master's thesis produced at the Federal University of Western
Pará (UFOPA), analyzed the Special Selection Process (PSE) as an affirmative action policy
for indigenous people to access UFOPA, from 2010 to 2015, and its impact on quality higher
education for these people. The author points out the demands of indigenous students to a
different pedagogical and curricular proposal for them at the institution. Even though the main
focus of the work is not this, the need for intercultural and interepistemic dialogue is evident,
which is expressed in the need for methodologies that dialogue with the realities of these
peoples and that meet their specificities. It also highlights that, despite the difficulties, the
UFOPA PSE has provided opportunities for these students to enroll significantly in Higher
Education, showing the importance of this University in the inclusion of indigenous people
and traditional populations in the lower Amazon.
Santos (2018), in the work called “From the village to the university - indigenous
students in the dialogue between traditional and scientific knowledge at UFT”, a doctoral
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thesis produced at the University of Brasília (UNB), sought to understand the nature of the
dialogue between academic knowledge, produced at the University, and knowledge traditions
of indigenous students. Among the important issues discussed, such as quotas for indigenous
people, which are not sufficient at the institution, with the need for permanence policies, the
author found that there is no articulation between traditional indigenous knowledge and that
of the university. The result of this is that indigenous students are unable to integrate with
current academic rules, which also results from the unpreparedness of teachers, prejudices,
stigmas and social exclusion experienced in the institution.
In general, we can say that in the studies highlighted, the issue of Euro-centric
curricula and the condition of silence of the institutions themselves in the interrelationship
with indigenous students at the University appear as tangential issues. However, it is possible
to verify that the work is already moving towards an epistemological paradigm contrary to the
hegemonic disciplinary matrices that insist on the erasure of knowledge production practices
that are not associated with this model, and that distance themselves from the reality of
discourses and real social struggles of social actors. Even though interculturality appears as a
category little explored in this relationship, with greater emphasis on functional
interculturality, it has been presented as a non-hierarchical pedagogical proposal that seeks to
develop relationships of cooperation, respect and acceptance of the difference between
different cultures and subjects.
For Fleuri (2003), interculturality starts from the recognition of the existence of
subjects with different cultures and who are willing to dialogue. However, for there to be
dialogue, it is necessary that social actors are in conditions of dialogue, so that historically
denied experiences can emerge, gaining materiality and visibility. Thus, in Higher Education,
interculturality should, in fact, promote dialogue between different social and cultural groups
with a view to facing conflicts caused by the asymmetry of power between them in
institutions. This perspective, therefore, suggests that different people meet in the same world
and coexist in relationships of negotiation, conflicts and reciprocal loans (Canclini, 2006).
Still regarding the relationships between Western knowledge and traditional
indigenous knowledge, Bergamaschi (2014, p. 12) observes that indigenous movements and
academia have increasingly used the term indigenous intellectual. But, for her, this
denomination is external to indigenous peoples and also expresses a Western understanding of
knowledge, “including hierarchizing who produces. Like this,
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In the argument I present here, this understanding makes a difference,
because, when thinking about indigenous intellectuals, we can keep in mind:
the understanding of orality intellectuals, constituted according to their
knowledge systems; intellectuals woven not only in the processes of
interculturality, but also in the processes of interscientificity, when
graduating from school, academia, when carrying out research as masters,
doctors or academic researchers, bringing different sciences into dialogue
(Bergamaschi, 2014, p. 16, our translation).
In this sense, affirmative actions are very important, as they also allow this reality to
be problematized in many aspects, which was previously almost impossible, given the
absence of these groups in Higher Education. Therefore, we can say that questioning absence
at the University is as important as questioning intellectual assimilation, pedagogical practices
regulated by dominant scientific rationality, since knowledge has always been used as an
important instrument of hierarchical classification and reinforcement of patterns of power and
hegemonic knowledge.
Final remarks
When we reflect on the entry of indigenous students into Higher Education, bearing in
mind the challenge of intercultural and interepistemic dialogues, we can say that the place that
indigenous students still occupy in Brazilian Universities is almost that of absolute absence
and denial, even though we have already made important progress in the struggles to
guarantee this right, including with the creation of specific programs within some
Universities. It is evident that this discussion of admission requires us to be concerned with
permanence and successful completion, issues that require further discussion and debate,
given that Higher Education institutions tend to be guided by colonial patterns of power,
manifested in the processes of imposed anti-dialogical subjectivation.
The works researched on this topic highlight the processes of negotiation between
traditional indigenous and Western knowledge in Higher Education and point to the
perspective of a differentiated and intercultural education. However, it is clear that
pedagogical practices are still regulated by hegemonic disciplinary matrices, which has placed
indigenous students in situations of conflict, as it helps to reinforce exclusion and prejudice in
the academic space. The university community still maintains stereotypical images of
indigenous students, and this requires that teaching strategies that address this issue be put
into practice, necessary for the inclusion of indigenous peoples in Higher Education with due
respect.
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The presence of indigenous peoples in universities therefore requires a pedagogical
proposal that seeks to develop relationships of cooperation, respect and acceptance of the
difference between different cultures and subjects. And this requires that we also fight to
overcome the place of invisibility in the production of knowledge, questioning the
hierarchical relationships between them, what is imposed and naturalized, and think about
alternatives for the decolonization of knowledge produced in the field of Education, especially
in studies with indigenous peoples.
Possible ways to help society overcome inequalities, especially racial inequality, can
be presented within universities themselves. But, for this, we need, in fact, to rethink the
dissemination and affirmation of Eurocentric and neoliberal values, knowledge and
ideologies, which, in many aspects, can contribute to the disqualification of other epistemic
subjects. Curricula need to be discussed from the perspective of inclusion, of resistance
against hegemony, especially against the political-scientific discourse that tends to distort
ancestry, confuse history, identity processes, and prevents the socialization and dissemination
of different ways of thinking the world.
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CRediT Author Statement
Acknowledgments: Not applicable.
Financing: Research grant granted by the National Council for Scientific and
Technological Development (CNPq), based on the dialogue between the Postgraduate
Program in Education (PPGE) and the Dean of Research and Postgraduate Studies
(PROPESP), of the University of the State of Pará (UEPA).
Conflicts of interest: There are no conflicts of interest on the part of the authors.
Ethical approval: In the case of bibliographical research, referencing procedures for the
materials consulted were followed.
Availability of data and material: Not applicable.
Authors' contributions: The authors worked together in both planning and drafting,
reviewing and editing the text. The different formations (Pedagogy and Literature)
converged in the debate engendered about indigenous students in Higher Education and
the challenge of intercultural and interepistemic dialogues.
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
Review, formatting, standardization, and translation.