RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023142, 2023. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17963 1
TECENDO A TRAMA DA HISTÓRIA ENSINADA NO MUNICÍPIO DE VITÓRIA-
ES (1970-1990)
TEJIENDO LA TRAMA DE LA HISTORIA ENSEÑADA EN LA CIUDAD DE VITÓRIA-
ES (1970-1990)
WEAVING THE PLOT OF HISTORY TAUGHT IN THE CITY OF VITÓRIA-ES (1970-
1990)
Regina Celi Frechiani BITTE1
e-mail: bitteregina@gmail.com
Sônia Maria dos SANTOS2
e-mail: soniaufu@gmail.com
Como referenciar este artigo:
BITTE, R. C. F.; SANTOS, S. M. dos. Tecendo a trama da história
ensinada no município de Vitória-ES (1970-1990). Revista Ibero-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00,
e023142, 2023. e-ISSN: 1982-5587. DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17963
| Submetido em: 10/04/2023
| Revisões requeridas em: 02/05/2023
| Aprovado em: 16/06/2023
| Publicado em: 19/12/2023
Editor:
Prof. Dr. José Luís Bizelli
Editor Adjunto Executivo:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Vitória ES Brasil. Professora/Departamento de Educação
Política e Sociedade (DEPS). Professora permanente do Programa de Pós-Graduação do Mestrado Profissional em
Educação (PPGMPE/UFES). Doutorado em Educação (UFES). Pós-doutorado (UFU).
2
Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Uberlândia MG Brasil. Professora Titular aposentada. Doutorado
em Educação: História, Política, Sociedade (PUCSP). Pós-doutorado (UFMG).
Tecendo a trama da história ensinada no município de Vitória-ES (1970-1990)
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RESUMO: Objetiva identificar os saberes docentes e tipologias de consciência histórica presentes
nas narrativas construídas por professores de História, atuantes na Educação Básica tendo como
referência a construção da epistemologia da prática profissional definida por Tardif (2000) como o
estudo do conjunto dos saberes utilizados pelos profissionais em seu espaço de trabalho para
desempenhar todas as suas tarefas. Fundamenta-se teoricamente nas concepções de saberes
docentes de Tardif e Lessard (2012) e consciência histórica de Rüsen (2007). Respaldamo-nos no
aporte teórico da História Cultural e na metodologia de pesquisa da História Oral em Bom Meihy
(1996) e Alberti (2013) ao possibilitarem a elaboração de registros e documentar experiências,
saberes e práticas de pessoas a respeito de suas vivências. Podemos inferir que, a maneira como
trabalharam em sala de aula, criou-se a possibilidade de um ensino que visa a formar a consciência
histórica para agir no mundo, para poder nele atuar e transformá-lo.
PALAVRAS-CHAVE: Ensino de história. Consciência histórica. Saberes docentes. Formação
docente.
RESUMEN: Tiene como objetivo identificar los saberes didácticos y las tipologías de conciencia
histórica presentes en las narrativas construidas por profesores de Historia que actúan en la
Educación Básica, teniendo como referencia la construcción de la epistemología de la práctica
profesional definida por Tardif (2000) como el estudio del conjunto de conocimientos que utilizan
los profesionales de su espacio de trabajo para realizar todas sus tareas. Se basa teóricamente en
las concepciones de enseñanza del conocimiento de Tardif y Lessard (2012) y en la conciencia
histórica de Rüsen (2007). Apoyamos el aporte teórico de la Historia Cultural y la metodología de
investigación de la Historia Oral en Bom Meihy (1996) y Alberti (2013) al posibilitar la
elaboración de registros y documentar experiencias, saberes y prácticas de las personas en torno
a sus vivencias. Podemos inferir que la forma en que trabajaron en el aula creó la posibilidad de
una enseñanza que tiene como objetivo formar una conciencia histórica para actuar en el mundo,
para poder actuar y transformarlo.
PALABRAS CLAVE: Enseñanza de la historia. Conciencia histórica. Enseñanza del
conocimiento. Formación de profesores.
ABSTRACT: It aims to identify the teaching knowledge and typologies of historical awareness
present in the narratives constructed by History teachers, working in Basic Education, having as a
reference the construction of the epistemology of professional practice defined by Tardif (2000) as
the study of the set of knowledge used by professionals in your workspace to perform all your tasks.
It is theoretically based on Tardif and Lessard's (2012) conceptions of teaching knowledge and
Rüsen's (2007) historical awareness. We support the theoretical contribution of Cultural History
and the research methodology of Oral History in Bom Meihy (1996) and Alberti (2013) by enabling
the elaboration of records and documenting experiences, knowledge and practices of people
regarding their experiences. We can infer that the way they worked in the classroom created the
possibility of a teaching that aims to form historical awareness to act in the world, to be able to act
and transform it.
KEYWORDS: History teaching. Historical awareness. Teaching knowledge. Teacher training.
Regina BITTE e Sônia SANTOS
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A origem dos fios
O presente artigo é fruto da pesquisa realizada no estágio pós-doutoral junto à
Universidade Federal de Uberlândia - UFU e objetiva identificar e socializar os saberes
docentes e as tipologias de consciência histórica presentes nas narrativas construídas por
professores de História, atuantes na Educação Básica, tendo como referência a construção da
epistemologia da prática profissional, caracterizada conforme Tardif (2000, p. 13) pelo “[...]
estudo do conjunto dos saberes utilizados realmente pelos profissionais em seu espaço de
trabalho cotidiano para desempenhar todas as suas tarefas”, na história da história ensinada,
entre 1970 a 1990 no município de Vitória do Estado do Espírito Santo (ES).
Para desenvolver a pesquisa nos respaldamos no aporte teórico da História Cultural e na
metodologia de pesquisa da História Oral, no intuito de “[...] identificar os modos como em
diferentes lugares e momentos uma determinada realidade social é construída, pensada e dada
a ler” (CHARTIER, 1990, p. 17). Buscou-se identificar, por exemplo, os diversos saberes que
os professores mobilizaram em sua prática docente.
Segundo Bom Meihy (1996), a História Oral apresenta-se como um eficiente recurso de
pesquisa, ao possibilitar a elaboração de registros e documentar experiências, saberes e práticas
de pessoas a respeito de suas vivências e concepções:
[...] é um recurso moderno usado para a elaboração de documentos,
arquivamento e estudos referentes à vida social de pessoas. Ela é sempre uma
história do tempo presente e também conhecida por história viva. [...] a
história oral se apresenta como forma de captação de experiências de pessoas
dispostas a falar sobre aspectos de sua vida mantendo um compromisso com
o contexto social (BOM MEIHY, 1996, p. 13).
Considerando a especificidade da temática da presente investigação, que visa a
identificar as narrativas históricas construídas pelos professores em sala de aula e estimular
memórias docentes acerca da epistemologia da prática profissional, priorizou-se a modalidade
da História Oral Temática (BOM MEIHY, 1996), documentando-se narrativas e memórias
docentes de experiências ou processos específicos vivenciados pelos entrevistados.
Ao suscitar memórias, é relevante considerá-las não como algo fixo e estático, mas sim
em constante processo de (re)elaboração, como um trabalho cuidadoso e minucioso, conforme
bem assevera Bosi (1994, p. 55), [...] memória não é sonho, é trabalho. [...] Lembrar é refazer,
reconstruir, repensar, com imagens e ideias de hoje, as experiências do passado”. Essa citação
nos remete à narrativa de nosso entrevistado ao afirmar que “[...] hoje olhando o passado eu
tenho muito mais compreensão e eu sempre digo assim: poxa vida, eu deveria dar aula para o
Tecendo a trama da história ensinada no município de Vitória-ES (1970-1990)
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ensino fundamental agora [risos] e não naquela época, que eu dei aula, né?” (FRANCO, 2020,
n.p.).
O fragmento nos mostra esse trabalho da memória, em que os tempos se mesclam, pois
o conteúdo da memória pode ser o passado, mas o ato de recordar e de contar a história do
passado é realizado no presente; portanto, a relação que se estabelece é uma relação entre
presente e passado (PORTELLI, 2010). É a partir do presente que se lembra das experiências
vividas no passado. Isso nos permite compreender a riqueza da fala de Franco (2020), isto é,
daquele que fala no presente a experiência do passado.
Para Bosi (1994, p. 66), na memória [...] fica o que significa. Fica não do mesmo modo:
às vezes quase intacto, as vezes profundamente alterado”. A narrativa de Sueth (2020) vai ao
encontro da fala de Bosi (1994), quando ele nos relata um momento de sua formação em que
“[...] uma das palestras foi com Rubem Alves [...]. Ele me disse uma coisa que me deixou assim,
impressionado [...] Um professor ele tem que ser um profeta da alegria” (SUETH, 2020, n.p.).
Em vários momentos da entrevista, o professor Sueth repetiu a expressão “profeta da alegria”,
demonstrando que a palestra marcou e interferiu, de alguma forma, em sua prática docente.
Dessa forma, esse professor resolveu fazer da “[...] História não uma área pesada. Mas uma
área que desse aos alunos uma alegria de conhecer a História. [...] De estudar o que aconteceu.
Porque que nós estamos vivendo isso. Mas fazer isso tudo com alegria” (SUETH, 2020).
Assim, nossos “[...] entrevistados nos deram a voz, não fomos nós que a demos a eles”
(PORTELLI, 2010, p. 7). Vozes que se constituíram em nossa matéria prima, os fios que nos
permitiu a tessitura deste texto. E, para tanto, na obtenção de tais fios, estabelecemos como
critérios para seleção dos professores: que fossem licenciados em História e que tivessem
atuado na Educação Básica no Município de Vitória entre o período de 1970 a 1990. Chegamos
até esses professores por indicação de seus pares. Quando o professor indicava o outro, sempre
se reportava ao compromisso que esse outro tinha com a educação. Justificamos a escolha dos
professores com base nos preceitos defendidos por Alberti (2013, p. 40) em que “a escolha dos
entrevistados o deve ser predominantemente orientada por critérios quantitativos, por uma
preocupação com amostragens, e sim a partir da posição do entrevistado no grupo, do
significado de sua experiência.
Foram três os professores que gentil e generosamente se prontificaram contribuir com
nossas reflexões. Os três assinaram o Termo de Cessão e Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido, e autorizaram sua identificação no texto.
Regina BITTE e Sônia SANTOS
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Devido ao momento histórico atravessado pela terrível pandemia do coronavírus,
tomamos a decisão de realizar as entrevistas de forma remota. Com a aquiescência dos
participantes, optamos por utilizar o aplicativo de vídeo conferência Zoom.us, com o dia e
horário marcado para a realização das respectivas entrevistas. Com esse acordo, realizamos as
entrevistas, que foram gravadas. Para sua condução, elaboramos um roteiro semiestruturado.
Para Thompson (1988, p. 260) “[...] as perguntas devem ser sempre tão simples e diretas quanto
possível e, em linguagem comum”.
Após a realização das entrevistas, passamos para a etapa seguinte, que foi a da sua
transcrição, que durou, em média, de dez a vinte horas cada. Thompson (1988, p. 297) sinaliza
que, na transcrição da entrevista, é preciso “[...] desenvolver uma nova espécie de habilidade
literária que permita que seu texto escrito se mantenha tão fiel quanto possível, tanto ao caráter
quanto ao significado do original”. Ainda, conforme Meihy e Holanda (2019, p. 155) é
importante que:
Para que o narrador se reconheça no texto da entrevista, é preciso que a
transcrição vá além da passagem rigorosa das palavras da fita para o papel. A
transcrição literal, apesar de extremamente necessária, será apenas uma etapa
na feitura do texto final, que chamo de textualização por ser ao modo de se
reproduzir honesta e corretamente a entrevista em um texto escrito.
Ao estabelecer o diálogo entre as orientações de Thompson (1988) e Meihy e Holanda
(2019), confeccionamos o texto com as narrativas de nossos professores entrevistados, já com
a textualização, uma vez que, conforme afirmam Meihy e Holanda (2019, p. 155), “[...] o texto
deve ser ‘limpo’, ‘enxuto’ e ‘coerente’ [...]”, porém sem perder seu significado original.
Posto isso, apresentamos os professores sujeitos desta pesquisa. O professor FRANCO
(2020) é graduado em História pela Universidade Federal do Estado do Espírito Santo (Ufes),
graduado em Museologia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), mestre em
Educação pela Ufes, com doutorado na Universidade de São Paulo (USP) e Pós-Doutorado na
Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). A professora VASCONCELOS (2020) é
graduada em História pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), com Pós-Graduação
em História Econômica e Social do Brasil na Universidade Salgado Filho e Pós-Graduação em
Educação Empreendedora na Pontifícia Universidade Pontifícia Católica (PUC), e o Professor
SUETH (2020), graduado em História pela Faculdade de Filosofia de Campos, com Mestrado
e Doutorado em História pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).
Assim, buscamos, neste artigo, tecer os fios trazidos pelos professores com outros fios
decorrentes de publicações científicas acerca de saberes e fazeres docentes.
Tecendo a trama da história ensinada no município de Vitória-ES (1970-1990)
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O vai e vem dos fios: tecendo a trama da experiência e dos saberes docentes
Com o intuito de tecer os vários fios que compõem o saber docente, explicitados nas
narrativas dos professores entrevistados, que atuaram nas três últimas décadas do século XX,
evocamos para nosso diálogo os autores Tardif (2000), Monteiro (2007) e Fonseca (2003).
No Brasil, a partir da cada de 1990, várias pesquisas voltaram seus olhares para a
complexidade da prática educativa e dos saberes docentes, tomando como centro de suas
análises a formação do professor para além da academia, ao compreender a importância de se
contemplar nas pesquisas o desenvolvimento pessoal, profissional e organizacional da profissão
docente (BORGES; BITTE, 2017).
A não consideração do professor e de suas condições reais de atuação, traz
consigo a não reflexão sobre a pluralidade de saberes que são mobilizados no
exercício da função e que, em decorrência dessa não reflexão, são, na maioria
das vezes, confinados à privacidade de experiências docentes isoladas que,
embora possam ter grande validade e muitas contribuições para o processo de
melhoria da qualidade do ensino, não são socializadas e, portanto, perdem-se
no anonimato de cada docente (BORGES; BITTE, 2017, p. 36).
Na busca por dar visibilidade à complexidade do saber constituído no (e para o)
exercício da atividade docente, foram sendo gestadas e sistematizadas, no decorrer da década
de 1990, discussões sobre formação e profissionalização do professor e reflexões acerca do
“saber docente”.
Conforme Tardif, o saber docente é plural, constituindo-se em um amálgama de saberes:
os que derivam da contribuição que as ciências humanas oferecem à educação e aos saberes
pedagógicos e são transmitidos pelas instituições de formação de professores; os saberes das
disciplinas, que incorporam os saberes sociais, definidos e selecionados pela instituição
universitária e correspondem aos diversos campos de conhecimento; os saberes curriculares,
que se apresentam como forma de programas curriculares e correspondem aos discursos,
objetivos, conteúdos e métodos; e os saberes da experiência, que, por sua vez, são constituídos
no exercício da prática cotidiana da profissão, num contexto de múltiplas interações (TARDIF,
2012).
Para Monteiro (2010), tais saberes, quando estimulados, contribuem para a formação de
um conhecimento alocado em uma zona de fronteira por receber contribuições de diversas áreas
do conhecimento, tais como do currículo, da didática geral, da didática da história e da teoria
da história. São saberes definidos como “plurais, compósitos, flexíveis, temporais” (RASSI;
FONSECA, 2006, p. 109), construídos ao longo da trajetória pessoal e profissional do sujeito.
Regina BITTE e Sônia SANTOS
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Dessa forma, os cursos de licenciatura tornam-se lugares de referência para fomentar a
discussão desses saberes que fazem parte da construção da identidade pessoal e profissional do
professor e de maneiras de ser e estar na futura profissão. Assim, o professor de História estaria
sendo formado para dominar não procedimentos do método histórico, mas também um
conjunto de saberes e competências que o habilitam para o exercício profissional da docência.
Procuramos mapear e tecer, a partir de sinais e pistas nas narrativas de nossos
entrevistados, a trama dos saberes docentes entendidos nesta pesquisa como “[...] constructo
social produzido pela racionalidade concreta dos atores, por suas deliberações, racionalizações
e motivações que constituem a fonte de seus julgamentos escolhas e decisões” (TARDIF, 2012,
p. 223). Buscamos não dar subsídios ao professor, para “detectar as armadilhas da memória”
(FONSECA, 2003, p. 116), mas sim descontrair, lembrar e falar, sem receios, de erros e acertos
de sua prática. Nos relatos de nossos professores entrevistados, saltaram aos olhos questões que
envolveram a formação inicial, o início à docência, o ser professor, lembrados com emoção e
com alegria, mas também acompanhados pelos desafios.
A professora Vasconcelos (2020) descreve o início de sua formação inicial no momento
de transição em que vivia o país.
Eu entrei na Ufes em 1983. E o que marcou muito nesse período, quando eu
entrei na universidade, foi aquele período de transição que a gente estava
vivenciando para a redemocratização do país. Então, foi um período que a
gente via muita coisa do governo militar. Ainda tinha muita coisa do governo
militar dentro da universidade e aquela ânsia, aquela vontade de aprender mais
sobre liberdade. De ler Karl Marx com maior liberdade. De ler Weber... e a
gente entender melhor tudo isso. Então, eu falo assim que foi um período
frutífero, principalmente para quem era da área de humanas, para alunos de
História (VASCONCELOS, 2020, n.p.).
O cenário educacional brasileiro, o ensino de História e a formação dos profissionais da
área passaram por mudanças significativas entre as décadas de 1980 e 1990. Modificações e
novas reestruturações do currículo, educação e formação, assim como as influências das “[...]
novas” tendências historiográficas que ganharam visibilidade com o processo de abertura
política do país (MOREIRA, 2003). Essas mudanças estão presentes na fala de nossa
entrevistada quando menciona o período de transição e de redemocratização do país.
O professor Franco (2020, n.p.) também nos relata sobre sua formação inicial:
Eu iniciei no curso superior em 1975 quando passei no vestibular em História
aqui na Universidade Federal do Espirito Santo (Ufes), onde conclui este
curso. [...] eu fiz licenciatura não fiz bacharelado. Se não me falha a
Tecendo a trama da história ensinada no município de Vitória-ES (1970-1990)
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memória, na época que eu fiz nem tinha bacharelado. Era só licenciatura. Que
eu lembre, era só licenciatura.
Conforme mencionado anteriormente, o professor Franco e a professora Vasconcelos
fizeram a graduação na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), enquanto o professor
Sueth fez sua graduação no estado do Rio de Janeiro, conforme narra:
Eu me formei na Faculdade de Filosofia de Campos. E... porque na época, o
curso de História era dado na Faculdade de Filosofia. Aí eu fiz meu curso de
História, me formei. No começo, eu dei aulas de História. Mas, antes de me
formar e mesmo depois de formado, eu dei aula também de Português e
Matemática [risos]. Na época, era permitido isso, era na década de 1970 [...].
Eu durante alguns anos dei aula de Português e Matemática. Era novo, era
jovem e, de vez em quando, até encontro, pela internet, facebook, meus
antigos alunos, daquele tempo, que eram um pouquinho mais novos que eu.
Porque eu era jovem e dava aula para sétima e oitava série e, também, para o
curso de Ensino Médio. Era o curso de Contabilidade. Então, os alunos eram
todos um pouquinho mais jovens que eu e, no curso de Contabilidade, alguns
eram até mais velhos do que eu. De vez em quando, tenho encontrado vários
deles e estabelecido contatos. Todos estão feitos na vida, bem colocados e
tudo. Mas eram aulas de Português e Matemática e depois aula de História
também. Dei aula também na própria faculdade em que eu me formei, dei aula
de História na Faculdade de Filosofia de Campos. Mas depois eu acabei... não
me dediquei mais, ao magistério, acabei viajando para os Estados Unidos, fui
para a Europa. Fazer um giro pelo mundo, né. E quando volto, na década de
1990, retomo minhas atividades de magistério. E aí, venho para Vitória
(SUETH, 2020, n.p.).
Ao falar de sua formação, o professor Sueth compartilha o início de sua docência,
formado na graduação em História. Mas muito antes de se tornar professor, ele nos narra o que
considera como a sua primeira experiência docente.
Desde criança, eu sempre gostei muito de passar meu conhecimento para os
outros. E eu me lembro da primeira aula que eu dei em minha vida. Eu tinha
nove anos de idade. E... minha tia Maria que infelizmente já morreu, era
professora normalista e dava aulas para o primário, no interior, que é o ensino
fundamental 1 hoje. E um dia ela me chamou. Sabendo que eu estava com
notas boas na escola e me perguntou: Você não quer dar uma aula de
Português para os meus alunos? Eu me lembro que.... Eu acho... Não tenho
muita certeza. Mas era sobre “pronome”. Aí eu fui com ela. Pegamos o trem.
Levava uma meia hora para chegar na escola dela. Eu fui junto. E dei a minha
primeira aula de “pronome”. Eu tinha nove anos de idade. E, a partir daí, tomei
assim gosto de ensinar (SUETH, 2020, n.p.).
A narrativa de Sueth nos remete às reflexões de Tardif (2012), ao esboçar a pluralidade
do saber docente, bem como sua origem, que estão longe de serem produzidos única e
exclusivamente na universidade. Podem ser exteriores ao ofício de ensinar e vir antes mesmo
da carreira propriamente dita. No caso do nosso entrevistado, a experiência vem em decorrência
Regina BITTE e Sônia SANTOS
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do convite feito pela “tia Maria”, um membro da família que era professora, lembrada com
carinho (devido a expressões esboçadas pelo rosto do narrador) e uma referência em sua vida
pessoal e profissional.
Para Franco (2020), o início na docência se deu logo nos primeiros anos, quando
começou a cursar a graduação em História.
Vou falar um pouco assim de outras experiências, porque eu não tive
experiências no nível superior. Também tive experiência com o que hoje
chamamos de ensino fundamental, que foi em 1975. Era muito comum. Eu
não sei se ainda é muito comum. Mas naquela época, eu estou falando de 40
anos atrás [risos], 45 anos atrás que era assim, a gente ingressava na
universidade e abria a perspectiva de você trabalhar. E assim eu obviamente,
por uma necessidade econômica, fui trabalhar. Precisava ganhar algum
dinheiro para eu sobreviver, para me manter efetivamente e aí eu fui dar aula
de História para o que nós chamamos hoje de ensino fundamental. Naquela
época, a gente chamava de primeiro grau e eu dava aula de quinta a oitava
séries (FRANCO, 2020, n.p.).
Vasconcelos (2020) também iniciou a docência quando cursava o segundo semestre da
licenciatura em História.
Eu comecei com poucos meses, com um semestre na faculdade... comecei
numa escola da rede pública estadual, quando ainda estava longe das aulas de
prática de ensino, que geralmente acontecem no final do curso, né, Regina?
Sem ter esse conhecimento de prática de ensino, sem ter Didática e ainda sem
a noção do que seria uma metodologia para a gente poder aplicar. Era tudo
assim muito difícil, sabe. [...] E assim eu via que eu precisava aprender tudo
isso e eu não tinha chegado nessa fase na universidade. Então eu falo que a
gente aprendeu um pouquinho, meio que na marra (VASCONCELOS, 2020,
n.p.).
É nesse contexto, mesmo antes de se tornar professor, que nossos entrevistados vão
dando contornos a sua identidade docente. Para Nóvoa (1997), existe, entre a identidade do
professor e o seu contexto histórico, uma ligação que influencia a forma como ensina. Nesse
processo, mesclam-se conhecimentos, teorias aprendidas nas escolas, práticas didáticas de
antigos mestres, de colegas, nas situações do dia a dia. Tal qual aponta a professora Vasconcelos
(2020, n.p.), “[...] a gente acabou aprendendo observando outros colegas mais experientes na
preparação da aula, no domínio de sala. Nem sei se é correto a gente falar, mas, naquela época,
usávamos a expressão ‘domínio da sala de aula’. E foram, assim, anos muito difíceis nesse
início”.
O professor Franco compartilha tais lembranças, ao narrar que:
Tecendo a trama da história ensinada no município de Vitória-ES (1970-1990)
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[...] quando eu estudei, no famigerado Borges Hermida, não sei se você teve
acesso a algum livro do Borges Hermida. Mas era o bam... bam ...bam... da
época de livros paradidáticos. O Borges Hermida era assim, você tinha os
pontos e depois tinham os questionários. Você tinha que responder aqueles
questionários. na época que eu dava aula, a gente buscava livros que
indicassem, que fizessem algumas indicações de outras leituras, né, de outros
textos para complementar. Exercícios que buscavam muito mais a reflexão, o
raciocínio, o que na minha época não era possível quando estudante que era
decorar (FRANCO, 2020, n.p.).
A narrativa do professor Franco, se, por um lado, nos mostra um ensino que valorizava
a memorização em detrimento da reflexão, por outro lado, aponta características importantes
para a formação do professor de História, que é a reflexão, a criticidade, o caráter politizador
do trabalho docente. Essas características se fazem pouco presentes, tanto em sua formação
como na de Vasconcelos (2020), talvez pelo contexto em que estavam inseridos, o da ditadura
militar. Essa experiência escolar fez com que Franco (2020) buscasse por um ensino de História
contextualizado e mais reflexivos.
as narrativas do professor Sueth (2020) nos revelam uma preocupação com a questão
da disciplina
[...] no comecinho, eu dando aula com 19, 20 anos, por exemplo, para aluno
da oitava série... eu era muito bravo. Os alunos me contam que eu me impunha
muito. Porque era uma necessidade. A diferença de idade... me parecia que
havia uma necessidade, por causa da diferença de idade que era muito pouca.
Se eu não fizesse isso, eu não conseguia manter a disciplina junto deles. Mas
depois, à medida que o tempo foi passando, eu fui modificando plenamente,
isso daí, de modo que no Ifes o meu relacionamento com os alunos era outro,
completamente diferente, né (SUETH, 2020, n.p.).
A partir da narrativa podemos depreender que os desafios para os professores que estão
começando suas carreiras são inúmeros. No entanto, para vencê-los os futuros professores
buscam em sua história de vida escolar e pessoal conhecimentos, competências, crenças e
valores, os quais estruturam sua personalidade e suas relações com os outros, sendo
reatualizados, restruturados, ressignificados na prática de seu ofício (TARDIF, 2012).
Desse modo, pensar como esses professores entrelaçaram os procedimentos formativos
e as práticas de ensinar e aprender História foi o fio condutor deste trabalho. Buscamos ouvi-
los para saber o que eles fizeram, dentro das condições reais de trabalho encontradas para
ensinar. Fizemos uma escuta atenta dos professores ao narrarem sua experiência em sala de
aula, considerada por eles como a que “marcou muito”, “que ficava torcendo o momento para
chegar o dia daquela aula” e que foi “inesquecível”.
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Saberes e fazeres docentes: fios que se cruzam na tessitura da história ensinada...
Embora seja indispensável conhecer o conteúdo da matéria a ser ensinada, o trabalho
desenvolvido em sala de aula não se resume a esses saberes disciplinares.
Ao entrar em sala de aula, o professor penetra em um ambiente de trabalho
constituído de interações humanas. As interações com os alunos não
representam, portanto, um aspecto secundário ou periférico do trabalho com
os professores: elas constituem o núcleo e, por esta razão, determinam, [...] a
natureza dos procedimentos (TARDIF, 2012, p. 118).
Depreende-se, pois, que para ensinar é preciso saber. Saber o que, o como e o porquê
ensinar. Isso, por sua vez, envolve e exige do professor a mobilização de uma pluralidade de
saberes. Entrar em sala de aula pressupõe o antes, o durante e o depois. E, conforme bem
salienta Schön (2000), esses três momentos devem ser permeados pelo tripé da reflexão na ação,
reflexão sobre a ação e reflexão sobre a reflexão na ação. Ou seja, o antes, marcado pelo ato de
planejar a aula, que pressupõe a seleção de conteúdo, sua adequação ao tempo espaço da aula,
a clareza de intencionalidade da aula a ser trabalhada. Envolve, também, o durante, que seria a
aula propriamente dita, onde o docente deve estar atento com a interação com os alunos e as
estratégias didáticas utilizadas, procurando observar se as aprendizagens estão se efetivando.
E, ainda, envolve o depois, que é o momento em que o docente deve ter a sensibilidade de
avaliar as interações estabelecidas no decorrer da aula, a receptividade das estratégias didáticas
elaboradas e o interesse dos alunos em relação ao conteúdo trabalhado. Afinal, “[...] ensinar é
trabalhar com seres, humanos, sobre seres humanos, para seres humanos” (TARDIF;
LESSARD, 2012, p. 141).
Ratifica-se, portanto, que nessa empreitada, diversos saberes são mobilizados:
disciplinares, curriculares, pedagógicos, da experiência, da tradição pedagógica. São saberes
que se entrelaçam no trabalho diário de reflexão, seja individual, seja coletiva, possibilitando a
reflexão necessária ao desenvolvimento profissional na escola ou na sala de aula.
Ao ouvirmos narrativas docentes sobre seus saberes e fazeres, no exercício de suas
respectivas funções, é possível adentrarmos, juntamente com o narrador, para o interior da sala
de aula e da escola. Nesses lugares, escola e sala de aula, se engendra a cultura escolar em
conexão com as suas próprias dinâmicas, em diálogo com o conhecimento histórico stricto
sensu e com a história viva no contexto das práticas sociais, culminando com a produção do
saber histórico escolar (MONTEIRO, 2007), que é produzido na e pela dinâmica própria da
escola.
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Mediante tal perspectiva, buscamos ouvir os professores entrevistados, com foco em
suas experiências docentes. Sueth (2020) narra com empolgação, com um brilho nos olhos a
aula que o marcou.
Mas tem uma aula, que eu ficava torcendo para chegar o momento da mesma.
Porque todos os alunos ficavam assim, encantados [ênfase na palavra
encantados]. Não com a aula, mas com o tema da aula. [...] Era a Revolução
Francesa. Mas aí, eu tinha que dar toda a Revolução Francesa e a metodologia
que eu utilizei, durante essas aulas todas de Revolução Francesa, a
metodologia era: antes de dar o esquema e com os dados e com os conteúdos
programáticos da Revolução Francesa, eu contava para eles uma história. Uma
história que aconteceu mesmo. Então, era a história de uma das filhas do Luiz
XVI. O que aconteceu com ela? E enfatizava a pergunta para o começo da
Revolução Francesa quando os revolucionários invadiram o castelo de
Versalhes. Para depois nas Tulherias. Depois na prisão. Depois no 9 do
Termidor. Depois ela na Áustria. Depois ela volta, com o tio dela, que era Luiz
XVIII e ela morre, se não me engano, em 1850. Então eu contava a história,
enfatizando a trajetória dela. Mas ao contar a trajetória estavam ali todos os
dados da Revolução Francesa. De causas. Golpe do 9 do Termidor, o Golpe
do 18 do Brumário. Estava tudo contado nessa história dela. Quando eu
terminava a história, eu passava o esquema no quadro do que interessava
guardar, daquilo ali. o da historinha dela. Mas o que é que tinha de
Revolução Francesa para eles guardarem. Nossa! Mas eles ficavam
encantados com a história que era contada ali. [...]E aí, terminada a história,
entrava o esquema da Revolução Francesa, os dados que eles precisavam
guardar e, logo depois, entrava uma prova com as perguntas relacionadas
com aquilo que eu falei em sala de aula, mas sobretudo, com textos para eles
poderem interpretar (SUETH, 2020, n.p.).
No excerto acima, é possível identificar que, para ensinar o conteúdo que foi selecionado
a Revolução Francesa, num momento dado em um determinado contexto, o professor optou por
uma metodologia, a narrativa, considerada a mais adequada, que apresenta em todo o seu
desenvolvimento relação com o saber disciplinar.
No ato de narrar “[...] a história de uma das filhas do Luiz XVI. [...] Eu contava a
trajetória dela. Mas ao contar a trajetória estavam ali todos os dados da Revolução Francesa.
De causas. Golpe do 9 do Termidor, o Golpe do 18 do Brumário. Estava tudo contado nessa
história dela [...]” (SUETH, 2020, n.p.), cronologicamente os acontecimentos foram sendo
contados para dar sentido ao que era narrado.
Essa concatenação dos conteúdos trabalhados tinha como objetivo a compreensão do
processo da Revolução Francesa pelo aluno, a partir da seleção do professor sobre o que era
mais importante os alunos saberem
As narrativas do professor Sueth desvelam que sua abordagem de ensino, ao apoiar-se
na narrativa como estratégia didática, foi utilizada com intuito de se aproximar mais do aluno
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e tornar a aula mais atraente “Porque todos os alunos ficavam assim, encantados”, no entanto,
desvelam, também, uma constante preocupação da articulação do conteúdo a ser ensinado com
o saber disciplinar, assim como a preocupação com o depois da narrativa: trabalhar textos para
os alunos fazerem interpretação.
Sobre as experiências de ensino, desenvolvidas em sala de aula, Vasconcelos (2020) se
recorda do tema abordado “exploração do trabalho infantil”, tendo como referência a obra
Cidadão de papel.
Eu não sei se vou recordar de todos os detalhes. Mas uma aula que ficou muito
marcada e se tornou quase inesquecível, foi uma aula que eu tive com uma
turminha de quinta série. Hoje seria o sexto ano [risos]. Alunos muito atuantes.
E eu trabalhava com minhas turmas de ensino fundamental sobre a questão da
exploração do trabalho infantil. Então eu usava muito o livro Cidadão de
papel, do Gilberto Dimenstein. Então eu ensinava os alunos, a fazer esse
trabalho com eles, que dentro da História é importante a gente não ser um
cidadão de papel e sim ser um cidadão consciente. E um dos temas que eu
usava nesta aula era a questão da exploração do trabalho infantil. Porque eu
via naqueles alunos, tão novinhos, começando a entender um pouco da vida
deles e tudo. Que era necessário eles saberem que tinham crianças que eram
exploradas. Fazer eles refletirem sobre isso. Porque eu dizia: se vocês
souberem e refletirem sobre isso e entender o sofrimento de outras crianças
que trabalham com essa situação, vocês vão crescer e vão combater isso.
Vocês jamais vão deixar que isso continue acontecendo. Eles faziam toda a
pesquisa. Todo mundo tinha que ler este livro, né, Cidadão de papel e fazer
uma ilustração. Do que eles apontavam. Ilustrar as crianças sendo exploradas.
Aquelas crianças na carvoaria. Aquelas crianças que cortavam os dedinhos
descascando a mandioca para fabricar a farinha. Então aquilo ali que as
crianças faziam e o que é que eles achavam que tinha que acontecer. Era essa
a reflexão que eles faziam e uma forma de ilustrar o que eles viam, qual era a
situação e como eles achavam que tinha que ser. eles colocavam todas as
crianças brincando, na escola e estudando (VASCONCELOS, 2020, n.p.).
Na narrativa da professora, pode-se perceber que sua aula foi organizada a partir da
perspectiva da história-problema. Partiu-se de um tema que ia gerando questões para os alunos
refletirem sobre “a exploração do trabalho infantil” e o que “eles achavam que tinha que
acontecer”. Dessa forma, o problema ia dando sentido ao conteúdo abordado em sala. Ao se
apropriar da literatura, sua prática pedagógica ganha potencialidade para o trabalho com a
formação do pensamento histórico das crianças.
Conforme depreende-se das narrativas de nossa entrevistada, a obra selecionada,
Cidadão de papel, oportunizou o exercício da leitura, da reflexão, da interpretação e das
habilidades artísticas das crianças: [...] era essa a reflexão que eles faziam e uma forma de
ilustrar o que eles viam, qual era a situação e como eles achavam que tinha que ser. eles
colocavam todas as crianças brincando, na escola e estudando” (VASCONCELOS, 2020, n.p.).
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Embora a obra citada o fosse ilustrada, a professora solicitou aos alunos que ilustrassem as
atividades que eles, a partir da pesquisa realizada, da leitura do livro e das discussões em sala
de aula, entendessem em relação ao tema trabalhado. O resultado são os desenhos das crianças
brincando e estudando.
Em sua a narrativa, podemos identificar que a professora possibilitou que as crianças
refletissem sobre a realidade, questionassem e levantassem hipóteses, como também fizessem
observações sobre a sua realidade e a das crianças retratadas na obra literária. Esse tipo de
atividade se mostra potente, ao contribuir para as crianças compreenderem que existem outros
tempos, outros espaços e que outras crianças podem viver uma realidade bem diferente da sua.
Podem perceber também que existem permanências no processo histórico, que existe, ainda, a
exploração do trabalho infantil. Como salientam Zamboni e Fonseca (2010, p. 342), “[...] a
literatura e a história possibilitam-nos desenvolver a linguagem, fornecem-nos pistas, indícios
para a compreensão da realidade, da nossa cultura, da nossa identidade. São mediadoras da/para
a aprendizagem humana”.
A narrativa da professora sinaliza para o trabalho de formar a consciência histórica
definida por Rüsen (1992) como um pré-requisito necessário para a orientação em determinada
situação que demanda ação: a ação desenvolvida pelas crianças de pleitear, cobrar os seus
direitos e não ser um “cidadão de papel”.
Em relação às narrativas apresentadas pelos professores em contexto de sala de aula,
podemos inferir que “O fio de sentido é dado por quem narra: o professor” (MONTEIRO, 2007,
p. 129). Assim, o fio da narrativa de Sueth (2020) foi o de compreender o processo da
Revolução Francesa, o fio da narrativa de Vasconcelos (2020) foi a exploração do trabalho
infantil. Vejamos qual foi o fio da narrativa de Franco (2020):
Olha, uma [aula] me marcou muito. Eu diria que foi quando eu estava dando
aula para o supletivo. (...) na na unidade que eu dava aula tinha um diretor e
eu estava dando aula sobre o governo Vargas. E ele tinha uns janelões, eu me
lembro perfeitamente disso, e ele ficou numa janela, do lado de fora assistindo
a minha aula [risos]. E eu pensei sobre a minha reponsabilidade de dar aula
com o diretor à espreita... E aí, [...] eu comecei falando do presente para o
passado. Eu comecei falando do descanso semanal, da jornada de hora do
trabalho, de você poder ficar doente e continuar recebendo o seu salário. De
você ter as vantagens que o trabalhador já naquela época tinha. Eu comecei a
aula exatamente assim e, aí, fui para o governo Vargas. Aí, eu digo, olha, mas
então foi que Vargas acordou de manhã e muito bonzinho e resolveu... hoje
estou muito bonzinho e vou pensar nos trabalhadores. Aí, eu busquei uma
conexão com as greves operárias, a situação de vida do trabalhador, as
reivindicações, as lutas que vão culminar. Então eu acho que consegui fazer
conexão, passado e presente. Fazer uma conexão de compreender que
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personagens históricos não devem ser analisados para o bem ou para o mal.
Ninguém é bom ou mau. Temos acertos e desacertos. O governo de
Vargas teve desacertos, teve. Teve acertos, teve também. Então era isso que
eu queria, que na verdade eles refletissem. Passassem a entender que sempre
que eles enxergassem um fato histórico que eles buscassem compreender, que
tem muito mais nuanças do acontecido do que aconteceu. E entender que a
história é um processo. Nada acontece do dia para a noite. Acho que essa aula
me marcou muito (FRANCO, 2020, n.p.).
O fio condutor da narrativa de Franco (2020) foi o Governo Vargas com recorte para as
questões trabalhistas. A partir da narrativa, podemos inferir que o professor conduz o processo
de ensino para a aprendizagem em consonância com aquela defendida por Rüsen (2007), que é
a aprendizagem histórica. Esse processo se operacionaliza por meio da experiência,
interpretação e orientação, que também são elementos constitutivos da consciência histórica:
[...] quando produz uma ampliação da experiência do passado humano, um
aumento da competência para interpretação histórica dessa experiência e a
capacidade de inserir e utilizar interpretações históricas no quadro de
orientações para a vida prática (RÜSEN, 2007, p. 110).
O que seria essa orientação para a vida prática? Construir sentido histórico a partir da
interpretação de seu mundo e de si mesmo, ideia defendida por Rüsen (2007) como competência
narrativa. Assim, a narrativa do aluno poderá ser construída a partir de seus próprios saberes
sobre o governo de Getúlio Vargas em diálogo com a narrativa do professor, possibilitando
outras narrativas que possam orientar a vida prática. Rüsen (2007) compreende competência
narrativa como a habilidade para narrar uma história por meio da qual a vida prática recebe uma
orientação no tempo. Podemos citar, como exemplo, as conquistas trabalhistas no governo de
Vargas, suas permanências e novas orientações para as demandas do trabalho em que o sujeito
encontra-se inserido.
Outra questão que percebemos ser abordada na narrativa de Franco (2020) é a empatia
histórica, quando ele se refere aos sujeitos históricos “personagens históricos não devem ser
analisados para o bem ou para o mal. Ninguém é só bom ou só mau.” Lee (2003, p. 20) trabalha
com o conceito de empatia histórica que pode ser entendida “[...] como uma realização — algo
que acontece quando sabemos o que o agente histórico pensou, quais os seus objectivos, como
entenderam aquela situação e se conectamos tudo isto com o que aqueles agentes fizeram”. O
autor alerta ainda que “[...] a compreensão histórica não é ela própria um sentimento, embora
envolva o reconhecimento de que as pessoas possuem sentimentos” (LEE, 2003, p. 20).
Nesse sentido, a narrativa do professor sinaliza para essa compreensão histórica ao
rememorar a aula: “[...] Vargas acordou de manhã e muito bonzinho e resolveu: hoje estou
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muito bonzinho e vou pensar nos trabalhadores”. Ao continuar sua aula, o professor Franco
(2020) foi construindo uma narrativa que levaram Vargas à determinada tomada de decisão,
buscando uma conexão com as greves operárias, a situação de vida dos trabalhadores, as
reivindicações de melhoria, etc.. Logo, a empatia histórica não está relacionada a sentir o que
sentiu o sujeito, e sim entender que ações são motivadas por fatores sociais, culturais, políticos
e econômicos e nas relações que estabelecem os sujeitos no processo histórico em determinado
tempo histórico (LEE, 2003).
Assim como Monteiro (2007), reconhecemos que esses professores foram agentes e
sujeitos de sua prática docente, o que implica domínio de saberes, resultado de um processo
pessoal; autonomia em relação ao que fizeram, relacionada ao contexto social e cultural
construído no desenvolvimento da profissão e associado a disposições e condições do momento
histórico que vivenciaram.
A tessitura está concluída, mas não arrematada
No presente texto buscamos identificar, a partir das experiências narradas pelos
professores entrevistados, quais foram os saberes docentes mobilizados em suas respectivas
práticas, com o intuito de desvelar as narrativas históricas construídas no ensino de História nas
três últimas décadas do século XX no município de Vitória. Nas narrativas apresentadas,
procuramos tecer os aspectos que dialogam com as construções de narrativas históricas em sala
de aula, com o tornar-se professor, tendo como fio condutor a sua formação profissional docente
atravessada pela vivência escolar, social e familiar.
Ao entendermos que se tornar professor envolve atividades e interações humanas, que
se realizam em determinados tempos, espaços e culturas como detentoras de saberes
profissionais personalizados e situados, estamos indo além do entendimento de reduzi-la
simplesmente à cognição dos professores (TARDIF, 2012).
Assim, ao auscultar a narrativa de cada um dos professores, trago os fios individuais nos
momentos históricos que vivenciaram, permitindo-nos o entrelace dos mesmos para a
construção da trama aqui apresentada, envolta em ditadura, reabertura política e novas
tendências teóricas e metodológicas, a exemplo, a narrativa de Vasconcelos (2020) ao abordar
a história problema. as narrativas de Franco (2020) nos revelam resistências docentes, ao
debaterem muitos temas em sala de aula, porém, ressalta, também, o limite para fazer tais
debates com os estudantes.
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As narrativas de nossos professores sobre suas práticas em sala de aula nos dão sinais e
pistas das narrativas históricas, que trazem características da consciência histórica. Rüsen
(1992) formula quatro tipos de consciência histórica: a) no tipo tradicional, as orientações
tradicionais apresentam a totalidade temporal como uma continuidade dos modelos de vida e
os modelos culturais pré-escritos além do tempo; b) o tipo exemplar refere à experiência do
passado na forma de casos que representam e personificam regras gerais de mudança temporal
e a conduta humana; c) o tipo crítico permite formular pontos de vista históricos, distinguindo-
os das orientações históricas sustentadas por outros; d) no tipo genético, diferentes pontos de
vista podem ser aceitos porque se integram em uma perspectiva abrangente de mudança
temporal.
As narrativas nos permitem afirmar que os professores entrevistados buscaram em suas
narrativas históricas problematizar os conteúdos de ensino selecionados, estabelecendo relações
com o cotidiano dos alunos, bem como com o cotidiano de outras pessoas, em outros tempos e
em outros lugares.
A partir das narrativas dos professores, podemos inferir que, com a maneira como
trabalharam a História, criou-se a possibilidade de um ensino de História que visa a formar a
consciência histórica crítico-genética: crítica, porque os professores puderam comparar
situações relacionadas a determinados acontecimentos históricos a partir de diferentes
temporalidades, e genética, porque se apropriaram de conhecimentos históricos com
abordagens que visavam às diferenças, às mudanças e às permanências no processo histórico
(SCHMIDT; GARCIA, 2005). Assim, a História ensinada era vislumbrada como uma
ferramenta para agir no mundo, para poder nele atuar e transformá-lo.
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CRediT Author Statement
Reconhecimentos: Não aplicável.
Financiamento: Não aplicável.
Conflitos de interesse: Não há conflitos de interesse.
Aprovação ética: Os autores seguiram as orientações éticas conforme a metodologia da
História Oral. Após a transcrição das entrevistas as mesmas retornaram aos professores
entrevistados para fazerem alterações, correções, acréscimos e supressões, quando
necessário. Após leitura os professores autorizaram a publicação de suas entrevistas para
fins de produções acadêmicas. Todos os participantes assinaram Carta de Cessão. Ainda,
conforme a Metodologia da História Oral todos participantes dispensaram o critério de
invisibilidade.
Disponibilidade de dados e material: Não aplicável.
Contribuições dos autores: Todos os autores participaram de forma integral do processo
da pesquisa. Coleta de dados, análise e confecção do texto.
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023142, 2023. e-ISSN: 1982-5587
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TEJIENDO LA TRAMA DE LA HISTORIA ENSEÑADA EN LA CIUDAD DE
VITÓRIA-ES (1970-1990)
TECENDO A TRAMA DA HISTÓRIA ENSINADA NO MUNICÍPIO DE VITÓRIA-ES
(1970-1990)
WEAVING THE PLOT OF HISTORY TAUGHT IN THE CITY OF VITÓRIA-ES (1970-
1990)
Regina Celi Frechiani BITTE1
e-mail: bitteregina@gmail.com
Sônia Maria dos SANTOS2
e-mail: soniaufu@gmail.com
Cómo hacer referencia a este artículo:
BITTE, R. C. F.; SANTOS, S. M. dos. Tecendo a trama da história
ensinada no município de Vitória-ES (1970-1990). Revista Ibero-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00,
e023142, 2023. e-ISSN: 1982-5587. DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17963
| Enviado en: 04/10/2023
| Revisiones requeridas el: 02/05/2023
| Aprobado el: 16/06/2023
| Publicado el: 19/12/2023
Editor:
Prof. Dr. José Luís Bizelli
Editor Adjunto Ejecutivo:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
Universidad Federal de Espírito Santo (UFES), Vitória ES Brasil. Profesora/Departamento de Educación
Política y Sociedad (DEPS). Profesora titular del Programa de Posgrado de la Maestría Profesional en Educación
(PPGMPE/UFES). Doctora en Educación (UFES). Posdoctorado (UFU).
2
Universidad Federal de Uberlândia (UFU), Uberlândia MG Brasil. Profesora Titular Jubilada. Doctora en
Educación: Historia, Política, Sociedad (PUCSP). Posdoctorado (UFMG).
Tejiendo la trama de la historia enseñada en la ciudad de Vitória-es (1970-1990)
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RESUMEN: Tiene como objetivo identificar los saberes didácticos y las tipologías de conciencia
histórica presentes en las narrativas construidas por profesores de Historia que actúan en la
Educación Básica, teniendo como referencia la construcción de la epistemología de la práctica
profesional definida por Tardif (2000) como el estudio del conjunto de conocimientos que utilizan
los profesionales de su espacio de trabajo para realizar todas sus tareas. Se basa teóricamente en las
concepciones de enseñanza del conocimiento de Tardif y Lessard (2012) y en la conciencia histórica
de Rüsen (2007). Apoyamos el aporte teórico de la Historia Cultural y la metodología de
investigación de la Historia Oral en Bom Meihy (1996) y Alberti (2013) al posibilitar la elaboración
de registros y documentar experiencias, saberes y prácticas de las personas en torno a sus vivencias.
Podemos inferir que la forma en que trabajaron en el aula creó la posibilidad de una enseñanza que
tiene como objetivo formar una conciencia histórica para actuar en el mundo, para poder actuar y
transformarlo.
PALABRAS CLAVE: Enseñanza de la historia. Conciencia histórica. Enseñanza del
conocimiento. Formación de profesores.
RESUMO: Objetiva identificar os saberes docentes e tipologias de consciência histórica presentes
nas narrativas construídas por professores de História, atuantes na Educação Básica tendo como
referência a construção da epistemologia da prática profissional definida por Tardif (2000) como
o estudo do conjunto dos saberes utilizados pelos profissionais em seu espaço de trabalho para
desempenhar todas as suas tarefas. Fundamenta-se teoricamente nas concepções de saberes
docentes de Tardif e Lessard (2012) e consciência histórica de Rüsen (2007). Respaldamo-nos no
aporte teórico da História Cultural e na metodologia de pesquisa da História Oral em Bom Meihy
(1996) e Alberti (2013) ao possibilitarem a elaboração de registros e documentar experiências,
saberes e práticas de pessoas a respeito de suas vivências. Podemos inferir que, a maneira como
trabalharam em sala de aula, criou-se a possibilidade de um ensino que visa a formar a consciência
histórica para agir no mundo, para poder nele atuar e transformá-lo.
PALAVRAS-CHAVE: Ensino de história. Consciência histórica. Saberes docentes. Formação
docente.
ABSTRACT: It aims to identify the teaching knowledge and typologies of historical awareness
present in the narratives constructed by History teachers, working in Basic Education, having as a
reference the construction of the epistemology of professional practice defined by Tardif (2000) as
the study of the set of knowledge used by professionals in your workspace to perform all your tasks.
It is theoretically based on Tardif and Lessard's (2012) conceptions of teaching knowledge and
Rüsen's (2007) historical awareness. We support the theoretical contribution of Cultural History
and the research methodology of Oral History in Bom Meihy (1996) and Alberti (2013) by enabling
the elaboration of records and documenting experiences, knowledge and practices of people
regarding their experiences. We can infer that the way they worked in the classroom created the
possibility of a teaching that aims to form historical awareness to act in the world, to be able to act
and transform it.
KEYWORDS: History teaching. Historical awareness. Teaching knowledge. Teacher training.
Regina BITTE y Sônia SANTOS
RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00, e023142, 2023. e-ISSN: 1982-5587
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El origen de los hilos
Este artículo es el resultado de la investigación realizada en la pasantía posdoctoral en
la Universidad Federal de Uberlândia - UFU y tiene como objetivo identificar y socializar el
conocimiento docente y las tipologías de conciencia histórica presentes en las narrativas
construidas por profesores de Historia, que actúan en la Educación Básica, teniendo como
referencia la construcción de la epistemología de la práctica profesional, caracterizada según
Tardif (2000, p. 13, nuestra traducción) por el "[...] estudio del conjunto de saberes realmente
utilizados por los profesionales en su espacio cotidiano de trabajo para realizar todas sus tareas",
en la historia de la historia enseñada, entre 1970 y 1990 en el municipio de Vitória, en el Estado
de Espírito Santo (ES).
Para desarrollar la investigación, nos apoyamos en el aporte teórico de la Historia
Cultural y la metodología de investigación de la Historia Oral, con el fin de "[...] identificar los
modos en que en diferentes lugares y momentos se construye, se piensa y se da a leer una
determinada realidad social" (CHARTIER, 1990, p. 17, nuestra traducción). Se buscó
identificar, por ejemplo, los diversos tipos de conocimiento que los docentes movilizaron en su
práctica docente.
De acuerdo con Bom Meihy (1996), la Historia Oral se presenta como un recurso de
investigación eficiente, ya que permite la elaboración de registros y documentos de las
experiencias, conocimientos y prácticas de las personas sobre sus experiencias y concepciones:
[...] Es un recurso moderno utilizado para la elaboración de documentos,
archivos y estudios relacionados con la vida social de las personas. Es siempre
una historia del presente y también conocida como historia viva. [...] La
historia oral se presenta como una forma de plasmar las experiencias de las
personas dispuestas a hablar sobre aspectos de sus vidas, manteniendo un
compromiso con el contexto social (BOM MEIHY, 1996, p. 13, nuestra
traducción).
Considerando la especificidad de la temática de esta investigación, que tiene como
objetivo identificar las narrativas históricas construidas por los docentes en el aula y estimular
las memorias de los docentes sobre la epistemología de la práctica profesional, se priorizó la
modalidad de Historia Oral Temática (BOM MEIHY, 1996), documentando narrativas y
memorias docentes de experiencias o procesos específicos vividos por los entrevistados.
A la hora de evocar recuerdos, es relevante considerarlos no como algo fijo y estático,
sino en un proceso constante de (re)elaboración, como un trabajo cuidadoso y minucioso, como
afirma Bosi (1994, p. 55, nuestra traducción), "[...] La memoria no es un sueño, es trabajo. [...]
Tejiendo la trama de la historia enseñada en la ciudad de Vitória-es (1970-1990)
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Recordar es rehacer, reconstruir, repensar, con imágenes e ideas de hoy, las experiencias del
pasado". Esta cita nos remite a la narración de nuestro entrevistado cuando afirma que "[...]
Hoy, mirando al pasado, tengo mucha más comprensión y siempre digo: maldita sea, debería
enseñar en la escuela primaria ahora [risas] y no en ese entonces, cuando enseñaba, ¿verdad?"
(FRANCO, 2020, n.p., nuestra traducción).
El fragmento nos muestra este trabajo de memoria, donde los tiempos se mezclan,
porque el contenido de la memoria puede ser el pasado, pero el acto de recordar y contar la
historia del pasado se realiza en el presente; por lo tanto, la relación que se establece es una
relación entre presente y pasado (PORTELLI, 2010). Es desde el presente que recuerda las
experiencias vividas en el pasado. Esto nos permite comprender la riqueza del discurso de
Franco (2020), es decir, de quien habla en el presente la experiencia del pasado.
Para Bosi (1994, p. 66, nuestra traducción), en la memoria "[...] Esto es lo que significa.
No es lo mismo: a veces casi intacto, a veces profundamente alterado". La narrativa de Sueth
(2020) está en línea con la afirmación de Bosi (1994), cuando nos habla de un momento de su
formación en el que "[...] una de las conferencias fue con Rubem Alves. [...] Me dijo algo que
me dejó así, impresionado [...] Un maestro tiene que ser un profeta de alegría" (SUETH, 2020,
s.p., nuestra traducción). En varios momentos de la entrevista, el profesor Sueth repitió la
expresión "profeta de la alegría", demostrando que la conferencia marcó e interfirió, de alguna
manera, en su práctica docente. Así, este profesor decidió hacer que el "[...] La historia no es
un área pesada. Pero un área que daría a los estudiantes la alegría de conocer la Historia. [...]
Para estudiar lo que sucedió. Porque lo estamos viviendo. Pero hacerlo todo con alegría"
(SUETH, 2020, nuestra traducción).
Por lo tanto, nuestro "[...] los entrevistados nos dieron la voz, no fuimos nosotros quienes
se la damos" (PORTELLI, 2010, p. 7, nuestra traducción). Voces que constituyeron nuestra
materia prima, los hilos que nos permitieron tejer este texto. Y, por lo tanto, en la obtención de
tales hilos, establecimos como criterios para la selección de profesores: que tuvieran el título
de Licenciado en Historia y que hubieran trabajado en la Educación Básica en el Municipio de
Vitória entre el período de 1970 y 1990. Nos pusimos en contacto con estos profesores a través
de la recomendación de sus compañeros. Cuando el maestro indicaba al otro, siempre se refería
al compromiso que el otro tenía con la educación. Justificamos la elección de los docentes a
partir de los preceptos defendidos por Alberti (2013, p. 40, nuestra traducción) en los que "la
elección de los entrevistados no debe estar predominantemente guiada por criterios
Regina BITTE y Sônia SANTOS
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cuantitativos, por una preocupación por el muestreo, sino basada en la posición del entrevistado
en el grupo, el significado de su experiencia".
Hubo tres profesores que amable y generosamente se ofrecieron a contribuir a nuestras
reflexiones. Los tres firmaron el Término de Cesión y el Término de Consentimiento Libre y
Esclarecido, y autorizaron su identificación en el texto.
Debido al momento histórico vivido por la terrible pandemia del coronavirus, tomamos
la decisión de realizar las entrevistas de forma remota. Con el consentimiento de los
participantes, se optó por utilizar la aplicación de videoconferencia Zoom.us, con el día y la
hora programados para las respectivas entrevistas. Con este acuerdo, realizamos las entrevistas,
las cuales fueron grabadas. Para llevarlo a cabo, hemos preparado un guión semiestructurado.
Para Thompson (1988, p. 260, nuestra traducción) “[...] las preguntas siempre deben ser lo más
simples y directas posible, y en un lenguaje común”.
Después de realizar las entrevistas, pasamos a la siguiente etapa, que fue su
transcripción, que duró un promedio de diez a veinte horas cada una. Thompson (1988, p. 297,
nuestra traducción) señala que, en la transcripción de la entrevista, es necesario "[...] desarrollar
un nuevo tipo de habilidad literaria que permita que su texto escrito permanezca lo más fiel
posible, tanto al carácter como al significado del original". Asimismo, según Meihy y Holanda
(2019, p. 155, nuestra traducción) es importante que:
Para que el narrador se reconozca en el texto de la entrevista, es necesario que
la transcripción vaya más allá del paso riguroso de las palabras de la cinta al
papel. La transcripción literal, aunque extremadamente necesaria, solo será un
paso en la confección del texto final, que llamo textualización porque es la
forma de reproducir honesta y correctamente la entrevista en un texto escrito.
Al establecer el diálogo entre los lineamientos de Thompson (1988) y Meihy y Holanda
(2019), elaboramos el texto con las narrativas de nuestros docentes entrevistados, ya con la
textualización, ya que, como afirman Meihy y Holanda (2019, p. 155, nuestra traducción), "[...]
el texto debe ser 'limpio', 'esbelto' y 'coherente' [...]", pero sin perder su significado original.
Dicho esto, presentamos a los docentes que son objeto de esta investigación. El profesor
FRANCO (2020) es licenciado en Historia por la Universidad Federal del Estado de Espírito
Santo (Ufes), licenciado en Museología por la Universidad del Estado de Río de Janeiro
(UNIRIO), máster en Educación por la Ufes, doctor por la Universidad de São Paulo (USP) y
posdoctorado por la Universidad del Estado de Río de Janeiro (Uerj). La profesora
VASCONCELOS (2020) es licenciada en Historia por la Universidad Federal de Espírito Santo
(Ufes), posgraduada en Historia Económica y Social de Brasil por la Universidad Salgado Filho
Tejiendo la trama de la historia enseñada en la ciudad de Vitória-es (1970-1990)
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y posgrado en Educación Emprendedora por la Pontificia Universidad Católica (PUC), y el
profesor SUETH (2020), graduado en Historia por la Facultad de Filosofía de Campos, con
maestría y doctorado en Historia por la Universidad Federal de Espírito Santo (Ufes).
Así, en este artículo, buscamos tejer los hilos aportados por los docentes con otros hilos
resultantes de publicaciones científicas sobre conocimientos y prácticas docentes.
El ir y venir de los hilos: tejer la red de la experiencia y enseñar el conocimiento
Con el fin de tejer los diversos hilos que componen el saber docente, explicitado en las
narrativas de los docentes entrevistados, que trabajaron en las últimas tres décadas del siglo
XX, evocamos para nuestro diálogo a los autores Tardif (2000), Monteiro (2007) y Fonseca
(2003).
En Brasil, desde la década de 1990, varios estudios se han centrado en la complejidad
de la práctica educativa y del conocimiento docente, llevando la formación docente más allá de
la academia como centro de su análisis, comprendiendo la importancia de contemplar en la
investigación el desarrollo personal, profesional y organizacional de la profesión docente
(BORGES; BITTE, 2017).
La no consideración del docente y sus condiciones reales de actuación trae
consigo la no reflexión sobre la pluralidad de saberes que se movilizan en el
ejercicio de la función y que, como consecuencia de esta no reflexión, se
limita, en la mayoría de los casos, a la intimidad de experiencias docentes
aisladas que, si bien pueden tener gran vigencia y muchos aportes al proceso
de mejora de la calidad de la enseñanza, no se socializan y, por lo tanto, se
pierden en el anonimato de cada profesor (BORGES; BITTE, 2017, p. 36,
nuestra traducción).
En la década de 1990, en un intento por visibilizar la complejidad de los saberes
constituidos en (y para) el ejercicio de la actividad docente, se gestaron y sistematizaron
discusiones sobre la formación y profesionalización docente y reflexiones sobre el "saber
docente".
Según Tardif, los saberes docentes son plurales, constituyendo una amalgama de
saberes: aquellos que derivan del aporte que las ciencias humanas ofrecen a la educación y al
conocimiento pedagógico y son transmitidos por las instituciones de formación docente; el
conocimiento de las disciplinas, que incorporan conocimientos sociales, definidos y
seleccionados por la institución universitaria y que corresponden a los diversos campos del
conocimiento; el conocimiento curricular, que se presenta como una forma de programas
Regina BITTE y Sônia SANTOS
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curriculares y corresponde a discursos, objetivos, contenidos y métodos; y el conocimiento de
la experiencia, que, a su vez, se constituye en el ejercicio de la práctica cotidiana de la profesión,
en un contexto de múltiples interacciones (TARDIF, 2012).
Para Monteiro (2010), dichos conocimientos, al ser estimulados, contribuyen a la
formación de conocimientos asignados en una zona fronteriza al recibir aportes de diversas
áreas del conocimiento, como el currículo, la didáctica general, la didáctica de la historia y la
teoría de la historia. El conocimiento se define como "plural, compuesto, flexible, temporal"
(RASSI; FONSECA, 2006, p. 109, nuestra traducción), construido a lo largo de la trayectoria
personal y profesional del sujeto.
De esta manera, los cursos de enseñanza se convierten en lugares de referencia para
fomentar la discusión de estos saberes que forman parte de la construcción de la identidad
personal y profesional del docente y de sus formas de ser y estar en la futura profesión. De este
modo, el profesor de Historia estaría capacitado para dominar no sólo los procedimientos del
método histórico, sino también un conjunto de conocimientos y habilidades que le permitan
ejercer profesionalmente la docencia.
Buscamos mapear y tejer, a partir de signos y pistas en las narrativas de nuestros
entrevistados, la trama del conocimiento docente entendido en esta investigación como "[...]
construcción social producida por la racionalidad concreta de los actores, por sus
deliberaciones, racionalizaciones y motivaciones que constituyen la fuente de sus juicios,
elecciones y decisiones" (TARDIF, 2012, p. 223, nuestra traducción). Buscamos no dar
subsidios al docente, "detectar las trampas de la memoria" (FONSECA, 2003, p. 116, nuestra
traducción), sino relajarse, recordar y hablar, sin miedo, de los errores y aciertos de su práctica.
En los relatos de nuestros docentes entrevistados, se destacaron cuestiones relacionadas con la
formación inicial, el inicio de la enseñanza, el ser docente, recordadas con emoción y alegría,
pero también acompañadas de desafíos.
La profesora Vasconcelos (2020) describe el inicio de su formación inicial en la época
de transición en la que vivía el país.
Ingresé a la Ufes en 1983. Y lo que marcó mucho en este período, cuando
entré a la universidad, fue ese período de transición que estábamos viviendo
para la redemocratización del país. Entonces, fue un período en el que vimos
muchas cosas del gobierno militar. Todavía había muchas cosas sobre el
gobierno militar dentro de la universidad y ese afán, ese deseo de aprender
más sobre la libertad. Leer a Karl Marx con mayor libertad. Para leer a
Weber... Y podemos entender mejor todo esto. Entonces, digo que fue un
período fructífero, sobre todo para los que estaban en las humanidades, para
los estudiantes de Historia (VASCONCELOS, 2020, n.p., nuestra traducción).
Tejiendo la trama de la historia enseñada en la ciudad de Vitória-es (1970-1990)
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El escenario educativo brasileño, la enseñanza de la Historia y la formación de
profesionales en el área sufrieron cambios significativos entre las décadas de 1980 y 1990.
Modificaciones y ulteriores reestructuraciones de los planes de estudio, la educación y la
formación, así como las influencias de la "[...] nuevas" tendencias historiográficas que ganaron
visibilidad con el proceso de apertura política del país (MOREIRA, 2003). Estos cambios están
presentes en el discurso de nuestra entrevistada cuando menciona el período de transición y
redemocratización del país.
El profesor Franco (2020, s.p.) también nos habla de su formación inicial:
Empecé en la universidad en 1975 cuando aprobé el examen de ingreso en
Historia aquí en la Universidad Federal de Espírito Santo (Ufes), donde realicé
este curso. [...] Solo hice una licenciatura, no hice una licenciatura. Si mi
memoria no me falla, en el momento en que lo hice ni siquiera tenía una
licenciatura. Era solo un título. Por lo que recuerdo, era solo un título.
Como se mencionó anteriormente, el profesor Franco y la profesora Vasconcelos
realizaron sus estudios de graduación en la Universidad Federal de Espírito Santo (UFES),
mientras que el profesor Sueth realizó sus estudios de graduación en el estado de Río de Janeiro,
según narran:
Me gradué en la Facultad de Filosofía de Campos. Y... porque en ese
momento, el curso de Historia se impartía en la Facultad de Filosofía. Luego
tomé mi curso de Historia, me gradué. Al principio, enseñaba historia. Pero,
antes de graduarme e incluso después de graduarme, también enseñé
portugués y matemáticas [risas]. En ese momento, esto estaba permitido, fue
en la década de 1970 [...]. Durante algunos años enseñé portugués y
matemáticas. Yo era joven, era joven, y de vez en cuando incluso me
encuentro, a través de internet, facebook, con mis antiguos alumnos, de esa
época, que eran un poco más jóvenes que yo. Porque yo era joven y enseñaba
séptimo y octavo grado y también secundaria. Era el curso de Contabilidad.
Entonces, todos los estudiantes eran un poco más jóvenes que yo, y en el curso
de Contabilidad, algunos eran incluso mayores que yo. De vez en cuando, me
he reunido con varios de ellos y he establecido contactos. Todo el mundo está
hecho en la vida, bien colocado y todo. Pero fueron las clases de portugués y
matemáticas y luego también las clases de historia. También enseñé en el
mismo colegio donde me gradué, enseñé Historia en la Facultad de Filosofía
de Campos. Pero luego terminé... Ya no me dediqué a la docencia, terminé
viajando a Estados Unidos, me fui a Europa. Para dar una vuelta al mundo,
¿verdad? Y cuando regresé, en la década de 1990, retomé mis actividades
docentes. Y luego, llego a Vitória (SUETH, 2020, n.p., nuestra traducción).
Al hablar de su formación, el profesor Sueth comparte el inicio de su docencia, ya
licenciado en Historia. Pero mucho antes de convertirse en profesor, nos cuenta lo que considera
su primera experiencia docente.
Regina BITTE y Sônia SANTOS
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Desde que era un niño, siempre me ha gustado transmitir mis conocimientos
a los demás. Y recuerdo la primera clase que enseñé. Tenía nueve años. Y...
mi tía María, que lamentablemente ya falleció, era maestra y enseñaba en la
escuela primaria, en el campo, que hoy es la escuela primaria 1. Y un día me
llamó. Sabiendo que estaba sacando buenas notas en la escuela y me
preguntaron: ¿No quieres dar una clase de portugués a mis alumnos? Recuerdo
que... Creo... No estoy muy seguro. Pero se trataba de "pronombre". Así que
me fui con ella. Tomamos el tren. Tardó media hora en llegar a su escuela.
Seguí adelante. Y enseñé mi primera clase de "pronombres". Tenía nueve
años. Y a partir de entonces, me aficioné mucho a la enseñanza (SUETH,
2020, n.p., nuestra traducción).
La narrativa de Sueth nos remite a las reflexiones de Tardif (2012), cuando esboza la
pluralidad de saberes docentes, así como su origen, que distan mucho de ser producidos única
y exclusivamente en la universidad. Pueden ser externos al oficio de enseñar y venir incluso
antes de la carrera en sí. En el caso de nuestra entrevistada, la experiencia surge a raíz de la
invitación hecha por la "tía María", un familiar que fue profesor, recordado con cariño (por las
expresiones esbozadas por el rostro del narrador) y un referente en su vida personal y
profesional.
Para Franco (2020), el inicio en la docencia tuvo lugar en los primeros años, cuando
comenzó a estudiar la licenciatura en Historia.
Voy a hablar un poco así de otras experiencias, porque no solo tuve
experiencias al más alto nivel. También tuve experiencia con lo que ahora
llamamos escuela primaria, que fue en 1975. Era muy común. No sé si sigue
siendo muy común. Pero en ese momento, estoy hablando de hace 40 años
[risas], hace 45 años que era así, entramos a la universidad y abrimos la
perspectiva de que trabajabas. Así que obviamente, por una necesidad
económica, me puse a trabajar. Necesitaba ganar algo de dinero para
sobrevivir, para mantenerme eficazmente, así que fui a enseñar Historia a lo
que ahora llamamos escuela primaria. En ese momento, lo llamábamos primer
grado y yo enseñaba de quinto a octavo grado (FRANCO, 2020, n.p., nuestra
traducción).
Vasconcelos (2020) también comenzó a dar clases cuando cursaba el segundo semestre
de la carrera de Historia.
Empecé cuando tenía pocos meses, con un semestre en la universidad...
Empecé en un colegio público estatal, cuando aún estaba lejos de dar clases
de práctica, que suelen tener lugar al final del curso, ¿verdad, Regina? Sin
tener este conocimiento de la práctica docente, sin tener Didáctica y aún sin la
noción de lo que sería una metodología para que pudiéramos aplicar. Fue todo
muy difícil, ¿sabes? [...] Y entonces vi que necesitaba aprender todo esto y no
había llegado a esa etapa en la universidad. Así que digo que aprendimos un
poco, un poco duro (VASCONCELOS, 2020, n.p., nuestra traducción).
Tejiendo la trama de la historia enseñada en la ciudad de Vitória-es (1970-1990)
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Es en este contexto, incluso antes de convertirse en docentes, que nuestros entrevistados
comienzan a delinear su identidad docente. Para Nóvoa (1997), existe una conexión entre la
identidad del docente y su contexto histórico que influye en la forma en que enseña. En este
proceso se mezclan conocimientos, teorías aprendidas en las escuelas, prácticas didácticas de
viejos maestros, colegas y situaciones cotidianas. Como señala el profesor Vasconcelos (2020,
s.p., nuestra traducción), "[...] Terminamos aprendiendo, observando a otros compañeros más
experimentados en la preparación de la clase, en el dominio del aula. Ni siquiera si es correcto
que lo digamos, pero en ese momento usábamos la expresión 'dominio del aula'. Y fueron años
muy difíciles al princípio".
El profesor Franco también comparte estos recuerdos, narrando que:
[...] cuando estudié, en el tristemente célebre Borges Hermida, no sé si alguna
vez tuviste acceso a alguno de los libros de Borges Hermida. Pero fue el bam...
Bam... Bam... de la época de los libros paradidácticos. Borges Hermida era
así, tenías los puntos y luego tenías los cuestionarios. Tenías que responder a
esos cuestionarios. Ya en la época en que yo enseñaba, ya buscábamos libros
que indicaran, que hicieran algunas indicaciones de otras lecturas, ya sabes,
de otros textos para complementar. Ejercicios que buscaban mucha más
reflexión, razonamiento, que en mi época no era posible cuando era estudiante,
que era memorizar (FRANCO, 2020, n.p., nuestra traducción).
La narrativa del profesor Franco, si, por un lado, nos muestra una enseñanza que
valoraba la memorización en detrimento de la reflexión, por otro lado, señala características
importantes para la formación de los profesores de Historia, que es la reflexión, la criticidad y
el carácter politizador de la labor docente. Estas características están poco presentes, tanto en
su formación como en la de Vasconcelos (2020), tal vez por el contexto en el que se insertaron,
el de la dictadura militar. Esta experiencia escolar llevó a Franco (2020) a buscar una enseñanza
de la Historia contextualizada y más reflexiva.
Por otro lado, las narrativas de la profesora Sueth (2020) revelan una preocupación por
el tema de la disciplina
[...] Al principio, yo enseñaba a los 19, 20 años, por ejemplo, a un niño de
octavo grado... Estaba muy enojado. Los estudiantes me dicen que me impuse
mucho. Porque era una necesidad. La diferencia de edad... Me pareció que
había una necesidad, debido a la diferencia de edad que era muy pequeña. Si
no lo hacía, no podía mantener la disciplina con ellos. Pero luego, con el paso
del tiempo, lo cambié por completo, de manera que en Ifes mi relación con los
estudiantes fue diferente, completamente diferente, ¿no es? (SUETH, 2020,
n.p., nuestra traducción).
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De la narrativa podemos inferir que los desafíos para los docentes que están iniciando
sus carreras son numerosos. Sin embargo, para superarlas, los futuros docentes buscan
conocimientos, habilidades, creencias y valores en su historia de vida escolar y personal, que
estructuren su personalidad y sus relaciones con los demás, actualizándose, reestructurándose,
resignificando en el ejercicio de su profesión (TARDIF, 2012).
Así, pensar en cómo estos docentes entrelazaron los procedimientos formativos y las
prácticas de enseñanza y aprendizaje de la Historia fue el hilo conductor de este trabajo.
Intentamos escucharlos para saber qué hacían, dentro de las condiciones reales de trabajo
encontradas para enseñar. Escuchamos atentamente a los profesores mientras narraban su
experiencia en el aula, considerada por ellos como la que "marcó mucho", "que siguió
esperando a que llegara el día de esa clase" y que fue "inolvidable".
Saberes y prácticas docentes: hilos que se entrecruzan en el tejido de la historia
enseñada...
Aunque es fundamental conocer el contenido de la materia a impartir, el trabajo que se
desarrolla en el aula no se limita a este conocimiento disciplinar.
Al entrar en el aula, el profesor entra en un entorno de trabajo compuesto por
interacciones humanas. Las interacciones con los estudiantes no representan,
por lo tanto, un aspecto secundario o periférico del trabajo con los docentes:
constituyen el núcleo y, por esta razón, determinan, [...] la naturaleza de los
procedimientos (TARDIF, 2012, p. 118, nuestra traducción).
Se deduce, por lo tanto, que para enseñar es necesario saber. Saber qué, cómo y por qué
enseñar. Esto, a su vez, implica y exige del docente la movilización de una pluralidad de
saberes. Entrar en el aula presupone un antes, un durante y un después. Y, como señala Schön
(2000), estos tres momentos deben estar permeados por el trípode de la reflexión en acción, la
reflexión sobre la acción y la reflexión sobre la reflexión en la acción. Es decir, el antes,
marcado por el acto de planificar la lección, que presupone la selección del contenido, su
adecuación al tiempo y espacio de la clase, la claridad de la intencionalidad de la clase a trabajar.
También implica el durante, que sería la clase propiamente dicha, donde el profesor debe estar
atento a la interacción con los alumnos y a las estrategias didácticas utilizadas, tratando de
observar si el aprendizaje se está produciendo. Y también implica el después, que es el momento
en el que el profesor debe tener la sensibilidad para evaluar las interacciones establecidas
durante la clase, la receptividad de las estrategias didácticas elaboradas y el interés de los
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alumnos en relación con los contenidos trabajados. Al fin y al cabo, "[...] Enseñar es trabajar
con seres humanos, sobre seres humanos, para seres humanos(TARDIF; LESSARD, 2012, p.
141, nuestra traducción).
Se ratifica, por tanto, que en este empeño se movilizan saberes diversos: disciplinares,
curriculares, pedagógicos, de experiencia, de tradición pedagógica. Es un conocimiento que se
entrelaza en el trabajo diario de reflexión, ya sea individual o colectivo, posibilitando la
reflexión necesaria para el desarrollo profesional en la escuela o en el aula.
Al escuchar las narrativas de los docentes sobre sus saberes y prácticas, en el ejercicio
de sus respectivas funciones, es posible ingresar, junto con el narrador, al interior del aula y de
la escuela. En estos lugares, escuela y aula, la cultura escolar se engendra en conexión con sus
propias dinámicas, en diálogo con el conocimiento histórico stricto sensu y con la historia viva
en el contexto de las prácticas sociales, culminando en la producción de conocimiento histórico
escolar (MONTEIRO, 2007), que se produce en y por la propia dinámica de la escuela.
Desde esta perspectiva, se buscó escuchar a los docentes entrevistados, centrándonos en
sus experiencias docentes. Sueth (2020) narra emocionado la clase que lo marcó.
Pero hay una clase, que esperaba que llegara el momento. Porque todos los
estudiantes estaban así, encantados [énfasis en la palabra encantado]. No con
la lección, sino con el tema de la lección. [...] Era la Revolución Francesa.
Pero luego, tuve que contarles toda la Revolución Francesa y la metodología
que utilicé, durante todas estas clases de la Revolución Francesa, la
metodología era: antes de darles el esquema y con los datos y con el programa
de la Revolución Francesa, les contaba una historia. Una historia que
realmente sucedió. Era la historia de una de las hijas de Luis XVI. Y enfatizó
la cuestión del comienzo de la Revolución Francesa, cuando los
revolucionarios asaltaron el castillo de Versalles. Paradas más tarde en las
Tullerías. Luego en la cárcel. Luego, en el 9 de Termidor. Luego se fue a
Austria. Luego regresó, con su tío, que era Luis XVIII y murió, si no me
equivoco, en 1850. Luego contaba la historia, haciendo hincapié en su
trayectoria. Pero al contar la historia, todos los datos de la Revolución
Francesa estaban ahí. De causas. Golpe de Termidor, 18º Golpe de
Brumario. Todo estaba contado en esta historia suya. Cuando terminaba la
historia, repasaba el esquema en la pizarra de lo que era interesante guardar,
de lo que estaba allí. No de su pequeña historia. Pero ¿qué había de la
Revolución Francesa para que se quedaran? ¡Uau! Pero quedaron cautivados
por la historia que allí se contaba. [...] Y luego, cuando el cuento estaba
terminado, entraba el esquema de la Revolución Francesa, los datos que
necesitaban conservar y, poco después, llegaba una prueba con las preguntas
relacionadas con lo que dije en clase, pero, sobre todo, con textos para que
fueran capaces de interpretar (SUETH, 2020, n.p., nuestra traducción).
En el fragmento anterior, es posible identificar que, para enseñar los contenidos que
fueron seleccionados durante la Revolución Francesa, en un momento dado y en un contexto
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determinado, el docente optó por una metodología, la narrativa, considerada la más adecuada,
que presenta en todo su desarrollo una relación con el conocimiento disciplinar.
En el acto de narrar "[...] la historia de una de las hijas de Luis XVI. [...] Le conté su
historia. Pero al contar la historia, todos los datos de la Revolución Francesa estaban ahí. De
causas. Golpe de Termidor, 18º Golpe de Brumario. Todo estaba contado en esta historia
suya [...]" (SUETH, 2020, s.p., nuestra traducción), cronológicamente los hechos fueron
contados para dar sentido a lo narrado.
Esta concatenación de los contenidos trabajados tenía como objetivo la comprensión del
proceso de la Revolución Francesa por parte del alumno, a partir de la selección por parte del
profesor de lo que era más importante que los alumnos supieran.
Las narrativas del profesor Sueth revelan que su enfoque didáctico, al apoyarse en la
narrativa como estrategia didáctica, fue utilizado con el fin de acercarse al estudiante y hacer
más atractiva la clase "Porque todos los estudiantes estaban así, encantados", sin embargo,
también revelan una preocupación constante por la articulación de los contenidos a enseñar con
los conocimientos disciplinares, así como la preocupación por el después de la narración:
trabajar textos para que los estudiantes los interpreten.
En cuanto a las experiencias docentes desarrolladas en el aula, Vasconcelos (2020)
recuerda el tema "explotación del trabajo infantil", con referencia a la obra Cidadão de papel.
No si recordaré todos los detalles. Pero una clase que fue muy marcada y
se volvió casi inolvidable, fue una clase que tuve con una clase de quinto
grado. Hoy sería el sexto año [risas]. Estudiantes muy activos. Y trabajé con
mis clases de primaria en el tema de la explotación laboral infantil. Así que
utilicé mucho el libro Paper Citizen, de Gilberto Dimenstein. Así que les
enseñé a los estudiantes, cómo hacer este trabajo con ellos, que dentro de la
Historia es importante no ser un ciudadano de papel, sino ser un ciudadano
consciente. Y uno de los temas que utilicé en esta clase fue el tema de la
explotación del trabajo infantil. Porque vi en esos estudiantes, tan jóvenes,
empezando a entender un poco de sus vidas y todo. Que era necesario que
supieran que tenían hijos que eran explotados. Haz que reflexionen sobre ello.
Porque te dije: si conoces y reflexionas sobre esto y entiendes el sufrimiento
de otros niños que trabajan con esta situación, crecerás y lucharás contra ella.
Nunca vas a dejar que eso continúe. Ellos hicieron toda la investigación. Todo
el mundo tenía que leer este libro, ya sabes, Paper Citizen y hacer una
ilustración. De lo que señalaron. Ilustrar la explotación de los niños. Esos
niños en la carbonería. Esos niños que se cortan los deditos pelando la yuca
para hacer la harina. Así que lo que los niños hicieron y lo que pensaron que
tenía que suceder. Esa era la reflexión que estaban haciendo y una forma de
ilustrar lo que veían, cuál era la situación y cómo pensaban que debía ser.
Luego pusieron a todos los niños jugando, en la escuela y estudiando
(VASCONCELOS, 2020, n.p., nuestra traducción).
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En la narrativa de la profesora se puede ver que su clase estaba organizada desde la
perspectiva del problema-relato. Partió de un tema que fue generando preguntas para que los
estudiantes reflexionaran sobre "la explotación del trabajo infantil" y lo que "pensaban que tenía
que pasar". De esta manera, el problema daba sentido a los contenidos abordados en clase. Al
apropiarse de la literatura, su práctica pedagógica adquiere potencial para trabajar con la
formación del pensamiento histórico de los niños.
Como se puede apreciar en las narraciones de nuestra entrevistada, la obra seleccionada,
Papel Ciudadano, brindó la oportunidad para el ejercicio de la lectura, la reflexión, la
interpretación y las habilidades artísticas de los niños: "[...] Esta fue la reflexión que hicieron y
una forma de ilustrar lo que vieron, cuál era la situación y cómo pensaban que debía ser. Luego
ponen a todos los niños jugando, en la escuela y estudiando" (VASCONCELOS, 2020, s.p.,
nuestra traducción). A pesar de que el trabajo citado no estaba ilustrado, la docente pidió a los
estudiantes que ilustraran las actividades que, a partir de la investigación realizada, la lectura
del libro y las discusiones en clase, entendieron en relación con el tema trabajado. El resultado
son los dibujos de niños jugando y estudiando.
En su narrativa, podemos identificar que la maestra hizo posible que los niños
reflexionaran sobre la realidad, cuestionaran y plantearan hipótesis, así como hicieran
observaciones sobre su realidad y la de los niños retratados en la obra literaria. Este tipo de
actividades resultan poderosas, ya que ayudan a los niños a entender que hay otros tiempos,
otros espacios y que otros niños pueden vivir una realidad muy diferente a la suya. También
pueden percibir que hay continuidades en el proceso histórico, que también existe la explotación
del trabajo infantil. Como señalan Zamboni y Fonseca (2010, p. 342, nuestra traducción), "[...]
La literatura y la historia nos permiten desarrollar el lenguaje, nos dan pistas, pistas para
entender la realidad, nuestra cultura, nuestra identidad. Son mediadores de/para el aprendizaje
humano".
La narrativa de la maestra apunta al trabajo de formación de la conciencia histórica
definida por Rüsen (1992) como un prerrequisito necesario para la orientación en una
determinada situación que exige acción: la acción desarrollada por los niños para suplicar, para
exigir sus derechos y no ser un "ciudadano de papel".
Con relación a las narrativas presentadas por los docentes en el contexto del aula,
podemos inferir que "El hilo de sentido lo da el narrador: el docente" (MONTEIRO, 2007, p.
129, nuestra traducción). Así, el hilo conductor de la narrativa de Sueth (2020) fue entender el
proceso de la Revolución Francesa, el hilo conductor de la narrativa de Vasconcelos (2020) fue
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la explotación del trabajo infantil. Veamos cuál fue el hilo conductor de la narrativa de Franco
(2020):
Mira, una [clase] me causó una gran impresión. Yo diría que fue cuando estaba
enseñando para el curso complementario. (...) en la unidad donde yo enseñaba,
había un director y yo estaba enseñando sobre el gobierno de Vargas. Y tenía
unas ventanas grandes, lo recuerdo perfectamente, y se paró en una ventana,
afuera viendo mi clase [risas]. Y pensé en mi responsabilidad de enseñar con
el director al acecho... Y entonces, [...] empecé a hablar del presente con el
pasado. Empecé hablando del descanso semanal, de la jornada laboral por
hora, de poder enfermarse y seguir cobrando el sueldo. Que tengas las ventajas
que ya tenía el trabajador en ese momento. Empecé la clase exactamente así,
y luego fui al gobierno de Vargas. Entonces, yo digo, mira, pero luego fue que
Vargas se despertó en la mañana y fue muy amable y resuelto... Hoy estoy
muy bien y voy a pensar en los trabajadores. Allí busqué una conexión con las
huelgas obreras, la situación de vida de los trabajadores, las reivindicaciones,
las luchas que culminarán. Así que creo que pude hacer una conexión, pasada
y presente. Hacer una conexión de comprensión de que los personajes
históricos no deben ser analizados para bien o para mal. Nadie es solo bueno
o malo. Tenemos éxitos y fracasos. El gobierno de Vargas cometió errores,
los tuvo. Hubo éxitos, también los hubo. Así que eso es lo que quería, que
realmente reflexionaran. Llegaron a comprender que cada vez que veían un
hecho histórico que buscaban comprender, hay muchos más matices de lo que
sucedió que de lo que sucedió. Y entender que la historia es un proceso. Nada
sucede de la noche a la mañana. Creo que esta clase me causó una gran
impresión (FRANCO, 2020, n.p., nuestra traducción).
El hilo conductor de la narrativa de Franco (2020) fue el Gobierno de Vargas, con un
enfoque en temas laborales. A partir de la narrativa, podemos inferir que el docente conduce el
proceso de enseñanza hacia el aprendizaje en línea con lo defendido por Rüsen (2007), que es
el aprendizaje histórico. Este proceso se operacionaliza a través de la experiencia, la
interpretación y la orientación, que son también elementos constitutivos de la conciencia
histórica:
[...] cuando produce una expansión de la experiencia del pasado humano, un
aumento en la competencia para la interpretación histórica de esa experiencia
y la capacidad de insertar y utilizar interpretaciones históricas en el marco de
las pautas para la vida práctica (RÜSEN, 2007, p. 110, nuestra traducción).
¿Cuál sería esta orientación para la vida práctica? Construir el significado histórico a
partir de la interpretación del propio mundo y de uno mismo, idea defendida por Rüsen (2007)
como competencia narrativa. Así, la narrativa del estudiante puede ser construida a partir de su
propio conocimiento sobre el gobierno de Getúlio Vargas en diálogo con la narrativa del
profesor, habilitando otras narrativas que pueden orientar la vida práctica. Rüsen (2007)
entiende la competencia narrativa como la capacidad de narrar una historia a través de la cual
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la vida práctica se guía en el tiempo. Podemos mencionar, como ejemplo, las conquistas
laborales en el gobierno de Vargas, su permanencia y nuevas orientaciones para las demandas
del trabajo en el que se inserta el sujeto.
Otra cuestión que percibimos que se aborda en la narrativa de Franco (2020) es la
empatía histórica, cuando se refiere a los sujetos históricos: "los personajes históricos no deben
ser analizados para bien o para mal. Nadie es solo bueno o malo". Lee (2003, p. 20, nuestra
traducción) trabaja con el concepto de empatía histórica que puede entenderse "[...] como un
logro, algo que sucede cuando sabemos lo que pensó el agente histórico, cuáles fueron sus
objetivos, cómo entendió esa situación y si conectamos todo esto con lo que hicieron esos
agentes". El autor también advierte que "[...] La comprensión histórica no es en misma un
sentimiento, aunque implica el reconocimiento de que las personas tienen sentimientos. (LEE,
2003, p. 20, nuestra traducción).
En este sentido, el relato de la maestra señala esta comprensión histórica al recordar la
clase: "[...] Vargas se despertó en la mañana y fue muy amable y decidido: hoy estoy muy bien
y voy a pensar en los trabajadores". Al continuar su clase, el profesor Franco (2020) construyó
una narrativa que llevó a Vargas a una determinada toma de decisiones, buscando una conexión
con las huelgas obreras, la situación de vida de los trabajadores, las demandas de mejora, etc.
Así, la empatía histórica no se relaciona con sentir lo que el sujeto sintió, sino con comprender
que las acciones están motivadas por factores sociales, culturales, políticos y económicos y en
las relaciones que establecen a los sujetos en el proceso histórico en un momento histórico
determinado (LEE, 2003).
Al igual que Monteiro (2007), reconocemos que estos docentes fueron agentes y sujetos
de su práctica docente, lo que implica dominio del conocimiento, resultado de un proceso
personal; autonomía en relación con lo que hacían, relacionada con el contexto social y cultural
construido en el desarrollo de la profesión y asociada a disposiciones y condiciones del
momento histórico que vivían.
El tejido está completo, pero no subastado
En este texto, buscamos identificar, a partir de las experiencias narradas por los docentes
entrevistados, cuáles fueron los saberes docentes movilizados en sus respectivas prácticas, con
el fin de develar las narrativas históricas construidas en la enseñanza de la Historia en las
últimas tres décadas del siglo XX en la ciudad de Vitória. En las narrativas presentadas, se
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busca tejer los aspectos que dialogan con las construcciones de narrativas históricas en el aula,
con el devenir docente, teniendo como hilo conductor su formación profesional docente
atravesada por la experiencia escolar, social y familiar.
Al entender que convertirse en docente implica actividades e interacciones humanas,
que tienen lugar en determinados tiempos, espacios y culturas como poseedores de
conocimientos profesionales personalizados y situados, estamos yendo más allá de la
comprensión de reducirlo simplemente a la cognición de los docentes (TARDIF, 2012).
Así, al escuchar la narrativa de cada uno de los docentes, traigo los hilos individuales
en los momentos históricos que vivieron, permitiéndonos entrelazarlos para la construcción de
la trama aquí presentada, envuelta en dictadura, reapertura política y nuevas tendencias teóricas
y metodológicas, por ejemplo, la narrativa de Vasconcelos (2020) al abordar el relato
problemático. Las narrativas de Franco (2020), por otro lado, revelan la resistencia de los
docentes a debatir muchos temas en el aula, pero también destacan el límite de tener tales
debates con los estudiantes.
Las narrativas de nuestros maestros sobre sus prácticas en el aula nos dan señales y
pistas para las narrativas históricas, que tienen características de la conciencia histórica. Rüsen
(1992) formula cuatro tipos de conciencia histórica: a) en el tipo tradicional, las orientaciones
tradicionales presentan la totalidad temporal como una continuidad de modelos de vida y
modelos culturales preescritos más allá del tiempo; b) el tipo ejemplar se refiere a la experiencia
del pasado en forma de casos que representan y encarnan reglas generales del cambio temporal
y de la conducta humana; c) el tipo crítico permite la formulación de puntos de vista históricos,
distinguiéndolos de las orientaciones históricas sostenidas por otros; d) En el tipo genético se
pueden aceptar diferentes puntos de vista porque se integran en una perspectiva integral del
cambio temporal.
Las narrativas permiten afirmar que los docentes entrevistados buscaron en sus
narrativas históricas problematizar los contenidos didácticos seleccionados, estableciendo
relaciones con la vida cotidiana de los estudiantes, así como con la vida cotidiana de otras
personas, en otros tiempos y en otros lugares.
A partir de las narrativas de los docentes, podemos inferir que, con la forma en que
trabajaron con la Historia, se creó la posibilidad de una enseñanza de la Historia que apunta a
formar una conciencia histórica crítico-genética: crítica, porque los docentes fueron capaces de
comparar situaciones relacionadas con ciertos acontecimientos históricos desde diferentes
temporalidades, y genética, porque se apropiaron del conocimiento histórico con enfoques que
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apuntaban a las diferencias, cambios y permanencias en el proceso histórico (SCHMIDT;
GARCÍA, 2005). Así, la historia enseñada fue concebida como una herramienta para actuar en
el mundo, para poder actuar en él y transformarlo.
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CRediT Author Statement
Reconocimientos: No aplicable.
Financiación: No aplicable.
Conflictos de intereses: No hay conflictos de interesses.
Aprobación ética: Los autores siguieron las pautas éticas según la metodología de la
Historia Oral. Después de la transcripción de las entrevistas, volvieron a los profesores
entrevistados para realizar cambios, correcciones, adiciones y supresiones, cuando fuera
necesario. Después de la lectura, los profesores autorizaron la publicación de sus entrevistas
con fines de producción académica. Todos los participantes firmaron una carta de
asignación. Además, de acuerdo con la Metodología de Historia Oral, todos los
participantes renunciaron al criterio de invisibilidad.
Disponibilidad de datos y materiales: No aplicable.
Contribuciones de los autores: Todos los autores participaron plenamente en el proceso
de investigación. Recogida de datos, análisis y elaboración del texto.
Procesamiento y edición: Editora Iberoamericana de Educación - EIAE.
Corrección, formateo, normalización y traducción.
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DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17963 1
WEAVING THE PLOT OF HISTORY TAUGHT IN THE CITY OF VITÓRIA-ES
(1970-1990)
TECENDO A TRAMA DA HISTÓRIA ENSINADA NO MUNICÍPIO DE VITÓRIA-ES
(1970-1990)
TEJIENDO LA TRAMA DE LA HISTORIA ENSEÑADA EN LA CIUDAD DE VITÓRIA-
ES (1970-1990)
Regina Celi Frechiani BITTE1
e-mail: bitteregina@gmail.com
Sônia Maria dos SANTOS2
e-mail: soniaufu@gmail.com
How to reference this article:
BITTE, R. C. F.; SANTOS, S. M. dos. Weaving the plot of history
taught in the city of Vitória-ES (1970-1990). Revista Ibero-
Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 18, n. 00,
e023142, 2023. e-ISSN: 1982-5587. DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v18i00.17963
| Submitted: 10/04/2023
| Revisions required: 02/05/2023
| Approved: 16/06/2023
| Published: 19/12/2023
Editor:
Prof. Dr. José Luís Bizelli
Deputy Executive Editor:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
Federal University of Espírito Santo (UFES), Vitória ES Brazil. Professor/Department of Political Education
and Society (DEPS). Permanent professor of the Postgraduate Program of the Professional Master's in Education
(PPGMPE/UFES). PhD in Education (UFES). Post-doctorate (UFU).
Federal University of Uberlândia (UFU), Uberlândia MG Brazil. Retired Full Professor. PhD in Education:
History, Politics, Society (PUCSP). Post-doctorate (UFMG).
Weaving the plot of history taught in the city of Vitória-ES (1970-1990)
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ABSTRACT: It aims to identify the teaching knowledge and typologies of historical awareness
present in the narratives constructed by History teachers, working in Basic Education, having as a
reference the construction of the epistemology of professional practice defined by Tardif (2000) as
the study of the set of knowledge used by professionals in your workspace to perform all your tasks.
It is theoretically based on Tardif and Lessard's (2012) conceptions of teaching knowledge and
Rüsen's (2007) historical awareness. We support the theoretical contribution of Cultural History
and the research methodology of Oral History in Bom Meihy (1996) and Alberti (2013) by enabling
the elaboration of records and documenting experiences, knowledge and practices of people
regarding their experiences. We can infer that the way they worked in the classroom created the
possibility of a teaching that aims to form historical awareness to act in the world, to be able to act
and transform it.
KEYWORDS: History teaching. Historical awareness. Teaching knowledge. Teacher training.
RESUMO: Objetiva identificar os saberes docentes e tipologias de consciência histórica presentes
nas narrativas construídas por professores de História, atuantes na Educação Básica tendo como
referência a construção da epistemologia da prática profissional definida por Tardif (2000) como
o estudo do conjunto dos saberes utilizados pelos profissionais em seu espaço de trabalho para
desempenhar todas as suas tarefas. Fundamenta-se teoricamente nas concepções de saberes
docentes de Tardif e Lessard (2012) e consciência histórica de Rüsen (2007). Respaldamo-nos no
aporte teórico da História Cultural e na metodologia de pesquisa da História Oral em Bom Meihy
(1996) e Alberti (2013) ao possibilitarem a elaboração de registros e documentar experiências,
saberes e práticas de pessoas a respeito de suas vivências. Podemos inferir que, a maneira como
trabalharam em sala de aula, criou-se a possibilidade de um ensino que visa a formar a consciência
histórica para agir no mundo, para poder nele atuar e transformá-lo.
PALAVRAS-CHAVE: Ensino de história. Consciência histórica. Saberes docentes. Formação
docente.
RESUMEN: Tiene como objetivo identificar los saberes didácticos y las tipologías de conciencia
histórica presentes en las narrativas construidas por profesores de Historia que actúan en la
Educación Básica, teniendo como referencia la construcción de la epistemología de la práctica
profesional definida por Tardif (2000) como el estudio del conjunto de conocimientos que utilizan
los profesionales de su espacio de trabajo para realizar todas sus tareas. Se basa teóricamente en
las concepciones de enseñanza del conocimiento de Tardif y Lessard (2012) y en la conciencia
histórica de Rüsen (2007). Apoyamos el aporte teórico de la Historia Cultural y la metodología de
investigación de la Historia Oral en Bom Meihy (1996) y Alberti (2013) al posibilitar la
elaboración de registros y documentar experiencias, saberes y prácticas de las personas en torno
a sus vivencias. Podemos inferir que la forma en que trabajaron en el aula creó la posibilidad de
una enseñanza que tiene como objetivo formar una conciencia histórica para actuar en el mundo,
para poder actuar y transformarlo.
PALABRAS CLAVE: Enseñanza de la historia. Conciencia histórica. Enseñanza del
conocimiento. Formación de profesores.
Regina BITTE and Sônia SANTOS
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The origin of the wires
This article is the result of research carried out in the post-doctoral internship at the
Federal University of Uberlândia - UFU and aims to identify and socialize teaching knowledge
and the typologies of historical consciousness present in the narratives constructed by History
teachers, working in Basic Education, having as a reference the construction of the
epistemology of professional practice, characterized according to Tardif (2000, p. 13, our
translation) by “[...] study of the set of knowledge actually used by professionals in their daily
workspace to perform all their tasks”, in the history of history taught, between 1970 and 1990
in the municipality of Vitória in the State of Espírito Santo (ES).
To develop the research, we rely on the theoretical contribution of Cultural History and
the research methodology of Oral History, with the aim of “[...] identifying the ways in which
in different places and moments a certain social reality is constructed, thought and given to
read” (CHARTIER, 1990, p. 17, our translation). We sought to identify, for example, the
diverse knowledge that teachers mobilized in their teaching practice.
According to Bom Meihy (1996), Oral History presents itself as an efficient research
resource, by enabling the creation of records and documenting experiences, knowledge and
practices of people regarding their experiences and conceptions:
[...] is a modern resource used for creating documents, archiving and studies
relating to people's social lives. It is always a story of the present time and also
known as living history. [...] oral history presents itself as a way of capturing
the experiences of people willing to talk about aspects of their lives while
maintaining a commitment to the social context (BOM MEIHY, 1996, p. 13,
our translation).
Considering the specificity of the theme of the present investigation, which aims to
identify the historical narratives constructed by teachers in the classroom and stimulate teachers'
memories about the epistemology of professional practice, the modality of Thematic Oral
History was prioritized (BOM MEIHY, 1996), documenting narratives and teaching memories
of specific experiences or processes experienced by the interviewees.
When eliciting memories, it is important to consider them not as something fixed and
static, but rather in a constant process of (re)elaboration, as a careful and detailed work, as Bosi
(1994, p. 55, our translation) clearly asserts, “[...] memory is not a dream, it is work. [...]
Remembering is remaking, reconstructing, rethinking, with today's images and ideas, the
experiences of the past”. This quote takes us back to our interviewee's narrative when he states
that “[...] today, looking at the past, I have much more understanding and I always say: wow, I
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should teach elementary school now [laughs] and not at that time, when I taught, right?”
(FRANCO, 2020, np, our translation).
The fragment shows us this work of memory, in which times merge, as the content of
memory may be the past, but the act of remembering and telling the story of the past is carried
out in the present; therefore, the relationship that is established is a relationship between present
and past (PORTELLI, 2010). It is from the present that we remember the experiences we had
in the past. This allows us to understand the richness of Franco’s (2020) speech, that is, the one
who speaks in the present about the experience of the past.
For Bosi (1994, p. 66, our translation), in memory “[...] what it means remains. It
remains different: sometimes almost intact, sometimes profoundly altered.” Sueth 's narrative
(2020) is in line with Bosi's (1994) speech, when he tells us about a moment in his training in
which “[...] one of the lectures was with Rubem Alves [...]. He told me something that left me
impressed [...] A teacher has to be a prophet of joy” (SUETH, 2020, np, our translation). At
various points in the interview, Professor Sueth repeated the expression “prophet of joy”,
demonstrating that the lecture marked and interfered, in some way, in his teaching practice. In
this way, this teacher decided to make “[...] History not a heavy area. But an area that would
give students the joy of learning about History. [...] To study what happened. Because we are
living this. But do it all with joy” (SUETH, 2020, our translation).
Thus, our [...] interviewees gave us their voice, it was not us who gave it to them”
(PORTELLI, 2010, p. 7, our translation). Voices that constituted our raw material, the threads
that allowed us to weave this text. And, to this end, in obtaining such threads, we established
the following criteria for selecting teachers: that they had a degree in History and that they had
worked in Basic Education in the Municipality of Vitória between the period 1970 and 1990.
We reached these teachers through the recommendation of your pairs. When the teacher
nominated another, he always referred to the commitment that this other had with education.
We justify the choice of teachers based on the precepts defended by Alberti (2013, p. 40, our
translation) in which “the choice of interviewees should not be predominantly guided by
quantitative criteria, by a concern with sampling, but rather based on the position of the
interviewee in the group, of the meaning of their experience”.
There were three teachers who kindly and generously offered to contribute to our
reflections. The three signed the Assignment Term and Free and Informed Consent Form, and
authorized their identification in the text.
Regina BITTE and Sônia SANTOS
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Due to the historic moment experienced by the terrible coronavirus pandemic, we made
the decision to carry out the interviews remotely. With the acquiescence of the participants, we
chose to use the video conference application Zoom.us, with the day and time set for the
respective interviews. With this agreement, we carried out the interviews, which were recorded.
To guide you, we have prepared a semi-structured itinerary. For Thompson (1988, p. 260, our
translation) “[...] questions should always be as simple and direct as possible and in common
language”.
After carrying out the interviews, we moved on to the next stage, which was
transcription, which lasted, on average, ten to twenty hours each. Thompson (1988, p. 297, our
translation) points out that, when transcribing the interview, it is necessary to “[...] develop a
new kind of literary skill that allows your written text to remain as faithful as possible, both to
character and meaning of the original.” Furthermore, according to Meihy and Holanda (2019,
p. 155, our translation) it is important that:
For the narrator to recognize himself in the text of the interview, the
transcription must go beyond the rigorous passage of words from tape to
paper. The literal transcription, although extremely necessary, will only be a
step in creating the final text, which I call textualization because it is the way
of honestly and correctly reproducing the interview in a written text.
By establishing a dialogue between the guidelines of Thompson (1988) and Meihy and
Holanda (2019), we created the text with the narratives of our interviewed teachers, already
with textualization, since, as Meihy and Holanda (2019, p. 155, our translation), “[...] the text
must be 'clean', 'lean' and 'coherent' [...]”, but without losing its original meaning.
That said, we present the teachers who were the subjects of this research. Professor
FRANCO (2020) has a degree in History from the Federal University of the State of Espírito
Santo (Ufes), a degree in Museology from the State University of Rio de Janeiro (UNIRIO), a
master's degree in Education from Ufes, with a doctorate from the University of São Paulo
(USP) and Post-Doctorate at the State University of Rio de Janeiro (Uerj). Professor
VASCONCELOS (2020) has a degree in History from the Federal University of Espírito Santo
(Ufes), with a Postgraduate Degree in Economic and Social History of Brazil at the Salgado
Filho University and a Postgraduate Degree in Entrepreneurial Education at the Pontifical
Catholic Pontifical University (PUC), and Professor SUETH (2020), graduated in History from
the Faculty of Philosophy of Campos, with a Master's and Doctorate in History from the Federal
University of Espírito Santo (Ufes).
Weaving the plot of history taught in the city of Vitória-ES (1970-1990)
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Thus, in this article, we seek to weave the threads brought by teachers with other threads
arising from scientific publications about teaching knowledge and practices.
The coming and going of threads: weaving the web of teaching experience and knowledge
In order to weave together the various threads that make up teaching knowledge,
explained in the narratives of the interviewed teachers, who worked in the last three decades of
the 20th century, we evoke for our dialogue the authors Tardif (2000), Monteiro (2007) and
Fonseca (2003).
In Brazil, from the 1990s onwards, several studies turned their attention to the
complexity of educational practice and teaching knowledge, taking as the center of their
analysis teacher training beyond the academy, by understanding the importance of considering
this in research. the personal, professional and organizational development of the teaching
profession (BORGES; BITTE, 2017).
Failure to consider the teacher and his or her real conditions of action brings
with it a lack of reflection on the plurality of knowledge that is mobilized in
the exercise of the role and which, as a result of this lack of reflection, is, in
most cases, confined to the privacy of isolated teaching experiences that,
although they may have great validity and many contributions to the process
of improving the quality of teaching, are not socialized and, therefore, are lost
in the anonymity of each teacher (BORGES; BITTE, 2017, p. 36, our
translation).
In the quest to give visibility to the complexity of knowledge constituted in (and for) the
exercise of teaching activity, discussions on teacher training and professionalization and
reflections on “teaching knowledge” were generated and systematized throughout the 1990s.
According to Tardif, teaching knowledge is plural, constituting an amalgam of
knowledge: those that derive from the contribution that the human sciences offer to education
and pedagogical knowledge and are transmitted by teacher training institutions; the knowledge
of the disciplines, which incorporate social knowledge, defined and selected by the university
institution and correspond to the different fields of knowledge; curricular knowledge, which is
presented as a form of curricular programs and corresponds to discourses, objectives, contents
and methods; and knowledge from experience, which, in turn, is constituted in the daily practice
of the profession, in a context of multiple interactions (TARDIF, 2012).
For Monteiro (2010), such knowledge, when stimulated, contributes to the formation of
knowledge allocated in a border zone by receiving contributions from different areas of
Regina BITTE and Sônia SANTOS
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knowledge, such as the curriculum, general didactics, history didactics, and theory of history.
This knowledge is defined as “plural, composite, flexible, temporal” (RASSI; FONSECA,
2006, p. 109, our translation), constructed throughout the subject’s personal and professional
trajectory.
In this way, degree courses become places of reference to encourage the discussion of
this knowledge that is part of the construction of the teacher's personal and professional identity
and ways of being in the future profession. Thus, the History teacher would be trained to master
not only procedures of the historical method, but also a set of knowledge and skills that qualify
him for the professional practice of teaching.
We sought to map and weave, based on signs and clues in the narratives of our
interviewees, the fabric of teaching knowledge understood in this research as “[...] social
construct produced by the concrete rationality of the actors, by their deliberations,
rationalizations and motivations that constitute the source of your judgments, choices and
decisions” (TARDIF, 2012, p. 223, our translation). We seek not to give subsidies to the
teacher, to “detect the traps of memory” (FONSECA, 2003, p. 116, our translation), but rather
to relax, remember and talk, without fear, about the mistakes and successes of their practice. In
the reports of our interviewed teachers, issues that involved initial training, starting to teach,
being a teacher came to mind, remembered with emotion and joy, but also accompanied by
challenges.
Professor Vasconcelos (2020) describes the beginning of her initial training at a time of
transition in the country.
I entered Ufes in 1983. And what really marked this period, when I entered
university, was that period of transition that we were experiencing towards the
re-democratization of the country. So, it was a period in which we saw a lot
of things from the military government. There was still a lot of military
government stuff within the university and that eagerness, that desire to learn
more about freedom. To read Karl Marx more freely. To read Weber... and we
understand all of this better. So, I say that it was a fruitful period, especially
for those in the humanities, for History students (VASCONCELOS, 2020, np,
our translation).
The Brazilian educational scenario, History teaching and the training of professionals
in the field underwent significant changes between the 1980s and 1990s. Modifications and
new restructuring of the curriculum, education and training, as well as the influences of “[...]
new” historiographical trends that gained visibility with the country’s political opening process
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(MOREIRA, 2003). These changes are present in our interviewee's speech when she mentions
the period of transition and re-democratization of the country.
Professor Franco (2020, np, our translation) also tells us about his initial training:
I started higher education in 1975 when I passed the entrance exam in History
here at the Federal University of Espirito Santo (Ufes), where I completed this
course. [...] I only did a degree, I didn't do a bachelor's degree. If I remember
correctly, at the time I studied I didn't even have a bachelor's degree. It was
just a degree. As far as I remember, it was just a degree.
As previously mentioned, Professor Franco and Professor Vasconcelos completed their
undergraduate studies at the Federal University of Espírito Santo (Ufes), while Professor Sueth
completed his undergraduate studies in the state of Rio de Janeiro, as he narrates:
I graduated from the Faculty of Philosophy of Campos. And... because at the
time, the History course was taught at the Faculty of Philosophy. Then I took
my History course and graduated. At first, I taught History classes. But, before
graduating and even after graduating, I also taught Portuguese and
Mathematics [laughs]. At the time, this was allowed, it was in the 1970s [...].
I taught Portuguese and Mathematics for a few years. I was new, I was young
and, from time to time, I even meet, on the internet, Facebook, my old students
from that time, who were a little younger than me. Because I was young and
taught seventh and eighth grade and also high school. It was the Accounting
course. So, the students were all a little younger than me and, in the
Accounting course, some were even older than me. From time to time, I have
met several of them and established contacts. Everyone is done in life, well
placed and everything. But they were Portuguese and Mathematics classes and
then History classes too. I also taught at the same college where I graduated,
I taught History at the Faculty of Philosophy of Campos. But then I ended up...
I didn't dedicate myself to teaching anymore, I ended up traveling to the
United States, I went to Europe. Take a tour of the world, right? And when I
returned, in the 1990s, I resumed my teaching activities. And then, I come to
Vitória (SUETH, 2020, np, our translation).
When talking about his training, Professor Sueth shares the beginning of his teaching,
having already graduated as an undergraduate in History. But long before becoming a teacher,
he tells us what he considers to be his first teaching experience.
Since I was a child, I have always loved passing on my knowledge to others.
And I remember the first class I gave in my life. I was nine years old. And...
my aunt Maria, who unfortunately has already died, was a regular teacher and
taught primary school, in the interior, which is primary school 1 today. And
one day she called me. Knowing that I had good grades at school, he asked
me: Don't you want to teach a Portuguese class to my students? I remember
that.... I think... I'm not really sure. But it was about “pronoun”. So, I went
with her. We took the train. It took half an hour to get to her school. I went
along. And I gave my first “pronoun” class. I was nine years old. And, from
then on, I enjoyed teaching (SUETH, 2020, np, our translation).
Regina BITTE and Sônia SANTOS
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Sueth 's narrative takes us back to the reflections of Tardif (2012), when outlining the
plurality of teaching knowledge, as well as its origin, which are far from being produced solely
and exclusively at the university. They can be external to the job of teaching and come even
before the career itself. In the case of our interviewee, the experience comes as a result of the
invitation made by “aunt Maria”, a member of the family who was a teacher, remembered with
affection (due to expressions on the narrator's face) and a reference in his personal and
professional life.
For Franco (2020), his beginnings in teaching took place in his early years, when he
began studying History.
I'm going to talk a little about other experiences, because I didn't just have
experiences at higher education. I also had experience with what we now call
elementary education, which was in 1975. It was very common. I don't know
if it's still very common. But at that time, I'm talking about 40 years ago
[laughs], 45 years ago it was like that, we entered university and it opened up
the prospect of working. And so I obviously, out of economic necessity, went
to work. I needed to earn some money to survive, to support myself effectively
and so I went to teach History in what we call elementary school today. At
that time, we called it first grade and I taught grades five to eight (FRANCO,
2020, np, our translation).
Vasconcelos (2020) also started teaching when he was studying the second semester of
his degree in History.
I started just a few months ago, with one semester at college... I started at a
public state school, when I was still far from teaching practice classes, which
usually take place at the end of the course, right, Regina? Without having this
knowledge of teaching practice, without having Didactics and still without the
notion of what a methodology would be for us to be able to apply. It was all
very difficult, you know. [...] And so I saw that I needed to learn all this and I
hadn't reached that stage at university. So, I say that we learned a little bit,
kind of by force (VASCONCELOS, 2020, np, our translation).
It is in this context, even before becoming a teacher, that our interviewees shape their
teaching identity. For Nóvoa (1997), there is a connection between the teacher's identity and
his historical context that influences the way he teaches. In this process, knowledge, theories
learned in schools, teaching practices from old masters and colleagues are mixed in everyday
situations. As Professor Vasconcelos (2020, np, our translation) points out, “[...] we ended up
learning by observing other more experienced colleagues in preparing the class, in the
classroom. I don't even know if it's correct for us to say this, but, at that time, we used the
expression 'classroom control'. And so, they were very difficult years at the beginning.”
Weaving the plot of history taught in the city of Vitória-ES (1970-1990)
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Professor Franco shares these memories, narrating that:
[...] when I studied at the infamous Borges Hermida, I don't know if you ever
had access to any of Borges Hermida's books. But it was the bam... bam... bam
... of the time of textbooks. Borges Hermida was like that, you had the points
and then there were the questionnaires. You had to answer those
questionnaires. Back when I was teaching, we were already looking for books
that suggested, that made some indications of other readings, you know, other
texts to complement. Exercises that sought much more reflection, reasoning,
which in my time was not possible as a student who was memorizing
(FRANCO, 2020, np, our translation).
Professor Franco's narrative, if, on the one hand, shows us a teaching that valued
memorization to the detriment of reflection, on the other hand, it points out important
characteristics for the training of History teachers, which are reflection, criticality, character
politicizing teaching work. These characteristics are rarely present, both in their training and in
that of Vasconcelos (2020), perhaps due to the context in which they were inserted, that of the
military dictatorship. This school experience made Franco (2020) search for contextualized and
more reflective History teaching.
Sueth’s narratives (2020) reveal to us a concern with the issue of discipline
[...] at the beginning, when I was teaching when I was 19, 20 years old, for
example, to an eighth grader... I was very angry. Students tell me that I
imposed myself a lot. Because it was a necessity. The age difference... it
seemed to me that there was a need, because of the age difference, which was
very small. If I didn't do this, I wouldn't be able to maintain discipline with
them. But then, as time went by, I completely changed, so that at Ifes my
relationship with the students was different, completely different, right
(SUETH, 2020, np, our translation).
From the narrative we can infer that the challenges for teachers who are starting their
careers are numerous. However, to overcome them, future teachers search their school and
personal life history for knowledge, skills, beliefs and values, which structure their personality
and their relationships with others, being re-updated, restructured, re-signified in the practice
of their craft (TARDIF, 2012).
Therefore, thinking about how these teachers intertwined training procedures and
practices of teaching and learning History was the guiding thread of this work. We seek to listen
to them to find out what they did, within the real working conditions found to teach. We listened
attentively to the teachers as they narrated their experience in the classroom, considered by
them as one that “remarked a lot”, “which kept waiting for the day of that class to arrive” and
which was “unforgettable”.
Regina BITTE and Sônia SANTOS
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Teaching knowledge and practices: threads that intersect in the fabric of the history
taught...
Although it is essential to know the content of the subject to be taught, the work carried
out in the classroom is not limited to this disciplinary knowledge.
When entering the classroom, the teacher enters a work environment made up
of human interactions. Interactions with students do not represent, therefore,
a secondary or peripheral aspect of work with teachers: they constitute the
core and, for this reason, determine [...] the nature of the procedures (TARDIF,
2012, p. 118, our translation).
It follows, therefore, that to teach you need to know. Know what, how and why to teach.
This, in turn, involves and requires the teacher to mobilize a plurality of knowledge. Entering
the classroom presupposes the before, during and after. And, as Schön (2000) rightly points
out, these three moments must be permeated by the tripod of reflection in action, reflection on
action and reflection on reflection in action. In other words, the before, marked by the act of
planning the class, which presupposes the selection of content, its adaptation to the time and
space of the class, the clarity of intentionality of the class to be worked on. It also involves the
during, which would be the class itself, where the teacher must be attentive to the interaction
with the students and the teaching strategies used, trying to observe whether the learning is
taking place. And, also, it involves the after, which is the moment in which the teacher must
have the sensitivity to evaluate the interactions established during the class, the receptivity of
the didactic strategies developed and the students' interest in relation to the content covered.
After all, “[...] teaching is working with beings, human beings, about human beings, for human
beings” (TARDIF; LESSARD, 2012, p. 141, our translation).
It is therefore confirmed that in this endeavor, diverse knowledge is mobilized:
disciplinary, curricular, pedagogical, experience, pedagogical tradition. This is knowledge that
is intertwined in the daily work of reflection, whether individual or collective, enabling the
reflection necessary for professional development at school or in the classroom.
When we listen to teachers' narratives about their knowledge and practices, in the
exercise of their respective functions, it is possible for us to enter, together with the narrator,
the interior of the classroom and the school. In these places, school and classroom, school
culture is engendered in connection with its own dynamics, in dialogue with historical
knowledge stricto sensu and with living history in the context of social practices, culminating
in the production of school historical knowledge (MONTEIRO, 2007), which is produced in
and by the dynamics of the school.
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From this perspective, we sought to listen to the interviewed teachers, focusing on their
teaching experiences. Sueth (2020) narrates with excitement, with a sparkle in his eyes, the
class that marked him.
But there is one class, which I was hoping for the moment to come. Because
all the students were like that, enchanted [emphasis on the word enchanted].
Not with the class, but with the topic of the class. [...] It was the French
Revolution. But then, I had to give the entire French Revolution and the
methodology that I used, during all these classes on the French Revolution,
the methodology was: before giving the outline and with the data and the
syllabus of the French Revolution, I told a story for them. A story that really
happened. So, it was the story of one of Luiz XVI's daughters. What happened
to her? And he emphasized the question for the beginning of the French
Revolution when the revolutionaries invaded the castle of Versailles. Then at
the Tuileries. Then in prison. Then in the 9 of Thermidor. Then she went to
Austria. Then she returns, with her uncle, who was Luiz XVIII and she dies,
if I'm not mistaken, in 1850. So, I told the story, emphasizing her trajectory.
But when recounting the trajectory, all the data of the French Revolution was
there. Of causes. Blow of the 9th of Thermidor, the Blow of the 18th of
Brumaire. Everything was told in her story. When I finished the story, I would
show the outline on the board of what I wanted to keep, of that. Not from her
story. But what did the French Revolution have for them to keep? Our! But
they were enchanted by the story that was told there. [...] And then, once the
story was finished, the scheme of the French Revolution came in, the data they
needed to keep and, soon after, a test came in with questions related to what I
said in class, but above all, with texts for them to interpret (SUETH, 2020, np,
our translation).
In the excerpt above, it is possible to identify that, to teach the content that was selected
about the French Revolution, at a given moment in a given context, the teacher opted for a
methodology, the narrative, considered the most appropriate, which he presents throughout his
development relationship with disciplinary knowledge.
In the act of narrating “[...] the story of one of Luiz XVI’s daughters. [...] I told her story.
But when recounting the trajectory, all the data of the French Revolution was there. Of causes.
Blow of the 9th of Thermidor, the Blow of the 18th of Brumaire. Everything was told in her
story [...]” (SUETH, 2020, np, our translation), chronologically the events were being told to
give meaning to what was narrated.
This concatenation of the contents worked aimed at understanding the process of the
French Revolution by the student, based on the teacher's selection of what was most important
for the students to know.
Sueth's narratives reveal that his teaching approach, by relying on narrative as a teaching
strategy, was used with the aim of getting closer to the student and making the class more
attractive “Because all the students were like that, enchanted”, in the However, they also reveal
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a constant concern about articulating the content to be taught with disciplinary knowledge, as
well as the concern with what happens after the narrative: working on texts for students to
interpret.
Regarding the teaching experiences developed in the classroom, Vasconcelos (2020)
remembers the topic addressed “exploitation of child labor”, with reference to the work Cidadão
de Papel.
I don't know if I'll remember all the details. But one class that really stood out
and became almost unforgettable was a class I had with a fifth-grade class.
Today would be the sixth year [laughs]. Very active students. And I worked
with my elementary school classes on the issue of child labor exploitation. So,
I used the book Cidadão de Papel, by Gilberto Dimenstein, a lot. So, I taught
the students, to do this work with them, that within History it is important for
us not to be paper citizens but to be conscious citizens. And one of the themes
I used in this class was the issue of child labor exploitation. Because I saw
those students, so young, starting to understand a little about their lives and
everything. That it was necessary for them to know that there were children
who were being exploited. Make them reflect on this. Because I said: if you
know and reflect on this and understand the suffering of other children who
work with this situation, you will grow and combat it. You will never let this
continue to happen. They did all the research. Everyone had to read this book,
right, Cidadão de Papel and draw an illustration. What they pointed out.
Illustrate children being exploited. Those kids at the charcoal factory. Those
children who cut their fingers while peeling cassava to make flour. So, what
the children did and what they thought had to happen. This was their reflection
and a way of illustrating what they saw, what the situation was and how they
thought it should be. Then they had all the children playing, at school and
studying (VASCONCELOS, 2020, np, our translation).
In the teacher's narrative, it can be seen that her class was organized from the perspective
of the problem story. The starting point was a theme that generated questions for students to
reflect on “the exploitation of child labor” and what “they thought had to happen”. In this way,
the problem gave meaning to the content covered in class. By appropriating literature, its
pedagogical practice gains potential for working with the formation of children's historical
thinking.
As can be seen from our interviewee's narratives, the selected work, Cidadão de Papel,
provided opportunities for children to exercise reading, reflection, interpretation and artistic
skills: “[...] this was the reflection they made and a way of illustrating what they saw, what the
situation was and how they thought it should be. Then they had all the children playing, at
school and studying” (VASCONCELOS, 2020, np, our translation). Although the work
mentioned was not illustrated, the teacher asked the students to illustrate the activities that they,
based on the research carried out, reading the book and discussions in the classroom, understood
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in relation to the topic being discussed. The result are drawings of children playing and
studying.
In her narrative, we can identify that the teacher allowed the children to reflect on reality,
question and raise hypotheses, as well as make observations about their reality and that of the
children portrayed in the literary work. This type of activity is powerful, helping children
understand that there are other times, other spaces and that other children can live a reality very
different from theirs. They can also realize that there are permanence in the historical process,
that there is still the exploitation of child labor. As Zamboni and Fonseca (2010, p. 342, our
translation) point out, [...] literature and history enable us to develop language, they provide
us with clues, clues for understanding reality, our culture, our identity. They are mediators of/for
human learning”.
The teacher's narrative signals the work of forming the historical consciousness defined
by Rüsen (1992) as a necessary prerequisite for guidance in a given situation that demands
action: the action developed by children to plead, demand their rights and not be a “paper
citizen”.
In relation to the narratives presented by teachers in the classroom context, we can infer
that “The thread of meaning is given by whoever narrates: the teacher” (MONTEIRO, 2007, p.
129, our translation). Thus, the thread of Sueth's narrative (2020) was to understand the process
of the French Revolution, the thread of Vasconcelos' narrative (2020) was the exploitation of
child labor. Let’s see what the thread of Franco’s narrative was (2020):
Look, one [class] really impacted me. I would say it was when I was teaching
secondary school. (...) in the unit where I taught there was a director and I was
teaching about the Vargas government. And he had some big windows, I
remember that perfectly, and he stood in a window, outside watching my class
[laughs]. And I thought about my responsibility to teach with the director
lurking... And then, [...] I started talking from the present to the past. I started
talking about weekly rest, working hours, the possibility of being sick and still
receiving your salary. That you have the advantages that workers already had
at that time. I started the class exactly like that and then I went to the Vargas
government. So, I say, look, but then Vargas woke up in the morning and was
very good and decided... today I'm very good and I'm going to think about the
workers. Then, I looked for a connection with the workers' strikes, the
worker's life situation, the demands, the struggles that will culminate. So I
think I managed to make a connection, past and present. Make a connection
to understand that historical characters should not be analyzed for good or bad.
No one is just good or just bad. We have successes and failures. The Vargas
government had mistakes, it did. There were successes, there were also. So
that's what I wanted, for them to actually reflect. They would come to
understand that whenever they see a historical fact that they seek to
understand, there are many more nuances to what happened than what
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happened. And understand that history is a process. Nothing happens
overnight. I think this class really impacted me (FRANCO, 2020, np, our
translation).
The guiding thread of Franco's narrative (2020) was the Vargas Government with a
focus on labor issues. From the narrative, we can infer that the teacher conducts the teaching
process for learning in line with that defended by Rüsen (2007), which is historical learning.
This process is operationalized through experience, interpretation and guidance, which are also
constitutive elements of historical consciousness:
[...] when it produces an expansion of the experience of the human past, an
increase in competence for historical interpretation of this experience and the
ability to insert and use historical interpretations within the framework of
guidelines for practical life (RÜSEN, 2007, p. 110, our translation).
What would this orientation be for practical life? Build historical meaning based on the
interpretation of your world and yourself, an idea defended by Rüsen (2007) as narrative
competence. Thus, the student's narrative can be constructed based on their own knowledge
about Getúlio Vargas' government in dialogue with the teacher's narrative, enabling other
narratives that can guide practical life. Rüsen (2007) understands narrative competence as the
ability to narrate a story through which practical life receives an orientation in time. We can
cite, as an example, the labor achievements during the Vargas government, their continuation
and new guidelines for the demands of the work in which the subject finds himself inserted.
Another issue that we see being addressed in Franco’s narrative (2020) is historical
empathy, when he refers to historical subjects “historical characters should not be analyzed
for good or bad. No one is just good or just bad.” Lee (2003, p. 20, our translation) works with
the concept of historical empathy which can be understood “[...] as an achievement
something that happens when we know what the historical agent thought, what their objectives
were, how they understood that situation and if we connect all of this with what those agents
did.” The author also warns that “[...] historical understanding is not itself a feeling, although it
involves the recognition that people have feelings” (LEE, 2003, p. 20, our translation).
In this sense, the teacher's narrative signals this historical understanding when recalling
the class: “[...] Vargas woke up in the morning and was very good and decided: today I am very
good and I will think about the workers”. As he continued his class, Professor Franco (2020)
built a narrative that led Vargas to make a determined decision, seeking a connection with the
workers' strikes, the workers' living situation, demands for improvement, etc. Therefore, the
Historical empathy is not related to feeling what the subject felt, but rather understanding which
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actions are motivated by social, cultural, political and economic factors and the relationships
that establish subjects in the historical process at a given historical time (LEE, 2003).
Like Monteiro (2007), we recognize that these teachers were agents and subjects of their
teaching practice, which implies mastery of knowledge, the result of a personal process;
autonomy in relation to what they did, related to the social and cultural context built in the
development of the profession and associated with dispositions and conditions of the historical
moment they experienced.
The fabric is ready, but not concluded
In this text we seek to identify, based on the experiences narrated by the interviewed
teachers, what teaching knowledge was mobilized in their respective practices, with the aim of
revealing the historical narratives constructed in the teaching of History in the last three decades
of the 20th century in the city of Vitória. In the narratives presented, we seek to weave the
aspects that dialogue with the constructions of historical narratives in the classroom, with
becoming a teacher, having as a guiding thread his professional teaching training crossed by
school, social and family experience.
By understanding that becoming a teacher involves human activities and interactions,
which take place in certain times, spaces and cultures as holders of personalized and situated
professional knowledge, we are going beyond the understanding of reducing it simply to the
cognition of teachers (TARDIF, 2012).
Thus, by listening to the narrative of each of the teachers, I bring the individual threads
in the historical moments they experienced, allowing us to interweave them to build the plot
presented here, surrounded by dictatorship, political reopening and new theoretical and
methodological trends, for example, the narrative of Vasconcelos (2020) when addressing the
problem story. Franco's (2020) narratives reveal teacher resistance when debating many topics
in the classroom, however, it also highlights the limit to holding such debates with students.
Our teachers' narratives about their classroom practices give us signs and clues about
historical narratives, which bring characteristics of historical consciousness. Rüsen (1992)
formulates four types of historical consciousness: a) in the traditional type, traditional
orientations present the temporal totality as a continuity of life models and pre-written cultural
models beyond time; b) the exemplary type refers to past experience in the form of cases that
represent and personify general rules of temporal change and human conduct; c) the critical
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type allows us to formulate historical points of view, distinguishing them from historical
orientations held by others; d) in the genetic type, different points of view can be accepted
because they are integrated into a comprehensive perspective of temporal change.
The narratives allow us to affirm that the interviewed teachers sought in their historical
narratives to problematize the selected teaching contents, establishing relationships with the
students' daily lives, as well as with the daily lives of other people, in other times and in other
places.
From the teachers' narratives, we can infer that, with the way they worked on History,
the possibility of teaching History was created that aims to form critical-genetic historical
consciousness: critical, because teachers were able to compare situations related to certain
historical events from different temporalities, and genetics, because they appropriated historical
knowledge with approaches that aimed at differences, changes and continuities in the historical
process (SCHMIDT; GARCIA, 2005). Thus, the History taught was seen as a tool to act in the
world, to be able to act in it and transform it.
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CRediT Author Statement
Recognitions: Not applicable.
Financing: Not applicable.
Conflicts of interest: There are no conflicts of interest.
Ethical approval: The authors followed ethical guidelines according to the Oral History
methodology. After transcribing the interviews, they returned to the interviewed teachers to
make changes, corrections, additions and deletions, when necessary. After reading, the
teachers authorized the publication of their interviews for academic production purposes.
All participants signed a Letter of Assignment. Furthermore, according to the Oral History
Methodology, all participants dispensed with the invisibility criterion.
Availability of data and material: Not applicable.
Author contributions: All authors participated fully in the research process. Data
collection, analysis and preparation of the text.
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
Review, formatting, standardization, and translation.