Do formalismo didático à experiência da consciência: Paulo freire e a substantividade democrática na escola pública-popular

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21723/riaee.v14i1.11144

Palavras-chave:

Substantividade democrática, Experiência da consciência, Paulo Freire, Didática, Escola pública-popular

Resumo

O presente estudo de cunho teórico-bibliográfico ancora-se na teoria freiriana para denunciar a obsolescência do papel da didática no que compete à experiência da consciência (HEGEL, 2014), bem como visa analisar a sua equivocada tentativa de dar proeminência à socialização dos aspectos culturais já convencionados. A constituição de um fluxo de divulgadores, admiradores e comentadores concentrados em universidades e que, sob a égide da salvaguarda da tradição intelectual e do discurso revolucionário de Freire, acabou por convertê-lo em um autor (BRAYNER, 2015). Além de atenuar uma concepção pedagógica de educação popular, preceitos estéticos, culturais e políticos que fundamentam para além do fazer da sala de aula foram se modificando. Assumir a diretividade da educação em uma perspectiva democrática é um dos pontos de reflexão deste estudo. Uma educação para a liberdade nada tem a ver com o espontaneísmo. Todavia, a didática tem sido uma área bastante prejudicada por uma leitura descompromissada dos mais recentes paradigmas filosóficos educacionais. Posicionamentos equivocados vêm sendo adotados em nome de um suposto respeito à individualidade do aluno, que nada mais são que um espontaneísmo licencioso sob o pretexto de práticas não diretivas. Esse conflito demanda melhor elucidação da relação intrínseca entre os aspectos políticos didático-pedagógicos e a liberdade da experiência da consciência, a qual Freire (1990) chamou de substantividade democrática.

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Biografia do Autor

Gomercindo Ghiggi, Universidade Federal de Pelotas (UFPel)

Prof. Titular do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Graduado em Filosofia pela Universidade Católica de Pelotas (UCPel) e Doutor em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Pesquisador do Grupo de Pesquisa Filosofia, Educação e Práxis Social (FEPráxiS) da UFPel. 

Priscila Monteiro Chaves, Universidade do Oeste de Santa Catarina

Doutora e Mestra em Educação pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Professora Permanente do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC). Líder do Grupo de Pesquisa Educação, Políticas Públicas e Cidadania da Unoesc e pesquisadora do Grupo de Pesquisa Filosofia, Educação e Práxis Social (FEPráxiS) da UFPel

Dirlei de Azambuja Pereira, Universidade Federal de Pelotas (UFPel)

Prof. Adjunto da Universidade Federal de Pelotas. Graduado em Pedagogia pela Universidade Federal de Pelotas e Doutor em Educação pela mesma Universidade. Vice-líder do Grupo de Pesquisa Filosofia, Educação e Práxis Social (FEPráxiS) da UFPel.

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Publicado

01/01/2019

Como Citar

GHIGGI, G.; CHAVES, P. M.; PEREIRA, D. de A. Do formalismo didático à experiência da consciência: Paulo freire e a substantividade democrática na escola pública-popular. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 14, n. 1, p. 46–62, 2019. DOI: 10.21723/riaee.v14i1.11144. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/iberoamericana/article/view/11144. Acesso em: 19 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos teóricos