Medicalização da educação e os sentidos do não aprender discursivizados na documentação pedagógica: um olhar para o discurso da escola

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21723/riaee.v15iesp5.14567

Palavras-chave:

Medicalização da educação, Doenças do não aprender, Linguagem Escrita

Resumo

No campo da educação, há uma rede de explicações medicalizadoras e patologizadoras que buscam justificar o não aprender, sob a qual proliferam doenças do não aprender atribuídas a alunos em fase inicial do processo formal de apropriação da escrita. Com base em tais ideias, o presente estudo objetivou compreender os sentidos sobre o não aprender nos discursos escritos de uma escola de Ensino Fundamental apontada, num município de médio porte do interior paulista, como a que possui o maior número de professores com queixas sobre alunos que não aprendem. A partir de pesquisa documental, o processo de geração e compreensão dos dados aqui considerados se remete especificamente à situação de duas crianças matriculadas em classes de 1º e 2º anos, respectivamente. Os resultados, pautados nos enunciados discursivizados pela escola, nessa documentação, indiciaram um processo de assujeitamento dessas crianças do processo de apropriação dessa modalidade de linguagem, bem como a naturalização de sentidos do não aprender constituídos sob tendências medicalizadora e patologizadora dos processos educativos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Claudia Regina Mosca Giroto, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Marília – SP

Docente no Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) e do Departamento de Educação Especial, Faculdade de Filosofia e Ciências (FFC). Docente no Programa de Pós-Graduação em Educação Escolar (PPGEE), Faculdade de Ciências e Letras (FCLAr/UNESP) – Araraquara. Doutora em Educação (UNESP). Projeto CNPq Processo nº 406241/2016-3.

Jaqueline Belga Marques, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Araraquara – SP

Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Educação Escolar. Projeto CNPq Processo nº 406241/2016-3.

Amanda Trindade Garcia, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Marília – SP

Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Educação. Projeto CNPq Processo nº 406241/2016-3.

Referências

BAKHTIN. M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes. 2011.

CHRISTOFARI, A. C. Modos de ser e de aprender na escola: medicalização (in) visível? Orientador: Cláudio Roberto Baptista. 2014. 173 f. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2014.

COLLARES, C. A. L.; MOYSÉS, M. A. A. Preconceitos no cotidiano escolar: a medicalização do processo. In: Medicalização de crianças e adolescentes: conflitos silenciados pela redução de questões sociais a doença de indivíduos. Conselho Regional de Psicologia em São Paulo. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2010.

COLLARES, C. A. L.; MOYSÉS, M. A. A. Medicalização: o obscurantismo reinventado. In: COLLARES, C. L.; MOYSÉS, M. A.; RIBEIRO, M. F. (Org..). Novas capturas, antigos diagnósticos na era dos transtornos. São Paulo: Mercado de Letras. 2013.

FREITAS, C. R.; BAPTISTA, C. R. Mais rápidas que a escola: crianças referidas como hiperativas no contexto escolar. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 14, n. esp. 1, p. 791-806, 2019. DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v14iesp.1.12207

GARCIA, A. T. Como os processos de medicalização respondem às políticas públicas e avaliações externas: um olhar a partir do discurso de uma escola de alto IDEB. 2019. 116 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Estadual Paulista, Marília, 2019.

GERALDI, J. W. Portos de passagem. São Paulo: Martins Fontes, 2013.

GIROTO, C. R. M., ARAÚJO, L. A.; VITTA, F. C. F. Discursivização sobre “doenças do não aprender” no contexto educacional inclusivo: o que dizem os professores de educação infantil? Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 14, n. esp. 1, p. 807-825, 2019. DOI: https://doi.org/ 10.21723/riaee.v14iesp.1.12208

GUARRIDO, R. A Biologização da vida e algumas implicações do discurso médico sobre a educação. In: Medicalização de crianças e adolescentes: conflitos silenciados pela redução de questões sociais a doenças individuais. Conselho Regional de Psicologia; Grupo Interinstitucional Queixa Escolar. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2010. p. 27- 40.

MARQUES, J. B. Os sentidos do não aprender na perspectiva de alunos do ensino fundamental I, professores e familiares. Orientador: Claudia Regina Mosca Giroto. 2018. 158 f. Dissertação (Mestrado em Educação Escolar) – Universidade Estadual Paulista Araraquara, 2018.

MIOTELLO, V. Algumas anotações para pensar a questão do método em Bakhtin. In: GRUPO DE ESTUDOS DOS GÊNEROS DO DISCURSO – GEGe. Enfrentando questões de metodologia bakhtiniana. São Carlos, SP: Pedro & João Editores, 2012.

PATTO, M. L. S. A produção do fracasso escolar: histórias de submissão e rebeldia. São Paulo: Casa do Psicólogo.

PINAZZA, M. A.; FOCHI, P. S. Documentação pedagógica: observar, registrar e (re) criar significados. Revista Linhas, Florianópolis, v. 19, n. 40, p. 184-199, 2018.

SAVIANI, D. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. São Paulo: Cortez/Autores Associados, 1991.

SOLÀ, M. B. A arte do pintor de paisagens. Pátio Infantil, Porto Alegre, v. 4, n. 12, p. 40-42, 2007.

VIGOTSKI, L. S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 7. ed. São Paulo: Martins Fontes. 2007.

VIGOTSKI, L. S. Aprendizagem e desenvolvimento intelectual na idade escolar. In: VIGOSTKY, L. S.; LURIA, A.; LEONTIEV, A. N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. 11. ed. São Paulo: Ícone, 2012. p. 103-116.

VOLÓCHINOV, V. Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. Ensaio introdutório de Sheila Grillo. São Paulo: Editora 34, 2017.

Publicado

01/12/2020

Como Citar

GIROTO, C. R. M.; MARQUES, J. B.; GARCIA, A. T. Medicalização da educação e os sentidos do não aprender discursivizados na documentação pedagógica: um olhar para o discurso da escola. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 15, n. esp5, p. 2932–2949, 2020. DOI: 10.21723/riaee.v15iesp5.14567. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/iberoamericana/article/view/14567. Acesso em: 28 mar. 2024.