O dispositivo pedagógico moderno e a criança-simulacro

Para pensar diferentemente a infância

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.15975

Palavras-chave:

Contemporaneidade, Dispositivo, Infância, Simulacro

Resumo

Este artigo, explorando a tensão entre a constituição de uma noção de infância governável e aquela força indômita da criança, que nos escapa, propõe reflexões sobre o conceito de criança em devir: a criança-simulacro. Para tanto, por um lado, a partir das noções de biopolítica, neoliberalismo e dispositivo trabalhadas por Michel Foucault, busca-se delinear como se forma um conceito de infância governável a partir do dispositivo pedagógico moderno, sobretudo em sua forma neoliberal. Por outro, explora-se a ideia de simulacro, devir e sua relação com as noções de criança, em Friedrich Nietzsche e Gilles Deleuze, escapando-se aos conceitos transcendentais e transcendentalizantes, para, por fim, propor reflexões acerca do conceito de criança como simulacro, sendo a própria noção algo em constante devir e imanência.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Helena Almeida e Silva Sampaio, Pontifícia Universidade Católica (PUC), São Paulo – SP – Brasil

Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Filosofia.

Luiz Guilherme Augsburger, Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), Florianópolis – SC – Brasil

Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Educação.

Referências

BELTRÃO, I. R. Corpos dóceis, mentes vazias, corações frios: Didática - o discurso científico do disciplinamento. São Paulo: Imaginário, 2000.

BIESTA, G. Para além da aprendizagem: Educação democrática para um futuro humano. Belo Horizonte: Autêntica, 2017.

BUJES, M. I. E. Artes de governar a infância: Linguagem e naturalização da criança na abordagem de educação infantil da Reggio Emília. Educação em revista, Belo Horizonte, n. 48, p. 101-123, dez. 2008. Disponível em: https://www.scielo.br/j/edur/a/GM8PnGnmgm8ZQGQPXw8b5jk/?lang=pt. Acesso em: 15 mar. 2018.

BUJES, M. I. E. Políticas sociais, capital humano e infância em tempos neoliberais. In: RESENDE, H. Michel Foucault: O governo das infâncias. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.

CORAZZA, S. M. História da infância sem fim. Ijuí: Unijuí, 2008.

DANELON, M. A infância capturada: Escola, governo e disciplina. In: RESENDE, H. Michel Foucault: O governo da infância. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.

DARDOT, P.; LAVAL, C. La nouvelle raison du monde: Essai sur la société néoliberale. Paris: La Découverte, 2010.

DELEUZE, G. Platon et le simulacre. In: DELEUZE, G. Logique du sense. Paris: Minuit, 1969.

DELEUZE, G.; GUATTARI, F. Mille Plateux: Capitalisme et schizophrénie 2. Paris: Minuit, 1980.

DELEUZE, G. Différence et répétition. 12. ed. Paris: PUF, 2011.

FAVRETO, E. K. Modelo, cópia e simulacro: Uma perspectiva deleuziana ao problema platônico. In: SEMINÁRIO DOS ESTUDANTES DA PÓS-GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA DA UFSCar, 8., 2012, São Carlos. Anais [...]. São Carlos, SP: UFSCar, 2012. Disponível em: https://docplayer.com.br/15959170-Modelo-copia-e-simulacro-uma-perspectiva-deleuziana-ao-problema-platonico.html. Acesso em: 12 out. 2021.

FOUCAULT, M. Les mots et les choses: Une archéologie des sciences humaines. Paris: Gallimard, 1966.

FOUCAULT, M. Surveiller et punir: Naissance de la prison. Paris: Gallimard, 1975.

FOUCAULT, M. Les anormaux: Cours au Collège de France (1974-1975). Paris: Gallimard, 1999.

FOUCAULT, M. Naissance de la biopolitique: Cours au Collège de France (1978-1979). Paris: Gallimard, 2004a.

FOUCAULT, M. Sécurite, territoire, population: Cours au Collège de France (1977-1978). Paris: Gallimard, 2004b.

GHIRALDELLI, P. Filosofia e história da educação brasileira. Barueri, SP: Monole, 2009.

HERÁCLITO. Os pensadores originários. Tradução: Emmanuel Carneiro Leão e Sérgio Wrublewski. Petrópolis, RJ: Vozes, 2017.

KOHAN, W. O. Devir-criança da filosofia: Infância da educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2010.

LARROSA, J. O enigma da infância ou o que vai do impossível ao verdadeiro. In: LARROSA, J. Pedagogia profana: Danças, piruetas e mascaradas. 6. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2017.

LARROSA, J. Esperando no se sabe qué: Sobre el oficio de profesor. Barcelona: Candaya, 2019.

LAVAL, C. A Escola não é uma empressa: O neoliberalismo em ataque ao ensino público. São Paulo: Boitempo, 2019.

MARCHI, R. C. Os sentidos (paradoxais) da infância nas ciências sociais: Um estudo de sociologia da infância crítica sobre a "não-criança" no Brasil. 2007. Tese (Doutorado em Sociologia Política) – Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, 2007.

MASSCHELEIN, J.; SIMONS, M. Defensa de la escuela: Una cuestión pública. Buenos Aires: Miño y Dávila, 2014.

MUCHAIL, S. T. Insurreições Espirituais. Doispontos, Curitiba, v. 14, n. 1, p. 89-98, abr. 2017. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/doispontos/article/view/56539/34023. Acesso em: 20 ago. 2021.

NIETZSCHE, F. W. Assim falou Zaratustra: Um livro para todos e para ninguém. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

ORLANDI, L. B. L. Arrastões na imanência. Campinas, SP: Phi, 2018.

PLATÃO. A República. Tradução: J. Guinsburg. São Paulo: Perspectiva, 2018.

ROSE, N. Inventing our selves: Psychology, power, and personhood. Cambridge: Cambridge University, 1998.

SILVA, M. V.; SOUZA, S. A. Educação e responsabilidade empresarial: “Novas” modalidades de atuação da esfera privada na oferta educacional. Educação & Sociedade, Campinas, v. 30, n. 108, p. 779-798, out. 2009. Disponível em: https://www.scielo.br/j/es/a/ZhPRpPMfNLPJPznfWLczLwv/?lang=pt. Acesso em: 06 dez. 2018.

Publicado

01/07/2022

Como Citar

SAMPAIO, H. A. e S.; AUGSBURGER, L. G. O dispositivo pedagógico moderno e a criança-simulacro: Para pensar diferentemente a infância. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1736–1754, 2022. DOI: 10.21723/riaee.v17i3.15975. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/iberoamericana/article/view/15975. Acesso em: 19 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos teóricos