De verbo ad verbum: reflexões setecentistas acerca dos modos de traduzir nos textos liminares da Arte Histórica de Luciano Samossateno

Autores

  • Milena Pereira Silva UESB – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – Programa de Pós-graduação em Memória: Linguagem e Sociedade – Vitória da Conquista – BA https://orcid.org/0000-0003-4986-6561
  • Marcello Moreira UESB – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – Departamento de Estudos Linguísticos e Literários – Vitória da Conquista – BA

Palavras-chave:

Dedicatórias, Luciano de Samósata, Tradução literal, Tradução livre,

Resumo

Este artigo objetiva investigar duas perspectivas vigentes em Portugal no século XVIII acerca dos procedimentos empregados para a realização de traduções, a partir dos textos liminares ao livro Arte histórica de Luciano Samossateno, traduzida do grego em duas versões portuguesas (1733). Em suas dedicatórias, os intérpretes solicitam ao Conde da Ericeira que julgue as traduções após terem apresentado cada um os fundamentos que os levaram a optar por diferentes modos de verter o texto, lançando o seguinte questionamento: qual das duas versões pode ler-se sem deslustre do tradutor? A contenda é solucionada na “Censura das traduções” que escreve o Conde da Ericeira com seu julgamento acerca das versões que lhe são dedicadas. Partindo de um estudo historicamente situado acerca do funcionamento das dedicatórias enquanto gênero, analisamos as apologias que cada tradutor elabora em defesa do seu método. A partir daí buscamos evidenciar as concepções patentes nestes textos sobre tradução e demonstrar que ao caráter laudatório das dedicatórias estava subjacente uma complexa malha de relações sociais que regiam o oferecimento de obras e as relações de proteção e patrocínio estabelecidas na corte entre mecenas e autores.

Biografia do Autor

Milena Pereira Silva, UESB – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – Programa de Pós-graduação em Memória: Linguagem e Sociedade – Vitória da Conquista – BA

Graduada em Letras Modernas (Inglês) pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB (2010), Mestre em Memória: Linguagem e Sociedade pelo Programa de Pós-Graduação em Memória: Linguagem e Sociedade - UESB (2012), doutora pelo mesmo Programa de Pós-Graduação (2013-2017). Desenvolve pesquisa na área de teoria e história literária e investiga as relações entre retórica, história e memória na épica luso-brasileira oitocentista.

Marcello Moreira, UESB – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – Departamento de Estudos Linguísticos e Literários – Vitória da Conquista – BA

Possui graduação em Letras Vernáculas e Orientais pela Universidade de São Paulo (1988), mestrado em Filologia e Língua Portuguesa (1994) e doutorado em Literatura Brasileira pela mesma Universidade (2000). Atualmente é professor pleno da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Desenvolve pesquisa sobre teorias da edição, com ênfase na história e crítica de métodos editoriais dos séculos XIX e XX, como os de Karl Lachmann e de Joseph Bédier. Desenvolve por ora pesquisa sobre as relações entre filologia e campo historiográfico, além de uma outra, com João Adolfo Hansen, sobre a oratória no Império Português - séculos XVI e XVII. Há anos pesquisa a cultura da manuscritura no mundo luso-brasileiro com o fim de descrever práticas e agentes da cultura escribal, assim como o funcionamento de artefatos bibliográficos-textuais, como cancioneiros poéticos e livros de mão de vária natureza. Ganhou com seu livro Critica Textualis in Caelum Revocata? Uma Proposta de Edição e Estudo da Tradição de Gregório de Matos e Guerra (Edusp, 2011) o Prêmio Jabuti na categoria "crítica literária", e também o Grande Prêmio da Crítica da Associação Paulista de Críicos de Arte (2015) pela edição e estudo da poesia atribuída a Gregório de Matos e Guerra, em co-autoria com João Adolfo Hansen. Tais edição e estudo foram indicados ao Prêmio Jabuti de 2015.

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Publicado

21/05/2018

Edição

Seção

Letras clássicas: tradução e recepção