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A mercoaprendizagem das EdTechs na educação brasileira a partir dos impactos da pandemia da Covid-19
RPGE
– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022001, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029
DOI:
https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.15230
1
A MERCOAPRENDIZAGEM DAS EDTECHS NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA A
PARTIR DOS IMPACTOS DA PANDEMIA DA COVID-19
EL MERCO-APRENDIZAJE DE EDTECHS EN LA EDUCACIÓN BRASILEÑA DESDE
EL IMPACTO DE LA PANDEMIA DE COVID-19
THE LEARNING-MARKET OF EDTECHS IN BRAZILIAN EDUCATION FROM THE
IMPACT OF THE PANDEMIC OF COVID-19
Alisson Slider do Nascimento DE PAULA
1
Stephanie Barros ARAÚJO
2
Ciro Mesquita de OLIVEIRA
3
RESUMO
:
O texto busca discutir os impactos da pandemia da Covid-19 no setor educacional
considerando o aprofundamento da mercoaprendizagem. A educação remota surge como solução dos
governos para reduzir as consequências da suspensão das aulas. A utilização desses recursos de modo
centralizado expressa os interesses do mercado da aprendizagem, uma vez que a financeirização da
educação é aprofundada a partir da compra de pacotes de empresas de
EdTechs
pelo setor público.
Constata-se que setores empresariais vinculados a algumas esferas da educação, sobretudo da
educação a distância por meio de venda de recursos tecnológicos e com atuação de
EdTechs
buscam
efetivar a mercoaprendizagem de modo oportunista e sem considerar o futuro da educação pública
estatal e dos estudantes das camadas populares.
PALAVRAS-CHAVE
:
Covid-19. Mercoaprendizagem. EdTech.
RESUMEN
:
El texto busca discutir los impactos de la pandemia Covid-19 en el sector educativo
considerando la profundización del mercoaprenteamento. La educación a distancia surge como una
solución de los gobiernos para reducir las consecuencias de la suspensión de clases. El uso de estos
recursos de manera centralizada expresa los intereses del mercado del aprendizaje, ya que se
profundiza la financiarización de la educación a través de la compra de paquetes a empresas EdTechs
por parte del sector público. Parece que los sectores empresariales vinculados a algunos ámbitos de
la educación, en especial la educación a distancia a través de la venta de recursos tecnológicos y con
el trabajo de EdTechs buscan realizar merco-aprendizaje de manera oportunista y sin considerar el
futuro de la educación pública estatal y los estudiantes de capas populares.
PALABRAS CLAVE
:
Covid-19. Merco-aprendizaje. EdTech.
ABSTRACT
:
The text seeks to discuss the impacts of the Covid-19 pandemic on the educational
sector considering the deepening of learning-market. Remote education emerges as a solution by
1
Centro Universitário Inta (UNINTA), Sobral – CE – Brasil. Professor do Departamento de Educação. Pós-
Doutor em Educação pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Bolsista Produtividade em Pesquisa
(FUNCAP). ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6356-3773. E-mail: alisson.slider@yahoo.com
2
Universidade Estadual do Ceará (UECE), Fortaleza – CE – Brasil. Doutoranda no Programa de Pós-Graduação
em Educação. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-9134-7557. E-mail: stephaniebarros.araujo@gmail.com
3
Universidade Estadual do Ceará (UECE), Fortaleza – CE – Brasil. Doutorando no Programa de Pós-Graduação
em Educação. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-2463-664X. E-mail: ciro.mesquita16@gmail.com
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Alisson Slider do Nascimento DE PAULA; Stephanie Barros ARAÚJO e Ciro Mesquita de OLIVEIRA
RPGE
– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022001, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029
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governments to reduce the consequences of the suspension of classes. The use of these resources in a
centralized way expresses the interests of the learning market, since the financialization of education
is deepened by the purchase of packages from EdTechs companies by the public sector. It appears that
business sectors linked to some spheres of education, especially distance education through the sale of
technological resources and with the work of EdTechs seek to carry out learning-market in an
opportunistic way and without considering the future of state public education and students from
popular layers.
KEYWORDS
:
Covid-19. Learning-market. EdTech.
Introdução
A crise da Covid-19 expressa um cenário de natureza e escala sem precedentes no
século XXI, no qual seus impactos são sentidos em todos os campos da vida. Assim, o setor
educacional em escala global vem sendo afetado diretamente pela pandemia. Além disso,
como a principal forma de obstaculizar a irradiação do vírus foi através do isolamento social,
decorrendo no fechamento das instituições, muitas escolas e profissionais tiveram que
encontrar estratégias que pudessem atender as demandas exigidas pela sociedade do capital.
Se por um lado, a necessidade de garantir o currículo escolar é algo preocupante, o cessar das
atividades por meio do
lockdown
em diversos países, na busca de garantir o bem mais
precioso - a vida humana - é algo a se refletir e discutir. Até que ponto o sistema econômico
está disposto a ceder? Malgrado esse cenário que implica grandes prejuízos pedagógicos na
formação escolarizada dos estudantes, um outro aspecto emergiu diante de tudo isso, foi a
ascensão da aprendizagem digital através do ensino remoto e o consequente protagonismo das
empresas de tecnologias educacionais (EdTechs).
A reconfiguração dos processos de formação por meio dos pacotes tecnológicos
durante o período pandêmico viabilizou novas formas de expansão privado-mercantil no
interior da educação pública, com efeito, decorrendo no aprofundamento e consolidação de
um mercado de aprendizagem que já existia, contudo, agora suplementado pelo panorama
planetário da Covid-19 para aprofundar a mercoaprendizagem das EdTechs no sistema escolar
público.
Com essas considerações em vista, o referido texto busca discutir os impactos da
pandemia da Covid-19 no setor educacional considerando a ascensão e aprofundamento do
mercado de aprendizagem. Portanto, a seção de abertura aborda o panorama global em que a
Covid-19 surgiu e se irradiou, consolidando-se como pandemia e impactando os sistemas
educacionais por todo o globo. A segunda seção analisa a lógica da globalização dos Estados
nacionais e as relações entre o público e o privado que tornam factível a lógica de
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privatizações exógenas ampliando o alcance da mercoaprendizagem. Na terceira seção, por
seu turno, analisar-se-á os impactos da pandemia no setor educacional brasileiro dando ênfase
na emergência do ensino remoto e consequente atuação de corporações de EdTechs no
cenário nacional.
Os impactos da pandemia da Covid-19 no território global
O novo coronavírus é denominado de síndrome respiratória aguda grave coronavírus
2 (SARS-CoV-2) (VAN DOREMALEN
et al
., 2020). Surgiu em Whuham, sétima maior
cidade da China. A Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um alerta global sobre a
doença em 31 de dezembro de 2019. A doença foi nomeada oficialmente pela OMS como
COVID-19, em 11 de fevereiro. Em março, a organização definiu o surto da doença como
pandemia. O coronavírus se trata de um vírus zoonótico, um RNA vírus de classificação
Nidovirales, do grupo Coronaviridae. Este grupo gera infecções respiratórias, sendo isolado
“pela primeira vez em 1937 e descritos como tal em 1965, em decorrência do seu perfil na
microscopia parecendo uma coroa” (LIMA, 2020, p. 5). Em acréscimo, consoante o autor
supracitado, os tipos de coronavírus conhecidos são: “alfa coronavírus HCoV-229E e alfa
coronavírus HCoV-NL63, beta coronavírus HCoV-OC43 e beta coronavírus HCoV-HKU1”,
SARS-CoV (causador da síndrome respiratória aguda grave ou SARS), MERS-CoV
(causador da síndrome respiratória do Oriente Médio ou MERS).
A contaminação que se alastrou por todos os cantos do globo acarretou implicações
em todos os setores econômicos. O alcance do contágio atingiu diretamente o setor
econômico, implicando numa crise que expressa um padrão diferenciado quando comparada à
crise de
subprime
em 2008, visto que não se restringe apenas a elementos puramente
econômicos e financeiros. Nessas circunstâncias, os sistemas educacionais de diversos países
foram impactados duramente. Uma das ações para contenção da pandemia da Covid-19, de
acordo com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura
(UNESCO), foi o fechamento temporariamente das instituições de ensino por parte da grande
maioria dos governos. Essa ação de contenção impactou em mais de 70% da população
estudantil global.
O fechamento das escolas de educação básica abalou a realidade educacional de,
segundo a UNESCO, 1.198.530.172 estudantes, 68,5% do total de estudantes matriculados,
uma vez que 153 países aderiram ao fechamento das escolas como ação para combater a
propagação da Covid-19. Nesse panorama, os governos em parceria com agências
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multilaterais reuniram-se para traçarem estratégias que atuassem diretamente no cenário
educacional a fim de evitar tantos prejuízos. A UNESCO (2020) buscando reduzir as
consequências da suspensão das aulas propôs que os países mantivessem seus calendários
escolares em andamento a partir da educação remota, com especial ênfase para as populações
mais vulneráveis e desfavorecidas.
Os sistemas de ensino foram se ajustando dentro dos limites das orientações das
agências multilaterais e dos governos, no Brasil, em especial, essas orientações foram
protagonizadas pelas secretarias estaduais e municipais, visto a conjuntura política que
estamos vivenciando e a ausência proativa do Ministério da Educação (MEC), uma vez que a
implantação do modelo de ensino remoto, do modo como foi denotado, não foi unanimidade
entre os Estados nacionais. Todavia, os que aderiram este formato migraram suas aulas
presenciais para a forma On-line, de acordo com a reportagem do jornal The Economist
(2020), China e Coreia do Sul estão com as escolas fechadas desde janeiro. Até setembro não
há previsão de retorno das aulas presenciais em Portugal e nem no Estado subnacional da
Califórnia. Concernente aos exames nacionais, a China adiou o exame
Leaving Certificate
(gaokao). Grã-Bretanha e França cancelaram seus exames de 2020.
O público e o privado e a emergência da mercoaprendizagem
O fenômeno da globalização afeta diretamente o modus operandi das instituições
republicanas, sobretudo as educacionais. No interior dessa racionalidade destaca-se a
economia do conhecimento (AFONSO, 2015; OLSSEN; PETERS, 2015; JARVIS, 2000).
Esse conceito torna exequível evocar um tipo de sociedade que respalde e legitime a
aprovação de políticas e a “definição de orientações económicas e empresariais ou a indução
de práticas sociais e educacionais direcionadas para atender o que se consideram, em termos
genéricos, as [...] exigências do capitalismo (AFONSO, 2015, p. 270).
Desse modo, o capital se encontra em uma situação penosa, enveredando assim, na
busca por outras áreas, para que possa efetuar sua extração de mais-valia e de excedente-
valor. Neste cenário, a educação surge como setor estratégico para o capital, pois o
financiamento público-estatal configura-se como uma sedutora fonte para ser absorvida. Sob
essa perspectiva, entendemos que é inconcebível pensar em uma transformação no quadro
social, tendo em vista que as práticas educacionais presentes na sociedade não conseguem
ultrapassar as barreiras impostas pelo sistema econômico. A educação é um complexo
ideológico que deveria auxiliar na ruptura dos grilhões criados pelo capital, contudo, modo
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social vigente ‘é irreformável porque pela sua própria natureza, como totalidade reguladora
sistêmica, é totalmente
incorrigível
’ (MESZÁROS, 2008, p.27). Visto que a educação é um
complexo da superestrutura do capitalismo que contribui para a reprodução do seu
modus
operandi
.
De acordo com a pesquisa de Verger et al. (2017
apud
RIKOWSKI, 2017), o mercado
educacional global, em 2015, possuiu o valor de US $4,9 trilhões (USD). Acrescentamos a
isso o investimento aproximado de US $2 bilhões em capital de risco em educação, em 2014,
o que evidencia um crescimento no investimento da ordem dos 45% no período da Grande
Depressão de 2009 a 2014. Esse cenário global da educação, portanto, evidencia a fonte dos
interesses dos setores empresariais, estimulando, dessa maneira, a
mercadificação
da
educação.
Temos que com a necessidade de instruir minimamente os trabalhadores, os bancos
escolares que até a década de 1970 no Brasil eram ocupados em sua maioria pela burguesia,
passam a receber o proletariado. O Estado que antes fornecia educação para uma parcela
mínima e abastada, precisou suprir as carências educacionais dos filhos da classe
trabalhadora, e com isso, o nível de ensino das escolas públicas caíram, isso porque, não era
interessante para o capitalismo que a maioria da população se conscientizasse. O Estado,
comandado por uma parcela mínima da população, entende que dar conhecimento para o
povo, põe em perigo tudo que a burguesia usurpou historicamente. Todavia, é necessário
falsificar o que é fornecido diretamente pelo Estado, e no ato de ludibriar os trabalhadores,
aqueles que estão no poder pretendem ganhar a gratidão daqueles que exploram, alegando que
sem eles (os detentores dos meios de produção), todos sucumbiriam a miséria. Na verdade, o
que se esconde em benevolência são os lucros - diretamente por meio do trabalho explorado,
ou, indiretamente através de
marketing social
dos serviços prestados sob forma de caridade
aos trabalhadores, que retornam posteriormente ao capitalista sob forma de novo capital.
Inevitavelmente, os primeiros passos de uma grande transformação social na
nossa época envolvem a necessidade de manter sob controle o estado
político hostil que se opõe, e pela sua própria natureza deve se opor, a
qualquer ideia de uma reestruturação mais ampla da sociedade. Neste
sentido, a
negação radical
de toda estrutura de comando político do sistema
estabelecido deve afirmar-se, na sua inevitável negatividade predominante,
na
fase inicial
da transformação a que se vise. Mas, mesmo nessa fase, e na
verdade antes da conquista do poder político, a negação necessária só é
adequada para o papel assumido se for orientada efetivamente pelo
alvo
global
da transformação social visada, como a
bússola
de toda a caminhada.
Portanto, desde o início o papel da educação é de importância vital para
romper com a internalização predominante nas escolhas políticas
circunscritas à "legitimação constitucional democrática" do Estado
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capitalista que defende seus próprios interesses. Pois também essa
"contrainternalização" (ou contraconsciência") exige a antecipação de uma
visão geral, concreta e abrangente, de uma forma radicalmente diferente de
gerir as funções globais de decisão da sociedade, que vai muito além da
expropriação, há muito estabelecida, do poder de tomar todas as decisões
fundamentais, assim como das suas imposições sem cerimónia aos
indivíduos, por meio de políticas como uma forma de alienação por
excelência na ordem existente (MÉSZÁROS, 2005, p. 61).
Diante da necessidade exposta de fortalecer laços promotores da “exclusão
includente”, o capitalismo, sob a figura do Estado, busca atribuir a responsabilidade aos
indivíduos pela ascensão ou declínio dos mesmos. O empreendedorismo é a palavra e a ação
que move a atual sociedade, tendo em vista a busca constante por estratégias que possibilitem
a estabilidade ou o progresso dos homens na atual conjuntura. Perante a responsabilidade
direcionada a educação e a formação continuada, mesmo que precária e aligeirada, a dinâmica
da “empresa escola” traça metas e propostas para resposta aos anseios mercadológicos,
barganhando força de trabalho e ao mesmo tempo, que esses profissionais sejam eficientes
dentro das limitações que lhes são impostas. O segredo para um salto positivo na pirâmide
social ou manutenção no topo desta, está em
aprender para ser competitivo
, e comparando a
competição entre trabalhador e burguês, ganha o burguês, que terá vantagem pela exploração
da força de trabalho barata e qualificada
Nesta sociedade regida pelo Capital, a lógica da educação é a lógica do
mercado. Sob essa lógica, os indivíduos devem ser preparados para a
flexibilização das relações de trabalho e para a adaptação a tudo o que é
imposto, além de garantirem um emprego para si. Nesse tipo de
sociabilidade, a educação – que tem a função de mediar a consciência dos
homens visando a sua reprodução – é um mecanismo poderoso no processo
de reprodução das relações sociais alienadas. [...] Por isso, a educação é
posta hoje como um mecanismo que pretende calar a voz e impedir as ações
dos indivíduos em direção a uma mudança radical na sociedade (BRAGA
et
al.,
2010, p. 7).
O setor financeiro constituiu uma complexa teia de processos de privatização da
educação. No Brasil essa configuração está alinhada às orientações das agências multilaterais,
assim como sua particularidade capitalista dependente que reflete na inflexão do Estado
nacional aos países centrais. A partir da década de 1980, com a retomada da expansão
econômica global, ajustes estruturais foram empreendidos nos Estados nacionais buscando
ascender a rentabilidade financeira. Com efeito, essa processualidade estimulou uma atuação
atrofiada do Estado atinente à garantia de direitos e, consequentemente, engendrou-se maior
vinculação estatal com o mercado. A maior vinculação da esfera pública-estatal com o
mercado viabilizou a criação de uma miríade de políticas para diluir os limites entre o público
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e o privado, todavia essas políticas não são imparciais, não surgiram do nada, e carregam
consigo orientações calcadas na globalização. A lógica da criação de políticas calcadas no
fenômeno da globalização é explicitada por Ball (2001, p. 102):
A criação das políticas nacionais é, inevitavelmente, um processo de
“bricolagem”; um constante processo de empréstimo e cópia de fragmentos e
partes de ideias de outros complexos, de uso e melhor das abordagens locais
já tentadas e testadas, de teorias canibalizadoras, de investigação, de adoção
de tendências e moedas, e por vezes, de investimento em tudo aquilo que
possa vir a funcionar. A maior parte das políticas são frágeis, produtos de
acordos, algo que pode ou não funcionar; elas são retrabalhadas,
aperfeiçoadas, ensaiadas, crivadas de nuances e moduladas através de
complexos processos de influências, produção e disseminação de textos e,
em última análise, recriadas nos contextos da prática. [...] Estes campos
constituem-se de forma diferente em distintas sociedades. Em resumo, as
políticas nacionais necessitam ser compreendidas como o produto de um
nexo de influências e interdependências que resultam numa “interconexão,
multiplexidade, e hibridização” [...], isto é, “a combinação de lógicas
globais, distantes e locais”.
No cenário global, as políticas educacionais estão sofrendo intervenções, numa escala
crescente de novos atores – muitos dos quais vinculados ao setor privado – implicando numa
nova morfologia educacional em que a oportunidade do lucro esteja em pauta (BALL, 2018).
Nessas circunstâncias, a mercadificação da educação não se trata de uma abstração. Para
Peroni, Caetano e Lima (2017, p. 427), os limites entre o público e o privado “têm se
modificado neste período de crise do capitalismo, em que as suas estratégias de superação –
neoliberalismo, globalização, reestruturação produtiva e Terceira Via – redefinem o papel do
Estado, principalmente para com as políticas sociais”.
Nessa acepção, Leyshon e Thrift (2007) consideram que nos últimos 30 anos uma das
histórias financeiras mais persistentes tem sido a procura por um rendimento confiável que
possa ser expandido. Decerto, o setor da educação é estratégico porquanto configura-se como
uma tendência emergencial. Ball (2018, p. 2) assevera que a “relação do Estado com
provedores privados de serviços educacionais é agora comumente articulada pela lógica de
mercado, dentro da qual o Estado se torna um criador de mercados, contratante e
monitorador”, ao passo que “o setor privado e outros provedores assumem cada vez mais o
trabalho prático do governo, no sentido imediato e mundano”.
Não obstante atores privados e corporativos estejam envolvidos na educação básica
global desde o século XIX (CARNOY, 1975; MOELLER, 2020), nas últimas décadas
obtiveram mais influência e poder – em decorrência da processualidade do capital financeiro
– na definição de diretrizes e políticas educacionais em escala mundial. É lícito considerar que
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a educação, durante esse período, contribuiu significativamente para a expansão dos lucros
corporativos e ampliação do mercado através de processos de privatizações exógenas (BALL;
YOUDELL, 2007). “Esse alcance expandido de atores privados ocorreu no contexto e como
consequência da reversão do investimento estatal e do aumento de ataques ideológicos à
educação pública em diversos contextos globais” (MOELLER, 2020, p. 1).
Desta maneira, opera-se, de tal modo, uma verdadeira metamorfose na educação,
aprofundando o mercado da aprendizagem, em decorrência da venda de serviços que
constituem a formação profissional e a formação em serviço para os professores da educação
básica, como a atuação da Fundação Lemman e o Instituto Ayrton Senna. Esta lógica “se
amplia num âmbito cada vez mais vasto e transnacional, com a criação de [...] seus sistemas
de tutoria apoiados pelas tecnologias da informação e comunicação” (AFONSO, 2015, p.
280). Portanto, aquilo que convencionamos chamar por “mercoaprendizagem”, diz respeito à
forma contemporânea e tendencial da manifestação da educação como mercadoria.
O investimento feito pela filantropia empresarial no campo da educação está
respaldado em um projeto dito humanitário, mas que de fato tem como “último motivo que
determina o possuidor de um capital a aplicá-lo, seja na agricultura ou na manufatura ou num
ramo particular do comércio em gros ou détail, é o ponto de vista do próprio lucro” (SMITH
apud
MARX, 2015, p.269)
É por meio do trabalho explorado que o homem consegue produzir como resposta o
mais-valor. Para Marx (2013, p. 294), esse resultado corresponde à expressão do grau de
exploração da força de trabalho pelo capital, ou seja, a exploração do trabalhador pelo
capitalista. Assim, é de todo interesse para a burguesia avalizar medidas que protejam a
existência do proletariado.
No Brasil, a pandemia da Covid-19 engendrou diversas implicações que afetaram e
estão afetando diretamente a formação escolar, em especial da educação pública porquanto os
aspectos atinentes à infraestrutura e ao corpo estudantil se diferenciam daqueles situados na
educação privado-mercantil, mormente no que toca às condições objetivas das famílias
atendidas pelo sistema escolar.
O ensino remoto como expressão da mercoaprendizagem das EdTechs no Brasil
O sistema escolar brasileiro se depara com uma tentativa de disseminar a ideia que as
escolas de educação básica e universidades estão funcionando normalmente através do ensino
remoto, com o subterfúgio do prosseguimento do calendário escolar e acadêmico no país. No
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dia 28 de abril de 2020 o Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou diretrizes para
escolas da educação básica e instituições de educação superior durante a pandemia do
COVID-19. Os apontamentos para educação básica e superior, em síntese, propõem
aproximação virtual dos professores com as famílias, atividades não presenciais que utilizem
a família como mediadora, supervisão de um adulto familiar no sentido de acompanhamento
durante os estudos on-line, além da utilização de vídeos educativos. Concernente ao ensino
remoto, a Conselheira do CNE, Maria Helena Guimarães de Castro, entende essa modalidade
de ensino como um conjunto de práticas diversificadas de ensino-aprendizagem que
contemplam ensino on-line, vídeo-aulas, atividades enviadas aos estudantes e leitura de livros
(TODOS PELA EDUCAÇÃO, 2020).
Nessa acepção, é lícito considerar que desde a década de 1990 agências multilaterais
como o Banco Mundial (BM), Organização Mundial do Comércio (OMC) e a UNESCO
propõem a Educação a Distância (EaD) para ampliação da educação nos países periféricos.
Com a pandemia do COVID-19, o que antes era ameaça mais explícita nos bancos das
instituições de ensino superior, passa a fazer parte da educação básica, que também é afetada
e ganha uma nova cara com o ensino emergencial remoto.
Em acréscimo, estas agências multilaterais buscam disseminar um modelo de
educação e de instituição escolar advogado pelo capital, a rigor, um modelo orientado na
agenda empresarial em que a formação seja baseada em competências e tenha como objetivo
a formação de capital humano. Uma formação que oferece ao trabalhador uma educação em
doses homeopáticas que corresponda aos interesses do capital, mas que mantenha o
trabalhador alienado da sua classe e dos mecanismos de opressão a que está submetido nesta
lógica.
A despeito da retórica da aflição acerca da situação educacional em decorrência do
isolamento social, a defesa dos interesses das corporações educacionais e das Tecnologias da
Informação e Comunicação (TICs) está na ordem do dia. A implementação de ensino
híbridos, com aulas síncronas, ensino baseado em competências, tradicionais planos de
estudos e exercícios de memorização para atenderem as avaliações de larga escala (GIROUX,
2018), evidenciam a necessidade de dar especial atenção nas avaliações no formato on-line,
como a proposta do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) digital.
O documento do Colemarx (2020, p. 13) ressalta que há uma coalização global
envolvendo setores empresariais e governos, e que esta coalizão é liderada pela UNESCO e
envolve outras agências multilaterais, além de grupos empresariais como “Microsoft, Google,
Facebook, Zoom, Moodel, Huawei, Tony Blair Institute for Global Change, Fundação
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Telefônica e outros”. Os recursos mais utilizados no panorama educacional durante a
pandemias partem dessa coalização: “Google, Google classroom, Google suíte, Google
Hangout, Google Meet, Facebook, Microsoft one note, Microsoft, Google Drive/Microsoft
Teams, Moodel, Zoom, Youtube”.
A utilização desses recursos de modo centralizado expressa os interesses da
mercoaprendizagem, visto que a financeirização da educação é aprofundada a partir da
compra de pacotes de empresas de tecnologias educacionais (EdTechs) pelo setor público.
Consoante Moeller (2020, p. 3), as EdTechs possuem como negócio
softwares
voltados para o
desenvolvimento de competências e habilidades em dado conhecimento, até produtos que
possibilitem “mudanças significativas na operação e gestão das escolas”, decorrendo,
inclusive, na “contratação de serviços específicos ou escolas inteiras”. Este panorama já era
operado nos EUA através de
Educational Management Organizations
(EMOs) –
Organizações de Gerenciamento Educacional – com finalidade de lucro que desenvolvem
e/ou administram escolas. Exemplos de EMOs que melhor caracterizam este cenário são:
Edison Learning Inc.
, que administra escolas públicas charter, e a
Electronic Classroom of
Tomorrow
, que se configurava como uma escola on-line. Em acréscimo, existem EdTechs,
como a Pearson, que comercializam pacotes educacionais como currículos, programas
pedagógicos, serviços de avaliações e desenvolvimento profissional, malgrado se tratarem de
empresas com fins lucrativos, são financiados pelo setor público a partir de operações
financeiras (KOYAMA, 2010).
As EdTechs constituem um campo de corporação multibilionária, e atores
corporativos como Google, Microsoft e Apple estão no epicentro. Moeller (2020, p. 6)
assevera que “Google, Microsoft e Apple estão lutando pelo domínio nas salas de aula. Todos
querem que seus dispositivos estejam nas mãos da próxima geração de consumidores”. É um
nicho mercadológico valioso para ser dominado. A rigor, como empresa, as EdTechs, em
2019, atingiram um valor de US $ 43 bilhões, sendo que aproximadamente metade deste valor
está na educação básica.
Com efeito, se olharmos para a movimentação das ações no período de quinze de abril
a quatorze de maio na Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA) verificamos uma queda
nas ações das duas maiores
holdings
S/A do setor da educação, a Cogna Educacional
(COGN3 -24,18) e a YDUQS (YDUQ3 -20,52%), todavia, três das empresas que fornecem os
recursos educacionais para operacionalizar o ensino remoto no período pandêmico, obtiveram
valorização de suas ações. Consoante o índice NASDAQ, a empresa
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A mercoaprendizagem das EdTechs na educação brasileira a partir dos impactos da pandemia da Covid-19
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– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022001, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029
DOI:
https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.15230
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Comunications
(ZM 10,79%),
Alphabet Inc.
(GOOGL 7,92%) e Microsoft (MSFT 5,03%)
expressam essa valorização de capital.
Nesse sentido, constata-se o cenário de continuidade no aprofundamento da
financeirização da educação, contudo, desviando a ênfase das transações, isto é, outrora
concentrava-se nas instituições, passando-se a enfatizar nos recursos tecnológicos. Esse
fenômeno decorre em severas implicações na formação dos sujeitos, no trabalho pedagógico e
no acesso e permanência na educação. O ensino migrou das salas de aula para os aplicativos
de videoconferências.
Com a migração no formato das aulas, dos processos de formação e das formas de
interação, os professores tiveram que reorganizar o trabalho pedagógico atropelando o Projeto
Político Pedagógico da escola, com isso, descaracterizando os objetivos de formação. Vale
ressaltar que boa parte dos professores não possuem capacitação e domínio das EdTechs que
estão sendo utilizadas para mediar o processo de ensino-aprendizagem. No limite, o acesso e a
permanência é outro problema gritante no Brasil, considerando que há um poço entre escolas
públicas e escolas privadas, constituindo um verdadeiro
apartheid
educacional., Além disso,
em estudo recente do Observatório Social da Covid-19 do Departamento de Sociologia da
Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais
(Fafich-UFMG), expõe que 20% dos domicílios brasileiros não estão conectados à internet,
não sendo exequível o acesso, por parte dos alunos aos materiais de ensino a distância
disponibilizados nos portais por diversas escolas públicas do ensino fundamental e médio
(COLEMARX, 2020). Esse cenário caracteriza-se com o que Leher (2020) denomina por
Darwinismo Social, porquanto existe uma hierarquia de raças, culturas e naturezas humanas.
A defesa pelo arrefecimento dos direitos sociais, e a compreensão do mercado como
lócus
da
seleção natural implica para os que forem selecionados negativamente, sua sucumbência
como efeito colateral da lei dos mais fortes.
À guisa de conclusão
Considerando as diretrizes do CNE, não há nada que indique como será o futuro do
desconfinamento da educação básica. Os setores privados-mercantis apontam para o
crescimento das tecnologias educacionais, visto que no Brasil consta um crescimento com
mais de 400 EdTechs. Em
live
do dia 13 de maio organizada pelo projeto
Brazil at Silicon
Valley
, debateu-se o tema:
EdTech & Philanthropy: we will start soon
. Participaram da
live
,
Jorge Paulo Lemman da Fundação Lemman e Sal Kahn da Khan Academy. Os apontamentos
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RPGE
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foram que a partir da Covid-19 governos e instituições conscientizem-se que a educação
digital deve ser central e que no futuro haverá instituições de ensino em nuvem, e que os
professores precisarão dominar muitas
soft skills
para atuar nessa nova realidade educacional.
Os estudantes das escolas públicas que não possuírem condições para estudar, seja
pela falta de estrutura em sua casa ou pela falta de recursos como computadores, notebooks,
smartphones e internet serão deixados para trás. Diante disso, é válido refletir sobre os
diversos elogios ao modelo educacional norte-americano em que pese o programa
No Child
Left Behind
. Contudo, no cenário em tela de Pandemia da Covid-19, da ascensão do ensino
emergencial remoto via EdTechs, pode-se utilizar a expressão de Bastos (2018):
No Profit
Left Behind
– Nenhum Lucro Deixado para Trás –, com efeito, o cenário é propício para fazer
o experimento da mercoaprendizagem.
O cenário é perverso para a humanidade. A pandemia está afundando o sistema de
saúde global e as finanças do sistema de metabolismo de capital. Todavia, setores
empresariais vinculados a algumas esferas da educação, sobretudo da atuação de EdTechs
buscam efetivar o mercado da aprendizagem de modo oportunista e sem considerar o futuro
da educação pública estatal e dos alunos das camadas populares. Em decorrência disso, é
necessário questionar essa lógica, buscar implementar o Sistema Nacional de Educação (SNE)
apoiado pelas relações cooperativas e colaborativas entre os entes federados, buscando assim
uma educação pública, de qualidade, em que os recursos tecnológicos suplementem o
currículo, o trabalho pedagógico e a formação, e que os interesses de lucro sejam elididos para
que a educação pública estatal (gratuita) possa atender aos anseios da sociedade no cenário
pós-pandêmico.
AGRADECIMENTOS
: agradecemos à Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (FUNCAP) pelo apoio financeiro.
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A mercoaprendizagem das EdTechs na educação brasileira a partir dos impactos da pandemia da Covid-19
RPGE
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A mercoaprendizagem das EdTechs na educação brasileira a partir dos impactos da pandemia da Covid-19
RPGE
– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022001, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029
DOI:
https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.15230
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Como referenciar este artigo
DE PAULA, A. S. N.; OLIVEIRA, C. M.; ARAÚJO, S. B. A Mercoaprendizagem das
EdTechs na Educação Brasileira a partir dos Impactos da Pandemia da Covid-19.
Revista on
line de Política e Gestão Educacional
, Araraquara, v. 26, n. 00, e022001, jan./dez. 2022. e-
ISSN:1519-9029. DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.15230
Submetido em
:
02/11/2021
Revisões requeridas em
: 04/12/2021
Aprovado em
: 09/02/2021
Publicado em
: 31/03/2022
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The learning-market of Edtechs in Brazilian education from the impact of the pandemic of Covid-19
RPGE
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Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022001, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 1519-9029
DOI:
https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.15230
1
THE LEARNING-MARKET OF EDTECHS IN BRAZILIAN EDUCATION FROM
THE IMPACT OF THE PANDEMIC OF COVID-19
A MERCOAPRENDIZAGEM DAS EDTECHS NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA A
PARTIR DOS IMPACTOS DA PANDEMIA DA COVID-19
EL MERCO-APRENDIZAJE DE EDTECHS EN LA EDUCACIÓN BRASILEÑA DESDE
EL IMPACTO DE LA PANDEMIA DE COVID-19
Alisson Slider do Nascimento DE PAULA
1
Stephanie Barros ARAÚJO
2
Ciro Mesquita de OLIVEIRA
3
ABSTRACT
: The text seeks to discuss the impacts of the Covid-19 pandemic on the
educational sector considering the deepening of learning-market. Remote education emerges as
a solution by governments to reduce the consequences of the suspension of classes. The use of
these resources in a centralized way expresses the interests of the learning market, since the
financialization of education is deepened by the purchase of packages from EdTechs companies
by the public sector. It appears that business sectors linked to some spheres of education,
especially distance education through the sale of technological resources and with the work of
EdTechs seek to carry out learning-market in an opportunistic way and without considering the
future of state public education and students from popular layers.
KEYWORDS
: Covid-19. Learning-market. EdTech.
RESUMO
: O texto busca discutir os impactos da pandemia da Covid-19 no setor educacional
considerando o aprofundamento da mercoaprendizagem. A educação remota surge como
solução dos governos para reduzir as consequências da suspensão das aulas. A utilização
desses recursos de modo centralizado expressa os interesses do mercado da aprendizagem,
uma vez que a financeirização da educação é aprofundada a partir da compra de pacotes de
empresas de EdTechs pelo setor público. Constata-se que setores empresariais vinculados a
algumas esferas da educação, sobretudo da educação a distância por meio de venda de
recursos tecnológicos e com atuação de EdTechs buscam efetivar a mercoaprendizagem de
modo oportunista e sem considerar o futuro da educação pública estatal e dos estudantes das
camadas populares.
PALAVRAS-CHAVE
: Covid-19. Mercoaprendizagem. EdTech.
1
Inta University Center (UNINTA), Sobral
–
CE
–
Brazil. Professor in the Department of Education. Post-
Doctorate in Education from the Ceará State Universityt (UECE). Research Productivity Scholarship Holder
(FUNCAP). ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6356-3773. E-mail: alisson.slider@yahoo.com
2
Ceará State University (UECE), Fortaleza
–
CE
–
Brazil. Doctoral student in the Graduate Program in Education.
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-9134-7557. E-mail: stephaniebarros.araujo@gmail.com
3
Ceará State University (UECE), Fortaleza
–
CE
–
Brazil. Doctoral student in the Graduate Program in Education.
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-2463-664X. E-mail: ciro.mesquita16@gmail.com
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Alisson Slider do Nascimento DE PAULA; Stephanie Barros ARAÚJO and Ciro Mesquita de OLIVEIRA
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Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022001, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 1519-9029
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2
RESUMEN
:
El texto busca discutir los impactos de la pandemia Covid-19 en el sector
educativo considerando la profundización del mercoaprenteamento. La educación a distancia
surge como una solución de los gobiernos para reducir las consecuencias de la suspensión de
clases. El uso de estos recursos de manera centralizada expresa los intereses del mercado del
aprendizaje, ya que se profundiza la financiarización de la educación a través de la compra de
paquetes a empresas EdTechs por parte del sector público. Parece que los sectores
empresariales vinculados a algunos ámbitos de la educación, en especial la educación a
distancia a través de la venta de recursos tecnológicos y con el trabajo de EdTechs buscan
realizar merco-aprendizaje de manera oportunista y sin considerar el futuro de la educación
pública estatal y los estudiantes de capas populares.
PALABRAS CLAVE
: Covid-19. Merco-aprendizaje. EdTech.
Introduction
The Covid-19 crisis expresses a scenario of unprecedented nature and scale in the 21st
century, in which its impacts are felt in all fields of life. Thus, the education sector on a global
scale is being directly affected by the pandemic. Moreover, as the main way to prevent the
irradiation of the virus was through social isolation, resulting in the closing of institutions, many
schools and professionals had to find strategies that could meet the demands demanded by the
capitalist society. If, on the one hand, the need to guarantee the school curriculum is something
worrisome, the cessation of activities through lockdown in several countries, in an attempt to
guarantee the most precious asset - human life - is something to reflect upon and discuss. To
what extent is the economic system willing to give in? In spite of this scenario that implies great
pedagogical losses in the students' schooling, another aspect that has emerged in the face of all
this is the rise of digital learning through remote teaching and the consequent protagonism of
educational technology companies (EdTechs).
The reconfiguration of training processes through technology packages during the
pandemic period enabled new forms of private-market expansion within public education, in
effect, resulting in the deepening and consolidation of a learning market that already existed,
however, now supplemented by the planetary landscape of Covid-19 to deepen the
mercolearning of EdTechs in the public school system.
With these considerations in mind, this paper seeks to discuss the impacts of the Covid-
19 pandemic on the education sector considering the rise and deepening of the learning market.
Therefore, the opening section addresses the global landscape in which Covid-19 emerged and
radiated, consolidating as a pandemic and impacting educational systems across the globe. The
second section analyzes the logic of globalization of nation-states and the relationships between
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The learning-market of Edtechs in Brazilian education from the impact of the pandemic of Covid-19
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public and private that make feasible the logic of exogenous privatization extending the reach
of market learning. The third section, in turn, will analyze the impacts of the pandemic on the
Brazilian educational sector, emphasizing the emergence of remote education and the
consequent performance of EdTech corporations on the national scene.
The impacts of the Covid-19 pandemic on the global territory
The new coronavirus is called severe acute respiratory syndrome coronavirus 2
(SARS-CoV-2) (VAN DOREMALEN
et al
., 2020). It has emerged in Whuham, the seventh
largest city in China. The World Health Organization (WHO) issued a global alert on the disease
on December 31, 2019. The disease was officially named by the WHO as COVID-19 on
February 11. In March, the organization defined the outbreak of the disease as a pandemic.
Coronavirus is a zoonotic virus, an RNA virus of the classification Nidovirales, of the group
Coronaviridae. This group generates respiratory infections, being isolated "for the first time in
1937 and described as such in 1965, due to its profile in microscopy resembling a crown"
(LIMA, 2020, p. 5). In addition, according to the aforementioned author, the known coronavirus
types are: "alpha coronavirus HCoV-229E and alpha coronavirus HCoV-NL63, beta
coronavirus HCoV-OC43 and beta coronavirus HCoV-HKU1", SARS-CoV (causing severe
acute respiratory syndrome or SARS), MERS-CoV (causing Middle East respiratory syndrome
or MERS).
The contamination that spread to all corners of the globe carried implications in all
economic sectors. The reach of the contagion has directly reached the economic sector,
implying a crisis that expresses a different pattern when compared to the subprime crisis in
2008, as it is not restricted to purely economic and financial elements. Under these
circumstances, the educational systems of several countries have been severely impacted. One
of the actions to contain the Covid-19 pandemic, according to the United Nations Educational,
Scientific, and Cultural Organization (UNESCO), was the temporary closure of educational
institutions by the vast majority of governments. This containment action has impacted more
than 70% of the global student population.
The closure of basic education schools has shaken the educational reality of, according
to UNESCO, 1,198,530,172 students, 68.5% of the total enrolled students, since 153 countries
have adhered to the closing of schools as an action to combat the spread of Covid-19. In this
scenario, governments, in partnership with multilateral agencies, met to design strategies that
would act directly in the educational scenario in order to avoid so much damage. UNESCO
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Alisson Slider do Nascimento DE PAULA; Stephanie Barros ARAÚJO and Ciro Mesquita de OLIVEIRA
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Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022001, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 1519-9029
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(2020), seeking to reduce the consequences of the suspension of classes, proposed that countries
should keep their school calendars going through remote education, with special emphasis on
the most vulnerable and disadvantaged populations.
The education systems have been adjusting themselves within the limits of the
guidelines of multilateral agencies and governments, in Brazil, in particular, these guidelines
were led by state and municipal departments, given the political situation we are experiencing
and the proactive absence of the Ministry of Education (MEC), since the implementation of the
remote learning model, as it was denoted, was not unanimous among the national states.
However, those that adhered to this format migrated their in-person classes to the online form,
according to a report in The Economist (2020), China and South Korea have had their schools
closed since January. Until September there are no plans to return to face-to-face classes in
Portugal or in the subnational state of California. Regarding national exams, China has
postponed the Leaving Certificate (gaokao) exam. Great Britain and France have canceled their
2020 exams.
Public and private and the emergence of mercolearning
The phenomenon of globalization directly affects the modus operandi of republican
institutions, especially the educational ones. Within this rationality, the knowledge economy
stands out (AFONSO, 2015; OLSSEN; PETERS, 2015; JARVIS, 2000). This concept makes it
feasible to evoke a type of society that supports and legitimizes the approval of policies and the
"definition of economic and business orientations or the induction of social and educational
practices directed to meet what are considered, in generic terms, the [...] demands of capitalism
(AFONSO, 2015, p. 270).
Thus, the capital finds itself in a painful situation, thus embarking on the search for other
areas, so it can perform its extraction of surplus value and surplus-value. In this scenario,
education appears as a strategic sector for the capital, since the public-state financing configures
itself as a seductive source to be absorbed. From this perspective, we understand that it is
inconceivable to think of a transformation in the social framework, considering that the
educational practices present in society cannot overcome the barriers imposed by the economic
system. Education is an ideological complex that should help to break the fetters created by the
capital; however, the current social mode 'is irreformable because by its own nature, as a
systemic regulatory totality, it is totally incorrigible' (MESZÁROS, 2008, p.27). Since
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The learning-market of Edtechs in Brazilian education from the impact of the pandemic of Covid-19
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education is a complex of the superstructure of capitalism that contributes to the reproduction
of its
modus operandi.
According to research by Verger
et al
. (2017
apud
RIKOWSKI, 2017), the global
education market in 2015 had a value of US $4.9 trillion (USD). Added to this is the
approximate US $2 billion in venture capital investment in education in 2014, which highlights
a growth in investment of around 45% over the Great Depression period of 2009 to 2014. This
global education scenario, therefore, highlights the source of business sector interests, thus
stimulating the
commodification of education.
With the need to minimally instruct workers, the school benches that until the 1970s in
Brazil were mostly occupied by the bourgeoisie, start receiving the proletariat. The State, which
before provided education for a minimum and wealthy portion of the population, needed to
supply the educational needs of the working class children, and with this, the level of teaching
in public schools fell, because it was not interesting for capitalism that the majority of the
population became conscious. The State, commanded by a minimum portion of the population,
understands that giving knowledge to the people endangers everything that the bourgeoisie has
usurped historically. However, it is necessary to falsify what is provided directly by the State,
and in the act of deceiving the workers, those in power intend to gain the gratitude of those they
exploit, claiming that without them (the holders of the means of production), everyone would
succumb to misery. In reality, what is hidden in benevolence are profits - directly through
exploited labor, or, indirectly through social marketing of services rendered in the form of
charity to workers, which later return to the capitalist in the form of new capital.
Inevitably, the first steps of a major social transformation in our epoch involve
the need to keep under control the hostile political state that opposes, and by
its very nature must oppose, any idea of a broader restructuring of society. In
this sense, the radical negation of every political command structure of the
established system must assert itself, in its inevitable predominant negativity,
in the initial phase of the transformation being aimed at. But even at that stage,
and indeed before the conquest of political power, the necessary negation is
only adequate to the role assumed if it is effectively oriented by the overall
target of the social transformation aimed at, as the compass of the entire
journey. Therefore, from the very beginning the role of education is of vital
importance to break with the predominant internalization in political choices
circumscribed to the "democratic constitutional legitimation" of the capitalist
state that defends its own interests. For also this "counterinternalization" (or
counterconsciousness") requires the anticipation of a general, concrete, and
comprehensive vision of a radically different way of managing society's
global decision-making functions, which goes far beyond the long-established
expropriation of the power to make all fundamental decisions, as well as its
unceremonious impositions on individuals through policies as a form of
alienation par excellence in the existing order (MÉSZÁROS, 2005, p. 61).
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Faced with the exposed need to strengthen bonds that promote "inclusive exclusion",
capitalism, under the figure of the State, seeks to attribute responsibility to individuals for their
rise or decline. Entrepreneurship is the word and the action that moves the present society, in
view of the constant search for strategies that make possible the stability or the progress of men
in the current conjuncture. In view of the responsibility directed towards education and
continuing education, even if it is precarious and unreliable, the dynamics of the "school
company" outlines goals and proposals to meet the market's expectations, bargaining for labor
power and, at the same time, for these professionals to be efficient within the limitations
imposed on them. The secret to a positive leap in the social pyramid or to staying on top of it,
is in
learning to be competitive
, and comparing the competition between the worker and the
bourgeois, the bourgeois wins, who will have an advantage by exploiting the cheap and
qualified labor force.
In this society ruled by Capital, the logic of education is the logic of the
market. Under this logic, individuals must be prepared for the flexibility of
labor relations and for the adaptation to everything that is imposed, besides
guaranteeing a job for themselves. In this type of sociability, education - which
has the function of mediating men's consciousness in order to reproduce it - is
a powerful mechanism in the process of reproduction of alienated social
relations. [...] Therefore, education is placed today as a mechanism that
intends to silence the voice and prevent the actions of individuals towards a
radical change in society (BRAGA
et al
., 2010, p. 7).
The financial sector has constituted a complex web of privatization processes in
education. In Brazil, this configuration is aligned with the guidelines of multilateral agencies,
as well as its particular dependent capitalist nature that reflects the inflection of the national
state to central countries. As of the 1980s, with the resumption of global economic expansion,
structural adjustments were undertaken in national states seeking to raise financial profitability.
In effect, this process encouraged atrophied State action with regard to guaranteeing rights and,
consequently, engendered greater State ties to the market. The greater link between the public-
state sphere and the market has made possible the creation of a myriad of policies to blur the
boundaries between the public and the private. The logic of the creation of policies based on
the globalization phenomenon is explained by Ball (2001, p. 102):
National policy making is inevitably a process of "bricolage"; a constant
process of borrowing and copying bits and pieces of ideas from other
complexes, of using and improving on tried and tested local approaches, of
cannibalizing theories, of research, of adopting trends and currencies, and
sometimes of investing in whatever might work. Most policies are fragile,
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The learning-market of Edtechs in Brazilian education from the impact of the pandemic of Covid-19
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products of agreements, something that may or may not work; they are
reworked, refined, rehearsed, sifted with nuances and modulated through
complex processes of influencing, producing and disseminating texts, and
ultimately recreated in the contexts of practice. [These fields are constituted
differently in different societies. In short, national politics need to be
understood as the product of a nexus of influences and interdependencies that
result in "interconnectedness, multiplexity, and hybridity" [...], that is, "the
combination of global, distant, and local logics.
In the global scenario, educational policies are undergoing interventions, on an
increasing scale from new actors - many of which are linked to the private sector - implying a
new educational morphology in which the opportunity for profit is on the agenda (BALL, 2018).
In these circumstances, the commodification of education is not an abstraction. For Peroni,
Caetano, and Lima (2017, p. 427), the boundaries between public and private "have been
changing in this period of crisis of capitalism, in which its overcoming strategies -
neoliberalism, globalization, productive restructuring, and the Third Way - redefine the role of
the State, especially towards social policies."
In this sense, Leyshon and Thrift (2007) consider that in the last 30 years one of the
most persistent financial stories has been the search for a reliable income that can be expanded.
Certainly, the education sector is strategic because it is configured as an emergent trend. Ball
(2018, p. 2) asserts that "the state's relationship with private providers of education services is
now commonly articulated by market logic, within which the state becomes a market maker,
contractor, and monitorer," while "the private sector and other providers increasingly take over
the practical work of government in the immediate and mundane sense."
Although private and corporate actors have been involved in global basic education
since the 19th century (CARNOY, 1975; MOELLER, 2020), in recent decades they have gained
more influence and power - as a result of the processuality of financial capital - in setting
educational guidelines and policies on a global scale. It is legitimate to consider that education,
during this period, has contributed significantly to the expansion of corporate profits and market
expansion through exogenous privatization processes (BALL; YOUDELL, 2007). "This
expanded reach of private actors occurred in the context and as a consequence of the reversal
of state investment and increased ideological attacks on public education in diverse global
contexts" (MOELLER, 2020, p. 1).
In this way, a true metamorphosis in education is operated, deepening the learning
market, as a result of the sale of services that constitute professional training and in-service
training for basic education teachers, such as the actions of the Lemman Foundation and the
Ayrton Senna Institute. This logic "expands in an increasingly wide and transnational scope,
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with the creation of [...] its tutoring systems supported by information and communication
technologies" (AFONSO, 2015, p. 280). Therefore, what we conventionally call
"mercolearning" refers to the contemporary and tendential form of the manifestation of
education as merchandise.
The investment made by corporate philanthropy in the field of education is backed by a
so-called humanitarian project, but in fact has as its "last motive which determines the possessor
of a capital to apply it, whether in agriculture or manufacture or in a particular branch of
commerce in gros or détail, is the point of view of profit itself" (SMITH
apud
MARX, 2015,
p.269)
It is through exploited labor that man is able to produce surplus value as a response. For
Marx (2013, p. 294), this result corresponds to the expression of the degree of exploitation of
labor power by capital, that is, the exploitation of the worker by the capitalist. Thus, it is in the
bourgeoisie's best interest to endorse measures that protect the existence of the proletariat.
In Brazil, the Covid-19 pandemic has engendered several implications that have directly
affected and are directly affecting school education, especially public education, since the
aspects related to infrastructure and the student body are different from those in private-market
education, especially in terms of the objective conditions of the families served by the school
system.
Remote teaching as an expression of the EdTechs' learning mercolearning in Brazil
The Brazilian school system is faced with an attempt to spread the idea that basic
education schools and universities are functioning normally through remote teaching, with the
subterfuge of continuing the school and academic calendar in the country. On April 28, 2020
the National Council of Education (CNE) approved guidelines for basic education schools and
higher education institutions during the COVID-19 pandemic. The guidelines for basic and
higher education, in summary, propose virtual approximation of teachers and families, non-
face-to-face activities that use the family as mediator, supervision by a family adult to
accompany during online studies, and the use of educational videos. Regarding remote
teaching, Maria Helena Guimarães de Castro, Counselor of CNE, understands this type of
teaching as a set of diversified teaching-learning practices that include online teaching, video
classes, activities sent to students and reading books (TODOS PELA EDUCAÇÃO, 2020).
In this sense, it is fair to consider that since the 1990s multilateral agencies such as the
World Bank (WB), World Trade Organization (WTO), and UNESCO have proposed Distance
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The learning-market of Edtechs in Brazilian education from the impact of the pandemic of Covid-19
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Education (DE) to expand education in peripheral countries. With the pandemic of COVID-19,
what used to be a more explicit threat on the benches of higher education institutions now
becomes part of basic education, which is also affected and takes on a new face with remote
emergency education.
In addition, these multilateral agencies seek to disseminate a model of education and
school institutions advocated by capital, strictly speaking, a model oriented by the business
agenda in which training is based on competencies and has as its objective the formation of
human capital. A training that offers the worker an education in homeopathic doses that
corresponds to the interests of capital, but that keeps the worker alienated from his class and
from the mechanisms of oppression to which he is submitted in this logic.
Despite the rhetoric of distress about the educational situation due to social isolation,
the defense of the interests of educational corporations and Information and Communication
Technologies (ICTs) is the order of the day. The implementation of hybrid teaching, with
synchronous classes, competency-based teaching, traditional study plans and memorization
exercises to meet large-scale assessments (GIROUX, 2018), highlight the need to pay special
attention to assessments in online format, such as the proposed digital National High School
Exam (ENEM).
The Colemarx (2020, p. 13) document points out that there is a global coalition
involving business sectors and governments, and that this coalition is led by UNESCO and
involves other multilateral agencies, as well as business groups such as "Microsoft, Google,
Facebook, Zoom, Moodel, Huawei, Tony Blair Institute for Global Change, Telefonica
Foundation, and others." The most used resources in the educational landscape during
pandemics come from this coalition: "Google, Google classroom, Google suite, Google
Hangout, Google Meet, Facebook, Microsoft one note, Microsoft, Google Drive/Microsoft
Teams, Moodel, Zoom, Youtube".
The centralized use of these resources expresses the interests of the learning market,
since the financialization of education is deepened through the purchase of packages from
educational technology companies (EdTechs) by the public sector. According to Moeller (2020,
p. 3), EdTechs are in the business of software aimed at the development of competencies and
skills in given knowledge, up to products that enable "significant changes in the operation and
management of schools", even resulting in "hiring specific services or entire schools". This
panorama was already operating in the US through for-profit Educational Management
Organizations (EMOs) that develop and/or manage schools. Examples of EMOs that best
characterize this scenario are: Edison Learning Inc. which runs public charter schools, and the
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Electronic Classroom of Tomorrow, which set itself up as an online school. In addition, there
are EdTechs, such as Pearson, which market educational packages like curricula, instructional
programs, assessment services, and professional development, and although they are for-profit
companies, they are funded by the public sector through financial transactions (KOYAMA,
2010).
EdTechs constitute a multi-billion dollar corporate field, and corporate players such as
Google, Microsoft, and Apple are at the epicenter. Moeller (2020, p. 6) asserts that "Google,
Microsoft, and Apple are fighting for dominance in classrooms. They all want their devices to
be in the hands of the next generation of consumers." It is a valuable market niche to be
dominated. Strictly speaking, as a company, EdTechs, in 2019, have reached a value of $43
billion, with approximately half of that being in basic education.
Indeed, if we look at the movement of shares in the period from April fifteenth to May
fourteenth on the São Paulo Stock Exchange (BOVESPA) we see a drop in the shares of the
two largest S/A holding companies in the education sector, Cogna Educacional (COGN3 -
24.18) and YDUQS (YDUQ3 -20.52%), however, three of the companies that provide the
educational resources to operationalize remote learning in the pandemic period, have seen their
shares appreciate. According to the NASDAQ index, Zoom Video Communications (ZM
10.79%), Alphabet Inc.
In this sense, we see a scenario of continuity in the deepening of the financialization of
education, however, diverting the emphasis from transactions, i.e., once focused on institutions,
to emphasize on technological resources. This phenomenon has had severe implications on the
training of subjects, on pedagogical work, and on the access and permanence in education.
Teaching has migrated from the classroom to videoconferencing applications.
With the migration of class formats, training processes, and forms of interaction,
teachers had to reorganize their pedagogical work, running roughshod over the school's Political
Pedagogical Project, thus losing the character of the training objectives. It is worth mentioning
that a good number of the teachers are not trained and do not master the EdTechs that are being
used to mediate the teaching-learning process. At the limit, access and permanence is another
glaring problem in Brazil, considering that there is a gap between public and private schools,
constituting a true educational apartheid, Moreover, a recent study by the Covid-19 Social
Observatory of the Sociology Department of the School of Philosophy and Human Sciences of
the Federal University of Minas Gerais (Fafich-UFMG), exposes that 20% of Brazilian
households are not connected to the Internet, making it impossible for students to access
distance learning materials made available on the portals by several public elementary and high
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schools (COLEMARX, 2020). This scenario is characterized by what Leher (2020) calls Social
Darwinism, since there is a hierarchy of races, cultures and human natures. The defense of the
cooling of social rights, and the understanding of the market as a locus of natural selection
implies for those who are negatively selected, their succumbency as a side effect of the law of
the strongest.
By way of conclusion
Considering the CNE guidelines, there is nothing to indicate what the future of
deconfinition of basic education will look like. The private-market sectors point to the growth
of educational technologies, since Brazil is reported to have more than 400 EdTechs. In a live
broadcast on May 13, organized by the Brazil at Silicon Valley project, the following topic was
debated: EdTech & Philanthropy: we will start soon. Jorge Paulo Lemman from the Lemman
Foundation and Sal Kahn from Khan Academy participated in the live. The points were that
from Covid-19 onwards governments and institutions should become aware that digital
education must be central and that in the future there will be educational institutions in the
cloud, and that teachers will need to master many soft skills to act in this new educational
reality.
Public school students who cannot afford to study, either because of the lack of structure
at home or because of the lack of resources such as computers, laptops, smartphones and
internet will be left behind. In view of this, it is worth reflecting on the many compliments to
the American educational model, despite the No Child Left Behind program. However, in the
Covid-19 Pandemic scenario at hand, of the rise of remote emergency education via EdTechs,
one can use Bastos' (2018) expression: No Profit Left Behind - No Profit Left Behind - in effect,
the scenario is ripe for doing the mercolearning experiment.
The scenario is perverse for humanity. The pandemic is sinking the global health system
and the finances of the capital metabolism system. However, corporate sectors linked to some
spheres of education, especially the performance of EdTechs, seek to effect the learning market
in an opportunistic way and without considering the future of public state education and popular
students. As a result, it is necessary to question this logic, to seek to implement the National
Education System (SNE) supported by cooperative and collaborative relationships among the
federated entities, thus seeking a quality public education, in which technological resources
supplement the curriculum, the pedagogical work and training, and that profit interests be elided
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so that public (free) state education can meet the desires of society in the post-pandemic
scenario.
ACKNOWLEDGEMENTS:
We thank the Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (FUNCAP) for the financial support.
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May. 2021.
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DE PAULA, A. S. N.; OLIVEIRA, C. M.; ARAÚJO, S. B. The learning-market of Edtechs in
Brazilian education from the impact of the pandemic of Covid-19.
Revista on line de Política
e Gestão Educacional
, Araraquara, v. 26, n. 00, e022001, Jan./Dec. 2022. e-ISSN:1519-9029.
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.15230
Submitted
:
02/11/2021
Revisions requested
: 04/12/2021
Approved
09/02/2021
Published:
31/03/2022
Management of translations and versions: Editora Ibero-Americana de Educação.