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Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI): Análise das condições de trabalho docente na UFPE
RPGE
– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022160, 2022. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.15501
PROGRAMA DE REESTRUTURAÇÃO E EXPANSÃO DAS UNIVERSIDADES
FEDERAIS (REUNI): ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO DOCENTE NA
UFPE
PROGRAMA DE REESTRUCTURACIÓN Y AMPLIACIÓN DE LAS UNIVERSIDADES
FEDERALES (REUNI): ANÁLISIS DE LAS CONDICIONES DE TRABAJO DOCENTE
DE LA UFPE
PROGRAM FOR THE RESTRUCTURING AND EXPANSION OF THE FEDERAL
UNIVERSITIES (REUNI): ANALYSIS OF THE TEACHING WORK CONDITIONS AT
UFPE
Assis Leão da SILVA
1
Yego Viana Amorim de ALMEIDA SANTOS
2
RESUMO
: O artigo avalia os efeitos nas condições do trabalho docente tomando como
referência a implementação do REUNI na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Trata-se de uma pesquisa qualitativa e, com base no objetivo proposto, se caracteriza como
pesquisa exploratória. Em relação aos procedimentos, desenvolveu-se em duas etapas
articuladas: a pesquisa bibliográfica e o estudo de caso, empregando entrevistas como
instrumento de coleta de dados. Fundamentou-se na teoria do ciclo de políticas de Ball e
Bowe (1992). Os resultados da pesquisa apontam elementos que possibilitam destacar certa
singularidade na implementação do Programa em relação às demais Universidades Federais,
tendo em vista que os achados em sua síntese interpretativa revelam que a relação
precarização/intensificação se dá por uma construção conjuntural.
PALAVRAS-CHAVE:
Educação. Trabalho. Docente. REUNI. Universidade.
RESUMEN
: El artículo evalúa los efectos sobre las condiciones del trabajo docente
tomando como referencia la implementación del REUNI en la Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE). Este trabajo es una investigación cualitativa y exploratoria. Sobre los
procedimientos, se construye en dos etapas articuladas: la investigación bibliográfica y el
estudio de caso, utilizándose entrevistas como instrumento de recolección de datos. Se basó
en la teoría del ciclo de políticas de Ball y Bowe (1992). Los resultados de la investigación
apuntan a elementos que permiten resaltar cierta singularidad en la implementación del
Programa en relación a las outras Universidades Federales, considerando que los hallazgos
en su síntesis interpretativa revelan que la relación precariedad / intensificación se da a
través de una construcción coyuntural.
PALABRAS CLAVE:
Educación. Trabajo. Docente. REUNI. Universidad.
1
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE), Recife – PE – Brasil. Docente e
Pró-reitor de ensino. Doutorado em Educação (UFPE). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5926-652X. E-mail:
assisleao33@gmail.com
2
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Recife – PE – Brasil. Mestrado em Educação. ORCID:
https://orcid.org/0000-0001-9924-1688. E-mail: yegoviana@hotmail.com
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Assis Leão da SILVA e Yego Viana Amorim de ALMEIDA SANTOS
RPGE
– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022160, 2022. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.15501
ABSTRACT:
The paper evaluates the effects on the conditions of teaching work taking as a
reference the implementation of REUNI at the Federal University of Pernambuco (UFPE).
That is a qualitative and exploratory research. About the procedures, the paper was
developed in two steps: bibliographical research and case study, using interview as a data
collection instrument. This article was based on policy cycle (Ball e Bowe, 1992). The search
results indicate to elements that make it possible to highlight a certain uniqueness in the
implementation of the program in relation to other federal universities, noting that the results
in its interpretative synthesis reveal that the precariousness/intensification’s relation takes
place through a conjunctural construction.
KEYWORDS:
Education. Work. Teacher. REUNI. University.
Introdução
Durante os governos do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), as
Universidades Federais (UFs) vivenciaram um processo singular de expansão,
democratização do acesso e de interiorização distinto de momentos anteriores da história
recente no país (SANTOS, 2020).
O desenvolvimento da agenda governamental progressista proporcionou a formulação
e implementação de programas voltados a essas instituições, como o Programa Expansão da
Fase I e o Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI).
O Programa Expansão da Fase I serviu como a primeira tentativa do Governo Lula de
expandir as UFs. Lançado em 2003, esse programa não apenas contribuiu para a expansão e
interiorização das Universidades Federais, como também proporcionou novos concursos para
os quadros do corpo técnico-administrativo e docente.
A fim de dar continuidade aos objetivos do programa supracitado, em 2007, surge o
REUNI com o objetivo de estimular o crescimento do Ensino Federal. Esse programa
contribuiu com o surgimento de novos
campi,
construções de novos cursos, departamentos,
contratação de novos docentes e aumento da pluralidade de discentes.
Buscando compreender a guinada na agenda de expansão da Educação Superior e o
interesse em torno desse processo expansivo pela via estatal, Sguissardi (2006) destacou que o
governo elaborou 25 propostas e justificativas para definir os planos para a Educação
Superior. Analisando essas propostas, o autor agrupou e destacou quatro pontos essenciais
nesta agenda:
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Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI): Análise das condições de trabalho docente na UFPE
RPGE
– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022160, 2022. e-ISSN: 1519-9029
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1. ampliar as vagas de forma compatível com a meta de 30% da faixa etária
até o ano 2011 e atingir, no médio prazo, uma proporção de 40% das
matrículas no setor público;
2. promover a autonomia nos termos constitucionais, incluindo a escolha dos
dirigentes;
3. resolver a questão da desigualdade da oferta regional de vagas na
graduação e pós-graduação e buscar melhor oferta de cursos e vagas em
áreas de conhecimento que melhor respondam às necessidades do projeto
nacional de desenvolvimento;
4. modificar o sistema de seleção, com atenção para as minorias raciais e
socioeconômicas (cotas) (SGUISSARDI, 2006, p. 1041).
Um olhar apurado nos pontos essenciais desta agenda elucida as razões pelas quais o
Governo Lula focou na expansão e democratização da Educação Superior no final do primeiro
e ao longo do segundo mandato. A já mencionada expansão da Fase I surge como
consequência da necessidade de expansão e democratização, buscando atingir um novo
público, outrora invisível – as minorias raciais e socioeconômicas.
O REUNI também corroborou com esse cenário de pluralidade estudantil, como
poderá ser analisado ao longo do artigo, e a relação aluno/professor (RAP) teve um aumento
significativo, o que implicou na inserção de diversos grupos sociais. Para corroborar com isso,
a construção de novos
campi
em áreas não elitizadas serviu para a imersão desses grupos
marginalizados.
A principal meta do REUNI foi ampliar a Educação Superior, criando as “[...]
condições para a ampliação do acesso e permanência na educação superior, no nível de
graduação, pelo melhor aproveitamento da estrutura física e de recursos humanos existentes
nas universidades federais” (BRASIL, 2007a).
Para alcançar esse objetivo, foram estabelecidas diretrizes, tais como: reduzir a taxa de
evasão, ocupando vagas ociosas e aumentando o número de ingressos, principalmente no
período noturno; contribuir para implementar regimes curriculares e sistemas de títulos,
oportunos para a construção de itinerários formativos; modificações qualitativas nas
metodologias de ensino-aprendizagem; maior articulação entre graduação, pós-graduação e
educação básica; e aperfeiçoamento de políticas de inclusão e assistência estudantil.
Na prática, as UFs que aderiram ao REUNI buscaram criar, ao longo de cinco anos,
novos cursos e departamentos de graduação, aumentar a relação aluno-professor (RAP) de
12/1 para 18/1, modificar a cultura organizacional das instituições, dentre outras estratégias.
A implementação do REUNI gerou críticas e protestos por parte de entidades
s
indicais, professores e discentes (ANDES, 2007, 2007, 2013), pois alegavam que essa
expansão traria uma precarização para as condições do trabalho docente. Devido a esses
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Assis Leão da SILVA e Yego Viana Amorim de ALMEIDA SANTOS
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embates e a magnitude do programa, diversos pesquisadores (ANDRADE; LUCENA;
BARLETA, 2018; GUIMARÃES; LIMA, 2017; NISHIMURA, 2012; PACHANE;
VITORINO, 2015) passaram a problematizar a temática.
Silva e Santos (2020) apresentaram um levantamento de dissertações e teses sobre esse
Programa Federal, salientando que este ainda desperta interesse em múltiplos campos de
estudo, devido aos seus desdobramentos, sobretudo nas seguintes categorias de estudo:
avaliação da política pública, contrarreforma educacional, acesso e democratização do acesso
ao Ensino Superior, Expansão da Educação Superior, Gestão e Organização, Reestruturação
curricular e trabalho docente universitário.
Nessa perspectiva, o presente artigo tem como objetivo avaliar os efeitos nas
condições do trabalho docente tomando como referência a implementação do REUNI na
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Para realizar o referido estudo de caso,
escolheu-se um departamento de humanidades. Nesse sentido, a pesquisa trabalhou com
docentes que passaram pela transição imposta pelo Programa (aqueles que puderam
contemplar o pré-REUNI e o pós-REUNI).
A escolha do Estado de Pernambuco diz respeito a sua importância demográfica,
histórica, social e econômica na região Nordeste. Outro aspecto é que, em suas origens, as
Universidades Federais no Estado mantinham um caráter essencialmente elitista e litorâneo, o
que se modificou no início do século XXI, a partir de novos contextos com o processo de
expansão e interiorização da Educação Superior. Dessa maneira, atualmente, o Estado
apresenta um conjunto de Universidades Federais que vivenciaram, a partir de suas criações,
distintos projetos de Educação Superior na região.
REUNI nas Universidades Federais Pernambucanas
O Estado de Pernambuco possui quatro Universidades Federais: a já mencionada
UFPE, a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), a Universidade Federal do
Vale do São Francisco (UNIVASF) e a Universidade Federal do Agreste de Pernambuco
(UFAPE). Atualmente, esse conjunto de Universidades Federais ofertam 51.562 matrículas
em graduações presenciais em diversos
campi
instalados pelo Nordeste (INEP, 2020).
A UFPE, fruto do p
rocesso de federalização da Educação Superior, foi criada através
do Decreto-Lei da Presidência da República nº 9.388 de 1946
.
Se ao longo do século XX a
Universidade manteve um caráter elitista, o século XXI trouxe novos desafios, entre os quais,
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Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI): Análise das condições de trabalho docente na UFPE
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a necessidade de se adequar ao processo de expansão e interiorização propostos nos Governos
Lula.
Em relação à UFRPE, sua origem demanda do ano de 1912 com a criação da Escola
Superior de Agricultura, abrangendo a princípio os cursos de Medicina Veterinária e
Agronomia. Em 1940, através do decreto Estadual nº 1.741/1947 oficializou-se a criação
dessa instituição, unindo as Escolas descritas anteriormente e a Escola Agrotécnica e o Curso
de Magistério de Economia Doméstica Rural.
Todavia, apenas em 1955 a Universidade foi federalizada, através da Lei Federal nº
2.524. Com o decreto nº 60.731/1967, a instituição adquiriu o seu nome oficial (ARRUDA,
2011). No desenho atual de sua institucionalidade, a Universidade tem sua reitoria e o seu
Campus principal localizados na capital, mas também se estende por todo o Estado, contendo
Unidades nos municípios de Garanhuns, Serra Talhada, Cabo de Santo Agostinho e Belo
Jardim. As Unidades de Garanhuns e Serra Talhada, criadas respectivamente em 2005 e 2006,
são frutos do projeto de expansão discriminado no presente trabalho.
Em relação à UNIVASF, sua criação remete a Lei n° 10.473/2002 (BRASIL, 2002)
como forma de interiorizar a Educação Superior, porém sua implementação efetiva deriva do
ano de 2004. No princípio, a Universidade continha sua sede no município de Petrolina (PE) e
dois
campi
em:
Juazeiro (BA) e São Raimundo Nonato (PI). Em 2007, é criada uma Unidade
também no Piauí, próxima a Serra da Capivara. Com o REUNI, em 2008, são erguidos mais
dois
campi:
mais um na cidade de Petrolina e outro em Senhor do Bonfim (BA). Por fim, em
2014 e 2017, o Conselho Universitário (Conuni) e o Ministério da Educação (MEC)
aprovaram a criação, respectivamente, das Unidades na cidade de Paulo Afonso (BA) e
Petrolina (PE).
A partir da Lei nº 13.651
/
2018 (BRASIL, 2018), iniciou-se o processo que culminou
na autonomia da UFRPE, criando a UFAPE, a partir do desligamento da Unidade da cidade
de Garanhuns. Em 2021, a Instituição apresenta sete cursos de graduação, uma especialização
em questões agrárias e cinco cursos de mestrado.
Esse cenário da Educação Superior em Pernambuco é o resultado de mudanças que o
pa
ís vivenciou num passado recente, caracterizados pelo projeto político descrito, que
englobou forte expansão das vagas e matrículas em instituições públicas e que trouxe efeitos
na infraestrutura e nas condições de trabalho docente, basta observar a criação de novos
prédios, centros e cursos e a inserção de novos discentes, que ainda refletiram após o prazo
das políticas estudadas (UFPE, 2012, 2013).
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Assis Leão da SILVA e Yego Viana Amorim de ALMEIDA SANTOS
RPGE
– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022160, 2022. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.15501
Como a delimitação do trabalho são as UFs, averiguou-se que o processo sofrido pelas
quatro Universidades (UFPE, UFRPE, UFAPE e UNIVASF) contribuíram para redesenhar o
espaço geográfico da educação superior, seja através do processo de interiorização de
Universidades públicas, da oferta de graduações nas modalidades semipresenciais ou a
distância e das políticas de acesso e permanência.
Como citado, o estudo foi delimitado na UFPE devido a sua relevância nacional/local,
social e científica, bem como pelos embates internos na elaboração do REUNI. Durante a
segunda década do século XXI, a instituição encontra-se como uma das melhores em ensino
(graduação e pós-graduação) e pesquisa, sendo a 14ª melhor Universidade do País. No âmbito
internacional, a instituição está entre as mil melhores do mundo, segundo o
The World
University Rankings
(2018)
3
.
Ainda no
site
da instituição, ao pesquisar a missão, os valores e a visão, é possível
averiguar que existe uma tradição histórica que vai para além da empregabilidade, mas que se
volta à inserção social. Nesse contexto apresentado, a Universidade tem uma visão de mundo
emancipadora, na qual valores como a alteridade, a justiça, a dignidade humana, o direito dos
povos, a liberdade e as diferenças culturais são prioritárias.
Isto posto, o REUNI foi um marco na história das UFs, visto que essa política
compactuou para reestruturar, expandir e interiorizar a Educação Superior. No caso específico
da UFPE, contribuiu para o enfraquecimento do argumento da Universidade de Elite e sua
cartografia litorânea, permitindo o processo de interiorização. Logo, torna-se ímpar realizar
estudos sobre esse Programa e tratar sobre suas implicações para o desenvolvimento dessa
Instituição.
Ainda sobre a UFPE, é possível verificar que existiram transtornos na implementação
do Programa, uma vez que uma parcela dos estudantes da comunidade acadêmica, no ano de
2007, mobilizaram uma ocupação a Reitoria, alegando que o REUNI traria a precarização das
atividades acadêmicas, afetando, principalmente, a condição do trabalho docente
4
. Logo, um
estudo de caso que problematize esta temática torna-se pertinente.
3
Disponível em: https://www.ufpe.br/institucional/a-instituicao. Acesso em: 14 jan. 2021.
4
Disponível em: https://www.tribunapr.com.br/noticias/brasil/reitor-da-ufpe-tenta-liberar-predio-ocupado-por-
estudantes-contra-o-reuni/ehttps://extra.globo.com/noticias/brasil/pelo-menos-quatro-universidades-federais-
sofrem-com-ocupacoes-em-protesto-contra-reuni-717256.html. Acesso em: 09 jan. 2021.
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Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI): Análise das condições de trabalho docente na UFPE
RPGE
– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022160, 2022. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.15501
Condições do trabalho docente e o REUNI: elementos para o debate
Entre os elementos mais criticados no processo de implementação do REUNI, estão os
efeitos nas condições do trabalho docente. Em 2007, o Sindicato Nacional dos Docentes da
Educação Superior (ANDES) destacou que o REUNI traria a precarização para as
Universidades Federais. Essas críticas persistem no tempo presente. Pachane e Vitorino
(2015), Andrade, Lucena e Barleta (2018), dentre outros, apontam a precarização do trabalho
docente como ponto capital da crítica ao Programa. A tese com maior destaque, nessas
análises, foi a relação aluno/professor (RAP) que se modificou de 12/1 para 18/1.
O ANDES salientou que o processo de intensificação da RAP fortaleceu o conceito
produtivista e empresarial nas UFs, o que focalizaria em resultados quantitativos (inserção de
mais discentes nos cursos de graduação presenciais ou aumento do número de concluintes),
enquanto o tripé ensino, pesquisa e extensão seria prejudicado.
Corroborando com o ANDES, Pachane e Vitorino (2015), Guimarães e Lima (2017),
também criticam a relação 18/1 da RAP, ao alegarem uma interferência qualitativa no
trabalho docente. Complementando as colocações dos críticos a alguns elementos do REUNI,
Andrade, Lucena e Barleta (2018) levantam o argumento de que o REUNI traria maior
mecanização na relação aluno/professor, afetando os aspectos qualitativos da didática em sala
de aula.
As críticas desses autores vão além, pois problematizam a Portaria Interministerial
MEC/MPOG nº 22, de 30 abril de 2007 (BRASIL, 2007b). Os autores apontam que a portaria
criou um banco de professores equivalentes e uma estratégia de contratação de substitutos,
sabendo-se que esse banco representa todos os professores efetivos e substitutos das
Universidades, instituindo-se uma possibilidade de reposição rápida dos docentes efetivos por
substitutos.
Destaca-se, ainda, a diferença entre os dois tipos de contratação de professores, pois o
contrato de trabalho do substituto o limitava a ministrar apenas aulas. Sobre isso, o sindicato
ANDES já trazia uma crítica em 2007:
O professor substituto não pode assumir cargos administrativos, desenvolver
ou orientar pesquisas, nem submeter ou coordenar projetos. Essas tarefas
estão sendo acumuladas por um número cada vez menor de professores
efetivos (ANDES, 2007, p. 25).
Essa problemática das no
vas formas de contratação de professores também foi pautada
por Nishimura (2012), ao realizar um estudo de caso da Universidade Federal do Rio Grande
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Assis Leão da SILVA e Yego Viana Amorim de ALMEIDA SANTOS
RPGE
– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022160, 2022. e-ISSN: 1519-9029
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do Sul (UFRGS). Em 2011, a presidenta Dilma Rousseff realizou cortes orçamentários em 50
bilhões de reais, atingindo a pasta da educação em 3 bilhões de reais, o que contingenciou a
UFRGS na contratação de 100 docentes efetivos, acertado no Acordo de Metas do REUNI
com as UFs. Para suprir o déficit, foram criados processos seletivos para professores
temporários, com características semelhantes aos contratos de professores substitutos.
A possibilidade de contratação temporária decorre desde 1993, com a criação da Lei
Federal nº 8.745 (BRASIL, 1993), mas deveria se dar por caráter temporário a fim de atender
eventos públicos excepcionais (catástrofes ambientais, epidemias etc.). Contudo, o Governo
Dilma criou a Medida Provisória nº 525/ 2011 com um inciso “X” (décimo), somando a lista
de eventos públicos excepcionais:
admissão de professor para suprir demandas decorrentes da expansão das
instituições federais de ensino, respeitando os limites e as condições fixados
em ato conjunto dos Ministérios do Planejamento, Orçamento e Gestão e da
Educação (BRASIL, 2011, inciso X).
Tal problematização remete para as colocações de Marin (2010) sobre as novas
categorias de trabalhadores, sobretudo os temporários, como forma de representar a
precarização e intensificação das condições de trabalho. A intensificação pode ser vista como
um elemento da precarização, sendo representada pela necessidade de atender um número
maior de exigências em menos tempo (SANTANA, 2018).
Outros estudos de casos também contemplam as problematizações anteriores, como
por exemplo, o jornal da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Espírito Santo
(ADUFES, 2011), que trouxe colocações de docentes que exigiram sigilo em suas denúncias
de trabalho.
Os relatos abordavam principalmente o assédio moral. Em um dos casos, o professor
relutou como chefe de departamento em aceitar ministrar disciplinas por mais de um período
quando estas não tivessem relação com sua área de formação: “Quando relutei em ministrar
uma disciplina que não tinha relação com o que eu lecionava, ele dizia que quem está no
estágio probatório não tem o direito de escolher disciplinas, dá aulas do que o departamento
precisar” (ADUFES, 2011, p. 1).
O autoritarismo também pode ser visto em outras ocasiões no jornal ao exporem uma
f
ala de um professor da Universidade Federal do Amazonas: “A reitora da minha universidade
chegou a emitir uma medida proibindo os professores de saírem do município sem comunicá-
la, o que acabou sendo derrubado pela luta da categoria”
(ADUFES, 2011, p. 1).
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Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI): Análise das condições de trabalho docente na UFPE
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– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022160, 2022. e-ISSN: 1519-9029
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Ribeiro, Dantas e Silva (2014) abordam que o processo de aumento quantitativo de
discentes sem o correspondente aumento efetivo de servidores técnicos e professores, somado
a uma jornada extra, mediante a invasão da vida privada pelo trabalho em casa, acentuado
pelas novas tecnologias da informação, precarizam o trabalho docente. Retratam, ainda, que o
professor vai absorvendo as características de um sujeito aparentemente produtivo.
Na mesma pesquisa, através de entrevistas realizadas com professores, o levantamento
dos dados revelou que a questão da infraestrutura foi um fator relevante nas críticas sobre o
REUNI. No jornal do ADUFES (2011), também é possível averiguar a problemática da
infraestrutura referente às condições de trabalho do docente, como também no dossiê do
ANDES (2013) referente à precarização desse papel laboral.
O dossiê cita vários casos, dentre eles, um específico trata sobre o Polo Universitário
de Rio das Ostras, um dos sete
campi
da Universidade Federal Fluminense (UFF). A verba
oriunda do REUNI se extinguiu em 2010, com isso, obras precisaram ser paradas, afetando o
trabalho e a saúde dos professores:
Temos dificuldade em atender ao projeto pedagógico com as instalações
improvisadas. Inexistência de auditório, de laboratórios adequados, etc.
Inexistência de espaço para realização da completude da vida universitária,
como espaços para Reunião de pesquisa e de projeto de extensão. A
característica de provisoriedade põe a condição de irresolução crônica,
levando até mesmo alguns professores ao adoecimento por não conseguirem
realizar as suas atividades laborativas na qualidade esperada”, constata o
professor do Departamento Interdisciplinar (RIR), Ramiro Dulcich (ANDES,
2013, p. 10-11).
Ribeiro, Leda e Silva (2015) corroboram com o ANDES, pois também entrevistaram
professores da Universidade Federal Fluminense e observaram problemas referidos nos
campi
de Rio das Ostras e Nova Friburgo. Esses autores identificaram problemas relacionados à
saúde, como também o crescimento brusco de discentes em comparação com os docentes.
Esses mesmos pesquisadores ainda cobriram outras três Universidades: a Universidade
Federal do Maranhão (UFMA), a Universidade de Brasília (UnB) e a Universidade Federal do
Tocantins (UFT). Os autores apontam, que mesmo com vários
campi
da UFMA já existindo
antes dos anos 1980, a expansão efetiva vai se perpetuar após 2007, com o REUNI.
Ribeiro, Leda e Silva (2015) apontam que um crescimento desordenado foi observado
na
instituição, o que gerou um crescimento de 63,8% no número de discentes nos cursos de
graduação presenciais, enquanto o aumento do número de professores efetivos foi de 43,3%.
Em relação à UnB, os pesquisadores apontam que já existia a proposta de expansão pré-
REUNI, assim o programa lançando em 2007 serviu para complementar a proposta.
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Assis Leão da SILVA e Yego Viana Amorim de ALMEIDA SANTOS
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Seis anos após o pacto UnB/REUNI, observou-se o crescimento físico e um grande
aumento de vagas. Neste contexto, a problematização voltou-se à falta de planejamento e de
diálogo com a comunidade acadêmica para desenvolver as metas. Isso gerou problemáticas
como obras inacabadas e salas superlotadas ou esvaziadas.
Sobre a UFT, os pesquisadores resgataram o processo pré-REUNI, ao argumentarem
que a instituição sofreu um processo transitório entre a herança institucional vinda da
Universidade Estadual do Tocantins e a adaptação da Universidade ao novo modelo gerencial.
Esses autores destacam que essas “transmutações de gestão” vêm exigindo um esforço
a mais do quadro de pessoal em geral, sendo a infraestrutura um elemento considerado como
precarizado pelo corpo docente. Docentes esses que também reclamam da exacerbada
demanda de trabalho; do exagero de carga horária dos professores e da escassez de recursos.
Contemplando os casos anteriores, Ribeiro, Leda e Silva (2015, p. 162) ainda levantam os
dados a seguir:
Os números da expansão das IFES (2007/2012) apontam para aumento de
71,5% de vagas na graduação (139.875 em 2007, para 239.942 em 2012),
contraposto ao de 47,5% do número de docentes (45.849 em 2007, para
67.636 em 2012) e 10,7% de técnico-administrativos (88.801 em 2007, para
98.364 em 2012), o que corrobora a tese da intensificação do trabalho
(SGUISSARDI; SILVA JÚNIOR, 2009) identificada nos estudos
supracitados sobre o REUNI na UFMA, UnB, UFT e UFF.
Mesmo que a literatura acadêmica sobre o tema desvele a precarização existente das
condições de trabalho docente, não se pode esquecer o contexto local em que a política
educacional foi implementada, uma vez que esta sofre interferências únicas daquele.
Por esta razão, o trabalho parte do pressuposto da construção teórico-metodológica do
ciclo de políticas (BALL; BOWE, 1992; BALL, 1994). Ball e Bowe (1992) teorizaram que
existem cinco contextos que se interrelacionam no ciclo de políticas: contexto de influência;
contexto da prática; contexto da produção de texto; contexto de resultados e efeitos; e
contexto da estratégia política
5
.
Esses contextos vão apresentar peculiares macro (desde a criação a nível nacional da
política) e micro (os embates regionais e locais onde as políticas vão ser implementadas).
Assim, foi possível averiguar que não existe homogeneidade na implantação de uma política e
de um programa, pois desde sua criação até a sua efetivação e seus resultados, ela passa por
diversos elementos específicos.
5
Para um maior aprofundamento desses contextos, ler os seguintes autores: Ball e Bowe (1992); Ball (1994);
Mainardes (2006).
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Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI): Análise das condições de trabalho docente na UFPE
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– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022160, 2022. e-ISSN: 1519-9029
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Tomando como exemplo o REUNI, observou-se que autores (RIBEIRO; LEDA;
SILVA, 2015; RIBEIRO, DANTAS; SILVA, 2014; NISHIMURA, 2012; ANDRADE;
LUCENA; BARLETA, 2018) criticaram o desenvolvimento e a implementação do Programa
em diversas UFs, porém, o estudo de caso do presente artigo trouxe elementos que
complexificaram essa literatura nacional, uma vez que a análise dos dados apresentou
peculiaridades do contexto local da UFPE.
REUNI e condições do trabalho docente na Universidade Federal de Pernambuco
Para obter as respostas do estudo de caso, entrevistou-s
e um grupo de docentes do
departamento de humanidades. Como auxílio para a entrevista, construiu-se um quadro de
perguntas. O quadro foi fundamentado nos dados quantitativos do sindicato docente da
instituição (Associação dos Docentes da UFPE – ADUFEPE), contemplando as condições do
trabalho docente em 2013. Vale salientar que esse quadro também surge a partir da construção
da teoria de Marin (2010), pois se compreende que condições do trabalho docente são o
conjunto do exercício das funções do professor. Ou seja, esse conjunto implica tanto em
elementos físicos quanto em condições psicológicas.
Q
uadro 1 –
Quadro referencial de análise das condições do trabalho docente
Categorias
Infraestrutura
Corpo docente
Corpo discente
Pessoal técnico administrativo
Autonomia do professor enquanto pesquisador e educador
Saúde do professor
Fonte: Elaborado pelos autores (2021)
Em relação à
infraestrutura, a maior parte dos professores entrevistados ressaltaram
melhorias parciais. Uma parte alegou que não observou nenhuma diferença, enquanto a outra
destacou que houve uma pequena piora. A melhora, vale salientar, adveio da criação de novos
prédios, da modernização do material de auxílio pedagógico, dentre outros fatores. Uma das
críticas que surge sobre a questão de infraestrutura não advém do REUNI em específico, mas
da forma como a burocracia da instituição manejou os recursos financeiros. Sobre isso, um
dos professores relatou:
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Assis Leão da SILVA e Yego Viana Amorim de ALMEIDA SANTOS
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A tendência era com o REUNI, porque nós tínhamos recursos para o REUNI
para fazer essa melhoria, e todos os projetos foram bem feitos. E nós
tínhamos dinheiro para fazer isso aí. Mas aí, o que acontece? O dinheiro ta
lá, mas você tem que usar o dinheiro com [...] uma legislação própria para
isso, é um dinheiro público. E para você realizar dinheiro público tem que
fazer uma licitação, porque você tem que entrar em um banco de dados de
licitação para poder fazer. Eu fiz o projeto, eu acho que fiz um laboratório de
multimídia para o curso de museologia que era fantástico. Se você olhar o
projeto, você vai ver que legal, dentro dos recursos que eu tinha para fazer.
Aconteceu? Não. Por quê? Ineficiência das pessoas que fazem as licitações e
as compras (Professor 01).
Esse fragmento levantado ressalva a construção dos contextos do ciclo de políticas,
apontando que a prática de uma política pode ser afetada pelos autores que as aplicam. Ball e
Bowe (1992) já apontavam que, no contexto da prática, os formuladores da política não tem o
poder de decisão do que vai ser feito, logo, cabe aos agentes locais travarem os embates.
Nesse aspecto, a estrutura organizacional da instituição teve destaque no desenrolar do
REUNI, visto que o problema não foi a verba, mas a operacionalização dela.
Em relação ao acréscimo no corpo docente, outro elemento bastante destacado na
literatura nacional, é possível observar algumas problemáticas nas argumentações dos
entrevistados. Um dos professores apontou:
Eu acho que melhorou parcial porque a gente precisava ainda de um
aumento do número de professores, né? E de uma maior, como eu posso
dizer, de um apoio mais sistemático para o apoio da formação já que a gente
contratou pessoas com mestrado apenas. E quando a gente liberou eles para
fazer o doutorado nem sempre temos o apoio que precisa (Professor 05).
Aqui, é possível interpretar que o REUNI contribuiu com um aumento quantitativo de
docentes, não necessariamente qualitativo (visto que muitos professores eram mestres e ainda
estavam em formação). E isso se tornou um empecilho quantitativo, ao passo que esses novos
docentes buscavam se especializar. Questionando se esses novos professores correspondiam a
categoria de “trabalhadores temporários” (MARIN, 2010), outro entrevistado respondeu que
existiram concursos, mas houve uma sobrecarga (ainda que limitada ao cenário da literatura
nacional):
Você tem uma sobrecarga do professor, apesar de terem abertos muitos
concursos ainda tem alguma sobrecarga do professor em relação a: dar mais
aula ou ter mais alunos nas salas. Mas não é tanto quanto a gente pensou que
ia ser, certo? (Professor 06).
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Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI): Análise das condições de trabalho docente na UFPE
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Essa fala coincide com uma citação retirada do documento da
ADUFEPE
(2013, p. 4),
ao levantar as principais queixas dos docentes: “a carência de professores tem gerado
sobrecarga e acúmulo de atividades”.
Ainda sobre o mesmo tema, o professor 02 apresentou:
Em termos de corpo docente, a gente melhorou parcialmente. Porque eu
acredito que poderia ter crescido ainda mais a quantidade de docentes
disponíveis devido à expansão da universidade. Ele melhorou? Sim! Isso
poderia ficar como uma ideia de que ele piorou parcialmente, se eu fosse
dizer que a gente tivesse menos professores para a quantidade de pessoas
envolvidas. Mas eu acho que melhorou porque ficou bem mais professores,
mesmo que tenham tidos um aumento da relação alunos e professores.
O que fica descrito nas falas é que a melhoria parcial adveio de um aumento no quadro
de docentes, porém, vale destacar que, mesmo com essas novas contratações, os problemas
levantados pelos autores da seção anterior (PACHANE; VITORINO, 2015; ANDRADE;
LUCENA; BARLETA, 2018; RIBEIRO; DANTAS; SILVA, 2014, dentre outros) ainda
podem ser perceptíveis. Ou seja, maiores demandas geraram sobrecargas nos docentes, o que
afetou suas condições de trabalho.
Falar de condições do trabalho docente significa abordar a RAP, o que inclui a
categoria discente (Quadro 01). A maior parte dos entrevistados apontou que o crescimento
no quadro discente foi benéfico, visto que houve um aumento na diversidade e inclusão
social. O aumento da RAP não foi um grande empecilho a ser observado. A partir dessas
falas, volta-se a dialogar com Sguissardi (2006), pois o autor apontou que o Governo Lula
buscou inserir grupos sociais marginalizados dentro das UFs, dialogando com o PNE.
Apenas um professor apontou a piora do quadro dos discentes, entretanto, não
mencionou o aumento quantitativo da RAP, mas referiu-se à qualidade do alunado. Em outras
palavras, a capacidade técnica e científica deles. Essa colocação corrobora com os novos
embates que se intensificaram dentro das comunidades universitárias, os novos rostos
colidiram com uma estrutura que não estava acostumada com eles
6
.
Dando continuidade à análise do quadro 01, sobre o pessoal técnico-administrativo, a
maioria dos entrevistados apontou que o REUNI não trouxe muitas modificações no contexto
da instituição estudada. Vale salientar que alguns professores apontaram que a falta que o
déficit contínuo de técnicos administrativos (atravessando décadas) corrobora para a
6
Disponível em: https://www.unicamp.br/unicamp/ju/noticias/2019/11/19/racismo-no-mundo-academico-um-
tema-para-se-discutir-na-universidade e https://noticias.uol.com.br/reportagens-especiais/cotistas-e-ex-cotistas-
relatam-preconceitos-e-dificuldades-na-universidade-publica/#cover. Acesso em: 05 jun. 2021.
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Assis Leão da SILVA e Yego Viana Amorim de ALMEIDA SANTOS
RPGE
– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022160, 2022. e-ISSN: 1519-9029
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intensificação do trabalho do professor, visto que o docente acaba acumulando mais
atribuições. Sobre isso, pode-se destacar a fala do professor 03:
Tivemos algumas surpresas positivas no secretariado, sobretudo. Outros
aspectos menos, mas nossos problemas que existiam com o pessoal técnico
administrativo, em partes, continuam as mesmas, mas, felizmente, algumas
experiências muito positivas no secretariado.
O professor 05 foi o que aprofundou nas críticas ao corpo técnico-administrativo:
[O REUNI] Não afetou foi em nada. Não afetou porque a gente continua
com os funcionários em pequena quantidade, continua sem ter uma divisão
adequada de responsabilidade e atribuições e de atividades que o funcionário
tem que fazer. E continua não se tendo o menor rigor em relação às faltas
deles que são constantes, deixando a gente tudo na mão. E também não se
pensou em nenhum momento em criar uma gestão especifica ou chefe
específico para os funcionários, professor não é pra chefiar funcionário! A
gente na atividade de coordenação é pra trabalhar com as questões
pedagógicas e não com as atividades administrativas.
O professor 04, todavia, chega a uma conclusão similar aos professores 05 e 02, mas
traz uma abordagem mais positiva:
O pessoal técnico administrativo também acho que [o REUNI] não tenha
afetado em nada. É o mesmo pessoal que vem levando a Universidade nas
costas e que vem trabalhando como louco. Claro que tem sempre aquele
pessoal que trabalha menos, a chefia não tem o mesmo controle sobre o
funcionário ou que são funcionários que praticamente não trabalham porque
tem atividades sindicais. Mas isso sempre acontece, é uma estrutura pesada,
mas a maioria é tudo gente muito boa e que a Universidade devem muito a
eles. Não vejo que o REUNI tenha modificado nada com relação a isso não.
Outro elemento apontado pelos professores como persistente após o REUNI foi a
autonomia do docente enquanto pesquisador e educador. Os professores 02, 03 e 04 observam
que o REUNI não afetou o livre exercício de suas atividades, pois planejavam tranquilamente
suas atividades de pesquisa e seu material pedagógico/didático. Já os professores 05 e 06
disseram que a autonomia diminuiu.
Vale destacar, porém, a es
se respeito, a argumentação apresentada pelo professor 06:
“Não é o REUNI, tá entendendo? É você ter mais exigência de todos os lados: do CNPq, da
Capes, da Universidade por causa do REUNI! É o período de expansão no geral, com as
políticas que estão em voga”. A colocação do professor 06 está em consonância com a
construção econômica que o mundo se enquadrou após os anos 80. Com a crise do
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Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI): Análise das condições de trabalho docente na UFPE
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– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022160, 2022. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.15501
Capitalismo e a ascensão do neoliberalismo, o Estado passou por reformas que
afetaram/afetam várias instâncias, o que inclui o Ensino Superior.
Ball (2001) trata sobre novas tecnologias de controle social através da nova concepção
do Estado, sendo elas: a eficiência, a qualidade e a eficácia dos serviços. A partir desse ponto,
as políticas geradas passam a ser afetadas por toda essa lógica, o que não se restringe apenas
ao REUNI, mas a toda uma conjuntura do século XXI.
Pensando nessa conjuntura e em como o ciclo de políticas sofre influência direta, os
professores ainda levantaram alguns posicionamentos sobre a saúde deles. Enquanto dois
professores apontaram que o REUNI contribuiu diretamente com maiores cobranças que
afetaram a saúde, três indivíduos não observaram mudanças advindas com o REUNI, visto
que essas novas pressões já estavam sendo construídas ao longo dos anos anteriores.
As falas dos docentes do presente estudo de caso trouxeram uma maior complexidade
ao debate sobre condições do trabalho docente/REUNI, apontando que a relação
precarização/intensificação se deu, e ainda dá, por uma construção conjuntural. Nessa análise
do REUNI na UFPE, alguns elementos negativos semelhantes ao da literatura nacional foram
percebidos. Por outra via, a percepção dos professores apontou que o saldo positivo não deve
ser negligenciado. Por exemplo, a RAP, um dos elementos mais criticados pelos autores
levantados (PACHANE e VITORINO, 2015; GUIMARÃES e LIMA, 2017, etc.) foi vista
como positiva pelos docentes do estudo de caso, visto que o aumento quantitativo trouxe uma
melhoria qualitativa: diversidade e inserção de grupos sociais marginalizados.
Considerações finais
O presente artigo teve como objetivo avaliar os efeitos nas condições do trabalho
docente tomando como referência a implementação do REUNI na Universidade Federal de
Pernambuco.
Num primeiro momento, caracterizou-se o cenário das Universidades Federais no
Estado de Pernambuco, composto pela UFPE, UFRPE, UNIVASF e UFAPE, destacando-se
seus aspectos históricos, geográficos e a inserção do Programa REUNI no ambiente de
atuação destas Instituições.
Ainda nesse primeiro momento, chamou-s
e a atenção para o caso da UFPE, pontuando
seu projeto de criação, sua cartografia litorânea inicial, o processo de interiorização e sua
inserção local, regional e nacional. A opção por essa instituição para o estudo de caso se deu
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Assis Leão da SILVA e Yego Viana Amorim de ALMEIDA SANTOS
RPGE
– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022160, 2022. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.15501
por se tratar da UFs mais antiga e relevante da região, bem como devido às tensões que
ocorreram durante a implementação do REUNI.
Em um segundo momento, o artigo refletiu e compreendeu as nuances dos debates
nacionais sobre REUNI e as condições do trabalho docente. Vale salientar que mesmo com
considerável homogeneidade no discurso dos autores sobre o tema, foi utilizado o ciclo de
políticas de Ball e Bowe para contrapor, a princípio, as argumentações. Ou seja, não existe
homogeneidade na implantação de uma política e de um programa, uma vez que a sua
efetivação e seus resultados podem apresentar peculiaridades.
Num terceiro momento, finalmente, a partir dos dados coletados e interpretados no
contexto da UFPE e triangulados com a literatura acadêmica nacional, pôde-se afirmar que o
caso dessa Universidade em questão pode trazer maior complexidade à problematização deste
programa, abrindo possibilidades de novas pesquisas, já que os achados apontam que a
relação entre precarização e intensificação se dá por uma construção conjuntural.
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Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI): Análise das condições de trabalho docente na UFPE
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Como referenciar este artigo
SILVA, A. L.; ALMEIDA SANTOS, Y. V. A. Programa de Reestruturação e Expansão das
Universidades Federais (REUNI): Análise das condições de trabalho docente na UFPE.
Revista on-line de Política e Gestão Educacional
, Araraquara, v. 26, n. 00, e022160, 2022.
e-ISSN:1519-9029. DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.15501
Submetido em
: 10/08/2022
Revisões requeridas em
: 15/09/2022
Aprovado em
: 22/10/2022
Publicado em
: 30/12/2022
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
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Program for the Restructuring and Expansion of the Federal Universities (REUNI): Analysis of the teaching work conditions at UFPE
RPGE
– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022160, 2022. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.15501
PROGRAM FOR THE RESTRUCTURING AND EXPANSION OF THE FEDERAL
UNIVERSITIES (REUNI): ANALYSIS OF THE TEACHING WORK CONDITIONS
AT UFPE
PROGRAMA DE REESTRUTURAÇÃO E EXPANSÃO DAS UNIVERSIDADES
FEDERAIS (REUNI): ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO DOCENTE NA
UFPE
PROGRAMA DE REESTRUCTURACIÓN Y AMPLIACIÓN DE LAS UNIVERSIDADES
FEDERALES (REUNI): ANÁLISIS DE LAS CONDICIONES DE TRABAJO DOCENTE
DE LA UFPE
Assis Leão da SILVA
1
Yego Viana Amorim de ALMEIDA SANTOS
2
ABSTRACT
:
The paper evaluates the effects on the conditions of teaching work taking as a
reference the implementation of REUNI at the Federal University of Pernambuco (UFPE).
That is a qualitative and exploratory research. About the procedures, the paper was developed
in two steps: bibliographical research and case study, using interview as a data collection
instrument. This article was based on policy cycle (Ball e Bowe, 1992). The search results
indicate to elements that make it possible to highlight a certain uniqueness in the
implementation of the program in relation to other federal universities, noting that the results
in its interpretative synthesis reveal that the precariousness/intensification’s relation takes
place through a conjunctural construction.
KEYWORDS
:
Education. Work. Teacher. REUNI. University.
RESUMO
: O artigo avalia os efeitos nas condições do trabalho docente tomando como
referência a implementação do REUNI na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Trata-se de uma pesquisa qualitativa e, com base no objetivo proposto, se caracteriza como
pesquisa exploratória. Em relação aos procedimentos, desenvolveu-se em duas etapas
articuladas: a pesquisa bibliográfica e o estudo de caso, empregando entrevistas como
instrumento de coleta de dados. Fundamentou-se na teoria do ciclo de políticas de Ball e
Bowe (1992). Os resultados da pesquisa apontam elementos que possibilitam destacar certa
singularidade na implementação do Programa em relação às demais Universidades
Federais, tendo em vista que os achados em sua síntese interpretativa revelam que a relação
precarização/intensificação se dá por uma construção conjuntural.
PALAVRAS-CHAVE
:
Educação. Trabalho. Docente. REUNI. Universidade.
1
Federal Institute of Education, Science and Technology of Pernambuco (IFPE), Recife - PE - Brazil. Professor
and Pro-Rector of teaching. PhD in Education (UFPE). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5926-652X. E-mail:
assisleao33@gmail.com
2
Federal University of Pernambuco (UFPE), Recife - PE - Brazil. Master's degree in Education. ORCID:
https://orcid.org/0000-0001-9924-1688. E-mail: yegoviana@hotmail.com
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Assis Leão da SILVA and Yego Viana Amorim de ALMEIDA SANTOS
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DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.15501
RESUMEN
: El artículo evalúa los efectos sobre las condiciones del trabajo docente
tomando como referencia la implementación del REUNI en la Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE). Este trabajo es una investigación cualitativa y exploratoria. Sobre los
procedimientos, se construye en dos etapas articuladas: la investigación bibliográfica y el
estudio de caso, utilizándose entrevistas como instrumento de recolección de datos. Se basó
en la teoría del ciclo de políticas de Ball y Bowe (1992). Los resultados de la investigación
apuntan a elementos que permiten resaltar cierta singularidad en la implementación del
Programa en relación a las outras Universidades Federales, considerando que los hallazgos
en su síntesis interpretativa revelan que la relación precariedad / intensificación se da a
través de una construcción coyuntural.
PALABRAS CLAVE
: Educación. Trabajo. Docente. REUNI. Universidad.
Introduction
During the governments of President Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), federal
universities (UFs) experienced a unique process of expansion, democratization of access and
internalization distinct from previous moments of recent history in Brazil (SANTOS, 2020).
The development of the progressive governmental agenda provided the formulation
and implementation of programs aimed at these institutions, such as the Phase I Expansion
Program and the Federal Universities Restructuring and Expansion Program (REUNI).
The Phase I Expansion Program served as the Lula Government's first attempt to
expand the UFs. Launched in 2003, this program not only contributed to the expansion and
interiorization of federal universities, but also provided new competitions for technical-
administrative and teaching staff.
In order to continue the objectives of the aforementioned program, in 2007, the
REUNI was set up with the objective of stimulating the growth of Federal Education. This
program contributed to the emergence of
new campuses,
construction of new courses,
departments, hiring of new teachers and increasing the plurality of students.
Seeking to understand the yaw in the expansion agenda of Higher Education and the
interest around this expansive process through the state route, Sguissardi (2006) highlighted
that the government has prepared 25 proposals and justifications to define plans for Higher
Education. Analyzing these proposals, the author grouped and highlighted four essential
points in this agenda:
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Program for the Restructuring and Expansion of the Federal Universities (REUNI): Analysis of the teaching work conditions at UFPE
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– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022160, 2022. e-ISSN: 1519-9029
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1. expand vacancies in a manner compatible with the target of 30% of the
age group by the year 2011 and reach, in the medium term, a proportion of
40% of enrollment in the public sector;
2. promoting autonomy in constitutional terms, including the choice of
leaders;
3. solve the issue of inequality of regional vacancies in undergraduate and
graduate school and seek a better offer of courses and vacancies in areas of
knowledge that best meet the needs of the national development project;
4. modify the selection system, with attention to racial and socioeconomic
minorities (quotas) (SGUISSARDI, 2006, p. 1041, our translation).
A keen look at the essential points of this agenda elucidates the reasons why the Lula
Government focused on the expansion and democratization of Higher Education at the end of
the first and throughout the second term. The aforementioned expansion of Phase I arises as a
consequence of the need for expansion and democratization, seeking to reach a new public,
once invisible – racial and socioeconomic minorities.
The REUNI also corroborated this scenario of student plurality, as can be analyzed
throughout the article, and the student/teacher relationship (RAP) had a significant increase,
which implied the insertion of several social groups. To corroborate this, the construction of
new
campuses
in non-elite areas served them for the immersion of these marginalized groups.
The main goal of REUNI was to expand Higher Education, creating the "[...]
conditions for the expansion of access and permanence in higher education, at the
undergraduate level, for the better use of the physical structure and human resources existing
in federal universities" (BRASIL, 2007a, our translation).
To achieve this goal, guidelines were established, such as: reducing the dropout rate,
occupying idle spaces and increasing the number of tickets, especially at night; contribute to
implementing curricular schemes and title systems, appropriate for the construction of
training itineraries; qualitative changes in teaching-learning methodologies; greater
articulation between undergraduate, graduate and basic education; and improvement of
inclusion policies and student assistance.
In practice, the UFs that joined the REUNI sought to create, over five years, new
courses and undergraduate departments, increase the student-teacher ratio (RAP) from 12/1 to
18/1, modify the organizational culture of the institutions, among other strategies.
The implementation of REUNI generated criticism and protests from union entities,
teachers and students (ANDES, 2007, 2007, 2013), because they claimed that this expansion
would bring a precariousness to the conditions of teaching work. Due to these clashes and the
magnitude of the program, several researchers (ANDRADE; LUCENA; BARLETA, 2018;
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Assis Leão da SILVA and Yego Viana Amorim de ALMEIDA SANTOS
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Guimarães; LIMA, 2017; NISHIMURA, 2012; PACHANE; VITORINO, 2015) began to
problematize the theme.
Silva and Santos (2020) presented a survey of dissertations and theses on this Federal
Program, emphasizing that it still arouses interest in multiple fields of study, due to its
consequences, especially in the following categories of study: evaluation of public policy,
educational counter-reform, access and democratization of access to higher education,
Expansion of Higher Education, Management and Organization, Curricular restructuring and
university teaching work.
From this perspective, this article aims to evaluate the effects on the conditions of the
teaching work taking as reference the implementation of the REUNI at the Federal University
of Pernambuco (UFPE). To carry out this case study, a department of humanities was chosen.
In this sense, the research worked with teachers who went through the transition imposed by
the Program (those who could contemplate the pre-REUNI and the post-REUNI).
The choice of the State of Pernambuco concerns its demographic, historical, social and
economic importance in the Northeast region. Another aspect is that, in its origins, the Federal
Universities in the State maintained an essentially elitist and coastal character, which changed
at the beginning of the 21st century, from new contexts with the process of expansion and
internalization of Higher Education. Thus, currently, the State presents a set of Federal
Universities that have experienced, from their creations, different projects of Higher
Education in the region.
REUNI at the Federal Universities of Pernambuco
The State of Pernambuco has four Federal Universities: the aforementioned UFPE, the
Federal Rural University of Pernambuco (UFRPE), the Federal University of Vale do São
Francisco (UNIVASF) and the Federal University of Agreste de Pernambuco (UFAPE).
Currently, this set of Federal Universities offer 51,562 enrollments in face-to-face graduations
in several campuses installed in the Northeast (INEP, 2020).
UFPE, the result of the process of federalization of Higher Education, was created
through decree-law of the Presidency of the Republic no. 9,388 of 1946
.
If throughout the
20th century the University maintained an elitist character, the 21st century brought new
challenges, among which, the need to adapt to the process of expansion and interiorization
proposed in the Lula Governments.
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Program for the Restructuring and Expansion of the Federal Universities (REUNI): Analysis of the teaching work conditions at UFPE
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In relation to UFRPE, its origin demand of the year 1912 with the creation of the
Higher School of Agriculture, covering at first the courses of Veterinary Medicine and
Agronomy. In 1940, through State Decree No. 1,741/1947, the creation of this institution was
made official, uniting the schools described above and the Agrotechnical School and the
Course of Magisterium of Rural Domestic Economy.
However, only in 1955 the University was federalized, through Federal Law No.
2,524. With decree no. 60,731/1967, the institution acquired its official name (ARRUDA,
2011). In the current design of its institutionality, the University has its rectory and its main
campus located in the capital, but also extends throughout the state, containing Units in the
municipalities of Garanhuns, Serra Talhada, Cabo de Santo Agostinho and Belo Jardim. The
Garanhuns and Serra Talhada Units, created respectively in 2005 and 2006, are the fruits of
the expansion project broken down in the present work.
In relation to UNIVASF, its creation refers to Law No. 10,473/2002 (BRASIL, 2002)
as a way to internalize Higher Education, but its effective implementation derives from 2004.
In the beginning, the University contained its headquarters in the municipality of Petrolina
(PE) and two campuses in: Juazeiro (BA) and São Raimundo Nonato (PI). In 2007, he was
raised to a unit also in Piauí, near Serra da Capivara. With REUNI, in 2008, two more
campuses are built: one more in the city of Petrolina and another in Senhor do Bonfim (BA).
Finally, in 2014 and 2017, the University Council (Conuni) and the Ministry of Education
(MEC) approved the creation, respectively, of the Units in the city of Paulo Afonso (BA) and
Petrolina (PE).
From Law No. 13,651
/
2018 (BRASIL, 2018), the process that culminated in the
autonomy of UFRPE began, creating UFAPE, from the shutdown of the Unit of the city of
Garanhuns. In 2021, the Institution presents seven undergraduate courses, one specialization
in agrarian issues and five master's courses.
This scenario of Higher Education in Pernambuco is the result of changes that the
country has experienced in the recent past, characterized by the political project described,
which encompassed a strong expansion of vacancies and enrollments in public institutions
and that brought effects on infrastructure and teaching conditions, just observe the creation of
new buildings, centers and courses and the insertion of new students, that still reflected after
the deadline of the policies studied (UFPE, 2012, 2013).
As the delimitation of the work are the UFs, it was found that the process suffered by
the four Universities (UFPE, UFRPE, UFAPE and UNIVASF) contributed to redesign the
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Assis Leão da SILVA and Yego Viana Amorim de ALMEIDA SANTOS
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geographical space of higher education, either through the process of internalization of public
universities, the offer of graduations in semi-face-to-face modalities or distance and access
and permanence policies.
As mentioned, the study was delimited at UFPE due to its national/local, social and
scientific relevance, as well as internal clashes in the preparation of the REUNI. During the
second decade of the 21st century, the institution is one of the best in teaching (undergraduate
and graduate) and research, being the 14th best University in the country. At the international
level, the institution is among the 1,000 best in the world, according to The World University
Rankings (2018).
3
Still on the institution's website, when researching mission, values and vision, it is
possible to ascertain that there is a historical tradition that goes beyond employability, but that
turns to social insertion. In this context presented, the University has an emancipatory
worldview, in which values such as otherness, justice, human dignity, the right of peoples,
freedom and cultural differences are priorities.
This said, the REUNI was a milestone in the history of the UFs, since this policy
compacted to restructure, expand and internalize Higher Education. In the specific case of
UFPE, it contributed to the weakening of the elite university's argument and its coastal
cartography, allowing the internalization process. Therefore, it is unique to conduct studies on
this Program and deal with its implications for the development of this institution.
Also, on the UFPE, it is possible to verify that there were disorders in the
implementation of the Program, since a portion of the students of the academic community, in
2007, mobilized an occupation to the Rectory, claiming that the REUNI would bring the
precariousness of academic activities, affecting, mainly, the condition of the teaching work
4
.
Therefore, a case study that problematizes this theme becomes pertinent.
Conditions of teaching work and the REUNI: elements for the debate
Among the elements most criticized in the implementation process of the REUNI, are
the effects on the conditions of the teaching work. In 2007, the National Union of Higher
Education Teachers (ANDES) highlighted that REUNI would bring precariousness to federal
universities. These criticisms persist in the present time. Pachane and Vitorino (2015),
3
Available in: https://www.ufpe.br/institucional/a-instituicao. Access on: 14 Jan. 2021.
4
Available in: https://www.tribunapr.com.br/noticias/brasil/reitor-da-ufpe-tenta-liberar-predio-ocupado-por-
estudantes-contra-o-reuni/ehttps://extra.globo.com/noticias/brasil/pelo-menos-quatro-universidades-federais-
sofrem-com-ocupacoes-em-protesto-contra-reuni-717256.html. Access on: 09 Jan. 2021.
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Program for the Restructuring and Expansion of the Federal Universities (REUNI): Analysis of the teaching work conditions at UFPE
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Andrade, Lucena and Barleta (2018), among others, point to the increase of precarious
conditions of teaching work as the capital point of criticism of the Program. The most
prominent thesis in these analyses was the student/teacher ratio (RAP) that changed from 12/1
to 18/1.
ANDES stressed that the process of intensification of RAP strengthened the
productivist and business concept in the UFs, which would focus on quantitative results
(insertion of more students in the undergraduate courses in person or increase the number
ofgraduates), while the tripod teaching, research and extension would be impaired.
Corroborating ANDES, Pachane and Vitorino (2015), Guimarães and Lima (2017),
also criticize the 18/1 RAP ratio, claiming a qualitative interference in the teaching work.
Complementing the comments of critics to some elements of REUNI, Andrade, Lucena and
Barleta (2018) raise the argument that the REUNI would bring greater mechanization in the
student/teacher relationship, affecting the qualitative aspects of didactics in the classroom.
The criticisms of these authors go further, as they problematize Interministerial
Ordinance MEC/MPOG No. 22, of April 30, 2007 (BRASIL, 2007b). The authors point out
that the ordinance created a bank of equivalent teachers and a strategy for hiring substitutes,
knowing that this bank represents all effective teachers and substitutes of universities,
establishing a possibility of rapid replacement of effective teachers by substitutes.
It is also noteworthy the difference between the two types of hiring teachers, because
the substitute's employment contract limited him to teaching only classes. On this, the
ANDES union already brought a criticism in 2007:
The substitute teacher may not assume administrative positions, develop or
guide research, nor submit or coordinate projects. These tasks are being
accumulated by an increasing number of effective teachers (ANDES, 2007,
p. 25, our translation).
This problem of new forms of hiring teachers was also guided by Nishimura (2012),
when conducting a case study of the Federal University of Rio Grande do Sul (UFRGS). In
2011, President Dilma Rousseff made budget cuts of 50 billion reais, reaching the education
portfolio of 3 billion reais, which contingency to UFRGS in hiring 100 effective teachers,
agreed in the Agreement of goals of REUNI with the UFs. To fill the deficit, selective
processes were created for temporary teachers, with characteristics similar to the contracts of
substitute teachers.
The possibility of temporary contracting takes place since 1993, with the creation of
Federal Law No. 8,745 (BRASIL, 1993), but should take place as a temporary character in
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Assis Leão da SILVA and Yego Viana Amorim de ALMEIDA SANTOS
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order to attend exceptional public events (environmental disasters, epidemics, etc.). However,
the Dilma Government created Provisional Measure No. 525/ 2011 with an item "X" (tenth),
adding up the list of exceptional public events:
admission of a teacher to meet demands arising from the expansion of
federal educational institutions, respecting the limits and conditions set in a
joint act of the Ministries of Planning, Budget and Management and
Education (BRASIL, 2011, item X, our translation).
This problematization refers to the Marin (2010) placements on the new categories of
workers, especially temporary ones, as a way of representing the precarious and
intensification of working conditions. Intensification can be seen as an element of precarious
process, being represented by the need to meet a greater number of demands in less time
(SANTANA, 2018).
Other case studies also include previous problems, such as the journal of the
Association of Professors of the Federal University of Espírito Santo (ADUFES, 2011), which
brought placements of professors who demanded confidentiality in their work complaints.
The reports mainly addressed bullying. In one case, the professor was reluctant as
head of department to accept teaching disciplines for more than a period when they were
unrelated to his area of training: "When I was reluctant to teach a discipline that was unrelated
to what I taught, he said that those who are in the probationary stage do not have the right to
choose subjects, gives classes of whatever the department needs" (ADUFES, 2011, p. 1, our
translation).
Authoritarianism can also be seen on other occasions in the newspaper when they
expose a speech by a professor of the Federal University of Amazonas: "The rector of my
university even issued a measure prohibiting teachers from leaving the municipality without
communicating it, which ended up being overturned by the struggle of the category"
(ADUFES, 2011, p. 1, our translation).
Ribeiro, Dantas and Silva (2014) address that the process of quantitative increase of
students without the corresponding effective increase of technical servants and teachers,
added to an extra journey, through the invasion of private life by work at home, accentuated
by new information technologies, precarious the teaching work. They also portray that the
teacher absorbs the characteristics of an apparently productive subject.
In the same research, through interviews with teachers, the data collection revealed
that the issue of infrastructure was a relevant factor in the criticisms about the REUNI. In the
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Program for the Restructuring and Expansion of the Federal Universities (REUNI): Analysis of the teaching work conditions at UFPE
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journal of ADUFES (2011), it is also possible to investigate the problem of infrastructure
related to the working conditions of teachers, as well as in the dossier of ANDES (2013)
regarding the precariousization of this work role.
The dossier cites several cases, among them, a specific deal about the University Pole
of Rio das Ostras, one of the seven
campuses
of the Fluminense Federal University (UFF).
The funds from REUNI became extinguished in 2010, with this, works had to be paraded,
affecting the work and health of teachers:
We have difficulty in attending the pedagogical project with the improvised
facilities. Lack of auditorium, adequate laboratories, etc. There is no space to
achieve the completeness of university life, as spaces for research meeting
and extension project. The characteristic of provisionality puts the condition
of chronic irresolution, leading even some teachers to illness for not being
able to perform their work activities in the expected quality", notes the
professor of the Interdisciplinary Department (RIR), Ramiro Dulcich.
(ANDES, 2013, p. 10-11, our translation).
Ribeiro, Leda and Silva (2015) corroborate the ANDES, as they also interviewed
professors from the Fluminense Federal University and observed problems reported in the
campi
of Rio das Ostras and Nova Friburgo. These authors identified health-related problems,
as well as the sudden growth of students compared to teachers.
These same researchers also covered three other Universities: Federal University of
Maranhão (UFMA), University of Brasília (UnB) and Federal University of Tocantins (UFT).
The authors point out that even with several UFMA campuses already existing before the
1980s, the effective expansion will be perpetuated after 2007, with REUNI.
Ribeiro, Leda and Silva (2015) point out that a disorderly growth was observed in the
institution, which generated a growth of 63.8% in the number of students in face-to-face
undergraduate courses, while the increase in the number of effective teachers was 43.3%.
Regarding UnB, the researchers point out that there was already a proposal for pre-REUNI
expansion, so the program launched in 2007 served to complement the proposal.
Six years after the UnB/REUNI pact, physical growth and a large increase in
vacancies were observed. In this context, the problematization turned to the lack of planning
and dialogue with the academic community to develop the goals. This generated problems
such as unfinished works and overcrowded or empty rooms.
About UFT, the researchers rescued the pre-REUNI process, arguing that the
institution underwent a transitory process between the institutional heritage coming from the
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Assis Leão da SILVA and Yego Viana Amorim de ALMEIDA SANTOS
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State University of Tocantins and the adaptation of the University to the new management
model.
These authors highlight that these "management transmutations" have been requiring
an extra effort from the staff in general, and the infrastructure is an element considered as
precarious by the faculty. Teachers who also complain about the increased demand for work;
the exaggeration of teachers' workloads and thescarcity of resources. Contemplating the
previous cases, Ribeiro, Leda and Silva (2015, p. 162, our translation) still collect the
following data:
The figures for the expansion of IFES (2007/2012) point to an increase of
71.5% of undergraduate vacancies (139,875 in 2007, to 239,942 in 2012),
against 47.5% of the number of teachers (45,849 in 2007, 67,636 in 2012)
and 10.7% of technical-administrative (88,801 in 2007, to 98,364 in 2012),
which corroborates the thesis of intensification of work (SGUISSARDI;
SILVA JÚNIOR, 2009) identified in the aforementioned studies on REUNI
at UFMA, UnB, UFT and UFF.
Even if the academic literature on the subject reveals the existing precariousness of the
teaching working conditions, one cannot forget the local context in which the educational
policy was implemented, since it suffers unique interferences from it.
For this reason, the work is based on the assumption of the theoretical-methodological
construction of the policy cycle (BALL; BOWE, 1992; BALL, 1994.) Ball and Bowe (1992)
theorized that there are five contexts that interrelate in the policy cycle: context of influence;
context of the practice; context of text production; context of results and effects; context of
the political strategy.
5
These contexts will present peculiar macro (since the creation at national policy level)
and micro (regional and local clashes where policies will be implemented). Thus, it was
possible to ascertain that there is no homogeneity in the implementation of a policy and a
program, because from its creation to its implementation and its results, it goes through
several specific elements.
Taking as an example the REUNI, it was observed that authors (RIBEIRO; LEDA;
SILVA, 2015; RIBEIRO, DANTAS; SILVA, 2014; NISHIMURA, 2012; ANDRADE;
LUCENA; BARLETA, 2018) criticized the development and implementation of the Program
in several UFs, however, the case study of this article brought elements that complexed this
national literature, since the data analysis presented peculiarities of the local context of UFPE.
5
For a deeper look at these contexts, read the following authors: Ball and Bowe (1992); Ball (1994); Mainardes
(2006).
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REUNI and conditions of teaching work at the Federal University of Pernambuco
To obtain the answers of the case study, a group of teachers from the humanities
department was interviewed. As an aid for the interview, a picture of questions was
constructed. The table was based on the quantitative data of the teaching union of the
institution (Association of Teachers of UFPE - ADUFEPE), contemplating the conditions of
the teaching work in 2013. It is worth noting that this picture also arises from the construction
of Marin's theory (2010), because it is understood that conditions of teaching work are the
whole exercise of the teacher's functions. That is, this set implies both physical and
psychological conditions.
Table 1
– Frame of reference for analysis of the conditions of teaching work
Categories
Infrastructure
Teaching staff
Student
s
Administrative technical staff
Teacher autonomy as a researcher and educator
Teacher health
Source: Prepared by the authors (2021)
Regarding the infrastructure, most of the teachers interviewed highlighted partial
improvements. One fraction claimed that it did not notice any difference, while the other
pointed out that there was a slight worsening. The improvement, it is worth noting, came from
the creation of new buildings, the modernization of pedagogical aid material, among other
factors. One of the criticisms that arises on the issue of infrastructure does not come from the
REUNI in particular, but from the way the bureaucracy of the institution handled the financial
resources. About this, one of the teachers reported:
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Assis Leão da SILVA and Yego Viana Amorim de ALMEIDA SANTOS
RPGE
– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022160, 2022. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.15501
The trend was with THE REUNI, because we had the resources for REUNI
to make this improvement, and all projects were well done. And we had
money to do that. But then what happens? The money is there, but you have
to use the money with [...] a legislation of its own for this, it is a public
money. And for you to make public money have to make a bid, because you
have to enter a bidding database to be able to do. I did the project; I think I
did a multimedia lab for the museology course that was fantastic. If you look
at the project, you'll see that cool, within the resources I had to do.
Happened? No. Why is that? Inefficiency of the people who make the bids
and purchases (Professor 01).
This fragment raised is the result of the construction of policy cycle contexts, pointing
out that the practice of a policy can be affected by the authors who apply them. Ball and Bowe
(1992) already pointed out that, in the context of practice, policymakers do not have the
decision-making power of what will be done, so it is up to local agents to stop the clashes. In
this respect, the organizational structure of the institution was highlighted in the development
of the REUNI, since the problem was not the money, but the operationalization of it.
In relation to the increase in the faculty, another element very highlighted in the
national literature, it is possible to observe some problems in the interviewees' arguments.
One of the teachers pointed out:
I think it improved partially because we still needed an increase in the
number of teachers, right? And a larger, as I can say, more systematic
support for training support since we hired people with only master's
degrees. And when we released them to do the doctorate, we do not always
have the support they need (Professor 05).
Here, it is possible to interpret that the REUNI contributed with a quantitative increase
in teachers, not necessarily qualitative (since many teachers were masters and were still in
training). And this became a quantitative hindrance, while these new teachers sought to
specialize. Questioning whether these new teachers corresponded to the category of
"temporary workers" (MARIN, 2010), another interviewee answered that there were
competitions, but there was an overload (although limited to the scenario of the national
literature):
You have a teacher overload, although they have opened many contests still
have some teacher burden in relation to: teaching more classes or having
more students in the classrooms. But it's not as much as we thought it was
going to be, right? (Professor 06).
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Program for the Restructuring and Expansion of the Federal Universities (REUNI): Analysis of the teaching work conditions at UFPE
RPGE
– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022160, 2022. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.15501
This speech coincides with a citation taken from
the Document of ADUFEPE
(2013,
p. 4), when raising the main complaints of teachers: "the lack of teachers has generated
overload and accumulation of activities".
Still on the same theme, Professor 02 presented:
In terms of faculty, we have partially improved. Because I believe i could
have grown even more the amount of faculty available due to the expansion
of the university. Did he get better? Yes! This could be like an idea that it
partially worsened if I were to say that we had fewer teachers for the amount
of people involved. But I think it got better because it got a lot more
teachers, even if they had an increase in the relationship between students
and teachers.
What is described in the statements is that the partial improvement came from an
increase in the number of teachers, however, it is worth mentioning that, even with these new
hires, the problems raised by the authors of the previous section (PACHANE; VITORINO,
2015; ANDRADE; LUCENA; BARLETA, 2018; RIBEIRO; DANTAS; SILVA, 2014,
among others) may still be noticeable. In other words, higher demands generated overloads in
teachers, which affected their working conditions.
Talking about conditions of teaching work means addressing RAP, which includes the
student category (Chart 01). Most of the interviewees pointed out or that the growth in the
student staff was beneficial, since there was a difference in diversity and social inclusion. The
increase in RAP was not a major obstacle to be observed. From these statements, we return to
dialogue with Sguissardi (2006), because the author pointed out that the Lula Government
sought to insert marginalized social groups within the UFs, dialoguing with the PNE.
Only one teacher pointed out the worsening of the students' staff, however, did not
mention the quantitative increase in RAP, but referred to the quality of the student. In other
words, their technical and scientific capacity. This placement corroborates the new clashes
that intensified within the university communities, the new faces collided with a structure that
was not accustomed to them.
6
Continuing the analysis of table 01, on the technical-administrative staff, most of the
interviewees point out or that the REUNI did not bring many changes in the context of the
institution studied. It is worth noting that some teachers pointed out that the lack that the
continuous deficit of administrative technicians (going through decades) corroborates the
6
Available In fashion: https://www.unicamp.br/unicamp/ju/noticias/2019/11/19/racismo-no-mundo-academico-
um-tema-para-se-discutir-na-universidade and https://noticias.uol.com.br/reportagens-especiais/cotistas-e-ex-
cotistas-relatam-preconceitos-e-dificuldades-na-universidade-publica/#cover. Access on: 05 Jun. 2021.
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Assis Leão da SILVA and Yego Viana Amorim de ALMEIDA SANTOS
RPGE
– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022160, 2022. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.15501
intensification of the teacher's work, since the teacher ends up accumulating more attributions.
About this, one can highlight the speech of the teacher 03:
We had some positive surprises in the secretariat, especially. Other aspects
are less, but our problems with administrative technical staff in parts remain
the same, but fortunately some very positive experiences in the secretariat.
Professor 05 was what deepened in the criticism of the technical-administrative staff:
[THE REUNI] didn't affect anything. It did not affect because we continue
with employees in small quantity, still without having an adequate division
of responsibility and assignments and activities that the employee has to do.
And we still don't have the slightest rigor about their faults that are constant,
leaving us all in hand. And also, it was not thought at any time to create a
specific management or specific head for employees, teacher is not to head
employee! We in the coordination activity is to work with pedagogical issues
and not with administrative activities.
Professor 04, however, comes to a similar conclusion to teachers 05 and 02, but brings
a more positive approach:
The administrative technical staff also think that [the REUNI] has not
affected anything. It's the same people who've been taking the university on
their backs and who've been working like crazy. Of course, there are always
those people who work less, the leadership does not have the same control
over the employee or who are employees who practically do not work
because they have union activities. But it always happens, it's a heavy
structure, but most are all very good people and the University owes them a
lot. I don't see that the REUNI has changed anything about that.
Another element pointed out by teachers as persistent after the REUNI was the
autonomy of the teacher as a researcher and educator. Teachers 02, 03 and 04 observe that the
REUNI did not affect the free exercise of their activities, because they quietly planned their
research activities and their pedagogical/didactic material. Teachers 05 and 06, on the other
year, said that autonomy decreased.
It is worth highlighting, however, in this regard, the argument presented by professor
06: "It is not the REUNI, do you understand? You have more demand from all sides: CNPq,
Capes, University because of REUNI! It is the period of expansion in general, with policies
that are in vogue." The placement of professor 06 is in line with the economic construction
that the world has framed after the 1980s. With the crisis of Capitalism and the rise of
neoliberalism, the State has undergone reforms that have affected/affect various instances,
which includes higher education.
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Program for the Restructuring and Expansion of the Federal Universities (REUNI): Analysis of the teaching work conditions at UFPE
RPGE
– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022160, 2022. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.15501
Ball (2001) deals with new technologies of social control through the new conception
of the State, which are: efficiency, quality and effectiveness of services. From this point on,
the policies generated are affected by all this logic, which is not only restricted to the REUNI,
but to a whole conjuncture of the 21st century.
Thinking about this conjuncture and how the policy cycle is directly influenced,
teachers also raised some positions on their health. While two teachers pointed out that the
REUNI contributed directly to higher charges that affected health, three individuals did not
observe changes from the REUNI, since these new pressures were already being built over the
previous years.
The statements of the teachers of the present case study brought a greater complexity
to the debate about conditions of teaching work/REUNI, pointing out that the relationship
precariousness/intensification occurred, and still gives, a conjuncture construction. In this
analysis of the REUNI at UFPE, some negative elements similar to that of the national
literature were perceived. On the other hand, the teachers' perception pointed out that the
positive balance should not be neglected. For example, RAP, one of the elements most
criticized by the authors surveyed (PACHANE and VITORINO, 2015; GUIMARÃES and
LIMA, 2017, etc.) was seen as positive by the professors of the case study, since the
quantitative increase brought a qualitative improvement: diversity and insertion of
marginalized social groups.
Final remarks
This article aimed to evaluate the effects on the conditions of the teaching work taking
as reference the implementation of the REUNI at the Federal University of Pernambuco.
At first, the scenario of the Federal Universities in the State of Pernambuco was
characterized, composed of UFPE, UFRPE, UNIVASF and UFAPE, highlighting its
historical, geographical aspects and the insertion of the REUNI Program in the environment
of operation of these institutions.
Also in this first moment, attention was drawn to the case of UFPE, punctuating its
creation project, its initial coastal cartography, the internalization process and its local,
regional and national insertion. The choice for this institution for the case study was because
it is the oldest and most relevant UFs in the region, as well as due to the tensions that occurred
during the implementation of the REUNI.
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Assis Leão da SILVA and Yego Viana Amorim de ALMEIDA SANTOS
RPGE
– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022160, 2022. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.15501
In a second moment, the article reflected and understood the nuances of the national
debates on REUNI and the conditions of teaching work. It is worth noting that even with
considerable homogeneity in the authors' discourse on the subject, Ball and Bowe's policy
cycle was used to counter the arguments at first. That is, there is no homogeneity in the
implementation of a policy and a program, since its implementation and its results may
present peculiarities.
In a third moment, finally, from the data collected and interpreted in the context of
UFPE and triangulated with the national academic literature, it was possible to affirm that the
case of the analyzed University can bring greater complexity to the problematization of this
program, opening possibilities for new research, since the findings indicate that the
relationship between precariousness and intensification is made by a conjuncture construction.
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Program for the Restructuring and Expansion of the Federal Universities (REUNI): Analysis of the teaching work conditions at UFPE
RPGE
– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022160, 2022. e-ISSN: 1519-9029
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How to refer to this article
SILVA, A. L.; ALMEIDA SANTOS, Y. V. A. Program for the Restructuring and Expansion
of the Federal Universities (REUNI): Analysis of the teaching work conditions at UFPE.
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e-ISSN:1519-9029. DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.15501
Submitted
: 10/08/2022
Revisions required
: 15/09/2022
Approved
: 22/10/2022
Published
: 30/12/2022
Processing and publication by the Editora Ibero-Americana de Educação.
Correction, formatting, standardization and translation.