image/svg+xmlLei de acesso à informação na educação pública: Um estudo de caso no IF Sudeste MG RPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022004, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI:https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.159761LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO NA EDUCAÇÃO PÚBLICA: UM ESTUDO DE CASO NO IF SUDESTE MG1LEY DE ACCESO A LA INFORMACIÓN EN EDUCACIÓN PÚBLICA: UN ESTUDIO DE CASO EN IF SUDESTE MG ACCESS TO INFORMATION ACT IN PUBLIC EDUCATION: A CASE STUDY AT IF SUDESTE MG Gabriel MYNORO ANIBOLETE2André FERREIRA3Raphael Jonathas da COSTA LIMA4RESUMO: Esta pesquisa teve como objetivo analisar a evolução da transparência pela implementação da Lei Acesso à Informação (LAI) no IF Sudeste MG, por meio da correlação entre a melhoria da transparência ativa e os reflexos nos pedidos formulados em transparência passiva.A coleta e a análise de dados seguiram duas etapas: (i) análise e observação textual da transparência ativa do sítio eletrônico do IF Sudeste MG, em contraposição às disposições constantes no GTA, STA e indicadores do Painel da LAI; (ii) análise da evolução da transparência passiva, por meio dos pedidos de acesso à informação solicitados.O estudo permitiu identificar que a transparência ativa e passiva no IF Sudeste MG apresenta resultados acima da média do Governo Federal, com a presença de iniciativas que vão além da disponibilização de informações obrigatórias, sendo também identificados pontos de melhoria necessários na transparência ativa, a fim de que sejam cumpridas as orientações e disposições da LAI. PALAVRAS-CHAVE: Lei de acesso à informação. Gestão educacional. Políticas públicas. Transparência pública. RESUMEN: Esta investigación tuvo como objetivo analizar la evolución de la transparencia a través de la implementación de la Ley de Acceso a la Información (LAI) en el IF Sudeste MG, a través de la correlación entre la mejora de la transparencia activa y los efectos en las solicitudes realizadas en transparencia pasiva. La recolección y análisis de datos siguió dos etapas: (i) análisis y observación textual de la transparencia activa del sitio web de IF Sudeste 1Agradecimentos: Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa (FAPERJ) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). 2Universidade Federal Fluminense (UFF), Volta Redonda RJ Brasil. Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Educação. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3381-4636. E-mail: gabriel.anibolete@ifsudestemg.edu.br 3Universidade Federal Fluminense (UFF), Volta Redonda RJ Brasil. Professor Associado e Vice Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Administração da UFF (PPGA). Doutorado em Políticas Públicas Estratégia e Desenvolvimento (UFRJ). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-1430-4537. E-mail: andref@id.uff.br 4Universidade Federal Fluminense (UFF), Volta Redonda RJ Brasil. Professor Associado II no Departamento Multidisciplinar de Volta Redonda. Doutorado em Sociologia e Antropologia (UFRJ). Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq - Nível 2. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9702-0515. E-mail: raphaeljonathas@id.uff.br
image/svg+xmlGabriel MYNORO ANIBOLETE; André FERREIRA e Raphael Jonathas da COSTA LIMA RPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022004, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI:https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.159762MG, en contraste con las disposiciones contenidas en el GTA, STA e indicadores del Panel LAI; (ii) análisis de la evolución de la transparencia pasiva, a través de solicitudes de acceso a la información solicitada. El estudio permitió identificar que la transparencia activa y pasiva en el IF Sudeste MG presenta resultados por encima del promedio del Gobierno Federal, con presencia de iniciativas que van más allá de la provisión de información obligatoria, así como identificar puntos de mejora necesaria en la transparencia activa, con el fin de que se cumplan las directrices y disposiciones de la LAI. PALABRAS CLAVE:Ley de acceso a la información. Gestión educativa. Políticas públicas. Transparencia pública. ABSTRACT: This research aimed to analyze the evolution of transparency as a result of implementation of the Law on Access to Information (LAI) in the IF Sudeste MG, through the correlation between the improvement of active transparency and the effects on requests made in passive transparency. Data collection and analysis followed two stages: (i) analysis and textual observation of the active transparency of the IF Sudeste MG website, in contrast to the provisions contained in the GTA, STA, and indicators of the LAI Panel; (ii) analysis of the evolution of passive transparency, through solicitations of access to the information requested. The study allowed us to identify that active and passive transparency in the IF Sudeste MG presents results above the Federal Government average, with initiatives that go beyond the provision of mandatory information. It also identifies points for necessary improvement in active transparency so that the guidelines and provisions of the LAI are complied with.KEYWORDS: Access to information act. Educational management. Public policy. Public transparency. Introdução O sistema democrático é reconhecido por sua oposição a outras formas de governo em que o poder é detido por uma única pessoa (monarquia) ou por um pequeno grupo (oligarquia). Nesse sentido, como uma de suas manifestações intrínsecas de supremacia sobre essas formas de governo, a transparência do poder é marca divisora em face de estados absolutistas. Por esse motivo, a exigência de publicidade dos atos praticados na democracia não ocorre apenas com o intuito de permitir o controle de quem detém o poder pelos governados. Antes, a transparência e a publicidade constituem em si mesmas expedientes de controle, cujo alcance define o que é ou não lícito, limitando o império do poder estatal (BOBBIO, 2009)⁠. Do ponto de vista da transparência, portanto, todas as informações detidas pelo Estado devem ser publicamente acessíveis, em regra, sendo o segredo a exceção (BENTO, 2020)⁠. Dessa maneira, poder-se-ia dizer que o tema não encontraria resistência dos atores de políticas públicas nas democracias modernas e consolidadas; seja à oposição, por fornecer a si e à sociedade as informações para questionar o governo; seja aos que governam, por demonstrarem
image/svg+xmlLei de acesso à informação na educação pública: Um estudo de caso no IF Sudeste MG RPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022004, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI:https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.159763seu compromisso democrático, fortalecendo a sua imagem perante a opinião pública, além de garantirem que não serão excluídos do acesso às informações no futuro em caso de perda do cargo (BERLINER, 2014; RODRIGUES, 2020a)⁠.Mesmo com a previsão constitucional no art. 5º, XXXII, da Constituição Federal de 1988 (CF/88), o direito de acesso às informações governamentais no Brasil permaneceu não integralizado por não haver regulamentação infraconstitucional ampla. Assim, os burocratas estatais se equilibravam entre a proteção e o dever de sigilo de determinados atos governamentais e o direito de acesso às informações, já que não possuíam diretrizes claras a orientar os pedidos de acesso (PAES, 2011)⁠. Somente com a promulgação da Lei nº 12.527/2011, conhecida como a Lei de Acesso à Informação (LAI), é que o direito de acesso, como corolário do princípio da transparência e da publicidade, foi regulamentado. Apesar da CF/88 reconhecer o acesso à informação como direito fundamental e do fortalecimento do regime democrático com o advento da LAI, ainda se encontra enraizado nas práticas diárias do Estado brasileiro um comportamento voltado para o sigilo. Trata-se de uma cultura do sigilo manifestada oficial e extraoficialmente nos órgãos, departamentos e setores, que permeiam o agir dos burocratas estatais (KROETZ, 2016). Dessa forma, a efetivação do direito de acesso à informação ocorre no âmbito do arcabouço normativo, mas não necessariamente na realidade social. Com efeito, desde a promulgação da LAI, estudos têm indicado a necessidade de ampliação do cumprimento e concretização dos preceitos de acesso à informação, apontando uma longa lacuna a ser preenchida para que este direito seja efetivamente garantido (BATISTA; ROCHA; SANTOS, 2020; LOPES et al.,2021; MICHENER; CONTRERAS; NISKIER, 2018; ROCHA; ZUCCOLOTTO; TEIXEIRA, 2020)⁠. No âmbito das universidades públicas federais do Brasil, a mesma constatação daqueles estudos também se verificou, pois os achados apontaram a dissonância entre a transparência que está amparada formalmente pelo ordenamento, por meio de leis, decretos e manuais, e aquela efetivamente experimentada pelos usuários (DE LIMA; ABDALLA; LIMA OLIVEIRA, 2020). Considerando, portanto, os achados anteriores e a importância do estudo do acesso à informação como implementação de política pública, o objetivo desta pesquisa é avaliar a evolução da transparência pela implementação da Lei Acesso à Informação (LAI) em uma instituição federal de ensino, mais especificamente, o Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais (IF Sudeste MG). Como órgão público, a entidade se encontra sujeita ao controle interno e externo da Controladoria Geral da União (CGU) em relação ao atendimento das disposições da LAI, cujo descumprimento pode gerar a sanção de seus gestores. Trata-se, ainda, de
image/svg+xmlGabriel MYNORO ANIBOLETE; André FERREIRA e Raphael Jonathas da COSTA LIMA RPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022004, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI:https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.159764organização com abrangência regional nas mesorregiões da Zona da Mata e Campo das Vertentes do estado de Minas Gerais, com população superior a 2 milhões de habitantes. Assim, os achados e análises contribuem para evidenciar situações positivas ou negativas, bem como para apontar eventuais lacunas de melhoria que representarão possibilidades concretas para o órgão, extrapolando o campo estritamente teórico. Com efeito, o aumento da transparência já se mostrou eficaz para acentuar a participação social, aprimorar a execução dos recursos e diminuir a incidência de casos de corrupção (CUCCINIELLO; PORUMBESCU; GRIMMELIKHUIJSEN, 2017). Nesse sentido, a pesquisa poderá constatar a existência de boas práticas administrativas que sirvam de parâmetro para outras instituições de ensino e que não estejam no escopo de exigência dos órgãos de controle. Do mesmo modo, poderão ser verificados os tópicos e temas em transparência que não são corretamente cumpridos, e, por isso, demandam maior esforço institucional para implementação. Fundamentos teóricosA análise da política pública de transparência e de acesso à informação permite enquadrá-la tipologicamente como políticas públicas regulatórias (LOWI,1972), sendo mais visíveis ao público, por envolverem burocracia, políticos e grupos de interesse (SOUZA, 2006)⁠.Contudo, para explicar o lapso temporal existente entre a previsão constitucional de acesso à informação e a sua derradeira regulamentação infraconstitucional pela LAI (PAES, 2011)⁠, é possível recorrer ao modelo de coalizões de defesa –advocacy coalitions framework (ACF). Este modelo está estruturado em três premissas básicas, a partir das quais se estabelece que: (i) as mudanças em políticas públicas demandam uma perspectiva de tempo extensa; (ii) as mudanças são patrocinadas pela dinâmica de interação de defesa de interesses de diferentes atores das mais variadas organizações públicas e privadas; e (iii) as políticas públicas podem ser organizadas como conjuntos de prioridades de valor e suposições sobre como concretizá-las, da mesma forma que os sistemas de crenças (JENKINS-SMITH; SABATIER, 1994)⁠.No processo de formulação dessa política pública, duas coalizões de defesa interagiram na formação da agenda, contrapondo os interesses progressistas de maior amplitude da transparência e os interesses conservadores de manutenção de sigilo sobre documentos passíveis de afetar o interesse nacional. As coalizões foram compostas de um lado pela Casa Civil, Ministério da Justiça, arquivos públicos, mídia e organizações da sociedade civil, e de outro, pelo Itamaraty, Forças Armadas e Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado (PAES, 2011; RODRIGUES, 2020a)⁠.
image/svg+xmlLei de acesso à informação na educação pública: Um estudo de caso no IF Sudeste MG RPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022004, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI:https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.159765Como Souza (2006)⁠ bem salienta, o ACF discorda da visão da política pública trazida pelo ciclo da política e pelo garbage can modelo proposto por Cohen, March e Olsen (apudSOUZA, 2006)⁠ –por focarem a sua análise na ordem das etapas do processo, sem se deterem sobre as causas que originam ou formam as mudanças nas políticas públicas. Contudo, embora o ACF ajude a compreender a dinâmica de interações dos atores para a formulação e mudança da política pública de transparência no Brasil, é importante que se recorra ao modelo de ciclo de políticas públicas, pois interessa a última fase do ciclo: a avaliação da política. Nesta fase, embora não exista consenso na literatura quanto a uma única definição (BELLEN; TREVISAN, 2008)⁠, o significado mais amplo da palavra avaliar pode ser expresso como a atividade de determinar um valor ou a importância de alguma coisa. Em políticas públicas, quando se fala em avaliar, é atribuído um conceito mais restrito associado à avaliação de um programa, ou a atividade científica de mensuração e comunicação das informações a respeito dos programas e ações, envolvendo todas as etapas necessárias para tanto (LIPSEY; ROSSI; FREEMAN, 2019)⁠.Lipsey, Rossi e Freeman (2019)⁠ ainda descrevem a importância da avaliação em políticas públicas em razão de seus objetivos práticos: (i) auxiliar as decisões sobre a continuidade, melhoria, expansão ou redução do programa; (ii) determinar a utilidade de novos programas e iniciativas; (iii) aumentar a eficácia da gestão e administração do programa; e (iv) satisfazer os requisitos de accountability dos responsáveis pelo programa. Outros autores caminham no mesmo sentido quanto aos propósitos e possibilidades da avaliação (BELLEN; TREVISAN, 2008; DE FARIA, 2005)⁠. Sendo assim, quando se aborda a LAI, é necessário compreender que a sua promulgação é apenas a primeira etapa do processo de implementação da política pública de transparência e acesso à informação. Neste percurso, os obstáculos colocados pelos burocratas podem restringir o alcance da sua efetivação (PAES, 2011)⁠.Em pesquisa realizada cinco anos após a promulgação da LAI, abrangendo as três esferas do Poder Executivo, os resultados globais demonstraram que somente 62% dos pedidos obtiveram resposta, e, destes, cerca de 50% foram classificados como satisfatórios. Além disso, mais da metade dos pedidos excederam o prazo legal de resposta (MICHENER; CONTRERAS; NISKIER, 2018)⁠. Pesquisa mais recente, nesta oportunidade focada em universidades públicas federais, apontou número similar em relação à transparência ativa (57% apresentaram pontuação acima da média) e números mais promissores em relação à transparência passiva (71% apresentaram pontuação acima da média) (DE LIMA; ABDALLA; LIMA OLIVEIRA, 2020).
image/svg+xmlGabriel MYNORO ANIBOLETE; André FERREIRA e Raphael Jonathas da COSTA LIMA RPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022004, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI:https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.159766Destaca-se, ainda, que no modelo de direções de transparência identificado por Hood e Heald (2006), a direção da transparency inwardstransparência para dentro , que analisa quando as pessoas externas à organização podem observar o que ocorre dentro dela, possui estreita relação para fins deste estudo com as dimensões de transparência nominal versus efetiva e de transparência condicionada. Isso porque na direção de transparência para dentro e na dimensão da transparência condicionada se lida exatamente com o acesso à informação previsto na LAI, que ocorre em parte por meio de pedidos em portais de acesso à informação (transparência passiva) (RODRIGUES, 2020b)⁠. Nesse sentido, a observação aproximada pode revelar uma não correspondência entre a transparência nominal e a transparência efetiva. Essa distância é descrita como “ilusão de transparência”, pois a predisposição para acreditar nos mecanismos formais conduz a não perceber que o aumento verificado por indicadores não corresponde à realidade (HOOD; HEALD, 2006)⁠. Esse fenômeno apontado está sendo identificado nas universidades públicas federais (DE LIMA; ABDALLA; LIMA OLIVEIRA, 2020)⁠, indicando que a transparência online vai além de simplesmente disponibilizar informações online, sendo necessário verificar como e onde elas são apresentadas (ARMSTRONG, 2011). Método Esta pesquisa se constitui de um estudo de caso sobre uma entidade bem definida, visando conhecê-la em profundidade (CRESWELL, 2018; GERHARDT; SILVEIRA, 2009; GIL, 2017)⁠. Com efeito, o estudo de caso está centrado na avaliação da transparência e implementação da LAI no IF Sudeste MG. Para a coleta e análise de dados⁠, foram realizadas observações e análises de informações textuais e gráficas disponíveis na página do sítio eletrônico do IF Sudeste MG, bem como de informações numéricas presentes no Painel da LAI. Nesse sentido, a pesquisa está sintetizada como aplicada, pois na pesquisa de ciência social aplicada os problemas surgem a partir de questões, dificuldades e práticas correntes razão de ordem prática (CRESWELL, 2018)⁠; descritiva e exploratória, uma vez que objetiva proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses, e pretende descrever os fatos e fenômenos de determinada realidade (GERHARDT; SILVEIRA, 2009; GIL, 2017)⁠; e de técnica qualitativa, dado que as alegações se baseiam em perspectiva reivindicatória/participativa (CRESWELL, 2018)⁠.
image/svg+xmlLei de acesso à informação na educação pública: Um estudo de caso no IF Sudeste MG RPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022004, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI:https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.159767A coleta e análise de dados seguiram duas etapas: (i) análise e observação de informações textuais e gráficas disponíveis em transparência ativa no sítio eletrônico do IF Sudeste MG, em contraposição (a) às disposições constantes no Guia de Transparência Ativa (GTA) para os órgãos e entidades do Poder Executivo Federal publicado pela CGU, (b) ao Sistema de Transparência Ativa (STA), que é um formulário disponível no Fala.BR sobre o cumprimento das obrigações de transparência ativa, e (c) aos indicadores de cumprimento no Painel da LAI; (ii) análise da evolução da transparência passiva do IF Sudeste MG, por meio da consolidação de informações numéricas relativas aos pedidos de acesso à informações formulados para o órgão desde o advento da LAI, e que representam dados relativos ao número de pedidos por ano, tempo de resposta e classificação de satisfação do usuário. Em relação aos procedimentos de coleta empregados, a observação do sítio institucional do IF Sudeste MG pelos pesquisadores ocorreu entre os dias 13 e 17 de setembro de 2021, com a leitura e análise crítica da página principal, do menu de acesso rápido intitulado “Acesso à Informação” e de suas páginas subsequentes acessíveis em link. Essas informações foram contrapostas ao GTA, a fim de verificar se correspondiam às orientações estabelecidas pelo órgão de controle. Em continuação, os dados presentes no Painel da LAI foram colhidos em duplicidade no período compreendido entre os dias 18 e 19 de setembro de 2021, oportunidade em que a coleta não apresentou variações, e foram transpostos para as tabelas e quadros apresentados na sessão de resultados. Os períodos de coleta foram estabelecidos considerando que em dias úteis (13 a 17) haveria maior acesso ao sítio eletrônico pelos usuários, enquanto nos dias não úteis (18 e 19) haveria baixa procura de informações em transparência passiva, permitindo mitigar as variações dinâmicas dos dados. A escolha do Painel da Lei de Acesso à Informação como fonte de dados se deve ao fato de que ele foi desenvolvido pela Controladoria-Geral da União (CGU) e apresenta um panorama de implementação da norma no Poder Executivo Federal, com informações sobre números de pedidos e recursos, cumprimento de prazo, perfil de solicitantes, transparência ativa, entre outros aspectos. Além disso, os dados são extraídos da Plataforma Integrada de Ouvidoria e Acesso à Informação (Fala.BR), o que confere autenticidade e confiabilidade aos dados. No painel é possível comparar dados do órgão com a média do Governo Federal e da categoria de entidade pesquisada. No mesmo sentido, a escolha do GTA e do STA se deve ao fato de que ambos são guias orientadores da implementação da LAI nos órgãos e entidades federais, de maneira que são os instrumentos efetivos que norteiam a implementação concreta e a correspondente vigilância sobre essa implementação.
image/svg+xmlGabriel MYNORO ANIBOLETE; André FERREIRA e Raphael Jonathas da COSTA LIMA RPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022004, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI:https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.159768Resultados, análises e discussão Transparência ativa Neste primeiro momento, interessa a análise da transparência ativa do IF Sudeste MG disposta no painel da LAI. A Tabela 1 retrata a posição da organização no ranking das 306 entidades do Poder Executivo Federal avaliadas pela CGU, por item de transparência ativa obrigatório e em comparação com a média do Governo Federal. Assim, a coluna “Nomenclatura” corresponde à denominaçãoatribuída ao item de transparência, enquanto as colunas “Cumpre” e “Não Cumpre” indicam o quantitativo de subitens cumpridos e não cumpridos em cada tema. Na sequência, a coluna “Ranking” aponta a posição ocupada pelo IF Sudeste MG em relação aos demais órgãos do Governo Federal e é seguida pelas colunas que indicam o percentual de cumprimento no órgão e nas demais entidades. Tabela 1 Ranking de transparência ativa Nomenclatura Cumpre Não Cumpre Ranking % Cumprido pelo Órgão % Cumprido pelo Gov. Fed. Institucional 3 5 196º/294 37,5 57,45 Ações e Programas 3 5 173º/296 37,5 57,97 Participação Social 1 0 1º/286 100 65,73 Auditorias 4 0 1º/288 100 65,18 Convênios e Transferências 1 0 1º/283 100 50,88 Receitas e Despesas 3 1 117º/280 75 49,82 Licitação e Contratos 2 0 1º/283 100 52,60 Servidores 2 1 96º/289 66,67 54,31 Informações Classificadas 9 0 1º/293 100 71,67 Serviço de Informação ao Cidadão SIC 4 0 1º/292 100 69,45 Perguntas Frequentes 1 0 1º/284 100 69,72 Dados Abertos 2 0 1º/291 100 52,04 Ferramentas e Aspectos Tecnológicos dos Sites dos Órgãos 1 0 1º/293 100 91,81 Outros 1 0 1º/292 100 82,88 Total 37 12 124º/306 75,51 62,11 Fonte: adaptado pelo autor do Painel da LAI (BRASIL, CGU, 2021)Conforme disposto no GTA, são 12 itens obrigatórios, compostos por 47 subitens, que devem constar nos sites das organizações para a transparência ativa. Entretanto, o painel contempla, ainda, dois itens extras de avaliação global, sendo eles: (i) “Outros”, destinado a avaliar se, além das informações obrigatórias, o órgão ou entidade disponibiliza outras informações em transparência ativa; e (ii) “Ferramentas e aspectos tecnológicos do site do órgão”, destinado a avaliar se o sítio eletrônicodo órgão ou entidade disponibiliza ferramenta
image/svg+xmlLei de acesso à informação na educação pública: Um estudo de caso no IF Sudeste MG RPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022004, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI:https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.159769de pesquisa de conteúdo que permita o acesso à informação de forma objetiva, transparente e clara. Dessa forma, é possível verificar que o IF Sudeste MG cumpre 37 dos 49 itens possíveis de transparência ativa, o que corresponde a 75,51% de cumprimento. Esse percentual é superior em 13,4% a média percentual do Governo Federal (62,11%) e posiciona o órgão em 124º lugar, situando-o no segundo quartil do ranking, com resultado similar ao verificado para as universidades públicas federais (DE LIMA; ABDALLA; LIMA OLIVEIRA, 2020)⁠.Destaca-se, ainda, que somente nos itens com subitens não cumpridos é que o órgão não logrou alcançar a primeira posição em paralelo a outros órgãos. A especificidade de existirem entidades empatadas faz surgir a alteração numérica da última posição do ranking quando se considera o item isoladamente. O Quadro 1 apresenta a verificação do menu “Acesso à Informação” existente no sítio eletrônico do órgão, a fim de constatar se ele segue o padrão proposto pelo GTA para nomenclatura e posição. Ressalte-se que a posição se refere à ordem em que o item deve aparecer no menu, e, para isso, o quadro contempla as colunas “Posição verificada” e “Posição correta”, indicando as posições reais e ideais do item no menu, e as colunas “Previsão” e “Existência”, que indicam se o item é obrigatório ou facultativo e se ele está presente no sítio eletrônico. Quadro 1 Item de menu de primeiro nível, denominado “Acesso à Informação”Nomenclatura Posição verificada Posição correta Previsão Existência Institucional 1 1 Obrigatório Sim Ações e Programas 2 2 Obrigatório Sim Participação Social 3 3 Obrigatório Sim Auditorias 4 4 Obrigatório Sim Convênios e Transferências 5 5 Obrigatório Sim Receitas e Despesas 6 6 Obrigatório Sim Licitação e Contratos 7 7 Obrigatório Sim Servidores 8 8 Obrigatório Sim Terceirizados 9 > 12 Facultativo Sim Informações Classificadas 10 9 Obrigatório Sim Serviço de Informação ao Cidadão SIC 11 10 Obrigatório Sim Perguntas Frequentes 12 11 Obrigatório Sim Dados Abertos 13 12 Obrigatório Sim Agenda de Autoridades 14 > 12 Facultativo Sim Protocolo Integrado 15 > 12 Facultativo Sim Quadro de Referência TAE 16 > 12 Facultativo Sim Banco de Professor Equivalente 17 > 12 Facultativo Sim Cargos Ocupados/Desocupados 18 > 12 Facultativo Sim PID e RID 19 > 12 Facultativo Sim Contabilidade 20 > 12 Facultativo Sim Carta de Serviços 21 > 12 Facultativo Sim Diplomas de Graduação 22 > 12 Facultativo Sim
image/svg+xmlGabriel MYNORO ANIBOLETE; André FERREIRA e Raphael Jonathas da COSTA LIMA RPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022004, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI:https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.1597610Diplomas de Mestrado 23 > 12 Facultativo Sim Relatórios de Gestão 24 > 12 Facultativo Sim Integridade Pública 25 > 12 Facultativo Sim Segurança da Informação e Proteção de Dados Pessoais no IF Sudeste MG 26 > 12 Facultativo Sim Transparência e Prestação de Contas 27 > 12 Facultativo Sim Total 27 22/27 24/24 24/24 Fonte: Elaborado pelo autor A observação do sítio eletrônico permitiu constatar duas situações específicas para o IF Sudeste MG. A primeira delas, de cunho positivo, é o esforço institucional em disponibilizar, no mesmo menu, itens de outros assuntos que sejam muito demandados pela sociedade ou que sejam considerados de interesse público (BRASIL, CGU, 2019)⁠. Ao todo, foram disponibilizados 15 itens a mais do que os obrigatórios, embora alguns deles, tais como “Terceirizados” e “Carta de Serviços”, sejam subitens de outros itens.A segunda observação, refere-se à inobservância do rigor indicado pelo GTA para a posição dos itens no menu. Conforme foi possível constatar, o item “Terceirizados” está na 9ª posição, quando deveria compor o subitem do campo “Servidores”, e, caso fosse a percepção do órgão para facilitar a busca dos cidadãos, estaria posicionado a partir do 13º item (BRASIL. CGU, 2019)⁠.O Quadro 2 contém a avaliação qualitativa dos subitens do campo “Institucional”, a partir da verificação do texto, imagens e informações no sítio eletrônico do IF Sudeste MG. Assim como os quadros subsequentes, a coluna “Subitem” indica se o campo contempla o subitem específico exigido pelo GTA e as colunas “Contém Informação” e “Informação Atualizada” consolidam a verificação de existência e atualização da informação.Na análise deste item, a CGU considerou cumpridos 3 de 8 subitens. Referida análise vai ao encontro da observação desta pesquisa, ao considerarmos não apenas a previsão da indicação do item, mas, especialmente, a sua clareza, disposição espacial no sítio eletrônico e a existência de informações atualizadas. O órgão adotou a descrição sugerida pela CGU para apresentação inicial da página, mas não cumpriu com as demais solicitações, seja porque não possui a informação disponível em seu site, seja porque ela está incompleta e desatualizada, como é o caso da agenda de autoridades. Este é o primeiro dos itens de transparência ativa, e a própria escolha de sua topografia no menu de Acesso à Informação revela a sua importância. A inobservância deste item traz dificuldades para a própria accountability de outras ações e programas decorrentes de políticas públicas no órgão.
image/svg+xmlLei de acesso à informação na educação pública: Um estudo de caso no IF Sudeste MG RPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022004, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI:https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.1597611Quadro 2 Avaliação qualitativa do item “Institucional”Informação Subitem Contém Informação Informação Atualizada Estrutura Organizacional Sim Não Não Competências Sim Não Não Base Jurídica da Estrutura Organizacional e das Competências Sim Não Não Principais Cargos e Respectivos Ocupantes (Quem é quem) Sim Sim Sim Telefones, Endereços e E-mails dos Ocupantes dos Principais Cargos Sim Sim Sim Agenda de Autoridades Sim Sim Não Horário de Atendimento Sim Sim Sim Currículo dos Principais Cargos Não Não Não Total 7/8 4/8 3/8 Fonte: Elaborado pelo autor O Quadro 3 contém a avaliação qualitativa dos subitens do campo “Ações e Programas”. Neste item, o órgão adotou a descrição sugerida pela CGU para apresentação inicial da página. Contudo, assim como no item “Institucional”, embora conste a indicação dos subitens indispensáveis, a informação é inexistente ou está desatualizada. Há link para a página do portal da transparência, mas sem o passo a passo que auxilie o usuário a encontrar a informação desejada, conforme indicado no GTA. Quadro 3 Avaliação qualitativa do item “Ações e Programas”Informação Subitem Contém Informação Informação Atualizada Programas e Ações Sim Sim Não Unidade Responsável Sim Não Não Principais Metas Sim Não Não Indicadores de Resultado e Impacto Sim Não Não Principais Resultados Sim Não Não Carta de Serviços Sim Sim Não Renúncia de Receitas Sim Sim Sim Programas Financiados FAT Sim Sim Sim Total 8/8 4/8 2/8 Fonte: Elaborado pelo autor O Quadro 4 contém a avaliação qualitativa dos subitens do campo “Participação Social”. Assim como nos itens anteriores, o órgão acatou a sugestão de descrição na página inicial, porém, este campo possui uma avaliação feita no Painel da LAI que diverge do indicado no GTA. No painel, por consequência do STA, é avaliado um único item genérico caracterizado pela percepção quanto a se o órgão divulga informações sobre as instâncias e mecanismos de participação social que disponibiliza. De outro modo, ao analisarmos o GTA, é possível verificar que a avaliação feita no painel corresponde à descrição genérica para o item, mas ele é composto por outras dimensões que estão indicadas no Quadro 4.
image/svg+xmlGabriel MYNORO ANIBOLETE; André FERREIRA e Raphael Jonathas da COSTA LIMA RPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022004, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI:https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.1597612A observação do sítio eletrônico revelou que o órgão não cumpre efetivamente este aspecto da transparência ativa, apesar do indicado pela própria CGU. As informações sobre a Ouvidora estão corretamente presentes e atualizadas. Entretanto, não há informações atualizadas e precisas sobre os Conselhos e Órgãos Colegiados, sobre as audiências e consultas públicas, ou sobre conferências eventualmente realizadas. A título de exemplo, cite-se o Conselho Superior da organização, que é o órgão deliberativo máximo no IF Sudeste MG, com participação social e representatividade por segmento, mas cujas informações não constam na transparência ativa do menu de acesso à informação. Quadro 4 Avaliação qualitativa do item “Participação Social”Informação Subitem Contém Informação Informação Atualizada Ouvidoria Sim Sim Sim Audiências e Consultas Públicas Sim Não Não Conselhos e Órgãos Colegiados Sim Sim Não Conferências Sim Não Não Outras Ações Não Não Não Total 4/5 2/5 1/5 Fonte: Elaborado pelo autor O Quadro 5 contém a avaliação qualitativa dos subitens do campo “Convênios e Transferências”. O órgão acatou a sugestão de descrição na página inicial e disponibilizou link para a seção de convênios do portal da transparência. Contudo, não elaborou o passo a passo que auxilie o usuário a encontrar a informação desejada, conforme indicado no GTA, bem como não trouxe informações sobre termos de execução descentralizada eventualmente formulados pelo órgão. Quadro 5 Avaliação qualitativa do item “Convênios e Transferências”Informação Subitem Contém Informação Informação Atualizada Transferências de Recursos da União realizadas mediante convênios, contratos de repasse e termos de cooperação ou instrumentos….Sim Sim Não Total 1/1 1/1 0/1 Fonte: Elaborado pelo autor O Quadro 6 contém a avaliação qualitativa dos subitens do campo “Receitas e Despesas”. Neste item, a avaliação da CGU considerou cumpridos o detalhamento das despesas orçamentárias, das despesas financeiras e de diárias e passagens. Entretanto, a observação da página do órgão demonstrou que consta o link para a execução da despesa por órgão, mas esta não é a indicação adequada formulada no GTA. Em verdade, deveriam ter sido indicados os
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