image/svg+xmlTecnologias na educação e suas transformações: Um olhar a partir do conceito de capital cultural RPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022128, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.160611 TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO E AS TRANSFORMAÇÕES: UM OLHAR A PARTIR DO CONCEITO DE CAPITAL CULTURAL LAS TECNOLOGÍAS EN EDUCACIÓN Y SUS TRANSFORMACIONES: UNA MIRADA DESDE EL CONCEPTO DE CAPITAL CULTURAL TECHNOLOGIES IN EDUCATION AND THEIR TRANSFORMATIONS: A LOOK FROM THE CONCEPT OF CULTURAL CAPITAL Lilian Maia Borges TESTA1Márcia Marlene STENTZLER2RESUMO: Este artigo tem como objetivo analisar aspectos da história das tecnologias inseridas na educação, visando o desenvolvimento educacional, sob a luz do conceito de “capital cultural”,de Pierre Bourdieu, considerando parte do processo sócio-histórico as mudanças e usos delas na educação contemporânea que ocorreram em consonância com uma nova cultura, uma vez que a escola não é uma instituição neutra. Compreendemos as mudanças socioeducacionais associadas a um contexto mais amplo. E a escola também se transforma na medida em que inclui em seu currículo e nas práticas o uso das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC). Partimos da problemática relacionada ao processo histórico da inserção das tecnologias digitais na Educação Básica e como podem acarretar no desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem? Será uma pesquisa bibliográfica, levando em consideração os pressupostos teóricos defendidos por: Bourdieu (2004), Saviani (1991), Kenski (2012) e Duarte (2008). A pesquisa evidenciou que houve professores que não deram a atenção necessária, relutando em inserir as TDIC em suas aulas. Outros foram em busca de informações e capacitação para que pudessem ministrar aulas de forma virtual, agregando um novo capital cultural à sua prática. PALAVRAS-CHAVE: História. Tecnologia. Educação. Capital cultural. RESUMEN:Este artículo tiene como objetivo analizar aspectos de la historia de las tecnologías incluidas en la educación, con miras al desarrollo educativo, a la luz del concepto de “capital cultural” de Pierre Bourdieu, considerando parte del proceso sociohistórico, sus cambios y usos en la educación ocurridos en consonancia con una nueva cultura, ya que la escuela no es una institución neutral. Entendemos los cambios socioeducativos asociados a un contexto más amplio. Y la escuela también se transforma en la medida en que incluye en su plan de estudios y practica el uso de las tecnologías de la información y la comunicación. Partimos del tema relacionado con el proceso histórico de inserción de las tecnologías digitales en la educación básica y ¿cómo pueden conducir al desarrollo del proceso de 1Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR), Paranavái PR Brasil. Mestranda em Formação Docente Interdisciplinar (UNESPAR). ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5560-5064. E-mail: lilian.maia.borges@gmail.com 2Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR), Paranavái PR Brasil. Docente Adjunta. Doutorado em Educação (UFPR). Pós-doutoranda (UNICAMP). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-9634-9148. E-mail: marcia.stentzler@unespar.edu.br
image/svg+xmlLilian Maia Borges TESTA e Márcia Marlene STENTZLER RPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022128, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.160612 enseñanza y aprendizaje? Será una investigación bibliográfica, teniendo en cuenta los supuestos teóricos defendidos por: Bourdieu (2004); Saviani (1991); Kenski (2012) y Duarte (2008). La investigación mostró que había docentes que no prestaban la atención necesaria, mostrándose reacios a insertar las TDIC en sus clases. Otros fueron en busca de información y capacitación para poder impartir clases de manera virtual, sumando un nuevo capital cultural a su práctica. PALABRAS CLAVE:Historia. Tecnología. Educación. Capital cultural. ABSTRACT: This article aims to analyze aspects of the history of technologies inserted in education, aiming at educational development, under the light of Pierre Bourdieu's concept of “cultural capital”, considering part of the socio-historical process, changes and their uses in contemporary education that occurred in line with a new culture, since the school is not a neutral institution. We understand the socio-educational changes associated with a broader context. And the school is also transformed insofar as it includes in its curriculum and practices the use of communication and information technologies. We start from the problem related to the historical process of insertion of digital technologies in basic education and how can they lead to the development of the teaching and learning process? It will be a bibliographical research, taking into account the theoretical assumptions defended by: Bourdieu (2004); Saviani (1991); Kenski (2012) and Duarte (2008).The research showed that there were teachers who did not give the necessary attention, being reluctant to insert the TDIC in their classes. Others went in search of information and training so that they could teach classes in a virtual way, adding a new cultural capital to their practice.KEYWORDS: History. Technology. Education. Cultural capital. IntroduçãoAs Tecnologias Digitais da Informação e da Comunicação (TDIC) em sala de aula são recursos cada vez mais necessários. Garantir esse acesso é fundamental, na medida em que o conhecimento é um dos direitos sociais básicos. O uso da tecnologia no meio educacional é motivo para reflexões acerca do planejamento e metodologias empregadas pelos professores, pois estamos em uma sociedade globalizada, intitulada Sociedade do Conhecimento, mas, como afirma Duarte (2008), sociedade permeada de ilusão. A assim chamada sociedade do conhecimento é uma ideologia produzida pelo capitalismo, é um fenômeno no campo da reprodução ideológica do capitalismo. Dessa forma, para falar sobre algumas ilusões da sociedade do conhecimento é preciso primeiramente explicitar que essa sociedade é por si mesma, uma ilusão que cumpre determinada função ideológica na sociedade capitalista contemporânea (DUARTE, 2008, p. 13). O conhecimento e a cultura são capitais imateriais. Nesse sentido, o artigo em questão tem como objetivo analisar aspectos da história das tecnologias inseridas na educação, visando
image/svg+xmlTecnologias na educação e suas transformações: Um olhar a partir do conceito de capital cultural RPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022128, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.160613 o desenvolvimento educacional, sob a luz do conceito de capital cultural, cunhado por Bourdieu (2004). O capital cultural é pessoal, mas também é coletivo e também herdado das gerações que nos antecederam. É algo que foi produzido e que faz parte da vida, como resultado de um conhecimento historicamente produzido. Uma nova perspectiva de ensino e aprendizagem, com o uso de tecnologias educacionais está atrelada a essa ideia de capital cultural, por meio da posse e domínio da tecnologia e do conhecimento. Bourdieu (2004) também apresenta o conceito de habitus. Esse ultrapassa o inconsciente e está presente na maneira como a pessoa vive, ou seja, centra-se na ação humana, para uma prática social. Age como uma mola que precisa de uma ação externa, isto é, não pode ser visto de forma isolada, longe das sociedades específicas ou dos locais em que é produzido. Está associada a um contexto de mudanças nas formas de vida, de produção e socialização do conhecimento. A efetividade das TDIC com seu uso recente e atual na educação ampliou-se em função da pandemia provocada pelo novo Coronavírus, COVID-19, cujos efeitos ainda são sentidos, uma vez que ela continua com variantes do vírus. Por meio das novas ferramentas tecnológicas a educação continuou a acontecer, de forma reelaborada, num contexto emergencial. Entretanto, essa súbita busca para a inserção de um planejamento e uma metodologia virtual na educação, tornou mais visível a grande diferença que existe nas condições de acesso ao conhecimento. Muitos alunos não tinham acesso à internet ou, não possuíam instrumentos tecnológicos, ou, ainda, suas famílias não conseguiam lidar com softwares por não possuir o letramento digital. Esta pesquisa é bibliográfica, levando em consideração os pressupostos teóricos defendidos por Bourdieu (2004), ao relacionarmos o uso das tecnologias em sala de aula e o conceito de “capital cultural”; Saviani (1991), ao conceituar a natureza e especificidade da educação; Newton Duarte (2008) que nos auxilia a compreender criticamente o termo “Sociedade do Conhecimento”, bem como, juntamente com os preceitos defendidos por Kenski (2012), a ideia de tecnologias em processo histórico. No contexto da pandemia, as tecnologias foram fundamentais para que os alunos continuassem tendo contato com a escola, amigos e com os conteúdos escolares. Vamos olhar para esse movimento a partir de Soares e Colares (2020), entre outros que analisam a relação entre educação, tecnologias da informação e comunicação. Sob esse viés, o artigo se desenvolve, primeiramente, com uma retrospectiva histórica sobre as tecnologias na educação, enquanto um processo sócio-histórico e cultural, tendo como elemento norteador a ideia de capital cultural, como produto da humanidade e de cada
image/svg+xmlLilian Maia Borges TESTA e Márcia Marlene STENTZLER RPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022128, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.160614 indivíduo. Em seguida, abordaremos sobre representações da escola e do professor frente às tecnologias digitais na educação contemporânea. As Tecnologias na Educação Brasileira: Processo Histórico Em uma sociedade que está em constante mudança, a educação é um processo cada vez mais intrincado, em que o aprender e o ensinar nos desafiam todos os dias. No entanto, é necessário enfrentá-los com dinamismo e em conformidade com as mudanças sociais. A educação apresenta, hoje, os modelos de ensino presencial, semipresencial e a distância, sendo que esta última permite que o estudante não esteja fisicamente em um ambiente formal de ensino e aprendizagem. Segundo Kenski (2012), o termo tecnologia vem do grego. É formado pela palavra techné, que significa saber fazer, e logia, do grego logusque significa razão, dessa forma, podemos dizer que tecnologia é a razão do saber fazer. Conforme explicita Kenski (2012, p. 18): Ao conjunto de conhecimentos e princípios científicos que se aplicam ao planejamento, à construção e à utilização de um equipamento em um determinado tipo de atividade nós chamamos de tecnologia. Para construírem qualquer equipamento - seja uma caneta esferográfica ou um computador -, os homens precisam pesquisar, planejar e criar tecnologias. Atualmente, há um uso indiscriminado do termo, criando, dessa forma, diferentes significados que levam a outros caminhos, como ilustra Pinto (2005, p. 219): De acordo com o primeiro significado etimológico, a tecnologia tem de ser a teoria, a ciência, o estudo, a discussão da técnica abrangidas nesta última noção as artes, as habilidades do fazer, as profissões e, generalizadamente, os modos de produzir alguma coisa [...]. No segundo significado, tecnologia equivale pura e simplesmente à técnica [...]. Estreitamente ligado à significação anterior, encontramos o conceito de tecnologia entendido como o conjunto de todas as técnicas de que dispõe uma determinada sociedade, em qualquer fase histórica de seu desenvolvimento [...]. Por fim, encontramos o quarto sentido do vocábulo tecnologia, aquele que para nós irá ter importância capital, a ideologização da técnica [...]. O termo tecnologia educacional não pode ser confundido com tecnologia digital, ou seja, não podemos sobrepor um conceito ao outro. Sancho-Gil (2018, p. 611) nos aponta que ao fazermos essa sobreposição podemos causar um reducionismo. Dessa perspectiva, sobrepor a tecnologia educacional às TDICs traz consigo um reducionismo que pode significar “a perda da perspectiva história”. A história da TE tem mostrado como cada desenvolvimento tecnológico do
image/svg+xmlTecnologias na educação e suas transformações: Um olhar a partir do conceito de capital cultural RPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022128, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.160615 livro ao cinema, passando pelo rádio, pelo vídeo e pela internet foi celebrado, na sua época, como a panaceia da educação. [...]. Quando abordamos o tema tecnologia, é válido voltarmos um pouco na história da sociedade humana. Desses tempos remotos até os dias atuais, sabemos que a humanidade produziu grandes e determinantes descobertas, que levaram a mudanças físicas, a formação de laços afetivos e de sociabilização. Essas foram possíveis devido à capacidade de aprendizagem e uso dos conhecimentos acumulados. Conforme Brito e Purificação (2012, p. 20), O ser humano, ao longo do seu desenvolvimento, produz conhecimento e o sistematiza, modificando e alterando aquilo que é necessário à sua sobrevivência. Suas ações não somente biologicamente determinadas - dão-se também pela apropriação das experiências e dos conhecimentos produzidos e transmitidos de geração a geração. O conhecimento humano nas suas diferentes formas - senso comum, científico, filosófico, estético, etc. - está entrelaçado numa rede de concepções de mundo e de vida. Essas características diferenciam o ser humano dos demais animais, sendo capaz de pensar, de aprender, de desenvolver suas capacidades e, principalmente, de transmitir o que aprendeu aos seus descendentes, além de fazer novas descobertas. O ser humano possui a capacidade de mudar constantemente, transformando o mundo e a sociedade a qual está inserido. Conforme Pinto (2014, p. 14), Este é um elemento básico de diferenciação dos humanos em relação às demais espécies animais na Terra: a capacidade de descobrir coisas novas e transmitir essas descobertas a outros membros da espécie, que podem aprender com a experiência dos outros, incorporar esses conhecimentos aos seus e fazer novas descobertas. Assim, a espécie humana passou a ser capaz de mudar a si mesma e o mundo ao seu redor como nenhuma outra o fez. Podemos observar, portanto, que a escrita, uma nova forma do ser humano se comunicar, não foi inventada apenas por uma pessoa, mas foi o resultado criativo de toda uma sociedade, que foi aperfeiçoando essa tecnologia ao longo dos tempos, conforme explicita Pinto (2014, p. 19-20): [...] essa nova tecnologia de comunicação, a escrita, não foi inventada por um indivíduo ou mesmo um grupo restrito de indivíduos. Ela foi o resultado criativo de muitas pessoas que, durante centenas ou até milhares de anos, foram aperfeiçoando lentamente as formas até então existentes de escrita. Havia uma tecnologia de suporte (tábuas de argila), de ferramentas para escrever (estiletes de caniço) e um conjunto de regras bem definidas para guiar o processo de escrita e de leitura, todos eles sendo continuamente aperfeiçoados. Mas tudo isso não era suficiente para garantir que a escrita se perpetuasse: deveria haver condições sociais necessárias para o seu avanço. Primeiramente, a sociedade em que a escrita surgiu precisou enxergar alguma utilidade para o seu uso e, em segundo lugar, essa sociedade deveria ser capaz de sustentar escribas especialistas para manter e aperfeiçoar a escrita.
image/svg+xmlLilian Maia Borges TESTA e Márcia Marlene STENTZLER RPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022128, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.160616 A escrita foi um dos grandes elementos de transformação social e cultural. A pesquisa de Davis (1990, p. 184) sobre o impacto da palavra impressa entre os trabalhadores franceses no século XVI, revela aspectos da disseminação da palavra impressa entre os trabalhadores e as transformações que opera nesse contexto. No conjunto, parece-me que os primeiros 125 anos da palavra impressa na França, com as pequenas mudanças que provocaram na área rural, fortaleceram mais do que minaram a vitalidade da cultura do menu people nas cidades. Isto é, trouxeram contribuições tanto ao seu realismo quando à riqueza dos seus sonhos, tanto a seu auto respeito quanto à sua capacidade de criticar a si mesmo e aos outros. A imprensa, naquele período, representou uma nova tecnologia que fez chegar aos trabalhadores o conhecimento sistematizado, por meio da palavra impressa. Davis enfatiza, que “[...] eles não eram receptores passivos (nem beneficiários, ou vítimas, passivos) de um novo tipo de comunicação.” (DAVIS, 1990, p. 194). Aqueles que tinham acesso aos livros interpretavam o que “liam e ouviam”, o que resultando num aperfeiçoamento desses materiais, bem como fortalecendo a organização da sociedade e das pessoas. Em outras palavras, O protestantismo e certas características do humanismo convergiram com a palavra impressa, para contestar valores hierárquicos tradicionais e para adiar o estabelecimento de rígidos valores novos. O controle econômico das publicações não estava concentrado nas firmas dos grandes comerciantes-editores, mas era compartilhado por uma diversidade de produtores. (DAVIS, 1990, p. 185). Com a imprensa e a alfabetização, o saber se torna popular, acessível a camadas sociais que até então eram alijadas do conhecimento sistematizado e possível por meio da escrita. Prevalecia a oralidade. Essa transformação, que pode ser considerada como tecnológica foi fundamental para a rapidez na socialização das ideias e concepções de mundo, conforme explicita Bourdieu temos a ampliação do capital cultural. Pies (2011) afirma que o a ampliação do capital cultural está diretamente ligada ao capital social, ou seja, o capital social é um recurso ligado ao indivíduo, ao grupo ou a instituição que os mantém unidos, podendo aumentar as relações sociais e ampliando o reconhecimento de diferentes culturas. Uma das formas de disseminar o conhecimento sistematizado, associada a ideia linear de progresso, foi a escolarização pública. No Brasil, organização e disseminação das escolas públicas primárias foi grande, especialmente no início do século XX, com a industrialização. É nesse contexto que abordamos a ideia de tecnologia educacional, que conforme Tajra (2012, p. 48) não se trata de algo futuro, mas que faz parte das mudanças sociais.
image/svg+xmlTecnologias na educação e suas transformações: Um olhar a partir do conceito de capital cultural RPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022128, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.160617 [...] a tecnologia educacional está relacionada aos antigos instrumentos utilizados no processo ensino-aprendizagem. O giz, a lousa, o retroprojetor, o vídeo, a televisão, o jornal impresso, um aparelho de som, um gravador de fitas cassete e de vídeo, o rádio, o livro e o computador são todos elementos instrumentais componentes da tecnologia educacional. Ciência e tecnologia se relacionam, principalmente ao nos referirmos ao desenvolvimento da sociedade e da educação. Conforme explicita Kuhn (1998), essas mudanças não são ocasionadas apenas pelas descobertas, mas tem um contexto mais amplo que envolve a sociedade e o surgimento de teorias novas. Podemos afirmar que há um capital cultural acumulado que permite essas mudanças, mas muitas vezes os novos aparatos tecnológicos não são acessíveis a todos. Dessa forma, Desde a década de 1950, teóricos chamam a atenção para a caracterização da sociedade pela tecnificação crescente nos mais variados setores sociais. Já havia preocupações no sentido de que os meios de comunicação constituíam uma escola paralela onde as crianças e os adultos estariam encantados e atraídos em conhecer conteúdos diferentes da escola convencional. (DORIGONI; SILVA, 2007, p. 6). Assim, as tecnologias começam a influenciar o modo de perceber do mundo, de transformá-lo e expressar-se nele, inicia-se uma “Indústria Cultural”, ou seja, há o interessede manter o homem como um consumidor. No entanto, Duarte (2008, p. 27) salienta que: Devo destacar que a apropriação de um objeto natural pelo ser humano, que transforma esse objeto em instrumento humano, nunca pode se realizar independentemente das condições objetivas originais desse objeto, ainda que estas venham a sofrer enormes transformações qualitativas em decorrência da atividade humana, gerando fenômenos sem precedentes na história natural. O objeto, portanto, não é totalmente subtraído de sua lógica natural, mas esta é inserida na lógica da prática social. O ser humano não cria a realidade humana sem apropriar-se da realidade natural. Ocorre que essa apropriação não se realiza sem a atividade humana, tanto aquela de utilização do objeto como um meio para alcançar uma finalidade consciente, como também, e principalmente, enquanto atividade de transformação do objeto para que ele possa servir mais adequadamente às novas funções que passará ater, ao ser inserido na atividade social. Tais considerações nos levam a refletir sobre o uso das tecnologias no meio educacional, considerando o capital cultural e social para o uso dessas tecnologias em sala de aula, refutando, muitas vezes, as terminologias empregadas, como “Sociedade do Conhecimento”.
image/svg+xmlLilian Maia Borges TESTA e Márcia Marlene STENTZLER RPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022128, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.160618 Tecnologias digitais na escola O papel das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC), no âmbito educacional, está vinculado a múltiplos fatores, sendo que, em meio a eles, a formação docente tem grande destaque, pois os docentes atuam para a difusão do conhecimento e no desenvolvimento intelectual, social e afetivo do indivíduo. Se o computador pode consistir em um instrumento para auxiliar este desenvolvimento, o docente deve ter ciência de usá-lo com competência e eficiência, a fim de viabilizar o desenvolvimento de projetos de aprendizagem cooperativa. Para que isso realmente aconteça, estuda-se de que forma deve ser esta formação do professor, e seus resultados. Os moldes educacionais necessitam ser atualizados e inovados para poderem continuar exercendo suas funções na sociedade, conforme observamos na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) Lei nº 9.394/96 (BRASIL, 1996), em que a educação deve caminhar em consonância com as transformações sociais. No respectivo documento, notamos que o uso das tecnologias em sala de aula é primordial para o desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem. As tecnologias digitais em ambientes escolares permitem construir novas oportunidades, respeitadas as diferenças individuais e condições. Às escolas cabem incentivar o uso das novas tecnologias de comunicação e dispor de um processo de transformação de tal forma que a atuação do professor possa ser compatível com as novas necessidades. No entanto, sabemos que, em conformidade com Duarte (2008), é uma ilusão, pois as escolas não possuem condições físicas e estruturais para colocar em prática efetiva o uso das tecnologias digitais. O raciocínio lógico do estudante também se modifica com o uso de tecnologias. Ela faz parte de várias atividades, como assevera Pierre Lévy (1993, p. 79): O professor torna-se o ponto de referência para orientar seus alunos no processo individualizado de aquisição de conhecimentos e, ao mesmo tempo, oferece oportunidades para o desenvolvimento do processo de construção coletiva do saber através da aprendizagem coorporativa. O trabalho do professor deve seguir no sentido de incentivar a aprendizagem e o pensamento, assim para que a afirmação de Lévy torne-se verdadeira é também necessário conscientizar o aluno para uma reflexão crítica do que está sendo pesquisado. O acesso à informação e a velocidade com que ela se propaga, tornando tudo de fácil acessibilidade pode também atrapalhar. É preciso ter um bom senso crítico, já que a internet nos leva a um mundo incrível do conhecimento na mesma velocidade que também nos leva ao mundo de conteúdos não vinculados ao processo escolar.
image/svg+xmlTecnologias na educação e suas transformações: Um olhar a partir do conceito de capital cultural RPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022128, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.160619 Mas, a presença da tecnologia digital na educação não significa garantia de um aumento na qualidade da educação, visto que o avanço tecnológico para dentro de sala pode disfarçar o ensino tradicional. Mesmo a inserção forçada do ensino remoto na educação, devido à Pandemia da COVID-19, não se observa uma mudança clara no emprego das tecnologias digitais, apenas o uso de um aparato para o desenvolvimento de uma aula remota. Isso ocorre, pois, carregamos heranças culturais. Embora tenhamos mudanças na forma de organização da escola e na concepção do processo ensino e aprendizagem, existem, por outro lado, permanências. Conforme salienta Santinello (2013, p. 44) o professor precisa ser alfabetizado digitalmente “[...] potencializando a criação e recriação de conteúdos, para que cada um consiga se apropriar das informações contidas especificamente no espaço virtual (nomeado como: Ciberespaço Internet). Considerando as especificidades da pesquisa e do tempo histórico, no início do século XXI, Moran (2003, p. 12) alertava para o papel da tecnologia na sala de aula: A concepção de ensino e aprendizagem revela-se na prática de sala de aula e na forma como professores e alunos utilizam os recursos tecnológicos dis-poníveis. A presença dos recursos tecnológicos na sala de aula não garante mudanças na forma de ensinar e aprender. A tecnologia deve servir para enriquecer o ambiente educacional, propiciando a construção de conheci-mentos por meio de uma atuação ativa, crítica e criativa por parte de alunos e professores. A função primordial da escola é a formação crítica dos alunos. Saviani (1991, p. 25) alertava que “[...] o clássico na escola é a transmissão-assimilação do saber sistematizado. Este é o fim a atingir. É aí que cabe encontrar a fonte natural para elaborar os métodos e as formas de organização do conjunto das atividades da escola [...]”. O aluno, por meio da aprendizagem, atua livremente a partir de seus conhecimentos e “[...] nesse exato momento ele deixou de ser aprendiz”, afirma Saviani (1991, p.27). Portanto, consideradas as especificidades da pesquisa, cabe ao professor o papel de ensiná-lo a acessar e fazer o uso das informações que se encontram disponíveis em seu meio, ou seja, não é pensar no que o computador fará por nós e sim o que conseguiremos fazer como ele visando a qualidade no ensino e, principalmente, a contribuição desses aparatos tecnológicos na formação crítica dos nossos alunos. As Novas Tecnologias da Comunicação e Informação (TDIC) não chegaram para tomar o lugar dos professores. Buscamos em Saviani (1991, p. 30) argumentos que se referem à educação e as especificidades dos estudos pedagógicos, a qual deve ser organizar tendo por base “[...] elementos naturais e culturais necessários à constituição da humanidade em cada ser humano e à descoberta das formas adequadas ao atingimento desse objetivo”.
image/svg+xmlLilian Maia Borges TESTA e Márcia Marlene STENTZLER RPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022128, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.1606110 A criação de ambientes de aprendizagem precisa ter em conta a natureza da educação. Numa perspectiva crítica, mesmo com o uso de recursos das TDIC, o uso do computador oportuniza nova visão de mundo tanto para o aluno, quanto para o professor. Dessa forma, novamente buscamos amparo em Saviani (1991, p. 29-30), o qual explicita o que é essencial neste trabalho não material que compete à educação: [...] a compreensão da natureza da educação enquanto um trabalho não material cujo produto não se separa do ato de produção nos permite situar a especificidade da educação como referida aos conhecimentos, ideias, conceitos, valores, atitudes, hábitos, símbolos sob o aspecto de elementos necessários à formação da humanidade em cada indivíduo singular, na forma de uma segunda natureza [...]. E ao associarmos as práticas pedagógicas com o uso das tecnologias, esta vem representar uma nova possibilidade do professor organizar os processos de ensino e aprendizagem, em que o aluno se torne mais crítico, conhecendo a sua realidade e explorando soluções para os problemas e situações de estudo. E uma nova maneira de se construir o conhecimento em que um novo elemento é introduzido na escola, como forma de disseminação do conhecimento. Contudo, não podemos perder de vista a grande diversidade de condições socioeconômicas da população brasileira. Enquanto alguns têm condições plenas de acesso à tecnologia, outros não têm acesso. Essa realidade ficou ainda mais evidente no atual contexto, quando as escolas foram obrigadas a trabalhar remotamente com os alunos, devido ao afastamento social como forma de prevenção do contágio da COVID-19. Salientamos, contudo, que o enfrentamento a essa pandemia, com educação de forma remota, foi possível devido a Internet. Contudo, como já exploramos esse recurso ainda não é uma realidade para todos. Segundo Ferrari (2018, p. 379): A internet modificou significativamente a cultura, o modo de vida das pessoas e o modo de fazer negócios. Também teve impacto significativo na educação. Um primeiro exemplo de como a internet impactou a educação é o novo modo de acesso à informação para possível construção do conhecimento em contextos formais ou não. Via internet, temos acesso, por exemplo, a inúmeros livros (e-books), bases de dados de artigos científicos e diversos tipos de informação (científica ou não) sobre os mais variados assuntos. De diferentes formas e por meio de múltiplos dispositivos, a internet tem sido utilizada também como meio de interação entre alunos e professores [...]. A Internet, no âmbito educacional, transforma o conhecimento e ainda possibilita um ambiente interativo de aprendizagem. Mas o processo de ensino e aprendizagem está relacionado a um conjunto de condições que existem dentro da rotina escolar e na sociedade. A
image/svg+xmlTecnologias na educação e suas transformações: Um olhar a partir do conceito de capital cultural RPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022128, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.1606111 escola possui um caráter mediador no seio da sociedade, como acentua Saviani (1991), e as ações docentes se efetivam nesse espaço mediador e permeado por culturas. A tecnologia no processo de ensino e aprendizagem possibilitará a comunicação entre professores e alunos de uma maneira alternativa, original e criativa, como afirma Kenski (2012, p. 93), “a evolução tecnológica redesenha a sala de aula em um novo ambiente virtual de aprendizagem”.As tecnologias da informação geram um contexto de relações que nos possibilitam criar novas ações e permitir uma educação mais significativa para os alunos. E a Internet em sala de aula possibilitará um aperfeiçoamento na escrita e leitura do aluno, pois conforme Lévy (1993, p. 55): [...] os textos na internet se apresentam formando uma cadeia de informações, com sequência livre para o usuário (ou aprendiz) ligada de maneira criativa por meio de links. Esses textos podem ser modificados, ampliados e reconstruídos a partir da pesquisa em diferentes áreas do conhecimento, encontradas no “mundo virtual” rompendo com a forma hierárquica da estrutura escolar tradicional. Embora novas possibilidades se apresentem, a essência da escola e da educação não se altera com o uso das tecnologias. Cabe ao professor compreender quais são as possibilidades de seu uso no contexto educacional, buscar condições adequadas para o desenvolvimento eficaz do processo de ensino e aprendizagem de modo dinâmico, mediar trabalhos, instigar o poder investigativo de seus. Cada professor deve ter a percepção em integrar a tecnologia dentro de seus procedimentos metodológicos. Na medida em que existam condições pedagógicas e materiais, a relação do professor e alunos com as tecnologias em sala de aula tende a se reorganizar. Esse processo pode ser compreendido com base em Bourdieu (2004), para quem o sujeito é formado pela sua origem social ou, disposições socialmente incorporadas ao longo da vida, isto é, ele possui um habitusque está ligado diretamente a certos capitais culturais, ou seja, econômico, simbólico, cultual, social. Para Moran (2003, p. 38): É importante conectar sempre o ensino com a vida do aluno. Chegar ao aluno por todos os caminhos possíveis: pela experiência, pela imagem, pelo som, pela representação (dramatizações, simulações), pela multimídia, pela interação online e offline. O professor precisa estar aberto a essas inovações e mudanças no ensino e aquele que evolui juntamente tem maior sensibilidade quanto à necessidade dessa modernização e transformação humana.
image/svg+xmlLilian Maia Borges TESTA e Márcia Marlene STENTZLER RPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022128, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.1606112 Sob esse viés, as escolas devem atuar em conformidade com os avanços tecnológicos da modernidade, não devem ficar estagnadas no tempo e considerarem a única tecnologia o quadro e o giz, ou seja, para que esse trabalho se concretize de forma satisfatória, todos os inseridos no processo de ensino e aprendizagem devem se aprimorar e conhecer as tecnologias que podem ser utilizadas em sala de aula como um instrumento facilitador da aprendizagem de nossos alunos. No entanto, sabemos que muitas escolas públicas não têm condições para caminharem em conformidade com esses avanços tecnológicos, acarretando em uma exclusão digital, devido às questões financeiras, estruturais, políticas públicas voltadas para esse capital cultural. Nesse olhar a escola precisa se adaptar, reorganizar os seus ambientes, a sala de aula tradicional ser remodelada, pois ela é o lugarpara a organização dos procedimentos didáticos, onde irá instrumentar e motivar os alunos para a pesquisa e só então retornar para a troca de experiências, a contextualização da aprendizagem, e que essa preparação aconteça fora dela, com situações diárias, ou seja, as salas para serem mais aconchegantes e adaptadas com os novos recursos deveriam fornecer o acesso a vídeos, DVD, internet e sites. Sem contar, que com o avanço das redes as salas de aula devem se tornar campo de troca das pesquisas e descobertas, aproveitando o melhor do virtual e do real. Em conformidade com os dizeres de Duarte (2008), essa seria mais uma sociedade das ilusões, todas essas mudanças, ao considerarmos a realidade das nossas escolas públicas, é utópica, uma ilusão. Além de salas reestruturadas, a utilização pelo professor dos ambientes virtuais é outro ponto importante para um aumento da qualidade, iniciando pelas visitas em laboratórios de informática e orientações em pesquisas para que os alunos possam ir ao encontro de informações e aprendam a distinguir aquelas relevantes para o seu conhecimento. Levá-los a navegar de encontro com a tecnologia, conhecendo plataformas virtuais, como participar de fóruns, chats e desse modo o aluno ir se familiarizando com as opções que a internet tem a seu favor, quando tratamos do processo de ensino e aprendizagem. E conforme o planejamento da escola, disponibilizar recursos como lousas digitais, realidade misturada, criação de ambientes motivadores com mídias que oportunizem ao aluno ter uma aprendizagem com mais qualidade. No entanto, sabemos que essa é a realidade ideal, porém, conforme explicita Duarte (2008), está longe da realidade a qual vivenciamos na escola pública, em que o acesso a esses aparatos tecnológicos não existe ou é muito precário. Muitos são os caminhos para uma transformação na educação, mas o professor precisa compreender de que maneira o seu uso trará para sala de aula, um meio favorável dos processos reflexivos da aprendizagem e que a Internet é um exemplo de possibilidade acessível que pode
image/svg+xmlTecnologias na educação e suas transformações: Um olhar a partir do conceito de capital cultural RPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022128, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.1606113 transformar o ensino, desde que utilizada de forma condizente e coerente. Outra questão que deve ser levada em conta é a realidade da escola pública, que precisa de políticas públicas voltadas para a inserção das tecnologias digitais em sala de aula e que isso se efetive enquanto capital cultural. Considerações finais O respectivo artigo teve como objetivo geral analisar sobre a história das tecnologias inseridas na educação, visando o desenvolvimento educacional, sob a luz do conceito de capital cultural, de Pierre Bourdieu, considerando parte do processo sócio-histórico, as mudanças e usos das tecnologias digitais na educação contemporânea que ocorreram em consonância com uma nova cultura, uma vez que a escola não é uma instituição neutra. Sabemos que essa busca por metodologias que incorporem o uso das tecnologias digitais em sala de aula não é um estudo novo, entretanto, ao buscar por uma formação para se trabalhar com esses aparatos tecnológicos em sala de aula, acarretou na mudança do habitusdesses professores e também dos alunos inseridos no contexto educacional contemporâneo. As discussões sobre o uso das tecnologias digitais em sala de aula vêm ocorrendo há alguns anos em nosso meio educacional, entretanto, muitos professores não davam atenção necessária e, muitas vezes, se negavam a inseri-las em suas aulas. Foi com a Pandemia, ocasionada pelo Coronavírus, que muitos professores foram em busca de informação e formação, para que pudessem ministrar suas aulas de forma virtual, agregando um novo capital cultural à educação brasileira. Assim, houve a necessidade de aparatos tecnológicos para que essas aulas fossem transmitidas, como: smartphones, computadores, notebooks, internet, e muitos alunos não dispunham desses recursos em suas casas, acarretando em uma exclusão digital e que repercutiu de forma significativa no desenvolvimento de nossos educandos, por mais que foram apresentadas formas diferentes de se trabalhar o conteúdo, a falta da mediação do professor foi nítida.
image/svg+xmlLilian Maia Borges TESTA e Márcia Marlene STENTZLER RPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022128, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.1606114 REFERÊNCIAS BOURDIEU, P. A economia das trocas simbólicas. Tradução: Sergio Miceli, Silvia de Almeida Prado, Sonia Miceli e Wilson Campos Vieira. São Paulo: Perspectiva, 2004. BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF: Presidência da República, 1996. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 20 jan. 2021. BRITO, G. S.; PURIFICAÇÃO, I. Educação e novas tecnologias: Um (re)pensar. Curitiba: InterSaberes, 2012. DAVIS, N. Z. Culturas do povo: Sociedade e cultura no início da França moderna. 2. ed. Tradução: Marisa Corrêa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990. DORIGONI, G. M. L.; SILVA, J. C. Mídia e educação: O uso das novas tecnologias no espaço escolar. Curitiba: Secretaria de Educação do Estado do Paraná, 2007. Disponível em: http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/producoes_pde/artigo_gilza_maria_leite_dorigoni.pdf. Acesso em: 21 set. 2021. DUARTE, N. Sociedade do conhecimento ou sociedade das ilusões? Quatro ensaios crítico-dialéticos em filosofia da educação. Campinas, SP: Autores Associados, 2008. FERRARI, R. Internet. In: MILL, D. (org.). Dicionário crítico de educação e tecnologias e de educação à distância. Campinas, SP: Papirus, 2018. KENSKI, V. M. Educação e tecnologias: O novo ritmo da informação. Campinas, SP: Papirus, 2012. KUHN, T. S. Aestrutura das revoluções científicas. São Paulo: Editora Perspectiva, 1998. LÉVY, P. As tecnologias da inteligência: O futuro do pensamento na era da informática. Tradução: Carlos Irineu da Costa. Rio de Janeiro: Editora 34, 1993. MORAN, J. M. Ensino e aprendizagem inovadores com tecnologias audiovisuais e telemáticas. In: MORAN, J. M.; MASETTO, M. T.; BEHRENS, M. A. Novas tecnologias e mediação pedagógica. Campinas, SP: Papirus, 2003. PIES, N. G. Capital cultural e educação em Bourdieu. 2011. Dissertação (Mestrado em Educação) Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, 2011. Disponível em: http://tede.upf.br/jspui/handle/tede/706. Acesso em: 11 abr. 2022. PINTO, A. V. O conceito de tecnologia. Rio de Janeiro: Contraponto, 2005. PINTO, M. M. Tecnologia e inovação. 2. ed. Florianópolis: Departamento de Ciências da Administração (UFSC), 2014. SANCHO-GIL, J. M. Tecnologia Educacional. In: MILL, D. (org.). Dicionário crítico de educação e tecnologias e de educação à distância. Campinas, SP: Papirus, 2018.
image/svg+xmlTecnologias na educação e suas transformações: Um olhar a partir do conceito de capital cultural RPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022128, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.1606115 SANTINELLO, J. Tecnologias da informação e comunicação (TIC) aplicadas à formação do gestor escolar. Guarapuava, PR: UNICENTRO, 2013. SAVIANI, D. Pedagogia histórico-crítica: Primeiras aproximações.2. ed. São Paulo: Cortez; Autores Associados, 1991. SOARES, L. V.; COLARES, M. L. I. S. Educação e tecnologias em tempos de pandemia no Brasil. Revista Debates em Educação, Maceió; v. 12, n. 28, set./dez. 2020. Disponível em: https://www.seer.ufal.br/index.php/debateseducacao/article/view/10157/pdf. Acesso em 18 set. 2022. TAJRA, S. F. Informática na educação. 5. ed. São Paulo: Editora Érica Ltda, 2012. Como referenciar este artigo TESTA L. M. B.; STENTZLER M. M. Tecnologias na Educação e suas transformações: Um olhar a partir do conceito de Capital Cultural.Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022128, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029. DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.16061 Submetido em: 27/04/2022Revisões requeridas em: 04/06/2022 Aprovado em: 11/07/2022 Publicado em: 30/09/2022 Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.Revisão, formatação, normalização e tradução.
image/svg+xmlTechnologies in education and their transformations: A look from the concept of cultural capitalRPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022128, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.160611 TECHNOLOGIES IN EDUCATION AND THEIR TRANSFORMATIONS: A LOOK FROM THE CONCEPT OF CULTURAL CAPITAL TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO E AS TRANSFORMAÇÕES: UM OLHAR A PARTIR DO CONCEITO DE CAPITAL CULTURAL LAS TECNOLOGÍAS EN EDUCACIÓN Y SUS TRANSFORMACIONES: UNA MIRADA DESDE EL CONCEPTO DE CAPITAL CULTURAL Lilian Maia Borges TESTA1Márcia Marlene STENTZLER2ABSTRACT: This article aims to analyze aspects of the history of technologies inserted in education, aiming at educational development, under the light of Pierre Bourdieu's concept of “cultural capital”, considering part of the socio-historical process, changes and their uses in contemporary education that occurred in line with a new culture, since the school is not a neutral institution. We understand the socio-educational changes associated with a broader context. And the school is also transformed insofar as it includes in its curriculum and practices the use of communication and information technologies. We start from the problem related to the historical process of insertion of digital technologies in basic education and how can they lead to the development of the teaching and learning process? It will be a bibliographical research, taking into account the theoretical assumptions defended by: Bourdieu (2004); Saviani (1991); Kenski (2012) and Duarte (2008).The research showed that there were teachers who did not give the necessary attention, being reluctant to insert the TDIC in their classes. Others went in search of information and training so that they could teach classes in a virtual way, adding a new cultural capital to their practice. KEYWORDS: History. Technology. Education. Cultural capital. RESUMO: Este artigo tem como objetivo analisar aspectos da história das tecnologias inseridas na educação, visando o desenvolvimento educacional, sob a luz do conceito de “capital cultural”,de Pierre Bourdieu, considerando parte do processo sócio-histórico as mudanças e usos delas na educação contemporânea que ocorreram em consonância com uma nova cultura, uma vez que a escola não é uma instituição neutra. Compreendemos as mudanças socioeducacionais associadas a um contexto mais amplo. E a escola também se transforma na medida em que inclui em seu currículo e nas práticas o uso das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC). Partimos da problemática relacionada ao processo histórico da inserção das tecnologias digitais na Educação Básica e como podem acarretar no desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem? Será uma pesquisa bibliográfica, levando em consideração os pressupostos teóricos defendidos por: Bourdieu 1Paraná State University (UNESPAR), Paranavaí PR Brazil. Master's Student in Interdisciplinary Teacher Training (UNESPAR). ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5560-5064. E-mail: lilian.maia.borges@gmail.com 2Paraná State University (UNESPAR), Paranavaí PR Brazil. Adjunct Professor. Doctorate in Education (UFPR). Pós-doutoranda (UNICAMP). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-9634-9148. E-mail: marcia.stentzler@unespar.edu.br
image/svg+xmlLilian Maia Borges TESTA and Márcia Marlene STENTZLER RPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022128, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.160612 (2004),Saviani (1991),Kenski (2012) eDuarte (2008).A pesquisa evidenciou que houve professores que não deram a atenção necessária, relutando em inserir as TDIC em suas aulas. Outros foram em busca de informações e capacitação para que pudessem ministrar aulas de forma virtual, agregando um novo capital cultural à sua prática. PALAVRAS-CHAVE: História. Tecnologia. Educação.Capital cultural. RESUMEN: Este artículo tiene como objetivo analizar aspectos de la historia de las tecnologías incluidas en la educación, con miras al desarrollo educativo, a la luz del concepto de “capital cultural” de Pierre Bourdieu, considerando parte del proceso sociohistórico, sus cambios y usos en la educación ocurridos en consonancia con una nueva cultura, ya que la escuela no es una institución neutral. Entendemos los cambios socioeducativos asociados a un contexto más amplio. Y la escuela también se transforma en la medida en que incluye en su plan de estudios y practica el uso de las tecnologías de la información y la comunicación. Partimos del tema relacionado con el proceso histórico de inserción de las tecnologías digitales en la educación básica y ¿cómo pueden conducir al desarrollo del proceso de enseñanza y aprendizaje? Será una investigación bibliográfica, teniendo en cuenta los supuestos teóricos defendidos por: Bourdieu (2004); Saviani (1991); Kenski (2012) y Duarte (2008). La investigación mostró que había docentes que no prestaban la atención necesaria, mostrándose reacios a insertar las TDIC en sus clases. Otros fueron en busca de información y capacitación para poder impartir clases de manera virtual, sumando un nuevo capital cultural a su práctica. PALABRAS CLAVE: Historia. Tecnología. Educación. Capital cultural. IntroductionDigital Information and Communication Technologies (DICT) in the classroom are increasingly necessary resources. Ensuring this access is fundamental, as knowledge is one of the basic social rights. The use of technology in the educational environment is a reason to reflect on the planning and methodologies employed by teachers, since we are in a globalized society, called the Knowledge Society, but, as Duarte (2008) states, a society permeated by illusion. The so-called knowledge society is an ideology produced by capitalism; it is a phenomenon in the field of ideological reproduction of capitalism. Thus, to talk about some illusions of the knowledge society it is first necessary to explain that this society is itself an illusion that fulfills a certain ideological function in contemporary capitalist society (DUARTE, 2008, p. 13, our translation). Knowledge and culture are immaterial capitals. In this sense, the article in question aims to analyze aspects of the history of technologies inserted in education, aiming at educational development, in the light of the concept of cultural capital, coined by Bourdieu
image/svg+xmlTechnologies in education and their transformations: A look from the concept of cultural capitalRPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022128, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.160613 (2004). Cultural capital is personal, but it is also collective and inherited from the generations that preceded us. It is something that has been produced and is part of life, as a result of historically produced knowledge. A new perspective of teaching and learning, with the use of educational technologies, is linked to this idea of cultural capital, through the possession and mastery of technology and knowledge. Bourdieu (2004) also presents the concept of habitus. This habitus goes beyond the unconscious and is present in the way a person lives, that is, it focuses on human action, for a social practice. It acts as a spring that needs an external action, that is, it cannot be seen in an isolated way, away from the specific societies or places where it is produced. It is associated with a context of changes in the ways of life, of production and socialization of knowledge. The effectiveness of the ICTs with their recent and current use in education has increased due to the pandemic caused by the new Coronavirus, COVID-19, whose effects are still being felt, as it continues with variants of the virus. Through the new technological tools education continued to happen, in a reworked form, in an emergency context. However, this sudden search for the insertion of a virtual planning and methodology in education made more visible the great difference that exists in the conditions of access to knowledge. Many students didn't have access to the internet, or didn't have technological tools, or their families couldn't deal with software because they didn't have digital literacy. This is a bibliographical research, taking into consideration the theoretical assumptions advocated by Bourdieu (2004), when relating the use of technologies in the classroom and the concept of "cultural capital"; Saviani (1991), when conceptualizing the nature and specificity of education; Newton Duarte (2008), who helps us to critically understand the term "Knowledge Society", as well as, along with the precepts advocated by Kenski (2012), the idea of technologies in the historical process. In the context of the pandemic, technologies were fundamental for students to continue having contact with school, friends and with school contents. We will look at this movement from Soares and Colares (2020), among others who analyze the relationship between education, information and communication technologies. From this point of view, the article will be developed, first, with a historical retrospective about the technologies in education, as a social-historical and cultural process, having as a guiding element the idea of cultural capital, as a product of humanity and of each individual. Next, we will address the representations of the school and the teacher in relation to digital technologies in contemporary education.
image/svg+xmlLilian Maia Borges TESTA and Márcia Marlene STENTZLER RPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022128, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.160614 The Technologies in Brazilian Education: Historical Process In a society that is constantly changing, education is an increasingly intricate process, in which learning and teaching challenge us every day. Education today presents the models of face-to-face, semi-attendance, and distance learning, the latter allowing the student not to be physically in a formal teaching and learning environment. According to Kenski (2012), the term technology comes from the Greek. It is formed by the word techné, which means to know how to do, and logia, from the Greek logus which means reason, so we can say that technology is the reason for knowing how to do. As Kenski explains (2012, p. 18, our translation): Ao conjunto de conhecimentos e princípios científicos que se aplicam ao planejamento, à construção e à utilização de um equipamento em um determinado tipo de atividade nós chamamos de tecnologia. Para construírem qualquer equipamento - seja uma caneta esferográfica ou um computador -, os homens precisam pesquisar, planejar e criar tecnologias. Currently, there is an indiscriminate use of the term, thus creating different meanings that lead to other paths, as Pinto illustrates (2005, p. 219, our translation): According to the first etymological meaning, technology has to be the theory, the science, the study, the discussion of technique encompassing in this last notion the arts, the skills of doing, the professions and, in general, the ways of producing something [...]. In the second meaning, technology is purely and simply equivalent to technique [...]. Closely linked to the previous meaning, we find the concept of technology understood as the set of all techniques available to a given society, at any historical stage of its development [...]. Finally, we find the fourth meaning of the word technology, the one that for us will have capital importance, the ideologization of technique [...]. The term educational technology cannot be confused with digital technology, that is, we cannot overlap one concept with the other. Sancho-Gil (2018, p. 611, our translation) points out that making this overlap may cause a reductionism. From this perspective, superimposing educational technology over ICTs brings with it a reductionism that can mean "the loss of historical perspective. The history of ET has shown how each technological development - from books to movies, through radio, video, and the Internet - was celebrated, in its time, as the panacea of education. [...]. When we approach the subject of technology, it is valid to go back a little in the history of human society. From ancient times until the present day, we know that humanity has produced great and determining discoveries, which have led to physical changes, the formation of affective bonds, and socialization. These were possible due to the ability to learn
image/svg+xmlTechnologies in education and their transformations: A look from the concept of cultural capitalRPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022128, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.160615 and use the accumulated knowledge. According to Brito and Purificação (2012, p. 20, our translation), O ser humano, ao longo do seu desenvolvimento, produz conhecimento e o sistematiza, modificando e alterando aquilo que é necessário à sua sobrevivência. Suas ações não somente biologicamente determinadas - dão-se também pela apropriação das experiências e dos conhecimentos produzidos e transmitidos de geração a geração. O conhecimento humano nas suas diferentes formas - senso comum, científico, filosófico, estético,etc. - está entrelaçado numa rede de concepções de mundo e de vida. These characteristics differentiate human beings from other animals, being able to think, to learn, to develop their capacities and, mainly, to transmit what they have learned to their descendants, besides making new discoveries. Human beings have the ability to constantly change, transforming the world and the society in which they live. According to Pinto (2014, p. 14, our translation), This is a basic element of differentiation of humans from the other animal species on Earth: the ability to discover new things and to transmit these discoveries to other members of the species, who can learn from the experience of others, incorporate this knowledge into their own, and make new discoveries. Thus, the human species came to be able to change itself and the world around it like no other. We can observe, therefore, that writing, a new way for humans to communicate, was not invented by just one person, but was the creative result of an entire society, which improved this technology over time, as explained by Pinto (2014, p. 19-20, our translation): [...]This new communication technology, writing, was not invented by one individual or even a small group of individuals. It was the creative result of many people who, over hundreds or even thousands of years, slowly improved upon the existing forms of writing. There was a support technology (clay tablets), writing tools (reed styluses) and a set of well-defined rules to guide the writing and reading process, all of which were continuously being improved. But all this was not enough to ensure that writing would be perpetuated: there had to be social conditions necessary for its advancement. First, the society in which writing appeared needed to see some use for its use and, second, this society had to be able to sustain expert scribes to maintain and perfect writing. Writing was one of the great elements of social and cultural transformation. Davis' (1990, p. 184, our translation) research on the impact of the printed word among French workers in the 16th century reveals aspects of the dissemination of the printed word among workers and the transformations it operates in this context.
image/svg+xmlLilian Maia Borges TESTA and Márcia Marlene STENTZLER RPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022128, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.160616 On the whole, it seems to me that the first 125 years of the printed word in France, with the small changes they brought about in rural areas, strengthened rather than undermined the vitality of the menu people culture in the cities. That is, they brought contributions both to its realism and to the richness of its dreams, both to its self-respect and its ability to criticize itself and others. The press, in that period, represented a new technology that brought systematized knowledge to the workers, through the printed word. Davis emphasizes, that "[...] they were not passive receivers (nor passive beneficiaries, or victims,) of a new kind of communication." (DAVIS, 1990, p. 194, our translation). Those who had access to books interpreted what they "read and heard," resulting in an improvement of these materials, as well as strengthening the organization of society and people. In other words, Protestantism and certain characteristics of humanism converged with the printed word, to contest traditional hierarchical values and to postpone the establishment of rigid new ones. The economic control of publishing was not concentrated in the firms of the great merchant-publishers, but was shared by a diversity of producers (DAVIS, 1990, p. 185, our translation). With the printing press and literacy, knowledge became popular, accessible to social classes that until then had been excluded from systematized knowledge and that were possible through writing. Orality prevailed. This transformation, which can be considered as technological, was fundamental for the speed in the socialization of ideas and conceptions of the world, as explained by Bourdieu, we have the expansion of cultural capital. Pies (2011) states that the expansion of cultural capital is directly linked to social capital, that is, social capital is a resource linked to the individual, the group, or the institution that keeps them together, and can increase social relations and expand the recognition of different cultures. One of the ways of disseminating systematized knowledge, associated with the linear idea of progress, was public schooling. In Brazil, the organization and dissemination of public elementary schools was great, especially in the beginning of the 20th century, with the industrialization. It is in this context that we approach the idea of educational technology, which according to Tajra (2012, p. 48, our translation) is not something future, but part of social change. [...]educational technology is related to the old instruments used in the teaching-learning process. The chalk, the blackboard, the overhead projector, the video, the television, the printed newspaper, a stereo, a tape and video recorder, the radio, the book, and the computer are all instrumental component elements of educational technology.
image/svg+xmlTechnologies in education and their transformations: A look from the concept of cultural capitalRPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022128, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.160617