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Desenvolvimento capitalista e estrutura educacional da modernidade
RPGE
– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 25, n. esp. 7, p. 4088-4098, dez. 2021. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v25iesp.7.16168
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DESENVOLVIMENTO CAPITALISTA E ESTRUTURA EDUCACIONAL DA
MODERNIDADE
DESARROLLO CAPITALISTA Y ESTRUCTURA EDUCATIVA DE LA MODERNIDAD
CAPITALIST DEVELOPMENT AND EDUCATIONAL STRUCTURE OF MODERNITY
Yekaterina Olegovna OLESCHENKO
1
Alexey Viktorovich RIMSKY
2
Pyotr Ustinovich SIMORA
3
Roman Viktorovich TROFIMOV
4
RESUMO
: Este artigo oferece um panorama teórico da conexão entre acumulação e mudança
educacional na periferia capitalista. Dinâmicas civilizacionais, estrutura educacional,
transformação e superação de descontinuidades radicais culturais-religiosas na modernidade
são determinadas por mecanismos de localização de "redundância vital" e por neutralização de
formas de crise de existência humana, possibilidades de sua remoção na racionalização,
ascetismo cotidiano, direito e "serviço" à ciência. Ao contrário da cultura tradicional, onde a
energia vital do homem era derramada em rituais religiosos e festivos (atos de carnaval, danças,
êxtase místico etc.), na cultura da modernidade, a "redundância antropológica" é deslocada para
o ascetismo do trabalho e sublimada em energia de acumulação de capital, incluindo capital
simbólico (conhecimento, status etc.) como arte secular de massa. A partir dos resultados,
verifica-se uma rígida apropriação da redundância vital e social da existência humana nas
práticas produtivas, administrativas, educacionais, militares, judiciais, de cultura de massa e
outras.
PALAVRAS-CHAVE:
Tradicionalismo. Estrutura educacional. Modernidade. Capitalismo.
Racionalização.
RESUMEN
: Este artículo ofrece una visión teórica de la conexión entre acumulación y cambio
educativo en la periferia capitalista. La dinámica de la civilización, la estructura educativa, la
transformación y la superación de las discontinuidades radicales cultural-religiosas en la
modernidad están determinadas por los mecanismos de localización de la "redundancia vital"
y la neutralización de la forma de crisis de la existencia humana, las posibilidades de su
eliminación en la racionalización, el ascetismo cotidiano, el derecho y la ciencia "al servicio".
A diferencia de la cultura tradicional, donde la energía vital del hombre se vertía en rituales
1
Instituto de Direito I. D. Putilin Belgorod do Ministério de Assuntos Internos da Federação Russa, Belgorod –
Rússia. Doutora em Filosofia, Professora Titular do Departamento de Humanidades e Disciplinas
Socioeconômicas. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5477-6056. E-mail: eoveto@mail.ru
2
I.
Instituto de Direito I. D. Putilin Belgorod do Ministério de Assuntos Internos da Federação Russa, Belgorod –
Rússia. Doutor em Filosofia, Docente do Departamento de Estado e Disciplinas Jurídicas. ORCID:
https://orcid.org/0000-0002-1815-9429. E-mail: alex.rimskiy@yandex.ru
3
Instituto Estadual de Artes e Cultura de Belgorod, Belgorod – Rússia. Pós-graduando do Departamento de
Filosofia, Cultura e Ciências. ORCID https://orcid.org/0000-0003-4418-641X. E-mail: Simora68@mail.ru
4
Instituto Estadual de Artes e Cultura de Belgorod, Belgorod – Rússia. Pós-graduando do Departamento de
Filosofia, Cultura e Ciências. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0176-2272. E-mail: ramzes.70@mail.ru
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religiosos y festivos (actos de carnaval, bailes, éxtasis místico, etc.), en la cultura de la
modernidad, la "redundancia antropológica" se desplaza hacia el ascetismo del trabajo y se
sublima en la energía de la acumulación de capital, incluido el capital simbólico
(conocimiento, estatus, etc.), en arte secular de masas. Con base en los resultados, hay una
apropiación rígida de la redundancia vital y social de la existencia humana en las prácticas
productivas, administrativas, educativas, militares, judiciales, culturales de masas y otras.
PALABRAS CLAVE:
Tradicionalismo. Estructura educativa. Modernidad. Capitalismo.
Racionalización.
ABSTRACT
: This article offers a theoretical overview of the connection between accumulation
and educational change in the capitalist periphery. Civilizational dynamics, educational
structure, transformation, and overcoming of cultural-religious radical discontinuities in
modernity are determined by "vital redundancy" localization mechanisms and human existence
crisis form neutralization, possibilities of their removal in rationalization, everyday asceticism,
law and "serving" science. Unlike traditional culture, where the vital energy of man was poured
into religious and festive rituals (carnival acts, dances, mystical ecstasy, etc.), in the culture of
modernity, "anthropological redundancy" is displaced into the asceticism of labor and
sublimated into the energy of capital accumulation, including symbolic capital (knowledge,
status, etc.) as mass secular art. Based on the results, there is a rigid appropriation of vital and
social redundancy of human existence in production, administrative, education, military,
judicial, mass-cultural and other practices.
KEYWORDS:
Traditionalism. Educational structure. Modernity. Capitalism. Rationalization.
Introdução
Por trás de todas as disputas modernas sobre o capitalismo, a "modernidade" e seu fim
(WALLERSTEIN, 2008; HABERMAS, 1985; 2003), sua suspensão e o início da "pós-
modernidade" ou um novo estágio "tardio" da modernidade e do capitalismo, de alguma forma
o os significados estão sendo esquecidos e escapando do campo científico: o que se chama de
modernidade ou "nova era"? E o que o capitalismo tem a ver com isso? A resposta a estas
questões implica a procura de marcadores de identificação do projeto cultural “Modernidade”.
A etimologia comum da palavra "modernidade", se seguir sua tradução estrita, é
absurda: a palavra latina "
modernus
" deveria ser traduzida como "moderno" e a palavra inglesa
"
modernity
" como "tempo moderno" ou "contemporaneidade", que significa "acontecendo
agora", "no momento", "nos dias de hoje". Então, como é possível aplicar esta palavra à
designação de uma civilização inteira (cerca de quinhentos anos, como afirmam muitos
pesquisadores, inclusive nós, identificando a "modernidade" com a civilização capitalista
industrial da Europa Ocidental)? Ou mesmo apenas até a época tecnogênica europeia - duzentos
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anos (cortesia dos pós-modernistas, e antes deles segundo Spengler a "modernidade" é
calculada a partir do Iluminismo, do século 18, e termina no início ou final do século 20)?
No quadro da abordagem civilizacional, que após O. Spengler e A. J. Toynbee adquiriu
um "renascimento de seus espíritos" apenas no final do século XX, quando se deu a discussão
sobre modernidade e pós-modernidade, surgiu o interesse pela antinomia civilizacional:
civilizações tradicionalistas versus civilização tecnogênica, cuja descontinuidade radical criou
a situação e o "tempo da modernidade".
Essa descontinuidade entre as civilizações tradicionais e a civilização tecnogênica da
modernidade é mais claramente apresentada na sociologia de A. Giddens, que as distingue e
contrasta, antes de tudo, pelas formas de apresentação e organização do tempo: "A tradição
como meio de conectar presente e futuro; orientado para o passado em tempo reversível" vs
"pensamento contrafactual orientado para o futuro como um modo de conectar passado e
presente" (GIDDENS, 2011, p. 236, tradução nossa). A saber, no modelo tradicionalista de
tempo o passado “atrai” para si o presente e o futuro, que nele ficam presos e “conservados”
(conservadorismo do tempo); no modelo moderno de tempo o futuro "atrai" o passado e o
presente, privando-os de estabilidade, gerando o novo em progressão crescente (progressismo
do tempo e da cultura). A. Giddens aponta e afirma com precisão o estereótipo, difundido entre
os pesquisadores, é a distinção entre "tempo da tradição" e "tempo da modernidade". No
entanto, temos dúvidas tanto sobre o forte contraste entre tradição e modernidade, quanto sobre
suas correspondentes narrativas e modelos temporais.
Também há dúvidas de que "o tempo da tradição" e "o tempo da modernidade" fossem
um "tempo-em-si" absoluta e abstratamente idêntico. Partimos do fato de que é necessário falar
sobre o pluralismo do cronotopo moderno e a variedade de conceitos do “tempo da
modernidade”, até porque o “pluralismo” reside nos fundamentos mais profundos, cultural-
civilizacionais e culturais-mentais da modernidade. "O tempo da modernidade" dificilmente foi
apenas algum tempo abstrato e "frio" da ciência natural matemática e "tempo de trabalho" do
capitalismo e "indústria-realidade" (A.Toffler) (MELNIK; RIMSKY, 2014), ou "tempo vazio
" (DMITRIEV, 2011, p. 19). Tentemos desenvolver e fundamentar esta posição resolvendo o
problema do tradicionalismo e da modernidade e a "descontinuidade" radical entre eles.
Sobre as "fraturas" e "descontinuidades" radicais da modernidade, A. Giddens escreve:
Os modos de vida trazidos à existência pela modernidade nos afastaram de
todos os tipos tradicionais de ordem social, de uma forma sem precedentes.
Tanto em sua extensionalidade quanto em sua intensionalidade, as
transformações envolvidas na modernidade são mais profundas do que a
maioria dos tipos de mudança característicos de períodos anteriores. No plano
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extensional, eles serviram para estabelecer formas de interconexão social que
abrangem o globo; em termos intensionais vieram alterar algumas das
características mais íntimas e pessoais do nosso dia a dia. Obviamente, há
continuidades entre o tradicional e o moderno, e nenhum dos dois é
completamente cortado; é sabido como pode ser enganoso contrastar esses
dois de uma maneira muito grosseira. Mas as mudanças que ocorreram nos
últimos três ou quatro séculos - um pequeno período de tempo histórico -
foram tão dramáticas e tão abrangentes em seu impacto que recebemos apenas
uma ajuda limitada de nosso conhecimento de períodos anteriores de transição
ao tentar interpretá-las (GIDDENS, 2011, p. 115, tradução nossa).
Reconhecendo a "transitividade" da tradição para a modernidade, sua coexistência certa,
A. Giddens insiste, no entanto, em sua descontinuidade progressiva que atingiu seu ápice agora,
na modernidade "tardia" ou "madura".
A. Giddens concentrou-se principalmente nos fundamentos civilizacionais da
modernidade (ele escreve sobre complexos institucionais), expressando "discordância com os
sociólogos clássicos que tentaram reduzir os aspectos institucionais da modernidade a uma
única dimensão, seja o capitalismo de Marx, o industrialismo de Durkheim, ou o racionalismo
mental de Weber” (DMITRIEV, 2011, p. 33, tradução nossa).
Ele identificou quatro dimensões institucionais da modernidade (GIDDENS, 2011, p.
177-187; DMITRIEV, 2011):
1) o
capitalismo
como um modo de produção de mercadorias caracterizado pela
propriedade privada, trabalho assalariado e diferenciação de classes, acumulação de capital e
competição nos mercados (neste ponto ele segue claramente K. Marx);
2)
industrialismo
como a transformação da natureza e a criação de um ambiente
artificial, o uso de novas fontes de energia não vivas e tecnologia de máquinas na produção em
massa de bens para fins de venda no mercado e lucro (aqui ele inclui engenharia eletrônica);
3)
vigilância
, associada ao estado e seu poder e práticas administrativas de controle de
pessoas e saberes (incluindo a informação na "sociedade da informação"), o uso da tecnologia
política (seguindo M. Foucault, ele escreve não apenas sobre a biopolítica da modernidade, mas
sobre a transição no estágio de "maturidade" para a
vitapolítica
);
4) o
poder militar
como controle centralizado e monopolista dos meios de violência no
contexto da industrialização da guerra.
Note-se que, neste caso, o problema da liberdade, coletiva e individual, desaparece no
conceito de “reflexividade”: ele não considera esta última como um complexo institucional,
entendendo-a apenas como um determinado projeto pessoal, voltado para a escolha do homem
de formas de identidade e estilos de vida. Em princípio, não há nada de novo aqui, não importa
o que outros filósofos e sociólogos tenham escrito, de K. Marx e M. Weber a I. Wallerstein e
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M. Foucault. O mérito de A. Giddens está em sua tentativa de sintetizar esses "fundamentos
civilizacionais" para caracterizar de forma abrangente todos os estágios da modernidade. No
entanto, temos algumas dúvidas.
Surge a pergunta: o
radicalismo da modernidade foi radical
? O tradicionalismo
desapareceu para sempre do espaço e do tempo culturais? Como podemos ver, o próprio A.
Giddens concorda com o fato de que a tradição é preservada na "primeira modernidade" (não
está claro se como uma "continuidade" ou como uma "relíquia"). Tentemos responder a essas
perguntas usando o exemplo do radicalismo religioso e do extremismo da era moderna.
Como mostrou M. Weber, racionalizações antropológicas e culturais de vários tipos são
parte integrante da religiosidade, incluindo aquelas associadas ao radicalismo, redundância e
potências extremistas. Partindo do ponto de vista de sua própria lógica da religião, ele escreve:
"Em vez do estado agudo e fora do dia, portanto transitório, de santidade alcançado pela orgia,
ascese ou contemplação, era necessário um estado duradouro e, portanto, salvífico: este era, em
termos abstratos, o objetivo racional da religião da salvação” (WEBER, 1994, pp. 10-11,
tradução nossa). Uma vez que M. Weber fala de “tipos de comportamento” de adeptos da
religião movidos pela ideia de salvação, não está totalmente claro como essas ideias se
relacionam com o problema do radicalismo e do extremismo. No entanto, a racionalidade
inerente a esse comportamento atualiza ainda mais a natureza diferente da racionalização e a
diferença fundamental entre o comportamento orgíaco das culturas e religiões tradicionalistas,
claramente expresso em atos religiosos e carnavalescos com sua dança-música e misticismo
extático, e o comportamento nas religiões de salvação. O caráter de crise “originalmente”
inerente ao primeiro deve se manifestar em crises radicais sacrificiais, apresentando um
protótipo de extremismo. O excesso do sagrado ultrapassa as possibilidades do mecanismo de
sublimação do sacrifício.
As religiões de "salvação", para usar a noção de M. Weber, usam um mecanismo
fundamentalmente diferente de absorver o excesso, em certo sentido
sacralizando a vida
cotidiana
, forçando a crise, uma "falha" estritamente regulada e programada do mecanismo de
violência excludente no espaço da a própria vida, tornando-a cada vez menos extraordinária e
dando algum espaço à liberdade humana. Apesar de M. Weber escrever sobre a diferença entre
religiões orgiásticas e religiões de salvação em sua rejeição ao mundo, a ideia de sublimação
expõe a essência da exclusão da violência, sua normalização e codificação. A base permanece
a mesma: a exclusão da violência de uma comunidade formada pelo princípio da fé. A transição
de uma sublimação extática da redundância para uma sublimação "racionalista" é um ponto
importante no estudo das formas que precederam o extremismo moderno.
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Explorando a relação entre ética religiosa e comportamento humano, M. Weber usa e
critica as ideias de F. Nietzsche sobre o ressentimento, onde a
sede de poder
dá origem ao
sentimento religioso. Ele escreve que sentimentos insatisfeitos de vingança, ressentimento
subjacente podem dar origem a certos sentimentos, mas os motivos do comportamento religioso
são um pouco diferentes. A culpa, o sofrimento, são sentimentos que seguem ou acompanham
os fenômenos que estudamos, como a exclusão, a oferenda sacrificial e o extremismo. O
paralelo que traçamos é direto, estamos falando das formas que antecedem o extremismo, e o
sofrimento é a experiência que preenche essas formas. Aqui a compreensão do sofrimento muda
significativamente. Weber associa essa transição à "racionalização" do comportamento
religioso, à transição para uma nova religiosidade. Ele é substituído por um mecanismo
diferente, nesses tipos de restrições era um
mecanismo significativamente novo
e M. Weber
escreve o seguinte:
[...] mais complicados são os caminhos que conduzem à compreensão
contrária, à iluminação religiosa do sofrimento. Antes de tudo, a experiência
desempenhou aqui um papel, segundo o qual o carisma do estado extático,
visionário, histérico, geralmente não cotidiano, reconhecido como 'sagrado' e
surgindo sob a ação da ascese mágica, foi despertado ou, pelo menos, mais
facilmente induzido por vários tipos de automutilação - abstinência de comida,
sono e relações sexuais (WEBER, 1994, p. 47, tradução nossa).
O mecanismo que surgiu funcionou não apenas para o próprio indivíduo, mas também
para outros forçados a recorrer ao portador do "sofrimento iluminado",
o asceta
, para sublimar
seus próprios excessos:
Assim, surgiu a instituição da comunidade religiosa, ligada ao "sofrimento"
individual e à "libertação" dele. A profecia e as promessas dirigiam-se
naturalmente à massa dos que necessitavam de salvação [...] A atividade típica
dos magos e sacerdotes nesta fase reduzia-se a estabelecer a culpa que causava
sofrimento, a exigir o arrependimento dos "pecados", ou seja, principalmente
a violação de injunções rituais e instruções sobre como eliminar o sofrimento
(WEBER, 1994, p. 47-48, tradução nossa).
Assim, a redundância é codificada em
sofrimento
e depois em
culpa
quando é transferida
para o plano interior. O mágico ou eclesiástico, que, segundo Weber, adquire a função de
estabelecer a culpa,
aproxima-se da esfera do direito
, pois a fixação da culpa e sua própria
compreensão pertencem ao direito. Achar a culpa, achá-la no outro, é uma das funções do
clérigo, assim como a eliminação da culpa, ainda que parcial e temporária.
O sofrimento é transformado em culpa. Ocorre uma peculiar
interiorização da vítima
,
não externa, mas
a própria pessoa
torna-se portadora da culpa. A instituição do sacrifício sofre
uma mudança igualmente significativa. A transcendência radical do objeto de redundância
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substitui
o sacrifício real por um simbólico
. Doravante, tanto os próprios extremistas, ou as
formas que os precederam, quanto seus oponentes na retórica dos extremistas, são
invariavelmente afastados do
mundo objetivo e extremamente simbolizados
. O extremista
motivado religiosamente luta não contra um fenômeno concreto e real, ou indivíduo ou grupo,
mas contra objetos extremamente idealizados, como o mal mundial, o pecado, etc.
Obviamente, na Nova Era as práticas de sublimação de redundância sofrem mudanças.
Aqui a energia do homem, sua atividade, antes voltada para a consecução de objetivos
transcendentes, muda de localização. A contradição do modelo medieval, dividindo o homem
entre o mundo terreno e o celestial, encontra resolução no modelo protestante da vida cotidiana
e da sacralização do trabalho:
[...] a paixão pelo lucro também é uma paixão, e sua semelhança com o
ascetismo religioso é que é antinatural. É uma continuação do espírito do
cristianismo primitivo, enfraquecido no catolicismo. Em ambos, são proibidos
os prazeres e bens terrenos - aqueles que passam diariamente pelas mãos do
empresário. Mas ele não deixa o mundo, mas se submete a um jejum
ininterrupto entre grupos de riqueza (SHKURATOV, 1997, p. 299, tradução
nossa).
Daí a ética e regulamentação mais rígida da vida, que é o fortalecimento da LEI. O
ascetismo da Idade Média é substituído pela
ascese terrena
.
E isso nesse momento é nomeado como excessivo, digamos assim, como radicalismo
religioso e extremismo. Basta recordar a história de muitas comunidades e movimentos
protestantes da época, que do ponto de vista da modernidade são vistos como mais do que
extremistas, senão terroristas em espírito e prática. Embora as ações do catolicismo institucional
tradicional também caiam na rubrica do extremismo religioso. O alto da Inquisição, tanto
católica quanto protestante, cai precisamente nos séculos XVI-XVII.
As novas práticas são mais
individualizadas
e a novidade essencial que nelas aparece é
uma mudança de ênfase da experiência mística (o racional como auxiliar) para o racional (o
nascimento do empirismo e do racionalismo). A lei assume o significado de naturalidade, a lei
divina é idêntica à lei natural. Sobre isso escreve M. Foucault em seu estudo sobre a ideia de
segurança na modernidade, chamando a atenção para o fato de que é na Europa que aparece o
fenômeno da gestão política da população (FOUCAULT, 2011, p. 74). Trata-se de uma
mudança qualitativa, segundo M. Foucault, que reuniu sob o nome de conceito de "segurança"
diversas práticas, também ferramentas de localização de redundância, ferramentas de
racionamento. Embora por "norma" possam ser entendidas várias coisas, o próprio
racionamento permanece localização, exclusão do excesso determinado.
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Apesar do carácter contraditório deste processo (não esqueçamos as guerras religiosas
deste período), a santificação da atividade profana conduz à orientação expansionista dos
europeus neste período. A autoabsorção do tradicionalismo, que direcionava a
atividade para
dentro
, é substituída por uma orientação
para fora
. Este princípio está no cerne do capitalismo.
O capitalismo como um todo também pode ser visto como uma forma autossuficiente e
independente de absorver o excesso de energia humana. Claro, estamos falando sobre o
capitalismo inicial, quando a ética protestante do trabalho envolvia todas as energias humanas
possíveis no esquema de Marx "mercadoria – dinheiro – mercadoria - dinheiro". Basta
modificar um pouco esse esquema, pois diríamos que por mercadoria entendemos sua produção,
que envolve o dispêndio de esforço humano, enquanto capital significa trabalho cristalizado ou
alienado, que se transforma em maior dispêndio de esforço. Como podemos ver, K. Marx
descreveu com bastante precisão a estratégia de eliminar possíveis redundâncias, apenas
libertando-as do componente religioso. Combinado com as ideias de M. Weber, que esclarecem
esse ponto, fica claro o caráter profundamente
quase religioso
do capitalismo como um
conjunto de práticas de sublimação redundantes.
Também está claro que o próprio capitalismo inicial pode ser considerado redundante,
ou seja, extremo, com a única correção sendo que foi legitimado. Talvez o melhor exemplo
para ilustrar nossa tese seja recorrer à Revolução Francesa de 1789-1794, quando a luta da
burguesia por seus direitos deu origem a formas racionalizadas de religião, como a nova religião
jacobina, envolvendo práticas terroristas, mais do que métodos radicais e extremistas de
governo e formas de exercer o poder. Essa revolução pode ser considerada a mais exemplar
porque demonstrou vividamente a relação entre violência e direito, religião e racionalização.
O desenvolvimento dos mecanismos de redundância e controle se concretiza na sua
apropriação rígida nas práticas produtivas, administrativas, militares, judiciais e outras, até a
cultura de massa. Como exemplo, voltemo-nos para a obra de M. Foucault, "
Madness and
Civilization: A History of Insanity in the Age of Reason
", onde ele mostrou que já na Nova Era
a disposição das
práticas de racionalizantes
muda significativamente, quando o componente
religioso é obscurecido e substituído pelo
discurso "objetivista" da ciência
(acrescentemos - e
da arte, que antes disso não existia como é). Thus, the leper as a sacral figure of the outcast
concentrating the "wrath of God" on himself is replaced by the sick with venereal diseases and
further by the insane (FOUCAULT, 2010, p. 30).
A loucura é um fragmento do sistema
holístico de exclusão que se vai formando no período clássico com as práticas disciplinares do
panóptico, o racionamento do espaço urbano, a reforma da medicina etc. A sexualidade também
se inclui neste sistema de regulação (FOUCAULT, 2010, p. 25). Dessa forma, Foucault aborda
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a noção de biopoder, um poder que opera com categorias naturais, formata o espaço e faz do
corpo humano seu sujeito. Há uma
dessimbolização do homem
, sua redução ao
bios
, “vida nua”
de que fala G. Agamben (2011). O sagrado é preservado como pertencente a mecanismos de
exclusão? Certamente sim, porque o outro polo serão todos esses mecanismos de sacralização
da vida cotidiana seguidos por inúmeras seitas protestantes com sua religiosidade exaltada.
O "mecanismo interno" que descrevemos, por assim dizer, não exclui um "externo", ou
seja, a expansão ativa do capitalismo com o objetivo racionalizado de lutar por matérias-primas
e mercados. Se analisarmos essa manifestação do capitalismo de forma autônoma, fora do
contexto geral, encontraremos apenas o pano de fundo econômico da expansão do capital, a
lógica de um sistema econômico carente de recursos para sua autorreprodução. Mas
considerando o exposto acima, decifrando o capital como trabalho alienado, ou seja, força e
energia humana, bem como a natureza sacralizada do capitalismo como um todo, devemos
reconhecer
a expansão do capitalismo como uma das formas de eliminar a redundância
. A
redundância não aparece mais na forma imediata da agressão removida no ritual do sacrifício,
não na forma do desejo removido no paroxismo da festa, mas no capital-trabalho removido.
Talvez hoje, mais do que nunca, esse lado do capitalismo se torne evidente, quando a
redundância deslocada da civilização da Europa Ocidental e dos países economicamente mais
desenvolvidos se concretiza no resto do mundo de forma conflituosa: "operações de
manutenção da paz" para manter a "democracia", "revoluções coloridas", guerras de vários
tipos. O que é mais indicativo é o apoio do extremismo religioso e das organizações terroristas,
ou seja, a redundância deslocada encontra formas adequadas no exterior: a energia do capital
converte-se na energia dos movimentos extremistas, tão globais como o próprio capital.
Descobrimos a presença e o significado na identificação cultural da "civilização do
tempo" não apenas como tais estruturas e marcadores culturais "modernos", mas também "pré-
modernos", tradicionalistas, que não vão a lugar nenhum e nunca "vão embora", não são
simplesmente apropriados como tradições herdadas, mas são reproduzidos como novas
"tradições da modernidade". Simultaneamente, a modernidade como um projeto cultural produz
estruturas e práticas temporais "não-modernas" e "pós-modernas" como suas e se apropria delas
como propriedade e capital cultural. A própria modernidade como sistema cultural e
civilizacional assumiu constantemente em seus fundamentos a negação do passado, a afirmação
do presente e a projeção do futuro, que muitas vezes adquiriram em sua colisão a forma de sua
própria negação da modernidade (niilismo moderno, radicalismo e extremismo).
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Yekaterina Olegovna OLESCHENKO; Alexey Viktorovich RIMSKY; Pyotr Ustinovich SIMORA e Roman Viktorovich TROFIMOV
RPGE
– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 25, n. esp. 7, p. 4088-4098, dez. 2021. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v25iesp.7.16168
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Desenvolvimento capitalista e estrutura educacional da modernidade
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– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 25, n. esp. 7, p. 4088-4098, dez. 2021. e-ISSN: 1519-9029
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Como referenciar este artigo
OLESCHENKO, Y. O.; RIMSKY, A. V.; SIMORA, P. U.; TROFIMOV, R. V.
Desenvolvimento capitalista e estrutura educacional da modernidade.
Revista on line de
Política e Gestão Educacional
, Araraquara, v. 25, n. esp. 7, p. 4088-4098, dez. 2021. e-
ISSN:1519-9029. DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v25iesp.7.16168
Submetido em
: 13/03/2021
Revisões requeridas em
: 26/07/2021
Aprovado em
: 28/11/2021
Publicado em
: 31/12/2021
Processamento e edição: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
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Capitalist development and educational structure of modernity
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CAPITALIST DEVELOPMENT AND EDUCATIONAL STRUCTURE OF
MODERNITY
DESENVOLVIMENTO CAPITALISTA E ESTRUTURA EDUCACIONAL DA
MODERNIDADE
DESARROLLO CAPITALISTA Y ESTRUCTURA EDUCATIVA DE LA MODERNIDAD
Yekaterina Olegovna OLESCHENKO
1
Alexey Viktorovich RIMSKY
2
Pyotr Ustinovich SIMORA
3
Roman Viktorovich TROFIMOV
4
ABSTRACT
: This article offers a theoretical overview of the connection between
accumulation and educational change in the capitalist periphery.
Civilizational dynamics,
educational structure, transformation, and overcoming of cultural
-
religious radical
discontinuities in modernity are determined by "vital redundancy" localization mechanisms and
human existence crisis form neutralization, possibili
ties of their removal in rationalization,
everyday asceticism, law and "serving" science. Unlike traditional culture, where the vital
energy of man was poured into religious and festive rituals (carnival acts, dances, mystical
ecstasy, etc.), in the cultur
e of modernity, "anthropological redundancy" is displaced into the
asceticism of labor and sublimated into the energy of capital accumulation, including symbolic
capital (knowledge, status, etc.)
as
mass secular art.
B
ased on the results, there is a rigid
appropriation of vital and social redundancy of human existence in production, administrative,
education, military, judicial, mass
-
cultural and other practices.
KEYWORDS
:
Traditionalism. Educational structure. Modernity. Capitalism. Rationalization.
RES
UMO
: Este artigo oferece um panorama teórico da conexão entre acumulação e mudança
educacional na periferia capitalista.
Dinâmicas civilizacionais, estrutura educacional,
transformação e superação de descontinuidades radicais culturais
-
religiosas na modern
idade
são determinadas por mecanismos de localização de "redundância vital" e por neutralização
de formas de crise de existência humana, possibilidades de sua remoção na racionalização,
ascetismo cotidiano, direito e "serviço" à ciência. Ao contrário da cu
ltura tradicional, onde a
energia vital do homem era derramada em rituais religiosos e festivos (atos de carnaval,
danças, êxtase místico etc.), na cultura da modernidade, a "redundância antropológica" é
1
I.D. Putilin Belgorod Law Institute of the Ministry of Internal Affairs of the Russian Federation, Belgorod
–
Russia
.
PhD in Philosophy, Senior Lecturer of Humanities and
Socio
-
Economic Disciplines Department
.
ORCID
:
https://orcid.org/0000
-
0001
-
5477
-
6056
.
E
-
mail:
eoveto@mail.ru
2
I
.D. Putilin Belgorod Law Institute of the Ministry of Internal
Affairs of the Russian Federation, Belgorod
–
Russia
.
PhD in Philosophy, Lecturer of the State and Legal Disciplines Department
.
ORCID
:
https://orcid.org/0000
-
0002
-
1815
-
9429
.
E
-
mail:
alex.rimskiy@yandex.ru
3
Belgorod State Institute of Arts and Culture, Belgorod
–
Russia
.
Graduate student of the Philosophy, Culturology
and Science Department
.
ORCID https://orcid.org/0000
-
0003
-
4418
-
641X
.
E
-
mail:
simora68
@mail.ru
4
Belgorod State Institute of Arts and Culture, Belgorod
–
Russia
.
Graduate student of the Philosophy, Culturology
and Science Department.
ORCID
:
https://orcid.org/0000
-
0002
-
0176
-
2272
.
E
-
mail:
ramzes.70@mail.ru
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deslocada para o ascetismo do trabalho e sublimada e
m energia d
e
acumulação de capital,
incluindo capital simbólico (conhecimento, status etc.)
como
arte secular de massa.
A
partir
dos resultados, verifica
-
se uma rígida apropriação da redundância vital e social da existência
humana nas práticas produtivas,
administrativas, educacionais, militares, judiciais, de cultura
de massa e outras.
PALAVRAS
-
CHAVE
:
Tradicionalismo. Estrutura educacional. Modernidade. Capitalismo.
Racionalização.
RESUMEN
: Este artículo ofrece una visión teórica de la conexión entre acumulación y cambio
educativo en la periferia capitalista. La dinámica de la civilización, la estructura educativa, la
transformación y la superación de las discontinuidades radicales cultural
-
religiosas en la
modernidad están determinadas por los mecanismos de localización de la "redundancia vital"
y la neutralización de la forma de crisis de la existencia humana, las posibilidades de su
eliminación en la racionalización, el ascetismo cotidian
o, el derecho y la ciencia "al servicio".
A diferencia de la cultura tradicional, donde la energía vital del hombre se vertía en rituales
religiosos y festivos (actos de carnaval, bailes, éxtasis místico, etc.), en la cultura de la
modernidad, la "redundan
cia antropológica" se desplaza hacia el ascetismo del trabajo y se
sublima en la energía de la acumulación de capital, incluido el capital simbólico
(conocimiento, estatus, etc.), en arte secular de masas.
C
on base en los resultados, hay una
apropiación rí
gida de la redundancia vital y social de la existencia humana en las prácticas
productivas, administrativas, educativas, militares, judiciales, culturales de masas y otras.
PALABRAS
CLAVE
:
Tradicionalismo. Estructura educativa.
Modernidad. Capitalismo.
Ra
cionalización.
I
ntroduction
Behind all the modern disputes about capitalism, "modernity" and their end
(WALLERSTEIN, 2008; HABERMAS, 1985;
2003), its suspension and the onset of
"postmodernity" or a new, "late" stage of modernity and capitalism, somehow the meanings are
being forgotten and escaping from the scientific field: what is called modernity or "new age"?
And what does capitalism have
to do with it? The answer to these questions implies the search
for identification markers of the cultural project "Modernity".
The common etymology of the word "modernity," if following its strict translation, is
absurd: the Latin word
"modernus"
shoul
d be translated as
"modern"
and the English word
"modernity"
as
"modern time"
or
"contemporaneousness"
which means "happening now", "at
the moment", "these days". Then how is it possible to apply this word to the nomination of an
entire civilization (about
five hundred years, as many researchers, including us, claim,
identifying "modernity" with the Western European industrial capitalist civilization)? Or even
only to the European technogenic epoch
-
two hundred years (courtesy of postmodernists, and
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before
them according to Spengler "modernity" is calculated from the Enlightenment, from the
18th century, and ends in the early or late 20th century)?
Within the framework of the civilizational approach, which after O. Spengler and A. J.
Toynbee acquired a "re
vival of its spirits" only by the end of the 20th century, when the
discussion of modernity and postmodernity took place, the interest in the civilizational
antinomy appeared: traditionalist civilizations versus technogenic civilization, a radical
disconti
nuity of which created the situation and "time of modernity".
This
discontinuity
between traditional civilizations and the technogenic civilization of
modernity is most clearly presented in the sociology of A. Giddens, who distinguishes and
contrasts them,
first of all, by the ways of presentation and organization of time: "Tradition as
a means of connecting present and future; past
-
oriented in reversible time" vs "Future
-
oriented,
counterfactual thought as a mode of connecting past and present" (
GIDDENS
, 2
011, p. 236).
Namely, in the traditionalist model of time the past "pulls" the present and the future on itself,
which get stuck and "conserved" in it (conservatism of time); in the modern model of time the
future "attracts" the past and the present, depri
ving them of stability, generates new in
increasing progression (progressivism of time and culture). A. Giddens accurately points out
and affirms the stereotypical, widespread among researchers
is the
distinction between "time of
tradition" and "time of mo
dernity". However, we have doubts both about the sharp contrast
between tradition and modernity, and about their corresponding temporal narratives and
models.
There are also doubts that "the time of tradition" and "the time of modernity" were some
absolute
ly and abstractly identical "time
-
in
-
itself". We proceed from the fact that it is necessary
to talk about the pluralism of the modern chronotope and the variety of concepts of the "time
of modernity", especially since "pluralism" lies in the most profound,
cultural
-
civilizational and
cultural
-
mental foundations of modernity. "The time of modernity" was hardly only some
abstract and "cold" time of mathematical natural science and "working time" of capitalism and
"indust
-
reality" (A.Toffler) (MELNIK
;
RIMSKY,
2014), or "empty time" (DMITRIEV, 2011,
p
. 19). Let us try to develop and substantiate this position by solving the problem of
traditionalism and modernity and the radical "discontinuity" between them.
About the radical "fractures" and "discontinuities" of
modernity A. Giddens writes:
The modes of life brought into being by modernity have swept us away from
all traditional types of social order, in quite unprecedented fashion. In both
their extensionality and their intensionality the transformations involved in
modernity are more profou
nd than most sorts of change characteristic of prior
periods. On the extensional plane they have served to establish forms of social
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interconnection which span the globe; in intensional terms they have come to
alter some of the most intimate and personal f
eatures of our day
-
to
-
day
existence.
Obviously,
there are continuities between the traditional and the
modern, and neither is cut of whole cloth; it is well known how misleading it
can be to contrast these two in too gross a fashion. But the changes occurr
ing
over the past three or four centuries
-
a tiny period of historical time
-
have
been so dramatic and so comprehensive in their impact that we get only
limited assistance from our knowledge of prior periods of transition in trying
to interpret them
(GID
DENS, 2011, p. 115).
Acknowledging the "transitivity" from tradition to modernity, their certain coexistence,
A. Giddens nevertheless insists on their progressive discontinuity that has reached its peak now,
in the "late" or "mature" modernity.
A. Gidde
ns focused primarily on the civilizational foundations of modernity (he writes
about institutional complexes), expressing "disagreement with those classical sociologists who
tried to reduce the institutional aspects of modernity to a single dimension, be i
t capitalism by
Marx, industrialism by Durkheim, or mental rationalism by Weber" (DMITRIEV, 2011, p. 33).
He identified four institutional dimensions of modernity (
GIDDENS
, 2011, p. 177
-
187;
DMITRIEV
, 2011):
1)
capitalism
as a mode of commodity production
characterized by private property,
wage labor and class differentiation, capital accumulation and competition in markets (on this
point he clearly follows K. Marx);
2
) industrialism
as the transformation of nature and the creation of an artificial
environm
ent, the use of new, non
-
living energy sources and machine technology in the mass
production of goods for the purpose of sale in the market and profit (here he includes electronic
engineering);
3)
surveillance,
associated with the
state
and its power and
administrative practices of
controlling people and knowledge (including information in the "information society"), the use
of political technology (following M. Foucault, he writes not just about the biopolitics of
modernity, but about the transition in t
he "maturity" stage to
vitapolitic
s);
4)
military power
as centralized and monopoly Control of the means of violence in the
context of the
industrialization
of war.
Note that in this case the problem of freedom, collective and individual, disappears in
the concept of "reflexivity": he does not consider the latter as an institutional complex,
understanding it only as a certain personal project, aimed at man's choice of
forms of identity
and
lifestyles
. In principle, there is nothing new here, no matter what other philosophers and
sociologists have written about, from K. Marx and M. Weber to I. Wallerstein and M. Foucault.
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The merit of A. Giddens is in his attempt to syn
thesize these "civilizational foundations" to
characterize comprehensively all the stages of modernity. However, we have certain doubts.
The question arises: was the
radicalism of modernity radical
? Did traditionalism
disappear forever from cultural space
and time? As we can see, A. Giddens himself agrees with
the fact that tradition is preserved in "early modernity" (it is not clear whether as a "continuity"
or as a "relic"). Let us try to answer these questions using the example of religious radicalism
a
nd extremism of the modern era.
As M. Weber showed, anthropological and cultural rationalizations of various kinds are
an integral part of religiosity, including those associated with radicalism, redundancy, and
extremist potencies. Holding the viewpoint
of his own logic of religion, he writes: "Instead of
the acute and out
-
of
-
the
-
day, hence transient state of holiness achieved by orgy, ascesis or
contemplation, a lasting and therefore salvific state was required: this was, in abstract terms,
the rational
goal of religion of salvation" (
WEBER
, 1994, pp. 10
-
11). Since M. Weber speaks
of "types of behavior" of religion adherents driven by the idea of salvation, it is not entirely
clear how these ideas relate to the problem of radicalism and extremism. However
, the inherent
rationality of this behavior further actualizes the different nature of rationalization and the
fundamental difference between the orgiastic behavior of traditionalist cultures and religions,
clearly expressed in religious and carnival acts
with their dance
-
music and ecstatic mysticism,
and behavior in salvation religions. The crisis character "originally" inherent in the former must
manifest itself in sacrificial radical crises, presenting
a prototype of extremism
. The
excessiveness of the s
acred exceeds the possibilities of the sacrifice sublimation mechanism.
Religions of "salvation"
,
to use M. Weber's notion, use a fundamentally different
mechanism of absorbing excess, in a certain sense
sacralizing everyday life
, forcing crisis, a
strictly regulated, programmed "failure" of the excluding violence mechanism into the space of
life itse
lf, thus making it increasingly less extraordinary and giving some
scope for human
freedom.
Despite the fact that M. Weber writes about the difference between orgiastic religions
and salvation religions in their rejection of the world, the idea of sublimat
ion exposes the
essence of the violence exclusion, its normalization and codification. The basis remains the
same: the exclusion of violence out of a community formed on the principle of faith. The
transition from an ecstatic sublimation of redundancy to a
"rationalist" one is an important point
in the study of the forms that preceded modern extremism.
Exploring the relationship between religious ethics and human behavior, M.
Weber both
uses and criticizes F. Nietzsche's ideas about
resentment
, where
the
th
irst for pow
er gives rise
to religious feeling. He writes that unsatisfied feelings of revenge, underlying resentment can
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give rise to certain feelings, but the motives for religious behavior are somewhat different.
Guilt, suffering, are feelings that foll
ow or accompany the phenomena we study, such as
exclusion, sacrificial offering, and extremism. The parallel we draw is direct, we are talking
about the forms that precede extremism, and suffering is the experience that fills these forms.
Here the understa
nding of suffering changes significantly. Weber associates this transition with
the "rationalization" of religious behavior, the transition to a new religiosity. It is replaced by a
different mechanism, about
these kinds of restrictions were a significantl
y
new mechanism
and
M.
Weber writes the following:
[
...
]
more complicated are the paths that lead to the opposite understanding,
the religious enlightenment of suffering. First of all, the experience played a
role here, according to which the charisma of the ecstatic, visionary,
hysterical, generally non
-
daily s
tate, recognized as 'sacred' and arising under
the action of magical ascesis, was awakened or at any rate more easily induced
through various kinds of self
-
mutilation
-
abstinence from food, sleep and
sexual relations (
WEBER
, 1994, p. 47)
.
The mechanism t
hat emerged worked not only for the individual himself, but also for
others forced to turn to the bearer of "enlightened suffering,"
the ascetic,
to sublimate their own
excesses:
Thus,
the institution of the religious community, connected with individual
"suffering" and "deliverance" from it, emerged. Prophecy and promises were
naturally addressed to the mass of those who needed salvation... The typical
activity of magicians and priests at this stage was reduced to establishing the
guilt that caused suffe
ring, to demanding repentance of "sins",
i.e.,
primarily
the violation of ritual injunctions, and instructions on how to eliminate
suffering" (
WEBER
, 1994, p. 47
-
48).
Thus,
redundancy is encoded into
suffering
and then into
guilt
when it is transferred t
o
the inner plane. The magician or ecclesiastic, who, according to Weber, acquire the function of
establishing guilt,
closely approaches
the sphere of law
, since the establishment of guilt and its
very understanding belong to law. To find guilt, to find it
in another, is one of the functions of
the clergyman, as is the elimination of guilt, albeit partial and temporary.
Suffering is transformed into guilt. A peculiar
interiorization
of the victim
takes
place,
not
external, but
the person himself
becomes the bearer of guilt. The institution of sacrifice
undergoes an equally significant change. The radical transcendence of the object of redundancy
replaces
the real sacrifice with a symbolic one.
Henceforth, both the extremists the
mselves, or
the forms that preceded them, and their opponents in the rhetoric of the extremists, are
invariably removed from the objective world and
extremely symbolized.
The religiously
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motivated extremist fights not against a concrete, real phenomenon or
individual or group, but
against extremely idealized objects such as world evil, sin, etc.
Obviously, in the New Age the practices of redundancy sublimation undergo changes.
Here man's energy, his activity, previously aimed at achieving transcendent goals
, changes its
localization. The contradiction of the medieval model, splitting man between the world of the
earthly and the heavenly, finds resolution in the Protestant model of the everyday life and labor
sacralization:
[
...
]
the passion for profit is a
lso a passion, and its similarity to religious
asceticism is that it is anti
-
natural. It is continuative of the spirit of early
Christianity, weakened in Catholicism. In both, earthly pleasures and goods
are forbidden
-
those that pass through the hands of
the entrepreneur every
day. But he does not leave the
world but
subjects himself to an uninterrupted
fast among groups of wealth (
SHKURATOV
, 1997, p. 299).
Hence the stricter ethics and regulation of life, which is the strengthening of LAW. The
ascetici
sm of the Middle Ages is replaced by
earthly ascesis.
And this at that point in time is nominated as excessive, if you will, as religious
radicalism and extremism. It is sufficient to recall the history of many Protestant communities
and movements of the t
ime, which from the perspective of modernity are seen as more than
extremist, if not terrorist in spirit and practice. Although the actions of traditional institutional
Catholicism also fall under the rubric of religious extremism. The high moon of the Inq
uisition,
both Catholic and Protestant, falls precisely in the 16th
-
17th centuries.
The new practices are more
individualized
and the essential new thing that appears in
them is a shift in emphasis from mystical experience (the rational as auxiliary) to th
e rational
(the birth of empiricism and rationalism). The law takes on the meaning of naturalness, the
divine law is identical with the natural law. M. Foucault writes about this in his study of the
security idea in modern times, drawing our attention to t
he fact that it is in Europe that the
phenomenon of political population management appears (
FOUCAULT
, 2011, p. 74). This is
a qualitative change, according to M. Foucault, which united under the name of the "security"
concept
several
practices, also redun
dancy localization tools, tools of rationing. Though by
"norm" various things can be understood, rationing itself remains localization, exclusion of the
determined excess.
Despite the contradictory nature of this process (let's not forget the religious wa
rs of this
period), the sanctification of profane activity leads to the expansionist orientation of Europeans
in this period. Traditionalism's self
-
absorption, which directed activity
inward
, is replaced by
an
outward
orientation. This principle is at the
heart of capitalism. Capitalism as a whole can
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,
Araraquara,
v.
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also be viewed as a self
-
sufficient and independent form of absorbing excess human energy. Of
course, we are talking about early capitalism, when the Protestant work ethic looped all possible
human energies in
the Marx scheme "commodity
–
money
–
commodity
-
money". We only
need to modify this scheme a bit, since we should say that by commodity we mean its
production, which involves the expenditure of human effort, while capital means crystallized
labor or estr
anged labor, which is transformed into greater expenditure of effort. As we can see,
K. Marx quite accurately described the strategy of eliminating possible redundancies, only
freeing them from the religious component. Combined with the ideas of M. Weber,
which
clarify this point, the deeply
quasi
-
religious
character of capitalism as a set of redundancy
sublimation practices becomes clear.
It is also clear that early capitalism itself can be considered redundant,
i.e.,
extreme,
with the only correction being that it was legitimized. Perhaps the best example to illustrate our
thesis would be to turn to the French Revolution of 1789
-
1794, when
the struggle of the
bourgeoisie for its rights gave rise to rationalized forms of religion, like the new Jacobin
religion, involving terrorist practices, more than radical and extremist methods of government
and ways of exercising power. This revolution c
an be considered the most exemplary because
it vividly demonstrated the relationship between violence and law, religion and rationalization.
The development of redundancy and control mechanisms is realized in its rigid
appropriation in production, adminis
trative, military, judicial and other practices, up to mass
culture. As an example, let us turn to the work of M. Foucault, "Madness and Civilization: A
History of Insanity in the Age of Reason", where he showed that already in the New Age the
disposition
of
rationing practices
significantly changes, when the religious component is
obscured and replaced by the "objectivist"
discourse of science
(let us add
-
and
art
, which
before that did not exist as it is).
Thus,
the leper as a sacral figure of the outcas
t concentrating
the "wrath of God" on himself is replaced by the sick with venereal diseases and further by the
insane (
FOUCAULT
, 2010, p. 30). Insanity is a fragment of the holistic system of exclusion
that is taking shape in the Classical period along wi
th the disciplinary practices of the
panopticon, the rationing of urban space, the reform of medicine, etc. Sexuality is also included
in this system of regulation (
FOUCAULT
, 2010, p. 25). In this way Foucault approaches the
notion of biopower, a power whi
ch operates with natural categories, formats space and makes
the human body its subject. There is a
desymbolization of man
, his reduction to bios, "naked
life" about which G. Agamben
(2011)
speaks. Is the sacred preserved as belonging to
mechanisms of excl
usion? Certainly yes, because the other pole will be all those mechanisms
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of everyday life sacralization followed by numerous Protestant sects with their exalted
religiosity.
The "internal mechanism" we have described so to speak does not exclude an "exter
nal"
one, namely the active expansion of capitalism with the rationalized goal of fighting for raw
materials and markets. If we analyze this manifestation of capitalism autonomously, out of the
general context, then we will find only the economic backgroun
d of capital expansion, the logic
of an economic system in need of resources for self
-
reproduction. But considering the above,
deciphering capital as estranged labor,
i.e.,
human strength and energy, as well as the sacralized
nature of capitalism as a whol
e, we should recognize
the expansion of capitalism as one of the
ways of eliminating redundancy
. The redundancy appears no longer in the immediate form of
aggression removed in the ritual of sacrifice, not in the form of desire removed in the paroxysm
of c
elebration, but in the removed labor
-
capital.
Perhaps today, more than ever, this side of capitalism becomes apparent, when the
displaced redundancy of Western European civilization and the most economically developed
countries is realized in the rest of
the world in a conflictual way: "peacekeeping operations" to
maintain "democracy," "color revolutions," wars of various kinds. What is more indicative is
the support of religious extremism and terrorist organizations, that is, the displaced redundancy
find
s adequate forms outside: the energy of capital is converted into the energy of extremist
movements, as global as capital itself.
We discover the presence and significance in the cultural identification of the
"civilization of time" not only as such "mode
rn" structures and cultural markers, but also
"premodern", traditionalist ones, which go nowhere and never "go away", are not simply
appropriated as inherited traditions, but are reproduced as new "traditions of modernity".
Simultaneously, modernity as a c
ultural project produces "non
-
modern" and "post
-
modern"
temporal structures and practices as its own and appropriates them as property and cultural
capital. Modernity itself as a cultural and civilizational system constantly assumed in its
foundations the
negation of the past, affirmation of the present and projection of the future,
which often acquired in their collision the form of its own negation of modernity (modern
nihilism, radicalism and extremism).
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Yekaterina Olegovna
OLESCHENKO; Alexey Viktorovich RIMSKY; Pyotr Ustinovich SIMORA and Roman Viktorovich TROFIMOV
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Capitalist
development and educational structure of modernity
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4088
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8
, Dec. 2021. e
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ISSN:1519
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9029.
DOI:
https://doi.org/10.22633/rpge.v25iesp.7.16168
Submitted
: 13/03/2021
Required revisions
: 26/07/2021
Approved
: 28/11/2021
Published
: 3
1
/12/2021
Processing and editing: Editora Ibero
-
Americana de Educação.
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