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Participação política e formação de professores: Movimento ‘‘Ocupa tudo’’ na universidade pública de Jataí/GO
RPGE
–
Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v.26, n. 00, e022013, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029
DOI:
https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.16457
1
PARTICIPAÇÃO POLÍTICA E FORMAÇÃO DE PROFESSORES: MOVIMENTO
‘‘OCUPA TUDO’’ NA UNIVERSIDADE PÚBLICA DE JATAÍ/GO
PARTICIPACIÓN POLÍTICA Y FORMACIÓN DOCENTE: MOVIMIENTO “OCCUPA
TUDO” EN LA UNIVERSIDAD PÚBLICA DE JATAÍ/GO
POLITICAL
PARTICIPATION AND TEACHER EDUCATION: “OCUPA TUDO”
MOVEMENT IN JATAÍ PUBLIC UNIVERSITY (GOIÁS)
Nayenne Helsan SANTOS
1
Elizabeth Gottschalg RAIMANN
2
RESUMO
: O objetivo deste estudo foi investigar o processo de participação política dos
licenciandos no movimento “Ocupa tudo’’, em 2016, na atual Universidade Federal de
Jataí/GO e a sua contribuição na formação docente e emancipação humana. Utilizou-se o
grupo focal com 13 graduandos e a análise do conteúdo, pautado no referencial teórico-
metodológico do materialismo histórico-dialético. Dos resultados pode-se verificar que o
movimento estudantil ‘‘Ocupa tudo’’ foi importante tanto para a formação política destes
futuros docentes quanto para a formação pessoal. A universidade propiciou um espaço para
discussão e participação política, uma vez que a formação política foi negada em outros
espaços de socialização. Da mesma forma, a participação do movimento possibilitou a
organização e a instrumentalização teórica e prática dos licenciandos contribuindo,
principalmente, para a passagem do senso comum à consciência filosófica.
PALAVRAS-CHAVE
: Participação política. Formação de professores. Educação superior.
RESUMEN
:
El objetivo de este estudio fue investigar el proceso de participación política de
los estudiantes de grado en el movimiento “Occupa tudo”, en 2016, en la actual Universidad
Federal de Jataí/GO y su contribución a la formación docente y la emancipación humana. Se
utilizó el grupo focal con 13 estudiantes de pregrado y el análisis de contenido se basó en el
marco teórico-metodológico del materialismo histórico-dialéctico. De los resultados se
desprende que el movimiento estudiantil ‘‘Occupa tudo’’ fue importante tanto para la
formación política de estos futuros docentes como para la formación personal. La
universidad brindó un espacio de discusión y participación política, ya que la formación
política estaba negada en otros espacios de socialización. Del mismo modo, la participación
del movimiento posibilitó la organización y la instrumentación teórica y práctica de los
estudiantes de grado, contribuyendo, principalmente, al paso del sentido común a la
conciencia filosófica.
PALABRAS CLAVE
:
Participacion politica. Formación de profesores. Educación
universitaria.
1
Universidade Federal de Jataí (UFJ), Jataí
–
GO
–
Brasil. Técnica na Unidade Acadêmica Especial de
Educação. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0699-8532. E-mail: nayennehelsan@gmail.com
2
Universidade Federal de Jataí (UFJ), Jataí
–
GO
–
Brasil. Docente do Programa de Pós-Graduação em
Educação. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4359-5828. E-mail: elizabeth_raimann@ufj.edu.br
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Nayenne Helsan SANTOS e Elizabeth Gottschalg RAIMANN
RPGE
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https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.16457
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ABSTRACT
: The objective of this study was to investigate the process of political
participation of undergraduates in the “Ocupa tudo” movement, in 2016, at the current
Federal University of Jataí/GO and its contribution to teacher education and human
emancipation. A focus group with 13 undergraduates was used and the content analysis was
based on the theoretical-methodological framework of historical-dialectical materialism.
From the results, it can be seen that the student movement ‘‘Ocupa tudo’’ was important both
for the political formation of these future teachers and for personal education. The university
provided a space for discussion and political participation, since political formation was
denied in other spaces of socialization. In the same way, the participation of the movement
made possible the organization and the theoretical and practical instrumentalization of the
undergraduates, mainly contributing to the passage from common sense to philosophical
awareness.
KEYWORDS
: Political participation. Teacher Education. Higher Education.
Introdução
Esse artigo é parte da dissertação de mestrado desenvolvida e defendida no ano de
2020, no Programa de Pós-Graduação em Educação na Universidade Federal de
Goiás/Regional Jataí (UFG/REJ), atualmente, Universidade Federal de Jataí (UFJ), devido ao
processo de emancipação Lei nº 13.635, de 20 de março de 2018, por desmembramento da
UFG.
O contexto político e histórico recente vivenciado no Brasil entre os anos de 2015 e
2016, durante o governo de Michel Temer, após a deposição do mandato presidencial de
Dilma Rousseff, tendo como foco a PEC nº 55
3
e a MP nº 746
4
lançadas pelo Governo
Federal, levou a uma mobilização estudantil em vários estados da União, inclusive em Goiás e
na região de Jataí.
As manifestações, em 2016, em que participaram estudantes secundaristas e
universitários, tinham como objetivo a defesa dos direitos constitucionais da educação, visto
que a PEC nº
55 conhecida popularmente como ‘PEC da
M
orte’, violava cláusulas
imodific
áveis do § 4º do art. 60 da Constituição Federal (CF), que estabelece: “§ 4º Não será
objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I
–
a forma federativa de
Estado; II
–
o voto direto, secreto, universal e periódico; III
–
a separação dos Poderes; IV
–
os direitos e garantias individuais” (BRASIL, 1988).
Esta mobilização nacional, por sua vez, repercutiu na cidade de Jataí/GO, fazendo com
que os universitários das duas instituições federais na cidade, Universidade Federal de
3
Proposta de Emenda à Constituição, de 2016, que estabelece um teto dos gastos públicos.
4
Medida Provisória, de 2016, Reformulação do Ensino Médio.
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Goiás/Regional Jataí e Instituto Federal de Goiás/Campus Jataí articulassem para se juntar aos
clamores de outros universitários e alunos secundaristas. Nesse sentido, a Regional Jataí/UFG
contou com a presença de alunos dos cursos de licenciaturas nos embates políticos.
Diante deste cenário, foi objeto de pesquisa, durante o mestrado em educação,
compreender a educação e a formação de professores na construção de uma cidadania contra-
hegemônica. A educação, entendida como um dos instrumentos de luta, oferece formação
qualitativa aos estudantes, contribuindo para a qualidade do ensino, quando se tem
professores que exercem seu ofício docente de maneira crítica e consciente da sua função
social.
Nesse sentido, a pesquisa em torno da participação política como elemento intrínseco
à formação de professores apresenta sua relevância, considerando que esta participação pode
ser instrumentalizada, seja durante a formação teórico-prática de algumas disciplinas cursadas
na graduação, seja pela própria atividade da ocupação durante as manifestações,
possibilitando promover ações no âmbito da mobilização social, potencializando a
possibilidade de transformação da passagem de uma consciência acrítica para a consciência
filosófica e desalienada. A questão norteadora foi
“de que forma se
materializa a participação
política dos alunos de graduação, em específico das licenciaturas, e quais são as suas
percepções sobre a contribuição da participação em atividades políticas na formação de
professores?” Para respondê
-la objetivou-se investigar o impacto do processo de participação
política dos licenciandos, partindo do movimento ‘‘Ocupa tudo’’ (2016), e como ele
contribuiu para a formação pessoal e profissional voltada para a emancipação humana.
No intuito de alcançar o objetivo, realizou-se pesquisa de campo, sendo o grupo focal
a metodologia empregada para a coleta dos dados. A pesquisa com o número do parecer
3.293.705 foi aprovada pelo Comitê de Ética da UFG de Jataí.
No primeiro momento, se apresentará a metodologia utilizada, na sequência, os
resultados e a discussão, e, por fim, as considerações finais desta investigação.
Metodologia
O grupo focal é uma técnica que envolve perguntas semiestruturadas, constituindo-se
em uma ferramenta para mapear e compreender a visão de mundo dos participantes da
pesquisa. Pautada nas contribuições de Gaskell e Bauer (2010), o pesquisador introduz
esquemas interpretativos e teoricamente fundamentados para compreender as narrativas dos
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alunos entrevistados. O emprego do grupo focal em um estudo de cunho científico fornece
dados para elucidar a relação entre os participantes da pesquisa e a situação social.
Esta metodologia tem por característica reunir um grupo de pessoas selecionadas a
partir de critérios estipulados pelo pesquisador, por um período entre 40 minutos e duas horas.
O ideal é que o número de pessoas em cada reunião do grupo focal não ultrapasse o total de
nove integrantes, assim, o pesquisador terá mais facilidade em identificar reações e controlar
o tempo, para que todos tenham espaço de fala.
Os estudantes escolhidos para participarem desse estudo foram selecionados a partir
de alguns critérios responsáveis por delimitar o número de convidados. Por se tratar de um
estudo relacionado à área da educação, estabeleceu-se como critério que os entrevistados
participantes da pesquisa deveriam ser dos cursos de licenciatura da UFG/REJ. Não se sabia o
número exato de alunos que participaram do ‘‘Ocupa tudo’’ em Jataí, sendo assim, ao se
entrar em contato com os integrantes do movimento estudantil na época, estes afirmaram não
ter nenhum registro escrito por medo de retaliação de professores contrários à mobilização
estudantil e da administração da universidade.
Nesse sentido, o número de alunos que foi possível contactar, oriundos dos cursos de
licenciatura e que ainda estavam ligados à universidade, foram 30, sendo três deles atualmente
alunos de Programa de Pós-Graduação, nas áreas de História e Geografia na UFG de Goiânia
e na Regional/Jataí.
A princípio, todos enviaram seus aceites para colaborarem com esse estudo. No
entanto, poucos apareceram na data marcada e por mais que se remarcassem as datas, os
estudantes não apareciam, reduzindo-se assim o número de participantes para 13 licenciandos.
Na impossibilidade de se agrupar os 13 participantes em uma única reunião, dividiu-se
em pequenos grupos de três a seis pessoas, em dias e horários diferentes; totalizando-se quatro
reuniões, que duraram entre 37 e 50 minutos.
Os participantes, no início da reunião, foram informados do objetivo da pesquisa e da
metodologia empregada. Quanto às perguntas, foi orientado que todos, caso se sentissem
confortáveis, pudessem responder cada uma delas. O gravador e o bloco de anotações foram
os materiais utilizados no momento da entrevista. Por se tratar de uma entrevista com
perguntas semiestruturadas, novas questões iam sendo formuladas durante a conversa com os
grupos. Já o gravador não foi pausado em nenhum momento e a gravação transcorreu sem
interrupções. Para proteger a identidade dos participantes, foram tratados como Entrevistado
1, Entrevistado 2, Entrevistado 3 e assim sucessivamente. A numeração foi atribuída por
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ordem de fala de cada um dos participantes. Ao primeiro a responder à pergunta foi dado o
número 1, ao segundo respondente, o número 2, e assim por diante.
Dos 13 participantes, todos dos cursos das licenciaturas, sendo quatro de História, um
de Letras/Português, um de Física, quatro de Pedagogia e três de Geografia. Em relação à
idade, nove estavam na faixa etária entre 19 e 25, e quatro entre 30 e 35 anos. Grande parte
dos entrevistados se dedicavam exclusivamente à universidade, dos 13 participantes 11 não
possuíam vínculo empregatício.
Quanto aos procedimentos teórico-metodológicos, partiu-se da prática social dos
licenciandos participantes no movimento ‘‘Ocupa tudo’’, ouvindo
-os sobre a experiência de
se integrar à mobilização estudantil e, posteriormente, teorizar sobre esse movimento para,
voltando à prática social de forma elaborada, compreender o processo de formação política
destes futuros professores. Para o tratamento dos dados coletados, dividiu-se em tópicos de
transcrição das falas por meio de eixos temáticos, inspirados nas perguntas direcionadas aos
entrevistados: a) relação política no âmbito familiar; b) contribuição do ensino superior na
formação política dos envolvidos nas ocupações em 2016; c) histórico de luta dos estudantes
antes do mo
vimento ‘‘Ocupa tudo’’; d) motivações influenciadoras do ingresso dos
entrevistados na ‘ocupação’; e)
relação política dos alunos com seus cursos de graduação; h)
instrumentalização política na universidade: contribuição da atividade política na formação
d
ocente; i) transformação social na formação do aluno após o movimento do ‘Ocupa
tudo
’. A
análise do conteúdo das respostas teve o aporte de referenciais na perspectiva do materialismo
histórico-dialético.
Resultados e discussão
Os entrevistados, ao falarem sobre a sua experiência na ocupação, relataram o
aprendizado fornecido pelo movimento estudantil durante as mobilizações em 2016,
apontando para a valorização da militância como espaço responsável pela formação teórica e
prática da participação política
.
Relataram que adquiriram a noção de engajamento nas lutas de demandas coletivas, a
partir das mobilizações em 2016, sendo que as leituras realizadas no interior do curso de
graduação foram responsáveis pela abertura de horizontes e pela formação da consciência
política. Conforme pode-se ler, pelas afirmações dos respondentes 5 e 11:
A minha formação política dependeu da ocupação. Foi ali que fez toda a
diferença
(ENTREVISTADA 5).
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Para mim, as leituras e os textos oferecidos durante o curso de Pedagogia
foram um divisor de águas... as minhas primeiras leituras das obras de
Marx e os estudos sobre ele foram fascinantes para mim... as leituras me
abriram vários horizontes...
(ENTREVISTADA 11).
Considerando a participação política, as respostas dão conta de que vão para além do
debate teórico; os entrevistados compreendem que participar politicamente é estar engajado
em uma luta, exercitando o debate teórico com a práxis, isto é, fundamentar teoricamente as
pautas discutidas pelo movimento estudantil e organizar mobilizações para defesa dessas
pautas. “Eu considero participação política... não só aquela coisa que a gente tem muito na
academia, que é aquele espaço de debate e discussão... participação seria isso... saber que
estar na rua também é importante
”
(ENTREVISTADO 13).
Um dos entrevistados disse acreditar que a necessidade da sua participação foi quando
passou a se enxergar como sujeito inserido em determinado contexto social. Contexto esse
construído historicamente, compreendendo que apenas na coletividade poderá existir a
possibilidade de ocorrer qualquer tipo de transformação em uma comunidade: “Acredito que foi
um processo em que me entendi como um sujeito que tem determinados marcadores sociais,
marcadores construídos historicamente” (ENTR
EVISTADO 12).
A discussão dirigida durante o grupo focal levou a compreender que, para boa parte dos
entrevistados, o envolvimento nos movimentos sociais e estudos acerca da consciência de classe
somente ocorreram após ingressarem na universidade. Por outro lado, dois participantes
afirmaram que tiveram contato com outros movimentos antes de ingressarem no ensino superior
por conta da relação familiar com organizações sociais, especificamente, o Movimento Sem Terra
(MST). De acordo com dois dos Entrevistados, 3 e 6, seus pais e avós são integrantes do MST há
décadas e, portanto, atribuíram à família a responsabilidade fundamental para sua inserção nas
organizações protagonizadas por jovens estudantes, trazendo esse histórico, e incorporando suas
experiências de engajamento social na universidade.
E
u sempre trabalhei com o ‘Movimento Sem Terra’, e lá independente ou
não de você ser do MST, eles lhe tratam como se você fizesse parte
daquilo... eu me sinto representado no MST também por conta de uma
herança hi
stórica, meus pais são filhos de ‘sem
-
terras’. Meu avô era ‘sem
-
terra’ e recebeu terra na década de 1980
(ENTREVISTADO 3).
Nota-se que durante a ocupação foi que os demais entrevistados perceberam como
funciona uma organização social. Os estudantes, no dia a dia da ocupação, souberam se
organizar em comissões e delegar responsabilidades para cada integrante do movimento.
Muitas coisas eu aprendi lá também e principalmente em relação aos
movimentos sociais... como funciona, como se organiza, como se faz, como
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que funciona dar a voz a todo mundo... isso foi bastante formativo, porque
eu nunca tinha vivido isso, não sabia como era
(ENTREVISTADO 4).
No interior da ocupação, os estudantes se deram conta da necessidade de se criar
outros coletivos na cidade que discutissem demandas de grupos específicos que sofrem
hostilidades, seja pela sua cor, pelo gênero ou sexualidade, além da classe econômica da qual
faziam parte. A ocupação, nesse sentido, foi a responsável pela adesão a coletivos como
“Feministas de Jataí” e a criação do coletivo negro “Afrontaí”, existentes até hoje. Esta
perspectiva pode ser compreendida segundo a afirmação abaixo:
Eu acho que a ocupação foi novamente uma marca se for pensar em
trajetória política, porque ali eu vi a necessidade de realmente compor algo
que fosse sério e coletivo... a partir desse momento, por exemplo, que
sujeitos negros e negras entenderam a necessidade de montar um coletivo
dentro da universidade
(ENTREVISTADO 13).
Após o término do movimento ‘Ocupa tudo’, boa parte dos alunos continuaram se
reunindo semanalmente, promovendo ações de base como grupos de estudo, saraus nas
escolas públicas, panfletagem, manifestações locais e manifestações no Distrito Federal. Para
além das ações de base, outros passaram a aderir à participação política como foco de suas
pesquisas acadêmicas.
Para mim mudou muito, eu comecei a pesquisar história social e já
transformei minha monografia que inclusive é sobre a ocupação de 2016... a
base da minha monografia seria aquela frase do Thompson que “a
experiência histórica é catalisadora da ação social
(ENTREVISTADO 1).
Em relação à universidade como espaço de participação política, os participantes do
movimento ‘Ocupa tudo’ citaram a influência de seus cursos de graduação como
elemento
responsável pelas suas decisões de incorporarem movimentos com causas coletivas de luta.
Foi por meio de estudos e debates realizados em sala de aula que parte dos entrevistados
afirmou entender o conceito de classe social e as mazelas do sistema econômico capitalista.
Assim, considerando a universidade como espaço formativo para desenvolver as
potencialidades do indivíduo, a Entrevistada 9 ponderou:
O problema da faculdade é assim... todos os cursos acham que a
universidade é só para estudar... a universidade o próprio nome já diz, é um
ambiente de diversidade e as atividades têm de acompanhar isso. Então, eu
tenho os meus horários de aula, isso eu tenho, mas eu tenho o meu papel
como estudante, como membro de uma sociedade com atividade numa
comunidade, eu tenho que ser ativamente política, então assim, não é só
estudar, a gente não está aqui só para estudar. A gente está para crescer
como um ser humano também. E assim, existiu um problema imenso que é o
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fato de não ter consciência de classe na maioria dos estudantes, eles não
têm consciência de classe.
A história contada a partir do ponto de vista da cultura dominante apresenta os
acontecimentos históricos de maneira bastante romantizada. Segundo um dos entrevistados, as
leituras fornecidas pelo curso propiciaram uma visão real dos fatos permitindo ir da aparência
à essência do objeto.
O conhecimento trabalhado ao longo do curso propiciou uma visão política de outro
licenciando, conforme declara:
Tem uma frase que eu não sei se vou lembrar certinho, é uma frase do Marx
“a história da humanidade é a luta de classe”. O contato que
nós tivemos
aos materiais, textos e livros, coisas assim, a partir deles a gente analisa e
vê as contradições e assim conseguimos fazer uma leitura do mundo, então
sim, o curso de história foi fundamental para a nossa formação política
(ENTREVISTADO 13).
Se por um lado se percebeu a contribuição dos cursos de graduação em exercer certa
influência no envolvimento dos estudantes em organizações sociais, por outro, não é possível
afirmar que o currículo formal do curso seja responsável em sua totalidade pela formação
política dos licenciandos. É claro, que a universidade não é a única instituição capaz de
formar politicamente o indivíduo, e por si só ela não é suficiente, uma vez que também é
regulada por determinantes externos relacionados ao modo de produção capitalista e está
constantemente enfrentando o modelo de ensino superior a serviço de formar pessoas
unicamente para o mercado de trabalho, como determina os organismos internacionais.
A inserção e permanência dos licenciandos nas organizações políticas revelam o
protagonismo dos jovens universitários como força relevante no cenário político nacional.
Filhos de trabalhadores, usuários dos serviços públicos, boa parte oriundos de periferias
urbanas, mulheres, negros, LGBTQ+, refletem de modo secular os efeitos da desigualdade
produzida pelo capital.
Esses licenciandos atingiram e mobilizaram a classe estudantil de forma mais ampla.
Sendo assim, estas configurações realizadas na dimensão espacial-temporal (universidade) e
coesas no tempo (atividades políticas, método, organização, aprendizados, memórias),
precisam ser reconhecidas como efetivo movimento social que são, por si só, potência e força
de capilaridade.
Em relação às motivações que impulsionaram os participantes da pesquisa a agir frente às
decisões tomadas no âmbito da educação, em uma luta contra-hegemônica, principalmente para
aqueles que nunca haviam experienciado nada parecido, tem-se o Entrevistado 3 que afirma:
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Bom, eu participei da ocupação na época porque ela representou uma
resposta das coisas que estavam acontecendo com o país, não igual ao que
está acontecendo agora, mas era um ataque à educação que era congelar os
gastos... e aí a gente, ‘eu pelo menos né’, participei porque fazia parte de
uma onda de ocupações de pessoas que... as quais eu me senti representado,
porque era um movimento dos estudantes e por isso eu decidi participar
.
Outros entrevistados, por sua vez, que em 2016 eram recém-chegados à universidade,
sem nenhuma experiência em mobilização e com histórico familiar despolitizado, disseram
que apesar de serem calouros, já estavam passando por um processo de desconstrução de
ideias concebidas ao longo de suas relações em outros espaços de socialização. “Eu era
calouro, estava começando a desconstruir tudo o que eu acreditava antes de entrar na
faculdade, e achei bacana, fiquei e depois me engajei totalmente” (ENTREVISTADO 5).
Outros disseram que suas posturas e opiniões anteriormente à entrada na universidade
eram acríticas e alienadas, principalmente acerca de questões relacionadas aos movimentos
sociais
:
Anteriormente a minha entrada na universidade, eu era uma pessoa
completamente alienada da importância de movimentos sociais de
participação política, o que me influenciou bastante foram os diálogos aqui
mesmo da universidade que despertou em mim essa consciência de
participar, atuar e reivindicar. Porque na ocasião era a questão da PEC da
Morte, a questão trabalhista. E nisso eu consegui entender a dimensão e o
impacto sobre a minha vida e a vida de todos para que eu me envolvesse na
ocupação e ajudasse, e lançasse meu corpo junto com a coletividade
(ENTREVISTADA 11).
A participação dos licenciandos na ocupação, mediante seus relatos, trouxe consigo o
pertencimento de classe. Apesar de estarem lutando naquele momento pela revogação de
medidas planejadas para a educação, as respostas nos direcionam para críticas sistêmicas que
os entrevistados realizaram durante esse processo de luta. Esses participantes tinham em
mente que não era necessário apenas remediar propostas e exigir programas sociais para
melhorar ainda que pouco a qualidade de vida da classe trabalhadora, mas sim, a ruptura de
um sistema alienante e nocivo, que lucra com a permanência de grande parcela da população
na miséria.
Essas concepções críticas da participação privilegiam macro transformações
revolucionárias da estrutura sociopolítica. Elas tendem a compor o paradigma da militância,
isto é, a defesa de que a verdadeira participação é a adesão do indivíduo político à
organização formal com a qual se identifica, como sindicato, movimento estudantil, feminista,
movimento negro, entre tantos outros.
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Todo esse processo que norteou a ocupação dos estudantes nas universidades públicas
pelo país tratou-se, também, de uma formação política. De acordo com os entrevistados, as
motivações que propulsionaram a participação em um movimento de luta contramedidas
relacionadas à educação, aos poucos, foram se transformando de forma direta numa luta
anticapitalista, uma vez que os licenciandos incorporaram as manifestações em Brasília,
naquele período, organizadas por diversas entidades representativas (sindicato de professores,
movimento estudantil, partidos políticos).
Considerando o caráter educativo da participação política e seus limites no
capitalismo, é preciso, primeiramente, compreender o significado da palavra participação
para, após, se aprofundar na discussão.
No dicionário de política elaborado por Bobbio, Matteucci e Pasquino
(1998), os
autores enfatizam o ‘fazer parte’ como constituinte do significado da palavra. A despeito do
termo presente neste dicionário, a ideia defendida de fazer parte não é suficiente para se
compreender a complexidade que envolve a participação política e sua estrutura. Não
apresenta que a participação é algo conquistado, mediante lutas.
Considerando o poder da classe dominante nas esferas de controle social, o direito à
igualdade, como prevê a Constituição (BRASIL, 1988), em seu art. 5º
, “todos são iguais
perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros, residentes no País, a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes”, é
anulada.
Nessa concepção liberal, não se pode considerar que todos sejam iguais perante a lei,
levando em conta uma nação carente de infraestrutura, altos índices de feminicídio e
genocídio negro, com alta taxa de analfabetismo e que pequena parte da população usufrui
dos bens produzidos socialmente, enquanto outra permanece na miséria.
O conceito de participação pode ser compreendido a partir de duas perspectivas ou
concepções, a liberal e a materialista histórico-dialética. A primeira, voltada para a
manutenção da ordem social burguesa, propõe uma participação restrita e a segunda,
almejando uma sociedade mais justa e igualitária com a socialização dos meios de produção,
propõe uma participação ampla.
Assumindo a dificuldade em sistematizar todo o repertório de participação política
dentro da democracia liberal contemporânea, Avelar e Cintra (2007) elaboram canais de
participação, resumindo-os em três grandes vias: canal eleitoral, canal corporativo e canal
organizacional. A primeira participação, canal eleitoral, é reduzida às formas políticas por
meio do ato de votar, frequentar reuniões de partido político, convencer o eleitor a votar em
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determinado candidato, ou seja, o canal eleitoral compreende toda atividade dos partidos que
são instituições entre sociedade e Estado. As demais, são o canal corporativo que se relaciona
com a representação dos interesses privados no sistema estatal, sendo positivas para a elite; e
o canal organizacional que abrange as atividades que não se dão nos espaços
institucionalizados da política. Um dos exemplos são os movimentos sociais que se articulam
com objetivos de médio a longo prazo. Seus membros são usualmente chamados de
‘militantes’, que se unem em redes de relações informais, compartilhando ideais que, no geral,
contestam os valores correntes de uma sociedade, lutando para superá-los (AVELAR;
CINTRA, 2007).
O sufrágio universal é defendido pelos elitistas liberais que o utiliza como meio para
manter o Estado a serviço do empresariado. De acordo com Johnson e Silva (2011), a
democracia se encontra cada vez mais restrita aos valores predeterminados pelo elitismo
democrático, portanto, a participação política nesse regime se restringe ao sufrágio,
reforçando sua essência competitivo-eleitoral.
Entende-se que a excessiva ênfase na eleição como cerne das atividades políticas,
oculta e diminui os segmentos em que a classe marginalizada se organiza e se manifesta. A
elite sabe manipular o sufrágio universal a seu favor, a via eleitoral não se mostra suficiente
quando falamos da condição de vida da classe trabalhadora. Sem contar que o sufrágio
universal vem sendo constantemente usado como pleito político, principalmente pelo atual
governo de extrema direita como meio eficiente para resolver os problemas sociais, ocultando
os reais motivos da desigualdade social e separando as condições econômicas das relações
sociais, como se a primeira não interferisse nessa última.
Nesse contexto, concordamos com Marx e Engels (2014) que de todas as classes que
se opõem à burguesia, apenas o proletariado é uma classe verdadeiramente revolucionária.
Assim, ao falarmos de participação política, estaremos nos referindo às organizações
desenvolvidas por atores envolvidos numa luta anticapitalista. Portanto, participação política
será lida como uma diversidade de atividades políticas desenvolvidas no âmbito dos
movimentos sociais.
Para entendermos o papel da participação política no contexto em que nos encontramos,
isto é, numa política cuja agenda neoliberal está a todo vapor, com declarações que promovem a
desvalorização dos serviços públicos, em especial saúde e educação; com a volta dos discursos
que alimentaram o apoio da classe média a ditadura empresarial-militar (em relação ao ódio aos
comunistas), é necessário entendermos os determinantes socioeconômicos em que a sociedade se
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estrutura, uma vez que as relações sociais se formam e se modificam a partir desses
condicionantes.
Ao analisar a economia política burguesa, Max e Engels (2014), afirmam que esta tem
o poder de universalizar as relações de produção, abstraindo suas determinações sociais
específicas, isto é, relações sociais. Uma vez que a produção não é apenas uma produção
isolada, mas sempre um corpo social, um sujeito social, que é ativo em uma totalidade. Para
Wood (2011), a economia política burguesa atinge seu objetivo ideológico central ao tratar a
sociedade como algo abstrato, considerando a produção e seus determinantes encasulados em
leis naturais, desconsiderando os processos historicamente construídos.
É de ver-se, pois, que tendências liberais tendem a separar questões econômicas da
esfera social como se a primeira não interferisse nas relações sociais. Para Marx (2017),
obtém-se a apropriação de mais-valor por meios determinados pela divisão completa entre
produtor das condições de trabalho e pela propriedade privada absoluta dos meios de
produção pelo capitalista. Dentro dessa perspectiva, Wood (2011) elenca que não há
necessidade de coação explícita para forçar o trabalhador a renunciar a seu mais-valor, porém,
a força da coação política se faz necessária para manter a propriedade privada e o poder de
apropriação. Para essa autora, a esfera política no capitalismo tem um caráter especial, porque
a propriedade privada, a relação contratual que prende o produtor ao apropriador em conjunto
com o processo de troca de mercadorias exige formas legais, aparato de coação e as funções
policiais do Estado (WOOD, 2011).
Gohn (2005), ao caracterizar o caráter educativo dos movimentos sociais, aponta que
este se expressa por meio de três dimensões: dimensão da organização política, dimensão da
cultura política e dimensão espacial-temporal. De acordo com autora, a dimensão da
organização política é a consciência adquirida progressivamente, nessa ótica, amplia-se o
conhecimento sobre quais são os direitos e deveres dos indivíduos na sociedade, assim como
os direitos inseridos nas pautas de luta coletiva, levando concomitantemente à organização do
grupo (GOHN, 2005).
A segunda dimensão diz respeito à cultura política que, para Gohn (2005), é o
exercício da prática cotidiana nos movimentos sociais, levando ao acúmulo de experiência.
Assim, experiências vivenciadas no passado, tal como opressão, negação de direitos, entre
outros, são resgatadas no imaginário coletivo do grupo de forma a fornecer elementos para
leitura do presente. Dessa maneira, por meio da dimensão da cultura política,
Aprende-se a não ter medo de tudo aquilo que foi inculcado como proibido e
inacessível. Aprende-se a decodificar o porquê das restrições e proibições.
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Participação política e formação de professores: Movimento ‘‘Ocupa tudo’’ na universidade pública de Jataí/GO
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Aprende-se a se calar e a se resignar quando a situação é adversa. Aprende-
se a criar códigos específicos para solidificar as mensagens e bandeiras de
luta [...] aprende-se a elaborar discursos e práticas segundo cenários
vivenciados. E aprende-se sobretudo, a não abrir mão de princípios que
balizam determinados interesses como seus (GOHN, 2005, p. 19).
Portanto, percebe-se que a aquisição da dimensão da cultura política permite a
compreensão das contradições que permeiam os discursos e concepções hegemônicas
(BOUTIN; FLATCH, 2017). Diante do destaque, as experiências dos jovens em organizações
políticas facilitam a elaboração de estratégias de lutas e táticas para enfrentamento das
condições impostas pelo poder hegemônico.
Por fim, a terceira dimensão espacial-temporal, articula-se com a consciência gerada
na participação política em um movimento que leve ao conhecimento das condições de vida
de parcelas da população, tanto no presente quanto no passado (GOHN, 2005). Para a autora,
os textos, os debates e eventos contribuem para a formação de uma visão historicizada dos
problemas sociais. Esse conhecimento possibilita a identificação de uma dimensão relevante
no cotidiano das pessoas, do ambiente construído e do espaço gerado e apropriado pelas
classes sociais na luta cotidiana.
Gohn (2005) parte do princípio de que a utilização do espaço público para atividades
grupais ou o exercício de manifestações individuais constitui um aprendizado que contribui
para o desenvolvimento da consciência da cidadania no sentido do uso da coisa pública. A
autora, então, conclui afirmando que a dimensão espacial-temporal resgata elementos da
consciência fragmentada das classes populares, ajudando na articulação da construção de
pontos de resistência à hegemonia dominante, no sentido de construir uma hegemonia
popular.
Portanto, as dimensões apresentadas por Gohn (2005) apontam para o movimento
organizado nas universidades no ano de 2016, incluindo aí os dos secundaristas, pois tanto um
quanto o outro se utilizaram do aparato público, ocupando literalmente esses espaços para
manifestar seu repúdio aos ataques dentro dos serviços públicos.
Quanto a passagem do senso comum à consciência filosófica, as contribuições de
Saviani (1996) e Iasi (1999) auxiliam a compreender o salto qualitativo que os participantes
licencian
dos no “Ocupa tudo” tiveram. Ou seja, ao experienciar o dia a dia da formação
teórico-prática do movimento, os entrevistados puderam perceber a realidade de maneira mais
crítica, menos fragmentada, buscando ser ativos e ativistas.
Segundo Saviani (1996), o processo de consciência envolve a passagem do senso
comum à consciência filosófica. A passagem de uma consciência a outra, significa se libertar
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Nayenne Helsan SANTOS e Elizabeth Gottschalg RAIMANN
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de uma concepção fragmentada, distorcida, manipulada, incoerente, desarticulada, degradada,
implícita, mecânica, passiva e simplista para uma concepção unitária, articulada, crítica,
contextualizada, historicizada, explicitada, original, ativa, intencional e cultivada. Quanto à
consciência, Iasi (1999, p. 17) esclarece que “seria
o processo de representação mental
(subjetiva) de uma realidade concreta e externa (objetiva), formada neste momento, através de
seu vínculo de inserção imediata (percepção)”.
Isso significa dizer que a consciência é gerada
por meio de relações concretas entre seres humanos e destes com a natureza. Dentro da
concepção marxista, o processo de consciência é visto como um desenvolvimento dialético,
pelo qual, cada momento traz em si os elementos para a sua superação. Para Iasi (1999), o
estudo sobre o desenvolvimento da consciência fornece meios para a reflexão de nossa
própria concepção de formação, possibilitando maior criticidade, levando em conta a
educação popular e suas relações com o processo de consciência dos trabalhadores.
Diante do discutido, importante deixar registrado que o conceito de participação
política necessita levar a
práxis
, ou seja, que no percurso de formação os futuros licenciandos
possam também se envolver nas questões municipais como, por exemplo, o acompanhamento
e controle social do Plano Municipal de Educação (PME 2015-2025), conforme discute
Raimann (2020). O envolvimento da sociedade, em especial da comunidade escolar, junto a
implementação e efetivação do PME possibilita a luta por uma educação socialmente
referenciada.
Considerações finais
A pesquisa se propôs a analisar a contribuição da participação política dos
licenciandos da UFG/Regional Jataí durante o movimento ‘‘Ocupa tudo’’ e como este
contribuiu para a formação pessoal e profissional voltada para emancipação humana.
Em relação à motivação dos licenciandos em participar de atividades políticas,
evidenciou-se que a influência de leituras que possibilitaram interpretar o cenário político em
2016, as discussões na universidade sobre o golpe do governo da presidenta Dilma Rousseff,
a PEC nº 55, além da representatividade do movimento, por se tratar de uma organização
exclusivamente estudantil, foram considerados como propulsores da integração dos
entrevistados no ‘Ocupa tudo’.
Do estudo sobre a participação política dos licenciandos, chegou-se à conclusão de
que o movimento
‘Ocupa tudo’ foi um dos principais campos de formação política dos
entrevistados, nesse processo de politização. Isso significa que o ambiente responsável pela
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Participação política e formação de professores: Movimento ‘‘Ocupa tudo’’ na universidade pública de Jataí/GO
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formação política dos licenciandos e com eles um maior conhecimento sobre luta de classe
ocorreu fora do ambiente da sala de aula e familiar.
Para se aprofundar na reflexão sobre participação e suas contribuições para a
emancipação humana, foi discutido inicialmente o caráter educativo nos movimentos sociais,
pelo qual, se concluiu que o movimento ‘Ocupa tudo’ proporcionou saberes que são
adquiridos apenas por meio de experiências em movimentos sociais, tais como as dimensões
da organização política, da cultura política e espacial-temporal. Ao se tratar de participação e
formação política, chegou-se primeiramente à conclusão de que há necessidade de se romper
com o separatismo entre a esfera econômica e as relações sociais tão bem propagandeadas
pelos pensadores liberais; em segundo lugar, há necessidade de se avançar em relação ao
movimento que no discurso defendia a queda de um sistema responsável pela desigualdade
social ocasionada pela desigualdade econômica, mas que na prática coaduna com a
dominação burguesa capitalista, sem levar para o seu enfretamento e, por último, é preciso
revisar a tradição marxista em movimentos e partidos políticos com vinculações mais
próximas à concepção de mundo burguês do que com a análise marxiana da economia
política.
Observou-se que as atividades políticas dos licenciandos tinham como objetivo inicial
assegurar as conquistas institucionais, principalmente àqueles referentes à educação,
avançando para o enfrentamento do próprio Estado e trazendo consigo, também, o
pertencimento de classe. Nessa perspectiva, os resultados revelam que os entrevistados
colocaram em maior evidência os conceitos de luta, de consciência e atuação política como
característica essencial do trabalho docente. E, ao longo de suas falas, afirmaram a
impossibilidade de se dissociar docência de política, uma vez que toda relação social é uma
relação política.
Para os participantes da pesquisa, a formação política se insere dentro das dimensões
relacionadas aos saberes do professor e, portanto, é necessária, para que o docente possa atuar
frente aos múltiplos desafios que o cercam dentro da escola, assim como entender e defender
a profissão, que é alvo de ataques pelos setores empresariais.
Desse modo, conclui-
se que o movimento ‘‘Ocupa tudo’’, além do impacto nacional
que causou no país e toda a amplitude que a organização gerou em movimentos estudantis de
todos os estados, significou aos licenciandos da UFG/REJ um espaço para a formação
política, desenvolvendo a consciência numa perspectiva crítica e adquirindo saberes que
possibilitaram contribuir para formação da identidade docente.
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Nayenne Helsan SANTOS e Elizabeth Gottschalg RAIMANN
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AGRADECIMENTOS
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Participação política e formação de professores: Movimento ‘‘Ocupa tudo’’ na universidade pública de Jataí/GO
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Como referenciar este artigo
SANTOS, N. H.; RAIMANN, E. G. Participação política e formação de professores:
movimento ‘‘Ocupa tudo’’ na
universidade pública de Jataí/GO.
Revista on line de Política e
Gestão Educacional
, Araraquara, v.26, n. 00, e022013, jan./dez. 2022. e-ISSN:1519-9029.
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.16457
Submetido em:
03/11/2021
Revisões requeridas em
: 22/12/2021
Aprovado em
: 19/02/2022
Publicado em
: 31/03/2022
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Political participation and teacher education: “Ocupa tudo” movement in Jataí Public University (
Goiás)
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POLITICAL PARTICIPATION AND TEACHER EDUCATION: “OCUPA TUDO”
MOVEMENT IN JATAÍ PUBLIC UNIVERSITY (GOIÁS)
PARTICIPAÇÃO
POLÍTICA
E
FORMAÇÃO
DE
PROFESSORES:
MOVIMENTO
‘‘OCUPA
TUDO’’
NA
UNIVERSIDADE
PÚBLICA
DE
JATAÍ/GO
PARTICIPACIÓN POLÍTICA Y FORMACIÓN DOCENTE: MOVIMIENTO “OCCUPA
TUDO” EN LA UNIVERSIDAD PÚBLICA DE JATAÍ/GO
Nayenne Helsan SANTOS
1
Elizabeth Gottschalg RAIMANN
2
ABSTRACT
: The objective of this study was to investigate the process of political
participation of undergraduates in the “Ocupa tudo” movement, in 2016, at the current Federal
University of Jataí/GO and its contribution to teacher education and human emancipation. A
focus group with 13 undergraduates was used and the content analysis was based on the
theoretical-methodological framework of historical-dialectical materialism. From the results, it
can be seen that the student movement ‘‘Ocupa tudo’’ was important both for the political
formation of these future teachers and for personal education. The university provided a space
for discussion and political participation, since political formation was denied in other spaces
of socialization. In the same way, the participation of the movement made possible the
organization and the theoretical and practical instrumentalization of the undergraduates, mainly
contributing to the passage from common sense to philosophical awareness.
KEYWORDS
: Political participation. Teacher Education. Higher Education.
RESUMO
: O objetivo deste estudo foi investigar o processo de participação política dos
licenciandos no movimento “Ocupa tudo’’, em 2016, na atual Universidade Federal de
Jataí/GO e a sua contribuição na formação docente e emancipação humana. Utilizou-se o
grupo focal com 13 graduandos e a análise do conteúdo, pautado no referencial teórico-
metodológico do materialismo histórico-dialético. Dos resultados pode-se verificar que o
movimento estudantil ‘‘Ocupa tudo’’ foi importante tanto para a formação política destes
futuros docentes quanto para a formação pessoal. A universidade propiciou um espaço para
discussão e participação política, uma vez que a formação política foi negada em outros
espaços de socialização. Da mesma forma, a participação do movimento possibilitou a
organização e a instrumentalização teórica e prática dos licenciandos contribuindo,
principalmente, para a passagem do senso comum à consciência filosófica.
PALAVRAS-CHAVE
: Participação política. Formação de professores. Educação superior.
1
Federal University of Jataí (UFJ), Jataí
–
GO
–
Brazil. Technician at the Special Education Academic Unit.
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0699-8532. E-mail: nayennehelsan@gmail.com
2
Federal University of Jataí (UFJ), Jataí
–
GO
–
Brazil. Professor at the Graduate Program in Education. ORCID:
https://orcid.org/0000-0003-4359-5828. E-mail: elizabeth_raimann@ufj.edu.br
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Nayenne Helsan SANTOS and Elizabeth Gottschalg RAIMANN
RPGE
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RESUMEN
:
El objetivo de este estudio fue investigar el proceso de participación política de
los estudiantes de grado en el movimiento “Occupa tudo”, en 2016, en la actual Universidad
Federal de Jataí/GO y su contribución a la formación docente y la emancipación humana. Se
utilizó el grupo focal con 13 estudiantes de pregrado y el análisis de contenido se basó en el
marco teórico-metodológico del materialismo histórico-dialéctico. De los resultados se
desprende que el movimiento estudiantil ‘‘Occupa tudo’’ fue import
ante tanto para la
formación política de estos futuros docentes como para la formación personal. La universidad
brindó un espacio de discusión y participación política, ya que la formación política estaba
negada en otros espacios de socialización. Del mismo modo, la participación del movimiento
posibilitó la organización y la instrumentación teórica y práctica de los estudiantes de grado,
contribuyendo, principalmente, al paso del sentido común a la conciencia filosófica.
PALABRAS CLAVE
:
Participacion politica. Formación de profesores. Educación
universitaria.
Introduction
This article is part of the master's thesis developed and defended in 2020, in the Graduate
Program in Education at the Federal University of Goiás/Regional Jataí (UFG/REJ), currently,
Federal University of Jataí (UFJ), due to the emancipation process Law No. 13.635, March 20,
2018, by dismemberment of the UFG.
The recent political and historical context experienced in Brazil between the years 2015
and 2016, during the government of Michel Temer, after the deposition of the presidential
mandate of Dilma Rousseff, focusing on the PEC nº 55)
3
and MP nº 746
4
introduced by the
Federal Government, led to a student mobilization in several states, including Goiás and the
Jataí region.
The demonstrations in 2016, in which high school and university students participated,
aimed to defend the constitutional rights of education, since PEC No. 55 popularly known as
the 'PEC of Death', violated immodifiable clauses of § 4 of art. 60 of the Federal Constitution
(CF), which states: "§ 4 The proposal of amendment tending to abolish: I - the federative form
of State; II - the direct, secret, universal and periodic vote; III - the separation of powers; IV -
the individual rights and guarantees will not be subject to deliberation" (BRAZIL, 1988).
This national mobilization, in turn, had repercussions in the city of Jataí/GO, causing
university students from the two federal institutions in the city, Federal University of
Goiás/Regional Jataí and Federal Institute of Goiás/Campus Jataí, to join the clamoring of other
3
Proposed 2016 Constitution Amendment establishing a cap on public spending.
4
Provisional Measure, 2016, Reformulation of High School.
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Political participation and teacher education: “Ocupa tudo” movement in Jataí Public University (
Goiás)
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university and high school students. In this sense, the Regional Jataí/UFG counted on the
presence of students from the undergraduate courses in the political clashes.
In this scenario, it was the object of my research, during my master's degree in
education, to understand education and teacher training in the construction of a counter-
hegemonic citizenship. Education, understood as one of the instruments of struggle, offers
qualitative training to students, contributing to the quality of education when there are teachers
who exercise their teaching profession critically and are aware of their social function.
In this regard, the research on political participation as an intrinsic element in teacher
training presents its relevance, considering that this participation can be instrumentalized,
whether during the theoretical-practical training of some courses taken in the undergraduate
course, or through the occupation activity itself during the demonstrations, making it possible
to promote actions in the scope of social mobilization, potentializing the possibility of
transformation of the passage from an uncritical consciousness to a philosophical and
unalienated consciousness. The guiding question was "in what way does the political
participation of undergraduate students materialize, specifically undergraduate students, and
what are their perceptions about the contribution of participation in political activities in teacher
education?" To answer it, we aimed to investigate the impact of the political participation
process of undergraduates, starting from the movement ''Occupy everything'' (2016), and how
it contributed to personal and professional training aimed at human emancipation.
In order to achieve the objective, field research was conducted, with the focus group as
the methodology used for data collection. The research with opinion number 3.293.705 was
approved by the Ethics Committee of the Federal University in Jataí.
In the first part, the methodology used will be presented, followed by the results and
discussion, and finally the final considerations of this research.
Methodology
The focus group is a technique that involves semi-structured questions, constituting a
tool to map and understand the worldview of research participants. Based on the contributions
of Gaskell and Bauer (2010), the researcher introduces interpretive and theoretically grounded
schemas to understand the narratives of the interviewed students. The use of focus groups in a
scientific study provides data to elucidate the relationship between research participants and the
social situation.
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This methodology brings together a group of people selected on the basis of criteria
stipulated by the researcher, for a period of between 40 minutes and two hours. Ideally, the
number of people in each focus group meeting should not exceed a total of nine members, so
that the researcher can more easily identify reactions and control the time, so that everyone has
a chance to speak.
The students chosen to participate in this study were selected based on some criteria
responsible for limiting the number of guests. Since this is a study related to the area of
education, it was established as a criterion that the interviewees participating in the research
should be from undergraduate courses at UFG/REJ. The exact number of students who
participated in "Ocupa tudo" in Jataí was not known, so when we contacted the members of the
student movement at the time, they said they did not have any written records for fear of
retaliation from professors opposed to the student mobilization and from the university
administration.
In this sense, the number of students it was possible to contact, coming from the
undergraduate courses and who were still connected to the university, were 30, three of them
being currently post-graduate students in the areas of History and Geography at the UFG in
Goiânia and in the Regional/Jataí.
At first, all of them sent their acceptance to collaborate with this study. However, few
showed up on the scheduled date, and no matter how many times the dates were rescheduled,
the students did not show up, thus reducing the number of participants to 13 undergraduates.
Since it was impossible to group the 13 participants into a single meeting, we divided
them into small groups of three to six people, on different days and times, totaling four meetings
that lasted between 37 and 50 minutes.
At the beginning of the meeting, the participants were informed of the research's
objective and the methodology used. As for the questions, it was oriented that everyone, if they
felt comfortable, could answer each one. A tape recorder and a notebook were the materials
used during the interview. Since it was an interview with semi-structured questions, new
questions were formulated during the conversation with the groups. The tape recorder was not
paused at any moment, and the recording went on without interruptions. To protect the identity
of the participants, they were addressed as Interviewee 1, Interviewee 2, Interviewee 3, and so
on. The numbering was assigned in the order in which each of the participants spoke. The first
to answer the question was given the number 1, the second respondent, number 2, and so on.
Of the 13 participants, all were from undergraduate courses: four from History, one from
Literature/Portuguese, one from Physics, four from Pedagogy, and three from Geography. As
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to age, nine were between 19 and 25 years old, and four between 30 and 35. Most of the
interviewees were exclusively dedicated to the university; of the 13 participants, 11 were not
employed.
As for the theoretical and methodological procedures, we started from the social practice
of the undergraduate students participating in the "Occupy everything" movement, listening to
them about the experience of joining the student mobilization and, afterwards, theorizing about
this movement in order to, returning to the social practice in an elaborate way, understand the
process of political formation of these future teachers. For the treatment of the data collected,
we divided the transcription of the speeches into topics by means of thematic axes, inspired in
the questions directed to the interviewees: (a) political relationship in the family sphere; (b)
contribution of higher education in the political formation of those involved in the occupations
in 2016; (c) history of students' struggle before the ''Occupy everything'' movement; (d)
motivations influencing the interviewees' entry into the ''occupation''; (e) students' political
relationship with their undergraduate courses; (h) political instrumentalization in the university:
contribution of political activity in teacher education; (i) social transformation in the student's
formation after the ''Occupy everything'' movement. The analysis of the content of the answers
was supported by references from the perspective of historical-dialectical materialism.
Results and discussion
The interviewees, when talking about their experience in the occupation, reported the
learning provided by the student movement during the 2016 mobilizations, pointing to the
appreciation of militancy as a space responsible for the theoretical and practical training of
political participation.
They reported that they acquired the notion of engagement in the struggles of collective
demands from the 2016 mobilizations, and that the readings carried out within the
undergraduate course were responsible for opening horizons and for the formation of political
consciousness. As can be read by the statements of respondents 5 and 11:
My political formation depended on the occupation. It was there that made all
the difference (INTERVIEWEE 5).
For me, the readings and texts offered during the Pedagogy course were a
watershed... my first readings of Marx's works and the studies about him were
fascinating for me... the readings opened several horizons for me...
(INTERVIEWEE 11).
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Considering political participation, the answers indicate that they go beyond the
theoretical debate; the interviewees understand that to participate politically is to be engaged in
a fight, exercising the theoretical debate with praxis, that is, to theoretically ground the agendas
discussed by the student movement and organize mobilizations to defend these agendas. "I
consider political participation... not only that thing that we have a lot in the academy, which is
that space for debate and discussion... participation would be this... knowing that being on the
street is also important" (INTERVIEWEE 13).
One of the interviewees said he believed that the need for his participation was when he
began to see himself as a subject inserted in a certain social context. Context historically built,
understanding that only in the collectivity will there be the possibility of any kind of
transformation in a community: "I believe it was a process in which I understood myself as a
subject that has certain social markers, historically built markers" (INTERVIEWEE 12).
The discussion during the focus group led to the understanding that, for a good part of
the interviewees, the involvement in social movements and studies about class consciousness
only occurred after they entered university. On the other hand, two participants stated that they
had contact with other movements before entering higher education because of their family
relationship with social organizations, specifically, the Landless Movement (MST). According
to two of the interviewees, 3 and 6, their parents and grandparents have been members of the
MST for decades and, therefore, they attributed to their family the fundamental responsibility
for their insertion in organizations led by young students, bringing this background, and
incorporating their experiences of social engagement into the university.
I have always worked with the 'Landless Movement', and there regardless of
whether or not you are from the MST, they treat you as if you were part of it...
I feel represented in the MST also because of a historical heritage, my parents
are children of landless people. My grandfather was 'landless' and received
land in the 1980s
(INTERVIEWEE 3)
.
It is noted that during the occupation the other interviewees realized how a social
organization works. The students, in the day to day of the occupation, knew how to organize
themselves in commissions and delegate responsibilities to each member of the movement.
I also learned many things there, especially in relation to social movements...
how it works, how it is organized, how it is done, how to give voice to
everyone... This was very formative, because I had never experienced this, I
didn't know how it was
(INTERVIEWEE 4).
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Within the occupation, the students realized the need to create other collectives in the
city to discuss the demands of specific groups that suffer hostilities, whether due to their color,
gender or sexuality, in addition to the economic class to which they belong. The occupation, in
this sense, was responsible for the adhesion to collectives such as "
Feministas de Jataí
" and the
creation of the black collective "Afrontaí", existing until today. This perspective can be
understood according to the statement below:
I think that the occupation was again a mark, if we think of a political
trajectory, because there I saw the need to really compose something that was
serious and collective... from that moment on, for example, that black men and
women understood the need to create a collective within the university
(INTERVIEWEE 13).
After the end of the 'Ocupa Tudo' movement, most of the students continued to meet
weekly, promoting grassroots actions such as study groups, saraus in public schools,
pamphleting, local demonstrations and demonstrations in the Federal District. Besides the
grassroots actions, others began to embrace political participation as the focus of their academic
research.
For me it has changed a lot, I started researching social history and I have
already transformed my monograph which is even about the 2016
occupation...the basis of my monograph would be that Thompson's phrase that
"historical experience is a catalyst for social action
(INTERVIEWEE 1).
In relation to the university as a space for political participation, the participants of the
'Occupy everything' movement cited the influence of their undergraduate courses as an element
responsible for their decisions to incorporate movements with collective causes of struggle. It
was through studies and debates carried out in the classroom that part of the interviewees
claimed to understand the concept of social class and the evils of the capitalist economic system.
Thus, considering the university as a formative space to develop the individual's
potentialities, Interviewee 9 pondered:
The problem with college is like this... all the courses think that university is
only for studying... the university, as the name says, is an environment of
diversity and the activities have to accompany this. So, I have my class
schedule, that I do, but I have my role as a student, as a member of a society
with activities in a community, I have to be actively political, so, it is not only
studying, we are not here just to study. We are here to grow as a human being
as well. And so, there was a huge problem that is the fact that there is no class
consciousness in most of the students, they don't have class consciousness.
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The history told from the dominant culture's point of view presents the historical events
in a very romanticized way. According to one of the interviewees, the readings provided by the
course provided a real view of the facts, allowing one to go from the appearance to the essence
of the object.
The knowledge worked throughout the course provided another undergraduate with a
political vision, as he states:
There is a statement that I don't know if I'm going to remember exactly, it's a
quote by Marx, "the history of humanity is the class struggle. The contact that
we had with the materials, texts and books, things like that, from them we
analyze and see the contradictions and thus we can make a reading of the
world, so yes, the history course was fundamental for our political formation
(INTERVIEWEE 13).
If, on the one hand, it was possible to notice the contribution of undergraduate courses
in exerting a certain influence on the involvement of students in social organizations, on the
other hand, it is not possible to affirm that the formal curriculum of the course is responsible in
its entirety for the political education of undergraduates. It is clear that the university is not the
only institution capable of politically training the individual, and it is not enough on its own,
since it is also regulated by external determinants related to the capitalist mode of production
and is constantly facing the model of higher education serving to train people only for the labor
market, as determined by international organizations.
The insertion and permanence of undergraduates in political organizations reveal the
protagonism of young university students as a relevant force in the national political scene.
Children of workers, users of public services, most of them coming from the urban peripheries,
women, blacks, LGBTQ+, reflect in a secular way the effects of inequality produced by capital.
These graduates have reached and mobilized the student class more broadly. Thus, these
configurations realized in the spatio-temporal dimension (university) and cohesive in time
(political activities, method, organization, learning, memories), need to be recognized as
effective social movements that are, in themselves, potency and strength of capillarity.
Regarding the motivations that drove the research participants to act against the decisions
made in the field of education, in a counter-hegemonic struggle, especially for those who had never
experienced anything like it, there is Interviewee 3 who states:
Well, I took part in the occupation at the time because it represented a
response to the things that were happening in the country, not like what is
happening now, but it was an attack on education that was to freeze
spending... and then we, 'me at least', participated because it was part of a
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wave of occupations of people who... which I felt represented, because it was
a student movement and so I decided to participate.
Other interviewees, in turn, who in 2016 were newcomers to the university, without any
experience in mobilization and with depoliticized family background, said that despite being
freshmen, they were already going through a process of deconstruction of ideas conceived
throughout their relationships in other spaces of socialization. "I was a freshman, I was starting
to deconstruct everything I believed before I went to college, and I thought it was cool, I stayed
and then I got fully engaged" (INTERVIEWEE 5).
Others said that their stances and opinions prior to entering college were uncritical and
alienated, especially about issues related to social movements:
Before I entered the university, I was a person completely alienated from the
importance of social movements of political participation, what influenced me
a lot were the dialogues right here at the university that awakened in me this
awareness of participating, acting, and claiming. Because at the time it was
the issue of the PEC of Death, the labor issue. And in this I was able to
understand the dimension and the impact on my life and on everyone's life so
that I got involved in the occupation and helped, and launched my body
together with the collectivity
(INTERVIEWEE 11)
.
The participation of the undergraduates in the occupation, according to their reports,
brought with it class belonging. Although they were fighting at that moment for the repeal of
measures planned for education, the answers direct us to systemic criticisms that the
interviewees made during this process of struggle. These participants had in mind that it was
not only necessary to remedy proposals and demand social programs to improve even a little
the quality of life of the working class, but also the rupture of an alienating and harmful system
that profits from the permanence of a large part of the population in misery.
These critical conceptions of participation privilege revolutionary macro
transformations of the sociopolitical structure. They tend to compose the paradigm of militancy,
that is, the defense that true participation is the adhesion of the political individual to the formal
organization with which he identifies, such as the union, student, feminist, and black
movements, among many others.
This whole process that guided the occupation of students in public universities around
the country was also about political education. According to the interviewees, the motivations
that propelled the participation in a movement of struggle against education-related measures
were gradually transformed directly into an anti-capitalist struggle, since the undergraduates
incorporated the demonstrations in Brasília in that period, organized by several representative
entities (teachers' union, student movement, political parties).
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Considering the educational character of political participation and its limits in
capitalism, it is necessary, first of all, to understand the meaning of the word participation to,
afterwards, deepen the discussion.
In the dictionary of politics prepared by Bobbio, Matteucci and Pasquino (1998), the
authors emphasize 'to take part' as a constituent of the meaning of the word. In spite of the term
present in this dictionary, the idea defended of being part is not enough to understand the
complexity that involves political participation and its structure. It does not present that
participation is something conquered, through struggles.
Considering the power of the dominant class in the spheres of social control, the right
to equality, as foreseen in the Constitution (BRAZIL, 1988), in its article 5, "everyone is equal
before the law, without distinction of any kind, guaranteeing to Brazilians and foreigners,
residents in the country, the inviolability of the right to life, to liberty, to equality, to security,
and to property, in the following terms", is annulled.
In this liberal conception, it is not possible to consider that everyone is equal before the
law, taking into account a nation lacking infrastructure, with high rates of feminicide and black
genocide, with a high rate of illiteracy and where a small part of the population enjoys the goods
produced socially, while another part remains in misery.
The concept of participation can be understood from two perspectives or conceptions,
the liberal and the historical-dialectical materialist. The first, aimed at maintaining the
bourgeois social order, proposes a restricted participation, and the second, aiming at a more just
and egalitarian society with the socialization of the means of production, proposes a broad
participation.
Assuming the difficulty in systematizing the entire repertoire of political participation
within contemporary liberal democracy, Avelar and Cintra (2007) elaborate channels of
participation, summarizing them in three major paths: electoral channel, corporate channel, and
organizational channel. The first participation, the electoral channel, is reduced to political
forms through the act of voting, attending political party meetings, convincing the voter to vote
for a certain candidate, that is, the electoral channel comprises all the activity of the parties that
are institutions between society and the state. The others are the corporate channel, which is
related to the representation of private interests in the state system, being positive for the elite;
and the organizational channel, which covers the activities that do not take place in the
institutionalized spaces of politics. One example is the social movements that articulate
themselves with medium to long term objectives. Their members are usually called "militants",
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who unite in networks of informal relationships, sharing ideals that, in general, challenge the
current values of a society, fighting to overcome them (AVELAR; CINTRA, 2007).
Universal suffrage is defended by liberal elitists who use it as a means to keep the state
at the service of the business class. According to Johnson and Silva (2011), democracy is
increasingly restricted to the values predetermined by democratic elitism, therefore, political
participation in this regime is restricted to suffrage, reinforcing its competitive-electoral
essence.
It is understood that the excessive emphasis on elections as the core of political activities
conceals and diminishes the segments in which the marginalized class organizes and manifests
itself. The elite know how to manipulate universal suffrage in their favor, the electoral route is
not enough when we talk about the living conditions of the working class. Not to mention that
universal suffrage has been constantly used as a political plea, especially by the current extreme
right-wing government, as an efficient way to solve social problems, hiding the real reasons for
social inequality and separating economic conditions from social relations, as if the former did
not interfere in the latter.
In this context, we agree with Marx and Engels (2014) that of all the classes that oppose
the bourgeoisie, only the proletariat is a truly revolutionary class. Thus, when talking about
political participation, we will be referring to the organizations developed by actors involved in
an anti-capitalist struggle. Therefore, political participation will be read as a diversity of
political activities developed within social movements.
In order to understand the role of political participation in the context in which we find
ourselves, that is, in a politics whose neoliberal agenda is in full swing, with statements that
promote the devaluation of public services, especially health and education; with the return of
the speeches that fed the support of the middle class to the entrepreneurial-military dictatorship
(in relation to the hatred to communists), it is necessary to understand the socioeconomic
determinants in which society is structured, since social relations are formed and modified from
these conditioning factors.
When analyzing the bourgeois political economy, Marx and Engels (2014), state that it
has the power to universalize the relations of production, abstracting their specific social
determinants, that is, social relations. Since production is not just an isolated production, but
always a social body, a social subject, which is active in a totality. For Wood (2011), bourgeois
political economy achieves its central ideological goal by treating society as something abstract,
considering production and its determinants encased in natural laws, disregarding historically
constructed processes.
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It can be seen, therefore, that liberal tendencies tend to separate economic issues from
the social sphere as if the former did not interfere in social relations. For Marx (2017), the
appropriation of surplus value is obtained by means determined by the complete division
between producers of labor conditions and the absolute private ownership of the means of
production by the capitalist. Within this perspective, Wood (2011) states that there is no need
for explicit coercion to force the worker to give up his surplus value, but the force of political
coercion is necessary to maintain private property and the power of appropriation. For this
author, the political sphere in capitalism has a special character, because private property, the
contractual relationship that binds the producer to the appropriator together with the commodity
exchange process requires legal forms, coercion apparatus and the police functions of the state
(WOOD, 2011).
Gohn (2005), when characterizing the educational character of social movements, points
out that it is expressed through three dimensions: the dimension of political organization, the
dimension of political culture and the spatial-temporal dimension. According to the author, the
dimension of political organization is the awareness progressively acquired, from this point of
view, the knowledge about the rights and duties of individuals in society is broadened, as well
as the rights included in the agendas of the collective struggle, leading concomitantly to the
organization of the group (GOHN, 2005).
The second dimension concerns political culture which, for Gohn (2005), is the exercise
of daily practice in social movements, leading to the accumulation of experience. Thus,
experiences from the past, such as oppression, denial of rights, among others, are rescued in the
collective imagination of the group in order to provide elements for the reading of the present.
In this way, through the dimension of political culture,
One learns not to be afraid of everything that has been inculcated as forbidden
and inaccessible. One learns to decode the why of restrictions and
prohibitions. One learns to be silent and resigned when the situation is adverse.
One learns to create specific codes to solidify the messages and flags of
struggle [...] one learns to elaborate discourses and practices according to
experienced scenarios. And one learns, above all, not to give up principles that
mark out certain interests as their own (GOHN, 2005, p. 19).
Therefore, it can be seen that the acquisition of the dimension of political culture allows
for the understanding of the contradictions that permeate hegemonic discourses and conceptions
(BOUTIN; FLATCH, 2017). Given the highlight, the experiences of young people in political
organizations facilitate the elaboration of strategies of struggles and tactics to confront the
conditions imposed by hegemonic power.
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Finally, the third spatio-temporal dimension, is articulated with the awareness generated
in political participation in a movement that leads to knowledge of the living conditions of
portions of the population, both in the present and in the past (GOHN, 2005). For the author,
the texts, debates, and events contribute to the formation of a historicized view of social
problems. This knowledge enables the identification of a relevant dimension in people's daily
lives, the built environment, and the space generated and appropriated by social classes in their
daily struggle.
Gohn (2005) assumes that the use of public space for group activities or the exercise of
individual manifestations constitutes a learning process that contributes to the development of
citizenship awareness regarding the use of public things. The author then concludes by stating
that the spatio-temporal dimension rescues elements of the fragmented consciousness of the
popular classes, helping in the articulation of the construction of points of resistance to the
dominant hegemony, in the sense of building a popular hegemony.
Therefore, the dimensions presented by Gohn (2005) point to the organized movement
in universities in the year 2016, including there those of the high school students, because both
made use of the public apparatus, literally occupying these spaces to manifest their repudiation
of the attacks within public services.
As for the passage from common sense to philosophical consciousness, the
contributions of Saviani (1996) and Iasi (1999) help to understand the qualitative leap that the
undergraduate participants in "Occupy everything" had. That is, by experiencing the day-to-day
theoretical-practical training of the movement, the interviewees were able to perceive reality in
a more critical, less fragmented way, seeking to be active and activists.
According to Saviani (1996), the process of consciousness involves the passage from
common sense to philosophical consciousness. The passage from one consciousness to another
means to free oneself from a fragmented, distorted, manipulated, incoherent, disjointed,
degraded, implicit, mechanical, passive, and simplistic conception to a unitary, articulated,
critical, contextualized, historicized, explicit, original, active, intentional, and cultivated
conception. As for consciousness, Iasi (1999, p. 17) clarifies that "it would be the process of
mental representation (subjective) of a concrete and external reality (objective), formed at this
moment, through its immediate insertion bond (perception). This means that consciousness is
generated by means of concrete relations between human beings and between human beings
and nature. Within the Marxist conception, the process of consciousness is seen as a dialectical
development, whereby each moment brings in itself the elements for its overcoming. For Iasi
(1999), the study about the development of consciousness provides the means to reflect on our
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own conception of education, enabling greater criticality, taking into account popular education
and its relations with the process of workers' consciousness.
In view of what has been discussed, it is important to note that the concept of political
participation needs to lead to
praxis
, i.e., that during the training course, future students can
also get involved in municipal issues, such as monitoring and social control of the Municipal
Education Plan (PME 2015-2025), as discussed by Raimann (2020). The involvement of
society, especially the school community, in the implementation and effectiveness of the PME
enables the struggle for a socially referenced education.
Final remarks
The research proposed to analyze the contribution of political participation of
undergraduates of UFG/Regional Jataí during the movement ''Occupy everything'' and how it
contributed to personal and professional training aimed at human emancipation.
Regarding the motivation of undergraduates to participate in political activities, it was
evidenced that the influence of readings that enabled the interpretation of the political scenario
in 2016, the discussions at the university about the coup in the government of President Dilma
Rousseff, the PEC No. 55, in addition to the representativeness of the movement, because it is
an exclusively student organization, were considered as drivers of the integration of the
interviewees in 'Ocupa tudo'.
From the study on the political participation of undergraduates, it was concluded that
the 'Ocupa Tudo' movement was one of the main fields of political education of the
interviewees, in this process of politicization. This means that the environment responsible for
the political formation of the undergraduates and with them a greater knowledge about class
struggle occurred outside the classroom and family environment.
In order to deepen the reflection on participation and its contributions to human
emancipation, it was initially discussed the educational character in social movements, by
which, it was concluded that the 'Ocupa Tudo' movement provided knowledge that is only
acquired through experiences in social movements, such as the dimensions of political
organization, political culture and spatial-temporal. In dealing with participation and political
formation, we firstly came to the conclusion that there is a need to break with the separatism
between the economic sphere and social relations so well propagated by liberal thinkers;
secondly, there is a need to move forward in relation to the movement that in its discourse
defended the fall of a system responsible for the social inequality caused by economic
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inequality, but that in practice coexists with the capitalist bourgeois domination, without
leading to its confrontation and, finally, there is a need to revise the Marxist tradition in
movements and political parties with ties closer to the bourgeois conception of the world than
to the Marxian analysis of political economy.
It was observed that the political activities of the undergraduates had as their initial
objective to ensure institutional achievements, especially those referring to education,
advancing to confront the State itself and bringing with it, also, class belonging. In this
perspective, the results reveal that the interviewees highlighted the concepts of struggle,
consciousness and political action as essential characteristics of the teaching work. And,
throughout their speeches, they affirmed the impossibility of dissociating teaching from
politics, since every social relationship is a political relationship.
For the research participants, political training is part of the dimensions related to
teachers' knowledge and, therefore, it is necessary so that teachers can act in face of the multiple
challenges that surround them in school, as well as understand and defend their profession,
which is the target of attacks by the business sectors.
In this way, we conclude that the " Ocupa Tudo" movement, besides the national impact
that it caused in the country and all the amplitude that the organization generated in student
movements in all the states, meant for the UFG/REJ undergraduates a space for political
education, developing consciousness from a critical perspective and acquiring knowledge that
enabled them to contribute to the formation of the teaching identity.
ACKNOWLEDGEMENTS:
CAPES- Social Demand Scholarship
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SANTOS, N. H.; RAIMANN, E. G. Political participation and teacher education: “Ocupa tudo”
movement in Jataí Public University (Goiás).
Revista on line de Política e Gestão
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Submitted
:
03/11/2021
Revisions required
: 22/12/2021
Approved
: 19/02/2022
Published
: 31/03/2022
Management of translations and versions: Editora Ibero-Americana de Educação