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Fenômeno da medicalização nas escolas: Representações sociais de professores(as)
RPGE
–
Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022003, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029
DOI:
https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.16461
1
FENÔMENO DA MEDICALIZAÇÃO NAS ESCOLAS: REPRESENTAÇÕES
SOCIAIS DE PROFESSORES(AS)
FENÓMENO DE LA MEDICALIZACIÓN EN LAS ESCUELAS:
REPRESENTACIONES SOCIALES DEL DOCENTE
MEDICALIZATION PHENOMENON IN SCHOOLS: TEACHERS’ SOCIAL
REPRESENTATIONS
Rafaella Oliveira RESENDE
1
Rosely Ribeiro LIMA
2
RESUMO
: O presente artigo apresenta resultados de uma pesquisa que objetivou levantar
quais são as representações sociais de professores(as) sobre o fenômeno da medicalização nas
escolas e suas possíveis repercussões diante das políticas educacionais para pensar a saúde das
crianças em seu processo de aprendizagem. Foram entrevistados(as) 72 professores(as) que
atuam na educação infantil e primeira fase do ensino fundamental de escolas públicas e
privadas de uma cidade do interior de Goiás, diante de um roteiro semiestruturado. Os dados
foram processados no
software
IRAMUTEQ. As análises interrelacionaram as contribuições
entre a Psicologia Social, especificadamente da TRS, a Psicologia da Educação e a Política
Educacional. As representações sociais identificadas dizem respeito a consideração e crença
do uso do medicamento pelas crianças como fator importante para o andamento da prática
educativa; uma problemática sistêmica gerada pelo capitalismo, que está afetando o processo
de ensino-aprendizagem escolar e a própria saúde da população.
PALAVRAS-CHAVE
: Alunos(as). Professores(as). Medicalização. Representações sociais.
Política Educacional.
RESUMEN:
Este artículo presenta los resultados de una investigación que tuvo como
objetivo identificar las representaciones sociales de los docentes sobre el fenómeno de la
medicalización en las escuelas y sus posibles repercusiones en las políticas educativas para
pensar la salud de los niños en su proceso de aprendizaje. Entrevistamos a 72 docentes que
actúan en la educación infantil y en la primera fase de la enseñanza fundamental en escuelas
públicas y privadas de un municipio del interior de Goiás, frente a un guión
semiestructurado. Los datos fueron procesados mediante el software IRAMUTEQ. Los
análisis interrelacionaron los aportes entre la Psicología Social, específicamente la TRS, la
Psicología Educativa y la Política Educativa. Las representaciones sociales identificadas se
refieren a la consideración y creencia en el uso de medicamentos por parte de los niños como
un factor importante para el progreso de la práctica educativa; un problema sistémico
generado por el capitalismo, que está afectando el proceso de enseñanza-aprendizaje escolar
y la propia salud de la población.
1
Universidade Federal de Jataí (UFJ), Jataí
–
GO
–
Brasil. Programa de Pós-Graduação em Educação. ORCID:
https://orcid.org/0000-0001-8255-7061. E-mail: rafaella.resende@hotmail.com
2
Universidade Federal de Jataí (UFJ), Jataí
–
GO
–
Brasil. Docente do Programa de Pós-Graduação em
Educação. ORCID:
https://orcid.org/0000-0002-5223-1826. E-mail: roselylima@ufj.edu.br
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Rafaella Oliveira RESENDE e Rosely Ribeiro LIMA
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PALABRAS CLAVE:
Estudiantes. Maestros. Medicalización. Representaciones sociales.
Política educativa.
ABSTRACT:
This article presents the results of a research that aimed to find out what are
the social representations of teachers about the phenomenon of medicalization in schools and
its possible repercussions on educational policies to think about children's health in their
learning process. We interviewed 72 teachers who work in early childhood education and the
first phase of elementary education in public and private schools in a city in the interior of
Goiás, using a semi-structured script. Data were processed using the IRAMUTEQ software.
The analyzes interrelated the contributions between Social Psychology, specifically TRS,
Educational Psychology and Educational Policy. The social representations identified are
about the consideration and belief in the use of medication by children as an important factor
for the progress of educational practice; a systemic problem generated by capitalism, which
is affecting the school teaching-learning process and the population's own health.
KEYWORDS:
Students. Teachers. Medicalization. Social representations. Educational
policies.
Introdução
A Teoria das Representações Sociais (TRS) foi defendida por Serge Moscovici no ano
de 1961 em sua obra intitulada “A representação social da psicanálise”
. Decorreu-se de
inspirações diante da Sociologia de Durkheim, sucessivamente, desenvolveu-se inserida e
alimentada pela Psicologia Social. As problematizações giraram em torno da interrelação
entre sujeito e objeto e como o processo de elaboração de conhecimentos sociais são
dinamizados; as questões de pesquisa também buscaram entender como esses conhecimentos
são partilhados pela população e como serviram enquanto norteadores para a prática
individual e social.
A TRS se diferencia do fenômeno das representações sociais, pois a primeira se
apresenta como uma teoria psicológica e social do conhecimento, que busca entender e
explicar o processo de estruturação do saber a partir da construção de representações sociais,
enquanto o segundo seria manifestações complexas e dinâmicas formadoras de um saber
social e prático sobre um objeto específico, sendo assim, entendido enquanto fenômeno.
Intenta-se dizer que as representações sociais podem ser concebidas como teorias
coletivas acerca de fenômenos vivenciados pelas pessoas, as quais, a partir de tais teorias,
geram conhecimentos que partem do senso comum e ao mesmo tempo recebem influência do
universo reificado, sendo seus conteúdos socialmente construídos de forma a designar um
modelo de pensamento social e se tornam saberes interpretativos e práticos da realidade.
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Jodelet (2001) aponta as representações sociais como sendo capazes de orientar e dirigir o
comportamento e a comunicabilidade de uma sociedade.
Além disso, elas auxiliam na transmissão e assimilação dos conhecimentos. Por
conseguinte
, e
ntender as representações sociais dos(as) professores(as) sobre fenômenos que
geram questões problematizadoras sobre a área de Educação se faz relevante na medida em
que se torna possível conhecer um pouco mais sobre a realidade da Educação no Brasil diante
do objeto de pesquisa construído acerca do fenômeno da medicalização nas escolas.
Ao tentar compreender os conhecimentos construídos e vivenciados pelas pessoas
acerca das representações sociais sobre determinado fenômeno, é importante verificar como
ele se instaura no ambiente em que ele é dinamizado historicamente, como também diante de
seu contexto. No caso da medicalização nas escolas, verificou-se que o processo de
medicalização surgiu a partir de movimentos higienistas. Zucoloto e Patto (2007) destacam
que as práticas higienistas emergiram diante do discurso de impor hábitos saudáveis a partir
das escolas, evitando a proliferação de doenças.
Um dos eventos que contribuiu para o crescimento e a manutenção da medicalização
de alunos(as) no ambiente escolar foi a atribuição de patologias ligadas ao fracasso escolar.
Nesse cenário, passou a ser comum notar que aquelas crianças que apresentassem quaisquer
dificuldades na aprendizagem, ou que não se comportassem conforme o que se era esperado
pela instituição, eram rapidamente patologizadas e medicamentalizadas.
De acordo com Collares e Moysés (2013), o Brasil pode ser apontado como um dos
países que mais possui diagnósticos voltados para problemas e transtornos vinculados ao
processo educativo e, consequentemente, ao fracasso escolar, tendo em vista que é um dos
maiores consumidores mundiais de metilfenidato, elemento presente em medicamentos como
Ritalina® (Novartis) e Concerta® (Jansen).
A partir disso, entende-se que compreender as representações sociais dos(as)
professores(as) sobre um fenômeno que permeia todo âmbito da Educação é de extrema
relevância, pois permite que seja possível visualizar parte da realidade das escolas na
atualidade e como os(as) profissionais têm enfrentado a relação entre as dificuldades de
aprendizagem e o uso contínuo de medicamentos pelos(as) alunos(as).
Nesse pequeno recorte investigativo, diante do contexto educativo, pode-se intentar
generalizações no sentido de entender processos sociais e destacar a influência do sistema
econômico capitalista e da sociedade de classes nessa dinâmica educativa. Pois, conforme
Moysés e Collares (2014, p. 60-
61), “A Medicina constrói, assim, artificialmente, as doenças
do não-aprender e as doenças do não-se-comportar e a consequente demanda por serviços de
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saúde especializados, ao se afirmar como a instituição competente e responsável por sua
resolução.”
Investigar esse recorte de contexto educativo é, também, compreender os
múltiplos fatores que envolvem os distúrbios de aprendizagem, e de outro lado, destacar como
os direcionamentos da política educacional podem reduzir esse fenômeno, aprisionando-o ao
espaço escolar.
Finalmente, as pesquisas que se esforçam em interrelacionar a TRS, a Psicologia da
Educação e a Política Educacional podem favorecer a elaboração de compreensões e
superações do capitalismo e da sociedade de classes.
Travessia metodológica e contorno dos resultados obtidos
A pesquisa quanti-qualitativa desenvolvida foi pautada a partir do referencial da
Teoria das Representações Sociais (TRS). Enquanto uma teoria-metodológica, de um lado,
defende o paradigma que compreende que não existe separação entre indivíduo e sociedade e,
de outro lado, dispõe de metodologias investigativas e científicas que oferecem elementos
para a compreensão dessa interrelação. O estudo se desenvolveu em duas etapas, as quais
foram realizadas simultaneamente. Inicialmente, foi feito um levantamento documental e
bibliográfico acerca do objeto de estudo da referida investigação, além do referencial teórico
em que foi baseada. Posteriormente, iniciou-se a realização da pesquisa empírica, com o
intuito de coletar os dados, ou melhor definindo, os conteúdos das possíveis representações
sociais.
O instrumento de coleta de dados/conteúdos utilizado foi um roteiro semiestruturado
que serviu como base para a realização de entrevistas. Utilizou-se um programa
computacional para o processamento das entrevistas de modo a auxiliar na organização
lexical e de conteúdo advinda das falas dos(as) entrevistados(as), o
software
empregado foi o
Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires
(IRAMUTEQ). Antes de ser iniciada, a pesquisa passou pela aprovação do Comitê de Ética e
Pesquisa da Universidade Federal de Goiás (UFG)
–
Regional Jataí, atual Universidade
Federal de Jataí (UFJ). A interpretação e a análise dos dados/conteúdos foram fundamentadas
pela TRS inserida na Psicologia Social, simultaneamente, pelas contribuições advindas da
Psicologia da Educação e da Política Educacional.
Na pesquisa, foram entrevistados(as) 72 (setenta e dois) professores(as) de escolas
públicas municipais e privadas urbanas de uma cidade do interior do Estado de Goiás, que
atuam na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, compreendendo um
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universo de profissionais que realizam suas atividades de trabalho desde o berçário
3
até o
quinto ano do ensino fundamental. Dessa amostra, 46 (quarenta e seis) eram de escolas
públicas, 22 (vinte e dois) de escolas privadas e 04 (quatro) atuavam em ambas as instituições.
Dos(as) 72 (setenta e dois) professores(as) entrevistados(as), 24 (vinte e quatro) afirmaram
que já tinham atuado nos dois setores em algum momento da vida profissional, no entanto, até
o instante em que foram entrevistados(as), estavam trabalhando somente em um setor.
Dentre os(as) professores(as) entrevistados(as), 66 (sessenta e seis) eram formados(as)
em Pedagogia; destes, 20 (vinte) possuíam uma segunda formação. Os(as) 06 (seis)
professores(as) restantes tinham formações em cursos diversificados como Psicologia,
Direito, Matemática, Educação Física e Normal Superior. Os cursos de formação secundária
citados pelos(as) professores(as) foram: Direito, Administração, História, Biologia,
Matemática, Letras, Recursos Humanos, Normal Superior, Nutrição, Artes Visuais, Zootecnia
e Filosofia.
No que se refere ao tempo de atuação dos(as) profissionais entrevistados(as), 25%
apresentaram ter de 0 a 5 anos de atuação, 22,3% de 6 a 10 anos, 9,7% de 11 a 15 anos, e 43%
acima de 16 anos de experiência enquanto profissionais da área da Educação. No geral, os(as)
professores(as) apresentaram uma média de 14,8 anos de experiência na profissão de
professor(a). O tempo de atuação variou entre o mínimo de 03 (três) meses de trabalho e o
máximo de 40 (quarenta) anos.
Os(as) professores(as) entrevistados(as) são pessoas de diferentes gêneros e
orientações sexuais e pelo fato de não existir a intenção de acessar qual gênero os(as)
mesmos(as) se identificam, preferiu-se utilizar um substantivo neutro para representá-los ao
lado de suas narrativas, no relatório completo da pesquisa. Conforme apontado por Campos
(2007), nas últimas décadas houve mudanças sociais marcantes, dentre as quais puderam se
destacar eventos como: o direito adquirido pelas mulheres em ingressar no mercado de
trabalho; o desenvolvimento e a disseminação de novas tecnologias e dos meios de
comunicação; a identificação da diversidade da estrutura familiar, racial e étnica; as diferentes
orientações sexuais, a divulgação de novas expressões de religiosidade; e, por fim, a
constatação da educação enquanto valiosa para o desenvolvimento da economia e como fator
de mobilização social.
O reconhecimento da função socializadora e transformadora da educação propõe uma
reflexão acerca das influências, incumbências e modelagens históricas que a educação, a
3
Mesmo com pouca idade, observou-se por meio dos relatos a existência de alunos(a) já com diagnósticos desde
o berçário.
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Rafaella Oliveira RESENDE e Rosely Ribeiro LIMA
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escola e os(as) professores(as) sofrem diante do sistema econômico capitalista e de uma
sociedade de classes. Destaca-se o papel fundamental da mulher na transformação da
sociedade, ou, na medida do possível, da não disseminação de “violências simbólicas ou
físicas” em contextos sociais, ou mesmo,
institucionais e/ou privados; como também, ressalta-
se a luta dos movimentos sociais dos(as) negros(as), dos indígenas e da comunidade
LGBTQIA+, para as devidas transformações da escola e da sociedade.
Nas entrevistas, inicialmente foi apresentada
a seguinte pergunta: “Você considera que
existe diferença na atuação do(a) professor(a)
comparando a escola pública e a privada?”.
Diante desta questão, 50 (cinquenta) profissionais afirmaram que sim e 22 (vinte e dois)
falaram que não. Localizando os(as) professores(as) que atuam nas escolas públicas, 33 (trinta
e três) afirmaram que sim e 13 (treze) apresentaram que não. Buscando os(as) professores(as)
das escolas privadas, 20 (vinte) falaram que sim e 02 (duas) disseram não, e dos(as)
professores(as) que atuam em ambas as instituições, 03 (três) falaram sim e 01 (um) não.
Portanto, aproximadamente 70% responderam que existe diferença entre as duas instituições
quanto à atuação docente.
Perante as respostas, foi solicitado que os(as) entrevistado(as) justificassem sua
escolha. Os(as) professores(as) que atuam nas escolas públicas destacam que na instituição
privada existe maior participação dos pais na vida escolar dos(as) filhos(as), ainda afirmam
que por ter diferença, seus(suas) próprios(as) filhos(as) estudam nas escolas privadas. Esses
dados/narrativas são recorrentes nos estudos sobre a importância da família na vida escolar
das crianças.
Valle (2003) destaca que a manutenção das relações entre família e escola aumenta o
potencial de desenvolvimento das crianças. Santos (2006) expõe em seu trabalho, que a
ausência dos pais em relação à educação de seus(suas) filhos(as), pode interferir em seu
desempenho escolar. No entanto, a ausência física dos pais no ambiente escolar não significa
necessariamente que eles se eximem de suas responsabilidades no que se refere ao apoio que a
criança necessita durante a vida escolar.
Os fatores que levam à diferença de participação dos pais na vida escolar dos(as)
filhos(as) de instituições públicas e privadas podem ser diversos: indisponibilidade de tempo
por conta do horário de trabalho; a falta de conhecimento para auxiliá-los(las) no processo
(tendo em vista que muitos pais podem possuir um nível de escolaridade menor que o(a) do(a)
filho(a)); dimensões socioculturais; perspectivas históricas e políticas. Mesmo se enquadrando
em algum destes fatores, muitos ainda se fazem presentes, conseguindo atender às
necessidades educativas de suas crianças se adequando a rotina da família.
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No que se refere às respostas dos(a) professores(as) de escolas privadas sobre a
pergunta apresentada inicialmente, além de pontuarem acerca da maior proximidade da
família na instituição que trabalham, apontam que o nível de ensino dessas escolas se
apresenta como superior por conta dos materiais e recursos existentes, incluindo a presença de
apostilados. De modo geral, os(as) entrevistados(as) entendem que tais fatores se enquadram
como elementos que afetam diretamente na atuação dos(as) professores(as).
A precariedade das estruturas nas escolas pode realmente afetar no desempenho e
desenvolvimento profissional dos(as) professores(as) e, consequentemente, no aprendizado
dos(as) alunos(as). Contudo, vale ressaltar que a presença de algum tipo de apostilado ou de
franquia de ensino não significa necessariamente uma superioridade educativa entre escolas.
Ademais, assim como exposto por Libâneo (2015), as escolas não devem se limitar somente
aos materiais didáticos para transmitir e transpor conhecimento. Os(as) alunos(as) devem ser
apresentados(as) a um conhecimento advindo não só dos livros, como também, elaborados e
dinamizados pela ciência, pelos processos históricos, sociais, culturais e políticos.
A medicalização nas escolas: recorte de dados/conteúdos e suas possíveis implicações
para a prática educativa e para a saúde da população
Após a exposição de saberes sobre as diferenças entre a atuação de docentes de escolas
públicas e privadas, os(as) participantes da pesquisa foram questionados(as) acerca de suas
experiências com alunos(as) que possuíssem algum tipo de diagnóstico descrito em laudo de
profissionais da saúde; em seguida, responderam se conseguiam quantificar os casos e se
saberiam dizer quais os diagnósticos que estes(as) alunos(as) apresentavam. Após a
quantificação dos resultados, verificou-se que 71 (setenta e um) professores(as) conheciam ou
já deram aula para crianças com diagnóstico, apenas 01 (um/a) docente relatou não ter tido
essa experiência. Das 71 (setenta e uma) pessoas, 32 (trinta e duas) não souberam quantificar
quantos alunos(as) estavam matriculados(as) e, ao mesmo tempo, vinculados(as) a laudos de
profissionais da saúde, ou já conheceram ao longo de suas carreiras. Finalmente, a partir
desses dados, constatou-se uma média de 4,2 alunos(as) com diagnósticos apresentados em
laudos de profissionais da saúde.
Em relação ao conhecimento acerca dos diagnósticos, 01 (um) entrevistado(a) expôs
que, por não ter tido contato com alunos(as) que possuíssem laudo, não poderia apontar
nenhum tipo de diagnóstico. Ademais, 04 (quatro) professores(as) não souberam informar
sobre quais diagnósticos seus(suas) alunos(as) apresentavam, e 67 (sessenta e sete)
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conseguiram destacar entre 01 e 06 (um a seis) diagnósticos conhecidos ao longo de sua
carreira.
Os diagnósticos indicados foram: o Transtorno do Déficit de Atenção com
Hiperatividade (TDAH) desponta em 71,6% das respostas; o Transtorno do Espectro Autista
(TEA) aparece em 67,2% dos apontamentos; o Transtorno do Déficit de Atenção (TODa) é
relatado em 16,4% das respostas; a Síndrome de Down assoma em 10,4% das explanações,
assim como a Deficiência Auditiva; a Dislexia aparece em 7,5% dos relatos; a Deficiência
Visual em 5,9% das falas; o Transtorno Opositivo-Desafiador (TOD) em 4,5% dos relatos,
assim como a Epilepsia; a Esquizofrenia foi apontada em 2,9% das respostas, da mesma
maneira que a Mudez e o Retardo Mental, conforme Figura 01.
Figura 1
–
Gráfico que apresenta a porcentagem de diagnósticos citados pelos(as)
entrevistados (as), conforme a especificidade do laudo
75,00%
67,200%
16,400%
10,400%
10,400%
7,500%
5,900%
4,500%
4,500%
2,900%
2,900%
2,900%
00,20,40,60,8
TDAH
Autismo
TDA
Síndrome de…
Deficiência…
Dislexia
Deficiência…
TOD
Epilepsia
Esquizofrenia
Mudez
Retardo…
Fonte:
Dados advindos da pesquisa
Alguns diagnósticos foram citados apenas uma vez, como foi o caso do Transtorno de
Personalidade, Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD), Paraparesia Espástica,
Encefalopatia, Dificuldade Linguística, Dificuldade Motora, Problema Mental, Distúrbio
Mental, Discalculia, Disgrafia, Quociente de Inteligência Baixo, Deficiência Física,
Microcefalia, Deficiência Intelectual, Síndrome de Irlen. Destaca-se que os dados e os
diagnósticos apresentados se basearam exclusivamente nos relatos dos(as) professores(as).
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No que se refere às questões acerca do fenômeno da medicalização nas escolas, as
respostas foram organizadas em um
corpus
único para que as mesmas pudessem ser
processadas com o uso do
software
IRAMUTEQ. Com o emprego deste programa
computacional, todas as falas da entrevista de cada participante foram consideradas como uma
Unidade de Contexto Inicial (UCI), ou pode-se nomear de texto. Cada um destes se divide em
Unidades de Contexto Elementar (UCEs), seguimentos de texto, ou melhor definindo,
fragmentos de texto, dimensionados pelo próprio
software
via
lematização. Após esta
separação, é processada a Unidade de Contexto (UC), ou o Reagrupamento de Segmentos de
Texto (RST) que permitirá, posteriormente, a realização da análise fatorial de
correspondência, se valendo da frequência e incidência de palavras e das próprias classes
processadas contendo um cruzamento do vocabulário homogêneo e consensual coletado,
gerando uma imagem gráfica.
O
software
propõe seis possibilidades de análises textuais, sendo elas: estatística
(análises lexicográficas); processamento de especificidades de conteúdos; análise fatorial de
correspondência; classificação (método de Reinert); similitude e nuvens de palavras. Os dados
apresentados neste artigo se referem à organização diante das ferramentas de lematização, de
análise fatorial de correspondência e de classificação e geração de classes realizada pelo
programa computacional, que permitem a análise categorial dos dados diante de uma possível
análise de conteúdo pelo(a) pesquisador(a). Tal organização busca apresentar classes de
seguimentos textuais que, concomitantemente, oferecem vocabulários similares entre si e
distintos dos segmentos das outras classes. A partir disso, o programa apresenta um
dendrograma
que ilustra as relações entre as classes.
O número de classes identificado e processado foi 04 (quatro), o que significa dizer
que existe consonância entre os relatos dos(as) entrevistados(as), apontando para a existência
de um consenso acerca do que se entende sobre o fenômeno em estudo e como esses sujeitos
vivenciam o processo de medicalização nas escolas, possibilitando assim, a compreensão de
quais representações sociais emergem a partir dos conteúdos das falas.
Essa divisão de classes permitiu uma categorização do conteúdo das entrevistas em
partes distintas. No entanto, é importante destacar a existência de pontos de intersecção, que
ficam mais evidentes e mais bem compreendidos quando o programa destaca as palavras mais
relevantes e significativas para cada uma das classes, conforme a Figura 02:
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Figura 2
–
Dendrograma que apresenta os pontos de intersecção entre as classes dos
conteúdos das falas dos(as) entrevistados(as) e a relevância das palavras mais consensuai
s
Fonte: Dados advindos da pesquisa
A classe que apresentou maior percentual no
corpus
foi a de número 1, dispondo de
um total de 31,1% de UCEs
. Baseada em seu conteúdo, tal classe foi intitulada “Função
Docente”. A segunda classe mais evidente foi a de número 3, compondo um percentual de
24,2% de UCEs. Essa
recebeu o título de “A inconstância no tratamento medicamentoso”. Em
seguida, apresentou-
se a classe de número 2 com 23,3% de UCEs, nomeada por “A
medicalização como procedimento necessário para a prática educativa” e, por fim, a de
número 4 perfazendo o percentual de 20,9% de UCEs, intitulada por “Uso contínuo de
medicamento”. A partir do den
drograma, verifica-se que os conteúdos das classes 2 e 3
possuem uma forte proximidade entre si, já as classes 1 e 4 se distanciam, apresentando
características muito próprias para cada uma.
O número de classes apresentadas não coincide necessariamente com a quantidade de
representações sociais envolvidas, sendo assim, para compreender se essas indicam alguma
representação social, é necessário realizar uma análise do seu conteúdo.
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Diante da Classe 1, identificam-se os seguintes conteúdos consensuais sobre a função
docente frente ao fenômeno da medicalização nas escolas: a ação de administrar medicamento
aos(as) alunos(as) não deve ser considerada como parte da função docente, por mais que
alguns(algumas) entrevistados(as) já realizaram tal comportamento; ademais, além das
práticas de ensino, o(a) professor(a) apresenta como função a precisão e dever de orientar e
alertar os pais sobre os conflitos e dificuldades enfrentados pelo(a) filho(a) na escola,
principalmente no que se refere ao seu processo de aprendizagem, de modo a advertir acerca
das possibilidades da existência de algum tipo de adoecimento ou psicodiagnóstico. Assim, a
função docente frente às dificuldades de aprendizagem são de alertar os pais para uma
possível busca de soluções fora da escola. Todavia, a solução fora da instituição para esses
desafios, muitas vezes está ligada na apresentação de laudos médicos e na indicação de
medicamentos como garantia de um resultado importante para o processo educativo.
De acordo com Costa
et al.
(2019), com o aumento crescente da demanda de crianças
com algum tipo de diagnóstico, o imediatismo para solucionar esses problemas ganhou
espaço de modo a considerar os problemas educacionais como algo que deveria ser tratado de
modo emergencial, o que colabora com a ideia de que a medicação pode se apresentar como
uma principal forma de solução, por alcançar resultados rápidos.
A partir disso, Costa
et al.
(2019) afirmam que a ideia de que os(as) professores(as)
devem ser os responsáveis por apontar e registrar os primeiros sinais de prováveis distúrbios
ligados ao processo de aprendizagem se fortalece, tendo em vista que, por acompanharem de
perto o processo de aprendizagem dos(as) alunos(as), e verificarem desde cedo qualquer
dificuldade ou diferença que seja, os (as) docentes se sentem seguros(as) em fornecer algum
tipo de alerta aos pais, de modo a permitir que estes busquem por soluções o mais rápido
possível.
A função do profissional de educação, neste caso, é ancorada na ideia do cuidado com
a saúde mental das crianças, uma dimensão importante para os desafios educacionais; todavia,
mergulhados(as) em discursos hegemônicos de eficiência e eficácia, os(as) professores(s) são
cobrados(as) e cobram por resultados rápidos no processo educativo. Uma problemática
sistêmica gerada pelo capitalismo, que está afetando o processo de ensino-aprendizagem
escolar e a própria saúde mental da população.
Mesmo que a maioria dos(as) entrevistados(as) afirma que não se sente apta para
administrar o medicamento aos(as) alunos(as), essa maior parte da categoria profissional
compreende que está preparada para indicar uma provável interpretação da existência de um
possível diagnóstico que desafia o processo de aprendizagem. De certa forma, essa atitude
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seria compreendida como uma ação que contribui para o processo educativo, vinculando-se à
função primordial de promover a efetiva aprendizagem dos(as) alunos(as), pois ao serem
diagnosticados(as) e medicados(as), eles(as) conseguiriam melhor desenvolver as atividades
propostas em sala.
Diante disso, identifica-se uma representação social dos(as) profissionais
professores(as) diretamente vinculada à pressão do sistema econômico capitalista que os(as)
força a serem competentes para a possível indicação de problemas de aprendizagem, sendo
uma forma de relatar aos pais uma interpretação inicial de um possível diagnóstico e, assim,
sucessiva e sistemicamente, se os responsáveis pelas crianças não encaminham a devida
solução diante de outros(as) profissionais fora do ambiente escolar, os(as) próprios(as)
professores(as) não se sentem aptos(as) para darem andamento no trabalho com o(a) aluno(a)
sem a confirmação oficial da indicação da diferença ou deficiência da criança para o melhor
desempenho de seu ofício, finalmente, também querem resolver de forma rápida o problema
da aprendizagem.
No que se refere às demais classes processadas pelo programa computacional, em
relação aos vários pontos de intersecção, considera-se que as classes 2, 3 e 4 possuem fortes
relações entre si, apresentando uma só representação social, que seria considerar o uso do
medicamento como procedimento necessário para o andamento da prática educativa. Os(as)
professores(as) são afetados(as), experienciam e reproduzem o fenômeno em estudo e
pesquisa, que é o da medicalização nas escolas, e passam por um processo de ancoragem para
torná-lo familiar, construindo uma interrelação entre o medicamento e o sucesso na
aprendizagem escolar de alunos(as) com diferença ou deficiência frente a rotina escolar ou
diante da própria cultura instituída no contexto que vivenciam.
Além disso, para conseguirem acreditar que estão desempenhando a sua função, na
urgência que os acontecimentos ocorrem no processo educativo, os(as) professores(as) vão
ajudando no processo de naturalização do fenômeno, observa-se que as dificuldades de
aprendizagem passam a ser entendidas dentro de uma realidade própria de um contexto da
área da Saúde; este baseado na ideia de que todo aquele comportamento que foge de um
padrão, recebe uma conotação de doença, devendo ser diagnosticado e, consequentemente,
medicalizado para ser solucionado. Verifica-se que um saber da área da Saúde é apropriado
pela área da Educação.
O medicamento apresenta-se não só como ferramenta importante para solução de
doenças, como também de problemas ligados ao processo de ensino-aprendizagem. Os(as)
professores(as) entendem que o seu uso é tão eficaz que, mesmo que tenha efeitos adversos
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Fenômeno da medicalização nas escolas: Representações sociais de professores(as)
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como sono, perda de apetite e apatia, as crianças se desenvolvem, havendo uma melhora
considerável no seu processo de aprendizado, sendo capaz de superar os impactos negativos
que o consumo da medicação pode causar. Nesse sentido, “[...] a
medicalização da vida de
crianças e adolescentes articula-se com a medicalização da educação na invenção das doenças
do não-
aprender”
(COLLARES; MOYSÉS, 2013, p. 3).
Ademais, uma observação que se destacou nessas classes de conteúdos foi a questão
da inconstância no tratamento, em que os(as) professores(as) notavam que os pais, muitas
vezes, deixavam de ministrar os remédios para os(as) seus(suas) filhos(as) ou forneciam uma
dosagem maior do que se é recomendado. Foi identificado importante relação entre esse
achado e a sociedade de classes, especificadamente, a diferença econômica entre as famílias
dos(as) alunos(as). Esses episódios fortaleceram a crença de que, quando aplicado de maneira
responsável e correta, o medicamento é benéfico para o processo de ensino-aprendizagem,
regulando as condutas das crianças, pois os(as) professores(as) relatam que na ausência da
medicação, tornava-se evidente um retrocesso na aprendizagem do(a) aluno(a), pois esses não
conseguiam emitir comportamentos conforme as regras da cultura escolar.
Finalmente, os resultados apontam para a forte influência dos discursos hegemônicos
de controle, de padronização comportamental, de busca de resultados eficientes e rápidos para
o melhor andamento do processo educativo. A reprodução de representações sociais de
professores(as) sobre o fenômeno da medicalização nas escolas diante desse conteúdo
recolhido, fortalecem esses discursos que levam ao norteamento prático e a própria
constituição da rotina escolar para a busca de qualidade de vida e saúde da população, que
está diretamente vinculada à incompreensão gerada de forma intencional pelo sistema
econômico capitalista sobre a importância da consciência acerca da natureza humana na
interrelação cultural, social, política e histórica de um país.
Considerações finais
Ao se aproximar dos conteúdos trazidos nas falas dos(as) professores(as) durante as
entrevistas, verifica-se a existência de representações sociais que apresentam o discurso
médico como um saber inquestionável. Os conteúdos que apresentam problematizações da
aprendizagem, fomentada no espaço educativo, se ancoram na área da Saúde para a possível
resolução desses desafios. A imagem que se vê é de uma criança que foge aos padrões
comportamentais exigidos pela cultura escolar e a solução encontrada na urgência da prática
educativa é de interpretar diferenças e deficiências para a devida e rápida solução junto a um
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Rafaella Oliveira RESENDE e Rosely Ribeiro LIMA
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possível laudo médico e o uso de medicamentos. Espaço fértil para a incompreensão de
fatores históricos e políticos que condicionam as desigualdades sociais e estão inseridos, ou
melhor, estão enraizados no subsolo das escolas e os(as) professores(as) só conseguem
interpretar o caule e a copa da árvore da instituição escolar, mas não as raízes geradas pelo
sistema econômico capitalista que transportam minerais que estão em contínuo controle da
escola como ambiente fértil para a automatização humana.
Diante dessa representação social dos(as) professores(as) cujo conhecimento médico,
em forma oficial de laudo que apresenta diagnóstico, é indiscutível, entende-se que os pais e
os(as) professores(as) consentem e concordam com o tratamento medicamentoso, mesmo que
seja evidente os efeitos colaterais nas crianças que o consomem. Nas falas colhidas, observou-
se que não se dá espaço e chance para uma forma alternativa para o desenvolvimento do
processo de ensino-aprendizagem, em que se acolha e atenda o(a) aluno(a) dentro de suas
especificidades e particularidades, de modo a respeitar o seu tempo e necessidades diante da
dinâmica da construção processual de conhecimentos e tomadas de consciência
emancipatória.
Assim como exposto por Moysés (2001), o(a) professor(a) fica dependente a uma
ciência médica que confere um diagnóstico, através de sua visão clínica sobre os processos do
não aprender. Em consequência disso, esse diagnóstico carrega em si imagens de
complicações àquela criança que não aprende, e traz a ideia de que o consumo de um
medicamento poderia solucionar toda dificuldade apresentada. Para essa mesma autora, o
remédio apresenta-se como ferramenta para evitar o fracasso escolar, porém, o que se oferece
para aquela criança é uma droga que visa à obediência, ao disciplinamento, explicitando dessa
forma, um dos vieses das práticas higienistas.
Diante disso, reflete-se sobre a importância de uma política educacional estruturada
em medidas planejadas, intervindo nos processos formativos e informativos, que considere as
condições concretas da escola e que implemente, juntamente com o Ministério Público, ações
que promovam reestruturações desse cenário, de forma a atender às demandas identificadas.
Vale lembrar que as políticas educacionais são de suma relevância para a implantação de uma
educação mais democrática e inclusiva, de modo a considerar não só as especificidades locais
de cada escola, como as sociais, econômicas, políticas, culturais e históricas.
AGRADECIMENTOS
: Agradecimentos à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (CAPES) pela bolsa concedida, auxiliando no investimento e aperfeiçoamento
deste estudo e pesquisa.
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Fenômeno da medicalização nas escolas: Representações sociais de professores(as)
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Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022003, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029
DOI:
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REFERÊNCIAS
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Desidades:
Revista Eletrônica de Divulgação Científica da Infância e Juventude
, Rio de Janeiro, n. 1,
p. 11-21, 2013. Disponível em https://revistas.ufrj.br/index.php/desidades/article/view/2456.
Acesso em: 11 nov. 2021.
COSTA, T. S.
et al
. Papel do professor face à medicalização: estudo exploratório no território
brasileiro.
Psicologia da Educação
, São Paulo, v. 49, p. 89-97, 2019. Disponível em:
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psie/n49/n49a10.pdf. Acesso em: 11 nov. 2021.
JODELET, D. Representações Sociais: um domínio em expansão.
In
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. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2001.
LIBÂNEO, J. C.
Organização e gestão da escola:
teoria e prática. 6. ed. São Paulo: Heccus,
2015.
MOYSÉS, M.A.A.
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l: crianças que não aprendem na escola.
São Paulo: Mercado das Letras, 2001.
SANTOS, G. B.; As estratégias de fuga e enfrentamento frente às adversidades do trabalho
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Estudos e Pesquisas em Psicologia
, v. 6, p. 1-6, 2006. Disponível em:
https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revispsi/article/view/11090. Acesso em 11 nov.
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VALLE, L. E. L. R. Psicologia Escolar: Um duplo desafio.
Psicologia Ciência e Profissão
,
Brasília, v. 23, n. 1, p. 22-29, 2003. Disponível em:
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11 nov. 2021.
ZUCOLOTO P. C. S. V.; PATTO M. H. S. O médico higienista na escola: as origens
históricas da medicalização do fracasso escolar.
Revista Brasileira de Crescimento e
Desenvolvimento Humano
, São Paulo, v. 17, n. 1, p. 136-145, abr. 2007. Disponível em:
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
12822007000100014&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 11 nov. 2021.
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Rafaella Oliveira RESENDE e Rosely Ribeiro LIMA
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Como referenciar este artigo
RESENDE, R. O.; LIMA, R. R. Fenômeno da medicalização nas escolas: Representações
sociais de professores(as).
Revista on line de Política e Gestão Educacional
, Araraquara, v.
26, n. 00, e022003, jan./dez. 2022. e-ISSN:1519-9029. DOI:
https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.16461
Submetido em
:
02/11/2021
Revisões requeridas em
: 26/12/2021
Aprovado em
: 20/02/2022
Publicado em
: 31/03/2022
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Medicalization phenomenon in schools: Teacher´s social representations
RPGE
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Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022003, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 1519-9029
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MEDICALIZATION PHENOMENON IN SCHOOLS: TEACHERS’ SOCIAL
REPRESENTATIONS
FENÔMENO DA MEDICALIZAÇÃO NAS ESCOLAS: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
DE PROFESSORES(AS)
FENÓMENO DE LA MEDICALIZACIÓN EN LAS ESCUELAS:
REPRESENTACIONES SOCIALES DEL DOCENTE
Rafaella Oliveira RESENDE
1
Rosely Ribeiro LIMA
2
ABSTRACT:
This article presents the results of a research that aimed to find out what are the
social representations of teachers about the phenomenon of medicalization in schools and its
possible repercussions on educational policies to think about children's health in their learning
process. We interviewed 72 teachers who work in early childhood education and the first phase
of elementary education in public and private schools in a city in the interior of Goiás, using a
semi-structured script. Data were processed using the IRAMUTEQ software. The analyzes
interrelated the contributions between Social Psychology, specifically TRS, Educational
Psychology and Educational Policy. The social representations identified are about the
consideration and belief in the use of medication by children as an important factor for the
progress of educational practice; a systemic problem generated by capitalism, which is affecting
the school teaching-learning process and the population's own health.
KEYWORDS:
Students. Teachers. Medicalization. Social representations. Educational
policies.
RESUMO
: O presente artigo apresenta resultados de uma pesquisa que objetivou levantar
quais são as representações sociais de professores(as) sobre o fenômeno da medicalização nas
escolas e suas possíveis repercussões diante das políticas educacionais para pensar a saúde
das crianças em seu processo de aprendizagem. Foram entrevistados(as) 72 professores(as)
que atuam na educação infantil e primeira fase do ensino fundamental de escolas públicas e
privadas de uma cidade do interior de Goiás, diante de um roteiro semiestruturado. Os dados
foram processados no software IRAMUTEQ. As análises interrelacionaram as contribuições
entre a Psicologia Social, especificadamente da TRS, a Psicologia da Educação e a Política
Educacional. As representações sociais identificadas dizem respeito a consideração e crença
do uso do medicamento pelas crianças como fator importante para o andamento da prática
educativa; uma problemática sistêmica gerada pelo capitalismo, que está afetando o processo
de ensino-aprendizagem escolar e a própria saúde da população.
PALAVRAS-CHAVE
: Alunos(as). Professores(as). Medicalização. Representações sociais.
Política Educacional.
1
Federal University of Jataí (UFJ), Jataí
–
GO
–
Brazil. Postgraduate Education Program. ORCID:
https://orcid.org/0000-0001-8255-7061. E-mail: rafaella.resende@hotmail.com
2
Federal University of Jataí (UFJ), Jataí
–
GO
–
Brazil. Professor of the Postgraduate Program in Education.
ORCID:
https://orcid.org/0000-0002-5223-1826. E-mail: roselylima@ufj.edu.br
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Rafaella Oliveira RESENDE and Rosely Ribeiro LIMA
RPGE
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RESUMEN:
Este artículo presenta los resultados de una investigación que tuvo como objetivo
identificar las representaciones sociales de los docentes sobre el fenómeno de la
medicalización en las escuelas y sus posibles repercusiones en las políticas educativas para
pensar la salud de los niños en su proceso de aprendizaje. Entrevistamos a 72 docentes que
actúan en la educación infantil y en la primera fase de la enseñanza fundamental en escuelas
públicas y privadas de un municipio del interior de Goiás, frente a un guión semiestructurado.
Los datos fueron procesados mediante el software IRAMUTEQ. Los análisis interrelacionaron
los aportes entre la Psicología Social, específicamente la TRS, la Psicología Educativa y la
Política Educativa. Las representaciones sociales identificadas se refieren a la consideración
y creencia en el uso de medicamentos por parte de los niños como un factor importante para
el progreso de la práctica educativa; un problema sistémico generado por el capitalismo, que
está afectando el proceso de enseñanza-aprendizaje escolar y la propia salud de la población.
PALABRAS CLAVE:
Estudiantes. Maestros. Medicalización. Representaciones sociales.
Política educativa.
Introduction
The Theory of Social Representations (TRS) was defended by Serge Moscovici in 1961
in his work entitled "The Social Representation of Psychoanalysis". It was inspired by
Durkheim's Sociology, and then developed, inserted, and fed by Social Psychology. The
problematizations revolved around the interrelation between subject and object and how the
process of elaboration of social knowledge is dynamized; the research questions also sought to
understand how this knowledge is shared by the population and how it served as guidelines for
individual and social practice.
TRS differs from the phenomenon of social representations, because the first presents
itself as a psychological and social theory of knowledge, which seeks to understand and explain
the process of structuring knowledge from the construction of social representations, while the
second would be complex and dynamic manifestations of a social and practical knowledge
about a specific object, thus being understood as a phenomenon.
It is intended to say that social representations can be conceived as collective theories
about phenomena experienced by people, which, from such theories, generate knowledge that
comes from common sense and at the same time receive influence from the reified universe,
and their contents are socially constructed in order to designate a model of social thought and
become interpretive and practical knowledge of reality. Jodelet (2001) points to social
representations as being able to guide and direct the behavior and communicability of a society.
Moreover, they assist in the transmission and assimilation of knowledge. Therefore,
understanding the social representations of teachers about phenomena that generate
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Medicalization phenomenon in schools: Teacher´s social representations
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problematizing questions about the area of Education becomes relevant as it becomes possible
to know a little more about the reality of Education in Brazil in face of the research object built
about the phenomenon of medicalization in schools.
When trying to understand the knowledge built and experienced by people about the
social representations of a certain phenomenon, it is important to check how it is established in
the environment where it is historically dynamic, as well as in its context. In the case of
medicalization in schools, it was verified that the medicalization process arose from hygienist
movements. Zucoloto and Patto (2007) point out that hygienist practices emerged in the face of
the discourse of imposing healthy habits from schools, avoiding the proliferation of diseases.
One of the events that contributed to the growth and maintenance of the medicalization
of students in the school environment was the attribution of pathologies linked to school failure.
In this scenario, it became common to note that those children who presented any difficulties
in learning, or who did not behave according to what was expected by the institution, were
quickly pathologized and medicated.
According to Collares and Moysés (2013), Brazil can be appointed as one of the
countries with the highest number of diagnoses for problems and disorders linked to the
educational process and, consequently, to school failure, considering that it is one of the world's
largest consumers of methylphenidate, an element present in medications such as Ritalin®
(Novartis) and Concerta® (Jansen).
Based on this, it is understood that understanding the social representations of teachers
about a phenomenon that permeates the entire sphere of Education is extremely relevant, for it
makes it possible to visualize part of the reality of schools today and how professionals have
been dealing with the relationship between learning difficulties and the continuous use of
medication by students.
In this small investigative cut, in view of the educational context, it is possible to attempt
generalizations in the sense of understanding social processes and highlight the influence of the
capitalist economic system and class society in this educational dynamic. For, according to
Moysés and Collares (2014, p. 60-61), "Medicine thus artificially constructs the diseases of not-
learning and the diseases of not-behaving, and the consequent demand for specialized health
services, by asserting itself as the competent institution and responsible for their resolution."
To investigate this cut of educational context is, also, to understand the multiple factors that
involve learning disorders, and on the other hand, to highlight how the educational policy
directions can reduce this phenomenon, imprisoning it to the school space.
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Rafaella Oliveira RESENDE and Rosely Ribeiro LIMA
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Finally, research that strives to interrelate TRS, Educational Psychology, and
Educational Politics can foster the elaboration of understandings and overcomes of capitalism
and class society.
Methodological crossing and outline of the results obtained
The quanti-qualitative research developed was based on the Theory of Social
Representations (TRS). As a methodological-theory, on one hand, it defends the paradigm that
understands that there is no separation between the individual and society and, on the other
hand, it has investigative and scientific methodologies that offer elements for the understanding
of this interrelationship. The study was developed in two stages, which were carried out
simultaneously. Initially, a documental and bibliographic survey was carried out about the
object of study of this investigation, as well as the theoretical referential on which it was based.
Later on, the empirical research was started, with the purpose of collecting data, or better
defining, the contents of the possible social representations.
The data/content collection tool used was a semi-structured script that served as the basis
for the interviews. A computer program was used to process the interviews in order to help in
the lexical and content organization arising from the interviewees' speeches, the software used
was Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires
(IRAMUTEQ). Before being started, the research was approved by the Ethics and Research
Committee of the Universidade Federal de Goiás (UFG) - Regional Jataí, currently
Universidade Federal de Jataí (UFJ). The interpretation and analysis of the data/content were
based on the TRS inserted in Social Psychology, simultaneously, by the contributions coming
from Educational Psychology and Educational Policy.
In the research, seventy-two (72) teachers from urban public municipal and private
schools of a city in the interior of the State of Goiás were interviewed, who work in early
childhood education and in the initial years of elementary school, comprising a universe of
professionals who perform their work activities from the nursery
3
to the fifth year of elementary
school. Of this sample, 46 (forty-six) were from public schools, 22 (twenty-two) from private
schools, and 04 (four) worked in both institutions. Of the seventy-two (72) interviewed teachers,
twenty-four (24) stated that they had already worked in both sectors at some point in their
3
Even at a young age, it was observed through the reports the existence of students already diagnosed since nursery
school.
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Medicalization phenomenon in schools: Teacher´s social representations
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professional lives, however, until the moment they were interviewed, they were only working
in one sector.
1.1
Among the interviewed teachers, sixty-six (66) had a degree in Education; of
these, twenty (20) had a second degree. The remaining sixty-six (06) teachers had degrees in
diversified courses like Psychology, Law, Mathematics, Physical Education, and Superior
Normal Education. The secondary education courses mentioned by the teachers were: Law,
Administration, History, Biology, Mathematics, Languages, Human Resources, Superior
Normal, Nutrition, Visual Arts, Animal Husbandry, and Philosophy.
1.2
As to the time of employment of the professionals interviewed, 25% presented
that they had been working for 0 to 5 years, 22.3% from 6 to 10 years, 9.7% from 11 to 15
years, and 43% with more than 16 years of experience as professionals in the area of Education.
Overall, the teachers presented an average of 14.8 years of experience in the teaching
profession. The time they have been working varied between a minimum of 03 (three) months
and a maximum of 40 (forty) years.
1.3
The interviewed teachers are people of different genders and sexual orientations
and because there was no intention of accessing which gender they identify themselves as, it
was preferred to use a neutral noun to represent them next to their narratives, in the complete
research report. As pointed out by Campos (2007), in the last decades there were remarkable
social changes, among which can be highlighted events such as: the right acquired by women
to enter the job market; the development and dissemination of new technologies and the media;
the identification of the diversity of the family, racial, and ethnic structure; the different sexual
orientations, the dissemination of new expressions of religiosity; and, finally, the confirmation
of education as valuable for the development of the economy and as a factor of social
mobilization.
The recognition of the socializing and transforming function of education proposes a
reflection about the influences, incumbencies, and historical modeling that education, school,
and teachers undergo in the face of the capitalist economic system and a class society. The
fundamental role of women in the transformation of society is emphasized, or, as much as
possible, of the non dissemination of "symbolic or physical violence" in social, or even,
institutional and/or private contexts; as well as, the struggle of the social movements of black
people, indigenous people, and the LGBTQIA+ community, for the due transformations of the
school and society.
In the interviews, the following question was initially presented: "Do you think there is
a difference in the performance of the teacher comparing public and private school? Faced with
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Rafaella Oliveira RESENDE and Rosely Ribeiro LIMA
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this question, fifty (50) professionals said yes, and twenty-two (22) said no. Finding the teachers
who work in public schools, thirty-three (33) said yes and thirteen (13) said no. Searching the
teachers from private schools, twenty (20) said yes and two (02) said no, and of the teachers
who work in both institutions, three (03) said yes and one (01) said no. Therefore,
approximately 70% answered that there is a difference between the two institutions as to the
teaching performance.
In view of the answers, the interviewees were asked to justify their choice. The teachers
who work in public schools point out that in the private institution there is a greater participation
of parents in the school life of their children, and also state that because there is a difference,
their own children study in private schools. These data/narratives are recurrent in the studies on
the importance of the family in the school life of children.
Valle (2003) highlights that the maintenance of the relationship between family and
school increases the children's development potential. Santos (2006) exposes in his work that
the absence of parents in relation to the education of their children may interfere with their
school performance. However, the physical absence of parents in the school environment does
not necessarily mean that they are exempt from their responsibilities regarding the support the
child needs during school life.
The factors that lead to the difference in the participation of parents in the school life of
their children from public and private institutions can be several: unavailability of time due to
working hours; lack of knowledge to help them in the process (considering that many parents
may have a lower level of education than their children); sociocultural dimensions; historical
and political perspectives. Even fitting into some of these factors, many are still present,
managing to meet the educational needs of their children adapting themselves to the family
routine.
As to the answers of the private school teachers about the question presented initially,
besides pointing out the greater proximity of the family in the institution they work for, they
point out that the level of education in these schools presents itself as superior because of the
existing materials and resources, including the presence of textbooks. In general, those
interviewed understand that these factors fit as elements that directly affect the performance of
the teachers.
The precariousness of the structures in schools can really affect the performance and
professional development of teachers and, consequently, the learning of students. However, it
is worth pointing out that the presence of some kind of apostille or teaching franchise does not
necessarily mean an educational superiority among schools. Moreover, as exposed by Libâneo
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(2015), schools should not limit themselves only to teaching materials to transmit and transpose
knowledge. Students should be introduced to a knowledge coming not only from books, but
also elaborated and dynamized by science, by historical, social, cultural and political processes.
Medicalization in schools: clipping data/content and its possible implications for
educational practice and population health
After the exposure of knowledge about the differences between the performance of
public and private school teachers, the research participants were asked about their experiences
with students who had some kind of diagnosis described in reports by health professionals; then
they answered if they could quantify the cases and if they could say which diagnoses these
students presented. After quantifying the results, it was found that seventy-one (71) teachers
knew or had already taught classes for children with diagnoses; only one (01) teacher reported
not having had this experience. Of the 71 (seventy-one), 32 (thirty-two) were unable to quantify
how many students were enrolled and, at the same time, linked to reports from health
professionals, or had already met throughout their careers. Finally, based on this data, an
average of 4.2 students with diagnoses presented in reports by health professionals was found.
In relation to knowledge about the diagnoses, 01 (one) interviewee exposed that, for not having
had contact with students who had reports, he could not point out any type of diagnosis.
Moreover, 04 (four) teachers were unable to inform which diagnoses their students presented,
and 67 (sixty-seven) were able to highlight between 01 and 06 (one to six) diagnoses known
throughout their career.
The diagnoses indicated were Attention Deficit Hyperactivity Disorder (ADHD) stands
out in 71.6% of the answers; Autism Spectrum Disorder (ASD) appears in 67.2% of the notes;
Attention Deficit Disorder (ADHD) is reported in 16.4% of the answers; Down's Syndrome
stands out in 10.4% of the explanations, as well as Hearing Impairment; Dyslexia appears in
7.5% of the reports; Visual Impairment in 5.9% of the answers; Oppositional Defiant Disorder
(ODD) in 4.5% of the reports, as well as Epilepsy; Schizophrenia was pointed out in 2.9% of
the answers, as well as Mental Retardation, according to Figure 1.
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Figure 1
–
Graphic presenting the percentage of diagnoses mentioned by the interviewees,
according to the specificity of the report
4
Source: Data from the survey
Some diagnoses were mentioned only once, as was the case of Personality Disorder,
Pervasive Developmental Disorder (PDD), Spastic Paraparesis, Encephalopathy, Linguistic
Difficulty, Motor Difficulty, Mental Problem, Mental Disorder, Dyscalculia, Dysgraphia, Low
Intelligence Quotient, Physical Disability, Microcephaly, Intellectual Disability, Irlen
Syndrome. It is noteworthy that the data and diagnoses presented were based exclusively on the
teachers' reports.
With regard to questions about the phenomenon of medicalization in schools, the
answers were organized into a single corpus so that they could be processed using the
IRAMUTEQ software. With the use of this computer program, all the speeches of the interview
of each participant were considered as an Initial Context Unit (ICU), or it can be named text.
Each of these is divided into Elementary Context Units (ECUs), text segments, or better
defined, text fragments, sized by the software itself via lemmatization. After this separation, the
Context Unit (UC) or the Regrouping of Text Segments (RST) is processed, which will later
allow the performance of the correspondence factor analysis, using the frequency and incidence
4
Retardo = Mental retardation; Mudez = Muteness; Esquizofrenia = Schizophrenia; Epilepsia = Epilepsy;
TOD = Oppositional Defiant Disorder; Deficiência auditiva = Hearing Impairment; Dislexia = Dyslexia; Síndrome
de Down = Down´s Syndrome;TDA = Attention Deficit Disorder; Autismo = Autism Spectrum Disorder; TDHA
= Attention Deficit Hyperactivity Disorder
75,00%
67,200%
16,400%
10,400%
10,400%
7,500%
5,900%
4,500%
4,500%
2,900%
2,900%
2,900%
1900ral1900ral1900ral1900ral1900ral
TDAH
Autismo
TDA
Síndrome de…
Deficiência…
Dislexia
Deficiência…
TOD
Epilepsia
Esquizofrenia
Mudez
Retardo…
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of words and the processed classes themselves containing a crossing of the collected
homogeneous and consensual vocabulary, generating a graphic image.
The software proposes six possibilities for textual analysis, namely: statistics
(lexicographical analysis); processing of content specifics; correspondence factor analysis;
classification (Reinert's method); similarity and word clouds. The data presented in this article
refer to the organization in front of the lemmatization tools, correspondence factor analysis and
classification and generation of classes performed by the computer program, which allow the
categorical analysis of the data in the face of a possible content analysis by the (a) researcher.
Such organization seeks to present classes of textual segments that, at the same time, offer
vocabularies similar to each other and distinct from the segments of the other classes. From
this, the program presents a dendrogram that illustrates the relationships between the classes.
The number of classes identified and processed was 04 (four), which means that there
is consonance between the reports of the interviewees, pointing to the existence of a consensus
about what is understood about the phenomenon under study and how these subjects experience
the process of medicalization in schools, thus enabling the understanding of which social
representations emerge from the contents of the speeches.
This division of classes allowed a categorization of the content of the interviews into
distinct parts. However, it is important to highlight the existence of intersection points, which
become more evident and better understood when the program highlights the most relevant and
significant words for each of the classes, as shown in Figure 02:
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Figure 2
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Dendrogram that presents the points of intersection between the classes of content
of the interviewees' speeches and the relevance of the most consensual words
5
Source: Data from the survey
The class that presented the highest percentage in the corpus was number 1, with a total
of 31.1% of ECUs. Based on its content, this class was titled “Teacher Function”. The second
most evident class was number 3, comprising a percentage of 24.2% of ECUs. This received
the title of “Inconstancy in drug treatment”. Then, class number 2 was presented with 23.3% of
ECUs, named “Medicalization as a necessary procedure for educational practice” and, finally,
class number 4, making up the percentage of 20.9% of
students. ECUs, entitled “Continuous
use of medication”. From the dendrogram, it can be seen that the contents of classes 2 and 3
have a strong proximity to each other, while classes 1 and 4 are distant, presenting very specific
characteristics for each one.
5
Classe 1: Função docente = Class 1: Teaching role; Classe 3: A inconstância do tratamento medicamentoso =
Class 3: The inconsistency of drug treatment; Classe 2: A medicalização como procedimento necessário para a
prática educativa = Class 2: Medicalization as a necessary procedure for educational practice; Classe 4: O uso
contínuo de medicamento= Class 4 = Continuous use of medication
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The number of classes presented does not necessarily coincide with the amount of social
representations involved, therefore, in order to understand whether they indicate any social
representation, it is necessary to carry out an analysis of their content.
Faced with Class 1, the following consensual contents can be identified about the
teaching role in the face of the phenomenon of medicalization in schools: the action of
administering medication to students should not be considered as part of the teaching role,
however much some interviewees have already performed such behavior; Furthermore, in
addition to teaching practices, the teacher has as a function the precision and duty to guide and
alert parents about the conflicts and difficulties faced by the child at school, especially in what
concerns refers to their learning process, in order to warn about the possibilities of the existence
of some type of illness or psychodiagnosis. Thus, the teaching function in the face of learning
difficulties is to alert parents to a possible search for solutions outside school. However, the
solution outside the institution to these challenges is often linked to the presentation of medical
reports and the indication of medicines as a guarantee of an important result for the educational
process.
According to Costa
et al
. (2019), with the increasing demand for children with some
type of diagnosis, the immediacy to solve these problems gained space in order to consider
educational problems as something that should be treated in an emergency way, which
collaborates with the idea of that medication can present itself as a main form of solution, for
achieving fast results.
From this, Costa
et al
. (2019) state that the idea that teachers should be responsible for
pointing out and recording the first signs of probable disorders linked to the learning process is
strengthened, given that, by closely monitoring the process of students' learning, and to verify
any difficulty or difference from an early age, teachers feel safe in providing some kind of
warning to parents, in order to allow them to look for solutions as soon as possible.
The role of the education professional, in this case, is anchored in the idea of caring for
children's mental health, an important dimension for educational challenges; however,
immersed in hegemonic discourses of efficiency and effectiveness, teachers are charged and
charge for quick results in the educational process. A systemic problem generated by capitalism,
which is affecting the school teaching-learning process and the population's own mental health.
Even though most of the interviewees say that they do not feel able to administer the
medication to students, this majority of the professional category understands that they are
prepared to indicate a probable interpretation of the existence of a possible diagnosis that
challenges the learning process. In a way, this attitude would be understood as an action that
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contributes to the educational process, being linked to the primary function of promoting the
effective learning of students, because when diagnosed and medicated , they would be able to
better develop the proposed activities in the classroom.
In view of this, a social representation of professional teachers is identified directly
linked to the pressure of the capitalist economic system that forces them to be competent for
the possible indication of learning problems, being a way of reporting to the parents an initial
interpretation of a possible diagnosis and, thus, successively and systemically, if those
responsible for the children do not forward the appropriate solution to other professionals
outside the school environment, the teachers themselves do not feel able to proceed with the
work with the student without official confirmation of the indication of the difference or
disability of the child for the best performance of their craft, finally, they also want to resolve
the problem quickly learning problem.
With regard to the other classes processed by the computer program, in relation to the
various points of intersection, it is considered that classes 2, 3 and 4 have strong relationships
with each other, presenting a single social representation, which would be to consider the use
of the drug as a necessary procedure for the progress of educational practice. Teachers are
affected, experience and reproduce the phenomenon under study and research, which is that of
medicalization in schools, and go through an anchoring process to make it familiar, building an
interrelationship between the medication and the success in school learning of students with
differences or disabilities in face of the school routine or in face of the culture instituted in the
context they experience.
In addition, in order to be able to believe that they are performing their role, in the
urgency that the events occur in the educational process, the teachers help in the process of
naturalization of the phenomenon, it is observed that the learning difficulties become be
understood within the reality of a context in the Health area; This one is based on the idea that
all behavior that deviates from a pattern receives a connotation of disease, and must be
diagnosed and, consequently, medicalized in order to be solved. It appears that knowledge in
the area of Health is appropriated by the area of Education.
The drug presents itself not only as an important tool for solving diseases, but also
problems related to the teaching-learning process. Teachers understand that its use is so
effective that, even if it has adverse effects such as sleep, loss of appetite and apathy, children
develop, with a considerable improvement in their learning process, being able to overcome the
negative impacts that medication consumption can cause. In this sense, “[...] the medicalization
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of the lives of children and adolescents is articulated with the medicalization of education in
the invention of diseases of non-
learning” (COLLARES; MOYSÉS, 2013, p. 3).
In addition, an observation that stood out in these content classes was the issue of
inconstancy in the treatment, in which the teachers noticed that the parents often failed to
administer the medication to their children or provided a higher dosage than is recommended.
An important relationship was identified between this finding and class society, specifically,
the economic difference between the students' families. These episodes strengthened the belief
that, when applied responsibly and correctly, medication is beneficial for the teaching-learning
process, regulating children's behavior, as teachers report that in the absence of medication, a
setback in the student's learning became evident, as they were not able to behave in accordance
with the rules of school culture.
Finally, the results point to the strong influence of hegemonic discourses of control,
behavioral standardization, the search for efficient and fast results for the best progress of the
educational process. The reproduction of teachers' social representations about the phenomenon
of medicalization in schools in the face of this collected content, strengthen these discourses
that lead to practical guidance and the very constitution of the school routine for the search for
quality of life and health of the population, which it is directly linked to the misunderstanding
generated intentionally by the capitalist economic system about the importance of awareness of
human nature in the cultural, social, political and historical interrelation of a country.
Final remarks
When approaching the contents brought in the speeches of the teachers during the
interviews, it is verified the existence of social representations that present the medical
discourse as an unquestionable knowledge. The contents that present problematizations of
learning, fostered in the educational space, are anchored in the area of Health for the possible
resolution of these challenges. The image that can be seen is of a child who escapes the
behavioral standards required by the school culture and the solution found in the urgency of
educational practice is to interpret differences and deficiencies for a proper and quick solution
together with a possible medical report and the use of medicines. . Fertile space for the
misunderstanding of historical and political factors that condition social inequalities and are
inserted, or rather, are rooted in the underground of schools and teachers can only interpret the
stem and crown of the tree of the school institution , but not the roots generated by the capitalist
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Rafaella Oliveira RESENDE and Rosely Ribeiro LIMA
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economic system that transport minerals that are in continuous control of the school as a fertile
environment for human automation.
In view of this social representation of teachers whose medical knowledge, in the official
form of a report that presents a diagnosis, is indisputable, it is understood that parents and
teachers consent and agree with drug treatment. , even if the side effects are evident in children
who consume it. In the speeches collected, it was observed that there is no space and chance
for an alternative form for the development of the teaching-learning process, in which the
student is welcomed and attended within his/her specificities and particularities, in a in order to
respect their time and needs in the face of the dynamics of the procedural construction of
knowledge and emancipatory awareness.
As explained by Moysés (2001), the professor is dependent on a medical science that
provides a diagnosis, through his clinical view of the processes of not learning. As a result, this
diagnosis carries images of complications for that child who does not learn, and brings the idea
that the consumption of a medication could solve all the difficulties presented. For this same
author, the drug is presented as a tool to avoid school failure, however, what is offered to that
child is a drug that aims at obedience, discipline, thus explaining one of the biases of hygienist
practices.
In view of this, it is reflected on the importance of an educational policy structured in
planned measures, intervening in the formative and informative processes, which considers the
concrete conditions of the school and that implements, together with the Public Ministry,
actions that promote restructuring of this scenario, in order to in order to meet the identified
demands. It is worth remembering that educational policies are of paramount importance for
the implementation of a more democratic and inclusive education, in order to consider not only
the local specificities of each school, but also the social, economic, political, cultural and
historical ones.
ACKNOWLEDGMENTS:
Thanks to the Coordination for the Improvement of Higher
Education Personnel (CAPES) for the scholarship granted, assisting in the investment and
improvement of this study and research.
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representations.
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e022003, Jan./Dec. 2022. e-ISSN:1519-9029. DOI:
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02/11/2021
Revisions required
26/12/2021
Approved
: 20/02/2022
Published
: 31/03/2022
Management of translations and versions: Editora Ibero-Americana de Educação