image/svg+xmlFenômeno da medicalização nas escolas: Representações sociais de professores(as)RPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022003, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI:https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.164611FENÔMENO DA MEDICALIZAÇÃO NAS ESCOLAS: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE PROFESSORES(AS) FENÓMENO DE LA MEDICALIZACIÓN EN LAS ESCUELAS: REPRESENTACIONES SOCIALES DEL DOCENTE MEDICALIZATION PHENOMENON IN SCHOOLS: TEACHERS’ SOCIAL REPRESENTATIONS Rafaella Oliveira RESENDE1Rosely Ribeiro LIMA2RESUMO: O presente artigo apresenta resultados de uma pesquisa que objetivou levantar quais são as representações sociais de professores(as) sobre o fenômeno da medicalização nas escolas e suas possíveis repercussões diante das políticas educacionais para pensar a saúde das crianças em seu processo de aprendizagem. Foram entrevistados(as) 72 professores(as) que atuam na educação infantil e primeira fase do ensino fundamental de escolas públicas e privadas de uma cidade do interior de Goiás, diante de um roteiro semiestruturado. Os dados foram processados no softwareIRAMUTEQ. As análises interrelacionaram as contribuições entre a Psicologia Social, especificadamente da TRS, a Psicologia da Educação e a Política Educacional. As representações sociais identificadas dizem respeito a consideração e crença do uso do medicamento pelas crianças como fator importante para o andamento da prática educativa; uma problemática sistêmica gerada pelo capitalismo, que está afetando o processo de ensino-aprendizagem escolar e a própria saúde da população. PALAVRAS-CHAVE: Alunos(as). Professores(as). Medicalização. Representações sociais. Política Educacional. RESUMEN:Este artículo presenta los resultados de una investigación que tuvo como objetivo identificar las representaciones sociales de los docentes sobre el fenómeno de la medicalización en las escuelas y sus posibles repercusiones en las políticas educativas para pensar la salud de los niños en su proceso de aprendizaje. Entrevistamos a 72 docentes que actúan en la educación infantil y en la primera fase de la enseñanza fundamental en escuelas públicas y privadas de un municipio del interior de Goiás, frente a un guión semiestructurado. Los datos fueron procesados mediante el software IRAMUTEQ. Los análisis interrelacionaron los aportes entre la Psicología Social, específicamente la TRS, la Psicología Educativa y la Política Educativa. Las representaciones sociales identificadas se refieren a la consideración y creencia en el uso de medicamentos por parte de los niños como un factor importante para el progreso de la práctica educativa; un problema sistémico generado por el capitalismo, que está afectando el proceso de enseñanza-aprendizaje escolar y la propia salud de la población. 1Universidade Federal de Jataí (UFJ), Jataí GO Brasil. Programa de Pós-Graduação em Educação. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8255-7061. E-mail: rafaella.resende@hotmail.com 2Universidade Federal de Jataí (UFJ), Jataí GO Brasil. Docente do Programa de Pós-Graduação em Educação. ORCID:https://orcid.org/0000-0002-5223-1826. E-mail: roselylima@ufj.edu.br
image/svg+xmlRafaella Oliveira RESENDE e Rosely Ribeiro LIMARPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022003, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI:https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.164612PALABRAS CLAVE:Estudiantes. Maestros. Medicalización. Representaciones sociales. Política educativa. ABSTRACT: This article presents the results of a research that aimed to find out what are the social representations of teachers about the phenomenon of medicalization in schools and its possible repercussions on educational policies to think about children's health in their learning process. We interviewed 72 teachers who work in early childhood education and the first phase of elementary education in public and private schools in a city in the interior of Goiás, using a semi-structured script. Data were processed using the IRAMUTEQ software. The analyzes interrelated the contributions between Social Psychology, specifically TRS, Educational Psychology and Educational Policy. The social representations identified are about the consideration and belief in the use of medication by children as an important factor for the progress of educational practice; a systemic problem generated by capitalism, which is affecting the school teaching-learning process and the population's own health. KEYWORDS: Students. Teachers. Medicalization. Social representations. Educational policies. IntroduçãoA Teoria das Representações Sociais (TRS) foi defendida por Serge Moscovici no ano de 1961 em sua obra intitulada “A representação social da psicanálise”. Decorreu-se de inspirações diante da Sociologia de Durkheim, sucessivamente, desenvolveu-se inserida e alimentada pela Psicologia Social. As problematizações giraram em torno da interrelação entre sujeito e objeto e como o processo de elaboração de conhecimentos sociais são dinamizados; as questões de pesquisa também buscaram entender como esses conhecimentos são partilhados pela população e como serviram enquanto norteadores para a prática individual e social. A TRS se diferencia do fenômeno das representações sociais, pois a primeira se apresenta como uma teoria psicológica e social do conhecimento, que busca entender e explicar o processo de estruturação do saber a partir da construção de representações sociais, enquanto o segundo seria manifestações complexas e dinâmicas formadoras de um saber social e prático sobre um objeto específico, sendo assim, entendido enquanto fenômeno. Intenta-se dizer que as representações sociais podem ser concebidas como teorias coletivas acerca de fenômenos vivenciados pelas pessoas, as quais, a partir de tais teorias, geram conhecimentos que partem do senso comum e ao mesmo tempo recebem influência do universo reificado, sendo seus conteúdos socialmente construídos de forma a designar um modelo de pensamento social e se tornam saberes interpretativos e práticos da realidade.
image/svg+xmlFenômeno da medicalização nas escolas: Representações sociais de professores(as)RPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022003, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI:https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.164613Jodelet (2001) aponta as representações sociais como sendo capazes de orientar e dirigir o comportamento e a comunicabilidade de uma sociedade. Além disso, elas auxiliam na transmissão e assimilação dos conhecimentos. Por conseguinte, entender as representações sociais dos(as) professores(as) sobre fenômenos que geram questões problematizadoras sobre a área de Educação se faz relevante na medida em que se torna possível conhecer um pouco mais sobre a realidade da Educação no Brasil diante do objeto de pesquisa construído acerca do fenômeno da medicalização nas escolas. Ao tentar compreender os conhecimentos construídos e vivenciados pelas pessoas acerca das representações sociais sobre determinado fenômeno, é importante verificar como ele se instaura no ambiente em que ele é dinamizado historicamente, como também diante de seu contexto. No caso da medicalização nas escolas, verificou-se que o processo de medicalização surgiu a partir de movimentos higienistas. Zucoloto e Patto (2007) destacam que as práticas higienistas emergiram diante do discurso de impor hábitos saudáveis a partir das escolas, evitando a proliferação de doenças. Um dos eventos que contribuiu para o crescimento e a manutenção da medicalização de alunos(as) no ambiente escolar foi a atribuição de patologias ligadas ao fracasso escolar. Nesse cenário, passou a ser comum notar que aquelas crianças que apresentassem quaisquer dificuldades na aprendizagem, ou que não se comportassem conforme o que se era esperado pela instituição, eram rapidamente patologizadas e medicamentalizadas. De acordo com Collares e Moysés (2013), o Brasil pode ser apontado como um dos países que mais possui diagnósticos voltados para problemas e transtornos vinculados ao processo educativo e, consequentemente, ao fracasso escolar, tendo em vista que é um dos maiores consumidores mundiais de metilfenidato, elemento presente em medicamentos como Ritalina® (Novartis) e Concerta® (Jansen). A partir disso, entende-se que compreender as representações sociais dos(as) professores(as) sobre um fenômeno que permeia todo âmbito da Educação é de extrema relevância, pois permite que seja possível visualizar parte da realidade das escolas na atualidade e como os(as) profissionais têm enfrentado a relação entre as dificuldades de aprendizagem e o uso contínuo de medicamentos pelos(as) alunos(as). Nesse pequeno recorte investigativo, diante do contexto educativo, pode-se intentar generalizações no sentido de entender processos sociais e destacar a influência do sistema econômico capitalista e da sociedade de classes nessa dinâmica educativa. Pois, conforme Moysés e Collares (2014, p. 60-61), “A Medicina constrói, assim, artificialmente, as doenças do não-aprender e as doenças do não-se-comportar e a consequente demanda por serviços de
image/svg+xmlRafaella Oliveira RESENDE e Rosely Ribeiro LIMARPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022003, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI:https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.164614saúde especializados, ao se afirmar como a instituição competente e responsável por sua resolução.” Investigar esse recorte de contexto educativo é, também, compreender os múltiplos fatores que envolvem os distúrbios de aprendizagem, e de outro lado, destacar como os direcionamentos da política educacional podem reduzir esse fenômeno, aprisionando-o ao espaço escolar. Finalmente, as pesquisas que se esforçam em interrelacionar a TRS, a Psicologia da Educação e a Política Educacional podem favorecer a elaboração de compreensões e superações do capitalismo e da sociedade de classes. Travessia metodológica e contorno dos resultados obtidos A pesquisa quanti-qualitativa desenvolvida foi pautada a partir do referencial da Teoria das Representações Sociais (TRS). Enquanto uma teoria-metodológica, de um lado, defende o paradigma que compreende que não existe separação entre indivíduo e sociedade e, de outro lado, dispõe de metodologias investigativas e científicas que oferecem elementos para a compreensão dessa interrelação. O estudo se desenvolveu em duas etapas, as quais foram realizadas simultaneamente. Inicialmente, foi feito um levantamento documental e bibliográfico acerca do objeto de estudo da referida investigação, além do referencial teórico em que foi baseada. Posteriormente, iniciou-se a realização da pesquisa empírica, com o intuito de coletar os dados, ou melhor definindo, os conteúdos das possíveis representações sociais. O instrumento de coleta de dados/conteúdos utilizado foi um roteiro semiestruturado que serviu como base para a realização de entrevistas. Utilizou-se um programa computacional para o processamento das entrevistas de modo a auxiliar na organização lexical e de conteúdo advinda das falas dos(as) entrevistados(as), o softwareempregado foi o Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires (IRAMUTEQ). Antes de ser iniciada, a pesquisa passou pela aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal de Goiás (UFG) Regional Jataí, atual Universidade Federal de Jataí (UFJ). A interpretação e a análise dos dados/conteúdos foram fundamentadas pela TRS inserida na Psicologia Social, simultaneamente, pelas contribuições advindas da Psicologia da Educação e da Política Educacional. Na pesquisa, foram entrevistados(as) 72 (setenta e dois) professores(as) de escolas públicas municipais e privadas urbanas de uma cidade do interior do Estado de Goiás, que atuam na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, compreendendo um
image/svg+xmlFenômeno da medicalização nas escolas: Representações sociais de professores(as)RPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022003, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI:https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.164615universo de profissionais que realizam suas atividades de trabalho desde o berçário3até o quinto ano do ensino fundamental. Dessa amostra, 46 (quarenta e seis) eram de escolas públicas, 22 (vinte e dois) de escolas privadas e 04 (quatro) atuavam em ambas as instituições. Dos(as) 72 (setenta e dois) professores(as) entrevistados(as), 24 (vinte e quatro) afirmaram que já tinham atuado nos dois setores em algum momento da vida profissional, no entanto, até o instante em que foram entrevistados(as), estavam trabalhando somente em um setor. Dentre os(as) professores(as) entrevistados(as), 66 (sessenta e seis) eram formados(as) em Pedagogia; destes, 20 (vinte) possuíam uma segunda formação. Os(as) 06 (seis) professores(as) restantes tinham formações em cursos diversificados como Psicologia, Direito, Matemática, Educação Física e Normal Superior. Os cursos de formação secundária citados pelos(as) professores(as) foram: Direito, Administração, História, Biologia, Matemática, Letras, Recursos Humanos, Normal Superior, Nutrição, Artes Visuais, Zootecnia e Filosofia. No que se refere ao tempo de atuação dos(as) profissionais entrevistados(as), 25% apresentaram ter de 0 a 5 anos de atuação, 22,3% de 6 a 10 anos, 9,7% de 11 a 15 anos, e 43% acima de 16 anos de experiência enquanto profissionais da área da Educação. No geral, os(as) professores(as) apresentaram uma média de 14,8 anos de experiência na profissão de professor(a). O tempo de atuação variou entre o mínimo de 03 (três) meses de trabalho e o máximo de 40 (quarenta) anos. Os(as) professores(as) entrevistados(as) são pessoas de diferentes gêneros e orientações sexuais e pelo fato de não existir a intenção de acessar qual gênero os(as) mesmos(as) se identificam, preferiu-se utilizar um substantivo neutro para representá-los ao lado de suas narrativas, no relatório completo da pesquisa. Conforme apontado por Campos (2007), nas últimas décadas houve mudanças sociais marcantes, dentre as quais puderam se destacar eventos como: o direito adquirido pelas mulheres em ingressar no mercado de trabalho; o desenvolvimento e a disseminação de novas tecnologias e dos meios de comunicação; a identificação da diversidade da estrutura familiar, racial e étnica; as diferentes orientações sexuais, a divulgação de novas expressões de religiosidade; e, por fim, a constatação da educação enquanto valiosa para o desenvolvimento da economia e como fator de mobilização social. O reconhecimento da função socializadora e transformadora da educação propõe uma reflexão acerca das influências, incumbências e modelagens históricas que a educação, a 3Mesmo com pouca idade, observou-se por meio dos relatos a existência de alunos(a) já com diagnósticos desde o berçário.
image/svg+xmlRafaella Oliveira RESENDE e Rosely Ribeiro LIMARPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022003, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI:https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.164616escola e os(as) professores(as) sofrem diante do sistema econômico capitalista e de uma sociedade de classes. Destaca-se o papel fundamental da mulher na transformação da sociedade, ou, na medida do possível, da não disseminação de “violências simbólicas ou físicas” em contextos sociais, ou mesmo, institucionais e/ou privados; como também, ressalta-se a luta dos movimentos sociais dos(as) negros(as), dos indígenas e da comunidade LGBTQIA+, para as devidas transformações da escola e da sociedade. Nas entrevistas, inicialmente foi apresentada a seguinte pergunta: “Você considera que existe diferença na atuação do(a) professor(a) comparando a escola pública e a privada?”. Diante desta questão, 50 (cinquenta) profissionais afirmaram que sim e 22 (vinte e dois) falaram que não. Localizando os(as) professores(as) que atuam nas escolas públicas, 33 (trinta e três) afirmaram que sim e 13 (treze) apresentaram que não. Buscando os(as) professores(as) das escolas privadas, 20 (vinte) falaram que sim e 02 (duas) disseram não, e dos(as) professores(as) que atuam em ambas as instituições, 03 (três) falaram sim e 01 (um) não. Portanto, aproximadamente 70% responderam que existe diferença entre as duas instituições quanto à atuação docente. Perante as respostas, foi solicitado que os(as) entrevistado(as) justificassem sua escolha. Os(as) professores(as) que atuam nas escolas públicas destacam que na instituição privada existe maior participação dos pais na vida escolar dos(as) filhos(as), ainda afirmam que por ter diferença, seus(suas) próprios(as) filhos(as) estudam nas escolas privadas. Esses dados/narrativas são recorrentes nos estudos sobre a importância da família na vida escolar das crianças. Valle (2003) destaca que a manutenção das relações entre família e escola aumenta o potencial de desenvolvimento das crianças. Santos (2006) expõe em seu trabalho, que a ausência dos pais em relação à educação de seus(suas) filhos(as), pode interferir em seu desempenho escolar. No entanto, a ausência física dos pais no ambiente escolar não significa necessariamente que eles se eximem de suas responsabilidades no que se refere ao apoio que a criança necessita durante a vida escolar. Os fatores que levam à diferença de participação dos pais na vida escolar dos(as) filhos(as) de instituições públicas e privadas podem ser diversos: indisponibilidade de tempo por conta do horário de trabalho; a falta de conhecimento para auxiliá-los(las) no processo (tendo em vista que muitos pais podem possuir um nível de escolaridade menor que o(a) do(a) filho(a)); dimensões socioculturais; perspectivas históricas e políticas. Mesmo se enquadrando em algum destes fatores, muitos ainda se fazem presentes, conseguindo atender às necessidades educativas de suas crianças se adequando a rotina da família.
image/svg+xmlFenômeno da medicalização nas escolas: Representações sociais de professores(as)RPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022003, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI:https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.164617No que se refere às respostas dos(a) professores(as) de escolas privadas sobre a pergunta apresentada inicialmente, além de pontuarem acerca da maior proximidade da família na instituição que trabalham, apontam que o nível de ensino dessas escolas se apresenta como superior por conta dos materiais e recursos existentes, incluindo a presença de apostilados. De modo geral, os(as) entrevistados(as) entendem que tais fatores se enquadram como elementos que afetam diretamente na atuação dos(as) professores(as). A precariedade das estruturas nas escolas pode realmente afetar no desempenho e desenvolvimento profissional dos(as) professores(as) e, consequentemente, no aprendizado dos(as) alunos(as). Contudo, vale ressaltar que a presença de algum tipo de apostilado ou de franquia de ensino não significa necessariamente uma superioridade educativa entre escolas. Ademais, assim como exposto por Libâneo (2015), as escolas não devem se limitar somente aos materiais didáticos para transmitir e transpor conhecimento. Os(as) alunos(as) devem ser apresentados(as) a um conhecimento advindo não só dos livros, como também, elaborados e dinamizados pela ciência, pelos processos históricos, sociais, culturais e políticos. A medicalização nas escolas: recorte de dados/conteúdos e suas possíveis implicações para a prática educativa e para a saúde da populaçãoApós a exposição de saberes sobre as diferenças entre a atuação de docentes de escolas públicas e privadas, os(as) participantes da pesquisa foram questionados(as) acerca de suas experiências com alunos(as) que possuíssem algum tipo de diagnóstico descrito em laudo de profissionais da saúde; em seguida, responderam se conseguiam quantificar os casos e se saberiam dizer quais os diagnósticos que estes(as) alunos(as) apresentavam. Após a quantificação dos resultados, verificou-se que 71 (setenta e um) professores(as) conheciam ou já deram aula para crianças com diagnóstico, apenas 01 (um/a) docente relatou não ter tido essa experiência. Das 71 (setenta e uma) pessoas, 32 (trinta e duas) não souberam quantificar quantos alunos(as) estavam matriculados(as) e, ao mesmo tempo, vinculados(as) a laudos de profissionais da saúde, ou já conheceram ao longo de suas carreiras. Finalmente, a partir desses dados, constatou-se uma média de 4,2 alunos(as) com diagnósticos apresentados em laudos de profissionais da saúde. Em relação ao conhecimento acerca dos diagnósticos, 01 (um) entrevistado(a) expôs que, por não ter tido contato com alunos(as) que possuíssem laudo, não poderia apontar nenhum tipo de diagnóstico. Ademais, 04 (quatro) professores(as) não souberam informar sobre quais diagnósticos seus(suas) alunos(as) apresentavam, e 67 (sessenta e sete)
image/svg+xmlRafaella Oliveira RESENDE e Rosely Ribeiro LIMARPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022003, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI:https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.164618conseguiram destacar entre 01 e 06 (um a seis) diagnósticos conhecidos ao longo de sua carreira. Os diagnósticos indicados foram: o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) desponta em 71,6% das respostas; o Transtorno do Espectro Autista (TEA) aparece em 67,2% dos apontamentos; o Transtorno do Déficit de Atenção (TODa) é relatado em 16,4% das respostas; a Síndrome de Down assoma em 10,4% das explanações, assim como a Deficiência Auditiva; a Dislexia aparece em 7,5% dos relatos; a Deficiência Visual em 5,9% das falas; o Transtorno Opositivo-Desafiador (TOD) em 4,5% dos relatos, assim como a Epilepsia; a Esquizofrenia foi apontada em 2,9% das respostas, da mesma maneira que a Mudez e o Retardo Mental, conforme Figura 01. Figura 1 Gráfico que apresenta a porcentagem de diagnósticos citados pelos(as) entrevistados (as), conforme a especificidade do laudo 75,00%67,200%16,400%10,400%10,400%7,500%5,900%4,500%4,500%2,900%2,900%2,900%00,20,40,60,8TDAHAutismoTDASíndrome de…Deficiência…DislexiaDeficiência…TODEpilepsiaEsquizofreniaMudezRetardo…Fonte:Dados advindos da pesquisaAlguns diagnósticos foram citados apenas uma vez, como foi o caso do Transtorno de Personalidade, Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD), Paraparesia Espástica, Encefalopatia, Dificuldade Linguística, Dificuldade Motora, Problema Mental, Distúrbio Mental, Discalculia, Disgrafia, Quociente de Inteligência Baixo, Deficiência Física, Microcefalia, Deficiência Intelectual, Síndrome de Irlen. Destaca-se que os dados e os diagnósticos apresentados se basearam exclusivamente nos relatos dos(as) professores(as).
image/svg+xmlFenômeno da medicalização nas escolas: Representações sociais de professores(as)RPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022003, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI:https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.164619No que se refere às questões acerca do fenômeno da medicalização nas escolas, as respostas foram organizadas em um corpusúnico para que as mesmas pudessem ser processadas com o uso dosoftwareIRAMUTEQ. Com o emprego deste programa computacional, todas as falas da entrevista de cada participante foram consideradas como uma Unidade de Contexto Inicial (UCI), ou pode-se nomear de texto. Cada um destes se divide em Unidades de Contexto Elementar (UCEs), seguimentos de texto, ou melhor definindo, fragmentos de texto, dimensionados pelo próprio software vialematização. Após esta separação, é processada a Unidade de Contexto (UC), ou o Reagrupamento de Segmentos de Texto (RST) que permitirá, posteriormente, a realização da análise fatorial de correspondência, se valendo da frequência e incidência de palavras e das próprias classes processadas contendo um cruzamento do vocabulário homogêneo e consensual coletado, gerando uma imagem gráfica. O softwarepropõe seis possibilidades de análises textuais, sendo elas: estatística (análises lexicográficas); processamento de especificidades de conteúdos; análise fatorial de correspondência; classificação (método de Reinert); similitude e nuvens de palavras. Os dados apresentados neste artigo se referem à organização diante das ferramentas de lematização, de análise fatorial de correspondência e de classificação e geração de classes realizada pelo programa computacional, que permitem a análise categorial dos dados diante de uma possível análise de conteúdo pelo(a) pesquisador(a). Tal organização busca apresentar classes de seguimentos textuais que, concomitantemente, oferecem vocabulários similares entre si e distintos dos segmentos das outras classes. A partir disso, o programa apresenta um dendrogramaque ilustra as relações entre as classes. O número de classes identificado e processado foi 04 (quatro), o que significa dizer que existe consonância entre os relatos dos(as) entrevistados(as), apontando para a existência de um consenso acerca do que se entende sobre o fenômeno em estudo e como esses sujeitos vivenciam o processo de medicalização nas escolas, possibilitando assim, a compreensão de quais representações sociais emergem a partir dos conteúdos das falas. Essa divisão de classes permitiu uma categorização do conteúdo das entrevistas em partes distintas. No entanto, é importante destacar a existência de pontos de intersecção, que ficam mais evidentes e mais bem compreendidos quando o programa destaca as palavras mais relevantes e significativas para cada uma das classes, conforme a Figura 02:
image/svg+xmlRafaella Oliveira RESENDE e Rosely Ribeiro LIMARPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022003, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI:https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.1646110Figura 2 Dendrograma que apresenta os pontos de intersecção entre as classes dos conteúdos das falas dos(as) entrevistados(as) e a relevância das palavras mais consensuais Fonte: Dados advindos da pesquisa A classe que apresentou maior percentual no corpusfoi a de número 1, dispondo de um total de 31,1% de UCEs. Baseada em seu conteúdo, tal classe foi intitulada “Função Docente”. A segunda classe mais evidente foi a de número 3, compondo um percentual de 24,2% de UCEs. Essa recebeu o título de “A inconstância no tratamento medicamentoso”. Em seguida, apresentou-se a classe de número 2 com 23,3% de UCEs, nomeada por “A medicalização como procedimento necessário para a prática educativa” e, por fim, a de número 4 perfazendo o percentual de 20,9% de UCEs, intitulada por “Uso contínuo de medicamento”. A partir do dendrograma, verifica-se que os conteúdos das classes 2 e 3 possuem uma forte proximidade entre si, já as classes 1 e 4 se distanciam, apresentando características muito próprias para cada uma. O número de classes apresentadas não coincide necessariamente com a quantidade de representações sociais envolvidas, sendo assim, para compreender se essas indicam alguma representação social, é necessário realizar uma análise do seu conteúdo.
image/svg+xmlFenômeno da medicalização nas escolas: Representações sociais de professores(as)RPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022003, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI:https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.1646111Diante da Classe 1, identificam-se os seguintes conteúdos consensuais sobre a função docente frente ao fenômeno da medicalização nas escolas: a ação de administrar medicamento aos(as) alunos(as) não deve ser considerada como parte da função docente, por mais que alguns(algumas) entrevistados(as) já realizaram tal comportamento; ademais, além das práticas de ensino, o(a) professor(a) apresenta como função a precisão e dever de orientar e alertar os pais sobre os conflitos e dificuldades enfrentados pelo(a) filho(a) na escola, principalmente no que se refere ao seu processo de aprendizagem, de modo a advertir acerca das possibilidades da existência de algum tipo de adoecimento ou psicodiagnóstico. Assim, a função docente frente às dificuldades de aprendizagem são de alertar os pais para uma possível busca de soluções fora da escola. Todavia, a solução fora da instituição para esses desafios, muitas vezes está ligada na apresentação de laudos médicos e na indicação de medicamentos como garantia de um resultado importante para o processo educativo. De acordo com Costa et al.(2019), com o aumento crescente da demanda de crianças com algum tipo de diagnóstico, o imediatismo para solucionar esses problemas ganhou espaço de modo a considerar os problemas educacionais como algo que deveria ser tratado de modo emergencial, o que colabora com a ideia de que a medicação pode se apresentar como uma principal forma de solução, por alcançar resultados rápidos. A partir disso, Costa et al.(2019) afirmam que a ideia de que os(as) professores(as) devem ser os responsáveis por apontar e registrar os primeiros sinais de prováveis distúrbios ligados ao processo de aprendizagem se fortalece, tendo em vista que, por acompanharem de perto o processo de aprendizagem dos(as) alunos(as), e verificarem desde cedo qualquer dificuldade ou diferença que seja, os (as) docentes se sentem seguros(as) em fornecer algum tipo de alerta aos pais, de modo a permitir que estes busquem por soluções o mais rápido possível. A função do profissional de educação, neste caso, é ancorada na ideia do cuidado com a saúde mental das crianças, uma dimensão importante para os desafios educacionais; todavia, mergulhados(as) em discursos hegemônicos de eficiência e eficácia, os(as) professores(s) são cobrados(as) e cobram por resultados rápidos no processo educativo. Uma problemática sistêmica gerada pelo capitalismo, que está afetando o processo de ensino-aprendizagem escolar e a própria saúde mental da população. Mesmo que a maioria dos(as) entrevistados(as) afirma que não se sente apta para administrar o medicamento aos(as) alunos(as), essa maior parte da categoria profissional compreende que está preparada para indicar uma provável interpretação da existência de um possível diagnóstico que desafia o processo de aprendizagem. De certa forma, essa atitude
image/svg+xmlRafaella Oliveira RESENDE e Rosely Ribeiro LIMARPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022003, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI:https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.1646112seria compreendida como uma ação que contribui para o processo educativo, vinculando-se à função primordial de promover a efetiva aprendizagem dos(as) alunos(as), pois ao serem diagnosticados(as) e medicados(as), eles(as) conseguiriam melhor desenvolver as atividades propostas em sala. Diante disso, identifica-se uma representação social dos(as) profissionais professores(as) diretamente vinculada à pressão do sistema econômico capitalista que os(as) força a serem competentes para a possível indicação de problemas de aprendizagem, sendo uma forma de relatar aos pais uma interpretação inicial de um possível diagnóstico e, assim, sucessiva e sistemicamente, se os responsáveis pelas crianças não encaminham a devida solução diante de outros(as) profissionais fora do ambiente escolar, os(as) próprios(as) professores(as) não se sentem aptos(as) para darem andamento no trabalho com o(a) aluno(a) sem a confirmação oficial da indicação da diferença ou deficiência da criança para o melhor desempenho de seu ofício, finalmente, também querem resolver de forma rápida o problema da aprendizagem. No que se refere às demais classes processadas pelo programa computacional, em relação aos vários pontos de intersecção, considera-se que as classes 2, 3 e 4 possuem fortes relações entre si, apresentando uma só representação social, que seria considerar o uso do medicamento como procedimento necessário para o andamento da prática educativa. Os(as) professores(as) são afetados(as), experienciam e reproduzem o fenômeno em estudo e pesquisa, que é o da medicalização nas escolas, e passam por um processo de ancoragem para torná-lo familiar, construindo uma interrelação entre o medicamento e o sucesso na aprendizagem escolar de alunos(as) com diferença ou deficiência frente a rotina escolar ou diante da própria cultura instituída no contexto que vivenciam. Além disso, para conseguirem acreditar que estão desempenhando a sua função, na urgência que os acontecimentos ocorrem no processo educativo, os(as) professores(as) vão ajudando no processo de naturalização do fenômeno, observa-se que as dificuldades de aprendizagem passam a ser entendidas dentro de uma realidade própria de um contexto da área da Saúde; este baseado na ideia de que todo aquele comportamento que foge de um padrão, recebe uma conotação de doença, devendo ser diagnosticado e, consequentemente, medicalizado para ser solucionado. Verifica-se que um saber da área da Saúde é apropriado pela área da Educação. O medicamento apresenta-se não só como ferramenta importante para solução de doenças, como também de problemas ligados ao processo de ensino-aprendizagem. Os(as) professores(as) entendem que o seu uso é tão eficaz que, mesmo que tenha efeitos adversos
image/svg+xmlFenômeno da medicalização nas escolas: Representações sociais de professores(as)RPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022003, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI:https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.1646113como sono, perda de apetite e apatia, as crianças se desenvolvem, havendo uma melhora considerável no seu processo de aprendizado, sendo capaz de superar os impactos negativos que o consumo da medicação pode causar. Nesse sentido, “[...] amedicalização da vida de crianças e adolescentes articula-se com a medicalização da educação na invenção das doenças do não-aprender”(COLLARES; MOYSÉS, 2013, p. 3). Ademais, uma observação que se destacou nessas classes de conteúdos foi a questão da inconstância no tratamento, em que os(as) professores(as) notavam que os pais, muitas vezes, deixavam de ministrar os remédios para os(as) seus(suas) filhos(as) ou forneciam uma dosagem maior do que se é recomendado. Foi identificado importante relação entre esse achado e a sociedade de classes, especificadamente, a diferença econômica entre as famílias dos(as) alunos(as). Esses episódios fortaleceram a crença de que, quando aplicado de maneira responsável e correta, o medicamento é benéfico para o processo de ensino-aprendizagem, regulando as condutas das crianças, pois os(as) professores(as) relatam que na ausência da medicação, tornava-se evidente um retrocesso na aprendizagem do(a) aluno(a), pois esses não conseguiam emitir comportamentos conforme as regras da cultura escolar. Finalmente, os resultados apontam para a forte influência dos discursos hegemônicos de controle, de padronização comportamental, de busca de resultados eficientes e rápidos para o melhor andamento do processo educativo. A reprodução de representações sociais de professores(as) sobre o fenômeno da medicalização nas escolas diante desse conteúdo recolhido, fortalecem esses discursos que levam ao norteamento prático e a própria constituição da rotina escolar para a busca de qualidade de vida e saúde da população, que está diretamente vinculada à incompreensão gerada de forma intencional pelo sistema econômico capitalista sobre a importância da consciência acerca da natureza humana na interrelação cultural, social, política e histórica de um país. Considerações finais Ao se aproximar dos conteúdos trazidos nas falas dos(as) professores(as) durante as entrevistas, verifica-se a existência de representações sociais que apresentam o discurso médico como um saber inquestionável. Os conteúdos que apresentam problematizações da aprendizagem, fomentada no espaço educativo, se ancoram na área da Saúde para a possível resolução desses desafios. A imagem que se vê é de uma criança que foge aos padrões comportamentais exigidos pela cultura escolar e a solução encontrada na urgência da prática educativa é de interpretar diferenças e deficiências para a devida e rápida solução junto a um
image/svg+xmlRafaella Oliveira RESENDE e Rosely Ribeiro LIMARPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022003, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI:https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.1646114possível laudo médico e o uso de medicamentos. Espaço fértil para a incompreensão de fatores históricos e políticos que condicionam as desigualdades sociais e estão inseridos, ou melhor, estão enraizados no subsolo das escolas e os(as) professores(as) só conseguem interpretar o caule e a copa da árvore da instituição escolar, mas não as raízes geradas pelo sistema econômico capitalista que transportam minerais que estão em contínuo controle da escola como ambiente fértil para a automatização humana. Diante dessa representação social dos(as) professores(as) cujo conhecimento médico, em forma oficial de laudo que apresenta diagnóstico, é indiscutível, entende-se que os pais e os(as) professores(as) consentem e concordam com o tratamento medicamentoso, mesmo que seja evidente os efeitos colaterais nas crianças que o consomem. Nas falas colhidas, observou-se que não se dá espaço e chance para uma forma alternativa para o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem, em que se acolha e atenda o(a) aluno(a) dentro de suas especificidades e particularidades, de modo a respeitar o seu tempo e necessidades diante da dinâmica da construção processual de conhecimentos e tomadas de consciência emancipatória. Assim como exposto por Moysés (2001), o(a) professor(a) fica dependente a uma ciência médica que confere um diagnóstico, através de sua visão clínica sobre os processos do não aprender. Em consequência disso, esse diagnóstico carrega em si imagens de complicações àquela criança que não aprende, e traz a ideia de que o consumo de um medicamento poderia solucionar toda dificuldade apresentada. Para essa mesma autora, o remédio apresenta-se como ferramenta para evitar o fracasso escolar, porém, o que se oferece para aquela criança é uma droga que visa à obediência, ao disciplinamento, explicitando dessa forma, um dos vieses das práticas higienistas. Diante disso, reflete-se sobre a importância de uma política educacional estruturada em medidas planejadas, intervindo nos processos formativos e informativos, que considere as condições concretas da escola e que implemente, juntamente com o Ministério Público, ações que promovam reestruturações desse cenário, de forma a atender às demandas identificadas. Vale lembrar que as políticas educacionais são de suma relevância para a implantação de uma educação mais democrática e inclusiva, de modo a considerar não só as especificidades locais de cada escola, como as sociais, econômicas, políticas, culturais e históricas. AGRADECIMENTOS: Agradecimentos à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela bolsa concedida, auxiliando no investimento e aperfeiçoamento deste estudo e pesquisa.
image/svg+xmlFenômeno da medicalização nas escolas: Representações sociais de professores(as)RPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022003, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI:https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.1646115REFERÊNCIAS COLLARES, C. A. L.; MOYSÉS, M. A. Controle e medicalização da infância. Desidades:Revista Eletrônica de Divulgação Científica da Infância e Juventude, Rio de Janeiro, n. 1, p. 11-21, 2013. Disponível em https://revistas.ufrj.br/index.php/desidades/article/view/2456. Acesso em: 11 nov. 2021. COSTA, T. S. et al. Papel do professor face à medicalização: estudo exploratório no território brasileiro. Psicologia da Educação, São Paulo, v. 49, p. 89-97, 2019. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psie/n49/n49a10.pdf. Acesso em: 11 nov. 2021. JODELET, D. Representações Sociais: um domínio em expansão. In: JODELET, D. (org.). As Representações Sociais. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2001. LIBÂNEO, J. C. Organização e gestão da escola: teoria e prática. 6. ed. São Paulo: Heccus, 2015. MOYSÉS, M.A.A. A institucionalização do invisível: crianças que não aprendem na escola. São Paulo: Mercado das Letras, 2001. SANTOS, G. B.; As estratégias de fuga e enfrentamento frente às adversidades do trabalho docente. Estudos e Pesquisas em Psicologia, v. 6, p. 1-6, 2006. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revispsi/article/view/11090. Acesso em 11 nov. 2021. VALLE, L. E. L. R. Psicologia Escolar: Um duplo desafio. Psicologia Ciência e Profissão, Brasília, v. 23, n. 1, p. 22-29, 2003. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pcp/a/Sz5HSBxWXt7Ch7M4DzRrLsx/abstract/?lang=pt. Acesso em: 11 nov. 2021. ZUCOLOTO P. C. S. V.; PATTO M. H. S. O médico higienista na escola: as origens históricas da medicalização do fracasso escolar. Revista Brasileira de Crescimento e Desenvolvimento Humano, São Paulo, v. 17, n. 1, p. 136-145, abr. 2007. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-12822007000100014&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 11 nov. 2021.
image/svg+xmlRafaella Oliveira RESENDE e Rosely Ribeiro LIMARPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022003, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI:https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.1646116Como referenciar este artigo RESENDE, R. O.; LIMA, R. R. Fenômeno da medicalização nas escolas: Representações sociais de professores(as). Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022003, jan./dez. 2022. e-ISSN:1519-9029. DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.16461 Submetido em:02/11/2021 Revisões requeridas em: 26/12/2021 Aprovado em: 20/02/2022 Publicado em: 31/03/2022
image/svg+xmlMedicalization phenomenon in schools: Teacher´s social representationsRPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022003, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI:https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.164611MEDICALIZATION PHENOMENON IN SCHOOLS: TEACHERS’ SOCIAL REPRESENTATIONS FENÔMENO DA MEDICALIZAÇÃO NAS ESCOLAS: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE PROFESSORES(AS) FENÓMENO DE LA MEDICALIZACIÓN EN LAS ESCUELAS: REPRESENTACIONES SOCIALES DEL DOCENTE Rafaella Oliveira RESENDE1Rosely Ribeiro LIMA2ABSTRACT: This article presents the results of a research that aimed to find out what are the social representations of teachers about the phenomenon of medicalization in schools and its possible repercussions on educational policies to think about children's health in their learning process. We interviewed 72 teachers who work in early childhood education and the first phase of elementary education in public and private schools in a city in the interior of Goiás, using a semi-structured script. Data were processed using the IRAMUTEQ software. The analyzes interrelated the contributions between Social Psychology, specifically TRS, Educational Psychology and Educational Policy. The social representations identified are about the consideration and belief in the use of medication by children as an important factor for the progress of educational practice; a systemic problem generated by capitalism, which is affecting the school teaching-learning process and the population's own health. KEYWORDS: Students. Teachers. Medicalization. Social representations. Educational policies. RESUMO: O presente artigo apresenta resultados de uma pesquisa que objetivou levantar quais são as representações sociais de professores(as) sobre o fenômeno da medicalização nas escolas e suas possíveis repercussões diante das políticas educacionais para pensar a saúde das crianças em seu processo de aprendizagem. Foram entrevistados(as) 72 professores(as) que atuam na educação infantil e primeira fase do ensino fundamental de escolas públicas e privadas de uma cidade do interior de Goiás, diante de um roteiro semiestruturado. Os dados foram processados no software IRAMUTEQ. As análises interrelacionaram as contribuições entre a Psicologia Social, especificadamente da TRS, a Psicologia da Educação e a Política Educacional. As representações sociais identificadas dizem respeito a consideração e crença do uso do medicamento pelas crianças como fator importante para o andamento da prática educativa; uma problemática sistêmica gerada pelo capitalismo, que está afetando o processo de ensino-aprendizagem escolar e a própria saúde da população. PALAVRAS-CHAVE: Alunos(as). Professores(as). Medicalização. Representações sociais. Política Educacional. 1Federal University of Jataí (UFJ), Jataí GO Brazil. Postgraduate Education Program. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8255-7061. E-mail: rafaella.resende@hotmail.com 2Federal University of Jataí (UFJ), Jataí GO Brazil. Professor of the Postgraduate Program in Education. ORCID:https://orcid.org/0000-0002-5223-1826. E-mail: roselylima@ufj.edu.br
image/svg+xmlRafaella Oliveira RESENDE and Rosely Ribeiro LIMARPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022003, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI:https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.164612RESUMEN:Este artículo presenta los resultados de una investigación que tuvo como objetivo identificar las representaciones sociales de los docentes sobre el fenómeno de la medicalización en las escuelas y sus posibles repercusiones en las políticas educativas para pensar la salud de los niños en su proceso de aprendizaje. Entrevistamos a 72 docentes que actúan en la educación infantil y en la primera fase de la enseñanza fundamental en escuelas públicas y privadas de un municipio del interior de Goiás, frente a un guión semiestructurado. Los datos fueron procesados mediante el software IRAMUTEQ. Los análisis interrelacionaron los aportes entre la Psicología Social, específicamente la TRS, la Psicología Educativa y la Política Educativa. Las representaciones sociales identificadas se refieren a la consideración y creencia en el uso de medicamentos por parte de los niños como un factor importante para el progreso de la práctica educativa; un problema sistémico generado por el capitalismo, que está afectando el proceso de enseñanza-aprendizaje escolar y la propia salud de la población. PALABRAS CLAVE:Estudiantes. Maestros. Medicalización. Representaciones sociales. Política educativa. IntroductionThe Theory of Social Representations (TRS) was defended by Serge Moscovici in 1961 in his work entitled "The Social Representation of Psychoanalysis". It was inspired by Durkheim's Sociology, and then developed, inserted, and fed by Social Psychology. The problematizations revolved around the interrelation between subject and object and how the process of elaboration of social knowledge is dynamized; the research questions also sought to understand how this knowledge is shared by the population and how it served as guidelines for individual and social practice. TRS differs from the phenomenon of social representations, because the first presents itself as a psychological and social theory of knowledge, which seeks to understand and explain the process of structuring knowledge from the construction of social representations, while the second would be complex and dynamic manifestations of a social and practical knowledge about a specific object, thus being understood as a phenomenon. It is intended to say that social representations can be conceived as collective theories about phenomena experienced by people, which, from such theories, generate knowledge that comes from common sense and at the same time receive influence from the reified universe, and their contents are socially constructed in order to designate a model of social thought and become interpretive and practical knowledge of reality. Jodelet (2001) points to social representations as being able to guide and direct the behavior and communicability of a society. Moreover, they assist in the transmission and assimilation of knowledge. Therefore, understanding the social representations of teachers about phenomena that generate
image/svg+xmlMedicalization phenomenon in schools: Teacher´s social representationsRPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022003, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI:https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.164613problematizing questions about the area of Education becomes relevant as it becomes possible to know a little more about the reality of Education in Brazil in face of the research object built about the phenomenon of medicalization in schools. When trying to understand the knowledge built and experienced by people about the social representations of a certain phenomenon, it is important to check how it is established in the environment where it is historically dynamic, as well as in its context. In the case of medicalization in schools, it was verified that the medicalization process arose from hygienist movements. Zucoloto and Patto (2007) point out that hygienist practices emerged in the face of the discourse of imposing healthy habits from schools, avoiding the proliferation of diseases. One of the events that contributed to the growth and maintenance of the medicalization of students in the school environment was the attribution of pathologies linked to school failure. In this scenario, it became common to note that those children who presented any difficulties in learning, or who did not behave according to what was expected by the institution, were quickly pathologized and medicated. According to Collares and Moysés (2013), Brazil can be appointed as one of the countries with the highest number of diagnoses for problems and disorders linked to the educational process and, consequently, to school failure, considering that it is one of the world's largest consumers of methylphenidate, an element present in medications such as Ritalin® (Novartis) and Concerta® (Jansen). Based on this, it is understood that understanding the social representations of teachers about a phenomenon that permeates the entire sphere of Education is extremely relevant, for it makes it possible to visualize part of the reality of schools today and how professionals have been dealing with the relationship between learning difficulties and the continuous use of medication by students. In this small investigative cut, in view of the educational context, it is possible to attempt generalizations in the sense of understanding social processes and highlight the influence of the capitalist economic system and class society in this educational dynamic. For, according to Moysés and Collares (2014, p. 60-61), "Medicine thus artificially constructs the diseases of not-learning and the diseases of not-behaving, and the consequent demand for specialized health services, by asserting itself as the competent institution and responsible for their resolution." To investigate this cut of educational context is, also, to understand the multiple factors that involve learning disorders, and on the other hand, to highlight how the educational policy directions can reduce this phenomenon, imprisoning it to the school space.
image/svg+xmlRafaella Oliveira RESENDE and Rosely Ribeiro LIMARPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022003, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI:https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.164614Finally, research that strives to interrelate TRS, Educational Psychology, and Educational Politics can foster the elaboration of understandings and overcomes of capitalism and class society. Methodological crossing and outline of the results obtained The quanti-qualitative research developed was based on the Theory of Social Representations (TRS). As a methodological-theory, on one hand, it defends the paradigm that understands that there is no separation between the individual and society and, on the other hand, it has investigative and scientific methodologies that offer elements for the understanding of this interrelationship. The study was developed in two stages, which were carried out simultaneously. Initially, a documental and bibliographic survey was carried out about the object of study of this investigation, as well as the theoretical referential on which it was based. Later on, the empirical research was started, with the purpose of collecting data, or better defining, the contents of the possible social representations. The data/content collection tool used was a semi-structured script that served as the basis for the interviews. A computer program was used to process the interviews in order to help in the lexical and content organization arising from the interviewees' speeches, the software used was Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires (IRAMUTEQ). Before being started, the research was approved by the Ethics and Research Committee of the Universidade Federal de Goiás (UFG) - Regional Jataí, currently Universidade Federal de Jataí (UFJ). The interpretation and analysis of the data/content were based on the TRS inserted in Social Psychology, simultaneously, by the contributions coming from Educational Psychology and Educational Policy. In the research, seventy-two (72) teachers from urban public municipal and private schools of a city in the interior of the State of Goiás were interviewed, who work in early childhood education and in the initial years of elementary school, comprising a universe of professionals who perform their work activities from the nursery3to the fifth year of elementary school. Of this sample, 46 (forty-six) were from public schools, 22 (twenty-two) from private schools, and 04 (four) worked in both institutions. Of the seventy-two (72) interviewed teachers, twenty-four (24) stated that they had already worked in both sectors at some point in their 3Even at a young age, it was observed through the reports the existence of students already diagnosed since nursery school.
image/svg+xmlMedicalization phenomenon in schools: Teacher´s social representationsRPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022003, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI:https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.164615professional lives, however, until the moment they were interviewed, they were only working in one sector. 1.1Among the interviewed teachers, sixty-six (66) had a degree in Education; of these, twenty (20) had a second degree. The remaining sixty-six (06) teachers had degrees in diversified courses like Psychology, Law, Mathematics, Physical Education, and Superior Normal Education. The secondary education courses mentioned by the teachers were: Law, Administration, History, Biology, Mathematics, Languages, Human Resources, Superior Normal, Nutrition, Visual Arts, Animal Husbandry, and Philosophy. 1.2As to the time of employment of the professionals interviewed, 25% presented that they had been working for 0 to 5 years, 22.3% from 6 to 10 years, 9.7% from 11 to 15 years, and 43% with more than 16 years of experience as professionals in the area of Education. Overall, the teachers presented an average of 14.8 years of experience in the teaching profession. The time they have been working varied between a minimum of 03 (three) months and a maximum of 40 (forty) years. 1.3The interviewed teachers are people of different genders and sexual orientations and because there was no intention of accessing which gender they identify themselves as, it was preferred to use a neutral noun to represent them next to their narratives, in the complete research report. As pointed out by Campos (2007), in the last decades there were remarkable social changes, among which can be highlighted events such as: the right acquired by women to enter the job market; the development and dissemination of new technologies and the media; the identification of the diversity of the family, racial, and ethnic structure; the different sexual orientations, the dissemination of new expressions of religiosity; and, finally, the confirmation of education as valuable for the development of the economy and as a factor of social mobilization. The recognition of the socializing and transforming function of education proposes a reflection about the influences, incumbencies, and historical modeling that education, school, and teachers undergo in the face of the capitalist economic system and a class society. The fundamental role of women in the transformation of society is emphasized, or, as much as possible, of the non dissemination of "symbolic or physical violence" in social, or even, institutional and/or private contexts; as well as, the struggle of the social movements of black people, indigenous people, and the LGBTQIA+ community, for the due transformations of the school and society. In the interviews, the following question was initially presented: "Do you think there is a difference in the performance of the teacher comparing public and private school? Faced with
image/svg+xmlRafaella Oliveira RESENDE and Rosely Ribeiro LIMARPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022003, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI:https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.164616this question, fifty (50) professionals said yes, and twenty-two (22) said no. Finding the teachers who work in public schools, thirty-three (33) said yes and thirteen (13) said no. Searching the teachers from private schools, twenty (20) said yes and two (02) said no, and of the teachers who work in both institutions, three (03) said yes and one (01) said no. Therefore, approximately 70% answered that there is a difference between the two institutions as to the teaching performance. In view of the answers, the interviewees were asked to justify their choice. The teachers who work in public schools point out that in the private institution there is a greater participation of parents in the school life of their children, and also state that because there is a difference, their own children study in private schools. These data/narratives are recurrent in the studies on the importance of the family in the school life of children. Valle (2003) highlights that the maintenance of the relationship between family and school increases the children's development potential. Santos (2006) exposes in his work that the absence of parents in relation to the education of their children may interfere with their school performance. However, the physical absence of parents in the school environment does not necessarily mean that they are exempt from their responsibilities regarding the support the child needs during school life. The factors that lead to the difference in the participation of parents in the school life of their children from public and private institutions can be several: unavailability of time due to working hours; lack of knowledge to help them in the process (considering that many parents may have a lower level of education than their children); sociocultural dimensions; historical and political perspectives. Even fitting into some of these factors, many are still present, managing to meet the educational needs of their children adapting themselves to the family routine. As to the answers of the private school teachers about the question presented initially, besides pointing out the greater proximity of the family in the institution they work for, they point out that the level of education in these schools presents itself as superior because of the existing materials and resources, including the presence of textbooks. In general, those interviewed understand that these factors fit as elements that directly affect the performance of the teachers. The precariousness of the structures in schools can really affect the performance and professional development of teachers and, consequently, the learning of students. However, it is worth pointing out that the presence of some kind of apostille or teaching franchise does not necessarily mean an educational superiority among schools. Moreover, as exposed by Libâneo
image/svg+xmlMedicalization phenomenon in schools: Teacher´s social representationsRPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022003, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI:https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.164617(2015), schools should not limit themselves only to teaching materials to transmit and transpose knowledge. Students should be introduced to a knowledge coming not only from books, but also elaborated and dynamized by science, by historical, social, cultural and political processes. Medicalization in schools: clipping data/content and its possible implications for educational practice and population health After the exposure of knowledge about the differences between the performance of public and private school teachers, the research participants were asked about their experiences with students who had some kind of diagnosis described in reports by health professionals; then they answered if they could quantify the cases and if they could say which diagnoses these students presented. After quantifying the results, it was found that seventy-one (71) teachers knew or had already taught classes for children with diagnoses; only one (01) teacher reported not having had this experience. Of the 71 (seventy-one), 32 (thirty-two) were unable to quantify how many students were enrolled and, at the same time, linked to reports from health professionals, or had already met throughout their careers. Finally, based on this data, an average of 4.2 students with diagnoses presented in reports by health professionals was found. In relation to knowledge about the diagnoses, 01 (one) interviewee exposed that, for not having had contact with students who had reports, he could not point out any type of diagnosis. Moreover, 04 (four) teachers were unable to inform which diagnoses their students presented, and 67 (sixty-seven) were able to highlight between 01 and 06 (one to six) diagnoses known throughout their career. The diagnoses indicated were Attention Deficit Hyperactivity Disorder (ADHD) stands out in 71.6% of the answers; Autism Spectrum Disorder (ASD) appears in 67.2% of the notes; Attention Deficit Disorder (ADHD) is reported in 16.4% of the answers; Down's Syndrome stands out in 10.4% of the explanations, as well as Hearing Impairment; Dyslexia appears in 7.5% of the reports; Visual Impairment in 5.9% of the answers; Oppositional Defiant Disorder (ODD) in 4.5% of the reports, as well as Epilepsy; Schizophrenia was pointed out in 2.9% of the answers, as well as Mental Retardation, according to Figure 1.
image/svg+xmlRafaella Oliveira RESENDE and Rosely Ribeiro LIMARPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022003, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI:https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.164618Figure 1 Graphic presenting the percentage of diagnoses mentioned by the interviewees, according to the specificity of the report4Source: Data from the survey Some diagnoses were mentioned only once, as was the case of Personality Disorder, Pervasive Developmental Disorder (PDD), Spastic Paraparesis, Encephalopathy, Linguistic Difficulty, Motor Difficulty, Mental Problem, Mental Disorder, Dyscalculia, Dysgraphia, Low Intelligence Quotient, Physical Disability, Microcephaly, Intellectual Disability, Irlen Syndrome. It is noteworthy that the data and diagnoses presented were based exclusively on the teachers' reports. With regard to questions about the phenomenon of medicalization in schools, the answers were organized into a single corpus so that they could be processed using the IRAMUTEQ software. With the use of this computer program, all the speeches of the interview of each participant were considered as an Initial Context Unit (ICU), or it can be named text. Each of these is divided into Elementary Context Units (ECUs), text segments, or better defined, text fragments, sized by the software itself via lemmatization. After this separation, the Context Unit (UC) or the Regrouping of Text Segments (RST) is processed, which will later allow the performance of the correspondence factor analysis, using the frequency and incidence 4Retardo = Mental retardation; Mudez = Muteness; Esquizofrenia = Schizophrenia; Epilepsia = Epilepsy; TOD = Oppositional Defiant Disorder; Deficiência auditiva = Hearing Impairment; Dislexia = Dyslexia; Síndrome de Down = Down´s Syndrome;TDA = Attention Deficit Disorder; Autismo = Autism Spectrum Disorder; TDHA = Attention Deficit Hyperactivity Disorder 75,00%67,200%16,400%10,400%10,400%7,500%5,900%4,500%4,500%2,900%2,900%2,900%1900ral1900ral1900ral1900ral1900ralTDAHAutismoTDASíndrome de…Deficiência…DislexiaDeficiência…TODEpilepsiaEsquizofreniaMudezRetardo…
image/svg+xmlMedicalization phenomenon in schools: Teacher´s social representationsRPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022003, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI:https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.164619of words and the processed classes themselves containing a crossing of the collected homogeneous and consensual vocabulary, generating a graphic image. The software proposes six possibilities for textual analysis, namely: statistics (lexicographical analysis); processing of content specifics; correspondence factor analysis; classification (Reinert's method); similarity and word clouds. The data presented in this article refer to the organization in front of the lemmatization tools, correspondence factor analysis and classification and generation of classes performed by the computer program, which allow the categorical analysis of the data in the face of a possible content analysis by the (a) researcher. Such organization seeks to present classes of textual segments that, at the same time, offer vocabularies similar to each other and distinct from the segments of the other classes. From this, the program presents a dendrogram that illustrates the relationships between the classes. The number of classes identified and processed was 04 (four), which means that there is consonance between the reports of the interviewees, pointing to the existence of a consensus about what is understood about the phenomenon under study and how these subjects experience the process of medicalization in schools, thus enabling the understanding of which social representations emerge from the contents of the speeches. This division of classes allowed a categorization of the content of the interviews into distinct parts. However, it is important to highlight the existence of intersection points, which become more evident and better understood when the program highlights the most relevant and significant words for each of the classes, as shown in Figure 02:
image/svg+xmlRafaella Oliveira RESENDE and Rosely Ribeiro LIMARPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022003, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI:https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.1646110Figure 2 Dendrogram that presents the points of intersection between the classes of content of the interviewees' speeches and the relevance of the most consensual words5Source: Data from the survey The class that presented the highest percentage in the corpus was number 1, with a total of 31.1% of ECUs. Based on its content, this class was titled “Teacher Function”. The second most evident class was number 3, comprising a percentage of 24.2% of ECUs. This received the title of “Inconstancy in drug treatment”. Then, class number 2 was presented with 23.3% of ECUs, named “Medicalization as a necessary procedure for educational practice” and, finally, class number 4, making up the percentage of 20.9% of students. ECUs, entitled “Continuous use of medication”. From the dendrogram, it can be seen that the contents of classes 2 and 3 have a strong proximity to each other, while classes 1 and 4 are distant, presenting very specific characteristics for each one. 5Classe 1: Função docente = Class 1: Teaching role; Classe 3: A inconstância do tratamento medicamentoso = Class 3: The inconsistency of drug treatment; Classe 2: A medicalização como procedimento necessário para a prática educativa = Class 2: Medicalization as a necessary procedure for educational practice; Classe 4: O uso contínuo de medicamento= Class 4 = Continuous use of medication
image/svg+xmlMedicalization phenomenon in schools: Teacher´s social representationsRPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022003, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI:https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.1646111The number of classes presented does not necessarily coincide with the amount of social representations involved, therefore, in order to understand whether they indicate any social representation, it is necessary to carry out an analysis of their content. Faced with Class 1, the following consensual contents can be identified about the teaching role in the face of the phenomenon of medicalization in schools: the action of administering medication to students should not be considered as part of the teaching role, however much some interviewees have already performed such behavior; Furthermore, in addition to teaching practices, the teacher has as a function the precision and duty to guide and alert parents about the conflicts and difficulties faced by the child at school, especially in what concerns refers to their learning process, in order to warn about the possibilities of the existence of some type of illness or psychodiagnosis. Thus, the teaching function in the face of learning difficulties is to alert parents to a possible search for solutions outside school. However, the solution outside the institution to these challenges is often linked to the presentation of medical reports and the indication of medicines as a guarantee of an important result for the educational process. According to Costa et al. (2019), with the increasing demand for children with some type of diagnosis, the immediacy to solve these problems gained space in order to consider educational problems as something that should be treated in an emergency way, which collaborates with the idea of that medication can present itself as a main form of solution, for achieving fast results. From this, Costa et al. (2019) state that the idea that teachers should be responsible for pointing out and recording the first signs of probable disorders linked to the learning process is strengthened, given that, by closely monitoring the process of students' learning, and to verify any difficulty or difference from an early age, teachers feel safe in providing some kind of warning to parents, in order to allow them to look for solutions as soon as possible. The role of the education professional, in this case, is anchored in the idea of caring for children's mental health, an important dimension for educational challenges; however, immersed in hegemonic discourses of efficiency and effectiveness, teachers are charged and charge for quick results in the educational process. A systemic problem generated by capitalism, which is affecting the school teaching-learning process and the population's own mental health. Even though most of the interviewees say that they do not feel able to administer the medication to students, this majority of the professional category understands that they are prepared to indicate a probable interpretation of the existence of a possible diagnosis that challenges the learning process. In a way, this attitude would be understood as an action that
image/svg+xmlRafaella Oliveira RESENDE and Rosely Ribeiro LIMARPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022003, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI:https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.1646112contributes to the educational process, being linked to the primary function of promoting the effective learning of students, because when diagnosed and medicated , they would be able to better develop the proposed activities in the classroom. In view of this, a social representation of professional teachers is identified directly linked to the pressure of the capitalist economic system that forces them to be competent for the possible indication of learning problems, being a way of reporting to the parents an initial interpretation of a possible diagnosis and, thus, successively and systemically, if those responsible for the children do not forward the appropriate solution to other professionals outside the school environment, the teachers themselves do not feel able to proceed with the work with the student without official confirmation of the indication of the difference or disability of the child for the best performance of their craft, finally, they also want to resolve the problem quickly learning problem. With regard to the other classes processed by the computer program, in relation to the various points of intersection, it is considered that classes 2, 3 and 4 have strong relationships with each other, presenting a single social representation, which would be to consider the use of the drug as a necessary procedure for the progress of educational practice. Teachers are affected, experience and reproduce the phenomenon under study and research, which is that of medicalization in schools, and go through an anchoring process to make it familiar, building an interrelationship between the medication and the success in school learning of students with differences or disabilities in face of the school routine or in face of the culture instituted in the context they experience. In addition, in order to be able to believe that they are performing their role, in the urgency that the events occur in the educational process, the teachers help in the process of naturalization of the phenomenon, it is observed that the learning difficulties become be understood within the reality of a context in the Health area; This one is based on the idea that all behavior that deviates from a pattern receives a connotation of disease, and must be diagnosed and, consequently, medicalized in order to be solved. It appears that knowledge in the area of Health is appropriated by the area of Education. The drug presents itself not only as an important tool for solving diseases, but also problems related to the teaching-learning process. Teachers understand that its use is so effective that, even if it has adverse effects such as sleep, loss of appetite and apathy, children develop, with a considerable improvement in their learning process, being able to overcome the negative impacts that medication consumption can cause. In this sense, “[...] the medicalization
image/svg+xmlMedicalization phenomenon in schools: Teacher´s social representationsRPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022003, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI:https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.1646113of the lives of children and adolescents is articulated with the medicalization of education in the invention of diseases of non-learning” (COLLARES; MOYSÉS, 2013, p. 3).In addition, an observation that stood out in these content classes was the issue of inconstancy in the treatment, in which the teachers noticed that the parents often failed to administer the medication to their children or provided a higher dosage than is recommended. An important relationship was identified between this finding and class society, specifically, the economic difference between the students' families. These episodes strengthened the belief that, when applied responsibly and correctly, medication is beneficial for the teaching-learning process, regulating children's behavior, as teachers report that in the absence of medication, a setback in the student's learning became evident, as they were not able to behave in accordance with the rules of school culture. Finally, the results point to the strong influence of hegemonic discourses of control, behavioral standardization, the search for efficient and fast results for the best progress of the educational process. The reproduction of teachers' social representations about the phenomenon of medicalization in schools in the face of this collected content, strengthen these discourses that lead to practical guidance and the very constitution of the school routine for the search for quality of life and health of the population, which it is directly linked to the misunderstanding generated intentionally by the capitalist economic system about the importance of awareness of human nature in the cultural, social, political and historical interrelation of a country. Final remarks When approaching the contents brought in the speeches of the teachers during the interviews, it is verified the existence of social representations that present the medical discourse as an unquestionable knowledge. The contents that present problematizations of learning, fostered in the educational space, are anchored in the area of Health for the possible resolution of these challenges. The image that can be seen is of a child who escapes the behavioral standards required by the school culture and the solution found in the urgency of educational practice is to interpret differences and deficiencies for a proper and quick solution together with a possible medical report and the use of medicines. . Fertile space for the misunderstanding of historical and political factors that condition social inequalities and are inserted, or rather, are rooted in the underground of schools and teachers can only interpret the stem and crown of the tree of the school institution , but not the roots generated by the capitalist
image/svg+xmlRafaella Oliveira RESENDE and Rosely Ribeiro LIMARPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022003, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI:https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.1646114economic system that transport minerals that are in continuous control of the school as a fertile environment for human automation. In view of this social representation of teachers whose medical knowledge, in the official form of a report that presents a diagnosis, is indisputable, it is understood that parents and teachers consent and agree with drug treatment. , even if the side effects are evident in children who consume it. In the speeches collected, it was observed that there is no space and chance for an alternative form for the development of the teaching-learning process, in which the student is welcomed and attended within his/her specificities and particularities, in a in order to respect their time and needs in the face of the dynamics of the procedural construction of knowledge and emancipatory awareness. As explained by Moysés (2001), the professor is dependent on a medical science that provides a diagnosis, through his clinical view of the processes of not learning. As a result, this diagnosis carries images of complications for that child who does not learn, and brings the idea that the consumption of a medication could solve all the difficulties presented. For this same author, the drug is presented as a tool to avoid school failure, however, what is offered to that child is a drug that aims at obedience, discipline, thus explaining one of the biases of hygienist practices. In view of this, it is reflected on the importance of an educational policy structured in planned measures, intervening in the formative and informative processes, which considers the concrete conditions of the school and that implements, together with the Public Ministry, actions that promote restructuring of this scenario, in order to in order to meet the identified demands. It is worth remembering that educational policies are of paramount importance for the implementation of a more democratic and inclusive education, in order to consider not only the local specificities of each school, but also the social, economic, political, cultural and historical ones. ACKNOWLEDGMENTS: Thanks to the Coordination for the Improvement of Higher Education Personnel (CAPES) for the scholarship granted, assisting in the investment and improvement of this study and research.
image/svg+xmlMedicalization phenomenon in schools: Teacher´s social representationsRPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022003, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI:https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.1646115REFERENCES COLLARES, C. A. L.; MOYSÉS, M. A. Controle e medicalização da infância. Desidades:Revista Eletrônica de Divulgação Científica da Infância e Juventude, Rio de Janeiro, n. 1, p. 11-21, 2013. Available at: https://revistas.ufrj.br/index.php/desidades/article/view/2456. Accessed on: 11 Nov.2021. COSTA, T. S. et al. Papel do professor face à medicalização: estudo exploratório no território brasileiro. Psicologia da Educação, São Paulo, v. 49, p. 89-97, 2019. Available at: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psie/n49/n49a10.pdf. Accessed on: 11 Nov.2021. JODELET, D. Representações Sociais: um domínio em expansão. In: JODELET, D. (org.). As Representações Sociais. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2001. LIBÂNEO, J. C. Organização e gestão da escola: teoria e prática. 6. ed. São Paulo: Heccus, 2015. MOYSÉS, M.A.A. A institucionalização do invisível: crianças que não aprendem na escola. São Paulo: Mercado das Letras, 2001. SANTOS, G. B.; As estratégias de fuga e enfrentamento frente às adversidades do trabalho docente. Estudos e Pesquisas em Psicologia, v. 6, p. 1-6, 2006. Available at: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revispsi/article/view/11090. Accessed on: 11 Nov. 2021. VALLE, L. E. L. R. Psicologia Escolar: Um duplo desafio. Psicologia Ciência e Profissão, Brasília, v. 23, n. 1, p. 22-29, 2003. Available at: https://www.scielo.br/j/pcp/a/Sz5HSBxWXt7Ch7M4DzRrLsx/abstract/?lang=pt. Accessed on: 11 Nov.2021. ZUCOLOTO P. C. S. V.; PATTO M. H. S. O médico higienista na escola: as origens históricas da medicalização do fracasso escolar. Revista Brasileira de Crescimento e Desenvolvimento Humano, São Paulo, v. 17, n. 1, p. 136-145, abr. 2007. Available at: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-12822007000100014&lng=pt&nrm=iso. Accessed on: 11Nov.2021.
image/svg+xmlRafaella Oliveira RESENDE and Rosely Ribeiro LIMARPGERevista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022003, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI:https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.1646116How to reference this article RESENDE, R. O.; LIMA, R. RMedicalization phenomenon in schools: Teacher´s social representations. Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022003, Jan./Dec. 2022. e-ISSN:1519-9029. DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.16461 Submitted:02/11/2021 Revisions required26/12/2021 Approved: 20/02/2022 Published: 31/03/2022 Management of translations and versions: Editora Ibero-Americana de Educação