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A gestão educacional e os referenciais cognitivos e normativos em política pública
RPGE
–
Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022002, jan./dez.2022. e-ISSN: 1519-9029
DOI:
https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.16741
1
A GESTÃO EDUCACIONAL E OS REFERENCIAIS COGNITIVOS E
NORMATIVOS EM POLÍTICA PÚBLICA
GESTIÓN EDUCATIVA Y MARCOS COGNITIVOS Y NORMATIVOS EN LAS
POLÍTICAS PÚBLICAS
EDUCATIONAL MANAGEMENT AND COGNITIVE AND NORMATIVE
REFERENCES IN PUBLIC POLICY
Rejane OLIVEIRA
1
Sebastião de SOUZA LEMES
2
RESUMO:
O objetivo deste estudo visa compreender a matriz cognitiva e normativa
construída pela dinâmica das interações entre os agentes envolvidos com as ações
educacionais a partir de um referencial representado por Planos de Educação. Trata-se de uma
pesquisa do tipo empírica e indutiva utilizando o referencial teórico de análise cognitiva de
políticas públicas na perspectiva da ação pública. O estudo mostrou que a gestão educacional
pode ser compreendida como espaço dinâmico que se movimenta por eixos que determinam
as tomadas de decisões formando uma estrutura constituída por: agentes, processos de
mobilização de recursos, repertório de ação, representações, instituições e resultados.
PALAVRAS-CHAVE
: Gestão educacional. Matriz cognitiva e normativa. Ação pública.
Referencial.
RESUMEN:
El objetivo de este estudio es comprender la matriz cognitiva y normativa
construida por la dinámica de interacciones entre los agentes involucrados en las acciones
educativas a partir de un referente representado por los Planes de Educación. Esta es una
investigación de tipo empírica e inductiva que utiliza el marco teórico del análisis cognitivo
de las políticas públicas desde la perspectiva de la acción pública. El estudio mostró que la
gestión educativa puede ser entendida como un espacio dinámico que se mueve a lo largo de
ejes que determinan la toma de decisiones, formando una estructura compuesta por: agentes,
procesos de movilización de recursos, repertorio de acciones, representaciones, instituciones
y resultados.
PALABRAS CLAVE:
Gestión educativa. Matriz cognitiva y normativa. Acción pública.
Referencia.
1
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Araraquara
–
SP
–
Brasil. Supervisora de Ensino na Secretaria
Municipal de Educação de Bebedouro. Doutora em Educação Escolar. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-
0381-6075. E-mail: rejane@semeb.bebedouro.sp.gov.br
2
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Araraquara
–
SP
–
Brasil. Professor do Departamento de Ciências da
Educação. Pós-doutor em Psicologia. Editor. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0750-9294. E-mail:
ss.lemes2@gmail.com
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Rejane OLIVEIRA e Sebastião de SOUZA LEMES
RPGE
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ABSTRACT:
This study aims to understand the cognitive and normative matrix developed by
the dynamics between the agents involved of educational actions from a reference represented
by the Education Plan. This is an empirical and inductive research using the theoretical
framework of cognitive analysis of public policies from the perspective of public action. The
study identified that educational management can be understood as an interactive dynamic
space moved by axes that determine decision-making. It can be seen as a structure consisting
of agents, processes of mobilization of resources, repertoire of action, representations,
institutions, and results.
KEYWORDS
: Educational management. Cognitive and normative matrix. Public action.
Referential.
Introdução
Esse estudo apresenta o extrato de uma tese de doutorado desenvolvido no Programa
de Pós-graduação em Educação Escolar no campus da Universidade Estadual Paulista, Unesp
de Araraquara-SP, a partir de uma nova visão de análise de políticas públicas educacionais,
apresentada pelo
Professor Doutor Sebastião de Souza Lemes, na disciplina de “Fundamentos
de Análise Cognitiva de Política Pública: a decisão, instrumentação e regulação da educação”
realizada no primeiro semestre de 2017. Trata-se de uma pesquisa do tipo empírica e indutiva
utilizando o referencial teórico para análise cognitiva de políticas públicas na perspectiva da
ação pública, desenvolvida pelos franceses Pierre Muller, Yves Surel (2002), Pierre
Lascoumes e Patrick Le Galès (2012b), buscando explicar a dinâmica de interações entre os
agentes públicos, políticos e sociais envolvidos com a educação municipal.
Percebe-se que os municípios como entes federados autônomos, historicamente, vêm
procurando organizar os seus sistemas de ensino a partir da democratização do país visando
garantir a qualidade da educação. Sendo a gestão educacional responsável por garantir os
princípios democráticos capaz de mediar as controvérsias presentes nos espaços de debates
que buscam interferir nas agendas de ações das secretarias de educação e na formulação de
políticas educacionais.
Segundo Barroso (2006, p. 13), os modos de regulação de um sistema de ensino,
postos em prática pelas autoridades educativas, reúnem um “conjunto de mecanismos de
orientação, coordenação, controle das ações, das instituições, dos profissionais dentro do
sistema educacional”, determinadas pelas interações dos grupos, dos agentes envolvidos nos
processos decisórios.
Compreender esse conjunto de mecanismos decorrente das interações produzidas entre
os agentes que atuam no sistema público de ensino e no processo de execução da política que
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se instituiu com a implantação do plano municipal de educação, impulsionado pelo Plano
Nacional de Educação, é uma necessidade no campo das pesquisas educacionais, do ponto de
vista da análise cognitiva.
O processo dinâmico de interações entre agentes, é o que caracteriza a ação pública,
pois a política pública, quando posta em ação, envolve colocar em jogo as representações
globais referentes às crenças, paradigmas e referenciais. Assim, segundo Lascoumes e Le
Galès (2012b), a análise da ação pública pode ser realizada a partir de cinco elementos
interrelacionados: os agentes (ou atores), os processos, as instituições, as representações e os
resultados.
Muller e Surel (2002) postulam que as representações globais presentes na forma de
pensar de agentes formam um sistema de significados que são adotados como referência, a
qual orienta os seus posicionamentos, frente à resolução dos problemas públicos. Desse
processo de interações resulta a elaboração de instrumentos compreendidos como
“instituição”, os quais estão relacionados a regras, normas e procedimentos, a sequências de
ações coordenadas e obrigatórias, que governam as interações entre indivíduos do sistema
para a construção de novas regulações. Os efeitos da ação pública, nesse sentido, durante e
após a dinâmica de interações, geram “resultados”.
Segundo Lemes (2016), as ideias e as representações dos agentes que atuam nos
órgãos administrativos da educação são parte do processo de interação entre eles, tornando-se
fatores determinantes para construção de uma matriz cognitiva e normativa, que se caracteriza
nos instrumentos de regulação. A interação entre esses atores é permeada por recursos e
repertórios de ação, o que os auto
res chamam de “capacidade de agir” e “exercício do poder”,
dentro e fora do âmbito político-administrativo (LASCOUMES; LE GALÈS, 2012a). O
conceito de matriz cognitiva e normativa foi definido por Muller e Surel (2002), o qual se
assenta em outros três modelos conceituais definidos por Jobert e Muller (1987), Hall (1993),
Sabatier e Jenkins-Smith (1999): referencial, paradigma e
advocacy coalition
(sistemas de
crenças).
Dessa maneira, a matriz cognitiva e normativa relacionada às estratégias do plano
municipal de educação, que se agrupam de acordo com os níveis de percepção, está em
construção pelos agentes envolvidos no processo de execução das ações. Significa que as
fases de formação da matriz cognitiva e normativa funcionam em movimento cíclico girando
em torno dos problemas, quando há um debate ocorre o que Muller (2005) chama de
problematização, dispositivo de estimulação, estabilização e mobilização de repertórios de
ação.
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Rejane OLIVEIRA e Sebastião de SOUZA LEMES
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Nesse sentido, a ação pública nos sistemas públicos de ensino é produtora de ordem e
fruto da dinâmica de interações entre diversos agentes com estruturas cognitivas diferentes e
se respalda em referenciais. Consolida-se por meio dos instrumentos por ser um dispositivo
organizador das relações sociais específicas entre o poder público e seus destinatários, em
função das representações e significados que ele carrega (LASCOUMES; LE GALÈS,
2012a).
Portanto, estudar instrumentos permite analisar o poder político em exercício, a
autoridade e o poder dos agentes, pois “cada instrumento é,
por isso, uma forma condensada
de saber sobre o poder social e as formas de exercê-
lo” (LASCOUMES; LE GALÈS, 2012a,
p. 202). Cada instrumento tem um caráter diferente, identificável pelo grau de coercitividade,
automatismo e visibilidade, uma vez que “os i
nstrumentos não são neutros e produzem efeitos
específicos, independentes dos objetivos visados, que estruturam, segundo a sua própria
lógica, a ação pública” (LASCOUMES; LE GALÈS, 2012a, p. 181).
As regularidades provocadas por esses instrumentos moldam os comportamentos dos
agentes públicos e sociais, as quais são obtidas pelas matrizes cognitivas e normativas. Ou
seja, o instrumento da ação pública como instituição tem uma dimensão regulamentar,
normativa e cognitiva. O sistema público de ensino é formado pelo conjunto de escolas,
implicando definir princípios, diretrizes e normas organizacionais, pedagógicas e curriculares.
As diretrizes organizacionais, instrumentos normativos, são portadores de
intencionalidades, ideias, valores, atitudes e práticas (matriz cognitiva e normativa) que vão
influenciar os modos de pensar dos agentes na configuração de suas práticas. Os agentes
podem aderir, resistir ou dialogar com elas e formular, de forma colaborativa, novas
propostas.
Portanto, a mudança de paradigma evocada por um referencial implica a construção e
a utilização de instrumentos que permitam a tradução do texto político para a aplicação na
prática.
A relação entre dois referenciais: o plano nacional e municipal de educação
O plano nacional de educação é entendido, neste estudo, como o referencial global,
devido a sua abrangência para alcançar o ideal de uma educação de qualidade que alcance a
todos os cidadãos. Para seu sucesso, é essencial a articulação entre os sistemas de ensino,
federal, estadual e municipal, e a participação da sociedade na sua discussão, monitoramento
e avaliação.
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As diretrizes, metas e estratégias determinadas pela Lei n° 13.005, de 25 de junho de
2014 (BRASIL, 2014), direcionam as políticas educacionais a serem desenvolvidas no âmbito
local. As metas desse referencial global estão estruturadas em quatro eixos: 1) garantia do
direito à educação básica com qualidade (universalização da alfabetização e ampliação da
escolaridade e das oportunidades educacionais); 2) redução das desigualdades e valorização
da diversidade e da equidade; 3) valorização dos profissionais da educação; 4) educação
superior. Estas metas mostram que a gestão democrática e o financiamento da educação são as
dimensões articuladoras da instituição do Sistema Nacional de Educação (SNE). A ideia de
construir um plano municipal de educação se consolidou com a aprovação desse referencial
quanto ao dever de elaborar ou adequar os planos estaduais e municipais de educação, em
consonância com as suas diretrizes, metas e estratégias.
Assim, para compreender essa dinâmica de construção das ações educacionais é
necessário compreender a perspectiva adotada de ação pública e não de política pública, para
se referir ao processo de desenvolvimento do plano municipal de educação.
Ação pública
O uso do termo “ação pública” é decorrente da mudança de perspectiva para o estudo
de políticas públicas. As políticas públicas sempre foram um dos grandes paradigmas das
Ciências Sociais para análise e compressão dos processos de regulação de todas as
sociedades. Yves Mény e Jean-Claude Thoenig (1989, p. 129) definiram políticas públicas
como “o produto da atividade de uma autoridade investida de poder, legitimidade pública e
governamental”. Com essa definição, sua análise foi gradativamente separ
ada da ciência
administrativa, para se integrar às abordagens da ciência política.
Historicamente, os modelos de análise das políticas públicas surgiram com a
modernização das sociedades nacionais e industriais, tendo o Estado como modelo político
específico. O Estado hoje passa a ser substituído pelo capitalismo, que impõe necessidades de
novas formas de regulação (BARROSO, 2006; COSTA, 2015; LEMES, 2016). As empresas e
as instituições financeiras se desenvolveram, em decorrência da mundialização, de tal forma
que interferem nas políticas públicas. Nesse sentido, a expressão “política pública” tem sido
substituída por “ação pública” (LASCOUMES; LE GALÈS, 2012b). Os atores envolvidos na
ação pública são pessoas físicas ou jurídicas que atuam nas tomadas de decisões, e são os
agentes capazes de desenvolver estratégias que modificam e aprimoram as ações.
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Rejane OLIVEIRA e Sebastião de SOUZA LEMES
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Nesse sentido, a ação pública se aplica na atuação da administração pública e dos
agentes públicos, políticos e sociais que agem conjuntamente em busca da garantia dos
direitos sociais. Lascoumes e Le Galès (2012b, p. 39) afirmam que a sociologia da ação
pública é ainda uma sociologia política que se interessa pela articulação das regulações sociais
e políticas, pelos conflitos, recursos financeiros, atividades políticas e pelas questões de
legitimidade dos atores, sobretudo dos servidores públicos, dos governos e dos governantes.
A transferência de novos poderes para as autoridades locais descaracteriza a ação do
Estado centralizado. Esta evolução leva a uma multiplicação e diversificação dos atores
envolvidos na formulação de políticas para cada autoridade local (LE GALÈS, 2003). Então,
as políticas públicas em ação passam a ser entendidas como construção da realidade, não se
destinam a resolver problemas que estão fora delas, mas são processos que constroem
estruturas de inteligibilidade, visões de mundo, sistemas de crenças e referenciais para
solução de problemas.
Pensando assim, os agentes públicos e políticos desenvolvem argumentos, em
competição, procurando definir um problema por meio de uma linguagem que corresponda
aos seus valores, crenças, interesses, posições e características organizacionais. Dessa forma,
a política pública ficou restrita apenas à intervenção do Estado, a ações governamentais e à
atuação das autoridades, pois o modelo clássico de se conceber políticas públicas está
ultrapassado, em decorrência das interações entre os agentes públicos, políticos e sociais e dos
atores, que participam nas diversas instituições, organizações, que interferem na agenda e na
execução de projetos sociais (LASCOUMES; LE GALÈS, 2012b).
Muller (2004) sublinha que a administração pública nunca será uma empresa, mas
estamos na presença de uma forma de banalização do estado, e para ele o quadro cognitivo e
normativo em que a ação pública é pensada está mudando: a noção de poder público torna-se
um conceito incomum e o de serviço público cada vez mais justificado pela combinação
eficiência/eficácia, critério de referência para avaliação de administrações.
Referencial cognitivo e normativo como perspectiva de mudança
O plano municipal de educação se constitui como uma política pública entendida
como instrumento da ação pública, que concentra princípios, estratégias, ações e
mobilizações, formando uma norma de ação; trata-se do referencial cognitivo e normativo
para o desenvolvimento do processo de escolaridade (LEMES, 2016). Ele é normativo por sua
estrutura legal, pois é constituído por um conjunto de normas que dão sentido aos programas
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da ação pública, define os critérios de seleção e métodos de designação de objetivos. É ao
mesmo tempo um processo cognitivo baseado em um diagnóstico que permite compreender o
real (limitando sua complexidade) e um processo determinante, de forma a permitir agir sobre
o real (MULLER; SUREL, 2002).
O conceito de referencial faz parte da análise cognitiva de políticas públicas, na
perspectiva da ação pública desenvolvida na França nos últimos vinte anos. As políticas
públicas, de acordo com essa abordagem, não são apenas espaços onde os atores se
confrontam de acordo com seus interesses, mas são também o lugar (o referencial) onde
determinada sociedade constrói sua relação com o mundo, sendo possível, por meio delas,
compreender as representações e atuar na realidade como ela é percebida (MULLER, 2011).
Nesse sentido, Muller (2014, p. 555) enuncia que “a definição de uma política pública
é baseada em uma representação da realidade que constitui o referencial dessa política”, o que
envolve a definição de objetivos que serão definidos com base em uma representação do
problema, em suas consequências e em possíveis soluções para resolvê-los.
Muller (2005), desenvolveu um sistema de significado e estrutura de referência de
uma política pública a qual abrange não somente o instrumento legal, como também mobiliza
a visão de mundo dos agentes e atores, de forma simbólica, em vários âmbitos da sociedade,
com base nas normas vigentes que moldam os seus pensamentos e comportamentos. Dessa
maneira, sua estrutura pode ser dividida em dois elementos, o referencial global e o setorial,
sendo global-setorial, o relacionamento entre eles, como representação do lugar e do papel de
um setor numa dada sociedade (MULLER, 2005).
O referencial global é a representação geral, em torno da qual as várias representações
setoriais serão organizadas e priorizadas. Consiste em um conjunto de valores fundamentais
que se referem às crenças básicas de uma sociedade, bem como em um conjunto de normas
que permitem escolher entre os comportamentos (MULLER, 2011). Em relação a isso, o
Plano Nacional de Educação pode ser considerado uma proposição de mudança, se
constituindo como representação do referencial global e aparece, a princípio, como a
expressão de uma mudança no estado do mundo da educação. Portanto, é importante notar
que cada estrutura interpretativa não é apenas um estoque de ideias, mas se refere a uma
estruturação do “global”.
O referencial setorial é uma representação de um setor, seu primeiro efeito é marcar os
limites setoriais, sua configuração e seu lugar na sociedade, pois esses elementos são objeto
de conflitos em curso, em conexão com as controvérsias sobre o controle da agenda política
(MULLER, 2011).
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Assim, a educação municipal é o setor na sociedade em que se insere, coordenada pela
secretaria municipal de educação, a qual é responsável por realizar a mediação entre o
referencial global (marco de referência de política pública da sociedade em geral) e setorial
(marco de referência de política pública da sociedade local).
Para Surel (2008), o referencial tem uma implicação dupla: 1) um ponto de referência
em que atende aos processos de categorização e definição que permitem a um determinado
setor situar-se na sociedade, visto como um referencial das funções sociais; 2) visto como
normas de atualização de ação que vão determinar e enquadrar a política pública.
Para Jobert e Muller (1994, p. 50), esse entendimento coloca o referencial como um
mediador que designa "os agentes que fazem o referencial de políticas públicas” e entende
que os mediadores são “imagens cognitivas que determinam a percepção do problema po
r
grupos presentes e a definição das soluções adequadas”.
Isso implica entender a dinâmica do processo de discussões e decisões no âmbito da
gestão de sistemas educacionais.
A gestão educacional determinada por eixos articulados de ação
O paradigma de gestão da educação foi construído no contexto da democratização e
modernização do Brasil. Trata-se de um novo modo de condução do destino das organizações
visando à eficiência, eficácia, efetividade e relevância. O processo de gerir a dinâmica do
sistema
de ensino é denominado como “Gestão Educacional”. Essa expressão foi aceita e
reconhecida por estar ligada ao fortalecimento da democratização do ensino, como essencial
para organização e mobilização das pessoas voltadas ao desempenho eficiente e
comprometidas com a qualidade da educação (LUCK, 2015).
Segundo Luck (2015, p. 35), o conceito de gestão é amplo e complexo, trata-se de uma
concepção paradigmática de superação do conceito de administração, implica a “compreensão
do modo como nosso pensamento é orientado para perceber o mundo, o que, por isso,
determina o que vemos e o que deixamos de ver, e, em consequência, como reagimos diante
da realidade”. Essa concepção envolve entender que problemas globais demandam ações
participativas, ou seja, a lógica da gestão se orienta pelos princípios democráticos e se
caracteriza na interação dos agentes nas tomadas de decisões sobre orientação, organização,
planejamento e articulação dos eixos que determinam as ações.
Portanto, a análise, nesse estudo, apoiou-se nos cinco elementos constitutivos da
análise da ação pública definidas por Lascoumes e Le Galès (2012b): atores (agentes),
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representações, instituições, processos e resultados, considerando-os como eixos que giram
em torno dos problemas públicos debatidos no âmbito da gestão educacional, formando uma
estrutura, entendida como determinantes para as ações de execução das políticas públicas
educacionais. Por essa perspectiva, os eixos que determinam as ações podem ser
compreendidos como uma estrutura articulada que simboliza a dinâmica da gestão
educacional.
Assim, o quadro de interpretação do mundo que coloca em ordem os diferentes
subuniversos de sentido que constituem o setor (educação), se expressa na imagem construída
pelos agentes e atores inseridos nos problemas em causa.
Os agentes públicos, políticos e sociais
A partir do marco introdutório da democratização do país, surge um novo cenário para
as organizações, a modernização, o avanço democrático, diferentes demandas de ações
públicas, e a necessidade de modificações nas formas de participação da sociedade. Emerge
então, o perfil de sujeitos participativos denominados atores sociais.
O conceito de atores, definido por Darli de Souza Dias no dicionário de políticas
públicas compreende os: “indivíduos c
uja participação interfere na qualidade das ações que
impactam na qualidade de vida de todos os seres que constituem as diversas redes sociais”
(DIAS, 2012, p. 29).
Já Lascoumes e Le Galés (2012b) definem atores de forma mais abrangente, como
sendo pessoas físicas ou jurídicas que atuam nas tomadas de decisões, e que são capazes de
desenvolver estratégias de ação que modificam, aprimoram as ações de natureza pública.
Neste estudo, adotou-se o conceito de agente, definido por Gontijo (2012, p. 21) como
“aquele que age, opera, que realiza a ação”. Ele pode ocupar três posições: o de agente
público, agente político e o agente social. No âmbito do sistema educacional, os agentes
ocupam essas três posições. O agente público “é um indivíduo, pessoa física, que e
xerce uma
função pública no âmbito do Estado” (DIAS, 2012, p. 29).
Na área da educação, esses agentes são os professores, diretores de escola,
coordenadores pedagógicos, supervisores de ensino, e demais profissionais que atuam no
sistema educacional, ou seja, são ocupantes de função pública instituída por lei, para o
exercício de determinada atividade na prestação do serviço público.
O agente político é “o indivíduo que exerce alguma função pública considerada
superior na hierarquia da estrutura constituc
ional do Estado” (GONTIJO, 2012, p. 21). Estes
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são os agentes no âmbito municipal: assessores e secretários, no poder executivo; e
vereadores, no poder legislativo.
O agente social é aquele “indivíduo que opera uma ação no âmbito do sistema social,
desenvo
lvendo ações específicas para a sobrevivência do sistema” (GONTIJO, 2012, p. 21).
A escola, por exemplo, é reconhecida como um sistema social composta por agentes internos
e externos: internos são aqueles que agem no interior do sistema (professores, diretores
escolares, alunos, pessoal de apoio administrativo e pedagógico), externos são aqueles que
agem sobre o sistema (prefeitura, ministério da educação, secretaria municipal de educação,
conselho tutelar, dentre outros órgãos), além dos atores sociais que são a comunidade, os pais
e familiares dos alunos.
Os paradigmas que formam as referências dos agentes que atuam na gestão, seja na
escola ou no sistema, são diferentes por estarem entre duas visões, a micro (escola) e a macro
(sistema). Os agentes e atores que vivem na sociedade são responsáveis por inscrever os fatos
sociais na agenda política tornando-os problema público. Lascoumes e Le Galès (2012b, p.
141) explicam que “um problema se torna público a partir do momento em que os atores
sociais estimam
que algo deve ser feito para mudar uma situação”.
Os vários agentes e atores da sociedade influenciam as decisões no âmbito do
referencial setorial em busca de solução para os problemas. Os problemas quando inseridos na
agenda de ações impulsionam o processo de mobilização de recursos, caracterizados pelos
meios de uso do poder de influência que, em grupo ou individualmente, os agentes utilizam
para defender seus interesses. Isso, porque a visão dos agentes se difere quanto à interpretação
do problema e às soluções possíveis.
Portanto, o processo de construção das políticas públicas é indissociável da ação dos
indivíduos e dos grupos envolvidos, considerando que são capazes de produzir discursos e
mobilizar ações.
Na seção seguinte apresentamos o que caracteriza a participação dos agentes e atores
nos espaços de debates para defender interesses coletivos.
Os processos de mobilização dos recursos
O sistema municipal de ensino, constituído pelo conjunto de escolas, enquanto espaço
discursivo é o lugar onde se produzem e se reproduzem relações de poder entre os agentes que
nele atuam e interagem. O discurso vincula-se à compreensão de que o mundo é criado pela
representação social construída historicamente, sendo assim, são os atores que atribuem
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significados a ele por meio do conjunto das práticas sociais organizadas nas e pelas relações
sociais e ideológicas.
Nesse sentido, para analisar a ação pública é necessário refletir sobre as características
evolutivas do espaço público e das dinâmicas de ação coletiva. Estudos que incorporam
variáveis cognitivas à análise de políticas públicas, buscam na sociologia relacional e dos
imperativos culturais, a explicação dos padrões estruturados pela ação individual e coletiva
(LASCOUMES; LE GALÈS, 2012b).
Nessa perspectiva, Muller e Surel (2002) definem dois tipos de fatores essenciais para
caracterizar a participação dos agentes e atores nos espaços de debates: os recursos e o
repertório de ação. Os recursos dizem respeito à capacidade de agir, a partir do poder
conferido no espaço político-administrativo. A natureza desses recursos é caracterizada de
acordo com o contexto nos quais são operados. Os agentes e atores podem atuar defendendo
interesses de grupos, dos quais eles fazem parte, dentro ou fora do contexto político-
administrativo.
Para Muller e Surel (2002, p. 80), “os recursos são ao mesmo tempo mobilizados no
interior e no exterior, podendo as duas lógicas combinar-se, cumularem-se ou oporem-
se”. O
repertório da ação é o conjunto dos meios implementados para o exercício do poder, ou seja, a
influência que agentes possuem junto aos tomadores de decisões públicas. O objetivo dessa
mobilização dos recursos e repertórios da ação é convencer o maior número possível de
pessoas interessadas num problema e/ou numa determinada reivindicação.
A legitimidade dos agentes e atores se dá quando esses conseguem fazer emergir, a
partir dos discursos, o real problema; e quando é aceito como representante dos interesses dos
grupos. Com isso, a mobilização dos diferentes recursos alimentará as ações coletivas, que
constituem o grupo na relação entre os agentes. Dado um problema público, gravitam ao seu
redor as configurações dos agentes e atores (mobilização dos recursos, e modos de
estruturação) e as matrizes cognitivas (os valores, as representações e as crenças, as formas de
se operacionalizar a ação), estabelecendo a natureza de suas relações de formas concorrentes.
A abordagem cognitiva das políticas públicas coloca em evidência os vínculos estreitos
existentes entre eles (SUREL, 2008).
Essa cristalização conjunta entre a configuração dos agentes e atores e os paradigmas
se distingue em quatro fases: a primeira é a problematização - sistema de alianças definidoras
da identidade e problemas que os envolvem e o que querem. A segunda fase é o dispositivo de
estimulação, ou seja, o fomento dado pelo agente no momento da problematização em busca
de adesão, ocorrendo a identidade por meio dos valores circunscritos pela problematização
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original. A terceira fase é o processo global de estabilização do conjunto de relações e de
representações, finalizando com a “mobilização” dos agentes e ou atores e da matriz cognitiva
e normativa que se fixou, de forma a estruturar e legitimar as relações e ações dos agentes e
atores envolvidos (MULLER; SUREL, 2002, p. 84).
Segundo Muller (2005), o processo de articulação entre a realidade desejada (lógicas
globais) e a realidade vivenciada (lógica setorial) se configura no ordenamento das estruturas,
normas, regras e instrumentos.
Instituições
–
estrutura, normas, regras, instrumentos
Políticas públicas são estruturadas por normas, orçamentos e instituições. A visão
clássica de políticas públicas é a de que sua ação se inscreve mediante uma lei. Diante desse
posicionamento, a ação pública se define como “um conjunto de normas juridicamente
formalizadas que designam organismos em função do programa, seus atributos de poder e
seus meios orçamen
tários” (LASCOUMES; LE GALÈS, 2012b, p. 173).
Essa visão predominou por muito tempo, e após estudos sociológicos sobre o tema,
verificou-se que os atores da ação pública ignoram a aplicação das normas e resistem a elas,
podendo contorná-las, assim como os titulares de poder que violam as leis em nome da
manutenção do poder ou lucro. Nesse sentido, as normas funcionam mais como instrumentos
de pressão e coerção do que como recursos. Por outro lado, pesquisas cognitivas em políticas
públicas identificaram que as normas disciplinam as ações coletivas e o comportamento,
produzindo ordem e sentido.
Lascoumes e Le Galès (2012b) apontam três tipos de normas secundárias: normas de
interpretação da instituição, normas de adaptação às demandas e contextos e normas de
regulamentação dos conflitos entre mediadores e destinatários. Essa visão de norma tem um
objetivo pedagógico e de aprendizagem e de acomodação das regras, bem como construção de
relações de confiança.
A instituição é uma estrutura social que remete à ideia de interações estabilizadas entre
os indivíduos de um grupo, definido por uma identidade construída. Traduzem-se na rotina,
nos procedimentos, nas formas de organização, ou seja, são regras formais sancionadas e
determinadas pelo comportamento dos atores e variam segundo três dimensões principais:
grau de precisão, formalismo e peso normativo. Pela definição clássica de instituição e
institucionalização, conforme descrevem Lascoumes e Le Galès (2012b, p. 190), as
instituições são construções sociais e políticas, nascidas de conflitos e de negociações. São
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A gestão educacional e os referenciais cognitivos e normativos em política pública
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regras, normas e procedimentos, sequências de ações estandardizadas, mais ou menos
coordenadas e obrigatórias, que governam as interações entre indivíduos, notadamente para a
construção de políticas públicas.
Dessa forma, as instituições podem ser representadas como instrumentos da ação
pública e representam os modos de materializar e operacionalizar a ação governamental. O
seu uso se traduz nas técnicas, ou meios de operar os dispositivos, os quais são escolhidos
para resolver o conjunto de problemas públicos.
Nessa perspectiva, a gestão educacional compreende o processo de gerir a dinâmica do
sistema de ensino, coordenar as escolas com base nos referenciais normativos, quais sejam, as
diretrizes e políticas públicas educacionais, buscando implementá-las, por meio de
metodologias de organização de ambientes educacionais autônomos e participativos, de
compartilhamento, autocontrole e transparência.
Portanto, a gestão educacional, tanto em âmbito macro (sistema) como micro (escola),
abrange a articulação dinâmica do conjunto de atuações como prática social, passando a ser o
enfoque orientador da ação organizadora e orientadora do ensino. Essa busca em dar respostas
organizacionais e administrativas eficientes, eficazes, efetivas e relevantes às atuais demandas
dos sistemas de ensino geram resultados.
Resultados
Os resultados nessa perspectiva referem-se às consequências e efeitos da ação pública
durante e após a dinâmica de interações que permeiam os outros quatro elementos das ações:
agentes, processos, representações e instituições. Segundo Lascoumes e Le Galès (2012b, p.
62), “as interações desencadeiam processos de transferências, de adaptação e de conflitos
dinâmicos que produzem novas regras, estruturando um espaço original de ação pública”.
Para os autores, a interação dos agentes e dos atores altera a configuração da ação do Estado,
ao ponto de perder sua centralidade e monopólio no processo de ação pública.
Dessa forma, as redes de ações que se organizam nos diversos níveis rompem cada vez
mais com a concepção clássica de Estado. Com efeito, no espaço educacional municipal, o
exercício do poder e a orientação para elaboração de políticas públicas são cada vez mais
influenciados pelos processos de representação dos agentes. Esse fenômeno foi identificado
nas análises de políticas públicas desenvolvidas nos últimos anos, e a conclusão é a de que
políticas públicas do tipo
top down
têm sua capacidade de transformar o real.
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Quando o governo seleciona os desafios que integrarão a agenda pública, as decisões
são tomadas em gabinetes, sem participação da sociedade civil. Esse modelo é chamado de
top down
por basear-se nesse voluntarismo político (LASCOUMES; LE GALÈS, 2012).
Lascoumes e Le Galès citam três perspectivas de interpretação de fracassos de
políticas nesse modelo: a inefetividade, a ineficácia e a ineficiência. A inefetividade está
relacionada à falta de regulamentação de leis, o que inviabiliza a aplicabilidade da política
pública; a ineficácia é quando o objetivo principal da política pública não é alcançado ou se
mostra irrelevante; e a ineficiência relaciona-se com o custo elevado para implementação de
uma política pública, com obtenção de resultados ínfimos. A partir dessa identificação dos
fracassos na implementação de políticas públicas, surge a necessidade de analisar o processo
de racionalização d
a ação pública, significa dizer: “resolver problemas concretos de governos
e populações”.
É nesse contexto de mudanças nas políticas públicas ocorridas nas últimas décadas, e
mais recentemente com a adoção de um referencial de modernização e democratização
baseadas na ideia de eficiência, eficácia, flexibilidade e inovação, que a educação vem sendo
reformada (LESSARD, 2016). A visão é a de articulação, seguindo a lógica do gerenciamento
privado, significando a diminuição das prerrogativas do Estado, por meio da descentralização
e da desconcentração; a necessidade da reorientação curricular de projetos e programas; a
criação de exames e avaliações; a atribuição da gestão da educação aos níveis intermediários;
a concessão de maior autonomia financeira às escolas; o estabelecimento de processos de
prestação de contas.
A qualidade educacional, legitimada por resultados das avaliações externas, fez surgir
o estabelecimento de
rankings
, tanto de sistemas de ensino como de escolas públicas e
particulares, com os melhores e piores resultados. Diversos autores como Afonso (2005),
Araújo; Almeida, Dalben e Freitas (2013), Franco, Alves e Bonamino (2007), Lemes (2015),
Luzio (2005), Sousa e Oliveira (2005), Werle (2011) estudaram a avaliação externa, sua
origem, os caminhos percorridos por esse novo modo de regulação, e o novo conceito de
qualidade educacional representado pelo Índice de Desenvolvimento da Eduação Básica
(IDEB), implantado em 2007. Essa visão torna-se, portanto, determinante nas ações dos
agentes, pois utilizam as notas e os resultados como diagnóstico para o planejamento de
ações.
Assim, pode-se inferir que a presença de um referencial cognitivo e normativo
promove a movimentação e a interação dos agentes, o que consequentemente movimenta os
demais eixos que constituem a dinâmica de interação das ações políticas.
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A gestão educacional e os referenciais cognitivos e normativos em política pública
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Compreendendo a dinâmica de interação das ações políticas
Para compreender e discutir a dinâmica do conjunto de interações entre os agentes
para execução das ações educacionais, criamos uma representação gráfica (Figura 1) para
mostrar a estrutura que se forma no âmbito político administrativo, devido à relação entre dois
referenciais, cognitivo e normativo.
Figura 1 -
Modelo de Análise - processo dinâmico de ações públicas educacionais
Fonte: Elaboração dos autores
Os eixos da ação pública, os quais chamamos de determinantes da ação, são: os
agentes, os processos de mobilização de recursos, as representações, as instituições e os
resultados. Nessa representação, consideramos os agentes e os problemas públicos o centro de
todo processo, como o eixo que movimenta todos os outros eixos. Os demais eixos que se
movimentam, simbolicamente, pela interação dos agentes são: 1) os processos de mobilização
do repertório de ação, entendidos como os argumentos e poderes legitimados pelas posições
que os agentes ocupam no contexto da atuação; 2) as representações, que estão ligadas aos
modelos de gestão e organização da educação, os quais formam a visão de mundo dos
agentes, influenciadas pelos paradigmas, sistemas de crença e referenciais; 3) as instituições,
construídas em forma de instrumentos de regulação, constituindo as regras e as normas; 4) os
resultados, que se definem pelos efeitos da ação pública quanto à eficiência e à eficácia.
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Esses elementos em ação podem ser entendidos como a dinâmica de interações,
representada por uma estrutura em movimento no interior do referencial setorial, a imagem do
setor, ou seja, a política educacional, Plano Municipal de Educação. Segundo as proposições
de Muller (2011), uma política pública consiste na construção da representação da realidade
desejada, criando, assim, uma imagem da realidade sobre a qual se quer intervir. Essa imagem
é uma construção cognitiva organizada pelos agentes de acordo com a percepção do
problema, os quais confrontam soluções e definem suas propostas de ação, chamada por
Muller de “visão de mundo”, que constitui, então, o referencial de uma política.
Os agentes são responsáveis pela agilidade desse processo da dinâmica, que resultam
na transformação da matriz cognitiva e normativa (imagem), do global para o setorial, que se
traduz em mudança, de forma que o real desejado seja percebido na prática. Ou seja, o centro
de todo o processo está nos agentes como responsáveis por colocar os problemas públicos em
debate, o que coloca todos os demais eixos em funcionamento e podem resultar em eficiência
e eficácia da gestão educacional.
O referencial setorial está situado no interior do referencial global, pois o referencial
global se constitui no conjunto das políticas públicas que formam o arcabouço legal
orientadores da educação no Brasil, representado pelo Plano Nacional de Educação. O
referencial global é uma imposição como marco de referência para a política pública, isso é o
que gera elementos de articulação entre global e setorial.
Assim, a tese desenvolvida possui três dimensões: A existência de um referencial
cognitivo e normativo que promove a movimentação da interação entre os agentes, o que,
consequentemente, movimenta os demais eixos que constituem a dinâmica da gestão
educacional. A ordem de prioridade para execução das estratégias de ação é definida pela
matriz cognitiva e normativa, que se transforma na dinâmica de interações produzidas no
âmbito da gestão educacional. As estratégias vão sendo executadas conforme as pressões dos
agentes públicos, políticos e sociais que defendem interesses relacionados a problemas
públicos a partir de uma representação específica de seu lugar na sociedade.
Enfim, o estudo possibilitou compreender o PNE e o PME como dois referenciais que
simbolizam a matriz cognitiva e normativa, um global e o outro setorial, considerando a
relação entre eles. O espaço de debates e tensões, que caracterizam a interação entre os
agentes, pode-se dizer que é onde são produzidas as estratégias de ações e os novos
conhecimentos.
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A gestão educacional e os referenciais cognitivos e normativos em política pública
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Considerações finais
Esta síntese conclusiva finaliza o processo analítico, interpretativo e compreensivo,
desenvolvido ao longo da pesquisa. Baseado nessa teoria, o estudo mostrou que a gestão
educacional pode ser compreendida como espaço dinâmico de interações, que se movimenta
por eixos que determinam as tomadas de decisões. Pode ser vista como uma estrutura,
constituída por: agentes, processos de mobilização de recursos (capacidade de agir), repertório
de ação (exercício do poder), representações (paradigmas, referenciais, sistemas de crenças),
instituições (instrumentos) e resultados (efeitos das ações).
A interpretação que se pode dar é que os debates sobre os problemas e desafios
públicos promovidos pelos agentes são permeados por discursos mobilizados pelos sistemas
de crenças, paradigmas e referenciais. Esses debates são liderados por mediadores da ação
pública, capazes de estabelecer a matriz cognitiva e normativa que se dissemina por meio de
instituições, normas, regras e instrumentos, os quais produzem resultados.
A análise realizada nessa perspectiva teórica permitiu extrair pontos fundamentais para
a discussão e a compreensão dos determinantes que compõem a ação pública no âmbito
político-administrativo municipal e o momento da formação da matriz cognitiva e normativa
que possibilita passar da descrição para inferências.
Conclui-se, portanto, que estudar o plano municipal de educação como instrumento
cognitivo e normativo, e a imagem do real desejado para a educação, implica considerar que
os temas abordados no plano devam estar no centro dos debates dos agentes para que estejam
em constante movimento e diálogo.
O estudo mostrou que a gestão educacional é complexa, para além dos processos
organizacionais, mas no que diz respeito à formação das consciências coletivas em que
constitui a matriz cognitiva e normativa a qual se busca alinhar ao referencial global pelo
debate no setorial pode se traduzir em qualidade da educação. Essa identificação coloca a
formação continuada como condição necessária para que os agentes sejam capazes, por meio
do conhecimento, de interpretar, traduzir e persuadir grupos para reconstruir a matriz
cognitiva e normativa no âmbito político-administrativo com efeitos no sistema educacional e
voltados para a sua realidade.
Os resultados desta pesquisa permitem, a partir da análise cognitiva de políticas
públicas na perspectiva da ação pública, compreender a dinâmica de interações que se
estabelecem na construção, implementação e operacionalização das políticas públicas. A
análise cognitiva de políticas públicas se apresenta como um referencial teórico e, ao mesmo
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tempo, um procedimento analítico que possibilita verificar e caracterizar as dinâmicas de
interações no sistema, tanto global como referencial, que influenciam nos seus
desdobramentos e na sua efetividade.
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Rejane OLIVEIRA e Sebastião de SOUZA LEMES
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Como referenciar este artigo
OLIVEIRA, R.; SOUZA LEMES, S.
A gestão educacional e os referenciais cognitivos e
normativos em política pública.
Revista on line de Política e Gestão Educacional
,
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Submetido em
:
08/11/2021
Revisões requeridas em
: 22/12/2021
Aprovado em
: 23/02/2022
Publicado em
: 31/03/2022
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Educational management and cognitive and normative references in public policy
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1
EDUCATIONAL MANAGEMENT AND COGNITIVE AND NORMATIVE
REFERENCES IN PUBLIC POLICY
GESTÃO EDUCACIONAL E OS REFERENCIAIS COGNITIVOS E NORMATIVOS EM
POLÍTICA PÚBLICA
GESTIÓN EDUCATIVA Y MARCOS COGNITIVOS Y NORMATIVOS EN LAS
POLÍTICAS PÚBLICAS
Rejane OLIVEIRA
1
Sebastião de SOUZA LEMES
2
ABSTRACT:
This study aims to understand the cognitive and normative matrix developed by
the dynamics between the agents involved of educational actions from a reference represented
by the Education Plan. This is an empirical and inductive research using the theoretical
framework of cognitive analysis of public policies from the perspective of public action. The
study identified that educational management can be understood as an interactive dynamic
space moved by axes that determine decision-making. It can be seen as a structure consisting
of agents, processes of mobilization of resources, repertoire of action, representations,
institutions, and results.
KEYWORDS
: Educational management. Cognitive and normative matrix. Public action.
Referential.
RESUMO:
O objetivo deste estudo visa compreender a matriz cognitiva e normativa
construída pela dinâmica das interações entre os agentes envolvidos com as ações
educacionais a partir de um referencial representado por Planos de Educação. Trata-se de
uma pesquisa do tipo empírica e indutiva utilizando o referencial teórico de análise cognitiva
de políticas públicas na perspectiva da ação pública. O estudo mostrou que a gestão
educacional pode ser compreendida como espaço dinâmico que se movimenta por eixos que
determinam as tomadas de decisões formando uma estrutura constituída por: agentes,
processos de mobilização de recursos, repertório de ação, representações, instituições e
resultados.
PALAVRAS-CHAVE
: Gestão educacional. Matriz cognitiva e normativa. Ação pública.
Referencial.
1
São Paulo State University (UNESP), Araraquara
–
SP
–
Brazil. Teaching Supervisor at the Municipal Secretary
of Education of Bebedouro. Doctorate in School Education. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0381-6075. E-
mail: rejane@semeb.bebedouro.sp.gov.br
2
São Paulo State University (UNESP), Araraquara
–
SP
–
Brasil. Professor at the Department of Educational
Sciences. Post-doctorate in Psychology. Editor. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0750-9294. E-mail:
ss.lemes2@gmail.com
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Rejane OLIVEIRA and Sebastião de SOUZA LEMES
RPGE
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Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022002, Jan./Dec.2022. e-ISSN: 1519-9029
DOI:
https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.16741
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RESUMEN:
El objetivo de este estudio es comprender la matriz cognitiva y normativa
construida por la dinámica de interacciones entre los agentes involucrados en las acciones
educativas a partir de un referente representado por los Planes de Educación. Esta es una
investigación de tipo empírica e inductiva que utiliza el marco teórico del análisis cognitivo de
las políticas públicas desde la perspectiva de la acción pública. El estudio mostró que la gestión
educativa puede ser entendida como un espacio dinámico que se mueve a lo largo de ejes que
determinan la toma de decisiones, formando una estructura compuesta por: agentes, procesos
de movilización de recursos, repertorio de acciones, representaciones, instituciones y
resultados.
PALABRAS CLAVE:
Gestión educativa. Matriz cognitiva y normativa. Acción pública.
Referencia.
Introduction
This study presents the extract of a doctoral thesis developed in the Postgraduate
Program in School Education at the campus of Universidade Estadual Paulista, Unesp de
Araraquara-SP, from a new vision of analysis of educational public policies, presented by
Professor Doutor Sebastião de Souza Lemes, in the course "Fundamentals of Cognitive
Analysis of Public Policy: the decision, instrumentation and regulation of education" held in
the first half of 2017. This is an empirical and inductive research using the theoretical
framework for analysis of public policies from the perspective of public action, developed by
the French Pierre Muller, Yves Surel (2002), Pierre Lascoumes and Patrick Le Galès (2012b),
seeking to explain the dynamics of interactions between public, political and social agents
involved with education municipal.
It is noticed that the municipalities as autonomous federated entities, historically, have
been trying to organize their education systems from the democratization of the country in order
to guarantee the quality of education. As educational management is responsible for
guaranteeing democratic principles capable of mediating the controversies present in the spaces
of debates that seek to interfere in the action agendas of the education secretariats and in the
formulation of educational policies.
According to Barroso (2006, p. 13), the modes of regulation of an education system, put
into practice by the educational authorities, bring together a “set of mechanisms for guidance,
coordination, control of actions, institutions, professionals within the
system”. educational”,
determined by the interactions of the groups, of the agents involved in the decision-making
processes.
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Educational management and cognitive and normative references in public policy
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Understanding this set of mechanisms resulting from the interactions produced between
the agents that work in the public education system and in the process of implementing the
policy that was instituted with the implementation of the municipal education plan, driven by
the National Education Plan, is a necessity in the field. of educational research, from the point
of view of cognitive analysis.
The dynamic process of interactions between agents is what characterizes public action,
since public policy, when put into action, involves putting into play global representations
referring to beliefs, paradigms and references. Thus, according to Lascoumes and Le Galès
(2012b), the analysis of public action can be carried out from five interrelated elements: agents
(or actors), processes, institutions, representations and results.
Muller and Surel (2002) postulate that the global representations present in the way of
thinking of agents form a system of meanings that are adopted as a reference, which guides
their positions, facing the resolution of public problems. This process of interactions results in
the elaboration of instruments understo
od as “institution”, which are related to rules, norms and
procedures, to sequences of coordinated and mandatory actions, which govern the interactions
between individuals in the system for the construction of new regulations. The effects of public
action,
in this sense, during and after the dynamics of interactions, generate “results”.
According to Lemes (2016), the ideas and representations of the agents who work in
Organs administrative bodies of education are part of the process of interaction between them,
becoming determining factors for the construction of a cognitive and normative matrix, which
is characterized in the regulatory instruments. The interaction between these actors is permeated
by resources and action repertoires, which the authors call
“capacity to act” and “exercise of
power”, inside and outside the political
-administrative scope (LASCOUMES; LE GALÈS,
2012a). The concept of cognitive and normative matrix was defined by Muller and Surel (2002),
which is based on three other conceptual models defined by Jobert and Muller (1987), Hall
(1993), Sabatier and Jenkins-Smith (1999): referential, paradigm and
advocacy coalition
(belief
systems).
In this way, the cognitive and normative matrix related to the strategies of the municipal
education plan, which are grouped according to the levels of perception, is under construction
by the agents involved in the process of carrying out the actions. It means that the phases of
formation of the cognitive and normative matrix work in a cyclical movement revolving around
the problems, when there is a debate, what Muller (2005) calls problematization, device of
stimulation, stabilization and mobilization of action repertoires takes place.
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In this sense, public action in public education systems produces order and is the result
of the dynamics of interactions between different agents with different cognitive structures and
is supported by references. It is consolidated through the instruments for being an organizing
device of the specific social relations between the public power and its recipients, depending
on the representations and meanings that it carries (LASCOUMES; LE GALÈS, 2012a).
Therefore, studying instruments allows analyzing the political power in exercise, the
authority and the power of the agents,
because “each instrument is, therefore, a condensed way
of knowing about social power and the ways of exercising it” (LASCOUMES; LE GALÈS,
2012a, p. 202). Each instrument has a different character, identifiable by the degree of
coerciveness, automatism an
d visibility, since “the instruments are not neutral and produce
specific effects, independent of the objectives pursued, which structure, according to their own
logic, public action” (LASCOUMES; LE GALÈS, 2012a, p. 181).
The regularities provoked by these instruments shape the behavior of public and social
agents, which are obtained by the cognitive and normative matrices. In other words, the
instrument of public action as an institution has a regulatory, normative and cognitive
dimension. The public education system is formed by the set of schools, implying the definition
of organizational, pedagogical and curricular principles, guidelines and norms.
Organizational guidelines, normative instruments, are carriers of intentions, ideas,
values, attitudes and practices (cognitive and normative matrix) that will influence the agents'
ways of thinking in the configuration of their practices. Agents can join, resist or dialogue with
them and formulate, in a collaborative way, new proposals.
Therefore, the paradigm shift evoked by a reference implies the construction and use of
instruments that allow the translation of the political text for application in practice.
The relationship between two references: the national and municipal education plans
The national education plan is understood, in this study, as the global referential, due to
its scope to achieve the ideal of a quality education that reaches all citizens. For its success, it
is essential the articulation between the federal, state and municipal education systems, and the
participation of society in its discussion, monitoring and evaluation.
The guidelines, goals, and strategies determined by Law No. 13.005, of June 25, 2014
(BRAZIL, 2014), guide the educational policies to be developed at the local level. The goals of
this global referential are structured in four axes: 1) guaranteeing the right to quality basic
education (universalization of literacy and expansion of schooling and educational
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opportunities); 2) reducing inequalities and valuing diversity and equity; 3) valuing education
professionals; 4) higher education. These goals show that democratic management and
financing of education are the dimensions that articulate the institution of the National
Education System (SNE). The idea of building a municipal education plan was consolidated
with the approval of this referential regarding the duty to elaborate or adapt state and municipal
education plans, in line with its guidelines, goals, and strategies.
As such, in order to understand this dynamic of building educational actions, it is
necessary to understand the perspective adopted of public action and not public policy, to refer
to the development process of the municipal education plan.
Public action
The use of the term "public action" is due to the change of perspective for the study of
public policies. Public policies have always been one of the great paradigms of the Social
Sciences for the analysis and compression of the regulation processes of all societies. Yves
Mény and Jean-Claude Thoenig (1989, p. 129) defined public policies as "the product of the
activity of an authority invested with power, public and governmental legitimacy". With this
definition, their analysis was gradually separated from administrative science, to integrate with
political science approaches.
Historically, the models for analyzing public policy emerged with the modernization of
national and industrial societies, with the State as a specific political model. The State today is
being replaced by capitalism, which imposes needs for new forms of regulation (BARROSO,
2006; COSTA, 2015; LEMES, 2016). Businesses and financial institutions have developed, as
a result of globalization, in such a way that they interfere in public policies. In this sense, the
expression "public policy" has been replaced by "public action" (LASCOUMES; LE GALÈS,
2012b). The actors involved in public action are individuals or legal entities that act in decision-
making, and are the agents capable of developing strategies that modify and improve actions.
In this sense, public action applies to the performance of the public administration and
public, political, and social agents who act jointly in search of the guarantee of social rights.
Lascoumes and Le Galès (2012b, p. 39) state that the sociology of public action is also a
political sociology that is interested in the articulation of social and political regulations,
conflicts, financial resources, political activities, and issues of legitimacy of actors, especially
public servants, governments, and rulers.
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The transfer of new powers to local authorities mischaracterizes the action of the
centralized State. This evolution leads to a multiplication and diversification of the actors
involved in policy-making for each local authority (LE GALÈS, 2003). Then, public policies
in action come to be understood as the construction of reality; they are not intended to solve
problems that are outside them, but are processes that build intelligibility structures,
worldviews, belief systems, and referentials for problem solving.
With this in mind, public agents and politicians develop arguments, in competition,
seeking to define a problem through a language that corresponds to their values, beliefs,
interests, positions, and organizational characteristics. In this way, public policy became
restricted only to the intervention of the state, to government actions and to the actions of the
authorities, because the classic model of conceiving public policy is outdated, due to the
interactions between public, political and social agents and the actors, who participate in the
various institutions, organizations, that interfere in the agenda and in the execution of social
projects (LASCOUMES; LE GALÈS, 2012b).
Muller (2004) emphasizes that public administration will never be a business, but we
are in the presence of a form of trivialization of the state, and for him the cognitive and
normative framework in which public action is thought is changing: the notion of public power
becomes an uncommon concept and that of public service increasingly justified by the
efficiency/effectiveness combination, reference criteria for evaluating administrations.
Cognitive and normative referential as a perspective of change
The municipal education plan is constituted as a public policy understood as an
instrument of public action, which concentrates principles, strategies, actions and
mobilizations, forming an action standard; it is the cognitive and normative reference for the
development of the schooling process (LEMES, 2016). It is normative because of its legal
structure, since it consists of a set of norms that give meaning to public action programs, defines
the selection criteria and methods for assigning objectives. It is both a cognitive process based
on a diagnosis that allows understanding the real (limiting its complexity) and a determining
process, in order to allow acting on the real (MULLER; SUREL, 2002).
The concept of referential is part of the cognitive analysis of public policies, from the
perspective of public action developed in France in the last twenty years. Public policies,
according to this approach, are not only spaces where actors confront each other according to
their interests, but they are also the place (the referential) where a given society builds its
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relationship with the world, being possible, through them, to understand the representations and
act in reality as it is perceived (MULLER, 2011).
In this sense, Muller (2014, p. 555) states that "the definition of a public policy is based
on a representation of reality that constitutes the referential of this policy", which involves the
definition of objectives that will be defined based on a representation of the problem, its
consequences and possible solutions to solve them.
Muller (2005), developed a system of meaning and reference structure of a public
policy, which covers not only the legal instrument, but also mobilizes the worldview of agents
and actors, in a symbolic way, in various spheres of society, based on the prevailing norms that
shape their thoughts and behaviors. In this way, its structure can be divided into two elements,
the global and the sectorial referential, being global-sectorial, the relationship between them,
as a representation of the place and role of a sector in a given society (MULLER, 2005).
The global referential is the general representation, around which the various sectorial
representations will be organized and prioritized. It consists of a set of fundamental values that
refer to the basic beliefs of a society, as well as a set of norms that allow choosing among
behaviors (MULLER, 2011). In relation to this, the National Education Plan can be considered
a proposition of change, constituting itself as a representation of the global referential and
appears, at first, as the expression of a change in the state of the world of education. Therefore,
it is important to note that each interpretative structure is not just a stock of ideas, but refers to
a structuring of the "global".
The sectoral referent is a representation of a sector, its first effect is to mark sectoral
boundaries, its configuration, and its place in society, as these elements are the subject of
ongoing conflicts in connection with controversies over control of the political agenda
(MULLER, 2011).
Thus, municipal education is the sector in the society in which it is inserted, coordinated
by the municipal secretary of education, which is responsible for performing the mediation
between the global referential (public policy frame of reference of society in general) and
sectorial (public policy frame of reference of the local society).
For Surel (2008), the referential has a double implication: 1) a reference point that serves
the categorization and definition processes that allow a given sector to situate itself in society,
seen as a referential of social functions; 2) seen as action actualization norms that will determine
and frame public policy.
For Jobert and Muller (1994, p. 50), this understanding places the referent as a mediator
that designates "the agents who make the public policy referent" and understands that mediators
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are "cognitive images that determine the perception of the problem by groups present and the
definition of appropriate solutions."
This implies understanding the dynamics of the process of discussions and decisions
within the management of educational systems.
Educational management determined by articulated axes of action
The educational management paradigm was built in the context of the democratization
and modernization of Brazil. It is a new way of conducting the destiny of organizations aiming
at efficiency, efficacy, effectiveness, and relevance. The process of managing the dynamics of
the educational system is called "Educational Management". This expression has been accepted
and recognized for being linked to the strengthening of the democratization of education, as
essential to the organization and mobilization of people aimed at efficient performance and
committed to the quality of education (LUCK, 2015).
According to Luck (2015, p. 35), the concept of management is broad and complex, it
is a paradigmatic conception of overcoming the concept of administration, it implies the
"understanding of how our thinking is oriented to perceive the world, which, therefore,
determines what we see and what we fail to see, and, consequently, how we react to reality.
This conception involves understanding that global problems demand participative actions, that
is, the logic of management is guided by democratic principles and is characterized by the
interaction of agents in decision-making on orientation, organization, planning, and articulation
of the axes that determine the actions.
Therefore, the analysis in this study was based on the five constitutive elements of the
analysis of public action defined by Lascoumes and Le Galès (2012b): actors (agents),
representations, institutions, processes, and results, considering them as axes that revolve
around the public problems discussed in the scope of educational management, forming a
structure, understood as determinants for the actions of implementation of public educational
policies. From this perspective, the axes that determine the actions can be understood as an
articulated structure that symbolizes the dynamics of educational management.
Thus, the framework of interpretation of the world that puts in order the different sub-
universes of meaning that constitute the sector (education), is expressed in the image built by
the agents and actors inserted in the problems at hand.
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Public, political and social agents
From the introductory framework of the country's democratization, a new scenario
emerges for organizations, modernization, democratic advancement, different demands for
public actions, and the need for changes in the forms of society's participation. Then, the profile
of participatory subjects called social actors emerges.
The concept of actors, defined by Darli de Souza Dias in the dictionary of public
policies, comprises the following: “individuals whose participation interferes with the quality
of actions that impact the quality of life of all beings that make up the various social networks”
(DIAS, 2012, p. 29).
Lascoumes and Le Galés (2012b) define actors more broadly, as individuals or legal
entities that act in decision-making, and that are capable of developing action strategies that
modify and improve public actions.
In this study, the concept of agent was adopted, defined by Gontijo (2012, p. 21) as “one
who acts, operates, who performs the action”. He can occupy three positions: that of public
agent, political agent and social agent. Within the educational system, agents occupy these three
positions. The public agent “is an individual, a natural person, who performs a public function
within the scope of the State” (DIAS, 2012, p. 29).
In the area of education, these agents are teachers, school directors, pedagogical
coordinators, teaching supervisors, and other professionals who work in the educational system,
that is, they occupy a public function established by law, for the exercise of a certain activity in
the education system. provision of the public service.
The p
olitical agent is “the individual who performs some public function considered
superior in the hierarchy of the constitutional structure of the State” (GONTIJO, 2012, p. 21).
These are the agents at the municipal level: advisors and secretaries, in the executive branch;
and councilors, in the legislature.
The social agent is that “individual who operates an action within the scope of the social
system, developing specific actions for the survival of the system” (GONTIJO, 2012, p. 21).
The school, for example, is recognized as a social system composed of internal and external
agents: internal are those who act within the system (teachers, school directors, students,
administrative and pedagogical support staff), external are those who act on the system (city
hall, ministry of education, municipal secretary of education, tutelary council, among other
bodies), in addition to the social actors that are the community, parents and families of students.
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The paradigms that form the references of the agents who work in management, whether
in the school or in the system, are different because they are between two visions, the micro
(school) and the macro (system). Agents and actors who live in society are responsible for
inscribing social facts on the political agenda, making them a public problem. Lascoumes and
Le Galès (2012b, p. 141) explain that “a problem becomes public from the moment social actors
estimate that something must be done to change a situation”.
The various agents and actors of society influence decisions within the sectorial
framework in search of solutions to problems. Problems, when inserted in the action agenda,
drive the resource mobilization process, characterized by the means of using the power of
influence that, as a group or individually, agents use to defend their interests. This is because
the agents' view differs regarding the interpretation of the problem and possible solutions.
Therefore, the process of building public policies is inseparable from the action of
individuals and groups involved, considering that they are capable of producing speeches and
mobilizing actions.
In the following section, we present what characterizes the participation of agents and
actors in the spaces of debates to defend collective interests.
Resource mobilization processes
The municipal education system, constituted by the set of schools, as a discursive space
is the place where power relations are produced and reproduced between the agents that act and
interact in it. The discourse is linked to the understanding that the world is created by
historically constructed social representation, thus, it is the actors who attribute meanings to it
through the set of social practices organized in and by social and ideological relations.
In this sense, in order to analyze public action, it is necessary to reflect on the
evolutionary characteristics of public space and the dynamics of collective action. Studies that
incorporate cognitive variables to the analysis of public policies, seek in relational sociology
and cultural imperatives, the explanation of patterns structured by individual and collective
action (LASCOUMES; LE GALÈS, 2012b).
From this perspective, Muller and Surel (2002) define two types of essential factors to
characterize the participation of agents and actors in debate spaces: resources and the action
repertoire. Resources refer to the ability to act, based on the power conferred in the political-
administrative space. The nature of these resources is characterized according to the context in
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which they are operated. Agents and actors can act defending the interests of groups, of which
they are part, inside or outside the political-administrative context.
For Mull
er and Surel (2002, p. 80), “resources are mobilized both inside and outside,
and the two logics can combine, cumulate or oppose each other”. The action repertoire is the
set of means implemented for the exercise of power, that is, the influence that agents have with
public decision makers. The objective of this mobilization of resources and action repertoires
is to convince the largest possible number of people interested in a problem and/or a specific
claim.
The legitimacy of agents and actors occurs when they manage to bring out, from the
discourses, the real problem; and when it is accepted as representing the interests of the groups.
With this, the mobilization of different resources will feed the collective actions, which
constitute the group in the relationship between the agents. Given a public problem, the
configurations of agents and actors (mobilization of resources, and structuring modes) and
cognitive matrices (values, representations and beliefs, ways of operationalizing the action)
gravitate around it, establishing the nature of their relationships in competing ways. The
cognitive approach of public policies highlights the close links between them (SUREL, 2008).
This joint crystallization between the configuration of agents and actors and the
paradigms is distinguished in four phases: the first is the problematization - a system of alliances
that define the identity and problems that involve them and what they want. The second phase
is the stimulation device, that is, the promotion given by the agent at the time of the
problematization in search of adhesion, with the identity occurring through the values
circumscribed by the original problematization. The third phase is the global process of
stabilizing the set of relationships and representatio
ns, ending with the “mobilization” of agents
and/or actors and the cognitive and normative matrix that was established, in order to structure
and legitimize the relationships and actions of the agents. and actors involved (MULLER;
SUREL, 2002, p. 84).
According to Muller (2005), the process of articulation between the desired reality (global
logics) and the experienced reality (sectoral logic) is configured in the ordering of structures,
norms, rules and instruments.
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Institutions - structure, norms, rules, instruments
Public policies are structured by norms, budgets and institutions. The classic view of
public policies is that their action is inscribed through a law. Given this position, public action
is defined as “a set of legally formalized norms that
designate bodies according to the program,
their attributes of power and their budgetary means” (LASCOUMES; LE GALÈS, 2012b, p.
173).
This view prevailed for a long time, and after sociological studies on the subject, it was
found that the actors of public action ignore the application of norms and resist them, being able
to circumvent them, as well as the holders of power who violate the laws in name of maintaining
power or profit. In this sense, norms function more as instruments of pressure and coercion than
as resources. On the other hand, cognitive research in public policies has identified that norms
discipline collective actions and behavior, producing order and meaning.
Lascoumes and Le Galès (2012b) point out three types of secondary norms: norms for the
institution's interpretation, norms for adapting to demands and contexts, and norms for
regulating conflicts between mediators and recipients. This view of the norm has a pedagogical
and learning objective and rules accommodation, as well as building trusting relationships.
The institution is a social structure that refers to the idea of stabilized interactions
between individuals in a group, defined by a constructed identity. They are translated into
routine, procedures, forms of organization, that is, they are formal rules sanctioned and
determined by the behavior of the actors and vary according to three main dimensions: degree
of precision, formalism and normative weight. According to the classic definition of institution
and institutionalization, as described by Lascoumes and Le Galès (2012b, p. 190), institutions
are social and political constructions, born of conflicts and negotiations. They are rules, norms
and procedures, sequences of standardized actions, more or less coordinated and mandatory,
that govern the interactions between individuals, notably for the construction of public policies.
In this way, institutions can be represented as instruments of public action and represent
the ways of materializing and operationalizing governmental action. Its use translates into the
techniques, or means of operating the devices, which are chosen to solve the set of public
problems.
From this perspective, educational management comprises the process of managing the
dynamics of the education system, coordinating schools based on normative references,
namely, educational guidelines and public policies, seeking to implement them, through
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methodologies for organizing environments autonomous and participatory educational systems
of sharing, self-control and transparency.
Therefore, educational management, both in the macro (system) and micro (school)
scope, encompasses the dynamic articulation of the set of actions as a social practice, becoming
the guiding focus of the organizing and guiding action of teaching. This quest to provide
efficient, effective, effective and relevant organizational and administrative responses to the
current demands of education systems generates results.
Results
The results in this perspective refer to the consequences and effects of public action
during and after the dynamics of interactions that permeate the other four elements of actions:
agents, processes, representations and institutions. According to Lascoumes and Le Galès
(2012b, p. 62), “interactions trigger transfer pro
cesses, adaptation and dynamic conflicts that
produce new rules, structuring an original space for public action”. For the authors, the
interaction of agents and actors alters the configuration of State action, to the point of losing its
centrality and monopoly in the process of public action.
In this way, the networks of actions that are organized at different levels increasingly
break with the classical conception of the State. Indeed, in the municipal educational space, the
exercise of power and the orientation for the elaboration of public policies are increasingly
influenced by the agents' representation processes. This phenomenon was identified in the
analyzes of public policies developed in recent years, and the conclusion is that top-down public
policies have the capacity to transform reality.
When the government selects the challenges that will integrate the public agenda,
decisions are taken in cabinets, without the participation of civil society. This model is called
top down because it is based on this political voluntarism (LASCOUMES; LE GALÈS, 2012).
Lascoumes and Le Galès cite three perspectives for interpreting policy failures in this
model: ineffectiveness, ineffectiveness and inefficiency. Ineffectiveness is related to the lack of
regulation of laws, which makes the applicability of public policy unfeasible; ineffectiveness is
when the main objective of public policy is not achieved or proves to be irrelevant; and
inefficiency is related to the high cost of implementing a public policy, with negligible results.
From this identification of failures in the implementation of public policies, the need arises to
analyze the process of rationalization of public action, that is to say: “solving concrete problems
of governments and populations”
.
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Rejane OLIVEIRA and Sebastião de SOUZA LEMES
RPGE
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Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022002, Jan./Dec.2022. e-ISSN: 1519-9029
DOI:
https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.16741
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It is in this context of changes in public policies that have taken place in recent decades,
and more recently with the adoption of a modernization and democratization framework based
on the idea of efficiency, effectiveness, flexibility and innovation, that education has been
reformed (LESSARD, 2016). The vision is one of articulation, following the logic of private
management, meaning the reduction of State prerogatives, through decentralization and
deconcentration; the need for curricular reorientation of projects and programs; the creation of
exams and assessments; the attribution of education management to intermediate levels;
granting greater financial autonomy to schools; the establishment of accountability processes.
The educational quality, legitimized by the results of external evaluations, gave rise to
the establishment of rankings, both of education systems and of public and private schools, with
the best and worst results. Several authors such as Afonso (2005), Araújo; Almeida, Dalben
and Freitas (2013), Franco, Alves and Bonamino (2007), Lemes (2015), Luzio (2005), Sousa
and Oliveira (2005), Werle (2011) have studied external evaluation, its origin, the paths taken
by this new mode of regulation, and the new concept of educational quality represented by the
Basic Education Development Index (IDEB), implemented in 2007. This vision becomes,
therefore, determinant in the actions of the agents, because they use the grades and the results
as a diagnosis for action planning.
Thus, it can be inferred that the presence of a cognitive and normative referential
promotes the movement and interaction of agents, which consequently moves the other axes
that constitute the dynamic interaction of political actions.
Understanding the dynamics of the interaction of political actions
To understand and discuss the dynamics of the set of interactions between agents for the
execution of educational actions, we created a graphic representation (Figure 1) to show the
structure that is formed in the administrative-political sphere, due to the relationship between
two referents, cognitive and normative.
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Educational management and cognitive and normative references in public policy
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Figure 1
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Analysis Model - dynamic process of educational public actions
3
Source: Prepared by the authors
The axes of public action, which we call determinants of action, are: agents, resource
mobilization processes, representations, institutions, and results. In this representation, we
consider the agents and the public problems as the center of the whole process, as the axis that
moves all the other axes. The other axes that move, symbolically, through the interaction of the
agents are: 1) the processes of mobilization of the repertoire of action, understood as the
arguments and powers legitimized by the positions that the agents occupy in the context of
action; 2) the representations, which are linked to the models of management and organization
of education, which form the worldview of the agents, influenced by paradigms, belief systems
and referential; 3) the institutions, built in the form of regulatory instruments, constituting the
rules and norms; 4) the results, which are defined by the effects of public action as to efficiency
and effectiveness.
These elements in action can be understood as the dynamics of interactions, represented
by a structure in motion within the sector referential, the image of the sector, that is, the
educational policy, Municipal Education Plan. According to the propositions of Muller (2011),
3
Referencial global = Global benchmark; Referencial setorial = Sectorial benchmark; Processos = Processes;
Representações = Representations; Agentes = Agents; Problemas públicos = Public problems; Instituições =
Institutions; Resultados = Results
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Rejane OLIVEIRA and Sebastião de SOUZA LEMES
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a public policy consists in the construction of the representation of the desired reality, thus
creating an image of the reality on which one wants to intervene. This image is a cognitive
construction organized by the agents according to the perception of the problem, which confront
solutions and define their proposals for action, called by Muller "world view", which then
constitutes the referential of a policy.
The agents are responsible for the agility of this dynamic process, which results in the
transformation of the cognitive and normative matrix (image), from the global to the sectorial,
which translates into change, so that the desired real is perceived in practice. In other words,
the center of the whole process is in the agents as responsible for putting public problems under
debate, which puts all the other axes into operation and can result in efficiency and effectiveness
in educational management.
The sectorial referential is situated inside the global referential, since the global
referential is constituted by the set of public policies that form the legal framework guiding
education in Brazil, represented by the National Education Plan. The global referential is an
imposition as a frame of reference for public policy, that is what generates elements of
articulation between global and sectorial.
Thus, the thesis developed has three dimensions: The existence of a cognitive and
normative referential that promotes the movement of interaction among agents, which,
consequently, moves the other axes that constitute the dynamics of educational management.
The order of priority for the execution of action strategies is defined by the cognitive and
normative matrix, which is transformed in the dynamics of interactions produced in the
educational management environment. Strategies are executed according to the pressures of
public, political, and social agents who defend interests related to public problems from a
specific representation of their place in society.
Finally, the study made it possible to understand the PNE and the PME as two references
that symbolize the cognitive and normative matrix, one global and the other sectoral,
considering the relationship between them. The space of debates and tensions, which
characterize the interaction between the agents, can be said to be where action strategies and
new knowledge are produced.
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Educational management and cognitive and normative references in public policy
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Final remarks
This conclusive synthesis finalizes the analytical, interpretive, and comprehensive
process developed throughout the research. Based on this theory, the study showed that
educational management can be understood as a dynamic space of interactions, which moves
along axes that determine decision-making. It can be seen as a structure made up of agents,
resource mobilization processes (capacity to act), action repertoire (exercise of power),
representations (paradigms, references, belief systems), institutions (instruments), and results
(effects of actions).
The interpretation that can be given is that the debates about public problems and
challenges promoted by the agents are permeated by discourses mobilized by belief systems,
paradigms, and referentials. These debates are led by mediators of public action, capable of
establishing the cognitive and normative matrix that is disseminated through institutions,
norms, rules, and instruments, which produce results.
The analysis carried out in this theoretical perspective allowed us to extract fundamental
points for the discussion and understanding of the determinants that make up public action in
the municipal political-administrative sphere and the moment of formation of the cognitive and
normative matrix that makes it possible to move from description to inferences.
It is concluded, therefore, that studying the municipal education plan as a cognitive and
normative instrument, and the image of the desired real for education, implies considering that
the themes addressed in the plan should be at the center of the agents' debates so that they are
in constant movement and dialogue.
The study showed that educational management is complex, beyond the organizational
processes, but with respect to the formation of collective consciousnesses in which it constitutes
the cognitive and normative matrix that one seeks to align with the global referential by the
sectorial debate can translate into quality in education. This identification places continuing
education as a necessary condition for agents to be able, through knowledge, to interpret,
translate, and persuade groups to rebuild the cognitive and normative matrix in the political-
administrative sphere with effects on the educational system and aimed at its reality.
The results of this research allow, from the cognitive analysis of public policies from
the perspective of public action, to understand the dynamics of interactions that are established
in the construction, implementation, and operationalization of public policies. The cognitive
analysis of public policies presents itself as a theoretical reference and, at the same time, as an
analytical procedure that makes it possible to verify and characterize the dynamics of
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interactions in the system, both global and referential, which influence their unfolding and
effectiveness.
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How to reference this article
OLIVEIRA, R.; SOUZA LEMES, S.
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26, n. 00, e022002, Jan./Dec.2022. e-ISSN:1519-9029. DOI:
https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.16741
Submitted
:
08/11/2021
Revisions required
: 22/12/2021
Approved
: 23/02/2022
Published
: 31/03/2022
Management of translations and versions: Editora Ibero-Americana de Educação