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Sobre a convivência como valor nas escolas públicas: Experiências formativas e de
pesquisa
RPGE
–
Revista on line
de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022090, jul. 2022.
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-
ISSN: 1519
-
9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.3.16950
1
SOBRE A CONVIVÊNCIA COMO VALOR NAS ESCOLAS PÚBLICAS:
EXPERIÊNCIAS FORMATIVAS E DE PESQUISA
SOBRE LA CONVIVENCIA COMO VALOR EN LAS ESCUELAS
PÚBLICAS: EXPERIENCIAS FORMATIVAS Y DE INVESTIGACIÓN
COEXISTENCE AS A VALUE IN PUBLIC SCHOOLS:
TRAINING AND RESEARCH EXPERIENCES
Maria de Fátima Barbosa ABDALLA
1
Digo: O real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no
meio da travessia (GUIMARÃES ROSA, 1994, p. 52).
Tenho inúmeras razões para agradecer, de forma
especial, à organizadora deste Dossiê
pelo convite para contribuir com esta obra por meio deste prefácio. Também agradeço a todos
os autores, que apresentaram suas reflexões sobre os problemas de convivência nas escolas
públicas e que, de alguma forma, apo
ntam para o significado de se construírem políticas
públicas que garantam que esta temática seja vivenciada de modo efetivo na educação
brasileira.
Em primeiro lugar, posso lhes dizer que se trata de uma obra realizada por meio de
intervenções e escritas
plurais, que trazem a marca das relações de trabalho e de pesquisa frente
à temática da convivência como valor nas escolas públicas. Marcas estas que foram sendo
delineadas em tempos de incertezas traduzidas, de um lado, por um contexto pandêmico e por
pol
íticas neoliberais; e, de outro, pelas formas de resistência na garantia dos direitos sociais e
de uma educação mais justa e inclusiva (ABDALLA, 2021; ARROYO, 2019; SANTOS, 2020).
Como diria Guimarães Rosa (1994), o “real” foi se dispondo, para nós, “no m
eio da
travessia”. E que travessia! Neste sentido, para ser bem mais precisa, é preciso explicitar que
vivenciamos um processo permeado por implicações políticas, sociais, teóricas, metodológicas
e, principalmente, afetivas. Processo que resultou em sabere
s teóricos e práticos, que puderam
ser traduzidos em experiências formativas e de pesquisa.
1
Universidade Católica de Santos (UNISANTOS), Santos
–
SP
–
Brasil. Professora do Programa de Pós
-
Graduação em Educação. Doutorado em Educação. ORCID: https://orcid.org/0000
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Dentre os saberes teóricos e práticos, muitos dos textos aqui desenvolvidos foram
construídos a partir do projeto de pesquisa intitulado “A Convivência como valor n
as escolas
públicas: implantação de um Sistema de Apoio entre Iguais”, coordenado por Luciene Tognetta
(2022) e com participação efetiva dos membros e parceiros do GEPEM
–
Grupo de Estudos e
Pesquisas em Educação Moral. Também, este Projeto foi financiado
pela Fundação Itaú
Social/FIS e pela Fundação Carlos Chagas/FCC conforme um edital de pesquisa. Além disso,
neste conjunto de textos, há a presença de outros autores nacionais e internacionais que vêm
contribuindo, já há algum tempo, com estudos e pesquisa
s em torno da temática aqui proposta.
Seja como for, uma coisa é certa: foi possível experimentar o desenrolar deste projeto
de pesquisa e sentir, de perto, a vontade coletiva de todos os envolvidos na direção de
impulsioná
-
lo por meio dos desejos e ações,
que refletiam, sobretudo, a necessidade de
organizar e implementar espaços e/ou procedimentos de intervenção e prevenção aos problemas
de convivência. Tratou
-
se, assim, de um trabalho de conscientização, porque se teve por meta,
como diria Paulo Freire (1
997, p. 122), a luta por “[...] um ato de intervenção no mundo”. E,
nesta perspectiva, foi possível, também, aprender a “[...]
construir, reconstruir, constatar para
mudar
, o que não se faz sem abertura ao risc
o e à aventura do espírito” (FREIRE, 1997, p. 77,
grifo do autor).
Com efeito, foram experiências formativas e de pesquisa que problematizaram algumas
questões
-
chave, indicando possibilidades e/ou limites de um trabalho coletivo e colaborativo
como este. Dentre as possibilidades, anuncio um conjunto de aspectos positivos
que, a meu ver,
apontam para um processo de formação e de pesquisa, por meio das intenções e ações propostas,
das relações interpessoais, que foram se fortalecendo entre os envolvidos, e da construção de
uma rede de experiências formativas e de conheciment
os.
Quanto às intenções e ações propostas, destaco que as elas giravam em torno de se (re)
construir um plano para a convivência e/ou uma cyberconvivência respeitosa, a fim de que se
pudesse articular, de fato, a escola, a família e a rede de proteção em u
ma mesma direção:
promover a convivência ética, democrática e a prevenção da violência nos contextos escolares
(TOGNETTA, 2022).
É importante acentuar o quanto o desenvolvimento deste Projeto foi imbuído de relações
interpessoais, que se concretizaram em r
elações afetivas, de cooperação e solidariedade e se
constituíram em vínculos em defesa de um mundo mais justo e apaixonado. Vínculos estes que
foram se fortalecendo nos “n” encontros de formação e de pesquisa que foram realizados, no
âmbito do GEPEM, das
Escolas envolvidas, assim como nas Diretorias Regionais e na
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pesquisa
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Secretaria de Educação do Estado de São Paulo. Encontros que se estenderam de forma
presencial e, depois da pandemia, de modo virtual; e que acabaram por incluir supervisores,
gestores, professor
es e estudantes da rede estadual pública. Com o passar do tempo, também
foram se engajando professores, tutores e estudantes da rede privada de várias regiões
brasileiras por meio das Equipes de Ajuda, que também “abraçaram” esta proposta. Além disso,
tive
ram presença nesse processo de formação e de pesquisa alguns atores da rede de proteção
de diferentes órgãos, tais como: Conselho Tutelar, Ministério Público, Assistência Social e
Saúde. Essas relações geraram (e geram) um campo de significados e de espaço
social de
pertencimento.
Nesta direção, é importante entender, como afirma Gimeno Sacristán (2002, p. 128),
que as
relações afetivas
são sempre traduzidas na “forma mais elementar de estar presente no
outro, de ser reconhecido por ser a pessoa que se é [.
..]”. As
relações de cooperação
também
podem ser compreendidas como uma outra modalidade de sociabilidade, em que os sujeitos
mantêm vínculos e “se identificam pessoalmente entre si e se reconhecem como possuidores de
determinadas qualidades para alcançar
certos objetivos ou valores compartilhados pelos
cooperadores” (GIMENO SACRISTÁN, 2002, p. 131). E as
relações de solidariedade
partem,
ainda, de acordo com o autor, “do reconhecimento de que certas necessidades, qualidades ou
condições do outro podem ser
satisfeitas ou melhoradas com as contribuições de quem se
solidariza” (p. 132).
Posso destacar, assim, que essas relações fortaleceram não só a participação dos sujeitos
envolvidos, mas aprofundaram, sobretudo, a sua formação, ao colocar em pauta um campo
de
significados na construção de uma rede de relações. Chamo aqui a atenção para a construção
de uma rede, pois foi possível não só integrar e acolher diferentes atores/agentes para refletir
sobre a convivência como valor nas escolas públicas, mas, em esp
ecial, introduzir e discutir
modos de agir necessários, para que este tema pudesse ser uma condição para a educação
brasileira como aponta o primeiro artigo.
Estamos, assim, considerando que se trata de uma rede, entendendo, junto com Canário
(2003), que u
ma rede se forma, quando contempla questões de caráter funcional, de inovação e
de formação. Nesta perspectiva, o autor explicita que é preciso posicionar
-
se com “um triplo
ponto de vista” a este respeito, considerando: “o ponto de vista da funcionalidade,
o ponto de
vista da inovação e o ponto de vista da formação” (CANÁRIO, 2003, p. 135).
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Ao analisar o percurso da pesquisa desenvolvida, também entendo que ela contemplou
a formação de uma
rede
de intenções, ações e relações interpessoais entre diferentes
grupos
e/ou instituições, porque:
1º Sob o ponto de vista da
funcionalidade
–
foi possível observar que os objetivos
propostos e as ações anunciadas já indicavam algumas
funções
, tais como: organizar espaços
de formação, materiais de apoio, promover a int
egração da escola com os demais órgãos
integrantes da rede protetiva e orientar a implementação de procedimentos de intervenção e
prevenção aos problemas de convivência;
2º Sob o ponto de vista da
inovação
-
à medida em que se oportunizavam condições
peda
gógicas e de trabalho, mesmo em tempos pandêmicos, também foram mobilizados os
sujeitos envolvidos para ressignificassem seus saberes e práticas, fazendo “[...] dos projetos de
vida seus próprios trajetos ao mesmo tempo em que transformam seus trajetos em
projetos de
ação e de formação” (ABDALLA, 2015, p. 225
-
226). Em outras palavras: observamos que os
gestores e professores das escolas envolvidas puderam promover práticas pedagógicas mais
inovadoras na condução de suas “intervenções, decisões e processos”,
conforme aponta
Carbonell Sebarroja (2001, p. 17). E isso ocorreu ao replicarem, nas diferentes escolas, as
propostas discutidas nos seminários formativos, nos cursos de formação e, mesmo, em outros
eventos (ou
lives
) que tiveram oportunidade de participa
r;
3º Sob o ponto de vista da
formação
–
quando se pensou no processo de formação para
apoiar as mudanças desejadas e necessárias, a fim de se colocar em questão a convivência e/ou
a cyberconvivência e os demais temas daí decorrentes, este processo revelo
u um pouco do
resultado do jogo das relações sociais e profissionais dos agentes/atores envolvidos, em um
sentimento de pertença, que formou a identidade deste Projeto e dos sujeitos que o integraram.
Identidades que foram sendo (re) construídas pela parti
cipação coletiva e colaborativa dos
diferentes sujeitos, e que puderam socializar saberes, em seus diferentes espaços de atuação,
dando um
corpus
a esta rede de formação e de conhecimentos.
Ainda no âmbito da formação, reconhecemos também que as opções te
órico
-
metodológicas, adotadas na condução deste Projeto, estão apoiadas em princípios
construtivistas e na abordagem metodológica da pesquisa
-
ação e podem ser analisadas ao
percorrer cada um dos textos aqui anunciados. Por outro lado, é preciso destacar qu
e este
processo de formação e de aprendizagem foram sempre na perspectiva de se fazer deste
exercício de trabalho um
objeto de reflexão e pesquisa
e uma
experiência
. O que implicou,
efetivamente, uma formação voltada para a sensibilização, para o domínio d
e conteúdos e para
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as trocas de experiências, que possibilitaram discutir dados teórico
-
práticos, em especial, ao se
colocar em pauta o contexto escolar e os problemas que aí ocorrem, assim como as formas
possíveis de superá
-
los. Nesta perspectiva, acentuo
u
-
se a relação entre a
pesquisa
e a
ação
, ou
seja, a forma como essa articulação estava se processando, ressignificando saberes, criando
circuitos, estabelecendo diálogos “[...] entre profissionais e instituições que permitam a
circulação de problemas e de
estratégias de soluções” (CANÁRIO, 2003, p. 136).
Diante desses aspectos positivos, que indicam as muitas possibilidades de experiências
formativas e de pesquisa que foram desenvolvidas, também se poderiam assinalar alguns limites
e/ou desafios do percurs
o e de como foram pensadas as estratégias de superação. Dessa forma,
por conta da pandemia, quando tivemos um isolamento social, foi necessário mudar a rota da
pesquisa, porque as escolas tiveram que fechar suas portas e professores e alunos tiveram que
en
frentar os desafios do ensino remoto, como também indicam os autores em diferentes textos
aqui apresentados.
Neste sentido, foi preciso superar alguns obstáculos pelo caminho, tais como: 1º a
mudança das políticas no interior da Secretaria de Educação de
São Paulo e as alterações no
Programa “Conviva”, conforme destaca um dos artigos; 2º a desistência de um dos polos
–
devido, também, aos problemas políticos e à intensificação dos trabalhos, fazendo com que a
pesquisa continuasse a se desenvolver somente e
m duas Diretorias Regionais de Ensino, e; 3º
a reorganização da retomada, com a elaboração de um novo diagnóstico, para enfrentar, de um
lado, os problemas de sofrimento emocional, as cyberagressões e as violências sofridas por
crianças e adolescentes; e,
de outro, as necessidades de formação para docentes e gestores,
tendo em vista esta nova realidade (TOGNETTA, 2022).
Desse modo, foi preciso pensar, coletivamente, nas necessidades como perspectivas de
mudança e formas propositivas de resistência, para tr
anspor os obstáculos enfrentados pelo
cotidiano escolar nesses tempos tão difíceis. E, neste enfrentamento, algumas das questões
-
chave do percurso deste Projeto são problematizadas por meio dos resultados apresentados em
cada um dos textos. Resultados este
s que se expressam no significado de se garantir direitos às
crianças e adolescentes, por meio de programas que, efetivamente, possam promover a melhoria
do clima relacional e de segurança nas escolas.
Também há um outro lado importante a se considerar e q
ue diz respeito à formação de
professores, quando se tem em mente promover a convivência ética e prevenir a violência na
Escola. Neste sentido, os resultados indicados reforçam que uma das tarefas da escola é o de
abrir espaços para que se promova um ambie
nte de trabalho cooperativo e colaborativo, que
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fomente formas de diálogo, participação e de reflexão sobre a convivência entre os atores da
Escola.
Ainda, outra vertente de resultados está associada à temática do sofrimento emocional
em crianças e adolesc
entes, em especial, devido ao contexto pandêmico e ao isolamento social
daí decorrente. A partir das análises realizadas, os artigos referentes a este tema apontam para
a urgência de ações que possam solucionar problemas relacionados ao medo, à ansiedade,
à
solidão e até à automutilação, e ainda assinalam a importância de se proporcionar formas
assertivas de resolução de conflitos e de manifestação de sentimentos desses estudantes. Por
outro lado, também reforçam a necessidade dos atores escolares se aterem
para algumas
diferenças significativas relacionadas às questões de gênero e de origem étnico
-
racial.
Além disso, será necessário, como aponta um dos textos, que se tenha um olhar
específico para a convivência entre adolescentes nos ambientes virtuais, ten
do em vista os
problemas relacionados à cyberconvivência e à cyberagressão. E, nesta perspectiva, o artigo
destaca a necessidade de se analisar como se dão as interações virtuais e como estes
adolescentes vêm experimentando a dor e o sofrimento nestas form
as de convivência.
No enfrentamento desses problemas de convivência, também há resultados de pesquisas
que colocam em pauta, por exemplo, o significado da empatia nas relações interpessoais. Neste
sentido, estes resultados oportunizam reflexões sobre como
os próprios estudantes podem se
sensibilizar com o sentimento de seus colegas, quando se abrem espaços de convivência escolar.
Por tudo isso, considero que é preciso, como já assinalou Gimeno Sacristán (1999), que
se amplie a base social de apoio à educaçã
o pública e à escola pública, porque seu projeto se
fundamenta nos princípios da democratização real do acesso e permanência de todos/as à
educação. Nesta direção, insisto que a temática da convivência é imprescindível, porque ela
contribui para fortalecer
os laços de solidariedade tão necessários nos contextos escolares de
hoje. Entretanto, é preciso que haja políticas públicas que cheguem às escolas e que seus
atores/agentes possam também se comprometer para levar adiante este tema, alterando, se
necessár
io, o próprio currículo escolar e/ou os modos de intervir na realidade escolar.
Por fim, pelas razões aqui expostas, cumprimento, novamente, a organizadora e os
autores pela relevância e qualidade dos textos, que tratam de uma temática tão importante e
ne
cessária para nossas reflexões. Desejo aos leitores e às leitoras, que tirem o melhor e
necessário proveito das ideias desenvolvidas, no sentido de apreender as diferentes abordagens
aqui apresentadas, que constituem possibilidades para novas experiências
formativas e outras
pesquisas. Entretanto, espero, ainda, que possam ter um olhar não só para o tratamento teórico
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prático que os autores deram aos seus textos, mas, sobretudo, para a sensibilidade que a temática
da convivência nos remete. E, neste sentido
, insiro as palavras de Carlos Drummond de
Andrade (2002, p. 1256), quando nos deixou este breve
lembrete
poético:
Se procurar bem, você acaba encontrando.
Não a explicação (duvidosa) da vida,
Mas a poesia (inexplicável) da vida.
Por fim, considerando estes tempos de complexas mudanças sociais, políticas e
culturais, e sem abrir mão do rigor, da seriedade e de uma reflexão crítica a respeito dos textos
aqui desenvolvidos, espero que todos/as possam se entregar à leitura, também, co
m
sensibilidade e esperanças. Esperanças, para que possamos encontrar, como nos diz Drummond
de Andrade, “a poesia (inexplicável) da vida”, a fim de que acreditemos ser possível lutar em
defesa de uma Educação mais justa, que reconheça o pluralismo de idei
as, o diálogo, a
tolerância, a ética pedagógica, e, sobretudo, a convivência como valor nas escolas públicas.
Que todas/os tenham uma boa leitura!
REFERÊNCIAS
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pedagógicas.
R
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em: 22 jun. 2021.
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tratégias para
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CARBONELL SEBARROJA, J.
La aventura de
innovar el cambio en la escuela
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Ediciones Morata S.L., 2001.
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Poesia Completa
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FREIRE, P.
Pedagogia da autonomia
: Saberes necessários à prática educativa. 2. ed. Rio de
Janeiro: Paz e Te
rra, 1997.
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Neves. Porto Alegre: ArtMed, 1999.
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TOGNETTA, L. R. P. (coord.).
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Disponível em: https://www.somoscontraobullying.com.br/convivencia
-
na
-
escola
-
publica.
Acesso em: 13 jun. 2022.
Como referenciar este artigo
ABDALLA, M. F. B. Sob
re a convivência como valor nas escolas públicas: Experiências
formativas e de pesquisa.
Revista on line de Política e Gestão Educacional
, Araraquara, v.
26, n. esp. 3, e022090, jul. 2022. e
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ISSN:1519
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9029. DOI:
https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.3.1695
0
Submetido
em
: 15/11/2021
Revisões requeridas
: 20/02/2022
Aprovado em
: 19/05/2022
Publicado em
: 01/07/2022
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Coexistence as a value in public schools: Training and research experiences
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COEXISTENCE AS A VALUE IN PUBLIC SCHOOLS:
TRAINING AND RESEARCH EXPERIENCES
SOBRE A CONVIVÊNCIA COMO VALOR NAS ESCOLAS PÚBLICAS:
EXPERIÊNCIAS FORMATIVAS E DE PESQUISA
SOBRE LA CONVIVENCIA COMO VALOR EN LAS ESCUELAS
PÚBLICAS: EXPERIENCIAS
FORMATIVAS Y DE INVESTIGACIÓN
Maria de Fátima Barbosa ABDALLA
1
I say: The real is not in the departure or in the arrival: it is ready for us in the
middle of the crossing (GUIMARÃES ROSA, 1994, p. 52, our translation).
I have many reasons to
thank, in a special way, the organizer of this Dossier for the
invitation to contribute to this work through this preface. I also thank all the authors who
presented their reflections on the problems of coexistence in public schools and who, in some
way, p
oint to the meaning of building public policies that guarantee that this theme is effectively
experienced in Brazilian education.
In the first place, I can tell you that it is a work carried out through interventions and
plural writings, which bear the mar
k of work and research relationships in the face of the theme
of coexistence as a value in public schools. These marks were outlined in times of uncertainty
translated, on the one hand, by a pandemic context and neoliberal policies; and, on the other
hand,
by the forms of resistance in guaranteeing social rights and a fairer and more inclusive
education (ABDALLA, 2021; ARROYO, 2019; SANTOS, 2020).
As Guimarães Rosa (1994) would say, the “real” was becoming available, for us, “in
the middle of the crossing”.
And what a crossing! In this sense, to be much more precise, it is
necessary to explain that we are experiencing a process permeated by political, social,
theoretical, methodological and, mainly, affective implications. Process that resulted in
theoretica
l and practical knowledge, which could be translated into training and research
experiences.
1
Catholic University of Santos (UNISANTOS), Santos
–
SP
–
Brazil. Professor of the Graduate Program in
Education. Doctorate in Education. ORCID: https://orcid.org/0000
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ISSN: 1519
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Among the theoretical and practical knowledge, many of the texts developed here were
built from the research project entitled "Coexistence as a value in public schools:
implementation of a Support System among Equals", coordinated by Luciene Tognetta (2022
)
and with participation of the members and partners of GEPEM
–
Group of Studies and Research
in Moral Education. Also, this Project was financed by Fundação Itaú Social/FIS and Fundação
Carlos Chagas/FCC according to a research notice. In addition, in thi
s set of texts, there is the
presence of other national and international authors who have been contributing, for some time,
with studies and research around the theme proposed here.
Be that as it may, one thing is certain: it was possible to experience th
e development of
this research project and feel, up close, the collective will of all those involved in the direction
of pushing it forward through desires and actions, which reflected, above all, the need to
organize and implement spaces and/or procedures
for intervention and prevention of
coexistence problems. It was, therefore, a work of awareness, because the goal, as Paulo Freire
(1997, p. 122) would say, was the struggle for “[...] an act of intervention in the world”. And,
in this perspective, it was
also possible to learn to “[...] build, rebuild, verify in order to change,
which cannot be done without being open to risk and the adventure of the spirit” (FREIRE,
1997, p. 77, author's emphasis).
Indeed, they were formative and research experiences tha
t problematized some key
questions, indicating possibilities and/or limits of a collective and collaborative work like this.
Among the possibilities, I announce a set of positive aspects that, in my view, point to a training
and research process, through t
he proposed intentions and actions, interpersonal relationships,
which were strengthened between those involved, and the construction of a network of
formative experiences and knowledge.
As for the proposed intentions and actions, I emphasize that they rev
olved around
(re)building a plan for coexistence and/or a respectful cyber
-
coexistence, so that the school, the
family and the community could actually be articulated. protection network in the same
direction: promoting ethical, democratic coexistence and
the prevention of violence in school
contexts (TOGNETTA, 2022).
It is important to emphasize how much the development of this Project was imbued with
interpersonal relationships, which were materialized in affective relationships, cooperation and
solidarit
y and constituted in bonds in defense of a more just and passionate world. These bonds
were strengthened in the numerous training and research meetings that were held, within the
scope of the GEPEM, of the schools involved, as well as in the Regional Direc
torates and in
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the Secretary of Education of the State of São Paulo. Meetings that were extended in person
and, after the pandemic, in a virtual way; and that ended up including supervisors, managers,
teachers and students from the public state network. Ov
er time, teachers, tutors and students
from the private network from several Brazilian regions were also engaged through the Help
Teams, which also “embraced” this proposal. In addition, some actors from the protection
network of different bodies were pres
ent in this training and research process, such as:
Guardianship Council, Public Ministry, Social Assistance and Health. These relationships
generated (and generate) a field of meanings and a social space of belonging.
In this direction, it is important to
understand, as stated by Gimeno Sacristán (2002, p.
128), that
affective relationships
are always translated into the “most elementary way of being
present in the other, of being recognized for being the person one is [.. .]”.
Cooperation
relationships
ca
n also be understood as another modality of sociability, in which subjects
maintain bonds and “personally identify with each other and recognize themselves as
possessing certain qualities to achieve certain objectives or values shared by the cooperators”
(
GIMENO SACRISTÁN, 2002, p. 131). And
solidarity relationships
also start, according to
the author, “from the recognition that certain needs, qualities or conditions of the other can be
satisfied or improved with the contributions of those who show solidari
ty” (p. 132).).
I can highlight, therefore, that these relationships not only strengthened the participation
of the subjects involved, but also deepened, above all, their formation, by putting on the agenda
a field of meanings in the construction of a net
work of relationships. I call attention here to the
construction of a network, as it was possible not only to integrate and welcome different
actors/agents to reflect on coexistence as a value in public schools, but, in particular, to
introduce and discuss
necessary ways of acting, so that this theme could be a condition for
Brazilian education as the first article points out.
We are, therefore, considering that it is a network, understanding, along with Canário
(2003), that a network is formed when it cont
emplates issues of a functional, innovation and
training nature. In this perspective, the author explains that it is necessary to position oneself
with “a triple point of view” in this regard, considering: “the point of view of functionality, the
point of
view of innovation and the point of view of training” (CANÁRIO , 2003, p. 135).
When analyzing the course of the research developed, I also understand that it
contemplated the formation of a
network
of intentions, actions and interpersonal relationships
be
tween different groups and/or institutions, because:
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Maria de Fátima Barbosa ABDALLA
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1st From the point of view of
functionality
-
it was possible to observe that the proposed
objectives and the announced actions already indicated some functions, such as: organizing
training spaces, supp
ort materials, promoting the integration of the school with the other bodies
that are part of the protective network and guide the implementation of intervention procedures
and prevention of coexistence problems;
2nd From the point of view of
innovation
-
as pedagogical and working conditions were
provided, even in pandemic times, the subjects involved were also mobilized to re
-
signify their
knowledge and practices, making "[...] their own paths while transforming their paths into
action and training projec
ts” (ABDALLA, 2015, p. 225
-
226). In other words: we observed that
the managers and teachers of the schools involved were able to promote more innovative
pedagogical practices in the conduct of their “interventions, decisions and processes”, as
Carbonell Se
barroja (2001, p. 17) points out. And this happened when they replicated, in the
different schools, the proposals discussed in the training seminars, in the training courses and
even in other events (or lives) that they had the opportunity to participate.;
3rd From the point of view of
training
–
when thinking about the training process to
support the desired and necessary changes, in order to question coexistence and/or cyber
-
coexistence and other issues arising therefrom, this process revealed a little t
he result of the
game of social and professional relationships of the agents/actors involved, in a sense of
belonging, which formed the identity of this Project and the subjects that integrated it. Identities
that were (re) constructed by the collective an
d collaborative participation of different subjects,
and that were able to socialize knowledge, in their different spaces of action, giving a corpus to
this network of training and knowledge.
Still within the scope of training, we also recognize that the
theoretical
-
methodological
options adopted in the conduct of this Project are supported by constructivist principles and the
methodological approach of action research and can be analyzed by going through each of the
texts announced here. On the other hand
, it is necessary to emphasize that this process of
formation and learning was always in the perspective of making this work exercise an
object of
reflection and research
and
an experience
. This effectively implied training aimed at raising
awareness, mastering content and exchanging experiences, which made it possible to discuss
theoretical
-
practical data, especially when considering the school context and the problems that
occur there. ,
as well as possible ways to overcome them. In this perspective, the relationship
between
research
and
action
was emphasized, that is, the way in which this articulation was
being processed, resignifying knowledge, creating circuits, establishing dialogues
“[...] between
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professionals and institutions that allow the circulation of knowledge. problems and solution
strategies” (CANÁRIO, 2003, p. 136).
In view of these positive aspects, which indicate the many possibilities of training and
research experiences
that were developed, some limits and/or challenges could also be pointed
out along the way and how strategies to overcome them were conceived. In this way, because
of the pandemic, when we had social isolation, it was necessary to change the research route
,
because schools had to close their doors and teachers and students had to face the challenges of
remote teaching, as the authors also indicate in different texts presented here.
In this sense, it was necessary to overcome some obstacles along the way, s
uch as: 1st
the change in policies within the São Paulo Department of Education and changes in the
“Conviva” Program, as highlighted in one of the articles; 2nd the withdrawal of one of the poles
–
also due to political problems and the intensification of
the work, causing the research to
continue to be developed only in two Regional Boards of Education, and; 3rd the reorganization
of the recovery, with the elaboration of a new diagnosis, to face, on the one hand, the problems
of emotional suffering, cyber
-
aggressions and violence suffered by children and adolescents;
and, on the other hand, the training needs for teachers and managers, in view of this new reality
(TOGNETTA, 2022).
In this way, it was necessary to think, collectively, of the needs as perspec
tives of change
and propositional forms of resistance, to overcome the obstacles faced by the school routine in
these difficult times. And, in this confrontation, some of the key issues of the course of this
Project are problematized through the results pr
esented in each of the texts. These results are
expressed in the meaning of guaranteeing rights to children and adolescents, through programs
that can effectively promote the improvement of the relational climate and safety in schools.
There is also anothe
r important aspect to consider, which concerns teacher training,
when it comes to promoting ethical coexistence and preventing violence at school. In this sense,
the indicated results reinforce that one of the tasks of the school is to open spaces for the
promotion of a cooperative and collaborative work environment, which fosters forms of
dialogue, participation and reflection on the coexistence between the actors of the School.
Yet another strand of results is associated with the issue of emotional distre
ss in children
and adolescents, especially due to the pandemic context and the resulting social isolation. Based
on the analyzes carried out, the articles on this topic point to the urgency of actions that can
solve problems related to fear, anxiety, lonel
iness and even self
-
mutilation, and also point out
the importance of providing assertive forms of conflict resolution. and expression of feelings
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of these students. On the other hand, they also reinforce the need for school actors to focus on
some signific
ant differences related to gender and ethnic
-
racial origin issues.
In addition, it will be necessary, as one of the texts points out, to have a specific look at
the coexistence between adolescents in virtual environments, in view of the problems related to
cyber
-
coexistence and cyber
-
aggression. And, in this perspective, the article highlights the need
to analyze how virtual interactions take place and how these adolescents have been
experiencing pain and suffering in these forms of coexistence.
In dealing
with these problems of coexistence, there are also research results that put on
the agenda, for example, the meaning of empathy in interpersonal relationships. In this sense,
these results provide opportunities for reflections on how students themselves ca
n be sensitized
to the feelings of their colleagues, when spaces for school coexistence are opened.
For all these reasons, I believe it is necessary, as Gimeno Sacristán (1999) has already
pointed out, to expand the social base of support for public educat
ion and public schools,
because its project is based on the principles of real democratization of access and permanence
for all. /as to education. In this direction, I insist that the theme of coexistence is essential,
because it contributes to strengtheni
ng the bonds of solidarity that are so necessary in today's
school contexts. However, there needs to be public policies that reach schools and that their
actors/agents can also commit to taking this issue forward, changing, if necessary, the school
curricu
lum itself and/or the ways of intervening in the school reality.
Finally, for the reasons explained here, I congratulate the organizer and the authors again
for the relevance and quality of the texts, which deal with such an important and necessary
theme f
or our reflections. I wish the readers to take the best and necessary advantage of the
ideas developed, in the sense of apprehending the different approaches presented here, which
constitute possibilities for new formative experiences and other researches.
However, I also
hope that they can take a look not only at the theoretical
-
practical treatment that the authors
gave to their texts, but, above all, at the sensitivity that the theme of coexistence sends us. And,
in this sense, I insert the words of Carlo
s Drummond de Andrade (2002, p. 1256), when he left
us this brief poetic
reminder
:
If you look hard, you'll find it.
Not the (dubious) explanation of life,
But the (inexplicable) poetry of life.
Finally, considering these times of complex social, political and cultural changes, and
without giving up rigor, seriousness and a critical reflection on the texts developed here, I hope
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that everyone can surrender to reading, too, with sensitivity and hop
es. Hopes, so that we can
find, as Drummond de Andrade tells us, “the (inexplicable) poetry of life”, so that we believe
it is possible to fight in defense of a fairer education, which recognizes the pluralism of ideas,
dialogue, tolerance, pedagogical eth
ics, and, above all, coexistence as a value in public schools.
May you all have a good read!
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ABDALLA, M. F. B. Coexistence as a value in public schools: Training and research
experiences.
Revista on line de Política e Gestão Educacional
, Araraquara, v. 26, n. esp. 3,
e022090, July 2022. e
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ISSN:1519
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DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.3.16950
Submitted
: 15/11/2021
Revisions required
: 20/02/2022
Approved
: 19/05/2022
Published
: 01/07/2022
Management of
translations and versions: Editora Ibero
-
Americana de Educação