image/svg+xml
A
implementação de um programa de convivência para escolas: Bases e desafios de ponta a ponta
RPGE
–
Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022091, jul. 2022.
e
-
ISSN: 1519
-
9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.3.16951
1
A IMPLEMENTAÇÃO DE UM PROGRAMA DE CONVIVÊNCIA PARA ESCOLAS:
BASES E DESAFIOS DE PONTA A PONTA
LA IMPLEMENTACIÓN DE UN PROGRAMA DE CONVIVENCIA PARA ESCUELAS:
BASES Y DESAFÍOS DE PUNTA A PUNTA
THE IMPLEMENTATION OF A COEXISTENCE PROGRAM FOR SCHOOLS: BASES
AND CHALLENGES FROM TOP TO BOTTOM
Luciene Regina Paulino TOGNETTA
1
Maria de Fátima Barbosa
ABDALLA
2
RESUMO:
Tratar da temática dos problemas de convivência na escola, já presentes antes da
pandemia e potencializados por ela, parece ser uma das mais destacadas discussões para se
concretizar objetivos educacionais tão pretendidos como a forma
ção de pessoas autônomas e
éticas. Neste sentido, este artigo teórico tem como objetivo apresentar brevemente a descrição
da implementação de um Programa de Convivência junto à rede pública de educação de São
Paulo, suas dificuldades e aprendizagens para a
queles que ainda esperam concretizar, no Brasil,
a construção de políticas públicas que garantam o tema da convivência como condição à
educação brasileira.
PALAVRAS
-
CHAVE:
Ética. Escola. Juventude.
Políticas
públicas
.
RESUMEN:
Abordar el tema de
los problemas de convivencia en la escuela, ya presente antes
de la pandemia y potenciado por ella, parece ser una de las discusiones más destacadas para
alcanzar objetivos educativos tan concebidos como la formación de personas autónomas y
éticas. En este
sentido, este artículo teórico tiene como objetivo presentar brevemente la
descripción de la implementación de un Programa de Convivencia con la red de educación
pública de São Paulo, sus dificultades y aprendizaje para aquellos que aún esperan realizar,
en Brasil, la construcción de políticas públicas que garanticen el tema de la convivencia como
condición para la educación brasileña.
PALABRAS CLAVE
: Ética. Escuela. Juventud.
Políticas
públicas
.
1
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Araraquara
-
SP
–
Brasil. Professora do Departamento de Psicologia da
Educação (FCLAr/UNESP). Doutorado em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano. ORCID:
https://orcid.org/0000
-
0003
-
0929
-
4925. E
-
mail: luciene.
tognetta@unesp.br
2
Universidade Católica de Santos (UNISANTOS), Santos
–
SP
–
Brasil. Professora do Programa de Pós
-
Graduação em Educação. Doutorado em Educação. ORCID: https://orcid.org/0000
-
0001
-
8290
-
959X. E
-
mail:
mfabdalla@uol.com.br
image/svg+xml
Luciene Regina Paulino TOGNETTA e Maria de Fátima Barbosa ABDALLA
RPGE
–
Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022091, jul. 2022.
e
-
ISSN: 1519
-
9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i
esp.3.16951
2
ABSTRACT:
Dealing with the issue of
coexistence problems at school, already present before
the pandemic and boosted by it, seems to be one of the most outstanding discussions to achieve
educational goals as desired as the formation of autonomous and ethical people. In this sense,
this theore
tical article aims to briefly present the description of the implementation of a
Coexistence Program in the public education network of São Paulo, its difficulties and learning
for those who still hope to implement, in Brazil, the construction of public po
licies that
guarantee the theme of coexistence as a condition for Brazilian education.
KEYWORDS
: Ethics. School. Youth. Public policy.
Introdução
Uma das mais evidentes necessidades postas às claras em tempos atuais é a
transformação das instituições que ensinam crianças e adolescentes em todo mundo. Em tempos
de “escolas sem paredes”, mesmo antes da pandemia da COVID
-
19, o impacto que a educação
te
m na promoção do desempenho econômico e social de um país já não a permite isentar
-
se
das mudanças em uma nova ordem de competência internacional, pois o desempenho
acadêmico já não é a única necessidade.
Não se tem dúvida que as questões de convivência e
scolar colocam em xeque a
qualidade dos processos educacionais. Dessa certeza partilham pesquisadores e governos que
já validaram e incluíram em suas agendas a criação e o fomento de políticas educacionais para
a promoção de uma convivência pacífica e resp
eitosa, cuja garantia do bem
-
estar, das
experiências de participação democrática e aprendizagem de formas assertivas de resolução de
problemas nas relações interpessoais estejam presentes (CASASSUS, 2001; TOGNETTA,
2022).
De onde partimos?
Por certo, antes da pandemia da COVID
-
19 havia já instaurada uma queixa comum
entre educadores de que em tempos pós
-
modernos a convivência na escola tem se tornado um
grande problema. Agressões físicas e verbais a professores e entre os
alunos, furtos,
desobediência às normas, provocações, indisciplina e incivilidades parecem ser parte de um
cotidiano da escola que pede por uma mudança urgente.
Pesquisas em todo o mundo revelam que os problemas de convivência na escola têm se
intensific
ado (DEBARBIEUX, 2001; DUBET, 1997; JARES, 2008; TOGNETTA; VINHA,
2012; URUÑELA, 2013; VINHA; DIAZ
-
AGUADO, 2015) na mesma medida em que
apresentam características diferentes para cada tipo de problema manifestado na escola
image/svg+xml
A
implementação de um programa de convivência para escolas: Bases e desafios de ponta a ponta
RPGE
–
Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022091, jul. 2022.
e
-
ISSN: 1519
-
9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.3.16951
3
(JARES, 2001; LA RUSSO; SELMAN, 2
011; TOGNETTA; VINHA, 2010; VINHA; NUNES,
2018).
Certamente, a evolução das investigações científicas no campo da educação não só
reitera o quanto a temática da convivência escolar é o “calcanhar de Aquiles” da maioria das
instituições de ensino, como tam
bém aponta para um problema que é tão difícil: a complexidade
das soluções que precisam ser buscadas e implementadas nas escolas.
No Brasil, a situação configura
-
se, nos últimos anos, um pouco pior que nos outros
países, se levarmos em conta o Relatório T
ales, de 2019, e os resultados do PISA 2019,
publicados em 2021:
19% de professores brasileiros dizem gastar muito tempo para gerenciar
os problemas de convivência em salas de aulas, enquanto a média da OCDE (que engloba os
dados de docentes, gestores e al
unos de 37 países e o Brasil é um convidado) é de 13%; 44%
dos estudantes brasileiros falam sobre a demora para começar os trabalhos em sala de aula em
função de tais problemas, enquanto a média da OCDE é de 24%; 43% dos gestores apontam a
falta de respeit
o dos alunos pelos professores, enquanto a média da OCDE é de 22%.
Em São Paulo, em 2019, os dados disponibilizados pela Secretaria de Educação Pública
revelam a diversidade desses problemas, bem como nos possibilitam reiterar o quanto não é
verdade que a
s escolas paulistas têm muitos “problemas de violência” como diferentes
reportagens alardeavam antes da pandemia. Note
-
se, com auxílio da Figura 1, a seguir, que os
números de Registros de Ocorrências Escolares (ROEs) do primeiro trimestre de 2019
preenchi
dos por diretores e enviados ao antigo SPEC (Sistema de Proteção Escolar e
Comunitária) mostram com clareza a diferença entre as “situações de indisciplina,
incivilidades, transgressões às regras”, cuja frequência é muito maior do que o que se pode
classif
icar como violência.
image/svg+xml
Luciene Regina Paulino TOGNETTA e Maria de Fátima Barbosa ABDALLA
RPGE
–
Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022091, jul. 2022.
e
-
ISSN: 1519
-
9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i
esp.3.16951
4
Figura 1
–
Registros de Ocorrências Escolares no primeiro trimestre de 2019 nas escolas
públicas estaduais paulistas
Fonte: SPEC/SEDUC SP
Na Figura 1, encontramos, por exemplo, 7.643 episódios de indisciplina
recorrente,
2.028 episódios descritos como “saídas injustificadas de atividades em sala de aula” e 1.242
episódios de “uso indevido de aparelhos celulares”. Temos insistido que o tema da convivência
na escola exige um olhar bastante criterioso para entende
r o que é frequente nessas instituições:
como vemos, são condutas perturbadoras (TOGNETTA, 2020; VINHA; NUNES, 2020),
também chamadas de “microviolências” (DEBARBIEUX, 2007), que se distanciam de
violências no sentido profundo de, intencionalmente, machuca
r, submeter, humilhar, maltratar
alguém.
Não obstante, os resultados das avaliações internacionais também têm apontado o que
as pesquisas na psicologia moral têm identificado, quando tratam das características de formas
menos frequentes de problemas de co
nvivência, mas cuja intensidade e crueldade demandam
uma condição de alerta às instituições que educam
-
estamos falando de manifestações violentas
peculiares das relações entre pares
-
o bullying e cyberbullying. Temos nos assustado com esses
fenômenos qu
e já existiam, mas que com a pandemia foram potencializados e, certamente,
estarão presentes no cotidiano das escolas brasileiras. Este tem sido o grande desafio das escolas
brasileiras, porque tratamos de uma questão que não incomoda diretamente à autorid
ade,
principalmente na escola, já que o bullying é um problema entre pares, escondido aos nossos
olhos. Um desafio que nos alerta a uma condição de sofrimento de meninas e meninos que não
sabem como se defender e, ao mesmo tempo, como se respeitar uns aos
outros, reconhecendo
o limite à própria identidade e do outro (AVILÉS MARTÍNEZ, 2003; OLWEUS, 1993;
TOGNETTA, 2003). Trata
-
se de um problema para a construção da identidade de crianças e
image/svg+xml
A
implementação de um programa de convivência para escolas: Bases e desafios de ponta a ponta
RPGE
–
Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022091, jul. 2022.
e
-
ISSN: 1519
-
9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.3.16951
5
adolescentes e como estes legitimarão valores (tão esquecidos hoje em
momentos pós
-
modernos), como a tolerância, o respeito e a generosidade.
Se observarmos, novamente, o mesmo gráfico anterior, poderemos notar como as
investigações conduzidas na atualidade nos mostram que a quantidade de episódios do que
chamamos de “manif
estações de caráter violento” é bem menor, quando comparada aos
números anteriores. Há questões bastante importantes a serem consideradas aqui: a primeira
delas é o destaque aos episódios de agressão física e verbal (respectivamente, 2.706 e 1.067
episódio
s) e outros registros como os chamados “discriminações”, “ameaças” e mesmo o que
se considera “bullying, humilhação sistemática”. A dúvida que paira é, na mesma medida, a
certeza de que as manifestações de tais problemas mostra a complexidade que têm e o q
uanto
o entendimento dessas questões é urgente aos profissionais de ensino: saberão dizer aqueles
que tomam nota dos registros enviados à Secretaria de Educação, qual a diferença entre o que
chamaram de discriminações ou ameaças e agressão verbal ou bullyi
ng? A segunda questão
que elencamos, a partir desses dados, diz respeito ao que, de fato, compreende
-
se como
violência dura na escola. São episódios em que a violência é intencional e vitimiza,
indefensavelmente (ou quase que), as pessoas envolvidas. Note
-
se o quanto esses números são
pequenos diante das manifestações perturbadoras que chamamos a atenção com a mesma figura
indicada anteriormente: 68 casos de ação violenta de grupos ou gangues; 239 casos de uso de
drogas ilícitas
;
22 casos de tráfico
;
86 cas
os de assédio sexual
;
e quatro de violência sexual ou
estupro. Menos violência e mais indisciplina, poderíamos dizer, com certeza. Contudo, o
impacto da frequência, ainda que reduzida, dessas manifestações violentas é muito grande,
danoso e preocupante.
Finalmente, o terceiro ponto a chamar a atenção é para o fato do que revelam esses
dados: há outras formas de violência sentidas para quem sofre e pouco evidentes para quem as
registra, cuja latência é grande, como o bullying, ou têm profundas relações de
causalidade com
o fenômeno (LAHR; TOGNETTA, 2021; TOGNETTA, 2008; TOGNETTA; FODRA; BONI,
2020). Trata
-
se dos problemas que temos chamado de “sofrimento emocional”.
Antes da
pandemia, já existiam casos desse tipo de problema
-
62 casos foram registrados som
ente no
primeiro trimestre de 2019. São sessenta e dois meninos e meninas sofredores de um mal cruel
e que se agigantou, certamente, durante o período de afastamento social.
Pois bem, tudo isso para mostrar que os dados que tínhamos como amostragem
diagnó
stica dos problemas de convivência da rede pública paulista nos apontavam para uma
necessidade urgente de formação de professores e de compreensão de formas mais eficazes e
já elaboradas e implementadas em outros países (e, artesanalmente, em outras redes
de ensino
image/svg+xml
Luciene Regina Paulino TOGNETTA e Maria de Fátima Barbosa ABDALLA
RPGE
–
Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022091, jul. 2022.
e
-
ISSN: 1519
-
9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i
esp.3.16951
6
ou escolas no Brasil), para transformar o ambiente escolar em um lugar de bem
-
estar e de
pertencimento a todos que ali convivem. Uma dessas experiências é o que passamos a relatar
brevemente.
Por onde caminhamos? Revisitando a experiência form
ativa: um jogo de intenções, ações
e desafios
Não é tarefa nada fácil descrever o que foi concebido, sentido, intuído, analisado,
compreendido e refletido nos espaços e tempos vivenciados na construção de um Programa de
Convivência, que, de fato, pudesse
suprir as necessidades de formação de professores dos anos
finais do Ensino Fundamental e transformar o contexto escolar em ambientes solidários de
convivência e acolhimento.
Considerando esses aspectos, entre outros, era importante, para nós, dar vida a
o Projeto
“A Convivência como Valor nas Escolas Públicas: implantação de um Sistema de Apoio entre
Iguais (SAI)”, aprovado em 2019, pelo Edital de Pesquisa/FIS/FCC
3
. Este Projeto tinha de
início a intenção de ser desenvolvido em três escolas
-
polo, selecio
nadas pela Secretaria da
Educação do Estado de São Paulo (SEE/SP). Escolas estas que ficassem em regiões de
vulnerabilidade e com registros de violência escolar. E implementar um programa de
convivência ética nas escolas paulistas, evidenciando a experiênc
ia de protagonismo juvenil
como estratégia latente ao cuidado necessário que as questões de convivência exigem, era nosso
grande objetivo. O fato é que a proporção tomada a partir da experiência do massacre em
Suzano, em que dois adolescentes entraram na e
scola e mataram dez pessoas (TOGNETTA;
FODRA; BONI, 2020), fez com que o projeto, cujo potencial era ser replicado e multiplicado
para outras escolas depois de sua comprovação, se tornasse presente, para além das três escolas
-
polos, num cenário de escalas
que envolvesse toda a rede de ensino de São Paulo com suas mais
de 5000 escolas.
Neste cenário de intenções, o
primeiro
grande desafio era o de poder viabilizar a tal ação
pelo menos nas escolas dos três polos envolvidos e, neste sentido, foram realizadas
reuniões de
planejamento e acompanhamento dos pesquisadores em cada uma das três escolas. Ações essas
3
Trata
-
se de um E
dital de Pesquisa, intitulado “Anos Finais do Ensino Fundamental: Adolescências, Qualidade e
Equidade na Escola Pública”, financiado pela Fundação Itaú Social/FIS e pela Fundação Carlos Chagas/FCC, para
selecionar 14 projetos, tendo como objetivo fomentar,
apoiar e disseminar investigações comprometidas com a
construção de soluções para os desafios e obstáculos à melhoria da qualidade das políticas educacionais e ao
funcionamento cotidiano das escolas, com foco nos anos finais do Ensino Fundamental. Disponí
vel em:
https://www.fcc.org.br/fcc/educacao
-
pesquisa/politicas
-
e
-
praticas
-
da
-
educacao
-
basica
-
e
-
formacao
-
de
-
professores/editalef2.
image/svg+xml
A
implementação de um programa de convivência para escolas: Bases e desafios de ponta a ponta
RPGE
–
Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022091, jul. 2022.
e
-
ISSN: 1519
-
9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.3.16951
7
que foram desenvolvidas pelo GEPEM (Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral) e
compartilhadas e vivenciadas por um conjunto de gestores e de seus
professores. Entretanto,
como a ideia era a de alcançar as demais escolas das diretorias envolvidas no projeto, foram
planejados (e este foi outro desafio) “Seminários Formativos”, a fim de atender, diretamente,
aos Professores Coordenadores do Núcleo Peda
gógico (PCNPs), Supervisores de Ensino (SEs),
Vice
-
Diretores e Professores Mediadores Escolares e Comunitários (PMECs), que são,
atualmente, denominados como Professores Orientadores de Convivência (POCs).
Para dar continuidade a este processo em construç
ão, os vice
-
diretores replicariam a
formação com o grupo docente de suas respectivas escolas nas Aulas de Trabalho Pedagógico
Coletivo (ATPCs), e a cada ciclo de estudos, os professores desenvolveriam atividades junto
aos estudantes a partir de ações també
m presentes no programa.
A Figura 2, a seguir, mostra as quatro bases de sustentação do programa que fora
concebido.
Figura 2
–
As 4 bases do Programa
Fonte: Acervo GEPEM
A primeira base e que dá início ao processo de implementação da
proposta é a formação
de professores. Na verdade, tal concepção perpassa por todas demais bases no sentido de que é
pela reflexão e pelo estudo, com aqueles que estão à frente do trabalho da escola e nele
implicados, que se modificam as crenças (ou as teor
ias) que se têm, neste caso, para ensinar
meninos e meninas a conviver (RETUERT ROE; CASTRO, 2017).
Contudo, é nesta base que se preconizam três grandes temas que alicerçam todo o
movimento de formação para a temática da convivência: como se forma uma “per
sonalidade
ética”. Temas como a construção do autoconhecimento e do valor de si e do outro, como o
caminho para ser ético, as escolhas dos valores morais como sentido para a vida e as formas
image/svg+xml
Luciene Regina Paulino TOGNETTA e Maria de Fátima Barbosa ABDALLA
RPGE
–
Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022091, jul. 2022.
e
-
ISSN: 1519
-
9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i
esp.3.16951
8
pelas quais, simbolicamente, o homem é capaz de resolver seus con
flitos, estão presentes neste
momento de formação, de maneira assertiva, utilizando
-
se de uma comunicação não violenta.
Em um segundo momento, para além dos professores e gestores, a formação envolveria,
também, a comunidade escolar e os serviços da rede d
e proteção: a segunda base para a
implementação de nosso programa de convivência, que trata da interlocução entre escola e os
serviços da rede de proteção escolar para a abordagem dos diferentes problemas de convivência
vivenciados na escola. O uso de inst
rumentos de intervenção aos conflitos cotidianos da escola,
a criação de espaços para o fortalecimento de vínculos, os métodos de intervenção mais eficazes
para diferentes tipos de problemas de convivência e os fluxos de encaminhamentos e
direcionamentos p
ensados junto aos serviços da rede de proteção, principalmente, em um
momento tão difícil, cujos problemas de sofrimento emocional, de agressões domésticas e
outros tantos conflitos foram potencializados pela pandemia, e são temas dessa base.
Na terceira
base, também contando com a formação de professores atuantes como
tutores de convivência, o trabalho corresponde à formação dos alunos e alunas para a
participação e implementação das Equipes de Ajuda: um Sistema de Apoio entre Iguais, cuja
experiência de
projetos anteriores comprova a eficácia da atuação de jovens que são formados
para acolher e ajudar a colegas e a sustentar o princípio de que o protagonismo juvenil é
condição para toda e qualquer instituição escolar que prima pelo bem
-
estar, segurança e
resolução pacífica dos conflitos interpessoais tão presentes.
Finalmente, a quarta base: trata
-
se do fomento aos espaços de diálogo e de participação
democrática dos estudantes na escola, por meio das assembleias de classe.
Todavia, o encadeamento entre a
s
intenções
e as
ações
já iniciadas, conforme planejado
foi abruptamente interrompido, em especial, devido ao impacto da pandemia da COVID
-
19,
que se estendeu por mais de dois anos e a todos os desdobramentos que afetaram o sistema
estadual de ensino (SEDU
C) e as escolas selecionadas para continuarem a participar da
pesquisa. Neste contexto, foi preciso, mais uma vez, atender à urgência do momento em que se
viveu. Diante disso, elaboramos um
novo diagnóstico
que, certamente, teriam outros desafios
a enfrent
ar: os problemas de sofrimento emocional, as cyberagressões e as violências sofridas
por crianças e adolescentes, de um lado, e, de outro, as necessidades de formação para docentes
e gestores, tendo em vista esta nova realidade. Era preciso, então, repensa
r a direção do projeto,
ou seja, recalcular a rota a partir do contexto pandêmico e, desse modo, pensar, coletivamente,
nas necessidades como perspectivas de mudança e formas de resistência, para transpor os
obstáculos enfrentados pelo cotidiano escolar.
image/svg+xml
A
implementação de um programa de convivência para escolas: Bases e desafios de ponta a ponta
RPGE
–
Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022091, jul. 2022.
e
-
ISSN: 1519
-
9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.3.16951
9
Recalculando a rota a partir do contexto pandêmico
Com a pandemia e a partir das necessidades das escolas e de seus gestores e professores,
foram desenvolvidas outras prioridades para o projeto. O fato é que sabíamos da dinâmica
altamente complexa que te
m a educação, bem como da necessidade de concebê
-
la como um
“espaço dos possíveis”, conforme nos indicou Bourdieu (1997, p. 62). Sabíamos também que
era “certo que a orientação da mudança depende do estado do sistema de possibilidades”
(BOURDIEU, 1997, p.
63) e que, inclusive, deveríamos ir “em direção a possibilidades que
seja preciso criar do nada” (p. 63).
Partiu
-
se, então, de novas questões de pesquisa: Quais os principais problemas que
afetam a qualidade da convivência dos alunos e alunas no contexto p
andêmico? Diante da
complexidade do extenso período de afastamento do contexto presencial da escola, quais devem
ser as prioridades do trabalho proposto por professores e professoras em suas aulas e outros
espaços da escola, ainda que virtuais, com relação
à promoção da convivência ética?
Nesta perspectiva, um novo modelo foi proposto de forma a abranger ações na formação
docente, que envolvia ampliar o diagnóstico do clima relacional, incluir a rede de proteção para
formar e orientar os estudos sobre medi
ação de conflitos e contribuir com a superação dos
problemas de convivência dos alunos da rede. Não seria mais possível, enquanto durasse o
isolamento social, formar os alunos e alunas para a participação e engajamento em Equipes de
Ajuda
4
. Como fazer, en
tão, para chegar até aqueles e aquelas que mais precisariam de ajuda
quanto aos problemas vivenciados nesses novos tempos (e considerados, portanto, dimensões
particulares do clima relacional deste momento)? Em resposta a esta indagação, a proposta
realiza
da foi a de encorajar membros já formados de Equipes de Ajuda de outras escolas a
montarem um material que servisse de acolhida, apoio e inspiração para os alunos e alunas
atendidos pelo projeto
5
.
Esse modelo pode ser traduzido pela Figura 3, a seguir:
4
Equipes de Ajuda são um tipo de Sistemas de Apoio entre Iguais que têm sido apontados pela literatura mundial,
como formas m
ais eficazes de combater e prevenir o bullying e outros problemas de convivência. Para saber mais,
acesse www.somoscontraobullying.com.br.
5
O material proposto pelos alunos e alunas das escolas que participam da Rede de Equipes de Ajuda do Brasil
–
“O que
cabe em um abraço? De jovem para jovem”
-
foi publicado pela Editora Adonis e distribuído para os
27.500 alunos dos Anos Finais do Ensino Fundamental das escolas de três diretorias que foram as participantes do
Projeto.
image/svg+xml
Luciene Regina Paulino TOGNETTA e Maria de Fátima Barbosa ABDALLA
RPGE
–
Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022091, jul. 2022.
e
-
ISSN: 1519
-
9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i
esp.3.16951
10
Figura 3
–
Grupos de ações do projeto de pesquisa em 2021
Fonte: Acervo GEPEM
Certamente, “[...] pensar em
estruturas estruturantes
que destaquem as tomadas de
decisão colaborativa entre seus membros, de forma a atender às necessidades da escola e dos
sujeitos que nela trabalham” (ABDALLA, 2006, p. 91, grifo da autora) era uma nova
necessidade que se impunha. Para dar conta desses inú
meros desafios, foi preciso discuti
-
los e
partir de uma “negociação de necessidades” (ABDALLA, 2021; ALTET, 2000; CANÁRIO,
1994; RODRIGUES; ESTEVES, 1993). Nesta direção, estávamos abertos às regras do jogo,
sob tensões e desafios postos pelas diferentes s
ituações do cotidiano, em que as finalidades da
pesquisa e as ações daí decorrentes foram, constantemente, redefinidas.
Logicamente, essas novas ações não foram pensadas de modo linear como uma escolha
entre opções; mas, pelo contrário, foram refletidas n
o coletivo dos pesquisadores e dos gestores
de modo complexo e dialógico. Primeiro, buscando uma escuta sensível dos desabafos, das
frustrações e angústias dos gestores/professores da rede e, depois, também, dos próprios
pesquisadores, nas múltiplas reuniõ
es de planejamento. Entretanto, na pretensão de fazer com
que o Programa continuasse a existir, sempre se abriam espaços possíveis para levar adiante
nossas ideias e ações, em especial, para que se pudesse ressignificar a
convivência
como valor
nas escolas
públicas paulistas.
Formação docente: continuação dos
estudos iniciados nos seminários
formativos
Diagnóstico do clima relacional na
pandemia: três dimensões
-
1.
Sofrimento emocional; 2.
Articulação entre escola e rede de
proteção: orientação de fluxos de
encaminhamentos e
estudos sobre
Ajuda a alunos e alunas: publicação de
atividades de acolhida "De jovem para
jovem"
image/svg+xml
A
implementação de um programa de convivência para escolas: Bases e desafios de ponta a ponta
RPGE
–
Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022091, jul. 2022.
e
-
ISSN: 1519
-
9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.3.16951
11
O que aprendemos...
Estamos certos de que as tensões e os múltiplos desafios na construção deste Programa
e, em seus diferentes tempos e espaços de convivência, contribuíram para concretizar este
processo de formação e pesquisa, i
mbuído por relações de cooperação e solidariedade: vínculos
que geraram um campo de significados e de espaço social de pertencimento para todos os que
estiveram envolvidos.
Da mesma forma, estivemos convencidos até aqui das dificuldades que enfrentam os
p
rofissionais de uma rede de ensino, quando não se tem estabelecida uma política pública que
reitere e equacione o trabalho em rede para determinado tema. É certo que o passo dado pela
Secretaria de Educação de São Paulo na transformação do SPEC em CONVIVA
6
já denotou o
esforço de gestores públicos (ainda que poucos) por transformar em resolução, a construção de
um programa com a temática da convivência que integre, para além das ações de proteção e
superação das formas criminalizantes de tratamento dos pro
blemas de convivência nas escolas,
a promoção da convivência positiva entre aqueles que ali pertencem.
Tarefa, certamente, não tão fácil de ser realizada quando não se transforma antigas
crenças de que, como promovida por uma instituição pública, a educaç
ão deve se pautar em
ideologias neoliberais e em ações de autopromoção partidária de quem está à frente dos
trabalhos. Talvez isso justifique o fato da desenfreada justaposição de projetos contratados pelas
secretarias de ensino e inseridos no cotidiano de
docentes e gestores cumpridores de tarefas e
que se soma às frágeis condições das redes públicas que reforçam a desigualdade social
(ARROYO, 2019; DOURADO; SIQUEIRA, 2020; FREIRE, 1997;
ABDALLA, 2021;
SANTOS, 2006).
Temos, finalmente, entendido que a cons
trução de uma política de promoção da
convivência escolar deva garantir cinco indicadores de qualidade através dos quais as ações
desse projeto se guiaram e poderão guiar outros futuros. Vamos a eles:
1
-
Primeiro indicador de qualidade: promover uma convivência positiva
A qualidade das novas formas de relacionamento na escola deve se pautar no incentivo
a uma cultura de paz e de promoção à convivência positiva. A ênfase não está no combate às
6
Trata
-
se do Programa de Melhoria
da Convivência e Proteção Escolar
–
CONVIVA, que foi criado pela
Resolução SEDUC 48, de 01/10/2019, com alterações efetuadas pela Resolução SEDUC 49, de 03/10/2019 (SÃO
PAULO, 2019, p. 37), no lugar do Sistema de Proteção Escolar (SPEC). Um dos seus objeti
vos era: “Contribuir
para um clima escolar positivo por meio de ambiente de aprendizagem colaborativo, solidário e acolhedor”. Mais
tarde, este Programa também deu lugar a outros projetos, mudando, inclusive, o direcionamento do Projeto em
questão.
image/svg+xml
Luciene Regina Paulino TOGNETTA e Maria de Fátima Barbosa ABDALLA
RPGE
–
Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022091, jul. 2022.
e
-
ISSN: 1519
-
9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i
esp.3.16951
12
violências,
mas sim na abertura de espaços, em que quem convive na escola, trabalhe em
grupos, participe de diálogos e de estratégias; em que valores morais sejam suscitados; em que
se exercite a participação democrática a fim de pensar os problemas e as soluções para
os
conflitos e aprenda a regular suas emoções. Uma regulação positiva poderá “desarmar a
violência cultural e estrutural e assim se reduzirá realmente a violência direta” (VILLALBA,
2016, p. 93). Trata
-
se, portanto, de buscar alternativas mais criativas d
e não violência onde se
recorre tanto a vias punitivas e criminalizantes.
2
-
Segundo indicador de qualidade: formação humana
–
aprender a conviver
Trata
-
se de conceber a convivência escolar como um fim em si mesma, tão importante
quanto o desempenho acadêmic
o. Ela é um pilar fundamental para o processo formativo integral
de crianças, adolescentes e jovens, pois abarca os aspectos cognitivos, afetivos, morais e sociais
que os envolve. Seu indicador de qualidade, enquanto formação, fundamenta
-
se nos quatro
pila
res descritos por Delors (2003): aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a ser e
aprender a conviver. Implica, assim, que todas as atividades de um plano de convivência
permitam a construção cotidiana de valores morais, pelos quais se paute a exper
iência de
conviver, bem como a aprendizagem dessas novas formas relacionamento e comportamento
humano. Para tanto, inclusive, a aprendizagem de como ensinar a conviver que caberá aos
educadores. Portanto, esse indicador de qualidade se refere também à form
ação de professores.
3
-
Terceiro indicador de qualidade: partir da própria realidade e garantir a cultura local
Trata
-
se da necessidade de incorporar os elementos identitários das comunidades locais,
onde estão as escolas, e a essas comunidades se voltar com a possibilidade de expansão da
aprendizagem da convivência nesses espaços coletivos. O enfoque está no sentid
o de
responsabilidade social e compromisso cidadão para com aqueles com quem se convive, de
forma a extrapolar os muros da escola para uma convivência respeitosa com a garantia dos
direitos humanos preservados (URUÑELA, 2017).
4
-
Quarto indicador de qualida
de: participação e inclusão
Trata
-
se da participação de todos os membros da comunidade educativa, especialmente,
os estudantes que têm, já comprovadamente na literatura, função primordial para o
estabelecimento de processos de promoção da convivência, qua
ndo acolhem, valorizam a
diversidade e reiteram o pertencimento a uma comunidade, cujo sentido seja a busca pelo bem
a si e do outro. Inclui
-
se, neste indicador, a condição da inclusão da diversidade humana em
image/svg+xml
A
implementação de um programa de convivência para escolas: Bases e desafios de ponta a ponta
RPGE
–
Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022091, jul. 2022.
e
-
ISSN: 1519
-
9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.3.16951
13
todas as suas formas de apresentação
–
diversi
dade de gênero, raça, deficientes, migrantes,
adolescentes infratores...
5
-
Quinto indicador de qualidade: ético
Ainda que pareça “lógica”, nem toda convivência pacífica é suficiente, do ponto de vista
deste último indicador: é preciso ser ética. Tal acento é a qualidade que condiciona a educadores
e educandos valores como a confiança, o cuidado, a dignidade de qualq
uer ser humano que tem
o direito ao pleno desenvolvimento de suas potencialidades. Uma convivência cuja qualidade é
ética, porque se trata da garantia aos marcos civilizatórios conquistados pela humanidade, dos
quais uma política pública que preconize a co
nvivência não pode abrir mão.
Em uma última palavra: nossas pesquisas, em consonância com a literatura mundial
(COLÔMBIA, 2014; CHILE, 2019; SANTOS, 2021; TWEMLOW
et al.,
2009; URUÑELA,
2017; VIVALDI, 2020) mostram a importância da formulação de políticas
educacionais que
tornem programas de ensino sustentáveis, garantindo, assim, que haja espaços
institucionalizados para a formação contínua dos agentes escolares, que possam também eles
buscarem, com autonomia, a instrumentalização da qual precisam diante
de tantos dados da
ciência que revelam o progresso das formas pelas quais se pode ter a eficácia do ensino. Essas
mesmas investigações indicam o quanto a transformação da temática da convivência em
políticas públicas é urgente e importante para vencer a he
teronomia presente no ideário
brasileiro que, a todo o momento, rompe com compromissos éticos em defesa da vida, dos
direitos humanos e da cidadania. Compromissos estes, que são também formados pela escola,
mas, definitivamente, por uma escola que saiba o
que fazer e, sabendo o que fazer, seja capaz
de RESISTIR.
REFERÊNCIAS
ABDALLA, M. F. B.
O senso prático de ser e estar na profissão
. São Paulo: Cortez, 2006.
ABDALLA, M. F. B. Relações de incerteza e exclusão: É possível pensar em estratégias para
a e
ducação em tempos de pandemia?
Olhar de professor
, Ponta Grossa, v. 24, p. 1
-
10, e
-
15972.048, 2021. Disponível em:
https://revistas2.uepg.br/index.php/olhardeprofessor/article/view/15972/209209214306.
Acesso em: 22 out. 2021.
ALTET, M.
Análise das prática
s dos professores e das situações pedagógicas
. Porto: Porto
Editora, 2000.
image/svg+xml
Luciene Regina Paulino TOGNETTA e Maria de Fátima Barbosa ABDALLA
RPGE
–
Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022091, jul. 2022.
e
-
ISSN: 1519
-
9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i
esp.3.16951
14
ARROYO, M.
Vidas ameaçadas
: Exigências
-
respostas éticas da educação e da docência.
Petrópolis: Vozes, 2019.
AVILÉS MARTÍNEZ, J. M.
Bullying
: Intimidación y maltrato entre el alumnado.
Bilbao:
Stee
-
Eilas, 2003.
BOURDIEU, P.
Razões práticas
: sobre a teoria da ação. Tradução: Mariza Corrêa. Campinas:
Papirus Editora, 1997.
CANÁRIO, R. Centros de Formação das Associações de Escola: Que futuro?
In:
AMIGUINHO; A.; CANÁRIO, R. (org.).
Escolas e Mudanças
: O papel dos Centros de
Formação. Lisboa: Educa, 1994.
CASASSUS, J. A reforma educacional na América Latina no contexto de globalização.
Cadernos de Pesquisa
, n. 114, p. 7
-
28, nov. 2001. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/cp/a/G84F35T35zrRSv9drSJc6Dz/?format=html. Acesso em: 12 jun.
2021
CHILE.
Política N
acional de Convivência Escolar
. Chile: Ministerio de Educación, 2019.
Disponível em: https://convivenciaparaciudadania.mineduc.cl/wp
-
content/uploads/2019/04/Politica
-
Nacional
-
de
-
Convivencia
-
Escolar.pdf. Acesso em: 14 mar.
2021.
COLÔMBIA.
Guía Pedagógica p
ara la Convivencia Escolar
.
Bogotá, D.C.: Ministerio da
Educación Nacional, 2014. Disponível em:
https://redes.colombiaaprende.edu.co/ntg/men/pdf/Guia%20No.%2049.pdf. Acesso em: 12
abr. 2021.
DEBARBIEUX, E. A violência na escola francesa: 30 anos de const
rução social do objeto
(1976
-
1997).
Educação e Pesquisa
, São Paulo, v. 27, n. 1, p. 163
-
193, 2001. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/ep/a/hvTPxbVrdZxqksQBvsbXN5h/?lang=pt. Acesso em: 14 set.
2021.
DEBARBIEUX, E.
Violência na escola
: Um desafio mundia
l? Lisboa: Instituto Piaget, 2007.
DELORS, J.
“
Os 4 pilares da Educação
” de Jacques Delors
. Brasília, DF: MEC;
UNESCO, 2003
DÍAZ
-
AGUADO, M. J.
Da violência escolar à cooperação na sala de aula
. Americana, SP:
Adonis, 2015.
DOURADO, L. F.; SIQUEIRA, R. M. Trabalho e formação de professores/as: Retrocessos e
perdas em tempos de pandemia.
Revista Retratos da Escola
, Brasília, v. 14, n. 39, p. 842
-
857, set./dez. 2020. Disponível em: htttp://retratosdaescola.ennuvens.com.br/rde.
Acesso em:
07 maio 2020.
DUBET, F. Quando o sociólogo quer saber o que é ser professor.
Revista Brasileira de
Educação
, n. 5
-
6, p. 222
-
231, 1997. Disponível em:
http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1413
-
24781997000200018&lng=pt&nrm=
iso. Acesso em: 11 dez. 2020.
image/svg+xml
A
implementação de um programa de convivência para escolas: Bases e desafios de ponta a ponta
RPGE
–
Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022091, jul. 2022.
e
-
ISSN: 1519
-
9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.3.16951
15
FREIRE, P.
Pedagogia da autonomia
: Saberes necessários à prática educativa. 2. ed. São
Paulo: Paz e Terra, 1997.
JARES, X. R.
Educacion y conflicto
: Guia de educacion para la convivencia.
Madrid:
Popular, 2001.
JARES, X. R.
Pedagogia da Convivência.
São Paulo: Palas Athena, 2008.
LA RUSSO, M.; SELMAN, R. Early adolescente health risk behavior, conflict resolution
strategies and school climate.
Journal of Applied Developmental Psychology
, v. 32, n. 6, p.
354
-
362, 2011. Dispo
nível em:
https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0193397311000712?via%3Dihub.
Acesso em: 15 mar. 2021.
LAHR, T. B. S.; TOGNETTA, L. R. P. Proteção e bem
-
estar na escola: um emaranhado de
nós para desatar em contextos pós
-
pandêmicos.
Tópicos Educacionais
, v. 27, n. 1, p. 62
-
78,
jun. 2021. Disponível em:
https://periodicos.ufpe.br/revistas/topicoseducacionais/article/view/250506.
Acesso em: 08
fev. 2022.
OLWEUS, D.
Bullying at school
. What we know and what we can do.
Blackwell: Oxford
and Cambridge, 1993.
RETUERT ROE, G.; CASTRO, P. J. Teorías subjetivas de profesores acerca de su rol en la
construcción de la convivencia escolar.
Polis
, Santiago, v. 16, n. 46, p. 321
-
345, abr. 2017.
Disponível em: http://www.scielo.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0718
-
65682017000100321&lng=es&nrm=iso Acesso em: 20 jul. 2021.
RODRIGUES, A.; ESTEVES, M.
A análise de necessidades na formação de professores
.
Porto: Porto Editora, 1993.
SANTOS, B.
S.
A gramática do tempo
: Para uma nova cultura política. São Paulo: Cortez,
2006.
SANTOS, N. C. P.
A descrição da construção coletiva do Programa Antibullying em uma
rede de ensino:
Para que a convivência ética seja valor. 2021. Dissertação (Mestrado em
E
ducação Escolar)
–
Faculdade de Ciências e Letras, Universidade Estadual Paulista,
Araraquara, 2021. Disponível em:
https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/213976/santos_ncp_me_arafcl.pdf?seque
nce=7&isAllowed=y. Acesso em: 09 jan. 2022.
TOGNET
TA, L. R. P.
A construção da solidariedade e a educação do sentimento na
escola
: Uma proposta de trabalho com as virtudes numa visão construtivista. Campinas, SP:
Mercado de Letras, 2003.
TOGNETTA, L. R. P. Violência na escola x violência da escola.
In
: C
ONGRESSO
NACIONAL DE EDUCAÇÃO DA PUCPR
–
EDUCERE, 8.; CONGRESSO IBERO
–
AMERICANO SOBRE VIOLÊNCIAS NAS ESCOLAS
–
CIAVE, 3., 2008, Curitiba.
Anais
[...]. Curitiba: Pontifícia Universidade Católica do Paraná, 2008.
image/svg+xml
Luciene Regina Paulino TOGNETTA e Maria de Fátima Barbosa ABDALLA
RPGE
–
Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022091, jul. 2022.
e
-
ISSN: 1519
-
9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i
esp.3.16951
16
TOGNETTA, L. R. P.
Quando a
preocupação é compartilhada:
Intervenções aos casos de
bullying. Americana, SP: Editora Adonis, 2020.
TOGNETTA, L. R. P. (coord.).
A convivência como valor nas escolas públicas:
Implantação de um Sistema de Apoio entre Iguais
. São Paulo: FCC; FIS, 2022. D
isponível
em: https://www.itausocial.org.br/wp
-
content/uploads/2022/05/pesquisa
-
itau
-
social
-
anos
-
finais
-
451.pdf. Acesso em: jan. 2022.
TOGNETTA, L. R. P.; VINHA, T. P. Até quando? Bullying na escola que prega a inclusão
social.
Educação (UFSM)
, v. 35, n.
3, p. 449
-
464, 2010. Disponível em:
https://periodicos.ufsm.br/reveducacao/article/view/2354. Acesso em: 10 fev. 2021.
TOGNETTA, L. R. P; VINHA, T. P.
É possível superar a violência na escola?
Campinas,
SP: Editora do Brasil, 2012.
TOGNETTA, L. R. P.;
FODRA, S. BONI, L. G. Os grandes ataques em escolas: O que
sabemos?
In:
TOGNETTA, L. R. (org.).
Bullying e convivência em tempos de escolas sem
paredes.
Americana: Editora Adonis, 2020.
TWEMLOW, S. W.
et al
. A School climate intervention that reduces bullying by a focus on
the bystander audience rather than the bully and victim.
In
: JIMERSON, S. R.; SWEARER,
S. M.; ESPELAGE, D. L. (eds.).
Handbook of bullying in schools: An international
perspective
. London:
Routledge, 2009.
URUÑELA, P. M. N. Trabajar la convivencia en los centros educativos.
Aula de innovación
educativa
, n. 221, p. 36
-
40, 2013. Disponível em:
https://www.grao.com/es/producto/trabajar
-
la
-
convivencia
-
en
-
los
-
centros
-
educativos. Acesso
em: 14 m
aio. 2021
URUÑUELA, P. Por qué debemos trabajar la convivencia en los centros educativos?
.
In
:
ABAD, J. (coord.).
Aprender a convivir, aprender a transformar
. Bracelona: Graó, 2017.
VILLALBA, J. La convivencia escolar en positivo.
Revista Educaci
o
n y Hu
manismo
,
v. 18,
n.
30, p. 92
-
106, 2016.
Disponível em:
http://revistas.unisimon.edu.co/index.php/educacion/article/view/2379/2271. Acesso em: 07
nov. 2021.
VINHA, T. P.; NUNES, C. A. A. O desafio da convivência: Ao tratar da mesma forma
indisciplina e violência, escola perde oportunidade de agir de forma reflexiva e
transformadora.
Cadernos Globo
, Rio de Janeiro, v. 14, p. 70
-
79, nov. 2018. Disponível em:
htt
ps://www.researchgate.net/publication/330703049_O_desafio_da_convivencia_Ao_tratar_
da_mesma_forma_indisciplina_e_violencia_escola_perde_oportunidade_de_agir_de_forma_r
eflexiva_e_transformadora. Acesso em: 12 jun. 2021.
VINHA, T. P.; NUNES, C. A. A. As agr
essões do aluno ao professor: Cenários e
possibilidades de intervenção na escola.
Educação Unisinos
, v. 24, p. 1
-
13, 2020. Disponível
em: http://revistas.unisinos.br/index.php/educacao/article/view/edu.2020.241.33. Acesso em:
11 mar. 2019.
image/svg+xml
A
implementação de um programa de convivência para escolas: Bases e desafios de ponta a ponta
RPGE
–
Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022091, jul. 2022.
e
-
ISSN: 1519
-
9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.3.16951
17
VIVALDI, F. M.
C.
A função social da escola:
A implantação de um projeto institucional
para a convivência ética. 2020. Tese (Doutorado em Educação)
–
Universidade Estadual de
Campinas, Faculdade de Educação, Campinas, SP, 2020. Disponível em:
https://bv.fapesp.br/pt/publ
icacao/186601/a
-
funcao
-
social
-
da
-
escola
-
a
-
implantacao
-
de
-
um
-
projeto
-
insti/. Acesso em: 05 dez. 2020.
Como referenciar este artigo
TOGNETTA, L. R. P.; ABDALLA, M. F. B. A implementação de um programa de convivência
para escolas: Bases e desafios de ponta a ponta.
Revista on line de Política e Gestão
Educacional
, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022091, jul. 2022. e
-
ISSN:1519
-
9029. DOI:
https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.3.16951
Submetido
em
: 23/11/2021
Revisões requeridas
: 16/01/2022
Aprovado em
: 09/04/2022
Publicado em
: 01/07/2022
image/svg+xml
The implementation of a coexistence program for schools: Bases and challenges from top to bottom
RPGE
–
Revista on line
de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022091,
July
2022.
e
-
ISSN: 1519
-
9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.3.16951
1
THE IMPLEMENTATION OF A COEXISTENCE PROGRAM FOR SCHOOLS:
BASES AND CHALLENGES FROM TOP TO BOTTOM
A IMPLEMENTAÇÃO DE UM PROGRAMA DE CONVIVÊNCIA PARA ESCOLAS:
BASES E DESAFIOS DE PONTA A PONTA
LA IMPLEMENTACIÓN DE UN PROGRAMA DE CONVIVENCIA PARA ESCUELAS:
BASES Y DESAFÍOS DE PUNTA A PUNTA
Luciene Regina Paulino TOGNETTA
1
Maria de Fátima Barbosa ABDALLA
2
ABSTRACT:
Dealing with the issue of coexistence problems at school, already
present before
the pandemic and boosted by it, seems to be one of the most outstanding discussions to achieve
educational goals as desired as the formation of autonomous and ethical people. In this sense,
this theoretical article aims to briefly present th
e description of the implementation of a
Coexistence Program in the public education network of São Paulo, its difficulties and learning
for those who still hope to implement, in Brazil, the construction of public policies that
guarantee the theme of coexi
stence as a condition for Brazilian education.
KEYWORDS
: Ethics. School. Youth. Public policy.
RESUMO:
Tratar da temática dos problemas de convivência na escola, já presentes antes da
pandemia e potencializados por ela, parece ser uma das mais destacada
s discussões para se
concretizar objetivos educacionais tão pretendidos como a formação de pessoas autônomas e
éticas. Neste sentido, este artigo teórico tem como objetivo apresentar brevemente a descrição
da implementação de um Programa de Convivência jun
to à rede pública de educação de São
Paulo, suas dificuldades e aprendizagens para aqueles que ainda esperam concretizar, no
Brasil, a construção de políticas públicas que garantam o tema da convivência como condição
à educação brasileira.
PALAVRAS
-
CHAVE
:
Ética. Escola. Juventude.
Políticas
públicas
.
1
São Paulo State University (UNESP), Araraquara
-
SP
–
Braz
il.
Professor at the Department of Educational
Psychology (FCLAr/UNESP).
Doctorate
in School Psychology and Human Development
. ORCID:
https://orcid.org/0000
-
0003
-
0929
-
4925. E
-
mail: luciene.tognetta@unesp.br
2
Catholic University of Santos (UNISANTOS), Santos
–
SP
–
Brazil. Professor of the Graduate Program in
Education. Doctorate in Education
. ORCID: https://orcid.org/0000
-
0001
-
8290
-
959X. E
-
mail:
mfabdalla@uol.com.br
image/svg+xml
Luciene Regina Paulino TOGNETTA
and
Maria de Fátima Barbosa ABDALLA
RPGE
–
Revista on line
de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022091,
July
2022.
e
-
ISSN: 1519
-
9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.3.16951
2
RESUMEN:
Abordar el tema de los problemas de convivencia en la escuela, ya presente antes
de la pandemia y potenciado por ella, parece ser una de las discusiones más destacadas para
alcanzar
objetivos educativos tan concebidos como la formación de personas autónomas y
éticas. En este sentido, este artículo teórico tiene como objetivo presentar brevemente la
descripción de la implementación de un Programa de Convivencia con la red de educación
pública de São Paulo, sus dificultades y aprendizaje para aquellos que aún esperan realizar,
en Brasil, la construcción de políticas públicas que garanticen el tema de la convivencia como
condición para la educación brasileña.
PALABRAS CLAVE
: Ética. Escue
la. Juventud.
Políticas
públicas
.
Introduction
One of the most obvious needs brought to light in current times is the transformation of
the institutions that teach children and adolescents around the world. In times of "schools
without walls", even before the pandemic of COVID
-
19, the impact that educa
tion has in
promoting a country's economic and social performance no longer allows it to exempt itself
from changes in a new order of international competition, because academic performance is no
longer the only need.
There is no doubt that issues of scho
ol coexistence put the quality of educational
processes in check. This certainty is shared by researchers and governments that have already
validated and included in their agendas the creation and fostering of educational policies for
the promotion of peac
eful and respectful coexistence, where well
-
being, democratic
participation experiences, and learning assertive forms of problem solving in interpersonal
relationships are present (CASASSUS, 2001; TOGNETTA, 2022)
.
Where do we start from?
Certainly, bef
ore the pandemic of COVID
-
19 there was already a common complaint
among educators that in post
-
modern times school coexistence has become a big problem.
Physical and verbal attacks on teachers and among students, thefts, disobedience to rules,
teasing, ind
iscipline, and incivilities seem to be part of everyday life at school that calls for
urgent change.
Research around the world reveals that coexistence problems at school have intensified
(DEBARBIEUX, 2001; DUBET, 1997; JARES, 2008; TOGNETTA; VINHA, 2012;
URUÑELA, 2013; VINHA; DIAZ
-
AGUADO, 2015) to the same extent that they present
image/svg+xml
The implementation of a coexistence program for schools: Bases and challenges from top to bottom
RPGE
–
Revista on line
de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022091,
July
2022.
e
-
ISSN: 1519
-
9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.3.16951
3
different characteristics for each type of problem manifested at school (JARES, 2001; LA
RUSSO; SELMAN, 2011; TOGNETTA; VINHA, 2010; VINHA; NUNES, 2018)
.
Certainly, the evoluti
on of scientific research in the field of education not only reiterates
how the issue of school coexistence is the "Achilles heel" of most educational institutions, but
also points to a problem that is so difficult: the complexity of the solutions that nee
d to be
sought and implemented in schools.
In Brazil, the situation is configured, in recent years, a little worse than in other
countries, if we take into account the Tales Report, 2019, and the results of PISA 2019,
published in 2021: 19% of Brazilian t
eachers say they spend a lot of time managing coexistence
problems in classrooms, while the OECD average (which encompasses data from teachers,
managers and students from 37 countries and Brazil is a guest) is 13%; 44% of Brazilian
students talk about the
delay to start classroom work because of such problems, while the
OECD average is 24%; 43% of managers point out the lack of respect of students for teachers,
while the OECD average is 22%.
In São Paulo, in 2019, the data made available by the Secretariat
of Public Education
reveal the diversity of these problems, as well as enable us to reiterate how much it is not true
that São Paulo schools have many "violence problems" as different reports boasted before the
pandemic. Note, with the help of Figure 1 bel
ow, that the numbers of School Occurrence
Records (SORs) from the first quarter of 2019 filled out by principals and sent to the former
SPEC (School and Community Protection System) clearly show the difference between
"situations of indiscipline, incivilit
ies, transgressions of rules," whose frequency is much higher
than what can be classified as violence
.
Figure
1
–
School Occurrence Records in the first quarter of 2019 in São Paulo state public
schools
Source
: SPEC/SEDUC SP
image/svg+xml
Luciene Regina Paulino TOGNETTA
and
Maria de Fátima Barbosa ABDALLA
RPGE
–
Revista on line
de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022091,
July
2022.
e
-
ISSN: 1519
-
9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.3.16951
4
In Figure 1, we
find, for example, 7,643 episodes of recurrent indiscipline, 2,028
episodes described as "unjustified withdrawals from classroom activities" and 1,242 episodes
of "improper use of cell phones. We have insisted that the issue of coexistence in school
requir
es a very careful look to understand what is frequent in these institutions: as we see, these
are disturbing behaviors (TOGNETTA, 2020; VINHA; NUNES, 2020), also called
"microviolence" (DEBARBIEUX, 2007), which are far from violence in the deep sense of
in
tentionally hurting, submitting, humiliating, mistreating someone.
However, the results of international evaluations have also pointed out what moral
psychology research has identified, when dealing with the characteristics of less frequent forms
of coexi
stence problems, but whose intensity and cruelty demand an alert condition to the
institutions that educate
-
we are talking about violent manifestations peculiar to peer
relationships
-
bullying and cyberbullying. We have been frightened by these phenomen
a that
already existed, but which, with the pandemic, have been strengthened and will certainly be
present in the daily life of Brazilian schools. This has been the great challenge for Brazilian
schools, because we are dealing with an issue that does not b
other authority directly, especially
in school, since bullying is a problem between peers, hidden from our eyes. A challenge that
alerts us to a suffering condition of girls and boys who do not know how to defend themselves
and, at the same time, how to re
spect each other, recognizing the limits to their own identity
and that of the other (AVILÉS MARTÍNEZ, 2003; OLWEUS, 1993; TOGNETTA, 2003). This
is a problem for the construction of the identity of children and adolescents and how they will
legitimize valu
es (so forgotten today in post
-
modern times) such as tolerance, respect, and
generosity
.
If we observe the same graph again, we can see how the investigations carried out today
show us that the quantity of episodes of what we call "manifestations of a viol
ent nature" is
much smaller when compared to the previous figures. There are quite important issues to be
considered here: the first of them is the emphasis on episodes of physical and verbal aggression
(2,706 and 1,067 episodes, respectively) and other re
gisters such as the so
-
called
"discriminations", "threats", and even what is considered "bullying, systematic humiliation".
The doubt that hovers around is, in the same measure, the certainty that the manifestations of
such problems show how complex they a
re and how urgent the understanding of these issues
is for teaching professionals: can those who take note of the records sent to the Secretary of
Education tell the difference between what they called discrimination or threats and verbal
aggression or bul
lying? The second question we listed, based on this data, concerns what, in
fact, is understood as hard violence at school. These are episodes in which the violence is
image/svg+xml
The implementation of a coexistence program for schools: Bases and challenges from top to bottom
RPGE
–
Revista on line
de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022091,
July
2022.
e
-
ISSN: 1519
-
9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.3.16951
5
intentional and victimizes, indefensibly (or almost so), the people involved. Note how s
mall
these numbers are in the face of the disturbing manifestations that we call attention to with the
same figure indicated above: 68 cases of violent action by groups or gangs; 239 cases of illicit
drug use; 22 cases of trafficking; 86 cases of sexual ha
rassment; and four cases of sexual
violence or rape. Less violence and more indiscipline, we could say for sure. However, the
impact of the frequency, even if reduced, of these violent manifestations is very large, harmful,
and worrisome
.
Finally, the thi
rd point to draw attention to is what these data reveal: there are other
forms of violence felt by those who suffer and little evident to those who record them, whose
latency is great, such as bullying, or have deep causal relationships with the phenomenon
(LAHR; TOGNETTA, 2021; TOGNETTA, 2008; TOGNETTA; FODRA; BONI, 2020). These
are the problems we have called "emotional distress". Before the pandemic, there were already
cases of this type of problem
-
62 cases were recorded in the first quarter of 2019 al
one. That
is sixty
-
two boys and girls suffering from a cruel evil that has certainly grown worse during the
period of social withdrawal.
Well, all this to show that the data we had as a diagnostic sample of the problems of
coexistence in the public school
system in São Paulo pointed us to an urgent need for teacher
training and understanding of more effective ways that have already been developed and
implemented in other countries (and, by hand, in other education networks or schools in Brazil),
to transfo
rm the school environment into a place of well
-
being and belonging to all who live
together there. One of these experiences is what we will now briefly describe
.
Where do we go from here? Revisiting the formative experience: a game of intentions,
action
s and challenges
It is not an easy task at all to describe what was conceived, felt, sensed, analyzed,
understood and reflected in the spaces and times experienced in the construction of a
Coexistence Program, which, in fact, could meet the training need
s of teachers of the final years
of elementary education and transform the school context into supportive environments of
coexistence and welcoming.
Considering these aspects, among others, it was important, for us, to give life to the
Project "Conviviality as a Value in Public Schools: implementation of a Support System among
image/svg+xml
Luciene Regina Paulino TOGNETTA
and
Maria de Fátima Barbosa ABDALLA
RPGE
–
Revista on line
de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022091,
July
2022.
e
-
ISSN: 1519
-
9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.3.16951
6
Equals (SAI)", approved in 2019, by the Research Edital/FIS/FCC
3
.
This project was initially
intended to be developed in three schools, selected by the Secretary of Education of the State
of São Paulo (SEE/SP). These schools would be located in regions of vulnerability and with
records of school violence. Our main goal w
as to implement an ethical coexistence program in
São Paulo schools, highlighting the experience of juvenile protagonism as a latent strategy to
the necessary care that coexistence issues require. The fact is that the proportion taken from the
experience o
f the massacre in Suzano, in which two teenagers entered the school and killed ten
people (TOGNETTA; FODRA; BONI, 2020), made the project, whose potential was to be
replicated and multiplied to other schools after its proof, become present, beyond the thre
e
school
-
poles, in a scenario of scales that involved the entire education network of São Paulo
with its more than 5000 schools
.
In this scenario of intentions, the first major challenge was to make this action feasible
at least in the schools of the thre
e centers involved and, in this sense, planning meetings were
held and the researchers followed up in each of the three schools. These actions were developed
by GEPEM (Study and Research Group on Moral Education, in the Portuguese acronym) and
shared and e
xperienced by a group of managers and their teachers. However, as the idea was to
reach the other schools in the districts involved in the project, "Formative Seminars" were
planned (and this was another challenge), in order to attend, directly, the Pedago
gical Center
Coordinating Teachers (PCCTs), Teaching Supervisors (TSs), Vice Principals and School and
Community Mediator Teachers (PSCMs), who are currently called Conviviality Orienting
Teachers (COTs)
.
To give continuity to this process under construct
ion, the vice
-
principals would replicate
the training with the teaching staff of their respective schools in the Collective Pedagogical
Work Classes (CPWCs), and in each study cycle, the teachers would develop activities with the
students based on actions
also present in the program
.
The following Figure 2 shows the four foundations of the program that had been
designed
.
3
This is a Research Grant entitled "Final Years of Primary School: Adolescences,
Quality and Equity in Public
School", financed by the Itaú Social Foundation/FIS and Carlos Chagas Foundation/FCC, to select 14 projects
with the objective of fostering, supporting and disseminating research committed to building solutions to the
challenge
s and obstacles to improving the quality of educational policies and the daily functioning of schools,
focusing on the final years of Primary School
.
Available at
: https://www.fcc.org.br/fcc/educacao
-
pesquisa/politicas
-
e
-
praticas
-
da
-
educacao
-
basica
-
e
-
forma
cao
-
de
-
professores/editalef2.
image/svg+xml
The implementation of a coexistence program for schools: Bases and challenges from top to bottom
RPGE
–
Revista on line
de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022091,
July
2022.
e
-
ISSN: 1519
-
9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.3.16951
7
Figure
2
–
The 4 foundations of the Program
Source:
GEPEM
Archive
The first base that begins the process of
implementing the proposal is teacher training.
In fact, this concept permeates all other bases in the sense that it is through reflection and study,
with those who are in charge of the school work and involved in it, that the beliefs (or theories)
that are
held, in this case, to teach boys and girls to live together, are modified (RETUERT
ROE; CASTRO, 2017).
However, it is on this basis that three major themes are advocated that underpin the
entire training movement for the theme of coexistence: how an
"ethical personality" is formed.
Themes such as the construction of self
-
knowledge and the value of oneself and of the other,
as the way to be ethical, the choices of moral values as a meaning for life, and the ways in
which, symbolically, man is able to s
olve his conflicts, are present in this moment of formation,
in an assertive way, using a non
-
violent communication.
In a second moment, in addition to teachers and managers, the training would also
involve the school community and the services of the prot
ection network: the second base for
the implementation of our coexistence program, which deals with the interlocution between the
school and the services of the school protection network to address the different problems of
coexistence experienced at schoo
l. The use of intervention tools to deal with the daily conflicts
at school, the creation of spaces to strengthen bonds, the most effective intervention methods
for different types of coexistence problems, and the flow of referrals and directions thought
t
ogether with the protection network services, especially at such a difficult time, when the
problems of emotional suffering, domestic aggression, and other conflicts have been enhanced
by the pandemic, are themes of this base
.
In the third base, also rely
ing on the training of teachers who act as coexistence tutors,
the work corresponds to the training of students for the participation and implementation of the
Help Teams: a Support System among Equals, whose experience from previous projects proves
the ef
fectiveness of the actions of young people who are trained to welcome and help their
image/svg+xml
Luciene Regina Paulino TOGNETTA
and
Maria de Fátima Barbosa ABDALLA
RPGE
–
Revista on line
de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022091,
July
2022.
e
-
ISSN: 1519
-
9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.3.16951
8
colleagues and support the principle that youth protagonism is a condition for all and any school
institution that excels in well
-
being, safety, and peaceful resolution of
the interpersonal conflicts
that are so present.
Finally, the fourth base is the promotion of spaces for dialogue and democratic
participation of students at school, through class assemblies
.
However, the link between the intentions and the actions alrea
dy initiated as planned
was abruptly interrupted, especially due to the impact of the COVID
-
19 pandemic, which lasted
for more than two years, and all the developments that affected the state education system
(SEDUC) and the schools selected to continue pa
rticipating in the research. In this context, it
was necessary, once again, to attend to the urgency of the moment. In view of this, we prepared
a new diagnosis that would certainly have other challenges to face: the problems of emotional
suffering, cyber
-
aggressions and violence suffered by children and adolescents, on one hand,
and, on the other, the training needs for teachers and managers in view of this new reality. It
was necessary, then, to rethink the direction of the project, that is, to recalculat
e the route from
the pandemic context and, in this way, to think, collectively, about the needs as perspectives of
change and forms of resistance, to overcome the obstacles faced by the daily school life.
Recalculating the course from the pandemic contex
t
With the pandemic and based on the needs of the schools and their managers and
teachers, other priorities for the project were developed. The fact is that we knew the highly
complex dynamics that education has, as well as the need to conceive it as a
"space of the
possible", as Bourdieu (1997, p. 62) indicated to us. We also knew that it was "certain that the
orientation of change depends on the state of the system of possibilities" (BOURDIEU, 1997,
p. 63) and that we should even go "toward possibiliti
es that must be created out of nothing" (p.
63)
.
We then started from new research questions: What are the main problems that affect
the quality of coexistence of students in the pandemic context? Given the complexity of the
long period of absence from the
school context, what should be the priorities of the work
proposed by teachers in their classrooms and other school spaces, even if virtual, regarding the
promotion of ethical coexistence?
From this perspective, a new model was proposed in order to cover actions in teacher
training, which involved expanding the diagnosis of the relational climate, including the
protection network to train and guide the studies on conflict mediation, and cont
ribute to
image/svg+xml
The implementation of a coexistence program for schools: Bases and challenges from top to bottom
RPGE
–
Revista on line
de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022091,
July
2022.
e
-
ISSN: 1519
-
9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.3.16951
9
overcoming coexistence problems of students in the network. It would no longer be possible,
as long as the social isolation lasted, to train the students to participate and engage in Help
Teams
4
.
How, then, to reach those who would most need hel
p with the problems experienced
in these new times (and considered, therefore, particular dimensions of the relational climate of
this moment)? In response to this question, the proposal made was to encourage already formed
members of the Help Teams from o
ther schools to put together a material that would serve as a
welcome, support and inspiration for the students assisted by the project
5
.
This model can be translated by the following Figure 3
:
Figura 3
–
Grupos de ações do projeto de pesquisa em 2021
Source:
GEPEM
Archive
Certainly, "[...] think about
structuring structures
that highlight the collaborative
decision
-
making among its members, in order to meet the needs of the school and the subjects
that work there" (ABDALLA, 2006, p. 91, emphasis added) was a new need that w
as imposed.
4
Help Teams are a type of peer support system that have been identified in the world literature as a more effective
way to combat and prevent bullying and other peer problems. To learn more, access
www.somoscontraobullying.co
m.br.
5
The material proposed by the students of the schools that participate in the Brazil Network of Helping Teams
-
"What fits in a hug? From young people to young people"
-
was published by Editora Adonis and distributed to
the 27,500 students of
the final years of elementary school in the schools of three directorates that were the
participants of the Project
.
Teacher training: continuation of the
studies
started in the formative seminars
Diagnosing the relational climate in the
pandemic: three dimensions .
Sofrimento
emocional; 2.
Cyberagressões;
3.Cyberempatia e pro
-
socialidade nas
Articulation between
school and protection
network: referrals and studies on conflict
resolution
Help for students: publication of activities
image/svg+xml
Luciene Regina Paulino TOGNETTA
and
Maria de Fátima Barbosa ABDALLA
RPGE
–
Revista on line
de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022091,
July
2022.
e
-
ISSN: 1519
-
9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.3.16951
10
To meet these numerous challenges, it was necessary to discuss them and start from a
"negotiation of needs" (ABDALLA, 2021; ALTET, 2000; CANÁRIO, 1994; RODRIGUES;
ESTEVES, 1993). In this sense, we were open to the rules of the game, under tensi
ons and
challenges posed by the different situations of everyday life, in which the purposes of the
research and the resulting actions were constantly redefined.
Logically, these new actions were not thought of in a linear way as a choice between
options;
but, on the contrary, they were reflected upon by the researchers and managers in a
complex and dialogical way. First, seeking a sensitive listening to the venting, frustrations, and
anguish of the network managers/teachers, and then, also to the research
ers themselves, in the
multiple planning meetings. However, with the intention of making the Program continue to
exist, there were always possible spaces open to carry out our ideas and actions, especially to
give new meaning to coexistence as a value in p
ublic schools in São Paulo
.
What we have learned
...
We are certain that the tensions and multiple challenges in the construction of this
Program, and in its different times and spaces of coexistence, have contributed to concretize
this process of training and research, imbued by relationships of cooperation
and solidarity:
bonds that have generated a field of meanings and a social space of belonging for all those
involved.
In the same way, we have been convinced up to this point of the difficulties faced by
the professionals of an educational network when t
here is no public policy in place that
reiterates and equates networking for a certain theme. It is true that the step taken by the
Secretary of Education of São Paulo in transforming SPEC into CONVIVA has already denoted
the effort of public administrator
s (although few) to transform into a resolution the construction
of a program with the theme of coexistence that integrates, beyond the actions of protection and
overcoming the criminalizing ways of dealing with coexistence problems in schools, the
promoti
on of positive coexistence among those who belong there
.
It is certainly not an easy task to accomplish when one does not change old beliefs that,
as it is promoted by a public institution, education should be guided by neoliberal ideologies
and actions o
f partisan self
-
promotion of those who are in charge of the work. Perhaps this
justifies the fact of the unbridled juxtaposition of projects contracted by the teaching secretariats
and inserted into the daily lives of teachers and managers who fulfill task
s and that adds to the
image/svg+xml
The implementation of a coexistence program for schools: Bases and challenges from top to bottom
RPGE
–
Revista on line
de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022091,
July
2022.
e
-
ISSN: 1519
-
9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.3.16951
11
fragile conditions of public networks that reinforce social inequality (ARROYO, 2019;
DOURADO; SIQUEIRA, 2020; FREIRE, 1997; ABDALLA, 2021; SANTOS, 2006).
We have, finally, understood that the construction of a policy to promote scho
ol
coexistence should guarantee five quality indicators through which the actions of this project
were guided and may guide other future ones.
Let's go to them
:
1
-
1
-
First quality indicator: promoting positive coexistence
The quality of the new forms of r
elationships at school must be based on the
encouragement of a culture of peace and promotion of positive coexistence. The emphasis is
not on fighting violence, but rather on opening spaces where those who live together at school
can work in groups, partic
ipate in dialogues and strategies; where moral values are raised;
where democratic participation is exercised in order to think about problems and solutions to
conflicts and learn to regulate their emotions. A positive regulation will be able to "disarm
cu
ltural and structural violence and thus direct violence will actually be reduced" (VILLALBA,
2016, p. 93). It is therefore a matter of seeking more creative nonviolent alternatives where so
much resorts to punitive and criminalizing ways.
2
-
Second
quality indicator: human formation
-
learning to live together
It is about conceiving school interaction as an end in itself, as important as academic
performance. It is a fundamental pillar for the integral formation process of children,
adolescents and y
oung people, since it encompasses the cognitive, affective, moral and social
aspects that involve them. Its quality indicator, as formation, is based on the four pillars
described by Delors (2003): learning to know, learning to do, learning to be, and lear
ning to
live together. It implies, therefore, that all activities in a plan for coexistence allow the daily
construction of moral values, by which the experience of living together is based, as well as the
learning of these new forms of relationships and h
uman behavior. To this end, including
learning how to teach how to live together, which will be the responsibility of educators.
Therefore, this quality indicator also refers to teacher training
.
3
-
Third quality indicator: starting from one's own realit
y and ensuring local culture
It is about the need to incorporate the identity elements of local communities, where the
schools are located, and turn to these communities with the possibility of expanding learning to
live together in these collective spaces
. The focus is on the sense of social responsibility and
citizen commitment to those with whom we live, so as to go beyond the school walls to a
respectful coexistence with the guarantee of preserved human rights (URUÑELA, 2017).
.
image/svg+xml
Luciene Regina Paulino TOGNETTA
and
Maria de Fátima Barbosa ABDALLA
RPGE
–
Revista on line
de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022091,
July
2022.
e
-
ISSN: 1519
-
9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.3.16951
12
4
-
Fourth quality indic
ator: participation and inclusion
It is about the participation of all members of the educational community, especially students
who have, as proven in the literature, a primary function for the establishment of processes to
promote
coexistence, when they welcome, value diversity and reiterate belonging to a
community, whose meaning is the search for the good of themselves and of others. Included in
this indicator is the condition of inclusion of human diversity in all its forms of pr
esentation
-
diversity of gender, race, handicapped, migrants, adolescent offenders...
5
-
Fifth quality indicator: ethical
Although it may seem "logical", not all peaceful coexistence is enough, from the point
of view of this last indicator: it needs to be ethical. Such accent is the quality that conditions to
educators and students values such as trust, care, and dignity of a
ny human being who has the
right to the full development of his or her potentialities. A coexistence whose quality is ethical,
because it is about guaranteeing the civilizing milestones conquered by humanity, which a
public policy that advocates coexistenc
e cannot give up.
In one last word: our research, in line with the world literature (COLOMBIA, 2014;
CHILE, 2019; SANTOS, 2021; TWEMLOW
et al
, 2009; URUÑELA, 2017; VIVALDI, 2020)
show the importance of formulating educational policies that make teaching p
rograms
sustainable, thus ensuring that there are institutionalized spaces for the continuous training of
school agents, that they too can autonomously seek the instrumentalization they need in the face
of so much data from science that reveal the progress
of the ways in which teaching
effectiveness can be had. These same investigations indicate how urgent and important is the
transformation of the theme of coexistence into public policies to overcome the heteronomy
present in the Brazilian ideology that, a
ll the time, breaks with ethical commitments in defense
of life, of human rights, and of citizenship. These commitments are also formed by the school,
but definitely by a school that knows what to do and, knowing what to do, is able to RESIST
.
REFERENCE
S
ABDALLA, M. F. B.
O senso prático de ser e estar na profissão
. São Paulo: Cortez, 2006.
ABDALLA, M. F. B. Relações de incerteza e exclusão: É possível pensar em estratégias para
a educação em tempos de pandemia?
Olhar de professor
, Ponta Grossa, v. 24, p. 1
-
10, e
-
15972.048, 2021.
Available at
:
image/svg+xml
The implementation of a coexistence program for schools: Bases and challenges from top to bottom
RPGE
–
Revista on line
de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022091,
July
2022.
e
-
ISSN: 1519
-
9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.3.16951
13
https://revistas2.uepg.br/index.php/olhardeprofes
sor/article/view/15972/209209214306.
Access on
: 22
Oct
. 2021.
ALTET, M.
Análise das práticas dos professores e das situações pedagógicas
. Porto: Porto
Editora, 2000.
ARROYO, M.
Vidas ameaçadas
: Exigências
-
respostas éticas da educação e da docência.
Petró
polis: Vozes, 2019.
AVILÉS MARTÍNEZ, J. M.
Bullying
: Intimidación y maltrato entre el alumnado.
Bilbao:
Stee
-
Eilas, 2003.
BOURDIEU, P.
Razões práticas
: sobre a teoria da ação. Tradução: Mariza Corrêa. Campinas:
Papirus Editora, 1997.
CANÁRIO, R. Centros de Formação das Associações de Escola: Que futuro?
In:
AMIGUINHO; A.; CANÁRIO, R. (org.).
Escolas e Mudanças
: O papel dos Centros de
Formação. Lisboa: Educa, 1994.
CASASSUS, J. A reforma educacional na América Latina no contexto de glo
balização.
Cadernos de Pesquisa
, n. 114, p. 7
-
28, nov. 2001.
Available at
:
https://www.scielo.br/j/cp/a/G84F35T35zrRSv9drSJc6Dz/?format=html.
Access on
: 12
June
.
2021
CHILE.
Política Nacional de Convivência Escolar
. Chile: Ministerio de Educación, 2019.
A
vailable at
: https://convivenciaparaciudadania.mineduc.cl/wp
-
content/uploads/2019/04/Politica
-
Nacional
-
de
-
Convivencia
-
Escolar.pdf.
Access on: 14 M
ar.
2021.
COLÔMBIA.
Guía Pedagógica para la Convivencia Escolar.
Bogotá, D.C.: Ministerio da
Educación Nacional, 2014.
Available at
:
https://redes.colombiaaprende.edu.co/ntg/men/pdf/Guia%20No.%2049.pdf.
Access on
: 12
Apr
. 2021.
DEBARBIEUX, E. A violência na escola francesa: 30 anos de construção social do objeto
(1976
-
1997).
Educação e Pesquisa
,
São Paulo, v. 27, n. 1, p. 163
-
193, 2001.
Available at
:
https://www.scielo.br/j/ep/a/hvTPxbVrdZxqksQBvsbXN5h/?lang=pt.
Access on
: 14
Sept
.
2021.
DEBARBIEUX, E.
Violência na escola
: Um desafio mundial? Lisboa: Instituto Piaget, 2007.
DELORS, J. “
Os 4 pila
res da Educação
” de Jacques Delors. Brasília, DF: MEC; UNESCO,
2003
DÍAZ
-
AGUADO, M. J.
Da violência escolar à cooperação na sala de aula
. Americana, SP:
Adonis, 2015.
DOURADO, L. F.; SIQUEIRA, R. M. Trabalho e formação de professores/as: Retrocessos e
pe
rdas em tempos de pandemia.
Revista Retratos da Escola
, Brasília, v. 14, n. 39, p. 842
-
image/svg+xml
Luciene Regina Paulino TOGNETTA
and
Maria de Fátima Barbosa ABDALLA
RPGE
–
Revista on line
de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022091,
July
2022.
e
-
ISSN: 1519
-
9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.3.16951
14
857, set./dez. 2020.
Available at
: htttp://retratosdaescola.ennuvens.com.br/rde.
Access on
: 07
May
2020.
DUBET, F. Quando o sociólogo quer saber o que é ser professor.
Revista Brasileira de
Educação
, n. 5
-
6, p. 222
-
231, 1997.
Available at
:
http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1413
-
24781997000200018&lng=pt&nrm=iso.
Access on
: 11
Dec
. 202
0.
FREIRE, P.
Pedagogia da autonomia
: Saberes necessários à prática educativa. 2. ed. São
Paulo: Paz e Terra, 1997.
JARES, X. R.
Educacion y conflicto
: Guia de educacion para la convivencia.
Madrid:
Popular, 2001.
JARES, X. R.
Pedagogia da Convivência.
São Paulo: Palas Athena, 2008.
LA RUSSO, M.; SELMAN, R. Early adolescente health risk behavior, conflict resolution
strategies and school climate.
Journal of Applied Developmental Psychology
, v. 32, n. 6, p.
354
-
362, 2011.
Available at
:
https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0193397311000712?via%3Dihub.
Access on
: 15
Mar
. 2021.
LAHR, T. B. S.; TOGNETTA, L. R. P. Proteção e bem
-
estar na escola: um emaranhado de
nós para desatar em contextos pós
-
pandêmicos.
Tópicos Educacionais
, v. 27, n. 1, p. 62
-
78,
jun. 2021.
Available at
:
https://periodicos.ufpe.br/revistas/topicoseducacionais/
article/view/250506.
Access on
: 08
Feb
. 2022.
OLWEUS, D.
Bullying at school
. What we know and what we can do.
Blackwell: Oxford
and Cambridge, 1993.
RETUERT ROE, G.; CASTRO, P. J. Teorías subjetivas de profesores acerca de su rol en la
construcción de la
convivencia escolar.
Polis
, Santiago, v. 16, n. 46, p. 321
-
345, abr. 2017.
Available at
: http://www.scielo.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0718
-
65682017000100321&lng=es&nrm=iso
Access on
: 20
July
. 2021.
RODRIGUES, A.; ESTEVES, M.
A análise de neces
sidades na formação de professores
.
Porto: Porto Editora, 1993.
SANTOS, B. S.
A gramática do tempo
: Para uma nova cultura política. São Paulo: Cortez,
2006.
SANTOS, N. C. P.
A descrição da construção coletiva do Programa Antibullying em uma
rede de ensino:
Para que a convivência ética seja valor. 2021. Dissertação (Mestrado em
Educação Escolar)
–
Faculdade de Ciências e Letras, Universidade Estadual Paulista,
Araraquara, 2021.
Available at
:
https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/213976/santos_ncp_me_arafcl.pdf?seque
nce=7&isAllowed=y.
Access onm: 09 J
an. 2022.
image/svg+xml
The implementation of a coexistence program for schools: Bases and challenges from top to bottom
RPGE
–
Revista on line
de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022091,
July
2022.
e
-
ISSN: 1519
-
9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.3.16951
15
TOGNETTA, L. R. P.
A construção da solidariedade e a educação do sentimento na
escola
: Uma proposta de tra
balho com as virtudes numa visão construtivista. Campinas, SP:
Mercado de Letras, 2003.
TOGNETTA, L. R. P. Violência na escola x violência da escola.
In
: CONGRESSO
NACIONAL DE EDUCAÇÃO DA PUCPR
–
EDUCERE, 8.; CONGRESSO IBERO
–
AMERICANO SOBRE VIOLÊNCIAS NAS E
SCOLAS
–
CIAVE, 3., 2008, Curitiba.
Anais
[...]. Curitiba: Pontifícia Universidade Católica do Paraná, 2008.
TOGNETTA, L. R. P.
Quando a preocupação é compartilhada:
Intervenções aos casos de
bullying. Americana, SP: Editora Adonis, 2020.
TOGNETTA, L. R. P
. (coord.).
A convivência como valor nas escolas públicas:
Implantação de um Sistema de Apoio entre Iguais
.
São Paulo: FCC; FIS, 2022. Available
at:
https://www.itausocial.org.br/wp
-
content/uploads/2022/05/pesquisa
-
itau
-
social
-
anos
-
finais
-
451.pdf. Access on: Jan. 2022.
TOGNETTA, L. R. P.; VINHA, T. P. Até quando? Bullying na escola que prega a inclusão
social.
Educação (UFSM)
, v. 35, n. 3, p. 449
-
464,
2010. Available at:
https://periodicos.ufsm.br/reveducacao/article/view/2354.
Access on: 10 Feb. 2021.
TOGNETTA, L. R. P; VINHA, T. P.
É possível superar a violência na escola?
Campinas,
SP: Editora do Brasil, 2012.
TOGNETTA, L. R. P.; FODRA, S.
BONI, L. G. Os grandes ataques em escolas: O que
sabemos?
In:
TOGNETTA, L. R. (org.).
Bullying e convivência em tempos de escolas sem
paredes.
Americana: Editora Adonis, 2020.
TWEMLOW, S. W.
et al
. A School climate intervention that reduces bullying by a focus on
the bystander audience rather than the bully and victim.
In
: JIMERSON, S. R.; SWEARER,
S. M.; ESPELAGE, D. L. (eds.).
Handbook of bullying in schools: An international
perspective
. London:
Routledge, 2009.
URUÑELA, P. M. N. Trabajar la convivencia en los centros educativos.
Aula de innovación
educativa
, n. 221, p. 36
-
40, 2013.
Available at
: https://www.grao.com/es/producto/trabajar
-
la
-
convivencia
-
en
-
los
-
centros
-
educativos.
Access on
: 14
May
. 2021
URUÑUELA, P. Por qué debemos trabajar la convivencia en los centros educativos?
.
In
:
ABAD, J. (coord.).
Aprender a convivir, aprender a transform
ar
. Bracelona: Graó, 2017.
VILLALBA, J. La convivencia escolar en positivo.
Revista Educaci
o
n y Humanismo
,
v. 18,
n.
30, p. 92
-
106, 2016.
Available at
:
http://revistas.unisimon.edu.co/index.php/educacion/article/view/2379/2271.
Access on: 07
N
ov. 2021.
VINHA, T. P.; NUNES, C. A. A. O desafio da convivência: Ao tratar da mesma forma
indisciplina e violência, escola perde oportunidade de agir de forma reflexiva e
transformadora.
Cadernos Globo
, Rio de Janeiro, v. 14, p. 70
-
79, nov. 2018.
Available at
:
https://www.researchgate.net/publication/330703049_O_desafio_da_convivencia_Ao_tratar_
image/svg+xml
Luciene Regina Paulino TOGNETTA
and
Maria de Fátima Barbosa ABDALLA
RPGE
–
Revista on line
de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022091,
July
2022.
e
-
ISSN: 1519
-
9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.3.16951
16
da_mesma_forma_indisciplina_e_violencia_escola_perde_oportunidade_de_agir_de_forma_r
eflexiva_e_transformadora.
Access on
: 12
June
. 2021.
VINHA, T. P.; NUNES, C. A. A. As agressões do aluno ao professor: Cenários e
possibilidades de intervenção na escola.
Educação Unisinos
, v. 24, p. 1
-
13, 2020. Available
at: http://revistas.unisinos.br/index.php/educacao/article/
view/edu.2020.241.33. Access on: 11
Mar. 2019.
VIVALDI, F. M. C.
A função social da escola:
A implantação de um projeto institucional
para a convivência ética. 2020. Tese (Doutorado em Educação)
–
Universidade Estadual de
Campinas, Faculdade de Educação,
Campinas, SP, 2020.
Available at
:
https://bv.fapesp.br/pt/publicacao/186601/a
-
funcao
-
social
-
da
-
escola
-
a
-
implantacao
-
de
-
um
-
projeto
-
insti/.
Access on
: 05
Dec
. 2020.
How to reference this article
TOGNETTA, L. R. P.; ABDALLA, M. F. B.
The implementation of a coexistence program for
schools: Bases and challenges from top to bottom
.
Revista on line de Política e Gestão
Educacional
, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022091,
July
2022. e
-
ISSN:1519
-
9029.
DO
I:
https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.3.16951
Submitted
: 23/11/2021
Revisions required
: 16/01/2022
Approved
: 09/04/2022
Published
: 01/07/2022
Manegement of translations and versions: Editora Ibero
-
Americana de Educação