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Q
uem educa e protege para garantia de direitos de crianças e adolescentes:
A
convivência na escola e a rede de proteção
RPGE
–
Revista on line
de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022093,
jul.
2022.
e
-
ISSN: 1519
-
9029
DOI:
https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.3.16953
1
QUEM EDUCA E PROTEGE PARA GARANTIA DE DIREITOS DE CRIANÇAS E
ADOLESCENTES: A CONVIVÊNCIA NA ESCOLA E A REDE DE PROTEÇÃO
QUIEN EDUCA Y PROTEGE PARA GARANTIZAR LOS DERECHOS DE LA NIÑEZ Y
LA ADOLESCENCIA: LA CONVIVENCIA EN LA ESCUELA Y LA RED DE
SEGURIDAD
WHO EDUCATES AND PROTECTS IN ORDER TO GUARANTEE THE RIGHTS OF
CHILDREN AND ADOLESCENTS: SCHOOL INTERACTION AND THE
PROTECTION NETWORK
Talita Bueno Salati
LAHR
1
Pablo Javier
CASTRO
-
CARRASCO
2
Vitória Hellen Holanda
OLIVEIRA
3
RESUMO
:
Essa pesquisa parte de um conjunto de investigações realizadas durante a pandemia
da COVID
-
19
e
tem como problema
a seguinte indagação
:
E
xiste diferença entre a percepção
da rede de proteção e dos adultos da escola (gestores e professores) sobre as
intervenções
realizadas pela escola
com relação
a conflitos que envolvem agressão e desobediência às regras
por adolescentes? Para responder a este questionamento,
temos
como
objetivo
geral c
onstatar
a percepção de professores, gestores e demais membros da
rede de proteção sobre as
intervenções realizadas pela escola
com relação
a conflitos que envolvem agressão e
desobediência às regras por adolescentes
. Como objetivos específicos objetivamos
verificar se
existem diferenças entre a percepção dos adultos qu
e trabalham em escolas e demais membros
da rede de proteção e verificar se existem diferenças entre a percepção de professores e gestores
sobre essas intervenções realizadas pela escola. Participaram da investigação gestores,
professores e demais atores da
rede de proteção de diferentes órgãos, como Conselho Tutelar,
Ministério Público, Assistência Social e Saúde. Constatamos haver uma diferença de percepção
entre aqueles que atuam na escola e os que trabalham em outros órgãos da rede de proteção em
relação
aos encaminhamentos aos problemas de convivência, sendo as ações da escola pautadas
em sanções expiatórias de ordem punitiva, reforçando a importância de processos formativos
com os profissionais da instituição escolar e ações de articulação entre todos o
s atores da rede
de proteção.
PALAVRAS
-
CHAVE
: Escola. Rede de proteção. Convivência. Crianças. Adolescentes.
1
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Araraquara
–
SP
–
Brasil. Mest
rado
em Educação Escolar
.
ORCID:
https://orcid.org/0000
-
0003
-
2917
-
324X. E
-
mail: talita.salati@unesp.br
2
Universidad de La Serena
(ULS)
, La Serena
–
Chile.
Departamento de Psicologia.
Doutor
ado
em Psicologia
(PUC
-
Chile
). ORCID:
https:
/
/orcid.org/
0000
-
0002
-
8640
-
5820. E
-
mail: pablocastro@userena.cl
3
U
niversidade Estadual Paulista (UNESP), Araraquara
–
SP
–
Brasil. Graduada em Licenciatura Plena em
Pedagogia
.
ORCID: https://orcid.org/0000
-
0003
-
3430
-
5585. E
-
mail: vitoria.hellen@unesp.br
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Talita Bueno Salati LAHR
;
Pablo Javier CASTRO
-
CARRASCO
e
Vitória Hellen Holanda OLIVEIRA
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RESUMEN
: Esta investigación es parte de un conjunto de investigaciones llevadas a cabo
durante la pandemia de COVID
-
19 y tiene como problema l
a siguiente pregunta: ¿Existe una
diferencia entre la percepción de la red de protección y los adultos de la escuela (gerentes y
maestros) sobre las intervenciones realizadas por la escuela en relación con los conflictos que
involucran agresión y desobedie
ncia a las reglas por parte de los adolescentes? Para
responder a esta pregunta, nuestro objetivo general es verificar la percepción de docentes,
gestores y otros miembros de la red de protección sobre las intervenciones realizadas por la
escuela en relaci
ón con los conflictos que implican agresión y desobediencia a las reglas por
parte de los adolescentes. Los objetivos específicos fueron verificar si existen diferencias entre
la percepción de los adultos que trabajan en las escuelas y otros miembros de la
red de
protección y verificar si existen diferencias entre la percepción de los maestros y los gerentes
sobre estas intervenciones realizadas por la escuela. En la investigación participaron
directivos, docentes y otros actores de la red de protección de
diferentes organismos, como el
Consejo de Tutela, Ministerio Público, Asistencia Social y Salud. Encontramos que existe una
diferencia de percepción entre quienes trabajan en la escuela y quienes trabajan en otros
órganos de la red de protección en relació
n con las derivaciones a problemas de convivencia,
y las acciones de la escuela se basan en sanciones punitivas expiatorias, reforzando la
importancia de los procesos formativos con los profesionales de la institución escolar y las
acciones de articulación
entre todos los actores de la red de protección.
PALABRAS CLAVE
: Escuela. Red de seguridad. Convivencia. Niños. Adolescentes.
ABSTRACT
:
This research is part of a set of investigations conducted during the pandemic of
COVID
-
19 and has as its problem the following question: Is there a difference between the
perception of the protection network and the adults in the school (managers and tea
chers) about
the interventions made by the school regarding conflicts involving aggression and disobedience
to the rules by adolescents? To answer this question, we have as a general objective to verify
the perception of teachers, managers, and other membe
rs of the protection network about the
interventions made by the school regarding conflicts that involve aggression and disobedience
to rules by adolescents. As specific objectives we aimed to verify if there are differences between
the perception of adult
s who work in schools and other members of the protection network, and
to verify if there are differences between the perception of teachers and managers about these
interventions made by the school. Participating in the investigation were managers, teache
rs,
and other actors in the protection network from different agencies, such as the Guardianship
Council, Public Ministry, Social Assistance, and Health. We found a difference in perception
between those who work at school and those who work in other organ
s of the protection network
in relation to referrals to coexistence problems, with the school's actions being based on
punitive sanctions, reinforcing the importance of training processes with the professionals of
the school institution and articulation ac
tions among all actors of the protection network.
KEYWORDS
: School. Protection Network.
Coexistence.
Children. Adolescents
.
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Introdução
Os problemas vivenciados pelas escolas envolvendo desestrutura, falta de profissionais,
falta de formação
continuada, rotatividade de professores e gestores,
dificuldades na resolução
de conflitos,
na
gestão de tempo e comportamentos de alunos são muitos, desde antes da
pandemia (
ABRAMOVAY; 2015; BRASIL, 2017;
CAMPOS, 2008; CARVALHO, 2019;
IDEB, 2019; RUBIO
et al.
, 2019).
Alguns desses problemas podem ser confundidos no ambiente escolar, dificultando sua
identificação e respectivas intervenções. Como exemplos disso, observamos os problemas
relacionados à
“
indis
ciplina
”
escolar que, segundo Garcia (2006), caracterizam
-
se por
transgressões às normas escolares, insubordinação e rebeldia ou as incivilidades, caracterizadas
pelas transgressões às normas de conduta e impolidez
.
Pesquisas apontam que muitas situações
compreendidas como indisciplinadas são
chamadas de “violentas” por professores e gestores (ABRAMOVAY; 2015;
PISA, 2018;
VINHA
et al.,
2017), o que gera encaminhamentos equivocados e sanções expiatórias aos
alunos, dificultando o desenvolvimento da função f
ormativa da escola que permanece pautada
em ações caracterizadas pelo controle exacerbado dos comportamentos com o único objetivo
de alcançar bons índices de aprendizagem nas avaliações externas. Mesmo a relação existente
entre o clima da escola, da sala d
e aula e os resultados escolares é frequentemente usada como
argumento, mas esta associação esconde ou contradiz os princípios da inclusão escolar.
Também foi constatado que a definição subjetiva de disciplina em alguns educadores está muito
associada a no
rmas, regras ou limites (CASTRO
-
CARRASCO
et al.
, 2019)
,
sem incluir como
conceito central o propósito educacional da disciplina, ou seja, é pensada como problemas
disciplinares e não como uma disciplina com um propósito formativo e de desenvolvimento
sócio
-
moral.
Segundo Vinha
et al.
(2017), podemos dividir os problemas de convivência na escola
em duas categorias: os problemas de ordem perturbadora e os de ordem violenta. Os primeiros
se referem a situações que impedem ou prejudicam o desenvolvimento acadê
mico dos alunos
e, consequentemente, incomodam os docentes no dia a dia escolar, como falar enquanto o
professor explica, andar pela sala, gritar do nada, dormir durante a aula, jogar jogos, usar o
celular etc. Já os problemas de ordem violenta caracteriza
m
-
se por situações em que há uma
imposição de poder ou uso de força que gera danos à dignidade e à integridade física,
psicológica e moral do outro, podendo ser ações reguladas pelo código penal ou não, por
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exemplo: agressões físicas, tráfico de drogas, po
rte de armas, abuso sexual, furtos, ameças e
bullying
(VINHA
et al.
, 2017).
Em pesquisa realizada por Abramovay (2016), verificou
-
se que metade dos estudantes
alega já terem sido agredidos na escola e, que
dois
em cada
dez
estudantes, afirmaram já terem
v
isto armas na escola. Vemos, nestes dados, problemas que ultrapassam os limites dos
problemas perturbadores, entrando naqueles ditos de ordem violenta (VINHA
et al.
, 2017). Os
resultados encontrados na pesquisa do Clima Escolar, realizada em 2019 com gesto
res e
professores, apontam haver muito mais manifestações perturbadoras da ordem (indisciplinas e
incivilidades) do que aqueles que se referem a agressividade e violência entre pares ou mesmo
com os professores (TOGNETTA, 2022).
Sobre os dados que apontam
as dificuldades de ordem perturbadora, de acordo com
dados do Pisa (2018), para 41% dos estudantes brasileiros, os professores têm dificuldades para
conseguir iniciar as atividades em sala de aula, enquanto a média de outros países da OCDE é
de 26%. Outra
pesquisa que confirma esses dados foi realizada pela TALIS (
Teaching and
Learning International Survey
), em 2013, e nela vimos que os professores brasileiros apontam
perder 20% do tempo tentando manter a disciplina em sala de aula, colocando nós, brasileir
os,
na pior categoria desta pesquisa, que teve a participação de 34 países (OECD, 2014).
Ocorre que o contexto pandêmico e o isolamento social escancararam outros problemas
já antes conhecidos em nosso país: a pobreza, o sofrimento emocional, situações de
violência
doméstica e a evasão escolar, gerando ainda mais angústias nos profissionais da educação no
retorno às atividades presenciais (LAHR
;
TOGNETTA, 2021). Tais preocupações não são
exclusivas de professores e gestores escolares, mas também envolvem profissionais de outras
áreas que devem atuar diretamente com a escola: são os serviços e órgãos da chamada rede de
proteção, que compõem o Sist
ema de Garantia de Direitos (SGD).
Instituições que estudam o tema da violência contra crianças e adolescentes alertaram
sobre o possível aumento de violações no período de isolamento social. A nota técnica do
The
Alliance for Child Protection in Humanit
arian Action
(2020)
,
intitulada “COVID
-
19: proteção
de crianças contra a violência, o abuso e a negligência no lar”, publicada no início do
isolamento
,
presumiu que haveria um aumento de 30% nos casos de violência doméstica
envolvendo crianças e adolescent
es no contexto da pandemia, gerado, inclusive, pelo aumento
da pobreza, de problemas com álcool e drogas, estresse pela falta de emprego e outras situações
de ordem social. Por outro lado, pesquisas envolvendo o número de denúncias às situações de
violênci
a contra esse público indicam uma queda acentuada no período pandêmico. No
E
stado
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de Santa Catarina as denúncias diminuíram em 53,3% (PLATT; GUEDERT; COELHO, 2021)
e, no estado do Rio Grande do Sul, em 54% (LEVANDOWSKI
et al.
, 2021). O que gera grande
preo
cupação dos serviços e órgãos de proteção, uma vez que a maioria das violações acontece
dentro da casa das famílias: 62,3% das violações denunciadas (
DISQUE
100, 2019). Ou seja,
crianças e adolescentes passaram mais tempo dentro de casa, com problemas soci
ais e de
convivência mais acentuados, e sem acesso a serviços de proteção, entre eles a escola,
dificultando a realização de denúncias e busca por ajuda.
Os dados do SAFERNET referente às denúncias e pedidos de ajuda à saúde mental ou
bem
-
estar, como idea
ções suicidas, automutilações e outros tipos de sofrimento emocional,
confirmam essa preocupação. Em 2019, a SAFERNET registrou 2188 atendimentos a crianças
e adolescentes e em 2020 o registro foi apenas de 401. Ou seja, eles não tinham a quem recorrer
ou
pedir ajuda neste período de isolamento social (LAHR; TOGNETTA, 2021).
O Brasil possui uma legislação estruturada e que, ainda hoje, é exemplo para outros
países no quesito da proteção de crianças e adolescentes. O ECA (Estatuto da Criança e do
Adolescent
e
—
L
ei 8.069/1990) (BRASIL, 1990) promulgado há mais de 30 anos objetiva
garantir os direitos fundamentais e organiza os serviços que atendem esse público dentro de
uma grande “rede” que deve trabalhar de forma conjunta, a chamada rede de proteção. A
R
eso
lução 113/2006 do CONANDA (BRASIL, 2006) organiza o Sistema de Garantia dos
Direitos da Criança e do Adolescente (SGDCA) e coloca também nas mãos da sociedade o
olhar e o trabalho em busca da garantia de direitos. Da mesma forma, a Lei nº 13.431/2017 tem
c
omo finalidade reforçar a organização do SGDCA, especialmente para crianças e adolescentes
vítimas ou testemunhas de violência (BRASIL, 2017).
Indubitavelmente, a proteção de crianças e adolescentes é papel de toda a sociedade e
de todas as
instituições que atendem esse público, incluindo a escola. Para tal é preciso que
haja, mais do que nunca, a articulação entre esses serviços e órgãos de forma que as ações com
a família, com a criança e com o adolescente sejam conjuntas e protejam esses i
ndivíduos de
forma integral (LAHR; TOGNETTA, 2021).
Pois bem
, t
odas essas explicações foram dadas no intuito de chegar a um ponto crucial
para que a dignidade da criança e do adolescente seja garantida em nossos países: a articulação
entre os serviços que
“
cuidam
”
. Mas, podemos nos perguntar: será que, de fato, essa articulação
acontece? Será que escola e demais serviços da rede compreendem seus papéis e concebem as
mesmas formas de resolução de conflitos quando há problemas nas relações interpessoais
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envol
vendo crianças e adolescentes em nossas escolas? É o que passamos a compreender
melhor.
A presente investigação
A presente pesquisa é parte de uma investigação maior intitulada “A Convivência como
Valor nas Escolas Públicas: Implantação de um
Sistema de Apoio entre Iguais”
4
e a pergunta
que compôs nosso problema foi:
E
xiste diferença entre a percepção da rede de proteção e dos
adultos da escola (gestores e professores) sobre as intervenções realizadas pela instituição
escolar a conflitos que e
nvolvem agressão e desobediência às regras por adolescentes?
Metodologia
A pesquisa sobre a temática das relações entre a escola e a rede de proteção em que está
inserida foi aplicada nas Diretorias Regionais de Ensino (DREs) de Taquaritinga e São Paul
o
(Leste 3) e contou com a participação de gestores, professores e demais atores da rede de
proteção de diferentes órgãos, como Conselho Tutelar, Ministério Público, Assistência Social
e Saúde. Para cada grupo houve a aplicação de um instrumento, contando
com os seguintes
participantes: 90 gestores escolares, 193 professores e 28 atores da rede de proteção. Essa
pesquisa foi registrada no Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências e Letras da
UNESP de Araraquara/SP sob o número de registro CAAE: 3
2487220.6.0000.5400.
O presente estudo teve como objetivo
geral c
onstatar as percepções dos adultos da
escola e da rede de proteção sobre como são encaminhados os problemas de agressão e
desobediência às regras;
e, como objetivos secundários,
2. Comparar a
s percepções dos
participantes da pesquisa e se há diferença entre elas; 3. Comparar se há diferença entre a visão
dos gestores e dos professores sobre as intervenções realizadas.
Para isso
,
utilizou
-
se um questionário fechado, construído pelo GEPEM (Grup
o de
Estudos e Pesquisas em Educação Moral) contendo uma sessão com 12 perguntas, sendo que
professores e gestores responderam a mesma consigna:
“Quando os estudantes se agridem, se
envolvem em conflitos ou desobedecem às regras, com que frequência OS ADUL
TOS DA
ESCOLA tomam as atitudes abaixo com os envolvidos”
. E os diferentes atores da rede de
proteção responderam a consigna:
“Qual a sua percepção sobre a frequência com que as
4
Projeto financiado pela Fundação Itaú Social e Fundação Carlos Chagas no
a
mbito do Edital de Pesquisa “Anos
Finais do Ensino Fundamental: adolesc
ê
ncias, qualidade e equidade na escola p
u
blica”.
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escolas tomam as atitudes abaixo com crianças e adolescentes envolvidos em con
flitos nos
quais há agressão ou desobediência às regras? (Busque analisar de forma geral AS AÇÕES
DAS ESCOLAS)”
.
A seguir, para melhor compreensão, apresentamos o quadro com os itens do instrumento
utilizados nesta investigação, assim como as opções de re
spostas para frequência. Os itens
sublinhados são itens invertidos.
Quadro 1
–
Instrumento respondido por professores, gestores e atores da rede de proteção na
pesquisa: A escola e sua inserção na rede que protege.
Fonte: Elaborado pelos autores
Consigna para professores e gestores:
“Quando os estudantes se
agridem, se envolvem em conflitos ou
desobedecem às regras, com
que frequência OS ADULTOS DA ESCOLA tomam as atitudes abaixo
com os envolvidos”
Consigna para atores da rede de proteção: “
Qual a sua percepção
sobre a frequência com que as escolas tomam as atitudes abaixo com
crianças e adoles
centes envolvidos em conflitos nos quais há
agressão ou desobediência às regras? (Busque analisar de forma
geral AS AÇÕES DAS ESCOLAS)”
.
Nunca
Poucas
Vezes
Muitas
Vezes
Sempre
1. Informam o ocorrido à família e/ou responsável pedindo para que
resolvam o problema (por meio da entrada ou saída, por telefone, por
meio de bilhetes, portal ou notificações eletrônicas)
2. Impedem que estudantes participem de atividades que gostam
(recreio, Educação Física, festa, excursão etc.)
3.
Não tomam providência
4. Dão advertência oral
5. Dão advertência por escrito
6. Ouvem os envolvidos e os convidam a reparar seus erros
7. Castigam ou dão bronca no grupo todo e não apenas nos
envolvidos
8.
Castigam somente os alunos que são já “conhecidos” pelos
comportamentos inadequados
9. Suspendem
10. Transferem de escola
11. Fazem Boletim de Ocorrência ou chamam a polícia
12. Encaminham o problema para o
Conselho Tutelar
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Resultados e discussão
Começaremos nossa análise por um dado que tem nos chamado bastante atenção: a
titulação dos respondentes de nossa pesquisa. A seguir destacamos na íntegra a tabela com os
dados deste item de perfil.
Tabela 1
–
Última titulação dos respondentes
Sua última titulação:
Rede de
proteção
Professores
Gestores
Doutorado
6,90%
0%
0%
Ensino Médio
0%
3,11%
3,33%
Especialização / Pós Graduação Lato Sensu
55,17%
50,78%
54,44%
Graduação
31,03%
41,97%
32,22%
Mestrado
3,45%
3,11%
5,56%
Outros:
3,45%
1,04%
4,44%
Total geral
100,00%
100,00%
100,00%
Fonte: Elaborado pelos autores
Observa
-
se, portanto, que a grande maioria dos respondentes possuem especialização
ou pós
-
graduação
lato sensu
.
Como podemos observar na tabela, os respondentes que atuam na rede de proteção
possuem mais formação ao nível de pós
-
graduação, doutorado: 6,09
% contra 0% dos
respondentes professores e gestores e, especialização/pós
-
graduação
lato sensu
: 55,17% dos
atores da rede de proteção, contra 50,78% e 54,44% de professores e gestores, respectivamente.
Passemos aos resultados dos itens sobre a atuação e fo
rmas de intervenção aos
problemas de convivência na percepção dos participantes. Os resultados que apresentaram
diferenças estatisticamente significativas (p<0.05) foram os encaminhamentos que envolvem
as alternativas “convidar os envolvidos a reparar seus
erros”, “transferir de escola” e
“encaminhar ao Conselho Tutelar".
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Quanto à escuta e convite a reparação dos erros pelos envolvidos, os dados que
encontramos são expressos na figura a seguir:
Figura 1
–
Ouvem os envolvidos e os convidam a reparar
seus erros
Fonte: Relatório de pesquisa “A Convivência como Valor nas Escolas Publicas:
Implantação
de um
Sistema de Apoio entre Iguais”
Observa
-
se que os atores da rede de proteção percebem que ouvir os alunos e convidá
-
los a reparar seus erros é algo
pouco feito na escola, enquanto professores e gestores afirmam
que realizam esse procedimento sempre ou na maioria das vezes em que ocorrem problemas de
indisciplina ou brigas entre os estudantes. As diferenças foram significativas nas comparações
entre o
s três grupos participantes, valor
-
p <0,01 para: gestores e professores, gestores e rede de
proteção e gestores + professores e rede. E valor
-
p 0,01 na comparação das respostas entre
professores e rede.
Ou seja, para os gestores, ouvir os envolvidos e con
vidá
-
los a reparar seu erro é uma
ação constante na escola, atingindo 100% das respostas em “sempre” ou “muitas vezes”. Já para
os professores, essa forma de resolução não é usada em todas as situações de forma que 5,24%
deles compreende ser realizado “pou
cas vezes” ou “nunca”. Enquanto os atores da rede de
proteção compreendem que em 32,14% das vezes essa ação raramente acontece.
Com auxílio da figura a seguir, vejamos agora como os nossos respondentes percebem
as ações de transferência compulsória na esco
la.