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A
promoção da convivência ética e a prevenção da violência na escola:
C
onsiderações sobre a formação docente
RPGE
–
Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022094,
jul.
2022.
e
-
ISSN: 1519
-
9029
DOI:
https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.3.16954
1
A PROMOÇÃO DA CONVIVÊNCIA ÉTICA E A PREVENÇÃO DA VIOLÊNCIA NA
ESCOLA: CONSIDERAÇÕES SOBRE A FORMAÇÃO DOCENTE
LA PROMOCIÓN DE LA CONVIVENCIA ÉTICA Y LA PREVENCIÓN DE LA
VIOLENCIA EN LA ESCUELA: CONSIDERACIONES SOBRE LA FORMACIÓN
DOCENTE
THE PROMOTION OF ETHICAL COEXISTENCE AND THE PREVENTION OF
VIOLENCE IN SCHOOL: CONSIDERATIONS ABOUT TEACHER EDUCATION
Darlene Ferraz
KNOENER
1
Natália Cristina Pupin
SANTOS
2
Lídia Morcelli
DUARTE
3
RESUMO
: O objetivo desta investigação foi descrever e analisar as percepções das equipes
gestoras e docentes atuantes da rede estadual paulista a respeito de uma proposta de formação
continuada que integra a construção de um programa de convivência escolar. Os d
ados foram
obtidos com a utilização de escalas inspiradas em rubricas de avaliação respondidas por 92
gestores regionais, 1440 vice
-
diretores e
Professores Mediadores da Convivência Escolar
e
5551 docentes.
Verificamos que a maioria dos profissionais compr
eendem conceitos
relacionados ao desenvolvimento da autonomia moral do sujeito, concordam com a importância
de oportunizar espaços de reconhecimento dos sentimentos dos estudantes, além da necessidade
de um ambiente cooperativo, de uma comunicação não
viol
enta e de relações recíprocas.
Entretanto, para a maioria, transformar tudo isso em práticas que permeiam a rotina da escola
e da sala de aula ainda é um desafio, reforçando a necessidade de que a formação docente inclua
espaços contínuos de diálogo e refl
exão sobre as temáticas relacionadas à convivência na
escola.
PALAVRAS
-
CHAVE
:
Desenvolvimento moral. Convivência na escola. Formação continuada
de professores. Programa de coabitação. Treinamento em escala.
RESUMEN
: El objetivo de esta investigación fue describir y analizar las percepciones de los
equipos directivos y docentes que actúan en la red estatal de São Paulo sobre una propuesta
de educación permanente que integra la construcción de un programa de convivenc
ia escolar.
Los datos se obtuvieron mediante escalas inspiradas en las rúbricas de evaluación respondidas
por 92 gerentes regionales, 1440 subdirectores y tutoría de profesores de convivencia
y 5551
docentes. Encontramos que la mayoría de los profesionales
comprenden conceptos
relacionados con el desarrollo de la autonomía moral del sujeto, están de acuerdo con la
importancia de crear oportunidades para el reconocimiento de los sentimientos de los
1
Universidade Estadual de São Paulo (UNESP), Araraquara
–
SP
–
Brasil. Doutoranda em Educação Escolar.
ORCID: https://orcid.org/0000
-
0001
-
7384
-
7024
.
E
-
mail: darlene.knoener@unesp.br
2
Universidade Estadual Paulista (UNESP),
Araraquara
–
SP
–
Brasil
. Mestr
ad
o
em Educação Escolar. ORCID:
https://orcid.org/0000
-
0001
-
9847
-
632X
.
E
-
mail: natalia.pupin
-
santos@unesp.br
3
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Araraquara
–
SP
–
Brasil. Mestranda em Educação Escolar. ORCID:
http
s
://orcid.org/0000
-
0002
-
9599
-
732X
.
E
-
ma
il: lidia.m.duarte@unesp.br
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Darlene Ferraz KNOENER
;
Natália Cristina Pupin SANTOS
e
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Morcelli DUARTE
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estudiantes, además de la necesidad de un ambiente de cooper
ación, comunicación no violenta
y relaciones recíprocas. Sin embargo, para la mayoría, transformar todo esto en prácticas que
permeen la rutina escolar y áulica sigue siendo un desafío, reforzando la necesidad de que la
formación docente incluya espacios c
ontinuos de diálogo y reflexión sobre temas relacionados
con la convivencia escolar.
PALABRAS CLAVE
: Desarrollo moral. Convivencia en la escuela. Formación continua del
profesorado. Programa de convivencia.
Entrenamiento a escala.
ABSTRACT
: This investigation objective was to describe and analyze the perceptions of São
Paulo state management teams and teachers about a proposal for continuing education that
integrates a school coexistence program framing. 92 regional education managers, 1440
vice
principals and mentoring teachers of coexistence and 5551 regular teachers answered an
assessment inspired by rubrics scales. The data indicates that most professionals understand
the development of the moral autonomy concepts of the subject's, agree
with the feeling
recognition work, the need for a cooperative environment, non
-
violent communication and
reciprocal relationships. However, transforming all this into classroom routine practices at
school remains a challenge for the majority. The research
reinforces the need for spaces for
dialogue and reflection in teacher training issues related to coexistence at school.
KEYWORDS
: Moral Development.
Coexistence at school. Continuing education for teachers.
Cohabitation program.
Scale training.
Introd
ução
Inúmeras investigações têm apontado, cada vez mais, para a importância da formação
docente para que as políticas públicas em educação sejam efetivas, especialmente no que tange
às questões de promoção da convivência e a prevenção da violência. Em con
trapartida, a falta
de propostas de formação continuada ou a descontinuidade de processos formativos
inviabilizam a permanência de projetos e programas importantes para o desenvolvimento de
alunas e alunos tanto em seus aspectos cognitivos como afetivos (G
ATTI
; BARRETO;
ANDRÉ,
2011; KNOENER, 2019; MOLINA; RODRIGUES, 2020).
Em países em que já existem políticas públicas sobre a convivência na escola é comum
verificarmos a ênfase no trabalho docente e na necessidade da formação continuada. Como
exemplo, podemos nos reportar ao caso da Espanha que, na década de 1970, promoveu u
ma
reforma educacional visando três aspectos: o acesso à escola, a equidade e a qualidade. Frente
a isso, consolidou
-
se uma política pública em que, dentre todos os objetivos da educação, a
convivência e a formação de valores morais passaram a fazer parte
dos projetos políticos
pedagógicos das escolas, contando com a participação atuante de toda a comunidade educativa
(estudantes, familiares, membros da equipe gestora e docentes). De acordo com Jares (2008), a
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formação de professoras e professores foi um po
nto importante de investimento para essa
política.
As mudanças propostas no contexto espanhol, condizem com o que a literatura aponta
sobre a imprescindibilidade de que as políticas públicas em educação contemplem processos
sistematizados intencionais volt
ados tanto à formação inicial como continuada de docentes para
que, dessa maneira, tenham condições de atuar, verdadeiramente, na promoção da convivência
ética, além de contribuir com a prevenção das inúmeras violências que ameaçam o contexto
escolar (CUAD
RA MARTÍNEZ, 2009; FULLAN, 2002;
JARES, 2008;
MART
I
NEZ
MARTÍN; PUIG ROVIRA; TRILLA BERNET, 2009).
Ressaltamos que a eficácia de um Programa de Convivência e Combate à Violência na
escola é possível quando se organiza uma estrutura que reúna ações intencio
nais, planejadas e
sistemáticas tendo como de uma de suas principais bases o trabalho docente, uma vez que, são
as professoras e professores que podem liderar, juntamente a equipe gestora da escola, ações
que propiciem uma comunicação construtiva, a interv
enção aos problemas de indisciplina e
violência com sanções por reciprocidade, um ambiente mais cooperativo na sala de aula, além
da criação de espaços de participação e protagonismo discente que permitam a reflexão coletiva
sobre as dificuldades que compr
ometem o bom andamento da rotina da sala de aula (JARES,
2008; KNOENER, 2019; SANTOS, 2021).
Mas como é possível que
E
stados e municípios garantam a formação de docentes para
esta temática diante de um contexto em que a inserção dos estudos sobre temas da
convivência
nas próprias licenciaturas ainda é tão limitada? (KNOENER, 2019).
Além disso, num país com
a dimensão e diversidade do Brasil, como estabelecer uma proposta de formação continuada
apoiada em investigações científicas que qualificam esse process
o?
Se tomarmos o exemplo da rede estadual de educação de São Paulo, composta por 91
Diretorias Regionais de Ensino (DRE) espalhadas em 248.209 km
2
de superfície territorial que
atendem, só nos Anos Finais do Ensino Fundamental, 3733 escolas, logo
se
percebe a
complexidade de pensar em propostas de formação continuada. Se comparada a outros países
em que programas de convivência fazem parte das polít
icas públicas, o gigantismo das redes
de ensino brasileiras torna
-
se um dos problemas para a eficácia do estabelecimento de propostas
educacionais que possibilitem abarcar o número completo de suas escolas.
Em busca de soluções para esses desafios e de uma
proposta replicável para outras redes,
o GEPEM organizou um Seminário Formativo que atendeu 45 das Diretorias Regionais de
Ensino da rede estadual de São Paulo, sendo esta, uma das ações previstas no projeto de
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Lídia
Morcelli DUARTE
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pesquisa intitulado
“
A convivência como valo
r nas escolas públicas: implantação de um sistema
de apoio entre iguais
”,
financiado para Fundação Itaú Social e pela Fundação Carlos Chagas.
Contexto da investigação
Esse Seminário Formativo teve como tema principal a construção da
personalidade ética
de alunas e alunos tendo como fundamento os estudos provenientes da Psicologia Moral. Além
disso, apresentou propostas de ações para as escolas baseadas nas investigações sobre a
importância da comunicação construtiva, da utilização de
sanções por reciprocidade e da
diferenciação das manifestações perturbadoras e violentas para a atuação mais assertiva por
parte da equipe gestora e docentes das escolas (
GOERGEN, 2007; LA TAILLE, 2002;
TOGNETTA; AVILÉS MARTÍNEZ; DAUD, 2017; VINHA
et al
.,
2017; VIVALDI, 2013;
ZECHI, 2014
).
Para que a formação pudesse ser replicada em escala, o Seminário foi ministrado por
meio de encontros síncronos com a participação de profissionais das Diretorias Regionais de
Ensino, chamados na rede estadual de Gestores
Regionais, além de ser transmitido via
streaming
para membros das equipes gestoras de todas as escolas. Essa formação, que totalizou
um período de 16 horas divididas em quatro dias foi multiplicada pelos Gestores Regionais no
que chamamos de Percurso Form
ativo com duração de quatro horas em suas respectivas
diretorias, tendo como
público
-
alvo
os vice
-
diretores e Professores Mediadores da Convivência
Escolar (PMECs). Posteriormente, os vice
-
diretores replicaram os estudos em suas unidades
escolares em horár
ios de Aula de Trabalho Pedagógico Coletivo (ATPC).
Método, instrumentos e participantes
Todo esse processo foi avaliado e é a partir dele que emerge o problema desta
investigação: Como as e os participantes de um percurso de formação docente percebem s
ua
aprendizagem na implementação em escalas de um programa de convivência escolar? Para
responder a esta pergunta, este estudo tem como objetivo
d
escrever e analisar as percepções das
equipes gestoras e docentes atuantes da rede estadual paulista a respeit
o de uma proposta de
formação continuada que integra a construção de um programa de convivência escolar.
Visando atender esse objetivo
,
propôs
-
se uma pesquisa descritiva sob uma abordagem
metodológica quantitativa (GERHARDT; SILVIERA, 2009) com a intenção de levantar dados
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objetivos das percepções do grupo de participantes, por meio de coleta realizada entre o final
do segundo semestre de
2020 e segundo semestre de 2021.
Os instrumentos utilizados foram escalas de tendências inspiradas em rubricas, as quais
são caracterizadas como instrumentos de avaliação de natureza formativa (BLOOM;
HASTINGS; MADAUS, 1983; CAMARGO; MENDES, 2013; NUNES,
2016), pois podem
ser utilizadas continuamente. É um procedimento relevante para tornar visíveis as ações
desenvolvidas na escola, oportunizando um movimento gradual de autoavaliação que contribui
na construção de projetos antibullying e programas de convi
vência (NUNES, 2016; SANTOS,
2021). Essas ferramentas consistem num conjunto de conceitos e reflexões dispostos numa
tabela em que as educadoras e educadores podem analisar o nível de compreensão dos temas
estudados na formação, a aplicabilidade das propos
tas do projeto e as eventuais mudanças
percebidas em sua prática juntos aos estudantes.
Dessa maneira, foram elaborados três instrumentos distintos: uma para participantes do
Seminário Formativo sendo respondido por 92 Gestores Regionais; outro que foi res
pondido
por 1440 profissionais atuantes nas escolas como vice
-
diretores ou Professores Mediadores da
Convivência (PMECs) participantes do Percurso Formativo; e o último para docentes
participantes dos ATPCS, para o qual obtivemos 5551 respostas.
Embora ca
da um dos instrumentos incluíssem questões específicas, oito dos itens eram
comuns para os três grupos de maneira que pudéssemos estabelecer comparações.
Para responder, as e os participantes puderam optar entre quatro pontos de respostas:
A
-
Ainda não co
nsegui compreender bem o que isso significa; B
-
Pude compreender um pouco,
mas não acredito que seja possível desenvolver esses trabalhos em nossas escolas; C
-
Consegui
compreender sobre isso e vejo a importância de estudar mais para poder promover ações d
e
melhoria da convivência na escola; D
-
Consegui compreender sobre isso, vejo a importância de
estudar mais para poder promover ações de melhoria da convivência na escola e já consigo
pensar em propostas que posso promover nas escolas em que atuo.
O convit
e para responder a avaliação aconteceu pessoalmente ao final de cada ação e os
participantes receberam um link do instrumento disponível por meio de um formulário do
Google Forms
. Ressaltamos que a coleta foi realizada após aprovação do Comitê de Ética em
Pesquisa da Unesp (CAAE: 42079420.9.0000.5400), com a autorização da Secretaria Estadual
de Educação e foram tomadas as devidas precauções para que fossem observados os critérios
estabelecidos pela Lei Geral de Proteção de Dados (
BRASIL, 2019
).
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Resultad
os e discussões
Antes de seguir apresentando uma síntese dos resultados, destacamos que, na maioria
dos oito itens comuns nos três instrumentos, encontramos percentuais menores de respostas
indicando que os estudos teóricos já foram colocados em prática (
alternativa D). Sob a
perspectiva teórica sob a qual a proposta formativa foi construída
-
fundamentada nos estudos
da Psicologia Moral e da Epistemologia Genética Piagetiana (PIAGET, 1994/1932)
-
a
construção do conhecimento e a transformação deste em açã
o demanda
m
prática
s
e interações
com os pares docentes e também com as alunas e alunos, o que não foi possível, uma vez que
todas as ações formativas aconteceram em meio ao período de distanciamento social em que a
maioria das escolas não tinha contato sín
crono regular com estudantes. Feitas essas
considerações, passaremos a destacar alguns dos dados encontrados.
No gráfico 1 apresentamos as respostas reunidas das três ações.
Para facilitar a
compreensão e análise desses dados, deste ponto em diante, nomearemos as respostas para cada
instrumento como Ação 1 (Seminário Formativo
-
Gestores Regionais), Ação 2 (Percurso
Formativo
-
Vice
-
diretores e PMECs) e Ação 3 (ATPCs
-
Docente
s).
Gráfico 1
–
Resultados comparativos entre as ações formativas
Fonte:
Elaborado pelos autores
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O item 3 provoca as e os participantes a pensarem sobre o conceito de autonomia moral
e sobre a importância da escola ser um espaço de construção de valores morais e
desenvolvimento dos aspectos cognitivos, afetivos e sociais das e dos estudantes. Neste ca
so, a
grande maioria das e dos participantes (mais de 90% de respostas C e D) indicaram que
compreendem a importância da escola ser um espaço de vivência dos valores morais, entretanto,
apenas 36% destes indicaram que, além de compreender, já conseguem pen
sar em estratégias
para colocar em prática.
Verificamos também que as e os Gestores Regionais foram os que indicaram maior
percentual para a alternativa D e inferimos que isso se deve ao fato de terem tido muito mais
oportunidades e horas de estudo, além
de terem replicado os conhecimentos no Percurso
Formativo. Ou seja, conforme as horas de formação vão diminuindo, menores são as
oportunidades de reflexão, discussão, construção de propostas coletivas e de reflexão a partir
das práticas. Diante disso, ress
altamos a necessidade de que, além de materiais de estudo, as
escolas também promovam mais espaços de diálogo e reflexão associados aos estudos sobre a
temática dos valores na escola.
O mesmo pode ser observado no item 4
,
em que as e os participantes fora
m convidados
a refletir sobre a autonomia moral e a importância da escola oportunizar que
“
...as crianças e
adolescentes pensem sobre os problemas que têm, comparem soluções, antecipem
consequências e possam reparar os erros que cometem”.
É possível verifi
car nas três ações que
houve uma compreensão sobre a importância da temática (mais de 88% das respostas C e D),
porém, destes, apenas 39% indica
m
a aplicabilidade das propostas, na prática em sala de aula.
No item 5
,
as e os participantes indicaram o qua
nto compreendiam a importância de
colocar em prática
,
na escola
,
propostas que oportunizem o autoconhecimento por ser este um
movimento cognitivo e afetivo essencial para que o sujeito reconheça a si mesmo como valor,
sendo esse processo que viabiliza a co
nstrução do autorrespeito em que o sujeito vincula o
“valor de si” com o “fazer o bem”. Neste caso, embora com percentuais menores o movimento
das respostas também foi o mesmo, ou seja, predominância das respostas C (mais de 50%)
indicando que conseguiram
compreender sobre isso e que veem a importância de estudar mais
para poder promover ações de melhoria da convivência na escola.
Estes dados indicam que a grande maioria das e dos participantes da formação
conseguiram compreender a importância de trabalhar
com o reconhecimento dos sentimentos
na escola, promovendo o autoconhecimento dos próprios estudantes. Por exemplo, quando
somamos os resultados das respostas C e D dos docentes, percebemos que 97% conseguiram
compreender a importância de trabalhar esta te
mática na escola. Inclusive, neste caso
,
o
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percentual em comparação com os Gestores Regionais é maior, pois se somarmos as respostas
C e D, este grupo atingiu 89%. Entretanto, vemos também que 10% dos Gestores Regionais
ainda não compreenderam bem o que es
ta temática significa.
Esses dados chamam atenção uma vez que o tempo de estudo das professoras e
professores sobre a temática do autoconhecimento foi muito menor e, sobre isso, temos por
hipótese que, no momento pandêmico em que viviam, professoras e pro
fessores receberam
proposta
s
de atividades para colocar em prática com alunas e alunos durante o isolamento.
Estes exercícios práticos, que foram trabalhados fora dos horários de formação,
trouxeram a oportunidade de expressão de sentimentos como formas d
e acolhida e de superação
das dificuldades. Esse movimento vivenciado pelas escolas condiz inclusive com os
pressupostos da Psicologia Moral e dos estudos piagetianos (PIAGET, 1994/1932) que apontam
justamente para a importância da construção do conhecimen
to e da vivência de valores de
maneira coletiva, cooperativa e experimentando relações de reciprocidade.
Os itens 8, 9, 10 e 11 tratam sobre a importância do uso de estratégias de comunicação
,
como a linguagem descritiva
,
que favorece o desenvolvimento da
autonomia moral, da tomada
de consciência por parte do sujeito de suas próprias ações e suas respectivas consequências,
ajudando na composição da autoestima, além de não emitir julgamentos sobre o outro. Também
abordam a necessidade de escuta ativa e o us
o das técnicas da Mensagem
-
Eu (
VINHA
et al
.,
2017;
WREGE
et al
., 2014). Os resultados indicam que a maioria das e dos participantes dos
três grupos declaram compreender a importância de estudarem sobre esta temática da
linguagem construtiva para promover ações de melhoria da convivência na escola.
Contudo neste caso
, novamente
,
as maiores porcentagens de respostas D estão presentes
entre o grupo de Gestores Regionais (chegando a 42% no
i
tem 10). Esse é um resultado
importante, pois
,
ainda que a prática de uma comunicação reconhecida como ética seja
igualmente importa
nte para os três grupos, destacamos que, pela relevância desta temática e
práticas que surgem a partir desses estudos, essas estratégias de comunicação são essenciais no
exercício da função profissional que atuam nas Diretorias Regionais e que precisam coo
rdenar
toda a equipe, afinal, quanto melhor a qualidade da comunicação, mais viável será a articulação
de propostas de melhoria da convivência nas escolas.
Quanto ao item 12,
que
fala sobre a importância das oportunidades do exercício do
autoconhecimento,
da vivência de situações em que o diálogo é valorizado e exercitado, sobre
a necessidade de reflexões e discussões a respeito dos valores morais e de um ambiente
cooperativo na escola os resultados indicaram novamente uma predominância das resposta
s
C.
Ob
serva
-
se também que, apesar do grupo de docentes terem tido um menor número de horas
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no processo formativo, 61,3% conseguiram compreender esta temática e sua importância de
estudar mais para promover ações de melhoria da convivência na escola. Entretanto,
para as
respostas D, percebemos que os Gestores Regionais tiveram um percentual maior (40,5%) do
que os outros dois grupos. No intuito de refinar essa análise preliminar das respostas,
submetemos os dados a procedimentos estatísticos verificando se houve d
iferenças
significativas entre a pontuação indicativa da compreensão dos participantes de cada uma das
ações. Para isso, realizamos mais uma análise de comparação entre as ações por meio do teste
de Kruskal
-
Wallis, técnica não paramétrica que permite a com
paração de mais de dois grupos
sem haver suposições quanto à distribuição de dados.
Gráfico 2
–
Escore comparativo entre as três ações.
Fonte: Elaborado pelos autores
Podemos verificar que no grupo correspondente à
A
ção 1, 36,7% dos participantes
obtiveram pontuação maior do que 30 (escore de 0 a 100). Já nos grupos subsequentes a
frequência do escore foi diminuindo progressivamente chegando a 31,7% na ação 2 e 25,9% na
ação 3. Mas quanto essas diferenças são estatisticamente significativas?
De acordo com o quadro
abaixo
, não houve diferença significativa entre as ações 1 e 2
(Valor
-
p 0,32), porém ao compararmos as ações 1 e 3 (Valor
-
p 0,01) ou 2 e 3 (Valor p
-
<0,01)
já é possível identificar uma diferença significativa no escore das respostas dos participantes.
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Quadro 1
–
Quadro comparativo do grau de significância entre as ações de formação
Fonte: Elaborado pelos autores
Esses dados convergem que os
argumentos que defendemos anteriormente, sobre a
necessidade de uma carga horária de formação maior e que seja alternada com práticas na escola
que ampliem as discussões entre os profissionais e colaborem com a construção de novos
conhecimentos.
Consider
ações
f
inais
Os dados que acompanhamos são convergentes com pesquisas anteriores (
CUADRA
MARTÍNEZ, 2009; FULLAN, 2002; JARES, 2008; KNOENER, 2019; MART
I
NEZ
MARTÍN; PUIG ROVIRA; TRILLA BERNET, 2009; SANTOS, 2021
) indicando que as
propostas de formação continuada de docentes são um critério inegociável para estabelecer
ações nas escolas com o intuito de promover o desenvolvimento de personalidades éticas,
pautadas em valores morais, promover uma convivência democr
ática e a construção da
autonomia moral dos sujeitos.
Com os resultados apresentados deparamo
-
nos com a necessidade da continuidade das
ações promovidas, visto que, aquelas e aqueles que mais tiveram oportunidades formativas
(Gestores Regionais), em geral
, foram os que responderam um maior percentual de respostas D
do instrumento (considerada a mais evoluída) em que as ações da teoria já são incorporadas à
prática pedagógica e, interessantemente, que também avaliaram, em comparação com os outros
grupos da
escala, de maneira a mais destacar as dificuldades que ainda encontram para a
efetivação dessas temáticas na escola (respostas A).
Em contrapartida, em alguns aspectos, apesar do número reduzido de horas de formação,
a experiência das e dos docentes foi m
ais significativa por terem a oportunidade de, além de
estudar, colocar em prática com suas alunas e alunos propostas de expressão de sentimentos,
vivência de valores e comunicação construtiva.
Do que se trata afinal? Exatamente da urgência de que a
“
ponta
” em que
estão as
professoras e professores, tenham espaços instituídos de trocas, estudos de temáticas que se
destacam nos diagnósticos que mostram sua própria realidade (como o diagnóstico do clima
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A
promoção da convivência ética e a prevenção da violência na escola:
C
onsiderações sobre a formação docente
RPGE
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Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022094,
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https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.3.16954
11
escolar). A formação docente é, ou deveria ser, um proje
to planejado, organizado e possível nas
escolas brasileiras.
Dizemos
“
possível
”
porque sabemos, por acompanharmos os desdobramentos das
formações nas escalas propostas, que por mais esforços dos profissionais envolvidos com esse
projeto em suas unidades e
scolares, a replicação desses estudos se perdia, seja do ponto de vista
teórico, como do ponto de vista metodológico
.
O
u seja, como replicar em 50 minutos uma
discussão teórica que exigia, no mínimo,
quatro
horas de estudo e reflexão? Como replicar uma
prá
tica pedagógica de modo a garantir os princípios pedagógicos que, extraídos da teoria
piagetiana que não abrem mão da participação efetiva, da AÇÃO do sujeito (no caso, os
docentes), da troca com os pares, da provocação, da construção progressiva das ideia
s junto ao
grupo em dois ATPCs de 50 minutos?
Fodra (2021) revela o descompromisso das redes públicas de educação com o que é
fundamental: a orientação e compreensão do que é eixo central para o trabalho da rede. O que
costuma acontecer, ao reverso, é uma
avalanche de informações e iniciativas sobrepostas a um
cotidiano complexo e frenético como o da escola.
Isso explica o que é muitas vezes revelado na fala comum de docentes:
“
já faço tudo
isso que vocês dizem e não dá certo
”
. Afinal, sem planejamento si
stematizado, garantido, com
espaços disponíveis para o estudo e aperfeiçoamento da profissão docente, não haverá garantias
de que o processo de construção da autonomia desejada às alunas e alunos acontecerá,
simplesmente porque não há nas próprias escolas
autonomia docente.
É fato que, quanto maior o valor e o significado incorporado ao saber docente, maiores
são as chances de se construir
em
“pontes” para as ações na prática (TARDIF, 2012),
promovendo experiências no trabalho, compartilhando reflexões, int
erações entre os membros
da equipe pedagógica e favorecendo uma retrospectiva daquilo que fez parte de sua formação
tanto inicial, quanto continuada.
Portanto, a escola é um espaço privilegiado para possibilitar a construção de ações que
promovam uma convivência ética e democrática, mas não há como construir pontes sem tijolos,
ou seja, sem que os
“
construtores
”
tenham espaços de formação.
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Darlene Ferraz KNOENER
;
Natália Cristina Pupin SANTOS
e
Lídia
Morcelli DUARTE
RPGE
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Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022094,
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Darlene Ferraz KNOENER
;
Natália Cristina Pupin SANTOS
e
Lídia
Morcelli DUARTE
RPGE
–
Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022094,
jul.
2022.
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ISSN: 1519
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DOI:
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Como referenciar este artigo
KNOENER, D. F.; SANTOS, N. C. P.; DUARTE, L. M. A promoção da convivência ética e a
prevenção da violência na escola: Considerações sobre a formação docente.
Revista on line de
Política e Gestão Educacional
, Araraquara, v. 26, n. esp. 3,
e022094,
jul. 2022
. e
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ISSN:1519
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9029. DOI:
https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.3.16954
Submetido
em
: 22/12/2021
Revisões requeridas
: 19/02/2022
Aprovado em
: 05/04/2022
Publicado em
: 01/07/2022
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The promotion of ethical coexistence and the prevention of violence in school: Considerations about teacher education
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Revista on line
de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022094,
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THE PROMOTION OF ETHICAL COEXISTENCE AND THE PREVENTION OF
VIOLENCE IN SCHOOL: CONSIDERATIONS ABOUT TEACHER EDUCATION
PROMOÇÃO DA CONVIVÊNCIA ÉTICA E A PREVENÇÃO DA VIOLÊNCIA NA
ESCOLA: CONSIDERAÇÕES SOBRE A FORMAÇÃO DOCENTE
LA
PROMOCIÓN DE LA CONVIVENCIA ÉTICA Y LA PREVENCIÓN DE LA
VIOLENCIA EN LA ESCUELA: CONSIDERACIONES SOBRE LA FORMACIÓN
DOCENTE
Darlene Ferraz
KNOENER
1
Natália Cristina Pupin
SANTOS
2
Lídia Morcelli
DUARTE
3
ABSTRACT
: This investigation objective was to
describe and analyze the perceptions of São
Paulo state management teams and teachers about a proposal for continuing education that
integrates a school coexistence program framing. 92 regional education managers, 1440 vice
principals and mentoring teacher
s of coexistence and 5551 regular teachers answered an
assessment inspired by rubrics scales. The data indicates that most professionals understand the
development of the moral autonomy concepts of the subject's, agree with the feeling recognition
work, th
e need for a cooperative environment, non
-
violent communication and reciprocal
relationships. However, transforming all this into classroom routine practices at school remains
a challenge for the majority. The research reinforces the need for spaces for di
alogue and
reflection in teacher training issues related to coexistence at school.
KEYWORDS
: Moral Development.
Coexistence at school. Continuing education for teachers.
Cohabitation program.
Scale training.
RESUMO
: O objetivo desta investigação foi des
crever e analisar as percepções das equipes
gestoras e docentes atuantes da rede estadual paulista a respeito de uma proposta de formação
continuada que integra a construção de um programa de convivência escolar. Os dados foram
obtidos com a utilização de
escalas inspiradas em rubricas de avaliação respondidas por 92
gestores regionais, 1440 vice
-
diretores e
Professores Mediadores da Convivência Escolar
e
5551 docentes.
Verificamos que a maioria dos profissionais compreendem conceitos
relacionados ao desenvolvimento da autonomia moral do sujeito, concordam com a
importância de oportunizar espaços de reconhecimento dos sentimentos dos estudantes, além
da necessidade de um ambiente cooperativo, de uma comunicação não
violenta e de relaçõe
s
recíprocas. Entretanto, para a maioria, transformar tudo isso em práticas que permeiam a
rotina da escola e da sala de aula ainda é um desafio, reforçando a necessidade de que a
formação docente inclua espaços contínuos de diálogo e reflexão sobre as tem
áticas
relacionadas à convivência na escola.
1
São Paulo State University
(UNESP), Araraquara
–
SP
–
Braz
il.
Doctoral Student in School Education
.
ORCID:
https://orcid.org/0000
-
0001
-
7384
-
7024
.
E
-
mail: darlene.knoener@unesp.br
2
São Paulo State University
(UNESP),
Araraquara
–
SP
–
Braz
il
.
Master's in School Education
. ORCID:
https://orcid.org/0000
-
0001
-
9847
-
632X.
E
-
mail: natalia.pupin
-
santos@unesp.br
3
São Paulo State University
(UNESP), Araraquara
–
SP
–
Braz
il.
Master's Student in School Education
.
ORCID:
http
s
://orcid.org/0000
-
0002
-
9599
-
732X
.
E
-
mail: lidia.m.duarte@unesp.br
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Darlene Ferraz KNOENER
;
Natália Cristina Pupin SANTOS
and
Lídia Morcelli DUARTE
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de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022094,
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2
PALAVRAS
-
CHAVE
:
Desenvolvimento moral. Convivência na escola. Formação continuada
de professores. Programa de coabitação. Treinamento em escala.
RESUMEN
: El objetivo de esta investigación fue describir y anal
izar las percepciones de los
equipos directivos y docentes que actúan en la red estatal de São Paulo sobre una propuesta
de educación permanente que integra la construcción de un programa de convivencia escolar.
Los datos se obtuvieron mediante escalas ins
piradas en las rúbricas de evaluación respondidas
por 92 gerentes regionales, 1440 subdirectores y tutoría de profesores de convivencia
y 5551
docentes. Encontramos que la mayoría de los profesionales comprenden conceptos
relacionados con el desarrollo de
la autonomía moral del sujeto, están de acuerdo con la
importancia de crear oportunidades para el reconocimiento de los sentimientos de los
estudiantes, además de la necesidad de un ambiente de cooperación, comunicación no violenta
y relaciones recíprocas.
Sin embargo, para la mayoría, transformar todo esto en prácticas que
permeen la rutina escolar y áulica sigue siendo un desafío, reforzando la necesidad de que la
formación docente incluya espacios continuos de diálogo y reflexión sobre temas relacionados
con la convivencia escolar.
PALABRAS CLAVE
: Desarrollo moral. Convivencia en la escuela. Formación continua del
profesorado. Programa de convivencia.
Entrenamiento a escala.
Introduction
Numerous investigations have increasingly pointed to the
importance of teacher training
so that public policies in education are effective, especially with regard to issues of promoting
coexistence and preventing violence. On the other hand, the lack of proposals for continuing
education or the discontinuity of
training processes make it impossible to maintain projects and
programs that are important for the development of students, both in their cognitive and
affective aspects (GATTI; BARRETO; ANDRÉ, 2011; KNOENER, 2019). ; MOLINA;
RODRIGUES, 2020).
In countries
where there are already public policies on coexistence at school, it is
common to see the emphasis on teaching work and the need for continuing education. As an
example, we can refer to the case of Spain, which, in the 1970s, promoted an educational refor
m
aimed at three aspects: access to school, equity and quality. In view of this, a public policy was
consolidated in which, among all the objectives of education, coexistence and the formation of
moral values became part of the pedagogical political projec
ts of schools, with the active
participation of the entire educational community (students, family members, members of the
management team and teachers). According to Jares (2008), the training of teachers was an
important investment point for this policy.
The changes proposed in the Spanish context are in line with what the literature points
out about the indispensability of public policies in education contemplating intentional
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The promotion of ethical coexistence and the prevention of violence in school: Considerations about teacher education
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de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022094,
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systematized processes aimed at both initial and continuing teacher training s
o that, in this way,
they are able to truly act in promoting ethical coexistence, in addition to contributing to the
prevention of countless forms of violence that threaten the school context (CUADRA
MARTÍNEZ, 2009; FULLAN, 2002; JARES, 2008; MARTÍNEZ MART
ÍN; PUIG ROVIRA;
TRILLA BERNET, 2009).
We emphasize that the effectiveness of a Program for Living Together and Combating
Violence at school is possible when a structure is organized that brings together intentional,
planned and systematic actions, having
as one of its main bases the teaching work, since it is
the teachers and teachers who can lead, together with the school management team, actions that
provide constructive communication, intervention in the problems of indiscipline and violence
with sancti
ons for reciprocity, a more cooperative environment in the classroom, in addition to
the creation of spaces for participation and protagonism student that allow collective reflection
on the difficulties that compromise the smooth running of the classroom r
outine (JARES, 2008;
KNOENER, 2019; SANTOS, 2021)
.
But how is it possible for states and municipalities to guarantee the training of teachers
for this theme in a context in which the inclusion of studies on themes of coexistence in the
degrees themselves i
s still so limited? (KNOENER, 2019). Furthermore, in a country with the
size and diversity of Brazil, how to establish a proposal for continuing education supported by
scientific investigations that qualify this process?
If we take the example of the state
education network in São Paulo, composed of 91
Regional Boards of Education (DRE, in the Portuguese acronym) spread over 248,209 km2 of
territorial surface that serve 3,733 schools in the Final Years of Elementary School alone, the
complexity of think abo
ut proposals for continuing education. If compared to other countries in
which coexistence programs are part of public policies, the gigantism of Brazilian education
networks becomes one of the problems for the effectiveness of establishing educational
pro
posals that make it possible to cover the full number of their schools
.
In search of solutions to these challenges and a proposal that could be replicated for
other networks, GEPEM organized a Training Seminar that attended 45 of the Regional Boards
of
Education of the state network of São Paulo, which is one of the actions foreseen in the
research project entitled “ Coexistence as a value in public schools: implementation of a support
system among equals”, financed by Itaú Social Foundation and Carlos C
hagas Foundation
.
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Darlene Ferraz KNOENER
;
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and
Lídia Morcelli DUARTE
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de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022094,
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Research contexto
This Formative Seminar had as its main theme the construction of the ethical personality
of students based on studies from Moral Psychology. In addition, it presented proposed actions
for schools based on
research on the importance of constructive communication, the use of
reciprocal sanctions, and the differentiation of disruptive and violent manifestations for a more
assertive performance by the management team and school teachers (GOERGEN, 2007; LA
TAILL
E, 2002; TOGNETTA; AVILÉS MARTÍNEZ; DAUD, 2017; VINHA et al., 2017;
VIVALDI, 2013; ZECHI, 2014).
So that the training could be replicated at scale, the seminar was delivered through
synchronous meetings with the participation of professionals from the Regi
onal Education
Directorates, called Regional Managers in the state network, in addition to being broadcast via
streaming to members of the management teams of all schools. This training, which totaled a
period of 16 hours divided into four days, was multip
lied by the Regional Managers in what we
call the Training Pathway, which lasted four hours in their respective directorates, and had as
its target audience the vice
-
principals and the Mediating School Coexistence Teachers
(PMECs). Subsequently, the vice
-
p
rincipals replicated the studies in their school units during
the Collective Pedagogical Work Class (ATPC, in the Portuguese acronym)
.
Method, instruments and participants
This whole process was evaluated and it is from this that the problem of this research
emerges: How do the participants of a teacher training course perceive their learning in the
implementation in scales of a school coexistence program? To answer this que
stion, this study
aims to describe and analyze the perceptions of management teams and teachers working in the
São Paulo state network regarding a continuing education proposal that integrates the
construction of a school coexistence program.
In order to
meet this objective, we proposed a descriptive research under a quantitative
methodological approach (GERHARDT; SILVIERA, 2009) with the intention of raising
objective data of the perceptions of the group of participants, through collection carried out
bet
ween the end of the second semester of 2020 and the second semester of 2021
.
The instruments used were trend scales inspired by rubrics, which are characterized as
assessment instruments of a formative nature (BLOOM; HASTINGS; MADAUS, 1983;
CAMARGO; MENDES
, 2013; NUNES, 2016), as they can be used continuously. It is a
relevant procedure to make visible the actions developed at school, providing an opportunity
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The promotion of ethical coexistence and the prevention of violence in school: Considerations about teacher education
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Revista on line
de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022094,
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for a gradual movement of self
-
evaluation that contributes to the construction of anti
-
bullying
pro
jects and coexistence programs (NUNES, 2016; SANTOS, 2021). These tools consist of a
set of concepts and reflections arranged in a table in which educators can analyze the level of
understanding of the topics studied in the training, the applicability of t
he project proposals,
and any changes perceived in their practice with the students.
In this way, three different instruments were prepared: one for participants of the
Formative Seminar, answered by 92 Regional Managers; another that was answered by 1440
professionals working in schools as Vice Principals or Coexistence Mediator Teachers
(PMECs) participating in the Formative Course; and the last one for teachers participating in
the ATPCS, for which we had 5551 answers
.
Although each of the instruments i
ncluded specific questions, eight of the items were
common to the three groups so that comparisons could be made.
To answer, the participants could choose between four options: A
-
I still don't really
understand what this means; B
-
I could understand a
little, but I don't believe it's possible to
develop this kind of work in our schools; C
-
I understood about this and I see the importance
of studying more to be able to promote actions to improve coexistence at school; D
-
I
understood about this, I see
the importance of studying more to be able to promote actions to
improve coexistence at school and I can already think of proposals that I can promote in the
schools where I work
.
The invitation to answer the evaluation took place personally at the end of
each action
and the participants received a link to the instrument available through a Google Forms form.
We emphasize that the collection was carried out after approval by the Research Ethics
Committee of Unesp (CAAE: 42079420.9.0000.5400), with the autho
rization of the State
Department of Education, and due precautions were taken to observe the criteria established by
the General Law of Data Protection (BRAZIL 2019)
.
Results and Discussion
Before going on to present a summary of the results, we point out that in most of the
eight common items in the three instruments, we found lower percentages of answers indicating
that the theoretical studies have already been put into practice (alternativ
e D). From the
theoretical perspective under which the formative proposal was built
-
based on studies of Moral
Psychology and Piagetian Genetic Epistemology (PIAGET, 1994/1932)
-
the construction of
knowledge and its transformation into action require pra
ctices and interactions with teaching
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peers and also with students, which was not possible, since all formative actions took place in
a period of social distance in which most schools did not have regular synchronous contact with
students. Having made thes
e considerations, we will now highlight some of the data found
.
In Chart 1 we present the responses gathered from the three actions. To facilitate the
understanding and analysis of these data, from this point on, we will name the responses for
each instrum
ent as Action 1 (Formative Seminar
-
Regional Managers), Action 2 (Formative
Course
-
Vice Principals and PMECs) and Action 3 (ATPCs
-
Teachers)
.
Chart
1
–
Comparative results between the formative actions
4
Source: Devised by the authors
O item 3 provoca as e os participantes a pensarem sobre o conceito de autonomia moral
e sobre a importância da escola ser um espaço de construção de valores morais e
desenvolvimento dos aspectos cognitivos, afetivos e sociais das e dos estudantes. Neste ca
so, a
grande maioria das e dos participantes (mais de 90% de respostas C e D) indicaram que
compreendem a importância da escola ser um espaço de vivência dos valores morais, entretanto,
apenas 36% destes indicaram que, além de compreender, já conseguem pen
sar em estratégias
para colocar em prática.
We also verified that the Regional Managers were those who indicated the highest
percentage for alternative D and we infer that this is due to the fact that they had many more
4
Resultados comparativos entre as ações formativas = Comparative results between the formative actions; Ação
= Action; Questões = Questions
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opportunities and hours of study, b
esides having replicated the knowledge in the Formative
Course. In other words, as the number of hours of training decreases, there are fewer
opportunities for reflection, discussion, construction of collective proposals, and reflection
based on the practi
ces. In view of this, we emphasize the need for schools, in addition to study
materials, to promote more spaces for dialogue and reflection associated with studies on the
theme of values at school.
The same can be observed in item 4, in which the particip
ants were invited to reflect on
moral autonomy and the importance of the school providing an opportunity for "...children and
adolescents to think about the problems they have, compare solutions, anticipate consequences,
and can repair the mistakes they ma
ke. It is possible to verify in the three actions that there was
an understanding about the importance of the theme (more than 88% of the answers C and D),
however, of these, only 39% indicate the applicability of the proposals, in the classroom
practice.
In item 5, the participants indicated how much they understood the importance of
putting into practice, at school, proposals that provide the opportunity for self
-
knowledge
because it is a cognitive and affective movement essential for the subject to rec
ognize
himself/herself as a value, being this process that enables the construction of self
-
respect in
which the subject links the "self
-
worth" with "doing good". In this case, although with lower
percentages, the movement of responses was also the same, i
.e., predominance of C answers
(more than 50%) indicating that they could understand about it and that they see the importance
of studying more to be able to promote actions to improve the coexistence at school
.
These data indicate that the great majority
of the participants in the training were able
to understand the importance of working with the recognition of feelings at school, promoting
the students' own self
-
knowledge. For example, when we add up the results of the teachers'
answers C and D, we notic
e that 97% were able to understand the importance of working with
this theme at school. Even in this case, the percentage compared to the Regional Managers is
higher, because if we add the answers C and D, this group reached 89%. However, we also see
that
10% of the Regional Managers still do not fully understand what this issue means.
This data draws attention since the time of study of teachers on the theme of self
-
knowledge was much shorter and, about this, we have the hypothesis that, during the pandem
ic
moment in which they lived, teachers received proposals of activities to put into practice with
students during isolation.
These practical exercises, which were worked on outside the training hours, brought the
opportunity to express feelings as ways o
f welcoming and overcoming difficulties. This
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Natália Cristina Pupin SANTOS
and
Lídia Morcelli DUARTE
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movement experienced by the schools is also in line with the assumptions of Moral Psychology
and Piagetian studies (PIAGET, 1994/1932), which point precisely to the importance of the
construction of knowledge a
nd the experience of values in a collective and cooperative way,
experiencing reciprocal relationships.
Items 8, 9, 10 and 11 deal with the importance of the use of communication strategies,
such as descriptive language, which favors the development of mo
ral autonomy, of the subject
becoming aware of his own actions and their respective consequences, helping in the
composition of self
-
esteem, besides not passing judgment on the other. They also address the
need for active listening and the use of the Messa
ge
-
I techniques (VINHA
et al
., 2017; WREGE
et al.,
2014). The results indicate that most of the participants of the three groups understand
the importance of studying this issue of constructive language to promote actions to improve
the coexistence at scho
ol
.
However in this case, again, the highest percentages of D answers are present among
the Regional Managers group (reaching 42% in item 10). This is an important result because,
although the practice of communication recognized as ethical is equally imp
ortant for all three
groups, we emphasize that, due to the relevance of this theme and practices that emerge from
these studies, these communication strategies are essential in the exercise of the professional
function who work in the Regional Directorship
s and who need to coordinate the entire team,
after all, the better the quality of communication, the more feasible it will be to articulate
proposals for improving the coexistence in schools.
As for item 12, which talks about the importance of
opportunities to exercise self
-
knowledge, the experience of situations in which dialogue is valued and exercised, the need for
reflections and discussions about moral values and a cooperative environment at school, the
results again indicated a predominanc
e of C answers. However, for the D answers, we noticed
that the Regional Managers had a higher percentage (40.5%) than the other two groups. In order
to refine this preliminary analysis of the answers, we submitted the data to statistical procedures,
check
ing to see if there were significant differences between the scores indicating the
participants' understanding of each action. To do this, we conducted another comparison
analysis between the actions using the Kruskal
-
Wallis test, a nonparametric technique
that
allows the comparison of more than two groups without making assumptions about data
distribution.
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Chart
2
–
Comparative score between the three actions
.
Source: Devised by the authors
We can see that in the group corresponding to Action 1, 36.7% of the participants scored
higher than 30 (score from 0 to 100). In the subsequent groups, the frequency of the score
progressively decreased, reaching 31.7% in Action 2 and 25.9% in Action 3. B
ut how
statistically significant are these differences?
According to the table below, there was no significant difference between actions 1 and
2 (p
-
value 0.32), but when we compare actions 1 and 3 (p
-
value 0.01) or 2 and 3 (p
-
value <0.01)
it is already p
ossible to identify a significant difference in the score of the participants' answers
.
Table
1
–
Comparative table of the degree of significance between the training actions
5
Source: Devised by the authors
These data converge with our
previous arguments about the need for more training hours
alternated with in
-
school practices that broaden the discussions among professionals and
contribute to the construction of new knowledge
.
5
Comparação = Comparison; Razão de prevalência = Prevalence ratio; Intervalo de confiança
=
Confidence
Interval
; Va
lor
-
p =
-
p Value
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Final remarks
The data we follow are convergent with previous research (CUADRA MARTÍNEZ,
2009; FULLAN, 2002; JARES, 2008; KNOENER, 2019; MARTÍNEZ MARTÍN; PUIG
ROVIRA; TRILLA BERNET, 2009; SANTOS, 2021) indicating that the proposals for
continued teacher training are a n
on
-
negotiable criterion to establish actions in schools in order
to promote the development of ethical personalities, guided by moral values, promote a
democratic coexistence and the construction of moral autonomy of the subjects.
With the results present
ed, we are faced with the need for continuity of the actions
promoted, since those who had more training opportunities (Regional Managers), in general,
were the ones who answered a higher percentage of D answers of the instrument (considered
the most evolv
ed) in which the actions of the theory are already incorporated into the teaching
practice and, interestingly, who also evaluated, in comparison with the other groups of the scale,
in a way that highlighted the difficulties they still find to make these th
emes effective in school
(A answers)
.
On the other hand, in some aspects, despite the reduced number of training hours, the
experience of the teachers was more significant because they had the opportunity to, in addition
to studying, put into practice wit
h their students proposals for the expression of feelings,
experience values and constructive communication.
What is it all about anyway? Exactly the urgency that the “edge” where the teachers are,
have instituted spaces of exchanges, studies of themes tha
t stand out in the diagnoses that show
their own reality (such as the diagnosis of the school climate). Teacher training is, or should be,
a planned, organized and possible project in Brazilian schools
.
We say “possible” because we know, as we follow the
developments of training at the
proposed scales, that due to the greater efforts of the professionals involved with this project in
their school units, the replication of these studies was lost, both from a theoretical point of view
and from the point of v
iew of methodological view. That is, how to replicate in 50 minutes a
theoretical discussion that required at least four hours of study and reflection? How to replicate
a pedagogical practice in order to guarantee the pedagogical principles that, extracted
from the
Piagetian theory that do not give up effective participation, the ACTION of the subject (in this
case, the teachers), the exchange with peers, the provocation, the progressive construction of
ideas with the group in two 50
-
minute planning meeting
s?
Fodra (2021) reveals the lack of commitment of public education networks with what is
fundamental: the orientation and understanding of what is the central axis for the network's
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work. What usually happens, on the contrary, is an avalanche of informatio
n and initiatives
superimposed on a complex and frenetic daily life like that of school.
This explains what is often revealed in the common speech of professors: “I already do
everything you say and it doesn't work”. After all, without systematic, guarante
ed planning,
with spaces available for the study and improvement of the teaching profession, there will be
no guarantees that the process of building the desired autonomy for students will take place,
simply because there is no teaching autonomy in the sch
ools themselves
.
It is a fact that, the greater the value and meaning incorporated into teaching knowledge,
the greater the chances of building “bridges” for actions in practice (TARDIF, 2012), promoting
experiences at work, sharing reflections, interacti
ons between members of the pedagogical team
and favoring a retrospective of what was part of their initial and continuing education.
Therefore, the school is a privileged space to enable the construction of actions that
promote an ethical and democratic co
existence, but there is no way to build bridges without
bricks, that is, without the “builders” having spaces for training
.
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Submitted
: 22/12/2021
Revisions required
: 19/02/2022
Approved
: 05/04/2022
Published
: 01/07/2022
Management of translations and versions: Editora Ibero
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