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Crianças
também sofrem: O sofrimento emocional em crianças durante a pandemia Covid 19
RPGE
–
Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022096, jul. 2022.
e
-
ISSN: 1519
-
9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.3.16956
1
CRIANÇAS TAMBÉM SOFREM: O SOFRIMENTO EMOCIONAL EM CRIANÇAS
DURANTE A PANDEMIA COVID
-
19
LOS NIÑOS TAMBIÉN SUFREN: ANGUSTIA EMOCIONAL EN LOS NIÑOS
DURANTE LA PANDEMIA COVID
-
19
CHILDREN SUFFER TOO: EMOTIONAL SUFFERING IN CHILDREN DURING THE
COVID
-
19 PANDEMIC
Luciene Regina Paulino TOGNETTA
1
David Jorge CUADRA
-
MARTÍNEZ
2
Deise Maciel de QUEIROZ
3
Sanderli Aparecida Bicudo BOMFIM
4
RESUMO:
O problema desta pesquisa foi investigar como os estudantes dos Anos Iniciais do
Ensino
Fundamental apontam se sentirem no contexto pandêmico. Os objetivos foram
identificar a frequência de situações em que há indícios de sofrimento emocional em crianças
e verificar se há relação significativa de sofrimento emocional com aspectos sociodemográ
ficos
(raça, gênero, celular próprio). Participaram da pesquisa 1041 crianças dos 4o e 5o anos do
Ensino Fundamental. O instrumento utilizado para tal verificação foi um questionário, contendo
aspectos sociodemográficos (origem étnico
-
racial, gênero, perfi
l econômico e acesso a recursos
comunicacionais) e situações relacionadas ao sofrimento emocional. Os dados encontrados
demonstram que as crianças têm apresentado tanto sentimentos quanto comportamentos que
indicam sofrimento emocional (medo, ansiedade, so
lidão, automutilação) e também que há
diferenças significativas nos scores de sofrimento emocional relacionados ao gênero e à origem
étnico
-
racial.
PALAVRAS
-
CHAVE:
Pandemia. Sofrimento emocional. Crianças.
RESUMEN
: El problema de esta investigación fue
indagar cómo los estudiantes de los dos
primeros años de Enseñanza Fundamental
-
Años Iniciales, apuntaron sentirse en el contexto
de la pandemia. Los objetivos específicos fueron identificar la frecuencia de situaciones en las
que se presentan signos de m
alestar emocional en los niños y verificar si existe una relación
significativa entre el malestar emocional y aspectos sociodemográficos (raza, género, celular
propio). Participaron de la investigación un total de 1041 estudiantes de los grados 4º y 5º de
1
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Araraquara
-
SP
–
Brasil. Professora do Departamento de Psicologia da
Educação (FCLAr/UNESP). Doutorado em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano. ORCID:
https://orcid.org/0000
-
0003
-
0929
-
4925. E
-
mail: luciene.
tognetta@unesp.br
2
Universidad de Atacama (UDA), Copiapó
–
Chile. Professor do Departamento de Psicologia. ORCID:
https://orcid.org/0000
-
0002
-
0810
-
2795. E
-
mail: david.cuadra@uda.cl
3
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Araraquara
-
SP
–
Brasil. Doutoran
da em Educação Escolar. ORCID:
https://orcid.org/0000
-
0002
-
3138
-
2748. E
-
mail: dm.queiroz@unesp.br
4
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Araraquara
-
SP
–
Brasil. Doutoranda em Educação Escolar. ORCID:
https://orcid.org/0000
-
0002
-
7371
-
5184. E
-
mail: sander
li.bicudo@unesp.br
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Luciene Regina Paulino TOGNETTA et al.
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Enseñanza Fundamental
-
Años Iniciales. El instrumento utilizado para esta verificación fue
un cuestionario, que contenía aspectos sociodemográficos (origen étnico
-
racial, género,
perfiles económicos y acceso a recursos de comunicación) y situaciones relac
ionadas con el
malestar emocional. Los datos encontrados muestran que los niños tanto sentimientos como
conductas indicativas de malestar emocional (miedo, ansiedad, solidaridad, automutilación) y
también que existen diferencias significativas en las puntu
aciones de malestar emocional
relacionadas con el género y el origen étnico
-
racial.
PALABRAS
-
CLAVE
: Pandemia. Sufrimiento emocional.
Niños.
ABSTRACT:
This research aimed to investigate how students in the Initial Years of Ensino
Fundamental feel in
the pandemic context. The objectives were to identify the frequency of
situations in which there are signs of emotional distress in children and to verify whether there
is a significant relationship between emotional distress and sociodemographic aspects (
race,
gender, own cell phone). A total of 1041 children from the 4th and 5th grades of Ensino
Fundamental participated in the research. The instrument used for this verification was a
questionnaire, containing sociodemographic aspects (ethnic
-
racial origin
, gender, economic
profile and access to communication resources) and situations related to emotional distress.
The data found show that children have shown both feelings and behaviors that indicate
emotional distress (fear, anxiety, loneliness, self
-
mutil
ation) and also that there are significant
differences in emotional distress scores related to gender and ethnic
-
racial origin.
KEYWORDS:
Pandemic. Emotional suffering. Children.
Introdução
A pandemia de Covid
-
19, provocada pelo Coronavírus, que assol
ou o mundo nos anos
de 2020 e 2021, trouxe à tona uma questão bastante presente no cotidiano: o sofrimento
humano.
Primeiramente, é preciso justificar o porquê optamos por utilizar o termo “sofrimento
emocional” e não apresentar a terminologia “saúde menta
l” que, atualmente, tem sido tão
utilizada.
A escola não pode assumir para si a responsabilidade sobre o tratamento no que se refere
à saúde mental. Porém, se não há saúde mental, há a manifestação de tal falta por meio da dor
ou a sensação consciente ou
inconsciente de sofrimento. Portanto, entendemos “sofrimento
emocional” como toda dor psíquica que expressa esgotamento, desesperança manifestados sob
a forma de emoções ou sentimentos de medo, tristeza, angústia, irritabilidade, ansiedade,
depressão e que
gera displicência com o autocuidado, mudanças de humor, afastamento e
comportamentos de risco como a automutilação, as ideações suicidas entre outros
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(TOGNETTA, 2022). A utilização do termo “sofrimento emocional” deseja expressar a tarefa
da escola que é
o trabalho com as emoções e sentimentos de seus alunos e alunas, uma vez que
seus sofrimentos são comumente compreendidos de forma equivocada, em âmbito escolar,
como uma espécie de desqualificação das crianças como “não querem”, “sem vontade”,
“preguiçosa
s”, “desatentas” (CALDERARO; CARVALHO, 2005).
O sofrimento advindo da pandemia atingiu a todos, inclusive as crianças. Jiao
et al.
(2020) em sua pesquisa apontou dados referentes às crianças durante a pandemia, sendo que
36% delas apresentaram dependência dos pais, 32% desatenção, 29% preocupação, 21%
problemas do sono, 18% falta de apetite, 14% pesadelos e 13% desconforto e agitação
. Mas
muito embora o contexto pandêmico apresente algumas situações que criem ou intensifiquem
sofrimentos em crianças e adultos, há que se considerar que a sociedade atual, sob o olhar de
alguns filósofos e sociólogos, têm características peculiares que p
odem
–
ou não
–
gerar
sofrimentos.
Bauman (2007), ao utilizar o conceito de “Modernidade Líquida” para referir
-
se à
sociedade atual, aponta a liquefação de formas sociais, antes bastante sólidas, como a família,
o amor, a amizade, o trabalho e, também, a p
rópria identidade. Segundo o autor, essa situação
produz angústia, ansiedade constante e o medo líquido, como o temor do desemprego, da
violência e de não se “encaixar” nesse mundo que se transforma num ritmo veloz.
Por outro lado, Lipovetsky, em um livro
publicado na década de 1980, intitulado “A era
do vazio” (LIPOVETSKY, 1983/2005), já apontava como resultante da transição da
Modernidade para a Pós
-
Modernidade, o vazio. Interessantemente, é como se o autor
antecipasse questões bastante atuais, como o im
pacto da tecnologia, do individualismo e da
sociedade do consumo. Segundo o autor, é como se as instituições tradicionais estivessem
esvaziadas de sentido, não oferecendo mais possibilidade de conexão entre as pessoas, mas sim
certa liberdade de escolha se
m restrição alguma. Em outra obra, ele apresenta o termo
“hipermoderno” como aquele que se sobrepõe à Modernidade. Para ele, a sociedade
hipermoderna centra
-
se no presente e no individualismo, no narcisismo contemporâneo, numa
eterna busca pelo novo, impul
sionada pela Internet e globalização. Esse indivíduo tem à sua
frente um futuro incerto que provoca certa inquietação e medo, além de apresentar
-
lhe um
caminho paradoxal: a valorização de princípios de saúde e vida, ao mesmo tempo em que o leva
pela lógica
do “hiper”, do excesso, que se materializa em diversas decisões e ações. Segundo
ele, esse princípio de “hiper”, inclusive do hiperconsumo, fica bastante evidente na
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superficialidade encontrada na expressão das emoções e afetos, nas relações sociais e de
trabalho que se pautam em necessidades utilitaristas e no hedonismo.
Se, portanto, na sociedade atual, as relações ocorrem através de laços não mais
duradouros e de identificação, mas por laços momentâneos, poucos seguros e superficiais
(BAUMAN, 2001), ou
então, a certeza de que esta modernidade líquida substitui a coletividade
e a solidariedade pelo individualismo (BAUMAN, 2001) e pelo hiperconsumismo
(LIPOVETSKY, 2004), como estarão as relações vividas junto às crianças e as experiências
proporcionadas a
elas? Esse contexto, junto à pandemia, gerou dúvidas, incertezas e
sofrimentos às nossas crianças? Haverá diferenças significativas quanto ao índice de sofrimento
emocional entre meninos e meninas? E quanto à origem étnico racial, serão diferentes os índi
ces
de sofrimento emocional entre crianças que se autopercebem como pretos, brancos, amarelos,
indígenas? O fato de terem um aparelho celular próprio pode ser uma variável importante para
maior ou menor sofrimento emocional dessas crianças? Vamos à investi
gação.
Material e método
Tivemos como problema de pesquisa investigar como os estudantes do Ensino
Fundamental (anos iniciais) relatam se sentir no contexto pandêmico e, por objetivos, identificar
a frequência de situações em que há indícios de
sofrimento emocional em crianças e verificar
se há relação significativa de sofrimento emocional com aspectos sociodemográficos (raça,
gênero, celular próprio).
O questionário utilizado foi elaborado por membros do Grupo de Estudos e Pesquisa
em Educação M
oral (GEPEM), juntamente com a pesquisa de mestrado “A relação entre
bullying, empatia e pró
-
sociabilidade de estudantes pertencentes a escolas públicas da rede
estadual de São Paulo”, registrada no CAEE 42330421.6.0000.5400. É formado por 38
questões, sen
do oito questões fechadas sobre os aspectos sociodemográficos (origem étnico
-
racial, gênero, perfil econômico e acesso a recursos comunicacionais), oito questões fechadas
relacionadas aos aspectos de empatia (como, por exemplo, “Quando vejo alguém chorar,
também tenho vontade de chorar?”), oito questões fechadas relacionadas aos aspectos de pró
-
sociabilidade (como, por exemplo: “Eu me ofereço para ajudar os colegas que precisam de
alguma ajuda?”)
5
e 14 situações relacionadas ao sofrimento emocional durante
a pandemia
5
Os itens relacionados à empatia e pró socialidade entre crianças fazem parte de outra investigação conduzida por
membros do GEPEM.
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(conforme Quadro Categorias de Sentimento e Comportamento de sofrimento emocional). Para
atingir nosso objetivo utilizamos somente esta última parte, que se referiu ao aspecto do
sofrimento emocional, relacionado às variáveis do aspecto sociode
mográfico.
Foram 1041 crianças dos anos iniciais
-
4o e 5o anos
-
que participaram como
respondentes, sendo 502 meninos e 539 meninas, entre nove e dez anos, dos quais 538 são
estudantes do quarto ano e 503 estudantes do quinto ano.
O instrumento permitiu
que as situações fossem classificadas em duas categorias, que
foram organizadas depois de analisar as respostas, sendo a Categoria 1:
Comportamento de
sofrimento emocional;
e a Categoria 2:
Sentimento de sofrimento emocional
. Esta última
apontou situações
nas quais os alunos e alunas poderiam se autoperceber quanto aos seus
sofrimentos, enquanto a primeira trouxe situações com atitudes que indicariam o sofrimento
emocional. Ou seja,
6
enquanto algumas questões verificavam as percepções sobre o sofrimento,
o
utras investigaram ações, reações e práticas que indicavam o sofrimento, conforme o quadro
abaixo.
Quadro 1
–
Categorias de questionário: Sentimento e Comportamento de sofrimento
emocional
Categoria 1
–
Comportamento de Sofrimento
Emocional
Categoria 2
–
Sentimento de Sofrimento Emocional
Situação 4
-
sintomas de falta de ar
Situação 1
–
tristeza
Situação 6
-
vontade de chorar
Situação 2
-
fazer as coisas de forma errada
Situação 7
-
gostar de estar com a família
Situação 3
-
perceber diversão nas
situações
Situação 10
-
rendimento escolar
Situação 5
-
imaginação sobre coisas ruins no futuro
Situação 11
-
automutilação
Situação 8
-
sentir
-
se sozinho
Situação 14
-
participação em desafios da internet
Situação 9
-
ter amigos
Situação 12
-
percepç
ão sobre familiares
Situação 13
-
sentir
-
se importante
Fonte: Elaborado pelos autores
Para analisar os dados do primeiro objetivo, verificamos a frequência das respostas e,
para analisar os dados referentes ao segundo objetivo, foi proposto um modelo de regressão
quantílica (KOENKER, 2005), uma vez que ele permite a comparação de K medianas
entre os
diferentes grupos de interesse sem que haja pressuposto de normalidade. Para todas as análises
6
Vale lembrar que, neste presente artigo, utilizamos a palavra “sentimentos” nos referindo a certo con
junto de
estados afetivos. Nossa escolha pela palavra sentimentos foi no intuito de tornar mais clara a evidência do “sentir”
e do “fazer” (este último verbo relacionado aos comportamentos). Temos clareza de que numa discussão mais
aprofundada da Psicologi
a, termos como emoções e sentimentos são distintos, inclusive, sendo esses últimos
considerados categorias mais evoluídas.
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6
adotou
-
se um nível de significância de 5%. Todas as análises foram realizadas através do
software
SAS 9.4.
Resultados e discussões
Este estudo buscou investigar como alunos do Ensino Fundamental (anos iniciais)
relatam sentir
-
se no contexto da pandemia. Os resultados apresentados e discutidos a seguir
representam uma importante contribuição para a psicologia da pandemia em uma faixa e
tária
pouco estudada e cujos resultados advêm principalmente das percepções dos adultos,
cuidadores e educadores (MATIZ
et al.
, 2022). Este trabalho buscou superar essa limitação,
obtendo os dados na perspectiva das próprias crianças e adolescentes.
Objet
ivo Primeiro: identificar a frequência de situações em que há indícios de sofrimento
emocional em crianças
Analisando as situações que englobam a Categoria 2, que refere
-
se à percepção do
sofrimento emocional, verificamos indicativos de sofrimento quanto
ao sentimento de tristeza.
Nota
-
se pelos dados que 18,6% das crianças declararam se sentir tristes sempre e muitas vezes.
Resultados semelhantes foram encontrados no estudo de Saurabh e Ranjan (2020), sendo o
sentimento de tristeza um dos mais frequentes e
m crianças e adolescentes durante a pandemia,
principalmente no contexto de quarentena como medida de proteção contra a Covid
-
19.
Certamente, essa tristeza sentida pode trazer indicativos de afastamentos e exclusão
como veremos mais à frente. As crianças a
pontaram também questões relacionadas com o erro.
Nota
-
se que 19% dizem que não fazem bem as coisas ou as fazem de forma errada, o que
evidencia a hipótese de sofrimento emocional ao se sentirem incapazes de fazer bem todas as
coisas. Esse achado pouco exp
lorado em contexto pandêmico, principalmente na infância e
adolescência, é fundamental, pois pode dar indícios de um baixo senso de autoeficácia,
capacidade que tem sido apontada como chave para o enfrentamento das adversidades em
contexto pandêmico (THART
ORI
et al.
, 2021).
Ao responderem o questionário, as crianças trouxeram dados também sobre como têm
se divertido em tempos de pandemia: 44,1% apontam que elas não se divertem com muitas
coisas e 2,5 % declararam não se divertir com nada. Resultados semelhantes foram relatado
s
em outros estudos (LOURENÇO
et al.
, 2021): as crianças reduziram as atividades de jogo na
pandemia. Isso, sem dúvida, impõe o desafio de educar os cuidadores para desenvolver
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estratégias que estimulem a atividade lúdica e a diversão para os bebês em uma
pandemia,
principalmente pela estreita relação entre brincadeira, saúde e bem
-
estar.
Os dados também demonstram a relação de um sentimento comum entre as pessoas
-
o
medo
-
esteve presente em 54% das respostas das crianças. O medo também se revela como um
sentimento entre elas, não os medos relacionados às fantasias próprias da infância, mas os
medos reais que assolaram a humanidade durante o contexto pandêmico. No estudo de Matiz
et al.
(2022), realizado em crianças italianas, o medo da Covid
-
19 foi compar
ado antes e depois
da primeira onda de infecções, não encontrando diferenças nos níveis, o que sugere que essa
emoção pode mudar durante a fase de emergência, desenvolvendo resiliência quando o apoio
familiar e escolar adequado é recebido.
Quando perguntam
os sobre a questão da solidão, 22,5% das crianças dizem se sentirem
sozinhas, se somadas as respostas “sempre” (4,0%) e “muitas vezes” (18,5%). Essa solidão se
concretiza quando esses meninos e meninas se referem aos amigos (item 9) em que 44,3%
apontaram
não ter muitos amigos e que gostariam de ter mais e 3,5% afirmam não ter amigos.
Em um contexto de pandemia, o isolamento como medida de proteção e sentimentos de solidão
aumentam o risco de desenvolver ansiedade e depressão em crianças. Sobre isso, alguns
estudos
mostram o número alarmante de um terço dos adolescentes que relatam altos níveis de
ansiedade em uma pandemia (LOADES
et al.
, 2020).
Um dado que nos parece positivo é que para essas crianças entrevistadas a convivência
em casa não parece ser tão p
roblemática diante da situação que temos vivido. Foi constatado
em diferentes investigações (LAHR; TOGNETTA, 2021) um aumento de situações de
violências (como a agressão doméstica) que se fizeram presentes no contexto em que o
instrumento foi aplicado. No
entanto, somente 2,7% das crianças disseram vivenciar situações
em que as pessoas da casa sempre estão nervosas e brigam com elas. Um dado positivo, apesar
das 28 crianças em que tal frequência de respostas representa que sofrem no lugar em que mais
deveri
am se sentir acolhidas.
Outro ponto que nos parece positivo é que “apenas” 20,9% se percebem importantes
para poucas pessoas. Será que as crianças estariam se referindo às relações familiares? Contudo,
continuamos a ter crianças que não se sentem importan
tes para ninguém. Se passarmos para
números absolutos, temos 20 crianças com o sentimento de não se sentirem valiosas e
importantes para ninguém. Esse baixo valor pessoal poderia ser explicado pela interrupção de
papéis e funções em períodos de pandemia. N
esse sentido, Cuadra
et al.
(2020) aponta que as
emergências pandêmicas não apenas exigem a instalação de medidas de atenção à saúde física,
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mas também implicam novas formas psicossociais de convivência, que desorganizam as rotinas
de vida.
Até agora, anal
isamos as situações que apontavam emoções e sentimentos como
indicativos de sofrimento emocional. Passemos, agora, às situações que compõem a categoria
relacionada ao
Comportamento de Sofrimento Emocional
.
Na Situação 4, as crianças tinham que responder sobre sensações de ansiedade. Embora
72,9% dos respondentes tenham indicado que não sentem falta de ar, faz
-
se necessário
considerar que 22,8% responderam que às vezes sentem e que 4,4% apontaram que sempre o
coração dispara e sentem falta de ar. Somando esses dois últimos percentuais, são 27,2% de
crianças que têm tido sintomas de ansiedade. Tais dados coincidem com os dados encontrados
por Duan
et al
. (2020) e Zhous
et al
. (2020) que apontam sintomas depress
ivos e de ansiedade
em estudantes.
Outro dado que nos chama a atenção é sobre o sofrimento que se expressa em choro.
Mais uma vez, embora a grande maioria
-
88,6%
-
tenha respondido que sente vontade de chorar
apenas de vez em quando, 11,4% sentem vontade
de chorar frequentemente (7,0%) ou todos os
dias (4,4%). Ainda que os percentuais possam parecer
-
nos baixos, se a análise for feita em
números absolutos são 120 crianças com vontade de chorar numa frequência alta, o que pode
indicar sofrimento além da norm
alidade. Banati, Jones e Youssef (2020) explicam que o
aumento do choro ou do desejo de chorar nos jovens em contexto pandêmico pode estar
relacionado à dificuldade em ter suportes adequados, como econômicos e de saúde, para
enfrentar a pandemia. Dessa for
ma, provavelmente os jovens que percebem menos recursos
para enfrentar a emergência, expressam seu sofrimento com mais lágrimas.
Quando verificamos o prazer das crianças em conviverem e/ou estarem com a família,
os dados endossaram resultados já apontados
anteriormente (situação 12) que, aparentemente,
nos parece indicar que a convivência familiar não apresenta tantos problemas para as crianças
desta investigação: 93,6% das crianças responderam que gostam de estar com seus familiares,
enquanto 0,6% apontara
m nunca gostar de estar com eles e 5,8% muitas vezes não gostam de
estar em família. Um resultado interessante que pode explicar o exposto é encontrado no estudo
de Markowska
-
Manista e Zakrzewska
-
Olędzka (2020) com pais da Polônia, em que um aspecto
positi
vo da pandemia é que a emergência de saúde permitiu que as famílias passassem mais
tempo em casa, terem a oportunidade de partilhar muitas atividades com os seus filhos, o que
poderá ser um elemento associado à geração de emoções positivas nas crianças e j
ovens durante
a pandemia.
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Algumas situações acendem
-
nos um alerta. Na Situação 11, as crianças foram
questionadas sobre automutilação e, embora 88,6% tenham apontado que nunca pensaram em
se machucar de forma intencional, 11,4% das crianças às vezes já sen
tiram vontade de
machucarem a si mesmos (10,2%) ou, então, sempre pensaram nisso (1,2%). Embora este
percentual seja pequeno apenas do ponto de vista estatístico, mas ao se considerar tais respostas
em números absolutos, são 120 crianças com pensamentos de
automutilação. Uma organização
não governamenta
l do Reino Unido, a
Y
oungminds
7
, em 2020,
também encontrou em seus
dados o aumento da ansiedade, problemas para dormir, ataques de pânico e, como em nossa
pesquisa maior, desejo de se automutilar.
Outro item
que nos apontou um alerta foi o de número 14, que verificou a participação
das crianças em desafios que veem na Internet: 16,9% das crianças apontaram sempre participar
de tais desafios. Tal resultado nos parece bastante sério, uma vez que pode indicar o
quanto os
adultos responsáveis pelas crianças têm dificuldades para monitorar e acompanhar as crianças
que navegam em ambientes virtuais. Há que se considerar também, para além dos que “sempre”
participam desses desafios, que mais 25,1% responderam raramen
te participar, o que nos aponta
ao menos uma experiência já vivenciada e, em se tratando de ambiente virtual, mesmo um único
desafio pode ser perigoso ou fatal. Segundo Cyrulnik (2014), os jogos propostos na internet
precisam ser considerados como um perig
o para suicídios de crianças. Segundo o autor, muitas
vezes são compreendidos como acidentes. As causas, no entanto, são o desespero, a angústia, a
carência de diálogo com os adultos. Tais situações geram nas crianças condutas perigosas e
arriscadas como o
s jogos e desafios propostos no ambiente virtual.
Perguntamos também, nesta investigação, diante desses indicadores de sofrimento:
Como esses meninos e meninas percebem suas aprendizagens ou a falta delas no isolamento
social? Os resultados encontrados ap
ontam que elas e eles percebem que tiveram perdas no
aprendizado durante este período e, também, que não atingiram os níveis anteriores
experimentados. Entre os participantes, 9,5% das crianças apontaram terem ido mal em
matérias que anteriormente iam bem
e 26,4% apontaram que seus trabalhos na escola não são
tão bons quanto antes. Se somados tais percentuais, são 35,9% das crianças que verificam uma
queda em seu rendimento. Costin e Coutinho (2022) apontam que o Brasil é um dos países com
maior dificuldade
no enfrentamento da emergência da Covid
-
19, e a educação em especial tem
sido duramente atingida, fruto do baixo apoio governamental para lidar com a crise.
7
https://www.youngminds.org.uk/professional/resources/?resourceType=for
-
school
-
staff#main
-
content.
Acesso em: 20 dez. 2021.
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Luciene Regina Paulino TOGNETTA et al.
RPGE
–
Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022096, jul. 2022.
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DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.3.16956
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Objetivo Segundo: verificar se há relação significativa de sofrimento emocional com aspectos
soc
iodemográficos (raça, gênero, celular próprio).
Nesta pesquisa descritiva foram apresentados 14 itens para que as crianças
respondessem sobre situações de sofrimento emocional com quatro pontos de resposta: nunca,
poucas vezes, muitas vezes e sempre. Os da
dos foram analisados a partir de um escore total
somando as respostas aos itens, considerando a seguinte pontuação: nunca equivale a um ponto,
poucas vezes equivale a dois pontos, muitas vezes equivale a três pontos e sempre equivale a
quatro pontos. Assim
, o escore atingido nas respostas de cada sujeito poderá ir de 14 a 42
pontos, de forma que quanto maior a pontuação, maior o sofrimento emocional.
Como estarão nossas crianças a partir dessas análises? Para responder a essas questões
passemos a apresenta
r o que encontramos em nossa investigação. Ao observarmos os resultados
encontrados, vemos que se considerarmos o escore de sofrimento emocional, variando de 14 a
42 pontos, percebemos que a média atingida pelos participantes do sexo masculino é de 18,46
e
entre as do sexo feminino, 18,95. As meninas chegaram a escores mais altos atingindo 38
pontos enquanto os meninos atingem 30. Outros trabalhos (WANG
et al.
, 2021) confirmam que
as mulheres apresentam níveis mais elevados de estresse, preocupação e medo d
urante a
pandemia de Covid
-
19, associados ao seu processo educacional e status familiar. O exposto
alerta para o maior risco psicossocial das mulheres durante uma pandemia e a necessidade de
considerar essas diferenças ao planejar as medidas de apoio psico
ssocial.
A figura a seguir pode contribuir para melhor visualização de tais diferenças ao se
observar o desenho que se forma ao redor da dispersão dos dados: os escores dos meninos são
mais distribuídos e atingem escores mais baixos se comparados às menina
s.
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Crianças
também sofrem: O sofrimento emocional em crianças durante a pandemia Covid 19
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Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022096, jul. 2022.
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Figura 1
–
Dispersão dos dados de sofrimento emocional em crianças por gênero
Fonte: Elaborado pelos autores
Investigando a variável raça, os dados apontaram que a menor média de sofrimento
emocional foi encontrada naquele grupo de
crianças que se autodeclarou branco (18,42 pontos),
seguida pelos pardos autodeclarados (18,59 pontos), indígenas (18,75 pontos) e, por fim, pelos
dois grupos que apresentaram médias acima de 19 pontos, sendo os amarelos de origem oriental
com 19,25 pontos
e os autodeclarados pretos atingindo 19,93 pontos de média referente ao
sofrimento emocional.
Apesar dessa pontuação média, a tabela a seguir ajuda a verificar se as diferenças
encontradas são significativas.
Tabela 1
–
Análises do sofrimento emocional e
m crianças por declaração de origem étnico
-
racial
Fonte: Elaborado pelos autores
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Luciene Regina Paulino TOGNETTA et al.
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Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022096, jul. 2022.
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A tabela anterior nos mostra que, sendo o nível de significância Valor
-
p < 0,05, há
diferenças significativas no sofrimento emocional quando há uma comparação entre as cria
nças
que se autopercebem como brancas ou pretas. Em outros trabalhos, a variável etnia/raça tem
sido associada a diferenças nos níveis de estresse, angústia e sofrimento psíquico em uma
pandemia, com maior presença destes sendo encontrada em grupos minorit
ários raciais
(MCKNIGHT
-
EILY
et al.
, 2021). Na revisão sistemática de Cuadra
et al.
(2020), o impacto
psicológico da pandemia varia de acordo com a etnia, sendo maior em grupos minoritários que
percebem maior risco diante de uma pandemia. Em nosso estudo,
aqueles que se autodeclaram
pretos apresentam escores de sofrimento emocional significativamente superior quando
comparados aos alunos autodeclarados brancos.
Outra questão que nos dispusemos a investigar foi se ter ou não celular seria uma
variável importante para a compreensão dos problemas referentes ao sofrimento emocional em
crianças. Nesse sentido, a literatura não apresentou evidências conclusivas, consta
tando que o
uso de telefones celulares em uma pandemia pode ser uma medida positiva para reduzir o
isolamento social e manter
-
se informado, o que poderia reduzir o sofrimento; no entanto,
também pode constituir uso problemático e até viciante, o que aument
a a angústia (ZHANG
et
al.
, 2021). Em nosso trabalho não encontramos diferenças significativas quanto a isso. A figura
2 nos auxilia nessa constatação, ao se observar que o formato da figura que representa a
dispersão dos escores é semelhante. É necessário
continuar investigando para fornecer
evidências que esclareçam esse problema, principalmente em crianças e adolescentes.
Figura 2
–
Dispersão dos dados Sofrimento emocional x celular próprio
Fonte: Elaborado pelos autores
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Crianças
também sofrem: O sofrimento emocional em crianças durante a pandemia Covid 19
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Considerações Finais
O pro
blema que orientou a presente pesquisa foi investigar como os estudantes dos 4o
e 5o anos do Ensino Fundamental
-
Anos Iniciais se sentem no contexto pandêmico. Dois foram
os objetivos centrais: o primeiro foi identificar a frequência de situações em que h
á indícios de
sofrimento emocional em crianças e, o segundo, verificar se há relação significativa de
sofrimento emocional com aspectos sociodemográficos, como raça, gênero e possuir celular
próprio.
Em relação ao primeiro objetivo, na categoria que verif
icou os sentimentos que indicam
sofrimento emocional, os dados apontaram que as crianças investigadas durante a pandemia
têm apresentado medo, solidão, tristeza e ansiedade. Apesar disso, dados positivos foram
encontrados quanto à convivência com a família
e quanto ao sentirem
-
se importantes perante
as pessoas. Na segunda categoria, que verificou o comportamento observável relacionado ao
sofrimento emocional, os dados apontaram que a automutilação, a participação nos desafios da
Internet e o choro têm sido
presentes entre as crianças, principalmente se considerarmos os
números absolutos. E verificamos também que os alunos perceberam queda em seu rendimento
escolar.
Quanto ao segundo objetivo, verificamos que quanto ao gênero, as meninas apresentam
escores ma
iores de sofrimento em relação aos meninos. Ao estabelecer a relação de sofrimento
com a raça, identificamos que os negros, quando comparados aos brancos, também apresentam
diferenças significativas nos escores de sofrimento apontados e, quanto à última va
riável
investigada, possuir celular próprio, não encontramos diferenças significativas.
Cuidar do bem
-
estar das nossas crianças é tarefa de toda a sociedade, que, apesar de um
contexto com “relações líquidas”, precisa assegurar que elas tenham segurança fí
sica e
emocional nos espaços que frequentam e nas relações que estabelecem com o mundo e com as
pessoas.
A escola, por excelência, é um lugar onde convivem seres humanos que estão,
permanentemente, em processo de desenvolvimento. À escola cabe criar espaç
os dialógicos
para que tanto os estudantes quanto os educadores possam expressar seus sentimentos e elaborar
seus conflitos, tanto os interpessoais quanto os intrapessoais, pois a aprendizagem não está
restrita somente aos conceitos científicos, mas também
à convivência social. Portanto, cuidar
das crianças e apoiá
-
las nos seus problemas pessoais e em situações de sofrimento emocional é
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Luciene Regina Paulino TOGNETTA et al.
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Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022096, jul. 2022.
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papel dos educadores, dos estados e suas instituições, e de todos os funcionários destinados a
isso.
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Como referenciar este artigo
TOGNETTA, L. R. P.; CUADRA
-
MARTÍNEZ, D.; QUEIROZ, D. M.; BOMFIM, S. A. B.
Crianças também sofrem: O sofrimento emocional em crianças durante a pandemia Covid 19.
Revista on line de Política e Gestão Educacional
, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022096, jul.
2022. e
-
ISSN:1519
-
9029. DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.3.16956
Submetido
em
: 21/12/2022
Revisões requeridas
: 11/02/2022
Aprovado em
: 20/04/2022
Publicado em
: 01/07/2022
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Children suffer too: Emotional suffering in children during the Covid
-
19 pandemic
RPGE
–
Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022096,
July
2022.
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ISSN: 1519
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9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.3.16956
1
CHILDREN SUFFER TOO: EMOTIONAL SUFFERING IN CHILDREN DURING
THE COVID
-
19 PANDEMIC
CRIANÇAS TAMBÉM SOFREM: O SOFRIMENTO EMOCIONAL EM CRIANÇAS
DURANTE A PANDEMIA COVID
-
19
LOS NIÑOS TAMBIÉN SUFREN: ANGUSTIA EMOCIONAL EN LOS NIÑOS
DURANTE LA
PANDEMIA COVID
-
19
Luciene Regina Paulino TOGNETTA
1
David Jorge CUADRA
-
MARTÍNEZ
2
Deise Maciel de QUEIROZ
3
Sanderli Aparecida Bicudo BOMFIM
4
ABSTRACT
:
This research aimed to investigate how students in the Initial Years of Ensino
Fundamental feel in the pandemic context. The objectives were to identify the frequency of
situations in which there are signs of emotional distress in children and to verify whether there
is a significant relationship between emotional distress and sociod
emographic aspects (race,
gender, own cell phone). A total of 1041 children from the 4th and 5th grades of Ensino
Fundamental participated in the research. The instrument used for this verification was a
questionnaire, containing sociodemographic aspects (
ethnic
-
racial origin, gender, economic
profile and access to communication resources) and situations related to emotional distress. The
data found show that children have shown both feelings and behaviors that indicate emotional
distress (fear, anxiety, lo
neliness, self
-
mutilation) and also that there are significant differences
in emotional distress scores related to gender and ethnic
-
racial origin.
KEYWORDS
:
Pandemic. Emotional suffering. Children.
RESUMO
:
O problema desta pesquisa foi investigar como os estudantes dos Anos Iniciais do
Ensino Fundamental apontam se sentirem no contexto pandêmico. Os objetivos foram
identificar a frequência de situações em que há indícios de sofrimento emocional em crianças
e
verificar se há relação significativa de sofrimento emocional com aspectos
sociodemográficos (raça, gênero, celular próprio). Participaram da pesquisa 1041 crianças
dos 4o e 5o anos do Ensino Fundamental. O instrumento utilizado para tal verificação foi u
m
questionário, contendo aspectos sociodemográficos (origem étnico
-
racial, gênero, perfil
1
São Paulo State University (UNESP), Araraquara
-
SP
–
Braz
il.
Professor at the Department of Educational
Psychology (FCLAr/UNESP). Doctorate in School and Human Development Psychology
. ORCID:
https://orcid.org/0000
-
0003
-
0929
-
4925.
E
-
mail: luciene.tognetta@unesp.br
2
Universidad de Atacama (UDA), Copiapó
–
Chile.
Prof
essor at the Psychology Department
.
ORCID:
https://orcid.org/0000
-
0002
-
0810
-
2795. E
-
mail: david.cuadra@uda.cl
3
São Paulo State University (UNESP
), Araraquara
-
SP
–
Bra
z
il.
Doctoral Student in School Education
.
ORCID:
https://orcid.org/0000
-
0002
-
3138
-
2748.
E
-
mail: dm.queiroz@unesp.br
4
São Paulo State University (UNESP), Araraquara
-
SP
–
Braz
il
.
Doctoral Student in School Education
. ORCID:
https://orcid.org/0000
-
0002
-
7371
-
5184. E
-
mail: sanderli.bicudo@unesp.br
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Luciene Regina Paulino TOGNETTA et al.
RPGE
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Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 3, e022096,
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DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.3.16956
2
econômico e acesso a recursos comunicacionais) e situações relacionadas ao sofrimento
emocional. Os dados encontrados demonstram que as crianças têm apresentado tanto
sentimentos quanto comportamentos que indicam sofrimento emocional (medo, ansiedade,
solidão, automutilação) e também que há diferenças significativas nos scores de sofrimento
emocional relacionados ao gênero e à origem étnico
-
racial.
PALAVRAS
-
CHAVE
:
Pan
demia. Sofrimento emocional. Crianças.
RESUMEN
: El problema de esta investigación fue indagar cómo los estudiantes de los dos
primeros años de Enseñanza Fundamental
-
Años Iniciales, apuntaron sentirse en el contexto
de la pandemia. Los objetivos específ
icos fueron identificar la frecuencia de situaciones en las
que se presentan signos de malestar emocional en los niños y verificar si existe una relación
significativa entre el malestar emocional y aspectos sociodemográficos (raza, género, celular
propio).
Participaron de la investigación un total de 1041 estudiantes de los grados 4º y 5º de
Enseñanza Fundamental
-
Años Iniciales. El instrumento utilizado para esta verificación fue
un cuestionario, que contenía aspectos sociodemográficos (origen étnico
-
raci
al, género,
perfiles económicos y acceso a recursos de comunicación) y situaciones relacionadas con el
malestar emocional. Los datos encontrados muestran que los niños tanto sentimientos como
conductas indicativas de malestar emocional (miedo, ansiedad, so
lidaridad, automutilación) y
también que existen diferencias significativas en las puntuaciones de malestar emocional
relacionadas con el género y el origen étnico
-
racial.
PALABRAS
-
CLAVE
: Pandemia. Sufrimiento emocional.
Niños.
Introduction
The
Covid
-
19 pandemic, caused by the Coronavirus that ravaged the world in the years
2020 and 2021, brought to the surface a very present issue in everyday life: human suffering.
First of all, it is necessary to justify why we chose to use the term "emotional
suffering"
and not to present the terminology "mental health" that has been so widely used nowadays.
The school cannot assume for itself the responsibility for treatment regarding mental
health. However, if there is no mental health, there is the manifest
ation of such lack through
pain or the conscious or unconscious feeling of suffering. Therefore, we understand "emotional
suffering" as all psychic pain that expresses exhaustion, hopelessness manifested in the form of
emotions or feelings of fear, sadness
, anguish, irritability, anxiety, depression, and that
generates indifference to self
-
care, mood swings, withdrawal, and risk behaviors such as self
-
mutilation, suicidal ideation, among others (TOGNETTA, 2022). The use of the term
"emotional suffering" wis
hes to express the school's task, which is the work with emotions and
feelings of their students, since their sufferings are commonly misunderstood in the school
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-
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3
environment as a kind of disqualification of children as "unwilling", "lazy", "inattentive"
(C
ALDERARO; CARVALHO, 2005)
.
The suffering resulting from the pandemic affected everyone, including children. Jiao
et al
. (2020) in their research pointed out data regarding children during the pandemic, where
36% of them showed dependence on parents, 32% in
attention, 29% worry, 21% sleep problems,
18% lack of appetite, 14% nightmares and 13% discomfort and agitation. But even though the
pandemic context presents some situations that create or intensify suffering in children and
adults, we must consider that
the current society, under the view of some philosophers and
sociologists, has peculiar characteristics that can
-
or not
-
generate suffering.
Bauman (2007), when using the concept of "Liquid Modernity" to refer to current
society, points out the liquefac
tion of social forms that were once quite solid, such as family,
love, friendship, work, and also identity itself. According to the author, this situation produces
anguish, constant anxiety, and liquid fear, such as the fear of unemployment, violence, and
of
not "fitting in" in this world that is changing at a fast pace.
On the other hand, Lipovetsky, in a book published in the 1980s, entitled "The age of
emptiness" (LIPOVETSKY, 1983/2005), already pointed out the emptiness as a result of the
transition fr
om Modernity to Post
-
Modernity. Interestingly, it is as if the author anticipated
quite current issues, such as the impact of technology, individualism, and the consumer society.
According to the author, it is as if traditional institutions were emptied of
meaning, no longer
offering the possibility of connection between people, but rather a certain freedom of choice
without any restrictions. In another work, he presents the term "hypermodern" as one that
overlaps Modernity. For him, hypermodern society foc
uses on the present and on individualism,
on contemporary narcissism, in an eternal search for the new, driven by the Internet and
globalization. This individual has in front of him an uncertain future that causes a certain
uneasiness and fear, besides pre
senting him with a paradoxical path: the valorization of health
and life principles, at the same time that leads him through the logic of "hyper", of excess,
which materializes in several decisions and actions. According to him, this principle of "hyper",
including hyper
-
consumption, is quite evident in the superficiality found in the expression of
emotions and affections, in social and work relationships that are based on utilitarian needs and
hedonism
.
If, therefore, in the current society, relationships
occur through ties that no longer last
and identify, but through momentary ties, few secure and superficial (BAUMAN, 2001), or
else, the certainty that this liquid modernity replaces collectivity and solidarity by individualism
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(BAUMAN, 2001) and by hyper
-
consumerism (LIPOVETSKY, 2004), how are the
relationships lived with the children and the experiences provided to them? Did this context,
together with the pandemic, generate doubts, uncertainties and suffering to our children? Are
there significant diffe
rences in the emotional distress index between boys and girls? And what
about ethnic and racial origin, are the rates of emotional distress different among children who
self
-
perceive as black, white, yellow, indigenous? Can the fact that they have their ow
n cell
phone be an important variable for more or less emotional distress in these children? Let's go
to the investigation
.
Material and method
Our research problem was to investigate how elementary school students (early years)
report feeling in the
pandemic context and, by objectives, to identify the frequency of situations
in which there are signs of emotional distress in children and verify if there is a significant
relationship of emotional distress with sociodemographic aspects (race, gender, own
cell
phone).
The questionnaire used was elaborated by members of the Study and Research Group
on Moral Education (GEPEM), together with the master's research "The relationship between
bullying, empathy and pro
-
sociability of students belonging to public s
chools in the state of São
Paulo", registered in CAEE 42330421.6.0000.5400. It consists of 38 questions, eight closed
questions about sociodemographic aspects (racial
-
ethnic origin, gender, economic profile, and
access to communication resources), eight cl
osed questions related to aspects of empathy (such
as, "When I see someone crying, do I also feel like crying?"), eight closed questions related to
aspects of pro
-
sociability (such as, "Do I offer to help classmates who need some help?")
5
and
14
situations related to emotional distress during the pandemic (according to the Table of
Emotional Distress Feeling and Behavior Categories). To achieve our objective, we used only
this last part, which referred to the aspect of emotional distress, related
to the variables of the
sociodemographic aspect
.
There were 1041 children from the early years
-
4th and 5th grades
-
who participated
as respondents, 502 boys and 539 girls, between nine and ten years old, of which 538 are fourth
grade students and 503 ar
e fifth grade students.
5
The items related to empathy and pro
-
sociality
among children are part of another investigation conducted by
GEPEM members
.
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The instrument allowed the situations to be classified into two categories, which were
organized after analyzing the answers, being Category 1: Behavior of emotional distress; and
Category 2: Feeling of emotional distress. The latte
r pointed out situations in which the students
could self
-
perceive their suffering, while the former brought situations with attitudes that would
indicate emotional suffering. That is, while some questions verified perceptions about suffering,
others inves
tigated actions, reactions, and practices that indicated suffering, as shown in the
chart below
.
Chart
1
–
Questionnaire categories: Feeling and Behavior of emotional distress
Category 1
-
Emotional Distress Behavior
Category 2
-
Feeling of
Emotional Distress
Situation 4
-
symptoms of shortness of breath
Situation 1
-
sadness
Situation 6
-
urge to cry
Situation 2
-
doing things wrong
Situation 7
-
like to be with family
Situation 3
-
perceiving fun in situations
Situation 10
-
school performance
Situation 5
-
imagining bad things in the future
Scenario 11
-
self
-
mutilation
Situation 8
-
feeling alone
Situation 14
-
participation in internet challenges
Situation 9
-
having friends
Situation 12
-
perception about family
members
Situation 13
-
Feeling important
S
ource: De
vised by the authors
To analyze the data from the first objective, we verified the frequency of responses and,
to analyze the data referring to the second objective, a quantile regression model was
proposed
(KOENKER, 2005), since it allows the comparison of median K between the different groups
of interest without the assumption of normality. For all analyses a significance level of 5% was
adopted. All analyses were performed using SAS 9.4 software.
Results and discussion
This study sought to investigate how elementary school students (early years) report
feeling in the context of the pandemic. The results presented and discussed below represent an
important contribution to the psychology of the pa
ndemic in an age group that has been little
studied and whose results come mainly from the perceptions of adults, caregivers and educators
(MATIZ
et al
., 2022). This study sought to overcome this limitation, obtaining data from the
perspective of children
and adolescents themselves
.
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Objective One: to identify the frequency of situations in which there is evidence of emotional
distress in children
Analyzing the situations that comprise Category 2, which refers to the perception of
emotional
suffering, we verified indications of suffering regarding the feeling of sadness. It can
be noted from the data that 18.6% of the children stated that they felt sad always or often.
Similar results were found in the study by Saurabh and Ranjan (2020), bein
g the feeling of
sadness one of the most frequent in children and adolescents during the pandemic, especially
in the context of quarantine as a protective measure against Covid
-
19.
Certainly, this sadness felt may bring indications of alienation and exclus
ion as we will
see later on. The children also pointed out issues related to the mistake. It can be noticed that
19% said they don't do things right or do them wrong, which evidences the hypothesis of
emotional suffering when they feel unable to do everyth
ing right. This little explored finding in
a pandemic context, especially in childhood and adolescence, is fundamental, as it may indicate
a low sense of self
-
efficacy, a capacity that has been pointed out as key to face adversity in a
pandemic context (TH
ARTORI
et al
., 2021).
When answering the questionnaire, the children also brought data about how they have
been having fun in times of pandemic: 44.1% pointed out that they do not have fun with many
things and 2.5% declared not having fun with anything. Si
milar results were reported in other
studies (LOURENÇO
et al
., 2021): children reduced their play activities in the pandemic. This
undoubtedly imposes the challenge of educating caregivers to develop strategies to encourage
play activity and fun for infant
s in a pandemic, mainly because of the close relationship between
play, health, and well
-
being
.
The data also show the relation of a common feeling among people
-
fear
-
was present
in 54% of the children's answers. Fear is also revealed as a feeling among
them, not the fears
related to childhood fantasies, but the real fears that plagued humanity during the pandemic
context. In Matiz
et al
.'s (2022) study of Italian children, Covid
-
19 fear was compared before
and after the first wave of infections, finding
no differences in levels, suggesting that this
emotion can change during the emergency phase, developing resilience when adequate family
and school support is received.
When asked about the issue of loneliness, 22.5% of children say they feel lonely, if w
e
add the responses "always" (4.0%) and "often" (18.5%). This loneliness becomes concrete when
these boys and girls refer to their friends (item 9) in which 44.3% said they don't have many
friends and would like to have more, and 3.5% said they have no fri
ends. In a pandemic context,
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isolation as a protective measure and feelings of loneliness increase the risk of developing
anxiety and depression in children. About this, some studies show the alarming number of one
-
third of adolescents reporting high level
s of anxiety in a pandemic (LOADES
et al
., 2020)
.
One piece of data that seems positive to us is that for these children interviewed, living
together at home does not seem to be so problematic when compared to the situation we have
been living in. Differen
t investigations (LAHR; TOGNETTA, 2021) have verified an increase
in violent situations (such as domestic aggression) that were present in the context in which the
instrument was applied. However, only 2.7% of the children said they experience situations i
n
which people in the house are always nervous and fight with them. A positive data, despite the
28 children in which such frequency of answers represents that they suffer in the place where
they should feel most welcome.
Another point that seems positive
to us is that "only" 20.9% feel important to a few
people. Could it be that the children are referring to family relationships? However, we still
have children who do not feel important to anyone. If we move to absolute numbers, we have
20 children with t
he feeling of not feeling valuable and important to anyone. This low personal
value could be explained by the disruption of roles and functions in pandemic periods. In this
sense, Cuadra et al. (2020) points out that pandemic emergencies not only require t
he
installation of physical health care measures, but also imply new psychosocial ways of living
together, which disrupt life routines.
So far, we have analyzed the situations that point to emotions and feelings as indicative
of emotional suffering. Now, l
et's move on to the situations that make up the category related
to
Emotional Suffering Behavior
.
In Situation 4, the children had to answer about anxiety sensations. Although 72.9% of
the respondents indicated that they do not feel short of breath, it is necessary to consider that
22.8% responded that they sometimes feel it, and that 4.4% pointed out
that their heart always
starts racing and they feel short of breath. Adding these last two percentages, there are 27.2%
of children who have had anxiety symptoms. Such data coincides with the data found by Duan
et al
. (2020) and Zhous
et al
. (2020) who poi
nt out depressive and anxiety symptoms in
students.
Another piece of data that catches our attention is about grief that is expressed in crying.
Once again, although the vast majority
-
88.6%
-
answered that they feel like crying only once
in a while, 11.4
% feel like crying frequently (7.0%) or every day (4.4%). Although the
percentages may seem low to us, if the analysis is done in absolute numbers, there are 120
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children who feel like crying at a high frequency, which may indicate suffering beyond
normali
ty. Banati, Jones, and Youssef (2020) explain that the increase in crying or the desire to
cry in young people in a pandemic context may be related to the difficulty in having adequate
supports, such as economic and health supports, to cope with the pandem
ic. Thus, young people
who perceive fewer resources to cope with the emergency are likely to express their grief with
more tears
.
When we checked the children's enjoyment of living with and/or being with their
families, the data endorsed results already po
inted out previously (situation 12) which,
apparently, seems to indicate that family coexistence does not present so many problems for
the children in this investigation: 93.6% of the children answered that they enjoy being with
their families, while 0.6%
pointed out that they never enjoy being with them and 5.8% often do
not enjoy being with their families. An interesting result that may explain the above is found in
Markowska
-
Manista and Zakrzewska
-
Olędzka's (2020) study with parents in Poland, in which
a
positive aspect of the pandemic is that the health emergency allowed families to spend more
time at home, have the opportunity to share many activities with their children, which may be
an element associated with the generation of positive emotions in chi
ldren and youth during the
pandemic.
Some situations set us on alert. In Situation 11, the children were asked about self
-
harm,
and although 88.6% pointed out that they have never thought about intentionally hurting
themselves, 11.4% of the children have s
ometimes felt like hurting themselves (10.2%) or else
have always thought about it (1.2%). Although this percentage is small only from a statistical
point of view, but when considering such responses in absolute numbers, that's 120 children
with thoughts o
f self
-
harm. A UK non
-
governmental organization, Youngminds
6
,
in 2020, also
found in their data increased anxiety, trouble sleeping, panic attacks, and, as in our larger
research, a desire to self
-
harm
.
Another item that alerted us was number 14, which ch
ecked the participation of children
in challenges they see on the Internet: 16.9% of children indicated that they always participate
in such challenges. This result seems quite serious to us, since it may indicate how much the
adults responsible for the ch
ildren have difficulty in monitoring and following the children who
surf virtual environments. We must also consider, in addition to those who "always" participate
in these challenges, that another 25.1% responded that they rarely participate, which points
us
6
https://www.youngminds.org.uk/professional/resources/?resourceType=for
-
school
-
staff#main
-
content.
Access on
: 20
Dec
. 2021.
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to at least one past experience, and when it comes to virtual environments, even a single
challenge can be dangerous or fatal. According to Cyrulnik (2014), games proposed on the
internet need to be considered as a danger for child suicides. According
to the author, they are
often understood as accidents. The causes, however, are despair, anguish, and a lack of dialogue
with adults. Such situations generate in children dangerous and risky behaviors such as the
games and challenges proposed in the virtua
l environment.
We also ask, in this investigation, in face of these indicators of suffering: How do these
boys and girls perceive their learning or the lack of it in social isolation? The results found point
out that they perceive they have lost their lea
rning during this period, and also that they have
not reached the previous levels experienced. Among the participants, 9.5% of the children said
that they did badly in subjects that they had previously done well in, and 26.4% said that their
school work is
not as good as it used to be. If these percentages are added up, 35.9% of the
children verified a drop in their performance. Costin and Coutinho (2022) point out that Brazil
is one of the countries with the greatest difficulty in facing the emergence of C
ovid
-
19, and
education in particular has been hit hard, the result of low government support to deal with the
crisis
.
Objective Two: to verify whether there is a significant relationship between emotional distress
and sociodemographic aspects (race, gende
r, own cell phone
).
In this descriptive research, 14 items were presented for the children to answer about
situations of emotional distress with four response points: never, a few times, many times, and
always. The data were analyzed from a total score adding the answers to t
he items, considering
the following score: never equals one point, a few times equals two points, many times equals
three points, and always equals four points. Thus, the score reached in the answers of each
subject can range from 14 to 42 points, so that
the higher the score, the greater the emotional
distress.
How are our children doing based on these analyses? To answer these questions we will
now present what we found in our investigation. When we observe the results found, we see
that if we consider t
he emotional distress score, ranging from 14 to 42 points, we notice that the
average reached by the male participants is 18.46 and among the females, 18.95. Girls reached
higher scores reaching 38 points while boys reached 30. Other works (WANG
et al
., 20
21)
confirm that women have higher levels of stress, worry, and fear during the Covid
-
19 pandemic,
associated with their educational process and family status. The above highlights the higher
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psychosocial risk of women during a pandemic and the need to con
sider these differences when
planning psychosocial support measures
.
The following figure may contribute to a better visualization of such differences by
observing the drawing that is formed around the dispersion of the data: boys' scores are more
distribu
ted and reach lower scores compared to girls
.
Figure
1
–
Dispersion of data on emotional distress in children by gender
Source: Devised by the authors
Investigating the variable race, the data pointed out that the lowest mean emotional
distress was found in that group of children who self
-
declared as white (18.42 points), followed
by the self
-
declared browns (18.59 points), Indians (18.75 points) and, finally, by the two
groups that presented means above 19 points, being the oriental yel
low ones with 19.25 points
and the self
-
declared black ones reaching 19.93 points of mean referring to emotional distress.
Despite this average score, the following table helps to verify if the differences found
are significant
.
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Table
1
–
Analysis of emotional distress in children by racial/ethnic origin statement
Source: Devised by the authors
The previous table shows us that, with the significance level being P
-
value < 0.05, there
are significant differences in emotional distress when
there is a comparison between children
who self
-
perceive as white or black. In other work, the variable ethnicity/race has been
associated with differences in levels of stress, distress, and psychological distress in a pandemic,
with a greater presence of
these being found in racial minority groups (MCKNIGHT
-
EILY
et
al
., 2021). In the systematic review by Cuadra
et al
. (2020), the psychological impact of the
pandemic varies by ethnicity, being greater in minority groups who perceive greater risk in the
face of a pandemic. In our study, those who self
-
declare as black show significantly higher
emotional distress scores
when compared to self
-
declared white students.
Another question we set out to investigate was whether or not having a cell phone was
an important variable in understanding the problems of emotional distress in children. In this
regard, the literature has
not provided conclusive evidence, finding that the use of cell phones
in a pandemic may be a positive measure to reduce social isolation and stay informed, which
could reduce distress; however, it may also constitute problematic and even addictive use,
whi
ch increases distress (ZHANG
et al
., 2021). In our work we found no significant differences
in this regard. Figure 2 aids us in this finding by noting that the shape of the figure representing
the dispersion of the scores is similar. Further research is ne
eded to provide evidence to clarify
this problem, especially in children and adolescents
.
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12
Figure
2
–
Dispersion of data Emotional distress x own cell phone
Source: Devised by the authors
Final remarks
The problem that guided this research was to investigate how students of the 4th and
5th years of Elementary School
-
Early Years feel in the pandemic context. There were two
main objectives: the first was to identify the frequency of situations in which t
here is evidence
of emotional distress in children and, the second was to verify whether there is a significant
relationship between emotional distress and sociodemographic aspects, such as race, gender
and having one's own cell phone.
In relation to the
first objective, in the category that verified the feelings that indicate
emotional suffering, the data pointed out that the children investigated during the pandemic
have shown fear, loneliness, sadness, and anxiety. Despite this, positive data were found
regarding living with their families and feeling important to other people. In the second
category, which verified the observable behavior related to emotional distress, the data pointed
out that self
-
mutilation, participation in Internet challenges, and
crying have been present
among the children, especially if we consider the absolute numbers. And we also found that
students perceived a drop in their school performance
.
As to the second objective, we verified that as to gender, girls present higher scores of
suffering in relation to boys. When establishing the relationship of suffering with race, we
identified that blacks, when compared to whites, also present significant
differences in the
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13
scores of suffering indicated and, as for the last variable investigated, having their own cell
phone, we did not find significant differences.
Caring for the well
-
being of our children is a task for all of society, which, despite a
con
text of "liquid relationships," needs to ensure that they have physical and emotional safety
in the spaces they frequent and in the relationships they establish with the world and with other
people
.
The school, by excellence, is a place where human beings
who are permanently in the
process of development live together. The school is responsible for creating dialogic spaces so
that both students and educators can express their feelings and elaborate their conflicts, both
interpersonal and intrapersonal, bec
ause learning is not only restricted to scientific concepts,
but also to social coexistence. Therefore, taking care of children and supporting them in their
personal problems and in situations of emotional distress is the role of educators, the states and
their institutions, and of all the employees assigned to this
.
REFERENCES
BANATI, P., JONES, N.; YOUSSEF, S. Intersecting Vulnerabilities: The Impacts of Covid
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19 on the Psycho
-
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https://link.springer.com/article/10.1057/s41287
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. Tradução: Plínio Dentzien. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar,
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BAUMAN, Z.
Tempos líquidos
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Submitted
: 21/12/2022
Revisions required
: 11/02/2022
Approved
: 20/04/2022
Published
: 01/07/2022
Management of translations and versions: Editora Ibero
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