image/svg+xml(Des) politização: Mulher, mãe e professora no ensino remoto em tempos de crise RPGE– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 4, e022102, 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.4.17116 1 (DES) POLITIZAÇÃO:MULHER, MÃE E PROFESSORA NO ENSINO REMOTO EM TEMPOS DE CRISE (DES) POLITIZACIÓN: MUJER, MADRE Y MAESTRA EN LA EDUCACIÓN A DISTANCIA EN TIEMPOS DE CRISIS (DE) POLITICIZATION: WOMAN, MOTHER AND TEACHER IN REMOTE EDUCATION IN TIMES OF CRISISMaria Cleide da Silva Ribeiro LEITE1Patrícia Helena Carvalho HOLANDA2RESUMO: Os escritos textuais fazem referência a uma pesquisa de estágio pós-doutoral do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal do Ceará, Área de Concentração Educação Brasileira. Objetivou-se compreender implicações sociais e pedagógicas do isolamento social na vida de mulheres professoras do Ensino Médio Integrado do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) Campus Canindé no contexto da pandemia do coronavírus. A submissão das mulheres pela naturalização biológica e social advém da imposição cultural por gerações. Esta problemática agravou-se ainda mais no período de isolamento social. Cada vez mais dentro de casa, as mulheres foram sobrecarregadas de atividades. Marcadores teórico-metodológicos aferiram que as mulheres precisam conhecer o sistema social e cultural que as fazem submergir. Urge a mobilização de mulheres com potencial político de articulação para a desconstrução opressora e desmistificação das conexões sociais e culturais do aprisionamento feminino; propostas afirmativas, com ações compensatórias focadas nas diferenças desiguais devem ser efetivadas para o alcance da igualdade de gênero. PALAVRAS-CHAVE: Sociedade de classe. Patriarcado. Interseccionalidade. Distanciamento social. RESUMEN:Los escritos se refieren a una investigación de pasantía posdoctoral del Programa de Posgrado en Educación de la Universidad Federal de Ceará, Área de Concentración Educación Brasileña. El objetivo fue comprender las implicaciones sociales y pedagógicas del aislamiento social en la vida de las profesoras de la Escuela Secundaria Integrada del Campus Canindé del Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) en el contexto de la pandemia de coronavirus. La sumisión de la mujer por naturalización biológica y social, proviene de la imposición cultural durante generaciones. Este problema se agravó aún más durante el periodo de aislamiento social. Cada vez más dentro del hogar, las mujeres estaban sobrecargadas de actividades. Los marcadores 1Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), Baturité – CE – Brasil. Professora. Departamento de Ensino. Pós-doutora em Educação. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4054-7257. E-mail: cleide.silva@ifce.edu.br 2Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza – CE – Brasil. Professora. Departamento de Ensino. Pós-doutorado em Educação. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8233-1190. E-mail: profa.patriciaholanda@gmail.com
image/svg+xmlMaria Cleide da Silva Ribeiro LEITE e Patrícia Helena Carvalho HOLANDA RPGE– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 4, e022102, 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.4.17116 2 teóricos y metodológicos indican que las mujeres necesitan conocer el sistema social y cultural que las sumerge. Instar a la movilización de las mujeres con potencial político de articulación para la deconstrucción de las conexiones sociales y culturales opresivas y desmitificación del encarcelamiento femenino; las propuestas afirmativas, con acciones compensatorias centradas en las diferencias desiguales deben ser eficaces para el logro de la igualdad de género. PALABRAS CLAVE:Sociedad de clases. El patriarcado. Interseccionalidad. El distanciamiento social. ABSTRACT:The textual writings refer to a post-doctoral internship research of the Post-graduate Program in Education of the Federal University of Ceará, Area of Concentration Brazilian Education. It aimed to understand the social and pedagogical implications of social isolation in the lives of female teachers of the Integrated High School of the Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) Canindé Campus in the context of the coronavirus pandemic. The submission of women by biological and social naturalization, comes from cultural imposition for generations. This problem became even worse during the period of social isolation. Increasingly inside the home, women were overloaded with activities. Theoretical and methodological markers, assert that women need to know the social and cultural system that makes them submerged. Urge the mobilization of women with political potential of articulation for the deconstruction of oppressive, demystification social and cultural connections of female imprisonment; affirmative proposals, with compensatory actions focused on unequal differences must be effective for the achievement of gender equality. KEYWORDS:Class society. Patriarchy. Intersectionality. Social estrangement. Introdução Este trabalho resultou de estágio pós-doutoral no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Ceará, Área de Concentração, Educação Brasileira, Linha de Pesquisa História e Educação Comparada. Investigamos o grupo mulheres professoras em atuação no Ensino Médio Integrado do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) campusCanindé durante isolamento social por ocasião do ensino remoto no cenário da pandemia do coronavírus nos anos 2020-2021. O IFCE é uma instituição pluricurricular e multicampi, especializada em educação profissional e tecnológica nas diferentes modalidades de ensino, ofertando matrículas do Ensino Médio ao doutorado. O campusCanindé está geograficamente localizado na microrregião de Canindé, pertencente à Mesorregião Norte do estado do Ceará. Especificamente, em relação às licenciaturas, esse campus disponibiliza quatro cursos:
image/svg+xml(Des) politização: Mulher, mãe e professora no ensino remoto em tempos de crise RPGE– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 4, e022102, 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.4.17116 3 Matemática, Pedagogia, Educação Física e Música. Com atuação nas modalidades presencial e à distância, disponibiliza também cursos de bacharelados e Pós-Graduação Lato Sensu, em articulação com o trabalho de pesquisa e extensão, sem perder de vista a concomitância com os cursos de níveis Técnico e Tecnológico. O estudo elegeu o curso Técnico Integrado ao Ensino Médio em Eletrônica, em razão de sua matriz curricular ser de natureza integrada, em tempos de ensino remoto, como também, pela escassez feminina em atuação. O referido curso visa qualificar os estudantes para atuarem como profissionais no desenvolvimento de projetos eletrônicos nas subáreas de micro controladores e microprocessadores, bem como na execução e supervisão de instalação e manutenção de equipamentos, nos sistemas eletrônicos inclusive de transmissão e de recepção de sinais (PPC, 2020). O perfil do egresso inclui a qualificação para realização de medições, testes e calibrações de equipamentos eletrônicos e execução de procedimentos de controle de qualidade e gestão (PPC, 2020). Assim, o objetivo central da formação está em formar profissionais habilitados para atuar no setor industrial e de serviço na área de eletrônica. A análise do PPC (2020), a partir do quadro de lotação, evidenciou majoritariamente a presença masculina. A discrepância entre o número de docentes homens e mulheres será evidenciada neste texto pelo viés da inadmissibilidade feminina em alguns postos de trabalho e, especificamente neste caso, como um agravante naturalizado da própria área. O número de professores sobrepõe-se ao número de professoras, algo comumente validado socialmente sob o mito da ciência dura, área das ciências exatas, algo que não convém às mulheres. Objetivamos com o estudo compreender implicações sociais e pedagógicas do isolamento social na vida de mulheres professoras do Ensino Médio Integrado do IFCE CampusCanindé no contexto da pandemia Covid-19. Para tanto, optamos por tomar decisões com base em escolhas técnicas, a fim de assegurar a autenticidade e o rigor científico das respostas, sem abrir mão da ética metodológica. Decidimos pela abordagem qualitativa alinhada ao método do estudo de caso, com as técnicas do questionário semiestruturado aplicado onlinepelo formulário Google Forms, além da análise documental, com a inserção do PPC do curso. O eixo central do referencial teórico está na abordagem feminina, como ponto de partida para análise dos fundamentos ancorados nas teorias norte-americanas e afro-brasileiras, com o intuito de contrapor a crítica acerca da opressão interseccional pela tríade gênero, raça, classe social sob a dominação do patriarcado (AKOTIRENE, 2020).
image/svg+xmlMaria Cleide da Silva Ribeiro LEITE e Patrícia Helena Carvalho HOLANDA RPGE– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 4, e022102, 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.4.17116 4 Na primeira seção estabelecemos o diálogo sobre a vida da mulher na pandemia, o desafio do trabalho remoto e os cuidados com a família. Na sequência, trazemos a seção do percurso metodológico e, em seguida, a seção dos resultados contendo a experiência do campus Canindé. Nesta parte do texto analisamos as mudanças ocorridas na vida familiar e profissional da mulher professora enquanto profissional e mãe responsável pelo bem-estar da família. Situada na classe trabalhadora, as professoras dispuseram a própria residência para o ensino remoto e adaptaram cômodos, investiram em internet, adquiriram equipamentos e aparelhos eletroeletrônicos. Por fim, nas considerações finais, destacamos a perspectiva de retomar outros pontos em estudos posteriores, a exemplo das contradições entre os homens e as mulheres na sociedade de classe, como também, a necessidade de um estudo sobre a posição social da mulher professora, com padrão de vida superior à dona de casa comum, pobre, desempregada, diarista, assalariada e negra. As contradições existentes dentro da classe feminina percebidas por ocasião de leituras atuais, por si, justificam a retomada deste assunto, urgente e oportuno. Trabalho em casa, atividades remotas e a vida de mulheres professoras na pandemia do coronavírus A pandemia do Coronavírus, desencadeada em março de 2020, impôs a paralisação das aulas presenciais devido a determinação de isolamento social. E com ele, a interrupção da rede mútua de ajuda que existia entre as mulheres: mãe e filha, avó e tias, primas e irmãs, umas se apoiavam nas outras de forma alternada em auxílio nas tarefas cotidianas. O distanciamento social não só interrompeu essa rede de apoio, como também promoveu acúmulo de atividades em meio à nova rotina. A suspensão das aulas presenciais impactou diretamente a vida de todos, sobretudo, para as pessoas mais vulneráveis, entre estas, as mulheres. A intensidade do trabalho se agravou e os afazeres domésticos triplicaram em razão dos cuidados, da orientação e acompanhamento aos filhos no ensino remoto, dos cuidados de higienização das crianças, da preparação dos alimentos, da lavagem de roupas, além do trabalho externo para o sustento familiar. As circunstâncias da pandemia colocaram as mulheres cada vez mais dentro de casa e as consequências foram imediatas: precarização das condições de moradia, da falta de acesso à rede mundial de computadores, enfrentamento à insegurança alimentar, desemprego, fome, violência, dentre outros problemas.
image/svg+xml(Des) politização: Mulher, mãe e professora no ensino remoto em tempos de crise RPGE– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 4, e022102, 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.4.17116 5 Levantamento do Jornal Datafolha, entre 10 e 14 de maio de 2021, apontou crescimento exponencial da violência contra as mulheres dentro do próprio lar. Segundo a reportagem, 73,5% da população acredita que a violência aumentou consideravelmente e 51,5% relataram ter presenciado alguma situação de violência. Tais indicadores apontaram o público feminino como o mais atingido e definiram um perfil social deste público: domésticas negras, separadas e desempregadas (PAULO, 2021). A crise no contexto brasileiro avançou rapidamente, alcançando em 2021 catorze milhões de desempregados; deste quantitativo, 06 milhões pararam de procurar emprego por não vislumbrar oportunidade. Além dos desempregados, quarenta milhões de trabalhadores vivendo sob forma uberizada3com jornada diária de até catorze horas de trabalho ininterrupto, sem descanso semanal, férias remuneradas, licença saúde e seguro-desemprego (SILVA, 2021)4. Na interface da precarização social, famílias confinadas, o vírus sem controle, crianças sem escolas, educação esvaziada, distanciando-se cada vez mais da classe que mais precisa (SAVIANI; GALVÃO, 2021). Exploradas, subjugadas ou camufladas, as mulheres desempenharam um importante papel no confinamento, afinal, elas sempre estiveram na história. Por isso, a relevância em problematizar e discutir as desigualdades que as atingem (CRENSHAW, 2002). Durante muito tempo, as mulheres foram mantidas invisíveis na sociedade, sem o acesso à cultura, a ciência e a tudo que convém ao homem. Desta forma, mantiveram-se silenciadas por longos períodos, sob rótulos de histeria, “incapacitadas” ou endemoniadas. Sem liberdade de falar em público, fazer negócios, trabalhar, enfim, sem o direito de fazer qualquer tipo de concessão, visto que não dominavam o próprio corpo, a alma e nem os pensamentos. Aprisionadas em mitos, costumes e tradições não lhes era permitida decisão alguma (DELPHY, 2015). As mulheres coisificadas pela ideia de naturalização biológica permaneceram imobilizadas na sociedade, silenciadas e aprisionadas culturalmente. Somente os homens apareciam socialmente. Desse lugar privilegiado, instituíam da classe masculina, o pensamento universal de apropriação matrimonial aplicável às mulheres como um antídoto predatório (DELPHY, 2015). Segundo Holanda e Cavalcante (2013, p. 06) ainda hoje, “a maternidade é vista como o representante maior da feminilidade”, uma vez que a natureza da mulher devesse ser cultivada como algo delicado e frágil. Esta rotulação tem como finalidade recobrir as 3Alternativa de trabalho à falta de empregos formais. Os trabalhadores informalmente, usam seus bens e oferecem serviços a patrões invisíveis por meio de aplicativos, de modo precarizado, na informalidade. 4Dados extraídos do pronunciamento do Ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no 01 de maio de 2021, em homenagem ao dia do (a) trabalhador (a), na Central Única dos Trabalhadores, Estado de São Paulo.
image/svg+xmlMaria Cleide da Silva Ribeiro LEITE e Patrícia Helena Carvalho HOLANDA RPGE– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 4, e022102, 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.4.17116 6 mulheres de atributos passivos, considerados adequados ao desempenho da função de esposa e mãe. É preciso refletir que ainda hoje, nas sociedades ocidentais, em grande medida, perdura essa compreensão da mulher como reprodutora e submissa ao homem mesmo quando a figura feminina é a provedora do lar (HOLANDA; CAVALCANTE, 2013). Em ritmo lento, este aprisionamento foi sendo redimensionado com a desconstrução das verdades absolutas aceitas socialmente e validadas culturalmente (HELLER, 2016). No século XIX, as mulheres iniciaram as primeiras conquistas, embora tímidas, começaram a se fazer presentes nos discursos e nas imagens. A partir do século XX fizeram história com suas presenças nas universidades, mudando o clima intelectual, com o domínio da escrita, alterou também o rumo da história (PERROT, 2007). O desafio no século XXI é fazer com que as conquistas das mulheres ganhem as ruas, de modo escrito ou falado, em palavras ou em gestos, o debate precisa ganhar movimento emancipatório. Os tempos mudaram e esta perspectiva de mudança emancipada precisa mudar a história, a começar pela situação econômica das mulheres com mais postos de trabalho e valorização financeira (PERROT, 2007). O longo ciclo vicioso,da desigualdade salarial entre homens e mulheres, adveio com a desumanização da classe trabalhadora, especialmente sobre os mais pobres e a população negra, que continua relegada a atividades degradantes. O capital concentrou renda e acumulou riquezas, proletarizou a classe operária, deixando-a sem direitos e mais vulnerável. O triunfo de acúmulo do capital imprimiu nos grandes centros urbanos a violência, a exclusão, a fome e a miséria absoluta. Os precursores do colonialismo, alinhados ao patriarcado, articularam-se no capitalismo, reforçando a alienação pela via da brutalização (DAVIS, 2016). Em meio à crise humanitária da pandemia, o mercado tornou-se cada vez mais insidioso, remodelou o trabalho com a logística do Home Office. O distanciamento físico alocou a indústria digital e o trabalho remoto como o novo modelo produtivo (MARTINS, 2020). Por conseguinte, a educação não ficou imune ao trabalho remoto. O avanço da pandemia paralisou universidades, escolas, postos de trabalho, turismo, dentre outras atividades classificadas como não essenciais, o que alargou mais espaço ao Home Office. No centro da crise sanitária a educação situou-se com o ensino remoto, propalado emergencialmente para todos, sem que todos tivessem acesso aos bens e serviços digitais. Assim, estandardizou-se a cruel pedagogia do vírus de maneira incomum no meio digital, tecnológico e educacional (SANTOS, 2020). As regras do confinamento que
image/svg+xml(Des) politização: Mulher, mãe e professora no ensino remoto em tempos de crise RPGE– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 4, e022102, 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.4.17116 7 determinou o ensino remoto emergencial não asseguraram condições de formação, o que agravou ainda mais a estrutura desigual. Neste contexto excludente, a educação se manteve subdesenvolvida, limitada, fragmentada, milhões de crianças não conseguiram se alfabetizar, cinquenta por cento dos jovens não fizeram a prova do Exame nacional do Ensino Médio em 2021. O avanço da pandemia não suavizou o déficit escolar, como pelo contrário, trouxe mais pobreza extrema, violência, fome e miséria. A erosão democrática fragilizou o tecido social, acirrou a polarização ideológica com evidentes riscos à democracia brasileira, silenciando as universidades para o fortalecimento da inoperância de políticas populistas (LEMES; SANTOS CRUZ, 2020). Emrelação ao Ensino Médio, pesquisa da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE, 2020), constatou que 53,6% da classe docente foi qualificada para ministrar aulas remotas e metade destes professores compartilham recursos tecnológicos com outras pessoas em seu espaço domiciliar. Outro dado relevante acerca dos professores é o fato de que 9 a cada 10 professores utilizou o telefone celular na realização de aulas remotas. O acesso à internet banda larga não alcançou a todos professores, mais de 24% precisaram utilizar pacote de dados móveis para ministrar aulas no contexto do ensino remoto. Os dados evidenciaram ainda que 43,5% de docentes do Ensino Médio realizavam aulas remotas síncronas e 9 a cada 10 docentes elaboravam as atividades para enviar aos estudantes. Na concepção docente: “houve um aumento das horas de trabalho gastas na preparação das aulas não presenciais em todas as etapas da Educação Básica” (CNTE, 2020, p. 15). Assim o ensino remoto impactou diretamente no desempenho estudantil. Especificamente, em relação ao Ensino Médio, 45,8% dos discentes “[...] diminuíram drasticamente a participação nas atividades propostas” (CNTE, 2020, p. 18). Na compreensão dos professores, 1 em cada 4 estudantes não disporia dos recursos para ter acesso ao ensino remoto, afetando diretamente a realização das atividades. Tomando esta visão geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, buscamos entender as especificidades do Ensino Médio Integrado do campus Canindé a partir da atuação profissional de professoras que se voluntariaram a colaborar com a pesquisa, partilhando a subjetividade feminina, a partir do que viveram desde março de 2020, quando as aulas presenciais foram interrompidas.
image/svg+xmlMaria Cleide da Silva Ribeiro LEITE e Patrícia Helena Carvalho HOLANDA RPGE– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 4, e022102, 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.4.17116 8 Fundamentos teórico-metodológicosMetodologicamente, articulamos a dimensão qualitativa com o método estudo de caso, o qual envolveu uma situação reconhecida como um problema real da vida cotidiana. Tratamos, portanto, de um problema a partir de experiências humanas e suas relações sociais, por diferentes variáveis, desde o lugar de fala às condições de trabalho das respondentes. Flick (2009) destaca que a pesquisa qualitativa tem como primazia estudar relações complexas. Trata-se de uma abordagem que busca dar conta da subjetividade cotidiana, como um ato social de construção do conhecimento ao invés de somente explicá-la por meio do isolamento de variáveis. A pesquisa qualitativa preocupa-se “[...] com um nível de realidade que não pode ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos [...]” (MINAYO, 1994, p. 21-22). Alinhado à abordagem qualitativa, selecionamos o método estudo de caso para que este propiciasse a exploração do fenômeno, conduzindo-a a exaustão, permitindo a clareza e a sequência coerente das decisões no processo de coleta, organização e tratamento das informações, para posteriormente fazer a interpretação dos dados do caso do IFCE, campus Canindé (ZANELLI, 2002). Com o propósito de coletar as informações, recorremos às estratégias metodológicas da análise documental e do questionário online. Com base em Gil (2007), a pesquisa documental utiliza-se de materiais que ainda não receberam tratamento analítico, diferenciando-se, portanto, da pesquisa bibliográfica, que se utiliza das contribuições de variados autores sobre um assunto específico. Nesse sentido, fontes documentais podem e devem ser incluídas no decorrer de uma investigação, tais como: relatórios, documentos oficiais, filmes, dossiê, vídeos, gravações, dentre outros registros. No caso em comento, debruçamo-nos sobre o PPC do referido Curso a fim de acrescentar dados para além do questionário. O questionário, na compreensão de Gil (2007), trata-se de uma técnica investigativa composta de questões abertas ou fechadas, estruturadas ou semiestruturadas utilizadas online ou presencialmente, conforme as condições de realização e os objetivos da pesquisa. Diante do distanciamento social recomendado pelos órgãos de saúde, aplicamos as questões de forma
image/svg+xml(Des) politização: Mulher, mãe e professora no ensino remoto em tempos de crise RPGE– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 4, e022102, 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.4.17116 9 virtual atentas aos aspectos éticos. Neste sentido, ressaltamos que a investigação em tela passou pelo Comitê de Ética na Pesquisa5. Concluída a coleta do processo investigativo, as informações foram organizadas e categorizadas. Após tratamento adequado, foram refletidas à luz da Análise do Discurso Crítico (ADC), de Fairclough (2010). Deste modo, a análise manteve-se conduzida à exaustão, a fim de alcançar densidade ao fenômeno estudado conforme evidenciaremos a seguir no formato de recorte. O curso analisado agregava 23 docentes nas disciplinas do núcleo comum e na área técnica profissional; deste quantitativo, apenas cinco eram mulheres, sendo estas, as respondentes identificadas com a letra “P” acrescida dos números ordinais na ordem crescente: (P-1); (P-2); (P-3); (P-4) e (P-5). O recorte sintetiza alguns dos trechos contidos no relatório que sinalizam respostas às implicações sociais e pedagógicas pela ótica das respondentes. Resultados e discussões: a realidade do Ensino Médio Integrado em Eletrônica do IFCE campus Canindé/CEA história humana foi alicerçada com o esforço de muitas mulheres e reconhecer os esforços destas pioneiras nos ajuda a entender os mecanismos opressores do patriarcado fortemente atracado à divisão sexual, à classe social e à raça humana (DAVIS, 2016). Os marcadores sociais entre menino e menina são bem definidos desde a composição dos enxovais, incluindo preparativos e cores para reforçar a engenhosidade patriarcal. Os meninos são encorajados a não chorar, a não ser frágeis, pois são eles os responsáveis pela perpetuação da espécie, enquanto as meninas devem ser reservadas ao matrimônio e destinadas à procriação. Com base nas respostas das participantes, estes marcadores sociais e culturais reluziram na pandemia. As mulheres foram visivelmente impactadas com mudanças imediatas em suas vidas cotidianas. Em relação às mulheres professoras, suas práticas docentes também foram alteradas desde a inserção de recursos digitais e tecnológicos à adaptação de espaços físicos, trazendo, inclusive adoecimento e sofrimento para docentes que não conseguiram se adaptar rapidamente às atividades remotas. Na compreensão de P-1, no ensino remoto, “há dias ruins e dias menos ruins”. Ao fazer o desabafo, expôs sua condição de trabalho nos últimos meses, pontuou a existência de 5Conforme parecer n. 4.769.199 da Plataforma Brasil.
image/svg+xmlMaria Cleide da Silva Ribeiro LEITE e Patrícia Helena Carvalho HOLANDA RPGE– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 4, e022102, 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.4.17116 10 um conjunto de problemas, desde o acesso, instabilidade da internet, adoecimento psicológico, ansiedade e preocupação com a família, com o déficit escolar, com os alunos, além do temor pela própria vida: “são problemas de natureza complexa, por isso, não dá para ter dia bom”. No raciocínio de Santiago (2021), o contexto caótico do isolamento social afastou as pessoas umas das outras. Familiares e amigos foram impedidos da convivência social, privados de ambientes de lazer, permaneceram sem a presença física de pessoas queridas e isto impactou profundamente na qualidade de vida, trazendo mais cansaço profissional. Dentre as implicações pedagógicas destacaram a falta de formação voltada ao contexto remoto, as desigualdades sociais, as más condições de moradia, a falta de acesso à internet, interferência de barulho interno e externo; tudo isto interferiu diretamente nas práticas pedagógicas. Assinalaram ainda o sentimento de que a potencialidade docente encontrada nas atividades presenciais parecia ter se modificado em desafios constantes para muitos docentes (FIRMINO et al., 2021). Em relação a vida social das mulheres, respondeu a P-2: A pandemia tem impactado de inúmeras formas a vida das mulheres na pandemia. Dentre muitos fatores, podemos considerar a sobrecarga de trabalho devido as demandas domésticas e profissionais que agora se misturam durante o dia e não têm hora para terminar. As mulheres, na maioria das famílias, também assumem o papel de cuidar dos familiares que adoecem e de assumir as responsabilidades domésticas. E as mulheres que são mães aumentaram exponencialmente sua sobrecarga de trabalho, tendo que dar conta da educação e cuidados com os filhos, realização de atividades domésticas e profissionais. A pandemia só evidenciou para a sociedade a sobrecarga de trabalho das mulheres(P-2). O modo de produção doméstica está na centralidade da base familiar para a sustentação das estruturas patriarcais e do sistema da produção flexível neocapitalista. As mulheres, na identidade de esposas e dona de casa, assumem o trabalho pesado no interior dos lares como sustentáculos invisíveis na funcionalidade do mercado (DELPHY, 2015). Sem remuneração e sem direitos assegurados, a mulher lava, passa, cozinha, faxina a casa, cuida dos filhos, garante o bem-estar familiar, enquanto o homem dedica todo o seu tempo ao setor do trabalho assalariado. Neste sentido, a classe feminina constitui-se apropriada ao matrimônio e adequada ao sistema produtivo sob a identidade de dona de casa. A serviçodo capital, as mulheres se mantêm distantes da formação, dos postos de trabalho e consequentemente, da militância política. Carneiro (2011) chama a atenção para duas matrizes poderosas na construção do potencial que mantém as mulheres distantes da arena política. São as matrizes da miscigenação e da democracia racial. Ambas são
image/svg+xml(Des) politização: Mulher, mãe e professora no ensino remoto em tempos de crise RPGE– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 4, e022102, 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.4.17116 11 responsáveis pela eficácia na ocultação das desigualdades sociais e culturais. A funcionalidade destas duas matrizes alinhada ao patriarcado, assegura a repetição do passado no presente através do aparelhamento racial. Por isso, o desafio feminista não é simplista, uma vez que a raça e classe se constituem elementos de retroalimentação ao sistema patriarcal na estruturação das desigualdades. Na percepção de Tabet (2004), as mulheres são intercambiadas pela ignorância como um dos principais pilares da sua opressão. Muitas delas não têm consciência do nível de exploração a que são conduzidas. Este desconhecimento entre as próprias mulheres é algo tão natural, aceito por todos, que as mulheres também compactuam com a naturalização ingenuamente (GUILLAUMIN, 2003). A responsabilização das mulheres no lar foi unanimidade entre as respondentes. De início ficou bem mais complicado. A gente já trabalhava muito, mas tinha o hábito de fazer outras coisas para diferenciar o final de semana. Na pandemia a gente não consegue se deligar e permanece no computador. A implicação principal foi a falta da rede de colaboração. Diminuiu muito o apoio de amigos e familiares. O descanso por parte dos pais, a falta de interação por partes das crianças vividas na escola. Isso afetou muito a todos, incluindo as crianças e a vida social. A responsabilidade da mulher sobre todos da casa. Tudo isso é bem complicado(P-5). As mulheres precisam ter condições para lutar e se reconhecer como parte da luta. O engajamento feminino não pode ser reduzido a esclarecimentos que perpassem a conscientização das mulheres. Faz-se necessário, portanto, uma forma de práxis alicerçada em práticas afirmativas que alimentem o discurso para a mudança social (FAIRCLOUGH, 2010). Originária do Estruturalismo e da Psicanálise, a Análise do Discurso Crítica (ADC), de Fairclough (2010), orienta para a desconstrução da mística e do problema da modelagem estrutural que domina as pessoas. Como área transdisciplinar, os pressupostos da ADC, desnudam ideologias cristalizadas nos discursos arraigados. Deste modo, a ADC atribui respeito à ética, à justiça e à coerência no processo de análise com foco no problema social, posto que seus objetivos estão sempre voltados à dimensão política, social e cultural. A ADC aborda a dialética relacional como elemento dissociado da linguagem representativa que inferioriza práticas conservadoras. O reconhecimento relacional das diferenças das relações cotidianas precisa se relacionar com novas práticas sociais justas e coesas capazes de sustentar o constructo social humanizado no contexto (FAIRCLOUGH, 2010). Desta forma, a sociedade não reproduz a realidade desigual porque redimensiona as práticas conservadoras para a mudança social através de fatos reais expressos nos eventos sociais, isto é, por meio de ações para além do discurso.
image/svg+xmlMaria Cleide da Silva Ribeiro LEITE e Patrícia Helena Carvalho HOLANDA RPGE– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 4, e022102, 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.4.17116 12 Com base em Fairclough (2010), a caracterização social do discurso é imanente ao próprio contexto social, parte deste e volta-se à realidade social. A ineficiência da articulação humanizadora fortalece a mística e aprofunda o problema social através da modelagem da dominação que reproduz a opressão. A respondente P-4 percebe que não é fácil libertar as mulheres, sobretudo, as que estão em situação vulnerável. São exatamente estas mulheres as que mais precisam de proteção e não escapam do assédio, da violência, da fome e da exclusão de qualquer natureza. Reconhecido este estado situacional, a estratégia é refletir sobre o que poderá ser feito e como será possível avançar coletivamente no debate sobre políticas e ações voltadas à classe das mulheres. As respondentes afirmaram que não faz sentido dentro da própria classe feminina umas mulheres não se importarem com outras, por isso, a desigualdade da própria classe é intolerável. A responsabilidade doméstica no ambiente familiar se manifesta de maneira indiscutível, o que evidencia o propósito da reflexão ideológica acerca da diferença do sexo no sentido de deslocar o poder social conferido aos homens pela divisão sexual e do trabalho. Não se trata de colocar homens e mulheres em sobreposição, mas estudá-los de maneira relacional e dialética sem contrapor as mulheres como seres únicos, e sim dentro de um conjunto sociopolítico (FALQUET, 2014). Os estudos de Guillaumin (2003) asseveram a existência de um arsenal jurídico que assegura a perpetuação da responsabilidade feminina. A apropriação coletiva se dá pelo casamento e, de maneira consuetudinária, os afazeres domésticos são garantidos como um direito masculino ao deter uma mulher aparelhada à lógica da propriedade privada. Com esta lógica cultural, o homem toma a posse pelo direito, determina as condições de confinamento, o uso ou não da violência física ou psíquica, a coação sexual com ou sem o consentimento. Assim, o matrimônio oscila entre flores e silêncio, amparado no direito contratual contrastado na desigualdade naturalizada como se nada pudesse ser feito. Na apropriação concreta e material do casamento têm-se as flores, o culto, a religião e, se nada disso for suficiente, a lei garante a apropriação do corpo e o culto religioso a alma (GUILLAUMIN, 2003). É importante compreender a dinâmica de violência imbricada no gênero como algo amplo, construído socialmente (AKOTIRENE, 2019). Precisamos entender os diferentes tipos de ameaça que alcançam as mulheres nos postos de trabalhos, nas ruas e na sociedade a fim de criarmos estratégias educacionais, a exemplo do modelo formativo, política sábia que poderá se constituir uma alternativa viável (MAHDI; PIRANI, 2021).
image/svg+xml(Des) politização: Mulher, mãe e professora no ensino remoto em tempos de crise RPGE– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 4, e022102, 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.4.17116 13 São situações que apresentam níveis de classificação e deixam marcas profundas, fazendo-se necessário fortalecer a rede de acolhimento, de proteção e de qualificação para que estas mulheres ocupem mais espaço no debate e se reconheçam como parte da luta na unidade feminina. Considerações finais A pandemia do Coronavírus avançou rapidamente, impactando mundialmente a saúde, a educação, a economia e o modo de vida das pessoas. A situação epidemiológica deflagrou a crise humanitária, trazendo consequências diretas à vida humana. Ao serem paralisados serviços essenciais e não essenciais alteraram-se profundamente as relações de trabalho, sendo inserida a lógica do Home Office,a exemplo da telemedicina e do próprio ensino remoto emergencial. As mudanças alteraram a rotina das pessoas e as consequências foram imediatas, sobretudo, para os indivíduos mais vulneráveis, incluindo crianças, mulheres e idosos. Muitas mulheres tiveram a condição de ficar reclusas, enquanto outras enfrentaram trabalho árduo, violência, exclusão, fome, abandono, adoecimento físico e psicológico. Reclusas socialmente, as professoras participantes, embora com uma renda assegurada, também responderam que vivenciaram desafios. Tiveram que adaptar espaços físicos, reforçar pacotes de internet, aprender a utilizar estratégias digitais, orientar os filhos, fazer a própria alimentação, além das tarefas pedagógicas. A pesquisa aferiu que as mulheres foram fortemente atingidas, pois viram sua rede de apoio ser reduzida, além de desafios, como: desemprego, violência doméstica, abandono social, sem alento e sustento para a própria família, arruinando diretamente a luta feminista. Concluímos que as mulheres continuam separadas uma das outras pelas diferenças. Diversos aspectos interferem em suas vidas e caracterizam as experiências por marcadores sociais. As implicações ideológicas e o desconhecimento pela falta de acesso à cultura favorecem a dominação masculina. Assim, uma vez que boa parte das mulheres desconhece seus direitos, facilmente renuncia ao que já lhe é assegurado. A unidade doméstica se constitui um dos lugares em que a opressão masculina se manifesta de maneira indiscutível, impedindo o desenvolvimento da consciência das oprimidas. A ênfase desta pesquisa lançou luzes sobre as experiências de mulheres professoras que disponibilizaram suas vivências e que também admitiram a desigualdade entre as próprias mulheres a partir de marcadores sociais.
image/svg+xmlMaria Cleide da Silva Ribeiro LEITE e Patrícia Helena Carvalho HOLANDA RPGE– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 4, e022102, 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.4.17116 14 Dentre seus respectivos lugares de fala, as respondentes reconheceram que, embora diante dos desafios do ensino remoto, dispõem de uma vida tranquila em relação ao bem-estar social da família, conscientes de que alimentação, moradia segura e segurança familiar não são aplicáveis à totalidade feminina. REFERÊNCIAS AKOTIRENE, C. Interseccionalidade. São Paulo: Pólen, 2019. CARNEIRO, S. Racismo, sexismo e desigualdade no Brasil. São Paulo: Selo Negro, 2011. CNTE. CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO. Trabalho Docente em Tempos de Pandemia. Relatório Técnico. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, Grupo de Estudos sobre Política Educacional e Trabalho Docente (GESTRADO/UFMG), 2020. CRENSHAW, K. Documento para o encontro de especialistas em aspectos da discriminação racial relativos ao gênero. Estudos Feministas, v. 10, n. 1, p. 171-188, jan. 2002. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ref/a/mbTpP4SFXPnJZ397j8fSBQQ/?format=html&lang=pt. Acesso em: 06 jun. 2021. DAVIS, A. Mulheres, raça e classe. São Paulo: Boitempo, 2016. DELPHY, C. O inimigo principal: A economia política do patriarcado. Revista Brasileira de Ciência Política, Brasília, n. 17, p. 99-119, maio/ago. 2015. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbcpol/a/wwgKkcLrkZv5qgnF6kRQfXs/?lang=pt&format=html. Acesso em: 08 set. 2021. FAIRCLOUGH, N. Critical Discourse Analysis: The critical studyof language. 2. ed. Harlow, 2010. FALQUET, J. Por uma anatomia das classes de sexo: Nicole-Claude Mathieu ou a consciência das oprimidas. Lutas Sociais, São Paulo, v. 18, n. 32, p. 09-23, jan./jun. 2014. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/ls/article/view/25688. Acesso em: 20 maio 2021. FIRMINO, N. C. S. et al. Os saberes docentes no ensino remoto emergencial: Experiências no estado do Ceará. Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar, Mossoró, v. 7, n. 21, jun. 2021. Disponível em: http://natal.uern.br/periodicos/index.php/RECEI/article/view/3210. Acesso em: 01 jul. 2021. FLICK, U. Introdução à pesquisa qualitativa. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. GIL, A. C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo: Atlas, 2007. GUILLAUMIN, C. Racism, sexism, power and ideology.Nova York: Taylor & Francis e-Library, EUA, 2003.
image/svg+xml(Des) politização: Mulher, mãe e professora no ensino remoto em tempos de crise RPGE– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 4, e022102, 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.4.17116 15 HELLER, A. O cotidiano e a história. 11. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2016. HOLANDA, P. H. C.; CAVALCANTE, M. J. M. Do Amor ao Casamento: Análise de um manual de preparação das moças para assumir os deveres de esposa, mãe, dona-de-casa, em circulação no nordeste do Brasil em meados do século XX. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO, 7., 2013, Mato Grosso. Anais[...]. Universidade Federal de Mato Grosso, 2013. LEMES, S. S.; SANTOS CRUZ, J. A. Editorial, v. 24, n. 1, jan./abr. 2020: O silêncio – ou apatia – da Universidade, a crise e a erosão da razão democrática. Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 24, n. 1, p. 1-3, 2020. DOI: 10.22633/rpge.v24i1.13420. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/rpge/article/view/13420. Acesso em: 11 abr. 2022. MAHDI, N.; PIRANI, S. Educação política sábia: Características, princípios e eficiência. Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 25, n. 3, p. 2641–2654, set./dez. 2021. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/rpge/article/view/15471. Acesso em: 11 abr. 2022. MARTINS, I. Home Office deve ser tendência entre empresas após a pandemia.Jornal Correio Brasiliense, Trabalho e Formação, 05 jul. 2020. Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/eu-estudante/trabalho-e-formacao/2020/07/05/interna-trabalhoeformacao-2019,869603/home-office-deve-ser-tendencia-entre-empresas-apos-a-pandemia.shtml. Acesso em: 08 jun. 2021. MINAYO, M. C. S. (org.). Pesquisa Social:Teoria, método e criatividade. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994. PAULO, P. P. Uma em cada quatro mulheres foi vítima de algum tipo de violência na pandemia no Brasil. G1 SP, jun. 2021. Disponível em: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2021/06/07/1-em-cada-4-mulheres-foi-vitima-de-algum-tipo-de-violencia-na-pandemia-no-brasil-diz-datafolha.ghtml. Acesso em: 10 jul. 2021. PERROT, M. Minha história dasmulheres. São Paulo: Contexto, 2007. PPC. Projeto Pedagógico do Curso Técnico Integrado ao Ensino Médio em Eletrônica. Ceará: PPC do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará- IFCE, Campus Canindé, 2020. SANTIAGO, A. P. Um ano fora do tempo. In: SENA, I. P. F. S.; MORAIS, T. C. A. (org.). Durante a pandemia:Um saldo parcial de nós mesmos. Porto Alegre: Editora Fi, 2021. SANTOS, B. S. A cruel pedagogia o vírus. Coimbra: Boitempo, 2020. SAVIANI, D.; GALVÃO, A. C. Educação na pandemia: A falácia do “ensino” remoto. Universidade e Sociedade, n. 67, p. 36-49, jan. 2021. Disponível em: https://docente.ifrn.edu.br/julianaschivani/disciplinas/midias-educacionais/educacao-na-pandemia-a-falacia-do-201censino201d-remoto/view. Acesso em: 18 ago. 2021.
image/svg+xmlMaria Cleide da Silva Ribeiro LEITE e Patrícia Helena Carvalho HOLANDA RPGE– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 4, e022102, 2022. e-ISSN: 1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.4.17116 16 SILVA, L. I. L. Lula faz discurso eleitoral e critica Bolsonaro em ato de 1º de Maio. São Paulo: UOL, 2021. 1 vídeo (5 min). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=1AR9D-j_f6k Acesso em: 10 jun. 2021. TABET, P. La grande arnaque. Sexualité des femmes et échange économico-sexuel. L’Harmattan. Paris: Bibliothèque du féminisme, 2004. ZANELLI, J. C. Pesquisa qualitativa em estudos da gestão de pessoas. Estudos de psicologia, Natal, v. 7, p. 79-88, 2002. Disponível em: https://www.scielo.br/j/epsic/a/GdRk6zHHNz4yL6NBsH6P4yH/abstract/?lang=pt. Acesso em: 22 maio 2021. Como referenciar este artigo LEITE, M. C. S. R.; HOLANDA, P. H. C. (Des) politização: Mulher, mãe e professora no ensino remoto em tempos de crise. Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 4, e022102, 2022. e-ISSN:1519-9029. DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.4.17116 Submetido em: 23/03/2022 Revisões requeridas em: 10/05/2022 Aprovado em: 07/07/2022 Publicado em: 01/09/2022 Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.Revisão, formatação, normalização e tradução.
image/svg+xml(De) politicization: Woman, mother and teacher in remote education in times of crisisRPGE– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 4, e022102, 2022. e-ISSN:1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.4.17116 1 (DE) POLITICIZATION: WOMAN, MOTHER AND TEACHER IN REMOTE EDUCATION IN TIMES OF CRISIS(DES) POLITIZAÇÃO:MULHER, MÃE E PROFESSORA NO ENSINO REMOTO EM TEMPOS DE CRISE (DES) POLITIZACIÓN: MUJER, MADRE Y MAESTRA EN LA EDUCACIÓN A DISTANCIA EN TIEMPOS DE CRISIS Maria Cleide da Silva Ribeiro LEITE1Patrícia Helena Carvalho HOLANDA2ABSTRACT: The textual writings refer to a post-doctoral internship research of the Post-graduate Program in Education of the Federal University of Ceará, Area of Concentration Brazilian Education. It aimed to understand the social and pedagogical implications of social isolation in the lives of female teachers of the Integrated High School of the Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) Canindé Campus in the context of the coronavirus pandemic. The submission of women by biological and social naturalization, comes from cultural imposition for generations. This problem became even worse during the period of social isolation. Increasingly inside the home, women were overloaded with activities. Theoretical and methodological markers, assert that women need to know the social and cultural system that makes them submerged. Urge the mobilization of women with political potential of articulation for the deconstruction of oppressive, demystification social and cultural connections of female imprisonment; affirmative proposals, with compensatory actions focused on unequal differences must be effective for the achievement of gender equality. KEYWORDS: Class society. Patriarchy. Intersectionality. Social estrangement. RESUMO: Os escritos textuais fazem referência a uma pesquisa de estágio pós-doutoral do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal do Ceará, Área de Concentração Educação Brasileira. Objetivou-se compreender implicações sociais e pedagógicas do isolamento social na vida de mulheres professoras do Ensino Médio Integrado do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) Campus Canindé no contexto da pandemia do coronavírus. A submissão das mulheres pela naturalização biológica e social advém da imposição cultural por gerações. Esta problemática agravou-se ainda mais no período de isolamento social. Cada vez mais dentro de casa, as mulheres foram sobrecarregadas de atividades. Marcadores teórico-metodológicos aferiram que as mulheres precisam conhecer o sistema social e cultural que as fazem submergir. Urge a mobilização de mulheres com potencial político de articulação para a desconstrução opressora e desmistificação das conexões sociais e culturais do aprisionamento feminino; propostas 1Federal Institute of Education, Science and Technology of Ceará (IFCE), Baturité – CE – Brazil. Professor. Department of Teaching. Post-Doctor in Education. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4054-7257. E-mail: cleide.silva@ifce.edu.br 2Federal University of Ceará (UFC), Fortaleza – CE – Brazil. Professor. Department of Teaching. Post-Doctor Student in Education. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8233-1190. E-mail: profa.patriciaholanda@gmail.com
image/svg+xmlMaria Cleide da Silva Ribeiro LEITE and Patrícia Helena Carvalho HOLANDA RPGE– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 4, e022102, 2022. e-ISSN:1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.4.17116 2 afirmativas, com ações compensatórias focadas nas diferenças desiguais devem ser efetivadas para o alcance da igualdade de gênero. PALAVRAS-CHAVE: Sociedade de classe. Patriarcado. Interseccionalidade. Distanciamento social. RESUMEN:Los escritos se refieren a una investigación de pasantía posdoctoral del Programa de Posgrado en Educación de la Universidad Federal de Ceará, Área de Concentración Educación Brasileña. El objetivo fue comprender las implicaciones sociales y pedagógicas del aislamiento social en la vida de las profesoras de la Escuela Secundaria Integrada del Campus Canindé del Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) en el contexto de la pandemia de coronavirus. La sumisión de la mujer por naturalización biológica y social, proviene de la imposición cultural durante generaciones. Este problema se agravó aún más durante el periodo de aislamiento social. Cada vez más dentro del hogar, las mujeres estaban sobrecargadas de actividades. Los marcadores teóricos y metodológicos indican que las mujeres necesitan conocer el sistema social y cultural que las sumerge. Instar a la movilización de las mujeres con potencial político de articulación para la deconstrucción de las conexiones sociales y culturales opresivas y desmitificación del encarcelamiento femenino; las propuestas afirmativas, con acciones compensatorias centradas en las diferencias desiguales deben ser eficaces para el logro de la igualdad de género. PALABRAS CLAVE:Sociedad de clases. El patriarcado. Interseccionalidad. El distanciamiento social. Introduction This work resulted from a postdoctoral internship in the Graduate Program in Education of the Federal University of Ceará, Concentration Area, Brazilian Education, Line of Research History and Comparative Education. We investigated the group women teachers working in the Integrated High School of the Federal Institute of Education, Science and Technology of Ceará (IFCE) Canindé campus during social isolation on the occasion of remote education in the scenario of the coronavirus pandemic in the years 2020-2021. IFCE is a pluri-curriculum and multicampi institution, focused on professional and technological education in different teaching modalities, offering enrollments from high school to PhD. The Canindé campus is geographically located in the Canindé microregion, belonging to the Northern Mesoregion of the state of Ceará. Specifically, in relation to bachelor's degrees, this campusoffers four courses: Mathematics, Pedagogy, Physical Education and Music. Acting in the face-to-face and distance modalities, it also offers bachelor's and graduate courses
image/svg+xml(De) politicization: Woman, mother and teacher in remote education in times of crisisRPGE– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 4, e022102, 2022. e-ISSN:1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.4.17116 3 lato sensu, in conjunction with the work of research and extension, without losing sight of the concomitance with the courses of Technical and Technological levels. The study elected the Technician Integrated to High School in Electronics course, because its curricular matrix is of an integrated nature, in times of remote teaching, as well as by the female scarcity in action. This course aims to qualify students to act as professionals in the development of electronic projects in the subareas of micro controllers and microprocessors, as well as in the execution and supervision of installation and maintenance of equipment, in electronic systems including transmission and reception of signals (PPC, 2020). The graduate profile includes the qualification to perform measurements, tests and calibrations of electronic equipment and execution of quality control and management procedures (PPC, 2020). Thus, the central objective of the training is to train professionals qualified to work in the industrial and service sector in the electronics area. The analysis of the PPC (2020), based on the stocking picture, showed mostly the male presence. The discrepancy between the number of male and female teachers will be evidenced in this text by the bias of female inadmissibility in some jobs and, specifically in this case, as a naturalized aggravating factor in the area itself. The number of teachers overlaps with the number of teachers, something commonly socially validated under the myth of hard science, an area of exact sciences, something that is not appropriate for women. We aimed to understand the social and pedagogical implications of social isolation in the lives of women teachers of the Integrated High School of IFCE Canindé Campus in the context of the Covid-19 pandemic. To this end, we chose to make decisions based on technical choices, in order to ensure the authenticity and scientific exigence of the answers, without giving up methodological ethics. We decided on the qualitative approach aligned with the case study method, with the techniques of the semi-structured questionnaire applied online by the Google Forms form, in addition to the documentary analysis, with the insertion of the PPC of the course. The central axis of the theoretical framework lies in the feminine approach, as a starting point for analyzing the foundations anchored in North American and Afro-Brazilian theories, in order to counter the criticism about intersectional oppression by the triad gender, race, social class under the domination of patriarchy (AKOTIRENE, 2020). In the first section we established the dialogue about women's life in the pandemic, the challenge of remote work and family care. Secondly, we bring the section of the methodological route and then the results section containing the experience of the Canindé campus. In this part of the text, we analyze the changes that occurred in the family and professional life of the female
image/svg+xmlMaria Cleide da Silva Ribeiro LEITE and Patrícia Helena Carvalho HOLANDA RPGE– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 4, e022102, 2022. e-ISSN:1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.4.17116 4 teacher as a professional and mother responsible for the well-being of the family. Located in the working class, the teachers had their own residence for remote education and adapted rooms, invested in internet, acquired equipment and electronic appliances. Finally, in the final considerations, we highlight the perspective of resuming other points in later studies, such as the contradictions between men and women in class society, as well as the need for a study on the social position of female teacher, with a standard of living higher than the common housewife, poor, unemployed, cleaner, and black. The contradictions existing within the female class perceived at the time of current readings, by themselves, justify the resumption of this urgent and timely subject. Work at home, remote activities and the lives of female teachers in the coronavirus pandemic The Coronavirus pandemic, started in March 2020, forced the shutdown of face-to-face classes due to the determination of social isolation. And with it, the interruption of the mutual network of help that existed among women: mother and daughter, grandmother and aunts, cousins and sisters, some relied on each other alternately to help in everyday tasks. Social distancing not only interrupted this support network, but also promoted accumulation of activities in the midst of the new routine. The suspension of face-to-face classes directly impacted the lives of all, especially for the most vulnerable people, including women. The intensity of the work worsened and household activities tripled due to care, guidance and follow-up to children in remote education, child hygiene care, food preparation, washing clothes, and external work for family support. The circumstances of the pandemic have placed women increasingly indoors and the consequences were immediate: precarious housing conditions, lack of access to the world computer network, coping with food insecurity, unemployment, hunger, violence, among other problems. A survey by The Datafolha Newspaper, between May 10 and 14, 2021, showed an exponential increase in violence against women within the home itself. According to the report, 73.5% of the population believe that violence has increased considerably and 51.5% reported having witnessed some situation of violence. These indicators pointed to the female public as the most affected and defined a social profile of this public: black, separated and unemployed domestics (PAULO, 2021).
image/svg+xml(De) politicization: Woman, mother and teacher in remote education in times of crisisRPGE– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 4, e022102, 2022. e-ISSN:1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.4.17116 5 The crisis in the Brazilian context has advanced rapidly, reaching fourteen million unemployed in 2021; of this quantity, 6 million stopped looking for work because they did not envision opportunity. In addition to the unemployed, forty million workers living in precarious3form with daily hours of up to fourteen hours of uninterrupted work, without weekly rest, paid vacations, health insurance and unemployment insurance (SILVA, 2021)4. At the interface of social precariousness, confined families, the virus without control, children without schools, empty education, increasingly distancing themselves from the class that needs it most (SAVIANI; GALVÃO, 2021). Exploited, subdued or camouflaged, women played an important role in confinement, after all, they have always been in history. Therefore, the relevance in problematizing and discussing the inequalities that affect them (CRENSHAW, 2002). For a long time, women have been kept invisible in society, without access to culture, science and everything that suits man. Thus, they remained silenced for long periods, under labels of hysteria, "disabled" or demonic. Without freedom to speak in public, to do business, to work, in short, without the right to make any kind of concession, since they did not dominate their own body, soul and not thoughts. Trapped in myths, customs and traditions they were not allowed any decision (DELPHY, 2015). Women objectified by the idea of biological naturalization remained immobilized in society, silenced and culturally imprisoned. Only men appeared socially. From this privileged place, universal thought of matrimonial appropriation applicable to women as a predatory antidote was instituted from the male class (DELPHY, 2015). According to Holanda and Cavalcante (2013, p. 06, our translation) even today, "motherhood is seen as the greatest representative of femininity", since the nature of women should be cultivated as something delicate and fragile. This labeling aims to cover women with passive attributes, considered appropriate to the performance of the function of wife and mother. It is necessary to reflect that even today, in Western societies, to a large extent, this understanding of women as reproductive and submissive to men persists even when the female figure is the provider of the home (HOLANDA; CAVALCANTE, 2013). At a slow pace, this imprisonment was being resized with the deconstruction of the absolute truths socially accepted and culturally validated (HELLER, 2016). 3Working alternative to the lack of formal jobs. Workers informally use their goods and offer services to invisible employers through applications, so precarious, in the informality. 4Data extracted from the pronouncement of former President Luiz Inácio Lula da Silva, on May 1, 2021, in honor of the day of the worker, at the Central Única dos Trabalhadores, State of São Paulo.
image/svg+xmlMaria Cleide da Silva Ribeiro LEITE and Patrícia Helena Carvalho HOLANDA RPGE– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 4, e022102, 2022. e-ISSN:1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.4.17116 6 In the 19th century, women began their first conquests, although timid, and began to be present in speeches and images. From the 20th century onto history with their presence in universities, changing the intellectual climate, with the mastery of writing, also changed the course of history (PERROT, 2007). The challenge in the 21st century is to make women's achievements win the streets, in a written or spoken way, in words or gestures, the debate needs to gain emancipatory movement. Times have changed and this perspective of emancipated change needs to change history, starting with the economic situation of women with more jobs and financial appreciation (PERROT, 2007). The long vicious cycle of wage inequality between men and women came with the dehumanization of the working class, especially on the poorest and the black population, which continues to be kept in degrading activities. Capital concentrated income and accumulated wealth, stablished a working class, leaving them without rights and more vulnerable. The triumph of capital accumulation contributed to violence, exclusion, hunger and absolute misery in big cities. The forerunners of colonialism, aligned with patriarchy, articulated themselves in capitalism, reinforcing alienation through brutalization (DAVIS, 2016). Amid the humanitarian crisis of the pandemic, the market has become increasingly insidious, and has shaped the work with ‘work from home’ logistics. Physical distancing has allocated the digital industry and remote work as the new productive model (MARTINS, 2020). Therefore, education has not been immune to remote work. The progress of the pandemic paralyzed universities, schools, jobs, tourism, among other activities classified as non-essential, which extended more space to the Remote Work.Education was located at the center of the health crisis, with remote education, which was proposed as an emergency for all, without everyone having access to digital goods and services. Thus, the cruel pedagogy of the virus was standardized in an unusual way in the digital, technological and educational environment (SANTOS, 2020). The rules of confinement that determined the emergency remote education did not ensure training conditions, which further aggravated the unequal structure. In this exclusionary context, education remained underdeveloped, limited, fragmented, millions of children could not get literate, fifty percent of young people did not take the national high school exam (ENEM, in Portuguese) in 2021. The progress of the pandemic did not soften the school deficit, as on the contrary, it brought more extreme poverty, violence, hunger and misery. Democratic erosion has weakened the social fabric, intensified ideological polarization
image/svg+xml(De) politicization: Woman, mother and teacher in remote education in times of crisisRPGE– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 4, e022102, 2022. e-ISSN:1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.4.17116 7 with obvious risks to Brazilian democracy, silencing universities to strengthen the inoperability of populist policies (LEMES; SANTOS CRUZ, 2020). Regarding high school, a survey by the National Confederation of Education Workers (CNTE, 2020) found that 53.6% of the teaching class was qualified to teach remote classes and half of these teachers share technological resources with others in their home space. Another relevant data about teachers is the fact that 9 out of 10 teachers used their cell phone in holding remote classes. Broadband internet access did not reach all teachers, more than 24% had to use mobile data package to teach classes in the context of remote education. The data also showed that 43.5% of high school teachers performed remote synchronous classes and 9 out of 10 teachers elaborated the activities to send to students. In the teaching conception: "there was an increase in the working hours spent in the preparation of non-face-to-face classes in all stages of Basic Education" (CNTE, 2020, p. 15, our translation). Thus, remote education directly impacted student performance. Specifically, concerning high school, 45.8% of the students "[...] reduced their participation in the proposed activities" (CNTE, 2020, p. 18, our translation). In the teachers' understanding, 1 out of 4 students would not have the resources to have access to remote education, directly affecting the performance of the activities. Taking this overview of the National Confederation of Education Workers, we seek to understand the specificities of the Integrated High School of theCanindé campus from the professional performance of teachers who volunteered to collaborate with the research, sharing the female subjectivity, from what they have lived since March 2020, when the face-to-face classes were interrupted. Theoretical and methodological foundationsMethodologically, we articulate the qualitative dimension with the case study method, which involved a situation recognized as a real problem of everyday life. Therefore, we deal with a problem based on human experiences and their social relationships, by different variables, from the point of view to the working conditions of the respondents. Flick (2009) highlights that qualitative research has as its primacy to study complex relationships. It is an approach that seeks to account for everyday subjectivity, as a social act of knowledge construction rather than only explaining it through the isolation of variables. Qualitative research is concerned "[...] with a level of reality that cannot be quantified. That is, it works with the universe of meanings, motives, aspirations, beliefs, values and
image/svg+xmlMaria Cleide da Silva Ribeiro LEITE and Patrícia Helena Carvalho HOLANDA RPGE– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 4, e022102, 2022. e-ISSN:1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.4.17116 8 attitudes, which corresponds to a deeper space of relationships, processes and phenomena [...]" (MINAYO, 1994, p. 21-22, our translation). Aligned with the qualitative approach, we selected the case study method so that it would promote the exploration of the phenomenon, leading to exhaustion, allowing clarity and the coherent sequence of decisions in the process of collection, organization and treatment of information, to later interpret the data from the IFCE case, Canindé campus (ZANELLI, 2002). In order to collect the information, we used the methodological strategies of documentary analysis and the online questionnaire. Based on Gil (2007), documentary research uses materials that have not yet received analytical treatment, differing, therefore, from bibliographic research, which uses the contributions of various authors on a specific subject. In this sense, documentary sources can and should be included in the course of an investigation, such as: reports, official documents, films, dossier, videos, recordings, among other records. In the present case, we look at the PPC of that Course in order to add data beyond the questionnaire. The questionnaire, in Gil's understanding (2007), is an investigative technique composed of open or closed questions, structured or semi-structured used online or in person, according to the conditions of accomplishment and the objectives of the research. In view of the social distancing recommended by health agencies, we apply the issues virtually attentive to ethical aspects. In this sense, we emphasize that the investigation on screen went through the Ethics Committee in Research.5After the collection of the investigative process, the information was organized and categorized. After proper treatment, they were reflected in the light of Fairclough's Critical Discourse Analysis (ADC) (2010). Thus, the analysis remained driven to exhaustion, in order to achieve density to the studied phenomenon as we will evidence below in the clipping format. The course analyzed aggregated 23 teachers in the disciplines of the common nucleus and in the professional technical area; of this quantitative, only five were women, these being the respondents identified with the letter "P" plus the ordinal numbers in the ascending order: (P-1); (P-2); (P-3); (P-4) and (P-5). The clipping summarizes some of the excerpts contained in the report that indicate responses to social and pedagogical implications from the respondents' perspective. 5According to Opinion no. 4,769,199 of Plataforma Brasil.
image/svg+xml(De) politicization: Woman, mother and teacher in remote education in times of crisisRPGE– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 4, e022102, 2022. e-ISSN:1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.4.17116 9 Results and discussions: the reality of the IFCE Canindé Campus (CE) High School course integrated to ElectronicsHuman history has been grounded by the efforts of many women and recognizing the efforts of these pioneers helps us understand the oppressive mechanisms of patriarchy strongly grounded to sexual division, social class, and the human race (DAVIS, 2016). The social markers between boy and girl are well defined since the composition of the clothes, including preparations and colors to reinforce patriarchal ingenuity. Boys are encouraged not to cry, not be fragile, because they are responsible for the perpetuation of the species, while girls should be reserved for marriage and destined for procreation. Based on the participants' responses, these social and cultural markers shone in the pandemic. Women were visibly impacted by immediate changes in their everyday lives. Concerning women teachers, their teaching practices were also altered from the insertion of digital and technological resources to the adaptation of physical spaces, including illness and suffering for teachers who could not adapt quickly to remote activities. In understanding P-1, in remote education, "there are bad days and less bad days." In making the outburst, he/she exposed his working condition in recent months, he/she pointed out the existence of a set of problems, from access, internet instability, psychological illness, anxiety and concern for the family, with the school deficit, with the students, in addition to the fear for their own life: "they are problems of a complex nature, so you can not have a good day". In the reasoning of Santiago (2021), the chaotic context of social isolation drove people away from each other. Family and friends were prevented from social coexistence, deprived of leisure environments, remained without the physical presence of loved ones and this profoundly impacted the quality of life, bringing more professional fatigue. Among the pedagogical implications highlighted the lack of training focused on the remote context, social inequalities, poor housing conditions, lack of access to the Internet, interference of internal and external noise; all this directly interfered with pedagogical practices. They also pointed out the feeling that the teacher potential found in face-to-face activities seemed to have changed into constant challenges for many teachers (FIRMINO et al., 2021). Regarding the social life of women, P-2 replied: The pandemic has impacted women's lives in the pandemic in many ways. Among many factors, we can consider work overload due to domestic and professional demands that now mix during the day and have no time to finish. Women, in most families, also assume the role of caring for sick relatives and taking on domestic responsibilities. And women who are mothers
image/svg+xmlMaria Cleide da Silva Ribeiro LEITE and Patrícia Helena Carvalho HOLANDA RPGE– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 4, e022102, 2022. e-ISSN:1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.4.17116 10 exponentially increased their work overload, having to take care of education and care for their children, performing domestic and professional activities. The pandemic only showed for society the work overload of women(P-2, our translation). The domestic production mode is at the center of the family base for the support of patriarchal structures and the system of flexible neocapitalist production. Women, in the identity of wives and housewives, assume the heavy lifting inside homes as invisible supports in the functionality of the market (DELPHY, 2015). Without remuneration and without guaranteed rights, the woman washes, cooks, cleans the house, takes care of the children, guarantees family well-being, while the man dedicates all his time to labor. In this sense, the female class is appropriate to marriage and appropriate to the productive system under the identity of a housewife. At the service of capital, women remain distant from training, jobs and, consequently, political militancy. Carneiro (2011) draws attention to two powerful matrices in building the potential that keeps women away from the political arena. They are the matrices of miscegenation and racial democracy. Both are responsible for the effectiveness in concealing social and cultural inequalities. The functionality of these two matrices aligned with patriarchy ensures the repetition of the past in the present through racial rigging. Therefore, the feminist challenge is not simplistic, since race and class are elements of feedback to the patriarchal system in the structuring of inequalities. In Tabet's perception (2004), women are exchanged for ignorance as one of the main pillars of their oppression. Many of them are unaware of the level of exploitation to which they are conducted. This ignorance among women themselves is so natural, accepted by all, that women also agree with naturalization naively (GUILLAUMIN, 2003). The responsibility of women in the home issues was unanimous among the respondents. At first it got a lot more complicated. We already worked hard, but we had a habit of doing other things to differentiate the weekend. In the pandemic we can't turn on and stay on the computer. The main implication was the lack of the collaboration network. It greatly decreased the support of friends and family. The rest on the part of the parents, the lack of interaction by parts of the children lived in school. This affected everyone a lot, including children and social life. The woman's responsibility to everyone in the house. This is very complicated(P-5, our translation). Women need to be able to fight and recognize themselves as part of the fight. Female engagement cannot be reduced to clarifications that permeate women's awareness. It is necessary, therefore, a form of praxis based on affirmative practices that feed the discourse for
image/svg+xml(De) politicization: Woman, mother and teacher in remote education in times of crisisRPGE– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 4, e022102, 2022. e-ISSN:1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.4.17116 11 social change (FAIRCLOUGH, 2010). Originating from Structuralism and Psychoanalysis, Fairclough's Critical Discourse Analysis (ADC) (2010) guides the deconstruction of the mystique and the problem of structural modeling that dominates people. As a transdisciplinary area, the assumptions of the ADC bare crystallized ideologies in entrenched discourses. Thus, the ADC attributes respect to ethics, justice and coherence in the analysis process focusing on the social problem, since its objectives are always focused on the political, social and cultural dimension. The ADC approaches relational dialectics as a dissociated element of representative language that inferiorizes conservative practices. The relational recognition of the differences in everyday relationships needs to be related to new fair and cohesive social practices capable of sustaining the humanized social construct in the context (FAIRCLOUGH, 2010). Thus, society does not reproduce unequal reality because it resizes conservative practices for social change through real facts expressed in social events, that is, through actions beyond discourse. Based on Fairclough (2010), the social characterization of discourse is immanent to the social context itself, part of it and turns to social reality. The inefficiency of the humanizing articulation strengthens the mystique and deepens the social problem through the modeling of the domination that reproduces oppression. The P-4 respondent realizes that it is not easy to free women, especially those who are in vulnerable situations. It is precisely these women who need protection the most and do not escape harassment, violence, hunger and exclusion of any kind. Recognizing this situational state, the strategy is to reflect on what can be done and how it will be possible to advance collectively in the debate on policies and actions aimed at the women's class. Respondents stated that it makes no sense within the female class itself some women do not care about others, so the inequality of the class itself is intolerable. Domestic responsibility in the family environment manifests itself in an indisputable way, which evidences the purpose of ideological reflection on the difference of sex in order to shift the social power conferred on men by sexual division and work. It is not a question of placing men and women in overlap, but of studying them in a relational and dialectical way without contradicting women as unique beings, but within a sociopolitical set (FALQUET, 2014). Guillaumin's studies (2003) assert the existence of a legal arsenal that ensures the perpetuation of female responsibility. Collective appropriation takes place through marriage and, in a customary manner, domestic duties are guaranteed as a masculine right to detain a woman equipped with the logic of private property.
image/svg+xmlMaria Cleide da Silva Ribeiro LEITE and Patrícia Helena Carvalho HOLANDA RPGE– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 4, e022102, 2022. e-ISSN:1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.4.17116 12 With this cultural logic, man takes possession of the right, determines the conditions of confinement, the use or not of physical or psychic violence, sexual coerce with or without consent. Thus, marriage oscillates between flowers and silence, based on contractual law contrasted in naturalized inequality as if nothing could be done. In the concrete and material appropriation of marriage there are flowers, worship, religion and, the law guarantees the appropriation of the body and religious worship to the soul (GUILLAUMIN, 2003). It is important to understand the dynamics of violence imbricated in gender as something broad, socially constructed (AKOTIRENE, 2019). We need to understand the different types of threats that reach women in jobs, on the streets and in society in order to create educational strategies, such as the formative model, wise politics that can be a viable alternative (MAHDI; PIRANI, 2021). These are situations that present classification levels and leave deep marks, and it is necessary to strengthen the network of reception, protection and qualification so that these women occupy more space in the debate and recognize themselves as part of the struggle in women's unity. Final considerations The Coronavirus pandemic has advanced rapidly, impacting people's health, education, economy and way of life worldwide. The epidemiological situation triggered the humanitarian crisis, bringing direct consequences to human life. By paralyzing essential and non-essential services, work relationships have been profoundly altered, and the logic of the Remote Work isinserted, such as telemedicine and emergency remote education itself. The changes altered people's routine and the consequences were immediate, especially for the most vulnerable individuals, including children, women and the elderly. Many women were able to remain confined, while others faced hard work, violence, exclusion, hunger, abandonment, physical and psychological illness. Socially cloistered, the participating teachers, although with an assured income, also answered that they experienced challenges. They had to adapt physical spaces, reinforce internet packages, learn to use digital strategies, guide their children, make their own food, in addition to pedagogical tasks. The research indicated that women were hit hard because they saw their support network reduced, as well as challenges such as unemployment, domestic violence, social abandonment, without encouragement and support for their own family, directly ruining the feminist struggle.
image/svg+xml(De) politicization: Woman, mother and teacher in remote education in times of crisisRPGE– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 4, e022102, 2022. e-ISSN:1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.4.17116 13 We conclude that women remain separated by differences. Several aspects interfere in their lives and characterize experiences by social markers. The ideological implications and lack of knowledge due to the lack of access to culture favor male domination. Thus, since most women are unaware of their rights, they easily renounce what is already guaranteed to them. Domestic unity is one of the places in which male oppression manifests itself in an indisputable way, preventing the development of the consciousness of the oppressed. The emphasis of this research evidenced the experiences of women teachers who made their experiences available and who also admitted the inequality between women themselves from social markers. Among their respective speaking places, the respondents recognized that, although faced with the challenges of remote education, they have a quiet life concerning the social well-being of the family, aware that food, safe housing and family security are not applicable to the totality of women. REFERENCES AKOTIRENE, C. Interseccionalidade. São Paulo: Pólen, 2019. CARNEIRO, S. Racismo, sexismo e desigualdade no Brasil. São Paulo: Selo Negro, 2011. CNTE. CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO. Trabalho Docente em Tempos de Pandemia. Relatório Técnico. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, Grupo de Estudos sobre Política Educacional e Trabalho Docente (GESTRADO/UFMG), 2020. CRENSHAW, K. Documento para o encontro de especialistas em aspectos da discriminação racial relativos ao gênero. Estudos Feministas, v. 10, n. 1, p. 171-188, jan. 2002. Available: https://www.scielo.br/j/ref/a/mbTpP4SFXPnJZ397j8fSBQQ/?format=html&lang=pt. Access: 06 June 2021. DAVIS, A. Mulheres, raça e classe. São Paulo: Boitempo, 2016. DELPHY, C. O inimigo principal: A economia política do patriarcado. Revista Brasileira de Ciência Política, Brasília, n. 17, p. 99-119, maio/ago. 2015. Available: https://www.scielo.br/j/rbcpol/a/wwgKkcLrkZv5qgnF6kRQfXs/?lang=pt&format=html. Access: 08 Sept. 2021. FAIRCLOUGH, N. Critical Discourse Analysis: The critical study of language. 2. ed. Harlow, 2010. FALQUET, J. Por uma anatomia das classes de sexo: Nicole-Claude Mathieu ou a consciência das oprimidas. Lutas Sociais, São Paulo, v. 18, n. 32, p. 09-23, jan./jun. 2014. Available: https://revistas.pucsp.br/ls/article/view/25688. Access: 20 May 2021.
image/svg+xmlMaria Cleide da Silva Ribeiro LEITE and Patrícia Helena Carvalho HOLANDA RPGE– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 4, e022102, 2022. e-ISSN:1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.4.17116 14 FIRMINO, N. C. S. et al. Os saberes docentes no ensino remoto emergencial: Experiências no estado do Ceará. Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar, Mossoró, v. 7, n. 21, jun. 2021. Available: http://natal.uern.br/periodicos/index.php/RECEI/article/view/3210. Access: 01 July 2021. FLICK, U. Introdução à pesquisa qualitativa. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. GIL, A. C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo: Atlas, 2007. GUILLAUMIN, C. Racism, sexism, power and ideology. Nova York: Taylor & Francis e-Library, EUA, 2003. HELLER, A. O cotidiano e a história. 11. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2016. HOLANDA, P. H. C.; CAVALCANTE, M. J. M. Do Amor ao Casamento: Análise de um manual de preparação das moças para assumir os deveres de esposa, mãe, dona-de-casa, em circulação no nordeste do Brasil em meados do século XX. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO, 7., 2013, Mato Grosso. Anais[...]. Universidade Federal de Mato Grosso, 2013. LEMES, S. S.; SANTOS CRUZ, J. A. Editorial, v. 24, n. 1, jan./abr. 2020: O silêncio – ou apatia – da Universidade, a crise e a erosão da razão democrática. Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 24, n. 1, p. 1–3, 2020. DOI: 10.22633/rpge.v24i1.13420. Available: https://periodicos.fclar.unesp.br/rpge/article/view/13420. Access: 11 Apr. 2022. MAHDI, N.; PIRANI, S. Educação política sábia: Características, princípios e eficiência. Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 25, n. 3, p. 2641–2654, set./dez. 2021. Available: https://periodicos.fclar.unesp.br/rpge/article/view/15471. Access: 11 Apr. 2022. MARTINS, I. Home Office deve ser tendência entre empresas após a pandemia.Jornal Correio Brasiliense, Trabalho e Formação, 05 jul. 2020. Available: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/eu-estudante/trabalho-e-formacao/2020/07/05/interna-trabalhoeformacao-2019,869603/home-office-deve-ser-tendencia-entre-empresas-apos-a-pandemia.shtml. Access: 08 June 2021. MINAYO, M. C. S. (org.). Pesquisa Social:Teoria, método e criatividade. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994. PAULO, P. P. Uma em cada quatro mulheres foi vítima de algum tipo de violência na pandemia no Brasil. G1 SP, jun. 2021. Available: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2021/06/07/1-em-cada-4-mulheres-foi-vitima-de-algum-tipo-de-violencia-na-pandemia-no-brasil-diz-datafolha.ghtml. Access: 10 July 2021. PERROT, M. Minha história dasmulheres. São Paulo: Contexto, 2007.
image/svg+xml(De) politicization: Woman, mother and teacher in remote education in times of crisisRPGE– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 4, e022102, 2022. e-ISSN:1519-9029 DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.4.17116 15 PPC. Projeto Pedagógico do Curso Técnico Integrado ao Ensino Médio em Eletrônica. Ceará: PPC do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará- IFCE, Campus Canindé, 2020. SANTIAGO, A. P. Um ano fora do tempo. In: SENA, I. P. F. S.; MORAIS, T. C. A. (org.). Durante a pandemia:Um saldo parcial de nós mesmos. Porto Alegre: Editora Fi, 2021. SANTOS, B. S. A cruel pedagogia o vírus. Coimbra: Boitempo, 2020. SAVIANI, D.; GALVÃO, A. C. Educação na pandemia: A falácia do “ensino” remoto. Universidade e Sociedade, n. 67, p. 36-49, jan. 2021. Available: https://docente.ifrn.edu.br/julianaschivani/disciplinas/midias-educacionais/educacao-na-pandemia-a-falacia-do-201censino201d-remoto/view. Access: 18 Aug. 2021. SILVA, L. I. L. Lula faz discurso eleitoral e critica Bolsonaro em ato de 1º de Maio. São Paulo: UOL, 2021. 1 vídeo (5 min). Available: https://www.youtube.com/watch?v=1AR9D-j_f6k Access: 10 June 2021. TABET, P. La grande arnaque. Sexualité des femmes et échange économico-sexuel. L’Harmattan. Paris: Bibliothèque du féminisme, 2004. ZANELLI, J. C. Pesquisa qualitativa em estudos da gestão de pessoas. Estudos de psicologia, Natal, v. 7, p. 79-88, 2002. Available: https://www.scielo.br/j/epsic/a/GdRk6zHHNz4yL6NBsH6P4yH/abstract/?lang=pt. Access: 22 May 2021. How to refer to this article LEITE, M. C. S. R.; HOLANDA, P. H. C. (De) Politicization: Woman, Mother and Teacher in Remote Education in Times of Crisis. Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 4, e022102, 2022. e-ISSN:1519-9029. DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.4.17116 Submitted: 23/03/2022 Revisions required: 10/05/2022 Approved: 07/07/2022 Published: 01/09/2022 Processing and publication by the Editora Ibero-Americana de Educação. Correction, formatting, standardization and translation.