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O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo e as políticas de enfrentamento de evasão em cursos de
licenciaturas
RPGE
–
Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 4, e022108, 2022. e-ISSN:1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.4.17122
1
O INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO
ESPÍRITO SANTO E AS POLÍTICAS DE ENFRENTAMENTO DE EVASÃO EM
CURSOS DE LICENCIATURAS
EL INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO
ESPÍRITO SANTO Y LAS POLÍTICAS PARA CUMPLIR CON ESCAPE EN CARRERAS
DE GRADO
THE INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO
ESPÍRITO SANTO AND POLICIES TO COMPLY WITH ESCAPE IN
UNDERGRADUATE COURSES
Caroline Araujo Costa NARDOTO
1
Kalline Pereira AROEIRA
2
Aldieris Braz Amorim CAPRINI
3
RESUMO
: O trabalho aborda a evasão na licenciatura como um problema público que
desafia as políticas públicas e os gestores educacionais para a criação de propostas que
possibilitem a permanência e o êxito dos estudantes. Para tanto, analisamos a ocorrência dos
fenômenos da evasão e da permanência no contexto dos cursos de licenciatura do Instituto
Federal do Espírito Santo (Ifes). O estudo tem caráter qualitativo e optamos neste texto em
explorar a discussão e o diálogo com os participantes da pesquisa por meio de entrevistas
virtuais. A interpretação dos dados foi realizada a partir da técnica da “análise de conteúdo”.
Os dados coletados foram analisados e discutidos a partir de referencial teórico pautado para
pensar o Ensino Superior universitário, a docência nesse nível de ensino e a formação de
professores, entendendo o professor como um intelectual transformador, crítico e reflexivo e
em contribuições sobre as possibilidades para permanência estudantil no Ensino Superior na
perspectiva da integração do estudante.
PALAVRAS-CHAVE
: Evasão. Permanência. Formação de professores. Licenciatura.
Políticas públicas.
RESUMEN
: El trabajo aborda la deserción en la carrera como un problema público que
desafía a las políticas públicas y gestores educativos a generar propuestas que permitan a los
estudiantes permanecer y triunfar. Para ello, analizamos la ocurrencia de fenómenos de
deserción y permanencia en el contexto de cursos de graduación en el Instituto Federal do
Espírito Santo (Ifes). El estudio tiene un carácter cualitativo y optamos en este texto por
explorar la discusión y el diálogo con los participantes de la investigación a través de
1
Instituto Federal do Espírito Santo (IFES), Vitória
–
ES
–
Brasil. Pedagoga, Pró-Reitoria de Ensino. Mestra em
Educação. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8417-7297. E-mail: carolinearaujoc@gmail.com
2
Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Vitória
–
ES
–
Brasil. Professora Associada do Centro de
Educação e do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE/UFES). Doutorado em Educação. ORCID:
https://orcid.org/0000-0002-5893-539X. E-mail: aroeiraka@hotmail.com
3
Instituto Federal do Espírito Santo (IFES), Vitória
–
ES
–
Brasil. Professor. Programa de Pós-Graduação em
Ensino de Humanidades. Doutorado em Educação. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0431-4691. E-mail:
aldieris@hotmail.com
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Caroline Araujo Costa NARDOTO; Kalline Pereira AROEIRA e Aldieris Braz Amorim CAPRINI
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entrevistas virtuales. La interpretación de los datos se realizó mediante la técnica de
“análisis de contenido”. Los datos recole
ctados fueron analizados y discutidos a partir de un
marco teórico orientado a pensar la educación superior universitaria, la docencia en este
nivel de enseñanza y la formación docente, entendiendo al docente como un ser
transformador, crítico y reflexivo y en aportes sobre las posibilidades de permanencia de los
estudiantes en la Educación Superior. La educación desde la perspectiva de la integración de
los estudiantes.
PALABRAS CLAVE
: Evasión. Restos. Formación de profesores. Graduación. Política
pública.
ABSTRACT
: The work addresses dropout in the degree as a public problem that challenges
public policies and educational managers to create proposals that enable students to remain
and succeed. In order to do so, we analyzed the occurrence of dropout and permanence
phenomena in the context of undergraduate courses at the Instituto Federal do Espírito Santo
(Ifes). The study has a qualitative character and we chose in this text to explore the discussion
and dialogue with the research participants through virtual interviews. Data interpretation
was performed using the “content analysis” technique. The collected data were analyzed and
discussed from a theoretical framework guided to think about university higher education,
teaching at this level of education and teacher training, understanding the teacher as a
transformative, critical and reflective intellectual and in contributions on the possibilities for
student permanence in Higher Education from the perspective of student integration.
KEYWORDS
:
Evasion. Permanence. Teacher training. Graduation. Public policy.
Introdução
A evasão estudantil tem sido reconhecida, em nível internacional, como um problema
público (BERNARD, 2017), devido aos impactos causados não só para os indivíduos, mas
para as instituições de ensino e para sociedade em geral, uma vez que as perdas de estudantes
que iniciam, mas não terminam seus cursos geram desperdícios sociais, acadêmicos e
econômicos, que no setor público consistem em recursos investidos com professores,
funcionários, equipamentos e espaço físico sem o devido retorno (SILVA FILHO
et al
.,
2007).
Nos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (Institutos Federais),
criados pela Lei 11.892 de 2008, essa ocorrência se agrava por se tratar de instituições
historicamente recentes, que passaram por ampla expansão e ofertam educação em diversos
níveis e modalidades (de cursos de formação inicial e continuada até cursos de graduação e
pós-graduação), apresentando propostas educacionais pluricurriculares e multicampi que
visam a um público diverso e heterogêneo (DORE; SALES; CASTRO, 2014).
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O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo e as políticas de enfrentamento de evasão em cursos de
licenciaturas
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O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (Ifes) é uma
instituição de Educação Superior, básica e profissional, pluricurricular, multicampi e
descentralizada, especializada na oferta de educação profissional e tecnológica nas diferentes
modalidades de ensino; com cursos técnicos, graduação, pós-graduação e Formação Inicial e
Continuada (FIC), composto por 21
campi,
01 Centro de Referência em EAD e a Reitoria. A
Instituição possui em 2022 (dois mil e vinte e dois) 63 (sessenta e três) cursos de graduação
sendo, 18 (dezoito) cursos de licenciatura, destes 01 (um) curso de complementação
pedagógica. Além de cursos lato sensu e stricto sensu, destacando-se os de formação de
professores.
Os Institutos devem destinar pelo menos 20% (vinte por cento) de suas vagas para os
cursos de formação de professores para a Educação Básica e para a educação profissional, em
cursos de licenciatura, bem como programas especiais de formação pedagógica, sobretudo nas
áreas de ciências e matemática (BRASIL, 2008).
Neste artigo analisamos a ocorrência dos fenômenos da evasão e da permanência no
contexto dos cursos de licenciatura do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes). Para tanto,
consideramos o diálogo com coordenadores(as) dos cursos participantes e com
pedagogos(as)/técnicos(as) em assuntos educacionais de referência para os cursos do Instituto
Federal do Espírito Santo dos
campi
da Região Metropolitana da Grande Vitória.
Organizamos este artigo em cinco seções: a primeira - esta introdução, na qual
explicitamos o objetivo do artigo e o contexto no qual foi produzido o estudo apresentado; a
segunda - discutimos as contribuições da comunidade acadêmica com relação a temática
pesquisada; a terceira
–
características e o delineamento metodológico do estudo; a quarta
–
apresentamos a discussão com os dados da pesquisa de campo; e a última seção, tecemos
algumas considerações finais.
Referencial teórico
A discussão teórica está pautada, no primeiro momento, na fundamentação que nos
valemos para pensar o Ensino Superior universitário, a docência nesse nível de ensino e a
formação de professores, entendendo o professor como um intelectual transformador, crítico e
reflexivo. No segundo momento, apresentamos contribuições sobre as possibilidades para
permanência estudantil no Ensino Superior na perspectiva da integração do estudante.
Primeiramente, nos cabe delimitar que defendemos a universidade enquanto
instituição social educativa
“[...] cuja finalidade é o permanente exercício da crítica, que se
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sustenta na pesquisa, no ensino e na extensão” (
PIMENTA; ANASTASIOU, 2014, p. 161-
162). Nesse ínterim, a produção de conhecimento no Ensino Superior universitário “[...] se dá
por meio da problematização dos conhecimentos historicamente produzidos, de seus
resultados na construção da sociedade humana e das novas demandas e desafios que ela
apresenta” (
PIMENTA; ANASTASIOU, 2014, p. 162).
Para dar conta dessa complexidade, partimos do entendimento que o ensino nela
praticado deve se dar enquanto prática social, fenômeno complexo, multifacetado e em
situação que se constitui em um “[...] processo de busca, de construção científica e de crítica
ao conhecimento produzido” (
PIMENTA; ANASTASIOU, 2014, p. 164) e que possui, entre
outras atribuições, o ensino do campo profissional específico de forma crítica, em seus nexos
com a produção social e histórica da sociedade; o desenvolvimento da capacidade crítica e a
condução à autonomia do estudante, das quais um processo de ensino e aprendizagem
tradicional, centrado na transmissão pelo docente, decorrente de uma visão de aprendizagem
por assimilação não dá conta (PIMENTA; ANASTASIOU, 2014).
Defendendo a universidade enquanto instituição social educativa que tem por
finalidade o permanente exercício da crítica e partindo da compreensão que o ensino desejado
para se atingir essa finalidade vai ao encontro do processo de “ensinagem” defendido por
Anastasiou (2015), numa busca por desenvolver/aprimorar no estudante a capacidade crítica e
conduzi-lo à autonomia, temos que a ação de mediação docente torna-se fundamental.
Mediação esta que só dá conta desse processo se o profissional docente que a realiza partir de
uma atuação crítica, competente e reflexiva (PIMENTA; ANASTASIOU, 2014). Nesse
ínterim, que tipo de formação defendemos para os docentes do Ensino Superior e para os
professores em formação inicial? Como essa formação pode contribuir para a permanência e
para o êxito dos estudantes de licenciatura?
De acordo com Pimenta e Almeida (2014), as novas demandas sociais postas para a
formação de professores trazem como decorrência a necessidade de profunda renovação no
contexto da sala de aula e nas metodologias do Ensino Superior universitário. As autoras
também consideram que os enfoques didáticos clássicos, centrados na aula e na atuação do
professor, que entendemos que concorrem fortemente para a evasão estudantil (GERBA,
2014; LIMA; MACHADO, 2014; MEC, 1996), vêm cedendo espaço a modos de ensino
interessados na formação de estudantes autônomos, o que demanda novos modos de planejar
e executar o processo de ensino-aprendizagem.
Enfim, diante das discussões aqui estabelecidas, apreendemos que a reflexão no
processo de formação de professores colabora com o
“
fazer-
pensar” do/no cotidiano docente,
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superando a identidade dos professores de reflexivos, centrados em práticas individuais, para
a de intelectuais transformadores, críticos e reflexivos, preocupados com processos de
humanização e de redução das desigualdades sociais (GIROUX, 1997; GHEDIN, 2006;
PIMENTA, 2006), sendo essa a formação em que acreditamos para alcançarmos um projeto
emancipatório, comprometido com a democratização social, econômica, política e social, que
seja justa e igualitária (PIMENTA, 2006).
Feita essas análises, apresentamos nesse segundo momento, possibilidades para a
permanência dos estudantes a partir dos estudos clássicos de Vincent Tinto (1975, 1999,
2012).
Em linhas gerais, em sua análise do esquema proposto, Tinto (1975) conclui que é a
interação entre o compromisso do indivíduo com a meta de conclusão de seu curso e seu
comprometimento com a instituição que determina se ele decide ou não abandonar a
instituição e a forma de comportamento de abandono a ser adotado (voluntário ou forçado).
Assim, quanto maior o grau de integração do indivíduo nos sistemas (social e acadêmico),
maior será o seu compromisso com a instituição específica e com o objetivo de conclusão do
programa.
Pelas características apresentadas, o modelo apresentado por Tinto pode ser descrito
como comportamental, preditivo e longitudinal, pois considera uma análise do processo em
diferentes momentos ao longo do tempo. Por procurar explicar a interação entre os indivíduos
e as instituições de Ensino Superior, buscando a integração positiva dos estudantes, o modelo
de Tinto também é tido como um modelo de integração, ou como um modelo de retenção
(KAMPFF; MENTGES; PETRARCA, 2018), no sentido de reter o estudante na instituição.
Nesse sentido, considera que quatro condições institucionais se destacam como
favoráveis à retenção (permanência): aconselhamento informativo, apoio, envolvimento e
aprendizado. Primeiro, entende que é mais provável que os alunos persistam e se formem em
contextos que forneçam informações claras e consistentes sobre os requisitos institucionais.
Segundo instituições que fornecem apoio acadêmico, social e pessoal incentivam a
persistência. Terceiro, é mais provável que os estudantes permaneçam em instituições que os
envolvem e os valorizam. Quarto, claramente a condição mais importante que promove a
retenção de alunos é a aprendizagem (TINTO, 1999). Dessa forma, considera que Instituições
que são bem-sucedidas na construção de seus ambientes educacionais são instituições que
conseguem reter seus alunos.
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Caroline Araujo Costa NARDOTO; Kalline Pereira AROEIRA e Aldieris Braz Amorim CAPRINI
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Simplificando, o envolvimento ativo parece ser a chave. Para Tinto (1999), em
nenhum momento essa integração importa mais do que durante o primeiro ano dos cursos,
quando os vínculos dos alunos com a instituição são tênues.
Tinto (1999) entende que o lócus principal desse trabalho de integração deve ser a sala
de aula. Esse entendimento considera que grande parte dos estudantes do Ensino Superior
trabalha e percorre extenso trajeto para chegar à instituição; muitos frequentam a instituição
por meio período e possuem obrigações significativas fora dela que limitam o tempo que
podem passar no campus. Assim, para a maioria deles, a sala de aula pode ser o único local
onde encontram membros do corpo docente e colegas, o único local em que participam do
currículo.
Em suma, conclui que se uma instituição realmente deseja dar importância à retenção
(permanência) e à promoção (êxito) de todos, e não apenas de alguns estudantes, é primordial
que assegure um ambiente organizacional na qual se potencialize a colaboração entre os
profissionais da instituição e os estudantes e na qual o primeiro ano do curso seja um ano de
inclusão que objetive promover o ideal em que todos tenham voz (e vez) na construção do
conhecimento (TINTO, 1999).
Tinto (2012) é enfático ao dizer que a fonte do sucesso de uma instituição, como o
sucesso de um aluno, é sua capacidade de aprender e melhorar com o tempo. Afirma que
instituições eficazes empregam evidências de experiências e resultados dos alunos em suas
tomadas de decisão. Elas avaliam suas ações e políticas, modificam-nas quando necessário,
alinham-nas cuidadosamente para o mesmo fim e investem recursos em longo prazo para
alcançar esse objetivo.
O autor (2012) também reforça que à medida que as matrículas em geral crescem,
também aumenta o número de estudantes economicamente desfavorecidos que frequentam as
instituições de Ensino Superior. E problematiza que, apesar dos ganhos no acesso, a diferença
entre os alunos de alta e baixa renda na conclusão dos cursos permanece, sendo um dos
motivos as diferenças nas habilidades acadêmicas necessárias para ter sucesso, devido às
características de seus estudos anteriores. Partindo da máxima de que “acesso sem suporte não
é oportunidade”, entende que essa problemática exige dos estados e
do governo federal um
investimento substancial e contínuo na reforma do Ensino Superior e das instituições um
suporte adequado para que os alunos tenham êxito. E, nesse sentido, devem fornecer ao corpo
docente e aos funcionários o apoio necessário para responder efetivamente às necessidades
acadêmicas de seus alunos.
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Mesmo quando as experiências de um aluno dentro de uma instituição são
inteiramente satisfatórias, forças externas podem o levar ao abandono. Entende que essa
realidade é mais frequente em instituições que atendem a um grande número de estudantes
que se deslocam, trabalham ou frequentam meio período, em particular os que possuem renda
mais baixa, como observamos ser o caso de muitos estudantes de licenciatura da Rede.
Assim, para Tinto (2012), uma instituição que intenciona levar a sério a retenção
(permanência) deve tomar essa questão como a principal na organização de suas atividades,
indo além das provisões de serviços complementares, como já vinha ressaltando em seus
trabalhos anteriores. Defende que deve também alinhar as ações de suas várias unidades, de
forma a trabalharem em uma mesma direção: em prol do sucesso dos estudantes,
especialmente durante o primeiro ano dos cursos. E esse sucesso, observa, não surge por
acaso. É o resultado de ações e políticas intencionais, estruturadas e proativas, direcionadas às
ações de todos os seus membros: estudantes, professores e demais funcionários, e não apenas
de respostas a problemas pontuais.
Metodologia
Este artigo refere-se a um estudo de caráter qualitativo, que responde a questões
particulares, carregadas de significados e intencionalidades, em um nível de realidade que não
pode ser quantificada (MINAYO, 1994). Desse modo, não buscamos confirmar teorias
construídas previamente, mas construí-las à medida que os dados foram levantados e
compilados (BOGDAN; BIKLEN, 1994).
Levamos em consideração um quadro de referenciais teóricos preocupado com a
reflexão crítica sobre a formação de professores, o fenômeno da evasão e possibilidades para
a permanência estudantil no contexto dos cursos de licenciaturas. Concordamos com Lima e
Machado (2014), que estudar a evasão e propor estratégias para enfrentá-la é uma questão de
valorização do erário que é aplicado na educação, e ainda do investimento do cidadão que
deseja fazer um curso superior e que, por diferentes motivos, muitas vezes não consegue
concluí-lo. Portanto, o binômio evasão/permanência pode ser compreendido como uma
unidade,
[...] visto que os fatores de vulnerabilidade para a interrupção dos estudos
relacionam‐se com a evasão, ao passo que as estratégias de superação, apoio
e prevenção vinculam‐se ao conceito de permanência. Assim, ao analisá
-los
sob o paradigma sistêmico, o aspecto dialógico do binômio revela‐se como
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uma oposição de termos que constituem uma única unidade de análise
(SCHMITT, 2014, p. 3).
Sobre o cenário da pesquisa, delimita-se ao âmbito do Instituto Federal do Espírito
Santo, especialmente dos campi da Região Metropolitana da Grande Vitória, contexto que
tivemos maior facilidade de acesso e onde se ofertam cursos de licenciatura na modalidade
presencial: campus Cariacica - Licenciatura em Física; campus Vila Velha - Licenciatura em
Química; e campus Vitória - Licenciaturas em Letras - Língua Portuguesa e em Matemática.
Com esse procedimento, essa seleção nos permitiu identificar dados das realidades de áreas
do conhecimento diversas (Linguagem, Matemática e Ciências da Natureza).
Considerando os limites de tamanho deste artigo, e a impossibilidade de trazermos
essas sistematizações em um único ensaio científico, optamos neste texto em explorar a
discussão e o diálogo com os participantes da pesquisa. Com relação a esses procedimentos, é
necessário contextualizarmos que devido à pandemia causada pelo vírus Covid 19 [1] foi
necessário ajustarmos o instrumento da pesquisa de campo, buscando-se os devidos cuidados
sanitários e éticos diante dessa desafiadora realidade mundial.
Para tanto, recorremos a realização de entrevistas virtuais, por meio da plataforma
online
Zoom,
no ano de 2020, com 4 (quatro) coordenadores(as) dos cursos participantes da
pesquisa e com 3 (três) pedagogos(as)/técnicos(as) em assuntos educacionais (TAEs) de
referência para os cursos, que após convite e esclarecimentos sobre a pesquisa aderiram
voluntariamente ao estudo. Para a realização desses procedimentos foram adotadas diretrizes
éticas da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) e as normatizações éticas
nacionais exigidas no Brasil. Além disso, foram realizadas as seguintes ações: pesquisa
teórica com teses e dissertações sobre o assunto e a análise documental por meio de consulta a
banco de dados de informações específicas sobre a Rede Federal.
A interpretação dos dados foi realizada a partir da técnica da “análise de conteúdo”,
um “conjunto de téc
nicas
de análise das comunicações” (
BARDIN, 2016, p. 37),
considerando as funções apresentadas por Minayo (1994) de verificação de questões, ou seja,
busca de respostas para as questões formuladas e de descoberta do que está por trás dos
conteúdos manifestos, indo além das aparências do que está sendo comunicado.
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Análises dos resultados
As discussões sobre evasão nos cursos de licenciaturas do Ifes foram reforçadas de
relevância quando partimos para análise de alguns indicadores estatísticos. A partir de dados
referentes ao ano base de 2019 e divulgados no primeiro semestre de 2020 pela Plataforma
Nilo Peçanha (PNP), ambiente virtual que se destina à coleta, tratamento e publicização de
dados oficiais da Rede Federal (MEC, 2018), observamos que o Ifes apresentou taxa anual
média de evasão[2] para os cursos de licenciaturas presenciais de 16% (dezesseis por cento)
naquele ano, mais alta que a média nacional (de 13,9%), o que conferiu a 17ª (décima sétima)
posição considerando as maiores taxas de evasão entre 40 (quarenta) instituições componentes
da Rede Federal (PNP, 2020).
Considerando os indicadores de “eficiência acadêmica”[3], estatísticas referentes à
evasão, à retenção e à conclusão, por ciclo de matrícula[4], finalizado no ano de 2018, a taxa
de evasão alcançou 61% (sessenta e um por cento), em um contexto em que a maior parte dos
estudantes encontram-se nas faixas de rendas que caracterizam populações mais
empobrecidas (76%) e estudantes negros (60%) (PNP, 2020), o que ressalta mais uma vez a
importância das políticas para a permanência e êxito nesses cursos. A partir da análise dos
dados da referida Plataforma (PNP, 2020), notamos que os cursos de licenciaturas apresentam
os piores índices de eficiência acadêmica tanto considerando a média da Rede Federal quanto
do Ifes, que foi de cerca de 23% (vinte e três por cento), chegando a apenas 11% (onze por
cento) no curso de licenciatura em Língua Portuguesa e 9% (nove por cento) no curso de
licenciatura em Matemática do campus Vitória.
Visto isso, procuramos compreender, em diálogo com os participantes da pesquisa,
suas ideias e reflexões sobre evasão e investigar possibilidades e estratégias para incentivar a
permanência estudantil, tendo por questões orientadoras: a percepção da evasão pelos
participantes; o acompanhamento do percurso acadêmico dos estudantes; o suporte
acadêmico; a integração dos estudantes com a instituição, aos níveis acadêmico e social; e as
ações específicas e sistematizadas para a promoção da permanência estudantil.
Como premissa para análise de dados, partirmos do entendimento da evasão enquanto
fenômeno processual, complexo e multifatorial (DORE; FINI; LUSCHER, 2013; DORE;
SALES; CASTRO, 2014; FRITSCH; VITELLI, 2016; KAMPFF; MENTGES, PETRARCA,
2018; SCHIMITT, 2014), que aprofunda e é aprofundado pelas desigualdades sociais
expressas por diferenças de renda e de acesso aos bens sociais e econômicos (BERNARD,
2016; RUMBERGER; LIM, 2008).
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Como tratam-se de cursos de formação de professores é importante situar que esses
profissionais foram compreendidos como transformadores, críticos e reflexivos, entendendo
que a reflexão no processo de formação colabora com o “fazer
-
pensar” do/no cotidiano,
contribuindo para a formação de intelectuais críticos, preocupados com processos de
humanização e de redução das desigualdades sociais (GIROUX, 1997; GHEDIN, 2006;
PIMENTA, 2006; PIMENTA, ANASTASIOU, 2014).
Ao partirmos para as análises das estratégias que contribuem para a permanência dos
estudantes, consideramos especialmente as ações possíveis de serem realizadas pelas
instituições de ensino, apostando na perspectiva da Integração/Envolvimento Ativo dos
estudantes com as instituições nos níveis acadêmico e social, proposta por Vincent Tinto
(1975, 1999, 2012), concordando com seu enfoque nos primeiros anos dos cursos,
centralidade da sala de aula e com a máxima de que “acesso sem suporte não é oportunidade”
(TINTO, 2012).
Com esses pressupostos, seguimos para a análise dos dados coletados. Com relação à
percepção da evasão pelos participantes, foi possível evidenciar que possuem diferentes
entendimentos da evasão
–
seja enquanto um fenômeno processual, seja como pontual, como
o momento da perda do vínculo com a instituição, caracterizado como “abandono” do curso.
Nessa pesquisa, defendemos a concepção de evasão enquanto processo, em concordância com
Bernard (2017) e Rumberger e Lim (2008), em oposição à tratativa desse fenômeno apenas
como evento, uma vez que entendemos que para a sua culminância é necessária uma análise
temporal de seus múltiplos fatores intervenientes (FRITSCH; VITELLI, 2016), considerando
que ocorre por um “complexo de causas” que não se revelam por meio da análise centrada
somente quando a evasão se concretiza (DORE; FINI; LUSCHER, 2013).
Essa não consensualidade foi tomada como um indicativo da importância de se
aprofundar a abordagem do tema na instituição pesquisada, de maneira a aprofundar as
discussões e produzir consenso sobre as concepções a serem adotadas, uma vez que a falta de
clareza dificulta o entendimento e a análise do fenômeno e constitui obstáculo ao
enfrentamento do problema e obtenção de saldos mais positivos.
Dito isso, como indicativo temporal e precursores da evasão foram sinalizados pelos
participantes as faltas reiteradas e as reprovações, acrescido ainda de indícios como as
dificuldades em acompanhar as disciplinas do curso; em conciliar o curso com aspectos da
vida pessoal, sobretudo com o trabalho; e identificação de escolha do curso motivada por falta
de opção, gerando predisposição para mudança de curso, sendo relatado que essas disposições
são mais notáveis nos primeiros períodos dos cursos
–
o que converge com as notações Tinto
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O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo e as políticas de enfrentamento de evasão em cursos de
licenciaturas
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(1999) que, considerando a perspectiva da integração, alerta que nesses períodos os vínculos
dos alunos com a instituição ainda são tênues.
Esses complexos indicativos demonstram a importância de se realizar um
acompanhamento do percurso acadêmico dos estudantes de forma sistematizada, na qual
destacamos o levantamento das causas da evasão de forma organizada institucionalmente,
preferencialmente como política institucional. Na instituição pesquisada notou-se que o
trabalho foi realizado apenas em contextos específicos, mormente quando solicitado pelo
Ministério da Educação (MEC), que resultou no “Relatório do Plano de Permanên
cia e Êxit
o”
de 2016, após demanda do Tribunal de Contas da União (TCU) (2012). Nessa ocasião, foram
utilizadas metodologias divergentes e os dados foram apresentados, em sua maioria, sem
diferenciação de tipo de curso
–
que indica uma falta de sistematização ao nível institucional
que dificulta o trabalho com os dados resultantes. Dessa forma, defendemos a adoção de
parâmetros metodológicos únicos para o levantamento, análise e apresentação dos resultados,
uma vez que ao adotar medidas divergentes, corre-se o risco de se programar ações
descontextualizadas e frágeis que comprometem o diagnóstico e comparações dentro de uma
mesma instituição.
Como forma de buscar suprir essa necessidade (mínima) de dados para subsidiar
trabalhos em prol da permanência e êxito dos estudantes, foi revelado, sobretudo, trabalhos de
levantamento do perfil dos ingressantes por meio de formulários próprios pelos profissionais
dos campi; análise de relatórios do sistema acadêmico; e principalmente reuniões periódicas,
sobretudo reuniões de colegiado, bem como diálogos informais com professores e alunos
–
que consideramos parte do trabalho cotidiano da instituição, iniciativas válidas, importantes e
que também podem ser sistematizadas em uma política institucionalizada para
combate/prevenção da evasão e promoção da permanência.
Com relação ao suporte acadêmico proporcionado aos estudantes, foram observados
que os campi apostam principalmente no projeto “Boas
-
Vindas” (momentos de acolhimento
dos discentes, especialmente ingressantes, realizados de forma independente pelos campi);
atendimentos individuais e em grupos prestados por setores de apoio ao ensino, como setor
pedagógico, assistência social, psicológica dos Núcleos de Apoio às Pessoas com
Necessidades Específicas (Napne), bem como por professores e coordenadores; os momentos
de revisões de conteúdo; as monitoria; diferentes formas de tutoria (prestada por alunos e
prestada por professores); e, com destaque, as iniciações à docência, por meio do Pibid
(Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência) e do programa de Residência
Pedagógica.
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Caroline Araujo Costa NARDOTO; Kalline Pereira AROEIRA e Aldieris Braz Amorim CAPRINI
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Entendemos que essas estratégias vão em direção ao reconhecimento das necessidades
e expectativas dos alunos e elege o professor e o estudante como sujeitos ativos e críticos
(ALMEIDA; TORRES, 2013), cujas potencialidades descritas de forma mais pormenorizadas
não são possíveis de serem sistematizadas no espaço/tempo desse ensaio científico. Destarte,
cabe-nos a defesa de que o acesso aos cursos superiores sem suporte acadêmico não é
inclusivo e demandam/dependem dos investimentos governamentais, mas, também, dos
planejamentos e ações institucionais. Nos cursos de licenciaturas, destacam-se ações e
programas com o objetivo de fortalecimento da identidade docente, numa perspectiva
integradora que se vincula ao seu desenvolvimento profissional (ALMEIDA; TORRES,
2013), uma vez que a evasão nesses cursos revelou-se estar relacionada à questões identitárias
e (des)valorização profissional.
Tendo por referência as pesquisas de Tinto (1975, 1999, 2012), destacamos em nossa
pesquisa a importância da integração e envolvimento ativo do estudante com a instituição para
o enfrentamento da evasão, nos níveis social e acadêmico, uma vez que esses estudos
apontam que é mais provável que os estudantes permaneçam em instituições que os envolvem
e os valorizam. Em nossa pesquisa, foram identificadas como potenciais estratégias para essa
finalidade as atividades de acolhimento; os espaços que potencializam a integração, com
destaque para os centros acadêmicos; os seminários e eventos similares; integração com
outros cursos, como os de pós-graduação e disciplinas integradoras.
Além disso, tomando a sala de aula como espaço privilegiado para as atividades de
aconselhamento informativo, suporte acadêmico e integração com a instituição (TINTO,
2012), destacamos a potencialidade de prever espaço no currículo para: acolher os estudantes;
conhecer suas trajetórias e expectativas, com apoio de servidores como os pedagogos/TAEs;
trabalhar questões relacionadas à profissão docente; conhecer o curso, seu projeto, sua matriz;
conhecer a instituição e a organização geral do campus; trabalhar questões relacionadas à
organização e rotina de estudos; e trabalhar tópicos introdutórios ao curso.
Em nota, informamos que não foram identificados projetos específicos que visem ao
enfrentamento da evasão/promoção da permanência dos estudantes desses cursos, mas,
conforme os relatos, ações que colaboraram para essas finalidades e que buscamos destacar de
forma substanciada, de maneira a contribuir com atividades daqueles que buscam elaborar
independentemente estratégias para a permanência estudantil e, especialmente, com aqueles
que possuem lugar em espaços de decisões, em instâncias “micro e macro”, para a elaboração
de políticas de combate a evasão e promoção da permanência, ainda mais essenciais pós
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O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo e as políticas de enfrentamento de evasão em cursos de
licenciaturas
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período pandêmico (Covid-19), na qual anunciou-se massivamente uma elevada evasão em
todos os níveis/modalidades de ensino.
Considerações finais
Os dados deste estudo permitem identificar a importância de programas e políticas de
intervenção na realidade, relevantes para o planejamento e monitoramento de ações
desenvolvidas nas instituições, contribuindo para as tomadas de decisões quanto aos
processos de evasão e permanência de estudantes de cursos de licenciaturas em instituições de
ensino superior.
Entendemos que a evasão e a permanência de estudantes da educação superior é uma
temática que precisa ser colocada na “ordem do dia” da agenda política brasileira, já que não
observamos em nível nacional uma Política de combate à evasão, como as existentes em
muitos países europeus (BERNARD, 2017) e nos Estados Unidos (RUMBERGER;
PLASMAN, 2018).
A propósito, no contexto das instituições que compõem a Rede Federal, observamos
que a discussão sobre evasão foi colocada em pauta não a partir da proposição de uma Política
de Estado no âmbito da esfera educacional, mas, a partir da auditoria (TCU, 2012) de um
órgão de controle externo
–
o Tribunal de Contas da União.
Ressaltamos, ainda, com fundamento em Lima e Machado (2014), que os esforços de
política educacional e acadêmica não devem se pautar apenas por atrair os jovens para os
cursos de licenciatura, mas para fornecer condições de mantê-los no percurso universitário e
contribuir para que, futuramente, tenham condições de se manter na profissão, de dar conta,
nas palavras de Paz (2016), dos desafios que encontrarão em seu exercício.
Nesse contexto, ao dialogarmos com os participantes do estudo sobre possibilidades e
ações para incentivar a permanência de estudantes nos cursos de licenciaturas do Ifes,
consideramos a análise das seguintes categorias: entendimentos de evasão pelos participantes;
precursores de evasão; formas de levantamento das causas da evasão; percepções da evasão
no curso; acompanhamento do percurso acadêmico dos estudantes; suporte acadêmico;
integração nos níveis acadêmico e social; e ações específicas para promoção da permanência.
Como principais ponderações que colaboram na reflexão e na formulação de políticas
públicas e políticas institucionais para permanência e êxito dos ingressantes nas licenciaturas,
destacamos as seguintes considerações:
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Caroline Araujo Costa NARDOTO; Kalline Pereira AROEIRA e Aldieris Braz Amorim CAPRINI
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Geralmente as faltas reiteradas e as reprovações são precursoras da evasão dos
estudantes, acrescido ainda de indícios como: dificuldades em acompanhar as disciplinas do
curso; em conciliar o curso com aspectos da vida pessoal, sobretudo com o trabalho; e
identificação de escolha do curso motivada por falta de opção, gerando predisposição para
mudar de curso;
A evasão concentra-se principalmente nos primeiros períodos dos cursos de
licenciaturas. Como principais procedimentos para acompanhamento do desenvolvimento
acadêmico dos estudantes, registram-se: levantamento do perfil dos ingressantes por meio de
formulário próprios; análise de relatórios do sistema acadêmico; e principalmente reuniões
periódicas, sobretudo reuniões de colegiado, bem como diálogos informais com professores e
alunos;
Com relação ao suporte acadêmico proporcionado aos estudantes, destacam-se: projeto
“Boas
-
Vindas” para
acolhimento dos discentes, especialmente ingressantes; atendimentos
individuais e em grupo prestados pelo setor pedagógico, pelos coordenadores e professores;
assistência social, psicológica; revisões de conteúdo; monitoria; diferentes formas de tutoria
(prestada por alunos e prestada por professores); e, com destaque, à iniciação à docência, por
meio do Pibid e do programa de Residência Pedagógica;
Sobre a integração dos estudantes com a instituição no nível acadêmico e social,
algumas das potenciais estratégias são: atividades de acolhimento, ressaltando a importância
da participação dos “veteranos” na atividade e mesmo em sua organização; os espaços que
potencializam a integração, com destaque para os centros acadêmicos; os seminários,
“semanas” dos curs
os e eventos similares; integração com os cursos de mestrado, como por
meio da participação em momentos de defesas de dissertação; e tentativa de retomar
disciplina curricular com objetivo de integrar as demais disciplinas.
Por fim, reiteramos que políticas públicas de permanência e de enfrentamento da
evasão, propostas institucionais de acompanhamento do estudante de licenciatura, colaboram
na promoção de condições que viabilizem a conclusão dos cursos de graduação e são ações e
formulações necessárias, especialmente considerando o campo de desafios à permanência,
proveniente, em grande parte, da expansão da educação superior no Brasil.
Finalmente, destacamos a potência de pesquisas qualitativas que dialoguem com os
estudantes de graduação, buscando compreender outras variáveis que podem se relacionar aos
aspectos aqui apresentados, que complementam discussões sobre possibilidades e
necessidades relacionadas às políticas públicas para permanência e êxito dos ingressantes em
cursos de licenciaturas.
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O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo e as políticas de enfrentamento de evasão em cursos de
licenciaturas
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DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.4.17122
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Caroline Araujo Costa NARDOTO; Kalline Pereira AROEIRA e Aldieris Braz Amorim CAPRINI
RPGE
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Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 4, e022108, 2022. e-ISSN:1519-9029
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O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo e as políticas de enfrentamento de evasão em cursos de
licenciaturas
RPGE
–
Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 4, e022108, 2022. e-ISSN:1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.4.17122
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Como referenciar este artigo
NARDOTO, C. A. C.; AROEIRA, K. P.; CAPRINI, A. B. A. O Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo e as políticas de enfrentamento de evasão
em cursos de licenciaturas.
Revista on line de Política e Gestão Educacional
, Araraquara, v.
26, n. esp. 4, e022102, 2022. e-ISSN:1519-9029. DOI:
https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.4.17122
Submetido em
: 21/05/2022
Revisões requeridas em
: 06/07/2022
Aprovado em
: 18/08/2022
Publicado em
: 01/09/2022
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
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The Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo and policies to comply with escape in undergraduate courses
RPGE
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Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 4, e022108, 2022. e-ISSN:1519-9029
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1
THE INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO
ESPÍRITO SANTO AND POLICIES TO COMPLY WITH ESCAPE IN
UNDERGRADUATE COURSES
O INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO ESPÍRITO
SANTO E AS POLÍTICAS DE ENFRENTAMENTO DE EVASÃO EM CURSOS DE
LICENCIATURAS
EL INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO
ESPÍRITO SANTO Y LAS POLÍTICAS PARA CUMPLIR CON ESCAPE EN CARRERAS
DE GRADO
Caroline Araujo Costa NARDOTO
1
Kalline Pereira AROEIRA
2
Aldieris Braz Amorim CAPRINI
3
ABSTRACT
: The work addresses dropout in the degree as a public problem that challenges
public policies and educational managers to create proposals that enable students to remain and
succeed. In order to do so, we analyzed the occurrence of dropout and permanence phenomena
in the context of undergraduate courses at the Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes). The
study has a qualitative character and we chose in this text to explore the discussion and dialogue
with the research participants through virtual interviews. Data interpretation was performed
using the “content analysis” technique. The collected data were analyzed and discussed from a
theoretical framework guided to think about university higher education, teaching at this level
of education and teacher training, understanding the teacher as a transformative, critical and
reflective intellectual and in contributions on the possibilities for student permanence in Higher
Education from the perspective of student integration.
KEYWORDS
:
Evasion. Permanence. Teacher training. Graduation. Public policy.
RESUMO
: O trabalho aborda a evasão na licenciatura como um problema público que desafia
as políticas públicas e os gestores educacionais para a criação de propostas que possibilitem
a permanência e o êxito dos estudantes. Para tanto, analisamos a ocorrência dos fenômenos
da evasão e da permanência no contexto dos cursos de licenciatura do Instituto Federal do
Espírito Santo (Ifes). O estudo tem caráter qualitativo e optamos neste texto em explorar a
discussão e o diálogo com os participantes da pesquisa por meio de entrevistas virtuais. A
interpretação dos dados foi realizada a partir da técnica da “análise de conteúdo”. Os dados
coletados foram analisados e discutidos a partir de referencial teórico pautado para pensar o
1
Federal Institute of Espírito Santo (IFES), Vitória
–
ES
–
Brazil. Pedagogue, Teaching Pro-Rectory. Master in
Education. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8417-7297. E-mail: carolinearaujoc@gmail.com
2
Federal University of Espírito Santo (UFES), Vitória
–
ES
–
Brazil Associate Professor at the Center for
Education and the Graduate Program in Education (PPGE/UFES). PhD in Education. ORCID:
https://orcid.org/0000-0002-5893-539X. E-mail: aroeiraka@hotmail.com
3
Federal Institute of Espírito Santo (IFES), Vitória
–
ES
–
Brazil. Professor. Graduate Program in Humanities
Teaching. PhD in Education. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0431-4691. E-mail: aldieris@hotmail.com
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Caroline Araujo Costa NARDOTO; Kalline Pereira AROEIRA and Aldieris Braz Amorim CAPRINI
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2
Ensino Superior universitário, a docência nesse nível de ensino e a formação de professores,
entendendo o professor como um intelectual transformador, crítico e reflexivo e em
contribuições sobre as possibilidades para permanência estudantil no Ensino Superior na
perspectiva da integração do estudante.
PALAVRAS-CHAVE
: Evasão. Permanência. Formação de professores. Licenciatura.
Políticas públicas.
RESUMEN
: El trabajo aborda la deserción en la carrera como un problema público que
desafía a las políticas públicas y gestores educativos a generar propuestas que permitan a los
estudiantes permanecer y triunfar. Para ello, analizamos la ocurrencia de fenómenos de
deserción y permanencia en el contexto de cursos de graduación en el Instituto Federal do
Espírito Santo (Ifes). El estudio tiene un carácter cualitativo y optamos en este texto por
explorar la discusión y el diálogo con los participantes de la investigación a través de
en
trevistas virtuales. La interpretación de los datos se realizó mediante la técnica de “análisis
de contenido”. Los datos recolectados fueron analizados y discutidos a partir de un marco
teórico orientado a pensar la educación superior universitaria, la docencia en este nivel de
enseñanza y la formación docente, entendiendo al docente como un ser transformador, crítico
y reflexivo y en aportes sobre las posibilidades de permanencia de los estudiantes en la
Educación Superior. La educación desde la perspectiva de la integración de los estudiantes.
PALABRAS CLAVE
: Evasión. Restos. Formación de profesores. Graduación. Política
pública.
Introduction
Student dropout has been recognized, at the international level, as a public problem
(BERNARD, 2017), due to the impacts caused not only for individuals, but for educational
institutions and society in general, since the losses of students who start but do not finish their
courses generate social, academic and economic waste, which in the public sector consist of
resources invested with teachers, employees, equipment and physical space without proper
return (SILVA FILHO
et al
., 2007).
At the Federal Institutes of Education, Science and Technology (Federal Institutes),
created by Law 11,892 of 2008, this occurrence is aggravated by historically recent institutions,
which have undergone wide expansion and offer education at various levels and modalities
(from initial and continuing education courses to undergraduate and graduate courses),
presenting multicurricular and multicampi educational proposals aimed at a diverse and
heterogeneous audience (DORE; SALES; CASTRO, 2014).
The Federal Institute of Education, Science and Technology of Espírito Santo (Ifes) is
an institution of Higher Education, basic and professional, pluricurricular, multicampi and
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The Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo and policies to comply with escape in undergraduate courses
RPGE
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3
decentralized, specialized in the provision of professional and technological education in the
different modalities of teaching; with technical courses, undergraduate, graduate and Initial and
Continuing Education (FIC), composed of 21
campuses,
01 Reference Center in Distance and
the Rectory. In 2022 (two thousand and twenty-two) the Institution has 63 (sixty-three)
undergraduate courses, and 18 (eighteen) undergraduate courses, of these 01 (one) pedagogical
complementation course. In addition to
lato sensu
and
stricto sensu
courses, especially teacher
training.
Institutes must allocate at least 20% (twenty percent) of their vacancies for teacher
training courses for Basic Education and vocational education, in undergraduate courses, as
well as special pedagogical training programs, especially in the areas of science and
mathematics (BRASIL, 2008).
In this article we analyze the occurrence of the phenomena of evasion and permanence
in the context of undergraduate courses of the Federal Institute of Espírito Santo (Ifes). To this
end, we consider the dialogue with coordinators of the participating courses and with
pedagogues/technicians in reference educational subjects for the courses of the Federal Institute
of Espírito Santo
of the campuses
of the Metropolitan Region of Greater Vitória.
We organized this article into five sections: the first - this introduction, in which we
explain the objective of the article and the context in which the presented study was produced;
the second - we discuss the contributions of the academic community in relation to the theme
researched; the third - characteristics and the methodological design of the study; the fourth -
we present the discussion with the field research data; and the last section, we made some final
considerations.
Theoretical framework
The theoretical discussion is based, at the first moment, on the foundation that we use
to think about university higher education, teaching at this level of teaching and teacher
education, understanding the teacher as a transforming, critical and reflective intellectual. In
the second moment, we present contributions on the possibilities for student permanence in
higher education from the perspective of student integration.
First, it is up to us to delimit that we defend the university as an educational social
institution "[...] whose purpose is the permanent exercise of criticism, which is based on
research, teaching and extension" (PIMENTA; ANASTASIOU, 2014, p. 161-162, our
translation). In the meantime, the production of knowledge in university higher education "[...]
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it occurs through the problematization of the historically produced knowledge, its results in the
construction of human society and the new demands and challenges it presents" (PIMENTA;
ANASTASIOU, 2014, p. 162, our translation).
To account for this complexity, we start from the understanding that the teaching
practiced in it must take place as a social practice, a complex phenomenon, multifaceted and in
a situation that constitutes a "[...] process of search, scientific construction and criticism of the
knowledge produced" (PIMENTA; ANASTASIOU, 2014, p. 164, our translation) and which
has, among other attributions, the teaching of the specific professional field in a critical way, in
its connection with the social and historical production of society; the development of critical
capacity and the conduction to the autonomy of the student, of which a traditional teaching and
learning process, centered on the transmission by the teacher, resulting from a vision of learning
by assimilation does not account (PIMENTA; ANASTASIOU, 2014).
Defending the university as an educational social institution that aims at the permanent
exercise of criticism and starting from the understanding that the desired teaching to achieve
this purpose meets the process of "teaching" defended by Anastasiou (2015), in a search to
develop/improve the student's critical capacity and lead him to autonomy, we have that the
action of teacher mediation becomes fundamental. Mediation is that this process can only be
taken into account if the teaching professional who performs it from a critical, competent and
reflective performance (PIMENTA; ANASTASIOU, 2014). In the meantime, what kind of
training do we advocate for higher education teachers and teachers in initial education? How
can this training contribute to the permanence and success of undergraduate students?
According to Pimenta e Almeida (2014), the new social demands placed for teacher
education result in the need for profound renewal in the context of the classroom and in the
methodologies of university Higher Education. The authors also consider that the classical
didactic approaches, centered on the teacher's class and performance, which we understand
strongly contribute to student evasion (GERBA, 2014; LIMA; MACHADO, 2014; MEC,
1996), have been giving space in to teaching modes interested in the training of autonomous
students, which requires new ways of planning and executing the teaching-learning process.
Finally, in view of the discussions established here, we learn that reflection in the
process of teacher education collaborates with the "make-think" of the teacher's daily life,
overcoming the identity of reflective teachers, centered on individual practices, for that of
transforming, critical and reflective intellectuals, concerned with processes of humanization
and reduction of social inequalities (GIROUX, 1997; GHEDIN, 2006; PIMENTA, 2006), this
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is the formation in which we believe to achieve an emancipatory project, committed to social,
economic, political and social democratization, that is fair and egalitarian (PIMENTA, 2006).
After these analyses, we present in this second moment possibilities for the permanence
of students from the classical studies of Vincent Tinto (1975, 1999, 2012).
In general, in his analysis of the proposed scheme, Tinto (1975) concludes that it is the
interaction between the individual's commitment to the goal of completing his course and his
commitment to the institution that determines whether or not he decides to leave the institution
and the form of abandonment behavior to be adopted (voluntary or forced). Thus, the higher
the degree of integration of the individual in the systems (social and academic), the greater his
commitment to the specific institution and with the objective of completing the program.
According to the characteristics presented, the model presented by Tinto can be
described as behavioral, predictive and longitudinal, because it considers an analysis of the
process at different times over time. By trying to explain the interaction between individuals
and higher education institutions, seeking the positive integration of students, the Tinto model
is also seen as an integration model, or as a retention model (KAMPFF; MENTGES;
PETRARCA, 2018), in order to retain the student in the institution.
In this sense, it considers that four institutional conditions stand out as favorable to
retention (permanence): informative counseling, support, involvement and learning. First, it
understands that students are more likely to persist and graduate into contexts that provide clear
and consistent information about institutional requirements. According to institutions that
provide academic, social and personal support, they encourage persistence. Third, students are
more likely to remain in institutions that involve and value them. Fourth, clearly the most
important condition that promotes student retention is learning (TINTO, 1999). Thus, it
considers that institutions that are successful in the construction of their educational
environments are institutions that can retain their students.
Simply put, active engagement seems to be the key. For Tinto (1999), at no time does
this integration matter more than during the first year of the courses, when the links of students
with the institution are tenuous.
Tinto (1999) understands that the main locus of this integration work should be the
classroom. This understanding considers that most of the students of higher education work and
travel extensively to reach the institution; many attend the institution part-time and have
significant obligations outside of it that limit the time they can spend on campus. Thus, for most
of them, the classroom may be the only place where they meet faculty members and colleagues,
the only place where they participate in the curriculum.
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In short, it concludes that if an institution really wishes to give importance to the
retention (permanence) and promotion (success) of all, and not just some students, it is essential
to ensure an organizational environment in which collaboration between the institution's
professionals and students is enhanced and in which the first year of the course is a year of
inclusion that aims to promote the ideal in which everyone has a voice (and time) in the
construction of the knowledge (TINTO, 1999).
Tinto (2012) is emphatic in saying that the source of an institution's success, such as a
student's success, is its ability to learn and improve over time. It states that effective institutions
employ evidence of students' experiences and results in their decision-making. They evaluate
their actions and policies, modify them, when necessary, align them carefully to the same end,
and invest long-term resources to achieve this goal.
The author (2012) also reinforces that as enrollment in general grows, so does the
number of economically disadvantaged students attending higher education institutions. And it
problematizes that, despite the gains in access, the difference between high- and low-income
students at the conclusion of the courses remains, being one of the reasons for the differences
in academic skills necessary to succeed, due to the characteristics of their previous studies.
Assuming that "unsupported access is not an opportunity", he understands that this problem
requires the states and the federal government to have substantial and continuous investment in
the reform of higher education and institutions to provide adequate support for students to
succeed. And in this sense, they should provide faculty and staff with the necessary support to
effectively respond to the academic needs of their students.
Even when a student's experiences within an institution are entirely satisfactory, external
forces can lead to abandonment. It understands that this reality is more frequent in institutions
that serve a large number of students who move, work or attend part-time, particularly those
with lower income, as we observed to be the case of many undergraduate students of the
Network.
Thus, for Tinto (2012), an institution that intends to take retention (permanence)
seriously should take this issue as the main one in the organization of its activities, going beyond
the provisions of complementary services, as had already been highlighting in its previous
work. It argues that it should also align the actions of its various units, in order to work in the
same direction: for the success of students, especially during the first year of the courses. And
that success, he notes, doesn't come by chance. It is the result of intentional, structured and
proactive actions and policies, directed to the actions of all its members: students, teachers and
other employees, and not only of responses to specific problems.
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Methodology
This article refers to a qualitative study, which answers particular questions, loaded with
meanings and intentions, at a level of reality that cannot be quantified (MINAYO, 1994). Thus,
we do not seek to confirm previously constructed theories, but to construct them as the data
were collected and compiled (BOGDAN; BIKLEN, 1994).
We take into account a framework of theoretical references concerned with critical
reflection on teacher education, the phenomenon of dropout and possibilities for student
permanence in the context of undergraduate courses. We agree with Lima and Machado (2014),
that studying evasion and proposing strategies to face it is a matter of valuing the money that is
applied in education, and also of the investment of the citizen who wants to do a higher
education and who, for different reasons, often fails to complete it. Therefore, the
avoidance/permanence binomial can be understood as a unit,
[...] since the vulnerability factors for the interruption of studies are related to
evasion, while the strategies of overcoming, supporting and preventing are
linked to the concept of permanence. Thus, when analyzing them under the
systemic paradigm, the dialogical aspect of the binomial is revealed as an
opposition of terms that constitute a single unit of analysis (SCHMITT, 2014,
p. 3, our translation).
About the research scenario, it is limited to the scope of the Federal Institute of Espírito
Santo, especially the campuses of the Metropolitan Region of Greater Vitória, context that had
greater ease of access and where undergraduate courses are offered in the face-to-face modality:
Cariacica campus - Degree in Physics; Vila Velha campus - Degree in Chemistry; and Vitória
campus - Degrees in Letters - Portuguese Language and Mathematics. With this procedure, this
selection allowed us to identify data from the realities of diverse areas of knowledge (Language,
Mathematics and Nature Sciences).
Considering the size limits of this article, and the impossibility of bringing these
systematizations in a single scientific essay, we chose this text to explore the discussion and
dialogue with the research participants. With regard to these procedures, it is necessary to
contextualize that due to the pandemic caused by the COVID virus 19 [1] it was necessary to
adjust the instrument of field research, seeking proper sanitary and ethical care in the face of
this challenging world reality.
To this end, we used virtual interviews, through
the online platform Zoom,
in 2020, with
4 (four) coordinators of the courses participating in the research and with 3 (three)
pedagogues/technicians in educational subjects (TAEs) of reference for the courses, who after
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invitation and clarification about the research voluntarily joined the study. To perform these
procedures, ethical guidelines of the National Research Ethics Commission (Conep) and the
national ethical standards required in Brazil were adopted. In addition, the following actions
were carried out: theoretical research with theses and dissertations on the subject and
documentary analysis through consultation of a database of specific information about the
Federal Network.
The interpretation of the data was performed from the technique of "content analysis",
a "set of techniques of analysis of communications" (BARDIN, 2016, p. 37), considering the
functions presented by Minayo (1994) of verification of questions, that is, search for answers
to the questions formulated and discovery of what is behind the manifest contents, going beyond
the appearances of what is being communicated.
Analysis of results
Discussions on dropout in Ifes undergraduate courses were reinforced in relevance when
we set out for analysis of some statistical indicators. Based on data for the base year 2019 and
released in the first half of 2020 by Nilo Peçanha Platform (PNP), a virtual environment that is
intended for the collection, treatment and publicization of official data of the Federal Network
(MEC, 2018), we observed that Ifes presented an average annual dropout rate[2] for face-to-
face undergraduate courses of 16% (sixteen percent) that year, higher than the national average
(13.9%), which conferred the 17th (seventeenth) position considering the highest dropout rates
among 40 (forty) institutions that are components of the Federal Network (PNP, 2020).
Considering the indicators of "academic efficiency"[3], statistics regarding dropout,
retention and completion, by enrollment cycle [4], completed in 2018, the dropout rate reached
61% (sixty-one percent), in a context in which most students are in income ranges that
characterize poorer populations (76%) and black students (60%) (PNP, 2020), which once again
highlights the importance of policies for the permanence and success of these courses. From
the analysis of the data of this Platform (PNP, 2020), we noticed that undergraduate courses
have the worst rates of academic efficiency both considering the average of the Federal Network
and ifes, which was about 23% (twenty-three percent), reaching only 11% (eleven percent) in
the degree course in Portuguese language and 9% (nine percent) in the degree course in
Mathematics of the Vitória campus.
In view of this, we tried to understand, in dialogue with the research participants, their
ideas and reflections about evasion and investigate possibilities and strategies to encourage
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student permanence, with guiding questions: the perception of evasion by the participants; the
follow-up of the students' academic path; academic support; the integration of students with the
institution, at the academic and social levels; and specific and systematized actions to promote
student permanence.
As a premise for data analysis, we start from the understanding of evasion as a
procedural, complex and multifactorial phenomenon (DORE; FINI; LUSCHER, 2013; DORE;
SALES; CASTRO, 2014; FRITSCH; VITELLI, 2016; KAMPFF; MENTGES, PETRARCA,
2018; SCHIMITT, 2014), which deepens and is deepened by the social inequalities expressed
by differences in income and access to social and economic goods (BERNARD, 2016;
RUMBERGER; LIM, 2008).
As these are teacher training courses, it is important to situate that these professionals
were understood as transformative, critical and reflective, understanding that reflection in the
training process collaborates with the "do-think" of/in daily life, contributing to the formation
of critical intellectuals, concerned with processes of humanization and reduction of social
inequalities (GIROUX, 1997; GHEDIN, 2006; PIMENTA, 2006; PIMENTA, ANASTASIOU,
2014).
When we start to analyze the strategies that contribute to the permanence of students,
we considered especially the possible actions to be carried out by educational institutions,
betting on the perspective of Integration /Active Involvement of students with institutions at the
academic and social levels, proposed by Vincent Tinto (1975, 1999, 2012), agreeing with his
focus on the first years of the courses, centrality of the classroom and with the maxim that
"unsupported access is not an opportunity" (TINTO, 2012).
With these assumptions, we proceed to the analysis of the collected data. Regarding the
perception of evasion by the participants, it was possible to show that they have different
understandings of the evasion
–
either as a procedural phenomenon, or as punctual, as the
moment of the loss of the bond with the institution, characterized as "abandonment" of the
course. In this research, we defend the conception of evasion as a process, in agreement with
Bernard (2017) and Rumberger and Lim (2008), as opposed to the treatment of this
phenomenon only as an event, since we understand that for its culmination it is necessary a
temporal analysis of its multiple intervening factors (FRITSCH; VITELLI, 2016), considering
that it occurs by a "complex of causes" that are not revealed through centered analysis only
when the evasion materializes (DORE; FINI; LUSCHER, 2013).
This non-consensus was taken as an indication of the importance of deepening the
approach of the theme in the institution studied, in order to deepen the discussions and produce
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consensus on the conceptions to be adopted, since the lack of clarity hinders the understanding
and analysis of the phenomenon and constitutes an obstacle to coping with the problem and
obtaining more positive balances.
That said, as a temporal indicator and precursors of the evasion were signaled by the
participants the repeated absences and distastes, plus indications such as the difficulties in
monitoring the disciplines of the course; to reconcile the course with aspects of personal life,
especially with work; and identification of the choice of course motivated by lack of option,
generating predisposition to change course, being reported that these provisions are more
remarkable in the first periods of the courses
–
which converges with the Tinto notations (1999)
which, considering the perspective of integration, warns that in these periods the links of
students with the institution are still tenuous.
These indicative complexes demonstrate the importance of monitoring the students'
academic path in a systematized way, in which we highlight the survey of the causes of evasion
in an institutionally organized way, preferably as an institutional policy. In the researched
institution, it was noted that the work was carried out only in specific contexts, especially when
requested by the Ministry of Education (MEC), which resulted in the "Report of the Plan of
Permanence and Success" of 2016, after demand from the Federal Court of Auditors (TCU)
(2012). On this occasion, divergent methodologies were used and the data were mostly
presented without differentiation of course type
–
which indicates a lack of systematization at
the institutional level that hinders work with the resulting data. Thus, we advocate the adoption
of unique methodological parameters for the survey, analysis and presentation of results, since
by adopting divergent measures, there is a risk of programming decontextualized and fragile
actions that compromise the diagnosis and comparations within the same institution.
As a way of seeking to meet this (minimal) need for data to support work in favor of the
permanence and success of students, it was revealed, above all, work to survey the profile of
freshmen through forms themselves by the professionals of the campuses; analysis of reports
of the academic system; and mainly periodic meetings, especially collegiate meetings, as well
as formal dialogues with teachers and students
–
which we consider part of the institution's
daily work, valid, important initiatives that can also be systematized in an institutionalized
policy to combat/prevent evasion and promote permanence.
Regarding the academic support provided to the students, it was observed that the
campuses bet mainly on the project "Welcome" (moments of reception of students, especially
freshmen, carried out independently by the campuses); individual and group attendances
provided by sectors of support to teaching, such as pedagogical sector, social assistance,
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psychological of the Centers for Support to People with Specific Needs (Napne), as well as by
teachers and coordinators; moments of content reviews; monitoring them; different forms of
tutoring (provided by students and provided by teachers); and, especially, the initiations to
teaching, through the Pibid (Institutional Program of Teaching Initiation Scholarship) and the
Pedagogical Residency program.
We understand that these strategies go towards the recognition of the needs and
expectations of students and elects the teacher and student as active and critical subjects
(ALMEIDA; TORRES, 2013), whose more detailed described potentialities are not possible to
be systematized in the space/time of this scientific essay. Thus, it is up to us to defend that
access to higher education courses without academic support is not inclusive and
requires/depends on government investments, but also on institutional planning and actions. In
undergraduate courses, actions and programs stand out with the objective of strengthening the
teacher's identity, in an integrative perspective that is linked to their professional development
(ALMEIDA; TORRES, 2013), since the evasion in these courses proved to be related to identity
issues and professional devaluation.
Based on the research of Tinto (1975, 1999, 2012), we highlight in our research the
importance of the integration and active involvement of the student with the institution to cope
with the evasion, at the social and academic levels, since these studies indicate that it is more
likely that students remain in institutions that involve and value them. In our research,
welcoming activities were identified as potential strategies for this purpose; the spaces that
enhance integration, with emphasis on academic centers; seminars and similar events;
integration with other courses, such as postgraduate courses and integrative disciplines.
In addition, taking the classroom as a privileged space for the activities of informative
counseling, academic support and integration with the institution (TINTO, 2012), we highlight
the potential to provide space in the curriculum to: welcome students; know their trajectories
and expectations, with the support of servers such as pedagogues / TAEs; work on issues related
to the teaching profession; know the course, your project, your matrix; know the institution and
the general organization of the campus; work on issues related to the organization and routine
of studies; and work on introductory topics to the course.
In a statement, we inform that no specific projects were identified aimed at addressing
the dropout/promotion of the permanence of students in these courses, but, according to the
reports, actions that contributed to these purposes and that we seek to highlight in a
substantiated way, in order to contribute to the activities of those who seek to independently
develop strategies for student permanence and, especially, with those who have a place in
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Caroline Araujo Costa NARDOTO; Kalline Pereira AROEIRA and Aldieris Braz Amorim CAPRINI
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decision spaces, in "micro and macro" instances, for the development of policies to combat the
evasion and promotion of permanence, even more essential after the pandemic period (COVID-
19), in which a high dropout was announced at all levels/modalities of education.
Final considerations
The data of this study allow identifying the importance of intervention programs and
policies in reality, relevant for the planning and monitoring of actions developed in institutions,
contributing to decision-making regarding the processes of dropout and permanence of
undergraduate students in higher education institutions.
We understand that the evasion and permanence of higher education students is a theme
that needs to be placed on the "agenda" of the Brazilian political agenda, since we do not
observe at the national level a Policy to combat evasion, such as those existing in many
European countries (BERNARD, 2017) and in the United States (RUMBERGER; PLASMAN,
2018).
In this regard, in the context of the institutions that make up the Federal Network, we
observed that the discussion on evasion was put on the agenda not from the proposition of a
State Policy within the educational sphere, but from the audit (TCU, 2012) of an external
control body
–
the Federal Court of Auditors.
We also emphasize, based on Lima and Machado (2014), that educational and academic
policy efforts should not be guided only by attracting young people to undergraduate courses,
but to provide conditions to keep them on the university course and contribute to the future to
be able to remain in the profession, to account, in the words of Paz (2016), challenges that you
will encounter in your exercise.
In this context, when dialoguing with the study participants about possibilities and
actions to encourage the permanence of students in undergraduate courses of Ifes, we consider
the analysis of the following categories: understandings of evasion by the participants;
precursors of evasion; ways of surveying the causes of evasion; perceptions of avoidance in the
course; monitoring the students' academic path; academic support; integration at the academic
and social levels; and specific actions to promote permanence. As main considerations that
collaborate in the reflection and formulation of public policies and institutional policies for the
permanence and success of undergraduate newcomers, we highlight the following
considerations:
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Generally, repeated absences and distastes are precursors of students' evasion, plus
indications such as: difficulties in monitoring the subjects of the course; to reconcile the course
with aspects of personal life, especially with work; and identification of course choice
motivated by lack of option, generating predisposition to change course;
Dropout is mainly concentrated in the first periods of undergraduate courses. As main
procedures for monitoring the academic development of students, we record: survey of the
profile of freshmen through their own form; analysis of reports of the academic system; and
mainly periodic meetings, especially collegiate meetings, as well as formal dialogues with
teachers and students;
Regarding the academic support provided to students, the following stand out:
"Welcome" project for the reception of students, especially freshmen; individual and group
services provided by the pedagogical sector, coordinators and teachers; social and
psychological assistance; content reviews; monitoring; different forms of tutoring (provided by
students and provided by teachers); and, with emphasis, initiation to teaching, through Pibid
and the Pedagogical Residency program;
On the integration of students with the institution at the academic and social level, some
of the potential strategies are: welcoming activities, emphasizing the importance of the
participation of "veterans" in the activity and even in their organization; the spaces that enhance
integration, with emphasis on academic centers; seminars, "weeks" of courses and similar
events; integration with master's courses, as through participation in moments of dissertation
defenses; and attempt to resume curricular discipline in order to integrate the other disciplines.
So, we reiterate that public policies of permanence and coping with evasion, institutional
proposals for monitoring undergraduate students, collaborate in the promotion of conditions
that enable the completion of undergraduate courses and are necessary actions and
formulations, especially considering the field of challenges to permanence, largely coming from
the expansion of higher education in Brazil.
Finally, we highlight the power of qualitative research that dialogues with
undergraduate students, seeking to understand other variables that may relate to the aspects
presented here, which complement discussions about possibilities and needs related to public
policies for the permanence and success of undergraduate students.
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REFERENCES
ALMEIDA, M. I.; TORRES, A. R. Formação de professores e suas relações com a pedagogia
para a Educação Superior.
Form. Doc
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Submitted
: 21/05/2022
Revisions required
: 06/07/2022
Approved
: 18/08/2022
Published
: 01/09/2022
Processing and publication by the Editora Ibero-Americana de Educação.
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