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Dealing with anxiety: Discursos sobre a ansiedade num livro didático de língua inglesa do novo ensino médio
RPGE
–
Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 4, e022109, 2022. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.4.17123
1
DEALING WITH ANXIETY: DISCURSOS SOBRE A ANSIEDADE NUM LIVRO
DIDÁTICO DE LÍNGUA INGLESA DO NOVO ENSINO MÉDIO
DEALING WITH ANXIETY: DISCURSOS SOBRE LA ANSIEDAD EN UN NUEVO
LIBRO DE TEXTO EN LENGUA INGLESA DE ESCUELA SECUNDARIA
DEALING WITH ANXIETY: DISCOURSES ON ANXIETY IN A NEW HIGH SCHOOL
ENGLISH LANGUAGE TEXTBOOK
Thâmara Soares de MOURA
1
Alberto Assis MAGALHÃES
2
Francisco Vieira da SILVA
3
RESUMO
: O objetivo deste estudo consiste em analisar discursos acerca da ansiedade num
livro didático de Língua Inglesa do novo ensino médio. O aparato teórico que norteia as
reflexões ancora-se nos apontamentos de Michel Foucault, especialmente os conceitos de
discurso, enunciado, prática discursiva, verdade, modos de objetivação e de subjetivação, bem
como de autores que discutem a problemática do transtorno de ansiedade, tais como o DSM-V
(2014). O
corpus
de análise é formado por um livro didático de Língua Inglesa do ensino
médio,
English vibes for Brazilian learnes
mais especificamente a unidade denominada
Dealing with anxiety
, cujo foco reside em partir da temática da ansiedade, especialmente entre
os jovens, para trabalhar as habilidades do ensino de língua inglesa como língua estrangeira.
Metodologicamente, este trabalho é caracterizado como uma pesquisa documental, de
natureza qualitativa. As análises denotam que a seleção da ansiedade como um tema para uma
unidade do material didático estudado está sensivelmente articulada com a amplitude desse
problema em escala mundial. Ademais, foi possível constatar que a posição que enuncia no
livro didático, além de trazer materialidades discursivas marcadas pela ênfase na informação
acerca da ansiedade, encentram tecnologias de si, por meio das quais o sujeito discente pode
subjetivar-se.
PALAVRAS-CHAVE
:
Discurso. Ansiedade. Livro didático. Ensino de língua inglesa.
1
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), Mossoró
–
RN
–
Brasil. Doutoranda do Programa de
Pós-Graduação em Letras (PPGL). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4297-6058. E-mail:
thamara.soares68@gmail.com
2
Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), Mossoró
–
RN
–
Brasil. Mestrando do Programa de
Pós-Graduação em Ensino (POSENSINO). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5641-3790. E-mail:
betoassis2001@gmail.com
3
Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), Mossoró
–
RN
–
Brasil. Docente Permanente do
Programa de Pós-Graduação em Ensino (POSENSINO). Doutorado em Lingüística (UFPB). ORCID:
https://orcid.org/0000-0003-4922-8826. E-mail: francisco.vieiras@ufersa.edu.br
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Thâmara Soares de MOURA; Alberto Assis MAGALHÃES e Francisco Vieira da SILVA
RPGE
–
Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 4, e022109, 2022. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.4.17123
2
RESUMEN
: El objetivo de este estudio es analizar los discursos sobre la ansiedad en un
libro de texto de lengua inglesa para la nueva escuela secundaria. El aparato teórico que
orienta las reflexiones está anclado en los apuntes de Michel Foucault, especialmente los
conceptos de discurso, enunciación, práctica discursiva, verdad, modos de objetivación y
subjetivación, así como de autores que discuten el problema del trastorno de ansiedad, como
el DSM-V (2014). El corpus de análisis está compuesto por un libro de texto de inglés de
secundaria, English vibes for Brazilian learnes, más específicamente la unidad denominada
Lidiando con la ansiedad, cuyo foco está en partir del tema de la ansiedad, especialmente
entre los jóvenes, para trabajar la enseñanza de habilidades. Inglés como lengua extranjera.
Metodológicamente, este trabajo se caracteriza por ser una investigación documental, de
carácter cualitativo. Los análisis muestran que la selección de la angustia como tema para
una unidad del material didáctico estudiado se articula sensiblemente con la amplitud de esa
problemática a escala global. Además, fue posible verificar que la posición enunciada en el
libro de texto, además de traer materialidades discursivas marcadas por el énfasis en
informaciones sobre la angustia, centran tecnologías del yo, a través de las cuales el sujeto
estudiante puede subjetivarse.
PALABRAS CLAVE
:
Habla. Ansiedad. Libro de texto. Enseñanza de lengua inglesa.
ABSTRACT
: The objective of this study is to analyze speeches about anxiety in an English
language textbook for the new high school. The theoretical apparatus that guides the
reflections is anchored in Michel Foucault's notes, especially the concepts of discourse,
utterance, discursive practice, truth, modes of objectification and subjectivation, as well as
authors who discuss the problem of anxiety disorder, such as such as the DSM-V (2014). The
corpus of analysis is made up of a high school English textbook, English vibes for Brazilian
learnes, more specifically the unit called Dealing with anxiety, whose focus lies on starting
from the theme of anxiety, especially among young people, to work on skills teaching English
as a foreign language. Methodologically, this work is characterized as a documentary
research, of a qualitative nature. The analyzes show that the selection of anxiety as a theme
for a unit of the studied didactic material is sensitively articulated with the amplitude of this
problem on a global scale. Furthermore, it was possible to verify that the position enunciated
in the textbook, in addition to bringing discursive materialities marked by the emphasis on
information about anxiety, center technologies of the self, through which the student subject
can subjectify himself.
KEYWORDS
: Speech. Anxiety. Textbook. English language teaching.
Introdução
Por muito tempo, os sistemas de ensino no Brasil voltaram-se para a preparação do
alunado para o mercado de trabalho, deixando, portanto, de lado a preparação para a vida, isto
é, não dando ênfase às competências emocionais. Como consequência, Nunes-Valente e
Monteiro (2016) pontuam que isso implicou a formação de sujeitos que aprendem uma
profissão, mas são emocionalmente incompetentes para lidarem com as exigências
trabalhistas, bem como com os diversos acontecimentos da vida e, inclusive, com os próprios
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sentimentos de maneira saudável. Tais fatores os tornam potencialmente predispostos a
desenvolverem psicopatologias diversas, a exemplo da ansiedade, um dos transtornos que
mais cresceu nas estatísticas dos últimos anos, tanto no Brasil como no mundo
4
.
De modo correlato, presenciou-
se também uma espécie de “demonização” das
emoções negativas, tais como a tristeza, a angústia, a ansiedade, em virtude do imperativo da
felicidade constante, estando estes sentimentos associados pejorativamente à “fragilidade”.
Assim, a união dessas questões possibilitou a emergência e o enrijecimento dos tabus quanto
ao aceite aos cuidados com a saúde mental, bem como o não entendimento da gerência das
emoções como uma questão de saúde pública.
Em virtude das novas dinâmicas socioeconômicas do século XXI, cujas exigências em
torno da produtividade e performance dos sujeitos tornaram-se uma das principais
preocupações, e também levando em consideração as altas estatísticas de adoecimento
psicológico reveladas nos estudos realizados pela Organização Mundial da Saúde
–
OMS nos
últimos anos, desenvolver a inteligência emocional
5
é uma das principais prorrogativas das
sociedades de controle
6
. Visando resultados socioeconômicos mais positivos, as articulações
dos saberes e poderes médico-psiquiátricos passaram a ser reclamadas também em ambientes
escolares. Desse modo, a instituição escolar, cada vez mais, apresenta propostas/práticas
pedagógicas diversas que, como estratégias biopolíticas
7
, atuam em prol de uma
pedagogização dos sujeitos que favoreça a educação sentimental em todas fases da vida
estudantil.
É partindo desse princípio que identificamos, hoje, a emergência cada vez maior de
sistemas de ensino e materiais didáticos que abordam a temática das afetividades e promovem
o diálogo acerca do gerenciamento das emoções, como é o caso da proposta do Novo Ensino
Médio, a qual está sendo implementada de forma gradual já no ano de 2022. Nesta, já
alinhado à estrutura curricular Base Nacional Comum Curricular - BNCC, para além das
4
Conforme o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais
–
DSM V (2014), a ansiedade é uma
emoção natural do ser humano. Porém, quando os quadros de ansiedade acabam trazendo algum tipo de prejuízo
ou sofrimento para o sujeito, esta passa a se enquadrar no
hall
das patologias.
5
Entende-se por inteligência emocional um conjunto de habilidades e competências cognitivas, tidas como
autoconsciência, autodomínio, consciência social e gestão das relações, que permitem que os sujeitos
desenvolvam e articulem relações e (re)ações saudáveis, seja consigo ou com o outro, nas diversas situações
sociais (VALENTE; MONTEIRO, 2016).
6
A Sociedade de Controle, para a Hardt e Negri (2001), é caracterizada por formas de controle e governo
específicas do sujeito. Tendo como contribuição as tecnologias diversas, os poderes articulados neste tipo de
sociedade se estabelecem sobre os sujeitos de forma sorrateira, mas eficaz, pois há uma espécie de falsa
autonomia à medida em que a responsabilidade sobre a vida recai sobre o próprio sujeito.
7
Compreende-se por biopolítica o conjunto de estratégias provenientes do que Foucault (2018) denominou
biopoder, um poder sobre a vida que busca controlar e intervir na população sempre que necessário. Portanto,
tem como premissa principal fazer viver, mas deixar morrer aqueles sujeitos que ofereçam perigo à espécie.
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preocupações formativas tanto no que concerne a conhecimento básicos (pilar
Formação
Geral Básica
) como para o mercado de trabalho (
Itinerários Formativos
), também considera
essa preocupação com o gerenciamento da saúde física, cognitiva e socioemocionais dos
estudantes (pilar
Projeto de Vida
). Tais propostas encontram-se intrinsecamente articuladas
nos materiais didáticos.
Compreendendo que a adolescência
–
público-alvo do Novo Ensino Médio - é uma
fase marcadas pela suscetibilidade à psicopatologias em razão da tríade biopsicossocial
8
, a
exemplo do transtorno de ansiedade, bem como ao considerar que a psicopatologia
supracitada também é uma das temáticas de interesse desse novo sistema de ensino em virtude
do alto acometimento dos sujeitos nesta fase da vida
9
, surge o interesse, neste estudo, em
investigar como os discursos que circundam a ansiedade patológica constituem-se num livro
didático de Língua Inglesa do Ensino Médio, mais especificamente o
English vibes for
Brazilian learnes,
uma das coleções que se encontra já em consonância com as orientações do
Novo Ensino Médio, conforme a Lei nº 13.451/2017.
Para tanto, calcamo-nos no arcabouço teórico-metodológico da Análise do Discurso de
linha francesa
–
AD, mais especificamente nos estudos arquegenealógicos empreendidos pelo
filósofo francês Michel Foucault, haja vista as possibilidades de articular a investigação dos
discursos à Psicologia, além de outros autores que discutem, de modo específico, a
problemática do transtorno de ansiedade na adolescência e a inteligência emocional, tais como
Nunes-Valente e Monteiro (2017), Germain e Mascotte (2016), entre outros. Nesse sentido,
elencamos as seguintes categorias de análise: discurso, enunciado, prática discursiva, verdade,
modos de objetivação e de subjetivação.
Quanto ao
corpus
de análise, foi selecionado a unidade
Dealing with anxiety
do livro
didático de Língua Inglesa do ensino médio
English vibes for Brazilian learnes
. De autoria de
8
De acordo com Germain e Marcotte (2016), por compreender uma fase de transição entre a infância e a vida
adulta, a adolescência é marcada por uma grande mudança física, cognitiva e psicossocial, muitas vezes atrelada
a sinônimo de tristeza, incompreensão e rebeldia dada as oscilações de humor propiciadas pela fase. Como
explicação, os autores pontuam que isso decorre de fatores biológicos, visto que os hormônios encontram-se em
constante produção para maturação sexual, bem como estrutura cerebral em intenso desenvolvimento,
principalmente no que toca a porção de processamento das emoções. Paralelo a isso, no âmbito social, os
adolescentes passam por todo um processo de redescobrimento e posicionamento de si, de construção da própria
identidade perante o mundo, além de terem que escolher as carreiras profissionais e demais encargos que o início
da vida adulta impõe, fatores esses que influenciam consideravelmente as formas de ser e existir no mundo.
Logo, é em virtude de todas essas alterações psicofisiológicas acarretadas por transtornos mentais são mais
recorrentes. Alguns dos que mais se destacam, conforme os dados da OMS (2005), são a ansiedade e a
depressão, inclusive, conforme Germain e Mascotte (2016), estas também se destacam nos três anos do Ensino
Médio.
9
Conforme os últimos estudos realizados pela OMS (2005), o transtorno de ansiedade é a patologia que mais
acomete a população mundial, de modo que, nas crianças, chega a atingir 4,6% da população, enquanto que
5,8% são adolescentes e a 9,3% concerne ao público adulto.
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Claudio de Paiva Franco, aprovado no Programa Nacional do Livro e do Material Didático
(PNLD), edição de 2021 e publicado pela editora FTD, o foco desta unidade, no interior da
coleção, parte da temática da ansiedade, especialmente entre os jovens, para trabalhar as
quatro habilidades do ensino de língua inglesa:
listenin
g,
speaking
,
reading
e
writing
. Por este
motivo, situamos este trablho no interior de uma pesquisa documental de abordagem
qualitativa.
Para uma melhor experiência de leitura, este estudo encontra-se estruturado a partir de
dois tópicos teóricos, em que (a)
Discurso, biopolítica e subjetividade na instituição
escolar: reflexões foucaultianas
, busca discutir sobre os apontamentos teóricos foucaultianos
que norteiam o estudo; bem como (b)
Aprendendo a gerenciar as emoções na escola: um
olhar sobre os discursos da ansiedade no livro didático
English vibes for Brazilian
learnes
, o tópico analítico, intitulado (c)
Aprendendo a gerenciar as emoções na escola:
um olhar sobre os discursos da ansiedade no livro didático
English vibes for Brazilian
learnes
, seguidos das conclusões e das referências.
Discurso, biopolítica e subjetividade na Instituição Escolar: reflexões foucaultianas
Michel Foucault foi um pensador que não se permitiu enquadrar em áreas específicas,
pois passeou pela psicologia, história, filosofia, ciências sociais, dentre outras, sempre
questionando os limites disciplinares e a construção das epistemologias. Em sua teoria, alguns
conceitos se sobressaem, a exemplo do discurso. Segundo Foucault (2020), trata-se de uma
prática que constitui objeto de que se fala e um conjunto de enunciados provenientes de uma
mesma formação discursiva. Atrelado a esse conceito destacamos o de enunciado,
considerado como o átomo do discurso, o grão, a unidade elementar de análise. Nas palavras
de Foucault (2020
, p. 105), o enunciado “
[...] é uma função de existência que pertence,
exclusivamente, aos signos, e a partir da qual se pode decidir, em seguida, pela análise ou pela
intui
ção, se eles “fazem sentido” ou não, segundo que regras se sucedem ou se justapõem
[...]”.
Pensar o discurso e o enunciado exige refletir sobre o funcionamento das práticas
discursivas e as suas regras, que não definem a existência muda de uma realidade ou o uso
canônico de uma palavra ou expressão, mas estão associadas ao regime dos objetos. Nessa
ótica, torna-se necessário considerar que as práticas discursivas representam um conjunto de
regras anônimas, históricas, determinadas pelo tempo e espaço considerando as funções
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enunciativas para uma determinado campo social, seja econômica, geográfica, linguística,
dentre outros (FOUCAULT, 2020).
Como apontado por Foucault (2014), em toda sociedade há um processo de controle
que orbita a produção do discurso, responsável por controlar, selecionar, organizar e distribuir
por meio de procedimentos cujo por objetivo consiste em conjurar os poderes e dominar o
acontecimento aleatório de que o discurso é fruto. Dessa medida, o discurso encontra-se
atrelado ao desejo e ao poder e, como extensão, à construção da verdade que, por seu turno,
encontra-se ancorada em objetivos específicos, centrada na forma do discurso científico e nas
instituições que a produz. Assim, a verdade é predominantemente produzida e transmitida
pelas instâncias políticas e econômicas, ligada a efeitos de poder que a produzem e apoiam e
relacionada com os efeitos de poder que são por ela induzidoss e reproduzidos. A verdade
caracteriza-se, pois, como ações para a produção, partição, circulação e funcionamento dos
enunciados (FOUCAULT, 2021).
Buscar a compreensão dos sujeitos nas relações de poder implica entender que a
palavra sujeito pode receber dois significados: o primeiro está associado ao processo de
sujeição ao outro, e o segundo a um processo de identidade. Ambas as conotações
configuram-se como uma forma de poder que subjuga e sujeita. Para se estudar os
mecanismos de sujeição, é necessário considerar a relação com os mecanismos de dominação
e exploração. Ancoradas pelos estudos foucaultianos, Baracuhy e Pereira (2013) discutem que
a reflexão das relações de poder atravessam o corpo, apontando-o como alvo de controle
exercido cotidianamente na vida dos sujeitos, sendo atribuídas proibições, obrigações,
condutas relacionadas as formas agir e estar na sociedade.
Nesse sentido,
o termo “conduta”
mimetiza as relações de poder, no sentido que estar
relacionado ao ato de conduzir os outros, assim como a maneira de se comportar e agir,
porque o exercício do poder se efetiva no sentido de conduzir condutas (FOUCAULT, 2009).
Pensando nesses aspectos, as relações de poder atravessam os corpos dos sujeitos, não
mais apenas dentro de uma perspectiva disciplinadora, mas, sim, pautadas na melhoria da
qualidade de vida, de modo a exercer o poder em torno da população. Ponderando tais
objetivos, a disciplina e a biopolítica atuam em todos os níveis sociais presentes em
instituições como, por exemplo, a família, escola, medicina, exército, dentre outros
(MARTINHAGO; ROMANÍ, 2019).
As tecnologias políticas que atuavam no controle dos corpos condicionando o
funcionamento das sociedade ocidentais, bem como as suas instituições, das quais podemos
citar a escola, modificaram-se para uma nova modalidade de poder, que se apresenta não
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dentro de uma perspectiva de morte, mas sobre a vida dos sujeitos (BARROS, 2013). Como
apontado por Martinhago e Romaní (2019
, p. 59) “O biopoder contribuiu para o
desenvolvimento do capitalismo, uma vez que as técnicas de poder exerceram o controle dos
corpos em prol da produção, assim como a regulação dos fenômenos populacionais foi
vinculada aos processos econômicos”,
de modo a promover também a expansão das
tecnologias políticas que recaem sobre o corpo, a saúde e a vida.
Aprendendo a gerenciar as emoções na escola: Um olhar sobre os discursos da
ansiedade no livro didático
English vibes for Brazilian learnes
Vivemos, hoje, no século das ansiedades e, como as diversas psicopatologias
diminuem a produtividade dos sujeitos, incluindo a capacidade de aprendizagem
10
, articular
estratégias biopolíticas de conscientização e intervenção no que toca o gerenciamento das
emoções ainda no âmbito escolar, tais como palestras, debates, entre outros, são atitudes
preventivas que, aliadas ao acompanhamento com um profissional capacitado (psicólogo,
psiquiatra, por exemplo), contribuem para a manutenção da saúde mental destes adolescentes.
Isso implica não só a prevenção a curto prazo, mas também contribuem, para a “fabricação”
de (futuros) adultos que atuarão no mercado de trabalho e nas demais atividades sociais de
maneira muito mais eficiente e com obtenção de resultados mais positivos.
É com base nas premissas de melhoramento da performance dos sujeitos sob o prisma
neoliberal, que se embasa a proposta do Novo Ensino Médio, cuja implementação (gradual)
foi iniciada já no ano de 2022 em algumas escolas brasileiras. Vale ressaltar que essas
propostas (que se estruturam nos pilares Formação Geral Básica e Itinerários Formativos)
estão intimamente articuladas e contextualizadas à temática das emoções nos livros e demais
materiais didáticos através do trabalho com diferentes gêneros textuais e de atividades
diversas. É o que ocorre com a discussão em torno do gerenciamento das emoções, pauta do
chamado Projeto de Vida, componente curricular que ressoa dos novos arranjos curriculares.
Ademais, torna-se premente trazer à tona os materiais didáticos elaborados com esse viés,
como as coleções de Língua Inglesa do ensino médio, a exemplo de
English vibes for
Brazilian learnes
, o qual constitui o
corpus
de análise e, portanto, o foco de investigação
deste artigo.
10
Neste ínterim, vale ressaltar que toda aprendizagem tem a contribuição da bagagem cognitiva/emocional, pois
sem ela “não há
curiosidade, não há aten
ção, não há aprendizagem e não há memória” (
VALENTE;
MONTEIRO, 2016, p. 3), questão essa que torna ainda mais importante a atenção especial dos processos
cognitivos de gerenciamento das emoções para melhores resultados escolares.
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8
Neste, há a unidade
Dealing with anxiety
, que parte da problemática da ansiedade -
uma das psicopatologias que mais assola a população jovem, conforme pontuado pela OMS
(2005) - para trabalhar os conteúdos seguintes: adjetivos finalizados em -
ed/-ing
, os verbos
modais
should, must
e
have to
, além de compreender/responder perguntas diversas, sempre
articulando as quatro habilidades do ensino de língua inglesa:
listenin
g,
speaking
,
reading
e
writing
.
Inseridos no arcabouço teórico da AD foucaultiana, que elege como principal
categoria de investigação os discursos, convém compreendermos, a partir do viés discursivo,
como a ansiedade se constitui na unidade didática em questão, a iniciar pela figura 1:
Figura 1
–
Recorte do texto motivacional da atividade
Fonte: Franco e Tavares (2020, p. 199)
Diante do exposto, visualizamos o transtorno de ansiedade sendo discursivizado na
matéria do
blog
Here to Listen
. Diante de tais apontamentos e embasando as interpretações
sob a perspectiva discursiva de Foucault (2020), a materialidade supracitada é perpassada por
uma formação discursiva que reúne discursos psiquiátricos e educacionais, visto que, para fins
pedagógicos da disciplina de Língua Inglesa, articulam saberes da instituição médico-
psiquiátrica concernentes ao mapeamento das principais causas dos problemas na
adolescência, inclusive transtorno de ansiedade.
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Ao identificar que os transtornos de ansiedade são as maiores causas de adoecimento
juvenil, algumas ações são articuladas em torno deste grupo. Desse modo, a opção em
envolver tais discussões no contexto educacional, mais especificamente no livro didático do
ensino médio, transfigura-se em um novo desmembramento das ações biopolíticas em torno
da prevenção e intervenção em quadros ansiosos patológicos no que concerne à população
adolescente, haja vista que se partem dos seguintes pressupostos: (a) a escola de ensino médio
é o local que abarca uma grande quantidade do grupo focalizado, já que essa fase escolar
abarca a faixa etária dos 14 aos 18 anos; (b) por ser um ambiente de ensino, é possível
pedagogizar em massa esses adolescentes, de modo a ensiná-los a como lidar com as diversas
emoções e demais acontecimentos suscitadas neste período específico da vida a partir dos
pilares da inteligência emocional. É, portanto, pela união destes fatores que a intervenção
psiquiátrica, ao inserir a educação emocional também ao âmbito escolar, tona-se mais rápida,
precisa, eficaz e com maiores chances de sucesso.
De modo geral, como singularidade enunciativa da materialidade da figura 1, tal
transtorno é objetivado a partir da voz de uma profissional da área
psi
, a doutora Sandra
Pimentel, professora assistente da Clínica de Psicologia da Universidade da Colômbia, além
de diretora associada da Clínica para Ansiedade e demais Desordens, da mesma universidade.
A respectiva matéria, inscrita como texto motivador para a prática das atividades, tem por
objetivo auxiliar e orientar adolescentes em questões diversas, assim como foi pontuado no
próprio subtítulo e descrição do
blog
: “
Histórias, atividades e orientação especializada para
ajudar os adolescentes em tempos difíceis
”
11
e “
É um recurso para adultos atenciosos - a
equipe de linha de frente na escola e programas comunitários - para ajudar os adolescentes
que estão lutando com emoções difíceis
”
12
(FRANCO; TAVARES, 2020, p. 199, tradução
nossa), respectivamente.
Para proceder, portanto, no processo de orientação, a posição da jornalista (Maria
Luiza Tucker) desempenha uma série de perguntas relacionadas a ansiedade a uma
profissional
psi
, cuja voz é autorizada e intensifica o teor de veracidade da matéria, já que está
embasada nas premissas da instituição psiquiátrica, corroborando, então, as proposições de
Foucault (2011).
A passagem “
Todos os artigos de consultoria especializada são escritos por
Maria Luisa Tucker, diretora editorial da
Youth Commincation’s
, e baseados em entrevistas
11
“Stories, activities and expert guidance to help teens in difficult times.”
12
“It's a resource for caring adults
- the frontline team at school and community programs - to help teens who are
struggling with tough emotico
ns.”
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DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.4.17123
10
com nosso conselho consultivo de profissionais de saúde mental
”
13
(FRANCO; TAVARES,
2020, p. 199, tradução nossa), localizada ao final da matéria, também corrobora esta ideia à
medida em que não só enfatiza que as informações embasam-se nas afirmações de
conselheiros da área da saúde mental, mas também reafirma a própria autoridade enquanto
jornalista (já que a posição que enuncia ocupa o cargo de diretora editorial
Youth
Communication’s
), autorizada a articular e difundir tais informações.
Em todo caso, a posição sujeito da jornalista inicia a matéria explicando que todos nós
experienciamos a ansiedade. Porém, alguns adolescentes possuem experiências intensas com
esta emoção, as quais chegam a trazer problemas no seu dia a dia. Ao mencionar isso, este faz
três questionamentos para a posição da doutora Sandra Pimentel: “a. O que é ansiedade?
Em
qua
l ponto a ansiedade se torna um problema em que o sujeito precisa procurar ajuda?”
14
,
bem como “b. Quais os tipos mais comuns de ansiedade patológica?”
15
e “c. O que você
recomenda para lidar com ansiedade todos os dias?”
16
(
FRANCO; TAVARES, 2020, p. 199,
tradução nossa). Trazendo estes apontamentos para o escopo foucaultiano, podemos perceber
a articulação de saberes e poderes das instituições da área
psi
, na qual as questões a e b
demarcam com mais ênfase os jogos de saber-poder da instituição médico-psiquiátrica,
enquanto que a última questão delineia modo específicos de governamentalidade
(FOUCAULT, 2009), consequentes à respectiva atuação.
Isso ocorre porque, ao delimitar que a ansiedade é um sintoma natural do ser humano e
só atinge níveis patológicos quando aparecem algum tipo de sofrimento, a profissional parte
de saberes especificados pela instituição médico-psiquiátrica, os quais, ao partirem de
critérios científicos, fazem ver e anunciar a ansiedade patológica como, nas palavras da
profissiona
l, “a
p
sicopatologia mais comum entre crianças e adolescentes”
17
e que pode ser
classificada em: a) ansiedade generalizada (“quando a pessoa se preocupa com tudo,
ansiedade social quando a pessoa se preocupa excessivamente com situação e sociais, sobre
como as pes
soas pensam sobre ele”
18
), b) transtorno do pânico (“quando a pessoa tem ataques
de pânico com muitos sintomas físicos”
19
), c) transtorno obsessivo-compulsivo (TOC)
13
“All expert advisory article
s are written by Maria Luisa Tucker, editorial director of Youth Commincation's,
and based on interviews with our advisory board of mental health professionals.”
14
“a. What i
s anxiety? At what point does anxiety become a problem where the subject needs to seek help?"
15
“b. What
are the most common types of pathological anxiety?
16
“What do you recommend to deal with anxiety every day?”
17
“the most common psychopathology among children and adolescents”
18
“when the person ca
res about everything, social anxiety when the person overcares about situation and social,
about how people think
about it”.
19
“when the person has panic attacks with many physical symptoms”.
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11
(“quando a pessoa tem pensamentos intrusivos que definem comportamentos particulares”
20
),
entre outros
(
FRANCO; TAVARES, 2020, p. 199, tradução nossa).
Quanto à última pergunta, “O que você recomenda para lidar com ansiedade todos os
dias?”
21
(FRANCO; TAVARES, 2020, p. 199, tradução nossa), podemos identificar o
atravessamento de poderes específicos, visto que delineiam as normas de existência e de
comportamento a partir da especificação do que fazer e como agir para lidar com as emoções
e, assim, controlar os quadros ansiosos. Tal ideal de conduta para o sujeito ansioso parte do
princípio de que os sujeitos têm que estar saudáveis para os diversos afazeres
socioeconômicos, pois, caso contrário, será excluído das relações sociais. Para serem aceitos,
estes tendem a seguir as indicações: se planejar com expectativas reais, ter uma boa noite de
sono, conversar com um amigo, parente etc. que possa oferecer conforto e acolhimento.
Todas essas indicações incorporam os princípios biopolíticos e ascéticos delineados
por Foucault (2018), pois prezam pela manutenção da vida mediante a vigília e a lapidação de
si quanto aos comportamentos e pensamentos de forma autônoma e ativa. Assim, a partir do
momento em que aplicam o cuidado de si sobre si, estes mobilizam as estratégias de controle,
disciplinamento e governamento dos comportamentos e da existência delimitados pela
instituição médico-psiquiátrica, fato que torna esses sujeitos cada vez mais saudáveis e,
consequentemente, aptos e úteis para a convivência e produção em sociedade.
Ao pensar, então, que a atuação do saber-poder médico-psiquiátrico implica também
na modulação de formas de existência dos sujeitos, é interessante volver os olhares para a
materialidade da figura 3, a qual discute sobre quais modos de existência são invocados pelas
aplicações de técnicas biopolíticas:
20
“when the person
has intrusive thoughts that define particular
behaviors”
21
“What do you recommen
d to deal with anxiety e
very day?”
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Thâmara Soares de MOURA; Alberto Assis MAGALHÃES e Francisco Vieira da SILVA
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12
Figura 2
–
Recorte da atividade embasada no texto motivacional do blog Here to Listen
Fonte: Franco e Tavares (2020, p. 200)
Neste recorte da atividade referente à leitura motivacional anterior,
Q&A: Anxiety
among teens
(ansiedade entre adolescentes), confirmamos mais uma vez que os conteúdos
didáticos de Língua Inglesa, tais como o uso e aplicações do -
ing
(questão 8), são abordados
de modo contextualizado aos textos-base selecionados (que, por sua vez, discursivizam a
ansiedade patológica), uma vez que buscam instigar o aluno a fazer associações de sentidos
(significados e expressões) entre as alternativas I, II, III e IV aos verbos em destaque nas
alternativas a, b, c e d (os quais se constituem a partir de recortes do texto base trabalhado),
mediante o “contexto de uso” de cad
a um.
Além disso, identificamos nos tópicos
Post-reading
(após a leitura) e
Think about it
(Pense nisso) que o aluno é levado a refletir constantemente sobre a temática da ansiedade.
Dito isso, na questão 9, o discente parte da compreensão social desta problemática em escala
global/ em sua comunidade, e passa a refletir sobre as dinâmicas afetivas/emocionais a partir
da perspectiva de si, assim como podemos identificar nas alternativas a, “Dr. Sandra Pimentel
apresenta estratégias de como aprender a lidar com a ansiedade da melhor maneira. Quais são
elas? Você tem o hábito de fazer isso quando está lidando com algum problema?”
22
; e na b,
“Com quem você conversa quando está se sentindo mal ou ansioso? Como você se sente após
conversar com eles?”
23
, ou até mesmo no tópico
Think about it
(Pense nisso), “Para você, qual
é a importância de se informar sobre os tipos de transtornos de ansiedade e as melhores
22
“Dr. Sandra Pimentel presents strategies
on how to learn how to deal with anxiety in the best way. What are
they? Do you have a habit of d
oing this when you're dealing with a problem?”
23
“Who do you talk to when you're
feeling bad or anxious?
How do you feel after talking to them?”
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Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 4, e022109, 2022. e-ISSN: 1519-9029
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formas de lidar com eles na adolescência?”
24
(FRANCO; TAVARES, 2020, p. 200, tradução
nossa).
Ambos os questionamentos se constituem estrategicamente como técnicas de si, mais
especificamente técnicas ascéticas, pois conduzem o aluno a uma autoanálise dos
pensamentos e comportamentos quando enfrentando dificuldades e problemas, principalmente
envolvendo a ansiedade, e, a partir disso, encaminham novas formas de governamento em que
este sujeito, embasando-se nas dicas da profissional da área
psi
, toma para si a
responsabilidade quanto ao cuidado com a própria saúde psíquica mediante a identificação de
sintomas e controle de possíveis quadros de adoecimento psicológico.
Nesse sentido, o outro também é convocado, pois é a partir deste que, de forma mútua,
é possível construir uma rede de apoio para acolhimento e auxílio psicológico do sujeito em
sofrimento, como também para suporte para si. Esse pensamento pode ser confirmado, ao
observarmos alguns trechos da questão b, “Com quem você conversa quando está se sentindo
mal ou ansioso? Como você se sente após conversar com eles?”
25
, em que o sujeito é
encaminhado a refletir que estabelecer essa rede de apoio e escuta do outro auxilia no próprio
processo de alívio dos sintomas; como também no espaço reservado para o
Think about it
(Pense nisso), em que o sujeito é convidado a refletir e possivelmente identificar quadros de
sofrimento mental do sujeito-
outro, uma vez que é questionado: “seus colegas costumam se
preocupar de maneira excessiva com as dificuldades do dia a dia?”
26
(
FRANCO; TAVARES,
2020, p. 200, tradução nossa). Em caso afirmativo, este sujeito tende ao cuidado com o outro
como uma extensão do cuidado de si, assim como pontua Foucault (2009).
Como resposta às provocações, ao final é trazido o tópico
Learning on the web
, o qual
encaminha os jovens a aprofundarem os conhecimentos quanto ao que é e sobre “as formas de
lidar c
om a ansiedade/estresse”
27
(FRANCO; TAVARES, 2020, p. 200, tradução nossa) a
partir da indicação do
site
da ADAA, sigla para a Anxiety & Depression Association of
America (Associação Americana de Ansiedade e Depressão). Vale ressaltar que, mais uma
vez, outro material que parte da instituição psiquiátrica é acionado, pois somente esta é
autorizada a enunciar os discursos em torno da ansiedade, bem como a delinear formas
específicas e aceitáveis de comportamento e governamento, se tornando, portanto, uma fonte
24
“For you, w
hat is the importance of informing yourself about the types of anxiety disorders and the best ways
to deal with them in adolescence?”
25
“Who do
you talk to when you're feeling bad or anxious? How do you
feel after talking to them?”
26
“do your colleagues of
ten worry too much about the difficulties of the day-to-
day?”
27
“ways to deal with anxiety/stress”
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Thâmara Soares de MOURA; Alberto Assis MAGALHÃES e Francisco Vieira da SILVA
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segura e confiável já que as informações se pautam em saberes respaldados pelo sistema de
veridicção dos tempos hodiernos: a ciência.
Em todo caso, percebemos que tais questionamentos, reflexões e encaminhamentos de
leitura modulam as subjetividades destes adolescentes, visto que,
mediados por tecnologias de
si, permitem que o sujeito reflita sobre si e o outro (MARTINHIAGO; ROMANÍ, 2019) e, em
caso de constatação de tendência à desenvolver quadros de ansiedade, assuma os
comportamentos considerados adequados - delineados pelos discursos proferidos pela
instituição psiquiátrica
–
e busque ajuda. Caso não identifique, o sujeito é levado a conhecer e
lidar previamente com possíveis sintomas quando vierem a acontecer. Tais questões auxiliam
no desenvolvimento da inteligência emocional, termo conceituado por Valente e Monteiro
(2017), os quais transformam estes sujeitos de adolescentes despreparados emocionalmente e
suscetíveis ao desenvolvimento de diversas psicopatologias à sujeitos aptos e educados a
lidarem com as diversas demandas da vida.
Considerações finais
As doenças psíquicas, tais como os transtornos de ansiedade, atualmente têm sido
pauta de discussões tanto no âmbito da saúde como no espaço educacional, visto que se
apresentam como um dos maiores problemas que acometem os sujeitos, principalmente
quando pensamos nas crianças e adolescentes. Visando intervir nestes quadros, algumas
estratégias biopolíticas - que partem
a priori
das instituições psiquiátricas
–
são articuladas e
desenvolvidas estrategicamente no âmbito escolar para ensinar/estimular o gerenciamento
saudável das emoções. A exemplo disso, podemos citar o capítulo 10 do livro didático de
Língua Inglesa do ensino médio,
English vibes for Brazilian learnes, corpus
desta pesquisa
,
o
qual foi utilizado como uma ferramenta pedagógica que possibilitou o acesso à informação e
discussões
em torno da ansiedade.
Ao discutir (e, assim, discursivizar) a problemática mundial da ansiedade de modo
articulado aos conteúdos basilares de Língua Inglesa (adjetivos finalizados em -
ed/-ing
, os
verbos modais
should, must
e
have to
a partir da prática do
listenin
g,
speaking
,
reading
e
writing
) em textos diversos,
o livro didático supracitado é interpelado por desdobramentos
dos saberes e poderes biopolíticos da área médico-psiquiátrica à medida em que informa e
orienta quais condutas os adolescentes devem se apropriar para melhor prosseguir no cuidado
de si e do outro no que se refere a prevenção e manutenção da sua saúde psíquica.
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Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 4, e022109, 2022. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.4.17123
15
Como consequência a este processo, as subjetividades também são moduladas, de
forma que, ao estimular/ensinar o gerenciamento saudável das emoções em torno da
ansiedade por meio de técnicas de si mediante a leitura, reflexão e discussão, os sujeitos
passam a se verem como educados não somente a lidarem com as diversas demandas
linguísticas, socioculturais e econômicas que compreendem a aprendizagem de uma segunda
língua, mas também se tornam emocionalmente aptos para as inúmeras situações impostas
pela vida. Dito isso e, considerando a implementação recente e gradual da proposta do Novo
Ensino Médio, bem como dos vários materiais didáticos de outras disciplinas os quais são
perpassados por essa problemática transversal, é oportuno ampliar as investigações em
momentos outros, não se restringindo ao ensino de Inglês enquanto língua estrangeira.
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Thâmara Soares de MOURA; Alberto Assis MAGALHÃES e Francisco Vieira da SILVA
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Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 4, e022109, 2022. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.4.17123
16
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Como referenciar este artigo
MOURA, T. S.; MAGALHÃES, A. A.; SILVA, F. V. Dealing with anxiety: Discursos sobre
a ansiedade num livro didático de língua inglesa do novo ensino médio.
Revista on line de
Política e Gestão Educacional
, Araraquara, v. 26, n. esp. 4, e022109, 2022. e-ISSN: 1519-
9029. DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.4.17123
Submetido em
: 10/04/2022
Revisões requeridas em
: 03/05/2022
Aprovado em
: 29/07/2022
Publicado em
: 01/09/2022
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
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Dealing with anxiety: Discourses on anxiety in a new high school english language textbook
RPGE
–
Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 4, e022109, 2022. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.4.17123
1
DEALING WITH ANXIETY: DISCOURSES ON ANXIETY IN A NEW HIGH
SCHOOL ENGLISH LANGUAGE TEXTBOOK
DEALING WITH ANXIETY: DISCURSOS SOBRE A ANSIEDADE NUM LIVRO
DIDÁTICO DE LÍNGUA INGLESA DO NOVO ENSINO MÉDIO
DEALING WITH ANXIETY: DISCURSOS SOBRE LA ANSIEDAD EN UN NUEVO
LIBRO DE TEXTO EN LENGUA INGLESA DE ESCUELA SECUNDARIA
Thâmara Soares de MOURA
1
Alberto Assis MAGALHÃES
2
Francisco Vieira da SILVA
3
ABSTRACT
: The objective of this study is to analyze speeches about anxiety in an English
language textbook for the new high school. The theoretical apparatus that guides the reflections
is anchored in Michel Foucault's notes, especially the concepts of discourse, utterance,
discursive practice, truth, modes of objectification and subjectivation, as well as authors who
discuss the problem of anxiety disorder, such as such as the DSM-V (2014). The corpus of
analysis is made up of a high school English textbook, English vibes for Brazilian learnes, more
specifically the unit called Dealing with anxiety, whose focus lies on starting from the theme
of anxiety, especially among young people, to work on skills teaching English as a foreign
language. Methodologically, this work is characterized as a documentary research, of a
qualitative nature. The analyzes show that the selection of anxiety as a theme for a unit of the
studied didactic material is sensitively articulated with the amplitude of this problem on a global
scale. Furthermore, it was possible to verify that the position enunciated in the textbook, in
addition to bringing discursive materialities marked by the emphasis on information about
anxiety, center technologies of the self, through which the student subject can subjectify
himself.
KEYWORDS
: Speech. Anxiety. Textbook. English language teaching.
RESUMO
: O objetivo deste estudo consiste em analisar discursos acerca da ansiedade num
livro didático de Língua Inglesa do novo ensino médio. O aparato teórico que norteia as
reflexões ancora-se nos apontamentos de Michel Foucault, especialmente os conceitos de
discurso, enunciado, prática discursiva, verdade, modos de objetivação e de subjetivação, bem
como de autores que discutem a problemática do transtorno de ansiedade, tais como o DSM-
V (2014). O corpus de análise é formado por um livro didático de Língua Inglesa do ensino
médio, English vibes for Brazilian learnes mais especificamente a unidade denominada
1
State University of Rio Grande do Norte (UERN), Mossoró
–
RN
–
Brazil. PhD student of the Graduate Program
in Letters (PPGL). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4297-6058. E-mail: thamara.soares68@gmail.com
2
Federal Rural University of Semi-Arid (UFERSA), Mossoró
–
RN
–
Brazil. Master's student of the Graduate
Program in Teaching (POSENSINO). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5641-3790. E-mail:
betoassis2001@gmail.com
3
Federal Rural University of Semi-Arid (UFERSA), Mossoró
–
RN
–
Brazil. Permanent Professor of the Graduate
Program in Teaching (POSENSINO). PhD in Linguistics (UFPB). ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4922-
8826. E-mail: francisco.vieiras@ufersa.edu.br
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Thâmara Soares de MOURA; Alberto Assis MAGALHÃES e Francisco Vieira da SILVA
RPGE
–
Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 4, e022109, 2022. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.4.17123
2
Dealing with anxiety, cujo foco reside em partir da temática da ansiedade, especialmente entre
os jovens, para trabalhar as habilidades do ensino de língua inglesa como língua estrangeira.
Metodologicamente, este trabalho é caracterizado como uma pesquisa documental, de
natureza qualitativa. As análises denotam que a seleção da ansiedade como um tema para uma
unidade do material didático estudado está sensivelmente articulada com a amplitude desse
problema em escala mundial. Ademais, foi possível constatar que a posição que enuncia no
livro didático, além de trazer materialidades discursivas marcadas pela ênfase na informação
acerca da ansiedade, encentram tecnologias de si, por meio das quais o sujeito discente pode
subjetivar-se.
PALAVRAS-CHAVE
:
Discurso. Ansiedade. Livro didático. Ensino de língua inglesa.
RESUMEN
: El objetivo de este estudio es analizar los discursos sobre la ansiedad en un libro
de texto de lengua inglesa para la nueva escuela secundaria. El aparato teórico que orienta
las reflexiones está anclado en los apuntes de Michel Foucault, especialmente los conceptos de
discurso, enunciación, práctica discursiva, verdad, modos de objetivación y subjetivación, así
como de autores que discuten el problema del trastorno de ansiedad, como el DSM-V (2014).
El corpus de análisis está compuesto por un libro de texto de inglés de secundaria, English
vibes for Brazilian learnes, más específicamente la unidad denominada Lidiando con la
ansiedad, cuyo foco está en partir del tema de la ansiedad, especialmente entre los jóvenes,
para trabajar la enseñanza de habilidades. Inglés como lengua extranjera.
Metodológicamente, este trabajo se caracteriza por ser una investigación documental, de
carácter cualitativo. Los análisis muestran que la selección de la angustia como tema para una
unidad del material didáctico estudiado se articula sensiblemente con la amplitud de esa
problemática a escala global. Además, fue posible verificar que la posición enunciada en el
libro de texto, además de traer materialidades discursivas marcadas por el énfasis en
informaciones sobre la angustia, centran tecnologías del yo, a través de las cuales el sujeto
estudiante puede subjetivarse.
PALABRAS CLAVE
:
Habla. Ansiedad. Libro de texto. Enseñanza de lengua inglesa.
Introduction
For a long time, the education systems in Brazil have turned to the preparation of the
student for the labor market, leaving aside the preparation for life, that is, not emphasizing
emotional skills. As a consequence, Nunes-Valente and Monteiro (2016) point out that this
implied the formation of subjects who learn a profession, but are emotionally incompetent to
deal with labor demands, as well as with the various events of life and even with their own
feelings in a healthy way. Such factors make them potentially predisposed to develop various
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Dealing with anxiety: Discourses on anxiety in a new high school english language textbook
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Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. esp. 4, e022109, 2022. e-ISSN: 1519-9029
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3
psychopathologies, such as anxiety, one of the most developed disorders in statistics in recent
years, both in Brazil and in the world.
4
In a similar way, there was also a kind of "demonization" of negative emotions, such as
sadness, anguish, anxiety, due to the imperative of constant happiness, and these feelings are
pejoratively associated with "fragility". Thus, the union of these issues allowed the emergence
and tightening of taboos regarding the acceptance of mental health care, as well as the non-
understanding of the management of emotions as a public health issue.
Due to the new socioeconomic dynamics of the 21st century, whose demands around
the productivity and performance of subjects have become one of the main concerns, and also
taking into account the high statistics of psychological illness revealed in studies conducted by
the World Health Organization
–
WHO in recent years, developing emotional intelligence
5
is
one of the main extensions of control societies
6
. Aiming at more positive socioeconomic results,
the articulations of knowledge and medical-psychiatric powers began to be claimed also in
school environments. Thus, the school institution increasingly presents diverse pedagogical
proposals/practices that, as biopolitical strategies
7
, act in favor of a pedagogization of subjects
that favors sentimental education in all phases of student life.
It is based on this principle that we identify, today, the increasing emergence of
education systems and teaching materials that address the theme of affectations and promote
dialogue about the management of emotions, as is the case of the proposal of the New High
School, which is being implemented gradually already in the year 2022. In this, already aligned
with the curricular structure Common National Curriculum Base - BNCC, in addition to the
formative concerns both with regard to basic knowledge (basic
general education
pillar) and
for the labor market (
Formative Itineraries
), also considers this concern with the management
of physical, cognitive and socio-emotional health of students (Pillar
Life Project
). These
proposals are intrinsically articulated in the teaching materials.
4
According to the Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders - DSMV (2014), anxiety is a natural
emotion of the human being. However, when anxiety disorders end up bringing some kind of injury or suffering
to the subject, it becomes part of the hall of pathologies.
5
Emotional intelligence is understood as a set of cognitive skills and competences, seen as self-awareness, self-
mastery, social awareness and relationship management, which allow subjects to develop and articulate
relationships and healthy actions, whether with you or with others, in various social situations (VALENTE;
MONTEIRO, 2016).
6
The Control Society, for the Hardt and Negri (2001), is characterized by specific forms of control and government
to the subject. With the contribution of various technologies, the powers articulated in this type of society are
established on the subjects in a sneaky but effective way, because there is a kind of false autonomy to the extent
that the responsibility for life falls on the subject himself.
7
Biopolitics is understood as the set of strategies derived from what Foucault (2018) called biopower, a power
over life that seeks to control and intervene in the population whenever necessary. Therefore, its main premise is
to make live, but to let those subjects who offer danger to the species die.
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DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.4.17123
4
Understanding that adolescence
–
the target audience of New High School
–
is a phase
marked by susceptibility to psychopathologies due to the biopsychosocial triad
8
, such as anxiety
disorder, as well as considering that the psychopathology mentioned above is also one of the
themes of interest of this new teaching system due to the high involvement of subjects at this
stage of life
9
, there is an interest in this study in investigating how the discourses surrounding
pathological anxiety constitute an English language textbook of high school, more specifically
the
English vibes for Brazilian learners,
one of the collections that is already in line with the
guidelines of the New High School, according to Law No. 13,451/2017.
To this end, we focus on the theoretical-methodological framework of the French
approach of Discourse Analysis
–
AD, more specifically in the archaeogenetic studies
undertaken by the French philosopher Michel Foucault, given the possibilities of articulating
the investigation of discourses to Psychology, in addition to other authors who discuss, in a
specific way, the problem of anxiety disorder in adolescence and emotional intelligence, such
as Nunes-Valente and Monteiro (2017), Germain and Mascotte (2016), among others. In this
sense, we listed the following categories of analysis: discourse, utterance, discursive practice,
truth, modes of objectification and subjectivation.
As for
the corpus
of analysis, the
Dealing with anxiety
unit of the
English vibes for
Brazilian learners,
an English language textbook, was selected. Written by Claudio de Paiva
Franco, approved in the National Program of Book and Didactic Material (PNLD), edition of
2021 and published by FTD, the focus of this unit, within the collection, part of the theme of
anxiety, especially among young people, to work on the four skills of English language
teaching:
listenin
g,
speaking
,
reading
and
writing
. For this reason, we situate this work within
documentary research of qualitative approach.
8
According to Germain and Marcotte (2016), because it comprises a phase of transition between childhood and
adulthood, adolescence is marked by a great physical, cognitive and psychosocial change, often tied to
synonymous with sadness, misunderstanding and rebellion given the mood swings provided by the phase. As an
explanation, the authors point out that this results from biological factors, since hormones meet in constant
production for sexual maturation, as well as brain structure in intense development, especially with regard to the
processing of emotions. Parallel to this, in the social sphere, adolescents go through a whole process of rediscovery
and positioning of themselves, of building their own identity before the world, besides having to choose the
professional careers and other burdens that the beginning of adulthood imposes, factors that considerably influence
the ways of being and existing in the world. Therefore, it is due to all these psychophysiological changes caused
by mental disorders are more recurrent. Some of the most important, according to who data (2005), are anxiety
and depression, including, according to Germain and Mascotte (2016), these also stand out in the three years of
high school.
9
According to the latest studies conducted by the WHO (2005), anxiety disorder is the pathology that most affects
the world population, so that in children, it reaches 4.6% of the population, while 5.8% are adolescents and 9.3%
concerns the adult public.
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5
For a better reading experience, this study is structured from two theoretical topics, in
which (a)
Discourse, biopolitics and subjectivity in the school institution: Foucaultian
reflections
, seeks to discuss about the Foucaultian theoretical notes that guide the study; as well
as (b)
Learning to manage emotions at school: a look at the discourses of anxiety
in the
English vibes for Brazilian learners textbook
, the analytical topic entitled (c)
Learning to
manage emotions at school: a look at anxiety discourses
in the English vibes for Brazilian
learner textbook
, followed by conclusions and references.
Discourse, biopolitics and subjectivity in the School Institution: Foucaultian reflections
Michel Foucault was a thinker who did not allow himself to fit into specific areas,
because he walked through psychology, history, philosophy, social sciences, among others,
always questioning the disciplinary limits and construction of epistemologies. In his theory,
some concepts are based, such as discourse. According to Foucault (2020), it is a practice that
constitutes an object that is spoken of and a set of utterances derived from the same discursive
formation. Tied to this concept we highlight the enunciation, considered as the atom of speech,
the grain, the elemental unit of analysis. In Foucault’s words (2
020, p. 105), the utterance "[...]
it is a function of existence that belongs exclusively to signs, and from which it can be decided,
then by analysis or intuition, whether they "make sense" or not, according to which rules are
followed [...]".
Thinking the discourse and the utterance requires reflecting on the functioning of
discursive practices and their rules, which do not define the changing existence of a reality or
the canonical use of a word or expression, but are associated with the regime of objects. From
this perspective, it is necessary to consider that discursive practices represent a set of
anonymous, historical rules, determined by time and space considering the enunciative
functions for a given social field, whether economic, geographical, linguistic, among others
(FOUCAULT, 2020).
As pointed out by Foucault (2014), throughout society there is a process of control that
orbits the production of discourse, responsible for controlling, selecting, organizing and
distributing through procedures whose objective is to conjure the powers and dominate the
random event of which the discourse is the fruit. From this measure, the discourse is tied to
desire and power and, as an extension, to the construction of truth, which, in turn, is anchored
in specific objectives, centered on the form of scientific discourse and the institutions that
produce it. Thus, truth is predominantly produced and transmitted by political and economic
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6
bodies, linked to the effects of power that produce and support it and related to the effects of
power that are induced and reproduced by it. Truth is characterized, therefore, as actions for the
production, partition, circulation and functioning of utterances (FOUCAULT, 2021).
Seeking the understanding of the subjects in power relations implies understanding that
the word subject can receive two meanings: the first is associated with the process of subjection
to the other, and the second to an identity process. Both connotations are configured as a form
of power that subjugates and subjects. To study the mechanisms of subjection, it is necessary
to consider the relationship with the mechanisms of domination and exploitation. Anchored by
Foucaultian studies, Baracuhy and Pereira (2013) discuss that the reflection of power relations
crosses the body, pointing it as a target of control exercised daily in the subjects' lives, being
attributed prohibitions, obligations, conducts related to ways to act and be in society.
In this sense, the term "conduct" represents power relations, in the sense that it is related
to the act of conducting others, as well as the way of behaving and acting, because the exercise
of power is effective in the sense of conducting conducts (FOUCAULT, 2009).
Thinking about these aspects, the power relations cross the subjects' bodies, no longer
only within a disciplinary perspective, but, rather, based on the improvement of quality of life,
in order to exercise power around the population. Considering these objectives, discipline and
biopolitics act at all social levels present in institutions such as the family, school, medicine,
army, among others (MARTINHAGO; ROMANÍ, 2019).
The political technologies that acted in the control of bodies conditioning the
functioning of Western society, as well as their institutions, of which we can mention the school,
have changed to a new mode of power, which is presented not within a perspective of death,
but on the lives of the subjects (BARROS, 2013). As pointed out by Martinhago and Romaní
(2019, p. 59, our translation) "Biopower contributed to the development of capitalism, since the
techniques of power exercised the control of bodies in favor of production, as well as the
regulation of population phenomena was linked to economic processes", in order to also
promote the expansion of political technologies that fall on the body, health and life.
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7
Learning to manage emotions at school: A look at anxiety discourses in the
English vibes
for Brazilian learner
s’ textbook
We live in the century of anxieties and, as the various psychopathologies decrease the
productivity of subjects, including learning capacity
10
, articulate biopolitical strategies of
awareness and intervention with regard to the management of emotions still in the school
environment, such as lectures, debates, among others, are preventive attitudes that, together
with the follow-up with a qualified professional (psychologist and psychiatrist, for example),
contribute to the maintenance of the mental health of these adolescents. This implies not only
short-term prevention, but also contributes to the "manufacture" of (future) adults who will act
in the labor market and other social activities much more efficiently and with more positive
results.
It is based on the premises of improving the performance of the subjects from the
neoliberal perspective, that the proposal of the New High School is based, whose
implementation (gradual) was already started in the year 2022 in some Brazilian schools. It is
noteworthy that these proposals (which are structured in the pillars Basic General Formation
and Formative Itineraries) are closely articulated and contextualized to the theme of emotions
in books and other didactic materials through work with different textual genres and diverse
activities. This is the case with the discussion about the management of emotions, the agenda
of the so-called Life Project, a curricular component that resonates from the new curricular
arrangements. Moreover, it is pressing to bring up the didactic materials elaborated with this
bias, such as the English language collections of high school, such as
English vibes for Brazilian
learners
, which constitutes the
corpus
of analysis and, therefore, the focus of investigation of
this article.
In this, there is the Unit
Dealing with anxiety
, which part of the problem of anxiety -
one of the psychopathologies that most plagues the young population, as punctuated by the
WHO (2005) - to work on the following contents: adjectives ending in -
ed/-ing
, modal verbs
should, must
and
have to, in addition to
understanding/answering various questions, always
articulating the four skills of English language teaching:
listenin
g,
speaking
,
reading
and
writing
.
10
In the meantime, it is worth mentioning that all learning has the contribution of cognitive/emotional baggage,
because without it "there is no curiosity, there is no attention, there is no learning and there is no memory"
(VALENTE; MONTEIRO, 2016, p. 3), an issue that makes the special attention of cognitive processes of emotion
management for better school results even more important.
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8
Inserted in the theoretical framework of Foucaultian AD, which elects discourses as the
main category of investigation, it is appropriate to understand, from the discursive bias, how
anxiety is constituted in the didactic unit in question, to start with Figure 1:
Figure 1
- Clipping the motivational text of the activity
Source: Franco e Tavares (2020, p. 199)
Given the above, we visualized the anxiety disorder being expressed in the article of the
blog
Here to Listen
. In view of these notes and basing the interpretations from Foucault’s
discursive perspective (2020), the above-mentioned materiality is permeated by a discursive
formation that brings together psychiatric and educational discourses, since, for pedagogical
purposes of the English language discipline, they articulate knowledge of the medical-
psychiatric institution concerning the mapping of the main causes of problems in adolescence,
including anxiety disorder.
By identifying that anxiety disorders are the major causes of teenager illness, some
actions are articulated around this group. Thus, the option to involve such discussions in the
educational context, more specifically in the high school textbook, is transfigured in a new
dismemberment of biopolitical actions around prevention and intervention in pathological
anxious conditions with regard to the adolescent population, given that they start from the
following assumptions: (a) the high school is the place that encompasses a large number of the
focused group, since this school phase covers the age group from 14 to 18 years; (b) because
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9
it is a teaching environment, it is possible to mass pedagogize these adolescents, in order to
teach them how to deal with the various emotions and other events raised in this specific period
of life from the pillars of emotional intelligence. It is, therefore, by the union of these factors
that psychiatric intervention, by inserting emotional education also into the school environment,
is more rapid, accurate, effective and more likely to succeed.
In general, as an enunciative singularity of the materiality of Figure 1, this disorder is
objectified from the voice of a professional in the
psi
area, Dr. Sandra Pimentel, assistant
professor at the Psychology Clinic of the University of Colombia, as well as associate director
of the Anxiety Clinic and other Disorders, from the same university. The respective article,
inscribed as a motivating text for the practice of activities, aims to assist and guide adolescents
in various issues, as it was scored in the blog's own
subtitle and description
: "Stories, activities
and specialized guidance to help adolescents in difficult times"
and “
It is a resource for caring
adults - the frontline team at school and community programs - to help teenagers who are
struggling with difficult emotions"
(FRANCO; TAVARES, 2020, p. 199, our translation)
,
respectively.
To proceed, therefore, in the orientation process, the position of the journalist (Maria
Luiza Tucker) plays a series of questions related to anxiety to a
psi
professional, whose voice
is authorized and intensifies the content of veracity of the matter, since it is based on the
premises of the psychiatric institution, corroborating, then, the propositions of Foucault (2011).
The passage "All specialized consulting articles are written by Maria Luisa Tucker, editorial
director of
Youth
Communication’s
, and based on interviews with our advisory board of mental
health professionals"
(FRANCO; TAVARES, 2020, p. 199, our translation)
, located at the end
of the article, also corroborates this idea as it not only emphasizes that the information is based
on the statements of mental health counselors, but also reaffirms the authority itself as a
journalist (since the position it enunciates occupies the position of editorial director
Youth
Communication’s
), authorized to articulate and disseminate such information.
In any case, the subject position of the journalist begins the article explaining that we
all experience anxiety. However, some adolescents have intense experiences with this emotion,
which even bring problems in their day to day. Mentioning this, he asks three questions for the
position of Dr. Sandra Pimentel: "a. What is anxiety? At what point does anxiety become a
problem where the subject needs to seek help?", as well as "b. What are the most common types
of pathological anxiety?"
and "c. What do you recommend to deal with anxiety every day?"
(
FRANCO; TAVARES, 2020, p. 199, our translation).
Bringing these notes to the Foucaultian
scope, we can perceive the articulation of knowledge and powers of the institutions of the
psi
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area, in which questions a and b more emphasize the knowledge-power games of the medical-
psychiatric institution, while the last question outlines specific governmentality (FOUCAULT,
2009), consequent to the respective performance.
This is because, by delimiting that anxiety is a natural symptom of the human being and
only reaches pathological levels when some type of suffering appears, the professional is part
of the knowledge specified by the medical-psychiatric institution, which, when starting from
scientific criteria, make to see and announce pathological anxiety as, in the words of the
professional, "the most common psychopathology among children and adolescents" and which
can be classified as: a) generalized anxiety ("when the person cares about everything, social
anxiety when the person excessively worries about situation and social, about how people think
about it"), b) panic disorder ("when the person has panic attacks with many physical
symptoms"), c) obsessive-compulsive disorder (OCD, or TOC in Portuguese) ("when the
person has intrusive thoughts that define particular behaviors"), among others (
FRANCO;
TAVARES, 2020, p. 199, our translation)
.
As for the last question, "What do you recommend to deal with anxiety every day?"
(
FRANCO; TAVARES, 2020, p. 199, our translation)
, we can identify the crossing of specific
powers, since they outline the norms of existence and behavior from the specification of what
to do and how to act to deal with emotions and, thus, control anxious pictures. This ideal of
conduct for the anxious subject assumes that the subjects have to be healthy for the various
socioeconomic activities, because, otherwise, it will be excluded from social relations. To be
accepted, these tend to follow the indications: plan with real expectations, have a good night's
sleep, talk to a friend, relative, etc. who can offer comfort and welcome.
All these indications incorporate the biopolitical and ascetic principles outlined by
Foucault (2018), because they value the maintenance of life through the vigilant stoning of
oneself regarding behaviors and thoughts in an autonomous and active way. Thus, from the
moment they apply self-care to themselves, they mobilize the strategies of control, discipline
and governance of behaviors and the existence delimited by the medical-psychiatric institution,
a fact that makes these subjects increasingly healthy and, consequently, fit and useful for
coexistence and production in society.
Thinking, then, that the action of medical-psychiatric knowledge-power also implies in
the modulation of forms of existence of the subjects, it is interesting to turn the eyes to the
materiality of Figure 3, which discusses which modes of existence are invoked by the
applications of biopolitical techniques:
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11
Figure 2
- Clipping the activity based on the motivational text of the blog Here to Listen
Source: Franco e Tavares (2020, p. 200)
In this section of the activity related to previous motivational
reading, Q&A: Anxiety
among teens
, we confirm once again that the didactic contents of English language, such as the
use and applications of -
ing
(question 8), are contextualized to the selected base texts (which,
in turn, transform into discourse pathological anxiety), since they seek to encourage the student
to make associations of meanings (meanings and expressions) between the alternatives I, II, III
and IV to the verbs highlighted in the alternatives a, b, c and d (which are constituted from
clippings of the basic text worked), through the "context of use" of each one.
In addition, we identified in the topics
Post-reading
and
Think about it
that the student
is led to constantly reflect on the theme of anxiety. That said, in question 9, the student starts
from the social understanding of this problem on a global scale/ in his community, and begins
to reflect on the affective/emotional dynamics from the perspective of himself, as well as we
can identify in the alternatives to, "Dr. Sandra Pimentel presents strategies of how to learn how
to deal with anxiety in the best way. What are they? Do you have a habit of doing this when
you are dealing with a problem?"; and in b, "Who do you talk to when you're feeling bad or
anxious? How do you feel after talking to them?", or even in the topic
Think about it
, "For you,
what is the importance of informing yourself about the types of anxiety disorders and the best
ways to deal with them in adolescence?"
(
FRANCO; TAVARES, 2020, p. 200, our translation).
Both questions are strategically constituted as self-techniques, more specifically
ascetical techniques, because they lead the student to a self-analysis of thoughts and behaviors
when facing difficulties and problems, mainly involving anxiety, and, from this, forward new
forms of governance in which this subject, based on the tips of the professional in the
psi
area,
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takes responsibility for the care of one's own psychic health through the identification of
symptoms and control of possible psychological illness.
In this sense, the other is also summoned, because it is from this that, in a mutual way,
it is possible to build a support network for the reception and psychological assistance of the
subject in suffering, as well as to support for himself. This thought can be confirmed as we look
at some excerpts from question b, "Who do you talk to when you're feeling bad or anxious?
How do you feel after talking to them?", in which the subject is referred to reflect that
establishing this support network and listening to the other helps in the process of symptom
relief itself; as well as in the
space reserved for think about it
, in which the subject is invited to
reflect and possibly identify mental suffering pictures of the subject-other, since he is asked:
"do your colleagues tend to worry excessively about the difficulties of everyday life?"
(
FRANCO; TAVARES, 2020, p. 200, our translation). If so, this subject tends to care for the
other as an extension of self-care, as Foucault (2009) points out.
In response to the provocations, the topic
Learning on the web is brought to the end
,
which directs young people to deepen their knowledge about what it is and about "ways to deal
with anxiety/stress"
(
FRANCO; TAVARES, 2020, p. 200, our translation) from the website of
ADAA, acronym
for the Anxiety & Depression Association of America
." It is worth mentioning
that, once again, another material that departs from the psychiatric institution is triggered,
because only this is authorized to enunciate the discourses around anxiety, as well as to outline
specific and acceptable forms of behavior and governance, thus becoming a safe and reliable
source since the information is based on knowledge supported by the system of truth of today's
times: science.
In any case, we noticed that such questions, reflections and reading referrals modulate
the subjectivities of these adolescents, since, mediated by themselves technologies, they allow
the subject to reflect on himself and the other (MARTINHIAGO; ROMANÍ, 2019) and, in case
of a tendency to develop anxiety conditions, take the behaviors considered appropriate -
outlined by the discourses delivered by the psychiatric institution - and seek help. If not
identified, the subject is brought to know and deal in advance with possible symptoms when
they happen. Such questions help in the development of emotional intelligence, a term
conceptualized by Valente and Monteiro (2017), which transform these subjects from
emotionally unprepared adolescents susceptible to the development of various
psychopathologies to subjects able and educated to deal with the various demands of life.
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13
Final considerations
Psychic diseases, such as anxiety disorders, have currently been the subject of
discussions both in the health and educational space, since they present themselves as one of
the major problems that affect the subjects, especially when we think of children and
adolescents. In order to intervene in these frameworks, some biopolitical strategies - which start
a priori
from psychiatric institutions - are articulated and strategically developed in the school
environment to teach/stimulate the healthy management of emotions. As an example, we can
mention chapter 10 of the English language textbook of high school,
English vibes for Brazilian
learners, corpus
of this research
,
which was used as a pedagogical tool that allowed access to
information and discussions around anxiety.
By discussing (and thus transforming into discourse) the global problem of anxiety in
an articulated way to the basic contents of English language (adjectives finalized in -
ed/-ing
,
modal verbs
should, must
and
have to
from the practice of
listenin
g,
speaking
,
reading
and
writing
) in various texts, the aforementioned textbook is questioned by the unfolding of the
knowledge and biopolitical powers of the medical-psychiatric area as it informs and guides
which conducts adolescents should appropriate in order to better pursue the care of themselves
and the other with regard to the prevention and maintenance of their psychic health.
As a consequence of this process, subjectivities are also modulated,
so that by
stimulating/teaching the healthy management of emotions around anxiety through self-
techniques through reading, reflection and discussion, the subjects start to see themselves as
educated not only to deal with the various linguistic, sociocultural and economic demands that
comprise the learning of a second language, but they also become emotionally fit for the
countless situations imposed by life. That said, and considering the recent and gradual
implementation of the New High School proposal, as well as the various teaching materials
from other disciplines that are permeated by this cross-sectional problem, it is appropriate to
expand investigations at other times, not restricted to the teaching of English as a foreign
language.
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14
REFERENCES
BARACUHY, R.; PEREIRA, T. A. A biopolítica dos corpos na sociedade de controle.
Gragoatá
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A arqueologia do saber
. 8. ed. Tradução: Luiz Neves. Rio de Janeiro:
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Dealing with anxiety: Discourses on anxiety in a new high school english language textbook
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How to refer to this article
MOURA, T. S.; MAGALHÃES, A. A.; SILVA, F. V Dealing with anxiety: Discourses on
anxiety in a new high school english language textbook.
Revista on line de Política e Gestão
Educacional
, Araraquara, v. 26, n. esp. 4, e022109, 2022. e-ISSN: 1519-9029. DOI:
https://doi.org/10.22633/rpge.v26iesp.4.17123
Submitted
: 10/04/2022
Revisions required
: 03/05/2022
Approved
: 29/07/2022
Published
: 01/09/2022
Processing and publication by the Editora Ibero-Americana de Educação.
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