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Educação contemporânea e inovação pedagógica: Um novo paradigma
RPGE
–
Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022119, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.17221
1
EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA E INOVAÇÃO PEDAGÓGICA: UM NOVO
PARADIGMA
EDUCACIÓN CONTEMPORÁNEA E INNOVACIÓN PEDAGÓGICA: UN NUEVO
PARADIGMA
CONTEMPORARY EDUCATION AND PEDAGOGICAL INNOVATION: A NEW
PARADIGM
Éden de CASTRO
1
Paulo BRAZÃO
2
RESUMO
: Este trabalho é o resultado de uma pesquisa sobre educação contemporânea e
inovação pedagógica baseado na problemática: qual a relação entre educação contemporânea e
inovação pedagógica? O trabalho pretendeu discutir sobre educação na perspectiva da inovação
pedagógica, conceituar mudança e inovação, refletir sobre a educação contemporânea e traçar
um panorâmico histórico da educação. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica realizada através
da realização de leituras, revisões, resumos e fichamentos de material teórico sobre o tema. Para
a realização foram utilizados como referencial bibliográfico as obras de Papert (2008), Toffler
(1970), Fino (2000), Sousa (2004), entre outros.
PALAVRAS-CHAVE
: Educação. Inovação pedagógica. Paradigma.
RESUMEN
: Este trabajo es el resultado de una investigación sobre la educación
contemporánea y la innovación pedagógica basada en el problema: ¿cuál es la relación entre
la educación contemporánea y la innovación pedagógica? El trabajo tuvo como objetivo
discutir la educación desde la perspectiva de la innovación pedagógica, conceptualizar el
cambio y la innovación, reflexionar sobre la educación contemporánea y trazar una educación
panorámica histórica. Se trata de una investigación bibliográfica realizada a través de
lecturas, revisiones, resúmenes y registros de material teórico sobre el tema. Para esta
realización se utilizaron como referencia bibliográfica los trabajos de Papert (2008), Toffler
(1970), Fino (2000), Sousa (2004), entre otros.
PALABRAS CLAVE
:
Educación. Innovación pedagógica. Paradigma.
1
Secretaria de Educação do Estado da Bahia (SEC), Quixabeira
–
BA
–
Brasil. Coordenador Pedagógico, Colégio
Estadual Professora Terezinha Gonçalves Novais. Membro Fundador e vice-diretor da Academia Quixabeirense
de Pedagogia (AQPED). Mestrado em Educação (UMa/Portugal). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3601-
4899. E-mail: edendecastro@live.com
2
Universidade da Madeira (UMa), Funchal
–
Portugal. Pesquisador do Centro de Investigação em Educação (CIE-
UMa). Doutorado em Educação (UMa/Portugal). Pós-doutorado em Educação (UFS). ORCID:
https://orcid.org/0000-0003-3575-4366. E-mail: jbrazão@staff.uma.pt
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Éden de CASTRO e Paulo BRAZÃO
RPGE
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Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022119, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.17221
2
ABSTRACT
: This paper is the result of a research on contemporary education and
pedagogical innovation based on the problematic: what is the relationship between
contemporary education and pedagogical innovation? The paper aimed to discuss education
from the perspective of pedagogical innovation, to conceptualize change and innovation, to
reflect on contemporary education, and to trace a historical panorama of education. This is a
bibliographic research carried out through readings, reviews, summaries, and fiches of
theoretical material about the theme. The works of Papert (2008), Toffler (1970), Fino (2000),
Sousa (2004), among others, were used as bibliographic references.
KEYWORDS
: Education. Pedagogical innovation. Paradigm
Introdução
A história da educação é marcada por pressupostos e conceitos que orientam e
fundamentam o seu caminho. O contexto histórico de uma sociedade e a concepção humana
que ela possui estabelece, desde seu princípio, os fundamentos com os quais se justificam a
prática de sua educação através de teorias e metodologias destinadas ao desenvolvimento
humano. Essas ações de caráter epistemológico e didático marcam determinados períodos
através dos quais se podem perceber a relação estabelecida entre a educação e a sua concepção
de homem e de sociedade.
A educação em seu sentido mais completo precisa auxiliar as pessoas para um contato
mais efetivo e também afetivo com o conhecimento e com o mundo que as cerca. Ela não deve
ser responsável pela reprodução de uma sociedade, mas pela produção desta, uma vez que o ser
humano é compreendido como um processo, algo que vai se construindo e se transformando,
ao mesmo tempo em que constrói e transforma o meio em que vive. Nessa relação complexa,
os homens são transformados pelo mundo que eles mesmos transformam. Por assim dizer, a
educação deve desempenhar um papel humanizador visando o melhoramento da sociedade
através das pessoas que forma.
Esta pesquisa busca a compreensão sobre educação contemporânea e inovação
pedagógica baseada na seguinte problemática: qual a relação entre educação contemporânea e
inovação pedagógica? O trabalho pretendeu discutir sobre educação na perspectiva da inovação
pedagógica, conceituar mudança e inovação, refletir sobre a educação contemporânea e traçar
um panorâmico histórico da educação.
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica realizada através da realização de leituras,
revisões, resumos e fichamentos de material teórico sobre o tema. Para a realização foram
utilizados como referencial bibliográfico as obras de Papert (2008), Toffler (1970), Fino (2000),
Sousa (2004), entre outros.
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Educação contemporânea e inovação pedagógica: Um novo paradigma
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História da Educação na perspectiva da mudança de paradigma
À medida que a história vai transcorrendo em seu curso, mudanças vão acontecendo
tanto no interior dos indivíduos quanto na sociedade. Disso resulta na mudança do sentido que
se atribui à educação, provocando novos pensamentos e novas ações. Sendo então a educação
carregada de intencionalidades, essas tendências pedagógicas vão se reconfigurando e
adquirindo novas formas. No entanto, o que caracteriza uma nova tendência não é a extinção
da anterior, mas a sobreposição desta sobre aquela, pois não há no percurso o surgimento de
uma tendência pura. Essa adaptação transformadora das intencionalidades pedagógicas se
caracteriza pela mudança social, pela crítica acerca do modelo anterior de educação bem como
da visão sobre a sociedade modificada e sobre o homem desta sociedade. Caracteriza-se
também pela necessidade de mudança e adaptação do próprio homem frente a essas
transformações externas. Da mesma forma, “O surgimento e o fim de paradigmas são resultados
de transformações que ocorrem nas realidades e nas teorias, compreendendo o conhecimento
como um processo infinito” (KUHN, 1994, p. 38). E certo é que a humanidade tem buscado se
adaptar aos diversos períodos de sua história, o que devido à aceleração da mudança tem
tornado o ser humano num ser transitório e de relações temporais com os seres e com as coisas
(TOFFLER, 1970).
A fim de sobreviver [...] o indivíduo deve tornar-se infinitamente mais
adaptável e mais capaz do que em qualquer época pretérita. Deve buscar
caminhos totalmente novos como apoio [...]. Antes que assim possa proceder,
no entanto, deve compreender em maiores detalhes como os efeitos da
aceleração penetram em sua própria vida, aderem ao seu próprio
comportamento e alteram a qualidade da sua existência. Deve, em outras
palavras, compreender o fenômeno da transitoriedade (TOFFLER, 1970, p.
25-26)
O que prevalecia até então em meados do século XVII e XVIII era a vida rural e familiar
cercada de naturalidade, sobrevivida com o trabalho do artesanato e da agricultura, cultura esta
que ainda continua sendo o primeiro estágio do desenvolvimento econômico mundial. Essa
forma de trabalho até então predominante permitia ao trabalhador ser produtor de seu próprio
produto ao mesmo tempo em que ele mesmo tinha acesso ao que produzia. Do início ao fim,
todas as etapas de produção passavam por suas mãos. Sendo assim o trabalho não era dividido
nem especializado. Quando muito, o que acontecia era de haver mais de um trabalhador
realizando o mesmo tipo de produção, dividindo apenas as ferramentas de trabalho.
No entanto, com o advento da industrialização, o grande marco do surgimento da
modernidade, o lançamento da máquina a vapor e da lançadeira volante, a máquina de fiar, o
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tear, entre outros, dois aspectos principais marcam a chegada dessa nova era: o carvão passa a
ter grande utilidade no desenvolvimento e utilização das máquinas a vapor e o surgimento das
locomotivas, o que viria a servir para transportar matéria-prima, pessoas e trabalhadores e
facilitar o processo de comercialização industrial. Por meio disso veio o crescimento da
produção têxtil, antes de maneira rústica e manual que começa a ser produzida através de
grandes máquinas. Nesse sentido a indústria passa a ser a principal alternativa de trabalho para
a grande maioria da população, a manufatura dá lugar à maquinofatura, cresce o mercado com
comércio monetário, aumentando a produção e a padronização, o que fez com que grande parte
da população europeia, que vivia no campo, passasse para as grandes cidades em busca de
melhoria de vida través de empregos nas fábricas, alterando assim as relações sociais, a forma
de vida das pessoas e também o sentido e significado dados ao trabalho, pois
A sociedade industrial, fundada sobre a sincronização do trabalho, precisava,
portanto, de indivíduos que pouco tinham que ver com um passado rural e
bucólico, em que os ritmos naturais prevaleciam (FINO, 2000).
O crescimento populacional nos centros urbanos trouxe benefícios para a indústria da
época, mas fez surgir grandes problemas para a vida urbana, a exemplo do crescimento
exagerado dos subúrbios, o que “obrigou a que as autoridades públicas prestassem maior
atenção aos problemas criados não só por crianças entregues a si, como por adultos sem
ocupação” (SOUSA, 2004)
. Essas pessoas estavam sobrevivendo em péssimas condições tanto
em suas vidas cotidianas quanto dentro dos ambientes de trabalho com jornadas exaustivas,
chegando a 80 horas semanais, baixos salários, além da exploração de mulheres e crianças por
causa da grande utilização dos trabalhadores masculinos nas construções de ferrovias, do
aumento da poluição do ar com a queima de carvão que gerava energia para as máquinas e da
alta exploração de recursos naturais. Desemprego e fome passam a fazer parte da vida urbana,
bem como a prostituição e o alcoolismo. Ao redor das indústrias começa a acontecer
movimentos dos operários que também já começavam a se organizar e a se comportar de
diferentes maneiras, como no caso do “Ludismo”, em que os trabalhadores destruíam as
máquinas, o “Cartismo” que exigia a melhoria das condições de trabalho e do “Trade
-
unions”,
organização dos movimentos dos trabalhadores que futuramente se transformaria em sindicatos
e associações (BRAZ; NETTO, 2007).
Com a massa populacional estabelecida nos centros urbanos e a vida reconfigurada, a
oferta de educação para essa parte da população também passa a ser oferecida em massa.
Exemplo disso é que, ao refletir sobre este determinado momento histórico, nota-se que as
escolas públicas surgiram para satisfazer as necessidades de uma sociedade que nascia com
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grande força e que trazia em si as marcas da nova e crescente industrialização, tornando
evidente que o limiar desta nova era exigia para si, como diz Fino, “uma ‘espécie’ de homem
equipada com habilidades que nem a família nem
a igreja eram capazes de proporcionar”
(FINO, 2011, p. 46). No entanto, há que se fazer uma importante reflexão: qual seria essa
“espécie” de homem? Quais características deveriam ter as pessoas cuja formação estaria
voltada ao atendimento das necessidades das grandes fábricas? Como visto na citação de Fino,
a formação dos homens para esta nova realidade social não seria possível mais ser realizada
pelas famílias nem pela igreja, o que até então era o mais comum.
Essa realidade de instrução natural feita no seio da família ou através do contato social,
meios pelos quais aconteciam a aprendizagem e o compartilhamento dos saberes, muda no
período pós-Revolução Industrial, quando neste momento social marcado pela modernidade os
trabalhos manuais não mais atendiam ao padrão exigido pela sociedade que necessitava de
indivíduos preparados para cumprir normas, regras, e exercer funções específicas. Esse foi
também um momento marcado pelo surgimento de um novo modelo de educação, pois, como
afirma Toffler, “a era me
cânica [...] exigiu um novo tipo de homem. Exigia habilidades que
nem as famílias nem as igrejas podiam, por si mesmas, fornecer. Forçou uma revolução no
sistema de valores[...]” (TOFFLER, 197
0, p. 321). Esse modelo de educação nasce
caracterizado pela nec
essidade de atender à demanda social fabril, uma “educação de massa
(que) foi a engenhosa máquina construída pela industrialização para produzir o tipo de adulto
de
que necessitava” (TOFFLER, 1970
).
Diante de todo esse processo, a humanidade vê nascer uma instituição até então
desnecessária que passa a ser tratada como fundamental para a inserção no mundo do trabalho
e que, posteriormente, em muitos países, vem a tornar-se obrigatória a todos. Seria mesmo
necessária à humanidade a criação de um espaço formal de aprendizagem (ou de ensino)? De
que maneira estaria a sociedade da pós-modernidade se não houvesse surgido a escola? Esta é
uma questão que a mente humana pode apenas imaginar, uma vez que a criação da escola é fato
e que esta interferiu de maneira impactante sobre as relações humanas e a maneira de conceber
e organizar a vida, o trabalho, a família e tudo o mais que as sociedades concebem em forma
de organização.
A Revolução Industrial faz surgir então a escola pública que, nos moldes em que foi
pensa
da e estruturada, torna a educação “uma atividade organizada, a decorrer num local
próprio, com hora marcada, com tempos distribuídos para matérias logicamente diferenciadas”
(SOUSA, 2007). Com esse aspecto pré-
definido, “a aprendizagem deixa, de facto, de
ser uma
actividade espontânea e natural” (SOUSA, 2007) que acontecia em níveis gerais para acontecer
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em que
“as tarefas são altamente especializadas
[...]
com a lógica de produção em série”
(SOUSA, 2007). Com este novo molde de ensino emergindo, o homem para a sociedade de
então se tende
a declinar “à nova ordem industrial” (SOUSA, 2004) e
se adaptar a essa educação
intencionalmente modeladora de seres concentrados, executantes de tarefas, produtores,
cumpridores de objetivos, silenciados pela voz do profe
ssor e pelo “apito da fábrica”, “capazes
de permanecerem entre paredes durante dias a fio” (FINO, 2011, p. 46), num ambiente de
“trabalho repetitivo,
[...]
disciplina coletiva” (TOFFLER, 1970, p. 390), “produzidos” com “
[...]
com baixo custo, paz social [...]
adaptados às exigências de um modelo novo de produção”
(FINO, 2011, p. 45) desenhado, como afirmam Fino e Sousa,
[...] segundo um modelo inspirado literalmente nas fábricas de forma que os
alunos, quando nela entrassem, passassem imediatamente a “respirar” uma
atmosfera carregada de elementos e de significações que se revelaram ser mais
importantes e decisivos que as meras orientações inscritas no brevíssimo
currículo “oficial” da escola pública (FINO; SOUSA, 2001, p. 373)
Esse modelo de organização escolar que surge com a Revolução Industrial transformou-
se num paradigma, denominado por Fino como “paradigma de educação em massa” (FINO,
2011, p. 47), ou paradigma fabril. A educação formal e sistematizada tornou-se rigidamente
estabelecida durante dois séculos e ainda encontra-se viva na realidade educacional do século
XXI. Porém, mesmo este modelo sendo, para a época, atual e, portanto, novidade no sistema,
ele nasce para atender uma necessidade específica e industrial e não exatamente para formar o
homem livre e emancipado. Mesmo este pensamento não pairando a visão dos educadores de
então, a necessidade de emancipação, liberdade e garantia de direitos sempre esteve ligada
diretamente aos seres humanos. Paulo Freire diz sobre esta afirmação quando provoca a
reflexão sobre a condição natural do ser humano e a sua vocação para o “ser mais”. Esta vocação
não é um direito conquistado, é uma característica natural do ser. No entanto, embora ele diga
que as situações históricas e culturais a que o homem seja submetido podem desvirtuá-lo de sua
condição, cabe à escola auxiliar no reconhecimento do ser de sua própria essência.
Por isso é que a preocupação com a natureza humana se acha tão presente em
minhas reflexões. Com a natureza humana constituindo-se na história mesma
e não antes ou fora dela. E historicamente que o ser humano veio virando o
que vem sendo: não apenas um ser finito, inconcluso, inserido num
permanente movimento de busca, mas um ser consciente de sua finitude. Um
ser que, vocacionado para o ser mais pode, historicamente, porém, perder seu
endereço e, distorcendo sua vocação, desumanizar-se. A desumanização, por
isso mesmo, não é vocação mas distorção da vocação para o ser mais. Por isso,
digo, [...] que toda prática, pedagógica ou não, que trabalhe contra este núcleo
da natureza humana é imoral (FREIRE, 2001, p. 1).
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Sendo assim, o modelo fabril de educação já nasce, levando-se em consideração a
condição natural do ser humano, defasado e descontextualizado, uma vez que este modelo não
garante ao ser o desenvolvimento pleno de suas potencialidades, de sua criatividade e de sua
autonomia. Nesta escola não há lugar para a livre iniciativa, o desenvolvimento de projetos
pessoais, a atividade fabricadora estimulada pelo desejo e pelo sonho nem tampouco o
protagonismo, a vez e a voz. Como dito anteriormente, foi uma escola criada pelos moldes das
fábricas, com alunos enfileirados, silentes, a prestar atenção no professor, autoritário, “detentor
do conhecimento” e das técnicas do “fazer conhecer”. O
processo educativo era guiado por uma
metodologia repetitiva, exaustiva, bancária em que a divisão social se faz presente logo em seus
primeiros tempos, tal com diz Sousa na seguinte citação: “
[...] a assunção de duas classes sociais
(professores, por um lado e alunos, por outro) e, acima de tudo, a compartimentação dos
saberes, num alheamento total relativamente às emoções e aos afectos” (SOUSA, 2007, p. 5).
Essa caracterização da escola fabril torna evidente a concepção de currículo que
carregava a princípio com base na Renascença e na Reforma e, posteriormente, na Revolução
Industrial. Sua principal característica era a racionalidade lógica e científica e seu principal
objetivo era formar a classe trabalhadora de que a burguesia precisava. Se a escola deveria
preparar trabalhadores para o labor fabril, a organização desta instituição, a começar por sua
estrutura curricular, pensada como um mapa com fronteiras bem definidas, conduziria também
a este fim. Snyders deixa claro o que de fato a sociedade burguesa pretendia e a que fins
desejava chegar:
A burguesia esforça-se, na medida do possível por submeter a escola aos seus
próprios objetivos de classe, por impedir acima de tudo que ela possa
contribuir para a emancipação do proletariado: “reconduzir o ensin
o do povo
ao nível de lacaios submissos e desinibidos...conseguir criados dóceis e
operários hábeis”.
[...] A burguesia esforça-se por educar a jovem geração de
operários e de camponeses na esperança de formar simultaneamente
servidores úteis, suscetíveis de lhe proporcionar benefícios e lacaios
obedientes que não perturbem a sua quietude e a sua ociosidade (SNYDERS,
2005, p. 30-31).
Sob essa perspectiva e com o crescimento e o avanço da ciência e da tecnologia e a
carência de mão-de-obra para o mercado de trabalho, a educação foca-se agora na competência
dos indivíduos partindo do princípio de que a sua relação com as coisas necessita de técnicas
específicas e o ensino é baseado em verdades objetivas, como diz Sousa: “A escola nasce assim
com carácter instrumental: ela destinava-se, por via do currículo, a processar (transformar) o
aluno com o máximo de eficácia e o mínimo de custos, numa lógica empresarial, comercial ou
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industrial” (SOUSA, 2004). Nesse aspecto
, o currículo como parte integrante da educação
formal e sistematizada torna-se uma área de grande interesse aos estudiosos da educação.
Mudanças na Educação a partir do currículo
O ato educativo não é contemporâneo do ato de sistematicamente ensinar. O ato de
aprender não nasceu dentro dos espaços formais de educação. O ser humano passou vários
séculos de sua história sem necessitar da escola. Porém, hoje em dia, poucas pessoas conseguem
conceber o mundo sem este espaço que ganhou tamanha importância. Não há outra instituição
no mundo que consiga receber tamanho crédito pelas pessoas do que a escola. Da mesma forma
que a aprendizagem existiu antes da escola, o currículo também existiu antes mesmo que
começassem a pensar nele. A característica técnica da educação de massas no começo da escola
pública deixava clara a sua estrutura curricular, mesmo antes de existir um currículo, e qual era
o fim de sua educação.
O fenômeno educativo não pode ser compreendido como uma realidade acabada.
Mizukami afirma que o fenômeno educativo é, antes de tudo, “um fen
ômeno humano, histórico
e multidimensional” (MIZUKAMI, 1986, p.
1) que não “se dá a conhecer de forma única e
precisa em seus múltiplos aspectos” (MIZUKAMI, 1986, p. 1), embora que por muito tempo,
para cada período, tenha focado seu olhar em apenas uma das múltiplas dimensões. Num
modelo clássico de educação, o foco na matéria e no método valorizava a dimensão técnica do
processo, a definição de objetivos, conteúdos, métodos e avaliação, numa forma linear e
sistêmica, que desenhava uma educação estrategista findada em comportamentos especificados
e observáveis; nesse modelo, avalia-se o aluno somente.
Já nas primeiras décadas do século XX, quando de fato o currículo começa a ser objeto
de estudo da ciência, dá-se início a uma forma mais acentuada de se pensar a própria educação.
Pensar no currículo é pensar na própria escola. Da mesma forma, também, as teorias do
currículo que surgira
m são também teorias pedagógicas, como diz Silva: “todas as teorias
pedagógicas são também teorias sobre currículo”
, pois
“[
...] não deixam de fazer especulações
sobre o currículo, mesmo que não utilizem o termo
”
(SILVA, 2009, p. 21). Daí então o caminho
educativo a
ser trilhado, a partir das primeiras décadas do século XX sobre “estudos sobre
currículo” (SILVA, 2009, p. 12) co
m a publicação de The curriculum, de Bobbitt, livro
considerado como um “marco no estabelecimento do currículo como um campo especializado
de estudos” (SILVA, 2009, p. 22), donde vieram as teorias tradicionais, preocupadas com a
“natureza da aprendizagem”
(SILVA, 2009).
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Gimeno Sacrist
á
n (1999, p. 21) diz que
[...] os fenômenos curriculares incluem todas aquelas atividades e iniciativas
através das quais o currículo
é
planejado, criado, adotado, apresentado,
experimentado, criticado, atacado, defendido e avaliado, assim como todos
aqueles objetivos materiais que o configuram.
Nessa perspectiva, ao refletir sobre o currículo do início do século XX, com sua origem
fabril, um modelo de currículo que valorizava os conteúdos, dito por Gimeno Sacristán como
“currículo tradicional” (GIMENO, 1999, p. 169), prevalece o método em que o professor
pretendia “treinar” os educandos, como disse Freire (2011, p. 16), ao denominar esses
educadores de “conservadores” e “bancários”, mecanicamente memorizadores, r
epetidores de
ideias. Não poderiam ser diferentes as características do professor e o perfil do ensino
ministrado por eles, uma vez que os alunos deste modelo também deveriam a possuir essas
mesmas características.
Mesmo com sua descontextualização, a escola fabril durou, sem ser questionada, até
metade do século XX quando, em 1957, com o Lançamento do Sputnik feito pela União
Soviética, os Estados Unidos começaram a responsabilizar a inadequação de sua própria
educação por ter sido ultrapassado por outro país em níveis de conhecimentos principalmente
em ciências e matemática. Ao mesmo tempo deste acontecimento, teóricos já se preocupavam
em repensar as estruturas curriculares na busca de um ensino mais eficaz e que fosse capaz de
fazer com que os norte-americanos fossem capazes de ultrapassar os demais países em nível de
conhecimento. A partir deste fato, começa-se a pensar se de fato este modelo educativo
fragmentado, centrado na memorização, no não respeito às individualidades dos seres, centrado
na coletividade não como meio de cooperação e aprendizagem coletiva, mas como meio
massivo de treinamento para uma função específica que era totalmente acrítica, apolítica e não
reflexiva, seria realmente o ideal para a formação dos seres.
A instituição do paradigma fabril agora passa por um momento de crise curricular, não
somente pela forma que funcionava, mas pela forma com que se relacionava com as questões
sociais. Não foi apenas a tecnologia e a ciência que mudaram, mas o mundo também. Por isso,
a escola não mais atendia às exigências desse novo mundo, devendo esta também se modificar,
pois o homem e a sociedade característicos da contemporaneidade, partes fundamentais do novo
processo de transformação humana, social, política e econômica passaram a mobilizar
inquietações sobre novas formas e novos modelos de se pensar e se fazer educação no sentido
de atender às necessidades.
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A partir de então tem início também uma preocupação com a formação dos professores,
uma vez que algo estava a começar a mudar fora da escola e ela mesma deveria acompanhar o
ritmo de mais um momento de transformação social. A avaliação escolar também deveria ser
modificada através de um sistema de controle mais eficaz. Convém ressaltar o que Fino e Sousa
dizem acerca desse momento sobre o que de fato ocorreu:
[...] o êxito que o lançamento do Sputnik pelos soviéticos, ainda que tendo
feito estremecer a confiança dos americanos na qualidade de seu sistema
educativo, não provocou um movimento com amplitude suficiente para lhe
provocar grandes alterações, quer no que se refere à definição de suas grandes
metas, quer em termos organizacionais. Se descontarmos um maior cuidado
na formação dos professores nas áreas já referidas da matemática e das
ciências, nada de muito essencial chegou a ser modificado, mantendo-se
intacto já o velho sistema de produção em massa (FINO; SOUSA, 2001, p. 6).
O currículo de então começa a estruturar-se sob um novo aspecto, perpassando pelas
teorias críticas, focadas na “natureza humana” (SILVA, 2009)
, em que Freire já começava a
dizer que os educadores deveriam “formar” os educandos (FREIRE, 2011, p. 16), mais que
simplesmente “treinar”. Para ele, o exercício da função docente exige que os educadores
tornem-
se “críticos, progressistas” muito mais do que “conservadores” e que, portanto, “ensinar
não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para sua produção ou a sua
construção” (FREIRE, 2011, p. 24). Ele afirma que o “educador problematizador”, em sua
prática, vê o aluno como “sujeito”, ao contrário do “educador bancário” que o concebe enquanto
“objeto”. O “educador problematizador”, segundo ele, é criador, instigador, inquieto, curioso,
humilde e persistente, enquanto que o “educador bancário” se preocupa simplesmente em
ensinar conteúdos, é “mecanicamente memorizador”, “repetidor cadenciado de frases e de
ideias inertes” e “pensa errado” (FREIRE, 2011, p. 28
-29).
A sociedade está, então, diante de uma nova era no que refere à realidade pedagógica:
São repensados o papel do professor, a estrutura curricular da escola, o próprio sentido da escola
e a sua real função no mundo. Estaria ela ainda atendendo às necessidades de uma sociedade
novamente em ritmo crescente de mudança? O que de fato precisariam fazer os seus atores para
que esta instituição mais uma vez alcançasse o mérito de um lugar seguro para colocar crianças
e jovens e que garantisse de fato que a aprendizagem acontecesse? Será que o que ocorria no
interior das salas de aula eram situações de aprendizagem efetivas e que garantissem a coerência
com o que a vida fora de seus muros oferecia?
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Tecnologia: Sinônimo de inovação pedagógica?
Neste momento, por volta da década de 70, um instrumento já começa a fazer parte da
realidade social, embora que ainda em número bastante pequeno. O uso de computadores e
videogames, ainda que novidade, passavam a fazer parte da realidade social. No entanto,
“nenhuma experiência semelhante podia ser feita sobre o que escolas podiam fazer em um
mundo onde computadores fossem objetos de uso cotidiano” (PAPERT, 2008, p
. 47). Não
precisou muito tempo para que o governo americano começasse a comprar essas máquinas para
as escolas e o uso da informática na educação passa a ter centenas e pouco depois milhares de
computadores sendo utilizados por crianças nos espaços formais de educação, assim como
também milhares de softwares que pretendiam ser educativos já estavam à disposição do
mercado para serem comercializados. Embora não sendo ainda o ideal de Papert, com um
computador sendo utilizado por aluno nas escolas, ele diz o seguinte:
Esse crescimento de uma “cultura do computador na escola” estava ainda
longe de uma megamudança, mas atingira proporções que o tornaram
incomparavelmente mais rico como fonte de discernimento sobre mudanças
educacionais do que as limitadas experiências da década anterior. Em 10 anos,
as escolas americanas haviam comprado 3 milhões de computadores, e
centenas de milhares de professores fizeram cursos para aprender a usá-los;
novos gigantes industriais entraram no mercado da educação e 20 mil itens
pretendendo ser “software educacional” foram postos à venda. Esses
dramáticos eventos não demoraram a atrair a atenção da mídia.
Independentemente dos números, a própria ideia de uma criança usar um
computador dava às pessoas uma sensação de que algo novo, empolgante e
um pouco perturbador estava no ar (PAPERT, 2008, p. 48).
Esta foi uma das questões que tentou, a duras custas, “salvar” a escola de sua
defasagem, mas conseguindo, no máximo, um aspecto maquiador para ela. É ainda, para muitas
pessoas, a principal necessidade das escolas contemporâneas. Entretanto, a inserção de
tecnologias por meio da integração de computadores nas instituições escolares é, em muitos
casos, uma má forma de conceber a melhoria do espaço escolar, pois esta melhoria deve advir
do próprio contexto social onde ocorre a aceleração da mudança através, principalmente, da
evolução tecnológica. À base disso, professores, alunos e demais integrantes do contexto
escolar sentem-se aliviados e felizes ao disporem suas escolas de laboratórios de informática.
Mais seguros e “livres da responsabilidade” de provo
car uma verdadeira mudança nas estruturas
conceituais de ensino e aprendizagem estão os professores que guiam seus alunos aos
laboratórios e lá instruem, ditam, direcionam o trabalho.
Indo mais a fundo na questão, o que torna ainda mais precária a realidade educacional
frente ao uso do computador é o mínimo ou nenhum conhecimento dos professores acerca da
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própria máquina ou até mesmo dos softwares que se dizem “educativos”, pois, segundo Valente
“sem ele (o software), o computador jamais poderá ser utilizado na educação” (VALENTE,
1993). Mesmo estando os professores às escuras quanto ao computador e ao software, tais
materiais têm, já há um bom tempo, chegado às escolas. Infeliz realidade constatar que, ainda
sob o que afirma Valente, sem o devido conhecimen
to de software “educativo” o professor não
tem condição de ser “o criador de ambientes de aprendizagem e o facilitador do processo de
desenvolvimento intelectual do aluno” (VALENTE,
1993), findando sua prática no mero
instrucionismo ou no puro “ensino de computação” (VALENTE,
1993), em que
“o computador
é usado como objeto de estudo, ou seja, o aluno usa o computador para adquirir conceitos
computacionais” (VALENTE,
1993).
Este é um problema que perpassa também pela formação do professor, pois segundo
Fino,
“grande parte
[...] fez a sua formação inicial sem ter tido qualquer espécie de formação
relacionada com o uso de software” (FINO, 2003). Entretanto, mesmo obtendo essa formação
inicial, a mera aquisição de conhecimentos conceituais sobre softwares e computadores não é
garantia de uso destes sob a perspectiva construcionista de Papert, pois, para apropriar-se do
sentido construcionista na utilização do computador o professor, ao contrário de depositar a
informação no aluno deve dar o protagonismo da aprendizagem aos próprios aprendizes. Para
tal, necessita de formação inicial, continuada e do mais importante: apropriação da
autoformação, sequencial e sempre inacabada.
O professor pode reelaborar a sua atuação reconhecendo que “a instrução só é boa
quando faz prosseguir o desenvolvimento, isto é, quando desperta e põe em marcha funções
que estão em processo de maturação na ZDP” (FINO, 2001
b). A Zona de Desenvolvimento
Proximal (ZDP), ao reconhecer “o papel do outro social no desenvolvimento da criança”
(FINO, 2001b), compreende que as questões individuais da mente humana acontecem a partir
de processos sociais, sempre com a atuação do sujeito sob a tutoria de outro mais apto a realizar
as tarefas possíveis que conduzirão ao avanço do desenvolvimento. Na concepção de ZDP de
Vygotsky, o professor, ao permitir a autonomia e a criatividade do aluno-autor, este não
permanece na mera formulação de conceitos mentais acerca do conhecimento ou do
computador, mas é possibilitado de interiorizar esses conceitos,
a partir do auxílio de um “par
-
tutor” ou na “interacção inter
-
pares” (FINO, 2001
b), reconhecendo os próprios conhecimentos
por ele(s) construídos através da atividade de criação autônoma com auxílio de uma orientação
que não instrui o aluno, mas que permite a ele a interiorização, em que o aluno-autor está pronto
para “iniciar um novo ciclo de aprendizagem a um nível cognitivo mais elevado” (FINO,
2001a).
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Entretanto, é também desejo de muitos educadores provocarem uma mudança em sua
prática, aproveitando-se de conhecimentos teóricos e de objetos que o auxiliarão na eficácia
dessa mudança. Outros tantos há que carregam dentro de si a indiferença em relação à urgente
e clara necessidade de revolução do paradigma educativo atual. Bom é saber que com o avanço
da
ciência e a crescente “invasão” dos meios tecnológicos nas instituições escolares cada vez
mais aumenta a esperança de que a realidade se transforme a partir dos próprios atores
educacionais, conscientes de que necessitam apropriar-se do saber da experiência, que é aquele
que passa por dentro de cada um provocando uma revolução nos conhecimentos já existentes,
promovendo a criação de conhecimentos novos e atualizados. Tal apropriação de
conhecimentos e atualização docente nos meios educacionais provocará uma verdadeira
transformação no aprendizado dos educandos, pois esse próprio processo de construção de
conhecimentos, uma vez refletido e apropriado pelos professores, será entregue aos alunos,
permitindo-lhes a merecida autoria e o tão sonhado protagonismo de que todo aluno tem direito.
É com esse crescimento científico e tecnológico, através do progresso da sociedade, que
são reestruturadas as bases de seu pensamento acerca da formação dos indivíduos. Com isso, a
educação inicia uma caminhada rumo à significação da aprendizagem, ao questionamento das
ideias fixas e à construção de um conhecimento que visa também o questionamento do currículo
e a atribuição de sentido aos conteúdos com base na realidade dos indivíduos participantes, de
sua atuação sobre essa realidade e nos efeitos produzidos dessa atuação. Sendo assim, o
conhecimento não é mais percebido como parte de um sujeito, nem tampouco de um objeto,
mas da interação de ambos.
A efetiva inovação pedagógica
Democracia e liberdade começam a estabelecer as formas de organização da sociedade
e o preparo intelectual do indivíduo para assumir determinada função de acordo com suas
aptidões, marcando também uma característica de ensino centrada no papel do professor que
não mais deve determinar o início, o meio e o fim da atividade pedagógica. As especificidades
individuais passam a ser especialmente valorizadas e também a diversidade social e as
diferenças de culturas e classes são levadas em consideração. Portanto, o aluno agora deve ser
percebido em seu contexto. A valorização dos interesses individuais e a importância da
experiência do indivíduo com o meio abre as portas para uma educação que valoriza as aptidões
individuais e que compreende que o processo educativo deve acontecer principalmente pelos
meios internos e não mais somente pelos externos. Essa renovação da pedagogia coloca o aluno
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no foco do ensino e o professor agora é um facilitador das aprendizagens. A análise crítica do
sistema tende a enfrentar a separação de classes fazendo com que o indivíduo se perceba
enquanto ser que não se conforma com sua situação e que se apropria de conhecimentos e
sentimentos de libertação. Portanto, o currículo de então deve fazer com que a escola prepare o
aluno para o mundo.
O homem e a sociedade característicos da contemporaneidade, partes fundamentais do
novo processo de transformação humana, social, política e econômica, hoje refletidos através
de uma prática pedagógica direcionada pelas teorias pós-críticas, que evidenciam a
consideração da educação sobre a “natureza do conhecimento, cultura e sociedade” (SILVA,
2009), essencialmente ligado
s à “
[...]nossa identidade [...]
nossa subjetividade” (SILVA, 2009,
p. 15), mobilizam inquietações sobre novas formas e novos modelos de se pensar e se fazer
educação. Essa
ruptura do paradigma educativo nos permite observar “um movimento
intelectual que proclama que estamos vivendo numa nova época histórica, a Pós-Modernidade,
radicalmente diferente da anterior, a Modernidade” (SILVA, 2009, p. 111). Mas, mesmo sendo
ainda a escola um referencial do sentido conceitual de educação, encontra-se, embora diante de
tanta mudança acontecendo no mundo exterior, há muito defasada do contexto atual, pois que
sendo ela um símbolo da modernidade, nós enquanto sociedade já ultrapassamos essa época.
Portanto, a escola não é o centro nem o local da verdadeira aprendizagem. Como diz Silva
(2009, p. 111-112):
Nossas noções de educação, pedagogia e currículo estão solidamente fincadas
na Modernidade e nas ideias modernas. A educação tal como a conhecemos
hoje é a instituição moderna por excelência. Seu objetivo consiste em
transmitir o conhecimento científico, em formar um ser humano supostamente
racional e autônomo...Nesse sentido, o questionamento pós-modernista
constitui um ataque à própria ideia de educação.
Nesse novo mundo que surge em que a informação, o conhecimento e o avanço da
ciência traçam o perfil de uma sociedade cada vez mais autônoma a educação, embora com
muitas tentativas de adequação à nova realidade ainda preserva o paradigma fabril e reproduz
à exaustão os moldes da escola tradicional insistindo em um modelo de ensino-aprendizagem
centralizador de um conhecimento que não mais só lhe pertence, pois na contemporaneidade a
escola não é mais o lócus do conhecimento e sim o mundo, por isso justifica-se pensar em
inovação pedagógica, pois, como afirma Toffler (2012, p. 16):
Tão profundamente revolucionária é esta nova civilização, que desafia todas
as nossas velhas pressuposições. Velhos modos de pensar, fórmulas antigas,
dogmas antigos e antigas ideologias, por mais acalentadas e por mais úteis que
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tenham sido no passado, não mais se adaptam aos fatos. O mundo que está
emergindo rapidamente do choque de novos valores e tecnologias, novas
relações geopolíticas, novos estilos de vida e novos modos de comunicação,
exige ideias e analogias novas, novas classificações e novos conceitos. Não
podemos enfiar o mundo embrionário de manhã em cubículos convencionais.
Nem as atitudes nem os modos são apropriados.
O limiar da inovação se caracteriza como um importante passo rumo à significação da
aprendizagem, ao questionamento das ideias fixas e à construção de um conhecimento que visa
também o questionamento do currículo e a atribuição de sentido aos conhecimentos com base
na realidade dos indivíduos participantes, de sua atuação sobre essa realidade e nos efeitos
produzidos por essa atuação. As crianças constroem suas estruturas cognitivas através de sua
relação com o mundo e também individualmente. Piaget descreve como acontece esse processo
de construção buscando uma melhor compreensão da aprendizagem e o desenvolvimento das
crianças, que são vistas como sujeitos ativos, construtores de conhecimento.
Papert, porém, ao refletir sobre o construtivismo Piagetiano buscou relacioná-lo à escola
afirmando que o foco desta deve estar no aprendizado e não no ensino, como tem acontecido
até os dias atuais. No entanto, é importante lembrar o que o próprio Papert (2008, p. 134) nos
diz:
Mesmo a afirmativa de que cada ato de ensino priva a criança de uma
oportunidade para a descoberta, não é um imperativo categórico contra
ensinar. [...] a meta é ensinar de forma a produzir a maior aprendizagem a
partir do mínimo de ensino.
Porém, a instrução e a transmissão de informações descontextualizadas e fragmentadas
devem dar lugar à autonomia, à criatividade, à autoria dos alunos que passam a protagonizar
sua própria aprendizagem. A escola enquanto instituição responsável pela mediação da
aprendizagem deverá auxiliá-los a descobrirem como construir seu próprio conhecimento.
O construcionismo é construído sobre a suposição de que as crianças farão
melhor descobrindo por si mesmas o conhecimento específico de que
precisam; a educação organizada ou informal poderá ajudar mais se certificar-
se de que elas estarão sendo apoiadas moral, psicológica, material e
intelectualmente em seus esforços. O tipo de conhecimento que as crianças
mais precisam é o que as ajudará a obter mais conhecimento (PAPERT, 2008,
p. 135).
Situando-nos mais especificamente sobre as instituições existentes na sociedade e
refletindo sobre o tipo ideal de formação desejada aos seres humanos, no meio de todo esse
processo conflituoso, rápido e diverso de mudança social, não seria possível perceber nem
deixar de colocar em foco a escola e seu lócus na contemporaneidade. Outrossim, é
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imprescindível incorrer sobre a eficácia do papel da escola frente à complexidade global. Tem
ela surtido efeitos positivos e significativos para o que se espera de uma instituição formal de
ensino? Tem ela acompanhado a excessiva transformação e avanço intelectual e tecnológico?
Uma análise superficial de sua estrutura física e curricular talvez já revele que a resposta às
últimas questões é negativa. Do mesmo modo, uma profunda diagnose sobre a escola e o ensino
pode expressar o que de fato tem ocorrido para que até mesmo os próprios atores educacionais
já tenham pensado acerca do atual embate sobre o quadro de mudança entre a modernidade e a
pós-modernidade e a incompatibilidade escola-mundo nesse contexto, pois não há solução para
a escola a não ser que ela mude o paradigma.
Talvez não seja possível dizer que a escola é a mesma de cem anos atrás e que nada
mudou. Entretanto, é necessário reconhecer que as mínimas mudanças ocorridas não foram
suficientes para ascender a escola ao patamar de uma instituição que atende aos ensejos da real
mudança, pois as suas mudanças não acontecem no ritmo social exigido e em muito diferem de
tudo o que aconteceu na sociedade nas última
s décadas. Papert, em seu livro “A máquina das
crianças”
,
busca nos “chamar a atenção para o que praticamente todo mundo sabe sobre o nosso
sistema escolar: ele mudou, mas não a ponto de alterar substancialmente sua natureza”
(PAPERT, 2008, p. 18). Quais seriam os reais motivos que justificam esse lento avanço da
escola? Muitos atribuiriam tal fator especificamente à falta, ao mínimo uso ou ao mau uso da
tecnologia nos espaços educacionais.
Talvez não seja possível mensurar até onde cabe tal argumento, mas é certo que, sendo
a escola uma das instituições fundamentais da civilização, e estando essa civilização em grande
parte informatizada e em larga escala coberta pelo uso da tecnologia, pode parecer lógico o
raciocínio de que por não estar efetivamente atualizada nas novas tecnologias e que, mesmo as
que já contam com aparatos tecnológicos em seus ambientes educativos, por não utilizarem
esses instrumentos com os fins necessários, ficam à mercê das mais severas críticas à eficácia
de seu ensino. Certo é que a sociedade não está satisfeita com a atuação da escola, muito menos
os próprios alunos e “na medida em que as crianças rejeitam uma Escola que não está em
sintonia com a vida contemporânea, elas tornam-
se agentes ativos de pressão para a mudança”
(PAPERT, 2008, p. 21).
Qual o verdadeiro papel da utilização dos meios tecnológicos nas instituições formais
de educação? O computador não pode ser aclamado como o objeto capaz de formar o ser
humano integral tão almejado pela sociedade atual; porém a utilização do computador de forma
enriquecedora como um meio provocador da autonomia intelectual do aluno, onde o professor
esteja apto a direcionar intencionalmente o manuseio crítico e produtivo da máquina pelos
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estudantes, proporcionará uma relação interativa através das possibilidades a eles oferecidas
para a construção de um projeto pessoal, pois como afirma Papert, “a melhor aprendizagem
ocorre quando o aprendiz assume o comando, como o jovem Piaget o fez” (PAPERT, 2008, p.
37).
O uso da tecnologia no ambiente educativo não garante a eficácia da aprendizagem e
nem é sinônimo de inovação, porque a tecnologia representada apenas como um conjunto de
instrumentos atuais pode mascarar a escola com um aspecto ostensivo de modernidade, mas
que por dentro reina a marca do ensino tradicional fixado na transmissão de informações e não
no conhecimento autônomo nem na “autodeterminação intelectual” (PAPERT, 2008, p. 21).
Essa mera pincelada tecnológica nas escolas torna o aluno passivo da instrução do professor,
que se tornou escravo de um currículo fragmentador do uso do computador, através de meios
instrucionistas e programados. Essa forma de ensino com base no uso do computador pode
encher os olhos de muitos que acreditam que o efeito das coisas está nos objetos e não na ação
do ser humano sobre eles, mas Papert nos diz que é preciso “tornar o estudante o sujeito do
processo em vez de torná-
lo objeto” (PAPERT, 2008, p. 28). Sendo assim, essa forma de ensino
não é capaz de responder ao verdadeiro sentido de inovação, podendo ser vista apenas como
uma mudança. Mudança e inovação são coisas distintas, embora sejam comumente confundidas
entre muitos, pois pode haver mudança sem inovação, mas não há inovação sem mudança.
A mudança é objetiva, a inovação é subjetiva. Objetivo deriva de objeto, de algo que
está fora, exposto; subjetivo deriva de sujeito, e diz sobre algo que está dentro de um sujeito.
No entanto, a concepção e a constituição do “eu” acontecem de fora para dentro quando o
sujeito, em contato com os objetos compreende o mundo e constrói-se; mas o sentido dessa
construção ocorre quando o objetivo se torna subjetivo, no momento em que o objeto começa
a ser transformado pelo sujeito, numa via circular de internalização do que está fora e
externalização do que está dentro.
Na educação [...] não existe nada de passivo, de inativo. At
é
as coisas mortas,
quando se incorporam ao círculo da educação, quando se lhes atribui papel
educativo, adquirem caráter ativo e se tornam participantes ativos desse
processo (VYGOTSKY, 2001).
O sentido de inovação está intrinsecamente ligado ao significado original da palavra
educação que no latim tem uma via dupla de compreensão: “trazer para fora” ou “levar para
fora”. Numa forma simples de explicação a escola, enquanto espaço possível de
inovação, deve
funcionar nos dois modos, trazendo para fora as potencialidades individuais dos sujeitos, ao
mesmo tempo em que os levando sempre para um lugar melhor. As ações de inovação devem
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estabelecer uma relação pessoal, interpessoal e multidimensional entre sujeitos e ações
educativas. Pessoal porque a inovação deve ir além da dimensão técnica visando atingir a
dimensão humana das relações; interpessoal porque ela deve perpassar da relação humana
individual para uma relação coletiva, de interação, uma vez que, em se tratando de inovação
pedagógica, deve esta produzir um efeito de renovação coletiva; por fim, multidimensional,
porque as realizações educacionais precisam criar bases para um novo e verdadeiro
conhecimento global em que o ser humano seja contemplado em suas mais diversas dimensões
sendo plausivelmente construído, reconstruindo-se constantemente.
Entretanto, é importante pensar: qual o papel do professor e do aluno do século XXI ao
estarem inseridos nesse contexto? Para começar é preciso esclarecer que professor e aluno
aprendem em comunhão, embora possuam papéis diferentes; e a ação dos homens se dá de
acordo com a função que cada um exerce e que o conhecimento se fará prático quando nascer
no pensamento e se concretizar na ação dos envolvidos. Para o professor o desafio está em
questionar os seus métodos e transformá-los, pois a inovação é um processo de dentro do ser
criativo, autorreflexivo, inconformado com a situação atual e que possui visão de futuro, pois
Toffler (2012, p. 433) nos diz que
[...]
a responsabilidade da mudança [...] está em nós. Devemos começar com
nós mesmos, ensinando-nos a não fechar as nossas mentes prematuramente à
novidade, ao surpreendente, ao aparentemente radical.
Ao aluno cabe livremente escolher o próprio percurso de seu aprendizado, pois, como
Papert diz: “a melhor aprendizagem ocorre quando o aprendiz assume o comando, como o
jovem Piaget o fez” (PAPERT, 2008, p. 37).
Ainda em referência à função dos dois principais atores educativos, professor e aluno, e
o lugar de cada um na inovação e relembrando a importância da relação sujeito-objeto, é
relevante ressaltar que a educação possui em sua essência uma propriedade artística por sua
característica prática, teórico-prática, fabricadora e criadora, e não há inovação pedagógica sem
criatividade contínua. Sendo então a inovação fruto da ação dos sujeitos e não de imposição de
lei exterior, essa ação pedagógica sobre os instrumentos educativos deve ser gerada
internamente para produzir resultados externos, pois a inovação pedagógica é prática, é ação.
A criatividade, o desejo, o ideal devem sobrepor o risco do fracasso, estabelecer a quebra da
rotina e os projetos pessoais necessitam receber crédito. Essa ação pedagógica deve ser
entendida como a ação do professor sobre a renovação de sua metodologia e a ação e
compreensão do aluno sobre as suas potencialidades cognitivas, bem como da mudança
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qualitativa da escola vinda ao encontro com o currículo escolar estabelecido. O professor re-
cria sua ação, mediando o processo de aprendizagem do aluno que, por sua vez, cria seu próprio
percurso de construção da aprendizagem por uma via autônoma.
Inovação é mudança com efeito. Portanto, deve provocar essa mudança no professor
que deve compreender necessária a ruptura e a descontinuidade do paradigma. Esse efeito não
se refere só ao conhecimento que é adquirido pelo aluno no fim do percurso, mas principalmente
durante o percurso, porque em educação os fins são importantes, mas os percursos devem ser
valorizados de igual modo. Não é suficiente saber que o aluno aprendeu, mas perceber que ele
mesmo compreendeu a forma como aprendeu. Ele deve perceber que não chegou a um fim, mas
que essa inconclusão transcorre da constância e permanência do processo que deve ser
estendido no decorrer da vida. Fazendo referência a Papert (2008), o fato de que a criança
construiu sua própria estrutura intelectual significa que ela se apropriou da cultura que a rodeia,
o que reforça a ideia de que a criança não se constrói do nada.
Assim, ao apropriar-se do conhecimento que ela própria construiu, a criança torna-se o
sujeito da inovação e o seu aprendizado é o novo objeto. No entanto, ao atribuir sentido ao seu
objeto, o conhecimento, este passa a não ser mais um objeto, mas o próprio sujeito porque da
forma como a concepção do ser individual é estabelecida após apropriação da cultura, o
conhecimento construído pelo sujeito reivindica que ele se torne num novo ser, o protagonista
de sua aprendizagem. Sobre essa reflexão, é importante referenciar Fino (2008) quando ele diz
que o “professor inovador, se estivesse a correr para os Óscares, não de Hollywood, mas da
educação, seria candidato ao prémio de melhor actor secundário, enquanto o aprendiz seria o
candidato natural a melhor actor principal” (FINO, 20
08).
Considerações finais
Com a inovação em foco e a construção do conhecimento dos sujeitos sendo realizada
por eles próprios, a humanidade certamente passará a ter um novo começo e com isso pode
garantir um novo percurso que não leve o mundo a um fim, mas a uma constante renovação e
melhoria. Acreditar nessa possibilidade é descansar na certeza de que é a valorização do sujeito
que transforma o objeto e de que é a construção de um novo sujeito que provoca a construção
de um novo e melhor objeto. Investir e crer na possibilidade de renovação da ação docente é
tentar fazer com que esse novo professor recuse o imobilismo da atual estrutura didática e lute
para efetivar a transformação da atual e imóvel instituição escolar. Acreditar na renovação da
escola é, portanto, a possibilidade que o mundo tem de auxiliar na construção de um sujeito
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renovado. Renovar o sujeito é firmar o compromisso com a educação do futuro e preocupar-se
com a sociedade do futuro, pois “para dominarmos a mudança, precis
amos antecipá-
la”
(TOFFLER, 1970, p. 316). E Fino (2009, p. 14) nos diz que:
Inovar é isso mesmo. Não se trata de procurar soluções paliativas para uma
instituição à beira do declínio. Trata-se de olhar para além dela, imaginando
outra, deixando de se ter os pés tolhidos pelas forças que conduzem
inexoravelmente em direcção do passado.
A inovação pedagógica deve ser pautada por uma descontinuidade nas práticas
pedagógicas tradicionais. Isso leva a que se desenvolva uma atualização dos modos de agir
pedagógicos, dos contextos ao nível micro incutindo-lhes um olhar crítico sobre a organização
e o funcionamento dos sistemas educativos. Abordar a inovação pedagógica implica tratar de
processos de aprendizagem e de práticas pedagógicas de forma a dar primazia à autonomia aos
estudantes (BRAZÃO
et al
., 2020, p. 553).
Por fim, com o princípio da inovação estabelecido, a ideia do que se deseja para a
educação é do mesmo modo confirmada. O futuro é sempre muito próximo e trabalhar para a
educação do futuro é buscar a eficácia da formação no presente, pois a inovação é justamente
o desejo interno provocando a atuação que é externa e presente. Essa busca deve sempre
provocar a criação de atos pedagógicos que garantam a formação do sujeito no presente que é
consciente de sua capacidade intelectual de transformar-se enquanto sujeito para inovar, o que
irá assegurar à sociedade um bom percurso rumo ao futuro.
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Educação contemporânea e inovação pedagógica: Um novo paradigma
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Éden de CASTRO e Paulo BRAZÃO
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Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022119, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029
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Educação contemporânea e inovação pedagógica: Um novo paradigma
RPGE
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Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022119, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029
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Como referenciar este artigo
CASTRO, E.; BRAZÃO, P. Educação contemporânea e inovação pedagógica: Um novo
paradigma.
Revista on line de Política e Gestão Educacional
, Araraquara, v. 26, n. 00,
e022119, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029. DOI:
https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.17221
Submetido em
: 26/03/2022
Revisões requeridas em
: 10/05/2022
Aprovado em
: 04/07/2022
Publicado em
: 30/09/2022
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
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Contemporary education and pedagogical innovation: A new paradigm
RPGE
–
Revista online de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022119, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.17221
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CONTEMPORARY EDUCATION AND PEDAGOGICAL INNOVATION: A NEW
PARADIGM
EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA E INOVAÇÃO PEDAGÓGICA: UM NOVO
PARADIGMA
EDUCACIÓN CONTEMPORÁNEA E INNOVACIÓN PEDAGÓGICA: UN NUEVO
PARADIGMA
Édende CASTRO
1
Paulo BRAZÃO
2
ABSTRACT
: This paper is the result of a research on contemporary education and
pedagogical innovation based on the problematic: what is the relationship between
contemporary education and pedagogical innovation? The paper aimed to discuss education
from the perspective of pedagogical innovation, to conceptualize change and innovation, to
reflect on contemporary education, and to trace a historical panorama of education. This is a
bibliographic research carried out through readings, reviews, summaries, and fiches of
theoretical material about the theme. The works of Papert (2008), Toffler (1970), Fino (2000),
Sousa (2004), among others, were used as bibliographic references.
KEYWORDS
: Education. Pedagogical innovation. Paradigm
RESUMO
: Este trabalho é o resultado de uma pesquisa sobre educação contemporânea e
inovação pedagógica baseado na problemática: qual a relação entre educação
contemporânea e inovação pedagógica? O trabalho pretendeu discutir sobre educação na
perspectiva da inovação pedagógica, conceituar mudança e inovação, refletir sobre a
educação contemporânea e traçar um panorâmico histórico da educação. Trata-se de uma
pesquisa bibliográfica realizada através da realização de leituras, revisões, resumos e
fichamentos de material teórico sobre o tema. Para a realização foram utilizados como
referencial bibliográfico as obras de Papert (2008), Toffler (1970), Fino (2000), Sousa
(2004), entre outros.
PALAVRAS-CHAVE
: Educação. Inovação pedagógica. Paradigma.
1
Secretary of Education of the State of Bahia (SEC), Quixabeira
–
BA
–
Brazil. Pedagogical Coordinator,
Professora Terezinha Gonçalves Novais State College. Founding member and vice-director of the Quixabeirense
Academy of Pedagogy (AQPED). Master in Education (UMa/Portugal). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-
3601-4899. E-mail: edendecastro@live.com
2
University of Madeira (UMa), Funchal
–
Portugal. Researcher at the Center for Research in Education (CIE-
UMa). PhD in Education (UMa/Portugal). Post-doctorate in Education (UFS). ORCID: https://orcid.org/0000-
0003-3575-4366. E-mail: jbrazão@staff.uma.pt
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Éden de CASTRO and Paulo BRAZÃO
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Revista online de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022119, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.17221
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RESUMEN
: Este trabajo es el resultado de una investigación sobre la educación
contemporánea y la innovación pedagógica basada en el problema: ¿cuál es la relación entre
la educación contemporánea y la innovación pedagógica? El trabajo tuvo como objetivo
discutir la educación desde la perspectiva de la innovación pedagógica, conceptualizar el
cambio y la innovación, reflexionar sobre la educación contemporánea y trazar una
educación panorámica histórica. Se trata de una investigación bibliográfica realizada a
través de lecturas, revisiones, resúmenes y registros de material teórico sobre el tema. Para
esta realización se utilizaron como referencia bibliográfica los trabajos de Papert (2008),
Toffler (1970), Fino (2000), Sousa (2004), entre otros.
PALABRASCLAVE
: Educación. Innovación pedagógica. Paradigma.
Introduction
The history of education is marked by assumptions and concepts that guide and
ground its path. The historical context of a society and the human conception it holds
establishes, since its beginning, the foundations with which the practice of its education is
justified through theories and methodologies aimed at human development. These
epistemological and didactic actions mark certain periods through which the relationship
established between education and its conception of man and society can be perceived.
Education in its most complete sense needs to help people to have a more effective
and also affective contact with knowledge and the world around them. It should not be
responsible for the reproduction of a society, but rather for its production, since the human
being is understood as a process, something that builds and transforms itself, at the same time
as it builds and transforms the environment in which it lives. In this complex relationship,
men are transformed by the world they themselves transform. Thus, education must play a
humanizing role, aiming at the improvement of society through the people it shapes.
This research seeks to understand contemporary education and pedagogical innovation
based on the following problem: what is the relationship between contemporary education and
pedagogical innovation? The work intended to discuss education from the perspective of
pedagogical innovation, to conceptualize change and innovation, to reflect on contemporary
education, and to trace a historical panorama of education.
This is a bibliographical research carried out through readings, reviews, summaries,
and fiches of theoretical material about the theme. The works of Papert (2008), Toffler
(1970), Fino (2000), Sousa (2004), among others, were used as bibliographic references.
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Contemporary education and pedagogical innovation: A new paradigm
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Revista online de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022119, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.17221
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History of Education from the perspective of paradigm shifts
As history runs its course, changes are taking place both within individuals and in
society. This results in a change in the meaning that is attributed to education, provoking new
thoughts and new actions. Since education is loaded with intentionalities, these pedagogical
trends are reconfigured and acquire new forms. However, what characterizes a new trend is
not the extinction of the previous one, but its superimposition over the former, because there
is no pure trend along the way. This transformative adaptation of pedagogical intentions is
characterized by social change, by criticism of the previous model of education as well as of
the vision of the changed society and of the people in this society. It is also characterized by
man's own need for change and adaptation to these external transformations. In the same way,
"The emergence and the end of paradigms are results of transformations that occur in realities
and theories, understanding knowledge as an infinite process" (KUHN, 1994, p. 38, our
translation). And it is certain that humanity has sought to adapt to the various periods of its
history, which due to the acceleration of change has made the human being a transient being
and of temporal relations with beings and things (TOFFLER, 1970).
In order to survive [...] the individual must become infinitely more adaptable
and more capable than in any previous epoch. He must seek entirely new
paths for support [...]. Before he can do this, however, he must understand in
greater detail how the effects of acceleration penetrate his own life, adhere to
his own behavior, and alter the quality of his existence. He must, in other
words, understand the phenomenon of transience (TOFFLER, 1970, p. 25-
26, our translation).
What prevailed until then in the mid-seventeenth and eighteenth centuries was rural
and family life surrounded by naturalness, survived by the work of handicrafts and
agriculture, a culture that still remains the first stage of world economic development. This
form of work, which prevailed until then, allowed the worker to be the producer of his own
product while at the same time having access to what he produced. From beginning to end, all
stages of production passed through his hands. Thus, work was neither divided nor
specialized. At most, there would be more than one worker performing the same type of
production, sharing only the working tools.
However, with the advent of industrialization, the great milestone of the emergence of
modernity, the launching of the steam engine and the shuttle wheel, the spinning machine, the
loom, among others, two main aspects mark the arrival of this new era: coal becomes very
useful in the development and use of steam engines and the emergence of locomotives, which
would serve to transport raw materials, people and workers and facilitate the process of
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Éden de CASTRO and Paulo BRAZÃO
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DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.17221
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industrial trade. Through this came the growth of textile production, previously rustic and
manual, which began to be produced by means of large machines. In this sense, industry
became the main work alternative for the great majority of the population, manufacturing
gave way to machining, the market grew with monetary trade, increasing production and
standardization, which caused a large part of the European population, who lived in the
countryside, to move to the big cities in search of a better life through jobs in factories, thus
changing social relations, people's way of life and also the meaning and significance given to
work, because
Industrial society, founded on the synchronization of work, therefore needed
individuals who had little to do with a rural and bucolic past, in which
natural rhythms prevailed (FINO, 2000, s/p, our translation).
The population growth in urban centers brought benefits to the industry of the time,
but caused major problems for urban life, such as the exaggerated growth of the suburbs,
which "forced the public authorities to pay more attention to the problems created not only by
children left to their own devices, but also by adults without occupation" (SOUSA, 2004, s/p,
our translation). These people were surviving in terrible conditions both in their daily lives
and in their workplaces, with exhausting working hours, up to 80 hours a week, low wages, in
addition to the exploitation of women and children because of the large use of male workers
in the construction of railroads, the increase of air pollution with the burning of coal that
generated energy for the machines, and the high exploitation of natural resources.
Unemployment and hunger became part of urban life, as well as prostitution and alcoholism.
Around the industries there started to happen workers' movements that also began to organize
themselves and to behave in different ways, as in the case of the "Ludism", in which the
workers destroyed the machines, the "Cartism" that demanded the improvement of working
conditions and the "Trade-unions", organization of workers' movements that in the future
would become unions and associations (BRAZ; NETTO, 2007).
With the population mass established in urban centers and life reconfigured, the offer
of education for this part of the population also starts to be offered in mass. An example of
this is that, when reflecting on this particular historical moment, it is noted that public schools
emerged to meet the needs of a society that was born with great strength and that brought in
itself the marks of the new and growing industrialization, making it evident that the threshold
of this new era required for itself, as Fino says, "a 'kind' of man equipped with skills that
neither the family nor the church was able to provide" (FINO, 2011, p. 46, our translation).
However, an important reflection must be made: what would this "kind" of man be? What
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Contemporary education and pedagogical innovation: A new paradigm
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characteristics should have people whose training would be geared to meet the needs of large
factories? As seen in Fino's quote, the formation of men for this new social reality would no
longer be possible to be carried out by the families or by the church, which until then was the
most common thing.
This reality of natural instruction carried out within the family or through social
contact, the means by which learning and the sharing of knowledge took place, changes in the
post-Industrial Revolution period, when, in this social moment marked by modernity, manual
labor no longer met the standard required by society, which needed individuals prepared to
comply with norms, rules, and to perform specific functions. This was also a moment marked
by the emergence of a new model of education, because, as Toffler states, "the mechanical
age [...] demanded a new kind of man. It demanded skills that neither families nor churches
could provide on their own. It forced a revolution in the value system [...]" (TOFFLER, 1970,
p. 321, our translation). This model of education was born characterized by the need to meet
the factory social demand, a "mass education (that) was the ingenious machine built by
industrialization to produce the kind of adult it needed" (TOFFLER, 1970, s/p, our
translation).
In the face of this process, humanity saw the birth of a previously unnecessary
institution that is now treated as fundamental for insertion into the world of work and that,
later on, in many countries, becomes mandatory for everyone. Is the creation of a formal
learning (or teaching) space really necessary for humanity? How would post-modern society
be if the school had not appeared? This is a question that the human mind can only imagine,
since the creation of the school is a fact and that it interfered in an impactful way with human
relations and the way of conceiving and organizing life, work, family and everything else that
societies conceive in the form of organization.
The Industrial Revolution then gives rise to the public school that, in the way it was
thought and structured, makes education "an organized activity, taking place in a proper place,
with an appointed time, with times distributed for logically differentiated subjects" (SOUSA,
2007, s/p, our translation). With this pre-defined aspect, "learning ceases, in fact, to be a
spontaneous and natural activity" (SOUSA, 2007, s/p, our translation) that happened at
general levels to happen in which "tasks are highly specialized [...] with the logic of serial
production" (SOUSA, 2007, s/p, our translation). With this new mold of education emerging,
the man for the society of then tends to decline "to the new industrial order" (SOUSA, 2004,
s/p, our translation) and adapt to this intentionally shaping education of concentrated beings,
task performers, producers, goal fulfillers, silenced by the teacher's voice and the "factory
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whistle", "able to stay between walls for days on end" (FINO, 2011, p. 46, our translation), in
an environment of "repetitive work, [...] collective discipline" (TOFFLER, 1970, p. 390, our
translation), "produced" with "[...] with low cost, social peace [...] adapted to the demands of
a new production model" (FINO, 2011, p. 45, our translation) designed, as stated by Fino and
Sousa,
[...]according to a model literally inspired by factories so that the students,
when they entered, immediately began to "breathe" an atmosphere full of
elements and meanings that proved to be more important and decisive than
the mere guidelines inscribed in the brief "official" public school curriculum
(FINO; SOUSA, 2001, p. 373, our translation)
This model of school organization that emerges with the Industrial Revolution has
become a paradigm, called by Fino as "paradigm of mass education" (FINO, 2011, p. 47, our
translation), or factory paradigm. Formal and systematized education became rigidly
established for two centuries and is still alive in the educational reality of the 21st century.
However, even though this model was, for the time, current and, therefore, new in the system,
it was born to meet a specific and industrial need and not exactly to form the free and
emancipated man. Even though this thought did not hover over the vision of the educators of
that time, the need for emancipation, freedom, and guarantee of rights has always been
directly linked to human beings. Paulo Freire says about this statement when he provokes
reflection on the natural condition of the human being and his vocation to "be more". This
vocation is not a conquered right, it is a natural characteristic of being. However, although he
says that the historical and cultural situations to which man is subjected can distort him from
his condition, it is up to the school to help the being recognize his own essence.
This is why the concern with human nature is so present in my reflections.
With human nature constituting itself in history and not before it or outside
of it. And historically, the human being has become what he has been: not
only a finite being, unfinished, inserted in a permanent movement of search,
but a being aware of his finitude. A being that, vocated to be more, can
historically, however, lose its address and, distorting its vocation, become
dehumanized. Dehumanization, for this very reason, is not vocation but
distortion of the vocation to be more. That is why I say, [...] that every
practice, pedagogical or not, that works against this core of human nature is
immoral (FREIRE, 2001, p. 1, our translation).
Thus, the factory model of education is already born, taking into consideration the
natural condition of the human being, outdated and de-contextualized, since this model does
not guarantee the full development of the human being's potentialities, creativity and
autonomy. In this school there is no place for free initiative, the development of personal
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Contemporary education and pedagogical innovation: A new paradigm
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projects, the manufacturing activity stimulated by desire and dream, nor the protagonism, the
turn and the voice. As mentioned before, it was a school created in the factory style, with
students lined up, silent, paying attention to the teacher, authoritarian, "holder of knowledge"
and of the techniques of "making people know". The educational process was guided by a
repetitive, exhaustive, banking methodology in which the social division is present right from
its early days, as Sousa says in the following quote: "[...] the assumption of two social classes
(teachers, on one hand, and students, on the other) and, above all, the compartmentalization of
knowledge, in a total alienation from emotions and affections" (SOUSA, 2007, p. 5, our
translation).
This characterization of the factory school makes evident the conception of curriculum
that it carried at first based on the Renaissance and Reformation, and later on the Industrial
Revolution. Its main characteristic was logical and scientific rationality and its main goal was
to train the working class that the bourgeoisie needed. If the school was to prepare workers for
factory work, the organization of this institution, starting with its curricular structure, thought
of as a map with well-defined boundaries, would also lead to this end. Snyders makes clear
what in fact bourgeois society intended and to what ends it wanted to achieve:
The bourgeoisie strives as far as possible to subject the school to its own
class aims, to prevent it above all from contributing to the emancipation of
the proletariat: "to bring the teaching of the people back to the level of
submissive and uninhibited lackeys...to achieve docile servants and skillful
workers. [...] The bourgeoisie strives to educate the young generation of
workers and peasants in the hope of forming both useful servants, capable of
providing them with benefits, and obedient lackeys who will not disturb their
quietude and idleness (SNYDERS, 2005, p. 30-31, our translation).
Under this perspective and with the growth and advancement of science and
technology and the shortage of manpower for the labor market, education now focuses on the
competence of individuals starting from the principle that their relationship with things needs
specific techniques and teaching is based on objective truths, as Sousa says: "The school is
thus born with instrumental character: it was intended, through the curriculum, to process
(transform) the student with maximum efficiency and minimum costs, in a business logic,
commercial or industrial" (SOUSA, 2004, s/p, our translation). In this aspect, the curriculum
as an integral part of formal and systematized education becomes an area of great interest to
scholars of education.
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Changes in Education starting with the curriculum
The educational act is not contemporary to the act of systematically teaching. The act
of learning was not born within the formal spaces of education. Human beings have spent
several centuries of their history without needing schools. However, today, few people can
conceive of the world without this space that has gained such importance. There is no other
institution in the world that can be given such credit by people than the school. In the same
way that learning existed before school, the curriculum also existed before they even began to
think about it. The technical characteristic of mass education at the beginning of public
schooling made clear its curricular structure, even before there was a curriculum, and what the
purpose of its education was.
The educational phenomenon cannot be understood as a finished reality. Mizukami
states that the educational phenomenon is, first of all, "a human, historical, and
multidimensional phenomenon" (MIZUKAMI, 1986, p. 1, our translation) that does not
"make itself known in a single and precise way in its multiple aspects" (MIZUKAMI, 1986, p.
1, our translation), although for a long time, for each period, it has focused its gaze on only
one of the multiple dimensions. In a classical model of education, the focus on the subject and
on the method valued the technical dimension of the process, the definition of objectives,
contents, methods and evaluation, in a linear and systemic way, which designed a strategic
education ending in specified and observable behaviors; in this model, only the student is
evaluated.
In the first decades of the twentieth century, when in fact the curriculum begins to be
the object of scientific study, a more accentuated way of thinking about education itself
begins. To think about the curriculum is to think about the school itself. In the same way, the
theories of curriculum that emerged are also pedagogical theories, as Silva says: "all
pedagogical theories are also theories of curriculum", because "[...] they do not stop making
speculations about curriculum, even if they do not use the term" (SILVA, 2009, p. 21, our
translation). Hence then the educational path to be followed, from the first decades of the
twentieth century on "curriculum studies" (SILVA, 2009, p. 12, our translation) with the
publication of The curriculum, by Bobbitt, a book considered a "milestone in the
establishment of curriculum as a specialized field of studies" (SILVA, 2009, p. 22, our
translation), from which came the traditional theories, concerned with the "nature of learning"
(SILVA, 2009).
Gimeno Sacristán (1999, p. 21, our translation) states that
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[...]curriculum phenomena include all those activities and initiatives through
which the curriculum is planned, created, adopted, presented, experimented
with, criticized, attacked, defended, and evaluated, as well as all those
material goals that shape it.
From this perspective, when reflecting on the curriculum of the early twentieth
century, with its factory origin, a model of curriculum that valued the content, said by Gimeno
Sacristán as "traditional curriculum" (GIMENO, 1999, p. 169, our translation), the method in
which the teacher intended to "train" the students prevailed, as Freire (2011, p. 16, our
translation) said, when he called these educators "conservative" and "bankers", mechanically
memorizing, repeaters of ideas. The teacher's characteristics and the profile of the teaching
provided by them could not be different, since the students of this model should also have
these same characteristics.
Even with its decontextualization, the factory school lasted, without being questioned,
until the middle of the 20th century when, in 1957, with the launching of Sputnik by the
Soviet Union, the United States began to blame the inadequacy of its own education for
having been surpassed by another country in levels of knowledge, especially in science and
mathematics. At the same time of this event, theorists were already concerned about
rethinking the curricular structures in the search for a more effective education that would be
able to make Americans surpass other countries in terms of knowledge. From this fact on, one
begins to wonder if in fact this fragmented educational model, centered on memorization, in
the absence of respect for the individuality of beings, centered on collectivity not as a means
of cooperation and collective learning, but as a massive means of training for a specific
function that was totally uncritical, apolitical and unreflective, would really be the ideal for
the formation of beings.
The institution of the factory paradigm is now going through a moment of curricular
crisis, not only because of the way it worked, but because of the way it related to social issues.
It is not only technology and science that have changed, but the world as well. For this reason,
the school no longer met the demands of this new world, and it should also change, because
the man and the society characteristic of contemporaneity, fundamental parts of the new
process of human, social, political and economic transformation, started to mobilize concerns
about new ways and new models of thinking and doing education in order to meet the needs.
From then on, there was also a concern about teacher training, since something was
beginning to change outside the school and the school itself had to keep pace with yet another
moment of social transformation. School evaluation should also be changed through a more
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effective control system. It is worth noting what Fino and Sousa say about this moment about
what actually happened:
[...] The success of the Soviet launching of Sputnik, even though it shook
American confidence in the quality of their educational system, did not
cause a movement of sufficient breadth to bring about major changes, either
in the definition of their major goals or in organizational terms. If we
discount greater care in the training of teachers in the aforementioned areas
of mathematics and science, nothing very essential has changed, and the old
system of mass production has remained intact (FINO; SOUSA, 2001, p. 6,
our translation).
The curriculum then begins to be structured under a new aspect, going through the
critical theories, focused on "human nature" (SILVA, 2009), in which Freire already began to
say that educators should "form" the students (FREIRE, 2011, p. 16, our translation), more
than simply "train". For him, the exercise of the teaching function requires that educators
become "critical, progressive" much more than "conservative" and that, therefore, "teaching is
not transferring knowledge, but creating the possibilities for its production or its construction"
(FREIRE, 2011, p. 24, our translation). He states that the "problematizing educator", in his
practice, sees the student as a "subject", unlike the "banking educator" who conceives him as
an "object". The "problematizing educator", according to him, is creative, instigator, restless,
curious, humble, and persistent, while the "banking educator" is simply concerned with
teaching content, is "mechanically memorizing", "a cadenced repeater of phrases and inert
ideas", and "thinks wrong" (FREIRE, 2011, p. 28-29, our translation).
Society is, then, facing a new era in terms of pedagogical reality: the role of the
teacher, the curricular structure of the school, the very meaning of school and its real function
in the world are rethought. Is it still meeting the needs of a society again in a growing rhythm
of change? What in fact would its actors need to do in order for this institution to once again
achieve the merit of a safe place to put children and young people and to guarantee that
learning would actually take place? Were what took place inside the classrooms effective
learning situations that ensured coherence with what life outside its walls offered?
Technology: Synonym of pedagogical innovation?
At this time, around the 1970s, an instrument already began to be part of social reality,
although still in quite a small number. The use of computers and videogames, although new,
became part of social reality. However, "no similar experiments could be done on what
schools could do in a world where computers were everyday objects" (PAPERT, 2008, p. 47,
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Contemporary education and pedagogical innovation: A new paradigm
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our translation). It did not take long for the American government to start buying these
machines for schools and the use of computers in education began to have hundreds and soon
thousands of computers being used by children in formal educational settings, as well as
thousands of software products that were intended to be educational were already available
for sale on the market. Although not yet Papert's ideal, with one computer used per student in
schools, he says the following:
This growth of a "computer culture in school" was still far from a mega-
change, but it had reached proportions that made it incomparably richer as a
source of insight into educational change than the limited experiences of the
previous decade. Within 10 years, American schools had bought 3 million
computers, and hundreds of thousands of teachers took courses to learn how
to use them; new industrial giants entered the education market, and 20,000
items purporting to be "educational software" went on sale. These dramatic
events soon attracted media attention. Regardless of the numbers, the very
idea of a child using a computer gave people a sense that something new,
exciting, and a little disturbing was in the air (PAPERT, 2008, p. 48, our
translation).
This was one of the issues that tried, at great cost, to "save" the school from its lag, but
succeeded, at most, in a make-up aspect to it. It is still, for many people, the main need of
contemporary schools. However, the insertion of technologies through the integration of
computers in school institutions is, in many cases, a bad way to conceive the improvement of
the school space, because this improvement must come from the social context itself where
the acceleration of change occurs through, mainly, technological evolution. Based on this,
teachers, students and other members of the school context feel relieved and happy to have
computer labs in their schools. The teachers who guide their students to the laboratories and
there they instruct, dictate, and direct the work are more confident and "free from the
responsibility" of provoking a real change in the conceptual structures of teaching and
learning.
Going deeper into the issue, what makes the educational reality even more precarious
in relation to the use of computers is the teachers' minimal or no knowledge about the
machine itself or even about the software that claims to be "educational", because, according
to Valente, "without it (the software), the computer can never be used in education"
(VALENTE, 1993, s/p, our translation). Even though teachers are in the dark about computers
and software, such materials have been coming into schools for quite some time now.
Unfortunate reality is that, according to Valente, without the proper knowledge of
"educational" software the teacher is unable to be "the creator of learning environments and
the facilitator of the process of intellectual development of the student" (VALENTE, 1993,
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s/p, our translation), ending his practice in mere instructionalism or in the pure "teaching of
computing" (VALENTE, 1993), where "the computer is used as an object of study, that is, the
student uses the computer to acquire computational concepts" (VALENTE, 1993, s/p, our
translation).
This is a problem that also goes through the teacher's training, because according to
Fino, "a great part [...] did their initial training without having had any kind of training related
to the use of software" (FINO, 2003, s/p, our translation). However, even if this initial training
is obtained, the mere acquisition of conceptual knowledge about software and computers is
not a guarantee of their use under Papert's constructionist perspective. For this, he needs
initial and continuing education, and most importantly: appropriation of self-training,
sequential and always unfinished.
The teacher can rework his or her performance by recognizing that "instruction is only
good when it pushes development forward, that is, when it awakens and sets in motion
functions that are in the process of maturation in the ZPD" (FINO, 2001b, s/p, our
translation). The Zone of Proximal Development (ZPD), by recognizing "the role of the social
other in the child's development" (FINO, 2001b, s/p, our translation), understands that the
individual issues of the human mind happen from social processes, always with the subject
acting under the tutoring of another more able to perform the possible tasks that will lead to
the advancement of development. In Vygotsky's conception of ZPD, the teacher, by allowing
the autonomy and creativity of the student-author, does not remain in the mere formulation of
mental concepts about knowledge or the computer, but is enabled to internalize these
concepts, from the help of a "peer-tutor" or in the "peer-interaction" (FINO, 2001b, s/p, our
translation), recognizing the very knowledge he/she has constructed through the activity of
autonomous creation with the aid of guidance that does not instruct the student, but allows
him/her to internalize, in which the student-author is ready to "begin a new cycle of learning
at a higher cognitive level" (FINO, 2001a, s/p, our translation).
However, it is also the desire of many educators to bring about a change in their
practice, taking advantage of theoretical knowledge and objects that will help them to make
this change effective. There are many others who are indifferent to the urgent and clear need
for revolution in the current educational paradigm. It is good to know that with the
advancement of science and the growing "invasion" of technological means in educational
institutions, the hope that reality will be transformed by the educational actors themselves
increases, aware that they need to appropriate the knowledge of experience, which is that
which passes inside each one of us, causing a revolution in the existing knowledge, promoting
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Contemporary education and pedagogical innovation: A new paradigm
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the creation of new and updated knowledge. This appropriation of knowledge and teacher
updating in the educational means will cause a true transformation in the students' learning,
because this very process of knowledge construction, once reflected and appropriated by the
teachers, will be delivered to the students, allowing them the deserved authorship and the
dream protagonism that every student has the right to.
It is with this scientific and technological growth, through the progress of society, that
the foundations of its thinking about the education of individuals are restructured. With this,
education begins a journey towards the meaning of learning, the questioning of fixed ideas
and the construction of a knowledge that also aims at questioning the curriculum and the
attribution of meaning to the contents based on the reality of the participating individuals,
their action on this reality and the effects produced by this action. Thus, knowledge is no
longer perceived as part of a subject, nor of an object, but of the interaction of both.
Effective pedagogical innovation
Democracy and freedom begin to establish the forms of organization of society and
the intellectual preparation of the individual to assume a certain function according to his or
her aptitudes, also marking a teaching characteristic centered on the role of the teacher who
should no longer determine the beginning, middle and end of pedagogical activity. Individual
specificities are now especially valued, and social diversity and differences in cultures and
classes are also taken into consideration. Therefore, the student must now be seen in his or her
context. The appreciation of individual interests and the importance of the individual's
experience with the environment opens the door to an education that values individual
aptitudes and understands that the educational process must happen mainly through internal
means and no longer only through external ones. This renewal of pedagogy puts the student in
the focus of teaching, and the teacher is now a facilitator of learning. The critical analysis of
the system tends to confront class separation by making the individual perceive himself as a
being that does not conform to his situation and that appropriates knowledge and feelings of
liberation. Therefore, the curriculum at that time should make the school prepare the student
for the world.
The man and the society characteristic of contemporaneity, fundamental parts of the
new process of human, social, political and economic transformation, reflected today through
a pedagogical practice directed by post-critical theories, which show the consideration of
education on the "nature of knowledge, culture and society" (SILVA, 2009, s/p, our
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translation), essentially linked to "[...] our identity [...] our subjectivity" (SILVA, 2009, p. 15,
our translation), mobilize inquietudes about new ways and new models of thinking and doing
education. This rupture of the educational paradigm allows us to observe "an intellectual
movement that proclaims that we are living in a new historical epoch, the Post-Modernity,
radically different from the previous one, Modernity" (SILVA, 2009, p. 111). But, even
though the school is still a reference of the conceptual meaning of education, it is, although
facing so many changes happening in the outside world, long out of step with the current
context, because being a symbol of modernity, we as a society have already passed this era.
Therefore, the school is neither the center nor the place of true learning. As Silva says (2009,
p. 111-112, our translation):
Our notions of education, pedagogy, and curriculum are solidly grounded in
Modernity and modern ideas. Education as we know it today is the modern
institution par excellence. Its goal is to transmit scientific knowledge, to
form a supposedly rational and autonomous human being... In this sense, the
post-modernist questioning constitutes an attack on the very idea of
education.
In this new world that emerges in which information, knowledge and the advancement
of science outline the profile of an increasingly autonomous society, education, although with
many attempts to adapt to the new reality still preserves the factory paradigm and reproduces
to exhaustion the molds of traditional school insisting on a model of teaching-learning
centralizer of a knowledge that no longer belongs only to it, because in the contemporaneity
the school is no longer the locus of knowledge, but the world. (2012, p. 16, our translation):
So profoundly revolutionary is this new civilization that it challenges all our
old assumptions. Old ways of thinking, old formulas, old dogmas, and old
ideologies, however cherished and however useful they may have been in
the past, no longer fit the facts. The world that is rapidly emerging from the
clash of new values and technologies, new geopolitical relations, new
lifestyles and new modes of communication, demands new ideas and
analogies, new classifications and new concepts. We cannot cram the
embryonic world in the morning into conventional cubicles. Neither attitudes
nor modes are appropriate.
The threshold of innovation is characterized as an important step towards the meaning
of learning, the questioning of fixed ideas and the construction of knowledge that also aims to
question the curriculum and the attribution of meaning to knowledge based on the reality of
the participating individuals, their action on this reality and the effects produced by this
action. Children build their cognitive structures through their relationship with the world and
also individually. Piaget describes how this construction process happens, seeking a better
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understanding of learning and the development of children, who are seen as active subjects,
builders of knowledge.
Papert, however, when reflecting on Piagetian constructivism tried to relate it to the
school, stating that the focus should be on learning and not on teaching, as has been the case
until today. However, it is important to remember what Papert himself (2008, p. 134, our
translation) tells us:
Even the statement that every act of teaching deprives the child of an
opportunity for discovery is not a categorical imperative against teaching.
[...] the goal is to teach in such a way as to produce the greatest learning
from the least amount of teaching.
However, instruction and the transmission of decontextualized and fragmented
information must give way to autonomy, creativity, and the authorship of the students, who
become the protagonists of their own learning. The school, as an institution responsible for
the mediation of learning, should help them discover how to build their own knowledge.
Constructionism is built on the assumption that children will do best by
discovering for themselves the specific knowledge they need; organized or
informal education can help most by making sure that they are being
supported morally, psychologically, materially, and intellectually in their
efforts. The kind of knowledge that children need most is what will help
them gain the most knowledge (PAPERT, 2008, p. 135, our translation).
Situating ourselves more specifically on the existing institutions in society and
reflecting on the ideal type of education desired for human beings, in the midst of all this
conflicting, fast and diverse process of social change, it would not be possible to notice or not
to focus on the school and its locus in the contemporary world. Furthermore, it is essential to
focus on the effectiveness of the school's role in the face of global complexity. Has it
produced positive and significant effects for what is expected from a formal educational
institution? Has it kept up with the excessive transformation and intellectual and technological
advances? A superficial analysis of its physical and curricular structure might already reveal
that the answer to the last questions is negative. In the same way, a deep diagnosis of the
school and teaching may express what has actually happened so that even the educational
actors themselves have already thought about the current clash about the changing framework
between modernity and post-modernity and the school-world incompatibility in this context,
because there is no solution for the school unless it changes the paradigm.
Perhaps it is not possible to say that the school is the same as it was a hundred years
ago and that nothing has changed. However, it is necessary to recognize that the minimal
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changes that have occurred were not enough to raise the school to the level of an institution
that meets the requirements of real change, because its changes do not happen at the required
social pace and are very different from everything that has happened in society in recent
decades. Papert, in his book "The Children's Machine", tries to "draw our attention to what
practically everyone knows about our school system: it has changed, but not to the point of
substantially changing its nature" (PAPERT, 2008, p. 18, our translation). What are the real
reasons for the slow progress of the school? Many would attribute this factor specifically to
the lack, the minimal use, or the bad use of technology in educational spaces.
Perhaps it is not possible to measure how far this argument goes, but it is certain that,
as the school is one of the fundamental institutions of civilization, and as this civilization is
largely computerized and largely covered by the use of technology, it may seem logical the
reasoning that because it is not effectively updated in new technologies and that, even those
that already have technological apparatus in their educational environments, by not using
these instruments with the necessary purposes, they are at the mercy of the most severe
criticism to the effectiveness of their teaching. It is certain that society is not satisfied with the
school's performance, much less the students themselves and "as children reject a school that
is not in tune with contemporary life, they become active agents of pressure for change".
(PAPERT, 2008, p. 21, our translation).
What is the true role of the use of technological means in formal educational
institutions? The computer cannot be acclaimed as the object capable of forming the integral
human being so desired by today's society; however, the use of the computer in an enriching
way as a means to provoke the intellectual autonomy of the student, where the teacher is able
to intentionally direct the critical and productive handling of the machine by the students, will
provide an interactive relationship through the possibilities offered to them for the
construction of a personal project, because as Papert states, "the best learning occurs when the
learner takes charge, as the young Piaget did" (PAPERT, 2008, p. 37, our translation).
The use of technology in the educational environment does not guarantee the
effectiveness of learning, nor is it synonymous with innovation, because technology
represented only as a set of current instruments can mask the school with an ostensible aspect
of modernity, but inside reigns the mark of traditional teaching fixed in the transmission of
information and not in autonomous knowledge or "intellectual self-determination" (PAPERT,
2008, p. 21, our translation). This mere brush with technology in schools makes the student
passive to the teacher's instruction, who has become a slave to a fragmenting curriculum of
computer use, through instructionalist and programmed means. This form of teaching based
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on the use of the computer may fill the eyes of many who believe that the effect of things is in
the objects and not in the action of the human being on them, but Papert tells us that it is
necessary "to make the student the subject of the process instead of making him the object"
(PAPERT, 2008, p. 28, our translation). Thus, this form of teaching is not able to respond to
the true meaning of innovation, and can only be seen as a change. Change and innovation are
different things, although they are commonly confused among many, because there can be
change without innovation, but there is no innovation without change.
Change is objective, innovation is subjective. Objective derives from object, from
something that is outside, exposed; subjective derives from subject, and says about something
that is inside a subject. However, the conception and the constitution of the "I" happen from
outside to inside when the subject, in contact with the objects understands the world and
builds itself; but the meaning of this construction occurs when the objective becomes
subjective, at the moment the object starts to be transformed by the subject, in a circular path
of internalization of what is outside and externalization of what is inside.
In education [...] there is nothing passive, nothing inactive. Even dead things,
when incorporated into the circle of education, when they are given an
educational role, acquire an active character and become active participants
in this process (VYGOTSKY, 2001, s/p, our translation).
The meaning of innovation is intrinsically linked to the original meaning of the word
education, which in Latin has a double way of understanding: "to bring out" or "to lead out. In
a simple form of explanation, the school, as a possible space for innovation, must function in
both ways, bringing out the individual potentialities of the subjects, while always taking them
to a better place. Innovation actions must establish a personal, interpersonal, and
multidimensional relationship between subjects and educational actions. Personal because
innovation should go beyond the technical dimension aiming to reach the human dimension
of relationships; interpersonal because it should go from the individual human relationship to
a collective relationship of interaction, since, when it comes to pedagogical innovation, it
should produce a collective renovation effect; finally, multidimensional, because educational
achievements need to create the basis for a new and true global knowledge in which the
human being is considered in its various dimensions being plausibly built, constantly
rebuilding itself.
However, it is important to think: what is the role of the teacher and the student of the
21st century in being inserted in this context? To begin with, it is necessary to clarify that the
teacher and the student learn in communion, although they have different roles; and that men's
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actions take place according to the function that each one exercises and that knowledge will
be practical when it is born in thought and becomes concrete in the action of those involved.
For the teacher, the challenge lies in questioning his methods and transforming them, because
innovation is a process from within the creative being, self-reflective, nonconformist with the
current situation, and who has a vision of the future, because Toffler (2012, p. 433, our
translation) tells us that
[...]
the responsibility for change [...] lies with us. We must start with
ourselves, teaching ourselves not to close our minds prematurely to novelty,
to the surprising, to the apparently radical.
The student is free to choose his own learning path, because, as Papert says: "the best
learning occurs when the learner takes charge, as the young Piaget did" (PAPERT, 2008, p.
37, our translation).
Still in reference to the role of the two main educational actors, teacher and student,
and the place of each one in innovation and recalling the importance of the subject-object
relationship, it is relevant to point out that education has in its essence an artistic property due
to its practical, theoretical-practical, manufacturing and creative characteristics, and there is
no pedagogical innovation without continuous creativity. Innovation, then, is the fruit of the
subjects' action and not the imposition of an external law; this pedagogical action on
educational instruments must be internally generated to produce external results, because
pedagogical innovation is practice, it is action. The creativity, the desire, the ideal must
override the risk of failure, establish a break from routine, and the personal projects need to be
given credit. This pedagogical action should be understood as the teacher's action regarding
the renewal of his methodology and the student's action and understanding of his cognitive
potential, as well as the school's qualitative change coming to meet the established school
curriculum. The teacher re-creates his action, mediating the learning process of the student
who, in turn, creates his own path for the construction of learning in an autonomous way.
Innovation is change with effect. This effect does not refer only to the knowledge that
is acquired by the student at the end of the path, but mainly during the path, because in
education the ends are important, but the paths must be valued equally. It is not enough to
know that the student has learned, but to realize that he himself has understood the way he has
learned. He must realize that he has not reached an end, but that this inconclusion arises from
the constancy and permanence of the process that must be extended throughout life. Making
reference to Papert (2008), the fact that the child has built its own intellectual structure means
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Contemporary education and pedagogical innovation: A new paradigm
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Revista online de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022119, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 1519-9029
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that it has appropriated the culture that surrounds it, which reinforces the idea that the child
does not build itself from nothing.
Thus, by appropriating the knowledge she has built herself, the child becomes the
subject of innovation and her learning is the new object. However, by giving meaning to its
object, the knowledge, it becomes no longer an object, but the subject itself, because the way
the conception of the individual being is established after appropriation of culture, the
knowledge built by the subject claims that he becomes a new being, the protagonist of his
learning. On this reflection, it is important to reference Fino (2008, s/p, our translation) when
he says that the "innovative teacher, if he were running for the Oscars, not of Hollywood, but
of education, would be a candidate for the best secondary actor award, while the learner
would be the natural candidate for best lead actor".
Final remarks
With innovation in focus and the construction of the subjects' knowledge being carried
out by themselves, humanity will certainly have a new beginning and with this it can
guarantee a new path that does not lead the world to an end, but to a constant renewal and
improvement. To believe in this possibility is to rest in the certainty that it is the appreciation
of the subject that transforms the object and that it is the construction of a new subject that
provokes the construction of a new and better object. To invest and believe in the possibility
of renewal of teaching is to try to make this new teacher refuse the immobility of the current
didactic structure and fight to effect the transformation of the current and immobile school
institution. Believing in the renewal of the school is, therefore, the possibility that the world
has to help in the construction of a renewed subject. To renew the subject is to make a
commitment to the education of the future and to be concerned with the society of the future,
because "to master change, we must anticipate it" (TOFFLER, 1970, p. 316, our translation).
And Fino (2009, p. 14, our translation) tells us that:
That's what innovation is all about. It is not about looking for palliative
solutions for an institution on the brink of decline. It's about looking beyond
it, imagining another, no longer being hampered by the forces that lead
inexorably toward the past.
Pedagogical innovation must be guided by a discontinuity in traditional pedagogical
practices. This leads to an updating of pedagogical modes of action, of contexts at the micro
level by instilling a critical eye on the organization and functioning of educational systems.
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Éden de CASTRO and Paulo BRAZÃO
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Addressing pedagogical innovation implies dealing with learning processes and pedagogical
practices in a way that gives primacy to student autonomy (BRAZÃO
et al
., 2020, p. 553, our
translation).
Finally, with the principle of innovation established, the idea of what is desired for
education is likewise confirmed. The future is always very close and to work for the education
of the future is to seek the effectiveness of the formation in the present, because innovation is
precisely the internal desire provoking the action that is external and present. This search
should always provoke the creation of pedagogical acts that guarantee the formation of the
subject in the present that is aware of its intellectual capacity to transform itself as a subject to
innovate, which will ensure society a good path towards the future.
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Submitted
: 26/03/2022
Revisions required
: 10/05/2022
Approved
: 04/07/2022
Published
: 30/09/2022
Processing and publication by the Editora Ibero-Americana de Educação.
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