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Elementos da análise cognitiva das políticas públicas na compreensão das ações para a escolarização nos diferentes territórios e suas
territorialidades
RPGE
– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022135, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.17223
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ELEMENTOS DA ANÁLISE COGNITIVA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS NA
COMPREENSÃO DAS AÇÕES PARA A ESCOLARIZAÇÃO NOS DIFERENTES
TERRITÓRIOS E SUAS TERRITORIALIDADES
ELEMENTOS DE ANÁLISIS COGNITIVO DE LAS POLÍTICAS PÚBLICAS EN LA
COMPRENSIÓN DE LAS ACCIONES PARA LA ESCOLARIZACIÓN EN LOS
DIFERENTES TERRITORIOS Y SUS TERRITORIALIDADES
ELEMENTS OF THE COGNITIVE ANALYSIS OF PUBLIC POLICIES IN THE
UNDERSTANDING OF SCHOOLING ACTIONS IN DIFFERENT TERRITORIES AND
THEIR TERRITORIALITIES
Vera Maria Pupim PERDONATTI
1
Sebastião de Souza LEMES
2
RESUMO
: Este trabalho intenciona tecer discussões relacionadas aos fundamentos da análise
cognitiva das políticas públicas por meio de enquadramento teórico conceitual que contempla
decisões, instrumentação e regulação que reverberam na complexidade da escolarização no
Brasil e, num segundo momento, a partir de tais reflexões, conceitualizar a instituição escolar
e a escolarização em contexto de territorialidade. Ante às considerações apresentadas,
pautadas numa perspectiva qualitativa e tendo como propósito refletir acerca das bases da
análise cognitiva das políticas públicas, são abordadas ponderações acerca da educação
brasileira visando uma compreensão contextualizada dos conceitos de matrizes cognitivas ou
normativas; a ação dos atores e agentes públicos ante as políticas de educação; instrumentos
de políticas públicas e os modos de regulação; a relação entre a
descentralização/desconcentração, a responsabilidade do Estado, dos atores e agentes
públicos; e, por fim, reflexões sobre os conceitos de território e territorialidade considerando a
escolarização, buscando vislumbrar algumas possibilidades dentro desse escopo.
PALAVRAS-CHAVE
: Escolarização. Políticas públicas de educação. Responsabilidade.
Territorialidade.
RESUMEN:
Este trabajo pretende tejer discusiones relacionadas con los fundamentos del
análisis cognitivo de las políticas públicas a través de un marco teórico conceptual que
incluye decisiones, instrumentación y regulación que repercuten en la complejidad de la
escolarización en Brasil y, en un segundo momento, conceptualizar la institución a partir de
tales reflexiones, la escolarización y la escolarización en el contexto de la territorialidad. A
la luz de las consideraciones presentadas a partir de una perspectiva cualitativa y, con el
propósito de reflexionar sobre las bases del análisis cognitivo de las políticas públicas, se
abordan consideraciones sobre la educación brasileña, buscando una comprensión
1
Universidade Estadual Paulista (FCLAr/UNESP), Araraquara – SP – Brasil. Mestranda em Educação Escolar.
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7666-9961. E-mail: veraperdonatti@gmail.com
2
Universidade Estadual Paulista (FCLAr/UNESP), Araraquara – SP – Brasil. Professor do Programa de Pós-
Graduação em Educação Escolar. Doutorado em Psicologia (IP-USP). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-
0750-9294. E-mail: ss.lemes2@gmail.com
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Vera Maria Pupim PERDONATTI e Sebastião de Souza LEMES
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contextualizada de los conceptos de matrices cognitivas o normativas; la acción de los
actores y agentes públicos frente a las políticas educativas; instrumentos de política pública y
modos de regulación; la relación entre descentralización / desconcentración, responsabilidad
del Estado, actores y agentes públicos; y, finalmente, reflexiones sobre los conceptos de
territorio y territorialidad desde la escolarización, buscando vislumbrar algunas
posibilidades dentro de este ámbito.
PALABRAS CLAVE
: Escolarización. Políticas públicas de educación. Responsabilidad.
Territorialidad.
ABSTRACT
: This work intends to present discussions related to the foundations of cognitive
analysis of public policies through a conceptual theoretical framework that includes
decisions, instrumentation and regulation that reverberate in the complexity of schooling in
Brazil and, in a second place, based on such reflections, conceptualize the scholar institution
and schooling in the context of territoriality. In view of the considerations presented based on
a qualitative perspective, and with the purpose of reflecting on the bases of cognitive analysis
of public policies, considerations about Brazilian education are addressed, aiming at a
contextualized understanding of the concepts of cognitive or normative matrices; the action of
public actors and public agents toward education policies; public policy instruments and
modes of regulation; the relationship between decentralization/deconcentration; the
responsibility of the State, public actors and public agents; and, finally, reflections on the
concepts of territory and territoriality considering schooling, seeking to glimpse some
possibilities within this scope.
KEYWORDS
: Schooling. Public education policies. Responsibility. Territoriality.
Introdução
De partida, faz-se necessário compreender que as políticas públicas são produzidas
como ações, obras ou atos que envolvem a visão, crenças e interesses interpretados a partir de
situações circunstanciais de determinadas realidades, não se destinando a soluções de
problemas que se situam fora delas, sendo em si mesmas modos, procedimentos, processos
que concebem visões de mundo, sistemas de crenças, referenciais, entre outros (BARROSO;
AFONSO, 2011). Destarte, para essa compreensão, é preciso ter claro, segundo os autores
citados, que as referidas produções delas concebidas são resultantes, em geral, de conflitos em
controversos contextos de negociações entre diferentes atores envolvidos em razão do modo
como cada um deles pensa e interpreta a sua realidade em virtude de suas próprias crenças,
assim como o âmbito organizacional em que se produzem. Portanto, é importante observar
que os conflitos e consensos ocorridos nesses contextos de negociação representam forças
antagônicas entre organizações e atores pertencentes a diferentes grupos sociais, os quais vão
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desenhando o fomento das políticas públicas na função do Estado, conforme os interesses
daqueles que o controlam na circunstância da referida negociação.
Nesse sentido, indaga-se: como as políticas públicas por meio de instrumentos e
regulações reverberam na educação, em especial na escolarização? Pois bem, a educação é
entendida, sobretudo por educadores progressistas, como dever do Estado e direito do
cidadão. Assim, o modo ou a forma com o qual os governos concebem suas políticas públicas
para a área educacional e as oferecem como serviço pelo Estado, reverbera diretamente nas
instituições escolares e na escolarização da população, ou seja, a forma com que elaboram os
instrumentos e as regulações é resultante de suas opções e interesses políticos, os quais nem
sempre se revertem em melhor qualidade no chão da sala de aula considerando as diferentes
realidades nas quais as escolas estão edificadas, bem como suas territorialidades. Tal reflexão
nos leva a “inferir que as proposições políticas de ações e de regulação do Estado Brasileiro
estão, aparentemente, sem eficácia em seu propósito de atendimento às demandas da
escolarização para a sociedade atual no Brasil” (LEMES, 2021, p. 2). Em face de tal
afirmativa, o que se coloca em causa é a necessidade de tornar mais claro aos executores da
implementação das políticas educacionais para a escolarização, como funcionam os sistemas
de ação presentes nos processos de decisão e de execução das políticas públicas que impactam
no
lócus
escolar e o modo como a ação do Estado, ou seja, a ação das políticas públicas por
meio de seus instrumentos de regulação impacta na diversidade e concretude das diferentes
realidades das escolas brasileiras. Coloca-se, portanto, o papel elucidativo da análise cognitiva
das políticas públicas para a compreensão da complexidade de como acontece a educação em
nosso país.
Numa perspectiva de abordagem qualitativa ante as reflexões apresentadas e, visando
ao enquadramento teórico conceitual sobre as decisões, instrumentações e regulações
relacionadas aos fundamentos de análise cognitiva das políticas públicas e considerando os
propósitos deste texto, faz-se necessária a compreensão contextualizada de conceitos como: O
que são matrizes cognitivas ou normativas? Quem são os atores e os agentes públicos ante as
políticas de educação? A quem servem os instrumentos dessas políticas e os modos de
regulação? Qual a relação entre a descentralização/desconcentração com o papel e a
responsabilidade do Estado, dos atores e agentes públicos? Busca-se deste modo, refletir
sobre os conceitos de território e territorialidade considerando a escolarização.
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Vera Maria Pupim PERDONATTI e Sebastião de Souza LEMES
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Breve abordagem histórica da educação pública brasileira para compreensão de alguns
conceitos de políticas públicas
O desenho da educação pública no Brasil tem início com a expulsão dos jesuítas em
1759. Com a Proclamação da República em 1889, nasce a escola pública brasileira e, com ela,
surgem as intenções de propostas e promulgação de leis pelo poder público para organização
da educação. Assim, no decurso da trajetória histórica da educação pública brasileira, em
dezembro de 1996, oito anos depois da promulgação da Constituição Federal de 1988
(BRASIL, 1988), é sancionada a atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB
nº 9.394/1996 (BRASIL, 1996a), que em seu artigo 87, prevê a criação do Plano Nacional de
Educação – PNE (BRASIL, 2014), assim como define a existência de uma Base Nacional
Comum Curricular – BNCC (BRASIL, 2018). Esses instrumentos de políticas públicas, e
outros deles decorrentes concebidos nestas últimas duas décadas e meia, ora por força de
interesses de classe da sociedade por uma escolarização mais qualificada, ora talvez por um
viés de voluntarismo político que possivelmente esteve presente em reflexo na história da
escola pública brasileira, ambos os casos, aparentemente se configuraram em meio a conflitos
e negociações de interesses políticos e em representações e crenças, e por isso mesmo,
apresentam alto grau de complexidade e dificuldade de execução nos espaços escolares,
notadamente neste atual cenário de pandemia vivido neste início da segunda década do século
XXI.
Ao estabelecer paralelo com essa breve contextualização da educação pública
brasileira, é possível o entendimento de que as políticas educacionais produzidas ao longo da
sua história se constituíram a partir de pensamentos, ideias, conhecimentos, crenças,
representações mentais e, também, interesses de cada um dos atores ou grupos sociais que
delas fizeram ou fazem parte em sua elaboração e execução. Esses elementos cognitivos são
altamente representativos, pois compõem matrizes cognitivas ou normativas, ou seja,
princípios gerais que definem a visão de mundo de cada um dos atores e seus referenciais
quando participam da configuração e dinâmica das políticas. Portanto, não são apenas os
interesses em particular entre atores ou grupos sociais que geram conflitos na produção ou
operacionalização de políticas, mas sim, seus referenciais, Jobert (1994), Muller (2002) e
paradigmas, Hall (1993), que se traduzem em crenças, valores e normas sociais globais,
Muller e Surel (2002), que comungam para tal. Assim, ao analisarmos a produção das
políticas de educação no Brasil, a partir da abordagem das matrizes cognitivas e normativas,
percebemos que “transformações ou inflexões nas políticas públicas ou nos campos de
políticas resultam quase invariavelmente das mudanças que se operam nos referenciais, nos
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paradigmas ou nos sistemas de crença” (GIOVANNI; NOGUEIRA, 2018, p. 35), daqueles
que as concebe. Essa análise leva à inferência de que na educação, assim como temos
observado, não perduram as políticas de Estado, mas sim, as de governos.
Abordagem ao conceito de atores e agentes públicos relacionados à educação
As transformações ou mudanças de posição ocorridas ao longo da história nas políticas
públicas de educação foram produzidas por ações de atores que da sua historicidade e
territorialidade, crenças e interesses dependeram a forma como representaram ou atuaram em
seus contextos. No cenário das políticas públicas, os atores representam e atuam de acordo
com os seus interesses, logo, utilizam-se de habilidades estratégicas e de racionalidade nas
suas escolhas, uma vez que suas ações têm sempre algum objetivo em si. Assim, na educação
eles podem ser representados por quaisquer profissionais da área, por sistemas, redes, escolas,
entidades de classe ou por grupos de profissionais do magistério que operam ações com
alguma “consequência em um processo político qualquer”, conforme afirma Giovanni e
Nogueira (2018, p. 95).
Tomando como referência o contexto histórico da educação pública brasileira,
identifica-se que os modos de ação dos diferentes atores que fizeram e fazem parte da história
levou e leva em conta os motivos e interesses que dão significado às suas ações e suas
expectativas, e se dá em torno do que está em jogo e circunscrito em determinada política.
Para uma compreensão mais clara, “verificar quem, de fato desempenha papéis significativos
na densa trama de consultas, pressões, negociações, conflitos e boicotes que acompanham a
produção de uma política pública, desde a primeira formulação até sua implantação e
avaliação” (REGONINI, G. 2001, p. 316 apud GIOVANNI; NOGUEIRA, 2018, p. 96), nos
leva a entender quais interesses, estratégias e escolhas, que a partir de suas crenças estão em
jogo considerando os seus objetivos. Mas, para a concretização e efeitos dessas políticas nos
diferentes territórios com suas respectivas territorialidades é preciso entender qual a função e
quem são os agentes públicos. Para melhor compreensão, o agente público, assim como
concebido, pode ser entendido como alguém ou um indivíduo que tem uma ação e que age em
relação a algo. Portanto, é aquele que tem uma função pública, que é um encargo do serviço
público, e a exerce no âmbito do Estado. No caso da educação, podemos considerar como
agentes públicos o professor, o diretor de escola, coordenadores pedagógicos, inspetores de
alunos, agentes escolares, supervisores de ensino, e outros.
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Vera Maria Pupim PERDONATTI e Sebastião de Souza LEMES
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Isto posto, quando da implantação de políticas em educação, esses agentes públicos
necessitam desenvolver habilidades e conhecimentos técnico-administrativos, assim como
relacionais para resolver situações de conflitos, resistências, incômodos, incertezas, e
ocorrências não previstas nas normativas que envolvem diferentes atores presentes no
processo (CURRIE; PROCTER, 2005). Desse modo, ao tomarem suas decisões, são
influenciados pelo contexto social que atuam, e geralmente, podendo alternar num grau de
discricionaridade (PIRES, 2009) de amplitude variável a depender da autonomia que tem e da
existência de normas ou regras claras que delimitem os comportamentos e a tomada de
decisão. Lotta (2014), Lotta, Pires e Oliveira (2018), Oliveira (2012), Pires (2009) Destarte, é
possível depreender que a dimensão da ação humana tem interferência nos processos de
implantação de políticas públicas, uma vez que a ausência de assentimento ou a adesão aos
propósitos e regras dessas políticas pelos agentes públicos, poderá levar ao fracasso ou ao
êxito em sua implantação.
Para compreender a ação de diferentes atores e agentes públicos no contexto das
políticas de educação no Brasil, é preciso voltar o olhar para a história da escolarização
brasileira desde o seu surgimento com a República, assim como sobre a atuação
centralizadora do Estado agindo como protagonista na elaboração de políticas educacionais.
Essa atuação centralizadora altamente incisiva e perseverante na educação do final da década
de 1930 até a redemocratização do país na década de 1980, ainda se mantém com fortes
reflexos e influência nos dias de hoje.
Nesse cenário, atores e agentes públicos experienciaram propostas de governos que
tiveram contornos de clientelismos com usos de recursos da educação para subsidiar alianças
político-partidárias e benefícios a empresas de diferentes setores, que visavam disponibilizar
serviços e produtos voltados à escolarização sendo oferecidos à população como benesses dos
governos e não como políticas de direito. Decorridas mais de quatro décadas, hoje, grandes
mudanças nas políticas educacionais decorrentes da redemocratização do país e, da legislação,
para a garantia dos princípios do direito à educação de qualidade, a universalização e a
gratuidade do ensino público e a valorização dos profissionais do magistério, aos poucos têm
promovido à sociedade civil uma sensível percepção da escolarização como direito. Assim,
considerando o percurso histórico, compreendemos que atores e agentes públicos agem sob os
variados efeitos e impactos das políticas de governos, e a forma de perceber e agir a partir
delas vai se constituindo em crenças ao longo das suas trajetórias que, junto aos seus
interesses e a ineficiência dos próprios programas e projetos, se materializam em práticas que
traduzem resultados nem sempre satisfatórios, como é o caso da precariedade estrutural das
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escolas, falta de equipamentos tecnológicos, inexistência ou precário acesso à internet,
materiais pedagógicos inadequados, gestão escolar ineficaz, formação continuada ineficiente,
ensino de má qualidade, aprendizagens muito aquém do satisfatório, e outros consequentes,
especialmente no contexto pandêmico dos anos de 2020 – 2021.
Como abordado anteriormente, atores e agentes públicos agem sob várias
determinantes estabelecidas nas políticas de governos, porém é preciso compreender quais
dispositivos de ação produzem essas determinantes. Por conseguinte, é fundamental entender
esses dispositivos a partir da definição do que são os instrumentos da ação pública.
Os instrumentos da ação pública como determinantes na educação
A instrumentação da ação pública, pode ser entendida como “o conjunto dos
problemas colocados pela escolha e o uso dos instrumentos (técnicas, meios de operar,
dispositivos) que permitem materializar e operacionalizar a ação governamental.”
(LASCOUMES; LE GALÈS, 2012, p. 20). Partindo dessa definição, ao inferir sobre a escolha
e o uso dos instrumentos não se pode ingenuamente deduzir que estes se constituem
simplesmente de opções técnicas. Essa compreensão permite ampliar a visão sobre o
instrumento de ação pública para além da sua função, ou seja, são ferramentas técnico-sociais
carregadas de valor, de interpretação social, de concepções e de representações em acordo ao
que se destina. Ainda segundo os autores, Lascoumes e Le Galès (2012, p. 20), essas
características dos instrumentos indicam “que eles não são neutros, que não dizem respeito
apenas à busca de acordos entre governantes e governados sobre meios e objetivos”, pois
produzem também efeitos e “riscos à ação pública”.
À exemplo da história mais recente da educação brasileira, focalizando para as
legislações de ensino, a LDB nº 9.394/96 (BRASIL, 1996a), documentos normativos como
PNE de 2014 (BRASIL, 2014) e BNCC de 2018 (BRASIL, 2018), todos eles são
instrumentos de ação política que por si só produzem efeitos sobre os atores sociais e
políticos. Esses, como quaisquer outros instrumentos visam de certa forma comandar,
determinar ações e comportamentos, e os atores envolvidos, por sua vez, são guiados por
matrizes cognitivas normativas que ao operacionalizar na prática esses instrumentos geram
outros efeitos que aparecem muitas vezes como relações de poder, privilégios, ineficiências,
distorções, equívocos, superficialidades, resultados satisfatórios ou não, a depender de sua
capacidade de agir ante ao instrumento. São, portanto, esses efeitos, considerados riscos ao
propósito da ação pública a partir dos instrumentos.
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Vera Maria Pupim PERDONATTI e Sebastião de Souza LEMES
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Como também citado por Lascoumes e Le Galès (2012, p. 20) “quanto mais a ação
pública se define por seus instrumentos, mais as questões da instrumentalização correm o
risco de realçar conflitos entre diferentes atores, interesses e organizações”. Por esse viés, é
possível analisar por outra lógica a instrumentalização da ação pública, no caso da educação,
para além da sua funcionalidade.
Por consequência, ante a essa lógica,
pode-se interpretar que esses instrumentos, no contexto das ações públicas
para a educação no Brasil, são materializadores de intensões políticas e, ao
mesmo tempo, reguladores do processo desencadeado a partir das decisões
tomadas pelos governos enquanto poder instituído (LEMES, 2021, p. 5).
Neste sentido, ao analisar a implementação de instrumentos de ação pública, é preciso
ponderar acerca do seu papel e quanto a sua funcionalidade reguladora na condução de
políticas públicas. Esses instrumentos de regulação, considerando especificamente o sistema
educativo, de acordo com o pensamento de Barroso (2005, p. 733), têm a “função de garantir
o equilíbrio, a coerência, mas também a transformação desse mesmo sistema”. Logo, conclui-
se que os instrumentos de regulação deveriam cumprir com a finalidade de garantir a
eficiência e efetividade nos resultados.
Como exemplo de instrumentos de regulação comuns ao cotidiano educacional
brasileiro pode-se citar o Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São
Paulo (SARESP), a Avaliação Nacional da Alfabetização do Sistema de Avaliação da
Educação Básica (SAEB), o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), os quais surgiram
ao final da década de 1990, sob a influência decorrente de estudos internacionais acerca da
qualidade e eficácia da ação pública tomando esses instrumentos e seus resultados como
possibilidades de regulagem e transformação da escolarização a partir dos dados gerados para
a viabilização de políticas educativas. Importante destacar que nesse período histórico o país
engaja-se aos princípios do liberalismo, o que levou a aderência a ideologias liberais que
passaram a direcionar o Estado brasileiro, hoje, denominado de Estado pós-burocrático.
O Estado regulador e a responsabilização pelos resultados
A racionalização técnica dos serviços prestados por esse Estado regulador minimiza a
sua ação e favorece as ações de poder dos governos que imprimem uma cultura de proposição
de políticas educacionais que se fundam na responsabilização dos atores e agentes públicos.
Essas políticas apresentam-se com forte apelo à quantificação dos resultados de desempenho
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das escolas sem, no entanto, oferecer instrumentos de regulação que possibilitem a
consideração aos contextos e às diferentes realidades culturais, estruturais e territoriais em que
essas escolas são edificadas, que segundo Lemes (2021), ao Estado regulador cabe a
responsabilização, porém não a responsabilidade pelas insuficiências dos programas e
processos.
Os dispositivos de regulação como são conhecidos e experenciados na educação
parecem demonstrar características mais prescritivas, fiscalizadoras e de controle do que de
transformação do sistema não viabilizando o empoderamento dos agentes e atores em favor
do êxito das propostas de ação pública, uma vez que interesses, crenças, lógicas, incidem nas
negociações, definições e implantações desses instrumentos reguladores reverberando em
resultados, na maioria das vezes, inadequados por consequência da ineficiência de
exequibilidade dos seus processos, como é o caso do uso que se faz dos dados levantados a
partir da aplicação das avaliações de sistemas para que estejam a favor da qualidade do ensino
e aprendizagem.
Ao inferir sobre esse quadro tomando como bússola, os fundamentos da análise
cognitiva das políticas públicas, abre-se caminho para entender com maior clareza “os
referenciais” e “crenças” que permeiam as definições e execução de instrumentos de
regulação das políticas de educação e sua dispersão em relação ao local de aplicação, ou seja,
a escola e a sua territorialidade. Inevitavelmente, essas reflexões levam ao questionamento –
Qual a relação entre a descentralização/desconcentração com o papel e a responsabilidade do
Estado, dos atores e agentes públicos?
A descentralização/desconcentração, a responsabilidade do Estado, dos atores e agentes
públicos
A descentralização pode ser entendida de um modo mais geral, como uma ocorrência
jurídica em que o Estado distribui ou transfere externamente competências ou encargos a
outras instituições de poder, sejam elas físicas ou jurídicas. Já desconcentração, pode ser
compreendida como a distribuição ou transferência pelo Estado de competências ou encargos
internamente ao seu âmbito de ação, ou seja, dentro do seu nível de poder.
Isto posto, a descentralização/desconcentração vistas aqui numa dimensão
instrumental, devem ser interpretadas em sua implantação sob a ótica da circunstancialidade
contextual em que se aplica, assim, deve ser compreendido em quais bases se constitui, se
numa visão conservadora ou progressista. Outro aspecto a ser levado em consideração à
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reflexão ora apresentada, é a de que no campo da educação foram as propostas de
descentralização como instrumentos de políticas públicas que se disseminaram amplamente
num contexto mundial, desde meados da década de 1960. Ante tal fenômeno, é importante
ponderar de acordo com Casassus (1990), qual a intencionalidade dos governos em se
despojar do que lhes compete enquanto competências e encargos transferindo esses poderes a
outras instâncias.
Num consenso mundial, segundo as ideias do mesmo autor, sob a influência da
representação cultural o conceito de descentralização tem sido aproximado e ligado aos
conceitos de diversidade e democracia. No entanto, ao se analisar historicamente as opções
dos governos para a descentralização, identifica-se que essas não partiram das instâncias
locais ou regionais, mas sim, do poder central. Destarte, constata-se que as políticas de
descentralização partidas dos governos como ação do Estado, não são a manifestação da
racionalidade técnica apenas, mas sim, revelam a expressão de complexos processos
deliberativos envolvendo posições políticas e critérios técnicos defendidos por diversos atores
e agentes, bem como os interesses do próprio aparelhamento do Estado.
No caso da educação, a descentralização posta em prática como políticas de governo e
não de Estado, em muitos casos se mostram pouco eficientes, uma vez que não envolvem as
instâncias locais em suas decisões, e essas por não se reconhecerem nessas proposições
mostram resistência em executar tais políticas, ora por defenderem interesses próprios ou, ora
porque os programas de capacitação oferecidos não atendem as especificidades locais e, em
consequência, a responsabilidade dos envolvidos nas diferentes instâncias tende a se produzir
inadequada, comprometendo desse modo, o processo de escolarização nos resultados das
aprendizagens.
A descentralização no Brasil, nas duas últimas décadas se instituiu na modalidade da
municipalização do ensino, no caso do Estado de São Paulo, tendo como fator deflagrador a
implantação, em 1998 do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e
de Valorização do Magistério
- FUNDEF – Lei nº 9.424/96 (BRASIL, 1996b), que entrou em
vigor em 1º de janeiro de 1998, com oferecimento de recursos aos municípios referentes às
verbas vinculadas constitucionalmente para a educação. Os municípios teriam possibilidade
de retirar esse recurso aderindo à proposta de municipalização de acordo com o número de
alunos existentes na etapa de ensino definida pela legislação.
A questão da descentralização no contexto brasileiro se mostra ainda com fragilidades,
havendo a necessidade da atuação do Estado numa posição estratégica de garantia da unidade
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nacional e equidade da oferta de condições para uma educação equitativa, ao mesmo passo em
que diminui a sua função como prestador de serviço.
De acordo com Barroso (2013), os argumentos a favor da descentralização se pautam
nos objetivos seguintes: aproximação dos órgãos decisórios do lugar de aplicação; considerar
nas propostas as características locais; propiciar que os usuários dos serviços públicos
participem da gestão; diminuir a burocracia do Estado; estimular a criatividade promovendo
inovação nas práticas pedagógicas. Todavia, essas vantagens da descentralização hoje,
passadas mais de duas décadas, não se concretizaram com eficiência, o que nos indica que há
muito a ser construído em termos de conceitualização do tema, clareza na distribuição das
funções do Estado e reconhecimento das propriedades inerentes ao local de aplicação –
território e sua territorialidade.
Dos conceitos de território e territorialidade considerando na escolarização básica
Mais do que conceitualizar território e territorialidade, é preciso refletir considerando
um devir desses conceitos para a prática no campo educacional, mais propriamente na
escolarização da educação básica brasileira, uma vez que a escolarização, levando em conta a
educação pública, segundo Lemes (2021, p. 11), está submetida a “contradições e
incompletude analítica por determinantes estruturais do próprio estado” que do ponto de vista
estrutural organizativo se fecha em “processos rígidos de controle operacionais e
orçamentários”, inibindo “ações efetivas de democratização do ambiente escolar em suas
relações com a própria sociedade.”.
Ante tal realidade urge ter uma visão em perspectiva sobre um novo
modus operandi
das relações estruturais organizativas do Estado em suas políticas para com a educação básica,
a partir de uma compreensão mais clara do conceito de território e territorialidade e seus
efeitos quando aplicados à educação.
O conhecimento mais generalizado do conceito de território traz a concepção de um
espaço de governança, definido como as áreas territoriais do país, dos estados e dos
municípios. Porém, contemporaneamente essa compreensão vem sendo ampliada para além
dos limites de áreas territoriais e de espaço de governança, que segundo Fernandes (2018
apud
GIOVANNI; NOGUEIRA, 2018, p. 999), integra dialeticamente as relações sociais nos
seus modos de “produção e criação de novos espaços e territórios”, onde esse território deixa
de ser apenas a “base” ou lugar em que acontecem as interações e experiências sociais que
constroem “formas e os conteúdos dos territórios”, tornando-se um “conjunto indissociável de
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Vera Maria Pupim PERDONATTI e Sebastião de Souza LEMES
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processos, sistemas, relações, movimentos, possuindo materialidade e imaterialidade, sendo
criador e criação, produtor e produto, sujeito e objeto”, constituindo-se assim, portanto, a
territorialidade como atributo do território.
Partindo das ideias conceituais acima expostas, e relacionando-as com a
democratização do ensino, como preconizado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB) nº 9.394/1996 (BRASIL, 1996a), que estabelece alguns princípios para a
gestão democrática, dentre eles, a participação das comunidades escolares e locais em
conselhos escolares ou equivalentes e, ainda, no Art. 3° que o ensino será ministrado com
base na “gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos
sistemas de ensino”, percebe-se uma convergência conceitual, porém com visível
inconcretude na prática por determinantes estruturais do próprio estado (LEMES, 2021, p. 11)
que, por meio de seus instrumentos de políticas públicas e suas inevitabilidades técnicas
características inviabilizam a efetiva democratização do ambiente escolar (LEMES, 2021, p.
11).
Importante, neste sentido, atentar aos princípios fundantes da Lei, visto que é base
para a educação. A ausência dessa consciência e de atentar-se a eles, levam à não resolução de
problemas que se mostram já profundos e enraizados no contexto da educação brasileira e se
materializam nos resultados das aprendizagens revelados por meio dos diversos instrumentos
de avaliações sistêmicas aplicados em âmbito nacional. Porém, cabe aqui um parêntese acerca
das avaliações de sistema como instrumento de regulação característico da regulação pós-
burocrática, segundo Barroso (2013, p. 19), “assentes mais em resultados do que em normas”,
sendo que tais avaliações têm sido tratadas exclusivamente com o fim em resultados, por
sistemas de ensino e escolas como baluartes de reformas educacionais e propostas educativas
que visam seu atendimento sem, no entanto, considerar nos seus processos as diferentes
realidades locais.
Ao reconhecer a existência de diferentes realidades locais e perceber o local como
território e lugar de aplicação, de participação, de interdependência e de concorrência, assim
como também como espaço multidimensional e multirregulado em que são tomadas decisões
e construídas políticas, se mostra relevante neste atual contexto da educação brasileira e,
sobretudo, possibilita o vir a ser para uma “nova ordem educativa local”, conforme afirma
Ben Ayed (2009, p. 158). Essa “nova ordem educativa”, é importante esclarecer, não se trata
de uma construção política a partir de instrumentos de descentralização, mas sim, entendida
como a viabilidade de elaboração e execução de políticas locais, definidas por limites de
intervenção também locais e reguladas por Lei. Nessa perspectiva, o reconhecimento da
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Elementos da análise cognitiva das políticas públicas na compreensão das ações para a escolarização nos diferentes territórios e suas
territorialidades
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territorialidade que é atributo do território, por parte da sociedade organizada que venha a
propor ações de governo e de Estado terá a força de viabilizar um vir a ser que ora promove a
assunção a um cenário de “realização contextualizada de políticas nacionais” e, ora se assume
num cenário de “produção de políticas próprias de base comunitária ou de base institucional”
(PINHAL, 2012, p. 272).
Para ampliação dessas reflexões e melhor compreensão, considerando as políticas de
ação educativa, vale trazer as palavras de Barroso (2013, p. 19-20, grifo do autor), que
apresentam as “grandes finalidades” da territorialização:
-contextualizar e localizar as políticas e a ação educativas, contrapondo à
homogeneidade das normas e dos processos, a heterogeneidade das formas e
das situações;
-conciliar interesses públicos (na busca do “bem comum” para o serviço
educativo) e interesses privados (para a satisfação de interesses próprios dos
alunos e suas famílias);
-fazer com que na definição e execução das políticas educativas, a ação dos
atores deixe de ser determinada por uma lógica de submissão, para passar a
subordinar-se a uma lógica de implicação;
-passar de uma relação de autoridade baseada no controlo “vertical”,
monopolista e hierárquico do Estado, para uma relação negociada e
contratual, baseada na desmultiplicação e “horizontalização” dos controlos
(centrais e locais).
Os debates sobre o território e a territorialização das políticas públicas estão em pauta
desde o início da década de 1990 em alguns países, os quais implantaram processos de
territorialização das políticas educativas, gerando diferentes modelos de aplicação que
desencadearam diferentes interpretações e críticas que levantaram suspeitas “de intenções dos
governos e dos agentes da administração central” quanto ao “processo de devolução de
competências a instâncias locais”. Em outros casos, foi vista como uma forma de
“privatização da escola pública” ou como uma “transferência para a periferia da gestão das
contradições que o centro não pode resolver”, ou ainda, como “manipulação do Estado em
financiar localmente o que ele determina sozinho” (BARROSO, 2013, p. 20).
Essas diferentes visões e críticas devem ser analisadas a partir dos fundamentos de
análise cognitiva de políticas públicas, em razão de possibilitar o entendimento e
compreensão das formas de agir dos diferentes atores e agentes envolvidos nos processos
decisórios e de aplicação de acordo com suas intencionalidades, crenças e interesses e
conflitualidades, como já discorrido neste texto. Desse modo, infere-se que essas críticas não
são específicas do processo de territorialização.
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Vera Maria Pupim PERDONATTI e Sebastião de Souza LEMES
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– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022135, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029
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Portanto, ao refletir sobre os conceitos de território e territorialidade considerando os
princípios de qualidade da escolarização, a gestão democrática do ensino na perspectiva de
um devir, deve ser entendida como um esforço de mobilização e construção local, de
negociação, discussão e contratualização dos interesses individuais para os coletivos em favor
da transformação do território por meio de ações educativas que considerem verdadeiramente
a comunidade escolar e o território onde ela está inserida, e não com medidas impostas
verticalmente, de cima para baixo, com delimitados espaços de ação predeterminados
centralmente e distantes da realidade escolar.
Vivemos tempos de rupturas paradigmáticas em todos os campos sociais, sobretudo,
na educação. Assim, segundo aponta Ben Ayed (2009, p. 11), para que “a semântica territorial
esteja efetivamente associada à linguagem da ruptura”, e que seja necessário que incida
também onde “reside a verdadeira originalidade do processo de territorialização”,
possibilitando compreender o “território educativo” como “local de construção de políticas
públicas” decorrentes do envolvimento e integração “pela discussão, negociação e contrato
dos interesses individuais de diferentes atores em interesses comuns” (BARROSO, 2013, p.
21).
Considerações finais
A argumentação desenvolvida neste texto numa perspectiva de abordagem qualitativa
intencionou provocar a inferência e reflexão sobre a relevância da consideração dos
fundamentos de análise cognitiva das políticas públicas para a compreensão de como ocorrem
os processos de elaboração, decisão e implantação de instrumentos e os modos de regulação
dessas políticas. Colocando, assim, em causa nesta discussão, a necessidade de tornar claro
aos executores, atores e agentes públicos da implantação de políticas educacionais como
funcionam os sistemas de ação presentes nos processos de decisão e de execução nos diversos
territórios escolares e o modo como a ação do Estado impacta na diversidade e efetividade das
diferentes realidades das escolas brasileiras.
Ao estabelecer paralelo entre a educação pública brasileira e a implantação de políticas
públicas observou-se que elas se constituem a partir de pensamentos, ideias, conhecimentos e
representações mentais e interesses de atores e agentes envolvidos, portanto, referencias e
paradigmas que se traduzem em crenças. Essa discussão se propôs
provocar
à percepção de
que na educação brasileira, diferente de outros campos, não perduram as políticas de Estado,
mas sim, as de governo.
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Elementos da análise cognitiva das políticas públicas na compreensão das ações para a escolarização nos diferentes territórios e suas
territorialidades
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Nesse sentido, esta discussão possibilitou depreender que a dimensão da ação humana
tem interferência nos processos de implantação de políticas públicas, uma vez que a ausência
de assentimento ou a adesão aos propósitos e regras dessas políticas poderá levar ao fracasso
ou ao êxito em sua implantação. Posto isto, ao inferir sobre esse contexto tomando como
orientação os fundamentos da análise cognitiva das políticas públicas, abre o caminho para
entender com maior nitidez “os referenciais” e “crenças” que permeiam as definições e
execução de instrumentos de regulação das políticas públicas para a educação e sua dispersão
em relação a sua aplicabilidade, portanto, à escola e sua territorialidade.
Quanto às reflexões apresentadas sobre descentralização/desconcentração, observou-se
que no Brasil, a descentralização se instituiu na modalidade da municipalização do ensino, a
partir da valorização da racionalidade técnica centrada no financiamento. No entanto, quando
os municípios assumiram a responsabilidade da implantação esbarraram em desafios
atribuídos pela própria descentralização, os quais, dado o próprio despreparo, nem sempre
apresentaram condições de resolver com a devida eficiência, o que, ainda hoje, se constata
que a descentralização no contexto brasileiro se mostra com fragilidades, havendo a
necessidade de atuação do Estado numa posição estratégica de garantia da unidade nacional e
equidade da oferta de condições para uma educação equitativa, ao mesmo passo em que
diminui a sua função como prestador de serviço. Desse modo, observamos que o processo de
municipalização ocorreu como fruto da valorização da racionalidade técnica centrada no
financiamento, pois ao associar os recursos ao número de alunos os municípios viram a
oportunidade de ampliação das possibilidades de melhoria da qualidade do ensino. No
entanto, ao assumirem tal responsabilidade esbarraram em alguns desafios que a
descentralização acabou por atribuir, como a autonomia aos municípios na gestão dos
recursos recebidos, na capacitação técnica de professores e técnicos de educação que, como já
refletido, nem sempre apresentaram condições de resolver com eficiência.
Desde o início da implantação da modalidade da municipalização as propostas ainda
não se concretizaram eficientemente, o que indica que há muito a ser construído em termos de
conceitualização do tema e clareza na distribuição das funções do Estado e reconhecimento
das propriedades inerentes ao local de aplicação – território e sua territorialidade.
Diante desse cenário de tamanha complexidade e diversidade em que se situam os
labores e desafios cotidianos das escolas de educação básica, reconhecer a existência de
diferentes realidades locais e perceber o local como território e lugar de aplicação, de
participação, de interdependência e de concorrência, assim como também como espaço
multidimensional e multirregulado em que são tomadas decisões e construídas as políticas, se
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Vera Maria Pupim PERDONATTI e Sebastião de Souza LEMES
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mostra relevante, sobretudo neste atual contexto da educação brasileira e, quiçá, podendo
ensejar um devir para uma nova ordem educativa local como apresentado por Ben Ayed
(2009), e reverberar em ganhos qualitativos às aprendizagens dos estudantes.
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Elementos da análise cognitiva das políticas públicas na compreensão das ações para a escolarização nos diferentes territórios e suas
territorialidades
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Vera Maria Pupim PERDONATTI e Sebastião de Souza LEMES
RPGE
– Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022135, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.17223
18
Como referenciar este artigo
PERDONATTI, V. M. P.; LEMES, S. S. O papel elucidativo da análise cognitiva das políticas
públicas na compreensão da complexidade das ações para a escolarização nos diferentes
territórios e suas territorialidades.
Revista on line de Política e Gestão Educacional,
Araraquara
,
v. 26, n. 00, e022135, jan./dez. 2022. e-ISSN: 1519-9029. DOI:
https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.17223
Submetido em
: 13/02/2022
Revisões requeridas em
: 21/04/2022
Aprovado em
: 18/06/2022
Publicado em
: 30/09/2022
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
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Elements of the cognitive analysis of public policies in the understanding of schooling actions in different territories and their territorialities
RPGE
–
Revista online de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022135, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.17223
1
ELEMENTS OF THE COGNITIVE ANALYSIS OF PUBLIC POLICIES IN THE
UNDERSTANDING OF SCHOOLING ACTIONS IN DIFFERENT TERRITORIES AND
THEIR TERRITORIALITIES
ELEMENTOS DA ANÁLISE COGNITIVA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS NA
COMPREENSÃO DAS AÇÕES PARA A ESCOLARIZAÇÃO NOS DIFERENTES
TERRITÓRIOS E SUAS TERRITORIALIDADES
ELEMENTOS DE ANÁLISIS COGNITIVO DE LAS POLÍTICAS PÚBLICAS EN LA
COMPRENSIÓN DE LAS ACCIONES PARA LA ESCOLARIZACIÓN EN LOS
DIFERENTES TERRITORIOS Y SUS TERRITORIALIDADES
Vera Maria PupimPERDONATTI
1
Sebastião de Souza LEMES
2
ABSTRACT
: This work intends to present discussions related to the foundations of cognitive
analysis of public policies through a conceptual theoretical framework that includes decisions,
instrumentation and regulation that reverberate in the complexity of schooling in Brazil and,
in a second place, based on such reflections, conceptualize the scholar institution and
schooling in the context of territoriality. In view of the considerations presented based on a
qualitative perspective, and with the purpose of reflecting on the bases of cognitive analysis of
public policies, considerations about Brazilian education are addressed, aiming at a
contextualized understanding of the concepts of cognitive or normative matrices; the action of
public actors and public agents toward education policies; public policy instruments and
modes of regulation; the relationship between decentralization/deconcentration; the
responsibility of the State, public actors and public agents; and, finally, reflections on the
concepts of territory and territoriality considering schooling, seeking to glimpse some
possibilities within this scope.
KEYWORDS
: Schooling. Public education policies. Responsibility. Territoriality.
RESUMO
: Este trabalho intenciona tecer discussões relacionadas aos fundamentos da
análise cognitiva das políticas públicas por meio de enquadramento teórico conceitual que
contempla decisões, instrumentação e regulação que reverberam na complexidade da
escolarização no Brasil e, num segundo momento, a partir de tais reflexões, conceitualizar a
instituição escolar e a escolarização em contexto de territorialidade. Ante às considerações
apresentadas, pautadas numa perspectiva qualitativae tendo como propósito refletir acerca
das bases da análise cognitiva das políticas públicas, são abordadas ponderações acerca da
educação brasileira visando uma compreensão contextualizada dos conceitos de matrizes
cognitivas ou normativas; a ação dos atores e agentes públicos ante as políticas de
1
São Paulo State University (FCLAr/UNESP), Araraquara
–
SP
–
Brazil. Master's Student in School Education.
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7666-9961. E-mail: veraperdonatti@gmail.com
2
São Paulo State University (FCLAr/UNESP), Araraquara
–
SP
–
Brazil. Professor of the Graduate Program in
School Education. PhD in Psychology (IP-USP). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0750-9294. E-mail:
ss.lemes2@gmail.com
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Vera Maria Pupim PERDONATTI and Sebastião de Souza LEMES
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Revista online de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022135, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 1519-9029
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2
educação; instrumentos de políticas públicas e os modos de regulação; a relação entre a
descentralização/desconcentração, a responsabilidade do Estado, dos atores e agentes
públicos; e, por fim, reflexões sobre os conceitos de território e territorialidade considerando
a escolarização, buscando vislumbrar algumas possibilidades dentro desse escopo.
PALAVRAS-CHAVE
: Escolarização. Políticas públicas de educação. Responsabilidade.
Territorialidade.
RESUMEN
:
Este trabajo pretende tejer discusiones relacionadas con los fundamentos del
análisis cognitivo de las políticas públicas a través de un marco teórico conceptual que
incluye decisiones, instrumentación y regulación que repercuten en la complejidad de la
escolarización en Brasil y, en un segundo momento, conceptualizar la institución a partir de
tales reflexiones, la escolarización y la escolarización en el contexto de la territorialidad. A
la luz de las consideraciones presentadas a partir de una perspectiva cualitativa y, con el
propósito de reflexionar sobre las bases del análisis cognitivo de las políticas públicas, se
abordan consideraciones sobrela educación brasileña, buscando una comprensión
contextualizada de los conceptos de matrices cognitivas o normativas; la acción de los
actores y agentes públicos frente a las políticas educativas; instrumentos de política pública y
modos de regulación; la relación entre descentralización / desconcentración, responsabilidad
del Estado, actores y agentes públicos; y, finalmente, reflexiones sobre los conceptos de
territorio y territorialidad desde la escolarización, buscando vislumbrar algunas
posibilidades dentro de este ámbito.
PALABRASCLAVE
: Escolarización. Políticas públicas de educación. Responsabilidad.
Territorialidad.
Introduction
From the outset, it is necessary to understand that public policies are produced as
actions, works or acts that involve the vision, beliefs and interests interpreted from
circumstantial situations of certain realities, not intended for solutions to problems that are
located outside them, being in themselves modes, procedures, processes that conceive
worldviews, belief systems, referential, among others (BARROSO; AFONSO, 2011). Thus,
for this understanding, it is necessary to be clear, according to the authors cited, that these
productions conceived of them are the result, in general, of conflicts in controversial contexts
of negotiations between different actors involved because of how each one of them thinks and
interprets their reality by virtue of their own beliefs, as well as the organizational environment
in which they are produced. Therefore, it is important to note that the conflicts and
consensuses that occur in these negotiation contexts represent antagonistic forces among
organizations and players belonging to different social groups, which will design the
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Elements of the cognitive analysis of public policies in the understanding of schooling actions in different territories and their territorialities
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–
Revista online de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022135, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 1519-9029
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promotion of public policies in the State's function, according to the interests of those who
control it in the circumstance of the aforementioned negotiation.
In this sense, the question is: how do public policies through instruments and
regulations reverberate in education, especially in schooling? Well, education is understood,
especially by progressive educators, as a duty of the State and a right of the citizen. Thus, the
way or manner in which governments conceive their public policies for the educational area
and offer them as a service by the State reverberates directly in the school institutions and in
the schooling of the population, that is, the way they elaborate the instruments and regulations
is the result of their political options and interests, which do not always translate into better
quality in the classroom floor, considering the different realities in which the schools are built,
as well as their territorialities. Such reflection leads us to "infer that the political propositions
of actions and regulation of the Brazilian State are, apparently, without effectiveness in its
purpose of meeting the demands of schooling for the current society in Brazil" (LEMES,
2021, p. 2, our translation). In view of this statement, what is at stake is the need to make
clearer to those who implement educational policies for schooling, how the systems of action
present in the processes of decision and implementation of public policies that impact on the
school locus work and how the State's action, that is, the action of public policies through its
regulatory instruments impact on the diversity and concreteness of the different realities of
Brazilian schools. Therefore, the elucidative role of cognitive analysis of public policies to
understand the complexity of how education happens in our country.
From the perspective of a qualitative approach to the reflections presented and, aiming
at the conceptual theoretical framework on decisions, instrumentation and regulation related
to the foundations of cognitive analysis of public policies and considering the purposes of this
text, it is necessary to contextualize the understanding of concepts such as: What are cognitive
or normative matrices? Who are the actors and public agents before education policies? Who
are the instruments of these policies and the modes of regulation? What is the relationship
between decentralization/deconcentration and the role and responsibility of the State, the
actors and public agents? In this way, we seek to reflect on the concepts of territory and
territoriality considering the schooling.
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A brief historical approach to Brazilian public education to understand some concepts
of public policies
The design of public education in Brazil began with the expulsion of the Jesuits in
1759. With the Proclamation of the Republic in 1889, the Brazilian public school was born
and, with it, came the intentions of proposals and promulgation of laws by the public
authorities to organize education. Thus, in the course of the historical trajectory of Brazilian
public education, in December 1996, eight years after the promulgation of the Federal
Constitution of 1988 (BRAZIL, 1988), the current Law of Directives and Bases of National
Education - LDB nº 9.394/1996 (BRAZIL, 1996a) is sanctioned, which in its article 87,
provides for the creation of the National Education Plan - PNE (BRAZIL, 2014), as well as
defines the existence of a National Common Curricular Base - BNCC (BRAZIL, 2018).
These instruments of public policy, and others arising from them, conceived in these last two
and a half decades, sometimes by force of class interests of society for a more qualified
schooling, and sometimes perhaps by a bias of political voluntarism that possibly was present
in reflection in the history of the Brazilian public school, both cases, apparently were
configured amid conflicts and negotiations of political interests and in representations and
beliefs, and for this reason, have a high degree of complexity and difficulty of implementation
in school spaces, especially in this current pandemic scenario experienced in the beginning of
the second decade of the XXI century.
By establishing a parallel with this brief contextualization of Brazilian public
education, it is possible to understand that the educational policies produced throughout its
history were constituted from thoughts, ideas, knowledge, beliefs, mental representations, and
also interests of each of the actors or social groups that were or are part of them in their
development and execution. These cognitive elements are highly representative, since they
make up cognitive or normative matrixes, that is, general principles that define the world view
of each of the players and their referential when participating in the configuration and
dynamics of policies. Therefore, it is not only the interests of particular actors or social groups
that generate conflicts in the production or operationalization of policies, but also their
referential, Jobert (1994), Muller (2002), and paradigms, Hall (1993), which translate into
beliefs, values, and global social norms, Muller and Surel (2002), which they share. Thus,
when analyzing the production of education policies in Brazil, from the approach of cognitive
and normative matrices, we realize that "transformations or inflections in public policies or in
policy fields result almost invariably from changes that operate in the referential, paradigms
or belief systems"(GIOVANNI; NOGUEIRA,2018, p. 35, our translation), of those who
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conceive them. This analysis leads to the inference that in education, as we have observed,
State policies do not endure, but those of governments.
Approach to the concept of actors and public agents related to education
The transformations or changes of position that occurred throughout history in public
education policies were produced by the actions of actors that depended on their historicity
and territoriality, beliefs and interests in the way they represented or acted in their contexts. In
the public policies scenario, the actors represent and act according to their interests, therefore,
they use strategic skills and rationality in their choices, since their actions always have some
objective in themselves. Thus, in education they can be represented by any professionals in
the area, by systems, networks, schools, class entities, or by groups of teaching professionals
who operate actions with some "consequence in any political process," as Giovanni and
Nogueira (2018, p. 95, our translation) state.
Taking as a reference the historical context of Brazilian public education, it is
identified that the modes of action of the different actors who were and are part of history
took and takes into account the motives and interests that give meaning to their actions and
their expectations, and it takes place around what is at stake and circumscribed in a given
policy. For a clearer understanding, "checking who, in fact plays significant roles in the dense
web of consultations, pressures, negotiations, conflicts and boycotts that accompany the
production of a public policy, from the first formulation to its implementation and evaluation"
(REGONINI, G.2001, p. 316 apud GIOVANNI; NOGUEIRA, 2018, p. 96, our translation),
leads us to understand what interests, strategies and choices, which from their beliefs are at
stake considering their goals. But, for the realization and effects of these policies in the
different territories with their respective territorialities, it is necessary to understand what the
function and who the public agents are. For better understanding, the public agent, as
conceived, can be understood as someone or an individual who has an action and who acts in
relation to something. Therefore, it is the one who has a public function, which is a public
service charge, and performs it within the scope of the State. In the case of education, we can
consider as public agents the teacher, the school principal, pedagogical coordinators, student
inspectors, school agents, teaching supervisors, and others.
That said, when implementing policies in education, these public agents need to
develop technical-administrative skills and knowledge, as well as relational skills to resolve
situations of conflict, resistance, inconvenience, uncertainty, and occurrences not foreseen in
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the regulations that involve different actors present in the process (CURRIE; PROCTER,
2005). Thus, when they make their decisions, they are influenced by the social context in
which they operate, and generally, they can alternate in a degree of discretion (PIRES, 2009)
of variable amplitude depending on the autonomy they have and the existence of clear norms
or rules that delimit the behaviors and decision-making. Lotta (2014), Lotta, Pires and
Oliveira (2018), Oliveira (2012), Pires (2009).
To understand the action of different actors and public agents in the context of
education policies in Brazil, it is necessary to look back at the history of Brazilian schooling
since its emergence with the Republic, as well as at the centralizing action of the State acting
as a protagonist in the elaboration of educational policies. This highly incisive and
persevering centralizing action in education from the end of the 1930s until the re-
democratization of the country in the 1980s, still continues with strong reflexes and influence
today.
In this scenario, actors and public agents experienced proposals from governments that
had outlines of clientelism with uses of education resources to subsidize political-party
alliances and benefits to companies in different sectors, which aimed to provide services and
products aimed at schooling being offered to the population as benefits of governments and
not as policies of right. After more than four decades, today, great changes in educational
policies resulting from the re-democratization of the country and the legislation to ensure the
principles of the right to quality education, the universalization and free public education, and
the appreciation of teaching professionals have slowly promoted a sensitive perception of
schooling as a right in the civil society. Thus, considering the historical course, we understand
that actors and public agents act under the varied effects and impacts of government policies,
and the way of perceiving and acting upon them is being constituted in beliefs throughout
their trajectories that, along with their interests and the inefficiency of the programs and
projects themselves, materialize into practices that translate into results that are not always
satisfactory, As is the case of the structural precariousness of schools, lack of technological
equipment, non-existent or poor access to the internet, inadequate teaching materials,
ineffective school management, inefficient continuing education, poor quality teaching,
learning far from satisfactory, and other consequences, especially in the pandemic context of
the years 2020 - 2021.
As previously discussed, public actors and agents act under various determinants
established in government policies, but it is necessary to understand which action devices
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produce these determinants. Therefore, it is essential to understand these devices from the
definition of what the instruments of public action are.
The instruments of public action as determinants in education
The instrumentation of public action can be understood as "the set of problems posed
by the choice and use of instruments (techniques, means of operation, devices) that allow the
materialization and operationalization of government action" (LASCOUMES; LE GALÈS,
2012, p. 20, our translation). Based on this definition, when inferring about the choice and use
of instruments one cannot naively deduce that they simply constitute technical options. This
understanding allows broadening the view on the instrument of public action beyond its
function, i.e., they are technical-social tools loaded with value, social interpretation,
conceptions and representations in accordance with what it is intended. Also according to the
authors, Lascoumes and Le Galès (2012, p. 20, our translation), these characteristics of the
instruments indicate "that they are not neutral, that they do not concern only the search for
agreements between rulers and ruled about means and objectives", because they also produce
effects and "risks to public action".
As an example of the most recent history of Brazilian education, focusing on the
teaching legislations, the LDB nº 9.394/96 (BRAZIL, 1996a), normative documents such as
the PNE of 2014 (BRAZIL, 2014) and the BNCC of 2018 (BRAZIL, 2018), all of them are
instruments of political action that in themselves produce effects on social and political actors.
These, like any other instruments aim to somehow command, determine actions and
behaviors, and the actors involved, in turn, are guided by normative cognitive matrices that
when operationalizing in practice these instruments generate other effects that often appear as
power relations, privileges, inefficiencies, distortions, misunderstandings, superficialities,
satisfactory results or not, depending on their ability to act before the instrument. It is,
therefore, these effects that are considered risks to the purpose of public action based on the
instruments.
As also cited by Lascoumes and Le Galès (2012, p. 20, our translation) "the more
public action is defined by its instruments, the more questions of instrumentalization run the
risk of highlighting conflicts between different actors, interests, and organizations. From this
perspective, it is possible to analyze through another logic the instrumentalization of public
action, in the case of education, beyond its functionality.
Consequently, in the face of this logic,
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it can be interpreted that these instruments, in the context of public actions
for education in Brazil, are the materializers of political intentions and, at the
same time, the regulators of the process triggered by the decisions taken by
the governments as the established power (LEMES, 2021, p. 5, our
translation).
In this sense, when analyzing the implementation of instruments of public action, it is
necessary to ponder about its role and its regulatory functionality in the conduct of public
policies. These regulatory instruments, specifically considering the educational system,
according to Barroso (2005, p. 733, our translation), have the "function of ensuring balance,
coherence, but also the transformation of the system itself. Therefore, it can be concluded that
regulatory instruments should fulfill the purpose of ensuring efficiency and effectiveness in
results.
As an example of regulatory instruments common to the Brazilian educational routine,
we can mention the System of School Performance Evaluation of the State of São Paulo
(SARESP), the National Literacy Evaluation of the System of Basic Education Evaluation
(SAEB), the National High School Exam (ENEM), which emerged in the late 1990s, under
the influence of international studies on the quality and effectiveness of public action, taking
these instruments and their results as possibilities of regulation and transformation of
schooling from the data generated to enable educational policies. It is important to emphasize
that in this historical period the country is engaged to the principles of liberalism, which led to
adherence to liberal ideologies that began to direct the Brazilian State, today, called post-
bureaucratic State.
The regulatory state and accountability for results
The technical rationalization of services provided by this regulatory state minimizes its
action and favors the power of governments that imprint a culture of proposing educational
policies based on the accountability of public actors and agents. These policies are presented
with a strong appeal to quantify the performance results of schools without, however, offering
regulatory instruments that enable the consideration of contexts and different cultural,
structural, and territorial realities in which these schools are built, which according to Lemes
(2021), the regulatory state is responsible for accountability, but not for the shortcomings of
programs and processes.
The regulatory devices as they are known and experienced in education seem to
demonstrate more prescriptive, supervisory, and control characteristics than system
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transformation, not enabling the empowerment of agents and players in favor of the success of
public action proposals, since interests, beliefs, and logics influence the negotiations, This is
the case of the use that is made of the data collected from the application of system
evaluations to be in favor of the quality of teaching and learning.
By making inferences about this framework, taking as a compass the foundations of
the cognitive analysis of public policies, a path is opened to understand more clearly "the
references" and "beliefs" that permeate the definitions and execution of regulatory instruments
of education policies and their dispersion in relation to the place of application, that is, the
school and its territoriality. Inevitably, these reflections lead to the questioning - What is the
relationship between decentralization/deconcentration and the role and responsibility of the
State, public actors and agents?
Decentralization/deconcentration, the responsibility of the State, public actors and
agents
Decentralization can be understood in a more general way, as a legal occurrence in
which the State distributes or externally transfers powers or duties to other institutions of
power, whether physical or legal. Decentralization, on the other hand, can be understood as
the distribution or transfer by the State of competencies or duties within its sphere of action,
that is, within its level of power.
That said, decentralization/deconcentration, seen here in an instrumental dimension,
must be interpreted in its implementation from the standpoint of the contextual circumstances
in which it is applied, thus, it must be understood on what basis it is constituted, whether in a
conservative or progressive view. Another aspect to be taken into consideration in the
reflection presented here is that, in the field of education, it was the decentralization proposals
as instruments of public policy that spread widely in a worldwide context, since the mid-
1960s. In the face of this phenomenon, it is important to ponder, according to Casassus
(1990), what is the intentionality of governments in divesting themselves of their
competencies and duties by transferring these powers to other instances.
In a worldwide consensus, according to the ideas of the same author, under the
influence of cultural representation, the concept of decentralization has been approached and
linked to the concepts of diversity and democracy. However, when we analyze historically the
options of the governments for decentralization, we identify that these have not come from
local or regional instances, but from the central power. Thus, it can be seen that the
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decentralization policies initiated by governments as a State action are not only the
manifestation of technical rationality, but also reveal the expression of complex deliberative
processes involving political positions and technical criteria defended by various actors and
agents, as well as the interests of the State apparatus itself.
In the case of education, decentralization put into practice as government policies and
not as State policies, in many cases prove to be not very efficient, since they do not involve
the local instances in their decisions, and these, for not recognizing themselves in these
propositions, show resistance in executing such policies, either because they defend their own
interests or because the training programs offered do not meet the local specificities and, as a
consequence, the responsibility of those involved in the different instances tends to be
inadequate, thus compromising the schooling process in terms of learning results.
The decentralization in Brazil, in the last two decades, was instituted in the form of
municipalization of education, in the case of the State of São Paulo, having as a triggering
factor the implementation, in 1998, of the Fund for Maintenance and Development of
Elementary Education and for the Appreciation of Teaching Staff - FUNDEF - Law 9.424/96
(BRAZIL, 1996b), which came into force on January 1, 1998, offering resources to
municipalities on the funds constitutionally linked to education. The municipalities would
have the possibility of withdrawing this resource by adhering to the municipalization proposal
according to the number of students at the stage of education defined by the legislation.
The issue of decentralization in the Brazilian context is still fragile, with the need for
the State to act in a strategic position to ensure national unity and equity in the provision of
conditions for an equitable education, while reducing its role as a service provider.
According to Barroso (2013), the arguments in favor of decentralization are based on
the following objectives: bringing decision-making bodies closer to the place of application;
considering local characteristics in the proposals; enabling users of public services to
participate in management; reducing state bureaucracy; stimulating creativity by promoting
innovation in teaching practices. However, these advantages of decentralization today, more
than two decades later, have not been efficiently realized, which indicates to us that there is
much to be built in terms of conceptualization of the theme, clarity in the distribution of State
functions and recognition of the inherent properties of the place of application - territory and
its territoriality.
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The concepts of territory and territoriality considered in basic schooling
More than conceptualizing territory and territoriality, it is necessary to reflect
considering a becoming of these concepts for the practice in the educational field, more
specifically in the schooling of Brazilian basic education, since schooling, taking into account
public education, according to Lemes (2021, p. 11, our translation), is subjected to
"contradictions and analytical incompleteness by structural determinants of the state itself"
that from the organizational structural point of view is closed in "rigid processes of
operational and budgetary control", inhibiting "effective actions of democratization of the
school environment in its relations with society itself.
Faced with such a reality, it is urgent to have a perspective view on a new modus
operandi of the State's organizational structural relations in its policies towards basic
education, from a clearer understanding of the concept of territory and territoriality and its
effects when applied to education.
The most widespread understanding of the concept of territory brings the conception
of a space of governance, defined as the territorial areas of the country, states and
municipalities. However, contemporarily this understanding has been expanded beyond the
limits of territorial areas and governance space, which according to Fernandes (2018 apud
GIOVANNI; NOGUEIRA,2018, p. 999, our translation), dialectically integrates social
relations in their modes of "production and creation of new spaces and territories", where this
territory is no longer just the "base" or place where the social interactions and experiences that
build "forms and the contents of territories" take place, becoming an "inseparable set of
processes, systems, relations, movements, possessing materiality and immateriality, being
creator and creation, producer and product, subject and object", thus constituting territoriality
as an attribute of territory.
Based on the conceptual ideas exposed above, and relating them to the
democratization of education, as advocated by the Law of Directives and Bases of National
Education (LDB) No. 9.394/1996 (BRAZIL, 1996a), which establishes some principles for
democratic management, among them, the participation of school and local communities in
school councils or equivalents and, further, in Art. 3 that education will be provided based on
the "democratic management of public education in the form of this Law and the legislation
of the education systems", we can see a conceptual convergence, but with visible
inconcretude in practice by structural determinants of the state itself (LEMES, 2021, p. 11,
our translation) that, through its public policy instruments and its characteristic technical
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inevitabilities make the effective democratization of the school environment unfeasible
(LEMES, 2021, p. 11, our translation).
It is important, in this sense, to pay attention to the founding principles of the Law,
since it is the basis for education. The absence of this awareness and of paying attention to
them leads to the non-resolution of problems that are already deep-rooted in the context of
Brazilian education and are materialized in the learning results revealed by means of the
various instruments of systemic evaluations applied nationwide. However, it is worth a
parenthesis about the system assessments as an instrument of regulation characteristic of post-
bureaucratic regulation, according to Barroso (2013, p. 19, our translation), "based more on
results than on standards", and such assessments have been treated exclusively with the aim of
results, by education systems and schools as bulwarks of educational reforms and educational
proposals that aim to meet them without, however, considering in their processes the different
local realities.
Recognizing the existence of different local realities and perceiving the local as a
territory and place of application, participation, interdependence, and competition, as well as a
multidimensional and multiregulated space where decisions are made and policies are built, is
relevant in the current context of Brazilian education and, above all, enables the becoming for
a "new local educational order", as stated by Ben Ayed (2009, p. 158, our translation). This
"new educational order", it is important to clarify, is not a political construction from
decentralization instruments, but it is understood as the feasibility of developing and
implementing local policies, defined by limits of intervention that are also local and regulated
by law. In this perspective, the recognition of the territoriality that is an attribute of the
territory, by the organized society that comes to propose government and State actions, will
have the strength to enable a becoming that sometimes promotes the assumption of a scenario
of "contextualized realization of national policies" and sometimes assumes a scenario of
"production of its own community-based or institutional policies" (PINHAL, 2012, p. 272,
our translation).
To extend these reflections and better understanding, considering the policies of
educational action, it is worth bringing the words of Barroso (2013, p. 19-20, emphasis added,
our translation), which present the "great purposes" of territorialization:
-contextualizing and localizing educational policies and action,
counterposing to the homogeneity of norms and processes, the heterogeneity
of forms and situations;
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-conciling public interests (in the search for the "common good" for the
educational service) and private interests (for the satisfaction of students' and
their families' own interests);
-to ensure that in the definition and execution of educational policies, the
actions of the actors are no longer determined by a logic of submission, but
rather by a logic of implication;
-Moving from a relationship of authority based on "vertical", monopolistic,
and hierarchical control of the State, to a negotiated and contractual
relationship, based on the demultiplication and "horizontalization" of control
(central and local).
The debates about territory and territorialization of public policies have been on the
agenda since the early 1990s in some countries, which have implemented processes of
territorialization of educational policies, generating different models of application that have
triggered different interpretations and criticisms that have raised suspicions "of the intentions
of governments and central administration agents" regarding the "process of devolution of
competencies to local instances. In other cases, it was seen as a form of "privatization of the
public school" or as a "transfer to the periphery of the management of the contradictions that
the center cannot solve", or even, as "manipulation of the state in financing locally what it
determines by itself" (BARROSO,2013, p. 20, our translation).
These different views and criticisms should be analyzed from the foundations of
cognitive analysis of public policies, because it enables the understanding and comprehension
of the ways of acting of the different actors and agents involved in the decision-making and
implementation processes according to their intentionalities, beliefs and interests and
conflicts, as already discussed in this text. Thus, it is inferred that these criticisms are not
specific to the territorialization process.
Therefore, when reflecting on the concepts of territory and territoriality considering
the principles of quality in schooling, the democratic management of education in the
perspective of a becoming, must be understood as an effort of mobilization and local
construction, of negotiation, discussion and contractualization of individual interests for
collective ones in favor of the transformation of the territory through educational actions that
truly consider the school community and the territory where it is inserted, and not with
measures imposed vertically, from top to bottom, with delimited spaces for action
predetermined centrally and distant from the school reality.
We live in times of paradigmatic ruptures in all social fields, especially in education.
Thus, according to Ben Ayed (2009, p. 11, our translation), for "territorial semantics to be
effectively associated with the language of rupture", and that it is also necessary to focus
where "lies the true originality of the territorialization process", making it possible to
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understand the "educational territory" as "place of construction of public policies" resulting
from the involvement and integration "by discussing, negotiating and contracting the
individual interests of different actors in common interests" (BARROSO, 2013, p. 21, our
translation).
Final remarks
The argument developed in this text from a qualitative approach was intended to
provoke inference and reflection on the relevance of considering the foundations of cognitive
analysis of public policies to understand how the processes of elaboration, decision and
implementation of instruments and the modes of regulation occur. of these policies. Thus,
calling into question in this discussion, the need to make clear to the executors, actors and
public agents of the implementation of educational policies how the action systems present in
the decision and execution processes in the different school territories work and the way in
which the action of the State impacts on the diversity and effectiveness of the different
realities of Brazilian schools.
When establishing a parallel between Brazilian public education and the
implementation of public policies, it was observed that they are constituted from thoughts,
ideas, knowledge and mental representations and interests of actors and agents involved,
therefore, references and paradigms that translate into beliefs. This discussion proposed to
provoke the perception that in Brazilian education, unlike in other fields, State policies do not
last, but government policies.
In this sense, this discussion made it possible to infer that the dimension of human
action interferes in the processes of implementation of public policies, since the absence of
consent or adherence to the purposes and rules of these policies can lead to failure or success
in their implementation. That said, when inferring about this context, taking as a guide the
foundations of the cognitive analysis of public policies, it opens the way to understand more
clearly “the references” and “beliefs” that permeate the definitions and execution of
instruments to regulate public policies for the education and its dispersion in relation to its
applicability, therefore, to the school and its territoriality.
As for the reflections presented on decentralization/deconcentration, it was observed
that in Brazil, decentralization was instituted in the form of municipalization of education,
based on the valorization of technical rationality centered on financing. However, when the
municipalities took responsibility for the implementation, they ran into challenges attributed
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Revista online de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 26, n. 00, e022135, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 1519-9029
DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v26i00.17223
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by the decentralization itself, which, given their lack of preparation, did not always present
conditions to solve with due efficiency, which, even today, it appears that decentralization in
the Brazilian context shows weaknesses, with the need for the State to act in a strategic
position to guarantee national unity and equity in the provision of conditions for an equitable
education, at the same time that its role as a service provider is diminished. In this way, we
observed that the municipalization process occurred as a result of the valorization of technical
rationality focused on financing, because by associating resources with the number of
students, municipalities saw the opportunity to expand the possibilities of improving the
quality of education. However, in assuming such responsibility, they ran into some challenges
that decentralization ended up assigning, such as autonomy to municipalities in managing the
resources received, in the technical training of teachers and education technicians who, as
already reflected, were not always able to solve problems efficiently.
Since the beginning of the implementation of the municipalization modality, the
proposals have not yet been efficiently materialized, which indicates that there is much to be
built in terms of conceptualization of the theme and clarity in the distribution of State
functions and recognition of the properties inherent to the place of application - territory and
its territoriality.
Facing this scenario of such complexity and diversity in which the daily labors and
challenges of basic education schools are located, it is necessary to recognize the existence of
different local realities and perceive the local as a territory and place of application,
participation, interdependence and competition, as well as a multidimensional and
multiregulated space where decisions are made and policies are built, is relevant, especially in
the current context of Brazilian education and, perhaps, may lead to a new local educational
order as presented by Ben Ayed (2009), and reverberate in qualitative gains for students'
learning.
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Submitted
: 13/02/2022
Revisions required
: 21/04/2022
Approved
18/06/2022
Published
: 30/09/2022
Processing and publication by the Editora Ibero-Americana de Educação.
Correction, formatting, standardization and translation.